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2016 PSICOLOGIA DA C OMUNICAÇÃO Prof. Fábio Roberto Tavares Prof. ª Débora Cristina Curto da Costa Bocato

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Page 1: Psicologia da comunicação - UNIASSELVI

2016

Psicologia da comunicaçãoProf. Fábio Roberto TavaresProf.ª Débora Cristina Curto da Costa Bocato

Page 2: Psicologia da comunicação - UNIASSELVI

Copyright © UNIASSELVI 2016

Elaboração:

Prof. Fábio Roberto Tavares

Prof.ª Débora Cristina Curto da Costa Bocato

Revisão, Diagramação e Produção:

Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri

UNIASSELVI – Indaial.

Impresso por:

301.1T231p Tavares; Fábio Roberto

Psicologia da comunicação/ Fábio Roberto Tavares; Débora Cristina Curto da Costa Bocato : UNIASSELVI, 2016.

162 p. : il. ISBN 978-85-7830-998-5

1.Psicologia social. I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.

Page 3: Psicologia da comunicação - UNIASSELVI

III

aPresentaçãoCaro acadêmico! Chegou a hora de você conhecer melhor a Psicologia

da Comunicação e aprender um pouco mais sobre ela! Esse é um importante ramo da Psicologia, tanto para a sua vida acadêmica e profissional quanto para o cotidiano.

Durante o período de formação acadêmica, os conhecimentos em Psicologia são fundamentais para sua formação profissional, haja visto que este é o campo da Ciência que investiga o comportamento humano, ou seja, como as pessoas pensam, agem e se inter-relacionam. Assim, é possível entender as bases em que são construídas as sociedades. Contudo, para obter essa compreensão, faz-se necessário um resgate histórico de sua concepção e consolidação científica.

No âmbito profissional, o bacharel em comunicação social deve possui a capacidade de síntese crítica, bem como conhecimento científico, técnico e artístico, os quais são relevantes no entendimento dos fenômenos da comunicação. Assim, conhecer como as pessoas pensam, sentem e percebem o meio são princípios básicos dessa área de atuação.

No dia a dia, muitas informações são veiculadas por inúmeros emissores, contudo, é preciso filtrar o que está sendo exposto a fim de que se possa levar assuntos, fatos e acontecimentos de modo que os receptores compreendam a mensagem. Para tanto, é preciso conhecer epistemologicamente os processos de formação da Psicologia aplicada à Comunicação.

Esse caderno de estudos fornece os conhecimentos básicos em Psicologia da Comunicação. Ele está dividido em três unidades. Na primeira unidade você estudará a concepção da Psicologia enquanto Ciência, incluindo suas origens, na Grécia antiga, e as escolas no seu percurso histórico. Também será abordada a Psicanálise de Sigmud Freud, a qual mudou definitivamente os rumos da Psicologia. Para encerrar a primeira unidade, você aprenderá noções básicas da Psicologia Social.

Na segunda unidade, a Psicologia Social é aprofundada. Você aprenderá aspectos do comportamento humano considerando as contribuições da sociologia, a ciência política e também, a religião e a história. Dessa forma, você será capaz de identificar os principais problemas e questões pertinentes que a humanidade enfrenta quando se trata de inserção e representação social.

Por fim, na terceira unidade, você aprenderá a interação entre indivíduo

e sociedade como duas instâncias distintas que interagem entre si: atitudes, preconceitos, comunicação, relações grupais e liderança. Dessa maneira, você entenderá melhor a interdependência entre o indivíduo e a sociedade.

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IV

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos!

NOTA

Desejo a você um ótimo aprendizado! Espero que ao terminar o estudo deste caderno você tenha aprendido os conhecimentos básicos sobre a inter-relação entre a Comunicação e a Psicologia, consiga compreender a importância desta disciplina e também consiga aplicar esses conhecimentos na vida acadêmica, profissional e no cotidiano.

Bons estudos!

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V

Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!

UNI

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VII

UNIDADE 1 – CONTEXTUALIZAÇÃO DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA ...........................1

TÓPICO 1 – CONCEITOS GERAIS DA PSICOLOGIA E SUA CONSTITUIÇÃO COMO CIÊNCIA ................................................................................................................31 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................32 ABORDAGEM HISTÓRICA DA PSICOLOGIA .............................................................................3

2.1 A PSICOLOGIA NOS PRIMÓRIDOS: A GRÉCIA ........................................................................43 A PSICOLOGIA NA IDADE MÉDIA .................................................................................................64 A ORIGEM DA PSICOLOGIA CIENTÍFICA ................................................................................. 10

4.1 O FUNCIONALISMO ..................................................................................................................... 104.2 ESTRUTURALISMO ....................................................................................................................... 114.3 ASSOCIACIONISMO ...................................................................................................................... 13

RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 15AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 16

TÓPICO 2 – AS PRINCIPAIS TEORIAS DO SÉCULO XX ............................................................. 171 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 172 BEHAVIORISMO ................................................................................................................................. 183 GESTALT - A PSICOLOGIA DA FORMA ...................................................................................... 244 PSICANÁLISE ....................................................................................................................................... 30RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 33AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 34

TÓPICO 3 – PSICOLOGIA SOCIAL ................................................................................................... 351 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 352 SUJEITO SOCIAL E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS .................................................................... 353 RELAÇÕES ENTRE O INDIVIDUAL, O COLETIVO E A COMUNICAÇÃO ........................ 40LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 44RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 46AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 47

UNIDADE 2 – ASPECTOS DA PSICOLOGIA SOCIAL, IDENTIDADE E AS INTERAÇÕES SOCIAIS ............................................................................................. 49

TÓPICO 1 – A FORMAÇÃO DOS PAPÉIS SOCIAIS E DA IDENTIDADE NA PERSPECTIVA DA PSICOLOGIA SOCIAL ............................................................... 511 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 512 A INFLUÊNCIA DA SOCIEDADE NA FORMAÇÃO DOS PAPÉIS SOCIAIS ...................... 523 A PSICOLOGIA, A MORAL E OS VALORES NA FORMAÇÃO DA IDENTIDADE ........... 60LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 75RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 76AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 78

sumário

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VIII

TÓPICO 2 – O PAPEL DO PSICÓLOGO SOCIAL E OS RECURSOS DE COMUNICAÇÃO: INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO ............................................................................ 811 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 812 ENTENDENDO A PSICOLOGIA SOCIAL E O PSICÓLOGO SOCIAL .................................. 813 COMUNICAÇÃO, CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO ......................................................... 82LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 90RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 92AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 93

TÓPICO 3 – A INFLUÊNCIA DAS INTERAÇÕES SOCIAIS NA SOCIEDADE E RELIGIÃO........951 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 952 INFLUÊNCIAS SOCIAIS .................................................................................................................... 953 RELIGIÃO COMO COMUNICAÇÃO ...........................................................................................100LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................102RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................103AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................104

UNIDADE 3 – A RELAÇÃO ENTRE O INDIVIDUAL, O COLETIVO E A COMUNICAÇÃO .......................................................................................................105

TÓPICO 1 – OS CAMPOS PARA A COMUNICAÇÃO E A PSICOLOGIA ..............................1071 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................1072 A SOCIEDADE E O INDIVÍDUO BUSCANDO INTERAÇÃO ...............................................1093 PSICOLOGIA, CULTURA, SAÚDE E TRABALHO ....................................................................113LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................117RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................118AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................119

TÓPICO 2 – A COMUNICAÇÃO, O CONHECIMENTO E A INFORMAÇÃO .......................1211 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................1212 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM ................................................................................................1223 O SUJEITO E A COMUNICAÇÃO NÃO VERBAL .....................................................................1244 DIFICULDADES NA COMUNICAÇÃO .......................................................................................128LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................131RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................135AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................136

TÓPICO 3 – A PSICOLOGIA COMO FUNDAMENTO DA RESPONSABILIDADE NA COMUNICAÇÃO ....................................................................................................1391 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................1392 O SUJEITO E AS INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS ....................................................................1393 A ATUAÇÃO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO......................................................................142LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................149RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................153AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................154

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................157

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UNIDADE 1

CONTEXTUALIZAÇÃO DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

Esta unidade tem por objetivos:

• compreender a concepção conceitual da psicologia e sua constituição enquanto ciência;

• refletir sobre as principais teorias da psicologia do século XX;

• entender a importância da teoria das Relações Sociais na Comunicação;

• compreender as relações existentes entre o individual, o coletivo e a comunicação.

Esta unidade está dividida em três tópicos e ao final de cada um deles você encontrará atividades que o auxiliarão no aprendizado.

TÓPICO 1 – CONCEITOS GERAIS DA PSICOLOGIA E SUA CONSTITUIÇÃO COMO CIÊNCIA

TÓPICO 2 – AS PRINCIPAIS TEORIAS DO SÉCULO XX

TÓPICO 3 – PSICOLOGIA SOCIAL

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TÓPICO 1UNIDADE 1

CONCEITOS GERAIS DA PSICOLOGIA E SUA CONSTITUIÇÃO COMO CIÊNCIA

1 INTRODUÇÃOPor volta de 700 anos a.C., na Grécia, tiveram início as discussões sobre

o pensamento humano. Os gregos eram um povo bastante desenvolvido e foi lá que surgiram as primeiras cidades-estados. A partir de então, houve a necessidade de busca por riquezas pelos cidadãos (classe dominante) para a manutenção das cidades. Isso gerou o crescimento e a busca de soluções para problemas de aspectos sociais, para a agricultura e também arquitetura. Tais fatos geraram desenvolvimento nas áreas da Física, da Geometria e da política (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001).

Entre os filósofos gregos surgem as primeiras tentativas de designar uma Psicologia, daí sua origem grega. Os termos psyché (alma, espírito) e logos (estudo, razão). No senso comum a Psicologia é vista como uma ciência que estuda o comportamento, já em uma definição etimológica significa “ciência da alma”. Neste sentido, a alma seria a parte não material do homem, estando relacionada ao pensamento, aos sentimentos de amor ou ódio, às percepções e às sensações.

Filósofos que antecedem Sócrates tentaram explicar a relação entre o homem e o meio a partir das percepções. Existiam duas correntes que divergiam quanto à constituição do mundo. Os idealistas defendiam que o mundo se formava a partir das ideias. E os materialistas acreditavam que a matéria formava o mundo.

Prezado acadêmico, neste primeiro tópico faremos, inicialmente, uma abordagem histórica da Psicologia desde os primórdios, na Grécia, até os conceitos atuais da Psicologia científica. Nesse sentido, faremos um breve resgate das principais tendências da Psicologia, apresentando as escolas de pensamento conhecidas como estruturalismo, funcionalismo e associacionismo.

2 ABORDAGEM HISTÓRICA DA PSICOLOGIAPrezado aluno! Sabemos que o berço das discussões sobre o pensamento

humano está na Grécia. Então vamos trazer um pouco sobre as ideias de alguns filósofos que foram essenciais para se chegar ao conhecimento científico da atualidade, no que diz respeito à Psicologia.

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UNIDADE 1 | CONTEXTUALIZAÇÃO DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA

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2.1 A PSICOLOGIA NOS PRIMÓRIDOS: A GRÉCIA

Vamos iniciar com as ideias de Sócrates (469-399 a.C.), isto porque foi a partir dele que a Psicologia começou a se constituir. A principal ideia deste filósofo era a distinção entre os homens e os demais animais, por isso o foco de seus estados era a razão. Devido a isto o homem era capaz de ir além dos seus instintos, ou seja, do irracional. Assim, a partir das contribuições deste filósofo se inicia um caminho bastante utilizado pela psicologia, que são as teorias da consciência de forma mais sistematizada (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001).

FIGURA 1 - SÓCRATES

FONTE: <http://www.diegomaia.com.br/blog/as-tres-peneiras-de-socrates-e-a-fofoca-no-ambiente-de-trabalho/>. Acesso em: 30 jun. 2016.

Platão (427-347 a.C.), seguidor de Sócrates, buscou explicar onde se encontrava a razão dentro do corpo humano. Segundo ele, a razão estava presente na cabeça, que era onde se encontrava a alma. Por meio da medula a alma se ligava ao corpo. Esta conexão era necessária porque o corpo e a alma podiam se separar. Deste modo, após a morte a matéria desaparecia e a alma ficava livre para habitar em outro corpo.

Neste aspecto, Platão defendia a ideia de que o homem era formado por uma parte imaterial que seria a mente, e outra material que seria o corpo. Formulou então a chamada teoria platônica, na qual a alma era imortal e separada do corpo, sendo o homem um ser dualista, composto de duas partes distintas e opostas. A mente estava relacionada ao bem, e a parte material ao lado inferior do homem (SCHULTZ; SCHULTZ, 2009).

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TÓPICO 1 | CONCEITOS GERAIS DA PSICOLOGIA E SUA CONSTITUIÇÃO COMO CIÊNCIA

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FIGURA 2 - PLATÃO

FONTE: <http://www.benitopepe.com.br/2009/08/11/a-doutrina-de-platao/>. Acesso em: 1º jul. 2016.

Agora vamos falar sobre as concepções de outro filósofo grego que merece destaque, Aristóteles, um opositor das ideias de Platão (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001).

FIGURA 3 - ARISTÓTELES

FONTE: <http://compartilhandoebook.blogspot.com.br/2014/06/livros-aristoteles-pdf-download-gratis.html>. Acesso em: 14 jul. 2016.

