revista "o oficial" - 1º trimestre de 2011

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Revista trimestral para Oficiais do Exército de Salvação - Circulação interna

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Page 1: Revista "O Oficial" - 1º Trimestre de 2011
Page 2: Revista "O Oficial" - 1º Trimestre de 2011

2 O Oficial 1º Trim/2011

Nesta edição

4 IndicaçãoAlto Conselho 2011

6 ArraialO Exército de Salvação vive a modernidaderespeitando a sua herança?

8 Cruz ou Cifrão?

10 Exército de Salvação ou Exército deEdificação?

12 TestamentoQuem procura acha

16 HerançaDe 1952 a 2010

18 BênçãoO pecado da era pós-cristã

20 Retratos da história

22 DebatePalavras de Esperança

24 É pra já!Muito além do trabalho!

26 Servo do mês

28 PerscrutandoEspiritualidade fora de foco

30 MotrizOrando objetivamente todos os dias

32 Decisões: Pedras ou pães

34 EntrelinhasO último Brigadeiro

38 Só rindo

Page 3: Revista "O Oficial" - 1º Trimestre de 2011

O Oficial 1º Trim/2011 3

Revista Trimestral para Oficiais

do Exército de Salvação

Fundador: William BoothGeneral: Shaw CliftonChefe Nacional: Comissário Oscar SánchezEditor-em-Chefe: Major Paulo Soares

Diagramação: Claudia M. Lopes

O Oficial 1º Trimestre de 2011 - Circulação Interna

Produção e impressão:

Quartel Nacional - Território do Brasil

Departamento de Publicações

Rua Juá, 264 - Bosque da Saúde04138-020 - São Paulo - SPTelefone: (11) 5591-7073E-mail: [email protected]

Editorial

Prezados Irmãos:

Este ano é o último da série de valoresda missão. Como vocês sabem, temosadotado cada um dos valores para ser otema do ano. Agora é a vez da esperança(“Compartilhando Jesus, a palavra viva,trabalhamos na esperança de reconcilia-ção das pessoas com Deus e com seusemelhante” – 2 Coríntios 5:17-18).

Não vai ser difícil encaixar este temana programação do Corpo ou UnidadeSocial, uma vez que todas as coisas quefazemos em nome de Jesus visam trazeresperança à humanidade, uma respostade amor à crueldade dos tempos nosquais vivemos.

Pensando nisso, esta edição da O Ofi-cial traz artigos que podem ajudar-nos arefletir sobre a liderança cristã na pers-pectiva da esperança. O ComissárioEliasen assina três artigos e, em um de-les, fala sobre a escassez financeira, de-safios que nós, Oficiais, precisamos en-

carar com a perspectiva de esperançanos recursos do Senhor.

Falando em recursos, o Soldado DirceuMotta, do Corpo de Cachoeira Paulistatraz um artigo defendendo nossa visãonão sacramentalista, uma verdadeiracoleção de textos bíblicos úteis para aju-dar-nos a responder aos que questionama legitimidade de nossa posição.

E eu gostaria que vocês não deixassemde ler a entrevista com a Brigadeiro Oli-veira, a última Oficial com este grau noBrasil. Ela conta sua trajetória e comen-ta suas impressões sobre o Exército deSalvação ontem e hoje.

Por tudo isso e muito mais, contido naspáginas a seguir, convido vocês a tomarum tempinho e ler esta edição, que vemabrir o ano da esperança com o desejode que o Autor da esperança, Jesus Cris-to, abençoe e renove a cada um.

Boa leitura!Paulo Soares - Major

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4 O Oficial 1º Trim/2011

Indicação

Escrevi este artigo alguns dias an-tes de o gabinete do Chefe do Es-tado Maior enviar a convocação

para os 109 Oficiais Seniores que são le-galmente elegíveis a participar e votar noAlto Conselho de janeiro de 2011. Quase

todo o Exército de Salvação está comen-tando sobre este ajuntamento histórico etransformando este assunto em tema deoração, rogando que a perfeita vontade deDeus seja feita através de todos os queparticipam deste evento. Muito obrigadopelas orações.

Os Oficiais convocados se reunirãoperto de Londres no histórico local cha-mado Sunbury Court, onde aconteceramtodos os outros Altos Conselhos anterio-res. Chegando no domingo dia 16/01, detodos os cantos da videira salvacionista,eles se encontrarão primeiramente comi-go em sessões plenárias dos dias 18 a20/01.

O Conselho Consultivo do General sereunirá para dar-me a oportunidade de

prestar contas de minha mordomia nosúltimos 5 anos à frente do escritório daliderança máxima do Exército de Salva-ção, como General. Vou, então, reforçaras políticas às quais o Alto Conselho deveestar consciente. O Conselho Consultivodo General oferecerá um amplo tempopara oração, troca de experiência e dis-cussão com os membros ponderando so-bre as Escrituras em pequenos grupossentindo as qualidades do coração unsdos outros.

Durante estes dias deixaremos tempopara os membros visitarem o Parlamen-to britânico, em Westminister, Londres,para uma recepção na Câmara dos Co-muns. O convite gracioso do porta voz éa confirmação da estima que tem oExército.

Na conclusão do Conselho Consultivodo General, que antecede a abertura for-mal do Alto Conselho, liderada pelo Che-fe do Estado Maior, eu e minha esposadeixamos o Sunbury Court e não iremos

Alto Conselho 2011

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O Oficial 1º Trim/2011 5

retornar até a confirmação da pessoaque será escolhida pelo Alto Conselhopara ser o próximo General.

Devemos apoiar o Alto Conselho emoração todo o tempo. Realmente, todo oExército estará orando à espera da pala-vra final sobre o escolhido para, então,oferecer calorosa afeição à pessoa quefor escolhida como próximo líder inter-nacional do Exército de Salvação.

Historicamente, cada General tem tra-zido ao Senhor tudo o que tem e tudo oque é. Continuamos precisando outro lí-der que desde há muito tenha rendidotudo a Deus e que esteja disposto a con-tinuar rendendo dia após dia tudo aoSenhor. Mesmo enquanto escrevo estaspalavras, meu coração está repleto degratidão porque Deus levantou entre SeuExército não apenas Generais, mas Sol-dados, Oficiais Locais, jovens, Cadetes eOficiais de todos os graus, todos submis-sos à vontade divina. Dirigir um Exércitoassim é um privilégio inigualável.

O Alto Conselho 2011 sem dúvida seráhistórico por várias razões. Sabermosque serão 109 membros, o que significaser o maior número de delegados até aqui.

Sabemos também que este santo ajunta-mento, pela primeira vez na história, terámais mulheres participando do que ho-mens, como resultado de uma recentemudança na constituição legal, feitadeliberadamente para que haja justiça aogrupo de líderes femininas que eram ex-cluídas da membresia do Conselho.

Possa Deus abençoar ricamente o AltoConselho 2011. Que a vontade do Senhorseja feita. Obrigado por participarem des-te momento através de intercessão em ora-ção. Por favor continuem participando doerguimento de preces a Deus pelo Oficialque será eleito para liderar anós todos no futuro.

Shaw Clifton

General

Nota do Editor:

Como todos sabem, a ComissáriaLinda Bond foi eleita pelo Alto Conse-lho a nova Generala do Exército deSalvação. A Reunião de Boas Vindasdela será dia 17 de abril em Londres.

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6 O Oficial 1º Trim/2011

Exército de Salvação e moderni-dade. Para muitos, é difícil con-ciliar as duas expressões na

mesma frase. De um modo geral, porqueas pessoas associam a palavra Exércitocom estruturas rígidas e ultrapassadas,nada a ver com modernidade. No entan-to , podemos refletir , o que é afinalmodernidade e o que significa viver amodernidade com respeito pela herançahistórica? Será que existe algum equilí-brio entre estes dois aspectos?

Em primeiro lugar, importa clarificar seo fato de sermos um “Exército” interfereou não nesta questão. Embora a palavraem si evoque a tal “estrutura e rigidez”,também é verdade que são as instituiçõesque conseguem manter a sua estrutura,década após década, que permanecem.Vejamos o próprio exército militar: é a suaestrutura, na verdade, que nos permite ternele confiança e vê-lo como uma institui-ção que, mesmo com períodos mais con-turbados, permanece na nossa “classifi-cação” como estável. Assim, a nossa es-trutura não deve ser motivo para nos dei-xar no passado, mas sim uma oportuni-dade de beneficiarmos dela e das suasvantagens como forma de coesão.

Com esse pressuposto, poderíamos, er-roneamente, deduzir que a nossa pergun-ta estava respondida. Porém, precisamosfazer uma análise bem mais profundapara podermos responder (ou tentar).

A herança salvacionista é um fator es-sencial da nossa identidade, por isso, nãopode ser descartada levianamente. Ago-ra, o que é que é herança e o que são con-ceitos pré-estabelecidos como herança?Como podemos distinguir os dois? Numaanálise breve e pouco profunda da Histó-ria do Exército de Salvação, vemos que abase da herança se resume em duas ca-tegorias: valores e símbolos/característi-

O Exército de Salvação vivea modernidade respeitandoa sua herança?

Arraial

Alguns de nós

definiram modernidade

com base em todas as

novas ‘modas’... outros...

agarraram-se de tal

forma a ‘herança’ que

deixaram de se

contextualizar...

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O Oficial 1º Trim/2011 7

cas. Como valores, a paixão pelas almasdestaca-se; a ousadia no evangelismo tam-bém; o ministério feminino, do qual so-mos praticamente pioneiros; a preocupa-ção integral não pode ser excluída e pen-so que o compromisso com a santidadetambém não. Embora a lista possa sermais extensa, estes são alguns dos valoresessenciais que resumem a nossa heran-ça. Como símbolos/características, temosa bandeira, o uniforme, o uso da música,os escudos, etc... O conjuntos destes valo-res e símbolos/características, formamuma base que é a nossa herança.

Definido o que, em linhas gerais, fazparte da nossa herança, compete-nosagora deixar de fugir ao cerne da ques-tão: o Exército da Salvação vive amodernidade respeitando esta herança?É verdadeiramente difícil dar uma res-posta justa e abrangente. Na minha opi-nião, ainda lutamos bastante para o fa-zer de forma equilibrada. Alguns de nósdefiniram modernidade com base emtodas as novas “modas” e eclesiologiascrescentes, e com isto abandonaram par-te da herança e perderam a sua identida-de salvacionista; outros, talvez pelo medode cair neste extremo, agarraram de talforma a “herança” que deixaram de secontextualizar e, consequentemente, dechegar às pessoas do séc. XXI. Onde estáo equilíbrio?

