raphaela di cavalcanti sales a rede de cuidados … · usuários com dpoc em recife, como também...

84
INSTITUTO DE MEDICINA INTEGRAL PROF. FERNANDO FIGUEIRA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AVALIAÇÃO EM SAÚDE MESTRADO PROFISSIONAL EM AVALIAÇÃO EM SAÚDE RAPHAELA DI CAVALCANTI SALES A REDE DE CUIDADOS AOS USUÁRIOS PORTADORES DE DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA: UM ESTUDO DE AVALIABILIDADE NO MUNICÍPIO DE RECIFE PERNAMBUCO. RECIFE 2016

Upload: dokiet

Post on 20-Jan-2019

224 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

1

INSTITUTO DE MEDICINA INTEGRAL PROF. FERNANDO FIGUEIRA

PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM AVALIAO EM SADE

MESTRADO PROFISSIONAL EM AVALIAO EM SADE

RAPHAELA DI CAVALCANTI SALES

A REDE DE CUIDADOS AOS USURIOS PORTADORES DE

DOENA PULMONAR OBSTRUTIVA CRNICA: UM

ESTUDO DE AVALIABILIDADE NO MUNICPIO DE

RECIFE PERNAMBUCO.

RECIFE

2016

2

RAPHAELA DI CAVALCANTI SALES

A rede de cuidados aos usurios portadores de doena pulmonar

obstrutiva crnica: um estudo de avaliabilidade no municpio de

Recife Pernambuco.

Linha de Pesquisa: Avaliao das Intervenes de Sade

Orientadora: Profa. Isabella Chagas Samico

Coorientadora: Profa. Greciane Soares da Silva

RECIFE

2016

Dissertao apresentada ao

Instituto de Medicina Integral

Prof. Fernando Figueira como

requisito parcial para obteno

do grau de Mestre em Avaliao

em Sade.

3

4

RAPHAELA DI CAVALCANTI SALES

A rede de cuidados aos usurios portadores de doena pulmonar

obstrutiva crnica: um estudo de avaliabilidade no municpio de

Recife Pernambuco.

Aprovada em 30 de maro de 2016.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________

Dr Antnio Carlos Gomes do Esprito Santo Faculdade de Medicina de

Olinda

_____________________________________________

Dra Luciana Santos Dubeux - IMIP

_____________________________________________

Dra Isabella Chagas Samico IMIP

Dissertao apresentada ao

Instituto de Medicina Integral

Prof. Fernando Figueira como

requisito parcial para obteno

do grau de Mestre em Avaliao

em Sade

5

DEDICATRIA

Dedico este trabalho minha me Fabola,

meu super pai Joo,

minhas irms Manuela e Marcela,

Fbio meu amor, minha filha Clara,

minha Dedei a toda minha famlia que,

cm muito carinho apoio, n mediram esforos

para q u chegasse t esta etapa d minha vida.

Sem vocs, nada seria possvel.

6

AGRADECIMENTOS

Agradeo verdadeiramente a todos que de alguma forma contriburam para

elaborao deste trabalho. Prof. Isabella Samico e Prof. Greciane Soares pelo apoio,

confiana, pacincia, e ateno durante todo o percurso deste trabalho, doando muito do

vosso tempo acreditando na minha formao e crescimento profissional;

Agradeo minha famlia e aos meus amigos pela fora nas horas mais difceis e

compreenso da minha ausncia em momentos especiais;

Agradeo Secretaria Municipal de Sade do Recife e a todos os participantes do

estudo pela disponibilidade, interesse e contribuio com o estudo.

7

EPGRAFE

"O conhecimento exige uma presena curiosa do sujeito em face do mundo.

Requer uma ao transformadora sobre a realidade.

Demanda uma busca constante.

Implica em inveno e em reinveno".

Paulo Freire

8

RESUMO

Objetivo: Realizar um estudo de avaliabilidade da rede de cuidados aos usurios portadores

de Doena Pulmonar Obstrutiva Crnica - DPOC na cidade do Recife, almejando

caracterizar os componentes fundamentais para o funcionamento dessa rede e descrever se

os objetivos e a operacionalizao da interveno esto explcitos para os envolvidos com a

mesma. Mtodos: Foi realizado um Estudo de Avaliabilidade (EA) no municpio do Recife,

em trs fases: 1) construo do modelo lgico da Rede de Cuidados ao Paciente com DPOC,

utilizando anlise dos documentos oficiais e consulta a especialistas; 2) realizao da

Conferncia de Consenso a respeito do referido modelo lgico, escolhida por conciliar tanto

a discusso aberta entre os especialistas como a preservao do anonimato; e a 3)

identificao de possveis perguntas avaliativas para futuras avaliaes, a partir da

provocao temtica problematizada durante todo o processo. Resultados: Participaram do

estudo 21 especialistas. Permaneceram no modelo lgico todos os itens considerados

importantes consensualmente, (Mdia acima de 7,0 e Desvio Padro menor que 3,0). O

componente referente ateno especializada foi considerado o mais importante (Mdia =

9,1 e DP = 1,75) pelos conferencistas, sendo a reabilitao respiratria sua atividade com

maior dissenso entre os participantes (DP=2,98). A ateno bsica foi o que apresentou

maior dissenso (DP=1,96), provocado pela pouca clareza de suas atribuies e

potencialidades no cuidado ao paciente com DPOC. Concluses: Este EA mostrou-se

importante no s pela contribuio do melhor entendimento da rede de cuidados aos

usurios com DPOC em Recife, como tambm da prpria patologia e pela capacidade de

promover o dilogo entre os diferentes atores.

Palavras-chave: Doena Pulmonar Obstrutiva Crnica, Assistncia Sade, Avaliao em

Sade, Conferncia de Consenso.

9

ABSTRACT

Objective: Conduct an evaluability study of the care network for users with Chronic

Obstructive Pulmonary Disease - COPD in Recife, aiming to characterize the fundamental

components for the operation of the network and describe whether the objectives and

implementation of the intervention are explicit for the stakeholders. Methods: We

conducted an Evaluability Study (EA) in Recife, in three phases: 1) construction of the

logical model of Care Network of Patients with COPD, analyzing official documents and

expert consultation. 2) realization of the Consensus Conference regarding the logical model,

chosen to reconcile both open discussion among experts as the preservation of anonymity

and 3) identification of possible evaluative questions for future evaluations from the

thematic provocation problematized throughout the process.

Results: Twenty one experts participated in the study. They remained in the logical model

all items considered important consensually (Average above 7.0 and deviation lower

standard than 3.0). The component related to specialized care was considered the most

important (mean = 9.1, SD = 1.75) by lecturers, and respiratory rehabilitation their activity

more dissension among the participants (SD = 2.98). The primary care showed the most

dissension (SD = 1.96), caused by the lack of clarity of its responsibilities and potential in

the care of patients with COPD. Conclusions: This EA was an important contribution not

only for the better understanding of the care network users with COPD in Recife, as well as

the disease itself and the ability to promote dialogue between the different actors.

Key words: Pulmonary Disease, Chronic Obstructive, Health Care, Health Evaluation,

Consensus Development Conference.

10

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AB Ateno Bsica

AE Ateno Especializada

BVS Biblioteca Virtual de Sade

CAB 25 Caderno de ateno Bsica

CARMEN Conjunto de Acciones para la Reducin Multifatorial de Enfermidades

No transmissibles

DCNT Doenas Crnicas No Transmissveis

DPOC Doena Pulmonr Obstrutiva Crnica

DP Desvio Padro

DS Distrito Sanitrio

EA Estudo de Avaliabilidade

ESF Equipe de Sade da Famlia

Fiocruz Fundao Oswaldo Cruz

GOLD Iniciativa Global para DPOC (Global Initiative for Chronic Obstructive

Lung Disease)

IMIP Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira

ML Modelo Lgico

MS Ministrio da Sade

NASF Ncleo de Apoio Sade da Famlia

OMS Organizao Mundial de Sade

ONU Organizao das Naes Unidas

OPAS Organizao Pan-Americana de Sade

PCDT Protocolo Clnico de Diretrizes Teraputicas

PLATINO Projeto Latino Americano de Investigao em Obstruo Pulmonar

RAS Rede de Ateno Sade

RPA Regio Poltico Administrativa

SISREG Sistema Nacional de Regulao

SERS Secretaria Executiva de Regulao em Sade

SUS Sistema nico de Sade

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

11

LISTA DE TABELAS, QUADROS, FIGURAS

Pgina

TABELAS

Tabela 1 Resultado consolidado das avaliaes da primeira fase do consenso com os

especialistas. Recife PE, 2016.

43

Tabela 2 - Resultado consolidado das avaliaes da segunda fase do consenso com os

especialistas. Recife PE, 2016.

49

QUADROS

Quadro 1 - Estudos de avaliabilidade realizados no Brasil, 2010 - 2015.

23

Quadro 2 Resultado das avaliaes da primeira e segunda fases do consenso com os

especialistas Componente Ateno Bsica. Recife PE, 2016.

51

Quadro 3 Resultado das avaliaes da primeira e segunda fases do consenso com os

especialistas Componente Ateno Especializada. Recife PE, 2016.

52

Quadro 4 Resultado das avaliaes da primeira e segunda fases do consenso com os

especialistas Componente Sistema de Apoio. Recife PE, 2016.

53

Quadro 5 Itens considerados mais importantes (mdia acima de 9,5) pelos

especialistas durante conferncia de consenso Recife, Pernambuco, Brasil, 2016.

54

Quadro 6 - Perguntas avaliativas relacionadas Rede de cuidados aos pacientes

portador de DPOC segundo tipo de avaliao. Recife, Pernambuco, Brasil, 2016.

55

FIGURAS

Figura 1 Diviso territorial, por Distrito Sanitrio, do municpio do Recife,

Pernambuco, 2015.

32

Figura 2 Modelo Lgico da Rede de Cuidados aos usurios portadores de DPOC em

Recife PE, 2016.

42

12

SUMRIO

Pgina

I. INTRODUO 12

1.1 Aspectos gerais e epidemiolgicos das Doenas Crnicas No Transmissveis.

1.2 Polticas de Sade em relao s DCNT

1.3 Estudo de Avaliabilidade

II. JUSTIFICATIVA

III. OBJETIVOS

12

14

20

28

30

IV.MTODOS 31

4.1Desenho do estudo 31

4.2 Local do estudo 31

4.3 Perodo do estudo 32

4.4 Populao de estudo 33

4.5 Etapas do estudo 33

4.5.1 Construo do modelo lgico 33

4.5.2 Realizao de consenso com especialistas 35

4.5.3 Identificao de possveis perguntas avaliativas 36

4.6 Processamento e Anlise dos dados 38

4.7 Consideraes ticas 39

V. RESULTADOS 40

VI. DISCUSSO 56

VII. CONSIDERAES FINAIS 62

VII. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 63

APNDICE 77

APNDICE 1- Modelo Lgico Preliminar 78

APNDICE 2 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 79

APENDICE 3 Modelo Lgico Final da Rede de Cuidados aos usurios portadores

de DPOC em Recife.

