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PTDRS DOS LAGOS AMAPÁ Consultoria Suzete Rodrigues Ferrazza e Bernadette M. Weiss Elaboração do Plano Bernadette M. Weiss

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PTDRS DOS LAGOS AMAPÁ

Consultoria

Suzete Rodrigues Ferrazza e Bernadette M. Weiss

Elaboração do Plano

Bernadette M. Weiss

2

Conteúdo

ÍNDICE DE TABELAS ...................................................................................................... 4

íNDICE DE QUADROS .................................................................................................... 6

ÍNDICE DE GRÁFICOS .................................................................................................... 6

ÍNDICE DE FIGURAS ...................................................................................................... 7

ÍNDICE DE FOTOS .......................................................................................................... 7

Tabela de Abreviações e SIGLAS ....................................................................................... 8

Resumo executivo ............................................................................................................... 9

INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12

HISTÓRICO DOS MUNICÍPIOS DO TERRITÓRIO DOS LAGOS .................................... 13

O território dos LAGOS – AP, localização e limites ........................................................... 14

Enormes distâncias entre MUITAS COMUNIDADES RURAIS E a sede dos seus Municípios: situação DIFÍCil DE COMPREENDER PARA QUEM NÃO VIVEncia essa realidade. ........................................................................................................................... 15

DIMENSÃO AMBIENTAL .................................................................................................. 17

Áreas desmatadas ...................................................................................................... 19

Queimadas .................................................................................................................. 19

Desafios para as atividades previstas no PAC ............................................................ 19

Saneamento Básico .................................................................................................... 20

Coleta de lixo .............................................................................................................. 20

ÁREAS PROTEGIDAS NO TERRITÓRIO dos lagos ........................................................ 20

Unidade de Proteção Integral ......................................................................................... 20

Reserva Biológica do Lago Piratuba ........................................................................... 20

A Reserva Biológica do Lago Piratuba abrange 357.000 hectares dos municípios de Tartarugalzinho e Amapá. Na Reserva existe uma grande diversidade de formações vegetais e ecossistemas e sua fauna é muito rica e diversificada. ............................. 20

Estação Ecológica Maracá-Jipioca.............................................................................. 21

Unidades de Uso Sustentável ........................................................................................ 22

Floresta Nacional do Amapá ....................................................................................... 22

FLORESTA ESTADUAL DO AMAPÁ .......................................................................... 22

RESUMO DA SITUAÇÃO AMBIENTAL DO TERRITÓRIO ............................................ 24

DIMENSão SOCIOCULTURAL E EDUCACIONAL ........................................................... 25

POPULAÇÃO .................................................................................................................... 25

ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO (IDH) DO TERRITÓRIO ............................ 27

POBREZA E DESIGUALDADE NO TERRITÓRIO ............................................................ 27

TIPOLOGIAS PNDR NO TERRITÓRIO DOS LAGOS ................................................ 29

TABELA DA DEMANDA SOCIAL ...................................................................................... 30

3

Quilombolas ................................................................................................................ 31

Desempenho Escolar ..................................................................................................... 31

Taxa de Aprovação Ensino Fundamental Regular - Séries Finais (5ª a 8ª série) ....... 33

Taxas de Analfabetismo .............................................................................................. 34

NÚMEROS DE MATRÍCULAS NO TERRITÓRIO dos lagos ......................................... 34

ESCOLA-FAMÍLIA agrícola DO CEDRO (EFA DO CEDRO OU EFACE) ...................... 35

PROBLEMAS ATUAIS NA EDUCAÇÃO NO TERRITÓRIO dos lagos .......................... 36

SITUAÇÃO DA SÁUDE NO TERRITÓRIO ........................................................................ 37

RESUMO DA SITUAÇÃO DA SAÚDE NO TERRITÓRIO DOS LAGOS ........................ 37

ASPECTOS ECONÔMICOS ............................................................................................. 39

EMPREGOS GERADOS POR SETOR DA ECONOMIA ................................................... 42

BOLSA FAMÍLIA ................................................................................................................ 42

ESTRUTURA FUNDIÁRIA ................................................................................................. 43

Assentamentos ............................................................................................................... 43

PROGRAMA TERRA LEGAL ......................................................................................... 45

PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA ........................................................................................ 46

Produção agrícola .......................................................................................................... 46

Lavoura Permanente ................................................................................................... 46

Lavouras temporárias .................................................................................................. 48

Participação do Território na produção das diversas culturas temporárias ................. 55

Dados de rendimento das culturas temporárias no Território dos Lagos em 2008 ..... 57

Extrativismo Vegetal .................................................................................................... 58

PECUÁRIA .................................................................................................................. 62

Produção e Comercialização no contexto da Agricultura Familiar .............................. 66

Pesca ................................................................................................................................. 67

PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS referentes À agricultura e À pesca segundo OS ATORES SOCIAIS DO TERRITÓRIO DOS LAGOS ......................................................... 70

PROGRAMAS DE APOIO AOS AGRICULTORES DO TERRITÓRIO .............................. 70

PRONAF ........................................................................................................................ 70

Programa de Aquisição de Alimentos - PAA .................................................................. 72

Programa NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR - PNAE ..................................... 73

O COLEGIADO DO TERRITÓRIO dos lagos .................................................................... 74

cONCEITO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL PARA CONSTRUÇÃO DA VISÃO DE FUTURO ...................................................................................................................... 76

o nosso FUTURO .............................................................................................................. 77

VISÃO DE FUTURO ....................................................................................................... 78

4

Missão, OBJETIVOS ESTRATÉGICOS E PRINCÍPIOS. .................................................. 79

Missão ......................................................................................................................... 79

Objetivos estratégicos ................................................................................................. 79

Princípios: ................................................................................................................... 79

PROGRAMAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO ........................................................ 79

MATRIZ DE PRIORIDADES E DIRETRIZES PRINCIPAIS: ........................................... 80

Programa Transversal: Fortalecimento Organizacional da Sociedade Civil com enfoque especial nos atores mais fragilizados ............................................................ 81

Legalização das Terras e melhoria do acesso ............................................................ 82

Educação no Campo ................................................................................................... 84

MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO .................................................................................. 86

Referências bibliográficas: ................................................................................................. 89

Livros, revistas estudos e outras bibliografias ................................................................ 89

Outras fontes: ................................................................................................................. 90

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 – Área dos Municípios do Território dos Lagos. .............................................................. 14

Tabela 2 - Comunidades mais distantes das sedes dos seus municípios no Território ................. 15

Tabela 3 – Percentual de Áreas desmatadas até 2006 nos Municípios do Território dos Lagos ... 19

Tabela 4 - Análise de Taxa de crescimento populacional dos Municípios e Território dos Lagos .. 26

Tabela 5 - População recenseada por situação de domicílio e sexo ............................................. 26

Tabela 6 - Série histórica da População total, área de município e densidade populacional por município do Território .................................................................................................................. 26

Tabela 7 - Índices de Pobreza e Desigualdade no Território ......................................................... 29

Tabela 8 – Dados Oficiais da Demanda Social do MDA para o Território dos Lagos .................... 30

Tabela 9 - Estimativas dos participantes das oficinas municipais sobre a população ocupada dos municípios do Território................................................................................................................. 31

Tabela 10 - Taxa de aprovação no ensino fundamental regular até 4ª série no Território dos Lagos, no Estado do Amapá e no Brasil ....................................................................................... 32

Tabela 11 – Resultados da Prova Brasil no Território comparado com os resultados do Brasil (1ª a 4ª série) ........................................................................................................................................ 33

Tabela 12 - Taxa de Aprovação do Ensino Fundamental Regular de 5ª a 8ª série no Território dos Lagos, no Estado do Amapá e no Brasil ....................................................................................... 33

Tabela 13 – Notas do Prova Brasil 2005 e 2007 referentes às séries finais do Ensino Fundamental Regular no Território dos Lagos, Estado do Amapá e Brasil ......................................................... 34

Tabela 14 - Taxas de alfabetização e analfabetismo no Território dos Lagos, no Estado do Amapá e na Capital Macapá ..................................................................................................................... 34

Tabela 15 - Números de matrículas em 2008 e 2009 .................................................................... 35

Tabela 16 - Oferta de atendimento da saúde pública no Território dos Lagos ............................... 37

5

Tabela 17 - Leitos por 1.000 habitantes no Território dos Lagos ................................................... 37

Tabela 19 – Proporção da população ativa com produção sendo comercializada no mercado com certa regularidade ......................................................................................................................... 39

Tabela 20 – PIB de 2007 dos municípios do Território dos Lagos por setor e comparado aos valores do PIB estadual. ............................................................................................................... 41

Tabela 21 – PIB (por família) estimado pelos participantes das oficinas municipais. .................... 41

Tabela 22 - Crescimento do programa Bolsa Família ................................................................... 42

Tabela 23 - Crescimento do percentual de pessoas beneficiadas pelo programa Bolsa Família... 43

Tabela 18 - Informações sobre o número de títulos expedidos nos Assentamentos no Território . 44

Tabela 24 - Dados de Produção da Laranja em 2008 ................................................................... 47

Tabela 25 - Evolução da produção de laranja de 1996 – 2008 (em toneladas) ............................. 47

Tabela 26 - Dados de produção de banana em cacho em 2008 ................................................... 47

Tabela 27 - Evolução da produção de banana em cacho desde 1996 (em toneladas) .................. 47

Tabela 28 - Dados de produção de mandioca em 2008. ............................................................... 49

Tabela 29 - Evolução da Produção de melancia entre 2000 e 2008 ............................................. 49

Tabela 30 - Evolução da Produção de Arroz entre 1996 e 2008 ................................................... 50

Tabela 31 - Evolução da produção de Milho entre 1996 e 2008 .................................................... 51

Tabela 32 -– Evolução da Produção de Feijão entre 1996 e 2008 ................................................ 51

Tabela 33 - Evolução da Produção de Abacaxi no Território dos Lagos- AP entre 1996 e 2008 ... 53

Tabela 34 - Abacaxi – Comparação Área Plantada, Quantidade colhida e Produção por hectare entre 1996 e 2008 do Território dos Lagos com o Estado, Região Norte e Brasil.......................... 54

Tabela 35 - Área plantada com culturas temporárias entre 1996 e 2008 no Território de no Estado do Amapá. .................................................................................................................................... 56

Tabela 36 - Evolução do rendimento dos plantios temporários por hectare no Território dos Lagos e no Estado do Amapá ................................................................................................................. 57

Tabela 37 – Dados sobre produção e rendimentos das culturas temporárias no Território dos Lagos ............................................................................................................................................ 57

Tabela 38 - Dados sobre a Produção de Açaí de 2008 no Território dos Lagos ............................ 58

Tabela 39 = Evolução da Produção de Açaí e da Participação Total do Território com do Estado 58

Tabela 40 - Extrativismo de Carvão Vegetal, Lenha e Madeira em Tora no Território dos Lagos e no Estado do Amapá .................................................................................................................... 60

Tabela 41 – Evolução da produção de leite entre 1996 e 2007 no Território dos Lagos e no Estado do Amapá ..................................................................................................................................... 62

Tabela 42 – Dados sobre a Produção de Leite em 2008 no Território dos Lagos e no Estado do Amapá .......................................................................................................................................... 62

Tabela 43 - Efetivo da criação de animais em 31.12.08 no Território dos Lagos e no Estado do Amapá .......................................................................................................................................... 63

Tabela 44 - Evolução da criação de animais no Território dos Lagos e no Estado ........................ 64

Tabela 45 – Levantamento da produção de pesca no município de Amapá em 2005 ................... 68

6

Tabela 46 – Número de contrato e valores financiados pelo PRONAF entre 2005 e 2009 no Território dos Lagos ...................................................................................................................... 71

Tabela 47 - Número de Agricultores que obtiveram DAP no Território dos Lagos em maio de 2010. ..................................................................................................................................................... 72

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 – Tipologia PNDR ......................................................................................................... 30

Quadro 2 - Número de empregos gerados nos municípios do Território por setor da economia ... 42

Quadro 3 – Pontos positivos e negativos referentes à agricultura familiar e à pesca no Território dos Lagos ..................................................................................................................................... 70

Quadro 4 – Composição do Colegiado do Território dos Lagos .................................................... 74

Quadro 5 – O que os atores sociais desejam para o futuro e o que precisa ser feito para a sua realização. ............................................................................................................................ 78

Quadro 6 – Etapas do Monitoramento e Avaliação ....................................................................... 87

ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Divisão da área total do Território entre Unidade de Proteção Integral, Unidade de Uso Sustentável e áreas de centros urbanos e campos de produção agrícola dos respectivos municípios..................................................................................................................................... 22

Gráfico 2 - Evolução demográfica nos 3 municípios do Território entre 1991 e 2007. ................... 25

Gráfico 3 - Evolução da Densidade Populacional dos municípios do Território dos Lagos. ........... 27

Gráfico 4 – PIB de todos os municípios do Estado do Amapá, com destaque (em amarelo) ao Território dos Lagos ...................................................................................................................... 40

Gráfico 5 – Valores adicionados ao PIB por setores e municípios ................................................ 41

Gráfico 6 – Divisão do PIB no Território conforme os três setores da economia. .......................... 41

Gráfico 7 – Evolução da produção de laranja e banana entre 1996 e 2008 no Território dos Lagos do Amapá. .................................................................................................................................... 48

Gráfico 8 – Evolução da produção na lavoura temporária das diversas culturas produzidas no Território dos Lagos entre 1996 e 2008. ....................................................................................... 52

Gráfico 9 – Comparação da evolução do rendimento médio de abacaxi por hectare entre Território dos Lagos, Estado do Amapá, Região Norte e Brasil, segundo dados oficiais do IBGE................ 55

Gráfico 10 – Evolução da participação do Território dos Lagos na Produção das Culturas Temporárias .................................................................................................................................. 55

Gráfico 11 - Evolução da Produção de Açaí no Território dos Lagos entre 1996 e 2008 ............... 59

Gráfico 12 – Evolução da extração de carvão vegetal no Território dos Lagos e no Estado entre 1996 e 2008 .................................................................................................................................. 61

Gráfico 13 - Evolução da extração de lenha no Território dos Lagos e nos Estado entre 1996 e 2008.............................................................................................................................................. 61

Gráfico 14 – Evolução da extração de madeira em tora no Território dos Lagos e no estado entre 1996 e 2008 .................................................................................................................................. 61

Gráfico 15- Evolução da produção de leite no Território e no Estado ............................................ 62

7

Gráfico 16 – Evolução dos Efetivos de bovino e bubalino entre 1996 e 2008 no Território dos Lagos ............................................................................................................................................ 65

Gráfico 17 – Evolução dos efetivos dos demais animais no Território dos Lagos entre 1996 e 2008 ..................................................................................................................................................... 66

Gráfico 18 – Número de contratos PRONAF firmados entre 2005 e 2009 .................................... 71

Gráfico 19 Valores financiados pelo PRONAF entre 2005 e 2009 no Território dos Lagos e no Estado do Amapá ......................................................................................................................... 71

Gráfico 20 – Evolução dos valores financiados pelo PRONAF entre 2005 e 2009 no Território dos Lagos e no Estado do Amapá ....................................................................................................... 71

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Mapa do Estado do Amapá, com destaque para o Território dos Lagos e Macapá ....... 14

Figura 3 – Mapa do IDH Municipal ................................................................................................ 27

Figura 4 – Imagem da base de sustentabilidade usada para construção da Visão de Futuro ....... 77

Figura 5 – Organograma das prioridades dentro dos Eixos Estratégicos do Território .................. 80

Figura 6 – Figuras explicativas da ferramenta EDPO .................................................................... 87

ÍNDICE DE FOTOS

Foto 1 – Alagado do Território dos Lagos ....................................................................................... 9

Foto 2 – Pesca uma atividade econômica importante no Território ............................................... 10

Foto 3 – O alagado do Território que possui características de pantanal (SEMA) ......................... 17

Foto 4 – Mapa da Rebio do Lago Piratuba .................................................................................... 21

Foto 5 – Paisagem de Tartarugalzinho ......................................................................................... 24

Foto 6 – O gado está sempre presente nos alagados do Território dos Lagos .............................. 65

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TABELA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS

ADAP Agencia de Desenvolvimento do Amapá

CONAB Companhia Nacional de Abastecimento

SDT Secretaria de Desenvolvimento Territorial

MDA Ministério do Desenvolvimento Agrário

PRONAT Programa Desenvolvimento Sustentável dos Territórios Rurais

FOFA Matriz sobre Pontos Fortes, Oportunidades, Pontos Fracos e Ameaças

PPI Projeto de Produção Integrada

PTDRS Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

RURAP Instituto de Desenvolvimento Rural do Amapá

IDH Índice de Desenvolvimento Humano

ONU Organização das Nações Unidas

DIAGRO Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária

PESCAPE Agência de Pesca do Amapá

SDR Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural

UDL Unidade de Desenvolvimento Local

STTR Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

DAP Declaração de Aptidão ao PRONAF

EFACE Escola Agrícola Família do Cedro

EFA Escola Agrícola Família

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RESUMO EXECUTIVO

O Território dos Lagos do Amapá faz parte da Mesorregião Norte do Amapá e da Microrregião Amapá. A área do Território dos Lagos corresponde a Microrregião Amapá e é composto por três municípios: Amapá, Pracuúba e Tartarugalzinho. Os três municípios juntos ocupam uma área de 20.838 km², o que representa 14,59% da área total do Estado.

Conforme o último senso do IBGE, o Território dos Lagos possuía em 2007 um total de 23.240 habitantes, que representava 3,96% do total de habitantes do Estado do Amapá. Sua população urbana representou 60,43% e a população rural, 39,57%. A análise de gênero mostrou que 52,84% da população do Território dos Lagos eram homens e 47,16%, mulheres.

O Colegiado já demonstra um grau considerável de maturidade, o que ajudou muito nesse processo de construção do presente PTDRS. A composição do Colegiado do Território dos Lagos tornou-se uma rede social externa cuja capilaridade permitiu a conexão com organizações de representação do público beneficiário, com comunidades rurais e instituições de apoio e responsáveis por diferentes funções na sociedade e, em razão disso, o plano expressa os anseios de grupos diversos da sociedade e delineia bem a realidade do território vista sob várias óticas.

Os participantes da construção deste PTDRS foram incentivados em debater e incluir todos os aspectos fundamentais – ambiental, econômico, sociocultural, de infraestrutura e educação – para viabilizar a sustentabilidade necessária para seus planos futuros.

Na dimensão ambiental pode ser citado que 85% da área do Território dos Lagos são ocupados por ecossistemas naturais, entre os quais estão imensas proporções de florestas; o alagado, que possui características de pantanal e permanece submerso durante grande parte do ano; e o cerrado, que abrange parte significativa de cada município do território e separa as florestas do alagado.

Foto 1 – Alagado do Território dos Lagos

No entanto, em um território, onde existem tantas áreas com o meio ambiente intacto as quais se pretende manter, a efetiva transformação das imensas possibilidades econômicas do Território dos Lagos em reais oportunidades de negócios sustentáveis depende fundamentalmente da capacidade dos agentes públicos e privados que atuam no processo de desenvolvimento regional em construir arranjos institucionais fortes e capazes de mobilizar sinergias visando à superação dos desafios inerentes a região com tantas características e complexidades.

Para que os habitantes do Território tenham o seu sonho concretizado no que tange a dimensão econômica, é necessário investir na Produção Familiar Agrícola, permitindo o aumento de produção e a introdução de novos produtos agrícolas, visando à subsistência dos municípios e diminuindo a dependência da importação e da cara logística de transporte dos produtos, permitindo que os atores locais tenham acesso a uma maior variedade de produtos agrícolas, contribuindo assim para a segurança alimentar do Território. Além disso, será de fundamental importância enfatizar o desenvolvimento da área da pesca, uma vez que são muitos os atores sociais do território que dependem desta atividade.

Foto 2 – Pesca uma atividade econômica importante no Território

Na dimensão sociocultural, os habitantes do Território dos Lagos querem que os atores sociais mais fragilizados hoje, sejam fortalecidos no futuro de uma forma que possam integrar organizações - como cooperativas e associações - e iniciar a sua caminhada sustentável. Além do mais, o Território dos Lagos almeja que estes atores sociais, hoje mais fragilizados, possam também contribuir cada vez mais ativamente com suas valiosas ideias para a implementação de novas políticas públicas voltadas para a realidade local.

No que se refere à infraestrutura, o Território dos Lagos tem, hoje, duas claras prioridades: reforma agrária e implantação e recuperação de estradas e vias de acesso.

11

Para que se alcance a almejada autosuficiência em produção agrícola é imprescindível que as famílias assentadas há muitos anos tenham a sua situação de posse resolvida dando-lhes a segurança de possuidores e a decorrente liberação de créditos para investimento na produção agrícola.

Paralelamente a isso, também serão necessários grandes investimentos em implantação e recuperação de estradas para permitir o acesso a estes locais, que muitas vezes ficam muito distantes das sedes dos respectivos municípios, facilitando também o escoamento da produção. Os participantes da elaboração deste plano entendem que se esses investimentos forem feitos de forma participativa não trará danos ambientais maiores.

Por fim, na dimensão educacional, a melhoria da educação no campo é vista como fator fundamental que contribuirá com a diminuição do êxodo rural. Entende-se que além de melhorias na escola básica (até o 3º ano do ensino médio) o território precisa dispor de cursos técnicos e superiores nas áreas agrícola, ambiental e florestal, pois somente desta forma será possível garantir uma autonomia ao território no futuro.

Resumidamente podemos afirmar que o sonho dos atores sociais e representantes do poder público presentes na construção deste PTDRS é o de que o Território dos Lagos se torne autossuficiente na produção agrícola, anulando ou pelo menos reduzindo a dependência na importação de produtos de outras regiões do Estado do Amapá ou de outros Estados e ampliando o acesso da população a uma maior diversidade e melhor qualidade de produtos agrícolas e de pesca por um preço mais acessível.

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INTRODUÇÃO

O PTDRS (Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável) é o principal instrumento de apoio à gestão social dos colegiados territoriais. Sua função é estimular a construção de um novo modelo de desenvolvimento e preparar o terreno para a formulação do projeto de desenvolvimento do Território, com base na experiência de planejamento e na análise dos planos já elaborados e em implementação nos Territórios.

Para que o PTDRS se torne um guia de planejamento do desenvolvimento do Território é fundamental que sua construção envolva o maior número possível de atores sociais, ou seja, produtores familiares, representantes do movimento social e do poder público local, entre outros.

Espera-se que essa construção participativa permita que os projetos futuros de desenvolvimento embasados neste PTDRS sejam fortalecidos pelo sentimento de inclusão e a consequente percepção dos atores envolvidos de sua responsabilidade em contribuir para a realização do futuro sonhado.

A participação do maior número de atores sociais de todos os municípios do Território na elaboração deste PTDRS, além dos integrantes do Colegiado Territorial, foi assegurada da seguinte maneira. Inicialmente realizou-se em Macapá uma oficina de sensibilização dos atores do Colegiado, com a participação de representantes do MDA de Brasília e dos consultores contratados para a elaboração do PTDRS. Posteriormente, foram realizadas oficinas nos três municípios do território, com participação considerável do colegiado e dos atores sociais, nas quais se adotaram ferramentas com enfoque participativo. Em seguida foram realizadas entrevistas diretas com atores sociais no território. Na oficina de Planejamento do Futuro também foram utilizadas ferramentas com enfoque participativo envolvendo os mesmos atores mencionados acima.

Para a elaboração do PTDRS foram adotados ainda procedimentos para identificar e incluir os produtos da análise desse público das oficinas na redação das sínteses do plano.

Dessa forma, assegurou-se que este PTDRS não seja somente um espelho de um setor mais organizado da sociedade ou dos gestores públicos, mas um documento/instrumento de negociação e concentração da diversidade de pensamentos, interesses, práticas e sonhos existentes no Território, conforme determina o guia para construção de PTDRS.

Assim, este PTDRS manifesta a realidade do Território dos Lagos, apresentando o diagnóstico sobre a situação atual dos eixos de desenvolvimento, programas e projetos para o futuro, envolvendo o maior número possível de atores sociais e levando em consideração idade, gênero, raça e atividades produtivas. O PTDRS será usado pelo Território dos Lagos como instrumento que possibilita o acesso qualificado às políticas públicas.

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HISTÓRICO DOS MUNICÍPIOS DO TERRITÓRIO DOS LAGOS

A história do município de Amapá começou em 1615, no Estado do Pará, quando portugueses e espanhóis reunidos sob a mesma bandeira, expulsaram os franceses do Maranhão e voltaram seus esforços para a Amazônia e Guiana.

Várias lutas se sucederam até que, em 1808, o corpo de voluntários paraenses, comandado pelo Tenente-Coronel Manoel Marques, apossou-se da Guiana Francesa, só restituída em dezembro de 1817.

Seguiram-se tempos de paz até 1893 quando garimpeiros descobriram ouro em Calçoene, na época pertencente ao município de Amapá, o que reascendeu os problemas políticos de fronteira. O fato mais importante dessa disputa internacional foi o desembarque de tropas francesas, em maio de 1895, na vila de Amapá, que levou os brasileiros a reagirem, repelindo a invasão. Diante disso, as nações interessadas colocaram o problema nas mãos de árbitros, e a escolha recaiu ao Presidente da República Helvética. Em janeiro de 1901, após o laudo favorável de Berna, o governo brasileiro procurou organizar a região, com a denominação de Território de Aricari.

O Território de Aricari se originou então da incorporação de todo o antigo Contestado do Amapá ao Estado do Pará, pelo Decreto n.° 938/1901, com duas circunscrições: Amapá e Cassiporé.

A Lei n.° 799/1901 criou os municípios de Amapá e Montenegro. Em 1902 os dois municípios foram reincorporados em um só que passou a se chamar Montenegro. Em 1937, passou a ser denominado Veiga Cabral e seis meses depois o Decreto-lei n.° 3.131/1938 restabeleceu o nome de Amapá, com um território compreendido entre os rios Oiapoque, ao norte, e Araguari, ao sul.

Por meio do Decreto-lei federal n.° 5.812/1943 o Município foi transferido integralmente para o então Território Federal do Amapá, tendo sido capital durante os dois primeiros anos, mas a partir de 1945 o status de capital foi transferido para Macapá.

Pracuúba surgiu como localidade aproximadamente em 1906. O nome é originário de uma árvore típica da região – a Pracuubeira. Nas décadas de 1940 e 1950 a região onde hoje está situado o município de Pracuúba foi muito importante para o desenvolvimento do Estado, pois era um local de extração de borracha.

Originalmente Pracuúba pertencia ao município de Amapá. Sua história de desenvolvimento é marcada pela pesca artesanal e pecuária, que ainda hoje continuam sendo as atividades principais de sua socioeconomia.

O município de Pracuúba foi criado em 1992, em área desmembrada do município de Amapá.

