revista outdoor 9

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outdoor www.revistaoutdoor.pt Nº9 JANEIRO/FEVEREIRO 2013 Torna-te fã REVISTA por Aurélio Faria MANALI LEH EM BTT, PEDALAR NA ESTRADA MAIS ALTA DO MUNDO ENTREVISTA com Emanuel Pombo ATIVIDADE Snowboard em 10 questões DESAFIO Ecopista do Dão AVENTURA Ascensão ao Island Peak por Luísa Tomé FOTO-REPORTAGEM A Serra e a Estrela por Teresa Conceição SOS Código Segurança Outdoor

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A Revista Outdoor dá às boas vindas a 2013.

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Torna-te fã

revista

por Aurélio Faria

MAnAli leh eM BTT, pedAlAr nA esTrAdA MAis AlTA do Mundo

enTrevisTA com emanuel pombo

ATividAdeSnowboard em 10 questões

desAFioEcopista do Dão

AvenTurAAscensão ao Island Peak por Luísa Tomé

FoTo-reporTAgeMA Serra e a Estrela por Teresa Conceição

sosCódigo Segurança Outdoor

Page 3: Revista Outdoor 9

DiretrizesEDITORIAL 05

GRANDE REPORTAGEM

Manali leh eM BTT, pedalar na esTrada Mais alTa do Mundo por aurélio Faria 06

EM FAMÍLIA

eVenTo — Brincar na neve 14

aTiVidade — Trekking com Burros na Costa Vicentina 16

AvENTuRA

desaFio — ascensão ao island peak no nepal por luísa Tomé 18

eVenTo — The Color run 26

proJeTo — Galiza por sílvia romão 30

ENTREvIsTA

emanuel pombo — downhill 34

POR TERRA

aTiVidade — ecopista do dão 42

eVenTo — paintugal 48

NEvE

aTiVidade — snowboard em 10 questões 52

indoor — preparação indoor para snowboard 56

enTreVisTa — nick Coutts 58

FOTOGRAFIA

porTFolio do MÊs — luís lopes 60

FoTo do MÊs — rafting no rio paiva 68

FoTo-reporTaGeM — serra e a estrela por Teresa Conceição 70

sOsCódigo de segurança outdoor 76

DEsCOBRIR

reGiÃo — na rota das aldeias históricas da serra da estrela 80

liVro aVenTura — ericeira de luís ruivo 88

proJeTo — os seven summits de paulo Miranda 90

kIDs

parQues aVenTura 94

ATIvIDADEs OuTDOOR 98

DEsPORTO ADAPTADO

Judo para Todos 104

EsPAÇO APECATE

Como desenvolver o Turismo de bicicleta em portugal 108

EquIPAMENTO 112

A FEChAR 114

o atual campeão nacional de downhill es-teve à conversa com a outdoor e contou--nos alguns dos seus segredos, histórias e sonhos. não perca esta entrevista recheada de vitórias!

Teresa Conceição, através das suas ima-gens desvenda-nos alguns dos segredos da serra da estrela! aqui comprovamos que mais uma vez, há imagens que valem mais que mil palavras.

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Os textos e imagens presentes na Revista Outdoor são da responsabilidade dos seus autores. Não é permitido editar, reproduzir, duplicar, copiar, vender ou revender, qualquer informação presente na revista.

nº9 Janeiro_Fevereiro2012

pedro pedrosa liderou a primeira grande ex-pedição internacional de BTT… a travessia a Manali leh, a estrada mais alta do mundo. não perca as histórias e desafios desta grande aventura…

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CHTGSBADY THT

Advanced Dynamics é a tecnologia com que criámos a bicicleta de trail mais eficiente do mercado. Uma máquina que te fará subir mais ágil do que nunca e te dará o máximo controlo para fazeres faísca em qualquer descida. Nova Orbea Occam, onde eficiência e controlo se juntam.

OCCAM

www.orbea.com

Onde eficiência e cOntrOlO se juntam.

Page 5: Revista Outdoor 9

A Revista Outdoor dá às boas vindas a 2013.

Neste novo ano como o frio decidiu não dar tréguas, nós decidimos dar-vos sugestões para partirem à aventura com estas temperaturas.

Começamos a nossa 9ª aventura outdoor a pedalar na estrada mais alta do mundo com Pedro Pedrosa… Sabem onde fica? Na reportagem vão encontrar esta e outras respostas. Con-tinuamos a pedalar e metemos conversa com Emanuel Pombo, o nosso campeão de downhill que nos conta alguns segredos. Para além das suas palavras, deslumbrem-se com imagens fantásticas de Luís Lopes, num portfólio de cortar a respiração. A nossa aven-tura a pedalar termina na ecopista do Dão.

Daqui, passamos ao ponto mais alto de Portugal Continental: a Serra da Estrela. Vamos levá-lo à descoberta das aldeias históri-cas e das atividades outdoor incluindo o snowboard, tão apreciado nesta altura. Na fotografia, Teresa Conceição desvenda-nos um pouco mais sobre a Serra, através da foto reportagem!

Continuamos a nossa viagem, vamos caminhar na Galiza e termi-namos com a ascensão ao Island Peak.

Pelo meio ainda descobrimos atividades outdoor para realizar em Portugal, parques temáticos, ouvimos conselhos para partirmos à aventura em segurança e colocamos a leitura em dia com o livro “Ericeira” de Miguel Ruivo.

O desafio está lançado, aceita entrar na aventura de ler o número 9 da Revista Outdoor?

Boas aventuras e continue a acompanhar todas as novidades aventureiras no Portal Aventuras e no Facebook! ø

Nuno Neves

Janeiro_Fevereiro 2013 OUTDOOR5

Editorial Ficha técnica

chegou onúmero 9!

Edição Nº8

WPG – Web Portals lda

NPC: 509630472

CaPital soCial: 10.000,00

rua Melvin Jones Nº5 bc – 2610-297 alfragide

telefone: 214702971

site internet: www.revistaoutdoor.pt

e-mail: [email protected]

reGisto erC N.º 126085

Editor E dirEtorNuNo Neves | [email protected]

MarkEtiNg, CoMuNiCação E EvENtosisa HeleNa | [email protected]

soFia CarvalHo | [email protected]

bebiaNa CruZ | [email protected]

rEvisão Cláudia CaetaNo

ColaboraraM NEstE NúMEro:aMâNCio saNtos, aNa liMa, aNdré Faria,

aNtóNio GaviNHo, aurélio Faria, Cláudia

alMeida, eMaNuel PoMbo, JaiMe reNdeiro, luís

loPes, luísa toMé, NiCk Coutts, Paulo MiraNda,

Pedro alves, Pedro Pedrosa, sílvia roMão,

teresa CoNCeição.

soMbebiaNa CruZ

dEsigN EditorialiNês rosado

FotograFia dE Capaluís loPes

dEsENvolviMENtoâNGelo saNtos

www.portalaventuras.clix.pt

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Grande Reportagem

Manali leh eM BTT, pedalar na esTrada Mais alTa do Mundo!

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Por Aurélio Faria

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(...) uma viagem até

Manali, um percur-so massacrante e algo aterrador, para quem

nunca presenciou as ul-trapassagens aparen-temente suicidas dos

condutores india-nos.

