visão sócio econômica e ambiental da carcinicultura brasileira_ pereira _2003

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LEONARDO VAZ PEREIRA Visão sócio econômica e ambiental da carcinicultura Brasileira Monografia apresentada a Universidade Metodista do Estado de São Paulo, como parte das exigências do curso graduação em Medicina Veterinária. Orientador Prof. Dr. Rogério Brunherotto. São Bernardo do Campo São Paulo - BRASIL 2003

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Page 1: Visão sócio econômica e ambiental da carcinicultura Brasileira_ Pereira _2003

LEONARDO VAZ PEREIRA

Visão sócio econômica e ambiental da carcinicultura

Brasileira

Monografia apresentada a Universidade Metodista do Estado de São

Paulo, como parte das exigências do curso graduação em Medicina

Veterinária.

Orientador

Prof. Dr. Rogério Brunherotto.

São Bernardo do Campo São Paulo - BRASIL

2003

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LEONARDO VAZ PEREIRA

Visão sócio econômica e ambiental da carcinicultura

Brasileira

Monografia apresentada a Universidade Metodista do Estado de São

Paulo, como parte das exigências do curso graduação em Medicina

Veterinária.

São Bernardo do Campo

São Paulo - BRASIL 2003

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SUMÁRIO

1. Introdução ............................................................................................................... 1

2. Histórico da Carcinicultura Marinha ......................................................................... 6

3. Recursos hídricos .................................................................................................... 8

4. Características gerais dos camarões quanto à comercialização ........................... 11

5. Morfologia dos Peneídeos ..................................................................................... 13

5.1 Sistema Digestório ........................................................................................... 14

5.2 Sistema Nervoso.............................................................................................. 15

5.3 Sistema Circulatório ......................................................................................... 16

5.4 Sistema Excretor.............................................................................................. 16

5.5 Sistema Osmorregulador ................................................................................. 17

5.6 Sistema Imunológico ........................................................................................ 17

6. Ciclo de Vida dos Camarões Peneídeos ............................................................... 20

7. Ciclo de Produção no Brasil .................................................................................. 23

7.1. Maturação e Acasalamento de Reprodutores ................................................. 23

7.2 Larvicultura ...................................................................................................... 25

7.3 A engorda sob o Sistema Semi-intensivo Brasileiro de Produção ................... 27

9. Comparação dos Sistemas de Cultivos praticados no Mundo, quanto às Práticas

de Biossegurança ...................................................................................................... 39

9.1. White Spot Syndrome Virus (WSSV).................................................................. 42

10. Desenvolvimento Sustentável ............................................................................. 44

10.1 Código de conduta e prática ambiental do setor ............................................ 47

11. Soluções, Inovações e Pesquisas do Setor ........................................................ 54

12. Considerações Finais .......................................................................................... 64

13. Conclusão ........................................................................................................... 66

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 68

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1. Introdução

A expansão significativa da carcinicultura na América latina e na Ásia em

meados de 1980 foi largamente baseada no aumento da demanda do produto, na

estabilização das taxas de capturas pela indústria pesqueira e nos grandes avanços

do cultivo de espécies (FAST; MENASVETA, 2000). Entretanto nesta última década,

doenças causadas por vírus, em 1996 inicialmente devastaram a produção do

hemisfério oriental, atingiram cultivos da costa sul-americana do pacífico, América

central e México proporcionando grandes perdas econômicas. As metas projetadas

para a produção da indústria global obtiveram déficit de 28% em 2000, de acordo

com Rosenberry (2000). Inúmeros fatores contribuíram para limitar o enorme

crescimento da indústria nesta fase, os mais significativos foram os problemas

ambientais associados às técnicas tradicionais de cultivo e os efeitos da virulência

dos agentes patogênicos que assolaram os cultivos ao redor do globo (FAST;

MENASVETA, 2000; MOSS; CROCOS, 2001). Motivos estes que mobilizam todo o

setor de pesquisas para mitigar os efeitos negativos ao ambiente e das patologias

que se disseminaram na última década. Por outro lado, o Brasil livre das doenças

virais de grande impacto econômico alcançou em 2002 a posição de 7ª maior

produção mundial com 60.128 toneladas, sendo o líder nas Américas, e com o

recorde de produtividade mundial chegando a 5.458 kg/Ha/ano (BRASIL, 2001). O

presente trabalho procura relatar recentes avanços no campo de pesquisa, que é de

extrema importância nacional, pois se localiza de forma maciça na macro região

nordestina proporcionando progressos sociais evidentes e de grande valia.

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2. Histórico da Carcinicultura Marinha

O cultivo do camarão marinho para satisfazer as necessidades de

subsistência da espécie humana tem sua origem histórica no Sudoeste da Ásia

(NUNES, 2001). No Japão, durante a década de 30, a primeira desova foi realizada

na espécie Penaeus japonicus por Fujinaga (1942). Entre 1930 e 1965 ocorreu a

disseminação de seus resultados no Ocidente e Oriente. Na década de 70, países

como: China, Taiwan, França e Estados Unidos desenvolveram e aperfeiçoaram

técnicas de cruzamento e reprodução em condições controladas na produção de

larvas (larvicultura). Países da costa sul-americana do pacífico e da América Central,

Equador, Panamá e Honduras também iniciaram suas produções. Entre 1975 e

1985 o nível de rentabilidade atraiu atenção de diversos investidores, pequenos,

médios e grandes. Data-se desta fase os primeiros esforços para demonstrar a

viabilidade técnica e econômica de um sistema produtivo para carcinicultura

brasileira com o “Projeto camarão” no estado do Rio Grande do Norte e seguido por

Santa Catarina, com o uso da espécie exótica Penaeus japonicus, nativa do Oceano

Índico e da parte oriental sul do Pacífico. Nessa época, porém, pesquisas da

iniciativa privada comprovaram que a espécie não se adaptou às baixas salinidades

do território brasileiro. Então, redirecionaram seus esforços para espécies nativas,

tais como a Penaeus subtilis, Penaeus schmitti e Penaeus paulensis. Entretanto, a

baixa produtividade e lucratividade levaram a desativação de diversas fazendas,

especialmente na região Nordeste. No começo de 1993, os criadores optaram pelo

cultivo do Litopenaeus vannamei, espécie também exótica com capacidade de

adaptação às mais variadas condições locais de cultivo. O domínio do ciclo

reprodutivo e da produção de pós-larvas (passo inicial do processo produtivo)

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resultou em auto-suficiência e regularização da oferta do produto no mercado

brasileiro, diminuindo consideravelmente a dependência das importações, que

constituíam veículos de introdução de doenças (BRASIL, 2001). Segundo dados do

circular de pesca da FAO de 1997, a produção de camarão aumentou cerca de

332% no período de 1985 a 1994. Obviamente, o sucesso de qualquer atividade

aqüícola em uma propriedade rural vai depender, fundamentalmente, da localização

e disponibilidade da terra e de montantes de água.

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3. Recursos hídricos

Aqüicultura é toda atividade que engloba a produção de organismos

aquáticos. A escassez mundial de recursos hídricos deixou de ser um problema

futuro, visto que o planeta Terra possui 1.4 bilhão de quilômetros cúbicos de água,

sendo apenas 2,5% água doce distribuída geograficamente de forma desigual,

muitas vezes desperdiçada pela população e mal utilizada pela indústria aqüícola,

que não se comporta de forma responsável na redução de poluentes liberados no

ambiente anualmente, ação esta, potencializada pela negligência da fiscalização.

Segundo a ONU, em 2002 a população mundial foi estimada em 6.2 bilhões

de pessoas e em 2000 a mesma organização, já observava que 1.7 bilhão de

pessoas dispunham de menos de mil metros cúbicos de água por ano, limite este

abaixo do recomendado, que é de 1.7 mil metros cúbicos. Segundo pesquisas da

Agência Nacional das Águas (ANA) em 2002, o Brasil detém 30 mil metros cúbicos

de água per capita (EXAME, 2003), posicionando-se acima de média. Apenas

atualmente as políticas do setor vêm sendo discutidas de forma a beneficiar sua

classe e o país como um todo. Em entrevista a Panorama da Aqüicultura, José

Fritsch (2002), formado em Ciências Sociais, com o cargo de Secretário da recém

criada Secretaria de Pesca e Aqüicultura, afirmou ser responsável pela

nomenclatura oficial de uma secretaria com caráter ministerial, e assumiu não

distinguir prioridades entre as duas classes do setor (Pescadores e Aqüicultores) e

reconhece a importância da participação de ambos para o desenvolvimento nacional

(FRITSCH, 2002).

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Entre 1992 a 1997, observou-se um crescimento global de 2,6% ao ano nas

áreas de cultivo estuarinas, enquanto nas áreas de água doce e marinha o

crescimento foi de 10,8% e 10,6%, respectivamente (FAO, 1997). Dados atuais

relativos à produção global em percentual podem ser identificados na ta tabela 01, a

seguir.

Tabela 01Produção Mundial da Aqüicultura: Proporção de Grupos de Espécies por Ambiente em 2000 (FAO – 2002)

GRUPOS ÁGUA DOCE (%) ÁGUA SALOBRA (%) ÁGUA MARINHA (%)

Peixes 97,7 42,7 8,7

Crustáceos 1,7 50,5 1,0

Moluscos - 6,1 46,2

Outros 0,6 - 0,1

Plantas Aquáticas - 0,7 44,0

Fonte: FAO 2002.

Um decreto baixado pelo Governo Médici em 1970, estendeu o limite

territorial oceânico de 12 para 200 milhas, como medida de apoio a pesca extrativa.

Vinte e três anos depois, o Presidente Itamar Franco com base em acordos

internacionais, fez o limite retornar às 12 milhas e transformou o restante em Zona

Econômica Exclusiva (ZEE), região sobre a qual os estados costeiros terão "direitos

de soberania" para a exploração e a gestão dos recursos naturais. E está

esquematizada na figura 01, com algumas espécies (crustáceos, moluscos e peixes)

e seus locais de captura (FRANÇA, 2003).

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Figura 01: Limite territorial e localização de algumas espécies.

Fonte: <http://www.carcinicultor.yahoogrupos.com.br>

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4. Características gerais dos camarões quanto à comercialização

Mais de 340 espécies já foram capturadas e carregam suas peculiaridades

para o comércio, mas as variações em aparência, qualidade, embalagem e

processamento influenciam diretamente no preço final (DORE; FRIDMODT,1987).

A família dos camarões Penaeidae representa 80% da produção oriunda do

setor pesqueiro somando 110 espécies da mesma (FAO, 2002). A espécie exótica

cultivada no Brasil é o Litopenaeus vannamei, um representante da Família

Penaeidae, são encontrados em águas marinhas influenciadas pelos trópicos e

cultivados em viveiros. Das seis espécies utilizadas para cultivos com fins comercias

representadas no quadro 01, duas englobam cerca de 70% da produção mundial,

sendo por grau de importância, Penaeus monodon 56% e Litopenaeus vannamei

16%.

A espécie introduzida no Brasil e cultivada em outros países (L. vannamei)

possui grande capacidade de adaptação às mais variadas condições de cultivo,

apresentando altos rendimentos em elevadas densidades, em águas hiper ou

oligohalinas, sendo um ser eurihalino e osmoconformista. Além de suportar

ambientes com elevadas amplitudes térmicas entre 9 a 37 Cº (BARBIERI;

OSTRENSKY, 2002).

A porção abdominal concentra a maior parte da musculatura do animal e é

comercialmente separada para exportação, dependendo da exigência do mercado

(FRANÇA, 2003).

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Quadro 01: Principais espécies domesticadas, participação produtiva e características gerais.

Espécie cultivada Produção (%)

Características

Tigre Asiático (Penaeus monodon)

56.0 Nativo do O. Índico e sul ocidental do pacífico.

Rápido crescimento na engorda.

Cultivado em quase toda Ásia.

Camarão Cinza do Ocidente (Litopenaeus vannamei)

16.0 Nativo da costa sul-americana do pacífico que se estende do Peru ao

México. Grande presença no equador.

Bom desempenho na larvicultura.

Cultivado no ocidente e exótico

adaptado ao Brasil.