80

ANEXO 81

ANEXO 1 - Parecer consubstanciado do Comit de tica em Pesquisa 82

13

I. INTRODUO

1.1 Aspectos clnicos e epidemiolgicos das Doenas Crnicas No

Transmissveis

A evoluo da sociedade levou a uma nova rotina dos indivduos, fruto da

industrializao, urbanizao, desenvolvimento econmico e globalizao do mercado de

alimentos, guiando a transio nutricional para uma dieta rica em gordura saturada e

acares. Entre as DCNT mais prevalentes esto a hipertenso arterial, o diabetes, as

neoplasias, as doenas cerebrovasculares e as doenas pulmonares obstrutivas crnicas

(DPOC) 1

Das 57 milhes de mortes ocorridas no mundo em 2008, 36 milhes ou 63% foram

devidas s DCNT, com destaque para as doenas cardiovasculares, diabetes, neoplasias e as

doenas respiratrias crnicas. As principais causas das DCNT incluem fatores de risco

modificveis, como tabagismo, consumo nocivo de bebida alcolica, inatividade fsica e

alimentao inadequada. As DCNT so a principal causa de morte, em todas as regies do

mundo, porm, cerca de 80% das mortes por DCNT ocorrem em pases de baixa ou mdia

renda e nestes pases, cerca de 29% das mortes por DCNT ocorrem em pessoas com menos

de 60 anos, enquanto nos pases de renda alta apenas 13% so de mortes precoces. Os custos

diretos das DCNT para os sistemas de sade em todo o mundo representam impacto

crescente. Segundo o World Economic Forum, a carga global das perdas econmicas por

DCNT entre 2011 e 2030 estimada em at 47 trilhes de dlares, o que equivaleria a 5%

do produto global bruto do perodo considerado 2,3,4

.

14

Desde 2005 as estimativas da Organizao Mundial de Sade (OMS) j indicavam

aumento da mortalidade por DCNT no Brasil de at 22% em 2015, sendo responsveis por

cerca de 72% das causas de mortes apesar da carga dessas doenas poder ser minimizada

pela reduo dos seus fatores de risco, diagnstico precoce e tratamento oportuno 5,6

.

No Brasil, as DCNT tambm so as responsveis pelas maiores taxas de

morbimortalidade e pela maior proporo das despesas com assistncia ambulatorial e

hospitalar. Caracterizam-se por ter etiologia incerta, mltiplos fatores de risco, curso

prolongado, origem no infecciosa e por estarem associadas a deficincias ou incapacidades

funcionais 7.

Dentre as DCNT, destaca-se a DPOC, uma doena respiratria crnica com

repercusses sistmicas, comum, prevenvel e tratvel, caracterizada por limitao

progressiva parcialmente reversvel do fluxo areo, associado resposta inflamatria

anormal inalao de partculas ou gases txicos. O processo inflamatrio crnico pode

produzir alteraes dos brnquios e do parnquima pulmonar. A predominncia destas

alteraes varivel em cada indivduo, tendo relao com os sintomas apresentados. As

alteraes dos brnquios so caracterizadas pela bronquite crnica, que definida

clinicamente pela presena de tosse e expectorao na maioria dos dias por no mnimo trs

meses/ano durante dois anos consecutivos. J o comprometimento do parnquima pulmonar

denominado enfisema pulmonar e definido anatomicamente como o aumento dos

espaos areos distais ao bronquolo terminal, com destruio das paredes alveolares 8.

Segundo a OMS, a DPOC a quarta principal causa de morte, depois do infarto do

miocrdio, cncer e doena cerebrovascular. Entre as principais causas de morte, a nica

que est aumentando, passou de 7,88 em cada 100.000 habitantes na dcada de 1980, para

19,04 em cada 100.000 habitantes na dcada de 1990, prevendo-se que se torne a terceira em

15

2020, devido ao tabagismo nos pases em desenvolvimento, em conjunto com o

envelhecimento da populao 9.

Entre os anos de 2000 e 2010, a DPOC foi a quinta maior causa de internao no

Sistema nico de Sade (SUS) em maiores de 40 anos, com cerca de 200.000

hospitalizaes e gasto anual aproximado de 72 milhes de reais 10

.

Em Pernambuco, em 2012, as doenas do aparelho respiratrio encontravam-se entre

as quatro maiores causas de morte, representando 11,2% de todos os bitos no estado. As

quatro primeiras causas foram: as doenas do aparelho circulatrio com 30%, as

neoplasias/tumores com 13,3% e as causas externas de morbidade e mortalidade com 13,1%.

Dos 6.370 bitos causados pelas doenas do aparelho respiratrio no ano de 2012 em

Pernambuco, 1.586 foram pela DPOC, o que representa 24% destes bitos. 11

.

Em Recife, no ano de 2012, as doenas do aparelho respiratrio apresentaram-se

como a terceira maior causa de morte, representando 14,3% de todos os bitos no municpio.

As doenas do aparelho circulatrio representaram 28,5% dos bitos, as neoplasias/tumores

16,5%% e as causas externas de morbidade e mortalidade ocupa o quarto lugar com 14%.

Em Recife, no mesmo ano, dos 1.442 bitos causados pelas doenas do aparelho

respiratrio, 295 foram por DPOC (20%) 11

.

1.2 Polticas de Sade em relao s DCNT

As aes ou intervenes para enfrentamento das DCNT tiveram incio na dcada de

1970 do sculo XX, com o Projeto North Karelia, na Finlndia, e desde ento vrios outros

16

projetos foram desenvolvidos em todo o mundo com o objetivo de promover mudanas

comportamentais que reduzissem os fatores de risco para as DCNT, que so definidas como

afeces de sade que acompanham os indivduos por longo perodo de tempo, podendo

apresentar momentos de piora (episdios agudos) ou melhora sensvel. Em 2002 a

Organizao Pan-Americana de Sade (OPAS) criou o Conjunto de Acciones para la

Reducin Multifatorial de Enfermidades No transmissibles (CARMEN), com o objetivo

principal de promover coalizes locais e nacionais no intuito de estabelecer polticas e

implementar intervenes com abordagens integradas para reduo dos fatores de risco para

DCNT 1.

Diante do impacto das DCNT e da complexidade do seu seguimento, em setembro de

2011, foi realizada a reunio de alto nvel da Organizao das Naes Unidas (ONU), da

qual participaram os chefes de estado dos pases-membros para discutir este tema de sade.

Essa reunio foi considerada um marco histrico e estratgico, pois, em geral, as

assembleias so para eleger os membros importantes, ou ainda relacionadas a acordos de paz

entre os pases, desarmamento, exerccio dos direitos humanos, metas para o

desenvolvimento do milnio. Esta reunio resultou em uma declarao poltica, na qual os

pases-membros se comprometeram a trabalhar para deter o crescimento das DCNT com

aes de preveno dos seus principais fatores de risco e garantia da ateno adequada

sade de seus pacientes. A OMS foi instada a elaborar um conjunto de metas e indicadores

para que os avanos na resposta s DCNT pudessem ser monitorados 12

.

Ao se preparar para a reunio de alto nvel da ONU em 2011, o Brasil assumiu o

compromisso de preveno e cuidado com as DCNT e lanou o Plano de Aes

Estratgicas para o Enfrentamento das Doenas Crnicas No Transmissveis, 2011-2022,

17

que define e prioriza as aes e os investimentos necessrios preparao do pas para

enfrentar e deter as DCNT e seus fatores de risco at 2022 5.

Em sintonia com Schimidt e colaboradores, 13

que sinalizaram a necessidade de

fortalecimento do sistema de sade brasileiro para oferecer assistncia aos portadores de

DCNT mediante modelos de ateno a condies crnicas com base em experincias locais

exitosas; expanso e qualificao da Estratgia Sade da Famlia (ESF); acesso ampliado a

medicamentos custo-efetivos; maior comunicao entre a ateno bsica e outros nveis de

cuidado, o plano aborda os quatro principais grupos de doenas (cardiovasculares, cncer,

respiratrias crnicas e diabetes) e seus fatores de risco modificveis em comum (tabagismo,

lcool, inatividade fsica, alimentao inadequada e obesidade), e define trs diretrizes

estratgicas ou eixos de atuao: I. Vigilncia, Informao, Avaliao e Monitoramento; II.

Promoo da Sade; e III. Cuidado Integral. O Plano tambm definiu metas e compromissos

a serem assumidos pelo pas, como por exemplo modelos de ateno aos portadores de

DCNT que priorizam diversas aes articuladas em linhas de cuidados, em todo o ciclo

vital, no campo da alimentao saudvel, atividade fsica, preveno do uso do tabaco e

lcool. A maior possibilidade de impacto na preveno de doena respiratria crnica o

controle do tabagismo. Estima-se que fumar cause, aproximadamente, 70% dos cnceres de

pulmo, 42% das doenas respiratrias crnicas e cerca de 10% das doenas do aparelho

circulatrio 13,14,15

.

Em 1998, visando atrair mais ateno para a DPOC, o seu tratamento e sua

preveno, um grupo de cientistas incentivou o US National Heart, Lung, and Blood

Institute e a OMS a formarem a Iniciativa Global para DPOC (Global Initiative for Chronic

Obstructive Lung Disease - GOLD). Dentre os objetivos principais da GOLD esteve o de

18

ampliar o conhecimento da DPOC, com publicaes bianuais, para auxiliar os milhes de

pessoas que sofrem com essa doena, e suas complicaes 16

.

O projeto Sade Brasil 2030, que foi conduzido pela Fundao Oswaldo Cruz

(Fiocruz) em 2012, e que complementar ao Plano Nacional, atribui s doenas respiratrias

crnicas, em especial a DPOC e asma importantes contribuies carga global de

mortalidade e de morbidade nacional, e propem uma combinao de medidas de preveno

efetivas e acesso tanto a servios de sade quanto ao tratamento adequado para a reduo

das taxas de morbidade e mortalidade deste grupo de patologias 17

.

No Plano de Aes Estratgicas e no Projeto Sade Brasil 2030 utilizada a

prevalncia para DPOC encontrada no Projeto Latino Americano de Investigao em

Obstruo Pulmonar (PLATINO), que chegou ao resultado de 15,8% na cidade de So Paulo

em 2009, e assume a DPOC como a quarta causa de internao em pessoas com idade

superior a 40 anos 17,18

.

As normas publicadas no Brasil, tais como o Consenso Brasileiro de Pneumologia

sobre DPOC em 2004, o Caderno de Ateno Bsica em 2010 (CAB 25), e o Protocolo

Clnico de Diretrizes Teraputicas em 2012, valorizam a coordenao e os cuidados dos

diferentes nveis de ateno das redes de servios, vinculados entre si por uma misso nica,

por objetivos comuns e por uma ao cooperativa e interdependente, que permitem ofertar

uma ateno contnua e integral ao usurio com DPOC, coordenada pela ateno primria

sade e com responsabilidades sanitrias e econmicas por esta populao 8,19

.

