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in-CONSCIÊNCIA ISSN - 2357-8548 Ano I - nº I - janeiro-fevereiro de 2015

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REvista sobre humanidades, cultura, filosofia, literatura....

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in-CONSCIÊNCIAISSN - 2357-8548

Ano I - nº I - janeiro-fevereiro de 2015

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Expediente:

Revista in-Consciência: Periódico sobre humanidades. Literatura, cultura, crítica e filosofia. ISSN - 2357-8548Revisão: Reinilza TeixeiraEditores: José Nilton Carvalho Santos Júnior (J.N.Jr.); Reinilza Teixeira dos Santos (R.T.)Endereço : Rua do Oriente, 332. Uibaí-Bahia. CEP: 44950-000email : [email protected]: http://revista-in-consciencia.blogspot.com.br/

sumárioeDITORIAL p.4

Liberdade da Mulher: uma questão a ser revisada. p.6

Os dados dados pela razão. p.8

(Resenha-Lit.): Um esboço da frágil condição humana p.10

(Conto): A esperança é a última que morre p.13

(Poesia): Inconstante p.15

(Poesia): O tempo e o homem p.16

(Resenha-Cin): Perdidamente Florbela p.17

Ironias p.19

in-CONSCIÊNCIAAno I - nº I - janeiro-fevereiro de 2015

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editorialesponda a pergunta leitor: o quê está lendo? Por que está lendo? Para quê? RSubentende-se que num período anterior a esse, alguém se dispôs a criar esse “algo” que agora está em suas mãos e que, provavelmente, teve seus motivos.

No entanto, será que aos “porquês” e “pra quês” escrever ele teria resposta? Sob o peso dessa situação incômoda de “estar no mundo” provavelmente ele encontrou no ato da escrita uma forma de perenidade, uma válvula, um caminho para escapar. Por algum tipo de ciência inapreensível será que ele pensa: “- nos rabiscos sobre o papel, no tempo, na leitura que farão, entenderão que eu dizia sorrindo: “voialá”?”. Pensaria que alguém, consciente ou inconsciente descobrirá, aqui nestas palavras, a sua mensagem, esta, que diferente dele, renascerá a cada leitura, que diferentemente dele, “permanece” e não tem pressa? Sonha que nessa atividade “há futuro”, mas que não precisa ser propriamente feliz, que precisaria ser seguro, que precisaria poder esperá-lo.

Escrever é isso. Sem querer nos adiantamos e, ao dizermos algo, nossa única desculpa para não nos calarmos está expressa e é válida. Não nos calaremos. Se é inútil? Se é abjeto? Audacioso? Insípido? Não é problema nosso. É isso, ou se calar. Está é a escolha mais iminente de quem tem (ou supõe ter) o que dizer. Com todo o esforço pra fugir da melancolia, estas são ideias que estão num lugar muito mais profundo do que o crivo atual espera e observa. O mundo hoje é imediato. Ainda que permaneçam os valores intrínsecos, estes não tem existência senão para pessoas(o que não é o mesmo que “público”). De fato, há pouco tempo para ser profundo. A pressa nos exige a eficiência de extrair o máximo de utilidade no menor tempo. Estamos em tempo de maratona. A vida é correr, ainda que não se saiba bem para onde.

Propomos uma parada para observar. Propomos uma olhada ao redor, uma respiração pausada e uma reflexão: “- vejamos, quê?”. Propomos questionamentos, propomos dúvidas, o texto espera transcender pela leitura, o leitor deve procurar nele, a sua criação. É uma troca justa. Primeiro vem o silêncio, depois a linguagem, depois a cultura com seus temas, as intenções e por último, o novo silêncio. Desse, você se encarrega. Propomos um movimento por meio desse expediente, estas palavras, por meio delas, essa é a estrutura que propomos. Palavras. Periodicamente elas podem chegar até vocês, são um convite. Nossa única esperança é que ao aceitá-lo de alguma forma algo se modifique. Nada mais. Confiamos no valor da sua liberdade e na coragem da sua incursão, são apenas palavras, não há o que temer. Enxergar nesse conjunto, opiniões, paroxismos, filosofia. São coisas do homem, coisas entre tantas. Uma vez estabelecida uma relação (almejada) temporária e transcendente entre você e

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o texto, tudo nos será grato. Que aí, o movimento, em algum sentido, já se perpetuará.O nome dessa publicação faz uma brincadeira com a dualidade

consciência/inconsciência. Também transforma o significado da palavra de forma irônica (que é a linguagem brincado com ela mesma) e o que seria naturalmente um prefixo com função de “falta”, separado por hífen ganha uma conotação de “dentro”, referência à palavra inglesa “in”(dentro), onde o que seria a “falta de consciência” se transforma em algo “dentro da consciência”. Isso dentre outras leituras possíveis.

