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Universidade Federal do Paraná – UFPR – Campus Palotina Programa de Pós-Graduação em Aquicultura e Desenvolvimento Sustentável Curso Superior de Tecnologia em Aquicultura Laboratório de Carcinicultura CURSO DE EXTENSÃO CARCINICULTURA DE ÁGUA DOCE CARTILHA BÁSICA Autores: Ademir Heldt Amábile Frozza Fabrício Martins Luana Cagol Pedro Borges Neto Rafael Balen Rodrigo Campagnolo Organizador: Prof. Dr. Eduardo Ballester

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INTRODUO

Universidade Federal do Paran UFPR Campus PalotinaPrograma de Ps-Graduao em Aquicultura e Desenvolvimento SustentvelCurso Superior de Tecnologia em AquiculturaLaboratrio de Carcinicultura

CURSO DE EXTENSO CARCINICULTURA DE GUA DOCECARTILHA BSICAAutores: Ademir HeldtAmbile FrozzaFabrcio Martins Luana Cagol

Pedro Borges Neto

Rafael Balen

Rodrigo CampagnoloOrganizador: Prof. Dr. Eduardo BallesterPalotina, 2012Esta cartilha foi confeccionada com recursos do Edital de Fortalecimento e Divulgao da Extenso (04/2012 COEX/PROEC).

O projeto Desenvolvimento da Carcinicultura na regio oeste do Paran tem o apoio das seguintes instituies

SUMRIO

1 INTRODUO4

2 BIOLOGIA DO Macrobrachium rosenbergii6

2.1 MORFOLOGIA EXTERNA7

2.2 MORFOLOGIA INTERNA8

3 CRIAO DE CAMARES DE GUA DOCE

3.1 SELEO DE REPRODUTORES9

3.2 TANQUES INTERNOS: REPRODUO9

3.2.1 Alimentao9

3.2.2 Desova134 LARVICULTURA EM SISTEMA FECHADO13

4.1 LOCAL DE INSTALAO14

4.2 TANQUES DE ECLOSO174.3 TANQUE DE CULTIVO184.4 FILTRO BIOLGICO17

4.5 FILTRO MECNICO18

4.6 SISTEMA DE AERAO18

5 ROTINA PARA INSTALAO E MANEJO245.1 MATURAO DO FILTRO BIOLGICO245.2 OBTENO DAS LARVAS E POVOAMENTO245.3 CARACTERIZAO SIMPLIFICADA DE ESTGIOS LARVAIS DE M. ROSENBERGII285.4 MANEJO DIRIO DA LARVICULTURA29

5.4.1 Alimentao das larvas31

6 MANEJO DE CISTOS DE Artemia356.1 ECLOSO E COLETA DOS NAPLIOS356.2 DESCAPSULAO366.3 DESINFECO366.4 ESTIMATIVA DA TAXA DE ECLOSO DE Artemia E A QUANTIDADE A SER FORNECIDA367 BERRIO388 SISTEMAS DE PRODUO PARA CRESCIMENTO418.1 MONOCULTIVO418.2 POLICULTIVO428.2.1 Estratgia de policultivos449 DESPESCA469.1 TRATAMENTO PS-DESPESCA4710 PREPARO DE GUA DO MAR ARTIFICIAL4810.1 MACROELEMENTOS4910.2 MICROELEMENTOS5010.3 PREPARAO DE GUA SALOBRA MISTA5111 CONTROLE DE PREDADORES E COMPETIDORES5312 REFERNCIAS561 INTRODUODe acordo com dados da FAO (2009), a aquicultura continua apresentando o maior crescimento entre as atividades de produo animal, com uma taxa de crescimento anual mdio de aproximadamente 6,9% no perodo compreendido entre 1970 e 2006. Ainda neste relatrio, a FAO indica uma produo de mais de 51 milhes de toneladas de organismos aquticos em atividades de aquicultura, representado 47% dos produtos de origem aqutica utilizados na alimentao humana em 2006. A estabilizao na captura de pescado, o aumento populacional e consequente aumento da demanda por alimento e o reconhecimento do alimento de origem aqutica como importante fonte de nutrientes, principalmente cidos graxos poliinsaturados de efeito benfico para a sade humana esto entre os principais fatores que impulsionaram o desenvolvimento da aquicultura (FAO 2009).Entre as atividades de aquicultura, a carcinicultura considerada uma das principais devido ao elevado valor econmico do produto (FAO 2009). Atualmente, a produo mundial de camares atinge cerca de 8 milhes de toneladas e, deste total, 50% produzido em cativeiro. Esta proporo era inferior a 1% no incio dos anos 80. Estes nmeros mostram a importncia crescente da carcinicultura nos ltimos anos, sobretudo nos pases do sudeste asitico, que detm 82% da produo mundial. A produo de camares de gua doce um dos setores da aquicultura que mais cresce no mundo (VALENTI, 2002). Embora os camares sejam considerados uma iguaria, devido ao preo elevado, seu cultivo pode contribuir significativamente para a melhoria da qualidade de vida das populaes de baixa renda atravs da gerao de empregos. No Equador, por exemplo, 2% da mo de obra economicamente ativa atua direta ou indiretamente na indstria camaroneira. Os camares de gua doce contribuem com cerca de 8 a 10% de todo o camaro cultivado. Sua criao relativamente mais simples que a de camares marinhos e de menor custo de implantao, podendo ser realizada em propriedades de pequeno, mdio ou grande porte, localizadas prximas ao litoral ou no interior. Nos dias atuais, Macrobrachium rosenbergii a espcie mais utilizada em projetos de cultivo, principalmente por haver um pacote tecnolgico relativamente bem desenvolvido. O M. rosenbergii pode atingir cerca de 32 cm e pesar 500 g, embora em condies de cultivo seja despescado com peso variando entre 20 e 50 g. A entrada do M. rosenbergii no Brasil se deu em 1977, mas o cultivo com fins comerciais s se iniciou em meados da dcada de 80 e, a partir desta data, foi disseminado para quase todos os Estados brasileiros.Dentre as maiores dificuldades enfrentadas para o desenvolvimento da carcinicultura de gua doce em nosso pas, esto a falta de disponibilidade de ps-larvas (PLs) produzidas de maneira regular, relacionada com a carncia de mo-de-obra qualificada para a produo e assistncia tcnica deficiente dos rgos de extenso rural. Atualmente, o governo federal tem investido na criao de cursos, visando a formao de tcnicos de nvel superior, que sero chave para o desenvolvimento e propagao da tecnologia necessria para o desenvolvimento da aquicultura no Brasil. Recentemente foi criado o Curso Superior em Tecnologia de Aquicultura na Universidade Federal do Paran UFPR, Campus Palotina, localizado na cidade de Palotina, regio extremo oeste do Paran. Nesta regio, a criao de peixes de gua doce j uma realidade e existe um grande potencial a ser explorado com o desenvolvimento da carcinicultura, tanto em sistema de monocultivo, quanto em sistema de policultivo, integrados com a criao de peixes, principalmente a tilpia do Nilo, espcie mais produzida na regio (IBAMA, 2007; ROUBACH et al. 2003).

Segundo VALENTI (2001), a aquicultura moderna est embasada na produo lucrativa, na preservao do meio ambiente e no desenvolvimento social. Dentro deste contexto, a criao de camares de gua doce se encaixa perfeitamente, pois uma atividade considerada de baixo impacto ambiental (New et al., 2000), adaptando-se muito bem a sistemas familiares e atendendo aos preceitos da aquicultura sustentvel (VALENTI, 2002). Conforme NEW e VALENTI (2000), alguns aspectos positivos relacionados produo de camares de gua doce so:

Menor suscetibilidade a doenas em comparao com camares marinhos; A produo pode ser realizada em locais afastados da zona costeira; Devido suas caractersticas de criao em menores densidades de estocagem, a atividade considerada mais sustentvel que a criao de camares marinhos; Maior facilidade na manuteno de reprodutores e produo de ps-larvas; A produo pode ser realizada tanto em pequena quanto em larga escala, possibilitando a incluso de comunidades de baixa renda na atividade; Possibilidade de incluso em sistemas de policultivo e cultivo consorciado com a agricultura.

2 BIOLOGIA DO Macrobrachium rosenbergiiO cultivo do M. rosenbergii teve inicio em 1961, por pesquisadores da Malsia e logo foi difundido para outros pases. Em 1977, o M. rosenbergii foi introduzido no Brasil pelo Departamento de Oceanografia da UFPe e hoje encontra-se bastante difundido pelos rgos pblicos e, principalmente, pela iniciativa privada.Atualmente, a classificao zoolgica completa de M. rosenbergii, segundo BOWMAN e ABELE (1982) a seguinte:

Reino Animalia

Filo Arthropoda

Subfilo Crustacea Pennant, 1777

Classe Malacostraca Latreille, 1806

Subclasse Eumalacostraca Grobben, 1892

Superordem Eucarida Calman, 1904

Ordem Decapoda Latreille, 1803

Subordem Pleocyemata Burkenroad, 1963

Infra-ordem Caridea Dana, 1852

Superfamlia Palaemonidae Rafinesque, 1815

Famlia Palaemonidae Rafinesque, 1815

Subfamlia Palaemoninae Dana, 1852

Gnero Macrobrachium Bate, 1888

Espcie Macrobrachium rosenbergii (De Man, 1879)

2.1 MORFOLOGIA EXTERNAO corpo do camaro est dividido em duas pores distintas: cefalotrax e abdmen (Figura 1).

Figura 1. Descrio morfolgica de M. rosenbergii. Fonte: New, et al 2010.A- CefalotraxB- AbdmenC- Rostro

