reduÇÃo de danos

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REDUÇÃO DE DANOS EM SAÚDE MENTAL E CLÍNICA AMPLIADA CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PSICOSSOCIAL Profª: Sandra Nunes

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REDUO DE DANOS EM SADE MENTAL E CLNICA AMPLIADACURSO DE PS GRADUAO EM SADE MENTAL E ATENO PSICOSSOCIAL

Prof: Sandra Nunes

Plano de Curso

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OBJETIVOS

Permitir ao aluno a apropriao de conhecimentos atualizados acerca do problema referente ao uso e abuso de drogas e lcool no Brasil e lev-lo a familiarizar-se com a o paradigma da Reduo de Danos, entendido como estratgia eficiente e humanizada para lidar com o usurios de substncias psicoativas.

CONTEDO PROGRAMTICO

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I. DROGA E LCOOL: CONDICIONANTES DO USO E ABUSO Fatores individuais, bioqumicos e contextuais Contexto do agravamento do problema com as drogas no cenrio brasileiro Drogas e lcool como produo de subjetividade na sociedade do consumo Uso e abuso: DefiniesII. CENRIO DO USO DE SUBSTNCIAS PSICOATIVAS Consumo de lcool no Brasil Uso de drogas na populao brasileira III. PARADIGMAS DO ATENDIMENTO AO USURIO DE DROGAS E LCOOL Paradigma da abstinncia: O modelo de doena e o modelo de auto-ajuda Reduo de Danos: Novo paradigma tico, clnico e poltico da poltica pblica de sade.

CONTEDO PROGRAMTICO(continuao)

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IV. REDUO DE DANOS Definio, Princpios Universais e Contexto Histrico de surgimento Poltica do Ministrio da Sade para a Ateno Integral a Usurios de lcool e Outras Drogas (MS, 2004) Reforma Psiquitrica no Brasil CAPS e Rede Bsica de Sade: Rede de Ateno Sade Mental lcool e Crack: Reduo de Danos V. CLNICA AMPLIADA Definio e premissas Enfrentamento de uma clnica ainda hegemnica Propostas da Clnica Ampliada VI. RELATOS DE EXPERINCIAS

AVALIAO

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Ao longo do processo: 8 Perguntas referentes aos contedos ministrados sero lanadas durante as aulas. Devem ser respondidas por escrito e entregues professora e compartilhadas com os colegas. Valor: 4 pontos

Ao final do Curso: Apresentao de relatos de experincias e descrio de impresses, crticas e seus principais aprendizados em relao estratgia de reduo de danos.

Drogas e lcool

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Que ideias e imagens lhe vm cabea quando voc pensa em usurios de drogas? De que drogas voc mais lembra? Que histrias de vidas aparecem associadas a essas drogas? Voc conhece(u) algum que usa drogas que ilustra essas histrias? E quanto ao usurio de lcool?

Ser que este um problema individual??

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Condio de Vulnerabilidade

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TODAS AS PESSOAS ESTO SOB O MESMO RISCO DE CONSUMIR DROGAS E TORNAREM-SE DEPENDENTES?Idade, histrico familiar, condies genticas, condies concretas de vida, acessibilidade aos servios de sade, educao, esporte, justia etc, etc

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Vulnerabilidade e Risco Social

Esto associados condio de pobreza. Linha da pobreza: renda per capita de at meio salrio mnimo. A vulnerabilidade que coloca as pessoas em risco social tem uma dimenso muito alm da carncia econmica: desnutrio,

condies precrias de habitao e saneamento, subemprego, subconsumo, falta de integrao e suporte familiar e baixos nveis educacionais e culturais Pessoas que vivem na rua!!

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CONTEXTO DO AGRAVAMENTO DO PROBLEMA COM AS DROGAS NO CENRIO BRASILEIRO

Dcada de 80: Herda os efeitos da Ditadura (neoliberalismo e estado mnimo, multinacionais, privatizao dos servios, incluindo o de sade). Fracasso do, ento, milagre econmico:alto ndice da inflao, Propicia o mercado ilcito, incluindo o a exploso demogrfica nos grandes centros urbanos, de drogas aumentando os cintures de pobreza nas periferias e favelas As favelas e periferias urbanas desemprego conjuntural passam a ocupar umpblica estratgico lugar sucateamento da educao

para o forte mercado de drogas

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Mercado de drogas e mercado de armasAs disputas por pontos de venda de drogas entre faces inimigas e o enfrentamento direto com a polcia agregaram ao mercado de drogas, o mercado de armas, dando incio a uma verdadeira guerra civil que se encontra inserida num ciclo global de guerras.

