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Sua revista de Artes Marciais

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REVISTA

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SUMÁRIOREPORTAGENS & ENTREVISTAS

16 Mudanças na regra exigem judocas com maior fundamento técnico42 Paulo Wanderley é reeleito presidente da CBJ48 Rio Grande do Norte sediará brasileiro Norte-Nordeste de Karatê-Dô Tradicional88 Alessandro Puglia iniciará nova era92 Copa Murilo de karatê teve a participação de

826 atletas106 Casanova explica por que fundou a World

Judo Federation110 O Judô como Jigoro Kano sonhou112 Paranaense farão intercâmbio com Japão132 Mato Grosso celeiro de campeões II138 Palmeiras inaugura centro de treinamento146 Mauro Silva é reeleito por aclamação148 NDU busca novo caminho para o deporto

universitário paulistas158 Flamengo encerra departamento de judô

COMPETIÇÕES E EVENTOS

20 Open Cidade Maravilhosa44 FPrJ Realizou Credenciamento Técnico 201356 Reunião dos delegados marca � m da era

Francisco de Carvalho60 Treinamento de campo das seleções da

França, Holanda e Brasil reuniu olímpicos62 Alexandria Open

Melhor seria quase impossível!66 Credenciamento técnico paulista

bate novo recorde74 Brasil trás quatro medalhas do US Open76 FPJ promove curso para padronização e

quali� cação de palestrantes96 UNIP é octacampeã dos JUBs 100 São Paulo terá mais 10 centros para

atletas de alto rendimento114 Copa São Paulo abriu 2013 com chave de ouro131 Pará Premia Melhores de 2012140 Seletiva paranaense de� ne equipe que

disputará o Brasileiro da Região V147 FPJ cria vice-presidência de honra150 Fejet premia melhores do ano no Tocantins152 Paraná tem 30 novos faixas pretas

SEÇÕES FIXAS

04 Editorial & Expediente – Novas perspectivas e velhos objetivos

32 Nutrição Desportiva - Prós e contras da pesagem no dia anterior da competição

50 Medicina Esportiva – Vencer a qualquer preço?

64 Aspectos Pedagógicos – Competir ou cooperar, eis a questão!

98 Psicologia do Esporte – NeuroplasticidadeAplicada ao ensino e ao treinamento de artes marciais

136 Kodansha em Foco - Masahiko Mori SãoPaulo perde outra referência

154 Treinamento Esportivo – Ombro de Campeão

YASUTAKA TANAKA O SHIHAN DO BRASIL

GOSHIN-DÔ 2013 O GRANDE MOMENTO DE INTERCÂMBIO

PARANÁ REALIZA SEMINÁRIO DE ARBITRAGEM 2013

UNÂNIME BRASIL ELEGE CARLOS FERNANDES PRESIDENTE DA CBTKD

QUERO LEVAR O JUDÔ PARA TODOS ESTADOS DO PAÍS

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REVISTA

A GATA DESTA EDIÇÃORAFAELA RUIZ

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Quero levar o judô para todos

estados

O que o levou à vice-presidência da Confederação Brasileira de Judô?Estou há vários mandatos à frente do judô paulista, e acho que chegou a hora de entregar esta responsabilidade para outro dirigente. Esta é uma atitude lógica. Todos que acham que podem perpetuar-se no poder acabam saindo pela porta dos fundos. Quero ter a honra de sempre sair pela porta da frente de todos os locais por onde passei. Esta decisão foca exatamente isso. O poder desgasta, o poder isola, o poder por um longo período diminui as perspectivas de realização. E não gosto disso porque, para mim, cada dia tem de ser um novo desafio, todo dia tenho de ter vontade de fazer alguma coisa, todo dia tenho de ser motivado para fazer alguma coisa diferente, algo que me projete adiante. Tenho mais de 60 anos, mas ainda guardo essa mesma vontade como se eu fosse um garoto. Talvez não tenha mais a mesma jovialidade para fazer, mas a vontade é a mesma.

Mas por que ocorreu uma mudança tão repentina e radical?Você me acompanha há muito tempo e sabe que já tinha programado esta saída. Imaginava uma briga mais acirrada pela CBJ, mas no fim do ano fiz a cirurgia de transplante de fígado e, em momentos como este, a gente pensa e repensa toda a nossa existência. Refleti muito sobre poder, realizações, família, conquistas, perdas, amigos e sobre as pessoas que trabalham comigo. Esta soma de reflexões me fez pa-rar, calçar o chinelo, e decidir dar espaço para aqueles que são muito mais jovens e têm uma perspectiva de realização maior. Pessoas que contam comigo não mais à frente de tudo, mas junto a eles, o que é diferente de estar à frente. Sabia que, mesmo enfrentando uma grave cirurgia, poderia colocar uma chapa de oposição na eleição da CBJ, pois minha bagagem política me deu a visão de que, em qualquer segmento, este deve ser o caminho. Até mesmo em São Paulo. Exis-tindo uma chapa de oposição, há condições para os aliados dos seus adversários fazerem conquistas, e todos ganham com este processo. Havendo um adversário, cria-se respeito, faz-se com que ele nos olhe com uma visão diferenciada, embora soubéssemos e tivéssemos ple-na consciência das dificuldades de manter uma campanha deste nível. O esporte do Brasil está tendo um avanço muito grande por conta das Olimpíadas, e o quadro hoje é completamente diferente de anos atrás. Então, pensando em tudo isso, quando houve a proposta de compor com o Paulo Wanderley, aceitei até por conta do campeonato mundial deste ano e das Olimpíadas de 2016. Não que esta conversa tenha me sensibilizado, mas abriu espaço para negociação, para estarmos participando, sem ter de criar uma briga política. Sempre digo que é muito melhor resolver um problema de saúde com remédio home-

Após cumprir cinco mandatos históricos à frente da Federação Paulista de Judô, Francisco de Carvalho surpreendeu a todos anunciando o fim de sua permanência na presidência da entidade, abrindo espaço para as incertezas de todos que estavam acostumados com seu carisma, lide-rança e visão. Leia a entrevista exclusiva concedida à Budô, e entenda os motivos que levaram este velho

samurai a ver o poder e suas batalhas, sob outros pontos de vista.

Por Paulo PintoFotos Revista Budô

opático, em vez de partir para uma cirurgia. Dentro deste quadro, o Paulo e eu concordamos que, diante do importante ciclo olímpico que iniciamos este ano, deveríamos pensar mais no judô. Também pesou a infinidade de atletas que hoje se beneficiam de uma serie de progra-mas, pois um embate político poderia criar dificuldades – e o judô aca-baria perdendo espaço. Decidimos compor. Está feito, e pretendo ser útil na CBJ, porque não quero uma mesa e uma cadeira, quero espaço para trabalhar, e tudo isso já foi conversado. Quero ser um soldado no grupo e não vigia de quartel, e o Paulo sabe disso.

A saúde foi determinante em sua decisão?Não. Acontece que, quando ficamos parados, naturalmente fazemos uma serie de reflexões e essas reflexões culminaram nesse entendimento.

Esta decisão põe fim à oposição?Este conceito de oposição é bastante subjetivo. Quando se fala de oposição, muitas pessoas entendem que mantínhamos uma briga acirrada, e isso nunca existiu. Divergíamos em alguns pontos de vista. A partir do momento em que houve o convite para participarmos, obviamente buscamos alinhar isso, ou seja, nem tanto aquilo que rei-vindico e nem tanto aquilo que ele faz. Para podermos colocar nossas linhas um pouco mais paralelas do que diagonais, este entendimento é fundamental.

Sabendo de sua hiperatividade, quais serão suas atribuições na CBJ?Fizemos em São Paulo uma coisa que deu certo: as delegacias regionais, que são autônomas, independentes, atuantes e fomentam o esporte em todo o Estado. Esse quadro foi proposto e o Paulo Wanderley concordou em levarmos este modelo para a confederação, e neste primeiro momento minha função será esta.

Você vai sair de cena do judô paulista?De forma alguma, vou estar mais presente do que nunca. Mesmo por-que, não se pode pagar com ingratidão aquilo que se recebeu como gratidão.

Sabendo que o Paulo Wanderley é centralizador e todas as decisões são tomas por ele, como pretende ter espaço na CBJ?Veja bem, acho que o Paulo também amadureceu um pouco nessa questão. Pelo menos é isso que eu espero. Acho que ele também vê a

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Por Matheus LuizFotos Revista Budô

Quero ser um soldado no grupo e não vigia de quartel, e ele sabe disso.”

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Chico recepciona Canassa ex-vice-presidente da FPJ na abertura doCredenciamento Técnico 2013

necessidade de dividir decisões, devido ao tamanho que o judô adqui-riu. Se ele não tivesse este pensamento hoje, não teria buscado esta aproximação. Você me tachou de hiperativo, imagine estão o tamanho do problema que vou criar sem uma função!

Como sua família recebeu esta noticia?O que minha família deseja é que eu fique mais com eles. Que eu possa passar um fim de semana sem fazer nada e ao lado deles. Mas isso também não é do meu feitio, e tenho certeza de que vou equacio-nar isso e me dedicarei um pouco mais à família.

Seu vice possui maturidade suficiente para assumir a maior entidade estadual de judô brasileiro?A maturidade é conquistada em cada coisa que fazemos. Já passei por isso e sei que para conquistarmos esta maturidade é preciso humildade. Precisamos ser humildes para ouvir e poder sentar com aqueles que têm mais dificuldade, até mesmo para se expressar, pois geralmente aqueles que têm maiores dificuldades são os mais sinceros em suas colocações. O que faltar de maturidade para o Ales-sandro ele tem de compensar com humildade. Ele não poderá deixar a vaidade tomar conta das ações, porque todo aquele que é vaidoso demais só enxerga a si mesmo. A vaidade é normal, mas, se a pessoa exagera nisso, acaba apenas enxergando o espelho, que passa a funcionar como retrovisor. Eu prefiro olhar o mundo e a vida pelo para--brisa, e espero que ele faça o mesmo.

São Paulo agora passa a dizer amém a todas as decisões de Paulo Wanderley?Vamos dizer amém para o que for positivo. Não diremos amém para o que não for positivo nem democrático. Muitas vezes aquilo que não é positivo para uma pessoa é positivo para outra. Sob um ponto de vista democrático as coisas têm de ser avaliadas, e a maioria é que vai decidir.

Em entrevista concedida à revista Budô em janeiro, o vereador Aurélio Miguel disse que foi o mentor desta mudança política e histórica, mas apuramos que este processo já tinha sido deflagrado pelo presidente da Federação Mineira de Judô, no ano passado. Quem, afinal, iniciou tudo isso?Os dois trabalharam no sentido da pacificação e união, por conta de tudo que já mencionei nas perguntas anteriores. Não consigo precisar quem saiu na frente, mas posso afirmar que isso não foi trabalhado apenas por eles. Outros dirigentes participaram deste processo, e não vou citar nomes para evitar melindres. Quando surgiu a proposta, várias pessoas dos dois lados a endossaram, por tudo que já foi dito aqui a você.

Chico e Paulo firmam acordo em prol do judô

Como o Tom, que seria seu vice na chapa para a CBJ, reagiu a esta proposta?O Tom é uma pessoa que retrata extremamente o judô. Ele treinou e assimilou os ensinamentos de um dos maiores professores do judô brasileiro. Alguém que, aliás, foi um ídolo para mim: o sensei Lhofei Shiozawa. O Tom tem muito mais judô que política, e, pensando no judô, logico que ele tinha algumas restrições, uma vez que a maior briga dele é pela alternância de poder. Então, foi difícil fazê-lo entender e aceitar essa posição. Mas digo a você que temos de respeitar seus pontos de vista e afirmo que, se um dia puder decidir algo na confederação, quero que ele esteja comigo – não a área política, mas trabalhando na área técnica.

Por suas respostas, percebo que ainda está no palanque.De forma alguma. Estou apenas sendo sincero e respondendo com o coração.

Voltando à pergunta anterior, qual é o interesse do vereador paulistano em toda esta situação?O Aurélio Miguel é alguém que deu grande contribuição para o judô, principalmente a projeção no contexto olímpico. Por tudo que o judô lhe proporcionou, ele sentiu que deveria ter mais envolvimento e uma participação mais efetiva na transformação do judô em nível nacional. Ele colocou muito bem a importância de São Paulo contribuir para melhorar o judô do País. E para fazermos isso teríamos de estar todos juntos e tocar piano a várias mãos. Entendendo tudo isso, me procurou e conversamos muito. Também achei que uma participação maior de São Paulo seria importante e que o judô do Brasil poderia ganhar muito com esta pacificação. A participação dele foi decisiva, assim como a de Minas Gerais e a do Tom. Mas a participação dele é extremamente emblemática, porque ele é um ídolo que deflagrou o surgimento do pensamento vencedor no deporto olímpico do nosso País. Penso que a presença dele no cenário esportivo é fundamental e até mesmo imprescindível. Acredito que envolvimento dele nesse processo foi basicamente para mostrar que está comprometido com o judô do Brasil.

Quem tem poder demais, erra demais.”

Francisco de Carvalho e Nelson Gil

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Mais 6 SABORES para tornar seu dia mais GOSTOSO

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Ficamos felizes por esta pacificação, mas a história mostra que Paulo Wanderley não cumpre acordos. Por que acreditou nele mais uma vez?Acho que em todo este longo caminho todos nós amadurecemos, e acredito que o Paulo vai cumprir o combinado. Mesmo porque, acho que hoje ele sente a necessidade da descentralização pelo gigantismo que a nossa modalidade assumiu. Tenho convicção de que ele vai cumprir, e, se não cumprir, será uma grande decepção.

Quem é o Chico fora dos tatamis?Tenho um compromisso enorme com o desporto de minha cidade, já que lá não faço só judô. Faço esporte. E a Secretaria de Esportes de Mauá foi criada há seis anos sob minha responsabilidade. Sempre tive grande envolvimento com os movimentos esportivos da cidade. Prova disso é que, mesmo fazendo oposição ao prefeito que terminou o mandato recentemente, fui indicado por ele para ser o ouvidor geral do município. Tenho envolvimento e compromissos enormes com a minha cidade. Aliás, acho que todo mundo deveria ter. Fico muito feliz quando vejo um jovem participando ativamente de qualquer entidade de administração. Se todos dedicassem algumas horas por semana à cidadania, certamente nosso País seria muito melhor e todos nós teríamos uma qualidade de vida superior. E sonho com isso. Temos de participar politicamente e ter divergências políticas no momento espe-cífico da eleição, mas, passado este período, temos de dar as mãos pela cidade. Da mesma forma, aceito divergências na FPJ, e você é testemunha disso. Tivemos pessoas que divergiram no passado, e hoje estamos de mãos dadas com essas pessoas visando ao maior crescimento da modalidade. Mas, voltando à sua pergunta: também sou empresário da construção civil; semanalmente dou aulas de judô na Associação de Judô Mauá; sou casado com a dona Márcia, e digo dona porque ela o é. Tenho cinco filhos maravilhosos e um neto, que me faz voltar a sentir o doce sabor da infância e da vida.

Em fevereiro publicamos em nosso site uma matéria sobre os problemas da CPJ. Como avalia o fato de Paulo ser presidente da CBJ e CPJ e vice da FIJ?Ser vice-presidente da Federação Internacional de Judô é algo muito relativo, já que ele não desenvolve funções administrativas. Sobre as presidências da CBJ e CPJ, penso que o acúmulo de poder nunca é democrático, já que quem tem poder demais erra demais. Mas acredito que ele esteja se saindo bem à frente das duas entidades, caso con-trário não teria sido reeleito recentemente para presidir as duas. O ruim é quando o acúmulo de poder não é democrático. Pode ocorrer, se for por meio da democracia. Caso contrário, a conquista terá sido por meio da força, e está provado que no mundo atual a força não é mais suficiente para conter e dominar. Muitos interpretam força como poder de prender ou soltar, mas não se trata disso. Muitas vezes é o poder de não ouvir, e quando não se tem necessidade de dar ouvidos aos menores, aos mais fracos, ou seja, às minorias, distancia-se da base e da realidade. Se não ouvirmos hoje, amanhã eles poderão ser maioria. É muito importante ouvir e conversar com todos, valorizando qualquer ideia que lhe seja apresentada, por mais simples que seja. Temos de ter a cabeça de um aprendiz de matemática, como se não soubéssemos que a raiz quadrada de 144 é 12. Penso que as pessoas que estão ocupando o poder têm de ouvir todos, pois seguindo este princípio se diminui a possibilidade de erros e se amplia o sucesso, valorizando as pessoas que estão no mesmo projeto ou segmento.

Como avalia a ação do Ministério Público contra o Aurélio Miguel?Na abertura do credenciamento técnico de São Paulo, falei que o Aurélio é o maior ídolo do judô do Brasil, juntamente com o Rogério Sampaio. Foram eles que iniciaram o trabalho que elevou o judô ao topo do des-porto olímpico. Ser campeão olímpico em qualquer modalidade e País do mundo é extremamente difícil. É preciso abrir mão de muitas coisas para atingir seus objetivos, e o Aurélio fez isso. Portanto, ele é o nosso

ídolo, e não veio da política para o judô. Ele era do judô e foi para política. Ele é um judoca e por isso acredito em sua inocência, e espero estar correto. Caso contrário ele não estaria apenas me decepcionando, mas as centenas de milhares de judocas do Brasil, que têm nele o maior ídolo dos tatamis. Ele vem de uma escola que tem como patrono o professor Massao Shinohara, o mais antigo e graduado sensei de nosso País na atualidade. Sinceramente, duvido que o professor Massao não tenha orientado o Aurélio no sentido da retidão e de buscar sempre o caminho correto, alcançando seus objetivos com lisura para chegar ao final da li-nha limpo, como rezam o budô e os princípios deixados por Jigoro Kano. Por isso acredito no Aurélio, e gostaria que ele provasse sua inocência, até mesmo em defesa de tudo em que acreditamos e pregamos. A polí-tica é assim mesmo. Há um ditado que diz: “Amigo meu não tem defeito, e se o inimigo não tiver eu ponho”. Certamente, se o Aurélio tem inimigos, eles estão trabalhando nesse sentido.

Quais são os caminhos que o judô paulista percor-rerá após a era FCF?Acho que conseguimos fazer uma pavimentação neste período, e uma coisa da qual tenho profundo orgulho: ter diminuído a distância entre o presidente e os filiados. Este é o maior orgulho da minha administra-ção. Conversamos com qualquer filiado de igual para igual, não como superiores. Acho que vamos crescer cada vez mais, já que a FPJ não tem nenhuma dívida e temos superávit orçamentário. Possuímos veí-culos para prestar os serviços do dia a dia, e uma excelente estrutura montada no interior. Temos mais tatamis do que os distribuídos pela CBJ aos Estados, por meio do projeto do Ministério do Esporte, em todo o País. Temos mais de 2.400 peças de tatamis distribuídas por nossas delegacias. A estrada esta pavimentada, no entanto, temos de saber o que vamos colocar nesta estrada, já que nela podem ser colocados só carros de passeio ou também caminhões, utilitários, ônibus e carretas. Acredito que o Alessandro vai saber mesclar tudo isso, mas terá de dar ouvidos aos kodanshas, professores, árbitros, delegados regionais e atletas. Ele tem de chamar todos para o diálogo e promover a integração com cada grupo, de forma que todos partici-pem desta grande corrida que começará no próximo ano, na estrada que todos nós pavimentamos juntos.

Além de sua visão política, você é uma pessoa extremamente carismática e exerce grande lideran-ça naturalmente. O que seus delegados regionais acharam desta transição prematura?Não sei se foi para me agradar, mas todos me pediram para ficar, dizendo que ainda era muito cedo para esta mudança. Mostrei tudo que você já sabe e lembrei a quantidade absurda de mandatos que coleciono, e os convenci de que tínhamos de promover a alternância de poder, que havia chegado o momento de sair, e não me arrependo. Sei que vou continuar tendo o carinho e o respeito de cada um deles, assim como guardarei profundo respeito e carinho por todos.

Chico com o neto Gustavo Ferrari e o colego mineiro Luiz Augusto Martins

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Você não teme uma eventual caça às bruxas nas delegacias?Conheço o Alessandro desde que ele era faixa colorida.

Sabemos do caos que encontrou na FPJ quando assumiu, indicado por Sérgio Bahi. Após 20 anos na vanguarda da modalidade, qual é o seu balanço geral? Consegui realizar muitos projetos, e poderia ter feito um pouco mais. Mas penso que não poderia estar tirando mais da comunidade. Con-tudo, deixo a federação com uma coisa diferente e que nunca tivemos antes, pois nunca recebemos um centavo da Prefeitura de São Paulo. Conseguimos algumas coisas junto ao governo do Estado, que são os projetos que eles transferiram para que pudéssemos realizar e, con-sequentemente, nos ajudaram. É lógico que isso representa trabalho, já que sem trabalho não existe crescimento. Hoje deixo a FPJ com aproximadamente R$ 5 milhões em projetos, e espero ainda melhorar esse número, pois só deixarei a FPJ em 31 de dezembro. Depois disso me recolherei, assim como o Papa fez.

Você está preparado para ficar vendo a banda passar?Se você se refere a não ter mais o poder em São Paulo, esclareço que o poder nunca me subiu à cabeça. Continuo sendo o mesmo Chico, caipira de sempre. Tenho plena convicção daquilo que eu quero, daqui-lo que fiz e daquilo que posso fazer. E eu não vou ficar simplesmente vendo a banda passar, vou tocar nela, porque quero morrer trabalhando e não vou morrer na praia. Esse é meu sonho, só que daqui por diante vou fazer tudo isso de forma mais cadenciada, e quem sabe assim consiga produzir mais errando menos. Os mais jovens não ligam em er-rar, porque correm tanto que não têm tempo de voltar e fazer de novo. Espero não ter de voltar para fazer tudo de novo.

Olhando a luta ininterrupta que a oposição exerceu desde a era Mamede, podemos afirmar que o mal venceu o bem?Não, porque não há vencedor e nem perdedor. Neste acordo quem venceu foi o judô. O que está havendo é uma convergência de forças no mesmo sentido. Mas sua pergunta mostra sua visão dos fatos, já que participou intrinsecamente dessa luta desde a era Mamede. Penso que jamais podemos perder o senso critico e que você não pode perder essa linha de trabalho e a conduta que possui, já que com sua revista e seu trabalho jornalístico deu enorme contribuição para o desenvol-vimento do judô no País, e hoje o faz em nível continental, e o Paulo sabe disso. É lógico que ninguém gosta de ser criticado publicamente, porque muitas vezes isso depende de ângulos e interesses. Nós que estávamos na oposição víamos tudo de um ângulo, e essas pesso-as que estavam servindo de escabelo tinham uma visão diferente da nossa. Mas acho que valeu a pena, e espero que o Paulo Pinto possa caminhar um dia ao nosso lado e formar fila pelo desenvolvimento do judô, por meio deste veículo tão jovem e forte que é a revista Budô.

Quais são seus projetos em médio prazo?Sempre disse que o judô paulista é privilegiado pela grande colônia japonesa que trouxe o judô para cá. Espero poder levar este mesmo judô para todos os cantos do País. Quero levar definitivamente o judô que desenvolvemos aqui para todos os Estados. Com raras exceções, como Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, o Brasil é sedento de conhecimento. Muitos Estados são carentes dessa formação, da disciplina, liberdade, e o respeito fundamentado na relação senpai e kohai. É por isso que vemos Estados em constante situação de ebulição e guerra, na qual dirigentes são depostos sucessi-vamente. Então, meu projeto pessoal é levar o judô essência para todos que estão focados neste objetivo.

Como ficarão os dirigentes simpáticos à sua causa?Estarão juntos, participarão e sentarão à mesma mesa. Vão comer

do mesmo pão, e vão ser valorizados, até porque tiveram a coragem de dizer não. Estarei do lado dessas pessoas, não só daqueles que estiveram conosco, mas de todos aqueles que tenham a coragem de dizer não e apontar saídas, assim como de todos aqueles que tiverem coragem e humildade de assumir seus erros. Vamos brigar porque tenho convicção daquilo que me foi proposto, então cabe a cada um de nós fazer uma reflexão para saber que teremos de trabalhar para mudar, e toda mudança gera insegurança. Acho que pode haver algu-ma pessoa da base de sustentação do Paulo que se sinta ameaçada porque o Chico agora está lá. Mas imagino que sejam poucas, porque isso é de uma pequenez e ignorância enormes, já que nossa proposta é justamente ampliar a base e não comprometê-la.

A oposição viabilizou grande parte da ajuda que os Estados receberam da CBJ, isso agora deve mudar?Só perde quem tem o que perder, ou seja, tudo que o Paulo perder daqui por diante será subtraído de seu patrimônio político. Então, é ele que tem de fazer esta avaliação. Daqui por diante não teremos mais um grupo de oposição, teremos ideias de oposição que serão colocadas na mesa para discussão e aprovação.

Como foi ver o auditório do sindicato dos metalúrgi-cos lotado com 850 técnicos, dois campeões olím-picos, o presidente da CBJ, 40 kodanshas, todos os delegados regionais e dois parlamentares? Sinceramente falando, não achei nada de mais. Esta é a realidade de São Paulo. Isso nada mais é que conviver com a realidade do judô paulista, já que sempre tivemos campeões olímpicos e grupos reunidos para discussões e congressos. O que fizemos no dia 23 de fevereiro foi aglutiná-los de forma organizada, visando a preparar os quase mil técni-cos que lá estiveram para as competições da temporada, mais nada.

Você está feliz com o quadro de hoje?Estou feliz, se bem que entendo que a felicidade plena é você estar à frente daquilo que almeja. Não conseguimos isso, mas estamos ao lado de quem está à frente. O termo correto não seria feliz, mas realizado. A felicidade eu possuo porque sou uma pessoa feliz, independentemente das adversidades, dificuldades e das pessoas gostarem ou não de mim. Sou feliz porque tenho a felicidade dentro de mim. Sou uma pessoa feliz porque tenho uma família estruturada, acredito em Deus, tenho amigos, acredito na justiça, busco o poder com constância e o poder que alme-jo é para que possamos realizar coisas e plantar um futuro que some no desenvolvimento social e, quando se faz isso, é melhor ter para dar do que ter de pedir. Esta minha busca será sempre constante. Onde quer que eu esteja, sempre buscarei o poder, ser ouvido e ocupar o espaço que busco. Quanto à felicidade, lembro que mesmo na UTI eu estava feliz, porque muitos precisam de uma UTI e não conseguem.

Nestes mais de 50 anos nos tatamis, qual foi o diri-gente que mais o impressionou? Sérgio Adib Bahi. Ele foi um dirigente que sempre esteve alguns passos adiante dos fatos. Ocupou as presidências da Federação Paulista, Confederação Brasileira, União Pan-Americana e consequentemente foi vice-presidente da Federação Internacional de Judô, sem nunca estar en-volvido em nenhum problema e cumprindo todos os acordos que firmou.

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Fundamento técnico

Mudanças nas regras exigem judocas com maior

A Federação Internacional de Judô (FIJ) voltou a promover alterações nas regras do judô, procurando dinamizar a prática da mo-dalidade, valorizando a qualidade técnica, re-tirando em boa parte a responsabilidade das decisões dos árbitros e as transferindo para os atletas, tornando o esporte mais atraente e dinâmico aos olhos de quem assiste às lutas.

As intermináveis disputas de pegada, que terão de ser mais breves, e a proibição total de segurar abaixo da linha da cintura são algu-mas das modificações que alteram a tática de luta. Mas nem todas as mudanças foram bem aceitas, como a antecipação da pesagem da competição em um dia. Todas as mudanças têm caráter experimental, mas já estão sen-do utilizadas nas competições internacionais e serão analisadas na prática até o mundial do Rio de Janeiro.

Mudanças nas regras não são novidade para os judocas. Elas começaram em 1974, com a introdução do koka e do yuko. Ante-riormente só valiam wazari e ippon. O sen-sei Paulo Duarte, do SESI de Cubatão/SP, entende que as primeiras mudanças foram para proporcionar melhores resultados aos europeus: “Na época, por dedução minha, havia mais países europeus do que asiáticos e eles se juntaram e acharam por bem mudar a regra porque era quase impossível ganhar do judô japonês, de acordo com os parâme-tros aplicados, lutando em pé e segurando no kimono. Os europeus só venceriam com uma técnica muito apurada. Eles pensaram: eu não consigo jogar o japonês de costas, mas sentado sim. A partir daí, desenvolveu-se uma tática de luta”. Mas, segundo Paulo Duarte, naquele momento houve perda na plástica do

Por Luiz AquinoFotos Paco Lozano

judô, mas ganhou-se em termos de massifi-cação porque o judô se expandiu e todos se sentiram mais motivados com a possibilidade de vencer a técnica dos japoneses.

Nem todo ser humano gosta de sair da sua chamada zona de conforto, que a psico-logia define como uma série de ações, pensa-mentos e/ou comportamentos que uma pes-soa está acostumada a ter e que não causam nenhum tipo de medo, ansiedade ou risco. Nessa condição a pessoa realiza um deter-minado número de comportamentos que lhe dão um desempenho constante, porém limita-do e com uma sensação de segurança. Nem todos veem com bons olhos estas mudanças, principalmente pelo fato de serem tantas em tão curto espaço de tempo.

Com a massificação da modalidade, a Federação Internacional tem-se preocupado com o lado técnico e vem alterando as regras quase todos os anos. Para Paulo Duarte, ago-ra está na hora de fazer alguns ajustes para o judô voltar a ter a plástica de antes: “Acho que a intenção agora é essa, fazer com que o judô seja mais bonito e, por consequência, atrair mais investidores e mídia. Aí vira uma bola de neve”.

O professor Floriano de Almeida, do Mi-nas Tênis Clube, acredita que haverá o resgate de técnicas que estavam sendo evitadas por causa dos contragolpes que se utilizavam das pegadas de mão nas pernas: “Vejo que a FIJ se preocupou com um dos fundamentos mais importantes do judô, o kumi-kata, que é o princípio das ações de praticamente todas as técnicas. Havia lutadores que simplesmente não seguravam mais no judogi do oponente, apenas os abraçavam e pegavam nas per-

nas. Mesmo acreditando que havia técnicas muito bonitas aplicadas dessa maneira, pen-so que proibir as pegadas diretas nas pernas pode ser positiva para o judô”.

Já o sensei Rogério Quintela, da Barão de Mauá, de Ribeirão Preto, acredita que os atletas ficarão menos previsíveis: “Acho que os judocas ficarão mais criativos em busca do ippon. Acredito que a técnica sobrepujará a força e a tática”.

Outro a favor das mudanças de regras é o sensei Vinícius Fragoso, do Rio de Janeiro, que, no entanto, faz uma ressalva: “A meu ver, as mudanças são muito bem vindas. O que pesa, no entanto, é a forma brusca com que as alterações nas regras do judô vieram, pois mexem com o elemento primário da competi-ção, isto é, o kumi-kata. Assim, os atletas que não ficarem atentos terão muitos problemas durante a luta”.

Já o sensei Alfredo Dornelles, do Minas Tênis Clube, tem uma visão um pouco dife-rente com relação a todas as mudanças ocor-ridas no judô. “Acredito que, com a intenção de retornar aos primórdios do judô clássico e tradicional, a FIJ interferiu drástica e auto-ritariamente no processo de desenvolvimen-to natural e técnico-pedagógico do judô”. O professor Dornelles também analisa a questão filosófica do judô, que não pode ser colocada de lado: “Não podem esquecer que, na sua origem, o mestre Jigoro Kano não preconiza-va a competição para seus adeptos e, sim, o princípio do progresso mútuo e contínuo, em que a solidariedade estava acima de qualquer interesse em vencer, buscando o aprimora-mento do judoca como homem e cidadão. Esta é diferença do judô para qualquer outra

A cada ano a Federação Internacional de Judô promove mudanças e adaptações nas regras, mas agora foram feitas mudanças mais radi-

cais e, de certo modo, até polêmicas. Buscando promover e possibilitar maior debate sobre este tema, a Revista Budô ouviu técnicos e judocas de

destaque do judô nacional. Veja como alguns ícones do tatamis avaliaram as mudanças promovidas.

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modalidade de luta. Os princípios ji-ta-kyo-ei e sei-ryoku-zen-yo, pro-gresso mútuo e eficiência máxima com mínimo de esforço, respec-tivamente, são os paradigmas da ascensão e da difusão desta arte tanto no Japão quanto no resto do mundo. Para mim, judô não é arte marcial, não é luta, não é competição; é educação, é formação, é ci-dadania e um instrumento de contribuição eficaz na edificação de uma sociedade justa com cidadãos de bem. A competição é apenas um canal pequeno dentro da abrangência desta modalidade. É só verifi-carmos o judô oficioso, não federado, informal, de prática espontânea. Nada no mundo volta a ser o que foi em épocas anteriores, nenhuma modalidade será a mesma das décadas passadas. Nenhum atleta de hoje pode ser comparado aos atletas do passado, cada um deve ser avaliado no seu tempo, no seu momento, com seus resultados apro-priados”, destaca Dornelles.

O professor Floriano de Almeida também chamou a atenção para um ponto negativo específico na mudança da regra: a não marcação das penalidades no placar. “Assisti a várias lutas das últimas com-petições internacionais, nas quais atletas brasileiros foram beneficia-dos ou prejudicados por ela, já que qualquer atleta que pontua com

uma técnica praticamente muda sua forma de competir. Ele deixa de procurar nova pontuação com projeção, pois vencerá a luta mesmo recebendo até três shidos, caso não tenha sido projetado. A luta pode ficar menos plástica quando o atleta para de pensar em projetar, pre-ferindo esperar o tempo passar. Entendo que o público leigo, aquele que vê pela TV, tem dificuldade de entender como uma falta pode ter o peso de uma técnica, mas não sei se essa é a melhor forma de fazê-lo entender a modalidade. Quem sabe se a falta fosse assinalada como ponto no placar, nos minutos finais, a luta não ganhasse outra dinâmica. Isso é apenas um exemplo, como alternativa.”

O que deve mudar no treinamento dos atletas para adaptação

às novas regras?Alguns técnicos dizem que não mudarão nada no treinamento,

pois já trabalhavam seus atletas para não segurarem na perna. É o caso do sensei Uichiro Umakakeba, de Bastos: “Nós, em Bastos, te-

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mos a sorte de sempre ter feito o judô original e tradicional, não tivemos problemas com as mudanças. Apenas temos de acompanhar os pequenos detalhes para poder competir. Temos de estar espertos para os detalhes”.

Outro professor que não sentiu muito as alterações foi o sensei Hatiro Ogawa: “Acho que nós estamos conseguindo resgatar o judô técnico, tradicional e de postura ereta. O judô estava parecido com outras modali-dades, como luta olímpica, sambo, kurachi, e com isso perdendo parte de suas carac-terísticas”.

Para o técnico da Seleção Brasileira, Mário Tsutsui, é necessário mudar algumas coisas no fundamento dos atletas que vão participar de grandes competições de alto nível: “Após muita conversa, começamos a trabalhar com três elementos importantes: a pegada, a postura e a movimentação. Este trinômio tem de estar bem sincroni-zado, pois, se o judoca tiver boa pegada, também deve ter boa postura, caso contrá-rio não vai adiantar nada e não será eficien-te. Acho que temos de voltar principalmen-te para a base, acertar a postura, lutar em pé, sem ficar retrancado e fugindo. O judô ficou muito dinâmico. O atleta que recuar leva shido, ele tem de ser agressivo e esse deve ser o princípio de todo combate”.

Assim como Mário Tsutsui, o professor Paulo Duarte entende que é necessário reforçar o treinamento dos fundamentos, mas vai além e chama a atenção para a for-mação dos novos professores: “Os atletas que não tiverem uma condição básica boa vão sofrer. Mas aqueles que já tiverem uma condição técnica boa só precisarão se apri-morar para continuar crescendo. Isso serve de alerta para os novos professores que, no meu entender, poderão dedicar-se mais àquilo que nós mais estamos necessitando, que é a base do judô”. Paulo Duarte preo-cupa-se com a falta de novos professores de judô e o excesso de professores de edu-cação física: “Tínhamos grandes mestres de judô aqui no Brasil e muitos deles, hoje, já não se encontram entre nós, dando lugar a uma nova geração. Entretanto, sabemos que o judô é transmissão empírica. Pode--se aprender a preparar um atleta academi-camente, mas a técnica não tem como vir da educação física. A base do judô é com-pletamente diferente disso. Hoje nós temos mais professores de educação física do que de judô, e isso é uma temeridade. Acho que esta matéria da Revista Budô veio a calhar neste momento que nós estamos passan-do para que se amplie a discussão do que precisamos fazer”.

Paulo Duarte chama a atenção para o futuro do judô a partir destas mudanças: “Fazer ajustes para competir agora é só um passo. Isso foca apenas os competidores.

Temos de mexer lá atrás, senão o atleta não vai chegar com o nível que o judô mundial exige”. Na opinião dele, países como a Rús-sia, que foi o grande sucesso em Londres 2012, já não faz judô só baseado na condi-ção física: “Eles mostraram um judô muito bom porque estão preocupados em fazer um judô técnico. A vida não tem volta, o judô não tem volta ao passado. Hoje são novos caminhos”.

O campeão olímpico Aurélio Miguel é outro que reforça a necessidade do traba-lho de fundamentos: “A base do judô são os fundamentos, acho muito importante to-dos os professores priorizarem isso”. Auré-lio aproveitou a presença das seleções fran-cesa e holandesa no Brasil para um período de treinamento com a seleção brasileira e voltou a vestir o judogi e pôde perceber na prática a nova realidade com as novas re-gras: “Acho que as mudanças vão benefi-ciar quem tem golpe forte, quem sabe usar o corpo para defender e principalmente usar a movimentação. Ainda é muito cedo para falar alguma coisa definitiva, mas acho que as mudanças foram extremamente po-sitivas”.

Um ponto polêmico nestas mudanças propostas pela FIJ é a pesagem no dia an-terior à disputa. Atletas como Bruno Men-donça, medalha de prata no Grand Slam de Paris, primeira competição com as no-vas regras, à primeira vista gostou das mu-danças: “Particularmente para mim foi bom, mas eu sei que muitos vão enfrentar pro-blemas”. A maioria dos atletas não gostou, como o medalhista Felipe Kitadai: “Eu sem-pre fui muito disciplinado com meu peso, sempre mantive meu peso muito perto da categoria. Então, para mim não foi benéfi-co. Não acho justo. Acho que a pesagem tem de ser feita o mais próximo possível do horário da competição”.

Apesar de não fazer diferença em sua categoria, que só tem limite mínimo de peso, Rafael Silva, bronze em Londres 2012, também não concorda com a pe-sagem antecipada: “Acho que isso foi um retrocesso porque os atletas vão perder muito peso e depois recuperar tudo até a hora da competição. Acho que isso deverá mudar após o mundial”.

Leandro Guilheiro subiu de categoria de peso após conquistar duas medalhas de bronze olímpicas (Atenas 2004 e Pequim 2008) e preocupa-se com esta mudança na pesagem: “Acho que não é muito sau-dável para o atleta em geral. Isso vai fazer com que o atleta perca mais peso, e não sei até que ponto isso pode afetar a saúde dos atletas. Acho que a pesagem perde um pouco de sentido porque o atleta vai pesar--se 13 horas antes da luta, e ainda terá uma noite de sono. Isso fará o competidor ficar

acima do limite de peso de sua categoria na hora de competir”.

A Revista Budô ouviu Rodolfo Gonzalez Camargo, que é farmacêutico-bioquímico formado pela Universidade Estadual Paulis-ta (Unesp) e desde o início de sua forma-ção deu ênfase aos estudos de bioquímica do exercício e bioquímica dos alimentos. É mestre pela Universidade de São Pau-lo (USP), pelo laboratório de metabolismo de lipídeos. Atualmente faz doutorado pela Universidade de Potsdam (Alemanha) no laboratório de bioquímica dos alimentos num programa de parceria com a USP e a Universidade Texas A&M (Estados Unidos). É também professor na pós-graduação em lutas e artes marciais da Universidade Gama Filho em São Paulo, na qual aborda o problema da pesagem nas lutas.

Para o experiente pesquisador, a pe-sagem feita no dia anterior permite que atletas se utilizem de métodos rápidos de perda de peso para descer de categoria, e assim ter uma vantagem extra sobre seus adversários no momento da luta. Gonzales destacou os riscos que a perda de peso rápida oferece aos atletas. “A rápida perda de peso também não é bem-vinda do pon-to de vista da saúde dos atletas, uma vez que causa diminuição dos estoques de gli-cogênio, além dos efeitos deletérios, como comprometimento da função cardíaca e re-dução da capacidade renal, entre outros”.

Os atletas já estão adaptando-se rapi-damente às novas regras da luta e poucos sentiram a diferença, como Leandro Guilhei-ro que, recuperando-se de uma cirurgia no joelho, ainda não teve tempo de competir com as novas regras: “De certa forma, todo mundo terá de adaptar-se porque todos fa-ziam alguma coisa que hoje é proibido na regra. Eu, particularmente, sou contra essa mudança tão constante nas regras porque o judoca mal se adaptou a uma mudança e logo em seguida já vem outra. Na minha ca-beça já tenho algumas coisas que precisam ser feitas. Ainda não voltei a treinar, mas já estou promovendo algumas adaptações em minha estrutura de treinamento; tudo é uma questão de tempo. Basicamente, a mudança que mais afeta é a pegada mais rápida, e temos de criar alguns exercícios para isso”.

Tiago Camilo acha que as mudanças foram boas para o judô: “Tudo é uma ques-tão de adaptar-se, mas o judô técnico está sendo resgatado. O judô ficou mais boni-to”. Rafael Baby entende que o fato de não poder estourar a pegada obrigará todos a mudarem o treinamento: “Acho que as mu-danças foram um avanço para caracterizar mais o judô, para ficar mais dinâmico e ter-mos mais ippons”.

O vice-campeão olímpico em Sidney

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2000 Carlos Honorato também destacou o kumi-kata como fundamento básico a ser trabalhado para o sucesso dentro de uma luta: “Hoje não se pode mais desligar a pegada com as duas mãos, e acho que ficou mais fácil lutar com as duas e aplicar a técnica do que tentar desligar um braço para entrar com a própria técnica. Agora é necessário trabalhar as técnicas o máximo de tempo possível, sem soltar do judogi”.

Para Henrique Guimarães, bronze em Atlanta 2006, a principal mudança tática é o aumento do volume de luta, em razão de não ser possível soltar a pegada do opo-nente: “Hoje o atleta tem de ter uma for-ça de isometria muito forte na mão para sustentar e conseguir segurar”. Henrique ressalta que isso obriga o atleta a fazer um treinamento de desenvolvimento de força para poder suportar esta pegada por mais tempo.

O professor Floriano chama a atenção para a questão do treinamento físico: “Em função de a pontuação das penalidades sair do placar, o tempo de luta será mais exato e, portanto, mais fácil de dosar a pre-paração física específica. Mesmo sabendo que o golden score tem tempo ilimitado, acredito que ele quase não acontecerá”.

O sensei Fragoso entende que o treino físico, por sua vez, deve continuar com a mesma atenção, porém o esporte vai ficar mais plástico, mais bonito, e será difícil anu-lar o atleta hábil e exímio: “Acredito também que o judô se tornará mais vendável para o leigo, o que engrandecerá o espetáculo”.

As mudanças não são definitivas e po-derão permanecer ou não, após o mundial do Rio de Janeiro. O importante é que o judô não está parado no tempo, preso a convenções antigas ou modismos atuais e busca desenvolver-se de acordo com o que apontam os estudos. Está massificado como queria Jigoro Kano e a única coisa que não se pode perder com qualquer tipo de mudança é a essência da sua técnica da máxima eficiência com o mínimo esforço.

VeJA As pRIncIpAIs MudAnçAs pROMOVIdAs pelA FIJ Golden score A partir do ano que vem o Golden Score não terá nenhum limite de tempo. Ou seja, caso a luta termine empatada no tempo normal, os atletas não terão nenhuma res-trição no relógio para conquistar a primeira pontuação, que determina o vencedor. Com isso, a decisão nas mãos dos juízes (com bandeiras) está banida.

Árbitros Em relação à arbitragem, as lutas de judô contarão somente com um juiz na área da luta. Os outros dois serão deslocados para fora do tatami – ficando responsáveis por acompanhar o combate em vídeo e interferindo, caso necessário, por meio de um ponto eletrônico com o árbitro principal.

punições Outra mudança significativa refere-se às punições (shidos), que não valerão mais pontos para o adversário. Antes, a partir da segunda punição, o oponente já era premiado com um yuko, além de wazari e ippon na sequência. Mas, a partir de ago-ra, o atleta poderá receber até três shidos sem que seu adversário ganhe qualquer pontuação. A quarta punição, no entanto, resultará em sua desclassificação ime-diata (hansoku-make). Vale ressaltar ainda que o número de shidos também será usado como critério de desempate.

pegada na perna A partir de agora, estão banidos todos os tipos de ataque ou bloqueio com as mãos abaixo da cintura. Antes, era possível que os judocas fizessem o ataque se o opo-nente estivesse com a pegada cruzada, mas agora qualquer técnica com a mão na perna não será mais permitida.

pesagem Os judocas não terão mais de pesar-se no mesmo dia da competição. A partir de agora, a pesagem será feita às 19h na véspera do dia das lutas, nos mesmos mol-des do que ocorre no boxe e no UFC. Com isso, os atletas poderão aparecer bem acima do limite da categoria na hora de lutar.

novas ações passíveis de punição A FIJ também anunciou que uma série de medidas normalmente utilizadas pelos lutadores serão punidas com um shido, como: arrancar a pegada do oponente com as duas mãos, qualquer tipo de pegada cruzada sem um ataque imediato e abraçar o oponente para jogá-lo (abraço de urso).

Imobilização com tempo reduzido Para se conquistar o ippon, era necessário imobilizar o oponente por 25 segundos. Agora, serão necessários apenas 20 (10 segundos valerão um yuko e 15 valerão um wazari). O judoca também poderá dar continuidade à imobilização (osae-komi) fora da área de luta, se ele tiver começado dentro.

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OPEN CIDADEMARAVILHOSA

“OS MELHORES DO BRASIL JÁ PASSARAM POR AQUI”

Rio de Janeiro (RJ) - A Confederação Brasileira de Taekwondo (CBTKD) re-alizou de 22 a 24 de março a 15ª edição do Open Cidade Maravilhosa (OCM), tra-dicional evento carioca que é referência para os taekwondistas de todo o Brasil.

Nos três dias de competição passaram cerca de 500 atletas de vários Esta-dos, que disputaram todas as categorias da modalidade, em poomsae e kiorugui. Dos faixas coloridas infantis aos faixas pretas máster, destacaram-se as catego-rias juvenil, sub 21 e adulto, as mais disputadas na competição, representadas por atletas brasileiros de grande destaque e integrantes da seleção brasileira. Houve também a estreia da categoria cadetes, composta por atletas de 12 a 14 anos.

O atleta olímpico Diogo Silva prestigiou o evento com a sua presença e a� r-mou que o OCM acaba funcionando como “uma vitrine para muitos atletas” e uma fonte de inspiração para aqueles que estão dando os primeiros passos no mundo da competição. “Todos os que já representaram o Brasil em Olimpía-das, mundiais ou pan-americanos já passaram por este campeonato aberto. Eu mesmo já competi aqui. Então, acredito que os atletas iniciantes ou medianos que estão participando têm o objetivo de crescer tecnicamente e ganhar o ritmo de competição. É óbvio que vimos aqui muitos talentos de todo o Brasil. Neste evento temos a possibilidade de lutar com pessoas do Brasil inteiro e isso é uma grande experiência para todos”, declarou.

Por Carla Sofia Flores/Imprensa CBTKDFotos Marcos Roberto

“OS MELHORES DO BRASIL JÁ PASSARAM POR AQUI”

A Confederação Brasileira de Taekwondo (CBTKD) re-alizou de 22 a 24 de março a 15ª edição do Open Cidade Maravilhosa (OCM), tra-dicional evento carioca que é referência para os taekwondistas de todo o Brasil.

Nos três dias de competição passaram cerca de 500 atletas de vários Esta-dos, que disputaram todas as categorias da modalidade, em poomsae e kiorugui. Dos faixas coloridas infantis aos faixas pretas máster, destacaram-se as catego-rias juvenil, sub 21 e adulto, as mais disputadas na competição, representadas por atletas brasileiros de grande destaque e integrantes da seleção brasileira. Houve também a estreia da categoria cadetes, composta por atletas de 12 a 14

O atleta olímpico Diogo Silva prestigiou o evento com a sua presença e a� r-mou que o OCM acaba funcionando como “uma vitrine para muitos atletas” e uma fonte de inspiração para aqueles que estão dando os primeiros passos no mundo da competição. “Todos os que já representaram o Brasil em Olimpía-das, mundiais ou pan-americanos já passaram por este campeonato aberto. Eu mesmo já competi aqui. Então, acredito que os atletas iniciantes ou medianos que estão participando têm o objetivo de crescer tecnicamente e ganhar o ritmo de competição. É óbvio que vimos aqui muitos talentos de todo o Brasil. Neste evento temos a possibilidade de lutar com pessoas do Brasil inteiro e isso é uma

Por Carla Sofia Flores/Imprensa CBTKDFotos Marcos Roberto

Ministério do

Esporte

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Por Matheus LuizFotos Revista Budô

William Lima, líder da equipe Superar, a campeã geral do OCM 2013, reforçou o pensamento de Diogo Silva, dizendo que “todos os atletas da seleção brasileira já lutaram neste campeonato, por isso desfruta carisma tão grande entre os competidores”. “É um orgulho muito grande para nós ter conquistado este título no Rio de Janeiro. É a prova de que os projetos sociais, como é o nosso caso e a base da nossa equipe, dão resultados e que todo o esforço é válido. Estamos muito felizes”, disse.

William acredita que o OCM pode ser disputado por taekwon-distas de todas as faixas etárias. “Trouxemos uma aluna de 50 anos, a Valéria. Ela é o exemplo vivo de que não há idade para fazer esporte e que qualquer pessoa, se tiver força de vontade, pode entrar na quadra para lutar e mostrar um bom desempenho”, a� r-mou. Por outro lado, o técnico campeão também trouxe atletas ini-ciantes, para que fossem apresentados ao mundo da competição. “A nossa equipe veio com garotos mais novos, para começarem a

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ter experiência, saber como é a vida de atleta e projetarem o seu futuro. Este campeonato vai abrir a mente de nossas crianças, que agora vão despertar para a realidade da competição”, a� rmou o mestre de taekwondo de Samambaia.

De Rolândia, no Paraná, veio outra equipe de campeões, lide-rada por Silvano Mello. Todos os seus atletas conquistaram meda-lha de ouro, exceto um, que foi prata. “Dois dos nossos lutadores foram bicampeões. A galera já conhece bem o evento, pois vem todo ano e gosta muito de participar. É uma grande experiência para todos eles”, revelou o técnico. Do time rolandiense, na cate-goria cadetes faixa colorida, -41 kg, destacou-se o pequeno Leo-nardo Silveira, que conquistou o bicampeonato e falou que a com-petição foi muito boa. “Consegui um bom resultado e minhas lutas foram muito boas. Agora quero continuar a treinar para tornar-me um atleta de seleção daqui a alguns anos.”

Na opinião do mais experiente Marcelo Santos – que foi cam-peão no US Open 2013, na categoria máster II -68 kg, e conquistou o bicampeonato no OCM –, o evento evoluiu muito nos últimos tempos. “Eu já participo há muitos anos neste aberto e vejo que tem havido grandes mudanças. A estrutura e a organização estão muito boas atualmente e os atletas não têm do que reclamar, pois tudo está em um nível muito elevado”, destacou.

Diogo Silva concordou com o campeão máster, a� rmando que

Equipe Superar do Distrito Federal a campeã geral do evento Premiação da seletiva de Poonsae

Denilson Nicodemos, preseidente da federação paraense premiando sua atletaJosé da Mota Leal Filho, secretario geral da CBTKD, Valdemir Medeiros superin-tendente da CBKT e Alberto Cavalcante Maciel Júnior, coordenador da seleção juvenil

a organização melhora a cada ano. “Este ano tivemos um formato de cinco quadras, que é muito interessante e funcionou muito bem. Deu mais dinâmica ao campeonato e os atletas não têm de esperar muito. As quadras também estão muito bem equipadas, seguindo os padrões internacionais, e a organização foi realmente muito boa.”

Marcelo Santos concluiu dizendo que a participação de todo o Brasil neste evento só enriquece a competição. “Tendo em conta tudo isso, eu acho que o OCM acaba sendo quase um campeo-nato brasileiro aberto, visto que é uma competição de alto nível.”

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Nós fomos lá fora e trouxemos o primeiro sistema eletrônico de proteção homologado pela WTF e presente nos jogos olímpicos Londres 2012 .

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Participantes do seminário de Poonsae

Seminário de Arbitragem de Poonsae Interesse dos

praticantes está aumentando

O Rio de Janeiro recebeu mais um Seminário de Arbitragem de Poomsae, com o objetivo de capacitar os praticantes e fazer com que a modalidade cresça cada vez mais no Brasil.

