revista nordeste ed 92 issu

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A criação do banco e as relações com a China Movimento desperta reação nacional Estados têm crescimento maior que o Brasil BRICS CAIS ESTELITA DESENVOLVIMENTO O raio X das eleições de 2014 no país e nos nove estados O futuro do Brasil

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O raio X das eleições de 2014 no país e nos nove estados

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A criação do banco e as relações com a China

Movimento desperta reação nacional

Estados têm crescimento maior que o Brasil

bRICS CaIS eStelIta DeSenvolvImento

O raio X das eleições de 2014 no país e nos nove estadosO futuro do Brasil

Muito além da CopaPresidente tenta aproveitar saldo positivo da Copa do Mundo e concentra atenções na economiae reforma política

ECONOMIACAPA

POLÍTICAENTREVISTA

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ÍNDICE

GERAL

MEIO AMBIENTE

ESPORTE

CULTURA

SAÚDE

EDUCAÇÃO

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O que esperar do futuro?Faltam menos de três meses para as eleições deste ano, mas as alianças já estão definidas para o confronto nas urnas pela presidência do Brasile governança dos estados

Desafios e metas do BNBpara o segundo semestrePresidente do BNB, Nelson Souza, fala das ações do banco no Nordeste e avalia situação econômica do país

Aécio em empate no 2º turno?Pesquisa mostra tucano com bons resultados, mas recebe críticas por não tratar de economia em sabatina

Casamento com dias contados? Aliança entre candidato Eduardo Campos e vice Marina Silvatem somado desentendimentos

Um salto de desenvolvimento Alagoas, Maranhão e Paraíba começam a se destacar na economia do Nordeste e do Brasil 52

A força dos ventosEnergia eólica é boa fontede energia limpa e mostra-se alternativa viável para o Nordeste

50Economia sai fortalecidaReunião da cúpula do Brics implanta fundo de cooperação para países membros

49Classe média está maiorMais de 20 milhões de nordestinos integram hoje esse grupo social

Gênero InvisívelRevista NORDESTE conversa com especialistas para saber como sistema carcerário trata mulheres

Tecnologia aliada à educaçãoCresce número de computadores em salas de aula, revela pesquisa brasileira

Temporada de poucos frutos Empresários reclamam de prejuízo durante a Copa do Mundo

Uma ilha de eliteOcupação do Cais Estelita toma forma de movimento cultural com repercussão em todo país

Cai número de fumantesConsciência sobre problemas causados pelo cigarro e rigor da legislação ajudaram a diminuir tabagismo

Clima preocupa cidadesBrasil tem 28 cidades com projetos sustentáveis, oito municípios são do Nordeste

Areia nos pés e bola nas mãosRecife sedia Copa do Mundo de Handebol de Areia, na Praia do Pina

Augusto dos Anjos em Quadrinhos Escritor paraibano, Jairo Cézar, lança obra infantil sobre a história poeta

Uma nova escritaJovens escrevem mais nas redes sociais, mas a qualidade da escrita diminui em comparação com gerações passadas

Cartas e E-mails

Delfim Neto

Plugado | Walter Santos

Carlos Roberto de Oliveira

Ipojuca Pontes

Digestivo | Flávia Lopes

Pelo Mundo | Rivânia Queiroz

Agito Nordeste

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COLUNAS

Saindo dos murosMarcha das Vadias promove debate sobre direitos sexuais e reprodutivos da mulher

UM SALTO DEDESENVOLVIMENTO

A grande disputa que marcará o ano começou há pouco com a confirmação dos candidatos que irão disputar a presidência do Brasil e os governos estaduais. Apesar da definição não ter trazido nenhuma novidade, algumas situações devem ainda embaralhar o processo eleitoral deste ano, como por exemplo, a questão econômica do país que está enfrentando turbulências, ainda em virtude da crise interna-cional, com aumento de inflação e crescimento das taxas de juros, apesar da suposta estabilidade do Plano Real. O tema promete ser explorado ainda mais agora pelos adversários da presi-dente Dilma Rousseff.

Apesar dos desgastes que a presidente vinha tendo, como as críticas e as ma-nifestações contra a Copa do Mundo, além das lamúrias em relação ao atraso nas obras para o Mundial, é possível que ela tome um fôlego e seja beneficiada com o ainda tímido desempenho dos seus adversários.

Nessa última pesquisa realizada pelo Ibope, os números revelaram um cenário de alívio para Dilma, que retomou os 38% das intenções de voto. Aécio Neves subiu duas casas, pontuando 22%, já Eduardo Campos caiu um ponto (8%). O que significa dizer que os votos dos insatisfeitos com o atual governo não estão chegando aos oponentes que po-deriam disputar o segundo turno com a presidente.

Apesar das incertezas, o cenário elei-toral tende a se repetir, com uma polari-zação entre PT e PSDB, uma história de confronto que se estende por 20 anos e que promete se demorar mais. Porém, a presidente, além de manter a liderança,

conseguiu segurar a maioria dos partidos que lhe deu sustentação no Congresso Nacional, o que torna o quadro mais favorável para ela nestas eleições.

Mas, Aécio parece estar confiante na corrida para o segundo turno. Em seu Twitter, ele havia comentado a pesquisa divulgada pelo Datafolha, também este mês, onde aparece com 20%. Ou seja, ele se manteve em relação a avaliação anterior desse instituto: “O segundo turno está cada vez mais próximo”. A esperança dele se configura na sua esta-bilidade e possibilidade de um segundo turno com a presidente.

Enquanto isso, Eduardo Campos, ainda sem destaque nacional, não con-segue crescer nas intenções de voto, ao contrário, tem caído. Mesmo com Marina Silva (Rede) ao seu lado como vice, que gerou no socialista a esperança de conseguir os 20 milhões de votos que ela obteve em 2010, Eduardo ainda não se firmou no cenário eleitoral.

Nos estados, os candidatos a governo fizeram arranjos de última hora para viabilizar seus palanques. Há situações emblemáticas e até interessante. O PT, que em eleições passadas indicava a cabeça de chapa na maioria dos municípios, este ano está tendo que se conformar apenas em apoiar palanques de aliados. É o caso de Pernambuco e da Paraíba. No primeiro, o partido vai apoiar Armando Monteiro do PTB, e na Paraíba, o PT estará no mesmo palanque do candidato Ricardo Coutinho, do PSB. Apenas no Ceará e na Bahia os petistas terão cabeça de chapa no Nor-deste. Resta pouco menos de três meses para a gente saber o resultado deste jogo, que já está sendo jogado.

CARTAS E E-MAILS“Um dia desses, em uma dessas reuniões de campanha, veio uma avaliação dos veículos de comunicação e a Revista NOR-DESTE entrou na pauta. Fiquei muito feliz porque todas as menções e avaliações feitas na publicação foram de respeito e reconhecimento ao trabalho da equipe e de seu incansável diretor, sempre visto nos lugares com ética e postura à altura do em-preendimento vitorioso”.

REVISTA NORDESTE N.º 91

NORDESTE On-lineFacebook Revista NordesteTwitter @RevistaNordesteE-mail [email protected] www.revistanordeste.com.br

Nota da Redação: Sugestões de pauta ou matérias podem ser enviadas para o endereço eletrônico da editora: [email protected]. Agradecemos a sua participação. A última edição da revista,

abordando a genialidade dos publicitários da Bahia que constroem as grandes campanhas presidenciais, merece registro pela importância da forma em que foi tratado o tema”.

Bebeta FreitasEmpresária | João Pessoa-PB

Edson Barbosa Publicitário, marqueteiro, presidente da LINK PROPAGANDA e responsável pela Campanha de Eduardo Campos à Presidência da RepúblicaBrasília – DF.

Rivânia Queirozeditora-chefe da Revista [email protected]

EDITORIAL

O jogo está sendo jogadoDiretor Presidente Walter Santos Diretora Administrativa/Financeira Ana Carla Uchôa SantosDiretor Comercial Pablo Forlan SantosDiretor de Marketing Vinícius Paiva C. SantosLogística Yvana Lemos

COMERCIALGerente Comercial Marcos PauloAtendimento Comercial Jone Falcão

REPRESENTANTESPernambucoGil Sabino [email protected] - Fone: (81) 9739-6489

REDAÇÃOEditora Rivânia QueirozRepórteres William De Lucca e Flávia LopesColaboraçãoÁgatha Justino e Isadora LiraEditoria de Arte e Tratamento de imagem Arthur César e Danielle Trinta Capa Danielle Trinta Projeto Visual Néctar Comunicação

ATENDIMENTO/ FINANCEIROSupervisora e Contas a Pagar Kelly Magna PimentaContas a Receber Milton CarvalhoContabilidade Big Consultoria

ASSINATURAS(83) 3041-3777Segunda a sexta, das 8 às 18 horaswww.revistanordeste.com.br/assinatura

CARTAS PARA REDAÇÃ[email protected]

PARA ANUNCIARLigue: (83) [email protected]

SEDE Pça. Dom Ulrico, 16 - Anexo - Centro - João Pessoa / PBCep 58010-740 / Tel/Fax: (83) 3041-3777ImpressãoGráfica JB - Av. Mons. Walfredo Leal, 681 - Tambiá - João Pessoa / PB - Fone: (83) 3015-7200CirculaçãoDPA Consultores Editorias [email protected] - Fone: (11) 3935 5524Distribuição FC Comercial

A Revista NORDESTE é editada pela Nordeste Comunicação, Editora e Serviços Ltda-MECNPJ: 19.658.268/0001-43

Ano 8 | Número 92 | Julho | 2014

noRDeSterevistanordeste.com.br

Marconi Medeiros Presidente da FECOMERCIO-PB

Não me canso de dizer que a abordagem feita pela NORDESTE nos remete à condição de sociedade que, enfim, dispõe de uma publicação que trata dos

problemas e perspectivas do Brasil de forma competente e nunca vista”.

Ao longo desses 8 anos, a Revista NORDESTE tem se

consolidado como publicação ex-traordinária sem perfil igual, mas de qualidade inconteste”.

Flávio AlenkastroExecutivo e chefe de gabinete do

presidenciável Aécio Neves | Brasília - DF

Sinceramente, enche de orgulho ver e atestar o nível do trabalho

que a Revista NORDESTE tem desen-volvido como instrumento de comunica-ção para fora do Nordeste”.

José Nivaldo Publicitário, marqueteiro

e proprietário da Makplan | Recife-PE

Quem vive em Brasília e quer saber dos assuntos e das no-

tícias envolvendo os nove estados nordestinos já tem um endereço certo: a Revista NORDESTE, que é muito respeitada por aqui”.

Napoleão de Castro Jornalista e apresentador

Brasília – DF Erramos: Os sócios da Bax Distri-buidora são Aline Braga Arnaud e Bruno Arnaud, e não Fábio Arnaud como foi dito no caderno especial “Um Salto de Desenvolvimento”, na edição passada, nº 91.

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Entrevista

Desafios e metas do BNB para segundo semestre

presidente do BNB, Nel-son Souza, aval ia a economia do país, fala

das ações para o Nordeste e das prioridades do banco para o segundo semestre deste ano. Sobre a reunião dos BRICs, que aconteceu este mês em For ta-leza, ele avalia que o grupo de países emergentes também pode contribuir para o desenvolvimen-to da região

O

Por Walter [email protected]

O que significa sua perma no co-mando do BNB?Entrei no BNB em julho de 2012, como diretor de Estratégia, Adminis-tração e TI, em um momento difícil, quando foi absolutamente necessário um freio de arrumação. Os diretores e todo o corpo funcional, liderados pelo ex-presidente Ary Joel de Abreu Lanzarin, compreenderam a situação e resolvemos vencer os desafios, entregando-nos plenamente ao BNB, num esforço de soerguimento. Afinal, esse banco é uma das mais importan-tes instituições do país. Dessa forma, trata-se de grande honra presidir a maior empresa do Governo Federal na Região, talvez o ápice na carreira de um profissional que trabalha em banco desde adolescente. Na condi-ção de servidor público, na melhor acepção do termo, qual executivo não gostaria de liderar a equipe qualificada e competente do Banco do Nordeste? Essa empresa tem papel crucial no desenvolvimento da região, tem ser-viços prestados à sociedade, sua ação financiadora é absolutamente relevan-te e gera impactos sociais, desenvolve

programas criativos e inovadores e guarda um cabedal de conhecimento sobre temas fundamentais para o Nordeste. É quase impossível imaginar o Nordeste de hoje sem o BNB. Sua presença está marcada nos muitos empreendimentos nas capitais e no interior da região.

Sua gestão vai priorizar alguns estados ou todo o Nordeste será chamado a participar do bolo es-tratégico do BNB?É natural que estados com econo-mia mais pujante, como Bahia, Per-nambuco e Ceará, demandem mais recursos. Entretanto, a economia regional é dinâmica e ao longo do tempo observa-se que outros estados vão assumindo maior participação nos financiamentos, a exemplo do Maranhão e Piauí, que experimentam crescimento econômico com expan-são de fronteiras agrícolas e novos empreendimentos de médio e grande portes que alavancam a demanda de recursos para investimentos. O Banco do Nordeste atua em onze estados, os nove que compõem a região, mais o Norte dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, além do Vale do Jequi-tinhonha, também em Minas Gerais. Essa região ampliada conta com 1.990 municípios. Trata-se de área com forte identidade regional, que abriga a to-talidade do semiárido brasileiro, mas, em diferentes estágios econômicos, com predominância dos espaços de baixa renda. Como banco público, o BNB busca direcionar seus recursos de forma a promover o desenvolvimento intra e inter-regional, adotando metas em seu planejamento estratégico, no sentido de promover a pulverização do crédito, não apenas em termos geográficos, mas também com relação ao porte dos beneficiários. O BNB é o agente FNE, com diretrizes norte-adoras, como por exemplo, financiar em cada exercício empreendimentos em 100% dos municípios de sua área de atuação e contemplar cada Estado com no mínimo 4,5% dos recursos (à exceção do espaço atendido no Estado do Espírito Santo, de reduzida área e população). As metas operacionais de

Fotos: Divulgação

cada Superintendência Estadual do Banco refletem a demanda, o desem-penho ao longo dos anos e a própria dinâmica da economia.

O BNB tem ajudado, ao longo des-ses anos, aos nordestinos...O banco tem ajudado a mudar a vida das pessoas, no contexto das políticas públicas do país. Para esse fim ele foi concebido por homens como Rômulo Almeida. E, somente por isso, minha efetivação na presidência do BNB traduz também as responsabilidades delegadas no ato de nomeação assi-nado pela presidente Dilma e a con-fiança do ministro da Fazenda, Guido Mantega, no sentido de que todos queremos um Banco do Nordeste cada vez mais forte.

Qual a posição do banco hoje em relação às demais instituições financeiras governamentais?Em termos de saldo de operações de crédito, o banco ocupa o quarto lugar entre os bancos governamentais e o oitavo lugar entre os maiores bancos do país. Estamos entre os 350 maiores bancos do mundo. Na sua principal área de atuação, que envolve os nove estados do Nordeste mais o Norte de Minas Gerais e do Espírito Santo, o BNB se destaca nos financiamentos de longo prazo, sobretudo porque é

gestor do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), respondendo por 57% do total dessas operações (54% do crédito para In-dústria, Comércio e Serviços e 60% do crédito Rural e Agroindustrial). O BNB alcança, ainda, quase 27% do total de financiamentos na região. Dentre as principais ações do banco no fomento ao crédito na região, além do financiamento de longo prazo, o BNB é líder absoluto no segmento do microcrédito, por meio dos programas CrediAmigo e AgroAmigo, tendo ofertado nestes programas, em 2013, respectivamente, R$ 5,7 bilhões e R$ 1,25 bilhão, em quase 4 milhões

O BNB quer ser o banco preferido no

Nordeste. Queremos que o banco

reassuma seu papel de protagonista das

grandes questões regionais”

Nelson Souza

a integração dos programas do banco com o Bolsa Família. No AgroAmigo, por exemplo, 67% dos clientes são beneficiários do programa do Governo Federal, enquanto no CrediAmigo esse percentual chega a 45%. O BNB, em seus 62 anos de atividade, tem papel destacado e singular no fomen-to ao desenvolvimento sustentável da sua área de atuação, resultado de ações que envolvem não somente a alocação de crédito para os setores produtivos da região, mas também o financiamento para infraestrutura, execução de políticas governamen-tais, incentivo e difusão da cultura regional. Por intermédio do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (ETENE), o banco também financia a pesquisa e a elaboração de estudos econômicos, difundindo conhecimentos técnicos, científicos e estratégias, além de planejar, for-mular, coordenar e avaliar políticas e programas, subsidiando as ações do banco e da sociedade na busca do desenvolvimento sustentável de sua área de atuação.

O que o senhor definiria como prioridades máximas do BNB neste segundo semestre do ano?O BNB quer ser o banco preferido na

de operações de crédito. O BNB também é responsável por 61% do total aplicado no âmbito do Programa Nacional do Microcrédito Produtivo Orientado-PNMPO.

Qual o impacto social que o BNB tem causado na região? Um impacto social extraordinário consiste no fato de que 37% dos em-pregos formais criados no Nordeste originam-se dos empreendimentos financiados com recursos do FNE. É importante ressaltar, por outro lado,

região Nordeste, reconhecido pela ex-celência no atendimento e efetividade na promoção do desenvolvimento sustentável. É isso que reflete a nossa visão, por isso queremos que o Banco do Nordeste reassuma seu papel de protagonista das grandes questões regionais. A participação e liderança do banco no debate sobre os problemas e soluções para a região são elementos intrínsecos à própria existência do banco. Em outros pontos, priorizamos a melhoria da TI, com altos investi-mentos, bem como a melhoria do aten-dimento ao cliente, seja abrindo novas agências, seja possibilitando o acesso de nossos clientes aos terminais de casas lotéricas, por meio de convênio com a Caixa Econômica Federal. Mas, o mais importante reside na celeridade do crédito. Temos que ser mais eficien-tes, mais eficazes e mais rápidos. Sem descuidar da governança e atentando para os riscos, o crédito precisa chegar à ponta no tempo ideal e correto para os empreendedores. Isso é imperativo para uma empresa competitiva. Outra prioridade é a renegociação de dívidas. Ao recuperar créditos, o banco pos-sibilita que o dinheiro retroalimente a economia, permitindo ao Banco cumprir seu papel de agente do de-senvolvimento regional.

Este mês nós tivemos a reunião dos BRICs em Fortaleza. Os países emergentes desejam a criação de um fundo estratégico para os paí-ses membros. Como isso tem sido visto pelo senhor e pelo banco? Isso pode ser encarado como um reforço estratégico ao desenvolvi-mento brasileiro?Com população conjunta de quase 3 bilhões de pessoas, cerca de 41% do total mundial, e um PIB conjunto de US$ 15 trilhões, aproximadamente 20% do total mundial, o peso econô-mico e social do BRICS é considerável. São países em estágio de desenvolvi-mento similar. São grandes mercados e querem promover o progresso de suas populações. Em termos comer-ciais, China e Índia então entre os principais fornecedores mundiais de produtos manufaturados e serviços,

Estamos entre os 350 maiores

bancos do mundo. No Nordeste, o

BNB se destaca nos financiamentos

de longo prazo, sobretudo porque é

gestor do FNE”

É quase impossível imaginar o Nordeste de hoje sem o BNB. Sua presença está marcada nos muitos empreendimentos nas capitais e no interior da região”

enquanto África do Sul, Brasil e Rússia têm-se tornado importantes produtores de matérias-primas. Note--se que o Brasil tem capacidade de prosseguir produzindo e exportando ampla gama de produtos, a exemplo de matériasprimas, bens industriais e serviços simultaneamente. A idéia de criação de um banco do BRICS é fomentar e garantir o desenvolvi-mento das economias pertencentes ao grupo. A criação do fundo de reserva constitui medida importante, pois se apresenta como mecanismo de proteção às moedas nacionais dos países integrantes do grupo, contra a instabilidade e a volatilidade do sistema financeiro internacional. No total, esse fundo de estabilização terá disponível aproximadamente US$ 100 bilhões de dólares, com maior parcela da China (41%), seguida por Brasil, Índia e Rússia (18% cada) e participação menor da África do Sul (5%). A criação dessas duas entidades é uma resposta aos anseios dos países emergentes que pediam reformas em instituições multilaterais, como o Ban-co Mundial e o FMI, tradicionalmente sob controle dos países desenvolvidos.

Qual seria, então, o papel mais especial desse fundo?O objetivo do novo banco não será substituir essas instituições, mas suplementar, apoiando projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável em países do BRICS ou em países emergentes, importantes para o BRICS. Assim, o banco e o fundo de estabilização do BRICS constituirão não somente importantes ferramen-tas para alavancar investimentos em infraestrutura, mas também possibili-tarão o intercâmbio de profissionais, de informações, conhecimentos, a identificação de convergências, a articulação e assistência técnica entre esses países em relação a diversos te-mas, fortalecendo assim a cooperação internacional com o consequente de-senvolvimento dos países deste bloco. Espera-se, portanto, que a consolida-ção do BRICS, por meio do seu próprio banco, resulte em novo equilíbrio de forças no cenário mundial.

Há um temor de que possa haver uma elevação dos indicadores inflacionários no país. Qual sua análise e o que o BNB tem promo-vido ainda no quesito de estímulo econômico?A projeção de nosso Escritório Técni-co de Estudos Econômicos do Nordes-te (ETENE) é que a inflação medida pelo IPCA termine o ano com um índice de 6,1%. Portanto, próximo ao teto da meta, de 6,5% ao ano, porém sem ultrapassá-lo, demonstrando a sintonia fina realizada pelo Governo, inclusive Banco Central, no sentido de não permitir qualquer possibilidade de descontrole inflacionário ao tem-po em que procura não prejudicar o crescimento econômico previsto para o ano, por volta de 2%, pelas estimati-vas do ETENE. Para o próximo ano, a inflação deve comportar-se de manei-ra parecida, embora um pouco menor, em função sobretudo da necessidade de permitir alguns ajustes em preços administrados pelo Governo. Já a retomada de um processo de cresci-mento econômico mais contundente depende cada vez mais da ampliação do investimento público e privado, vez que o modelo baseado no incre-mento do consumo como principal indutor da atividade econômica não deverá repetir o êxito que teve em anos anteriores. Assim, é necessário recuperar a capacidade de investir por parte do poder público, ampliar as possibilidades de parcerias com o

setor privado, resgatar a confiança dos empresários e aumentar a oferta de crédito voltado ao investimento.

Como ficará a atuação do BNB como indutor?Quanto a esse aspecto, o Banco do Nordeste tem jogado relevante papel em sua área de atuação, injetando mais de R$ 23 bilhões por ano na economia, dos quais cerca de R$ 13 bilhões por intermédio do FNE, finan-ciando diretamente o investimento produtivo, estimulando a economia com recursos que representam quase 2,5% de todo o PIB anual gerado em sua área de atuação.

Fotos: Divulgação

[email protected] Santos

Até os primeiros dias de julho de 2014, a estrutura diplomática da China andava procurando um imóvel de no mínimo 3.000 metros quadrados para instalar pela primeira vez o Consulado com fins voltados para o Nordeste, no Brasil. Até o mês de setembro, no máximo, isso estará sendo concretizado por conta do interesse chinês de estar mais próximo dos negócios dos nove estados nordestinos.

Entretanto, como a coluna pode atestar acompanhando a reunião dos BRICS, em Fortaleza e Brasilia, na esteira da visita do presidente chinês, Xi Jinping, ao Brasil, os chineses espe-ram fortalecer os laços com seu maior

parceiro comercial e levá-los para além da troca de commodities para os bens manufaturados.

Os acordos que a China assinaram com o Brasil quando Xi se reuniu com a presidente Dilma Rousseff concen-tram-se na melhoria da infraestrutura para garantir que as matérias-primas, pelas quais a China anseia, cheguem aos portos, e as ferrovias são uma prio-ridade absoluta.

O comércio entre os dois países au-mentou de 3,2 bilhões de dólares em 2002 para 83,3 bilhões de dólares no ano passado -minério de ferro, soja e petróleo são a maior parte das expor-tações brasileiras.

China resolve investirno Nordeste brasileiro

O Complexo Industrial de Suape, na cidade de Cabo de Santo Agosti-nho, em Pernambuco, vai mantendo a expansão. Agora, quem resolveu instalar uma térmica a gás natural e um terminal de regaseificação foi o grupo gaúcho Bolognesi.

De acordo com informações che-gadas à coluna, o investimento será de R$ 3,5 bilhões devendo a Unidade Termelétrica Novo Tempo ser insta-lada num terreno de 15,7 hectares e terá a capacidade de gerar 1,2 mil megawatts (MW).

Comparativamente, para se ter uma ideia, a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) produz em média 6 mil MW médios e uma das suas grandes hidrelétricas, a de Sobradinho pode gerar 1,05 mil MW.

“O terminal de regaseificação vai via-bilizar a térmica. Temos uma oferta de gás limitada e a empresa poderá ofertar gás natural para outras companhias interessadas em comprá-lo, o que traz uma vantagem para o estado”, argumenta o diretor de Gestão Portuária de Suape, Leonardo Cerquinho.

Termelétrica em SUAPE I Termelétrica em SUAPE II

Quem chega pela primeira vez em Recife identifica fácil a super-estrutura da campanha do executivo Paulo Câ-mara no processo eleitoral de escolha do sucessor do governador João Lyra. Há que se registrar, também, a performance da candidatura de Armando Monteiro.

Independentemente, as pesquisas apontam melhor desempenho e prefe-rência do candidato do PTB sobre o do presidenciável Eduardo Campos.

A última, por exemplo, do Instituto Opinião, apresentou Armando com 40,5% das intenções contra 8%. Até ago-ra, Câmara não decolou como previa-se.

A cena de Pernambuco

Embora o ex-governador e ex-se-nador Mão Santa faça uma zoada imensa por onde passe na condição de candidato ao Governo do Piauí, nas pesquisas o que prevalece desde o ano passado é a liderança do ex-governador e senador Wellington Dias, sobre todos os concorrentes.

O petista tem 53% das intenções, contra 16% do governador Zé Filho e do ex-governador Mão Santa (14%).

No Piauí, Wellingtonse mantém

Todos aguardam um confronto maior entre o deputado federal Renan Filho e o senador Benedito de Lira. O candida-to do governador Tetônio Vilella Filho, Eduardo Tavares, aparece em terceiro lugar. Na última pesquisa, Renan obte-ve 36% das intenções, contra 25% em favor de Benedito e 4% de Eduardo.

Alagoas de disputa

Carlismode volta?