Camarão Branco da Ásia (Farfantepenaeus merguiensis e Feneropenaeus indicus)

17.0 Nativos do O. Índico.

Adaptados a baixa qualidade de água.

Cultivado em parte da Ásia, Filipinas e Índia.

Camarão Branco da China (farfantepenaeus chinenensis ou orientalis)

6.0 Nativos da Coréia e China.

Tamanho pequeno.

Reproduz e desova em condições de viveiros.

Camarão azul Ocidental (Litopenaeus Stylirostris)

4.0 Nativo da costa sul-americana do pacífico.

Tamanho médio a grande.

Requer alto nível protéico na dieta

Cultivo crescente no México.

Camarão Kumura Japonês (Marsupenaeus japonicus)

1.0 Nativo do O. Índico e da parte oriental do sul do Pacífico.

Requer alto nível protéico na dieta.

Cultivado na Austrália e Japão.

Fonte: BRASIL, 2001.

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5. Morfologia dos Peneídeos

Há mais de um milhão de espécies descritas no Reino Animal. Desse número,

cerca de 95% não possuem espinha dorsal e são conhecidos como invertebrados.

Representante artrópode, como 85% dos animais do globo. O camarão é

pertencente do Sub-Filo Crustacea e da Ordem Decapoda, tem abdome longo, seu

comprimento varia conforme as espécies (BARNES; RUPPERT, 1996). A espécie

de camarão cultivada no Brasil, foi introduzida devido seus atributos biológicos que

representam uma melhor capacidade de adaptação e sua classificação taxonômica

está esquematizada no quadro 02.

Quadro 02: Classificação taxonômica do Camarão Cinza do Ocidente. (BOONE,1931)

Filo Sub-Filo Classe Subclasse Superordem Ordem Subordem Superfamília Família Gênero Espécie

Arthropoda Crustacea Malacostraca Eumalacostraca Eucarida Decapoda Dendrobranchiata Penaeoidae Penaeidae Litopenaeus Litopenaeus vannamei

Fonte: BARBIERI ; OSTRENSKY, 2002.

O corpo de um Peneídeo é coberto de um exoesqueleto calcificado e

articulado, constituído de quitina e proteínas. Sendo dois segmentos fundidos e

originando o cefalotórax, porção anterior do animal, onde morfologicamente

destacam-se três estruturas: a carapaça, os olhos penduculados, e o rostro

(BARBIERI; OSTRENSKY, 2002).

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O abdômen constitui-se na parte posterior do corpo e termina no télson

(situado medianamente entre os urópodos). Essa região é composta por somitos,

onde são inseridos os apêndices que se desenvolvem paulatinamente no decorrer

da larvicultura (BARBIERI;OSTRENSKY,2002).

Saber diferenciar as espécies e modificações de comportamento da mesma,

tornam o profissional capacitado para o reconhecimento de enfermidades e erros de

manejo junto ao segmento camaroneiro. Este trabalho resume algumas informações

sobre a fisiologia do animal em alguns sistemas e resume os aspectos anatômicos e

as respectivas funções destes no quadro 03, para uma melhor assimilação nos itens

seguintes.

Quadro 03: Anatomia funcional dos camarões Peneídeos.

Órgão / Estrutura Função principal

Músculo abdominal Movimentos bruscos para trás na fuga de predadores

Antena Sensitiva, espacial, detectora de alimentos

Glândula antenal Excretora e balanço osmótico

Antênula Quimiorecepção

Exoesqueleto Barreira protetora e suporte

Boca, esôfago e estômago Ingestão, mastigação e armazenamento temporário

Brânquias Respiração, excreção, osmorreguladora e fagocitose

Glândula digestiva Digestão, absorção de nutrientes e armazenamento

Órgão linfóide Possivelmente para captura de antígenos e fagocitose

Mandíbulas e maxilas Sensitivas e desintegradoras de alimentos

Intestino Absorção de nutrientes e excreção

Pereiópodos e pleópodos Locomoção, captura e manipulação de alimentos

Fonte: NUNES, 2002.

5.1 Sistema Digestório

O aparelho digestório é constituído de um tubo entérico reto, composto pela

boca, esôfago, por uma câmara pré-intestinal (estômago), pelo mesentério e

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intestino posterior. A câmara pré-intestinal e o intestino posterior são também

recobertos por quitina. O trato digestivo continua no ceco posterior e termina no ânus

ventral ao télson (FRANÇA, 2003).

O estômago apresenta duas cavidades: câmara cardíaca e pilórica, a primeira

apresenta um molinete gástrico que serve para triturar o alimento. Já a câmara

pilórica, que recebe as partículas pré-trituradas, é composta por setas cuticulares,

onde as partículas maiores são regurgitadas para a câmara cardíaca, boca e meio

ambiente seqüencialmente. As partículas que seguem o trato digestório vão para a

abertura das glândulas digestivas conhecidas como hepatopâncreas (Composto de

5 tipos celulares), que é responsável pela síntese e secreção das enzimas

digestivas, pela absorção, pelo acúmulo e pelo metabolismo de nutrientes. Pré-

digeridas , as partículas de alimentos passam pelo intestino onde também são

absorvidos e posteriormente eliminados pelo ânus. As atividades enzimáticas no

trato digestório alteram-se por fatores externos (BARBIERI; OSTRENSKY,2002).

5.2 Sistema Nervoso

O cérebro está localizado entre as bases dos pedúnculos oculares. É dividido

em três porções (protocérebro, deuterocérebro e tritocérebro). Estruturas chamadas

de conectivos circum-esofagiais saem da parte posterior do cérebro e circundam o

esôfago, unindo-se a ele para formar um cordão nervoso ventral (visto a olho nu).

Esse cordão é duplo e composto por gânglios referentes a cada um dos somitos do

corpo (BARBIERI; OSTRENSKY, 2002).

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5.3 Sistema Circulatório

Única câmara praticamente incolor e sustentada por ligamentos suspensórios,

o coração bombeia a hemolinfa através de artérias para irrigar todos os tecidos e

órgãos, no entanto é considerado sistema circulatório aberto, sem retorno venoso

(BARNES; RUPPERT,1996), onde a hemolinfa volta a se oxigenar nas brânquias,

(lamelas achatadas e dispostas em câmaras fechadas na porção dorsal e abertas

ventralmente localizadas lateralmente no cefalotórax) por cavidades conhecidas

como hemoceles, e adentra ao coração pelo óstio cardíaco. As células sanguíneas

são denominadas de hemócitos e exercem outras funções descritas adiante no

sistema imunológico. O pigmento respiratório é a hemocianina, de coloração azul

(quando oxigenada), que utiliza o cobre como molécula transportadora de oxigênio

das brânquias aos tecidos. No seu regresso após a oxigenação dos tecidos a

hemocianina se descolore e ganha transparência. Uma modificação da maxila

chamada escafognatito possui um batimento que propulsiona a passagem de água

pelas brânquias difundindo oxigênio para o interior do animal, baseada nas

concentrações dos gases do animal e da água (BARBIERI; OSTRENSKY, 2002).

5.4 Sistema Excretor

O sistema excretor dos crustáceos é baseado em um par de glândulas

antenais que promovem a filtração do sangue e reabsorção seletiva de resíduos

metabólicos necessários para o animal, como a glicose. Essas glândulas estão na

base da cabeça e ligadas por ductos ao nefridióporo na base do segundo par de

antenas (BARBIERI; OSTRENSKY,2002).

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A amônia é o principal produto nitrogenado excretado, ela é liberada pelas

brânquias, por células especiais denominadas de nefrócitos e também de forma

direta pelo tegumento (BARNES; RUPPERT,1996).

5.5 Sistema Osmorregulador

O L. vannamei é um animal osmoconforme e eurihalino, capaz de manter

sua concentração sanguínea de sais aproximadamente igual à concentração de sais

do meio em que vivem, não mantendo características constantes. Os sais penetram

na circulação através das brânquias semipermeáveis. Utilizam-se da urina e das

glândulas antenais para eliminar o excesso de sais circulantes, função

complementada por gradientes químicos e elétricos nos tecidos e células

(BARBIERI; OSTRENSKY, 2001).

5.6 Sistema Imunológico

Os invertebrados protegem-se contra invasão por meio de barreiras físicas,

bem como por meio de processos análogos à fagocitose, imunidade humoral e

imunidade celular. Devido a enorme diversidade de espécies dos Crustacea, há uma

gama de observações desencontradas sobre a imunidade e as descrições até agora

não possuem um padrão definido (BARTL et al., 1994). Independentemente do grau

de complexidade evolutiva, todos animais devem ser capazes de expulsar

patógenos. Os mecanismos empregados pelos invertebrados e vertebrados para

protegê-los, embora tenham uma semelhança superficial, tem origem e composições

químicas totalmente diferentes (TIZARD,1998).

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Os hemócitos presentes na hemolinfa de artrópodes se comportam de

maneira semelhante de fagócitos de mamíferos, com quimiotaxia, aderência,

ingestão e digestão e produção de proteases. E quando a fagocitose é incapaz, eles

podem deter agentes em nódulos celulares um pouco semelhante aos granulomas

dos vertebrados (BARTL et al., 1995).

O Sistema de Profenoloxidase dos artrópodes é um complexo de enzimas

que quando ativado, gera uma cascata de proteases que leva a produção de

fenoloxidase, fator potencializador da fagocitose de partículas, coagulação do

plasma e tem efeito fungicida e bactericida. Essa enzima age na tirosina e dopamina

para gerar melanina ao redor das reações de defesa imune (TIZARD, 1998).

O equilíbrio entre o meio ambiente, camarões e patógenos, é essencial para o

reforço do sistema imunológico destes invertebrados. Erros de manejo, má

alimentação e quedas bruscas de temperaturas na água de cultivo, são fatores que

induzem imunossupressão aos animais e aumentam concomitantemente a

vulnerabilidade aos ataques oportunistas, que de modo geral já estão presentes nos

viveiros. Muitas epizootias são atribuídas a fatores climáticos (NUNES, 2002).

As aglutininas (lectinas) presentes na hemolinfa de alguns artrópodes,são

proteínas ou glicoproteínas, que constituem um grande número de moléculas

filogeneticamente distintas, reconhecem e se conjugam aos diferentes carboidratos

na superfície dos microorganismos invasores, estas podem agir como opsoninas. A

citotoxidade ocorre contra células estranhas, por mecanismos não elucidados e

estudos sugerem a mediação por meio de fosfolipases (TIZARD,1998).

O sistema imune dos invertebrados é objeto de pesquisa atual para extração

e produção de novas moléculas que auxiliem a industria farmacêutica a ingressar

seus produtos para um mercado abrangente num preço acessível. Recentemente no

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Brasil, pesquisadores extraíram heparina de baixo peso molecular presentes no

cefalotórax de camarões, com ação prolongada e que não necessita de degradação

para exercer seus efeitos anti trombóticos e pode ser uma alternativa para a

indústria farmacêutica em atuar na produção de fármacos para diferentes religiões,

segundo Dietrich da Unifesp (UNIFESP, 2002).

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6. Ciclo de Vida dos Camarões Peneídeos

O acasalamento e a desova da espécie L. vannamei na natureza ocorre em

mar aberto, em zonas profundas e o desenvolvimento larval (estágios) transcorre no

ecossistema estuarino como esquematizado na figura 02. No caso, os reprodutores

são encontrados em profundidades de até 72 metros. Possivelmente como um

mecanismo de preservação da espécie contra os predadores, os ovos são liberados

no período noturno, além disto a fecundação é externa devido ao télico aberto, no

momento da liberação dos óvulos (OLGUIN, 1967). As fêmeas de télico fechado

(receptáculo reprodutor) desenvolvem o ovário depois de terem copulado, com

deposição do espermatóforo do macho (RODRIGUES MARINS; REPRIETO

GARCIA, 197- ). A espécie L. vannamei possui télico aberto e tem sua maturidade

sexual horas antes da desova. Os ovos flutuam por pouco tempo antes de se

depositarem no fundo do mar. Após um curto período de tempo, nascem as

primeiras larvas. A fase larval com vida pelágica é curta de aproximadamente 10 a

20 dias dependendo principalmente da temperatura da água e variações das

espécies (IGARASHI, 1995). O desenvolvimento larval segue a complexidade da

maioria dos crustáceos, apresentando um total de 11 a 12 estágios larvais definidos,

sendo de 5 a 6 estágios sob a forma de Náuplio, 3 como Protozoéa ou Zoéa e 3

formas denominadas Mísis. Posteriormente outros estágios de número indefinido

chamados Pós-Larvas (pl). Os estágios devem ser diferenciados na observação

diária do comportamento e morfologia, dentro de uma larvicultura, neste estágio o

ideal é que o animal tenha ecdise (muda) todas as noites. Com semanas de vida e

em estágio pós-larval (pl) os camarões já começam a levar uma vida bentônica.

