revista ecoenergia - edição 13

26
Biomassa Associação Brasileira das Industrias de Biomassa propõe criação de bioparques no país 2012 • Ano III • n °13 Publicação mensal www.revistaecoenergia.com.br Energia Solar Regulamentação da microgeração pode abrir nova indústria nacional de renováveis

Upload: revista-ecoenergia

Post on 24-Mar-2016

221 views

Category:

Documents


3 download

DESCRIPTION

A Revista Ecoenergia é a única do setor focada integralmente em energias renováveis. Agora somos também 100% virtual!

TRANSCRIPT

Page 1: Revista Ecoenergia - Edição 13

BiomassaAssociação Brasileira das Industrias de Biomassa propõe criação de bioparques no país

2012

• A

no

III •

n °

13P

ub

lica

çã

o m

en

sal

ww

w.re

vist

ae

co

ene

rgia

.co

m.b

r

Energia SolarRegulamentação da microgeração pode abrir nova indústria nacional de renováveis

Page 2: Revista Ecoenergia - Edição 13

4Su

rio6

8

12

14

20

22

Meio AmbienteRegulamentação da microgeração pode abrir nova indústria nacional de renováveis

AtualidadesDinamarca terá 50% de toda a eletricidade a partir de energia eólica em 2020

InovaçãoAssociação Brasileira das Industrias de Biomassa propõe criação de bioparques no país

InovaçãoWobben Windpower é inovadora na utilização de concreto em suas usinas

SegmentoHistória da Energia Eólica e suas utilizações

MercadoClima e o Fator humano influenciam mercado de açúcar

IndicadoresSafra 2012/2013: Cenário do 1º Semestre

Page 3: Revista Ecoenergia - Edição 13

Edito

rial Publicado por

Ecoflex TradingAgência Virtual

Desenvolvido porAGÊNCIA VIRTUAL LTDA.Rua da Glória 366 - sala 1101Glória - Cep 20241-180Rio de Janeiro - RJ - [email protected]

Conselho EditorialAntonio Carlos Moésia de CarvalhoGustavo Eduardo ZamboniMarcelo Andrade

Diretor ComercialAntonio Carlos Moésia de Carvalho

Jornalista ResponsávelMarcia Lauriodo Zambonireg. 17118-78-45

Diretor de CriaçãoGustavo Eduardo Zamboni

CapaAntônio Luiz Cunha

RedaçãoMarcia Lauriodo Zamboni reg. 17118-78-45

RevisãoAteliê do Texto

Design GráficoAgência VirtualAlexandre Paula PessoaTatiana Santos Vieira

Layout e EditoraçãoAgência Virtual Ltda.Antônio Luiz Cunha

Publicidade Antonio Carlos Moésia de Carvalho(55-21) 2224-0625 R 22/(55-21) [email protected]@revistaecoenergia.com.br

Visite-noswww.revistaecoenergia.com.br

Olá leitores de revista ecoenergia! Seguimos com a nossa segunda edição DIGITAL.

O tema ENERGIA RENOVÁVEL, está sendo abordado de diferentes ângu-

los nessa edição. Além da energia solar fotovoltaica a microgeração poderá também contar com tecnologia solar por concentração. Em 2020, a Dinamarca pode-rá ter 50 % da energia eólica e não somente ela, pois as criações de bioparques também estarão em foco.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), cumpriu o seu papel de criar regras permitindo que in-divíduos ou empresas possam instalar pequenos siste-mas de microgeração até 100kW e minigeração entre 101kW e 1MW de potência. Agora falta o Brasil decidir se ‘cresce’ no mercado de microgeração ou se ‘desenvol-ve’ sua indústria de geração elétrica de pequeno porte.

No Brasil, especificamente na região do Sul, o setor de energia renovável está no centro das aten-ções, podendo ser aproveitada tanto a matéria pri-ma quanto a serragem e lenha picada das usinas.

Em outro artigo, poderemos conferir que nas Usinas de Mangue Seco e Santa Clara, ambas no Rio Grande do Norte, foi usada a mesma quantida-de de cimento que a utilizada na construção do Ma-racanã; Wobben Windpower é a inovadora em utili-zação de concreto em suas torres de energia eólica.

A diminuição no percentual da mistura do eta-nol anidro na gasolina A, de 25% para 20%, ain-da vigente, devolveu a tranquilidade em relação ao abastecimento para o consumidor, ainda que às cus-tas do aumento das importações de gasolina a pre-ços subsidiados.

Os Contratos de abastecimento que foram efe-tuados seguem com a garantia no volume e preço negociados no mercado spot. Um dado bem anali-sado no mercado é a moagem no Centro-Sul, que caiu da safra 2010/2011 para a safra 2011/2012.

As chuvas atrapalham as datas dos contratos do mercado sucroenergético.

O etanol está revivendo a derrocada ocorrida após o contrachoque do petróleo. Observe como foi cometido o mesmo “erro”. Reajustando o diesel, o Governo ainda prejudica mais o setor de etanol.

Desejamos a todos, uma excelente leitura!

Os editores

Page 4: Revista Ecoenergia - Edição 13

Me

io A

mb

ien

te

4

Regulamentação da

Microgeração Pode

Abrir Nova Indústria Nacional

de Renováveis

O primeiro passo já foi dado pela Agência Nacional de Energia Elé-trica (Aneel), agora o Brasil precisa decidir se ‘cresce’ no mercado de

microgeração ou se ‘desenvolve’ sua indústria de geração elétrica de pequeno porte, concluiu Fábio Rosa, presidente da ONG Renove que promove energias renováveis e geração distri-buída no país, ao comentar a recente regula-mentação da agência

“A Aneel cumpriu o seu papel, agora é preci-so continuar o debate e engajar governos e socie-dade civil”, avaliou Rosa.