O Consenso Brasileiro de Pneumologia sobre DPOC descreveu a funo do mdico

generalista/clnico geral, na figura do mdico da equipe de sade da famlia, como

responsvel pelo diagnstico precoce e acompanhamento do usurio portador de DPOC no

19

Estdio I Leve e Estdio II Moderada, para garantir o cuidado integral ao paciente. Os

usurios portadores de DPOC no Estdio III Grave e Estdio IV Muito grave, devem ser

acompanhados por especialistas devido ao grau de limitaes das atividades de vida diria.

O diagnstico para ser feito diante de sinais e sintomas respiratrios crnicos, na presena

de fatores de risco para a doena. Esto entre os fatores de risco envolvidos para o

desenvolvimento da doena: o tabagismo, que o mais comum dos fatores de risco

encontrados para DPOC, a exposio ocupacional, que inclui poeiras qumicas orgnicas e

agentes qumicos, a poluio intradomiciliar, tal como lenha, excremento animal, resduos

de colheita e carvo incinerados em locais abertos ou em foges com mau funcionamento

(quase 3 bilhes de pessoas no mundo usam biomassa e carvo como recurso principal de

energia na cozinha, aquecimento e outras necessidades domsticas), histria de grave

infeco respiratria na infncia que tambm tem sido associada com reduo da funo

pulmonar e aumento de sintomas respiratrios no adulto 19

.

O Caderno da Ateno Bsica, publicado em 2010, traz alm da diviso dos

cuidados, o conceito da ateno primria enquanto coordenadora e responsvel pela ateno

ao usurio portador de DPOC, os medicamentos a serem utilizados em cada estdio e todas

as ferramentas tecnolgicas para diagnstico precoce, preveno e promoo da sade. Em

2012 aps consulta pblica do SUS, o Ministrio da Sade aprovou o Protocolo Clnico de

Diretrizes Teraputicas DPOC, contendo o conceito geral da doena, critrios de

diagnstico, critrios de incluso e de excluso, tratamento e mecanismos de regulao,

controle e avaliao 8,19,20

.

Assim, considerando as normas e publicaes brasileiras previamente citadas, o

sistema de sade est organizado em unidades de sade que oferecem cuidados de sade

20

fragmentados por nvel de complexidade e organizados pelas redes de ateno sade

(RAS).

As RAS so organizaes polirquicas de conjuntos de servios de sade vinculados

entre si por objetivos comuns e por ao cooperativa e interdependente, cuja composio

formada por trs elementos: a populao, a estrutura operacional e o modelo de ateno

sade. Assim, permite ofertar ateno contnua e integral a determinada populao,

coordenada pela ateno primria sade prestada no tempo certo, no lugar certo, por

custo certo, com a qualidade certa e de forma humanizada 21

.

No tocante DPOC no Brasil, esta rede disposta de forma segmentada e os

mecanismos e estratgias para compartilhamento de informaes sobre os usurios ou a

coordenao do acesso aos diferentes nveis de ateno no so abordados 9,20,21

. A ateno

bsica (AB), de alta acessibilidade e baixa complexidade tecnolgica, lida com a resoluo

de problemas comuns da populao, a promoo da sade e preveno de doenas,22

responsvel pelo acompanhamento e seguimento do usurio, facilitando a adeso ao

tratamento, pelo diagnstico precoce do usurio portador de DPOC, por estimular hbitos de

vida saudvel, especialmente o abandono do hbito de fumar e evitar o surgimento de novos

usurios do tabaco. A assistncia especializada (AE) concentra recursos diagnsticos e

teraputicos com maior densidade tecnolgica e assim responsvel pelo estadiamento da

gravidade da doena e outras alternativas para quando a resposta conduta teraputica no

ocorre como esperado 21

.

1.3 Estudo de Avaliabilidade

21

Brousselle e colaboradores 22

definem que avaliar consiste fundamentalmente em

fazer um julgamento de valor a respeito de uma interveno ou sobre qualquer um de seus

componentes, com o objetivo de ajudar na tomada de decises. Este julgamento pode ser

resultado da aplicao de critrios e de normas (avaliao normativa) ou se elaborar a partir

de um procedimento cientfico (pesquisa avaliativa).

Vieira-da-Silva 23

refora a definio de Brousselle e colaboradores 28

de que

avaliao em sade consiste em um julgamento que se faz sobre uma interveno sanitria

(seja ela uma poltica, um programa ou uma prtica), voltada para a resoluo de problemas

de sade, visando aferir o mrito, esforo ou valor da referida interveno ou de seu produto,

com o objetivo de aperfeioamento ou modificao, sendo assim um dos componentes do

processo de gesto.

Qualquer interveno pode sofrer uma avaliao. Pode-se estudar cada um dos

componentes da interveno em relao a normas e critrios, a avaliao normativa, que

consiste em fazer um julgamento sobre uma interveno, comparando os recursos

empregados e sua organizao (estrutura) e procura responder em que medida os recursos

so empregados de modo adequado para atingir os resultados esperados; os servios ou os

bens produzidos (processo) cujo objetivo definir se os servios so adequados para atingir

os resultados esperados, e se os resultados obtidos esto de acordo com os objetivos da

interveno, de acordo com os critrios e normas vigentes 24

.

Dois pontos so convergentes entre os diversos autores que escrevem sobre

avaliao: avaliar fazer um julgamento de valor e a avaliao precisa ter claro pelo menos

um objetivo: subsidiar a tomada de decises. Portanto, desde o perodo de planejamento de

um novo programa / interveno se faz necessrio uma cuidadosa e explcita

conceitualizao dos objetivos, uma clara definio e mensurao das atividades necessrias

22

para o alcance das metas e a existncia de uma relao lgica entre os objetivos, as

atividades, os resultados e a situao problema a ser enfrentada, esclarecimento dos

objetivos do programa e as metas, desenvolvimento da teoria do programa incluindo o

modelo lgico e as medidas de desempenho, sensibilizao das partes interessadas e

compreenso do programa. 24,25

.

Dentre os tipos de estudos de avaliao em sade, est o estudo de avaliabilidade,

que foi descrito por Joseph Wholey em 1970. Seu conceito de avaliao estava relacionado

gesto orientada pelos resultados, que estabelece um programa realista, mensurvel,

orientado para os resultados, sobre como o programa gerenciado e seus objetivos para a

avaliao e monitoramento 26

.

Vieira-da-Silva 23

, baseada na Organizao Pan Americana de Sade para a anlise

de situaes de sade, aponta que os estudos de avaliabilidade apresentam objetivos comuns

aos estudos de anlise estratgica e lgica, tais como: 1) identificar se os objetivos do

programa esto claramente definidos; 2) analisar as relaes entre problemas, objetivos e

atividades (verifica-se a plausibilidade das atividades para resolver os problemas tendo em

vista os seus determinantes)24

.

Alm destes objetivos, o estudo de avaliabilidade acrescenta outros, voltados para

saber se a avaliao factvel e quais as suas prioridades: 1) identificar se h concordncia

entre os diversos profissionais acerca dos objetivos, metas e populao-alvo da interveno;

2) verificar se h dados disponveis para a avaliao ou se estes podem ser obtidos a um

custo razovel; 3) averiguar se os formuladores de polticas ou gestores esto aptos ou

dispostos a usar as informaes da avaliao para mudar / aperfeioar a interveno 23,27

.

23

A anlise de avaliabilidade um processo cclico recomendado para identificar

necessidades de conhecimento e informao das partes interessadas, a fim de sugerir o foco

e os mtodos da avaliao, assegurar a sua viabilidade e utilidade da avaliao para melhorar

a interveno, sendo assim, til para os gestores, e que pode ser dividido em diversas etapas.

Vedung 28

divide este tipo de avaliao em seis passos: 1) preparao do modelo lgico ou

terico da interveno baseado nos documentos, 2) entrevistas com informantes-chaves para

captar as percepes acerca da interveno, 3) observar a interveno de perto, 4)

desenvolver um modelo de avaliao para a interveno, 5) identificar quem far uso da

avaliao, 6) chegar a um acordo para prosseguir com a avaliao.

Para Leviton e colaboradores29

a anlise de avaliabilidade pode ser desenvolvida em

quatro etapas: 1) Clarificao dos objetivos da interveno, realizado pela reviso dos seus

documentos e por entrevistas com os stakeholders, 2) desenvolvimento do modelo lgico da

interveno, seguidos da apresentao para os interessados, 3) comparao da realidade da

interveno com o modelo, 4) reviso do mesmo e elaborao das recomendaes para

identificar reas para o melhoramento da interveno ou identificar componentes da

interveno que podem ser avaliados ou ainda identificar quais questes avaliativas so teis

e praticveis.

Natal e colaboradores 27

identificaram a tendncia de aumento de publicaes sobre

avaliabilidade e em sua reviso at 2009 localizaram vinte e trs estudos de avaliabilidade

nacionais e disponveis eletronicamente. Neste estudo, ao realizar a busca na Biblioteca

Virtual de Sade (BVS) por estudos de avaliabilidade nacionais entre os anos de 2010 e

2015, foram encontrados quatorze artigos, trs dissertaes e uma tese, conforme segue no

quadro 1.

24

Os estudos encontrados utilizaram a metodologia de pesquisa documental e

entrevistas com informantes-chaves, grupo focal ou alguma tcnica de consenso e o objetivo

foi de ampliar a compreenso sobre a interveno, maximizar a utilidade da avaliao,

elaborao do modelo lgico, da matriz de medidas e julgamento e recomendaes

necessrias com vistas a posteriores estudos avaliativos, semelhantes aos resultados

encontrados por Natal e colaboradores 27

. Ao realizar a busca, na mesma base de dados e no

mesmo perodo com o termo Pr-Avaliao, foram encontrados dez artigos, destes apenas

quatro se referem a estudos de avaliao em sade e apenas um no havia sido encontrado

anteriormente na busca realizada utilizando o termo avaliabilidade. Ao analisar as

intervenes avaliadas pelos estudos, nenhum abordou a DPOC ou qualquer outra doena

crnica no transmissvel como tema principal.

Quadro 1 - Estudos de avaliabilidade realizados no Brasil, 2010 - 2015.

Autor Ttulo Objetivos Tcnicas de coleta

Medeiros, et

al 30

2010

Um estudo sobre a

avaliabilidade do

Programa + Vida: poltica

de reduo de danos em

lcool, fumo e outras

drogas do municpio de

Recife, Brasil.

Explicitar os objetivos do

programa e sua

operacionalizao para os

envolvidos no programa,

responder ao problema de

sade que o originou, para

definir os aspectos do

programa a serem

avaliados.

Levantamento e pr-

anlise dos

documentos em

potencial para o estudo

e validao do

modelo pelos

informantes-chave.