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Estudos já relataram migrações de 600 a 900 Km de camarões Peneídeos na

procura de habitat apropriado (GARCIA; LA RESTE, 1981).

Figura 02: Localização do ciclo de vida dos camarões peneídeos na natureza.

A importância da Carcinicultura da espécie L. vannamei, pode ser

compreendida através da tabela 02, que representa em números a super exploração

pesqueira dos recursos naturais visando uma opção de mercado que necessita

dispor de 99% do produto oriundo da aqüicultura mundial (FAO, 2000).

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Tabela 02: Volume total consumido (tonelada) de camarões oriundos pesca (captura) e de

cultivo (aqüicultura) com participação relativa.

Camarão

Espécies

Captura

(ton) Aqüicultura (ton) TOTAL

Aqüicultura

(%)

P. monodon 268.296 571.497 839.793 68

P.chinensis 85.545 219.152 304.697 72

L.vannamei 1.619 143.737 145.356 99

P.merguensis 83.332 45.717 129.049 35

P.japonicus 9.992 2.639 12.529 21

P.indicus 0 4.370 4.370 100

Outros 1.011.539 99.455 1.110.994 9

Fonte: FAO, 2000.

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7. Ciclo de Produção no Brasil

O ciclo de produção no cultivo de camarão marinho no Brasil pode ser

resumido em três fases distintas: maturação de reprodutores, produção de pós-

larvas e engorda de camarões. E o fechamento deste ciclo no território nacional nos

livra da dependência da importação de reprodutores oriundos de países produtores

com suas respectivas enfermidades. Visto que, a espécie L. vannamei na qual

trabalhamos em sistemas semi-intensivos com viveiros escavados e abertos, não

ocorre em nossas águas (FRANÇA, 2003).

7.1. Maturação e Acasalamento de Reprodutores

A captura de fêmeas para utilização como matrizes, pode ocorrer na natureza,

dependendo da estação e localidade. O processo é realizado com redes de arrasto

por 50 a 60 minutos cada arrasto numa velocidade de 3 nós. As fêmeas capturadas

são examinadas uma a uma e selecionadas através da transparência do corpo, a

maturação dos ovários com coloração escura (IGARASHI, 1995). No momento da

despesca em viveiros de engorda, a seleção de fêmeas com características

adequadas para reprodução, pode ser realizada (NUNES, 2001). A Avaliação

corporal é fundamental para as futuras matrizes como, tamanho, ausência de

regiões necrosadas e presença de todos os apêndices (BARBIERI; OSTRENSKY,

2002).

As manipulações hormonais, ambientais e nutricionais são necessárias para

a maturação destes animais em cativeiro.

Page 24: Visão sócio econômica e ambiental da carcinicultura Brasileira_ Pereira _2003

24

O controle dos fatores nutricionais, para maturação gonadal, é baseado numa

alimentação balanceada, devido o grande dispêndio energético para os ovos com

reservas de vitelo suficientes para a sobrevivência dos Náuplios pós-eclosão

(BARBIERI; OSTRENSKY, 2002). A dieta de alto valor protéico em rações secas

formuladas para espécie com 35% de proteínas bruta e ácidos graxos

polinsaturados essenciais (não produzidos pelo animal) presentes em carnes

marinhas de moluscos, crustáceos, peixes e poliquetas, é necessária nesta fase

(DNOCs, 2001).

O controle ambiental maximiza os efeitos hormonais através dos parâmetros

físico-químicos da água, como, por exemplo: salinidade, pH, oxigênio dissolvido,

amônia e intensidade luminosa controlada. Fato que a cópula ocorre na natureza em

período noturno e as variações hidrológicas nas zonas marinhas inexistem

(BARBIERI; OSTRENSKY, 2001). Os valores hidrológicos preconizados são:

salinidade de 35%, pH entre 8 e 8.5, temperaturas entre 24 a 30ºC e altas taxas de

oxigenação e renovação de água. De modo geral, as densidades de povoamento de

reprodutores são muito baixas se comparada com os viveiros de engorda, tendo

para cada uma matriz, um ou dois metros quadrados, representada na figura 03

(FRANÇA, 2003).

A manipulação hormonal é realizada com a ablação de um pedúnculo ocular.

Cada pedúnculo dos crustáceos é conhecido por ter um órgão X que secreta (HIM)

hormônio inibidor da muda e (HIG) hormônio inibidor da gônada (WATERMAN,1960;

ADIYODI,1970). Após a ablação de um pedúnculo a maturação ou a produção de

óvulos ocorre de forma acelerada e a ablação bilateral não foi comprovada eficaz

(IGARASHI, 1995).

Page 25: Visão sócio econômica e ambiental da carcinicultura Brasileira_ Pereira _2003

25

Figura 3: Matriz sexualmente madura, sob baixa densidade populacional em tanque fechado.

A fecundidade depende da espécie, nas fêmeas de L. vannamei a maturidade

reprodutiva chega aos 35 gramas, aproximadamente com 10 meses de vida (tempo

para formação de um plantel) e são capazes de uma produção de ovos na ordem de

60 a 200 mil unidades. O intervalo entre as desovas variam entre 5 e 30 dias

(BARBIERI; OSTRENSKY, 2002).

7.2 Larvicultura

Há dois sistemas de larvicultura que podem ser implantados na criação de

camarão: monofásico e bifásico que diferem basicamente na manutenção de formas

jovens em um tanque ou dois tanques, na medida em que os animais crescem e

necessitam de uma menor densidade para efetivar melhores ganhos e resultados,

ocorre a transferência para um outro tanque e desta forma a produção anual pode

ser maior, pois em metade do tempo viabiliza-se espaço para o início de outra

Page 26: Visão sócio econômica e ambiental da carcinicultura Brasileira_ Pereira _2003

26

estocagem. De modo geral um ciclo na larvicultura pode durar de 20 a 24 dias e

consiste em recepção dos náuplios, contagem e aclimatação das amostras num

passo que antecede os cálculos para estocagens, manutenção dos animais em

forma jovem com controle rigoroso dos parâmetros hidrológicos, alimentação,

despesca e transporte para viveiros de engorda (BARBIERI; OSTRENSKY, 2001).

Em dependências estrategicamente projetadas para realização de cada atividade,

com abundância de água doce e salgada como na figura 04, companhia situada no

estado do Ceará.

Figura 04: Abaixo, tanque de algas; ao fundo tanques circulares para manutenção das larvas de camarão; à direita salas isoladas para repique de algas, desencapsulação de artêmias e

laboratório de análises; à esquerda local de aclimatação para recepção e despesca.

Nesta etapa a alimentação é fundamental e pode ser natural com algas,

artêmias, rotíferos ou dietas úmidas compostas de moluscos e crustáceos. Ou

artificial adquirida pela indústria de insumos. Na figura 05 adiante, com auxílio de

microscopia comum, é possível a observação de uma larva (misis) se alimentando.

O conhecimento do requerimento nutricional dos animais em suas diferentes formas

Page 27: Visão sócio econômica e ambiental da carcinicultura Brasileira_ Pereira _2003

27

larvais e do balanço das diferentes dietas é de extrema importância para produção

de animais de alta qualidade (FRANÇA, 2003).

Figura 5: Um camarão em forma larval de mísis alimentando-se de uma artêmia e abaixo é possível observar um rotífero sob microscopia óptica comum.

7.3 A engorda sob o Sistema Semi-intensivo Brasileiro de Produção

No Brasil a caracterização dos sistemas produtivos é muito discutida, porém

as densidades de estocagem e a tecnificação, são os itens de maior importância ao

diferenciar os moldes de uma fazenda (FRANÇA, 2003).

O modelo de sistema de produção adotado pela carcinicultura marinha

brasileira é resultado do acúmulo de conhecimentos desde 1978 até 2000 adaptados

às condições de clima, água e solos predominantes nos estuários da costa

brasileiras. A produtividade alcançada no Brasil,é atribuída ao trabalho persistente

de vários anos e tem como características o sistema semi-intensivo de produção que

foi extraído da Plataforma Tecnológica do Camarão Marinho Cultivado de 2001, um

documento realizado por diversas entidades com finalidade de planejar

Page 28: Visão sócio econômica e ambiental da carcinicultura Brasileira_ Pereira _2003

28

estrategicamente o setor e assegurar a rentabilidade, competitividade e

sustentabilidade.

Sistema de produção: semi-intensivo.

Espécie cultivada: Litopenaeus vannamei.

Viveiros: Retangulares de tamanhos que variam entre 1.0 a 5.0.

hectares, dependendo da dimensão da fazenda.

Renovação da água: diária e da ordem de 5.0 a 10 % do volume total

do viveiro.

Aeração artificial: Uso de aeradores mecânicos do tipo “paddle wheel”

quando a densidade de povoamento dos viveiros for superior a 25 pós-

larvas/m² (pl/m²) de espelho d’água.

Fertilização: Aplicação inicial utilizando 40kg de uréia granulada e 4 kg

de Super fostato triplo/ hectare. Aplicações complementares podem ser

feitas durante o ciclo com o objetivo de assegurar um bom nível de

produtividade primária.

Taxas de estocagem inicial: Em geral, os viveiros são povoados com

pl20. As densidades de estocagem podem variar segundo a intensidade

da aeração mecânica dentro dos limites de 30pl/m² a 60pl/m².

Transparência da água: Para este parâmetro que indica a

concentração de fitoplâncton na água do viveiro, ou seja, a maior ou

menor disponibilidade de alimento natural para o camarão

(produtividade natural da água), a transparência deve ser mantida

entre 35 e 40 cm.

Sistema de alimentação: Os camarões cultivados são arraçoados

mediante o uso de bandejas comedouros, como na figura 06, fixas

Page 29: Visão sócio econômica e ambiental da carcinicultura Brasileira_ Pereira _2003

29

ao fundo do viveiro, na razão de 35 a 50 unidades/ha, distribuídas

uniformemente. A freqüência alimentar pode variar de 3 (três) a 5

(cinco) vezes ao dia, dependendo da densidade de estocagem e

manejo adotado.

Parâmetros Físico-Químicos: São registrados e analisados diariamente

(pH, temperatura, salinidade, transparência e oxigênio dissolvido, e,

semanalmente, as concentrações de nitrato, nitrito e amônia).

Medição de oxigênio dissolvido: as medições de oxigênio dissolvido na

água são realizadas diariamente em intervalos de tempo que variam de

manejo para manejo, próximas à comporta de drenagem.

Biometrias: Para acompanhar o crescimento dos camarões são

realizadas, semanalmente, pesagens de uma amostra representativa

da população de cada viveiro, oportunidade em que se observa o

estado de saúde dos camarões cultivados.

Despesca: Os camarões são despescados mediante a drenagem da

água através de uma malha apropriada, quando atingirem um tamanho

médio entre 11.0 e 12.0 gramas.

Tratamento de fundos de viveiros: Após cada despesca os viveiros

drenados permanecem em repouso por um período mínimo de 07

(sete) dias, para em seguida ser feito o revolvimento do solo de fundo

e a aplicação de calcário dolomítico na razão de 1.000Kg/ha a

2.500Kg/ha .

Page 30: Visão sócio econômica e ambiental da carcinicultura Brasileira_ Pereira _2003

30

Figura 06: Bandeja comedouro em detalhe.

As diferenças básicas entre os sistemas de cultivos estão representadas

abaixo no quadro 04.

Quadro 04: Diferenças básicas dos Sistemas de Cultivo.

Sistema extensivo

Densidades de 5 a 10 pl’s /m²

de espelho d’água. (em geral

silvestre)

Viveiros de área maior que

10 hectares.