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A MinhA expedição: pedro pedrosA

Q uase 10 anos depois da aven-tura aos Himalaias, Pedro Pe-drosa continua a dar pouca importância ao facto de ter li-derado a primeira grande

expedição internacional da BTT portuguesa: a travessia de Manali leh, a estrada mais alta do mundo.

Em agosto de 2003, e num feito que passou pra-ticamente despercebido, um grupo de 7 portu-gueses pedalou mais de 500 km entre os 4000 e os 5000 metros, e à sombra dos altos cumes, percorreu a famosa e perigosa estrada que liga as províncias norte-indianas himalaianas com o Ladakh, já na fronteira com o Tibete.

o proJeToA ideia surgiu-me numa viagem anterior de mota com o meu primo Nuno Pe-drosa. Desafiei amigos de todo o país, e apurei um grupo final de 7 ele-mentos. Constituiu-se um outro grupo mais pequeno de 5 que efe-tuou um trekking no Ladakh, e se cruzou, algumas vezes, com os BTTistas.

Entrámos no mundo das estradas de montanha com uma viagem até Manali, um percurso massacrante e algo aterrador, para quem nunca presenciou as ultrapassagens aparen-temente suicidas dos condutores indianos.À chegada, fizemos 1 dia de marcha para adap-tação à altitude, já superior a 2000m.

Fomos notícia quando nos equipámos a preceito e montámos as bicicletas. Tivemos até direito a foto no jornal local, com legendas em hindi.

o priMeiro LAEm chinês ou tibetano, colo de montanha ou passe diz-se La.

Numa tarde de chuva e frio, estreámo-nos no Rothang La, 3980 mts, a meio do segundo dia de expedição . O mau tempo foi depois compensado com a primeira descida vertiginosa e alucinante pelas entranhas do vale de Lahul. Aqui tivemos a primeira noção das dimensões himalaianas: seguimos o curso do rio Chandra e voltámos a subir para Keylong, o local de pernoita depois de 80 e tal kms a pedalar...

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Na longa subida, manti-

vemo-nos concen-trados e tentámos sempre ir bebendo água, para manter

a hidratação correta.

Grande ReportagemA pArede

Planeamos atacar a Parede, - como chamámos ao Baralacha La-, ao

princípio da tarde.A 4880 metros de altitude, a primeira «parede» represen-tava em apenas 20 km mais de 1000 metros de desnível de subida sobre o local de dor-

mida, e era também a nossa primeira aproximação aos 5000

e às zonas onde sabíamos sentir já os efeitos da altitude.

Na longa subida, mantivemo-nos con-centrados e tentámos sempre ir bebendo água, para manter a hidratação correta.

Fizemos o passe por volta das 14 horas. Depois da alegria e fotos da praxe, iniciámos a descida, com paragem nas primeiras dahbas (tendas de chá) a 4700 metros. Bebemos chá e reconfor-támos o estômago com o habitual arroz, dahl e chapati. Cansados, adormecemos e, ao acordar, imediatamente nos apercebemos do erro come-tido: havia fortes dores de cabeça! Ainda indevi-damente aclimatizados, havia que descer rapi-damente até ao local da dormida.É lindíssima a descida de 40 km até Sarchu! O vale é aberto, e devido às chuvas recentes es-tava coberto por um manto verde em contraste, deslumbrante, com as montanhas rochosas e os picos nevados.Cruzámos uma zona inóspita, com controlo mi-litar e de passaportes, e depois de uma linha de água, local de acampamentos turísticos de verão, entrámos no estado de Jammu e Caxe-mira.

As GATALoopsA pensar na dupla etapa, acordámos cedo nesse dia 22 de agosto, e começámos logo a pedalar vale abaixo, ao longo do rio, até ao marco que assinala o início das 21 gata loops.Na realidade, é uma estrada que serpenteia en-costa acima, com uma inclinação suave, em 21 curvas em cotovelo.Fomos contando as ditas, e no final da 21ª gata loop atingimos os 4600 metros de altitude. E ainda nos faltavam alguns kms até ao Nakehla La (4850 mts), o primeiro colo do dia, e por al-guns considerado como dos mais duros da tra-vessia.Alertados pela experiência do passe anterior, ra-pidamente descemos até Whisky Nulah, a 4500, antes de atacarmos o nosso primeiro 5000. Com calma e paciência para manter um ritmo lento, e sempre com a preocupação da boa hidratação, e atingimos o objetivo, brindados com o bom

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tempo e vistas deslumbrantes das montanhas a perder de vista!

A descida surpreendeu-nos com um troço de estrada que mais parecia uma prova de trial. Sem alcatrão testámos a concentração e os limites dos pneus Maxxis.

Naquela noite, dormimos numa tenda tipo berbere, jan-támos xau-min, e ainda ti-vemos energia para um serão de cantigas à desgarrada entre indianos e portugueses.Memoráveis, as “Pang Ses-sions!”

o pLAnALTo inTerMinÁ-VeL

Com mal de altitude, o João optou por seguir com o grupo do trekking para Leh. Foi subs-tituído pelo José Artur que levou a sua SEVEN até ao fim. Neste dia, o Raju, guia da logís-tica que só víamos ao final da tarde, juntou-se ao grupo, e re-

solveu pedalar connosco numa SCOTT alugada e algo torta. Com ele, rimo-nos e atraves-sámos um espetacular planalto de 40 km a 4600 mts de alti-tude. Fomos ainda obrigados a vencer mais duzentos metros de altitude para acampar no único sítio com água. Ao lado de duas stupas budistas, era um sítio lindíssimo, mesmo no final do vale e na base da mon-tanha que iríamos subir no dia seguinte.Tomamos banho de copo, des-

cansámos e contemplamos com respeito os 5350 metros que teríamos ainda que en-frentar.

As pAisAGensA primeira tarde pôs à prova a paciência e capacidade em manter um ritmo lento numa subida interminável...Mas fomos logo animados pela beleza da paisagem de cascatas, gargantas e vales imensos que se abriam a cada curva. No alcatrão deste início

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de itinerário, a animação dos camiões que bu-zinam constantemente acabou também por ser irritante.

Recordo a paisagem em TangLang La, e a vista panorâmica de 360º graus com o maciço dos Hi-malaias em todo o esplendor. As bandeiras de oração e um pequeno templo budista, - curiosa-mente com divindades hindus-, contrastavam com o edifício pré-fabricado dos operários que reparam todos os verões uma estrada danificada pelas intempéries.

O vale que descemos é em tudo diferente de tudo o que já pedalamos até aqui. As cores magenta, grená e castanho escuro, as aldeias de casas ti-picamente tibetanas e telhados onde se arma-zenam colheitas e se seca bosta de animais para combustível de Inverno, as culturas, as searas e a linha de água serpenteante. Acabámos por acampar num pequeno vale, onde tomámos um banho de “imersão” no ribeiro frio.

À medida que subíamos o vale em direção à alta montanha, havia cada vez menos trânsito, e mais chuva, que teimava em cair... Suposta-

mente, a influência da monção não deveria ter passado para além do primeiro passe. Altera-ções climáticas?!... A paisagem fez-nos esquecer tudo isso!