D- OlhosE- Pleura

F- Telson

G- QuelaH- Pereipodos

I- Brnquias

J- Somitos abdominais

K- Plepodos

L- UrpodoM- Antena

O cefalotrax encontra-se coberto por uma carapaa quitinosa dorsal. Na parte anterior da carapaa est o rostro, como um espinho serrilhado. Adjacente ao rostro, esto os olhos pedunculados. Na cabea encontram-se cinco pares de apndices ceflicos. Os dois primeiros so antenas e tm funo ttil (reconhecimento), olfativa e equilbrio. Na base do primeiro par de antenas esto os estatocistos, que so responsveis pela percepo do equilbrio. A seguir observa-se um par de mandbulas, entre as quais se encontra a boca e dois pares de maxilas, cuja funo a mastigao do alimento. Os apndices torcicos so oito pares: trs pares de maxilpedes com a funo de segurar e manipular o alimento, passando-o s mandbulas. Em seguida vm os pereipodos, que so em cinco pares. O primeiro e o segundo servem ao ataque, defesa e apreenso do alimento, como os maxilpedes, so quelados, ou seja, possuem um tipo de pina na ponta. O segundo par apresenta-se bastante desenvolvido. O terceiro, quarto e quinto servem para locomoo (caminhar) e no so quelados.O abdmen articulado e cada segmento recoberto por uma placa transversal dorsal denominada tergo e uma ventral chamada externo, ligadas em ambos os lados por duas placas laterais denominadas pleuras. Nas fmeas, as pleuras se prolongam para baixo, recobrindo parcialmente as extremidades e formando a cmara incubadora abdominal, onde sero depositados os ovos durante o desenvolvimento embrionrio. Os apndices abdominais so constitudos por seis. Do primeiro ao quinto so denominados plepodos. O primeiro e o segundo pares servem para atividades sexuais e natao. O terceiro, quarto e quinto pares tm funo natatria e o sexto e o ltimo par so os urpodos que, juntamente com o artculo do ltimo segmento, o telson formam o leque caudal, que auxilia no rpido deslocamento do animal para trs atravs de contrao abdominal em situaes de perigo.

2.2 MORFOLOGIA INTERNAPraticamente todos os rgos vitais do camaro situam-se no cefalotrax. O abdmen constitudo principalmente de musculatura.a) Aparelho digestivo: formado pela boca, esfago, estmago dividido em duas cmaras: a cardaca (maior), de funo mecnica, e a pilrica (menor), com funo qumica na digesto. Logo aps vem o intestino que atravessa todo o abdmen em posio dorsal, terminando no nus, que est situado na base do tlson. O hepatopncreas consiste em duas glndulas anexas ao aparelho digestivo que tm as funes de secretar enzimas digestivas que so derramadas no estmago qumico, armazenar substncias teis de reserva, principalmente glicognio e lipdios, alm de controlar a composio bioqumica.b) Aparelho circulatrio: O sistema circulatrio do tipo lacunar (aberto). O corao localiza-se na poro posterior dorsal da carapaa, de onde partem trs artrias principais: uma para frente, para baixo e para trs, por onde conduzida a hemolinfa (equivalente ao sangue). A hemolinfa contm hemocianina, que lhe confere cor levemente azulada pela presena do elemento cobre ao invs do ferro, como observado no sangue de vertebrados.

c) Aparelho respiratrio: A respirao branquial. As brnquias esto dispostas em duas sries laterais no cefalotrax, sob a carapaa na cmara branquial. A gua deslocada para o interior da cmara branquial pelo movimento de maxilas modificadas, chamadas de escafognatito, ocorrendo ento as trocas gasosas onde a hemolinfa recebe o oxignio da gua e perde o gs carbnico.

Alm da funo respiratria, as brnquias desempenham um importante papel na manuteno dos nveis ideais de concentrao de sais nos lquidos corporais (equilbrio osmtico). A presso da gua superior da hemolinfa e com isso a gua penetra no organismo; posteriormente, uma parte eliminada pelas glndulas verdes ou glndulas antenais, que esto localizadas na base do segundo par de antenas, e so tambm consideradas rgos excretores.

d) Aparelho reprodutivo: O aparelho reprodutivo relativamente simples em ambos os sexos. Os machos possuem dois testculos localizados no trax, acima do estmago, de onde partem dois canais deferentes que levam o smen at as aberturas genitais, localizadas na base do quinto par de pereipodos. As fmeas possuem dois ovrios localizados no trax, acima do estmago, de onde partem dois canais deferentes que levam os vulos at as aberturas genitais, localizadas na base do terceiro par de pereipodos, por onde so eliminados.

e) Sistema nervoso: do tipo ganglionar e constitudo basicamente por dois gnglios cerebrides dorsais e uma cadeia ganglionar ventral. Os gnglios cerebrides esto unidos, formando uma massa volumosa localizada na base do rostro e acima do esfago. So responsveis pela coordenao central e pela inervao da parte anterior da cabea. A cadeia ganglionar ventral formada por um par de gnglios subesofgicos na cabea e um par de gnglios em cada um dos segmentos do terceiro maxilpede aos urpodos, e responsvel pela inervao das extremidades, msculos e demais rgos.

Hormnios: O controle endcrino passa por sucessivas revises, no entanto, o rgo X localizado na base do olho produziria a principio dois hormnios, sendo o primeiro: MIH que inibe a muda e o segundo: GIH que inibe o desenvolvimento gnadal. Enquanto,o rgo Y localiza-se no segmento maxilar e responsvel por produzir e libera hormnios que estimulam a muda e e formao das gnadas. Dessa forma, o controle de crescimento e reproduo, so em linhas gerais, controlados por esses rgos.3 CRIAO DE CAMARES DE GUA DOCE

A produo de camares de gua doce pode ser caracterizada por trs fases distintas: Larvicultura, berrio e crescimento final ou engorda, assim considerada por muitos.

Para obtermos as ps-larvas, necessrio realizar a seleo de camares adultos e ento prover as condies para o acasalamento, conforme descrito abaixo.3.1 SELEO DE REPRODUTORESPara obteno de reprodutores, deve-se escolher os animais mais ativos, de colorao mais viva e carapaa intacta, sem qualquer mancha e com todos os apndices. A proporo sexual deve ser de 2 machos BC (Blue Claw ou Quela Azul) e 3 machos OC (Orange Claw ou Quela Laranja) para cada 10 fmeas estocadas (Figura 2). Nos viveiros de reprodutores, desejvel no ultrapassar a relao de 200g/m2 (em metros quadrados, pois ele tem hbito de viver no fundo) em peso vivo de camares. O ideal uma densidade de 2 a 10 indivduos por m2.

Figura 2: Morfotipos dos machos de Macrobrachium rosenbergii. Fonte: NEW, et al. (2010).

Os morfotipos de machos do M. rosenbergii so o quela azul (BC), quela laranja (OC), e o macho pequeno de aspecto translcido (SM).3.2 TANQUES INTERNOS: REPRODUOOs reservatrios destinados aestocagem e acasalamento de reprodutores devem possuir sistema de circulao fechada, atravs de filtro biolgico, providos de tanques rede (evita traumas decorrentes do choque com as paredes lateriais) e aquecedores com controle por termostato durante o perodo de baixas temperaturas (1W/L de gua). Os tanques devem ser providos de abrigos no fundo e na superfcie, podem ser utilizados pequenos pedaos (15 cm) de tubos PVC, de 2 a 4 ou tiras de tela plstica.

Para evitar possveis contaminaes ou disseminao de doenas, os tanques devem ser limpos e desinfectados com soluo de hipoclorito de sdio 2%, colocando-se no fundo uma camada de 3 cm de areia grossa, previamente lavada e fervida, que servir de substrato (onde os camares utilizam como refgio).

A gua utilizada para encher os tanques, deve ser a mesma dos viveiros externos. Os termostatos devem ser regulados para que a temperatura permanea constante, entre de 28 e 30C.Em cada tanque so colocadas 4 fmeas e um macho da casta BC ( quela azul), por m2 de fundo, desde que no seja ultrapassada a relao 0,5 g de camaro/L de gua, em peso mido dos camares (deve haver 60L de gua para cada animal com peso aproximadamente de 30 g).

3.2.1 Alimentao

Camares da espcie M. rosenbergii so onvoros e generalistas no consumo do alimento. Dentre os itens alimentares, pode-se destacar matria vegetal ou protena animal (peixes), pequenos invertebrados vivos ou at mesmo alimento artificial, sendo plenamente aceito. A alimentao atravs de rao comercial peletizada deve prover aos camares elevado contedo protico, superior a 40% de PB. Entretanto, em decorrncia do alto valor das raes para camaro, podemos optar pelo uso de rao destinada a peixes com 32-38% de PB sem comprometer o crescimento e rentabilidade no cultivo, alcanando bons resultados. A frequncia alimentar deve ser de duas vezes ao dia, pela manh e final da tarde, com proporo de 3-9 % de biomassa total. A rao deve ser distribuda uniformemente sobre a superfcie do tanque de reprodutores, afim de evitar encontros e disputa por alimento (NEW et al., 2010). Em dias alternados, quando disponvel, deve-se fornecer no arraoamento da manh, fil de peixe, lula ou mexilho na proporo de 12,5% da biomassa. Este alimento fresco substitui a rao dessa refeio. Nos tanques, o alimento no consumido dever ser retirado por sifonamento.3.2.2 Desova

No momento da captura deve-se tomar muito cuidado ao manuseiar as matrizes, principalemente no transporte das fmeas que esto prontas para a desova, afim de minimizar perdas de ovos e possiveis danos ocasionados por traumas e manejo inadequado. As fmeas aptas a desova devem ser cuidadosamente selecionadas. A seleo dos reprodutores aptos deve ser feita de forma criteriosa, buscando selecionar animais saudveis e ativos, bem pigmentados, sem apndices ausentes ou outros danos e que estejam imcubando grande massa de ovos nos apendices da regio abdominal. Monitorar o momento de maturao dos vos tambm importante, sua cor muda de laranja para marrom e, finalmente, marrom-acizentada, alguns dias antes da desova e posterior ecloso de larvas.

Figura 3: Fmeas ovadas do camaro M. rosenbergii. Fonte: NEW e VALENTI (2000).

Fmeas que apresentam ovos marrons a cinza so as mais aptas a ser encaminhadas para o laboratrio de reproduo, pois os seus ovos eclodiro em 2 ou 3 dias. importante garantir que todo o lote de larvas seja de mesma idade. Isto pode aumentar a eficincia na sobrevivencia, captura do alimento e nos processos operacionais, alm de reduzir o comportamento agonstico (canibalismo). O nmero de fmeas necessrias depende do volume do tanque de incubao a ser abastecido com larvas, e do nmero de ovos transportadas por cada fmea.

