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Avaliação dos Níveis de Ozono no Ar Ambiente em Portugal Verão 2005 Amadora 2006

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Avaliação dos Níveis de Ozono no Ar Ambiente em Portugal Verão 2005

Amadora

2006

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»2 Avaliação dos Níveis de Ozono no Ar Ambiente em Portugal | Verão de 2005

Ficha técnica:

Título: Avaliação dos Níveis de Ozono no Ar Ambiente em Portugal

Verão 2005

Autoria: Instituto do Ambiente

SEPA/DGAR

Cláudia Martins

Dília Jardim

Ana Teresa Perez

Edição: Instituto do Ambiente

Data de edição: Dezembro de 2006

Local de edição: Amadora

Tiragem: [nº.] exemplares

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Avaliação dos Níveis de Ozono no Ar Ambiente em Portugal | Verão de 2005 »3

Índice Geral

Índice de Figuras 4 Índice de Tabelas 5 1 Introdução 7 2 A Rede de Monitorização do Ozono 9 2.1 Processo de Recolha e Disponibilização dos Dados 9 2.2 Distribuição geográfica das estações de ozono e dados recolhidos 9 3 Análise dos Dados 10 3.1 Excedências Horárias 10 3.2 Objectivo a Longo Prazo e Excedências aos Valores Alvo 18 3.3 Principais episódios de ozono ocorridos e condições meteorológicas 20 3.4 Níveis de ozono na UE 22 4 Considerações Finais 25 5 Bibliografia 27 Anexo I 28

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Índice de Figuras FIGURA 1 – Esquema de formação de O3 na troposfera. 8

FIGURA 2 – Cobertura geográfica da monitorização da qualidade do ar em Portugal - 2005. 10

FIGURA 3 – Interface da Base de Dados Qualar - Tabela de excedências diárias ao Limiar de Informação ao Público e

de Alerta de O3. 11

FIGURA 4 – Excedências ao Limiar de Informação ao Público e de Alerta no Período de Verão 2004 e 2005 (N.º de

Dias) 16

FIGURA 5 – Excedências ao valor-alvo em 2004 e 2005 (N.º de Dias). 19

FIGURA 6 – N.º de dias com temperatura máxima do ar ≥ 35 ºC – Junho e Julho 2005. 20

FIGURA 7 – N.º de dias com temperatura máxima do ar ≥ 35 ºC – Agosto 2005. 21

FIGURA 8 – N.º de dias com excedências horárias ao limiar de informação ao público (180 µg/m3) em 2005. 23

FIGURA 9 – N.º de dias com excedências ao objectivo a longo prazo (120 µg/m3) em 2005. 24

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Avaliação dos Níveis de Ozono no Ar Ambiente em Portugal | Verão de 2005 »5

Índice de Tabelas TABELA 1 - Valores normativos aplicáveis ao O3 para a protecção da saúde humana 8

TABELA 2 - Excedências ao Limiar de Informação ao Público e de Alerta de O3 para o ano de 2005. 11

TABELA 3 - Excedências ao Limiar de Alerta de O3 para o ano de 2005. 12

TABELA 4 – Períodos de Excedência ao Limiar de Alerta de O3 para o ano de 2005. 13

TABELA 5 – Nº de episódios de O3 com duração ≥ 3 horas consecutivas - ano de 2005. 14

TABELA 6 – Registos mensais de excedências horárias no Período de Verão de 2005. 15

TABELA 7 - Excedências ao Limiar de Informação ao público e Alerta – período de Verão de 2005. 17

TABELA I – Estações de monitorização do ozono em Portugal – 2005 29

TABELA II – Distribuição por zona/aglomeração das excedências diárias - 22 Junho 2005. 31

TABELA III – Distribuição por zona/aglomeração das excedências diárias - 5 Agosto 2005. 32

TABELA IV – Distribuição por zona/aglomeração das excedências diárias - 15 Agosto 2005. 33

TABELA V – Distribuição por zona/aglomeração das excedências diárias - 7 Junho 2005. 34

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Resumo

O desenvolvimento industrial e urbano tem originado a nível mundial um aumento crescente da emissão de poluentes

atmosféricos. O acréscimo das concentrações destas substâncias, a sua deposição no solo, nos vegetais e nos materiais

é responsável por danos na saúde, redução da produção agrícola, danos na floresta, degradação de construções e obras

de arte e de uma forma geral por desequilíbrios nos ecossistemas.

A camada de ozono que envolve a Terra, situada entre 25 a 30 Km da superfície, tem uma função de filtro dos raios

nocivos de UV e é indispensável para a existência de vida no nosso planeta tal como a conhecemos. No entanto, a

presença de concentrações de ozono na baixa atmosfera - troposfera, é um forte irritante do sistema respiratório,

causando tosse, irritação da garganta e desconforto na respiração. Existem também indícios de que o ozono pode

reduzir a resistência às doenças respiratórias (como a pneumonia), lesar os tecidos dos pulmões e agravar doenças

pulmonares crónicas (como a asma ou bronquite). A gravidade destes efeitos aumenta com a concentração de ozono

no ar, o tempo de exposição e a quantidade inalada.

O ozono ao nível do solo ou troposférico (O3) não é emitido directamente pelas actividades humanas, resultando de um

processo complexo que envolve reacções químicas entre óxidos de azoto (NOx) compostos orgânicos voláteis (COV) e

oxigénio (O2), na presença de luz solar. A formação de ozono ocorre preferencialmente nas estações do ano mais

quentes e com grande estabilidade atmosférica, que proporcionam uma menor dispersão dos poluentes e aumentam a

probabilidade desses poluentes reagirem entre si. O ozono e os seus precursores podem ser transportados ao longo de

centenas de quilómetros, podendo ocorrer picos de ozono a grandes distâncias das fontes emissoras (veículos

automóveis, indústrias, etc.).

No sentido de melhorar a qualidade do ar e, consequentemente, reduzir os efeitos nocivos dos poluentes atmosféricos

sobre a saúde humana e o ambiente em geral, a União Europeia tem vindo a publicar vasta legislação, na qual se

inclui a Directiva 2002/3/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 12 de Fevereiro, relativa ao ozono (O3) no ar

ambiente e que foi transposta para o direito interno pelo Decreto-Lei nº 320/2003, de 20 de Dezembro.