As diFiCULdAdesO mal de altitude, agravado pelo esforço físico intenso, foi a maior dificuldade. Alguns de nós começaram logo a sentir as inevitáveis e nor-mais dores de cabeça. O João foi quem mais se ressentiu, e nos últimos dias foi enquadrado no grupo de trekking.

A descida de Tang Lang La é capaz de ter sido a mais alucinante da expedição. Depois de alguns, poucos, kms, de estrada má, avistámos uma linha que desce abruptamente e como um risco a encosta de terra. Não hesitámos quando lá chegámos: saímos da estrada para o mais louco «downhill» realizado num vertiginoso e incli-nado trilho que provocou a separação imediata do grupo. Quando nos reencontrámos na es-trada, gritámos da adrenalina: afinal, tínhamos descido dos 5100 para os 4700m em 2 a 3 kms , e atalhado em poucos minutos mais de 10 km na estrada!

Grande Reportagem

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o diA MAis ALToE eis que chegou o dia D!Inspirados pelas mantras budistas, ouvidas às 5 da manhã, levantámo-nos antes do nascer do sol. Não quisemos arriscar uma subida tardia e o calor do meio-dia.Avançámos determinados e confiantes, para vencer mais de 2000 metros de desnível em 36 km, preparados para pedalar muitas horas a subir..., a subir..., subir....Ao km 20, atingimos o controlo militar e apre-sentámos a necessária autorização, obtida no dia anterior em Leh.Única avaria da expedição: o Paulo Mourão subs-tituiu a corrente.

A partir do checkpoint, a estrada começou a degradar-se, e o piso tornou-se muito irregular, com cada vez menos alcatrão e mais pedra à su-perfície. Agravados pelo frio, pela chuva e pelos efeitos da altitude, os quilómetros finais foram

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Duas bicicletas de travão de disco pagram o preço, e o susto foi grande para os condutores.

os reGisTosAs jornadas foram planeadas com quadros es-tatísticos e resumo das dificuldades esperadas.

diA 8De Debring a Upshi; início do dia cedo com o ataque ao passe respeitável de 5360 mts ; subida de 20 km em piso duro, e possilidade de sur-presas nos troços mais altos. Depois do passe, fabulosa descida. Na parte final, dhabas.

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Grande Reportagemdemolidores.

A última hora de ascensão foi um verdadeiro de-safio físico e mental, e exercício de concentração para atingir objetivo do dia e da expedição.Na última curva, e com o passe á vista, a queda de flocos de neve brindou o momento especial de pedalar a 5602 metros de altitude. Abrimos as garrafas de vinho do Porto Numância e tinto Monte Agudo, e saltámos literalmente de alegria. Houve ainda tempo para o chá oferecido aos que ali passam pelo militar de serviço. Vestimo-nos depois o mais que pudemos e aí viemos nós, de volta a Leh, em duas horas de descida non-stop!

A situação político-militar em Caxemira im-pediu que pedalássemos ainda mais alto. A es-trada continua para o Nubra Valley, e sobe a cordilheira do Karakorum, onde entronca com a famosa KKH, a KaraKorum Highway e com outro passe acima dos 5000 metros.

Mas há sempre um novo desafio nossa espera: quem sabe, um dia destes, poderemos muito bem rolar por aquela outra estrada que trepa até aos 5900 metros de um vulcão na Bolívia! ø

Conversa editada por Aurélio FariaJornalista

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AnTónio siLVA

idade: 28 anosBicicleta:BH Coronas ; Marzochi Bomber Z1 ; XTR ; LX 22-32-42 / Mavic / Shim V--Brake / Maxxis Ignitor + Maxxis WormDrive

dAnieL MArqUesidade: 18 anosBicicleta:Specialized S--Works M5 ; RShox Sid Race ; XTR ; FSA 22-32-44 / Mavic CrossMax XL / Shim V-Brake XTR / Maxxis Ignitor + Maxxis Larsen

MiGUeL ToLdAidade: 28 anosBicicleta:Giant XTC 960 ; Manitou 6 elite ; XT/LX ; RFace 22-32-44 / Mavic CrossRoc disc / Discos Mini--Hope / Maxxis Ignitor + Maxxis WormDrive

pedro pedrosA (GUiA)

idade: 32 anosBicicleta: Voo-Doo D-Jab ti-tânio, Pace, XT, Race Face 20-30-40 / Ma-vic CrossMax XL / 2xMaxxis Wo r m D r i v e /Magura Tomac

João TeixeirAidade: 32 anosBicicleta: Se-ven Sola titânio, RShox Sid team, RFace 22-32-42 / Mavic Cros-sMax XL disc / Discos Mini--Hope / 2xMax-xis Ignitor

pAULo MoUrãoidade: 39 anosBicicleta: Trek Fuel 100 ; Pace ; XT ; RFace 22-32-42 / Mavic CrossMax XL disc / Discos Mini-Hope / 2xMaxxis Igni-tor

LUís CoeLho

idade: 38 anosBicicleta: Spe-cialized Stum-pjumper ; Pace ; XT ; Shim 22-32-42 / Mavic / Shim V-Brake / 2xMaxxis Igni-tor

pArTiCipAnTes hiMALAyA TrAiL 2003

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14 Janeiro_Fevereiro 2013 OUTDOOR14

Em Família

Iniciou-se no passado dia 16 de dezembro a 5ª edição do Programa “BRINCAR NA NEVE” desenvolvido pela Fede-

ração de Desportos de Inverno de Portugal. Este é um proje-to que se destina as crianças entre os 6 e os 10 anos e tem como principal objetivo a di-vulgação dos desportos de in-verno, mais concretamente o Esqui Alpino e o Snowboard.

As atividades decorrem na Es-tância de Esqui Serra da Estre-la Vodafone e no Skiparque de manteigas em três momentos distintos durante os meses de dezembro, fevereiro e março. O enquadramento dos jovens é efetuado por técnicos da FDI-

-Portugal e monitores da área da saúde e do desporto, garan-tindo com a sua formação uma articulação imprescindível en-tre o brincar e o estímulo ao desenvolvimento desportivo e técnico, conducente a princí-pios de exigência e qualidade.

Com esta atividade, a FDI--Portugal pretende para além de sensibilizar os jovens para a prática desportiva, incutir o gosto pela competição, focar a importância do companheiris-mo e incentivar para a prática necessária dos cuidados am-bientais.A todos os jovens inscritos é disponibilizado o equipamento para a prática de esqui e Snow-board, nomeadamente esquis/

prancha, botas, capacete, bas-tões, casaco e calças para a neve.Estão também incluídos no programa a alimentação, se-guro, dormidas na Pousada da Juventude das Penhas da Saú-de, o transporte para as pistas, forfaits e aulas ministradas por professores credenciados.Ao longo das várias edições do programa “BRINCAR NA NEVE” foram iniciadas nos desportos de inverno mais de 100 crianças, tendo sido des-cobertos alguns jovens com grande potencial que integram agora as seleções nacionais ju-venis da FDI-Portugal. ø

Jaime rendeiroFederação de Desportos de Inverno

Evento

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16 Janeiro_Fevereiro 2013 OUTDOOR

Em Família

Trekking CoM Burros nA CosTA viCenTinA

Atividade

Parta à descoberta da natureza na com-panhia dos nossos simpáticos amigos orelhudos. Por belas paisagens cam-pestres e falésias fantásticas, uma ca-minhada diferente e uma experiência

para toda a família.