Instalaes especficas separadas para incubao de ovos de camaro de gua doce so raramente utilizados em larviculturas comerciais. No entanto, especialmente em clima temperado, uma instalao separada para incubao mais fcil de controlar. Neste sistema, as fmeas em desova podem ser recolhidas pelo sistema de explorao e colocados em um tanque onde os ovos tero condies de eclodir, e as larvas recm eclodidas sero obtidas com um dispositivo de coleta (Figura 4) ou simplesmente coletadas com uma malha fina.

Figura 4: Sistema de incubao das fmeas e posteriormente das larvas, utilizados para Macrobrachium rosenbergii. Fonte: CAVALLI e SMULLEN (2000)O sistema de incubao apresentado acima consiste de um tanque de 300 L retangular para a incubao e dois tanques de 120 L circulares, um para a coleta de larvas (levadas pelo fluxo de gua contnuo e atradas pela luz) e um como biofiltro.

At 60 fmeas com ovos de cor marrom e cinza podem ser colocados no tanque de ecloso (utilizar tubo de PVC para cada indivduo como refgio). Os tanques de incubao precisam ser cobertos para evitar luz, seu interior deve ser pintado com tinta de resina epxi na cor preta, exceto em torno da rea onde o tubo de descarga est localizado, que dever ser de cor mais clara, como bege (quando o tanque for translcido, no dever ser pintada).O tanque dividido em duas regies, formando-se duas cmaras, com o uso de malha ou tela. A maior cmara, ocupa cerca de 80% do volume total do tanque, sendo utilizada para armazenar as fmeas e mant-las separadas quando as larvas eclodirem. A gua transbordar para o tanque de coleta e, em seguida, passar por uma peneira de malha 180 mm, localizada em torno de um tubo vertical central, entre o tanque coletor e o biofiltro. As larvas fluiro com a gua que sair do tanque de incubao pois elas se movem em direo rea mais clara da sua parede, que ser iluminada (fototaxia positiva). A gua ser devolvida ao tanque de incubao pelo tanque do biofiltro.

A incubao geralmente ocorre noite, mas, como os tanques de incubao so cobertos, as larvas podem ser coletadas durante o dia. A gua deste sistema deve ser preferencialmente mantida em torno de 28 C. A utilizao de um pouco de gua salina (5 ppt) resultar em maior taxa de ecloso. Recentemente, algumas evidncias tm sido publicadas (DIREITO, WONG e ABOL-MUNAFI, 2001) indicando que o processo de incubao extremamente sensvel ao pH. Se isso for comprovado, o pH pode precisar ser ajustado para 7,0-7,2 na incubao. O pH fora desse intervalo parece resultar em uma reduo substancial de ecloso. O regime simplificado de reprodutores no importante, mas a luz solar direta deve ser evitada. Para melhorar a qualidade da gua para a ecloso das larvas, recomendvel que as fmeas em desova no sejam alimentadas durante o perodo de 2-3 dias antes da ecloso das larvas. As larvas so ento removidas do tanque coletor e transferidas para a fase de incubao ou berrio.

4 LARVICULTURA EM SISTEMA FECHADODois sistemas de larvicultura vm sendo empregados no pas: o monofsico e o bifsico. O sistema monofsico aquele no qual se utiliza apenas um tanque de larvicultura, do comeo ao fim do ciclo de produo. J no sistema bifsico, so empregados dois tanques de larvicultura. O primeiro utilizado para levar as larvas at PL1 ou PL2, em aproximadamente 12 dias de cultivo. Neste caso, so usualmente utilizados tanques de 10.000 a 20.000 litros. Depois, na segunda fase as PLs so transferidas para tanques externos de at 60.000 litros, onde so mantidas por cerca de oito a doze dias e ai sero utilizadas para povoar o viveiro (aude).Apesar do aumento da carga de trabalho envolvido na utilizao do sistema bifsico e da necessidade de possuir uma infra-estrutura adequada para sua aplicao, ele possui duas vantagens bsicas sobre o sistema monofsico: a) a primeira o fato de o laboratrio conseguir realizar um maior nmero anual de ciclos de produo, uma vez que os tanques internos ficam rapidamente disponveis para um novo ciclo; b) a segunda vantagem o fato de se conseguir produzir PLs maiores e fortes, uma vez que a densidade final sempre menor que no sistema monofsico.

4.1 LOCAL DE INSTALAOO sistema poder ser instalado em qualquer galpo previamente construdo desde que no haja contaminao por produtos txicos ou excesso de p. prefervel evitar locais prximos a cultivos de vegetais (soja, milho, sorgo), onde h aplicao de inseticidas que podem ser levados pelo vento e incorporados aos tanques de larvicultura pelo compressor de ar. Quando no houver a disponibilidade de estruturas de alvenaria ou galpes pr-moldados , pode-se construir uma estufa com armao de bambu coberta com lona plstica. A rea mnima deve ser de 15 m2.4.2 TANQUES DE ECLOSO DE LARVASPodem ser utilizadas caixas de polietileno brancas com capacidade para 35 a 50 litros, abastecidas com 25 a 45 litros de gua salobra de salinidade 5. No mximo, devem ser colocadas duas fmeas por caixa e manter uma oxigenao moderada com auxilio de injeo de ar por compressor e difuso por pedra porosa.

4.3 TANQUES DE CULTIVOOs tanques de cultivo so estruturas onde as larvas permaneceram estocadas at que estejam prontas para serem transportadas para o local de crescimento final, podendo este ser confeccionados dos mais diversos materiais, como: polipropileno, alvenaria, fibra de vidro, geomembrana, etc. Portanto, so estruturas importantes para o funcionamento do laboratrio (Figura 5).

As larvas so distribudas em dois tanques (135 x 113 cm), com capacidade para 1.000 litros e volume til de, aproximadamente, 850 litros preenchidos com gua salobra (12). Ser acoplado um filtro biolgico para os dois tanques (Figura 2). Se forem de cimento-amianto, os tanques devero ser impermeabilizados com tinta epoxi preta. Aquecedores com termostatos mantero a temperatura da gua em torno de 30C (3 aquecedores de 300 W por caixa). A aerao deve ser constante por meio de pedras porosas distribudas ao redor do tanque (8 pedras porosas). Estas devem ser conectadas a uma mangueira de aerao com 15 mm de dimetro e/ ou tubo de PVC de , fixados na borda do tanque (Figura 5).

A sada da gua dos tanques de cultivo ser realizada atravs de um tubo de PVC com dimetro de 1 , unido a um cotovelo articulado, permitindo fcil controle do nvel da gua, bem como a interrupo do fluxo durante o manejo. Um tubo de PVC de 4 telado com 125 ou 250 m, removvel, ser adaptado a esta tubulao, impedindo a passagem das larvas de camaro para o filtro. Junto a este tubo so acopladas duas pedras porosas que impedir o acmulo de detritos sobre a tela.

Figura 5: Tanque de Larvicultura do laboratrio de Carcincicultura da UNESP Jaboticabal

Figura 6. Esquema de um sistema simples modular com dois tanques conectados ao mesmo filtro (vista superior). T= Tanque de larvicultura, FB = Filtro biolgico, FM = Filtro mecnico, A = Canos de PVC 3/4, B = Canos de PVC 1 .

Figura 7. Vista lateral de o sistema modular simples. A = Tubulao para o retorno da gua para o tanque, B = Tubo telado para conteno das larvas, C = Tubo para sada da gua do tanque, D = Filtro mecnico, E = Substrato de conchas marinhas, F = Mangueira e pedra porosa para a aerao do tanque, G = Termostato com aquecedor, H = air-lift.

4.4 FILTRO BIOLGICOO filtro biolgico e/ou biofiltro representado por unidades constitudas de substratos que servem de suporte e de fixao para microorganismos aerbicos (bactrias, protozorios, rotferos, nematides, microcrustceos e fungos), estes so responsveis pela converso e oxidao de matria orgnica e nutriente, provendo a degradao biolgica. Algumas vantagens dos filtros biolgicos encontram-se na extraordinria capacidade de assimilar choques, nitrificar a amnia, e, sobretudo, na simplicidade operacional.Portanto, permite reutilizar a gua durante todo perodo do cultivo e desenvolvimento das larvas, atravs de um sistema de recirculao. Este sistema consiste, basicamente, na passagem da gua por um filtro biolgico, no qual se desenvolvem bactrias responsveis pelo metabolismo dos compostos nitrogenados, atravs do processo de nitrificao. O sistema fechado com recirculao permite reduzir os custos com gua e energia, pois mantm constante a temperatura, alm de melhorar a estabilidade nos nveis de amnia e nitrito.

Conforme acima, o filtro foi projetado para transformar de forma eficiente os subprodutos nitrogenados (amnia e nitrito), resultantes da excreo das larvas e da decomposio da matria orgnica, evitando que atinjam nveis txicos. O biofiltro deve representar cerca de 10% do volume do tanque de cultivo e filtrar de 3 24 vezes/dia, podendo ser constitudo externamente por diversos materiais, como: cimento-amianto, fibra de vidro ou polipropileno (NEW et al. 2010). O biofiltro deve ser subdividido em cmaras por meio de placas de polietileno e preenchidas com fragmentos de conchas de moluscos marinhos, britas entre outros tipos de substratos (cerca de 5 mm de dimetro) que sero utilizados como substrato de fixao para colonizao dos microorganismos.

Sobre a primeira cmara do filtro biolgico ser colocado um filtro mecnico com a finalidade de remover resduos grosseiros, evitando o acmulo de material orgnico entre os fragmentos do substrato (Figura 7). A aerao do sistema de filtro ser realizada por meio de pedras porosas de 15 cm, localizadas em cada cmara sob o substrato, para uma oxigenao mais uniforme.

