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SANIDADE EM CARCINICULTURA

Dra. Emiko Shinozaki MendesProfa. Associada - UFRPE

CARCINICULTURA BRASILEIRA

marcada por uma fase de crescimento expressivo

1998 - 7.250 t/ano2003 - 90 mil t/ano

65% exportado

2005 queda na produção e a estagnação no crescimento indústria redor de 65 mil - 5% exportado

2009 retomada do ciclo industrial

2010 80 mil t quase integralmente mercado interno

Nova enfermidade

Água excelente meio transmisor;

Modificações no habitat natural de micro-organismos;

Existem muitas portas de entrada depatógenos;

Expansão, intensificação, diversificação decultivos;

Aparição e dispersão de agentes maisrapidamente do que os avanços da pesquisa;

Tecnologia para diagnóstico foi seimplementando e adequando as necessidades.

MUITOS AGENTES PODEM SE DISSEMINAR RAPIDAMENTE

Colapso da indústria de camarão em Taiwan em 1987 eChina em 1992 (bilhões de dólares);

Em 2004 a 2008 (IMNV - NE) e em 2004 (WSSV – SC)redução drástica da produção de camarão no Brasil;

Vietnã (2010), Malásia (2011) e Tailândia (2012) - EMSprovoca perdas anuais de mais de $ 1 bilhão.

Tendência de contínuas perdas em todo o mundo porenfermidades.

IMPACTO DAS ENFERMIDADES

Programa Nacional de Sanidade de Animais Aquáticos(IN 53/2003 – MAPA)

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 4, DE 4 DE FEVEREIRO DE 2015

"Aquicultura com Sanidade"

Com a finalidade de promover a sustentabilidade dos

sistemas de produção de animais aquáticos e a sanidade

da matéria-prima obtida a partir dos cultivos nacionais.

O QUE ESTÁ SENDO FEITO?

SECRETARIA DA AQUICULTURA E PESCASEAP

MINISTÉRIO DA PESCA E AQUICULTURAMPA

Sanidade de

animais aquáticos

SECRETARIA DA AQUICULTURA E PESCASEAP

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO

MAPA

RESPONSABILIDADE COMPARTILHADA

PRODUTORES

GOVERNO

PESQUISA

INDÚSTRIA

Procedimentos rotineiros que tem como

objetivo alcançar uma aquicultura

sustentável, ou seja, uma aquicultura que

garanta um produto aceitável aos

consumidores em termos de preço, qualidade,

inocuidade e baixos custos do meio ambiente.

Boas Práticas de Produção Aquícola (BPPA)

BPPA

Cuidado com a saúde do humanoInocuidade

Cuidado com o meio ambientePráticas amigáveis

Cuidado com a saúde dos animaisBiosseguridade

Cuidado e bem-estar dos trabalhadores

SUSTENTABILIDADE DA ATIVIDADEFotos: Pereira.

PREVENÇÃO

MEDIDAS DE BIOSSEGURIDADE

BIOSSEGURIDADE

“Conjunto de medidas que são tomadas para a prevenção, controle e erradicação de enfermidades infecciosas em

organismos aquáticos”.

Medidas de exclusão, são aquelas dirigidas a evitar aintrodução de patógenos;

Medidas preventivas, enfocadas em proporcionar ascondições adequadas de cultivo que permitam que oorganismo se desenvolva de ótima forma.

Vias de ingresso de agentes biológicos

Dutos: tubulação

Pessoal (alimentos, pertences, roupas, calçados )

Qualidade náuplios, pós-larvas e adultos

Espécies selvagensinfectadas

Animais: insetos, aves,cachorro, cavalo, etc

Veículos

Lixo: restos de animais,embalagens

Afluentes: de viveiros contaminados, do canal de

abastecimento.

Equipamentos e máquinas

Efluentes: de viveiros contaminados, da indústria

camaroneira.

MEDIDAS DE EXCLUSÃO

Fotos: Pereira

MEDIDAS DE EXCLUSÃO

Controle de efluentes

Contaminados

Saída melhor do que entrada

MEDIDAS DE EXCLUSÃO

Fotos: Pereira

Uso de métodos amigáveis com o meio(redes, filtros, malhas)

Produtos químicos – uso responsável

Alimento de qualidade e livre de patógenos

MEDIDAS DE EXCLUSÃO

Fotos: Pereira

Qualidade da pós larva

MEDIDAS DE EXCLUSÃO

Controle de pragas e vetores

Controle da fauna silvestre e doméstica

Controle de organismos mortos

Fotos: Pereira

Fotos: Pereira

Higiene e desinfecção de viveiros

MEDIDAS DE EXCLUSÃO

Exame a fresco em camarões

Monitoramento sanitário

Programas de vigilância e monitoramento

MEDIDAS DE EXCLUSÃO

Coleta de amostras

Camarões mortos e doentes, após captura.