A guerra s drogas ocorre majoritariamente nas camadas mais pobres da populao e encobre a lgica de consumo que movimenta o mercado mundial de drogas lcitas e ilcitas Video: 8,15` a 13,15`

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Usar drogar crime no Brasil! Quem usa criminoso e quem fica dependentetambm!! Mas, sempre foi assim?Video: 1,56 a 5,30`

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Drogas como produo de subjetividadeProduto material Drogas sensao de bem estarImaterial sensao de poder sensao de alegria

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Compreendendo o Uso e o Abuso: Natureza biopsicossocialPessoa (momento atual + Histrico de Vida + Motivaes)

Bioqumica

Contexto Scio Cultural

(Sua ao no organismo + potencial de dano/dependncia qumica/emocional/tolerncia/abstinncia)

Pessoal: Motivaes

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-

Obteno de prazer, diverso; Modificao intencional do estado de pessoal conscincia; Alvio dos estados de angstia/ansiedade diante das incertezas da vida.

-

-

Contexto Sciocultural :

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Oferta e demanda; Novas formas de consumo e de tipos de drogas. Acesso e qualidade da educao; Facilidade ao acesso: se consegue droga em qualquer lugar e a qualquer hora. Valores culturais:-

-

-

O que valorizado socialmente (status, desinibio, ser cool, no ser careta, etc); Culto a individualidade Velocidade da informao (superficialidade na aquisio do conhecimento, descarte na reflexo); Para que vive em situao de rua (ser aceito no grupo de rua)

Contexto Socioeconmico

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Cultura do consumo: Necessidades descartveis

Sensao de constante insatisfao, falsamente resolvida pelo consumo. Excluso Social Concentrao de Renda Desemprego Condies de moradia e alimentao Vulnerabilidade das referncias (ticas e morais) e dos laos scio-culturais

Contexto Familiar

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Desintegrao da famlia Violncia intrafamiliar Abandono Violncia sexual Abuso de lcool e outras substncias Baixa escolaridade e subemprego

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Para quem vive em situao de ruaOs estudos evidenciam estria na relao do consumo de drogas pela populao de rua com uma estratgia de sobrevivncia nestes contextos. Seus efeitos fornecem uma multiplicidade de sensaes, no s prazerosas, como euforia e poder, mas alteraes da percepo da realidade que promovem uma proteo psquica contra a dolorosa realidade externa e interna.

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Estes fatores sociais, polticos e econmicosExigem a mudana de uma postura restritiva de guerra s drogas para a composio e compartilhamento entre as diversas reas, para busca de uma pluralidade de pressupostos, de interfaces e de aes integrais exigidas pela complexidade do fenmeno (TOTUGUI et al., 2010).

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Esclarecendo os termos.

Uso E Abuso Diferente nveis de relao com as drogas e o lcool

Uso experimental, uso recreativo, uso controlado e uso social de drogas

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Uso Experimental Os primeiros poucos episdios de uso de uma droga especfica algumas vezes incluindo tabaco ou lcool -, extremamente infrequentes ou no persistentes. Uso Recreativo Uso de uma droga, em geral ilcita, em circunstncias sociais ou relaxantes, sem implicaes com dependncia e outros problemas relacionados, embora haja os que discordem, opinando que, no caso de droga ilcita, no seja possvel este padro devido s implicaes legais relacionadas. Uso Controlado Refere-se manuteno de um uso regular, no compulsivo e que no interfere com o funcionamento habitual do indivduo. Termo tambm controverso, pois se questiona se determinadas substncias permitem tal padro. Uso Social Pode ser entendido, de forma literal, como uso em companhia de outras pessoas e de maneira socialmente aceitvel, mas tambm usado de

Abuso

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A definio de abuso (DSM-IV) baseia-se na ocorrncia de um ou mais dos seguintes critrios no perodo de 12 meses: 1. Uso recorrente resultando em fracasso em cumprir obrigaes importantes relativas a seu papel no trabalho, na escola ou em casa; 2. Uso recorrente em situaes nas quais isso representa perigo fsico; 3. Problemas legais recorrentes relacionados substncia; 4. Uso continuado, apesar de problemas sociais ou interpessoais persistentes ou recorrentes, causados ou exacerbados pelos efeitos da substncia. J a definio de uso nocivo (CID-10) baseia-se nos seguintes critrios: 1. Evidncia clara de que o uso foi responsvel (ou contribuiu consideravelmente) por dano fsico ou psicolgico, incluindo capacidade de julgamento comprometida ou disfuno de comportamento; 2. A natureza do dano claramente identificvel; 3. O padro de uso tem persistido por pelo menos um ms ou tem ocorrido repetidamente dentro de um perodo de 12 meses; 4. No satisfaz critrios para qualquer outro transtorno relacionado mesma substncia no mesmo perodo (exceto intoxicao aguda).