Rio Grande do Norte:Alves X Faria

Todas as pesquisas de opinião pública divulgadas em Salvador apontam para a liderança do ex-governador Paulo Souto sobre a segunda colocada, Lídice da Mata, e o candidato do governador Jaques Wagner, Rui Costa (PT).

A performance de Paulo Souto tem a ver também com a aliança produzida com ACM Neto, prefeito de Salvador, e o ex--ministro Geddel Vieira Lima, candidato ao Senado.

Mesmo que os tempos sejam outros, na Bahia só se fala que, em caso de êxito de Souto, significaria a retomada do Poder pelo Carlismo (seguidores do ex-governador ACM).

O confronto pelo Poder no Rio Grande do Norte passa pelo também presidente da Câmara Federal, Henri-que Alves, do PMDB, e o atual vice--governador Robinson Faria rompido com a governadora Rozalba Ciarlini desde o início da gestão.

Com super-estrutura, Alves enfrenta Robinson com sua habilidade e rela-cionamento nos vários níveis, embora a posição do deputado federal seja de quem sabe usar das prerrogativas do cargo a exercer na atualidade.

Na ultima pesquisa Henrique Alves apareceu com 31% enquanto Robinson teve 21%. A disputa é forte.

Expectativa na ParaíbaAté o início de agosto, mais uma pe-

sauisa vai revelar as intenções de votos no estado. agora, com o nome do senador Vital Filho, que entrou na disputa no lu-gar do irmão Veneziano Vital. Na última amostragem, Cássio Cunha tinha entre 42% e 45% das intenções e o governador Ricardo Coutinho entre 21% e 23%. As expectativas são em cima da decisão do Tribunal Eleitoral. O PT Nacional entrou com medida indicando que a aliança estadual será com o PMDB, mas a ins-tância estadual aprovou coligação com o PSB. Há ainda pedidos de impugnação da candidatura de Cássio, com base na Ficha Limpa.

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definição das candidaturas não trouxe nenhuma no-vidade para o cenário das

eleições presidenciais. A presidente Dilma Rousseff (PT) conseguiu man-ter a maioria dos partidos que lhe deu sustentação no Congresso Nacional durante quatro anos, tendo o PMDB mantido a vice-presidência, com Mi-chel Temer, e provavelmente o mesmo poder dentro da gestão petista, em caso de reeleição.

O cenário parece positivo, visto que as pesquisas têm apresentado sempre o candidato do PSDB Aécio Neves abaixo de Dilma, mantendo a disputa, por enquanto, na dicotomia tucano--petista que divide a política brasileira há exatos 20 anos.

A novidade desta vez vem de um dissidente da base de Dilma: o PSB do ex-governador de Pernambuco, Edu-ardo Campos. Sem destaque nacional, ainda, ganhou atenção do mundo político ao conseguir atrair a ex-sena-dora e ex-candidata à Presidência da República, Marina Silva (Rede), para o seu projeto presidencial, já que ela não conseguiu regularizar seu partido a tempo de concorrer nestas eleições. As pesquisas, entretanto, não têm sido animadoras, e Eduardo não conseguiu decolar ou transferir para si parte dos 20 milhões de votos que Marina obte-ve em 2010. Sua esperança reside em crescer na campanha eleitoral.

APor William De [email protected]

A disputa que marcará o ano já

começou. Com os candidatos e as

alianças definidas, os partidos e as coligações têm

pouco menos de três meses para

conquistar eleitores que os levem

à vitória nestas eleições

Capa

O que esperar

dO futurO?

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No estado da Bahia,a disputa eleito-ral deste ano terá um cenário diferente, agora as forças políticas estão unidas em torno do “carlismo” (leia aliados de ACM Neto), que vai enfrentar os oitos anos do PT liderado pelo governador Jaques Wagner (PT) através da candi-datura de Rui Costa (PT).

As forças de oposição se uniram em volta da candidatura do ex-governador Paulo Souto (DEM) que lançou sua candidatura ao governo baiano, tendo Joaci Goés como vice na chapa e o ex-ministro do Governo Lula, Geddel Vieira Lima (PMDB), como candi-dato ao Senado. O grupo conseguiu ainda arrebanhar 15 partidos para a

coligação, sete a menos do que os da coligação petista.

Do lado da situação, Rui Costa espera que o apoio do ex-presidente Lula, da presidente Dilma Rousseff (PT) e do governador Jaques Wagner seja suficientes para alça-lo ao governo do estado. Como terceira força, o PSB lança o nome da senadora Lídice da Mata ao governo, em uma chapa pura integrada ainda por Eduardo Vascon-celos como vice e Eliane Calmon para o Senado. Sem muitas perspectivas, a candidatura socialista garante ao menos um palanque exclusivo para o candidato presidencial Eduardo Campos (PSB).

disputa na Bahia

Fotos: Divulgação

Veja o cenário da disputa

DILMA ROUSSEFF AéCIO NEVES EDUARDO CAMPOS

PT PSDB PSB

Vice: Michel Temer (PMDB)Coligação: PT, PMDB, PDT, PC do B, PP, PR, PSD, PROS e PRB

LÍDICE DA MATA

PSB

Vice: Eduardo Vasconcelos (PSB)Candidato ao Senado: Eliane Calmon (PSB)Coligação: PSB, PSL e PPL

Vice: Aloysio Nunes (PSDB)Coligação: PSDB, DEM, PTB, SD, PMN, PTC, PT do B, PEN e PTN

PAULO SOUTO

DEM

Vice: Joaci Góes (PSDB)Senado: Geddel Viera de Lima (PMDB)Coligação: PSDB, PMDB, PROS, PTN, SDD, PRB, PV, PRP, PPS, PT do B, PSDC, PTC, PHS, PEN e PMN.

Vice: Marina Silva (Rede)Coligação: PSB, PRP, PPS, PSL, PPL e PHS

RUI COSTA

PT

Vice: João Leão (PP)Senado: Otto Alencar (PSD)Coligação: PT, PP, PR, PTB, PC do B, PTC, PDT e PSD.

Pastor Everaldo (PSC)Vice: Leonardo Gadelha (PSC)Sem coligação

Renata Mallet (PSTU)Vice: Carlos Nascimento (PSTU)Senado: Sem candidato

Eduardo Jorge (PV)Vice: Célia Sacramento (PV)Sem coligação

Luciana Genro (PSOL)Coligação: PSOLSem coligação

Zé Maria (PSTU)Vice: Cláudia Durans (PSTU)Sem coligação

José Maria Eymael (PSDC)Vice: Roberto Lopes (PSDC)Sem coligação

Levy Fidélix (PRTB)Vice: José Alves de Oliveira (PRTB)Sem coligação

Rui Costa Pimenta (PCO)Vice: Ricardo Machado (PCO)Sem coligação

Mauro Iasi (PCB)Vice: Sofia Manzano (PCB)Sem coligação

Rogério Da Luz (PRTB)Vice: Neto (PRTB)Senado: Idalba Marins (PEN)Coligação: PRTB e PEN

Marcos Mendes (PSOL)Vice: Ronaldo Santos (PSOL)Senado: Hamilton Assis (PSOL)

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Não existem tons de cinza na eleição pernambucana. Na maior aliança cons-truída em todo o Brasil nestas eleições, o candidato governista Paulo Câmara (PSB), sacado da manga por Eduardo Campos, conta com nada menos que 20 partidos e ainda o apoio do presidenciável Eduardo Campos (PSB) para enfrentar a oposição.

O senador Armando Monteiro (PTB) lidera a oposição ao lado do PT e com a força de Lula e Dilma. Com exceção das candidaturas da extrema-esquerda, com poucas chances na disputa eleito-

ral, Paulo Câmara e Monteiro travarão uma batalha oposta a que o PT e o PSB travarão nacionalmente.

Enquanto Armando Monteiro e o PT tentam destronar o PSB de Eduardo Campos, que ainda detém alta popula-ridade no seu estado, o ex-governador disputará uma guerra dura contra Dilma e o PT para o Governo Federal, visto que a presidente tem se saído bem nas pesqui-sas eleitorais mais recentes. Na primeira pesquisa do Instituto Opinião, Armando Monteiro aparece com 40% de intenções de voto e Paulo Câmara com 8%.

palanques de pesO

Fotos: Divulgação

Ceará teve uma fase de pré-campanha com definições de última hora. Depois de abandonar o PSB de Eduardo Campos, Ciro e Cid Gomes, esse último atual governador cearense, migraram para o PROS e levaram boa parte do partido.

Apesar disso, eles não conseguiram construir uma candidatura própria e aca-baram decidindo por apoiar o palanque do deputado estadual Camilo Santana (PT), indicando a vice Izolda Coelho (PROS) e o candidato ao Senado Mau-ro Filho (PROS). A coligação soma 19 partidos, ficando maior do que a aliança do principal adversário: o PMDB.

Os peemedebistas lançaram a candi-datura do senador Eunício Oliveira ao governo. Eles tentaram garantir uma aliança entre PT e PMDB, mas não obtiveram sucesso, o que os levou a pro-curar os principais adversários petistas no cenário federal, o DEM e PSDB, e agora abrirá seu palanque para Aécio Neves (PSDB), tendo aliança com o ex-senador Tasso Jereissati.

O PSB, que estava entre uma candida-tura própria ou apoiar o PMDB, decidiu lançar o nome de Eliane Novaes ao go-verno, em uma chapa sem alianças, mas com garantia de palanque para Campos.

cena cearense

EUNÍCIO LOPES

PMBD

Vice: Roberto Pessoa (PR)Senado: Tasso Jereissati (PSDB)Coligação: PMDB, PSC, DEM, PSDC, PRP, PSDB, PR, PTN e PPS

ARMANDO MONTEIRO

PTB

Vice: João Paulo (PT)Senado: Humberto Costa (PT)Coligação: PTB, PT, PDT, PSC, PRB e PT do B

CAMILO

PT

Vice: Izolda (PROS)Senado: Mauro Filho (PROS)Coligação: PRB / PP / PDT / PT / PTB / PSL / PRTB / PHS / PMN / PTC / PV / PEN / PPL / PSD / PC do B / PT do B / SD / PROS

PAULO CâMARA

PSB

Vice: Raul Henry (PMDB) Senado: Fernando Bezerra Coelho (PSB)Coligação: PSB, PMDB, PSD, PCdoB, DEM, SDD, PR, PTC, PTN, PPL, PV, PPS, PHS, PSL, PTdoB, PRP, PSDB, PMN, PSDC e PROS

Eliane Novaes (PSB)Vice: Leonardo Bayma (PSB)Senado: Geovana Cartaxo (PSB)Sem coligação

Ailton Lopes (PSTU)Vice: Bene (PCB)Senado: Raquel Dias (PSTU)Coligação: PSTU, PCB e PSOL

Jair Pedro (PSTU)Vice: Kátia Telles (PSTU)Senado: Simone Santana (PSTU)Sem coligação

Zé Gomes (PSOL)Vice: Viviane Benevides Cruz (PMN)Senado: Albanise Pires (PSOL)Coligação: PSOL e PMN

Pantaleão (PCO)Vice: Silvio Santos (PCO)Senado: Sem candidatoSem coligação

Miguel Anacleto (PCB)Vice: Delio Mendes (PCB)Senado: Oxis (PCB)Sem coligação

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Os sergipanos, assim como os per-nambucanos, terão uma eleição ex-tremamente polarizada. O candidato governista Jackson Barreto (PMDB) tenta a reeleição em um palanque que conta com o PT e o PSB. Jackson Bar-reto tenta manter o legado do ex-go-vernador Marcelo Déda (PT), morto em 2013, vítima de um câncer. Ele foi o primeiro governador de um partido de esquerda a governar o menor estado

brasileiro, após a redemocratização. O principal adversário do candidato

do PMDB, o senador Eduardo (PSC) Amorim foi convidado pela direção regional do seu partido para tentar a vaga ao governo sergipano e conta com o apoio da oposição, aglutinando aliados opositores de petistas e peme-debistas, como DEM e PSDB. A chapa ainda reúne PP, PTdoB, PSC e outras dez legendas pequenas.

eleiçãO pOlarizada

Fotos: Divulgação

Outro cenário que teve reviravoltas até o último minuto da pré-campanha foi o paraibano. O governador Ricardo Coutinho (PSB), único que disputará a reeleição neste ano no Nordeste, havia perdido seu principal aliado, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB), que de-cidiu lançar candidatura própria, mas no apagar das luzes conquistou o apoio importante do PT, com Lucélio Cartaxo, irmão gêmeo do prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, embora contestado pelo PMDB.

A terceira força no cenário, o senador

Vital do Rêgo Filho (PMDB) já havia ga-rantido o apoio petista ao seu palanque. Mas agora precisa aguardar a decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PB)para poder saber se vai mesmo ter o PT ao seu lado na campanha.

Entre os três principais candidatos, Cássio conseguiu a maior aliança, o maior tempo de TV e tem saído na frente das pesquisas até agora, mas enfrenta pedidos de impugnação da sua candidatura, visto que está inelegível até 5 de outubro, por ter sido cassado do cargo de governador, em 2009.

paraíBa espera tre

EDUARDO AMORIMJACkSON BARRETO

PSC

RICARDO COUTINHO

PSB

Vice: Lígia Feliciano (PDT)Senado: Lucélio Cartaxo (PT)Coligação: PSB / PT / PDT / DEM / PRTB / PRP / PV / PSL / PC do B / PHS / PPL

Vice: Augusto Franco Neto (PSDB)Senado: Maria do Carmo (DEM)Coligação: PSC, DEM, PTB, PR, PP, PV, PTC, PSL, SDD, PTdoB, PPS, PMN, PHS, PSDB e PEN

Vice: Belivaldo Chagas (PSB)Senado: Rogério Carvalho (PT)Coligação: PMDB, PSB, PT, PSD, PDT, PRB, PROS, PC DO B, PRTB, PSDC e PRP

Major Fábio (PROS)Vice: Pastor Olavo Filho (PROS)Senado: Leila Fonseca (PROS)Sem coligação

Sônia Meire (PSOL)Vice: Roberto Aguiar (PSOL)Senado: Edvaldo Leandro (PSTU)Coligação PSOL, PSTU e PCB

Antônio Radical (PSTU)Vice: Lena Leite (PSTU)Senado: Rama Dantas (PSTU)Sem coligação

Airton da CGTB (PPL)Vice: José Vieira (PPL)Senado: Bila (PPL)Sem coligação

Tárcio Teixeira (PSOL)Vice: Marcos Dias (PSOL)Senado: Nelson Júnior (PSOL)Sem coligação

Alberto dos Santos (PTN)Vice: Sargento Wellington (PTN)Senado: Betinho (PTN)Sem coligação

CáSSIO CUNHA LIMA

Vice: Rui Carneiro (PSDB)Senado: Wilson Santiago (PTB)Coligação: PSDB / PEN / PR / PTB / PSD / SD / PMN / PPS / PT do B / PTN / PRB / PSDC / PSC / PP

PSDB

VITAL DO RêGO FILHO

Vice: Roberto Paulino (PMDB)Senado: José Maranhão (PMDB)Coligação: PMDB

PMDB

PMDB

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Estado natal do presidente nacional do DEM, o senador Agripino Maia, o Rio Grande do Norte verá o partido perder forças nestas eleições. Com uma gestão catastrófica e risco de cassação de mandato, a atual governadora Rosalba Ciarlini (DEM) nem cogitou disputar a reeleição, abrindo espaço

para o vice e novo desafeto político, Robinson Faria (PSD). A disputa, entretanto, não será fácil. Robinson enfrente o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB), que carrega nas costas o apoio de 16 partidos e uma maior ba-gagem eleitoral.

eleiçãO difícil nO rn

Fotos: Divulgação

O governador tucano Teotônio Vilela não conseguiu construir candidatura forte em Alagoas, e terá como candidato Eduardo Tavares (PSDB). A esperança é ir para o segundo turno entre os princi-pais candidatos, o senador Benedito de Lira (PP) e Renan Filho (PMDB), que disputará o pleito pela coligação Com

o povo pra Alagoas avançar. Teotônio, Renan e Benedito têm disputado de forma acirrada os primeiros lugares nas pesquisas. Outros pontos no cenário ala-goano ficam pela disputa entre Fernando Collor de Mello (PTB) e Heloísa Helena (PSOL) para o Senado. O deputado Renan Filho tem liderado as pesquisas.

disputa acirrada

ROBINSON FARIA HENRIQUE EDUARDO A.

BENEDITO DE LIRA

PP

Vice: Alexandre Toledo (PSB)Senado: Omar Coelho (DEM)Coligação: PPS / PP / PSDC / PRP / PR / PSL / PSB / DEM / SD

Vice: Fábio Dantas (PC do B)Senado: Fátima Bezerra (PT)Coligação: PSD, PT, PC do B, PT do B, PSD, PP, PEN, PRTB, PTC e PPL

Vice: João Maia (PR)Senado: Wilma de Faria (PSB)Coligação: PMDB, PSB, PR, PROS, DEM, PSD, PDT, PRB, PPS, PHS, PTB, PV, PSC, PSDC, PMN e PRP

Mário Agra (PSOL) Vice: Paulo Bob (PSTU)Senado: Heloísa Helena (PSOL)Coligação: PSOL e PSTU

Araken Farias (PSL)Vice: Paulo Roberto (PSL)Senado: Roberto Ronconi (PSL)Sem coligação

Golbery Lessa (PCB)Vice: Fernando Medeiros (PCB)Senado: Sem candidatoSem coligação

Robério Paulino (PSOL)Vice: Ronaldo Garcia (PSOL)Senado: Professor Lailson (PSOL)Sem coligação

Jefferson Piones (PRTB)Vice: James (PRTB)Senado: Oldenber Paranhos (PRTB)Coligação: PRTB / PPL / PMN

Simone Dutra (PSTU) Vice: Socorro Ribeiro (PSTU)Senado: Ana Célia (PSTU)Sem coligação

EDUARDO TAVARES

Vice: Gilvan Barros (PSDB)Senado: Eduardo Magalhães (PSDB)Coligação: PSDB e PRB

PSDB

RENAN FILHO

Vice: Luciano Barbosa (PMDB)Senado: Fernando Collor (PTB)Coligação: PV / PT do B / PMDB / PROS / PC do B / PSC / PHS / PTB / PSD / PDT / PT

PMDB

PMDB

Coronel Goulart (PEN)Vice: Capitão Bulhões (PEN)Senado: Coronel Brito (PEN)Sem coligação

Joathas Albuquerque (PTC)Vice: Marineide Messias (PTC)Senado: Elias Barros (PTC)Sem coligação

Luciano Balbino (PTN)Vice: Pericles Cabral (PTN)Senado: Marcos Aguiar (PTN)Sem coligação

PSD

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LOBÃO FILHO

Vice: Armaldo Melo (PMDB)Senado: Gastão Vieira Dias (PMDB)Coligação: PMDB / PSL / PEN / PSDC / PRP / PTN / PMN / PSC / PHS / PRTB / PR / PRB / DEM / PSD / PV / PT / PTB / PT do B

PMDB

Principais aliados em âmbito fe-deral, PMDB e PT se enfrentam nas eleições do Piauí. Assim como no Maranhão, a coligação pemedebista liderada pelo atual governador Zé Filho (PMDB) terá de abrir palanque para os três principais candidatos na esfera federal, Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). Do outro lado, o ex-

-governador Wellington Dias (PT) tenta firmar-se como o ‘verdadeiro pa-lanque de Dilma’ no estado, em uma aliança menor do que do adversário, mas embalada por bons resultados nas pesquisas eleitorais até agora lideran-do em todas. O ex-governador Mão Santa (PSC) também está na disputa e garante um palanque ao presidenci-ável Pastor Everaldo (PSC).

cOnfrOntO de aliadOs

Fotos: Divulgação

Estas eleições serão históricas no Ma-ranhão. Pela primeira vez em 46 anos, o estado não terá nenhum membro da família Sarney disputando cargos majoritários, já que tanto o senador José Sarney e sua filha, a governador Roseana Sarney, anunciaram aposen-tadoria das eleições eletivas. Mesmo perto da aposentadoria, o clã Sarney continua realizando a articulação po-lítica do candidato governista Lobão

Filho (PMDB), que disputa a eleição em uma chapa majoritária pura, mas apoiada por 18 partidos, incluindo o PT, rachado. Uma ala petista já de-clarou apoio a Flávio Dino (PCdoB) que tem uma aliança interessante sustentando sua candidatura: PSB e PSDB, adversários da presidente Dil-ma Rousseff (PT) em âmbito federal. Tudo para derrubar de vez os Sarney do poder.

clã fOra da disputa

FLáVIO DINO

Vice: Carlos Brandão (PSDB)Senado: Roberto Rocha (PSB)Coligação: PP, SD, PROS, PSDB, PC do B, PSB, PDT, PTC, PPS

PCdoB

Zé Luis Lago (PPL)Vice: Cristiana Jansen (PPL)Senado: Gersão (PPL)Sem coligação

Mão Santa (PSC)Vice: Mano (PSC)Senado: Gustavo Henrique (PSC)Sem coligação

Professor Josivaldo (PCB)Vice: Francinaldo Leita (PCB)Senado: Evan de Andrade (PCB)Sem coligação

Daniel Solon (PSTU)Vice: Solimar Silva (PSTU)Senado: Geraldo Carvalho (PSTU)Sem coligação

Pedrosa (PSOL)Vice: Professor Odívio (PSOL)Senado: Haroldo Saboia (PSOL)Sem coligação

Maklandel (PSOL)Vice: Romualdo Brazil (PSOL)Senado: Aldir Nunes (PCB)Coligação: PSOL/PCB

Saulo Arcangeli (PSTU)Vice: Ana Paula Martins (PSTU)Senado: Marcos Silva (PSTU)Sem coligação

Lourdes Melo (PCO)Clóves José (PCO)Senado: Sem candidatoSem coligação

Zé FILHO

Vice: Silvio Mendes (PSDB)Senado: Wilson Martins (PSB)Coligação: PMDB, PSDB, PSB, PRB, PDT, PSL, PTN, PPS, DEM, PSDC, PMN, PTC, PSD, PC do B, PT do B, PV e PEN

PMDB

WELLINGTON DIAS

Vice: Margarete Coelho (PP)Senado: Elamano Férrer (PTB)Coligação: PT, PP, PTB, PHS, PR, PROS, PRP, SD, PRTB

PT

Nilo Sambaiba (PPL)Vice: Professora Rejane Palácio (PPL)Senado: Professor Claudionor (PPL)Sem coligação24

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Política

Flickr - Blog do Planalto

conteceu. A Copa do Mundo acabou com a consagração da equipe alemã. Contudo,

deixou no Brasil uma lembrança de um evento bem realizado, embora a mídia brasileira e estrangeira tenha tentado passar a ideia de que o Mun-dial seria um desastre. O reconheci-mento de que a Copa foi um sucesso se transformou em um trunfo na manga da presidente Dilma Rousseff (PT) na sua campanha à reeleição.

Joseph Blatter, economista suíço e presidente da Fifa deu nota 9,25 à Copa do Mundo realizada no Brasil. Apesar de tantas profecias apoca-lípticas, não foi registrado nenhum caos nos aeroportos (de acordo com o Ministério do Turismo, 263 mil movimentações foram registradas e apenas 7,46% dos voos atrasaram),

A

Após derrota da seleção brasileira na Copa, presidente tenta se afastar da frustração dos torcedores e aproveita o saldo do Mundial para reconquistar eleitores. Ela centra suas atenções no crescimento econômico e temas como a reforma política

Muito aléM Da Copa

apagão, tumulto nos estádios ou falta de transporte para os visitantes. Ou seja, a infraestrutura não se mostrou um grande problema na realização do evento.

Antes mesmo de o Mundial termi-nar, os jornais internacionais reconhe-ciam que os problemas ‘prometidos’ para o período dos jogos, como mani-festações de ruas, não aconteceram. Isso, somado às pesquisas do pós-Co-pa, deve fazer com quem os números voltem a subir em favor da presidente Dilma. Na primeira quinzena de junho deste ano a petista tinha 39% dos votos do eleitorado, seguida por Aécio Neves (PSDB), com 21% das intenções, e Eduardo Campos (10%), de acordo com o Ibope.

Um levantamento feito pela Funda-ção Instituto de Pesquisas Econômicas

(Fipe) divulgado pelo Ministério do Turismo ajuda a consolidar esse mo-mento de bom humor da presidente. De acordo com a pesquisa, 83% dos turistas internacionais consideraram que a visita ao Brasil atendeu ou supe-rou as expectativas. Destes, 95% têm a intenção de voltar ao país. Foram um milhão de estrangeiros, em 378 municípios brasileiros, entrevistados.

A Copa revelou que o país é capaz de receber bem um evento deste porte -as Olimpíadas estarão aqui em breve – e Dilma, apesar dos desgastes, mostrou que sua gestão acertou em apostar na Copa. A presidente quer aproveitar essa nova fase para tirar uma ‘casquinha’. Ela tem se mostrado mais confiante e disposta a enfrentar os adversários, agora, em situação mais favorável.

Dilma Rousse-ff tem que mos-

trar também como tem lidado com a

economia de forma segura. A geração de

empregos vem passan-do por um esfriamento, o

crescimento da economia é anêmico, mas a presidente diz que

seu mandato começou num momento em que a economia global está num processo de “reversão de ciclo” e que é preciso analisar o cenário interna-cional.

“Quando estive em Davos, em ja-neiro deste ano, a tese era de que os países desenvolvidos seriam os grandes puxadores de crescimento do ciclo agora, e os países emergentes teriam perdido a vez deles porque teriam re-

um noVo ciclopara a petista

Próximo de terminar seu mandato, Dilma tem pressa de confirmar-se como boa gestora e garantir assim sua continuidade. Como estratégia, mudou a rota e assume a linha de defesa da Copa como evento, mostrando o resultado da preparação para o torneio e o legado estrutural que ele deixa para os brasileiros. Apesar de algumas obras não estarem concluídas (o monotrilho de São Paulo, a Via 710 de Belo Horizonte, dentre outras - no total são 23), o ministro das Cidades, Gilberto Occhi garante que elas ainda serão

entregues à população. Assim, Dilma vai se afastando da frustração

nacional gerada pela seleção e se aliando à

imagem positiva do saldo. Ela passou também a utilizar a palavra “ciclo” para definir sua administração e o cenário econômico mundial.

Num balanço recente, a presidente colocou que a sua marca foi a criação de condições para que o Brasil entre num novo momento, ressaltando que 75% da população brasileira hoje pertence às classes C, B e A. E atribui essa realidade aos programas de inclusão social que não sejam apenas de renda, como o Minha Casa, Minha Vida e o Mais Médicos.

