lição 11 - 1º trimestre 2015

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1 LIÇÃO 11 - NÃO DARÁS FALSO TESTEMUNHO 1 PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2015 TEMA: OS DEZ MANDAMENTOS - VALORES IMUTÁVEIS PARA UMA SOCIEDADE EM CONSTANTE MUDANÇA COMENTÁRIOS: PR. ESEQUIAS SOARES TEXTO ÁUREO "Não admitirás falso rumor e não porás a tua mão com o ímpio, para seres testemunha falsa." (Êx 23.1) VERDADE PRÁTICA O nono mandamento proíbe a mentira, o mexerico e o testemunho falso contra o próximo tanto no dia a dia como nos tribunais. LEITURA BÍBLICA EM CLASSE – Êxodo 20.16; Deuteronômio 19.15-20. Êxodo 20.16 Não dirás falso testemunho contra o teu próximo. Deuteronômio 19. 15 Uma só testemunha contra ninguém se levantará por qualquer iniquidade ou por qualquer pecado, seja qual for o pecado que pecasse; pela boca de duas ou três testemunhas, se estabelecerá o negócio. 16. Quando se levantar testemunha falsa contra alguém, para testificar contra ele acerca de transgressão, 17. então, aqueles dois homens, que tiverem a demanda, se apresentarão perante o SENHOR, diante dos sacerdotes e dos juízes que houver naqueles dias. 18. E os juízes bem inquirirão; e eis que, sendo a testemunha falsa testemunha, que testificou falsidade contra seu irmão, 19. far-lhe-eis como cuidou fazer a seu irmão; e, assim, tirarás o mal do meio de ti, 20. para que os que ficarem o ouçam, e temam, e nunca mais tornem a fazer tal mal no meio de ti. 21 O teu olho não poupará: vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé. NÃO DARÁS FALSO TESTEMUNHO 1 SILVA, Luiz Henrique de Almeida. LIÇÃO 11. Imperatriz - MA. Acesso em: 15 de março de 2015. Disponível em: http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/licao11-odm- 1tr15-nao-daras-falso-testemunho.htm

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CDIGO PENAL DE 1940

1

LIO 11 - NO DARS FALSO TESTEMUNHO

PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2015TEMA: OS DEZ MANDAMENTOS - VALORES IMUTVEIS PARA UMA SOCIEDADE EM CONSTANTE MUDANACOMENTRIOS: PR. ESEQUIAS SOARESTEXTO UREO

"No admitirs falso rumor e no pors a tua mo com o mpio, para seres testemunha falsa." (x 23.1)VERDADE PRTICA

O nono mandamento probe a mentira, o mexerico e o testemunho falso contra o prximo tanto no dia a dia como nos tribunais.

LEITURA BBLICA EM CLASSE xodo 20.16; Deuteronmio 19.15-20.xodo 20.16 No dirs falso testemunho contra o teu prximo.Deuteronmio 19.15 Uma s testemunha contra ningum se levantar por qualquer iniquidade ou por qualquer pecado, seja qual for o pecado que pecasse; pela boca de duas ou trs testemunhas, se estabelecer o negcio. 16. Quando se levantar testemunha falsa contra algum, para testificar contra ele acerca de transgresso, 17. ento, aqueles dois homens, que tiverem a demanda, se apresentaro perante o SENHOR, diante dos sacerdotes e dos juzes que houver naqueles dias. 18. E os juzes bem inquiriro; e eis que, sendo a testemunha falsa testemunha, que testificou falsidade contra seu irmo, 19. far-lhe-eis como cuidou fazer a seu irmo; e, assim, tirars o mal do meio de ti, 20. para que os que ficarem o ouam, e temam, e nunca mais tornem a fazer tal mal no meio de ti. 21 O teu olho no poupar: vida por vida, olho por olho, dente por dente, mo por mo, p por p.

NO DARS FALSO TESTEMUNHO

O mtodo simples: levantar o dolo contra a pessoa, e que esta se vire para dar maiores explicaes. Nada mais desumano quanto usarmos subterfgios contra o nosso prximo!

Na obra "Manual do Pentateuco", de Victor P. Hamilton, sobre a aplicao do nono mandamento, deparamo-nos com o seguinte comentrio "A aplicao original desse mandamento dizia respeito a testemunhos falsos em juzo ou em transaes oficiais e negcios em geral" (p.224). Levantar acusaes contra pessoas sem ter provas legtimas contra elas seria um ato pecaminoso e monstruoso. No por acaso Tiago afirma que a lngua um membro capaz de incendiar uma floresta (Tg 3.7). Com a m lngua pode-se destruir reputaes que levaram anos para serem construdas.

"Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que da verdade ouve a minha voz" (Jo 18.37). JESUS de Nazar tinha o compromisso com a verdade. Os fariseus e os doutores da lei no amavam a verdade e, por isso, no podiam aceitar o ensinamento de JESUS, embora reconhecessem a honestidade do nazareno (Mt 22.16). J imaginou? Saber que algum da verdade e no assumir tal verdade porque o sistema religioso de outrora no o permitia? Ora, quem era do Templo na poca de JESUS tinha uma alta reputao social. Passar para o lado de JESUS significava se colocar contra o Sumo-Sacerdote e perder automaticamente os privilgios da religio oficial. No podemos perder a nossa condio de sujeito em JESUS por causa do poder temporal. O crente deve sempre escolher andar pela e na verdade em quaisquer lugares. Na famlia, na escola, no trabalho, nas amizades ou em todo ambiente onde os seres humanos se relacionam entre iguais. "E conhecereis a verdade, e a verdade te libertar" (Jo 8.32). A verdade de JESUS no nos deixa aprisionados, mas livres para sempre! Portanto, quem de JESUS no tem outro compromisso que no seja a verdade. A verdade de quem , do que fala e faz. No empreste a sua lngua para levantar falso testemunho contra algum. O nosso Senhor foi condenado pelos homens atravs do falso testemunho de outrem. A vida de JESUS nos ensina o lado que devemos escolher: o melhor sempre o da verdade.

Revista ensinador.Editora CPADAno 16 - N 61. pag. 41.

COMENTRIO/INTRODUO

O nono mandamento tem conexo com o terceiro, visto que ambos enfocam o falar a verdade. A proibio primria aqui diz respeito a uma declarao falsa num processo legal. Isso pode ser visto tanto na linguagem e de maneira mais enftica em alguns dispositivos legais do sistema mosaico, como veremos no presente estudo. A construo "No dirs falso testemunho contra o teu prximo" exatamente a mesma nos textos de xodo e Deuteronmio (x 20.16; Dt 5.20); no entanto, essas palavras no texto hebraico apresentam diferena, mas nada que mude o sentido da mensagem que o mandamento transmite.

Esequias Soares.Os Dez Mandamentos.Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudana.Editora CPAD. pag. 121.

No dirs falso testemunho contra o teu prximo (20,16). O mandamento inclui testemunho dado em tribunal, mas vai alm disso. Falso testemunho qualquer declarao maliciosa intencionada a degradar ou ferir outra pessoa, A reputao dos outros, assim como suas propriedades, devem ser resguardadas por todos.

RICHARDS. Lawrence O.Guia do Leitor da Bblia.Uma anlise de Gnesis a Apocalipse captulo por captulo.Editora CPAD.pag. 64.

Parecido com o abuso de um irmo por meio do roubo desonr-lo dando falso testemunho contra ele (x 20.16). Embora a proibio possa ser legitimamente aplicada mentira em geral, a linguagem tcnica (falso testemunho; hebraico, 'edsqer) sugere um cenrio legal ou de corte no qual um caso concernente a um crime ou contraveno est sendo julgado. As testemunhas eram (e so) essenciais na determinao da culpa ou da inocncia (cf. Dt 17.6,7; 19.15), mas pessoas chamadas para testemunhar devem dizer a verdade sobre o que viram ou ouviram. Fazer menos que isso e, assim, incriminar uma parte inocente e sujeit-la ao malogro da justia infringiria gravemente a liberdade, as posses e possivelmente at mesmo a vida dela. Mais uma vez, a repercusso na estrutura bem ordenada de administrao do Reino bvia e prejudicial.

Eugene H. Merrill.Teologia do Antigo Testamento.Editora Shedd Publicaes. pag. 337.

I. O NONO MANDAMENTO

1. ABRANGNCIA.

O mandamento no se restringe apenas aos tribunais. O contexto mostra que ele se refere tambm s palavras que usamos. Trata-se da responsabilidade pessoal de cada um falar a verdade. Disse John Stott: Este mandamento no somente vlido nas cortes de justia. Se bem que inclui o perjrio, tambm esto implcitas todas as formas de escndalo e maledicncia, toda a conversao ociosa e charlatanice, todas as mentiras e os exageros deliberados e as meias verdades que distorcem a verdade. Estamos proferindo falso testemunho quando aceitamos certos rumores maliciosos e logo os transmitimos, ou quando os usamos para outra pessoa para a prejudicar criando impresses falsas, ou quando no corrigimos afirmaes falsas, tanto por nosso silncio como por nosso discurso (Basic Christianity, p. 69; apud NYENHUIS, Gerald & ECKMAN, James P., 2002, p. 448).

O mandamento condena pelo menos quatro aspectos na vida humana: o falso testemunho no tribunal, a calnia pessoal, o falar da vida alheia e a bajulao. Israel era um estado teocrtico e, por no haver separao entre estado e religio, a ordem "No dirs falso testemunho contra o teu prximo" envolvia todo o aspecto da vida do israelita. Trata-se da necessidade de cada um falar a verdade (Lv 19.11), pois o Senhor JESUS disse que o diabo o pai da mentira (Jo 8.44).

Esequias Soares.Os Dez Mandamentos.Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudana.Editora CPAD. pag. 122-123.

Lev 19.16 Este versculo apresenta ramificaes do nono mandamento, que exige veracidade.

O prximo, contra quem no devemos iniciar nenhuma campanha de mexericos, aqui um compatriota hebreu. JESUS, entretanto, ampliou a aplicao disso a todos os nossos semelhantes (ver Luc. 10.29 ss.). Cf. xo. 23.4,5. Nos vss. 33 e 34 deste captulo, o conceito de prximo inclui os forasteiros.

No deve haver campanhas de maledicncia (vss. 16-18). No devemos tentar fazer o prximo cair em dificuldades. Devemos tratar com ele face a face, em esprito de boa-vontade. Nunca deveramos dizer: Sou o guardador de meu irmo?' conforme fez Caim. Deveramos estar genuinamente interessados pelo bem-estar temporal e espiritual de outras pessoas, como se fosse nosso mesmo. Por qu? Eu sou o Senhor. Essa , de fato, a ordem sagrada, fsica e moral, que deve haver neste mundo (Nathaniel Micklem, in loc.).

A maledicncia geralmente termina em calnia. Isso torna-se um hbito extremamente perigoso no caso de certas pessoas, e as mulheres, especialmente, deleitam-se nesse vcio. E assim, vidas inocentes so destrudas. Ver I Sam. 22.9,18; Eze. 22.9. A verso caldaica, de acordo com o Targum de Jonathan, diz aqui: No seguirs a lngua trs vezes amaldioada, pois ela mais fatal do que a espada devoradora de dois fios.

CHAMPLIN, Russell Norman,Antigo Testamento Interpretado versculo por versculo.Editora Hagnos. pag. 552.

Lv 19.16 Ns somos proibidos de fazer qualquer coisa ofensiva ao bom nome do nosso prximo (v. 16), seja:

1. Nas conversas comuns: No andars como mexeriqueiro entre o teu povo. uma m posio aquela em que o homem se coloca ao divulgar os erros de seus semelhantes, dando a conhecer aquilo que era segredo, agravando crimes e usando da pior maneira aquilo que estava errado, com o desejo de destruir a reputao dos homens e semear a discrdia entre vizinhos. A palavra usada para mexeriqueiro significa vendedor ambulante, ou pequeno vendedor. Os mexeriqueiros so aqueles que se intrometem nos negcios. Pois eles apanham histrias perversas em uma casa e as divulgam em outra, e normalmente trocam calnias. Veja este pecado condenado, Provrbios 11.13; 20.19; Jeremias 9.4,5; Ezequiel 22.9.