Esta segunda edição do seminário aconteceu no CEFAN, na véspera da competição do Poomsae do Open Cidade Maravilhosa e Seletiva Nacional de Poomsae, e contou com a participação de vários atletas que participaram em ambos os eventos.

De acordo com o palestrante César Valentim, este Seminário não se dirige apenas a quem pretende ser árbitro, mas também aos competidores que, com maior conhecimento da arbitragem, poderão aperfeiçoar seu desempenho.

Com os dois seminários que realizou em 2013, a CBTKD já conseguiu atualizar mais 39 árbitros de Poomsae, só este ano. Este incremento da modalidade e capacitação de participantes, segun-do César Valentim, “gera mais interesse de atletas e técnicos em participar em eventos e de apostar na formação”.

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YASUTAKA TANAKA

Por Paulo PintoFoto Revista Budô

YASUTAKA TANAKAYASUTAKA TANAKA

O SHIHAN DO BRASILO SHIHAN DO BRASILNascido no dia 8 de outubro de 1936, em Tóquio, sensei

Yasutaka Tanaka, 9º dan, viveu no Japão até os 6 anos, quando emigrou com sua família para a China. Após o � m da segunda guerra mundial, regressou ao Japão, onde fez faculdade e posteriormente veio para o Brasil, sendo um dos pioneiros na Arte das Mãos Vazias. Conheça um pouco mais da história desta lenda viva do karatê mundial, já que hierarquicamente sensei Tanaka é hoje, o

número 1 da International Traditional Karatê Federation (ITKF).

O SHIHAN DO BRASIL

INTERVIEW

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Foi na faculdade de Takushoku que sensei Tanaka conheceu o karatê-dô, diretamente com sensei Nakayama, um dos funda-dores da JKA. Segundo Tanaka, naquela época o karatê era diferente, enfatizava-se o budô, e o foco era voltado para a formação das pessoas. Não se treinava para ganhar títulos, e sim para desenvolver a mente, o corpo e o espírito. Antes de vir para o Brasil, formou-se em comércio na Universidade de Takushoku, em Tóquio.

De que forma chegou ao karatê?Comecei aos 7 anos. Naquela época o karatê era mal visto no Japão porque era muito violento, e as crianças não o praticavam.

Quem foi seu sensei?Meu principal instrutor foi Nakayama, que era professor da uni-versidade Takushoku. Lá cada universidade tem uma espécie de clube que representa a instituição nas mais variadas competições.

Por que veio para o Brasil?Eu queria muito sair do Japão. Em função do trabalho de meu pai, sempre mudávamos e na época da guerra estávamos na China. Quando acabou a guerra voltamos para o Japão, em 1946. E no pós-guerra o Brasil era o único País que permitia a entrada de japoneses.

Em que ano veio para o Brasil?Em 1959, e fui para São Paulo, na região de Mogi das Cruzes, onde a colônia japonesa era muito grande. Entrei no Brasil por Santos, e vim no navio Argentina Maru.

Veio com outros professores?Vim sozinho. Todos os meus amigos vieram antes. Primeiro veio o professor Sagara, depois Higashino e Uriu, nesta ordem. Todos eles karatecas formados em Takushoku.

E vocês vieram com planos traçados para o karatê?Não. Cada um veio porque quis. Ninguém sabia se o karatê iria acontecer aqui, pois naquela época quase ninguém fora do Ja-pão, conhecia karatê.

Mas existe uma lenda de que a JKA orquestrou a vinda de vocês para desenvolver o karatê no Brasil. Isso não é real?Não, isso não procede. Cada um veio por sua conta. O único que veio a mando da NKK foi o Okuda, mas isso foi muitos anos depois.

Quem montou a primeira escola de karatê do Brasil?Do nosso grupo foi o Sagara, mas antes dele vieram e se esta-beleceram aqui os professores Akamine e Harada, este último também da shotokan.

Como foi parar no Rio de Janeiro?Primeiro fui para São Paulo treinar na academia do professor Sagara, e um dia visitei o Rio de Janeiro, onde conheci o profes-sor Lirton Monassa, que já tinha uma academia. Ele disse que já me conhecia de São Paulo. Fizemos uma amizade e com isso ele acabou me convidando para treinar no Rio de Janeiro, na acade-mia Kobukan.

Como se chamava e onde foi fundado seu primeiro dojô?Ginásio Brasileiro de Cultura Física, na praia de Botafogo.

De que forma aconteceu o desenvolvimento do karatê no Brasil?Quando cheguei ao Rio de Janeiro em 1962, ninguém sabia o que era karatê, mas em pouco tempo a coisa estourou. Tive muita sorte porque quando cheguei ao Rio comecei a ensinar pessoas de um nível social mais elevado e ao mesmo tempo houve uma grande divulgação por meio de fi lmes que despontaram, e estes dois fatores deram grande impulso ao nosso trabalho. Minha sorte foi que esse pessoal de nível social mais elevado reconheceu o potencial do karatê. Mesmo que mal explicado por mim, eles per-ceberam a adequação que existia na modalidade para o biotipo brasileiro.

Sensei Tanaka com seu aluno Ugo Arrigone também membro do shihan-kai da CBKT

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Quando ocorreu o primeiro campeonato brasileiro?Cheguei ao Rio em 1962 e já em 1963 fiz o primeiro torneio, mas não era oficial. Havia karatê apenas nos Estados do Rio de Janei-ro, São Paulo e Bahia, além de Brasília Aos poucos começamos a oficializar o karatê, que em pouco tempo obteve sucesso e assim vieram Goiás, Minas Gerais e muitos outros Estados.

Quais eram os professores que atuavam no começo?Em São Paulo, o sensei Sagara; em Brasília, o professor Higashi-no; na Bahia estava o sensei Uriu; e no Rio de Janeiro, eu. Em 1968 a Confederação Brasileira de Pugilismo fez um convite para nos filiarmos, e foi ai que começamos a estruturação do karatê. Até que em 1969 fizemos o primeiro Campeonato Brasileiro no Ginásio Mourisco, do Clube Botafogo, no Rio de Janeiro.

Em que ano o Brasil participou do primeiro mundial?Na verdade, o primeiro Campeonato Mundial de Karatê realizou--se em Tóquio, em 1970, mas foi uma competição por equipes. O segundo mundial foi realizado em 1972, em Paris, e este foi indivi-dual e absoluto. Foi nesta edição que a seleção brasileira estreou.

O Brasil pegou alguma medalha neste mundial?Sim, claro. O Brasil foi campeão absoluto.

Como assim?O sensei Tasuke Watanabe foi campeão mundial. Ele foi o primeiro campeão mundial individual de karatê no mundo. Naquela época não havia categoria de peso, era absoluto, assim como o judô também era absoluto. Na disputa por equipes ficamos em 5º lugar. A equipe foi formada por Caribe, que era o capitão, Ugo Arrigoni Neto, Watanabe, Paulão, Fernando Soares e Dorival. Eu fui o técnico, e o chefe de delegação foi o general Cintra.

O Watanabe é brasileiro?Ele é japonês, mas se naturalizou brasileiro e até serviu o Exército.

Quais foram os primeiros brasileiros que mais se destacaram tecnicamente?Nos primeiros três anos os cariocas foram campeões em tudo.

Quais deles se destacaram no kumitê?Tivemos muitos atletas bons, entre os quais destaco o Ugo Arri-goni, Ronaldo Carlos e o Paulão. Cada um com seu estilo.

E no kata?Quem se destacou mais naquela época foi o Ugo Arrigoni. Todos que citei tinham nível internacional.

Em sua análise, os professores que vieram do Japão obtiveram sucesso na implantação da modalidade na cultura brasileira?Acho que sim, porque o brasileiro se adaptou muito bem. O biotipo do brasileiro é parecido com o do japonês. Os brasileiros possuem muito jogo de cintura e geralmente são corajosos. Com isso se adaptaram bem. Hoje o Brasil desponta no topo de várias modalidades de luta.

Após a morte de Nakayama, quem passou a ser o número 1 do hombu dojô?Para mim foi o professor Nishiyama, porque quando o professor Nakayama faleceu não existia um sucessor. Havia um sucessor que era o professor Miyata, mas ele acabou falecendo antes do Nakayama.

Qual é a sua definição do termo budô?A tradução simples é o caminho do guerreiro. Mas acho que representa o espírito da pessoa, é muito difícil explicar. Nós não somos apenas músculos, temos a mente e, o budô tem estes dois lados: o físico e o mental. Para nós, no Japão, quer dizer dentro do sangue, e tem também o cultivo da disciplina.

De que forma surgiu a ITKF?Bem, essa historia é antiga. O primeiro campeonato mundial foi realizado no Japão, em 1970, sob a sigla da World Union of Karate--Do Organization (WUKO). No segundo mundial, realizado em Paris, houve uma briga enorme que acabou dividindo a modalidade. Não foi uma briga política ou por poder, foi uma questão ideológica e técnica. Basicamente foi porque na WUKO o golpe não é com-pletado, ou seja, não entra de verdade. Aí aconteceu a separação e o professor Nishiyama montou a International Amateur Karate Federation (IAKF) e posteriormente a Internacional Traditional Karate Federation (ITKF). Com isso, em 1973 o karatê foi dividido em dois grupos. Em 1973 o professor Nishiyama organizou seu grupo, que estreou no Campeonato Pan-Americano, realizado aqui no Brasil.

O karatê foi criadopara você competir consigo mesmo, e vencer seu maior inimigo que é você mesmo.”

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Quais países participaram deste pan de 1973?Brasil, Argentina, Estados Unidos, Trinidad e Tobago, México, Uruguai, Chile e Canadá.

Quem liderava a WUKO?Os europeus, mas não lembro ao certo quem era o presidente.

Por que seguiu o sensei Nishiyama?Na verdade, por uma questão técnica, pois o karatê do Nishiyama era infinitamente superior, já que o outro grupo só visava à com-petição, e mais nada.

Mas onde está a verdadeira origem de tudo?A origem remonta a muitos anos, e foi no kendô e na espada. Toda a arte marcial japonesa é fundamentada nos samurais e na espada. Budô de verdade não é karatê contra karatê, e sim karatê contra outra modalidade de luta. Treinava-se para enfrentar situa-ções de risco, e tudo partiu da espada.

O que vai acontecer com o karatê-dô tradicional sem Nishiyama?Esta resposta é muito difícil, porque depende de muitas variantes. Há muita gente que segue os passos dele, mas tudo vai depender da articulação política dos dirigentes da ITKF. Lembro apenas que não podemos mudar e nem esquecer a essência de sua obra.

Nishiyama também trabalhava a questão energética?Ele pesquisava golpes e movimentos cientificamente, e a partir daí comprovava a eficiência de cada golpe de forma científica. Isso passa inclusive pela aplicação de mais ou menos energia na obtenção dos objetivos.

Funakoshi priorizou a técnica do karatê?O sensei Funakoshi foi o criador do karatê shotokan, e queria divulgar sua modalidade num país onde as artes marciais eram a grande paixão da população. Para isso contou com a ajuda imprescindível do sensei Jigoro Kano, que o apresentou à cúpula da Universidade de Tóquio. Kano fazia parte da nata da sociedade científica japonesa, que, mesmo não conhecendo karatê, não simpatizava com a modalidade. Sem a participação de Jigoro Kano, dificilmente sensei Funakoshi teria tido acesso ao círculo erudito universitário. A partir deste apoio o karatê passou a ser visto como uma modalidade nobre.

Qual foi o legado que sensei Nishiyama deixou para o futuro do karatê?Na verdade nunca falei sobre isso, mesmo porque eu sempre pedi a ele que não morresse antes de mim. Cansei de pedir isso a ele, pois sou muito ruim de karatê, e preciso de meus colegas para

seguir adiante nisso. Mas ele não atendeu ao meu pedido. A obra de Nishiyama é fantástica, e seu legado é toda a pesquisa que resultou no embasamento técnico fantástico que só o karatê-dô tradicional possui, entre as artes marciais. Suas pesquisas e o livro Os Segredos do Karatê proporcionaram uma nova perspectiva sobre os movimentos e golpes de nossa modalidade. Até então apenas fazíamos aquilo que nos ensinavam. Após sua vasta pes-quisa, soubemos o porquê de cada movimento e golpe. Ele nos mostrou o bunkay real, ou seja, a aplicação do kata.

Até então isso não existia no universo do karatê?Nunca existiu nada antes dele. O costume e a tradição no karatê do Japão são diferentes, e lá não nos ensinam nada. Ninguém ex-plica nada, e se errar você apanha. Enquanto estamos apanhando é porque estamos errando e não sabemos karatê.

Faça uma análise de Nishiyama sensei e de sua obra.Não posso falar sobre seu caráter, mas posso falar sobre sua pesquisa, do aporte técnico e científico que proporcionou ao karatê. Ninguém pesquisou tanto quanto ele. Acho que o conjunto de sua obra dá luz a um enfoque totalmente inovador para as artes marciais.

Após estes 50 anos de Brasil, o senhor acha que conseguiu transmitir as coisas que aprendeu com seus professores?Sim. Felizmente pude transmitir grande parte do que aprendi a vários professores do Brasil. Mas isso eu devo ao professor Nishiyama, pois foi ele que nos mostrou a importância de estar fazendo esta transmissão, e mais, ele nos ensinou como fazer esta transmissão e apontou caminhos para isso, já que ensinar e fazer a transmissão demanda um preparo específico. O senhor acredita em projetos sociais?Sim. Penso que hoje o crescimento de todas as modalidades esportivas passa necessariamente pelos projetos sociais, que na verdade são o maior celeiro de atletas do Brasil.

Os shihans Tasuke Watanabe e Yasutaka Tanaka sempre atentos ao desenvolvimento do tradicional verde e amarelo

Os shihans Tasuke Watanabe, Yasutaka Tanaka e Hiroyasu Inoki formam o tripé técnico e filosófico do karatê-dô tradicional brasileiro

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Vocês participam direta ou indiretamente de projetos sociais?Sim. Participamos de um projeto social no Rio de Janeiro e acho que, se bem administrados, os projetos criarão novos conceitos para todas as modalidades esportivas. Como aconteceu o resurgimento da JKA?Não simpatizo com questões políticas, mas a meu ver, após o faleci-mento do sensei Nakayama, houve uma disputa interna na entidade pelo simples fato de ele não ter deixado um sucessor. Em função disso, houve o racha, e com o tempo a ala política da NKK acabou vencendo as disputas internas. A partir daí houve uma vontade maior de fazer a entidade crescer, e este movimento fez com que a JKA retomasse alguma forma de crescimento. Mas, a meu ver, eles passaram a focar muito a questão esportiva, deixando a essência de lado. Com o sensei Nishiyama aprendi muito sobre o corpo humano e aprendi a valorizar ainda mais os aspectos científicos do karatê. O budô é a realidade, e a realidade do karatê não é a competição. E o grupo que assumiu a JKA, lamentavelmente, priorizou a competição. E no Brasil, o senhor participou deste movimento?Não. Quando aconteceu este movimento pedi aos senseis Sas-saki e Machida que levassem isso adiante, e preferi ficar ao lado do sensei Nishiyama. Não participei oficialmente de nada, pois tinha compromisso com o tradicional.

Como viu o paradigma criado, já que de certa forma houve um racha e estas duas grandes lideranças acabaram se afastando do tradicional?Não vejo a coisa dessa forma, mas entendo que toda divisão pro-move perdas que muitas vezes são irreparáveis. Mas não poderia parar um movimento que partia diretamente de minha origem, pois fui aluno direto do sensei Nakayama. Mesmo tendo todo o compromisso que tive com Nishiyama, não poderia virar as costas para minha própria origem. Foi por isso que pedi a ambos que to-cassem este projeto, mesmo porque o Machida é muito amigo do Tanaka do Japão. Na verdade, não entro nesta briga, e oficialmen-te não participei do movimento de fundação da JKA no Brasil.

Existe a possibilidade de fusão entre a JKA com a ITKF?Acho que não, porque a JKA é uma escola que representa um es-tilo de karatê, enquanto a ITKF congrega vários estilos de karatê e representa um estilo de treinamento com embasamento científico.

Este ano comemoramos 50 anos de fundação de sua escola no Brasil. O que sente quando vê tudo que construiu nestes 50 anos?Acho que tudo passou muito rápido. Tive muitas alegrias e tris-

tezas, mas acho que fiz o certo. Penso que tudo foi válido e fiz a escolha certa quando decidi vir para o Brasil.

Qual é a importância de sua obra na manutenção dos princípios criados por Gichin Funakoshi?Penso que não posso estabelecer uma ligação direta entre meu trabalho no Brasil e a obra do sensei Funakoshi. Mas tenho certe-za de que ajudei a difundir aqui grande parte da obra dos senseis Nakayama e Nishiyama.

O senhor é hoje é o número 1 da ITKF. O que isso representa para o senhor?Não sei nada disso. Sou apenas o mais antigo de todos e me sin-to honrado por esta longevidade, e pela deferência que me é feita, mas nunca pretendi ser Deus. Prefiro ser um ser humano normal sem maiores pretensões.

E na vida pessoal, quais foram suas principais con-quistas?Fui casado e há aproximadamente quatro anos fiquei viúvo. Este casamento me deu um filho nascido e criado no Brasil. Minha esposa chamava-se Toyoko Tanaka Guaracy Ken Tanaka.

Valeu a pena ter migrado para o Brasil?Com certeza. E mesmo sendo ruim de karatê consegui formar grandes campeões e, como já disse, ajudei a disseminar os pre-ceitos filosóficos e técnicos de nossa modalidade.

Como avalia o momento atual do tradicional no Brasil?Minha avaliação é muito boa. O karatê tradicional nunca esteve tão bem organizado e administrado em nosso País como hoje. Além disso, esta nova administração deu outro formato para nossa modalidade. No campo técnico também evoluímos muito, e no último mundial a seleção brasileira obteve um número recorde de medalhas.

Qual é mensagem que deixa para os karatecas do Brasil?Gostaria que as pessoas entendessem que competição é com-petição, e que o karatê arte marcial é algo totalmente diferente. O karatê não é show, e é muito mais do que isso. O karatê essência foi criado para você competir internamente consigo mesmo e vencer seu maior inimigo, que é você mesmo.

Com o carisma e naturalidade, há 50 anos Yasutaka Tanaka comanda o tradicional no Brasil

Os senseis Iko Trindade, Ugo Arrigoni e Tanaka exibem foto histórica de 1960 que registra o ínicio do Karatê no Rio de Janeiro

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PRÓS E CONTRAS DA PESAGEM NO DIA ANTERIOR À COMPETIÇÃO

NUTRIÇÃO DESPORTIVA

A pesagem nos esportes de luta é utilizada comumente como um critério de divisão dos atletas em categorias determinadas por faixas de peso, e muito se tem discutido sobre o melhor momento para a realização dela.

Muitos defendem que a pesagem deve ser feita no dia da competição, e outros que ela deve ser realizada no dia anterior. Atualmente, nos esportes de luta, veri� ca-se uma tendência em adotar a pesagem no dia anterior à competição. Esta prática permite, porém, que atletas se utilizem de métodos rápidos de perda de peso para que possam descer de categoria, e assim ter uma vantagem extra sobre seus adversários no momento da luta.

Entre as estratégias utilizadas, a desidratação e o jejum são as mais comuns, além do uso de fármacos diuréticos, laxantes e sauna, entre outros (Naghii MR, 2000). Devido ao tempo entre a pesagem no dia anterior e a luta (aproximadamente 14 a 24 horas), a recuperação destes atletas é possível de ser realizada. Ao término da pesagem, lutadores frequentemente orientados por nutricionistas, educadores físicos e médicos tratam de reidratar-se e reestabelecer seus estoques de glicogênio, a � m de não haver um comprometimento no desempenho durante a luta no dia seguinte.

Desta forma, durante as competições, encontramos atletas inscritos em categorias abaixo da real, criando uma desvantagem para os adversários que estão na faixa de peso correta. Assim, no momento da luta esses lutadores enfrentarão oponentes muitas vezes cinco ou seis quilos acima do peso máximo permitido para aquela categoria.

Além disso, a rápida perda de peso também não é bem-vinda do ponto de vista da saúde dos atletas, uma vez que causa diminuição dos estoques de glicogênio, além de efeitos deletérios, como comprometimento da função cardíaca e redução da capacidade renal, entre outros (Naghii MR, 2000).

Tais alterações podem causar queda no desempenho, que pode ser observada a partir da redução de 2% a 3% do peso corporal por desidratação (Shirreffs et al, 2007), além de perda de concentração, como consequência da diminuição de 1,5% a 2% de água corporal (Edwards et al, 2007).

E ainda, a ocorrência de redução nos estoques de glicogênio pode afetar drasticamente o desempenho dos atletas, principalmente em atividades realizadas acima de 75% VO2máx (Spriet LL., 2011). Considerando que o ideal é que os lutadores estejam com os estoques de glicogênio cheios no momento da competição, após a pesagem são necessárias 20 horas para a completa recuperação desta fonte de glicose (taxa média de recuperação do glicogênio em torno de 5% por hora) (Shoaib Bin Aleem, et al, 2009).

Treinadores, comentaristas e especialistas no assunto, que defendem o ponto de vista da competição em igualdade de condições, posicionam-se contra a pesagem no dia anterior, justi� cando que muitos destes atletas não pertencem à categoria em que estão inscritos e têm uma vantagem sobre os ditos honestos, que estão no peso correto, além de não considerarem uma prática saudável.

Outro grupo de estudiosos, porém, defende uma visão mais realista, ou seja, a pesagem no dia da competição não evita que muitos atletas se utilizem de estratégias de rápida perda de peso para entrar na categoria em que estão inscritos. Dessa forma, não há tempo hábil para a recuperação dos competidores, sendo comum a presença de lutadores desidratados e com estoques de glicogênio abaixo do necessário durante as lutas, o que não é recomendado tanto do ponto de vista da saúde quanto da qualidade da competição.

O que preservar então? O direito do atleta que está dentro da faixa de peso de sua categoria de enfrentar um oponente nas mesmas condições ou a saúde daqueles que se utilizam de estratégias para a rápida perda de peso? Esta questão vem sendo amplamente discutida e está longe de ser unanimidade entre os especialistas no assunto.

Rodolfo Gonzalez Camargo é Farmacêutico-Bioquímico formado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e desde o início de sua formação deu ênfase aos estudos de bioquímica do exercício e bioquímica dos alimentos. É mestre pela Universidade de São Paulo (USP), pelo laboratório de metabolismo de lipídeos. Atualmente é aluno de doutorado pela Universidade de Potsdam (Alemanha) no laboratório de bioquímica dos alimentos em um programa de parceria com a Universidade de São Paulo (USP) e com a Universidade Texas A&M (Estados Unidos).

ReferênciasEdwards, A.M., Mann, M. E., Marfell-Jones,M. J., Rankin, D. M., Noakes, T. D., & Shillington, D. P. (2007). The in� uence of moderate dehydration on soccer performance: Physiological res-ponses to 45 min of outdoors match-play and the immediate subsequent performance of sport--speci� c and mental concentration tests. British Journal of Sports Medicine, 41, 385 – 391

Naghii MR. The signi� cance of water in sport and weight control. Nutr Health. 2000;14(2):127-32.Shirreffs SM, Casa DJ, Carter R 3rd; International Association of Athletics Federations. Fluid needs for training and competition in athletics. J Sports Sci. 2007;25 Suppl 1:S83-91.Shoaib Bin Aleem, Muhammad Mazhar Hussain, Yasir Farooq. Role of Skeletal Muscle Glycogen in Exercise. Pakistan armed forces medical journal. 2009;3: June.Spriet LL. Metabolic regulation of fat use during exercise and in recovery. Nestle Nutr Inst Workshop Ser. 2011;69:39-53; discussion 53-8.

Por Rodolfo Gonzalez CamargoFoto Paco Lozano

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Não há duvida, o principal fato da histó-ria do judô brasileiro foi a conquista da me-dalha de ouro por Aurélio Miguel nos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988 e que este ano completa 25 anos.

O pódio do judoca paulistano da Vila Sônia não foi o primeiro da seleção brasi-leira do esporte em uma Olimpíada, mas foi de longe o mais marcante. Um exemplo: foi a única medalha de ouro da delegação do Brasil que foi aos Jogos de Seul com 170 atletas. Foi também a primeira dourada do judô olímpico nacional que até hoje tem apenas mais duas do mesmo nível (Rogério Sampaio, Barcelona-92, e Sarah Meneses, Londres 2012). Daquele 30 de setembro em diante o esporte criado pelo japonês Jigoro Kano ganhou uma nova força no Brasil. Milhares de crianças começaram a praticar judô. As academias viram seus tatames ganharem centenas de alunos. A

25 anosda conquista dourada

Fotos Arquivo

Conquista olímpica de Aurélio Miguel foi divisor deáguas para o judô brasileiro

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exposição do judô no país atin-giu um novo patamar. Jornais, revistas, programas de TV co-meçaram a encarar a modalida-de com outros olhos.

No campo competitivo, a conquista em Seul deu a auto-confiança necessária aos atle-tas do País para fazer frente a europeus e asiáticos. Hoje o país figura entre as principais forças da modalidade no mun-do.

Ao se comemorar os 25 anos da final na qual Aurélio Miguel derrotou o alemão Marc Meilling na decisão olímpica dos meio-pesados (até 95 quilos) é preciso dar crédito também a Chiaki Ishii, japonês naturaliza-do brasileiro que em 1972, nos Jogos de Munique, colocou o Brasil pela primeira vez no pó-dio olímpico ao chegar à meda-lha de bronze. Justo também recordar que em Los Angeles, quatro anos antes de Seul, o Brasil fez bonito nas Olimpíadas ao conquistar uma medalha de prata (Douglas Vieira) e duas de

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bronze (Luiz Onmura e Walter Carmona). Mas pela importância dos Jogos de Seul, pela presença das grandes forças do es-porte, não há como negar a importância do ouro de Aurélio Miguel. “Mas ninguém consegue nada sozinho. Tenho muito a agradecer aos técnicos, companheiros de treino demais membros da seleção bra-sileira que me ajudaram muito. É preciso

frisar que apesar de o judô ser um esporte individual, é fundamental que exista uma equipe. É impossível treinar sozinho”, res-saltou Aurélio.

A medalha de ouro olímpica que Au-rélio Miguel colocou no peito aos 24 anos de idade foi um feito importante não só no campo do esporte de alto rendimento. O judoca que teve em Massao Shinohara o

seu primeiro técnico de competição sem-pre apresentou uma destacada atuação política no judô. Desde muito cedo ficou conhecido por suas reivindicações que sempre buscavam melhorar as condições de trabalho dos atletas do judô e que aca-baram refletindo no esporte brasileiro em geral. Isso ajuda a entender os episódios que se seguiram à sua conquista olímpica,

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como por exemplo, o seu rom-pimento com a Confederação Brasileira de Judô em 1989, gesto que foi seguido pela eli-te do esporte naquela ocasião. Nada que o impedisse de retor-nar aos tatamis e subir ao pó-dio olímpico novamente, desta vez conquistando a medalha de bronze nas Olimpíadas de Atlanta, em 1996.

Ao encerrar sua carreira de atleta em 2001, Aurélio Miguel deixou como legado, além de uma das trajetórias esportivas mais impressionantes do es-porte nacional, lições impres-cindíveis aprendidas no judô: disciplina, determinação e hon-radez.

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Por Paulo PintoFotos Flávio Sampaio

GATA DOS TATAMIS

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Nome: Rafaela Ruiz Nucci de Morais

Local e data de nascimento: 9/12/1996 - São Paulo (SP)

Formação escolar: Ensino médio

Graduação: Faixa marrom

Tokui waza: Seoi-nage

Judogi preferido: Dragão Série Ouro - Branco

Tênis preferido para passeio: Adidas

Tênis preferido para atividade física: Mizuno

Peso: 48 kg

Altura: 1,60 m

Categoria: Meio-leve

Sensei: Rafael Chiavinato

Técnicos: Rafael Chiavinato e Sidnei Silva

Ídolo nos tatamis: Leandro Guilheiro

Ídolo fora dos tatamis: “Meu maior ídolo é Jesus”

Maior judoca da atualidade: Kayla Harrison

Maior judoca de todos os tempos: Toshihiko Koga

Clube: Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa (COTP)

Meta fora dos tatamis: “Fazer faculdade de Direito e me tornar juíza”

Altura: 1,60 m

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Paulo Wanderley é reeleito Presidente da

Confederação Brasileira de Judô

Rio de Janeiro (RJ) - Paulo Wanderley Teixeira foi reeleito pre-sidente da Confederação Brasileira de Judô pelos próximos quatro anos. A eleição foi realizada no dia 26 de janeiro, durante a Assem-bleia Geral Ordinária, no Hotel Windsor Plaza Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro. A chapa liderada pelo atual presidente, única concorrente, foi eleita por aclamação pelas 27 federações esta-duais. Os campeões olímpicos Aurélio Miguel e Rogério Sampaio acompanharam a assembleia.

Segundo Paulo Wanderley, a votação expressiva reflete a unida-de em torno de sua candidatura. “Essa reeleição por aclamação re-flete um momento inédito no judô brasileiro: uma unidade em torno de um objetivo maior, que é o sucesso da modalidade”, comentou o dirigente. “Sinto-me no alto do pódio da gestão com essa reeleição. Estou muito feliz por poder dar prosseguimento a projetos impor-tantes que estamos conduzindo, com foco na excelência. Tenho confiança de que, ao final do próximo ciclo olímpico, teremos muito mais motivos para comemorar”, afirmou Paulo Wanderley, que to-mará posse no dia 9 de março em local ainda a definir.

Com Paulo Wanderley à frente da CBJ, o judô tornou-se o es-porte que mais trouxe medalhas para o Brasil em Olimpíadas (foram conquistadas duas em Atenas 2004, três em Pequim 2008 e quatro em Londres 2012). Também foi conduzida uma política importante de descentralização do esporte, especialmente por meio do Pro-grama de Auxílio às Federações (PAF), que está melhorando a es-trutura de treinamento e competição em todo o Brasil.

Pela primeira vez, uma assembleia geral contou com a presen-ça de medalhistas olímpicos. Os campeões Aurélio Miguel e Rogé-rio Sampaio prestigiaram o evento. “Essa reeleição por aclamação mostra que estamos vivendo um momento de maturidade admi-nistrativa muito grande. Temos de enaltecer o trabalho de Paulo Wanderley, de toda sua equipe e das federações que o têm apoia-do”, disse Aurélio Miguel. Para Rogério Sampaio, o ponto alto da administração atual foi a transparência. “Vejo que o judô vive um

momento que há 20 anos era um sonho. Um dos pontos que po-demos exaltar dessa administração é a transparência do trabalho em todas as áreas”, disse.

Compõem a chapa eleita até 2017: Marcelo França Moreira, primeiro vice-presidente; João Batista da Rocha, segundo vice-pre-sidente; Francisco de Carvalho Filho, terceiro vice-presidente; Paulo Roberto Figueira de Almeida, Gilmar Cotrim Camerino e Roberto David da Graça, membros efetivos do conselho fiscal; tendo como suplentes Humberto Camargo Brandão Filho, Renan Sales Vander-lei e Ralciney Márcio Carvalho Barbosa.

AnálisePela primeira vez na era Paulo Wanderley Teixeira, uma eleição

da Confederação Brasileira de Judô apresentou chapa única.Em nossa análise, isso representa um grande retrocesso

político para a modalidade, já que foi justamente a pressão exercida

Por Paulo PintoFotos Marcio Rodrigues /

FOTOCOM.NETe Everton Monteiro/FPJ

Antonio Viana cumprimenta o colega reeleito

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permanentemente pela oposição que garantiu as benesses e o clientelismo que proporcionaram alguma estrutura às federações que formaram a base da situação.

Vamos ver como as coisas acontecerão da-qui por diante e quais serão os desdobramentos do acordo ora firmado entre a oposição e Paulo Wanderley, que após 12 anos à frente do judô verde e amarelo conquistou o direito de perpetu-ar-se no poder até o inicio de 2017.

Semanas antes da assembleia que reelegeu Paulo Wanderley para mais um mandato à frente da CBJ, o dirigente havia sido reeleito para a pre-sidência da CPJ, na qual, devido ao excesso de poder auferido pelo dirigente continental, o judô está se arrastando e é gerido ditatorialmente.

Desejamos vida longa ao todo poderoso dirigente do judô das Américas e esperamos que não aconteçam no Brasil, os mesmos equívocos e abusos cometidos na Confederação Pan-Americana de Judô.

Os campeões olímpicos prestigiam a reeleição de Paulo Wanderley

Os presidentes que elegeram Paulo Wanderley por inanimidade

Paulo Wanderley ladeado por seus vices João, Marcelo e Francisco Delfino Batista, Francisco de Carvalho, Tom Pacheco e Luiz Martins

Rogério Sampaio, Alessandro Puglia, Tom Pacheco, Eduardo Pinho, Delfino Batista, Francisco de Carvalho, Luiz Iwashita e Luiz Augusto Martins

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FPRJ REALIZOUCredenciamento Técnico 2013

Ponta Grossa (PR) - A Federação Pa-ranaense de Judô (FPrJ) realizou seu cre-denciamento técnico no dia 16 de fevereiro, no auditório principal do Colégio Marista Pio XII, na cidade de Ponta Grossa. Foram cre-denciados 287 professores e técnicos vin-dos de todo o Estado.

As maiores autoridades do judô parana-ense marcaram presença em Ponta Grossa, entre as quais os kodanshas Liogi Suzuki, Yoshihiro Okano, Ney de Lucca Mecking, Roberto Nagahama, Walter Kazunori Baba-ta, Jorge Luís Meneguelli e Luiz Iwashita, e os delegados regionais Celso Duarte, Wa-shington Toshihiro Donomai, Helder Marcos Faggion, Lauro Azuma e Marcos Roberto da Veiga.

Os trabalhos foram iniciados com a pales-tra de Luiz Iwashita, presidente da FPrJ, que apresentou um balanço geral da temporada passada, quando o dirigente comemorou mais um ano de crescimento no número de atletas e clubes federados. Ao todo, 2.343 atletas e 75 entidades se federaram em 2012.

Por Paulo PintoFotos Revista Budô

Após as observações de início de tem-porada, o dirigente paranaense divulgou o ranking geral de equipes paranaenses, e os seis primeiros colocados foram:

1º - Academia Hobby Sports2º - Judô Tonietto3º - AMCF Academia 4º - Judô Lemanczuk Júnior5º - Judô Iwashita6º - AJAM Maringá

Luiz Iwashita fi nalizou sua participação destacando o importante apoio recebido dos patrocinadores do judô paranaense: Nutrimental, Yama Kimonos e Original Tata-mis, o mais novo apoiador da FPrJ.

Na sequência, a programação do CT 2013 houve a excelente palestra de Antônio Eduardo Branco, presidente do CREF do Paraná, que falou sobre a importante atua-ção da entidade na proteção aos profi ssio-nais graduados e provisionados, registrados no CREF9/PR.

A principal atração do CT deste ano foi a palestra do professor Floriano de Almeida, técnico do Minas Tênis Clube/MG, ex-técni-co da seleção brasileira e do Projeto Futuro de São Paulo.

O tema central da palestra do experiente e laureado treinador minastenista foi O trei-nador e seu papel educacional. Além das questões técnicas, sua palestra enfatizou a qualidade da formação não só dos novos judocas, mas também dos novos professo-res, com destaque especial na atuação dos treinadores como líderes, educadores, téc-nicos e psicólogos.

O programa contou ainda com a pa-lestra do professor Edilson Hobold, árbitro FIJ A e coordenador de arbitragem da FPrJ, que expôs as novas regras de arbitragem apresentadas no seminário internacional de realizado recentemente pela Confederação Pan-Americana de Judô (CPJ), na Cidade do México.

Após sua palestra, o árbitro paranaense mais graduado falou sobre as difi culdades

Seis primeiros classifi cados no ranking estadual

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Por Matheus Luiz

que a arbitragem enfrentará nesta tempora-da. “Anualmente a Federação Internacional de Judô promove mudanças pontuais nas regras, porém, este ano tivemos um núme-ro enorme de alterações e certamente este processo demandará certo tempo para que atletas, técnicos e árbitros possam assimilá--las”, previu o coordenador da arbitragem do Paraná.

Bastante emocionado com a recepti-vidade dos judocas paranaenses, Floriano de Almeida ressaltou o interesse dos parti-cipantes. “Fiquei bastante surpreso com o que vi aqui. Primeiro porque não esperava quase 300 professores e técnicos, mas o que mais me motivou foi o interesse deles em saber e querer aprender mais. Isso mos-tra que o judô do Paraná está com sede de aprender e crescer. Eles estão em ebulição e se houver maior união e coesão, em pou-co tempo o Paraná pula para a ponta.”

O técnico minastenista finalizou desta-cando que a troca de informação é ferra-menta fundamental no processo de cresci-mento técnico. “As pessoas pensam que os palestrantes apenas ensinamos nos cursos que ministramos, mas este é um grande erro. A troca que acontece quando nos de-paramos com um público focado e interes-sado em nosso trabalho é enorme. Digo isso porque cada pergunta que me foi feita teve de ser processada e todas elas mostraram o nível técnico dos professores paranaenses. Sempre aprendo muito nas palestras, e fico

feliz por somar no crescimento de cada pro-fessor participante. Posteriormente todos farão a transmissão daquilo que vivenciaram aqui, e este é o nosso objetivo principal.”

Para Luiz Iwashita, o credenciamento técnico de 2013 foi um divisor de águas. “Ficamos surpresos com os números atin-gidos neste ano, e isso mostra o compro-metimento dos técnicos, filiados e dirigentes do Paraná com o crescimento do judô. Bus-camos sempre oferecer o melhor conteúdo nos credenciamentos e fincamos um marco neste evento.”

O dirigente destacou a importância das palestras apresentadas no programa. “Pude assistir à palestra do Branco e parte da apre-sentação do Floriano, e ficamos satisfeitos com o conteúdo apresentado por ambos. Tenho certeza de que agregamos conheci-mento para nossos filiados”, disse Iwashita,

que finalizou enfatizando a importância da manutenção de crescimento em todas as áreas. “Tivemos um crescimento razoável em 2012, e temos uma projeção de crescimen-to ainda maior para este ano. Para que estes objetivos sejam atingidos é preciso que todos participem e somem esforços no busca do crescimento de todos. Temos orgulho de ter no Paraná uma grande família de judocas, que cresce e se fortalece a cada ano.”

Avaliação de autoridades e técnicos

Após a realização de todas as palestras, ouvimos kodanshas, técnicos e delegados regionais para saber como viram a palestra proferida por Floriano de Almeida, e todos fi-zeram uma avaliação extremamente positiva

Lauro Azuma

Edilson Hobold

Marcos Veiga Helder Faggion Yoshihiro Okano

Roberto NagahamaLiogi SuzukiNey Mecking

Vitor César Moreira

Jorge Meneguelli

Walter Babata

Floriano de Almeida

Floriano com o anfitrião Azuma

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do conteúdo exposto pelo técnico minastenista.Sensei Liogi Suzuki, 9º dan, destacou o profundo conhecimen-

to do professor Floriano. “Mais uma vez pudemos constatar o pro-fundo conhecimento que o Floriano possui de nossa modalidade. Ele vem de uma das melhores escolas de São Paulo, a Acade-mia Lapa Judô Clube, do saudoso sensei Fuyuo Oide, o primeiro kodansha 9º dan das Américas e um dos maiores formadores de atletas do Brasil. Orgulho-me de ter tido a oportunidade de estar aqui e aprender um pouco mais com o sensei Floriano de Almeida.”

Na visão de Yoshihiro Okano, 8º dan, mesmo sendo um dos mais renomados técnicos do Brasil, o palestrante paulista prioriza a formação do ser humano. “Pudemos perceber claramente o ca-ráter formacional do trabalho apresentado pelo professor Floriano. Mesmo sendo um dos técnicos mais destacados do Brasil, ele da ênfase à formação e à educação de seus atletas e alunos. Isso me deixa muito feliz, já que hoje estes aspectos estão sendo relegados a um segundo plano.”

Para Ney de Lucca Mecking, 7º dan, o palestrante minaste-nista mostrou que acima de tudo é educador e formador. “O Flo-riano mostrou-se profundo conhecedor dos temas abordados e, da forma como expôs seus pensamentos, deixou claro que é um treinador educador e formador. Mostrou muita humildade, e isso é um fator fundamental no processo educativo, já que estar sempre predisposto a aprender e a somar esforços vem contribuir sobre-maneira no processo de formação de pessoas e de atletas. Tenho certeza de que após a fala do Floriano, aqui em Ponta Grossa, mui-tos professores repensarão suas atitudes e procedimentos.”

Roberto Nagahama, 6º dan, parabenizou a FPrJ por viabilizar uma palestra tão importante para seus filiados. “Pela experiência que possuo como docente, técnico e treinador, acho que trazer o Floriano de Almeida foi uma escolha extremamente feliz. Parabeni-zo a diretoria de nossa entidade pelo conteúdo que nos foi ofereci-do. Atuando como técnico, já fui adversário do colega minastenis-ta, e sabia que aprenderíamos muito com ele. Foi exatamente isso que aconteceu. Ele falou muito sobre judô científico e deixou claro que hoje não há mais espaço para o empirismo. Acima de tudo, mostrou caminhos importantíssimos que devem ser seguidos por todos que buscam evolução.”

Walter Babata, 6º dan, enfatizou a utilização de equipes multi-disciplinares no alto rendimento. “Só a experiência dele dentro do Minas Tênis Clube já nos ofereceu uma visão totalmente distinta do judô que fazemos aqui. Mas o conteúdo da palestra do Floriano é muito interessante, pois ele tem uma visão macro de todo o pro-cesso, ou seja, da iniciação ao alto rendimento. Mas o que mais me impressionou foi o tema das equipes multidisciplinares e multipro-fissionais. Foram estes os tópicos que mais me impressionaram.”

Jorge Luís Meneguelli, 6º dan, classificou a palestra do ex-téc-nico da seleção brasileira como excelente. “O Floriano é um judoca excepcional. Já o conheço há muito e sei de seu potencial como técnico e formador. Parabenizo a federação por ter tido esta ini-

ciativa importantíssima e afirmo que todos nós pudemos aprender muito com nosso colega Floriano.”

Para Vítor César Moreira, coordenador de eventos da FPrJ, o credenciamento técnico 2013 superou todas as expectativas. “Su-peramos aqui todos os recordes obtidos anteriormente, principal-mente no referente a números. Sobre a palestra do Floriano, me surpreendi pelo seu conteúdo formacional, pois quando pensamos em alto rendimento deixamos de lado conceitos que aqui foram amplamente valorizados pelo técnico do Minas Tênis Clube.”

Celso Ogawa, técnico da Academia Hobby Sports, destacou os valores éticos pregados pelo palestrante paulista. “Fiquei sur-preso com a importância que o Floriano da às questões éticas e, em especial, à questão do respeito entre os professores e tam-bém entre professores e alunos. Achei isso muito importante, pois entendo que a confiança e o respeito entre professores e alunos sejam fundamentais na evolução de uma relação que exige total comprometimento e cumplicidade.”

Lauro Azuma, delegado e anfitrião do evento, enfatizou o cres-cimento do judô paranaense. “Presenciamos um evento que supe-rou tudo que havia sido feito até hoje, seja no tocante a números, seja na questão técnica. O Floriano deu um show de humildade e conhecimento técnico. Acho que todos nós aprendemos muito com ele e tenho certeza de que o Floriano somará no crescimento do judô do Paraná.”

Washington Toshihiro Donomai, delegado da região Oeste, afir-

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mou que a palestra do minastenista foi muito produtiva. “A meu ver, esta palestra foi bastante produtiva e aprendemos muito com ele. Principalmente para os professores que, além de dar aulas, atuam como técnicos, pois ele fala de alto rendimento sem tirar o foco da questão formacional e educacional do judô.”

Para Marcos Veiga, delegado da região Sul, o ex-técnico da seleção brasileira possui conceitos totalmente distintos daquilo que conhecia. “Gostei muito do que vi aqui hoje. Além de toda a sua vivência pessoal, o Floriano fala com propriedade e muito conheci-mento sobre conceitos e formas de ensinar alunos e atletas a darem o melhor de si. Além de inovador, ele é um excelente didata.”

Helder Marcos Fagion, delegado da região Norte, enfatizou

a importância do credenciamento técnico para o crescimento do judô em todo o Estado. “Indubitavelmente, o professor Floriano é um dos maiores formadores de atletas do Brasil, e temos certeza de que, por intermédio dele, pudemos oferecer grande conheci-mento aos nossos técnicos e professores. Isso atende cem por cento à nossa proposta, que é oferecer mais conhecimento técnico aos nossos professores.”

Para Alan Leandro Vieira, técnico da Sociedade Morgenau de Judô, a palestra do sensei Floriano foi fundamental para o desenvol-vimento do judô do Paraná. “Em minha análise, a palestra do Floria-no foi excelente. Ele é uma pessoa vitoriosa e tudo que disse aqui certamente vai somar no crescimento do judô do nosso Estado.”

Lemanczuk Júnior, coordenador de seleções da FPrJ, afirmou que todos os técnicos e professores puderam aprender muito com a palestra do ex-técnico da seleção. “Ele é um dos principais téc-nicos do Brasil e não podemos esquecer que sua atleta, Ketleyn Quadros, foi a primeira judoca a conquistar uma medalha olímpica. O nome dele dispensa qualquer apresentação, já que ele é refe-rência mundial na modalidade. Certamente todos os professores ganharam muito com o seminário apresentado por ele, aqui no Pa-raná. Todos, sem exceção, desde a base ao alto rendimento, foram beneficiados com a sua palestra.”

Rodrigo Tonietto enfatizou a troca de conhecimento promovida por Floriano. “Em termos de rendimento e qualidade, tenho certeza de que esta palestra foi muito boa para nossa modalidade. Toda troca de conhecimento é fundamental, principalmente quando nos deparamos com um profissional diferenciado e acima dos padrões, como é o caso do professor Floriano.”

Ricardo Santos destacou a importância da transmissão feita pelo ex-técnico da seleção. “Acho que a vinda do professor Flo-riano ao Paraná foi muito importante. Acompanho o trabalho dele desde a época do Projeto Futuro, e conheço muito bem sua ca-pacidade. Nosso Estado só tem a ganhar com a vinda de técnicos com nível tão elevado. Esta palestra focou desde o praticante até o atleta do alto rendimento, e o Floriano nos deu dicas importantes no sentido de obtermos maiores resultados nos dois segmentos.”

Tullius Dallagassa enfatizou a experiência de vida do palestran-te minastenista. “Foi uma palestra superinteressante, motivadora e inovadora. A experiência de vida dele nos tatamis é algo surpreen-dente e nos motiva a seguir adiante em nossa dura jornada diária.”

Pedro Dias destacou a importância da realização do credencia-mento técnico. “É sempre muito importante participar de atividades que disponibilizem informação e conhecimento para os professo-res. Conheço o Floriano há muitos anos e foi um enorme prazer vê-lo de novo. Em minha análise, o credenciamento técnico é de suma importância, tanto que em Portugal há dois por ano. O co-nhecimento não ocupa espaço e informação nunca é demais.”

Eidi Kawazoe destacou o conteúdo educacional no trabalho do treinador minastenista. “Ao contrario daquilo que estamos acostu-mados a ouvir, o professor Floriano prioriza o aspecto educacional do treinador, e este é um enfoque diferente daquilo que conhe-cemos, já que desta forma ele humaniza e estreita ainda mais a relação entre técnico e atletas.”

Luiz Iwashita

Celso Ogawa

Lemanczuk JúniorCarlos Santos

Pedro Dias

Washington Donomai

Túlios Dallagassa

Alan Vieira

Rodrigo Tonietto

Floriano de Almeida Antônio Eduardo Branco

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Por meio da parceria entre a Federação de Karatê-Dô Tradicional do Rio Grande do Norte (FKTRN) e a Confederação Brasileira de Kara-tê-Dô Tradicional (CBKT), Natal será a sede do Campeonato Brasileiro Norte-Nordeste 2013.

O certame vai realizar-se de 11 a 13 de ju-lho, no ginásio da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). A chegada das dele-gações está marcada para o dia 11 de julho, e as disputas começarão no dia 12.

Alexsandro Jobson, presidente da FKTRN, pretende usar a competição regional como vi-trine de uma administração participativa e fun-damentada na responsabilidade social. “Vejo na realização do Campeonato Brasileiro Norte--Nordeste, uma excelente oportunidade para mostramos nosso trabalho como entidade que proporciona total apoio aos nossos professo-res, às academias fi liadas e principalmente aos projetos sociais existentes em nosso Estado. Trabalhamos sempre com o intuito de cola-borar na formação dos nossos jovens, pois a nossa fi losofi a de trabalho é educar por meio do esporte.”

Particularidades do evento

A arquibancada do ginásio será setoriza-da e organizada de forma a reservar lugares para atletas que estejam competindo e para os que não irão competir imediatamente, e have-rá uma área de aquecimento próxima às áreas de competição. Haverá também lugar especial

RIO GRANDE DO NORTE SEDIARÁ O BRASILEIRO NORTE-NORDESTE

DE KARATÊ-DÔ TRADICIONAL Por Paulo PintoFotos Arquivo FKTRN

para técnicos, delegados e torcidas, o que per-mitirá melhor visualização das mais variadas disputas e maior compreensão por parte dos espectadores.

Segundo Nilton Aurimar, membro da co-missão organizadora do evento, a categoria sub 14 terá atenção especial. “Daremos aten-ção especial aos atletas da categoria até 13 anos, pois entendemos que esta faixa etária representa o futuro do Brasil no contexto geral e, também, no karatê. Temos de preservar os jovens karatecas, promovendo uma inclusão cuidadosa e paulatina no circuito competitivo.”

Iara Soares, que também pertence à comissão organizadora do brasileiro Norte--Nordeste, explicou que o certame contará com disputas de atletas especiais. “No dia 12 de julho faremos uma competição especí-fi ca para atletas especiais. Já para as demais categorias temos a expectativa de receber 300 atletas dos Estados que compõem as regiões Norte e Nordeste, que, somados aos 200 karatecas potiguares, deverão totalizar 500 competidores aproximadamente. Con-tamos com grande participação dos demais Estados, e para isso deixaremos o ginásio da UFRN bem aconchegante para juntos lotar-mos toda a arquibancada.”

A comissão organizadora também está preparando uma confraternização para todos os atletas, professores, técnicos e familiares, durante a festa de encerramento, que contará com a presença de uma banda musical regio-nal. Pelo visto o forró vai correr solto no tatami potiguar.

Edinaldo Bezerra de Brito, diretor de rela-

ções públicas da FKTRN, afi rmou que vai re-ceber todos os atletas e visitantes de braços abertos. “O povo de Natal tem a tradição de ser hospitaleiro e acolhedor. Tenho certeza de que toda a comunidade do karatê tradicional de nosso Estado estará de braços abertos para acolher todos os nossos amigos.”

A FKTRN está organizando uma série de eventos internos para alavancar o Norte-Nor-deste, e uma destas ações será o Campeona-to Estadual, nos dias 20 e 21 de abril, no giná-sio Nélio Dias. O evento servirá de seletiva para os atletas que formarão a seleção potiguar e de treinamento para os árbitros que vão atuar na competição. Haverá também o sorteio de brindes para arrecadar fundos que serão des-tinados ao evento. Em maio, será realizado o curso técnico, com a verba destinada ao even-to. Nos dias 16 e 17 de junho vai realizar-se na cidade de Mossoró a segunda etapa do cam-peonato estadual, que repetirá os objetivos da primeira etapa.

Comissões responsáveis pelo evento

A comissão organizadora é composta por Nilton Aurimar, Alexsandro Jobson, Edinaldo Brito, Iara Soares, Anniara Márjore e Mariluzia Fagundes.

Já a comissão de arbitragem é formada por Franklin Fernandes e Antônio Pereira. À frente da comissão organizadora de mesários e logística está Davi Bezerra.

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Parceria fortalece o karatê-dô potiguar

A FKTRN está realizando uma gestão inovadora, fundamentada em conceitos ad-ministrativos modernos e de participação, que estão proporcionando maior crescimento à modalidade em todo o Estado.

Um exemplo forte da pujança do karatê norte-rio-grandense é a parceria com o SESC, instituição que acreditou no potencial da mo-dalidade na formação e socialização de crian-ças e jovens.

O resultado da união de forças entre a instituição e a FKTRN tem proporcionado um crescimento qualitativo e quantitativo sem precedentes na modalidade.

Os Jogos dos Comerciários de Karatê é um evento do SESC em parceria com a FKTRN, que reuniu na última competição 439 atletas, pertencentes a 36 entidades de todo o Estado.

Ao todo 35 árbitros, 20 mesários e seis oficiais atuaram no evento, que atraiu um pú-blico superior a 1.100 espectadores.

O campeão do desfile foi a Liga Budokan, e as equipes finalistas foram: Shotokan Cea-rá-Mirim, campeã; Budokan, vice-campeã, e SESC Centro, terceira colocada.