A circulao ser iniciada com a subida da gua filtrada pelos seis tubos de PVC de 3/4, impulsionada por air-lift, sendo conduzida at a superfcie dos tanques de larvicultura. Devido ao princpio dos vasos comunicantes, ocorrer, simultaneamente, a sada da gua dos tanques de cultivo atravs dos tubos de PVC de 1 que, portanto, ser levada ao filtro por gravidade (Figura 7). Para maior segurana, pode-se construir um filtro biolgico maior. Alternativamente, pode-se utilizar filtros individuais.4.5 FILTRO MECNICOEste tipo de filtro impede que partculas orgnicas e inorgnicas particuladas caiam no filtro biolgico e interfiram nos processos de nitrificao da amnia. O filtro mecnico ser constitudo por uma caixa (50 x 12 cm) feita com placas de polietileno ou de madeira (impermeabilizada com epxi) com fundo telado de malha de 80 m.

4.6 SISTEMA DE AERAOTodo o ar necessrio para oxigenao das caixas, tanques e filtro biolgico dever ser proveniente de uma pequena rede de distribuio de ar instalada no laboratrio de larvicultura, abastecida por um compressor radial de 2 HP de potncia. O sistema de aerao pode ser montado com mangueira de 11/4 com reduo para cano de PVC de 1, fixados na parede ou na armao de bambu da estufa.

Cada tanque de larvicultura e o filtro biolgico possuiro uma derivao em conexo tipo T de 1, dotados de registros de esfera. Em cada terminal sero conectados tubos de PVC de 3/4 com 30 cm de comprimento e com sada para mangueiras de aerao de 5 mm.

O fluxo de ar para oxigenao ser proporcionado por pedras porosas localizadas dentro de cada caixa, tanques e filtro biolgico.

5 ROTINA PARA INSTALAO E MANEJO DA LARVICULTURA5.1 MATURAO DO FILTRO BIOLGICO1- Monte o sistema de recirculao pelo menos 1 semana antes de ser utilizado;2- Dilua 0,2 mL de NH4OH (amonaco 25%) em 1 litro de gua de torneira para cada 100 L de gua salobra contida no sistema de larvicultura (resultar numa soluo final de 0,5 mg/L);3- Coloque de forma homognea sobre a superfcie da gua do filtro;4- Esta soluo de amonaco deve ser colocada no filtro a cada 3 dias;5- Quando os nveis de amnia e nitrito estiverem prximos de zero, o filtro estar maturo.

Figura 6. Esquema das tubulaes do sistema de aerao.5.2 OBTENO DAS LARVAS E POVOAMENTO1- Coloque algumas fmeas em fase final de desenvolvimento embrionrio (ovos com colorao cinza-amarronzado) em caixas de polietileno com gua salobra a 5 ou com gua doce;2- Coloque aerao e uma cobertura de tela ou pano escuro;3- Sifone diariamente e complete o volume (importante para a qualidade de gua);4- Diariamente, verifique se houve ecloso. Em caso positivo, acenda uma lmpada em uma das extremidades da caixa para atrair as larvas;5- As larvas devem ser cuidadosamente sifonadas para um balde com aerao moderada, at aproximadamente 6 litros;6- Misture as larvas agitando ligeiramente a gua com a mangueira de ar em movimentos zig-zag;7- Retire a pedra porosa da gua, introduza uma seringa ou pipeta de 5 mL com ponta cortada dentro do balde e conte o nmero de larvas retiradas com a seringa (faa 20 amostragens, com reposio);8- Calcule a mdia das 20 amostras e, por regra de trs, estime o contedo do balde. Repita o procedimento e considere a mdia das amostragens;9- Faa uma aclimatao lenta entre a gua do tanque e a do balde, e ento coloque, cuidadosamente, as larvas do balde, dentro do tanque de larvicultura.

10- Observe a densidade de povoamento desejada (80 a 100 larvas/L).

5.3 CARACTERIZAO SIMPLIFICADA DE ESTGIOS LARVAIS DE M. ROSENBERGII

Figura 8: Caractersticas simplificadas do estgio larval: I) Olhos ssseis (fixos e junto ao corpo); II) Olhos passam a ser pedunculados; III) Surgem os urpodos; IV) Surgem 2 dentes conspcuos na poro dorsal da base do rostro; V) Tlson torna-se estreito e alongado. Flagelo antenal com 2 ou 3 segmentos; VI) Surgem os primrdios dos plepodos no abdome (botes). Flagelo antenal com 4 segmentos; VII) Plepodos birremes e sem cerdas. Flagelo antenal com 5 segmentos; VIII) Plepodos com setas de cerdas no exopodito. Flagelo antenal com 7 segmentos; IX) Surgem os apndices internos e cerdas nos endopoditos. Flagelo antenal com 9 segmentos; X) Poro dorsal anterior do rostro com 3 ou 4 dentes. 1 e 2 pereipodos quelados. Flagelo antenal com 12 segmentos; XI) Poro dorsal do rostrum denteada. Flagelo antenal com 15 segmentos; PL) Rostro denteado nas pores dorsal e ventral.5.4 MANEJO DIRIO DA LARVICULTURA8:00 horas

1- Determine a temperatura da gua dos tanques com um termmetro comum e verifique o fluxo dgua;2- Limpe a tela de sada do tanque ou substitua por tela de malha com 250 m (somente aps o 5 dia de cultivo) para reduzir a quantidade de material em suspenso no interior dos tanques de cultivo;3- Retire as carapaas que possam estar boiando e as larvas mortas da superfcie da gua com um pu plano. Com uma esponja, retire os cistos aderidos s laterais do tanque;4- Coloque gua doce no filtro biolgico, repondo o que evaporou;5- Fornea rao conforme tabela de alimentao.

11:30 horas

1- Coloque os cistos de Artemia para hidratar (consulte tabela de alimentao e manejo da Artemia);2- Fornea a rao.

15:00 horas

1- Determine o teor de nitrito utilizando kit para aqurio (sempre antes de sifonar);2- Sifone os resduos do fundo do tanque se o teor de nitrito for alto ou houver resduos visveis;a. Desligue a aerao e o sistema air-lift por aproximadamente 10 minutos;b. Sifone os resduos mantendo a mangueira associada a um tubo de PVC de 1/2 sempre junto ao fundo. Pode ser vantajoso acender uma lmpada prximo superfcie para atrair as larvas. A gua deve drenar para um balde graduado (ou caixa de polietileno graduada);c. Retire os detritos aderidos s paredes laterais dos tanques e nas mangueiras de aerao com uma esponja;d. Restabelea a aerao;e. Recolha cuidadosamente as larvas retidas no balde ou na caixa, utilizando um pu ou sifonando as larvas com uma mangueira fina;f. A gua retirada deve ser filtrada por meio de um filtro mecnico com malha de 80 m e reposta no filtro biolgico;g. Recoloque no filtro, a quantidade de gua salobra eventualmente perdida durante o processo de sifonamento;3- Lave a tela de sada da gua do tanque e o filtro mecnico;a. Levante o cano de drenagem de modo a interromper o fluxo;b. Retire o cartucho de tela;c. Lave a tela sob torneira esfregando levemente com a esponja. Nunca usar sabo, detergente ou qualquer outro produto de limpeza;d. Recoloque o cartucho no lugar;e. Lave o filtro mecnico sob a torneira. Recoloque-o sobre o cascalho do filtro biolgico e retorne o cano de drenagem para a posio inicial;f. Aps 10 minutos observe se h alguma larva presa na tela do filtro mecnico. Se houver, devolva-a ao tanque.

16:30 - 17:00 horas

1- Determine a quantidade de nuplios de Artemia no interior dos tanques (de ecloso de artemia).

a. Com uma pipeta ou seringa de 5 mL (com a extremidade mais fina cortada) retire 10 amostras de gua de um tanque e conte o nmero de nuplios de Artemia. Calcule a mdia e divida por 5 para obter o nmero de nuplios por mL. Repita o procedimento para o outro tanque.

2- Fornea Artemia, ou seja, coloque elas no tanque de cultivo;a. Desligue a aerao dos garrafes de ecloso de Artemia;b. Cubra os garrafes com um pano escuro, deixando apenas uma brecha para entrada de luz. Espere alguns minutos, os nuplios de Artemia ficaro concentrados no local iluminado do garrafo, os cistos no eclodidos decantaro e os fragmentos de cistos ficaro boiando na superfcie;c. Recolha em um balde graduado somente os nuplios concentrados, sifonando-os com cuidado e evitando, o mximo que possvel, a presena de cistos;d. Quando houver muitos cistos no balde, pode-se repetir a etapa b. Neste caso necessrio utilizar um balde translcido;e. Divida o volume resultante entre os tanques, colocando maior quantidade de litros para o tanque com menor quantidade de nuplios restantes, determinados no item 1a;f. Concentre os nuplios em uma tela de 125 m, desprezando a gua de ecloso e lavando-os em gua de torneira;g. Distribua-os homogeneamente no tanque;h. Aps alguns minutos, determine a quantidade de nuplios de Artemia no interior dos tanques, seguindo o mesmo procedimento do item 1a. A concentrao de nuplios dever ser de aproximadamente 7 nuplios/mL. Caso seja menor, deve-se aumentar a quantidade de cistos necessrios para eclodir;3- Prepare nova cultura de Artemia utilizando os cistos hidratados (ver Manejo dos cistos de Artemia);4- Verifique temperatura e fluxo.

Observaes:

1- Ao surgirem as primeiras ps-larvas, deve-se colocar rolinhos de tela de polietileno no fundo do tanque para servirem de substratos;2- No mexa nos tanques de larvicultura sem lavar as mos;3- O local deve ser mantido to limpo quanto for possvel.4- Evite utilizar cosmticos, hidratantes corporais ou qualquer substncia que possa contaminar os tanques de larvicultura durante o manejo.5.4.1 Alimentao das larvas

A alimentao adequada das larvas um dos fatores de fundamental importncia para o sucesso da larvicultura de M. rosenbergii. A Tabela 1 indica a quantidade de alimento de acordo com os estgios larvais. As larvas sero alimentadas exclusivamente com nuplios de Artemia durante os primeiros dez dias de cultivo. Posteriormente, tambm ser fornecida rao inerte fresca, sua formulao est representada na Tabela 3.Tabela 1: Alimentao para a larvicultura de M. rosenbergii em sistema fechado simples. As quantidades foram estimadas para estocagem de 70.000 larvas (valor mdio).Dias de cultivoEstgios

DominantesCistos Artemia

g/diaRao

g/diaRao

g/refeio

PovoamentoI---

2I-II20--

3II-III20--

4III30--

5III-IV40--

6-7IV-V50--

8V50--

9-10V-VI50--

11-12VI-VII503015

13-14VI-VII-VIII503015

15-18VII-VIII-IX503015

19-21VIII-IX504020

22-14IX-X505025

25-30X-XI-PL505025

31-40XI-PL504020

A quantidade de alimento (rao - Artemia) que ser fornecida diariamente depender, tambm, do aproveitamento do mesmo pelas larvas. Portanto, importante realizar o controle visual do consumo, devendo haver pequena sobra de rao antes do sifonamento e aproximadamente 1 nuplio/mL de gua antes do fornecimento de Artemia. A quantidade Artemia, aps o fornecimento da mesma, deve ficar ao redor de 7 nuplios/mL. As quantidades contidas na Tabela 1 podem variar com a taxa de ecloso dos cistos de Artemia.