Esse diploma estipula parâmetros para protecção da saúde humana,um valor máximo diário da média de oito horas de

120 µg/m3 , que não deverá ser excedido mais do que 25 dias no ano, denominado de valor-alvo (a cumprir em 2010)

e ainda um objectivo a longo prazo que tem por meta o cumprimento dos 120 µg/m3 em todos os dias do ano.

Estabelece ainda um limiar de alerta de 240 µg/m3 (concentração média horária) e um limiar de informação ao público

de 180 µg/m3 (concentração média horária).

Neste relatório, apresentam-se os resultados da avaliação das concentrações de ozono no ar ambiente, com base na

informação recolhida nas Redes de Monitorização da Qualidade do Ar geridas no Continente pelas Comissões de

Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR), e na Madeira pela Direcção Regional do Ambiente (DRAMB), para o

período de Abril a Setembro de 2005, à semelhança do relatório “Avaliação dos Níveis de Ozono no Ar Ambiente em

Portugal - Verão 2004”, dando continuidade aos objectivos delineados para a divulgação anual dos níveis deste

poluente.

Nesse período, a nível nacional, os níveis de ozono foram medidos em 52 estações de qualidade do ar cobrindo a

totalidade das zonas e aglomerações, tendo sido observados 65 dias com excedências ao limiar de informação ao

público, dos quais, 25 dias ao limiar de alerta. A região Norte, com as zonas do Norte Interior (com 58 dias em Lamas

de Olo) e Norte Litoral (com 19 dias em Senhora do Minho), foi aquela onde se registaram o maior número de

excedências ao limiar de informação ao público. No mês de Agosto verificou-se o maior número de excedências

horárias a estes limiares. Quanto à análise ao valor-alvo a cumprir em 2010, constatou-se que nas aglomerações de

Porto Litoral, Vale do Ave, Aveiro/ílhavo, Área Metropolitana de Lisboa Sul, Faro/Olhão, Portimão/Lagoa e nas zonas

do Alentejo, houve cumprimento deste valor. No que se refere à observância do objectivo de longo prazo apenas foi

cumprido no arquipélago da Madeira.

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Avaliação dos Níveis de Ozono no Ar Ambiente em Portugal | Verão de 2005 »7

1 Introdução

Os objectivos para a qualidade do ar ambiente, a avaliação da qualidade do ar com base em métodos e critérios

comuns, a obtenção de informações adequadas sobre a qualidade do ar ambiente e sua disponibilização ao público,

nomeadamente através dos limiares de alerta e a preservação e /ou melhoria da qualidade do ar foram estabelecidos,

a nível comunitário e nacional, pela Directiva-mãe, transposta para o direito interno pelo Decreto-Lei nº 276/99, de 23

de Julho e pelas subsequentes 4 Directivas-filhas.

A implementação a nível nacional dessa legislação levou à criação, em 2000, do Plano de Acção para a Qualidade do

Ar e do Grupo Técnico da Qualidade do Ar (GTAR), coordenado pelo Instituto do Ambiente e constituído pelas 5

Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR), as 2 Direcções Regionais de Ambiente da Madeira e

dos Açores (DRAMB) e pelas Universidades Nova de Lisboa e de Aveiro. As principais acções decorrentes desse plano

foram:

- Diagnóstico da qualidade do ar a nível nacional;

- Delimitação de unidades funcionais de gestão da qualidade do ar (zonas e aglomerações);

- Redefinição e expansão da rede de monitorização existente;

- Centralização da informação e criação de mecanismos de informação ao público, tendo sido construído para

tal uma base de dados, Qualar, um índice diário de qualidade do ar, IQar, e um sistema de avisos à

população em situações de picos de poluição.

A delimitação das aglomerações e das zonas teve por base as suas definições. Aglomeração é definida como “zona

caracterizada por um número de habitantes superior a 250 000 ou em que a população seja igual ou fique aquém de

tal número de habitantes, desde que não inferior a 50 000, sendo a densidade populacional superior a 500 hab/Km2” e

Zona como “área geográfica de características homogéneas, em termos de qualidade do ar, ocupação do solo e

densidade populacional”. Em Portugal estão delimitadas 13 aglomerações e 12 zonas que deverão ser avaliadas e

geridas pelas Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional nas áreas de sua jurisdição e pelas Direcções

Regionais de Ambiente das Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores.

Os critérios para avaliação e gestão do ozono foram estipulados pela 3ª Directiva-filha, Directiva 2002/3/CE relativa ao

ozono no ar ambiente e transposta para o direito interno pelo Decreto-Lei nº 320/2003, de 20 de Dezembro, que

estabelece os objectivos a longo prazo, valores alvo, limiares de informação e alerta para as concentrações do ozono

no ar ambiente com vista à protecção da saúde humana (ver Tabela 1), bem como as regras de gestão da qualidade

do ar aplicáveis a esse poluente. Apesar de o valor-alvo para a protecção da saúde ser o respeitante a uma média de

três anos, quando tal número de dados não existir poderá ser calculado para 1 ano, já para o valor-alvo para

protecção da vegetação o cálculo deverá ser feito para uma média de cinco anos, sendo que, no mínimo são

requeridos 3 anos de dados (o primeiro cálculo corresponde ao intervalo de 2004 a 2006). Assim, até 2006 o cálculo

do valor-alvo para protecção da saúde humana, será efectuado com um ano de dados e a partir dessa data, a média

octo-horária será tri-anual.

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»8 Avaliação dos Níveis de Ozono no Ar Ambiente em Portugal | Verão de 2005

Tabela 1 - Valores normativos aplicáveis ao O3 para a protecção da saúde humana

* Valor alvo para 2010 a não ultrapassar mais do que 25 dias por ano civil, calculados em média em relação a três anos.

Este diploma legal define ainda para efeitos de avaliação do ozono o “Período de Verão” que compreende os meses de

Abril a Setembro, para o qual a informação deve ser disponibilizada ao público e actualizada pelo menos diariamente,

bem como, reportadas à Comissão Europeia, as excedências aos limiares de informação e ou de alerta (data, duração

das excedências e concentração horária máxima de ozono).