Se pensa que os burros são teimosos e dão coi-ces, esqueça... o burro é afável, terno, paciente, robusto, cooperativo e pachorrento e será, antes de tudo, o seu companheiro, vida e alma nesta bela travessia. Venha burricar! ø

António gavinho

Itinerário sugerido

Dia 1: vale das Amoreiras e Praia vale dos homensReceção e breve introdução ao manejo dos bur-ros. Preparação do burros e início do trekking a partir do Vale das Amoreiras, rumo Noroeste, por montes brandos e verdejantes passando por terrenos agrícolas, pastagem e pinhais. Alguns montes e casas de campo, habitados, abando-nados ou recentemente reanimados decoram o percurso. Na aldeia do Rogil um café é sempre bem-vindo antes de continuarmos até à nossa praia favorita, Vale dos Homens. Enquanto os burros aguardam em cima da falésia, os caminhantes podem usu-

fruir da bela praia protegida entre os rochedos, um deles coroado com um ninho de cegonhas brancas. Este é o único local do mundo onde as cegonhas nidificam nas falésias! Segue-se um belo percurso na falésia ou por um pinhal ro-mântico, dependendo do andamento do grupo. Pouco antes da chegada atravessamos um vale com uma ribeira, e chegamos ao conforto e aco-lhimento da Quinta Pero Vicente.

Duração: 5 a 6 horas; Distância aprox.: 12 Km;

Dia 2: Praia da Amoreira Partimos do Pêro Vicente em direção ao Rogil. Rodamos depois para sul, por uma vasta planí-cie salpicada com manadas de gado. Regressa-mos à costa atravessando uma floresta densa e sombria de pinheiros mansos, acabando num caminho junto às dunas da falésia, sempre com a magnífica Costa Sul à vista. Acompanhamos a falésia até chegarmos à fan-tástica Praia da Amoreira e sua ria.Depois de desfrutarmos praia e mar (c/ café--restaurante) entramos por um belo vale e des-cobrimos as ruínas do antigo Monte da Amoreira situado em singular harmonia com a paisagem em redor. Todas as casas abandonadas pelo ho-mem, menos o pastor que cuida dos terrenos em

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Trekking CoM Burros nA CosTA viCenTinA

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volta com o seu gado. Subimos ao planalto e ter-minamos a nossa viagem no Serrão.Transfer ao ponto de partida dia 1 - Vale das Amoreiras.Duração: 4 a 5 horasDistância aprox.: 11 Km

Programa inclui:- 2 dias de caminhadas guiadas com burros- Enquadramento trekking com burros- 1 burro por 3 participantes- Acompanhamento por Guia- Transporte de bagagens nos burros- Picnic nos dois dias- Seguro de Resp.Civil e Acidentes Pessoais

- Transfer início / fim do percursoFicha Técnica:Grau de dificuldade: ModeradoAdequado a crianças a partir dos 6 anos

Ponto de Encontro: Vale das Amoreiras, 3km NE de Aljezur - 10:30h do dia 1

Equipamento obrigatório:Mochila pequena, cantil (ou similar), roupa e calçado adequado para caminhar.

Equipamento recomendado:Máquina fotográfica, impermeável, protetor so-lar, óculos escuros, chapéu.

bagagem:Máximo de 1 saco / mochila de 12kg por pessoa (evitar malas rígidas por não serem adequadas ao transporte nos burros)

número mínimo: 3 pessoas (desconto para famí-lias a partir 4 pessoas)

um programa: Caminhos da natureza

ContactosE-mail: [email protected] Telefone: 214 029 752 / 962 543 289 / 98

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Perfil

Island PeakAventura

-Pede dal bhat, é o que ela come sempre! – Dis-se a Pipas com o seu ar decidido. Tinha chega-do o momento de escolher a refeição e eu não me encontrava na sala comum do lodge. Já tinha passado tempo suficiente para a minha parceira de quarto conhecer bem as minhas preferências, o que não era difícil, já que, desde que entra-ra no Parque Nacional de Sagarmata para ini-ciar o trekking me enamorara por aquele prato típico nepalês tão saboroso! É com o aromático vapor que sai das lentilhas condimentadas com especiarias e alho que o meu apetite aumenta. A acompanhar esta taça cheia de bhat, é servi-do um simples arroz, ou dal, e alguns vegetais no meu caso, pois não como carne. O grupo era grande e convinha não atrasar muito os pedidos, afinal não estamos a falar de um restaurante.

Rolo no pequeno espaço que separa as duas camas do quarto e sinto o bem estar de alongar as costas. É o suficiente para me poder esticar um pouco, mas mesmo só um pouco. Não posso dei-

xar de rir da situação, o espaço não é muito mas a vista da janela compensa grandemente. Depois de passar algum tempo a alongar regresso à sala onde me dão a sorrir a notícia que o meu almoço vai ser “o do costume”.

Os lodges são pequenas casas locais adaptadas para receber as centenas de trekkers que acor-rem todos os anos a este parque tão emblemá-tico, é aqui que se encontra o monte Evereste e costuma ser a primeira opção para quem visita o Nepal pela primeira vez. Não foi o meu caso, esta é a minha segunda ida ao Nepal. Há oito anos tinha optado por uma zona menos turística quan-do aqui passei a minha lua-de-mel, o parque de Langtang e os Lagos de Gosaikund, local de peregrinação hindu e de grande significado espi-ritual. Na zona onde nos encontramos os lodges já têm algumas condições de conforto, encontra-mo-nos num local remoto onde todos os bens que consumimos são carregados por animais ou às costas de alguém. Não seria justo pedir mais do

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Passados cinco dias de

caminhada, o nosso organismo já se acostu-mou ao tranquilo ritmo

do dia-a-dia de quem optou por umas férias

ativas e saudá-veis.

que nos é oferecido, uma cama, comida, casa de banho por vezes no interior e um espaço quente onde todos podemos confraternizar. Atrevo-me até a dizer que poderia perder todo o encanto se houvesse demasiadas mordomias.

Passados cinco dias de caminhada, o nosso orga-nismo já se acostumou ao tranquilo ritmo do dia--a-dia de quem optou por umas férias ativas e saudáveis. Que melhor pode haver que partir para um país longínquo como o Nepal, com toda a aura de magia que con-tém e passar dezassete fantásticos dias a caminhar num ambiente de montanha, com paisagens deslumbrantes e na compa-nhia de amigos que partilham do mesmo gosto? A parte físi-ca até acaba por ser o mais fácil, penso que o maior desa-fio é a partilha tão íntima que temos com todo o grupo nestes dias, o desafio de tolerar feitios diferentes dos nossos, o desafio de aceitar alguma má disposição deriva-da do cansaço, o desafio de sair da nossa zona de conforto.