Alguns sem partes do corpo (canibalismo).

Exame a fresco em camarões

Pesagem e medição

Tempo de coagulação da hemolinfa

Exame a fresco em camarões

Exame do exterior

Dissecação e preparo das lâminas

Exame a fresco em camarões

BRÂNQUIAS

Exame a fresco em camarões

HEPATOPÂNCREAS

Foto: Lightner

Exame a fresco em camarões

Trato intestinal

Exame a fresco em camarões

Avaliação da qualidade das larvas

Requerimentos ótimos dequalidade de agua

Requerimentos ótimosde alimento e alimentação

Apoio sistemaimunológico

Manejo adequado

Manipulação genética

EVITARESTRESSE

MEDIDAS DE PREVENÇÃO

MÉTODOS DE CONTROLE

Conforto aos animais

DESEQUILÍBRIO AMBIENTAL

Causas naturais

Manejo inadequado

PatógenoCamarão

AmbienteCultivo intensivoThrusfield (2004)

DOENÇA

Manejo

FATORES DE RISCO AO APARECIMENTO DE DOENÇAS

Origem biológica

Vírus, bactérias, fungos, protozoários

Relacionadas ao estresse (gatilho)

Alterações bruscas de temperatura, aumento de matéria

orgânica em suspensão, pH, alcalinidade, acidez, altas densidades,

alimentação inadequada, ausência (deficiências) de medidas de

biosseguridade nas fazendas.

Virais: TSV, WSSV, IHHNV, IMNV - NO

Bacterianas: NHPB, vibriose (AHPND) - NO

Parasitárias: gregarina (microsporídios)

Doenças de preocupação no brasil

CONHECIMENTO DE ENFERMIDADES RELEVANTES

Fúngicas

MIONECROSE INFECCIOSA VIRAL(IMNV) Família Totiviridae

Gênero MyonecvirusNecrose espontânea muscular Penaeus aztecuz em 1970 (E.U.A) e 1978 (México)

Farfantepenaeus subtilis na década de 80 no PI

M. rosenbergii em 1982 na Tailândia

Lagostas em 1998 na Austrália

Camarão do Ártico (Pandalus borealis) em 1998

Lagostins em 2000 na Escócia

Java e Indonésia (2006)

Piauí (2002)

Ceará e Rio Grande do Norte (2003)

Paraíba e Pernambuco (2004)

IMNV

SINAIS

Necrose na musculatura do abdômen ecefalotórax;

Opacidade muscular (5º e 6º segmentos);

Anorexia;

“Grampam“ facilmente;

Natação errática.

Fotos: Lightner

Notificação na OIE

1º semestre/2008

RN - Produção de larvas

FASE AGUDAMionecrose coagulativa com edema entre as fibras

musculares

FASE CRÔNICALiquefação da musculatura, aspecto de

camarão “cozido”

Fotos: Pereira

IMNV

FATORES DE RISCO

Camarão congelado;

Importação de animais vivos, náuplios, reprodutores,PL;

Alimento vivo e fresco para reprodutores;

Diversidade de hospedeiros intermediários (caranguejo: era

portador assintomático).

Transmissão horizontal e vertical

Nimaviridae - gênero Whispovirus

VÍRUS DA MANCHA BRANCA(WSSV)

Todos os estágios são susceptíveis

2004 – SC elevada mortalidade

2005 – Registro no CE - animais assintomáticos

BACanavieiras – BA

Notificação OIE em agosto de 2009

Demais Estados do NE

WSSV

Penaeus monodon (India 1994) L. vannamei (Equador 1999)

WSSV

Fotos: Lightner

Fotos: Alves

WSSV

VÍRUS DA NECROSE INFECCIOSA HIPODÉRMICA E HEMATOPOIÉTICA

(IHHNV)

SÍNDROME DA DEFORMIDADE E DO NANISMO (RDS)

CAUSADA PELO IHHNV

Parvoviridae – gênero Brevidensovirus

1991 – PRIMEIRO REGISTRO BR

Bueno et al.