A superalimentao aumenta a quantidade de matria orgnica que pode causar proliferao de bactrias indesejveis e prejudicar a qualidade da gua do sistema. Por outro lado, a deficincia de alimento provoca canibalismo e o aparecimento de animais fracos e pequenos.Ingredientes:

100 g de lula ou mexilho100 g de peixe

40 g de leite em p

20 g de farinha de trigo

8 g de suplemento mineral*

8 g de suplemento vitamnico*

8 ovos

4 mL de leo de fgado de peixe (emulso Scott)

400 mL de gua

1 g de vitamina C

Tabela 2: Composio para cada quilo de suplemento (pode variar de acordo com o suplemento usado. Deve-se sempre verificar com o fornecedor a composio real do produto e observar a data de validade).

VitaminasMinerais

A 2.222.200 UIFerro 16.000 mg

D3 444.000 UICobre 5.000 mg

E 11.100 mgMangans 16.000 mg

K3 5.500 mgCobalto 400 mg

B12 11.100 mgIodo 560 mg

Tiamina (B1) 3.300 mgSelnio 80 mg

Riboflavina (B2) 7.700 mgZinco 12.000 mg

Piridoxina (B6) 2.200 mg

Biotina 55.500 mg

cido flico 1.100 mg

Ac. Pantotnico (Pant. Ca) 13.300 mg

Niacina 26.600 mg

Colina (Cloreto de Col.) 26.600 mg

Acido ascrbico (C) 120.000 mg

Antioxidante 11.100 mg

Tabela 3: Composio bromatolgica aproximada (com base em 100% de matria seca):

Nutrientes(%)

Protena Bruta45,07

Extrato Etreo 22,55

Fibra Bruta -

Extrativo no Nitrogenado23,55

Matria Mineral 8,83

Matria seca original (%)18,29

Energia bruta (Kcal. Kg-1)4989,20

Preparo

a) Picar lula ou mexilho e o peixe. Bater no liquidificador com 400 mL de gua, at obter uma massa homognea;

b) Adicionar os ovos, o leo de fgado de peixe e bater por alguns minutos;

c) Acrescentar os demais ingredientes (suplementos mineral e vitamnico, trigo e leite) num recipiente parte e misturar bem, depois colocar no liquidificador e bater por alguns minutos at formar um creme;

d) Cozinhar em banho-maria, com fogo bem baixo, por aproximadamente 30 minutos at formar um pudim consistente;

e) Para ver se est no ponto certo, deve-se espetar uma faca. Esta deve penetrar facilmente e sair quase limpa. Se aderir na faca ainda no est pronto;

f) Manter em geladeira por at 2 dias ou congelar a -20 C, em freezer. Para congelar, deve-se dividir em pores suficientes para uso dirio e embalar em filme ou sacos plsticos;

g) Minutos antes do fornecimento, com o auxlio de jatos dgua, deve-se passar a rao atravs da peneira com malha 1,00 mm, recolhendo o filtrado em peneira 0,7 ou 0,5 mm;

h) Fornecer aos animais.

6 ALIMENTAO DE LARVAS - MANEJO DE CISTOS DE Artemia

Os cistos devem ser hidratados e desinfetados antes da ecloso ou devem ser descapsulados. A empresa que comercializa deve informar qual deve ser o tratamento adequado.

6.1 ECLOSO E COLETA DOS NAPLIOS

Encher os tanques com gua salobra, em salinidade indicada pelo fabricante, sempre maior que 15%. Preparar a gua salobra artificial diluindo 15 a 20g de sal grosso e 2g de bicarbonato de sdio para cada litro de gua doce, ou simplesmente usar a gua do mar;

Colocar os cistos previamente descapsulados (seo 2) ou desinfetados (seo 3) para ecloso, em concentrao de 3 a 5 g/L de gua salobra ou de acordo com a indicao do fabricante;

1- A temperatura e o pH devem ser mantidos segundo a recomendao do fabricante e a iluminao maior que 1000 lux. Esta ltima importante, sobretudo, durante as primeiras horas aps a descapsulao. A aerao deve ser contnua, de modo a manter os cistos em constante movimento, mas no excessiva, pois o turbilhonamento pode jogar os cistos nas paredes dos tanques ou matar os nuplios;

2- A ecloso da maioria dos nuplios ocorre entre 15 e 24 horas aps o inicio do processo. Portanto, a coleta deve ocorrer aps este perodo;

3- Se os cistos no foram descapsulados ou desinfetados, deve-se adicionar 0,05 mL de formol por litro de gua, uma hora antes da coleta dos nuplios;

4- Para coletar os nuplios, deve-se suspender a aerao, cobrir a superfcie do recipiente e acender uma lmpada prximo ao fundo. Os nuplios descero devido ao fototactismo positivo;

5- Aps 10 minutos, abre-se a torneira inferior para coleta do material. Inicialmente, deve-se drenar os cistos no eclodidos e outros resduos acumulados no vrtice e desprez-los, abrindo e fechando rapidamente a torneira inferior.

6- A seguir, o contedo do tanque drenado atravs de peneira ou pu com malha 125 a 150 m, que retm os nuplios. Esta deve estar apoiada em um balde contendo gua salobra, de modo que os nuplios permaneam dentro dgua durante o processo. Deve-se interromper o fluxo de gua quando a massa de nuplios que se acumula no fundo houver sido drenada, evitando a coleta de resduos.

7- Lavar os nuplios em gua doce corrente e filtrada, cont-los de acordo com instruo da sesso 4 e transfer-los para o tanque de larvicultura;

8- Caso seja necessrio dividir a quantidade eclodida entre os tanques, deve-se transferir o total de nuplios em um bquer graduado, homogeneizar e coar o volume desejado da suspenso em peneira com malha 125-150 m. A seguir, lava-se os nuplios retidos em gua corrente e transfere-se para o tanque de desenvolvimento larval;

9- Os nuplios podem ser congelados, caso ocorra sobra.

6.2 DESCAPSULAO

1) Colocar os cistos em um recipiente para hidratar durante 1,5 a 2 horas, na concentrao de 70g de cistos/L de gua doce (1g/14mL);

2) Manter aerao constante e temperatura entre 25 e 28C;

3) Filtrar os cistos em pu com malha 125 m e lav-los em gua corrente;4) Colocar os cistos hidratados em soluo descapsulante preparada na hora e resfriada (70g de cistos/L de soluo ou 1g/14mL);

OBS: A soluo descapsulante deve conter 0,5g de cloro ativo para grama de cistos e pode ser prepara com NaOCl ou Ca(OCl)2, de acordo com as frmulas:

a) Dissolva 10g de NaOH em 280 mL de gua e junte 720 mL de NaCl. (6% de cloro ativo);

b) Dissolva em 1 litro de gua 55 g de Ca(OCl)2, (com 65% de cloro ativo) e 48 g de Na2CO3 (ou 28 g de CaO).

O NaOCl bastante instvel e deve ser armazenado protegido da luz.

5) Misturar a soluo, de forma constante, com auxlio de uma colher;6) Controlar a temperatura de modo que no ultrapasse os 36 C (o ideal de 15 a 20 C), adicionando gelo no interior do recipiente. Formar-se- uma espuma branca;7) Quando a suspenso de cistos passar de marrom/cinza para alaranjado/amarelo a descapsulao est completa. O tempo necessrio para isso varia de 3 a 15 minutos.

6.3 DESINFECO1- Se os cistos no foram descapsulados devem ser desinfetados. Iniciar pela hidratao dos mesmos em gua doce por 1 hora na concentrao de 35 g de cistos/L de gua (1 g/28 mL);

2- Aps 1 hora, adicionar 20 mL da NaOCl (6% de cloro ativo) ou 0,3 g de Ca(OCl) 2 para cada litro de gua, previamente dissolvido. Manter sob aerao durante 30 minutos;

3- Medir a temperatura e, se ela subir, controlar com adio de gelo para que a mesma no atinja 40 C;

4- Filtrar a soluo em pu com malha 125 m e lavar por 10 minutos em fluxo continuo de gua doce;

5- Se o odor de cloro persistir (ou como precauo) colocar os cistos em soluo de tiossulfato de sdio 0,05% (0,5 g/L) e agitar bem por 2 a 5 minutos;

Lavar os cistos em gua corrente e transfer-los para os tanques de ecloso.

