resumo controle externo

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[email protected] André Alencar DIREITO CONSTITUCIONAL 1 FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA CAPÍTULO I - DA FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 1. INTRODUÇÃO As principais normas sobre o controle externo são as normas Constitucionais (principalmente do art. 70 a 75 mas também os arts. 31, 33§2º, 49 IX e X, 51 II, 52 III ―b‖, 84 XV e XXIV, 102 I ―d‖ e ―q‖, 105 I ―a‖ e 161), Porém, cabe ressaltar que as normas da LOTCU (8.443/92), as normas sobre Crimes Fiscais (10.028/00), a LRF (LC 101/00), a Lei de Licitações (Lei 8.666/93) e a Lei sobre Orçamentos Públicos (Lei 4.320/64) também devem ser objeto de complementação do estudo. 2. FICALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA NA CONSTITUIÇÃO Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. 2.1. CONTROLE EXTERNO Controle envolve as tarefas de fiscalizar, avaliar e corrigir. O controle é considerado externo quando é efetivado por um poder sobre o outro. O controle entre poderes (controles recíprocos) é um controle político. Tal controle pode se dar em várias vertentes, conforme o princípio da separação das funções do Estado. Lembre-se que as funções do Estado são exercidas pelos órgãos da soberania (Legislativo, Executivo e Judiciário), porém, cada qual exerce suas atuações típicas e também exerce atuações atípicas. A harmonia entre os ―poderes‖ do Estado pressupõe um sistema de controles recíprocos (ou interferências legítimas). Esta é a clássica lição de Montesquieu ao estabelecer um sistema de freios e contrapesos entre os órgãos da soberania. O controle externo exercido pelo Congresso Nacional, enquanto representantes do povo, pode ser entendido como uma fiscalização popular indireta dos atos de governo. Porém, modernamente se verificou que as contas são complexas e seria necessário que os Parlamentares fossem auxiliados por técnicos em contas públicas, assim nasce a ideia de um Tribunal de Contas como órgão

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Apostila Resumo Controle Externo

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    Andr Alencar DIREITO CONSTITUCIONAL 1

    FISCALIZAO CONTBIL, FINANCEIRA E ORAMENTRIA

    CAPTULO I - DA FISCALIZAO CONTBIL, FINANCEIRA E ORAMENTRIA

    1. INTRODUO

    As principais normas sobre o controle externo so as normas Constitucionais (principalmente do art. 70 a 75 mas tambm os arts. 31, 332, 49 IX e X, 51 II, 52 III b, 84 XV e XXIV, 102 I d e q, 105 I a e 161), Porm, cabe ressaltar que as normas da LOTCU (8.443/92), as normas sobre Crimes Fiscais (10.028/00), a LRF (LC 101/00), a Lei de Licitaes (Lei 8.666/93) e a Lei sobre Oramentos Pblicos (Lei 4.320/64) tambm devem ser objeto de complementao do estudo.

    2. FICALIZAO CONTBIL, FINANCEIRA E ORAMENTRIA NA CONSTITUIO

    Art. 70. A fiscalizao contbil, financeira, oramentria, operacional e patrimonial da Unio e das entidades da administrao direta e indireta, quanto legalidade, legitimidade, economicidade, aplicao das subvenes e renncia de receitas, ser exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.

    2.1. CONTROLE EXTERNO

    Controle envolve as tarefas de fiscalizar, avaliar e corrigir.

    O controle considerado externo quando efetivado por um poder sobre o outro. O controle entre poderes (controles recprocos) um controle poltico. Tal controle pode se dar em vrias vertentes, conforme o princpio da separao das funes do Estado. Lembre-se que as funes do Estado so exercidas pelos rgos da soberania (Legislativo, Executivo e Judicirio), porm, cada qual exerce suas atuaes tpicas e tambm exerce atuaes atpicas. A harmonia entre os poderes do Estado pressupe um sistema de controles recprocos (ou interferncias legtimas). Esta a clssica lio de Montesquieu ao estabelecer um sistema de freios e contrapesos entre os rgos da soberania.

    O controle externo exercido pelo Congresso Nacional, enquanto representantes do povo, pode ser entendido como uma fiscalizao popular indireta dos atos de governo.

    Porm, modernamente se verificou que as contas so complexas e seria necessrio que os Parlamentares fossem auxiliados por tcnicos em contas pblicas, assim nasce a ideia de um Tribunal de Contas como rgo

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    tcnico, de natureza administrativa que auxilia o Congresso Nacional na tarefa de controle das contas pblicas do Estado.

    2.1.1. Classificao do controle quanto ao momento

    Controle prvio, realizado antes de o ato ser efetivado.

    Controle concomitante que realizado em conjunto com a prtica do ato.

    Controle posterior, realizado aps a prtica do ato.

    2.2. CONTROLE EXTERNO FINANCEIRO

    O objetivo do controle externo exercido pelo Congresso com o auxlio do TCU estabelecer um controle financeiro sobre os outros poderes (controle poltico-financeiro). Tal controle analisa a legalidade e o mrito (economicidade e legitimidade). Vejamos de forma mais detalhada nos prximos tpicos.

    2.3. PRESTAO DE CONTAS ORDINRIA

    Deve ser feita a cada ano com a de documentao relativa gesto financeira, oramentria, operacional e patrimonial do rgo ou entidade que recebeu recursos pblicos.

    2.4. TOMADA DE CONTAS ESPECIAL

    Quando h fiscalizao pelo fato de haver sido causado dano ao errio.

    2.5. MINISTRIO PBLICO E TRIBUNAIS DE CONTAS

    Tanto os Tribunais de Contas quanto o Ministrio Pblico atuam em funo fiscalizadora, porm, o Ministrio Pblico responsvel pela defesa da ordem jurdica, do regime democrtico e dos interesses sociais e individuais indisponveis.

    Quando a Constituio atribui ao Ministrio Pblico (art. 129 VII) exercer o controle externo da atividade policial isto no quer dizer que haver uma confuso de funes e rgos exercendo o mesmo papel, na verdade o Ministrio Pblico vai fiscalizar a polcia na sua atividade de rgo investigador e no na sua atuao de ordenador de despesas que papel do TCU.

    2.6. CONTROLE EXTERNO E CONTROLE INTERNO

    O controle externo no pode ser confundido com o controle interno, considera-se interno o controle efetivado por rgo pertencente mesma estrutura de poder que se vai controlar. Veja deciso do STF sobre o tema:

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    "Conflito de atribuio inexistente: Ministro de Estado dos Transportes e Tribunal de Contas da Unio: reas de atuao diversas e inconfundveis. A atuao do Tribunal de Contas da Unio no exerccio da fiscalizao contbil, financeira, oramentria, operacional e patrimonial das entidades administrativas no se confunde com aquela atividade fiscalizatria realizada pelo prprio rgo administrativo, uma vez que esta atribuio decorre da de controle interno nsito a cada Poder e aquela, do controle externo a cargo do Congresso Nacional (CF, art. 70). O poder outorgado pelo legislador ao TCU, de declarar, verificada a ocorrncia de fraude comprovada licitao, a inidoneidade do licitante fraudador para participar, por at cinco anos, de licitao na Administrao Pblica Federal (art. 46 da L. 8.443/92), no se confunde com o dispositivo da Lei das Licitaes (art. 87), que dirigido apenas aos altos cargos do Poder Executivo dos entes federativos ( 3) restrito ao controle interno da Administrao Pblica e de aplicao mais abrangente. No se exime, sob essa perspectiva, a autoridade administrativa sujeita ao controle externo de cumprir as determinaes do Tribunal de Contas, sob pena de submeter-se s sanes cabveis." (Pet 3.606- AgR, Rel. Min. Seplveda Pertence, julgamento em 21-9-06, DJ de 27-10-06)

    3. CONTROLE INTERNO

    A Constituio determinou que os Poderes (Legislativo, Executivo e Judicirio) possuam sistemas de controle interno, como j ressaltado, o controle interno quando exercido por rgo do prprio poder que se est controlando. Normalmente em cada unidade administrativa h rgo de controle interno e, nos poderes Executivo e Judicirio h rgos centrais de controle interno.