Edinaldo Bezerra de Brito, relações pú-blicas da federação, destacou a inovação promovida neste certame. “A inovação des-ta competição foi a premiação oferecida às crianças inscritas. Com base numa proposta lúdica, todos receberam lancheiras, sorvetes e medalhas. Priorizamos premiar a partici-pação e não a competição, como forma de estímulo para os futuros atletas. Queremos instituir outros conceitos para o karatê, e isso passa por um melhor estilo de vida, baseado no respeito ao próximo e na atividade física funcional. A proposta é manter nossas crian-ças ativas fisicamente e mentalmente, porém, de forma mais pedagógica e saudável.”

Nilton Aurimar, diretor técnico da enti-dade, prevê um crescimento de 50% nesta temporada. “Com base nas filiações e no mo-vimento das escolas e dojôs, neste início de temporada, nossa estimativa é receber mais de 600 atletas nos Jogos Comerciários de Ka-ratê deste ano.”

O dirigente finalizou enaltecendo a parceria com a instituição. “Este ano a competição será nos dias 28 e 29 de setembro, e temos a ex-pectativa de promover um evento gigantesco. A parceria com SESC é uma iniciativa vencedo-ra e temos certeza de que ainda vamos crescer muito mais. Este projeto está sob a responsabi-lidade dos professores Antônio Pereira, 5º dan, Renato Belsser, 2º dan, e Clarice Leão, coorde-nadora de esportes do SESC/RN.”

O presidente da FKTRN, Alexsandro Jo-bson, agradeceu ao presidente da CBKT, Gil-berto Gaertner, e demais Estados pela con-fiança depositada na organização e realização deste evento.

Alecssandro Jobson presidente da FKTRN discursando em abertura de evento

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VENCER A QUALQUER PREÇO?

MEDICINA ESPORTIVA

Fiquei estarrecido, perplexo e indignado, quando recebi a notícia da morte de um atle-ta de jiu-jitsu, durante um campeonato mun-dial realizado no Rio de Janeiro.

O diagnóstico foi infarto agudo do mio-cárdio, mas exames e histórico clínico poste-riores con� rmaram que o atleta utilizara ana-bolizantes aplicados em cavalos, de nomes Ponetai e Equipoise. Guardem bem os no-mes destas substâncias, pois sua utilização tem sido difundida no meio dos esportes de combate de forma assustadora.

Como se não bastassem as drogas que já têm sido largamente empregadas, os atle-tas ultrapassaram todos os limites do racio-nal e utilizam um medicamento que serve para potencializar o organismo de animais de grande porte.

Este fato nos faz re� etir, e algumas per-guntas � cam no ar:

1 Será que o atleta se dopou sozinho? Não terá havido conivência de algum treina-dor, médico, dirigente ou mesmo de outro atleta que “ouviu falar dos efeitos desta dro-ga”, e a “indicou” para o jovem em questão?

2 Os organizadores do evento tinham conhecimento de que alguns atletas se do-pam?

3 Havia regulamentação para a coleta de exames antidoping?

4 Havia estrutura médica para o atendi-mento de urgência, como paradas cardíacas, por exemplo?

5 Havia meio de transporte médico ade-quado?

6 Havia um médico especializado em medicina esportiva, ou mesmo com experi-ência em artes marciais?

Para essas perguntas aguardamos res-postas, mas a pergunta que ninguém pode responder é por que um jovem atleta, tido como bom caráter, pai de um � lho, espe-rançoso no futuro, se submete a utilizar uma substância que, além de ser sabidamente perigosa para a saúde, é exaustivamente combatida pelos especialistas?

É inacreditável que, apesar de todos os alertas e mesmo estando próximos ao ter-ceiro milênio, alguns atletas e técnicos ainda duvidem dos estudos e das provas cientí� cas que pesquisadores e médicos trazem a pú-blico constantemente.

Com todo o respeito ao atleta falecido, este tipo de atitude é uma verdadeira imbe-cilidade. Um atleta fazer uso de substâncias destinadas ao uso de equinos é, no mínimo, uma atitude insana.

Meu apelo é para que você, jovem, atleta ou dirigente, entenda de uma vez por todas que o preço a ser pago é muito alto.

Vale a pena sacri� car sua vida e sua

saúde por um título no esporte? Vale a pena sacri� car tudo que conquistou por causa de dinheiro ou glória?

O coração humano possui propriedades elétricas (automatismo e excitabilidade) e mecânicas (contratilidade e elasticidade). É uma máquina maravilhosa, que funciona de forma harmônica, criada pelo grande arqui-teto do universo para funcionar em média 75 anos ininterruptamente. Sua estrutura é pri-mordialmente muscular, alimentada por um mecanismo circulatório próprio. Mas, apesar de este artefato ser tão engenhoso, existem limites a serem respeitados.

O anabolizante tem por objetivo agir exa-tamente no metabolismo muscular, levando à potencialização de suas funções. Esquecem os irresponsáveis que utilizam ou estimulam a utilização desta droga que ocorrerá tam-bém uma potencialização das propriedades cardíacas e, quando os limites não são res-peitados, o prejuízo será muito grande para o organismo, que entrará em colapso. As funções se desencontrarão, levando a con-sequências geralmente fatais.

Além de tudo o que aqui foi dito, pode haver outras lesões graves, como câncer de fígado, insu� ciência renal e atro� a de pênis e testículos, levando à impotência sexual e à infertilidade.

Portanto, caro leitor, cabe a todos nós fazermos a nossa parte, promovendo um verdadeiro mutirão, utilizando todas as armas existentes para vencer este cancro degene-rativo da sociedade.

Faço uso deste veículo de comunicação para – como pai, médico, esportista e prati-cante de artes marciais – exigir que as autori-

Por Bernardino SantiFoto Paco Lozano/Spain

dades criem medidas sérias para banir de� ni-tivamente o uso de anabolizantes no esporte.

Já existe um núcleo de pessoas ligadas ao esporte, como o INDESP, ministros, médi-cos e dirigentes, que se mobiliza para formar comissões com o intuito de criar uma legisla-ção rígida para coibir o uso e punir todos os envolvidos com o doping.

Algumas destas medidas levarão à obri-gatoriedade da coleta de amostras em toda e qualquer competição esportiva no País. As confederações e federações que não se en-quadrarem não terão ajuda governamental e poderão até ser punidas. Atletas, médicos, treinadores e dirigentes envolvidos com o doping devem ser banidos do desporto.

Existe também a possibilidade de ampliar a legislação para empresas, sindicatos, as-sociações e para toda a sociedade, pois é um mal que vem-se alastrando, e deve ser combatido em todos os níveis.

En� m, complemento meu clamor num tom de desabafo. O verdadeiro vencedor, o verdadeiro homem, aquele que é corajoso, é o que compete de cara limpa, usando sua técnica, sua capacidade física e psicológica, sem medo de perder.

Ganhar ou perder não é o mais importan-te, e sim respeitar seu adversário e, principal-mente, a si mesmo.

Bernardino Santi é Professor universitárioOrtopedista especializado em medicina do esporteMédico das confederações brasileiras de boxe, taekwondo e esgrimaFaixa preta de judô[email protected]

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Karatê-Dô Tradicional - Filosofia - Arte Marcial - Educação

Presidente de Honra – Yasutaka TanakaPresidente – Gilberto Gaertner

Vice-presidente e Diretor Técnico – Sérgio BastosVice-presidente – Hiroyasu Inoki

Diretor Secretário – João Cruz Erbano FilhoDiretor Administrativo Financeiro – Rui Francisco Martins Marçal

Diretor de Arbitragem – José Humberto de SouzaDiretor de Graduações – Ugo Arrigoni Neto

Diretor de Eventos – Alfredo AiresDiretor Jurídico – Antonio Sérgio Palú FilhoDiretor Médico – Admar Moraes de Souza

Diretor de Projetos Sócioeducativos - Guilherme CarolloCoordenador de Seleções - Nelson Santi

Consultor Técnico - Tasuke Watanabe

Rua Iapó, 1225 - Curitiba (PR) - CEP 80215-223 - Fone 55 41 3027-7007 - www.cbkt.org - [email protected]

Alagoas - MaceióDrausio [email protected]

Bahia - Salvador Nelson Gó[email protected]

Ceará – FortalezaFrancisco Maciel [email protected]

Distrito Federal – BrasíliaJackson Pereira da [email protected]

Espírito Santo – VitóriaCarlos José de Oliveira [email protected]

Goiás – Rio VerdeJoão Mendes [email protected]

Maranhão – São LuizMárcio Jorge Bastos Costa

Minas Gerais – Juiz de ForaRousimar Ferreira [email protected]

Mato Grosso – CuiabáAdairce [email protected]

Para – BelemTakeriko [email protected]

Santa Catarina – BlumenauAdemar Rulenski

[email protected]

Piauí – TeresinaJosé Cirone dos [email protected]

Paraná – CuritibaAntonio Carlos [email protected]

Rio de Janeiro – Rio de JaneiroEduardo [email protected]

Rio Grande do Norte – NatalAlexsandro Jobson M. de [email protected]

Rio Grande do SulPorto AlegrePaulo Cesar Rodrigues [email protected]

Rondônia - Porto VelhoFabio Marconso de Holanda [email protected]

São Paulo – São PauloTatsuhiko [email protected]

PernambucoJaboatão dos GuararapesAry Spencer Chaves de [email protected]

Filiada a International Traditional Karate Federation – ITKF

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Pragmático e inovador, Carlos Fernan-des foi eleito para presidir a Confederação Brasileira de Taekwondo (CBTKD) para o quadriênio 2013/2017. Responsável pela quebra de um ciclo pernicioso que mante-ve estrangeiros à frente da entidade nacional desde a sua fundação, e fundamentado em princípios democráticos, o dirigente promete fomentar o desenvolvimento da modalidade em todos os Estados e focar sua gestão em um ciclo olímpico vencedor.

Fundada em 21 de fevereiro de 1987, pela primeira vez em 26 anos a Confedera-ção Brasileira de Taekwondo (CBTKD) elege um presidente de origem brasileira. Todos os eleitos anteriormente eram asiáticos de ori-gem sul-coreana.

Aos 49 anos, Carlos Fernandes fará seu primeiro mandato como presidente eleito, já que no fi m de 2010 assumiu a presidência da CBTKD em função do afastamento de Jung Roul Kim.

Fernandes deu os primeiros passos na modalidade ainda jovem e aos 15 anos já tinha conquistado títulos estaduais e nacio-nais. Em 2007 iniciou sua trajetória como dirigente, assumindo a presidência da Fede-ração de Taekwondo do estado do Rio de Janeiro, na qual fez excelente gestão. Após dois anos no cargo foi convidado para compor a chapa como vice-presidente da CBTKD, e teve de deixar a entidade estadual.

BRASIL É UNÂNIME E ELEGE CARLOS FERNANDES

PRESIDENTE DA CBTKDCom projeto inovador e foco em ciclo olímpico vitorioso,

Carlos Fernandes é o primeiro brasileiro a assumir o comando do Taekwondo no Brasil.

Por Paulo PintoFotos Revista Budô

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No fi m de 2010 ocorreu o afastamento do então presidente da CBTKD, e Fernandes assumiu a gestão da entidade que, desde a sua fundação, jamais havia sido presidida por um brasileiro.

Algumas de suas principais ações neste curto período foram: a reformulação admi-nistrativa da entidade e a reestruturação do departamento técnico da CBTKD, que, além da implantação de novo trabalho na seleção brasileira, priorizou investimentos na base em todos os Estados.

Nestes dois anos à frente da CBKTD Fer-nandes impulsionou e alavancou a modalida-de, estabelecendo uma gestão democrática e participativa, jamais vista no taekwondo brasileiro. Com base numa administração moderna e transparente, recuperou a credibi-lidade do taekwondo brasileiro obtendo o im-portante apoio do Comitê Olímpico Brasileiro, Ministério do Esporte e de empresas como a Petrobrás, e com isso projetou a modalidade a níveis nunca atingidos antes.

Presidentes estaduais exaltam administração

Um processo eletivo transparente, so-mado a uma administração extremamente positiva e inovadora, culminou em sua elei-ção por aclamação. Dessa forma, os 25 di-rigentes estaduais presentes na assembleia geral ratifi caram a confi ança num futuro mais democrático e participativo para toda a co-munidade taekwondista do Brasil.

Após a eleição da chapa intitulada Esta-mos Juntos e da apresentação de plataforma de gestão, todos os presidentes de federa-ções estaduais se manifestaram e parabeni-zaram o trabalho realizado pelo presidente da CBTKD nestes dois primeiros anos de gestão.

“Carlos Fernandes promoveu a nacio-nalização do taekwondo, descentralizando o esporte. Ele soube trazer vários benefícios para os Estados, de uma forma nunca antes vista, por meio do patrocínio da Petrobrás e dos projetos junto ao Ministério do Esporte, promovendo a igualdade de tratamento para todos. Ele trouxe uma elevação do nível ad-ministrativo e técnico do Taekwondo, e por tudo isso, com certeza, esta reeleição será profícua e democrática. Nós confi amos em Carlos Fernandes e queremos toda esta mu-dança que ele está fazendo”, declarou Ade-mar Lamoglia, presidente da Federação de Taekwondo Olímpico do Distrito Federal.

Por sua vez, o presidente da Federação Piauiense de Taekwondo, Ricardo Paraguas-su, ressaltou “o respeito que a nova CBTKD tem demonstrado pelas federações estadu-ais”, acrescentando que “em outras épocas, parecia que muitas federações não existiam, pois não eram respeitadas nem considera-

Dirigentes em foto histórica após a ago que elegeu o primeiro brasileiro para a presidência da CBTKD

Carlos Fernandes, Denilson Nicodemos e Fernando Madureira

José Carlos e Olzemir Machado

Valdemir Medeiros, superintendente da CBTKD

Pedro Araújo cumprimenta o amigo Carlos Fernandes

Eduardo Gonçalves e Carlos Fernades

Fernado Madureira e Júnior Maciel

João Gabasi que apresentou a palestra liderando com entusiasmo

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das. Hoje, além do respeito da CBTKD, todas as federações estão se respeitando umas às outras, e isso traz união e muito sucesso”.

Num discurso emocionado, José Carlos Teixeira, presidente da federação do Estado da Bahia, também mencionou as oportunida-des abertas pela nova CBTKD para os atletas da sua região. “Hoje, a Bahia tem cinco atletas na seleção, o que nunca havia acontecido antes e só foi possível com esta nova gestão, e graças à implemen-tação do Ranking Nacional. Esta e outras medidas fizeram com que o taekwondo se expandisse por todo o País”, declarou o dirigente baiano.

Eliezer Dantas, que preside a Federação Potiguar de Taekwondo, também se manifestou, sublinhando a democracia trazida por Carlos Fer-nandes para o taekwondo: “No meu Estado se vivia um sistema político antidemocrático e foi este novo presidente que mudou isto. Hoje a CBTKD é democrática e aposta nos talentos de todo o País, na juventude de todas as regiões, sem esquecer ou preterir ninguém”.

O presidente da Federação de Taekwondo do Estado de Sergipe, Eduardo dos Santos, fez questão também de frisar que nesse pouco tempo e com coragem, Carlos Fernandes fez muito pelo taekwon-do brasileiro. “Acreditamos que irá fazer muito mais, pois ele não se vendeu e fez o que a maioria dos taekwondistas sempre quis: virou a pagina do passado e deu novo rumo ao nosso esporte.”

Pedro Araújo, presidente da Federação Tocantinense de Taekwon-do, destacou a transparência, o equilíbrio e o profissionalismo da ad-ministração atual. “Estamos reconduzindo nosso presidente ao cargo pela excelente gestão desenvolvida nestes dois anos. Se fosse des-tacar todas as suas virtudes, certamente me estenderia muito, mas, sintetizando, posso apontar a transparência, o tratamento homogêneo que os Estados passaram a ter em sua administração e, principalmen-te, o profissionalismo que o taekwondo está alcançando.”

Para Olzemir Antônio Machado, presidente da Federação Gaú-cha de Taekwondo, o uso de novas tecnologias e o fomento da modalidade são a marca desta gestão. “A principal marca dos dois primeiros anos do presidente Carlos Fernandes foi o suporte e o fomento do nosso esporte em todas as regiões do Brasil, além da igualdade no tratamento aos Estados e da inovação no uso de tec-nologias e do apoio do governo brasileiro.”

Eduardo Gonçalves deseja sucesso ao colega Carlos Fernandes

Sung Jang Hong cumprimenta o presidente CBTKD

José Carlos Teixeira

Euripides Luiz Coelho

Ademar Lamoglia

Pedro Araújo

Denilson Nicodemos

Olzemir MachadoEduardo Gonçalves

Fernado Madureira

José de Souza

Ricardo Paraguassú

Adelino da Silva

Roberto Elias

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Um dos últimos intervenientes foi o presidente coreano da fede-ração espírito-santense, Sung Jang Hong. Ele afirmou que, ao longo dos 37 anos em que vive no Brasil, nunca viu uma mudança tão rápi-da quanto aquela realizada pelo presidente reeleito. “Hoje estou ale-gre. O presidente Carlos teve pouco tempo, mas o trabalho já acon-teceu. Agora, espero que o taekwondo cresça ainda mais”, disse.

Manifestaram ainda as suas opiniões os presidentes das fede-rações do Pará, Denilson Nicodemos; Paraná, Fernando Madurei-ra; Amapá, Júnior Maciel; São Paulo, José Souza Júnior; Paraíba, Thomaz Silva; Maranhão, Ivonaldo Gomes Lima; Mato Grosso do Sul, Roberto Elias; Santa Catarina, Adelino da Silva, Mato Grosso, Hélio Ribeiro; Rio de Janeiro, Gilson Baracho; Goiás, Eurípides Luiz Coelho; Roraima, Nailto Carneiro; Rondônia, Franck Lopes Franco; Alagoas, Gilberto da Silva; Acre, Itassi Camargo; e o vice-presiden-te de Pernambuco, Harlan Barcelos, sendo que todos ratificaram o apoio a Carlos Fernandes e elogiaram o trabalho desenvolvido até aqui.

Carlos Fernandes fechou a assembleia mostrando-se muito feliz pelo novo voto de confiança plena de todas as federações filiadas e pela oportunidade de continuar o árduo processo de trabalho para a modernização e moralização do taekwondo brasileiro, iniciado há dois anos. “Acreditamos neste projeto, acreditamos no poder da mudança e da união, por isso não desistimos de lutar por um ta-ekwondo mais justo, igual e digno. Provaremos, até 2016, que ne-nhum minuto dedicado ao nosso esporte e ao seu desenvolvimento foi perdido. Os resultados já estão à vista, mas muito mais está che-gando”, concluiu o presidente, agradecendo a todos os presentes pela confiança.

Eduardo Gonçalves deseja sucesso ao colega Carlos Fernandes

Eliezer Dantas

Harlan Barcelos

Gilberto Silva

Nailto Carneiro

José dos Santos, vice-presidente da CBTKD

Tomaz Andre

Fabio Ronin

Itassi Camargo

Jadir Figueira, coordenador técnico da CBTKD

Gilson Baracho

Sung Jang Hong

Franck Lopes Franco

José Carlos cumprimenta Carlos Fernandes

Olzemir Martins cumprimenta o presidente eleito

Raimundo Lima Gomes

Ivonaldo Lima

Hélio Ribeiro

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FRANCISCO DE CARVALHOReunião dos delegados marca � m da era

São Paulo (SP) – A calendário paulista deu seu pontapé inicial prematuramente nesta temporada, e já no dia 19 de janeiro o Pampas Palace Hotel, de São Bernardo do Campo, recebeu o primeiro evento da Federação Paulista de Judô (FPJ) em 2013: a reunião dos delegados regionais.

Como ocorre tradicionalmente, esta reunião precede os demais eventos do calendário bandeirante, pois é nela que são discutidas e apresentadas as novidades e mudanças promovidas pela Federação Internacional de Judô (FIJ) na área de arbitragem e pela diretoria técnica da FPJ. Neste encontro defi ne-se também o calendário anual da entidade.

A reunião de 2013 contou com a

Por Paulo PintoFotos Revista Budô

presença de todos os 16 delegados regionais, membros das diretorias técnica e executiva da entidade, além dos tesoureiros da FPJ e algumas delegacias regionais.

O grande destaque da reunião desta temporada foi a presença de dois campeões olímpicos: Aurélio Miguel e Rogério Sampaio. O vereador de São Paulo jamais havia participado de uma reunião de delegados, que sempre se realiza no período de férias, mas este ano o campeão olímpico prestigiou o evento dos delegados paulistas.

Uma das novidades desta temporada foi a volta do campeão olímpico Rogério Sampaio ao comando da 11ª Delegacia Regional do Litoral, que desde o falecimento

de João Carlos Ribeiro Manso Júnior estava sendo dirigida interinamente por Gerardo Siciliano.

Outro fato marcante foi a indicação de Joji Kimura para o cargo de coordenador técnico da FPJ, cargo que nos últimos oito anos havia sido ocupado por Alessandro Puglia.

No âmbito das alterações promovidas nas regras pela FIJ, o sensei Dante Kanayama explicou quais foram as mais emblemáticas e adiantou que nesta temporada elas vieram para valer. Além da quantidade enorme de mudanças, muitas demandarão muito trabalho e treino para serem assimiladas por todos.

Um fato inusitado e inesperado surpreendeu e causou comoção em todos

Alessandro Puglia Dante Kanayama Francisco de CarvalhoAurélio Miguel

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os delegados regionais presentes no encontro anual: Francisco de Carvalho anunciou oficialmente que este será seu último ano à frente da entidade que comandou por quase duas décadas.

Com seu tradicional otimismo e objetividade, Chico explicou que havia chegado o momento de mudar, até mesmo para oxigenar o comando da maior entidade estadual do judô brasileiro. “Esta transição já vem sendo trabalhada há algum tempo e nossa proposta é fazer uma passagem tranquila dentro daquilo que São Paulo anseia e precisa.”

O mandatário paulista anunciou também que foi convidado para assumir a vice-presidência da Confederação Brasileia de Judô, e que completaria este mandato ao lado de Alessandro Puglia, seu sucessor natural, já que há oito anos Puglia vem trabalhando e assumindo cada vez maior número de funções na entidade.

Chico explicou que sua ida para a CBJ foi algo trabalhado por Aurélio Miguel. “Quero adiantar que minha ida para a CBJ foi trabalhada diretamente por Aurélio Miguel, que, acompanhando meu quadro no pós-operatório, achou por bem buscar uma solução pacífica para o judô nacional e acabamos nos entendendo com o Paulo Wanderley Teixeira.”

O vereador e campeão olímpico Aurélio Miguel explicou por que fez esta aproximação entre os dirigentes. “Fico feliz por estar aqui com todos vocês, e antes de tudo quero registrar minha admiração e gratidão ao Francisco de Carvalho. Além do grande gestor de nossa modalidade, ele é um exemplo de vida e coragem. Mesmo envolvido no processo do pós-operatório, estava articulando sua candidatura à presidência da CBJ e discutindo o futuro do judô. Sabedor da gravidade da cirurgia e da importância de recuperar-se, achei por bem interceder e aproveitar a oportunidade para pacificar o judô nacional.”

O campeão olímpico reiterou o apoio ao dirigente indicado pelo presidente da entidade. “Parabenizo o Chico pela indicação do Puglia para sua sucessão, já o conheço há muitos anos, ele é uma pessoa corretíssima e comprometida com o judô. Ele vem da escola japonesa e em todos estes anos à frente da FPJ mostrou capacidade para assumir esta responsabilidade.”

Aurélio Miguel explicou por que alinhavou esta trégua entre os líderes de São Paulo e do Brasil. “Mesmo atravessando um momento difícil lá no Rio Grande do Sul, onde foi operado, Chico se manteve lutando e pleiteando lançar uma chapa para concorrer à CBJ. Por

Aurélio Miguel, Cláudio Calasans e Rogério Sampaio

Os delegados regionais

Mateus Sugizaki Rogério Sampaio

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outro lado, desde a Olimpíada de Londres, eu vinha costurando algo para tentar harmonizar definitivamente o judô nacional, mesmo porque o Brasil vai sediar os Jogos Olímpicos em 2016, e precisamos fazer de tudo para a seleção brasileira ter um resultado ainda melhor do que o obtido em Londres. Não podemos permitir que algumas rusgas maculem o desempenho do Brasil nos jogos do Rio de Janeiro.”

O vereador paulistano explicou quais serão as atribuições de Francisco de Carvalho na entidade nacional. “Senti que o Paulo Wanderley estava bastante interessado neste processo de pacificação e conseguimos formatar uma proposta que foi apresentada ao Chico, e felizmente as coisas acabaram dando certo. Com esta vice-presidência o Chico passa a administrar a Região Sul do País, já que dividir o Brasil em áreas é uma proposta antiga do Chico, que agora estará à frente dos interesses desta região.”

Na sequência foi a vez do outro campeão olímpico falar sobre a trajetória de Francisco de Carvalho. “Ouvindo toda esta guinada no judô paulista, não posso deixar de lembrar o momento em que o Chico assumiu a FPJ, pois eu ainda era atleta e, ouvindo o Chico falar sobre sua saída, comecei a reviver todas as conquistas que São Paulo obteve em sua gestão. Lembro-me daquela ação incrível quando da importação de milhares de tatamis sintéticos da Alemanha, quando nem a CBJ possuía este tipo de equipamento. Lembrei-me daquela caravana com mais de 100 técnicos e professores que foram a Atlanta. Lembro quando o Chico levou centenas de professores a Paris para vivenciar o mundial de 1997. Aquilo promoveu uma mudança de conduta em todos os professores que foram à França. Toda a administração do Chico foi pautada na lisura, na transparência e no engrandecimento do judô de nosso Estado. O crescimento ordenado foi sua marca registrada, e penso que é assim que ele sempre será lembrado.”

Rogério também endossou a indicação de Puglia para o cargo deixado por Francisco de Carvalho. “Quero destacar também as qualidades do Alessandro, que possui características muito parecidas com as do Chico, como a transparência e a retidão. Assim como você, Chico, ele vai poder contar com todos nós, mesmo porque ele está pegando a casa totalmente arrumada e na liderança do judô nacional. Fico feliz por participar

Reunião entre contadores da FPJ e delegacias

Os tesoureiros da FPJ Valdir Meleiro e Inácio Hirayama

Inácio Hirayama

Dirigentes do Judô Paulista

José Jantália

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de todo este processo, e tenho certeza de que juntos vamos trabalhar para obter um resultado ainda mais expressivo nos jogos de 2016.”

Na sequência Alessandro Puglia informou que a parceria com a MKS Adidas foi renovada para esta temporada. “Renovamos nossa parceria com a MKS Adidas, e conseguimos ampliar o pacote que tínhamos com a empresa. Por meio de uma negociação direta com o Murilo Saba, diretor da empresa, esta parceria agora oferecerá maiores propriedades para a FPJ. Com isso estaremos disponibilizando mais material aos atletas de nossas seleções.”

O palestrante seguinte foi Matheus Sugizaki, que explicou quais são os propósitos da tão falada comissão de ética do judô paulista. “Assumi a incumbência de ser coordenador da comissão de ética de São Paulo a convite do professor Francisco de Carvalho. Já idealizamos e redigimos a primeira minuta da comissão, e formamos um grupo de trabalho que vêm atuando nesse sentido. Lembro que já na época do sensei Watanabe nós estávamos focados neste propósito, e fundamentamos nosso trabalho, hoje, num documento que havia sido produzido por uma comissão naquela época. Agora o estamos apresentando a vocês, para que seja avaliado e levado a votação oportunamente.”

Após o encerramento dos trabalhos, Arnaldo Queiroz, delegado da capital, falou sobre a ida de Francisco de Carvalho para a CBJ. “Em minha avaliação acho que não poderíamos perder a terceira ou quarta eleição seguida na CBJ, já que poderia haver uma desmoralização. Às vezes é melhor dar um passo para trás, para depois seguirmos avançando. Eu não sei detalhes desta negociação, pois fui pego de surpresa e estou me inteirando disso agora. Vou conversar com o Chico, mas de qualquer forma esclareço que estou junto porque faço parte do time. Se for para fazer a guerra faremos a guerra, se for para fazer a paz eu estou aqui para fazer a paz. Em determinados momentos eu acho que a paz é muito importante também. Vamos continuar trabalhando juntos para manter São Paulo na liderança do judô do Brasil.”

Luis Alberto dos Santos Joje Kimura

Rogério Sampaio disse para a Budô quais são as expectativas para este segundo mandato na delegacia do litoral. “Fui delegado uma vez e fi quei quase cinco anos no cargo. Foi uma experiência extremamente enriquecedora porque pude ver o judô sob outro prisma, que é o prisma da organização e político. Infelizmente há pouco mais de um ano perdemos o João Carlos, que era o nosso delegado,

e com isso o Chico e o Alessandro me convidaram para reassumir a delegacia. Resolvi aceitar o convite e estou bastante animado, otimista e com muito fôlego para manter o judô do litoral com a força e a pegada que sempre teve. Tenho certeza de que, com a ajuda e a participação de todos os judocas de nossa delegacia, vamos conquistar muito títulos e medalhas para a nossa região.”

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REUNIU MEDALHISTAS OLÍMPICOS E MUNDIAIS

Treinamento de campo das seleções da França, Holanda e Brasil

O treinamento conjunto das seleções nacionais da França, Holanda e Brasil foi realizado de 7 a 16 de março, em São Paulo, e reuniu grandes nomes do judô na atualidade. Sarah Menezes, Felipe Ki-tadai, Mayra Aguiar, Rafael Silva, Leandro Guilheiro, Tiago Camilo, Ketleyn Quadros, Luciano Correa e Rafaela Silva, que subi-ram ao pódio em edições recentes de Jo-gos Olímpicos ou campeonatos mundiais, receberam atletas como os holandeses Guillaume Elmont, Dex Elmont e Henk Grol e as francesas Gevrise Emane, Au-drey Tcheumeo e Automne Pavia.

Além dos integrantes das três sele-ções, muitos judocas de São Paulo e de

Fonte Assessoria de Imprensa CBJFotos Gaspar Nóbrega / FOTOCOM.NET

outros Estados puderam participar dos treinamentos. Atletas que estão afastados dos treinos do alto rendimento voltaram a vestir o judogi e compartilharam expe-riências com os demais judocas, como o campeão olímpico Aurélio Miguel, que fez questão de treinar com Rafael Silva e Re-nan Nunes.

O presidente da Federação Paulista de Judô, Alessandro Puglia, que recebeu os judocas no primeiro dia de treinamento, dando-lhes boas vindas, também visitou a arena olímpica do Ibirapuera para treinar.

“Reunimos no tatami duas das princi-pais forças do judô na Europa, ao lado do Brasil, que também é uma grande escola.

O encontro realizou-se nos tatamis do Centro de Excelência de São Paulo, antigo Projeto Futuro, situado no complexo esportivo Constâncio Vaz

Guimarães, no Ibirapuera, e contou com grandes nomes do judô das três potências olímpicas da modalidade.

Como no curto prazo não nos enfrenta-remos, já que a próxima competição de cada seleção é seu campeonato conti-nental, temos um treino bem franco. Além disso, damos oportunidade a um número grande de atletas de treinar com judocas de altíssimo nível”, avaliou o coordenador técnico internacional da Confederação Brasileira de Judô, Ney Wilson.

A delegação do Brasil foi composta por 80 pessoas, entre judocas, comissão técnica e apoio administrativo. Os estran-geiros somaram 55 pessoas. O treinamen-to foi uma parceria entre a CBJ, o Comitê Olímpico Brasileiro e a Federação Paulista de Judô.

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ALEXANDRIA OPENMelhor seria quase impossível!

O Brasil encerrou sua participação no Alexandria Open com 100% de aprovei-tamento, ao conquistar cinco medalhas, sendo três de ouro e duas de bronze.

Os cinco atletas da Seleção Brasilei-ra que viajaram para o Egito tiveram um desempenho excepcional no certame, que contou com a participação de 15 países, entre os quais o Azerbaijão e a Tunísia, que levaram suas equipes nacionais com-pletas visando ao preparo para o Campe-onato Mundial que se realizará em Puebla, no México, de 16 a 21 de julho.

Os resultados por equipes também foram muito bons, graças ao excelente aproveitamento dos atletas e à boa dis-tribuição de medalhas entre os países participantes. No feminino o time brasilei-ro conquistou o terceiro lugar e, no mas-culino, foi garantida a quarta posição no aberto.

A estreia na competição foi marcada pela conquista de duas medalhas de ouro, por Fernanda Matos e Josiane Lima (-57 kg), e dois bronzes, por Íris Tang Sing (-49 kg) e João Pedro Chaves (-80 kg). A cate-goria de João Pedro Chaves foi conside-rada uma das mais disputadas, pois nela competiram dois atletas olímpicos, um do Azerbaijão – Azizov, que venceu o norte--americano Steven Lopez na estreia dos Jogos Olímpicos de Londres – e outro da Armênia, Arman Yeremyan.

Por Carla Sofia FloresAssessoria de Imprensa da CBTKD

No último dia de competição, foi a vez de Felipe Kenji brilhar, sagrando-se cam-peão na categoria -63 kg contra o expe-riente lutador da Tunísia Waheed Elbreky, com um placar de 8 x 7. Sua primeira luta foi contra um atleta do Azerbaijão, Parvin Alyev, vencendo-o por 7 x 3. Antes de chegar à � nal, o brasileiro passou ainda por dois egípcios: Samy Osama, que foi derrotado por 10 x 9, e Ismail Farag, que perdeu a semi� nal para Kenji por 4 x 1.

A diretoria técnica da CBTKD parabe-nizou toda a equipe pelo excelente traba-lho desenvolvido e bom desempenho na competição.

Equipe brasileira no evento

Fernanda Matos, João Pedro Chaves, Íris Tang Sing e Josiane Lima Felipe Kenji campeão no -63kg

Equipe Brasileira

MasculinoFelipe Kenji - 63kg

João Pedro Chaves - 80kg

FemininoIris Sing -49kgFernanda Matos -49kg

Josiane Lima -49kg

Comissão TécnicaBelmiro GiordaniJunior MacielGustavo BaltazarPaulo Rocha

Ministério do

Esporte

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COMPETIR OU COOPERAR,

Eis a Questão!

ASPECTOS PEDAGÓGICOS

Pensando a iniciação e a prática desportiva, pelo ponto de vista educacional e formativo, temos o elemento da competição como um tema controverso, quando se trata da sua real contribuição com o processo em questão.

A hipercompetitividade estimulada, especialmente nas primeiras faixas etárias, pode ser considerada um bom instrumento de promoção da educação global dos praticantes?

Sem considerar que o processo da competição de alto rendimento, geralmente, vem acompanhado de tantos vícios contrários aos princípios relacionados à educação, formação e socialização adequados, defendidos pelos estudos pedagógicos ao longo de sua história.

Dentro desse contexto, estudos fundamentados pela ciência e pedagogia do esporte, inclusive resgatando práticas comuns promoção do bem-estar comum de vários povos do passado, que se utilizavam dos jogos, da dança e das expressões

aplicação da prática desportiva, competitiva e cooperativa, como instrumentos de formação e educação global da criança, em muitas das vezes, temos observado uma discussão em que cada segmento tenta validar o seu ponto de vista de forma radical e excludente.

Os partidários da competição defendem que a vida é um processo competitivo desde a sua formação, passando pela seleção natural das espécies, na qual sempre se sobressaem os mais adaptados ao ambiente.

Para essa linha de pensamento, será importante que o processo de educação e formação do indivíduo contemple sempre a competição como meio de prepará-lo para tornar-se forte e bem adaptado aos desa-fi os que irá enfrentar pelos caminhos da vida cotidiana.

Alegam, ainda, que os Jogos Coopera-tivos não exercem o mesmo poder de atra-ção e de interesse da competição, como proposta de atividade esportiva agradável, efi ciente e desafi adora para a prática infantil.

Por outro lado, outros profi ssionais do esporte defendem um processo de mais cooperação e menos competição, como instrumento para contribuir com a construção de uma sociedade mais solidária. Argumentam que a atração e o interesse dos praticantes dependem muito da forma como se apresentam as atividades e os desafi os contidos nos referidos jogos e que a hipercompetitividade serve apenas para seleção dos talentos, excluindo os menos adaptados.

Apesar das considerações acima apre-sentadas, será que poderíamos realmente considerar as duas propostas totalmente excludentes, uma em relação à outra?

Não haveria uma forma de aproveitar-mos os aspectos positivos de cada uma delas e montar um processo intermediário entre ambas?

Logicamente, o processo da competiti-vidade humana não pode ser tratado de for-ma simplista, pois a sua compreensão en-volve fatores de difícil análise, com estudos complexos e dependentes de diversos cam-pos da ciência, tendo as suas raízes inseri-das no seio da humanidade, tanto biológica quanto sociologicamente falando, desde os seus primórdios.

Por Anderson Dias de LimaFotos Revista Budô

corporais como instrumento de, serviram de base para o desenvolvimento de uma proposta alternativa que tomou força, especialmente na década de 90, chamada de Jogos Cooperativos.

Um dos pioneiros do estudo dessa proposta no Brasil, Fábio Otuzi Brotto, em sua tese de mestrado em 1999, pela Universidade de Campinas (Unicamp), apresenta as seguintes descrições comparativamente para a proposta competitiva e a cooperativa:

Cooperação: é um processo de interação social, cujos objetivos são comuns, as ações são compartilhadas e os benefícios são distribuídos para todos.Competição: é um processo de interação social, cujos objetivos são mutuamente exclusivos, as ações são isoladas ou em oposição umas às outras, e os benefícios são concentrados somente para alguns.Considerando essas duas propostas de

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Por Matheus LuizFotos Revista Budô

Segundo a Wikipédia (Enciclopédia Eletrônica), competição tem o seguinte conceito:

“Competição é a interação de indivíduos da mesma espécie ou espécies diferentes (humana, animal ou vegetal) que disputam algo. Esta disputa pode ser pelo alimento, pelo território, pela luminosidade, pelo emprego, pela fêmea, pelo macho etc. Logo, a competição pode ser entre a mesma espécie (intraespecífica) ou de espécie diferente (interespecífica). Em ambos os casos, esse tipo de interação favorece um processo seletivo que culmina, geralmente, com a preservação das formas de vida mais bem adaptadas ao meio ambiente, e com a extinção de indivíduos com baixo poder adaptativo”.

Entretanto, ao analisarmos o processo da competição na espécie humana, temos de considerar a questão racional do homem, o que lhe proporciona a consciência de si próprio, dos seus semelhantes, do passado, presente e futuro, assim como do meio em que vive e dos seus sentimentos afetivos e sociais.

Logicamente, esta faculdade humana, que o diferencia dos outros seres vivos, lhe dá o poder de escolha em suas ações, gerando aí uma necessidade de instrumentos, também racionais, para regular as relações interpessoais, bem como com o ambiente em geral.

Dessa maneira, o processo de competição entre seres humanos necessita de uma análise muito mais criteriosa, no sentido de que o seu resultado possa ser benéfico a todos, e não somente aos vencedores dos confrontos ou, pior ainda, em muitos casos, ser prejudicial a todos, vencedores, perdedores e ambiente em geral.

Não vejo diferença desse raciocínio, quando falamos das competições desportivas, pois é justamente nos discursos dentro desse ambiente específico que sempre tivemos um conteúdo que apregoa um propósito educacional, defendendo o esporte como meio de socialização e integração dos povos.

Especialmente quando tratamos a atividade esportiva como prática para crianças e adolescentes, penso que a sua maior contribuição seja realmente a formação física saudável, assim como a

Referências Bibliográficas1 - Brotto, Fábio Otuzi. Jogos cooperativos: o jogo e o esporte como um exercício de convivência. Dissertação (mestrado). Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação Física, 1999.2 - Kunz, E. Transformação didático-peda-gógica do esporte. Ijuí: UNIJUÍ, 1994.3 - Wikipédia, a enciclopédia livre. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Competição). Consul-ta: 04/01/2013.

Anderson Dias de Lima é• Graduado em Educação Física PUC-CAM - 1986• Pós-graduado Latu Sensu – Universidade Castelo Branco (RJ) - 1989 • Kodansha 6º dan FPJ/CBJ - 2004• Delegado Regional 8ª Região Oeste de São Paulo desde 2005• Diretor de Ensino e Credenciamento Técnico da FPJ desde 1998• Membro da Comissão de Estudos da FPJ nos Jo-gos Olímpicos de Atlanta 1996• Membro da Comissão de Estudos da FPJ no Cam-peonato Mundial de Paris de 1996• Membro da Comissão de Cursos da FPJ desde 1995• Membro da Banca Examinadora da FPJ desde 1999• Professor da Disciplina Princípios da Educação Fí-sica Infantil e Conceitos Pedagógicos Aplicados à Ini-ciação Esportiva no curso para provisionados• Articulista da Revista Budô desde 2010

educação global e a boa integração social de seus praticantes.

Logicamente, dentro desse raciocínio de se utilizar a competição desportiva como instrumento de educação e socialização, o papel do professor, instrutor ou do técnico desportivo toma um significado muito importante dentro do processo. Cabe a ele, especialmente, ser o elemento mediador para que o resultado final, independentemente da vitória ou da derrota, seja orientado para o aspecto positivo da formação e educação global do praticante.

Isto implica, logicamente, um profissional que esteja realmente bem formado e qualificado para compreender e aplicar, de forma positiva e eficiente, todos os conceitos do conhecimento científico, não somente da modalidade foco, no nosso caso o judô, mas também da ciência e pedagogia do esporte, assim como das diversas áreas correlacionadas.

Assim sendo, penso que podemos aproveitar os pontos positivos tanto da prática competitiva quanto da prática dos Jogos Cooperativos, aliados aos conceitos pedagógicos, sociológicos e afins, para orientarmos os nossos esportistas mirins na construção de uma sociedade mais justa e perfeita, em todos os aspectos da evolução humana.

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São Paulo (SP) - A diretoria técnica da Federação Paulista de Judô (FPJ) realizou o credenciamento técnico de 2013 no dia 23 de fevereiro, no auditório principal do Sindi-cato dos Metalúrgicos de São Paulo, o Palá-cio do Trabalhador.

Este ano o credenciamento para treina-dores e técnicos paulistas será feito em três etapas, devendo atingir novo recorde de par-ticipantes.

O evento da capital reuniu mais de 800 técnicos e, segundo a diretoria da entidade, eram esperados ainda aproximadamente 200 técnicos nos dois credenciamentos que se realizariam no interior do Estado.

Mas o ponto alto do CT 2013 não foi apenas a quantidade de treinadores e técni-cos participantes, mas também a quantidade de kodanshas e autoridades esportivas pre-sentes.

Ao todo, 41 kodanshas abrilhantaram o evento que anualmente visa a contribuir para melhorar o nível técnico dos treinadores de todo o Estado.

Compuseram a mesa gestora os profes-sores Paulo Wanderley Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Judô (CBJ); Alessandro Panitz Puglia, presidente da FPJ; Francisco de Carvalho Filho, vice-presidente da CBJ; Joji Kimura, coordenador técnico da FPJ; Cláudio Calazans Camargo, delega-do regional e parlamentar de São José dos Campos; Aurélio Miguel, campeão olímpico e vereador por São Paulo; Rogério Sampaio, campeão olímpico e palestrante; Carlos Ho-norato, vice-campeão olímpico; Valdir Mele-ro, tesoureiro da FPJ; Henrique Guimarães, medalhista olímpico; Odair Borges, membro da comissão de graus da CBJ; e Dante Ka-nayama, diretor de arbitragem da FPJ.

Presidente da cbJ destaca pujança do judô paulista

Paulo Wanderley Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Judô, marcou

cReDenciAMento técnico PAuliStA

BATE NOVO RECORDE Por Paulo PintoFotos Revista Budô

Rogério, Aurélio, Paulo e Puglia exibem camiseta do judô paulista

Paulo Wanderley e Francisco de Carvalho se compôem em prol do judô nacional

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presença pela primeira vez no credenciamento técnico paulista e se disse surpreso com o número de participantes. “Fico muito contente por estar aqui, e honrado com o convite. Declaro-me surpreso pelo número expressivo de técnicos presentes. Sei da pujança do judô paulista, que é o motor central do judô brasileiro, mas realmente é surpreendente participar de uma ação como esta promovida pela FPJ e ver a quantidade de pessoas deste Esta-do que, juntas, contribuem para a hegemonia do judô brasileiro no continente americano e para sermos, hoje, referência no judô mundial.”

Rogério Sampaio falou sobre sua trajetória

O judoca santista, campeão olímpico de Barcelona em 1992, Rogério Sampaio, foi um dos palestrantes do credenciamento téc-nico paulista e abordou o tema Como chegar a um título olímpico.

Muito aplaudido por todos, Rogério Sampaio falou sobre as dificuldades e o comprometimento exigido dos técnicos, atletas e familiares durante o processo de treinamento e preparo para um ciclo olímpico.

Dante Kanayama apresentou as mudanças da arbitragem

Dante Kanayama expôs e explicou todas as mudanças da ar-bitragem implantadas recentemente pela Federação Internacional de Judô (FIJ).

Entre as principais mudanças destacamos os temas de pro-cedimento e postura dos técnicos, judogi, shidô, hansoku-make, atendimento médico, etiqueta, pegadas e agarres.

Devido à quantidade enorme de mudanças impostas pela Fe-deração Internacional de Judô, a comissão técnica da FPJ achou por bem copiar um vídeo produzido pela FIJ e disponibilizá-lo a todos os participantes do credenciamento técnico.

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Destaques

Judocas de renome e prestígio, que há muito tempo não eram vistos no circuito da modalidade, marcaram presença nos eventos do judô paulista. Entre eles destacamos Soraya André, a primeira judoca brasileira a disputar uma Olimpíada; Moacir Ciro, proemi-nente jornalista do judô verde e amarelo; Roberto Canassa, ex--vice-presidente da FPJ; e Carlos Bortole, ex-atleta da seleção brasileira e chefe de gabinete do vereador Aurélio Miguel.

Dirigente falou em defesa de Aurélio Miguel

Em seu esperado depoimento, Francisco de Carvalho, vice--presidente da Confederação Brasileira de Judô, falou sobre sua ida para a entidade. “Estamos num momento de transição do judô de São Paulo e do País. Nesse sentido, atendi a um pedido do Aurélio Miguel para que houvesse uma pacificação do judô nacio-nal e fizéssemos uma composição com a CBJ, e aceitei o convite feito por Paulo Wanderley para ocupar a vice-presidência. Todos sabem que meu mandato vai até o fim deste ano, e, até mesmo para iniciarmos um processo de transição de forma mais demo-crática e harmoniosa, resolvi deixar o Alessandro no comando da FPJ. Tenho certeza de que exercerá sua função com a devida hu-mildade e competência que o cargo de presidente da FPJ exige.”

O dirigente encerrou destacando a importância de toda a co-munidade judoística e das demais modalidades de luta apoiarem o difícil momento vivido pelo campeão olímpico e vereador Aurélio Miguel. “Lembro a todos que hoje o Aurélio luta contra um inimigo invisível e num primeiro momento devemos sair em sua defesa, pressupondo que seja inocente, até que nos provem o contrá-rio. Não podemos partir do princípio de que já esteja condenado. Quem está fazendo isso é a imprensa. Nós, da modalidade, temos de aguardar o desfecho, pois ele é o nosso ídolo assim como os demais medalhistas olímpicos. Por tudo que construiu pelo des-porto nestes anos como parlamentar de São Paulo, hoje o Aurélio é uma instituição para o esporte do nosso Estado e não só para o judô. Peço que lute com todas as suas forças, pois nós da comu-nidade acreditamos nele e estaremos lutando ao seu lado. Acho até que deve contra-atacar, lançando sua candidatura para depu-tado federal, mostrando a força que o judô e o esporte como um todo possuem hoje no cenário político nacional.”

Paulo Wanderley Teixeira

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Máster conquista maior espaço

O judoca máster Denison Soldani pediu a palavra e reivindicou que os pontos da categoria grand master, na Copa São Paulo, valessem na contagem geral de pontos das associações, e Ales-sandro Puglia validou o pedido de seu fi liado.

“O professor Denison já havia feito este pedido anteriormente e recentemente discutimos sua solicitação. Todos viram coerên-cia e até mesmo a necessidade de corrigirmos esta distorção. Não tivemos tempo de divulgar nossa resposta, mas aproveito a oportunidade para ratifi car que a partir de agora todos os pontos conquistados pela categoria grand master, na Copa São Paulo, valerão na contagem geral de pontos das associações”, disse o dirigente.

A atitude do novo presidente da FPJ mostra que a diretoria da entidade é sensível aos apelos de seus fi liados e que a cada dia o judô máster conquista maior espaço no cenário competitivo da modalidade.

Dirigentes fazem avaliação fi nal

Em seu balanço fi nal Francisco de Carvalho destacou a im-portância da atividade política no credenciamento técnico desta temporada. “Por conta dos últimos acontecimentos em torno do Aurélio Miguel, um evento que seria eminentemente técnico aca-

bou enveredando para este lado, mas acho que a comunidade precisava deste esclarecimento. Por outro lado, lembro que ataca-ram nosso ídolo e, quando se ataca um ídolo, se ataca centenas de milhares de praticantes de uma modalidade. Penso que nesse momento devemos apoiar nosso campeão, pois foi ele que con-quistou o primeiro ouro olímpico para o judô brasileiro. Como di-rigente, espero que em pouquíssimo tempo tudo seja esclarecido pelo Ministério Público, e que o Aurélio saia desta situação ainda mais fortalecido.”

Francisco de Carvalho e Nelson D’elaquilla

Paulo Wanderley agora mais próximo dos técnicos paulistas

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Alessandro Puglia desta-cou a dimensão e a abran-gência política do creden-ciamento técnico desta

temporada

O novo presidente da FPJ, Alessandro Panitiz Puglia, destacou a importância polí-tica que o credenciamento técnico do judô paulista atingiu. “O judô paulista teve um crescimento de 18% no número de filiados na temporada passada e este crescimen-to se reflete em todos os níveis de nossa modalidade. Este ano deveremos bater novo recorde no número de participantes, já que esperamos mais de 500 técnicos nos dois credenciamentos que faremos no interior do Estado. Contudo, o que mais nos impressionou foi a projeção política que o evento alcançou. Contamos com a participação inédita do presidente do CBJ, de numerosos medalhistas olímpicos, dois parlamentares judocas e uma quantidade expressiva de kodanshas que respaldaram o trabalho desenvolvido por nossa direto-ria.”

O dirigente bandeirante enfatizou a in-teração promovida entre os palestrantes e participantes. “Neste ano resolvemos ino-var e acabamos trazendo este evento para o centro de São Paulo. Assim, o auditó-rio do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, além de estar num local muito mais estratégico e de fácil acesso, abrigou con-fortavelmente os mais de 800 participan-tes que aqui estiveram. Inovamos também no sistema de identificação e recadastra-mento dos participantes, que receberam crachás de identificação e os respectivos certificados. A meu ver, um dos pontos principais do evento foi a explanação do Murilo Saba, diretor da MKS/Adidas, que divulgou a todos as propriedades que a empresa disponibiliza aos atletas da se-leção paulista. Além do judogi, hoje os atletas de nossas seleções recebem um kit com uma bolsa e camisetas da Adidas Kimonos, e a isso é um diferencial enorme para nossos atletas, que agora viajam para todo o Brasil devidamente uniformizados.”

Puglia finalizou sua avaliação desta-cando a excelente palestra proferida pelo sensei Kanayama. “Nossa leitura é que houve muita mudança nas regras da FIJ, e que apenas uma palestra não seria su-ficiente para esclarecer todas as dúvidas dos técnicos de todo o Estado. Em fun-ção disso, copiamos um CD trazido pelo professor Minakawa, contendo todas as informações sobre as novas regras da FIJ. Com isso acredito termos evitado maiores dúvidas e transtornos para todos.”

Alessandro Puglia

Rogério Sampaio

Aurélio Miguel

Dante Kanayama

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A palestra do atleta olímpico de Ate-nas 2004 Alexandre Lee foi o ponto alto do segundo credenciamento técnico pro-movido pela Federação Paulista de Judô nesta temporada. O evento foi realizado no dia 9 de março, no salão de festas do Rio Preto Automóvel Clube, em São José do Rio Preto.

Com excelente didática, ótima fluência verbal e clareza na transmissão de conhe-cimento, Lee abordou temas que prende-ram a atenção de 79 professores presen-tes. Falou da formação do iniciante até a especialização, com ênfase no trabalho de base do sub 13 ao sub 18. As mudanças na regra foi o tema da palestra do sensei Takeshi Yokoti, que desenvolveu seu o tema de forma ilustrativa, esclarecendo vá-rias dúvidas que surgiam a todo instante.

O segundo CT da Federação Paulista de Judô em 2013 contou com a presen-ça de Alessandro Puglia, presidente da FPJ; Francisco de Carvalho Filho, vice--presidente da Confederação Brasileira de Judô; Valdir Melero, tesoureiro da CBJ; Joji Kimura, diretor técnico da FPJ; Dedé Bueno, gerente de esportes do Rio Pre-to Automóvel Clube; Rogério Conte, que representou a Secretaria de Esportes, La-zer e Turismo de São José do Rio Preto; e Paulo Estevam, diretor de esportes de competição da SEJEL de São José do Rio Preto. Participaram ainda os delegados re-gionais Takeshi Yokoti (16ª Delegacia), Cel-so de Almeida Leite (15ª Delegacia), Júlio César Jacopi (9ª Delegacia), Osmar Apare-cido Feltrim (6ª Delegacia), Wilmar Shiraga (5ª Delegacia) e Raul Senra (4ª Delegacia), além dos professores kodanshas Goro Ko-saihira (7º dan), Walter Farath (6º dan), Luiz Sérgio Ferrante (6º dan), Osmar Aparecido Feltrin (6º dan), Roberto Luís Fuscaldo (6º dan), Antônio César Fuscaldo (6º dan), Jor-ge Siqueira (6º dan), Raul Senra Bisneto (6º dan) e Kanefumi Ura (6º dan).

