revista outdoor 2
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Consulte a Revista Outdoor Digital 2TRANSCRIPT
Filipe Palma a solo na antárctida
começar a esquiar
truques e dicas
em FamíliaSão Silvestre de Lisboa 2011
diana Gomes da silva Desafiar os céus
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Torna-te fã
revista
Disponível para iPad
mais além depois do everestde João Garcia
raFtinGVamos lá descer o rio!
FotoGraFaro outono
com Joel SantosParque natural do Faial
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Editorial Ficha técnica
Já se sente o frio, as primeiras chuvas já caíram e até já nevou… O Outono chegou em força e com ele o novo número da Revista Outdoor!
Enquadrado com o estado do tempo, o número de No-vembro traz-nos novos desportos, diferentes actividades, novas personalidades, e muito mais… A categoria Ar transformou-se em Neve e aqui encontrarás bons con-selhos e sugestões.
É de facto gratificante elaborar este projecto num país com uma comunidade de amantes de desporto aventura e outdoor tão significativa. Adoramos desafios, amamos a natureza e temos grandes Aventureiros e Desportistas no nosso País… Histórias fantásticas, desafios superados, grandes resultados aos quais queremos dar voz.
Nesta edição recordamos a Travessia do Filipe Palma em Kayak na Antárctica, damos a conhecer as paixões da nossa piloto Diana Gomes da Silva, desvendamos os segredos do rafting no nosso país e, claro, não faltam su-gestões para quebrar a rotina. Na categoria Fotografia não percam os truques e dicas para boas fotos na nova estação.
Acreditamos que a leitura deste número da Revista Ou-tdoor seja uma fuga às constantes notícias negativas que nos chegam diariamente e que a mesma nos motiva a to-dos para partir à Aventura.
Obrigado a to-dos os que con-tinuam connos-co e a colaborar neste projecto.
Boas Aventu-ras e até Ja-neiro. Não se esqueçam de ir acompanhando todas as novi-dades no Portal Aventuras.
Equipa Portal Aventuras
Chegou onúmero2!
Edição nº2
WPG – Web Portals lda
NPC: 509630472
CaPital soCial: 10.000,00
rua Melvin Jones Nº5 bc – 2610-297 alfragide
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Editor E dirEctorNuNo Neves | [email protected]
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soFia CarvalHo | [email protected]
rEvisão Cláudia CaetaNo
colAborArAM nEstE núMEro:aNdré PoMbo, aNtóNio Marques vidal,
aurélio Faria, Cláudio silva, FiliPe PalMa,
João GarCia, João Marques, Joel saNtos,
JorGe vilela de CarvalHo, MaGali tarouCa,
NuNo luís, NuNo rodriGues, Paulo quiNtaNs,
Pedro alves, riCardo MeNdes, teresa CoN-
Ceição.
dEsign EditoriAliNês rosado
FotogrAFiA dE cAPAMaGali tarouCa
dEsEnvolviMEntoÂNGelo saNtos
sEguE-nos no FAcEbook!
www.portalaventuras.clix.pt
DirectrizesEDITORIAL 04
GRANDE REPORTAGEM
A solo na Antárctida, Filipe Palma em Kayak 06
EM FAMÍLIA
O outro lado de Sintra/GPS Paper 12
EVENTO - São Silvestre de Lisboa 2011 16
AvENTuRA
EVENTO — Tow Out pela noite fora 20
DESCOBRIR — Um elefante chamado Casa 24
ENTRE AMIGOS— Um passeio em Btt 28
ENTREvIsTA
Desafiar os céus com Diana Gomes da Silva 30
POR TERRA
VIAGEM — Birmânia - Mynamar Confort 34
ACTIVIDADE — Randonneur 38
DESAFIO — GR-14 Rio Douro - O percurso 42
POR ÁGuA
ACTIVIDADE — Experimentar o Rafting. Vamos lá descer o Rio... 48
NEvE
Truques e dicas para começar a esquiar 52
INDOOR - Preparação para desportos de Inverno 56
ENTREVISTA — João Marques por Sofia Carvalho 58
EQUIPA-TE PARA A NEVE 62
FOTOGRAFIA
ENTREVISTA — Natugrafia por Magali Tarouca 64
PORTFOLIO DO MÊS — NUNO LUíS 70
FOTOGRAFIA DO MÊS — Por Joel Santos 74
TRUQUES E DICAS DE JOEL SANTOS — Fotografar o Outono 76
APLICAçãO PARA IPhONE E IPAD — SnapSeed 78
sOs
Sobreviver ao Frio 80
KIDs
Aventura-te com a tua Escola 84
DEsCOBRIR
PARQUE NATURAL DO FAIAL Um tesouro entre Mares e Vulcões 90
LIVRO AVENTURA Mais Além depois do Everest 97
NATAL COM AVENTURA 98
Pousada de Juventude das Penhas da Saúde 100
RECEITAS OUTDOOR Bannock 102
ACTIvIDADEs OuTDOOR 104
DEsPORTO ADAPTADO
CANOAGEM/DEFICIÊNCIA MOTORA 112
EsPAÇO APECATE 116
A segurança em actividades ao Ar Livre
A FEChAR 120
Filipe Palma, é o português que a solo con-cretizou a travessia da Antráctida. «Toda a gente tem oportunidades na vida, cabe a nós agarrá-las. Tal como muitos outros, so-nhei com a Antárctida. A única diferença é que transformei esse sonho em realidade!»