Segundo antigos moradores de Tartarugal Grande, o município de Tartarugalzinho é um dos lugares mais antigos da região e teria surgido antes mesmo que a sede do município.

Tartarugal Grande ficava às margens de um rio com o mesmo nome, com muitas quedas d'água que dificultavam o deslocamento. Isto levou alguns moradores a se mudarem para outro lugar, o qual foi denominado Tartarugalzinho.

Suas origens e desenvolvimento estão ligados a sua disposição geográfica como local de referência no trânsito da BR-156, que ainda hoje oferta serviços, incluindo alimentação,

14

combustível e venda de produtos diversos. Em suas áreas inundáveis destaca-se o desenvolvimento da pecuária, até hoje uma de suas principais bases produtivas.

Porém, a descoberta de ouro nos arredores da sede do município aumentou consideravelmente a população, alterando a qualidade ambiental e a vida econômica e social da população. Outro fator que contribuiu para essas transformações foi a instalação da empresa AMCEL (Amapá Celulose), de plantação e extração de pinho, que depois foi substituída pela multinacional CHAMFLORA, também do setor de celulose, fechada há alguns anos.

A Lei nº 7.639/1987 criou o Município de Tartarugalzinho.

O TERRITÓRIO DOS LAGOS – AP, LOCALIZAÇÃO E LIMITES

O Território dos Lagos faz parte da Mesorregião Norte do Amapá e da Microrregião Amapá. A área do Território dos Lagos corresponde a Microrregião Amapá e é composto por três municípios: Amapá, Pracuúba e Tartarugalzinho. Os três municípios juntos ocupam uma área de 20.838 km², o que representa 14,59% da área total do Estado.

Município Área km2

Amapá 9.169

Pracuúba 4.957

Tartarugalzinho 6.712

Área Total do Território dos Lagos 20.924

Tabela 1 – Área dos Municípios do Território dos Lagos.

Figura 1 - Mapa do Estado do Amapá, com destaque para o Território dos Lagos e Macapá

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O Território Dos Lagos se limita ao Norte com o Território Extremo Norte; a Leste com o Oceano Atlântico e a capital do Estado, Macapá; ao Sul com o Território Centro Oeste e o município Cutias; e a Oeste também com o Território Centro Oeste.

ENORMES DISTÂNCIAS ENTRE MUITAS COMUNIDADES RURAIS E A SEDE DOS SEUS MUNICÍPIOS: SITUAÇÃO DIFÍCIL DE COMPREENDER PARA QUEM NÃO VIVENCIA ESSA REALIDADE.

Algumas comunidades nos três municípios do Território dos Lagos são situadas muito distantes da sede dos seus municípios, o que leva a muitos impasses e dificuldades, impossíveis de imaginar por quem não vive essa realidade.

Abaixo um quadro das comunidades mais distantes das sedes dos seus municípios e suas respectivas distâncias:

Mu

nic

ípio

de

Am

ap

á

Comunidade Distância da sede

Mu

nic

ípio

de

Pra

cu

úb

a

Comunidade Distância da sede

Mu

nic

ípio

de

Tart

aru

ga

lzin

ho

Comunidade Distância da sede

Base Aérea 09 km/ Terrestre Cujubim 28 km/ Terrestre Itaubal 09 km/Terrestre

Amapá Grande 15 km/ Terrestre Pernambuco 27 km/ Terrestre Lago duas bocas 10 km/30 min/ Terrestre/Fluvial

Calafate 30 km/ Terrestre Flexal 18 km/ Terrestre

Cruzeiro 28 km/ Terrestre Breu 28 km/ Terrestre Tartarugal Grande 15 km/Terrestre

Piquiá 33 km/ Terrestre São Miguel 60 min/Fluvial Lago Novo 63 Km/ Terrestre/Fluvial

Ramudo 90 min. / Fluvial Tucumã 60 min/ Fluvial

Santo Antônio 60min. / Fluvial Campo Alto 38 km/ Fluvial Terra Firme 65 km/ Terrestre/Fluvial

São João 50 min. / Fluvial Ponta Baixa 24 km/ Terrestre e 60 min./ Fluvial

Bom Jesus dos Fernandes

40 km/ Terrestre/Fluvial

Vista Alegre 90min. / Fluvial

Juncal 40 km/ Terrestre Santa Tereza 40 min/ Fluvial P.A Governador Janary

40 km/ Terrestre

Vulcão do Norte 40 min. / Fluvial Porto Franco 03 km/ Terrestre

Tabocas 40 min. / Fluvial Tucunaré 04 km/ Terrestre P.A Cedro 65 km/ Terrestre/Fluvial

Bom Nome 150 min. / Fluvial Açaizal 01h 20 min/ Fluvial

Bicudinho 37 km/ Terrestre P.A S. Benedito do Aporema

94 km/ Terrestre/Fluvial

Cajueira 05 km/ Terrestre

Bela Vista 120 min. / Fluvial P.A Cujubim 34 KM/ Terrestre

Espírito Santo 12 km/ Terrestre

Tabela 2 - Comunidades mais distantes das sedes dos seus municípios no Território

Em razão dessas distâncias, essas comunidades enfrentam muitas dificuldades de deslocamento e seus moradores vivem alguns grandes dilemas. Assim, nas oficinas municipais de diagnóstico, decidiu-se que o quadro acima deveria fazer parte deste PTDRS, pois as distâncias das comunidades rurais em relação aos municípios influenciam questões importantes como educação, saúde, comunicação e produção, a qual inclui fatores de compra de insumos até o escoamento dos produtos. Além disso, as comunidades precisam que sua situação seja compreendida com clareza, pois é realmente muito difícil para quem nunca esteve no local imaginar as dificuldades que eles enfrentam cotidianamente.

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No que se refere à educação, há casos em que estudantes dessas comunidades distantes precisam viajar diariamente por mais de seis horas de barco para chegarem às escolas. Além de ser extremamente cansativo para os alunos, é dispendioso para as prefeituras, que custeiam esse transporte. Muitas dessas comunidades só possuem escola até a 4ª série do nível fundamental. Isto porque muitas vezes o número de estudantes dessas comunidades que cursam da 5ª série em diante não é insuficiente para justificar economicamente a manutenção de escolas a partir desta série. Assim, quando os estudantes passam da 4ª série, suas famílias enfrentam um dilema sobre qual a melhor decisão a tomar, isto é: ou a mãe e os estudantes se mudam para localidades mais próximas da sede do município, o que implica em maiores custos e distanciamento dos outros membros da família que ficam na comunidade para trabalhar na roça, de onde tiram o sustento familiar; ou vendem o lote e toda a família se muda para a sede, onde geralmente não há oferta de emprego; ou o estudante encara a enorme distância até as escolas em outras localidades; ou, o que é pior, para de estudar. Uma opção possível para as famílias que têm parentes morando na sede municipal é mandar os filhos para suas casas, o que também gera a separação da família. Não se trata, portanto, de uma decisão fácil!

Na área de saúde, o poder público enfrenta dificuldades em atender essas comunidades remotas, seja em razão das grandes distâncias, seja pela escassez de recursos - que se apequenam ainda mais diante dos altos custos de atendimento -, seja pela carência de profissionais especializados que aceitem o desafio de trabalhar em áreas tão distantes, e ainda, em algumas áreas mais remotas, pela ausência de qualquer sistema de comunicação que possibilite a chamada por socorro. Assim, os moradores dessas comunidades estão totalmente desprovidos de atendimento de emergência.

Nas áreas de produção e comercialização, as grandes distâncias das comunidades produtivas encarecem os insumos e os custos com logística de escoamento encarecem o produto final.

Existe ainda um fator econômico que até então não foi levado em consideração pela atual política do governo federal. Os valores repassados para atendimentos de saúde, educacionais, sociais e outras áreas são iguais aos repassados a municípios de regiões cujas áreas territoriais estão, atualmente, em sua maior parte antropizadas e cujas densidades populacionais são muito mais altas por consequência direta do desmatamento que têm promovido. A grande extensão de áreas protegidas e de outras áreas com natureza intacta sem proteção sob unidades de conservação no Território resultam numa densidade populacional baixa, o que custa caro aos atores que o habitam. Isto porque municípios com densidade populacional mais alta possuem condições melhores de diluir custos de manutenção de escolas, de postos de saúde (em virtude do maior número de atendimentos) e de outros serviços sociais nas respectivas áreas, algo que os municípios do Território dos Lagos não têm como fazer.

Nas oficinas também foi citado o atendimento social por programas como o “Minha Casa, Minha Vida”, que libera o mesmo valor para construção de uma casa em todo o Brasil, sendo que os altos custos de materiais de construção no Território dos Lagos não permitem que os atores sociais beneficiados pelo programa efetivamente construam uma casa com qualidade conforme prevê o programa. Em primeiro lugar, a localização geográfica do estado já implica em custos mais altos de qualquer insumo importado de outros estados e, ainda, a logística complexa das comunidades distantes implica em um custo ainda maior.

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Assim, tanto o Poder Público quanto os atores sociais do Território dos Lagos entendem que há a clara necessidade de rever as políticas públicas sobre repasse de verbas, adequando-as aos custos reais locais, que são muito mais altos do que em regiões com maior densidade populacional, já que os custos ainda são influenciados por uma logística cara, por causa da localização geográfica do Território.

DIMENSÃO AMBIENTAL

O Território dos Lagos possui 85% de seu território ocupado por ecossistemas naturais. Entre eles estão imensas proporções de florestas; o alagado, que possui características de pantanal e permanece submerso durante grande parte do ano; e o cerrado, que abrange parte significativa de cada município do território e separa as florestas do alagado. Essa grande proporção de área ainda ocupada por esses ecossistemas deve mudar a compreensão dos elaboradores e modificar a concepção dos projetos de desenvolvimento para os cenários futuros. O Território é amazônico e isolado no extremo norte do país e sua população também é amazônica no sentido de que exerce o extrativismo e, por isso, estabelece uma relação com o meio ambiente diferente daquela estabelecida pelas populações nas regiões rurais brasileiras que se tornaram fronteiras agrícolas e passaram por diferentes ciclos econômicos e sociais de modificação da relação homem-natureza.

Foto 3 – O alagado do Território que possui características de pantanal (SEMA)

O debate ocorrido durante as oficinas municipais formulou novas orientações para a questão ambiental no território. Uma prioridade indicada pelos atores foi o “ordenamento da bubalinocultura”. Segundo eles, a criação de búfalos na região, por um lado, gera renda para muitas famílias, inclusive de pescadores, mas por outro representa uma crise ambiental, pois provoca alterações no ecossistema do alagado comprometendo a pesca.

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Durante os debates foi comunicado que existe um trabalho no qual há recomendações da população sobre a quantidade de búfalos por unidade de área. O grupo expressou o seu interesse de que esses pesquisadores fossem ao Território para debater o assunto e contemplem em seu estudo formas de contribuição para a formulação da política.

A formulação dessa política deve também considerar o conhecimento das comunidades locais e instituições públicas de apoio sobre a dinâmica do processo produtivo dos búfalos e o impacto ambiental resultante. No inverno, o búfalo vai para a campina (local alto) e o manejo no alagado compromete os barrancos e provoca erosão. Impedir a circulação dos búfalos no lago durante o inverno diminuiria as valas paralelas entre os igarapés, manteria os barrancos, reduziria a correnteza e manteria o fluxo dos igarapés. A localização do público beneficiário dessa política no território revela sua capacidade de convivência em meio ambiente diverso e complexo. Inserido em uma região das mais isoladas e conservadas da floresta amazônica no estado do Amapá, o Território dos Lagos possui ainda um complexo de ecossistemas conectados que necessita ser conhecido e compreendido amplamente para planejar projetos de desenvolvimento.

No município do Amapá o meio agroecológico é formado por uma porção de floresta a oeste (20% do território físico do município), que é separada do alagado pelo cerrado (15% do território físico do município). Os 65% restantes são ocupados por alagados. A colônia de pescadores ocupa a sede municipal e a área ao longo dos rios importantes. A pesca é praticada nos lagos e oceano. Os dois assentamentos existentes localizam-se no centro da porção oeste (floresta) e no centro da margem leste do cerrado. Os assentamentos estão localizados em ambos os lados da BR 156. Os agricultores fundiários estão dispersos na floresta e na área de alagado, e em menor número no cerrado, ocupando todo o município. Os criadores de búfalo localizam-se no alagado.

O meio agroecológico do município de Tartarugalzinho é formado por uma porção de floresta a oeste (35% do território físico do município) separada do alagado pelo cerrado (35% do território físico do município). O alagado ocupa os 30% restantes do território físico. A colônia de pescadores ocupa a sede municipal e a área ao longo dos rios importantes. A pesca é praticada em lagos. Os cinco assentamentos existentes localizam-se na porção oeste (floresta), cada assentamento disposto na margem da BR 156 em direção oeste. Tartarugalzinho possui o maior número de famílias assentadas do Território. Os agricultores fundiários encontram-se dispersos nos três ecossistemas: floresta, parte do cerrado e alagado.

O meio agroecológico do Município de Pracuúba é formado por um pequeno pedaço de cerrado (5%) que divide a floresta (70%) do alagado (25%). A colônia de pescadores ocupa a sede municipal e a área ao longo dos rios importantes. Os dois assentamentos existentes localizam-se na porção oeste (floresta), cada assentamento disposto na margem da BR 156 na direção norte e sul. Os agricultores fundiários estão distribuídos ao longo de todos os ecossistemas. Entre a BR 156 e a sede municipal uma área de 15 km de cerrado é cortada pelo ramal na direção oeste – leste. Neste mesmo sentido dois rios importantes seguem em direção ao lago Pracuúba. É nesta área que se concentram os pescadores.

Nos ecossistemas as atividades praticadas pelos três mais importantes grupos sociais do território incluem extrativismo vegetal e animal mesclado com pequenas áreas agrícolas, principalmente plantio de mandioca, para segurança alimentar. Essas populações

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possuem uma forte integração com o meio ambiente, e convivem harmonicamente com a flora e a fauna de grande porte.

Áreas desmatadas

Conforme vemos na tabela abaixo, o Território dos Lagos, a exemplo do que ocorre em todo o Estado do Amapá, tem um percentual muito baixo de área desmatada.

Município Área (ha)

Desmatamento acumulado até

2004 (ha)

Desmate Biênio 2005-

2006 (há)

Percentual em relação à

área do município

(biênio 2005-2006)

Desmatamento Total até 2006

Percentual desmatado

em relação a área do

município até 2006

Amapá 916.900 3.279,78 58,74 0,01% 3.338,52 0,36%

Pracuúba 495.673,90 3.083,30 245,48 0,05% 3.328,78 0,67%

Tartarugalzinho 671.195,00 11.455,93 1448,18 0,22% 12.904,11 1,92%

Território 1.166.868,90 14.539,23 1.693,66 0,15% 16.232,89 1,39%

Tabela 3 – Percentual de Áreas desmatadas até 2006 nos Municípios do Território dos Lagos

Até 2006, o desmatamento havia atingido apenas 1,39% da área do Território dos Lagos, um percentual bem menor do que registrado no Estado do Amapá (1,96%) e na Amazônia Brasileira, que no final de 2004 já atingira índices alarmantes de aproximadamente 20%.

Queimadas

Em agosto de 2010 o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) declarou o Estado livre do risco de queimadas. Em anos anteriores, contudo, a prática agrícola da queima e coivara, até hoje em uso no território, acabou causando diversas queimadas no Estado, tendo atingido, em algumas ocasiões, também áreas do Território dos Lagos.

Para evitar novas queimadas, em julho de 2010 o Estado do Amapá lançou o Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento e Queimadas do Estado do Amapá (PPCDAP). O Plano foi realizado pelo governo do Estado, por meio da Secretaria Especial de Desenvolvimento Econômico e da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, em parceria com o WWF-Brasil e a Agência de Cooperação Técnica Alemã (GTZ). A elaboração do Plano contou ainda com o apoio do Ministério do Meio Ambiente e do Ministério Público do Amapá e é resultado de uma série de estudos feitos em parceria com todos os órgãos envolvidos para a elaboração de uma matriz de programas e ações a serem realizados.

Desafios para as atividades previstas no PAC

A manutenção dos diversos ecossistemas e de toda a biodiversidade exuberante do Território dos Lagos representa uma grande contribuição para a Amazônia, o resto do Brasil e o restante do mundo, mas tem um preço muito alto para os habitantes da área. Em razão de toda a biodiversidade existente no Território, os projetos previstos pelo PAC requerem muito mais estudos e autorizações do que aqueles em regiões quase totalmente antropizadas. Segundo o 10º balanço sobre o andamento do PAC no Estado do Amapá, até o momento existem obras para Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário em fase preparatória e obras de melhorias sanitárias em andamento nos três municípios do Território dos Lagos.

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Saneamento Básico

Um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas em 2007 mostra que o Amapá é o Estado brasileiro com o menor índice de esgoto tratado e que o percentual de domicílios com acesso à rede geral de esgoto é de apenas 1,42%.

Os dados publicados pelo IBGE referentes a 2008, por sua vez, mostram o Estado do Amapá na terceira pior colocação entre os Estados brasileiros: apenas 3,5% de domicílios são servidos por rede de esgoto e menos de 60% das residências estão ligadas à rede geral de abastecimento de água (a média nacional, que inclui todo o Nordeste, é de 78%).

A Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar – PNAD 2008 já demonstrava que no Amapá apenas 4% dos domicílios estavam em condições minimamente adequadas de saneamento enquanto que a média na região Norte era de 16% e no Brasil, de 62%. Essas condições incluíam rede geral de água, canalização em pelo menos um cômodo, coleta de lixo e serviço de esgotamento sanitário.

Assim, a situação do saneamento básico no Território dos Lagos também é muito precária e seus habitantes esperam uma solução breve para o problema.

Coleta de lixo

A coleta e o aterro do lixo são grandes problemas tanto no Estado do Amapá quanto no Território dos Lagos. Este aspecto foi debatido durante as oficinas de diagnóstico dos três municípios e a coleta de lixo foi considerada como um ponto importante que deve ser melhorado urgentemente.

ÁREAS PROTEGIDAS NO TERRITÓRIO DOS LAGOS

O Território dos Lagos faz parte de um Estado que até hoje conserva 98% de sua cobertura florestal e cujos 62% de seu território compreendem áreas sob modalidades especiais de proteção. O Estado do Amapá tem 19 Unidades de Conservação que ocupam juntas 8.798.040,31 hectares, 12 das quais são federais, 5 estaduais e 2 municipais.

Em razão de uma considerável área do Território dos Lagos estar protegida por unidades de conservação, não foi surpresa que essa questão surgisse nas duas oficinas de diagnóstico municipal. Os produtores familiares dos três municípios relataram que é um desafio conciliar de um lado a valorização da agricultura familiar tradicional, combatendo-se a pobreza e, de outro, a degradação ambiental.

UNIDADE DE PROTEÇÃO INTEGRAL

Reserva Biológica do Lago Piratuba

A Reserva Biológica do Lago Piratuba abrange 357.000 hectares dos municípios de Tartarugalzinho e Amapá. Na Reserva existe uma grande diversidade de formações vegetais e ecossistemas e sua fauna é muito rica e diversificada.

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Estação Ecológica Maracá-Jipioca

Outra Unidade de Proteção Integral inserida no Território dos Lagos, mais especificamente no Município de Amapá, é a Estação Ecológica (ESEC) Maracá-Jipioca. Criada em 1981, com 72.000 hectares, a Esec é uma ilha oceânica que sofre grande influência do rio Amazonas, possui uma grande extensão de mangue e é sujeita ao fenômeno da pororoca. É composta por três ilhas: Maracá Norte, Sul e Jipioca. A ilha Jipioca foi totalmente destruída pela erosão, mas a sedimentação de resíduos desta ilha criou outra conhecida como Jipioquinha, a qual vem se formando há alguns anos, restabelecendo a flora e fauna locais.

Foto 4 – Mapa da Rebio do Lago Piratuba

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UNIDADES DE USO SUSTENTÁVEL

Floresta Nacional do Amapá

A Floresta Nacional (FLONA) do Amapá foi a primeira Unidade de Conservação de Uso Sustentável criada no Estado do Amapá. Está localizada no centro do Estado e tem uma grande diversidade de florestas, incluindo áreas inundadas, de terra firme e formações rochosas. A sua finalidade é promover o manejo dos recursos naturais, com ênfase na produção sustentável da floresta, proteger recursos hídricos, belezas cênicas e sítios arqueológicos, fomentar o desenvolvimento da pesquisa científica, educação ambiental e atividades de lazer e turismo. A área de 412.000 hectares abrange os municípios de Pracuúba e Amapá, além de Ferreira Gomes, que faz parte do Território Centro Oeste. Estima-se que a área da Flona inserida no Território dos Lagos seja em torno de 60%, o que corresponde a 247.200 hectares.

FLORESTA ESTADUAL DO AMAPÁ

Em 2006 foi criada a Floresta Estadual do Amapá (FLOTA), cuja área abrange 2.320.304,75 hectares, localizados em todos os municípios do Território dos Lagos, além de outros três Territórios do Estado do Amapá.

O módulo III da FLOTA abrange 4.314,49 km2 de áreas dos três municípios do Território dos Lagos, representando 18,20% do total do Território.

O Gráfico 1 abaixo mostra o percentual de área ocupada por Unidade de Proteção Integral, Unidade de Conservação de Uso Sustentável e por centros urbanos e campos de produção agrícola (sem Unidades de Conservação) no Território dos Lagos.

Gráfico 1 - Divisão da área total do Território entre Unidade de Proteção Integral, Unidade de Uso Sustentável e áreas de centros urbanos e campos de produção agrícola dos respectivos municípios

O Território dos Lagos do Estado do Amapá tem praticamente 53% de sua área total protegida por Unidades de Proteção Integral e Unidades de Uso Sustentável.

Sabe se ainda que dos 47% restantes, apenas aproximadamente 20% estão antropizadas e ocupadas com centros urbanos e campos agrícolas dos respectivos municípios.

Unidade de Proteção Integral20,50%

Unidade de Uso

Sustentável32,43%

Área sem Unidade de

Conservação47,06%

Divisão da área Total do Território

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Considerando que a criação dessas Unidades de Conservação representou uma nova situação para os habitantes da região, os agricultores requerem maior apoio nesse processo de mudança da informalidade total para alguma formalidade, para que possam realizar suas atividades de agricultura e extrativismo dentro da legalidade. Com base nisso, verifica-se uma necessidade extrema de investimentos maciços em ações de apoio a esses agricultores, que devem incluir mutirões para facilitar o acesso à documentação necessária e subsídios para possibilitar o aumento de produção em suas áreas restritas. Caso contrário, apenas extrativistas e agricultores não familiares poderão continuar produzindo e comercializando produtos agrícolas atendendo a todas as exigências formais. Isto porque, em geral, historicamente eles tiveram mais acesso a estudo e condições financeiras para custear as tramitações legais e/ou, no caso da necessidade de contratação de algum serviço especializado, para obtenção de autorizações de produção ou extração.

Os atores presentes nas oficinas também expressaram sua expectativa no que se refere ao andamento das negociações sobre as formas de compensação (sequestro (crédito) de carbono, a manutenção da biodiversidade etc.) pela criação das áreas protegidas situadas no Território dos Lagos e áreas que estão intactas apesar de não estarem sob proteção de Unidades de Conservação.

Os atores sociais no Território dos Lagos sugeriram algumas alternativas sobre como tais compensações poderiam ser implementadas pelo poder público, a saber:

i. Manejo florestal; ii. Ressarcimento por hectare protegido (sistema de remuneração) aos

produtores (PSA); iii. Inclusão das reservas legais dos terrenos de reforma agrária e

reservas extrativistas na área do parque; iv. Bolsas florestas (PSA); v. Promoção de cursos de qualificação sobre manejo de açaí pelos

órgãos públicos responsáveis pelas áreas de unidades de uso sustentável;

vi. Instalação de viveiros com hortaliças; vii. Cursos na área de artesanato para aproveitamento semente, cipó

titica e outros; viii. Capacitação de agentes ambientais comunitários e outros; ix. Capacitação para os técnicos municipais para que no futuro possam

assumir a fiscalização e o monitoramento de suas unidades; x. Implantação de energia solar em áreas onde não é possível ter

energia elétrica; e xi. Implantação de bibliotecas ambientais.

Espera-se que as discussões e negociações hoje em curso possam em breve ser concretizadas em ações reais, benéficas e necessárias para o Território.

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RESUMO DA SITUAÇÃO AMBIENTAL DO TERRITÓRIO

Conforme pode ser observado no capítulo acima, a situação ambiental do Território dos Lagos é muito positiva, mesmo se a compararmos às demais regiões do Estado e principalmente ao restante da Amazônia legal e do Brasil.

Foto 5 – Paisagem de Tartarugalzinho

No entanto, em um território, onde existem tantas áreas com o meio ambiente intacto as quais se pretende manter, a efetiva transformação das imensas possibilidades econômicas do Território dos Lagos em reais oportunidades de negócios sustentáveis depende fundamentalmente da capacidade dos agentes públicos e privados que atuam no processo de desenvolvimento regional em construir arranjos institucionais fortes e capazes de mobilizar sinergias visando à superação dos desafios inerentes a região com tantas características e complexidades. Por exemplo, a realização de obras é extremamente necessária tanto para uma vida mais digna da população residente no Território dos Lagos quanto para dinamizar a economia da região, porém, os impactos ambientais causados pelas obras não são baixos.

Em razão disso, entende-se que será um grande desafio realizar as obras previstas em programas governamentais para melhorias de infraestrutura, como o PAC e o PAC 2, em harmonia com o meio ambiente tão valioso do Território dos Lagos.

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DIMENSÃO SOCIOCULTURAL E EDUCACIONAL

POPULAÇÃO

A seguir analisar-se-á os dados populacionais oficiais do IBGE. Porém, ressalta-se que os números oficiais apresentados nas oficinas municipais e utilizados na construção deste PTDRS foram fortemente contestados pelas pessoas presentes, principalmente aqueles referentes aos percentuais de população rural e urbana no território.

No Território dos Lagos existe um grande número de famílias agricultoras que trabalha no campo, mas reside no espaço considerado urbano pelo senso do IBGE. Muitas destas pessoas também possuem outra atividade econômica na cidade, o que pode explicar a divergência de dados sobre os percentuais de população rural e urbana e orientar ações futuras que possam esclarecer essa inconsistência.

Conforme o último senso do IBGE, o Território dos Lagos possuía em 2007 um total de 23.240 habitantes. Este número representou um crescimento de 40,61% em relação a 2000 e de 82,02% se comparado a 1991.

Gráfico 2 - Evolução demográfica nos 3 municípios do Território entre 1991 e 2007.