Segundo este filósofo, o corpo e a alma eram inseparáveis, sendo que a psyque seria a parte ativa da vida. Nesta perspectiva, tudo o que possuía vida teria alma, a qual era responsável pela alimentação e reprodução. Contudo, o homem se distinguia dos demais por ser provido dessa alma e de mais duas outras, que seriam a sensitiva que lhe conferia percepção e movimento, e a racional que fazia dele um ser pensante.

Em sua obra De anima ou “Sobre a Mente”, conseguiu descrever as diferenças entre a razão, as percepções e as sensações, sendo este episódio visto como o primeiro tratado sistemático da Psicologia. Formulou a teoria aristotélica da mortalidade da alma e a designou como pertencente ao corpo.

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UNIDADE 1 | CONTEXTUALIZAÇÃO DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA

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Caro acadêmico, a partir desse breve resgate sobre Aristóteles, podemos ter ideia da magnitude de sua importância para que a ciência pudesse avançar até aqui. Então vamos recapitular as principais conclusões deste filósofo.

FIGURA 4 - PERSPECTIVA ARISTOTÉLICA

FONTE: Adaptado de Bock, Furtado e Teixeira (2001)

CORPO E ALMA SÃO INSEPARÁVEIS

DEMAIS ANIMAISAPENAS UMA ALMAHOMEM (3 ALMAS)

Alma (reprodução e alimentação)

(Reprodução e Alimentação-Instintos)

Alma Sensitiva(Percepção e Movimento)

Alma Racional(Ser Pensante)

3 A PSICOLOGIA NA IDADE MÉDIAPrezado acadêmico! Vamos avançar um pouco no tempo para que

possamos entender a psicologia no contexto que equivale à Idade Média.

Nesse momento da história surge o Império Romano, que irá dominar a Grécia, a Europa e o Oriente Médio. Neste período está ocorrendo o desenvolvimento do cristianismo, que mesmo 400 anos d.C., após ter sofrido terríveis invasões e enfraquecimento econômico com aniquilação de territórios, resiste e se fortalece, sendo a religião predominante neste período.

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TÓPICO 1 | CONCEITOS GERAIS DA PSICOLOGIA E SUA CONSTITUIÇÃO COMO CIÊNCIA

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Diante deste cenário, falar em Psicologia é relacioná-la ao conhecimento religioso. Neste momento, a Igreja Católica monopolizava o poder e certamente interferia em questões sobre o psiquismo. Dois grandes filósofos, Santo Agostinho (354-430) e São Tomás de Aquino (1225-1274), são figuras importantes e representam este período.

São Tomás de Aquino, membro da Igreja Católica, inspirado em Platão, também defendia uma ruptura entre o corpo e a alma. Contudo, para ele a alma não representava simplesmente a razão, mas também a manifestação divina do homem. Sendo a alma imortal, pois representava a ligação entre a humanidade e Deus. Como a alma representava a sede do pensamento, uma das maiores preocupações da Igreja era compreendê-lo.

A partir da Revolução Industrial se inicia a transição para o capitalismo na Inglaterra e, consequentemente, inúmeros problemas sociais e econômicos. Em meio a isto começam a surgir questionamentos sobre os postulados da Igreja e a busca por novas respostas para as relações entre o homem e Deus. São Tomás de Aquino pregava que a busca pela perfeição para o homem deve ser a constante busca a Deus, de modo que o homem, em sua essência, busque a perfeição a partir de sua existência. Distingue assim essência de existência.

Aproximadamente 200 anos após a morte de São Tomás de Aquino se inicia a época do Renascimento. Neste momento, o mercantilismo estimula a descoberta de novas terras e o surgimento do acúmulo de riquezas por nações em formação, como França e Itália. E, ao mesmo tempo, ocorre um processo de valorização do homem.

Um acontecimento ímpar que deriva uma revolução no conhecimento humano foram as novas conclusões de Copérnico em 1543, de que o planeta Terra não é o centro do universo. Nestas circunstâncias, regras e métodos para o estabelecimento do conhecimento científico começam a surgir, ocorrendo sua sistematização. O capitalismo move o mundo em busca de matéria-prima para abastecer os mercados e aumentar cada vez mais a produção. O mundo foi posto em movimento e então surge a racionalidade do homem e a busca pelo conhecimento científico em prol do desenvolvimento.

A partir dessa perspectiva, o homem deixa de ser o centro do universo (Antropocentrismo) e o Sol passa a ser o centro. Isto significa que o homem está livre para traçar seu futuro e buscar por novas conquistas. Conhecimento e fé tornam-se independentes, o homem passa a buscar pelo conhecimento por meio da racionalidade. Neste momento surgem estudiosos como Hegel, que aponta a importância da história para o avanço do conhecimento, e Darwin com a teoria da evolução, que descarta definitivamente o Antropocentrismo (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001).

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UNIDADE 1 | CONTEXTUALIZAÇÃO DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA

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NOTA

O homem passou a ser o centro do universo.

Em uma das teses de Giovanni Pico della Mirandola, a que melhor representa o manifesto renascentista do homem seria o Discurso sobre a Dignidade do Homem. Fica clara a descrição do homem como centro do mundo e o destaque em relação ao seu valor. Pico (apud LACERDA, 2010) diz que: sendo o homem o centro, teria livre-arbítrio para escolher onde queria chegar e o que queria fazer. Contudo, não se é negada a existência de Deus, ao contrário, o homem é criatura de Deus, o qual o colocou em destaque, ocupando lugar central no mundo.

Seguem as palavras de Pico (apud LACERDA, 2010, p. 4):

Coloquei-te no meio do mundo para que daí possas olhar melhor tudo o que há no mundo. Não te fizemos celeste nem terreno, nem mortal nem imortal, a fim de que tu, árbitro e soberano artífice de si mesmo, te plasmasses e te informasses, na forma que tiveres seguramente escolhido. Poderás degenerar até aos seres que são as bestas, poderás regenerar-te até às realidades superiores que são divinas, por decisão do teu ânimo.

FIGURA 5 - ANTROPOCENTRISMO

FONTE: <https://br.pinterest.com/saganome/teocentrismo-y-antropocentrismo/>. Acesso em: 14 jul. 2016.

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TÓPICO 1 | CONCEITOS GERAIS DA PSICOLOGIA E SUA CONSTITUIÇÃO COMO CIÊNCIA

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A classe emergente (burguesia) busca a emancipação do homem, de modo que possa transformar o universo e explorar tudo o que a natureza lhe oferece. As ideias conspiravam a favor e a busca por desvendar os fenômenos naturais, meio da observação rigorosa e objetiva para a formulação de leis científicas, necessitavam de métodos e procedimentos rigorosos com o objetivo de se alcançar o conhecimento científico livre de dogmas religiosos. Era o início da Ciência Moderna.

Antes de entendermos o que seria a psicologia científica, precisamos compreender o que vem a ser Ciência.

NOTA

Na realidade não existe uma única definição para este termo, considerando sua abrangência. Podemos dizer que a Ciência é uma forma de reflexão baseada na realidade cotidiana. Contudo, o conhecimento científico e o cotidiano se aproximam e se afastam ao mesmo tempo. Isso porque, para compreender a realidade, a Ciência se utiliza de abstrações, ou seja, se afasta do real, colocando-o como objeto de investigação, de modo a ter uma melhor compreensão sobre os fenômenos, para além das aparências (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001).

A Ciência busca por respostas a partir da investigação de um objeto específico de estudo, fazendo uso de métodos e procedimentos rigorosos para a elaboração das análises.

A ciência compõe-se de um conjunto de conhecimentos sobre fatos ou aspectos da realidade (objeto de estudo), expresso por meio de uma linguagem precisa e rigorosa. Esses conhecimentos devem ser obtidos de maneira programada, sistemática e controlada, para que se permita a verificação de sua validade. Assim, podemos apontar o objeto dos diversos ramos da ciência e saber exatamente como determinado conteúdo foi construído, possibilitando a reprodução da experiência. Dessa forma, o saber pode ser transmitido, verificado, utilizado e desenvolvido (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 24).

No caso das ciências que estudam o homem, como a psicologia, existe uma diversidade de objetos de estudo. Em um sentido mais amplo, o objeto de estudo da Psicologia seria o ser humano, contudo, uma gama de valores sociais intrínsecas ao mesmo permite inúmeras concepções. Deste modo, o objeto de estudo é definido de acordo com a visão de homem que cada teoria possui, sendo a psicologia uma ciência que estuda os “diversos homens” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA 2001).

Page 18: Psicologia da comunicação - UNIASSELVI

UNIDADE 1 | CONTEXTUALIZAÇÃO DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA

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4 A ORIGEM DA PSICOLOGIA CIENTÍFICAVamos iniciar conhecendo as escolas de pensamento do final do século

XIX que impulsionaram o movimento da Psicologia como Ciência. Nosso estudo segue as contribuições de Bock, Furtado e Teixeira (2001).

A Psicologia, enquanto um ramo da Filosofia, estudava a alma. A Psicologia científica nasce quando, de acordo com os padrões de ciência do século XIX, Wundt preconiza a Psicologia “sem alma”. O conhecimento tido como científico passa então a ser aquele produzido em laboratórios, com o uso de instrumentos de observação e medição. Se antes a Psicologia estava subordinada à Filosofia, a partir daquele século ela passa a ligar-se a especialidades da Medicina, que assumira, antes da Psicologia, o método de investigação das ciências naturais como critério rigoroso de construção do conhecimento.

FONTE: <https://www.passeidireto.com/arquivo/6363734/resumo---psicologia-social/9>. Acesso em: 2 jul. 2016.

ATENCAO

É na Universidade de Leipzig, na Alemanha, a partir das investigações coletivas dos pesquisadores Wundt, Weber e Fechner, que a Psicologia científica tem sua origem. Porém, é nos Estados Unidos, devido ao grande crescimento econômico dentro do sistema capitalista, que encontra área para crescer de forma rápida, surgindo as primeiras escolas em Psicologia que deram origem a inúmeras outras teorias que existem na atualidade. Essas abordagens são: o Funcionalismo, de William James (1842-1910); o Estruturalismo, de Edward Titchener (1867-1927); e o Associacionismo, de Edward L. Thorndike (1874-1949).

4.1 O FUNCIONALISMO

A partir dos estudos de Wiliam James, nos Estados Unidos, o Funcionalismo tem seu marco inicial. Foi a primeira organização sistemática de conhecimentos voltados para a psicologia. A partir de um olhar voltado para o desenvolvimento econômico, os principais questionamentos levantados eram sobre o que os homens faziam e por que faziam. Com o objetivo de encontrar as respostas, James começou a investigar o funcionamento da consciência, no sentido de como o homem a utiliza para se adaptar ao meio (MACHADO, 2016). Neste aspecto, buscou investigar por meio de uma abordagem funcional e não experimental como se dá a adaptação dos seres humanos ao seu meio.

Page 19: Psicologia da comunicação - UNIASSELVI

TÓPICO 1 | CONCEITOS GERAIS DA PSICOLOGIA E SUA CONSTITUIÇÃO COMO CIÊNCIA

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FIGURA 6 - O FUNCIONALISMO DE W. JAMES

FONTE: Adaptado de Bock, Furtado e Teixeira (2001)

COMPREENSÃO DO FUNCIONAMENTO

MENTAL

HOMEM

ADAPTAÇÃOAO MEIO

CONSCIÊNCIA

James foi considerado o maior psicólogo americano devido à sua clareza para escrever e expor suas ideias. Além disso, foi contra as colocações de Wundt no sentido de analisar a consciência a partir da descoberta de seus elementos, apresentando uma abordagem funcional para tais fins. De acordo com James, nossa consciência funciona como um guia para que consigamos sobreviver. Devido à complexidade dos seres humanos e do ambiente em que estão inseridos, a consciência é de extrema importância para suprir as necessidades de cada indivíduo, promovendo sua evolução (MACHADO, 2016).

4.2 ESTRUTURALISMO

Vamos entender no que se baseia o Estruturalismo, é interessante conhecermos as principais ideias de Wilhelm Wundt, seu fundador.

Wilhelm Wundt foi um renomado psicólogo alemão, considerado o pai da psicologia moderna, tendo fundado seu primeiro laboratório experimental em psicologia na cidade de Leipzig, na Alemanha.

Page 20: Psicologia da comunicação - UNIASSELVI

UNIDADE 1 | CONTEXTUALIZAÇÃO DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA

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FIGURA 7 - WUNDT

FONTE: <http://www.biografiasyvidas.com/biografia/w/wundt.htm>.Acesso em: 5 jul. 2016.

O Estruturalismo surge na Alemanha, mas é levado para os Estados Unidos por Titchener, perdurando por mais de 20 anos. Esta escola priorizava o papel da percepção sensorial, funções cerebrais e a aprendizagem no decorrer do desenvolvimento, analisando as relações entre a mente e os estímulos do mundo físico (SCHULTZ; SCHULTZ, 2009). Para realizar suas investigações, Wundt e Tichener utilizaram o método da introspecção.

