revista o semanal portugues #11

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O A MELHOR INFORMAÇÃO DA ACTUALIDADE NACIONAL, MUNDIAL E DESPORTIVA 21 de Janeiro de 2012 - Nº 11 Revista em-linha das comunidades portuguesas MÁX -15ºC MIN -28ºC DOMINGO MÁX -4ºC MIN -20 ºC SEGUNDA FEIRA MÁX -1ºC MIN -3 ºC TERÇA FEIRA MÁX -6ºC MIN -16ºC QUARTA FEIRA MÁX -7ºC MIN -16ºC QUINTA FEIRA Semanal Português SEXTA FEIRA MÁX -9ºC MIN -13ºC As Aventuras de Tintin O Segredo de Licorne

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A revista, O Semanal Português, iniciou no dia 29 de Outubro de 2011 e esta edicao foi publicada no dia 21 de Janeiro de 201229 de Outubro a Tem como tema em destaque: Noticias, Tecnologia, Vidas, Lazer, Desporto, Cinema, Viagem, Comunidades atraves do mundo, etc. Totalement gratuito. Venham descobrir o que é ser português fora de Portugal.

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  • OA melhor informAo dA ActuAlidAde nAcionAl, mundiAl e desportivA

    21 de Janeiro de 2012 - n 11

    revista em-linha dascomunidades portuguesas

    MX-15C

    MIN-28C

    DOMINGO

    MX-4C

    MIN-20 C

    SEGUNDAFEIRA

    MX-1C

    MIN-3 C

    TERAFEIRA

    MX-6C

    MIN-16C

    QUARTAFEIRA

    MX-7C

    MIN-16C

    QUINTAFEIRASemanal

    Portugus

    SEXTAFEIRA

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    MIN-13C

    As Aventuras de tintin

    o segredo de licorne

  • 2O Semanal PortugusPublicidade

  • O Semanal Portugus

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    le journal hebdomadaire portugais

    diteurMarie MoreiradirectriceNatrcia RodriguesAdministrAteurMarie MoreirardActeur-en-chefAnthony NunesinfogrAphisteMario Ribeiro

    OSemanal Portugus

    Hebdomadaire tout les dimanchesFond le 29-10-2011Tl.: (514) 299-1593

    E-mail: [email protected]

    Tous droits rservs. Toute re-production totale ou partielle est strictement interdite sans notre autorisation crite. Les auteurs darticles, photos et illustrations prennent la responsabilit de leurs crits.

    editoriAl

    Palavras de boas-vindas

    collAborAteursJessica de S (E-U)Sofia Perptua (E-U)Avelino Teixeira (Toronto)

    correspondAntsAntnio Lobo AntunesJoel NetoJos Carlos de Vasconcelos

    fotogrApheJos Rodrigues

    francesco schettinoA conversa entre Gregorio De

    Falco, do porto de Livorno, e Fran-cesco Schettino, o comandante do Costa Concordia, afundado ao largo da ilha de Giglio, revelou a fria do primeiro e a desorientao do se-gundo. A fria foi aplaudida e a de-sorientao foi interpretada como a atitude de um cobarde. Embora me

    parea tudo bem analisado, tenho uma leitura mais prosaica para este caso. Na minha opinio, Schettino, alm de ser um cobarde, estava bbedo. Aquela vozinha arrastada vinha de algum que tinha estado a festejar em servio. Soubemos,

    entretanto, que Schettino fez um desvio no autorizado da sua rota. Porque razo o ter feito? Sabemos tambm que estava na companhia de Domnika Cemorta, moldava, bailarina, loura, cujo nome no fa-zia parte das listas de passageiros e tripulantes. A partir destas informa-es, fcil imaginar que o italia-no cedeu fanfarronice de mostrar umas habilidades rapariga hora

    do jantar. Entre brindes, o Costa Concordia ficou demasiado perto da costa e bateu contra um recife. Alcoolicamente atarantado, Schet-tino demorou a perceber o que se estava a passar. Ou caiu para dentro de um bote, como afirma, ou quis

    despachar Domnika dali. Os passageiros?No sabia o que lhes havia de fa-

    zer. Alm das acusaes por homi-cdio negligente, naufrgio e aban-dono de navio, Schettino aparece como a figura do cobarde por exce-lncia: o rato que abandona logo o barco; o comandante em terra, quando h mortos e desaparecidos no mar. O homem uma desgraa,

    um exemplo de incompetncia, o representante mximo da falta de virtudes. Sbrio e sozinho tambm no seria um comandante de con-fiana. Mas seja como for, cobarde ou no, acompanhado ou no, se conduzir, no beba.

    Marie Moreira

  • 4O Semanal Portugusnotcias

    ActuAlidAde

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    nAufrgio

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    crise econmicA

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    revoluo no trAbAlho

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    revoluo no trAbAlho

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    revoluo no trAbAlho

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    estAdos unidosestAdos unidos

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    economiA

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    O Semanal Portugustechno-flash

    informticA

    2012 ser o ano dos ultrabooks?O ano de 2012 poder

    ser dos ultrabooks. O for-mato de laptop que alia hardware com maior po-tncia e leveza deve che-gar com tudo ao mercado no prximo.

    Para se ter uma ideia da verdadeira avalanche de lanamentos que vem por a, nada menos do que 50 modelos so esperados para a CES 2012.Nos ltimos anos vrios

    produtos se revezaram na linha de frente dos lana-mentos da feira. Em 2009

    os netbooks eram a maior atrao. Em 2010 foi a vez dos tablets dominarem o mercado. J na feira do ano passado os produtos com suporte para tecnologias 3D foram o maior desta-que.

    Apesar do grande nmero de lanamentos, ainda no se sabe como o mercado ir reagir ao novo produto. Os primeiros modelos anun-ciados, embora encantem pelas configuraes robus-tas, ainda afugentam os consumidores em razo do

    alto preo, em geral pr-ximo ou acima de US$ 1 mil.

    Se levarmos em conside-rao que h pouco mais de trs anos os netbooks eram a principal aposta da indstria e hoje eles prati-camente j esto saindo do mercado, o melhor mesmo ficar atento para perceber at em que ponto o mais novo segmento do mun-do tecnolgico capaz de chegar.

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    techno-flash

    Apple lana aplicaopara criar livrosgratuitamenteDe acordo com a in-

    formao divulgada pela Apple, o iBooks Author App vai per-mitir criar livros ele-trnicos muito facil-mente.Os utilizadores vo

    poder recorrer a tc-nicas simples, como arrastar e largar, para transformar documentos de tex-to em livros eletr-

    nicos disponveis na loja iBook da Apple. Uma soluo aparen-temente semelhante aos programas para publicao de livros eletrnicos na pla-taforma Kindle da Amazon.A nova aplicao

    est disponvel em exclusivo na Mac App Store.

