novo curso de direito civil volume 4 - tomo i - contratos - pablo stolze

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  • 1. NOVO CURSO DE DTREITO CIVIL - V. IV, T. Pablo Stolze Gagliano Rodolfo Pamplona Filho lil edio - dez. 2004 }lI. edio, 2i tiragem - abro 2005 li edio, 3i tiragem - jan. 2006 Il edio. 4i tiragem - fev. 2006 2i edio - JUl. 2006 3i1. edio - !ul. 2007 4il edio - ,ano 2008 5il edio - dez. 2008 5~ edio. 2i tiragem - jUl. 2009 6i edio - lan. 2010 7' edio - lan. 2011 PABLO STOLZE GAGLIANO JUIZ. de Direito na Bahia. Professor de Direito Civil da UFBA - Universidade Federal da Bahia. da Escola da Magistratura do Estado da Bahia e do curso de psHgraduao da Fundao Faculdade de Direito da Bahll. Professor Convidado da Rdio lustla do Supremo Tribunal Federal. Mestre em Direito Civil pela PUC/SP - PontifCia Universidade Catlica de So Paulo. EspeCialista em Direito Civil pela Fundao Faculdade de Direito da Bahia. RODOLFO PAMPLONA FILHO JUIZ Titular da l-! Vara do Trabalho de Salvador/BA. Professor Titular de Diretto Civil e Direito Processual do Trabalho da UNIFACS - Universidade Salvador. Professor Adjunto da graduao e Ds-graduao (Mestrado e Doutorado) em Direito da UFBA Universidade Federal da Bahia. Coordenador do Curso de Especializao em Direito e Processo do Trabalho do TusPodivm/BA. Mestre e Doutor em Direito das Relaes SOCIaiS pela PUC/SP - PontifCia Umversidade Catlica de So Paulo. Especlllista em Direito Civil pela Fundao Faculdade de Direito da Bahia. Membro da Academia NaCIOnal de DireIto do Trabalho e da Academia de Letras Jurdicas da Bahia. Novo Curso de DlRE' ""'ITO-. _. ' . ".~' .. . .' CIVILVolume IV - Contratos Tomo 1 - Teona Geral (Abrangendo os Cdigos Civis de 1916 e 2002) 7a edio 201 I Editora Saraiva
  • 2. plls:.~Va Roo Henriqul! SdmuITllnfl, i7, C~eiroCsar --S~-Poul(l ~' sr" CEPD541HD9 fAIIX: 0113613 30.0.0., IAOUR: 0.800 0.117688' De 29: a69., dos 8:30 S 19:30 . somivlljurl!dikHaS!lffilva.rom.br Atl!S5e: YIWW.sorOlvolur.rom.br FILIAIS AlMIOIIAS!ROIIDIlLVRORAllWACRE. Roo IStfIArevedo. 56 -Centro tom:: {921,363J..112l.-f1ll: (9.713633-:17~7~_Mornxt; - BAHlA/SERG1PE Roo Agripioo llIoo, 73,-BroIns Fone: OIl33SI-58S4/335J.SB95 Fnx:f7.1J33BHJ'l59-SoMx!or . BAURUISloPAULOi - - '-_-"'.: ,:' _',," __ ,... Rua MonseMil/ Ooto, 7-55('1-57 -Centro ':.' .. :~'" fone: (H) j23~5643_~ Fm::: {14J 323H401:-1lomi CEAR/PIAUi/MARAIIHO Av. Fiomeoo Gorros, 670 -100lreCl!il1}! Fone,: (85) 323!J.2323 /323813B4 Fax: (85) 323!J.1331 ....: fol/ul,uO' DlSTRlTOfIDilll '_, :-___ i__ .-i:-,,~_/ ,'_--_., SIAj5UlTredio ll.tr!e B50 - S~rorde lriditria1! ~enlo :' fOlle:(61) 334H'120!33H-2951 ' ' '-. ftlx: {hl! 33H-lI09-.BrrG1ig '. GmMtroCAlmNS . __ Av. 1!ldepm1ncia..5330 ..;.Ser-~!G Fona: (h713225--2BS7 /321HBOh-,,' Fax:(62J322430l6~Goooia- -- MATO GROSSO 00 SUI/MATO IiROilij' RwHdcJu!ha,314B-G:ltro_. ,_. _. tooo: (b1l33S236a2-.f~W) 33a2{IIJ2';",~GroiuIa-" MIRAS GERAIS ~~~~-a~~:=1l:3~~i9.63l0-i~-H~~t 'AWmMA:: . "" ' , ~Arinc':lti8b-8riiisfu~' fone: (91) 3Z2H034 /3nH038 fa:t:{91) 3741-om-Belm PARAIL!SAIITA CrAR111A . . Ru (ooselhcilll Lcioondo, m's-I'rndoVclha fore!fnx:(41}3332- 184 do Cdigo Penal. r --- - - - - - - - - - - - - ' - - - - - Dedicamos esta obra Ao nosso Senhor Jesus Crsto, pela esperana e mIse- rIcrdia. que se renovam a cada manh, mesmo em tempos conturbados; A Andre Barreto Cabussu (in memonam) e a todos os membros de uma das turmas maIS maravilhosas e agrad- veIS com que conVIvemos em nosso magIstno; Aos amados amigos e parceiros que conquistamos nos diversos nnces do Pais, na busca de uma nova perspectI- va do DireIto; e Aos formandos em DireIto da Universidade Salvador UNIFACS (2003 e 2004), pela nossa suceSSIva elelo como patrono de suas turmas.
  • 3. / lndice Agradewnentos ........................................................................................... 15 Soctedade e Direito. o equilbno vttaL de opostos....................................... 17 PrefCIo PnmeIra Edio.......................................................................... 21 ApreSetltao da Pnmelra Edio .............................................................. 23 Nota dos Autores Sexta Edio ............................................................... 27 Nota dos Autores Qumta Edio Nota dos Autores Terceira Edio Nota dos Autores Segunda Edio Nota dos Autores a PnmcJra Edio Captulo I Introduo DiscIplina Jurdica dos Contratos 29 31 33 35 1. Importncia do estudo dos contratos .................................................. 37 2. Concepo histrica do contrato: do inicIO dos tempos ao contrato de adeso................................................................................................. 38 3. Os contratos no Cdigo Civil de 2002 ................................................ 44 Captulo II Viso Estrutural do Contrato 1. Noes introdutorlas.............................................................................. 47 2. Conce1to de contrato ............................................................................. 2.1. A perspectiva civil-constltuclOnat do contrato: uma (re)con- celtuao? ........................................................................................ 3. Natureza juridica do contrato............................................................... 4. Planos de eXlstnca, validade e eficcIa aplicveIs ao contrato ........ 4.1. Elementos constItutivos do contrato (plano de eXIstncia do negcIo juridico) ............................................................................ 4.2. Pressupostos de validade do contrato (plano da validade do negcio Jurdico) ............................................................................ 4.3. Fatores eficaclals do contrato (plano de eficcia do negoclO jurdico) .......................................................................................... 47 48 51 53 54 56 58 7
  • 4. 5. Distmes termInolgicas relevantes .................................................... 6. Forma e prova do contrato ................................................................... Captulo III Princlpiologia do Direito Contratual 1. Introduo .............................................................................................. 2. Breve revIsta ao prmcipIo da dignidade da pessoa humana.............. 3. PnncipIo da autonomIa da vontade ou do consensualismo .............. 4. Pnnpio da fora obngatria do contrato ......................................... 5. PnnciplO da relatIvidade subjetIva dos efeItos do contrato ............... Captulo IV Funo Social do Contrato e EqUivalncia Material 1. PnnciplOs SOCiaiS dos contratos: mudana de mentalidade juridica ... 2. Funo SOCIal do contrato ...,................................................................. 2. L Buscando uma delimItao conceItual ......................................... 2.2. A funo SOCIal do contrato no Cdigo Civil de 1916: anlise da omisso legIslativa..................................................................,.. 2.3. Funo social do contrato no Cdigo de 2002: anlise do art. 421 ............................................................................................ 2.4. A funo social do contrato e os defeItos do negOCIO Jurdico ... 3. PrmciplO da equivalncIa materiaL...................................................... Captulo V Boa-F Objetiva em Matria Contratual 1. A boa-f como um pnncipIO Jurdico.................................................. 2. Boa-f ObjetIva e boa-f subjetIva ........................................................ 3. Compreendendo o pnncipIO da boa-f objetiva ................................. 4. Funes da boa-f objetIva.................................................................... 4.1. Funo interpretativa e de coimatao ........................................ 4.2. Funo criadora de deveres Juridicos anexos ou de proteo ..... 4.2.1. Uevcres de lealdade e confiana reciprocas...................... 4.2.2. Dever de assIstnca ............................................................ 4.2.3. Devt:r de Informao .......................................................... 8 58 61 63 64 69 74 76 79 81 82 86 89 92 95 99 100 102 105 105 106 107 108 109 4.2.4. Dever de SIgilo ou confidencIalidade ................................. 4.3. Funo delimitadora do exerciclO de direItos subJetIvos............ 5. A boa-f objetiva e o art. 422 do Cdigo Civil brasileIro.................. 6. Desdobramentos da boa-f ObjetIva ..................................................... 6.1. Vemre contra jactum propnum ...................................................... 6.2. 6.3. 6.4. 6.5. 6.6. 6.7. 6.8. Supresslo ...........................................................................,.............. Surrectlo ......................................................................................... Til quoque ...................................................................................... Exceptlo doli ................................................................................... Inalegabilidade das nulidades formaIS ........................................ Desequilbno no exerccIO Jurdico ....................................._....... Clusula de Stoppel ....................................................................... Captulo VI Formao dos Contratos 1. Noes baslcas ........................................................................................ 2. Fase de puntuao (negocIaes prelimInares) ................................... 3. Proposta de contratar ............................................................................ 3.1. Prazo de validade da proposta...................................................... 3.2. A oferta ao pblico ........................................................................ 3.3. Consequnclas Juridicas da morte do proponente...................... 4. A aceItao .............................................................................................. 5. Formao dos contratos entre ausentes ............................................... 6. A proposta no Cdigo de Defesa do Consumidor ............................. 7. Lugar da formao do contrato ............................................................ Captulo VII Das Estipulaes Contratuas em Relao a Terceros 1. Introduo .............................................................................................. 2. EstIpulao em favor de terceIro .......................................................... 2. j. EfeItos.............................................................................................. 3. Promessa de fato de terceiro ................................................................. 3.1. Natureza juridica............................................................................ 3.2. Excluso de responsabilidade: uma novidade do Cdigo Civil de 2002........................................................................................... 4. Contrato com pessoa a declarar ........................................................... 112 112 113 117 li8 120 122 122 122 123 124 124 127 128 130 132 134 136 136 138 140 141 145 145 147 148 149 149 150 9