A introspecção, ou percepção interior, tal como praticada no laboratório de Wundt em Leipzig, seguia condições experimentais estritas, que obedeciam a regras explícitas: (1) o observador deve ser capaz de determinar quando o processo pode ser introduzido; (2) ele deve estar num estado de prontidão ou de atenção concentrada; (3) deve ser possível repetir a observação várias vezes; (4) as condições experimentais devem ser passíveis de variação em termos, manipulação controlada dos estímulos. Esta última condição invoca a essência do método experimental: variar as condições da situação-estímulo e observar as modificações resultantes nas experiências do sujeito (SHULTZ; SCHULTZ, 2009, p. 82).

NOTA

Caro acadêmico, vamos entender melhor sobre a introspecção.• MÉTODO DA INTROSPECÇÃO: O método introspectivo foi o primeiro método usado

em psicologia científica. A introspecção analítica ou introspecção controlada foi usada pelos estruturalistas (Wundt). Os indivíduos eram submetidos a estímulos numa situação padronizada; observandos descreviam a observadores treinados o que sentiam e assim permitiam a análise dos processos mentais conscientes. Este método não vingou, dada a impossibilidade de resultados estáveis e válidos. No entanto, a introspecção continua a

ser largamente usada, como método auxiliar, na investigação de nosso cotidiano.

FONTE: <http://abc-da-psicologia.webnode.com.pt/temas/metodos/metodo-introspecti-vo/>. Acesso em: jul. 2016.

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TÓPICO 1 | CONCEITOS GERAIS DA PSICOLOGIA E SUA CONSTITUIÇÃO COMO CIÊNCIA

13

O foco dos estudos no Estruturalismo estava pautado na estrutura da mente e, assim como no funcionalismo, no estudo da consciência. Contudo, como o próprio nome diz, a preocupação estava em analisar os aspectos estruturais do sistema nervoso central, que seriam os estados elementares da consciência. Apesar do fundador desta escola ter sido Wundt, foi Titchener, seu seguidor, quem utilizou o termo Estruturalismo pela primeira vez.

4.3 ASSOCIACIONISMO

Agora vamos conhecer um pouco das teorias de Edward L. Thorndike à luz do pensamento de Schultz e Schultz (2009).

Um nome de grande importância para a forma de pensar em psicologia, denominada Associacionismo, bem como para a psicologia educacional, é o do psicólogo americano Edward Lee Thorndike. A partir dos seus estudos com animais, Thorndike postulou a Lei do Efeito, um princípio de aprendizagem que seria aplicável tanto ao comportamento animal quanto ao comportamento humano. A Lei do Efeito afirma que aquelas ações que têm resultados agradáveis para o animal (incluindo o homem) tendem a se repetir, enquanto que as que têm resultados desagradáveis tendem a desaparecer. Não é difícil reconhecer nesses princípios as semelhanças com o chamado Condicionamento Operante, proposto por B. F. Skinner alguns anos mais tarde. Thorndike lança, portanto, as bases de uma das mais influentes correntes psicológicas: o behaviorismo.

FONTE: <http://wwwmdtbcomportamental.blogspot.com.br/2010/09/lei-do-efeito-e-l-thorndike.html>. Acesso em: 14 jul. 2016.

Esta escola tem seus fundamentos nas concepções de Edward L. Thorndike. Segundo ele, a aprendizagem decorre de um processo de associação de ideias, das mais simples às mais complexas. O ponto central desta teoria está em analisar como as ideias se unem e se guiam até se tornarem estáveis. Formulou a primeira teoria da aprendizagem na área da Psicologia. Nesta teoria da aprendizagem surge a Lei de causa-efeito. Thorndike fez diversos experimentos com animais e percebeu que, ao oferecer algum tipo de recompensa, o animal fazia o que ele queria. Nesta vertente, relacionou o comportamento humano ao comportamento animal.

Thorndike sugeria que o comportamento de um animal era influenciado pelos efeitos que o comportamento gera no ambiente. Em seu experimento ele constatou que um gato (ou cachorro), preso em uma caixa, mais cedo ou mais tarde daria um jeito de sair. Notou também que o tempo para o animal conseguir sair diminuía após cada tentativa.

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UNIDADE 1 | CONTEXTUALIZAÇÃO DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA

14

FIGURA 8 - EXPERIMENTO DE THORNDIKE

FONTE: <http://animais.culturamix.com/comportamento/psicologia-e-comportamento-animal>. Acesso em: 14 jul. 2016.

Além da lei do efeito, Thorndike desenvolveu duas outras teorias da aprendizagem, que seriam a “lei do exercício” e a “lei da maturidade”. Em relação à segunda, para que uma aprendizagem se efetive é necessário que o indivíduo seja capaz de estabelecer uma ligação entre um estímulo e a sua resposta. Para Thorndike, a aprendizagem decorre de associações de ideias, portanto, para que a criança consiga aprender um conteúdo mais complexo é necessário que ela compreenda ideias mais simples, para a partir daí associá-las àquele conteúdo.

Essas três escolas que constituíram a psicologia científica deram origem, no século XX, a novas teorias, as quais serão abordadas no próximo tópico.

NOTA

A história da Psicologia é um tema que não apresenta obras adequadas aos alunos de Ensino Médio, isto devido à complexidade de seu conteúdo. Até mesmo os livros que contemplam apenas uma introdução, como os de Fred S. Keller, A definição da Psicologia (São Paulo, Herder, 1972), e de Anatol Rosenfeld, O pensamento psicológico (São Paulo, Perspectiva, 1984), destinam-se a leitores que tenham alguma familiaridade com as questões da Psicologia. O primeiro trata da Psicologia a partir de sua fase científica, até o Behaviorismo e a Gestalt, excluindo a Psicanálise. O segundo é mais denso e percorre os caminhos da Psicologia desde os filósofos pré-socráticos até a fase científica. Uma bibliografia mais avançada seria a obra de Antônio Gomes Penna, Introdução à história da Psicologia contemporânea (Rio de Janeiro, Zahar, 1980).

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15

Neste tópico, você viu que:

• Entre os filósofos gregos surgem as primeiras tentativas de designar uma Psicologia. A origem da palavra é a soma dos termos gregos psyché (alma, espírito) e logos (estudo, razão).

• A partir das ideias de Sócrates é que a Psicologia começa a se constituir. A principal ideia deste filósofo era a distinção entre os homens e os demais animais.

• Platão buscou explicar onde se encontrava a razão dentro do corpo humano. Para ele, o homem era formado por uma parte imaterial que seria a mente, e outra material que seria o corpo. Por meio da medula a alma se ligava ao corpo. Esta conexão era necessária porque o corpo e a alma podiam se separar.

• Para Aristóteles, o corpo e a alma eram inseparáveis, sendo que a psyque seria a parte ativa da vida.

• Em 1543 Copérnico anuncia a ideia de que o planeta Terra não é o centro do universo. A partir de então o homem deixa de ser o centro do universo (Antropocentrismo) e o Sol passa a ser o centro. Isto significa que o homem está livre para traçar seu futuro e buscar por novas conquistas.

• O Funcionalismo buscou investigar, por meio de uma abordagem funcional e não experimental, como se dá a adaptação dos seres humanos ao seu meio.

• O Estruturalismo estava pautado no estudo da estrutura da mente. Como o próprio nome diz, a preocupação estava em analisar os aspectos estruturais do sistema nervoso central, que seriam os estados elementares da consciência.

• No Associacionismo de Edward L. Thorndike, a aprendizagem decorre de um processo de associação de ideias, das mais simples às mais complexas. O ponto central desta teoria está em analisar como as ideias se unem e se guiam até se tornarem estáveis.

RESUMO DO TÓPICO 1

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16

1 Os filósofos gregos contribuíram para que se iniciassem as pesquisas sobre o ser humano. Nesse sentido, aponte as contribuições de Sócrates, Platão e Aristóteles para a Psicologia.

2 Com a hegemonia da Igreja, na Idade Média, a contribuição de São Tomás de Aquino para o conhecimento em Psicologia foi a seguinte:

a) Seguindo as ideias de Aristóteles, acreditava que a alma e o corpo eram inseparáveis.

b) Para ele, a alma representava apenas a razão.c) Acreditava, assim como Platão, que corpo e alma podiam se separar. A alma,

além de representar a razão, representava ligação entre o homem e Deus, sendo por isso imortal.

d) Como a alma não representava o pensamento, a Igreja não demonstrava grandes preocupações em compreendê-la.

3 Neste tópico, estudamos as principais escolas da Psicologia do século XIX. Neste sentido, a alternativa que melhor representa o Associacionismo é:

a) O fundador desta escola, William James, começou a investigar o funcionamento da consciência, no sentido de como o homem a utiliza para se adaptar ao meio.

b) Esta escola tem seus fundamentos nas concepções de Edward L. Thorndike. Segundo ele, a aprendizagem decorre de um processo de associação de ideias, das mais simples às mais complexas. O ponto central desta teoria está em analisar como as ideias se unem e se guiam até se tornarem estáveis.

c) A principal preocupação desta escola estava em analisar os aspectos estruturais do sistema nervoso central, que seriam os estados elementares da consciência.

d) Para realizar as investigações, os seguidores desta tendência, Wundt e Titchener, utilizaram o método da introspecção.

e) Nesta escola a introspecção foi o primeiro método usado em psicologia científica. A introspecção analítica ou introspecção controlada foi usada pelos associacionistas. Os indivíduos eram submetidos a estímulos numa situação padronizada; observandos descreviam a observadores treinados o que sentiam.

AUTOATIVIDADE

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TÓPICO 2

AS PRINCIPAIS TEORIAS DO SÉCULO XX

UNIDADE 1

1 INTRODUÇÃOEstudos científicos sobre o desenvolvimento humano tiveram seu início

a partir do século XIX. Antes disso, a Psicologia, como um ramo da filosofia, preocupava-se em estudar apenas a alma. A partir das ideias de Wundt se inicia uma nova visão, denominada como a Psicologia “sem alma”. Isto porque as pesquisas passam a apresentar um caráter mais científico, a partir de constatações experimentais. Assim, o conhecimento passa a ser produzido a partir de um laboratório com uso de instrumentos e medições.

Nesta perspectiva, as escolas, como o Estruturalismo e o Funcionalismo, vão sendo substituídas por novas teorias, dando origem a novas tendências. Considerando as teorias mais estudadas acerca do desenvolvimento humano é possível destacar as Teorias Behaviorista, Gestalt e Psicanálise.

Para facilitar nossos estudos, vamos entender a que se refere cada uma dessas teorias e seus principais defensores.

FIGURA 9 - TEORIAS DO SÉCULO XX

FONTE: <http://slideplayer.com.br/slide/1820370/>. Acesso em: 5 jul. 2016.

BEHAVIORISMO Watson, Pavlov, Skinner

GESTALT Wertheimer, Koeler e Kofka

PSICANÁLISE Freud

Modelagem do comportamento

Compreender o homem como uma

totalidade

Inconsciente: guarda os impulsos sexuais e agressivos primitivos,

desejos reprimidos, medos e vontades, memórias

traumáticas

A partir de agora vamos estudar com mais detalhes as principais teorias do século XX dentro da Psicologia. Vamos lá?

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UNIDADE 1 | CONTEXTUALIZAÇÃO DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA

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2 BEHAVIORISMOUm dos principais defensores do Behaviorismo clássico, Watson (1878-1958),

dizia que a psicologia deveria se voltar apenas aos dados das ciências naturais, ou seja, àquilo que era passível de ser observado, que seria o comportamento. Para isso, utilizava-se de alguns métodos de investigação, que eram: 1) Observação; 2) Métodos de Teste; 3) Método de Relato Verbal; 4) Método do Reflexo Condicionado. Desta forma, Watson ofereceu o que os psicólogos daquela época estavam precisando. Algo passível de observação, mensurável, em que os experimentos poderiam ser reproduzidos em diferentes sujeitos e situações.

QUADRO 1 - MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO

FONTE: Adaptado de Schultz, Schultz (2009, p. 246)

Método de observação Métodos de teste Método de relato verbal Método do Reflexo

Condicionado

É a base de todos os métodos,

não necessita de maiores explicações.

Eram amostras de comportamento e não de qualidades

mentais. Não medem a inteligência, nem

a personalidade das pessoas. Medem apenas

as respostas dadas a partir dos estímulos.

As reações verbais são passíveis de

observação/verificação. São tão valorizadas

quanto qualquer outro tipo de reação motora.

O mais importante método de investigação, sendo considerado um substituto do estímulo.

Método objetivo para analisar o

comportamento por meio dos vínculos estímulo-resposta.

Vamos entender melhor o pensamento Behaviorista.

Entende-se que pela observação e experimentação sistemática e cuidadosa é possível desenvolver um conjunto de princípios que podem explicar o comportamento humano. O objeto da Psicologia, que até então tinha sido a alma, ou a consciência, a mente, a partir do behaviorismo passa a ser uma ciência do comportamento humano, não pode mais ser considerada como ciência pura da consciência. É dada uma importância maior aos fatores ambientais e a hereditariedade é relegada a segundo plano. O homem passa a ser visto como produto do ambiente. Watson dizia que se a psicologia quisesse se fortalecer no mundo da ciência seria necessário que ela repensasse o seu objeto de estudo (MARQUES, 2013, p. 5).