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    culturA

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    culturA

    o que se passano ges

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    Aberto ao publico desde o dia 10 de Julho de 1865 e apresentando espectcu-los desde 1923, o centro de criatividade do Ges, a sala mais antiga de re-presentaes em Montreal. Decretada Bem Cultural em 1975, o Ges um lu-gar de arte, de encontros e de perguntas definindo-se como sendo um lugar com espaos diferentes literal-mente. Assim, em 2012 o Ges abre as portas da sua comunidade cultural atra-v3es de dois interactivos: um blogue evolutivo e uma plataforma no Facebook.O blogue uma tribuna

    destinada queles que de-sejarem tomar a palavra, confrontar a sua criao e a sua cultura comparando-as a outras vises do mundo, a fim de suscitar um dilogo e uma troca real ligada ao presente, indicou Jocelyne Bilodeau, Directora Geral e Artstica do Ges.O blogue do Gesu um

    projecto-piloto para a co-munidade artstica e os amadores da Cultura. Du-rante o primeiro trimestre de 2012, novas funciona-lidades sero integradas a fim de continuar com a evoluo do blogue. Por exemplo a partir do ms de Janeiro tanto os profis-sionais como os amadores

    podero criar o seu perfil a fim de apresentarem as suas paixes ao resto do mundo e os leitores podero con-tacta-los directamente pelo blogue do Ges. O objecti-

    vo de aumentar a visibi-lidade dos grupos culturais para sustentarem o esforo de promoo da cultura e do patrimnio amrfico pela Ville de Montreal e avanando pelo Ges e o Quartier dos Espectculos, entre outros organismos culturais.Na pgina do Facebook

    do Ges, os utilizadores tero acesso a partir de Janeiro de 2012 a uma plataforma de discusso reagrupando quatro fruns internacionais aonde o

    Mundo poder livremente comear e comentar dis-cusses sobre projectos, eventos intracomunitrios, etc., ligados sempre com a Musica, a Dana, o Teatro e as Artes Visuais.Tive a oportunidade de

    assistir a uma exposio colectiva de pintura um pouco abstracta, apresenta-

    da por vrios artistas e uma outra exposio de lanter-nas. Uma coleco de lan-ternas da Pr-histria at ao ano de dois mil. A terceira exposio A migrao das

    aparncias Esta ltima est patente ao pblico na prpria igreja e fala-nos dos tempos que j l vo e que muita coisa se perdeu. O grupo SURKALEN, um conjunto musical formado por trs elementos chilenos e um Russo ofereceram-nos uma apresentao ma-ravilhosa, um reportrio de

    msica do mundo. Qual-quer pessoa interessada em assistir aos espectculos no Ges pode informar-se o mais rapidamente poss-vel. O Ges est situado no

    NatrciaRodrigues

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    sociedAde

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    dossi sade:doena renal

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    sade

    dossi sAude:consequncias da doena renal crnicaO impacto da perda da funo renal no organismoEm Portugal, surgem anu-

    almente cerca de 2500 ca-sos em fase terminal.A doena renal crni-

    ca (perda da funo renal mantida no tempo) instala-se silenciosamente no or-ganismo. Os rins perdem a capaci-

    dade de filtrar e eliminar substncias txicas oriun-das do metabolismo. E esta alterao pode trazer con-sequncias graves a longo prazo.Fique a conhecer, de se-

    guida, os principais qua-dros que podem surgir as-sociados a esta doena:

    HipertensoAlm de constituir um fa-

    tor de risco, uma conse-quncia comum da doena renal crnica (hipertenso de causa renal). Um rim que deixa pro-

    gressivamente de filtrar leva acumulao de substncias no organismo. Algumas tm um grau de

    toxicidade, como a ureia, que provoca nuseas e v-mitos, outras so to sim-ples como a prpria gua. A hipertenso tambm

    ocorre graas reteno de lquidos e sal, pelo que h tendncia para os ps e a zona volta dos olhos incharem, diz Jorge Di-ckson.

    ProblemascardiovascularesPodem causar doena

    renal crnica atravs da hipertenso, j que o rim um dos rgos que mais tem pequenos vasos. Alm disso, quando h uma do-

    ena vascular disseminada, podem surgir apertos na ar-tria renal que diminuem a irrigao. O rim comea a sofrer e a

    encolher (rim isqumico), levando a perda irrevers-vel da sua funo, descre-ve o especialista.Fruto da doena renal

    crnica, h alteraes metablicas que lesam as clulas vasculares e, em alguns casos, os medica-mentos anti-hipertensores usados para tratar a doen-a renal fazem aumentar o potssio, um io funda-mental para o organismo mas que, acima de certos nveis, um fator de risco gravssimo para problemas de ritmo cardaco, refere ainda este especialista.

    HemorragiasA seguir aos problemas

    cardiovasculares, so das alteraes que mais sur-gem em doentes renais crnicos. Por exemplo, gastrites

    ou lceras do tubo diges-tivo com perda de sangue surgem com mais frequn-cia porque tm as mucosas mais frgeis e a funo das plaquetas (clulas do san-gue que desempenham um papel fundamental no con-trolo da hemorragia) est diminuda.

    InfeesA doena renal crnica

    afeta o sistema imunolgi-co e o organismo sofre in-fees com facilidade. Os doentes tambm tm mais tumores que as outras pes-soas, porque a depresso da imunidade aumenta o risco de cancro, sublinha ainda este nefrologista.

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    receitAs

    Gastronomia

    Souffl de BrcolosINgReDIeNteS:

    Azeite2 cebolas picadas1 colher (sobremesa) de massa de alho1 punhado de nozes picadas2 ramos grandes de brcolos, cozidos e picadosCerca de 500 ml de leite2 colheres (sopa) mal cheias de farinha de trigo integralSal4 claras batidas em castelo firme com umas pedrinhas de sal4 gemas

    PRePARAO:

    Comece por fazer o refogado com a cebola e a massa de alho no azeite. Quando estiverem molinhos, junte os brcolos picados e as nozes. Deixe saltear mais um pouco. parte, junte o leite com a farinha, mexendo com o batedor de varas.

    Adicione ao refogado e mexa bem at engrossar.Depois, retire o tacho do lume e junte as gemas, devagarinho, sempre a

    mexer. Volte a colocar ao lume e continue a mexer durante uns 2 minutos. Rectifique o sal. Tire do lume e deixe arrefecer um pouco para as claras no se desmancharem.Junte ento as claras em castelo e despeje tudo para uma forma de vidro,

    previamente untada com margarina lquida. Leve ao forno pr-aquecido, a 180C, durante cerca de 30 minutos.

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    INgReDIeNteS:1 molho de coentros (ou um molho pequeno de poejos ou uma mistura das duas ervas)2 a 4 dentes de alho1 colher (sopa) bem cheia de sal grosso4 colheres (sopa) de azeite1,5 l de gua a ferver400 g de po caseiro (duro)4 ovos cozidos ou escalfadosAzeitonas

    Gastronomia

    receitAs

    Aorda AlentejanaPRePARAO:Pisam-se num almofariz, reduzindo-os a papa, os coentros (ou os poe-

    jos) com os dentes de alho - aos quais se retirou o grelo - e o sal grosso. Deita-se esta papa na terrina ou numa tigela de meia cozinha, que neste caso far ofcios de terrina. Rega-se com o azeite e escalda-se com gua a ferver, onde previamente se escalfaram os ovos (de onde se retiraram).Mexe-se a aorda com uma fatia de po grande, com o qual se prova a

    sopa. A esta sopa d-se o nome de sopa azeitaria ou sopa mestra.Introduz-se ento no caldo o po, que foi ou no cortado em fatias ou em

    cubos com uma faca, ou partido mo, conforme o gosto.Depois, tapa-se ou no a aorda, pois uns gostam dela mole e outros

    apreciam as suas sopas duras. Os ovos so colocados no prato ou sobre as sopas na terrina, tambm conforme o gosto.Muitas vezes, na gua utilizada j se cozeu uma posta de pescada ou de

    bacalhau. Tambm pode ser acompanhada com sardinhas assadas ou fri-tas no Outono. Pode ser enriquecida com tiras finas de pimento verde, que se escaldam com a gua ao mesmo tempo que as ervas, e acompanhada com figos maduros ou um cacho de uvas.