Essa publicação não tem uma função específica, é pura e simplesmente uma forma de não se calar. Seus idealizadores planejam modestamente não se calar sobre coisas de muitas formas, ainda que cientes das impossibilidades. Vocês encontrarão aqui, crítica, literatura, filosofia, um pouco de cada coisa, quando, de cada uma, houver um motivo para não se silenciar. Eis tudo.

J.N.Jr.

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LIBERDADE DA MULHER: UMA QUESTÃO A SER REVISADA

Ser livre, diz Simone de Beauvoir, não é ter o poder de fazer qualquer coisa; é poder superar o dado rumo a um futuro aberto. O sentido lato que a filósofa atribui à palavra liberdade nos põe diante de uma instigante questão: o fato de a mulher ter conquistado a sua autonomia fez dela um ser verdadeiramente livre? A sua luta por direitos iguais, não teria facultado uma noção, um tanto confusa de liberdade?

Conforme sabemos, o século passado foi decisivo para as mulheres ocidentais que, uma vez conscientes da situação de extrema nulidade à qual foram submetidas engajaram-se na luta contra a opressão masculina, essa, legitimada pela ciência, a religião, as leis, que as esmagavam em sua individualidade. Ainda assim, ela conquistou o direito ao voto, à educação formal, ao trabalho, o que na visão de muitos basta para confirmar a sua liberdade. Essa reivindicação, entretanto, ou mais especificamente o fato de ter que conquistar tais direitos, acabou por reduzir a noção de liberdade feminina a meros atos cívicos, e não como quer Sartre “uma condenação”, menos ainda Nietzsche “um desejo de potência”.

Com efeito, a mulher ter saído daquele estado de infantilismo descrito por Beauvoir, que consistia em acatar sem discussão as opiniões e valores criados pelos homens, realizando somente por meio deles a sua liberdade, não a resguardou de certas armadilhas e ilusões; temos hoje, por exemplo, uma lei exclusiva para ela, a Lei Maria da Penha que, pretende protege-la da violência doméstica. Não nos cabe aqui discutir a sua eficácia, mas inevitavelmente indagar: a mulher tornou-se mais respeitável depois dela? Na constituição penal brasileira existe lei para punir agressores em casos de violência, independentemente do sexo das vitimas, sendo escusada, portanto, uma lei específica; mesmo porque medidas separatistas como essa, longe de promover a igualdade entre os sexos acentuam, ainda mais as diferenças entre eles e com isso o estigma sobre a mulher.

Por razões como essa, jamais poderíamos conceber qualquer forma de igualdade ou liberdade que prescindisse da ética, entretanto, o desrespeito, a violação aos direitos e, sobretudo à subjetividade humana ainda persistem. No caso das mulheres, como vimos tratando, o preconceito apenas se inverte; se hoje, questionada acerca do futuro uma adolescente revela o desejo de casar-se, possuir um lar e filhos, será vista, no mínimo, com espanto, já que vivemos a era da “supervalorização da mulher” e não podemos incorrer a nada que lembre aquele passado de opressão. O seu desejo deve ser um fator preponderante, antes de tudo porque é no embate entre querer e poder, poder e dever que temos a concretização do que é ser livre; aquilo que nos tira

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LIBERDADE DA MULHER: UMA QUESTÃO A SER REVISADA

da imanência e nos lança à transcendência, e que, portanto, não deveria ser questionado, sendo o grande ideal do ser humano.

Mas, enfim, como ser, manter-se livre, quando a nossa afirmação enquanto sujeitos depende do Outro tanto quanto de nós? É simplesmente inconcebível qualquer forma de libertação na ausência da ética, e o fato da nossa subjetividade estar ligada a um projeto moral, sinaliza a relevância do outro nesse processo, e nos remete, mais uma vez ao aspecto duplo da liberdade feminina; se não tivesse que lutar pelo direito à liberdade, e só posteriormente pela liberdade em si, talvez não atribuíssem a essa uma conotação demasiado simplória, ainda hoje associada à igualdade de direitos. De qualquer modo, isso não diminui o mérito das mulheres, visto que não se acovardaram diante de uma sociedade opressora, feita toda contra elas; e se não conseguiram transcender, nada é devido ao seu sexo.

Com base nesse histórico de lutas indagaremos por fim: será que estamos honrando a memória das nossas predecessoras? E quanto ao valiosíssimo legado que nos deixaram, a “liberdade”, estamos fazendo bom uso dela?