Alexandre Lee começou destacan-do sua dificuldade inicial na transição da carreira de atleta para treinador, que não é feita com judocas no Brasil. Por isso os brasileiros demoram para entender suas necessidades e obrigações como sensei. “Acho muito importante enfatizar as res-ponsabilidades do técnico como formador, como educador, como líder e como refe-rência.”

Lee destacou também que seu traba-lho com categorias de base tem obedeci-do a uma estrutura de desenvolvimento, juntamente com uma hierarquia, muito fun-

AlexAnDRe lee é DeStAque no cReDenciA-Mento técnico De São JoSé Do Rio PReto

Celso de Almeida Joji Kimura

Raul Senra, Osmar Feltrin e Francisco de Carvalho

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damento, parte dinâmica, kumi-kata –que hoje é muito importante dentro de uma luta –, e o desenvolvimento do tokui-waza. Segundo ele, esse golpe é de responsabi-lidade do atleta, mas não deve ser o seu preferido e sim o mais eficiente em diferen-tes tipos de adversários. Lee explicou que tem buscado constantemente o aperfeiço-amento. “Tenho procurando muito conhe-cimento com professores do Brasil, acadê-micos, para fazer uma introdução ao judô de forma mais atrativa. Tenho procurado também pessoas com mais experiência, buscando aplicar estes conhecimentos e ver na prática o que pode dar certo e o que precisa de correções.”

Alexandre Lee acha que o saldo tem sido positivo nestes três anos como téc-nico. Para ele, o desenvolvimento de base não é só investir financeiramente, colo-cando os atletas da base para realizar intercâmbio. Isso, no seu entendimento, é o foco secundário. “O primário é você desenvolver o seu atleta nas questões téc-nicas, principalmente nos fundamentos. Depois disso se começa o intercâmbio. Hoje tem ocorrido justamente o contrário. O atleta muito jovem já é colocado em situ-ação de competição alta sem ter recursos técnicos para tanto.”

Na palestra sobre as regras, com a uti-lização de vídeos e demonstrações, pro-curou-se esclarecer dúvidas dos presen-tes, e o professor Yokoti foi bem didático e elucidativo. Mesmo assim, como já era esperado, as mudanças levarão um tempo para serem assimiladas por todos.

Na abertura do CT, após cumprimen-tar os presentes e enaltecer a continuidade do trabalho da FPJ, agora com Alessandro

Puglia, o vice-presidente da CBJ, Francis-co de Carvalho Filho, destacou a impor-tância de poder contar com o conheci-mento de Alexandre Lee ao lado daqueles que lapidam o produto, ou seja, o atleta. O dirigente alertou sobre a responsabilidade que todos os professores de judô devem ter. “Muitos entram no judô, mas, ao longo do tempo, o judô não entra nas pessoas. O judô precisa entrar na vida do professor. O professor de judô tem uma responsa-bilidade maior do que em qualquer outra modalidade. Não dá para ser igual. Tem de ter o mínimo de moral e respeito para tra-balhar com uma modalidade em que meni-nos e meninas praticam juntos o esporte.” Ressaltou que campeão é consequência: “Não se inventa o diamante, só se lapida. O diamante, que é o atleta, já existe”.

Falando à reportagem da revista Budô, Francisco fez um resumo dos credencia-mentos técnicos já realizados ao longo dos anos: “O histórico deste credenciamento técnico surgiu primeiro da necessidade de saber quais são os técnicos que estão atuando e credenciá-los antecipadamente, para que não se formassem filas durante as competições. No segundo momento, adaptou-se ao modelo francês (de onde surgiu a ideia deste credenciamento) e de-cidiu-se que era preciso passar mais infor-mações do departamento técnico, como o Lee está fazendo. Em outra ocasião já trouxemos o Floriano e no último creden-ciamento realizado em São Paulo tivemos o Rogério Sampaio. É preciso também tra-zer alguém que fale sobre a organização, e para o próximo ano a novidade é que teremos alguém para falar da parte moti-vacional, para que os professores possam

também trabalhar esse aspecto em suas atividades.”

Ao final, Joji Kimura declarou que foi altamente positiva a realização do creden-ciamento. “Com certeza a contribuição do Alexandre Lee foi muito importante para o evento, pois ele foi muito enfático e didá-tico com relação aos fundamentos. Pas-sou uma visão muito real do dia a dia dos técnicos, de forma didática e tranqüila, e gostei muito da forma como ele abordou o tema proposto pela equipe técnica. Acho até que deveremos aproveitá-lo para mi-nistrar clínicas nas regionais, aprofundan-do mais o tema desenvolvido hoje.”

O presidente Alessandro Puglia desta-cou o afinamento com diretor técnico Joji Kimura em procurar difundir conhecimen-tos técnicos aos professores: “Para nós da FPJ fica muito fácil, devido à quantidade não só de grandes atletas no Estado, mas também de técnicos que possam contri-buir com seu conhecimento, como fez o Lee hoje. Graças a Deus, outros Estados estão seguindo o mesmo caminho, como Rio Grande do Sul, Paraná e Maranhão. Tudo começou aqui em São Paulo e por isso nós temos de estar sempre correndo na frente. A referência do Brasil hoje é São Paulo em todos os aspectos: o atleta, a administração e a parte técnica. Na nova gestão que faremos a partir de 2014 fo-caremos com maior contundência o de-senvolvimento das questões técnicas.” O dirigente finalizou destacando a importante presença dos kodanshas. “A presença dos nossos kodanshas ratifica o pensamento de que informação e conhecimento nunca são demais.”

Alexandre Lee foi ovacionado pelo excelente trabalho expostoTakeshi Yoki falou sobre as mudanças nas regras

Takeshi Yoki falou sobre as mudanças nas regras O delegado regional Mazinho recepcionou os amigos da capital

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A Federação Paulista de Judô propor-cionou a professores e técnicos mais um credenciamento técnico, no qual atualizou os profissionais sobre as novas regras, normas de conduta durante os eventos e a possibilidade de acompanhar de perto seus atletas nas competições oficiais para a temporada 2013. O evento realizou-se em Ribeirão Preto, no anfiteatro da Unida-de Central do Centro Universitário Barão de Mauá, no Jardim Paulista, no dia 16 de março. Cerca de 100 professores de várias cidades da região e demais localidades do Estado, que não puderam participar dos outros credenciamentos, estiveram pre-sentes

Na abertura, o presidente da Federa-ção Paulista de Judô, Alessandro Puglia, destacou a importância do encontro: “São Paulo mais uma vez está à frente, no sentido do aprimoramento dos seus pro-fessores quanto à atualização. Estou feliz pela presença de todos, em especial, dos kodanshas”. Na sequência, o delegado re-gional da 12ª Região – Mogiana, Francisco Aguiar Garcia, destacou a importância do credenciamento para se conseguir uma harmonia no trabalho dos técnicos: “O técnico mal preparado pode atrapalhar a participação do seu atleta na competição. Por isso o credenciamento é tão importan-te para adquirir mais conhecimento atuali-zado”. Ele agradeceu à FPJ pela iniciativa de ter levado o encontro para Ribeirão, facilitando a participação dos professores não só da região, mas também dos que não puderam participar dos outros creden-ciamentos.

Assim como nos outros dois credencia-mentos, as novas regras da FIJ chamaram a atenção dos presentes. A palestra sobre o tema coube à árbitra da FIJ A Marilaine Ferranti, que esclareceu as dúvidas quanto ao shido e sobre o que é yuko, wazari e ippon. A conduta dos técnicos durante os eventos mereceu especial atenção.

Assim como no segundo credencia-mento realizado em São José do Rio Preto, coube ao agora técnico do Pai-neiras do Morumbi, Alexandre Lee, atleta olímpico, falar sobre sua metodologia de trabalho, principalmente com os atletas de base, sem deixar de destacar os de alto nível. Lee deu ênfase ao desenvol-

Foi a última oportunidade de professores se atualizarem e se habilitarem para acompanhar seus atletas nos eventos

RibeiRão PReto fechA cReDenciAMento técnico eM São PAulo

vimento dos fundamentos dos atletas, pois, um judoca sem fundamentos sóli-dos e bem preparado dificilmente obterá bons resultados quando chegar ao alto rendimento. “Minha experiência compe-titiva é que me tornou um técnico, para mostrar aos meus atletas o melhor cami-nho a seguir.”

O professor da Barão de Mauá Rogério Quintela sentiu-se gratificado por receber professores e amigos de diversos equipes de São Paulo no evento: “É muito impor-tante mostrarmos para o judô nacional que cidades como Ribeirão Preto, entre outras, têm condições de realizar um credencia-mento técnico de altíssima qualidade”.

Alexandre Lee, Rogério Quintela, Alessandro Puglia, Francisco Aguiar e Marilaine Ferranti

Rogéirio Quintela Mesa Gestora

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US Open

BRASIL TRAZ QUATRO MeDALHAS

DO US OPENEste ano a seleção brasileira não man-

teve a escrita da temporada anterior, mas mesmo assim marcou boa presença nos pódios do US Open 2013.

A 22ª edição do evento realizou-se nas dependências do las Vegas Hotel & Cas-sino, em Las Vegas (EUA), de 19 a 23 de fevereiro. O torneio tem o nível G-2 e soma 20 pontos no ranking da World Taekwondo Federation (WTF).

Os brasileiros conquistaram quatro me-dalhas, sendo uma de prata e três de bron-ze. A atleta Rafaela Araújo (-57 kg) chegou ao vice-campeonato na fi nal contra a porto--riquenha Emely Cartagena. Já Diego Ra-mos Azevedo (-80 kg) e Diogo Silva (-68 kg) foram bronze, assim como Rafaela Souza (-73 kg), que conquistou o terceiro lugar.

Dezenas de atletas olímpicos marcaram presença na competição que serve também de preparo para os taekwondistas que es-tão em busca de mais experiência, preparo físico e ritmo de luta.

As categorias em disputa foram o sê-nior, júnior, cadete, juvenil, ultra, poomsae individual e por equipes.

Cerca de 2.700 atletas, oriundos de 75 países, participaram desta edição do US Open, que foi disputado em 12 áreas. O nú-mero de atletas inscritos nesta edição sur-preendeu os organizadores do evento, que na edição de 2012 reuniu cerca de 1.800 atletas vindos de 64 países.

Baseado nos números expressivos des-ta edição, Eric Parthen, presidente da Fe-deração Norte-Americana de Taekwondo, já propôs à WTF uma nova classifi cação do evento, que futuramente poderá tornar-se uma competição da classe G-3.

Pela terceira vez consecutiva a direto-ria técnica do evento utilizou equipamento e sistema Daedo PSS (Protector e Scoring System), para decidir os combates.

O time verde e amarelo embarcou para a terra do Tio San com a equipe formada

Por Carla Sofia FloresAssessoria de Imprensa da CBTKD

Ministério do

Esporte

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US Openpelos seguintes atletas: Michael Soares, Guilherme Dias, Marcel Wenceslau, Diogo Silva, Gustavo Almeida, Thiago Simões, Diego Azevedo, Kátia Arakaki, Talisca Reis, Rafaela Araújo, Júlia Santos, Karen Santos, Rafaela Souza, Natália Falavigna e Helorrai-ne Paiva. A comissão técnica foi composta por Jadir Fialho (chefe de equipe), Alysson Yamagutti, Fernando Madureira e Carmen Silva (treinadores), Danilo Malafaia (analis-ta de desempenho), Emmanuel Sampaio (fisioterapeuta) e Gustavo Johnen (médico).

México foi campeãogeral no sênior

Com três medalhas de ouro cada, Mé-xico e França dominaram a categoria sênior do aberto dos EUA. Entretanto, o México conseguiu assumir a primeira posição geral da categoria faturando mais quatro meda-lhas de prata e oito de bronze. A França teve de contentar-se com o segundo lugar, com uma medalha de prata e seis de bronze.

Eslovênia e Alemanha ficaram com dois ouros cada, enquanto Canadá, Gabão, Tai-lândia, EUA, Porto Rico e Suécia obtiveram um ouro.

Antes do embarque da seleção brasilei-ra a expectativa era muito boa, em função do excelente resultado obtido em 2012, quando foram conquistadas cinco meda-lhas: um ouro com Márcio Wenceslau, uma prata com Diogo Silva (que não disputou a final por estar lesionado), e três bronzes com Marcel Wenceslau, Talita Fernandes e Henrique Precioso.

Seleção BraSileira

MasculinoMichael Soares -54 kgGuilherme Dias -58 kgMarcel Wenceslau -63 kgDiogo Silva -68 kgGustavo Almeida -68 kgThiago Simões -74 kgDiego Azevedo -80 kg

FemininoKátia Arakaki -46 kgTalisca Reis -53 k kg gRafaela Araújo -57 kgJúlia Santos -62 kgKaren Santos -62kgRafaela Souza -73 kgNatalia Falavigna -73 kg Helorrayne Paiva +73kg

Comissão TécnicaJadir Fialho – Chefe de equipeFernando Madureira - Treinador Carmen Silva - TreinadoraAlyson Yamagutti - TreinadorEmmanuel Sampaio - FisioterapeutaGustavo Johnen - MédicoDanilo Malafaia - Analista de de-sempenho

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O departamento de cursos da Federação Paulista de Judô iniciou os trabalhos da tem-porada 2013 promovendo o curso Padroniza-ção de Qualifi cação para Palestrantes.

O curso realizou-se nos dias 26 e 27 de ja-neiro, no Centro de Aperfeiçoamento Técnico (CAT) da Federação Paulista de Judô.

Os trabalhos fi caram a cargo do profes-sor Luís Alberto dos Santos, coordenador de cursos da FPJ. Dezesseis representantes de todas as delegacias regionais do Estado de São Paulo foram capacitados para atuar em suas regiões como palestrantes do curso de fundamentos técnicos e nage-no-kata.

Além dos representantes das delegacias regionais, mais 28 professores foram capaci-tados para preparar os futuros candidatos à faixa preta em suas regiões.

O kodansha 6º dan Luís Alberto dos San-tos explicou a importância deste curso. “O principal motivo é dar autonomia para as de-legacias regionais ministrarem cursos de fun-damentos técnicos e de nage-no-kata, e para isso a unidade é fundamental. A padronização entre os cursos ministrados pelas delegacias regionais e os cursos oferecidos no CAT deve

Luis Alberto dos Santos

ser absoluta. Minha maior preocupação é com o federado, que procura um curso para se preparar para os exames de graduação e busca adquirir um conhecimento mais apro-fundado.”

Luís Alberto destacou a importância do constante intercâmbio técnico. “Neste tipo de encontro, em que os professores geralmente possuem muita qualidade técnica e se reúnem para discutir detalhes do judô, sempre são oferecidas propostas e visões diferentes, que contribuem para a evolução do grupo. Poste-riormente tudo isso é compartilhado com os fi liados de todas as regiões do Estado.”

O coordenador de cursos da FPJ explicou por que este curso teve participação de pou-cos professores. “Na verdade, pedi que os de-legados regionais indicassem até no máximo três professores com graduação mínima de san dan, com boa qualidade técnica e física, já que o curso é 100% prático. Estes professo-res serão responsáveis por ministrar os mes-mos cursos em suas delegacias regionais.”

Para o professor Luís Alberto, todos os objetivos do curso foram atingidos. “A maioria

dos participantes demonstrou muita qualida-de técnica e capacidade física. Acredito que o alto nível dos participantes facilitou a absor-ção do conteúdo programático do encontro. Na função de coordenador, disponho de uma equipe que me auxilia nos cursos programa-dos pela FPJ, composta pelos professores Rioiti Uchida, Hissato Yamamoto e Vinicius Erchov.”

O coordenador de cursos da FPJ elencou os cursos programados para esta temporada. “Nesse encontro foi passado todo o conteú-do programático do curso de fundamentos técnicos: gokyo, renraku-henka-waza, kaeshi--waza, katame-waza, nage-no-kata até uchi--mata.” Estes cursos são obrigatórios para candidatos ao exame de graduação e são os cursos que as delegacias regionais participan-tes deste encontro poderão ministrar. Os cur-sos programados para este ano são: história e fi losofi a; terminologia do judô; fundamentos técnicos; nage-no-kata; katame-no-kata; ju--no-kata; kime-no-kata e kodokan goshin jutsu. Os cursos de arbitragem são programa-dos pelo diretor, professor Dante Kanayama,

FPJ PROMOVECURSO PARA PADRONIZAÇÃO E

QUALIFICAÇÃO DE PALESTRANTES

Rioiti Ichita

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e os de oficias de mesa, pelo diretor Marcos Utida.

Luís Alberto dos Santos finalizou desta-cando a importância do recém-criado curso de terminologia. “Acho importante ressaltar a criação do curso de terminologia do judô, que foi desenvolvido recentemente e será ministrado pelo professor Hatiro Ogawa. Houve também um grande avanço no que diz respeito ao curso de filosofia, que antes era ministrado horas antes do exame de gra-duação, no próprio local das apresentações técnicas e sem o mínimo conforto. A partir de agora este curso será ministrado junto com o de terminologia do judô, em data distinta do exame prático. Esta medida vai proporcionar mais tranquilidade e tempo de preparo para todos os judocas inscritos nos exames de graduação da FPJ.”

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Por Paulo PintoFotos Revista Budô

GOSHIN-DÔ 2013 O GRANDE MOMENTO DE ENCONTRO E INTERCÂMBIO

DO KARATÊ-DÔ TRADICIONAL BRASILEIRO

Setiba (ES) – A Confederação Brasileira de Karatê-Dô Tradicio-nal (CBKT) realizou a décima primeira edição do Goshin-Dô, evento que todos os anos abre ofi cialmente o calendário da entidade.

O tradicional encontro dos karatecas da ITKF realizou-se de 22 a 24 de março, na praia de Setiba, no Espírito Santo, onde as prin-cipais lideranças e os Estados mais representativos do Brasil da modalidade realizaram várias atividades.

Para aqueles que foram a Setiba em busca de conhecimento técnico, o ponto alto do Goshin-Dô 2013 foi o treinamento técnico realizado no interior da reserva de Setiba, que é formada por uma densa fl oresta tropical, onde sob um clima de total descontração realizaram-se vários treinamentos e muita discussão sobre aspec-tos técnicos e fundamentos do karatê desenvolvido pelo mestre Nishiyama.

Além dos trabalhos na área técnica, foram apresentadas pales-tras que compuseram a jornada científi ca. Gilberto Gaertner falou sobre neurônios espelho; Iko Trindade apresentou o método ko-domô de karatê; e o dr. Carlos Nunes falou sobre a importância do uso de protetores bucais nas artes marciais. Na manhã de sábado também foi realizado um trabalho de meditação nas pedras da praia de Setiba.

Mas o ponto alto do evento, segundo a maioria dos participan-tes entrevistados, foi o intercâmbio, a troca de conhecimento e in-formações pertinentes ao karatê-dô tradicional.

Em paralelo ao goshin-dô houve a assembleia geral da Confe-deração Brasileira de Karatê-Dô Tradicional, na qual foram discuti-das e aprovadas várias mudanças para esta temporada.

A Assembleia Geral e o Congresso Científi co foram realizados na casa de praia do empresário capixaba Ricardo Senz, que já há 10 anos cede sua casa para a realização das atividades do Goshin-dô.

Jornada científi ca

O período da noite foi reservado aos trabalhos científi cos e fi lo-sófi cos, quando foram apresentadas várias palestras. Na abertura dos trabalhos, Gilberto Gaertner, presidente da CBKT, falou sobre a importância dos mestres que permanecem na ativa no Brasil. “Quero resaltar que hoje o Brasil é o único país que possui três mestres japoneses em atividade, no âmbito da International Tradi-tional Karatê-Dô Federation (ITKF). Além de ser um dos pioneiros no Brasil, sensei Tanaka foi aluno direto do mestre Nakayama, que, juntamente com Hidetaka Nishiyama e Isao Obata, fundou a Nihon Karate Kyokai. O shihan Tanaka é hoje o número 1 na hierarquia da ITKF. Espero que desfrutem e absorvam ao máximo todo o conhe-

cimento que eles estão disponibilizando a vocês.”Antes da primeira palestra, sensei Watanabe, um dos idealiza-

dores do goshin-dô, explicou quais são os principais propósitos do encontro, mas antes, porém, falou de forma lúdica sobre a sua saúde, arrancando muitas gargalhadas dos ouvintes. “A tradução de goshin é você, enquanto dô é caminho. A nossa proposta aqui é levar vocês para dentro de vocês mesmos, mediante um trabalho de imersão fundamentado no karatê-dô. Na academia vocês apren-dem o básico, o fundamental. Nossa proposta aqui é aprofundar um pouco mais esses princípios, por meio da transmissão dos fun-damentos técnicos e fi losófi cos do karatê-dô.”

Sensei Watanabe fi nalizou evocando a troca de informações e experiências. “Quando criamos o goshin, nossa proposta era ir além dos aspectos técnicos e fi losófi cos do karatê e proporcionar aos participantes um ambiente que promova a integração e o inter-câmbio, fundamentado na troca de ideias, informações e experi-ências. Aqui não existe clima de competição ou hostilidade, sendo assim desejo que aproveitem o máximo possível para trocar infor-mações e conhecimento com seus colegas e amigos.”

O primeiro palestrante foi o sensei Gilberto Gaertner, que falou sobre Neurônios Espelho e o Processo Ensino-Aprendizagem no Karatê Tradicional. “Lembro que no ano passado falamos sobre a Neuroplasticidade, que está diretamente relacionada ao ensino e aprendizado do karatê. Hoje vamos falar sobre um tema que é bem atual, já que os avanços das neurociências estão sendo muito rápi-dos e estamos tendo muitas informações que consolidam algumas coisas que já fazemos, abordando o tema dos neurônios espelho.” Leia artigo de autoria deste pesquisador publicado nesta edição e conheça um pouco mais sobre este interessante estudo sobre o funcionamento cerebral.

Outro palestrante foi o dr. Carlos Nunes, do Paraná, que dis-correu sobre a importância da utilização de protetores bucais no campo esportivo, e em especial nas artes marciais. “A proteção bucal é imprescindível em toda e qualquer prática esportiva, mas estamos tentando tornar obrigatório o uso deste tipo de proteção para todos os competidores de karatê tradicional. A meu ver, esta obrigatoriedade deveria estender-se até mesmo aos praticantes das academias e escolas, pois o risco de uma lesão mais grave nesta modalidade é bastante elevado. No Brasil não existem estu-dos específi cos na área, mas nos Estados Unidos ocorre a perda de mais de 3 mil dentes diários em atividades esportivas em geral. Penso que no karatê o uso é imprescindível. Sou praticante de ka-ratê e por isso estou empenhado em mostrar esta necessidade a todos os praticantes da modalidade.”

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A última palestra da Jornada Científica 2013 foi proferida pelo professor Iko Trindade, de Fortaleza (CE), que apresentou o méto-do kodomô de karatê, que é desenvolvido em seu dojô. “Desenvol-vemos na Escola de Karatê do Ceará (ASKACE) uma metodologia de ensino com uma abordagem para crianças abaixo da linha de inserção esportiva. No karatê esta proposta não existe em nenhum lugar do mundo, e só encontramos um trabalho semelhante ao nosso na natação. As pessoas pensam que o karatê está focado apenas em técnicas de luta e defesa, e o que percebemos foi que esta estimulação dentro de um dojô de karatê adaptado a esta faixa etária permite uma estimulação motora muito rica, já que as crianças de hoje têm perdido isso em função do nosso novo estilo de vida. A vida nos apartamentos cada dia menores, os videoga-mes, a falta de segurança que inibiu as brincadeiras ao ar livre, de alguma forma estão causando certa atrofia motora. Usamos a psicomotricidade como base, mas outros elementos são utilizados, como a música, os sons, as cores, o meio ambiente e a natureza. Pesquisas sobre o método têm sido publicadas e naturalmente, como é um processo, nunca vai parar de evoluir.”

Meditação

Além de presidente da CBKT, Gilberto Gaertner é psicólogo esportivo e professor de yoga, e o dirigente explicou quais são os objetivos deste trabalho de meditação. “A meditação trabalha basi-camente com o aquietamento mental e com a otimização das ca-pacidades atencionais. Desenvolve a habilidade de focalização no momento presente, o que é extremamente importante na prática do karatê. Trabalhamos técnicas de meditação específicas voltadas para o karatê. A fixação mental é dirigida ao processo respiratório, pois quando se faz um trabalho de meditação há necessidade de uma fixação mental, a mente tem de estar ancorada em algum lu-gar para se conseguir acalmar os pensamentos. A respiração con-

trolada reduz a frequência cardíaca e equilibra e modula o estado emocional.”

O dirigente finalizou explicando onde a meditação e o karatê se cruzam neste contexto. “Para a prática do karatê é preciso um nível de atenção muito aprimorada e desenvolvida. Quando se tem uma capacidade atencional maior, a prática de qualquer técnica de karatê fica muito mais refinada, pois se consegue estar inteiro no gesto técnico e sua intencionalidade é diferenciada. A plena aten-ção, que é uma busca do trabalho meditativo, é obtida quando a pessoa consegue estar totalmente imersa no próprio ato motor que ela está executando, ou seja, não existe o pensamento e a ação. Existe apenas a ação pura integrada.”

Treinamento técnico

Nos três dias do Goshin-Dô 2013 houve treinamento técnico no interior da reserva natural de Setiba, coordenado pelos senseis cariocas Yasutaka Tanaka, Hiroyasu Inoki e Ugo Arrigoni, que traba-lharam exaustivamente, focando a transmissão técnica e filosófica aos participantes. Tradicionalmente este treinamento também é mi-nistrado pelo sensei Tasuke Watanabe, que em função da recente cirurgia, extremamente delicada, teve de limitar-se a recepcionar o encontro e proferir uma aula teórica.

O sensei Ugo Arrigoni explicou que um os pontos focados nos treinamentos foi a questão do relaxamento articular. Entre outras coisas, o sensei Tanaka destacou a importância do relaxamento das articulações como fator primordial para o aumento da potência no final dos golpes. Este relaxamento, principalmente dos ombros e cotovelos, faz com que os golpes fiquem parecidos com o movi-mento de um chicote. Esta técnica é desenvolvida principalmente quando o praticante já está numa fase evoluída e/ou numa idade avançada, na qual a musculatura e as articulações já não permitem aquela contração final e uma rigidez maior. Os praticantes mais ex-

O grupo fazendo meditação na praia de Setiba

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perientes treinam karatê de forma mais relaxada, o que lhes propor-ciona uma potencialização dos golpes e redução de lesões.

A diretor de graduações da CBKT explicou também parte do trabalho apresentado pelo sensei Inoki no primeiro dia de treinos na mata de Setiba. O professor Inoki fez uma dissertação sobre a movimentação das pernas e do quadril, na qual a velocidade dos braços é completamente diferente da velocidade das pernas. Com isso um oi-zuki, gyaku-zuki ou kizame-zuki se torna bem mais efi-ciente, ou seja, as técnicas não são realizadas somente com o cor-po, mas também com a energia mental e a intencionalidade. “Os movimentos começam nos músculos do corpo e com as pernas, e terminam com o quadril e os braços. Quando damos um golpe, a perna se projeta antes do quadril para depois o quadril se projetar e fazer a conclusão do golpe. Mas o ponto crucial de tudo isso é a compreensão destes fundamentos”, explicou o sensei Arrigoni.

Assembleia geral

Em paralelo ao goshin-dô a CBKT realizou a assembleia geral, que teve a participação dos seguintes Estados: São Paulo, Espíri-to Santo, Rio Grande do Norte, Bahia, Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás. Os shihans Yasutaka Tanaka, Hiroyasu Inoki e Tasuke Watanabe acompanharam atentamente, como observa-dores, os trabalhos que definiram as principais ações para esta temporada.

Entre os participantes estavam Sérgio Bastos, vice-presidente e diretor técnico da CBKT; Ugo Arrigoni Neto, diretor de graduações; Adriana Avagliano, representando o Estado de São Paulo; Carlos José de Oliveira Matos, presidente do Espírito Santo; Francisco Maciel Lima, presidente do Ceará; Newton Aurimar, representando o Rio Grande do Norte; Nélson Góes, presidente da Bahia; Adairce Castanheti, presidente de Mato Grosso; José Humberto de Souza, diretor de arbitragem da CBKT; Clóvis Ravagnani, representando

o Estado de Goiás; Antônio Walger, presidente do Paraná; Alfredo Aires, representando o Estado de Mato Grosso do Sul e diretor de eventos da CBKT; Rui Marçal, diretor administrativo-financeiro da CBKT; e João Cruz, diretor secretário da CBKT.

Foram aprovados por unanimidade: a prestação de contas re-ferente ao exercício de 2012, as taxas e emolumentos para o ano de 2013 e as datas para recolhimento das anuidades. As principais mudanças para esta temporada estão relacionadas às formas de competição até 13 anos, as quais terão um enfoque mais lúdico, assim como ao calendário de 2014 , no qual ocorrerá a divisão do campeonato brasileiro em duas etapas.

Outra inovação importante está relacionada ao marketing da CBKT. Foi aprovada a parceria com um fabricante de kimonos que produzirá e fornecerá exclusivamente para a CBKT kimonos, haka-mas, protetores e demais acessórios. Com isso, a partir de agora o karatê-dô tradicional terá uma padronização e uma identidade visual diferenciada.

Reunião do shihan-kai

Durante o XI Goshin ocorreu a tradicional reunião anual do shihan-kai da CBKT. O grupo formado por mestres a partir do 7º dan visa a manter a orientação técnica, baseada nos ensinamentos e princípios estabelecidos pelo mestre Nishiyama.

Segundo Gilberto Gaertner, presidente da CBKT, serão justa-mente estes ensinamentos e princípios que nortearão os passos da Confederação Brasileira de Karatê-Dô Tradicional no médio e no longo prazos.

A reunião contou com a participação dos mestres Yasutaka Tanaka, Hiroyasu Inoki, Tasuke Watanabe, Ugo Arrigoni, Gilberto Gaertner e Sérgio Bastos. O assunto que norteou a pauta de 2013 foi o fortalecimento dos aspectos budô e educativo, no âmbito do karatê tradicional brasileiro.

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Avaliação de participantes e dirigentes sobre o Goshin-dô 2013

Para Nelson de Araújo Góes Filho, presidente da Federação Baiana de Karatê-dô Tra-dicional, a abrangência do Goshin-dô 2013 foi contundente. “Minha avaliação é a mais positiva possível. Acho que o goshin nos proporciona algo especial, num ambiente familiar, já que nestas 48 horas consegue tratar de vários temas que passam pelas áreas técnica, administrativa e científica. Existe uma dinâmica enorme, e o melhor de tudo é que man-temos contato direto com a natureza. A abrangência dos trabalhos este ano foi grande e contundente. Sou praticante há 36 anos e profissional da área de educação física. Trabalho na área de coordenação da excelência esportiva do Estado da Bahia e certamente aprendi muito aqui, pela qualidade dos palestrantes e dos professores Tanaka e Inoki. Tivemos exemplos de toda ordem, não só da área técnica, mas também na questão de humildade, na qual vimos na aula sobre tekki nidan os senseis construindo com o grupo e dirimindo as dúvidas de todos. Em momento algum se colocaram numa condição superior, e esta é uma lição de humildade. Quem pôde captar tudo isso saiu com uma lição a mais.”

Francisco Trindade, 4º dan, professor de educação física, pós-graduado em treina-mento esportivo, com mestrado em saúde pública e doutorando em medicina do esporte, afirmou que o goshin é uma experiência fantástica. “Esta é minha primeira vez aqui e ela foi fantástica. É uma experiência indescritível. Faço karatê há 40 anos e treinar na mata ao lado dos grandes mestres que foram sempre nossos ídolos é de arrepiar. Vou levar esta

Mestres puxando treino com professores na reserva de Setiba

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experiência para o resto de minha vida. As discussões científicas no fim de cada dia e a integração que vivemos aqui são extremamente importantes. Isso mostra que o karatê é uma ferramenta muito maior do que as competições. Poder vivenciar toda esta troca foi uma experiência única.”

Nelson Kano Júnior, 2º Dan, que é ex-professor de karatê e hoje atua na área do direito civil, disse que a parte científica agregou bastante conteúdo ao goshin. “Esta foi a minha primeira participação e minha avaliação foi muito boa, já que era justamente isso que es-perava encontrar aqui. Aprendemos muito sem a interferência das questões competitivas e o que aprendemos em Setiba nos proporciona muita criatividade nas questões didáticas e práticas, do karatê. A parte científica foi excelente e agregou bastante conteúdo ao goshin. Estou satisfeito com toda esta experiência, mas o ponto alto foi a união entre os participan-tes. Este espírito de união nos proporciona uma nova visão e me permite afirmar que esta foi uma experiência fantástica.”

Para Paulo de Barros, 1º dan, engenheiro e músico, estar em contato direto com mes-tres como Tanaka, Inoki e Watanabe é o ponto alto do goshin. “Este é meu segundo goshin. Vim no ano passado a convite do sensei Watanabe, gostei muito e agora não tem mais como deixar de participar. Em minha análise o ponto alto de Setiba é estar em contato com o alto nível do karatê, sem ter de estar numa competição. Aqui não existe rivalidade

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e tudo é muito informal. Faço karatê pela questão corporal, para enfrentar meus me-dos, meus inimigos e principalmente a mim mesmo. Poder estar em contato direto com mestres como Tanaka, Inoki e Watanabe e com suas lições de humildade foi o ponto alto do goshin.”

Expedito Borges, 5º dan, professor e coordenador de um projeto social que abriga aproximadamente 8 mil crianças em Apucarana (PR), destacou o intercâmbio do evento. “Esta foi a minha quarta vez em Setiba e achei esta edição muito boa. Eu não ia vir, mas acabei vindo para rever e alegrar o sensei Watanabe, que merece a atenção e o carinho de todos nós. O ponto alto do goshin é a troca e o intercâmbio que acontece aqui. Esta experiência nos ajuda inclusive dar melhores aulas, já que sempre aprendemos algo novo aqui.”

Clóvis Ravagnani, 5º dan e árbitro ITKF Classe A, disse que um número maior de instrutores e palestrantes daria uma dinâ-mica maior ao evento. “Desde 2004 tenho participado de todas as edições e achei que esta edição foi muito boa, mas poderíamos ter um número maior de instrutores e pales-trantes. Penso também que os temas deve-riam ser previamente determinados e divul-gados, pois com isso certamente o número de participantes seria muito maior. Aprendi algumas coisas na área técnica, mas o mais importante do goshin é o que aprendemos nos bastidores e na troca com os demais professores e praticantes. Todos vêm aqui com o espírito desarmado e em busca de informação. Com isso o tradicional ganha e cresce muito no sentido de unidade e co-esão.”

Newton Aurimar, o dirigente do Rio Grande do Norte, que é 6 dan, afirmou que sempre se aprende algo novo em Setiba. “Vim aqui para participar do Goshin-Dô 2013 e representar oficialmente o Rio Gran-de do Norte na assembleia geral da CBKT. Minha avaliação é que esta edição foi muito melhor do que a anterior porque usou uma metodologia de trabalho superior. As pa-lestras e o treinamento na mata foram ex-celentes, mas o ponto alto deste ano foi o trabalho apresentado pelo sensei Inoki, fun-damentado na linha do sensei Nishiyma, na qual fundamento todo o meu trabalho téc-nico. O sensei Tanaka mostrou um trabalho

de soltura muito bom e a participação direta destes mestres agregou muita qualidade a esta edição.”

Sérgio Bastos, vice-presidente e diretor técnico da CBKT, avaliou o evento positiva-mente. “Esta edição foi uma das mais tran-quilas. O número de participantes não foi recorde, mas acho que a razão disso foi o alto custo das passagens aéreas este ano. Na Bahia mesmo tivemos vários praticantes que não puderam vir devido a este proble-ma. Mas no geral esta foi uma das melhores edições do goshin, no qual pudemos contar com a participação efetiva dos senseis Ta-naka e Inoki, que mostram cada vez mais

entusiasmo em participar e transmitir todo o conhecimento que possuem. Os temas científicos abordados foram bastante in-teressantes. Em nível administrativo as coisas também fluíram muito bem, já que na AGO obtivemos aprovação de todas as propostas feitas para esta temporada. Tudo isso mostra que nosso trabalho está obtendo total aprovação dos filiados.”

Para Juarez Silva, de Marau (RS), o aspecto pedagógico foi o ponto alto em Setiba. “O goshin vem suprir as neces-sidades de muitos professores, promo-vendo um intercâmbio e principalmente padronizando o tradicional no Brasil. Este

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aspecto pedagógico de ensino e aprendi-zado que está sendo oferecido pelos pro-fessores é de suma importância para a padronização deste conteúdo. Para o Rio Grande do Sul isso é muito importante, por-que estamos sendo inseridos neste padrão nacional. Minha avaliação de tudo que nos foi oferecido, desde a parte técnica até a logística, é a melhor possível.”

Walkyria Fernandes, 2º dan e atual nú-mero 1 do ranking feminino do Brasil, des-tacou a proximidade com os grandes mes-tres. “Esta é a minha quarta experiência em Setiba e acho que aqui renovamos todas as nossas energias. O ambiente é totalmente diferente daquele que vivemos nas compe-tições, onde a vivência com os mestres e os demais praticantes é fantástica. Sempre aprendemos muito, pois saímos daquele velho padrão de treinar ataque e defesa, em que não absorvemos nada novo porque temos o nosso jeito de treinar. Aqui amplia-mos nossos horizontes na questão técni-ca e também nos fundamentos. Tudo que aprendemos e treinamos aqui certamente fará diferença lá na frente. A meu ver, o ponto alto de Setiba é esta relação próxima e mais profunda com os grandes mestres do karatê.”

Para Alfredo Aires, presidente da co-missão técnica da federação gaúcha e diretor de eventos da CBKT, o goshin--dô talvez venha a tornar-se uma forma de praticar o karatê-dô do futuro. “Como praticante de karatê-dô e responsável pelo ensino na instituição que dirijo, gostaria de salientar que goshin-dô é uma disciplina complementar do karatê-dô. Baseando-se na aplicabilidade combinada com o estudo

Sensei Inoki um dos ministrantes do treinamento técnico

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e a redescoberta dos aspectos originais e mais antigos do karatê-dô, o shihan Wata-nabe formalizou por meio do goshin-dô sua própria interpretação da evolução do kara-tê tradicional como caminho de uma vida saudável. Tal doutrina faz com que o kara-teca busque, mediante a prática objetiva e lógica das técnicas, desenvolver seu karatê como um todo, voltando sua prática para a saúde, o autoaprimoramento e o desenvol-vimento pessoal ao longo da vida. A meu ver, talvez esta seja a forma de prática do karatê-dô do futuro.”

José Humberto de Souza, diretor téc-nico da FKTMT e diretor de arbitragem da CBKT, destacou a humildade e o compro-metimento dos mestres Tanaka e Inoki. “Até hoje só faltei a uma edição do goshin-dô e o destaque desta edição foram a humildade dos mestres Tanaka e Inoki e a boa vontade e a motivação que demonstraram. Nas ve-zes anteriores as aulas eram feitas por vá-rios professores e sempre fui um deles, mas achei a atitude dos nossos professores es-petacular, pois o conhecimento de ambos é enorme. Outro destaque foi a integração que houve este ano. Tivemos aqui um nú-mero enorme de professores e profissionais de nossa modalidade, e esta troca foi fan-tástica. Tecnicamente tivemos aqui a defini-ção do kata que será utilizado no Campe-onato Brasileiro e pela primeira vez houve uma padronização neste aspecto. Mas a meu ver a ênfase maior foi a humildade dos nossos mestres.”

Adriana Avagliano, 4º dan e represen-tante de São Paulo, enfatizou a troca de ex-periências que ocorre neste evento. “Estar em Setiba sempre soma no crescimento técnico e pessoal dos participantes, e acho que o goshin-dô planta uma semente em todos que vêm aqui. Cabe a cada um de nós seguir estudando as coisas que apren-demos e vivenciamos. Na questão técnica este ano tivemos mais contato com os sen-seis Tanaka e Inoki, e este foi um diferen-cial muito grande. Minha análise é que o aspecto mais importante do goshin-dô é o intercâmbio que ele proporciona. Aqui tro-camos experiências e discutimos soluções para problemas e dificuldades comuns a todos nós.”

Adairce Castanheti, presidente da KKTMT, destacou as aulas ministradas pelos senseis Inoki e Tanaka. “Incluindo esta edi-ção, é minha nona participação no goshin--dô, e neste senti uma energia muito melhor do grupo. Acho que o problema de saúde do sensei Watanabe uniu muito mais o grupo. O treino feito na mata foi excelente e houve uma união muito grande de todos. O sensei Inoki tem uma facilidade enorme de transmitir, ensi-nar, e o conteúdo de suas aulas foi excelente. Até o sensei Tanaka, que é um pouco mais

Gilberto Gaertner

Nelson Góes e Sergio Bastos - BA

Clóvis Ravagnani - GO

Nilton Aurimar - RN

Rui Marçal - CBKT

Alfredo Aires - RS

José Humberto e Adairce Castanheti - MT

Adriana Avagliano - SP

Antônio Carlos Walger - PR

Sergio Góes - BA

Mesa de trabalho

Sergio Bastos - CBKT

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fechado, conseguiu soltar-se e nos ensinou coisas incríveis. O conteúdo técnico foi muito bom. Mas este não é o objetivo principal de estarmos aqui, pois a proposta de Setiba é a integração e o crescimento pessoal. Apren-demos coisas novas e dividimos momentos muito bons com nossos amigos. Foi tudo muito bom.”

Gilberto Gaertner, presidente da CBKT, fez um balanço altamente positivo. “Em termos de aproveitamento e participação, nossa avaliação final do Goshin-Dô 2013 é a melhor possível, já que todos os profes-sores mais qualificados do Brasil marcaram presença no evento. Tivemos também a participação dos Estados verdadeiramente representativos do karatê tradicional brasi-

leiro, e este foi um aspecto muito importan-te para todos nós. A grande peculiaridade desta edição na área técnica foram as aulas ministradas pelos senseis Tanaka e Inoki. Conjugado a isso tivemos o evento cien-tífico, que comportou outras temáticas, e também a parte de meditação como com-plemento do próprio trabalho. Trabalhamos as partes técnica, filosófica, científica e me-ditativa e isso tudo compõe o treinamento do karatê-dô tradicional. Com isso fecha-mos o primeiro evento desta temporada com um balanço extremamente positivo.”

O dirigente finalizou fazendo uma ava-liação do evento sob um ponto de vista administrativo. “Em nível de CBKT, creio que o nosso grupo saiu muito fortalecido

desta assembleia, porque constatamos a presença dos Estados mais representati-vos no cenário nacional, e todos trouxeram propostas e ideias. Tivemos definições claras e quase tudo foi aprovado por acla-mação. A grande novidade foi a aprova-ção da parceria da CBKT com um grande fabricante de kimonos de São Paulo, que a partir de agora fornecerá os karate-gis, hakamas, protetores e acessórios que nossos filiados irão utilizar. Com isso o tradicional passará a ter uma identidade e um padrão visual que há muito era dese-jado por nossa diretoria. Este é um marco importante para todos nós no sentido de estarmos desenvolvendo parcerias sóli-das, que fortaleçam ainda mais a marca do karatê-dô tradicional brasileiro.”

Gilberto Gaertner

Tasuke Watanabe

Carlos Nunes

Iko Trindade

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AlessAndro PugliAiniciará nova era no judô paulista

O judô paulista iniciou 2013 dando sequência ao modelo administrativo austero e vencedor implantado há anos por Francisco de Carvalho, porém, sua diretoria executiva já pôs em andamento o processo de transição. Alessandro Puglia, faixa preta 6º dan, com longo currículo como atleta e dirigente, deixa a vice-presidência e o cargo de coordenador técnico da entidade para assumir interinamente a presidência e abrir caminho para os novos dirigentes que dividirão com ele a responsabilidade de dar continuidade ao crescimento e à pujança que caracterizaram sempre o judô paulista. A Budô entrevistou Puglia para saber quais são seus planos e metas na gestão da maior entidade estadual do judô brasileiro.

Como surgiu a ideia de usar ano de 2013 para acelerar a transição do comando?O Chico e eu vínhamos conversando sobre isso já há algum tempo. Pensávamos criar a forma de transição mais harmoniosa possível. Como o Chico sempre vê as coisas com antecedência, resolveu iniciar este processo logo no começo do ano. Sua proposta é fazer com que eu me prepare melhor, já que no dia 31 de dezembro ele não vai mais estar na administração. Penso que ele quis aproveitar este ano para me preparar melhor, me sabatinar e me mostrar todos os caminhos. Quer acertar os detalhes finais para que eu possa fazer a melhor gestão possível na federação.

Neste último ano do Chico haverá mudanças significativas na administração?Não. Acho que temos de caminhar da forma como vínhamos fazendo nos últimos anos. Se formos promover mudanças, elas acontecerão em minha gestão.

O Chico assumiu a FPJ mergulhada no maior caos administrativo de sua história. Felizmente, você vai receber a casa totalmente ajustada. Mas quais serão as principais mudanças em gestão?Antes de tudo, está provado que o Chico é um grande gestor, e penso que, além de sua administração ter sido muito técnica, ele é uma pessoa que efetivamente é do judô. Com isso, a história do judô paulista nos últimos 20 anos foi totalmente diferente da anterior. Sua gestão foi e está sendo um marco. Minha ideia é orientar a gestão futura nesse mesmo caminho. Precisamos continuar evoluindo e mudar em alguns setores. Temos de profissionalizar a administração em algumas áreas, para que a FPJ cresça de acordo com o aumento do número de atletas. Uma gestão ágil e moderna depende muito de recursos externos,

Com a ida de Francisco de Carvalho Filho para a vice-presidência da Confederação Brasileira de Judô,

o judô paulista deflagrou o processo de transição.Por Paulo Pinto

Fotos Revista Budô

e vamos focar isso. Sei que o Chico está me passando uma entidade 100% saudável e autossustentável, mas, se quisermos desenvolver maiores projetos, teremos de conquistar parceiros que acreditem no judô enquanto mercado e um segmento que envolve diretamente centenas de milhares de praticantes e aficionados.

Dentro deste quadro, quais serão as mudanças emergenciais ou primordiais?Não vejo nenhuma. Já houve várias mudanças nestes últimos anos que, a meu ver, sanearam as questões administrativas e técnicas. Tivemos uma grande evolução no credenciamento técnico, foi criada a Copa São Paulo, houve a mudança nos exames de graduação, e as coisas caminham bem. De qualquer forma, estamos analisando tudo com um grupo de trabalho e vendo o que precisa ser feito.

Você tem um sonho para o judô paulista?Um dos meus sonhos é construir um centro de treinamento e um ginásio de médio porte próprios. Isso nos daria grande autonomia e isenção. Quem sabe num futuro próximo possamos ter nosso ginásio para realizar eventos de um determinado porte. Penso que tudo é possível quando focamos objetivos concretos e fundamentados. Tenho em mente também criar uma escola para preparação de professores de judô.

Alessandro Puglia

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Por Matheus LuizFotos Revista Budô

O Chico é um grande gestor e um político extremamente hábil. Como pretende nivelar esta questão?Primeiro, quero dizer que, independentemente do lado político, o Chico fez efetivamente uma excelente administração. Se compararmos com outros Estados, veremos que ninguém fez nada próximo ao que ele realizou aqui. A FPJ atingiu este nível porque ele alavancou a modalidade, instituindo uma gestão empresarial. Tudo que estava ao seu alcance ele fez. Trouxe os tatamis da Alemanha quando nem a CBJ sonhava trazer. Hoje temos mais de 2800 peças de tatamis no padrão FIJ. Ele oxigenou e fortaleceu as delegacias, que expandiram o judô do interior do Estado. É muito difícil dimensionar sua obra, que já está registrada e ninguém vai esquecer. Ele vem me apresentando como futuro presidente e pedindo o apoio de todos, e tenho certeza de que a comunidade sempre se lembrará dele. Nós, judocas, temos uma coisa que, além de princípio, é quase um fundamento: a gratidão. São Paulo terá sempre eterna gratidão pelo Chico.

O que você criou nestes oito anos de administração?Não gosto de ficar falando do que fiz, porque formamos um grupo que trabalha de forma coesa pelo crescimento de nossa modalidade. Mas fui o responsável pela criação do Campeonato Estudantil, da Copa São Paulo e do credenciamento técnico. A ideia do credenciamento não é instruir os professores e, sim, reuni-los e pô-los a par das coisas que estão acontecendo, já que anualmente surgem mudanças e inovações. Isso passa pelas regras da arbitragem e os mais variados procedimentos técnicos. Além disso, era comum vermos pais de atletas sentados no shiai-jo, o que geralmente criava muitos problemas. Agora isso não ocorre mais. Hoje só temos técnicos e professores nas áreas. Promovemos também uma alteração no campeonato paulista sênior, buscando formar atletas cada vez mais fortes e competitivos. Com isso o campeão regional e o campeão da Copa São Paulo vão diretamente para o paulista. O campeão e o vice do campeonato estadual também vão para o paulista. Mas aqueles que não conseguirem uma vaga podem voltar a disputar por outra região. Esta mudança deu tanto resultado que no último brasileiro sênior nós conquistamos 12 medalhas de ouro das 16 que estava em disputa. O grande número de medalhas obtidas no brasileiro foi reflexo dessa alteração e dos

treinamentos que tivemos antes da competição. Teremos outra alteração em 2013 nos exames de graduação, nos quais a partir de agora todos os candidatos que fizerem exames até o 5º dan terão obrigatoriamente de fazer o curso de kata.

A comissão de ética não foi uma iniciativa sua?A comissão de ética é uma iniciativa do Chico. Esta é uma coisa que ele guardava desde a gestão do sensei Watanabe. O Chico sempre quis levar este projeto adiante e sei que isso será algo muito importante para mantermos os princípios que tornam o judô uma modalidade diferenciada. Ele pediu para o Mateus Sugizaki organizar e coordenar os trabalhos e felizmente estão avançando bem. Tenho certeza de que este tema será outro grande marco da gestão do Chico, já que futuramente deverá ser adotado também pela CBJ.

Hoje a CBJ nada a braçadas na administração. Você tem projetos específicos para o marketing?Para darmos um salto qualitativo precisamos de marketing, e a FPJ precisa capacitar-se neste aspecto. Priorizaremos o marketing em nossa gestão. Hoje a FPJ possui três parceiros: o governo do Estado de São Paulo, a Adidas Kimonos e a Nutry, que desenvolveu uma ação pontual na Copa São Paulo. Recentemente tivemos aprovado o nosso projeto do ICMS e pretendemos agora captar recursos por meio dele.

Há oito anos Puglia e Chico lideram a equipe do judô de São Paulo

“O Chico possui o

espírito do judô”

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Você está preparado para assumir este novo desafio?Sou empresário, e sei que a administração financeira é muito complicada, ainda mais quando envolve recursos de terceiros. Contudo, lembro que sou judoca e vivo há muito tempo nos tatamis. Nestes oito anos na FPJ aprendi e conheci cada particularidade do judô de São Paulo. Estou preparado e sei muito sobre o judô de nosso Estado. Espero que o grupo que está formado e é responsável pelo sucesso que estamos obtendo me dê suporte para elevar ainda mais o judô paulista.

Falando em grupo, não haverá mudanças?As mudanças são sempre necessárias, mas serão detalhes pontuais.

Por questões ideológicas, nos últimos 12 anos São Paulo liderou a oposição. Podemos dizer que a partir de 2014 a conta estará zerada?Penso que o fato de o Chico estar dentro da CBJ é uma grande vitória para o Brasil. Tenho certeza de que o Paulo Wanderley saberá proporcionar ao Chico condições de implantar projetos de interesse nacional, já que, com toda a sua experiência, ele ser decisivo para o crescimento do judô nacional. Se o presidente da CBJ der espaço para o Chico trabalhar no mesmo sentido que trabalhou aqui, o judô do Brasil vai ganhar muito.

Então, a partir de agora acabou a oposição?Esta conversa acabou. Agora somos parceiros.

Alguns membros de sua equipe já estão trabalhando na federação. Até o fim deste mandato você pretende estar com toda a sua equipe atuando na entidade?Até o fim de 2013 todos os cargos administrativos são ocupados por pessoas da confiança do presidente atual, que é o Chico. Isso passa pela secretaria, delegados regionais e tesoureiro. Vamos manter tudo como está até o fim do ano, mas já estamos colocando algumas peças novas para ir adequando algumas áreas. Já coloquei o Joji como coordenador técnico porque tive de deixar efetivamente

essa função. Trouxe o Júlio para trabalhar na secretaria junto com o Celso, para ele se familiarizar com a administração. O Adib Bittar será o tesoureiro da FPJ, e ele já está acompanhando tudo com o sensei Valdir Meleiro. Aos poucos as peças estão sendo mudadas, mas não é porque eu quero, e sim porque existe esta necessidade. As pessoas que estiveram com o Chico nestes 20 anos também se preparam para passar o bastão para outras pessoas, e acho isso tudo muito nobre. Estou me preparando e formando uma equipe para assumir, mas não serei eterno aqui. Sinto-me orgulhoso pela confiança do Chico, estou convicto de que estou preparado para assumir o cargo, mas vou colocar as pessoas que eu achar que são necessárias para executar aquilo que for preciso.