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    lendAs de

    portugAl

    cultura PortuGuesa

    lenda do castelo debragana ou datorre da princesaQuando a cidade de Bra-

    gana era ainda a aldeia da Benquerena, existia uma princesa bela e rf que vi-via com o seu tio, o senhor

    do Castelo. A princesa tinha-se apai-

    xonado por um jovem no-bre e valoroso, mas pobre, que tambm a amava, e que tinha partido para procurar

    fortuna, prometendo s voltar quando se achasse digno de a pedir em casa-mento. Durante muitos anos a

    princesa recusou todas as propostas de casamento at que o tio resolveu for-la a casar-se com um nobre cavaleiro seu amigo. Quan-do a jovem foi apresentada

    ao cavaleiro decidiu con-tar-lhe que o seu corao era do homem por quem esperava h 10 anos, o que encheu de clera o tio que

    resolveu vingar-se. Nessa noite, o senhor do

    Castelo disfarou-se de fantasma e entrando por uma das duas portas dos aposentos da princesa,

    disse-lhe que esta seria condenada para sempre se no acedesse a casar com o cavaleiro. Quando estava a ponto de

    a obrigar a jurar por Cris-to, a outra porta abriu-se e, apesar de ser de noite, entrou um raio de sol que desmascarou o falso fan-tasma.

    A partir de ento a prince-sa nunca mais foi obrigada a quebrar a sua promessa e passou a viver recolhida numa torre que ficou para

    sempre lembrada como a Torre da Princesa. As duas portas ficaram a

    ser conhecidas pela Por-ta da Traio e a Porta do Sol.

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    cultura PortuGuesahistriA de

    portugAlos rios

    A cultura muulmana

    Os rios da Pennsula Ibrica so poucos ex-tensos e pouco caudalo-sos, se os compararmos com os rios europeus. Devido aos Veres mui-to secos, o seu regime, na maioria dos casos, muito irregular.Os rios ibricos

    dividem-se em dois grupos: os rios da fa-

    Os muulmanos assimila-ram muitos conhecimentos de importantes civiliza-es - grega, persa, indiana e chinesa. Assim, graas a eles, conheceram-se e divulgaram-se muitas cin-cias e tcnicas na Europa. Os grandes centros urbanos de Crdova, Toledo e Sevi-lha possuam boas escolas e bibliotecas, onde se desen-volvia a astronomia, a ma-temtica e a gramtica. Fo-ram os muulmanos quem transmitiu aos europeus o pensamento dos homens da cincia e da filosofia grega (a obra de Aristteles foi comentada pelo sbio cor-dovs Averris e, depois, traduzida para o latim, para conhecimento da Europa).

    Contudo, os muulmanos no foram apenas transmis-sores de conhecimentos. Tambm escreveram im-portantes obras de histria e poesia e realizaram gran-des avanos cientficos. No campo da medicina, aper-feioaram o conhecimento do corpo humano e a forma de curar algumas doenas; no campo da matemtica, inventaram a lgebra; os seus trabalhos de alquimia facilitaram o nascimento da qumica moderna. Algumas cidades portuguesas, como Lisboa, Santarm, Alccer do Sal, vora, Beja, Faro e Silves, foram centros inte-lectuais onde despontaram grandes juristas, filsofos, historiadores e poetas.

    chada atlntica, que desaguam no oceano Atlntico, e os rios da fachada mediterrni-ca, que desaguam no mar Mediterrneo. Os rios da fachada atln-tica so rios de caudal regular; deslocam-se no sentido nordeste/sudoeste e tm fortes correntes. Os rios da

    fachada mediterrnica tm um regime irregu-lar, so pouco extensos e tm pouco caudal (a nica excepo o rio

    ebro, que deve o seu grande caudal s guas que recolhe das cordi-lheiras Cantbrica, Pi-renaica e Ibrica).

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    O Semanal Portugus

    destino: myrtle beachsouth carolina

    viaGem

    As 25 melhores prAiAs de o mundo

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    viaGem

    As 25 melhores prAiAs de o mundoPouco lembrado em ter-

    mos tursticos, pelo menos para quem no americano, o estado de South Carolina mais ou menos como um estado meio campo. Um pouco ao norte da Florida (e todas suas atraes) e um pouco ao sul de New York (e todas suas tenta-es). Ns passamos por aqui meio de passagem, mas a verdade que a vi-sita acabou nos revelando uma injustia turstica, porque h muito para se ver neste estado e talvez ns que pouco sabamos disso. A economia do esta-do apoia-se principalmente na produo de soja, arroz e nas indstrias de carne de frango, gado e laticnios. Tambm so importantes no estado a produo de produtos qumicos, ma-quinarias e indstria txtil. Turismo interno tambm uma importante fonte de renda para a economia local. Ao contrrio do que muitos imaginam, o nome do estado no foi dado para homenagear alguma Caro-lina, mas sim para honrar o rei Charles I, da Inglaterra. (Em latim Charles escreve-se Carolus, o que acabou resultando no nome Ca-rolina, em ingls). um autntico estado do sul americano, com todas im-plicaes histrias e pol-ticas que isto significa. Foi o primeiro estado a votar pela separao do resto do pas (a chamada Union, e fundador dos Estados Confederados da America, o que acabaria levando os Estados Unidos guerra civil, em 1861).A principal cidade de

    South Carolina Char-leston, mostrada na foto ao lado. Fundada em 1670, ela desenvolveu-se graas ao seu porto, que logo se tornou um dos principais da regio. O trecho mais bonito da cidade ao longo

    da avenida Murray, marge-ando a foz do rio Ashley. L esto as mais impo-nentes manses em estilo clssico, alinhadas lado a lado. Charleston de fato muito bonita, no somente seu trecho de frente para a baa, mas tambm seu cen-tro histrico merece ser co-nhecido a p e com calma. Mais gostoso ainda fazer este roteiro a borde de tpi-cas carruagens de poca, o que contribui para deixar ainda mais forte aquele cli-ma de sculo 19, poca do apogeu da Charleston, de-vido riqueza trazida pelas fazendas de plantao de algodo. O ponto mais im-portante de Columbia seu State Capitol, situado no centro de um belo grama-do. a partir dele que se irradiam as principais ruas da cidade, sendo o setor comercial da cidade ao lon-go da Main Street. Como quase toda capital estadual americana, Columbia ba-sicamente uma cidade ad-ministrativa, e percebemos que muitos funcionrios do governo estadual aprovei-tam a hora do almoo para, aps comer uma pizza ou hot dog, calar um par de tnis e sair a caminhar pe-las caladas em volta do prdio do Capitlio esta-dual. Se passar por aqui no deixe de conhecer o prdio do State Capitol e ainda o Columbia Museum of Art, Carolina Museum e McKissick Museum.Chamou nossa ateno,

    logo que chegamos ao esta-do, o nmero de vezes que vamos a palavra Palmet-to escruta em quase todos lugares. Eram coisas tipo Palmetto Hospital, Palmet-to Street, Palmetto Asso-ciation etc. Mas a razo, logo descobrimos, que o apelido de South Caroli-na justamente Palmetto State (terra da palmeira), e tudo, desde as placas de

    automveis at os smbo-los estaduais ostentam uma palmeira branca como sm-bolo da terra.Fachada da Magnolia