As vezes traída pelos fatos, penso ainda não termos saído daquele estado de ignorância e inanição, tão vil se revela a conduta de determinadas mulheres, e num ímpeto irracional me interrogo: foi para isso que Joana D'arc arriscou sua pele à fogueira; que a corajosa Olympe de Gouges após lutar pelos ideais burgueses: Liberdade, Igualdade e Fraternidade acabou guilhotinada; e, mais tarde Simone de Beauvoir enfrentou toda sorte de injúrias? Sei que a liberdade nem sempre repousa na virtude, mas é necessário honrar a nossa história, nos esforçar, senão para deixar um legado positivo às gerações futuras, pelo menos preservar o que nos foi deixado. A nossa geração urge por um processo de conscientização, de rememoração, quem sabe isso tire as mulheres desse novo transe e novamente as lance àquele futuro aberto de que falava Beauvoir.

R.T.

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OS DADOS DADOS PELA RAZÃO (1)O preço que pagamos pelo uso inadvertido dos sentidos é caríssimo. O mundo

nos exaspera sem tréguas. Agudos e prosternados temos ouvidos para as imprecações desenfreadas de pregadores de todo tipo, sobre crenças de toda espécie. Recebemos essa inundação descontrolada por todos os meios, diretos e indiretos. Se ligamos a televisão, o rádio (isso ainda existe?), o computador, estão a nos bradar. Se abrimos os olhos na rua as imagens convulsionantes nos perseguem aos gritos, se conversamos com o colega, temos ecoados na sua voz as mesmas ladainhas. Ah! senhores, se pensam que esses pregadores de que falo ardorosamente são aqueles clássicos, bem vestidos, voz grave e pausada, que conhecemos notadamente do âmbito da religião, se enganam sumariamente. Embora este também seja um deles. De fato, não é exatamente o pregador que nos importa, é o seu discurso. Os pregadores se multiplicam, se modificam, mudam de lado e de estratégia. Não mais importa hoje se é o padre vociferando seu sermão, ou o simpático e ágil apresentador de tv-shopping vendendo o aparelho de 999 funções com brinde “inteiramente grátis”. Não importa se é o político “on demand” moderno e deliciosamente maleável leiloando seu caráter com a proposição básica: - “quem dá mais”? Ou se é o militante de esquerda que trabalha de segunda a sexta e intercala o debate político/revolucionário (com direito a marxismos elevados e citações de Gramci e Bourdieu), com exasperadas reclamações sobre o preço do combustível para seu carrinho “necessário”. Inúmeros são os tipos, sortidos poderia dizer. No entanto, o que me interessa verdadeiramente e o que compreendo ser mais importante é um ponto em particular dentro dessa caótica súmula discursiva. Em suma, e levado a cargo esse expediente, transformar uma suspeita em têrmo de busca. Busca para encontrar esse ponto crucial e fulminante que liga esses discursos, e em certo sentido os iguala. Lugar de intersecção em que eles se assemelham, caráter interdisciplinar que sobrepujando todas as diferenças de nível enunciativo, de lugar de fala, de objetivo, e até de sentido, estando presente em todos, expressa por cima das irregularidades uma mesma e única falsidade, exorta os adversários infundindo num mesmo e único erro, constrói-se na mesma escala de absurdo e negação dos seus irmãos, dessemelhantes em tudo, menos no uso da máxima categórica: eu tenho razão!

A abundância de perspectivas e meios de abordagem de um problema como esse, são de uma vastidão incalculável. Tomando só e primeiramente a própria suspeita contra si mesma, já nos encontramos com um problema aparentemente muito sério: em curso de questionar a verdade ou falsidade da razão dos outros, o que nos daria razão? Ou melhor, como extirpar da argumentação alheia a sua razão por meio de outra argumentação que em si, para se expressar, necessita impor-se também como possuidora de razão? De fato, parece um problema demasiado complexo, não fosse ele

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a despeito disso, demasiado simples. A resposta porém, trará mais uma questão tardia. Suprime-se parcialmente a questão da razão sabendo que é preciso que o pensamento seja vivo, é necessário que as ideias estejam em movimento. Esta, só, já é uma desculpa suficiente para a insurgência de uma “razão” sobre outra. Nada nasce sem antes seja cometido um assassínio, é sobre os despojos de uma destruição que se erguem novas construções. Isso com muito otimismo. No entanto, ainda que futuramente tornadas inválidas, as discussões põem em movimento as ideias, inclusive esta. Sob o adágio de uma refutação são postos em sentido muitas vertentes, muitos caminhos, é a mesma lógica do bom inventor: ele não erra milhares de vezes, apenas descobre milhares de formas de como não fazer o que procura. Posto em movimento o tema por meio da discussão, da refutação, estará já cumprida a meta. Aquele que supõe o poder de esgotar um assunto, seja ele qual for, age muito ingenuamente. Participamos do passe, se quisermos, melhoramos a jogada, se pudermos, mas não se chega ao gol absoluto. Todo o mundo emperra nos que se julgam artilheiros da razão, e pensam fazer gols a todo momento. Gastam seu tempo com firulas de comemoração, e descansam na burrice do dever cumprido. Seria fácil se somente a esses goleadores ficasse relegado o tempo dos seus enganos, no entanto, todos esses tem hordas de torcedores, que pelo erro primário de se julgarem incapazes de participar do jogo das discussões, com seus gritos de apoio, incutem ainda mais profundamente na cabeça dos “escalados e titulares” que eles realmente contribuem para o progresso do time. Que realmente seus chutes/argumentos são finalizações e que estas, devem ser comemoradas.