    O controle interno muito parecido com o controle externo, em geral as atuaes se equivalem, porm, deve-se entender o controle interno como forma de auxlio ao controle externo (conforme o inciso IV abaixo).

    Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judicirio mantero, de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de:

    I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execuo dos programas de governo e dos oramentos da Unio;

    II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto eficcia e eficincia, da gesto oramentria, financeira e patrimonial nos rgos e entidades da administrao federal, bem como da aplicao de recursos pblicos por entidades de direito privado;

    III - exercer o controle das operaes de crdito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da Unio;

    IV - apoiar o controle externo no exerccio de sua misso institucional.

    3.1.1. Controle interno no Executivo

    No Poder Executivo a Secretaria Federal de Controle Interno (SCI), cujo rgo centra a CGU (Controladoria Geral da Unio) faz o papel de controle interno desse Poder.

    3.1.2. Controle interno no Judicirio

    No Judicirio h o CJF (Conselho da Justia Federal art. 105) e o CSJT (Conselho Superior da Justia do Trabalho art. 111-A) que exercem o controle interno nas respectivas justias (Federal e do Trabalho, respectivamente), porm, a EC 45/2004 criou o CNJ (Conselho Nacional de

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    Justia art. 103-B) para que este exera o papel de controle interno, veja a competncia do CNJ no art. 103-B 4, II:

    3.2. RESPONSABILIDADE SOLIDRIA

    A responsabilidade solidria diz respeito possibilidade de eventual dbito vir a ser cobrado tanto do administrador que causou quanto do responsvel pelo controle interno que no comunicou. A Constituio determina a responsabilidade solidria no art. 74 1:

    Os responsveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela daro cincia ao Tribunal de Contas da Unio, sob pena de responsabilidade solidria.

    3.3. DENNCIA POPULAR AO TCU (FUNO DE OUVIDORIA)

    Nas denncias ao TCU no pode ser admitida como prova a denncia annima j que a CF (art. 5, IV) veda o anonimato. Dispe a CF que:

    74 2 Qualquer cidado, partido poltico, associao ou sindicato parte legtima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da Unio.

    II - zelar pela observncia do art. 37 e apreciar, de ofcio ou mediante provocao, a legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou rgos do Poder Judicirio, podendo desconstitu-los, rev-los ou fixar prazo para que se adotem as providncias necessrias ao exato cumprimento da lei, sem prejuzo da competncia do Tribunal de Contas da Unio;

    4. TIPOS DE CONTROLE COFOP (CONTBIL, ORAMENTRIO, FINANCEIRO, OPERACIONAL E PATRIMONIAL)

    4.1. CONTBIL

    Verificar se o balano contbil est adequado ao patrimnio e oramento destinado ao rgo ou entidade que est sendo controlada.

    4.2. ORAMENTRIO (art. 75 da Lei 4320/64)

    Verificar se os gastos e arrecadaes foram de acordo com a LOA Lei Oramentria Anual.

    4.3. FINANCEIRO

    Controle de receitas e despesas (entradas e sadas de recursos pblicos).

    4.4. OPERACIONAL

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    Verificao de metas e resultados (desempenho). Procura verificar se as formas de atuao esto compatveis com as formais mais modernas, econmicas, teis e aptas a atingir os fins do Estado.

    4.5. PATRIMONIAL

    Verificao dos ativos e passivos do poder pblico.

    5. ASPECTOS DO CONTROLE LALER (LEGALIDADE, APLICAO DE SUBVENES, LEGITIMIDADE, ECONOMICIDADE E RENNCIA DE RECEITAS)

    5.1. LEGALIDADE

    Verificar se as atuaes pblicas esto de acordo com a Lei Oramentria Anual, com a Lei 4320/64, com a Lei 8666/93, com a LC 101/2001, com a CF e outras normas.

    5.2. APLICAO DAS SUBVENES

    Subvenes (Lei 4320/64, art. 12 3) so transferncias destinadas a cobrir despesas de custeio das entidades beneficiadas (podem ser sociais ou econmicas).

    5.3. LEGITIMIDADE

    Verificar a legitimidade verificar o mrito do ato, ou seja, verificar a moralidade e a adequao quanto aos fins do Estado. Os desvios encontrados so considerados desvios de finalidade.

    Seria exemplo de ato legal, mas ilegtimo, aquele em que um rgo de parcos recursos para sua atividade fim adquire (conforme as normas pertinentes) uma obra de arte valiosa como adorno suntuoso para a sala do diretor.

    5.4. ECONOMICIDADE

    Tambm verifica o mrito porque verifica o custo-benefcio de determinada despesa. Relaciona-se com a anlise da eficincia, o gasto pblico deve ser bem planejado, com sensatez para evitar desperdcios.

    Seria exemplo de ato legal, mas antieconmico, aquele em que um rgo pequeno, com dezenas de servidores, adquire (conforme as normas pertinentes) equipamento de informtica (servidor de dados) para atender grande volume de dados (atender a milhares de solicitaes ao mesmo tempo) ficando subutilizado e, portanto, gerando despesa desnecessria.

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    5.5. RENNCIA DE RECEITAS

    Anlise das polticas de isenes e outros estmulos ou incentivos fiscais (anistias, remisses, subsdios, crditos presumidos, isenes especficas, diminuio de alquotas) concedidos pelo poder pblico.

    6. OBRIGAO DE PRESTAR CONTAS (ART. 70 PARGRAFO NICO)

    Art. 70. Pargrafo nico. Prestar contas qualquer pessoa fsica ou jurdica, pblica ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores pblicos ou pelos quais a Unio responda, ou que, em nome desta, assuma obrigaes de natureza pecuniria. (Redao dada pela Emenda Constitucional n 19, de 1998)

    A anlise do TCU sobre contas depende da origem do dinheiro que se est gastando (guardando ou arrecadando), quando o dinheiro de origem federal cabe ao TCU fazer o controle.

    Porm, o STF decidiu que o controle exercido pelo Congresso com o auxlio do TCU no pode ferir o pacto federativo. Em um caso especfico, determinou o STF (MS 24.423) que no competiria ao TCU fiscalizar a TERRACAP (Empresa Pblica1 que possui a forma de Sociedade Annima em que o DF possui 51% do capital e a Unio 49%) pois tal fiscalizao seria uma medida invasiva da Unio sobre rgos, entidades ou sociedades controladas pelo Poder Pblico estadual, distrital ou municipal.