    Plantation, uma das mais famosas do estado. Nes-sas fazendas era plantado principalmente algodo, o maior sustento da econo-mia local. Como tantas ou-tras Plantations espalhadas pelo sul do pas, essa tam-bm foi transformada em atrao turstica. Enquanto nas fazendas estabeleceu-se uma sociedade rica e aristocrtica, os campos eram trabalhados por escra-vos trazidos da frica. Seu nmero era to grande que em 1720 eles j constitu-am a maior parte da popu-lao de South Carolina. O resultado dessa equao foi que, j em 1800 o estado era totalmente dependen-te da mo de obra escrava para sua economia.Assim, quando a escravi-

    do foi abolida pelo presi-dente Lincoln, o estado foi o primeiro a no aceitar a nova lei e em 1860 deci-diu separar-se na Unio (o resto do pas). Nos anos seguintes outros estados que tambm dependiam da mo de obra dos escravos para sua economia aderi-ram ao movimento iniciado pela South Carolina. Este movimento separatista foi o estopim da guerra civil, que iria durar de 1861 a 1865. O primeiro combate entre tropas do sul contra o exrcito federal (Unio), aconteceu com o ataque Fort Sumter (veja abaixo). Da em diante, estava de-clarada a guerra civil. Os resultados da guer-

    ra foram desastrosos para South Carolina. Um quin-to da populao estadual de homens brancos estava morta em 1865. A econo-mia ficou destruda e as Plantations e casares da capital Columbia foram

    incendiados pelas tropas vitoriosas do exrcito nor-tista.As dcadas seguintes fo-

    ram de desespero e muita luta, tentando reerguer a economia do estado. Ao mesmo tempo, embora os escravos tivessem sido libertados, formava-se en-tre brancos e negros um sombrio e destruidor pre-conceito racial, que iria atravessar dcadas e causar muitas vtimas de ambos os lados. Aps a abolio a poltica de segregao racial continuou a vigorar oficialmente em muitos estados durante dcadas, fazendo com que nibus, banheiros pblicos, res-taurantes e diversos outros lugares do dia a dia fossem destinados exclusivamente a brancos ou a negros, sem mistura.Apos a derrota dos esta-

    dos do sul na guerra civil a economia das Carolinas en-trou em colapso. Foi muito lentamente, e graas ao estabelecimento de inds-trias txteis e mais tarde ao turismo, que South Caro-lina conseguir reerguer-se economicamente. Apenas a partir dos anos 60, graas a lideres como Martin Lu-ther King, a discriminao racial terminou e hoje os americanos em geral e su-listas em particular podem conviver num pas com menos injustias raciais. A regio ao longo das

    margens de Santee River parece um refgio do agito das grandes cidades. Foto de uma igreja protestante, situada a beira da estrada 76, que corta parte do es-tado no sentido leste-oeste. interessante observar a imensa quantidade desses templos religiosos espalha-dos pelo interior do pas, praticamente todos com o mesmo estilo arquitetni-co, um prdio moderno, discreto e com uma alta

    torre desprovida da Cruz. Quando batemos essa foto ela estava vazia, mas se voc passar nesse mesmo lugar numa manh de do-mingo poder ver que o estacionamento estar in-variavelmente repleto de carros de todos os tama-nhos. Mesmo vivendo no campo, todos vem de carro igreja nos domingos de manh, uma das mais for-tes tradies americanas do interior.Custa a acreditar que na-

    vios to grandes e podero-sos possam ser considera-dos obsoletos pelo governo americano, a ponto de se-rem encostados em defini-tivo e abertos visitao, sem qualquer preocupao com eventuais segredos militares, etc. Por pouco nossa visita no aconteceu, pois naquele dia faltava luz no Patriot Point e a visita-o s foi reiniciada quan-do estvamos nos preparan-do para ir embora. Ao lado, uma foto que fizemos junto aos propulsores de um caa da marinha, no convs do Yorktown. Impossvel no lembrar daquele filme com Tom Cruise, Ases Indom-veis. :-)Em resumo, South Caroli-

    na ficou em nossa memria como um lugar para quem no tem pressa. Ela para quem gosta de cidades pe-quenas, calmas e gosta de caminhar por uma praia deserta. O semi abandona-do farol de Morris Island, na imagem ao lado, ficou para ns como um dos smbolos desta terra. um lugar para relaxar, sentir o vento no rosto e passear de mos dadas, descalo na areia ao lado de algum es-pecial. Se voc este tipo de pessoa pode estar certo que vai gostar de South Carolina.

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    O Semanal Portuguscomunidades

    imigrAo

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    comunidades

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    O Semanal Portugus

    declArAes

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    fAdo lisboetA em nY

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    O Semanal Portugus

    nAturAlizAo

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    O Semanal Portugus

    crnicA | muito bons somos ns

    oPinio

    Joel Neto

    A continuao temporria de Jlio Magalhes no Jor-nal das 8, agora como co-

    laborador, uma prova do peso que Marcelo Rebelo de Sousa tem na TVI e,

    alis, na TV portuguesa em geral. Mas a conjuntura no favorvel ao professor e a demisso de Magalhes, assim como o trmino do

    seu actual contrato com Queluz, so apenas parte do problema. Marcelo

    lder incontestado entre os comentadores, mas talvez no seja um comentador para um tempo de crise. Os seus comentrios so

    espirituosos e divertidos, sim. S que tambm so redondos e fundamental-

    mente ldicos. Na verdade, s so especializados quando se trata do jogo po-ltico puro e duro. Ora, em regra, isso uma virtude,

    sobretudo tendo em con-ta o perfil da TV em sinal aberto. Chegamos, porm, a um momento em que a recesso no apenas uma coisa dos telejornais, mas uma realidade comprov-vel na vida das famlias, incluindo menos trabalho e menos rendimento, mais impostos e mais desespero. A partir daqui, pois, no sero o esprito e a retrica a fazer a diferena: sero a assertividade e as solues concretas. E Marcelo Re-belo de Sousa sempre foi melhor a problematizar do que a resolver. Para alm de tudo, o calendrio elei-toral comea a impor-se. Se o antigo presidente do PSD efectivamente acalenta al-guma ambio de chegar Presidncia da Repblica, em algum momento ter de sair de cena, de forma a readquirir o consenso que apenas a obscuridade per-mite. Tendo em conta que as eleies so em 2015, o ideal seria talvez desapa-recer em 2013. Mas Maio, data em que termina o ac-tual contrato com a TVI, tambm pode ser uma boa soluo.

    marcelo sim ou no

  • O Semanal Portugus

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    oPinio

    crnicA | opinio

    OSemanal Portugus

    Antnio Lobo Antunes

    o baloioOlhou para o relgio: abri-

    ra o gs h cinco minutos, no, seis, e no fazia ideia do tempo que demorava a espalhar-se pela casa. Co-ou o cotovelo a lembrar-se da me, que se movia deva-gar por causa do corao. O pai morrera h anos, hora do jantarAbriu o gs do fogo e

    sentou-se no sof, espera. No sentia cheiro nenhum: ter-se-ia esquecido de fe-char alguma janela? Foi ao quarto, ao escritrio, sala, verificou os trincos e voltou a sentar-se no sof, muito direita, de mos nos joelhos, na atitude de quem aguarda a sua vez para ser atendida num consultrio qualquer. No pensava em nada de especial, pensava no vazio. Chegavamlhe ba-rulhos da rua: automveis, claro, uma camioneta, jun-to ao minimercado, e um sujeito a retirar caixotes, amontoando-os, uns sobre os outros, no cho. A sereia dos bombeiros a marcar o meio dia. Passos no andar de cima, de mulher, porque o som agudo dos saltos.Conhecia-a de se cum-

    primentarem no elevador, onde a outra entrava com um estojo de violino: toca-va numa orquestra e mo-rava sozinha. s vezes um

    homem acompanhava-a, nem sempre o mesmo, mui-to mais velhos do que ela, de cabelo comprido de ar-tista, com um estojo de ins-trumento tambm. Olhou para o relgio: abrira o gs h cinco minutos, no, seis, e no fazia ideia do tempo que demorava a espalhar-se pela casa. Coou o cotovelo a lembrar-se da me, que se movia devagar por causa do corao. O pai morrera h anos, hora do jantar: o garfo caiu de repente da mo, fitou-a espantado, deixou de espantar-se e o queixo desceu na direco do prato. Pareceu-lhe que ia dizer qualquer coisa mas no disse nada. Recordava-se do garfo na toalha e da mudez da me, de pedir auxlio pelo telefone, de um fulano de bata a estend-lo no tapete, a aplicar-lhe uma mscara na cara, a retirar-lhe a mscara da cara, a puxar uma seringa de uma maleta, de joelhos sobre o pai, a informar, do tapete, que no. No dia seguinte a autpsia, no dia seguinte o velrio, no dia seguinte o enterro. Colegas de em-prego, cumprimentos, o taxi da volta, com a me de leno amarrotado no punho. Tudo to simples, to rpi-do, to poucas palavras. A marca do corpo do pai na poltrona, onde resolvia as