Bom, sem mais metáforas de futebol, ficamos com o pensamento envolto na questão da razão, esta, diluída entre a tendência humana da apropriação, (quando julgamos a priori que a possuímos), a tendência do senso comum (que hierarquiza o poder e escolhe representantes capitais para possuí-la), a tendência dos possíveis representantes (que podem agir por ingenuidade ou má fé, dependendo de saber ou não se de fato a possuem ou procuram), e a tendência elevada (a não enxergar nisso tudo mais um poder estático, mas que relativiza a posse da razão e coletiviza seu fulcro de tal forma que ela não tem mais importância imediata, deixa de se fazer dado, fato, para ser processo).

Quantas instituições, quantas pessoas, quantos discursos, ao nosso redor onde podemos entrever essas tendências gerais? Quantas você vê? Onde você se vê leitor?

Aliás, antes pergunte a você mesmo, com sinceridade: tenho razão quando julgo que tenho razão?

Não vá fundir sua cuca. Pense a frio. Observe. Veja por onde andam os tentáculos da razão: sobre você? com você? em você?

J.N.Jr.

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OS DADOS DADOS PELA RAZÃO (1)

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Steinebeck, John. (2010). Ratos e Homens. Porto Alegre: L&PM POCKET.

Um esboço da frágil condição humana

O romancista norte-americano John Steinbeck, Nascido em Salinas (Califórnia), e pertencente a uma família, hoje considerada de classe média, acompanhou desde muito cedo a saga dos trabalhadores rurais daquela região. A sensibilidade e aguda percepção do autor, devotadas àquele contexto, mais tarde, se tornariam essenciais na composição das personagens com as quais o retrata.

“Ratos e Homens” (1937), um dos seus romances mais conhecidos foi publicado na década de 30, período seguinte ao crash da Bolsa de Valores de Nova Iorque, e conhecido como a época da “Grande Depressão Americana”. Durante a recessão, a América e o mundo encontravam-se mergulhados em uma terrível crise e as condições materiais do homem pesavam esmagadoramente sobre a subjetividade dele, ameaçando de forma severa a sua dignidade.

Nesse momento em que as relações humanas encontram-se profundamente abaladas, através de figuras como George, Lennie, Candy e Crooks, Steinbeck nos dá a dimensão de sentimentos como: amizade, solidão e liberdade. O livro narra de maneira muito dura, mas comovente, o drama de dois amigos na luta pela sobrevivência e pelo triunfo de um sonho: saírem da peregrinação por fazendas alheias e aquietarem-se num canto que seja deles e sobre o qual tenham total autonomia assim como sobre e eles próprios.

A narrativa se inicia com uma bela descrição do rio Salinas, onde às suas margens, mendigos e outros desabrigados, à noite, vêm se recolher. É nesse ambiente sereno que George e Lennie, personagens centrais da história, como dois peregrinos surgem, vindo de uma fazenda em Weed (Norte) em direção a uma outra em Soledad (Sul) na qual esperam acumular o suficiente para deixarem essa vida errante.

Por um breve intervalo, a fotografia do rio sutilmente se contrasta com a dos dois homens cujo retrato revela diferenças gritantes entre si em termos físicos e psicológicos. George é apresentado como um tipo de baixa estatura, mas com perspicácia e sensatez, ao contrário de Lennie, um gigante humano, porém de mente e coração frágeis. Curiosamente, no que se refere à indumentária, ambos apresentam-se absolutamente iguais, metáfora que corrobora com a ideia de universalidade do drama humano, revelando, mais uma vez, a sagacidade do autor em apreender e exteriorizar a realidade em todas as suas nuances.