Em entrevista à GloboNews, ela enfatiza o investimento em infraestrutura: “Este é um ciclo que vai apostar na competitividade produtiva. Nós vamos ter de investir pesadamente em infraestrutura, com parcerias público-privadas, só através do investimento privado, como é o caso das concessões ou com investimentos públicos. É uma combinação de tudo: aeroportos, portos e rodovias nós encaminhamos”. Embora esses “encaminhamentos” não tenham sido completados, deixando um legado de obras pendentes (de acordo com um levantamento da Folha de S. Paulo, apenas 53% das obras da Copa ficaram prontas), a presidente apontou quais são os passos a seguir: investir em ferrovias, no potencial das bacias hidrográficas brasileiras, produção agrícola, cabotagem e inclusão digital.

duzido muito sua taxa de crescimento. Pois bem, hoje, seis meses depois o que se verifica é que (...) as taxas de todos os países estão extremamente baixas (...)”, argumenta.

Para a presidente, o Brasil tem conseguido enfrentar a crise, reconhe-cendo o problema.

“O que eu acho terrível é que alguém possa supor que nós temos um comportamento de crescimento econômico com outro momento in-ternacional. Nós não somos uma ilha. Esses efeitos nos atingem. Mas nos atingem de forma contraditória. Não tivemos que demitir milhões e milhões de pessoas. (...) Nós conseguimos manter esse processo de decréscimo violento de economia internacional com o emprego em alta”, pondera a petista na entrevista.

os eFeitosda economia

Por Isadora [email protected]

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om o mesmo tempo de uma gestação, a aliança entre Eduardo Campos (PSB) e

Marina Silva (Rede) completou nove meses em julho. O que parecia ser um casamento feliz e sem maiores percal-ços até, quem sabe, o segundo turno das eleições presidenciáveis deste ano mostrou-se mais complicado do que os presidentes nacionais do PSB e da Rede previam.

As divergências começaram logo na concepção do primeiro ‘filho’ de Edu-ardo e Marina. Durante a construção do programa de governo, no início deste ano e que será apresentado ao país durante as eleições, a Rede encontrou dificuldades em afinar seu

discurso ambientalista e sustentável ao desenvolvimentismo apresentado pelo PSB. Sem demonstrar rusgas publicamente, os grupos de trabalho dos dois partidos conseguiram cos-turar um ‘consenso’, ainda que não agradasse integralmente nenhum dos lados.

Com a construção da aliança nacio-nal, que inclui além de PSB e Rede as legendas PPS, PPL, PRP e PHS, e quando marineiros e socialistas acre-ditavam que o pior já havia passado, a principal crise foi deflagrada: a montagem dos palanques estaduais. O maior foco de divergências acon-teceu justamente no principal colégio eleitoral do país: a Região Sudeste.

Política

Fotos: Flickr - Eduardo Campos / Agência Senado / Secretaria dos PortosIlustração: Arthur César

Eduardo Campos e Marina Silva começaram a campanha acumulando

rusgas e atritos, principalmente na composição das alianças estaduais

CaSaMENto CoM DiaS CoNtaDoS?

C

Por William De [email protected]

O problema maior, entre-tanto, foi vivenciado em São Paulo. Marina Silva e outros dirigentes da Rede defendiam a candidatura própria, o ex--governador de Pernambuco Eduardo Campos articulou a composição com o PSDB, indicando o deputado federal Márcio França (PSB) como vice do governador Geraldo Alckmin (PSDB).

Em nota e em entrevista, Marina criticou severamente a decisão de

Em Minas Gerais, o porta-voz do partido Apolo Heringer (Rede) plei-teava sua candidatura ao governo do estado, o que foi negado por Eduardo Campos, que articulou o nome do delegado Tarcísio Delgado (PSB), pai do deputado fe-deral Júlio Delgado (PSB). A decisão desagradou tan-to partidários da Rede que apoiavam Apolo quanto aos próprios militantes socialistas no estado, que queriam outra candi-datura e eram contra ter candidato próprio. Os dissidentes ameaçam agora fazer campanha publicamente

para outros presidenciáveis, como Aécio Neves (PSDB) ou Dilma Rousseff (PT).

“Uma coisa é atender a Marina e outra diferente é atender a Rede,

em Minas. Ficamos muito prejudicados com esse acor-do, que foi apenas no plano nacional, negligenciando o papel político dos estados.

Há uma desunião total. O Eduardo (Campos) não inspira

mais confiança de ser a terceira força para mudar o Brasil. Eles vão tentar o voto pela TV, mas não terão palanque forte em Minas”, argumenta Apolo.

DESISTêNCIA CARIOCA

No Rio de Janeiro, o então pré-candidato Miro Teixeira (PROS), que parecia ter sua candidatura assegurada

com o apoio de Eduardo e Marina, desistiu de disputar o pleito por sentir que “não havia clima”, após uma visita do presidenciável ao estado. “A coligação não se revelou na prática, durante a recepção ao Eduardo Campos, na Mangueira, por exemplo. Se isso aconteceu numa pré-campanha, imagina durante a campanha oficial”, avalia Miro.

Com isso, o PSB costurou uma aliança com o PT, e terá o deputado federal Romário (PSB) como candidato ao Senado, apoiando o petista Lindberg Farias ao governo carioca. A decisão gerou reações duras dentro das bases socialistas no Rio, levando o deputado federal Alfredo Sirkis (Rede) a desistir de disputar a reeleição.

“Sou totalmente contrário a essa coligação. Nada contra o senador, pessoalmente. Mas perdoem-me o recurso ao chulo: isso não seria uma coligação, mas uma suruba! Não sou avesso a uma cer ta dose de pragmatismo, mas aí já é demais: é uma dose cavalar. Quais os acordos por trás disso? Por que razão o PT consentiria?”, critica Sirkis em seu blog.

Campos. “Juntamente com todos os integrantes da Rede Sustentabilidade, discordo da indicação aprovada ontem na reunião do diretório estadual do PSB de São Paulo de apoiar o projeto político do PSDB. Para nós, isso é um equívo-

co. Consideramos necessário manter independência e lançar uma candidatura própria, que dê suporte ao projeto de mudança para o Brasil liderado por Eduardo Campos, e que

dê ao povo de São Paulo a chance de fazer essa mudança também no âmbito estadual”, disse.

Eduardo minimizou a crise dizendo que Marina já havia criticado a aliança entre PSB e PSDB e que ambos res-peitam as opiniões um do outro. “Nós somos de partidos diferentes, fizemos uma aliança. Temos de respeitar uns as posições dos outros”, lembrando que a permanência da Rede no PSB é pas-sageira. E talvez, quando o casamento terminar, ele não deixe saudades.

Apolo Heringer

Miro Teixeira

Márcio França

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Política

Foto: Divulgação

presidenciável Aécio Neves chegou ao mês de julho comemorando dados da

pesquisa do Instituto Datafolha, se-gundo a qual estaria empatado com a candidata Dilma Rousseff numa hipó-tese de segundo turno, o que motivou comemorações no PSDB.

Na pesquisa, este foi o elemento que mais animou o presidenciável porque pela primeira vez a projeção de empate num segundo turno ficou mais evidente. “Ele vai avançar e crescer muito mais”, afirmou a assessoria de imprensa do candidato em contato com a Revista NORDESTE.

O Datafolha simulou dois cenários para o segundo turno. Quando Dilma enfrenta Aécio, o resultado foi um

O

Candidato tucano apresenta bons números em pesquisas, mas não explica como tocar economia e vive efeitos de denúncia

aécio em empateno 2º turno?

dispersão na economia

aeroporto para a Família

empate técnico de 44% a 40% a favor da petista – a margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Contra Campos, Dilma venceria por 45% a 38%.

Mesmo apresentando bons resul-tados nas pesquisas, o candidato não soube se servir da oportunidade de debate e sabatina produzida em São Paulo por um pool de veículos de comunicação para explicar como vai resolver a economia nacional numa hipótese de eleição, algo que mereceu crítica até do aliado e ex-governador José Serra. Além disso, o mês termi-nou com denúncias de uso do poder para beneficiar terras de um tio em Minas Gerais, onde foi construído um aeroporto.

Ninguém mais insuspeito do que o candidato ao Senado pelo PSDB em São Paulo, José Serra, para avaliar que faltou ao candidato Aécio Neves ter maior domínio sobre política econômica. Para ele, o tucano não disse quais seriam as medidas a serem adotadas e evitou detalhar outras considerações que pretende adotar em caso de ser eleito.

Em análise, Serra pontuou a melhor solução econômica que deve ser desenvolvida por Aécio. “O problema hoje da contração de investimentos é o receio do que pode acontecer no futuro. No momento em que isso tiver saído da pauta, com o próximo presidente, no caso o Aécio, o investimento privado vai ser retomado. Isso gera atividade econômica e empregos. É uma das questões que poderiam ter sido aprofundadas neste debate”, afirmou.

Ele disse ter ficado “bem impressionado” com o desempenho do seu correligionário na sabatina, mas achou que houve dispersão em alguns momentos. Portões do Aeroporto no município de Cláudio, em Minas Gerais

A fase de comemorações dos números para seguir rumo ao segundo turno nas eleições presidenciais foram sequen-ciadas com um assunto desconfortável merecendo ação dos adversários no Ministério Público de Minas Gerais: uma acusação da Folha de São Paulo. De acordo com a denúncia, no segundo mandato de seu governo em Minas, Aé-cio construiu um aeroporto com quase R$ 14 milhões de recursos públicos em uma propriedade que pertencia ao seu tio, no município de Cláudio.

Mesmo assim, durante visita ao Santuário Nossa Senhora da Piedade, em Caeté, na Grande Belo Horizonte, o presidenciável minimizou a denún-cia, atribuindo-a ao período eleitoral. “Não podemos aceitar é que em razão da proximidade eleitoral se deturpe fatos”, argumentou.

Mas, independentemente do humor do tucano, o presidente do PT e membro do comitê presidencial de Dilma, Rui Falcão, acusou Aécio Neves de “usar o governo de Minas Gerais como extensão de suas propriedades” e de não distinguir o “público do privado”. Aécio publicou respostas à reportagem pelas redes sociais.

Além do Ministério Público, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) con-firmou que vai investigar se há registro de pousos e decolagens no aeródromo construído durante o governo de Aécio na cidade. Isso porque, de acordo com a agência, não há autorização para o uso da estrutura, uma vez que a pista ainda não foi liberada pelo órgão de fiscalização. A Anac deu dez dias para o governo de Minas e a Prefeitura de Cláudio se pro-nunciarem sobre o caso e se investigará supostas operações clandestinas.

Por Walter [email protected]

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Opinião

Antonio Delfim NettoProfessor emérito da FEA-USP, ex-ministro da Fazenda,Agricultura e Planejamento

Obra InacabadaPlano Real completou 20 anos e continua uma obra inacaba-da, mas os avanços por ele ob-

tidos no combate à inflação não correm nenhum risco. O perigo de uma volta à hiperinflação está muito longe do al-cance de qualquer radar. O Plano Real foi um dos programas de estabilização mais brilhantes construídos no Brasil e seus efeitos são reconhecidos univer-salmente: um grupo de economistas de muito boa qualidade organizou um programa e depois de seis tentativas mal sucedidas de estabilização, obte-ve um grande sucesso. É sem dúvida um momento alto da profissão: esses profissionais mostraram que tinham conhecimento profundo da mecânica da economia, construindo um plano que é uma autêntica “obra-prima”, uma joia rara.

O seu lançamento vitorioso de-pendeu de um apoio político muito forte do presidente Itamar Franco e do desempenho dos ministros da fazenda Rubens Ricúpero e Fernando Henrique Cardoso que convenceram o poder político de sua necessidade e da viabilidade de sua execução. Isso tudo fala muito a favor do aperfeiçoamento das instituições brasileiras depois da Constituição de 1988.

O Plano Real nunca terminou: o sucesso inicial de estabelecer um controle da inflação foi tamanho que a parte politicamente desagradável de sua execução que era a de acabar com o déficit fiscal nunca foi feita. Em razão desta “abstinência”, o resultado foi pífio em matéria de crescimento econômico e em termos do equilíbrio no balanço em contas-correntes.

Em que pesem esses fatos, foi sem dúvida o mais bem sucedido programa

de estabilização de todos os que foram tentados no Brasil, uma economia no-toriamente com triste retrospecto em matéria de combate à inflação.

Hoje, vinte anos depois, persiste uma sensação desagradável porque mantemos uma taxa de inflação sempre superior ao núcleo da meta, estabele-cida posteriormente para ancorar as expectativas. Apesar de não existir nenhuma tragédia à vista no compor-tamento da inflação, deixa muito a desejar no quesito crescimento

O Brasil precisa corrigir isto. E cor-rigir reiniciando o ataque ao problema central que é o retorno ao equilíbrio fiscal de forma absolutamente segura. A concepção do Plano Real foi uma obra-prima, que honra a inteligência de seus formuladores, mas é um plano inacabado porque os governos nunca tiveram a coragem de enfrentar em pro-fundidade os problemas da indexação e nunca decidiram fechar o déficit fiscal.

Por causa dessas indecisões as em-presas brasileiras estão sufocadas, em primeiro lugar, pela maior carga de tri-butos incidente em países cujos níveis de renda se assemelham ao nosso; em segundo lugar, elas foram obrigadas a conviver com a maior taxa de juros do mundo por um período terrível de vinte anos e em terceiro lugar são submetidas a um sistema de câmbio supervalorizado que anulou as condi-ções de competição de setores inteiros da indústria brasileira, eliminando-se a maior alavanca de modernização e expansão da atividade manufatureira que é o comércio exterior.

A valorização do Real acabou sendo muito superior ao que seria necessário se tivéssemos feito o esforço adequado para obter o equilíbrio fiscal.

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O Plano Real nunca terminou: o sucesso inicial de estabelecer um controle da inflação foi tamanho que a parte de sua execução que era a de acabar com o déficit fiscal nunca foi feita

Fotos: Flickr - Governo do Estado de Alagoas / Governo do Estado do Maranhão / Secom - PMJP

jornalista | Flávia lopes

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diagramador | arthur César

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editora | rivânia Queiroz

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expediente

Alagoas, Maranhão e Paraíba não estão entre os estados que mais arrecadam recursos no Brasil. Mas, nos últimos dez anos, têm apresentado índices de crescimento acima da média do país, como quase todos os outros estados nordestinos. Nesta edição do caderno especial sobre o desenvolvimento do Nordeste, a reportagem vai mostrar quais são os pontos fortes da economia de cada um deles

UM SALTO DEDESENVOLVIMENTO

ATRAINDO MAIS INVESTIMENTOS

Nos últimos sete anos, Alagoas conseguiu atrair mais de 60 novos empreendimentos para o setor empresarial. Parte do impulso econômico adveio do Programa de Desenvolvim-ento Integrado do Estado de Alagoas (Prodesin), regulamen-tado e instituído em maio de 2000. O programa compreende três modalidades de incentivo (locacional, creditício e fiscal) com o objetivo de suprir as necessidades dos interessados em iniciar ou expandir seus empreendimentos no estado.

“A atual gestão reformulou a política de incentivos do estado, realizada por meio do Programa de Desenvolvi-mento Integrado do Estado de Alagoas, o Prodesin, como forma de atrair importantes indústrias. O programa consiste na concessão de incentivos fiscais, locacionais e creditícios a empreendimentos turísticos ou industriais, novos ou já instalados em Alagoas, inde-pendente do porte. Para isso, a empresa interessada deve apresentar um projeto técnico econômico-financeiro, apon-tando a expectativa de geração de ICMS, emprego direto e indi-

reto, montante de investimento total, entre outras informações que estejam em conformidade com a legislação fiscal”, conta a secretária de Desenvolvimento, Poliana Santana.

Como resultado do pro-grama, grandes indústrias já foram atraídas, a exemplo da Braskem, Krona, Corrplastik, Tigre ADS, Jaraguá Equipa-mentos, Bauducco, Granbio, entre outros empreendimentos importantes para o desenvolvi-mento da economia alagoana.

Com isso, a capacidade de destaque no setor industrial está aumentando, atraindo ainda mais investimentos. Só do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), Alagoas recebeu R$ 1,24 bilhão em recursos em 2013, 14% a mais que em 2012. Os recursos ajudaram na implanta-ção de novas indústrias e gerou crédito emergencial para agri-cultores e capital de giro para o comércio. Os R$ 336 milhões aplicados no setor em 2013 são justificados pelo fluxo contínuo de prospecções mantido pelo governo, em que o segmento cerâmico e a Cadeia Produtiva da Química e do Plástico (CPQP) encabeçam o ranking.

ALAGOAS SAI DO MARASMO

ais de 62% da população alagoana era consid-erada pobre, em 2000. O caso se agravava

quando se comparava à média nacional, de 32,5%. De acordo com o levanta-mento do Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil, divulgado em 2013, o estado lidera o hanking de pior IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios), com 0,631. Segundo a pesquisa, dos 102 municípios alagoanos, 88 estão em baixas faixas classificatórias. Mas, de acordo com o Governo do Estado de Alagoas, ao longo da década 2000-2010, a região teve o segundo maior crescimento no ranking de IDH entre os estados, com um percentual de 34% de aumento, permitindo que a classificação saísse de “muito baixo” para o “médio”. Isso é reflexo do quadro

Meconômico que vem mudando gradual-mente, assim como em todo o Nordeste.

De acordo com a Secretaria de Plane-jamento e Desenvolvimento Econômico do Estado, nos últimos anos, Alagoas tem crescido acima da média nacional e regional. A estimativa do Produto Interno Bruto (PIB) de 2013 apresentou um crescimento de 3,3% em relação ao ano anterior, índice acima da média nacional, cuja estimativa foi de 2,3%. Quando comparado a outros estados do Nordeste que realizam a pesquisa esti-mada, os números do PIB colocam Ala-goas acima dos índices da Bahia (3,0%) e próximos dos números dos estados do Ceará (3,4%) e de Pernambuco (3,5%).

No PIB de 2012, o estado teve cresci-mento de 4,4%, número acima da média nacional, que foi de 0,9%. Já em 2011, o PIB foi de 6,7%, superando e muito o

O impasse da dívida pública

A dívida pública se mostra como impasse na evolução econômica do segundo menor estado brasileiro. Em 2012, o estado tinha uma dívida consolidada em 7,7 bilhões, segundo matéria publicada no Valor Econômi-co. A dívida superava os números da Bahia, que apresenta várias políticas de atração de investimentos e que tem hoje um PIB seis vezes maior que o de Alagoas, sendo responsável por boa parte da arrecadação no Nordeste. O valor total da dívida representava 170% da receita corrente líquida do estado, um custo próximo ao limite estabelecido pela Lei de Responsabili-dade Fiscal, que é de 200%.

Na época, 55% da receita do estado vinham de verbas federais, sem contar com o Bolsa Família, INSS e repasses para educação e saúde. Isso acontecia por conta de uma arrecadação própria insuficiente. Até 2010, a receita tribu-tária do estado de Alagoas cresceu no mesmo ritmo das despesas correntes, 11% ao ano.

A situação começou a melhorar em 2007, quando o governador Teotônio Vilela Filho, convidou o Instituto Na-cional de Desenvolvimento Gerencial (INDG) para cooperar com a orga-nização fiscal e financeira do estado. “Cerca de 5 bilhões foram investidos nos últimos sete anos e mais de 100 indústrias foram captadas, por meio de incentivos concedidos pelo Governo de Alagoas. Como resultado, milhares de empregos diretos e indi-retos foram gerados para a população. Isso foi possível graças à credibilidade conquistada junto a empresários e investidores, após a atual gestão ter sanado toda a dívida pública do estado”, afirma a secretária Poliana.

Fotos: Flickr - Governo do Estado de Alagoas

índice de crescimento do Brasil, que foi de 2,7% naquele ano. Em 2010, mesmo com as enchentes sofridas naquele ano, Alagoas teve um grande crescimento econômico, cuja estimativa foi de 6,8%.

O crédito de grande parte do salto no desenvolvimento econômico do estado foi a injeção de políticas públicas de atração de empresas privadas. Segundo a secretária de Planejamento e do Desenvolvimento Econômico de Alagoas, Poliana Santana, desde 2007, o estado começou a viver um crescimento econômico jamais visto antes.

A economista Tania Bacelar completa que há inovadores projetos no segmen-to da indústria química e que o estado foi capaz de captar empreendimento do novo momento da indústria naval no Nordeste, além de ter excelente poten-cial para o turismo.

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Dados

Área: 27.778,506 Km²População: 3 120 922 hab. (15º)Densidade: 112,35 hab./km² (4º)

Economia

PIB: R$ 24,575 bilhões (20º) PIB per capita: R$ 7 874 (25º)

Investimentos do Governo Federal

Total: R$ 19,88 bilhõesDe 2011 a 2014: R$ 9,96 bilhões Depois de 2014: R$ 9,93 bilhões

Indicadores sociais

Expectativa de vida: 67,2 anos (27º) Mortalidade infantil: 18,6% nasc. (27º)

Analfabetismo: 25,7% (27º) IDH (2010) 0,631 (27º) – médio

Criando uma cadeia produtiva

A atividade industrial em Alagoas tem, como subsetores predominantes, o químico, a produção de açúcar e álcool, de cimento e o processamento de alimentos. Com as políticas de incentivo e de atração de novos empreendimentos industriais, nos últimos anos a instalação de novas indústrias em Alagoas cresceu exponencialmente. A indústria da cultura canavieira, que atinge 45% de contri-buição na economia, o turismo, com 23%, a indústria alimentícia, com 20% e a de química e mineração, com 12%.

A CPQP é um dos eixos mais bem consolidados da economia alagoana. In-tegrada por agentes da iniciativa pública e privada, atua em duas vertentes, as indústrias da química e da transformação.

Com uma grande oferta de resinas, a ca-deia abarca indústrias de grande e médio porte, de segunda e terceira geração, tendo a Braskem como a principal for-necedora de insumos, que transformou o estado no maior produtor de Policloreto de Vinila (PVC) da América Latina.

“Além disso, o faturamento do setor dobrou com a captação de mais de 30 empresas desde 2007, que injetaram R$ 2,3 bilhões na economia, gerando mais de cinco mil empregos diretos. Podemos destacar ainda a produção dos Polos Industriais, que abrigam importantes em-preendimentos, a exemplo das empresas Krona, Tigre ADS, Jaraguá Equipamentos e outros. O estado também tem no setor sucroenergético um grande eixo gerador de emprego e renda, com uma das produções mais destacadas de todo o país”, completa Poliana.

SETOR SUCROENERGÉTICO

O segundo menor estado do Brasil, perdendo apenas para Sergipe, é um dos maiores produtores de cana-de-açúcar e coco-da-baía do país. A agro-pecuária sempre foi a base da economia alagoana. Entre as décadas de 60 e 80, a indústria sucroalcooleira alavancou com programas federais, e passou a ocupar grandes áreas agri-cultáveis. Por isso, a cultura da cana-de-açúcar quase monopo-lizou toda a atividade econômi-ca da região.

Porém, por conta dessa economia pouco diversificada, Alagoas ficou nas mãos da produção e da venda de cana-de-açúcar por longo tempo. Mas, com o fim do Proálcool e

desregulamentação do setor, em 1990, a situação mudou. Nessa época, usineiros foram obrigados a se capacitarem para competirem com a produção do Centro-Sul. O quadro gerou cortes de custos que inviabili-zaram produções de pequenos e médios fornecedores.

“A dinamização da economia alagoana foi pautada por uma gestão com foco no planeja-mento e alcance de resultados, tornando o estado competitivo diante das novas realidades do país e do mundo. Alagoas passa a ter um mercado atrativo, con-quistando credibilidade junto a empresários e investidores”, explica a secretária de Desen-volvimento de Alagoas, Poliana.

Além de adotar a política de incentivos para atração de novos negócios, a secretária de Desenvolvimento afirma que o Governo do Estado apostou também na desconcentração dos investimentos, que levou desenvolvimento econômico para o interior; na desburo-cratização dos processos; na readequação da infraestrutura dos polos industriais e multisse-toriais, entre outras ações. “Isso fez com que o setor industrial tivesse maior participação no PIB do Estado. Com o forta-lecimento de outras cadeias produtivas, a dependência econômica em relação ao setor sucroalcooleiro tende a diminuir nos próximos anos”, conclui.

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MARANHÃO DERESULTADOS

estado que exporta a imagem da terra dos lençóis de águas entre dunas e do

bumba-meu-boi, vem também aderindo à fama de grande polo econômico. A im-plantação de 56 grandes empreendimen-tos que já estão em operação gerou mais de 100 mil empregos diretos. Dos R$ 130 bilhões em investimentos previstos para o Maranhão (no período de 2009-2018), já foram investidos até o 1º trimestre de 2014 cerca de R$ 59,3 bilhões desses empreendimentos. São mais de 50 pro-jetos em fase de implantação ou estudo até 2018, de acordo com a Secretaria de Estado do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Sedinc).

A indústria foi o setor que mais ganhou participação no PIB estadual, saltando de 15,4%, em 2009, para 17,5%, em 2011. De acordo com os últimos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) do Maranhão saltou de R$ 39.855 bilhões, em 2009, para R$

O 52.187 bilhões, em 2011, um crescimento de 10,3% (ficando acima das médias do Brasil e do Nordeste). E é ainda o 4º PIB do Nordeste. Em termos reais, houve um acréscimo de R$ 12.332 bilhões, enquan-to o PIB per capita saltou de R$ 6.259,43 para R$ 7.852,71 no mesmo período.

De acordo com a economista Tânia Bacelar, o Maranhão já vem tendo bom crescimento e tem atraído um impor-tante bloco de cerca de R$ 100 bilhões de investimentos, tanto em infraestrutura como em atividades produtivas. “Na infraestrutura se destacam investimentos na ampliação do seu já moderno com-plexo portuário, a duplicação da ferrovia e do terminal portuário do Vale e proje-tos do setor de energia (petróleo, gás, construção de linhas de transmissão de energia e a produção de energia eólica)”, explica a economista.

Já dentre os investimentos produtivos, segundo Tânia, merecem destaque o agronegócio produtor de soja, milho e de cana-de-açúcar, a plantação de eucaliptos

para produção de celulose e papel, proje-tos siderúrgicos, ampliação do complexo avícola, novos empreendimentos produ-tores de cimento, entre outros.

Boa parte dos investimentos e do crescimento econômico no Maranhão é decorrente de políticas de atração de investimentos desenvolvendo programas e ações de incentivo à instalação tanto de grandes empreendimentos como de micro e pequenas empresas.