    Tambm compete ao TCU fazer controle sobre valores pblicos quando a Unio responda. Esta questo relaciona-se aos casos em que a Unio funciona como avalista de emprstimos (como os emprstimos que os Estados-membros fazem em rgos ou bancos Internacionais).

    Outro ponto j muito debatido nas decises do STF sobre a obrigao do advogado pblico em relao aos seus pareceres. Segundo o STF:

    "Controle externo. Auditoria pelo TCU. Responsabilidade de procurador de autarquia por emisso de parecer tcnico-jurdico de natureza opinativa. Segurana deferida. Repercusses da natureza jurdico-administrativa do parecer jurdico: (i) quando a consulta facultativa, a autoridade no se vincula ao parecer proferido, sendo que seu poder de deciso no se altera pela manifestao do rgo consultivo; (ii) quando a consulta obrigatria, a autoridade administrativa se vincula a emitir o ato tal como submetido consultoria, com parecer favorvel ou contrrio, e se pretender praticar ato de forma diversa da apresentada consultoria, dever submet-lo a novo parecer; (iii) quando a lei estabelece a obrigao de decidir luz de parecer vinculante, essa manifestao de teor jurdico deixa de ser meramente opinativa e o administrador no poder decidir seno nos termos da concluso do parecer ou, ento, no decidir. No caso de que cuidam os autos, o parecer emitido pelo impetrante no tinha carter vinculante. Sua aprovao pelo superior hierrquico no desvirtua sua natureza opinativa, nem o torna parte de ato administrativo posterior do qual possa eventualmente decorrer dano ao errio, mas apenas incorpora sua fundamentao ao ato. Controle externo: lcito concluir que abusiva a responsabilizao do parecerista luz de uma alargada

    1 Embora se saiba que seja Empresa Pblica interessante dizer que no julgado do STF se

    fala que tal Empresa uma Sociedade de Economia Mista. Claro que neste caso o julgado o STF no tem o condo de mudar a forma jurdica da estatal, continua sendo Empresa Pblica.

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    relao de causalidade entre seu parecer e o ato administrativo do qual tenha resultado dano ao errio. Salvo demonstrao de culpa ou erro grosseiro, submetida s instncias administrativo-disciplinares ou jurisdicionais prprias, no cabe a responsabilizao do advogado pblico pelo contedo de seu parecer de natureza meramente opinativa." (MS 24.631, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 9- 8-07, DJ de 1-2-08)

    Ainda temos que esclarecer que a obrigao de prestar contas se estende a toda a administrao indireta (inclusive as Sociedades de Economia Mista conforme MS 25.092 do STF), aos fundos constitucionais, s Organizaes Sociais (OSs) e Organizaes Sociais de Interesse Pblico (OSCIPs), aos Conselhos de regulamentao profissional (por deciso do STF e do TCU excetua-se a OAB), aos Servios Sociais Autnomos (Sistema S, SESI, SEBRAE, SENAI, SENAC, SESC, SEST, SENAT, SENAR...) aos beneficirios de bolsas de estudo do CNPQ ou pela CAPES.

    7. COMPETNCIAS CONSTITUCIONAIS DO TCU

    Cabe esclarecer que nem todas as competncias do TCU so de base Constitucional (art. 71, 721, 741 e 2, 161 pargrafo nico e 332), na LOTCU tambm foram atribudas diversas competncias a este rgo. Sero analisadas, neste ponto, as competncias constitucionais do art. 71.

    Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, ser exercido com o auxlio do Tribunal de Contas da Unio, ao qual compete:

    Algumas competncias so privativas do TCU e outras so exercidas em conjunto com o Congresso Nacional conforme analisamos abaixo.

    7.1. PARECER NAS CONTAS DO PRESIDENTE (FUNO CONSULTIVA 71, 1)

    I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da Repblica, mediante parecer prvio que dever ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;

    O TCU apenas d parecer (normas conexas: 84, XXIV, 51, II e 71,I) que pode ser pela aprovao da contas, com ou sem ressalvas e recomendaes, ou pela sua rejeio. O parecer do TCU uma anlise tcnica e no necessariamente prevalecer em face da anlise poltica efetuada pelo Congresso Nacional.

    Aps o parecer do TCU, que deve ser dado em 60 dias aps o recebimento, as contas so enviadas para a CMPOF (art. 166, 1, I) que tambm emite parecer e cria um Projeto de Decreto Legislativo, ao final, cabe ao Congresso Nacional (49, IX) julgar as contas por meio de Decreto Legislativo.

    Veja como se d a prestao de contas do Presidente da Repblica nesta visualizao esquemtica:

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    As contas do Presidente so analisadas apenas quanto a aspectos gerais da gesto pblica, o TCU no analisa cada uma das despesas efetivadas ou seno ficaria inviabilizada a competncia para julgar demais contas dos administradores do Poder Executivo. Nas competncias do art. 71, II que cada conta analisada no aspecto micro, inclusive as contas da Presidncia da Repblica sero analisada no aspecto micro no art. 71, II.

    7.2. CONTAS DAS DEMAIS AUTORIDADES (FUNO JUDICANTE 71, II)

    II - julgar as contas dos administradores e demais responsveis por dinheiros, bens e valores pblicos da administrao direta e indireta, includas as fundaes e sociedades institudas e mantidas pelo Poder Pblico federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuzo ao errio pblico;

    Conforme o RITCU (art. 207) Julgar proferir deciso sobre a exatido dos demonstrativos contbeis, a legalidade, a legitimidade e a economicidade dos atos de gesto do responsvel.

    Do julgamento pode resultar: contas regulares, contas regulares com ressalvas (falhas formais que no tenha causado dano ao errio) ou contas irregulares (irregularidade grave).

    O julgamento efetuado pelo TCU faz coisa julgada administrativa e passvel de controle jurisdicional (art. 5 XXXV e art. 102, I, d), porm, no caso desta competncia (diferentemente do parecer sobre contas do Presidente) a deciso do TCU no fica condicionada apreciao do Congresso Nacional.

    As autoridades que devem prestar contas so todas aquelas do art. 70 pargrafo nico. O TCU julga as contas e no as autoridades, embora possa fixar a estas autoridades uma sano.

    Presidente envia as contas ao CN em at 60 dias aps a abertura da sesso legislativa (84, XXIV)

    Caso no envie espontneamente, a CD far a tomada de contas (51, II)

    O CN recebe as contas e envia ao TCU, o TCU recebe as contas e elabora parecer prvio -conforme art. 71, I

    A CMPOF (art. 166, 1, I) tambm recebe tais contas aps o parecer do TCU e tambm faz um parecer prvio.

    O CN julga as contas do Presidente de acordo com o art. 49, IX e aps o parecer da CMPOF.

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    Todos os administradores e demais responsveis (ordenadores de despesas, diretores, conselheiros da administrao...) so obrigados a prestar contas (inclusive as casas legislativas do Congresso), perceba ento, que embora o TCU julgue contas e no pessoas, as contas no so dos rgos e sim dos agentes. O TCU, por isso, pode aplicar sanes aos agentes responsveis.