  • 5. 4.1. Distmo para a cesso de contrato............................................. Captulo VIII Classificao dos Contratos 1. O recurso pedaggICO da dassificao ................................................. 2. Classificao dos contratos no DireIto Romano ................................. 3. Contratos considerados em si mesmos ................................................ 3.1. Quanto natureza da obrIgao .................................................. 3.1.1. Contratos unilaterais. bilaterais ou pJurilaterals .............. 3.1.2. Contratos onerosos ou gratuitos ....................................... 3.1.3. Contratos comutatIVOS ou aleatnos ................................ 3.1.4. Contratos pantnos ou por adeso .................................. 3.1.5. Contratos evolutivos ........................................................... 3.2. Classificao dos contratos quanto discIplina juridica............. 3.3. Classificao dos contratos quanto forma ................................ 3.3.1. Solenes ou no solenes....................................................... 3.3.2. ConsensuaIs ou reais .......................................................... 3.4. Classificao dos contratos quanto desIgnao ........................ 3.5. Classificao dos contratos quanto pessoa do Contratante ..... 3.5.1. PessoaIs ou ImpessoaIs ....................................................... 3.5.2. Individuais ou coletIvos ..................................................... 3.5.3. O autocontrato.................................................................... 3.6. Classificao dos contratos quanto ao tempo de Sua execuo ... 3.7. Classificao dos contratos quanto discIplina legal especfica .. 3.8. Classificao pelo motivo determmante do negcio................... 3.9. Classificao pela funo econmIca............................................ 4. Classificao dos contratos reciprocamente considerados .................. 4.1. Classificao quanto relao de dependncla ........................... 4.2. Classificao quanto defil1ItIvidade ........................................... Captulo IX Contrato Preliminar 1. Consideraes IntClals ............................................................................. 2. ConceIto e nstitutos slmilares ............................................................... 3. Natureza uridica ..................................................................................... 4. Classificao............................................................................................. 5. Tutela especfica...................................................................................... 10 151 6. Consideraes sobre o contrato preliminar de doao ....................... Captulo X Contratos Atpicos 1. Introduo .............................................................................................. 2. Contratos tplcos e atpIcoS................................................................... 2.1. Distino dos contratos nominados e Inommados..................... 2.2. Classificao dos contratos atpICos.............................................. 2.3. Disciplina iuridica dos contratos atpcos .................................... 3. Os contratos atpicos no novo Cdigo Civil brasileIro ...................... 4. Unio de contratos ou contratos coligados ......................................... Captulo XI Interpretao dos Contratos 1. Compreendendo a ativIdade mterpretatIVa.......................................... 2. A opo brasileira de no estabeleCimento de regras estanques de Interpretao.................................................................................... 3. Regras de nterpretao no Direto Civil brasileiro ............................ 3.1. Regra de carter subjetIvo ............................................................. 3.2. Regras de carter objetivo ............................................................. 3.3. ConVIvnCIa e adequao das regras de mterpretao: a her- menutica principlOIglca constitucIOnaL.................................... 4. A mterpretao de contratos de adeso ............................................... 5. Interpretao dos contratos em mcrossIstemas jurdicos .................. 5.1. A interpretao do contrato de trabalho ..................................... 5.2. A mterpretao do contrato de consumo ................................... Captulo XII VcIOS Redibitrios 1. Introduo .............................................................................................. 2. ConceIto e caracterstcas ...................................................................... 3. Fundamento da garantIa contra os vcios redibItnos....................... 4. VcIOS redibitrios x erro como vicio de consentimento ................... 5. ConsequnClas Jurdicas da verificao de viCiaS redibitnos ........... 6. Prazo para a proposItura das aes edilclas ...................................... 7. Vcos redibItnos e o Cdigo de Defesa do Consumidor ................ 197 201 202 204 205 206 209 210 213 214 215 215 217 218 219 221 222 224 227 227 228 230 231 233 238 11
  • 6. Captulo XIII Evco 1. Noes conceItuaiS ................................................................................. 2. Fundamentos Juridicos........................................................................... 3. RequIsitos ................................................................................................ 3.1. Aquisio de um bem .................................................................... 3.1',1. Contratos onerosos .............................................................. 3.1.2. AqUIsio em hasta pblica ............................................... 3.2. Perda da posse ou da propnedade ............................................... 3.3. Prolao de sentena JudiCIal ou execuo de ato adminIstratIvo. 4. DireItos do evIcto................................................................................... 5. Espcies de eVIco: total e parcial....................................................... 6. Evico e autonomia da vontade - A clusula de no eVIco ....... 7. EVICo 'e benfeItorIas ............................................................................ 8. EVICo e denunciao da lide .............................................................. 8.1. Anlise da obrIgatonedade ou no da denunCiao da lide ...... 8.2. Consequnclas juridicas da denuncIao da lide ........................ 8.3. Viso esquemtIca .......................................................................... Captulo XIV Extino do Contrato 1. Consideraes metodolgIcas.................,.............................................. 2. Classificao das formas de extIno do contrato (noes term- nolgcas) ................................................................................................ 3. Extino natural do contrato ................................................................ 3.1. Cumpnmento do contrato ou exausto do seu obJeto .............. 3.2. Verificao de fatores eficacIals..................................................... 3.2.-1-. VencImento do termo .......................................................... 3.2.2. Implemento de condio resolutiva ................................... 3.2.3. Frustrao da condio suspensIva .................................... 4. Causas anteriores ou contemporneas formao do contrato ........ 4.1. Nulidade ou anulabilidade ............................................................ 4.2. Redblo......................................................................................... 4.3. Direito de arrependimento........................................................... 5. Causas supervenientes formao do contrato .................................. 5.1. Resilio .......................................................................................... 5.1.'1. Bilateral (Distrato).............................................................. 12 243 244 245 245 245 246 249 250 251 252 254 256 257 257 262 264 267 268 270 270 271 271 272 273 273 273 274 275 276 276 277 a) Forma........................................................................... b) Quitao ...................................................................... 5.1.2. Unilateral ................."......................................................,... a) LimItao temporaL................................................... b) Formas espeCiais ......................................................... b.l) Revogao ............................................................ b.2) RenuncIa .............................................................. b.3) Resgate ................................................................. - ?J .... Resoluo ........................................................................................ 5.2.1. Algumas palavras sobre a voluntanedade da inexecuo.... 5.2.2. Clusula resolutna (expressa ou tcIta).......................... 5.3. Resciso ........................................................................................... 5.4. Morte do contratante..................................................................... 5.5. Caso fortuito ou fora malOr........................................................ Captulo XV Exceo de Contrato No Cumprido 1. Consideraes inJCIaIS ............................................................................ 2. ConceIto e natureza Jurdica ................................................................. 277 278 279 280 282 282 283 284 285 286 286 292 295 297 299 299 3. Elementos caracterIzadores.................................................................... 301 4. Escoro hIstrIco .................................................................................... 5. Restno aplicao do instItuto ....................................................... 6. Garantia de cumprimento ..................................................................... 7. A exceo do contrato no cumprido e a Admmistrao Pblica .... Captulo XVI Teoria da Impreviso e Resoluo por Onerosidade Excessiva 1. Introduo .............................................................................................. 2. Concepo histrica da teOrIa da Impreviso...................................... 3. Compreendendo a distino entre teoria da impreviso, clusula rebus SIC stantibus e resoluo por onerosidade excessva .................. 4. Elementos para aplicabilidade da teoria da lmprevlso ..................... 5. Teoria da imprevlso x leso................................................................. 6. Teoria da mprevlso x madimplemento fortuito (caso fortUIto ou fora maIor) ............................................................................................ 303 304 304 305 309 309 312 314 316 317 13
