Memorial do Convento – capítulo XII

Neste momento da ação, toda a família se encontra reunida em casa: Inês Antónia deixa o seu

filho mais novo brincar descalço e à chuva, não o querendo atormentar já que perdera o seu

filho mais velho à três meses, vítima de bexigas”, enquanto o seu marido Álvaro afirma ter a

promessa de conseguir emprego na construção do convento real, que lhe daria sustento para

muitos e muitos anos. Este pergunta a Baltasar se continua com a ideia de partir para Lisboa

ao qual Sete-Sóis responde afirmativamente.

João Francisco mostra-se insatisfeito com a partida do seu filho, já que as obras em Mafra

dariam emprego a muitos homens e iria voltar a ver Baltasar ausentar-se após ter regressado

de tantos anos na guerra.

Na manhã seguinte, Blimunda não come o seu pão de manhã com o intuito de comungar pela

primeira vez sem pecar e, assim, ver Deus. No entanto, o que vê na hóstia é uma nuvem

fechada, como aquela que existe nos homens.

Sete-Sóis e Sete-Luas recebem uma carta do padre Bartolomeu onde garante ter chegado em

segurança a Coimbra e posteriormente lhes pede que se dirijam para Lisboa com a maior

brevidade possível.

Passados dois meses, o rei D. João V compareceu em Mafra para a cerimónia de inauguração

da obra do convento, pelo que foi necessária a construção de uma igreja de madeira para

realizar o ato da bênção e da inauguração quando el-rei chegasse.

D. João V pernoitara no palácio do visconde e no dia da celebração foi benzida a primeira

pedra. Seguira-se a procissão e toda a festa foi realizada com muita sumptuosidade, gastando-

se duzentos mil cruzados.

Na semana seguinte, Baltasar Sete-Sóis e Blimunda Sete-Luas partiram para Lisboa. Na

despedida, Marta Maria declara não voltar a ver o seu filho, queixando-se de dores terríveis no

ventre que levarão à sua morte. Durante a viagem para Lisboa, Baltasar pede a Blimunda que,

caso morra primeiro, ela o veja por dentro.

O capítulo termina, então, com a chegada do casal a Lisboa, onde começa a chover.