2. Ao dar testemunho: No te pors contra o sangue do teu prximo, se o seu sangue for inocente, nem te aliars com homens sanguinrios como os descritos em Provrbios 1.11,12. Os doutores judeus do este sentido adicional: No devers ficar assistindo o teu irmo em perigo, mas devers vir em seu socorro, embora isto possa representar perigo sua prpria vida, ou a algum membro do seu corpo. E acrescentam: Aquele que pode, com o seu testemunho, inocentar algum que acusado injustamente, obrigado, por esta lei, a faz-lo. Veja Provrbios 24.11,12.

HENRY. Matthew.Comentrio Matthew Henry Antigo Testamento Gnesis a Deuteronmio.Editora CPAD. pag. 411.

Lv 19.16 O mexeriqueiro no era apenas um fofoqueiro, mas um caluniador, aquele que almejava destruir a reputao de outrem. Em relao ao mandamento no te pors contra o sangue do teu prximo, muitos casos podem ser includos aqui. No contexto do julgamento, citado nesta seo, possivelmente estava em maior evidncia o falso juramento, que ocasionaria a morte do acusado, ou o testemunho que exoneraria o ru.

EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House.O Novo Comentrio BblicoAntigoTestamentocom recursos adicionais.Editora Central Gospel. pag.241.

2. OBJETIVO.

Em linhas gerais, temos aqui a defesa da honra. Falar a verdade para todos os povos e em todas as pocas. Mas, no sistema mosaico, o mandamento se distingue por ser revelao e por isso mesmo se reveste de autoridade divina. O mandamento citado no Novo Testamento e foi resgatado pela graa e adaptado graa. A f crist leva o tema para alm dos tribunais, pois pertence esfera espiritual, envolvendo a salvao, ao passo que na lei o seu aspecto mais jurdico visando manter o equilbrio na sociedade.

Esequias Soares.Os Dez Mandamentos.Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudana.Editora CPAD. pag. 122.

Dt 19.20 ... O ouam e temam. Aqueles que sobrevivessem ao incidente (como a famlia do homem que tinha cometido perjrio), bem como a populao em geral, que ouvisse falar sobre o caso, temeriam, desencorajando o crime de perjrio. E embora isso no eliminasse o mal das testemunhas falsas, essa prtica odiosa ficaria grandemente reduzida.

Dt 17.13 Neste versculo vemos a severidade da lei. No se hesitava em executar at mesmo um juiz local, que no cumprisse o que se tinha considerado reto. Essa execuo agiria como uma medida preventiva, capaz de fazer todo o povo de Israel temer. Em Israel, a justia era imediata e terrvel. Isso pode ser contrastado com nossos sistemas modernos, que podem envolver anos para que um simples caso de homicdio seja julgado. Isso fazia o imprio da justia tornar-se dotado de mxima importncia na Terra Prometida, ajudando a impedir a anarquia (Jack S. Deere, in Ioc.).

E jamais se ensoberbea. No hebraico, essa palavra zadown, que significa de maneira arrogante, de maneira orgulhosa. A medida disciplinar humilharia os homens e f-los-ia temer.

CHAMPLIN, Russell Norman,Antigo Testamento Interpretado versculo por versculo.Editora Hagnos. pag. 830; 822.

Deveria haver grande cuidado no julgamento, v. 18. Deveria ser feita uma investigao diligente quanto ao carter das pessoas, e todas as circunstncias do caso. Tudo isto devia sei' comparado, para que a verdade pudesse ser descoberta. Quando a investigao fosse realizada de um modo fiel e imparcial, eles poderiam esperar que a Providncia os auxiliasse.

(5) Se ficasse evidente que um homem tinha, conscientemente e perversamente, dado falso testemunho contra seu prximo, embora o mal que lhe desejava no tivesse sido realizado, este deveria sofrer a mesma penalidade qual seu prximo estaria sujeito, devido sua evidncia, v. 19. Nec lex estjustior idla - Nenhuma lei poderia ser mais justa. Se o crime do qual ele acusasse seu prximo devesse ser punido com a morte, tambm o homem que deu falso testemunho deveria ser condenado morte. Se a punio fosse aoitamento, ele deveria ser aoitado. Se fosse uma multa financeira, ele deveria ser multado tambm. E, como para aqueles que no levassem em considerao a atrocidade do crime e a necessidade de impedi-lo, pareceria ser uma punio muito dura, por ter dito algumas palavras, especialmente quando nenhum mal tinha, realmente, sido feito, aqui est acrescentado: O teu olho no poupar, v. 21. Nenhum homem precisa ser mais misericordioso do que DEUS. O benefcio que resultar, para o pblico, desta severidade, a recompensar com abundncia: Para que os que ficarem o ouam, e temam, v. 20. Tais punies exemplares seriam advertncias a outros, para que no empreendessem nenhuma maldade deste tipo, quando vissem como aquele que fez a cova e a escavou havia cado nela.

HENRY. Matthew.Comentrio Matthew Henry Antigo Testamento Gnesis a Deuteronmio.Editora CPAD. pag. 619.

Dt 19.16-20. O caso da testemunha maliciosa (lit. testemunha de violncia, i.e. seu testemunho levaria a um ato de violncia) agora discutido. Quando tal testemunha declarava que o acusado era culpado de um ato errado (lit. desvio, i.e. desero, apostasia ou m conduta moral ou religiosa), as duas partes em litgio tinham que comparecer perante Jav para responder aos sacerdotes ejuzesque estivessemoficiando na ocasio. o tribunal localizado no santurio central parece ser o que se tem em vista nesta passagem (cf. 17: 8-13). Depois de cuidadoso exame osjuzes(provavelmente todo o grupo de sacerdotes ejuzes) dariam o veredito. Se a testemunhafosse falsa receberia o castigo que se tencionava dar ao acusado. Desta maneira o mal seria queimado (exterminado) de Israel e operjriodesestimulado.

I. A. Thompson.Deuteronmio Introduo e Comentrio.Editora Vida Nova. pag.208-209.

3. CONTEXTO.

JUIZ, O Um juiz ou magistrado civil mencionado pela primeira vez em Israel sob a liderana de Moiss, quando Jetro sugeriu que juzes fossem designados para aliviar Moiss em suas responsabilidades administrativas (x 18.13-26). Mais tarde, Israel se organizou em unidades dentro de cada tribo com um homem qualificado como juiz. Estes homens deveriam julgar corretamente, destemidamente e imparcialmente (Dt 1.16ss.). Somente os casos mais importantes eram trazidos diante de Moiss (Dt 1.12-18; 21.2). Observe tambm a organizao de Israel em Nmeros 1-10. Sob a liderana de Josu um plano similar foi seguido (Dt 16.18-20; 17.2-13; 19.15-20; Js 8.33; 23.2; 24.1; 1 Sm 8.1). A era que se seguiu morte de Josu retrata uma situao modificada como descrito no livro de Juzes. Aqui os lderes principais, ou juzes do povo, eram aqueles que tinham primeiramente a misso de livrar os israelitas das naes opressoras (Jz 2.16). Carismaticamente dotados pelo ESPRITO de DEUS, eles eram "libertadores" (Jz 3.9), capacitados a livrar e preservar Israel (Jz 6.34-36).

Otermo heb. corretamente inclui o conceito de lder bem como o de rbitro. Durante a era entre a conquista e a monarquia em Israel, os invasores opressores foram sucessivamente mesopotmios, moabitas, cananeus, midianitas, amonitas e filisteus. Os notveis juzes que foram usados para agir contra estes foram Otniel, Ede, Dbora e Baraque, Gideo e Sanso, conforme narrado no livro de Juzes. Outros juzes a respeito dos quais pouca informao est disponvel foram Sangar, Abimeleque, Tola, Jair, Ibs, Elom e Abdom. Alguns dos juzes desta era so mencionados no livro de Hebreus (cap. 11) como heris da f. Os captulos iniciais de 1 Samuel (cf. 4.18) indicam que Eli serviu como juiz de Israel por 40 anos. Samuel no s guiou os israelitas em uma resistncia bem sucedida opresso dos filisteus, mas tambm estabeleceu um organizadotribunal itinerante. Embora ele tenha designado seus filhos como juzes, as condies em mudana marcaram uma transio para um reino organizado que trazia a necessidade da uno de um rei (1 Sm 7.15-8.5). Durante a monarquia, o rei se tornou o supremo juiz em assuntos civis (2 Sm 15.2; 1 Rs 3.9,28). Os casos eram julgados pelo rei no porto do palcio (1 Rs 7.7), mas os tribunais locais estavam da mesma forma em funcionamento. Davi atribuiu aos levitas o ofcio judicial e designou 6.000 homens como oficiais e juzes (1 Cr 23.4; 26.29). Josaf ampliou o sistema judicial em Jud, designando sacerdotes e juzes em cidades fortificadas com uma suprema corte em Jerusalm, onde as questes religiosas estavam sujeitas aos sacerdotes e as questes civis sujeitas ao prncipe de Jud (2 Cr 19.5-8). Os profetas frequentemente afirmavam que a justia estava corrompida pelo suborno e pelos falsos testemunhos (Is 1.23; 5.23; 10.1; Am 5.12; 6.12; Mq 3.11; 7.3). Os reis eram frequentemente injustos em seu modo de tratar os profetas que falavam da parte de DEUS (1 Rs 22.26,27; 2 Rs 21.16; Jr 36.26). Veja tambm 1 Reis 21.1-13, onde a lei era desconsiderada por Acabe e Jezabel e falsas testemunhas eram usadas para trazer vantagens ao rei.

PFEIFFER .Charles F.Dicionrio Bblico Wycliffe.Editora CPAD. pag.1112-1113,

JUIZ

1. A palavra hebraica para juiz shaphat. Ocorre por cento e dezoito vezes no Antigo Testamento, desde Gn. 16 at Miq. 4:3. O termo grego krits. Esse substantivo ocorre por dezoito vezes no Novo Testamento: Mat. 5:25; 12:27; Luc. 11:19; 12:14,58; 18:2,6; Atos 10:42; 13:20; 18:15; 24:10; II Tim. 4:8; Heb. 12:23; Tia. 2:4; 4:11,12 e 5:9.

Alm de designar os indivduos que tomam decises sobre questes civis e religiosas, as palavras envolvidas falam sobre a tentativa de determinar causas (ver xo. 18:13). Entre os povos, as decises judaicas so anunciadas de vrias maneiras. Osjuzesde Israel faziam-no verbalmente: Tu s culpado! ou Tu sinocente! Entre os romanos, marcava-se alguma espcie de material, como um tablete de argila ou um pedao de papel, com um A (absolvido) ou com um C (condenado). Entre os gregos havia o costume de apresentar uma pedra branca ao acusado, para indicar sua inocncia, ou uma pedra negra, para indicar sua culpa.

Outros Significados. Considerar (Atos 16:15); governar (Sal. 58:11); punir, emconseqnciadejulgamento condenatrio (Heb. 13:4; Eze. 7:3-8; 22:2); censurar acerbamente (Mat. 7:1).

2. No Antigo Testamento.

a. Yahweh chamado, antes de todos, de Juiz dos homens. No Far justia o Juiz de toda a terra? (Gn. 18:25). DEUS julga os indivduos e as naes com base em sua justia absoluta (Gn. 3:14 ss; 6:3 ss; 11:5 ss; 15:14; 16:5; 20:3; 31:53).

b. O chefe patriarcal de uma casa, na antiguidade, era o juiz de seus familiares e de seu cl (Gn. 21, 22 e 27).

c. Moiss era o nico juiz da nao de Israel, depois que esta saiu da servido, no Egito; mas Jetro, seu sogro, encorajou-o a distribuir tal responsabilidade escolhendo juzes secundrios. Disso resultou a primeira instituio dos juzes. Ver xo. 18:13-17; Deu. 1:9-18.

d. Na codificao que se seguiu, conforme se v no livro de Deuteronmio, houve a nomeao de juzes e oficiais, de tal modo que cada cidade contasse com o seu prprio juiz (Deu. 16:18 ss). Se o caso assim o exigisse, os sacerdotes podiam ser convocados para atuar como juzes (Deu. 17:8-13).

CHAMPLIN, Russell Norman,Enciclopdia de Bblia Teologia e Filosofia. Vol. 3. Editora Hagnos. pag. 636.

xo 22.8 Levado perante DEUS. Tal como antes o sentido da frase deve ser "levado ao santurio. O homem deve jurar solenemente em nome de DEUS (ver v.11), declarando sua inocncia. Esta espcie de deciso judicial precisava ser aprovada pelo queixoso (como num julgamento em que o ru tem de passar por uma prova quase impossvel). Se o ru tiver jurado falsamente, a maldio que ele invocou cair sobre ele mesmo e assim ser suficientemente punido. Talvez nisso esteja a explicao da frase a quem DEUS condena (v.9). O homem que sofre os efeitos da maldio fica exposto como culpado pelo prprio DEUS, e deve pagar em dobro ao queixoso.