  • 7. 7. A teona da impreviso no Cdigo de Defesa do Consumidor ......... 8. A teona da lmprevlso no Cdigo Civil de 2002 ............................... 8.1. Aplicabilidade do tnStltuto ............................................................ 8.2. Revlsibilidade do contrato............................................................. 8.3. Aplicao da teona nos contratos unilaterais.............................. 8.4. Restno contratual aplicao da teoria ................................... Captulo XVII Inadimplemento e Responsabilidade Civil Contratual 1. Importnca do tema ............................................................................. 2. Regras posltlvadas sobre madimplemento contratual......................... 3. Responsabilidade civil contratuaL......................................................... 3. L Rememorando as diferenas entre responsabilidade civil aqul- liana e contratual ........................................................................... 3.2. Algumas palavras sobre a clusula penai ..................................... 4. Responsabilidade cIvil pr-contratuaL................................................. 4.1. Recusa de contratar........................................................................ 4.2. Quebra das negociaes prelimmares .......................................... 5. Responsabilidade civil ps-contratual .................................................. Captulo XVIII O Direito Intertemporal e os Contratos 1. A Importncia do DireIto Intertemporal em matna de contratos..... 2. Direto adqUindo, ato jurdico perfeIto e COIsa Julgada: breves noes...................................................................................................... 3. Da regra baslCa de DireIto Intertemporal em matria de contratos.... 4. Conflitos na aplicao das normas contratuaIS em face do CC-02 ..... 4. L Da (in IconstttuclOnalidade do art. 2.035 do Cdigo CiviL....... 4.2. Entendendo o art. 2.035 do Cdigo CiviL.................................. Captulo XIX Introduo aos Contratos em Espcie 1. Contratos em espcIe..................................................................... -. A proposta do prXImo tomo............................................................... RefernCIas .................................................................................................. 14 319 321 321 322 325 325 327 328 329 330 332 332 333 334 337 339 340 342 345 346 347 353 353 355 r I Agradecimentos Dentre os nossos rntimeros defeitos. certamente no se nclUlr a mgra- tido. Por ISSO, como em outras oportumdades, fazemos questo de regIstrar os nomes de diversos amigos que compartilharam conosco a cammhada de eia- borao deste volume ou reviso dos antenores. Obngado. Pinho. Virgnia e Lourdes (nossos paIS), Emilia, Manna e Rodolfinho Pamplona (esposa e filhos), Fred, Camila e Ricardo (irmos de sangue e corao) e Scooby (o Irmo camno mal's conheCIdo do mundo juri- dico brasileiro), a mmha Nina (esposa), Prof. Geraldo Vilaa (nosso maiOr colaborador de JUrIsprudnCIa. quase um "caautor" Virtual da obra), Olivelros Guanals Filho. Willis Santiago Guerra Filho (nosso grande filsofo), SlVlO de Salvo Venosa (amIgo de sempre). a querida amIga Giselda Hironaka, FranCISCO Cahali. Nelson LUIZ Pinto, Alice Lotufo, Fernanda. ao professor e amIgo Ronal- do Andrade, FranCISCO Fontenele e a eqUIpe TusPodivm Cpeio exemplo de profissionalismo e senedadeL grande amIga Melre Queiroz e dCIma OItava turma de Direito 2004 da UNOESTE (nas pessoas de Djalma. Elizete e Cnstla- ne), ao Tribunai de TustIa do Estado da Bahia (pela confiana depositada) e ao Tribunal Regional do Trabalho, Camilo Colani, Fernanda Ivo Pires, Edivaldo Boaventura. I. J. Calmon de Passos. Fredie Didier JnIOr. AlOiSIO Cnstovam dos Santos Jmor. Davi "Personal Tramer". TalIana de Almeida Granja (nossa con- sultora de DireIto e InformtIca), Helena Argola. lvaro Mala, Sebastio Martms Lopes e !vlaria Aparecida Falco. Ronaldo Torres e Lucmha. a todos os membros e colaboradores das Comisses Orgamzadoras dos Semmanos Juridicos "JustIa e Comumdade" (TeIxeira de Freitas e Eunpolis) e "V Sernl- nno Sul Baiano de Direito" (Porto Seguro), Roberto Figueiredo. Eugmo Kruschewsky, Walber Carneiro, Rmu{o Moreira, ReJane, MrcIO Soares Berclaz (PR), Andra Rios (AL), Amanda Madurelra. Caroline Prazeres e failton Fon~ seca de Souza (o cannhoso tno civilista de So Luis/MA), SrglO Matos (nos- so amigo e colaborador voluntno de AracaJu/SE), Jos Cairo Jnior, Minan Lima Batsta, Janama Scofield, Gamil Foppel el Hireche, Andr LUlZ BatIsta Neves, Saulo Jos Casali Bahia, Celso Castro, Durval Carneiro Neto, Fernanda Lrdelo. Cludio Rolim, luan Marcello (R)), a galera da "Treblebes Reloaded" (Cedric. Manga, Iuri, Jorge e Jnior, pelo maravilhoso "revlval"), aos servido- res das comarcas de Amlia Rodrigues, Teixera de FreItas. Eunpolis, Ilhus e Salvador, aos amados arnlgos do lEI (notadamente Eduardo, Flvla, loseph, Camilinha e lv1ila), pela mas bonita solenidade de que participamos em nos' sas vidas. rsula e Aline (FTC/Itabuna), Gustavo Pereira da Silva Couto. Ricar- do Didier, Thiago Borges (amIgo e coordenador do Curso de DireIto da 15
  • 8. UNYAHNA BAl, Soraya Thromcke (Campo Grande/MS), Marcos Avallone (MT), Polyana Stulzer (Vitna/ES), Min. WahTIlr OliveIra da Costa (TST), Wilson Carlos de Campos Filho (ESUD CAMPO GRANDE/MS), Lislame Iflneu (Uberaba/!vfG), Hlio NasCimento. Antnio Aclamas Aguiar Bastos. Salaminho Resed, Luciano FigueIredo, Talita MoreIra Lima, Ana Paula Didier. Lilian Cas- te1am. Stefan Dudovltz (que nos fez redescobrIr o fascimo do Idioma alemo), Antomel (NTC/RIJ, PatriCIa Fratelli (So Paulo), Andr Porto (Campmas/SPl, Zen Evolution (Flonpa), Teresmha PitambeIra e Mana do Socorro Vetoso (da Fundao Des. FranCISco Gomes. do amIgo Raulino. em Teresma/PI), as colegas magistradas trabalhIstas Benedita Guerra CP!), Kaline LewmteJ (CE) e Alessan- dra Freitas (MG), Elaine Machado Pessoa (Belo HOrIzonte), Cntia Pimenta (Ribetro Preto/SPl, Rosmha (NTC/RIJ, GabrIela Resques (Belm/PAl, Damela Rosno (Pfofessora do LFG), Camilo Matos Cavalcante de Souza, aos gerentes regIOnaIS da SaraIva e livreIros. por todo o apoio na divulgao do nosso tra- balho. e a todos os demaIS amIgos que, embora no mencIOnados, torceram por nosso sucesso. 16 Sociedade e Direito, o Equilbrio Vital de Opostos SOCIedade e DireIto so cnaes essenclatmentc humanas que se comple- tam por serem, paradoxalmente, opostas. De fato. o homem cnou a SOCiedade, Impelido ao gregansmo pela ne- cessidade mstmtlva de se defender de um umverso pnmItlvo e hostil sua espcCIe. A partIr dai, milmos de paciente e Incessante evoluo. calcada no mco e smgelo mtodo de substItUir o mstmto pela razo, levaram-no ao supremo triunfo de dommar aquele Universo que o ameaara e de fazer ecoar por todos os recnditos o grito de sua orgulhosa proclamao como rei da natureza. No prpno momento. porm, da afirmao tnunfal, uma fna angustia lhe mvadiu a alma com a certeza de que, dali por diante, sua grande luta seda para defender-se de SI mesmo. Foi ento que ele cnou o Direito. Esta e a sntese da idem de que SOCiedade e Direito, provmdos de urna s gnese, o gnio humano. tm por destmo opor-se e completar-se. Enquanto aquela ilustra o impeto gerador do poder pela mteligncla, Ignorando limites, que o poder no tolera. este ilustra um freio volpia da gerao sem contro- les. que fatalmente levar ao smcidio da espCIe. Em outra ilustrao possivel. o DireIto est para o arrebatamento das mudanas sociais como a brida para o galope do corcel. No trata de impedi- lo. apenas procura ordenar a progresso dos avanos, a fim de garantir a har- mama dos resultados. Por ISSO. Sociedade e Direito atuam como vaiares mtercomplementares. o Direito a permItIr SOCIedade que exercite seu irreqUIeto talento de mudar a CrIao. a SOCIedade a consentIr que O Direito exerclte a serena prudncla de modelar as mudanas. contendo com a comedida resistncia dos diques o ar~ rola de um caudal que, liberado de pelas, arrastar, devastando, tudo que se opuser sua energia cega. Enfim. mudar e modelar. verbos de conjugao to prXima e intenes to distantes. encontram-se para dar o ponto de equilbrIO desses opostos do esprito humano. Essas pequenas reflexes sobre o papel do DireIto em face da Socleda~ de nos levam naturalmente a identificar a figura do jUflsta. agente respon- savel pela formao da doutrina e pela lfiterpretao das normas destmadas a modelar, moderando, a condu!;l humana determInada pelas mudanas 17
  • 9. socIais. com a do homem amadurecido no corpo e na mente e encanecido no Incansvel remoer do pensamento que faz da cincIa Jurdica urna arte de ru- minao mtelectuaL E essa identificao assume foros de mevitvel, por apli- cao da leI das probabilidades, quando o observador tem dian te de SI uma obra de natureza to emmentemente sedimentar, quanto um Cdigo, elabora- do, amda por CIma, num momento hlstnco em que a mutabilidade caracte- rstica da atividade SOCIal se aproxima perIgosamente da fronteira extrema do paroxIsmo. Dai, no pode ficar sem registro nossa surpresa quando, soliCItados a examinar e externar algumas modestas impresses sobre este volume IV de comentrios ao novo Cdigo Civil brasileiro, subordinado ao despretensiOso ttulo de "Curso'~ deparamos com dois JUrIstas extremamente Jovens. que vra- mos ainda outro dia deixar os umbraIS da Faculdade, a assunur a rdua res- ponsabilidade de prepara-lo. como frao de um tratado bem maior. planejado para alto volumes. Admira-nos a galhardia com que. no texto lido. os autores enfrentam as "coisas novas" aSSImiladas pela doutnna e normas do Direito Civil. sugerIdas, nesta abertura de milnio. pelos radicats cmbios estruturais herdados da So- cIedade j longnqua do seculo XIX. retratada pelos moldes encarquilhados do Cdigo de 1916, no corao autntico do conservadorismo luridico que sempre fOI o JUS gentwnI romano, apesar da histrIca remodelao napolefllca. MenCIOnamos a galhardia de postura dos comentadores graas ao modo como demonstram ter sabido balancear a naturalidade com que aceitam as Inovaes, no campo dos contratos, projeo Instrumental dos negcIOs jur- dicos, a exemplo da promessa de fato de terceIro. da regulao especfica da corretagem, do transporte de pessoas e COlsas e da agnCIa e distribuio. que se Juntam a outros modelos, tradicionais. sem eXlgir uma completa subverso instItucional. com o destemor de criticar a timIdez de algumas mudanas ou o equivoco de se ter deixado escapar o ensejo de se preencherem certas lacunas evidentes da legslao anterior. l notramos esses mesmos atributos na leitura dos trs volumes ante- normente editados, versando a matrIa contida nos Livros I a IH da Parte Geral, e no Livro I da Parte EspeCial da Lei. E do que notamos, como uma constante. nasce a concluso de. at aqUI, estarmos diante da obra de maIOr flego no gnero "comentrios Lei", entre as mUltas, tambem mentnas. inspIradas por sua promulgao, em 2002. Soma-se a esses aspectos o slido embasamento doutrnario e de direito comparado que o lastro de cada comentrio. Nossa concluso derradeira resume outra observao: Cremos firmemen- te t.'star sendo superado o tempo em que o concelto de )ursta so era aceIto para os CarneluttI, Ripert e Windscheid, que pmtaram a histria do seu estudo 18 como um fruto. que salientamos, da aSSOCiao do domimo profundo da cin- cia Juridica com os cabelos brancos e a segurana mtelectual. somente propor- CIOnados pelo ImpIedoso ocaso da vida. Hoje. no e mais aSSIm. H junstas Jovens. que mfundem Igual confiana e respeito, parecendo-nos at que a modernidade tecnolgIca operou o milagre da SimbiOse entre a Juvenilidade fSICa e a maturidade espirItual. PabIo Stolze e Pamplona Filho esto ai para no nos deixar mentir. Isso nos d mUIto alento porque, contas feitas. na hora de ser pedido o aval para as mudanas SOCIais. os moos e que tero energIa ideal para d-to ou no, no futuro. E, pelo que vemos, eles se esto capaCItando a faz-lo des- de o presente, sem esperar que a vida os envelhea como pretexto de amadu- recerem. Salvador. setembro de 2004. JOSe Augusto Rodngues Pinto Da AcademIa Nacional de Direito do Trabalho e Academia de Letras Turidicas da BahIa. 19