    O STF entendeu, cautelarmente, que a LC 101/2000 ao excluir da competncia do TCU o julgamento de contas de autoridades (contas de governos) que no a do Presidente da Repblica estaria contrariando a Constituio:

    "Medida cautelar em ao direta de inconstitucionalidade. Lei Complementar n. 101, de 4 de maio de 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal). Medida provisria n. 1.980-22/2000. (...) Lei Complementar n. 101/2000. Vcios materiais. Cautelar deferida. (...) Art. 56, caput: norma que contraria o inciso II do art. 71 da Carta Magna, tendo em vista que apenas as contas do Presidente da Repblica devero ser apreciadas pelo Congresso Nacional. Art. 57: a referncia a contas de Poder, no 2 do art. 57, evidencia a abrangncia, no termo contas constante do caput do artigo, daqueles clculos decorrentes da atividade financeira dos administradores e demais responsveis por dinheiros, bens e valores pblicos, que somente podero ser objeto de julgamento pelo Tribunal de Contas competente (inciso II do art. 71 da Constituio)." (ADI 2.238-MC, Rel. p/ o ac. Min. Carlos Britto, julgamento em 9- 8-07, DJE de 12-9-08)

    Cabe ressaltar que tambm so julgadas pelo TCU as contas das paraestatais do sistema S (SESI, SENAI...), as Organizaes Sociais (OSs), os Conselhos profissionais (natureza de autarquia), conforme j vimos no tpico referente ao dever de prestar contas, veja a deciso do STF:

    "Natureza autrquica do Conselho Federal e dos Conselhos Regionais de Odontologia. Obrigatoriedade de prestar contas ao Tribunal de Contas da Unio." (MS 21.797, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 9-3-00, DJ de 18-5-01). No mesmo sentido: MS 22.643, Rel. Min. Moreira Alves, julgamento em 6-8-98, DJ de 4-12-98.

    Por fim, o STF (alterando posicionamento anterior) entendeu que as sociedades de economia mista e as empresas pblicas sujeitam-se fiscalizao do TCU:

    "Ao Tribunal de Contas da Unio compete julgar as contas dos administradores e demais responsveis por dinheiros, bens e valores pblicos da administrao direta e indireta, includas as fundaes e sociedades institudas e mantidas pelo poder pblico federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuzo ao errio (CF, art. 71, II; Lei 8.443, de 1992, art. 1, I). As empresas pblicas e as sociedades de economia mista, integrantes da administrao indireta, esto sujeitas fiscalizao do Tribunal de Contas, no obstante os seus servidores estarem sujeitos ao regime celetista." (MS 25.092, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 10-11-05, 2 Turma, DJ de 17-3-06).

    Importante destacar que o TCU no tem competncia para fazer quebra de sigilo bancrio em relao aos processos que julga (STF: MS 22.801).

    possvel separar tal competncia em duas partes:

    7.2.1. Contas ordinrias

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    II - julgar as contas dos administradores e demais responsveis por dinheiros, bens e valores pblicos da administrao direta e indireta, includas as fundaes e sociedades institudas e mantidas pelo Poder Pblico federal...

    A fiscalizao das contas ordinrias visa controlar gestores de recursos pblicos que gerenciem, administrem, guardem, arrecadem ou utilizem dinheiro federal.

    7.2.2. Contas especiais

    II - julgar as contas ... daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuzo ao errio pblico;

    Neste caso, todos que estejam sob a jurisdio do TCU e que, mesmo no sendo ordinariamente gestores de coisa pblica, podem ser obrigados a prestar contas caso venham a causar a perda, extravio ou outra irregularidade que resulte prejuzo ao errio2.

    7.3. APRECIAR A LEGALIDADE DE CERTOS ATOS ADMINISTRATIVOS (FUNO FISCALIZADORA 71, III)

    Art. 71, III: apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admisso de pessoal, a qualquer ttulo, na administrao direta e indireta, includas as fundaes institudas e mantidas pelo Poder Pblico, excetuadas as nomeaes para cargo de provimento em comisso, bem como a das concesses de aposentadorias, reformas e penses, ressalvadas as melhorias posteriores que no alterem o fundamento legal do ato concessrio;

    Para fins de facilitar a interpretao vejamos a diviso desta competncia:

    Art. 71, III: apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admisso de pessoal, a qualquer ttulo, na administrao direta e indireta, includas as fundaes institudas e mantidas pelo Poder Pblico, excetuadas as nomeaes para cargo de provimento em comisso...;

    Nesta primeira parte est a competncia para apreciar a legalidade dos atos de admisso, com exceo das admisses decorrentes de cargos em comisso (que so de livre nomeao e livre exonerao)3.

    Art. 71, III: apreciar, para fins de registro, a legalidade ... das concesses de aposentadorias, reformas e penses, ressalvadas as melhorias posteriores que no alterem o fundamento legal do ato concessrio;

    Nesta segunda parte o TCU analisa a legalidade das concesses de aposentadorias (servidores estatutrios), reformas (militares) e penses (pagas a dependentes de servidor falecido), com exceo das melhorias posteriores que no alterem a base legal da concesso.

    2 Interessante destacar que errio pblico expresso pleonstica.

    3 O TCU pode verificar a ilegalidade nas nomeaes de cargos em comisso, como por

    exemplo, com base na smula vinculante n 13 ("A nomeao de cnjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, at o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurdica, investido em cargo de direo, chefia ou assessoramento, para o exerccio de cargo em comisso ou de confiana, ou, ainda, de funo gratificada na administrao pblica direta e indireta, em qualquer dos poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, compreendido o ajuste mediante designaes recprocas, viola a Constituio Federal"), o que no precisa registrar para conceder validade, mas pode fazer uma fiscalizao e verificar irregularidades nestas nomeaes.

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    Os atos de admisso de pessoal (ainda que sejam mediante contratao temporria Lei 8.745/93) e os atos de concesso de aposentadorias, reformas e penses (civis ou militares, celetistas ou no) necessitam da homologao do TCU. O STF j entendeu que so atos complexos4 em que somente aps a anlise do TCU haver a concluso e aperfeioamento do ato.

    "O ato de aposentadoria configura ato administrativo complexo, aperfeioando-se somente com o registro perante o Tribunal de Contas. Submetido condio resolutiva, no se operam os efeitos da decadncia antes da vontade final da Administrao." (MS 24.997, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 2-2-05, DJ de 1-4-05). No mesmo sentido: RE 195.861, Rel. Min. Marco Aurlio, julgamento em 26-8-97, DJ de 17-10-97.

    A ressalva quanto s melhorias posteriores que no alterem o fundamento legal da concesso de aposentadoria reforma ou penso so normatizadas na IN 44/2002 do TCU:

    Constituem alterao do fundamento legal do ato concessrio as melhorias posteriores decorrentes de acrscimos aos proventos de novas parcelas, gratificaes ou vantagens de qualquer natureza, bem como a introduo de novos critrios ou bases de clculos dos componentes do benefcio, quando tais melhorias se caracterizarem como vantagem pessoal do servidor pblico civil ou militar e no houverem sido previstas no ato concessrio originalmente submetido apreciao do Tribunal ou por este j apreciado e registrado.