Conhecida por desafiar os céus como ninguém, com acrobacias que nos fazem suster a respiração e suspirar de admira-ção, nem só a pilotar um avião Diana Go-mes da Silva nos consegue surpreender.
O Parque Natural do Faial, eleito com o ró-tulo EDEN em turismo sustentável, ofere-ce desde trilhos nos vulcões a observação de baleias. Iremos conhecer este destino de excelência, apelidado de um tesouro entre mares e vulcões.
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Os textos e imagens presentes na Revista Outdoor são da responsabilidade dos seus autores. Não é premitido editar, reproduzir, duplicar, copiar, vender ou revender, qualquer informação presente na revista.
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O s olhos sinistros, a boca enorme, os dentes caninos e incisivos frontais que servem para rasgar as presas, e a cabeça grande,
num corpo de quase quatro me-tros, e meia tonelada de peso. «Foi uma visão muito pior do que tinha imaginado!». A água gelada contribuiu para aumentar ainda mais o medo de Filipe Palma. Sentir tão perto a beleza mortífera de uma foca-leopardo, paralisou, por momentos, os reflexos. «Se o caiaque ti-vesse motor, teria rapidamente fugido dali!...»
Encurralado entre a foca e os blocos de gelo, Filipe parou de remar, e tentou esquecer o que apren-dera e ouvira sobre o mamífero mais temível da
“Enquanto «ten-tava manter a vigi-
lância sobre o bicho» que se aproximava do caiaque, o coração do
aventureiro sofreu novo baque (...)”
Filipe Palma em Caiaque
Antárctida. Única foca com reputação de caça-dora, a foca-leopardo ataca pinguins e
seres vivos que rondem as plataformas de gelo antárcticas.
Enquanto «tentava manter a vigi-lância sobre o bicho» que se apro-ximava do caiaque, o coração do aventureiro sofreu novo baque: «Um bloco de gelo desprendeu-
-se de um dos glaciares, e caiu com grande estrondo na água! Tive
sorte porque a foca assustou-se tanto como eu, e fugiu…»
Logo no primeiro dia de expedição, a travessia dos oito quilómetros da gigantesca baía de Andvers revelou-se um teste à resistência e aos nervos. Já nas imediações da desocupada base chilena Pre-
A solo nA AntárCtidA
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sidente Videla, o som de uma respiração profunda desencadeou nova reacção de alerta: «Dentro de água, ouvi um borbulhar e arfar muito forte atrás de mim. Era uma orca! Quando olhei melhor, vi outras três orcas apenas a 50 metros do caiaque. Estava ali à mercê daqueles “gigantes do mar”, e por isso tentei dar as mais lentas e harmoniosas remadas possíveis, sem movimentos bruscos, para que não se sentissem ameaçadas!» As orcas acabaram por se afastar, depois de satis-feita a curiosidade sobre o desconhecido e aparen-temente não comestível espécime humano.Do ponto de vista físico, o primeiro dia estava também a revelar-se um teste à concentração e à perícia em manobrar o caiaque: «o vento soprava forte, de vez em quando, provocando alguma ins-tabilidade».
Na relativa segurança e conforto da tenda montada em cima do gelo, depois de seis horas de lentas mas extenuantes remadas, Filipe reflectiu sobre as incertezas dos oito a nove dias ainda previstos de expedição, em solitário, na Antárctida. Inédita em Portugal, a ideia de navegar de caiaque na Antárctida, surgira em Fevereiro de 2001: «Na altura, e para conhecer esta zona, gastando o mí-nimo possível, trabalhei como “faz-tudo” num ve-leiro que levava turistas da Patagónia argentina até à Península Antárctica, e fui confrontado com aquilo que já se sabe: um continente agreste e im-placável de características singulares, que até há pouco mais de 100 anos, ainda não tinha sido pi-sado pelo homem!»
Em 2003, quando soube que José Inácio Júnior procurava tripulantes para tornar o Lilli II, o pri-meiro veleiro português a navegar no oceano Gla-cial Antárctico, valeu-se do passado desportivo e aventureiro, para ultrapassar a relativa inexpe-riência marítima, e convenceu o comandante a aceitá-lo para a etapa mais dura da viagem: ida e volta de Ushuaia até à Península Antárctica.
Com as duas viagens à vela à Península Antárctica apurou o projecto: a travessia de 80km do Estreito de Gerlache, em dez dias em auto-suficiência. O mau tempo marcou o início da aventura no Verão Austral de 2005. À chegada à Antárctida, ventos com rajadas de 100 km/hora foram con-siderados pelo “skipper” holandês Henk Bo-ersma como os piores da década. O veleiro Sarah W.Vorwerk em que viajava Palma foi obrigado a fundear durante 3 dias no relativo abrigo da ilha de Deception. E só quando o vento amainou, o veleiro zarpou e desembarcou o passageiro espe-
cial na ilha de Cuverville. «Estava previsto ainda passar a primeira noite com o veleiro ao lado como apoio, para verificar o material, mas com o agrava-mento das condições meteorológicas, que podiam bloquear a baía com blocos de gelo, e o perigo em fundear naquela zona, preferiram não arriscar!»Na solidão da noite, pensou no tempo que levava a montar e a desmontar o acampamento, e decidiu realizar etapas mais longas de navegação: «No pla-neamento pessimista de 10 dias para realizar a tra-vessia, queria ter mais tempo para ficar acampado a apreciar aquela natureza fantástica, mas impla-cável e agreste».