A nossa tendência é pensar nos pon-tos negativos mas, de certa forma, o pró-prio Exército de Salvação já deu passosem frente nesta busca: o uniforme écontextualizado em várias culturas, asOficiais podem usar calças para muitasdas atividades, o uso de roupa mais prá-tica em certos contextos também é per-

mitido... Depois, em casos mais particu-lares, vemos que vários salvacionistastambém perceberam estas necessida-des e trabalharam com os dois aspectoslado a lado: herança e modernidade. No-vos arranjos de músicas do cancioneirosurgem, adaptadas à musicalidade mo-derna, juntando banda e grupo de lou-vor... trazendo ritmos de samba... noutroslugares com batuques africanos... noutrosainda com um toque “pop”. As própriasbandas, embora mantendo as bonitasmúsicas mais clássicas no reportório,tocam agora novos arranjos, diferentes,que mostram que, ao contrário do quemuitos pensavam, ainda não está na horade fazer-lhes o “funeral”. Os grupos decoreografia dançam hip-hop, street dan-ce... como forma de evangelismo. Tudo istotem sido feito mantendo a identidadesalvacionista.

Agora, como já mencionei, é algo geral?Não. Podemos dizer que, em qualquer lu-gar, isto está a acontecer? Infelizmente,não. Pior, não é algo que se possa “encai-xar” na cabeça de todos os salvacionistas:sim, é possível viver a modernidade res-peitando a nossa herança! Só poderemosfazer e viver isso quando deixarmos de ladoos nossos preconceitos e as nossas “vacassagradas”, que tantas vezes nos impedemde olhar ao redor e sentir qual a necessi-dade do povo, tal como William e CatherineBooth fizeram. Somente quando estiver-mos dispostos a viver plenamente o espí-rito salvacionista de “quebrar barreiras”poderemos, contextualizadamente, fazernossas as palavras do Fundador: “Eu luta-rei, eu lutarei até ao fim!”.

Marta Governo - Cadete

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8 O Oficial 1º Trim/2011

Atradição diz que que antes deuma batalha, o Imperador ro-mano Constantino (Século IV),

viu nos céus uma cruz luminosa com ainscrição: “Neste sinal vencerás”. Depoisdisso, ele mandou levar sempre à frentedo seu exército umestandarte em

forma de cruz”.Lamentavelmen-

te, o que verifica-mos nestes dias éque o sinal da“cruz” tem sidotrocado pelo “ci-frão”. Muitos movi-mentos ditos evan-gélicos, mudam osvalores, “mercade-jando a palavra deDeus” (2 Coríntios2: 17). Felizmente, esse não é o caso emnosso querido Exército, mas o problema éoutro: No Brasil, temos ofuscado a visãoda promessa de Ageu 2: 8 e Lucas 15:31 “Tan-to a prata quanto , me pertencem” e “tudoo que tenho é seu” – dessa forma paralisa-mos o andamento da obra com o argumen-to negativo e destruidor de que “Não hádinheiro”.

Em 1993, ao voltarmos ao Território, de-pois de uma década de ausência pornomeações no exterior, minha esposa eeu nos deparamos com essa nuvem ne-gra de miséria repetitiva e pessimista –uma gravação de uma nota só, que mata

qualquer iniciati-va para a manu-tenção e o avançodo trabalho.

Amiúde rece-bemos pedidosde oração em fa-vor da situação fi-nanceira do Terri-tório. Atendemostal solicitaçãocom pontualida-de, não obstante,chega o momentoquando sentimos,

seriamente, que a oração precisa sercomplementada por ação! Ouvi de umCapitão de navio que no meio de uma ter-rível tempestade em alto mar, decidiupessoalmente tomar a direção do barco.Os outros tripulantes, marinheiros e pas-sageiros, sabendo ser ele uma pessoa deoração, aproximaram-se perguntando:“Capitão, o Sr. não vai orar para que Deus

Arraial

Cruz ou Cifrão?“Que eu jamais me glorie, a não ser na cruz de nossoSenhor Jesus Cristo” (Gálatas 6: 14)

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O Oficial 1º Trim/2011 9

nos salva nesta hora de perigo?”. Ao queele respondeu: “Senhores, é verdade, pre-cisamos de muita oração, mas nestemomento, a oração tem que ser acompa-nhada de re-ação estratégica e respon-sável!”.

Desde os primórdios em 1922, nuncaestivemos nadando em dinheiro, mas aprovisão divina do “pão nosso de cadadia” (Mateus 6: 11), nunca falhou; porém ofinanciamento deve ser levantado e bus-cado, com árduo trabalho, iniciativa ecriatividade, quer seja pelos dízimos dossalvacionistas, campanhas e esforçosespeciais, e generosas doações dos ami-gos. Se os velhos métodos já não são maisviáveis, novos devem ser descobertos e ex-plorados, envolvendo os camaradas, cominformação, transparência e prestaçãode contas. Existem grandes diferençassociais entre os brasileiros, mas, inter-nacionalmente, o país caminha para seruma das grandes potências econômicasno mundo.

O que aprendemos no Colégio de Cade-tes em relação ao financiamento da obra,está completamente esquecido. Devemose podemos viver pela fé, porém o cum-primento da vocação exige que atuemoscom os pés no chão, elaborando orçamen-tos com base no princípio nobre do auto-financiamento. Esse é um compromissode honra! Sob o sinal da “cruz vencemos,mas oprimidos pelo sinal do “cifrão”, fra-cassamos. Se bem que enquantoestamos neste mundo, não podemos des-ligar as atividades da vida do “cifrão” ...Mesmo o Senhor Jesus, durante o Seuministério terrestre, teve, entre os Seusdiscípulos, um que tinha a seu cargo “abolsa” (João 12: 6).

Nossa mão deve estar estendida para“salvar almas, edificar os santos e servira humanidade sofredora”!; nunca paramendigar constante ajuda da Divisão oudo Quartel (nacional ou internacional).Graças a Deus pelas ajudas provenientesde “Projetos” vindos do exterior e outrosTerritórios! Precisamos deles, todavia, otrabalho, até onde possível, deve ser fi-nanciado localmente. Isto vale para todasas nomeações, quer seja no campo debatalha, Aproses ou administração.

O tio Patinhas, com os seus óculos delentes encobertas pelo “cifrão”, não servepara ser Oficial do Exército de Salvação.Nós, junto com Constatino de antanho,com visão clara, sob o símbolo da cruzvenceremos: “Um povo santo, engajado namissão, que trabalha em unidade e deforma apaixonada como agente de trans-formação na sociedade brasileira” – emnome de Jesus!

Vidas santas, que trabalhemSOB O SÍMBOLO DA CRUZ.Que à humanidade levemA mensagem de Jesus.Vidas nobres, abnegadas,Inflamadas com poder,Que alegres se dediquemÀ observância do dever.(cântco 238 segunda estrofe)

Portanto, meus caros colegas, vamosarregaçar as mangas e de uma vez portodas, positivamente, tirar do nosso vo-cabulário a frase “Não há dinheiro” – OCOPO NÃO ESTÁ MEIO VAZIO, ELEESTÁ MEIO CHEIO – ALELUIA!

Comissário Carl S. Eliasen

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10 O Oficial 1º Trim/2011

Recentemente numa Reu-nião de Soldados no Cor-po do Bosque (28/11/10), a

Oficial Dirigente pediu que todos ospresentes fizessem uma análise dasatividades do Corpo em relação ànossa Declaração Nacional de Mis-são: “O Exército de Salvação existepara SALVAR almas, EDIFICAR ossantos, e SERVIR a humanidade so-fredora ...”; dando pontos de avalia-ção sobre esses três aspectos.

Foi interessante e elucidativo cons-tar o número pequeno dado a SAL-VAR almas, em comparação com oresultado elevado classificado como

EDIFICAR os santos. Sendo assim, nomeu íntimo pensei: tal vez devería-mos mudar o nome para EXÉRCITODE EDIFICAÇÃO.

Que pena! Perante a realidade dosfatos, que encontramos entre nós, ofio da espada da SALVAÇÃO temperdido o seu corte. Ambos os dois pri-meiros propósitos na Declaração de Mis-são, são importantes e se complementam,mas não podemos edificar os santos semantes ter pecadores salvos.

É inspirador ouvir e saber que o lequeamplo do trabalho feito nos variados as-

pectos da obra nos Corpo e nas Unida-des da Aproses, têm a ênfase daSantificação – doutrina fundamental emnosso currículo: “Santificai-vos, porqueamanhã o Senhor fará maravilhas no meiode vós!” (Josué 3: 5). A edificação comamadurecimento espiritual, crescimen-

Exército de Salvação ouExército de Edificação?

Arraial

a

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O Oficial 1º Trim/2011 11

Agendato na fé, e reprodução da experiên-cia cristã vitoriosa, é indispensávelna Igreja, contribuindo plena e efici-entemente para a prática do terceiropropósito na Declaração de Missão:“SERVIR a humanidade sofredora!.

Louvamos a Deus por tudo o queestá acontecendo, mas não podemosesquecer que tudo começa com o“novo nascimento” (João 3: 3) Sem oBanco de Penitentes com pecadoresbuscando a Salvação, nossa Igrejamorrerá: “O Exército de Salvação deveestar na vanguarda da lâmina cor-tante do evangelismo, do contrário,seria melhor que terminássemos deexistir como Igreja ou organização”(William Booth).

Na infância, sentado nas carteirasda escola primaria, muitas vezesouvi a professora dizer “A ordem dosfatores não altera o produto”. Isso éverdade não somente na matemáti-ca, mas em muitos setores da vida(1+3+5 = 9; 5+1+3=9; 3+5+1 = 9, etc.);porém, não é o caso da vida espiri-tual, quando a SALVAÇÃO de almasdeve sempre preceder a EDIFICAÇÃOdos santos, se é que queremos alcan-çar o resultado desejado. Isso nãoquer dizer que uma coisa seja maisimportante do que a outra, tudo fazparte da equação: EFÉSIOS 4: 12 – 16!

É por causa disto que Deus, noséculo 19, suscitou o Exército de SAL-VAÇÃO, e ainda hoje, no século 21, omantém no mundo!

