resumo stolze casamento

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  • 7/21/2019 Resumo Stolze Casamento

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    MATERIAL DE APOIO

    DIREITO CIVIL

    DIREITO DE FAMLIA

    2013.1

    Apostila 02Prof. Pablo Stolze Gagliano

    AVISO

    Amigos do corao,

    Embora na atual grade do Intensivo 1, os temas a serem tratados, atinentes ao Direito de Familia, sejam

    apenas casamento e unio estvel, mantivemos em nossas apostilas, de presente para vocs, a

    abordagem de diversos outros assuntos, que devero ser analisados em outras grades do Curso,

    especialmente no Intensivo 2.Bom estudo!

    O amigo,

    Pablo.

    1.

    REGIMES DE BENS

    Trata-se do estatuto patrimonial do casamento, regido pelos princpios da liberdade de escolha,

    variabilidade e, com a entrada em vigor do novo Cdigo Civil, da mutabilidade (art. 1639).

    Atuais regimes:

    a)

    comunho universal;

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    b)

    comunho parcial;

    c)

    separao convencional;

    d)

    separao legal ou obrigatria;

    e)

    participao final nos aquestos.

    Disposies Gerais:

    Art. 1.639. lcito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que

    lhes aprouver.

    1o

    O regime de bens entre os cnjuges comea a vigorar desde a data do casamento.

    2o admissvel alterao do regime de bens, mediante autorizao judicial em pedido motivado de

    ambos os cnjuges, apurada a procedncia das razes invocadas e ressalvados os direitos de terceiros.

    O regime legal supletivo o da comunho parcial de bens (art. 1640).

    O regime legal de separao obrigatria de bens, por sua vez, vem previsto no art. 1641:

    Art. 1.641. obrigatrio o regime da separao de bens no casamento:

    I - das pessoas que o contrarem com inobservncia das causas suspensivas da celebrao do casamento;

    II - da pessoa maior de setenta anos (Lei n. 12.344 de 2010);

    III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.

    Em nosso sentir, a obrigatoriedade do regime para pessoas maiores de setenta anos flagrantemente

    inconstitucional por criar uma interdio velada com base em um critrio etrio.

    Obs.: H entendimento na jurisprudncia no sentido de conciliar o regime da separao obrigatria de

    bens com a S. 377 do Supremo Tribunal Federal (que permite a partilha dos bens aquestos, no regime

    obrigatrio de separao):

    Casamento. Separao obrigatria. Smula n 377 do Supremo Tribunal Federal. Precedentes da Corte.

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    1. No violenta regra jurdica federal o julgado que admite a comunho dos aqestos, mesmo em regime

    de separao obrigatria, na linha de precedentes desta Turma.

    2. Recurso especial no conhecido.

    (RESP 208.640/RS, Rel. Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, TERCEIRA TURMA, julgado em

    15.02.2001, DJ 28.05.2001 p. 160)

    O novo Cdigo Civil inovou, ao admitir a mudana de regime de bens, no curso do casamento.

    Dentre os regimes de bens, a novidade foi o da participao final nos aquestos, inexistente na legislao

    anterior.

    Neste novo regime, cada cnjuge possui patrimnio prprio (como no regime da separao), cabendo,

    todavia, poca da dissoluo da sociedade conjugal, direito metade dos bens adquiridos pelo casal, a

    ttulo oneroso, na constncia do casamento (art. 1672).

    Embora se assemelhe com o regime da comunho parcial, no h identidade, uma vez que, neste ltimo,

    entram tambm na comunho os bens adquiridos por apenas um dos cnjuges (na forma do regramento

    aplicvel), e, da mesma forma, determinados valores, havidos por fato eventual (a exemplo do dinheiro

    proveniente de loteria).

    No regime de participao final, por sua vez, apenas os bens adquiridos a ttulo oneroso, por ambos os

    cnjuges, sero partilhados, quando da dissoluo da sociedade, permanecendo, no patrimnio pessoal

    de cada um, todos os outros bens que cada cnjuge, separadamente, possua ao casar, ou aqueles por

    ele adquiridos, a qualquer ttulo, no curso do casamento.

    Trata-se de um regime de regramento bastante complexo que, provavelmente, no ir pegar no Brasil.

    Por fim, vale mencionar que o STJ tem entendimento sustentando que, em caso de separao do casal,

    crditos trabalhistas devem ser includos na partilha dos bens (ver RESP. 421.801 RS). A questo

    polmica, no Cdigo novo, que excluida comunho parcial e da universal proventos do trabalho pessoal

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    de cada cnjuge arts. 1659, VI e 1668, V c/c o 1659, VI). Observou o relator, Min. RUY ROSADO DE

    AGUIAR, no julgado mencionado, que para a maioria dos casais brasileiros, os bens se resumem renda

    mensal familiar. Se tais rendas forem tiradas da comunho, esse regime praticamente desaparece.

    Na mesma vereda:

    Direito civil e famlia. Recurso especial. Ao de divrcio.

    Partilha dos direitos trabalhistas. Regime de comunho parcial de bens. Possibilidade.

    - Ao cnjuge casado pelo regime de comunho parcial de bens devida meao das verbas trabalhistas

    pleiteadas judicialmente durante a constncia do casamento.

    - As verbas indenizatrias decorrentes da resciso de contrato de trabalho s devem ser excludas da

    comunho quando o direito trabalhista tenha nascido ou tenha sido pleiteado aps a separao do casal.

    Recurso especial conhecido e provido.

    (REsp 646.529/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 21/06/2005, DJ

    22/08/2005 p. 266)

    Outra importante questo deve ser observada: mudana de regime de bens e direito intertemporal.

    Sobre a mudana de regimes de bens de casamentos anteriores, decidiu o STJ:

    CIVIL - REGIME MATRIMONIAL DE BENS - ALTERAO JUDICIAL -

    CASAMENTO OCORRIDO SOB A GIDE DO CC/1916 (LEI N 3.071) -

    POSSIBILIDADE - ART. 2.039 DO CC/2002 (LEI N 10.406) - CORRENTES

    DOUTRINRIAS - ART. 1.639, 2, C/C ART. 2.035 DO CC/2002 - NORMA

    GERAL DE APLICAO IMEDIATA.

    1 - Apresenta-se razovel, in casu, no considerar o art. 2.039 do

    CC/2002 como bice aplicao de norma geral, constante do art.

    1.639, 2, do CC/2002, concernente alterao incidental de regime de

    bens nos casamentos ocorridos sob a gide do CC/1916, desde que

    ressalvados os direitos de terceiros e apuradas as razes invocadas pelos

    cnjuges para tal pedido, no havendo que se falar em retroatividade

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    legal, vedada nos termos do art. 5, XXXVI, da CF/88, mas, ao revs, nos

    termos do art. 2.035 do CC/2002, em aplicao de norma geral com

    efeitos imediatos.

    2 - Recurso conhecido e provido pela alnea "a" para, admitindo-se a

    possibilidade de alterao do regime de bens adotado por ocasio de

    matrimnio realizado sob o plio do CC/1916, determinar o retorno dos

    autos s instncias ordinrias a fim de que procedam anlise do pedido,

    nos termos do art. 1.639, 2, do CC/2002.

    (REsp 730.546/MG, Rel. Ministro JORGE SCARTEZZINI, QUARTA TURMA,

    julgado em 23.08.2005, DJ 03.10.2005 p. 279)

    Na mesma linha, o seguinte julgado:

    Direito civil. Famlia. Casamento celebrado sob a gide do CC/16.

    Alterao do regime de bens. Possibilidade.

    - A interpretao conjugada dos arts. 1.639, 2, 2.035 e 2.039, do

    CC/02, admite a alterao do regime de bens adotado por ocasio

    do matrimnio, desde que ressalvados os direitos de terceiros eapuradas as razes invocadas pelos cnjuges para tal pedido.

    - Assim, se o Tribunal Estadual analisou os requisitos autorizadores

    da alterao do regime de bens e concluiu pela sua viabilidade,

    tendo os cnjuges invocado como razes da mudana a cessao da

    incapacidade civil interligada causa suspensiva da celebrao do

    casamento a exigir a adoo do regime de separao obrigatria,

    alm da necessria ressalva quanto a direitos de terceiros, a

    alterao para o regime de comunho parcial permitida.

    - Por elementar questo de razoabilidade e justia, o

    desaparecimento da causa suspensiva durante o casamento e a

    ausncia de qualquer prejuzo ao cnjuge ou a terceiro, permite a

    alterao do regime de bens, antes obrigatrio, para o eleito pelo

    casal, notadamente porque cessada a causa que exigia regime

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    especfico.

    - Os fatos anteriores e os efeitos pretritos do regime anterior

    permanecem sob a regncia da lei antiga. Os fatos posteriores,

    todavia, sero regulados pelo CC/02, isto , a partir da alterao do

    regime de bens, passa o CC/02 a reger a nova relao do casal.

    - Por isso, no h se falar em retroatividade da lei, vedada pelo art.

    5, inc. XXXVI, da CF/88, e sim em aplicao de norma geral com

    efeitos imediatos.

    Recurso especial no conhecido.

    (REsp 821.807/PR, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA

    TURMA, julgado em 19.10.2006, DJ 13.11.2006 p. 261)

    2.Guarda de Filhos

    A guarda1, decorrncia do poder parental, traduz um plexo de obrigaes e direitos em face do

    menor, especialmente de assistncia material e moral.

    Historicamente, no direito brasileiro, a guarda sempre fora deferida unilateralmente, prevalecendo o

    direito da me, em caso de culpa de ambos os cnjuges.

    O critrio da culpa, no entanto, no o melhor em uma perspectiva constitucional.

    H alguns anos, entrou em vigor a lei que regula a guarda compartilhada ou conjunta (Lei n. 11698 de

    2008), modalidade especial em que pais e mes dividem a responsabilidade de conduo da vida do

    filho, conjuntamente, sem prevalncia de qualquer dos genitores.

    Claro est que se trata de uma salutar modalidade de guarda a ser adotada quando os pais mantm bom

    relacionamento, e segundo sempre o interesse existencial da criana ou do adolescente.

    1A guarda tambm tratada pelo Estatuto da Criana e do Adolescente, como meio decolocao em famlia substituta, objeto de outra disciplina, no curso LFG.

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    No havendo acordo, o juiz dever ter redobrada cautela, pois a eventual imposio desta medida

    poder resultar em grave prejuzo prole, por conta do mau relacionamento dos pais.

    Penso, alis, que a medida ser muito mais recomendvel nas separaes e divrcios consensuais,

    aplicando-se apenas em situaes excepcionais e justificveis quando no houver acordo, desde que

    fique evidenciado no haver risco criana ou ao adolescente.

    A base constitucional deste arranjo familiar o art. 226 5 da CF, que estabelece a igualdade entre os

    pais.

    Confira a lei que alterou as regras de guarda no Cdigo Civil, consagrando a nova modalidade acima

    referida:

    LEI N 11.698, DE 13 JUNHO DE 2008.

    Altera os arts. 1.583 e 1.584 da Lei no10.406, de 10de janeiro de 2002Cdigo Civil, para instituir edisciplinar a guarda compartilhada.