Para proteger-se do pior, Filipe tinha planeado remar sempre que possível pelos canais, mais abrigados dos ventos fortes que sopram do pla-nalto antárctico. As rajadas regulares de 40 a 50 nós, (75 a 90 km/hora), provocavam um efeito de mareta, e a ondulação fazia o caiaque surfar, em desequilíbrio, com riscos de afundamento de pas-sageiro e carga.
«Com a água a um grau centígrado, em caso de imersão teria morte certa em 5 minutos! Os 5 mi-nutos representavam também o tempo máximo para manobras de emergência: se o caiaque se virasse, poderia tentar “esquimotar”, e subir para cima da embarcação virada, para o corpo resistir mais algum tempo ao frio.»
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“Havia co-mida para 15
dias, um fogão e combustível, um saco cama, uma tenda, e
um colchão insu-flável. (...)”
Outro dos perigos era a navegação demasiado próxima dos glaciares.
Na maior parte do percurso, as abruptas paredes glaciares que preenchem quase toda a costa destes canais impedia a aproximação e o assentar do acampamento para a pernoita. «Há montanhas de 2 mil metros de um lado, e mil metros do outro. É uma zona com poucos acessos a terra, a maioria são “ice sheets” onde é impossível o desembarque. Tinha tentado estudar muito bem, todos os possí-veis pontos de refúgio.» Ao fim do primeiro dia, o ribombar provocado pelo desprendimento regular de blocos de gelo tornara-se já uma constante aos ouvidos do solitário aventureiro.
Mas foi só na terceira manhã, já em Paradise Harbor, que surgiu, agravado, o maior obstáculo das aventuras antárcticas: o frio de 20 graus ne-gativos.Filipe acordou com a ventania e a tempestade de neve que soterrou praticamente a tenda, e o deixou bloqueado, durante 3 dias. O português vestiu toda a roupa térmica que tinha, e entre idas regulares à tenda para se hidratar com chá e sopa, decidiu conhecer melhor a vizinhança: indi-ferentes à sua presença, centenas de focas-wedell e leões-marinhos desfrutaram naqueles três dias da observação próxima de um humano.
Contente consigo próprio, Filipe iniciou a demo-rada desmontagem do acampamento. A estratégia de etapas mais longas de caiaque, e de mais tempo acampado em cada local, resultara em pleno.
Cerca de 2 horas e meia, o dobro do tempo que levava a «assentar arraiais», era o tempo que preci-sava para desmontar a tenda, e preparar o caiaque para a etapa seguinte. Esta era uma tarefa árdua, onde o mais difícil era arrumar e distribuir 40 kg de material na embarcação construída em fibra de vidro. Sem qualquer ajuda exterior prevista em caso de percalço, o aspecto logístico exigira uma preparação ao mais ínfimo pormenor À proa e à popa, nos compartimentos estanques da embar-cação de 3 metros era preciso ter a conta o equi-líbrio do caiaque. Havia comida para 15 dias, um fogão e combustível, um saco cama, uma tenda, e um colchão insuflável.
Com tudo arrumado, Filipe vestiu o colete da ex-pedição, prendeu o saiote de neopreno ao caiaque, e deu as primeiras remadas, confiante no cumpri-mento da etapa seguinte, sem saber ainda que o esperava novo testeresistência.O sexto dia de expe-dição era o ponto crí-
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tico da aventura: a travessia do Estreito de Ger-lache.Com pouco vento e nebulosidade, Filipe atingiu facilmente a ilha de Bruce onde pensara inicial-mente pernoitar. «Era praticamente vertical, tinha paredes de 1500 metros de altura, onde o vento “encana” facilmente, e não dava para desem-barcar… Como eram 10 da manhã, o mar estava calmo, aquilo a que chamamos um «dia de azeite», decidi logo passar para o outro lado, e tentar chegar à ilha de Trowet».Pleno de confiança para remar mais milhas que as inicialmente previstas, iniciou a travessia com a ajuda da bússola e do GPS, e navegou através do nevoeiro que entretanto caíra. «Sabia que eram sete milhas, quase 14 km de total exposição e maior probabilidade de haver vento».
O vento começou a soprar subitamente quando estava vencido um terço do percurso. Três horas
e meia depois de cadenciadas remadas, Filipe atingiu a ilha de Trowet, e cansado, fez de novo contas ao resto do percurso: «Já só tinha uma peça de fruta da “ração” desse dia, e ainda estava a mais de 5 milhas do Cabo Herrera. Num último esforço, pensei que remando mais duas a três milhas chegaria a uma base chilena desactivada, onde não teria que montar tenda».