  • 10. r; ~~-~-- - .~~ - - - Prefcio Primeira Edio Agradecemos a Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho, jovens e valorosos JUrIstas, a honra concedida para prefaciarmos esta obra, contmu- ando seus trabalhos de qualidade. que VIeram a lume com o novo Cdigo. Os autores, hbeis no manejO da escrita. ordenando suas idelas de modo daro, obJetIvo e didtico, apresentam-nos as bases tcmco-juridicas de uma Teora Geral dos Contratos, abordando: Introduo discIplina juridca dos contratos; VIso estrutural do contrato; prmclplOlogla do direIto contratual; funo sOc1al do contrato e equivalncia materIal; boa-f objetiva em matena contratual; formao dos contratos; das estIpulaes contratuaIS em relao a terceiros; classificao dos contratos; contrato prelimmar; contratos atpICoS; interpretao dos contratos; vicias redibitrIos; eVICo; extIno do contrato; exceo de contrato no cumprido; teoria da imprevlso e resoluo por one- rosidade exceSSIva; nadimplemento e responsabilidade CIVil contratual; o direI- to Intertemporal e os contratos; e introduo aos contratos em espcie. Um sImples golpe de vista no indice e um rapdo folhear desta obra re- velam ao leitor, peia forma de estruturao do raciocinio, a sua seriedade e profundidade. Trata-se de um estudo abrangente que aborda, com especificidade, temas da "Teoria Gerai dos Contratos" da mais alta relevncia, tendo como parmetros os prlndplOs que delineam seu contetido e sua fiSIOnOmia te- rIco-pratica, prIncIpalmente peio realce dado funo socIal dos contratos e tormentosa questo do direIto intertemporal engendrada pelo art. 2.035, para- grafo timco. do novei Cdigo Civil brasileIro. A leItura da obra reflete, aInda. a experinCIa dos autores como magIstra- dos e a vso renovadora que. lastreada na melhor bibliografia. espraia-se por um vasto temaro. ressaltando a sensibilidade cientfico-Juridica de seus elabo- radares. Trata-se de obra notvel e de um valioso Instrumento de trabalho aos operadores do direto civil. Por isso. com enorme satIsfao que a apresenta- mos ao grande pblico. So Paulo, 5 de agosto de 2004 Mana Helena Dintz Professora Titular de Direito Civil da PUCSP. Professora de Filosofia do Direito, TeOria Geral do DireIto e Direito Civil Comparado dos Cursos de Ps-Graduao em Direito da PUCSP. 21
  • 11. T I', !!,. I' rr .f f, f Apresentao da Primeira Edio Este volume d sequncla a uma obra vItOrIosa, bem acolhida pelo pu- blico leitor. especIalmente pelos alunos dos cursos luridicos do Pais, com gran- de repercusso no melO profissionaL propositadamente didtICa, com intUito declaradamente pragmtIco, com largas ncurses na doutrma juridica atual e na }unsprudnCl3 de ponta. Os autores. merc da inteligncia e do espirito mvestigativo com que Se destacam. demonstram a competncIa da nova gerao de civilistas brasileIros, promovendo Interlocuo salutar entre a doutnna que Se consolidou nas dca- das de aplcao do Cdigo Civil de 1916. do apogeu ao declnio, e as corren- tes de renovao do direito prIvado. notadamente dos estudos em torno da constttuclOnalizao do direIto civil. Os manuais marcam a hstna do direIto do Pais e refletem os valores de cada epoca, s vezes denunciando a CrIse e a mudana de paradigmas. Antes da codificao, ao longo do secuio XIX, VImos o despontar das construes doutrInarias que procuravam ordenar a disperso do direito CIvil, com mtulto muito maIS slstematIzador do que didtico. como se l na obra imorredoura do gemal TeixeIra de FreItas, baiano como nossos autores. O advento do C- digo de 1916 fez desabrochar os manUaIS da gerao antenor e contempornea da PnmeIra Guerra Mundial, difundindo os valores OltOCentlstas do liberalismo jurdico, do individualismo propnetno. do sujeIto de direito abstrato, da Igualdade formal. como se l na obra do codificador ClvIs Bevilqua. Os ma- nuaIS de direito CIvil surgidos aps a Segunda Guerra Mundial refletem o ocaso do individualismo jurdico. as demandas de Justia soctai e a Insero da Ordem Econmica e Social nas ConstItUies. como se l na obra de outro grande baiano, Orlando Gomes. A clivagem ConstItUIo/Cdigo Civil perdeu conSIstncIa nas ltimas dcadas do sculo XX, fazendo eclodir o Interesse dos Civilistas pela nterlocuo entre direito pblico e direito privado e a sua des- crena na funo prestante das grandes codificaes. Os rTIlcrossistemas Juridicos (a exemplo do direito do consumidor, o di- reto da cnana e do adolescente, o direito autoral, o direIto do inquilinato. o direIto ambIental). com sua peculiar mterdisdplinandade, demonstram mais dinamIsmo e aptido para adaptao s mudanas SOCiais. O surgImento de um novo Cdigo Civil. para o Brasil, contranando essa linha de tendnCIa, obriga os CIvilistas vlgilnca contra duas tentaes reduciOnIstas: uma. a de confundir direito civil com Cdigo Civil; outra, a de Isolar o direito CIvil, dis- pensando o dilogo de fontes normativas. nomeadamente a mterlocuo com as regras e principlos constitucionais. O direJto Civil e muito mais do que as matertas codificadas; um sistema jurdico complexo que no se reduz ao 23
  • 12. Sistema legal. Por seu turno, a ConstitUio Federal permanece como centro unificador do direIto civil, pOIS dela promanam as normas fundamentais regu- ladoras das relaes pnvadas, conformando e artICulando os vanos estatutos legaIs, mclusIve o Cdigo Civil, como legtima depositna e guardi dos supe- nores valores da SOCIedade. De taIs tentaes escaparam os autores desta obra, neste e nos volumes que j foram publicados. Esto certos Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona em atribUir destaque a teoria geral dos contratos, merecendo tomo especfico em volume prpno, em seu Novo Curso de Direlto Civil. Sua ImportnCIa cresceu em decorrnCIa da unificao, no mesmo diploma legal, dos contratos CiVIS e mercantis, alm da necessidade de refernc13 comum aos Contratos em geral e aos contratos de consumo. Do mesmo modo, a teoria geral h de oferecer elementos de cone- xo entre os contratos pantnos e os contratos de adeso a condies geraIS. O esforo de construo doutnmina redobrado, pOIS o Cdigo Civil de 2002, cUJa redao e modelo ongmrios datam do final dos anos 60, no cuidou de estabelecer uma base legal comum aos contratos de consumo e apenas refere o contrato de adeso em dOIS artlgos genncos (423 e 424). Ora, na atualida- de, a Imensa malOna dos contratos so celebrados entre fornecedores de produtos e serVIos e consumidores, cUJa legislao de defesa e espeCIal e, portanto, preferenCial. Por outro lado, as condies geraIS dos contratos, ca- ractenzadas por generalidade, predisposO, Inalterabilidade e abstrao, de- safiam a teona clssica do contrato, fundada em manifestaes de vontades livres e IguaIS. No mundo atuai. Impensavel a utilizao dos contratos massificados sem recurso s condies gerais dos contratos. que funCIOnam como verdadeiros cdigos privados, de que se valem as empresas multinacIOnals e as pequenas empresas, na relao com os demaiS contratantes. Cogite-se. por exemplo, dos contratos de planos de saLide, dos contratos bancrios, dos contratos com for- necedores de servios. que se contam aos milhares e at aos milhes com o mesmo predisponente. impossvel a contratao indiVIdualizada, segundo o esquema de oferta e aceitao. que o novo Cdigo mantm malterado. repro- duzindo quase literalmente os enunCIados do Cdigo de 1916, destmados a formao dos contratos. A tarefa de SIstematIzao doutnnana imprescmdvel, ante a falta de meno a esse grande ausente. E no se diga que situao excepcionai, que no merecen'a acolhida no Cdigo Civil, por duas razes: primeira. as condies gerais dos contratos regulam a quase totalidade das atividades negOCIaIS de relevnCIa (nos Estados Unidos, chegam a 99% dos contratos celebrados. de acordo com W. D. Slawsonl ), sobrando pouco espao ! Cf. meu livro Condies Gerats dos Contratos e Clusulas AbUSivas, So Paulo: SaraIva. 1991. p. 14. 24 para os contratos negoclados~ segunda. pela onentao que os Cdigos CiVIS dos pases de nosso trato cultural vm adotando. no sentido de trazerem para SI a regulao basica das condies geraIS dos contratos. O Cdigo Civil Italia- no de 1942 fOi um dos pnmelros a diSCiplinar as condies gerais (arts. 1.341, 1.342 e 1.370), distInguindo as vlidas das no vlidas. mUlto antes da ecloso da legIslao de defesa do consumidor. ConSCientes de que ha condies gerais dos contratos dentro e fora das relaes de consumo, os paises europeus ado- taram diretIvas que tm conduzido a modificaes dos Cdigos Civis. alm da legislao especial. A Lei de Modermzao do Direito das Obngaes, da Ale- manha. de 2002, Incorporou ao Cdigo Civil (8GB, arts. 305 e s.1 a legIslao de 1976 (AGB-Gesetz) com as modificaes determInadas pelas diretlvas da Unio EuropeIa. Na Amnca LatIna. j em 1984. o Cdigo Civil peruano tinha regulado as condies gerais dos contratos (arts. 1.392 a 1.401). Louve-se a preocupao dos autores com os prInCpIOS contratuaIs. tanto os Individualistas quanto os SOCIaIS, aos quas dedicaram os quatro pnmeIros captulos. Com efeIto, os prInCiplOS so maIS dctels as mudanas porque re- veJam as opes aXIOlglCas de cada epoca, pela mediao concretizadora do interprete. ConstItuem, por outro lado. o ponto de partIda da tarefa herme- nutIca dos contratos, no simplesmente como Interpretao mtegratIva, mas como normas cogentes, que no podem ser afastadas pela autonomIa pnvada. Sua posltlvao empresta-lhes fora mUlto maIOr do que os deveres aceSSrIOS ou anexos, referidos pela doutnna. com destaque para Kad Larenz e o notaveJ CIvilista brasileIro ClVIS do Couto e Silva. A distribUIo do restante das matnas, nesta obra, contempla o que de novo trouxe o Cdigo Civil de 2002, nos arts. 421 a 480, em espeCIal o con- trato preliminar, os efeItos em relao a terceIros (promessa de fato de terceIro, contrato COm pessoa a declarar), a onerosidade excessiva. Mas no se limitam ao texto legal, pOIS discorrem sobre o direito mtertemporal, a responsabilidade ps e pr-contratual. a Interpretao dos Contratos. Enfim, uma notvel contribuio para o estudo e a aplicao do direIto cvil, que VIve, na VIrada do milnio. um anImador ressurgimento. Paulo LUlZ Netto Lbo Doutor em Drclto Civil pela USP. Professor de Direito Civil na UFAL e nos Cursos de Mestrado e Doutorado em DireIto na UFPE e UnB. 25