Para o Secretário da Sedinc, Maurício Macedo, o Maranhão tem um conjunto de condições naturais como localização geográfica privilegiada, vasta extensão de terras, água em abundância, aliadas a in-fraestrutura de portos, ferrovias, estradas, energia e outras. “Ao longo de cinco anos, investimos em obras de infraestrutura como estradas e porto. Implantamos uma política de atração de investimentos que oferecem desde incentivos competitivos à infraestrutura produtiva, visando atender à grande demanda de empresas que buscam o estado para investir”, afirma.

Solo fértilpara a indústria

Para oferecer infraestrutura às em-presas, o estado investiu na recupera-ção e construção de distritos industriais e parques empresariais, para atender não só as demandas da indústria como também do comércio e serviços. Entre 2010 e 2013, foram gastos cerca de R$ 30 milhões na construção de distritos industriais nos município de São Luís, Imperatriz, Aldeias Altas, Balsas, Grajaú e Porto Franco.

Segundo a Sedinc, já no primeiro semestre de 2014, foi iniciada a construção de parques empresariais nas cidades de Caxias, Timon, Pinheiro, Rosário, São José de Ribamar e Im-peratriz. A implantação dos parques de Codó, Chapadinha, Capinzal do Norte, Presidente Dutra, Santa Inês, Coroatá e Alcântara estão em fase de estudo. O investimento total previsto para os parques empresariais é da ordem de R$ 84 milhões, dos quais R$ 42 milhões devem ser investidos neste ano.

Além de melhorias na infraestrutura, a política de atração de investimen-tos trabalha no desenvolvimento de programas e ações de incentivo à instalação tanto de grandes empreen-dimentos como de micro e pequenas empresas. Recentemente, foi lançado pela Sedinc o Programa de Valorização do Empreendedor Maranhense, o Made in Maranhão, que visa inserir competiti-vamente entre empresas maranhenses nos mercados nacional e internacional, por meio da inovação tecnológica, da produtividade e da qualidade. O Made in Maranhão é constituído por mais de 18 instituições parceiras e pro-moveu, em abril, a sua primeira rodada de negócios com uma grande rede atacadista do estado. O programa já conta com 56 empresas cadastradas.

PROGRAMASDE ATRAÇÃO

Para se tornar um polo indus-trial no Brasil, o Maranhão tem investido em políticas de atração de empresas e indústrias. Como incentivo, tem oferecido dispensa do pagamento de 75% do saldo devedor do ICMS e desonera-ção parcial do ICMS incidente nas aquisições interestaduais, como é o caso do Programa de Incentivo às Atividades Industri-ais e Tecnológicas do Maranhão (ProMaranhão).

Criado em 2010, o programa oferece estímulos fiscais para implantação, ampliação e reati-vação de indústrias e agroindús-trias no território maranhense, além de fomentar o desenvolvi-mento de empresas de pequeno porte que atuam nestes setores. Atualmente, já beneficia 34 empresas que, juntas, somam investimentos na ordem de R$ 7,36 bilhões e são responsáveis pela geração de mais de 70 mil empregos diretos e indiretos.

Outro programa de incentivo

à indústria no Maranhão é o Programa de Desenvolvimento de Fornecedores (PDF), principal instrumento de articulação entre o poder público e a iniciativa privada, que prepara empresas locais para aumentar a participa-ção destas no fornecimento de bens e serviços para as grandes empresas instaladas ou que venham a se instalar no estado. O PDF já movimentou R$ 18,8 bilhões no acumulado de 2000-2013.

“A volta da confiança na gestão governamental também é outro fator importante de motivação, pois o empresariado recebe todo o apoio do governo nos processos que necessita para a implantação dos seus em-preendimentos. O governo fez o dever de casa e agora colhe resultados positivos, tanto que nossa carteira de investimentos ultrapassou os R$ 130 bilhões, entre públicos e privados”, afirma o Secretário Maurício Macedo.

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Principais recursos

Além do agronegócio, carro chefe da economia de vários estados nordes-tinos, o Maranhão está apostando na produção de gás natural. Em 2010, a em-presa de óleo e gás natural OGX desco-briu a existência de uma grande reserva no Maranhão, mais precisamente na região de Capinzal do Norte, o que abriu mais perspectiva de novos negócios a partir do gás como geração de energia, para uso em veículos, fertilizantes e indústria petroquímica.

O Maranhão tem também um poten-cial para gerar energia limpa a partir de biomassa, hidráulica e eólica. Segundo a Sedinc, o estado acabou de receber o certificado de zona livre de febre aftosa, o que certamente vai impulsionar a pecuária. Além disso, a secretaria afirma que a região tem descoberto novas po-tencialidades como a mineração de ouro, verticalização do ferro-gusa, florestas plantadas para a produção de carvão, celulose, entre outros.

POLO DE EXPORTAÇÃO

O Porto do Itaqui já está se tornando um dos grandes po-los de escoamento de expor-tação e importação no Brasil. Interligado às ferrovias Carajás, Norte e Sul e Trasnordestina, localizado em São Luiz, capital do Maranhão, teve um volume operacional de 15 milhões e 300 mil toneladas durante 2013. Para 2014, a estimativa é que sejam movimentadas cerca de 17 milhões de tonela-das de cargas.

O local é estratégico, e a logística do porto já está

ganhando visibilidade. Com a ampliação do Canal do Pan-amá, o Nordeste se aproximará de mercados asiáticos, o que pode ser atraente para uma rota de exportação ao Oriente. De acordo com a Confederação Nacional das Indústrias, o Ca-nal do Panamá também pode ampliar a demanda de grãos em portos, como o de Itaqui, que deve sofrer aumento da demanda desses granéis a partir do término das obras da Ferrovia Norte-Sul.

A Secretaria de Portos

estima um aumento expressivo na movimentação do Termi-nal de Uso Privativo (TUP) Ponta da Madeira, ligado ao Porto de Itaqui, administrado pela Vale do Rio Doce, nos próximos anos. Atualmente ele é considerado o segundo maior TUP em movimentação de cargas do país, sendo um porto de padrão internacional na movimentação de minério de ferro, tanto em função da sua profundidade e eficiência, quanto em razão da sua movi-mentação de carregamentos.

Dados

Área: 331 937,450 km² (8º)População: 6 794 298 hab. (10º) Densidade: 20,47 hab./km² (16º)

Economia

PIB: R$ 45,256 bilhões (16º) PIB per capita: R$ 6 888 (26º)

Investimentos do Governo Federal

Total: R$ 65,25 bilhõesDe 2011 a 2014: R$ 18,25 bilhõesDepois de 2014: R$ 47,01 bilhões

Indicadores sociais

Expectativa de vida: 68,0 anos (26º) Mortalidade infantil: 87% nasc. (26º)

Analfabetismo: 18,76% IDH (2010) 0,639 (26º) – médio

Fotos: Flickr - Governo do Estado do Maranhão

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PARAÍBA GANHAESPAÇOS NOS NEGÓCIOS

região Nordeste foi base histórica da economia do Brasil. Daqui começou o

desbravamento das terras tupiniquins, e logo nos primeiros centenários do descobrimento todas as riquezas vinham da região. O produto principal era a cana-de-açúcar, exportado para todo o mundo. Mas, a concorrência dos holandeses superou. Somando isso ao deslocamento da família Real da Bahia para o Rio de Janeiro e, posteriormente, à mudança da economia para a cultura do café com leite do Sul-Sudeste, o Nor-deste deixou, por um bom tempo, de ser terras fartas para grandes investimentos e polo econômico.

O quadro está mudando gradativa-mente desde então. Mas, foi há cerca de 10 anos que a região começou a se consolidar na economia brasileira, apresentando até índices de crescimen-

A tos maiores que o próprio país. “Nos anos finais do século 20, a região vinha perdendo peso na economia do país (chegou a 12,5%, em 2000) e inverteu esta tendência nos anos recentes. Isso aconteceu porque a economia da região cresceu (4,2% ao ano) acima da média nacional (3,5% ao ano) nos anos iniciais do século 20, como mostra gráfico a se-guir”, explica a economista Tânia Bacelar.

Nesse contexto está o estado da Paraíba, que apesar de ainda não ser conhecido como verdadeiro polo econômico, está ganhando espaço no mundo dos negócios no Brasil e atraindo grandes investimentos. Alguns números comprovam.

O Produto Interno Bruto (PIB) da Paraíba, no ano de 2011, registrou crescimento de 5,6% em relação ao ano anterior, segundo o Instituto de Desenvolvimento Municipal e Estadual

da Paraíba (Ideme) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nos últimos dados divulgados, o estado alcançou o montante de R$ 35,444 bilhões, mantendo sua participação no PIB nacional em torno de 0,9%.

Desse montante, R$ 31,718 bilhões (89,5%) são provenientes do Valor Adi-cionado total das atividades econômicas realizadas no estado e R$ 3,725 bilhões (10,5%) são referentes ao total dos impostos sobre produtos arrecadados líquidos de subsídios. Esse desempenho positivo foi reflexo do crescimento da produção e comercialização de bens e serviços de todas as atividades econômi-cas. Em 2013, a Paraíba apresentou a segunda maior taxa de crescimento do Nordeste, segundo a Pesquisa do Co-mércio do IBGE, ficando atrás apenas do Rio Grande do Norte (3,8%), que liderou as vendas na região.

Seguindo opadrão nordestino

A economista Tânia Bacelar acredita que um dos grandes fatores de cresci-mento da região Nordeste é a elevação da renda das famílias (fruto especialmente do aumento real do salário mínimo, das políticas sociais e da ampliação do nível de emprego), associada à ampliação do crédito, que dinamizou o consumo (de bens e serviços). Ela completa que a atração de investimentos produtivos tem aproveitado as potencialidades do Nordeste, dentre as quais seu dinâmico mercado consumidor, suas riquezas nat-urais (terras boas e água farta no cerrado, por exemplo), entre outras.

“A Paraíba, embora não tenha o mesmo desempenho maranhense, tem dinamizado seu setor terciário e tem potencial para muitas atividades, como as de agricultura irrigada, turismo, calça-dos e tecnologia da informação. Além disso, possui uma boa e descentralizada rede de ensino superior e infraestrutura rodoviária, considerando os padrões nordestinos”, afirma.

A economista destaca ainda a importância do fortalecimento da in-fraestrutura das cidades, como interliga-ção de bacias, construção de adutoras, construção de ferrovias, duplicação de rodovias, construção ou modernização de aeroportos e portos e, também, a estrutu-ração de uma infraestrutura social, como projetos urbanos e de expansão das redes de saúde e educação.

“Parte importante dessas obras ainda está em execução, mas estima-se que só a partir dos projetos de infraestrutura listados no PAC-2, um montante de R$ 30,4 bilhões se destina a infraestrutura do Nordeste. Tal bloco de investimentos dinamizou a construção civil na região e criou muitos dos novos empregos formais, nos anos recentes”, explica.

POTÊNCIA TURÍSTICA

A Paraíba tem a capital mais cobiçada por turistas. João Pes-soa, lugar onde o sol nasce pri-meiro, foi eleita o quarto destino mais procurado da América do Sul em 2013, pelo TripAdvisor, maior site de viagem do mundo. A cidade recebeu ótimas indica-ções e avaliações dos visitantes e por isso ganhou, junto com Fortaleza, o prêmio ‘Travelers Choice 2013 – Destinos em Alta’.

A capital paraibana tam-bém ficou entre os 54 lugares

no mundo que mais tiveram opiniões positivas e apresenta-ram aumento no interesse ao longo do ano passado, segundo opinião dos usuários do site. Em entrevista à Revista Nordeste, Ruth Avelino, presidente da Empresa Paraibana de Turismo (PBTur), afirmou que a cidade atrai turistas por conta da sua qualidade de vida. “Nós temos hospitalidade e a cidade tem uma vivência interessante para o visitante”, valoriza.

Fotos: Flickr - Governo do Estado da Paraíba

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Comércio tem gerado empregos

De acordo com dados divulgados no início do ano pelo Ministério do Trabalho e Emprego, através do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o comércio foi o segundo setor de maior destaque na criação de postos de emprego no ano de 2013, com 301.095 postos, apresentando um crescimento de 3,36%. No mercado de trabalho comercial, os destaques do ano foram os segmentos de farmácias e perfumarias (+5,8% ou 30.598 vagas) e hipermerca-dos e supermercados (+4,2% ou 88.535 vagas).

Segundo o relatório do Instituto de Desenvolvimento Municipal e Estadual da Paraíba (Ideme), o setor terciário abrange as atividades de maior peso na economia paraibana. Dentre as atividades que mais colaboraram para o crescimento do PIB total estão o comércio, que apresentou maior volume (11,7%) e maior contri-buição e as atividades imobiliárias e aluguel, que teve expansão de 5,3%.

TURISMO ALÉM DA PRAIA

Os pontos turísticos vão além da capital porta do sol. Para os visitantes que procuram atrativos além de mar, a opção são outros seguimentos, como o histórico, religioso, e uma viagem pelo interior, por exemplo, como o Cariri com suas pedras gigantes, a Roliúde Nordestina de Cabaceiras e o maior São João do Mundo de Campina Grande.

De acordo com os dados do Governo da Paraíba, o es-tado mostrou uma evolução no número de visitas de estrangeiros apresentando um crescimento

de 9,2% nos desembarques da região, segundo a Empresa Brasileira de Infraestrutura e Aeroportuária (Infraero). Isso apenas nos três primeiros meses deste ano. Nesse tempo, mais de 159 mil passageiros chegaram ao destino, pouco mais dos 148 mil registrados nos mesmos períodos do ano passado.

Em Cabaceiras, no Cariri Ocidental da Paraíba, lugar onde a visita das chuvas só bate 30 dias por ano e a paisagem é de galhos secos da caatinga, o projeto ‘Bode e Turismo’ vem gerando emprego

e renda no município mais seco do Brasil. A ação já transformou a realidade da região, aproveitando as características da cadeia de ovinocaprinocultura (carne, leite, derivados, couro, dentre outros subprodutos) como atrativos.

O projeto ajudou a alavancar a imagem cinematográfica da ‘Roliúde Nordestina’, onde já foram rodados mais de 25 filmes do cinema nacional, como, por exemplo, ‘O auto da compadecida’ e ‘Romance’ do diretor Guel Arraes e ‘Cinema, Aspirinas e Urubus’, de Marcelo Gomes.

Dados

Área: 56 469,778 km² (21º)População: 3 914 418 hab. (13º) Densidade: 69,32 hab./km² (8º)

Economia

PIB: R$ 35.444 bilhões (19º) PIB per capita: R$9.348 (24º)

Investimentos do Governo Federal

Total: R$ 16,51 bilhõesDe 2011 a 2014: R$ 12,45 bilhõesDepois de 2014: R$ 4,06 bilhões

Indicadores sociais

Expectativa de vida: 71,2 anos (18º) Mortalidade infantil: 18,2% nasc. (15º)

Analfabetismo: : 20,2% (25º)IDH (2010) 0,658 (23º) – médio

Fotos: Flickr - Governo do Estado da Paraíba

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Opinião

Ipojuca PontesEscritor e cineasta

ão será de todo improvável que o ministro Joaquim Barbosa, ainda presidente do Supremo Tribunal

Federal, venha a ser punido pelos seus poderosos inimigos – entre eles, políticos condenados por corrupção e formação de quadrilha, advogados da OAB, militantes petistas em geral e até mesmo membros da Suprema Corte – pela ousadia de ter pro-curado estabelecer no STF, especialmente no julgamento do mensalão, princípios mínimos de decência.

Eis aqui um seu breve histórico funcional: indicado por Lula para ministro do STF, Joaquim Benedito Barbosa Gomes tomou posse no cargo em junho de 2003 (segundo se propaga, por ser negro e ter votado no operário relâmpago).

Em 2006, antes de assumir a vice--presidência do Tribunal Superior Eleitoral, cargo que renunciaria por problema de saúde, Joaquim Barbosa assumiu o papel de relator da denúncia contra os mensaleiros feita pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Sousa, este, por sua vez, amparado em fatos escabrosos expostos pelo ex-deputado federal Roberto Jefferson, outro mensaleiro. No julgamento histórico, Joaquim Barbosa acolheu as acusações contra 40 parlamentares envolvidos na suja compra de votos (com o dinheiro público) concebida nas entranhas do governo pe-tista então presidido pelo doutor Lula da Silva. No julgamento, JB não deu refresco, ordenando, entre outras coisas, a quebra do sigilo fiscal dos réus.

Em 2012, Barbosa, eleito presidente do STF por voto secreto, revelou-se um magis-trado seguro, firme e íntegro na condução e defesa do cumprimento das penas impostas aos criminosos do mensalão. Mas, em 2014, surpreendendo a nação, o magistrado tor-nou pública a sua aposentadoria precoce e antecipou sua saída da presidência do Supremo, cargo que vai deixar, sem apelo, no fim de agosto. Então, a pergunta que se impõe é a seguinte: por que um magistra-do, venerado pela opinião pública do país, deixa antes do prazo o mais alto posto da Suprema Corte?

As respostas são as mais diversas. Para

uns, JB deixa a presidência por puro medo. De fato, sua vida tornou-se um inferno. Desde a prisão dos mensaleiros, não pode mais freqüentar ambientes públicos. Nos restaurantes de Brasília, vez por outra se vê xingado e ameaçado por grupos de mili-tantes do PT. No longínquo Rio Grande do Norte, um secretário de organização petista prometeu matá-lo. Na Internet, quadrilhas digitais acusavam-no de surrar a própria esposa, que o teria denunciado numa delegacia especializada. Em outro ataque frontal se diz que “toda violência contra o ministro será permitida, pois ele não passa de um monstro e de uma aberração moral. Joaquim Barbosa deve ser morto”.

Nos sites da chamada direita, por sua vez, ele é apontado como o ministro que votou contra a extradição de Cesare Battisti, o terrorista italiano que, à frente do PAC (Operários Armados pelo Comunismo) matou 4 pessoas, entre elas 2 crianças. Além de ser favorável ao aborto e a libera-ção das células-tronco para fins de pesquisa.

No resumo da ópera, o que determinou a saída de Barbosa do STF foi o completo aparelhamento ideológico do Poder Judi-ciário, funcional aos ditames do governo esquerdista. De fato, o magistrado negro não mandava em mais nada. Por exemplo, numa das últimas sessões do Supremo que presidiu, o advogado de José Genuíno, “vi-sivelmente embriagado”, invadiu o plenário e ameaçou matá-lo. Na prisão da Papuda, com ou sem direito a celular, o condenado Zé Dirceu, segundo um articulista do Globo, orquestrou o apoio do reincidente Garotinho à reeleição de Dilma. E mais: sairá da Papuda para habitar um aprazível centro de recuperação em Brasília, ao tempo em que obtém o privilégio de ser bibliotecário no escritório de um amigo, para o qual se dirige numa caminhonete de luxo, no valor de R$ 100 mil, pilotada por motorista particular. Até dezembro, quem sabe, estará em casa, livre para articular, ao lado de Lula, o pesado jogo político do PT e abraçar o rendoso mundo dos negócios.

Quando ao atrevido Joaquim Barbosa... Bem, ele que se cuide!

Princípios de decência

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O que determinou a saída de Barbosa do STF foi o completo aparelhamento ideológico do Poder Judiciário, funcional aos ditames do governo esquerdista

Economia

esde 2002, o Nordeste vem passando por uma ascensão econômica acima da média

brasileira, mudando o cenário da economia nacional. Por exemplo, em 2012 o PIB nacional foi de apenas 0,9% e os PIBs da Bahia, Pernambuco e Ceará cresceram, respectivamente: 3,1%, 2,3% e 3,7%. A renda per capta do Nordeste evoluiu 35,43% entre 2011 e 2012, enquanto no Brasil essa taxa ficou em 26,75%. É nesse contexto que a classe média vem ultrapassando o número de pobres e miseráveis no Nordeste.

De acordo com levantamento da consultoria Plano CDE baseado nos dados de 2012 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), a classe C tem 23,9 milhões de pessoas, enquanto estão na D e E 23,7 mi-lhões, o que significa uma redução de 21% da base da pirâmide em relação a 2001. Ainda assim, a classe média se concentra na região Sudeste (43%), o Nordeste representa (26%), seguido pelo Sul (15%), Centro-Oeste (8%) e Norte (8%).

Parte do crescimento pode ser atribuída a diversos fatores, entre eles o Programa Bolsa Família, já que metade dos 13 milhões de famílias

atendidas são do Nordeste. Também é possível identificar outros impul-sionadores como a elevação da renda familiar através das políticas sociais e do aumento do salário mínimo, que estendeu o consumo de bens e serviços.

Outro fator que contribuiu para o crescimento econômico das classes na região foi a atração de blocos de investimento produtivos que vêm aproveitando as potencialidades do Nordeste, a exemplo das riquezas naturais e mercado consumidor. Além da realização de várias obras de infraestrutura econômica como a interligação de bacias, construção de adutoras e ferrovias, duplicação de rodovias e infraestrutura social e projetos urbanos e de expansão das redes de saúde e educação.

Um estudo feito pelo Serasa Ex-perian e Data Popular divulgado no começo do ano mostrou um retrato detalhado dos perfis que compõe a classe C brasileira, que gastou mais de R$ 1,17 trilhão em 2013 e movi-mentou 58% do crédito nacional. Se a classe média fosse um país, seria o 12º em população e a 18ª nação do mundo em consumo, podendo per-tencer ao G20.

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ClaSSE MéDia EStá Maior

perFisdo grupo

promissoresPadrão jovem (22,2 anos), solteiro (95%), possui ensino médio completo (59%) e tem emprego com carteira assinada (57%), acessa internet (72%) e se descontrolam financeiramente (51%). Se interessam por: academia de ginástica, faculdade, curso profissionalizante, móveis para casa, notebook, smartphone, carro e moto.

Mais de 20 milhões de nordestinos passaram a ter mais poder de consumo

BatalHadoresO grupo é formado por pessoas com média de 40,4 anos de idade, possui ensino fundamental completo (48%), solteiro (72%). Considera o emprego como caminho para a estabilidade. Investe em turismo nacional, veículos, eletrônicos, imóveis, móveis, eletrodomésticos e seguros.

eXperientesCom perfil idoso (65,8 anos), viúvo (41%), autônomo (36%), possui ensino fundamental completo e 31% não têm instrução. Os experientes veem a pós-aposentadoria como sinônimo de depressão e preconceito por parte dos jovens, embora se mantenham no mercado de trabalho para preservar seu padrão de vida.

empreendedoresCom perfil idoso (65,8 anos), viúvo (41%), autônomo (36%), possui ensino fundamental completo e 31% não têm instrução. Os experientes veem a pós-aposentadoria como sinônimo de depressão e preconceito por parte dos jovens, embora se mantenham no mercado de trabalho para preservar seu padrão de vida. 47

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Economia

Fotos: Flickr - Blog do Planalto

encontro dos cinco che-fes de países emergentes, que aconteceu no Brasil,

agora em julho, resultou na criação de um fundo de cooperação para socorrer a China, o Brasil, a África do Sul, a Rússia e a Índia, em caso de crise. O Tratado Constitutivo do Arranjo Contingente de Reser-vas tem como objetivo criar uma reserva auxiliar para os membros da cúpula que, no futuro, estejam em situação delicada no balanço de pagamentos e do acordo para a criação do Banco de Desenvolvi-mento do Brics, outra importante definição econômica para esses países.

Durante a reunião, que aconte-ceu em Fortaleza (CE), os chefes de Estados decidiram pela criação do banco para financiar proje-tos de infraestrutura nos países emergentes, semelhante ao Banco Mundial e FMI. O projeto começa com capital inicial de US$ 50 bi-lhões, divididos igualmente entre os membros, com o valor podendo chegar a US$ 100 bilhões. A pro-posta, debatida desde 2012, final-mente ganhou corpo e a previsão é que o banco comece a funcionar em 2016.

“(...) O staff do FMI terá gran-de satisfação de trabalhar com a equipe dos Brics (...) com vistas a reforçar a cooperação entre todas as partes integrantes da rede inter-nacional de segurança destinada a preservar a estabilidade financeira no mundo”. O posicionamento positivo do Fundo Monetário Internacional foi emitido em nota pela presidente da organização, Christine Lagarde, atestando o sucesso da reunião dos países emergentes.

Para Flávio Lúcio, professor da Universidade Federal da Paraíba e doutor em História, as decisões mostram o novo perfil de uma aliança estratégica voltada para o apoio à superação dos gargalos e limitações da economia de cada país. “Hoje, demos um grande passo para consolidar essa aliança

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estratégica entre quatro potências emergentes. Primeiro, criamos o Ban-co dos BRICS, com um capital inicial de 100 bilhões de dólares, cujo princi-pal destino é apoiar as economias dos países membros das intempéries do mercado financeiro e dos seus ataques especulativos”, afirma.

De acordo com o professor, este ano a reunião inovou. “A aliança se esten-de para o comércio entre os membros, quando nas importações serão pagas em moeda do país comprador, o que é uma revolução em termos de padrão monetário, de conversibilidade de moedas, uma experiência que, pelo menos nas transações entre os Brics, representará o início do fim da depen-dência em relação ao dólar e ao euro. Nunca é demais lembrar que o PIB somado dos BRICS ultrapassa os 20 trilhões de dólares. E a projeção é de que, daqui a 15 anos, das sete maiores economias do mundo, quatro perten-cerão ao bloco - China (1º), Índia (3º), Brasil (4º) e Rússia (6º)”, ressalta.

O professor Lúcio Flávio frisa que os Brics são mais que um arranjo comer-cial entre economias de peso similar. “Os cinco países que hoje compõem os BRICS representam mais do que a força demográfica, e de mercado interno, portanto, que chegam sozi-nhos a quase 3 bilhões de pessoas, o que representa mais de 40% de toda a população mundial”.

Economiasai fortalecidaReunião da cúpula do Brics termina com boas previsões para o setor econômico dos países membros, chamando atenção até de instituições financeiras mundiais

A reunião da cúpula dos Brics no Brasil calhou na visita bilateral do presidente chinês Xi Jinping com a presidente Dilma Rousseff. Durante o encontro, os países assinaram 32 atos que beneficiaram vários setores, como logística, infraestrutura, comércio e indústria. Para a área de energia, um dos acordos foi a parceria entre Eletrobrás e a chinesa State Grid, que pretende trabalhar na construção de linhas de transmissão para ultra-alta tensão na Usina de Belo Monte.

Para o setor de infraestrutura, o Ministério dos Transportes e a Co-missão Nacional de Desenvolvimento e Reforma abriram espaços para a participação de empresas chinesas na licitação de um trecho da Ferrovia Transcontinental, que ligará Lucas do Rio Verde (MT) a Campinorte (GO),

com o Memorando de Entendimento sobre Cooperação Ferroviária.