Observo o grupo que se encontra sentado na sala do lodge em Pangboche. É um momento de descanso, uns lêem, há quem converse, outros escrevem os seus diários, outros ainda deixam--se dormitar levados pelo cansaço. O moral está

um pouco em baixo. Seria o dia em que faríamos uma pausa para aclimatar e para isso estava pla-neado uma visita ao campo base do Amadablan, essa belíssima montanha que nos abraça como uma mãe carinhosa. No entanto, chove há três dias e ainda nem a conseguimos ver. Vindos da enigmática, confusa e poluída capital nepalesa, já tivemos a nossa dose de sorte quando ater-ramos no inacreditável aeroporto de Lukla. Os

ventos fortes, a nebulosidade e a constante mudança de visibilidade leva a que os

voos sejam muitas vezes atrasados ou cancelados. A adrenalina inva-

de esta aterragem, curva aper-tada à esquerda, faz-se silêncio na pequena avioneta, baixar para os 450m de pista, à nos-sa frente um penhasco, tra-var com convicção, respirar fundo, já está! Entramos no

mundo dos shortens e bandei-ras de oração da melhor manei-

ra, percorremos o trilho que nos leva a Phakding debaixo de um sol

de Outono, sentindo o leve cheiro dos rododendros e acompanhados pelo som das

águas fortes do rio Dudhkoshi. Na manhã seguin-te subimos os 520m de altitude que nos separa-vam da capital do reino sherpa, Namche Bazaar. Estamos agora a quase 4000m de altitude e para que a nossa aclimatação seja o melhor possível, vamos aqui pernoitar mais uma noite. Quan-do subimos em altitude, a pressão diminui, o ar

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torna-se rarefeito e a concentração de oxigénio é menor, o que significa que temos menos oxigé-nio disponível. A respiração torna-se ofegante. O nosso fantástico organismo tem resposta a esta situação, mas para isso necessita de tempo. Tem-po para poder fabricar mais glóbulos vermelhos para que o oxigénio transportado para as nos-sas células comece a aumentar. E aproveitando esse tempo, visitamos no dia seguinte a aldeia de Khunde debaixo de uma chuva miudinha e per-sistente. Esta mesma chuva acompanhou-nos ao Mosteiro budista de Tengboche e as nossas mãos húmidas fizeram rodar os moinhos de oração em respeito pelas tradições locais. Tivemos o privi-légio de nos abrigar um pouco neste mosteiro e visitar o seu interior, sentados tranquilamente no chão da enorme sala de orações adornada de cores vivas.

- As vistas do Amadablan daqui são espetacula-res – ouço alguém dizer. À nossa frente uma capa cinzenta de nuvens não nos deixa ter a mínima ilusão de ver as montanhas tão cedo.

E é esta a razão do silêncio que se instalou entre o grupo. Ninguém saiu para visitar o campo base do Amadablan.

No dia seguinte acordamos com o mesmo céu cinzento. Olho pela janela e tento imaginar como

Aventura

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será essa montanha tão mágica, Amadablan. O João aproxima-se: - Luísa, vamos cancelar a ida para Dughla hoje. Só vamos apanhar chuva e o conforto no próximo lodge é menor. Ficamos mais um dia em Pangbo-che, descansamos e temos mais tempo para acli-matar. Estamos na montanha e já sabes como é, dependemos das condições climatéricas e temos que ser flexíveis e ir alterando os planos confor-me for melhor.

O meu coração bateu mais forte. Como vamos explicar isto ao restante grupo sedento de caminhar e já há dois dias dentro do mesmo lodge?- Não te preocupes, hoje tenho uma surpresa que vai alegrar toda a gente. Estava a guar-da-la para o campo base, mas vou ter mesmo que a usar já.

Chegada a hora do almoço nem queria acreditar no que via, adeus fried rice, dal bhat, tomato soup, hoje há bacalhau cozido com batatas regado por um maravilhoso azeite alentejano! Foi o suficiente para nos animar e proporcionar um almoço saboroso e divertido.

Restabelecidas as energias e cada vez mais acos-tumados à altitude, partimos para uma jornada de dois dias numa só, recuperando o tempo per-dido. De ânimo forte deixamos o que foi o nosso lar nestes três dias e seguimos rumo ao nosso objectivo, o Kala Pattar, de onde se têm das mais fascinantes vistas do Evereste.

- Posso contar-te a história do livro que estou a ler? - Pergunto à Inês, com quem partilho uma forte amizade e amor pela montanha. Hoje vai ser um dia longo, vamos mais uma vez subir em altitude e por vezes ajuda se conversarmos um pouco para distrair do cansaço. - Estás a ler um livro passado no deserto, não é? Curioso como escolheste um local quase oposto ao que estamos - Respondeu ela.

Estou a ler o "Tuareg", mas ao longo da minha leitura tenho deparado com situações comuns entre o deserto e a montanha, mais do que opos-tas. Depois de termos passado estes dias juntos percebemos que a montanha nos oferece tempo e espaço para estarmos a sós connosco próprios, mas ao mesmo tempo também partilhamos tudo e ficamos unidos aos outros com laços de ferro. -

Hoje vai ser um dia

longo, vamos mais uma vez subir em al-

titude e por vezes ajuda se conversarmos um pouco para distrair

do cansaço.

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Vou contar-te um episódio que me marcou neste livro. - E assim passou o tempo até à paragem para almoço.

Pernoitamos essa noite na pequena aldeia de Lobuche num modesto lodge. No quarto ao meu lado está um casal, a Rita e o Miguel, com quem os laços de amizade se vão estreitando cada vez mais. São de uma disponibilidade incrível e como médicos estão constantemente a ser solicitados sem nunca deixar de ajudar. A tábua de madeira que separa os nossos quartos é tão fininha que quando me deito um pouco na cama para des-cansar encosto-me e sinto alguém do outro lado, sorrio, a noção de intimidade aqui desvanece--se... Ao final do dia ainda saio um pouco para apreciar a beleza da pirâmide quase perfeita do monte Pumori.

A chuva dos dias anteriores trouxe-nos uma surpresa, tinha nevado naquelas altitudes e na manhã seguinte esperava-nos um espetáculo

surpreendente no trilho que nos leva ao Kala Pattar com os seus 5600m. A pureza do branco que nos rodeava tornou a paisagem mais bela; foi-se mostrando à medida que íamos desligan-do os frontais e o sol espreitava ao nosso lado. Se o trilho se mostrou uma surpresa, a vista des-te miradouro privilegiado deixou toda a gente extasiada! Evereste, Nuptse, Lhotse, Khumbu ice falls, finalmente ao vivo a imagem que retinha na minha memória há tantos anos, num poster ofe-recido por um amigo. Somos abençoados por um dia soalheiro, nem uma brisa passa por nós, está calor e há quem comece a libertar-se da roupa. Há tempo para conversar, fotografar, alongar, rir ou simplesmente observar em silêncio tamanha grandiosidade. Mas o tempo não para e sensata-mente começamos a regressar, felizes com um sentimento de dever cumprido. No entanto, o nosso objectivo nesta viagem é maior e vai reque-rer mais força, tenacidade e confiança, subir aos 6190m do Island Peak, qual "ilha num mar de gelo" vista da aldeia de Lobuche.

Aventura

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- Temos que nos organizar, somos muitos para um duche apenas – Ouço alguém reclamar.