A neve que começou a cair, e que não derretia na água, mudou os planos que pareciam fáceis. «Parecia que estava a remar sobre veludo que ia engrossando cada vez mais». Sob a tempestade, com visibilidade praticamente nula e um mar já encapelado, foi já com os óculos de montanha co-locados apressadamente por causa da neve que batia nos olhos, que atingi o cabo Herrera».No Cabo-que-nunca-mais-chegava pensou: «E agora? Fazer outra vez isto para trás?» Apesar dos movimentos energéticos, o corpo ar-
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refecia e os dedos estavam enregelados. À sétima hora, já extenuado de tanto remar, ob-servou finalmente a tal marca, e uma enseada escapatória. «É só dobrar!» - pensou o português. «Devo ter nave-gado cerca de uma hora a favor do vento até ver finalmente a silhueta da “casa fantasmagórica”. Mas quando me aproximei havia 4 cen-tímetros de espessura de neve, e pa-receu-me estar a remar sobre areia» Depois de 8 horas de esforço na água, Fi-lipe constatou que se tentasse desembarcar
iria partir o caiaque. Estava a ser um dia-limite: «Só pensava: não pares porque não tens
barco de apoio, ninguém te vem buscar! Ou remas para a frente, ou não voltas
para contar a história!». A solução foi voltar para trás, remar ainda mais duas horas, e desembarcar junto à colónia de pinguins já obser-vada nesse dia. «Tive que escavar
na neve para montar a tenda, e co-mecei finalmente a aquecer». O facto
de ter poucos fósforos que permitissem por o fogão na potência máxima para trans-
“Depois de 8 horas de
esforço na água, Filipe constatou que se tentasse desem-barcar iria partir
o caiaque. (...)”
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formar gelo em água, pareceu-lhe então factor de somenos importância.Em relação ao frio, estava familiarizado com o equipamento, e lembrava-se da experiência da Volta ao Mundo de bicicleta em 1999/2000, e do congelamento ligeiro dos dedos dos pés na ida aos 5600 metros do acampamento base do Everest, no Tibete.Mas a seguir à tempestade veio a bonança, e no dia seguinte já relaxado, passou várias horas em manga curta aproveitando as longas horas de sol, reflectidas na neve e no gelo.
Na ilha de Doumer, Filipe Palma dormiu 3 noites rodeado de centenas de pinguins Papua.
Por três dias, o professor de Educação Física mais parecia um experimentado biólogo que, tentando passar despercebido, fotografou ao pormenor, a vida social nas colónias destas patuscas aves.
No intervalo das deambulações pelas “pingui-neiras”, deu cabo das últimas iguarias do stock ali-mentar. Fez pão caseiro que comeu com compota e queijo. Cozeu massa e “noodle´s soup”, trincou as últimas peças de fruta, saboreou bolachas e ce-reais de pequeno-almoço, com açúcar e gordura necessárias à sobrevivência do organismo na-quelas paragens. Após 3 dias, foi com pena que se fez ao mar para a última etapa: o encontro com o veleiro que o espe-rava já em Port Lockroy.
“Na ilha de Doumer, Filipe Palma dormiu 3 noites rodeado de
centenas de pinguins Papua. (...)”
A última etapa de 8 quilómetros até ao local onde estava fundeado o «Sarah» previa-se tran-quila. Mas a surpresa e susto do primeiro dia repetiram-se, de novo, a meio do percurso final. «Estava parado a fotografar a paisagem, e ouvi um arfar forte, vindo da zona da proa. Apoiei o remo num icebergue pequenino, para o caso da foca querer virar o caiaque. Mas a foca-leopardo continuou a rondar… Apareceu-me primeiro à proa…, a seguir de um lado, e depois do outro... Não me largava! … Ainda foram uns minutos, sem saber o que fazer. Vi uma ilhota relativa-mente próxima, e remei para lá a toda a veloci-dade... Felizmente, não foi atrás de mim».
Superado o susto, o português remou as últimas milhas até Port Lockroy, e acostou finalmente ao «Sarah». A bordo do veleiro, na travessia do temido mar de Drake, Filipe Palma olhou para as cartas de navegação, e lembrou-se do mapa--mundi da National Geographic que o inspirara em criança. «Toda a gente tem oportunidades na vida, cabe a nós agarrá-las. Tal como muitos ou-tros, sonhei com a Antárctida. A única diferença é que transformei esse sonho em realidade!» ø
Aurélio Faria,Jornalista
(Excerto do capítulo do Livro «Um mundo de aventuras»,
a publicar em 2012)
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Em Família
Actividade
o outro lado de sintraGPs PaPer
GPS ouTDoorTraga a sua família e / ou amigos até ao Largo da Feira de São Pedro em Sintra, para, a partir daí, ser guiado por um GPS outdoor que vos levará a descobrir Sintra por outros cami-nhos. chegue até à porta do castelo dos Mouros sem esforços e aí o Alcai-de Mouro entregar-lhe-á a chave para uma conquista serena (ou será que isto já aconteceu antes?) deste peda-ço de Património da Humanidade que é Sintra. Siga o seu “guia”, se ele o levar aos travesseiros de Sintra, delicie--se com essa maravilha e regresse ao Espaço Muitaventura por um trilho ro-mântico e cheio de actividades, segre-dos e desafios.