O Chico está conseguindo desligar-se gradativamente do cargo? Brinquei com ele outro dia que, quando ele se aposentar, o contratarei para ser meu assessor. Ele deu muita risada e disse: “Estarei aqui só até o dia 31”. Mas tenho certeza de que, se precisar de ajuda, ele vai me ajudar. Sei que ele vai desacelerar, mas sempre estará por perto. Da forma como está transmitindo o cargo, por sua satisfação e confiança, sei que poderei sempre contar com sua visão e conhecimento. Vou pedir para ele me dar assessoria principalmente na área burocrática.

Você manterá iniciativas como o conselho de ética e os treinos no CAT?Estas são referencias de nossa administração. Os treinos no CAT, os estudos do kata e o conselho de ética serão mantidos. Tenho nova proposta para os exames de graduação, e daremos outra roupagem a eles. Penso que São Paulo tem de sair sempre na frente, e servir de modelo para os demais Estados. Renovar e modernizar é preciso, sempre.

Mas como pretende modernizar sem perder a essência?A federação atingiu um nível muito bom e, no geral, cresceu o que tinha para crescer. Agora temos de lapidá-la e melhorar pontualmente o que precisa ser aprimorado. Vou dar um exemplo: os eventos de judô têm de mudar sem perder a questão filosófica e a tradição, mas temos de fazer o judô virar show. As pessoas que ainda não o conhecem

precisam ter uma boa referência, e não será com competições que duram 12 horas que isso vai acontecer. Os tempos mudaram, e precisamos entender estas mudanças. Se quisermos patrocinadores, temos de mudar o formato e trazer a mídia para os tatamis.

Na verdade, nesta temporada o Chico está avaliando seu trabalho?Além da questão da amizade, penso que ele já me avaliou há muito tempo. Ele já me testou várias vezes, e penso que me indicou quando teve certeza absoluta de que havia encontrado alguém para substituí-lo e que daria continuidade ao trabalho que desenvolveu na entidade. Na gestão de uma federação é preciso fazer algo mais. É como estar numa competição e ter de render 110%. Temos de abdicar de muita coisa na sua vida pessoal, e o Chico melhor do que ninguém sabe que, para ocupar seu lugar, teria primeiro de preparar alguém que fosse comprometido com o judô e com tudo que ele mesmo implantou na entidade.

Como você avalia a gestão do Chico?Sou suspeito para avaliar sua gestão, mas vamos lá. Conheci o Chico quando tinha 12 anos, e ele era delegado regional do ABC. Eu era atleta e até competi com ele. Sempre foi uma pessoa com postura diferenciada, e nunca mudou seu perfil. Continua sendo aquela pessoa que luta pelo judô e que tem uma verdadeira paixão pelo nosso esporte. É um dirigente abnegado e, se tiver de acordar à 1 hora da manhã para resolver alguma coisa do judô, ele o faz sem reclamar. Minha avaliação é a seguinte: acho que eu e toda a comunidade do judô paulista temos enorme gratidão por tudo que fez pelo judô. Sei que ele vai continuar trabalhando na CBJ e em São Paulo, porque sua vida está intrinsecamente ligada ao judô.

Qual foi a maior lição que aprendeu com ele?Ter humildade e garra. Passar pela cirurgia pela qual ele passou e manter o foco nos tatamis, só o Chico. Mesmo nos momentos mais difíceis de sua vida ele nunca nos abandonou. A doença o levou a fazer um transplante e em nenhum momento ele baixou a guarda. O Chico possui o espírito do judô.

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CBTKD EM PARCERIA COM MINISTÉRIO DO ESPORTE CONTEMPLA

FEDERAÇÕES ESTADUAISSANTA CATARINA É MAIS UMA CONTEMPLADA COM KIT DE MATERIAIS

PROJETO INOVADOR

Florianópolis (SC) - Depois da Bahia, chegou a vez de a Federação Catarinense de Taekwondo (FCTKD) ser contemplada com kit de equipamentos esportivos do pro-jeto promovido pela CBTKD e o Ministério do Esporte para capacitar todas entidades estaduais com recursos materiais, visando a alavancar o taekwondo, em pé de igualdade em todo o Brasil.

De acordo com Adelino da Silva Filho, presidente da FCTKD, o projeto da entidade é um marco na história do esporte. “Esta-mos muito felizes com o recebimento do kit. Somos muito carentes de apoio e a iniciativa da CBTKD e do Ministério do Esporte mos-tra a visão da nova gestão no que diz res-peito ao desenvolvimento de nossa modali-dade. Acredito que este projeto alavancará

Adelino da Silva Filho, presidente da FCTKD

Por Paulo PintoFotos Revista Budô

ainda mais o nível técnico dos atletas em todos os Estados, tornando o taekwondo brasileiro muito mais competitivo. Este é um marco de mudança na gestão do taekwon-do do Brasil”, disse o dirigente catarinense.

Segundo Adelino Silva, o equipamen-to ofertado certamente elevará o nível das competições e oferecerá melhor condição de treinamento para os atletas nos Estados. “Acredito que o kit proporcionará competi-ções locais no mesmo padrão de qualida-de das nacionais e internacionais. Vamos melhorar o treinamento de nossa seleção estadual, possibilitando maior crescimento técnico dos nossos atletas”, acrescentou.

O presidente catarinense enalteceu a iniciativa do Ministério do Esporte e da CB-TKD. “A comunidade taekwondista de Santa Catarina sente-se honrada e prestigiada por esta iniciativa. Felizmente temos no Carlos Fernandes e no ministro Aldo Rebelo gesto-res que compreendem a importância do tra-balho desenvolvido na base e nos Estados. Com esta ação o taekwondo catarinense e brasileiro � cam ainda mais fortalecidos.”

O Kit ofertado às federações

O kit que a CBTKD, através do Ministé-rio do Esporte está fornecendo às federa-ções estaduais é composto de 300 placas de tatamis, que permitirão a montagem de duas áreas de luta com 100 placas cada uma e uma área de aquecimento com as restantes 100 placas.

Além disso, cada Estado receberá dois conjuntos transmissores (um para cada área), quatro laptops (dois por área, um para sistema de placar e outro para sistema de

vídeo), quatro HDs (será usado um em cada área para armazenamento de placar e outro para armazenamento de vídeo, necessário para acervo e relatório técnico), duas telas de TV LED, dois tripés para telas de TV, qua-tro tripés para � lmadoras e duas licenças de programa de vídeo Dart� sh.

Quanto ao equipamento de proteção para atletas, serão ofertados 20 proteto-res de cabeça, sendo dez para cada área, tendo em vista que, nas competições no formato tag team (equipes), cada time tem cinco atletas, o que totaliza 20 atletas com-petindo em duas áreas simultaneamente. Serão entregues 32 coletes eletrônicos por Estado, com cinco tamanhos diferentes (também para 20 atletas). Os 12 coletes ex-cedentes são para luta em espera e substi-tuição de danos, que são frequentes. Além disso, os atletas em espera vestidos com coletes agilizam o andamento da competi-ção. Serão entregues também cinco pares de radiotransmissores.

Ministério do

Esporte

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COPA MURILO DE KARATÊ TEVE A PARTICIPAÇÃO DE

826 ATLETASA copa presta homenagem ao karateca Murilo Araújo de

Vasconcelos, uma das maiores promessas do karatê-dô paranaense, que faleceu tragicamente aos 19 anos, em janeiro de 2012, num acidente automobilístico.

Por Maurício Borges/Superintendente de comunicação/PMA.

Fotos André Veronez

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Apucarana (PR) - O Centro da Juventude de Apucarana sediou no dia 6 de abril a 2ª Copa Murilo de Karatê-Do Tradicional e o Festival de Karatê das escolas municipais de Apucarana.

O evento, que reuniu cerca de 1.400 pessoas, entre atletas, professores, pais e público em geral, foi realizado pela Acade-mia de Karatê Caminho Livre (AKCL) e Pre-feitura de Apucarana, com apoio da Fede-ração de Karatê-Do Tradicional do Estado do Paraná e da Associação Educacional de Desenvolvimento Humano e Social (Addes), além da colaboração de diversas empresas.

O prefeito Beto Preto, o vice Júnior da Femac, o secretário da Juventude, Pau-lo Kisner, e o presidente da Câmara, José Airton de Araújo, o Deco, além de outros secretários municipais e vereadores presti-giaram o concorrido evento.

A copa presta homenagem ao karate-ca Murilo Araújo de Vasconcelos, que fale-ceu aos 19 anos, em janeiro de 2012, num acidente automobilístico. Murilo integrou a seleção brasileira, em Santiago, no Chile, conquistando medalhas de prata e bronze em sua categoria.

O prefeito Beto Preto mostrou-se entu-siasmado com o evento esportivo. “Trata-se de uma competição que nos deixa empol-

O prefeito Beto preto presta homenagem ao atleto

Murilo Araújo na abertura do evento 93

Page 94: Revista Budô 9

gados pelo envolvimento de um expressivo número de atletas e que destaca a impor-tância do esporte, na medida em que in-centiva cada vez mais nossas crianças e adolescentes e aponta um caminho seguro e sadio”, avaliou Beto Preto.

O secretário da Juventude, profes-sor Paulo Kisner, disse que a estrutura do Centro da Juventude ficou pequena para receber tantos atletas e visitantes. Ele fez questão de agradecer o trabalho realizado pelo professor Borjão.

A Copa Murilo de Karatê teve a partici-pação de 570 atletas de Apucarana e 256 que vieram de dez cidades: São Pedro do Ivaí, Paranavaí, Goioerê, Fênix, Barbosa Ferraz, Tamarana, Ivaiporã, Carambeí, Ma-ringá e Cambira.

Na competição por cidades, Apucarana foi a campeã, com 452 pontos. Em segun-do fico Maringá, com 175 pontos, seguida por Goiorê, com 166 pontos; Paranavaí, com 142 pontos; Barbosa Ferraz; com 85 pontos; e Fênix com 84 pontos. “As escolas municipais com os atletas do projeto Kara-tê na Escola participaram na modalidade festival, valendo como ranqueamento no quesito revelação de talentos para compo-sição da equipe que disputa o campeonato paranaense”, explicou o professor Expedito Borges, o Borjão, coordenador do evento.

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ClassifiCação final por assoCiação

1º - AKCL – Apucarana

2º - Corpo e Alma – Maringá

3º - Academia Souza

4º - Paranavaí

5º - Barbosa Ferraz

6º - Fênix

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As Olimpíadas Universitárias – JUBs tiveram seu início em 2005, sendo organizadas pelo Comitê Olímpico Brasileiro – COB em parceria com a Confederação Brasileira do Desporto Universitá-rio – CBDU, Ministério do Esporte e Organizações Globo.

O evento contou com a participação média de mais de 200 Insti-tuições de Ensino Superior – IES do País e 3.000 atletas por edi-ção, com período de realização de dois ciclos olímpicos (quatro anos), totalizando oito anos de atividades estaduais e nacionais.

Desde sua primeira edição em 2005, as Olimpíadas Universitárias foram realizadas sempre no mesmo formato, com a disputa nas modalidades de futsal, vôlei, basquete, handebol, natação, judô, atletismo e xadrez, nos naipes masculino e feminino.

A UNIP manteve 100% de aproveitamento em todas as oito edi-ções do evento obtendo o maior número de medalhas nas edi-ções de Recife-PE (2005), Brasília-DF (2006), Blumenau-SC (2007), Maceió-AL (2008), Fortaleza-CE (2009), Blumenau-SC (2010), Campinas-SP (2011) e Foz do Iguaçu - PR (2012).

O Prof. Dr. Fábio Romeu de Carvalho, Vice-Reitor de Planejamen-to, Administração e Finanças da UNIP ressaltou a importância do comprometimento dos atletas no título. “Um agradecimento

especial e nossa gratidão aos atletas que, além de nos honrarem com a escolha da UNIP para a sua Universidade, tão bem soube-ram representá-la, com amor, dedicação e galhardia; a eles ainda os nossos votos de que o sucesso obtido nas competições se repita no decorrer de toda a vida, como profissionais competentes e como cidadãos honrados e respeitados”.

As Olimpíadas Universitárias, realizadas apenas em dois ciclos olímpicos, tiveram sua última edição em 2012.

A partir de 2013 o campeonato nacional volta a ser organizado apenas pela CBDU, como Jogos Universitários Brasileiros - JUBs, mas o legado deixado pelo Comitê Olímpico Brasileiro - COB e Ministério do Esporte permanecerá para que o desporto univer-sitário nacional continue ocupando lugar de destaque dentro do cenário esportivo brasileiro.

Roberto Toledo (Prof. Roba) sobre a importância da conquista ressaltou “Os alunos da Universidade, durante esse período, subi-ram ao lugar mais alto do pódio e obtiveram uma conquista sem precedentes no desporto universitário nacional. A grandeza do feito permanecerá na história, pois mostrou que a UNIP obteve êxito na missão mais difícil no esporte: manter-se no topo, ano após ano”.

UNIPOctacamPeãdas OlImPíadas UNIversItárIas - JUBsUniversidade Paulista finaliza os dois ciclos olímpicos como a maior medalhista em todas as edições dos jogos.

O Prof. Roba também enalteceu que essa conquista só foi possí-vel devido a contribuição de muitas pessoas. “É necessário agra-decer à reitoria da UNIP, que acreditou nesse projeto desde o início, aos técnicos, diretores de modalidades e aos nossos atletas prota-gonistas dessa conquista, que representaram a UNIP com garra e amor, construindo uma história repleta de jogos, lutas e corridas inesquecíveis”.

Os dirigentes esportivos da Universidade Paulista também res-saltaram a contribuição dos parceiros nesta conquista. O Esporte Clube Pinheiros, o Club Athletico Paulistano, o Sport Club Corin-thians Paulista e às Secretarias de Esportes de Osasco, São Caeta-no do Sul, São Bernardo do Campo e São José dos Campos tam-bém foram decisivas ao longo desse período, para a obtenção deste resultado.

Além dos clubes e secretarias de esporte também fizeram parte do projeto o grupo Qualitat, distribuidor da linha Objetivo Line que patrocinou todo o material esportivo dos atletas da delega-ção esportiva e também à Alfa Formaturas, que marcou presença em todas as edições do octacampeonato contribuindo muito para que a UNIP tivesse a melhor estrutura nos eventos esportivos.

Apesar do término do evento a expectativa é que nos próximos anos, novos talentos sejam revelados tal como diversos alunos da UNIP que, após brilharem nas Olimpíadas Universitárias, con-quistaram medalhas representando o Brasil nos Jogos Olímpi-cos, Pan-Americanos e Mundiais.

Com essas conquistas, a Universidade Paulista é a única Insti-tuição de Ensino Superior no Brasil octacampeã das Olimpíadas Universitárias – JUBs (2005-2012).

ANO LOCAL OURO PRATA BRONZE TOTAL

2005 Recife-PE 23 20 9 52

2006 Brasília-DF 30 22 15 67

2007 Blumenau-SC 27 15 10 52

2008 Maceió-AL 28 15 8 51

2009 Fortaleza-CE 29 23 7 59

2010 Blumenau-SC 47 28 10 85

2011 Campinas-SP 49 12 13 74

2012 Foz do Iguaçu-PR 50 21 18 89

TOTAL 283 156 90 529

Quadro Geral de Medalhas2005 a 2012

Olimpíadas Universitárias - JUBs

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As Olimpíadas Universitárias – JUBs tiveram seu início em 2005, sendo organizadas pelo Comitê Olímpico Brasileiro – COB em parceria com a Confederação Brasileira do Desporto Universitá-rio – CBDU, Ministério do Esporte e Organizações Globo.

O evento contou com a participação média de mais de 200 Insti-tuições de Ensino Superior – IES do País e 3.000 atletas por edi-ção, com período de realização de dois ciclos olímpicos (quatro anos), totalizando oito anos de atividades estaduais e nacionais.

Desde sua primeira edição em 2005, as Olimpíadas Universitárias foram realizadas sempre no mesmo formato, com a disputa nas modalidades de futsal, vôlei, basquete, handebol, natação, judô, atletismo e xadrez, nos naipes masculino e feminino.

A UNIP manteve 100% de aproveitamento em todas as oito edi-ções do evento obtendo o maior número de medalhas nas edi-ções de Recife-PE (2005), Brasília-DF (2006), Blumenau-SC (2007), Maceió-AL (2008), Fortaleza-CE (2009), Blumenau-SC (2010), Campinas-SP (2011) e Foz do Iguaçu - PR (2012).

O Prof. Dr. Fábio Romeu de Carvalho, Vice-Reitor de Planejamen-to, Administração e Finanças da UNIP ressaltou a importância do comprometimento dos atletas no título. “Um agradecimento

especial e nossa gratidão aos atletas que, além de nos honrarem com a escolha da UNIP para a sua Universidade, tão bem soube-ram representá-la, com amor, dedicação e galhardia; a eles ainda os nossos votos de que o sucesso obtido nas competições se repita no decorrer de toda a vida, como profissionais competentes e como cidadãos honrados e respeitados”.

As Olimpíadas Universitárias, realizadas apenas em dois ciclos olímpicos, tiveram sua última edição em 2012.

A partir de 2013 o campeonato nacional volta a ser organizado apenas pela CBDU, como Jogos Universitários Brasileiros - JUBs, mas o legado deixado pelo Comitê Olímpico Brasileiro - COB e Ministério do Esporte permanecerá para que o desporto univer-sitário nacional continue ocupando lugar de destaque dentro do cenário esportivo brasileiro.

Roberto Toledo (Prof. Roba) sobre a importância da conquista ressaltou “Os alunos da Universidade, durante esse período, subi-ram ao lugar mais alto do pódio e obtiveram uma conquista sem precedentes no desporto universitário nacional. A grandeza do feito permanecerá na história, pois mostrou que a UNIP obteve êxito na missão mais difícil no esporte: manter-se no topo, ano após ano”.

UNIPOctacamPeãdas OlImPíadas UNIversItárIas - JUBsUniversidade Paulista finaliza os dois ciclos olímpicos como a maior medalhista em todas as edições dos jogos.

O Prof. Roba também enalteceu que essa conquista só foi possí-vel devido a contribuição de muitas pessoas. “É necessário agra-decer à reitoria da UNIP, que acreditou nesse projeto desde o início, aos técnicos, diretores de modalidades e aos nossos atletas prota-gonistas dessa conquista, que representaram a UNIP com garra e amor, construindo uma história repleta de jogos, lutas e corridas inesquecíveis”.

Os dirigentes esportivos da Universidade Paulista também res-saltaram a contribuição dos parceiros nesta conquista. O Esporte Clube Pinheiros, o Club Athletico Paulistano, o Sport Club Corin-thians Paulista e às Secretarias de Esportes de Osasco, São Caeta-no do Sul, São Bernardo do Campo e São José dos Campos tam-bém foram decisivas ao longo desse período, para a obtenção deste resultado.

Além dos clubes e secretarias de esporte também fizeram parte do projeto o grupo Qualitat, distribuidor da linha Objetivo Line que patrocinou todo o material esportivo dos atletas da delega-ção esportiva e também à Alfa Formaturas, que marcou presença em todas as edições do octacampeonato contribuindo muito para que a UNIP tivesse a melhor estrutura nos eventos esportivos.

Apesar do término do evento a expectativa é que nos próximos anos, novos talentos sejam revelados tal como diversos alunos da UNIP que, após brilharem nas Olimpíadas Universitárias, con-quistaram medalhas representando o Brasil nos Jogos Olímpi-cos, Pan-Americanos e Mundiais.

Com essas conquistas, a Universidade Paulista é a única Insti-tuição de Ensino Superior no Brasil octacampeã das Olimpíadas Universitárias – JUBs (2005-2012).

ANO LOCAL OURO PRATA BRONZE TOTAL

2005 Recife-PE 23 20 9 52

2006 Brasília-DF 30 22 15 67

2007 Blumenau-SC 27 15 10 52

2008 Maceió-AL 28 15 8 51

2009 Fortaleza-CE 29 23 7 59

2010 Blumenau-SC 47 28 10 85

2011 Campinas-SP 49 12 13 74

2012 Foz do Iguaçu-PR 50 21 18 89

TOTAL 283 156 90 529

ANO

Quadro Geral de Medalhas2005 a 2012

Olimpíadas Universitárias - JUBs

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NEUROPLASTICIDADE APLICADA ao ensino e ao treinamento de artes marciais

O cérebro, diferente do que se conce-bia até há pouco tempo, mantém a pos-sibilidade de alterar-se e modifi car-se ao longo da vida. Portanto, o desenvolvimen-to de habilidades motoras e cognitivas não está restrito à infância e à juventude. Esta capacidade plástica do cérebro é co-nhecida como neuroplasticidade.

A neuroplasticidade é um conceito re-lativamente novo dentro das neurociências e tem um signifi cado muito amplo, que perpassa a área da saúde, da educação, do desporto e da fi losofi a. De acordo com Lent (2008, p. 112) a neuroplasticidade pode ser defi nida como “a propriedade do sistema nervoso de alterar a sua função ou sua estrutura em resposta a infl uências ambientais que o atingem”. E complemen-ta: “A neuroplasticidade deriva dos fenô-menos do desenvolvimento ontogenético, mas pode se estender até a maturidade”. Nessa mesma direção, Muszkat (2005, p. 26), ao exaltar o avanço das neurociências e da ciência cognitiva, afi rma que o cére-bro atualmente “mais se assemelha a um ecossistema do que a uma máquina”.

A respeito do efeito da neuroplasti-cidade sobre o cérebro adulto, Begley (2008, p. 24) pontua que este “mantém grande parte da plasticidade do cérebro em desenvolvimento, inclusive o poder de consertar regiões danifi cadas; (…) de rearranjar regiões que antes desempenha-vam outra função”. Muszkat (2005, p. 32) corrobora esta visão, quando sugere que “há produção de novas células neuronais, mesmo durante a vida adulta, em algumas áreas cerebrais específi cas”.

Em uma pesquisa atencional de dupla tarefa com jovens e adultos idosos, Beher et al. (2008) evidenciaram que o treina-mento levou à evolução das habilidades para respostas assertivas, em ambos os grupos. Os autores concluíram que a plas-ticidade cognitiva pode contribuir no de-senvolvimento de habilidades atencionais, mesmo em pessoas idosas.

O desenvolvimento de habilidades específi cas e as experiências existenciais também produzem o fortalecimento dos circuitos neurais mais empregados e o en-fraquecimento dos menos utilizados. Be-gley (2008, p. 24) descreve esse proces-

Por Gilberto GaertnerFoto Paulo Pinto

Shihan Tasuke Watanabe

so, enfatizando que “o cérebro aumenta a atividade em algumas regiões e a diminui em outras, forma conexões mais fortes e circuitos que apoiam um comportamen-to ou pensamento e enfraquecem cone-xões em outros”. Estudos com imagens cerebrais de violinistas experientes, por exemplo, identifi caram áreas expandidas

no córtex motor, fruto da sua atividade artística continuada (Danucalov & Simões, 2006).

A plasticidade neuronal também fi ca evidenciada com múltiplas possibilidades na área da saúde. A questão fi ca bem expressa nas palavras de Ratey (2002), quando sintetiza que “a capacidade dos

PSICOLOGIA DO ESPORTE

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neurônios para executarem mais de uma função pode ter implicações significativas para ajudar pessoas com danos cerebrais e medulares a reverterem a perda motora” (p. 189).

Abordando a área de recuperação, Antier (2002) descreve o exemplo de um programa de recuperação de bebês hipo-trofiados:

A capacidade de modulação do cé-rebro (dizemos que permanece plástico) permite, felizmente, o estabelecimento das redes entre neurônios que podem, pelo menos parcialmente, compensar a função perdida. Assim, foi demonstrado que um programa de 3 anos de estimula-ção de bebês que nasceram hipotrofiados fazia-os ganhar 13 pontos de quociente intelectual. Em nível de motricidade, foi igualmente estabelecido que o estímu-lo dos membros permite a estabilização dos axônios motores supranumerários normalmente destinados a desaparecer (Antier, 2002, p. 110).

A plasticidade cerebral aplicada à área emocional também foi estudada por Davidson, Jackson e Kalin (2000) quan-do enfocam os efeitos de estados men-tais positivos sobre os circuitos neurais ligados à emoção. Na área emocional, outros trabalhos, como o de Eldar e Bar--Haim (2009) e Bar-Haim, Morag e Glick-man (2011), sobre atenção e ansiedade em crianças, também discorrem sobre a emoção, processos atencionais e plasti-cidade cerebral.

Especificamente sobre atenção e plasticidade cerebral, Begley (2008, p. 173) faz as seguintes inferências: “A aten-ção estimula a atividade neuronal, (…) assume uma forma física capaz de afetar a atividade física do cérebro”. O mesmo investigador complementa: “A atenção é também, como se vê, indispensável para a plasticidade”.

Lutz et al. (2009, p. 13418), por sua vez, acompanham esta linha de pensa-mento por meio de um estudo sobre trei-namento mental da atenção ao constatar que “o treinamento mental pode afetar significativamente a atenção e a função cerebral”.

Continuando no contexto da plastici-dade neural e atenção, Palladino (2008) reflete sobre uma zona de foco de aten-ção ideal, onde a efetividade atencional é otimizada. Discute também os hábitos de poder manter o foco de atenção ou não e suas consequências.

Se para você é um hábito en-contrar-se na sua zona de foco, está for-talecendo as regiões cerebrais responsá-veis pela atenção de que necessita, para assim permanecer em sua zona e apren-

der. (…) Se para você é um hábito estar fora da sua zona de foco, está enfraque-cendo as regiões cerebrais responsáveis pela atenção de que necessita para per-manecer na sua zona e aprender (Palladi-no, 2008, p. 72).

Outro aspecto importante é o impacto da neuroplasticidade sobre a educação e o aprendizado. Purves et al. (2010, p. 203), discorrendo sobre a plasticidade sináptica de longa duração, relatam que esta “pode funcionar como um mecanis-mo neural para muitas formas de plasti-cidade do encéfalo, como o aprendizado de novos comportamentos ou a aquisição de novas memórias”.

Green e Bavelier (2008), a partir de investigações sobre o funcionamento ce-rebral, sugerem a implantação de novos paradigmas para o processo de ensino--aprendizagem que levem em considera-ção a plasticidade. Relvas (2009, p. 107) afirma que “as alterações plásticas são as formas pelas quais se aprende”.

Para os autores Lazar et al. (2005) e Slagter et al. (2007), a plasticidade cere-bral pode ser influenciada pelo meio am-biente e por estímulos externos de várias fontes, mas pode também sofrer influên-cias de estímulos autogerados, ou seja, pelos pensamentos, treinamento mental, visualização e meditação.

No campo das artes marciais, a repe-tição continuada das diferentes técnicas ao longo do tempo também vai construin-do caminhos neurais bem definidos no córtex motor, assim como nos violinistas supracitados. Estes caminhos bem defini-dos proporcionam, em situações de ne-cessidade, um desencadear de respostas motoras automáticas, ou seja, o corpo reage de forma instantânea a partir de um programa que já está gravado e armaze-nado no cérebro.

Uma possibilidade no treinamento das artes marciais, que pode contribuir para aumentar esta rede de caminhos neurais, é a ampliação do repertório motor. Para os praticantes que possuem um bom domínio da sua modalidade, é possível trabalhar a inversão da lateralidade e a utilização de sequências integradas de técnicas com diferentes graus de coorde-nação e exigência motora.

O resultado das variações e da in-tegração de técnicas, além do padrão largamente repetido no dia a dia das au-las, gera uma estimulação cerebral mais ampla, que, por sua vez, pode ter ação profilática frente a doenças degenerativas do cérebro, como é o caso da doença de Alzheimer.

Desta breve discussão podem ser pontuados alguns aspectos significativos

para os professores e praticantes de artes marciais: (i) a idade não é impeditivo para a prática; (ii) deve-se levar em conta a ampliação do repertório motor nas aulas; (iii) a estimulação da coordenação motora afeta diretamente a cognição.

Em suma, crianças e jovens podem ser beneficiados com a prática de artes marciais que possuam um suporte ético--filosófico, não só no aspecto físico, mas também no rendimento intelectual e no aproveitamento escolar. Já os adultos e idosos, além do benefício direto para a saúde física, têm na prática um preventivo para doenças degenerativas do cérebro.

Gilberto Gaertner é Faixa preta 7º dan de karatê tradicionalProfessor de Psicologia na Universidade PositivoÉ doutorando em Estudos da criança com enfoque em educação física e recreaçãoPresidente da Confederação Brasileira de Karatê-dô Tradicional (CBKT)Psicólogo esportivo do Clube Atlético Paranaense

ReferênciasAntier, E. (2002). Eu qjudo meu filho a concentrar-se. Rio de Janeiro: Quarteto.Bar-Haim, Y., Morag, I., & Glickman, S. (2011). Training anxious children to disengage attention from threat: A randomized controlled trial. Journal of Child Psychology and Psychiatry, 52, 861-869.Begley, S. (2008). Treine a mente: mude o cérebro. Rio de Janeiro: Objetiva.Beher, Attention-Splitting task during locomotion alters step width variability. Medicine & Science in Sports & Exercise, 34, S5.Danucalov, M. A. D.;Simões, R. S. (2006). Neurofisiologia da meditação. São Paulo: Phorte. Davidson, R. J., Jackson, D. C. & Kalin, N. H. (2000). Emotion, plasticity, context and regulation: Perspectives from affective neuroscience. Psychological Bulletin, 126, 890-906.Eldar, S., Ricon, T. & Bar-Haim, Y. (2008). Plasticity in attention: Implications for stress response in children. Behaviour Research and Therapy, 46, 450-461. Green, C. S. & Bavelier, D. (2008). Exercising your brain: A review of human brain plasticity and training induced learning. Psychology and Aging, Special Issue on Pasticity, 23(4), 692-701.Lazar, S. W., Kerr, C., Wasserman, R. H., Gray, J. R., Greve, D., Treadway, M. T., McGarvey, M., Quinn, B. T., Dusek, J. A., Benson, H., Rauch, S. L., Moore, C. I., & Fischl, B. (2005). Meditation Experience is Associated with increased cortical thickness. NeuroReport, 16, 1893-1897.Lent, R. (2005). Cem Bilhões de neurônios. São Paulo: Atheneu.Lutz, A., Slagter, H., Rawling, N., Francis, A., Greichar, L. L., & Davidson, R. J. (2009). Mental training enchances attentionalstability: Neural and behavioral evidence. Journal of Neuroscience, 29(42), 13418-13427.Muszkat, M. (2005). Desenvolvimento e neuroplasticidade. In Mello, C. B., Miranda, M. C., & Muszkat, M. Neuropsicologia do Desenvolvimento (pp. 26-45). São Paulo: Memnon.Palladino, L. J. (2008). Acerte o foco. São Paulo: Prumo.Purves, D., Augustine, G. J., Fitzpatrick, D., Hall, W. C., LaMantia, A-S., McNara, J. O., & White, L. E. (2010). Neurociências. Porto Alegre: Artmed.Ratey, J. J. (2002). O Cérebro: Um guia para o usuário. Rio de Janeiro: Objetiva.Slagter, H. A., Lutz, A., Greischar, L. L., Francis, A. D., Niewenhuis, S., Davis, J. M., & Davidson, R. J. (2007). Mental training affects use of limited brain resources. PloS Biology, 5(6), 138.

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Para reforçar o apoio ao esporte, o governo de São Paulo vai criar mais dez centros de excelência para atletas de alto rendimento no Estado. O anúncio foi feito em 18 de março pelo governador Geraldo Alckmin. Além da capital, as cidades de Bastos, Guarulhos, Taubaté, Osasco, São Bernardo do Campo, Ribeirão Preto, Sorocaba, Atibaia, São Caetano do Sul e Barretos serão bene� ciadas com os centros. As prefeituras vão ceder os terrenos. Os prédios e os equipamentos � cam a cargo do governo do Estado.

Alckmin também anunciou o aumento no programa Bolsa Talento Esportivo, que contará com 592 bolsas e 2.532 atletas. Além disso, os recursos da lei de incentivo ao esporte passarão de R$ 60 milhões para R$ 80 milhões. “O esporte educa para o convívio social. Você aprende a perder e a ganhar, a ter disciplina e a conduta em sociedade. Por isso, este investimento que o governo esta fazendo é para estimular a prática esportiva”, a� rmou o governador.

Para participar do programa, o aluno deve estudar em escola pública, não ter nenhum tipo de patrocínio e fazer parte de uma família com renda de até três salários mínimos por mês.

O evento dos anúncios contou com a presença do ginasta Arthur Zanetti, medalhista de ouro nos Jogos Olímpicos de Londres nas argolas, da ginasta Daiane dos Santos e da saltadora Maurren Maggi, ouro nos Jogos de Pequim, além de dirigentes esportivos, entre os quais Francisco de Carvalho, vice-presidente da Confederação Brasileira de Judô. O governador destacou a importância dos incentivos, ao lembrar que Zanetti fez parte do programa. “Arthur é resultado do bom trabalho do Bolsa Talento Esportivo.”

SÃO PAULO TERÁ MAIS 10 CENTROS PARA

ATLETAS DE ALTO RENDIMENTOO governador Geraldo Alckmin anunciou também

aumento no programa Bolsa Talento Esportivo.

Fotos Marcelo Lopes e Mauricio Rummens

Virginia Pereira, José Anastázi, Francisco de Carvalho, prof Luiz, Umakakeba e Nelson Gil

Governador Geraldo Alckimin

Governador Geraldo Alckimin, Mauren Maggi e José Aurichio Daiane dos Santos e Geraldo Alckimin

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Na avaliação do vice-presidente da Confederação Brasileira de Judô, programas como o Bolsa Talento são imprescindíveis na utilização do desporto como ferramenta de desenvolvimento social. “O governador Alckmin fez o anúncio do aumento de projetos importantíssimos para o desporto, o Bolsa Talento Esportivo e a lei de incentivo ao esporte. Para todos os judocas que estão nos centros de excelência de Bastos, Santos e São Paulo, esta ajuda governamental é imprescindível”, disse Francisco de Carvalho.

O dirigente ressaltou que com esta ajuda o� cial muito clubes e projetos hoje podem manter seus atletas nas equipes. “Sem esta participação do governo do Estado, os atletas � cam mais vulneráveis às contratações das grandes equipes espalhadas pelo País. Infelizmente, hoje vemos com muita frequência a � gura do treineiro, o sujeito que � ca puxando treino e que, por não possuir base cultural, formação e embasamento técnico e moral, não é capaz de formar e de revelar talentos para a modalidade. Nesse sentido o Bolsa Talento tem importância gigantesca, pois mantém os chamados talentos por muito mais tempo próximos ao seu mentor, e esta possibilidade certamente lhe proporcionará melhor preparo e experiência. ”

Outra representante do judô paulista na cerimônia foi a prefeita de Bastos, Virgínia Pereira da Silva Fernandes, que explicou a Budô por que foi ao Palácio dos Bandeirantes. “Vim representar o centro de excelência do judô, sediado em nosso município. Desde dezembro ele não recebe os recursos do governo do Estado, e vim cobrar uma solução para este problema, já que toda a comunidade é comprometida com o judô de Bastos.”

A prefeita mostrou-se bastante comprometida com os destinos do centro de excelência. “São quatro meses sem receber, e os atletas não podem � car tanto tempo parados. No esporte não existe isso. Eles estão sem técnico até agora, porque a lei não permite que se contrate antes de ter a verba empenhada. Estamos esperando a resposta, o governador vai fazer uma ata e prometeu nos dar retorno o mais depressa possível. Infelizmente, não posso calcular este prazo, mas vamos cobrar uma resposta imediata.”

Daiane dos Santos e Geraldo Alckimin

Francisco de Carvalho e Nelson Gil

Geraldo Alckimin com a comitiva de judocas

Osmar Aparecido Feltrin e Franciso de Carvalho

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Ibiporã (PR) - A Federação Paranaense de Judô (FPrJ) promoveu, em parceria com a Delegacia Regional Norte, o seminário e o exame estaduais de arbitragem desta temporada.

O evento realizou-se nos dias 2 e 3 de março, no Teatro Padre José Zanelli, de Ibiporã, enquanto o exame de arbitragem aconteceu no Ginásio de Esportes Pedro Dias.

Os trabalhos foram dirigidos pelo professor Edilson Hobold, 5º dan, coordenador de arbitragem da FPrJ e árbitro FIJ A. O experiente sensei teve a difícil tarefa de explicar as várias mudanças efetuadas pela Federação Internacional de Judô nesta temporada.

O seminário estadual contou com a pre-sença de 217 professores e praticantes oriun-dos de todas as regiões e delegacias regio-nais do Estado do Paraná.

Os tópicos do seminário foram: Regula-

mento do quadro estadual e nacional de arbi-tragem; Evolução da arbitragem de judô; Regra – alterações constantes; Quem é o árbitro atual (perfi l); e Busca da excelência na arbitragem.

Sobre as novas regras: Atuação dos ár-bitros; Avaliação técnica; Quedas em ponte; Penalidades (shidô e hansoku-make); Ênfase ao ataque direto abaixo da linha da cintura; Osae-waza, shime-waza e kansetsu-waza; Visualização e debate sobre os vídeos forne-cidos pela FIJ.

Quinze árbitros foram aprovados

Considerando os regulamentos dos quadros estadual e nacional de arbitragem, no dia 26 de fevereiro, o conselho estadual de arbitragem da Federação Paranaense de Judô analisou os nomes indicados para pres-

tar exame e homologou os candidatos abaixo relacionados.

Candidatos a árbitro estadual A: Felipe Marcon de Brito, Jorge Alan Glass e Luciano Rodrigues Ferreira. Candidatos a árbitro estadual B: Antônio J. S. Sluzarczuk, Gustavo Alexandre Blank e Renato A. A. de Oliveira. Candidatos a estadual C: Andreia Becker, Bernardo Dallagassa, Danielle Borsato Moreira, Diogo Yamashiro, Fernanda Sobrinho Cardoso, Gabriela Camotti Montanha, Gabriella Carioca, Gustavo Sobrinho Cardoso, Hugo Miguel Lins de Carvalho, Lucas Gabriel Teixeira Costa, Marcel Gabardo do Valle, Marco Antônio Romagna, Marcos Farina Schnekenberg, Matheus da Silva Nascimento Góes, Matheus Moraes Salles de Assis, Otávio Augusto Maciel Camargo, Rafaela Leinig Franchini, Raphael Pereira de Araújo, Renan Miguel Michalowski e Waldemar Crispim.

PARANÁREALIZASeminário de arbitragem 2013

Por Paulo PintoFotos Augusto Semprebom

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Edilson Hobold explicou os novos critérios

de avaliação

O número de candidatos esteve dentro do normal?De forma geral, o número de inscritos no exame estadual deste ano foi menor do que nos anos anteriores e isto já era esperado. Destaco que neste ano adotamos o critério de exigir, para o candidato inscrever-se no exame para árbi-tro estadual, que ele já tivesse sido avaliado e aprovado como árbitro regional no ano anterior. Vínhamos divulgando que este seria o proces-so há mais de dois anos, mas sempre existem aqueles que descuidam das informações e, sendo assim, não puderam inscrever-se neste exame.

E no tocante ao número de aprovados?Dos 25 inscritos apenas 15 realizaram a prova prática, que era a avaliação final. Um deles foi reprovado e os demais (14) foram aprovados. Os outros dez candidatos foram aprovados na avaliação teórica e realizarão a prova prática em futuras competições, por esco-lha deles. Destaco que o Conselho Estadual de Arbitragem (CEA) deu esta oportunidade devido às recentes mudanças nas regras que foram repassadas no seminário internacional, do qual participei, na cidade do México, no fim de janeiro. Considerando que o seminário estadual foi o contato oficial de todos com as recentes mudanças, o CEA achou por bem dar a oportunidade para aqueles que não se achavam em plenas condições de ser avalia-dos de concluir seu exame em outra oportu-nidade. Uma das mudanças decisivas para os candidatos é que, já na avaliação prática, adotamos o sistema de um único árbitro na área com o ponto eletrônico. Este fato gerou certa insegurança e por isso vários candida-tos aproveitaram a oportunidade de agendar a avaliação prática para outros eventos. Na seletiva em Curitiba, no dia 23 de março, um deles, Bernardo Dallagassa, realizou sua prova prática e foi aprovado para estadual C, sendo o 15º aprovado. Acredito que num futuro bem breve os demais também estarão concluindo suas avaliações.

Qual é a sua avaliação do nível dos candidatos?Entendo que os candidatos que estão pres-tando exame estão preparando-se adequa-damente, melhor do que em anos anteriores, relembrando que já tivemos índices bem maio-res de reprovação. Muitos, no passado, nem conseguiam passar pela avaliação teórica, que é eliminatória, e na avaliação teórica deste ano todos os 25 candidatos foram aprovados. Isto já mostra que os candidatos estão mais bem preparados para as avaliações. Excepcional-mente, este ano, creio que pairou certa insegu-rança sobre alguns candidatos, mas entendo isto como parte integrante de um processo de mudanças.

De que forma é feita a avaliação dos candidatos?Nossas avaliações são feitas em dois momen-tos: 1º dia - Avaliação teórica, eliminatória para aqueles que não atingirem a nota 70; 2º dia - Avaliação prática, em que para ser aprovado o candidato também precisa atingir a nota final 70, sendo que cada candidato é avaliado por dois examinadores diferentes e em várias lutas.

Qual seria sua nota de fosse avaliar os candida-tos deste ano?Baseado nas respostas anteriores, e olhando para os resultados finais, não vejo os candida-tos com nível médio e sim com um ótimo nível. Nove dos aprovados conseguiram alcançar o conceito A, que corresponde a uma nota en-tre 90 e 100; cinco alcançaram o conceito B, que corresponde a nota entre 80 e 89; apenas um candidato foi aprovado com conceito C, ou seja, nota entre 70 e 79, e um foi reprovado, pois atingiu conceito D (50 a 69). Como pode ser observado, as médias finais dos aprovados foram altas, o que mostra a ótima qualidade destes árbitros. Temos ainda de aguardar os demais concluírem suas avaliações, mas por enquanto estou extremamente satisfeito com o nível de arbitragem apresentado pelos can-didatos.

A FPrJ desenvolve cursos espe-cíficos visando ao preparo destes árbitros?Hoje em dia, com o grande desenvolvimento da internet, muita coisa é acessada

diretamente, e com as regras de judô não é diferente. Muitas vezes fui questionado, ainda nos meses de novembro e dezembro, sobre as novas mudanças nas regras, mas tenho seguido rigorosamente as recomendações da FIJ e da CBJ, ou seja, falar sobre estes assuntos somente depois de autorizado pelas entidades oficiais. E isto ocorreu no fim de janeiro, quando tive a oportunidade de participar do seminário promovido pela FIJ e pela Confederação Pan-Americana de Judô (CPJ), na cidade do México. Desde então, sempre que possível, tenho realizado palestras e cursos e esclarecido as dúvidas que muitos ainda têm sobre as mudanças nas regras. Acredito que apenas a leitura da regra não dá condições para se atuar de forma coerente e com segurança. Por isso, sempre sugiro aos nossos árbitros que leiam muito a regra toda, e não apenas as mudanças, mas que também participem de cursos, clínicas e seminários, buscando entender de forma bem clara a aplicação das regras.

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Em sua análise, os árbitros paranaenses já assimila-ram as mudanças nas regras?Até o momento realizamos aqui no Paraná duas competições com as novas regras. A primeira foi no Campeonato Paranaense Marrom e Preta, com mais ou menos 160 atletas. A segunda foi a seletiva estadual, que reuniu mais de 500 judocas e teve número de lutas bastante grande. Avaliando o desempenho de nossos árbitros, vejo que a assimilação é bastante satisfatória. Precisamos melhorar alguns pontos bem específi-cos, mas entendo que isto é uma questão de tempo e que naturalmen-te ocorrerá, pois a maioria destes ajustes diz respeito à segurança do árbitro em aplicar as mudanças de forma clara e objetiva, e isto ocorre somente com a prática cotidiana. Toda palestra foi ministrada por você?Desta vez ministrei o seminário sozinho, mas devido à nossa preocupa-ção com a aprendizagem e assimilação das novas regras o Conselho Estadual de Arbitragem realizará ainda neste semestre cursos em todas as regionais do Estado. No mês de abril já esta marcado curso regional de arbitragem na Regional Noroeste e será ministrado pelo professor Jor-ge Yokoyama, na cidade de Maringá. Ainda este mês teremos o curso de arbitragem na Regional Sul, que será ministrado pelo professor Francisco de Souza e será realizado em Curitiba. Brevemente agendaremos cursos nas regionais Oeste, com o professor Vítor César Moreira e o professor Reinaldo Francisco; na Centro-Sul, com o professor Lauro Azuma; e na Norte, com o professor Roberto Okano.

Qual é o universo de árbitros do Paraná, hoje? Estimamos que com estes cursos regionais somados ao seminário estadual já realizado atingiremos mais de 500 pessoas de nosso Es-tado capacitadas a fornecer importantes informações neste momento de implantação das novas regras.

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Jaime Casanova Martinez, engenheiro in-dustrial dominicano nasceu em 14 de agos-to de 1952, em Santo Domingo, dirigiu a o judô pan-americano por 11 anos, até que em março de 2010, a FIJ deixou de reconhecer a UPJ - União Pan-Americana de Judô como a representante legal da modalidade no con-tinente.

Após ver naufragar todas as tentativas le-gais para manter viva a entidade que há 50 anos fazia o judô acontecer nas Américas, e ver todo o grupo que trabalhou décadas pelo desenvolvimento do judô, à margem da mo-dalidade, Jaime decidiu que havia chegado o momento de fundar uma nova organização mundial.

Nesta entrevista o dirigente caribenho conta os verdadeiros motivos que causaram a fundação da World Judo Federation (WJF), fala do momento atual e das perspectivas de crescimento da organização criada por seu grupo, em agosto de 2011.

Entre outras declarações, Jaime Casa-nova explicou que não foi a sua diretoria que fundou a WJF, e sim Marius Vizer e Paulo Wanderley. “Não fomos nós que fundamos a World Judô Federation (WJF), e sim os se-nhores Marius Vizer e Paulo Wanderley, que ilegalmente desenvolveram todos os esforços necessários para nos expulsar da Federação Internacional de Judô (FIJ), à qual pertencía-mos legitimamente há mais de 50 anos. Assim

como nós, existem centenas de ex-dirigentes insatisfeitos com o quadro atual do judô mun-dial e, por uma questão de honra e de com-prometimento com a modalidade, fundamos uma nova organização baseada naquilo que sempre existiu antes destes senhores toma-rem o judô mundial de assalto para transfor-má-lo em um grande negócio, para eles é claro.”

Antes de radicalizar, porém, os dirigentes da UPJ recorreram ao tribunal arbitral inter-nacional, em Lauzane na Suíça, e ganharam o processo, mas a FIJ não respeitou a deci-são do órgão internacional. “Em dezembro de 2009 o tribunal internacional proferiu senten-ça a nosso favor, mas a diretoria executiva da

Casanovaexplica por que fundou a World Judo Federation

Por Paulo PintoFotos Revista Budô

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FIJ não respeitou e nem acatou esta decisão. Fizeram pior, habilmente mudaram os esta-tutos da entidade, criaram a Confederação Pan-americana de Judô, e em março de 2010 nos desfiliaram sumariamente. Quando entra-mos com o segundo pedido junto ao tribu-nal, perdemos, pois eles haviam readequado o estatuto da entidade. Com isso os países e as pessoas que representávamos entende-ram que não podíamos mais pertencer a uma organização que nos negava espaço, e atra-vés de mecanismos repressivos fazia uso de manobras ditatoriais, e ai decidimos sair. Não fomos nós que criamos nada. Foram eles que fazendo uso da ilegalidade nos expulsaram e nos levaram a tomar esta decisão.”

O dirigente centro-americano explicou porque Marius Vizer arquitetou este plano maquiavélico. “Eles partiram nesta direção porque em setembro de 2005 a União Pan--Americana de Judô votou no Park, que foi reeleito para o cargo de presidente da FIJ, derrotando a Marius Vizer. Temos de lembrar que posteriormente Vizer obrigou Park renun-ciar em 2007, para se autoproclamar presi-dente da entidade por 6 anos violando tudo que está escrito e estabelecido no estatuto da entidade, quando o que lhe correspondia se-ria completar o período de mandato que res-tava a Park, ou seja, até 2009 e ai promover uma eleição.”

Casanova explicou que Vizer está pre-sidente interino da FIJ desde 2007. “Com o apoio de Lassana Palenfo, o senegalês que é presidente da AJU - União Africana de Judô, ele fez com que o congresso da FIJ aprovas-se a proposta de mantê-lo no poder por seis anos. Esta é apenas uma das inúmeras ile-galidades promovidas por Vizer, pois até hoje ele jamais foi eleito para o cargo que ocupa desde 2007.”

Perguntamos ao dirigente o que de fato está por atrás de tudo isso e Casanova foi

enfático. “Está muito claro que a razão de tudo isso é dinheiro. O interesse essencial de Marius Vizer e Paulo Wanderley em todo este processo é a questão econômica, ou seja, como ganhar mais dinheiro com o judô. Cito como exemplo as atividades realizadas no Brasil que têm custo majorado de forma exor-bitante. Eles superfaturam todo e qualquer serviço que contratam, e se você diz que não vai ao hotel que eles determinam, te dizem que não poderá competir. No último grand slam realizado no Rio de Janeiro, uma noite no hotel oficial da competição custou mais de 200 euros. Mas o que nos preocupa não é quanto estes senhores estão faturando com a nova fórmula adotada por eles, e sim que dessa forma eles estão na contramão. Este grupo não está trabalhando pela massificação e expansão do judô no mundo. Este grupo está fazendo dinheiro com o judô mundial.”

Sobre a postura do dirigente sul-ame-ricano Casanova tem certeza que o mesmo tem fixação pelo poder. “Minha análise sobre o presidente da CBJ é que ele possui uma forma de fixação pelo poder. Ele queria ter uma entidade pan-americana abaixo de seus pés, e ascender à vice-presidência da entida-de mundial. Como jamais conseguiu eleger-se para o cargo, mancomunou este plano com o Vizer, e apagaram os mais de 50 anos de his-tória do judô do nosso continente. Ele tem afã de poder e de figurar no alto escalão. Tenho a impressão que sua fixação é tornar-se rei do judô e sua próxima meta certamente será a presidência da FIJ, mas para nossa felicidade o Vizer tem plena consciência disso.”

Profundo conhecedor dos meandros da administração do judô continental, Casanova elencou as vantagens que goza um vice-pre-sidente da FIJ. “Na verdade ele agora goza de uma serie de vantagens como, por exemplo, ser convidado para todos os eventos da en-tidade com todas as despesas pagas e tudo

com padrão 5 estrelas. Hotéis e viagens, tudo em primeira classe. Ele ainda recebe o paga-mento de diária por estar a serviço da enti-dade Mas isso é apenas perfumaria, o mais importante é que hoje ele administra todos os recursos provenientes da FIJ, inclusive os milhões de euros recebidos do COI - Comi-tê Olímpico Internacional. Aliás, Vizer ainda deve à UPJ cerca de U$ 800 mil, referentes aos Jogos Olímpicos de Beijing, e até onde sabemos este dinheiro já foi entregue a Paulo Wanderley, através da CPJ. Informamos esta irregularidade ao COI, mas até hoje, não tive-mos resposta. Este dinheiro foi subtraído da UPJ, e ninguém responde por isso.”

Casanova falou sobre o momento atual da organização que preside. “Nosso momen-to atual é extremamente positivo. Temos atu-almente 20 países filiados a World Judo Fede-ration. No ano passado realizamos o mundial sênior e este ano fizemos nosso primeiro mundial juvenil. O mais importante é agora so-mos filiados a Tafisa, entidade que promove o Esporte Para Todos. São uma entidade inter-nacional que desenvolve o desporto de forma democrática e sem discriminação. Em nossa organização qualquer atleta pode competir e, qualquer árbitro pode atuar. Recebemos todos indistintamente e sem nenhuma forma de discriminação. Estamos trabalhando muito forte nas regras que serão bastante diferentes do que temos hoje, no mundo. Temos um en-foque distinto e bem mais abrangente para o kata e a defesa pessoal. Mas estamos ainda na fase estrutural e creio que em breve tere-mos uma grade de eventos anual que imprima o crescimento que todos nós ansiamos.”