Watson não conseguiu mudar os rumos da psicologia da forma como pretendia, mas deixou seu legado, e seu seguidor Skinner deu seguimento ao desenvolvimento do Behaviorismo, dedicando-se à Ciência até a sua morte. Contudo, Skinner representou certa modificação no comportamentalismo watsoniano. Para realizar seus experimentos com animais, desenvolveu a chamada “Caixa de Skinner”.

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TÓPICO 2 | AS PRINCIPAIS TEORIAS DO SÉCULO XX

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FIGURA 10 - CAIXA DE SKINNER

FONTE: <http://pt.slideshare.net/CatarinaNeivas/condicionamento-operante-20792301>. Acesso em: 14 jul. 2016.

CAIXA DESKINNER

Alto-falanteLuz sinalizadora

Alavanca Dispensadorde comida

Pedaço deComida

GradeElétrica

Gerador deChoquesElétricos

NOTA

Um ratinho foi colocado na “Caixa de Skinner”, um recipiente fechado no qual se encontrava apenas uma barra. Esta barra, ao ser pressionada por ele, acionava um mecanismo (camuflado) que lhe permitia obter uma gotinha de água, que chegava à caixa por meio de uma pequena haste. Que resposta se esperava do ratinho? - Que pressionasse a barra. Como isso ocorreu pela primeira vez? - Por acaso. Durante a exploração da caixa, o ratinho pressionou a barra acidentalmente, o que lhe trouxe, pela primeira vez, uma gotinha de água, que, devido à sede, fora rapidamente consumida. Por ter obtido água ao encostar na barra quando sentia sede, constatou-se a alta probabilidade de que, estando em situação semelhante, o ratinho a pressionasse novamente (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 62).

A falta de teoria nas atividades de Skinner resultou em muitas críticas. Seu positivismo extremo e sua oposição a teorias incomodava muitos estudiosos. Um dos argumentos para tais contestações seria a impossibilidade de se realizar um experimento sem um planejamento prévio. Contudo, de acordo com alguns críticos, a aceitação dos princípios básicos de condicionamento já pressupõe a aceitação de certo embasamento teórico.

Skinner resumiu sua perspectiva da seguinte maneira: “Nunca tratei de um problema construindo uma hipótese. Nunca deduzi teoremas, nem os submeti à prova experimental. Pelo que sei, eu não tinha um modelo preconcebido de comportamento — certamente não um modelo fisiológico e mentalista, e, creio eu, tampouco um conceitual” (SKINNER, 1956 apud SHULTZ; SHULTZ, 2009, p. 227).

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UNIDADE 1 | CONTEXTUALIZAÇÃO DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA

20

Seu tipo exclusivamente descritivo de comportamentalismo radical se dedica ao estudo das respostas; volta-se para descrever, e não para explicar o comportamento. Ele só se ocupava do comportamento observável e acreditava que a tarefa da investigação científica se traduz em estabelecer relacionamentos funcionais entre as condições de estímulo controladas pelo experimentador e a resposta subsequente do organismo (SHULTZ; SHULTZ, 2009, p. 280).

Muitos autores destacam que o principal conceito da teoria de Skinner seria o comportamento operante (a experiência do rato na Caixa de Skinner), o qual procura explicar os comportamentos adquiridos no decorrer do desenvolvimento do indivíduo (FADIMAN; FRAGER, 1986). Contudo, tais teorizações tiveram suas bases nos anos 30, na Universidade de Harvard, onde Skinner iniciou seus estudos a partir do comportamento respondente, que seria o fundamento para as inter-relações entre o indivíduo e o ambiente.

FIGURA 11 – OPERAÇÃO DO COMPORTAMENTO OPERANTEE COMPORTAMENTO RESPONDENTE

FONTE: <file:///E:/CADERNO%20UNIASSELVI/Behaviorismo%20-%20O%20estudo%20do%20comportamento%20_%20Portal%20Administração.html>. Acesso em: 16 jun. 2016.

Com portamento Respondente

BEHAVIORISMOAnálise do Comportamento

Comportamento Operante

RadicalMetedológico

J.B. Watson B.F. Skinner

propõe

deriva do

criado por criado pordivide-se em

propõe

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TÓPICO 2 | AS PRINCIPAIS TEORIAS DO SÉCULO XX

21

FIGURA 12 - COMPORTAMENTO OPERANTE X COMPORTAMENTO RESPONDENTE

FONTE: Adaptado de Bock, Furtado e Teixeira (2001)

COMPORTAMENTO OPERANTE

COMPORTAMENTO RESPONDENTE

O que propicia a aprendizagem dos comportamentos é a ação do indivíduo sobre o meio e o efeito dela resultante.

Visa satisfazer alguma necessidade ou a aprendizagem a partir do efeito da ação.

Refere-se a um comportamento não voluntário e engloba respostas produzidas a partir de estímulos antecedentes do ambiente. Esses comportamentos são interações

incondicionadas estímulos-resposta entre o indivíduo e o ambiente. São

comportamentos gerados por estímulos que independem de “Aprendizagem”.

Este comportamento pode ser representado a partir da relação R → S, em que R seria a Resposta e S do inglês

Stimuli, que seria o estímulo reforçador e a flecha significa “levar a”.

Exemplos desse tipo de comportamento:- A contração das pupilas quando uma

luz forte incide sobre os olhos.- A salivação provocada por uma gota de

limão colocada na ponta da língua.

O comportamento operante inclui todos os movimentos de um organismo dos quais se possa dizer que, em algum momento, têm efeito sobre ou fazem algo ao mundo em redor. O comportamento operante opera sobre o mundo, por assim dizer, quer direta, quer indiretamente (KELLER, 1970 apud BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001). Assim, “o comportamento operante é fortalecido ou enfraquecido pelos eventos que seguem a resposta. Enquanto o comportamento respondente é controlado por seus antecedentes, o comportamento operante é controlado por suas consequências” (FADIMAN; FRAGER, 1986, p. 194).

Continuaremos nossos estudos sobre as ideias de Skinner: comportamentalismo/Behaviorismo (behavior: comportamento, em inglês). O estudo do comportamento se baseia nas reações dos organismos aos estímulos externos. Deste modo, os comportamentalistas buscaram moldar e controlar o comportamento humano. Continuaremos nossas discussões, especialmente a partir das considerações de Bock, Furtado e Teixeira (2001) e Schultz, Schultz (2009).

Page 30: Psicologia da comunicação - UNIASSELVI

UNIDADE 1 | CONTEXTUALIZAÇÃO DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA

22

Skinner já concebia que um organismo aprende quando seu comportamento é fortalecido por um reforço ou diminui à medida que sofre uma punição. Nesta ótica, o organismo se ajusta ao ambiente dando respostas a partir dos estímulos aos quais é submetido. Duas contingências operantes na teoria de Skinner são o reforço positivo e o reforço negativo, sendo que ambos têm como objetivo ensinar certo comportamento ao indivíduo. Sendo que no reforço negativo dois processos merecem destaque, que seriam a esquiva e a fuga. Além disso, outros dois processos foram sendo formulados por meio da análise experimental do comportamento, que são a Punição e a Extinção. Seguem as principais características de cada um:

REFORÇO POSITIVO OU RECOMPENSA

Aumentam as chances de ocorrência de um determinado comportamento devido à apresentação de um estímulo agradável que seria a recompensa.Por exemplo: A criança capricha em seu caderno e é elogiada pela professora, isso aumenta a chance de ela continuar caprichando em suas atividades.

REFORÇO NEGATIVO

Aumentam a chances de ocorrência de certo comportamento devido à retirada de um estímulo desagradável.Por exemplo: Se o indivíduo tomar um remédio (comportamento), a dor vai passar (evento desagradável).

ESQUIVA

Processo onde os estímulos aversivos condicionados e incondicionados estão separados em um intervalo de tempo. Permitindo que o indivíduo realize um comportamento a partir do primeiro que evite a ocorrência do segundo.Por exemplo: ao vermos um raio, já tapamos os ouvidos para evitar o som do trovão.

FUGA

Processo semelhante à esquiva, porém, neste caso, o comportamento reforçado é aquele que termina com um comportamento aversivo já em andamento. Exemplo: Se os rojões começam a estourar e só depois apresento um comportamento para evitar o barulho, seja ele fechar a porta ou tapar os ouvidos, este comportamento seria a fuga.

EXTINÇÃOProcesso no qual uma resposta deixa abruptamente de ser reforçada. Exemplo: Quando a pessoa que estávamos paquerando deixa de nos olhar e passa a nos ignorar, nossas investidas tendem a desaparecer.

PUNIÇÃO

Tem como objetivo enfraquecer algum comportamento por meio de sua aplicação. Pode-se dizer que a punição (castigo) é a consequência desagradável que ocorre após o indivíduo apresentar um comportamento indesejável.

FONTE: Adaptado de Bock, Furtado e Teixeira (2001)

A partir das abordagens realizadas podemos constatar que o Behaviorismo é um tipo de enfoque teórico da Psicologia. Esta perspectiva trouxe importantes contribuições para a psicologia científica, sendo que seu foco principal refere-se aos comportamentos específicos, observáveis e mensuráveis de um determinado indivíduo. Os estudos dessa abordagem são rigorosamente controlados com base no levantamento de dados comportamentais (SCHULTZ; SCHULTZ, 2009).

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TÓPICO 2 | AS PRINCIPAIS TEORIAS DO SÉCULO XX

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Além disso, é importante ressaltar que o Behaviorismo não inclui conceitos subjetivos relacionados à consciência, ao sentimento e tampouco à neurociência. Por fim, com base nos pressupostos comportamentalistas é possível dizer que, ainda nos dias atuais, pais e educadores modelam o comportamento das crianças por meio de procedimentos que se aproximam do condicionamento operante (FONTANA; CRUZ, 1997).

Visando facilitar sua aprendizagem em relação às ideias de Skinner, destacamos na sequência um mapa conceitual sobre os conceitos abordados.

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UNIDADE 1 | CONTEXTUALIZAÇÃO DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA

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3 GESTALT - A PSICOLOGIA DA FORMAEssa perspectiva teórica é uma das mais coerentes da História da

Psicologia, isto porque seus defensores se preocuparam em desenvolver uma base metodológica que garantisse uma consistência teórica. Seus principais seguidores são Max Wertheimer (1880-1943), Wolfgang Köhler (1887-1967) e Kurt Koffka (1886-1941), que para desenvolver suas concepções se basearam em estudos psicofísicos que relacionaram a forma e sua percepção. Vamos abordar os preceitos dessa teoria seguindo as contribuições de Bock, Furtado e Teixeira (2001).

FIGURA 14 - SEGUIDORES DA GESTALT

FONTE: <http://psicologiamodera.blogspot.com.br/2014/10/psicologia-da-gestalt.html>. Acesso em: 5 jul. 2016.

Max Wertheimer (1880-1943)

Wolfgang Kohler (1887-1967) Kurt Koffka (1886-1941)

NOTA

Você sabe a origem do termo Gestalt?O termo Gestalt é de origem alemã, sem tradução para o português. Contudo, o termo mais próximo seria forma ou configuração. Porém, esta denominação não é utilizada por não corresponder ao real significado do termo em Psicologia.

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TÓPICO 2 | AS PRINCIPAIS TEORIAS DO SÉCULO XX

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O objetivo desta teoria é estudar como os seres vivos percebem as coisas, dentre elas, objetos, imagens, sensações. Por isso, essa tendência pode ser definida como a Teoria da Percepção. A Psicologia da Gestalt trouxe inúmeros benefícios devido à sua nova maneira de buscar compreender melhor a relação entre o homem e o mundo que o cerca.

De acordo com os princípios desta teoria, a percepção do homem não ocorre por meio de “pontos isolados”, de forma fragmentada, mas sim por uma visão do todo. Desse modo, existe uma dependência entre as partes, pois não as percebemos de forma isolada, mas pelo estabelecimento de relações entre elas (SCHULTZ; SCHULTZ, 2009). Desse modo, para a Gestalt, o homem é sempre a soma das partes que constituem a sua totalidade.

Por isso, essa teoria tem por finalidade analisar a vida psíquica sob a ótica da combinação dos elementos que seriam as sensações e imagens que as constituem. Portanto, a Gestalt propõe um estudo global do homem e do mundo e seu lema é “o todo é mais que a soma das suas partes”.

Os estudiosos desta teoria deram início às suas pesquisas a partir da análise da percepção e sensação do movimento. Isto porque estavam interessados em entender quais os processos psicológicos envolvidos na ilusão de ótica, na qual a percepção do estímulo físico pelo indivíduo é vista com uma forma diferente da que ele tem na realidade.

FIGURA 15 - ILUSÃO DE ÓTICA

FONTE: <http://alunosonline.uol.com.br/matematica/ilusao-otica.html>.Acesso em: 6 jul. 2016.

Page 34: Psicologia da comunicação - UNIASSELVI

UNIDADE 1 | CONTEXTUALIZAÇÃO DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA

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O que vem a ser a ilusão de ótica?

Vamos pensar no caso do cinema. Quem já viu uma fita cinematográfica sabe que ela é composta de fotogramas estáticos. O movimento que vemos na tela é uma ilusão de ótica causada pela pós-imagem retiniana (a imagem demora um pouco para se “apagar” em nossa retina). Como as imagens vão se sobrepondo em nossa retina, temos a sensação de movimento. Mas o que de fato está na tela é uma fotografia estática (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001).