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o outro lado de sintraGPs PaPer
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Em
Fam
íliaQuantos de nós não fomos pas-
sear para conhecer Sintra ou dá-la a conhecer à família e/ou os amigos, mas acabamos quase sempre por recorrer
ao carro. Subimos ao Castelo dos Mouros ou ao Palácio da Pena, descemos, visitamos o Palácio Nacional de Sintra e terminamos a visita com um travesseiro e sempre em-brenhados no caos que é a mobilidade ur-bana desta pequena e secular vila?Não saboreamos verdadeiramente os re-cantos mais recônditos de Sintra, aqueles caminhos cheios de lendas e histórias que só os locais conhecem. E, principalmente não respiramos o seu ar puro!Chegou a era das novas tecnologias. A era da sustentabilidade. A era da autonomia. Está na hora de recorrer aos receptores de GPS e descobrir, a pé, em segurança, in-formada e autonomamente os territórios. Um receptor de GPS que não fala e não lhe indicará caminhos longos, penosos ou com portagens leva-o a si, e à sua família e /ou amigos, a descobrir Sintra. Partindo do Espaço Muitaventura, onde mo-nitores especializados ensinam a utilizar o GPS e entregam um guião com perguntas e tarefas para responder e cumprir, sempre de uma forma divertida e didáctica.
Siga pelas empedradas e antigas ruas de São Pedro em direcção ao Castelo dos Mouros. Pelo caminho, não se limite a caminhar, o “guia”, sem ser chato, indica-lhe os pon-tos de interesse do percurso e autonoma-mente ou com a ajuda das crianças descu-bra os segredos da Capital do Romantismo. Desça do Castelo dos Mouros para a vila por um trilho único, em que o desnível mal se nota, deslumbre-se com a paisagem, repare com atenção nos pormenores escondidos em locais como a Igreja de Santa Maria, a Quinta do Castanheiro – onde viveu Hans Christian Andersen – ou a Fonte da Sabuga. Entre na vila e enquanto procura o “carimbo” da visita aproveite para lanchar os maravilhosos tra-vesseiros de Sintra (faz ideia que para além dos travesseiros e das queijadas existem muitas outras delícias para provar?). Lanche esse que se traduz numa doce e verdadei-ra aventura gastronómica. Mais uma vez as crianças (e não só) agradecem!
E como a vida não é feita só com coisas doces, os adultos são tentados a ir descobrir qual o
coM A MuiTAVEnTurA
É SEMPrE A boMbAr!
nA ViLA DE SinTrA
E coM o roMAnTiSMo no Ar
SE o roMAnTiSMo TuDo curA,
não SEJAS PELinTrA
E VEM A SinTrA
PASSEAr c’A MuiTAVEnTurA
Fui A SinTrA PASSEAr
coM A MuiTAVEnTurA A orGAnizAr.
bELEzA E roMAnTiSMo EM ToDo o LuGAr,
uM DiA HEi-DE cá VoLTAr!
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vinho mais antigo que é vendido ali perto e só o “guia” sabe onde provar uma bela ginjinha.
Lá bem no centro da vila, complete a frase e descubra entãoporque terá Richard Strauss escrito que:
“Hoje é o dia mais feliz da minha vida. Conheço a Itália, a Sicília, a Grécia e o Egipto, e nunca vi nada, que valha a _____________. É a cousa mais bela que tenho visto. Este é o verdadeiro jardim de Klingsor – e, lá no alto, está o _____________ do Santo Graal.” Já agora, a resposta é Pena e Castelo!
O “guia” leva-o de regresso ao Espaço Muitaventura, em São Pedro de Sintra, passando pelo Parque da Liberdade e pelo Jardim da Vigia. Nestes espaços verdes vai ter de fugir ao “guia” enquanto descobre a sua história e os valores da biodiversidade.
Cada família pode levar até 3h e meia (cuidado com a duração do lanche). O trajecto é acessível e simples. Com tantas tarefas e perguntas que desvendam os segredos as crianças nunca se vão aborrecer e interesse nunca vai faltar. No final deixe-nos o seu testemunho numa quadra criativa.ø
bárbara brandão - Doutoranda em TurismoMestre em Turismo natureza - Mestre em Geografia
Dificuldade: Baixa/MédiaDuração: Cerca de 3 horasDistância: 5 kmTipo de percurso: CircularQualidades do “guia”: Não fala e não se engana no caminhoPromotor: Muitaventura
Ficha técnica
Junte a família e venha descobrir Sintra, entre nesta Aventura.
Em Família
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Em Família Evento
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“Em 2011, a corrida de São Sil-vestre de Lisboa realiza-se no último dia do ano. As inscrições para a quarta edição do evento
arrancaram a 1 de Outubro.A baixa lisboeta volta a receber a corrida que começa a ganhar tradição. Milhares de atle-tas participaram nas edições anteriores e es-pera-se um entusiasmo idêntico ou superior para a festa que marca a despedida de 2011.A prova realiza-se em Dezembro, com a Praça dos Restauradores, em Lisboa, a con-centrar a partida e a chegada. aceite o desafio e venha
despedir-se de 2011 a correr no coração da capital.