    palavras cruzadas do jornal, desvaneceu-se lentamente. A nica diferena consis-tiu na fotografia emoldura-da na sala, com uma jarra de flores ao lado. E logo a seguir o inverno, logo a seguir chuva, uma tristeza mansa nas coisas. Menos despesa em comida, claro. O pincel da barba junto ao lavatrio. Mudou de prdio no fim desse inverno por nenhuma razo especial. Mas trouxe o pincel da barba e colocou-o junto ao lavatrio novo, de mistura a sua escova, os seus cremes. Comprou uns mveis, quase sem escolher, um quadrozi-nho com barcos. Trabalha-va como jornalista numa rdio, lia as notcias da ma-nh. Tal como a mulher do estojo do violino s vezes um homem, nem sempre o mesmo, acompanhava-a. No ficavam a noite intei-ra, iam-se embora antes. Companheiros da rdio, o do desporto, o especialista em assuntos econmicos. Tirando pedir-lhes que no fumassem no havia con-versas. Acerca de qu? Via-os vestirem-se sem sair da cama, escutava a porta ba-ter. Ento levantava-se, co-mia uma ou duas bolachas do armrio e sentava-se no sof, espera. Como agora, em que principiava a dar conta de um aromazinho

    enjoativo mas ainda no sono. Perguntou-se quan-do viria o sono. O aroma enjoativo no chegava ao patamar dado que tapou a

    frincha sob a porta com um cobertor. A me surgiu-lhe um instante na cabea e de-sapareceu, substituda pela imagem de um baloio num jardim, em que a empurra-vam em pequena.Vozes perdidas da infn-

    cia, uma semana nas termas, a ver as pessoas crescidas beberem copos de gua, a passear entre pinheiros, a aborrecer-se. Quem leria as notcias por ela, a partir de hoje? A impresso que en-

    trava no quadrozinho com barcos, que se tornava um barco como os restantes. Nas termas um lago de cis-nes e comeou a deslizar

    como eles, em silncio. Isso conhecia bem, o silncio. Achava-se rodeada de si-lncio, vestida de silncio, cheia de silncio por den-tro. O garfo caiu da mo do pai sem som nenhum. Es-tendeu-se no sof, de olhos abertos, enquanto o baloio ia e vinha. Achou estranho que o baloio vazio. No achou estranho que o baloi-o vazio; no fim de contas j no sobrava ningum para se alegrar nele.

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    O Semanal Portugus

    crnicA

    Mrio Soares

    oPinio

    o murro no estmagoPara qu apertar mais

    o cinto aos portugueses? Cumpramos o que a troi-ka nos imps e no mais do que isso. A sada s pode vir da UEO ataque feroz da agn-

    cia americana Moodys ao

    euro, por via de Portugal, constituiu, realmente, um murro no estmago. So-bretudo sentiram-no os partidrios do neolibera-lismo, dado pensarem que o importante emagrecer os Estados, at exausto. Uma vez que o que conta, para eles, so os mercados especulativos, sem regras nem tica, por criarem ra-pidamente lucros fceis e mais riqueza, concentran-do-a, sem qualquer sentido de justia social, nas mos de cada vez menos pessoas.

    As desigualdades sociais, a precariedade do trabalho e a misria so as marcas da ideologia dominante.No entanto, o ataque da

    Moodys era previsvel para quem estivesse atento evoluo poltica dos tem-pos difceis que estamos a viver. Note-se que hoje

    assistimos a uma guerra das moedas, para destruir o euro, que faz sombra ao dlar, o que os neoliberais republicanos e mesmo alguns democratas no suportam. Ora o desapare-cimento do euro conduz, necessariamente, ao fim do projeto europeu e, conco-mitantemente, ao regresso dos nacionalismos egostas - que afloram j em alguns Estados europeus - pondo em risco a solidariedade e porventura a paz. A anlise do sculo passado - com a

    tragdia de duas grandes guerras mundiais - pode-nos trazer algumas luzes, sobre o risco que represen-tar a destruio ou mesmo a simples decadncia da Unio Europeia (UE)...A China, que tem a sua

    prpria agncia de rating - como a UE devia ter

    mas no tem -, e o Gover-no dos Estados Unidos, que se fosse avaliado pela Moodys, com o mesmo critrio, talvez estivesse pior do que Portugal, aler-taram, h poucos dias, para a necessidade imperiosa de salvar o euro, sob pena de uma catstrofe mundial. Ser suficiente para que a Europa acorde?Em Portugal, o ataque cri-

    minoso - a palavra - que nos foi feito pela Moodys, foi muito sentido pela maioria dos portugueses,

    independentemente das suas posies polticas e ideolgicas. verdade que atingiu no s o Esta-do central, como as autar-quias, as regies autno-mas e mesmo, diretamente, grandes empresas privadas e at os bancos.Foi, alis, confrangedor

    ver e ouvir, em televises e rdios, alguns dos eco-nomistas e comentadores habituais a expressar a sua indignao. Ainda bem que o fizeram e, finalmente, tal-vez tenham compreendido. Mas lembremo-nos que h poucas semanas diziam que a responsabilidade da crise era, essencialmente, do Governo de Scrates e no da incapacidade po-ltica dos dirigentes euro-peus...Isso, contudo, pertence

    ao passado. Estamos agora

    perante outro dilema gra-ve: a austeridade imposta pela troika no vai che-gar, porque vai, necessa-riamente, fabricar cada vez mais desemprego, desi-gualdades e misria. O Go-verno j pressentiu, julgo, a recesso inicial. Para qu, ento, apertar mais o cinto aos portugueses? Cumpra-mos o que a troika nos imps e no mais do que isso. A sada s pode vir, como sabemos, da UE. Se os seus dirigentes, tiveram a coragem de mudar de paradigma - como se im-pe - e forem capazes de salvar o euro-, investindo, criando mais emprego e mais desenvolvimento nos Estados-membros, a par da austeridade financeira es-tritamente necessria., aparentemente, fcil

    que a UE o possa conse-guir. Acabem com os pa-rasos fiscais e a chamada economia virtual; contro-lem os mercados especula-tivos; punam a corrupo; aceitem criar os Eurobon-ds; e, j agora, terminem com as agncias de rating privadas. O que nos levou crise de 2008 - de que ainda no samos - foi o negocismo sem freio. Os responsveis, com rarssi-mas excees, no foram punidos. Pior: alguns so talvez os mesmos que ar-rastam agora a UE para o caos.Se queremos subsistir,

    temos que mudar de para-digma, como props o Pre-sidente Obama em relao aos Estados Unidos. Mas necessrio que os verda-deiros europestas, de to-dos os Estados-membros, se unam nesse combate cvico e poltico essencial, pressionando os eurocratas de Bruxelas. Seno, no!