P. monodon e L. vannamei

TRANSMISSÃOHorizontal – ingestão de animais infectados mortos

Vertical – detecção partículas virais ovários eovócitos

ESTÁGIOS AFETADOSPL 35 até sub-adultos - mortalidade 80-90%Adultos crônicos

IHHNV - RDS

Canavieiras – BANotificação na OIE em 26.08.2009 (infecção

sub-clínica)

Fotos: Lightner

Deformidades do rostrum.

Desuniformidade

IHHNV - RDS

Fotos: Dan Fegan

L. vannamei,

deformidade do sexto segmento abdominal, como conseqüência de alterações

cuticulares.

Foto: Lightner

IHHNV - RDS

Penaeus stylirostris

com lesão cuticular,

manchas esbranquiçadas

nas junções da carapaça.

Foto: Lightner

IHHNV - RDS

VÍRUS DA SÍNDROME DE TAURA

(TSV)

CARACTERÍSTICAS

RNA vírus sem envelope

Grupo dos picornavirus

Dicistroviridae - gênero Cripavirus

Transmissão horizontal e vertical.

Por volta de 1994 – 95: alcançou maior parte dasregiões nas Américas;

1995: Hasson et al. NE/BR2002: Diagnóstico CE

CURSO AGUDO E CRÔNICO

Fotos: Lightner.

L. vannamei,

forma juvenil, pontos vermelhos sobre a cutícula caudal.

L. vannamei,

forma juvenil, forma clínica crônica, áreas de melanização.

TAURA

Pinheiro et al. (2004) Status epidemiológico TAURA

e IMNV em PE11 fazendas – 505 indivíduos9 fazendas positivo IMNV

Nenhum Taura

Leandro Angelo Pereira (2004)

Cultivo do camarão branco do pacífico,

Litopenaeus vannamei(Boone, 1931), em

tanques-rede no litoral paranaense:estudo de

caso.TSV negativo

Robert Lenoch - 2004Avaliação do risco epidemiológico da carcinicultura

catarinense usando como modelo a síndrome de taura e a doença da mancha branca

Não foi detectada reação positiva em nenhuma das amostras analisadas.

TAURA

HEPATOPANCREATITE NECROSANTE BACTERIANA (NHPB)

É causada por uma bactéria intracelular obrigatória,

pleomórfica, Gram-negativa, do tipo Rickettsia, que ataca as

células do hepatopâncreas

Fotos: Lightner

Alfa-proteobactéria

NHPB

A patogenia da NHPB ainda não está completamente esclarecida

A taxa de replicação do patógeno aumenta quando os camarões estão expostos a longos períodos de temperaturas elevadas (> 29 °C) e mudanças da salinidade (20-38‰) de

acordo com a OIE (2012).

Endêmica NE

L. vannamei juvenil com NHP. Hepatopâncreas exposto, apresentando-se atrofiado, com redução ~50% de seu volume

normal. Cutícula macia que proporciona camarão um corpo flácido é também uma característica comum em camarão com NHPB.

Foto: Lightner

NHPB

Técnica de Wet-mount do HP de um camarão com poucas gotas de lipídio. A presença de túbulos melanizados e gotas de lipídio reduzidas ou ausentes podem ser sugestivos de NHPB em fazendas ou regiões

com história da doença.

Foto: Lightner

NHPB

Localizada

Sistêmica

Doença da Hepatopancreatite Necrosante Aguda

(EMS/AHPND)

VIBRIOSE

Víbrios patogênicos para espécies animais

Família Vibrionaceae

Gênero Vibrio – 70 espécies

VIBRIOSE

V. orientalis V. ordalli V. orientalis

V. harveyi V. damsela V. parahaemolyticus

V. alginolyticus V. cholerae V. fisheri

V. anguillarum V.fisheri V. vulnificus

V. splendidus V. AK-1 V. orientalis

V. fluvialis V. carchariae V. campbelli

Fotos: Lightner

Erosão cuticular, ulceração, vesículas e pústulas;

Necrose dos apêndices;

Brânquias escurecidas.

DOENÇA DA BACTÉRIA QUITINOLÍTICA

Agente etiológico

Vibrio spp.

Pseudomonas spp.

Aeromonas spp.

Spirillum spp.

Flavobacterium spp.