Em 2007, a população total do Território representava 3,96% do total de habitantes do Estado do Amapá. Entre 1996 e 2007 o crescimento demográfico do Território dos Lagos do Amapá foi mais de 5 vezes maior do que o projetado pelo IBGE no Brasil. Isso significa que, enquanto o Brasil teve um crescimento anual de aproximadamente 1,40%, o Território dos Lagos, durante o mesmo período, teve um crescimento anual de 8,49%. O município de Tartarugalzinho foi o que mais contribuiu para este crescimento, pois nesse período sua população aumentou 169,28%, ou seja, uma média de 15,39% ao ano.

Mesmo tendo havido diminuída a taxa de crescimento demográfico no Território dos Lagos entre 2000 a 2007 para 6,00% ao ano, a mesma ainda permaneceu quatro vezes maior do que a taxa de crescimento populacional do Brasil. Isso indica a necessidade de investimentos maciços em infraestrutura para o Território, principalmente em saneamento básico, manejo de resíduos sólidos urbanos, energia, habitação, transporte, hospitais, escolas e segurança.

Município População Variação Taxa anual População Variação Taxa anual

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

1991 1996 2000 2007

Evolução Populacional do Território nos últimos 4 anos

Amapá

Pracuúba

Tartarugalzinho

Total Território dos Lagos

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1996 2007 Absoluta Relativa 2000 2007 Absoluta Relativa

Amapá 6.441 7.492 1.051 16,32 1,42 7.121 7.492 371 5,21 0,74

Pracuúba 1.690 3.353 1.663 95,33 8,67 2.286 3.353 1.067 46,68 6,67

Tartarugalzinho 4.603 12.395 7.792 169,28 15,39 7.121 12.395 5.274 74,06 10,58

Território 12.734 23.240 10.506 93,643 8,49 16.528 23.240 6.712 41,98 6,00

Tabela 4 - Análise de Taxa de crescimento populacional dos Municípios e Território dos Lagos

Ainda em 2007, conforme os dados do IBGE, no Território dos Lagos 52,84% da população eram homens e 47,16 %, mulheres. A população urbana representou 60,43% e a rural, 39,57%%. Assim, o grau de ruralidade no Território dos Lagos estava bem acima do registrado no Estado do Amapá, que em 2000 era apenas 11%.

Comparando-se o grau de urbanização do Estado do Amapá com o do Brasil, observa-se que entre 1970 e 1980 o Brasil apresentou um grau de urbanização mais alto que o do Amapá. Essa situação, no entanto, começou a se inverter a partir de 1980, e em 2000 o Estado do Amapá já superava o Brasil. Apesar de o Território ter aumentado o grau de urbanização nas últimas décadas, ainda não conseguiu se aproximar do grau de urbanização do Estado do Amapá.

Municípios

População recenseada, por situação do domicílio e sexo

Total Urbana Rural

Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres

Amapá 7.492 3.886 3.605 6.350 3.237 3.113 1.142 649 492

Pracuúba 3.353 1.780 1.573 1.587 847 740 1 766 933 833

Tartarugalzinho

12.395 6.318 5.478 6.108 3.168 2.933 6.287 3.150 2.545

TOTAIS 23.240 11.984 10.656 14.045 7.252 6.786 9.195 4.732 3.870

Tabela 5 - População recenseada por situação de domicílio e sexo

Em 2007, a densidade populacional do Território dos Lagos do Amapá era de 1,12 por km2; a do Estado do Amapá era de quase 4 habitantes por km2; a da região Norte era 3,63 por km2; a do Brasil, 21,75 por km2, e do mundo, 44,30 habitantes por km2.

População total (série histórica- últimos 4 anos)

1.991 1.996 2.000 2.007 Área do município Km

2

Den

sid

ad

e p

op

ula

cio

na

l

1996 1996 2000 2007

Amapá 8.075 6.410 7.121 7.492 9.169 0,88 0,70 0,78 0,82

Pracuúba 1.690 2.286 3.353 4.957 0,34 0,46 0,68

Tartarugalzinho 4.693 4.485 7.121 12.395 6.712 0,70 0,67 1,06 1,85

Total Território dos Lagos 12.768 12.585 16.528 23.240 20.838 0,61 0,60 0,79 1,12

Tabela 6 - Série histórica da População total, área de município e densidade populacional por município do Território

27

Gráfico 3 - Evolução da Densidade Populacional dos municípios do Território dos Lagos.

ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO (IDH) DO TERRITÓRIO

Figura 2 – Mapa do IDH Municipal

Em 2000 o IDH-M médio dos municípios do Território dos Lagos foi de 0,682 e o do Estado do Amapá foi de 0,698. Portanto, na época, o IDH médio do Território dos Lagos estava um pouco abaixo da média do IDH estadual, mas tanto o do Estado do Amapá quanto o do Território dos Lagos estavam consideravelmente abaixo do IDHM geral do Brasil, que estava em 0,75.

Entre 1991 e 2000 o IDHM – Renda teve uma leve ascensão de 0,507 para 0,548 no território, mas ainda assim estava abaixo da média do estado (0,578). Nesse mesmo período o IDHM – Longevidade também teve um ligeiro aumento de 0,646 para 0,677, ficando um pouco acima ao IDH- Longevidade médio do estado, que estava em 0,658.

Finalmente, o IDHM- Educação teve um aumento mais considerável no Território dos Lagos de 0,621 para 0,823, ficando quase no mesmo patamar do IDH- Educação médio do estado (0,829).

POBREZA E DESIGUALDADE NO TERRITÓRIO

Nos anos recentes, diversos estudiosos sobre a pobreza tendem a concordar com uma definição abrangente considerando-a como privação do bem-estar pela ausência de elementos necessários que permitam às pessoas levarem uma vida digna em uma sociedade. Sob este aspecto, a ausência de bem-estar está associada à insuficiência de

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

1991 1996 2000 2007

Amapá

Pracuúba

Tartarugalzinho

Total Território dos Lagos

28

renda, à nutrição, à saúde, à educação, à moradia, aos bens de consumo e aos direitos de participação na vida social e política da comunidade em que vivem.

A pobreza também se distingue pela falta de oportunidades e poder e pela vulnerabilidade de grupos sociais com maior probabilidade de acirrarem a sua condição ou de sofrerem risco de entrar na pobreza. O crescimento econômico, por exemplo, é crucial para criar oportunidades. No entanto, o crescimento não será suficiente se os pobres não forem capazes de usufruir seus benefícios por falta de treinamento, saúde ou acesso à infraestrutura básica. Neste sentido, a mensuração da pobreza deve captar as suas distintas manifestações, muitas vezes resultado de relações sociais mais abrangentes e complexas, em contraste com situações em que o tratamento da pobreza deve ser focalizado nos próprios grupos desfavorecidos. Trata-se, assim, de diferenciar aspectos individuais e estruturais de maneira a implementar políticas e programas que garantam a melhoria do bem-estar da população.

No âmbito das pesquisas quantitativas, várias metodologias se desenvolveram nas últimas décadas, mas destacam-se três práticas mais frequentes: as que medem a pobreza absoluta pela identificação de uma linha abaixo da qual as pessoas não teriam um padrão de vida considerado o mínimo aceitável; as que medem a pobreza relativa por meio do reconhecimento de pessoas que tenham um nível de vida baixo em relação a outros grupos da sociedade; e as que medem a pobreza subjetiva, isto é, a percepção dos próprios indivíduos sobre as suas condições mínimas necessárias de sobrevivência.

As três principais abordagens de mensuração da pobreza têm vários aspectos comuns, que devem ser avaliados antes de se decidir qual método será utilizado para definir a linha de pobreza. São aspectos não consensuais, com prós e contras entre as opções disponíveis e que levam os pesquisadores a fazerem escolhas, muitas vezes com certo grau de arbitrariedade, seja por falta de informações estatísticas disponíveis ou mesmo por ausência de metodologias mais específicas. Entre esses aspectos pode-se destacar a escolha da unidade de análise (domicílio, família), dos métodos que tornem comparáveis domicílios de composições demográficas e tamanhos distintos (adulto equivalente, per capita, economia de escala) e a escolha de um indicador apropriado para medir o padrão de vida do domicílio (renda ou consumo).

Portanto, a escolha da abordagem e a avaliação dos aspectos a serem considerados na mensuração da pobreza dependem do objetivo que se quer atingir, uma vez que cada decisão tem impacto no resultado final da proporção de pobres encontrada. No estudo, cujo resultado será apresentado a seguir, o IBGE usou as abordagens de pobreza absoluta e de pobreza subjetiva.

No que se refere à desigualdade, contudo, o IBGE optou pelo índice de GINI, que mede o grau de distribuição da renda (ou, em alguns casos, os gastos com o consumo) entre os indivíduos em uma economia. Medido com referência ao desvio de uma distribuição perfeita, um índice de GINI zero implica em uma perfeita equanimidade na distribuição da renda, enquanto que um índice de 1 implica na perfeita desigualdade.

Podemos ver na tabela abaixo que a incidência da pobreza nos municípios do Território dos Lagos é sete pontos acima da média estadual. O Município de Pracuúba apresentou a incidência de pobreza mais alta do estado, com 73,69%. No critério da Incidência de Pobreza Subjetiva o município de Pracuúba também apresentou o percentual mais alto do Estado, 77,59%, mas como os Municípios de Amapá e Tartarugalzinho tiveram os seus

29

índices abaixo dos do estado, a média do território ficou somente 7% distante da média do estado.

No Coeficiente de Gini o município de Pracuúba obteve um índice de maior igualdade do que os registrados nos outros dois municípios do território e também do que a média do Estado, 0,38. Neste caso, contudo, não dá para considerar este índice como positivo uma vez que no local existia pobreza extrema na época da elaboração deste coeficiente, logo ele demonstra essa igualdade de pobreza.

Município Incidência da Pobreza

Limite inferior da Incidência de Pobreza

Limite superior da Incidência de Pobreza

Incidência da Pobreza Subjetiva

Índice de Gini

% % % %

Amapá 48,46 40,29 49,68 48,28 0,40

Pracuúba 73,69 62,19 85,18 77,59 0,33

Tartarugalzinho 45,45 36,75 54,16 49,95 0,39

Média Território 55,87 46,41 63,01 58,61 0,37

Média do Estado 48,46 40,29 49,68 48,28 0,40

Tabela 7 - Índices de Pobreza e Desigualdade no Território

TIPOLOGIAS PNDR NO TERRITÓRIO DOS LAGOS

O Governo Federal está muito ciente de que as desigualdades regionais constituem um fator de entrave ao processo de desenvolvimento no Brasil. Prova disso é que o Ministério da Integração Nacional, depois de conceber que o caminho de redução das desigualdades passa pela valorização da magnífica diversidade regional do país, criou uma nova Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR), com o objetivo geral de reduzir as desigualdades regionais e ativar os potenciais de desenvolvimento das regiões no País. Segundo o sumário executivo do PNDR, com esta nova política a questão regional ganha espaço prioritário na agenda do estado brasileiro, gerando propostas inovadoras e consistentes que buscam contribuir para o debate sobre a nova concepção de desenvolvimento includente e sustentável, levando, dessa forma, à estruturação de uma sociedade mais justa.

Assim, o Ministério realizou uma pesquisa cruzando duas variáveis: rendimento domiciliar médio e crescimento do PIB per capita para chegar a um resultado de quatro situações que denominou de “idealtípicas” para cada município (microrregião) no Brasil. Os quatro grupos resultantes desta pesquisa são:

Grupo 1: Microrregiões de ALTA RENDA – compreendendo MRGs com alto rendimento domiciliar por habitante, independentes do dinamismo observado. Essas regiões não são prioritárias para a PNDR, por disporem de recursos suficientes para reverter a concentrações de pobreza.

Grupo 2: Microrregiões DINÂMICAS – MRGs com rendimentos médios e baixos, mas com dinâmica econômica significativa, onde o grau de urbanização é baixo (57,9%) e, embora estas MRGs abriguem cerca de 9% da população nacional, elas são responsáveis por apenas cerca de 4% do PIB.

30

Grupo 3: Microrregiões ESTAGNADAS - MRGs com rendimento domiciliar médio, mas com baixo crescimento econômico. Trata-se de regiões que apresentam um grau de urbanização relativamente elevado (75,3%), e que são responsáveis por aproximadamente 18% do PIB nacional, residindo nelas em torno de 29% da população brasileira.

Grupo 4: Microrregiões de BAIXA RENDA - MRGs com baixo rendimento domiciliar e baixo dinamismo, onde o rendimento domiciliar médio é de apenas 27% da média nacional.

Segundo os cartogramas do Ministério da Integração os três municípios do Território dos Lagos fazem parte da tipologia Dinâmica.

Município Descrição da PNDR

Amapá DINÂMICA

Pracuúba DINÂMICA

Tartarugalzinho DINÂMICA

Quadro 1 – Tipologia PNDR

O Estudo do Ministério da Integração mostra que em 2003 todos os municípios do Território dos Lagos foram avaliados com Tipologia DINÂMICA, revelando a realidade local de rendimentos em sua maioria baixos, mas com dinâmica econômica significativa.

O grau de urbanização do território continua baixo e, portanto, sem dúvida, os municípios do Território DOS LAGOS - AMAPÁ devem estar entre os considerados como prioritários pelo Governo Federal no que se refere à Política Nacional de Desenvolvimento Regional.

TABELA DA DEMANDA SOCIAL

A tabela de demanda social do MDA a seguir mostra o número de Agricultores familiares, Famílias assentadas e Pescadores nos municípios do território. Não existiam povos indígenas e nem comunidades quilombolas reconhecidas até o momento da elaboração deste Plano em nenhum Município do Território dos Lagos.

Município Agricultores Familiares

1

Famílias Assentadas

2 Pescadores

3

Amapá 105 154

Pracuúba 41 220 81

Tartarugalzinho 146 1.430 144

Totais no Território 292 1.804 225

Tabela 8 – Dados Oficiais da Demanda Social do MDA para o Território dos Lagos

1 IBGE, Censo 2006

2 INCRA, 2009

3 SEAP, 2004

31

A falta de dados oficiais sobre pescadores no município do Amapá indica que há um equivoco da SEAP na coleta já que o município historicamente tem a pesca como um de seus esteios econômicos.

A tabela abaixo, que foi elaborada pelos participantes das oficinas no território, mostra uma estimativa da população economicamente ativa e suas atividades econômicas a partir da descrição e percepção dos atores sociais do território.

População ocupada (de famílias) por categoria social conforme descrição e percepção dos participantes da oficina4

Pescadores Assentados Fundiários

Amapá 850 120 600

Tartarugalzinho 800 600 1.500

Pracuúba 400 120 550

Total 2.050 820 2.650

Tabela 9 - Estimativas dos participantes das oficinas municipais sobre a população ocupada dos municípios do Território

Quilombolas

Durante a oficina de Validação deste PTDRS foi informado que em março de 2010 a comunidade quilombola São Tomé do Aporema, localizada no município de Tartarugalzinho, recebeu a sua Certidão de Autodefinição pela Fundação Cultural Palmares, baseada na portaria nº 98/2007 da FCP, nos termos do decreto 4.887/2003.

DESEMPENHO ESCOLAR

Em 2005 o Estado do Amapá ocupava o sétimo lugar no Brasil em IDH de Educação, com 0,919. Dentre os Estados da Região Norte, apenas o Amazonas teve melhor desempenho.

Há atualmente no estado do Amapá mais de 150 mil alunos matriculados na rede pública estadual de ensino, sendo que 50 mil cursam da 1ª a 4ª série e mais de 100 mil estão matriculados da 5ª a 8ª série. Considerando-se os acadêmicos das universidades públicas, 40% são afrodescendentes; 6% são indígenas; e o restante se declara pardos ou brancos. Nas Universidades, 80% dos alunos são oriundos de escolas da rede pública de ensino.

Comparando a taxa de aprovação do Território dos Lagos com a do Estado do Amapá e com a do Brasil, podemos afirmar que o desempenho dos alunos do Ensino Fundamental Regular das Séries iniciais melhorou consideravelmente nos últimos anos. Em 2005, as taxas de aprovação ainda estavam muito abaixo das taxas gerais do Estado, mas em 2007 essa diferença diminuiu e, segundo os dados oficiais do INEP, em algumas séries até ultrapassaram as médias estaduais. Comparativamente ao Brasil essa diferença é consideravelmente maior; em 2005, por exemplo, o indicador de rendimento médio das séries iniciais do Ensino Fundamental Regular do Território dos Lagos estava quase 9%

4 Fonte: Diagnósticos municipais participativos de 2009

32

abaixo do rendimento médio do Brasil. Em 2007, melhorou um pouco, e a diferença caiu para 5%.

Taxa de Aprovação Ensino Fundamental Regular - Séries Iniciais (Até a 4ª série)5

Município Rede

2005 2007

SI a 4ª SI 1ª 2ª 3ª 4ª I. de R.

6

(P) SI a 4ª SI 1ª 2ª 3ª 4ª

I. de R

7.

(P)

Amapá Estadual 77,5 - 67,7 75,8 80,0 91,7 0,78 75,2 - 61,7 74,5 75,1 89,1 0,74

Amapá Municipal 66,0 - 53,9 62,8 70,6 83,2 0,66 75,1 94,7 66,4 75,6 67,0 81,0 0,76

Amapá Pública 72,7 - 61,9 70,2 76,0 88,2 0,73 75,2 94,7 63,9 74,9 72,0 86,2 0,77

Pracuúba Estadual - - - - - - - 75,5 - 67,3 82,8 72,1 78,2 0,75

Pracuúba Municipal - - - - - - - 78,9 - 71,5 79,3 82,0 100,0 0,82

Pracuúba Pública - - - - - - - 77,0 - 69,8 81,4 75,8 85,2 0,78

Tartarugalzinho Estadual 70,5 - 51,9 76,0 75,8 89,0 0,70 73,8 - 65,0 75,5 76,7 81,2 0,74

Tartarugalzinho Municipal 61,1 - 55,8 65,2 54,7 74,5 0,62 77,5 - 68,7 72,2 89,0 88,5 0,79

Tartarugalzinho Pública 67,3 - 53,4 71,9 70,6 84,5 0,68 75,2 - 66,5 74,1 81,7 83,5 0,76

Média do Território 69,2 57,4 70,3 71,3 85,2 0,7 75,9 94,7 66,8 76,7 76,8 85,9 0,8

Média do Estado Pública 75,1 65,2 75,6 80,0 84,8 0,8 75,2 81,3 68,7 75,9 77,6 82,3 0,8

Média do Brasil Pública 80,0 74,1 78,1 83,0 83,4 0,81 84,6 92,5 80,3 82,0 86,5 86,2 0,85

Tabela 10 - Taxa de aprovação no ensino fundamental regular até 4ª série no Território dos Lagos, no Estado do Amapá e no Brasil

Comparando-se as notas da Prova Brasil dos anos de 2005 e 2007, observa-se que o desempenho dos alunos do Território dos Lagos não acompanhou a melhoria em nível do Brasil, ou seja, mesmo da Nota Média Padronizada (13,62%), da Nota em Matemática (8,19%) e em Língua Portuguesa (10,89%) terem melhorado no próprio Território, elas não acompanharam a melhora que houve no Brasil e assim a diferença entre o desempenho do Território dos Lagos e o em nível de Brasil ficou bem maior.

Nome do Município Rede

Nota Prova Brasil – 2005 Nota Prova Brasil – 2007

Matemática Língua

Portuguesa

Nota Média Padronizada

(N) Matemática

Língua Portuguesa

Nota Média Padronizada (N)

Amapá Estadual 165,40 156,00 3,96 167,79 154,17 3,97

5 Fonte: INEP

6 e

7 I. de R. está para Indicador de Rendimento

33

Amapá Municipal 155,40 144,00 3,55 161,37 142,13 3,63

Amapá Pública 161,60 151,40 3,80 165,36 149,62 3,84

Pracuúba Estadual - - - 180,06 150,82 4,14

Pracuúba Municipal - - - 172,74 150,45 4,00

Pracuúba Pública - - - 176,27 150,63 4,07

Tartarugalzinho Estadual 170,80 156,00 4,06 178,99 160,82 4,30

Tartarugalzinho Municipal 161,00 154,20 3,84 180,40 157,35 4,27

Tartarugalzinho Pública 164,40 154,80 3,92 179,90 158,57 4,28

Média do Território 163,1 152,7 3,9 173,7 152,7 4,1

Média do Brasil Pública 177,08 167,58 4,39 189,14 171,40 4,69

Diferença -7,90% -8,86% -12,23% -8,19% -10,89% -13,62%

Tabela 11 – Resultados da Prova Brasil no Território comparado com os resultados do Brasil (1ª a 4ª série)

Analisando-se os dados de aprovação dos alunos do Ensino Fundamental Regular das séries finais observa-se que a Taxa de Aprovação em 2005 em todas as quatro séries estavam abaixo da Média do Estado, porém, acima da Média de Aprovação do Brasil. Já em 2007 apenas as Taxas de Aprovação de 5ª e 6ª séries no Território dos Lagos continuavam abaixo da Média do Estado, enquanto na 7ª e 8ª séries, diferentemente, já superavam de maneira considerável não somente a média do Estado, mas também a média do Brasil.

Taxa de Aprovação Ensino Fundamental Regular - Séries Finais (5ª a 8ª série)8

Nome do Município

Rede

Taxa de Aprovação -2005 Taxa de Aprovação -2007

5ª a 8ª 5ª 6ª 7ª 8ª I. de

R. (P) 5ª a 8ª 5ª 6ª 7ª 8ª

I. de R. (P)

Amapá Estadual 78,2 71,7 80,1 79,2 87,2 0,79 78,2 65,9 78,8 86,0 90,0 0,79

Pracuúba Estadual - - - - - - 83,8 84,2 79,1 83,3 91,6 0,84

Tartarugalzinho Estadual 80,6 75,6 82,1 84,3 84,2 0,81 83,9 77,7 81,7 87,3 90,6 0,84

Média Território Pública 79,4 73,7 81,1 81,8 85,7 0,8 82,0 75,9 79,9 85,5 90,7 0,8

Média Estado Pública 82,4 77,8 83,3 84,2 88,1 0,8 82,1 78,4 81,2 84,4 87,0 0,8

Média Brasil Pública 77,0 72,9 77,1 79,5 79,7 0,77 79,8 76,2 80,0 82,4 81,5 0,80

Tabela 12 - Taxa de Aprovação do Ensino Fundamental Regular de 5ª a 8ª série no Território dos Lagos, no Estado do Amapá e no Brasil

Porém, no que se refere ao desempenho dos alunos do Território dos Lagos na Prova Brasil no Ensino Fundamental Regular das séries finais, verificou-se uma taxa consideravelmente abaixo não somente da média do Estado, mas principalmente da média do Brasil. Considerando isto, coloca-se aqui uma questão importante: Quais as razões para taxas de aprovação tão altas se de fato o desempenho dos alunos do Território na Prova Brasil é tão inferior ao desempenho médio do Brasil e mesmo assim existe uma taxa de aprovação tão alta?

8 Fonte: INEP

34

Nome do Município Rede

Nota Prova Brasil - 2005 Nota Prova Brasil - 2007

Matemática Língua

Portuguesa

Nota Média Padronizada

(N) Matemática

Língua Portuguesa

Nota Média Padronizada

(N)

Amapá Estadual 217,40 201,10 3,64 207,14 198,51 3,43

Pracuúba Estadual - - - 225,49 225,00 4,17

Tartarugalzinho Estadual 223,00 210,50 3,89 216,64 206,87 3,73

Média Território Pública 220,2 205,8 3,8 216,4 210,1 3,8

Média Estado Pública 226,5 212,5 4,0 222,2 214,1 3,9

Média Brasil Pública 239,52 231,82 4,52 247,39 234,64 4,70

Tabela 13 – Notas do Prova Brasil 2005 e 2007 referentes às séries finais do Ensino Fundamental Regular no Território dos Lagos, Estado do Amapá e Brasil

Taxas de Analfabetismo

Os últimos dados oficiais de analfabetismo por município para o Território são de 2000. Segundo esses dados, a taxa de analfabetismo entre a população acima de 10 anos de idade no Território era de 16,36%, percentual consideravelmente acima da taxa estadual. Os dados revelam ainda que o percentual de pessoas não alfabetizadas no Território era quase o dobro do da capital do Estado.

Município

População residente a partir de 10 anos de idade

Total Alfabetizada Taxa de

alfabetização (%)

Taxa de analfabetismo

Amapá.......................................... 5 042 4 262 84,53% 15,47%

Pracuúba..................................... 1 549 1 302 84,05% 15,95%

Tartarugalzinho............................ 4 671 3 846 82,34% 17,66%

Território dos Lagos ................ 11 262 9 410 83,64% 16,36%

Amapá.......................................... 347 992 309 099 88,80% 11,20%

Macapá........................................ 210 983 193 196 91,60% 8,40%

Tabela 14 - Taxas de alfabetização e analfabetismo no Território dos Lagos, no Estado do Amapá e na Capital Macapá

NÚMEROS DE MATRÍCULAS NO TERRITÓRIO DOS LAGOS

A Tabela 15 abaixo mostra os dados de matrículas no Território dos Lagos conforme o INEP Censo Escolar.

Município ANO Rede Ed.Infantil Ensino Fundamental Ensino Médio

EJA9

(presencial)

Creche Pré-Escola

Total ensino Ed. Inf.

Anos Iniciais

Anos Finais

Total ensino fund.

Fundamental

Amapá

2008

Estadual 0 63 63 784 848 1632 435 155

Municipal 0 205 205 379 0 379 0 0

9 Educação de Jovens e Adultos

35

Total 0 268 268 1163 848 2011 435 155

2009

Estadual 0 0 0 835 856 1691 489 135

Municipal 13 338 351 513 0 513 0 90

Total 13 338 228 1348 856 2204 489 225

Pracuúba

2008

Estadual 0 0 78 221 377 598 207 79

Municipal 237 463 267 0 267 0 9

Total 0 237 541 488 377 865 207 88

2009

Estadual 0 0 0 358 303 661 184 73

Municipal 0 279 627 290 0 290 0 51

Total 0 279 627 648 303 951 184 124

Tartarugalzinho

2008

Estadual 0 19 19 940 622 1562 175 148

Municipal 21 440 461 496 0 496 41 31

Privado 0 69 69 0

Total 21 459 480 1.436 691 2127 216 179

2009

Estadual 0 16 16 794 651 1445 141 203

Municipal 15 465 480 553 1 554 47 24

Privado 0 47 47 0

Total 15 481 496 1.347 699 2.046 521 227

Municipal 0 318 318 287 287

Total 0 340 340 662 386 1.048 246 129

2009

Estadual 0 0 0 347 401 748 307 158

Municipal 0 237 237 0

Total 0 237 237 347 401 748 307 158

Território dos Lagos

2008 Estadual 0 119 119 2.608 2.097 4.705 1.888 655

Municipal 57 1.475 1.532 2.705 620 3.325 0 468

Privado 0 0 0 0 69 69 99 0

Total 57 1.594 1.651 5.313 2.786 8.099 1.987 1.123

2009 Estadual 0 16 16 2.381 2.145 4.526 1.983 598

Municipal 50 1.522 1.572 2.493 619 3.112 0 390

Privado 0 0 0 0 47 47 76 0

Total 50 1.538 1.588 4.874 2.811 7.685 2.059 988

Tabela 15 - Números de matrículas em 2008 e 2009

ESCOLA-FAMÍLIA AGRÍCOLA DO CEDRO (EFA DO CEDRO OU EFACE)

A Escola-Família Agrícola do Cedro foi inaugurada em 2003 e é a mais recente entre as cinco existentes no Amapá. Sua implantação teve a colaboração da Associação de Agricultores, pais, professores e alunos. Inicialmente a escola tinha capacidade para 50 alunos, e hoje já atende 120 estudantes, distribuídos em três turmas. A escola oferece ensino fundamental e médio e entra como parceira em projetos institucionais para a constituição de laboratórios. Um exemplo é um projeto pertencente à Embrapa-AP, que realiza o plantio de feijão e futuramente, o de milho. Há também experiências laboratoriais com a criação de galinhas e porcos e o plantio e reprodução de mudas.