No dia 17 de abril, a Aneel criou regras per-mitindo que indivíduos ou empresas possam instalar pequenos sistemas de microgeração até 100kW e minigeração entre 101kW e 1MW de potência e ‘vender’ o excesso para as conces-sionárias por meio do recebimento de um cré-dito. Além deste estímulo, haverá um desconto

de 80% durante 10 anos da taxa de conexão. A Aneel também deu até 17 de dezembro para as concessionárias nacionais desenvolverem padrões técnicos e comerciais para a instalação destes equipamentos.

Apesar de não haver uma estimativa com-pilada para microgeração no Brasil, o potencial é enorme, principalmente à medida que os pre-ços dos equipamentos vêm caindo ao mesmo tempo que o preço da energia elétrica entregue pelas distribuidoras continua alto. Este poten-cial já foi percebido pelas empresas estrangei-ras, que nas últimas três décadas vêm desenvol-vendo tecnologia e fazem parte de um mercado multi-bilionário de painéis solares e geradores eólicos. Uma das primeiras a anunciar medidas concretas para entrar neste mercado foi a LG que dias após a publicação da regulamentação anunciou a abertura de uma unidade energias para vender e instalar painéis solares fotovol-

Por Revista Sustentabilidade

Page 5: Revista Ecoenergia - Edição 13

ecoenergia 5

taicos e solução de iluminação a base de lâmpadas LED. Mas a empresa não tem planos de abrir uma fábrica aqui.

Para Rosa, o Brasil tem a ca-pacidade de não só desenvolver sua indústria para consumo local como para exportação.

“As empresas estrangeiras são bem vindas e o Brasil não pode desprezar a transferência de tecnologia, o conhecimento e o investimento que elas tra-rão”, explicou. “Mas eu acre-dito que temos a a tecnologia e a massa cinzenta instalada no país para desenvolver este mercado nacional com tecnologia nacional a usando nossa matéria prima”.

Tecnologia nacional

Além da energia solar fotovoltaica a microge-ração poderá também contar com tecnologias so-lar por concentração, pequenas turbinas eólicas, geração por meio de biomassa a partir de resídu-os urbanos sólidos ou esgotos e até de resíduos agrícolas, sem contar e outras tecnologias que ainda surgirão. No entanto, como foco, a tecno-logia solar fotovoltaica poderá ocupar a primeira onda de microgeração no Brasil já que os preços internacionais dos equipamentos estão caindo mais de 20% ao ano e são de fácil instalação e compreensão pelos brasileiros.

No entanto, apesar de esforços recentes da pró-pria Aneel e de algumas empresas elétricas como Ce-mig, CPFL e Eletrosul e da empresa do Eike Batista, EBX, a energia solar no Brasil não passa de esforço experimental. Segundo dados da Aneel, dos 117GW de capacidade instalada, 5MW, ou 0,004% do total, vêm de oito geradores solar fotovoltaicos operando no país. Isto se compara com os 65GW de capacida-de solar instalada no mundo e com um país europeu, como a Alemanha que é campeão em geração foto-voltaica e um dos líderes da indústria com empresas abocanhando uma fatia US$100 bilhões do mercado mundial de energia solar fotovoltaica.

“A Alemanha e o Canadá fizeram a opção o papel do governo como orientador e organizador deste mercado não pode ser descartado”, lembrou.

Rosa acredita que está na hora do Brasil também tomar este rumo. Ele expli-cou que de um lado é pre-ciso que o governo – por meio do do Ministério de Ciência, tecnologia e Ino-vação e o ministério do De-senvolvimento, Indústria e Comercio – precisam iden-tificar os potenciais e gar-galos para montar uma po-lítica industrial para a área e do outro a sociedade e as empresas precisam come-çar a incorporar o conceito de microgeração e preparar

engenheiros e químicos para trabalharem nas in-dústrias de geração eólica, solar e biomassa, a três principais tecnologias para a microgeração.

O Brasil é o maior fornecedor de silício bruto do mundo e exportamos para a China ,que hoje do-mina o setor de fabricação de painéis fotovoltaicos.

Finalizando a inclusão social é geração de em-pregos e a instalação de um indústria, mas tam-bém é a possibilidade levar energia para regiões isoladas do Norte, por exemplo, que hoje estão no escuro e contam com geradores a diesel até três horas por dia.

Fonte: www.revistasustentabilidade.com.br

Além da energia solar fotovoltaica a microgeração poderá também

contar com tecnologias solar

por concentração

Page 6: Revista Ecoenergia - Edição 13

6

Atu

alid

ad

es Dinamarca terá 50%

de toda a eletricidade a partir de energia eólica em 2020

A Dinamarca aprovou esta semana um dos mais ambiciosos planos globais de energias reno-váveis, que tem o seu ponto alto no compro-misso de gerar 50% de toda a eletricidade

consumida no país a partir de energia eólica já em 2020. Ou seja, dentro de apenas oito anos.

Apresentado pelo ministro do Clima, Energia e Edi-fícios dinamarquês, Martin Lidegaard, o plano prevê vá-rias medidas para acabar com a dependência de petró-leo. Em 2020, cerca de 35% de toda a energia consumida no país deverá ser proveniente de energias renováveis, e 50% de toda a eletricidade a partir de parques eólicos.

O plano prevê ainda investimentos em aquecimento renovável, redes inteligentes, biogás e outras tecnolo-gias verdes. “A Dinamarca será novamente líder global na transição para a energia verde. Isto vai preparar-nos para um futuro onde os preços do petróleo e carvão serão cada vez mais altos. E criará empregos, algo que também precisamos desesperadamente. Agora e nos próximos anos”, explicou Lidegaard.