Comissário Carl S. Eliasen

Divisão RS

21-24/04 Acampamento de Música

14/05 Seminário para Oficiais Locais da

fronteira em Quarai

21/05 Seminário para Oficiais Locais do Li-

toral em Pelotas

26-30/05 Visita do Líder Nacional e Inspeção

na Divisão

14-15/06 Conselho para Oficiais

Divisão SP

06/04 Conselho para Oficiais

22/04 Reunião Unida

21-22/05 Acampamento Feminino

04/06 Encontro Vocações

Divisão NE

11-13/04 Conselho para Oficiais

13-15/05 Acampamento Feminino

Divisão RJ/MG/CO

17/05 Dia da Noruega (Banda Divisional)

27-29/05 Acampamento Feminino

11/06 Dia do Quilo (Méier)

17/06 2º Conselho para Oficiais

Em todo o território

17/04 Domingo de Ramos

21/04 Tiradentes

22/04 Paixão

24/04 Páscoa

01/05 Dia do Trabalho / Dia do Salvacionista

08/05 Dia das Mães

18/05 Dia Nacional de Combate à Explora-

ção Sexual

03-05/06 Mutirão de Oração em favor das

Crianças e Adolescentes em

Situação de Risco

05/06 Domingo de Renovação JS

12/06 Domingo de Pentecoste

23/06 Corpus Christi

26/06 2º Domingo de Decisão

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12 O Oficial 1º Trim/2011

Depois de ter conhecido o Exér-cito de Salvação e ter aceito ochamado de Deus para congre-

gar ali, fui então comunicar o Pastor daminha igreja Pentecostal sobre o fato. Fuitratado com desdém e, embora não en-tendesse as razões deste tratamento na-quela hora, logo comecei a entender. Meus

colegas de curso teológico então come-çaram a vir a mim e interrogar o porquêda mudança. Acusavam: “O Exército não

tem batismo!” “O Exército não tem SantaCeia!” “O Exército é seita!”

Frente a isso, pensando no meu cora-ção; se o exército é seita, realmente eunão fico, aí, fiz o que todos devem fazer,ou seja, fui à palavra de Deus procurarrespostas.

Cansei de ouvir: “Está escrito, quemcrer e for batizado será salvo”

Assim, tem que ser batizado, é o quetodos os colegas de cursos ou não, dizi-am. Isso me incomodava muito. Eu pen-sava comigo mesmo: Por que umversículo acrescenta “e for batizado serásalvo”, quando centenas dizem, “quemcrer será salvo”. Por exemplo:

Evangelho de João, cap.3, v. 14, 15: “As-sim como Moisés levantou a serpente no

Quem procura acha

Testamento

Este artigo foi enviado pelo SS DirceuMotta, do Corpo de Cachoeira Paulista- SP. Esta é a primeira parte da defesade nossa posição não sacramental.

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O Oficial 1º Trim/2011 13

deserto, da mesma forma importa que oFilho do homem seja levantado, para quetodo aquele que nele crê, tenha a vida eter-na.”

Versículo 36 do mesmo capítulo: “Todoaquele que crê no Filho tem a vida eter-na”

Assim, centenas de versículos refor-çam, “quem crê é salvo,” enquanto queapenas um acrescenta , “e for batizado,será salvo”

Cheguei então às respostas Bíblicas, ea uma defesa da fé cristã.

Uma apologia derrubando os

argumentos

Primeiro argumento

Quanto ao texto “quem crer e forbatizado será salvo”, tomei conhecimentoatravés de um catálogo, que a editora vidatinha disponível o livro “Como a Bíbliachegou até nos”, e logo adquiri.Pesquisando, de repente cheguei à parteque os autores registravam:“o evangelhode Marcos termina no versículo 8, do ca-pítulo 16. O resto foi acrescentado, e exis-te ainda outro término.”

Quando descobri isso, fiquei abisma-do. Então, o versículo mais usado paraacusar minha igreja de seita, é um textoapócrifo? Assim, descobri que esse tex-to não serve para tal acusação. Acho in-crível que os teólogos das outras igrejasnão saibam disso e fiquem com umapostura imprópria dessa. Bom, assim,uma argumentação supostamente bíbli-ca, é descartada. Não se podem fazerdoutrinas com esses versículos. Nós,logicamente e teologicamente, devemosficar e defender a tese de que os manus-critos mais antigos é que devem ser utili-

zados como a Bíblia autêntica. Hoje algu-mas Bíblias trazem no seu rodapé essainformação.

Segundo argumento

“Jesus foi batizado para servir exem-plo, para que todos sejam batizados”.Onde está escrito isso?

Jesus ao chegar para ser batizado porJoão Batista apenas disse: “Deixa poragora, pois assim convém cumprir todajustiça” Será que é desse texto que tira-ram a idéia de que Jesus foi batizado paraservir de exemplo? Se for, é bastanteambíguo. Fora esse, não conheço outroversículo que possa ser utilizado comobase, para reforçar o argumento de que“Jesus foi batizado como exemplo paraque todos sejam batizados”.

Terceiro argumento

No ato do batismo vemos aquela expres-são: “No instante em que a pessoa éimersa na água, ela está morrendo parao mundo, quando a mesma é levantada,ela está renascendo para Deus.”

...centenas de versículosreforçam, “quem crê ésalvo,” enquanto que

apenas um acrescenta, “e for batizado, será

salvo”Cheguei então às

respostas Bíblicas, e auma defesa da fé cristã.

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14 O Oficial 1º Trim/2011

Esta argumentação, parece uma pará-frase do versículo de Romanos capítulo6, versículo 4, que diz:

“Fomos, pois, sepultados com ele namorte pelo batismo; para que, como Cris-to foi ressuscitado dentre os mortos paraglória do Pai, assim também andemosnós em novidade de vida.”

Assim, esse versículo é usado comoum tipo de confirmação para justifica-ção do batismo nas águas.

Porém, esse versículo pode ser retira-do de todo o seu contexto que vai doversículo 1 ao 11? Segundo a teologia, po-demos retirar um versículo do seu con-texto e fazer uma doutrina?

Vejamos então o foco e visão de Pauloquando escrevia o Livro de Romanos, nocapítulo 6, dos versículos 1 ao 11.

É preciso transcrevê-los aqui paramaior compreensão.

Romanos cap.6, versículos 1 a 11: “Quediremos, pois? Permaneceremos no pe-cado, para que seja a graça mais abun-dante? De modo nenhum! Como vivere-mos ainda no pecado, nós os que paraele morremos? Ou, porventura, ignoraisque todos nós que fomos batizados emCristo Jesus fomos batizados na suamorte? Fomos, pois, sepultados com elena morte pelo batismo; para que, comoCristo foi ressuscitado dentre os mortospela glória do Pai, assim também ande-mos nós em novidade de vida. Porque, sefomos unidos com ele na semelhança dasua morte, certamente, o seremos tam-bém na semelhança da sua ressurrei-ção, sabendo isto: que foi crucificado comele o nosso velho homem, para que o cor-po do pecado seja destruído, e não sirva-mos o pecado como escravos.; porquanto

quem morreu está justificado do peca-do. Ora, se já moremos com Cristo, cre-mos que também com ele viveremos, sa-bedores de que, havendo Cristo ressus-citado dentre os mortos, já não morre; amorte já não tem domínio sobre ele. Pois,quanto a ter morrido, ele uma vez parasempre morreu para o pecado; mas,quanto a viver, vive para Deus. Assim tam-bém vós considerai-vos mortos para opecado, mas vivos para Deus, em CristoJesus.”

Observando esse texto verificamos queo foco de Paulo é a Cruz. Ele pergunta:Ignorais que todos nós que fomosbatizados em Cristo Jesus fomosbatizados na sua morte? Isso nos leva aoque escreve Lucas em seu evangelho nocapítulo 12, versículo 50, onde o mesmoregistra que Jesus diz: “Tenho, porém, umbatismo com o qual hei de ser batizado,e quanto me angustio até que o mesmose realize!”

Pergunto, de que batismo Jesus estáfalando? É do batismo nas águas?Logicamente que não, visto que Ele jáhavia sido batizado nas águas. Está fa-lando de Seu martírio na cruz pelosnossos pecados.

O profeta Isaías já havia registrado: “Ocastigo que nos traz a paz, estava sobreEle”. Parafraseando: “O sofrimento quenos traz perdão dos nossos pecados e avida eterna estava sobre Ele.” Vemos en-tão que o próprio Senhor Jesus denomi-na Seu sofrimento e morte na cruz debatismo em Sua morte.

Marcos também registra em seu evan-gelho no capítulo 10, versículos 38, 39: “Podeisvós beber o cálice que eu bebo ou recebero batismo com que eu sou batizado? Dis-

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O Oficial 1º Trim/2011 15

seram-lhe: Podemos. Tornou-lhes Jesus:Bebereis o cálice que eu bebo e recebereiso batismo com eu sou batizado”.

Do que Jesus está falando aqui?Logicamente que não é do batismo deJoão Batista. Esse é um texto paralelo (te-ologicamente falando) que confirma oregistro de Lucas 12,50.

Retornando ao livro de Romanos cap.6vers. 1 a 11, vemos então que Paulo estásimplesmente focando a Cruz, lugar demorte de Jesus, mas lugar de nossa re-denção. Para mim está claro que algunspregadores usam o versículo 4, do capí-tulo 6: (Fomos, pois, sepultados com elena morte pelo batismo; para que comoCristo foi ressuscitado dentre os mortospela glória do Pai, assim também ande-mos nós em novidade de vida.) tendo emmente o batismo de João Batista. O sim-ples fato de o mesmo se expressar “namorte pelo batismo” leva muitos a pen-sarem que o mesmo está falando dobatismo nas águas de João Batista. Po-rém, todo o contexto registra que nós osque cremos, morremos com Cristo.

Vejamos os versículos abaixo de roma-nos 6, 5 a 8:

“Porque, se fomos unidos com ele nasemelhança da sua morte, certamente, oseremos também na semelhança da suaressurreição, sabendo isto: que foi cruci-ficado com ele o nosso velho homem, paraque o corpo do pecado seja destruído, enão sirvamos o pecado como escravos;porquanto quem morreu está justifica-do do pecado. Ora, se já morremos comCristo, cremos que também com ele vi-veremos.”

Vejamos o texto paralelo de Colossenses3:3:

“Morrestes, e a vossa vida está ocultacom Cristo em Deus”.

Assim, fica claro para mim que todosnós os que cremos, somos batizados namorte de Cristo.