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    crnicA | opinio

    Joana Paz

    oPinio

    Apostar na juventudeVivemos numa poca de

    mudana de conceitos fi-nanceiros e econmicos que passa indirectamente por uma mudana tambm dos nossos valores. Os jo-vens de hoje esto a sentir essas mudanas mais do

    que ningum, esto a ter dificuldades para encontrar emprego que no seja pre-crio e muitos s se conse-guem sustentar a viver com os pais ou com a sua ajuda. E h alguns anos atrs no se concebia esta situao. O sistema desmoronou-se e a juventude est a pagar um preo demasiado alto.Sair do pas a opo

    com mais esperana mas muito difcil de enfrentar, pois levantam-se muitas questes tais como: Para onde vou? Onde vou mo-rar? Como vou pagar a minha primeira renda? Vou arranjar realmente um em-prego? A crise financeira instalou-se no mundo, mas

    h pases que oferecem mais oportunidades do que Portugal nas chamadas economias emergentes. E at estas j se esto a res-sentir. A emigrao , por isso, um salto de f que, na boca de muitos polticos, parece fcil. S que, no so eles nem os seus filhos que esto a arriscar e a dei-xar tudo para trs

    A preocupao est agora e apenas em cumprir com as nossas responsabilida-des financeiras e depois? Como iremos apostar no nosso crescimento econ-mico sem sangue novo na sociedade?Concordo com uma con-

    solidao oramental res-

    ponsvel e sustentvel. Mas, por favor, no ex-pulsem os jovens do seu pas e ofeream condies e oportunidades para um crescimento econmico. Se no for assim, os caminhos que estamos a tomar o de uma economia envelhecida e estagnada.Apesar das palavras pro-

    feridas pelo Dr. Passos Co-

    elho acerca da emigrao, vejo o seu esforo para atrair capitais estrangeiros para que o crescimento econmico no seja dema-siado asfixiado pela con-teno oramental. Mas isso no o suficiente.As novas reformas, no sis-

    tema laboral, iro ajudar na

    sade de muitas empresas existentes e, consequen-temente, dos seus colabo-radores que, por essa via, provavelmente, no iro enfrentar o desemprego. Mas onde se enquadra a criao de novas empresas de valor com novos em-pregos para os jovens que esto a sair para o mercado de trabalho?

    Compreendo que a con-juntura no fcil e que a no existncia de liquidez por parte do Estado faz com que estas questes sejam postas debaixo do tapete. Mas estas so ques-tes que temos que enfren-tar agora, pois quando a Troika sair e ficarmos de

    contas saldadas, onde vo estar os jovens? A que n-veis vai estar a nossa taxa de natalidade? E com que capital humano vamos crescer economicamente?A economia, por si, uma

    cincia social. Logo, no faz sentido reform-la sem ser para as pessoas.

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    O Semanal Portugusinformao em destaqueleA michelenacionalidade: norte-americanadata de nascimento: 29 de Agosto de 1986Profisso: Atriz e Cantora

    As 100 mulheresmais bonitas de 2011

  • O Semanal Portugus

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    Publicidade

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    nova gerao

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    O Semanal Portugus

    crnicAmulher sensuAl

    vidas activas

    como evitar discusses no seio do casal

    Os motivos que do ori-gem discusses entre ca-sais so muitos e, por ve-zes, nenhum! As situao de conflito onde eclodem comportamentos agressi-vos demonstram, acima de tudo, a existncia de um mau estar a dois. Se, por vezes, a troca de palavras amargas tem como temti-ca as dificuldades financei-ras, rapidamente esse deixa de ser motivo suficiente, passando a discutir-se ou-tras questes, a maior parte

    das vezes sem que o casal se aperceba realmente do que est a acontecer, real-a Margarida Vieitez.Porm, indiscutvel que

    alguns temas so propen-sos a desencadear o confli-to. Como estes* Dinheiro. Geralmente,

    palco de altercaes entre o casal. Como no somos todos iguais, h sempre um que gasta mais do que o outro. A situao agudiza-se em situaes de despe-sas extra ou quando um dos

    elementos do casal perde o emprego. Quando o seu companheiro apresenta j dificuldades em conter os impulsos agressivos, sur-gem as acusaes.* Trabalho. A no conju-

    gao dos horrios - seja porque ele acha que chega demasiado tarde a casa ou porque voc faz algum re-paro sobre a falta de dispo-nibilidade dele para estar consigo - suficiente para nascer uma acesa discus-so.

    * Cimes. Pode no gos-tar de alguns companhei-ros do seu marido e, ao demonstrar-lhe esse senti-mento, lev-lo a sentir-se controlado, pelo que este reage com violncia ver-bal. Ou ele pode sentir ci-mes do seu melhor amigo de infncia ou de um cole-ga de trabalho - se a auto-estima do seu companheiro for baixa, ter tendncia a adoptar posturas de agres-sividade que escondem in-segurana.

    * Filhos. Chegar a deci-ses relativamente a ques-tes relacionadas com os mais novos no fcil. por isso que se tornam alvo de discusses mais acalo-radas por parte do casal. E um homem que gosta que tudo seja feito sua ma-neira ter mais tendncia a vincar a sua opinio de forma excessivamente aca-lorada.

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    vidas activas

    Andar com um homem casado: peg-lo ou larg-lo?Esto os dois carentes, co-

    meam a conversar, saem para tomar um copo, e quando do por isso, j se apaixonaram. E agora? Fu-gir ou ficar?- Se mesmo o amor da

    sua vida, lute por ele sem culpas. Hoje em dia, j existem muitos casos de relaes que comearam assim... At porque, se a re-lao comeou, porque o casamento tambm no es-tava assim to saudvel.- Se a situao aconteceu

    apenas porque precisavam de companhia e no mais do que um caso para espai-

    recer, pense duas vezes.- Perceba se gosta mesmo

    dele e se a relao aconte-ceu por acaso, ou se: gosta da sensao de desviar algum; tem tendncia a escolher homens emocio-nalmente indisponveis; gosta de algum que depen-da de si para ser feliz; no quer uma relao completa; aprecia a adrenalina de uma relao clandestina.- No deixe a situao ar-

    rastar-se. A grande maioria dos homens casados, mes-mo quando o casamento altamente insatisfatrio, no se separam. Se vir que

    o tempo passa e que ele no toma nenhuma medida para resolver a situao, prova-velmente a situao j est resolvida.- No fique a outra para

    sempre: os anos vo pas-sando sem se dar por isso, e voc vai perdendo tempo precioso numa relao que, a longo prazo, no lhe dar nada muito slido. No se acomode: h um limite para viver no limbo, e andar sempre a esconder-se can-sativo. Por muito que lhe custe, se ele no se separa da mulher porque no est assim to interessado em fi-

    car consigo.- Desconfie de frases do

    tipo: estou em processo de separao, estas coisas levam tempo, ou a minha mulher muito frgil psi-cologicamente e no quero mago-la, d-me tempo para resolver a situao. D-lhe tempo, mas no lhe d todo o tempo do mundo.- Lembre-se: at que ele se

    decida a separar-se, voc livre. No se feche em casa por causa dele.- No o persiga. O que

    que ganha se andar atrs dele para ver a cara da mu-lher e o tamanho da casa e

    se ele sai hora que disse que ia sair?- Nunca julgue a mulher

    dele. Afinal, s conhece uma das verses da hist-ria.- No faa perguntas se

    no est preparada para ou-vir as respostas.- No pressione. Diga-lhe

    apenas com o que que ele conta. E se ele no cumprir, saia da relao.- Cuidado com o sentimen-

    to de culpa: o seu e o dele. Mesmo que ele se separe e mesmo que a relao ante-rior fosse de facto insusten-tvel, a maioria dos homens tem sentimentos de culpa muito fortes, e estes podem voltar-se contra si.- Se decidir acabar a re-

    lao, no tem de explicar nada. A razo bvia. Saia sem dramas e feche a porta atrs de si. Corte com ele. Corte tudo: relao, con-tactos, convivncia. Se ele realmente a ama, vir ter consigo sem a bagagem.- Mesmo que decidam fi-

    car juntos, lembre-se que apenas 5% das relaes com um homem casado do certo. Nem todos os homens que deixam uma mulher deixam duas, mas h um risco...- Lembre-se que a adre-

    nalina e a emoo de um affair vo desaparecer quando a relao for igual de toda a gente e passarem a ter contas de supermercado para partilhar. Est prepara-da para isso?- Como bvio, no en-

    gravide s para o manter...