A partir do exposto podemos constatar o papel importantíssimo da percepção dentro dos enfoques da Gestalt. Assim, os experimentos voltados para a percepção levaram os teóricos a questionarem um princípio da teoria Behaviorista, o estímulo-resposta. De acordo com os estudiosos da Gestalt, entre o estímulo que o meio fornece e a resposta do indivíduo existe o processo de percepção. Tal processo interfere diretamente na compreensão sobre o comportamento humano.

Nesse sentido, há um confronto de ideias entre essas duas tendências frente ao objeto da Psicologia, o comportamento. Isto porque as duas definem a Psicologia como a ciência que estuda o comportamento. Contudo, o Behaviorismo estuda o comportamento a partir da relação estímulo-resposta, isolando o estímulo relacionado à resposta esperada, desconsiderando os aspectos da consciência. A Gestalt critica tal abordagem por entender que o comportamento não pode ser estudado de forma isolada de um contexto mais abrangente, pois pode perder seu verdadeiro significado sob o olhar do psicólogo.

Na visão dos gestaltistas, o comportamento deveria ser estudado nos seus aspectos mais globais, levando em consideração as condições que alteram a percepção do estímulo. Para justificar essa postura, eles se baseavam na teoria do isomorfismo, que supunha uma unidade no universo, onde a parte está sempre relacionada ao todo. [...] Rudolf Arnheim dá um bom exemplo da tendência à restauração do equilíbrio na relação parte-todo: De que modo o sentido da visão se apodera da forma? Nenhuma pessoa dotada de um sistema nervoso perfeito apreende a forma alinhavando os retalhos da cópia de suas partes [...] o sentido normal da visão [...] apreende um padrão global (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 78).

Para os teóricos da Gestalt, não é possível analisar as partes sem pensar no todo. Não existe a possiblidade de se analisar o comportamento de forma fragmentada, desprezando os elementos que o constituem.

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TÓPICO 2 | AS PRINCIPAIS TEORIAS DO SÉCULO XX

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FIGURA 16 - PRINCÍPIO DA ABORDAGEM GESTÁLTICA

FONTE: <http://esquizoestetica.blogspot.com.br/2011/12/postado-por-larissa-cosmi-o-que-e.html>. Acesso em: 21 jun. 2016.

Conforme salientam Bock, Furtado e Teixeira (2001), daí a necessidade em compreender quais condições podem alterar a percepção do estímulo. A combinação dos elementos sensoriais resulta em uma nova configuração, a qual não poderá ser constatada a partir da análise isolada de tais elementos.

QUADRO 2 - PRINCÍPIOS DA PSICOLOGIA GESTALT

FONTE: Adaptado de Schultz e Schultz (2009)

Lei da segregaçãoA segregação é a capacidade perceptiva de separar, evidenciar, destacar, identificar unidades formais na composição de um todo. Seria uma parte segregada, diferenciada, isolada da constituição do todo.

Lei da proximidadeOs elementos mais próximos tendem a se agrupar. Os elementos que estão mais perto de outros numa mesma região tendem a ser percebidos como um grupo.

Lei da continuidade Há uma tendência de buscarmos unir os elementos de modo que pareçam contínuos.

Lei da semelhança Eventos que são similares tendem a se agrupar entre si.

Lei da pregnância Todas as formas tendem a ser percebidas em sua forma mais simples. Este princípio é denominado simplificação natural da percepção.

Page 36: Psicologia da comunicação - UNIASSELVI

UNIDADE 1 | CONTEXTUALIZAÇÃO DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA

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A Psicologia da Gestalt também faz referência à questão da “figura/fundo”. De acordo com esta teoria, buscamos organizar percepções do objeto observado, que seria a figura, e o plano contra o qual ela se destaca, o fundo. Na figura a seguir a imagem se destaca de forma mais substancial e se sobressai do fundo. Além disso, quanto mais clara for a forma (Boa forma), mais perceptível será a distinção entre a figura e o fundo. Já a Figura 18 apresenta a questão da perspectiva da imagem, a qual nos permite interpretações distintas de acordo com o ângulo da observação.

FIGURA 17 - FIGURA/FUNDO NA GESTALT

FONTE: <http://ascessetha.blogspot.com.br/2008/09/figura-e-fundo.html>.Acesso em: 10 jul. 2016.

FIGURA 18 - FIGURA/FUNDO

FONTE: <http://www.megatopico.com/sapo-ou-cavalo-t16683.html>.Acesso em: 10 jul. 2016.

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TÓPICO 2 | AS PRINCIPAIS TEORIAS DO SÉCULO XX

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NOTA

Você sabia que essa alternância entre a figura e o fundo acontece também em nossas vidas? Nossa figura muda de acordo com nossas necessidades e interesses. Por exemplo, se estou escrevendo algo e sinto fome, a fome passa a ser minha figura e o escrever se torna o meu fundo até que a minha fome seja saciada. Por isso, na Gestalt, esse processo é denominado alternância de fluido.

A Psicologia da Gestalt, de forma oposta ao Associacionismo, define a aprendizagem por meio de uma relação intrínseca entre o todo e as partes. Sendo que o todo tem um papel fundamental na compreensão do objeto percebido. Vejamos um exemplo: Uma criança de três anos que ainda não está alfabetizada pode perfeitamente, a partir de um rótulo, identificar determinado produto. No caso da imagem da Coca-Cola, ela consegue identificar e pronunciar que se refere ao produto Coca-Cola sem ter realizado a união das palavras para formar as letras, ou seja, ela foi capaz de significar o todo. Ela separou a palavra na sua totalidade, distinguindo a figura e o fundo.

FIGURA 19 - IMAGEM NA GESTALT

FONTE: <http://themediaandi.blogspot.com.br/>. Acesso em: 21 jun. 2016.

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UNIDADE 1 | CONTEXTUALIZAÇÃO DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA

30

Na nossa vida cotidiana nem sempre conseguimos perceber de forma imediata certas situações. Isto porque, muitas vezes, não apresentam uma distinção clara entre figura e fundo. Contudo, muitas vezes nos deparamos com imagens que aparentemente não representam nada para nós e de repente, sem grande esforço, esta imagem se torna lúcida e conseguimos estabelecer a relação figura/fundo. Esse fenômeno dentro da Gestalt é denominado insight, que remete a uma compreensão imediata de algo.

4 PSICANÁLISEA Psicanálise tem como seu principal propagador Sigmund Freud (1856-

1939), médico psiquiátrico austríaco. Ele foi capaz de alterar radicalmente o modo de pensar sobre a vida psíquica. A psicologia, enquanto ciência, precisava buscar por teorias científicas que pudessem atender aos anseios da sociedade naquele período histórico em seus aspectos econômicos, políticos e sociais. Neste contexto, a teoria psicanalítica de Freud buscou entender as percepções sensoriais interiores do homem, tais como as fantasias, os sonhos, os esquecimentos, vistos por ele como problemas científicos, levando à criação da Psicanálise.

Essa teoria é fundamentada por conhecimentos científicos relacionados ao psiquismo. Seu método de investigação é interpretativo, pois busca explicações para o “oculto”. Esta teoria, constituída por Freud, refere-se a uma teoria de personalidade de caráter clínico, ou seja, estuda o homem e se preocupa com as doenças que o atingem e as possíveis formas de cura.

Em 1900, a partir de seu livro “A Interpretação dos Sonhos”, Freud apresenta suas primeiras ideias sobre a estrutura da mente e seu funcionamento. Nesse sentido, divide o aparelho psíquico em três estruturas.

Freud considerava três níveis de consciência do ser humano: o consciente, o pré-consciente e o inconsciente.

Sendo comparado a um iceberg, o consciente seria a pontinha deste, ou seja, aquilo que fica visível, acima da superfície. A parte do iceberg que fica logo abaixo da superfície é a mente pré-consciente, neste caso corresponde àquilo que está armazenado na memória do sujeito, não se tem consciência deste conteúdo, mas podemos acessá-lo. Mas o investimento de Freud foi mesmo nos achados sobre o inconsciente, é a parte oculta do iceberg, é no inconsciente que, segundo Freud, existiam as motivações essenciais de todas as nossas ações e sentimentos (OLIVEIRA, 2014, p. 70).

Deste modo, Freud concentrou seus esforços em analisar os fenômenos ocultos presentes no inconsciente.

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TÓPICO 2 | AS PRINCIPAIS TEORIAS DO SÉCULO XX

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FIGURA 20 - O INCONSCIENTE

FONTE: Adaptado de Bock, Furtado e Teixeira (2001, p. 95-96)

INCONSCIENTE: CONTEÚDOS NÃO

PRESENTES NO CAMPO DA CONSCIÊNCIA.

É ATEMPORAL E POSSUI LEIS PRÓPRIAS DE FUNCIONAMENTO

CONTEÚDOS QUE NÃO ACESSAM A CONSCIÊNCIA

OU O PRÉ-CONSCIENTE

CONTEÚDOS QUE PODEM JÁ TER SIDO

CONSCIENTES

CENSURAS INTERNAS/GENUINAMENTE INCONSCIENTES

REPRIMIDOS/VÃO PARA O INCONSCIENTE

Seu objetivo era exprimir os conteúdos recalcados não presentes no campo da consciência. Isto porque foram recusados pelo consciente ou pré-consciente. De acordo com Freud apud Schultz e Schultz (2009), os comportamentos anormais do paciente tinham sua origem a partir de tais conteúdos (pensamentos).

FIGURA 21 - CONTEÚDOS DO PRÉ-CONSCIENTE E CONSCIENTE

FONTE: Adaptado de Schultz e Schultz (2009)

PRÉ-CONSCIENTE

CONSCIENTE

• CONTEÚDOS COM ACESSO À CONSCIÊNCIA

• AINDA NÃO ESTÁ NA CONSCIÊNCIA, MAS PODE VIR A ESTAR

• INFORMAÇÕES ORIUNDAS DO MUNDO INTERIOR E EXTERIOR

• DESTACAM-SE A PERCEPÇÃO, ATENÇÃO E RACIOCÍNIO

Por volta de 1920-1923, Freud apresenta um novo modelo de teoria para o aparelho psíquico, introduzindo os conceitos de id, ego e superego, que seriam os três sistemas de personalidade.

Neste novo modelo o id vem apresentando as características atribuídas ao sistema inconsciente na primeira teoria. Desta forma, o Id é comandado pelo princípio do prazer, que seriam os instintos e impulsos não civilizados. Já o Ego e o Superego são diferenciações do Id.

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UNIDADE 1 | CONTEXTUALIZAÇÃO DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA

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QUADRO 3 - NOVO MODELO DE TEORIA DO APARELHOPSÍQUICO SEGUNDO FREUD

FONTE: <http://direitoitajuba.blogspot.com.br/2014/08/id-ego-e-superego-psicologia.html>. Acesso em: 12 jul. 2016.

Estrutura Nível psíquico Funções

Superego Parcialmente inconsciente

Interiorização da autoridade dos país, é constituído por normas e ideais morais.

Procura através do Ego controlar o Id. Aspira à perfeição moral e tende a reprimir de

forma severa as infracções à moralidade.

Ego Parcialmente inconsciente

Representante da realidade e do mundo externo. Deriva do Id. procurando do possível satisfazer os seus impulsos.

Também procura satisfazer as exigências morais do Superego. Conseguir o

equilíbrio de forças contrárias é tarefa árdua para o Ego.

Id Totalmenteinconsciente

É o reservatório da energia psíquica, da líbido e condicionado fortemente os

acontecimentos psíquicos. Irracional e impulsivo procura o prazer alheio à

realidade e à moral.

Desta forma, podemos dizer que o Id é desorganizado e as leis lógicas do pensamento não se aplicam a ele. Dentro dos conceitos de Freud, o Id é de origem orgânica e hereditário. Estando presente desde o nascimento do indivíduo e da sua constituição. Se caracteriza por ser estrutura da personalidade original e por isso é instintivo e regido pelo princípio do prazer.

Já o Ego se refere à parte racional do ser humano, regido pelo princípio da realidade. Nele estão presentes os sentimentos, percepção, aprendizagem, memória, habilidades, dentre outros. Seria o ponto de equilíbrio entre o Id e o Ego. Isto porque se esforça pelo prazer, que seriam as reivindicações do Id, mas sem cair no desprazer, com base nas exigências do Superego. O Ego é o componente psicológico da personalidade e está localizado na parte consciente da mente.

Por fim, o Superego se origina a partir do Complexo de Édipo (sentimento de culpa) e por isso funciona como um sensor do Ego, controlando certos impulsos. Tem origem especialmente na fase de infância, sendo as normas e padrões sociais adquiridos por cada indivíduo. Por isso controla e também pune comportamentos “inadequados”, mas também recompensa com sentimento de orgulho a partir de “bons” comportamentos. Está localizado entre o consciente e o pré-consciente e é o responsável por inibir o ego e buscar sempre a perfeição.

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RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você viu que:

• No Behaviorismo os principais métodos de investigação de Watson eram: 1) Observação; 2) Métodos de Teste; 3) Método de Relato Verbal; 4) Método do Reflexo Condicionado.

• Skinner representou certa modificação no comportamentalismo watsoniano. Para realizar seus experimentos com animais desenvolveu a chamada “Caixa de Skinner”.