Para reforço teológico, temos a BíbliaEdição Contemporânea de Almeida quetraduz assim o versículo 4, do capítulo 6de Romanos:

“De sorte que fomos sepultados comele pelo batismo na morte, para que,como Cristo ressurgiu dentre os mortos,pela glória do Pai, assim andemos nóstambém em novidade de vida.”

Glórias a Deus, uma tradução que seencaixa totalmente em todo o contextoregistrado por Paulo, no capítulo 6,versículos 1 a 11.

Não há dúvidas, hoje eu como soldadode Cristo, no Exército de Salvação, soubatizado em Cristo, na Sua morte. ComPaulo posso dizer: “Estou crucificadocom Cristo, e já não vivo, mas Cristo viveem mim”. Pergunto: Não temos batismo?

(Continua na próxima edição)

SS Dirceu MottaCorpo de Cachoeira Paulista - SP

Vemos então que opróprio Senhor Jesus

denomina Seusofrimento e morte nacruz de batismo em

Sua morte.

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16 O Oficial 1º Trim/2011

Por ocasião do Natal passado, atelevisão mostrou bela imagemda Igreja da Penha, no Rio de Ja-

neiro; e a Internet (27 de dezembro de 2010)anunciou “Igreja da Penha volta a recebermuitos fiéis”, acrescentando o seguintecomentário: “Depois da pacificação doComplexo do Alemão e da Penha, a famo-sa e tradicional Igreja da Penha está re-cuperando seus fiéis. Antes com o medo

de ir à igreja que servia de esconderijopara traficantes, a igreja recebia poucaspessoas; agora, voltou a atrair cariocas eturistas, recebendo inclusive a missa denatal com 5 mil fiéis, enquanto o ano pas-sado, antes da pacificação, recebeu 200pessoas. A cidade re-cuperou mais umponto turístico,um bom pas-seio para to-dos”.

Portanto, uma imagem que para mui-tos trouxe alívio, alegria, libertação, paze esperança! depois de anos de terror ecrime pela violência e ameaça do podere tráfego das drogas.

Para mim era uma linda imagem desaudade, já que foi justamente nesse bair-ro da cidade maravilhosa onde estava aminha primeira nomeação como Oficialsalvacionista, em 9 de Julho de 1952. Che-guei depois do meu curso no Colégio deCadetes - Oficial Dirigente da Igreja queficava num salão alugado, na RuaBelisário Pena 1225.

Ao sairmos do Colégio de Cadetes,rumo às nossa nomeações, um dos pro-fessores, nos aconselhou para que che-gando ao local, procurássemos o pontomais elevado da área a fim de fazer umaoração, em busca da ajuda e orientaçãode Deus para enfrentar o desafio quenos fora dado ... Isso não foi difícil no

De 1952 a 2010

Herança

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O Oficial 1º Trim/2011 17

meu caso, pois lá estava o penhasco de70 metros de altura com a tradicionalIgreja Católica da Penha. Subi os 382 de-graus em direção ao lindo templo eabriu-se uma panorama maravilhoso dobairro e da cidade que alcança até àbaia da Guanabara (incluindo as favelasque formam o Complexo do Alemão).

Fiz 100% do que sugerira o professor.Extasiado pela visão revelada, orei porforças divinas para cumprir a tarefa quetinha pela frente e por coragem estraté-gica para cuidar e estender a obra. Aminha estadia no Corpo de Penha durouum ano e sete meses, período no qualrealizaram-se muitos cultos para adultos,jovens e crianças; reuniões ao ar livre eextensiva visitação pastoral em nome doSenhor Jesus.

Por anos, o trabalho tinha sido lideradode forma exitosa pelo Enviado ManoelCavalcante de Azevedo, ardoroso e valen-te salvacionista, natural de Alagoas. Aobra sofreu com o seu falecimento e al-guns desentendimentos, pelo que a mi-nha tarefa consistia em pacificação deânimos e reagrupamento do rebanho.Com a bênção do alto, conseguimos umacongregação regular de 25 adultos e mui-tas crianças ...

O Corpo fechou mais tarde, como con-seqüência de um assassinato de um jo-vem Candidato – lamentavelmente umprenúncio da violência que eventualmen-te tomaria conta de toda a região. Toda-via, a promessa segura das Escriturasgarante que: “O homem não prevalecepela força” (1 Samuel 2: 9). Jesus disse:“Edificarei a minha igreja, e as portas doinferno não prevalecerão contra ela”

(Mateus 16:18)!Por isso, a igreja da Penha, edificada

sobre a rocha, independente de diferen-ças doutrinárias, para mim, é um sím-bolo de saudade, um testemunho de ado-ração e da fidelidade de Deus!

Da Igreja, o fundamentoÉ Cristo, o Salvador;Em Seu poder descansaE é forte em Seu amor.Em Cristo bem firmada,Segura sempre estáE sobre a Rocha eternaJamais se abalará.(Samuel John Stone)

Comissário Carl S. Eliasen

..uma imagem quepara muitos trouxe

alívio, alegria,libertação, paz e

esperança! depois deanos de terror e

crime pela violênciae ameaça do poder

e tráfego dasdrogas.

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18 O Oficial 1º Trim/2011

Num desses dias, alguém me

perguntou como se deve pro-ceder quando em pecado. Res-

pondi o óbvio: arrepender-se. A pessoacontestou dizendo que o pecador tam-bém é vítima e precisa ser entendidocomo tal.

Essa me parece ser a discussão dosdias correntes: pecador ou vítima?

A Bíblia reconhece que qualquer pes-soa pode ser vítima do pecado de al-

guém ou mesmo da conjuntura social,ou da estrutura politico-econômico-so-cial, porém, não entendo que isso possajustificar qualquer ato pecaminoso. Paraa Bíblia todo ser humano é sujeito da ena história, principalmente, de sua his-tória. Todos são pessoalmente responsá-veis, ainda que possa haver atenuantesou agravantes.

Para a Escritura Sagrada o que se pededo pecador é que se arrependa, isto é,que assuma o seu erro e a sua responsa-bilidade. Arrepender-se é aceitar a puni-ção da lei. Um pecador arrependido éaquele que admite merecer a punição quea Lei de Deus prescreve para ele. Que,em última instância, é a morte: “A almaque pecar, morrerá.” Ez 18.4 .

O Novo Testamento, entretanto, nos en-sina que todo o pecador que se arrepen-

O pecadoda erapós-cristã

Bênção

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O Oficial 1º Trim/2011 19

der, isto é, todo o que admitir e confessaro seu pecado será por Deus perdoado,como ensina o apóstolo João em 1 Jo 1.9 .E, por ser perdoado por Deus, deve serperdoado pelo ser humano a quem ofen-deu. Entretanto, o pecador não tem comoexigir ser perdoado. O pecador pede per-dão, mas, não o exige; pelo simples fatode que perdão não é um direito do peca-dor é uma benesse do ofendido. Porqueperdão é graça.

É verdade que o cristão não tem comonão perdoar. Mt 6.12 . Contudo, essa éuma questão entre a vítima e Deus.Além disso, o pecador não tem o direitode reclamar do sofrimento de que foiacometido como consequência de seusatos - no relacionamento ofensor e ofen-dido (isso não justifica o ofendido, casosua reação seja pecaminosa). É a lei dasemeadura: “Semeia-se vento, colhe-setempestade.” Os 8.7 . E é preciso que sediga que, por pior que seja o sofrimentoque o pecado venha a provocar sobre opecador, ainda é menor do que o Infernoao qual ele fez jus.

Todo o que confessa o seu pecado seráperdoado e restaurado por Deus. 1 Jo 1.9 .Porém, confessar é assumir a responsa-bilidade e admitir a justiça da puniçãopelo que fez. Ainda que a punição nãovirá pelo fato de já ter sido sofrida porCristo.

Nesta época tal reflexão está se tor-nando impensável: porque vivemos numaera de vítimas. Hoje, não importa o erroque a pessoa cometa, ela é sempre víti-ma: seja da sociedade, seja da história,seja da economia, seja da política, sejadas instituições, seja da família. Nin-guém é culpado. Logo, como alguém dis-

se: é uma época em que ninguém assu-me a responsabilidade, nem adia praze-res e nem se presta a sacrifícios.

Essa época é pós-cristã não porquenão se fale mais de Deus, pelo contrário,provavelmente, poucas vezes na históriase falou tanto de Deus, mas, porque nãose fala e nem mais se admite a realidadedo pecado. Esta é uma era onde não hámais pecadores, só há enfermos. É o augedo humanismo: o pressuposto de que oser humano é intrinsecamente bom ven-ceu; e, ora, gente intrinsecamente boa nãopeca, adoece. E doentes são vítimas.

O que ainda não se percebeu nestapresente era é que doentes não podemser perdoados. Só pecadores podem serperdoados. Logo, só pecadores podem serrestaurados; só pecadores podem ser tor-nados puros de toda a injustiça que co-meteram. O que será dos que estão pron-tos para assumir que estão enfermos,mas, jamais que são pecadores? A pro-babilidade maior é a de continuar pecan-do cada vez mais e pior, contraindo, aísim, uma doença para a qual não há cura:a voracidade de ser aceito de qualquerjeito, por julgar ter o direito de ser de jeitoqualquer. Essa enfermidade coloca apessoa à deriva dos mais grotescos ape-tites, tornando-a escrava dos instintos,que se tornarão cada vez maisirresistíveis. É a escravidão do pecado.Jo 8.34 . E disso só se escapa quando,finalmente, a todos os pulmões o peca-dor confessa: “Minha culpa, minha cul-pa, minha máxima culpa”.

Ariovaldo RamosFonte: www.irmaos.com

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Retratos da históriaRetratos da história

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Fotos: Cortesia do Centro de Herança Salvacionista

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Lendo um comentário do pastorRicardo Gondim , no qual elecompartilha em uma rede social

sua visão sobre a soberania de Deus emrelação ao que aconteceu no Japão recen-temente (terremoto e tsunami) , pude per-ceber que há um conformismo em redu-zir Deus ao gosto humano, à inteligênciahumana, à conveniência da mente fecha-da, diminuta e incapaz do ser depravadoque foi criado na riqueza da companhiado Pai e preferiu chafurdar na lama dosporcos.

Tentar explicar Deus, dizendo que nãoconsegue entender como um Deus que Sediz amoroso consegue permitir estas ca-tástrofes e que, portanto, Ele não é Sobe-rano sobre tudo o que acontece no univer-so, pois senão deveria deixar de ser amoro-so, é reduzir o Alto, o Sublime, que habitana eternidade, o qual tem o nome de Santo(Is. 57) a algo menos do que realmente Ele é.