ATIVIDADE EM GRUPO

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1)

Por que o abuso de drogas deve ser considerado um problema de natureza biopsicossocial e no apenas individual?

2)

Voc acha que a estratgia de guerra s drogas tem sido eficiente no mundo? Por qu?

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Estatsticas sobre o uso de substncias psicoativas no contexto brasileiro:

Cenrio do uso de substncias psicoativas

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Cerca de 10% das populaes dos centros urbanos de todo o mundo consomem abusivamente substncias psicoativas (OMS, 2001) Cigarro e lcool so as mais usadas e as que causam maior malefcio sade.

CONSUMO DE LCOOL NO BRASIL I LEVANTAMENTO NACIONAL SOBRE OS PADRES DE CONSUMO DELCOOL NA POPULAO BRASILEIRA (2007)

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Consumo por Gnero

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Consumo por Regio

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Idade de incio

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Bebida e Direo

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Uso de drogas na populao brasileira

Prevalncia por tipo de droga

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Prevalncia por gnero

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Uso de Drogas Injetveis

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Cocana injetvel, direta ou indiretamente, responsvel por cerca de 25% do total de casos de AIDS notificados.

Taxas elevadas para hepatites virais, HTLV I / II, (endmica na Bahia e regio nordeste do Brasil) , alem de surtos de malria transmitidos por equipamentos de injeo.

INCIDNCIA

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Cerca de 800.000 usurios de drogas injetveis (UDI) no pas, com utilizao desta via de consumo ao menos uma vez nos ltimos 12 meses, com as seguintes caractersticas:

So jovens, entre 18 a 30 anos, tendo iniciado o consumo de drogas injetvel por volta dos 16 anos; A escolaridade baixa, tendo a maioria o primeiro grau incompleto; A mdia de injeo gira em torno de 10 a 25 vezes por sesso de uso; Altas taxas de HIV = 36,5%, Hepatite C = 56,4 %; 5% dos UDIs relatam o uso de droga em grupo; 23% procuraram tratamento para a dependncia qumica em algum momento da vida 80 % j foram presos pelo menos uma vez.

Danos Visveis

Em grupos:

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3.

No cenrio do uso de lcool e drogas no Brasil, que estatstica lhe chamou mais a ateno e por qu?

PARADIGMAS DO ATENDIMENTO AO USURIO DE DROGAS E LCOOL

DIFERENTES PARADIGMAS

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O PARADIGMA DA ABSTINNCIA ( melhor no consumir lcool em nenhuma hiptese)(1)

(2)

O MODELO DE DOENA (alcoolismo como uma doena crnica, onde os perodos de sobriedade se alternam com perodos de consumo compulsivo) O MODELO DE AUTO-AJUDA (sistema mundial de grupos de auto-ajuda: Crena de que impotente diante do vcio)

O PARADIGMA DA REDUO DE DANOS (preveno, reduo de oferta, regulao de disponibilidade fsica, tratamento para quem

Paradigma da abstinncia

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A nica direo de tratamento possvel, submetendo o campo da sade ao poder jurdico, psiquitrico e religioso. Usurio = anormal, delinquente e pecador. Qualquer nvel de uso prejudicial e deve ser combatidoA produo de uma verdade cientfica sobre o anormal e o anti-social inseriu no somente o louco, como tambm o usurio de drogas no regime do saber psiquitrico.

Paradigma de abstinncia

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Argumentos favorveis: Pode

ser bastante til para as pessoas que perderam o controle de suas vidas.

Argumentos contrrios : Para

a maioria das sociedades, o modelo da abstinncia no uma opo vivel como poltica nacional. Nem todas as pessoas querem parar. No caso do lcool, ele est arraigado em muitos eventos sociais e tem um papel importante na socializao. Nem todo consumo prejudicial!

Modelos que preconizam a Abstinncia

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Modelo Mdico ou de doena Modelo da auto-ajuda

Modelo de doena

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Argumentos a favor deste modelo:Pacientes - orientadas a no sentir culpa; Abordagem sistemtica e objetiva + bons cuidados mdicos (desintoxicao)+ ateno psicossocial (preveno recadas)

Argumentos contrrios ao modelo:difcil convencer os usurios a se tratarem e a taxa de recadas alta; No caso do alcoolismo, a ateno somente a bebedores problemticos ou alcoolistas (e no ao danos decorrentes de embriaguez aguda, por ex.) Subjugao do paciente.