Natal, et al 27

2010

Estudo de avaliabilidade

da rede de formao de

Recursos Humanos da

Secretaria de Vigilncia

em Sade do Ministrio

da Sade.

Descrever a interveno,

desenvolver o modelo

lgico do programa o

modelo terico da

avaliao bem como a

identificao das

perguntas para o estudo

de avaliao realizado

posteriormente.

Anlise documental,

entrevistas e discusso

com o gestor e os

tcnicos da

CGDEP/SVS/MS.

25

Costa, et al 31

2010

Programa nacional de

eliminao da hansenase:

um estudo sobre a

avaliabilidade do

programa e das suas aes

em mbito estadual e

municipal.

Desenvolver pesquisas

cientficas que, de fato,

avaliem o Programa de

maneira sistemtica.

Anlise documental e

roteiro de entrevista

semiestruturado.

Guerrero,

2010 32

[dissertao]

Avaliabilidade do pacto

pela reduo da

mortalidade infantil nas

regies Amaznia legal e

nordeste do Brasil:

descrio do programa e

construo do modelo

lgico.

Elaborar o modelo

lgico, a matriz de

medidas e julgamento e

recomendaes

necessrias com vistas a

posteriores estudos

avaliativos.

Documentos oficiais

produzidos pelo

Ministrio da Sade,

reunio Sistemtica

para Monitoramento e

Avaliao

Decotelli, 33

2011

[dissertao]

Direitos humanos e Aids:

avaliao de

implementao das

assessorias jurdicas de

organizaes no

governamentais no Brasil.

Elaborar o modelo

lgico, a matriz de

medidas e julgamento e

recomendaes

necessrias com vistas a

posteriores estudos

avaliativos.

Anlise de documentos

do programa,

desenvolvimento da

teoria do programa,

entrevista com os

stakeholders.

Esther 34

et

al

2011

Modelos lgicos

provenientes de estudo de

avaliabilidade da

assistncia farmacutica

para pessoas vivendo com

HIV/Aids.

Criar de modelos lgicos

que permitam

avaliar periodicamente a

satisfao do usurio e

contribuir para futuras

avaliaes

Anlise documental,

entrevistas com

informantes-chave

(gestores, funcionrios

e usurios)

Damasceno,

Abbad e

Meneses 35

2012

Modelos lgicos e

avaliaes de

treinamentos

organizacionais

Elaborar o Modelo Lgico

para subsidiar a avaliao

da efetividade de

treinamentos.

Entrevistas e pesquisa

documental para

elaborao do Modelo

Lgico do treinamento

e grupo focal para

validao do Modelo

Lgico.

26

Oliveira,

Natal e

Camacho 36

2012

O programa de controle

da tuberculose em

unidades prisionais de

dois estados brasileiros

Aperfeioar a futura

avaliao e formalizar

acordo entre o avaliador e

os sujeitos da avaliao

sobre os aspectos mais

importantes do programa.

Anlise documental,

entrevistas e discusso

com representantes da

coordenao de sade

do sistema

penitencirio e

diretores de sade.

Bezerra, et

al. 37

2012

Identificao e

caracterizao dos

elementos constituintes de

uma interveno: pr-

avaliao da poltica

ParticipaSUS

Elaborar o modelo lgico,

a matriz de medidas e

julgamento e

recomendaes

necessrias com vistas a

posteriores estudos

avaliativos.

Anlise documental de

publicaes oficiais

relativas poltica

ParticipaSUS e

oficinas de trabalho

sistematizadas com os

profissionais tcnicos e

gestores.

Silva et al 38

2012

Redes de ateno s

urgncias e emergncias:

pr-avaliao das

Unidades de Pronto

Atendimento (UPAs) em

uma regio metropolitana

do Brasil

Construir o modelo

lgico, estabelecer o

consenso com os

interessados sobre os

elementos-chave do

modelo lgico para

avaliaes futuras e

desenvolver matriz de

critrios/indicadores e de

questes avaliativas.

Anlise documental e

Consenso

(Conferncia de

Consenso).

Rocha e

Uchoa 39

2013

Avaliao da ateno

humanizada ao

abortamento: um estudo

de avaliabilidade

Construir modelo lgico,

matriz das dimenses de

anlise e relevncia dos

indicadores, formular

perguntas avaliativas,

indicar do desenho da

avaliao e

recomendaes para a

realizao da avaliao do

programa.

Anlise documental e

Consenso (grupo

nominal).

Pereira,

2013 40

[dissertao]

Monitoramento do

desempenho dos servios

farmacuticos na Ateno

Primria Sade:

buscando a qualificao

da gesto

Elaborar o modelo lgico,

a matriz de medidas e

julgamento e

recomendaes

necessrias com vistas a

posteriores estudos

Pesquisa documental

e entrevista com atores

chave

27

avaliativos.

Coelho 41

et al 2014

Ateno tuberculose:

estudo de avaliabilidade

Verificar se o Programa

de Controle da

Tuberculose avalivel e

examinar a viabilidade de

construo de modelo

avaliativo.

Anlise

documental,entrevista

com informantes-

chave e Grupo

Nominal.

Oliveira 42

2014

[tese]

Avaliao da implantao

do Programa de Controle

da Tuberculose em

unidades prisionais de

dois estados brasileiros

Verificar a viabilidade

operacional e

metodolgica da pesquisa,

preparar um ambiente

favorvel para a avaliao

e aumentar as

possibilidades de

utilizao dos seus

resultados.

Anlise de documentos

e manuais tcnicos do

programa,entrevistas

com informantes-

chave.

Nascimento43

et al 2014

Estudo de Avaliabilidade

da poltica nacional de

ateno integral sade

do homem no municpio

de Sobral, Cear

Compreender o processo

de implantao da

poltica.

Entrevista

semiestrutrurada e os

documentos legais da

poltica.

Padilha,

Oliveira e

Figueir 44

2015

Estudo de avaliabilidade

do Programa

Academia Carioca da

Sade: desafios para a

promoo da sade.

Ampliar a compreenso

sobre a interveno

e maximizar a utilidade da

avaliao.

Anlise documental ,

entrevista com os

informantes-chave;

modelizao da

interveno;

realizao de oficina

para pactuao do

modelo lgico e

formulao das

perguntas avaliativas.

Pereira,

Luiza e

Cruz 45

2015

Servios farmacuticos na

ateno primria

no municpio do Rio de

Janeiro: um estudo

de avaliabilidade.

Identificar metas e

objetivos da interveno;

definir os potenciais

envolvidos; identificar

e analisar documentos e

delinear a interveno

Pesquisa documental e

a entrevista

semiestruturada.

28

Modelo Lgico.

Oliveira 46

et al

2015

Avaliabilidade do

Programa de Valorizao

do Profissional

da ateno Bsica

(ProVaB): desafios para

gesto do trabalho.

Maximizar o uso, a

potencialidade

e a oportunidade da

avaliao.

Anlise

documental,

entrevistas com

informantes-chave

e oficina de trabalho.

No presente estudo a avaliabilidade foi desenvolvida em trs fases, adaptado dos

estudos de Leviton e colaboradores 29

: 1) elaborao do modelo lgico, 2) consenso do

modelo lgico e 3) identificao de possveis perguntas avaliativas para futuras avaliaes.

29

II. JUSTIFICATIVA

Considerando:

- A magnitude da DPOC como a quarta principal causa de morte, depois do infarto do

miocrdio, cncer e doena cerebrovascular, sendo entre as principais causas de morte a

nica que est aumentando.

- A pouca divulgao e publicao dos consensos, normas, diretrizes, protocolos

teraputicos e outras publicaes cientficas sobre gesto do cuidado do paciente portador de

DPOC.

- A necessidade de desenhar a rede de cuidados aos usurios portadores de DPOC.

Este estudo se justifica por:

- Provocar reflexes sobre as responsabilidades e possibilidades de cada nvel de

ateno na gesto do cuidado desses usurios.

- Ampliar o conhecimento sobre a rede de cuidados aos usurios portadores de DPOC

pelos prprios profissionais que a compem.

- Contribuir para a melhoria das prticas dos profissionais no servio.

- Promover a viabilidade e a possibilidade de utilizao da avaliao para garantir uma

rede de cuidados organizada e articulada, capaz de prestar um servio de qualidade aos

usurios.

30

PERGUNTAS DA PESQUISA:

- Quais so os componentes fundamentais para o funcionamento da rede de cuidados

ao usurio portador de DPOC em Recife?

- Os objetivos e a operacionalizao da interveno esto explcitos para os

envolvidos com a mesma?

31

III OBJETVOS

GERAL

Realizar um estudo de avaliabilidade da Rede de cuidados aos usurios portadores de

Doena Pulmonar Obstrutiva Crnica - DPOC na cidade do Recife.

ESPECFICOS

1. Elaborar o modelo lgico da Rede de Cuidados aos usurios com DPOC;

2. Consensuar o modelo lgico da Rede de Cuidados aos usurios com DPOC; com os

profissionais envolvidos;

3. Identificar possveis perguntas avaliativas para futuras avaliaes.

32

IV. MTODOS

4.1 Desenho do estudo

Realizou-se um estudo de avaliabilidade de abordagem descritivo-quantitativa, com

apreciao de aspectos relativos estrutura e ao processo.

4.2 Local do estudo

O estudo foi realizado no municpio de Recife, capital do Estado de Pernambuco,

regio Nordeste do pas que, segundo dados do Censo IBGE48

apresentava populao

estimada para 2013 de 1.599.513 habitantes e uma rea territorial de 218,435 Km,

apresentando uma densidade demogrfica de 7.039,6 Hab/Km.

O municpio est dividido em 6 Regies Poltico-Administrativas (RPA) e oito

Distritos Sanitrios de Sade (DS), compondo divises territoriais entre os seus 94 bairros

(figura 1) 47

.

33

Figura 1 Diviso territorial, por Distrito Sanitrio, do municpio do Recife,

Pernambuco, 2015.

A rede bsica de sade composta por 257 Equipes de Sade da Famlia, cuja

cobertura de 57,6% da populao do municpio, 22 Unidades Bsicas Tradicionais, 12

Policlnicas e 15 Ncleos de Apoio Sade da Famlia (NASF) 47

.

4.3 Perodo do estudo

O estudo foi realizado no perodo de outubro de 2014 a janeiro de 2016.

34

4.4 Populao do estudo

Foram convidados para participar do estudo os profissionais mdicos e enfermeiros da

ateno bsica que atuam h pelo menos seis meses no territrio, fisioterapeutas do NASF,

fisioterapeutas cardiorrespiratrios, pneumologistas e gestores da sade do municpio.

Considerados indivduos do grupo de interesse ou stakeholders, que so definidos

como organizaes, grupos ou indivduos que esto de alguma maneira envolvidos ou

potencialmente afetados pela interveno e por eventuais consequncias do processo

avaliativo.