É fácil sermos seduzidos pelos gran-des triunfos dos heróis da fé, esquecen-do que para cada triunfo houve uma duraluta, uma rendição em lágrimas, umquebrantamento doloroso e um “esmurrardo próprio eu”, como diria o apóstolo. Osofrimento, o luto, a dor e o choque sãoexpressões de nossa humanidade diante

do que não podemos explicar, entenderou elaborar. Estas coisas são parte daexistência caída, do mundo perdido, dogemido que a natureza exprime aguar-dando a redenção.

Deus nunca prometeu que, por sermoscriados à Sua imagem, seríamosintocáveis.

Somos o barro esculpido e moldadopela hábil mão do Todo-poderoso, masnossa alma, esta veio diretamente da par-te dEle, como um sopro. Jesus certa vezao comentar com Seus discípulos asagruras que os aguardavam, faloudiretamente: “Não tenham medo daque-les que matam o corpo, mas não podemmatar a alma. Porém tenham medo deDeus, que pode destruir no inferno tan-to a alma como o corpo.” (Mateus 10:28).Sim, nosso corpo faz parte dos “elemen-tos que se desfarão abrasados”, confor-me declara o apóstolo Pedro, porque ocorpo que irá ressurgir já não será omesmo que nos deu tantas dores e dis-sabores nesta existência.

É ridículo como até pastores renomadostem, ultimamente, conspirado contra o quea Palavra de Deus afirma, simplesmentepara passarem-se por bonzinhos aos olhosda sociedade decaída. Tragédias como a

Palavras deEsperança

Debate

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O Oficial 1º Trim/2011 23

do Japão, da índia em 2004, do Haiti etantas outras que temos presenciados ul-timamente, só servem para nos mostrarque somos frágeis e dependemos de Deuspara nossa eternidade, porque as coisasdeste mundo são efêmeras.

Tentar diminuir Deus para justificar nos-sa indignação é fazer pouco da inteligên-cia das pessoas que estão tateando no es-curo à busca da saída para as trevas emque vivem. Elas sabem que há luz, mas gos-tam das trevas. Sem aviso, serão ceifadassuas vidas e passarão a eternidade nas tre-vas que tanto amaram em vida.

Nossa mensagem de esperança começaneste mundo, mas não se restringe a ele.Nossas palavras de esperança atravessama dor, o sofrimento, o caos e elevam o olharhumano condenado à morte em todos ossentidos para o Autor e consumador da fé,que é capaz de enxugar todas as lágrimase nos restaurar à glória que foi planejadapara nós desde o princípio.

Este é o papel da Igreja, o papel doproclamador, do que anuncia, com pésformosos, “o Teu Deus reina”! Porque, afi-nal, se Deus não reinar, não for Sobera-no, Dono do universo, então aí estamosencrencados! Ele é fiel, declara a Bíblia,Suas obras são perfeitas e Seus cami-nhos são juízo.

Ele é o dono da esperança e, quando fala-mos em esperar, falamos na essência denossa pregação: Fé. Davi declara no Salmo40 “Esperei confiantemente no Senhor e Elese inclinou para mim e me ouviu quandoclamei por socorro...” Esta é a atitude quetodo o ser humano deveria tomar para nãotemer os furacões, tsunamis, terremotos,deslizamentos ou a morte súbita, os latrocí-nios, a violência... Estas coisas podem ma-

tar o corpo (que irá morrer cedo ou tarde),mas não necessariamente matarão a alma.Estes eventos nos lembram que o fim estámais próximo do que imaginamos e diantede tamanhas tragédias, é melhor calarmosdo que falarmos bobagens como a que falouo renomado pastor. Esperamos novos céus,nova terra, onde os tesouros não podem sersaqueados e onde nossos investimentos nãosão abalados pelas forças da natureza.

Fiquei impressionado ao ler a respeitodas medidas que o mundo salvacionistatomou depois da tragédia no Japão. Len-do um dos reportes internacionais, acheium texto falando sobre os Salvacionistasno Haiti (que recentemente tiveram seupaís devastado por um terremoto e mi-lhares de pessoas perderam suas vidasnaquela ocasião). Em meio às ruínas, ten-tando reconstruir suas vidas, eles certa-mente não poderiam ajudar financeira-mente ou com alimentos ao povo japonês.Mas se puseram a orar. Para os olhoshumanos, a atitude dos haitianos é nula,mas a esperança em forma de clamorfeito por um povo ferido ao Deus que con-sola, que conforta e que fala aos cora-ções entristecidos, é uma lição de amordifícil de descrever em palavras. Quemtinha tudo para estar frustrado contraDeus, encomenda os que estão sofrendolá no distante Japão aos cuidados desteDeus zeloso em Quem a esperança dopovo haitiano jamais foi frustrada. Dopouco que podiam dar, deram a únicacoisa que tem efeito eterno.

Que nós, povo de Deus, jamais esque-çamos de nossa sublime missão ao mun-do perdido. Levar a esperança, o Caminho,a Verdade e a Vida em palavras e ações.

Paulo Soares – Major

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24 O Oficial 1º Trim/2011

Um pastor amigo me disse quealgumas semanas antes, umsurfista havia se convertido

em sua igreja. Na saída do culto o surfis-ta disse ao pastor: “Jesus mudou minhavida radicalmente!” “-Como?” perguntouo pastor... “-Eu estou até pensando em tra-balhar!” respondeu o surfis-ta!

O impacto de Jesusem nossas vidas deve iralém das quatro pare-des da igreja , bemcomo deve ir além donosso trabalho. Jesusdisse “Não traba-lhem pelo comi-da que se estra-ga , mas pelacomida quepermanecepara a vidaeterna” (João6:27). Em ou-tras palavras ,nosso trabalhodeve ser para nósuma fonte de

nosso Sustento

(comida que se estraga) e também umafonte de Significado da nossa vida (co-mida que permanece).

Jesus tinha muito claro em Sua menteo propósito do Seu ministério. Ele disse:“A minha comida é fazer a vontade da-quele que me enviou e concluir a sua

obra.” (João 4:34).Na verdade, esta também é nossacomida, nossa responsabilidade, fa-zer a vontade de Deus e concluir otrabalho que Ele nos deu para reali-zar, dentro e fora da igreja.

E por falar em comida, Jesus secompara à comida mais comum e

popular em todo o mundo, o pão.Ele declarou: “Eu sou pão da

v i d a . Aquele que vema mim nuncaterá fome;aquele que crê

em mim nuncaterá sede” (João

6:37).Em outras pala-

vras, o nosso negó-cio é padaria. Nos-

so trabalho é fazercom que as pessoas de

Muito além dotrabalho!

É pra já!

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O Oficial 1º Trim/2011 25

nosso convívio, que estão com fome ecom sede, que estão mortas espiritual-mente, provem a Jesus, que é o Pão daVida, o único que as pode alimentar edar vida abundante aqui na terra e acerteza de uma vida eterna com Deus!

E por falar em pão, infelizmente, amaioria dos crentes enxergam o traba-lho, única e exclusivamente como seu“ganha pão”, e não como “compartilhapão” que é uma oportunidade de influ-enciar vidas com as boas novas do evan-gelho e expandir o Reino de Deus.

Há algum tempo atrás, um jovem cha-mado Johnny, que tinha síndrome deDown, trabalhava em um supermercadoensacando compras. Após participar emum treinamento sobre atendimento aosclientes, Johnny ficou intrigado com apergunta: “O que eu posso fazer paravalorizar e melhor servir os meus clien-te?” Ele foi para casa e teve uma idéia.Procurou na Internet algumas frasesmotivacionais, e as imprimiu, cortando-as em tiras, e assinou seu nome no verso.No dia seguinte, ao terminar de ensacaras compras de um cliente, Johnny tiroudo seu bolso uma tirinha de papel comuma frase impressa e assinada, e colo-cou na última sacola de cada cliente di-zendo: “Muito obrigado por comprarconosco. Tenha um ótimo dia!” Ele come-çou a fazer isso diariamente com todosos clientes.

Algumas semanas depois, a gerentedo supermercado observou que a filade um dos caixas estava totalmentecongestionada. Imediatamente, elaabriu outros caixas, porém ninguémsaiu da longa fila. Então, a gerente foiconversar com os clientes e ouviu as

seguintes respostas de todos: “Nósqueremos ser atendidos pelo Johnny!”“Deixei de comprar em outro supermer-cado para receber a frase do dia doJohnny!” “Eu só compro nos horáriosque o Johnny está trabalhando!” Encur-tando a história, o movimento e ofaturamento da loja aumentou, e os cli-entes se sentiram amados e valoriza-dos, porque um simples “ensacador decompras” fez a diferença no seu traba-lho!

Meu desejo é que Deus desperte acriatividade e a ousadia de milhões de“Johnnys” cristãos no Brasil que traba-lhem, não somente para ganharem o seusustento, mas para agregarem um signi-ficado especial às suas vidas que fruti-ficará, permanecerá e irá muito além dotrabalho!

Um abraço e muito sucesso!

Mario Kaschel SimõesPastor da Igreja Ágape de Atibaia/SP

[email protected]

No mês de fevereiro, o Major PauloFranke, brasileiro servindo na Finlân-dia, recebeu a insígnia por 40 anosde serviço das mãos do CoamissárioCarl Lydholm (que estava em visita)

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26 O Oficial 1º Trim/2011

Acredito que você já teve a opor-tunidade de ver em algumas

empresas um quadro desta-cando o “funcionário do mês”. Aquele fun-cionário que se destaca na empresa pe-los seus serviços prestados à mesma. Es-sas empresas acreditam que é uma for-ma de motivar tanto o funcionário em des-taque como também aqueles que não se“destacam tanto”, mas que, se forem fru-tíferos, poderão ter o seu rosto (e seu sor-riso) estampados no quadro da empresa.

Agora, imagine um quadro desses nasnossas igrejas, com a diferença que nãodestacaríamos o funcionário do mês, mas

o “servo do mês”. Aquela pessoa exem-plar, que está pronta para exercer o seuministério, que têm muitas habilidades(canta, toca, dirige reunião, prega, conser-ta, etc). Talvez seria um bom meio de es-tímulo estipular um quadro desses nasnossas igrejas ou instituições para as-sim motivar o pessoal.