R. Alan Cole, Ph. D.XODO Introduo e Comentrio. Editora Vida Nova. pag. 166.

II. O PROCESSO

1. RESPONDER EM JUZO.

O verbo "dizer" em "No dirs falso testemunho contra o teu prximo" (x 20.16; Dt 5.20) no Antigo Testamento hebraico nh, "responder, testemunhar, falar", usado tambm em um processo jurdico, tanto nos tribunais humanos (Dt 19.16) como no tribunal divino (Is 3.9; 59.12; Jr 14.7). O termo hebraico d shqer, "falso testemunho, falsa acusao", reaparece na literatura sapiencial (S127.12; Pv 6.19; 14.5; 19.5,9; 25.18). A palavra d, "declarao, testemunho", indica "algum com conhecimento de primeira mo acerca de um acontecimento ou que pode testemunhar com base num relato que ouviu" (HARRIS; ARCHER, JR.; WALTKE, 1998, p. 1083). Tal pessoa est obrigada a testemunhar (Lv 5.1). E sheqer, "mentira, falsidade, engano", diz respeito a qualquer atividade falsa, tudo aquilo que no se baseia em fatos ou realidades. Aqui a testemunha na qual no se pode confiar.

Entretanto, no texto paralelo em Deuteronmio, sheqer substitudo pelo substantivo hebraico shw, que significa "fraude, engano, inutilidade, intil, imprestvel, falsidade, desonestidade, futilidade, vacuidade" (Dt 5.20). o mesmo termo empregado no terceiro mandamento para "vo" em "No tomars o nome do SENHOR, teu DEUS, em vo, porque o SENHOR no ter por inocente ao que tomar o seu nome em vo" (x 20.7; Dt 5.11). Muitos expositores do Antigo Testamento no consideram isso uma diferena, mas uma forma deampliar o sentido do mandamento, podendo aplicar-se tanto no campo jurdico como nos vrios aspectos da vida diria. Sheqer um termo especfico, e shw genrico. As verses antigas no apresentam tambm essa diferena. A LXX empregapseudomaseitareis, "falso testemunho", nas duas verses do Declogo. Isso aconteceainda em outras verses antigas como a Vulgata Latina, que traduz essas palavras por falsum testimonium, alm do Pentateuco Samaritano e o Targum de nquelos.

no nono mandamento em que o termo "prximo" aparece pela primeira vez no texto hebraico do Declogo como ber ch, "contra teu prximo". A palavra ra, "amigo, companheiro, outra pessoa", usada para designar "vizinho, parceiro". O amigo pode ser ntimo ou ocasional. O termo ocorre mais trs vezes no dcimo mandamento: "... a casa do teu prximo; ... a mulher do teu prximo,... nem coisa alguma do teu prximo" (x 20.17; Dt 5.21) e faz parte do vocabulrio jurdico (x 21.14, 35; 22.7- 10; Dt 15.2; 19.4, 5). a mesma palavra de "Amars o teu prximo como a ti mesmo" (Lv 19.18) citada pelo Senhor JESUS (Mt 19.19). A LXX traduz pela palavra grega plson, "perto, prximo" ou "perto de, prximo de", que no Novo Testamento grego aparece como preposio na passagem da mulher samaritana, quando o texto diz que Sicar era perto da herdade que Jac tinha dado a Jos (Jo 4.5). Como advrbio substantivado, ocorre 12 vezes em relao aos mandamentos do Declogo (Mt 5.43; 19.19; 22.39; Mc 12.31, 33; Lc 10.27,29,36; Rm 13.9, 10; G1 5.14; Tg 2.8).

A expresso "teu prximo" era conhecida por qualquer judeu familiarizado com as Escrituras no perodo do ministrio terreno do Senhor JESUS, mas parece que havia incerteza quanto a seu exato significado: "E quem o meu prximo?"(Lc 10.29), perguntou um doutor da lei a JESUS. O contexto dos evangelhos deixa claro que os judeus daquela poca consideravam como seus "prximos" apenas os amigos da mesma etnia, tribo e classe com quem matinha uma relao mtua de afinidade e intimidade. Mas no esse o pensamento do Antigo Testamento, que inclui tambm os estrangeiros alm dos israelitas (x 3.22; Lv 19.34). O segundo e grande mandamento, "Amars o teu prximo como a ti mesmo", a palavra final sobre o assunto. O prximo qualquer pessoa, independentemente de sua etnia, status, confisso religiosa ou convico poltica e filosfica.

Esequias Soares.Os Dez Mandamentos.Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudana.Editora CPAD. pag. 123-125.

Parece que o objetivo central deste mandamento a proteo ao sistemajudicial. Ostribunais seriam inteis se os homens chegassem ali para mentir. Se tiver de ser feita uma acusao contra outra pessoa, e se o acusado tiver de defender-se, a verdade ter de ser dita por ambas as partes, sob pena da justia naufragar. Mas esse mandamento tambm se aplica a questes individuais. A sociedade em geral perturba-se quando as pessoas saem a espalhar mentiras e calnias sobre seus semelhantes. O trecho de xo. 23.1 condena o falso testemunho em nvel pessoal. Ver Deu. 19.16-20 que requeria juzo apropriado contra falsas testemunhas que perturbavam o sistema judicial. A linguagem e os fatos devem concordar entre si. Ver Deu. 13.14; 17.4; 22.20; Jer. 9,5; Sal. 9.5; 15.2; Pro. 12.19; 14.25; 22.21. A verdade precisa ser dita como tempero do amor (Ef. 4.15). Algumas vezes, as meias verdades prejudicam mais do que as mentiras francas. O amor, porm, guarda-nos tanto da mentira aberta quanto das meias verdades.

A mentira artstica vem sendo aprovada desde os tempos mais antigos, conforme muitos eruditos supem. Ver o caso de Labo (Gn. 29.21-27), e o caso um tanto anterior de Jac (Gn. 27.6-36). Por outro lado, a luz que brilhou por meio de Moiss por certo condenava qualquer tipo de mentira ou abuso de linguagem.

CHAMPLIN, Russell Norman,Antigo Testamento Interpretado versculo por versculo.Editora Hagnos. pag. 393.

xo 20.16. No dirs falso testemunho. J que numa sociedade simples, vivendo no deserto, quase todos os crimes envolviam penas capitais, falso testemunho bem sucedido seria equivalente a assassinato. Para evitar tal problema, a testemunha deveria ser tambm o executor (Dt 17:7), de modo a incorrer na culpa do sangue se estivesse mentindo. Ofalso testemunho assume grandes propores no Velho Testamento (1 Rs 21:10, por exemplo), como em qualquer sociedade em que a extrema pobreza exponha o homem tentao do suborno. No h dvida de que o mandamento poderia ser generalizado para incluir a proibio de intrigas e mexericos (Lv 19:16), especialmente de mexerico falso e maldoso que prejudicasse o prximo.

R. Alan Cole, Ph. D.XODO Introduo e Comentrio. Editora Vida Nova. pag. 154-155.

O nono mandamento diz respeito ao nosso prprio bom nome, e ao do nosso prximo: No dirs falso testemunho, v. 16. Isto probe:

1. Falar falsamente sobre qualquer assunto, com mentiras, com equvocos intencionais, e de qualquer maneira planejada para enganar o nosso prximo.

2. Falar injustamente contra o nosso prximo, para o prejuzo da sua reputao. E (o que envolve a culpa de ambos):

3. Dar falsos testemunhos contra ele, acusando-o de coisas de que ele no tem conhecimento, seja judicialmente, sob juramento (com o que so infringidos o terceiro e o sexto mandamento, alm deste). Ou extrajudicialmente, em conversao comum, caluniando, difamando, inventando estrias, piorando o que feito erroneamente e tornando-o pior do que j , e de alguma maneira empenhando-se em aumentar a sua prpria reputao sobre a runa da do seu prximo.

HENRY. Matthew.Comentrio Matthew Henry Antigo Testamento Gnesis a Deuteronmio.Editora CPAD. pag. 296.

2. FALSO TESTEMUNHO.

O nono mandamento no se restringe apenas ao aspecto jurdico, ao perjrio num tribunal civil ou criminal, mas se aplica tambm vida diria, como o boato e o mexerico (x 23.1; Lv 19.16). Estes envolvem a mentira e trazem implicaes profundas na vida humana. DEUS condena tais prticas, e o ensino bblico sobre o assunto comea em Moiss e se estende at o Novo Testamento.

"No admitirs falso rumor e no pors a tua mo com o mpio, para seres testemunha falsa" (x 23.1). A TB traz "No levantars um boato falso"; a ARA e NTLH empregam "notcias falsas". A expresso hebraica para "falso rumor" aqui shma shw . O termo shma , "informao, notcia, fama, boato", um substantivo derivado do verbo Vtpi (shma ), "ouvir, escutar, prestar ateno, obedecer". Essa informao, notcia ou fama pode ser boa ou ruim e diz respeito ao que se ouve dizer (1 Rs 10.1), diferentemente de um conhecimento pessoal, de uma experincia direta: "Antes eu te conhecia s por ouvir falar, mas agora eu te vejo com os meus prprios olhos" (J 42.5). E o termo shwque significa "fraude, engano, inutilidade, intil, imprestvel, falsidade, desonestidade, futilidade, vacuidade", aparece no terceiro mandamento (x 20.7; Dt 5.11) e no nono mandamento na verso de Deuteronmio (Dt 5.20). O falso boato a propagao de uma notcia infundada, no oficial e de fonte desconhecida. O contexto mostra que divulgar informao enganosa associao com o mpio para se tornar falsa testemunha: "E no pors a tua mo com o mpio, para seres testemunha falsa" (x 23.1b). Mesmo as coisas triviais do dia a dia podem terminar na justia, pois elas destroem a reputao de qualquer pessoa.

Esequias Soares.Os Dez Mandamentos.Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudana.Editora CPAD. pag. 128-129.

Como o mandamento anterior, este ressalta que as relaes humanas devem ser baseadas na honestidade e verdade. Aqui, DEUS pede honestidade com respeito reputao de nosso prximo. o falso testemunho (20:16) no se restringe ao contexto de um tribunal, mas ocorre sempre que difamamos ou mentimos sobre algum. Esse tipo de discurso moralmente errado, pois abala a integridade do mentiroso e a reputao do indivduo que alvo da mentira. As palavras mentirosas tm conseqncias srias; alm de destruir relacionamentos e perspectivas de carreira, podem at resultar em priso e suicdio. Mais adiante, DEUS expande esse mandamento: No espalhars notcias falsas, nem dars mo ao mpio [...] nem depors, numa demanda, inclinando-te para a maioria, para torcer o direito (23:1-2). Devemos nos lembrar de que testemunhas falsas foram usadas at no julgamento injusto de nosso Senhor (Mt 26:59-62; Jo 19:12).

Tokunboh Adeyemo.COMENTRIOBBLICO AFRICANO.Editora Mundo Cristo. pag. 114.

Embora negativo na forma, pode o nono mandamento apresentar um contedo positivo, levando-nos a no falsear a verdade em todas as afirmaes (13.14; 17.4-6) e a sermos justos nos nossos juzos (17.8-13; 19.15-21). Cf. Mt 18.16. Na esteira do Mestre, deve todo o Cristo dar testemunho da verdade (Jo 18.37). E como ser isto possvel, seno dando testemunho daquele que a prpria Verdade?

DAVIDSON. F.Novo Comentrio da Bblia.Deuteronmio. pag.31.

3. O PRXIMO.

"No andars como mexeriqueiro entre o teu povo; no te pors contra o sangue do teu prximo. Eu sou o SENHOR" (Lv 19.16). A proibio consiste em dois preceitos paralelos que expressam a mesma ideia. O termo hebraico usado aqui como "mexeriqueiro" rkTl, "caluniador, difamador", e aparece apenas seis vezes no Antigo Testamento, indicando algum que calunia e revela segredos (Pv 11.13; 20.19; Jr 6.28; 9.4 [3]; Ez 22.9). Com exceo de Ezequiel, em todas elas o substantivo vem acompanhado do verbo hlach, "andar, caminhar"; isso indica tratar-se de uma expresso idiomtica para o ato de caluniar. Os lxicos geralmente informam que rkil um termo obscuro. A Septuaginta revela nele nuances que indicam desonestidade, decepo, duplicidade e falsidade. Assim, o mexeriqueiro aqui muito mais que a simples fofoca ou fuxico. Isso se confirma na segunda clusula: "No te pors contra o sangue do teu prximo. O "sangue" diz respeito vida: "No atentars contra a vida do teu prximo" (ARA). A proibio nessa segunda parte significa a responsabilidade pessoal de no colocar em perigo a vida doprximo com o falso testemunho a fim de declarar o inocente como culpado.