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    PassatemPosOSemanal Portugus

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    Chevrolet Camaro smbolo do sonho americano

    lazer

    revistA: Autosport

    Depois de quatro gera-es o primeiro Camaro remonta a 1966 , um dos maiores smbolos dos mus-cle cars americanos vai

    estar disponvel no nosso pas por um preo a partir dos 93 500 euros (98 500

    euros na verso cabrio).Disponvel nas verses

    coup e cabriolet, ambas tm mais de 4,8 metros de comprimento e quase

    dois metros de largura, este Chevrolet daqueles carros que impressiona s

    pelo porte. Duas enormes portas, uma frente agres-siva que parece nunca mais acabar e uma traseira meio quadrada so mais

    que suficientes para dei-xar qualquer comum dos mortais rendido. De igual

    forma, tambm o interior com configurao de qua-tro lugares vale muito mais pelo ambiente desportivo do que propriamente pela qualidade. sobejamente conhecida

    a obsesso americana pe-las grandes cilindradas e muita potncia. Pois bem, o Camaro isso mesmo: motor V8 de 6.2 litros com 432 cv e um binrio de 569 N.m, acoplado a cai-xas manual ou automtica (neste caso com 406 cv) de seis velocidades no h diferena de preos entre ambas. Perante tanta gene-rosidade, no de admirar que a velocidade mxima seja de 250 km/h, limitada eletronicamente, e a acele-rao 0-100 km/h se cifre nos 5,2 segundos (mais 0,2

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    Chevrolet Camaro smbolo do sonho americano

    lazer

    revistA: Autosport

    FICHA tCNICAChevrolet Camaro

    Preo a partir de 80 000$

    Motor V86162 cm3injeo multiponto Potncia 432 cv (405 c/ caixa automtica)/5900 rpm Binrio 569 (556)N.m/4600 rpm transmisso traseira, manual ou automtica de 6 velocidades Peso 1769 kg Mala 384litros Depsito 72 litros Velocidade Mxima 250 km/h Acelerao 0-100 km/h 5,2 (5,4) seg. Consumo Mdio 14,1 (13,1) l/100 km emisses C02 329 (304) g/km

    s na verso automtica). A isto h ainda a acrescentar o excelente roncar do V8,

    digno das melhores or-questras.Agora, o que no deixa de

    ser curioso que, ao con-trrio do que seria de espe-rar, todos estes cavalos no

    so capazes de nos encos-tar ao banco no processo de acelerao, pelo me-

    nos quando equipado com caixa manual. A potncia e o binrio esto l, disso no h dvida, mas fazem questo de se revelarem de uma forma progressiva e suave.Tendo como base no mo-

    delo 2SS comercializado nos Estados Unidos, o Camaro europeu recebe algumas mordomias tc-nicas especficas para os mercados do Velho Conti-nente, das quais se desta-cam as novas suspenses com amortecimento mais firme de forma a aumentar a estabilidade nos trajetos sinuosos.

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    ArkhAm citY o melhor Jogo de super-heris

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    lazer

    ArkhAm citY o melhor Jogo de super-herisBatman: Arkham City

    o game de super-heri que

    voc sempre sonhou em jogar. Seguindo a frmula de sucesso de seu anteces-sor, Arkham Asylum, voc controla o homem morcego em uma aventura que diz muito sobre como expan-dir um universo to rico de

    forma perfeita.A histria de Arkham City

    inusitada. Aps explodir o presdio de segurana mxima asilo Arkham (e com ele, o Coringa), Bat-man v Gotham tomando uma deciso arriscada: isolar todos os detentos em um distrito. Para comandar a priso ao ar livre, o pre-

    feito chama o doutor Hugo Strange um dos poucos

    viles que conhece a ver-dadeira identidade secreta do Batman. S que Strange tem objetivos muito obscu-ros por trs do seu coman-do na cidade.A coisa comea a pio-

    rar quando Pinguin, Duas

    Caras, Coringa e muitos outros grandes viles do homem-morcego tambm chegam a Arkham City. Praticamente todos os ini-migos aparecem de alguma forma no jogo, seja numa ponta, como Croc, ou em misses alternativas, como Szazs.Bruce Wayne acaba indo

    parar em Arkham City e, de l, precisa descobrir que diabos est acontecen-do e impedir que os viles tenham sucesso em seus planos malucos. Principal-mente Hugo Strange.Nas ruas de Arkham City

    a violncia est a solta. Em todos os cantos existem criminosos, mas nem sem-pre ser preciso enfrent-los. Saltando de prdio em prdio, Batman tem a sua disposio uma enorme

    quantidade de gadgets para pegar os adversrios de surpresa e ter vantagem na pancadaria. O legal que ele j comea o jogo com todos os equipamentos conquistados em Arkham Asylum.

    Dessa vez, possvel brigar com grupos ainda maiores de inimigos ao mesmo tempo. Com uma mecnica muito simples de comandos, Batman faz

    movimentos incrveis sem necessitar muita percia no controle. Claro que, com o avano do jogo, voc precisar dominar alguns comandos mais complexos para ter vantagem. Mas a curva de aprendizado ajuda bastante a isso acontecer sem voc perceber.Se os combates do um

    show a parte, a explorao

    de Arkham City tambm. O cenrio est bem maior que o de Arkham Asylum e sem aquela sensao claus-trofbica. Os ambientes abertos oferecem novas oportunidades para explo-rar tanto os atributos de

    combate quanto de investi-gao do protagonista.Mesmo aps concluir a

    histria principal, Arkham City reserva muito conte-do. Para se ter uma ideia, a

    campanha representa apro-ximadamente 30% do total do jogo. Misses alterna-tivas, itens colecionveis, desafios em arenas de com-bates e charadas vo ocupar bastante do seu tempo caso voc queira fazer 100% no jogo. J avisamos: no ser uma tarefa fcil.Como bnus, ainda

    possvel controlar a Mulher

    Gato em alguns momen-tos do jogo. A bela Selina Kyle tem golpes rpidos e faz malabarismos dignos de uma atleta de ginstica olmpica profissional.Com uma jogabilidade

    extremamente prazerosa e

    um enredo que no vai sair da sua cabea to cedo, Batman: Arkham City o melhor jogo de super-heris que j jogamos e um dos melhores de toda

    essa gerao. As legendas em portugus do Brasil fi-caram timas e demarcam um novo patamar de qua-lidade em localizao de jogos. Quem jogar, no vai somente controlar o Bat-man, mas tambm agir e pensar como ele. Arkham City incrvel e merece es-tar na sua coleo o quanto antes.