4.5 Etapas do estudo:

O estudo foi realizado em trs etapas: 1) construo do Modelo Lgico da Rede de

Cuidados aos Usurios Portadores de DPOC, 2) realizao de uma tcnica de consenso e 3)

identificao de possveis perguntas avaliativas.

4.5.1) Construo do Modelo Lgico da Rede de Cuidados aos Usurios Portadores de

DPOC em Recife

A elaborao do modelo lgico (ML) detalha os componentes de um programa de

forma clara e norteadora, permitindo de forma visual a percepo objetiva do funcionamento

do mesmo, alm de favorecer o entendimento comum acerca do problema que se quer

resolver, dos objetivos e resultados esperados e do processo necessrio para alcan-los 48

.

35

O ML tem sido utilizado desde o final dos anos 1960, mas entrou em uso crescente

desde o ano 2000 por causa da nfase na gesto por resultados. uma ferramenta til para a

realizao de uma avaliao de viabilidade da avaliao, pois contribui com a concepo ou

melhoria do programa, constri um entendimento comum sobre o programa e as

expectativas em relao a recursos, os clientes atingidos, e os resultados do programa. Pode

ser construdo em cinco etapas: 1) anlise de informaes relevantes, 2) definio do

problema ao qual o programa se prope a resolver, 3) organizao do modelo em forma de

planilha, 4) desenho do modelo e 5) consenso do modelo com os especialistas 26

.

O modelo deve conter o problema, objetivo geral, metas e objetivos especficos do

programa. Apresenta seus componentes (palavras-chave retiradas dos objetivos especficos

do programa), atividades (meios utilizados para atingir os resultados esperados), insumos

(recursos fsicos, materiais, financeiros e humanos necessrios), produtos (consequncias

imediatas das atividades realizadas), resultados (mudanas que o programa pretende

alcanar junto aos grupos para os quais est voltado) 30

.

Inicialmente, para este estudo, o modelo foi dividido em trs componentes: Ateno

Primria, Ateno Especializada e Sistema de Apoio. Cada componente foi composto por

aspectos relacionados estrutura e ao processo.

Assim, almejando identificar e caracterizar os elementos constituintes da rede de

cuidados aos pacientes portadores de DPOC em Recife, para a construo do seu ML, foram

seguidas as seguintes subetapas:

A - Anlise documental: anlise de documentos oficiais especficos para DPOC: II

Consenso Brasileiro sobre DPOC, Caderno de Ateno Bsica (nmero 25) e o Protocolo

Clnico e Diretrizes Teraputicas da DPOC 8,19,20

.

36

B - Estruturao dos dados: aps anlise documental foi proposto um modelo lgico

preliminar da interveno, com seus componentes, estrutura necessria, atividades e

resultados.

C - Consulta a especialistas: Este modelo normativo foi enviado por meio de endereo

eletrnico para cinco especialistas da ateno bsica, especializada e gestores, todos do

municpio, para complementao das informaes, verificao de sua coerncia interna,

definio clara dos objetivos da interveno e das atividades realizadas para alcanar os

objetivos, estrutura necessria e resultados esperados da interveno. Aps consulta, o ML

foi reformulado e utilizado a partir da etapa 4.5.2. (Apndice 1)

4.5.2) Realizao de consenso com especialistas

Souza e colaboradores 49

destacam que nos ltimos anos, diferentes tcnicas vm

sendo usadas para se obter consenso sobre determinados temas, questes ou problemas,

entre especialistas de reas especficas com o intuito de subsidiar processos e a tomada de

deciso. Destacam-se sobre esses estudos: o processo Delfos, a Tcnica do Grupo Nominal,

Comit Tradicional e a Conferncia de Consenso.

A tcnica de conferncia de consenso foi escolhida por conciliar tanto a discusso

entre especialistas convidados quanto preservao do anonimato. Fundamentado em Souza

e colaboradores (2005), neste estudo a conferncia foi organizada em trs etapas: 1) anlise

individual do modelo lgico por parte dos especialistas convidados, 2) discusso

aberta/presencial entre os participantes e 3) uma nova resposta individual s questes postas

50.

37

A distribuio deve ser equilibrada dos especialistas participantes que possuam

experincias diversas sobre o tema pesquisado. Para anlise do modelo proposto, o modelo

lgico foi compartilhado com um grupo de especialistas formado por profissionais que

atuam em diversas reas relacionadas com a rede de cuidados ao paciente com DPOC.

No primeiro momento, a primeira verso do modelo lgico foi encaminhada aos

participantes via correio eletrnico e solicitado atribuio de uma nota de zero a dez, para

cada um dos componentes, atividades e resultados propostos no modelo. A nota zero

correspondeu ao julgamento de que o item deveria ser excludo, ou seja, sem importncia

para o modelo, e a nota dez significou a prioridade mxima. Os participantes do consenso

puderam sugerir novas atividades / resultados ou modificar as proposies apresentadas pela

pesquisadora. De posse das respostas, foi realizado o consolidado das pontuaes atribudas,

considerando a mdia e o desvio padro.

Na etapa seguinte foi realizada uma oficina de trabalho com os especialistas que

atuaram como informantes-chave, com a finalidade de discutir acerca do consolidado das

respostas da etapa anterior referentes aos componentes, estrutura necessria, atividades e

resultados definidos, com o objetivo de promover a troca de experincias e o confronto de

opinies, principalmente em torno dos pontos de maior divergncia apresentados como

resultado da etapa anterior. Ao final desta discusso foi formada uma nova planilha com as

notas e sugestes dos participantes, que foi enviada para a terceira etapa.

A terceira e ltima etapa foi representada por uma nova anlise individual do modelo

reformulada pelo debate, nos moldes da primeira etapa.

38

4.5.3) Identificao de possveis perguntas avaliativas

A reflexo sobre o sentido e o consequente acordo poltico construdo nas etapas

iniciais de uma avaliao provoca a necessidade de definir o que avaliar, ou seja, definir o

foco da avaliao. O foco pode ser explicitado de formas opostas: sob forma de afirmao

ou como uma pergunta. A pergunta provoca a equipe envolvida, gera boas expectativas e

leva ao incio dos trabalhos 51

.

Durante a segunda etapa da tcnica de consenso, alm do modelo lgico, foi discutido

um roteiro com as seguintes perguntas: 1. O que voc gostaria de saber sobre a rede de

cuidados ao paciente portador de DPOC no municpio? 2. Qual sua percepo sobre essa

rede de cuidados? 3. Qual o seu papel nessa rede de cuidados? 4. Em que medida voc

avalia que est cumprindo os seus objetivos? 5. O que voc mudaria nessa rede se tivesse

oportunidade?54

Destas perguntas, surgiram questes tanto em resposta primeira etapa da

conferncia de consenso como no encontro presencial (oficina de trabalho). Estas perguntas

fazem parte da fase divergente, na qual houve concentrao nas vises e preocupaes que

os interessados tinham sobre a rede, identificando o que poderia valer pena investigar em

uma futura avaliao52

. Aps a fase divergente, foi necessrio definir dentre as perguntas

propostas, quais devem ser investigadas. Para tanto, foram utilizados critrios baseados em

prioridade, relevncia, viabilidade e utilidade potencial da avaliao. No presente estudo,

estes foram adaptados do proposto por Worthen, Sanders e Fitzpatrick 51

, que utiliza

critrios para classificar as perguntas avaliativas: 1) de interesse dos envolvidos? 2) Ir

gerar informaes importantes ( til)? 3) de interesse permanente (no passageiro)? 4)

Ter impacto sobre o curso dos acontecimentos (afetar decises polticas ou operacionais)?

5) vivel (recursos financeiros e humanos disponveis e tempo para execuo)?

39

4.6 Processamento e Anlise dos dados

Para avaliar o grau de consenso do grupo, foram utilizados os pontos de corte

elaborados por Souza e colaboradores 49

, no qual foi calculada a mdia e o desvio padro das

notas atribudas pelos especialistas a cada um dos componentes, atividades e resultados

propostos no modelo. Dessa forma, a mdia representou o grau de importncia e o desvio-

padro o nvel de consenso entre os especialistas. A relevncia dos componentes, atividades

e resultados foram classificadas de acordo com as seguintes categorias: 1) consensualmente

importantes: componentes com desvio-padro inferior a trs, indicando grau de consenso

elevado e mdia igual ou superior a sete, indicando grau de importncia elevado; 2)

consensualmente pouco importantes: componentes com desvio-padro inferior a trs,

contudo com mdia inferior a sete indicando baixo grau de importncia; 3) importantes com

dissenso: componentes com mdia superior ou igual a sete e desvio-padro maior ou igual a

trs, indicando que prevaleceu a discordncia entre os especialistas; 4) pouco importantes

com dissenso: componentes com mdia inferior a sete e desvio-padro superior ou igual a

trs.

Permaneceu no modelo aquele item que apresentou simultaneamente mdia aritmtica

igual ou superior a sete e desvio padro inferior a trs e em que pelo menos 80% das notas

apresentadas pelos participantes foi igual ou superior a sete 50,52

.

A anlise dos dados foi realizada por meio do programa Excel, verso de 2007.

40

4.7 Consideraes ticas

O projeto foi aprovado pelo Comit de tica em Pesquisa em Seres Humanos do

Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira, de acordo com as recomendaes da

resoluo n 466/2012, sob o registro 4897 (Anexo 1). Todos os participantes assinaram o

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Apndice 2).

41

V. RESULTADOS

5.1 Construo do Modelo Lgico da Rede de Cuidados aos Usurios Portadores

de DPOC em Recife

O modelo aps a consulta com os especialistas ficou composto por trs componentes:

Ateno primria, Ateno secundria e Sistema de apoio, cada uma delas compostas pela

estrutura necessria, as atividades a serem realizadas e seus resultados esperados em cada

nvel de ateno.

O componente ateno primria, representando o esperado para os profissionais da

ateno bsica do municpio (ESF, EACS, Centros de Sade), composta por seis

elementos estruturais, sete atividades e sete resultados esperados, enumerados na figura 2 a

seguir.

Referente ateno secundria, que corresponde aos profissionais especialistas que

atendem em nvel secundrio (policlnicas e ambulatrios) existem quatro elementos

estruturais, seis atividades e cinco resultados enumerados na figura 2 a seguir.

O componente sistema de apoio, caracterizada pelos locais onde so prestados servios

de sade comuns a todos os pontos de ateno e constitudos por trs sistemas principais:

sistemas de apoio diagnstico e teraputico, sistema de assistncia farmacutica e sistemas

de informao em sade; ficou composto por quatro elementos estruturais, cinco atividades

e trs resultados, enumerados na figura 2 a seguir.

Existem duas atividades comuns aos trs componentes, so elas o adequado

preenchimento da Ficha de Solicitao Ambulatorial (Hiptese Diagnstica, Condies

Clnicas e Sociais que Justificam a Solicitao, Resultados de Exames Realizados) e o

lanamento e acompanhamento das solicitaes no SISREG.