Alimento natural do estuário.

Sem aeração.

Baixo aporte tecnológico.

Produtividade média de 200 a

700Kg/ha/ano.

Sistema semi-intensivo

Densidades de 20 a 50 pl’s

/m² de espelho d’água.

Viveiros de área entre 1,0 a

10 hectares.

Alimentação concentrada.

Aeradores mecânicos.

Médio aporte tecnológico,

com presença de sistemas bi-

fásicos.

Produtivadade média de 700

a 3000Kg/ha/ano.

Sistema intensivo

Densidades de 60 a 100 pl’s

/m² de espelho d’água.

Viveiros de áreas menores

que 2,0 hectares.

Alimentação concentrada, e

purificação da água,

mediante a filtros mecânicos

e biológicos.

Acentuada aeração

mecânica.

Produtividade entre 4000 a

12.000kg/ha/ano.

Fonte: FRANÇA, 2003.

O ganho na produtividade do sistema intensivo está diretamente atrelado ao

aporte tecnológico dispensado à produção, e o mesmo também deve ser voltado a

prevenção da emissão de altas taxas de poluentes nas descargas d’água. Porque

nestes sistemas as densidades de estocagens são evidentemente maiores e o

acúmulo de poluentes residuais também se torna maior, necessitando assim de

investimentos mais altos, conhecimento técnico refinado e controle de produção.

Page 31: Visão sócio econômica e ambiental da carcinicultura Brasileira_ Pereira _2003

31

8. Importância Sócio-Econômica da Carcinicultura para o Nordeste

O Projeto Camarão, criado em 1973, pelo então Governador Cortez Pereira

foi a primeira tentativa de fortalecimento da carcinicultura no Rio Grande do Norte,

com o objetivo principal de resolver o problema do desemprego

nas salinas (atividade que passava por sérios problemas) através do

incentivo ao pequeno e médio produtor (O CAMARÃO..., 2001). Na tabela 03

adiante, a recente classificação de 2002 sobre produtores e área implantada pode

ser facilmente compreendida, somando 643 produtores médios e pequenos, num

total de 680 produtores. A apresentação do cenário nacional destaca a hegemonia

produtiva da região nordestina (ABCC, 2003).

A importante função da carcinicultura no contexto social está na contribuição

para a fixação do homem na sua região de origem. Principalmente, para as extensas

zonas pouco desenvolvidas do litoral nordestino, com solos arenosos e água

salobra, cujas condições ambientais são excepcionais para o crescimento

sustentado da criação e produção do camarão marinho, essa função social se

amplia consideravelmente, tornando-se uma das raras alternativas de diminuição do

estado de pobreza da região (O CAMARÃO...,2001).

A experiência dos principais países produtores é reveladora do impacto e da

importância sócio-econômica do camarão cultivado nas suas áreas de influência. E

tem proporcionado, além de melhoria de indicadores macro-econômicos, ainda um

diferencial na renda familiar local. Os empregos quadruplicam e a qualidade de vida

Page 32: Visão sócio econômica e ambiental da carcinicultura Brasileira_ Pereira _2003

32

também foi melhorada com criação de fundos de aposentadoria, assistência médica,

programas de casa própria e construção de escolas (CHAMBERLAIN, 2001).

Tabela 03: Classificação dos produtores de camarão marinho em 2002.

ESTADO PEQUENO (<10ha) MÉDIO (>10<50) GRANDE (>50) TOTAL

QTDE ha QTDE ha QTDE ha QTDE ha

RN 221 875 48 1.058 11 1.658 280 3.591

CE 89 315 28 721 9 1.224 126 2.260

BA 24 110 6 128 6 1.472 36 1.710

PE 61 115 10 189 3 727 74 1.031

PB 42 162 6 130 2 290 50 582

PI 5 25 4 85 3 480 12 590

SC 19 104 21 393 1 63 41 560

SE 37 232 2 30 1 90 40 352

ES 9 80 1 17 0 0 10 97

MA 2 10 2 37 1 108 5 155

PA 3 22 0 0 0 0 3 22

PR 0 0 1 50 0 0 1 50

AL 1 3 1 13 0 0 2 16

Total 513 2.053 130 2.851 37 6.112 680 11.016

Part. Rel.% 75.44 19.63 19.12 25.88 5.44 55.48 100 100

Fonte: ABCC, 2003

No ano 2000, numa pesquisa feita na plataforma tecnológica do cultivo do

camarão marinho, a carcinicultura nacional gerava 31.250 empregos (BRASIL,

2001).

Se por um lado a renda média no Ceará é constantemente inferior a R$

180,00 mensais, nas fazendas de produção de camarão, um auxiliar técnico (nível

mais baixo) pode, freqüentemente, chegar a ganhar R$ 600,00 por mês (BRASIL,

2001).

Page 33: Visão sócio econômica e ambiental da carcinicultura Brasileira_ Pereira _2003

33

A relação de emprego permanente gerada pela atividade nas condições de

tecnologia do Brasil é de 1 (uma) ocupação direta para 1 (um) hectare explorado, o

que é muito superior a relação do algodão, da soja e do milho com 0,3:1 em cada

caso, e da pecuária com 0,03:1. No que se refere ao montante do investimento

básico para gerar um emprego permanente, a carcinicultura mostra novamente na

tabela 04, sua importância ao se apresentar como a alternativa que oferece a maior

vantagem competitiva já que seu parâmetro de custo é acentuadamente mais baixo

se comparado com outras atividades (BRASIL, 2001).

Tabela 04: Necessidade de investimentos

para gerar um emprego direto.

ATIVIDADE CUSTO EM US$

CARCINICULTURA 13.880.

AUTOMOBILISMO 91.000.

QUÍMICO 220.000.

PECUÁRIA 100.000.

TURISMO 66.000.

Fonte: BRASIL, 2001.

O aumento da produção brasileira de 3.600 toneladas para 40.000 entre os

anos de 1997 a 2001, representado na figura 07 através da evolução das

exportações neste período, não foi acompanhado nas mesmas proporções de um o

aumento das áreas de cultivo e sim, de desenvolvimento tecnológico e melhorias na

produtividade a campo. A maior parte dos viveiros onde são criados os camarões

marinhos está localizada em áreas de manguezais ou perto deles, pois a água é de

boa qualidade e há o abastecimento pelas marés. A região Nordeste, em particular,

Page 34: Visão sócio econômica e ambiental da carcinicultura Brasileira_ Pereira _2003

34

oferece as melhores condições em todo Brasil e participa com mais de 95% da

produção nacional (DNOCs, 2001).

De Janeiro a Setembro de 2001, o setor já havia exportado US$ 78,9 milhões,

como demonstrado na figura 07, devendo superar US$ 110 milhões até Dezembro, o

que já consolida a hegemonia da carcinicultura em termos de exportação e contribui

para a obtenção de um superávit, interpretado na tabela 05, de US$ 50 milhões de

dólares na balança comercial de pescado do Brasil, que desde 1989 apresentava

saldo negativo (BRASIL, 2001).

Tabela 05: Balança Comercial de Pescados do Brasil

(US$ mil)

ANO EXPORTAÇÃO IMPORTAÇÃO SALDO COMERCIAL

1994 168.040,00 228.780,00 -60.740,00

1995 146.812,00 371.604,00 -224.792,00

1996 122.967,00 425.956,00 -302.989,00

1997 110.318,00 398.789,00 -288.471,00

1998 120.400,00 453.400,00 -333.000,00

1999 137.900,00 288.000,00 -150.000,00

2000 238.900,00 297.700,00 -58.800,00

2001 283.540,00 260.890,00 22.650,00

Fonte: BRASIL, 2001.

0

2 0

4 0

6 0

8 0

1 0 0

1 2 0

1 4 0

1 9 9 7 1 9 9 8 1 9 9 9 2 0 0 0 2 0 0 1

V a lo r e m U S $

M ilh õ e s

F ig u ra 0 7 : E v o lu ç ã o d a s e xp o r ta ç õ e s d e c a m a rã o c u lt iv a d o d o

B ra s il.

F o n te : D P A /M A A /M in .d a in d . e c o m é rc io

0 2 ,8

1 4 ,2

7 1 ,4

1 1 0

V a lo r p ro je ta d o

e m U S $ m ilh õ e s

Page 35: Visão sócio econômica e ambiental da carcinicultura Brasileira_ Pereira _2003

35

Em entrevista à revista Panorama da Aqüicultura, o presidente da ABCC,

Engenheiro de Pesca, Itamar de Paiva Rocha (ROCHA, 2001), manifestou sua

opinião sobre os benefícios sócio-econômicos da atividade.

Procure saber se tem algum brasileiro com a carteira assinada de

tirador de caranguejo? Essa é a profissão mais degradante do pescador. Não

existe essa profissão. Não dá direito empregatício, garantia social,

seguridade, remuneração contadígna, nada... “[...] Em muitas fazendas de

camarão o Ministério do Trabalho exige que os funcionários usem botas,

uniformes, cada um com seu cantil de água a tira colo. E o catador de

caranguejo, na lama, como ficaria diante do Ministério do Trabalho? [...]”

(ROCHA, 2001).

Desde 1995, a Universidade Federal da Paraíba, através do Programa de

Estudos e Ações para o Semi-Árido – PEASA, está atuando na região do Curimataú,

verticalizando sua produção, com uma equipe multidisciplinar. Localizada nas áreas

mais críticas do semi-árido. As fontes de água potável são cada vez mais escassas,

tendo como alternativa água de poços. No entanto, muitas dessas fontes são

abandonadas devido o alto nível de salinização. A prática de piscicultura, através da

utilização da água de poços tubulares e rejeito de dessalinizadores, representa uma

alternativa ao uso dos recursos hídricos em regiões sujeitas à processos de

salinização da água e do solo. O projeto consiste em criar camarão marinho (L.

vannamei). Com a implantação deste projeto, beneficiou-se 12 famílias da

comunidade e serve como unidade piloto de referências para outras localidades que

tenham características comuns. Os resultados foram: geração de emprego e renda,

melhoria na nutrição em oferta proteica, diversificação de produtos com valores

agregados, conhecimento de produção em escala comercial, expansão da

piscicultura tipo "poço peixe e carcinicultura" e consciência ecológica através do

gerenciamento integrado e compartilhado da água (PEASA, 1995).

Page 36: Visão sócio econômica e ambiental da carcinicultura Brasileira_ Pereira _2003

36

Uma importante alternativa refere-se ao reaproveitamento das áreas dos

antigos viveiros de peixe e salinas desativados e abandonados, para o cultivo do

camarão marinho (O CAMARÃO..., 2001).

O ministro da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, José Fritsch, na

data de 14/02/2003, recém empossado, pediu ao diretor geral da FAO - Organização

das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, Jacques Diouf, a cooperação

técnica da entidade, com vistas à produção de pescado em cativeiro, nas pequenas

propriedades de agricultura familiar do semi-árido nordestino.

Já que a FAO trata da questão do alimento e a criação da Secretaria

Especial tem a ver com a produção de um alimento considerado nobre, do

ponto de vista da saúde... [...] entendemos que esse estreitamento será

importante nessa missão que o Presidente Lula nos apresenta, que é a

oferta maior de proteína de peixes para o programa Fome Zero [...]"

(FRISTSCH, 2003).

As principais vantagens sócio-econômicas do agronegócio do camarão estão

listadas a seguir:

Utiliza mão-de-obra não qualificada, podendo ser uma ferramenta adequada para

diminuir o desemprego nas áreas litorâneas;

É uma das atividades agropecuárias que gera mais emprego por área

implantada, sendo 1 emprego/hectare (referente a mão-de-obra não qualificada).