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    O Semanal Portuguslazer

    cinmA - em destAQue

    Por alturas da estreia de Raiders of the Lost Ark, decorria o ano de 1981, al-guns crticos franceses no hesitaram em comparar a mtica personagem de Indiana Jones com a no menos mtica personagem de tintin. tanto o arque-logo do chapu e da barba de dois dias como o jovem jornalista de poupa le-vantada criado por Herg pareciam ter uma propen-so quase fatalista para a grande aventura. Ambos partilhavam o mesmo c-digo gentico. De intenes nobres e corao intrpi-do, tanto o Dr. Jones como o destemido tintin entre-gavam-se aventura com a maior das facilidades, facilmente afundando-se em tramas que nunca os favoreciam mas que con-seguiam despertar o que

    As Aventuras de tintin: o segredo de licorne

    de melhor havia neles. claro que o arquelogo sado da mente de Steven Spielberg e george Lucas atingiu nveis de popula-ridade bem mais elevados por esse mundo fora, no

    fosse o cinema uma arte muito mais popular do que a banda-desenhada (j

    para no falar da maior facilidade com que uma personagem americana se torna universal, quan-do comparada com uma franco-belga). De qual-quer forma, cada um sua

    maneira, Indiana Jones e tintin depressa reserva-ram o seu espao merecido

    no seio da cultura popular. Mas a verdade que este ltimo nunca se conseguiu impor verdadeiramente no mercado norte-americano (ainda hoje muitos ame-ricanos desconhecem as aventuras de tintin, razo pela qual este projecto ci-nematogrfico sempre foi considerado um projecto de risco moderado) e at Steven Spielberg s pas-sou a conhec-lo quando tomou conhecimento das tais comparaes com o seu Indiana Jones. Cla-ro que a partir do momen-to em que tratou de se fa-miliarizar com o jornalista mais famoso da banda-desenhada europeia, um mundo de novas oportu-nidades abriu-se na mente de Spielberg. Poder-se- falar de amor primeira vista. Com a chancela do

    prprio Herg, Spielberg no perdeu nem mais um segundo a adquirir os di-reitos de adaptao cine-matogrfica de Tintin. E 30 anos passados, com a tecnologia por que Spiel-berg esperava finalmente disponvel e a um nvel aceitvel, eis que the Ad-ventures of tintin ater-ra nos cinemas de todo o mundo para arrasar com tudo e todos.the Secret of the Unicorn

    foi o livro escolhido para esta primeira adaptao ci-nematogrfica. A narrativa apresenta-nos um tintin (Jamie Bell) descontrado e bem-disposto, cuja vida comea a andar para trs no preciso momento em que adquire o modelo de um navio antigo baptizado com o nome de the Uni-corn numa feira de anti-

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    cinmA - em destAQueAs Aventuras de tintin: o segredo de licorne

    guidades. Meros segundos aps a compra, Ivanovich Sakharine (Daniel Craig) aborda o ento desconhe-cido tintin, prestando-se a comprar-lhe o navio pelo dobro do preo. Mas o ra-paz recusa cordialmente a oferta e vira as costas ao homem de vestes excntri-cas. O seu destino fica sela-do com tal deciso. Ainda

    no decorrer desse dia, o apartamento de tintin vandalizado por rufias que procuravam um pergami-nho escondido no pequeno navio de madeira. Com a ajuda de Snowy (Mil, na verso portuguesa), tintin acaba por encontrar o tal pergaminho por debaixo de um mvel, pergaminho esse que contm um poema enigmtico e uma srie de smbolos deveras invulga-res. Perante isto, o jovem reprter depressa compre-ende que foi empurrado para uma trama perigosa e com muito que se lhe diga. Razo pela qual, incapaz de permanecer quieto no seu cantinho, decide come-ar a investigar o caso com o intuito de descobrir o que o the Unicorn tem de to especial. Determinado em desvendar os segredos do navio e da histria que este tem por detrs, tintin

    embarca assim numa via-gem pelos quatro cantos do mundo. Uma viagem cheia de perigos e muitas reviravoltas, que o levar a conhecer um capito dos mares com srios proble-mas de bebida chamado Haddock (Andy Serkis) e tambm a colaborar de bem perto com um par de inspectores que criam o

    caos por onde passam.Foram j feitas muitas

    comparaes com Indiana Jones ao longo dos anos, mas esta ser talvez aque-la que mais sentido faz. Isto porque se no papel Indy e tintin j apresenta-vam semelhanas, na tela de cinema quase que pa-recem duas faces da mes-ma moeda. inevitvel. Vemos the Adventures of tintin a desenrolar-se no grande ecr e sentimos a alma de Indiana Jo-nes por mais do que uma vez. O esprito enrgico e subtilmente cmico da aventura exactamente o mesmo, sendo justo dizer que este tintin de Steven Spielberg uma espcie de Dr. Jones animado. Claro que o estilo de filmagem de Spielberg e a banda-sonora sempre envolvente de John Williams ajudam a estabelecer tais compa-

    raes e sensaes de dj-vu. Com outro realizador e outra equipa tcnica atrs das cmaras, os pontos de contacto entre as duas personagens seriam assim to bvios? Provavelmen-te no. Mas o que certo que Spielberg e compa-nhia potenciam as quali-dades do mundo idealiza-do por Herg ao mximo dos mximos, criando aqui um universo cinematogr-fico to cativante quanto explosivo. the Adventu-res of tintin ainda pode ter chegado a causar algu-mas dvidas no que sua qualidade e competncia diz respeito. Mas depois de ver os resultados finais, difcil imaginar algum que saia desiludido ou ca-bisbaixo da sala de cine-ma. S mesmo quem no for f do universo tintin ou quem estiver espera de ver um filme de imagem real pode sair da sala com

    as expectativas defrauda-das. todos os outros decer-to ficaro encantados com um crescendo narrativo to bombstico e empol-gante, e personagens to genunas e reais que nem parece que so animadas. e isto porque the Adven-tures of Tintin o filme de grande aventura para toda a famlia que Spiel-berg tem tentado fazer desde Indiana Jones and

    the Last Cruzade e que Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull no conseguiu ser.A tcnica de performan-

    ce capture utilizada neste filme (e j usada em obras

    como Avatar, King Kong, A Christmas Ca-rol ou o pioneiro the Lord of the Rings) con-tinua a deixar algo a dese-jar. Ainda estamos muito longe de poder dizer que esta tcnica est pronta a substituir os filmes de ima-gem real, de tal forma que os actores de carne e osso mais conservadores podem desde j ficar descansados. Ainda assim, quando utili-zada num contexto de f-bula ou de aventura infan-til, a performance capture comea j a mostrar-se mi-nimamente competente e at mesmo prometedora. A Christmas Carol fun-cionou porque se trata-va de um conto mgico sobre o Natal. este the Adventures of tintin tambm funciona porque se trata de uma homena-gem banda-desenhada de Herg, sendo a nica forma de os produtores se manterem cem por cento fiis ao material original. J em filmes como Beo-wulf, porque no tm este contexto de homenagem a material de outras reas

    artsticas, a coisa no fun-ciona to bem. No filme aqui em questo, no entan-to, a performance capture faz mesmo todo o sentido porque seria impossvel obter um tintin ou um Ca-pito Haddock to fiis banda-desenhada (fsica e mesmo psicologicamente) se os produtores tivessem optado seguir o formato de imagem real. Spielberg e o produtor Peter Jackson saem portanto triunfantes deste projecto arriscado, apesar de ainda no saber-mos como os americanos iro reagir s aventuras do reprter belga mais famoso do mundo (nos EUA o filme s estrear em Dezembro). Demons-trando toda a sua geniali-dade, Spielberg aproveita mesmo esta abordagem animada para criar se-quncias de aco ver-dadeiramente deliciosas. Sequncias de aco sem cortes e detentoras de uma dinmica extraordinria, que levariam meses e me-ses de planeamento numa filmagem de imagem real (para no dizer que seriam simplesmente impossveis de filmar, pelo menos com os mesmos resultados to deslumbrantes e especta-culares). Comprovando que ainda est aqui para as curvas, o velho mestre do cinema-espectculo uti-liza a performance capture para pr em prtica todo o potencial do seu gnio criativo, escapando s fra-gilidades desta tecnologia para nos oferecer uma das obras mais dinmicas, em-polgantes e excitantes do ano. Um verdadeiro mimo para os fs de Herg; um compromisso obrigat-rio para os fs da Stima Arte.

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