    O PRESIDENTE DA REPBLICA Fao saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono aseguinte Lei:

    Art. 1o Os arts. 1.583 e 1.584 daLei no10.406, de 10 de janeiro de 2002Cdigo Civil, passam avigorar com a seguinte redao:

    Art. 1.583. A guarda ser unilateral ou compartilhada.

    1o Compreende-se por guarda unilateral a atribuda a um s dos genitores ou a algum que osubstitua (art. 1.584, 5o) e, por guarda compartilhada a responsabilizao conjunta e o exerccio de

    direitos e deveres do pai e da me que no vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiardos filhos comuns.

    2o A guarda unilateral ser atribuda ao genitor que revele melhores condies para exerc-la e,objetivamente, mais aptido para propiciar aos filhos os seguintes fatores:

    Iafeto nas relaes com o genitor e com o grupo familiar;

    IIsade e segurana;

    http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2011.698-2008?OpenDocumenthttp://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2011.698-2008?OpenDocumenthttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htmhttp://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2011.698-2008?OpenDocument
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    IIIeducao.

    3o A guarda unilateral obriga o pai ou a me que no a detenha a supervisionar os interesses dos

    filhos.

    4o (VETADO). (NR)

    Art. 1.584. A guarda, unilateral ou compartilhada, poder ser:

    I requerida, por consenso, pelo pai e pela me, ou por qualquer deles, em ao autnoma deseparao, de divrcio, de dissoluo de unio estvel ou em medida cautelar;

    II decretada pelo juiz, em ateno a necessidades especficas do filho, ou em razo dadistribuio de tempo necessrio ao convvio deste com o pai e com a me.

    1o Na audincia de conciliao, o juiz informar ao pai e me o significado da guardacompartilhada, a sua importncia, a similitude de deveres e direitos atribudos aos genitores e assanes pelo descumprimento de suas clusulas.

    2o Quando no houver acordo entre a me e o pai quanto guarda do filho, ser aplicada,sempre que possvel, a guarda compartilhada.

    3o Para estabelecer as atribuies do pai e da me e os perodos de convivncia sob guardacompartilhada, o juiz, de ofcio ou a requerimento do Ministrio Pblico, poder basear-se emorientao tcnico-profissional ou de equipe interdisciplinar.

    4o A alterao no autorizada ou o descumprimento imotivado de clusula de guarda, unilateralou compartilhada, poder implicar a reduo de prerrogativas atribudas ao seu detentor, inclusivequanto ao nmero de horas de convivncia com o filho.

    5o Se o juiz verificar que o filho no deve permanecer sob a guarda do pai ou da me, deferir aguarda pessoa que revele compatibilidade com a natureza da medida, considerados, de preferncia,o grau de parentesco e as relaes de afinidade e afetividade. (NR)

    Art. 2o Esta Lei entra em vigor aps decorridos 60 (sessenta) dias de sua publicao.

    Braslia, 13 de junho de 2008; 187oda Independncia e 120oda Repblica.

    LUIZ INCIO LULA DA SILVALuiz Paulo Teles Ferreira Barreto

    Jos Antonio Dias Toffoli

    Este texto no substitui o publicado no DOU de 16.6.2008

    Questo Especial: O que alienao parental?

    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Msg/VEP-368-08.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Msg/VEP-368-08.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Msg/VEP-368-08.htm
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    Trata-se de um distrbio que assola crianas e adolescentes vtimas da interferncia psicolgica

    indevida realizada por um dos pais com o propsito de fazer com que repudie o outro genitor (Pablo

    Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho, Novo Curso de Direito Civil Direito de Familia As Famlias

    em Perspectiva Constitucional, Ed. Saraiva, 2011, pg. 603).

    A matria regulada pela Lei n. 12. 318 de 26 de agosto de 2010.

    3.Alimentos2

    3.1. Conceito

    Com base no princpio da solidariedade familiar, os alimentos consistem nas prestaes que um

    parente, cnjuge ou convivente fornece ao outro, visando sua mantena.

    No trataremos neste tpico da penso indenizatria paga vtima (ou sucessores) de ato ilcito,

    por integrar o mbito do Direito das Obrigaes.

    3.2. Caractersticas

    Irrenunciabilidade, intransmissibilidade, impenhorabilidade, incompensabilidade (lembrar que a

    cobrana da prestao em atraso submete-se a prazo prescricional de dois anos, a teor do art. 206,

    pargrafo segundo do CC02).

    Obs.: Sobre a impossibilidade de compensao dos alimentos, h entendimento do STJ mitigando-a:

    EXECUO. PENSO ALIMENTCIA. COMPENSAO.

    Discute-se se as dvidas alimentcias podem ser objeto de compensao. No caso, as instncias ordinrias

    reconheceram ser possvel a compensao do montante da dvida de verba alimentar com o valor

    correspondente s cotas condominiais e IPTU pagos pelo alimentante, relativos ao imvel em que

    residem os ora recorrentes, seus filhos e a me deles. Pois, embora o alimentante seja titular da nu-

    2Este tema, assim como a Guarda, tambm no integra a grade de aulas expositivas doIntensivo 1.

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    propriedade do referido imvel e o usufruto pertena av paterna dos recorrentes, os filhos e a me

    moram no imvel gratuitamente com a obrigao de arcar com o condomnio e o IPTU. Para o Min.

    Relator, apesar de vigorar, na legislao civil nacional, o princpio da no-compensao dos valores

    referentes penso alimentcia, em situaes excepcionalssimas, essa regra pode ser flexibilizada.

    Destaca que a doutrina admite a compensao de alimentos em casos peculiares e, na espcie, h

    superioridade do valor da dvida de alimentos em relao aos encargos fiscais e condominiais pagos pelo

    recorrido, que arcou com a despesa que os alimentandos deveriam suportar, para assegurar-lhes a

    prpria habitao. Assim, concluiu que, de acordo com as peculiaridades fticas do caso, no haver a

    compensao importaria manifesto enriquecimento sem causa dos alimentandos. Isso posto, a Turma

    no conheceu o recurso. Precedente citado: Ag 961.271-SP, DJ 17/12/2007.REsp 982.857-RJ,Rel. Min.

    Massami Uyeda, julgado em 18/9/2008.

    3.3. Classificao:

    a)

    civis ou cngruostrata-se da verba alimentar que visa a manter o alimentando em toda a sua

    dimenso existencial, abrangendo no apenas os alimentos em si, mas educao, lazer, sade

    etc.;

    b)

    naturais ou necessrios trata-se dos alimentos bsicos, circunscritos subsistncia do

    alimentando;

    c)

    provisriosso fixados liminarmente, no bojo do procedimento especial da Lei de Alimentos;

    d)

    provisionais (arts. 852 a 854, CPC) trata-se de medida cautelar, com o escopo de fixar a penso

    alimentcia;

    e)

    definitivos so fixados na sentena da ao de alimentos (e, dada a natureza da prestao,

    podem ser revistos, caso haja mudana no binmio capacidade-necessidade).

    3.4. Alimentos entre Parentes

    No houve, nesse particular, grandes mudanas no tratamento da disciplina:

    http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=REsp%20982857http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=REsp%20982857http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=REsp%20982857http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=REsp%20982857
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    Art. 1.696. O direito prestao de alimentos recproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os

    ascendentes, recaindo a obrigao nos mais prximos em grau, uns em falta de outros.

    Art. 1.697. Na falta dos ascendentes cabe a obrigao aos descendentes, guardada a ordem de sucesso

    e, faltando estes, aos irmos, assim germanos como unilaterais.

    Em nosso sentir, os tios estariam fora desse rol.

    Art. 1.698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, no estiver em condies de suportar

    totalmente o encargo, sero chamados a concorrer os de grau imediato; sendo vrias as pessoas

    obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporo dos respectivos recursos, e,

    intentada ao contra uma delas, podero as demais ser chamadas a integrar a lide.

    Esta previso de litisconsrcio passivo servir especialmente para atingir os avs. No interior tem sido

    muito comum a demanda intentada contra eles, por serem titulares de uma obrigao complementar.

    Alm do mais, tm proventos certos (INSS etc.) Mas lembre-se de que a obrigao dos avs , apenas,

    complementar obrigao dos pais.

    3.5. Alimentos entre Cnjuges

    Segundo CAHALI (em excelente texto publicado na obra O Direito de Famlia e o Novo Cdigo Civil, Ed.

    Del Rey), o STF firmou a tese da irrenunciabilidade (S. 379), embora o STJ, nos ltimos anos, haja

    abrandado este entendimento.

    O NCC, todavia, mantm o posicionamento do STF, em seu art. 1707:

    Art. 1.707. Pode o credor no exercer, porm lhe vedado renunciar o direito a alimentos, sendo o

    respectivo crdito insuscetvel de cesso, compensao ou penhora.

    Na mesma linha, firmando forte jurisprudncia, bom que se lembre que novo casamento ou unio

    estvel do credor, exonera o alimentante (TJRS AC 598497600 e 70000881508), na forma do prprio

    CC, inclusive no caso do concubinato (impuro):

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    Art. 1.708. Com o casamento, a unio estvel ou o concubinato do credor, cessa o dever de prestar

    alimentos.

    Para o STJ, no entanto, no julgado que segue abaixo, o namoro no extingue o direito aos alimentos:

    DIREITO DE FAMLIA. CIVIL. ALIMENTOS. EX-CNJUGE. EXONERAO. NAMORO APS A SEPARAO

    CONSENSUAL. DEVER DE FIDELIDADE. PRECEDENTE.

    RECURSO PROVIDO.

    I - No autoriza exonerao da obrigao de prestar alimentos ex-mulher o s fato desta namorar

    terceiro aps a separao.

    II - A separao judicial pe termo ao dever de fidelidade recproca. As relaes sexuais eventualmentemantidas com terceiros aps a dissoluo da sociedade conjugal, desde que no se comprove

    desregramento de conduta, no tm o condo de ensejar a exonerao da obrigao alimentar, dado

    que no esto os ex-cnjuges impedidos de estabelecer novas relaes e buscar, em novos parceiros,

    afinidades e sentimentos capazes de possibilitar-lhes um futuro convvio afetivo e feliz.

    III - Em linha de princpio, a exonerao de prestao alimentar, estipulada quando da separao

    consensual, somente se mostra possvel em uma das seguintes situaes: a) convolao de novas npcias

    ou estabelecimento de relao concubinria pelo ex-cnjuge pensionado, no se caracterizando como tal

    o simples envolvimento afetivo, mesmo abrangendo relaes sexuais; b) adoo de comportamento

    indigno; c) alterao das condies econmicas dos ex-cnjuges em relao s existentes ao tempo da

    dissoluo da sociedade conjugal.

    (RESP 111.476/MG, Rel. MIN. SALVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, QUARTA TURMA, julgado em

    25.03.1999, DJ 10.05.1999 p. 177)

    Questo das mais tormentosas, por sua vez, a discusso da culpa, no juzo de famlia, eis que o NCC

    manteve a regra de que o reconhecimento deste elemento anmico acarreta, como regra geral, a perda

    do direito aos alimentos:

    Art. 1.702. Na separao judicial litigiosa, sendo um dos cnjuges inocente e desprovido de recursos,

    prestar-lhe- o outro a penso alimentcia que o juiz fixar, obedecidos os critrios estabelecidos no art.

    1.694.

    A grande dificuldade est, pois, em se fixar o conceito de culpa.