• O estudo do comportamento se baseia nas reações dos organismos aos estímulos externos. Deste modo, os comportamentalistas buscaram moldar e controlar o comportamento humano.

• O objetivo da Gestalt é estudar como os seres vivos percebem as coisas, dentre elas, objetos, imagens, sensações. Por isso, essa tendência pode ser definida como a Teoria da Percepção.

• Os estudiosos da teoria Gestalt, para desenvolver suas concepções, se basearam em estudos psicofísicos que relacionaram a forma e sua percepção. Isto porque estavam interessados em entender quais os processos psicológicos envolvidos na ilusão de ótica.

• A Psicanálise é fundamentada por conhecimentos científicos relacionados ao psiquismo. Seu método de investigação é interpretativo, pois busca explicações para o “oculto”.

• A Psicanálise, constituída por Freud, refere-se a uma teoria de personalidade de caráter clínico, ou seja, estuda o homem e se preocupa com as doenças que o atingem e as possíveis formas de cura.

• Freud, em suas primeiras ideias sobre a estrutura da mente e seu funcionamento, considerou três níveis de consciência do ser humano: o consciente, o pré-consciente e o inconsciente.

• Por volta de 1920-1923, Freud apresenta um novo modelo de teoria para o aparelho psíquico, introduzindo os conceitos de id, ego e superego, que seriam os três sistemas de personalidade.

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1 Quem é o fundador do Behaviorismo? Comente sobre essa tendência teórica.

2 Considerando a Psicanálise de Freud presente na segunda teoria sobre a estrutura do aparelho psíquico, a alternativa que descreve as características do Id é:

a) Podemos dizer que o Id é organizado e as leis lógicas do pensamento a ele se aplicam.

b) Por não ser de origem orgânica ou hereditário, o Id não se forma a partir do nascimento do indivíduo e de sua constituição.

c) O Id é totalmente irracional e impulsivo, procura o prazer alheio à realidade ou à moral.

d) Refere-se à parte racional do ser humano, regido pelo princípio da realidade.e) Origina-se a partir do Complexo de Édipo (sentimento de culpa) e por isso

funciona como um sensor do Ego, controlando certos impulsos.

3 A perspectiva teórica da Gestalt é uma das mais coerentes da História da Psicologia, isto porque seus defensores se preocuparam em desenvolver uma base metodológica que garantisse uma consistência teórica. Nesse sentido, assinale a opção que descreve as principais abordagens desta teoria:

a) Esta teoria buscou entender as percepções sensoriais interiores do homem, tais como as fantasias, os sonhos, os esquecimentos, vistos por ele como problemas científicos, levando à criação da Psicanálise.

b) De acordo com os princípios desta teoria, a percepção do homem ocorre por meio de “pontos isolados”, de forma totalmente fragmentada.

c) Os estudiosos desta teoria, em suas pesquisas, descartaram a análise voltada para a percepção e sensação do movimento. Isto porque não estavam interessados em entender quais os processos psicológicos envolvidos na ilusão de ótica.

d) Esta perspectiva teórica tem suas bases a partir do comportamento, o qual procura explicar os comportamentos adquiridos no decorrer do desenvolvimento do indivíduo, porém, tais teorizações tiveram suas bases nos anos 30 a partir do comportamento respondente, que seria o fundamento para as inter-relações entre o indivíduo e o ambiente.

e) Para desenvolver suas concepções se basearam em estudos psicofísicos que relacionaram a forma e sua percepção, sendo o objetivo desta teoria estudar como os seres vivos percebem as coisas, dentre elas, objetos, imagens, sensações, dentre outras.

AUTOATIVIDADE

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TÓPICO 3

PSICOLOGIA SOCIAL

UNIDADE 1

1 INTRODUÇÃONeste tópico trabalharemos inicialmente acerca da Teoria das

Representações Sociais, tal teoria foi alvo de estudos de dois dos mais renomados psicólogos do mundo, Serge Moscovici e Jean Piaget. Para eles, as representações sociais refletem a forma como os indivíduos pensam, interpretam e acreditam em determinada realidade. Dessa forma, as representações começam a surgir no momento em que o sujeito tem contato com a sociedade, ou seja, no momento de seu nascimento. Nessa fase, os mecanismos do conhecimento ainda são limitados, e somente terão um valor significativo a partir da inserção da criança em ambiente escolar. Isso está fundamentado na carga de estímulos a que ela será exposta, construindo dessa forma seus valores, crenças, as quais resultarão em seu caráter. Para tanto, faremos um pequeno resgate histórico da origem das Representações Sociais, destacando seu contexto, evidenciando a etimologia da expressão e, finalmente, revelando sua concepção conceitual.

Em seguida, daremos enfoque ao individual, ao coletivo e à comunicação. Tal qual o primeiro capítulo, o segundo é fundamentado pelas reflexões de Serge Moscovici. Para ele, as condutas comportamentais têm origem nas Representações Sociais, as quais elaboram e compartilham o conhecimento (individual ou coletivo) socialmente em uma realidade comum. Assim, neste contexto, a comunicação se insere como ligações e conexões estabelecidas entre indivíduos ou grupos sociais.

2 SUJEITO SOCIAL E REPRESENTAÇÕES SOCIAISA Representação Social (RS) é uma temática amplamente discutida por

Moscovici. O referido autor trabalha a Representação Social na perspectiva da psicanálise e da sociologia, objetivando compreender o processo de construção de teorias do senso comum por meio da difusão das teorias científicas. Para ele, as Representações Sociais são compreendidas como um campo de conhecimento específico, no qual são construídas as condutas comportamentais, estabelecendo, dessa forma, a comunicação entre os sujeitos de determinado grupo social, que, por sua vez, é o produtor de interações interpessoais (MOSCOVICI, 1978).

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UNIDADE 1 | CONTEXTUALIZAÇÃO DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA

Para compreender a significação das RS precisamos contextualizar o seu surgimento. Tal teoria teve sua gênese na tese de doutoramento do psicólogo romeno Serge Moscovici em 1961. Apesar de ter sido validada no século XX, faz-se necessário remontarmos ao século XIX para dar significado à Teoria das RS. Esse período foi marcado por revoluções, talvez a mais conhecida seja a Revolução Industrial, que, embora tenha sido iniciada muito antes disso, foi consolidada em nível global somente neste período. Contudo, outras revoluções também ocorreram, e, a exemplo disso, podemos destacar os ideais revolucionários do movimento operário.

A etimologia da palavra “representação” advém da forma latina repraesentare, a qual significa fazer presente. Tal fato fundamenta-se em alguém ou alguma coisa ausente, mesmo uma ideia, por intermédio da presença de um objeto (FALCON, 2000). Já Jovchelovitch (1998) afirma que a “representação” era sinônimo de “espelho do mundo”. Onde representar era reproduzir o social. Por muito tempo tal pensamento influenciou as ciências sociais e a psicologia, dando a ilusão da coincidência perfeita entre o psíquico (mental) e o mundo (concreto).

Dessa forma, as condutas comportamentais originam-se a partir das Representações Sociais, as quais elaboram e compartilham o conhecimento socialmente em uma realidade comum. Essa realidade também é conhecida como senso comum, podendo ser representada por mitos ou crenças produzidos e compartilhados a um grupo social, possibilitando assim uma compreensão coletiva. Ao contrário do que muitas pessoas imaginam, o conhecimento (senso) comum não significa ser menor ou menos importante do que outras formas de conhecimento. Suas significações vão além dessa compreensão reducionista, onde precisamos percebê-lo como um conhecimento genuíno, o qual, por sua característica de estar ao alcance da compreensão de todos os sujeitos envolvidos, tem o poder de efetivar as mudanças sociais (MOSCOVICI, 1978).

FIGURA 22 - PSICÓLOGO ROMENO SERGE MOSCOVICI

FONTE: <https://en.wikipedia.org/wiki/Serge_Moscovici>.Acesso em: jul. 2016.

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TÓPICO 3 | PSICOLOGIA SOCIAL

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Podemos compreender as Representações Sociais como a linguagem do senso comum. De forma que se viabilize como um campo de conhecimento e de interação social. Assim, fazendo alusão à comunicação da vida cotidiana, as palavras são fundamentais. As palavras estão dotadas de ideologia, envolvidas por relações sociais em todas as áreas do conhecimento (MINAYO, 2007).

Outros estudiosos também têm suas concepções acerca das Representações Sociais. A sua conceituação tem origem atrelada à teoria das Representações Coletivas de Durkheim, onde a sociedade tem poder coercitivo sobre as consciências dos sujeitos, prevalecendo o coletivo sobre o individual. Para Durkheim (2003, p. 5), “somos então vítimas de uma ilusão que nos faz crer que elaboramos, nós mesmos, o que se impôs a nós de fora”. Já Teixeira (1999) assevera que a posição de Durkheim reduz a autonomia dos sujeitos, tornando-os passivos diante das formas coletivas de pensar.

Nos dois mundos, o da experiência individual, todos os comportamentos e todas as percepções são compreendidas como resultantes de processos íntimos, às vezes de natureza fisiológica. No outro mundo, o dos grupos, o das relações entre pessoas, tudo é explicado em função de interações, de estruturas, de trocas de poder. Esses dois pontos de vista são claramente errôneos, pelo simples motivo de que o conflito entre o individual e o coletivo não é somente do domínio da experiência de cada um, mas é igualmente realidade fundamental da vida social (MOSCOVICI, 1978).

Jean Piaget corrobora da opinião de Moscovici, assumindo uma mesma postura epistemológica, onde o mundo da forma como o conhecemos é constituído por meio de nossas operações psicológicas. Dessa forma, a fim de compreender as representações sociais, faz-se necessário, primeiramente, entender os processos pelos quais tais representações são elaboradas e modificadas (OSTI; SILVEIRA; BRENELLI, 2013).

FIGURA 23 - PSICÓLOGO FRANCÊS JEAN PIAGET

FONTE: <https://br.pinterest.com/dihacst/piaget/>. Acesso em: jul. 2016.

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UNIDADE 1 | CONTEXTUALIZAÇÃO DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA

Apesar do marco das representações sociais estar em Durkheim, Moscovici (2004) afirma que isso se deu na ótica da sociologia e que, na concepção da Psicologia, a égide das representações está em Piaget. O francês foi o primeiro a abordar a temática ao investigar a representação de mundo da criança. Suas contribuições ficaram famosas, pois auxiliaram na compreensão do pensamento infantil, e hoje entendemos que a interação da criança com seus pares e as situações por ela vivenciadas permitem o desenvolvimento das representações (OSTI; SILVEIRA; BRENELLI, 2013).

NOTA

A teoria genética, ao descrever a conexão entre o cognitivo, o afetivo e o social na trajetória de desenvolvimento da criança, se aproxima da estrutura de representação de Moscovici. Tanto Durkheim quanto Piaget demonstraram que o estatuto da representação é, ao mesmo tempo, epistêmico, social e pessoal e é a consideração destas três dimensões que pode explicar por que as representações não são uma cópia do mundo externo, mas uma construção simbólica deste mundo (OSTI; SILVEIRA; BRENELLI, 2013).

A inserção da criança no ambiente escolar objetiva aumentar a carga de estímulos para a aprendizagem. Os indivíduos jovens, no contexto humano, possuem sensores muito ativos nas fases iniciais da vida. Isso possibilita a apreensão das informações no cérebro. Portanto, a formação psicofísica dos seres humanos deve ocorrer de modo apropriado e cercado de cautela.

O contato com novas pessoas na gênese de sua inserção escolar pode incorrer em danos futuros inerentes ao caráter do indivíduo. Em fase de crescimento, a criança tem uma gama de necessidades. Além da necessidade de manutenção da vida, existem demandas por independência, aperfeiçoamento, segurança, autoestima, aprovação. São definidos os valores existenciais estéticos, intelectuais e morais (NOGUEIRA, 2016).

Caros acadêmicos, não nos esqueçamos de que as crianças, no Brasil, têm o direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer assegurado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu capítulo IV.

Para que as crianças se tornem cidadãos, os adultos formadores têm um papel fundamental. Esse novo conjunto formado por crianças (classe escolar) é composto por uma infinidade de diferenças. Esses indivíduos estão apenas iniciando seu ciclo social, porém já chegam nessa fase com uma bagagem bastante volumosa advinda dos valores familiares aos quais foram expostos até então. Além disso, existem as diferenças físicas (gordo, magro, alto, baixo, branco, negro etc.) e também diferenças na capacidade de aprendizagem (NOGUEIRA, 2016).

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TÓPICO 3 | PSICOLOGIA SOCIAL

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A atividade sensório-motora precede a representação, e a aquisição da linguagem também está subordinada ao exercício da função simbólica. A representação deriva, em parte, da própria imitação, portanto, a imitação constitui uma das fontes da representação, que fornece essencialmente seus significantes imaginados. Pela imitação da ação, os repertórios dos comportamentos infantis são ampliados e gradualmente interiorizados. Por outro lado, o jogo (ou atividade lúdica) conduz igualmente da ação à representação, na medida em que evolui de sua forma inicial do exercício sensório-motor para a segunda forma de jogo simbólico ou de imaginação (OSTI; SILVEIRA; BRENELLI, 2013, p. 40).