O mexerico corriqueiro tambm condenado pela Palavra de DEUS (2 Co 12.20). O cristo nunca deve falar mal de um irmo na igreja (Tg 4.11). O nono mandamento probe toda forma de mentira, tanto aquela que se diz deliberadamente na vida diria como tambm sob juramento num tribunal. Tudo aquilo que se fala com o propsito de prejudicar o bom nome de algum pecado e violao desse mandamento. O Senhor JESUS CRISTO citou este mandamento para o moo rico, juntamente com outros do Declogo (Mt 19.18; Mc 10.19; Lc 18.20). Da mesma maneira, fez o apstolo Paulo (Rm 13.9). Mas na graa este mandamento aparece na esfera espiritual e no jurdica (Ef 4.25; Cl 3.9).

Esequias Soares.Os Dez Mandamentos.Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudana.Editora CPAD. pag. 129-130.

PRXIMO

1. Palavras Envolvidas

Precisamos considerar quatro palavras hebraicas e uma grega:

a. Rea, associado, companheiro. Pode estar em foco um amigo ntimo (Pro. 26:10), ou um amante (Can. 5:16), ou o marido de uma mulher (Jer. 3:20). Essa palavra hebraica, pois, destaca como prximo uma pessoa que ntima de quem fala, em um relacionamento onde imperam laos de amizade (ver x. 20:16, 17; Deu. 5:20). Essa palavra hebraica ocorre por cento e oitenta e nove vezes.

b. Shaken, concidado, vizinho. Est em foco algum que mora prximo, e de quem se pode pedir algo emprestado (ver xo. 3:22; 12:4; Pro. 27:10).

c. Qarob, prximo, referindo-se a algum ou a algum lugar; no caso de pessoas, significava parente. Ocorre por setenta e cinco vezes nas pginas do Antigo Testamento. Alguns exemplos: Exo. 32:27; Jos. 9:16; Sal. 15:3; Eze. 23:5,12; Gn. 19:20; Isa. 13:13; Joel 3:14; Sof. 1:14.

d. Amith, colega, igual, prximo. Essa palavra hebraica aparece por doze vezes no Antigo Testamento: Zac. 13:7; Lev. 6:2; 18:20; 19:11,15, 17; 25:14,15,17. Essas duas ltimas referncias mostram que ela pode ser traduzida em portugus como outro, embora dando a entender outro ser humano, o prximo.

e. Pleson, prximo, vizinho, concidado. Essa palavra grega aparece por dezessete vezes no Novo Testamento: Mat. 5:43 (citando Lev. 19:18); 19:19; 22:39; Mar. 12:31,33; Luc. 10:27,29,36; Joo 4:5; Atos 7:26; Rom. 13:9,10; 15:2; Gl. 5:14; Ef. 4:25; Tia. 2:8 e 4:12.

2. Ensinamentos Bblicos Acerca do Prximo

Para um israelita, um outro israelita era o prximo, porquanto era um irmo, participante, com ele, do mesmo pacto com Abrao (ver Gen. 12:1-3). Dentro desse contexto foi dado o mandamento de amar ao prximo como a si mesmo (ver Lev. 19:18). Esse mandamento foi universalizado no Novo Testamento; ao passo que no Antigo Testamento era restringido aos participantes do pacto abramico. Assim, a interpretao rabnica dizia que aos israelitas foi ordenado que amassem ao prximo, e que isso subentendia que eles deveriam odiar ao no-prximo, ou ao estrangeiro, ou ao inimigo. JESUS referiu-se a essa interpretao equivocada em Mat. 5:43 ss. E o Senhor reverteu essaideiarabnica to radicalmente que chegou a ordenarque amssemos aos nossos prprios inimigos, determinando que orssemos em favor daqueles que nos perseguem (ver Mat. 5:44). desse modo que um crente chega a tornar-se um perfeito filho do Pai celeste (vss. 45,46] dotado de uma elevada natureza moral e espiritual. Diz Mat. 5:48: Portanto, sede vs perfeitos como perfeito o vosso Pai celeste. Naturalmente, essa atitude para com o prximo faz parte da manifestao geral da lei do amor. A prtica da lei do amor prova da regenerao e da espiritualidade do indivduo, segundo aprendemos em I Joo 4:7 ss.

O Antigo Testamento, de fato, emprega em sentido mais amplo o termo prximo, conforme se v emxo. 3:22; 11:2 e Eze. 16:26. Tambm poderamos pensar no livro do profeta Jonas, que o Joo 3:16 do Antigo Testamento. Entretanto, essa viso mais espiritual no conseguiu capturar a imaginao da corrente principal do judasmo, que cada vez mais foi-se tornando uma f exclusivista.

A mais significativa passagem neotestamentria sobre a definio de quem o nosso prximo, e o que isso deveria significar para ns, acha-se na parbola do Bom Samaritano, em Luc. 10:29-37.

O prximo sempre alguma pessoa em necessidade, ao qual devemos socorrer, sem importar se essa pessoa vive perto ou longe de ns, sem importar sua raa ou religio. Do ponto de vista da criao (posto que no do ponto de vista da regenerao), todos os homens so filhos do mesmo DEUS, e todos eles so irmos. Assim, um prximo, nesse amplo sentido, tem direito ao nosso amor. Ora, esse ensino era totalmente estranho ao judasmo exclusivista dos dias de JESUS; mas, embora concorde com a nossa teologia crist, raramente observado na nossa prtica. A real lei de DEUS consiste em amarmos ao prximo como a ns mesmos (ver Tia. 2:8); mas quanto a isso temos pouca experincia, exceto como uma proposio teolgica.

Paulo tambm mencionou essa lei, no contexto da natureza do amor cristo (ver Rom. 13:9,10). O amor ao prximo no o prejudica. Antes, cumpre todos os requisitos da lei, que encoraja o bem e probe que se faa mal ao prximo (ver Gl. 5:14, que reitera esse mandamento). Um amplo ensino espiritual haver de ser, finalmente, anunciado entre todos os homens (ver Heb. 8:11), quando ento a espiritualidade do ser humano ser elevada ao ponto dele deixar de ser um guerreiro tribal, conforme hoje se v. Ver o artigo geral sobre o Amor, e tambm aquele sobre o Fruto do ESPRITO.CHAMPLIN, Russell Norman,Enciclopdia de Bblia Teologia e Filosofia. Vol. 5. Editora Hagnos. pag. 489.

Lv 19. 18. Amars o teu prximo como a ti mesmo. Essa a Regra urea. Cada um deve amar o prximo como a si mesmo. Esse o segundo grande mandamento, de acordo com a avaliao do Novo Testamento, que s perde em importncia para o amor a DEUS. JESUS citou este versculo e exaltou os princpios em que ele est alicerado. Ver Mar. 12.31. A lei mosaica inteira repousa sobre esses dois princpios.

A lei do amor a primeira lei da espiritualidade, e, de fato, a essncia da espiritualidade (I Cor. 13). fruto da regenerao (I Joo 4.7).

Teu prximo. De acordo com a definiorabnica, um compatriota hebreu. Mas notemos queat este captulo inclui o estrangeiro (vss. 33 e 34). JESUS falou de modo que entendssemos que prximo qualquer outro ser humano (Luc.10.29 ss.).

Quando de Hillel foi solicitado, por um discpulo em potencial, que dissesse a essncia da lei, estando de p sobre somente um dos ps (em tempo breve, portanto), ele apresentou, sob forma negativa, o conceito nossa frente: que no quiseres que outros te faam, no faas a outros. Mas JESUS apresentou uma verso positiva desse mesmo princpio, em Mat. 7.12: Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos faam, assim fazei-o vs tambm a eles. Cf. Rom. 13.8-10.

CHAMPLIN, Russell Norman,Antigo Testamento Interpretado versculo por versculo.Editora Hagnos. pag. 552.

Lv 19.17-18. A responsabilidade para com o prximo envolve uma atitude positiva de corao e mente. O dio uma resposta emotiva que somente deve ser empregada contra o mal (Am 5:15), e nunca contra algum que tambm um membro (irmo") da comunidade da aliana.

Quando se considera necessria a repreenso, a questo deve ser discutida abertamente com o transgressor, e no por detrs das suas costas, a fim de que a ira no levasse ao ressentimento e ao dio,resultando, assim, no pecado. Paulo encorajouTimteo a repreender os membros da igreja que estavam em erro, com amor e pacincia (1 Tm 4:12). Tomar vingana da maneira de uma inimizade tradicional de sangue meramente perpetua uma injustia, e s vezes a aumenta alm de todas as propores.

A vingana como tal pertence somente a DEUS (Dt 32:35; Rm 12:19; Hb 10:30), que pagar no tempo certo. O curso para o cristo seguir em tais casos foi exemplificado por JESUS CRISTO (1 Pe 2:23). A lei do amor para como o prximo enunciada somente aqui e no v. 34, e, segundo parece, abrange membros da comunidade da aliana (os filhos do teu povo) juntamente com os forasteiros e estrangeiros que viviam entre eles. Na realidade, os termos amar e prximo parecem ter sido to compreensivos no seu escopo naquele tempo quanto o so agora.

Esta, assim chamada, regra de ouro foi citada por CRISTO (Mt 19:19; 22:39; Mc 12:31; Lc 10:27, etc.) como ideal de comportamento altrustico na sociedade. O sentimento que subjaz este aforismo era sem igual no mundo antigo, e representa um dos preceitos morais mais destacados do Antigo Testamento.

R. K. Harrison.Leviticos.Introduo e Comentrio. Editora Vida Nova. pag. 183-184.

III. A VERDADE

1. ANTIGO TESTAMENTO.

I. Terminologia Bblica

No hebraico devemos considerar uma palavra e no grego, tambm uma, a saber:

1. Emeth, verdade, constncia. Esse vocbulo hebraico ocorre por 92 vezes no Antigo Testamento. H outras formas dessa palavra e outros vocbulos que ocorrem por algumas poucas vezes, e que tambm podem ser traduzidos como verdade.

2. Altheia, verdade. Palavra grega que usada por 110 vezes.

No Antigo Testamento, a palavra emeth e seus cognatos indicam as idias de firmeza, estabilidade, fidelidade, alguma base fidedigna de apoio. uma qualidade atribuda tanto a DEUS quanto s criaturas. Tambm atribuda no somente s mais diversas afirmaes (por exemplo, Rute 3:12), mas tambm conduta (ver Gn. 24:49) e s promessas (II Sam. 7:28). A verdade associada na Bblia gentileza (Gn. 47:29), justia (Nee. 9:13 e Isa. 59:14) e sinceridade (Jos. 24:14). Por essas razes, a Septuaginta, com freqncia, a traduz pelo termo grego pistis, f, fidelidade, convico, a fim de expressar o aspecto moral, em vez de empregar altheia, verdade.

CHAMPLIN, Russell Norman,Enciclopdia de Bblia Teologia e Filosofia. Vol. 5. Editora Hagnos. pag. 593.

Dt 32 .4 Diferente da ineficcia dos deuses pagos (v. 37), DEUS d a vida, a estabilidade e a felicidade ao povo (v. 15,18,30,31). A vida abundante que Ele concede baseada em Sua obra perfeita. Como uma Rocha firme que permanece inabalvel diante das guas furiosas de um mar revolto, o Senhor e Sua obra continuam slidos perante o caos produzido pelas vidas em pecado. O Todo-poderoso a fundao segura de toda verdade num mundo decadente. Alm disso, Ele nunca deixar as mentiras corromperem a justia (Sf 3.5). Ao contrrio, como um juiz justo e reto, proteger os oprimidos.

EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House.O Novo Comentrio BblicoAntigoTestamentocom recursos adicionais.Editora Central Gospel. pag.335.

Dt 32 (4) Ele um DEUS de verdade, cuja palavra podemos aceitar, e nela podemos confiar, pois no pode mentir aquele que fiel a todas as suas promessas, nem suas ameaas cairo por terra.