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    Afastando-se, pois, da moderna tendncia de objetivao das relaes jurdicas, o que justificaria a

    substituio do elemento culpa pelo elemento necessidade, o NCC culminou por consagrar um

    dispositivo de certa forma complexo, e de grande impacto social:

    Art. 1.704. Se um dos cnjuges separados judicialmente vier a necessitar de alimentos, ser o outro

    obrigado a prest-los mediante penso a ser fixada pelo juiz, caso no tenha sido declarado culpado na

    ao de separao judicial.

    Pargrafo nico. Se o cnjuge declarado culpado vier a necessitar de alimentos, e no tiver parentes em

    condies de prest-los, nem aptido para o trabalho, o outro cnjuge ser obrigado a assegur-los,fixando o juiz o valor indispensvel sobrevivncia.

    Trata-se de uma norma nitidamente assistencial, que melhor seria compreendida, se a exigncia da

    anlise da culpa fosse evitada.

    3.6. Alimentos na Unio Estvel

    No houve, no Cdigo Civil, preocupao em disciplinar o direito dos conviventes em dispositivo

    explicito, de maneira que lhes so aplicveis os dispositivos retro mencionados, referentes ao

    casamento, mutatis mutandis.

    Vale, no entanto, referir a jurisprudncia do STJ:

    Agravo regimental. Recurso especial no admitido. Alimentos. Unio estvel.

    1. Esclareceu o Tribunal que a relao estvel entre as partes, durante mais de 20 (vinte) anos e da qual

    resultaram trs filhos, restou fartamente comprovada, tendo o vnculo afetivo terminado em 1995. Para

    casos como o presente, o entendimento da Corte consolidou-se quanto ao cabimento da penso

    alimentcia, mesmo que fosse rompida a convivncia antes da Lei n 8.971/94.

    2. A circunstncia de ser o recorrente casado no altera esse entendimento, pois, alm de estar separado

    de fato, as provas dos autos evidenciam, de forma irrefutvel, a existncia de unio estvel, a

    dependncia econmica da agravada e a conseqente obrigao de prestar alimentos.

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    3. Agravo regimental desprovido.

    (AgRg no Ag 598.588/RJ, Rel. Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, TERCEIRA TURMA, julgado

    em 21.06.2005, DJ 03.10.2005 p. 242)

    3.7. O Problema da Priso Civil nos Alimentos

    Vamos ver o que dispe a Smula 309 do STJ:

    S. 309 - O dbito alimentar que autoriza a priso civil do alimentante o que compreende as trs

    prestaes anteriores ao ajuizamento da execuoe as que vencerem no curso do processo.

    E veja esta outra importante deciso, tambm do STJ, impeditiva de aplicao da Lei de Execuo Penal

    no mbito da priso civil:

    HABEAS CORPUS. PRISO CIVIL. OBRIGAO ALIMENTCIA. CUMPRIMENTO DA PENA. ESTABELECIMENTO

    PRISIONAL. REGIME SEMI-ABERTO. LEI DE EXECUES PENAIS. INAPLICABILIDADE. PRISO DOMICILIAR.

    IDADE AVANADA E SADE PRECRIA.- Em regra, no se aplicam as normas da Lei de Execues Penais priso civil, vez que possuem

    fundamentos e natureza jurdica diversos.

    - Em homenagem s circunstncias do caso concreto, possvel a concesso de priso domiciliar ao

    devedor de penso alimentcia.

    (HC 35.171/RS, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, TERCEIRA TURMA, julgado em 03.08.2004,

    DJ 23.08.2004 p. 227)

    Acrescente-se, ainda, que o Supremo Tribunal Federal, no faz muito, firmou a tese de que a nica

    modalidade de priso civil possvel a decorrente da obrigao alimentar inadimplida:

    Priso por dvida

    Supremo decide que priso de depositrio infiel ilegal

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    por Alessandro Cristo

    A priso civil por dvida foi declarada ilegal pelo Supremo Tribunal Federal. Em sesso plenria desta

    quarta-feira (3/12), os ministros concederam um Habeas Corpus a um depositrio infiel, baseados em

    entendimento unnime de que os tratados internacionais de Direitos Humanos ratificados pelo Brasil

    entre eles o Pacto de So Jos da Costa Rica, que probe a priso por dvidas so

    hierarquicamente superiores s normas infraconstitucionais. A elevao desses tratados condio

    de norma com fora constitucional, porm, no teve a maioria dos votos da Corte, que preferiu

    reconhecer somente que os acordos ratificados tm efeito supra-legal.

    Embora tenha dado um passo importante em direo ao reconhecimento de normas internacionais

    de Direitos Humanos, o Supremo foi cauteloso quanto elevao automtica desses tratados

    categoria de emenda constitucional, como queriam os ministros Celso de Mello e Ellen Gracie. A

    orientao foi do presidente do tribunal, ministro Gilmar Mendes. Eu mesmo estimulei a abertura

    dessa discusso, mas as conseqncias prticas da equiparao vo nos levar para uma situao de

    revogao de normas constitucionais pela assinatura de tratados, disse.

    O caso que levou o assunto discusso dos ministros foi o de um empresrio preso em Tocantins por

    no cumprir um acordo firmado em contrato, de que manteria sob sua guarda 2,7 milhes de sacas

    de arroz, tidas como garantia do pagamento de uma dvida. Detido como depositrio infiel, Alberto

    de Ribamar Ramos Costa pediu Habeas Corpus, alegando que tratados internacionais assinados pelo

    Brasil, como o Pacto de San Jos da Costa Rica tambm conhecido como Conveno Americana de

    Direitos Humanos e o Pacto Internacional de Direitos Civis e Polticos probem a priso civil, exceto

    nos casos de inadimplncia voluntria de penso alimentcia. O acusado afirmou que a Emenda

    Constitucional 45, de 2004, elevou tratados internacionais de Direitos Humanos hierarquia de

    norma constitucional, superior ao Cdigo de Processo Civil, que regulamenta a priso de depositrio

    infiel.

    A votao havia sido suspensa no incio do ano, quando o ministro Menezes Direito pediu vista do

    processo. Em seu voto levado hoje ao Pleno, o ministro reconheceu o tratamento especial a ser dado

    aos tratados sobre Direitos Humanos, mas posicionou-se contrrio equiparao a normas

    constitucionais.

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    Os demais ministros seguiram em parte o entendimento. Por unanimidade, eles entenderam que,

    embora a prpria Constituio Federal preveja a priso do depositrio, os tratados sobre Direitos

    Humanos ratificados pelo Brasil so superiores a leis ordinrias, o que esvazia as regras previstas no

    Cdigo de Processo Civil, do Cdigo Civil e do Decreto-Lei 911/69 quanto pena de priso. Sem

    regulamentao, as previses da Constituio quanto priso perdem a efetividade, j que no so

    de aplicao direta.

    Mas, por maioria, a corte seguiu o entendimento do ministro Menezes Direito, de que a Constituio

    previu, para a ratificao dos tratados, procedimento de aprovao no Congresso Nacional igual ao

    de emenda constitucional, ou seja, de maioria de dois teros na Cmara dos Deputados e no Senado

    Federal, em dois turnos em cada casa.

    Assim, por unanimidade, os ministros concederam o Habeas Corpus. Por maioria, deram Emenda

    Constitucional 45/04 a interpretao de que os tratados internacionais de Direitos Humanos tm

    fora supra-legal, mas infraconstitucional.

    Conseqentemente, a Smula 619 do STF foi revogada pela corte, por sugesto do ministro Menezes

    Direito. A norma dizia que "a priso do depositrio judicial pode ser decretada no prprio processo

    em que se constitui o encargo, independentemente da propositura de ao de depsito". Para o

    ministro Celso de Mello, havia diferena entre o depositrio legal o que assina um contrato se

    comprometendo a guardar o bem e o depositrio judicial o que aceita a ordem judicial para

    faz-lo. Por isso, o depositrio judicial no estaria imune priso. J para o ministro Cezar Peluso, a

    ofensa aos direitos humanos com a priso a mesma para qualquer depositrio e, por isso, ambos

    deveriam ter a mesma prerrogativa. Os demais ministros seguiram o entendimento e revogaram a

    smula.

    HC 87.585

    Revista Consultor Jurdico, 3 de dezembro de 2008

    Fonte:http://www.conjur.com.br/static/text/72309,1#null, acessado em 22 de dezembro de 2008.

    3.8.

    Alimentos Gravdicos

    http://www.conjur.com.br/static/text/72309,1#nullhttp://www.conjur.com.br/static/text/72309,1#nullhttp://www.conjur.com.br/static/text/72309,1#nullhttp://www.conjur.com.br/static/text/72309,1#null
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    H alguns anos, fora aprovada a Lei n 11.804/2008 que concebeu os alimentos em favor do nascituro

    (alimentos gravdicos).

    Sobre o tema, escreveu a querida e brilhante professora MARIA BERENICE DIAS (Alimentos para a

    Vida):

    Enfim est garantido o direito vida mesmo antes do nascimento.

    Outro no o significado da Lei 11.804 de 5/11/2008 que acaba de ser sancionada, pois assegura

    mulher grvida o direito a alimentos a lhe serem alcanados por quem afirma ser o pai do seu filho.

    Trata-se de um avano que a jurisprudncia j vinha assegurando. A obrigao alimentar desde a

    concepo estava mais do que implcita no ordenamento jurdico, mas nada como a lei para vencer a

    injustificvel resistncia de alguns juzes em deferir direitos no claramente expressos.

    Afinal, a Constituio garante o direito vida (CF 5). Tambm impe famlia, com absoluta prioridade,

    o dever de assegurar aos filhos o direito vida, sade, alimentao (CF 227), encargo a ser exercido

    igualmente pelo homem e pela mulher (CF 226, 5). Alm disso, o Cdigo Civil pe a salvo, desde a

    concepo, os direitos do nascituro (CC 2). Ainda assim a tendncia sempre foi reconhecer a obrigaopaterna exclusivamente depois do nascimento do filho e a partir do momento em que ele vem a juzo

    pleitear alimentos.

    Agora, com o nome de gravdicos, os alimentos so garantidos desde a concepo. A explicitao do

    termo inicial da obrigao acolhe a doutrina que de h muito reclamava a necessidade de se impor a

    responsabilidade alimentar com efeito retroativo a partir do momento em que so assegurados direitos

    ao nascituro.

    A lei enumera as despesas da gestante que precisam ser atendidas da concepo ao parto (2):

    alimentao especial, assistncia mdica e psicolgica, exames complementares, internaes, parto,

    medicamento s e demais prescries preventivas e teraputicas indispensveis a critrio do mdico.

    Outras podem ser consideradas pertinentes pelo juiz.

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    Bastam indcios da paternidade para a concesso dos alimentos que iro perdurar mesmo aps o

    nascimento, oportunidade em que a verba fixada se transforma em alimentos a favor do filho. Como o

    encargo deve atender ao critrio da proporcionalidade, segundo os recursos de ambos os genitores,

    nada impede que sejam estabelecidos valores diferenciados vigorando um montante para o perodo da

    gravidez e valores outros a ttulo de alimentos ao filho a partir do seu nascimento.