Necessita menos investimentos para gerar um emprego direto, se comparado

com outros setores como o automobilístico, químico, pecuária e turismo;

A atividade não depende de chuvas em nenhuma etapa de seu ciclo produtivo,

muito pelo contrário, utiliza água salobra e salgada, abundante em todo o litoral

brasileiro;

Page 37: Visão sócio econômica e ambiental da carcinicultura Brasileira_ Pereira _2003

37

Apresenta estabilidade da temperatura e luminosidade, tornando perfeitamente

possível cultivar o camarão durante os doze meses do ano;

É uma alternativa viável para atender as faixas mais carentes, representadas

pelos filhos dos pescadores artesanais, ex-trabalhadores das salinas desativadas

bem como das atividades que, há tempo, vem enfrentando crise econômica

(cana-de-açúcar, cococultura);

Apresenta um grande potencial de mercado tanto interno como para exportação;

É uma atividade altamente rentável, cujo investimento pode ser recuperado em

menos de quatro anos;

Ao contrário da lagosta, que leva quatro anos da eclosão até a maturação, o

camarão em quatro meses já pode ser comercializado, com três ciclos produtivos

por ano. Nos países produtores da Ásia, têm-se apenas dois ciclos anuais de

produção;

Apresenta facilidades de infra-estrutura no que concerne a estradas

pavimentadas, energia, comunicação, portos marítimos e aeroportos;

Conta com um setor privado organizado e consciente da responsabilidade de

promover o desenvolvimento sustentável pensando nos impactos ambientais para as

gerações futuras (BRASIL, 2001).

A estabilização nas taxas de capturas pela indústria pesqueira e os grandes

avanços no campo da pesquisa de cultivo das espécies motivaram o setor ao

aumento de produção em direção a demanda nas duas últimas décadas (FAST;

MENASVETA, 2000). Sendo que na metade deste período, o surgimento de sérias

patologias virais, provocou a redução da produção do hemisfério oriental, e

posteriormente dos cultivos do hemisfério ocidental proporcionando grandes perdas

econômicas da ordem de $500.000.000 (LIGHTNER et al.,1998 a). O Brasil livre

Page 38: Visão sócio econômica e ambiental da carcinicultura Brasileira_ Pereira _2003

38

destas doenças virais, aumentou a sua produção e alcançou em 2002, representado

pela tabela 05, a posição de 7ª maior produção mundial com 60.128 toneladas, e

líder nas Américas, com o recorde de produtividade mundial chegando a 5.458

kg/Ha/ano (BRASIL, 2001). As metas projetadas tiveram um déficit de 28% na

produção global em 2000, de acordo com Rosenberry (2000).

Fonte: GAA –Shrimp out look, 2002.

Os problemas ambientais associados as técnicas tradicionais de cultivo e os

efeitos da virulência dos agentes patogênicos, (FAST; MENASVETA, 2000; MOSS;

CROCOS, 2001) foram os principais objetivos perseguidos por pesquisadores para

promover mudanças práticas no modo de produção e viabilizar o progresso desta

indústria tão questionada por ambientalistas e tão integrada com o desenvolvimento

sócio-econômico das regiões em que se instala.

Tabela 05: Produção Mundial de Camarão 2001/2002. Principais produtores

2001 2001 2001 2002 2002 2002 Produção (toneladas)

Área em produção (hectare)

Produtividade (Kg/ha/ano)

Produção (toneladas).

Área em produção (hectare)

Produtividade (Kg/ha/ano)

China Tailândia Vietnã Índia Indonésia Bangladesh Brasil Equador México Honduras Outros

263.203 320.000 155.000 100.000

99.000 63.000 40.000 58.736 40.000 15.000

109.797

219.399 86.000

478.000 150.000 380.000 140.000

8.500 90.000 35.000 14.000

150.000

1.200 3.695

324 667 260 450

4.706 653

1.143 1.071

732

310.750 260.000 178.000 102.940 102.000

63.164 60.128 57.000 38.000 18.000

129.146

268.400 76.000

699.613 157.000 380.000 144.202

11.016 90.000 35.000 16.000

172.195

1.158 3.421

254 656 268 438

5.458 633

1.086 1.125

900

Total 1.263.736 1.751.699 721 1.319.128 2.049.426 644

Page 39: Visão sócio econômica e ambiental da carcinicultura Brasileira_ Pereira _2003

39

9. Comparação dos Sistemas de Cultivos praticados no Mundo,

quanto às Práticas de Biossegurança

A biossegurança é definida como a soma de todos os procedimentos de um

local que protegem e ou impedem organismos vivos cultivados de contraírem,

carrearem, ou disseminarem doenças e outras condições de saúde indesejável

(MOSS; CROCOS, 1998).

Existem diferenças fundamentais no tipo de aqüicultura praticada nos dois

hemisférios e possivelmente estas, justificam os diferentes níveis de produção e as

facilidades de implantações de projetos biosseguros. As fazendas da América Latina

tipicamente estocam grandes viveiros de 5 a 50 hectares com pós-larvas (L.

vannamei e L.stylirostris) em sistemas semi-intensivos com 10 a 30 camarões/ m².

Enquanto fazendas asiáticas estocam viveiros muito menores que 0.1 a 1.5

hectares, com pós-larvas (P. monodon) silvestres sob sistemas mais intensivos de

densidades superiores a 30 camarões/ m². Por utilizarem viveiros de lâmina d’água

reduzida (dimensão), os criadores asiáticos adotam medidas de biossegurança num

custo reduzido e de forma mais rápida e eficiente que os criadores ocidentais. Esta

capacidade é de extrema importância para amenizar os efeitos negativos e

devastadores criados pela presença de agentes patogênicos que recentemente

afetaram a indústria (MOSS, 2003).

Na Ásia, altas mortalidades devido a White Spot Syndrome Vírus (WSSV) e

Yellow Head Virus (YHV) resultou em enormes perdas econômicas e seus

respectivos impactos sociais (FLEGEL; ALDAY-SANZ, 1998). Por exemplo, perdas

de inúmeros viveiros na Tailândia foram estimadas em prejuízos da ordem de US$

500 milhões em 1996. Assim como no Equador O Taura Virus (TSV) foi responsável

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40

por perdas de aproximadamente US$400 milhões por ano, e o mesmo agente foi

responsável pelo grande impacto em fazendas de outros países do ocidente

(LIGHTNER et al., 1998). Como resultado das tremendas perdas econômicas

associadas a esses patógenos, significativas mudanças vêm ocorrendo na forma de

aqüicultura praticada e de alternativas rápidas de diagnóstico como análises de

diferentes métodos de (PCR) Polymerase Chain Reaction ou Reação Polimerase em

Cadeia (MOSS, 2003).

Nas fazendas tradicionais, o camarão é cultivado ao ar livre, viveiros

escavados e construídos nas proximidades da costa. Estes são abastecidos com

águas circunvizinhas de baías e estuários, que têm serventia de introduzir

alimentação natural ou como fonte de origem de camarões em sistemas de

produção similares ao extensivo (HOPKINS et al., 1995). Em sistemas mais

intensivos a água é renovada, pois como se sabe são grandes os benefícios, não

havendo assim, acúmulo de metabólitos tóxicos, com o propósito de manter a

qualidade da água (HOPKINS et al., 1993). A concentração destes metabólitos e

outros poluentes, está diretamente relacionada com o montante de alimentação no

arraçoamento (BRUNE; DRAPCHO, 1991). Um exemplo disto, são os sistemas

intensivos em que aproximadamente 90% do Nitrogênio presente no viveiro é

originado da dieta formulada, mas apenas 15 a 22 % é incorporado na biomassa do

camarão (BURFORD, et al., 2001). O restante do Nitrogênio é retido no viveiro sob

forma orgânica ou inorgânica (Incluindo amônia, nitrogênio orgânico dissolvido e

biomassa microbiana) ou liberado na descarga de água (efluente) do viveiro. Em

ambos os casos a poluição pode ocorrer, causando graves conseqüências

(CSAVAS, 1994).

Page 41: Visão sócio econômica e ambiental da carcinicultura Brasileira_ Pereira _2003

41

Em 1987, Taiwan era líder em produção de Penaeus monodon (LIAO et al.,

1992). Altas produções foram obtidas, pois estocavam viveiros com densidades

superiores as usadas nos métodos tradicionais, e grandes quantidades de

alimentação formulada também eram necessárias para alcançar o requerimento

nutricional dos animais. No entanto, em 1988 massivas mortalidades ocorreram em

diversas fazendas resultando em 70 % de decréscimo na produção local e perda de

aproximadamente US$376 milhões. O colapso da carcinicultura de Taiwan foi

atribuído por ambos fatores, patogênicos e não patogênicos, incluindo a

deterioração e exaustão do meio, uso de afluentes poluídos, infecções bacterianas e

infecções por Baculovírus (FULKS; MAIN, 1992). Estes eventos evidenciaram a

íntima relação entre o ecossistema natural e a saúde dos camarões, que incentivou

a indústria e os centros acadêmicos a estudarem rigorosamente as patologias

destes invertebrados. Na década seguinte do colapso da indústria camaroneira de

Taiwan, o número de patógenos virais que emergiram e afetaram a atividade no

hemisfério ocidental aumentaram e os mais importantes em termos de perdas

produtivas e referidos até 2003 no Código Internacional de Sanidade para Animais

Aquáticos (Crustáceos), do OIE (Órgão de Epizootias Internacionais) classificados

como notificáveis são: Yellow Head Virus (YHV); Taura Syndrome virus (TSV) e

White Spot Syndrome Virus (WSSV) (OIE, 2003).

No Brasil, surtos de TSV já foram constatados e controlados, porém o YHV e

o WSSV nunca foram diagnosticados nos cultivos nacionais. O último será

mencionado devido sua importância etiológica, econômica, epidemiológica e

zoosanitária.

Page 42: Visão sócio econômica e ambiental da carcinicultura Brasileira_ Pereira _2003

42

9.1. White Spot Syndrome Virus (WSSV)

Até 1995, o TSV era considerado o agente patogênico mais impactante, face

às perdas econômicas apresentadas no Hemisfério ocidental, entretanto a mudança

desse conceito veio com a emergência do White Spot Syndrome Vírus (WSSV) no

Sul do Texas e outras significativas ocorrências relatadas em três países da

América Central (Honduras, Nicarágua e Guatemala) em 1999

(ROSENBERRY,1999). O WSSV compreende um complexo grupo de baculovírus

em formato Bacilar com ds DNA (dupla fita) (LIGHTNER, 1996; FLEGEL,2001).

WSSV foi isolado pela primeira vez no hemisfério oriental nos cultivos de

Marsupenaeus japonicus no Japão em 1993 (INOUYE et al., 1994; NAKANO et al.,

1994; MOMOYAMA et al., 1994; FLEGEL, 2001). Depois da ocorrência no Noroeste

asiático, disseminou-se para as maiores regiões produtoras do Oceano Pacífico e

Índico, incluindo Taiwan, Índia, Thailândia, Indonésia, China, Coréia, Vietnam,

Malásia, Filipinas e Bangladesh (ROSENBERRY, 1999). O mecanismo pelo qual

ocorreu esta disseminação não é claro, entretanto há evidências de altas cargas

virais nas transações de cargas de camarões congelados comercialmente

(LIGHTNER et al., 2001). Algumas pesquisas argumentam associações referentes a

descargas d’ água de lastros dos navios próximos as áreas costeiras, e a presença

de organismos e sujeiras nos cascos dos navios colocando riscos nas importações

(FLEGEL; FEGAN, 2001). Apesar das incertezas sobre a introdução do WSSV no

Ocidente, o impacto deste nas produções em 2000 reduziram o suprimento global

destes crustáceos em 270.000 Toneladas (ROSENBERRY, 2000). Especialistas em

Patologia alegam que o vírus já estava presente alguns anos no Equador, e algum

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43

fator ambiental como: El niño e o furacão Mitch potencializaram seu efeito

devastador (WAINBERG, 2000). A dramática perda ocorreu entre 1998 e 2000,

representada em um declínio de 44% na produção de camarões, atribuído

largamente à ocorrência de WSSV. No Equador, a produção declinou 53% de 1998

a 2000, resultando perdas referentes a exportações da ordem US$ 516 milhões

(ROSENBERRY, 2000). O Brasil utilizou barreiras sanitárias em 1999, através da

Instrução Normativa nº39, que estabelece a proibição temporária de importações de

crustáceos sob qualquer forma (BRASIL, 2001). Recentemente, em setembro de

2002 pesquisadores da Universidade de Taiwan, por análises diferenciais de PCR,

suportaram que este DNA vírus não se enquadra filogeneticamente nas Famílias

virais até então reconhecidas. Foram estudados os mecanismos imunológicos do

camarão Kuruma e os resultados indicaram a possibilidade de futura vacinação com

proteínas recombinantes para o WSSV, induzindo melhores resistências aos animais

(CHEN et al., 2002; NAMIKOSHI et al., 2003).