  • 13. r I J Nota dos Autores Sexta Edio o ltimo ano que vvemos fOi repleto de grandes emoes. Com efeIto. se mCIamos a redao do volume VII ("DireIto de Famlia"), desta coieo, com o mmo de completar. o mais rpido possivel, a nossa obra, tambm tIvemos Imensos outros desafios que nos tomaram, sobremaneIra, todo o tempo livre. Do ponto de vista profissIOnal, reorganizamos nossas agendas, permltmdo estabelecer novos contatos com queridos novos amigos em todos os nnces deste Brasil contnental. Realizamos cursos fora do Estado e do Pais, buscando abnr, amda maIS, os horizontes. o que tem sido uma experncia enriquecedora. mcluslve para este livro. Se problemas pessoaIS, notadamente de satide na famlia, tambm nos atacaram, sentlmos, por outro lado, um forte mtercmbIO de energIas, com as maravilhosas Correntes de orao, pensamento POSItiVO e solidariedade, que nos fizeram. quase literalmente, "renascer das cinzas" E com este espnto renovado que temos a honra e o prazer de apresen- tar ao nosso fiel pblico leItor as novas edies do nosso Novo Curso de DireI- to Civil, a saber, a 12.a edio do volume I ("Parte Geral"), ll.a edio do volume II ("Obrigaes"). 8.' edio do volume 1Il ("Responsabilidade Civil"). 6.[ edio do volume IV, tomo 1 ("Teoria Geral dos Contratos") e 3.[ edio do volume IV, tomo 2 ("Contratos em EspCIe"). Esperamos, em Cnsto, termmar o novo rebento desta profcua parcena ainda no ano em curso. E, maIS uma vez, aproveitamos a oportunidade para agradecer. Agradecer o carinho com que somos recebidos em todos os lugares em que palestramos ou ministramos aulas. Agradecer o apolO em todos os momentos. alegres ou difceIS, por que passamos recentemente. Agradecer, sempre. a interao mantida com os letores, seja no contato pessoal nas salas de aula, corredores ou congressos, seja pela Imensa quantida- de de mensagens eletrmcas recebidas diariamente. Como afirmamos anteriormente. de forma pblica, este compartilhar de ldelas acaba transformando nossos leitores em "coautores VIrtuaiS" da obra, motIvo pelo qual sempre temos ampliado o rol de agradeCImentos de cada 27
  • 14. edio de todos os volumes. mserndo os nomes daqueles que trouxeram con- tribUies para o lapidar da obra. 28 Receba, voc. amIgo leitor, o nosso SIncero e carmhoso abrao! Salvador. julho de 2009. Pablo Stolze Gagliano Rodolfo Pamplolla Filho Visite os sltes: www.pablostolze.com.brewwv...unifacs.br/revlstajuridica Nota dos Autores Quinta Edio com enorme prazer que apresentamos. ao nosso pblico leitor. a qUin- ta edio do volume IV ("Contratos"), Tomo 1 ("TeorIa Geral"), do nosso Novo curso de diretto Clvil. Trata-se de uma edio com substanCiaIS acrscImos na parte referente boa-f objetiva. tendo sido mseridos diversos novos subtplCos para a demons- trao dos desdobramentos desse importante principIO. Este trabalho. induslve, fOI realizado em paraleto redao do volume VII ("Direito de Famlia"), que pretendemos lanar Junto com esta edio e com a nova fornada de todos os demais volumes i lanados da obra. Agradecemos, mais uma vez. a constante interao que estamos manten- do com os leitores, sela no contato pessoal nas salas de aula. corredores ou congressos. sela pela Imensa quantidade de mensagens eletrmcas recebidas dianamente, o que mUIto nos alegra. Temos afirmado publicamente que este compartilhar de idelas acaba transformando nossos leitores em "coautores virtuais" da obra, motivo pelo qual sempre temos ampliado o rol de agradecImentos de cada edio de todos os volumes. Inserindo os nomes daqueles que trouxeram contribUies para o lapidar da obra. A este maravilhoso sentimento de construo coletIva de um texto, dedi- camos esta nova edio, com a sincera promessa de contmuar lutando pela constante evoluo de nossa obra. Um abrao! Fiquem com Deus! Salvador. agosto de 2008. Pabio Stolze Gagliano Rodolfo Pamplolla Filho VisIte os sUes: e 29
  • 15. Nota dos Autores Terceira Edio com grande satisfao que trazemos a lume uma nova edio do volume IV ("Contratos"), tomo 1 ("Teoria geral"), do nosso Novo curso de direIto Clvi!. Mantendo o compromIsso com o pblico leItor. revisamos tpicos, tanto do ponto de vIsta de esclarecimento de posICIOnamentos quanto de aperfeio- amento redaclOnal. Este trabalho foi. mdusve, facilitado pela cIrcunstncia de que, finalmen- te, estamos ultimando o segundo tomo deste volume. dedicado aos "Contratos em Especie': com nfase nas figuras contratuas codificadas. Agradecemos, maIS uma vez, a constante nterao que estamos manten- do com os leitores. seja no contato pessoal nas salas de aula, corredores ou congressos: seja peia imensa quantIdade de mensagens eletrmcas recebldas diariamente, o que muito nos alegra. A este sentmento de construo coletiva de um texto, dedicamos esta nova edio. com a sincera promessa de contmuar iutando pelo constante aperfeIoamento de nossa obra. Salvador, feverero de 2007. Pablo Stolze Gagliano Rodolfo PampLona Filho Visite os sttes: e 31
  • 16. Nota dos Autores Segunda Edio Com mUlta felicIdade, nosso volume dedicado ao estudo da Teona Geral dos Contratos, lanado no ano passado. chega sua segunda edio. Nesta nova publicao, aperfeioamos alguns captulos, inserIndo nOvos pOSIcIOnamentos. fruto de discusses fecundas travadas com nossos leitores e professores de DireIto Civil de todo o Pais. Como dizem. livro a gente no acaba de escrever nunca, e a nossa meta ser sempre aprImorar o nosso texto. para torn-lo maiS e mais critiCO e atuai. E. para tanto, contamos sempre com a valiosa colaborao do nosso ami- go leitor. Um fraternal abrao! Salvador. Bahia. em 19 de maro de 2006. Pablo Stolze Gagliano Rodolfo Pamplona Filho 33
  • 17. 1 I Nota dos Autores Primeira Edio o presente volume e o resultado, mais uma vez, de um esforo hercleo para consegUir honrar a fidelidade de todos aqueles que nos tm prestigIado. De fato, o ano de 2004 nos reservou uma separao fsIca no contato pessoal diuturno. com a mudana de Pablo, licencIado da sua funo judican- te (a qual se dedicava com todas as foras), para So Paulo,onde passou a ter o saudvel convivia com novos amIgos da Ps-Graduao em DireIto da PontI- fcia Umversidade Catlica, bem como a remoo de Rodolfo. corno Juiz Titu- lar de Vara do Trabalho. da comarca de TeixeIra de FreItas para Eunpolis. Essas mudanas termInaram por turbar um pouco o ntmo de trabalho na redao deste quarto volume da obra, o que, por si s. j explicarIa o atra- so de seu lanamento (pelo menos. se comparado com a velocidade com que os trs volumes antenores foram publicados). TodaVia, uma outra dificuldade se somou: a proposta onginal do quarto volume era esgotar todo o complexo estudo das relaes Jurdicas contratuais. passando desde a elaborao de uma teOrIa geral at a anlise mlnudente de cada uma das formas contratuaIS tpICas (nommadas ou inominadas) e atpIcas. Tratava-se de uma proposta ousada: condensar em um umco volume rnatnas que so normalmente enfrentadas em tratados. mas usando sempre a linguagem smples e direta, com mUltas exemplos. que tem agradado aos nos- sos leItores. A tarefa, porem. se mostrou Inconvemente: o livro. proposto para um umco volume. j tInha, s no seu projeto. mais de 40 (quarenta) captulos. extrapolando consideravelmente o nmero de pagInaS razovel para um livro eminentemente didtICO, destInado graduao. ps-graduao e concursos pblicos. Algo precIsava ser feito, sob pena de desvIrtuamento da proposta ongInal dos autores! De repente. fez-se a luz! A resposta encontrada foi destrmchar a obra em dois tomos. sem perda do sentido eminentemente pragmtco, com mformaes atualizadas de ju- nsprudncia e aprofundamento doutrinno sufiCiente para agradar o pblico leitor. Esta ciso. porem, no poderia ser feita exatamente no meiO, como se a obra fosse um sanduiche que pudesse ser diVidido ao gosto do consumidor. 35
  • 18. Um cntno metodolgico se Imps: a teona geral dos contratos no pn- meiro tomo e a anlise mmUClOsa dos contratos em espcie no segundo. dan- do prIoridade aos contratos expressamente previstos no texto do novo Cdigo Civil brasileiro, atendendo, dessa forma, a mais moderna diviso didtICa da matna nos cursos de graduao em Direito. De fato. humanamente lmpossivel mInistrar. com senedade e comple- tude. toda a matrIa dos contratos em um niCO semestre letIvo, sendo reco- mendvel. para uma compreenso abrangente do tema, o aprofundamento miclal na parte geral da sua disciplina para. somente apos vencida tal etapa, conhecer as peculiaridades de cada uma das formas contratuaIS. A ousadia. porem. perSIste. O que se propugna, neste pnmelro tomo, a anlise minUCIOsa de cada um dos elementos da teOrIa geral dos contratos, permltmdo ser aplicada ll1distmtamente a qualquer relao jurdica contratual. seja a disClplinada genencamente no Cdigo Civil. seJa a tratada especificamen- te em um mICrosslstema Jurdico. de qualquer natureza (Civil. comerciai, traba- lhIsta ou consumeristal. Este o desafio! Jesus permita que este arroubo de Impetuosidade doutrInria tenha a mesma acolhida de seus "irmos maiS velhos" perante os nossos fiis amigos leitores. lutando sempre pela construo de um novo Direito Civil brasileIro. 36 Salvador, setembro de 2004. Pablo Stolze Gagliano Rodolfo Pamplona Filho Consulte os sltes """",v.pablostolze.com.br e wvvw.unifacs.br/revlstaJuridica f Captulo I Introduo Disciplina Jurdica dos Contratos Swruino: 1. Importncia do estudo dos contratos. 2. Concepo hlstnca do con- trato: do mlclo dos tempos ao contrato de adeso. 3. Os contratos no Cdigo Civil de 2002. 1. IMPORTNCIA DO ESTUDO DOS CONTRATOS Passaremos a enfrentar, neste volume, a figura jurdica maiS Importante de todo o Direito Civil. Costumamos afirmar, em nossas aulas. que o contrato est para o Civilis- ta. aSSim como o cnme est para o penalista. Trata-se, em verdade, da especre maIS Importante e SOCialmente difundida de negcIo Juridico. consIstmdo, sem sombra de dvidas. na fora motrIZ das engrenagens SOCIoeconmICas do mundo. Desde os primrdios da CIvilizao. quando abandonamos o estgIO da barbrie. expenmentando certo progresso espIrItual e material, o contrato pas- sou a serVIr, enquanto Instrumento por excelnCla de Circulao de nquezas, como a Justa medida dos Interesses contrapostos. Ao inves de utilizar a VIOlnCia para persegUIr os seus fins. o homem passou a recorrer as formas de contratao. obJetIvando ImprimIr estabilida- de s relaes Jurdicas que pactuava, segundo, e daro, os seus prprIos propSItOS. Com habItuai maestria, ARNaLDO WALD assevera que "poucos InStItU- tos sobreVIveram por tanto tempo e se desenvolveram sob formas to diversas quanto o contrato. que se adaptou a SOCIedades com estruturas e escala de valores to distmtas quanto s que eXIstiam na AntIguidade, na Idade Mdia, no mundo capItalista e no prpno regIme cornunIsta"l, E. de fato. natural que aSSIm o fosse. I Amoldo Wald. O Contrato: Passado, Presente e Futuro. Revlsta Cidadama e Justia: 1.0 Semestre d..: lODO. Rio de boelro: Publicao da ASSOCiao dos Magistrados Brasiletros. p.43. 37