As crianças iniciam a construção de suas representações partindo de suas vivências (das trocas de experiências) e de sua qualidade. No momento em que vem ao mundo a criança não dispõe de instrumentos intelectuais completos, nem da representação do que a rodeia, embora esteja inserida num mundo social. Assim, Piaget foi um dos primeiros autores a refletir que a criança, no momento da elaboração de suas representações, baseia-se nas transmissões (diretas/indiretas), bem como nas suas próprias experiências, onde o nível intelectual é fator preponderante para a compreensão da realidade.

De forma sucinta, Moscovici (2004) atribui duas funções às RS.

QUADRO 4 - FUNÇÕES DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SEGUNDO MOSCOVICI

FONTE: Adaptado de Reis e Belini (2011, p. 152)

1- Convencionam os objetos, pessoas ou acontecimentos

Elas lhes dão uma forma definitiva, as localizam em uma determinada categoria e gradualmente as põem como um modelo de determinado tipo, distinto e partilhado por um grupo de pessoas. Todos os novos elementos se juntam a esse modelo e se sintetizam nele. Mesmo quando um indivíduo ou objeto não se adequa exatamente ao modelo, nós o forçamos a assumir determinada forma, entrar em determinada categoria, na realidade, a se tornar idêntico aos outros, sob pena de não ser nem compreendido, nem decodificado. Nós pensamos através de uma linguagem; nós organizamos nossos pensamentos de acordo com um sistema que está condicionado, tanto por nossas representações, como por nossa cultura.

2- São prescritivas

Elas se impõem sobre nós com uma força irresistível. Essa força é a combinação de uma estrutura que está presente antes mesmo que nós comecemos a pensar e de uma tradição que decreta o que deve ser pensado.

Por outro lado, as RS têm papel fundamental na dinâmica das relações e nas práticas sociais e respondem a quatro funções que as sustentam:

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UNIDADE 1 | CONTEXTUALIZAÇÃO DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA

QUADRO 5 - FUNÇÕES DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

FONTE: Adaptado de Reis e Belini (2011, p. 152)

1- Função de saber

As RS permitem compreender e explicar a realidade. Elas permitem que os atores sociais adquiram os saberes práticos do senso comum em um quadro assimilável e compreensível, coerente com seu funcionamento cognitivo e os valores aos quais eles aderem.

2- Função identitária

As RS definem a identidade e permitem a proteção da especificidade dos grupos. As representações têm por função situar os indivíduos e os grupos no campo social, permitindo a elaboração de uma identidade social e pessoal gratificante, compatível com o sistema de normas e de valores socialmente e historicamente determinados.

3- Função de orientaçãoAs RS guiam os comportamentos e as práticas. A representação é prescritiva de comportamentos ou de práticas obrigatórias. Ela define o que é lícito, tolerável ou inaceitável em um dado contexto social.

4- Função justificadora

Por essa função as representações permitem, a posteriori, a justificativa das tomadas de posição e dos comportamentos. As representações têm por função preservar e justificar a diferenciação social, e elas podem estereotipar as relações entre os grupos, contribuir para a discriminação ou para a manutenção da distância social entre eles.

Considerando o progresso do desenvolvimento humano dentro de uma sequência universal, podemos dizer que o indivíduo evolui em sua compreensão do mundo em uma sequência ordenada, portanto, sua forma de compreender e organizar a realidade depende do desenvolvimento alcançado por suas estruturas intelectuais. O conhecimento social refere-se às representações elaboradas pelo homem a partir de suas inúmeras atividades. Trata-se da compreensão das ideias sobre si mesmo e a respeito dos outros (OSTI; SILVEIRA; BRENELLI, 2013).

Por fim, entendemos que as RS compreendem as concepções individuais que um sujeito, ou grupo social, têm a respeito de determinada temática abordada. Fazendo-se, dessa forma, presente nas relações sociais, bem como no conjunto de opiniões e comportamentos dos indivíduos, os quais refletem seus valores e condutas. Assim, as representações sociais traduzem a forma como o indivíduo pensa, interpreta e acredita em determinada realidade.

3 RELAÇÕES ENTRE O INDIVIDUAL, O COLETIVO E A COMUNICAÇÃO

Os fenômenos individual e coletivo são alvos de investigação científica desde o século XX. O objetivo dos pesquisadores é evidenciar a interdependência entre os dois, ou seja, para explicar o nível coletivo se faz necessário um aporte teórico semelhante aos que são usados para a explicação do nível individual. Conforme visto anteriormente, a teoria das Representações Sociais (RS) de Moscovici reforça a ideia de que a identidade específica da Psicologia Social evidencia a exploração e a resolução de um problema histórico: As inter-relações entre os mundos individual e coletivo.

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TÓPICO 3 | PSICOLOGIA SOCIAL

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A Psicologia Social, desta forma, se apresenta como uma disciplina híbrida, preocupada em estabelecer as relações que se processam nos campos de estudo tanto da psicologia, como da sociologia. A crítica de Moscovici torna-se evidentemente mais incisiva quando o mesmo expõe sua preocupação quanto às intenções de muitos teóricos da Psicologia Social contemporânea, em especial os de origem norte-americana, em apenas acrescentar uma dimensão social aos fenômenos psicológicos (STEFENON; GIL FILHO, 2009, p. 3).

FIGURA 24 - PSICOLOGIA SOCIAL E SUAS INTERAÇÕES

FONTE: <https://svtratamentodq.wordpress.com/psicologia-social/>.Acesso em: jul. 2016.

PSICOLOGIASOCIAL

CIÊNCIASPOLÍTICAS

PERSONALIDADEFILOSOFIA

SOCIOLOGIA

ECONOMIAHISTÓRIA

Como podemos observar, a Psicologia Social leva em conta inúmeras variáveis para traçar seu campo de investigação. Todas elas estão ligadas em uma sincronia sistêmica que permite a apropriação do conhecimento de forma unificada. Isso também ocorre nas representações sociais, onde o dualismo entre o individual e o coletivo é algo que também foi abordado por Moscovici. As RS de determinado objeto não contemplam apenas o indivíduo, pelo contrário, são consideradas também suas vivências, suas relações com o meio social, tais como afetividade, crenças, conhecimento científico, ideais e cultura. As representações sociais apresentam características racionais justamente por serem coletivas. Assim, a dualidade estabelecida entre o mundo individual e o social é rejeitada. O que existe, na verdade, é uma polarização, onde os fenômenos são marcados pela subjetividade de tal forma a aproximar os psicológicos e sociais.

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UNIDADE 1 | CONTEXTUALIZAÇÃO DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA

Moscovici (2004) ainda assevera que as representações compartilhadas garantem a coexistência entre individualização e socialização. Tais variáveis são fundamentais na compreensão do dinamismo da sociedade e as mudanças que a compõem. Para o pesquisador, o fundamento está na interação entre sujeitos e grupos, formando a representação social, tornando-se, dessa forma, algo indissociável entre sujeito e sociedade.

IMPORTANTE

É necessário acabar com as barreiras entre Psicologia e Sociologia, entre o individual e o coletivo, concebendo uma nova abordagem na estrutura do pensamento humano. Tal reflexão deve ser fundamentada em nova organização social, vislumbrando novas possibilidades de contato com lugares diversos e distantes, novas culturas e formas de ver o mundo (MOSCOVICI, 1978).

No âmbito da comunicação, o sentido de individual pode ser compreendido como o próprio mundo em que vivemos, pois é único e invariável. Já a coletividade é representada pelas inter-relações e conexões estabelecidas entre os indivíduos de determinado grupo social. Neste sentido, as formas de se comunicar mudaram significativamente nos últimos 20 anos, contudo, apesar de o instrumento que conecta as pessoas passar por aperfeiçoamento, o objetivo comum sempre é o mesmo, ou seja, estabelecer canais que permitam a troca de informações. Despertando, dessa maneira, possibilidades infinitas, tais como novas tecnologias, novos pensamentos e novos conhecimentos.

FIGURA 25 - O INDIVIDUAL E O COLETIVO PARA A COMUNICAÇÃO

FONTE: <http://mrsaraujo-educao.blogspot.com.br/2012/06/projeto-meios-de-comunicacao-educacao.html>. Acesso em: jul. 2016.

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TÓPICO 3 | PSICOLOGIA SOCIAL

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As representações sociais se formam na vida diária das pessoas, estão presentes nos meios de divulgação, através da comunicação, nos costumes e instituições, na herança histórica, cultural das sociedades, na abordagem de diversos temas.

Através das conversas, dentro das quais se elaboram os saberes populares e o senso comum, é possível identificar as representações, pois elas se exprimem através da linguagem, da arte, da ciência, religião, assim como nas famílias, em suas relações e regras, contemplando também as relações econômicas e políticas (OSTI; SILVEIRA; BRENELLI, 2013, p. 54).

Por fim, a presença da representação social no cotidiano das pessoas é percebida por meio de opiniões, valores e ideias, os quais são transmitidos – absorvidos –, retransmitidos através dos meios de comunicação, como: televisão, rádio, internet, periódicos ou por meio de organizações sociais, como igrejas, partidos políticos, associações de bairro e ou grupos sociais. As pessoas recebem a informação, a qual é processada na consciência individual e passa a integrar a consciência coletiva, reproduzindo assim uma imagem, um valor (OSTI; SILVEIRA; BRENELLI, 2013).

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UNIDADE 1 | CONTEXTUALIZAÇÃO DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA

LEITURA COMPLEMENTAR

A NOVAS RELAÇÕES ENTRE O INDIVIDUAL E O COLETIVO

O seminário do Instituto de Pesquisas Avançadas (IEA) da USP, ‘O Indivíduo e o Espaço Público’, com participação das professoras Maria Alice Rezende de Carvalho e Vera da Silva Telles, e dos sociólogos Bernardo Sorj e Danilo Martuccelli, abordou questões sobre o indivíduo no contexto da modernidade e seu lugar dentro das esferas políticas e nos espaços públicos.

O diretor do Centro Edelstein de Pesquisa Social falou sobre as aspirações, as esperanças e frustrações que a vida moderna pode suscitar, bem como as pessoas lidam com as pressões sociais. A apresentação fez parte de um ciclo de palestras com o tema ‘Em Busca do Sentido Perdido: Diálogos Interdisciplinares sobre Ciência e Transcendência’, que tem o objetivo de discutir as mudanças causadas pelo novo contexto sociocultural e as novas formas de dominação da cultura ocidental contemporânea.

Graduado em história e sociologia pela Universidade de Haifa – Israel, Sorj alega que as maiores preocupações da sociedade – o sucesso, o status, o consumo – advêm dos meios de comunicação ou das redes sociais, que transmitem informações superficiais, não promovem (ou promovem pouco) a reflexão e o senso crítico do indivíduo. As informações ‘esgotam-se em si mesmas’. “Vivemos num mundo no qual a tecnologia permeia cada passo de nossas vidas, mas não entendemos como ela funciona”, diz ele. Usamos celulares, tablets, computadores, mas não nos perguntamos como aquilo funciona, como foi feito. Fazemos uso daquilo que consideramos ‘útil’, muitas vezes sem nem saber a procedência, a origem até sua total capacidade. O sociólogo uruguaio e naturalizado brasileiro ainda diz: “A comunicação é onipresente, mas seu conteúdo é raso”.

Conseguimos ter acesso à informação hoje de qualquer lugar. Seja no metrô, no ônibus, ela chega por meio de TVs, de celulares, do rádio, mas a pressa da vida cotidiana impede que os assuntos sejam tratados com mais profundidade, com discussão. As informações são passadas de forma rápida, vazia, apenas com o intuito mesmo de noticiar um fato. Assim, o sentido da vida ficou fragilizado. Segundo Sorj, o individualismo e o consumismo não deixam espaço para a busca da transcendência do indivíduo. “O tempo se esgota no presente e na insegurança sobre o que o futuro trará”, diz ele. Para o sociólogo Danilo Martuccelli, o amor norteia e se torna cada vez mais valorizado na vida das pessoas. Ele é uma promessa de felicidade. ‘Muitos estão dispostos a morrer por amor’, diz. Junto com esse sentimento, a religião e as crenças são um suporte coletivo e individual para muitos na sociedade moderna, em que a vida privada e o individualismo criam uma disputa entre o interesse coletivo e a felicidade pessoal.

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TÓPICO 3 | PSICOLOGIA SOCIAL

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Nesse contexto, a professora Maria Alice fala sobre a interação entre as pessoas e os coletivos. A vida passou a ser uma troca igualitária, onde cada uma das partes possui seus direitos, mas poucos convergem de verdade. ‘Convergir significa abrir mão de uma originalidade’, diz ela. É como se o indivíduo abrisse mão da sua própria capacidade em prol das ideias de outro. “A sensibilidade contemporânea é a da singularização”, complemente a professora. A história passou a ser uma narração subjetivada do tempo. Antes o tempo estava fora de nós, era objetivo, comum a toda a humanidade. O diálogo entre os indivíduos, sejam eles produtores de conhecimento científico ou de outras áreas que refletem as condições humanas possui esse impasse.

FONTE: <https://cbd0282.files.wordpress.com/2014/08/2relatocritico_patriciabeloni.pdf>. Acesso em: jul. 2016.

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RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você viu que:

• A Teoria das Representações Sociais surgiu a partir dos estudos do psicólogo romeno Serge Moscovici, quando desenvolvia sua tese de doutoramento, em 1961.