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44

10. Desenvolvimento Sustentável

O termo desenvolvimento sustentável foi criado em 1987, no Relatório Nosso

Futuro Comum da “Brundtland Commission” (Comissão Mundial para Meio Ambiente

e Desenvolvimento, da Organização das Nações Unidas - ONU) definindo-se como

"desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a

capacidade das futuras gerações de satisfazer as suas próprias necessidades". Esta

definição contém dois conceitos-chave: 1- o conceito de “necessidades”,

principalmente as necessidades essenciais dos pobres no mundo, que devem

receber a máxima prioridade; 2- a noção das limitações que o estágio da tecnologia

e da organização social impõe ao meio ambiente, e que o impede, portanto, de

atender às necessidades presentes e futuras (MENDES, 2003).

É imperativo ao homem como ser social, expandir-se, tanto

demograficamente como técnica e economicamente, tornando-se evidente que

apareçam, neste processo, o efeito contrário chamado de impacto. Sendo

necessário estudos que levem ao diagnóstico, ou a um conhecimento do quadro

ambiental onde se vai atuar. No entanto, os grandes projetos para implantação de

usinas hidroelétricas e termoelétricas, rodovias, ferrovias, instalações portuárias,

mineração, indústrias, expansão urbana, assentamento de núcleos de colonização

ou qualquer reassentamento de populações face aos progressos de uma reforma

agrária e entre outras atividades que interferem de modo acentuado no ambiente,

quer seja ele natural ou já humanizado, necessitam de pré avaliações (ROSS, 2000).

No ambiente, como na questão da saúde, é preciso ter uma postura mais

voltada para o preventivo do que para o corretivo, torna-se assim, imperativa a

elaboração dos diagnósticos ambientais, para que possamos elaborar prognósticos,

Page 45: Visão sócio econômica e ambiental da carcinicultura Brasileira_ Pereira _2003

45

e com isso estabelecer diretrizes de uso dos recursos naturais. Algumas situações

demonstram que a recuperação de um ambiente degradado pode ser lenta ou não

existir, isso se deve às dificuldades de ordem econômica ou tecnológica, ou da

própria fragilidade do ecossistema (ROSS, 2000).

Os SIGs (Sistema de Informações Geográficas), são tecnologias avançadas e

um exemplo de técnica voltada a sustentabilidade, já utilizadas em algumas regiões

brasileiras. As vantagens de utilizá-las são diversas, e incluem o benefício da

integração das técnicas de geoprocessamento de imagens de satélite e classificação

de uso dos solos, com a análise espacial de modo a melhor conhecer os terrenos

onde se pretende desenvolver a aqüicultura. É definitivamente importante no

processo de desenvolvimento sustentável e um exemplo desta prática possibilitando

a otimização e implantação de novas fazendas, gerando menos impacto ambiental,

incrementando a produtividade da fazenda uma vez implantada e assim

beneficiando os investidores, através de segurança de boas safras em áreas bem

escolhidas. (SCOTT; VIANNA, 2001).

A preocupação ambiental com o desenvolvimento da civilização trouxe

enormes questões e óticas de pensamentos a serem transformadas. Segundo

tradições judaico-cristãs, Deus criou o primeiro e a primeira mulher e então disse a

eles:

“Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os

peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra."

(A BÍBLIA SAGRADA, 1972).

Ultimamente, teólogos e apologistas têm enviado consideráveis esforços para

dar um novo enfoque e significado desta citação, mas não se sabe se tais esforços

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terão grande efeito sobre uma tradição que colocou o homem no topo da pirâmide

da vida, “mas um pouco abaixo dos anjos” (KINLAW, 1998).

Segundo Yara Shaffer Novelli (NOVELLI,1989), num amplo estudo realizado

pelo Banco Mundial sobre atividades impactante, em 1999, diagnosticou as

atividades impactantes, priorizadas por ordem decrescente, a carcinicultura situo-se

em 16º lugar, representado pelo quadro 05.

Quadro 05 – Principais fatores de degradação dos ecossistemas

litorâneos hierarquizados decrescentemente pelo seu potencial negativo.

1 Pólos químicos, metais pesados e detritos industriais

2 Especulação imobiliária e fundiária

3 Portos e terminais

4 Agropecuária e agrotóxicos

5 Desmatamento (lenha, carvão, tanino, especulação)

6 Usinas açucareiras e alcooleiras

7 Pesca predatória

8 Aterro

9 Salinas, salgema

10 Lixo

11 Mineração

12 Invasão de reservas

13 Privatização de zonas costeiras

14 Exploração petroleira

15 Drenagem

16 Aqüicultura e maricultura

Fonte: NOVELLI, 1989.

Portanto a importância de não divinizar a natureza, está em perceber nela

que a utilização de seus recursos é imperiosa, vital e perfeitamente realizável de

forma conservacionista e sustentável pela raça humana (BRANCO, 1999).

Page 47: Visão sócio econômica e ambiental da carcinicultura Brasileira_ Pereira _2003

47

10.1 Código de conduta e prática ambiental do setor

Paes-Osuna e Fernández (1998), observaram as taxas de (N) Nitrogênio e (P)

Fósforo existentes nos efluentes da costa mexicana, oriundos do cultivo de

camarões, águas municipais e da agricultura. Destes, apenas 1.5% do N e 0.9% de

P descarregados no ambiente eram provenientes de das fazendas de camarão

distribuídas entre 27.500 hectares representados na figura 08. A agricultura e as

águas urbanas representaram a maior parte do (N) Nitrogênio e (P) Fósforo

liberados nos ecossistema costeiro de toda região produtora analisada, que não

utilizam completamente sistemas de bandeja no manejo alimentar (comedouro).

Figura 08: Cargas de nitrogênio e fósforo nos ecossistemas costeiros, derivadas da agricultura, dejetos urbanos e aqüicultura no México.

A presença do nitrogênio de amônia em efluentes de viveiros é preocupante,

uma vez que pode causar eutrofização. Águas com altas concentrações de

nitrogênio de amônia normalmente contêm níveis apreciáveis de nitrogênio orgânico,

e o nitrogênio de amônia é potencialmente tóxico para os organismos aquáticos.

1 4 1 .2 3 2

3 5 .2 7 2

4 9 .9 9 0

1 6 .0 9 7

2 .8 6 5 4 6 2

0

2 0 .0 0 0

4 0 .0 0 0

6 0 .0 0 0

8 0 .0 0 0

1 0 0 .0 0 0

1 2 0 .0 0 0

1 4 0 .0 0 0

1 6 0 .0 0 0

A g ric u ltu ra M u n ic ip a l A q ü ic u ltu ra

N it ro g ê n io F ó s fo ro

T o n .

p o r

a n o .

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48

Amônia não ionizada e amônio ocorrem na água num equilíbrio dependente da

temperatura e do pH (BOYD, 2003).

O uso do sistema de arraçoamento com bandejas reduz os efeitos da

lixiviação de nutrientes e reduz substancialmente a eutrofização e a poluição do

meio ambiente (CALVO,1993). Representado na figura 09.

A amônia não ionizada é a forma tóxica do composto. Concentrações de

nitrogênio de amônia total acima de 3 ou 4 mg/litro podem resultar em toxicidade

para os organismos aquáticos de águas tropicais com pH acima de 8,5 ou 9

(BOYD,2003).

Limitando a concentração de nitrogênio de amônia total nos efluentes para um

nível que não cause toxicidade na zona de mistura, reduz o potencial de

eutrofização das águas (BOYD, 2003).

Figura 09: Arraçoador observando as taxas de alimentação com bandejas tipo comedouro. Economia e preocupação ambiental.

Certamente, no novo cenário de mercados globalizados, é necessário

considerar a questão ambiental e social como alguns dos principais objetivos de

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49

qualquer projeto ou programa de desenvolvimento que venha a ser elaborado para

estimular a aqüicultura.

Alguns dos sistemas desenvolvidos no mundo para auxiliar no monitoramento

e gestão ambiental dos diferentes setores produtivos são: Sistema De Gestão

Ambiental (ISSO 14001), Malcolm Baldrige Award Criteria, Eco-Management Audit

System (EMAS), International Chamber of Commerce (ICC) Principles, Forest

Stewardship Council (FSC). Além disso, outros instrumentos auxiliares destacam-se,

tais como a Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) e os Códigos

de Conduta (KITAMURA; QUEIROZ, 2001).

O setor da carcinicultura brasileira, por iniciativa de seu órgão de classe

(ABCC), conta, com um código de conduta e práticas ambientais, cujas principais

características são a seguir reproduzidas, com vistas à certificação ambiental e a

obtenção de um Rótulo Verde (Eco-Label), elaboradas da documentação técnica da

GAA (Global Aquaculture Alliance) e FAO (Food and Agriculture Organization of the

United Nations) grupos técnicos internacionais criados para promover a aqüicultura

sustentável, porém este código está adaptado às condições brasileiras, para a

convivência harmônica da carcinicultura com o meio ambiente (KITAMURA;

QUEIROZ, 2001).

Os objetivos desta iniciativa estão à disposição dos produtores que mantém

contato com a ABCC e está transcrito na Plataforma tecnológica do camarão

marinho Cultivado, e são:

Permitir o uso mais eficiente dos recursos na fazenda.

Reduzir os custos operacionais.

Ampliar a vantagem competitiva do camarão no mercado internacional.

Criar condições para melhorar a atenção em casos de emergência.

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50

Melhorar a qualidade do produto e as condições para a segurança e saúde

dos operários.

Permitir melhor cumprimento dos regulamentos governamentais que regem a

exploração.

Melhorar a imagem pública da carcinicultura e o acesso às fontes de

financiamento.

Contribuir para a exploração dos recursos naturais, ambientalmente mais

saudáveis e responsáveis.

Os 10 elementos essenciais do código que permeiam o desenvolvimento

sustentável da atividade são:

1. Manguezais – proteger as reservas naturais, tendo em vista a manutenção

da qualidade de vida dos ambientes estuarinos costeiros.

2. Avaliação de local para a instalação de fazendas – assegurar que os

novos projetos estejam inseridos harmoniosamente aos ecossistemas e ao

conjunto social predominante.

3. Projeto de engenharia e construção de fazendas - relaciona os lay-outs

(design) com as características locais do ecossistema, minimizando os

potenciais efeitos negativos operacionais.

4. Uso de alimentação – maximizar a eficiência dos alimentos suplementares e

o manejo do ambiente aquático de cultivo, assim como reduzir as cargas de

resíduos sólidos no leito dos viveiros e, especialmente, nos efluentes

destinados ao ambiente natural.

5. Estado de saúde do camarão - visa à proteção de doenças em vez do

tratamento curativo, através de práticas eficientes de manejo, como minimizar

o estresse, densidades de estocagem condizente com a tecnologia de manejo

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51

disponível, nutrição fundamentada no alimento natural e condições ambientais

adequadas nos viveiros.

6. Uso de substâncias químicas – Promover o maior conhecimento de

substâncias potencialmente tóxicas ou de compostos biocumulativos na

produção, exercer controle rigoroso do emprego de antibióticos e outros

agentes terapêuticos para a produção de alimentos saudáveis para o

consumidor, protegendo o meio ambiente.

7. Manejo de viveiros – Evitar a eutrofização, salinização, reduções da

biodiversidade e interações diretas da espécie exótica cultivada com o

ambiente nativo, de forma a aplicar correta correção do solo e métodos

adequados de despesca.

8. Despesca, pré-processamento e transporte – refere-se ao manejo do final

do ciclo, resguardando a qualidade do camarão fresco, num processo

sincronizado, regido com proporções viáveis de metabissulfito de sódio e o

encaminhamento do excesso deste à locais apropriados.

9. Efluentes e resíduos sólidos – manejo apropriado dos resíduos,

minimizando a possibilidade de impacto sobre os ecossistemas adjacentes.

Para a preservação da qualidade ambiental e proteção da saúde pública da

própria fazenda e das áreas vizinhas, são necessárias práticas especiais com

os efluentes e seus resíduos sólidos.