Modelo de auto-ajuda

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Argumentos a favor:

barato; disponvel em horrios no comerciais; Os participantes falam aquilo que querem falar, sem presso; Utiliza a mesma metodologia em todo o mundo.

Modelo de auto-ajuda

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Argumentos contrrios:A

filosofia baseada em "eu sou impotente perante meu vcio e confio mais em uma entidade maior (Deus) do que em mim, confere ao AA um aspecto religioso, que pode ser contraproducente, quando as pessoas abandonarem o AA (sentimento de impotncia, fraqueza, isto pode ter um vis moralista) O AA no reconhece plenamente a evidncia cientfica de que alguns usurios conseguem usar a substncia psicoativa apenas socialmente.

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Paradigma da Reduo de Danos

Aceita que h distintos nveis de relao com a droga: Uso e abuso; Aceita que a abstinncia pode no ser uma meta realista para todos os usurios; Rejeita a marginalizao e a excluso social do usurio de drogas e lcool; Recoloca os usurios no lugar de cidados com direito vida e sade e incita nessas pessoas prticas de cuidado de si para que possam ter uma vida social independentemente de conseguirem ou no a

EXEMPLOS DE REDUO DE DANOS

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No dirigir sob efeito de lcool. No compartilhar seringas para o uso de drogas injetveis. Diminuio do nmero de cigarros. No levar bebidas em garrafas de vidro para eventos ou espaos pblicos. Usar protetor solar. Realizar coleta seletiva de lixo para diminuir danos ao ecossistema. Substituir crack por maconha. Distribuir cartilhas aos usurios, orientando o uso.

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O paradigma da Reduo de DanosQuestiona a criminalizao e a patologizao do usurio de drogas.Aspectos scioeconmicos e polticos Excluso

Artigo196 da Constituio de 88 prev: A sade direito de, todos e dever do Estado, SUS institudo pelas garantido mediante polticas sociais e Leis Federais econmicas que 8.080/1990 e visem reduo do risco de doena e de outros agravos e ao acesso 8.142/1990 universal e igualitrio s aes e servios para sua promoo, proteo e

SUS: PRINCPIOS

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Acesso universal, pblico e gratuito s aes e servios de sade; Integralidade das aes, cuidando do indivduo como um todo e no como um amontoado de partes; Equidade , como o dever de atender igualmente o direito de cada um, respeitando suas diferenas; Descentralizao dos recursos de sade, garantindo cuidado de boa qualidade o mais prximo dos usurios que dele necessitam; Controle social exercido pelos Conselhos Municipais, Estaduais e Nacional de Sade com representao dos usurios, trabalhadores, prestadores, organizaes da sociedade civil e instituies formadoras.

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Poltica do Ministrio da Sade de Ateno Integral ao Usurio de lcool e outras Drogas (2004)

Elege a reduo de danos como estratgia de sade pblica, na qual incentivada a criao e sistematizao de intervenes junto populao usuria que, devido ao contexto de vulnerabilidade, no querem ou no desejam parar o uso da droga.

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A abstinncia no pode ser, ento, o nico objetivo a ser alcanado. Alis, quando se trata de cuidar de vidas humanas, temos de, necessariamente, lidar com as singularidades, com as diferentes possibilidades e escolhas que so feitas. As prticas de sade, em qualquer nvel de ocorrncia,devem levar em conta esta diversidade. Devem acolher, sem julgamento, o que em cada situao, com cada usurio, possvel,o que necessrio, o que est sendo demandado, o que pode ser ofertado, o que deve ser feito, sempre estimulando a sua participao e o seu engajamento.(POLTICA DO MINISTRIO DA SADE PARA A ATENOINTEGRAL A USURIOS DE LCOOL E OUTRAS DROGAS, 2004)

O que Reduo de Danos (RD)?

uma estratgia fundamental para a promoo dos princpios e diretrizes do Sistema nico de Sade.Contribui para e efetivao da ateno integral aos usurios de lcool e outras drogas, para o controle da epidemia do HIV/Aids e das hepatites virais e para o tratamento dos transtornos associados ao consumo prejudicial de drogas, sejam elas lcitas ou ilcitas.