  • 19. Uma vez que o contrato dinamIza a cIrculao dos bens e rIquezas em uma dada socIedade. fica fcil condulr que, em ltImo plano. o direlto de propnedade encontra, neste instituto. um mstrumento efetivo de sua concre- tlza02 , Ora. partindo-se da premIssa de que a proprIedade e um direito comple- xo. que congrega as faculdades de usar. gozar/frwr. dispor e retvmdicar a cotsa. e foroso convir que. por melO da celebrao do contrato. o proprIetrio pos- sa exercer um desses poderes reaIS, a saber: o de dispOS1o. Dessa forma. os bens juridicos CIrculam, enquanto a propnedade se ma- nifesta, segundo as VICIssitudes da sOCiedade que lhe d ambincla e conforme os mteresses econmiCOS envolvidos. Claro est. portanto, que em uma socIedade neoliberal, que encara a proprIedade sob um enfoque exclUSlvsta. o contrato passa a ter uma confor- mao maIS indivjdual e concntrIca do que em uma sOCIedade socialista. em que o fenmeno estatzante culmma por interferir nos negcIOs contratuais. Por ISSO. podemos afirmar que o matIZ ideolgiCo do contrato epmtado segundo a poca e a conjuntura socIal em que ele celebrado, razo por que ARNOLDO WALD conclUI que nenhum mstItuto Jurdico socIalmente to adaptvel. Vamos mais alm. Em nosso sentIr. o estudo das formas contratuais de um povo e um dos elementos para a sua prpra identificao SOCiOlgIca. Mas. afinal, posto o problema sob o pnsma lustrico e soctOlgt-co. quando o contrato surgIU? 2. CONCEPO HISTRICA DO CONTRATO: DO INCIO DOS TEMPOS AO CONTRATO DE ADESO No podemos fIxar, ao longo da hIstria. uma data especfica de surgi- mento do contrato. Conforme vimos aCima. na medida em que a sua ocorrenca confunde-se com a prprIa evoluo moral da humanidade. a determmao de uma data ou de um periodo predefinido sena pura formulao dc alquimIa Juridica, sem validade cientfIca. O que podemos tentar. SIm, e buscar um periodo em que a sua SJstema- tlzao jllridica se tornou maIS ntida, maIS detectvel pelo estudioso do direI- to ou pelo Investigador da hlstna. Nesse sentido, Messllleo. Il Contratto lTI Genere. Milano: Giuffre, 1973, tomo primo. .1pud Humberto Theodoro Tr., O Contrato e Seus Prl1lCplOs. Rio de Tanelro: Aide. 1993, p. 13. 38 No Dirclto Romano, atribUI-se a GAlO a catalogao das fontes das obfl- gaes. dentre as quaiS se Incluia o contrato como uma delas. consoante j anotamos: "Deve-se ao Junsconsulto GAlO o trabalho de sistemattzao das fontes das obrrgaes, desenvolvidas postenormente nas Instltutas de }ustllll3nO, que serram distribudas em quatro categorias de causas efiCientes: a) o contrato - compreendclIdo as convenes, as avenas firmadas entre duas partes; b) o quase contrato - tratava-se de situaes Jurdicas assemelhadas aos contratos. atos humanos lCitos eqUIparveiS aos contratos, como a gesto de negocios; cJ o delito - consistente no ilcito dolosamente cometido, causador de pre- Juizo para outrem; d) o quase delito - consistente nos ilcitos em que o agente atuou culposa- mente, por meIO de comportamento carregado de negligenCia. Imprudncia ou ImpericIa"l (grifamos). TodaVIa, fOI na poca clssica que se comeou a mtroduzir efetivamente o elemento do acordo contratual no conceIto de contractu5, aSSIm se alcanando o conceIto tcnico e mais estnto de contrato, como "contrato obngaclOnal"4 Nesse diapaso, poderiamos imagmar que fora em Roma que se deu o surgImento do negcIO jurdico contratuaL Mas no foi. O fato de o Direito Romano ter sido a prmclpal (onte fllstnca dos siste- mas Jurdicos ocidentaIS no SIgnifica que todos os lDStitutos hodiernamente conhecidos tenham sido fOrjados, pela primeira vez na hIstna da humanidade, em seus cadinhos de normas. Alis. esse e um ponto que devemos ter o cuidado de realar~ POIS, em geral. a doutrma costuma imcIar a mvestIgao hlstnca de um lDStitutO em Roma, muto embora o bero da cIvilizao houvesse sido fOf/ado na GreCla, Estado que no presclfldia de uma ordem lUridica. Mil vezes no. Alis. o prpno ORLANDO GOMES, magIstral CIvilista baIano, CItando BONFANTE, lembra que "no no direIto romano que se deve buscar a ongem tllstnca da categorIa que hoje se denomina contrato", J PabIo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho, Novo Curso de DireIto Civil - Obn- gaes, 2. ed. So Paulo: Saraiva, v. II, p. 25. 4 Max Kaser. Diretro Prw{ldo Romano (Rorwsches PnvalrechtJ. Lisboa: Fundao Calou:-i- te Gulbenlaan, 1999, p. 225. 39
  • 20. Em verdade, arremata o ilustre autor, a moderna concepo de contrato, ta qual ns o concebemos hOJe, consistente "em um acordo de vontades por melO do qual as pessoas formam um vinculo Jurdico a que se prendem". so- mente se esclarece a luz da IdeologIa mdivIdualista tpIca do regime capItalista de produos, Diriamos, portanto, sem pretendermos estabelecer um preciso perodo de surgImento do fenmeno contratual - o que nunca fariamos sob pena de Incorrermos em Indesejvel presuno Intelectual - que cada sOCiedade, Jun- dicamente producente, cada Escola doutnnrIa - desde os canonistas. passan- do pelos pOSItivistas e Jusnaturalistas - contriburam, ao seu modo, para o aperfeioamento do conceito Jurdico do contrato e de suas figuras tpIcas. Mas, sem dvida. contribUIo megavel sena dada pelo mOVImento ilu- mmista francs, o qual, segundo uma escancarada vocao antropocntrIca, firmara a vontade raczonal do homem como o centro do universo, determman- do, assim, uma supervaiorizao da fora normatIva do contrato - levada s suas ltimas consequencias pela consagrao fervorosa do pacta SlWt servanda. A elevao da autonomIa pnvada categona de dogma, calcada na men- CIonada VIso antropocntnca e patnmomalista6 , refletIU-se amplamente em toda a concepo dos contratos at o final do seculo XIX e InclO do segumte. Essa tendnCIa individualista, entretanto, acabana por gerar senos dese- quilbnos SOCIaiS, somente contornados peto dingIsmo contratual do seculo XX. reflexo dos mOVImentos SOCiaIS desencadeados na Europa OCidental, e que recolocanam o homem tia socledade, retIrando-o do pedestal a que ascendera, apos a derrocada do AntIgo RegIme, quando pretendeu assumIr o lugar de Deus. Alis, o nosso caro leItor verificar uma ntida caracterstica desta obra: toda Investigao que fizermos acerca do fenmeno contratual ter o homem '; Orlando Gomes, Contratos. 14. ed., Rio de Janeiro: Forense. 1999, p. 6. f> "H, desde logo, que observar que sUjeito Juridico, propriedade e autonomia privada no so conceitos Universais: eles pertencem ao domimo das relaes entre proprietriOS. A atribUio de personalidade !uridica e. consequentemente. de capacidade negociai. encontra-se estreitamente Vinculada ao surgimento da posse privada e do direito de propriedade: reivindicando a posse. ou afastando 'judiCialmente' as turbaes na posse do bem. a pessoa a quem esse bem fOi atribudo surge como capaz de realizar actos produtores de efeitos Juridicos. Mas porque s a ela fOI repartida~atribuda a posse de certa terra, s ela pode praticar esses actos que terra respeItam e que produzem efei- tos Jurdicos. Quando a pessoa passa a poder dispor do bem - e no apenas a ter o poder de o usar e assegurar a sua utilizao produtIVa - ento ela afirma-se exclUSIva titular de um poder de prodUZir efeItos jurdicos, .ia no s como meio dt' transmisso do prpno bem" (Ana Prata. A Tutela Constttllcwlla{ da Autonomia PnVatill, Coimbra: Almedina, 1982. p. n 40 como o centro das nossas atenes, sem olVIdarmos da finalidade cssellctalmell~ te patnmonzal que se persegue quando da elaborao de um contrato. Em outras palavras. o nosso estudo tera sempre como btissola o supenor prmcipzo da dignidade da pessoa humana. limitador da livre lnlClatJVa e da liberdade econmIca, Juntamente com outros dogmas de natureza constltuclOnaL Nesse sentIdo, pertmente e a observao de MARIO LCIO QUINTAO SOARES e LUCAS ABREU BARROSO: "Uma das projees da livre 101Cwtlva e a liberdade de participao na eco- nomia. corroborando o capitalismo enquanto modelo econmICO adotado, que traz consigo todas as mazelas e formas de excluso que lhe so merentes. mas que devera, anles de tudo. respeitar os valores SOCiaiS do trabalho, Jun~ tamente com a livre lOlclatIVa na pOSio de fundamento do Estado e precei- to da ordem econnllca. Visando compatibilizlr o regime de produo esco- lhido (capital, lucro). a dignidade da pessoa humana e a dimenso econml- co-produtiva da cidadama"7 Nesse contexto. devemos conclUIr que, sem sombra de dVIdas, o contra- to sofreu sensvel transformao ao longo do seculo XX, havendo expenmen- tado um inegvel processo de solidanzao SOCIaL, adaptando-se a SOCiedade de massa que se formava. Com absoluta proprIedade. LEONARDO MATTlETO observa. nesse par- tIcular, que: "Nas palavras emblemticas de Ripert. "o contrato j no ordem estvel, mas eterno vir a ser'. A noo de liberdade contratual haVIa sido construida como prOjeo da liberdade mdividual. ao mesmo tempo em que se atribuia a vontade o papel de cnar direitos e obngaes. A fora obngatna do contra- to cra Imposta como corolno da noo de direito subJetiVO, do poder con- ferido ao credor sobre o devedor. Com a evoluo da ordem Juridica, j no tem mais o credor o mesmo poder, o direito subjetiVO sofre limites ao seu exerdclo e no compete aos contratantes. com exduslvidade. a autodetermi- nao da {ex ltitcr partes, que sofre a mterveno do legislador e pode sub- meter-se a reViso pelo /UIZ"8 Com ISSO, temos que, espeCialmente nos ltImos cmquenta anos. com o Incremento da atividade Industnal, o avano tecnolgICO e o aquecunento dos 7 Mno LCIO Qumto Soares e Lucas Abreu Barroso. Os PnncipIOs lnformadores do Novo Cdigo Civil e os Principlos ConstitucIOnaiS Fundamentais: Lineamentos de um Conflito HermenutIco no Ordenamento Jurdico BrasileIro. ReVIsta BrasileIra de DireI- to Privado, n. 14, p. 53. abr./jun. 2003. 5 Leonardo MattIeto, O Direito Civil ConstitUCIOnal e a Nova Teona dos Contratos. In Problemas de Diretto Civil ConstitUCIonal, coord. Gustavo Tepedino, Rio de Janeiro: Renovar. 2000, p. 175. 41