Agora, o que Jesus pensa disso? Eleconcordaria com essa idéia? O livro deMarcos registra um fato no qual Pedro eTiago queriam ser esses “servos do mês”;(Mc 10: 35-45) Evidentemente, eles tinhamum conceito errado do significado de serservo. Para eles, o servo era o mais im-portante, influente e poderoso. Assim

queriam sentir-se quando pediram a

Jesus que um ficasse à Sua direita eoutro à Sua esquerda. Esses “servos” es-tavam desejando uma posição de desta-que.

Outra situação desagradável que Jesusteve que lidar foi a auto-estima elevadademais de João e Tiago. Depois que Jesusexplicou sobre a Sua missão (Sua morte eressurreição), percebe-se que eles nãoentenderam nada. Achavam que poderi-am beber do mesmo cálice que Jesus enão tinham idéia do significado de estarà direita e esquerda de Jesus. O “servo domês” acha que pode fazer todas as coisase que pode ser perfeito; além disso, achaque ninguém desempenharia sua função

Servo do mês

É pra já!

Todo aquele que impõea sua autoridade em vez

de conquistá-la dosoutros, sempre gerará

revolta, mesmo queessa revolta seja

silenciosa. Ninguém éforçado a nos ‘engolir’.

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O Oficial 1º Trim/2011 27

melhor que ele. Pessoas com auto-estimaalta demais são orgulhosas e, em algumassituações, invejosas, quando percebem quealguém pode ser mais competente numafunção que ela mesma.

O “servo do mês” quer sempre estar nopoder; quer sempre exercer autoridadesobre outros, mas descarta a idéia de es-tar submetido a alguém. Era exatamenteisso que João e Tiago queriam ao fazeraquele pedido a Jesus. Nas passagensanteriores, Jesus vem ensinando que osúltimos serão primeiros e primeiros serãoúltimos. Porém os discípulos continuamsem entender nada! Para piorar as coisas,o desejo de poder desses discípulos geraum clima de desconforto entre o grupo.Todo aquele que impõe a sua autoridadeem vez de conquistá-la dos outros, sem-pre gerará revolta, mesmo que essa revoltaseja silenciosa. Ninguém é forçado a nos“engolir”. Se queremos exercer autoridadesobre outros, devemos conquistá-la. Aquestão é como isso deve ser feito.

Jesus explica a Sua missão: não veiopara ser servido, mas para servir e darSua vida em resgate por muitos. Ao ex-plica isso, Jesus consegue apaziguar oclima de competição que estava surgin-do entre os discípulos. Isso é fato: quan-do há serviço, não há competição; quan-do há entrega ao outro, há a chance deganhar as pessoas.

O mundo está organizado com basenas relações de poder. Os reality-showsmostram que, para vencer, é necessáriocompetir e eliminar o outro. O que Je-sus ensina é completamente o opostodesse modelo. Para ser grande, é neces-sário ser servo. O “servo do mês” pode seruma realidade sim, desde que entenda-

mos o que de fato é servir. É doar-se; éconquistar autoridade os invés de impô-la; é usar os dons que Deus nos deu emfavor ao próximo. Como disse Jesus: ser-vir ao invés de ser servido. Parece estra-nho, mas o mundo quer imitar o modelode Jesus. A questão é que o mundo pre-cisa ver esse modelo aplicado na Igreja ever que serviço é mais eficaz que com-petição para promover uma sociedademelhor. Como parte da Igreja, precisa-mos despertar para essa realidade, colo-cando o modelo de Jesus em prática, semprecisar ter num quadro de anúncios o“servo do mês”.

Jeferson D’ávila – TenenteOficial Dirigente - Corpo de Bangu

Pedidos de Oração

• Major Joel Benitez - Está bem,

na medida do possível, mas sem-

pre que faz um pouco mais de es-

forço, volta a ter dores na perna.

• Capitã Goretti Pacheco - Ain-

da não foi possível realizar a ci-

rurgia para a retirada do anel do

estômago e a Capitã está um tanto

apreensiva. Pre-

cisamos interce-

der para que o

plano cubra o

custo de um

aparelho que

precisará ser

utilizado no pro-

c e d i m e n t o .

Além disso, ela necessita passar

por mais duas cirurgias.

Page 28: Revista "O Oficial" - 1º Trimestre de 2011

28 O Oficial 1º Trim/2011

O texto de Lucas 9:28-45 relata aexperiência de Jesus subindoo Monte da Transfiguração a

fim de orar. Levou consigo Pedro, Tiago eJoão enquanto os outros discípulos fica-ram no sopé do monte. Tanto os discípu-los que subiram o monte com Jesus quan-to os que ficaram no vale não oraram. Os

que subiram entregaram-se ao sono e osque ficaram no vale travaram uma infru-tífera discussão com os escribas. Desseepisódio extraímos dois tipos deespiritualidade, ambas fora de foco.

1. A espiritualidade do monte, oêxtase sem entendimento.

Pedro, Tiago e João subiram o monte

com Jesus, mas eles não oraram como

Jesus nem com Jesus. Ao contrário, eles

dormiram. Eles viram milagres extraor-

dinários: Moisés e Elias glorificados, Je-

sus transfigurado em glória, uma nuvem

luminosa e uma voz divina reafirmando

a filiação de Jesus. Eles pisaram o terre-

no do sobrenatural, mas estavam despro-

vidos de entendimento. Ao mesmo tempo

Espiritualidadefora de foco

Perscrutando

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O Oficial 1º Trim/2011 29

que viam coisas maravilhosas, suas men-tes estavam vazias de discernimento.Eles não discerniram a centralidade dapessoa de Jesus. Não discerniram acentralidade da missão de Jesus. Nãodiscerniram a centralidade da missãodeles mesmos. A ausência de oração rou-bou-lhes o discernimento e essa falta dediscernimento os levou a ficar com medode Deus, em vez de se deleitarem emDeus.

Há muitos que ainda hoje buscam ascoisas sobrenaturais, mas estão sem per-cepção espiritual. Correm atrás de mila-gres, mas não discernem as verdadesessenciais da fé cristã. Experimentamêxtases arrebatadores, mas não compre-endem nem mesmo os fundamentos docristianismo. Essa é uma espiritualidadefora de foco, deficiente, trôpega, que pro-duz sono e não intimidade com Deus.

2. A espiritualidade do vale, adiscussão sem poder.

Os nove discípulos que ficaram no sopédo monte também não oraram. Ao con-trário, eles se envolveram numa discus-são com os escribas (Mc. 9:14). Nesse ín-terim, um pai aflito, com um filhoendemoninhado roga a esses discípulospara socorrer seu filho, mas os discípu-los não puderam. Eles estavam desprovi-dos de poder. A espiritualidade deles eraa espiritualidade da discussão sem po-der. Em vez de orar e jejuar, eles discuti-ram. Em vez de fazer a obra de Deus, elesdiscutiram acerca da obra. Em vez demanterem-se fiéis à sua vocação, perde-ram o foco do ministério numa vã dis-cussão com os opositores de Jesus. En-quanto aqueles discípulos estavam dis-

cutindo, o diabo estava agindo. Porque nãooraram nem jejuaram estavam vazios depoder e porque estavam vazios de podernão puderam expelir a casta de demôniosque atormentava o filho único daquelepai aflito.

Ainda hoje corremos o risco de perdero foco do nosso ministério. Deus noschamou para O buscarmos com todasas forças da nossa alma. Oração prece-de ação. Nossa maior prioridade não éfazer a obra de Deus, mas ter intimidadecom o Deus da obra. Muitas vezes deixa-mos de orar e de trabalhar porqueestamos envolvidos em discussões inter-mináveis e infrutíferas. Discutimos muitoe trabalhamos pouco. Fazemos muitobarulho com nossas palavras, mas pro-duzimos pouco com as nossas mãos. Seo êxtase sem entendimento é umaespiritualidade fora de foco, de igualmodo, a discussão sem poder o é.

Concluímos dizendo que Jesus é o nos-so modelo. Ele demonstrou três atitudesque corrigem o foco da espiritualidade.Sua espiritualidade foi evidenciada pororação, obediência e poder. Porque orou,Seu rosto foi transfigurado. Porque orou,desceu do monte determinado a cumpriro propósito do Pai, indo para a cruz comoum rei caminha para a coroação. Porqueorou estava cheio de poder para libertaro jovem possesso. É tempo derealinharmos nossa vida espiritual pelofoco de Jesus!

Hernandes Dias LopesPastor da Igreja Presbiteriana

em Vitória/ESRevista “Igreja” - Ano 5 /Nº 31

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30 O Oficial 1º Trim/2011

Em 1999 um grande amigo meu

teve um diagnóstico de câncer.Meu pensamento imediato foi o

de que deveria orar por ele objetivamente,com propósito e cada dia. Mas outraspessoas e situações que me levaram ainterceder todos os dias e então eu pre-parei algo como uma lista, Fui ao Bancode Penitentes para dedicar minha vida e,principalmente, a dos meus amigos e tam-bém outras pessoas.

Minha lista agora tem mais de 200 no-mes. Alguns deles sabem que eu estouorando por suas vidas. Outros nem fa-zem idéia. Cada noite eu levo seus nomes

diante do Senhor e tento visualizá-loscomo num retrato falado mental, o qualintercalo com leituras e, ao final, digo: “Pai,em Sua misericórdia, ouça minha ora-ção e abençoe estas pessoas”, pois afi-nal Ele conhece as necessidades delesmelhor do que eu.Deixe-me falar sobre alguns detalhes

da lista:No topo da lista está escrito: “Lugares

onde o Exército está trabalhando”. Ne-nhum nome de pessoas está relaciona-do, mas, sim, cada zona – de acordo como

o Year Book – é mencionada, uma para

cada dia da semana. Então começam osnomes e eu coloco pessoas como os Lí-deres Internacionais e Territoriais doExército de Salvação, depois o PrimeiroMinistro da Inglaterra, o Arcebispo deCanterbury, o Oficial Dirigente e o Auxi-liar do Corpo onde sou Soldado.

Orando objetivamentetodos os dias

Motriz

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O Oficial 1º Trim/2011 31

Então vem as pessoas com várias ne-cessidades. São aqueles do Corpo queestão em idade avançada e não podemmais vir às Reuniões, alguns tem proble-mas de saúde, mal de Alzheimer, depres-são... E há os que já faleceram e estavamna lista há um ano ou mais(eu oro pelassuas famílias). Também tem os membrosde minha família, alguns com necessi-dades específicas(caso do meu sobrinhoque sofre de esclerose múltipla há uns20 anos). Tenho colocado na lista Cade-tes e jovens Oficiais.