Ao longo de toda a viagem vão surgindo peque-nos contratempos para resolver, é assim viajar em grupo. E são estes contratempos que nos tor-nam mais humanos e fortalecem a nossa amiza-de. Os lodges são muito simples, mas há alguns que oferecem duche, se assim podemos chamar à pequena casa de pedra com um balde pendu-rado, onde se coloca água aquecida que sai por uns pequenos furos. Não convém usar muita, é um recurso escasso. Para quinze pessoas toma-rem duche nestas condições passaram algumas horas. Está uma senhora a aquecer constante-mente água e os elementos do grupo vão pas-sando com um ar feliz e lavadinho à medida que saem da casa de banho. Com ajuda, os cabelos compridos são lavados no exterior com água fria, tarefa que traz risota a todos. É esta simplicida-de de dar valor a pequenas coisas que tomamos por certas, que nos torna mais humildes e nos dá

a possibilidade de relativizar muitas das nossas prioridades. Escusado será dizer que este duche foi dos melhores que tomei, como se da melhor banheira se tratasse e o pequeno fio de água que escorria pelo balde pareceu-me satisfatoriamen-te abundante.

Dirigimo-nos para o campo base em duas fases, há elementos que seguiram à frente para quan-do chegarmos já termos parte do acampamento montado. Acabaram-se os lodges, a partir daqui a nossa casa vai ser uma tenda, opção que não agrada a todos. A tenda messe, o coração do acampamento é uma grande tenda branca com forma de iglo, espaço para comer, ler, conver-sar ou simplesmente descansar. Aqui existe uma mesa, bancos, luz e aquecimento o que a torna bastante convidativa. Seguimos a um passo lento e ritmado, vamos para 5000 m e temos mesmo que forçar esta lentidão, tudo é feito com mui-ta calma como se praticássemos tai-chi, com a mesma concentração. O fascínio de encontrar a

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natureza na sua forma mais agreste e grandio-sa nesta região nunca acaba, e é neste ambiente que encerra uma atração mágica indescritível que chegamos ao campo base do Island Peak. Vamos recolher os nossos sacos que foram trans-portados por yaks e escolhemos o melhor local para montar a tenda. Só depois de terminada esta tarefa é que nos reunimos novamente.

- Amanhã é um dia de treino, vamos finalmente utilizar o material técnico que trouxemos. Vamos usar o arnês, aprender a caminhar encordados, como utilizar o jumar, rapelar, etc. - João explica--nos o dia seguinte como só ele consegue, como um mestre que transmite a sua arte porque a ama profundamente e se identifica com ela.

O ambiente é descontraído e para muitos cheio de novidades nessa manhã. Todos estamos atentos às explicações que nos são dadas, afinal a nossa vida pode depender disso. Em todas as atividades

a correta utilização do material é essencial para minimizar riscos de acidentes e

esta não é uma exceção. Foi monta-do um rapel para treinarmos esta

técnica de descida por cordas, treinamos regras de segurança numa cordada e verificamos o material individual.

À tarde na tenda messe, dedi-quei-me com o Miguel à tarefa

de filtrar água. A que recolhemos dos cursos de água não é própria

para consumo. Para evitar fervê-la ou utilizar desinfetantes que demoram

algum tempo a atuar e deixam a água com um sabor estranho, todos os dias era filtrada para encher os nossos cantis. É uma boa maneira de passar o tempo, tranquilamente e na conversa. Após o jantar temos a típica reunião que precede o dia de ascensão. João descreve pausadamente o que nos espera no dia seguinte, anima e tranqui-liza o grupo, dá conselhos pertinentes e manda--nos descansar mais cedo, a partida fica marcada para as 4 horas da manhã.

Quem terá conseguido descansar esta noite? O nervosismo espelha-se em alguns olhares sono-lentos; tomamos um chá, algumas bolachas e com os frontais ligados iniciamos a nossa subida. Sinto-me lindamente, calma, feliz pelo dia que me espera. Seguimos a passada lenta e cadenciada do João que nos leva a transpor a primeira parte de rocha e nos eleva, já com o sol a raiar, ao glaciar. É deslumbrante esta zona do glaciar. Separamo--nos em duas cordadas e percorremos o glaciar onde as vistas nos vão surpreendendo cada vez

Aventura

Em todas as atividades a

correta utilização do material é essencial para minimizar riscos

de acidentes e esta não é uma exce-

ção.

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mais. De todos os efeitos que a hipoxia, ou baixo teor de oxigénio, pode ter no ser humano, tive a sorte de me acontecer o melhor, a euforia. E ao chegar ao ponto chave, à zona onde alguns mem-bros do grupo já tinham instalado cordas, extraio um poder destas fortes montanhas de granito, um magnetismo que fortalece a vontade e torna menos intransponíveis as barreiras que se nos apresentam. Com o meu companheiro de esca-lada à frente, Aurélio, sigo conversando alegre-mente e tentando reter o mais possível na minha mente esta paisagem tão grandiosa. Aguardamos a saída da primeira cordada do cume, com a qual nos cruzamos, encarrapitados na vertente, num equilíbrio precário. É a nossa vez, seguimos para o ponto mais alto, cada respiração um esfor-ço, cada passada uma dura empreitada. Alegres naquele espaço tão reduzido felicitamo-nos, é a hora dos sorrisos, das fotografias e de absorver toda a forte energia que nos rodeia.

Cansados mas alegres iniciamos o nosso regres-so “a casa”. É à porta da tenda messe que abraço o Aurélio e o felicito. A subida é muitas vezes lon-ga e penosa, mas a tarefa só está terminada quando descemos e nos encontramos em segurança, só ai relaxamos e damos por ter-minada a jornada.

O verdadeiro valor do esforço na montanha, não vem meramente de atingir o cume; vem mais do sonho do que é atingir o objetivo. Por isso, ao seguir pelos belíssi-mos trilhos na montanha, sentin-do a sua quietude, ao sorrir para as crianças quando se cruzam no caminho, ao sentir as orações a voarem desprendendo-se das suas bandeiras, ao orar na passa-gem pelos shortens, rapidamen-te nos tornamos crianças cheias de admiração pelas coisas sim-ples e belas.

É necessária humildade para entrar no coração deste lugar, como um viajante peniten-te explorando a mensagem da natureza para além dos altos cumes. ø

Luísa Tomé

Papa-Léguaswww.papa-leguas.com

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Evento

Aventura

THE COLOR RUN

MaTOsiNHOs, LisbOa, COiMbRa E aLgaRvE

EsTãO NO CaMiNHO dOs 5 kMs Mais fELi-

zEs dO pLaNETa!

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AventuraO quE é O ThE COLOr run®?O The Color Run® é uma grande festa de alegria e diversão. Os 5 kms, a primeira parte do festi-val podem ser feitos a correr, a caminhar ou a rastejar e é uma experiência ímpar que se con-centra menos na velocidade e muito mais num momento colorido de diversão entre amigos e família. Os participantes são de todas as idades, formas e feitios, e todos eles são “brindados” com uma Tatoo logo na saída.

Quer se trate de um participante ocasional ou de um verdadeiro atleta, estes cinco quilómetros The Color Run® constituem uma experiencia in-comparável, em que não só a cor, mas também o riso, a alegria e o convívio são comuns a cada um dos participantes.

COMO FunCIOnA?Este evento tem duas regras muito simples: o

uso obrigatório de uma t-shirt bran-ca no início da prova e pintura

total no final! Os participantes partem para os 5 quilóme-

tros como um imaculado livro branco. No fim, fi-cam como se tivessem caído no caldeirão das cores do arco-íris! E se por acaso não chega-rem o suficientemente coloridos, no final terão

uma festa inesquecível de COR.