HENRY. Matthew.Comentrio Matthew Henry Antigo Testamento Gnesis a Deuteronmio.Editora CPAD. pag. 662.

Dt 32.1-4. Acerca do testemunho de cus e terra, cf. Is 1.2; M q 6.1,2. As palavras do cntico lembram a chuva e o orvalho porque refrescam e renovam os ouvintes, j que aludem ao carter de Jav. Ele to slido e confivel como uma rocha.

Bruce; F. F.Comentrio Bblico NVI: Antigo e Novo Testamento.Editora Vida. pag. 386.

2. NOVO TESTAMENTO.

Pelo que deixai a mentira e falai a verdade cada um com o seu prximo; porque somos membros uns dos outros" (Ef 4.25). O apstolo Paulo mostra que engendrar pensamento falso, falar mentira, propalar falsos rumores faz parte do estilo de vida do mundo pago. Os gentios convertidos f crist tinham pela frente o desafio de mudar o seu padro de vida; precisavam agora viver como discpulos de CRISTO. Verdade aquilo que corresponde aos fatos, em contraste com qualquer coisa enganosa, a mentira (Dt 13.14; 17.4; is 43.9).

A mentira o oposto verdade; trata-se da prtica do engano, da falsidade e da traio. No contexto bblico, a mentira vai alm da prtica intelectual da desonestidade; uma distoro do verdadeiro eu e da nossa relao com DEUS e com o prximo (1 Jo 2.4; 4.20).

A proibio aqui a divulgao no oficial e de fonte desconhecida de informao ou notcia no meio do povo de DEUS. A lei que manda amar o prximo probe o discurso nocivo, ainda mais quando o objetivo destruir a vida ou a reputao do outro.

A pessoa confivel e de bem guarda segredo e no divulga o que ouve para no prejudicar o prximo.

Esequias Soares.Os Dez Mandamentos.Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudana.Editora CPAD. pag. 130.

Nas pginas do Novo Testamento, altheia retm a nfase moral e personalista que o termo paralelo hebraico tem no Antigo Testamento, embora a noo de fidelidade, com mais freqncia, seja transmitida atravs da palavra grega pistis. Etimologicamente, altheia sugere que alguma coisa tenha sido descoberta, revelada, segundo a

sua verdadeira natureza, dando aideiadaquilo que real e genuno, em contraposiocom o que imaginrio ou esprio, ou, ento, daquilo que veraz, em contraposio com o que falso. Porm, as referncias neotestamentrias a declaraes verazes tomam evidente que o conceito de verdade cognitiva deriva-se das noes de franqueza ou carter fidedigno (ver, por exemplo, Mar. 5:33; 12:32; Joo 8:44-46; Rom. 1:25 e Ef. 4:25).

Trs Conceitos de Verdade na Bblia

O uso que a Bblia faz da palavra verdade, sugere trs conceitos relacionados entre si, a saber:

1. a verdade moral;

2. a verdade ontolgica; e

3. a verdade cognitiva.

Abase da verdade se encontra em DEUS, que a fonte originria e o padro de 1, a retido; 2, o ser; e 3, o conhecimento.

1. A Verdade Moral. A verdade um dos atributos de DEUS. Como tal, esse vocbulo se refere integridade, ao carter digno de confiana e fidelidade de DEUS. Um poeta hebreu celebra esse atributo em Salmos 89, e o profetaOseiaso faz em Os. 2:19-23.Em ambos os casos, a verdade divina combinada com a misericrdia e o amor de DEUS. De acordo com Deuteronmio 32:4, Salmos 100:5 e 146:6, a fidelidade de DEUS revelada por meio da criao; e, no livro de Apocalipse, esse o atributo de DEUS sobre o qual repousa a expectao de juzo (ver Apo. 3:7,14; 6:10; 15:3,4; 19:11 e 21:5).

Visto que o carter divino deve ser imitado pelos homens, a verdade tambm deveria ser uma qualidade, virtude ou atributo humano. Por esse prisma, a verdade importa em honestidade (Sal. 15:2; Ef. 4:25) e justia civil (Isa. 59:4,14,15). Dizer a verdade, portanto, para o homem constitui uma obrigao, de tal maneira que a veracidade (verdade cognitiva) seja uma das caractersticas do homem em quem se pode confiar (verdade moral). Entretanto, espera-se de cada indivduo que se mostre ntegro diante de DEUS e de seus semelhantes (xo. 18:21; Jos. 24:14). Nesse sentido moral, a verdade no algum mero verniz superficial, pelo contrrio, parte do prprio corao, distinguindo o carter inteiro do homem interior (I Sam. 12:24; Sal. 15:2; 51:6).

2. A Verdade Ontolgica. Originando-se no conceito de que o indivduo que inteiramente digno de confiana veraz, temos aquele outro conceito do indivduo que efetivamente aquilo que se prope a ser. Isso significa que tal indivduo no vive uma fico, no procura enganar ao prximo, e nem um homem que d um exemplo imperfeito ou negativo. Nesse sentido, a verdadeira luz (Joo 1:9) a perfeio que Joo Batista refletia em parte, em sua pessoa; o verdadeiro po (Joo 6:32) faz contraste com o imperfeito man de Moiss; e os verdadeiros adoradores (Joo 4:23) fazem contraste com aqueles que adoravam por mera antecipao, aguardando por quem no conheciam o Messias. Os crentes tessalonicenses abandonaram seus dolos a fim de servirem ao verdadeiro DEUS (I Tes. 1:9). CRISTO a verdade personificada.

nesse sentido que falamos sobre um verdadeiro homem, um verdadeiro erudito ou um verdadeiro filho,

dando a entender algum que fiel a algum ideal, que representa perfeitamente algum padro de virtude. A teoria grega dos universais via, em todos os particulares, uma participao, em algum grau, nas formas ideais dos universais.

3. A Verdade Cognitiva. Um outro fator resultante da verdade moral que o indivduo veraz diz a verdade e no a mentira ou falsidade. Em DEUS, a verdade origina-se na sua oniscincia, de tal modo que o atributo da verdade se refere, pelo menos em parte, ao seu perfeito conhecimento de todas as coisas (J 28:20-26; 38:39). Visto que DEUS o Criador, tudo quanto sabemos depende, em ltima anlise, do Senhor. Toda verdade uma verdade divina. Nossas habilidades cognitivas so uma criao de DEUS, e o carter inteligvel da natureza confirma a sabedoria de DEUS. Por conseguinte, o conhecimento de DEUS um conhecimento arqutipo, do qual o nosso conhecimento parcial, uma imitao. Aquilo que declaramos verdadeiro, s o proporo que concorda com a verdade, que s se manifesta perfeitamente na pessoa de DEUS. Isso posto, a verdade terrestre contingente, dependente, limitada, provisria. por um motivo assim que o apstolo dos gentios explicou que ... agora vemos como em espelho, obscuramente..., e que somente na presena imediata de DEUS, quando estivermos na glria, que ...veremos face a face .... Sim, ainda no dizer do apstolo, agora conhecemos apenas parcialmente; no cu conheceremos tal e qual somos conhecidos. Em contraste com o nosso conhecimento refletido, a verdade arqutipa ilimitada, imutvel e absoluta. No caso do homem, a verdade permanece em formao constante; mas, no caso de DEUS, a verdade j perfeita, completa.

Isso expresso atravs do conceito do Logos, nos escritos de Joo, bem como na discusso, na epstola aos Colossenses, sobre o fato de estarem ocultos, em CRISTO, ...todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento... (Col. 2:3). O CRISTO, por intermdio de Quem todas as coisas foram criadas, e que agora sustenta a tudo em existncia, aquele que empresta, natureza e histria, inteligibilidade, boa ordem e propsito. Conhecer a CRISTO conhecer a fonte onisciente de toda a verdade, de todo o conhecimento, no a fim de que possamos saber de tudo quanto ele sabe, mas a fim de podermos compreender como so possveis todo o conhecimento e toda a sabedoria. CRISTO aquele que garante o carter fidedigno de qualquer verdade que podemos obter.

Apesar de ser evidente, no Novo Testamento, o conceito cognitivo da verdade (ver, por exemplo, Mar. 5:33; 12:32; Rom. 1:25), particularmente aplicado ali mensagem anunciada por CRISTO e seus apstolos (Joo 5:33; 8:31-47; Rom. 2:8; Gl, 2:5; 5:7; Ef. 1:13; I Tim. 3:15; I Joo 2:21-27). Um mensageiro cristo fiel fala a verdade que procede de DEUS; e, correspondendo a essa verdade de DEUS, o crente confia em DEUS, de quem procede essa verdade. A f, pois, consiste tanto no assentimento da verdade como na dependncia ao que DEUS declara. Por isso que se l que uma pessoa pratica a verdade, quando d o seu assentimento mensagem do evangelho e

confia em CRISTO, em vista de sua verdade moral ou fidelidade (ver I Joo 1:6-8; 2:4; 3:18,19).

CHAMPLIN, Russell Norman,Enciclopdia de Bblia Teologia e Filosofia. Vol. 1. Editora Hagnos. pag. 593-595.

...e a verdade... Quanto a este particular, poderamos destacar os pontos seguintes:

1. JESUS a verdade de DEUS porque, na qualidade de Logos eterno (ver Joo 1:1), ele a perfeita revelao de DEUS e de sua verdade, e isso no meramente para os homens, mas tambm para todos os seres criados.

2. JESUS , especialmente, a revelao de DEUS aos homens, no que concerne salvao deles. Sua prpria pessoa representa realmente essa verdade, porque nele, segundo os eternos conselhos divinos (ver Ef. 1:3-5), ele sempre esteve unido a DEUS Pai, e o plano da redeno dessa maneira se originou dele. Assim sendo, em sua encarnao, ele trouxe essa verdade da redeno aos homens. Em sua ascenso, ressurreio e glorificao, ele assegura aos remidos a mais plena participao em toda a sua glria e em sua natureza divina. Portanto, por esses motivos ele a verdade metafsica do homem.

3. JESUS a verdade do caminho pelo qual os homens devem retornar a DEUS, porquanto ele o exemplo supremo e o ilustrador desse caminho. Essa a verdade envolvida em sua encarnao. Tudo quanto o homem precisa saber est contido em sua pessoa. JESUS a verdade tica do homem.

4. Dessa maneira, em sua prpria pessoa, CRISTO JESUS combina tudo quanto os homens precisam saber, crer e ser, tanto no que diz respeito natureza de DEUS como no que tange natureza e posse da redeno e da glria eterna.

5. JESUS a Verdade, em o posio religio falsa, como o judasmo desviado e obstinado. Ele aquela verdade para a qual apontava a lei mosaica, e da qual o pacto do A.T. era apenas uma sombra plida. Ele a materializao d verdade espiritual, e no meramente um profeta de DEUS ou uma representao parcial polmica crist contra os judeus incrdulos, que rejeitaram ao seu prprio Messias. O autor sagrado queria que tais pessoas soubessem que tudo aquilo em que confiavam, como uma revelao da parte de DEUS, nada significava parte da pessoa de JESUS CRISTO, posto ser ele a concretizao de toda a verdade de DEUS, ao passo que Moiss, a lei e os profetas meramente apontavam para CRISTO.

6. Em sua prpria essncia. CRISTO tambm a verdade de DEUS, porquanto ele mesmo divino, e assim nos tem mostrado qual a natureza de DEUS ou a verdadeira forma de vida que ele possui, a qual ele est transmitindo aos homens atravs de CRISTO. Essa justamente a mensagem de um trecho como Col. 2:9, onde se l: ...porquanto nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade... Ou ento do trecho de Col. 1:15: Ele a imagem do DEUS invisvel....

CHAMPLIN, Russell Norman,O Novo Testamento Interpretado versculo por versculo.Editora Candeias. Vol. 2. pag. 523.