Em 2020, a Dinamarca espera reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em 34%, tendo em conta os níveis de 1990. E diminuir o consumo de energia em mais de 12%, quando comparado com os níveis de 2006.

Em 2050, o país nórdico espera que 100% da sua energia provenha de energias renováveis: eletricidade, aquecimento, indústria e transportes.

Por Green Savers

Page 7: Revista Ecoenergia - Edição 13

ecoenergia 7

Imagem meramente ilustrativa,

demonstrando a utilização da

energia eólica para abastecer a

cidade de Kopenhagen

Page 8: Revista Ecoenergia - Edição 13

Ino

vaç

ão

8

A instalação de bioparques de biomassa em polos madeireiros é uma alternativa de renda para produtores f lorestais e indústria da madeira. A proposta da As-

sociação Brasileira das Indústrias de Biomassa foi apresentada na manhã desta quarta-feira no

Seminário Biomassa Florestal e Energia, realizado em Gramado, paralelamen-

te à 4ª Feira da Floresta, que se encerra sexta-feira.

De acordo com o presidente da Asso-

ciação, Celso Oli-veira, os bio-

p a r q u e s s e -

Associação Brasileira das Industrias de Biomassa propõe criação de bioparques no país

Por Assessoria Feira da Floresta

Page 9: Revista Ecoenergia - Edição 13

Set | Out ecoenergia 9

riam centrais de recolhimento de resíduos f lo-restais ou de índústrias madeireiras localizadas em um raio de até 15 quilômetros das fontes de matéria-prima. “Estes bioparques funcionam na Europa. Têm o foco de organizar a cadeia, dando à biomassa aproveitamento de mercado, seja por meio de pellets, briquetes...”, diz Oliveira. No Rio Grande do Sul, ele acredita que polos moveleiros como o de Gramado e Canela e o de Bento Gon-çalves têm alto potencial de ter bioparques, pro-duzindo insumo para abastecer lareiras e caldei-ras em hotéis, clubes e indústrias. “Em Camboriú (SC), os principais hotéis usam pellets, feitos em Blumenau (SC) a partir de resíduos de madeira, para abastecer suas caldeiras”, exemplifica. A As-sociação negocia com governos estaduais incen-tivos para a implantação desse tipo de projeto.

Os pellets – pequenos cilindros de madeira com cerca de quatro vezes mais energia concentrada do que o resíduo bruto – são apontados por Oliveira como oportunidade de negócios para abastecer esses mercados locais ou o mercado Europeu, a partir de

grandes projetos. Os países europeus devem au-

mentar o consumo de pellets em oito vezes até 2020, e o produto é usado até mesmo no abastecimento direto de usinas termelétricas. Em grande escala, até mesmo o plantio de florestas energéticas é viável.

Page 10: Revista Ecoenergia - Edição 13

10 ecoenergia

Matéria-prima não falta no Rio Grande do Sul, avalia Luiz Elody Sobreiro, coordenador do Seminário. Segundo ele, cerca de 30% da biomas-sa f lorestal é desperdiçada no Estado. “A matéria--prima dos pellets é bem conhecida e abundante aqui no Brasil e no mundo. E, diferente do petró-leo e do vento, tem um abastecimento regular”, afirma Rubem Groff, gerente geral da austríaca Andritz F&B no Brasil, que fabrica máquinas para produção de pellets.

O que incentiva o consumo de pellets e outras biomassas energéticas é a pressão por aumento da utilização de energias renováveis. Novos compro-missos na redução das emissões de CO2 devem ser debatidos em junho na Rio+20, conferência da ONU sobre desenvolvimento sustentável.

“Com a Rio+20, a energia de biomassa está no foco. O momento é da energia renovável. E o

Brasil está avançado em alguns setores, como o de cana-de-açúcar e biodiesel”, afirma Maria Be-atriz Monteiro, pesquisadora do Centro Nacional de Referência em Biomassa da USP.

Para o coordenador do Laboratório de Combus-tão da Fundação de Ciência e Tecnologia do Esta-do (Cientec), Leandro Dalla Zen, uma das melhores maneiras para se aproveitar biomassa são pequenas centrais termelétricas, como a implantada pela in-dústria de arroz Pilecco, em Alegrete, com tecnolo-gia da Cientec. O pesquisador acredita que usinas produtoras de 1,5MW/h, por exemplo, são viáveis devido à comercialização da energia e de créditos de carbono. “Aqui nesta região de Gramado e Cane-la poderíamos aproveitar serragem e lenha picada em uma usina”, exemplifica.

Assessoria Feira da Floresta

Page 11: Revista Ecoenergia - Edição 13

Set | Out ecoenergia 11

Page 12: Revista Ecoenergia - Edição 13

Wobben Windpower é inovadora na utilização de concreto em suas usinas

A Wobben Windpower, primeira empresa brasileira fabricante de aero-geradores de grande porte da América do Sul, é também inovadora quanto à utilização de concreto em suas torres de energia eólica.

No início do ano passado, foi construída na cidade de Para-zinho, Rio Grande do Norte, a terceira unidade fabril da Wobben, a Fábrica de Torres de Concreto, com capacidade para produção de 200 torres/ano e possibilidade de expansão em curto prazo.

As torres de concreto podem ser fornecidas em alturas superiores a 100 metros, o que representa melhora de performance dos aerogeradores e mantém os custos competitivos se comparados às torres de aço que são comumentes ofertadas no mercado. A construção dessa fábrica permitiu que fosse instalada próximo às obras, facilitando o transporte dos materiais aos locais onde serão instalados os aerogeradores.