A poluição do ar pelo ozono resulta de um processo complexo que envolve reacções químicas entre NOx, COV e

oxigénio, na presença da luz solar (ver Figura 1). De facto, o ozono é um poluente secundário, ou seja não é emitido

directamente para a atmosfera. A sua formação ocorre preferencialmente nas estações do ano com temperaturas mais

elevadas e com grande estabilidade atmosférica. As condições meteorológicas favoráveis a esta situação propiciam

uma menor dispersão dos poluentes, aumentando a probabilidade de reagirem entre si. É devido a esta dependência

da existência de radiação solar, que os países do sul da Europa são muito mais afectados pelo fenómeno do que os da

Europa Central e do Norte.

Figura 1 – Esquema de formação de O3 na troposfera.

Decreto-Lei 320/2003, de 20 Dezembro (Directiva 2002/3/CE)

Ozono

Média

horária

Máximo

Diário da Média

de 8 h

Data de

Cumprimento

Valor alvo para protecção da saúde humana: (µg/m3) 120* 2010

Objectivo a longo prazo para protecção da saúde humana (µg/m3) 120 --

Limiar de Informação (µg/m3) 180

Limiar de Alerta (µg/m3) 240

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Avaliação dos Níveis de Ozono no Ar Ambiente em Portugal | Verão de 2005 »9

2 A Rede de Monitorização do Ozono

2.1 Processo de Recolha e Disponibilização dos Dados

As redes de estações de monitorização integradas no sistema de informação da qualidade do ar devem garantir a

qualidade das medições efectuadas nos termos da legislação aplicável. No âmbito dos trabalhos do GTAR as entidades

regionais gestoras da qualidade do ar, as 5 CCDR no continente e as 2 DRAMB dos arquipélagos da Madeira e dos

Açores, estabeleceram, em conformidade com o estipulado pelo Decreto-Lei n.º 320/2003, de 20 de Dezembro e

segundo os critérios harmonizados emanados pelo GTAR, o número de estações, a sua localização, os métodos de

referência a utilizar na avaliação dos níveis de ozono, bem como a disponibilização da informação ao público.

A centralização da informação e criação de mecanismos de informação ao público, levou à construção da base de

dados, Qualar. Os dados medidos nos equipamentos automáticos das várias redes são enviados em tempo quase real,

através dos concentradores regionais para o sistema de informação sobre qualidade do ar, que integra uma Base de

Dados On-line denominada Qualar (http://www.qualar.org). A gestão do Qualar é da responsabilidade do Instituto do

Ambiente (IA), e é alimentado pelos dados das CCDR.

Este sistema de informação possibilita não só o armazenamento dos dados de todos os poluentes medidos nessas

estações, mas também toda a informação relativa às estações. Disponibiliza ainda informação diária sob a forma de

índice da qualidade do ar, bem como, as excedências aos limiares de alerta e de informação ao público. Os dados on-

line são disponibilizados sem validação, devendo ser considerados como provisórios, e servem apenas para efeitos de

informação ao público. A validação anual dos dados é detalhada e sujeita a vários controlos de qualidade, por parte

das CCDR, DRAMB e do IA, ficando concluída para disponibilização ao público, via Qualar, a 30 de Setembro do ano

seguinte àquele a que se referem.

Para além da informação disponibilizada via internet, e quando as concentrações de ozono são superiores a

determinados valores, denominados limiares de informação e de alerta (ver cap.3.1), as CCDR informam de imediato

as Instituições de Saúde e a população em geral. Os procedimentos actuais de comunicação desses limiares às

populações, em geral, e às instituições interessadas, em particular, baseiam-se na comunicação imediata por parte de

cada entidade gestora das redes, via fax, email e sms, do valor da excedência, da hora início do episódio e da área

afectada pelo mesmo, para as entidades locais, regionais e nacionais do domínio da comunicação social, da saúde e

dos órgãos de soberania.

2.2 Distribuição geográfica das estações de ozono e dados recolhidos

A redefinição e expansão da rede iniciada em 2000, baseou-se numa avaliação preliminar da qualidade do ar de todo

o território, permitindo uma definição do número de estações necessárias e a sua distribuição. O número de estações

de ozono cresceu de 20 estações em 2000 para 52 em 2005, sendo que essas novas estações foram essencialmente

distribuídas pelas zonas rurais e por todas as aglomerações entretanto delimitadas. Das cinquenta e duas estações

que mediram ozono no Verão de 2005, 9 são rurais, 11 suburbanas e 32 urbanas.

As médias horárias utilizadas para a divulgação dos limiares deverão corresponder a um tempo de medida de, pelo

menos, três quartos de hora (eficiência de 75%). Para avaliação do cumprimento dos valores alvo e objectivo de longo

prazo, para além desse requisito, as medições deverão corresponder, pelo menos, a 5 meses do período de Verão

(Abril a Setembro), ou seja a uma eficiência de 85%. A distribuição espacial das estações é apresentada na Figura 2.

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»10 Avaliação dos Níveis de Ozono no Ar Ambiente em Portugal | Verão de 2005

Fonte: Base de Dados online Qualar.

Figura 2 – Cobertura geográfica da monitorização da qualidade do ar em Portugal - 2005.

3 Análise dos Dados

3.1 Excedências Horárias

A legislação que regulamenta o ozono no ar ambiente (Decreto-Lei n.º 320/2003 de 20 de Dezembro), define como

limiar de informação ao público (180 µg/m3) “o nível acima do qual uma exposição de curta duração acarreta riscos

para a saúde humana de grupos particularmente sensíveis da população e a partir do qual é necessária a divulgação

de informação horária actualizada” e como limiar de alerta “o nível de poluentes na atmosfera acima do qual uma

exposição de curta duração apresenta riscos para a saúde humana...”. Sempre que seja previsto ou medido

excedências ao limiar de alerta (240 µg/m3) durante três horas consecutivas, podem ser adoptados planos de acção

nos termos do artigo 7º do referido diploma.