Ele os traz em segurana ao lar situado l em cima. CRISTO a verdade: Cada palavra sua pode ser confiada implicitamente, pois ela ensina o conhecimento de DEUS, que aponta o caminho. O caminho que ele ensina o nico caminho certo, pois ele a verdade absoluta. CRISTO a vida: Ele o manancial e o doador de toda verdadeira vida, a vida que vivifica a todos aqueles quecreemnele, e que para sergozada eternamente no fim do caminho. Aquele que nele cr tem a vida eterna, no que est na vontade e inteno de DEUS, est completamente unido a DEUS. Sendo estas coisas verdadeiras, a conseqncia que ningum pode vir ao Pai, ou alcanar o gozo da bendio eterna, a no ser s por JESUS. No h outro caminho, sendo que todos os caminhos que so imaginados pelas pessoas, os caminhos das boas obras e da justia prpria, so trilhos falsos os quais levam destruio eterna. JESUS o nico caminho ao cu. Creio que isto a verdade, que a segunda palavra, significa em toda sua simplicidade, a saber, que CRISTO no somente o comeo do caminho, mas que o caminho verdadeiro e seguro, que finalmente permanecer o caminho ao qual a gente sempre se precisa ater, e no permitir que o trilho errado nos seduza a buscar algo ao lado de JESUS que nos possa ajudar na salvao.

KRETZMANN.Paul E.Comentrio Popular da Bblia Novo Testamento.Editora Concordia Publishing House.

3. O QUE A VERDADE.

...Perguntou-lhe Pilatos: Que a verdade?... A pergunta, feita ao Senhor JESUS por Pilatos, e que este ltimo no esperou ser respondida.

Por definio filosfica, o ceticismo afirma que no existe qualquer coisa como uma verdade certa, imutvel e eterna, e que, mesmo que tal coisa exista, os homens ainda no encontraram meios para descobri-la, no sendo mesmo provvel que se possa encontrar esses meios de descoberta ou descrio. Naturalmente esse parecer dos antigos romanos o arauto do moderno ceticismo cientfico, conforme pode ser visto no positivismo lgico, que decreta que a descoberta da verdade impossvel para os homens, reduzindo a filosofia a uma mera tentativa de fornecer algum mtodo cientfico ao processo do raciocnio.

A pergunta de Pilatos a CRISTO, para a qual no esperou resposta, equivale a uma declarao sua, como, por exemplo: Quem se importa com a verdade? Esse reino de que falas, JESUS, um reino que no pode ferir nossos interesses romanos aqui em Jerusalm. Que tenho eu a ver com provncias e reinos que no podem render tributo, que no podem produzir qualquer exrcito que se revolte contra ns? No passas de um fantico, e no representas qualquer ameaa poltica real.

E assim, com um gesto que deixava ver a sua impacincia, pois no tinha interesse algum em ouvir mais qualquer coisa sobre o que lhe parecia especulaes teolgicas loucas. Voltou Pilatos as costas a JESUS, no querendo mais ouvi-lo. No obstante, estava convicto de sua inocncia e proclamou essa opinio francamente multido que o esperava ululante l fora. Declarou que JESUS no era culpado de crime algum e que suas aspiraes realeza eram inteiramente diversas daquilo de que vinha sendo acusado.

O vocbulo ...eu... enftico dentro da frase: Eu no acho nele crime algum. como se Pilatos houvesse dito multido: Quanto a vs, tendes encontrado falta nele, mas injustamente, por motivo de dio e preconceitos religiosos e por causa d vossa inveja; mas, quanto a mim, no encontro crime algum neste homem.

Pilatos escarneceu tanto da grande Testemunha da Verdade como dos que aborreciam a verdade. Sua conduta apresenta um lamentvel exemplo da fraqueza moral daquele esprito de poder mundano, que atingiu o seu ponto culminante no imprio romano. (Alford, in loc.).

A declarao que Pilatos fez nessa oportunidade, e que coincidia com a verdade e com a justia mais pura, no demorou a ser obliterada pelas maquinaes da poltica, onde parece mais importante preservar a paz do que salvar a vida de um inocente.

No encontro motivo algum para a acusao legal (ver o vs. 33). Sem importar o que ele JESUS seja, no h qualquer prova de traio contra a majestade de Csar. (Ellicott, in loc.).

A finalidade de Pilatos corresponde a uma vida vazia de toda base de verdade objetiva; de conformidade com as autoridades clssicas, ele terminou por suicidar-se, em conseqncia de graves infortnios. (Eusbio, Histria Eclesistica, II.7).

No tocante verdade do cristianismo, Arthur John Gossip (in loc.) declara: Caso Pilatos se tivesse demorado um pouco mais, CRISTO poderia ter-lhe respondido: Eu sou a verdade... Mas at isso, com toda a probabilidade, pouco ou nada teria significado para aquele altivo romano. No entanto, isso seria estritamente verdadeiro.

A verdade que conhecemos

1. Sabemos de bem pouco, mas aquilo que sabemos imensamente importante.

2. Em contraste com o conhecimento de um historiador, que depende de pesquisas do passado distante, e isso contando com meios inadequados, a busca pela verdade religiosa depende da revelao. A revelao depende do interesse de DEUS pelo mundo, e evidncia do mesmo.

3. A verdade comprovada nas vidas daqueles que so transformados segundo a imagem de CRISTO. necessrio poder para que isso se concretize, e o que bom traz consigo suas prprias evidncias.

A verdade que os homens se vo tornando menos e menos dogmticos, proporo em que envelhecem, reconhecendo cada vez mais a vastido da verdade; e isso certamente o caso da verdade de CRISTO, pois essa infinitamente ampla e no pode ser contida por qualquer credo ou denominao religiosa, porquanto impossvel algum cercar DEUS com uma sebe.

Contra a arrogncia

1. A f no consiste de no crer em algo que no a verdade. Um dogma pode servir de obstculo para a verdade que conhece as coisas.

2. Nenhuma denominao ou f isolada pode ser guardi da verdade divina. Podemos aprender coisas de outros, e as janelas deveriam ser mantidas abertas, para permitir que a luz entre, para que possa haver crescimento.

Da preguia que aceita meias-verdades, Da arrogncia que pensa conhecer toda a verdade, O Senhor, livra-nos.

O prprio Paulo exibiu grande confiana: Sei em quem tenho crido, e, no entanto, aludiu a si mesmo como mero principiante na inquirio pela verdade espiritual. (Ver II Tim. 1:12, em comparao com Fil. 3:10-14. Quanto a JESUS como a personificao da verdade, ver Joo 14:6).

CHAMPLIN, Russell Norman,O Novo Testamento Interpretado versculo por versculo.Editora Candeias. Vol. 2. pag. 603-604.

O que a verdade? Pilatos no se dava conta de que a resposta estava em p sua frente.

KRETZMANN.Paul E.Comentrio Popular da Bblia Novo TestamentoEditora Concordia Publishing House. 830-831.

Jo 18.37.

O paralelismo sugere que seu reino o reino da verdade; ou, de forma mais precisa, o exerccio de seu reinado de salvao praticamente indistinguvel de seu testemunho da verdade.

Nesse contexto, a verdade interpretada em um sentido mais que intelectual (cf dela Potterie, 2. 624ss.); ela apenas a auto-revelao de DEUS em seu Filho, que a verdade (14.6). Revelar a verdade de DEUS, da salvao e do juzo, era o principal meio de fazer sditos, de exercer seu reinado salvfico (cf. Lagrange, p. 477).

De forma similar, somente aqueles que so corretamente relacionados com DEUS, com a prpria verdade, podem compreender o testemunho que JESUS fornece da verdade (cf. 3.16-21). Todos os que so da verdade ouvem a JESUS (cf. 10.3,16,27).

38a. Se o reinado de JESUS indistinguvel de seu testemunho da verdade, e se seus seguidores so caracterizados por fidelidade a seu testemunho, e no pela revoluo violenta, Pilatos forado a reconhecer que JESUS est sendo vtima de uma conspirao do Sindrio. Alm disso, h um convite implcito nas palavras de JESUS. O homem no banco dos rus convida o juiz para ser seu seguidor, para juntar-se queles que so da verdade. JESUS no perigoso; mas ele tambm pode estar irritando Pilatos. De qualquer forma, Pilatos abruptamente termina o interrogatrio com uma curta e cnica pergunta: Que a verdade? - e com a mesma rispidez d as costas, seja porque ele est convencido de que no existe uma resposta, seja porque ele no quer ouvi-la, o que mais provvel. Ele prova, assim, que no est entre aqueles a quem o Pai deu a seu Filho (cf. Haenchen, 2. 180).

D. A. CARSON.O Comentrio De Joo.Editora Shedd Publicaes. pag. 595-596.

IV. O CUIDADO COM A MENTIRA

1. AS TESTEMUNHAS.

Sobre o Falso Testemunho (19.15-21)

Dt 19.15 Pelo depoimento de duas ou trs testemunhas. Esse mltiplo testemunho concorria para a preservao da justia. A lei mosaica era severa, e por muitas vezes requeria a punio capital, devido a crimes que na cultura moderna no seriam castigados to severamente. Uma testemunha falsa poderia tentar eliminar um adversrio prestando um testemunho falso: Meu vizinho estava adorando um dolo!. A fim de impedir to ultrajante conduta, pois, foi estabelecida a lei das duas ou mais testemunhas. Desse modo o perjrio, embora no fosse eliminado de todo, pelo menos era grandemente reduzido. J vimos essa lei em Deu. 17.6. As notas oferecidas ali aplicam-se tambm aqui. O depoimento de testemunhas precisava ser investigado. Osjuzese os tribunais locais no deveriam aceitar passivamente oscaprichos desonestos dos homens.Juzesinquiririam as teste- munhas. E astestemunhas falsas deveriam ser executadas (Deu. 19.19). Isso lanaria o temor no corao de todos, dificultando o pecado de perjrio.

uso veraz da lngua, ao evitar a todo o transe a calnia e a acusao falsa, um dos princpios centrais da tica bblica, sendo esse pecado condenado no nono mandamento da lei. Aqui esse principio foi expresso em linguagem leal, para uso nos tribunais (cf. xo. 23.1; Lev. 19.11-18)" (G. Ernest Wright, in ioc.).

As testemunhas no podiam prestar seu testemunho por meio de cartas, nem podiam enviar representantes. Era mister que comparecessem pessoalmente, a fim de serem inquiridas pelosjuzes. E se houvesse 0 envolvimento de algum idiomaestrangeiro, no podia haver um intrprete entre as testemunhas e os juzes. As testemunhas tinham de encarar osjuzes. Cf. Nm. 35.30.

Dt 19.16 Quando se levantar testemunha falsa. de presumir-se que os casos complicados fossem submetidos apreciao da Corte Suprema, que funciona- va no santurio central, em Jerusalm. Ver Deu. 17.18 ss.. O lugar determinado por Yahweh como o santurio central tambm abrigaria o Tribunal Superior, que julgaria os casos mais difceis. Israel dispunha de severas leis de retaliao, como olho por olho e dente por dente (vs. 21), e isso precisava ser regulamentado com medidas extremas, mediante investigao e depoimento de testemunhas oculares, para que houvesse sempre julgamentos justos. Leis severas exigiam uma justia estrita.

Dt 19.17 Ento os dois homens. provvel que tenhamos aqui a descrio daqueles entre os quais tivesse surgido alguma pendncia, no santurio central; mas, se um concilio local estivesse envolvido, ento deveriam prevalecer as mesmas regras de justia. O vocbulo no singular, juiz, que ali aparece (vs. 9), talvez seja uma referncia ao sumo sacerdote, que era o juiz supremo em Israel. A passagem de Deuteronmio 17.8-13 aborda a Corte Suprema, e nas notas expositivas a res- peito, dou informaes acerca dos oficiais que operavam ali, bem como dos tribunais secundrios. Ver tambm Deu. 16.18 ss.. Nesse versculo 18 dou informaes especficas sobre a estrutura dos antigos tribunais de Israel.

Homens. Mulheres no podiam servir de testemunhas. Ver Bartenora, see. 5. Esse mesmo documento antigo assevera que tanto as testemunhas quanto os acusados tinham de dar e ouvir o testemunho estando de p.

Perante o Senhor. Assim foi dito porque o tribunal e suas regras de ao tinham sido estabelecidos por ordem divina. DEUS era o observador silente que acompanhava 0 processo inteiro de justia, e a Sua presena inspiraria osjuzesa impor uma justia estrita.

O comparecimento pessoal era uma necessidade. Ningum podia escrever uma carta ou enviar um seu representante.

Diante dos sacerdotes e dosjuzes.

Dt 19.18 Osjuzesindagaro bem. Investigaes criteriosas faziam parte do dever dostribunais, em Israel. Ningum podia mostrar-se frvolo, nessas ocasies. Com freqncia, a punio capital era o fim do julgamento. O Targum de Jonathan refere a um exame e interrogatrio completo das testemunhas. Ver Deu. 17.4, quanto expresso indagars bem. Ver tambm Deu. 13.12-14 e 17.9. O trecho enfatiza a questo. No se permitia testemunho por ouvir dizer, em Israel.