O quE é A COr?Cada quilómetro do percurso é

associado a uma cor: amarelo, laran-ja, cor de rosa e azul. À medida que os parti-cipantes completam os sucessivos quilómetros, entram nas Zonas de Cor -- as Color Zones -- onde são pulverizados de cor por voluntários, patrocinadores e colaboradores do evento. O maior banho de COR -- o Color Blast -- é reser-vado para o final, e logo depois os participantes são convidados a comparar pinturas e a perma-necer em animado convívio, com comida, muita cor e grande animação!

Todos os produtos utilizados ao longo do percur-so são 100% naturais e seguros – a tinta em pó atirada aos participantes é constituída, essen-cialmente, por amido de milho, não represen-tando qualquer perigo e sendo facilmente lavá-vel após o final.

E O quE ACOnTECE nO FInAL?Podemos seguramente garantir que o nosso fi-

O maior banho

de COR -- o Color Blast -- é reservado para o final, e logo depois os

participantes são convida-dos a comparar pinturas e a

permanecer em animado convívio, com comida,

muita cor e grande animação!

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nal é o melhor pós-5 quilómetros do planeta. No final da corrida, os participantes são convidados a ficar na festa e a testarem os limites máximos da COR nos seus amigos. ø

DATAS:

Matosinhos 10/03Coimbra 04/05Lisboa, Algarve – brevemente

Mais informações Facebook

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Aventura Projeto por Silvia Romão

Não sei se é a Galiza que tem algo de português ou se, ao contrário, Portugal tem algo de galego. Talvez qualquer uma das hipóteses seja vá-lida e é isso que me faz surgir este

sentimento de pertença de cada vez que vou à Galiza. A primeira vez que aqui estive era uma recém-adolescente e o olhar sobre esta região ficou-se pela excitação própria das excursões

do colégio que nos permitiam dormir fora de casa. Ou melhor, davam a sensação de fazer algo proibido quando (pensávamos nós) passá-vamos as noites a enganar os professores, fin-gindo que dormíamos quando na realidade in-ventávamos jogos diversos, preferencialmente de terror, para nos manter despertos. Nessa al-tura, não dormir uma noite inteira era a maior aventura que podíamos viver na Galiza.

gAlizA...

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Largos anos mais tarde foi o Caminho de San-tiago. Muitos trilhos já tinham passado pela sola dos meus pés mas nenhum me ensinou tanto como os nove dias que passei a percorrer as es-tradas antigas dos peregrinos. Aí conheci a Ga-liza da fé que se mistura com a Galiza natural. Ambas casam de uma forma tão íntima que se torna difícil estar numa sem sentir a outra. Mes-mo quando o propósito não seja peregrinar. Da minha experiência de busca de uma fé pessoal, que surge a partir de um questionar constante de mim própria e da realidade que me rodeia, encontrei na Galiza e nos passos do Caminho, tempo e espaço para reflexões mais íntimas so-bre os assuntos do divino, seja ele qual for. Não encontrei respostas concretas mas cresceu esta curiosidade pela existência e os seus mistérios. O que se tornou uma força motora da minha vontade indomável de conhecer o mundo. De preferência a pé.

Volto à Galiza agora, passado quatro anos. Não pela fé nem pelos seus caminhos mas pela von-tade de explorar os pormenores que, em passa-gens anteriores não tinha tido oportunidade de ficar, apreciar, tornar-me íntima.

Chego a Mondariz escondida pelo nevoeiro de inverno. A encosta cobre-se de nuvens baixas que se confundem com as chaminés fumegantes que salpicam entre o verde da paisagem. Há frio, há chuva, há muita água que escorre por onde há espaço. E onde não há, ela cria-o afastando

pedras, ignorando árvores presunçosamente e sem pedir licença. Ainda mais em Mondariz, onde ela é protagonista.

Esta vila, não muito distante da fronteira portu-guesa, tem como centro de atenções uma nas-cente de águas termais que a tornaram famosa nos finais do século XIX e quase todo o século XX, até o turismo termal se associar a pessoas de condição débil e entrar num período menos glorioso. Hoje, reabilitado, transformou-se num SPA e centro de bem estar termolúdico que aco-lhe calorosamente gente de todas as idades à procura de curas rápidas e eficazes para acabar com os dias que transbordam cansaço e excesso de trabalho.

Mas Mondariz é muito mais que águas exclusi-vamente termais. Existem as águas do rio Tea presentes em todos os seus recantos. E graças aos caminhos que elas desbravaram ao longo dos anos, é agora possível acompanhar o seu percurso, respeitosamente ao seu lado.

Apesar da ameaça permanente de chuva, avan-ço pelos trilhos que ladeiam o rio, encorajada por um grupo de praticantes de canoagem pou-co intimidados pela força crescente que o rio vai exibindo à medida que a floresta se adensa. Olhando à distância, a sensação que surge é que neste lugar existe uma constante competição entre a determinação da água e a teimosia das árvores e outras vegetações que, ao percebe-

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Assim que faço a cur-

va do trilho percebo quem realmente man-

da ali. Olho conformada para a água que trans-borda, avisando-me que

por ali deixou de ha-ver caminho para

mim. rem que o rio invade o seu espaço, se fincam ainda mais na terra. Nesta guerra nenhum ganha, nenhum perde. As árvores ali estão determinadas a manterem-se firmes pe-rante a ameaça furiosa da água. De tal forma que quanto mais o leito sobe, quanto mais ele se enfurece, mais elas parecem ignorá-lo as-sumindo até uma postura divertida perante tal atrevimento hídrico. Por seu lado, a água, forte quando unida, mostra toda a sua audácia, desa-fiando a paisagem que invade sem cerimónias.

O caminho segue pela margem e transforma--se num espaço de observação desta disputa de elementos da natureza. Atrevimento meu pensar que não me deixo envolver nestas discórdias. As-sim que faço a curva do trilho percebo quem re-almente manda ali. Olho conformada para a água que transborda, avisando-me que por ali deixou de haver caminho para mim. Que a partir dali é só entre o rio e a floresta. Não há espaço para mais ninguém.

Ao longo do percurso que é a minha vida tenho vindo a aprender - por vezes de maneira fácil, outras de forma mais bruta - que há situações que não vale a pena contrariar. Se o caminho que segue em frente se torna uma sucessão de obstáculos cada vez mais intransponíveis, pro-vavelmente é o destino a mostrar-nos que não é por ali. Então, sem mágoas nem ressentimentos mas com a lição aprendida, volto para trás, não porque desisto mas porque sei que há outros tri-lhos mais adequados à minha condição. Afinal

a vida é fácil e não vale a pena con-trariá-la demasiado. Ou teimar seguir

direções que não são as nossas.

Chegou pois o momento de voltar para trás. Interromper o percurso e regressar esperando que a chuva não se tenha unido ao leito do rio e tomado para si também o caminho de regresso.

A frustração das coisas inacabadas vai-se diluin-do à medida que me aproximo de novo do ponto de partida. Aqui, em pleno inverno galego, o lu-gar é da água que, ao contrário do que me pare-ceu no início, não compete com as árvores. Antes as abraça, alimenta-as e assegura-lhes que, en-quanto conseguir reunir forças estará ali para as nutrir. De forma mais efusiva no inverno para que tenham todos os recursos para florir no ve-rão.