EM SNTESE: RD

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um paradigma que constitui um outro olhar sobre a questo das drogas e lcool, instituindo novas tecnologias de interveno, comprometidas com o respeito s diferentes formas de ser e estar no mundo, promovendo sade e cidadania; um conjunto de estratgias de promoo de sade e cidadania, construdas PARA e POR pessoas que usam drogas e alcool, e que buscam minimizar eventuais conseqncias do uso de drogas lcitas ou ilcitas,sem colocar a abstinncia como nico objetivo do trabalho em sade; Alm disto, a Reduo de Danos tambm pode designar uma poltica pblica igualmente centrada no sujeito, e constituda com o foco na promoo de sade e cidadania das pessoas

PRINCPIOS UNIVERSAIS

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A estratgia de reduo de danos complementar s estratgias de controle da demanda e da oferta; Seu foco nas consequncias e no nos comportamentos em si; OS PRINCPIOS E ESTRATGIAS DEconsumo A estratgia realista e reconhece que o REDUO DE DANOS SO LGICOS E substncias no ser interrompido em muitas comunidades, e continuar a criar problemas para COMPROVADAMENTE EFICIENTES. indivduos e comunidades; a 46,09` Video 44,38 A estratgia de reduo de danos no julga o consumo de drogas (lcitas ou ilcitas) e lcool e sim a reduo dos problemas advindos dele; uma estratgia pragmtica ela no busca polticas ou estratgias que sejam inatingveis ou que criem mais

Intersetorialidade

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O uso de lcool e outras drogas, por tratar-se de um tema transversal a outras reas da sade, da justia, da educao, social e de desenvolvimento, requer cooperao intersetorial para a execuo de uma poltica de ateno integral ao consumidor de lcool e outras drogas. As articulaes com a sociedade civil, movimentos sindicais, associaes e organizaes comunitrias e universidades, so fundamentais para a elaborao de planos estratgicos, ampliando-se significativamente a cobertura das aes dirigidas a populaes de difcil acesso. Tais articulaes constituem-se em instrumentos

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Plano Emergencial de Ampliao do Acesso ao Tratamento e Preveno em lcool e Outras Drogas (PEAD 2009-2010, Portaria/MS n 1.190, 04 de junho de 2009)

Direito: ao acesso ao tratamento, a reduo da lacuna assistencial, o enfrentamento do estigma, da qualificao das redes de sade, da adoo da estratgia de reduo de danos e do reconhecimento de determinantes sociais de vulnerabilidade, risco e padres de consumo. Estratgias: Consultrio

de Rua (2009) Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack

Objetivos PEAD

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Contribuir para a ampliao do acesso aos cuidados de sade da rede SUS para usurios de lcool e outras drogas, Implementar intervenes em contexto de rua com a articulao de diferentes redes de ateno em lcool e outras drogas. Sua principal populao-alvo so crianas, adolescentes e jovens moradores de rua em situao de vulnerabilidade e risco

Atividade em grupos:

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De acordo com o que voc aprendeu, responda: 3) Em que difere o paradigma da abstinncia e o paradigma da Reduo de Danos? 4) Voc concorda com o Ministrio da Sade ter assumido a estratgia de reduo de Danos como politica pblica? Por qu?

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UM POUCO DE HISTRIA.

De movimento social a poltica pblica instituda pelo MS: A trajetria da RD no mundo e no Brasil

Histria da Reduo de Danos

Londres

Anos 20Abstinncia de morfina Ambiente acadmico

Amsterd

Fim dos anos 70 Epidemia hepatites / Aids Sociedade civil

Histria da Reduo de Danos

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1970 Conselho Europeu, reconhece a necessidade de abordagens mais flexveis, realistas e pragmticas no trato do uso e abuso de substncias psicoativas, iniciando um movimento sistemtico de questionamento dos modelos vigentes. 1980 - O Brasil faz seus primeiros pronunciamentos a favor de uma nova abordagem, pautada no respeito ao cidado;

1989 Primeira tentativa de troca de seringas, Santos-SP;1990 Centros de Referncia para Drogas e Aids (Bahia); (programa universitrio para troca de agulhas e seringas, como estratgia de conteno vrus HIV)

Danos

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(continuao)

1990: Lei 8.080 (SUS);

1994: 1 PRD do Brasil (Salvador UFBA);1995: Porto Alegre, Itaja, So Paulo, Rio de Janeiro; 1997 Ministrio da Sade Programas de Reduo de Danos (troca de agulhas e seringas em parceria com associaes de redutores e programas de reduo de danos So Paulo, Salvador e Porto Alegre)

1997: Surge a ABORDA;2002: Lei 10.216/02 (marco legal da Reforma Psiquitrica)

REDUO DE DANOS NO CONTEXTO DA REFORMA PSIQUITRICA

REFORMA PSIQUITRICA

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Consiste no progressivo deslocamento do centro do cuidado para fora do hospital, em direo comunidade;

Os CAPS so os dispositivos estratgicos desse movimento. Entretanto, a rede bsica de sade o lugar privilegiado de construo de uma nova lgica de atendimento e de relao com os transtornos mentais.