Contudo, enquanto vitimas do sistema, e no caso de Lennie da própria natureza, muitos são os obstáculos encontrados pelo caminho, até o dia fatídico em

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que o descontrole da sua força física descomunal associada à falta de malícia, leva à morte a esposa do filho do patrão, essa, como eles, outra vitima da situação, da opressão, mas que caracteriza, no dizer poético-filosófico de Drummond, a pedra no caminho dos dois amigos ou, no realismo duro de Steinbeck, a chave que os encerra na ruína. Destino ou contingência, o fato é que essa diabólica mulher acaba também por apressar a morte de Lennie, e consequentemente lançar o amigo George ao desespero, à solidão da qual padecem os demais homens daquele rústico ambiente.

O livro chama-nos a atenção para esse aspecto largamente discutido quando se trata das relações humanas. Nele, a solidão adquire um caráter austero, em que é responsável por dar ao homem a concentração que precisa para lutar por melhores condições materiais, e considerando o contexto, não é por acaso que ela se banaliza ao ponto de fazerem as pessoas esquecerem-se da necessidade do outro e do bem que fazem as relações mútuas.

Assim, ao longo da narrativa nos deparamos com um séquito de tipos solitários, amargurados, como se a decadência, a privação dos tempos em que vivem, tivessem aniquilado o sentimento de humanidade a essa espécie inerente. Percebemos isso na personagem Crooks, o estribeiro, que excluído do convívio daqueles igualmente marginalizados, derrama todo o seu fel sobre o inocente Lennie, atitude que deve ser compreendida como um desejo mórbido de superioridade e não meramente sadismo.

O contraponto que o autor faz com a amizade entre George e Lennie enfatizada em toda a narrativa, comprova, numa primeira análise, que em ambientes hostis há lugar para a afetividade. Esse sentimento, entretanto, se configura, antes como uma troca de interesses do que algo sublime, o que vai de encontro à concepção dos filósofos da antiguidade, que viam na amizade um laço fraterno, ou mais que isso, de acordo com Cícero: “Verus amicus est tamquam alter idem”, um outro eu. Aqui, dadas as circunstâncias, o que acaba por unir George e Lennie é a necessidade, um precisa do outro para dividir, e por fim, suportar mais facilmente o próprio fardo.

Com efeito, a existência desse laço, não apenas atenua a dura peregrinação de ambos, a jornada de trabalho, que juntamente com os outros peões são submetidos, e que chega a onze horas diárias, mas até mesmo a iminência da morte, um comovente caso de eutanásia.

Além da amizade, George e Lennie são unidos pelo sonho de comprar um pequeno pedaço de terra, onde possam fincar raízes, um desejo que já havia aquecido o coração de muitos trabalhadores, e, uma vez fracassado, só deixou a

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UM ESBOÇO DA FRÁGIL CONDIÇÃO HUMANA

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amargura. Esses recorrem à própria experiência na tentativa de abrir os olhos dos amigos para a realidade em que vivem. Porém, a este singelo sonho a vida dos dois se resume, é a ladainha que George canta para Lennie nos momentos de aflição, de transe, a fim de acalmá-lo, como a canção de ninar, que a criança necessita para entregar-se à tranquilidade do sono. E são com essas notas: um terreno... uma casa... uma horta... coelhos... alfafas..., que George salva Lennie de uma morte trágica e o faz adormecer profunda e eternamente com a visão do paraíso, matando-o com as suas próprias mãos.

Steinbeck mostra, dessa maneira, o sentimento de amizade levado ao seu limite, em que é preciso ignorar a própria consciência, abrir mão de todo o egoísmo, que se exacerba quando se ama, para enfim libertar o outro, e em contrapartida a si mesmo. A maestria com que trata a questão, não especificamente esse desfecho trágico, mas toda a problemática do livro é responsável por dar a uma história aparentemente trivial, uma dimensão sígnica estratosférica.

Nesse pequeno romance, o autor nos acena com um leque de questões, que podem ser amplamente discutidas, tanto no âmbito literário e filosófico, quanto social, mas principalmente, ele nos leva a pensar a frágil condição humana e indagar: Poderemos fazer algo para melhorar as nossas relações enquanto pessoas? Recorrendo ao exemplo do próprio autor, poderíamos direcionar o nosso olhar ao outro, dedicando-lhe um afeto sincero como, dentro das suas possibilidades, fizeram George e Lennie, isso, no mínimo, representaria um passo para um novo recomeço.

Infelizmente, quem vivencia situação semelhante à daqueles pobres trabalhadores, ainda que dos meandros da ficção, compreende a dificuldade de manter esperanças, quando a nossa condição é um fardo sem atenuantes. E nessa perspectiva, o desfecho da história nos comprime, nos atormenta, nos fragiliza, comprovando que Steinebek ao explorar o âmago das suas personagens, conseguiu atingir o ápice da sensibilidade daqueles que concebem a existência como ponte de grandes emoções, mas acima de tudo, como lugar perene de angústia e desespero.