    De forma salutar foram afastados dispositivos do projeto que traziam todo um novo e moroso

    procedimento, o que no se justificava em face da existncia da Lei de Alimentos. Permaneceu somente

    uma regra processual: a definio do prazo da contestao em cinco dias (7). Com isso fica afastado o

    poder discricionrio do juiz de fixar o prazo para a defesa (L 5.478/68, 5, 1).

    A transformao dos alimentos em favor do filho ocorre independentemente do reconhecimento da

    paternidade. Caso o genitor no conteste a ao e no proceda ao registro do filho, a procedncia da

    ao deve ensejar a expedio do mandado de registro, sendo dispensvel a instaurao do

    procedimento de averiguao da paternidade para o estabelecimento do vnculo parental.

    A lei tem outro mrito. D efetividade a um princpio que, em face do novo formato das famlias, tem

    gerado mudanas comportamentais e reclama maior participao de ambos os pais na vida dos filhos. Achamada paternidade responsvel ensejou, por exemplo, a adoo da guarda compartilhada como a

    forma preferente de exerccio do poder familiar. De outro lado, a maior conscientiza o da importncia

    dos papis parentais para o sadio desenvolvimento da prole permite visualizar a ocorrncia de dano

    afetivo quando um dos genitores deixa de cumprir o dever de convvio.

    Claro que leis no despertam a conscincia do dever, mas geram responsabilidades, o que um bom

    comeo para quem nasce. Mesmo sendo fruto de uma relao desfeita, ainda assim o filho ter a certeza

    de que foi amparado por seus pais desde que foi concebido, o que j uma garantia de respeito sua

    dignidade.

    Fonte:http://www.ibdfam.org.br/?artigos&artigo=466acessado em 05 de julho de 2009

    http://www.ibdfam.org.br/?artigos&artigo=466http://www.ibdfam.org.br/?artigos&artigo=466http://www.ibdfam.org.br/?artigos&artigo=466http://www.ibdfam.org.br/?artigos&artigo=466
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    MATERIAL DE APOIO

    DIREITO CIVIL

    DIREITO DE FAMLIA

    2013.1

    Apostila 03Prof. Pablo Stolze Gagliano

    AVISO

    Amigos do corao,

    Embora na atual grade do Intensivo 1, os temas a serem tratados, atinentes ao Direito de Familia, sejam

    apenas casamento e unio estvel, mantivemos em nossas apostilas, de presente para vocs, a

    abordagem de diversos outros assuntos, que devero ser analisados em outras grades do Curso,

    especialmente no Intensivo 2.Bom estudo!

    O amigo,

    Pablo.

    1.

    Comentrios ao art. 1647, CC

    O art, 1647 do Cdigo Civil merece referncia especial:

    Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cnjuges pode, sem autorizao do

    outro, exceto no regime da separao absoluta: (grifos nossos)

    I - alienar ou gravar de nus real os bens imveis;

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    II - pleitear, como autor ou ru, acerca desses bens ou direitos;

    III - prestar fiana ou aval; (inovao legal)

    IV - fazer doao, no sendo remuneratria, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura

    meao.

    Pargrafo nico. So vlidas as doaes nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem

    economia separada.

    Note-se que, mesmo casados no regime de participao final nos aquestos, a anuncia do outro

    cnjuge faz-se necessria (ressalvado, claro, suprimento judicial ou se os cnjuges houverem

    dispensado a necessidade de outorga, no pacto antenupcialart. 1.656, CC).

    Em nosso sentir, separao absoluta deve ser entendido como separao convencional, ou seja,

    escolhida no pacto antenupcial (nesse sentido, NELSON NERY JR. e ROSA MARIA DE ANDRADE NERY,

    Novo Cdigo Civil e Legislao Extravagante Anotados, SP, RT, 2002).

    Isso porque, na obrigatria, mais razovel exigir-se a outorga, considerando-se a necessidade de

    se beneficiar ou proteger o outro cnjuge, por conta da aplicao da S. 377, STF, estudada na

    apostila anterior.

    Nesse sentido, recente acrdo do STJ:

    RECURSO ESPECIAL - AO ANULATRIA DE AVAL - OUTORGA CONJUGAL PARA CNJUGES

    CASADOS SOB O REGIME DA SEPARAO OBRIGATRIA DE BENS - NECESSIDADE - RECURSO

    PROVIDO.

    1. necessria a vnia conjugal para a prestao de aval por pessoa casada sob o regime da

    separao obrigatria de bens, luz do artigo 1647, III, do Cdigo Civil.

    2. A exigncia de outorga uxria ou marital para os negcios jurdicos de (presumidamente) maior

    expresso econmica previstos no artigo 1647 do Cdigo Civil (como a prestao de aval ou a

    alienao de imveis) decorre da necessidade de garantir a ambos os cnjuges meio de controle da

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    gesto patrimonial, tendo em vista que, em eventual dissoluo do vnculo matrimonial, os

    consortes tero interesse na partilha dos bens adquiridos onerosamente na constncia do

    casamento.

    3. Nas hipteses de casamento sob o regime da separao legal, os consortes, por fora da Smula

    n. 377/STF, possuem o interesse pelos bens adquiridos onerosamente ao longo do casamento, razo

    por que de rigor garantir-lhes o mecanismo de controle de outorga uxria/marital para os

    negcios jurdicos previstos no artigo 1647 da lei civil.

    4. Recurso especial provido.

    (REsp 1163074/PB, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA, TERCEIRA TURMA, julgado em 15/12/2009, DJe

    04/02/2010)

    Todavia, a indeterminao do termo absoluta poderia dar margem a mais de um entendimento,

    em doutrina.

    Art. 1.648. Cabe ao juiz, nos casos do artigo antecedente, suprir a outorga, quando um dos cnjuges

    a denegue sem motivo justo, ou lhe seja impossvel conced-la.

    Art. 1.649. A falta de autorizao, no suprida pelo juiz, quando necessria (art. 1.647), tornar

    anulvel o ato praticado, podendo o outro cnjuge pleitear-lhe a anulao, at dois anos depois de

    terminada a sociedade conjugal.

    Pargrafo nico. A aprovao torna vlido o ato, desde que feita por instrumento pblico, ou

    particular, autenticado.

    Art. 1.650. A decretao de invalidade dos atos praticados sem outorga, sem consentimento, ousem suprimento do juiz, s poder ser demandada pelo cnjuge a quem cabia conced-la, ou por

    seus herdeiros.

    Em concluso, vale transcrever a S. 332 do STJ, referente fiana prestada pelo cnjuge:

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    A fiana prestada sem autorizao de um dos cnjuges implica a ineficcia total da garantia.

    (CORTE ESPECIAL, julgado em 05.03.2008, DJ 13.03.2008 p. 1)

    2.Unio Homoafetiva1

    Correntes existentes no Brasil:

    a)

    trata-se de entidade familiar O art. 226 da CF uma norma geral de incluso, no

    sendo admissvel excluir-se uma relao estvel calcada na afetividade (PAULO LOBO). Deve-

    se reconhecer direitos de famlia (alimentos) e sucessrios (herana)2;

    b)

    trata-se de mera sociedade de fato, regida pela Direito Obrigacional (S. 380, STF).

    Os ministros do Supremo Tribunal Federal, por sua vez, em 2011, reconhecerem a unio

    homoafetiva como forma de famlia:

    Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), ao julgarem a Ao Direta de Inconstitucionalidade (ADI)4277 e a Arguio de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 132, reconheceram a unioestvel para casais do mesmo sexo. As aes foram ajuizadas na Corte, respectivamente, pelaProcuradoria-Geral da Repblica e pelo governador do Rio de Janeiro, Srgio Cabral.

    O julgamento comeou na tarde de ontem (4), quando o relator das aes, ministro Ayres Britto, votouno sentido de dar interpretao conforme a Constituio Federal para excluir qualquer significado do

    1Ver DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famlias. Porto Alegre: 2005, Livraria doAdvogado, pgs. 191 e ss. IMPORTANTE: O tema unio homoafetiva visto em outragrade do Curso.2O prprio TSE consagrou entendimento avanado: Registro de candidato. Candidatura aocargo de prefeito. Relao estvel homossexual com a prefeita reeleita do municpio.Inelegibilidade. (CF 14 7). Os sujeitos de uma relao estvel homossexual, semelhana do que ocorre com os de relao estvel, de concubinato e de casamento,submetem-se regra de inelegibilidade prevista no art. 14, 7, da Constituio Federal.Recurso a que se d provimento. (TSE Resp Eleitoral 24564 Viseu/PA Rel. Min. GilmarMendes j. 01/10/2004).

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    artigo 1.723 do Cdigo Civil que impea o reconhecimento da unio entre pessoas do mesmo sexo comoentidade familiar.

    O ministro Ayres Britto argumentou que o artigo 3, inciso IV, da CF veda qualquer discriminao emvirtude de sexo, raa, cor e que, nesse sentido, ningum pode ser diminudo ou discriminado em funode sua preferncia sexual. O sexo das pessoas, salvo disposio contrria, no se presta para

    desigualao jurdica, observou o ministro, para concluir que qualquer depreciao da unio estvel

    homoafetiva colide, portanto, com o inciso IV do artigo 3 da CF.

    Os ministros Luiz Fux, Ricardo Lewandowski, Joaquim Barbosa, Gilmar Mendes, Marco Aurlio, Celso deMello e Cezar Peluso, bem como as ministras Crmen Lcia Antunes Rocha e EllenGracie, acompanharam o entendimento do ministro Ayres Britto, pela procedncia das aes e comefeito vinculante, no sentido de dar interpretao conforme a Constituio Federal para excluir qualquersignificado do artigo 1.723 do Cdigo Civil que impea o reconhecimento da unio entre pessoas do

    mesmo sexo como entidade familiar.

    Na sesso de quarta-feira, antes do relator, falaram os autores das duas aeso procurador-geral daRepblica e o governador do Estado do Rio de Janeiro, por meio de seu representante , o advogado-geral da Unio e advogados de diversas entidades, admitidas comoamici curiae(amigos da Corte).

    Aes

    A ADI 4277 foi protocolada na Corte inicialmente como ADPF 178. A ao buscou a declarao dereconhecimento da unio entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar. Pediu, tambm,que os mesmos direitos e deveres dos companheiros nas unies estveis fossem estendidos aoscompanheiros nas unies entre pessoas do mesmo sexo.

    J na Arguio de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 132, o governo do Estado doRio de Janeiro (RJ) alegou que o no reconhecimento da unio homoafetiva contraria preceitosfundamentais como igualdade, liberdade (da qual decorre a autonomia da vontade) e o princpio dadignidade da pessoa humana, todos da Constituio Federal. Com esse argumento, pediu que o STFaplicasse o regime jurdico das unies estveis, previsto no artigo 1.723 do Cdigo Civil, s unieshomoafetivas de funcionrios pblicos civis do Rio de Janeiro.

    Fonte:http://www.stf.jus.br/portal/geral/verImpressao.aspacessado em 22 de junho de 2011.