Os chineses são os principais par-ceiros comerciais do Brasil, desde 2009. Segundo a presidente Dilma a intenção é que essa predominância se estenda também ao setor industrial, como afirmou em entrevista coletiva.

“No setor industrial, a relação bilateral sai fortalecida com os anún-cios de investimentos significativos para a fábrica de maquinário para construção civil, pela Sany, no valor de US$ 300 milhões, e a instalação da montadora Chery, no valor de US$ 400 milhões, ambas em Jacareí. Cada uma gerará mil novos postos de trabalho. Identificamos, ainda, amplas oportunidades de cooperação no setor do agronegócio”, explicou a presidente Dilma.

parceria sino-brasileira

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Economia

Fotos: Shutterstock

Nordeste é o maior beneficia-do pelo programa habitacional Minha Casa, Minha Vida. Isso

significa que 60.287 unidades foram des-tinadas à região. Para incrementar essas moradias, o governo federal anunciou, em junho de 2013, uma linha especial de R$ 18,7 bilhões para financiar a compra de eletrodomésticos e móveis aos be-neficiários do programa. Mais pessoas tiveram acesso a bens como geladeira, máquina de lavar roupa, televisão, e isso fez a diferença no consumo de energia elétrica. A taxa na região aumentou 11,8% no ano passado.

Quem alavancou essa subida foi a classe residencial. Nas casas nordesti-nas, o crescimento do consumo ficou entre 10% e 15% por trimestre no ano passado. Na região, o consumo médio mensal de energia residencial passou de 109 para 117 quilowatts-hora (kWh), o que representa um acréscimo de 7,7%, uma taxa bem superior à média nacional de 2,5%.

A maior parte da energia elétrica utili-

zada no Brasil provém de hidrelétricas, o equivalente a 75% da produção. É uma fonte limpa e que funciona muito bem no país. Mas, alguns estados nordestinos não dispõem de áreas propícias para a exploração desse tipo de energia. A re-gião é responsável por apenas 13,8% da produção nacional. Entretanto, existem outras possibilidades.

Para atingir esse mercado em ex-pansão, a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), subsidiária da Eletrobrás e principal geradora de energia da região, está aplicando R$ 3,1 bi em energia eólica em quatro estados: Piauí, Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Norte. “Não há mais possibilidade para construção de hidrelétricas na região, e as eólicas têm margens boas de ganhos. Foi por isso que começamos a explorar essa possibilidade”, explicou o diretor de Engenharia e Construção da Chesf, José Ailton de Lima. Ele ainda acrescentou que em 2018 o potencial de energia eólica será igual ao hidrelétrico gerado pela Chesf. José Pedro de Al-

ambiente atrai recursosApesar da expressividade nordestina

na produção da energia eólica a nível nacional, isso ainda é muito pouco perto do que é possível realizar na região. O professor Francisco Sarmento, do De-partamento de Engenharia Ambiental da Universidade Federal da Paraíba, coloca que a aceleração do processo de aumento de participação pode se dar com ajustes de políticas, que criem uma ambiência mais atraente para investimentos.

E esses investimentos estão vindo. Além do projeto da Chesf, outros par-ques eólicos já estão em atividade no Nordeste. Na Paraíba, a Pacific Hydro foi pioneira na construção de parques eólicos no âmbito do Programa de Incen-tivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), liderado pelo Governo Federal, que abastecem em torno de 150 mil residências paraibanas. “Em 2007, entregamos nosso primeiro projeto no país, os 10,2MW Parque Eólico Mil-lenium, seguido pelos 48MW de Vale dos Ventos, em 2009”, declarou Camila Holgado, consultora de gerenciamento da Andreoli MSL Brasil.

Em todo país existem 143 parques eólicos em operação, que correspondem juntos a uma capacidade instalada de 3.479,7MW. Essa fonte contribui em 4% com a Matriz Elétrica Nacional, que pos-sui uma capacidade instalada de 4,7GW.

Existem obstáculos na implementan-

tação dessa fonte. A presidente executiva da ABEEólica, Élbia Melo, relatou que o setor enfrenta dificuldades no transporte de equipamentos por causa das grandes distâncias e da má qualidade das estradas brasileiras. Além dos parques instalados e parados por não estarem conectados à rede. “As empresas de transmissão tiveram dificuldade de licenciamento ambiental e regularização fundiária das linhas de transmissão. É importante considerar que os leilões das Linhas de Transmissão estão sendo realizados pelo Governo e que, apesar deste atraso das linhas, os parques estarão conectados à rede até o final de 2014”.

Enquanto isso, o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Már-cio Zimmermann, defende a hidroeletri-cidade como fonte de energia prioritária, pois a eólica é uma fonte instável e a energia solar é um projeto para médio e longo prazo. Ele vê nas fontes hidrotér-micas a esperança de transformar os já 100 mil megawatts de potência do Brasil em mais 120 mil MW.

Mas, a instabilidade dos ventos não é um problema na opinião de Francisco Sarmento. “Quando as vazões dos rios encontram-se menores, nas épocas menos chuvosas, pode ocorrer que os ventos estejam em seu melhor período, permitindo assim a complementariedade das fontes”.

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a ForçaDoS vENtoS

Investimento de 3,1 bi em parques eólicos em estados

nordestinos é um estímulo em fontes alternativas de energia

FONTES DE ENERGIA NO BRASIL

Hidráulica

Petróleo (Afins)

Eólica

Carvão Outros

Gás Natural

Biomassa

O Brasil é bem servido de energia limpa. A hidráulica, que atende à maior parte da demanda, é renovável, mas existem outras possibilidades:

A luz é captada por painéis e transformada em energia elétrica. Apontada como outra fonte com muito potencial, mas tem como principal desvantagem o custo elevado do equipamento. No Brasil existem apenas 83 microgeradores de energia solar. O maior parque é localizado na cidade de Russas, Ceará.

solar

É toda matéria orgânica não fóssil, de origem animal ou vegetal, que pode ser utilizada na produção de calor, seja para uso térmico industrial, seja para geração de eletricidade e/ou que pode ser transformada em outras formas de energias sólidas Nesse setor, o país lidera o ranking mundial. Representa 16% da produção mundial.

Biomassa

cântara Júnior, Diretor Administrativo e Diretor Econômico-Financeiro, disse que em termos de potência instalada, isso equivale a cerca de 10% da energia produzida. Os parques eólicos já estão sendo construídos.

ENERGIA NO NORDESTE

O Nordeste já é o maior produtor de energia eólica no país. Bahia, Rio Grande do Norte e Ceará lideram na produção desta energia limpa. A potência total (instalada, em construção e contratada) dos três estados é de 7206,9 MW, com o total absoluto de 275 parques eólicos. A região também é responsável por 13,8% da produção nacional de energia proveniente de hidrelétricas.

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s jogos da Copa do Mundo da Fifa 2014 foram encerrados. O es-

petáculo acabou. Agora, empresários e gerentes de empresas de diversos setores, que investiram pesado em seus estabelecimentos esperando que com a movimentação que o evento trouxesse, contabilizam os prejuízos. Isso mesmo! Ao contrário do que se possa imaginar, a Copa não rendeu o que se esperava e foi além: trouxe perdas aos lojistas e comerciantes não só nas cidades-sede, mas no país todo.

As primeiras previsões mostravam uma visão otimista sobre o assunto. Em agosto de 2011, numa reunião do Con-selho de Turismo Integrado do Nordeste (CTI-NE) em Aracaju, nove represen-tantes da região nordestina discutiram o rumo que os estados levaria. Na pauta, apontaram que a Copa do Mundo seria um ótimo momento para o crescimento e, consequentemente, o período perfeito para alavancar toda a região. Marcos Aurélio Bono, diretor de operações e marketing do Piauí, explicou, na épo-ca, que o turismo é o setor que mais cresce e que, portanto, ofereceria uma oportunidade única, uma vez que toda a cadeia produtiva sairia ganhando, do pequeno comerciante até as grandes redes de hotéis.

Indo mais adiante, um encontro entre membros da Câmara de Dirigentes Lojis-tas (CDL), em julho de 2012, anunciava a chegada de uma temporada com gran-des frutos para o comércio brasileiro.

“Para o comér-cio, a realiza-ção de uma Copa do Mundo no Brasil é valiosa, pois trará uma grande visibilidade para a cidade de Fortaleza”, afirmava o Pre-sidente da CDL de Fortaleza, Freitas Cordeiro. A expectativa não era para menos. De acordo com estudo feito no mesmo ano pela Fundação Getúlio Vargas, patrocinado pelo Ministério do Turismo, mais de 700 mil turistas deveriam passar pela cidade de Fortaleza somente nos meses de junho e julho de 2014, representando um acréscimo de 94,02% em relação ao fluxo registrado no mesmo período do ano de 2011.

Contudo, no dia 11 de junho do cor-rente ano, um dia antes da partida de abertura da Copa, a Associação Comer-cial e Industrial de Campinas (ACIC) declarava que a previsão de lucro iria di-minuir em, pelo menos, 40%, passando de R$ 500 milhões para R$ 300 milhões. As razões, entretanto, eram frustações advindas da má administração do Go-verno em gerir as falhas em obras, das quais algumas não chegaram a conclu-são dentro das metas da Fifa. Mal sabiam os comerciantes de Campinas, mas eles estavam certos pelos motivos errados e alguns dias depois a crise foi alardeada

p e -los próprios campineiros: comerciantes chegaram a registrar queda de 80% nas vendas. A realidade, segundo o Sindica-to do Comércio Varejista de Campinas e região (Sindivarejista), demonstrou que todos os setores sentiram os reflexos dos jogos do Brasil.

Até o término de junho, vários proprietários e lojistas alegaram falta de movimento em seus esta-belecimentos. No Sul, os estados de Santa Catarina e do Rio Grande Sul sofreram com os impactos trazidos pela Copa. Enquanto que na capital catarinense os comerciantes come-moraram a decisão do governador do estado, Raimundo Colombo (PSD--SC), em adiantar o pagamento da primeira parcela do 13° salário dos servidores públicos. Tendo a vista recuperação financeira dos prejuízos no horário dos jogos da seleção bra-sileira, os funcionários do comércio porto-alegrense reclamaram que os turistas não gastaram o esperado e se limitaram a fazer compras nos arredores do estádio Beira-Rio.

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Copa do Mundo frustra comerciantes. No Nordeste, dia de jogos deixou estabelecimentos de portas fechadas

temporada de poucos frutos

Fotos: Divulgação

Economia

O cenário não é diferente no Nordes-te. Em Caruaru (PE), o proprietário da Bittersweet Cupcakes & Coffes, Saulo Gusmão, afirmou que, mesmo com pouco investimento, houve uma grande frus-tração no movimento durante os jogos. “As expectativas eram que o movimento aumentasse em, pelo menos, 50%. Mas o que aconteceu realmente foi que o movimento caiu em 80%”, conta. “O nosso prejuízo foi maior porque tivemos que fechar a loja durante os jogos do Brasil. Claro, não é uma obrigatoriedade, mas ficamos abertos no primeiro jogo e nenhum cliente apareceu”, completa Gusmão.

A dona da Miss Coffé, Emanuela Al-buquerque, localizada no Centro de João Pessoa (PB), cafeteria que fica longe das cidades-sede, também sentiu o reflexo da baixa rotatividade de clientes em horários de jogos do Brasil. “No meio-dia não tem

mais ninguém. Não imaginava que isso acontecesse, mas foram muitos feriados que acabaram prejudicando o anda-mento da nossa loja”, afirma. Emanuela também considera que se a cafeteria se encontrasse perto da orla, a perspectiva poderia ser outra. “Estou constatando isso por nós estarmos localizados no cen-tro da cidade, talvez se eu estivesse em bairros como Tambaú ou Cabo Branco provavelmente estaria contando outra história”.

Eugenio Pacelli entende a decepção de Emanuela, mas para ele, proprietário do açougue JD Carnes e Frios, também em João Pessoa, a Copa foi boa. “Escuto gente de outros segmentos do comércio falar que a Copa não está rendendo, po-rém, para mim que vendo carne e carvão, comida e materiais para churrasco, em dia de jogo chego a ter lucro de 30%”, comemora Eugenio.

Na cidade do Recife (PE), palco de grandes disputas futebolísticas durante o Mundial, a situação não foi diferente. Muitos empresários reclamaram de prejuízo. Os estabelecimentos próximos à orla de Boa Viagem, bairro nobre e onde se concentram os grandes hotéis da capital pernambucana, ficaram cheios. O restaurante Ilha da Kosta, por exemplo, nunca viu tanto gringo em seus estabelecimentos. “Todas as casas da rede (Ilha de Restaurantes) ficaram lotadas, principalmente no dia do jogo dos mexicanos. Isso aqui foi um derrame”, disse um garçon do restaurante.

No entanto, os empreendimentos mais afastados sofreram com a falta de clientela. A empresária recifense Chris Nunes postou em seu Faceboock, no início do mês de julho, que esperava ansiosa para que a Copa chegasse ao fim. Ela é proprietária de um restaurante localizado no bairro do Derby, área central do Recife, que normalmente fica lotado. “Pensei que era (prejuízo) só comigo”, disse ela entre os mais de quarenta comentários de empresários do setor.

“Não está ruim só no seu segmento não. Acho que todos estão sofrendo, mas não credito somente a Copa, outros fatores influenciam, vide as eleições que se aproximam”, argumenta o colega Thiago Corrêa de Araújo, de Jaboatão dos Guararapes. A frase é completada pela proprietária da sorveteria Zepelim, em Casa Forte, Rosana Valença: “eu também estou louca (que o mundial acabe) e que, de preferência, leve a chuva junto”, brincou a empresária.

Empresários frustrados

cadê os clientes?

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ogo no caput (cabeça) do Artigo 5º da Constituição Fe-deral de 1988, o maior símbolo

da democracia brasileira, a lei garante a igualdade entre os seres, sem distinção de qualquer natureza. Porém, para que prevaleça o tratamento igual entre as pessoas é preciso que se se respeite a desigualdade entre elas. O princípio de isonomia ou igualdade, de acordo com a Carta Magna, estabelece essa distinção de direitos e deveres. Mas, a diferença entre as peculiaridades de homens e mulheres são latentes, e isso interfere diretamente no direito prisional e nas necessidades carcerárias. Construídas por homens e para homens, o sistema penal brasileiro ganhou adaptações femininas muito recentemente e ainda não alcançou o ideal.

O estereótipo feminino nunca teve relação direta com o crime. A figura do criminoso, ativo nas infrações, sempre cabia ao homem. À mulher era reservada a posição de vítima, esposa do traficante ou assaltante, induzida ao erro. Com o crescimento da população carcerária feminina, o sistema prisional teve que se adequar, mas as mudanças aconteceram tardiamente.

A professora Nazaré Zenaide, ligada ao Núcleo de Cidadania e Direitos Humanos da Universidade Federal da Paraíba (NCDH), confirma a mudança do papel na mulher na sociedade, inclu-sive no mundo do crime. “A população presidiária é maior em número de ho-mens, mas as mulheres estão entrando no narcotráfico”, afirma.

Quem compartilha da mesma opinião é a professora Marlene França, também

ligada ao NCDH, que elaborou sua tese de doutorado sobre mulheres presidiá-rias. “A gente tem tido um crescimento assustador na criminalidade feminina. Hoje, elas assumem a parte criminosa, assumem que entraram por opção. Não são apenas um braço direito do compa-nheiro, seja no tráfico ou no roubo. Elas têm liderado e escondido o discurso do amor bandido, de vitimização”, explica.

Uma das modificações na legislação penal brasileira, talvez a mais signi-ficativa, foi a instauração da Lei de Execução Penal, de 1984, que trouxe para o sistema penitenciário as neces-sidades femininas, como a garantia do acompanhamento médico à mulher, com pré-natal e pós-parto, extensivo ao recém-nascido. Além disso, o sistema penitenciário, apoiado pela Constitui-ção Federal, também estabelece que o ambiente carcerário deve ter espaços para abrigar berçários e lugar para ama-mentação dos filhos das apenadas, como também agentes de sexo feminino para atender aos estabelecimentos prisionais femininos.

Mas, não é raro encontrar o descaso com essas especificidades femininas. Há diversos casos de superlotação, falta de estrutura e maus tratos nos presídios para mulheres. Exemplo disso foi o caso do Presídio Feminino de Tucum, no Espírito Santo, em que mulheres eram presas em contêineres, em 2009.

Denúncias de descaso do sistema carcerário feminino foram constatadas também no Nordeste. Segundo a Co-missão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada pela Câmara dos Deputados para apurar a situação dos presídios

brasileiros, em 2008, a Penitenciária Feminina Bom Pastor (PE) mantinha presas e filhos recém-nascidos dividindo celas insalubres. O presídio tinha capaci-dade para alojar 140 mulheres, mas 660 pessoas eram alojadas no mesmo espaço, na época. A CPI mostrou que presidi-árias e filhos recém-nascidos dividiam celas “insalubres e superlotadas”, além disso, mulheres portadoras de doenças contagiosas ficavam nos pavilhões com presas sadias.

Para a assistente social e socióloga Goretti Laier, especializada em crimi-nologia, dentro do sistema penitenciário brasileiro as garantias individuais são violadas em várias dimensões e afron-tam várias observações da Constituição Federal em relação aos presidiários. Contudo, este panorama se torna mais perverso quando se trata da mulher.

“Existe uma miopia pública e oficial, caracterizada pela morosidade e ausên-cia da Justiça, pessoal desqualificado, ociosidade forçada das encarceradas, ausência de programas educacionais e profissionais, superlotação, motivações políticas da administração prisional, práticas imprudentes, além de que, muitas das vezes em nome do combate ao crime, precisamente quando se está visando à aplicação da pena, existem cir-cunstâncias que o papel do Estado causa efeitos negativos às pessoas, levando-as a sofrer grandes prejuízos irrestituíveis”, conta Goretti. Parte dessas problemá-ticas está em seu livro Mulheres Atrás das Grades, fruto de um trabalho de acompanhamento de encarcerados com alunos de direito da FESP Faculdades, de João Pessoa.

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Por Flávia [email protected]

Geral

Foto: Flickr - Conselho Nacional de Justiça - CNJ

GêNEro iNviSívElMulheres apenadas começam a despir o papel de vítimas para assumir a posição

de réu. Mas, como o sistema prisional brasileiro lida com as questões femininas

dentro das prisões? A Revista NORDESTE conversou com especialistas para saber se

os presídios femininos são adaptados às necessidades das mulheres

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Ainda que dentro do mundo do crime, as mulheres não representam o mesmo grau de agressividade que os homens, como explica a professora Marlene França.

“As mulheres naturalmente demonstram menos violência e agressividade. Raramente

a gente vê na mídia mulheres fazendo rebeliões e assassinando outras dentro da cela como a gente vê em presídios masculinos. Elas não praticam ações violentas, respeitam mais suas colegas de cela”, conta a professora, apesar de frisar que as prisioneiras demonstram intolerância com quem assassina os próprios pais ou os próprios filhos. “Elas apenas rejeitam a apenada no convívio, com quase nenhum envolvimento físico”.

O toque feminino nos presídios não

deixa de ser visível. Marlene conta que elas tornam a prisão um lugar que possam chamar de seu, tornando a pena o menos cruel possível. A professora lembra que elas se preocupam com detalhes decorativos como cortinas e jarrinhos de flores. As celas são chamadas de casa. “Lembro-me de quando eu estava fazendo uma entrevista e elas perguntavam ‘pode ser na minha casa?’, e eu ficava me perguntando se era na casa dela. ‘Não a minha casa é a cela onde eu durmo’, dizia”.

Os números mais recentes do Info-Pen Estatística, banco de dados sobre o sistema carcerário do Ministério da Justiça, mostram que, entre 2007 e 2012, a população carcerária feminina no Brasil aumentou 42%. Em dezembro de 2007, havia mais de 24 mil mulheres cumprindo pena nos regimes fechado e semiaberto ou em medida de segurança nos hospitais de custódia. Já em 2012, o número somava 34.159 mulheres no sistema carcerário brasileiro.

Goretti Laier explica que os principais motivos para a condenação de mulhe-res são vinculados aos crimes contra o patrimônio, o uso de drogas e tráfico. “Contudo, a sua participação no mundo criminal se enquadra em uma menor distribuição de poder, ou seja, a mulher delitante participa do crime como coad-juvante do companheiro”.

Segundo a socióloga, o perfil das mu-lheres encarceradas, pelo menos em João Pessoa (local onde realizou a pesquisa para o seu livro), integra as estatísticas da marginalidade e da exclusão social e de gênero. A maioria é negra ou parda, mãe solteira, com nível de escolaridade incipiente e possui uma história laboral de exploração. Esse perfil de exclusão dificulta ainda mais a situação das mu-lheres dentro das prisões. “A violência no Brasil tem um recorte de classe e

De acordo com a Secretaria de Política para Mulheres da Presidên-cia da República (SPM), algumas medidas já estão sendo tomadas para melhorar a situação nos presí-dios femininos, como, por exemplo, a Política Nacional de Atenção às Mulheres em Situação de Privação de Liberdade e Egressas do Sistema Prisional (PNAMPE). A portaria interministerial nº 210, publicada em 16 de janeiro de 2014, em parceria com a SPM e Ministério da Justiça já está em curso.

Dentre as ações, a portaria prevê Assistência jurídica gratuita, revisão

de estratificação étnico-racial baseada na pobreza e na cor levando o próprio sistema judiciário a também ser seletivo na aplicabilidade da pena, e na sua exe-cução, submetendo os apenados negros e pobres, assim como as apenadas, negras e pobres, às penas mais pesadas do que um branco que comete o mesmo delito. Ademais, a apenada negra, analfabeta e pobre, uma vez atrás das grades, também sofre, além do preconceito de cor e social, o de gênero, sendo menos beneficiada por um sistema jurídico androcêntrico (voltado ao homem) e esquecida pelas políticas públicas”, afirma Goretti.

O quadro se torna pior quando o próprio sistema carcerário não coopera efetivamente com a ressocialização das presidiárias, como afirma a professora Nazaré Zenaide. “Quando a pessoa está presa ela está privada da liberdade, não dos outros direitos. Dentro do presídio, só uma pequena parcela tem acesso ao direito da educação. Os prédios femini-nos não estão preparados para ter várias salas de aula, é como se o presídio não fosse construído para socializar”, conta.

Goretti critica: “O Estado é culpado por ser omisso na efetivação das determi-nações da nossa legislação, renegando seu cumprimento e se caracterizando como violador dos direitos fundamentais das encarceradas, de seus filhos e familiares”.

de pena judicial, humanização dos equipamentos prisionais e espaços físicos adequados, capacitação para inserção no mercado de trabalho, padrão de tempo de convivência entre mãe filha ou filho e período de amamentação e visitas.

Pela portaria, governos estadu-ais passam a contar com diretrizes nacionais para a humanização das condições de atendimento a mulheres em situação de prisão no país. A SPM tem também convênios com secreta-rias do Rio Grande do Sul, Sergipe, Bahia e Minas Gerais que contem-plam a capacitação de apenadas.

perfil de eXclusãO

nOVas pOlíticas pÚBlicas

O estereótipo feminino sempre girou em torno da fidelidade, castidade e da figura materna. Quando se pensa em mulher é raro fazer uma ligação direta ao crime. Porém, a mudança da posição dela no sistema penal acompanhou a sua mudança na representação social. Antes, os crimes mais pesados das mulheres eram ligados à prostituição.

A professora Marlene França conta como o sistema prisional começou na Paraíba e revela esse quadro ligado à prostituição. “O nosso primeiro presídio feminino na Paraíba surgiu num prédio que pertencia à Igreja Católica e aquelas mulheres, que engravidavam antes de casar ou que perdiam a virgindade ou que eram deixadas pelos maridos, acabavam entrando na prostituição e iam para lá. Isso foi nos anos 40. E ficou até a década de 90. Em 2000, elas foram transferidas para um prédio no bairro de Mangabeira onde passaram a ocupar um presídio construído para homens, com estrutura não adequada para elas”, explica a pesquisadora.

Com a mudança do papel da mulher na sociedade, a prostituição deixou de ser o principal motivo das prisões. Mas, uma

vez presa, ela sempre carregará com sigo o estigma de criminosa, influenciando diretamente no seu papel de mulher e mãe. E a exclusão não para nelas, o quadro se estende por, no mínimo, mais uma geração. Além da falta de assistência eficaz para os filhos das apenadas, o retorno à sociedade deles fica marcado como filho de bandida, como explica a socióloga Goretti Laier.

“A Amnesty International (2010) atesta que as prisões no Brasil são vistas como depósito da escória humana e de acordo com o senso comum, quem lá se encontra, não merece ter nenhum direito, pois quem matou, roubou, estuprou, usou drogas, não merece viver na sociedade. E este preconceito se estende aos filhos das apenadas, pois filho de bandido já nasce bandido!”

FILHO DE BANDIDO,

BANDIDO é...

TOQUEFEMININO

Fotos: Flickr - Conselho Nacional de Justiça - CNJFotos: Flickr - Conselho Nacional de Justiça - CNJ

Em 2008, a SPM alocou R$ 2.812.531,00 para as defensorias públicas promoverem o Mutirão Nacional de Assistência Jurídica às Mulheres em Situação de Prisão. A ação envolveu 11 estados: Acre, Ceará, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Pernambuco, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins. Na época, foram aten-didas mais de 11 mil mulheres. O investimento ocorreu por meio do Pacto Nacional de Enfrentamento de Violência contra as Mulheres, da SPM, no eixo acesso das mulheres à justiça e à segurança cidadã.56

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aliada à educação tECNoloGia

Pesquisa revela aumento do uso de computadores e internet na sala de aula.Mais de 40% dos professores declararam utilizar tecnologia com alunos na escola

tecnologia se tornou uma forte aliada da educação. Com tantas ferramentas

de buscas disponíveis na rede é fácil obter um vasto número de infor-mações, e o uso desses artifícios de buscas estão se tornando cada vez mais corriqueiros dentro da sala de aula. De acordo com a pesquisa TIC Educação 2013, realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR, os pro-fessores e alunos brasileiros cada vez mais utilizam computador e Internet em suas atividades escolares.

Os indicadores do estudo mostram que 96% dos professores de escolas públicas usam recursos educacionais disponíveis na Internet para preparar aulas ou atividades com os alunos. Os tipos de recursos mais utilizados são imagens, figuras, ilustrações ou fotos (84%), textos (83%), questões de

prova (73%) e vídeos (74%). O uso de jogos chega a 42%, apresentações prontas, 41%, e programas e softwares educacionais, 39%.