  • 21. mercados de consumo, o prIncipzo da Igualdade formal entre as partes contra- tantes - baluarte da teona clssIca contratual e que sempre servIU de lastro regra (at ento absoluta) do pacta Stl11t servallda - comeou a enfraquecer. descortmando falhas no sIstema social. e. sobretudo. afigurando-se. em mUItos casos, como uma regra flagrantemente mjusta. No dizer de nosso querido amIgo PAULO ROBERTO NALIN. culto Pro- fessor no Paran: "O homem contratante acaboll. no final do sculo passado e miclO do pre- scn~e. por se deparar Com uma situao inusitada, qual se.la. a da desperso- nalizao das relaes contratuais. em funo de uma preponderante maSSI- ficao. voltada ao escoamento. em larga escala. do que se produzl3 nas recm-crIadas indLstnas"q De fato. nos dias que correm. em que a massificao das relaes contra- tUalS subverteu radicalmente a balana econmIca do contrato. a a~ena no e maIS pactuada sempre entre IgUalS. mas converteu-se, na grande maIOria dos casos. em um negCIO Juridico standardizado. documentado em um Simples formulriO. em que a uma parte (mais fraca) mcumbe adenr ou no ti vonta- de da outra (mais forte). sem possibilidade de discusso do seu contetido. Bem-VIndo ti modermdade! O pnncipIO da igualdade formal, at ento considerado absoluto. conver- teu-se em pnncipio da hlpocrsIa! Contratos de cartes de credito. de forneCimento de gua e luz. de tele- fama fi~a ou celular, de emprestlffio, de seguro. de transporte aereo. terrestre o~ mantlmo. de finanCiamento habitacional, de alienao fiducina, de con- sorcIO, de Leasmg, de franqUIa, de locao em shopptng center. de concesso de serVIos pblicos. de servios VIa mternet. de TV a cabo. enfim. as malS Im- portantes figuras contratuaI's so pactuadas. hOJe. sob a forma de contrato de adeso, ~odalidade contratual fOrJada no micIO do sculo XX. e cUJa espeCial caractenstICa conSIstlna exatamente no fato de apenas uma das partes ditar o seu contetido, redigIndo as suas clusulas, Impondo-se a outra. portanto, aceI- tar ou no a proposta que lhe fora apresentada. Coincidncia ou no. essa "faculdade de aderencIa", reservatrIO ltimo da liberdade negOCiai e que resguarda, em ltIma trIncheIra. a caracteristlca da "bilateralidade negOCiaI", coloca o aderente em SItuao pouco confortvel. Visto que. regra geral. a parte adversa. Criadora da moldura contratual. detm, quase sempre. avassalador poder econmICO ou o monoplio de um servIo considerado essencIal. " Paulo Nalin. n.0.Contrato: Conceito Ps-Moderno Em Busl de Sua Formulao na PerspectIva Ovrl-ConstttuctOnal. Pensamento luridico, Cuntiba: furu 2002 v 11 p. 109. . 42 t: l~ 7 Realando esse ntido sufocamcnto da vontade. GEORGES RIPERT. ao analisar o contrato de adeso. e peremptno: "Que h de contratuai neste ato Juridico? na realidade a expresso de uma autoridade pnvada. O umco ato de vontade do aderente consiste em colocar-se em Situao tal que a iel da outra parte venha a se aplicar. O aderente entra neste circulo estreito em que a vontade da outra parte e soberana. E, quando pratica aquele ato de vontade. o aderente levado a ISSO pela Impenosa ne- cessidade de contratar. uma graa de mau gosto dizer-lhe isso: tu qUIseste. A no ser que no vIaJe, que no faa um seguro. que no gaste agua, gas ou eietncidade. que no use de transporte comum, que no trabalhe ao servio de outrem. e-lhe lmpossive! deixar de contratar"10. Mas, por outro lado. devemos reconhecer que, a despeIto de sua suscetl- bilidade as expanses do poder econmICO, o contrato de adeso, desde que concebido segundo o supenor principio da funo SOCIal. e pactuado em ateno ao mandamento constituCIOnal de respelto dignidade da pessoa humana, 11m Illstrumento de contratao socwlmerlte rlccessano e eCOllomrcamente til, cons- derando-se o Imenso nmero de pessoas que pactuam. dia a dia. repetidamen- te. negCiOS da mesma natureza. com diversas empresas ou com o propno Poder Pblico. Com maestna, o mesmo RIPERT prelecIOna no mesmo sentido: "No se trata, e claro, dum desfavor lanado em bloco sobre todos os con- tratos de adeso, pelo contrano. a generalidade, a permannCia, a rigidez que se descobre nestes contratos so as mais seguras garantias da sua utilidade... (...) A vontade que se afirma e atrai a SI outras vontades representa um poder econmico mdispensavel a vida de um pais". E arremata: "So os abusos deste poder econmIco que necessdno impedir"1! (grifamos). Vemos, portanto, que a nOCividade desta figura contratual est mUlto maIS ligada ao abuso desta tcmca de contratao do que propramente Li sua din- mica de elaborao. que, como VISto. tornou-se necessna em uma sociedade massificada como a nossa, sem preluizo, porm. da coeXIstnCIa, em menor escala. de situaes fticas em que a Igualdade matenal das partes mpe o reconheCimento da aplicao de preceitos diSCIplinadores tradicionaIS da auto- nomia pnvada. De fato. a mesma sociedade. que contrata em massa e exige respostas Imediatas e praticamente padronzadas para demandas repetidas, no pode !O Georges Ript:rt..t Regra /'vforal nas Obngdes Civt5. Campmas: Book.sdler, 2000, p. 112-113. 1I Georges Ripcrt, ob. Clt.. p. 116. 43
  • 22. desprezar o ser humano. enquanto mdividuo, com liberdade e conscnCia, que busca a forma adequada e segura para o cumpnmento de sua livre e consCien- te vontade. Conjugar esses dOIS Interesses. que aparentemente se chocam de forma diametral, e um dos grandes desafios do Civilista da modernidade. No decorrer desta obra, amda teremos a oportunidade de voltar a esse estudo12 , cabendo-nos. por ora. apenas apresentar a evoluo conceptual do contrato nessa sOCiedade plural, para o fim de mtroduzirmos o nosso leitor nesta fantstica discIplina. 3. OS CONTRATOS NO CDIGO CIVIL DE 2002 Como arremate desse captulo. precIso passar em revista, dada a sua Importncia, a normatizao codificada dos contratos. O Cdigo Civil de 2002 os discIplinou da segUinte forma: a) Ttulo V - Dos Contratos em Geral. subdividido em dOIS Captulos (Captulo I - "Das DispOSIes Gerais" - e Captulo II - "Da Extmo do Contrato"). Tais captulos so amda estruturados em Sees, que versam sobre aspectos _gerais da matna contratual; bl Ttulo VI - Das Vrias Especes de Contratos, subdividido em Vinte captulos, compartImentados em vanas outras Sees. cuidando dos Contratos em EspCie. Nota-se, no estudo dessa discIplina. que o codificador movou, ao tratar de temas--no regulados pelo Cdigo anterior. a exemplo do contrato prelimtnar. do contrato com pessoa a declarar. da resoluo por onerosidade exceSSiva (apli- cao da teoria da lnlprevIso), da venda com reserva de domimo, da venda sobre documentos e do cotltrato estlmatrw. Alm disso, discIplinou contratos novos, como a cOnllsso. a agncw/dis- tribwo, a corretagem e o contrato de transporte, deLXando de fazer refernCia a alguns outros Institutos, como. por exemplo, a clusula comissorIa na compra e venda (art. J.l63 do CC-16l. Perdeu-se, todavIa, a oportunidade de se regular, pondo fim a infindveIs dvidas, algumas importantes modalidades contratuaIS j de uso corrente, cama o leaslng,o franchmng, o factoring. o consrclO. os contratos bancanos e os Con- tratos eletrmcos. Apesar dessas omIsses, entretanto, devemos reconhecer que. espeCIalmen- te no mbIto da teOrIa gerai, o trabalho do codificador, na seara contratual, fOI 12 Confifilm-sc os tOplCOS prpnos nos Captulos VIII ("Classifica~() dos Contratos") e XI ("!nterpretao dos Contratos") deste tomo. 44 T bem desempenhado. sobretudo por haver realado a necessidade de ImpnmIr sOCIabilidade noo de contrato. Nesse sentIdo. fazemos nossas as palavras do culto RUY ROSADO DE AGUIAR fR. que, comentando amda o Projeto de Cdigo Civil, j asseverava: "... aplaudo o Projeto no que representa de inovador na VIso geral do con- trato como um ato que deve atlllglr finalidade soc131, regulado pelos pnnciplOs da boa-f. da moralidade. da lealdade, dos bons costumes. da ordem pblica. Para o JUIZ CIvil forneceu os Instrumentos necessnos para a realizao da JustIa materiaL Aplaudo-o tambem no que tem de apuro tecnlco. Apenas observo que, nesse propsito de atender aqueles principlOs gerats antes enun- Ciados, ao elaborar as normas de conduta, deiXOU de lhes dar plena aplicao - ou lhes deu em extenso aqum da possivel e desejada. De qualquer forma. na TeOria Geral do Direito e na matria obrIgacIOnal, constltul um avano do qual no podemos maIS retroceder"ll A nossa tarefa, pOIS. e extraIr sempre e sempre das normas codificadas a Interpretao constitUCiOnal Juridicamente possvel e socialmente maIS litil. tambem a nossa misso ao longo dessa obra, e do prximo tomo, de- dicado exclUSIvamente aos contratos em espCie. E voce, leitor amIgo, est convidado a nos acompanhar. 1 Ruy Rosado de AgUiar fr., Pru/eco de Cdigo Civil - As Obngaes e os Contratos, dispoOlvel em http:www.cjf.gov.br/revlsta/numerolJlartlgo6.htm. 45
  • 23. Captulo II Viso Estrutural do Contrato Suma no: L Noes mtroduton3s. 2. Conceito de contrato. 2. L A perspectiva Civil-constitucional do contrato: uma (re)conccltuao? 3. Natureza jurdica do contrato. 4. Planos de exlstenCia. validade e eficacla aplicveis ao contrato. 4.1. Elementos constitutivos do contrato (plano de eXIStenCl3 do negcIO juridico). 4.2. Pressupostos de validade do contrato (plano da validade do negocIO juridico). 4.3. Fatores eficaclals do contrato (plano de eficcia do negcIo Jurdico). 5. Distines termmolglcas relevantes. 6. Forma e prova do contrato. 1. NOES INTRODUTRIAS Aps traar, no capitulo antenor, um panorama geral da disciplina Juri- dica dos contratos, faz-se mIster. neste momento. apresentar uma vIso estru- tural deste Importante Instituto Juridico. Por vIso estrutural compreenda-se no somente a enuncIao de um conceito, para fins didticos, mas tambem a compreenso de sua natureza JU- ridica e dos elementos constitutivos e de validade do contrato. 2. CONCEITO DE CONTRATO ConceItuar no e tarefa fcil. Alis, apresentar um conceIto mIsso das maIS mtrlncadas na doutrIna, uma vez que aquele que se arrisca a realiza-la poder pecar por presuno, por imaginar que a sua defimo cnada a maIS perfeita de todas ou sImplesmen- te uma verdade Jurdica absoluta; ou por omIsso, acreditando que a enunC1a- o sImples demais seja a maIS didtICa, quando, em verdade. no passa de uma concepo simplna. Sem pretender Incorrer nesses erros, entendemos que o contrato e um negcIO juridico por melO do qual as partes declarantes, limItadas pelos pnncplOs da funo SOCIal e da boa-f objetIva. autodisczplillam os efeItos patnmonjazs que pretendem atmgir. segundo a autonomI das suas prprzas vontades. No se poder falar em contrato. de fato. sem que se tenha por sua pedra de toque a manifestao de vontade. Sem