    O TCU, ao verificar alguma ilegalidade ou irregularidade nos atos sujeitos apreciao s pode negar registro, no pode determinar que o rgo venha a excluir uma parcela da aposentadoria que tinha sido fixada.

    "No exerccio da sua funo constitucional de controle, o Tribunal de Contas da Unio procede, dentre outras atribuies, a verificao da legalidade da aposentadoria, e determina; tal seja a situao jurdica emergente do respectivo ato concessivo; a efetivao, ou no, de seu registro. O Tribunal de Contas da Unio, no desempenho dessa especfica atribuio, no dispe de competncia para proceder a qualquer inovao no ttulo jurdico de aposentao submetido a seu exame. Constatada a ocorrncia de vcio de legalidade no ato concessivo de aposentadoria, torna-se lcito ao Tribunal de Contas da Unio, especialmente ante a ampliao do espao institucional de sua atuao fiscalizadora, recomendar ao rgo ou entidade competente que adote as medidas necessrias ao exato cumprimento da lei, evitando, desse modo, a medida radical da recusa de registro. Se o rgo de que proveio o ato juridicamente viciado, agindo nos limites de sua esfera de atribuies, recusar-se a dar execuo a diligncia recomendada pelo Tribunal de Contas da Unio, reafirmando, assim, o seu entendimento quanto a plena legalidade da concesso da aposentadoria, caber a Corte de Contas, ento, pronunciar-se, definitivamente, sobre a efetivao do registro." (MS 21.466, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 19-5-93, DJ de 6-5-94)

    O contraditrio e a ampla defesa, que em geral devem estar presentes nos julgamentos perante o TCU, ficam excepcionados quando o TCU analisa apenas a legalidade destes atos. A ideia que est por trs da excluso do contraditrio e da ampla defesa porque o TCU, nestes casos,

    4 A doutrina, em sua grande maioria, diverge do STF entendendo que o ato composto e no

    complexo porque j produz efeitos antes da homologao do TCU. Portanto, cuidado para a prova de concurso se a banca est perguntando a posio da maioria da doutrina ou a posio do STF.

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    no est julgado, apenas verificando a legalidade junto ao rgo que concede a admisso ou aposentao.

    Nestes casos, podemos entender que a relao entre o TCU e o rgo e caber ao rgo dar contraditrio e ampla defesa ao interessado quando o TCU negar o registro e apontar a falha. Veja a Smula vinculante n 3 do STF:

    Nos processos perante o Tribunal de Contas da Unio asseguram-se o contraditrio e a ampla defesa quando da deciso puder resultar anulao ou revogao de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciao da legalidade do ato de concesso inicial de aposentadoria, reforma e penso. (Smula Vinculante 3)

    Inclusive, com base no mesmo entendimento, o STF entende que o TCU no fica sujeito ao prazo decadencial da Lei 9.784/99 de cinco anos:

    "O ato de aposentadoria configura ato administrativo complexo, aperfeioando-se somente com o registro perante o Tribunal de Contas. Submetido condio resolutiva, no se operam os efeitos da decadncia antes da vontade final da Administrao." (MS 24.997, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 2-2-05, DJ de 1-4-05). No mesmo sentido: RE 195.861, Rel. Min. Marco Aurlio, julgamento em 26-8-97, DJ de 17-10-97.

    Porm, em se tratando de prazo demasiadamente longo5 entre a concesso dada pelo rgo e a negativa de registro pelo TCU, caber ao TCU, para prevalecer a segurana jurdica e o princpio da confiana, conceder ao interessado contraditrio e ampla defesa, veja deciso do STF que excepciona a smula vinculante 3:

    "Servidor pblico. Funcionrio. Aposentadoria. Cumulao de gratificaes. Anulao pelo Tribunal de Contas da Unio - TCU. Inadmissibilidade. Ato julgado legal pelo TCU h mais de cinco (5) anos. Anulao do julgamento. Inadmissibilidade. Decadncia administrativa. Consumao reconhecida. Ofensa a direito lquido e certo. Respeito ao princpio da confiana e segurana jurdica. Cassao do acrdo. Segurana concedida para esse fim. Aplicao do art. 5, inc. LV, da CF, e art. 54 da Lei federal n. 9.784/99." (MS 25.963, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 23-10-08, DJE de 21-11-08).

    7.4. REALIZAR AUDITORIAS E INSPEES (FUNO FISCALIZADORA 71, IV)

    IV - realizar, por iniciativa prpria, da Cmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comisso tcnica ou de inqurito, inspees e auditorias de natureza contbil, financeira, oramentria, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judicirio, e demais entidades referidas no inciso II;

    No subordinado ao Congresso porque tem poder de realizar, por iniciativa prpria, inspeo e auditorias na Cmara ou Senado (71, IV). Mas, como auxiliar do Congresso coerente que este (Cmara, Senado ou Comisses tcnica ou de inqurito) possa requerer ao TCU que faa as inspees ou auditorias.

    O RITCU em seus arts. 238 a 243 prev os levantamentos, auditorias, inspees, acompanhamentos e monitoramentos.

    5 Superior aos cinco anos da Lei 9.784/99.

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    Importante salientar que no h autorizao para que um Parlamentar, isoladamente, requeira ao TCU que faa tais auditorias, o poder dado aos rgos colegiados do Legislativo (ainda que fracionrios de ordem tcnica ou fiscalizadora).

    7.5. FISCALIZAR CONTAS NACIONAIS DAS EMPRESAS SUPRANACIONAIS (FUNO FISCALIZADORA 71, V)

    V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a Unio participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;

    So supranacionais as empresas que tenham capital social de mais de um pas no correto confundir supranacionais com as multinacionais que so empresas privadas que atuam em mais de um pas.

    O principal exemplo ITAIPU, mas tambm pode ser citado o Banco Brasil-Iraquiano e a Companhia de Promoo Agrcola (CPA Brasil e Japo). Claro que o TCU s analisar as contas dos recursos/participao nacionais.

    7.6. FISCALIZAO DE RECURSOS REPASSADOS (FUNO FISCALIZADORA 71, VI)

    VI - fiscalizar a aplicao de quaisquer recursos repassados pela Unio mediante convnio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Municpio;

    Os recursos que devem ser fiscalizados pelo TCU so apenas aqueles que originariamente eram federais.

    No caso de explorao de recursos hdricos, petrleo, gs natural ou outros recursos minerais que o art. 20 1 da CF determinar caber parte da explorao ao Estado, DF e Municpio, embora sendo repassados pela Unio tais recursos, estes no se inserem originariamente dentro do tipo de dinheiro federal, ou seja, so recursos originrios do Estado, DF e Municpio e, portanto, foge ao TCU fiscalizar a aplicao destes recursos (a fiscalizao deve ser feita pelo TC competente no nvel da entidade federativa).

    Quando a Unio, voluntariamente celebra convnio com ente pblico h uma ajuste em que as duas vontades so no mesmo sentido, ou seja, no um contrato porque no contrato as vontades se entende opostas e aqui h uma correlao de vontades.

    Importante destacar que se um Prefeito pratica crime por desvio de verba sujeita prestao de contas junto ao TCU a competncia para julg-lo da Justia Federal (smula 208 do STJ) por meio do TRF e no da justia comum estadual por meio do TJ como menciona a CF (de forma geral) no art. 29, X.