Os episódios de ozono são muitas vezes registados em mais de uma estação da mesma zona ou em várias estações de

diferentes zonas, dependendo da extensão do episódio e da densidade de estações. A duração do episódio, ou seja, o

número de horas consecutivas com valores acima do Limiar, determina a sua intensidade e no mesmo episódio esta

pode variar de zona para zona e mesmo de estação para estação.

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Avaliação dos Níveis de Ozono no Ar Ambiente em Portugal | Verão de 2005 »11

A agregação e divulgação das excedências registadas, é feita na Base de Dados online – (Qualar), quer na página

diária (ver Figura 3) quer na página do histórico anual (ver Tabela 2 e 3). Na tabela do histórico anual, para cada dia

é totalizado o número de horas de excedências ao Limiar de Informação ao público e de Alerta, registados em todas as

estações do País.

Fonte: Base de Dados online Qualar.

Figura 3 – Interface da Base de Dados Qualar - Tabela das Excedências diárias ao Limiar de Informação ao Público e de Alerta de O3 Tabela 2 - Excedências ao Limiar de Informação ao Público e de Alerta de O3 para o ano de 2005.

Fonte: Base de Dados online Qualar.

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»12 Avaliação dos Níveis de Ozono no Ar Ambiente em Portugal | Verão de 2005

Tabela 3 - Excedências ao Limiar de Alerta de O3 para o ano de 2005.

Fonte: Base de Dados online Qualar.

Durante o período de Verão de 2005 foram registados 65 dias com ultrapassagens ao limiar de informação ao público

(ver Tabela 2) e em 25 desses dias foi mesmo excedido o limiar de alerta (ver Tabela 3).

Analisando o histórico anual constata-se que os episódios de ozono ocorreram em todos os meses do período de

Verão. O mês de Agosto foi o mais significativo em termos de poluição por ozono com 21 dias de registo de, pelo

menos, uma ultrapassagem ao limiar de informação ao público. Esses episódios de ozono abrangeram um grande

número de zonas e nalgumas tiveram durações significativas, tendo-se totalizado nesse mês 369 horas de

excedências.

A análise da duração dos episódios com ultrapassagens ao limiar de alerta é apresentada na Tabela 4. Verifica-se que

na estação de Lamas de Olo, situada na zona do Norte Interior, foram registados 19 episódios com duração igual ou

superior a 3 horas e na zona de Influência de Estarreja, na estação Estarreja/ Teixugueira, localizada na área

industrial de Estarreja, registou-se 1 episódio (ver Tabela 5). Comparativamente, nas aglomerações de Vale do Ave,

Vale do Sousa e Aveiro/Ílhavo e nas zonas de Vale do Tejo e Oeste e Centro Litoral o número de episódios de

ultrapassagem ao limiar de alerta foram reduzidos e de curta duração.

O número e duração dos episódios registados na estação de Lamas de Olo, localizada no Parque Natural do Alvão a

uma altitude de 1086 metros, está a ser alvo de um estudo de âmbito regional, coordenado pela UTAD, envolvendo

vários parceiros como universidades, CCDR-Norte, IA e outros, para avaliar a representatividade dessa estação bem

como a dinâmica dos mecanismos de formação deste poluente na zona.

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Avaliação dos Níveis de Ozono no Ar Ambiente em Portugal | Verão de 2005 »13

Tabela 4 – Períodos de Excedência ao Limiar de Alerta de O3 para o ano de 2005.

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»14 Avaliação dos Níveis de Ozono no Ar Ambiente em Portugal | Verão de 2005

Tabela 5 – Nº de episódios de O3 com duração ≥ 3 horas consecutivas para o ano de 2005.

A identificação, por mês, das estações onde se registaram excedências horárias para o período de Verão é

apresentada na Tabela 6. No mês de Agosto as excedências ocorreram em praticamente todas as zonas do território

continental. No mês de Junho os registos dessas ocorrências já não se verificaram nas regiões do Alentejo e Algarve,

nos meses de Julho e Setembro, apenas ocorreram nas regiões Norte e Centro e nos meses de Abril e Maio só a

estação de Lamas de Olo, na região Norte, ultrapassou os limiares horários.

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Avaliação dos Níveis de Ozono no Ar Ambiente em Portugal | Verão de 2005 »15

Tabela 6 – Registos mensais de excedências horárias no Período de Verão de 2005.

Analisando o Período de Verão em função do número de dias de excedências ocorridos por zona ou aglomeração,

Figura 4, constata-se que se registaram mais de cinco dias com excedência horárias em 2 grandes aglomerações (nº

habitantes superior a 250 000) e 1 de média dimensão ( 128 000 hab.) da região Norte e nas 2 grandes aglomerações

da região de Lisboa e Vale do Tejo. Nas restantes aglomerações as excedências são iguais ou inferiores a 5 dias e na

aglomeração do Funchal não se registou qualquer excedência. No que respeita às zonas a situação apresenta-se mais

dissonante com um elevado número de dias na região Norte (zona Norte Interior com 58 dias e zona Norte Litoral com

19 dias), um valor relativamente elevado na Zona de Influência de Estarreja (com 10 dias) da região Centro e as

restantes zonas com valores inferiores a 7 dias ou mesmo zero.

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»16 Avaliação dos Níveis de Ozono no Ar Ambiente em Portugal | Verão de 2005

Figura 4 – Excedências ao Limiar de Informação ao Público e de Alerta no Período de Verão de 2004 e 2005 (N.º de

Dias)

Em 2005, a avaliação dos níveis de ozono foi feita pela primeira vez nas zonas do Norte Litoral, Alentejo Interior e

Algarve. Destas, apenas Alentejo Interior e Algarve não registaram excedências horárias. Relativamente a 2004,

houve em 2005 um maior nº de dias com excedências em quase todas as zonas/ aglomerações com excepção da

aglomeração Braga que reduziu para metade o número de ocorrências.

A síntese, por estação, do número de horas e de dias excedências ao limiar de informação ao público de 180 µg/m3, ao

actual e anterior limiar de alerta, respectivamente de 240 µg/m3 e 360µg/m3 é apresentada na Tabela 7.