    Por fim, lembrando MARIA BRAUNER (in Direitos Fundamentais do Direito de Famlia, coordenado

    por Belmiro Welter e Rolf Madaleno, Livraria do Advogado, 2004, pgs. 267-268):

    A aceitao recente da unio afetiva entre iguais no mbito do Direito de Famlia representa uma

    nova face do conceito de cidadania, transpondo a barreira do interdito, buscando a afirmao da

    http://www.stf.jus.br/portal/glossario/verVerbete.asp?letra=A&id=533http://www.stf.jus.br/portal/glossario/verVerbete.asp?letra=A&id=533http://www.stf.jus.br/portal/glossario/verVerbete.asp?letra=A&id=533http://www.stf.jus.br/portal/geral/verImpressao.asphttp://www.stf.jus.br/portal/geral/verImpressao.asphttp://www.stf.jus.br/portal/geral/verImpressao.asphttp://www.stf.jus.br/portal/geral/verImpressao.asphttp://www.stf.jus.br/portal/glossario/verVerbete.asp?letra=A&id=533
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    diferena a partir da manifestao da liberdade de expresso e do direito ao livre desenvolvimento

    da personalidade.

    A partir deste julgamento, e, bem assim, do REsp 1.183.378/RS, o casamento homoafetivo passou a

    ser admitido.

    Neste sentido, recente Resoluo do CNJ:

    Resoluo n 175, de 14 de maio de 2013

    Texto original

    Dispe sobre a habilitao, celebrao de casamento civil, ou de converso de unio estvel em

    casamento, entre pessoas de mesmo sexo.

    O PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIA, no uso de suas atribuies

    constitucionais e regimentais,

    CONSIDERANDOa deciso do plenrio do Conselho Nacional de Justia, tomada no julgamento

    do Ato Normativo no 0002626-65.2013.2.00.0000, na 169 Sesso Ordinria, realizada em 14

    de maio de 2013;

    CONSIDERANDOque o Supremo Tribunal Federal, nos acrdos prolatados em julgamento da

    ADPF 132/RJ e da ADI 4277/DF, reconheceu a inconstitucionalidade de distino de tratamento

    legal s unies estveis constitudas por pessoas de mesmo sexo;

    CONSIDERANDOque as referidas decises foram proferidas com eficcia vinculante

    administrao pblica e aos demais rgos do Poder Judicirio;

    CONSIDERANDO que o Superior Tribunal de Justia, em julgamento do RESP 1.183.378/RS,

    decidiu inexistir bices legais celebrao de casamento entre pessoas de mesmo sexo;

    CONSIDERANDO a competncia do Conselho Nacional de Justia, prevista no art. 103-B, da

    Constituio Federal de 1988;

    http://www.cnj.jus.br/images/resol_gp_175_2013.pdfhttp://www.cnj.jus.br/images/resol_gp_175_2013.pdfhttp://www.cnj.jus.br/images/resol_gp_175_2013.pdf
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    RESOLVE:

    Art. 1 vedada s autoridades competentes a recusa de habilitao, celebrao de

    casamento civil ou de converso de unio estvel em casamento entre pessoas de

    mesmo sexo.

    Art. 2 A recusa prevista no artigo 1 implicar a imediata comunicao ao

    respectivo juiz corregedor para as providncias cabveis.

    Art. 3 Esta resoluo entra em vigor na data de sua publicao.

    Ministro JoaquimBarbosa

    Fonte:http://www.cnj.jus.br/atos-administrativos/atos-da-presidencia/resolucoespresidencia/24675-resolucao-n-175-de-14-de-maio-de-2013,

    acessado em 01 de julho de 2013.

    3.

    Parentesco

    Com base no pensamento de MARIA HELENA DINIZ, poderamos dizer que o parentesco a

    relao vinculatria no s entre pessoas que descendem umas das outras ou de um mesmotronco comum, mas tambm entre o cnjuge ou companheiro e os parentes do outro e entre

    adotante a adotado (Curso de Direito Civil Brasileiro Direito de Famlia, Ed. Saraiva). Na mesma

    linha, poder haver parentesco nas relaes nascidas da socioafetividade no campo da filiao.

    O parentesco poder ser:

    a)

    natural ou consangneo;

    b)

    por afinidade e

    c)

    civil.

    Em sala de aula, desenvolveremos esses conceitos.3

    3Lembramos, no entanto, que a adoo tratada em outra grade do curso, dedicada aoestudo do Direito da Criana e do Adolescente.

    http://www.cnj.jus.br/atos-administrativos/atos-da-presidencia/resolucoespresidencia/24675-resolucao-n-175-de-14-de-maio-de-2013http://www.cnj.jus.br/atos-administrativos/atos-da-presidencia/resolucoespresidencia/24675-resolucao-n-175-de-14-de-maio-de-2013http://www.cnj.jus.br/atos-administrativos/atos-da-presidencia/resolucoespresidencia/24675-resolucao-n-175-de-14-de-maio-de-2013http://www.cnj.jus.br/atos-administrativos/atos-da-presidencia/resolucoespresidencia/24675-resolucao-n-175-de-14-de-maio-de-2013http://www.cnj.jus.br/atos-administrativos/atos-da-presidencia/resolucoespresidencia/24675-resolucao-n-175-de-14-de-maio-de-2013http://www.cnj.jus.br/atos-administrativos/atos-da-presidencia/resolucoespresidencia/24675-resolucao-n-175-de-14-de-maio-de-2013
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    MATERIAL DE APOIO

    DIREITO CIVIL

    DIREITO DE FAMLIA

    2013.1

    Apostila 01Prof. Pablo Stolze Gagliano

    AVISO

    Amigos do corao,

    Embora na atual grade do Intensivo 1, os temas a serem tratados, atinentes ao Direito de Familia, sejam

    apenas casamento e unio estvel, mantivemos em nossas apostilas, de presente para vocs, a

    abordagem de diversos outros assuntos, que devero ser analisados em outras grades do Curso,

    especialmente no Intensivo 2.

    Bom estudo!

    O amigo,

    Pablo.

    1.Introduo Constitucional ao Direito de Famlia

    A Constituio Federal, superando os paradigmas clssicos, passou a admitir, expressamente, trs formas

    de famlia:

    a) a casamentriadecorrente do casamento;

    b) a decorrente da unio estvel;

    c) a monoparentalformada por qualquer dos pais e sua prole.

    Alis, como bem observou RODRIGO DA CUNHA PEREIRA:

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    A partir do momento em que a famlia deixou de ser o ncleo econmico e de

    reproduo para ser o espao do afeto e do amor, surgiram novas e vrias

    representaes sociais para ela1.

    Tendncia essa observada, entre os clssicos, pelo grande CAIO MRIO, em uma de suas ltimas e imortais

    obras:Numa definio sociolgica, pode-se dizer com Zannoni que a famlia compreende uma determinada

    categoria de relaes sociais reconhecidas e portanto institucionais. Dentro deste conceito, a famlia no

    deve necessariamente coincidir com uma definio estritamente jurdica.

    E arremata:

    Quem pretende focalizar os aspectos tico-sociais da famlia, no pode perder de

    vista que a multiplicidade e variedade de fatores no consentem fixar um modelo

    social uniforme2.

    Esse , alis, o pensamento de BELMIRO PEDRO WELTER que, com propriedade, observa:

    portanto, basta a comunidade formada pelo pai e/ou a me e um filho biolgico ou

    sociolgico para que haja uma famlia, no havendo qualquer necessidade de os pais

    serem casados ou conviventes, ou seja, a famlia no oriunda do casamento, da unio

    estvel ou dos laos sanguneos, mas tambm da comunidade de afeto entre pai e/ou

    me e filho.3

    ais correntes de pensamento so as mais adequadas, em nosso sentir, partindo do princpio da afetividade e

    da primazia do conceito socioafetivo da famlia moderna.

    Bem-vindos, meus amigos, matria mais humana de todo o Direito Civil!

    1 PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Direito de famlia e o novo Cdigo Civil. Coord.: Rodrigo da CunhaPereira e Maria Berenice Dias. Belo Horizonte: Del Rey/IBDFAM, 2002, p. 226-227.2PEREIRA, Caio Mrio da Silva. Direito civil:alguns aspectos da sua evoluo. Rio de Janeiro: Forense,2001, p. 170.3WELTER, Belmiro Pedro. Igualdade entre as Filiaes Biolgicas e Socioafetivas. So Paulo: RT, 2003,p. 64.

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    2.

    Do Conceito de Famlia

    Trata-se, em nosso sentir, de um ente despersonalizado, clula-mater da sociedade, cuja definio ditada

    pelo vinculo de afetividade que une as pessoas, no cabendo ao Estado definir, mas, to-somente, reconhecer

    esses ncleos (tpicos ou no).

    Houve quem sustentasse que a famlia era dotada de personalidade jurdica, mas esta corrente, em nosso

    sentir, no foi a que prevaleceu.

    At o incio do sculo XIX, prevalncia do casamento-aliana, entre grupos. O sculo XX continua priorizando a

    famlia legtima casamentria, mas j sob o influxo do individualismo (casamento por amor). No fim da

    primeira metade, a Igreja e o Estado comeam a perder fora como instncias legitimadoras, ganhando

    importncia outras formas de unio livre. Na dcada de 80 surgem as famlias de segundas e terceiras npcias

    (famlias recombinadas) , convivendo com a unio estvel (GUILHERME DE OLIVEIRA Prof. Catedrtico da

    Faculdade de Direito de Coimbra).

    Hoje, podemos afirmar que o conceito de famlia socioafetivo (porque somente se explica e

    compreendido luz do princpio da afetividade), eudemonista (pois, como decorrncia da sua funo social,

    visa a realizar o projeto de felicidade de cada um dos seus integrantes e anaparental (podendo ser composta,

    inclusiva, por elementos que no guardem, tecnicamente, vnculo parental entre si) (cf. Maria Berenice Dias,

    Manual de Direito das Famlias, Livraria do Advogado).

    3.Do Casamento

    Conceito

    O casamento, segundo Van Wetter, traduz a unio do homem e da mulher com o objetivo de

    constituio de famlia (cf. Curso de Direito Civil BrasileiroMaria Helena Diniz).

    No CC:

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    Art. 1.511. O casamento estabelece comunho plena de vida, com base na igualdade de direitos e

    deveres dos cnjuges.

    Note-se, neste artigo, a incidncia do princpio constitucional da igualdade.

    Natureza Jurdica

    Este, sem dvida, um dos pontos mais tormentosos da matria, digladiando-se a doutrina ao sabor das

    seguintes correntes:

    a) publicista sustenta que o casamento instituto jurdico de direito pblico (seria, nessa

    linha, um ato administrativo);

    b) privatistasustenta que o casamento instituto jurdico de direito privado, subdividindo-se

    nas seguintes correntes:

    a) no-contratualista;

    b) contratualista.

    Os no-contratualistas lanam mo de inmeros e diferenciados argumentos para atacar a natureza

    contratual do casamento: seria um acordo, um negcio complexo (dada a participao do juiz), um ato-

    condio (Duguit)etc. (Orlando Gomes, Direito de Famlia, Forense).

    Entendemos que o casamento, seguindo vertente do pensamento de BEVILAQUA, seria um contrato especial

    de direito de famlia, conforme explicaremos em sala de aula.

    Renomados autores, alis, compartilham a tese da natureza negocial do casamento, como ORLANDO GOMES

    (cf. Direito de Famlia, Forense) e CRISTIANO CHAVES e NELSON ROSENVALD (cf. Direito das Famlias, Lumen

    Juris).