  • 24. Ocorre que toda essa manifestao de vontade devera fazer-se acompanhar pela necessrIa responsabilidade na atuao do contratante. denvada do respeI- to a normas supcnores de convIvncia, com assento na prpna ConstitUio da Repblical , 2.1. A perspectiva civil-constitucional do contrato: uma (re)conceituao? Em uma perspectIva cIvil-constitucIOnal, devemos tcr em conta que o contrato, espCIe maIS Importante de negocIO Jurdico, apenas se afirma social- mente se entendido como um mstrumento de conciliao de mteresses contra- postos, mane,ado com vIstas fi. pacificao SOCial e ao desenvolvImento econ- mICO. No podemos, dessa forma. considera-lo como um Instrumento de opres- so, mas Sim de realizao. Lamentavelmente. no raro um dos contraentes pretender utiliza-lo como aOIte, VIsando a subJugar a parte economIcamente maIS fraca, em franco des- respeito sua [uno socm'- Isso mesmo: todo coutrato deve observar a uma funo sonal. Ora, se ns j constatamos que este negCIO Juridico serve como megavel veiculo de manifestao do direIto de propriedade, e este ltimo fora, na Car- ta Magna de 1988, deVIdamente socializado, por consequncia, o contrato tambem acabarIa por sofrer o mesmo processo. Nesse diapaso. com sabedOrIa, JOO HORA NETO preleclOna: "Em verdade, se e certo que a Carta Magna de 1988, de forma explcita. condiclOna que a livre-inICiativa deve ser exercida em consonnCia com o pnnciplO da [uno SOCial da propnedade (art. 170. IH), e. uma vez entendi- da que a propnedade representa o segmento esttico da atividade econmica. no desarrazoado entender que o contrato, enquanto segmento dinmico, Implicitamente tambem est afetado pela clusula da funo sacia! da pro- prIedade, pois o contrato e um mstrumento poderoso da CIrcuiao da nque- za, ou melhor, da propna propnedade"! , Sobre essa interfernCia da pnnciplologla constltuclOnai no Direito Contratual, reme- temos o leitor aos Captulos lU ("PnnclplOlogta do Direito Contratual"), IV (UPuno Social do Contrato e EqUivalncia Material") e V ("Boa-P Objetiva em Matria Con- tratual") deste tomo. pOlS o estudo dos prmcpios to Importante que no se pode limitar a toplCOS ou a um nico captulo. loo Hora Neto, O Pnncipio da Puno SOCial do Contrato no Cdigo Civil de 2002, ReVIsta de Direito Privado, So Paulo: ReVista dos Tribunais, n. 14. p. 44, abr.Jiun. 2002. 48 Mas esse fenmeno - de SOCIalizao de mstItutos Juridicos de DireIto Pnvado - no novo. O proprIo CLOVIS BEVILAQUA, ao tratar da matrIa, alOda que sob um enfoque de cunho hIstoncIsta, j ressaltava esse aspecto, em sua clSSiCa obra DireIto das Obrigaes. consoante deflm da anlise deste mteressante trecho: "Pode-se, portanto, considerar o contracto como um conciliador dos Interes- ses collidcntes, como um pacificador dos egosmos em lllcta. certamente esta a prImeira e mais elevada funco SOCial do contrato. E para avaliar-se de sua importnCia, basta dizer que, debaL'w deste ponto de Vista, o contrac- to corresponde ao direIto. substitue a lei no campo restncto do negocIO por elle regulado. Ningllem dir que sela o contracto o umco factor da pacificao dos mteresses, sendo o direito mesmo o pnnClpaJ deIles, o maiS geral e o mais forte, mas Impossvel sera desconhecer que tambem lhe cabe essa nobre fun- o soc13iizadora. Vde uma creana em tenra edade. Appetece um ob/ecto, com que outra se diverte; seu pnmelro Impulso e arrebata-lo. num impeto de msoffrido egoismo, das mos frgeiS, que o detm. A experiencla. porem, pouco e pouco, lhe ensma que encontrar reslstcncla. sempre que aSSIm pro- ceder. Seu procedcr vae amoldando-se as clrcumstanoas e. em vez de apode- rar-se fora, pede, soliCita, prope trocas, seduz com promessas capltosas e, esgotados os melOS brandos, passar, ento, VIOlnCia. ou aos gntos, ltimo recurso dos fracos. ASSim fOi o homem pnmItrvo, assim serIa o homem CIVI- lizado, se no o contivessem os freIOS do direito, da religio, da opinio pu- blica, de todas as diSCiplinas SOClaes empenhadas na tarefa de trazer bem enjaulada a fera. que cada homem traz dentro de si'" (s/c). A dimenso da sOCIalizao do contrato. entretanto, tema que sera amda versado em capitulo espedfic04 , no se limIta fi. ldela de "harmomzao de mteresses contrapostos". No s neste aspecto centra-se a denommada funo SOCiaL Em nosso sentir, na medida em que o processo de constItuclOnalzao do DireIto Civil condUZIU-nos a um repensar da funo socral da propnedade. toda a ideologia assentada acerca do contrato passou a ser reVIsta, segundo um panorama de respeito fi. dignidade da pessoa humana. Em um Estado verdadeIramente democrtICO de direito, o contrato so- mente atender a sua funo SOCIal no momento em que, sem prelu{zo ao livre exercicw da autonomra pnvada: 1) respeitar a dignidade da pessoa humana - traduzida sobretudo nos direitos e garantias fundamentaIs: J ClVIS Bevilqua, Direito das Obrrgaes, Campmas: RED Livro~, 2000, p. 21l. t Cf. o Capitulo IV ("Funo Sacia! do Contrato e Eqtllvalncla Matenal") deste tomo e volume. 49
  • 25. 21 admItIr a reLatIvIzao do prmcipw da Igualdade das partes cotltratantes _ somente aplicvel aos contratos verdadeiramente pantnos, que atualmente so mmona; 3} consagrar uma clusuLa irnplcIta de boa-f objetIva - insita em todo contrato bilateral, e lmposttIva dos deveres anexos de lealdade, confiana, as- sistnCIa, confidenClalidade e mformao; 4) respeitar o meIO ambIente; 5) respeitar o valor SOCIal do trabalho. Enfim, todas essas clfcunstncJas, reunidas, moldam o principlO da funo socml do contrato, assentado no art. 421 do Cdigo Civil, a ser estudado bre- vemente. Mas h um importante aspecto que deve ser ressaltado: o reconhecImento deste prmciplO no significa negao da autonomw pnvada e da livre-imcJQtiva. Pelo contrrio. Significa sua reeducao. Nesse sentido, com maestria, escreve NELSON NERY IR.. "A funo social do contrato no se contrape autonomIa pnvada, mas com ela se coaduna e se compatibiliza. concluso semelhante se chegou na 'Tor- nada de Direito Civil', como se pode verificar: Jornada 23: 'A funo social do contrato, prevista no art. 421 do novo Cdigo Civil, no e1imma o prmciplO da autonomia contratual. mas atenua ou reduz o alcance desse prmcipJO, quando presentes mteresses metamdividuals ou interesse mdividual relatlvo dignidade da pessoa humana".5 Portanto, a vista do exposto, poderamos. sem prejuzo da definio supra apresentada, e j sob uma perspectiva mais estrutural, reconceltuarmos o con- trato. genencamente. como sendo um negocIO Jurdico bilateraL, por meto do qual as partes, vlsando a atingrr detenmnados wteresses patnmof1lazs, convergem as suas vontades, cnando um dever ]uridico prlcrpal (de dar, fazer 011 no fazer), e, bem aSSUll, deveres Juridicos anexos, decorrentes da boa-f objetIva e do supenor PTIlIcipto da funo socwl. Esse conceito ser desenvolVIdo em outros pontos de nossa obra. embora o nosso caro leitor j possa perceber que no se poder apresentar uma defi- mo de contrato desatreiada de sua concepo tica e SOCIaL Firmado, portanto. o nosso conceito, a natureza juridica do contrato se mostra evidente. S Nelson Nery Jr., Contratos no Cdigo Civil, in Estudo em Homenagem ao Pro! Miguel Reale, coordenadores: Domingos FranclUlli Nt!tto. Gilmar FerreIra Mendes, Ives Gandra da Silva MartinS Filho. So Paulo: LTr. 2003. p. 421. 50 3. NATUREZA JURDICA DO CONTRATO o contrato. como j dito, espCIe de negocIO Juridic06 Segundo ORLANDO GOMES, para os adeptos da corrente voluntarrsta, "o negcIO Juridico a menCIOnada declarao de vontade dirIgida provocao de determmados efeitos Juridicos, ou, na defino do Cdigo da Saxnia, a ao da vontade, que se dinge, de acordo com a leI, a constitUIr, modificar ou extIngUIr uma relao Jurdica"7 A corrente voiuntartsta, como se sabe, dommante no DireIto brasileiro. consoante se depreende da leitura do art. 85 do CC-16, refletindo-se no art. 112 do NCC, com pequena modificao terminolgIca decorrente da doutrma de EDUARDO ESPNOLA. Comparem-se as normas: CC-16: "Art. 85. Nas declaraes de vontade se atender maIS a sua lOten- o que ao sentido literal da linguagem". NCC: "Art. 112. Nas declaraes de vontade se atender mais mtenco nelas consubstanclada do que ao sentido literal da linguagem". ' bom que se diga, todavia, que crticas contundentes so dingidas corrente voluntarista. Afirma-se no ser verdadeIra a premIssa de que o declarante sempre ma- nifesta a sua l/onlade dingida a um deterrmnado fim querido e prevIamente co- nhecido, Na hIptese de converso substanCIal (medida sanatria do ato nulo ou anulveiS). por exemplo. as partes celebram um determmado negcio Jurdico t11vlido, mas que, por fora do prmciplO da conservao. podera ser convertI- do em outra categona de negclO, se contIver os pressupostos de validade deste ltImo (um contrato de compra e venda de Imvel, nulo por mobservncIa da forma pblica, por exemplo. pode-se converter em uma promessa de compra e venda, que admite instrumento particular). Note-se que. nesse caso, no se pode afirmar que o negcio resultante da converso fOI desejado e pretendi- do, e, amda aSSIm, no se nega a sua natureza negOCIai (JUNQUElRA DE AZEVEDO)' 6 Para o aprofundamento deste tpiCO, confenr o nosso Novo Curso de DireIto Civil - Parte Geral, v. r. 4. cd., p. 317 e s., com ampla referncJa bibliogrfica. 1 Orlando Gomes, Introduo ao DireIto Civil, 10. ed.. Rio de Janeiro: Forense. 1993, p. 280. $ Sobre o tema, confira-se tpiCO 6 ("Converso do negcIO jurdico") do Capitulo XIV ("Invalidade do NegclO rurdico") do v. I ("Parte Geral") desta obra. 9 Vale conferir a ex~dcnte obra do Prof. AntntO Junqueira de Azevedo, NegCIO Jurdi- co - ExIstnCia, v-didade e EficCIa, 3. ed.. So Paulo: Saraiva. 2000, p. 4 e s. 51
  • 26. BRlNZ e THON foram os primeiros a tentar explicar a natureza do ne- gcIO Jurdico sob o pnsma objetil'lsta, contrapondo-se aos voluntaristas. Nessa perspectIva, o negcio Jurdico "sena antes um meIO concedido pelo ordenamento jurdico para a produo de efeitos Jurdicos, que propnamente um ato de vontade"lO, Em outras palavras: para os ob,etlvlstas, o neg6clO juri- dico, expresso maxima da autonomia da vontade, tena conteudo normativo, consistindo em "um poder prIvado de autocnar um ordenamento Juridico pr6prio" Nesse contexto, o duelo doutrInrIo agravou-se entre os partidnos da teona da voruade nVillenstheone) e da teona da declarao (Erklilrungstheone). Para os prImeiros, o demento produtor dos efeItos Jurdicos a vontade real, de forma que a sua declarao serra sImplesmente a causa Imediata do efeito persegUido (se no houver correspondnCia entre a vontade real e a declarao emItIda. prevalece a Inteno) - SAVIGNY, WINDSCHElD, DERNBURG. UNGER, OERTMANN. ENNECCERUS. Os adeptos da segunda teoria - que. em essncia. no se afasta tanto da corrente voluntarIsta tradicIOnal - negam Inteno "o carter de vontade propnamente dita. sustentando