R.T.

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UM ESBOÇO DA FRÁGIL CONDIÇÃO HUMANA

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A ESPERANÇA É A ÚLTIMA QUE MORRE(CONTO)

«Minha atração por você é carnal, mas carnal suave, dê-me sua mão.....»Pensava eu enquanto ela sorria de uma opinião pessoal dada de supetão. Aquele

pensamento era estranho, era meu, mas viria ele da necessidade de entender como seria um possível princípio sempre adiado, ou por que ela estava fadada, na sua intensa jovialidade a ser desejada e eu não passava de um veículo, um marionete desse sentimento?

Puta merda! por que penso essas coisas? não pensasse tanto e já saberíamos o odor dos nossos suores. Ou não! pelo menos era um fato. Ela ainda sorria, linda como uma menina. Muito gostosa. Olhando-a via um não-sei-o-que de sexual romanceado, uma sensação meio real meio abstrata. Supunha mil e uma texturas para sua pele, sentia na ponta dos dedos, uma pele morena, estupidamente lisa. Quente!, só pode ser. Penetrá-la deve ser mergulhar em Cracatua. Ah! Cracatua de pernas e sorrisos. Cada tom da sua voz, até daquele risinho abafado, um chamamento de lava sussurando a queimar-me até o pó no seu corpo. Suspira abaixando delicadamente o rosto, num gesto gentil e sexy... minha respiração perde o compasso....

É uma brincadeira deliciosa e cruel (provavelmente por isso mesmo). Ela está aqui, conversa comigo e nem imagina que cada palavra desimportante que diz, rapidamente como de costume, é um desdém à mil imaginações que povoam meu silêncio de ouvinte naqueles momentos.

«Um carro rodando pela estrada da chapada, os cabelos dela voando com o vento. Conversas no quarto de hotel:

- Sua condição de mulher me excita, quem sabe até permito que te deites comigo. - Por favor meu amo e senhor!E caímos em sorrisos da graça mais sutil»Ou aquela outra:«(sentados numa pedra, abraçados) Se algum dia fosse obrigado a ter um filho (deus me

livre), e se fosse como você, teria que cuidar para que seu nome no diminutivo não interferisse na sua imagem de mãe, não acha? pode afetar sua autoridade.

- Ok, mas acho que mudar pro aumentativo não ia resolver. - É, vamos ter que criar estratégias linguísticas maternais.»Penso, penso demais. Não se trata de pensar no ato, isso é normal, inevitável. Digo, pensar

na consequência da consequência, da consequência de uma palavra. Maldição!Olhando-a observo que sua inquietação é visível em minha presença. Disfarça, se policia,

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procura não opinar sobre nada diretamente. Que diria ela de uma proposta direta?«Suspeito que a densidade do colchão aceitaria o desafio da tua jovialidade, eu também,

portanto, dois contra um...» Viagem minha.Quem sabe uma poesia?

Excelsior cume do meu desejoeu me perder em ti

suponho, não é mais uma escolhaE vejo

já me perdi

Sou obrigado a rir dos meus próprios pensamentos.......A verdade é que não posso supor uma alternativa com certeza, e o preço de testar essa pode

ser caro. Quanto? Estar errado não é nada demais, é? É como estar certo só que ao contrário. O problema é que não funciona com os outros a maleabilidade do certo e do errado. Só funciona em nós ou num acordo. Não, não, sem acordos por enquanto.

Surpreendo quando num gesto todo natural ela se deita na minha cama. Um sinal? Que grande maquiavélica. Observo calmamente suas curvas sob o jeans. Com um pouco de imaginação virtual posso vê-la nuinha. Decerto ela não estaria falando de cinema se estivesse nua, ou pelo menos imagino que não. Bom, quem sabe sobre Bertolucci.

Vinte centímetros ou menos me separa daquele corpo em minha frente, dependendo de como ela se posiciona deitada para falar comigo. Sinto a angústia rodopiando freneticamente pelos músculos. Num relance ouço seu gemido na minha orelha, suas unhas arranhando minhas costas, seus seios nos meus lábios...

- Marlon brando estava muito estranho no «Último tango...» não acha? - Hum? - Ele estava muito estranho, meio cinza, parecia um degenerado. - Degenerado, hum.... (minaram ali todas as minhas forças) - Pois é, realmente, muito cinza... (uma última tentativa) mas o que você achou mesmo de

«Os sonhadores»?

J.N.Jr.

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A ESPERANÇA É A ÚLTIMA QUE MORRE

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Inconstante

Folha, e nunca raizFez-me a natureza.E se as vezes grito

Ou esqueço a dor e rioÉ porque me fez rocha,Mas como a lua melíflua,

Inconstante...Em ciclos dividida,

Ciclos que concretizamA prima natureza da mulher.