Um grande exemplo de sucesso da instalação das torres modulares de concreto são as Usinas de Mangue Seco e Santa Clara, ambas no Rio Grande do Norte. Para se ter uma ideia da grandiosidade desses projetos, somente nas fundações, foram utilizados cerca de 80.000 m³ de concreto. Essa mes-ma quantidade foi aplicada na construção do maior estádio de futebol do Brasil e um dos maiores do mundo, o Maracanã. O volume de concreto em-pregado na obra seria suficiente para construir a estrutura de edifícios de 10 andares em ambos os lados e, em toda a extensão da avenida Rio Branco, no Rio de Janeiro ou na Park Avenue, em Nova Iorque.

Antes do prazo

As Usinas do complexo de Mangue Seco, composta por Cabugi, Poti-guar e Juriti foram entregues pela Wobben ao cliente Petrobras oito meses antes do prazo estabelecido e conta com 52 aerogeradores do modelo E-82, de 2 MW cada, num total de 104 MW. Já o complexo eólico de Santa Clara contará com 94 aerogeradores também do modelo E-82, em um total de 188 MW que será entregue ao cliente CPFL, ainda esse ano.

Por WobbenIno

vaç

ão

12

Page 13: Revista Ecoenergia - Edição 13

ecoenergia 13

Page 14: Revista Ecoenergia - Edição 13

14

Seg

me

nto

Com o avanço da agricultura, o homem necessitava cada vez mais de ferramentas que o auxiliassem nas diversas etapas do

trabalho. Tarefas como a moagem dos grãos e o bombeamento de água exigiam cada vez mais esforço braçal e animal. Isso levou ao desenvolvimento de uma forma primitiva de moinho de vento, utilizada no beneficia-mento dos produtos agrícolas, que constava de um eixo vertical acionado por uma longa haste presa a ela, movida por homens ou animais caminhado numa gaiola circular. Existia também outra tecnologia utilizada para o beneficiamento da agricultura onde uma gaiola cilíndrica era conectada a um eixo horizontal e a força motriz (homens ou animais) caminhava no seu interior.

Esse sistema foi aperfeiçoado com a utilização de cursos d’água como força motriz surgindo, assim, as rodas d’água. Historicamente, o uso das rodas d’água precede a utilização dos moinhos de ventos devido a sua concepção mais simplista de utilização de cursos naturais de rios como força motriz. Como não se dispunha de rios em todos os lugares para o aproveitamento

História da Energia Eólica

e suas utilizações

em rodas d’água, a percepção do vento como fonte natural de energia possibilitou o surgimento de moinhos de ventos substi-tuindo a força motriz humana ou animal nas atividades agrícolas.

O primeiro registro histórico da utili-zação da energia eólica para bombeamento de água e moagem de grãos através de cata--ventos é proveniente da Pérsia, por volta de 200 A.C.. Esse tipo de moinho de eixo vertical veio a se espalhar pelo mundo islâmico sendo utilizado por vários séculos. Acredita-se que antes da invenção dos cata-ventos na Pérsia, a China (por volta de 2000 A.C.) e o Império Babilônico (por volta 1700 A.C) também utilizavam cata-ventos rústicos para irrigação (CHESF-BRASCEP, 1987). (SHEFHERD, 1994)

Mesmo com baixa eficiência devido a suas características, os cata-ventos primitivos apresentavam vantagens importantes para o desenvolvimento das necessidades básicas de bombeamento d’água ou moagem de grãos, substituindo a força motriz humana ou animal. Pouco se sabe sobre o desenvol-vimento e uso dos cata-ventos primitivos da China e Oriente Médio como também dos cata-ventos surgidos no Mediterrâneo. Um

por Aneel -Agência Nacional de Energia Elétrica

Page 15: Revista Ecoenergia - Edição 13

ecoenergia 15

importante desenvolvimento da tecnologia primitiva foram os primeiros modelos a utilizarem velas de sustentação em eixo horizontal encontrados nas ilhas gregas do Mediterrâneo.

A introdução dos cata-ventos na Europa deu-se, principalmente, no retorno das Cruzadas há 900 anos. Os cata-ventos foram largamente utilizados e seu desenvolvimento bem documentado. As máquinas primitivas persistiram até o século XII quando começaram a ser utilizados moinhos de eixo horizontal na Inglaterra, França e Holanda, entre outros países. Os moinhos de vento de eixo horizontal do tipo “holandês” foram rapidamente disseminados em vários países da Europa. Durante a Idade Média, na Europa, a maioria das leis feudais incluía o direito de recusar a permissão à construção de moinhos de vento pelos camponeses, o que os obrigava a usar os moinhos dos senhores feudais para a moagem dos seus grãos. Dentro das leis de concessão de moinhos também se estabeleceram leis que proibiam a plantação de árvores próximas ao moinho assegu-rando, assim, o “direito ao vento”. Os moinhos de vento na Europa tiveram, sem dúvida, uma forte e decisiva influência na economia agrícola por vários séculos. Com o desenvolvimento tecnológico das pás, sistema de controle, eixos etc, o uso dos moinhos de vento propiciou a otimização de várias atividades utilizando-se a força motriz do vento.