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Avaliação dos Níveis de Ozono no Ar Ambiente em Portugal | Verão de 2005 »17

Tabela 7 - Excedências ao Limiar de Informação ao público e Alerta de O3 – Período de Verão de 2005.

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»18 Avaliação dos Níveis de Ozono no Ar Ambiente em Portugal | Verão de 2005

3.2 Objectivo a Longo Prazo e Excedências aos Valores Alvo

O objectivo a longo prazo para a protecção da saúde humana e do ambiente em geral, é definido na legislação através

do Decreto-Lei n.º 320/2003 de 20 de Dezembro, como “a concentração no ar ambiente de ozono abaixo da qual, de

acordo com os conhecimentos científicos actuais, é improvável a ocorrência de efeitos nocivos directos na saúde

humana ou no ambiente em geral”. O mesmo diploma define ainda o valor-alvo como “o nível fixado com o objectivo

de evitar, a longo prazo, efeitos nocivos para a saúde humana e ou ambiente na sua globalidade, a alcançar, na

medida do possível, no decurso de um período determinado” o qual deverá ser cumprido a partir de 2010.

O valor-alvo e o objectivo a longo prazo para a protecção da saúde humana baseiam-se no máximo das médias octo-

horárias do dia. O valor-alvo é de 120 µg/m3, valor a não exceder em mais do que 25 dias por ano civil,. calculados

em média em relação a três anos, em que 2010 será o 1º ano dos 3 anos seguintes utilizado para a verificação do

cumprimento. O objectivo a longo prazo utiliza o mesmo parâmetro e o mesmo valor, calculado para cada ano civil e a

não exceder e a ser atingido na medida do possível.

Para a análise face ao valor-alvo, consideraram-se apenas dados válidos de um ano para as várias estações e a zona

foi classificada pela estação com os níveis octo-horários de ozono mais elevados. Da comparação desta análise com a

legislação, constata-se que nas aglomerações de Porto Litoral, Vale do Ave, Aveiro/ílhavo, Área Metropolitana de

Lisboa Sul, Faro/Olhão, Portimão/Lagoa, Funchal e nas zonas do Alentejo, houve cumprimento deste valor (ver Figura

5). No que se refere à observância do objectivo de longo prazo este apenas foi cumprido no arquipélago da Madeira

Assim, a zona do Norte Interior é aquela que se distancia mais do cumprimento ao referido valor, com 112 dias em

excedência para além dos 25 dias permitios por ano civil, as zonas de Norte Litoral (43), Algarve (30), Vale do Tejo e

Oeste (26), Centro Interior (24), Zona de Influência de Estarreja (11) e Centro Litoral (1) e para as aglomerações de

AML Norte (8), Vale do Sousa(6), Coimbra (3), Setúbal (3) e Albufeira/ Loulé (2).

Comparativamente com o ano anterior, na região Norte, as aglomerações de Braga e Vale do Ave cumpriram o valor-

alvo e as zonas Norte Litoral e Interior que não tinham sido avaliadas em 2004 com a eficiência requerida para a

verificação deste parâmetro demonstraram incumprimento em 2005. Na região Centro passou-se a situação inversa

com o acréscimo em 2005 de Coimbra e Centro Litoral às zonas com incumprimento do valor-alvo.

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Avaliação dos Níveis de Ozono no Ar Ambiente em Portugal | Verão de 2005 »19

Figura 5 – Excedências ao valor-alvo em 2004 e 2005 (N.º de Dias).

* Zonas não avaliadas por estações de medição fixa em 2004

** Zonas sem eficiência no período de Verão em 2004

*** Zonas não avaliadas por estações de medição fixa em 2004 e 2005

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»20 Avaliação dos Níveis de Ozono no Ar Ambiente em Portugal | Verão de 2005

3.3 Principais episódios de ozono ocorridos e condições meteorológicas

Neste subcapítulo é cruzada a informação dos episódios de ozono ocorridos durante o Período de Verão com as

condições climatéricas observadas nesse período de tempo.

De acordo com o relatório “caracterização climática de 2005”, disponível na página de internet do Instituto de

Meteorologia (IM), o mês de Junho de 2005, foi o 2º mais quente, desde 1931, no que se refere à temperatura média

e máxima do mês, com ocorrência de duas ondas de calor. No mês de Agosto, registou-se o 2º valor mais alto, desde

1931, relativo à temperatura máxima, e o 3º valor mais alto relativo à temperatura média.

Fonte: Instituto de Meteorologia

Figura 6 – N.º de dias com temperatura máxima do ar ≥ 35 ºC – Junho e Julho 2005.

Junho 2005 Julho 2005

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Avaliação dos Níveis de Ozono no Ar Ambiente em Portugal | Verão de 2005 »21

Figura 7 – N.º de dias com temperatura máxima do ar ≥ 35 ºC – Agosto 2005.

Quanto ao número de dias com temperatura máxima do ar ≥ 35 ºC nos meses de Junho, Julho e Agosto de 2005 (ver

Figuras 6 e 7), destaca-se a existência de mais de três dias com esses valores na maior parte do território continental.

Ainda e de acordo com o relatório acima referido, as ondas de calor de 30 de Maio a 11 de Junho e de 15 a 23 de

Junho tiveram especial relevância, nomeadamente, pela intensidade, duração e extensão espacial coincidindo com a

ocorrência de alguns dos episódios de ozono de maior intensidade, designadamente, de 6 a 10 de Junho e de 17 a 23

de Junho.

Os episódios de ozono dos meses de Junho e Agosto ocorreram na maioria das zonas do país, como se pode constatar

pela tabela do resumo mensal das estações de medição do ozono (ver Tabela 6 e Anexo I nas Tabelas II, III e IV),

denotando-se uma relação directa entre as elevadas temperaturas sentidas em todo o território e os níveis de ozono

medidos.

Associado às temperaturas do ar muito elevadas e a condições climatéricas favoráveis à ocorrência de episódios de

ozono (estabilidade da atmosfera) estão as condições propícias para a origem e propagação de grandes fogos

florestais.