Lembramos Casanova que numa entre-vista que nos foi concedida, Jorge Armada, ex-vice-presidente da CPJ o classificou como ditador. “Em nossa entidade nunca houve di-tadura. Realizamos congressos e assembleias eletivas sistematicamente. Todos que ocupam cargos foram conduzidos para tanto demo-craticamente, e através do voto. Oportuni-zamos a todos o direito de participar e emitir seus pontos de vista. Talvez minha liderança tenha incomodado demais a este senhor, da mesma forma que incomodou Paulo Wander-ley e Marius Vizer. Alias, pergunto onde está este senhor, hoje? A quem ele serve? Já que foi degolado e deposto, por seus pares da entidade que ele mesmo ajudou a criar para neutralizar minha liderança e tentar aniquilar a UPJ? A traição geralmente é paga com traição e, tanto ele quanto o Paulo Wanderley se me-recem. Fomos democráticos na UPJ e somos democráticos na WJF, e não exigimos que ninguém seja filiado exclusivamente à nossa entidade. Não exigimos nada a ninguém, por-

“Marius Vizer jamais foi eleito para o cargo que ocupa.”

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so tecer nenhuma avaliação sobre esta enti-dade, já que seu vice-presidente declarou a você, que a mesma é uma caixa vazia e que em três anos não realizaram absolutamente nada. Tudo isso causa uma revolta enorme. Perceba a que níveis os inquisitores do judô pan-americano levaram a modalidade, para conquistar o poder? Veja a que níveis o judô pan-americano foi lançado, em função da ambição de um homem inescrupuloso que mente e não cumpre acordos. Um homem que trai seu povo, seu País e seu continente, por interesses pessoais. Hoje tudo se traduz em benefícios para Europa. Penso que os europeus deveriam agradecer ao Vizer pelo trabalho que desenvolve a favor deles, em detrimento do judô mundial. Devem agra-

decer também a Paulo Wanderley por impor este retrocesso técnico e administrativo à toda América. Estamos cada vez mais po-bres tecnicamente e competitivamente. Ini-ciamos 2013 assistindo o trio de ferro da Confederação Pan-Americana de Judô im-plodir a estrutura arbitral do continente atra-vés da degola inexplicável e injustificável, de Júlio Clemente que antes de pertencer aos quadros da CPJ fez história na arbitragem da UPJ. Eles não respeitam nada e são des-providos de qualquer tipo de comprometi-mento e sentimento.”

Perguntamos ao dirigente qual havia sido sua maior inovação na área técnica na UPJ, e ele explicou que foi o circuito pan-americano sênior. “Cada país apresenta uma realidade estrutural e técnica diferente. Em nível de países que não praticam judô, o que impor-ta é você instituir de fato o judô, e atuamos constantemente nesse sentido em alguns países do continente. Quando você fala em alto rendimento o foco é outro, e nesse sen-tido nossa maior criação foi o circuito pan--americano de judô sênior, que era realizado em cinco etapas consecutivas e durava cinco semanas. Os atletas apenas adquiriam as passagens, e faziam um circuito que saia do México, ia para Cuba, República Dominica-na e Colômbia. Todas as despesas terrestres corriam por nossa conta. Chegamos até a receber países da Europa para participar do circuito. Sinto muita pena e revolta pelo aban-dono que nossa modalidade enfrenta hoje.”

Inconformado com as negociatas exis-tentes na modalidade, Casanova usou o Japão como exemplo de retrocesso e des-truição. “Os japoneses baixaram para o 4º lugar em Londres, por que Uemura vendeu o judô japonês. Preferiu apoiar as negocia-ções em troca de um cargo na FIJ, já que hoje ele é um dos quatro diretores esportivos da entidade. Paradoxalmente os russos que não haviam conquistado uma só medalha em Beijing, miraculosamente ficaram em 1º lugar em Londres. Uemura fez parte da trama que Vizer armou em Londres, passando a ignorar

“Fundamos uma nova organização baseada naquilo que existiu antes destes senhores tomarem o judô mundial de assalto para transformá-lo emum grande negócio, para eles é claro!”

que venho de um país democrático e acredito que a democracia seja a única forma de levar as coisas de forma justa e duradoura.”

Perguntamos ao dirigente centro-ame-ricano por que Jorge Aramada havia caído na CPJ e o mesmo foi enfático. “O Armada caiu por ansiar poder e Paulo Wanderley não da poder a ninguém. Tanto é que depois de conceder aquela entrevista a você, em Paris, ele escreveu uma carta se retratando publi-camente e se desculpando. Por que ele não processou a Budô? Por que ele sabia que você gravou tudo o que disparou contra seu próprio presidente. Este é o velho Armada de sempre. Ele sempre tem um discurso contra-rio a quem esta no poder, mas depois recua, retrata-se e fica de joelhos para que lhe cor-tem o pescoço, assim como foi feito agora. Mas, a quem ele serve hoje? Qualquer crian-ça percebe claramente que trabalha para Vi-zer, na vã tentativa de parar Paulo Wanderley. Busca estabelecer um equilíbrio entre estas duas forças aparando as asas de Paulo, em defesa de Vizer, pelo menos para que Paulo não voe tão alto em nosso continente e no cenário internacional.”

Sobre o nível que o judô alcançou sob a administração Vizer, o presidente da WJF concordou que houve ganho, mas frisou que quem pagou a conta foram os países pobres. “Não posso deixar de concordar que houve um grande avanço na modalidade, mas o judô hoje se tornou uma modalidade elitista. Os pobres não podem mais fazer judô, ou melhor, estão fazendo um judô com os po-bres para que se beneficiem os ricos. Todos nós queremos um judô top, mas não pode-mos esquecer os países pobres da África, América, Ásia e Oceania e, da forma que foi feito o ranking, os países pobres foram natu-ralmente eliminados do jogo. Cuba subsiste possui porque uma política de Estado que garante uma participação mínima, no circuito mundial do grand slam, sem contar que mui-tos países os convidam e pagam suas des-pesas. O presidente da FIJ controla tudo com mão de ferro. Toda e qualquer negociação do judô mundial passa diretamente por ele. Não se move um dedo sem autorização dele, e com a arbitragem acontece o mesmo. Estive num torneio em Roterdã, onde houve uma luta entre um usbeque e um russo. Aconte-ceu um lançamento e os árbitros fizeram uma determinada marcação. O Vizer ficou em pé e determinou a Juan Carlos Barcos, que havia sido ippon, Barcos levantou da mesa e dis-se aos árbitros que era ippon e ponto final. Ele simplesmente determina e é lei. Não foi ippon e mesmo que fosse, esta não é uma atribuição dele, já que para isso a FIJ possui um diretor de arbitragem. Podemos dizer que no caso do Armada é o mesmo. Vizer o utili-za como uma espécie de quinta coluna para mostrar ao Paulo que possui na América, al-guém de olho nele.”

Aproveitando o gancho deixado pelo assunto do Jorge Armada, questionamos sobre a administração da CPJ. “Não é preci-

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os princípios do mestre Jigoro Kano. Já os demais japoneses são extremamente sub-missos e não protestam. Aliás, o judô mundial está numa espécie de limbo. Permitem que Vizer faça tudo o que bem entender, e nin-guém protesta com medo da repressão. Ab-surdamente no comitê executivo da FIJ são eleitos apenas três dirigentes: o presidente, o secretário e o tesoureiro. Depois o presiden-te aponta com o dedo quem ocupará cada cargo na entidade. Onde está o princípio uni-versal de eleição? Onde está a democracia na FIJ? Sem contar que praticamente todo comitê diretivo é da Europa, e isso influi so-bremaneira na competição, quando é preciso produzir resultados.

Casanova fez questão de falar sobre seu antecessor na UPF. “Sergio Bahi não foi ape-nas meu chefe, foi um grande amigo de todos os momentos. Acima de tudo era um demo-crata que não tomava nenhuma decisão sem me consultar, mesmo não sendo preciso, já que era o presidente. A qualquer hora liga-va e dividia comigo a responsabilidade das decisões. Carismático e transparente sempre tinha um sorriso e uma piada, para fazer to-dos sorrir.”

Para o dirigente Centro-americano o atu-al presidente da FIJ blindou sua permanência eterna no cargo. “As coisas que ele faz na gestão do judô mundial são inimagináveis. Certamente será reeleito este ano e perpe-tuará no poder. Comete equívocos e abusos primários, mas ninguém diz absolutamente nada. Contrata parentes dos líderes que o apoiam, como é o caso da filha de Juan Car-los Barcos que ocupa um cargo de confiança em sua administração.”

Casanova afirmou que o judô está en-colhendo na era Vizer. “Paradoxalmente na administração Vizer o judô dos países ricos saiu fortalecido e imagino até que haja ocorri-

do alguma forma de crescimento, mas nossa modalidade desabou nos países pobres. A possibilidade de medalhar e subir no ranking não existe mais, em função do alto custo das constantes viagens do calendário. O judô não é a Fórmula 1. Nossos atletas não têm a indústria automobilística bancando suas despesas.”

Sobre a criação da WJF, Casanova afir-mou ter certeza que fez a melhor escolha. “Eles fizeram a escolha deles e eu fiz a mi-nha. Estou muito feliz por estar onde estou. Relaciono-me muito bem com quase todos os dirigentes que partiram para o outro lado, inclusive com Jorge Armada, com quem sempre me dei muito bem. Nunca tivemos problemas pessoais. Ele fez a escolha dele e eu fiz a minha. Aliás, se hoje me convidassem para voltar a FIJ com as pessoas que estão no comando, certamente diria não, pois não compactuo com seus propósitos e ideais. Estou feliz onde estou e temos certeza que vagarosamente conquistaremos grande es-paço no canário mundial, pois estamos tra-balhando de forma correta. A dissidência na FIJ é cada dia maior, já que eles não param de derrubar dirigentes e de conspirar contra os verdadeiros interesses do judô.”

Temos dificuldade em definir quem entre Paulo Wanderley e Marius Vizer, é a mario-nete e o manipulador, mas para Casanova o business está acima de tudo. “Minha leitura é que ambos se necessitam, porém Vizer dirige com muita habilidade a questão de manter o Paulo onde está, de forma que não cresça e ocupe maior espaço no cenário mundial, já que o brasileiro é hoje, o dirigente que move a maior quantidade de dinheiro em todo o pla-neta. Nesse contexto pessoas como Armada e outro importante dirigente sul-americano que prefiro não citar, estão fazendo o traba-lho que Marius Vizer não pode fazer de forma

direta. Mas o dirigente mundial necessita de Paulo para fomentar os grandes negócios que mantém no Brasil. E nesse sentido não existe a figura do manipulador e sim a do bu-siness, do lucro e da geração de riquezas.”

Já há muito tempo Cuba e Brasil dividem a liderança técnica do judô continental, e Jai-me fez sua análise deste quadro. “Em minha análise o judô feminino cubano é superior ao brasileiro, enquanto que o judo masculi-no brasileiro é bem superior do cubano. Mas este quadro evolui pouco e gera uma aco-modação perniciosa para o desenvolvimento do judô nas Américas. Precisamos crescer e atrair a mídia para a modalidade, e só con-quistaremos isso com as medalhas que o Vi-zer insiste em manter nas mãos dos países ricos.”

Aproveitando que o tema era olimpíada, Casanova fez outra grave acusação. “Mais uma vez dois atletas cubanos foram osten-sivamente prejudicados, da mesma forma que aconteceu em Beijing. Eles sabem pre-viamente para onde vão as medalhas. Tenho certeza absoluta disso. Nunca havia ouvido os treinadores cubanos do masculino e femi-nino, protestarem de forma técnica e preci-sa, como fizeram esta vez em Londres. As medalhas têm endereço prévio. E em minha opinião mais uma vez os cubanos foram ex-tremamente prejudicados pela arbitragem. Para piorar houve o agravante que Justo Noda, técnico cubano, pediu para mostrarem o vídeo, e eles negaram. A FIJ usa o vídeo retardo, mas não tem uma política definida para esta utilização. Eles se beneficiam deste recurso, mas proíbem que a imprensa e os in-teressados tenham acesso ao mesmo. Esta é mais uma atitude ditatorial e constrangedora, adotada pela diretoria executiva da entidade, e o COB está sendo omisso.”

Sobre o futuro Jaime Casanova vê tudo com grande otimismo. “Penso que com o tempo as pessoas e países que hoje não po-dem mais alcançar as coisas que lhes foram subtraídas, agradecerão Marius Vizer e Paulo Wanderley, por tudo que fizeram a UPJ e a Jaime Casanova, já que este processo nos permitiu fundar uma organização onde estes pequenos serão muito bem representados e terão espaço. Estarão numa entidade onde todos cabem, porque nosso lema é judô para todos. Quem sabe no futuro aquilo que todos disseram que foi mau, dê resultados positivos e passe a ser visto como certo? Quem sabe as pessoas avaliem melhor a atitude equivo-cada dos dirigentes da FIJ, que fizeram com que fundássemos uma nova organização. Não guardo rancor e nem ódio. Tenho pena dos dois, pois são absolutistas e vivem ape-nas para si mesmos. Tenho certeza que no dia em que o judô mundial romper com Vizer, tudo que ele criou vai servir para tirá-lo do lugar onde ele mesmo se colocou. A Word Judô Federation crescerá muito, já que as anomalias e os erros desta dupla de dirigen-tes nos garantem este crescimento.”David Gordge, da Austrália que é vice-presidente da Oceania, Jaime Casanova, da Republica Dominicana,

presidente da WJF, Paul Hoglund, da Suécia, vice-presidente da WIF e presidente da Europa, Paulo Dubois, do Brasil vice-presidente e tesoureiro.

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JUDÔ COMO JIGORO KANO

SONHOU

Ao criar o judô, Jigoro Kano almejava que seu novo método de ensino da arte de ataque e defesa não só se tornasse útil dentro do dojô, mas também benefi ciasse a vida diária de seus praticantes em todas as áreas. Kano ensinou que, qualquer que seja o objetivo, ele é mais facilmente alcançado por meio do uso da máxima efi ciência da mente e do corpo, levando-nos a uma vida melhor e mais racional. Acima de tudo, que haja ordem e harmonia entre as pessoas e que o judô alcance o maior número de pra-ticantes em todo o mundo.

O judô cada vez mais se alia à educação e mantém o seu caráter formativo, sendo apontado recentemente pela Unesco como o melhor esporte para formação inicial de crianças e jovens de 4 a 21 anos. Já o Co-mitê Olímpico Internacional considerou o judô o esporte mais completo, por promover valores da amizade, participação, respeito e esforço para melhorar.

Com este desejo de mudar a realidade de muitas crianças, surgiu em 2003 o Ins-tituto Reação, no Rio de Janeiro, idealiza-do pelo medalhista olímpico Flávio Canto.

Atuando em comunidades de baixa renda, o projeto abrange cinco polos, com quase 1.500 crianças e jovens em situação de vulnerabilidade sócio-educacional. O judô é uma importante ferramenta de desenvol-vimento humano e ação complementar de educação. Além da prática esportiva, os alunos são encaminhados para atividades sociais e culturais e aprendem noções de meio ambiente e profi ssionalização. A coor-denação do projeto conta com a experiên-cia do professor Geraldo Bernardes, técnico da seleção brasileira em quatro Olimpíadas. Foi do polo da Cidade de Deus que surgiu Rafaela Silva, que representou o Brasil em Londres 2012 e conquistou medalha de prata no Mundial de Paris.

Investindo alto no esporte educacional, o município de Praia Grande, no litoral de São Paulo, é um bom exemplo de parceria entre o esporte e a educação. Várias moda-lidades esportivas são praticadas em locais equipados para atender à demanda. Por meio do Projeto Super Escola, Praia Grande hoje mantém mais de 800 crianças pratican-do judô no contraturno escolar, diariamente,

por três horas, em atividades que seguem um planejamento didático-pedagógico:

• Uma hora para atividades que envol-vam valores e conceitos voltados à teo-ria e refl exão.• Uma hora para atividades mais volta-das à modalidade esportiva em questão.• Uma hora para atividades lúdicas ge-rais (brincadeiras e jogos).

Os alunos praticam judô em Praia Gran-de em seis polos, centro de treinamento e complementação educacional em escolas municipais. Os alunos do Programa Super Escola que se destacam esportivamente e se interessam pela modalidade em cará-ter competitivo ainda podem migrar para a equipe de competição da cidade, que atu-almente abriga vários alunos federados. O maior destaque da cidade surgido no pro-jeto é Tawany Silva, de 17 anos, campeã mundial sub 17 e, atualmente, integrante das seleções brasileiras sub 18 e sub 21. Um bom exemplo do interesse do poder público no desenvolvimento da modalidade

Por Paulo PintoFotos Revista Budô

CONCEITO

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Tawany Silva expoente do programa super escola da Praia Grande

Outra gigante dos tatamis e proveniente de projetos é a judoca olímpica Rafaela Silva

na cidade é que Praia Grande emprega dez técnicos pedagógicos desportivos de judô, todos efetivos e aprovados em concurso público, que trabalham diariamente oito ho-ras com a modalidade na cidade.

Outros projetos espalhados por todo o Brasil seguem os mesmos princípios, como o Instituto Aurélio Miguel, na capital paulis-ta; o Projeto Sócio-Educativo de Atibaia, que tem 15 núcleos com o apoio de verba pública por meio de lei de esporte partici-pativo; o Projeto Branco Zanol, com meto-dologia própria de ensino e que atende a diversas cidades do interior de São Paulo; e mais recentemente, entre outros, o Pro-jeto Esporte sem Fronteiras, do campeão mundial Luciano Corrêa, com um núcleo em Belo Horizonte e outro na cidade de Piranhas, interior de Alagoas. Sem contar com o Projeto Avança Judô, promovido e coordenado pela Confederação Brasileira de Judô em parceria com a Infraero, aten-dendo a cerca de 1.800 crianças no entor-no de aeroportos brasileiros.

O judô tornou-se um esporte muito competitivo. E, de modo geral, a partir de um determinado momento, a ênfase dos

professores passou a focar eminentemen-te a formação de atletas, esquecendo um pouco do judô criado por Jigoro Kano, que se preocupava com o bem-estar e o be-nefício mútuo. Muitos jovens, sem o dom da competição, deixaram de praticar judô, perdendo o interesse e o estímulo, sim-

plesmente por não serem competitivos. Desejamos que esta nova realidade possa devolver ao judô o seu caráter formativo e inclusivo, e que de alguma forma dirigentes e gestores esportivos compreendam a im-portância de fomentar o judô social, e não apenas o desportivo.

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Curitiba (PR) – Soubemos que um grupo de judocas paranaenses vai ao país do sol nascente, e fomos à capital do Estado saber quais são os propósitos do grupo.

Luiz Iwashita, presidente da Federação Paranaense de Judô (FPrJ), explicou que o grupo vai a cinco cidades japonesas em busca de vários objetivos. “Na verdade, somos em quatro professores: Makoto Yamanouchi, 7º dan, ex-presidente da FPrJ, que esteve à frente da entidade por dois mandatos; o Daniel Laurindo, que além de fabricante de judogis, é um grande incentivador e apaixonado pelo judô; o Carlos André Kussumoto, que faz parte da nova geração de professores do Estado; e eu”.

O dirigente disse que cada um tem seus próprios objetivos. “Temos uma agenda que foi planejada a oito mãos, porém cada um de nós tem seus próprios objetivos na viagem. Alguns focam mais a questão técnica; outros, a questão federativa e administrativa, enquanto outros estão focando mais o judô universitário. Meu objetivo é estabelecer intercâmbios com as federações estaduais.”

Sensei Iwashita enumerou as cidades e instituições que já estão agendadas. “Vamos desembarcar na província de Hyoto, mas vamos a Kyoto, Kobe, Okayama, Tenry Toki e Tóquio. Seremos recebidos pelos dirigentes da modalidade em cada uma destas cidades.”

O gestor paranaense explicou que o grupo visitará universidades, federações, escolas de judô, o Kodokan, é claro, e assistirá ao Campeonato Nacional da Budokan.

Luiz Iwashita � nalizou explicando quais são seus principais objetivos na viagem. “Meu propósito principal é melhorar o nível técnico do judô paranaense. Espero também trazer ideias e novidades na área de gestão, e com isso todo o Estado será bene� ciado. Outra meta é estabelecer parcerias que permitam a ida de judocas ao Japão para treinamento.”

Para Daniel Laurindo, diretor da Yama Kimonos, o foco principal é a atualização. “Penso que cada um de nós tem seus objetivos nesta viagem, e vou em busca de atualização. Quero estar a par do

PARANAENSES FARÃO INTERCÂMBIO COM O JAPÃO

Em abril um grupo de quatro professores da capital paranaense vai ao Japão em busca de atualização técnica e intercâmbio.

Por Paulo PintoFoto Arquivo FPrJ

momento atual do judô no Japão. Buscamos estabelecer um intercambio entre a FPrJ e a Universidade de Tenri, associações de Tokyo e Osaka”, explicou Daniel que falou sobre sua expectativa nos campo pessoal. “Meu principal objetivo é conhecer a cultura do Japão. Este é um sonho que guardo desde quando dei meus primeiros passos nos tatamis. Quero conhecer mais sobre a origem do judô, e consequentemente sobre o país que lhe deu origem.”

O diretor da Yama Kimonos falou sobre seus interesses comerciais. “Também tenho interesses comerciais, e vou em busca de conhecimento e tecnologias que nos permitam desenvolver produtos melhores e com mais qualidade.”

Daniel vê interesses no campo da gestão esportiva. “Anos atrás, um grupo de professores foi ao Japão e formou-se uma geração de grandes mestres que ajudaram a difundir ainda mais o judô no Brasil. Ainda que esta delegação seja muito menor, a intenção é abrir caminho para que atletas e

Os professores Iwashita, Daniel, Makoto e Carlos André

professores possam treinar e aperfeiçoar seu judô no Japão.”

O empresário � nalizou explicando detalhes de sua relação com o grupo que vai ao Japão. “Sou judoca desde 1974. No próximo ano completarei 40 anos nos tatamis, e mesmo não estando mais em atividade acompanho todos os eventos da FPrJ. Este ano estarei mais presente ainda, para auxiliar meu � lho, que busca conseguir sua faixa preta. Nesta viagem estarei acompanhado do sensei Makoto Yamanouchi, meu primeiro professor; do sensei Luiz Ywashita, meu primeiro técnico no campeonato paranaense, em Londrina, 1980; e do sensei Carlos André Kussumoto, meu primeiro aluno faixa preta, que hoje é professor do meu � lho. Estarei com pessoas com as quais tenho uma relação muito próxima, e todos viajarão focados no desenvolvimento do judô paranaense. Na verdade, esta viagem está me motivando bastante e proporcionando muita alegria.”

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COPA SÃO PAULO ABRE 2013 COM CHAVE DE OUROMaior campeonato pan-americano aberto de clubes abriu o calendário ofi cial

de eventos da Federação Paulista de Judô da temporada 2013 e premiou todos os atletas olímpicos e paralímpicos de São Paulo.

Por Luiz AquinoFotos Cristiane Ishizava/Budô

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Luiz Marinho, prefeito de São Bernardo do Campo recebe homenagem de Alessandro Puglia

Todos os medalhistas olímpicos e paralímpicos de São Paulo foram homenageados

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São Paulo (SP) - Com 2.600 atletas de 152 entidades esportivas de 13 Estados, e disputada do sub 11 ao grand master, além de disputas no kata, a Copa São Paulo foi sucesso em organização e competitividade. Ao abrir a temporada de 2013 em altíssimo nível, consolidou sua condição de maior competição pan-americana interclubes da modalidade.

Foram três dias de disputa no Ginásio Poliesportivo Adib Moyses Dib, em São Ber-nardo do Campo, diante de atletas olímpicos, presidentes de federações estaduais e auto-ridades políticas. O torneio também serviu de cenário para as gravações do filme Aprendiz de Samurai. Ao fim de três dias de disputa, o Palmeiras/Mogi conquistou o tricampeonato da competição ao somar 151 pontos, segui-do do Rio Preto Automóvel Clube, com 70, Esporte Clube Pinheiros (52), SESI/SP (51), A Hebraica de São Paulo (45) e Associação Marcos Mercadante (44).

A competição teve início da sexta-feira, às 13 horas, com as disputas do nage-no-kata, katame-no-kata, ju-no-kata, kime-no-kata e kodokan goshin jitsu. O coordenador de cur-sos da Federação Paulista de Judô (FPJ), Luiz Alberto dos Santos, destacou a iniciativa da federação de incluir estas disputas na Copa São Paulo. “Foi uma grande iniciativa da fede-ração, principalmente por incluir cinco modali-dades de disputa do kata, o que é fato inédito, a não ser nas disputas em São Paulo. Hoje, vimos duplas muito bem preparadas para competir, que treinam semanalmente ou qua-se diariamente, elevando o nível do kata, que está cada vez melhor”. Luiz Alberto chamou atenção para a falta de interesse de alguns professores em divulgar e ensinar o kata aos seus alunos. “O interesse parte de quem co-nhece. Quem não conhece acaba de alguma maneira boicotando, até inconscientemente, por falta de conhecimento”.

Na sequência do kata, deu-se início ao shiai do máster, que contou com a partici-pação de mais de 200 competidores, entre os quais o tetracampeão paralímpico Antô-nio Tenório, que destacou a importância da competição. “É um evento muito importan-te para os judocas do Estado de São Paulo porque traz os melhores atletas de todas as categorias, e isso é muito bom para elevar o nível. Por isso, fiz questão de competir. Aca-bei ficando em terceiro lugar e achei muito bom para início de temporada. A maioria dos atletas está saindo do sênior e eu acabei não sentindo muita diferença.”

O segundo dia de competição começou com a distribuição de muitos prêmios ao público, antecedendo a apresentação dos grupos de taikô kiendaiko da União Cultural Nipo-Brasileira de São Bernardo do Campo e Shinkyodaiko de São Caetano do Sul.

Com a presença de diversas autorida-

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des, realizou-se a cerimônia de abertura na qual o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, deu boas vindas aos partici-pantes e reafirmou o compromisso de estar sempre à disposição da Federação Paulista de Judô para a realização de grandes even-tos no município. O vice-presidente da FPJ, Francisco de Carvalho Filho, fez um breve resumo do crescimento da competição ao longo dos anos, destacou seu trabalho à frente da federação e afirmou ter plena con-fiança na continuidade do bom trabalho na entidade, que a partir de 2014 estará sob a responsabilidade de Alessandro Puglia.

Estavam presentes também na cerimônia de abertura Emílio Moreira, representante da federação do Maranhão; Georgetown Pache-co, presidente da federação de Tocantins; Delfino Batista da Cunha Filho, presidente da federação do Acre; Francisco Grosso, pre-sidente da federação do Estado do Rio de Janeiro; e Antônio Viana, presidente da fede-ração do Amapá; além dos atletas olímpicos Aurélio Miguel, Henrique Guimarães, Tiago Camilo, Leandro Guilheiro, Carlos Honorato, Maria Suellen Altman, Antônio Tenório, Felipe Kitadai, Rafael Silva, Luís Onmura, Daniele Bernardes e Carlos Alberto Cunha.

Os medalhistas olímpicos foram home-nageados e agraciados pela FPJ. Todos

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agora fazem parte de um baralho confeccio-nado pela entidade com a foto e conquistas de todos. A diretoria da federação distribuiu baralhos para os atletas inscritos na compe-tição, e esta ação foi um verdadeiro sucesso.

Aprendiz de samurai

O grande público presente dividiu suas atenções entre as lutas e as gravações do filme Aprendiz de Samurai, estrelado por Caio Castro (ator da Rede Globo), que vive o papel do judoca Max Trombini. Entre uma gravação e outra, o ator posava para fotos ao lado de fãs e vibrava a cada queda do oponente no filme. Também presente às gra-vações estava Tato Gabus Mendes. Vários judocas foram convidados a participar da gravação deste que será o primeiro filme de judô nacional, com lançamento previsto para o período de realização do Mundial de Judô do Rio de Janeiro.

Quem está no Brasil para um período de estágio para conhecer melhor o judô brasilei-ro e marcou presença na abertura da Copa São Paulo foi a bicampeã mundial 2009/ 2010 e medalha de bronze em Londres 2012, a japonesa Yoshie Ueno. Segundo o sensei Hatiro Ogawa, que acompanhava a atleta, ela ficou impressionada com o núme-ro de participantes e estava anotando tudo na sua agenda particular. A organização e a quantidade de atletas foi uma surpresa para Ueno, que ficará no Brasil até agosto, visi-tando diversas academias, principalmente no Estado de São Paulo, seguindo depois para outras cidades e Estados brasileiros.

Medalhistas olímpicos avaliam a Copa São Paulo

Medalhista de bronze em Londres, Rafael Silva destacou que já participou da Copa São Paulo e é tricampeão da competição. “É a maior competição do Brasil, e São Paulo tem avançado muito com este evento, que é uma das competições mais fortes do Estado.”

Tiago Camilo disse que nunca chegou a participar da Copa São Paulo, mas apoiou sua realização. “Acho que nunca se deve pular etapas. Existe tempo para tudo. Parti-cipei de campeonatos municipais, regionais, estaduais e todos tiveram importância em minha formação como atleta. Por isso acho mais do que certo a FPJ estimular este tipo de competição.”

Leandro Guilheiro aprovou o novo modelo de disputa da Copa SP. “Principalmente para outros Estados, que não possuem muita com-petitividade, a Copa São Paulo é muito impor-tante. De certa forma o judô de São Paulo está fomentando o judô do Brasil, e é uma oportu-nidade de os atletas realizarem intercâmbio, já que ao longo do ano alguns não terão muitas ocasiões para segurar no kimono.”

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O campeão olímpico Aurélio Miguel clas-sificou a organização da Copa São Paulo como fantástica, sendo referência para o judô nacional. “A expectativa agora é que outras federações possam organizar com-petições do mesmo porte. No passado exis-tia a Copa Rio (não sei se ainda é realizada), pois essas grandes competições possibili-tam intercâmbio e sem dúvida alguma isso fortalece o judô brasileiro. Parabéns à FPJ e a todos os professores, atletas e pais, que contribuíram para a grandiosidade desta competição.”

Elogiando a copa, o vice-campeão olímpico Carlos Honorato destacou o cres-cimento da competição a cada ano. “Acho que este evento, daqui para a frente, terá de ser realizado em mais um dia ou mais um fim de semana, porque está cada vez mais repleto de atletas. De qualquer forma, a FPJ está de parabéns pela organização deste ano, porque tudo está fluindo muito bem.”

Medalhista olímpico em Londres, Felipe Kitadai destacou também a participação de mais Estados, elevando o nível de importân-cia da competição. “Antigamente ela era dis-putada apenas pelos atletas de São Paulo, e hoje é muito legal abrir a participação para todo o País. Disputei no passado e cheguei a ser campeão uma vez.”

Henrique Guimarães também realçou a importância do evento. “Gostaria de ter tido, na época em que competia, a opor-tunidade de lutar num evento deste nível, tão bem organizado e com muita gente de vários Estados. Hoje, podemos dizer que é um campeonato brasileiro, apesar de se chamar Copa São Paulo.”

O técnico da Seleção Brasileira, Má-rio Tsutsui prestigiou o evento e destacou a importância de sua realização. “Sempre digo que aqui é o pré-sal da modalidade, porque daqui saem nossas pérolas e nos-sos diamantes que, daqui a algum tempo, serão a riqueza do judô do nosso País. Acho importante a FPJ realizar eventos desse tipo. A massificação também é importante para fazer surgirem as revelações.”

No terceiro dia de competição foi a vez dos atletas do sub 15, sub 18 e sub 21, que realizaram disputadas acirradas, proporcio-nando belos ippons e empolgando o grande público presente. O sensei Felipe Quadros, da Sogipa, mostrava-se satisfeito pela parti-cipação dos seus atletas. “Para nós, é uma honra participar deste evento tão bem or-ganizado; por isso, a cada ano procuramos trazer um número maior de atletas para po-der prestigiar o evento”. Em 2013, a Sogipa participou com 25 atletas, que conquistaram quatro medalhas de ouro, uma de prata e seis de bronze. “Infelizmente, no Rio Gran-de do Sul não existe uma competição deste porte, mas estamos por lá numa briga para ter um evento desta magnitude e ampliar o intercâmbio com os outros Estados”, con-cluiu Quadros.

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A delegação do Projeto Caminho Suave, da cidade de Campo Verde, Mato Grosso, veio a São Bernardo, em busca de experi-ência, como destacou o técnico da equipe, Cleberson Oliveira: “É uma competição de nível elevado em relação às competições das quais nós estamos acostumados a participar. A quantidade de atletas é muito grande, e mesmo assim a competição fluiu bem. Ve-mos competições com um número bastante inferior de participantes e a coisa não funcio-na assim, deixando áreas paradas. Aqui tudo flui muito rápido e de forma organizada”.

Emílio Moreira, presidente da comissão de graduação da Federação Maranhense de Judô, ressaltou o orgulho dos maranhenses de poderem participar da Copa São Paulo. “É o maior evento da América Latina e, como consequência disso, o Maranhão estar pre-sente só tem como objetivo crescer cada vez mais, tanto do ponto de vista de orga-nização quanto do ponto de vista técnico. O judô maranhense, como o de todo o Nor-deste, tem crescido disputando os primeiros lugares com os grandes centros como São Paulo na base.”

O presidente da Federação do Estado do Acre, Delfino Batista da Cunha Filho, es-tava bastante entusiasmado com a compe-tição. “Sob a administração de Francisco de Carvalho Filho o judô paulista sempre deu grandes exemplos. Ele é um expoente de nossa modalidade no que diz respeito a de-senvolvimento técnico. Estamos satisfeitíssi-mos com a recepção que tivemos em São Paulo. A organização deste evento é sem dúvida uma das melhores do País. Agrade-ço o convite do amigo e irmão Francisco de Carvalho Filho por esta participação, já que nos conhecemos há muitos anos e São Pau-lo é minha segunda terra natal, onde con-quistei diversos títulos em minha carreira. Ter vindo representar meu Estado, o Acre, aqui foi uma satisfação enorme.”

Georgetown Pacheco, presidente da federação de Tocantins, não só representou seu Estado fora dos tatamis, mas dentro também. “Este é um evento de magnitude inimaginável. Sem dúvida alguma é a maior competição de judô das Américas. Tivemos uma arbitragem com padrão internacional, pontualidade do começo ao fim. Enfim, to-dos os colaboradores da FPJ foram muito solícitos e todos estão de parabéns. Iremos organizar-nos para voltar no próximo ano com uma equipe ainda maior”, destacou.

Pacheco também explicou o sacrifício de seus atletas para estar presentes no evento: “Viemos em 13 atletas, e foi uma odisseia. Dois pais trouxeram seus filhos e deram a chance de mais quatro atletas participarem. O Fred Guerra trouxe mais cinco, e um veio de avião com o pai. Tivemos duas pratas e um bronze. A prata foi minha. Perdi de shido para o Marcos Trinca, atual campeão mun-dial da FIJ. Minha aluna foi prata no juvenil e outra atleta foi bronze no júnior. São Paulo

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alojou os alunos em academias para eles não gastarem com hospedagem. Cada um pagou a sua alimentação. O restante foi mui-to aprendizado e só alegria”.

Antônio Viana, presidente da Federação Amapaense de Judô, elogiou a organização da Copa São Paulo, além da recepção e a atenção dispensada aos seus atletas. “No-vamente, o amigo Francisco de Carvalho e o Alessandro mostraram por que o judô pau-lista é o maior e melhor do Brasil. Organiza-ção e profissionalismo marcaram o evento. Um toque especial foi a inclusão da classe grand master, mais uma jogada de mestre que valorizou essa classe. Quanto ao Amapá, nessa primeira participação viemos com uma equipe pequena, mas retornaremos em 2014 com força total. Viemos com cinco atletas e conquistamos duas medalhas de bronze. O Amapá está crescendo muito e participar dos principais eventos do judô brasileiro, em vá-rios Estados, é fundamental nesse momento. Incluiremos a Copa São Paulo em nosso ca-lendário, a partir de agora.”

ClassifiCação por Clubes Copa são paulo

Entidade Pontos

1º PALMEIRAS/Mogi 151

2º RIO PRETO AUTOMOVEL CLUBE 70

3º ESPORTE CLUBE PINHEIROS 52

4º SESI SP 51

5º ASSOC. BRAS A HEBRAICA DE SP 45

6º ASSOC. MARCOS MERCADANTE DE JUDO 44

7º ASS MOACYR DE JUDO 40

8º SOGIPA - RS 29

9º SAO JOAO TENIS CLUBE 29

10º SESI -SP 29

11º JUDO CLUBE MOGI DAS CRUZES 29

12º ASS DE JUDO VILA SONIA 23

13º GREMIO NAUTICO UNIAO - RS 21

14º ASSOCIAÇÃO ESPORTIVA GUARUJA 20

15º TENIS CLUBE S JOSE CAMPOS 20

16º ASSOC. DESPORTIVA SAO CAETANO 19

17º ADPM-REG SJC 18

18º ASSOC. BUSHIDO PAIS E AMIGOS 16

19º ASSOC. KIAI KAM 16

20º ADC SANTANA PEDREIRA 15

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O vice-presidente da Confederação Bra-sileira de Judô, licenciado da presidência da Federação Paulista de Judô, Francisco de Carvalho Filho, o Chico do Judô, comemo-rou o sucesso de mais um ano da Copa São Paulo e entende ser este o modelo ideal de estrutura para o evento, não sendo possí-vel crescer mais para não perder qualidade e excelência na organização. “Tivemos um número próximo ao do ano anterior, coisa de 2.600 inscritos. Houve a inclusão do kata e creio que a disputa do máster e do kata au-mente e ocupe um espaço cada vez maior na competição, mas acho que não podemos ter muitos atletas mais, para não tornarmos o evento inviável ou termos de aumentar os dias de disputa. Elevar o número de áreas é impossível porque administrar 12 áreas simultaneamente exige enorme complexida-de. Realizamos o evento em três dias e não vemos como aumentar mais.”

Chico destacou os diferenciais da Copa São Paulo 2013. “Programamos algumas mudanças que melhoraram a organização e deram mais dinâmica à competição. A premiação foi diferenciada, o patrocínio que tivemos foi pequeno, mas contribuiu para a grandiosidade da competição, apresentan-do algo diferenciado. A Nutry distribuiu bar-ras de cereais para todos os atletas, tivemos a Adidas oferecendo kimonos para serem sorteados, e com estas ações conseguimos expandir nosso mailing com os dados de mais 4 mil novos judocas.”

Um fator que pode ter influenciado no número de inscritos foi a realização, no mes-mo fim de semana, dos campeonatos sul--americano e pan-americano na Argentina. Em Minas Gerais e no Paraná houve a se-letiva para o brasileiro regional. Mesmo com esta coincidência de datas, Francisco de Car-valho entende que o balanço foi positivo. Se não fossem estes eventos a competição teria somado mais de 3 mil atletas tranquilamente, já que tradicionalmente o Paraná e Minas Ge-rais vêm em peso para a competição. “Houve muitos eventos nesse fim de semana, mas ficamos contentes porque algumas pessoas vieram para nos prestigiar. Gostaria de des-tacar a presença do Francisco Grosso, que mesmo tento evento no Rio de Janeiro veio prestigiar nossa competição. Fiquei muito feliz com a presença dele em São Paulo.”

Alessandro Puglia, presidente da Fede-ração Paulista de Judô, mostrou-se satisfei-to ao fim do certame. “Foi o melhor e maior evento que a Federação Paulista de Judô realizou até hoje. Desde a organização, pas-sando pela estrutura física, parte técnica, pre-miação, pontualidade, participação, enfim, saiu tudo dentro do estabelecido. Outra coisa que me deixou bastante feliz foi a oportunida-de de homenagear os medalhistas olímpicos que fazem parte da historia do judô de São Paulo, do Brasil e do mundo. A meu ver este foi o suprassumo do evento, foi um sucesso. Espero manter o nível nos próximos anos, já que este é um evento muito complexo. Esta-

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mos preparando tudo desde outubro passa-do, pensando no que iríamos precisar. É uma competição que exige muito espaço técnico, estacionamento para os visitantes, banheiros, enfim tudo é muito grande. Já estamos pen-sando em 2014 e nossa proposta é surpreen-der sempre”, destacou Puglia.

Joji Kimura, atual coordenador técnico da FPJ, lembrou que, mesmo sendo um evento aberto, a competição é muito acirra-da, já que define a seleção paulista que dis-putará o brasileiro da Região V. “Tivemos o prazer de ver este ano mais atletas de outros Estados e isso nos deixou muito felizes. Po-rém, internamente o bicho pegou feio, pois usamos a Copa São Paulo como seletiva para o Campeonato Brasileiro da Região V. É por isso que as pessoas que vêm de fora se impressionam com o nível técnico da com-petição e com a pegada dos nossos judocas em todas as categorias. Esse clima de brasi-leiro fortalece ainda mais a Copa São Paulo, que na verdade fecha a pré-temporada a cada ano. De qualquer forma, a tendência é termos uma competição cada vez mais aguerrida e competitiva.”

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No segundo dia de competição, o gran-de público dividiu suas atenções entre as lutas e a gravação do fi lme Aprendiz de Samurai, estrelado por Caio Castro (ator da Rede Globo), que vive o papel do judoca Max Trombini.

Entre uma gravação e outra, o ator po-sava para fotos ao lado das centenas de fãs extasiadas com a presença do astro global, que vibravam a cada queda de seu opo-nente no fi lme.

Também presente às gravações estava Tato Gabus Mendes. Vários judocas foram convidados para participar da gravação deste que será o primeiro fi lme de judô na-cional, com lançamento previsto para o pe-ríodo de realização do Mundial de Judô que acontecerá entre os dias 26 de agosto a 1 de setembro, no Rio de Janeiro..

Raphael Luís Moura dos Santos Silva, o Juquita, atuou como o uke do persona-gem central na trama do fi lme. Falou sobre a nova experiência. “Além da experiência e do contato com um universo totalmente distinto, esta participação me possibilitou conhecer um pouco sobre a complexidade técnica que envolve uma produção cinema-tográfi ca, e confesso que gostei muito.”

Apesar das difi culdades causadas no andamento da competição, a direção da prova acertou em cheio permitir o uso de um espaço tão importante para compe-tição, já que a modalidade requer mídia e visibilidade. Nesse sentido, a Copa São Paulo e o judô brasileiro só vieram a ganhar.

APRENDIZDE SAMURAI

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Sub 11

Super-ligeiro

1º Juliana Neper - Equilibrium

2º Laura Malta Bushikan - Dojô

3º Nicoli Caetano - Judô Clube Mogi

3º Giovanna Oliveira - Clube Concórdia

Ligeiro

1º Sarah Vieira - Assoc. Mercadante

2º Natalia Barreto - Assoc. Mercadante

3º Ana V. Haraguth - Judô Clube Mogi

3º Rafaela Rezende - Equilibrium

Meio-leve

1º Thauanny Dias - Sogipa

2º Sarah de Melo - Judô Pissarra

3 Kaillany Cardoso - ADREARMAS

3 Giulia Hatano - Assoc. Registrense

Leve

1º Giovana Shimada - Judô Clube Mogi

2º Julia Delfi no - Judô Clube Mogi

3º Renata Fernandes - Ass. Belarmino

3º Bianca Barbosa – Sed. Praia Grande

Meio-médio

1º Rubia Romão - Ass. Hortolandense

2º Iasmin Pereira - Judô Clube Mogi

3º Ana Laura Franco - Assoc. Matsumi

3º Julia Barbosa - UNIMES

Médio

1º Suzanny Fernandes - Ass. Guarujá

2º Bruna C. Silva - Palmeiras/Mogi

3º Maria L. Oliveira - Judô Clube Mogi

3º Ana C. Maciel - Associação Mirai

Meio-pesado

1º Nauana Lopes - Cerejeira Votuporanga

2º Mariana Yonemura - Judô Taboão

3º Leticia Piazza - Centro Olímpico

3º Yasmin Bertoncini - SEMEL Amparo

Pesado

1º Julia Flores - Hombu Budokan

2º Julia Rissato - Assoc. Aleixo

3º Helena Valdeger – S. Praia Grande

3º Nicole Gonzatti - Judô Mar - Sul

Super-pesado

1º Lívia Dal Poz - Academia Equilíbrio

2º Julia Pontes - Assoc. Juquiá - A

3º Maria Lucato - Calasans Camargo

3º Maria E. Lourenço - Assoc. Nery

Sub 13

Super-ligeiro

1º Manuela Lima - C. A. Tremembé

2º Beatriz Neves - Assoc. Messias

Ligeiro

1º Carolina Barusso - Assoc. Nery

2º Vitoria Bagatela - Judô C. Mogi

3º Fernanda Costa - Hebraica

3º Luana Costa - Sogipa

Meio-leve

1º Ana C. dos Santos - Hebraica

2º Larissa Morales - Assoc. Nery

3º Layna Alves - Assoc. Moacyr

3º Luiza Nogueira - Ass. Okinawa

Leve

1º Kailany Carlis - Palmeiras/Mogi

2º Gabriella Oliveira - Ass. Moacyr

3º Kethlyn Farias - Hebraica

3º Maythe Del Rosso - UNIMES

Meio-médio

1º Aline Cruz - Hebraica

2º Tatiane Hespanhol - Palmeiras/Mogi

3º Tauane Gonçalves - Hebraica

3º Camila Ferreira - Assoc. na Faixa

Médio

1º Gabrielle Gonzaga – Cía. Atlética

2º Catarina Barbara - Palmeiras/Mogi

3º Maria E. Diniz - ADPM-Reg. SJC

3º Yasmin Botelho - ADREARMAS

Meio-pesado

1º Eduarda V. Rosa - Grêmio União

2º Sarah Lafuen - Judô Pissarra

3º Rafaella Souza - Palmeiras/Mogi

3º Isabela Oliveira - São João T C

Pesado

1º Julia Andrade - Assoc. Moacyr

2º Leticia Estewart - Assoc. Pessoa

3º Beatriz Ramos - Centro Olímpico

3º Vitoria Nascimento - Judô Pissarra

Sub 15

Super-ligeiro

1º Maria Costa - ADPM-Reg. SJC

2º Kenia Astrom - Hebraica

3º Giovanna Monteiro - Palmeiras/Mogi

3º Jasmine Martin - Assoc. Guarujá

Ligeiro

1º Jessica Carvalho - São João T C

2º Talila Santana - Judô Pissarra

3º Luana Santos - General Motors SJC

3º Yohana Santos - Assoc. Trajano

Meio-leve

1º Larissa Pimenta - Equilibrium

2º Tainá Oliveira - Palmeiras/Mogi

3º Amanda Nayara Costa - Hebraica

3º Giovanna Zillig - Budokan Peruíbe

Leve

1º Mariana Bueno - Hebraica

2º Luana do Valle - Assoc. Moacyr

3º Jessica Oliveira - Centro Olimpico

3º Giseli Anjos - Palmeiras/Mogi

Classi� cação individual Feminino

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Meio-médio

1º Gabrielly Rodrigues - A. Tucuruvi

2º Franciele Terenzi - Santana Pedreira

3º Nathalia Silva - Assoc. Pessoa

3º Ryanne Couto - Tênis Clube SJC

Médio

1º Sandy Vieira - Assoc. Mercadante

2º Isabela Sommer - A. Mercadante

3º Taynara Feitosa - A D Santo André

3º Ana Julia Mariano - Judô Clube Mogi

Meio-pesado

1º Gabriela Costa - ADPM-Reg. SJC

2º Luana do Prado - Judô Clube Mogi

3º Giovanna V. Fontes - SESI SP

3º Lavínia Santos - Judô Terazaki

Pesado

1º Erika Thalita Pereira - Hebraica

2º Meire Souza - A. Santana Pedreira

3º Viviane Motta - Palmeiras/Mogi

3º Marina Santucci - Assoc. Germano

Sub 18

Super Ligeiro

1º Caroline da Costa - Rio Preto A. C.

2º Karla Aryana Jonas - Assoc. Nery

3º Isis Beatriz Vieira - Vargem Grande

Ligeiro

1º Bruna da Silva - SESI SP

2º Bruna Teixeira - As. Cacocal – Naec.

3º Rafaela de Toledo - Assoc. Moacyr

3º Jhennifer Ernandes – Praia Grande

Meio-leve

1º Gabriela Clemente - Palmeiras/Mogi

2º Carolyne Hernandes - Grêmio União

3º Vitoria Camargo - Mesc São Bernardo

3º Gabrielle Anjos - Palmeiras/Mogi

Leve

1º Paola Marques - A. São Caetano

2º Mariana Minakawa – A Hebraica

3º Nayara Leandro - SESI SP

3º Anne Karoline Alves - São João T C

Meio-médio

1º Sabrina Rosseto - Rio Preto AC

2º Barbara Faria - Tênis Clube SJC

3º Daise Maria Locatelli - Paineiras

3º Giovana Pernoncini - Sogipa

Médio

1º Karoline Babeirotti - Rogério Sampaio

2º Ennilara Lisboa - Dom Bosco

3º Karol Bueno - Assoc. Bushido

3º Bianca Braga - Sogipa

Meio-pesado

1º Ello Anny Santos - Assoc. Bastos

2º Pamella Barbosa - Hombu Budokan

3º Lais Helena Miranda - SESI - SP

3º Julia Vaz Rosa - Grêmio União

Pesado

1º Beatriz Rodrigues - Palmeiras/Mogi

2º Agatha Martins - Seduc Praia Grande

3º Loraine Cristina Dia - Rio Preto AC

3º Thais Suzuki - Palmeiras/Mogi

Sub 21

Super-ligeiro

1º Bruna da Silva - SESI SP

2º Lívia Yamashita - Assoc. Vila Sonia

3º Amélia Souza - Lins/Morimoto

3º Isamara Pereira - Rio Preto AC

Ligeiro

1º Agueda de Arruda - São João T C

2º Vitoria Camargo - Mesc São Bernardo

3º Luana Barbosa - Tênis Clube SJC

3º Nathalia Mercadante - A. Mercadante

Meio-leve

1º Rebeka Santos - Fed. Pernambucana

2º Yara Ferreira - São João T C

3º Thais Borges - Tênis Clube SJC

3º Carolina Batista - SESI - SP

Leve

1º Gilmara Prudêncio – Praia Grande

2º Amanda Valério - Santana Pedreira

3º Marilia G. Souza – Ass. Bushido

3º Ellen Rodrigues - Palmeiras/Mogi

Meio-médio

1º Manoella Braga- Sogipa

2º Laisa Oliveira - Assoc. Kiai Kam

3º Leticia R. Barreto - SESI - SP

3º Ennilara Lisboa - Dom Bosco

Médio

1º Tharrere Ap. Reis - Judô Makoto

2º Beatriz de Oliveira - SESI - SP

3º Leticia Laurêncio - AD São Caetano

3º Mariana Braga - Sogipa

Meio-pesado

1º Pamella Pastorello - A. Mercadante

2º Julia Cristina Bueno - SESI - SP

3º Tainá Almeida - Mun. de Itupeva

Pesado

1º Tainá C. Nery - A. D. São Caetano

2º Juliette Santos – S. Caraguatatuba

3º Sibilla Faccholli - A. São Bernardo

3º Gabriela Mattioli - Seduc Praia Grande

Sênior

Super-ligeiro

1º Patrícia Marques - APAJ

2º Amanda Santos - Palmeiras/Mogi

3º Ana P. Cunha - ADPM-Reg.SJC

3º Isamara Pereira - Rio Preto AC

O Palmeiras/Mogi foi o campeão geral dessa edição

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Ligeiro

1º Agueda C. Arruda - São João TC

2º Catiere Moya - E C Pinheiros

3º Luana Barbosa - Tênis Clube S JC

3º Natalia Melo – Ass. Desp. Itapema

Meio-leve

1º Milena Mendes - Palmeiras/Mogi

2º Priscylla Santos - Palmeiras/Mogi

3º Renata Zyman – A Hebraica

3º Roselaine Carmo - Palmeiras/Mogi

Leve

1º Tamara Santos - Palmeiras/Mogi

2º Amanda Drezza - Paineiras

3º Fabiana Oliveira - E C Pinheiros

3º Jessica do Amaral - Assoc. Mauá

Meio-médio

1º Dione Barbosa - E C Pinheiros

2º Keyla R. Dias - Assoc. Kiai Kam

3º Dayana Neves - Rio Preto AC

3º Isabella Moura - Americana

Médio

1º Anne C. Barbosa - E C Pinheiros

2º Tharrere Ap. Reis - Judô Makoto

3º Adriana Leite – Rogério Sampaio

3º Helena Romanelli - A. Kiai Kam

Meio-pesado

1º Kelly Silva - Rio Preto AC

2º Samarita Santagnello - Rio Preto AC

3º Fernanda Parmejani - AD Santo André

3º Pámela Ventura - Assoc. Kiai Kam

Pesado

1º Riva Coelho - Palmeiras/Mogi

2º Richele Ferreira - Edinho Company

3º Marilia Vieira - AD Santo André

3º Manoela Facho - Assoc. Kiai Kam

Master 1

Meio-leve

1º Rosanne Aguiar - Rio Preto AC

Meio-médio

1º Munique Camargo - Calasans Camargo

2º Vanessa C. Billard - Assoc. Kyoei

3º Lucia Araujo - Assoc. Moacyr

Pesado

1º Kelly C. Silva - Rio Preto A. C.