Flor em correntezaCujo estranho refluxo

Configura-se em espelhoÀ contradição do meu ser

Frágil, persistente, enigmáticoComo a terra capaz de gerar,

Quando não seu extremo opostoNisso, não fujo à natureza

Imito-a à sua imagem e conteúdo– Sempre folha, nunca raiz.

R.T.

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O tempo e o Homem

Meu conluio com o tempo não é remissivo.E nem o teu que já me escapa.Sei por uma comunhão geral,

Pela certeza da sua irredutibilidade.O tempo e eu?, Desacordo essencial, Erro ontológico,

Nossa relação?Generosidade dele para com a sua parte dita morta viva em mim.

O estranho espetáculo individual da lembrançaRevirar de velhas coisas guardadas

NãoRenascer de novas coisas conhecidas, a existir outra vez a reconhecer-se

E enganar-se de que se conhece.Podre matéria cósmica inaudita por um ato descontínuo

Contar, Quantificar, EstabelecerCalabouços: lembranças e memórias

InúteisInsistência na não-apreensão substancial

O homem está preso ao novo, e reveste-o como tal se velho éSó enxerga nas plagas convidativas da novidade

E sabe que seu corpo não é expediente para a vastidão de questões do tempoSem resposta, sem controle, sem embaraço de passar.

J.N.Jr.

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PERDIDAMENTE FLORBELA “... O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais, há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesmo compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que se não sabe bem onde está que tem saudades... sei lá de que!”

Florbela Espanca

A epígrafe revela a imagem da poetisa tal qual a conhecemos, ou seja, uma mulher arrebatada, insatisfeita, encerrada em um drama existencial incomum, este fruto da sua “sede de infinito”, que traduz a lacerante inquietação da sua alma, e é o que dá a tônica no seriado da TV portuguesa (RTP), Perdidamente Florbela, escrito e produzido por Vicente Alves do Ó, e que traz a atriz Dalila do Carmo no papel da escritora.

O seriado é uma versão aprimorada do filme Florbela (2012) do mesmo produtor. Só que, enquanto o filme deteve-se a uma passagem especifica da vida de Florbela Espanca – os quatro dias que passou com o irmão Apeles em Lisboa – a minissérie exibe uma espécie de biografia da autora, abrangendo diversos aspectos: a infância, a escola, a escrita em verso, os casamentos e suas publicações (poucas, visto que o conjunto da sua obra foi publicado postumamente). Entretanto, aqueles que conhecem a sua vida e obra (conteúdo bastante extenso), podem malograr-se pela maneira sucinta com que ele, especialmente no tocante ao literário é apresentado. É importante, porém, frisar que se trata aqui de uma adaptação, aliás, na minha modesta opinião, bem sucedida, uma vez que não fugiu do seu objeto, mostrando a polêmica personalidade da autora nas suas diferentes nuances.

Dividida em três episódios, a minissérie se inicia com o nascimento de Florbela Espanca em uma casa simples de Vila Viçosa (Alentejo) no ano de 1894, é onde tem origem o seu primeiro grande conflito, a separação da mãe biológica, Antônia Conceição Lobo. A menina será criada por Mariana Carmo Ingleza, que não podia gerar os descendentes do marido João Espanca. Assim, o mesmo ocorrerá, dois anos depois, com o irmão Apeles por quem Florbela, desde a mais tenra infância, devota um imenso amor.

Ainda nos seus primeiros anos escolares na cidade de Évora por volta de 1908, já se evidencia a sua inclinação para a poesia e seu gosto por leituras não recomendáveis ao público infantil, principalmente feminino. Assim, se percebe que Florbela não é uma mulher como as outras, um ser humano como os demais, mas sempre palpitante, “assediada pelo tormento de constantemente pedir à vida mais do que ela pode dar”. Os seus casamentos são prova disso, ela parece sufocada quando o encanto do

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encontro de duas almas é interceptado pelo cotidiano monótono, vazio e nada aprazível a uma mulher cheia de sonhos, com alma de poeta, que transpira, portanto, o que está além, além de si mesma, “o meu reino fica para além”.

Nessa incessante busca em que procura respostas para as suas interrogações, a escrita não só lhe serve de instrumento para esse fim, como estabelece a sua conexão com o mundo, um mundo que não é o seu, daí a sua ânsia de inspiração, de transpor esse seu “tormento do ideal” em versos. No entanto, há momentos em que até mesmo a escrita lhe parece inútil: “a poesia não traz nada, só o vazio”. Tantas atribulações a torna incompreendida aos olhos dos outros e certamente explica os seus dois divórcios e três casamentos, numa época em que à mulher não era permitido sequer o domínio da própria voz, tanto menos divagações filosóficas.