    O reconhecimento da sua natureza contratual (negocial) decorreria do seu ncleo: o consentimento.

    Recomendamos, inclusive, para a horas de descanso, visando a relaxar a mente antes do concurso, a leitura

    da bela obra O Contrato de Casamento, de Honor de Balzac...olhe que ttulo sugestivo!...

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    Pressupostos de Existncia do Casamento

    Tradicionalmente, a diversidade de sexos sempre fora apontada como pressuposto existencial do

    casamento.

    Sucede que, nos dias de hoje, notamos uma mitigao neste particular, mormente aps o

    pronunciamento do STF na ADI 4277 e na ADPF 132, que passou a reconhecer a unio homoafetiva

    como forma de famlia.

    A partir da, o efeito da mudana comeou a se fazer sentir no prprio casamento.

    O Tribunal de Justia da Bahia, por exemplo, seguindo regra semelhante do TJ alagoano, por meio do

    Provimento Conjunto CGJ/CCI12/2012, em seu art. 44, passou a admitir a habilitao direta (em

    cartrio) do casal homoafetivo que pretenda contrair npcias.

    E, no faz muito, o CNJ tambm se posicionou favoravelmente habilitao direta para o casamento

    homoafetivo (http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-05-17/decisao-do-cnj-sobre-casamento-

    homoafetivo-e-comemorada-no-dia-internacional-contra-homofobia ).

    Temos, pois, que, uma vez consolidadas tais mudanas, os requisitos existenciais do casamento

    passariam a ser:

    a)

    consentimento;

    b) celebrao por autoridade materialmente competente.

    Sobre a celebrao por autoridade, note-se que o novo CC acolheu a teoria do funcionrio de fato

    (teoria da aparncia):

    Art. 1.554. Subsiste o casamento celebrado por aquele que, sem possuir a competncia exigida na lei,

    exercer publicamente as funes de juiz de casamentos e, nessa qualidade, tiver registrado o ato noRegistro Civil.

    Sobre a teoria da aparncia, tivemos oportunidade de escrever, em nosso volume II, dedicado ao

    Direito das Obrigaes (Saraiva):

    http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-05-17/decisao-do-cnj-sobre-casamento-homoafetivo-e-comemorada-no-dia-internacional-contra-homofobiahttp://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-05-17/decisao-do-cnj-sobre-casamento-homoafetivo-e-comemorada-no-dia-internacional-contra-homofobiahttp://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-05-17/decisao-do-cnj-sobre-casamento-homoafetivo-e-comemorada-no-dia-internacional-contra-homofobiahttp://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-05-17/decisao-do-cnj-sobre-casamento-homoafetivo-e-comemorada-no-dia-internacional-contra-homofobiahttp://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-05-17/decisao-do-cnj-sobre-casamento-homoafetivo-e-comemorada-no-dia-internacional-contra-homofobiahttp://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-05-17/decisao-do-cnj-sobre-casamento-homoafetivo-e-comemorada-no-dia-internacional-contra-homofobia
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    Tal ocorre na chamada teoria do funcionrio de fato, provinda do Direito Administrativo, quando

    determinada pessoa, sem possuir vnculo com a Administrao Pblica, assume posto de servidor, como se

    realmente o fosse, e realiza atos em face de administrados de boa f, que no teriam como desconfiar doimpostor. Imagine-se, em um distante municpio, o sujeito que assume as funes de um oficial de

    Registro Civil, realizando atos registrrios e fornecendo certides. Por bvio, a despeito da flagrante

    ilegalidade, que, inclusive, acarretar responsabilizao criminal, os efeitos jurdicos dos atos praticados,

    aparentemente lcitos, devero ser preservados, para que se no prejudique aqueles que, de boa f, hajam

    recorrido aos prstimos do suposto oficial4.

    Da mesma forma, se nos dirigimos ao protocolo de uma repartio pblica para apresentarmos, dentro de

    determinado prazo, um documento, e l encontramos uma pessoa que se apresenta como o funcionrio

    encarregado, no existe necessidade de se perquirir a respeito da sua legitimidade. Se o sujeito era um

    impostor, caber prpria Administrao Pblica apurar o fato, com o escopo de punir os verdadeiros

    funcionrios que permitiram o acesso de um estranho ao interior de suas instalaes. O que no se pode

    supor que o administrado ser prejudicado com a perda do prazo para a apresentao do documento

    solicitado.

    Mas no apenas no Direito Administrativo a teoria da aparncia tem aplicabilidade.

    Tambm no Direito Civil.

    A diversidade de sexos, tradicionalmente erigida como pressuposto existencial, passa por um

    processo de mitigao, rumo ao reconhecimento do matrimnio homoafetivo.

    Em sala de aula, faremos a anlise de todos esses requisitos.

    Capacidade para o Casamento

    O Cdigo Civil estabeleceu que homens e mulheres podem se casar ao 16 anos, admitindo-se omatrimnio antes desta idade apenas em situaes excepcionais:

    Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorizao de ambos

    os pais, ou de seus representantes legais, enquanto no atingida a maioridade civil.

    4Interessante aplicao desta regra encontra-se no art. 1554 do CC-02.

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    Pargrafo nico. Se houver divergncia entre os pais, aplica-se o disposto no pargrafo nico do art.

    1.631.

    Art. 1.518. At celebrao do casamento podem os pais, tutores ou curadores revogar a

    autorizao.

    Art. 1.519. A denegao do consentimento, quando injusta, pode ser suprida pelo juiz.

    Art. 1.520. Excepcionalmente, ser permitido o casamento de quem ainda no alcanou a idade nbil

    (art. 1517), para evitar imposio ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez.

    OBS.: Confronte a Lei n. 11.106 de 2005, que revogou o dispositivo do CP autorizador da extinoda punibilidade pelo casamento, e o art. 1520 do CC.5

    Na solenidade, os nubentes devem declarar expressamente que recebem um ao outro. Se qualquer

    dos noivos titubear ou vacilar, o celebrante dever suspender o ato.

    Tambm assim ocorre em outros pases.

    Veja esta notcia:

    5 Foram revogados os incisos VII e VIII do art. 107 do Cdigo Penal, que estabeleciam casos deextino da punibilidade de determinados crimes contra os costumes em virtude do casamento davtima com o agente e com terceiros, respectivamente, observados certos requisitos no ltimo caso.Cuida-se de novatio legis in pejus, ao passo em que se retira do autor desses delitos a possibilidadeextintiva de sua punibilidade em face das npcias da vtima. Da, s possvel considerar-se que ocasamento da vtima no mais extingue a punibilidade do autor de crimes tais se ocorridos aps aentrada em vigor da Lei (3). Interessante notar que no importa a data do casamento, mas daconsumao do delito do qual ainda seja causa extintiva da punibilidade pelas regras anteriores. Destemodo, o indivduo que porventura tenha consumado o crime contra os costumes antes da vigncia daLei e a vtima eventualmente tenha se casado depois da adoo de tal norma, ainda far jus extinoda punibilidade pela causa em questo (Lei n 11.106/05 -Primeiras impresses , Marcelo Lessa Bastos, disponvel em: www.jus.com.br, acesso em

    26.05.2005). Em nosso pensar, mesmo com a edio da Lei 12.015/09 que tornou oprocessamento de crimes sexuais mediante ao penal pblica incondicionada, se a vtima menor de 18 anos ou pessoa vulnervel, o caso concreto dir se o juiz poder autorizar ouno o casamento. Na literalidade da norma, no haveria mais motivo. Mas, h casos e casos.Isso porque, se, por exemplo, j havia um namoro srio e firme entre ru e vtima menor(com quem manteve uma relao sexual), havendo o interesse de ambos em convolarnpcias, pronunciamento favorvel dos pais e autorizao do juiz, tudo isso aliado a umestado de maturidade da noiva (muito comum nos dias de hoje) pode ser que estamanifestao de aquiescncia da vtima prejudique a justa causa da ao penal. E o juizpossa, excepcionalmente, autorizar o casamento. Mas no se trata de questo simples. interessante voc aguardar o desdobramento dos debates na doutrina e na jurisprudncia ecolher a opinio do professor de Direito Penal.

    http://www.jus.com.br/http://www.jus.com.br/http://www.jus.com.br/
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    Sexta, 5 de janeiro de 2007, 15h11 Atualizada s 15h45

    Noiva diz "no" de brincadeira e suspende casamento

    Nem sempre piadas de casamento so

    engraadas. Uma noiva austraca resolveu dizer

    "no" em vez de "sim" ao ser perguntada se

    aceitava seu futuro marido. A brincadeira no agradou ao juiz de paz, que

    imediatamente interrompeu a cerimnia.

    Nem apelos da noiva conseguiram reverter a deciso e o casal teve que

    esperar dois meses e meio para poder voltar ao altar e formalizar a unio,segundo o jornal austraco Oberoesterreichischen Nachrichten.

    Autoridades do escritrio de Steyr, onde ocorreu a confuso, se

    recusaram a comentar o incidente, mas disseram que o fato incomum.

    AP

    Copyright 2006 Associated Press. Todos os direitos reservados. Este material

    no pode ser publicado, transmitido, reescrito ou redistribudo.

    Fonte: http://noticias.terra.com.br/popular/interna/0,,OI1332528-EI1141,00.html

    Esponsais ou Promessa de Casamento (Noivado)

    Segundo ANTONIO CHAVES, consistem em um compromisso de casamento entre duas pessoas

    desimpedidas, de sexo diferente, com o escopo de possibilitar que se conheam melhor, que aquilatem

    suas afinidades e gostos (cit. por MARIA HELENA DINIZ, Direito de Famlia, Saraiva, 2008, pgs. 45 -46).

    A ruptura injustificada do noivado pode, em havendo demonstrao do dano, gerar responsabilidade civil.

    Com isso no se conclua que ns estamos sempre obrigados a dizer o sim, quando assumimos o noivado.

    No isso.

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    O problema que, a depender das circunstncias da ruptura, o exerccio deste direito pode se afigurar

    abusivo, gerador de dano material ou moral (podendo desfazer o casamento semanas antes, prefere, por

    exemplo, o noivo, deixar a sua pretendente, humilhada, no altar, aps proferir sonoro no... tudo, pois, a

    depender da anlise do caso concreto).

    Pode haver, pois, quebra do princpio da boa-f objetiva, aplicvel ao Direito de Famlia.

    Confira-se, a propsito do noivado, a seguinte jurisprudncia selecionada:

    E) RESPONSABILIDADE CIVIL - CASAMENTO - CERIMNIA NO REALIZADA POR INICIATIVA

    EXCLUSIVA DO NOIVO,S VSPERAS DO ENLACE

    - Conduta que infringiu o princpio da boa-f, ocasionando despesas, nos autos comprovadas, pela noiva, as

    quais devem ser ressarcidas. Dano moral configurado pela atitude vexatria por que passou a nubente, com o

    casamento marcado.

    Indenizao que se justifica, segundo alguns, pela teoria da culpa in

    contrahendo, pela teoria do abuso do direito, segundo outros. Embora as tratativas no possuam fora

    vinculante, o prejuzo material ou moral, decorrente de seu abrupto rompimento e violador das regras da

    boa-f, d ensejo pretenso

    indenizatria. Confirmao, em apelao, da sentena que assim decidiu.