2º Tabata Bonfante - Assoc. Aleixo

3º Silmara Vedoveli - Ateneu Mansor

3º Angélica da Silva - São João T C

Master 3

Meio-leve

1º Nadia Hissako - Assoc. Vila Sonia

2º Edneia Carvalho - Judô Taboão

Meio-médio

1º Rosangela Oliveira - Jean Piaget

2º Denise Gonçalves - Sion

Pesado

1º Rogéria Conzendey - S. São Sebastião

2º Fatima Delboni - Assoc. Messias

3º Cristiana Pallavicini – Niitsuma & Andrade

3º Ednaura Oliveira - SEMEL Francisco

Master 2

Meio-médio

1º Kelly C. Cruz - Assoc. Messias

2º Ivani C. Labres - Grêmio União

3º Laura Meirelles - Calasans Camargo

3º Andrea Moraes - Itapira A. Clube

Pesado

1º Romina Noma – C. A. Juventus

2º Caroline Bicudo - Assoc. na Faixa

Parte da arbitragem que atuou na Copa São Paulo 2013

A MKS Adidas premiou judocas que participaram do evento

O Palmeiras/Mogi foi o campeão geral dessa edição

127

Page 128: Revista Budô 9

Sub 11

Super-ligeiro

1º Júlio Correia - Assoc. Mercadante

2º João Vitor da Luz - Sogipa

3 Rafael Chibana - S C Corinthians

3 Murilo Bernardeli - Assoc. Trajano

Ligeiro

1º João Spreafi co - Assoc. Bastos

2º Samuel Machado - Rio Preto A. C.

3º Danilo Gonçalves - Palmeiras/Mogi

3º João Pedro Greco - São João T C

Meio-leve

1º Vitor Santos - U. Esp. e Cul. Mir

2º Lucas Nardin – Santana Pedreira

3º Felipe Rezende - Clube Rodoviário

3º Marcos Kajiyama - Assoc. Bastos

Leve

1º Juliano Vontobel - Sogipa

2º Victor Sambatti - Palmeiras/Mogi

3º Rhian Santos - Judô Pissarra

3º Matheus Davi - Assoc. Ippon

Meio-médio

1º Gabriel Bondezan - Palmeiras/Mogi

2º João Vitor Oliveira - Assoc. Tucuruvi

3º Pedro Peichim - Assoc. Belarmino

3º Gustavo Fabricio - Palmeiras/Mogi

Médio

1º Vinnicius Roveroni - A. Mercadante

2º Victor Esquibel - Pirituba F C

3º Gabriel dos Santos - Assoc. Bastos

3º João Carlos Barizon - Assoc. Itapira

Meio-pesado

1º Felipe Donatti - Assoc. Itapira

2º Luigi Bellucci - Judô Terazaki

3º Pedro Michilini - Clube Concórdia

3º Vinicius Marcony - Judô Ação

Pesado

1º Iago Do Valle - Pirituba F C

2º Brenno Hilario - Assoc. Bushido

3º Arthur Gonçalves - Assoc. Moacyr

3º Henrique Do Vale - Assoc. Bastos

Super-pesado

1º Rafael dos Santos - Sogipa

2º Lucas Florêncio - A. Registrense

3º João Camargo - Assoc. Juquiá - A

3º Guilherme Nietto - Clube Concórdia

Extra Pesado

1º Marco Henrique - Palmeiras/Mogi

2º Everton dos Santos - Assoc. Itapira

3º Yuri Costa - Sind. São Sebastião

3º Raphael Teixeira – C. Votuporanga

Sub 13

Super-ligeiro

1º Robert Hitler - Assoc. Moacyr

2º Luiz Oliveira - Judô Clube Mogi

3º Guilherme Biscalchin - A. Bushido

3º Gabriel Shimada - Palmeiras/Mogi

Ligeiro

1º Nicolas Dias - Assoc. Guarujá

2º Gian Sousa - Hebraica

3º Lucas L. Ramos - C. Tremembé

3º Jhonatas Marques - A. Amaro

Meio-leve

1º Ithalo Preza - Assoc. Guarujá

2º Gustavo Brait - São João T C

3º Vinicius Santos - Judô Clube Mogi

3º Cristopher Moreira - Judô Nippon

Leve

1º João Vitor Souza - UNIMES

2º Vinicius Agiessi - Assoc. Trajano

3º Marcio Andreoleti - Rio Preto AC

3º Igor Machado - Sogipa

Meio-médio

1º Luis Rodrigues Neto - Kiai Ass.

2º João V. Souza - Judô Terazaki

3º Marcelo Prates - Liga Litoral

3º Lucas I. Aramaki - Judô Ação

Médio

1º Marcos Soares - SESI SP

2º Guilherme Borges - A. Trajano

3º João Tavares - Assoc. Bushido

3º Isaque Silva - Judô Clube Mogi

Meio-pesado

1º Vinicius Silva - Hebraica

2º Natã Oliveira - Assoc. Trajano

3º Guilherme Nobilo - A. Vila Sonia

3º Victor Nascimento - A. Colossus

Pesado

1º Luis Vieira - Dom Macário Schmitt

2º Rogério Neto - Hombu Budokan

3º Gabriel Tomazini - Assoc. Bushido

3º Matheus Campos - Lins/Morimoto

Sub 15

Super-ligeiro

1º Diogo Rocha - Assoc. Yamazaki

2º Anthony Kashima - Lins/Morimoto

3º Felipe Geronimo – A. Divinolândia

3º Gabriel Hernades - Grêmio União

Ligeiro

1º João P. Correia - A. Mercadante

2º Renan Tsutsumi - Circulo Militar

3º Ronald Santos - Assoc. Pessoa

3 Tiago Passos - Assoc. Guarujá

Meio-leve

1º Gabriel Ap. Dias - E C Pinheiros

2º Sergio Escudeiro - Assoc. Guarujá

3º Leonardo Watanabe – Venceslauense

3º Leonardo de Macedo - São João T C

Leve

1º Felipe Carvalho - Assoc. Tucuruvi

Classi� cação individual Masculino

128

Page 129: Revista Budô 9

2º Leonan Gomes - Rio Preto A. C.

3º Guilherme Fernandes - Tênis C SJC

3º Willian de Sousa - Palmeiras/Mogi

Meio-médio

1º Michael Marcelino - Tênis Clube SJC

2º Lucca Malaquini - Assoc. Mercadante

3º Matheus Barbosa - A. Mercadante

3º Renan Torres - Palmeiras/Mogi

Médio

1º Madson Gonçalves - Hebraica

2º Caio Sommer – Associaç. Mercadante

3º Caio A. de Cillo - Assoc. Hinode

3º Francisco Álvares - Rogério Sampaio

Meio-pesado

1º Jéferson Santos - ADPM-Reg. SJC

2º Gabriel Palone Silva - Palmeiras/Mogi

3º Ricardo de Oliveira - Assoc. Moacyr

3º Victor Fernandes – A. Santana Pedreira

Pesado

1º Igor Morishigue - Palmeiras/Mogi

2º Leonardo Lopes - Clube Concórdia

3º Lucas A. Lima - Budokan Peruíbe

3º Pablo Tessarolo - Associação Yamate

Sub 18

Super Ligeiro

1º Douglas Sena - Assoc. Araçatuba

2º Marcos A. Batista Jr. - SESI - SP

3º Mike Pinheiro - São João T C

3º Bruno Watanabe - São João T C

Ligeiro

1º Rodrigo Makiyama - A. Vila Sonia

2º Guilherme Nascimento - SESI - SP

3º Eric A. Gonçalves - E C Pinheiros

3º Eduardo Nicolas Krug - Sogipa

Meio-leve

1º Caio Andreoli - E C Pinheiros

2º Caio H. Santos - Assoc. Bushido

3º Bruno Viana - Assoc. Registrense

3º Luis Felipe Zanini - Grêmio União

Leve

1º Michel Baptista - Palmeiras/Mogi

2º Hiago Del Rosso - SESI - SP

3º Bruno Loverdos - Paineiras

3º Maxwell W. Silva - SESI - SP

Meio-médio

1º Giuliano Machado Jr. - SESI - SP

2º Luis E. Ozeias - Palmeiras/Mogi

3º Lucas Lima - A. Santa Bárbara

3º Felipe Machado - Grêmio União

Médio

1º Henrique Francini - E C Pinheiros

2º Victor Luiz Correia - SESI - SP

3º Iuri Priolo Rocha - SESI - SP

3º Pedro Nomura - Rio Preto A C

Meio-pesado

1º Euler Gonçalves - SESI - SP

2º Luiz Santos - Centro Olímpico

3º Glauber Silva - Assoc. na Faixa

3º Caíque Bento - São João T C

Pesado

1º João Vitor Castro - SESI - SP

2º João M. Cesarino - Palmeiras/Mogi

3º Raul Almeida - A. D. São Caetano

3º Arthur Santana - SESI - SP

Sub 21

Super Ligeiro

1º Diego A. Rocha - SESI - SP

2º Gabriel Moreira - Palmeiras/Mogi

3º Luiz C. de Lima Jr - Tênis Clube SJC

3º Carlos Oliveira - ADC Santana Pedreira

Ligeiro

1º Vitor Hugo Delgado - Palmeiras/Mogi

2º Gustavo Quadros - Grêmio União

3º Matheus Uchoa - SESI - SP

3º Renan Puglia - Mesc São Bernardo

Meio-leve

1º Lucas Nascimento - SESI - SP

2º Yago Santos - A D Santo André

3º Guilherme Minakawa – Hebraica

3º Bruno Martins - SESI - SP

Leve

1º Willian Pereira - Paineiras

2º Lucas Monticelli - Ass. na Faixa

3º Dirceu Locatelli - Palmeiras/Mogi

3º Igor Galvão - Assoc.Kiai Kam

Meio-médio

1º Anderon Primo - Assoc. Bushido

2º Ricardo Serrão - SESI - SP

3º Jose Moraes - A D São Caetano

3º Paulo de Araujo - SESI - SP

Médio

1º Lucas Canalle - Ateneu Mansor

2º Caio Perondi - SESI - SP

3º Caio Ferreira - Grêmio Barueri

3 Lucas Samir Duran - Corpo Arte

Meio-pesado

1º Pedro Marques – F. Araraquara

2º Francisco Lima - SESI - SP

3º Kaio Gomes - AD Ateneu Mansor

3º Gustavo Vitorino - Hortolandense

Pesado

1º Luis Nunes – Pindamonhangaba

2º Leandro Morais - Ass. Kiai Kam

3º Rômulo Ferraz - São Paulo F. C.

3º Cleber Machado – A. Reg. SJC

Sênior

Super-ligeiro

1º Luiz Lima Jr - Tênis Clube S. J. C

2º Rodrigo Jacintho - Assoc. Aleixo

3º Carlos Oliveira – A. Santana Pedreira

3º Carlos Silvestre - SEMEL Francisco

Ligeiro

1º Allan Eiji Kuwabara - E C Pinheiros

2º Phelipe André Pelin - E C Pinheiros

3º Cristian Cesário - Assoc. Moacyr

3º Bruno Nascimento - Rogério Sampaio

Meio-leve

1º Lincoln M. Moreira - Palmeiras/Mogi

2º Renan Pereira - Rio Preto AC

3º Adriano Lima - Osasco/Yanaguimori

3º Fernando da Silva - Palmeiras/Mogi

Leve

1º Adriano Santos - E C Pinheiros

2º Emanoel Ferreira - E C Pinheiros

3º Willian Roberto Pereira - Paineiras

3º Eduardo Katsuhiro - A D São Caetano

Meio-médio

1º Diogo H. Coutinho - Palmeiras/Mogi

2º Leandro Ferrante - A D Ateneu Mansor

3º Murilo Trevizan - Edinho Company

3º Rubens Martins Jr- A. G. C. M. de R.C

Médio

1º Raphael Magalhães - AD São Caetano

2º Rubens Inocente - Palmeiras/Mogi

3º Vinicius Nunes - E C Pinheiros

3º Maykon Souza - Budokan Peruíbe

Meio-pesado

1º Rogério Valeriano - Associação Mauá

2º Jonas Facho - Mesc São Bernardo

3º Luis de Farias - Tênis Clube S. J. C

3º Atila Arrivabene - Palmeiras/Mogi

Pesado

1º Leandro Gonçalves - Rogério Sampaio

2º Josué Bragança Jr. - Assoc. Moacyr

3º Marcel Pavanello - Assoc. Piracicaba

3º Daniel Plácido - SESI–SP

Master 1

Ligeiro

1º Rodrigo Gonçalves - Rio Preto AC

2º Cristian Cesário - Assoc. Moacyr

3º Sidnei Lima - Ass. Alfredo Contatto

3º Francisnei Sperandio - Ass. Waza

Mais uma vez Fatima Delboni de Camargo marcou presença no pódio, e para atingir este objetivo contou com o apoio da Dragão Kimonos, Studio Garbo, Localfrio, Ebikesto-re, Grupo GIAP, Energy Sports, Laborgras, Mar a Vista, Ethosclin, Esfiha Árabe Pre-mium e Restaurante Família Dinóca.

129

Page 130: Revista Budô 9

Meio-leve

1º Filipe Terada - Assoc. Vila Sonia

2º Alexandre Martins – Bebedourense

3º Marcus H. Bastazini - Sayão F. C.

Leve

1º Rodrigo Braiani - Assoc.Kenshin

2º Danilo Pietrucci - Ass. Divinolândia

3º Tiago Watanabe - Assoc. Vila Sonia

3º Jacques Halter - Calasans Camargo

Meio-médio

1º Julio Jacopi - Mesc São Bernardo

2º Daniel Telles – Assoc. Hinode

3º Everton Ambrosio - Pirituba F C

3º Tiago A. Leite - Grêmio Barretos

Médio

1º Robson Foriato - SEMEL Francisco

2º Jose A. Barbosa - Clube Concórdia

3º Ricardo Moreira - Assoc. Unijudô

3º Willian Lima - Assoc. Catanduvense

Meio-pesado

1º Ricardo Hossepian - Palmeiras/Mogi

2º Rafael Facanali - Assoc. Shiroma

3º Romiro S. Ribeiro - São Paulo F. C.

3º Leandro Said - Judô Clube Mogi

Pesado

1º Gustavo Rodrigues - Rio Preto A. C.

2º Fabio Oliveira - Floresta A. C.

3º Marcio T. Suzuki - A. Santa Isabel

3º Alexandre de Carvalho - A. Itapira

Master 2

Ligeiro

1º Rubens Costa - SEMEL Amparo

2º Ronaldo Ribeiro - Assoc. Mauá

3º Éderson Ramos – Praia Grande

Meio-leve

1º Lucas Oliveira - Palmeiras/Mogi

2º Roberto Tanahara - Vila Carrão

3º Alvaro Borges – Calas. Camargo

3º Bruno da Silva - Assoc. Yamate

Leve

1º Milton Marques - Rio Preto AC

2º Marcio Moraes - Grêmio União

3º Ronaldo Andrade - SC Corinthians

3º Raimundo Paes - Ass. Paraense

Meio-médio

1º Stefanio Stafuzza - Rio Preto AC

2º Alex Sandro Russo - Harmonia

3º Jairo Andrade – Niitsuma & Andrade

3º Sebastião Nonato - AEP- Nissi

Médio

1º Fabio Spinoza - Primeiro de Maio

2º Ícaro A. Menezes - A. Gambatê

3º Peterson de Mello - Americana

3º Saulo Ferreira - Sam Judô Clube

Meio-pesado

1º Wilson Caldeira - Assoc. Araçatuba

2º Cleiton Chrisoste - Ribeirão Pires

3º Francisco T. Tiba - Acre Clube

3º Hideraldo Spinelli - SEMEL Amparo

Pesado

1º Leonardo A. Arashiro - Arashiro

2º Victor Pastrello - Assoc. Kenshin

3º Douglas V. da Silva - AABB

3º Junior Ribeiro - Budokan Peruíbe

Master 3

Ligeiro

1º Alexandre Nogueira - Ass. Kenshin

Meio-leve

1º Leandro Borges - Calasans Camargo

2º Edson Assakawa - Assoc. Vila Sonia

3º Fabio D. Lenci - S C Corinthians

3º Rogerio de Moraes - Jean Piaget

Leve

1º Cesar Oliveira - Assoc. Yamazaki

2º Rodrigo Motta - Assoc. Alto da Lapa

3º Jose Gonçalves - Judô Pissarra

3º Roberto Teixeira - Assoc. na Faixa

Meio-médio

1º Denison Soldani - ADREARMAS

2º Wadson Pinheiro - Butantã Budokan

3º Willian Arruda - Assoc. Kanayama

3º Alessandro Oliveira - Palmeiras/Mogi

Médio

1º Vagner V. Pereira - C. E. Penha

2º Marcelo A. Correia - Judô Makoto

3º Douglas Duarte - Assoc. Fernandes

3º Carlos A. Koloszuk - Assoc. Hinode

Meio-pesado

1º Mario R. de Marchi - Assoc. Mito

2º Uatila Ferreira - Sin. São Sebastião

3º Sergio Lex - Assoc. Alto da Lapa

3º Lairton C. Mansor - Rio Preto AC

Pesado

1º Elton Fiebig - Rio Preto AC

2º Joannis Panayotis - Ass. Moacyr

3º Antonio Tenório - Rio Preto AC

3º Leo Mansor - A D Ateneu Mansor

Master 4

Meio-leve

1º Mitsuo Tengan - S C Corinthians

2º Dalton da Silva Assoc. Kiai Kam

3º Sergio Noda - Judô Clube Mogi

Leve

1º Paulo Castelanos - Assoc. Hinode

2º Vagner Sandes - Assoc. Hinode

3º Osmar Alves - A D Santo André

3º Eduardo Vicente - Palmeiras/Mogi

Meio-médio

1º Marco A. Trinca - Palmeiras/Mogi

2º Georgton Pacheco - SESC Palmas

3º Edgar Yoshioka – Assoc. Hinode

3º Antonio Viana – Acad. Integrada

Médio

1º Ediwaldo Fazzolari - Assoc. Mito

2º Candido Assis - Assoc. Yamazaki

3º Giocondo Trinca - Judô Kimura

3º Marcos R. Pinto - Judô Pissarra

Meio-pesado

1º Acácio Lorenção - Grêmio Barueri

2º Marcos Benador - Assoc. Moacyr

3º Marco Pereira - Judô Clube Mogi

3º Sergio Coltre - SEMEL Amparo

Pesado

1º Marcelo Zanetti - Academia Heisei

2º Arnaldo Burian - Palmeiras/Mogi

3º Wilson Shinoda - Ribeirão Pires FC

3º João C. Felipe - SEMEL Amparo

Master 5

Meio-leve

1º Julio Kawakami - Palmeiras/Mogi

2º Magdiel Granado – Acad. Personal

Meio-médio

1º Mauricio Neder – Curitiba/PR

2º Nelson Grandini - Palmeiras/Mogi

3º Celso Kimura - Colégio Cermac

3º Wagner Vettorazi – General Motors

Pesado

1º João de Souza - Assoc. Moacyr

2º Dinei Coutinho - Assoc. Pessoa

3º Francisco Andrade - Osvaldo Cruz

3º Erasmo Luis Firmino - Ass. Tigre

Master 6

Meio-leve

1º Sumio Tsujimoto - E C Pinheiros

Meio-médio

1º Nelson Onmura – Taboão da Serra

2º Paulo Ferreira - Palmeiras/Mogi

3º Fernando Ferreira - Alto da Lapa

3º Artemio Caetano Filho - SESI-SP

Pesado

1º Samuel Bastos - Budokan Peruíbe

2º Niverci Ferreira - Palmeiras/Mogi

Master 7

Meio-médio

1º Irahy Tedesco - Assoc. Borges

2º Jose da Silva – Niitsuma & Andrade

3º Kiichi Watanabe - Ass. Indaiatubana

Pesado

1º Manoel Almeida - Judô Terazaki

2º Luís de Araújo - Assoc. Messias

3º Giorgio E. Buoro - Assoc. Moacyr

Page 131: Revista Budô 9

Pará Premia melhores de 2012

Belém (PA) - A Federação Paraense de Judô (FPAJU) realizou a cerimônia de premiação dos melhores atletas da temporada 2012 no dia 15 de março, no auditório do IFPA. Vários jornalistas, desportistas, dirigentes e convidados participaram do evento.

Seis categorias foram premiadas no fe-minino e no masculino. A FPAJU contemplou também os destaques do interior e do des-porto paralímpico, melhor treinador, melhor árbitro, melhor associação e árbitro revelação.

Para Eduardo Pinho, presidente da Fe-deração Paraense de Judô, a temporada passada foi muito especial. “O ano de 2012 foi especial para o judô paraense, pois con-seguimos mandar atletas para todos os cam-peonatos brasileiros e algumas competições internacionais. Conquistamos medalhas im-portantes e realizamos o Campeonato Bra-sileiro da Região I, que reuniu 600 atletas da Região Norte. Estamos conseguindo promo-ver a cada ano maior intercâmbio técnico e quem ganha com isso são os nossos atle-tas”, disse o dirigente.

Uma das grandes estrelas da noite foi a jovem Lorrany Brito Pastana, destaque na categoria sub 13 feminino, levando ainda a premiação de destaque geral de 2012 por ter conquistado o ouro no pan-americano, reali-

A Federação Paraense de Judô premiou os melhores de 2012 em todo o Estado, e o destaque especial foi Lorrany Pastana, 31 kg, da academia Veleiro,

campeã pan-americana da categoria sub 13.

Por Antônio Cícero

zado no México.O principal destaque do interior do Esta-

do foi Mayara de Oliveira da Silva, da aca-demia Rio Caeté. Por outro lado, Thiego Marques da Silva, da academia Girão, con-quistou o prêmio de destaque paralímpico.

O melhor treinador da temporada 2012 foi Alam dos Reis Saraiva, do IFPA. Já o IFPA, que tem como técnicos os senseis Alam Sa-raiva e Rosângela Ribeiro, foi eleito como a melhor associação do Estado.

A judoca Rosângela Ribeiro, 63 kg, do IFPA, foi outro destaque da noite, faturando duas premiações: uma como destaque da categoria sênior e outra no máster F1. Outro destaque da categoria máster foi Alam Sarai-va, também da IFPA.

Rosângela Ribeiro comemorou a pre-miação em duas categorias. “Fiquei feliz por ter sido destaque em duas classes diferentes - sênior e máster. Para mim isso representa o resultado de um ano produtivo e especial, que foi coroado com a conquista da medalha de bronze no Troféu Brasil.”

Na arbitragem, Oscar Bary Duarte Caranza ganhou com árbitro destaque. Já a revelação foi Tatiany Vanessa Nunes Leão. Na cerimônia, a FPAJU aproveitou para reco-nhecer o apoio dos veículos de comunicação que sempre divulgam a modalidade, como os jornais Amazônia e O Liberal, TV Record e TV RBA, além de Francileno Lima Mendes, homenageado como amigo do judô, e Ma-noel Alves, repórter do Diário do Pará.

Para Alam Saraiva as premiações ratifi-cam a força de sua equipe. “Estas premia-

Melhores do Ano

Categoria Sub 13Lorrany Brito Pastana (feminino)

Rodrigo Liebold (masculino)

Categoria Sub 15Loise Maxiene Santos dos Santos (feminino)

Ageu David Del Castillo (masculino)

Categoria Sub 17Kamille Carla Trindade Dias (feminino)

João Marcos Brandão Lourinho (masculino)

Categoria Sub 20Adriana Cardoso Angelim (feminino)

Luiz Augusto da Silva Nogueira Filho (masculino)

Categoria SêniorRosângela Maria Soares Ribeiro (feminino)

Milton Rafael Ribeiro de Miranda (masculino)

Categoria Máster Rosângela Maria Soares Ribeiro (feminino)

Alam dos Reis Saraiva (masculino)

ções representam o reconhecimento do excelente trabalho realizado durante toda a temporada. Conquistamos a maioria dos prêmios, e com mais este resultado expres-sivo nossa equipe mantém a escrita que vem desde 2007 e torna-se pentacampeã esta-dual no masculino e no feminino, do sub 13 ao máster.”

Rosângela Ribeiro exibe premiação

Lorrany Pastana recebendo premiaçãoAlam Saraiva posa com os troféus conquistados por sua equipe

131

Page 132: Revista Budô 9

KARATÊ-DÔ TRADICIONAL

Mato Grosso, o maior celeiro de campeões do

Em 2003 realizou-se mais um grande evento em Cuiabá, o Brasileirão Adulto, Júnior e Juvenil. Foram dias de disputas acirradas, grandes apresentações, e uma grande estrutura para fi car na memória de todos como um dos melhores eventos na-cionais já realizados até hoje. Foi também a despedida da dupla Rodrigo e Vilda, que fecharam com chave de ouro uma parceria de muitos anos de vitórias e glórias. Outro grande destaque foi o título de campeão no fuku-go masculino conquistado por Vladi-mir Zanca, que venceu em casa mostrando toda sua garra na luta contra Roberto Pes-tana (RJ).

No mundial realizado em 2004, em Da-vos (Suíça), houve outro grande momento de emoção para o Brasil e para Mato Gros-so. Mais uma grande conquista, quando, após dois vice-campeonatos, um em 1996 e outro em 2000, no kumitê equipe mas-culino, o Brasil conquistou o título de cam-peão mundial de kumitê equipe, ao vencer na fi nal a forte equipe da Itália, com uma equipe formada por Vladimir Zanca, Ricar-do Buzzi, Vinícius Santanna e Clóvis Ra-vagnani. Foi histórico e emocionante.

Em 2006 veio outro grande título para Zanca, para Mato Grosso e para o Brasil. No mundial realizado em Saskatoon, no Canadá, com a fama do karatê brasileiro, dois países desistiram de disputar o kumitê equipe, restando apenas nas eliminatórias a equipe da Alemanha. E o Brasil passou fácil. Na fi nal repetiu-se o Brasil x Itália de 2004, e na na prorrogação desempa-tou com waza-ari de Ronaldier Rodrigues. Além dele a equipe contava com Vladimir Zanca, Ricardo Buzzi e Vinícius Santana. Era o bicampeonato de uma equipe que fi rmava o kumitê do Brasil como um dos melhores do mundo.

Pódio Mundial Itália/2010 - kata individual feminino – Adairce (bra) 3º lugar

Fotos FKTMT/JHS

Seleção mato-grossense - 21 vezes consecutivas campeã brasileira júnior/juvenil e 16 vezes campeã brasileira adulto

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Page 133: Revista Budô 9

Delegação De Mt – Brasileirão São Paulo/SP – 1992

Pódio Mundial Brasil/2010 – kumitê equipe masculino – Thiago, Vinícius, Buzzi e Vina (bra) – campeõesPódio Mundial Brasil/96 - en-bu misto - Rodrigo e Vilda (bra) 2º lugar

Em 2009 um feito até então inédito para o karatê-dô tradicional de MT se re-petiria por mais duas vezes em anos pos-teriores. O título de campeão brasileiro de kumitê equipe masculino veio com a time renovado formado por Thiago Lima, Viní-cius Moreno, Gilberto Sales e Rony Maik. No ano seguinte Mato Grosso defendeu o título, sendo bicampeão vencendo o Para-ná, só que no lugar de Rony Maik entrou Kleyber Moreno. Em 2011 Mato Grosso ficou com o bronze e, em 2012, Marcos Henrique de Amorim entrou para a equi-pe e MT voltou a conquistar o título, sa-grando-se tricampeão brasileiro de kumitê equipe,

Ainda em 2009, Cuiabá sediou mais um grande evento, desta vez de cunho in-ternacional, que reuniu o 15º Campeonato Pan-Americano de Karatê-Dô Tradicional e o 2º Torneio Internacional Interclubes nas categorias júnior, juvenil, adulto, servindo de modelo para a implantação dessas ca-tegorias de base nos mundiais. Este evento foi considerado o melhor campeonato pan--americano realizado até hoje, sendo orga-nizado somente em quatro meses, após a desistência da Argentina, que seria o país sede, mas não pôde realizá-lo. Mato Gros-so, sob o comando do sensei José Hum-berto, conseguiu realizar este evento con-tinental com êxito, tendo apoio do governo do Estado de Mato Grosso e da Assembleia Legislativa, além de vários segmentos da sociedade cuiabana e mato-grossense.

Na seleção brasileira houve a estreia do sensei Nelson Santi, como técnico, que comandou a seleção de forma primorosa, atingindo o melhor índice técnico em pan--americanos até hoje. O Brasil conquistou 90% das categorias que disputou. Um recorde. Entre as categorias disputadas pelos mato-grossenses, destaque para o título inédito de Rodrigo Lúcio de Souza, campeão de kata individual masculino. Até então nenhum brasileiro havia conquistado

esse título no tradicional, Vladimir Zanca ficou em 3º no kata e no fuku-go. Houve também o já mencionado título de fuku--go masculino de Thiago de Lima Antônio. Adairce Castanhetti manteve a hegemonia no kata individual e venceu novamente, além de kata equipe feminino com Arlene Benedita e Caroline Laura. A dupla de en--bu misto Rodrigo e Caroline Laura obteve mais uma vitória expressiva, enquanto os estreantes Bruno Siqueira e Wender Ama-rante garantiram o ouro no en-bu mascu-lino. Rodrigo e Thiago ainda venceram no kata por equipe masculino em parceira com Jardson (AC). Tivemos ainda o títu-lo de campeão pan-americano de kumitê equipe com Vinícius Moreno, acompanha-do por Ricardo Buzzi, Alexsandro Jobson e Helton Aragão.

O ano de 2010 também foi marcado pela conquista do título de campeão de kumitê individual da série A do Brasileiro em Goiânia (GO), quando Vladimir Zanca retornou ao lugar mais alto do pódio na modalidade, após a conquista de 1996.

Em 2010 foram realizados no Bra-sil, mais precisamente em Curitiba, o 16º Campeonato Mundial e o 3º Torneio Inter-nacional Interclubes. Foi considerado um dos melhores mundiais realizados até hoje, pela organização, participação, estrutura e até transmissão ao vivo em canal de TV por assinatura. Este evento pôde contar com a expressiva presença da seleção brasileira, que em 2008 não havia participado com uma delegação muito forte por falta de patrocínio (somente oito atletas brasileiros foram ao mundial realizado na Lituânia). Zanca ficou em 4º no Kata Equipe Mascu-lino com Buzzi e Vinicius Santana.

No Brasil foi diferente, e a equipe verde e amarela foi a maior de todos os tempos. Com o retorno do sensei Watanabe ao co-mando da seleção brasileira e de Nelson Santi, agora como coordenador geral de seleções, os brasileiros puderam juntar forças para formar uma equipe vencedora. E com isso o Brasil obteve um resultado extremamente satisfatório e vários títulos vieram. Após uma eliminatória tensa no

133

Page 134: Revista Budô 9

kumitê equipe masculino, con-tra Portugal e depois contra a rival Polônia, que sempre reen-contra o Brasil nas semifinais, a seleção brasileira chegou mais uma vez à final, quando enfrentou a Itália. E graças a um wazari e um hansoku, na luta de Ricardo Buzzi contra Baccilega, o Brasil conquistou o tricampeonato mundial no kumitê equipe. Esse time foi formado pelos dois mato-gros-senses Thiago de Lima Antônio e Vinícius José Moreno Silva, além dos paranaenses Ricardo Buzzi e Vinicius Santana. Além deste título importantíssimo, o Brasil ficou com o bronze no fuku-go masculino, com Ro-drigo Lúcio de Souza, que ain-da faturou o bronze no en-bu misto com Adairce Castanhetti. Além desta medalha, Adairce ficou com bronze no kata equipe com Lélia Batista e Giordana de Souza.

O último pan-americano, realizado no Chile em 2011, foi a consagração de vários atletas e alguns deles da nova geração. Adairce Castanhetti foi octacampeã pan--americana, vencendo mais uma vez no kata individual e no kata equipe, ao lado de Arlene Amarante e Wildlayne Amaran-te que também despontou como grande destaque no kata individual. Vladimir Zan-ca ficou com o bronze no fuku-go masculi-no. Vinícius Moreno foi o grande campeão de kumitê individual masculino e o grande destaque de Mato Grosso na competição

continental, ao lado de Adairce, pois ven-ceu uma difícil semifinal com o experiente brasileiro Jayme Sandall, que lhe garantiu uma final bem mais tranquila.

Em 2011 houve o campeonato brasi-leiro em Joinville (SC), no qual o atleta Ro-drigo Souza foi campeão em cinco cate-gorias: fuku-go masculino, kata individual, en-bu masculino, en-bu misto, kata equipe e mais um bronze no kumitê equipe. Nes-se mesmo ano ele foi convocado para dis-putar a Copa do Mundo (World Cup) em Gdynia, na Polônia, e ficou em 5º lugar na classificação geral.

Já no brasileirão realizado em 2012, em Fortaleza (CE), Mato Grosso pôde re-afirmar seu favoritismo em todas as cate-

gorias, desde o infantil até o adulto. O time mato-grossense sagrou-se campeão geral pela 21ª vez no infanto-juvenil e pela 16ª vez no adulto.

Nesse mesmo ano houve o 16º Cam-peonato Mundial e o grande destaque brasileiro ficou por conta da categoria ju-venil (16-17 anos). Estreando no evento, dois mato-grossenses e um paranaense trouxeram os títulos de campões mun-diais para o Brasil. Luckas Silvéster (MT) conquistou três medalhas de ouro num só evento, feito inédito para o Brasil. Luckas foi campeão no fuku-go masculino, en-bu masculino e kata equipe, igualando-se em quantidade de títulos ao seu conterrâneo Vladimir Zanca. Outro grande destaque

mato-grossense na Polônia foi Jesse Parente, que ar-rebatou dois ouros, sendo um no kata equipe e outro no en-bu masculino. Lucas Erbano, do Paraná, con-quistou um ouro no kata equipe e um bronze no en--bu misto.

Vários atletas mato--grossenses marcaram presença no pódio na Po-lônia, entre eles Vinícius Moreno, prata no kumitê equipe após disputar final eletrizante com um atleta polonês. As estreantes que marcaram presença no pó-dio do kata equipe feminino e ficaram com o bronze são Wildlayne Amarante, Naya-ra Amarante e Lauriany Ka-rine, que mostraram a força da nova geração. Adairce

Seleção Brasileira 1998 – Varsóvia/Polônia

Delegação Do Chile – Vice-Campeã Do Torneio Amistoso Internacional Cuiabá/Brasil 2012

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Castanhetti ficou com o 4º lugar no kata individual feminino. Rodrigo e Wender fica-ram em 4º no en-bu masculino, e disputa-ram ainda o kata equipe masculino, com Thiago Lima, ficando em 5º lugar.

Estadual e Torneio Amistoso Internacional

Tradicionalmente, dezembro é mar-cado por dois grandes eventos no ca-lendário mato-grossense do karatê-dô tradicional. Podemos dizer nos níveis re-gional, nacional e internacional. O Cam-peonato Estadual (que está em sua 23ª edição) reúne atletas de todo o Estado e o Torneio Amistoso Internacional cresce a cada ano, estando aberto à participa-ção de atletas filiados à CBKT e à ITKF de todo o Brasil e do mundo. Trata-se de uma disputa em que todos os parti-cipantes recebem premiação, como um festival.

As chaves do internacional são mon-tadas de acordo com o número de parti-cipantes, por isso é solicitado que todas as equipes enviem com antecedência a relação detalhada de atletas. Sendo as-sim, a organização pode sempre montar chaves de acordo com a graduação e premiações de até no máximo seis colo-cações, individuais e por equipe. Temos as mesmas modalidades individuais dos eventos oficiais: kata, kumite e, quan-do houver demanda, fuku-go e kata por equipe, kumite equipe e en-bu.

Em 2012 tivemos a participação ma-ciça da delegação do Chile, comandada pela sensei Verônica Mora. O sensei Ri-chard, da Venezuela, participou do curso de arbitragem e atuou no evento, assim como seus alunos.

No caso da seletiva nacional, são escolhidos os campeões do estadual para disputar as categorias propostas no internacional. Caso venham atletas de outros Estados, como já aconteceu em edições anteriores, com a participação de Goiás e São Paulo, entre outros, há uma eliminatória nacional antes da final internacional com os convidados de ou-tros países, fazendo justiça àqueles que vieram de tão longe para prestigiar o evento.

São oferecidos ainda passeios turísti-cos aos participantes do evento (visitan-tes do exterior ou que não são de MT) para que possam conhecer as belezas naturais do Estado.

Em 2013 a FKTMT pretende organi-zar um evento ainda maior, com a pre-sença de mais países. Lembramos que a participação é aberta a todas as asso-

ciações filiadas à CBKT e à ITKF, sendo mais uma grande opção de evento den-tro do calendário do karatê-dô tradicio-nal de fim de ano.

Próximos desafios

Para a próxima temporada está sen-do focada a preparação para o brasileirão 2013, que se realizará no Rio Grande do Sul em setembro, e para o pan-americano que haverá na Argentina em novembro.

Hoje Mato Grosso conta com uma equipe vencedora, que mantém um pro-jeto definido em nível de esporte de ren-dimento. Tudo isso fundamentado numa base sólida que vem sendo construída há mais de duas décadas pelo sensei José Humberto e sua equipe. Anualmente eles

conseguem formar atletas de ponta para grandes disputas nacionais e internacio-nais, mantendo sempre o time pronto e em condições de disputa, o que é mais importante e difícil.

Para o sensei Rodrigo Lúcio, diretor de arbitragem da FKTMT, o principal é man-ter a chama acesa. “O mais importante em uma arte marcial, e em especial no karatê, é lembrar e vivenciar os princípios ensinados pelo mestre Funakoshi, e man-ter sempre a chama acesa. Não podemos deixar apagar a chama que nos impulsiona a seguir adiante, mesmo que às vezes te-nhamos de deixá-la em fogo baixo. Seja ela um pequeno fagulho ou uma enorme fogueira incandescente, haja o que houver não podemos deixar que ela se apague, jamais.”

Delegação De Mt Com Sensei José Humberto A Frente – Brasileiro Júnior/Juvenil – Cuiabá/MT – 1995

Seleção Brasileira 2004 – Davos/Suíça

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MASAHIKO MORISão Paulo perde outra referência

KODANSHA EM FOCO

Nascido em 6 de janeiro de 1941, em Araçatuba, Masahiko Mori dedicou sua vida ao judô. Filho de Massao Mori e Yuki Mori, que nasceram em Gumma-shima Ken, Hokkaido, no Japão, Mori praticamente nasceu em um dojô. Mas só deu os primeiros passos nos tatamis em 1948, quando seu pai fundou o Judô Clube Araça-tuba Mori.

Nos tatamis destacou-se pela grande habilidade, e nesse con-texto compunham seu tokui-waza o tai-otoshi e o uchi-mata. Com-petiu até entrar para o Exército brasileiro em Alta Vista, na fronteira de Mato Grosso com a Bolívia. Quando retornou, em 1962, passou a auxiliar o sensei Massao no dojô da família.

Cursou a Faculdade de Educação Física em Araçatuba, mas não chegou a concluir o curso. Posteriormente casou com Taeko Mori, com quem teve os fi lhos Luci Yukie Mori e Flávio Yukio Mori, que praticou judô federativo até os 17 anos, quando ingressou na Faculdade de Medicina de Botucatu, mas defendeu sua instituição de ensino nos Jogos Universitários, até formar-se em 1991.

Desde 1970 sensei Mori fez parte da diretoria da 5ª Delegacia Regional, até que em 1977 assumiu a administração da entidade. Sistemático, discreto e de poucas palavras, sensei Mori brincava pouco, buscava estar sempre muito bem informado e fazia questão de manter a delegacia com muita qualidade.

Concomitantemente à delegacia mantinha seu dojô, o Judô Clube Araçatuba Mori, que herdou de seu pai. Também ministrou aulas de judô em escolas e clubes da cidade. O judô foi sua vida, porém seu trabalho no dojô não visava apenas a forjar judocas campeões, mas formar cidadãos com caráter e valores dignos para se destacarem pessoal e profi ssionalmente.

Entre os judocas formados por ele fi guram Mário Lívio Frioli, Antônio J. Lenarduzzi, Milton Gottardi Abujamra, Omar Miquinioty Jr., Marinho Esteves e Vítor Guarinon.

Focado no desenvolvimento da modalidade, atuou também na organização e consolidação do judô em toda a região Noroeste de São Paulo, por intermédio de sua delegacia regional.

Para seu fi lho Flávio Mori, o que mais o agradava no judô era a possibilidade de formar bons cidadãos. “O que meu pai mais gos-tava no judô era que a sua prática podia contribuir na formação de inúmeros indivíduos oriundos dos mais diferentes segmentos da so-ciedade, baseados sempre nos fundamentos do judô. Ele sempre dizia que a competição existe como um meio e não um fi m.

Segundo Flávio Mori seu pai primou sempre pela formação. “O sensei Mori tinha um perfi l eminentemente formador. Este foi sem-pre seu grande objetivo. Preparava seus alunos para serem grandes vencedores na vida, mas focados na ética e com valores nobres.”

Em sua avaliação fi nal sobre a obra e a trajetória de seu pai, Flávio Mori traçou o perfi l claro de um judoca que assimilou a essência dos princípios criados por Jigoro Kano. “Como pai ele foi um grande amigo, que me mostrou o verdadeiro caminho da

vida, apoiando-me em todas as grandes fases, principalmente nas mais difíceis. Como professor me ensinou que, por melhor que alguém seja ou se torne, nunca deve desgarrar-se da sim-plicidade e da humildade. Como dirigente acredito que à sua maneira, sem formação específi ca, mas com sinceridade, humil-dade e um trabalho árduo e desprovido de vaidades, ele contri-buiu muito para o desenvolvimento do judô em nossa região e também no Estado de São Paulo.”

Dirigentes exaltam integridade do amigo Mori

Wilmar Terumiti Shiraga, delegado da 5ª Delegacia Regional No-roeste, destacou a retidão de Masahiko Mori. “Antes de suceder

Por Paulo PintoFotos Arquivo

O mês de fevereiro trouxe luto para o judô paulista, que perdeu mais uma referência ética e moral na condução da modalidade, quando no dia 11 faleceu o

sensei Masahiko Mori, kodansha 7º dan, que durante 30 anos esteve no comando da 5ª Delegacia Regional Noroeste.

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Por Matheus LuizFotos Revista Budô

o sensei Mori, o auxiliei por quatro anos, e acabei assumindo a delegacia quando ele teve um problema de saúde. Como professor sempre foi muito educado e preocupado com a formação do ho-mem. Como delegado foi sempre muito correto, íntegro, rigoroso e cumpridor de suas obrigações.”

Shiraga lembrou outras virtudes do amigo. “Ele era muito since-ro, procurava atender a todos com extrema humildade. Foi defensor do judô essência, e seu comprometimento com o judô era total. Sou muito grato pela confiança que sempre me dedicou e pela oportunidade que me deu de assumir a 5ª delegacia. Não posso deixar de homenagear sua esposa, dona Taeko, pela dedicação e auxílio ao sensei, quando ele estava à frente da delegacia e também na fase final de sua vida. Meus sentimentos aos familiares: dona Taeko Mori, Flávio Yukio Mori e Luci Yukie Mori.”

Alessandro Puglia, presidente da Federação Paulista de Judô, lembrou que sensei Mori pontuou sua vida no judô. “Sentimos mui-to a perda do sensei Mori, já que foi uma pessoa que representou muito bem o judô em toda a Região Noroeste do Estado de São Paulo. Ingressou no judô por meio de sua família, e formou grandes atletas que, mesmo não competindo mais, estão sempre presentes na região de Araçatuba. Ele foi um dos maiores responsáveis pela difusão do judô naquela região. Tive o prazer de conhecê-lo pesso-almente porque morei um tempo em Birigui e treinava em seu dojô. Foi uma pessoa muito dedicada, que pontuou sua vida no judô. Participamos de sua missa de sétimo dia e vimos que a comuni-dade do judô da região não o esqueceu, e que será sempre uma referência no judô de toda a região.”

Em sua avaliação do amigo e colega de gestão, Francisco de Carvalho Filho, vice-presidente da Confederação Brasileira de Judô, disse que Masahiko Mori foi um homem exemplar. “O sensei Mori já veio de uma família de judocas, e culturalmente sempre esteve inserido no judô por intermédio da família. Herdou e expandiu o legado deixado por seu pai e o defino como um homem exemplar.”

O dirigente enfatizou a dedicação do dirigente do interior. ”Para fazer uma definição adequada e abrangente do sensei Mori preciso responder em etapas. Como judoca ele foi um sujeito exemplar, que deu o seu melhor para nossa modalidade. É uma pessoa que reve-rencio como atleta, judoca, professor e como cultivador do judô, ou melhor, ele foi um produtor do judô, já que uma coisa é produto e outra é produtor. Se você pegar o curriculum do sensei Umakake-ba, não vai encontrar grandes títulos, mas ele é um grande produtor de talentos, e o Mori foi um produtor que fez muitos atletas bons em sua região. Como dirigente sempre ajudou a federação, e às vezes bem mais do que podia. Estava sempre pronto a ajudar, e foi um dirigente que tocou sua delegacia com o coração. Nunca teve alguma vantagem na FPJ, nunca pediu benefícios e nunca viajou às custas da federação. Sempre viveu tranquilo em Araçatuba, tocan-do sua vida e sua escola de judô. É uma pessoa a quem o judô do Estado de São Paulo deve muito, por tudo que criou e fomentou para a modalidade em toda a região. Acima de tudo é um judoca ao qual dedico profunda admiração, carinho e respeito, pelo trabalho e pelo dirigente que foi na Federação Paulista de Judô, finalizou Francisco de Carvalho.”

A competição existe como um meio e não um fim.”

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São Paulo (SP) - Em grande evento realizado na sede social do Palestra Itália, foi inaugurado no dia 25 de fevereiro o novo Centro de Excelência Técnica de Judô da Sociedade Esportiva Palmeiras, o Dojô Mestre Zaqueu Rodrigues do Nascimento, em homenagem ao fundador do judô alviverde, em 1968, ao lado do mestre Nakano. Apresentado pelo diretor de judô do clube, Ed-son Puglia, o evento homenageou também numerosos mestres e parceiros da modalidade.

O diretor de esportes olímpicos, Ronaldo Faria, cortou a fita simbólica de inauguração dos novos tatamis, acompanhado do também diretor Osimar Morais. O judô palmeirense comemorou também uma marca histórica: 1.250 dias de invencibilidade em campeonatos gerais por pontos, em âmbito nacional, desde a categoria sub 11 até a sênior.

“O judô do Palmeiras, com a história vitoriosa que tem des-de a sua fundação, merecia um dojô dessa qualidade. Foi com muito esforço nosso e da diretoria que pudemos proporcionar ao atleta um centro de treinamento como este. São atletas da seleção de base, que vão para o ciclo olímpico e precisam de estrutura. O Palmeiras está de parabéns, é muito merecido”, dis-se Edson Puglia.

Um grande pôster também presta homenagem ao mestre Zaqueu, entre outros membros do judô e da atual diretoria exe-cutiva do Palmeiras. Henrique Guimarães, coordenador do judô alviverde e medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos de Atlan-ta, em 1996, torce para que novos medalhistas olímpicos e pan--americanos possam surgir no Palmeiras pelos próximos anos.

Palmeiras inaugura centro de

treinamento Por Daniel RomeuFotos Revista Budô

“O dojô faz jus a toda a história e a grandeza que o judô tem no clube, é um dos espaços mais modernos do Brasil. O judô do Palmeiras é muito vencedor, e agora é só dar continuidade ao trabalho para, quem sabe, formar mais medalhistas olímpicos”, declarou Henrique.

Atletas de destaque e dirigentes participaram da cerimônia que apresentou um dos mais modernos e bem equipados dojôs do Brasil.

Na cerimônia foram premiados todos que contribuíram para a história do judô palmeirense. Entre eles destacamos: Francisco de Carvalho, vice-presidente da CBJ; Alessandro Puglia, pre-sidente da FPJ; Ronaldo Faria, diretor de esportes olímpicos; Hugo Oyama, membro da equipe olímpica de tênis de mesa; Ronaldo Faria, diretor de esportes olímpicos; Osimar Moraes, diretor do departamento social; Paulo Buosi, diretor de coorde-nadoria; Gilson Marques, diretor de segurança da SEP; Massao Shinohara, kodansha 9º dan; Fernando Ikeda, diretor de oficiais de mesa da FPJ; Akira Yamamoto, ex-professor do Palmeiras; Davi Trinca, ex-professor do Palmeiras; Marcos Trinca, campeão mundial máster em 2012; Dayvid Alves, secretário de esportes de Mairiporã; Marco Aurélio Bertaiolli, prefeito de Mogi das Cru-zes; Nilo Guimarães, secretário municipal de Esporte e Lazer de Mogi das Cruzes; Marcos Teixeira, da Probiótica; Antônio Dias, diretor executivo da Kimonos Shihan; Isabela Silvestrini, atleta do Palmeiras; Gaspar Puglia, conselheiro vitalício do Palmeiras; An-dré Sá, representante do departamento de obras da SEP; Carla Barbosa, atleta do Palmeiras; Makoto e Martinho, ex-atletas da

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SEP; Nelson Onmura e Luiz Onmura, ex-atletas olímpicos do clube; Rubens Pereira, diretor da Associação Colossus de Judô; e Gilberto Freitas, diretor da Academia de Judô Piçarras.

Mas o grande homenageado da noite foi o sensei Zaqueu Rodrigues que, junto com o mestre Nakano, fundou em 1968 o departamento de judô do Palmeiras e emprestou seu nome para o centro de excelência, que a ver a surpresa que haviam lhe preparado ficou muito emocionado.

O diretor de judô do palestra agradeceu o apoio de sua dire-toria. “O judô alviverde tem uma história que começou há muito tempo. História vencedora, que hoje materializa nosso sonho de possuir o mais moderno centro de treinamento do Brasil. Agra-deço o apoio de nossa diretoria, que sempre acreditou e segue acreditando na força do trabalho que desenvolvemos aqui.”

O dirigente palmeirense finalizou agradecendo a parceira feita com a Federação Paulista de Judô, em cujas instalações toda a equipe palmeirense treinou no período em que a dojô estava sendo reconstruído. “Agradeço de coração o apoio que a FPJ nos deu. Foram dois anos e meio treinando diariamente no CAT da FPJ, e sem este apoio nossa equipe teria sido muito prejudicada.”

Kodanshas e homenageados no Centro de Excelência Técnica do verdão

Ronaldo Faria cortando a fita do novo dojô palmeirense

Os kodanshas presentes no lançamento do dojô Francisco de Carvalho e Hugo Oyama

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Curitiba (PR) - A Federação Paranaen-se de Judô (FPrJ) realizou a seletiva anual estadual classifi catória para o Campeona-to Brasileiro da Região V, disputado pelas seleções de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo e Paraná.

A disputa ocorreu no dia 23 de mar-ço, nas dependências do Centro Esporti-vo Bagozzi, em Curitiba, e contou com a participação de 486 atletas vindos de as-sociações, clubes e escolas de judô per-tencentes às cinco delegacias regionais do Estado.

Os melhores atletas paranaenses da atualidade brigaram para conquistar uma vaga no Brasileiro Regional, competição classifi catória para campeonato nacional de todas as categorias, que se realizará de 19 a 21 de abril, em Porto Alegre (RS).

Atuaram na competição 52 árbitros, e pela segunda vez o Paraná realizou um evento com as novas regras da Federação Internacional de Judô (FIJ).

Para Luiz Iwashita, presidente da FPrJ, a seletiva apresentou este ano um nível muito mais elevado. “Vamos a Porto Ale-gre com um time bastante aguerrido, pois esta foi a tônica da competição. Sem dúvi-da o Paraná trará muitas medalhas, já que o nível técnico da equipe este ano subiu consideravelmente.”

SELETIVA PARANAENSEDEFINE EQUIPE QUE DISPUTARÁ O BRASILEIRO DA REGIÃO V

Por Paulo PintoFotos Felipe Medeiros

Daniel atendendo no stand da Yama

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Na avaliação do professor José Luís Lemanczuk Júnior, coordenador do de-partamento estadual de seleções, o time paranaense saiu bastante fortalecido da seletiva estadual. “Vimos hoje um equilí-brio muito grande entre as categorias me-nores que vão a Porto Alegre. Esperamos conquistar muitas medalhas e promover um grande intercâmbio com os demais Estados da Região V.”

Arbitragem apresenta bom desempenho

Apesar do pouco tempo e prática, Edilson Hobold classificou a atuação dos árbitros paranaenses como positiva. “Tra-balhamos com seis áreas de competição e mais de 50 árbitros atuaram na seletiva. A grande maioria deles já de nível nacional e internacional. Apesar de ser a segunda competição em nosso Estado com as no-vas regras, avalio o desempenho destes árbitros de forma positiva, pois mostra-ram ótima adaptação e corresponderam ao esperado. Por ser uma equipe bem experiente, não observamos pontos fra-cos em nenhuma das mudanças especí-ficas. Apenas pequenos ajustes ainda se tornam necessários, mas isto certamente virá com o tempo.”