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A escola aplica a pedagogia da alternância, um método em que os estudantes ficam em regime de internato durante 15 dias do mês e nos dias restantes retornam para casa com planos de estudo direcionados à sua realidade domiciliar.

PROBLEMAS ATUAIS NA EDUCAÇÃO NO TERRITÓRIO DOS LAGOS

Os esforços para melhoria da educação nos municípios do Território dos Lagos são dificultados por duas razões principais: pelas imensas distâncias entre algumas comunidades e a sede dos seus municípios e porque muitas dessas comunidades dispõem de escolas apenas até a 4ª série, o que muitas vezes leva à descontinuação dos estudos pelo fato de os alunos terem que se deslocar para locais distantes para prosseguirem os estudos. Apesar de a maioria das prefeituras dos municípios do Território dos Lagos custear o transporte escolar nessas comunidades, os alunos provenientes de comunidades ribeirinhas muitas vezes têm que enfrentar viagens exaustivas de barco para chegar à escola. Quanto às comunidades cujo acesso é via terrestre, o deslocamento também é difícil em algumas delas, pois os ramais são praticamente intrafegáveis e extremamente perigosos. Neste último caso outra dificuldade é o longo trajeto que muitos alunos precisam fazer para chegarem ao ponto de parada do transporte escolar. Por causa de todas essas dificuldades, muitos pais preferem que seus filhos parem de estudar.

A EFA do Cedro é uma opção para diversas famílias produtoras. Atualmente, a EFA do Cedro atende mais ao município de Tartarugalzinho por se localizar em suas proximidades. Assim, os filhos da maioria das famílias produtoras dos outros dois municípios do Território ficam sem esse atendimento.

As principais deficiências na educação identificadas durante as oficinas municipais no Território dos Lagos foram: a) ausência das disciplinas educação ambiental, agricultura e pesca na grade curricular; b) falta de oferta de ensino a partir da 5ª série para a área rural, c) ausência, ainda que temporária, de transporte escolar em algumas comunidades ou transporte escolar inadequado; d) falta de conservação dos ramais, o que dificulta o transporte escolar; e) Insuficiência ou falta de ensino de informática em algumas comunidades; e f) falta de um programa voltado à alfabetização do agricultor adulto.

Foram ainda identificadas como necessidades urgentes para a educação no Território: a) inclusão na grade curricular, desde o primeiro grau, de disciplinas sobre agricultura familiar e proteção ambiental com foco na realidade local; b) Viabilizar maior capacidade de atendimento ao EFA do Cedro para suprir mais satisfatoriamente as necessidades do território; c) oferta de cursos na área técnica agrícola e de pesca por meio da EFA; d) acesso à informatização em todas as comunidades rurais, e) instituição de cursos de 3º grau (públicos) priorizando as áreas de necessidade locais como meio ambiente, pesca e agricultura.

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SITUAÇÃO DA SAÚDE NO TERRITÓRIO

A tabela abaixo mostra a situação atual da saúde no Território dos Lagos conforme os dados oficiais de 2008 do DATASUS10, os quais constam no Sistema de Informações Territoriais (SIT) do MDA.

Município

Nº de Centros de

Saúde

Nº de Postos de

Saúde

Nº de Unidades

Mistas

Nº de Unidades Móveis

Terrestres

Amapá 1 2 1 0

Pracuúba 0 4 0 0

Tartarugalzinho 1 13 1 0

Território dos Lagos 2 19 2 0

Tabela 16 - Oferta de atendimento da saúde pública no Território dos Lagos

Os dados demonstram que nenhum dos municípios do Território dos Lagos dispunha de e de Unidade Móvel terrestre na época do levantamento.

Porém, segundo relatos ouvidos durante as oficinas municipais, esses dados não estão corretos, pois nos municípios existem unidades móveis terrestres, embora não tenha sido possível precisar o número exato durante os levantamentos in loco. Conforme os relatos, cada município possui duas a três ambulâncias, mas elas não funcionam durante boa parte do tempo. Isto porque as longas distâncias que precisam ser frequentemente percorridas para o transporte de doentes, normalmente até a Capital do Estado, desgastam rapidamente os veículos. Assim, muitas vezes os municípios do Território dispõem de apenas uma ambulância para os serviços. Nas oficinas foi identificado que, de fato, faltam mais ambulâncias e ambulanchas para atender as necessidades dos municípios. Além disso, os atores sociais do Território também ponderaram que necessitam com urgência de UTIs móveis nos municípios, o que permitiria atendimento rápido e com os recursos mais adequados em casos de emergência, já que o Território não dispõe de um Pronto Socorro.

Município

Nº de Leitos Clínicos por

mil habitantes

Nº de Leitos Obstétricos por mil habitantes

Nº de Leitos Pediátricos por mil habitantes

Nº de Leitos - Total por mil habitantes

Amapá 1,966016009 0,28085943 1,544726864 3,791602303

Pracuúba

Tartarugalzinho 1,404297149 1,404297149

Território centro-oeste 2,59 0,73 1,49 4,89

Tabela 17 - Leitos por 1.000 habitantes no Território dos Lagos

RESUMO DA SITUAÇÃO DA SAÚDE NO TERRITÓRIO DOS LAGOS

A população do Território reconhece que tem havido investimentos nos últimos anos em Unidades Básicas de Saúde, na reforma de alguns postos de saúde, na contratação de Agentes Comunitários de Saúde, bem como no aumento do estoque de remédios para 10

Informações obtidas no http://sit.mda.gov.br/avancada.php?menu=avancada em maio de 2010

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distribuição gratuita. No entanto, na avaliação dos participantes das oficinas de diagnóstico, esses investimentos ainda não são suficientes, pois diversas comunidades situadas em locais distantes no Território ainda não contam com nenhum serviço de saúde.

A falta de médicos especialistas no Território também é um ponto muito fraco apontado pela população. Quando o caso requer o serviço de outros especialistas além das especialidades básicas de clínica geral, pediatria e ginecologia e obstetrícia, o doente precisa se deslocar até à capital do Estado, o que implica em custos e grandes transtornos.

Outros pontos fracos mencionados nas oficinas nos quatro municípios do Território foram a não existência de saneamento básico adequado tanto nas sedes dos municípios como nas comunidades distantes e a dificuldade de conexão com a internet. Os sistemas de internet no Território são bastante instáveis, dificultando a transmissão de dados que, hoje, é uma exigência para a realização de repasse financeiro e de medicamentos.

As maiores e mais urgentes necessidades de investimentos na área da saúde identificadas no Território são:

Aquisição de ambulanchas para os municípios

Aquisição de mais ambulâncias

Aquisição de ambulância UTI completa

Reforma, ampliação e construção de novas Unidades Básicas de Saúde

Contratação de mais profissionais de saúde e maior capacitação do quadro atual

Melhorias no saneamento básico e na coleta e no acondicionamento do lixo

A população do Território dos Lagos está ciente que o Colegiado do Território Centro Oeste encaminhou ao MDA em 2007 uma solicitação para implantação de um hospital de referência na sua região, entre outras demandas. Por saber que seria muito difícil para o governo construir e principalmente manter dois hospitais em locais com densidade populacional tão baixa, a população do Território dos Lagos decidiu que apoiaria a solicitação feita pelo outro território. Eles entendem que se essa solicitação for concretizada no Território Centro Oeste será de grande proveito também para o Território dos Lagos, pois resolveria muitos dos problemas de atendimento médico existentes atualmente na região.

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ASPECTOS ECONÔMICOS

Segundo os dados oficiais de 2006, o setor terciário foi o que mais contribuiu para o PIB do Território dos Lagos, com uma média de 71,62%. Isso se deveu em grande medida ao funcionalismo público, assim como ocorreu em outros municípios do Estado do Amapá.

Em seguida está o setor primário (pesca, agricultura) com contribuição de 22,01%. Ressalta-se que em Tartarugalzinho o percentual de contribuição deste setor foi o mais baixo entre os municípios do Território.

Finalmente, o setor secundário (comércio de produtos com valor agregado como serrarias, artesanato etc.) foi o que menos contribuiu para o PIB do Território, com apenas 6,36%.

Nas oficinas municipais os participantes relataram que a produção de farinha de mandioca do município do Amapá é importante para a subsistência e sustentabilidade da economia local e que 95% dos assentados e 20% dos agricultores fundiários a produzem.

Os indicadores apresentados no quadro abaixo sobre a economia dos municípios do território servem de ferramenta complementar à análise dos dados censitários. As dificuldades encontradas pelo Censo em se aproximar das informações reais na região fazem com que estes indicadores sejam referências importantes para o diálogo e análise da realidade local e regional.

Proporção da população ativa com produção sendo comercializada no mercado com certa regularidade

Municípios/ Atividades produtivas importantes

Pesca Farinha de mandioca Pecuária Açaí

Amapá 100% 95% assentados, 20% fundiários.

80% fundiários, 5% pescadores.

10% fundiários, 13% pescadores

Tartarugalzinho 80% 85% assentados, 50% fundiários,

1% pescadores.

70% fundiários, 5% pescadores.

10% fundiários, 13% pescadores.

Pracuúba 80% 70% assentados, 40% fundiários, 2% pescadores.

50% fundiários, 5% pescadores.

10% fundiários, 13% pescadores.

Tabela 18 – Proporção da população ativa com produção sendo comercializada no mercado com certa regularidade

A partir de indicadores de geração de renda dos diferentes sistemas de produção familiar citados pela população do território, foi indicada a renda bruta (valor bruto da produção) familiar anual. Os atores sociais estimaram que a produção familiar gera aproximadamente R$ 8.000,00 anuais por família, sendo esta renda é um pouco menor para as famílias que se dedicam à produção de mandioca e um pouco maior para os produtores que também criam búfalo.

Durantes as oficinas municipais foi concluído pelos participantes que em torno de 15% das famílias conseguem gerar valores maiores que as médias e aproximadamente 60%

40

geram valores menores, sendo que a geração de renda depende muito do sistema de produção e do grupo social.

PIB

Segundo os dados oficiais de 2007, o município de Amapá foi o que obteve o maior PIB per capita entre os municípios do Território, com 9.657,00 reais, enquanto a média do Território foi de 8.201,00 reais.

Gráfico 4 – PIB de todos os municípios do Estado do Amapá, com destaque (em amarelo) ao Território dos Lagos

Ressalta-se, portanto que principalmente a pesca, conforme será visto mais adiante neste plano, não tem sua renda contabilizada no PIB municipal uma vez que esta produção sai dos municípios sem os devidos registros e também em razão de que grande parte da produção familiar nos municípios é comercializada informalmente.

No que se refere ao valor adicionado na agropecuária, o município de Amapá teve o melhor desempenho, com quase 16.475.000 reais. Conforme os dados oficiais, no Território dos Lagos o valor adicionado na agropecuária foi responsável por 24,72% do PIB territorial e contribuiu com 17,18% com o valor adicionado na agropecuária no Estado do Amapá.

Em 2007, o valor adicionado na indústria no Território dos Lagos contribuiu com 6,36% do PIB e representou somente 2,37% do valor adicionado na indústria no Estado. O valor adicionado no setor de serviços foi responsável por 71,62% no Território dos Lagos e perfez apenas 2,71% do valor adicionado na serviço no Estado do Amapá.

Município

Valor adicionado na agropecuária

Valor adicionado na

Indústria Valor adicionado

no Serviço PIB a Preço de

mercado corrente PIB per capita

Amapá 16.474.874,00 23,62% 4.660.066,00 6,68% 48.623.229,00 69,70% 72.350.809,00 9.657,00

Pracuúba 7.556.860,00 29,08% 841.491,00 3,24% 17.588.769,00 67,68% 26.445.480,00 7.887,00

Tartarugalzinho 15.876.327,00 18,56% 6.028.723,00 7,05% 63.626.609,00 74,39% 87.493.792,00 7.059,00

Território dos Lagos 39.908.061,00 22,01% 11.530.280,00 6,36% 129.838.607,00 71,62% 186.290.081,00 8.201,00

Total Estado do Amapá 232.349.009,00 4,22% 487.410.551,00 8,85% 4.785.856.858,00 86,93% 5.890.884.774,00 8.550,00

02.0004.0006.0008.000

10.00012.00014.00016.00018.00020.00022.00024.00026.00028.00030.00032.00034.00036.00038.000

41

Contribuição com o estado 17,18% 2,37% 2,71% 3,16%

Tabela 19 – PIB de 2007 dos municípios do Território dos Lagos por setor e comparado aos valores do PIB estadual.

Gráfico 5 – Valores adicionados ao PIB por setores e municípios

Gráfico 6 – Divisão do PIB no Território conforme os três setores da economia.

Durantes as oficinas municipais foram feitos levantamentos com os participantes sobre os três setores de geração de renda mais presentes no Território. No caso da agricultura familiar levantaram-se dados sobre os rendimentos reais dos participantes que trabalham com a produção de mandioca, pecuária e pesca. A Tabela 21 abaixo apresenta os números levantados.

Setor de geração de renda Produção de Mandioca Pesca Pecuária

Área de exploração 50 a 100 há Área pesca 100 há

Referência “base” por sistema produtivo

17.000 kg mandioca/ano 400 kg/pesca/mês 10 meses 17 cabeças/ano (20 fêmeas)

3.400 sacos farinha/ano 4.000 kg peso vivo/ano 7.000 kg peso vivo/ano

2,00 R$/kg 2,20 R$/kg 1,80 R$/kg

Renda Bruta Comercial Monetária (R$/ano)

6.800,00 8.800,00 10.710,00

Representação % em relação a referência base: situação melhor, semelhante, e de risco respectivamente

10% 20% 70%

15% 25% 60%

20% 30% 50%

Tabela 20 – PIB (por família) estimado pelos participantes das oficinas municipais.

0

20.000.000

40.000.000

60.000.000

80.000.000

100.000.000

120.000.000

140.000.000

Valores adicionados ao PIB por setores e municípios

Valor adicionado na agropecuária

Valor adicionado na Industria

Valor adicionado no Serviço

22%

6%

72%

PIB

Valor adicionado na agropecuária

Valor adicionado na Industria

Valor adicionado no Serviço

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EMPREGOS GERADOS POR SETOR DA ECONOMIA

A situação sobre o número de empregos gerados por setor da economia nos municípios do Território hoje é a mesma identificada no levantamento de 2002, que registrou números baixíssimos para os setores agropecuário, de comércio e industrial. Apenas Tartarugalzinho teve um desempenho um pouco melhor no que se refere ao número de empregos gerados na indústria.

Conforme já mencionado na seção sobre PIB, a maior geração de renda do município provém do funcionalismo público, que emprega a maior parte da população. No caso do setor agropecuário, como se trata da maioria de agricultores familiares e famílias assentadas, até hoje eles não entraram nos dados oficiais sobre empregos gerados pois estão no mercado informal.

Empregos gerados em 2002 por setor de economia11

Município Agropecuária (IPEA 2002) Comércio (IPEA

2002) Indústria (IPEA

2002) Serviços (IPEA

2002)

Amapá 3 3 3 386

Pracuúba 1 0 0 22

Tartarugalzinho 6 4 98 173

Território 10 7 101 581

Quadro 2 - Número de empregos gerados nos municípios do Território por setor da economia

Segundo os participantes das oficinas municipais de diagnóstico, a geração de emprego formal no Território dos Lagos continua muito baixa e não ocorreram alterações em relação à pesquisa feita em 2002.

BOLSA FAMÍLIA

A tabela abaixo mostra o crescimento do número de famílias beneficiadas com o programa Bolsa Família12 no Território entre os anos de 2005 e 2010.

2005 2006 2007 2008 2009 2010

1

o

sem. 2

o

sem. 1

o

sem. 2

o

sem. 1

o

sem. 2

o

sem. 1o sem.

2o

sem. 1

o

sem. 2

o

sem. 1

o

sem. 2

o

sem.

Amapá 159 145 166 295 388 606 751 698 748 719 647 608

Pracuúba 118 111 123 301 304 291 278 251 246 233 288 321

Tartarugalzinho 356 250 361 796 799 796 776 726 719 706 937 1.027

Território 633 506 650 1.392 1.491 1.693 1.805 1.675 1.713 1.658 1.872 1.956

Tabela 21 - Crescimento do programa Bolsa Família

11

Fonte: SNIU. Sistema Nacional de Indicadores Urbanos (2002)

12 Fonte: MS / SE / DATASUS

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A tabela abaixo indica o percentual de pessoas que foram beneficiadas pelo Programa Bolsa Família no Território dos Lagos, entre 2005 e 2009 especificados por semestres divididos pelos números de estimativa populacional, respectivamente contagem de população de cada município.

ANO 2005 2006 2007 2008 2009

Local 1º sem. 2º sem. 1º sem. 2º sem. 1º sem. 2º sem. 1º sem. 2º sem. 1º sem. 2º sem.

Amapá 2,14% 1,96% 2,22% 3,95% 5,18% 8,09% 9,70% 9,01% 9,59% 9,22%

Pracuúba 4,17% 3,92% 4,20% 10,29% 9,07% 8,68% 7,87% 7,87% 6,72% 6,37%

Tartarugalzinho 4,12% 2,89% 4,05% 8,93% 6,45% 6,42% 5,90% 5,90% 5,22% 5,13%

Território 4,13% 3,15% 4,09% 9,26% 7,00% 6,90% 6,31% 6,31% 5,54% 5,39%

Estado do Amapá 1,59% 1,40% 1,69% 2,97% 4,31% 5,20% 5,98% 5,86% 5,86% 5,94%

Norte 3,15% 3,36% 3,90% 5,89% 6,79% 6,94% 7,41% 6,45% 6,48% 6,66%

Brasil 3,01% 3,12% 3,93% 5,08% 5,75% 5,69% 5,56% 5,10% 5,06% 5,13%

Tabela 22 - Crescimento do percentual de pessoas beneficiadas pelo programa Bolsa Família

Entre 2005 e o primeiro semestre de 2007, o percentual de pessoas beneficiadas pelo Programa Bolsa Família no Território foi bem superior ao percentual do Estado, da região norte e do Brasil. Entre o segundo semestre de 2007 e o de 2008 os percentuais do território continuaram significativamente acima do percentual estadual e nacional, porém abaixo dos valores da Região Norte. Em 2009, por sua vez, o percentual de famílias beneficiadas no Território dos Lagos foi inferior aos das outras três esferas.

Os dados acima revelam que no segundo semestre de 2006 houve um aumento muito grande do número de beneficiados por este programa no Território dos Lagos. A partir de 2007, contudo, observa-se uma queda gradual do número de famílias beneficiadas por este programa no Território dos Lagos.

Os dados acima mostram ainda que os investimentos do Programa Bolsa Família continuaram crescentes no Território dos Lagos em quase todos os períodos entre 2005 e 2010 (com exceção dos segundos semestres de 2008 e 2009), porém a taxa percentual começou a cair a partir de 2007. Isto ocorreu em virtude das altas taxas de crescimento populacional do Território dos Lagos. Portanto, apesar dos investimentos em benefícios terem aumentado entre 2005 e 2009, os mesmos acabaram por alcançar um percentual menor da população, pois o crescimento da mesma foi superior aos aumentos de investimentos.

ESTRUTURA FUNDIÁRIA

ASSENTAMENTOS

Para criar a tabela a seguir sobre a estrutura fundiária nos assentamentos do Território dos Lagos foram usadas três fontes. A primeira foi uma tabela elaborada por José Newton Costa em sua dissertação de mestrado sobre os assentamentos no estado do Amapá em 2006. Esses dados foram cruzados e completados pelo relatório Acordão TCU 753/2008, emitido em 18.08.2010 pelo INCRA. No caso dos PAs, a tabela foi complementada ainda com dados obtidos do Documento de Caracterização Regional do Programa de ATES (Programa de Assessoria Técnica, Social e Ambiental à Reforma Agrária) no Estado do

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Amapá, no qual constam dados levantados nos diagnósticos de ATES nos assentamentos.

O Número de títulos expedidos constantes na última coluna é referente a Contratos de Concessões de Uso ou Título de Domínio. O contrato de concessão de uso é o instrumento que transfere o imóvel rural ao beneficiário da reforma agrária em caráter provisório e assegura aos assentados o acesso a terra, aos créditos disponibilizados pelo INCRA e a outros programas do governo federal. O título de domínio é o instrumento que transfere o imóvel rural ao beneficiário da reforma agrária em caráter definitivo e é garantido pela Lei 8.629/1993 quando verificado que a unidade familiar cumpriu as cláusulas do contrato de concessão de uso e já tem condições de cultivar a terra e pagar o título de domínio em 20 parcelas anuais.

Município Nome do projeto Ano de Criação

Área (Hectares)

Capacidade de títulos

Títulos expedidos

ACÓRDÃO TCU 753/2008

Amapá PIQUIÁ 1997 3.670,00 67 4

Amapá CRUZEIRO 1998 5.930,07 96 18

Pracuúba CUJUBIM 1998 13.000,00 220 34

Tartarugalzinho PA BOM JESUS 1994 33.031,04 450 79

Tartarugalzinho CEDRO 1996 47.970,00 450 292

Tartarugalzinho SÃO BENEDITO DO APOREMA 1997 2.900,00 51 31

Tartarugalzinho NOVA VIDA 1998 9.511,38 160 60

Tartarugalzinho GOV.JANARY 1998 11.304,80 200 61

Tartarugalzinho FPF Tipo B Gleba Tartarugalzinho

14.936,31

3

Totais do Território

142.253,59 1.694 582

Tabela 23 - Informações sobre o número de títulos expedidos nos Assentamentos no Território

Observa-se na tabela acima que o Acórdão TCU em 2008 viabilizou a expedição de 34,36% da capacidade total de títulos no Território dos Lagos do Amapá. Muitas dessas terras tinham sua situação fundiária indefinida desde 1994, quando as primeiras famílias foram assentadas no local.

Segundo informações do próprio INCRA, por meio da Ação 8.396 do PPA 2008 a 2011 (implantação e recuperação de infraestrutura básica em projetos de assentamento) – do Programa 0137 (desenvolvimento sustentável de projetos de assentamento) –, é concedida a infraestrutura básica rural necessária em seus assentamentos. Ainda segundo o INCRA, suas prioridades são a construção e/ou complementação de estradas vicinais, o saneamento básico, por meio da implantação de sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário, além da construção de redes de eletrificação rural, visando proporcionar as condições físicas necessárias para o desenvolvimento sustentável dos assentamentos.

Ressalte-se, contudo, que o problema mais citado nas oficinas municipais foi justamente a ausência de infraestrutura básica nos assentamentos do Território dos Lagos. Foi relatado que a falta dessa infraestrutura impede muitos assentados de morarem em seus lotes

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com suas famílias, as quais ficam na sede do município enquanto eles viajam sozinhos até os lotes onde produzem. Não foi raro ouvir relatos de assentados que, no ano anterior, haviam perdido boa parte da produção devido a essa falta de infraestrutura ou ao péssimo estado das estradas vicinais (chamadas de ramais no Amapá), que não permitem a passagem de nenhum tipo de veículo até as proximidades das plantações dos assentados, impossibilitando, dessa forma, o escoamento da produção. Assim os assentados solicitaram a implantação de infraestrutura básica, bem como a recuperação da infraestrutura já existente para solucionarem esses problemas.

A eletrificação nos assentamentos também foi abordada como um problema grande que ainda está distante de ser solucionado. Foi relatado que hoje já existem assentamentos com acesso total à rede elétrica, inclusive nos lotes, porém estes casos são a minoria.

PROGRAMA TERRA LEGAL

Em 2009, sob a coordenação do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Estados e Municípios iniciaram uma nova fase no processo de conservação e implantação de modelos de produção sustentável na Amazônia Legal. O mutirão Arco Verde Terra Legal uniu Ministérios e órgãos federais para a preservação da Amazônia e deu acesso a direitos e cidadania para milhares de brasileiros por meio de ações de regularização fundiária e combate à grilagem.

Os mutirões marcaram o início do programa Terra Legal Amazônia, que visa regularizar as ocupações legítimas, priorizando os pequenos produtores e as comunidades locais. O programa vai entregar títulos de terra a cerca de 300 mil posseiros que ocupam terras públicas federais não destinadas, ou seja, que não sejam Terras Indígenas, florestas públicas, Unidades de Conservação, áreas de fronteira, marinha ou reservadas à administração militar. O objetivo em promover a segurança jurídica resultante dessa regularização é impulsionar a criação e o desenvolvimento de modelos de produção sustentável na Amazônia Legal.

Para agilizar os processos de regularização que levavam cerca de cinco anos para serem concluídos, o processo de titulação foi simplificado. A nova regra estabelece que esse processo para as posses de até quatro módulos fiscais deve ser concluído em 120 dias a partir do seu cadastramento.

Como o MDA definiu que os Estados campeões em desmatamento teriam prioridade na implantação do programa, conclui-se que os pequenos produtores do estado do Amapá, cujo Território é pouco desmatado em comparação a outros estados, ainda não tiveram prioridade. Assim os produtores familiares do Território dos Lagos continuam na expectativa que este programa também possa vir a beneficiá-los o quanto antes, já que a legalização fundiária para todos eles é prioridade absoluta.

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PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA

Na sua maior parte, a agricultura amapaense desenvolve-se sob regime itinerante de “roças”, especialmente em áreas florestais, com área média plantada variando de um a dois hectares. Tal sistema consiste no plantio de uma área por cerca de três anos consecutivos, que posteriormente é deixada em pousio, que pode oscilar de três a dez anos. Este sistema impõe constantes desmatamentos e queimadas, práticas perniciosas ao ambiente. Esse revezamento sistemático de terras é responsável pela maior parte dos desmatamentos do Estado, num processo chamado “desmatamento silencioso”, dificilmente detectado pelas imagens de satélite convencionais e consequentemente difícil de ser mapeado.