    (TJRJ - 5 Cm. Cvel; AC n 2001.001.17643-RJ; Rel. Des. Humberto de Mendona

    Manes; j. 17/10/2001; v.u.).

    BAASP, 2274/584-e, de 29.7.2002.

    "O nosso ordenamento ainda admite a concesso de indenizao mulher que sofre prejuzo com o

    descumprimento da promessa de casamento. Art. 1.548, III, do C. Civil. Falta dos pressupostos de fato para o

    reconhecimento do direito ao dote e partilha de bens. Recurso no conhecido." (STJ - RESP 251689 - RJ - 4

    T. - Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar - DJU 30.10.2000 p. 162)";

    E o rompimento do NAMORO gera responsabilidade civil?

    A jurisprudncia do TJRS, neste acrdo, entendeu que no:

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    TIPO DE PROCESSO:

    Apelao Cvel

    NMERO:

    70008220634

    RELATOR:

    Luiz Felipe Brasil Santos

    EMENTA: APELAO CVEL. INEXISTNCIA DE UNIO ESTVEL. Na inicial a autora afirmou que manteve com o

    demandado namoro que perdurou por dez anos. Os namoros, mesmo prolongados e privando as partes de vida

    ntima como soe ocorrer atualmente, so fatos da vida no recepcionados pela legislao civil e, por isso, no

    ensejam efeitos jurdicos, seja durante ou aps o fim do relacionamento. Somente as relaes jurdicas que

    surgem pelo casamento ou pela constituio de uma unio estvel asseguram direitos pessoais e patrimoniais.

    SOCIEDADE DE FATO. No caracterizada tambm qualquer contribuio para a formao do patrimnio,

    descabida indenizao sob tal fundamento. IMPOSSIBILIDADE DE INDENIZAO POR DANO MORAL DECORRENTE

    DO ROMPIMENTO DA RELAO. Os sentimentos que aproximam e vinculam homem e mulher por vezes se

    transformam e at mesmo acabam, nem sempre havendo um justo motivo para explicar seu fim. A dor da

    ruptura das relaes pessoais, a mgoa, a sensao de perda e abandono, entre outros sentimentos, so custos

    da seara do humano. Fazendo parte da existncia pessoal no constituem suporte ftico a autorizar a incidncia

    de normas que dispe sobre a reparao pecuniria. Possibilidade de indenizao somente surgiria se restasse

    caracterizado um ato ilcito de extrema gravidade, cuja indenizabilidade seria cabvel independentemente do

    contexto da relao afetiva entretida pelas partes. A simples dor moral resultante da ruptura, entretanto, no

    indenizvel. Ao fim, no estando caracterizado qualquer instituto jurdico reconhecido pelas normas de direito

    de famlia, o pedido indenizatrio para recomposio patrimonial de eventuais gastos feitos pela autora dever

    ser analisado em ao prpria, a partir das regras e princpios gerais da Teoria da Responsabilidade Civil.

    NEGARAM PROVIMENTO, UNANIMIDADE. (Apelao Cvel N 70008220634, Stima Cmara Cvel, Tribunal de

    Justia do RS, Relator: Luiz Felipe Brasil Santos, Julgado em 14/04/2004)

    TRIBUNAL:

    Tribunal de Justia do RS

    DATA DE JULGAMENTO:

    14/04/2004

    N DE FOLHAS:

    RGO JULGADOR:

    Stima Cmara Cvel

    COMARCA DE ORIGEM:

    Igrejinha

    SEO:

    CIVEL

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    Deveres do Casamento

    Sobre os deveres do casamento, dispem os seguintes artigos:

    Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condio de consortes,

    companheiros e responsveis pelos encargos da famlia.

    1oQualquer dos nubentes, querendo, poder acrescer ao seu o sobrenome do outro.

    2oO planejamento familiar de livre deciso do casal, competindo ao Estado propiciar recursos

    educacionais e financeiros para o exerccio desse direito, vedado qualquer tipo de coero por parte de

    instituies privadas ou pblicas.

    Art. 1.566. So deveres de ambos os cnjuges:

    I - fidelidade recproca;

    II - vida em comum, no domiclio conjugal;

    III - mtua assistncia;

    IV - sustento, guarda e educao dos filhos;

    V - respeito e considerao mtuos.

    OBS.: A infidelidade virtual pode traduzir quebra de dever conjugal (ex.: relaes afetivas travadas pela

    internet), havendo inclusive espao para se discutir a responsabilidade civil por dano moral, do infrator.

    Pensamos que se deve evitar a expresso adultrio virtual, pois o adultrio pressupe conjuno carnal.

    Impedimentos Matrimoniais

    Trata-se dos requisitos de validade ou de eficcia do casamento.

    Anteriormente, dividiam-se, nos termos do art. 183 do CC anterior, em:

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    a) Impedimentos Dirimentes Pblicos ou Absolutosart. 183, I a VIII;

    b) Impedimentos Dirimentes Privados ou Relativosart. 183, IX a XII;

    c)

    Impedimentos Impedientes ou Proibitivosart. 183, XIII a XVI.

    Esta matria foi simplificada pelo codificador de 2002, que, simplesmente, previu os IMPEDIMENTOS

    (art. 1521) e as CAUSAS SUSPENSIVAS do casamento (art. 1523).

    Os impedimentos, quando verificados, causam a NULIDADE do casamento (art. 1548, II), ao passo que as

    causas suspensivas, se ocorrentes, impem a obrigatoriedade do REGIME DE SEPARAO LEGAL DE BENS

    (art. 1641, I).

    As CAUSAS DE ANULAO do casamento, por sua vez, correspondentes aos antigos impedimentos

    relativos, esto elencadas a partir do art. 1550, devendo-se ressaltar a hiptese de ERRO ESSENCIAL

    quanto pessoa do outro cnjuge (arts. 1556 e 1557):

    Art. 1.556. O casamento pode ser anulado por vcio da vontade, se houve por parte de um dos nubentes,

    ao consentir, erro essencial quanto pessoa do outro.

    Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cnjuge:

    I - o que diz respeito sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu

    conhecimento ulterior torne insuportvel a vida em comum ao cnjuge enganado;

    II - a ignorncia de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportvel a vida

    conjugal;

    III - a ignorncia, anterior ao casamento, de defeito fsico irremedivel, ou de molstia grave e

    transmissvel, pelo contgio ou herana, capaz de pr em risco a sade do outro cnjuge ou de sua

    descendncia;

    IV - a ignorncia, anterior ao casamento, de doena mental grave que, por sua natureza, torne

    insuportvel a vida em comum ao cnjuge enganado.

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    OBS.:

    Note-se que a ausnciade virgindade da mulher no mais causa de anulao do casamento. Alis, coma entrada em vigor da Constituio Federal, no mais poderia ser, luz dos princpios da dignidade da

    pessoa humana e da igualdade.

    Casamento Putativo

    Trata-se de casamento nulo ou anulvel, contrado de boa-f por um ou ambos os cnjuges, cujos efeitos

    jurdicos so preservados, por conta da aplicao da teoria da aparncia.

    Nesse sentido, o CC:

    Art. 1.561. Embora anulvel ou mesmo nulo, se contrado de boa-f por um ou ambos os cnjuges, o

    casamento, em relao a estes como aos filhos, produz todos os efeitos at o dia da sentena anulatria.

    1oSe um dos cnjuges estava de boa-f ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis s a ele e aos

    filhos aproveitaro.

    2oSe ambos os cnjuges estavam de m-f ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis s aos filhos

    aproveitaro.

    Confira-se ainda jurisprudncia do STJ sobre a matria:

    Casamento putativo.Boa-f. Direito a alimentos. Reclamao da

    mulher.

    1. Ao cnjuge de boa-f aproveitam os efeitos civis do casamento,

    embora anulvel ou mesmo nulo (Cd. Civil, art. 221, pargrafo

    nico).2. A mulher que reclama alimentos a eles tem direito mas at data

    da sentena (Cd. Civil, art. 221, parte final). Anulado ou

    declarado nulo o casamento,desaparece a condio de cnjuges.

    3. Direito a alimentos "at ao dia da sentena anulatria".

    4. Recurso especial conhecido pelas alneas a e c e provido.

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    RESP 69108 / PR ; RECURSO ESPECIAL

    1995/0032729-5

    H entendimento do STF, todavia, no sentido de no haver limitao de tempo no que tange ao direito

    alimentar (RTJ, 89:495).6

    Formas Especiais de Casamento

    So formas especiais de casamento: casamento por procurao (art. 1542), casamento in articulo

    mortis (iminente risco de vida ou in articulo mortis ou nuncupativo 1540), casamento em caso de

    molstia grave (art. 1534).

    Em sala da aula, faremos referncia controvrsia que gira em torno da admissibilidade do casamento

    esprita, j havendo precedente favorvel do Tribunal de Justia do Estado da Bahia (veja, no final deste

    material de apoio, o parecer do professor Dalmo Dallari). Trata-se de uma questo importante, de

    inegvel interesse jurdico para concurso pblico, meus amigos!

    Questes Especiais de Concurso:

    O que princpio da interveno mnima do Direito de Famlia?

    Cuida-se da regra principiolgica, segundo a qual o Estado no poderia intervir coercitivamente no

    mbito familiar, pondo em risco o projeto de felicidade de seus membros. Nesta linha de raciocnio, a

    obrigatoriedade do planejamento familiar, com a imposio de sanes, por exemplo, poderia traduzir

    afronta a esta princpio.

    O que funo social da famlia?

    Assim como outros importantes institutos em Direito Civil foram funcionalizados, a exemplo do

    contrato e da propriedade, a famlia, em uma perspectiva constitucional, tambm o foi.

    6Referncia feita pelo ilustre amigo C. R. Gonalves (S. Jurdica Dir. de Famlia, Saraiva).

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    Superado, pois, o paradigma clssico da estabilidade do casamento a todo custo, entende-se que,

    hoje, em respeito dignidade humana, a famlia tem o papel e a funo (social) de propiciar o bem-

    estar e permitir a busca da felicidade dos seus membros integrantes.

    S assim consistir, efetivamente, em base da sociedade, consoante o mandamento constitucional.

    4.Unio Estvel7

    Do Concubinato Unio Estvel

    Pontos a serem desdobrados em sala de aula:

    1. Histrico

    2. Conceito de Unio Estvelpessoas desimpedidas ou separadas de fato

    3. Unio Estvel Putativa

    4. Concubinato Consentido

    5. Tratamento Jurdico no Brasil (Fases)

    Regulamentao anterior (Leis n. 8971/94 e 9278/96) e o novo CCart. 1723:

    O sculo XX marcou a histria da humanidade, no apenas como a era da tecnologia, mas tambm da

    profunda mudana de valores, refletindo-se, por conseqncia, no mbito da famlia: o casamento

    deixaria de ser a nica instncia legitimadora e passaria a conviver com outras formas de unio livre.