42

Em relao aos resultados, quatro deles coincidem: Acesso aos diferentes nveis de

ateno; tratamento adequado para o usurio para prevenir a progresso da doena;

inexistncia de duplicao de exames, consultas e medicamentos; conciliao dos

tratamentos, adequao clnica do encaminhamento do paciente.

Aps a consulta aos especialistas, permaneceram no modelo lgico quatorze itens

referentes estrutura, dezessete s atividades previstas e dezesseis aos resultados, sendo

quinze resultados intermedirios e um resultado final que a melhoria da qualidade de vida

do usurio portador de DPOC.

43

Figura 2- Modelo Lgico da Rede de Cuidados aos usurios portadores de DPOC - Recife PE, 2016

Estrutura Atividades Resultado

Ate

n

o B

sic

a

Curso de abordagem mnima ao paciente

tabagista. (1) Reviso das vacinas (Anti Infuenza e Pneumoccica Polivalente). (1)

Reduo de complicaes decorrentes de infeces. (1)

Disponibilidade da Ficha de Solicitao

Ambulatorial. (2)

Aconselhamento antitabagismo. (2)

Minimizar a progresso da doena. (2)

Disponibilidade das vacinas. (3)

Realizao do teste de rastreamento em todos os pacientes maiores de 40 anos e

tabagistas ou ex tabagistas. (3)

Conhecimento da Prevalncia da DPOC no seu territrio. (3)

Populao adstrita adequada. (4)

Articulao dos servios de sade com os recursos da comunidade (Grupos

teraputicos e de Convvio, Sala de Espera, Associao de moradores). (4)

Melhora na adeso ao tratamento e percepo no estado de

sade, empoderamento de condutas para prevenir e tratar

precocemente as exacerbaes e a progresso da doena. (4)

Acompanhamento de todos os casos, apoiando o auto cuidado. (5)

Inexistncia de duplicao de exames, consultas, medicamentos

(5)

Equipe NASF + ESF Completa (5)

Adequado preenchimento da Ficha de Solicitao Ambulatorial : Hiptese

Diagnstica, Condies Clnicas e Sociais que Justificam a Solicitao. (6)

Conciliao dos tratamentos, adequao clnica da transferncia

do paciente. (6)

Operador do SISREG, Computador e

Internet. (6) Acesso garantido entre os diferentes nveis de ateno (7)

Ate

n

o E

spec

iali

zad

a

Pneumologista disponvel no DS.(1) Estadiamento da Doena / Classificao da Gravidade. (1) Tratamento adequado para prevenir a progresso da doena. (1)

Fisioterapeuta Cardiorrespiratrio

disponvel no DS. (2)

Elaborao do Plano Teraputico. (2)

Conciliao dos tratamentos, adequao clnica da transferncia

do paciente. (2)

Compartilhamento do Plano Teraputico do usurio. (3)

Disponibilidade da Ficha de Solicitao (3) Matriciamento dos profissionais da Ateno Primria. (4)

Realizao de Reabilitao Pulmonar. (5)

Melhora da tolerncia aos exerccios e assim ampliar a

independncia funcional do usurio (3)

Adequado preenchimento da Ficha de Solicitao Ambulatorial : Acolhimento e

Conduta na Unidade Executante, Resultados de Exames Realizados. (6)

Inexistncia de duplicao de exames, consultas, medicamentos

(4)

Operador do SISREG, Computador e

Internet. (4)

Acesso garantido entre os diferentes nveis de ateno (5)

Sis

tem

a de

Apoio

Referncia para Espirometria. (1) Realizao de Espirometria. (1) Diagnsticos realizados em tempo hbil. (1)

Referncia para Raio-X . (2) Realizao de: Raio-X / Hemograma/ Dosagem de alfa-1 antitripsina. (2)

Assistncia Farmacutica. (3)

Disponibilizao de Oxigenoterapia domiciliar. (3) Tratamento adequado garantido para o usurio (2)

Dispensao dos medicamentos. (4)

Operador do SISREG, Computador e

Internet. (4)

Adequado preenchimento da Ficha de Solicitao Ambulatorial: Acolhimento,

Conduta na Unidade Executante e Resultado de exames realizados.(5)

Acesso garantido entre os diferentes nveis de ateno (3)

Mel

ho

ria

da

qu

alid

ade

de

vid

a do p

acie

nte

port

ador

de

DP

OC

44

5.2) Realizao de consenso com especialistas

Foram enviadas 65 mensagens via e-mails convidando os profissionais, de todos os

nveis de ateno sob responsabilidade do municpio (AP e AE), para participar da pesquisa.

Destes, 16 mensagens voltaram, pois estavam com algum erro de digitao, 30 responderam

positivamente ao convite, 5 recusaram e 14 no responderam. Dos 30 que responderam

afirmativamente ao convite, 21 enviaram a avaliao do modelo lgico (70%). O tempo

mdio levado para responder avaliao foi de 15 dias, e variou de 5 a 21 dias.

Destes que enviaram a avaliao, 10 so profissionais da ateno bsica, 2

fisioterapeutas do NASF, 2 fisioterapeutas cardiorrespiratrios, 2 pneumologistas e 5 gestores

da sade.

Aps a anlise das avaliaes da primeira fase do consenso, o componente

considerado mais importante pelos participantes (maior mdia) nesta primeira etapa foi o da

Ateno Especializada (Mdia=9,1), e os itens referentes estrutura (Mdia=9,06) receberam

maior pontuao. A Ateno Bsica foi avaliada com menor mdia (Mdia= 8,8) e maior

dissenso (DP=1,96), conforme segue na tabela 1.

Tabela 1 Resultado consolidado das avaliaes da primeira etapa do consenso com

os especialistas. Recife PE, 2016.

Componentes

Mdia Ateno Bsica Ateno Especializada Sistema de apoio

Mdia Desvio

Padro Mdia

Desvio

Padro Mdia

Desvio

Padro

Estrutura 8,97 1,51 9,25 1,48 8,97 1,49 9,06

Processo 8,78 2,04 9,01 1,96 9,18 1,42 8,99

Resultado 8,64 2,31 9,06 1,8 8,81 2,16 8,83

Mdia do

Componente 8,8 1,96 9,1 1,75 8,99 1,69

45

Considerando a classificao dos componentes de acordo com as categorias

previamente definidas, apenas sairiam do modelo preliminar dois resultados, um referente ao

Sistema de apoio (Disponibilizao de transporte para os pontos da rede para as distintas

necessidades.) e o outro Ateno Bsica (Acesso facilitado aos diferentes nveis), ambos

considerados importantes com dissenso nesta primeira etapa do consenso.

Os itens considerados mais importantes (mdia acima de 9,5) pelos especialistas foram

sete: Referncia para Raio-X, Pneumologista disponvel no DS, Operador do SISREG,

Computador e Internet, Tratamento adequado para prevenir a progresso da doena,

Realizao de: Raio-X / Hemograma/ Dosagem de alfa-1 antitripsina, Diagnsticos realizados

em tempo hbil.

Os itens que foram avaliados com menor grau de importncia so referentes

disponibilidade (Mdia = 7,24) e realizao do transporte dentro do municpio (Mdia = 7,48)

e a articulao dos servios de sade com os recursos da comunidade (Grupos teraputicos e

de Convvio, Sala de Espera, Associao de moradores) (Mdia = 8,05).

A partir dos resultados encontrados nesta primeira etapa do consenso, foi realizada uma

oficina de trabalho presencial para a qual todos os participantes foram convidados com a

finalidade de discutir principalmente os pontos de maior divergncia apresentados como

resultado da etapa anterior.

Estiveram presentes nove conferencistas, dentre eles profissionais da ateno bsica

(mdicos e enfermeiras), especializada (pneumologista e fisioterapeuta), da gesto e

especialista em avaliao em sade. Foi disponibilizada a planilha do modelo lgico com as

mdias da primeira fase e uma coluna extra para a nova avaliao e o roteiro com cinco

perguntas relacionadas s vises e preocupaes que os interessados tinham sobre a rede,

identificando o que poderia valer pena investigar em uma futura avaliao.

46

Durante o encontro, que durou um turno, foi realizada uma explanao sobre a estrutura

do estudo e contextualizao da fase em que se encontrava alm da apresentao dos

resultados das avaliaes por componente e subcomponente luz da mdia e do desvio

padro, com enfoque diferenciado nos itens com maiores e menores mdias e maiores

dissensos, assim como elucidao de dvidas referentes ao instrumento e nomenclaturas

utilizadas.

Relacionado Ateno Bsica, O curso de abordagem mnima ao paciente tabagista foi

discutido devido ao resultado do desvio padro (DP = 2,38 - tendendo ao dissenso), apesar de

ter sido considerado como importante (mdia 8,48). Este curso foi ofertado pela Secretaria

Municipal de Sade do Recife, mas nenhum dos profissionais presentes tiveram interesse em

participar. Houve uma crtica relacionada forma de conduo na poca que foi ofertado o

curso, pois o foco era a cessaso do tabagismo, no as doenas causadas pelo tabagismo, o

foco no foi a DPOC: O paciente com DPOC sempre foi da pneumologista.

Tambm julgaram na primeira fase como o menos importante (menor mdia da Ateno

Bsica 8,05) a Articulao dos servios de sade com os recursos da comunidade (Grupos

teraputicos e de Convvio, Sala de Espera, Associao de moradores), apesar de ter sido

citado como muito importante para a adeso e sucesso do tratamento durante a conferncia.

A realizao do teste de rastreamento pelos profissionais da Ateno Bsica em todos os

pacientes maiores de 40 anos e tabagistas ou ex tabagistas (mdia = 8,67 e DP = 2,42) foi

ponto de desacordo, pois alguns profissionais no o conheciam, e outros verbalizaram no

ter pernas nem o apoio dos demais membros da equipe nem da gesto para abraar a causa e

acolher a provvel demanda. Neste ponto foi levantado tambm a importncia do

Conhecimento da Prevalncia da DPOC no seu territrio, que teve mdia relativamente alta

(mdia = 8,79), porm o desvio padro tambm tendeu ao dissenso (DP = 2,22). De acordo

file:///C:/User/Downloads/Teste%20de%20Rastreamento.jpg

47

com o discurso dos participantes, o envolvimento da ateno bsica com o usurio de DPOC

muito frgil e os usurios so descobertos quando retornam das urgncias, para serem

agendados para uma consulta com pneumologista (este o fluxo regulatrio estabelecido no

municpio). Outro questionamento foi referente qual poltica o usurio com DPOC estaria

ligado, se existia algum apoiador responsvel por ele.

Houve crtica tanto dos profissionais da Ateno Bsica como da Ateno Especializada

em relao ao tempo de espera pela consulta com especialista e realizao de exames.