Ateno Primria Sade/Ateno Bsica:

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Programa de Agente Comunitrios de Sade(PACS, 1991) Programa da Sade da Famlia (PSF, 1994), virou ESF (principal modalidade de atuao da ateno bsica).

Seus princpios so: atuao no territrio atravs do diagnstico situacional, enfrentamento dos problemas de sade de maneira pactuada com a comunidade, buscando o cuidado dos indivduos e das famlias ao longo do tempo; buscar a integrao com instituies e organizaes sociais e ser espao de construo da cidadania

Sade Mental e Ateno Bsica

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Coordenao Geral da Sade Mental (CGSM/MS- 2001 Documentos para a articulao entre a sade mental e a ateno bsica. Principais diretrizes:

Apoio matricial (cuja funo consiste nas aes de superviso, atendimento compartilhado e capacitao em servio, realizado por uma equipe de sade mental para equipes ou profissionais da ateno bsica) de sade mental s equipes de PSF: aumento da capacidade resolutiva das equipes; Priorizao da sade mental na formao das equipes da ateno bsica; Aes de acompanhamento e avaliao das aes de sade mental na ateno bsica.

CAPS

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Instituies destinadas a acolher os pacientes com transtornos mentais, estimular sua integrao social e familiar, apoi-los em suas iniciativas de busca da autonomia, oferecer-lhes atendimento mdico e psicolgico. Sua caracterstica principal buscar integrlos a um ambiente social e cultural concreto, designado como seu territrio, o espao da cidade onde se desenvolve a vida quotidiana de usurios e familiares.

TIPOS DE CAPS

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Novos dispositivos de ateno integral

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(portaria GM 2841/2010)CAPSad III 24 horas leitos de acolhimento noturno, nos feriados e finais de sema na (po-dem ter no mnimo 8 e, no mximo, 12 leitos); realizar intervenes a situaes de crise (abstinncia e/ou desintoxicao), repouso e/ou observao. permanncia: limitada a 10 dias corridos ou 14 dias intercalados em um p erodo de 30 dias. Esto em processo de implantao 67 municpios

Papel estratgico dos CAPs

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Organizao da rede comunitria de cuidados, direcionamento local das polticas e programas de Sade Mental; Desenvolvimento de projetos teraputicos e comunitrios, dispensando medicamentos, encaminhando e acompanhando usurios que moram em residncias teraputicas, Assessoria, acompanhamento e capacitao dos Agentes Comunitrios de Sade e das Equipes de Sade da Famlia no cuidado domiciliar.

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Rede de Ateno Sade Mental

N de CAPS por tipo e ano

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CAPSad por Regio

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CAPS ad

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A ateno psicossocial a pacientes que apresentam uso abusivo/dependncia de lcool e outras drogas deve ocorrer em ambiente comunitrio, de forma integrada cultura local, e articulada com o restante das redes de cuidados em lcool e drogas e sade mental e a rede de suporte social. Desta forma, poder organizar em seu territrio de atuao os servios e iniciativas que possam atender s mltiplas necessidades dos usurios de servios, com nfase na reabilitao e reinsero social dos mesmos.

ATIVIDADES CAPs Ad

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Ateno ambulatorial: individual (medicamentoso, psicoterpico, de orientao, entre outros), atendimentos em grupo ou oficinas teraputicas e visitas domiciliares. Repouso dos usurios de servios, bem como para a desintoxicao ambulatorial de pacientes que necessitem deste tipo de cuidados, e que no demandem por ateno clnica hospitalar.

ATENDIMENTO INTEGRADO

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Dispositivos assistenciais em Sade Mental

Ambulatrios, Leitos em hospital-geral, Hospitais-dia Unidades bsicas de sade Centros de Sade Estratgia de Sade da famlia (ESF) Programa de agentes comunitrios da sade (PACS)CRASS

Rede Bsica de Sade

CAP sadRede de Suporte Social

Atividade em grupo

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6) O que significou a Reforma Psiquitrica e qual o papel dos CAPS neste contexto? 7) Voc acha que os CAPS esto cumprindo seu papel na sociedade? Por qu?

LCOOL E CRACK REDUO DE DANOS

lcool

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O lcool a droga psicoativa mais usada na maioria dos pases, tanto para a celebrao como para o sofrimento, pois libera as inibies. As pessoas consomem lcool para relaxar e se divertir. Para muitos, o lcool uma companhia nos eventos sociais e, na maior parte das vezes, o consumo de lcool implica riscos relativamente baixos, tanto para quem bebe como para terceiros.