No âmbito dos estudos em desenvolvimento, pela FCT/UNL, para a identificação e avaliação de eventos naturais, foi

possível, pela análise das imagens de satélite, verificar que em Junho ocorreram um número significativo de incêndios

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»22 Avaliação dos Níveis de Ozono no Ar Ambiente em Portugal | Verão de 2005

locais e que nos meses de Julho e Agosto se registaram os incêndios de maior dimensão (grandes áreas ardidas).

Dada a potencial contribuição dos fogos florestais para a formação de elevadas concentrações de ozono este aspecto

deverá ser considerado na avaliação das concentrações de ozono. A nível nacional, cruzando estas duas variáveis, é

possível estabelecer uma relação entre os incêndios ocorridos e os episódios de ozono verificados no mês de Julho e

de Agosto (de 10 a 16 de Julho, de 3 a 8 de Agosto e de 12 a 24 de Agosto). No que respeita às contribuições, locais/

regionais dos incêndios, é possível constatá-la pelas observações do dia 7 de Junho, em que as excedências ao limiar

de informação ao público ocorreram apenas na região de Lisboa e Vale do Tejo onde simultaneamente se registaram

vários incêndios florestais, indiciando uma relação directa entre esses acontecimentos (ver Anexo I - Tabela V).

O transporte transfronteiriço de precursores de ozono é ainda um dos factores a ter em conta na avaliação das

concentrações de ozono e pode justificar elevadas concentrações de ozono em regiões onde a poluição atmosférica é

reduzida e onde não seriam expectáveis ultrapassagens aos valores legislados.

3.4 Níveis de ozono na UE

Os níveis de ozono observados na Europa durante o Período de Verão, com base nos dados reportados à Comissão

Europeia no âmbito da troca de informação prevista pela directiva 2002/3/CE, encontram-se divulgados no relatório

técnico ‘Air pollution by ozone in Europe in Summer 2005’ da Agência Europeia do Ambiente (EEA).

Relativamente aos países que reportaram excedências, o número de dias de ocorrências variou por país, de um dia

(Estónia, Húngria, Malta e Bulgária) a 86 dias (Itália). Nos 183 dias que perfazem o total do período em análise (Abril

a Setembro), em 157 dias ocorreu pelo menos uma excedência em alguma(s) das estações de monitorização da

qualidade do ar .

Vinte e dois países, dos quais, dezoito da EU, reportaram níveis de ozono acima do limiar de informação ao público

(180 ug/ m3, média horária). Na Dinamarca, Irlanda, Chipre, Letónia, Lituânia, Finlândia e Suécia (UE) e ainda na

Turquia, Noruega, Islândia e no Liechtenstein não se registaram excedências a este limiar.

No que concerne ao limiar de alerta (240 µg/ m3, média horária), este foi ultrapassado em alguns países da UE

(Áustria, Bélgica, Alemanha, Grécia, Espanha, França, Itália, Holanda e Portugal) e em dois outros países, a Suiça e

Roménia.

O objectivo a longo prazo (120 µg/ m3, máximo octo-horário diário) foi largamente excedido, variando de um dia

(Irlanda e Letónia) a 181 dias (Espanha), sendo que, para Portugal este valor foi excedido em 144 dias. Considerando

o período de 183 dias (Abril a Setembro), não existiu nenhum dia em que não tivesse sido reportada qualquer

excedência ao objectivo a longo prazo, no entanto alguns países não forneceram esta informação pelo que poderá

estar subestimada.

Verificou-se ainda que na média da UE ocorreram excedências ao valor-alvo (120 µg/m3, valor a não exceder em mais

do que 25 dias) em 30% das estações que constituem as várias redes de monitorização e que em Portugal registaram-

se em 22% das estações. Os países de Luxemburgo, República da Macedónia e Roménia não apresentaram essa

informação, sendo muito provável que tenham igualmente excedido esse valor.

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Avaliação dos Níveis de Ozono no Ar Ambiente em Portugal | Verão de 2005 »23

Figura 8 – N.º de dias com excedências horárias ao limiar de informação ao público (180 µg/m3) em 2005.

A Figura 8, mostra a distribuição geográfica do número de dias onde ocorreram excedências ao limiar de informação

ao público. As áreas em que se verificaram mais de 5 dias com excedências localizam-se na região do norte da Itália,

do Noroeste da França, do Centro de Espanha e do norte de Portugal. Por outro lado, nas regiões da Escândinávia,

Chipre, Irlanda e Báltico (com excepção da Estónia) não ocorreu qualquer dia com excedências àquele limiar.

Para o Período de Verão, verificaram-se níveis octo-horários acima do objectivo a longo prazo, para todos os países

que reportaram essa informação, com excepção da Islândia. Verifica-se ainda que cerca de 86% do total das estações

de monitorização reportaram uma ou mais excedências a este valor. Ainda, através da Figura 9, que mostra a

distribuição geográfica do número de dias com excedências ao referido valor de 120 µg/m3, constata-se que a área em

que foi excedido em mais de 25 dias (valor-alvo) abrange praticamente toda a Península Ibérica, a região sul e central

de França e Alemanha, a República Checa, o sul da Polónia, Eslováquia, Áustria, Hungria, Suíça, Eslovénia e Itália.

Fonte: EEA Technical report n.º 3/2006

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»24 Avaliação dos Níveis de Ozono no Ar Ambiente em Portugal | Verão de 2005

Figura 9 – N.º de dias com excedências ao objectivo a longo prazo (120 µg/m3) em 2005.

Fonte: EEA Technical report n.º 3/2006

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Avaliação dos Níveis de Ozono no Ar Ambiente em Portugal | Verão de 2005 »25

4 Considerações Finais

O presente relatório divulga os resultados referentes à avaliação das concentrações de ozono troposférico para o

período de Verão de 2005 (Abril a Setembro), com base na informação recolhida das Redes de Monitorização da

Qualidade do Ar das cinco Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Continente e da Direcção

Regional do Ambiente da Madeira. A informação recebida dos vários gestores das Redes é disponibilizada ao público no

site do Instituto do Ambiente, na base de dados Qualar, via internet.

Para um total de 52 estações de qualidade do ar que monitorizam as concentrações de ozono, verificou-se que 19%

não registaram qualquer excedência ao limiar de informação ao público.