Depois estão na lista os que eu chamode “pequeno grupo do mal”, que são as-sassinos, terroristas e outros. Por eles euoro “para que eles encontrem Seu Filhocomo Salvador antes que O tenham deencarar como Juiz”. Entre estes estavaHarold Shipman – Você lembra dele? Erao médico que sistematicamente matavaseus pacientes idosos, aparentementeporque achava que tinha poder sobre avida e a morte deles(deixe-me dizer queeu chorei em meu íntimo quando enco-mendei a alma dele à misericórdia deDeus depois de ele ter se suicidado).

Na lista também estão instituiçõescomo o Hospital Mildmay, SaintChristopher, o Colégio Internacional paraOficiais(ICO) e o Centro Internacional paraDesenvolvimento da Vida Espiritual.Depois estão inclusas as vítimas de en-chentes, incêndios, terremotos e outrascatástrofes naturais mundo afora.

Alguns anos depois de 1999, quando ini-ciou esta lista, um amigo meu que haviasido nomeado Chefe Territorial de umpaís que estava enfrentando sérios pro-blemas escreveu perguntando se eu po-deria prometer orar por eles diariamen-

te. Eu prontamente aceitei. Ele ainda estáem minha lista, mesmo depois de suaaposentadoria, pois agora ele tem proble-mas de saúde.

Mais ou menos nesta época também,um colega do Quartel Internacional (comquem eu trabalhava) foi diagnosticadocomo tendo câncer. Prometi orar por elediariamente – e ainda estou orando. Eu oencontrei uns três anos e meio atrás e eleme disse: “Os médicos me disseram queeu teria mais 5 anos de vida. Treze anosmais tarde eu ainda estou aqui!” E, amenos que ele tenha partido recentemen-te para o Paraíso, ele ainda está na lista.

Certa vez, após a chegada de um novoOficial para o Corpo, fui solicitado a leralgo na Reunião da manhã. Tinha de seralgo de minha escolha, mas sobre a pes-soa e obra do Espírito Santo, que era oassunto da Reunião. Escolhi três textoscurtos que são meus favoritos. Um foi ode Catherine Baird, que usa a figura dovento do Espírito, convidando-O a“varrer[com Seu sopro] minha vida”. Eela finaliza dizendo: “Tens um fardo deamor para eu levar”.

Enquanto eu lia este texto durante aReunião, percebi que isto é justamente oque tem acontecido a mim. Deus veio amim com “um fardo de amor”. É um far-do que espero carregar por muito, muitotempo! Eu, às vezes, falo às pessoas queenquanto estou orando por pessoas ousituações, eu levo um “santo cutucão” parafazer algo a respeito do assunto. Umcutucão desses, não dá para ignorar, eutenho de agir.

Peter CookeUpper Norwood - Londres

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32 O Oficial 1º Trim/2011

Nas férias, li um artigo muito in-teressante intitulado “bread orstone” (pão ou pedra). O que

mais me chamou a atenção foi o modo

como o autor lidou com o tema “tomada

de decisões”. Utilizando a figura do pãoe da pedra, ele trabalhou duas idéias bási-cas. A primeira é a de que a grande maio-ria dos líderes gosta de tomar decisões dotipo “pão” (aquelas que “alimentam” ogrupo gerando contentamento e que sãode fácil digestão). Liderados gostam des-se tipo de decisão e chegam a aplaudirseus líderes quando estes a tomam. Es-

ses líderes se esquecem, porém, de ondevem o pão: da farinha! Decisões dessetipo, em geral, não servem para construir-mos grandes ações no Reino. Apesar deagradar a maioria, a curto prazo, acabamse tornando ineficientes e prejudiciais aogrupo.

Por outro lado, existem decisões do tipo“pedra” (são aquelas “duras de engolir” eque “não servem de travesseiro”). A grandemaioria dos liderados detesta quando olíder toma uma decisão assim e, em geral,reclama, tentando transformar a “pedra”em “pão”. Dizem que o líder é “duro de-mais” ou então que não tem “jogo de cin-tura”. A questão é que com pedras pode-mos construir alicerces que no futurodarão segurança e estabilidade a nossosinvestimentos no Reino de Deus.

Sempre esbarraremos em “pedras epães”. Precisamos de sabedoria para nãonos deixarmos influenciar por nossosexpectadores e darmos o pão na horaerrada ou oferecermos a pedra quandoos alicerces já estão construídos. E éaqui que entra o discernimento. Sem ele

Decisões:pedrasou pães

Motriz

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O Oficial 1º Trim/2011 33

temos de tudo para errar, mas com ele oacerto já é garantido. Na prática, odiscernimento seria a arte de dar pão epedra de acordo com as necessidadesdo Reino. Como descobrir isso? Precisa-mos de intimidade com Deus para ouvir-mos a voz do Espírito Santo mas tam-bém de avaliação honesta, crítica e pro-funda sobre a situação. Não podemos serdirigidos por comentários infundados,opiniões que não expressam a realidadeou então provocações de nossacarnalidade. Com discernimento, pode-remos agir motivados pelo que é certo enão pelo que é simpático; pelo que é pro-veitoso para o Reino e não proveitoso paraum pequeno grupo de pessoas; pelo queé melhor a longo prazo e não apenas me-lhor para um momento.

Pensando neste tema, lembrei das pa-lavras de Jesus “não só de pão viverá ohomem...” e “sobre essa pedra edificareiminha Igreja”. É mais fácil carregar e dis-tribuir pães do que pedras. E aí mora operigo: fazermos o mais fácil. Quem querproduzir pão precisa primeiro construirsua padaria, e aí entra a figura da pedraque dá a solidez para construção e podeser utilizada até mesmo para erguer asparedes. Nossas decisões devempriorizar a solidez e o correto. Se os pãespuderem ser utilizados depois, então, quenós os distribuamos. Alimentar o lidera-do não é o bastante: precisamos dar-lheuma base sólida para que ele tenha ondese abrigar nas tempestades da vida.

Que descubramos como carregar edistribuir pedras para a edificação. E que

após isso tenhamos a alegria de entregarmuitos pães, quentinhos e saborosos, que,com certeza, gerarão satisfação a todos.

REFLEXÃO

1. Você está diante de decisões dotipo “pedra e pão”?

2. Com discernimento, qual é a deci-são ideal para esse momento?

3. Sua liderança tem sido marcadapela solidez ou apenas pela sim-patia?

4. Você tem construindo um minis-tério sólido, mesmo quando algu-mas decisões desagradam seus li-derados?

5. Você é guiado pelo discernimentoou pelos apelos emocionais de umgrande ou pequeno grupo?

6. Deus tem te dado pedras ou pãespara a distribuição?

Só um lembrete: pedra não é espinho.É possível entregar pedras sem ferir nin-guém. Por outro lado, pão, depois de al-gum tempo, pode se tornar duro comouma pedra.

Que Deus nos dê sabedoria nas deci-sões.

Guilherme Ávilla GimenezFonte: www.institutojetro.com/Artigos/

reflexao/decisoes_pedras_ou_paes.html

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Num final de tarde de feve-reiro, eu e a Débora tive-

mos a grata satisfação de conver-sar com o último Oficial brasilei-ro com o grau de Brigadeiro. Tra-ta-se da Brigadeiro Erondina Soa-res de Oliveira, gaúcha de Bagé,nascida em abril de 1920. Aos 91anos, muito lúcida, ela esbanjoubom humor ao contar cenas desua vida e seu ministério ao ladodo Brigadeiro Otacílio Oliveira,com quem foi casada por 58 anosaté ele ser Promovido à Glória. Ocasal teve 6 filhos, 12 netos e 9 bis-netos. Trechos desta conversa ani-mada estão a seguir para nos ins-pirar e fazer pensar no testemu-nho de fé e coragem dados porDeus a esta serva fiel que insisteem dizer que não foi chamada e,sim, convocada para o oficialato.

O Oficial - Como foi suaconversão?

Brigadeiro - Eu me converti no natal de1936 em Rio Grande – no mesmo dia emque vim da cidade de Bagé de onde sounatural. Minha tia morava nos fundos doExército de Salvação e, no dia que cheguei,

Entrelinhas

O último Brigadeiro

ouvi uma música que ouvira há algum tem-po na igreja de minha patroa , lá em Bagé.Eu era muito católica, havia sido criada porminhas tias depois que perdi meus paisainda bem pequena. Era “agarrada na saiada freira”. Mas eu trabalhara em uma casacuja patroa era da igreja pentecostal. Lá euouvira muitas músicas que nunca esqueciPedi, então ao meu primo que me levasseàquela igrejinha(o Exército tinha um peque-no salão de madeira naquela época). Meuprimo gostou da idéia porque estava tro-cando olhares com uma menina de lá. Apa-rentemente estavam ensaiando para a fes-ta de Natal e, ao me verem olhando pelajanela, me convidaram para entrar e paraassistir a festa. Eu não queria ficar lá por-que estava combinado que iríamos para um

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O Oficial 1º Trim/2011 35

baile num lugar chamado “Olha pra Lua”.Depois de entrar no salão do Exército e ouviras canções, saí conforme o combinado parair no “Olha pra Lua”, mas já não tinha maisaquele apelo, aquele desejo de ficar naquelelugar. Eu estava triste também por termudado de cidade, deixado minha famíliapara trás. Então disse ao meu primo que euqueria mesmo é voltar lá nos “paramim”(designação dos Salvacionistas emRio grande porque gostavam de cantar umcoro que dizia: “Para mim, para mim Cris-to prepara um santo lugar”). Então, na vés-pera de Natal, fui à festa e, no domingo, meconvidaram para ir no Banco de Penitentes.Aceitei a Jesus, acabei olhando pra Cristo,em vez de olhar pra lua (o detalhe é queneste lugar, “Olha pra Lua”, tempos maistarde, o Exército de Salvação acabou fixan-do sua sede). Nunca mais deixei de ir aoExército, nunca fui a outras Igrejas porquesempre soube que o mesmo Deus que fa-zia milagres nas outras Igrejas, tambémfazia milagres no Exército apesar de seruma Igreja pequena, pobre, mas foi o lugarem que me senti feliz. Como eu sabia fazertrabalhos manuais, apoiava a Liga do Lar edava assistência na Reunião de Compa-nhias com a Bandeja de Areia, fui, então,convidada para dar aulas de trabalhos ma-nuais no lar de Esteio, perto de Porto Ale-gre. Ao chegar lá me ofereceram duas tare-fas para escolher: Cozinhar ou limpar acasa. Escolhi a cozinha e nem questionei ofato de terem me chamado para ensinar. Otrabalho era muito pesado e eu ainda bemjovem (17 anos) fiquei doente, estava esgota-da. Havia um outro lar, de meninos, no cen-tro de Porto Alegre. Lá fiquei para o trata-mento e, depois de estar melhor, continueitrabalhando.