Na Holanda, entre os séculos XVII a XIX, o uso de moinhos de vento em grande escala esteve amplamente relacionado com a drenagem de terras cobertas pelas águas. A área de Beemster Polder, que ficava três metros abaixo do nível do mar, foi drenada por 26 moinhos de vento de até 50 HP cada, entre os anos de 1608 e 1612. Mais tarde, a região de Schermer Polder também foi drenada por 36 moinhos de vento durante quatro anos, a uma vazão total de 1.000m3/min.(SHEPHERD, 1994) Os moinhos de

vento na Holanda tiveram uma grande variedade de aplicações. O primeiro moinho de vento utilizado para a produção de óleos vegetais foi construído em 1582. Com o surgimento da imprensa e o rápido crescimento da demanda por papel, foi construído, em 1586, o primeiro moinho de vento para fabricação de papel. Ao fim do século XVI, surgiram moinhos de vento para acionar serrarias para processar

madeiras provenientes do Mar Báltico. Em meados do século XIX, aproximadamente 9.000 moinhos de vento existiam em pleno funcionamento na Holanda. (WADE, 1979 apud CHESF-BRASCEP, 1987) O número de moinhos de vento na Europa nesse período mostra a importância do seu uso em diversos países como a Bélgica (3.000 moinhos de vento), Inglaterra (10.000 moinhos de vento) e França (650 moinhos de vento na região de Anjou)(CHESF-BRASCEP, 1987).

Um importante marco para a energia eólica na Europa foi a Revolução Industrial no final do Século XIX. Com o surgimento da máquina a vapor, iniciou--se o declínio do uso da energia eólica na Holanda.

Figura 1 - Principais marcos do desenvolvimento da Energia Eólica no perío-do do Século XI ao Século XIX (Fonte: Dutra, 2001)

Figura 2 – Moinho de vento típico da Holanda

Page 16: Revista Ecoenergia - Edição 13

16 ecoenergia

Já no início do século XX, existiam apenas 2.500 moinhos de ventos em operação, caindo para menos de 1.000 no ano de 1960(CHESF-BRASCEP, 1987). Preocupados com a extinção dos moinhos de vento pelo novo conceito imposto pela Revolução Industrial, foi criada, em 1923, uma sociedade holandesa para conservação, melhoria de desem-penho e utilização mais efetiva dos moinhos holandeses.

A utilização de cata-ventos de múltiplas pás destinados ao bombe-amento d’água desenvolveu-se de forma efetiva, em diversos países, principalmente nas suas áreas rurais. Acredita-se que, desde a segunda metade do século XIX, mais de 6 milhões de cata-ventos já teriam sido fabricados e instalados somente nos Estados Unidos para o bombeamento d’água em sedes de fazendas isoladas e para abastecimento de bebedouros para o gado em pastagens extensas (CHESF-BRASCEP, 1987). Os cata-ventos de múltiplas pás foram usados também em outras regiões como a Austrália, Rússia, África e América Latina. O sistema se adaptou muito bem às condições rurais tendo em vista suas características de fácil operação e manutenção. Toda a estrutura era feita de metal e o sistema de bombeamento era feito por meio de bombas e pistões, favorecidos pelo alto torque fornecido pela grande número de pás. Até hoje esse sistema é largamente usado em várias partes do mundo para bombeamento d’água.

Os Aerogeradores no Século XX

Com o avanço da rede elétrica, foram feitas, também no início do século XX, várias pesquisas para o aproveitamento da energia eólica em geração de grandes blocos de energia. Enquanto os Estados Unidos estavam difundindo o uso de aerogeradores de pequeno porte nas fazendas e residências rurais isoladas, a Rússia investia na conexão de aerogera-dores de médio e grande porte diretamente na rede.

O início da adaptação dos cata-ventos para geração de energia elétrica teve início no final do século XIX. Em 1888, Charles F. Bruch, um industrial voltado para eletrificação em campo, ergueu na cidade de Cleveland, Ohio, o primeiro cata-vento destinado à geração de energia elétrica. Tratava-se de um cata-

-vento que fornecia 12kW em corrente contínua para carregamento de baterias, as quais eram destinadas, sobretudo, para o fornecimento de energia para 350 lâmpadas incandescentes (SCIENTIFIC AMERICAN, 1890 apud SHEFHERD,1994) (RIGHTER,1991 apud SHEFHERD,1994). Bruch utilizou-se da configuração de um moinho para o seu invento. A roda principal, com suas 144 pás, tinha 17m de diâmetro em uma torre de 18m de altura. Todo o sistema era sustentado por um tubo metálico central de 36cm que possibi-litava o giro de todo o sistema acompanhando, assim, o vento predominante. Esse sistema esteve em operação por 20 anos, sendo desativado em 1908. Sem dúvida, o cata-vento de Bruch foi um marco na utilização dos cata-ventos para a geração de energia elétrica.

O invento de Bruch apresentava três importantes inovações para o desenvolvimento do uso da energia eólica para geração de energia elétrica. Em primeiro lugar, a altura utilizada pelo invento estava dentro das categorias dos moinhos de ventos utilizados para beneficiamento de grãos e bombeamento d’água. Em segundo lugar, foi introduzido um mecanismo de grande fator de multiplicação da rotação das pás (50:1) que funcionava em dois estágios, possibilitando um máximo aproveitamento do dínamo cujo funcio-namento estava em 500rpm. Em terceiro lugar, esse invento foi a primeira e mais ambiciosa tentativa de se combinar a aerodinâmica e a estrutura dos moinhos de vento com as recentes inovações tecnológicas na produção de energia elétrica.