Reforando os resultados da primeira fase do consenso, quando o Operador do SISREG,

Ficha de encaminhamento, Adequado preenchimento da Ficha de Solicitao Ambulatorial,

Lanamento e acompanhamento das solicitaes no SISREG, foram avaliados com mdias

muito altas (muito importante para o funcionamento da rede de cuidados Mdias =

9,7/9,03/9,32/9,56), e pequeno desvio-padro (DP=0,65).

O item relacionado ao Acesso facilitado aos diferentes nveis, que teve DP > 3 na

primeira etapa, foi discutido e ajustado para acesso garantido, entendendo que se existe

acesso, ele no precisa ser facilitado, mas sim garantido.

O componente da Ateno Especializada foi julgado o mais importante na primeira fase

(Mdia de 9,1). Relacionado estrutura necessria, a existncia de um Fisioterapeuta

Cardiorrespiratrio no Distrito Sanitrio foi o item com maior dissenso (DP=2,38). Em

relao aos resultados foi a Realizao de Reabilitao Pulmonar (DP=2,98). Durante a

discusso foi levantado o desconhecimento de sua atuao e importncia para estes usurios,

o que foi explicado e indicado a possibilidade de trabalho e articulao com o Fisioterapeuta

do NASF tambm.

A Disponibilidade da Ficha de Solicitao Ambulatorial foi o item com menor mdia do

componente AE (Mdia=8,6). Neste momento a discusso girou em torno da referncia e

48

contra-referncia, tanto a AE se queixou da qualidade dos encaminhamentos da AB, como a

AB se queixou da falta de contra-referncia da AE (revelando a no utilizao da ficha de

solicitao).

Os itens: Conciliao dos tratamentos, adequao clnica da transferncia do paciente e

a Inexistncia de duplicao de exames, consultas, medicamentos foram outros pontos

discutidos, pois o desvio padro estava tendendo ao dissenso (DP=2,18 e 2,26

respectivamente), e na discusso emergiu que a AB no mexe na receita dos pacientes com

DPOC, nem realiza exames para encaminh-los.

O Estadiamento da Doena / Classificao da Gravidade estava como responsabilidade

da AE, o que gerou inquietao no grupo e aps discusso ficou entendido que esta

responsabilidade tambm da AB, que pode solicitar a Espirometria, realizar o Teste de

Rastreio e j encaminhar ao especialista, nos casos devidos, com a classificao da gravidade

da doena.

A realizao de Matriciamento dos profissionais da Ateno Primria (DP=2,20) e o

Compartilhamento do Plano Teraputico do usurio (DP = 2,18) foram discutidos e bem

aceitos dentre todos os participantes. Neste momento foi levantado um resultado que estava

descrito na AB: Melhora na adeso ao tratamento e percepo no estado de sade,

empoderamento de condutas para prevenir e tratar precocemente as exacerbaes e a

progresso da doena. Este item havia sido avaliado como importante tendendo ao dissenso

(Mdia= 8,79 e DP=2,32, e durante a discusso alguns pontos relevantes foram abordados,

tais como: Diz-se que o usurio tem boa adeso, porque ele retorna ao especialista, porm ele

retorna em prazo diferente do esperado, no utiliza a medicao adequadamente (sobram

algumas e outras acabam antes do esperado) nem cessa o tabagismo. Assim, aps esta

reflexo, a adeso no se pareceu to boa quanto havia sido outrora julgada e sinalizou a

49

necessidade de ampliar a concepo adeso para alm do manejo de sinais e sintomas da

DPOC mas tambm a gesto do regime teraputico.

Referente ao componente Sistema de Apoio, foi iniciada a discusso motivada pela

diferena de notas atribudas Referncia e realizao de Espirometria (Mdia=9,48 e

DP=1,50) e Raio-X (Mdia=9,90 e DP=0,30). O exame de referncia para diagnstico e

classificao da DPOC a Espirometria, porm o Raio-X foi avaliado com mdia superior.

Aps discusso, a justificativa se deu devido dificuldade em realizar o raio-x no municpio,

de maneira geral, no especificamente para DPOC. Dificuldade esta no vivenciada em

relao espirometria que era essencialmente solicitada pelo especialista e realizada por

demanda espontnea na unidade de referncia, a espirometria passou a ser regulada via

SISREG apenas em 2015.

Foi enfim discutido enfaticamente a existncia e disponibilizao de transporte para os

pontos da rede para as distintas necessidades (Mdias=7,24 e 7,40, DP=2,64 e 3,30). Neste

ponto foram levantadas as dificuldades enfrentadas pelos usurios desde as relacionadas

distncia das unidades de sade em relao residncia e seus custos, como dificuldade de

trfego dentro do municpio (malha viria, trnsito, analfabetismo dos usurios). Ficou

consensuado que importante disponibilizar o transporte para os usurios mais graves, que

apresentam maior restrio de mobilidade devido dispnia e tambm a sugesto de

centralizar o cuidado integral a estes usurios em uma unidade especfica.

Aps a discusso, foi realizada uma nova anlise individual do modelo reformulada

pelo debate, nos moldes da primeira etapa, e os resultados desta segunda avaliao foram

diferentes da primeira, em geral com aumento das mdias e diminuio do dissenso, conforme

segue na tabela 2.

50

Tabela 2 Resultado consolidado das avaliaes da segunda etapa do consenso com

os especialistas. Recife PE, 2016.

Componentes

Mdia Ateno Bsica Ateno Especializada Sistema de apoio

Mdia Desvio

Padro Mdia

Desvio

Padro Mdia

Desvio

Padro

Estrutura 9,33 0,9 9,56 0,51 9,11 1,15 9,33

Processo 9,42 0,7 9,65 0,49 9,36 0,78 9,48

Resultado 9,34 0,67 9,42 0,81 9,18 0,99 9,31

Mdia do

Componente 9,36 0,76 9,54 0,6 9,22 0,97

O Sistema de Apoio que havia sido avaliado com grau de importncia maior que a AB

na primeira etapa, foi reavaliado com a menor mdia (Mdia=9,22). A AB persistiu com

mdia inferior AE (Mdia AB=9,36 Mdia AE=9,54), porm com uma diferena menor e

com maior consenso (AB DP 1 fase= 1,96; 2 fase=0,76. AE DP 1 fase=1,75; 2 fase=0,6).

Considerando a classificao dos componentes, apenas saram do modelo dois itens,

ambos referentes ao Sistema de Apoio, um de estrutura (Transporte Mdia = 7,61 e

DP=3,02) e outro de resultado, (Disponibilizao de transporte para os pontos da rede para as

distintas necessidades Mdia = 7,72 e DP=3,05). Alm disso, destacam-se outros trs que

apesar de serem classificados como importantes e consensuais, obtiveram desvio padro

prximo de 2,0, prximos do limite de serem considerados no consensuais. Foram estes: ESF

completa (Mdia=8,76 e DP=2,14), Tratamento adequado para prevenir a progresso da

doena (Mdia= 9,24 e DP=1,63) e a Disponibilizao de Oxigenoterapia domiciliar (Mdia=

9,05 e DP=1,61).

51

Este ltimo resultado foi enviado por e-mail para nova apreciao e consenso entre os

participantes, que no modificaram as notas, reiterando este resultado, conforme segue no

quadros 2, 3 e 4 referentes ao resultado detalhado das avaliaes da primeira e segunda

rodada do consenso com os especialistas por componente.

Os itens considerados mais importantes (mdia acima de 9,5) foram vinte e trs, dentre

eles, a Articulao dos servios de sade com os recursos da comunidade (Grupos

teraputicos e de Convvio, Sala de Espera, Associao de moradores), que na primeira fase

teve uma das menores mdia. Dos sete itens que foram melhor avaliados na primeira fase,

cinco permaneceram. A lista completa dos vinte e trs itens melhor avaliados segue no quadro

5

52

Quadro 2 Resultado detalhado das avaliaes da primeira e segunda rodadas do consenso com os especialistas Componente Ateno Bsica.

Recife PE, 2016.

Componente Ateno Bsica 1a rodada 2a rodada

Mdia DP Mdia DP

AB

- E

stru

tura

ESF completa 9,3 0,92 8,76 2,14

Populao adstrita adequada. 9,47 0,84 9,56 0,73

Equipe NASF + ESF 8,48 1,78 9,39 0,7

Curso de abordagem mnima ao paciente tabagista. 8,48 2,38 9,22 0,8

Disponibilidade das vacinas. 9,1 1,58 9,61 0,7

Disponibilidade da Ficha de Solicitao Ambulatorial. 8,6 2,25 9,03 0,6

Operador do SISREG, Computador e Internet. 9,53 0,72 9,7 0,66

AB

- P

roce

sso

Realizao do teste de rastreamento em todos os pacientes maiores de 40 anos e tabagistas ou ex tabagistas. 8,67 2,42 9,46 0,74

Acompanhamento de todos os casos, apoiando o auto cuidado. 8,86 2,2 9,61 0,6

Articulao dos servios de sade com os recursos da comunidade (Grupos teraputicos e de Convvio, Sala

de Espera, Associao de moradores). 8,05 2,39 9,61 0,54

Aconselhamento antitabagismo. 8,76 2,14 9,33 0,75

Reviso das vacinas (Anti-Influenza e Pneumoccica Polivalente). 8,81 1,89 9,26 0,84

Adequado preenchimento da Ficha de Solicitao Ambulatorial: Hiptese Diagnstica, Condies Clnicas e

Sociais que Justificam a Solicitao. 8,9 2,23 9,32 0,67

Adequado preenchimento da Ficha de Solicitao Ambulatorial: Resultados de Exames Realizados. 9,06 1,52 9,27 0,74

Lanamento e acompanhamento das solicitaes no SISREG. 9,38 0,8 9,56 0,64

AB

- R

esult

ados

Conhecimento da Prevalncia da DPOC no seu territrio. 8,63 2,22 9,67 0,43

Melhora na adeso ao tratamento e percepo no estado de sade, empoderamento de condutas para prevenir

e tratar precocemente as exacerbaes e a progresso da doena. 8,79 2,32 9,64 0,55

Minimizar a progresso da doena. 8,58 2,29 9,44 0,73

Reduo de complicaes decorrentes de infeces. 9,05 1,51 9,23 0,71

Inexistncia de duplicao de exames, consultas, medicamentos. 8,54 2,26 9,12 0,72

Conciliao dos tratamentos, adequao clnica da transferncia do paciente. 8,74 2,19 9,37 0,62

Acesso facilitado aos diferentes nveis. 8,47 3,12 9,39 0,7

53

Quadro Quadro 3 - Resultado detalhado das avaliaes da primeira e segunda rodadas do consenso com os especialistas Componente Ateno Especializada.

Recife PE, 2016.