A agricultura itinerante do Estado do Amapá caracteriza-se pelo uso de mão de obra familiar, baixo padrão tecnológico, pouca participação nos mecanismos de mercado e pouca disponibilidade de capital para exploração. Além disso, sua produção é insuficiente para atender a demanda do Estado, grande importador de gêneros alimentícios, sobretudo do Pará, do Centro-Oeste e do Sul do Brasil. Esse tipo de agricultura, apesar da sua importância para a economia amazônica, não assegura as bases fundamentais para o processo de consolidação e expansão do desenvolvimento rural. Diante das políticas de restrição aos desmatamentos, do aumento da densidade populacional, da demanda crescente por alimentos e da elevação dos preços da terra, em longo prazo ela será substituída por sistemas de uso da terra mais intensivos. Esta também é a realidade do Território dos Lagos. É neste ponto que entra a importância das instituições de pesquisa e de desenvolvimento rural na busca de conhecimento e tecnologias apropriadas aos ecossistemas amazônicos, capazes de gerar e distribuir riquezas, de reduzir a pobreza e a exclusão social.

PRODUÇÃO AGRÍCOLA

Lavoura Permanente13

As principais lavouras permanentes do Território dos Lagos, assim como ocorre no Estado do Amapá, são a laranja e a banana (Tabelas 24 e 26).

Entre 1996 e 2000 ocorreu uma queda de aproximadamente 48% na produção de laranja no Território dos Lagos (Tabela 25). Essa queda acentuou-se ainda mais entre 2003 e 2004, mas a partir de 2005, a produção começou a mostrar alguns sinais de recuperação. Assim, segundo os últimos dados oficiais de 2008, houve um ligeiro e gradual aumento na produção de laranja entre 2004 e 2008 no Território dos Lagos, o que representou um incremento de pouco mais de 47% no período.

13

Dados oficiais do IBGE Cid@des Lavoura Permanente 2008

47

Laranja:

Município Quantidade produzida (em kg) Valor da produção

Área plantada (em ha)

Área colhida (em ha)

Rendimento médio por ha (em kg)

Amapá 118.000 116.000,00 19 19 6.211

Pracuúba 136.000 129.000,00 24 24 5.667

Tartarugalzinho 372.000 271.000,00 58 58 6.414

Território 626.000 516.000,00 101 101 6.198

Tabela 24 - Dados de Produção da Laranja em 2008

Município/Ano 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Amapá 228 222 230 250 80 85 77 80 88 95 110 118 Pracuúba - 125 122 150 180 80 75 69 70 82 94 120 136 Tartarugal-zinho 1.200 960 934 950 950 288 290 245 240 300 318 350 372 Território 1.200 1.313 1.278 1.330 1.380 448 450 391 390 470 507 580 626 Estado 22.600 24.657 24.000 25.575 26.750 7.868 8.070 7.363 7.810 8.300 8.720 9.400 9.623 % 5,31% 3,89% 3,89% 3,71% 3,55% 3,66% 3,59% 3,33% 3,07% 3,61% 3,65% 3,72% 3,87%

Tabela 25 - Evolução da produção de laranja de 1996 – 2008 (em toneladas)

Banana (cacho):

A produção de banana no Território acompanhou o crescimento da produção do Estado do Amapá. Os agricultores familiares a consideram uma “cultura importante” e os dados oficiais do IBGE mostram que, embora de forma razoável, a produção continua crescendo ano a ano (Tabela 27).

Município

Quantidade produzida (em

kg.) Valor da

produção Área plantada

em há Área colhida em

Rendimento médio por há

(em kg)

Amapá 87.000 96.000,00 22 22 3.955

Pracuúba 174.000 174.000,00 52 52 3.346

Tartarugalzinho 240.000 235.000,00 49 49 4.898

Território 501.000 505.000,00 123 123 4.073

Tabela 26 - Dados de produção de banana em cacho em 2008

Município/Ano 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Amapá 6 9 10 12 12 96 70 55 40 60 72 80 87

Pracuúba 18 20 21 24 20 112 95 75 70 80 115 160 174

Tartarugal-zinho 30 30 32 35 35 120 130 90 75 120 185 200 240

Território 54 59 63 71 67 328 295 220 185 260 372 440 501

Estado 465 425 450 496 480 2.808 2.460 2.275 2.072 2.635 3.250 4.100 4.364

Participação % na produção do estado 11,61% 13,88% 14,00% 14,31% 13,96% 11,68% 11,99% 9,67% 8,93% 9,87% 11,45% 10,73% 11,48%

Tabela 27 - Evolução da produção de banana em cacho desde 199614

(em toneladas)

14

Fonte: http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/pesquisas/ca/default.asp?o=2&i=P#5

48

Gráfico 7 – Evolução da produção de laranja e banana entre 1996 e 2008 no Território dos Lagos do Amapá.

Nas oficinas de diagnósticos ficou claro que os agricultores familiares desejam continuar a produzir laranja e banana pelo fato de essas culturas fazerem parte de sua alimentação, mas não demonstraram interesse em investir no aumento da produção.

Cupuaçu

Outra cultura permanente considerada importante pelos agricultores familiares no Território dos Lagos é o cupuaçu. Esta fruta amazônica vem conquistando mercados em outras regiões do Brasil e até no exterior, mas apesar disso não há dados oficiais do IBGE sobre sua produção.

A grande maioria dos agricultores familiares mencionou nas oficinas de diagnóstico que há mercado para esta cultura e expressou desejo em continuar investindo em sua produção.

Lavouras temporárias15

Conforme os dados do IBGE Cid@des, o número de culturas temporárias é bem maior que o número de culturas permanentes, tanto no Território dos Lagos quanto no Estado do Amapá.

Nessas lavouras continua-se praticando a queima e a coivara, o sistema tradicional e artesanal de produção, mas em algumas poucas localidades já está sendo utilizado o plantio mecanizado.

A mandioca é uma das principais atividades produtivas integradoras e aglutinadoras e, conforme já mencionado, é importante fonte de renda das famílias produtoras dos municípios do Território dos Lagos. É plantada pela maioria dos agricultores do Território porque é matéria-prima da farinha de mandioca, alimento essencial da dieta da população amazônica, principalmente dos paraenses, que representam boa parte dos habitantes do Território. Assim, parte da produção é destinada à subsistência e o restante é comercializado nas feiras municipais. Apesar dos investimentos locais na cultura, a maior parte do produto vendido nas feiras é oriunda do Estado do Pará, fato que é reconhecido pelos produtores familiares e pelo Poder Público dos municípios do Território dos Lagos.

15

Dados oficiais do IBGE Cid@des Lavoura Temporária 2008

0

200

400

600

800

1.000

1.200

1.400

1.600

A evolução da produção com culturas permanentes no Território

Laranja

Banana

49

Mandioca

Mandioca (Toneladas) 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Amapá AP 1.612 1.700 1.926 1.500 1.980 2.000 1.900 1.430 1.750 1.900 1.980 2.100 2.180

Pracuúba AP 760 750 850 960 1.325 1.340 1.600 1.350 1.550 1.850 1.973 2.750 2.970

Tartarugalzinho AP 800 1.250 1.416 2.091 3.300 8.460 10.300 8.325 8.500 9.500 9.910 10.130 11.120

Território 3.172 3.700 4.192 4.551 6.605 11.800 13.800 11.105 11.800 13.250 13.863 14.980 16.270

Estado 23.305 31.340 35.500 40.141 47.500 65.279 74.700 67.166 70.703 80.060 85.500 92.500 96.457

Participação % na produção do estado 13,61% 11,81% 11,81% 11,34% 13,91% 18,08% 18,47% 16,53% 16,69% 16,55% 16,21% 16,19% 16,87%

Tabela 28 - Dados de produção de mandioca em 2008.

Conforme mostra a tabela 28, entre 1996 e 2008 a produção de mandioca no Território dos Lagos cresceu 500% e foi superior ao percentual de crescimento no Estado. No entanto, observa-se que a partir de 2000 o percentual de crescimento no Território começou a ficar menor do que o crescimento da produção de mandioca no Estado.

Em 2009 o Estado obteve um rendimento de 12.356 kg/ha de raiz de mandioca contra 10.428 kg/ha em 2008, representando um crescimento de 18,5% por hectare, que proporcionou um aumento de 31% na produção total de mandioca no Estado.

Melancia

Outra cultura temporária bastante presente no Território dos Lagos é a melancia. Ela representa uma pequena, mas importante fonte de renda extra para os agricultores do Território, que vendem o excedente nas feiras dos três municípios e na capital.

Existem dados oficiais sobre essa cultura somente a partir de 2000. A partir de então a produção de melancia do Território tem crescido constantemente, e os produtores familiares revelam interesse em continuar investindo nesse cultivo. A partir de 2006 existem dados oficiais somente para a produção de melancia do município de Tartarugalzinho, no entanto, nos outros dois municípios também há muitos produtores familiares que afirmaram que a melancia é um produto que gera uma renda extra importante para eles (Tabela 29).

Entre 2000 e 2008 o crescimento da produção de melancia de Tartarugalzinho foi de mais de 900%, percentual significativamente superior ao estadual, que foi de aproximadamente 360%.

Melancia 2000 200116

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Amapá AP Pracuúba AP 10 11 20 14 22 35 Tartarugalzinho AP 10 11 24 35 50 80 90 90 194 Território 20 22 44 49 72 115 90 90 194 Amapá 623 475 592 595 852 1145 1289 1568 2240 Participação % na produção

do estado 3,21% 4,63% 7,43% 8,24% 8,45% 10,04% 6,98% 5,74% 8,66% Tabela 29 - Evolução da Produção de melancia entre 2000 e 2008

16

Segundo foi informado na base de dados do IBGE 2, a partir de 2001 as quantidades produzidas de melancia e melão

passaram a ser expressas em toneladas. Nos anos anteriores eram expressas em mil frutos.

50

Arroz

A exemplo do que ocorre no Estado do Amapá, o Território dos Lagos também tem pouca tradição em plantio de arroz. O sistema produtivo utilizado é o consorciado com mandioca ou com milho e, em menor escala, o cultivo "solteiro". Destina-se tão somente à subsistência. Entre 1996 e 2008, a produção de arroz no Território oscilou bastante entre altas e quedas, obtendo, no final, um aumento total de 700%. Em 2001, apresentou um aumento de 1.300,00% em relação a 1996, e se manteve nesse patamar até 2002. A partir de 2003 a produção caiu e alternou com elevações e quedas até 2008 (Tabela 30).

Apesar do aumento de 700% entre 1996 e 2008, a produção de arroz ainda não é suficiente para subsistência das famílias agricultoras no Território.

Segundo os produtores rurais, um dos fatores determinantes que impossibilitam um aumento maior da produção de arroz no Território é a falta de equipamento para beneficiar o produto. O produtor está ciente que existem meios mais práticos do que o antigo pilão para beneficiamento do arroz e, seguindo a ordem do desenvolvimento normal, é compreensível que eles não mais se disponham em continuar a praticar o método artesanal. Além do mais, é muito mais viável comprar o arroz pronto do que investir tempo, terra e insumos em sua produção, mesmo que se destine tão somente à subsistência.

Dessa forma, para se alcançar a almejada subsistência familiar da maioria da população agricultora do território, será importante investir, a partir de agora, em beneficiadoras para as comunidades, o que certamente incentivará uma maior produção. No entanto, sabe-se que a distância entre as comunidades e entre estas e a sede dos seus municípios representa um fator limitador do acesso de muitas dessas famílias a esses maquinários no Território. Por isso, será necessário investir na compra de um número bem maior de beneficiadoras, a serem distribuídas mais amplamente no território, a fim de ampliar o acesso e permitir que os produtores rurais plantem mais arroz.

Arroz (em casca) (Toneladas) 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Amapá AP 12 20 18 16 22 20 17 8 6 13 10 15 60

Pracuúba AP 40 50 45 35 45 49 45 50 35 40 35 50 75

Tartarugalzinho AP 22 20 25 50 702 680 360 250 270 165 200 281

Território 52 92 83 76 117 771 742 418 291 323 210 265 416

Amapá 546 712 640 657 960 1816 2302 3085 3338 4006 1800 2184 3483

Participação % na produção do estado 9,52% 12,92% 12,97% 11,57% 12,19% 42,46% 32,23% 13,55% 8,72% 8,06% 11,67% 12,13% 11,94%

Tabela 30 - Evolução da Produção de Arroz entre 1996 e 2008

Milho

O milho é uma cultura importante para o Amapá e também para o Território dos Lagos, pois é matéria-prima de ração balanceada para aves e outros animais. O milho, assim como as demais culturas temporárias, também é mais importante para a subsistência dos agricultores do que para geração de renda extra.

O aumento da produção de milho no Território dos Lagos foi muito superior ao ocorrido no Estado, chegando a mais de 1.300% entre 1996 e 2008, enquanto que em todo o resto do

51

Estado girou em torno de 104%. O percentual de participação da produção do território na produção do estado passou de 6,84% em 1996 para 31,59% em 2008 (Tabela 31). No entanto, ressalta-se que apesar deste aumento considerável, a partir de 2000 o percentual de aumento de produção de milho no Território dos Lagos foi bem inferior ao ocorrido no Estado do Amapá. Desta forma, constata-se que o milho é uma cultura da agricultura familiar do Território dos Lagos que necessita de investimentos para o aumento da produção com apoio do governo.

Milho (em grão) (Toneladas) 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Amapá AP 21 30 28 30 35 36 50 38 30 40 45 55 68

Pracuúba AP 15 30 28 30 32 40 35 30 25 28 35 50 61

Tartarugalzinho AP 18 30 28 35 32 549 510 330 320 450 468 506 631

Território 54 90 84 95 99 625 595 398 375 518 548 611 760

Amapá 790 598 560 828 854 1465 1470 1059 926 1330 1530 1830 2406

Participação % na produção do estado 6,84% 15,05% 15,00% 11,47% 11,59% 42,66% 40,48% 37,58% 40,50% 38,95% 35,82% 33,39% 31,59%

Tabela 31 - Evolução da produção de Milho entre 1996 e 2008

Feijão

O tipo de feijão cultivado no Estado do Amapá é o caupi (feijão de colônia), que tem pouca aceitação pela classe média. Apesar disso, entre 1996 e 2008 a produção de feijão no estado aumentou 800%, com variações bastante acentuadas para menor ou maior, conforme mostra a tabela 32 abaixo.

Por sua vez, no Território dos Lagos, a produção de feijão aumentou 2.000% no mesmo período, um percentual bem maior do que o registrado no Estado. No entanto, a partir de 2000, o crescimento de produção de feijão no Território dos Lagos foi bem menor do que o ocorrido no Estado.

Os agricultores do Território dos Lagos entendem que o feijão tem grande importância na alimentação da população de baixa renda, por essa razão, eles o plantam para garantir a segurança alimentar de suas famílias.

Assim como a produção do arroz e do milho, a produção do feijão tende a melhorar quando é mecanizada. Por isso, os produtores estão na expectativa de fazerem parte do programa PPI e finalmente usufruir de melhores condições para o plantio de feijão.

Feijão (em grão) (Toneladas) 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Amapá AP 3 3 5 4 3 7 12 15 18 22

Pracuúba AP 12 5 5 6 5 9 8 7 10 15 22 35 41

Tartarugalzinho AP 11 12 427 380 98 110 180 160 180 197

Território 12 5 5 20 20 441 392 108 127 207 197 233 260

Amapá 139 42 45 132 120 627 600 313 430 682 850 1100 1254

Participação % na produção do estado 8,63% 11,90% 11,11% 15,15% 16,67% 70,33% 65,33% 34,50% 29,53% 30,35% 23,18% 21,18% 20,73%

Tabela 32 -– Evolução da Produção de Feijão entre 1996 e 2008

52

O gráfico abaixo mostra a evolução das culturas temporárias no Território entre 1996 e 2008. Em termos de peso, a produção de mandioca ultrapassa enormemente as demais culturas plantadas no Território, por isso, seus dados foram apresentados em 10 toneladas, calculados a partir da divisão dos números oficiais para a mandioca por 50. Isto permitiu que as linhas do gráfico ficassem em patamares aproximados, facilitando sua leitura.

Gráfico 8 – Evolução da produção na lavoura temporária das diversas culturas produzidas no Território dos Lagos entre 1996 e 2008.

0

200

400

600

800

1000

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Evolução da produção na lavoura temporária entre 1996 e 2008

Mandioca

Arroz

Milho

Feijão

Melancia

53

Abacaxi

Entre 1996 e 2008 a produção de abacaxi no Território dos Lagos aumentou 153,40%.

Apesar da produção de abacaxi não ser um plantio prioritário nesse território, o Colegiado do Território dos Lagos, decidiu que este Plano deveria trazer maiores detalhes sobre os números de produção dessa cultura conforme mostram as tabelas 33 e 34 e o gráfico 9. Pois como ocorreu nos demais territórios do Estado, o território dos Lagos também teve os dados oficiais sobre o rendimento por hectare de abacaxi veementemente contestados, tanto pelos produtores familiares quanto pelos técnicos de extensão rural que atuam nesses municípios. Os atores envolvidos com a produção ficaram absolutamente indignados e afirmaram categoricamente que os números reais chegam a ser 10 vezes maiores que os valores oficialmente apresentados. Até o presente momento não há respostas ou explicações sobre as razões pelas quais constam números tão baixos de rendimento médio de abacaxi por hectare.

Assim a população do Território dos Lagos entende que é muito importante ser solidário com os demais territórios do Estado para que com a publicação dos dados em um documento oficial seja possível buscar explicações para as inconsistências e exigir sua correção. Além disso, apesar do número de atores envolvidos com a produção de abacaxi no Território dos Lagos não ser muito grande, entende-se que dados oficiais com esse grau de inconsistência podem causar prejuízos imensos também aos produtores do Território. Isto porque se algum órgão financiador se orientar por eles para avaliar a aprovação de um projeto ou a liberação de crédito para plantio de abacaxi, certamente o indeferirá, pois a produção por hectare, como consta nos dados do IBGE, jamais justificaria a aprovação de um projeto ou a liberação de crédito nesta área.

Abacaxi (Mil frutos) 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Amapá AP 15 33 40 60 45 60 50 38 35 30 37 57 62 Pracuúba AP 10 12 18 25 20 18 18 22 32 40 72 75 Tartarugalzinho AP 60 74 80 70 105 90 54 50 78 95 120 124 Território 15 103 126 158 140 185 158 110 107 140 172 249 261 Estado 1097 1442 1775 1815 1410 1291 1005 791 706 894 1100 1560 1651 Participação % na produção do estado 1,37% 7,14% 7,10% 8,71% 9,93% 14,33% 15,72% 13,91% 15,16% 15,66% 15,64% 15,96% 15,81%

Tabela 33 - Evolução da Produção de Abacaxi no Território dos Lagos- AP entre 1996 e 2008

54

Local Variável 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Amapá

Área plantada 11 12 15 15 15 13 10 10 10 15 17 25 11

Quantidade colhida 33 40 60 45 60 50 38 35 30 37 57 62 33

Produção por hectare 3.000 3.333 4.000 3.000 4.000 3.846 3.800 3.500 3.000 2.467 3.353 2.480 3.000

Pracuúba

Área plantada 5 5 5 10 5 5 5 10 15 16 20 26 5

Quantidade colhida 10 12 18 25 20 18 18 22 32 40 72 75 10

Produção por hectare 2.000 2.400 3.600 5.000 2.000 3.600 3.600 4.400 3.200 2.667 4.500 3.750 2.000

Tartarugal-zinho

Área plantada 20 23 25 20 35 25 20 20 25 30 35 50 20

Quantidade colhida 60 74 80 70 105 90 54 50 78 95 120 124 60

Produção por hectare 3.000 3.217 3.200 3.500 3.000 3.600 2.700 2.500 3.120 3.167 3.429 2.480 3.000

Quantidade colhida 25 30 37 45 40 40 35 28 38 48 56 80 84

Produção por hectare 2.083 3.000 3.083 4.500 4.000 4.000 3.500 2.800 2.533 3.200 2.800 4.000 3.231

Território

Área plantada (ha) 36 40 45 45 55 43 35 40 50 61 72 101 36

Quantidade colhida (em toneladas) 103 126 158 140 185 158 110 107 140 172 249 261 103

Produção por hectare (em kg) 2.861 3.150 3.511 3.111 3.364 3.674 3.143 2.675 2.800 2.820 3.458 2.584 2.861

Amapá

Área plantada 315 337 371 393 365 312 258 225 235 320 358 417 587

Quantidade colhida 1.097 1.442 1.775 1.815 1.410 1.291 1.005 791 706 894 1.100 1.560 1.651

Produção por hectare 3.483 4.279 4.784 4.618 3.863 4.138 3.895 3.516 3.004 2.794 3.073 3.741 2.813

Região Norte

Área plantada 12.067 16.718 16.519 16.832 16.624 16.163 18.003 15.907 18.831 19.432 21.270 25.013 17.875

Quantidade colhida 146.228 288.966 270.881 290.098 291.452 264.348 276.320 312.038 386.185 355.738 429.347 488.181 354.761

Produção por hectare 12.118 17.285 16.398 17.235 17.532 16.355 15.349 19.616 20.508 18.307 20.186 19.517 19.847

Brasil

Área plantada 47.498 55.029 56.632 59.455 62.976 63.282 62.862 58.155 59.353 61.992 68.495 71.970 69.980

Quantidade colhida 763.987 1.073.263 1.113.219 1.247.157 1.335.792 1.430.018 1.433.234 1.440.013 1.477.299 1.528.313 1.707.088 1.784.215 1.712.365

Produção por hectare 16.085 19.504 19.657 20.976 21.211 22.598 22.800 24.762 24.890 24.653 24.923 24.791 24.469

Tabela 34 - Abacaxi – Comparação Área Plantada, Quantidade colhida e Produção por hectare entre 1996 e 2008 do Território dos Lagos com o Estado, Região Norte e Brasil

55

Gráfico 9 – Comparação da evolução do rendimento médio de abacaxi por hectare entre Território dos Lagos, Estado do Amapá, Região Norte e Brasil, segundo dados oficiais do IBGE

O gráfico acima, construído a partir dos dados do IBGE, aponta a enorme disparidade entre os números de rendimento médio de abacaxi por hectare no Território dos Lagos e no Estado do Amapá e aqueles da Região Norte brasileira e do Brasil.

Contudo, observa-se valores bem aproximados quando se compara os números relatados pelos atores envolvidos com o plantio de abacaxi no Território dos Lagos com os constantes nos dados do IBGE para a Região Norte e o Brasil.

Assim, verifica-se a necessidade de apurar as inconsistências existentes entre os dados oficiais e aqueles relatados pelos produtores no território e corrigi-los com urgência.

Participação do Território na produção das diversas culturas temporárias

Gráfico 10 – Evolução da participação do Território dos Lagos na Produção das Culturas Temporárias

O gráfico acima apresenta a evolução do percentual de participação do Território dos Lagos das diversas culturas temporárias do Estado. Observa-se que a contribuição do Território na produção do Estado em 2000, comparativamente a 1996, foi mais alta em todas as culturas, sendo mais significativa na produção de milho e feijão. A participação da produção de feijão atingiu o ápice em 2001, quando o Território dos Lagos foi responsável por quase 70% da produção no Estado. Após esse período, houve queda gradual e constante. Em 2001 houve um pico de participação do Território dos Lagos na

0

2.500

5.000

7.500

10.000

12.500

15.000

17.500

20.000

22.500

25.000

27.500

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Evolução do rendimento médio de abacaxi por hectare entre Território Dos Lagos, Estado do Amapá, Região Norte e Brasi

Território

Amapá

Região Norte

Brasil

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Evolução da participação do Território na Produção das Culturas Temporárias

Mandioca

Melancia

Arroz

Milho

Feijão

56

produção estadual de milho, mantendo se estável até 2004, reduzindo depois um pouco, mas ainda permanecendo considerável.

Área plantada com cultura temporária

A tabela abaixo demonstra a proporção de área plantada com as diferentes culturas temporárias no Território entre 1996 e 2008

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Abacaxi

Amapá 10 11 12 15 15 15 13 10 10 10 15 17 25

Pracuúba 5 5 5 10 5 5 5 10 15 16 20 26

Tartarugalzinho 20 23 25 20 35 25 20 20 25 30 35 50

Território 10 36 40 45 45 55 43 35 40 50 61 72 101

Estado 315 337 371 393 365 312 258 225 235 320 358 417 587

Arr

oz

Amapá 20 25 22 20 25 25 20 20 15 18 18 22 25

Pracuúba 70 80 72 50 70 70 50 60 60 50 50 60 70

Tartarugalzinho 25 22 30 60 800 700 600 500 370 300 330 358

Território 90 130 116 100 155 895 770 680 575 438 368 412 453

Estado 745 900 800 858 1235 2235 2220 2810 3200 3264 2371 2668 3219

Fe

ijão

Amapá 5 5 10 10 10 15 17 20 20 25

Pracuúba 30 15 17 15 15 15 15 15 20 25 40 45 52

Tartarugalzinho 20 30 620 600 400 230 280 250 260 290

Território 30 15 17 40 50 645 625 425 265 322 310 325 367

Estado 295 150 150 311 315 997 1020 818 845 1072 1280 1460 1634

Ma

ndio

ca Amapá 160 190 196 150 200 200 180 150 180 200 200 208 225

Pracuúba 90 100 88 80 140 135 150 150 150 200 200 200 231

Tartarugalzinho 100 150 164 240 400 1000 950 800 800 850 830 840 927

Território 350 440 448 470 740 1335 1280 1100 1130 1250 1230 1248 1383

Estado 2503 3355 3550 4000 5210 6995 7040 6490 6850 8160 8125 8531 9261

Me

lancia

Amapá

Pracuúba 5 5 8 5 8 12

Tartarugalzinho 5 5 8 12 12 18 20 20 40

Território 0 0 0 0 10 10 16 17 20 30 20 20 40

Estado 168 166 137 136 181 156 168 166 205 275 300 338 462

Milh

o

Amapá 20 60 53 50 60 60 70 70 60 50 60 75 100

Pracuúba 30 50 44 40 40 50 50 50 40 30 40 60 90

Tartarugalzinho 30 50 44 50 50 620 640 500 500 520 530 560 826

Território 80 160 141 140 150 730 760 620 600 600 630 695 1016

Estado 577 920 800 1170 1220 1895 2000 1500 1625 1568 1795 2162 3190

To

tais

Amapá 210 286 283 240 305 310 293 260 280 295 313 342 400

Pracuúba 220 250 226 190 280 280 278 285 288 332 346 385 469

Tartarugalzinho 130 245 253 365 565 3080 2923 2332 2062 2063 1960 2045 2491

Território 560 781 762 795 1150 3670 3494 2877 2630 2690 2619 2772 3360

Estado 4603 5828 5808 6868 8526 12590 12706 12009 12960 14659 14229 15576 18353

Tabela 35 - Área plantada com culturas temporárias entre 1996 e 2008 no Território de no Estado do Amapá.