Localizada

OUTRAS ESPÉCIES ENVOLVIDAS

Pseudomonas spp.,

Aeromonas spp.,

Flavobacterium spp.

Síndrome das gaivotas

VIBRIOSESistêmica

P. monodon juvenil com vibriose em fase avançada. A maioria do túbulos do HP está com necrose.

VIBRIOSE

Foto: Lightner

P. monodon juvenil com necrose hepatopancreatite séptica (SHPN) causada por Vibrio spp., provavelmente V. harveyi. Comparado ao normal, os três camarões com SHPN exibem uma descoloração avermelhada pálida da cutícula e outro apresenta HP

atrofiado de coloração branca pálida.

VIBRIOSE

Foto: Lightner

VIBRIOSE

VIBRIOSE

Vibrio parahaemolyticus

Caracterização antigênica> 13 Ag O e 71 Ag K

Síndrome da Morte Precoce(EMS)

HepatopancreatiteNecrosante Aguda (AHPND)

AHPND

HP reduzido e pálido, intestino com espessamento e

desprendimento de células

(Fotos: Lightner, 2012)

OCORRÊNCIA

2009 – China

2010 – Vietnã

2010 – Cingapura

2011 – Malásia

2012 – Tailândia

2013 – México

2016/17 – Equador?

HOSPEDEIROS

Penaeus monodon

Litopenaeus vannamei

Penaeus chinensis

AHPND

Foto: Reantaso e Gómez Gil (2013)

ldh (hemolisina lecitina-dependente)

Mortalidades atípicas no México

Março-abril de 2013 em Nayarit;

Abril em Sinaloa e Sonora.

Muito semelhante a EMS/AHPND relatado na Asia (FAO, 2013).

Queda de 80% da produção

AHPND

CAUSAS?

Após o White Spot do ano 2000, a praga retorna sob outro nome, mas com os mesmos efeitos catastróficos. levando ao fechamento

de alguns laboratórios de Larvas na Península de Santa Elena.

Hoje três laboratórios estão fechados, mais de 20 estão em quarentena para a

secagem e desinfecção completa e outros continuam a cair pelo vírus, resultando em escassez de larvas.

Blog de Ivan Gomez Valdiviezo

Equador projeta uma produção superior a 400 mil toneladas de camarão e se prepara para ingressar no mercado brasileiro o fornecimento local de pós-larva enfrenta um sério problema sanitário, que estaria dizimando a produção de pós-larvas, principalmente na Península de Santa Elena. Ao

menos três laboratórios teriam sido fechados e colocados à venda, enquanto outros 20 estariam em quarentena para secagem e desinfecção.

AHPND - EMS

DOENÇAS OCASIONADAS POR PROTOZOÁRIOS INVASIVOS

MICROSPORIDIOSE

O cotton shrimp ou milk ou white back shrimp

Peixes carnívoros envolvidos no ciclo deste agente.

Transmissão horizontal

M. amesonM. agmasoma

M. pleistophora

ESTÁGIOS AFETADOSJuvenil e adulto

SINAIS/LESÕESMusculatura opaca-leitosa;Gônadas grandes e irregulares;Cutícula com coloração azul escuraou preta.

DIAGNÓSTICODetecção dos esporos.

MICROSPORIDIOSE

Fotos: Morales e Cuéllar-Anjel

GREGARINA

Grupo predominante de parasitas intestinais de

invertebrados

(Nematopsis sp., Cephalolobus sp., Paraphiodina sp.)

Gregarina

Hospedeiro finalcamarão

Hospedeiros intermediárioscaracóis, moluscos ou poliquetas.

Fotos: Morales e Cuéllar-Anjel

Trofozoítos

Gametocistos

BIOSSEGURIDADE

WSSV

Prevenção

HospedeirosTemperatura

elevada

VibrioseNHPB

Custo final

Pássaros

Foto: Vinatea

A falta de profissionalismo na carcinicultura pode serpercebida pelo uso de material e aplicação de técnicas semcomprovação científica, baseando-se no “deu certo, foiótimo” relatados por vendedores e de outros produtores;

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A doença é um processo multifatorial envolvendo patógenose outros fatores que influenciam no curso da infecção;

Existem ainda muitos desconhecimentos a cerca da etiologiae patogenia;

Risco ao consumidor: consumido cru ou mal cozido – toxinaalgas.

OBRIGADA

PELA

ATENÇÃO

[email protected]