    7.7. PRESTAR INFORMAES (FUNO INFORMATIVA 71, VII)

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    VII - prestar as informaes solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comisses, sobre a fiscalizao contbil, financeira, oramentria, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspees realizadas;

    Novamente a lgica a de que o titular do controle externo o Congresso, por isso cabe a este ser informado sobre tal exerccio.

    Mas, ressalve-se novamente que no podem ser solicitadas as informaes por um Parlamentar individualmente, uma solicitao que depende de uma Comisso ou da prpria Casa.

    Cabe tambm observar que aqui a CF no fez a ressalva de que a Comisso seja tcnica ou de inqurito, portanto, qualquer comisso aqui capaz de fazer tal pedido ao TCU.

    7.8. APLICAR SANES (FUNO SANCIONADORA 71, VIII)

    VIII - aplicar aos responsveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanes previstas em lei, que estabelecer, entre outras cominaes, multa proporcional ao dano causado ao errio;

    As sanes podem ser aplicadas em razo de ilegalidade ou de irregularidade na prestao de contas. Mas, toda sano depende de previso legal reserva legal, a LOTCU prev vrios tipos de sanes, tambm prev a Lei 8.666/93 e a Lei 10.028/00.

    O STF entende que obrigatrio o contraditrio e a ampla defesa para a aplicao de sano, conforme a CF no art. 5 LV.

    7.9. ASSINALAR PRAZO PARA QUE SE CUMPRA A LEI (FUNO CORRETIVA 71, IX)

    IX - assinar prazo para que o rgo ou entidade adote as providncias necessrias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;

    Tais recomendaes do TCU no so obrigatrias para o rgo, porm, ligada a esta funo est a seguinte (sustar o ato impugnado).

    7.10. SUSTAR ATO IMPUGNADO (FUNO CORRETIVA 71, X)

    X - sustar, se no atendido, a execuo do ato impugnado, comunicando a deciso Cmara dos Deputados e ao Senado Federal;

    Sustar significa tirar os efeitos, fazer com que sua eficcia deixe de produzir efeitos, portanto o ato existente mas no pode produzir efeitos. Cabe esclarecer que o TCU no revoga ou anula os atos, apenas lhes retira os efeitos.

    Caso o Tribunal no seja atendido ao determinar que se corrija uma irregularidade porque tal competncia deve ser interpretada de acordo com a competncia do IX, pode determinar a sustao do ato impugnado. H a necessidade de comunicar Cmara e ao Senado a deciso tomada.

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    Como exemplos de atos a serem sustados citam-se as diversas fases de uma licitao. Enquanto a licitao no concluda e o contrato no for celebrado, ainda so atos administrativos e podem ser sustados diretamente pelo TCU.

    7.11. REPRESENTAR CONTRA IRREGULARIDADES (FUNO INFORMATIVA 71, XI)

    XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados.

    Tais representaes so uma espcie do direito de denncia, porm, neste caso, est dentro da prpria administrao pblica.

    As representaes sero feitas pelos servidores do TCU quando em auditorias ou inspees.

    7.12. SUSTAO DE CONTRATOS (FUNO CORRETIVA 711 e 2)

    1 - No caso de contrato, o ato de sustao ser adotado diretamente pelo Congresso Nacional, que solicitar, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabveis.

    2 - Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, no efetivar as medidas previstas no pargrafo anterior, o Tribunal decidir a respeito.

    Ordinariamente no cabe ao TCU sustar contratos, um dos motivos que se alega a segurana jurdica do ato jurdico que deve ser preservado, ento, normalmente a competncia de sustar contratos cabe ao Congresso.

    Porm, abre-se uma hiptese excepcional para o TCU. Tal hiptese se d depois de avisado ao Congresso sobre a necessidade de sustao de um contrato e este permanece inerte pelo prazo de 90 dias.

    Decorridos os 90 dias sem que o Congresso ou Poder Executivo (ou Poder Judicirio)6 tome providncia, caber ao TCU decidir a respeito da sustao de um contrato.

    Pode-se dizer ento que tal competncia a de sustar contratos conjunta do Congresso e do TCU, sendo que inicialmente cabe ao Congresso.

    7.13. NATUREZA DAS DECISES QUE IMPUTEM DBITOS (713)

    3 - As decises do Tribunal de que resulte imputao de dbito ou multa tero eficcia de ttulo executivo.

    6 Embora a Constituio tenha dito expressamente Executivo cabvel que o contrato a ser

    sustado seja feito entre rgo do Judicirio e particular, nesta situao o Congresso comunica ao Poder Judicirio e este deve tomar as providncia sob pena de, ultrapassados os 90 dias, o TCU sustar o contrato ou antes deste prazo o Congresso faz-lo.

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    A Constituio determina (71 3) que sejam consideradas como ttulo executivo e, portanto, esto aptas a serem cobradas em juzo (por meio da Advocacia Geral da Unio).

    A tipologia dos ttulos executivos no Cdigo de Processo Civil obedece classificao entre ttulos judiciais e extrajudiciais. No caso das decises do TCU que so de natureza administrativa segundo o art. 585 do CPC, as decises sero ttulos executivos extrajudiciais.

    As decises do TCU no precisam ser inscritas em dvida ativa para que sejam cobradas pela Advocacia pblica.

    7.14. FISCALIZAO DO TCU (714)

    4 - O Tribunal encaminhar ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatrio de suas atividades.

    O TCU se remete ao Congresso Nacional e, alm de ter suas contas julgadas por essa casa, tambm deve enviar relatrios trimestrais sobre suas atividades.

    Cabe CMPOF emitir parecer sobre os relatrios encaminhados pelo TCU.

    7.15. FUNES PRPRIAS DOS TRIBUNAIS JUDICIRIOS ART. 73 E 96

    Art. 73. O Tribunal de Contas da Unio, integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro prprio de pessoal e jurisdio em todo o territrio nacional, exercendo, no que couber, as atribuies previstas no art. 96. .

    Art. 96. Compete privativamente: I - aos tribunais: a) eleger seus rgos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com

    observncia das normas de processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a competncia e o funcionamento dos respectivos rgos jurisdicionais e administrativos;

    b) organizar suas secretarias e servios auxiliares e os dos juzos que lhes forem vinculados, velando pelo exerccio da atividade correicional respectiva;

    c) prover, na forma prevista nesta Constituio, os cargos de juiz de carreira da respectiva jurisdio;

    d) propor a criao de novas varas judicirias; e) prover, por concurso pblico de provas, ou de provas e ttulos, obedecido o

    disposto no art. 169, pargrafo nico, os cargos necessrios administrao da Justia, exceto os de confiana assim definidos em lei;

    f) conceder licena, frias e outros afastamentos a seus membros e aos juzes e servidores que lhes forem imediatamente vinculados;

    II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justia propor ao Poder Legislativo respectivo, observado o disposto no art. 169:

    a) a alterao do nmero de membros dos tribunais inferiores; b) a criao e a extino de cargos e a remunerao dos seus servios

    auxiliares e dos juzos que lhes forem vinculados, bem como a fixao do subsdio de seus membros e dos juzes, inclusive dos tribunais inferiores, onde houver; (Redao dada pela Emenda Constitucional n 41, 19.12.2003)

    c) a criao ou extino dos tribunais inferiores; d) a alterao da organizao e da diviso judicirias;

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    III - aos Tribunais de Justia julgar os juzes estaduais e do Distrito Federal e Territrios, bem como os membros do Ministrio Pblico, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a competncia da Justia Eleitoral.