A tabela acima demonstra que entre 1996 e 2008 houve um aumento acima de 500% na área plantada do Território, enquanto que o Estado apresentou um aumento pouco superior a 290%. Essa diferença substancial em área plantada também explica o aumento na participação do Território dos Lagos na produção de cada cultura temporária do Estado.

A tabela abaixo mostra que houve aumento do rendimento por hectare em todas as culturas temporárias e que o rendimento médio do feijão e da melancia no Território dos Lagos foi mais alto que o do Estado do Amapá.

57

Salienta-se que os dados de rendimento por hectare do abacaxi não constam na tabela abaixo por motivos já expostos anteriormente.

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Arroz em casca kg

Território 578 708 716 760 780 881 964 889 719 737 600 646 918

Estado 758 800 800 796 800 832 1.037 1.307 1.209 1.227 900 840 1.083

Feijão em grão

kg

Território 400 333 294 500 426 694 648 432 547 643 646 717 710

Estado 488 311 300 444 400 635 612 498 536 636 680 775 770

Mandioca kg

Território 9.469 9.024 9.357 9.683 9.436 9.262 10.781 10.887 10.631 11.277 11.572 12.081 11.781

Estado 9.378 9.658 10.000 10.035 9.500 9.521 10.641 10.536 10.352 10.625 10.962 11.212 10.428

Melancia kg

Território 2.000 2.200 2.750 3.267 3.600 3.833 4.500

Estado 2.298 2.885 2.699 3.353 3.480 3.045 3.524 3.790 4.369 4.210 4.445 4.709 4.848

Milho kg

Território 675 563 596 679 660 868 838 777 682 863 877 888 748

Estado 1.413 657 700 708 706 777 786 766 723 848 874 884 755

Tabela 36 - Evolução do rendimento dos plantios temporários por hectare no Território dos Lagos e no Estado do Amapá

Dados de rendimento das culturas temporárias no Território dos Lagos em 2008

Cultura Município e Território Produção em kg Rendimento com a produção em R$

Abacaxi (Mil frutos)

Amapá 62.000 62.000,00

Pracuúba 75.000 83.000,00

Tartarugalzinho 124.000 123.000,00

Território 261.000 268.000,00

Arroz (em casca) (Toneladas)

Amapá 60.000 47.000,00

Pracuúba 75.000 66.000,00

Tartarugalzinho 281.000 204.000,00

Território 416.000 317.000,00

Feijão (em grão) (Toneladas)

Amapá 22.000 24.000,00

Pracuúba 41.000 39.000,00

Tartarugalzinho 197.000 152.000,00

Território 260.000 215.000,00

Mandioca (Toneladas)

Amapá 2.180.000 1.635.000,00

Pracuúba 2.970.000 2.510.000,00

Tartarugalzinho 11.120.000 8.674.000,00

Território 16.270.000 12.819.000,00

Melancia (Toneladas)

Amapá -

Pracuúba -

Tartarugalzinho 194.000 216.000,00

Território 194.000 216.000,00

Milho (em grão) (Toneladas)

Amapá 68.000 41.000,00

Pracuúba 61.000 48.000,00

Tartarugalzinho 631.000 385.000,00

Território 760.000 474.000,00

Tabela 37 – Dados sobre produção e rendimentos das culturas temporárias no Território dos Lagos

58

Extrativismo Vegetal

Açaí

O açaí, a exemplo do que ocorre em todo o Estado, é a cultura em maior ascensão no território. O consumo de açaí pela população do Território dos Lagos é bastante alto e sua experiência no manejo dos povoamentos nativos e mais recentemente, de plantações, é vasta. Bastante apreciado na região amazônica, o açaí atualmente ganha cada vez mais apreciadores fora da região, principalmente no Sudeste brasileiro, com perspectivas muito interessantes de conquista de novos mercados. A polpa do açaí é utilizada na Amazônia para o preparo tradicional do "vinho de açaí", um dos alimentos básicos da dieta alimentar da população do Território. Sua destinação industrial é a fabricação de sorvetes.

O açaizeiro é nativo da região e sua exploração é principalmente por extrativismo dada a sua abundância na floresta, principalmente nos Estados do Amapá e Pará. Em virtude de sua exploração predatória, que chegou a representar um risco considerável para a espécie até o início da década de 1990, algumas instituições competentes (RURAP, EMBRAPA) tomaram providências para racionar sua exploração tanto no extrativismo manejado sustentável quanto no plantio.

Assim, hoje, os produtores familiares do Território dos Lagos têm no açaí uma importante fonte de renda extra. Isto porque parte da produção é vendida a alguns pequenos comércios locais, que o transformam em vinho para venda nos próprios municípios, e para as agroindústrias, localizadas no município de Santana, na Grande Macapá. Dessa forma, o rendimento do produtor familiar com esta venda é muito baixo, pois ele não agrega valor ao produto.

PRODUÇÃO DE AÇAÍ EM 2008

Município Valor da produção na extração do

Açaí (Mil Reais) Quantidade Açaí (fruto) em

toneladas

Amapá 19 13

Pracuúba 8 6

Tartarugalzinho 39 33

Território 66 52

Tabela 38 - Dados sobre a Produção de Açaí de 2008 no Território dos Lagos

Evolução da Produção de Açaí entre 1996 e 2008

Açaí (fruto) em toneladas 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Amapá 2 2 2 3 4 4 5 5 7 7 19

Pracuúba 3 3 3 3 4 4 4 4 6 7 8

Tartarugalzinho 1 1 2 3 5 5 6 6 10 11 14 16 39

Território 1 1 7 8 10 11 14 14 19 20 27 30 66

Estado 1.838 1.938 1.937 1.944 1.825 1.638 1.492 1.371 1.390 1.284 1.160 1.034 1.294

Participação percentual na produção total do Estado do Amapá 0,05% 0,05% 0,36% 0,41% 0,55% 0,67% 0,94% 1,02% 1,37% 1,56% 2,33% 2,90% 5,10%

Tabela 39 = Evolução da Produção de Açaí e da Participação Total do Território com do Estado

A tabela acima mostra um aumento constante da produção de açaí no Território dos Lagos ao contrário do que aconteceu com a produção do Estado. Segundo os dados

59

oficiais, até 1996 a produção de Açaí no Território era irrisória, tendo sido contabilizada apenas uma tonelada no município de Tartarugalzinho. Todavia, de 1997 a 2008, a produção no Território aumentou 6.000%. Num intervalo deste período, de 2000 a 2008, o aumento de produção no território chegou a 560%, enquanto que no Estado reduziu quase 30%. Assim, a participação do Território na produção do estado tem crescido constantemente e passou de 0,05% em 1996 para 5,10% em 2008.

Segundo os atores do território, o aumento da produção de açaí apresentado nos dados oficiais traduz a realidade do Território, mas os números de produção são superiores aos registrados. Durante a oficina de validação os participantes informaram que em Tartarugalzinho uma única comunidade havia produzido 90 toneladas e outra, 18 toneladas. A partir dessas informações conclui-se que os números reais de produção de açaí foram muito maiores que os oficiais.

Gráfico 11 - Evolução da Produção de Açaí no Território dos Lagos entre 1996 e 2008

Outros produtos do extrativismo vegetal

A evolução da produção dos outros produtos do extrativismo vegetal no Território também tem sido considerável. A produção de carvão, lenha e madeira em tora do Território dos Lagos foi bem pequena em 1996 e, consequentemente, o Território possuía um baixo percentual de participação na produção total do estado nos três produtos.

Todavia, entre 1996 e 2008, a produção de carvão no Território aumentou mais de 450%, enquanto que o aumento da produção estadual foi de apenas 9,66%. Assim, o percentual de participação do Território dos Lagos na produção total de carvão do estado cresceu de 1,84% para 9,22% nesse período.

No que se refere à produção de lenha do Território no mesmo período, percebe-se um aumento superior a 970%, elevando a participação do Território dos Lagos na produção total estadual de 5,69% para 16,51%.

A madeira em tora, comparada aos outros dois produtos, foi a que obteve o maior aumento na produção e na participação na produção total do Estado, passando de uma participação irrisória de 0,58% para mais de 11%. Assim, em 2008, a produção de

0

10

20

30

40

50

60

70

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Evolução da produção de Açaí no Território dos Lagos

60

madeira em tora no Território dos Lagos foi de 28.213 metros cúbicos, 6.341% a mais do que em 1996.

Ressalta-se, porém, que a participação dos produtores familiares nessa produção é mínima, uma vez que, segundo eles, não possuem condições de atender às exigências formais para extração de madeira em suas terras.

Os produtores familiares do Território dos Lagos vislumbram o manejo comunitário das florestas como uma possível alternativa de renda no futuro e demonstram grande interesse em receber capacitação para isso.Entendem também que a área do extrativismo poderá ter um grande futuro, dada a grande diversidade de oleaginosas presentes no Território dos Lagos, como por exemplo a andiroba, copaíba e outras.

Local 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Carv

ão

ve

geta

l (T

on

ela

das

)

Amapá 6 6 6 6 6 6 7 6 7 7 8 8 13

Pracuúba 1 1 2 3 3 4 3 3 4 5 6 7 9

Tartarugalzinho 1 1 2 4 5 6 6 7 9 13 16 17 22

Território 8 8 10 13 14 16 16 16 20 25 30 32 44

Estado 435 421 403 414 399 372 387 369 436 451 463 435 477

Participação Percentual da produção do estado 1,84% 1,90% 2,48% 3,14% 3,51% 4,30% 4,13% 4,34% 4,59% 5,54% 6,48% 7,36% 9,22%

Le

nh

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Me

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ico

s)

Amapá 610 680 835 815 1.120 1.470 1.590 1.312 1.925 2.341 3.115 3.462 5.970

Pracuúba 560 750 1.359 1.214 1.560 1.215 1.387 1.568 2.158 3.115 4.278 4.930 6.174

Tartarugalzinho 1.340 1.782 2.451 4.158 4.370 4.850 5.391 5.470 7.190 9.180 12.128 10.180 14.794

Território 2.510 3.212 4.645 6.187 7.050 7.535 8.368 8.350 11.273 14.636 19.521 18.572 26.938

Estado 44.098 50.052 60.412 70.122 66.390 57.474 63.856 65.738 83.721 93.096 118.004 124.565 163.191

Participação Percentual da produção do estado 5,69% 6,42% 7,69% 8,82% 10,62% 13,11% 13,10% 12,70% 13,46% 15,72% 16,54% 14,91% 16,51%

Ma

deir

a e

m t

ora

(M

etr

os

bic

os)

Amapá 1.100 1.410 950 710 660 756 1.158 1.678 2.710 2.641 4.190

Pracuúba 1.850 1.120 1.350 1.381 1.438 1.515 1.710 2.230 3.910 4.720 5.112

Tartarugalzinho 438 410 2.112 3.870 8.870 6.710 6.918 7.298 8.420 10.113 13.115 14.190 18.911

Território 438 410 5.062 6.400 11.170 8.801 9.016 9.569 11.288 14.021 19.735 21.551 28.213

Estado 75.726 57.349 73.077 82.782 84.410 71.367 78.493 76.574 94.777 106.114 149.930 154.407 255.106

Participação percentual 0,58% 0,71% 6,93% 7,73% 13,23% 12,33% 11,49% 12,50% 11,91% 13,21% 13,16% 13,96% 11,06%

estado 6,18% 9,99% 10,40% 11,52% 10,96% 12,23% 13,61% 14,82% 18,22% 20,54% 22,18% 23,46% 39,11%

Tabela 40 - Extrativismo de Carvão Vegetal, Lenha e Madeira em Tora no Território dos Lagos e no Estado do Amapá

61

Gráfico 12 – Evolução da extração de carvão vegetal no Território dos Lagos e no Estado entre 1996 e 2008

Gráfico 13 - Evolução da extração de lenha no Território dos Lagos e nos Estado entre 1996 e 2008

Gráfico 14 – Evolução da extração de madeira em tora no Território dos Lagos e no estado entre 1996 e 2008

Os gráficos acima mostram o aumento significativo da produção do extrativismo de produtos madeireiros no Território dos Lagos entre 1996 e 2008. Para permitir uma melhor compreensão do gráfico, foram necessárias algumas adaptações. No caso do carvão vegetal, para cada 100 kg produzidos no Estado considerou-se 1 kg para o Território. No caso da Madeira em tora e da lenha, para cada 10 metros cúbicos produzidos no estado considerou-se um metro cúbico do Território. Essa adaptação foi necessária porque o Território dos Lagos tem uma produção muito inferior à do Estado, que também contabiliza a produção dos outros três territórios, além de outras regiões que não estão inclusas em territórios da cidadania. Mas, o que se pretende com os gráficos é mostrar não as quantias, mas a evolução de crescimento da produção no período analisado.

Evolução da extração de Carvão Vegetal no Território e no Estado entre 1996 e 2008

Território - Carvão vegetal (Quilogramas)

Estado Carvão vegetal (100 Quilogramas)

Evolução da extração de lenha no Território dos Lagos e no Estado entre 1996 e 2008

Território - Lenha (Metros cúbicos)

Estado - Lenha (10 Metros cúbicos)

Evolução da extração de madeira em tora no Território dos Lagos e nos Estado entre 1996 e 2008

Território Madeira em tora (Metros cúbicos)

Estado - Madeira em tora (10 Metros cúbicos)

62

PECUÁRIA

Produção de Leite

Os dados oficiais mostram que há muito tempo o Território dos Lagos tem sido responsável por quase a metade da produção total de leite no Estado do Amapá. Assim, não há como negar que a venda do leite é de suma importância para os produtores familiares e que historicamente eles têm uma forte identificação com a pecuária no Território, conforme pode ser observado nas tabelas 41 e 42 abaixo.

Ano 1996 1997 1998 1999

Local litros R$ litros R$ litros R$ litros R$

Amapá 794.000 397.000,00 970.000 485.000,00 861.000 430.000,00 1.273.000 637.000,00

Pracuúba 53.000 26.000,00 58.000 29.000,00 84.000 42.000,00 87.000 44.000,00

Tartarugalzinho 293.000 147.000,00 293.000 176.000,00 308.000 185.000,00 218.000 109.000,00

Território 1.140.000 570.000,00 1.321.000 690.000,00 1.253.000 657.000,00 1.578.000 790.000,00

Estado 2.468.000 1.234.000,00 2.832.000 1.447.000,00 2.713.000 1.391.000,00 3.062.000 1.536.000,00

Participação % da produção do estado 46,19% 46,19% 46,65% 47,68% 46,19% 47,23% 51,53% 51,43%

Ano 2000 2001 2002 2003

Local litros R$ litros R$ litros R$ litros R$

Amapá 1.498.000 749.000,00 1.225.000 612.000,00 1.317.000 658.000,00 1.175.000 588.000,00

Pracuúba 92.000 46.000,00 101.000 50.000,00 106.000 53.000,00 109.000 44.000,00

Tartarugalzinho 222.000 111.000,00 213.000 106.000,00 209.000 104.000,00 216.000 97.000,00

Território 1.812.000 906.000,00 1.539.000 768.000,00 1.632.000 815.000,00 1.500.000 729.000,00

Estado 3.735.000 1.881.000,00 3.307.000 1.694.000,00 3.340.000 1.674.000,00 3.240.000 1.590.000,00

Participação % da produção do estado 48,51% 48,17% 46,54% 45,34% 48,86% 48,69% 46,30% 45,85%

Ano 2004 2005 2006 2007

Local litros R$ litros R$ litros R$ litros R$

Amapá 1.062.000 637.000,00 1.386.000 832.000,00 1.492.000 1.044.000,00 1.459.000 1.240.000,00

Pracuúba 178.000 107.000,00 196.000 118.000,00 208.000 125.000,00 248.000 186.000,00

Tartarugalzinho 265.000 159.000,00 249.000 150.000,00 271.000 163.000,00 434.000 478.000,00

Território 1.505.000 903.000,00 1.831.000 1.100.000,00 1.971.000 1.332.000,00 2.141.000 1.904.000,00

Estado 3.274.000 1.919.000,00 4.014.000 2.371.000,00 4.433.000 2.911.000,00 5.743.000 5.147.000,00

Participação % da produção do estado 45,97% 47,06% 45,62% 46,39% 44,46% 45,76% 37,28% 36,99%

Tabela 41 – Evolução da produção de leite entre 1996 e 2007 no Território dos Lagos e no Estado do Amapá

Dados sobre a produção de leite em 2008

Local Litros Reais

Amapá 1.418.000 1.276.000,00

Pracuúba 239.000 191.000,00

Tartarugalzinho 426.000 511.000,00

Território 2.083.000 1.978.000,00

Estado 5.271.000 5.182.000,00

Participação % da produção do estado 39,52% 38,17%

Tabela 42 – Dados sobre a Produção de Leite em 2008 no Território dos Lagos e no Estado do Amapá

Gráfico 15- Evolução da produção de leite no Território e no Estado

0

1.000

2.000

3.000

4.000

5.000

6.000

7.000

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Evolução da produção de leite no Território e no Estado do Amapá

Território

Estado

63

Nos gráficos 15 e 16 acima se observa que até 2006 a produção de leite no Território se equiparava à do Estado. Em 2007, contudo, a produção de leite do Estado se elevou, o que reduziu consideravelmente o percentual de contribuição do Território dos Lagos para a produção de leite do Estado.

Criação de animais

Os efetivos de animais do território com as maiores participações históricas no total do efetivo animal do Estado são os bovinos e bubalinos. Até 2003, cada uma dessas espécies representava entre 40% e 50% do efetivo total do Estado. Em 2008 essas participações caíram para 35,88% e 41,43% respectivamente.

Efetivo da criação de animais em 31.12.08 no Território dos Lagos e no Estado do Amapá

Amapá

Bo

vin

o

25.174

Bu

bali

no

30.714

Cap

rin

o

Eq

uin

o

581

Gali

nh

as

375

Galo

s,

fra

ng

as,

fra

ng

os e

pin

tos

1.765

Ovin

o

167

Su

íno

1.035

Pracuúba 5.930 14.931 210 320 1.598 128 1.313

Tartarugalzinho 8.590 26.798 161 603 874 2.984 247 3.083

Território 39.694 72.443 223 1.394 1.569 6.347 542 5.431

Estado 95.803 201.898 2.218 4.858 11.020 56.167 1.910 28.547

Participação % do Território

41,43% 35,88% 10,05% 28,69% 14,24% 11,30% 28,38% 19,02%

Tabela 43 - Efetivo da criação de animais em 31.12.08 no Território dos Lagos e no Estado do Amapá

Evolução da criação de animais no Território dos Lagos e no Estado entre 1996 e 2008

Local/Ano

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Amapá

Bovin

o

20.868 21.372 23.022 23.778 25.858 26.504 26.103 25.560 22.192 27.918 32.798 27.861 25.174

Pracuúba 4.851 5.116 5.476 5.673 5.911 6.188 6.370 6.123 5.870 6.430 6.875 6.192 5.930

Tartarugalzinho 6.027 6.027 6.452 6.170 6.817 7.048 7.327 7.174 6.178 7.595 8.975 8.734 8.590

Território 31.746 32.515 34.950 35.621 38.586 39.740 39.800 38.857 34.240 41.943 48.648 42.787 39.694

Estado 63.648 65.953 74.508 76.734 82.822 87.197 83.901 81.674 82.243 96.599 109.081 103.170 95.803

Participação % do Território 49,88% 49,30% 46,91% 46,42% 46,59% 45,57% 47,44% 47,58% 41,63% 43,42% 44,60% 41,47% 41,43%

Amapá

Bubalin

o

25.178 26.877 28.677 29.134 32.702 33.768 34.387 32.462 29.735 34.537 37.191 32.579 30.714

Pracuúba 15.560 16.204 17.184 17.270 18.160 18.510 16.670 15.728 13.790 15.670 16.175 15.349 14.931

Tartarugalzinho 12.186 12.186 13.428 13.315 14.480 14.798 14.920 14.176 17.170 18.354 18.734 25.981 26.798

Território 52.924 55.267 59.289 59.719 65.342 67.076 65.977 62.366 60.695 68.561 72.100 73.909 72.443

Estado 131.482 139.301 150.156 148.746 159.650 161.857 158.393 155.026 165.010 193.485 206.210 208.023 201.898

Participação % do Território 40,25% 39,67% 39,48% 40,15% 40,93% 41,44% 41,65% 40,23% 36,78% 35,43% 34,96% 35,53% 35,88%

Amapá

Capri

no

68 62

Pracuúba

Tartarugalzinho 67 67 75 87 110 128 90 105 137 158 179 197 161

Território 67 67 75 87 110 128 90 105 137 158 179 265 223

Estado 696 970 1.103 1.217 1.359 1.344 1.176 1.080 1.373 1.668 2.210 2.771 2.218

Participação % do Território 9,63% 6,91% 6,80% 7,15% 8,09% 9,52% 7,65% 9,72% 9,98% 9,47% 8,10% 9,56% 10,05%

Amapá

Equin

o

435 486 450 467 481 447 415 440 451 510 570 519 581

Pracuúba 148 163 180 187 175 170 127 112 127 308 321 298 210

Tartarugalzinho 662 662 680 610 580 545 527 478 495 556 587 535 603

Território 1.245 1.311 1.310 1.264 1.236 1.162 1.069 1.030 1.073 1.374 1.478 1.352 1.394

Estado 3.167 3.275 3.190 3.045 3.057 2.953 3.045 3.462 3.706 4.662 5.422 5.021 4.858

64

Tabela 44 - Evolução da criação de animais no Território dos Lagos e no Estado

A tabela 44 acima mostra que entre 1996 e 2008 o Território dos Lagos apresentou um crescimento superior ao do Estado no que se refere ao efetivo de ovinos e caprinos, sendo que o de ovinos foi bem mais expressivo que o de caprinos. Em todas as demais criações o Território teve um crescimento inferior ao do Estado.

Entre 1996 e 2008 o efetivo bovino no Estado cresceu mais de 50%, enquanto que no Território aumentou apenas 25%. Entre 2001 e 2008 o efetivo bovino no Território dos Lagos diminuiu, enquanto que no Estado houve um crescimento de quase 10%.

Entre 1996 a 2008 o efetivo bubalino e de bovino apresentaram uma evolução tanto no Território quanto no Estado, porém enquanto o efetivo do Estado cresceu mais de 25% no Território dos Lagos esse aumento foi de apenas 8%.

Participação % do Território 39,31% 40,03% 41,07% 41,51% 40,43% 39,35% 35,11% 29,75% 28,95% 29,47% 27,26% 26,93% 28,69%

Amapá

Galo

s, g

alin

has,

fran

gas,

fra

ngo

s e

pin

tos

2.380 2.220 1.750 1.320 987 935 750 698 815 1.432 2.256 2.548 1.765

Pracuúba 1.320 1.460 980 780 550 1.126 870 923 1.180 1.465 1.695 1.719 1.598

Tartarugalzinho 4.305 4.305 3.210 2.850 1.780 1.930 1.478 1.378 1.470 1.845 2.328 3.619 2.984

Território 8.005 7.985 5.940 4.950 3.317 3.991 3.098 2.999 3.465 4.742 6.279 7.886 6.347

Estado 87.728 88.747 78.760 65.953 51.858 49.308 36.367 36.795 36.612 49.737 55.877 70.866 56.167

Participação % do Território 9,12% 9,00% 7,54% 7,51% 6,40% 8,09% 8,52% 8,15% 9,46% 9,53% 11,24% 11,13% 11,30%

Amapá

Ovin

o

56 70 65 58 40 45 30 24 39 57 67 128 167

Pracuúba 94 142 130 107 80 67 79 87 98 124 148 176 128

Tartarugalzinho 245 245 210 170 120 95 67 72 89 107 121 234 247

Território 395 457 405 335 240 207 176 183 226 288 336 538 542

Estado 1.985 2.259 2.074 1.720 1.323 1.264 1.143 1.070 1.139 1.270 1.669 2.069 1.910

Participação % do Território 19,90% 20,23% 19,53% 19,48% 18,14% 16,38% 15,40% 17,10% 19,84% 22,68% 20,13% 26,00% 28,38%

Amapá

Suín

o

1.557 1.625 1.430 1.513 1.560 1.752 1.825 1.345 1.422 1.707 1.517 1.370 1.035

Pracuúba 282 335 420 467 538 602 820 840 926 1.055 1.289 1.428 1.313

Tartarugalzinho 1.700 1.700 1.970 1.780 1.675 1.812 2.030 1.638 1.704 1.994 3.009 3.397 3.083

Território 3.539 3.660 3.820 3.760 3.773 4.166 4.675 3.823 4.052 4.756 5.815 6.195 5.431

Estado 14.451 15.693 17.141 17.076 17.036 18.390 20.044 15.354 17.066 22.248 35.479 31.821 28.547

Participação % do Território 24,49% 23,32% 22,29% 22,02% 22,15% 22,65% 23,32% 24,90% 23,74% 21,38% 16,39% 19,47% 19,02%

65

Foto 6 – O gado está sempre presente nos alagados do Território dos Lagos

O gráfico 17 abaixo ilustra a evolução dos diferentes efetivos de animais no Território dos Lagos entre 2006 e 2008. Ressalta-se que os efetivos bovino e bubalino, por serem muito mais numerosos, serão apresentados em um gráfico separadamente para permitir a visualização gráfica da evolução dos efetivos dos demais animais.

Gráfico 16 – Evolução dos Efetivos de bovino e bubalino entre 1996 e 2008 no Território dos Lagos

010.00020.00030.00040.00050.00060.00070.00080.000

Evolução dos Efetivos de Bovino e Bubalino entre 1996 e 2008

Bovino

Bubalino

66

Gráfico 17 – Evolução dos efetivos dos demais animais no Território dos Lagos entre 1996 e 2008

Produção e Comercialização no contexto da Agricultura Familiar

Durante as oficinas municipais foram expressos e discutidos diversos problemas existentes atualmente para a comercialização da produção familiar no Território, a saber: paga-se caro pelos insumos por serem importados de outros Estados; o escoamento da produção é inadequado em razão das péssimas condições das estradas e ramais; a produtividade é baixa; o sistema de produção obsoleto; e falta acesso à capacitação na área comercial.

Além disso, as muitas áreas alagadas nas proximidades do Território também dificultam ainda mais a produção e o seu escoamento. Isto porque durante o inverno amazônico o nível dos rios sobe demasiadamente alagando os ramais que ligam as comunidades com as sedes dos municípios e inviabilizando o tráfego durante esse período. Isto deixa os produtores familiares isolados, impedindo-os de transportar insumos para o plantio e a produção para comercialização. Em razão disso, todos os anos muitos produtores perdem o período de plantio de certos produtos ou então perdem a produção que se estraga pela impossibilidade de escoamento.