6.4 ESTIMATIVA DA TAXA DE ECLOSO DE Artemia E A QUANTIDADE A SER FORNECIDA1- Colocar os nuplios eclodidos em balde graduado provido de aerao;

2- Retirar uma amostra em uma pipeta (ex. 1,5mL) e diluir para 100 mL usando uma proveta com esse volume;

3- Homogeneizar a proveta e retirar uma amostra com a pipeta (ex. 2,5mL) e contar os nuplios, olhando contra a luz;

4- Repetir 5 vezes e fazer a mdia (ex. 18 nuplios na pipeta);

5- Dividir a mdia obtida para as amostras pelo volume amostrado, para obter o nmero de nuplios/mL (ex. 18 nuplios/2,5mL = 7,2 nuplios/mL);

6- Multiplicar o resultado obtido no item 5 pelo volume de gua contido na proveta (ex. 7,2 x 100 = 720 nuplios), que estaro na proveta de 100mL;

7- Dividir o valor obtido no item 6 pelo volume amostrado do balde para obter o nmero de nuplios/mL contido no balde (ex. 720 nuplios/1,5mL = 480 nuplios/mL);

8- Multiplicar a concentrao em nuplios/mL pelo volume do balde (em mL) para obter o total de nuplios eclodidos (ex. 480 nuplios/mL x 10.000 mL = 4.800.000 nuplios);

9- Dividir o numero total de nuplios pelo peso (em g) de cistos colocados para eclodir (ex. 4.800.000 nuplios/25g de cisto = 180.000 nuplios eclodidos em 1g de cistos);

Calcular o percentual de ecloso considerando que 230.000 nuplios/g corresponde a 100% de ecloso. (ex 180.000/230.000=78,3%).7 BERRIODepois de metamorfoseadas, as ps-larvas seguem para a fase de berrio. Em sistema fechado, esta fase ocorre em tanques de concreto ou viveiros escavados e em altas densidades, e na natureza esta fase caracterizada pela subida rio acima de ps-larvas provenientes de esturios de gua salobra. Em cultivo, quanto mais s ps-larvas se aproximam da fase juvenil, vai ocorrendo a diminuio de densidade, j que os organismos esto maiores e a taxa de sobrevivncia maior, ao mesmo ritmo do valor de despesca (POLI et al. 2004).

Sistemas de berrio so aqueles intermedirios entre a larvicultura e a engorda. Estes sistemas se caracterizam por utilizar altas taxas de renovao de gua, altas densidades de estocagem e utilizao de alimento inerte.O objetivo de um sistema de berrio a produo de juvenis de camaro maiores e mais resistentes, proporcionando maior sobrevivncia, maior crescimento e uma possvel diminuio do perodo de crescimento. Alguns benefcios alcanados atravs da utilizao de sistemas de berrio so o aumento do controle sobre a produo gerando maior rentabilidade, eficincia e previsibilidade dentro do sistema de cultivo, reduo dos riscos de exposio patgenos e predadores e homogeneizao das caractersticas zootcnicas dos camares que sero transferidos para os viveiros de engorda. O objetivo desta fase tambm est relacionado ao objetivo de aumentar a restrita estao de crescimento nos climas temperado e subtropical. Segundo WILLIS e BERRIGAN (1977), os juvenis apresentam taxa maior de sobrevivncia que se estivessem na natureza (LING, 1969; FUMIJARA e OKAMOTO, 1970), j que, os organismos tornam-se mais resistentes s variaes ambientais e predao. Para LING, (1969); SMITH e SANDIFER (1979); SANDIFER et al. (1980); RAANAN e COHEN (1982); SANDIFER et al. (1983); SMITH et al. (1983); (RAANAN et al. (1984), atravs da fase de berrio, possvel que:

Em locais de clima frio a estao de crescimento possa ser aumentada em at 3 meses, incrementando a produo e o nmero percentual de organismos com peso mdio comercial maiores que 30 gramas na despesca final;

Maior eficincia dos alimentos nobres sobre os animais, indispensveis na fase juvenil;

Nos viveiros de terminao os organismos possam ser contados corretamente;

O custo de reposio das ninhadas de m qualidade ou baixa taxa de sobrevivncia, nesta fase, menor em relao ao resultado da despesca final;

Policultivos com peixes maiores e/ou at carnvoros consiste numa alternativa vivel e rentvel.O Berrio apresenta duas sub-divises: Berrio Primrio e Berrio Secundrio.O Berrio Primrio difcil de ser caracterizado, j que apresenta diferenciao conforme o clima de cada regio (POLI et al., 2004). No Brasil, na maioria das vezes consiste em tanques de concreto que podem ser quadrados, retangulares, redondos ou octogonais, apresentando de 10 a 50 m3 de capacidade e 1 metro de profundidade. Em regies tropicais no h paredes ou aquecimento, mas possuem telhado para evitar predadores (POLI et al., 2004). O estoque feito por 3 a 8 semanas, com ps-larvas de 1 a 5 dias aps a completa adaptao gua doce na larvicultura. O crescimento aproxima-se de 0,02 a 0,3 gramas (POLI et al., 2004).

Na regio sul do Brasil esta fase deve ser realizada de julho a setembro (RODRIGUES et al., 1991), estima-se que quanto mais ao norte ela deve ocorrer antes, j em outras reas ela poder ser feita sem problemas em diferentes pocas do ano.

Pelo fato de ter recm passado de um ambiente salino para um de gua doce, as ps-larvas apresentam-se frgeis e debilitadas, com isso torna-se necessria uma operao muito delicada de remoo destes organismos dos tanques de larvicultura at o berrio, pois se sabe que na fase de ps-larvas, a taxa de ocorrncia de mudas muito maior que em organismos mais velhos e j que o processo de retirada estressante para os animais, as chances de ocorrerem mortes so maiores (POLI et al., 2004). Indica-se o uso de encanamentos conectados ao tanque de larvicultura at o tanque-berrio, sem bombeamento e de pequena vazo, para que o deslocamento seja suave e a manipulao seja mnima (POLI et al., 2004).

A taxa de estocagem varivel conforme o tempo de estocagem (POLI et al., 2004), quanto maior a durao prevista, menor ser a densidade, que no geral varia de 0,5 a 6 ps-larvas por litro, indicando-se o uso de telas verticais com o objetivo de reduzir o canibalismo entre os animais, j que, com as telas h o aumento da rea superficial que serve de refgio.

Trocas de gua devem ser feitas at 24 vezes o volume do tanque por dia, so acompanhadas pelas sifonagens do fundo para a remoo de sedimentos como excesso de rao, fezes e matria orgnica (BORBA et al., 1993).

No processo de crescimento, o estado nutricional do organismo, a taxa de alcalinidade/dureza da gua e temperatura so fatores de grande influncia (POLI et al., 2004). Quando ocorre a muda, perodo antecedido por um curto jejum h o aumento da absoro de gua pelo animal e a sada da carapaa. Aps ocorre o processo de endurecimento do exoesqueleto do organismo, atravs das reservas corporais e da absoro direta de clcio da gua (FIEBER e LUTZ, 1982). Sabe-se que organismos mais jovens mudam mais frequentemente em relao aos mais velhos, contudo, isso no significa que crescero mais rapidamente (FIEBER e LUTZ, 1982).

O fim da fase de berrio (15 a 60 dias) depende do clima da regio e/ou manejo e estratgia de estocagem utilizada pelo produtor (POLI et al., 2004). No sul do Brasil, o final da fase caracteriza-se pelo aumento da temperatura da gua dos viveiros escavados, aps ento, os organismos so levados com auxilio de redes para os tanques, onde feita a contagem pelo mtodo de deslocamento volumtrico, sendo ento acondicionados em berrio secundrio.

No berrio secundrio a caracterizao mais fcil que no berrio primrio. Aps 5 dias de adaptao gua doce as ps-larvas, provenientes da larvicultura ou berrio primrio, ficam estocadas durante 4 a 10 semanas nos viveiros escavados, de pequeno ou mdio porte, nesta fase efetua-se o aumento da densidade, j que aumenta-se a renovao de gua, a aerao, o uso de filtros biolgicos e de rao balanceada (POLI et al., 2004).

Na regio sul, esta fase geralmente ocorre de agosto a novembro, evitando assim, como em outras regies, as baixas temperaturas, pois se sabe que a temperatura influncia diretamente no tamanho dos camares. Ao atingirem 1,2 a 1,5 gramas de peso, os juvenis so transferidos aos viveiros de crescimento/terminao. A transferncia ocorre por meio do esvaziamento da gua do viveiro com posterior captura atravs de redes ou de pus (POLI et al., 2004).

8 SISTEMAS DE PRODUO PARA CRESCIMENTOA ltima fase do cultivo a de crescimento/terminao, onde ao final da qual ocorre o abate dos animais. Esta fase pode ser realizada por sistema de monocultivo e/ou policultivo.

8.1 MONOCULTIVO

Neste tipo de cultivo so estocadas apenas ps-larvas ou juvenis. Na prtica, a modalidade mais utilizada pelos produtores brasileiros, contudo, o monocultivo semi-intensivo considerado assim, devido a manter apenas um organismo alvo. Porm existe a presena de fitoplncton, zooplncton e diversos micro-organismos associados ao camaro (ZIMMERMANN, 1995).

Nesta fase os juvenis so estocados de acordo com o tamanho, em pelo menos 3 classes. No Brasil, a estocagem realizada na primavera, por causa da temperatura, que deve estar entre 29-31 C, sendo que 18-22 C paralisam o crescimento dos animais (NEW, 1995). O pH timo deve est entre 7,0 e 8,5.

Pesquisas foram realizadas com o objetivo de descobrir estratgias que poderiam melhorar as condies de cultivo (NEW, 1995). O sistema contnuo, muito utilizado na dcada passada, foi substitudo pelo sistema descontnuo, que quando pelo menos uma vez ao ano o viveiro esgotado e todos os camares so removidos. A vantagem deste sistema est em extinguir animais de porte maior dentro do viveiro, possibilitando, assim, que os animais recm estocados se desenvolvam. A desvantagem que, em climas quentes, com possibilidades de duas ou trs safras por ano, o peso mdio dos animais fica muito baixo (NEW, 1995). Entretanto, MCGEE (1991) props a soluo: sistema descontnuo modificado, que consiste na estocagem de juvenis com 1,0 grama (vindos do berrio primrio com 30 a 45 dias e uma taxa de estocagem de 296/m2) em viveiros de berrio secundrio durante 2 a 3 meses. O berrio secundrio transforma-se em viveiro de transferncia durante os 3 meses depois que ocorrem as despescas seletivas, quando os animais j apresentam de 10 a 15 gramas. No perodo seguinte, os animais maiores so removidos e depois so estocados por aproximadamente dois meses at que possam repor os animais de tamanho comercial, que apresentam de 35 a 100 gramas. Assim, como no sistema descontnuo, os viveiros so despescados totalmente num perodo de oito a doze meses.