Provas Além da prova principal de 10 km, a quarta edição da El Corte Inglés São Silvestre de Lis-boa contempla:
• a Vitalis Mini São Silvestre de Lisboa, que este ano se efectua na distância de 5 km;• a São Silvestre da Pequenada, dirigida a crianças entre os 5 e os 11 anos.
horários17h15: São Silvestre da Pequenada (crianças entre os 5 e os 11 anos).18h00: El Corte Inglés São Silvestre de Lis-boa (10 km);Vitalis Mini São Silvestre de Lisboa (5 km).
inscriçÕesExistem 3 métodos de inscrição disponí-veis, o site oficial, a Loja do El Corte Inglés Lisboa e via CTT.
Pode optar pela inscrição através do site oficial (www.saosilvestredelisboa.com) ou no balcão da Loja de Desporto, no piso 3 do El Corte Inglés em Lisboa.Quanto à inscrição pelo correio (São Sil-vestre de Lisboa, Apartado 9, 2776-901 Car-cavelos), só é aceite até 11 de Dezembro.
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Em Família
Partidas diFerenicadas
inscriçÃo Gold
Outra das novidades da El Corte Inglés São Silves-tre de Lisboa de 2011 são as partidas diferenciadas por tempo:
• Sub40 minutos* (os primeiros 100 atletas inscritos - com o pagamento efectuado - poderão partir da Zona de Elite B, mediante envio de comprovativo de marca inferior a 35 minutos, realizada em 10 km nos últimos 12 meses)
• Sub50 minutos*
• Sub60 minutos*
• +60 minutos
*Para ter acesso à zona de partida pretendida, no acto de recolha do dorsal, deverá apresentar um comprovativo da melhor marca realizada em 10 km nos últimos 12 meses (esta deve corresponder à zona de partida solicitada).
Devido ao sucesso do ano passado, voltámos a lançar de novo o pacote Inscrição GOLD São Sil-vestre de Lisboa.Esta inscrição, com um preço superior ao nor-mal, pretende dar a conhecer o que é ser atleta profissional por um dia.
Com acesso à zona de convidados, vestiário, massagens, estacionamento próximo da parti-da, o conforto de ter disponível o kit do atleta no local e uma série de mimos que os nossos patrocinadores proporcionam.
Esta inscrição permite também uma partida junto dos melhores atletas, a partida na frente no corredor de Elite, para poder disfrutar me-lhor e de maneira única a última prova do ano.
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Por
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treinos
homens contra mulheresTal como nas edições passadas e para apimentar a competição os atletas de elite voltam a contar com o desafio Homens contra Mulheres.
Recordamos que o ano passado os Homens qua-se apanhavam as Mulheres, o atleta Hermano Ferreira dobrava a esquina enquanto Jéssica Augusto cortava a meta em alegria extasiante e perante os aplausos do público na Praça do Co-mércio.
são silvestre de lisboa da PequenadaOs mais pequenos podem repetir este ano a ale-gria do ano passado, ou experimentar pela pri-meira vez uma São Silvestre de Lisboa.
Queremos voltar a receber crianças no centro da cidade com o objectivo de promover o des-porto e de proporcionar muita diversão.
Estão previstas três sessões de preparação para a El Corte Inglés São Silvestre de Lisboa. São treinos de corrida, com a orientação de mo-nitores especializados para todo o tipo de atle-tas. São treinos de Inverno, pelo que é importan-te um bom equipamento, quente e transpirável.
Os treinos realizam-se pelas 10h00 no Anfiteatro Keil do Amaral, em Monsanto, nos dias 3, 10 e 17 de Dezembro.
desaFios
site oficial: www.saosilvestredelisboa.comFacebook são silvestre lisboa
curiosidades • O ano passado a El Corte Inglés São Silvestre de Lisboa ficou em 3º lugar no ranking nacional de provas com o maior número de atletas che-gados à meta.
• O calendário deste ano empurrou a prova para o dia original de celebração do Santo São Silvestre.
• Durante o período de inscrições os patrocina-dores envolvidos desenvolvem ações de promo-ção e oferta de inscrições, há que estar atento.
• A zona do Monsanto é uma zona pouco explo-rada para a prática do atletismo mas contêm per-cursos que para além da beleza natural, podem proporcionar tipos de treino muito completos.
Este ano desenvolvemos uma parceria com a Associação nAriz VErMELHo. A totalidade do valor da inscrição dos mais pequenos reverte a seu favor.
saBia que...
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Aventura
Evento
TOW-OUT PELA NOITE FORA
O encontro estava marcado para o pôr do sol e a informação espalhou--se rapidamente através das redes sociais. Afinal de contas era a pri-meira vez que se organizava em
Portugal uma sessão nocturna de Surf e Bodybo-ard, com o aliciante adicional de emoções redo-bradas graças à presença de duas potentes motos de água. Graças a estas, as manobras dos atletas podiam ser ampliadas nos céus a uma velocidade impossível em condições normais.
Para o efeito foram colocada na praia uma ba-teria de holofotes, superando os 20 mil wats de potência.