Durante o período de Verão de 2005 foram registados 65 dias com ultrapassagens ao limiar de informação ao público,

e em 25 desses dias foi mesmo excedido o limiar de alerta. Os episódios de ozono ocorreram em todos os meses do

período de Verão, sendo que, o mês de Agosto, foi o mais significativo em termos de poluição por ozono com 21 dias

de registo de, pelo menos, uma ultrapassagem ao limiar de informação ao público.

A zona Norte Interior, apresentou o maior número de dias com excedências horárias ao limiar de informação ao

público, num total de 58 dias dos 65 dias registados em todo o território nacional. Esta zona foi avaliada pela estação

de Lamas de Olo localizada no Parque Natural do Alvão a uma altitude de 1086 metros. Dado o pouco conhecimento

sobre as causas das elevadas concentrações de ozono medidos nesta estação está a ser realizado um estudo de

âmbito regional, coordenado pela UTAD, envolvendo vários parceiros como universidades, CCDR-Norte, IA e outros,

para avaliar a representatividade dessa estação bem como a dinâmica dos mecanismos de formação deste poluente na

zona.

A duração e a intensidade dos episódios de ozono foi avaliada recorrendo à análise do número de horas consecutivas

com níveis acima do limiar de alerta. Dessa análise verificou-se que na zona do Norte Interior se registou o maior

número de episódios com duração igual ou superior a 3 horas (19 episódios) tendo-se aí atingido o valor de

concentração mais elevado, 361 µg/m3 (estação rural de Lamas de Olo). A estação Estarreja/ Teixugueira, localizada

na zona de Influência de Estarreja), registou 1 episódio.

Nas restantes zonas, nomeadamente nas aglomerações de Vale do Ave, Vale do Sousa e Aveiro/Ílhavo e nas zonas de

Vale do Tejo e Oeste e Centro Litoral, o número de episódios de ultrapassagem ao limiar de alerta foi reduzido e de

curta duração.

Os episódios de excedências ao limiar de informação ao público concentraram-se nos períodos de 6 a 10 de Junho, de

17 a 23 de Junho, de 10 a 16 de Julho, de 3 a 8 de Agosto e de 12 a 24 de Agosto. Os episódios de Agosto atingiram

várias zonas do país, tendo mesmo, no dia 5, se registado em praticamente todas as estações de monitorização de

Portugal continental, à excepção, das da região do Algarve.

Cruzando a informação dos episódios de ozono ocorridos durante o Período de Verão com as condições climatéricas

observadas nesse período de tempo, constantes do relatório “caracterização climática de 2005”, disponível na página

de internet do Instituto de Meteorologia (IM), elaborou-se uma análise inter-relacional entre essas duas variáveis.

Assim e de acordo com o relatório acima referido, registaram-se, nesse Verão, ondas de calor nos períodos de 30 de

Maio a 11 de Junho e de 15 a 23 de Junho, de alguma importância, nomeadamente, pela intensidade, duração e

extensão espacial e que coincidiram com a ocorrência de alguns dos episódios de ozono de maior intensidade,

designadamente os de 6 a 10 de Junho e de 17 a 23 de Junho.

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»26 Avaliação dos Níveis de Ozono no Ar Ambiente em Portugal | Verão de 2005

As temperaturas do ar foram muito elevadas, tendo mesmo sido atingido desde 1931, no mês de Junho, o 2º valor

mais elevado das temperaturas média e máxima desse mês e no mês de Agosto, o 2º mais alto para a temperatura

máxima e o 3º para a temperatura média.

As temperaturas elevadas estão associadas às condições propícias para a origem e propagação de grandes fogos

florestais, responsáveis pela emissão de poluentes precursores de ozono. Efectivamente em Junho ocorreram um

número significativo de incêndios locais, e nos meses de Julho e Agosto registaram-se incêndios de maior dimensão

(grandes áreas ardidas). No que respeita à contribuição local/ regional dos incêndios é possível constatá-la pelas

observações do dia 7 de Junho, em que as excedências ao limiar de informação ao público ocorreram apenas na região

de Lisboa e Vale do Tejo onde simultaneamente se registaram vários incêndios florestais, indiciando uma relação

directa entre esses acontecimentos.

Não é ainda conhecida uma metodologia que permita diagnosticar, a nível local e regional, o impacte dos incêndios

nos níveis de ozono observados. Contudo, a identificação espaço - temporal do incêndio e das zonas e/ou

aglomerações afectadas, permite estabelecer relações causa - efeito relativamente aos níveis de ozono registados.

Quanto à análise face ao cumprimento do valor-alvo, para a protecção da saúde humana, verifica-se que, em 2005, 8

aglomerações e 3 zonas cumpriram já este patamar. No que se refere ao objectivo a longo prazo, o seu cumprimento

apenas foi observado no arquipélago da Madeira.

A nível europeu as áreas em que se verificaram mais de 5 dias com excedências ao limiar de informação ao público

localizam-se na região do norte da Itália, do sul e este da França, do Centro de Espanha e do norte de Portugal. Por

outro lado, nas regiões da Escandinávia, Chipre, Irlanda e Báltico (com excepção da Estónia) não ocorreu qualquer dia

com excedências àquele limiar. Constata-se ainda que a área em que as médias octo-horárias foram excedidas em

mais de 25 dias (valor-alvo) abrange praticamente toda a Península Ibérica, a região sul e central de França e

Alemanha, a República Checa, o sul da Polónia, Eslováquia, Áustria, Hungria, Suíça, Eslovénia e Itália.

O relatório de “Avaliação dos Níveis de Ozono no Ar Ambiente em Portugal” foi elaborado pela primeira vez para o

Período de Verão de 2004, com uma análise em conformidade com o Decreto-Lei nº 320/2003, de 20 de Dezembro. A

partir desse, os relatórios anuais, para além da avaliação dos níveis de ozono para o próprio ano passam a ter uma

análise comparativa com os anos transactos.