Um dos primeiros passos para o desenvolvimento de aerogeradores de grande porte para aplicações elétricas foi dado na Rússia em 1931. O aeroge-rador Balaclava (assim chamado) era um modelo avançado de 100kW conectado, por uma linha de transmissão de 6,3kV de 30km, a uma usina terme-létrica de 20MW. Essa foi a primeira tentativa bem

Figura 3 - Principais marcos do desenvolvimento da Energia Eólica no Século XX (Fonte: Dutra, 2001)

Page 17: Revista Ecoenergia - Edição 13

ecoenergia 17

sucedida de se conectar um aerogerador de corrente alternada com uma usina termelétrica (SEKTOROV, 1934 apud SHEFHERD, 1994). A energia medida foi de 280.000kWh.ano, o que significa um fator médio de utilização de 32%. O gerador e o sistema de controle ficavam no alto da torre de 30 metros de altura, e a rotação era controlada pela variação do ângulo de passo das pás. O controle da posição era feito através de uma estrutura em treliças inclinada apoiada sobre um vagão em uma pista circular de trilhos. (CHESF-BRASCEP, 1987) ( SHEFHERD, 1994).

Após o desenvolvimento desse modelo, foram projetados outros modelos mais ambiciosos de 1MW e 5MW. Aparentemente esses projetos não foram concluídos devido à forte concorrência de outras tecnologias, principalmente a tecnologia de combus-tíveis fósseis que, com o surgimento de novas reservas, tornava-se mais competitiva economicamente contri-buindo, assim, para o abandono de projetos ambiciosos de aerogeradores de grande porte.

A Segunda Guerra Mundial (1.939-1.945) contribuiu para o desenvolvimento dos aerogera-dores de médio e grande porte, uma vez que os países em geral empenhavam grandes esforços no sentido de economizar combustíveis fósseis. Os Estados Unidos desenvolveram um projeto de construção do maior aerogerador até então projetado. Tratava-se do aerogerador Smith-Putnam cujo modelo apresentava 53,3m de diâmetro, uma torre de 33,5m de altura e duas pás de aço com 16 toneladas. Na geração elétrica, foi usado um gerador síncrono de 1.250kW com rotação constante de 28rpm, que funcionava em corrente alternada, conectado diretamente à rede elétrica local (VOADEN,1943 apud SHEFHERD, 1994) (PUTNAM,1948 apud SHEFHERD, 1994) (KOEPPL, 1982 apud SHEFHERD, 1994). Esse aerogerador iniciou seu funciona-mento em 10 de outubro de 1941, em uma colina de Vermont chamada Grandpa’s Knob. Em março de 1945, após quatro anos de operação inter-mitente, uma das suas pás (que eram metálicas) quebrou-se por fadiga (SHEFHERD, 1994) (EWEA, 1998A).

Após o fim da Segunda Guerra, os combustíveis fósseis voltaram a abundar em todo o cenário mundial.

Um estudo econômico na época mostrava que aquele aerogerador não era mais competitivo e, sendo assim, o projeto foi abandonado. Esse projeto foi pioneiro na organização de uma parceria entre a indústria e a universidade, objetivando pesquisas e desenvolvi-mento de novas tecnologias voltadas para a geração de energia elétrica através dos ventos. Essa parceria viabilizou o projeto com o maior número de inovações tecnológicas até então posto em funcionamento.

De uma forma geral, após a Segunda Guerra Mundial, o petróleo e grandes usinas hidrelétricas se tornaram extremamente competitivos econo-micamente, e os aerogeradores foram construídos apenas para fins de pesquisa , utilizando e aprimo-rando técnicas aeronáuticas na operação e desen-volvimento de pás, além de aperfeiçoamentos no sistema de geração. A Inglaterra, durante a década de cinqüenta, promoveu um grande estudo anemométrico em 100 localidades das Ilhas Britânicas culminando, em 1955, com a instalação de um aerogerador experimental de 100kW em Cape Costa, Ilhas Orkney (CHESF-BRASCEP, 1987) (DIVONE, 1994). Também na década de cinqüenta, foi desenvolvido um raro modelo de aeroge-rador de 100kW com as pás ocas e com a turbina e gerador na base da torre. Ambos os modelos desenvolvidos na Inglaterra foram abandonados por problemas operacionais e principalmente por desinteresse econômico.

Figura 4 - Evolução dos aerogeradores desde 1985 até 2005 (Fonte: DEWI,2005)

Page 18: Revista Ecoenergia - Edição 13

18 ecoenergia

A Dinamarca, no período inicial da 2º Guerra Mundial, apresentou um dos mais significativos crescimentos em energia eólica em toda Europa. Esse avanço deu-se sob a direção dos cientistas dinamar-queses Poul la Cour e Johannes Juul (JUUL, 1964 apud DIVONE, 1994). Sendo um país pobre em fontes energéticas naturais, a utilização da energia eólica teve uma grande importância quando, no período entre as duas guerras mundiais, o consumo de óleo combustível estava racionado. Durante a 2º Guerra Mundial, a companhia F.L.Smidth (F.L.S) foi a pioneira no desenvolvimento de uma série de aerogeradores de pequeno porte, na faixa de 45kW. Nesse período, a energia eólica na Dinamarca produzia, eventual-mente, cerca de 4 milhões de quilowatt-hora anuais, dada a grande utilização dessas turbinas em todo o país. O sucesso dos aerogeradores de pequeno porte da F.L.S, que ainda operavam em corrente contínua, possibilitou um projeto de grande porte ainda mais ousado. Projetado por Johannes Juul, um aerogerador de 200kW com 24m de diâmetro de rotor foi instalado nos anos de 1956 e 1957 na ilha de Gedser. Esse aeroge-rador apresentava três pás e era sustentado por uma

torre de concreto. O sistema forneceu energia em corrente alternada para a companhia elétrica S y d Æ s t s j a e l l a n d s E l e k t r i c i t e t s Aktieselskab (SEAS), no período entre 1958 e 1967, quando o fator de capacidade atingiu a meta de 20% em alguns dos anos de operação. (DIVONE, 1994) (EWEA, 1998a)