Dt 19.19 Assim exterminars o mal do meio de ti. O prprio Yahweh cuidaria para que os tribunais de justia de Seu povo no falhassem. Se alguma testemunha falsa fosse descoberta pelas investigaes, ento tal indivduo sofreria exatamente 0 castigo que tinha esperado infligir sobre seu vizinho ou conhecido inocente.

A questo era levada perante o Senhor (vs. 17), porquanto era 0 tribunal do Senhor e osjuzesdo Senhor estavam julgando o caso. Sua presena, invisvel mas real, seriagarantia absoluta da justia.

O castigo poderia tomar a forma de uma multa, de aoites, da perda de um dos membros do corpo, ou ento de execuo por apedrejamento, estrangula- mento, execuo na fogueira ou morte espada. As testemunhas falsas seriam sujeitadas a uma dessas punies, sem importar qual delas tivesse sido planejada para o homem falsamente acusado.

Dt 19.20 ... o ouam e temam. Aqueles que sobrevivessem ao incidente (como a famlia do homem que tinha cometido perjrio), bem como a populao em geral, que ouvisse falar sobre o caso, temeriam, desencorajando o crime de perjrio. E embora isso no eliminasse 0 mal das testemunhas falsas, essa prtica odiosa ficaria grandemente reduzida.

CHAMPLIN, Russell Norman,Antigo Testamento Interpretado versculo por versculo.Editora Hagnos. pag. 830.

Falsas testemunhas (19: 15-21).A prtica do perjrio proibida no declogo (5 : 20). Para desestimular operjrio, contudo, certas medidasjudiciaisforamestabelecidas.Esta breve seo trata de todo o assunto das testemunhas e, em especial, da falsa testemunha, que tem sido uma ameaa sociedade em todas as pocas e entre todos os povos.

Dt 20.15. perfeitamente provvel que Moiss formulasse uma nica lei apodtica com referncia ao falso testemunho. Podemos postular tal lei nos seguintes termos: Uma nica testemunha no ter ganho de causa (lit. ficar de p) contra outrem com respeito a um crime qualquer.

Na explanao subsequente a tal lei aparece a clusula de que duas ou trs testemunhas so necessrias antes que uma acusao possa ser sustentada.

Dt 20.16-20. O caso da testemunha maliciosa (lit. testemunha de violncia, i.e. seu testemunho levaria a um ato de violncia) agora discutido.

Quando tal testemunha declarava que o acusado era culpado de um ato errado (lit. desvio, i.e. desero, apostasia ou m conduta moral ou religiosa), as duas partes em litgio tinham que comparecer perante Jav para responder aos sacerdotes ejuzesqueestivessem oficiando na ocasies. O tribunal localizado no santurio central parece ser o que se tem em vista nesta passagem (cf. 17: 8-13). Depois de cuidadoso exame osjuzes(provavelmente todo o grupo de sacerdotes ejuzes) dariamoveredito.

Se a testemunha fosse falsa receberia o castigo que se tencionava dar ao acusado. Desta maneira o mal seria queimado (exterminado) de Israel e operjriodesestimulado.

Dt 20.21. A penalidade para o falso testemunho estava de acordo com a lex talionis, ou lei da retaliao (cf x 21: 23ss.; Lv 24:17ss.), i.e. olho por olho, dente por dente, etc.I39 Este princpio freqentemente mal entendido. Longe de estimular a vingana, ele limita a vingana e serve como guia para um juiz ao fixar este a penalidade compatvel com a seriedade do crime. O princpio no era, assim, o de dar margem vingana, mas o de garantir a justia, Lei semelhante era conhecida em outras partes do mundo semtico. Algumas sociedades faziam uso de compensaes monetrias em alguns casos.141 Basicamente, a lex talionis expressa a opinio de que a vida do indivduo algo sagrado, sem equivalente material (cf. 12:23, 24; 15:9; 21:8; 22:6; 7; 25:11,12). A crtica feita por JESUS a esta lei (Mt 5: 38ss.) surgiu de seu emprego para regular a conduta entre dois indivduos. CRISTO no a rejeitou como princpio de justia que deveria ser empregado nos tribunais terrenos. Com respeito a relacionamentos interpessoais Ele props o ideal da fraternidade, princpio marcadamente forte em todo o livro de Deuteronmio. Estender a lex talionis ao domnio interpessoalequivaliaa destruir a lei de DEUS.

I. A. Thompson.Deuteronmio Introduo e Comentrio.Editora Vida Nova. pag. 208-209.

Os Falsos Testemunhos vv. 14-21

Aqui est um estatuto para impedir fraudes e perjrios. Pois a lei divina protege os direitos e as propriedades dos homens. Ela uma mui grande amiga da sociedade humana e do interesse civil dos homens.

T Uma lei contra fraudes, v. 14. 1. Aqui est uma instruo implcita, dada aos primeiros colonizadores de Cana, para que fixassem marcos, segundo a distribuio da terra s diversas tribos e famlias. Observe que a vontade de DEUS que cada um tenha o que for seu, que todos os bons meios sejam usados para evitar invases e conflitos, e que ningum faa ou receba o mal. Quando o direito estipulado, deve-se tomar cuidado para que no seja, posteriormente, removido. E, se possvel, que no haja oportunidades para disputas. 2. Uma lei expressa posteridade, para que no removesse estes marcos que assim tinham sido fixados a princpio, para que um homem, secretamente, no obtivesse para si aquilo que era de seu vizinho. Este , sem dvida, um preceito moral, e ainda em vigor, e a ns ele probe: (1) Invadir o direito de qualquer pessoa, e tomar para ns aquilo que no nos pertence, por qualquer artifcio ou procedimento fraudulento, como falsificar, ocultar, destruir ou alterar certificados e escritos (que so os nossos marcos, em funo dos quais so feitas as apelaes), ou modificar cercas, marcos e limites. Embora os marcos fossem colocados pelas mos do homem, ainda assim, segundo a lei de DEUS, aquele que os removesse seria um ladro e um saqueador. Que cada homem fique satisfeito com a sua prpria sorte, e seja justo com seus vizinhos, e ento no teremos nenhum marco removido. (2) Este preceito nos probe de semear a discrdia entre vizinhos, e fazer qualquer coisa que ocasione disputa e processos judiciais, o que feito (e muito mal feito) confundindo aquelas coisas que deveriam determinar as disputas e decidir as controvrsias. E: (3) Tambm nos probe de romper a ordem e a constituio estabelecidas do governo civil, e alterar costumes antigos sem justa causa. Esta lei sustenta a honra das prescries. Consuetudo facit jus - O que costume deve ser considerado como lei.

Uma lei contra perjrios, que estabelece duas coisas: 1. Que uma nica testemunha jamais deveria ser aceita para dar evidncia em uma causa criminal, de modo que a sentena fosse proferida com base no seu testemunho, v. 15. Esta lei j foi vista antes, Nmeros 35.30, e neste livro, cap. 17.6. Isto foi decretado a favor do prisioneiro, cuja vida e honra no deveriam estar merc de uma pessoa particular que tivesse algum ressentimento contra ele, e por precauo, para que o acusado no dissesse aquilo que no pudesse confirmar atravs do testemunho de outra pessoa. Esta lei coloca a humanidade, com justia, em uma posio vergonhosa, considerando-a como falsa e indigna de confiana. Segundo ela, deve-se suspeitar de todos os homens. Porm uma honra para a graa de DEUS que o relato que Ele deu, a respeito do seu Filho, seja confirmado tanto no cu quanto na terra, por trs testemunhas, 1 Joo 5.7. Sempre seja DEUS verdadeiro, e todo homem mentiroso, Romanos 3.4. 2. Que uma falsa testemunha deveria receber a mesma punio que fosse infligida pessoa que ela acusasse, vv. 16-21. (1) O criminoso aqui uma falsa testemunha, de quem se diz que se levanta contra um homem, no somente porque toda testemunha se levantava quando apresentava sua evidncia, mas porque uma falsa testemunha, na verdade, se levanta como um inimigo e um assaltante contra aquele que ela acusou. Se duas, ou trs, ou muitas testemunhas, estivessem de acordo em um falso testemunho, todas estariam sujeitas acusao, por esta lei. (2) A pessoa prejudicada ou correndo riscos pelo falso testemunho considerada como sendo demandante, v. 17. E se a pessoa fosse levada morte, com base nas evidncias, e posteriormente se descobrisse que eram falsas, qualquer outra pessoa, ou os prpriosjuzes, ex ofcio - em virtude do seu ofcio, poderiamexigir que a falsa testemunha se explicasse.

(3) Causas deste tipo, tendo em si uma dificuldade extraordinria, deviam ser levadas diante da corte suprema, os sacerdotes ejuzes, dos quais se diz que estoperante o Senhor, porque, assim como os outrosjuzesficavam s portas das cidades,tambm estes, porta do santurio, cap. 17.12. (4) Deveria haver grande cuidado no julgamento, v. 18. Deveria ser feita uma investigao diligente quanto ao carter das pessoas, e todas as circunstncias do caso. Tudo isto devia sei' comparado, para que a verdade pudesse ser descoberta. Quando a investigao fosse realizada de um modo fiel e imparcial, eles poderiam esperar que a Providncia os auxiliasse.

(5) Se ficasse evidente que um homem tinha, conscientemente e perversamente, dado falso testemunho contra seu prximo, embora o mal que lhe desejava no tivesse sido realizado, este deveria sofrer a mesma penalidade qual seu prximo estaria sujeito, devido sua evidncia, v. 19. Nec lex estjustior idla - Nenhuma lei poderia ser ma is justa. Se o crime do qual ele acusasse seu prximo devesse ser punido com a morte, tambm o homem que deu falso testemunho deveria ser condenado morte. Se a punio fosse aoitamento, ele deveria ser aoitado. Se fosse uma multa financeira, ele deveria ser multado tambm. E, como para aqueles que no levassem em considerao a atrocidade do crime e a necessidade de impedi-lo, pareceria ser uma punio muito dura, por ter dito algumas palavras, especialmente quando nenhum mal tinha, realmente, sido feito, aqui est acrescentado: O teu olho no poupar, v. 21. Nenhum homem precisa ser mais misericordioso do que DEUS. O benefcio que resultar, para o pblico, desta severidade, a recompensar com abundncia: Para que os que ficarem o ouam, e temam, v. 20. Tais punies exemplares seriam advertncias a outros, para que no empreendessem nenhuma maldade deste tipo, quando vissem como aquele que fez a cova e a escavou havia cado nela.

HENRY. Matthew.Comentrio Matthew Henry Antigo Testamento Gnesis a Deuteronmio.Editora CPAD. pag. 618-619.

2. OS DANOS.

xo 21.23-25 A Lei de Talio. Temos aqui a declarao clssica da retaliao olho por olho, dente por dente. Nesse caso, a punio era de acordo com a natureza do crime cometido, de maneira a mais literal possvel. Ver tambm Lev. 24.19,20 e Deu. 19.21 quanto a notas expositivas sobre essa lei. Tal lei provia uma retaliao em propores exatas, evitando-se assim os exageros.

O termo dano (vs. 23), talvez aluda de volta ao vs. 22: um homem, em briga com outro homem, viria a ferir a mulher grvida deste, que viera em seu socorro. Se o ferimento no provocasse somente aborto, mas tambm a morte da mulher, ento a lei determinava vida por vida, a primeira declarao geral da lex talionis. E o culpado era executado. Nesse caso, a palavra dano aponta para a morte da mulher. Embora o culpado tivesse matado a mulher sem inteno de faz-lo, visto ter a mulher grvida e seu filho ainda no nascido, o caso se agravava tanto que passava a ser considerado como assassinato intencional.

Mas h estudiosos que pensam que o vs. 23 d incio a uma nova seo. Nesse caso, no h qualquer vinculao com o vs. 22. E, assim sendo, vida por vida passa a aludir ideiade homicdio no intencional, j discutido nas notas sobre o vs. 12,ideiaque seria aqui considerada de maneira geral. Por conseguinte, a lex talioniscomearia por crimes que merecessem punio capital.

Bons intrpretes tm visto a questo por um ngulo ou por outro. Mas mesmo que o vs. 22 esteja em pauta, a expresso vida por vida deve ser entendida como uma declarao geral de que o homicdio intencional precisava ser punido com a execuo do culpado!