A coleta de dados aconteceu entre os meses de setembro e dezembro de 2013 e foram entrevistados, presencialmente, 939 diretores, 870 coordenadores pedagógicos, 1.987 professores e 9.657 alunos, de 994 escolas públicas e privadas localizadas em áreas urbanas de todas as regiões do Brasil.

A Internet está presente na maioria das escolas que possuem computador na rede pública (95%) e na rede pri-vada (99%). Segundo a pesquisa, o uso dos artifícios tecnológicos na sala de aula aumentou graças à tendência de mobilidade nas escolas. Mais de 70% das escolas públicas possuem acesso à Internet sem fio (WiFi), um aumento de 14 pontos percentuais em relação a 2012.

A

REALIDADEPÚBLICA

Nas escolas públicas, 46% dos professores declararam utilizar computador e Internet em atividades com os alunos dentro da sala de aula, porém o ambiente mais comum na utilização desses recursos ainda são os laboratórios de informática, apresentando 76% na opinião dos entrevistados.

O uso de tablets nas escolas públicas também foi relevante na pesquisa. Enquanto em 2012 apenas 2% delas possuíam esse tipo de equipamento, em 2013 esse número chegou a 11%.

Porém, a baixa velocidade de conexão da rede ainda é um desafio: 52% das escolas públicas declararam possuir uma conexão de até 2 Mbps, enquanto este percentual é de 28% nas escolas par ticulares. E isso ainda se constitui em uma barreira para adoção das novas tecnologias nos processos de ensino e aprendizagem.

Carlos Roberto de OliveiraJornalista, consultor de Marketing e sócio da CLG

Opinião

fez-se a Copa. Elogiado por brasi-leiros e estrangeiros, o evento que envergonharia o país, segundo as

previsões catastróficas das oposições política e midiática, foi realizado quase à perfeição no julgamento da barraqueira Fifa. Surpreendeu positivamente a imprensa internacional e, graças ao jeitinho e à hospitalidade do bra-sileiro, devolveu aos pessimistas de profissão e aos portadores do complexo vira-lata, os sentimentos de frustração e de constrangi-mento. O evento mostrou, o Brasil a mais de 200 países; trouxe ao país 700 mil turistas; im-pactou 30 bilhões de reais no PIB e gerou 900 mil empregos. Como um de seus melhores resultados,proporcionou um conhecimento recíproco entre os povos sulamericanos.

Sai a Copa de Futebol, entra em campo a “copa eleitoral”. Depois de 30 dias de descompressão e relaxamento, em que no-tícias de assassinatos, roubos e depredações não frequentaram televisões, rádios e redes sociais, o país se reencontra com a política. E o faz sob o impacto de denúncia que atinge o candidato Aécio Neves. O tucano é acusado de ter construído, quando governador de Mi-nas Gerais, um aeroporto na fazenda de sua família, no município de Claudio, gastando na empreitada aproximadamente 14 milhões de reais.Notícia que apimenta os primeiros dias da campanha e que joga, pelo menos momentaneamente, a oposição na defensiva.Uma degustação do que certamente está por vir, nesse jogo de “vale tudo” em que se transformará a disputa.

Dilma, Aécio e Campos são os astros do jogo. Os demais candidatos, coadjuvantes. As pesquisas mais recentes afirmam que “se as eleições fossem hoje” a presidenta poderia ser reeleita já no primeiro turno ou disputar, segundo possibilidade estatística remota,o segundo turno com Aécio. Identificam também um crescente número de eleitores rumo ao estágio de “expectativa/indecisão” – 27% - o que demonstra não terem eles, ainda, aderido a nenhum candidato. Muitos dessses ex-eleitores de Dilma não teriam, ainda, sentido firmeza na pregação de Aécio e de Campos.

Dilma Rousseff entra na campanha com um patrimônio de votos erodido em apro-ximadamente 1/3 daquele que possuía no início de 2013. Sua Comunicação não

soube enfrentar a grande mídia que, de modo impiedoso e constante, fez do mensalão petista uma novela de grande audiência e quase convenceu o país de que a Petrobrás estava na iminência de fechar as portas...ou as refinarias. Nem soube “vender” a Copa à opinião pública como uma oportunidade de divulgar o Brasil e mostrar ao mundo a capacidade empreendedora do seu povo. O relacionamento de Dilma com a classe políti-ca foi um desastre. Chega ao pleito com a sua base fragilizada. Salvo do incêndio, o tempo do Horário Eleitoral que, com 11mim48s, lhe dará a oportunidade de mostrar as realizações de seu governo sem olhos fixos no relógio. Como contraponto ao fraquíssimo desem-penho do candidato petista ao governo de São Paulo – Raimundo Padilha (4%) - que a impede de deslanchar no maior colégio eleitoral do país, Dilma tem como padrinho político o ex-presidente Lula.

Aécio Neves levou meses para sair do patamar de votos em 12%. Chegou, meses atrás, aos 20% e ali permanece estagnado. Espera mover-se na campanha e consolidar--se – o que não parece difícil – como o can-didato da oposição. Tem mais que o dobro da votação de Eduardo Campos (8%). Está respaldado pela penetração que tem em São Paulo e Minas Gerais e usa o avô, Tancredo Neves, como grife política. Como proposta de campanha,prega uma genérica “nova relação política” e promete dar continuidade – e até melhorar – os programas sociais implemen-tados pelo PT. No passivo, tem o mensalão tucanoe,mais recentemente, a construção de um aeroporto em terras da família.Dispõe de 4min31 no Horário Eleitoral.

Eduardo Campos também usa o avô, Miguel Arraes, com o garantidor de sua tra-jetória política. Protagonizou o lance mais ousado da pré-campanha, atraindo Marina Silva para ser sua vice, eivou suas propostas das palavras novo, nova e mudança e insiste na necessidade de o eleitor quebrar a gan-gorra do poder criada pela dupla PT-PSDB. Ainda não conseguiu empolgar os eleitores, nem mesmo os da sua região Nordeste.Sofre restrições por ter participado dos governos Lula e Dilma e, em pouco tempo, ter se transformado em um de seus maiores crí-ticos.No Horário Eleitoral, seu tempo é de apenas 1mim49s.

E Vai ter sim a copa do voto

Dilma, Aécio e Campos são os astros do jogo. Os demais candidatos, coadjuvantes. As pesquisas mais recentes afirmam que “se as eleições fossem hoje” a presidenta poderia ser reeleita já no primeiro turno ou disputar o segundo turno com Aécio

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oi estuprada por que era uma vadia, usava decote e saia curta”. O discurso,

infelizmente, não é tão fictício. Um conselho assim foi dado em uma palestra de conscientização por um policial na Universidade de Toronto, sugerindo que mulheres evitassem se vestir como vadias para impedir abusos sexuais. O que gerou revolta. Afinal, a culpa de estupros é de quem faz o ato e não da vítima que usa um salto ou uma saia mais curta. A fala do policial, que foi proferida depois de uma onda de ataques no campus da universidade canadense, gerou polêmica e estourou no movi-mento slut walk (caminhada de cadelas, em tradução livre). O fato ocorreu em 2011, e de lá para cá a luta pelos direitos sexuais e liberdade do corpo da mulher se proliferou pelo mundo adaptando-se aos contextos sociais aonde chegava.

No Brasil não foi diferente e a Marcha das Vadias chegou para representar a liberdade das mulheres em um contexto conservador. Um polêmico resultado do estudo ‘’Tolerância social à violência contra as mulheres’’, realizado pelo Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostrou que pelo menos um público de 26% de 3.810 brasileiros entrevistados, concor-daram que se as mulheres soubessem se comportar haveria menos estupros.

O movimento aqui no Brasil foi ba-tizado de Marcha das Vadias. O nome, assim como no Canadá, é uma polêmica

e não deixa de ser uma ironia, mostran-do que apesar de ser “vadia”, não se justifica a falta de direitos e respeito. A ideia não era chocar a sociedade quando se saía para as ruas gritando “eu sou uma vadia”, mas apenas mostrar a autonomia do corpo feminino.

“Talvez choque ver algumas mulheres tão imponderadas cantando ‘se o corpo é da mulher, ela dá pra quem quiser (in-clusive outra mulher)’, ou com cartazes afirmando que o seu útero é laico (como o estado deveria ser), que feminismo não é o contrário de machismo (não queremos ser melhores ou maiores que os homens, mas ter os mesmos direitos, dos mais básicos como o de ‘andar tranquilamente com a roupa que es-colhi’, como diz outra música cantada nas marchas. Ou mais políticos, como o de ter as mesmas oportunidades que os homens têm na política, no mercado de trabalho e por aí vai”, explica Mayra Medeiros, militante do movimento na Paraíba.

Mais do que chocar, porém, o objeti-vo do movimento é levantar discursos que questionem o comportamento da sociedade atual. “Acho que mais do que chocar ou incomodar, a grande sacada da marcha é o questionar. O nosso questionar, se a sociedade não vê as violências simbólicas, psicológicas, verbais e físicas que são praticadas e do questionar da sociedade, que vê a manifestação e qual a pauta, o que estão querendo mudar, falar, enfim, expres-sar”, completa a ativista.

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“FPor Flávia Lopes [email protected]

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Movimento que debate direitos sexuais e reprodutivos da mulher levanta polêmicas, mas arrasta muitos defensores no Brasil e no Nordeste

Fotos: Thercles Silva

SaindodoS MURoS

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Fotos: Thercles Silva

No Brasil, apesar de todos os anos desfilarem mulheres seminuas no carna-val e de exportar essa cultura do corpo escultural para o exterior, a sociedade ainda enxerga a luta dos direitos sexuais femininos como um tabu. Também é assim na região Nordeste, lugar onde foram apresentados os maiores números de violência contra mulheres. Porém, a Marcha das Vadias foi ganhando espaço no calendário de manifestações de cada estado. Este ano, quase todas as capitais nordestinas já realizaram o evento que luta pelos direitos femininos. Fortaleza, Natal, Recife, Salvador e Teresina estão nessa lista.

Em João Pessoa, capital paraibana, a marcha acontecerá pela terceira vez no dia 16 de agosto, trazendo um debate so-bre os direitos sexuais e reprodutivos da mulher. “São direitos distintos, mas que estão relacionados. Os direitos reprodu-tivos são um conjunto de normas e leis referentes à autonomia da mulher para decidir se quer ter, quando, quantos,

como e com quem ela vai ter filho(s). Já os direitos sexuais são mais abrangentes ainda. Porque se refere tanto à liberdade sexual, autonomia, integridade e segu-rança, quanto ao direito à privacidade, prazer e escolhas sobre o corpo”, explica a ativista da marcha e colaboradora do movimento Mayra Medeiros.

Na capital paraibana a manifestação acontece desde 2012 e logo durante o primeiro ato havia um contexto de revolta em relação ao crescente índice de violência contra mulheres e meninas, em que o Mapa da Violência posiciona-va a Paraíba no 4º lugar do ranking de estados com o maior número de homi-cídios contra mulheres e a cidade pesso-ense aparecia na 12ª posição. Durante o curso da manifestação, os discursos se estenderam para diversas áreas, mas este ano o tema em pauta da Marcha na cidade é a violência obstétrica e aborto legal, que serão discutidos em alguns espaços de formação do movimento.

“Uma coisa muito preocupante no

Brasil atualmente, e que pesou muito para que a Marcha das Vadias em João Pessoa optasse por abordar os direitos sexuais e reprodutivos da mulher (fo-cando o debate em violência obstétrica e aborto legal), é que a bancada “funda-mentalista” do Congresso tem crescido em número de parlamentares e de pro-jetos que minam alguns dos direitos das mulheres conquistados depois de muita luta”, explica Mayra.

Ela defende que a sociedade deveria fornecer informação suficiente sobre sexo e todos os fatores que envolvem a vida sexual de um ser humano desde cedo e pontuando que homens e mu-lheres podem ter sua liberdade sexual, inclusive de maneira responsável. “Mas, como a gente vive numa sociedade ain-da muito machista e religiosa ao extremo (onde o estado laico só existe no nome), falar sobre sexo com a família e dentro das salas de aula ainda é um tabu e so-fremos muitas pressões quanto a usufruir da sexualidade”, opina.

Não há partidos políticos ou institui-ções vinculadas à marcha. A luta pelos di-reitos das mulheres é de todos e feita por quem quiser contribuir com o processo. A manifestação tem uma marca feminista forte, mas participa dela quem concorda em lutar pelas suas causas. “Quase todos os temas fazem parte da luta feminista, mas nem todo mundo que comparece e faz parte das marchas se afirma ou re-conhece feminista. As pessoas são livres e independentes até nisso, entende?”, explica Mayra Medeiros.

Para Amanda Bastos, ativista partici-pante das marchas desde 2011 e uma das colaboradoras da marcha em Campinas (SP), o movimento foi ganhando uma evolução muito interessante. “Se no co-meço era sobre a luta contra a violência contra a mulher, hoje ganha proporções maiores, pois mais pessoas aderiram ao movimento trazendo suas demandas: pautas LGBTs; mais amplas, que não se relacionam só à violência física do estu-pro, mas também aos abusos psicológicos,

à mercantilização do corpo da mulher. Enfim, como mulher e bissexual, vejo hoje como um movimento que atende às minhas necessidades, que abraça mi-nhas lutas e não exclui a luta de outras companheiras (e aí se incluem as pessoas não binárias, que têm sido mais vistas e estão cada vez mais participantes)”, conta a militante.

Segundo Mayra, que acompanha o contexto da marcha desde o surgimento, no Brasil, uma coisa que marcou muito a questão da culpabilização da vítima foi o caso de Eliza Samúdio que ganhou destaque. “Muitos veículos de comuni-cação tentavam a desqualificar enquanto pessoa (sugerindo que ela era garota de programa, que tinha dado o golpe da barriga no goleiro Bruno), como se isso justificasse a sua morte e o seu corpo ter sido cortado e jogado para os cachorros. Só que aí a marcha não se limitou a esta bandeira do fim da culpabilização das vítimas de violência e foi incorporando outras bandeiras e temas”.

Marcha se molda a contextos

um direito de todos

A capital potiguar tem uma configuração diferente da marcha. Em Natal, segundo a militante Ligyane Tavares, o evento engloba todos os tipos de manifestantes, inclusive as feministas. “A construímos coletivamente, com todas as mulheres dispostas a participar. Sobre a percepção das pessoas, o Rio Grande do Norte é um estado que ainda tem um caráter provinciano muito forte, o fundamentalismo cristão prevalece aceso e por isso não acredito que todos consigam ou tenham interesse em entender a nossa proposta”, explica.

O evento aconteceu no fim de junho movimentando além dos universitários. “No entanto, sair dos muros da universidade e estabelecer um diálogo com a comunidade sempre foi uma pauta discutida na construção da Marcha das Vadias. Conseguimos conquistar uma proximidade com as mulheres da Vila de Ponta Negra (local escolhido para concentração do ato). Ter a presença delas no ato foi motivante! Então, por mais complicado que seja às vezes, sinto que as mulheres de Natal, como em todo o mundo, começam a entender o lugar que ocupam socialmente, a se revoltar com essa realidade e a reivindicar não só direitos iguais, mas liberdade!”

ato moBiliza sociedade

no Brasil, o aBorto é permitido por lei em três casos:

1GRAVIDEZ DECORRENTE DE VIOLêNCIA SExUAL até a 20ª Semana

2RISCO à VIDA DA MULHERa qualquer mOmentO da geStaçãO

3ANENCEFALIA DO FETOa qualquer mOmentO da geStaçãO

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a década de 20, um impor-tante engenheiro pernambu-cano costumava defender em jornais do país a preservação

do patrimônio arquitetônico do estado e um projeto de urbanização consciente. Para ele, o desenvolvimento das cidades deveria ser não apenas uma questão técnica, mas também um problema a ser resolvido com a arte. Se estivesse vivo, José Estelita, provavelmente, teria em seu facebook mensagens de apoio à ocupação de um cais que, por ironia do destino, leva o seu nome e se tornou o palco de uma polêmica acerca do caos urbano de Recife.

Para entender o que está acontecendo no local é preciso regressar ao ano de 2008, quando um consórcio formado pelas construtoras Moura Dubeux, Quei-roz Galvão, GL Empreendimentos e Ara

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Foto: Flickr - Marcelo Soares / Direitos Urbanos / Eric Gomes

Por Agatha Justino e Isadora Lira

Integrantes do Ocupe Estelita classificam o Novo Recife como um espaço segregacionista, irregular e prejudicial ao espaço urbano. Movimento tem povoado o cais promovendo shows e atividades culturais, com objetivo de impedir a destruição dos armazéns

umaILHAde elite

Empreendimentos adquiriu da União, por meio de um leilão público organizado pela Caixa Econômica Federal, uma área central da capital pernambucana, banha-da pela Bacia do Pina e responsável por ligar os bairros Cabanga e São José. “O processo administrativo de aprovação do projeto foi submetida a dois órgãos cole-giados: CCU (onde a prefeitura tem sete dos 16 membros) e o CDU (a prefeitura tem nove, dos 30 membros)”, informa a assessoria da Prefeitura do Recife.

Em sua descrição, o “Consórcio Novo Recife” apresenta a construção de uma ciclovia, um centro cultural, uma biblio-teca pública, um parque público e ainda 13 prédios residenciais e comerciais de 35 a 40 andares. Isso tudo em uma área de 101.754m² (10,1 ha). Definitivamente, um projeto que mudará o cotidiano da Veneza brasileira, mesmo àqueles que não desejam viver na área.

Portanto, não demorou para que o Novo Recife, mesmo atendendo a lei, agitasse os mais diversos setores da ci-dade. De repente, os pernambucanos se dividiram em mais uma partida do Fla x Flu social: contra e a favor da construção do empreendimento. Os times então evoluíram e surgiu o Movimento Ocupe Estelita, que promove a resistência do Cais e, ainda, quer discutir os impactos sociais, ambientais e urbanísticos da obra. Muitos integrantes do Mo-vimento classificam o Novo Recife como um espaço segregacionista, irregular e prejudicial ao espaço urbano. O movimento, coordena-do pelo grupo Direitos Urbanos, tem ocupado o Cais promovendo shows e atividades culturais, com objetivo de impedir a destruição dos armazéns.

Para Pablo Holmes, professor de Ciências Políticas da Universidade de Brasília (UnB), o projeto repete erros de urbanização cometidos há mais de 40 anos. “Como está, o projeto deverá tornar o lugar ainda mais ermo e as consequências disso são bem claras: haverá um impacto na segurança, já que cal-çadas vazias tornam as ruas mais perigosas; haverá um impacto social, por que o projeto não integra a cidade a outros bairros. Além dos problemas que isso deverá gerar no trânsito. A criação de 3 a 7 mil vagas de estacionamento tornará o espaço caótico. Reflita, o projeto foi criado em 2008, pense no quanto uma cidade é capaz de mudar em um curto período de tempo. Quando estiver pronto, o impacto será mais diferente do que

se imagina hoje.” critica Holmes. Outro fator ressaltado por ele é

a falta de compromisso do pro-jeto com identidade arquitetônica e paisagística do lugar, fatores que devem ser valorizados no desenvolvimento de cidades inte-ligentes. De fato, o projeto esbarra nos anseios de uma população cansada dos problemas inerentes às metrópoles. Atualmente, os cidadãos de Recife sofrem com a falta de mobilidade e a ausência de espaços públicos dedicados ao la-zer. “A região do cais é privilegiada, deveria ser transformada em um espaço de circulação de pessoas”, diz Holmes.

A professora de Direito da Uni-versidade Federal de Pernambuco, Liana Lins, alerta que o movimento se opõe ao projeto. “O Novo Recife deverá transformar o lugar em uma ilha de elite, pois não se comunica com a cidade. Além disso, as em-presas falharam a não apresentar um estudo de impacto ambiental, pareceres do IPHAN, DNIT e não promover uma audiência pública”.

projeto esBarra em

anseios sociais

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Apesar de terem iniciado a demo-lição dos galpões ainda em maio, a Justiça impediu a continuidade da construção. A Revista NORDESTE tentou conversar com as constru-toras envolvidas no processo, mas não obteve sucesso. Porém, em nota divulgada no portal de notícias G1, o Consórcio Novo Recife informou que o grupo de construtoras “sempre esteve aberto ao diálogo e cumpriu, como cumprirá, os requisitos legais para a continuidade da obra. O Novo Recife ressalta que acredita na ordem jurídica vigente e no respeito ao seu cumprimento”.

No dia 16 de junho de 2014 foi assinado um documento com oito tópicos que def inem o processo e os prazos para o redesenho das construções no cais. A Prefeitura do Recife e as entidades e instituições que mediavam as nego-ciações sobre o projeto

teriam um mês para alterar alguns termos técnicos e estabelecer dire-trizes urbanísticas. Mas, a ocupação continuou e a madrugada seguinte foi marcante para o movimento.

Bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha, detenções - um revi-val das manifestações de junho de 2013 - despertaram os manifestantes às 5h do dia 17 de junho. Era uma equipe imensa: batalhões de Choque, de Trânsito, da Polícia Montada e da Companhia Independente de Policiamento com Cães chegaram cumprindo uma ordem judicial de reintegração de posse. O caos foi

instaurado. Em nota, o movimento acusou a polícia de descumprir acor-dos firmados com as secretarias esta-duais de Defesa Social e de Direitos Humanos e com o Ministério Público Estadual. A Anistia Internacional, o Ministério Público Federal (MPF), a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e vários políticos se posicio-naram contra a brutalidade policial.

A Anistia publicou em nota que “condena o uso excessivo da força e das chamadas armas menos letais (balas de borracha, gás lacrimogêneo, spray de pimenta) utilizadas pela Polícia Militar de Pernambuco para desocupar o Cais Estelita. [...] Os ma-nifestantes estavam em negociação com autoridades locais, com acom-panhamento do Ministério Público, e havia o compromisso de que qualquer reintegração de posse teria um aviso prévio de 48 horas. Há denúncias de manifestantes feridos, equipa-mentos confiscados, destruição do acampamento e pessoas detidas sob a acusação de formação de quadrilha”.

GalpÕES aGuarDaM DEMoliçÃo

Com a divergência entre as em-presas e os manifestantes cada vez mais latentes, a Prefeitura do Recife precisou se manifestar sobre o assunto. Por meio de nota, a administração comandada pelo prefeito Geraldo Júlio explicou que convocou os empreendedores e exigiu que fossem adicionados ao projeto ações que valorizassem o espaço público, integrassem as comunidades de São José, Cabanga, João Paulo II e Coque.

Segundo o comunicado, este encontro garantiu benefícios como o Parque Linear, seis qua-dras poliesportivas e áreas de la-zer sob o Viaduto Capitão Temudo; biblioteca pública no giradouro do Cabanga; intervenção na espla-nada do Forte das Cinco Pontas, com a demolição do viaduto, urbanização e paisagismo; im-plantação de ciclovia conectando

a Zona Sul com o Bairro do Recife; dentre 16 medidas acordadas, quase duplicando o valor sob res-ponsabilidade do empreendedor, de 32 para 62 milhões de reais.

Benefícios, que para alguns manifestantes, são insuficientes. “Precisamos repensar o projeto e garantir que, por exemplo, o parque que está sendo proposto não se torne apenas um canteiro para admirarmos enquanto presos no trânsito”, disse Holmes.

O terreno é estratégico e inte-gra vários pontos da cidade. A ocupação desse espaço pelos manifestantes reflete não apenas uma insatisfação com o projeto Novo Recife, mas também com as consequências da verticalização do espaço urbano. A população da capital anseia por uma reflexão so-bre os problemas que interferem na qualidade de vida do recifense.

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Foto: Flickr - Daniel Guimarães

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A ação policial não parou o movimento, que continua suas atividades no cais, mos-trando que viver a cidade é possível. Graças à pressão dos manifestantes, a prefeitura vem dialogando com o movimento,

dando espaço para que haja a participação nas reuniões do redesenho do projeto.

Alejandro Vargas, um dos membros do Ocupe

Estelita diz que o ideal não seria um redesenho, e sim a

anulação dele, uma proposta feita do zero. “Nosso papel é apre-sentar as normas para que elas sejam cumpridas”. Ele aponta falhas que o projeto Novo Recife apresenta como, por exemplo, a ausência do estudo de impacto ambiental. As reuniões ocorre-ram até o dia da audiência públi-ca - que não tinha sido realizada

até o fechamento desta edição.

“O cais é um em-blema de como não há um planeja-mento urbano em Recife”, disse Érico

Andrade, professor de filosofia da UFPE.

Entretanto, talvez possa ser visto, dentro de algum tempo, como símbolo de transformação.

ocupe estelita resiste

uM MoviMENtoCultural

A discussão em torno do Estelita estimulou a criação de outros projetos para a cidade, como o #penserecife. O grupo é composto por onze arquitetos e urbanistas e apresentou sugestões para a revitalização do cais, com imagens de como poderia ser melhor aprovei-tado o espaço. “O objetivo principal é mostrar ao cidadão comum outras possibilidades para a demanda do Cais do Estelita, para que ele possa cobrar das autoridades uma solução mais bem elaborada para a cidade. De qualquer forma, estamos abertos ao debate com quem se interessar pelo tema, seja um cidadão comum ou algum represen-tante público”, diz o grupo.

Além da discussão arquitetônica, o Movimento Ocupe Estelita tem mudado o fluxo cultural recifense. São diversas atividades realizadas no cais - a variedade é imensa. São ofici-nas (serigrafia, iniciação audiovisual, reciclagem, malabares), exibição de filmes, rodas de conversa, debates (os temas são diversos: tem de urbanismo e arquitetura do cais até transreligio-sidade) e shows. Já passaram artistas como Dj Dolores, Otto, Lirinha, Lia de Itamaracá, Karina Buhr e Criolo, que apresentou música de apoio ao movimento, “Sangue no cais”. Através da página no Face-book Movimento#OcupeEstelita e

do tumblr VaiTerNoEstelita.tumblr.com, a programação do movimento é divulgada.

Para realizar um evento no Cais Estelita, é só conversar com alguém do Ocupe, dar a ideia e dizer o horário para não coincidir com alguma outra atividade. Caso precise de algum tipo de material para executar a ação, pode ser dialogado com o movimento a ajuda para realizá-lo.

Até o final da polêmica, o Consórcio Novo Recife poderá se orgulhar, ao menos, de ter despertado o espírito crítico inerente aos velhos recifenses. Esses que tanto amam a capital per-nambucana e se preocupam verdadei-ramente com os rumos da cidade em que vivem. Uma paixão que não per-meia apenas em mero bairrismo, mas se converte em ações. Com certeza, o engenheiro Estelita se orgulharia dos seus conterrâneos.