0200400600800

100012001400160018002000220024002600280030003200340036003800400042004400460048005000520054005600580060006200640066006800700072007400760078008000820084008600

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Evolução dos efetivos de outros animais no Território dos Lagos entre 1996 e 2008

Caprino

Equino

Galos, galinhas, frangos, frangas e pintos

Ovino

Suíno

67

PESCA

No Território dos Lagos a influência da pesca é tão forte que muitos agricultores se autodenominam agricultores-pescadores e os pescadores se consideram também agricultores-criadores. Os tipos de pesca praticados no Território é a pesca de lago e a pesca de oceano.

Os dados oficiais de pescados são incompletos e revelam a dificuldade de acompanhamento de seus números em regiões tão isoladas e de difícil acesso como a Região Norte brasileira.

A pesca de oceano é a mais praticada pelos pescadores do município de Amapá, que junto com os outros dois municípios do Território Extremo Norte detém um dos maiores bancos pesqueiros do país. Isso é um atrativo para as inúmeras embarcações do país e do exterior, que transitam nessas áreas.

Ainda não existem dados estatísticos oficiais, mas os habitantes da região estimam que transitem mensalmente na área entre 500 e 700 embarcações, em busca de pescado e de crustáceos.

Hoje ainda não há fiscalização eficiente por parte de nenhum órgão federal, e o estado do Amapá não consegue manter o controle, por sequer ter devida competência que a situação requer, já que se trata de área de fronteira e além mar.

Segundo Raimundo Nobre, presidente da Federação dos Pescadores do Amapá, essa é uma das áreas mais ricas em espécies pesqueiras.

Em 2005, com o Convênio SEAP-PR/PROZEE/IBAMA – Monitoramento da Pesca no Litoral do Brasil, foram coletados dados sobre o esforço de pesca e produção pesqueira desembarcada no Estado do Amapá. No Território dos Lagos a pesquisa foi feita nos portos de Amapá e Sucuriju, no Município de Amapá. Os resultados mostram que nesse ano foram desembarcados quase 10% de toda a produção pesqueira do Estado nos portos do município de Amapá, conforme mostra a tabela abaixo.

Pesca no município de Amapá em 2005

Espécie Toneladas

Arraia 0,6

Bagre 202,8

Bandeirado 0,2

Camurim 3,7

Corvina 5

Gurijuba 175

Lagosta 0,1

Mero 0,5

Pescada amarela 14,1

Pirapema 6,1

Tainha 9,85

Timbira 3,7

Tubarão 4,9

Uritinga 49,3

68

Outros 10,2

TOTAL 486,05

% de produção do Estado 9,80%

Tabela 45 – Levantamento da produção de pesca no município de Amapá em 2005

O estudo também mencionou alguns poucos dados sobre a produção pesqueira dos outros dois municípios do Território dos Lagos. Pracuúba produziu apenas 4,3 toneladas de peixe neste ano, e Tartarugalzinho, 11,6 toneladas. Estes dois municípios, portanto, teriam tido, segundo o estudo, uma produção de pescado marítimo e estuarino de apenas 0,32% da produção total do Estado. No entanto, como a atividade pesqueira é praticada nos três municípios do Território dos Lagos e não apenas nesses dois municípios citados no estudo, não há dúvida que a produção pesqueira seja muito maior.

Outro estudo, feito pelo IEPA, para caracterizar socioeconomicamente a atividade pesqueira dos municípios de Amapá, Pracuúba e Tartarugalzinho, mostra que apesar do reconhecimento e da importância da atividade pesqueira para o desenvolvimento socioeconômico do Estado, observa-se, na maioria dos casos, um grande descaso por parte dos órgãos responsáveis pelo setor.

Apesar de não constar o ano da elaboração do estudo, não há dúvida que o mesmo ocorreu após 2004, pois ao longo do texto citam-se publicações deste ano. Segundo os autores, o estudo consistiu em entrevistas formais e informais com pescadores e com a comunidade, bem como acompanhamento da atividade pesqueira feito ao longo do rio Araguari e em quatro colônias de pescadores (Amapá, Sucuriju, Pracuúba e Tartarugalzinho).

Entre os vários problemas citados pelos pescadores durante as entrevistas no estudo, os principais são: pessoas cadastradas que não fazem parte da atividade, conflitos com pescadores industriais de outras regiões e a dependência dos atravessadores, todos de certa forma relacionados à desorganização das colônias de pescadores.

As espécies de peixes pescadas dependem da região e do método de pesca utilizado, normalmente rede ou espinhel. A produção de pescado é conservada quase totalmente com sal e gelo.

O estudo registra que apesar do Território dos Lagos ter outras atividades econômicas como a pecuária, por exemplo, a pesca é a que tem a maior importância econômica.

O estudo concluiu que, embora a pesca seja uma atividade rentável no Amapá, não há registros de participação de pescadores nas decisões de políticas públicas voltadas ao setor. Isto pôde ser observado durante as visitas nas colônias de pescadores de Amapá, Sucuriju, Pracuúba e Tartarugalzinho, quando os pescadores demonstraram não concordar com alguns pontos da legislação vigente, o que demonstra a falta de participação da categoria nas decisões. Os pescadores alegaram que não foram convidados a participar dessas decisões.

A relação entre pescadores e agricultores

A relação entre agricultores e pescadores é marcada por conflitos resultantes de suas diferentes culturas, visões de mundo distintas e, muitas vezes, opiniões conflitantes sobre o andamento de projetos de desenvolvimento de cada grupo social, os quais são elaborados sem considerar as especificidades do grupo e região.

69

O conflito entre pescadores e agricultores não revela a complexidade de relações sociais estabelecidas e suas interdependências. A seguir, apresentam-se três exemplos reais sobre o consumo de peixe e de farinha de mandioca por pescadores e agricultores.

Estes exemplos foram construídos com agricultores e pescadores a partir de suas percepções sobre as necessidades alimentares de suas comunidades e das possíveis e potenciais relações econômicas que podem vir a ser estabelecidas.

Os pescadores do Município de Tartarugalzinho estimam seu consumo diário de farinha de mandioca em aproximadamente 0,650 kg por pessoa. Considerando que há 800 famílias de pescadores com uma média de 7 pessoas cada, somar-se-iam 5.600 pessoas, as quais necessitariam de 3.640 kg por dia, 1.328.000 kg por ano, o que representa 26.572 sacas de 50 kg. Para produzir uma quantidade de farinha suficiente para abastecer a comunidade de pescadores do município seriam necessários 442,8 hectares, que produzissem anualmente 60 sacos de farinha por hectare.

Os pescadores de Pracuúba, por sua vez, calcularam seu consumo de farinha em 0,500 kg por dia. As 400 famílias existentes no município, com a mesma média de 7 pessoas cada, consumiriam então 511.000 kg de farinha anualmente, o correspondente a 10.280 sacas de 50 kg de farinha e a 2.044.000 kg de mandioca.

O consumo de peixe pelos agricultores do Território é em torno de 2 kg semanais por pessoa. Considerando que no território há em torno de 5.400 famílias de agricultores, com uma média de 6 pessoas cada, seria necessária uma produção anual de pescado de aproximadamente 3.369.600 kg. Para abastecer este mercado de consumo são necessários em torno de 842 pescadores (41% dos pescadores ativos) com mercado local anual garantido.

A farinha de mandioca e o peixe são os componentes principais da dieta dos habitantes do território, por essa razão, a atividade agrícola e a pesca estão intimamente relacionadas e integradas.

Resumo sobre a situação pesqueira no Território dos Lagos

Todas as embarcações pesqueiras do Território dos Lagos são de madeira. Na colônia de pesca de Amapá, as embarcações possuem capacidade entre 500 kg e 10 toneladas. Nas colônias de Tartarugalzinho e Pracuúba, essa capacidade varia de 30 kg a 1 tonelada.

A conservação do pescado varia de acordo com a distância do pesqueiro (local onde se realiza a pesca) e as condições econômicas da colônia. Quando a pesca se estende por vários dias, o principal meio de conservação do pescado é o gelo e a salga, mas quando dura apenas algumas horas, conserva-se a produção com gelo ou se mantém fresca. As três colônias de pesca do Território dos Lagos têm acesso a gelo e, por isso, os pescadores podem optar por passar mais de um dia pescando ou voltar para vender seu produto no mesmo dia.

Segundo os pescadores, os maiores problemas do setor no Território são: a) a precariedade da infraestrutura de produção (barcos, redes, etc.), que necessita de apoio para se tornar regionalmente competitiva, pois a evasão de renda resultante ameaça a economia pesqueira; b) o impacto imediato da criação de búfalos sobre a pesca no ecossistema dos lagos, principalmente sobre o Pirarucu, que está ameaçado; c) ausência de cursos superiores voltados à pesca no Território dos Lagos.

70

PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS REFERENTES À AGRICULTURA E À PESCA SEGUNDO OS ATORES SOCIAIS DO TERRITÓRIO DOS LAGOS

O processo de diagnósticos municipais no Território dos Lagos resultou em um quadro com os principais pontos positivos e negativos comuns aos Municípios do Território.

Pontos Positivos

• Existe transporte para escoamento da produção agrícola custeado pelo poder público estadual

• Há muita beleza natural e a população é hospitaleira • Apesar de ainda ser pouco, mas nos últimos anos

aumentou o acesso ao PRONAF • Há acesso à telefonia móvel • Há técnicos contratados para extensão rural e

assistência em pesca e floresta • O PPI (Programa de Produção Integrada) atende um

bom número de produtores • Implantação do Programa Bolsa Família

Pontos Negativos

• Falta organização entre os produtores (pesca e agrícola) para melhor o aproveitamento do transporte, organização do escoamento da produção e da venda dos produtos

• Não há linhas de transporte regular para o transporte dos habitantes das comunidades distantes até às sedes dos municípios, deixando-os isolados

• Não existe apoio para transporte para escoamento da produção pesqueira

• Há grande burocracia para ter acesso à verba da Caixa Econômica Federal

• Falta Regularização Fundiária • A segurança é fator de preocupação • Ausência dos prefeitos nas reuniões do colegiado por

aparente falta de interesse no programa, tão importante para pescadores, agricultores e extrativistas

• Degradação ambiental causada pelos búfalos, ocasionando a escassez de pescado de maior valor comercial e o aumento das espécies de menor valor comercial

• Ramais insuficientes, mal conservados ou alagados durante a época das chuva

• Atendimento insuficiente nas áreas de saúde, transporte e saneamento

• Faltam lixeiras públicas • Falta expansão do sinal da telefonia móvel

Quadro 3 – Pontos positivos e negativos referentes à agricultura familiar e à pesca no Território dos Lagos

PROGRAMAS DE APOIO AOS AGRICULTORES DO TERRITÓRIO

PRONAF

O acesso ao crédito e à assistência técnica qualificada é importante para que o agricultor inicie uma atividade no campo e agregue valor à sua propriedade implantando melhorias na infraestrutura de apoio à produção e em todas as outras etapas até à comercialização dos produtos. Este acesso possibilita a adoção de novas tecnologias, que tornam o produto agropecuário mais competitivo e capaz de atender um mercado consumidor cada vez mais exigente.

No Território dos Lagos e em todo o Estado do Amapá os agricultores familiares se ressentem do pouco acesso ao crédito PRONAF e assistência técnica. Em 2005, segundo dados oficiais do MDA, o Estado do Amapá ficou apenas na frente do Distrito Federal em termos de números de operações de crédito PRONAF, com um total de 1.261 operações. Um número extremamente baixo se comparado ao da grande maioria dos outros estados brasileiros.

71

Ressalta-se, assim, a necessidade de providências para melhorar o acesso dos produtores ao PRONAF no Território dos Lagos e em todo o Estado

Número de contratos e valores financiados pelo PRONAF entre 2005 e 2009 no Território dos Lagos

Município Contratos Valor Contratos Valor Contratos Valor Contratos Valor Contratos Valor

Amapá

200

5

20 122.318,31

200

6

13 71.340,22

200

7

3 4.676,80

200

8

1 1.092,00

200

9

3 245.858,11

Pracuúba 4 47.695,20 4 60.777,00 8 11.095,00 1 4.896,00

Tartarugalzinho 27 419.282,69 79 1.314.407,95 18 323.696,40 33 475.191,32 51 1.086.354,17

Território dos Lagos 51 589.296,20 96 1.446.525,17 11 15.771,80 35 481.179,32 54 1.332.212,28

Tabela 46 – Número de contrato e valores financiados pelo PRONAF entre 2005 e 2009 no Território dos Lagos

Dos 3.129 contratos PRONAF firmados no Amapá entre 2005 e 2010, somente 7,96% foram no Território dos Lagos. Este percentual representou 14,13% do valor total liberado pelo programa PRONAF no Estado do Amapá no período.

Gráfico 18 – Número de contratos PRONAF firmados entre 2005 e 2009

Gráfico 19 Valores financiados pelo PRONAF entre 2005 e 2009 no Território dos Lagos e no Estado do Amapá

Gráfico 20 – Evolução dos valores financiados pelo PRONAF entre 2005 e 2009 no Território dos Lagos e no Estado do Amapá

Conforme o gráfico acima a evolução de liberação de verba no Território dos Lagos entre 2005 e 2009 seguiu aproximadamente as mesmas tendências do Estado. Observa-se que em 2007 praticamente não ocorreu liberação de crédito pelo PRONAF tanto no Estado quanto no Território. No ano

0500

100015002000250030003500

Território dos Lagos

Estado do Amapá

Número de Contratos PRONAF firmados entre 2005 e 2009 no

Território e no Estado

0,00

5.000.000,00

10.000.000,00

15.000.000,00

20.000.000,00

25.000.000,00

30.000.000,00

Território dos Lagos

Estado do Amapá

Valores financiados pelo PRONAF entre 2005 e 2009 no Território e no

Estado

0,00

1.000.000,00

2.000.000,00

3.000.000,00

4.000.000,00

5.000.000,00

6.000.000,00

7.000.000,00

8.000.000,00

9.000.000,00

10.000.000,00

2005 2006 2007 2008 2009

Evolução dos valores de contratos PRONAF entre 2005 e 2009 no Estado do Amapá e no Território dos Lagos

72

subsequente o acesso ao crédito aumentou, mas em proporções bem maiores no Estado do que no Território.

Segundo os agricultores, dois fatores principais dificultam o acesso a qualquer linha de crédito. Primeiramente, é a falta de regularização fundiária, isto é, a falta de documentação legal das terras produtivas. Em segundo lugar, é a grande dificuldade para emitir a DAP (Declaração de Aptidão ao PRONAF), em virtude da falta de dinheiro e de transporte até os locais de emissão de documentos necessários para formalizarem suas atividades agrícolas.

Segundo dados oficiais, em maio de 2010, 862 agricultores obtiveram a Declaração de Aptidão ao PRONAF no Território dos Lagos.

Município Número de agricultores que obtiveram DAP

Amapá 173

Pracuúba 92

Tartarugalzinho 597

Total Território dos Lagos 862

Tabela 47 - Número de Agricultores que obtiveram DAP no Território dos Lagos em maio de 2010.

PROGRAMA DE AQUISIÇÃO DE ALIMENTOS - PAA

Em 2003, o Artigo 19 da Lei n. 10.696, de 02 de julho, regulamentado pelo Decreto n. 6.447, de 07 de maio de 2008, instituiu o Programa de Aquisição de Alimentos – PAA. Este é mais um mecanismo de apoio à agricultura familiar, a exemplo do Programa Nacional de Agricultura Familiar – Pronaf. O objetivo do PAA é incentivar a agricultura familiar por meio de ações vinculadas à distribuição de produtos agropecuários para pessoas em situação de insegurança alimentar e à formação de estoques estratégicos. Na proposta do programa, o PPA é para ser acionado após a colheita, no momento da comercialização, quando o esforço do pequeno produtor precisa ser recompensado com a venda da sua produção a preço justo, de forma a remunerar o investimento e o custeio da lavoura, incluindo a mão de obra, e lhe permitir ter recursos financeiros suficientes para a sobrevivência digna de sua família.

Os alimentos adquiridos diretamente dos agricultores familiares ou de suas associações e cooperativas são destinados à formação de estoques governamentais ou à doação para pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional, atendidas por programas sociais locais. Segundo a descrição da CONAB, responsável pela operacionalização do PAA, o funcionamento do programa é simples, pois a compra é feita diretamente pela companhia, por preço compensador, respeitando as peculiaridades e hábitos alimentares regionais e a situação do mercado local.

No estudo Políticas de Apoio à Agricultura Familiar: Uma Análise do Programa de Aquisição de Alimentos – PAA, de Kelliane da Consolação Fuscaldi, consta que no ano da instituição do programa, Amapá e Roraima foram os únicos estados que não receberam nenhum tipo de apoio. Segundo a autora do estudo, em 2007, por meio da modalidade Compra com Doação Simultânea, foram atendidas 61.527 famílias de agricultores, em 750 municípios, distribuídos em todos os estados brasileiros, exceto o Estado do Amapá.

73

Somente em agosto de 2009 o PAA começou a ser implementado no Estado do Amapá. Em razão disso não foi possível incluir neste PTDRS dados oficiais sobre os efeitos do programa no Território dos Lagos. Ressalta-se, porém, que participaram das oficinas de diagnóstico municipal agricultores que estavam inscritos no programa e que estavam na expectativa de fazer a primeira entrega de produtos. Agora em 2010, durante a oficina para validação do plano, foi confirmado que houve entrega de produtos agrícolas em todos os municípios do Território pelo PAA.

A demora para a implementação do PAA no Estado evidencia mais uma vez a falta de organização associativa dos produtores rurais e indica a urgência de investimentos reais e constantes pelo Poder Público em fortalecimento organizacional dos produtores para modificar esta situação. Por outro lado, o fato de o PAA ter sido aprovado pelo Conselho Estadual de Segurança Alimentar do Amapá (CONSEA-AP) somente em 17.05 de 2010 mostra a grande necessidade de o poder público acelerar o processo de implantação de programas como estes no estado. Um indicativo do quanto o Estado estava atrasado na implantação do programa, em agosto de 2006 foi realizada pela CONAB/MAPA a Oficina de Documentação Participativa do PAA – Região Norte/Amazônia Oriental, na qual participaram apenas dois representantes de uma mesma organização do Estado do Amapá enquanto que os outros estados estavam mais bem representados.

Nessa oportunidade, enquanto o Estado do Amapá apresentava propostas e recomendações para a disponibilização de técnicos da CONAB e a maior divulgação do PAA, os outros Estados da região Norte do Brasil já planejavam aumentar o valor mínimo de recursos por produtor, dar maior flexibilidade no prazo de pagamento da CPR, criar uma rede para todos os envolvidos no PAA na Região Norte, entre outros.

PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR - PNAE

A Lei 11.947/2009, que estabelece que no mínimo 30% dos recursos do FNDE devem ser utilizados para aquisição de merenda escolar para agricultores familiares, está sendo bem mais rapidamente do que o PAA em todo o Estado do Amapá.

Este ano foi realizado em Macapá um seminário estadual com a presença dos secretários municipais de agricultura e educação de todos os municípios do estado a fim de apresentar o programa e as formas de implantação para a aquisição dos produtos da produção agrícola familiar.

Até agora já foram realizados três seminários: dois em municípios do Território Centro Oeste e um terceiro em um município do Território Sul. Ressalta-se que já estavam sendo planejados seminários nos demais municípios para logo depois da validação deste plano e a expectativa é que o programa já esteja funcionando em todos os municípios do Estado do Amapá até o final de 2010.

74

O COLEGIADO DO TERRITÓRIO DOS LAGOS

O colegiado do Território dos Lagos é composto por 30 pessoas, 10 de cada Município. Deste total, 50% são representantes da sociedade civil organizada e 50%, representantes do poder público, atendendo-se, assim, ao requisito da paridade.

É importante salientar que quando este plano foi construído o colegiado do Território dos Lagos estava em processo de reformulação e a sua composição até então era a seguinte:

Município Sociedade Civil Organizada Instituições Governamentais

Am

ap

á

STTR, AMAPESC, FILECOOP, AGROPIQUIÁ, AAPC

Estaduais: RURAP e

SDR/UDL Municipais: Secretaria

Municipal de Agricultura e de Meio Ambiente, Câmara de Vereadores,

Federal: EMBRAPA e Estadual: IMAP

(pelos três municípios)

Pra

cu

úb

a

STTR, Colônia Z 11, ADERAC, Ass. Flexal Rural,

Estaduais: RURAP e

SDR/UDL Municipais: Secretaria de

Agricultura e Câmara de Vereadores

Ta

rtaru

ga

lzin

ho

STTR, Colônia Z 12, AMOVAT, AEFACE, associação dos agricultores do governador Janary,

Associação de moradores quilombola de São Tomé do Aporema,

AMRRA

Estaduais: RURAP e

SDR/UDL Municipais: Secretaria de

Agricultura e Câmara de Vereadores

Quadro 4 – Composição do Colegiado do Território dos Lagos

A composição do colegiado tornou-se uma rede social externa cuja capilaridade permitiu a conexão com organizações de representação do público beneficiário, com comunidades rurais e instituições de apoio e responsáveis por diferentes funções na sociedade.

Durante o processo de construção deste plano, observou-se que o Colegiado do Território dos Lagos já demonstrava um grau considerável de maturidade, o que ajudou muito nesse processo.

No entanto, no decorrer da construção deste plano, todos foram surpreendidos com a morte súbita do assessor territorial, Seu Bacaba, pessoa que há muitos anos contribuía para a constituição do atual Território dos Lagos. Em razão principalmente disso, o Colegiado foi reestruturado, apesar de que essa reestruturação já estava em andamento.

O Colegiado dos Lagos tem participado do movimento de Rede de Territórios no Estado do Amapá e já existem acordos com o Colegiado do Território do Centro Oeste para projetos conjuntos, visando ao desenvolvimento de áreas

75

como a saúde. A população está ciente que não haveria sustentabilidade econômica para alguns projetos se o Território dos Lagos também pleiteasse certas ações somente para a população do seu próprio território. Assim, por exemplo, atualmente o Território dos Lagos apóia a solicitação para implantação de um hospital de referência no Território Centro Oeste que foi encaminhada em 2007 ao MDA, ciente de que já será um grande avanço ter um hospital mais próximo do que na capital Macapá.

Espera-se que a reestruturação do Colegiado promova uma aproximação crescente com os outros Colegiados do Estado por meio da Rede de Territórios e que os planos feitos por todos os atores sociais desse Território sejam o início de um novo momento de desenvolvimento sustentável.

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CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL PARA CONSTRUÇÃO DA VISÃO DE FUTURO

Ao longo das últimas décadas vários acontecimentos marcaram a evolução do conceito de desenvolvimento sustentável, entre eles, o progresso tecnológico e o aumento da conscientização das populações para a importância da manutenção do meio ambiente.

Desenvolvimento sustentável é um conceito sistêmico que se traduz num modelo de desenvolvimento global que incorpora os aspectos de desenvolvimento ambiental. A definição mais usada para o desenvolvimento sustentável é: “O desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades, significa possibilitar que as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento social e econômico e de realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos recursos da terra e preservando as espécies e os habitats naturais.”17

O campo do desenvolvimento sustentável pode ser conceitualmente dividido em três componentes: a sustentabilidade ambiental, sustentabilidade econômica e sustentabilidade sociopolítica. Ou seja, o conceito de desenvolvimento sustentável abrange várias áreas, assentando essencialmente num ponto de equilíbrio entre o crescimento econômico, equidade social e a proteção do meio ambiente.

Assim, a definição mais aceita para desenvolvimento sustentável é aquela que o define como capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações, isto é, desenvolvimento sem o esgotamento dos recursos no futuro.

Essa definição surgiu na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas para discutir e propor meios de harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental.

Para se alcançar o desenvolvimento sustentável depende-se de planejamento e de reconhecimento de que os recursos naturais são finitos. Esse conceito representou uma nova forma de desenvolvimento econômico, que leva em conta o meio ambiente.

Muitas vezes, desenvolvimento é confundido com crescimento econômico, que depende do consumo crescente de energia e recursos naturais. Esse tipo de desenvolvimento tende a ser insustentável, pois leva ao esgotamento dos recursos naturais dos quais a humanidade depende.

Atividades econômicas podem ser encorajadas em detrimento da base de recursos naturais dos países. Desses recursos depende não só a existência humana e a diversidade biológica, mas também o próprio crescimento econômico.

17

Relatório Brundtland publicado em 1987

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Quando se fala em Sustentabilidade Territorial, pretende-se uma equação correta considerando o Meio Ambiente, a Economia e também o lado social de um Território. Durante a dinâmica de sonhos futuros realizada com os atores sociais no Território dos Lagos, os seus desenhos para este plano ressaltaram que os três aspectos deveriam ser contemplados, conforme mostra a imagem abaixo:

Figura 3 – Imagem da base de sustentabilidade usada para construção da Visão de Futuro

O NOSSO FUTURO

“Se nós não planejarmos nosso futuro, outros o farão para nós, por nós...

(ou contra nós!!)”

Prof. Dr. Eliezer Arantes Costa Gestão Estratégica (Ed. Saraiva)

Levando em consideração o conceito de sustentabilidade abordado no capitulo anterior, o desenvolvimento do Território dos Lagos do Amapá deve ser construído com base na agricultura familiar, primando-se pelo crescimento econômico com distribuição de renda, pela descentralização das ações, pelo investimento no capital social, na educação, na saúde, no lazer e em outros aspectos fundamentais para a vida e para a evolução social e humana. Contudo, não pode deixar de considerar a proteção e preservação dos recursos naturais existentes no Território, para perpetuação das gerações futuras. Também será levado em consideração o trabalho cooperativo e solidário, que proporcione a um maior número possível de pessoas as garantias fundamentais para o desenvolvimento do Território. Dessa forma, os atores sociais e o poder público construíram juntos a sua visão de futuro socialmente, economicamente e ecologicamente sustentável.

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VISÃO DE FUTURO

Durante a oficina para a construção da Visão de Futuro os atores do Território dos Lagos construíram o quadro abaixo, que aborda muitas áreas que carecem de mudança e o que eles entendem que deve ser feito para que se torne realidade no futuro.

O que queremos O que precisamos

Transporte funcionando e atendendo a todos Melhorar a cooperação entre os produtores (pesca e agrícola) e entre os poderes públicos

Projeto municipal comunidade em ação de Pracuúba (diagnóstico participativo comunitário - produção, meio ambiente, saúde, assistência social e outras para nortear ações), se torne em uma política pública para todo território dos Lagos

Recursos humanos capacitados do território e dos municípios para acessar os recursos para estes projetos

Apoio dos prefeitos NAS REUNIÕES no Colegiado e nas ações planejadas POR ELE.