Com milhares de espectadores na Praia do CDS e ondas que chegaram aos dois metros de altura, o encontro “Hugo Pinheiro & Friends - Tow Out Night Session” superou largamente as expectati-vas. Uma selecção de atletas de surf e bodyboard abrilhantou a primeira noite mágica do género alguma vez vista em Portugal, sem dúvida uma experiência a repetir!
depois da califórnia, da costa atlântica francesa e da indonésia chegaram finalmente a Portu-
gal as sessões nocturnas de surf e bodyboard. a ideia partiu do antigo campeão europeu de Bodyboard hugo Pinheiro e tomou forma nas
areias da costa da caparica, reunindo nas areias milhares de fãs.
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Foi uma despedida antecipada do Verão em gran-de estilo, com uma estrondosa presença do públi-co e a participação de grandes nomes e algumas promessas do surf e bodyboard nacional.
O encontro “Hugo Pinheiro & Friends - Tow Out Night Session” acabou por se transformar numa mega festa de praia, fazendo história ao propor a primeira sessão nocturna de ondas alguma vez realizada em Portugal.
Hugo Pinheiro, o mentor desta sessão era no fi-nal o espelho da satisfação - prometendo desde já uma continuidade: “Sinceramente nunca pensá-mos que este encontro iria despertar o interesse de tanta gente, uma massa humana que não se vê com facilidade nem em provas oficiais de grande importância.
Muita gente anónima aceitou o nosso desafio e veio fazer pela primeira vez surf e bodyboard à noite - e mesmo entre os atletas convidados para alguns tratou-se de uma estreia. As condições do mar não estavam fáceis e terminámos a noite com ondas de dois metros”.
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AventuraQuanto ao futuro, Pinheiro não esconde a “von-tade de continuar a apostar neste conceito ino-vador, aprendendo com esta experiência e pro-curando montar um evento ainda melhor no próximo ano”. Hugo Pinheiro, Pierre-Louis Costes e Gastão Entrudo deram espectáculo no Bodyboard, en-quanto no Surf a acção ficou por conta de Justin Mujica, Francisco Alves, Filipe Jervis, José Fer-reira e os irmãos Guichard. Em terra também houve animação, graças ao mini-half pipe de skate e à presença de vários atletas - com espe-
cial destaque para a grande revelação do momento Thaynan Costa.
Em paralelo à acção na água, a festa nas areias da Praia do CDS e no Café do Mar durou até perto das duas da madrugada, com muita animação ao ritmo
dos Nubai Sound System e do DJ Pedro Walter. ø
Por Thomaz Mayo
Quanto ao futuro,
Pinheiro não esconde a “vonta-de de continuar a apostar neste con-
ceito inovador (...)”
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Aventura Descobrir
Um ElEFAntE ChAmADo CAsA
o cimento da viaGemPrimeiro é preciso chegar lá. A aldeia não vem no mapa nem se anuncia em passeios turísticos. Estamos em Pakse, capital do sul do Laos. Quem pergunta descobre que não há autocarros para Khiet Ngong. Mas há songteus. Demoram 3 horas a fazer os 60 km. Que diabo serão os songteus? Resposta na Estação Sul de Songteus de Pakse: parece uma cidade de camiõezinhos de brin-quedo. 9h da manhã. Em 50 songteus apertam-se passageiros e carga até ao topo e há sempre mais alguém a subir. Qual será o certo?
O songteu para a aldeia surge ao meio-dia. Ao contrário dos outros, tem 5 gatos pingados lá dentro. Ninguém fala inglês. Trocam-se bolachas e sorrisos, almoçam sopa de massa e carne com moscas vendidas na carrinha em frente. Sem
pressas. O songteu há-de arrancar pelas 14h, uma hora depois do previsto. Pára uns 200 metros mais à frente. É um ar-mazém de cimento. Os passageiros saem, as sacas entram. E lá seguimos viagem entalados entre sacas de cimento a largar pó. Depois de 1 hora em alcatrão, os companheiros de estrada cobrem-se com máscaras de pano. A estrada passa a ser de poeira vermelha. Abençoo a es-perteza de ter molhado o cabelo devido ao calor. Quando finalmente chegamos ao destino, qual-quer diferença entre mim e um trolha será pura coincidência. casa de FamíliaNa rua de casinhas de madeira sobre estacas, uma tem placa: Tourist Information. Falantes de inglês, nicles. As poucas frases lao que conheço
o chamado país de um milhão de elefantes já não merece tal baptismo no século XXi. Mas em Khiet Ngong a tradição ainda é o que era: as famílias incluem elementos de grande porte há vá-rias gerações. Nesta aldeia do sul do laos, os elefantes são mais um parente e uma fonte de rendimen-
to para a comunidade. esta é a história de uma família que sempre viveu com um trombudo à porta.