Componente Ateno Especializada 1a rodada 2a rodada

Mdia DP Mdia DP

AE

- E

stru

tura

Pneumologista disponvel no DS. 9,67 0,73 9,83 0,33

Fisioterapeuta Cardiorrespiratrio disponvel no DS. 9,05 2,38 9,72 0,44

Disponibilidade da Ficha de Solicitao Ambulatorial. 8,6 2,25 9,03 0,6

Operador do SISREG, Computador e Internet. 9,53 0,72 9,7 0,66

AE

- P

roce

sso

Estadiamento da Doena / Classificao da Gravidade. 9,24 1,48 9,83 0,35

Elaborao do Plano Teraputico. 9,38 1,5 9,71 0,45

Matriciamento dos profissionais da Ateno Primria. 9,05 2,2 9,7 0,43

Compartilhamento do Plano Teraputico do usurio. 8,62 2,18 9,78 0,44

Realizao de Reabilitao Pulmonar. 8,81 2,98 9,81 0,39

Adequado preenchimento da Ficha de Solicitao Ambulatorial: Acolhimento e Conduta na Unidade

Executante. 8,9 1,8 9,21 0,65

Adequado preenchimento da Ficha de Solicitao Ambulatorial: Resultados de Exames Realizados. 9,06 1,52 9,27 0,74

AE

- R

esult

ados Tratamento adequado para prevenir a progresso da doena. 9,57 1,16 9,24 1,63

Melhora da tolerncia aos exerccios e assim ampliar a independncia funcional do usurio. 9,29 1,68 9,79 0,32

Conciliao dos tratamentos, adequao clnica da transferncia do paciente. 8,74 2,19 9,37 0,62

Inexistncia de duplicao de exames, consultas, medicamentos. 8,54 2,26 9,12 0,72

54

Quadro Quadro 4 - Resultado detalhado das avaliaes da primeira e segunda rodadas do consenso com os especialistas Componente Sistema de Apoio. Recife

PE, 2016.

Componente Sistema de Apoio 1a rodada 2a rodada

Mdia DP Mdia DP

Sis

t. A

poio

-

Est

rutu

ra

Referncia para Espirometria. 9,48 1,5 9,71 0,37

Referncia para Raio-X 9,9 0,3 9,32 0,82

Transporte. 7,24 2,64 7,61 3,02

Assistncia Farmacutica. 9,29 1,52 9,79 0,38

Sis

t. A

poio

- P

roce

sso

Realizao de Espirometria. 9,48 1,5 9,78 0,44

Realizao de: Raio-X / Hemograma/ Dosagem de alfa-1 antitripsina. 9,57 0,98 9 1,09

Estruturao dos fluxos e contrafluxos de pessoas e de produtos na rede. 9,05 1,36 9,57 0,57

Disponibilizao de Oxigenoterapia domiciliar. 8,67 2,03 9,05 1,61

Dispensao dos medicamentos. 9,33 1,62 9,76 0,38

Adequado preenchimento da Ficha de Solicitao Ambulatorial: Acolhimento e Conduta na Unidade

Executante. 8,9 1,8 9,21 0,65

Adequado preenchimento da Ficha de Solicitao Ambulatorial: Resultados de Exames Realizados. 9,06 1,52 9,27 0,74

Sis

t. A

poio

-

Res

ult

ados

Diagnsticos realizados em tempo hbil. 9,57 1,57 9,92 0,16

Disponibilizao de transporte para os pontos da rede para as distintas necessidades. 7,48 3,3 7,72 3,05

Tratamento adequado garantido para o usurio 9,32 1,73 9,54 0,59

Conciliao dos tratamentos, adequao clnica da transferncia do paciente. 8,74 2,19 9,37 0,62

Inexistncia de duplicao de exames, consultas, medicamentos. 8,54 2,26 9,12 0,72

55

Quadro 5 Itens considerados mais importantes (mdia acima de 9,5) e melhor consensuados

pelos especialistas durante conferncia de consenso Recife - PE, 2016.

Componente Item Mdia DP

S. Apoio-Resultados Diagnsticos realizados em tempo hbil. 9,92 0,16

AE - Estrutura Pneumologista disponvel no DS. 9,83 0,33

AE - Processo Estadiamento da Doena / Classificao da Gravidade. 9,83 0,35

AE - Processo Realizao de Reabilitao Pulmonar. 9,81 0,39

AE - Resultados Melhora da tolerncia aos exerccios e assim ampliar a independncia

do usurio. 9,79 0,32

S.Apoio-Estrutura Assistncia Farmacutica. 9,79 0,38

AE - Processo Compartilhamento do Plano Teraputico do usurio. 9,78 0,44

S.Apoio-Processo Realizao de Espirometria. 9,78 0,44

S.Apoio-Processo Dispensao dos medicamentos. 9,76 0,38

AE - Estrutura Fisioterapeuta Cardiorrespiratrio disponvel no DS. 9,72 0,44

AE - Processo Elaborao do Plano Teraputico. 9,71 0,45

S.Apoio-Estrutura Referncia para Espirometria. 9,71 0,37

AB e AE - Estrutura Operador do SISREG, Computador e Internet. 9,7 0,66

AE - Processo Matriciamento dos profissionais da Ateno Primria. 9,7 0,43

AB - Resultados Conhecimento da Prevalncia da DPOC no seu territrio. 9,67 0,43

AB - Resultados

Melhora na adeso ao tratamento e percepo no estado de sade,

empoderamento de condutas para prevenir e tratar precocemente as

exacerbaes e a progresso da doena. 9,64 0,55

AB - Estrutura Disponibilidade das vacinas. 9,61 0,7

AB - Processo Acompanhamento de todos os casos, apoiando o auto cuidado. 9,61 0,6

AB - Processo

Articulao dos servios de sade com os recursos da comunidade

(Grupos teraputicos e de Convvio, Sala de Espera, Associao de

moradores). 9,61 0,54

S.Apoio-Processo Estruturao dos fluxos e contrafluxos de pessoas e de produtos na rede. 9,57 0,57

AB - Estrutura Populao adstrita adequada. 9,56 0,73

AB - Processo Lanamento e acompanhamento das solicitaes no SISREG 9,56 0,64

S.Apoio-Resultados Tratamento adequado garantido para o usurio 9,54 0,59

56

5.3) Identificao de possveis perguntas avaliativas

Dos nove conferencistas que participaram do momento presencial, cinco participantes

responderam s questes na fase divergente. As consideraes dos interessados foram

sistematizadas, e com base no modelo lgico e na conferncia de consenso, considerando

critrios baseados em prioridade, relevncia, viabilidade e utilidade potencial da avaliao,

foram elaboradas perguntas avaliativas, segue abaixo no quadro 6.

Quadro 6 - Perguntas avaliativas relacionadas Rede de Cuidados aos Usurios Portadores de

DPOC segundo tipo de avaliao. Recife, PE - 2016.

Pergunta Tipo de Avaliao

A estrutura e as atividades realizadas no municpio esto de acordo

com o preconizado pelo Ministrio da Sade e Sociedade Brasileira

de Pneumologia e Tisiologia?

Implantao

Qual o grau de implantao da Rede de Cuidados ao paciente com

DPOC em Recife? Implantao

Qual o grau de implantao da Ateno Bsica no municpio? Implantao

Em que medida as atividades esto adequadas para atingir os

resultados esperados? Processo

Que tipo de conflito ocorre entre a Assistncia e a Regulao?

Esses conflitos interferem na qualidade e continuidade do cuidado?

Contexto /

Implantao

As atividades so suficientes para o alcance dos resultados? Estratgica / Lgica

Que impacto a Articulao dos servios de sade com os recursos

da comunidade (Grupos teraputicos e de Convvio, Sala de

Espera, Associao de moradores) tm na assistncia sade

oferecida pelo municpio?

Anlise dos efeitos

Que impacto a disponibilidade de transporte para os usurios tem

na assistncia sade oferecida pelo municpio? Anlise dos efeitos

Em que medida a AB consegue dar continuidade ao cuidado do

usurio com DPOC? Anlise dos efeitos

57

VI. DISCUSSO

A DPOC um problema de sade pblica ainda com pouca visibilidade e

conhecimento, tanto pelos usurios 53,54,55

como pelos profissionais de sade 13, 18, 19, 56, 57, 58.

Esta limitao do conhecimento considerada a maior causa da fragilidade da prevalncia da

DPOC no territrio.

Este estudo de avaliabilidade mostrou-se importante no s pela contribuio do

melhor entendimento da Rede de Cuidados aos Usurios com DPOC em Recife, como

tambm da prpria doena e pela capacidade de incluir diferentes atores nos componentes

analisados consensualmente. Essa integrao promoveu discusso sobre a DPOC e um melhor

entendimento da sua rede, seus fluxos, contrafluxos, bem como a oferta dos servios

disponveis. Alm de fornecer subsdios para valorizao e ao a partir dos resultados e

concluses para uma futura avaliao. O enriquecimento proveniente do encontro presencial

foi imprescindvel tanto para o aprofundamento dos resultados como para os acordos

realizados com a finalidade de contribuir para o delineamento da lgica da Rede de Cuidados

aos Usurios com DPOC no municpio.

Ao realizar a busca na Bireme/BVS utilizando os descritores DPOC e Ateno

Bsica, foram encontrados 270 publicaes dos ltimos cinco anos (2011 a 2015). Destas,

apenas 4 so estudos referentes ao Brasil e outros 8 Amrica do Sul. Por outro lado, 97 so

referentes Europa. Este achado refora a afirmativa de que a DPOC um importante

problema de sade nos pases desenvolvidos e ainda pouco investigado nos pases em

desenvolvimento 59,60,61,57

. Contudo, durante o desenvolvimento deste estudo foi possvel

perceber a semelhana de algumas dificuldades encontradas em pases com realidade

socioeconmica distintas s do Brasil.

58

Na primeira rodada de avaliao, a Ateno Bsica, que considerada a porta de

entrada preferencial do SUS e lcus privilegiado de gesto do cuidado dos usurios,

estratgico nas redes de ateno, servindo como base para o seu ordenamento e para a

efetivao da integralidade62

foi o componente considerado pelos conferencistas como menos

importante (menor mdia) e que obteve maior dissenso (maior DP), mostrando a pouca

responsabilidade desprendida este nvel de ateno no diagnstico e seguimento desses

usurios, caracterstico das incertezas sobre seu papel. Seja no Brasil54

, na Sua 63

ou na

Itlia57

h pouco conhecimento sobre DPOC entre os mdicos da ateno bsica.

Considerando estes e outros estudos, as maiores fragilidades do conhecimento dos

profissionais da ateno bsica so referentes a: Prevalncia da DPOC em sua rea coberta 64,

56. O diagnstico diferencial com a Asma e o Enfisema

62, Maior uso da radiografia que

espirometria58

, Pouco uso dos sintomas clnicos para diagnstico 65

, e Subdosagem de

medicao 66

. Apesar de a mdia ter aumentado aps o encontro presencial e o DP diminudo,

estas incertezas continuaram evidentes nas respostas s questes referentes s perguntas

avaliativas, ou seja, em todo o processo deste estudo.

Despontou do discurso dos participantes que historicamen