Além da devoção à escrita poética, o seriado mostra a felicidade de Florbela ao ver publicado o seu primeiro poema no Jornal de Lisboa (1916). E três anos depois, a publicação do seu primeiro livro, o Livro de mágoas (1919), publicado com a ajuda do pai João Espanca. Porém, isso não lhe trouxe notoriedade, algo difícil de aceitar, principalmente para alguém com um ego como o dela, que afirma serem os poemas a sua alma, e que não pode entrega-la para ser rejeitada. Talvez por essa razão, Florbela deixou a poesia em segundo plano, aplicando-se às atividades domésticas, às suas aulas e traduções, assim justificando-se: “os portugueses estão saturados de versos e eu saturada de os fazer”.

Outro episódio marcante na vida de Florbela Espanca retratado foi a morte do irmão Apeles em um desastre aéreo, fato que fez a poetisa entrar em choque e passar meses em uma clínica de reabilitação. O amor pelo irmão e o seu pedido de que não abandonasse a escrita a fez voltar a escrever. Para consagrá-lo, principiou a escrita de um livro de contos cuja temática era a morte, o mesmo seria publicado postumamente com o título As máscaras do destino. É com essa cena que termina a terceira e última parte do seriado, deixando de fora um capítulo importantíssimo na história de Florbela, a sua morte ou suicídio, que, ao contrário do que muitos pensam, não é o fim da poetisa, mas o começo, do seu reconhecimento como artista, não uma artista qualquer, mas talvez a mais esplêndida poetisa que Portugal já viu.

Enfim, ignorando esse pequeno detalhe, além de certa discrepância entre determinados fatos e seu tempo cronológico (deslize grave em produções de cunho biográfico), o seriado traçou um retrato da poetisa, compatível com aquele que já conhecíamos, uma mulher de espírito atormentado, porém intensa, vibrante, cuja busca por uma identidade acalenta a “sede de infinito”, que é simultaneamente sua ruina e salvação, talvez daí o título... Perdidamente Florbela.

R.T.

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PERDIDAMENTE FLORBELA

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IRONI@SIronia I: E a linguagem reflete merencória... o hiato que confunde o homem? Confiança.

Ironia II: em tempos de política dos sentimentos, o amor já foi deposto.

Ironia III: Vivemos no Brave New World suspirando por um pouco de soma que não existe. Só fazemos sexo e vista grossa.

Ironia IV: Me chamam de hedonista... - engraçado, não veem que sou apenas um mesquinho indagador, condenado do tempo?

Ironia V - O trabalho que não visa retorno em subsistência imediata é a representação mais pura e ingênua de esperança no futuro.

Ironia VI - Dialética do povo brasileiro: adentrar na antítese sem tese, gerando como síntese o retorno do mesmo.

Ironia VII: O Homem: Invólucro cataclísmico de uma fisiologia irracional adornado de amor e filosofia.

Ironia VIII: Humana vontade: dizer pro mundo, sobrancelhas arqueadas, machado em punho, o mesmo senso de terror:"Here's Johnny!".

Ironia IX: Fisiologia X Sentimentos, fácil resultado, a alegria sempre perderá pra náusea, a dor sempre ganhará do amor. Homem=vísceras&sangue.

Ironia X: Não se conhece nada nem ninguém. Murphy e suas leis? puro otimismo.

Ironia XI: O sentido da vida é a indiferença, o caos reinaria se os sons, a luz e o movimento se "importassem".

Ironia XII: Eu digo "talvez" e estendo um óbulo de dúvida como uma concha. A mulher ri e diz "talvez" e não há dúvida que todo o mar custe seu óbulo.

Ironia XIII: Me levanto pela manhã e já me assalta essa sensação que perdura: mistura de Raskólnikov e Antoine Roquentin.

Ironia XIV: Enigma de Pilatos: lavar as mãos e armar a consciência... e vice versa.

Ironia XV: Se uma mulher lhe pergunta, "Por que eu mentiria?" não se atreva a responder, com essa audácia ela assume e nega a mentira... pura retórica.

Ironia XVI: A escrita monográfica parece um nó corredio. Quanto mais pesado o conjunto do texto, maior o risco de se enforcar com ele.

Ironia XVII: Alvará fisiológico: único preço que paga em absoluto a felicidade humana.

Ironia XVIII: Enganam-se os exaltados do amor, sem dor, tudo se resolve.

Ironia XIX: Enganam-se os exaltados da crença, na descrença o copo de úisque é sempre meio vazio.

Ironia XX: Enganam-se os exaltados da alegria, a tristeza é só falta de potência.

J.N.Jr.

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