    Como a Constituio determina que cabe ao TCU exercer, no que couber, as competncias do art. 96, cabe ao intrprete determinar quais competncias so cabveis de ser exercidas pelo TCU, vejamos:

    Art. 96. Compete privativamente: I - aos tribunais: a) eleger seus rgos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com

    observncia das normas de processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a competncia e o funcionamento dos respectivos rgos jurisdicionais e administrativos;

    Tal competncia que tpica da autonomia ou do autogoverno do rgo estendida ao TCU.

    b) organizar suas secretarias e servios auxiliares e os dos juzos que lhes forem vinculados, velando pelo exerccio da atividade correicional respectiva;

    Tal competncia tambm estendida ao TCU muito embora no h juzos vinculados ao TCU (alm dos Ministros do TCU).

    c) prover, na forma prevista nesta Constituio, os cargos de juiz de carreira da respectiva jurisdio;

    Tal competncia no h de ser estendida ao TCU, muito embora caiba ao Presidente do TCU dar posse aos novos Ministros e aos Auditores e Membros do MPjTCU.

    d) propor a criao de novas varas judicirias;

    O TCU no se desconcentra em varas judicirias, embora existam rgos estaduais representativos do TCU em Estados-membros da federao, mas neste caso veremos a competncia do inciso II deste artigo.

    e) prover, por concurso pblico de provas, ou de provas e ttulos, obedecido o disposto no art. 169, pargrafo nico, os cargos necessrios administrao da Justia, exceto os de confiana assim definidos em lei;

    Tal competncia tambm estendida ao TCU.

    f) conceder licena, frias e outros afastamentos a seus membros e aos juzes e servidores que lhes forem imediatamente vinculados;

    Tal competncia tambm estendida ao TCU, com a ressalva que no h, propriamente, juzes vinculados ao TCU (h membros do TCU).

    Art. 96. Compete privativamente: II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de

    Justia propor ao Poder Legislativo respectivo, observado o disposto no art. 169: a) a alterao do nmero de membros dos tribunais inferiores;

    Tal competncia no h de ser estendida ao TCU porque no h possibilidade, por lei, de aumentar seu nmero de membros e tambm no h tribunais inferiores vinculados ao TCU.

    b) a criao e a extino de cargos e a remunerao dos seus servios auxiliares e dos juzos que lhes forem vinculados, bem como a fixao do subsdio de seus membros e dos juzes, inclusive dos tribunais inferiores, onde houver; (Redao dada pela Emenda Constitucional n 41, 19.12.2003)

    Tal competncia estendida ao TCU, com a ressalva que no h, propriamente, juzos vinculados ao TCU (h membros do TCU) e nem tribunais inferiores vinculados ao TCU.

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    c) a criao ou extino dos tribunais inferiores;

    Tal competncia no h de ser estendida ao TCU porque no h tribunais inferiores vinculados ao TCU.

    d) a alterao da organizao e da diviso judicirias;

    Tal competncia no h de ser estendida ao TCU porque no h possibilidade, por lei, de alterar a organizao e a diviso judicirias do TCU, o TCU tem jurisdio (no sentido administrativo de competncia) em todo o territrio nacional, conforme o art. 73.

    8. ATUAO DA CMPOF COMISSO MISTA DE PLANOS ORAMENTOS PBLICOS E FINANAS (ART. 72)

    Verifica-se que a CMPOF deve agir junto com o TCU no controle de contas e, cabe CMPOF, especialmente, tomar providncias quando detectadas despesas sem previso oramentria (art. 167, I e II).

    Caso a CMPOF detecte tal irregularidade o TCU dar parecer a respeito do tema e o Congresso ter o poder de decidir sobre o caso.

    Art. 72. A Comisso mista permanente a que se refere o art. 166, 1, diante de indcios de despesas no autorizadas, ainda que sob a forma de investimentos no programados ou de subsdios no aprovados, poder solicitar autoridade governamental responsvel que, no prazo de cinco dias, preste os esclarecimentos necessrios.

    1 - No prestados os esclarecimentos, ou considerados estes insuficientes, a Comisso solicitar ao Tribunal pronunciamento conclusivo sobre a matria, no prazo de trinta dias.

    2 - Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Comisso, se julgar que o gasto possa causar dano irreparvel ou grave leso economia pblica, propor ao Congresso Nacional sua sustao.

    9. COMPOSIO E ORGANIZAO DO TCU (ART. 73)

    Art. 73. O Tribunal de Contas da Unio, integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro prprio de pessoal e jurisdio em todo o territrio nacional, exercendo, no que couber, as atribuies previstas no art. 96. .

    O TCU sediado no Distrito Federal e possui secretarias em todas as capitais dos Estados-membros.

    Internamente dividido em Plenrio, 1 Cmara (quatro Ministros e dois Auditores), 2 Cmara (quatro Ministros e dois Auditores), Comisses e Presidente do TCU (mandato de um ano civil).

    1 - Os Ministros do Tribunal de Contas da Unio sero nomeados dentre brasileiros que satisfaam os seguintes requisitos:

    I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade;

    II - idoneidade moral e reputao ilibada;

    III - notrios conhecimentos jurdicos, contbeis, econmicos e financeiros ou de administrao pblica;

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    IV - mais de dez anos de exerccio de funo ou de efetiva atividade profissional que exija os conhecimentos mencionados no inciso anterior.

    2 - Os Ministros do Tribunal de Contas da Unio sero escolhidos:

    I - um tero pelo Presidente da Repblica, com aprovao do Senado Federal, sendo dois alternadamente dentre auditores e membros do Ministrio Pblico junto ao Tribunal, indicados em lista trplice pelo Tribunal, segundo os critrios de antigidade e merecimento;

    II - dois teros pelo Congresso Nacional.

    Segundo o STF os requisitos de notrios conhecimentos jurdicos, contbeis, econmicos e financeiros no precisam ser comprovados mediante formao profissional na rea (o que, venhamos, seria muito difcil), na verdade o notrio saber deve ser analisado pelo Chefe do Executivo e, posteriormente, pelo Senado Federal.