    Nessa linha, com especial influncia do Direito francs8, o nosso sistema jurdico, paulatinamente,

    passaria a ceder espao ao concubinato entidade familiar no matrimonializada9 preferindo,

    7 Escrevemos a respeito deste tema em nosso O Contrato de Doao Anlise Crtica do AtualSistema Jurdico e os seus Efeitos no Direito de Famlia e Sucesses, fruto de nossa pesquisa para aelaborao da dissertao de mestrado na PUC-SP (Ed. Saraiva), e, especialmente, em nosso NovoCurso de Direito Civil - Direito de Familia As Famlias em Perspectiva Constitucional (Volume 6), SoPaulo: Saraiva, este ltimo em coautoria com Rodolfo Pamplona Filho.8Dispe o art. 515-8 do Cdigo francs, alterado pela Lei n. 99-944, de 15-11-1999, no sentido deque: Le concubinage est une union de fait, caractrise par une vie commune prsentant un caractrede stabilit et de continuit, entre deux pesonnes, de sexe differnt ou de mme sexe, qui vivent emcouple. Nota-se, pois, que tambm reconhecida a unio entre pessoas do mesmo sexo, tendnciasentida nas legislaes de grande parte dos Estados europeus.

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    inclusive, substituir esta expresso indicativa de uma relao proibida pela noo de

    companheirismo.

    Ora, podemos observar que a evoluo desse instituto deu-se a passos lentos, no mbito do Direito Civil,

    que, de maneira tmida, apenas em 1912, por ocasio da entrada em vigor do Decreto n. 2.681,

    reconheceria concubina direito indenizao pela morte do companheiro em estradas de ferro10.

    A partir da, em geral, apenas o Direito Obrigacional deitaria seus olhos tutela da companheira, para

    admitir, em um primeiro momento, a possibilidade de se pleitear indenizao pelos servios prestados

    durante o perodo de convivncia.

    Observava-se, pois, aqui, a preocupao da jurisprudncia em evitar o enriquecimento sem causa de

    uma das partes da relao, mas sempre a situando no rido terreno obrigacional, razo por que, no

    mbito judicial, as demandas porventura instauradas tramitariam em Varas Cveis.

    E note-se que, nessa primeira fase, a companheira era tratada como mera prestadora de servios

    domsticos.

    Mas a jurisprudncia evoluiria, em um segundo momento, para admitir o reconhecimento de uma

    sociedade de fato entre os companheiros, de maneira que a companheira deixaria de ser mera

    prestadora de servios com direito a simples indenizao, para assumir a posio de scia na relao

    concubinria, com direito parcela do patrimnio comum,na proporo do que houvesse contribudo.

    Nessa linha, o Supremo Tribunal Federal, que j havia editado smula admitindo o direito da

    companheira indenizao por acidente de trabalho ou transporte do seu companheiro, se no

    houvesse impedimento para o matrimnio (S. 35), avanaria mais ainda, para reconhecer, na smula

    380, direito partilha do patrimnio comum:

    9O Cdigo Civil de 1916, lembra-nos CLUDIA GRIECO TABOSA PESSOA, em bela obra, no tratou oconcubinato como instituto, tendo havido, to-somente, previses quanto ao impedimento absolutopara o casamento do cnjuge adltero com o seu co-ru condenado (art. 183, VII), possibilidade dereivindicao de bens transferidos concubina (art. 248, IV), ao reconhecimento da filiao em relao prole havida das unies concubinrias (art. 363, I), proibio de doao (art. 1.177), declaraode ilegitimidade passiva testamentria concubina (art. 1.719, III) e proibio de instituio deseguro de vida (art. 1.474) (cf. a excelente obra Efeitos patrimoniais do concubinato. So Paulo:Saraiva, 1997, p. 17-18).

    10Referncia feita por Cludia Grieco Tabosa Pessoa, na obra Efeitos patrimoniais do concubinato, cit.,p. 18.

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    S. 380Comprovada a existncia da sociedade de fato entre os concubinos, cabvel

    a sua dissoluo judicial, com a partilha do patrimnio adquirido pelo esforo comum.

    A contribuio da companheira, que tanto poderia ser direta (econmica) como, em uma viso mais

    avanada, indireta (psicolgica), justificaria, pois, a demanda voltada diviso proporcional do

    patrimnio, cujo trmite seria feito em sede do Juzo Cvel, como j mencionado, visto que, at ento, a

    relao entre os companheiros no era admitida como uma forma de famlia.

    A nossa Constituio Federal, todavia, modificaria profundamente esse cenrio, retirando o concubinato

    puro (entre pessoas desimpedidas ou separadas de fato) da zona do Direito das Obrigaes, para

    reconhecer-lhe dignidade constitucional, alando-o ao patamar de instituto do Direito de Famlia,

    consoante se depreende da leitura de seu art. 226, 3:

    Para efeito da proteo do Estado, reconhecida a unio estvel entre o homem e a

    mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar a sua converso em casamento.

    Note-se, aqui, no ter havido uma identificao com o casamento tanto que se disps a facilitar a

    converso em matrimnio, mas sim uma equiparao em nvel constitucional, para efeito protetivo, no

    mbito do Direito Constitucional de Famlia.

    Seguindo, pois, esse referido mandamento constitucional, duas importantes leis foram editadas: a Lei n.

    8.971, de 1994 (que regulou os direitos dos companheiros aos alimentos e sucesso), e a Lei n. 9.278,

    de 1996 (que revogou parcialmente o diploma anterior, ampliando o mbito de tutela dos

    companheiros).

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    O novo Cdigo Civil, por sua vez, culminaria por derrogar11 a lei de 1996, uma vez que a disciplina da

    unio estvel passaria e integrar o corpo do nosso prprio Estatuto Civil:

    TTULO III

    DA UNIO ESTVEL

    Art. 1.723. reconhecida como entidade familiar a unio estvel entre o homem e a

    mulher, configurada na convivncia pblica, contnua e duradoura e estabelecida com

    o objetivo de constituio de famlia.

    1oA unio estvel no se constituir se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521;

    no se aplicando a incidncia do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar

    separada de fato ou judicialmente. 2o As causas suspensivas do art. 1.523 no impediro a caracterizao da unio

    estvel.

    Art. 1.724. As relaes pessoais entre os companheiros obedecero aos deveres de

    lealdade, respeito e assistncia, e de guarda, sustento e educao dos filhos.

    Art. 1.725. Na unio estvel, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se s

    relaes patrimoniais, no que couber, o regime da comunho parcial de bens.

    Art. 1.726. A unio estvel poder converter-se em casamento, mediante pedido dos

    companheiros ao juiz e assento no Registro Civil.Art. 1.727. As relaes no eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar,

    constituem concubinato.

    Para efeito de reconhecimento da unio estvel, no se exige lapso temporal predeterminado, bem

    como no so indispensveis a convivncia sob o mesmo teto ou more uxrio (S. 382 do STF) nem a

    existncia de prole comum. Claro que todos esses fatores, isoladamente ou, com mais razo ainda,

    reunidos, facilitaro a admissibilidade do vnculo concubinrio, mas no podem ser encarados como

    requisitos imprescindveis.

    11No correto dizer, em nosso sentir, que a Lei de 1996 teria sido totalmente revogada (ab-rogada).Tome-se, a ttulo exemplificativo, a norma referente ao direito real de habitao da (o) companheira(o)sobrevivente, que, posto no expressamente regulado no Cdigo novo, ainda estaria em vigor. Anegao desse direito, afigura-se grave, medida que a difcil situao sucessria do companheiro deve ser atenuada, segundo uma interpretao constitucional, e em ateno aosuperior princpio da vedao ao retrocesso, desenvolvido por CANOTILHO (GAGLIANO, Pablo Stolze.Cdigo Civil Comentado v. XIII, Atlas, cit., p. 218).

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    Em nosso sentir, os dois vetores hermenuticos fundamentais so: a estabilidade e o objetivo de

    constituio de famlia.

    Ademais, vale relembrar que apenas a relao concubinria pura vale dizer, entre pessoas

    desimpedidas ou separadas de fatomerece, regra geral, a tutela do Direito de Famlia, sendo esta a

    orientao da jurisprudncia:

    Famlia Reconhecimento de unio estvel RequisitosPessoas casadas 1 do

    art. 1.723 do CC Bens adquiridos durante a convivnciaPartilha. So requisitos da

    unio estvel a convivncia duradoura, pblica, contnua e com o objetivo de

    constituir famlia. Nos termos do 1 do art. 1.723 do novo CC, somente se

    reconhecer a unio estvel de pessoas casadas no caso de se encontrarem separadas

    de fato ou judicialmente. Se um dos companheiros ainda se achava vinculado a

    casamento anterior, poca da convivncia, no h falar em unio estvel e, por

    conseqncia, em direito ao partilhamento dos bens adquiridos no perodo, hiptese

    em que se torna necessria a prova da participao do convivente postulante em sua

    aquisio (TJMG, 8 Cm. Cv., Ap. 1.0024.02732976-2/001-1, j. 23-6-2005)12.

    Ainda no campo da unio estvel, perfeitamente admissvel e bastante comum, o contrato de convivncia,

    pacto firmado entre os companheiros, por meio do qual so disciplinados os efeitos patrimoniais da unio,

    como a penso alimentcia e o regime de bens.

    Nesse caso, o vnculo concubinrio no negado. Muito pelo contrrio. voluntariamente reconhecido e

    amigavelmente disciplinado.

    Mas vale lembrar, com FRANCISCO CAHALI, em excelente obra, que:

    O contrato de convivncia no tem fora para criar a unio estvel, e, assim, tem sua eficcia condicionada

    caracterizao, pelas circunstncias fticas, da entidade familiar em razo do comportamento das partes. Vale

    12Coletada da obra de Francisco Cahali, Famlia e sucesses no Cdigo Civil de 2002 II, ColetneaOrientaes Pioneiras v. 2. So Paulo: Revista dos Tribunais, 2005, p. 246.

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    dizer, a unio estvel apresenta-se como conditio juris ao pacto, de tal sorte que, se aquela inexistir, a

    conveno no produz os efeitos nela projetados13.

    Um ponto ainda deve ser salientado: no se deve confundir a unio estvel entidade familiar

    constitucionalmente reconhecidacom o simples namoro.

    No STJ tambm observamos a preocupao em se diferenciar o namoro da unio estvel:

    DIREITOS PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. UNIO ESTVEL. REQUISITOS.

    CONVIVNCIA SOB O MESMO TETO. DISPENSA. CASO CONCRETO. LEI N.

    9.728/96. ENUNCIADO N. 382 DA SMULA/STF. ACERVO FTICO-PROBATRIO.

    REEXAME. IMPOSSIBILIDADE. ENUNCIADO N. 7 DA SMULA/STJ. DOUTRINA.PRECEDENTES. RECONVENO. CAPTULO DA SENTENA. TANTUM DEVOLUTUM QUANTUM APELLATUM.

    HONORRIOS. INCIDNCIA SOBRE A CONDENAO. ART.

    20, 3, CPC. RECURSO PROVIDO PARCIALMENTE.

    I - No exige a lei especfica (Lei n. 9.728/96) a coabitao como requisito essencial para caracterizar a unio

    estvel. Na realidade, a convivncia sob o mesmo teto pode ser um dos fundamentos a demonstrar a relao

    comum, mas a sua ausncia no afasta, de imediato, a existncia da unio estvel.

    II - Diante da alterao dos costumes, alm das profundas mudanas pelas quais tem passado a sociedade,

    no raro encontrar cnjuges ou companheiros residindo em locais diferentes.III - O que se mostra indispensvel que a unio se revista de estabilidade, ou seja, que haja aparnci