Nesta fase, o grau de predao e competio so muito grandes, interferindo assim no crescimento e na sobrevivncia dos organismos. Para um bom desenvolvimento desses animais, os mecanismos de manejo, alimentao e qualidade da gua so essenciais.8.2 POLICULTIVOO policultivo consiste na criao simultnea de duas ou mais espcies aquticas em um mesmo corpo dgua, utilizando organismos com diferentes hbitos alimentares e distribuio espacial (ZIMMERMAN e NEW, 2000). Herpher e PRUGININ (1981), o mecanismo mais importante do policultivo o aumento da produo, j que o alimento natural melhor utilizado.

Para ZIMMERMANN (1994), importante a presena de diferentes espcies dentro de um viveiro, pois h diferenas de hbitos alimentares, o que acaba gerando um aproveitamento mais racional do alimento. Contudo, devem-se conhecer os hbitos alimentares de cada espcie a ser utilizada.No entanto, devido aos altos custos dos experimentos, dificuldade na aplicao dos resultados, que so prprios para cada situao, esta alternativa no muito praticada em nvel comercial no Brasil, mesmo apresentando diversas pesquisas a esse respeito, ganhos adicionais ao produtor e os preos operacionais no variarem muito (ADISUKRESNO, 1982).

Para os produtores de camares, a colocao de peixes permite que ocorra aumento na renda adicional, oriunda da comercializao do pescado e para os produtores de peixes, a colocao de camaro acarreta uma considervel receita adicional (sem afetar o bom desenvolvimento do pecado), impulsionado pelo valor de mercado do camaro (ZIMMERMANN, 1993).

Vantagens do policultivo:1. Os camares, devido ao seu hbito alimentar, consomem uma grande quantidade de resduos orgnicos produzidos normalmente na piscicultura, melhorando a qualidade da gua no viveiro e reduzindo a carga de nutrientes no efluente do mesmo;2. Quando o mercado consumidor de camares est bem estabelecido na regio, o valor pago pelo produto compensador;3. Mas ainda assim a introduo de peixes pode vir a agregar valor produo de camares. Nessa situao deve-se considerar o camaro como a espcie principal e introduzir peixes em baixas densidades ou confinados em tanques-rede;4. Peixes filtradores auxiliam na manuteno e estabilidade das populaes fitoplantnicas nos viveiros de policultivo, evitando a formao de blooms de algas e consequente aumento do pH da gua a nveis crticos e reduo ocasional do oxignio dissolvido;5. Do ponto de vista ambiental sempre h vantagens no policultivo: a introduo de peixes filtradores (como tilpias ou carpas) nos viveiros de camares auxilia na manuteno da estabilidade do fitoplncton;6. Camares e peixes no apresentam riscos de transmisso de doenas entre si;7. Proporcionam o aumento nos nveis de oxignio dissolvido, em decorrncia da utilizao de carpas prateadas, que se alimentam das algas, o que faz com que haja a diminuio da respirao noturna pela mesma, a presena de organismos que se alimentam dos detritos do fundo, como a tilpia e o camaro, diminuem o aporte de materia orgnica que seria decomposto pelas bactrias, ocasionando, com isso, a diminuio da demanda bioqumica de oxignio;8. Diminuio do poder de competio dos predadores, em decorrncia do viveiro possuir espcies diversificadas, desta forma as chances de algum predador sobreviver so mnimas, pelo fato da utilizao de todos os nveis trficos, decorrente das varias espcies contidas no viveiro;9. Estocagem de espcies carnvoras nos viveiros de policultivo pode ser benfica, j que existe a ocorrncia de desovas indesejveis. Recomenda-se a estocagem de alevinos carnvoros pequenos, para que a sobrevivncia das outras espcies no seja afetada.

Desvantagens no Policultivo:

1. Competio entre as espcies, ocasionada por algum desequilbrio ambiental, ou mesmo pelo momento da despesca, em que preciso retirar do viveiro apenas uma espcie;2. Podem ocorrer interaes negativas entre os peixes e os camares, principalmente durante a fase de muda destes, reduzindo sua sobrevivncia;3. Despescas seletivas podem ocasionar perdas muito grandes aos animais remanescentes. Colocar no viveiro peixes que atinjam o tamanho comercial ao mesmo tempo.8.2.1 Estratgia de policultivosPolicultivo com peixes livres: Os peixes e os camares so criados livremente dentro do mesmo viveiro, porm ocupando espaos diferentes dentro dos mesmos.

Requisitos para a escolha da espcie de peixe:

Deve apresentar o mesmo ciclo de produo dos camares, para que a despesca das duas espcies seja feita simultaneamente; No deve ser predadora dos camares;

Deve ocupar preferencialmente a coluna dgua do viveiro.

Principais requisitos para o manejo:

Geralmente considera-se o peixe como a espcie principal e o camaro como a espcie secundria no policultivo;

Os camares devem ser introduzidos no viveiro pelo menos uma semana antes dos peixes;

Na despesca devem ser destacadas equipes em separado para os peixes e os camares. Estes devem ser lavados e abatidos assim que so despescados.Policultivo com peixes confinados: Os peixes so criados em tanques-rede instalados no interior dos viveiros e os camares ocupam o espao do viveiro exterior aos tanques-rede. Escolha das espcies: A gama de espcies utilizadas bem maior. H necessidade de pesquisas sobre as mesmas; Podem ser utilizadas espcies com ciclo mais curto do que o do camaro (lambaris, peixes ornamentais), j que sua despesca pode ocorrer independentemente da despesca dos camares;

Podem ser utilizadas espcies de ciclo mais longo em recria, antes de serem transferidas para a etapa de crescimento final em viveiros ou gaiolas. Podem ser utilizadas espcies potencialmente predadoras do camaro. Ex: pacu (Piaractus mesopotamicus) (WICKI et al.,1998). Principais requisitos para o manejo: O manejo pode ser feito considerando tanto os peixes como os camares como a espcie principal.

Os camares devem adentrar o viveiro assim que este preenchido com gua, para evitar a proliferao de predadores como larvas de insetos. A instalao dos tanques-rede pode ocorrer em qualquer fase posterior.

No caso dos camares no serem arraoados, h uma tendncia dos mesmos a se agregarem sob os tanques-rede. Da a importncia de se distribuir estes uniformemente por todo o viveiro.

A despesca no precisa ocorrer simultaneamente. Os tanques rede devem ser retirados antes da despesca dos camares.9 DESPESCAO cultivo intermitente, com o esvaziamento do viveiro aps cada ciclo de cultivo, o sistema mais adequado para a produo por razes biolgicas (VALENTI e NEW, 2000). No entanto, esta estratgia implica na despesca de grande quantidade de camares de uma nica vez e longo perodo sem produo. Isto pode ser um grande problema para os pequenos produtores que possuem poucos viveiros, pois, para a conquista de mercados consumidores essencial a regularidade de fornecimento do produto.

A adoo de despescas seletivas ao longo do cultivo possibilita ampliar o perodo de disponibilidade dos camares. Assim, uma fazenda pequena, com apenas quatro viveiros pode estabelecer uma estratgia de produo que permita a entrega de camaro fresco semanalmente, garantindo, dessa forma, qualidade e regularidade. Alm disso, as despescas seletivas retiram dos viveiros os machos dominantes (Blue Claw) e as fmeas maduras. Estes tm crescimento muito reduzido, mas competem com os demais por espao, alimento, oxignio e inibem o crescimento dos animais menores.

Produtividades de 2.000 a 4.000 kg/ha/ano podem ser facilmente obtidas, dependendo das condies climticas.

O M. rosenbergii apresenta carne nobre com textura muito delicada, caractersticas que so profundamente alteradas se os camares no forem abatidos e conservados adequadamente. Se abatidos sem choque trmico no momento exato da despesca e, muitas vezes, congelado em freezers domsticos, o sabor e a textura da carne alteram-se drasticamente (sua textura torna-se borrachuda), decepcionando o consumidor. Alm disso, na maior parte das vezes era vendido simplesmente como camaro e no como camaro de gua doce, sem explicaes aos consumidores de que era um camaro com textura e sabor mais suave e que, por isso mesmo, necessitava de mtodos diferenciados de preparo.

9.1 TRATAMENTO PS-DESPESCAOs camares devero ser abatidos imediatamente aps a despesca por choque trmico. Este processo consiste na imerso em gua cloradas (5 ppm de cloro residual) a 0 C por 5 a 30 minutos. Os animais devem permanecer nessa soluo at que sua musculatura atinja 0-2 C.

Mtodo de choque trmico:1- Coloque uma caixa de isopor de 180 L nas proximidades do viveiro;

2- Adicione 30 L de soluo 10 mg/L de cloro. Esta deve ser preparada dissolvendo-se 0,5 g de hipoclorito de clcio (65% de cloro ativo) em gua filtrada ou proveniente da rede de abastecimento pblico. O pH deve estar na faixa de 6,5 a 8,5, preferencialmente ao redor de 7,0;

3- Adicione 30 kg (42L) de gelo modo. Uma hora aps o incio da operao deve-se adicionar mais 20 kg (28L);

4- Mantenha a caixa fechada;

5- Os camares despescados devem ser colocados em caixas de polipropileno vazadas (aproximadamente 50L), at a metade do seu volume e lavados em gua corrente ou por imerso em uma caixa contendo gua limpa;

6- A seguir, so imersos na soluo de cloro at sua musculatura esfriar a 0-2 C. Isto leva de 5 a 30 minutos, conforme a quantidade e o tamanho dos camares. Como regra prtica pode-se usar:40 g 15 minutos

Converses:

1 kg de gelo modo = 1,4 L

1 L de gelo modo = 0,714 kg

Para cada kg de camaro a ser abatido utiliza-se 1,6 kg de gelo para o choque trmico.10 PREPARAO DE GUA DO MAR ARTIFICIAL 1- Coloque cerca de 20 litros de gua de torneira a uma temperatura aproximada de 30C em um balde de polipropileno de 40 litros.