Maior compreensão das prefeituras sobre os benefícios da política territorial

Aproveitamento econômico das belezas naturais e da hospitalidade do povo

Políticas públicas concretas para estruturação e divulgação do turismo

A concretização dos projetos planejados Apoio e participação concreta dos órgãos públicos para execução DOS PROJETOS

União entre produtores Conscientizar e fortalecer os atores sociais

Prefeituras e Estado adimplentes com o Governo Federal Conseguir renegociar com o Governo Federal as dívidas municipais e estaduais

Facilidade de acesso ao PRONAF Realizar mutirões para emissão de DAP, melhorar o acesso à internet, comunicação entre RURAP e INCRA e maior aproveitar da estrutura da delegacia do MDA.

Ramais abertos e arrumados Compromisso dos órgãos competentes e máquinas para recuperação e manutenção DOS RAMAIS.

Fim da venda de quelônios Conscientizar a sociedade, obter mais fiscalização (envolvendo a população) e buscar alternativas de renda para os vendedores de quelônios.

Acesso à mecanização para evitar queimadas Máquinas e pessoas capacitadas para operá-las e fazer sua manutenção

Educação e valorização do meio ambiente e do ser humano

Regionalizar a grade curricular e conscientização sobre a importância do meio ambiente e do ser humano

Preços mais justos pelo peixe comercializado pelos pescadores

Agregar valor à produção pesqueira.

Maior acesso a energia elétrica Expandir o programa luz para todos

Condições para produzir (agricultura e pesca) dentro da legalidade e acesso à certificação da produção

Maior proximidade dos órgãos fiscalizadores e melhor diálogo entre os órgãos fiscalizadores e atores sociais

Assistência técnica que atenda as necessidades dos produtores familiares (rural, florestal, pesca e fiscalização)

Adequar e melhorar a estrutura funcional da assistência técnica para que seja capaz de atender as demandas dos produtores

Ampliação do programa PPI PLANO SAFRA TERRITORIAL

Trabalhar com as florestas aproveitando os recursos madeireiros e não madeireiros

Plano de manejo comunitário

Fazer o manejo do açaí nativo Capacitação técnica dos agricultores e ATER

Quadro 5 – O que os atores sociais desejam para o futuro e o que precisa ser feito para a sua realização.

Assim, os atores sociais do Território dos Lagos resumem sua visão de futuro da seguinte maneira:

“Promover o desenvolvimento ambiental, social, cultural e econômico, dando continuidade à preservação ambiental historicamente praticada no Território, visando ao maior bem-estar social das populações do território por meio de um processo de formação permanente das gerações atuais e de conscientização das gerações futuras, viabilizando o acesso à educação de qualidade que

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contribua para a formação pessoal e para a qualificação das atividades produtivas.”

É senso-comum que somente investimentos na educação e principalmente a legalização das terras de todos esses produtores familiares (que há décadas esperam pela reforma agrária) possibilitará o fortalecimento da agricultura e a pesca familiares. Essas ações, aliadas ao acesso a investimentos para implementação de tecnologia que permitam maior produtividade, poderão concretizar a tão necessária e almejada subsistência alimentar do território, mudando-se a realidade atual de dependência de importação de alimentos agrícolas básicos de outros e estados. Além disso, espera-se poder agregar valor a alguns produtos, gerando o aumento de renda e permitindo uma vida mais digna no campo e na cidade.”

MISSÃO, OBJETIVOS ESTRATÉGICOS E PRINCÍPIOS.

Missão: “Desenvolvimento com igualdade e inclusão social para subsistência alimentar da população do Território em primeiro lugar”.

Objetivos estratégicos: Articular as demandas da agricultura e pesca familiar, organizar as propostas do território para o desenvolvimento, priorizando as ações estratégicas, e apresentar o planejamento integrado das ações visando ao desenvolvimento socioeconômico territorial sustentável. Esses objetivos procuram fortalecer as atividades de agricultura e pesca familiar por meio da inclusão social e geração de renda ao mesmo tempo em que dá continuidade à preservação ambiental.

Princípios: Maior participação social, valorização da agricultura e pesca familiar e inclusão social.

PROGRAMAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO

A partir da qualificação do diagnóstico, da análise sistêmica territorial e da multidimensionalidade do desenvolvimento territorial, o território definiu os eixos estratégicos articulados com programas e projetos estratégicos para o desenvolvimento.

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MATRIZ DE PRIORIDADES E DIRETRIZES PRINCIPAIS:

O organograma abaixo mostra as prioridades dentro dos eixos estratégicos para o desenvolvimento do Território:

PRIORIDADE TRANSVERSAL Fortalecimento Organizacional da Sociedade Civil com enfoque especial nos atores mais fragilizados

Legalização das Terras e melhoria do acesso

Fomentar a produção agrícola para melhorar a subsistência territorial, criação de geração de renda extra com açaí e oleaginosas

Apoio a pesca artesanal familiar para fomentar o seu crescimento

da forma ordenada e

agregação de valor ao produto

peixe

Fortalecimento de capacidade

gerencial das organizações

Educação do

Campo

Trabalhar a força e união das classes (fundiário, assentado, poder púbico) para ter maior força na luta por direito e posse Aquisição de patrulhas Mecanizadas para os trabalhos necessários para conserto e manutenção de ramais;

Investir prioritariamente no aumento da produção de mandioca, não deixando de lados o grande leque de produção já existente, Investimento em manejo e plantio de açaí e outras oleaginosas, visando Serviços Ambientais pelo reflorestamento e assegurar meios de renda extra

Melhoras da infraestrutura da pesca; Criação de entreposto pesqueiro; Projeto de agregação de valor ao pescado

Ter ações contínuas de identificação e cadastramento tanto de produtores agrícolas, quanto de pescadores

Formação dos produtores e da Assistência Técnica, tanto para área agrícola como para área pesqueira

A regularização fundiária é condição para a legalização da atividade produtiva e que por sua vez é imprescindível para dar a segurança que o produtor necessita para fazer investimentos na produção.

Garantir em médio prazo a subsistência territorial no consumo de farinha, Garantir renda extra com venda de açaí Gerar novas possibilidades de renda com oleaginosas

Abertura de linhas de crédito para pescadores artesanais; Investimentos em infra estrutura pesqueira

Manutenção da estrutura sindical (agrícola) colonial (pesca) no território atende demanda dos produtores

EFA para o Territórios que no futuro também possa funcionar com cursos técnicos (pesca, agricultura) Abertura de curso de 3º grau (públicos) para área de pesca e cursos ligados a área ambiental e agrícola

Ter em curto e médio prazo as estradas (ramais) permite planejamento de investimento nas atividades produtivas E de médio longo prazo de outros serviços de infra-estrutura como energia elétrica, segurança, saneamento, saúde, transporte, comunicação, outros visando proporcionar as condições físicas necessárias para o desenvolvimento sustentável

Conseguir a agregação de valor ao produto peixe, além de fortalecer a classe, irá gerar entradas (impostos) para os municípios do território

Ter no futuro associações e cooperativas fortalecidas para permitir que os produtores possam ter venda direta dos produtos

Diminuir o êxodo rural principalmente da população jovem Permitindo que filhos de produtores familiares possam assumir o papel da assistência técnica no futuro

Figura 4 – Organograma das prioridades dentro dos Eixos Estratégicos do Território

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Trabalhar essas áreas prioritárias dentro dos eixos estratégicos tem como objetivo alcançar: o aumento de oferta de produtos locais nos mercados municipais; a diminuição da dependência da importação e, consequentemente, da logística cara para a obtenção de produtos que fazem parte da segurança alimentar; e criação de possibilidades de geração de renda extra para os produtores familiares a serem trabalhadas concomitantemente com suas atividades produtivas. Os produtores do Território dos Lagos desejam sustentabilidade local e qualidade de vida para seus atores sociais.

Programa Transversal: Fortalecimento Organizacional da Sociedade Civil com enfoque especial nos atores mais fragilizados

Investir fortemente no eixo transversal de fortalecimento da sociedade civil com enfoque especial nos atores mais fragilizados certamente será decisivo no alcance dos resultados em todos os outros eixos previstos. Observa-se que, historicamente, não somente no Território dos Lagos, mas em toda a região norte do Brasil, o fortalecimento organizacional tem sido trabalhado com enfoque prioritário nas lideranças. Em primeiro lugar beneficiam-se lideranças das organizações da sociedade civil organizada e, em segundo, lideranças comunitárias, nem sempre formalmente constituídas, porém reconhecidas nas comunidades como tais. Com o fortalecimento das lideranças, acabou-se criando um distanciamento ainda maior entre elas e suas bases. Isso tem levado à perpetuação de algumas lideranças, uma vez que somente elas possuem acesso ao conhecimento, o que as torna mais empoderadas e, quando, por alguma razão precisam se afastar da atividade, repassam este poder a filhos. Essa situação provoca a insatisfação dos comunitários, que acabam se afastando e não se empenhando em projetos por não se sentirem parte do processo de decisão e por entenderem que determinado projeto pertence à liderança e não à comunidade.

Reconhece-se que essa situação não foi criada propositalmente pelas atuais lideranças e que a base teve sua contribuição nesse processo de distanciamento entre ela e as lideranças. Muitos atores da sociedade civil, principalmente os mais fragilizados, tendem a culpar as lideranças quando os projetos não são bem-sucedidos e não assumirem a sua responsabilidade por isso.

No entanto, algumas iniciativas realizadas na região Norte, inclusive no estado do Amapá, que visam ao fortalecimento organizacional das bases das comunidades, têm demonstrado que esses atores sociais inertes diante de motivação e estímulos mudam totalmente de atitude e passam a se empenhar nas atividades comuns, tornando-se atores importantes no crescimento e fortalecimento da comunidade como um todo.

Abaixo são apresentadas as ações e os projetos propostos para o fortalecimento da sociedade civil.

I. Ações a. Realização de cursos de metodologias com enfoque participativo,

visando ao fortalecimento organizacional e ao planejamento participativo para os quadros de funcionários da assistência técnica rural, dos órgãos municipais que interagem diretamente

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com as comunidades rurais e para outros atores nas esferas municipal e estadual;

b. Realização de diagnósticos comunitários participativos visando à elaboração participativa de um plano de ação para fortalecimento das comunidades; e

c. Promoção do fortalecimento organizacional das comunidades com enfoque especial nos atores sociais mais fragilizados.

II. Projetos

a Realização de cursos de metodologias com enfoque participativo visando ao fortalecimento organizacional e ao planejamento participativo, com a inclusão de custos com contratação de instrutores/facilitadores, material didático, alimentação e transporte para os participantes e instrutores e realização de diagnósticos comunitários participativos realizados pelos participantes dos cursos com a devida supervisão pelos instrutores/facilitadores.

Legalização das Terras e melhoria do acesso

Para que os agricultores familiares invistam mais no plantio eles necessitam de segurança da posse de terra. Além disso, sem a legalização das terras, não há acesso a financiamentos para investir em seus projetos de produção.

I. Ações Organização e acionamento pelo poder público municipal do território

dos órgãos competentes para agilizar o processo de legalização das terras dos assentados e outros agricultores familiares

Trabalho para promoção da união entre os agricultores familiares a fim de, juntos, apoiarem o poder público municipal do território no acionamento dos órgãos competentes

Elaboração de projetos para aquisição de mais maquinários para manutenção dos ramais existentes – ressaltando que em alguns casos a situação dos ramais é tão precária que será necessária uma reabertura e não somente manutenção

Elaboração de planos de trabalhos conjuntos entre o poder público de cada município com os respectivos atores envolvidos, para organização de mutirões para apoiar e tornar mais eficaz e eficiente o uso de maquinários na manutenção dos ramais existentes;

II. Projetos

Aquisição de compactador

Qualificação de mão de obra especializada para manuseio de máquinas

Organização de mutirões de legalização de terras em cada município do território tanto na área de expansão urbana do município quanto nas áreas pertencentes ao estado.

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Estimular o aumento da produção de produtos agrícolas e a introdução de novos produtos

Os atores do Território dos Lagos decidiram que o Programa Estratégico do Território deverá investir na Produção Familiar Agrícola, permitindo o aumento de produção e a introdução de novos produtos agrícolas, visando à subsistência dos municípios e diminuindo a dependência da importação e da cara logística de transporte dos produtos, permitindo que os atores locais tenham acesso a uma maior variedade de produtos agrícolas, contribuindo assim para a segurança alimentar do Território.

I. Ações Maior investimento no Programa de Produção Integrada - PPI

para aumentar a produtividade das áreas de plantio

Capacitação dos técnicos da extensão rural para que estes proporcionem assistência técnica de qualidade para obtenção de melhorias na produção para os agricultores

Investimento em mudas e sementes de boa qualidade

Organização de produção/aquisição conjunta de insumos necessários para melhorar a produção

Fortalecimento prioritário da cadeia produtiva da mandioca

Investimento em manejo e plantio de açaí (consorciado com oleaginosas da região)

Ações na área de manejo florestal comunitário madeireiro e não madeireiro

Elaboração do Plano Safra Territorial

Fomento da cadeia produtiva do leite

Melhoria do padrão genético do rebanho

Aumento do controle sanitário animal

Melhoramento de pastagem

II. Projetos

Cursos de capacitação dos técnicos da extensão rural

Compra de sementes e mudas de boa qualidade para a produção agrícola diversificada

Custeio de cursos e intercâmbios entre os agricultores para melhorar a qualidade e experiência de produção

Fortalecimento do PPI (mecanização e adubação das áreas)

Aquisição de mudas de açaí e outras plantas oleaginosas

Reativação do CDT (Centro de Difusão de Tecnologia) no Território, inclusive do laboratório

Fortalecimento das exposições agropecuárias territoriais

Melhoramento de pastagem

Construção de matadouros

Construção de fábrica para a cadeia do leite

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Apoio à pesca artesanal familiar promovendo o seu crescimento de forma ordenada e agregação de valor ao peixe

Os atores do Território dos Lagos entendem que será de fundamental importância enfatizar o desenvolvimento da área da pesca, uma vez que são muitos os atores sociais do território que dependem desta atividade.

I. Ações Reestruturação d as colônia no território (por meio de prestação

de contas e convênios); Fortalecimento da estruturação administrativa das cooperativas

AMAPESC e FILECOOP Realização de cursos específicos com enfoque participativo para

membros de conselhos fiscais e atores sociais com potencial em se tornarem membros de conselhos fiscais sobre suas tarefas, obrigações e responsabilidades dentro das respectivas organizações

Elaboração de projeto para Fábrica de Gelo dos Pescadores Melhoria na infraestrutura da pesca: estaleiros, caminhão

frigorífico, reforma de cais, local para seca da grude Formação dos pescadores (escolas adaptadas para pescadores,

formação técnica continuada); Definição da zona pesqueira; Fomento a aquicultura no Território

II. Projetos

Cursos na área de gestão e administração para colônia Construção de fábrica de gelo para os pescadores Melhoria da infraestrutura da pesca Implantação de estaleiros Aquisição de caminhão frigorífico Reforma de cais, incluindo construção de local para seca da

grude Construção de planta de fábrica de filetagem de peixe e outro tipo

de agregação de valor ao produto Projeto de aquicultura para o Território

Educação no Campo

A melhoria da educação no campo será um fator fundamental para a diminuição do êxodo rural. Para isso, devem ser feitos investimentos na implantação de cursos técnicos e superiores nas áreas agrícolas e de pesca no Território. Dessa forma, as pessoas capacitadas poderiam conseguir emprego no próprio território, diminuindo-se, assim, o número de contratações de pessoas de fora para determinadas funções. Com uma só ação poderão ser alcançados dois grandes objetivos: proporcionará a chance de a população local e rural melhorar profissionalmente sem ter que sair do território e diminuirão os problemas de adaptação de profissionais que precisam vir de fora para trabalhar no território. O território terá, assim, uma melhor oferta de serviços prestados para a população local, uma vez que no Território dos Lagos tanto os produtores familiares quanto os pescadores artesanais julgam

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ter pouco apoio técnico e entendem que quando este vem de pessoas não nativas a compreensão mútua é mais complicada.

I. Ações Inclusão na grade curricular desde o primeiro grau das temáticas

agricultura familiar, pesca e proteção ambiental, focando-se na realidade local

Transformação da EFA do Cedro em EFA do território e que possa ofertar também cursos na área técnica agrícola e de pesca

Acesso ao mundo digital em todas as comunidades rurais Instituição de cursos de 3º grau (públicos) priorizando as áreas da

necessidade local (meio ambiente, pesca, agrícola, florestal) Pleitear um campus da Universidade do Estado (UEAP) no Território

II. Projetos Elaboração de projeto de lei para inclusão das temáticas sobre

agricultura familiar, proteção ambiental e pesca, focando-se na realidade local

Expansão física da EFA do Cedro para melhorar o acesso dos filhos de produtores rurais que vivem em comunidades mais distantes ao segundo grau

Instituição de cursos técnicos nas áreas ambiental, de pesca e agrícola na EFA com prioridade de acesso para os atores sociais do próprio território

Estruturação do Campus da UNIFAP (estrutura iniciada no município de Amapá) para atender o território, com curso nas áreas de pesca, agrícola e florestal.

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MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO

Nada mais justo que o Governo invista verba pública em projetos de desenvolvimento e exija transparência e eficácia de seus executores e, quando não se obtenham os resultados esperados, como nos casos dos Territórios Rurais e de Cidadania, se possa aprender com a experiência e não repetir os erros no futuro.

Os atores do Território dos Lagos decidiram colocar em seu PTDRS as etapas do monitoramento e avaliação a serem seguidas. O objetivo é fazer com que os atores sociais que não compõem o Colegiado, possam, a partir da publicação deste PTDRS, se empoderar sempre que desejarem, para que ajudem os atores do colegiado com o monitoramento e avaliação, o que será fundamental para assegurar que o Plano tenha, de fato, o efeito desejado.

O Colegiado do Território entende que com a publicação da ferramenta de monitoramento e avaliação abaixo, estará contribuindo para uma gestão transparente futura no território.

MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DO PTDRS CONSISTEM EM:

CONTROLE

É uma função do gerenciamento e consiste no monitoramento e nas medidas corretivas.

Sua finalidade é manter a implementação/realização de atividades ou projetos em concordância com o que foi planejado pelo PTDRS.

MONITORAMENTO

É a comparação do plano elaborado com o plano realizado É ainda a análise de desvios ocorridos durante a implementação/

realização de atividades ou projetos

TAREFAS DO MONITORAMENTO

Estabelecer padrões de desenvolvimento/execução (indicadores, resultados e esquemas para monitorar os eventos ocorridos).

Projetar e operar um sistema de informações do ocorrido do período (documentado)

Medir o desempenho atual em relação aos padrões definidos. Verificar, nas datas previstas, o grau de realização das ações do

projeto a fim de identificar desvios entre o planejamento e o realizado

AÇÕES CORRETIVAS

Qualquer modificação nas atividades e/ou na alocação de recursos no âmbito da estratégia do projeto/plano em respostas a possíveis desvios do projeto/plano identificados é uma ação corretiva.

Também é fazer com que a implementação dos projetos volte a coincidir com PTDRS elaborado.

REPLANEJAMENTO

É uma tarefa dos dirigentes do projeto e dos tomadores de

decisões externos ao projeto (avaliadores externos, missão de avaliação, etc.).

Consiste numa avaliação detalhada e revisão do plano original. Tem por finalidade fazer com que se aprenda a partir das

experiências passadas a fim de melhorar os planos futuros para assegurar o êxito final do projeto

AVALIAÇÃO É o questionamento da validade da estratégia do projeto

considerando o alcance das realizações previstas, os recursos despendidos e os efeitos positivos ou negativos inesperados. A

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avaliação usa tanto os dados da monitoria como informações adicionais.

REVISÃO DO PLANO

É a mudança de estratégias do projeto em resposta à avaliação dos resultados de forma a restaurar a consistência e realismo dos documentos do projeto.

Quadro 6 – Etapas do Monitoramento e Avaliação

Os atores do Território dos Lagos do Amapá decidiram ainda que utilizarão em suas reuniões futuras a ferramenta EDPO18 (Êxitos, Debilidades, Potencialidades e Oportunidades) para efetuar o monitoramento e avaliação do próprio PTDRS, das ações e dos projetos planejados de forma constante e direcionada. Mais uma vez o Colegiado optou pela inclusão da explicação da ferramenta no próprio Plano, visando à estratégia da possibilidade do auto empoderamento dos atores sociais, além de traduzir novamente a transparência na Gestão com a qual o Colegiado se compromete desde já.

A matriz EDPO poderá ser utilizada para monitorar e avaliar a eficácia das ações (projetos) nas reuniões regulares do colegiado. Sugere-se a sua adoção também para envolver periodicamente os atores sociais que os projetos pretendem beneficiar diretamente. Essa abordagem sistemática para mensuração de impactos contribuirá para incrementar não somente a prestação de contas das atividades que acontecerão daqui para frente perante os órgãos financiadores, mas também perante o público-alvo dos diversos projetos. Discutir juntamente com este público quais foram os avanços e onde houve problemas aumenta a sua colaboração nas atividades.

A matriz EDPO foi construída para permitir a análise do passado de uma atividade ou de um projeto, tratando da experiência na linha do tempo.

← Olhar para o passado

Passado

Visão para o futuro →

Futuro

Agora

Tanto o olhar para trás quanto a visão para o futuro são complementados por um critério de avaliação simples (positivo/negativo).

← Olhar para o passado Visão para o futuro →

1

ÊXITOS SUCESSOS

2

POTENCIALIDADES POSSIBILIDADES

3

DEBILIDADES FALHAS

4

OBSTÁCULOS BARREIRAS

Figura 5 – Figuras explicativas da ferramenta EDPO

18

Desenvolvida por KEK-CDC Consultants, Zurique, Suíça, uma empresa de consultoria organizacional e

avaliação com ampla experiência em projetos de desenvolvimento na América do Sul.

Positivo

Negativo

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É importante ressaltar que a diferença fundamental entre as matrizes EDPO e a matriz FOFA é que enquanto a primeira diferencia retrospectiva (ED) e prospectiva (PO), a segunda diferencia interno da organização (pontos fortes e fracos) e externo da organização (oportunidades e ameaças).

Assim, no caso da ferramenta EDPO, cada ação ou projeto pode ser avaliado nos quatro blocos:

Êxitos: Sucessos (qualitativos e quantitativos), metas alcançadas, fortalezas

Debilidades: Falhas, fraquezas, dificuldades e gargalos

Potencialidades: Possibilidades, ideias, desejos, tendências, habilidades inexploradas

Obstáculos: Barreiras, resistências, condições gerais desfavoráveis

A EDPO, portanto, é uma ferramenta de planejamento, quando aplicada desde a elaboração de um projeto, e de monitoramento, quando usada regularmente nas reuniões de avaliação.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Sites pesquisados

http://portalideb.inep.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=6&Itemid=6

http://sit.mda.gov.br/avancada.php?menu=avancada, acessado entre setembro de 2009 e agosto de 2010

http://www.amapadigital.net/noticias/2010/geral/08-01-10-geral7.html

http://www.ibase.br/userimages/pub_PRONAF_final4.pdf

http://www.ibge.gov.br, acessado entre setembro de 2009 e agosto de 2010

http://www.incra.gov.br/portal/arquivos/projetos_programas/titulacao_de_assentamento/titulos_emitidos_ap.pdf, acessado em agosto de 2010

http://www.inep.gov.br/, acessado setembro de 2009 e agosto de 2010

http://www.planalto.gov.br/consea/exec/noticias.cfm?cod=28716 em agosto de 2010

http://www.semiarido.org.br/UserFiles/file/paof040620101_95.pdf

http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/pesquisas/ca/, acessado entre janeiro de agosto de 2010

http://www.conab.gov.br/conabweb/agriculturaFamiliar/paa_o_que_e.html em agosto de 2010

LIVROS, REVISTAS ESTUDOS E OUTRAS BIBLIOGRAFIAS

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Costa N. J., Estrutura Socioambiental do Assentamento Perimetral no Entorno do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque/AP

KED – CDC Consultants, Ferramentas para DOP

Marino E., Manual de Avaliação de Projetos Sociais, 2ª edição

Watson, C. (2008), Literature Review of Impact Measurement in the Humanitarian Sector. Feinstein International Center, Medford

FUSCALDI, K. C. Políticas de apoio à agricultura familiar: uma análise do programa de aquisição de alimentos (PAA)

Agencia Suíça para o Desenvolvimento e a Cooperação, Guia da Autoavaliação

Estratégias e métodos de monitoramento em projeto s de proteção das florestas tropicais brasileiras, MMA

Estratégias e métodos de monitoramento em projeto s de proteção das florestas tropicais brasileiras, MMA, MANAUS, 27 A 29 DE JUNHO DE 2006 – PROMOÇÃO: CONAB/MAPA

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MONITORAMENTO DA ATIVIDADE PESQUEIRA NO LITORAL DO BRASIL, RELATÓRIO TÉCNICO FINAL, CONVÊNIO SEAP/PROZEE/IBAMA:

109/2004

Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, publicado pela Comissão Especial do PNMT da Assembléia Legislativa do Estado do AP

Planejando o Desenvolvimento Local, conceitos, metodologias e experiências, Projeto PRORENDA RURAL PA, GTZ

Política Nacional de Desenvolvimento Regional, Sumário executivo publicado pelo Ministério de Integração Nacional com apoio do IICA

Relatório OFICINA DE DOCUMENTAÇÃO PARTICIPATIVA DO PAA – REGIÃO NORTE/AMAZÔNIA ORIENTAL- RELATÓRIO

Revista Açaí.com, Projeto PA/AP, GTZ

Sirley Luzia de Figueiredo Silva, Luis Mauricio Abdon da Silva - A Atividade Pesqueira na Região Atlântica da Costa do Amapá: Município de Amapá, Pracuúba, Tartarugalzinho e baixo Araguari

IBGE, Assistência Médica Sanitária 2005; Malha municipal digital do Brasil: situação em 2005. Rio de Janeiro: IBGE, 2006.

IBGE, Resultados da Amostra do Censo Demográfico 2007 - Malha municipal digital do Brasil: situação em 2006. Rio de Janeiro: IBGE, 2007.

IBGE, Censo Demográfico 2007 e Pesquisa de Orçamentos Familiares - POF 2006/2007.

IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais, Produto Interno Bruto dos Municípios 2006

IBGE, SIDRA, Censo Aropecuário 2006.

IBGE, Planejamento Agrícola Municipal - PAM 2008.

IBGE, Planejamento Pecuário Municipal - PPM, 2008.

Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP - Censo Educacional 2008.

PNUD/IPEA/Fundação João Pinheiro,2008.

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OUTRAS FONTES:

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