10. Relações com os funcionários e comunidade local – boas relações e

interações entre dirigentes, trabalhadores e comunidades locais. E disseminar

a consciência ecológica através do gerenciamento dos recursos hídricos

(BRASIL, 2001).

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52

A importância de um código de conduta e práticas ambiental se fez

necessário devido a estudos mais abrangentes sobre os manguezais, no Atlas

mundial de Manguezais, o qual indica que 55-60% dos recursos históricos de

mangue desapareceram por pressão populacional derivada da agricultura, ocupação

com pastos, urbanismo, indústria madeireira e civil. Aproximadamente 18 milhões de

hectares de manguezal restam no mundo (SPALDING, 1997).

A preocupação sobre o uso de manguezais para a construção de viveiros tem

sido equivocada, como a divulgada no folheto “Coquetel de Camarão – Receita para

o Desastre” que afirmou sem bases científicas, que 50% das perdas de manguezais

são causadas por fazendas de camarão, porém, para efeito de comparação, mesmo

se todos os 1.372.800 hectares, hipoteticamente, tivessem sido construídos em

áreas de mangue, apenas aproximadamente 3% dos manguezais históricos teriam

sido perdidos (ROSENBERRY, 1996).

O programa de aqüicultura responsável tem sido um veículo efetivo na

disseminação de informações de Boas Práticas de Manejo (BPMs), no propósito de

reduzir a concentração de nutrientes dos efluentes, a melhoria das concentrações de

oxigênio dissolvido, a redução da erosão e outras variáveis hidrológicas básicas

como: pH; sólidos totais em suspensão; fósforo total; nitrogênio amoniacal total e

DBO (demanda bioquímica de oxigênio). Os valores iniciais sugeridos como padrão,

representados na tabela 08, foram baseados nestes seis parâmetros comumente

encontrados nas normas para concessão de licenças de efluentes municipais e

industriais (BOYD, 2003).

O manejo dos manguezais e a utilização das áreas adjacentes representam

duas grandes variáveis que muitas vezes determinam a viabilidade ambiental de

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implantação de viveiros, devido à necessária conservação desses ecossistemas

(PROTEÇÃO DOS...,2002).

Quadro 06: Variáveis hidrológicas padronizadas para efluentes de viveiros.

Variável Valor Inicial Padrão

pH (unidade padrão) 6,0 – 9,5 6,0 – 9,0

Sólidos Totais em Suspensão (mg/l) 100 ou menos 50 ou menos

Fósforo Total (mg/l) 0,5 ou menos 0,3 ou menos

Nitrogênio Amoniacal Total (mg/l) 5 ou menos 3 ou menos

5 dias de DBO (mg/l) 50 ou menos 30 ou menos

Oxigênio Dissolvido (mg/l) 4 ou mais 5 ou mais

Fonte: BOYD, 2003.

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54

11. Soluções, Inovações e Pesquisas do Setor

Como resultado de preocupações ambientais e de pandemias que se

alastram pela indústria global de criações de camarão através da última década,

houveram profundas mudanças no manejo da aqüicultura atualmente praticada.

Recomendações e guias apareceram devido a estudos mais profundos,

aproximando a seleção de lugares para o cultivo ambientalmente correto, (HAJEK;

BOYD, 1994; BOYD,1998) construções e design de viveiros, (BOYD,1998)

alimentação e efluentes gerenciados, (HOPKINS et al., 1995; BROWDY et al., 1998;

CALVO, 1998; BURFORD et al., 2001; LAWRENCE et al., 2001) bem como

qualidade de matrizes e prole (WYBAN et al., 1993; PRUDER et al., 1995; MOSS et

al., 2001). Muitas destas novas considerações não são somente importantes para o

ecossistema, mas também incluem elementos básicos de biosseguridade que

protegem o ambiente de cultivo da introdução de patógenos, aliado a significantes

progressos para a segurança alimentar.

Na última década, estratégias gerais promovendo biosseguridade foram

desenvolvidas e implementadas, no sentido de conhecer os potenciais vetores e

mecanismos de transmissão importantes na disseminação de doenças na

carcinicultura (FEGAN; CLIFFORD, 2001). Para doenças virais, os fatores mais

importantes são proles contaminadas. A estocagem de camarões derivados e

desenvolvidos livres de patógenos específicos (SPF) ou crias com alta saúde é

amplamente recomendada e discutível (PRUDER et al., 1995; LOTZ, 1997; FLEGEL,

2001), aproximadamente 43% dos criadores do hemisfério ocidental utilizam destas

práticas que trazem eficiências na maturação e acasalamento sendo transferidas

para engorda (MOSS; CROCOS, 2001). Outros importantes vetores para as

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55

doenças virais são os afluentes que contém hospedeiros infectados ou “vírions

livres” (LOTZ, 1997; LOTZ; LIGHTNER, 2000; FEGAN; CLIFFORD, 2001). Uma vez

estabilizados no montante de água eles se disseminam de viveiro a viveiro, ou

mesmo de fazenda a fazenda através da promiscuidade de seus efluentes e

afluentes de diferentes criadores. Transtornos esses, que tornam um risco e uma

opção de gerenciar a renovação de água diária. A desinfecção de efluentes e

afluentes pode ser realizada para evitar estes problemas, porém o custo deste

gerenciamento em grandes volumes de água, como em viveiros acima de 5 hectares

construídos nas fazendas do hemisfério ocidental, inviabilizam a sua implantação e

se tornam um investimento complicado. O ideal nas regras de biossegurança é a

prática de isolamento geográfico entre as fazendas, plantas processadoras e locais

de capturas (pesca) (MOSS, 2003). Se regiões costeiras forem utilizadas para

implantação de fazendas, há necessidade de se evitar regiões que sejam divididas

as águas com outras indústrias, ou fazendas. E minimizar as renovações de água ou

reduzir para zero de troca d’água são opções reduzem o impacto poluente no

ecossistema natural e também dificultam a entrada de nutrientes e poluição biológica

nos ambientes de cultivo. Os resultados de estudos baseados nestas práticas,

indicaram que camarões com alta biomassa podem suportar estas condições

quando bem gerenciados a alimentação e aeração (BROWDY et al. , 2001; MOSS et

al., 2001). É de extrema importância que criadores comerciais adotem estas

estratégias de resultados encorajadores (MCINTOSH, 1999; FEGAN, 2000;

HAMPER, 2000). No hemisfério ocidental 80 % dos produtores tiveram reduções

nas taxas de troca de água (renovações) e revelaram ganhos positivos com esta

medida adotada (MCINTOSH; AVNIMELECH, 2001). As taxas foram reduzidas de

9.5% do total do viveiro por dia em 1998 para aproximadamente 3.5% em 2001.

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56

Outra medida adicional para reduzir a introdução e propagação de doenças

no setor produtivo é o uso de telas na bacia de captação do afluente. Esta estratégia

tem como vantagem o seu baixo custo, e uma opção prática para muitos

fazendeiros, especialmente para aqueles que usam grandes viveiros abertos que

operam com larga escala de volume de água. Esta barreira física é uma forma de

excluir potenciais vetores de doenças virais tal como, em especial, WSSV e seu

complexo número de artrópodes hospedeiros na natureza , incluindo a variedade de

camarões Peneídeos (Penaeus monodon, Penaeus semisulcatus, Marsupenaeus

japonicus, Fenneropenaeus merguensis, Fenneropenaeus penisulcatus,

Fenneropenaeus Chinensis, Fenneropenaeus Indicus, Metapenaeus ensis,

Metapenaeus dobsoni, Trachypenaeus curvirostris, Litopenaeus vannamei,

Litopenaeus setiferus, Litopenaeus stylirostris, Farfantepenaeus aztecus, e

Farfantepenaeus Duorarum), caranguejos (Scylla serrata, Charybdis annulata,

Charybdis cruciata, Charybdis feriatus, Macrophthalmus sulcatus, Metograpsus

messor, Portunus pelagicus, Portunus sanguinolentus, Hélice tridens, Sesarma sp., e

Uca pugilator), Lagostas (Panulirus spp.), camarões de água doce (Macrobrachium

spp. ), lagostins de água doce (Procambarus spp. e Ocronectes punctimanus), Krill

(Acetes spp.). Outros copépodos, e larvas de insetos da Família Ephydridae (LO et

al., 1996; LIGHTNER et al., 1998; SUPAMATTAYA et al., 1998; CHANG, et al.,

1998; KANCHANAPHUM et al., 1998; HOSSAIN et al., 2001). Recentes estudos

realizados em Honduras indicaram que telas de 300µm parecem ser o suficiente

para excluir esses potenciais vetores através de filtração nos afluentes (FEGAN;

CLIFFORD, 2001). Pesquisas referentes a produtores do Ocidente, apontam que

80% deles empregam o uso de telas de 800 µ m em 1998 e de 450µm em 2001

(MCINTOSH; AVNIMELECH, 2001).

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57

Vetores aéreos são menores ameaças, entretanto gaivotas Larus atricilla,

apresentam-se como prováveis vetores biológicos de TSV, pois o vírus demonstrou

ser infeccioso após transpassar seu trato digestório (GARZA et al., 1997). Insetos

aquáticos como Trichocorixa reticulata, demonstrou ser um possível vetor de TSV

(HASSON et al., 1995), este mesmo vírus se mostrou viável e infeccioso no intestino

destes insetos (LIGHTNER; REDMAM, 1998). Aerossóis são mecanismos de

transportes pouco prováveis, entretanto Wooster e Browser (1996) demonstraram

que o agente patogênico de peixes, Aeromonas salmonicida, disseminava-se

através do ar. Há poucas opções para os produtores isolarem seus cultivos de

determinadas circunstâncias envolvendo vetores aéreos. Uma maneira útil

desenvolvida na década passada no continente asiático, é o cultivo de camarões em

águas oligohalinas, com construções distantes da costa e de aves marinhas

migratórias (FAST; MENASVETA, 2000), mas é uma prática relativamente nova no

Ocidente (SAMOCHA et al., 2001). Como alternativa a produção em águas

oligohalinas, barreiras podem ser construídas para cobrir viveiros abertos, ou a

produção pode ser projetada para ocorrer em recintos cobertos. Ambas opções

necessitam de investimentos extras, embora intensivas, estas produções fechadas

demonstram ser viáveis para realização de pesquisas (BROWDY et al., 2001; MOSS

et al., 2001; VAN WYK, 2001).

O transporte de partículas contagiosas realizado por humanos, implica em

disseminações de patologias na indústria produtora de alimentos de origem animal.

Existem protocolos para reduzir estes efeitos negativos, como: Evitar a presença de

estranhos nas localidades de produção; entrar somente funcionários; banhos e

trocas de roupas são preconizados, bem como o uso de botas. Em 74% das

produções que operam com maturação e acasalamento de matrizes, utilizam alguma

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forma de sanitização dos funcionários, a prática mais comum é a construção de

pedilúvios (MOSS; CROCOS, 2001). Os pedilúvios não são considerados

interceptadores eficientes do ingresso de microorganismos através da superfície

solear das botas (BRAYMEN et al., 1974). No entanto, são símbolos visíveis e pré-

avaliativos de biossegurança na produção de camarão, desde que mantidos sob

meticulosa manutenção e limpeza, outrora potencializam a função da qual ele se

propõe a evitar (MOSS; CROCOS, 2001).

A alimentação ofertada aos camarões pode ser considerada importante para

disseminação das doenças, pois tipicamente contém ingredientes de origem animal,

como cabeças de camarões, porém alimentações industriais processadas de um

modo geral são levadas a um aumento de temperatura de 90ºC e submetidas a altas

pressões, e nestas condições podem inativar os agentes virais (STEVENS et al.,

1998). Dietas úmidas não processadas, como lulas e anelídeos, são fontes

importantes e podem carrear doenças. A radiação gama pode ser usada e ser eficaz

na redução de contaminantes fúngicos e bacteriológicos, gerando segurança

alimentar aos crustáceos. Não obstante, a inativação de partículas virais por

irradiação não é bem documentada e somente 17% dos produtores que trabalham

com maturação e acasalamento utilizam esta técnica (MOSS; CROCOS, 2001).