Alguns estudiosos cristos pensam que o aborto um homicdio, pois pensam que o texto presente indica que o aborto envolvia a punio capital do culpado. Mas isso dificilmente concorda como vs. 22. Se a mulher no fosse ferida, ento o simples aborto (nesse caso, provocado), era punvel mediante mera muita.

Mas se tem de ser classificado ou no como uma homicdio envolve uma complicao difcil de resolver.

A lex talionis mais antiga que a legislao mosaica, e vestgios dessa antiga lei podem ser encontrados em muitas culturas e em muitos antigos cdigos legais.

Olho por olho...Alex talionis requeria uma retaliao exata. A vantagem dessa lei que ela evitava exageros na aplicao da punio. Neste versculo so enfocadas pores especficas do corpo humano: olho, dente, mo, p. Se algum prejudicasse um dente de outrem, seu dente seria prejudicado; se prejudicasse um p, seu p sofre- ria dano idntico.

Mas tambm devemos ver neste versculo um uso metafrico. Os crimes precisam ser punidos com preciso, e no de forma leniente e nem exagerada. Tais castigos poderiam nada ter a ver com membros literais do corpo humano. Este versculo condena a lenincia geral que caracteriza nosso moderno sistema judicial. Os vss. 26 e 27 voltam questo dos escravos; e nesse caso, no havia aplicao da lex talionis, porque os escravos eram considerados propriedades, pelo que a lei era mais branda em seus castigos nos casos de ferimentos produzidos contra escravos. Os escravos no eram tratados como iguais e nem possuam direitos iguais s pessoas livres. Mas entre seres humanos livres, a lei tinha aplicao estrita.

A lex talionis produziu a mutilao generalizada de muitas pessoas, porquanto impunha a aplicao da punio em propores exatas aos danos causados em algum. Por essa e outras razes, posteriormente buscaram-se alternativas para a lex a/ionis. E, ento, a lenincia na aplicao das penas veio a tornar-se a regra geral. Essa lenincia, por sua vez, pode tornar-se to acentuada que o criminoso nem mais chega a sentir o peso do castigo. De fato, em alguns pases, como em nosso Brasil, chega-se a pensar que os direitos humanos, evocados em defesa dos culpados, esquece totalmente as vtimas dos criminosos. Agora, espera-se que 0 pndulo da justia comece a pender de novo, paulatinamente, na direo contrria, e que os direitos das vtimas passem a ser melhor reconhecidos.

Jarchi e outros intrpretes judeus informam-nos que, quando a pena imposta era a perda de um olho, tal pena comeou a ser substituda por uma multa correspondente ao preo de um olho.

A lei era regulamentada pelos ancios que atuavam como juzes. No era permitida a retaliao individual, da parte de pessoas particulares. Fica entendido, embora no seja dito francamente, que tais injrias tinham sido infligidas a propsito. No obstante, perfeitamente possvel que at mesmo danos infligidos acidentalmente eram cobertos pela lex lalionis. Essa lei, embora aparentemente uma boa medida para assegurar a justia, na prtica permitia muitos abusos e absurdos. Como um princpio, entretanto, nos ministra uma lio necessria.

Queimadura... ferimento... golpe. Qualquer tipo de dano que um homem possa provocar em outro, deveria ser castigado com um dano similar. Os Targuns dos judeus de novo pensam que a interpretao deve ser metafrica. Ou seja, uma justa retaliao deveria ser aplicada por meio de multas, como o preo de uma queimadura (Targum de Jonathan), ou coisa parecida. As Doze Tbuas da primitiva legislao romana continham itens assim. Favorino objetava aplicao literal da retaliao. Como se poderia fazer um ferimento em algum que correspondesse, exatamente, ao ferimento que se fizera contra algum? (Apud. Gell. Noct. Attic. 1.20 g. 1). Na primitiva sociedade romana, os castigos eram negociados. Quando no se podia chegar a um acordo, ento era aplicada a literalidade. Josefo falou em dinheiro pago pelo ferimento feito em um olho (Antiq. 1.4 c. 33,35).

CHAMPLIN, Russell Norman,Antigo Testamento Interpretado versculo por versculo.Editora Hagnos. pag. 400.

O cuidado particular que a lei teve com as mulheres grvidas, para que nenhum mal lhes fosse feito que pudesse provocar o seu aborto. A lei da natureza nos obriga a sermos muito ternos neste caso, para que a rvore e o fruto no sejam destrudos ao mesmo tempo, vv. 22,23. As mulheres grvidas, que desta maneira so tomadas sob a proteo especial da lei de DEUS, se viverem no temor a Ele, podem, ainda, crer estar sob a proteo especial da providncia de DEUS, e ter esperana de que sero salvas ao darem luz. Nesta ocasio, introduzida aquela lei geral de retaliao qual o nosso Salvador se refere em Mateus 5.38: Olho por olho. Bem: 1. A execuo desta lei no , com isto, deixada nas mos de pessoas individualmente, como se todo homem pudesse vingar-se, pois isto causaria confuso universal e tornaria os homens como os peixes do mar. A tradio dos ancios parece ter colocado este disfarce corrupto sobre a lei, e em oposio a isto o nosso Salvador nos ordena que perdoemos as ofensas e no pensemos em vingana, Mateus 5.39. 2. DEUS freqentemente realiza a vingana no decorrer da sua providncia, tornando a punio, em muitos casos, uma resposta ao pecado, como visto emJuzes1.7; Isaas33.1; Habacuque 2.13; Mateus 26.52. 3. Os magistrados devem ter em mente esta regra ao punir os criminosos, e fazer justia queles que so ofendidos. Deve-se considerar a natureza, a qualidade e o grau do mal que feito, para que possa haver reparao parte ofendida, e outros se contenham para no fazer nada semelhante. Ou olho por olho, ou o olho ferido ser redimido por uma soma de dinheiro. Observe que aquele que causa o dano deve esperar, de uma maneira ou de outra, uma recompensa de acordo com o dano que causar, Colossenses 3.25. As vezes, DEUS faz com que as obras violentas dos homens caiam sobre as suas prprias cabeas (SI 7.16). E os magistrados, quanto a isto, so os ministros da justia, pois so vingadores (Rm 13.4) e no trazem debalde a espada.

HENRY. Matthew.Comentrio Matthew Henry Antigo Testamento Gnesis a Deuteronmio.Editora CPAD. pag. 300.

3. O PECADO DA MENTIRA.

MENTIRA (MENTIROSO)

1. Definies Bsicas

Temos preparado um longo artigo sobre os Vcios, onde comentado o vcio da mentira. Mentir fazer declaraes propositalmente falsas, meias verdades que envolvem falsas impresses. Um exagero proposital um tipo de mentira, como tambm o uma declarao parcial proposital. At mesmo as verdades proferidas com o intuito de enganar, naquilo em que visam iludir, no passam de mentiras. Entretanto, as histrias de fico, escritas ou filmadas, embora no correspondam realidade, no so mentiras, visto que no se propem a narrar fatos, mas to-somente simbolizam fatos e idias.

2. Palavras Bblicas Envolvidas

No hebraico encontramos kazab, palavra usada por vinte e nove vezes, conforme se v, por exemplo em Ju. 16:10,13; Sal. 40:4; Pro. 6:19; 14:5,25; 19:5,9; Isa. 28:15,17; Eze. 13:8,9,19; Dan. 11:27; Os. 12:1; Ams 2:4; Sof. 3:13. Tambm encontramos sheqer, que aparece no Antigo Testamento por cerca de quarenta e trs vezes com o sentido de falsidade, mentira, (mentiroso, etc., segundo se v, para exemplificar, em J 13:4; Sal. 63:11; 119:69; Isa. 9:15; 59:3; Jer. 9:3,5; 14:14; 29:21,31; Eze. 13:22; Miq. 6:12; Hab. 2:18; Zac. 10:2 e 13:3. Ambas as palavras podem indicar engano, mentira. Outras palavras hebraicas bem menos usadas soakzab (Miq. 1:14), bad, artifcio (J 11:3; Isa. 16:6; Jer. 48:30); kachash, fingimento (Os. 7:3; 10:13; 11:12; Naum 3:1); dabar, palavra de falsidade (Pro. 29:12).

No grego encontramos psedos, mentira falsidade, palavra empregada no Novo Testamento por sete vezes: Joo 8:44; Rom. 1:25; II Tes. 2:11; I Joo 2:21,27; Apo. 21:27; 22:15. E tambm psesma, falsidade, em Rom. 3:7.

3. Usos Bblicos

Os homens mentem, principalmente, a fim de enganar. Essa palavra usada nas Escrituras para indicar as declaraes falsas dos homens acerca de DEUS e das realidades espirituais (Jer. 14:14; Eze. 13:9; Rom. 1:25). A verdade divina reduzida a uma mentira, pelas idias e declaraes dos homens. As mentiras dos homens pervertem, portanto, a verdade dita por DEUS. Toda mentira cria uma falsa certeza (Isa. 28:15). Os resultados da mentira so o erro e a iluso (Jer. 23:32). Os padres morais so solapados pelas mentiras (Rom. 1:26 ss).

DEUS no pode mentir, mas precisa julgar (I Sam. 15:29; Tito 1:2). Por isso, a mentira nunca atribuda a DEUS, mas atribuda aos homens, como quando prestam falso testemunho (Pro. 6:19). O ato de mentir era proibido pela lei mosaica (Exo. 20:16; Lev. 19:11). Os crentes deveriam reconhecer que o ato de mentir prprio da vida velha, na incredulidade, devendo ser rejeitado pelo crente como uma roupa indesejvel, segundo se v em Col. 3:9; No mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho homem com os seus feitos. O trecho de Joo 8:44 apresenta Satans como o pai da mentira. Os trechos de Apo. 21:27 e 22:15 mostram que os mentirosos habituais (que o fazem devido sua natureza corrompida e no regenerada), ficam impedidos da salvao e do lar celestial.

4. Discusses Filosficas

Ser errada a mentira, em todos os casos? Alguns filsofos asseveram que h ocasies em que mentir melhor do que dizer a verdade. Um meu professor de filosofia deu um exemplo em classe, baseado na vida real, ocorrido durante a Segunda Guerra Mundial. Ele falou sobre um sacerdote catlico romano que se viu envolvido no movimento de resistncia subterrnea de um pai debaixo do poder militar dos nazistas. Vidas dependiam dele. Quando foi apanhado, ele confessou, e no mentiu, dizendo aos alemes que, de fato, fazia parte daquele movimento. O resultado foi desastroso. Tambm poderamos pensar no caso dos pacientes terminais. Tais pacientes devem ficar sabendo da verdade, ou, pelo menos em alguns casos, melhor enganar o doente? H pessoas que simplesmente querem saber seu estado, e a essas deveramos dizer a verdade. Mas h outras que, segundo os mdicos e seus familiares julgam, sentir-se-iam menos premidas se a verdade no lhes fosse revelada, pois ass:m enfrentariam a morte mais tranquilamente. Isso posto, em tais casos, seria melhor mentir a um paciente terminal. Se esses casos so exemplos de excees vlidas regra contra a mentira, ento podemos afirmar que, algumas vezes, a lei do amor melhor servida por um engano (cuj inteno aliviar o sofrimento), do que se dizendo a verdade chocante e brutal.

CHAMPLIN, Russell Norman,Enciclopdia de Bblia Teologia e Filosofia. Vol. 4. Editora Hagnos. pag. 228-229.

...No mintais...

Sem a honestidade, o fundo cai de todas as outras virtudes. O amor aclamado como qualidade suprema da vida crist; mas Paulo, ao dizer isso sobre a f, a esperana e o amor, afirma que a maior delas o amor, o qual deve ser sem hipocrisia (ver Rom. 12:9). O amor sem genuinidade pior que no ter amor algum. A honestidade a essncia da coragem moral, conforme ficou demonstrado na vida de JESUS. Uma mentira inocente poderia t-lo salvado da cruz, mas ele no a quis proferir, apesar de sua vida estar em perigo. Os primeiros cristos deixaram profunda impresso sobre seus contemporneos, no meramente por causa do amor que exemplificavam (Vede como esses cristos se amam uns aos outros), mas muito mais pela integridade de suas vidas (ver Tia. 5:12). (Macleod, in loc.).

Um criminologista norte-americano asseverou que fraude a ofensa criminal mais propagada nos Estados Unidos da Amrica, permeando todos os nveis da sociedade. justo supormos que o mesmo se d em muitos outros pases.

Como a so