Assim, estabelecendo uma comparação com 2004, verifica-se que mais 3 zonas foram avaliadas por estações novas

de medição fixa. Destas, apenas Alentejo Interior e Algarve não registaram excedências horárias ao limiar de

informação ao público. Relativamente a 2004, houve em 2005 um maior nº de dias com excedências em quase todas

as zonas/ aglomerações com excepção da aglomeração Braga que reduziu para metade o número de ocorrências.

Relativamente ao valor-alvo e comparativamente com o ano anterior, constata-se que na região Norte, as

aglomerações de Braga e Vale do Ave registaram um decréscimo dos máximos octo-horários, passando a cumprir, em

2005, o valor-alvo. Quanto às zonas de Norte Litoral e Interior, não avaliadas em 2004, registaram-se ultrapassagens

a esse parâmetro. Na região Centro passou-se a situação inversa, com o acréscimo, em 2005, de Coimbra e Centro

Litoral às zonas com valores acima do valor-alvo.

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Avaliação dos Níveis de Ozono no Ar Ambiente em Portugal | Verão de 2005 »27

5 Bibliografia

Base de Dados da Qualidade do Ar, ‘Qualar’, ‘http://www.qualar.org/’.

Comissão Europeia, 1996, Directiva 1996/62/CE do Conselho, de 27 de Setembro de 1996, relativa à avaliação e

gestão da qualidade do ar ambiente.

Comissão Europeia, 2002, Directiva 2002/3/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 12 de Fevereiro de 2002,

relativa ao ozono no ar ambiente.

Decreto-Lei n.º 320/2003, de 20 de Dezembro, relativo ao ozono no ar ambiente.

EEA Technical report n.º 3/2006 , “Air pollution by ozone in Europe im summer 2004 – Overview of exceedances of EC

ozone threshold values during April-September 2005”

(http://reports.eea.europa.eu/technical_report_2005_3/en/technical_3_2006.pdf).

Relatório de Caracterização Climática 2005, Instituto de Meteorologia.

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»28 Avaliação dos Níveis de Ozono no Ar Ambiente em Portugal | Verão de 2005

Anexo I

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Avaliação dos Níveis de Ozono no Ar Ambiente em Portugal | Verão de 2005 »29

Tabela I – Estações de monitorização do ozono em Portugal – 2005

Concelho Estação Tipo de Ambiente

Tipo de Influência

Viana do Castelo Senhora do Minho Rural Fundo

Vila Real Lamas de Olo Rural Fundo

Braga Horto Suburbana Fundo

Santo Tirso Santo Tirso Urbana Fundo

Vila Nova de Famalicão Calendário Suburbana Fundo

Paços de Ferreira Centro de Lacticínios Urbana Fundo

Espinho Espinho Urbana Tráfego

Gondomar Baguim Urbana Tráfego

Maia Vermoim Urbana Tráfego

Maia Vila Nova da Telha Suburbana Fundo

Maia Águas Santas Urbana Tráfego

Matosinhos Custóias Suburbana Industrial

Matosinhos Leça do Balio Suburbana Fundo

Matosinhos Matosinhos Urbana Tráfego

Matosinhos Perafita Suburbana Industrial

Porto Antas Urbana Tráfego

Porto Boavista Urbana Tráfego

Valongo Ermesinde Urbana Fundo

Vila do Conde Vila do Conde Suburbana Tráfego

Estarreja Estarreja/Teixugueira Suburbana Industrial

Fundão Fundão Rural Fundo

Ílhavo Ílhavo Suburbana Fundo

Leiria Ervedeira Rural Fundo

Coimbra Coimbra/Avenida Fernão Magalhães Urbana Tráfego

Coimbra Instituto Geofísico de Coimbra Urbana Fundo

Chamusca Chamusca Rural Fundo

Amadora Alfragide/Amadora Urbana Fundo

Amadora Reboleira Urbana Fundo

Lisboa Beato Urbana Fundo

Lisboa Entrecampos Urbana Tráfego

Lisboa Olivais Urbana Fundo

Lisboa Restelo Urbana Fundo

Loures Loures Urbana Fundo

Odivelas Odivelas Urbana Tráfego

Oeiras Quinta do Marquês Urbana Fundo

Sintra Mem-Martins Urbana Fundo

Almada Laranjeiro Urbana Fundo

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»30 Avaliação dos Níveis de Ozono no Ar Ambiente em Portugal | Verão de 2005

Concelho Estação Tipo de Ambiente

Tipo de Influência

Barreiro Escavadeira Urbana Industrial

Barreiro Hospital Velho Urbana Tráfego

Seixal Paio Pires Suburbana Fundo

Setúbal Arcos Urbana Fundo

Setúbal Camarinha Urbana Fundo

Santiago do Cacém Monte Velho Rural Fundo

Santiago do Cacém Santiago do Cacém Urbana Industrial

Santiago do Cacém Sonega Rural Industrial

Sines Monte Chãos Suburbana Industrial

Alandroal Terena Rural Fundo

Alcoutim Cerro Rural Fundo

Portimão Pontal Urbana Fundo

Albufeira Malpique Urbana Fundo

Faro Afonso III Urbana Tráfego

Faro Joaquim Magalhães Urbana Fundo

Funchal Quinta Magnólia Urbana Fundo

Funchal São Gonçalo Urbana Fundo

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Avaliação dos Níveis de Ozono no Ar Ambiente em Portugal | Verão de 2005 »31

Tabela II – Distribuição por zona/aglomeração das excedências diárias - 22 Junho 2005.

Fonte: Qualar – Instituto do Ambiente

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»32 Avaliação dos Níveis de Ozono no Ar Ambiente em Portugal | Verão de 2005

Tabela III – Distribuição por zona/aglomeração das excedências diárias - 5 Agosto 2005.

Fonte: Qualar – Instituto do Ambiente

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Avaliação dos Níveis de Ozono no Ar Ambiente em Portugal | Verão de 2005 »33

Tabela IV – Distribuição por zona/aglomeração das excedências diárias - 15 Agosto 2005.

Fonte: Qualar – Instituto do Ambiente

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»34 Avaliação dos Níveis de Ozono no Ar Ambiente em Portugal | Verão de 2005

Tabela V – Distribuição por zona/aglomeração das excedências diárias - 7 Junho 2005.

Fonte: Qualar – Instituto do Ambiente