Fotos: Flickr - Chico Ludemir / Marcelo Soares

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Educação

Foto: Divulgação | Ilustrações: Danielle Trinta

a juventude de Idalba Lo-pes (77), a comunicação era longa e lenta quando

a distância se prontificava entre os interlocutores. Se queria dizer o quanto amava um namorado escrevia-se uma carta com dez páginas, que dependendo do local de onde fosse enviada e do destino final, demorava dias para a chegada do recado. Tinha-se tempo para ler e reler antes de enviar, para corrigir cada falha. “O português era muito correto e a gente tinha muita preocupação. A gente dava muito mais valor à língua correta. Hoje, a juventude é muito cheia de gíria. Mas, a gente fazia questão de ter um português equilibrado”, conta Idalba, aposentada como enfermeira no Ceará, perdendo-se em nostalgia quando fala das cartas do passado.

Enquanto Idalba conta suas me-mórias escritas, Safira Félix ainda constrói experiências de relaciona-mentos, mas trocando mensagens que demoram menos de um segundo para serem enviadas ao namorado, pelo Facebook. “Meu namorado é virtual. Não o conheço pesso-almente, ainda. Namoro com ele há quase sete meses. Ele mora em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. São quase 5.000km de distância”, conta a estudante de 14 anos, que vive em João Pessoa, capital da Paraíba. O encontro entre os dois já era para ter acontecido. “Mas ocorreram imprevistos e talvez a gente vá se encontrar no fim desse ano, ou começo do ano que vem”, diz. Ela usa as redes sociais como ferramentas de comunica-ção. “Costumo falar com amigos, acompanhar a vida de meus ídolos e me informar sobre as atualidades (toda hora que acontece algo, em minutos está nas redes sociais, isso é muito bom)”, justifica.

Há mais de trinta anos, para se comunicar com alguém que morava longe, você faria uma carta com todo labor e es-peraria a resposta com toda ansiedade. Para o intelectual em educação Carlos Alberto Torres o momento da escrita, antigamente, exigia concen-tração. “O modelo implicava em auto reflexão, que dava tempo de corrigir e fazer muitos rascunhos. Mandar uma carta era um ato de amor e de esperança, no caso dos enamorados”, comenta. O argentino, reconhecido como o primeiro crítico do “pensa-mento freiriano” pelo próprio Paulo Freire, afirma que a profundidade na escrita se perdeu com a instantanei-dade e a velocidade das informações nos dias atuais e com isso os jovens abafaram a elegância nos textos, cometendo erros. “A população só quer se comunicar”, explica.

A professora Marineuma Caval-canti, do Departamento de Metodo-logia da Educação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), afirma que a linguagem na internet é assim tão falha por conta da proximidade da linguagem oral. “No caso do ‘in-ternetês’, a mudança se dá porque também, quando se escreve na inter-net, há um misto de fala e de escrita, ou seja, escreve-se representando uma possível fala, que é, na maioria das vezes, coloquial. Além disso, é preciso agilizar essa escrita/fala para que ela acompanhe o ritmo da oralidade. Enxergo essas mudanças linguísticas como normais, inclusive porque devem ocorrer num ambiente específico, que é o virtual”, comenta a professora doutora em linguística e autora de um projeto de pesquisa que analisa a escrita de jovens na era digital.

Especialistas da área de educação

afirmam que jovens escrevem mais, por

conta das redes sociais, mas a

qualidade da escrita deixa a desejar em

comparação com outras gerações

N

Por Flávia Lopes [email protected]

Ambiente virtual pode ajudar

Nos últimos dois anos, a Marineuma tem investigado, a partir de projetos de iniciação científica (PIBIC), com alunos do curso de Pedagogia da UFPB, o que alunos do ensino básico escrevem e com qual objetivo escrevem. A pesquisa foi realizada em algumas escolas de João Pessoa. “Para isso, tenho buscado fazer um levantamento sobre como o que é produzido em sala de aula, através da escrita, circula e com que finalidade, no sentido de, posteriormente, proceder a uma análise dos dados colhidos, os quais poderão vir a ser suporte para uma possível sistematização de um conjunto de práticas que vise a contribuir para a eficácia do ensino de Língua Portuguesa, a partir da possibilidade do diálogo entre universidade e escola” conta a professora Marineuma sobre sua pesquisa.

De acordo com a professora, os dados ainda estão sendo levantados. Mas, numa análise preliminar, já se pode afirmar que com a popularização das redes sociais os jovens passaram a escrever mais, mas a escola ainda não tem dado o devido valor a essa questão, ignorando, de certa forma, o que os alunos produzem fora dela e que poderia ser objeto de reflexão em sala de aula.

“O trabalho pedagógico com a escrita continua sendo feito a partir de atividades que simulam produções textuais, quando as redes sociais poderiam ser usadas como ambiente real, no qual os textos são produzidos, editados, publicados e avaliados por um público cada vez maior. O meu objetivo pessoal enquanto pesquisadora desse tema é poder contribuir para que, cada vez mais, as pessoas se sintam à vontade para, através da escrita, dizer o que pensam e o que sentem, de uma forma coerente, clara, concisa e bem estruturada”, explica.

Marineuma Cavalcanti, professora do Departamentode Educação da UFPBSafira Félix

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Ilustração: Danielle Trinta | Foto: Divulgação

Ao longo de 500 anos do estabeleci-mento da língua portuguesa no Brasil, algumas expressões que antes tinham claros sujeitos e predicados, depois de um tempo foram encurtadas. A despedida do “vamos em boa hora”, já passou da fase quase obsoleta de “vamos embora” para “vambora” ou até mesmo o “bora”. A modificação na linguagem falada e colo-quial é natural. “Toda língua está sujeita a uma constante mudança, porque as pessoas não habitam os mesmos lugares, nem vivem no mesmo tempo, como tam-bém não pertencem a uma única classe social nem têm igual grau de instrução. Sendo assim, aspectos socioculturais e até econômicos podem interferir no processo do uso da língua como instrumento de interação social”, afirma Marineuma.

Mas, na internet a mudança parece ser mais rápida e volátil. E as abreviações são constantes em papos de três linhas. Orlando Camelo, estudante do ensino médio, divide um dialeto com amigos. “Nossa, tem um monte (de gíria). Eu e meus amigos costumamos abreviar sempre que possível, principalmente no Wa (Whatsapp), às vezes até deixamos de colocar acentuação por que é meio incômodo de colocar no celular. Mas, as principais palavras são: vc (você), dps (depois), td (tudo), qnt (gente) e etc. E, às vezes, a gente até escreve errado de propósito só por brincadeira tipo : ‘mim deixa’”, conta o paraibano de 16 anos.

Além do ‘Wa’, ele utiliza o Facebook, onde costuma fazer de tudo, como falar com amigos, ler notícias, ver vídeos e até jogar alguns joguinhos. “Acho que as

redes sociais foram um meio bem legal de facilitar a comunicação, mas como as pessoas se tornaram tão envolvidas com a tecnologia, elas acabaram estragando uma parte do contato físico que os jovens tinham, mas se usadas com moderação, podem proporcionar muita coisa boa”, comenta Orlando. Quando responde se esses mecanismos da internet estão lhe ajudando de certa forma a escrever mais ele é pontual. “Definitivamente sim, a minha quantidade de escrita diminuiria consideravelmente se eu parasse de usar as redes sociais”.

Para a professora Marineuma, o uso das redes sociais tem sido benéfico para a socialização de ideias e de opiniões intermediadas pela escrita. “Nunca se escreveu tanto quanto agora. A inter-net deu voz a pessoas que antes jamais teriam coragem de dizer o que pensam nem como percebem o mundo em que vivem. Lembro-me de alunos que me entregavam tarefas de produção textual e as colocavam embaixo das dos colegas para que não ficassem à vista, como se tivessem vergonha do que e de como escreviam”. Segundo ela, agora todos compartilham seus textos nas redes. Mas, os desvios linguísticos sempre estiverem presentes, só que atualmente estão mais visíveis, por serem expostos a um público cada vez maior e mais exigente, sem con-tar com o preconceito contra os que não dominam a língua formal. “As redes so-ciais estimulam a escrita, porque dão voz e autonomia às pessoas, principalmente aos jovens, que são nativos digitais e estão quase sempre online”, opina.

linguagem modernaEscreve-se mais, é fato. Porém, a

grande questão é: que tipo de escrita os jovens estão produzindo nas redes? Para o educador Carlos Alberto Torres, a cultura digital aumenta o acesso, a velocidade e a possibilidade de se comunicar, porém essas qualidades são inversamente pro-porcionais aos malefícios. Quanto mais instantaneidade, menos reflexibilidade, profundidade e densidade na comuni-cação. Apesar de mais textos serem di-vulgados e de jovens darem a cara à tapa quando se mostram através de escritos, o intelectual questiona “mas se escreve melhor”? Ele defende que é impossível escrever um bom texto em pouco tempo, com a pressa da internet. E em relação ao Twitter ele dispara: “O que se pode dizer em 140 caracteres?”.

Por conta da rapidez e do grande fluxo de informações, também lê-se menos na internet. Os textos da rede, em geral, são curtos e concisos. Isso é apenas um reflexo da cultura contemporânea. A pesquisa do Instituto Pró-Livros (IPL), de 2012, revela que o número de livros lidos por ano entre os brasileiros, de 5 a 17 anos, é de apenas 5 por ano. O pior é que é uma leitura forçada e obrigatória, já que os paradidáticos estão no topo da lista dos mais lidos. O estudo Retratos da Leitura no Brasil divulgou também que ler é apenas o sétimo hábito preferido do brasileiro nas horas vagas. Carlos Alberto conclui que um bom leitor é um bom escritor e que um bom escritor é também um bom orador, que respeita as vírgulas, as pausas e os silêncios.

Cadê a qualidade?

A taxa de analfabetismo no Brasil de pessoas de 15 anos ou mais foi estimada em 8,7%, equivalente a 13,2 milhões de analfabetos, segundo a Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (Pnad). O país do futebol está entre as nações com o maior índice de pessoas que não sabem ler, ocupando o 8º lugar nesse hanking do relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Para Carlos Alberto Tor-res, intelectual que difunde ideias da educação como forma de liberdade, a internet precisa ser um meio que ajude a mudar esse quadro. “Estes mecanismos (redes sociais) têm que promover mais alfabetização”, afirma o argentino vendo uma luz no fim do túnel, em um equi-pamento, dito por alguns intelectuais, capaz de promover alienação.

Mas, se não usada da maneira certa a rede pode ser um grande problema na questão educacional, criando anal-fabetos funcionais (aqueles que sabem ler, mas não sabem interpretar nem processar as informações). A rapidez, su-perficialidade e instantaneidade podem ser obstáculos na evolução da leitura e da escrita de jovens, para Carlos Torres.

Quem compartilha da mesma opinião é a professora Marineuma. “O anal-fabeto funcional é aquele que foi, por algum tempo, à escola e até aprendeu a

ler e a escrever, mas, por não usar esses conhecimentos em seu cotidiano, como uma prática social, não domina a língua formal. Em relação à leitura, creio que a internet tem disponibilizado para todos um sem-número de textos dos mais diversos gêneros. E isso é positivo. A questão é que a internet também possi-bilita a superficialidade, tendo em visto o excesso de informações circulando em rede. Desse fato, surge uma nova preo-cupação, além da que diz respeito à falta de leitura e de escrita: a incapacidade de muitos, diante de tanta opção, fazerem uma boa seleção do material a ser lido, para que se torne, também, conteúdo para a escrita”, explica.

Quando questionada se a inclusão de pessoas nas redes sociais pode ajudar a melhorar a situação do analfabetismo, mesmo com os déficits na linguagem digital, ela afirma: “Infelizmente, estamos sempre correndo contra o tempo e contra as limitações dos usuários da língua. Ago-ra, além de enfrentarmos o problema do analfabetismo literal, temos que enfrentar o do digital. Os déficits são dobrados, pois se apresentam nos dois sistemas, o linguístico e o digital. Nós, professores, temos que trabalhar nessas duas frentes, e não sei, ainda, se um poderá ajudar no desenvolvimento do outro. E nem estou falando em letramento, o que já é uma outra demanda...”

analfabetos funcionaisGêneros Modernos

Pensar na produção textual de jovens na internet, dentro de um mundo digital, é trazer o debate para dentro da sala de aula. Algumas formas de comunicação na rede já são reconhecidas e até mesmo identificadas como gêneros textuais. “O e-mail é um gênero textual, inclusive, talvez o mais comum dos textos usados na esfera digital. A escola precisa estar atenta às características desse gênero, trabalhando-o, como objeto de ensino, para que seja cada vez mais coerente e coeso, enquanto instrumento de interação social”, explica a professora Marineuma.

Mas, apesar dessa adequação às novas formas de linguagem, a professora explica que cabe à escola se comunicar, oralmente, na língua dessa comunidade. Já em relação à escrita, sempre coube à escola a tarefa de ensiná-la. E esse ensino tem, ao longo dos anos, pautado-se em um modelo muito formal, diferente da fala coloquial, usual, o que dificulta que seja utilizada com fluência. “No entanto, cabe à escola trabalhar essas questões para que as mudanças não interfiram, desnecessariamente, na língua formal, padrão”, completa.

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Pesquisador da área educacional, Carlos Alberto Torres, defende profundidade na escrita

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a minha época, o ci-garro era sinônimo de status e mesmo de afir-

mação masculina. Hoje, é totalmente diferente. Isso porque, além de ser mal visto, o fumante também é tido como inconveniente”. A afirmação é de Edson Cordeiro (49), que fumou dos 14 aos 30 anos de idade. A frase representa uma percepção comum a muitas pessoas, especialmente aque-las com mais de 30 anos. Se há poucas décadas o cigarro era tido como um símbolo de status e objeto de desejo, hoje se tornou alvo de políticas públi-cas e objeto de controle e enfrenta-mento. Estima-se que existam ainda cerca de 20 milhões de brasileiros fumantes. Apesar de expressivo, esse número representa uma parcela muito menor da população do que em anos atrás.

De acordo com o 2º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LE-NAD), realizado pelo Instituto Na-cional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e outras Drogas (INPAD), da Universidade Federal de São Paulo, o consumo do tabaco no Brasil caiu 20% entre 2006

“N

Colaboração Grazielle Uchôa

Rigor da legislação e maior consciência sobre os malefícios do cigarro são as causas principais para a queda do tabagismo no país

Cai número de fumantes

Fotos: Divulgação

Saúde

Independente da forma de tratamento do tabagismo, os benefícios ao parar de fumar são imediatos. De acordo os médicos, em 20 minutos a pressão sanguínea e pulsação se regularizam e em duas horas não há mais nicotina circulando no sangue. Após oito horas, o nível de oxigênio é normalizado e entre 12 e 24 horas os pulmões funcionam melhor. Em um ano, o risco de morte por infarto cai 50%, e de cinco a dez anos depois de largar o cigarro, o risco de sofrer um infarto é igual ao de pessoas que nunca fumaram.

SEM NICOTINA

DESEJAMLARGARO VÍCIO

90%

e 2012. A pesquisa constatou que houve uma diminuição do tabagismo em todas as classes sociais, e que é a classe mais baixa a que mais fuma no país, embora tenha sido a classe A que registrou o maior aumento no número de fumantes (de 5,2% em 2006 para 10,9% em 2012 – totali-zando 110% de aumento). Quanto ao gênero, o LENAD aponta que são os homens os maiores consumidores do tabaco, mas foram também eles quem mais reduziram o hábito de fumar (de 27% em 2006 para 21% em 2012). A diminuição do tabagismo, segundo a pesquisa, se expressa ainda em todas as regiões do país. O Sul é campeão em redução, mas ainda figura em primeiro na lista, com uma porcen-tagem de 20,2% de fumantes em sua população. O Nordeste é a região com menor índice e teve uma redução de 17,3% em 2006 para 14,2% em 2012.

Dados que chamam atenção são os relacionados à vontade de parar de fumar das pessoas entrevistadas no 2º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas: 90% delas afirmaram ter o desejo de largar o vício. No entanto, apenas 17% reportaram ter planos

para tal. Gabrielle Cunha, 27 anos, resolveu fazer parte da porcentagem de pessoas que resolveram partir para a ação. Ex-fumante há oito meses, Gabrielle recorreu ao tratamento médico e teve auxílio de alguns me-dicamentos, como o BUP (Cloridato de Brupopiona), para inibir o desejo de fumar nas primeiras semanas. “O remédio ajuda muito, mas o medica-mento não é suficiente por si só. Parar de fumar não é fácil, até hoje ainda não é pra mim, mas todos os dias faço essa escolha”.

Para a psicóloga Mayara Almeida, o número de pessoas que planejam pa-rar de fumar apontado pelo LENAD preocupa e expressa a necessidade do apoio familiar e emocional, capaz de fazer com que o indivíduo real-mente se mobilize. “É extremamente importante que no tratamento à dependência de qualquer vício o acompanhamento psicológico esteja envolvido, porque ele tem a função de

trazer o indivíduo para uma nova condi-ção, (...) descobrindo prazeres saudáveis e reconhecendo que o contrário disto pode levar a um caminho sem volta”, alertou a psicóloga.

O oncologista Anderson Silvestrini também vê o acompanhamento psico-lógico como importante ferramenta de tratamento para os tabagistas. De acor-do com o médico do Grupo Acreditar, de Brasília, as pessoas podem parar de fumar sem apoio, mas outras precisam do apoio psicológico associado ao trata-mento medicamentoso, o que, segundo ele, aumenta as taxas de sucesso de cerca de 10% para 25% de efetividade. “É verdade que algumas lesões celulares causadas pelo cigarro são irreversíveis, mas continuar fumando pode agravá-las como no caso do DPOC. E algumas outras doenças que ainda não ocorreram podem ser evitadas, além de melhorar a pressão arterial e os batimentos car-díacos por exemplo”, ressalta o médico oncologista Silvestrini.

DOS FUMANTES

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Para Mônica Andreis, vice-diretora da ONG Aliança de Controle do Tabagismo (ACT), o Brasil tem importantes avanços em termos de legislação, mas algumas medidas ainda não foram adotadas, como por exemplo a proibição do uso de aditivos de sabores e aromas nos cigarros, que tornam o produto mais atrativo, especialmente para os jovens.

Segundo Mônica, essa medida chegou a vigorar, mas foi suspensa por uma liminar da Justiça, que privilegiou a indústria do tabaco. Mônica Andreis destaca a recém aprovada lei antifumo como importante mecanismo de controle do tabagismo. “A lei antifumo, por exemplo, é considerada um sucesso. Foi adotada inicialmente em São Paulo e tem ampla aprovação da população, ótimos níveis de cumprimento pelos estabelecimentos comerciais e melhora dos índices de avaliação da qualidade do ar nestes ambientes”.

A lei gerou um efeito dominó e foi adotada em outros estados da federação, até que se tornou a lei federal n°12.546, em 2011. No último dia 31 de maio, data que se comemora o Dia Mundial sem Tabaco, foi finalmente apresentado o Decreto regulamentador.

Fotos: Divulgação

Desde dezembro de 2011, a Lei nº 12.546 proíbe fumar em recintos cole-tivos fechados, privados ou públicos de todo o país, mas a partir de dezembro deste ano, os chamados fumódromos – antes permitidos – terão de ser ba-nidos. Com a nova regra, fica vetado o uso de cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos e até narguilês em ambien-tes parcialmente fechados por uma parede, teto e até mesmo toldo.

Pela legislação atual então o indiví-duo fica liberado para fumar apenas em casa e ao ar livre, mas existem algumas exceções à regra: o fumo será permitido em tabacarias sinali-zadas, estúdios de filmagem quando necessário à produção da obra, cultos religiosos cujo fumo seja parte do ri-tual, em locais destinados à pesquisa e desenvolvimento de produtos fumí-genos e em instituições de tratamento de saúde que tenham pacientes auto-rizados por médico a fumar cigarros.

Existe ainda um Projeto de Lei tramitando no Senado que promete

fechar ainda mais o cerco da indústria tabagista. Trata-se do PLS 139/2012, de autoria do senador Paulo Davim (PV-RN), que proíbe a comercializa-ção de cigarros em postos de gasolina, supermercados, lojas de conveniência e bancas de jornais. De acordo com o autor do projeto, vários estudos cientí-ficos mostram que em mais de 70% dos casos, a decisão de comprar o cigarro acontece no local de venda, por isso, um produto tão danoso à saúde não pode ser comercializado junto a doces, pães, bebidas, etc.

O senador também justifica que o marketing da indústria tabagista coloca o cigarro junto aos produtos alimentares e bebidas justamente para gerar no inconsciente do indivíduo a ideia que este é um produto como qualquer outro. “Nosso Projeto de Lei tem o objetivo claro de dificultar o acesso ao produto e despertar a consciência do mal que o cigarro causa ao indivíduo e à saúde financeira dos cofres públicos”, explicou Paulo.

é proibido fumar!

MECANISMO DE CONTROLE

Um funcionário fumante custa R$ 4,3 mil a mais para uma empresa do que um não fumante. O levantamento feito pela empresa de medicina e segurança no trabalho, Imtep, registrou que deste total, 46% são resultados do tempo parado para fumar; 34% causados pelas faltas, 15% relativos a custos com assistência à saúde e os 5% restantes são outros motivos relacionados ao tabagismo.

O PREçO DO VÍCIOO governo brasileiro disponibiliza

tratamento gratuito para quem deseja parar de fumar por meio do Programa de Controle do Tabagismo do Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com o Ministério da Saúde, o SUS oferece hoje tratamento gratuito em mais de três mil unidades públicas de saúde. O apoio psicológico e o tratamento com medicamentos fazem parte do serviço de atendimento aos tabagistas. No site da ONG Aliança de Controle ao Tabagismo, é possível consultar o locais de tratamento do tabagismo de todo Brasil, através do link: http://www.actbr.org.br/tabagismo/tratamento-locais

TRATAMENTO DISPONÍVEL NO SUS

Gerson Zafalon Martins, segundo secretário do Conselho Federal de Medicina e coordenador da Comissão de Controle do Tabagismo do Con-selho, atribui a redução no número de fumantes no Brasil à proibição de publicidades sobre o tabagismo no país e a proibição do fumo em ambientes fechados. Ele aponta também como uma causa as campanhas de cons-cientização realizadas pelo Ministério da Saúde, e Sociedades Médicas de

Fumantes buscam ajudaPediatria, Pneumologia, Cardiologia e Obstetrícia, além dos Conselhos Regionais de Medicina.

O médico Zafalon lembrou ainda que o CFM possui uma Comissão de Controle do Tabagismo que trata di-retamente sobre o assunto e, segundo esclarece: “o grupo tem desenvolvido trabalhos a fim de esclarecer os efeitos do cigarro e orientar os médicos sobre o tema”.

Julyana Vieira Caporal é coordena-dora de Qualidade de Vida de uma empresa de Medicina e Segurança do Trabalho do Paraná. Ela concorda que os programas de governo e da própria iniciativa privada, além da maior di-vulgação em torno dos malefícios que o cigarro traz, são os fatores principais que tem contribuído com a redução no número de tabagistas no país.

Para Julyana, existe uma mudança

no perfil do fumante que busca ajuda para vencer o vício. “Algum tempo atrás era comum pessoas com alguma doença grave, muitas vezes em está-gios avançados de comprometimento físico, buscarem por tratamento. Atualmente, os tabagistas jovens, saudáveis, ativos vêm em busca do tratamento, pois sentem-se margina-lizados pela sociedade que cada vez menos aceita e dá espaço ao cigarro”.

Para ela, a percepção sobre os ma-lefícios do tabagismo se encontra tão generalizada que as empresas privadas, por meio de ações e programas, tam-bém têm dado suporte para os funcio-nários que desejam deixar o tabagis-mo. Isto porque as corporações que adotam este tipo de comportamento verificaram uma redução significativa dos prejuízos financeiros causados pelo empregado tabagista.

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egular a emissão de dióxido de carbono (CO2) é uma preocu-pação mundial. No ano passa-

do, a Organização das Nações Unidas (ONU) solicitou um esforço global na redução da emissão do gás poluente. Para tanto, foi realizado, em novembro de 2013, um acordo com delegados da ONU para ser assinado por chefes de Estado em 2015, em mais uma tentativa de conter os danos ao meio ambiente.

Existem iniciativas ao redor do mundo para diminuir esse e outros prejuízos à natureza. A organização internacional Carbon Disclosure Project (CDP) é responsável por coletar e divulgar dados referentes ao impacto de empresas e cidades no meio ambiente para, dessa

forma, descobrir como reduzi--los. O CDP solicitou tais informações pela primeira vez em 2003, enviando o pedi-do às 500 maiores empresas

do mundo, segundo o Standard&Poors. Os dados coletados são disponibilizados por provedores, tais

como Bloomberg, EIRIS, MSCI, Sustainalytics, Thompson Reu-ters e Trucost.

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Dos 28 municípios brasileiros que fazem parte do relatório internacional do CDP, oitodeles são nordestinos

climapreOcupacidades

Meio Ambiente

Por Isadora [email protected]

Ilustrações: Shutterstock | Fotos: Shutterstock

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A participação do Brasil no relatório do CDP tem crescido vertiginosamente nos últimos três anos. Em 2012, apenas três cidades participaram do relatório do CDP, o número chegou a 11 no ano passado, contra 28 cidades este ano.

Aparecida (SP); Belém (PA); Belo Horizonte (MG); Brasília (DF); Caieiras (SP); Cuiabá (MT); Curitiba (PR); Florianópolis (SC); Goiânia (GO); Guarulhos (SP); Jaguaré (SP); Macapá (AP); Manaus (AM); Porto Alegre (RS); Rio Branco (AC); Rio de Janeiro (RJ); São Bernardo do Campo (SP); São Paulo (SP); Sorocaba (SP) e Vitória (ES) completam a lista.

cresce participaçãO Brasileira

A organização divulga diversos rela-tórios anualmente. No Programa Cities, publicado no último dia 10 de julho, com os dados referentes a 2014, constava a participação de 207 cidades de todo o planeta. Destas, 108 relataram os inven-tários de emissão de carbono. Foi uma redução de 13,1 milhões de toneladas de CO2.

Das cidades contidas no relatório do CDP, 28 são brasileiras e oito delas estão na região Nordeste. São elas: Aracaju (SE); Fortaleza (CE); João Pessoa (PB); Maceió (AL); Natal (RN); Salvador (BA); Recife (PE); São Luís (MA).

Apenas o estado do Piauí ficou de fora, pois não informou dados referentes a ações ambientais realizadas em algum município do estado.