O coordenador estadual de arbitra-gem enfatizou o uso do ponto eletrônico. “Adotamos o uso do sistema de ponto eletrônico e observamos grande facilidade

Edilson Hobold com os filhos Gabriel, Ariane e Ana LuízaLuiz Iwashita discursa na abertura do evento

Lemanczuk passando coordenadas

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na comunicação entre o árbitro que con-duz a luta e os árbitros do vídeo retardo. Esta nova estrutura é muito interessante, pois a atuação dos árbitros do vídeo re-tardo é a mesma dos antigos árbitros late-rais, com a vantagem de verem a mesma situação em duas ou mais oportunidades, no momento da ação e logo em seguida no vídeo. A comunicação entre os dois árbitros do vídeo é imediata e eles tomam decisão rapidamente. Em caso de discor-dância com o árbitro principal, manifes-tam sua opinião imediatamente, ou seja, hoje é muito mais difícil de ocorrerem si-tuações que antes passavam desperce-bidas pelos três árbitros. Outro ponto im-portante é que, além destes três árbitros atuando em cada luta, tínhamos mais um membro do Conselho Estadual de Arbitra-gem em cada área, supervisionando todo este trabalho e intervindo imediatamente em caso de necessidade.”

Edilson fi nalizou afi rmando que o novo formato na arbitragem diminui consideravelmente a margem de erro. “Toda esta estrutura tecnológica facilita muito o trabalho da arbitragem e, do meu ponto de vista, em situações de punição ou de pontuação acredito que os erros de arbitragem foram signifi cativamente reduzidos. Tenho a fi rme convicção de que em cada luta venceu realmente o melhor atleta.”

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Page 143: Revista Budô 9

Sênior Feminino

Super-Ligeiro -44kg

1º. Thais Travain - Paranavaí

2º. Luciana Bereza – Tonietto

Ligeiro -48kg

1º. Mirelly Santos - Prosport

Meio-Leve -52kg

1º. Suellen Senna - Morgenau

2º. Thais Oliveira - Tonietto

3º. Viviane Ferreira - Hobby Sport

4º. Joceli P. Lima - Palmeira

Leve -57kg

1º. Ariane Pichoz - Guairaca

2º. Andressa Oliveira - Iwashita

3º. Andreia Becker - Schmidtke

Meio-Médio -63kg

1º. Letícia Sakiyama - Juventus

2º. Thaise Martins - Superação

Médio -70kg

1º. Débora Silva - Amcf

2º. Raissa Cury - Amcf

Meio-Pesado -78kg

1º. Mychellen Silva – Araucária

Pesado +78kg

1º. Mayara Oishi - Nintai

2º. Rafaela Franchini - Amcf

3º. Sionara Moraes – Sionara

Sênior Masculino

Super-Ligeiro -55kg

1º. Paulo Batista - Cor. Procópio

2º. Davi Taura - Cssex

3º. Daniel Bispo - Paranavai

4º. Rodielson Faria - Tonietto

Ligeiro -60kg

1º. Guilherme Coelho - Iwashita

2º. Cassio Paris - Guairaca

3º. Douglas Josefi - Laranjeiras

4º. Eutimio Deusdiante - Araucaria

Meio-Leve -66kg

1º. Pedro Tonello - Afi j

2º. Igor Bueno Santos - Nintai

3º. Renan Michalowski - Marista

4º. Luiz Barros - Santa Monica

Leve -73kg

1º. Eduardo Russo - Alj

2º. Luiz Ribas - Marista

3º. Thiago Correa - Iwashita

4º. Jean Marchese - Canadá

Meio-Médio -81kg

1º. Mauricio Neder - Nintai

2º. Ademir Rickli - Afi j

3º. Juan Silva - Prosport

4º. Carlos E Silva - Santa Monica

Médio -90kg

1º. Rodrigo Neca - Juventus

2º. Fernando Ogata - Hobby Sport

3º. Renato Constantino - Amcf

4º. Luiz Muller - Paraná Clube

Meio-Pesado -100kg

1º. Brunno Ferreira - Iwashita

2º. Felipe Brito - Morgenau

3º. Vanderlei Cardoso - Palmeira

4º. Gilberto Godar - Godar

Pesado +100kg

1º. Robson Vieira - Parana Clube

2º. Carlos Volochati - Guarapuava

3º. Rodrigo Torres - Bom Jesus

4º. Washington Cruz - Canadá

Sub 21 Feminino

Super-Ligeiro -44kg

1º. Tainara Costa - Tonietto

2º. Thais Travain - Paranavaí

Ligeiro -48kg

1º. Ana Ferreira - Tonietto

2º. Jessica Lopes - Tonietto

Meio-Leve -52kg

1º. Thais Oliveira - Tonietto

2º. Lais Carvalho - Juventus

3º. Cristye Boas - Kawazoe

4º. Uliana Kachenski - Tonietto

Leve -57kg

1º. Bruna Nesi - Tonietto

2º. Jéssica Rocha - Juventus

3º. Andreia Becker - Schmidtke

Meio-Médio, -63kg

1º. Letícia Sakiyama - Juventus

2º. Jacqueline Silva - Araucária

3º. Isabely Gomes - Canadá

Médio, -70kg

1º. Fernanda Mazaia - Amcf

2º. Débora Silva - Amcf

3º. Raissa Cury - Amcf

4º. Mychaellen Silva - Araucária

Meio-Pesado -78kg

1º. Alexia Lima - Guairaca

2º. Camilla Pedroso - Alj

3º. Mychellen Silva - Araucária

4º. Amanda Batista - Juventus

Sub 21 Masculino

Super-Ligeiro -55kg

1º. Felipe Soares - Tonietto

2º. Guilherme Neder - Nintai

3º. Paulo Batista - Cor. Procópio

4º. Arthur Correia - Hobby Sport

Ligeiro -60kg

1º. Marlon Kurosawa - Canadá

Resultado Individual

143

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2º. Douglas Josefi - Laranjeiras

3º. Murilo Santos - Kussumoto

4º. Caio Ogawa - Kawazoe

Meio-Leve -66kg

1º. Victor Luvizotto - Morgenau

2º. Andre Josefi - Laranjeiras

3º. Igor Bueno - Nintai

4º. Matheus Assis - Amcf

Leve -73kg

1º. Bernardo Dallagassa - Nintai

2º. Murilo Vasconcelos - Morgenau

3º. Felipe Libório - Afij

4º. Lucas Santos - Hobby Sport

Meio-Médio -81kg

1º. Arthur Oliveira - Lemanczuk

2º. Jean Santos - Guairaca

3º. Yuri R. Dias - Nintai

Médio -90kg

1º. João Pires - Nintai

2º. Fernando Ogata - Hobby Sport

3º. Paulo Mercedes - Cianortense

4º. Jonatas Shikay - Cianortense

Meio-Pesado -100kg

1º. Bruno Ogata - Hobby Sport

2º. Rapahel Miamoto - Bom Jesus

Pesado +100kg

1º. Henry Oliveira - Morgenau

2º. Luiz Honesko - Palmeira

Sub 18 Feminino

Super-Ligeiro -40kg

1º. Tainara Costa - Tonietto

2º. Lívia Kawazoe - Kawazoe

Ligeiro -44kg

1º. Gabriela Caposse - Hobby Sport

2º. Jessica Santos - Guarapuava

3º. Andressa Gobeti - Godar

Meio-Leve -48kg

1º. Kathleen Silva - Guarapuava

2º. Ana Ferreira - Tonietto

3º. Fernanda Jacoboski - Guarapuava

4º. Luana Lima - Guarapuava

Leve -52kg

1º. Lais Carvalho - Juventus

2º. Martinelli Lima - Araucária

3º. Ellen Vorpagel - Fujiyama

4º. Juliana Kachenski - Tonietto

Meio-Médio -57kg

1º. Bruna Nesi - Tonietto

2º. Camilla Deusdiante - Araucária

3º. Clarice Araujo - Afij

4º. Sandy Rocha - Marista

Médio -63kg

1º.Naomy Paes - Tonietto

2º. Katiele Oliveira - Guarapuava

3º. Natalia Silva - Alj

4º. Isabely Gomes - Canadá

Meio-Pesado -70kg

1º. Viviane Donomai - Juventus

2º. Haydée Soares - Juventus

3º. Fernanda Mazaia - Amcf

4º. Gabriele Ramos - Morgenau

Pesado +70kg

1º. Anny Ribeiro - Procopense

2º. Amanda Batista - Juventus

3º. Ana Marchiotto - Hobby Sport

4º. Leticia Santos - Cssex

Sub 18 Masculino

Super-Ligeiro -50kg

1º. Lucas Benck - Kawazoe

2º. Breno Kawazoe - Kawazoe

3º. Hugo Carvalho - Amcf

4º. Gabriel Costa - Lemanczuk

Ligeiro -55kg

1º. Victor Kaminari - Bom Jesus

2º. Tales Y O Kawazoe - Kawazoe

3º. Guilherme M Neder - Nintai

4º. Christopher Vieira - Tonietto

Meio-Leve -60kg

1º. Caio Ogawa - Kawazoe

2º. Matheus Ribeiro - Nintai

3º. Kenzo Fujisaki - Imk

4º. Obner Junior - Hobby Sport

Leve -66kg

1º. Andre Josefi - Laranjeiras

2º. Lucas Lupatini - Juventus

3º. Dhenyel Batista - Lemanczuk

4º. Lucas Ogawa - Kawazoe

Meio-Médio -73kg

1º. Jullyan Ferreira - Bom Jesus

2º. Matheus Campos - Nintai

3º. Ireno Santos - Superaçao

4º. Ricardo Junior - Cssex

Médio -81kg

1º. Rodrigo Vasconcellos - Morgenau

2º. Pedro Jorge - Alj

3º. Guilherme Rocha - Nintai

4º. Humberto Neto - Lemanczuk

Meio-Pesado -90kg

1º. Raphael Marinho - Canadá

2º. Matheus Lima - Tonietto

3º. Aurélio Silva - Hobby Sport

4º. Jose Lara Neto - Ffr

Pesado +90kg

1º. Rafael Palomares - Amcf

2º. Alan Gatto - Iwashita

3º. Talisson Alves - Godar

Sub 15 Feminino

Super-Ligeiro -36kg

1º. Marina Kawazoe - Kawazoe

2º. Maria Helena - Superação

3º. Laura Moura - Tonietto

4º. Carolina Deusdiante - Araucária

Ligeiro -40kg

1º. Ana Perin - Santa Monica

2º. Leticia Kawazoe - Kawazoe

Meio-Leve -44kg

1º. Natasha Ferreira - Morgenau

2º. Bianca Benck - Kawazoe

3º. Beatriz Oliveira - Lemanczuk

Leve -48kg

1º. Ana Kemczenski - Lemanczuk

2º. Jaqueline Cruz - Superação

3º. Silvia Andrade - Guarapuava

4º. Thais Gonçalves - Tonietto

144

Page 145: Revista Budô 9

Meio-Médio -53kg

1º. Eduarda Darmieli - Tonietto

2º. Emanuelle Caposse - Hobby Sport

3º. Mariana Batista - Iwashita

4º. Emily Rabelo - Iwashita

Médio -58kg

1º. Alexia Alves - Kussumoto

2º. Hemanuelly Sper - Tonietto

Meio-Pesado -64kg

1º. Luana Oliveira - Iwashita

2º. Bruna Oliveira - Tonietto

3º. Arielle Madruga - Tonietto

4º. Rebeca Silva - Superação

Pesado +64kg

1º. Ana Camargo - Morgenau

2º. Daniele Streski - Superação

3º. Larissa Lima - Cssex

4º. Clara Teixeira - Fujiyama

Sub 15 Masculino

Super-Ligeiro -36kg

1º. Joao Darmieli - Tonietto

2º. Felipe Suemitsu - Nintai

3º. Thiago Santos - Superação

4º. Felipe Staub - Bom Jesus

Ligeiro -40kg

1º. Thiago Guidette - Kussumoto

2º. - Guilherme Balabuch - Morgenau

3º. Roberto Werlang - Tonietto

4º. Renan Moron - Lemanczuk

Meio-Leve -44kg

1º. Marco Teles - Nintai

2º. Gustavo Campara - Morgenau

3º. Kanji Ujita - Procopense

4º. Matheus Kaminari - Morgenau

Leve -48kg

1º. Leonardo Neder - Nintai

2º. Herus Neto - Bom Jesus

3º. Arthur Dallagassa - Nintai

4º. Victor Silva - Lemanczuk

Meio-Médio -53kg

1º. Giovanni Mangini - Morgenau

2º. Matheus Faria - Amcf

3º. Gustavo Oliveira - Kawazoe

4º. Joao Rodrigues - Lemanczuk

Médio -58kg

1º. Gabriel Adriano - Lemanczuk

2º. Vitor Santos - Hobby Sport

3º. Victor Vidotto - Nintai

4º. Valmor Junior – Superação

Meio-Pesado -64kg

1º. Luiz Neto - Morgenau

2º. João Lemes - Procopense

3º. Roberto Winter - Kussumoto

4º. Lucas Carvalho - Alm

Pesado +64kg

1º. Arthur Caldeira - Prosport

2º. Lucas Correa - Iwashita

3º. Lucas Ferreira - Prosport

4º. Felipe Nascimento - Fujiyama

Sub 13 Feminino

Super-Ligeiro -28kg

1º. Gabriela Baesso - Tonietto

2º. Gisele Lima - Santa Monica

3º. Gabriela Teles - Nintai

Ligeiro -31kg

1º. Sabrina Gomyde - Curitibano

Meio-Leve -34kg

1º. Ana Langner - Lemanczuk

2º. Arissa Fujisaki - Imk

3º. Maria Silva - Lemanczuk

Leve -38kg

1º. Sara Santos - Tonietto

2º. Hevelyn Amado - Tonietto

3º. Luana Matsugaki - Vila Izabel

4º. Keila Souza - Santa Monica

Meio-Médio -42kg

1º. Bruna Bereza - Tonietto

2º. Julia Silva - Lemanczuk

3º. Leticia Lima - Cssex

4º. Maria Farias - Cianortense

Médio -47kg

1º. Ayessa Teixeira - Fujiyama

2º. Luiza Laska - Lemanczuk

3º. Bianca Araujo - Hobby Sport

4º. Camila Penter - Kussumoto

Meio-Pesado -52kg

1º. Monica Tortato - Lemanczuk

2º. Nicolly Stec - Tonietto

3º. Larissa Luz -Tonietto

4º. Vitoria Santos - Kussumoto

Pesado +52kg

1º. Ana Paesani - Sionara

2º. Polyana Silva - Kussumoto

3º. Brendha Fiaux - Prosport

4º. Beatriz Pimenta - Hobby Sport

Sub 13 Masculino

Super-Ligeiro -28kg

1º. Pedro Souza - Paraná Clube

2º. Frederico Kemczensk

3º. Gabriel Duarte - Vila Izabel

4º. Antonio Tanahashi - Bem-Fecam

Ligeiro -31kg

1º. Luigi Silva - Kussumoto

2º. Joelson Lima - Tonietto

3º. Alvaro Vianna - Lemanczuk

4º. Bruno Turkot - Bom Jesus

Meio-Leve -34kg

1º. Lucas Luis Lopes - Kussumoto

2º. Dylan Peterson - Lemanczuk

3º. Vitor Carneiro - Nintai

4º. Rafael Martins - Hobby Sport

Leve -38kg

1º. Matheus Almeida - Carvalho Alm

2º. Victor Ursi - Bom Jesus

3º. Samuel Barbosa - Kussumoto

4º. Enzo Hayami - Bom Jesus

Meio-Médio -42kg

1º. Lucas Lemanczuk - Lemanczuk

2º. Kelvin Silva - Paraná Clube

3º. Arthur Sienel - Nintai

4º. Bruno Menonm - Lemanczuk

Médio -47kg

1º. Eder Siqueira - Paraná Clube

2º. Rafael Seifert - Sagrada Fami

3º. Vinicius Lemos - Guairaca

4º. Pedro Souza - Hobby Sport

Meio-Pesado -52kg

1º. Raisson Czelusniak - Palmeira

2º. Dylan Borba - Lemanczuk

3º. Pedro Donini - Fujiyama

4º. Juan Gonçalves - Iwashita

Pesado +52kg

1º. Lucas Kompatcher - Bom Jesus

2º. Thiago Vieira - Lemanczuk

3º. Giovani Fernandes - Hobby Sport

4º. Leonardo Conto - Iwashita

4º. Leonardo Conto - Iwashita

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Page 146: Revista Budô 9

MAURO SILVAÉ REELEITO POR ACLAMAÇÃO

Itupeva (SP) – Em assembleia realizada no dia 2 de março, na sala Raposo Tavares do Quality Resort Convention Center, Mauro José da Silva, presidente da Confederação Brasileira de Boxe (CBBoxe), foi reeleito para seu segundo mandato.

A eleição teve chapa única – Dedicação – para o quadriênio 2013/2016, que tem sua di-retora executiva formada por Luedy Silveira de Oliveira, diretor � nanceiro; Marcos Cândido de Brito, vice-presidente; e Mauro Silva, presiden-te. Thosiharo Lara, Fabiano Silva e Ricardo de Andrade são os membros efetivos do conselho � scal da CBBoxe.

Eleito por aclamação, em seu discurso Silva destacou a coesão existente hoje no boxe brasi-leiro. “Agradeço primeiramente a Deus, que nos proporcionou dividir este momento histórico do boxe brasileiro. Agradeço a todos vocês por te-rem dividido comigo a condução de nossa mo-dalidade neste primeiro mandato. Agradeço tam-bém a todos os atletas e técnicos espalhados por nosso País, já que juntos estamos elevando o boxe verde e amarelo a patamares jamais atin-gidos. Fizemos uma gestão democrática, focada no desenvolvimento técnico e estrutural do boxe, e o segredo do sucesso obtido são justamente a união e a coesão existentes hoje em nossa mo-dalidade.”

Após a excelente campanha realizada pela seleção brasileira em Londres 2012, o Brasil desponta entre as principais forças no cenário mundial da modalidade. Atualmente 19 Estados possuem federações � liadas à CBBoxe.

Catorze entidades estiveram presentes em Itupeva (SP), por seus dirigentes ou representan-tes que consolidaram o trabalho da equipe res-ponsável pela maior transformação que o boxe brasileiro experimentou até hoje.

Os Estados representados por dirigentes na assembleia geral foram: Amazonas, Amapá, Mato Grosso, Tocantins, Pernambuco, Espírito Santo, Rio Grande do Norte, Mato Grosso do Sul, Goiás, Sergipe, São Paulo, Roraima, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Por Paulo PintoFotos Arquivo

Dirigentes exaltam a lide-rança do dirigente reeleito

Todos os dirigentes estaduais destacaram a força do trabalho realizado pela presidência da CBBoxe neste primeiro mandato, e enfatizaram a consistência técnica e política das ações desen-volvidas pelo dirigente. Um dos depoimentos mais expressivos foi o de Valter Duarte, presidente ser-gipano, que detalhou ações e resultados obtidos recentemente. “Não apoiei o Mauro Silva na última eleição, pois estava comprometido com outras lideranças. Mas assumo que estava equivocado, pois jamais havia convivido com um dirigente tão dinâmico, visionário e objetivo quanto o nosso presidente. Ele está revolucionando o cenário da modalidade e obtendo do poder público em todos os Estados o apoio que jamais havíamos recebi-do. Crescemos vertiginosamente e este resultado é fruto de uma gestão dinâmica e participativa.”

Dirigentes posam para foto após o � m da assembléia Luedy de Oliveira - diretor � nanceiro, Mauro Silva - presidente e Marco de Brito - vice-presidente

Ministério do

Esporte

Atletas olímpicos marcam presença na assembleia

Quatro atletas da seleção brasileira de boxe participaram dos trabalhos realizados na assem-bleia geral. Entre estes estavam o peso pesado Juan Nogueira; o meio-médio Mike Carvalho; a peso leve Aline Santana e a também peso leve, Bárbara Santos. Para João Carlos Barros, téc-nico da seleção brasileira masculina, a participa-ção de atletas do alto rendimento neste evento é de suma importância. “Pela primeira vez tivemos a participação de membros da seleção brasileira numa assembleia da CBBoxe. A meu ver esta postura dos nossos dirigentes está correta, pois permite que nossos atletas conheçam um pou-co da questão administrativa da modalidade. A simples presença de nossos atletas aqui, rati� ca a importância que hoje é dada aos atletas e a toda comissão técnica.”

146

Page 147: Revista Budô 9

FPJ CRIA VICE-PRESIDÊNCIA DE HONRASão Paulo (SP) - A diretoria executiva

da Federação Paulista de Judô realizou no dia 26 de março a assembleia geral ordinária e extraordinária, na qual participaram associações � liadas e membros da diretoria.

Na mesma foram tratados assuntos como a alteração estatutária, aprovação do relatório anual do exercício de 2012 e aprovação do balanço � nanceiro do exercício de 2012, apre-sentado pela presidência.

Na abertura da AGO Francisco de Carva-lho voltou a elencar os motivos que o levaram a deixar a presidência da FPJ, e mais uma vez avalizou seu vice, Alessandro Puglia que a partir de 2013 assumirá o posto de manda-tário paulista.

A seguir Francisco de Carvalho convidou Julio Sakae Yokoyama, procurador do tribunal de justiça da FPJ, para presidir a AGO.

O procurador iniciou a assembleia elen-cando as associações presentes e, em segui-da explicou que em função de Francisco de Carvalho ter aceitado o convite para ocupar uma vice-presidência da CBJ, alguns profes-sores reivindicaram a criação do cargo de pre-sidente de honra na entidade.

Segundo o procurador do tribunal de jus-tiça, a principal razão da criação deste cargo seria manter de alguma forma Francisco de Carvalho próximo à entidade, não permitindo que São Paulo perdesse o poderio político e não se privasse também de todo o conheci-mento e a experiência daquele que é conside-rado por muitos, o maior dirigente que o judô paulista teve até hoje.

Dessa forma � cou estabelecido que ocu-pará este cargo o ex-presidente que tiver permanecido o maior número de mandatos à frente da entidade.

Em seguida a proposta de alteração estatutária foi colocada em aprovação e foi aprovada por unanimidade.

A seguir foi feita a apresentação do rela-tório anual do exercício de 2012, e o balanço � nanceiro do exercício de 2012, apresentado pela presidência e ambos foram aprovados também, por unanimidade.

Julio Sakae � nalizou agradecendo a pre-sença e a con� ança de todos e encerrou a última assembleia geral da era Francisco de Carvalho Filho.

Compareceram e � rmaram a ata desta as-sembleia os seguintes clubes e associações: Sayão Futebol Clube, Mesc de São Bernardo,

Associação Itapetininga Kodokan, Associação de Judô Mauá, Associação Cultural e Espor-tiva Nikkey de Marília, Rio Preto Automóvel Clube, Associação Catanduvense de Judô, Associação Real União de Judô, Associação Educacional e Esportiva Nintai, Associação de Judô Morimoto de Lins, Associação de Judô de Bastos, Associação de Judô Ombros de Gigante, ADUC – Associação Desportiva União da Comarca, Associação de Judô Gua-rarapes e Associação de Judô Vila Isabel.

Por Paulo PintoFotos Revista Budô

Francisco de Carvalho fala aos presentes

Francisco de CarvalhoAlessandro Puglia

Julio Sakae Yokoyama Antonio Carlos Mesquita e Julio Sakae

Page 148: Revista Budô 9

Com diversas atribuições profissionais na área da educação e acumulando desde 1997 o cargo de coordenador de esportes da Universidade Paulista (Unip), Ricardo Bochicchio idealizou e encabeçou, em 2010, o processo de fundação do Novo Des-porto Universitário (NDU), entidade que em 2013 conta com 45 instituições filiadas e realizará o maior campeonato universitário do Estado de São Paulo nas modalidades coletivas.

O que é o NDU?O NDU surgiu no início de 2010, reunindo algumas lideranças do esporte universitário paulista, em consequência do superado modelo de competições praticado em São Paulo pela Fupe e outras ligas que mantinham o monopólio das ações esportivas entre as universidades. A partir daquele momento, criamos um novo conceito de competições para o público universitário, com a premissa, sempre, do bom atendimento para todos. Além dis-so, os pilares que norteiam a entidade são: todas as decisões são tomadas integralmente pelas instituições participantes por meio do voto aberto em sistema democrático; inserção dos jo-gos em excelentes praças esportivas; equipes de oficiais de ar-bitragem que atuam efetivamente no esporte de alto rendimento; planejamento e calendário esportivo anual; grande quantidade de jogos ao longo de toda temporada; baixo custo para partici-pação em todas as atividades; uma política voltada para investi-mentos que tragam benefícios para seus participantes.

Em outubro de 2012 houve nova eleição na Fupe, que manteve o judoca Aurélio Miguel no cargo. O que aconteceu nesse processo?Em setembro de 2010, a antiga diretoria executiva da Fupe, ca-pitaneada pelo ex-presidente Alexandre Marcelino, promoveu a eleição no Hotel Lorena Flat, num formato completamente irre-gular. Desde a organização das primeiras assembleias para con-dução do processo eleitoral, foram constatados vários proble-mas de falta de lisura por parte dos que comandavam, na época, a entidade. A comissão eleitoral renunciou no dia do pleito por obscuridade no processo; votaram entidades sem direito a voto (como escola de bombeiros e sargentos); colocaram seguran-ças na porta, impedindo o acesso dos veículos de imprensa no começo do pleito – que foram impedidos de presenciar a forma arbitrária com que a votação foi conduzida, pedindo para que os “aptos” a votar gritassem do fundo da sala o nome dos candida-tos. Um processo completamente maculado.

NDU bUsca Novo camiNho para o Desporto

UNiversitário paUlistaApós o polêmico processo eletivo visando à presidência da

Federação Universitária Paulista de Esportes (Fupe), a revista Budô ouviu Ricardo Bochicchio, presidente do Novo Desporto Universitário (NDU). A entrevista apurou

detalhes sobre o pleito, a história do dirigente no cenário esportivo nacional e sua atividade nos segmentos universitário e de alto rendimento.

Por Paulo PintoFoto Arquivo NDU

Ricardo Bochicchio entregando o troféu de melhor atleta para Vínicius Pini do Mackenzie

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Page 149: Revista Budô 9

O que aconteceu depois?Nosso grupo entrou com uma ação na Justiça comum, solici-tando o cancelamento da assembleia para que todo o processo pudesse ser refeito de forma correta.

A justiça acolheu o pedido de vocês?Após diversos recursos e agravos, a Justiça nos deu ganho de causa, entendendo que o processo foi feito de forma irregular, e determinou que a Fupe realizasse novas eleições em 60 dias, mediante ação criminal caso houvesse descumprimento da de-cisão. Mesmo com a ordem judicial determinando a realização de novo pleito, a atual diretoria atrasou o processo de novas eleições e adotou o expediente de informar a comunidade uni-versitária que essa segunda eleição nunca seria realizada. Mas em outubro de 2012, mais de um ano após a primeira eleição, a Fupe foi obrigada a realizar novo pleito - demonstrando que tudo que foi realizado anteriormente foi ilegal - e o atual presidente, Aurélio Miguel, foi reeleito.

Por que você não se candidatou desta vez?Eu me considero vencedor do primeiro pleito, porém aconteceu o famoso, “ganhamos mas não levamos” é o que de fato acon-teceu. Após a primeira eleição, que foi completamente irregu-lar, apostávamos em uma intervenção externa promovida pela CBDU ou pelo Ministério Público, que resultaria na nomeação de um indivíduo isento que pudesse garantir a lisura do processo. Quando percebemos que as coisas seriam feitas pela própria Fupe, ou seja, novamente quem estava no poder organizaria tudo para novamente manter-se na presidência, percebi que não conseguiríamos a lisura necessária novamente e que não tería-mos condições de manter a candidatura com chances de êxito.

Esta nova eleição também foi irregular?Houve várias situações a serem analisadas neste novo proces-so. Após a Justiça determinar um novo pleito, a Fupe protelou o máximo possível essa eleição. O estatuto da entidade permite que as associações atléticas se fi liem em qualquer momento do ano. Todavia, a Fupe lançou um edital numa quinta-feira à noite, para realizar a assembleia sobre o pleito no sábado, e marcou as novas eleições para a quarta-feira seguinte, ou seja, em menos de uma semana fi zeram todo o processo. Além disso, dois dias antes desta eleição nós conseguimos uma liminar impedindo a realiza-ção sem a devida divulgação, mas um dia antes essa liminar foi cassada. Em minha análise, um processo novamente maculado e conduzido de forma irregular. Eu acredito na linha de que o ideal seria chamarmos todas as atléticas no Estado de São Paulo, ofe-recer a oportunidade de todas se fi liarem, como consta o estatuto social, e deixar que a coisa fl uísse de forma democrática, com o público universitário escolhendo sua própria liderança.

Mas esta segunda eleição foi ilegal ou não?Desta segunda vez não foi ilegal. Em minha opinião, foi imoral. Depois de alguns meses de grande batalha nos tribunais, o que realmente esperávamos era que o processo fosse feito da forma correta, com a divulgação necessária para que toda a comuni-dade universitária pudesse participar. Todavia, acho realmente difícil isso acontecer quando quem está no poder é o respon-

sável por organizar o pleito que tem como objetivo perpetuar o candidato na presidência. Para que tenhamos um parâmetro, na primeira eleição anulada, no Lorena Flat, a minha candidatura de oposição teve 11 votos (mais três que foram impugnados no momento da eleição) em um colégio eleitoral de 24 atléticas ap-tas a votar. Nesta segunda eleição não houve nem condições de inscrever chapa. Como tudo foi feito em cinco dias, e ainda no fi nal do ano, as atléticas tiveram muitas dúvidas, principalmente sobre a necessidade de pagar apenas para votar, pois os cam-peonatos já haviam terminado.

O que você espera das entidades que organizam o desporto universitário nos próximos anos?Existe uma grande necessidade da mudança do estatuto da Fupe, que hoje permite que a diretoria executiva possa fazer o que bem entender sem a anuência de seus filiados. Acredito que sempre deva existir a mobilização estudantil, pois quem ga-nha uma eleição não é a Justiça e sim o voto dos filiados. Inde-pendente de que lado vença, o fomento pelas questões concei-tuais deve existir sempre de forma salutar e construtiva. Eu não trabalho contra a federação local ou demais ligas existentes, ao contrário, respeito o trabalho desenvolvido por todas, pois é assim que eu gostaria de ser tratado também, como dirigente e pessoa física. Vale destacar que a Fupe vem adotando normas e resoluções que remetem os mais velhos a lembrarem dos tempos do regime militar, de atitudes despóticas e sem nenhum tipo de critério para que exista harmonia entre as entidades existentes. De longe, tenho a impressão de que essas medidas desesperadas têm o objetivo único de novamente estabelecer um monopólio no segmento, sem nenhuma preocupação com o fomento das modalidades, com a prática esportiva e com o bem-estar dos atletas e dirigentes. Como já falei anteriormente em jornais e programas de rádio, não conheço pessoalmente o Aurélio Miguel, não tenho base nenhuma para avaliá-lo como gestor esportivo, pois nunca conversamos antes sobre o seg-mento e tampouco discutimos os assuntos ligados à área. Além de nunca ter ouvido minha voz, ele, que exerce a vereança na cidade onde sou munícipe, nunca conversou ou tomou conhe-cimento das minhas contribuições para o esporte universitário. Quem sabe, um dia, ele reflita, como homem público que é, e me procure para me conhecer e saber mais sobre todo o traba-lho que já desenvolvemos para o esporte de alto rendimento e educacional no Brasil.

A Budô é uma revista especializada em artes mar-ciais. Existem projetos para a realização de cam-peonatos de judô ou outras lutas no NDU?Temos uma grande meta, que é realizar a competição de judô neste semestre, envolvendo somente as associações atléticas acadêmicas, ou seja, o aluno que é atleta de judô, sem misturar com o atleta de rendimento, que é aluno por consequência. Estamos estudando todas as questões a fim de realizarmos, com a mesma qualidade e comprometimento, uma competição grandiosa para nossos filiados no primeiro semestre de 2013. Temos projetos também para o taekwondo, karatê-dô e jiu jitsu, mas estas modalidades devem entrar na pauta no 2º semestre de 2013.

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Page 150: Revista Budô 9

FEJET PREMIA

MELHORES DO ANONO TOCANTINS

Pelo terceiro ano consecutivo a Federação de Judô do Estado do Tocantins premiou os melhores do ano no judô tocantinense.

O evento realizou-se no auditório da Assembleia Legislativa, no dia 14 de dezembro, e contou com a presença de judocas, familiares, apoiadores e autoridades políticas e esportivas, entre as quais Raimundo Moreira, deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa do Tocantins, e Ton Pacheco, presidente da Federação de Judô do Estado do Tocantins.

Para Ton Pacheco, presidente da Fejet, a premiação estimula o crescimento do judô no Estado. “Esse evento é muito importante, já que nele premiamos os atletas e associações que se destacam na temporada, além de agradecer e homenagear todos os apoiadores da modalidade”, explicou o dirigente.

Recordes

O judô tocantinense quebrou vários recordes na temporada passada, e isso passou pelo número de praticantes, competidores, núcleos de judô, associações e vitórias fora do Estado, além das participações em eventos interestaduais e nacionais.

Segundo Celso Galdino, coordenador técnico da Fejet, o Tocantins está formando uma geração de campeões. “Estamos formando uma safra completa de judocas, em que não apenas um ou outro consegue destacar-se”, disse Galdino, referindo-se aos importantes resultados nacionais, distribuídos entre pelo menos seis associações fi liadas. “A Secretaria de Educação está levando o judô às escolas e a Secretaria da Juventude e Esportes nos ajudando a viajar para treinos e competições. Essa é a receita que dá certo”, complementou.

Georgton Pacheco presidente da FEJET ao lado de todos os premiados

O coordenador lembrou que pelo terceiro ano consecutivo será montada banca examinadora para promoção superior, e explicou: “Assim, não deixamos ninguém que merece usar a faixa preta ou ser promovido de dan esperar tempo a mais para realizar seu sonho”. Falando nisso, este ano a CBJ conferiu a Luiz Sérgio Papa e Celso Galdino o quinto dan, igualando-os a Ton Pacheco, único com tal graduação até então. Mais uma enorme vitória do Tocantins.

Estrutura

Um importante item a ser comemorado foi a aquisição de materiais de ponta para abertura de novos núcleos e competições de grande porte. Cerca de 300 competidores de quatros estados (TO/GO/DF/SP) participaram da Copa Antônio Tenório, em junho. Tocantins recebeu o tetracampeão paraolímpico Antônio Tenório, o técnico do Projeto Futuro/SP, sensei

Hatiro Ogawa, e o multicampeão Joseph Kleber, de Goiânia. Para isso foi montada uma estrutura com quatro áreas ofi ciais. Segundo o presidente da Fejet, isso é fruto de emendas orçamentárias concedidas pelo deputado Raimundo Moreira e de um projeto nacional desenvolvido pela Confederação Brasileira de Judô. “O deputado já mostrou que é um entusiasta da nossa modalidade e por meio de sua emenda orçamentária pudemos abrir novos centros na UFT e Tênis SESC, além de montar áreas em Dianópolis, Paraíso e previsão de Porto Nacional no ano que vem. Para 2013, essa parceria deverá crescer ainda mais”, prevê o dirigente.

Competições

Nos últimos três anos, o Ranking Tocantinense contou com 23 etapas estaduais, oito só em 2012, e sempre com medalhas e troféus de excelente qualidade.

Por Fred GuerraFotos Renato Klein/SESC-TO

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Page 151: Revista Budô 9

Nunca se competiu tanto no Tocantins. Segundo o coordenador de arbitragem da Fejet, professor Luiz Sérgio Papa, esse ritmo de competições foi fundamental para a assimilação das novas regras do judô pelos técnicos e atletas. “As regras estão em constante evolução, com previsão de sofrer novas alterações em 2013. Portanto, é fundamental uma atualização constante, que é exercitada com a participação nos torneios”, diz o coordenador. Houve muitas competições fora do Estado também – na realidade, em todos os campeonatos oficiais do calendário da CBJ, tais como Brasileiro Regional, Campeonato Brasileiro de várias categorias, Olimpíadas Escolares e Universitárias, Sul-Americano Máster e até para a seletiva para a seleção brasileira de base. Para quem acha exagero um tocantinense numa competição neste nível, Ennilara Lisboa, 16 anos, depois de vencer duas paulistas e uma capixaba, perdeu a vaga na seleção por apenas uma vitória! A mesma Ennilara que recentemente conquistou sua segunda medalha nas Olimpíadas Escolares, desta vez um bronze, diferente do ouro de 2010, mas suficiente para lhe valer mais um ano de bolsa atleta do Ministério do Esporte e o título de Atleta Destaque 2012, dos Melhores do Ano do Judô Tocantinense.

Ranking

Apesar de ser apenas o terceiro ano de seu projeto social, este foi realmente o ano da A. D. Guerra. Para começar, uma parceria que mudou seu nome para A.D. Guerra/SESI e a incluiu no Programa Atleta do Futuro, presente em todos os Estados brasileiros. Ao longo do ano, fez sua primeira medalha no Brasileiro Regional. Foi a associação tocantinense com maior número de medalhas de ouro no interestadual em Goiás, oito no total. Foi campeã geral da Copa Antônio Tenório, maior competição que o Tocantins já viu. Fez 28 campeões do ranking por categoria e três campeãs gerais em suas classes de idade. E para coroar o trabalho, estará no topo do Ranking Tocantins 2012, como associação campeã geral. “É incrível como nossa turma se desenvolve rapidamente, e olha que nosso foco nem é a parte competitiva”, conta Fred Guerra, presidente e professor da associação. “Mas o sentimento de família foi tanto, que todo mundo abraçou a vontade de ser campeão nesse ano e, mesmo competindo contra associações mais estruturadas, conseguimos este resultado tão importante”, conclui.

Ranking das Associações

1ª A.D. Guerra/SESI 2ª SESC 3ª Eti-Sul 4ª Giacomini 5ª Dom Bosco 6ª Palmas Judô 7ª Samuray 8ª Blindado’s 9ª Ulbra 10ª Judô Brasil

Homenagens Especiais

ImprensaOrganização Jaime Câmara - TV AnhangueraGlobo Esporte TocantinsThalita TavaresAlexandre AlvesEvandro MendesRedesat TocantinsJornal do TocantinsReinaldo CisternaSite Alô EsporteAnfitriões de CompetiçõesEscola de Tempo Integral Padre Josimo TavaresTênis SESCCentro de Atividades do SESCEscola Técnica Federal - IFTOEscola de Tempo Integral Eurídice Ferreira de MelloApoiadoresAssociação Cultural Nipo-Brasileira do Tocantins ACNBTOrtodontia LandgrafCentro-Oeste DistribuidoraIntegrisisUnicomSESCWizardApoiadores Públicos e InstitucionaisDeputado estadual Raimundo MoreiraDeputado estadual Eduardo do DertinsDeputado estadual Marcelo LelisOlyntho Garcia de Oliveira Neto - Secretario estadual do EsporteDanilo de Melo Sousa - Secretario estadual da Educação e CulturaHugo de Carvalho - Presidente do Sistema Fecomércio

Marco Antônio Monteiro - Diretor geral do SESC.

Campeões por Classe Atleta Classe de Idade

Lorraine Soares da Silva Sub 13 Geral Feminino

Luiz Augusto Oliveira Costa Sub 13 Geral Masculino

Wysleylane Ferreira Da Silva Sub 15 Geral Feminino

Mateus Gomes Pereira Sub 15 Geral Masculino

Luana Bruna Cândida Basílio da Silva Sub 17 Geral Feminino

Johnny Magalhães Aragão Sub 17 Geral Masculino

Luana Bruna Cândida Basílio da Silva Sub 20 Geral Feminino

Rafael Carvalho de Aguiar Sub 20 Geral Masculino

Jakeline Fragoso de Souza Sênior Geral Feminino

Espedito Pereira Lima Sênior Geral Masculino

Maristela Basílio da Silva Máster Geral Feminino

Georgenton Pacheco Máster Geral Masculino

Page 152: Revista Budô 9

PARANÁ TEM

30 NOVOS FAIXAS PRETAS

Ibiporã (PR) – A Federação Paranaense de Judô realizou seu exame anual estadual para faixas pretas nos dias 1º e 2 de dezembro no ginásio de esportes do Centro Esportivo Bagozzi, em Curitiba.

Foram examinados 35 candidatos para shodan, e uma candidata foi avaliada para promoção de nidan. Trinta candidatos foram promovidos a shodan e a candidata promo-vida a nidan.

Os exames foram monitorados pelos membros da comissão estadual de grau, que neste evento estava formada por Helder Mar-cos Faggion, 5º Dan; Jorge Luís Meneguelli, 6º dan; Liogi Suzuki, 9º dan; Sidnei Pereira de Lima, 6º dan; Adauto Domingue, 7º dan; Washington T. Donomai, 5º dan; Luiz H. Iwa-shita, 6º dan; e Francisco de Souza, 4º dan.

Esteve presente também o membro do Conselho Nacional de Grau da CBJ Yoshihi-ro Okano, 8º dan, e o representante junto à CBJ foi Luiz H. Iwashita, 6º dan e presidente da Federação Paranaense de Judô.

A entrega de faixas ocorreu no dia 4 de março em Ibiporã, na abertura do Campeo-nato Paranaense Marrom e Preta.

Os novos faixas pretas paranaenses

Por Paulo PintoFotos Augusto Semprebom

PARANÁ TEM

30 NOVOS FAIXAS PRETAS

PARANÁ TEM

30 NOVOS FAIXAS PRETAS

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Aprovados para shodanAndressa Lopes Oliveira - A. J. Iwashita

Bruno Yoji Ogata - Canadá C. Club

Christopher A. Vieira - Judô Tonietto

Débora Aline de Souza - Canadá C. Club

Edna Maria do Camargo - Judô Tonietto

Eduardo Augusto Borba - Paraná Clube

Fábio Gustavo M. Oliveira - A. J. Iwashita

Felipe Fernandes Soares - Judô Tonietto

Gabriel Lopes Miara - Soc. Morgenau

Gustavo Alexandre Blank - A. J. Fujiyama

Heitor Meneguette - AJAM

Henrique Stremel - A. J. Iwashita

Igor Bueno dos Santos - Judô Nintai

Josmar Gouveia Couto - Judô Foz

Juan Carlos Biazoto - AJAM

Luiz Carlos Pires - CSSEX

Marcelo Hiroyuki Horiuti - A. Kawazoe

Mariana Lopes Miara - Soc. Morgenau

Márcia Cristina Silva - Ricardo Santos

Marcos Paulo C. Pereira - A. J. Iwashita

Paulo Alves Batista - C. C. C. Procópio

Paulo Airton Bartz - Soc. Morgenau

Pedro Felipe Tonello - A. J. Laranjeiras

Rafael Gustavo Hashimoto - AMJ

Rafael Henrique Lobo - Hobby Sport

Renato Antenor Oliveira - A. J. Fujiyama

Rodrigo Zini - A. D. Juventus

Roger Correia Oliveira - Soc. Morgenau

Tales Yudi O. Kawazoe - A. Kawazoe

Yargo Andrews Oliveira - A. J. Iwashita

Aprovada para nidan Mayara Kaori Oishi - Judô Nintai

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TREINAMENTO ESPORTIVO

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Por Matheus LuizFotos Revista Budô

OMBRO DE CAMPEÃODE CAMPEÃO

O ombro tem funções importantes por possibilitar movimentos em várias direções e amplitudes. Como o judô é um esporte no qual se tem de fazer a pegada, puxar e afastar constantemente o oponente, e atacar e defender-se de uma queda, o ombro é a articulação mais requisitada nesse processo, já que auxilia na extensão, � exão, abdução e adução dos braços, além de fazer rotação interna e externa.

Mas, se estiver bem condicionado � sicamente, o judo-ca poderá aumentar a resistência de seu ombro e suportar o combate sem maiores problemas,

Não poderíamos deixar de falar das lesões que comumente ocorrem devido ao trabalho exaustivo dos ombros. Dois exemplos são o pinçamento e a luxação, problemas mais frequentes nos praticantes de judô e jiu-jitsu.

Os músculos estabilizadores desta articulação são o supra-espinhal, subescapular, infra-espinhal e redondo menor, que formam o manguito rotador, que servem também como reforço anterior e posterior da escápula.

Os movimentos do ombro se dão por meio de duas articulações distintas: glenumeral e escapulotorácica. Ocorrendo uma situação que exija força, ambas devem estar fortalecidas, caso contrário o movimento não poderá ocorrer naturalmente e de forma adequada, prejudicando o rendimento e aumentando o risco de lesões na região.

Desta forma, objetivando saúde, rendimento ou a prevenção de lesões, o treinamento com peso deve priorizar exercícios que fortaleçam os músculos em todos os ângulos e amplitudes dos movimentos do ombro.

Vale lembrar que, de forma geral, é importante manter o foco no movimento articular do exercício e não na mobilização do peso, não se importando com a carga, mas com a forma mais adequada, e não fazendo a famosa roubada, compensando o movimento com outras articulações.

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Elevação lateralO executante deve permanecer em pé e elevar os braços lateralmente até a altura dos ombros, voltando à posição inicial, que deve

ser feito com a mão afastada do tronco para evitar que o tríceps e o serrátil embalem o movimento. Uma dica importante é evitar fl exionar muito os cotovelos, pois desta forma a carga estará mais próxima do eixo de rotação, sobrecarregando outras estruturas e desviando o foco do exercício.

Músculos atuantes com ênfase:Abdução de ombros: deltoide (clavicular e acromial) e supraespinal. Rotação superior de escápulas: serrátil anterior e trapézio (descendente).

Dica de treino - Série combinada linearExecutar dois exercícios seguidos sem intervalo para o mesmo grupamento muscular. Executar os dois exercícios com uma carga próxi-ma a 80% de 1EM (execução máxima), fazer a recuperação com o mínimo de tempo possível, sendo que nas primeiras séries o intervalo será menor do que o das últimas séries, já que a musculatura estará mais fatigada.

Matheus Luiz éEspecialista em fi siologia do exercício e prescrição do exercício Universidade Gama Filho 2010Especializando em biomecânica, cinesiologia e treinamento físico Universidade Gama FilhoGraduado em Educação Física na UNC 2008e-mail: [email protected]: 011620-G/SC

Nossos agradecimentos

a Cleber Martins e Academia Impacto de Caçador (SC)

Exercícios para o fortalecimento da musculaturaque envolve a articulação do ombro

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Desenvolvimento com alteresCom o tronco e cabeça alinhados e ligeiramente inclinados para trás, elevar os braços acima da cabeça até a extensão do cotovelo,

e retornar à posição inicial, mantendo os cotovelos na altura dos ombros.Pode-se também executar uma variação chamada de desenvolvimento Schwarzenegger, na qual o executante, no final do movimento

do desenvolvimento convencional, realiza uma adução de ombros no plano frontal. Ou seja, com os cotovelos na linha dos ombros, apro-xima as mãos em frente ao rosto, mantendo a palma voltada para ele. Isso estimula ainda mais as partes posterior e anterior do deltoide.

Músculos atuantes com ênfase:Abdução de ombros: deltoide (clavicular e acromial) e supraespinal. Rotação superior de escápulas: serrátil anterior e trapézio (descendente).

Remada altaEm pé, fazer a pegada na barra com as mãos próximas. O movimento de subida deve ocorrer até os cotovelos ultrapassarem a altura

dos ombros; retornar à posição inicial.

Músculos atuantes com ênfase:Elevação de ombros: deltoide parte média e supraespinal.Elevação e retração das escápulas: romboides, elevadores das escápulas e trapézio parte descendente.

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Flamengo ENCERRA DEPARTAMENTO DE JUDÔ

Rio de Janeiro (RJ) - Após fechar seu departamento de natação em dezembro de 2012, no dia 5 de março a diretoria rubro--negra pôs � m ao sonho de toda a comu-nidade judoísta carioca, que esperava ter na Gávea um time que resgatasse a tradição do Rio nos tatamis.

As atividades na ginástica olímpica também foram encerradas e, segundo a di-retoria do clube, o � m das equipes de alto rendimento das duas modalidades é fruto do rombo � nanceiro gerado pelo departa-mento de esportes olímpicos. “Diante de um dé� cit de R$ 14,5 milhões em 2012, só no departamento de esportes olímpicos, a nova diretoria do Flamengo decidiu descontinuar temporariamente as equipes pro� ssionais de ginástica olímpica e judô, mantendo os times de ponta do basquete, nado sincronizado e polo aquático. Desta forma, passam a ser foco principal da vice-presidência de espor-tes olímpicos as categorias de base e esco-linhas, inclusive as de ginástica olímpica e judô, fundamentais na formação de atletas”, explicou a assessoria do clube.

Tentando justi� car a total falta de plane-jamento do clube, a diretoria � nalizou seu comunicado cobrando investimento gover-namental e da iniciativa privada, em ações futuras. “O Clube de Regatas Flamengo re-força seu apoio aos esportes olímpicos do Brasil e ressalta que mantém sua importante missão de formador de atletas e incentivador das modalidades, não somente para os Jo-gos Olímpicos Rio 2016, como também para futuros ciclos olímpicos. Para isto estamos reestruturando cada modalidade de forma a torná-las economicamente viáveis a médio e longo prazos, contando com o apoio funda-mental dos órgãos esportivos e de patrocina-dores privados.”

Dirigente minastenista destaca a inversão no investimento

Para Carlos Henrique Martins Teixeira, diretor do departamento de judô do Minas Tênis Clube, a crise internacional afetou o desporto no Brasil e no mundo. “Os investi-mentos no esporte caíram bastante no Brasil, pois os patrocínios de empresas privadas es-tão minguados e as captações em face das leis de incentivo também, porquanto depen-dem da iniciativa privada, cujo cenário mun-dial e nacional é de crise. A crise econômica

atingiu o esporte. Além do mais, existem hoje muitos projetos sociais que disputam o mes-mo � lão, ocasionando a pulverização dos re-cursos, viabilizando, talvez, apenas objetivos políticos e não esportivos.”

O dirigente vê inversão de papéis no fomento das modalidades. “Os clubes que sempre foram incentivadores do esporte, em véspera de Olimpíada ou não, estão tendo di� culdade em fomentar as modalidades, especialmente aqueles que mantêm uma di-versidade maior de modalidades olímpicas. Algumas são autossustentáveis e se pagam com verbas de patrocínio, enquanto outras, não. Como cada modalidade representa um centro de custos altos, não se consegue manter todas, e creio ser este o caso do Flamengo. Um clube com várias modalida-des, em que algumas não se sustentam, ou melhor, se mantêm à custa da arrecadação condominial dos associados, havendo furo no caixa é necessário concentrar investi-mentos onde está sendo viável. O Flamengo optou por zelar por sua solidez � nanceira e abrir mão de algumas modalidades. A ver-dade é que o fato deve servir para chamar a atenção governamental para os equívocos da atual política do esporte, que concentra investimentos nas confederações, penalizan-do os clubes, que sempre foram celeiros de atletas.”

Carlos Henrique vê a necessidade de maior investimento público. “Em minha opi-nião, deve ter sido uma decisão difícil para

o Flamengo, que deu provas da atual ma-turidade empresarial ao abrir mão de mo-dalidades, em troca da preservação de sua integridade administrativa e � nanceira. Este episódio lamentável deve servir para que haja uma revisão de postura em relação à política governamental para o esporte, enquanto há tempo. A tendência é que outros clubes si-gam o mesmo caminho, na medida em que não podem comprometer sua receita con-dominial, que também deve ser revertida em prol de seus associados. A conta deve ser feita, uma vez constatado que o esporte de ponta, embora seja uma vala de gasto sem � m, exige investimento público por se con-� gurar como uma missão social e nacional. Penso que o Flamengo honrará os contratos em curso, já que a postura da atual diretoria é de ética. Oxalá este quadro possa se reverter, o que acredito possível somente com maior investimento governamental. Caso contrário, poderemos ter, à véspera das Olimpíadas, uma acentuada desmobilização dos grandes clubes, os quais, friso, sempre foram o gran-de celeiro de atletas. Um melhor comparti-lhamento dos investimentos que hoje são carreados às confederações por meio das empresas públicas ajudaria, já que a verba destinada hoje aos clubes é pí� a.”

Nacif Elias e Érika Miranda compunham o time rubro-negro

Há pouco mais de um ano, Nacif Elias trocou o Minas Tênis Clube pelo Flamengo. Em busca do sonho olímpico, o judoca ca-pixaba mudou-se para o Rio de Janeiro e foi recebido de braços abertos na Gávea. Ago-ra, a lua de mel chegou ao � m.

Outros destaques dos tatamis na mes-ma situação são Érika Miranda, que também trocou a excelente estrutura do Minas Tênis por esta aventura na Gávea, além de Juliene Aryecha e Mauro Moura.

Sem contar Rosicléia Campos, técnica da seleção brasileira feminina, que também não terá seu contrato renovado. No ano pas-sado, a equipe rubro-negra feminina de judô conquistou o título inédito do Grand Prix In-terclubes.

Outros gigantes do olimpismo foram prejudicados pela irresponsabilidade dos dirigentes da Gávea, e entre estes destaca-mos Diego Hypólito, Jader Barbosa e Daniele Hypólito.

Por Paulo PintoFotos Revista Budô

ENCERRA DEPARTAMENTO DE JUDÔ

Carlos Henrique Martins diretor do departamento de Judô do Minas Tênis Clube

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