2- Acomode uma pedra de ar no fundo do balde de modo promover a circulao da gua;3- Adicione o cloreto de sdio de forma gradativa sob agitao at que este se dissolva totalmente (utilize um pedao de tubo de PVC para agitar);4- Cada um dos demais macroelementos deve ser dissolvido separadamente. Coloque-os em bqueres contendo 1 a 2 litros de gua de torneira a 30 C, devidamente etiquetados. Utilize o agitador magntico, se for necessrio;5- Adicione ao balde as solues preparadas acima, separadamente (lave as paredes dos bqueres com uma pisseta para no deixar resduos). Agite continuamente e mantenha a aerao ligada;6- Aps todos os sais terem sido adicionados, transfira a soluo para o tanque de armazenagem contendo cerca de 60 litros de gua de torneira (lave as paredes do balde para no deixar resduos);7- Complete o volume para 100 litros, agite vigorosamente e mea a salinidade, que deve estar prxima 34-35%;8- Deixe 24 horas sob aerao (a pedra de ar deve ser colocada no centro do recipiente, junto ao fundo). O pH deve se estabilizar ao redor de 8,2.

10.1 MACROELEMENTOSSalQuantidade (g/100 L de gua)

Cloreto de Sdio (NaCl)2.760

Sulfato de Magnsio (MgSO4 . 7H2O)690

Cloreto de Magnsio (MgCl2 . 2H2O)540

Cloreto de Clcio (CaCl2 . 2H2O)140

Cloreto de Potssio (KCl)60

Bicarbonato de sdio (NaHCO3)20

Adio de micronutrientes

1- Se for necessrio acrescentar micronutrientes, o faa 24 h aps a adio dos macronutrientes;2- Dissolva o brometo de potssio (KBr) em gua e adicione ao tanque de armazenagem (Lave as paredes do bquer para no deixar resduos);3- Pese os demais sais separadamente e rena-os em um bquer. (utilize-os antes de transcorrer 2 horas para evitar reaes qumicas);4- Adicione esta mistura soluo de macroelementos (lave as paredes do bquer);5- Agite vigorosamente a soluo e deixe 24 horas sob aerao.

10.2 MICROELEMENTOSSalQuantidade (g/100 l de gua)

Brometo de Potssio (Kbr)2,7

Cloreto de Estrncio (SrCl2 . 6H2O)2,0

Sulfato de Mangans (MnSO4 . H2O)0,4

Fosfato de Sdio (NaH2PO4 . 7H2O)0,4

Cloreto de Ltio (LiCl)0,1

Molibdato de Sdio (Na2MoO4 . 2H2O)0,1

Tiossulfato de Sdio (Na2S2O3 . 5H2O)0,1

Adio de elementos trao

1- Se for necessrio acrescentar elementos trao o faa 24 horas aps a adio dos microelementos;2- Dissolva cada sal individualmente em gua destilada contida em um bquer devidamente etiquetado. No caso do sulfato de alumnio pode ser necessrio aquecer moderadamente;3- Adicione cada soluo outro bquer contendo cerca de 100 mL de gua destilada e coloque sobre o agitador magntico por alguns minutos (lavar paredes dos bquers);4- Adicione esta soluo ao tanque de armazenagem (lavar as paredes do bquer).

SalQuantidade (g/100 L de gua)

Sulfato de Alumnio (Al2[SO4]3 . 18H2O)0,086

Cloreto de Rubdeo (RbCl)0,015

Sulfato de Zinco (ZnSO4 . 7H2O)0,010

Sulfato de Cobalto (CoSO4 . 7H2O)0,009

Sulfato de Cobre II (CuSO4 . 5H2O)0,001

10.3 PREPARAO DE GUA SALOBRA MISTA1 Determinar salinidade da gua salgada natural e da gua salgada artificial

Ex. Salinidade da gua natural: 33,6%

Salinidade da gua artificial: 36,4%2 Calcular a salinidade que resultar a mistura de gua salgada

Ex. para preparao de gua com 75% de gua salgada artificial

(36,4 x 3) + (33,6 x 1)/4 = 35,7%3 Calcular a quantidade de gua salgada necessria, da mistura acima

Ex. para preparar 40 L de gua salobra a 14%

14% . 40 L = 15,7 litros (que sero acrescentados a 24,3 L de gua doce 35,7

Destes 15,7 L:

75% ser artificial, portanto: 15,7 . 0,75 = 11,8 litros

25% ser natural, portanto: 15,7 . 0,25 = 3,9 litros

4 Misturar as quantidades acima no balde. Acrescer gua doce, agitar bem e verificar a salinidade.

11 CONTROLE DE PREDADORES E COMPETIDORESDiversos tipos de organismos colonizam os viveiros logo que eles so cheios, possuindo uma capacidade de disseminao muito rpida. Muitos destes organismos so benficos aos camares (plncton, parte dos bentos e microrganismos). Outros competem ou predam os mesmos. Muitos destes so naturalmente adaptados s condies do viveiro e por isso tm vantagens adaptativas em relao ao camaro introduzido pelo homem.

A competio interespecfica ocorre por espao, alimento e O2 dissolvido. A fauna associada compete com os camares por hbitats e abrigo. Eles competem pela rao peletizada e pelo pastoreio do estrato bentnico ou pelo perifton aderido aos substratos. Competio por alimento e espao pode produzir comportamento agonstico (conflitos). A energia gasta nesta competio pode reduzir o crescimento e, assim, a produtividade. O O2 dissolvido o principal fator limitante do aumento da biomassa na aquicultura. Desta forma, uma grande biomassa de organismos associados diminui a capacidade dos camares desenvolverem.

Diversos componentes da comunidade bitica dos viveiros so espcies carnvoras que podem predar camares, principalmente durante as primeiras fases (PLs pequenas). Predadores podem comer ou ferir seus corpos e pernas, facilitando o estabelecimento de doenas, fora que a energia gasta para escapar certamente reduz o crescimento.

Camares podem assumir sucessivos nveis trficos conforme crescem. Desta forma, muitos competidores e predadores na fase de estocagem se tornam presas posteriormente. Os camares tambm podem se ajustar qualidade da dieta aumentando seu consumo de fauna bentnica. Assim, estratgias de manejo que ajudam a aumentar a produtividade natural, tais como fertilizantes de baixo custo, podem diminuir os custos de alimentao. Entretanto, pode aumentar a populao de predadores e competidores, devendo-se entender o papel da fauna do viveiro, a fim de levar a estratgias que aumentem organismos/alimento desejveis e elimine os outros, em cada fase do cultivo. Desta forma, conhecer o processo de sucesso ecolgica pode aumentar a produtividade e os lucros.Predadores de camaro podem ser separados em 2 grupos:

1. Componentes da comunidade do viveiro, como insetos das Ordens Odonata (Ninfa de liblulas), Heterptera (notonectas), Hemptera (Barata dgua) e Coleptera (Besouros) (Figura 9);

Figura 9: Predadores componentes da fauna aqutica comumente encontrada nos viveiro de cultivo: A) Ninfa de liblula ; B) Notonecta predando um girino; C) Barata dgua predando uma tartaruga; D) Barata dgua predando uma cobra; E) Besouros; F) Ninfa de besouro. 2. Peixes, anfbios e rpteis, bem como aves e mamferos, casualmente entram nos viveiros, originrios de ambientes terrestres adjacentes ou que so transportados por vetores (entrada de gua, pssaros e/ou atravs do homem pelo uso de materiais de pesca).A entrada de peixes e alguns insetos podem ser controlados, atravs da passagem da gua da entrada atravs de telas de malha adequada (0,28 mm) ou filtros de cascalho. Malhas muito pequena podem entupir facilmente e a limpeza da mesma deve ser frequente. Um filtro de cascalho de retro-lavagem pode ser inserido antes dos canos de entrada de cada viveiro (junto com um conjunto de telas anteriores ao cascalho). Sua eficincia varia, pois muitos insetos (ex. liblulas), peixes carnvoros e aves conseguem mesmo assim predar os camares.Insetos de respirao area podem ser erradicados atravs de aplicao superficial de produtos a base de petrleo (leo de motor e/ou leo diesel), com objetivo de criar uma fina pelcula sobre a superfcie da gua. Promovendo o entupimento do sistema respiratrio do inseto, impedindo que o mesmo possa respirar levando-o a morte. Recomenda-se uma proporo de 9 a 19L/ha. Para evitar preocupaes com o meio ambiente em decorrncia do uso de derivados do petrleo passou ento a se utilizar leo vegetal ou de origem animal, apresentando mesma eficcia.

Ninfas de liblulas so provavelmente os insetos predadores mais prejudicais, por no respirarem o ar. Portanto, a aplicaes de leos em superfcie no apresentam resultados. Uma maneira de se evitar recobrindo o viveiro com telas. Manejos tambm podem ser aplicados com a estocagem de PL aps 1 a 2 dias do enchimentos.Outras maneiras de controlar os insetos so atravs da utilizao do utilizao de pesticida como: triclofom (pesticidas organofosforados), atravs de aplicao de 0,25 mg/L, mas a utilizao deste produto pode provocar mudanas desfavorveis na biota natural. Uma alternativa a utilizao de peixes da famlia Poeciliidae que podem ser utilizados para controlar os insetos. Utilizao de cercas plsticas em torno dos viveiros (0,6 m de altura) pode ser utilizada para prevenir a entrada de anfbios, rpteis e alguns mamferos. Aves so mais difceis de controlar, sendo utilizadas redes ou fitas sobre o viveiro para det-las; uso de dispositivos especiais para afugent-las; explosivos ou mesmo o uso de ces. Porm, a maioria das aves no causam dano aos camares, s utilizando o viveiro para beber gua, comer insetos ou descanso.

Para um manejo correto de competidores e predadores, necessria a estocagem precoce (logo que o viveiro cheio), passar redes periodicamente e esgotamento total dos viveiros ao menos uma vez por ano. A vantagem dos camares sobre os outros organismos que eles so colocados nos viveiros no incio do processo de colonizao. As prprias PLs de M. rosenbergii podem controlar a populao de liblulas se aquelas forem estocadas antes que estas. O esgotamento total remove todos esses animais e interrompe o desenvolvimento da comunidade, evitando o aumento do estoque restante e a diversificao dos animais associados.

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Animal apto a ser levado a incubadora

FMEAS

LARVASS

C

58