PORM

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Para alguns, a depender do padro de consumo e da quantidade ingerida, pode provocar danos individuais e sociais. Curto prazo (exagero de consumo ): acidentes de carro traumticos, violncias e agresses, atividade sexual no planejada ou no desejada, conflitos com a lei ou com o patro. Longo prazo (consumo pesado, por um perodo maior de tempo): Danos a rgos fsicos (corao, fgado, sistema digestivo, sistema endcrino, disfuno sexual, sistema imunolgico, problemas de pele, DST, cncer), perda de relacionamentos pessoais ou de emprego.

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FATO: O LCOOL A SUBSTNCIA PSICOATIVA QUE MAIS CAUSA TRANSTORNOS MENTAIS E COMPORTAMENTAIS. A MAIS CARA PARA OS COFRES PBLICOS. A MAIS CONSUMIDA DENTRE TODAS AS SUBSTNCIAS PSICOATIVAS. Muita gente tem preconceito contra os usurios de drogas e alcoolista!!

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Aes prticas: Quanto substncia

Produo de produtos com baixo teor alcolico e sua disponibilidade imediata. Muitas pessoas escolhem esses produtos para que possam continuar consumindo lcool, com uma possibilidade menor de embriaguez, doenas e riscos. Em alguns pases, aditivos como tiamina (vitamina B) so adicionados ao produto e est comprovado que em alguns casos, os riscos sade so realmente reduzidos.

Quanto ao ambiente:

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Bares barulhentos, lotados e inacessveis criam problemas. Estabelecimentos que toleram a embriaguez e permitem que os funcionrios do bar sirvam pessoas j embriagadas so propcios para problemas. Servir as bebidas em copos de plstico ou de material mais resistente, QUE NO SEJAM CORTANTES. No vender lcool para menores.

Dicas para quem vai beber:

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Planeje: O planejamento feito com antecedncia uma medida sensvel e eficiente de reduo de danos. Alm do estabelecimento de limites para a bebida, outros planos podem evitar problemas relacionados ao lcool:

no beber sozinho; garantir carona com um motorista que no tenha bebido; estabelecer um limite de gastos; saber o que est sendo servido.

A divulgao de informaes sobre como manejar o prprio consumo de lcool e o de amigos importante. Muitos jovens so inexperientes e esto sujeitos forte presso dos colegas para assumir os riscos da adolescncia.

lcool e Reduo de Danos

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PLANO CRACK

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Em maio de 2010 o Governo Federal instituiu o Plano Crack, pelo Decreto n 7179. O Plano Crack objetiva a preveno do uso, o tr atamento e a reinsero social de usurios e o enfr entamento do trfico de crack e outras drogas ilcitas.

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CRACK E REDUO DE DANOS

CRACK, tambm conhecido como pedra, a forma de base livre da cocana, podendo ser obtido do cloridrato de cocana ou da pasta de coca. Muito pouco solvel em gua.

DANOS

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Danos sade fsica e psquica:

Problemas respiratrios. Perda de apetite, falta de sono e agitao motora, desnutrio, desidratao e gastrite. Rachaduras nos lbios, cortes e queimaduras nos dedos das mos. Parania, depresso, ansiedade, baixa autoestima. Dificuldade no uso do preservativo (DST/Aids) Hepatites virais,tuberculose, leptospirose, etc.Evaso escolar. Perda de vinculo familiar e com amigos. Troca de sexo por droga.

Danos Sociais:

usado:

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em latas

em copos

em cachimbo

em cigarros

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Estratgias para Reduo de Danos

Os cachimbos devem ser adequados a realidade de cada projeto, atendendo a diversidade dos usurios e construdo conjuntamente.

Quando possvel, substituio por maconha

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Os protetores labiais exigem discusso prvia com os usurios (batons, tubos, ou de sachs)? Evitar que sejam a base de vaselina.

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Poder ser disponibilizado tubos de silicone de diferentes espessuras pois a equipe deve atender aos diferentes cachimbos usados pelos usurios.

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Criar espaos de sociabilidade para os usurios com a finalidade de facilitar a implementao de estratgias preventivas entre eles. Estabelecer um dilogo franco e respeitoso com os usurios.

Que trabalho fazer com os usurios?

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Adequao de servios: Atividades

extra-muros Estratgias de reduo de danos sade Internao???

Trabalho de rua Atividades socioeducativas Atividades de advocacy Acompanhamento a servios (testagem, vacinao, etc.)

Trabalho nas comunidades

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Oficinas (diversas) Participao em atividades na comunidade Articulao com outros equipamento sociais (emprego, renda, escola, etc) Reinsero social Reinsero escolar Reinsero familiar

CLNICA AMPLIADA

CLINICA AMPLIADA

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Princpios do SUS = A universalidade do acesso, a integralidade da rede de cuidado e a equidade das ofertas em sade.