A França também se empenhou nas pesquisas de aeroge-radores conectados à rede elétrica. Entre 1958 e 1966 foram construídos diversos aeroge-radores de grande porte. Entre os principais estavam três aerogeradores

de eixo horizontal e três pás. Um dos modelos apresentava 30 metros de diâmetro de pá com potência de 800 kW a vento de 16,5m/s. Esse modelo esteve em operação, conectado à rede EDF, nos anos de 1958 a 1963 (CHESF-BRASCEP, 1987) (BONNEFILLE, 1974 apud DIVONE, 1994). Todo o sistema elétrico funcionou em estado satisfatório, o que não ocorreu, entretanto, com diversas partes mecânicas. O mais importante desse projeto foi, sem dúvida, o bom funciona-mento interligado à rede elétrica de corrente contínua. O segundo aerogerador apresentava 21 metros de diâmetro operando com potência de 132kW a vento de 13,5m/s; foi instalado próximo ao canal inglês de Saint-Remy-des-Landes, onde operou com sucesso durante três anos, com um total de 60 dias em manutenção por problemas diversos (CHESF-BRASCEP, 1987) (DIVONE, 1994). O terceiro aerogerador operou por apenas sete meses entre 1963 e 1964. Tratava-se de um aeroge-rador que operava com potência de 1.085kW a vento de 16,5m/s, apresentava três pás com um rotor de 35m. Esses três protótipos mostraram

Tabela 1 - Utilização internacional da energia eólica

Page 19: Revista Ecoenergia - Edição 13

ecoenergia 19

claramente a possibilidade de se conectar aeroge-radores à rede de distribuição de energia elétrica. (DIVONE, 1994)

Durante o período entre 1955 e 1968, a Alemanha construiu e operou um aerogerador com o maior número de inovações tecnológicas na época. Os avanços tecnológicos desse modelo persistem até hoje na concepção dos modelos atuais, mostrando o seu sucesso de operação. Tratava-se de um aeroge-rador de 34 metros de diâmetro operando com potência de 100kW, a ventos de 8m/s (HÜTTER, 1973, 1974 apud DIVONE, 1994). Esse aerogerador possuía rotor leve em materiais compostos, duas pás a jusante da torre, sistema de orientação amortecida por rotores laterais e torre de tubos estaiada; operou por mais de 4.000 horas entre 1957 e 1968. As pás, por serem feitas de materiais compostos, aliviaram os esforços em rolamentos, diminuindo assim os problemas de fadiga. Essa inovação mostrou ser muito mais eficiente comparada aos modelos até então feitos de metais. Em 1968, quando o modelo foi desmontado e o projeto encerrado por falta de verba, as pás do aerogerador apresentavam perfeitas condições de uso (CHESF-BRASCEP, 1987) (DIVONE, 1994).

A evolução comercial de

aerogeradores de grande porte

O comércio de aerogeradores no mundo se desenvolveu rapidamente em tecnologia e tamanhos durante os últimos 15 anos. A figura 4 mostra o impressionante desenvolvimento do tamanho e da potência de aerogeradores desde 1985.

A potência eólica instalada no

mundo

O perfil do crescimento da energia eólica na década de 90 indica perspectivas promissoras para o crescimento da indústria eólica mundial para as próximas décadas. Mesmo considerando-se uma desaceleração no aumento da potência instalada nos últimos anos, a procura por novos mercados e o desenvolvimento de aerogeradores de maior porte mostram boas perspectivas para um crescimento mais sustentável e não tão acelerado para a próxima década. A tabela 1 mostra a potência eólica instalada em diversos países desde 1998.

Page 20: Revista Ecoenergia - Edição 13

Me

rca

do

20

Clima e o Fator humano influenciam mercado de açúcarpor Plinio Nastari

Page 21: Revista Ecoenergia - Edição 13

Plinio Nastarié mestre e doutor em economia agrícola, e presidente da Datagro Consultoria.

ecoenergia 21

N a Índia, até 15 de junho, a área plantada com cana-de-açúcar atingiu 5,18 milhões de hectares, um novo recorde ligeiramente superior ao

anterior, atingido em 2006/07 com 5,16 milhões de toneladas. Em condições normais esta área plantada deveria gerar produção também recorde de açúcar. No entanto, até agora a chuvas de monções tem estado 44% a 53% abaixo da média histórica nas principais regiões canavieiras. Mas ainda há tempo para uma recuperação dos canaviais. O endividamento da indústria e o atraso nos pagamentos da cana aos fornecedores também pode causar um outro entrave, uma vez que o agricultor, contrariado, pode diminuir o volume de cana que vai para a indústria, direcionando-a para a produção de açúcares artesanais, denomi-nados no mercado local como jaggery, ou ghur e khandasar, que são tipos diferentes de rapadura.

Enquanto na India predomina a habitual incerteza sobre qual volume poderá ser produzido na safra que vai iniciar em outubro, a produção de açúcar da Austrália está em recupe-ração, podendo crescer até 18% em relação ao ano anterior, gerando um excedente exportável de 3,35 milhões de toneladas, contra 3,0 milhões de toneladas em 2011/12.

Na região Centro-Sul do Brasil, as chuvas de inverno tem atrapalhado o ritmo normal de moagem, abrindo a perspectiva de que ocorra queda no volume de açúcares extraídos da cana. De outro lado, estas chuvas melhoraram em muito o estado do canavial nesta safra, fragilizado por sucessivas secas e por atrasos na sua renovação. Também tem permitido um bom desempenho na rebrota das soqueiras, que constituem a maior parte do volume a ser processado no ano que vem, diferentemente dos dois anos anteriores quando faltou umidade e os canaviais enfrentaram dificuldades para desenvolver. Não se espera este ano a repetição dos episódios de f lorescimento e geada observados no ano passado. Chuvas acima do normal na região Centro-Sul devem levar a uma aceleração do ritmo de moagem quando retomado, o que levará boa parte do volume adicional de cana gerado para a fabricação de etanol. Esta tendencia vai se alinhar bem com o objetivo fixado pelo governo de aumentar a produção de etanol.