Segundo o relatório, 76% das cidades reportaram que a mudança climática pode afetar setores dos negócios, como transporte, produção de alimentos, tu-rismo e serviços. Elas estão dispostas a reduzirem 129, de 194 riscos ambientais causados pelas empresas. As cidades es-tão oferecendo informações, incentivos e regulamentos que ajudem as empresas a se tornarem mais resistentes às alterações no clima.

Entretanto, nem todas as cidades apresentaram resultados conclusivos. O relatório é feito com base em ques-tionários feitos pelo próprio CDP que os coloca em sua página na internet. As cidades podem enviar seus dados para a organização e participar do maior banco de dados sobre ações de meio ambiente .

Fortaleza consolida projetoA cidade de Fortaleza (CE) é outra

que tem tido um olhar mais atento às questões climáticas. Algumas ações estão sendo feitas no sentido de ajudar no controle aos efeitos dos gases po-luentes. Uma delas é a elaboração, já em fase de finalização, do 1º Inventário das Emissões de GEE, um dos principais instrumentos do Programa Estratégias de Desenvolvimento de Baixo Carbo-no (Urban Leds), implementado pelo Conselho Internacional para Iniciativas Ambientais Locais (Iclei) em parceria com A Organização das Nações Unidas (ONU/Habitat) e financiado pela Co-missão Europeia. A finalidade é demons-trar estratégias de desenvolvimento urbano inclusivo de baixa emissão de carbono em países com condições de crescimento e transição acelerados.

Para a consolidação deste projeto, foi criado de forma inédita o Comitê Gestor

Local de Autoridades Municipais, com o objetivo de discutir e tomar decisões em planos, ações e programas relacionados à emissão dos gases do efeito estufa.

A Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma) também está construindo uma Célula de Controle da Poluição Atmosférica (CCPA) e tem atuado em duas vertentes: a preventiva, que será feita através da implantação de uma rede de monitoramento da qualidade do ar - a previsão é que a estação móvel de monitoramento seja adquirida em 2015; e a repressiva, que atende denúncias e efetua blitzen contra a poluição atmosférica veicular.

“Uma cidade com ar poluído e sub-metido a alterações climáticas sem que haja um controle, afeta diretamente a saúde de seus habitantes, e consequen-temente, aumenta os gastos públicos com saúde, havendo assim impacto

negativo para a economia. Em um município turístico, como é o caso de Fortaleza, cujo principal atrativo é a natureza, é de fundamental importân-cia manter a qualidade ambiental para que os visitantes voltem e contribuam positivamente para a economia local”, destaca a secretária de Urbanismo e Meio Ambiente, Águeda Muniz.

A prefeitura de Fortaleza está reali-zando blitzen em grandes avenidas, na qual os proprietários de veículos (ciclo diesel) que estejam circulando com emissões fora dos padrões estipulados em Lei, são advertidos ou autuados (de-pendendo da densidade colorimétrica da fumaça emitida) e recebem prazo para regularizar seu veículo e reapresentá-lo à Seuma com Laudo de Inspeção Vei-cular, que há de ser emitido e assinado pelo Núcleo de Tecnologia Industrial do Ceará (Nutec).

Pela segunda vez apresentando seus estudos ao CDP, a capital pernambucana vem mostrando como está lidando com a questão da emissão de CO2, através de implantação de 40000 pontos de iluminação pública com lâmpadas led; implantação de ciclofaixas e ciclorrotas; e ampliação de arborização urbana, tendo a meta de 100 mil mudas até 2016.

Recife também publicou, no final de abril, o 1º Inventário das Emissões de Gases de Efeito Estufa, que servirá de parâmetro para ações e programas de redução das emissões, que farão parte do Plano de Ação para a Mitigação das Emissões, Adaptação e Resiliência aos Efeitos das Mudanças Climáticas.

“Também estamos elaborando o Siste-ma de Certificação e Premiação Ambien-tal para empresas, pessoas físicas, escolas e boas práticas comunitárias. Estamos conscientizando a população no sentido de se sensibilizar com a importância do tema e seus efeitos na vida cotidiana”,

observou o secretário Executivo de Sus-tentabilidade do Recife, Maurício Guer-ra, ao acrescentar que a secretaria discute com o estado o projeto de contenção da erosão da faixa de praia.

A cidade do Recife tem motivos para se preocupar com as questões climáticas, uma vez que é particularmente vulne-rável. Além do avanço do mar de Boa Viagem, tem o seu subúrbio arrodeado por morros, que sofrem desastres a cada inverno. “À medida que as temperaturas médias globais sobem devido às emissões de gases de efeito estufa, as consequên-cias sobre o planeta, tais como condições meteorológicas extremas, secas e eleva-ção dos mares, vão ameaçar populações e produções de alimentos”, conclui o secretário Maurício Guerra.

recife intensifica ações

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Esporte

areia nos pése bola

nas mãos

Diferençasno esporte

Foi numa pequena ilha no Sul da Itália, em 1992, que o Beach Handball foi registrado pela primeira vez. O esporte apresenta diferenças nítidas em relação ao de quadra. Uma das primeiras dúvidas que podem vir à cabeça é como quicar a bola no han-debol de areia? Proibido não é, mas é praticamente inviável por conta da instabilidade do terreno.

Mas essa não é a única disparidade. No Beach Handball é possível fazer um gol que valha dois pontos. São os gols de goleiro ou os espetaculares, que se dividem em dois tipos: quando o jogador pega a bola no ar e lança antes de tocar o solo; ou quando o jogador

entra de frente para o gol, realiza um giro de 360º e lança a bola antes de tocar o solo.

É comum que alguns jogadores nivelem a região próxima ao gol para receber as bolas aéreas. O nivelamen-to evita que eles afundem na hora da impulsão, permitindo pegar a bola mais alta possível. A quadra do handebol de areia também é menor. Possui apenas 27m x 12m, com áreas de 6m em linhas paralelas à linha de fundo. A equipe é composta por apenas quatro jogadores mais o goleiro. O tempo do jogo é dividido em dois sets de 10 minutos, podendo haver um set de desempate, chamado de “Shoot out”.

Branco, em João Pessoa (PB) até o dia da estreia. Foram convocados para essa fase 17 atletas do masculino e 17 do feminino - de diversos estados do país. Desses, ape-nas 10 de cada categoria foram escolhidos para a disputa do Mundial.

Cinthya Piquet, natural de João Pes-soa, 29 anos, é lateral direita. Começou a jogar handebol há vinte anos, mas entrou no Beach em 2004 e já em 2005 integrou a seleção brasileira. A jogadora tem as melhores expectativas possíveis para o torneio. “Conhecemos os outros países, estudamos eles sempre em nossas reuniões e jogando em casa acredito que temos um gosto bem especial de ter a torcida perto da gente”, diz.

Natural de Caucaia (CE), Naílson Amaral (24) pratica o esporte desde os 17 anos. Integra a seleção brasileira desde 2008 e participou de duas World Games. Agora, está na sua segunda copa. “Minhas expectativas são sempre as melhores, pois treinamos muito pra isso”. Animado com o jogo de estreia, Naílson confessa que está trabalhando o psicológico para fazer uma boa campanha em casa. “Na primeira vez que o Brasil sediou uma copa de handebol de areia, as duas equipes conquistaram o ouro”.

a seleção Brasileira

é a grande potência do mundo na modalidade

é a atual campeã mundial (título

conquistado em Omã, na Ásia, em 2012)

é líder do ranking mundial e possui os dois melhores

jogadores: nailson amaral e patrícia

Scheppa

sse tem sido um ano bem ser-vido de eventos esportivos no Brasil. Após a realização do

Mundial de futebol, a capital pernam-bucana recebe a Copa do Mundo de Handebol de Areia (ou Beach Handball), na praia do Pina, de 22 a 27 deste mês. O torneio, organizado pela Federação Internacional de Handebol, junto com a Confederação Brasileira (CBHb), teve sua primeira edição em 2004, no Egito, e desde então é realizado a cada dois anos em praias de todo o mundo, reunindo as melhores seleções das equipes masculinas e femininas.

Apesar de ser pouco difundido no país, as seleções brasileiras são favoritas ao título. De acordo com a Federação In-ternacional de Handebol, o Brasil possui os melhores jogadores do esporte. Nessa lista, estão no topo Naílson Amaral e Pa-trícia Sheppa. Na copa anterior, realizada num país da península Arábica chamado Omã, os times brasileiros trouxeram para casa o primeiro lugar.

A equipe masculina brasileira é tricam-peã, e a feminina já conquistou o mundial duas vezes. Para essa competição, as seleções treinaram intensamente durante todo o mês nas areias da praia do Cabo

E

OS GRUPOSDA COPA

O torneio tem par ticipação de doze seleções em cada categoria. No masculino, os brasileiros disputam a primeira fase no Grupo A contra os seguintes times: Austrália, Dinamarca, Omã, Sérvia e Uruguai. A chave B é composta por Argentina, Catar, Croácia, Egito, Espanha e Rússia. A seleção feminina disputa com Austrália já no primeiro jogo, em seguida tem Itália, Noruega, Taipei e Uruguai. O grupo B é formado pela Argentina, Dinamarca, Espanha, Hungria, Tailândia e Ucrânia.

Por Isadora [email protected]

Fotos: ?

Seleções buscam o título mais importante da Copa do Mundo de Handebol de Areia neste mês de julho, na capital pernambucana

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Flávia [email protected]

Histórias de divã

O Banco do Nordeste lançou edital de seleção pública para projetos culturais, com prioridade para aqueles que contemplem a programação dos Centros Culturais Banco do Nordeste de Fortaleza, Cariri e Sousa. A seleção será destinada a estimular a produção e difusão de ações culturais de artes cênicas (teatro, dança, performance e circo), artes visuais (exposições), música erudita, festivais de cinema e humanidades. As inscrições vão até fim de agosto.

Xscpae, álbum póstumo de Michael Jackson, foi destrinchado em um documentário disponível na internet, lançado neste mês de julho. O vídeo de 25 minutos traz depoimentos dos produtores do disco, como Antonio “LA” Reid, e também do cantor Justin Timbarlake, que faz dueto como Michael em duas músicas do álbum. A direção do filme ficou por conta de Michael Lawrence e as entrevistas são realizadas por Joe Levy, editor da revista especializada em música Billboard. No documentário, é possível ver e ouvir o trabalho de modernização das canções, enquanto tocam trechos das faixas do disco Xscape, gravadas entre 1983 e 1999.

Os Paralamas do Sucesso vão voltar às terras paraibanas. A banda que fez sucesso nos anos 80 e que ainda continua arrastando uma legião de fãs fará show no próximo dia 16 de agosto, em João Pessoa, na casa de show Domus Hall. Os ingressos custam R$ 25,00 (meia) e R$ 50 (inteira). A banda de pop rock, formada no Rio de Janeiro no final dos anos 70, é composta por Herbert Vianna (guitarra e vocal), Bi Ribeiro (baixo) e João Barone (bateria), que mistura rock com reggae, e instrumentos de sopro.

Pedidos de apoio a eventos ou projetos culturais, por meio de convênio, deverão ser protocolados com a antecedência mínima de 90 dias do início da atividade. As propostas deverão ser apresentadas de forma completa, atendendo a documentação mínima exigida para cada tipo de ação. Essas são algumas das novas normas da Secretaria Municipal de Cultura de Fortaleza, que informou em julho os protocolos de pedido de apoio a projetos e eventos.

Em um contexto seminário, na década de 50, dois jovens aspirantes a padre se apaixonam e se entregam um ao outro de forma surpreendente. Essa é a história do livro de Libélula (Pontes Editores, R$ 39,90) que será lançado em São Paulo na Livraria da Vila da Lorena, no dia 9 de agosto. O autor paraibano, Marcos Lacerda é psicanalista e se inspirou em suas experiências de 21 anos em consultório para produzir a obra fictícia. O lançamento terá a participação do ator Global, Leonardo Miggiorin, que encenará um trecho do livro.

Em comemoração aos 30 anos de carreira, o grupo de pop rock RPM está realizando a turnê Elektra, com a formação original da banda. Pela turnê, a banda vai se apresentar em Fortaleza no dia 9 de agosto, na casa de show Musique Fortaleza, na Avenida Washington Soares. As vendas dos ingressos da turnê já começaram no site www.ingressando.com.br. Elektra é o quarto álbum de estúdio da banda de rock brasileira RPM, lançado em 2011 com músicas inéditas.

O anseio de comer chocolate, de cantar e voar e mais alguns desejos humanos estão em forma de poesia no novo livro da autora Roseana Murray. A obra Poço dos desejos, da escritora brasileira de livros infantis, faz parte da coleção Veredas que é constituída de uma variedade de gêneros e tipos de texto, como poemas, contos, crônicas, novelas e romances. Há histórias de amor, suspense, mistério, aventura, humor, relações familiares, do mundo do além, de terror e ficção científica. Poço dos desejos é voltado para crianças a partir de 11 anos e de forma leve e divertida, aproxima as crianças ao mundo da poesia.

Seguindo a onda de animações com adaptações lançadas com personagens humanos e reais, como Malévola, que reconta A Bela Adormecida e Alice no País das Maravilhas, uma adaptação de Lewis Carroll, a história do elefantinho Dumbo também terá uma versão em carne osso. O desenho da Disney, lançado em 1941, ganhará um novo filme com atores de verdade, segundo o ‘The Hollywood Reporter’. O responsável pelo remake será Justin Springer (Oblivion; Tron: o legado), e o roteiro será de Ehren Kruger, de “Transformers”. Dumbo é um animal de circo que acredita poder voar graças às suas grandes orelhas e, na nova versão, ganhará uma narrativa paralela sobre uma família humana.

A 5ª edição do Fest Bossa & Jazz, que acontecerá na Praia de Pipa (RN) nos dias 21 a 24 de agosto, já tem algumas participações confirmadas. Dentre os nomes está o do cantor Ed Motta, que se apresentará acompanhado pela Sesi Big Band, orquestra de jazz do projeto Sesi Arte do Rio Grande do Norte. Marcos Valle também está entre as atrações, assim como o guitarrista Nuno Mindelis e a cantora Camila Masiso. O evento gratuito já reuniu nomes como Jose James, Leny Andrade, João Donato e Os Cariocas, e espera para este ano reunir um público de mais de 30 mil pessoas.

Ivete Sangalo, Thiaguinho, Banda Eva, Israel Novaes, Gabriel Diniz, Jammil, Citrus Clube, Helton Lima e mais vários DJs estarão agitando a noite de Olinda na área externa do Centro de Convenções de Pernambuco, no dia 16 de agosto. Entre as novidades do evento, O Maior Show do Mundo, a cantora Ivete Sangalo realizará dois shows, um no palco e um no trio, além de aproveitar a oportunidade para lançar seu novo DVD. Os ingressos para o Maior Show do Mundo de 2014 já podem ser adquiridos no site Ingresso Prime.

Uma leitura para a liberdade

Há 50 anos, em uma pequena cidade do Rio Grande do Norte, um sonhador com uma sociedade ideal lutava contra o analfabetismo. Em 1964, Paulo Freire colocava em ação a sua experiência educativa mais famosa: Quarenta horas de Angicos, um projeto de alfabetização para 380 trabalhadores, interrompido pelo baque do golpe militar no mesmo ano. Para comemorar o cinquentenário dessa ação, a Loyola Edições (SP) decidiu relançar o livro “Diálogo e práxis educati-va: Uma leitura crítica de Paulo Freire, do

educador argenti-no Carlos Alberto Torres.

Carlo Alberto Torres é daqueles educadores que defende a edu-cação como uma prática de liberda-de. Em entrevista exclusiva à Revista NORDESTE ele afirma que esta

obra, relançada recentemente na Paraíba e em Pernambuco, ajudou a disseminar o pensamento de Freire em uma época marcada pela censura. “É um livro simbólico e importante e todo material discute como se pensar a educação no país”, explica.

A obra reúne três importantes livros publicados de Carlos Torres, escritos em 1979. O conteúdo possibilita aproxima-ção do leitor com as principais categorias do pensamento de freire, contendo textos que influenciaram educadores e

Dumbo em carne e ossoálbum vira documentário

Jazz e bossa nova em Pipa

O Maior Show do Mundo

Desejos em poesia

estudiosos brasileiros que buscaram ler, compreender e aplicar a pedagogia frei-riana, além de oferecer uma das primeiras biografias sobre Freire desde seu trabalho no Brasil, e o exílio.

Para o autor do livro a teoria educa-cional de Paulo Freire é uma proposta do futuro. “Freire é atual, os mecanismo dele foram propostos nos anos 60, mas continuam sendo atuais”, afirma. Assim como o educador brasileiro, Carlos Torres direciona sua obra para a construção de uma sociedade racional, oferecendo ideias de como construir uma população de pessoas com formação política e de pensamento analítico.

Carlos Torres é diretor fundador do Ins-tituto Paulo Freire da Argentina (2003), do Instituto Paulo Freire da Universidade da Califórnia Los Angeles, e diretor fundador do Instituto Paulo Freire de São Paulo (1991). Além disso, trabalha como Professor de Ciências Sociais e Educação Comparada na Universidade da Califórnia Los Angeles e sociólogo político da educação.

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PeloMundo [email protected]ânia Queiroz

Para matar a sede

Competição atrai turistas

Considerada um isotônico natural, que possui um alto poder de hidratação e oferece boas doses de cálcio, magnésio e vitamina C, a água de coco deixou de ser consumida apenas nas praias e durante o verão. A bebida ganha cada vez mais espaço no cardápio daqueles que se preocupam em ter uma vida mais saudável. Diante dos inúmeros benefícios que promove para o corpo humano, a bebida torna-se o novo produto da Suqo, marca de bebidas artesanais desenvolvidas pela Indústria de Alimentos Buon Gelatto. O lançamento do produto segue a proposta da marca de oferecer sabor, saúde e praticidade aos clientes exigentes e que consomem alimentos seguros e saudáveis. Nos próximos meses, a água

A Copa do Mundo continua nos campos de João Pessoa. Uma semana após a final do Mundial, um evento com o mesmo tema, deve chamar a atenção de brasileiros e estrangeiros e movimentar a capital da Paraíba. Trata-se do RoboCup 2014, um campeonato mundial de futebol de robôs que acontece este mês de julho e deve reunir cerca de 400 equipes de mais de três mil participantes. É a primeira vez que a competição acontece no Brasil.É na reserva do Paiva, uma área

privilegiada do litoral Sul pernambucano, que o grupo Sheraton acaba de se instalar. A marca inaugurou o mais novo empreendimento hoteleiro e o primeiro equipamento internacional cinco estrelas naquela localidade, distante apenas 30 minutos de Recife.O Hotel & Resor t conta com 298 quar tos, sendo 18 suítes club e uma das maiores suítes presidenciais da região, com 120 metros quadrados. Ele oferece ainda um spa com aproximadamente 600 metros quadrados, academia fitness, club lounge, dois restaurantes e um beach club com várias opções de lazer, dentre elas, piscina e área de descanso. O hóspede ainda tem à sua disposição um bar e um espaço para interações vir tuais, através de tecnologia de última ponta.No Sheraton Reserva do Paiva o comando da cozinha é do chef por tuguês Fernando Fonseca, que faz um menu

Entre mar, praia e mangue

Bistrô de muito charme

A casa fica escondida no interior de uma galeria na avenida Edson Ramalho, bairro nobre de João Pessoa (PB). Um corredor estreito com um jardim vertical leva até a

porta de vidro do bistrô Videira Enogastronomia, da proprietária Afra Soares, uma grande entendedora de vinhos. Ela abriu o negócio sem muita intenção e hoje ele virou ponto de encontro de bons gourmets e apreciadores de vinhos.A casa abre de quarta à sexta, para almoço e jantar e no sábado funciona apenas para almoço. O cardápio apresenta ótimas opções, desde filé ao

Premiação de ouroO Grupo Famiglia Valduga foi condecorado com duas medalhas grande ouro e duas ouros, no Concurso Mundial de Bruxelas, edição Brasil, realizado em Florianópolis. O evento premiou 45 rótulos, de quatro estados brasileiros. O vinho Casa Valduga Raízes 2010 e o espumante Ponto Nero Brut da Domno receberam a medalha Grande Ouro. Já o rótulo Casa Valduga Gran Leopoldina Chardonnay D.O 2012 e o espumante Ponto Nero Celebration Moscatel, lançamento da Domno, ficaram com a de Ouro.Foram mais de 250 rótulos inscritos, de cinco estados do país: Pernambuco, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraná. Os jurados, especialistas nacionais e internacionais convidados da França, Alemanha, Peru, Chile e Taiwan, degustaram às cegas e dentro dos critérios internacionais adotados pelo Concurso Mundial de Bruxelas. O concurso consolida-se como um grande propagador dos vinhos brasileiros, no mercado interno e no exterior, pois coloca os rótulos nacionais em contato com grandes formadores de opinião em seus países de atuação e das várias regiões do Brasil.

sofisticado que inclui combinações de sabores, arranjos criativos e vinhos de altíssima qualidade para acompanhar os pratos à la car te. O buffet oferece pratos internacionais e locais com um serviço diferenciado. Os clientes podem, inclusive, ver a preparação dos pratos nas estações de cozinhas ao vivo.

molho de laranja, codorna recheada, frango indiano, nhoque tricolor e bobó de camarão, com opções de 15 entradas e sobremesas. Além de bistrô, o espaço conta com escola de vinhos e uma loja com mais de 200 rótulos de várias regiões do mundo. Lá, você encontra argentinos como Amalaia Gran Corte, que sai por R$ 103,00, ou um Brunello di Montalcino, por R$ 1.700. Mas, se a ideia for seguir a linha custo-benefício pode apostar no chileno Terra Nobre, cuja garrafa custa R$ 49,00.

Serviço:Avenida Edson Ramalho, 922. Sls 201 A-BEmpresarial Enseada do Mar – João Pessoa (PB)Contato: [email protected] / [email protected]: (83) 3021-6080 | 9838-6216

de coco da Suqo poderá ser encontrada, além da Paraíba, em Pernambuco e no Rio Grande do Norte. Outras informações sobre os produtos da Suqo podem ser conferidas pelo site www.suqo.com.br.

O futebol de robôs representa a maior parte das modalidades do torneio, havendo ainda competições de dança e desafios de resgate. Vence o jogador que desenvolver robôs autônomos, que tomem decisões inteligentes de forma rápida enquanto trabalham juntos em um ambiente de mudanças. Haverá também oficinas, simpósios, exposições interativas e workshops. Espera-se atrair pelo menos 60 mil visitantes durante essa competição.A RoboCup 2014 será disputada no Centro de Convenções de João Pessoa. As informações da Empresa Paraibana de Turismo (PBtur) mostram que o centro de eventos tem garantido um acréscimo de 20% no número de turistas de eventos à cidade.

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NordesteAgito

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Os empresários paraibanos Ricardo e Eduardo Carlos, como pai José Carlos da Silva Júnior

Renato Cunha e Nina, sua esposa

Presidente Dilma com Robinson Faria (do Rio Grande do Norte) e seu filho Fábio Pamela e Cynthia Morillada sociedade de Teresina

A cantora Elba Ramalho visita o Grupo WSCOM com o casal Juiz Junior e a deputada estadual Daniela Ribeiro

Desembargadora Fátima Bezerra ao lado do casal José Ricardo e Salete Porto O empresário João Carlos Paes Mendonça e esposa

Antonio José e Bethania Borges Leal celebram sua união diante do altar, em agosto

Wilson Oliveira comemoraaniversário da esposa Ana

O aniversariante Hélio Zuliani e Zeli com os filhos: Ricardo, Clarisse e Cláudia

Cristina Mello com Geraldo Julio

Janguiê Diniz e esposa Sandra

Laurita Arruda e Henrique Alves

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pesar de rimar a tristeza em versos sombrios, Augusto dos Anjos é bem mais que o poeta

da morte. Para o escritor paraibano de li-teratura infantil, Jairo Cézar, ele é o poeta da vida e foi pensando nisso que escreveu o livro Augusto dos Anjos em Quadri-nhos (Patmos, R$ 24,90). Escapando da visão negativista que a literatura tem sobre o poeta paraibano, a história conta o lado humano de Augusto, de um meni-no poeta, de um homem doce, educado, respeitoso, amante dos livros e da leitura, querido por todos que o cercavam e que sempre acreditou que tudo ia dar certo, mesmo nos piores momentos.

O livro não é uma adaptação da obra do poeta sorumbático para crianças, é mais uma biografia dele em quadrinhos. “Quando a gente falou em Augusto dos Anjos para crianças, as pessoas achavam que eu ia adoçar, por que a literatura dele tem que ser dark, tem que ser pesada. Eu não vou adaptar a obra para as crianças, a proposta é aproximar o autor do público infantil. Mas, nós vamos mostrar um

lado mais humano dele. Vamos mostrar ele brincando, a paixão dele pelos livros, a juventude, a fase adulta até o fim da vida em Leopoldina”, explicou Jairo Cézar, autor da obra que foi lançada este mês de julho.

Jairo conta que as pessoas só conhecem o lado das trevas de Augusto dos Anjos, mas que é importante apreciar a outra face do poeta que foi tão importante para a literatura brasileira. “As pessoas pensam que Augusto só trata de morte, de tristeza, e eu acho isso nocivo, até porque a obra dele é mais do que isso, a morte para ele é uma libertação ou um rito de passagem”, explica o autor.

A HQ, com ilustrações da paraibana Luyse Costa, terá uma versão para livraria e outra didática que vem com sugestões em atividades para serem trabalhadas dentro de sala de aula, como dicas de poemas para se estudar em literatura, por exemplo. Tudo isso voltado para o público infantil. “A gente escolheu o quadrinho como forma de se aproximar das crianças. Nesse meio nós citamos alguns poemas

APor Flávia [email protected]

Escritor Jairo Cézar lança obra ilustrada sobre história da vida do poeta paraibano para o público infantil

Ilustrações: Luyse Costa

Cultura

augusto dos anjos em Quadrinhos

que são possíveis de trabalhar dentro da sala de aula”, explica.

Jairo Cézar é escritor, professor e autor de vários livros de poemas, incluindo Escritos no Ônibus, que levou o prêmio Novos Escritos da Fundação Cultural de João Pessoa – FUNJOPE, em 2010. Especializado em literatura infantil, ele vem trabalhando na obra Augusto dos Anjos em Quadrinhos desde 2006. Para o projeto convidou Luyse, ilustradora pa-raibana, mas que vive na capital paulista e já ilustrou diversos livros para adultos e criança.

Para ele a presença dela era essencial no projeto. “Ela tem o traço que eu quero para humanizar Augusto, para tirá-lo das trevas e colocar um pouco de luz”, justifica.

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