Obrigam a modificao dos modelos de ateno e de gesto dos processos de trabalho em sade.No s mdicos fazem a clnica mas todos os profissionais de sade fazem cada um a sua clnica!

Ampliao da Clnica - Clnica Ampliada Clnica do Sujeito : A Humanizao da Ateno

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Ampliada em qu? Considera a complexidade do sujeito e do processo de adoecimento (nas conexes, muitas vezes ocultas, entre o biolgico, o subjetivo e o social); Contra reduo dos usurios a um recorte diagnstico ou burocrtico: o diabtico, o alcoolista ou, pior ainda, o leito nmero tal...). Lidar com os usurios enquanto Sujeitos buscando sua participao e autonomia no projeto teraputico Em oposio clnica degradada, reduzida tecnologia da queixa-conduta. Pressupe trabalho em equipe: clnica interdisciplinar;

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Enfrentamento de uma clnica ainda hegemnica1) toma a doena e o sintoma como seu objeto;2) toma a remisso de sintoma e a cura como seu objetivo; 3) realiza a avaliao diagnstica reduzindo-a objetividade positivista clnica ou epidemiolgica;

4) define a interveno teraputica considerando

Foco no trabalho em Equipe:

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Ajudar usurios e trabalhadores a lidar com a complexidade dos Sujeitos e a multicausalidade dos problemas de sade na atualidade significa ajud-los a trabalhar em equipe na interao entre os diferentes Sujeitos da equipe (justamente valorizando essas diferenas) que se poder mais facilmente fazer uma clnica ampliada.

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Ampliar a clnica, portanto, implica:1) tomar a sade como seu objeto de investimento, considerando a vulnerabilidade, o risco do sujeito em seu contexto; 2) ter como objetivo produzir sade e ampliar o grau de autonomia dos sujeitos; 3) realizar a avaliao diagnstica considerando no s o saber clnico e epidemiolgico, como tambm a histria dos sujeitos e os saberes por eles veiculados; 4) definir a interveno teraputica considerando a complexidade biopsicossocial

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As propostas da clnica ampliada:

Um compromisso radical com o sujeito doente, visto de

modo singular; Assumir a CO-RESPONSABILIDADE no lugar da culpabilizao e da infantilizao do paciente; Buscar ajuda em outros setores, ao que se d nome de INTERSETORIALIDADE (Ex: anemia falciforme) RECONHECER OS LIMITES DOS CONHECIMENTOS dos profissionais de sade e das TECNOLOGIAS por eles empregadas e buscar outros conhecimentos em diferentes setores, Assumir um compromisso TICO profundo.

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Orientaes prticas teis clnica ampliada:

Refinar a escuta: mesmo quando possa parecer no interessar diretamente para o diagnstico e tratamento; Perceber o fluxo entre VNCULO E AFETOS; Evitar recomendaes culpabilizantes; Trabalhar com ofertas (individualizadas) e no apenas restries;

Evitar questionar e julgar comportamentos;Perguntar o que o usurio entendeu do que foi dito sobre sua condio e seu tratamento; Evitar assustar o usurio (gera hiponcondria ou desistncia)

Equilibrar o problema com produo de vida. O usurio no se resume ao problema.Respeitar a diversidade cultural e negociar terapias alternativas, condizentes com as crenas e os valores culturais do usurio.

Atividade em Grupos

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8) Em que aspectos a clnica ampliada difere da clnica tradicional? Na sua opinio, quais os avanos deste tipo de clnica no sentido de atender aos objetivos de humanizao da ateno sade?

Atividade de Avaliao final

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Dividir a sala em seis grupos. Cada grupo ficar responsvel por estudar e apresentar um relato de experincia. Alm disso, os grupos devero descrever suas impresses, crticas e seus principais aprendizados em relao estratgia de reduo de danos.

Relatos de Experincias

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Reduo de Danos no Contexto do Centro Histrico de Salvador BA. (6 p) 2) Relato de uma experincia com adolescentes sobre o uso de drogas. (8 p) 3) Relato de Caso da Trajetria de um Usurio de Cola em Servio Especializado (6p) 4) Relato de experincia consultrio de rua: estamos aqui... e a? (7 p) 5) Reduo de Danos: estratgia de cuidado com populaes vulnerveis na cidade de Santo Andr SP (4 p) 6) As Construes de Campos: Relato de uma experincia com o Ncleo Londrinense de Reduo de Danos (10 p)1)