Na região Nordeste, o problema é inverso pois a produção começa a sofrer os efeitos da estiagem observada nas principais regiões canavieiras.

Além do imponderável causado pelo clima, o fator humano também tem sido motivo de incer-tezas. Ameaças de greve e algumas paralisações parciais na mão-de-obra do porto de Santos, o maior em exportação de açúcar no mundo, tem contribuído para manter o mercado em alerta.

Page 22: Revista Ecoenergia - Edição 13

Temos acompanhado, nesta safra, a grande dificuldade de produ-ção das Usinas e Destilarias no centro-sul do país. Tal fato vem

ocorrendo seja pela falta de investimentos na renovação dos canaviais, ou pelos altos índices pluviométricos até o momento, que prejudicaram (e ainda prejudicam) o ritmo contínuo de moagem, assim como a produti-vidade da cana-de-açúcar, levando “por água abaixo” o nível de ATR.

Esta dificuldade poderia ser minimi-zada caso os preços compensassem a me-nor produtividade, porém o que vimos até agora são preços pouco remunerado-res, mercado interno de etanol hidratado estagnado, mercado de anidro com um percentual significativamente contrata-do, seguindo a resolução 67 da ANP, e modelo de precificação desses contratos até o momento retornando com um dife-

rencial negativo extremamente relevante em relação ao mercado spot. Ao se ana-lisar a média histórica de diferencial de preços entre o anidro e hidratado, che-gou-se ao percentual de 14% de prêmio do primeiro em relação ao segundo, mas que nesta safra não tem se confirmado. Fica difícil para os produtores “engolir” diferenciais de preços entre spot e con-trato no anidro de quase R$100/m³.

E para complementar ainda mais a in-satisfação com os preços dos contratos, aparecem janelas de exportação para os EUA, pagando entre USD770 e 780/m³ FOB-Santos, o que equivale praticamente a R$1.450 PVU, bem acima até mesmo do mercado spot....como ficará os contratos?

Claro que estas oportunidades têm suas restrições, que nem todos conse-guem cumprir (na verdade a grande maioria), principalmente ter o EPA, pois

Safra 2012/2013: Cenário do 1º SemestrePor Jorge Prado

Ind

ica

do

res

22

Page 23: Revista Ecoenergia - Edição 13

ecoenergia 23

Page 24: Revista Ecoenergia - Edição 13

24 ecoenergia

Page 25: Revista Ecoenergia - Edição 13

Jorge PradoEcoflex Trading & Logistica

este prêmio está diretamente relacionado ao atendimento de quesitos de sustentabilidade exigidos pelo governo americano.

Mesmo assim os produtores vêm cumprin-do sua parte, entregando os contratos, ainda que com atrasos, provocados pelas interrupções e paradas por conta de chuvas.

A situação poderá reverter-se nos próximos meses, e a conta se equilibrar? Possível sempre é no mercado sucroenergético, já acompanhamos de tudo ao longo de 12 anos de atuação no se-tor. Porém, com a estagnação das vendas de hi-dratado, que bate no teto com os atuais preços da gasolina, limita a possibilidade de reação dos preços e, por conseguinte, dos contratos. Como já aqui assinalado, o que vemos hoje não é a ga-rantia de amanhã, cabe-nos aguardar as cenas dos próximos capítulos.

As medidas de desoneração que o Gover-no Federal deverá anunciar, como a retirada do PIS e da COFINS no etanol, poderão fortalecer a retomada nas vendas do hidratado, deixando-o mais competitivo, isso, claro, se não for incorpo-rada como margem.

Anexamos mais uma vez alguns gráficos para análise de nossos leitores, com comparativos en-tre o físico e futuro, e vendas de etanol.

Estas análises podem ser contratadas à Eco-f lex Trading, que possui uma equipe especializa-da em realizar diversos serviços de inteligência, consultoria comercial e jurídica e benchmarks no setor de biocombustíveis em geral. Entre em contato conosco e faça sua consulta.

ecoenergia 25

www.ecoflextrading.comAv. das Américas, 3500 - Ed. Hong Kong 2000 - sala 501 Barra da Tijuca - Rio de Janeiro - RJ - CEP: 22.640-102 Tel.: (21) 3545-2650 - Fax: (21) 3545-2669

Etanol, energia renovável...O mundo quer, a Ecoflex Trading tem...

Atuamos há 12 anos no mercado sucro-alcooleiro, oferecendo os seguintes serviços:

• ComercializaçãocomosprincipaisAgentesdoMercado.• RepresentaçãodosInteressesComerciaisdasUnidadesProdutoras.• PerfildeAnálisesEstatísticasedeQualidadedomercado,atravésdoBoletimEcoflex.• ProjetodeExportação,MercadoInternacional.• EstruturaçãodeProjetosComerciaiseLogísticos,atravésdenossaUnidadeLogistica(Ecolog)• CotaçãodefreteseCoordenaçãoLogísticaRodoviáriaeCabotagem.

Imag

em: 1

phot

o.co

m

ecoflex 933 X 210 (13-10-2011).indd 1 22/05/2012 11:15:01

Consumo Etanol Anidro – em m3Consumo Etanol Hidratado – em m3

Page 26: Revista Ecoenergia - Edição 13

26 ecoenergia