Por seu lado, as árvores não resistem teimosa-mente. Antes se curvam elegantemente numa vénia discreta, agradecendo o esforço coopera-tivo da água. E desta simbiose, deste trabalho de equipa, onde antes vi competição, nasce toda a paisagem natural única que forma a Galiza.

A natureza e a fé confundem-se mais uma vez. Nesta fusão mostram-me que há sempre um lado bom mesmo quando parece o contrário. E que onde há competição pode antes surgir coo-peração, se estivermos mais atentos. Se conse-guirmos ver os dois lados. ø

Sílvia romão30dp.org

Aventura

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emanuel pombo, um prazer sobre rodaspor bebiana Cruzfotografias: luís lopes

EntrevistaEntrevista

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Emanuel Pombo dispensa apresentações. O atual campeão nacional de downhill esteve à conversa com a Outdoor e contou-nos alguns segredos, histórias e sonhos. Não perca esta entrevista recheada de vitórias.

Como surgiu a tua Paixão PElo Btt? Surgiu aos meus 12 anos quando recebi a minha primeira bicicleta por ter tido boas notas na es-cola.

E o downhill aParECEu Por aCaso ou já Eras fã da modalidadE?Foi um pouco por acaso. Por volta dos 14 anos recebi um computador com acesso à internet e descobri, juntamente com meu irmão mais ve-

lho o que era o Downhill. Depois decidimos fa-zer uma pista atrás de casa para andar aos fins de semana com os amigos e a partir daí nunca mais quis outro desporto.

a madEira é uma rEgião ProPíCia à Prá-tiCa dEstE dEsPorto. o faCto dE sErEs madEirEnsE influEnCiou-tE a PratiCa-rEsdownhill?A Madeira é bastante propícia a prática do dow-nhill e sem dúvida que influenciou em todos os aspetos. Já viajei bastante em competição e devo dizer que os trilhos madeirenses estão ao nível dos melhores do mundo, mas aliados a paisa-gens de cortar a respiração. A Madeira é sem sombra de dúvida um paraíso para o Downhill.

Entrevista

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EstE é um dEsPorto quE ExigE muitas ho-ras dE trEino. Como tE PrEParas Para as Provas?A preparação exige bastante treino e empenho. Primeiro, defino os objetivos a cumprir com o meu treinador Tiago Aragão e depois é elabo-rado um plano de treinos de forma a estar na minha melhor forma física nessas alturas. Essa

preparação passa por muitas horas na bicicleta, seja a pedalar ou descer, no ginásio, na prepa-ração da minha bike e treino psicológico para quando chegar as provas, nada falhar.

qual a maior difiCuldadE numa Prova dE downhill? A maior dificuldade para mim é concentração

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Em família

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Entrevista

que é preciso ter em provas importantes. O Downhill é uma prova contra o relógio, mas que ao mesmo tempo, tudo está contra nós. Seja a degradação do piso com as passagens dos atle-tas, as condições climatéricas ou simplesmente a nossa confiança. É aqui que a concentração é fundamental para não falhar nada no momento certo!

dEsCrEvE-nos a sEnsação dE ComPEtir ao lado dos mElhorEs do mundo.É um enorme orgulho e um sonho concretiza-

do! Sempre admirei muitos destes pilotos e mui-tos deles são meus ídolos, mas hoje em dia são meus adversários com que tenho o privilégio de competir. É uma sensação muito boa. quais são os sPots quE ElEgEs Para a PrátiCa dEsta modalidadE Em Portugal ContinEntal E ilhas?Em Portugal continental abriu recentemente o Bikepark de Ponte de Lima que é muito bom, em relação as ilhas, a Madeira é o melhor spot nacional.

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(...)e embati violenta-

mente com a minha cabeça numa árvore que provocou uma lesão na minha coluna que pode-ria ter posto um ponto

final na minha car-reira!

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Em 2010 vistE o tEu sonho sEr qua-sE dEstruído Em sEgundos numa quEda PErigosa Em itália. Como aContECEu EssE inCi-dEntE?É verdade! Naquela altu-ra estava na minha melhor época de sempre. Tinha sido Campeão Nacional e vencido a Taça de Portu-gal de Downhill e fui fazer a prova da Taça do Mundo de Val-Di-Sole como prepa-ração para o Campeonato da Europa e do Mundo nas sema-nas seguintes. Esta Taça do Mundo em Itália é das pistas mais técnicas e exigentes, mas estava a sentir-me bem. Ti-

nha-me qualificado num bom lugar para a final, mas na última descida de trei-

nos antes da grande final, decidi ir um pouco mais rápido e acabei

por me descontrolar no final da primeira secção técnica e embati violentamente com a minha cabeça numa árvore que provocou uma lesão na minha coluna que poderia ter posto um ponto final na

minha carreira! Felizmente isso ainda não estava destina-

do e acabou por não ser esse o caminho que teria que seguir.

o quE tE motivou a rEgrEssar?Acho que foi a paixão pelo que faço! Foi um mo-

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mento horrível, que até tentei desistir do Dow-nhill, mas não consegui! Foi quando decidi re-cuperar e mostrar a mim próprio que não era isto que iria parar-me, mas sim tornar-me mais forte!

o doCumEntário “thE ComEBaCk” doCu-mEnta o tEu rEgrEsso. o quE signifiCou Para ti EstE ProjEto?Significou muita coisa, mas o mais importante era mostrar a minha história a outras pessoas e passar a mensagem que desistir não é opção e que devemos lutar pelo que nos faz feliz e pelos nossos sonhos.

Recebi muitas mensagens positivas de pessoas que tiveram lesões, não só derivado das bicicle-tas, e que o meu documentário “The Comeback” foi uma inspiração para não desistir e continuar.

Estas mensagens foram muito im-portantes para mim. O período

de recuperação foi bastante duro e de muito trabalho, mas valeu a pena.

ConsidEras quE Esta é uma modalidadE valo-rizada Em Portugal?Acho que sim! Houve uma evolução bastante grande

na modalidade nos últimos anos e o trabalho passa por

dar mais visibilidade e dá a conhecer o Downhill ao públi-

co em geral e não só a um “nicho” específico de pessoas. Essa visibilidade

é importante para os atletas conseguirem mais patrocínios, de forma a poder competir ao mais alto nível.

Com um PErCurso já rEChEado dE vitó-rias, o quE ainda PrEtEndEs alCançar?Quero conquistar a minha 10ª camisola de Cam-peão Nacional e entrar no Top 20 da Taça do Mundo e Campeonato do Mundo em 2013.

o númEro dE PratiCantEs dE Btt Está a aumEntar. quais os ConsElhos quE dás a quEm sE Está a iniCiar?Os conselhos que dou é que usem sempre prote-ções, nunca pratiquem Downhill sozinhos e que se divirtam! Tenho a certeza que quem experi-mentar, vai querer continuar! ø

Entrevista

“The Comeback”

foi uma inspiração para não desistir e con-tinuar. Estas mensagens

foram muito importantes para mim. O período de recuperação foi bastante duro e de muito traba-

lho, mas valeu a pena.

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