O Oficial - Como a Sra.encontrou o Brigadeiro Otacílio?

Brigadeiro – Na verdade ele é quemme encontrou, porque eu já estava noExército. Ele veio da Igreja Metodista emRosário do Sul, quase na fronteira do RioGrande. Ele veio para o Exército porque opastor da Igreja o encaminhou para oExército, uma vez que ele iria poder tra-balhar e estudar em vez de ter de con-cluir o seminário primeiro, para, então, serpastor. Como o desejo do coração dele eraservir a Deus naquele momento e a dou-trina era bem semelhante, a recomenda-ção foi feita.

Nesse ínterim, uma banda do Exércitode Salvação passou pela cidade de Rosá-rio indo de trem para Santana do Livra-mento. A chegada do trem era um aconte-cimento diário na pequena cidade e oOtacílio ao ver a banda e os uniformes,logo os identificou e se apresentou ao Bri-gadeiro Christensen: “Olha eu quero ir comvocês, meu pastor já me recomendou!” OBrigadeiro sem hesitar lhe disse: “Pois bem,vamos!” O Otacílio ainda quis despedir-se e avisar a família, mas já era tarde. Eleacabou embarcando com a roupa do cor-po e acompanhando a “Tropa de Assalto”do Exército de Salvação, tocando acaixa(percussão). Depois disso, ele foi paraPorto Alegre, agora para ser secretário doChefe Divisional, o Brigadeiro Christensen.Eu fiquei sabendo que ele vinha e se co-mentava sobre o moço que estava che-gando e que seria um bom partido paramim. Eu nem ligava para isso, mas umdia ele passou por onde eu estava e, comoeu gostava de cantar, estava cantando amarchinha de carnaval “Ó jardineira, por-que estás tão triste?...” ele parou e pergun-

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tou: “bonito este hino, não?” Eu fiquei superenvergonhada porque ele era muito espiri-tual. Nós éramos muito amigos, frequen-távamos o mesmo Corpo, conversávamosbastante e eu gostava de falar com eleporque ele sempre tinha coisas boas paradizer. Aí começaram as fofocas - Naquelaépoca os candidatos ao oficialato não po-diam namorar sem a permissão do ChefeTerritorial.

Por causa disto, me enviaram para Es-teio novamente e nomearam o Otacílio paraSanta Maria. Antes de ir ele me encontrouno bonde, sentou ao meu lado e me propôscasamento. Eu não sabia o que respondere, afinal, ele era vocacionado para o oficialato,eu não. Conversei com o BrigadeiroChristensen, depois com o Chefe Territorial,que entendeu minha posição. Eu faria qual-quer serviço no Exército, menos ser Oficial.Então casamos(os preparativos levaram trêsmeses!) e fomos para Santa Maria. Nós nãoseríamos Oficiais, embora continuássemostrabalhando. Porém cada vez que se tocavano assunto vocação, o Otacílio chorava etentava se conformar com o fato de ter ca-sado comigo e eu não ter vocação. Maistarde, porém eu aceitei ser Oficial(com res-trições – não venderia o Brado e nemcoletaria). Fizemos lições enquanto traba-lhávamos, éramos “Capitães em prova”.Embora não tivesse sido vocacionada, eranatural para mim obedecer porque eu erauma “Salvacionista roxa”

O Oficial - Qual foi o maiordesafio do ministério de vocês?

Brigadeiro - Pra mim já foi entrar nooficialato, mas depois de vencido isto, amaior prova foi termos sido nomeadospara Arco Verde, em Minas. Saímos de

Uruguaiana na fronteira do Brasil com aArgentina e fomos enviados para ArcoVerde (nem sabíamos onde ficava este lu-gar!). Viajamos de trem até São Paulo (aviagem durava vários dias), com nossosfilhos pequenos. Lá em Arco Verde o tra-balho estava começando e as condiçõeseram terríveis e, para piorar, nossa ajudanteera uma Oficial com nome alemão, eraépoca da guerra, ela teve de deixar ooficialato até o fim da guerra. Ficamossozinhos com tudo para fazer, mas eu gos-tava muito das crianças, gostava deensiná-las e isto ajudava a superar os de-safios. Esses tempos eu fui em Belo Hori-zonte, encontrei uma das meninas queestavam no Lar naquela época e ela memostrou uma porção de trabalhos ma-nuais e disse: “Olha, major, eu tenho vivi-do com o crochê que a Sra. Me ensinou!”

O Oficial - Era mais difícil serOficial ou ser mãe , esposa eOficial ao mesmo tempo?

Brigadeiro - Para mim foi difícil sermãe e Oficial ao mesmo tempo, porqueeu sacrifiquei muito o meu tempo commeus filhos para dedicar-me ao oficialato.Outra dificuldade era com a liderança,depois que o Chefe que me aceitou comoOficial ter ido embora, não aceitar o fatode eu não vender o Brado e não coletar.Meu marido coletava por mim e vendia oBrado por mim. Às vezes eles mandavamalvos separados para o Esforço e oOtacílio conseguia alcançar os dois al-vos. Então, como eles viam a assinaturadele nos dois cartões, mandavam outroem meu nome. E ele, mais uma vez,coletava e remetia ao Quartel. Até que,tendo sido chamado a se explicar, o

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Otacílio falou que eu não coletariaou venderia o Brado. A partir daí eufiquei mais aliviada e até ajudava avender o Brado, porque já não erauma obrigação.

O Oficial - Da sua vivênciacomo Oficial, comoSalvacionista “roxa”, como aSra. vê o Exército hoje em dia?

Brigadeiro - Tudo muito diferente! Euestou perdida! Ás vezes quando pegamo cancioneiro e cantam um cânticobem alegre, eu me refaço. Eu não gostodestes pulos e danças que hoje estãopor aí e o fato de estarem usando tantacoisa vinda de outras igrejas estádescaracterizando o Exército. Eu nun-ca precisei ir a outras Igrejas, emborauma Oficial que tinha hábito de fre-quentar outras igrejas, dizia que lá elaestava “se alimentando” e, no Exército,estava para “comer a sobremesa”.

Mesmo quando estive doente, nuncaquis ir aos pregadores que faziam cu-ras ou às outras Igrejas, a não ser que oExército fosse convidado a participarde algum culto em outra Igreja. Sozi-nha, nunca fui.

Eu não tive problemas com o Exérci-to, tinha problemas com pessoas, mascom o Exército, não. Eu sabia que tinhade cumprir os regulamentos. Nunca fuipregadora, mas gostava de dirigir Reu-niões e dar meu testemunho.

E assim foram os setenta e cinco anosdesde aquele Natal em Rio Grande.Aliás, em Rio Grande foi o Corpo emque ficamos mais tempo, 9 anos (lem-brando que naquele tempo os Oficiaiscostumavam ficar no máximo 3 anos!)

O Oficial - O que a Sra. diria para osjovens que tem o chamado para ooficialato?

Brigadeiro - Eu me converti bem jovem e oCorpo de Rio Grande, naquela época era bemativo. Nós até íamos evangelizar durante o car-naval e as pessoas exclamavam: “Olha o blocodo Exército de Salvação!”.

Eu uma vez falei para um jovem que per-guntou sobre o chamado. Eu respondi que nãopodia falar sobre chamado, porque eu fui“convocada”. Eu procurei ser fiel, primeira-mente a Deus, mas também aos líderes hu-manos. Estes líderes humanos às vezes seatrapalhavam, mas se eu não conseguisseobedecer a eles a quem eu podia ver, comoobedeceria a Deus a Quem eu nunca vi? Euprocurava sempre obedecer. A fórmula ésimples, onde me mandam eu ia. Eu me con-verti e fui obediente a tudo o que Deus man-dava. Eu digo que o Otacílio foi o jeito queDeus usou para me vencer porque ele me “fis-gou” e eu servi obedientemente a Deus, noExército. Provavelmente, se o Otacílio não metivesse conhecido, eu não conseguiria servira Deus da maneira como servi e sirvo até hoje.

O que eu diria para estes jovens que tem ochamado é que não brinquem com Deus. Ele époderoso. O importante é ser fiel a Deus por-que o chamado (no meu caso a convocação) édEle. As pessoas falham, mudam de idéia, masDeus nunca muda e Ele sabe o que faz.

Nota do Editor: No tempo em que o casal Olivei-

ra esteve em Uruguaiana, meu pai, na época com

seus 9 anos, e minha avó conheceram o Exército de

Salvação. Os Salvacionistas faziam Reuniões na fren-

te da casa da Dona Aozeyne (minha avó), que certa

vez, tempos mais tarde, testemunhou em um en-

contro da Liga do Lar em que a Brigadeiro estava

presente: “Vocês sabem, a culpada de eu estar no

Exército de Salvação é esta dona aí, ó!”

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38 O Oficial 1º Trim/2011

Só rindo

Segundo Lugar

Um homem andando pela rua, viu caido no chão um bêbado e

se compadecendo parou de disse: Meu filho não faça isso, você

não sabe que o Brasil já é o segundo no ranking de alcoolatras

no mundo? Ao que o bêbado respondeu: a culpa é dos crentes!

Intrigado o homem perguntou: como os crentes são culpados do

Brasil ser o segundo em número de alcoolatras se eles nem

bebem? E o bêbado disse: por isso mesmo, se eles bebessem

seríamos os primeiros!

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O Oficial 1º Trim/2011 39

Coloque seu talento no Papel!

RUMO

Tema do ano:

Crescendo na Esperança

Observação:

A temática de cada mês será livre.

O Oficial

Temas das Revistas “O Oficial” e“RUMO” para o ano de 2011

Obs.: Os textos para a RUMOdevem chegar até o dia 10 do mês

anterior ao da publicação. Exemplo:Para um texto sair na edição de

março, deve chegar até 10 defevereiro na Redação.

Queremos publicar seus textos,

então observe as datas de

fechamento das edições.

2.º Trimestre

Esperança ImortalOs textos devem chegar até 15 de maio.

3.º Trimestre

Renovação da EsperançaOs textos devem chegar até 15 de agosto.

4.º Trimestre

Seu nome é EsperançaOs textos devem chegar até 15 de novembro.

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