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Aventu
ra
colhem sorrisos. Devo ter sotaque pavoroso. Saco da arma secreta: um pequeno dicionário Inglês--Lao. A palavra mais importante é logo enten-dida: homestay . Mais uns gestos e risos e há uma senhora de sorriso grande que me pega na mão e leva: Pouh aceita acolher-me na sua casa cor-de--rosa. Ainda há luz de dia e Someh, mãe de Pouh, cozinha o jantar em panela borbulhante. Su-bimos ao 1º andar para pôr a mochila no quarto espaçoso - mosquiteiro e colchão de casal no chão (2,5 euros por noite e 1 por refeição, quem pode pedir mais?) Ao jantar conheço o resto da família: as duas filhas de Pouh, com maridos e bebés, sentados no chão a ver telenovela tailan-desa. Não comem ao mesmo tempo: apenas Pouh e o marido Hudong jantam com a forasteira, arroz e sopa de peixe - deliciosa, cheia de ervas e gengibre. Hudong arranha inglês, conseguimos meia conversa e riso cheio.O aluguer de quartos é comum nas aldeias: para os habitantes aconchega o rendimento fami-liar; para os turistas é a fórmula mais barata de alojamento e de conhecer por dentro a vida do país. Quem está habituado a comodidades tor-cerá o nariz às condições oferecidas; quem tem orçamento limitado, suspira de alívio e adapta--se Para esta turista é uma estreia total. Tarde percebe que não há casa de banho (vá lá que os toalhetes perfumados fazem parte da bagagem).
De manhã, quando desço, uma parede cinzenta parece ter crescido a tapar a janela. Espreito: é um elefante. O espanto salta comigo para a rua. Não es-tava nenhum bicho destes à vista quando cheguei ontem. Hudong está a serrar madeira ao lado, não percebe os olhos arregalados. Para ele não há nada de estranho. Já havia elefantes na família antes de ele nascer: esta é a fémea da matriarca Someh. Vê-se que é menina, não tem presas de marfim. E como Hudong e Pouh, Dom tem 50 anos. Foi bebé ao mesmo tempo. Tanta coisa dentro de um nome: Dom quer dizer casa, em lao. Abrigo, clã, vida. Para ela, casa deve ser qualquer sítio onde se coma, como faz agora: é o desporto favorito. Afasto-me criança aos pulos. Já posso dizer à boca cheia: a minha família tem um elefante. um dia na selvaSaio para o passeio combinado no dia anterior na casa do turismo: na floresta…em elefante. Hu-dong não fica aborrecido: há 13 paquidermes em Khiet Ngong e os rendimentos dos passeios tu-rísticos são divididos pela comunidade. Recebem cerca de 3000 visitantes por ano. Cada viagem pelo Parque Natural de Xe Pian custa 30 euros; 12 euros a ida até às misteriosas torres de pedra no planalto de Phu Asa, atracção da zona.
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cobr
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songteu de Pakse, laos
Passeio na floresta unida Ngong
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Travo conhecimento com Nam, outra fêmea, mais o condutor Laoh. O guia Toui está de folga e acompanha-nos. Em boa hora: é o único que entende inglês nos arredores. Há sofá de bambu para dois no dorso e o condutor vai entre as orelhas ao comando. Somos três e um piquenique em cima da Nam, em passo
lento. Sinto-me abusadora, eles riem-se: este é o trabalho mais leve que um
elefante pode ter. Antes cortavam e carregavam árvores para cons-trução. Não como estas gigantes de folhagem densa. Estamos em área protegida. Nam pára sempre que detecta pasto tenro: a toda a hora.
A tromba ergue-se em busca das melhores folhas. Se puder passa
20 horas a comer, que chatice ter de dormir quatro.
Nam significa Ouro. Animal precioso como o nome e cada vez mais raro. O elefante asiá-tico está em risco de se tornar extinto no Laos. Existem menos de 1500 elefantes no país. Dos 500 domésticos, a maior parte trabalha no abate de árvores. Os poucos ocupados no turismo são os mais saudáveis e seriam bons candidatos para reprodução. Em Khiet Ngong há 2 machos e 11 fêmeas. Vá-rias poderiam engravidar, mas os donos estão
O elefante asiático está
em risco de se tor-nar extinto no Laos. Existem menos de 1500 elefantes no
País.
Aventura
dom em casa na aldeia de Khiet Ngong
dom, Hudong e Pouh família unida
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relutantes. Têm medo de que as fêmeas fiquem feridas durante o acto. Parece que os machos são brutos. Hudong nunca se atreveu, com medo de perder Dom e para ela, aos 50 anos, já é tarde. Uma equipa de veterinários envida esforços na região, mas há muito tempo que não nascem bebés elefantes na aldeia. a lavaGem da viaturaHudong preocupa-se com o futuro? É mais o pre-sente que lhe dá canseiras. Esta manhã, Dom tornou-se um elefante branco. Parece rir-se da marotice, deve ter passado um bom bocado a re-bolar-se durante a noite no pasto. Hudong salta--lhe para cima como um macaco, Pouh passa--lhe a mangueira, e o duche começa. O dono não descura pormenores: para porcaria entranhada, saca do chinelo e esfrega com afinco os costados de Dom. Em 20 minutos, temos trombuda re-frescada a dar às orelhas. Molha todos em volta e ainda recebe um cacho de bananas de brinde.
E lá seguem para o passeio turístico do dia, Dom, bicho estimado, e Hudong, condutor de pesados. Como qualquer desvelado proprietário de veículo ocidental. A vida tem maneiras tão diferentes de ser igual em toda a parte.ø
Por Teresa conceiçãoJornalista
estação de songteus de Pakse, laos
dom a chinelo
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A fechar
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