    Tribunal de Contas Estadual. Conselheiros. Nomeao. Qualificao profissional formal. Notrio saber. A qualificao profissional formal no requisito nomeao de Conselheiro de Tribunal de Contas Estadual. O requisito notrio saber pressuposto subjetivo a ser analisado pelo Governador do Estado, a seu juzo discricionrio. (AO 476, Rel. p/ o ac. Min. Nelson Jobim, julgamento em 16-10-97, DJ de 5-11-99)

    Veja o esquema visual da composio do TCU:

    9.1. EQUIPARAO A MINISTRO DO STJ (733)

    3 Os Ministros do Tribunal de Contas da Unio tero as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior Tribunal de Justia, aplicando-se-lhes, quanto aposentadoria e penso, as normas constantes do art. 40. (Redao dada pela Emenda Constitucional n 20, de 1998)

    Entre as principais normas que regem os Ministros do STJ destacamos o art. 95 da CF, veja:

    Art. 95. Os juzes gozam das seguintes garantias:

    I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, s ser adquirida aps dois anos de exerccio, dependendo a perda do cargo, nesse perodo, de deliberao do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentena judicial transitada em julgado;

    9 MINISTROS

    Brasileiros, 35 e < 65, idoneidade moral e reputao ilibada, notrios conhecimentos jurdicos, contbeis, econmicos e financeiros ou de administrao pblica e ter mais de 10 anos de exerccio em atividade que exija

    os conhecimentos mencionados. Todos nomeados pelo PRESIDENTE DA REPBLICA e a posse pelo PRESIDENTE DO TCU.

    6 ESCOLHIDOS PELO CONGRESSO (no

    passam por sabatina mas os nomes passam por aprovao interna

    nas Casas - 49 XII) -Nomeados pelo Presidente da

    Repblica.

    3 ESCOLHIDOS PELO PRESIDENTE (73 2, I e 84, XIX) e passam por sabatina (maioria simples) no Senado Federal (52, III, b - votao secreta e arguio

    pblica). Nomeados pelo Presidente. A escolha do Presidente deve ser entre:

    1 ENTRE AUDITORES -Lista trplice pelo TCU

    1 ENTRE PROCURADORES DO MP QUE ATUAM NO TCU -Lista trplice pelo TCU

    1 ESCOLHA LIVRE PELO PRESIDENTE

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    II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse pblico, na forma do art. 93, VIII;

    III - irredutibilidade de subsdio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, 4, 150, II, 153, III, e 153, 2, I. (Redao dada pela Emenda Constitucional n 19, de 1998)

    Pargrafo nico. Aos juzes vedado:

    I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou funo, salvo uma de magistrio;

    II - receber, a qualquer ttulo ou pretexto, custas ou participao em processo;

    III - dedicar-se atividade poltico-partidria.

    IV receber, a qualquer ttulo ou pretexto, auxlios ou contribuies de pessoas fsicas, entidades pblicas ou privadas, ressalvadas as excees previstas em lei; (Includo pela Emenda Constitucional n 45, de 2004)

    V exercer a advocacia no juzo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos trs anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exonerao. (Includo pela Emenda Constitucional n 45, de 2004)

    9.2. OS AUDITORES (734)

    4 - O auditor, quando em substituio a Ministro, ter as mesmas garantias e impedimentos do titular e, quando no exerccio das demais atribuies da judicatura, as de juiz de Tribunal Regional Federal.

    Existem quatro Auditores nos quadros do TCU. O Auditor do TCU no pode ser confundido com o Analista de Controle Externo. cargo prprio e diferente dos demais servidores da Corte de Contas. Os auditores tm funo de relatar processos e substituir os Ministros. Porm, h duas diferenas importantes entre um Auditor e um Ministro, o Auditor presta concurso e, ordinariamente, no vota nos processos da Corte.

    AUDITOR

    SUBSTITUINDO MINISTRO DO TCU

    EQUIPARADO AO MINISTRO DO TCU, OU SEJA, EQUIPARADO A

    MINISTRO DO STJ.

    NO EXERCCIO DA JUDICATURA (FUNES

    DE AUDITOR)

    EQUIPARADO AO JUIZ (DESEMBARGADOR)

    DE TRF.

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    10. MINISTRIO PBLICO JUNTO AO TCU

    H sete cargos de Procuradores do Ministrio Pblico junto ao Tribunal de Contas e so divididos em trs subprocuradores e quatro procuradores. Um destes sete procuradores ser escolhido pelo Presidente da Repblica livremente como Procurador-Geral (chefe do MP/TCU mandato de dois anos e admitida a reconduo). A escolha do Procurador-Geral discricionria do Presidente da Repblica (entre os procuradores do quadro, sejam procuradores ou sub-procuradores gerais).

    Os membros do Ministrio Pblico Comum no podem substituir os Procuradores junto ao TC.

    Segundo o STF competncia do TCU dispor sobre a organizao e funcionamento inclusive com o poder de encaminhar projetos de leis sobre tal assunto do Ministrio Pblico junto ao Tribunal. Veja a deciso do STF:

    "Ministrio Pblico junto ao TCU Instituio que no integra o Ministrio Pblico da Unio Taxatividade do rol inscrito no art. 128, I, da Constituio Vinculao administrativa Corte de Contas Competncia do TCU para fazer instaurar o processo legislativo concernente estruturao orgnica do Ministrio Pblico que perante ele atua (CF, art. 73, caput, in fine) Matria sujeita ao domnio normativo da legislao ordinria (...). O Ministrio Pblico que atua perante o TCU qualifica-se como rgo de extrao constitucional, eis que a sua existncia jurdica resulta de expressa previso normativa constante da Carta Poltica (art. 73, 2, I, e art. 130), sendo indiferente, para efeito de sua configurao juridico-institucional, a circunstncia de no constar do rol taxativo inscrito no art. 128, I, da Constituio, que define a estrutura orgnica do Ministrio Publico da Unio. O Ministrio Pblico junto ao TCU no dispe de fisionomia institucional prpria e, no obstante as expressivas garantias de ordem subjetiva concedidas aos seus Procuradores pela prpria Constituio (art. 130), encontra-se consolidado na 'intimidade estrutural' dessa Corte de Contas, que se acha investida at mesmo em funo do poder de autogoverno que lhe confere a Carta Poltica (art. 73, caput, in fine) da prerrogativa de fazer instaurar o processo legislativo concernente a sua organizao, a sua estruturao interna, a definio do seu quadro de pessoal e a criao dos cargos respectivos." (ADI 789, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 26-5-94, DJ de 19-12-94)

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    11. COMPOSIO DOS TRIBUNAIS DE CONTAS ESTADUAIS - TCES (ART. 75)

    Art. 75. As normas estabelecidas nesta seo aplicam-se, no que couber, organizao, composio e fiscalizao dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municpios.

    Pargrafo nico. As Constituies estaduais disporo sobre os Tribunais de Contas respectivos, que sero integrados por sete Conselheiros.

    Veja a smula do STF que determina a simetria na escolha dos Conselheiros no mbito do TC do Estado:

    No Tribunal de Contas estadual, composto por sete Conselheiros, quatro devem ser escolhidos pela Assembleia Legislativa e trs pelo Chefe do Poder Executivo estadual, cabendo a este indicar um dentre auditores e outro dentre membros do Ministrio Pblico, e um terceiro sua livre escolha. (SM. 653 do STF)

    Veja, graficamente, como ser a composio dos TC estaduais:

    7 CONSELHEIROS

    4 PELA ASSEMBLIA LEGISLATIVA ESTADUAL

    Nomeados pelo

    Governador.

    3 PELO GOVERNADOR - passam por sabatina (maioria simples) na Assemblia Legislativa

    1 ENTRE AUDITORES DO TCE

    1 ENTRE PROCURADORES

    DO MP QUE ATUAM NO TCE

    1 ESCOLHA LIVRE PELO

    GOVERNADOR