Dietas a base de vegetais são usadas em avicultura nos núcleos de reprodução e

podem servir como alternativa a proteína marinha para indústria aqüícola (ARGUE et

al., 2001; SMITH et al., 2001). Proteínas microbianas e outros produtos de origem

animal podem ser empregados no lugar da proteína de origem marinha (SMITH et

al., 2001). Recentemente pesquisadores do Instituto Oceânico do Havaí

demonstraram que camarões alimentados com dietas vegetais tiveram crescimentos

de 1.06 gramas por semana e uma taxa de sobrevivência acima de 81%, por mais

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de 8 semanas de estudos, sendo viável e aproximando-se das taxas naturalmente

alcançada em produções com bom manejo e qualidade de água (ARGUE et al.,

2001). Outros estudos comprovam que as alimentações compostas por farinha de

peixe com alta qualidade, podem ser completamente substituídas por farinhas de

ossos e de carne ou farinhas de subprodutos da avicultura, sem comprometer a

performance na produção (TACON, 2000). Apesar das preocupações no âmbito da

biossegurança, segurança alimentar e da ecologia, (NAYLOR et al., 1998, NAYLOR

et al., 2000, FEGAN; CLIFFORD, 2001, MOSS et al., 2001) somente 38% das

empresas que são responsáveis por manufaturarem os alimentos para camarão,

reduziram nos últimos 3 anos a composição da farinha de peixe (CHABERLAIN,

2001).

Produtores têm a seu dispor inúmeras informações através de pesquisas que

relacionam práticas biosseguras utilizadas ao redor do mundo como estratégias para

mitigar os riscos oferecidos pelas doenças virais às fazendas e das fazendas para o

meio ambiente. Algumas medidas foram implantadas no decorrer do aparecimento

do TSV no Equador. As recomendações feitas foram:

Aumentar as densidades de estocagem num primeiro momento para suprir as

altas taxas de mortalidades, sob o ponto de vista econômico (STERN, 1995).

Diminuir as densidades de estocagem para reduzir a trasmissão horizontal das

viroses, numa ótica de infectologia (STERN, 1995; BROCK et al., 1995). Policultivo

de tilápias e camarão, diversificando a produção (BROCK et al., 1997). Uso de

animais capturados na natureza devido sua melhor sobrevivência e redução de

custos na produção (STERN, 1995). Estocagens com L. stylirostris devido sua

resistência ao TSV e reduzir a utilização do L. vannamei (BROCK et al., 1995).

Desenvolvimento de L. vannamei resistentes através de melhoramentos genéticos

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(BROCK et al., 1995). Uso de aditivos nas dietas para reforçar o sistema

imunológico (STERN, 1995). Manutenções da qualidade da água, solo e

ecossistemas adjacentes (BROCK et al., 1995). Muitas destas estratégias, além de

referirem-se as patologias virais, minimizam também o impacto de outras doenças

nos cultivos.

Mudanças na aqüicultura emergiram com a adoção de tais práticas e um

melhor nível de biosseguridade, como as produções em áreas afastadas da costa

marinha (produções de animais em águas oligohalinas) que eram praticadas na

Tailândia a mais de uma década, (FAST; MENASVETA, 2000) e em 1998 foi

estimado que mais de 40 % da produção tailandesa originava destes cultivos

(BRAATEN; FLAHERTY, 2000). Seu aparecimento veio como solução de ocupar

novas áreas devido às proibições e limitações do uso de ecossistemas estuarinos

(BOYD, 2001; FEGAN, 2001). Agora é praticada no ocidente incluindo Brasil,

Equador e EUA, (BOYD, 2002) e compreende em usar águas de baixas salinidades

para produção de L. vannamei, espécie escolhida, pois cresce bem sob condições

consideradas adversas (BRAY et al., 1994).

No ano 2000 esta atividade começou a ser desenvolvida no Equador, sem

renovações de água durante a engorda e utilizando uma bacia de sedimentação

para reutilização num próximo ciclo, ou para irrigação em cultivos de arroz, milho,

bambu e outros cultivos (SAMOCHA et al., 2001). Numa integração que ressaltou a

carcinicultura como produção racional.

Nos EUA, o início se deu no Alabama, Arizona, Texas e Flórida. E atualmente

fazendas foram implantadas no deserto de Sonora, com uso de raceways (Berçário

intensivo) e viveiros abertos com salinidades de 1.8 a 2.6 ppt. Densidades de 34 a

109 camarões por metro quadrado na estocagem e com trocas de águas entre 5 a

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30 %, sendo os efluentes usados para irrigar azeitonas e trigo (SAMOCHA et al.,

2001).

Existem muitas vantagens de produzir camarões, os exemplos mais

importantes são as dificuldades de introdução das doenças virais por meio de

vetores aquáticos e aéreos, além reduzir os danos ecológicos sobre os

ecossistemas manguezais e a reutilização dos efluentes que não podem deixar de

ser esquecidas como idéias positivas e que reforçam justificativas de um

desenvolvimento sustentável (FAST; MENASVETA, 2000).

A prática ambientalmente correta de biorremediação dos efluentes de

viveiros, através da utilização de moluscos bivalves, já é desenvolvida em algumas

fazendas na Thailândia e Filipinas desde 1998 e é conhecida como “Mangroove-

Friendly Aquaculture Program”. Pesquisas brasileiras realizadas no Nordeste pela

Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) confirmaram a redução de N e

F liberados sob forma de Fosfatos inorgânicos, Nitritos e nitratos nos efluentes. A

pesquisa trabalhou com os filtradores das espécies Crassostrea rizophorae (ostra

nativa) e Mutella quyanensis (sururu do mangue) dispostos ao longo das gamboas

sobre mesas distribuídas num formato de camas com travesseiros de sementes.

Oliveira (2001) afirma que as melhorias sociais aparecerão no momento que as

fazendas implementem esta nova técnica de Malacocultura, pois para aplicação

desta, se faz necessário a admissão de mão-de-obra. É evidente a importância dos

potenciais naturais da Região Nordeste para o cultivo de macroalgas tropicais. A

produção de camarão marinho destaca-se ano-a-ano com medidas ecologicamente

corretas e sócio-economicamente benéficas, com influência direta sobre as

populações litorâneas aumentando suas rendas e propondo melhores condições de

vida de forma sustentável (OLIVEIRA, 2001).

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Modelos alternativos da carcinicultura em estuários são opções de um

desenvolvimento sustentável considerado como uma tecnologia limpa. Com

aproveitamento dos resíduos de pesca e pequena quantidade de ração peletizada

na escassez de rejeitos pesqueiros, bambus, arames galvanizados, fios têxteis e

malhas de poliéster necessários para a construção de cercados. Originam resultados

viáveis, pois reduz drasticamente os custos de investimentos na utilização de

viveiros escavados. Algumas populações de baixa renda em países como Tailândia,

Filipinas, Singapura e Índia se beneficiam dos próprios conhecimentos culturais de

pesca artesanal e também cultivam peixes e camarões nos estuários (JUNIOR et al.,

2002).

O Departamento de Oceanografia da Fundação Universidade Federal do

Rio Grande (FURG) desenvolve estudos sobre a espécie nativa de camarão-rosa

Farfantepenaeus paulensis, objetivando um melhor conhecimento das

características produtivas desta espécie em parceria com os pescadores da região.

E os resultados obtidos são bastante favoráveis na utilização desta espécie em

cercados, aproveitando a produtividade natural do ambiente da Lagoa dos Patos -

RS. Neste programa as matrizes são capturadas nos períodos de ocorrência e

transportados para o laboratório no sentido de produzir as pós-larvas e

seqüencialmente realizar o povoamento em cercados. Iniciativa honrosa que

contribui num diferencial rentável para a comunidade local de pescadores que sente

a redução das taxas de captura pesqueira, influenciada pela pesca predatória.

Inicialmente 120 famílias participaram e 6500 localizam-se na região, podendo estas,

serem beneficiadas da mesma forma se uma fração maior da área total que é de

1000Km2 for devidamente explorada por um cultivo que não provoca efeitos nocivos

ao ambiente com uso de espécies nativas. Estudos estão sendo feitos para levantar

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a quantidade de estruturas que podem ser projetadas para atender um número mais

expressivo de famílias (JUNIOR et al., 2002).

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64

12. Considerações Finais

O Brasil tem condições de ser uma futura potência em todas as áreas da

aqüicultura, a melhoria de políticas governamentais está em evidência sendo um

atrativo para melhores investimentos privados e desenvolvimento de pesquisas.

Os ecossistemas estuarinos dos países de clima tropical representam

investimentos atrativos e o Brasil com 8.000 km de costa litorânea, um pouco menos

da metade com 3.500 Km da Macro-região Nordestina, dispõe de vantagens

competitivas que condizem em fatores climáticos, para produção do camarão

marinho em viveiros escavados abertos, porém muitos estudos e empreendimentos

em Estados da Região Sul e Sudeste demonstram viabilidade técnica e econômica

nas demais regiões brasileiras. O crescimento ordenado do setor dependerá de

esforços conjuntos de âmbito governamental, privado e de adequações as

regulamentações das Leis regentes no país.

É inegável que a carcinicultura, instalada por “força da natureza” em regiões

carentes como a nordestina promove melhorias na qualidade de vida desta

população que por muito tempo sofreu exclusão e tornou-se uma das conseqüências

e causas do caos encontrado nos grandes centros urbanos. E sendo uma medida

para não ampliação do êxodo com seus respectivos agravantes sociais. Ver figura

09; instalações ilegais como única alternativa, perigo nos meses chuvosos e

decretos de calamidade pública anualmente.

A extensão rural funciona como uma engrenagem neste contexto onde

pesquisas e conhecimentos acadêmicos se disseminam entre as atividades e seus

respectivos produtores independente do porte destes. Conceitos de biossegurança,

segurança alimentar e incrementos de produtividade devem deixar os centros de

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pesquisas e universidades para ir de encontro a sua razão de (existência) esforços e

trabalhos despendidos.

Figura 09: Favelas como ponto de partida para uma nova vida.

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13. Conclusão

Na carcinicultura como em qualquer outro agronegócio, o equilíbrio entre o

meio ambiente e a atividade é condição sine qua non para a longevidade da

exploração. Desenvolvimento técnico-científico, planejamento estratégico, gestão de

qualidade, biossegurança e sustentabilidade ambiental com responsabilidade social,

reforçam este recente setor que progride de forma muito rápida e incrementa o setor

primário brasileiro com suas peculiaridades devido ao valor do produto, embora não

sendo explorado rotineiramente como um produto de valor agregado, a carne de

camarão tem seu espaço na mesa do mercado consumidor interno e externo.

Os benefícios econômicos e sociais para as localidades que circundam os

núcleos produtivos, bem como para os estados que detém a cadeia produtiva

exportadora, são e serão objetos de análises freqüentes e os fatores que recaem

num pensamento conservacionista e sustentável ditarão as premissas para que num

futuro distante as mesmas condições venham privilegiar novas gerações.

Entretanto, a natureza também pode ser capaz de atrasar nosso pujante

desenvolvimento sócio-econômico, com um “presente” nada digno, numa epidemia

viral nos moldes já ocorridos pelo mundo devido a posturas biologicamente

incorretas na forma de exploração. Redução de investimentos, transtornos sociais e

crises durante a fase de recuperação da indústria podem ser evitados com coeso

desenvolvimento científico para o conhecimento dos limites de super exploração.

O apoio ao pequeno produtor é uma saída viável em projetos de

Carcinicultura Familiar, que parecem necessitar de mais empenho por todas as

partes do setor produtivo, público e acadêmico na formação de profissionais atentos

as rápidas mudanças biotecnológicas vividas na atualidade, de forma a lançar mão

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destas ferramentas sem comprometer a cultura do homem pescador e inseri-lo no

processo produtivo.

Experiências com espécies nativas de camarões em cercados e tanques-

rede, ou em policultivos com ostras, mariscos e algas, poderão marcar um novo

paradigma na produção nacional se forem corretamente implantadas em outras

localidades do litoral brasileiro além de funcionar como válvula de escape às

pressões ambientais exercidas pelo modo convencional de criação e oferecer

amparo econômico e social às populações dependentes da pesca extrativa, visto

que a redução gradativa dos estoques pesqueiros ocorre ano-a-ano.

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