• As Representações Sociais (RS) inicialmente tiveram uma abordagem sob a ótica da sociologia. Entretanto, o psicólogo francês Jean Piaget também contribuiu para a constituição dessa teoria.

• O significado da palavra “representação” advém da forma latina repraesentare, a qual significa fazer presente.

• As condutas comportamentais originam-se a partir das Representações Sociais, as quais elaboram e compartilham o conhecimento socialmente em uma realidade comum. Essa realidade também é conhecida como senso comum, podendo ser representada por mitos ou crenças produzidos e compartilhados a um grupo social, possibilitando assim uma compreensão coletiva.

• As crianças iniciam a construção de suas representações partindo de suas vivências (das trocas de experiências) e de sua qualidade.

• As RS de determinado objeto não contemplam apenas o indivíduo, pelo contrário, são consideradas também suas vivências, suas relações com o meio social, tais como afetividade, crenças, conhecimento científico, ideais e cultura.

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1 A Representação Social (RS) é uma temática que já foi amplamente discutida. Sua origem se deu na década de 1960 em estudos no âmbito da sociologia e psicologia. Considerando os conteúdos vistos neste tópico, assinale a alternativa correta:

Os principais ícones da Teoria da Representação Social são:

a) ( ) Sigmund Freud e Durkheimb) ( ) Maiakov e Piagetc) ( ) Moscovici e Piagetd) ( ) Aristóteles e Platão

2 Jean Piaget (1979) foi um dos primeiros autores a refletir que a criança, no momento da elaboração de suas representações, baseia-se nas transmissões (diretas/indiretas), bem como nas suas próprias experiências, onde o nível intelectual é fator preponderante para a compreensão da realidade. Por outro lado, Moscovici (2004) atribui duas funções às RS, explique-as:

a) Convencionam os objetos pessoas ou acontecimentos.b) São prescritivas.

AUTOATIVIDADE

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UNIDADE 2

ASPECTOS DA PSICOLOGIA SOCIAL, IDENTIDADE E AS

INTERAÇÕES SOCIAIS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

Esta unidade tem por objetivos:

• expandir o conhecimento sobre o comportamento humano usando uma abordagem que leve em conta, além da psicologia, a sociologia, a ciência política e também a religião, a história;

• compreender e tolerar o comportamento de outras pessoas;

• compreender as forças que criam diferenças entre os grupos nos padrões de comportamento social;

• entender a importância da ética, da moral, dos valores no trato com o ser humano e com a sociedade;

• tomar consciência dos principais problemas e questões pertinentes que a humanidade enfrenta quando se trata de inserção, de representação social.

Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles você encontrará atividades que contribuirão para sua reflexão e análise dos conteúdos explorados.

TÓPICO 1 – A FORMAÇÃO DOS PAPÉIS SOCIAIS E DA IDENTIDADE NA PERSPECTIVA DA PSICOLOGIA SOCIAL

TÓPICO 2 – O PAPEL DO PSICÓLOGO SOCIAL E OS RECURSOS DE COMUNICAÇÃO: INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO

TÓPICO 3 – A INFLUÊNCIA DAS INTERAÇÕES SOCIAIS NA SOCIEDADE E RELIGIÃO

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TÓPICO 1

A FORMAÇÃO DOS PAPÉIS SOCIAIS E DA IDENTIDADE NA PERSPECTIVA DA PSICOLOGIA SOCIAL

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃOCaro acadêmico, você já parou para pensar como age quando está sozinho

e quando está acompanhado? Já é regra que a maioria das pessoas age de forma diferente quando está sozinha de quando está com diferentes grupos de pessoas. Veja: quando estamos em família, agimos de um jeito; quando estamos em um grupo de amigos, agimos de forma diferente; quando estamos no trabalho, agimos de outro jeito. E aí, acertei? Pois é. Sabe por que isso é uma realidade? A razão para isso é simples. O que fazemos sozinhos ou em grupo, nosso agir, nossos pensamentos, o que sentimos são quase na sua totalidade fortemente influenciados pelas pessoas com quem convivemos.

Neste tópico, vamos entender como a psicologia social age. Sabemos que a maioria das pessoas age de forma diferente quando estão com diferentes grupos de pessoas, quando estão em diferentes lugares, quando estão ... diferentes! Analise o seu dia a dia. Você acorda: caso more com a família, vai ter um jeito de agir. Vai se dirigir ao trabalho ou à escola, à faculdade, vai agir de forma diferente e assim por diante; conforme as pessoas, conforme as circunstâncias, agimos diferente. Por que isso acontece dessa forma? Por que o nosso agir, o nosso pensar, aquilo que a gente sente sofre influência das pessoas que fazem parte de nossas vidas? Ortega Y Gasset (1967), filósofo espanhol, proferiu a seguinte frase: “Eu sou eu e minhas circunstâncias”. Perceba que nossas ações, pensamentos e sentimentos são quase sempre influenciados pelos indivíduos que nos cercam. A psicologia social nos ajuda a entender esses fenômenos para entendermos melhor como a presença das pessoas em nossa vida pode afetar nossos comportamentos, pensamentos e sentimentos. E isso é real.

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UNIDADE 2 | ASPECTOS DA PSICOLOGIA SOCIAL, IDENTIDADE E AS INTERAÇÕES SOCIAIS

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FIGURA 26 - AJUDA PARA QUEM PRECISA

FONTE: <https://br.pinterest.com/pin/318629742363522402/>.Acesso em: 16 jul. 2016.

Queremos então, nesta unidade, compreender os processos de percepção, cognição, motivação, emoção, aprendizagem, memória e criatividade, processos esses que estão em contínua interação com os papéis sociais, com as afiliações de diferentes grupos da sociedade. São temas muito abrangentes, para os quais não temos a pretensão de dar todas as respostas. Veja, por exemplo, o tema emoção, hoje muito estudado por neurocientistas. A experiência emocional não é um fenômeno único, varia de indivíduo para indivíduo, sendo o resultado de diferentes eventos. De forma simplista, a emoção se expressa por um ato motor, em decorrência de sensações provocadas por estímulos sensoriais do meio onde está inserida a pessoa (BRANDÃO, 2009).

Também vamos explorar a forma como as pessoas se comunicam consigo, com outros indivíduos e com diferentes grupos, sejam grupos de lazer, de trabalho, entre outros.

2 A INFLUÊNCIA DA SOCIEDADE NA FORMAÇÃO DOS PAPÉIS SOCIAIS

A nossa carteira de identidade traz a foto/imagem do nosso rosto. As formas do nosso rosto indicam nossas características, que são muito pessoais. Conforme nos aponta Tavares (2013), essas características indicam nossa identidade pessoal e intransferível, pelo menos visualmente, a não ser que tenhamos um gêmeo univitelino que através de uma foto não se pode identificar as diferenças.

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TÓPICO 1 | A FORMAÇÃO DOS PAPÉIS SOCIAIS E DA IDENTIDADE NA PERSPECTIVA DA PSICOLOGIA SOCIAL

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Para entendermos o conceito de sociedade, o que é sociedade, vamos destacar algumas palavras-chave imprescindíveis para este entendimento. A primeira palavra destacada é “indivíduo”. Entre vários significados, pontos de vista, orientação para conceituar indivíduo, que parece ser mais complexo para entender do que a própria sociedade, vamos tomar o caminho do conceito do indivíduo como distinto, mas nem por isso incomunicável com outros indivíduos (TAVARES, 2013).

FIGURA 27 - INDIVIDUALIDADE ÚNICA

FONTE: <http://diegokoelho.blogspot.com.br/>.Acesso em: 30 jun. 2016.

A singeleza da imagem na figura acima mostra o indivíduo com tantos outros, juntos, porém com suas peculiaridades, no caso, a cor o diferencia, mas sabemos que o que realmente diferencia um indivíduo de outro, geralmente, não é visível aos olhos (TAVARES, 2013).

Trata-se sempre da questão de identidade. De saber quem somos e como somos, de saber por que somos. Sobretudo, quando nos damos conta de que o homem se distingue dos animais por ter a capacidade de se identificar, justificar e singularizar. De saber quem ele é. De fato, a identidade social é algo tão importante que o conhecer-se a si mesmo através dos outros deixou os livros de filosofia para se constituir numa busca antropologicamente orientada (DAMATTA, 1986, p. 15).

Sobre identidade, discutiremos mais adiante. Agora queremos falar do indivíduo. A etimologia da palavra indivíduo nos reporta ao latim “individuus”, onde se divide em “in”, que indica negação, mais “dividuus”, divisível, dividir. Juntando-se essas duas palavras, não divisível, entendemos que indivíduo é o que não se divide, que não se pode multiplicar, ou numa linguagem mais cinematográfica, não se pode replicar. E ainda podemos completar:

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UNIDADE 2 | ASPECTOS DA PSICOLOGIA SOCIAL, IDENTIDADE E AS INTERAÇÕES SOCIAIS

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De indivíduo deriva individuação, termo que designa a determinabilidade individual, ou seja, aquilo que faz que este indivíduo seja precisamente este e se distinga de todos os outros, por exemplo: este determinado ser-Pedro. Duns Scotus e sua escola dão também o nome de haecceitas à individuação, enquanto Pedro, por seu ser individual, é este ente determinado, capaz de ser assinalado como "este". Na esfera do conhecimento, o indivíduo manifesta-se no conceito individual. A substantividade incomunicável do indivíduo e sua separação de tudo o mais crescem com a perfeição dos graus do ser. No domínio do inorgânico, os indivíduos salientam-se muitíssimo pouco; entram sempre em associações maiores (atômicas ou moleculares) e até hoje não foram ainda fixados de maneira unívoca. Nos reinos vegetal e animal, todo indivíduo está, de ordinário, nitidamente separado dos restantes. O homem possui uma substantividade essencialmente superior, visto que sua alma o eleva à categoria de pessoa. O espírito puro repousa ainda mais em si. Finalmente, a substantividade absoluta compete a Deus, porque se ergue infinitamente acima de todas as coisas. <http://www.filoinfo.bemvindo.net/filosofia/modules/lexico/entry.php?entryID=955>. Acesso em: 17 jul. 2016.

É de suma importância que tenhamos em vista, na realidade do indivíduo e do coletivo, dentro da estruturação das organizações, as dimensões que estabelecem a comunicação e a relação dos diferentes serviços e atuações. E a primeira organização que vai evidenciar estas duas realidades – indivíduo e coletivo – é a família. Na família se exercita o trabalho, quando todos têm algum grau de responsabilidade, com funções diferentes. Na família, todos buscam o bem-estar-bem. Pelo menos nos indica o senso comum que na família todos querem o bem sempre presente, a solidariedade atuando, enfim, o comprometimento de todos por todos.

Temos consciência de que vivemos numa época em que o sistema econômico preza pela massificação e pelo individualismo e que se traduzem em comportamentos individualistas que levam ao distanciamento e isolamento. Nesta ótica, ou nesta falta de ótica, prega-se o mesmo pensar, o mesmo agir, algo totalmente inumano. O que é humano, o que é ser indivíduo, deve se manifestar justamente na coletividade, no compartilhamento, na colaboração, seja em forma de ideias – pensar; seja na prática – agir.

Faz parte do ser humano viver na coletividade e isto desde os primórdios da presença do homem na Terra. É da constituição humana viver junto. Porém, este viver junto não é negação do indivíduo desde que haja um conjunto de normas, regras, que mantenha uma convivência digna entre todos.

Durkheim, em seus estudos, nos mostra a função das instituições sociais na manutenção dessas duas realidades – indivíduo e coletivo na sociedade.

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TÓPICO 1 | A FORMAÇÃO DOS PAPÉIS SOCIAIS E DA IDENTIDADE NA PERSPECTIVA DA PSICOLOGIA SOCIAL

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A instituição social é um mecanismo de proteção da sociedade, é o conjunto de regras e procedimentos padronizados socialmente, reconhecidos, aceitos e sancionados pela sociedade, cuja importância estratégica é manter a organização do grupo e satisfazer as necessidades dos indivíduos que dele participam. As instituições são, portanto, conservadoras por essência, quer seja família, escola, governo, polícia ou qualquer outra, elas agem fazendo força contra as mudanças, pela manutenção da ordem. <http://www.duplipensar.net/lit/francesa/2004-02-durkheim.html>. Acesso em: 17 jul. 2016.

IMPORTANTE

Émile Durkheim foi o primeiro professor de Ciência Sociológica da França Sociológica. O cientista tinha, sobretudo, interesse nas relações sociais e os fenômenos oriundos da interação humana. Herdeiro do positivismo de Auguste Comte, Durkheim procurava acreditar que o sociólogo precisa ter certa distância de seu objeto de estudo, mantendo-se isento de sentimentos como paixão, desejo ou preconceito. A observação, a descrição, a comparação e a estatística são, para Durkheim, os principais instrumentos dos sociólogos para o desenvolvimento de teorias e conclusões.

FONTE: <http://redes.moderna.com.br/tag/sociologia/>. Acesso em: 17 jul. 2016.

Não podemos determinar que os problemas de nossa sociedade se fundam no individualismo. Podemos, sim, reconhecer que o individualismo é um dos problemas que temos hoje, até entendido, quando desde pequenos somos estimulados para a competição, para a superação, não de nós mesmos, mas dos outros. Os outros são sempre adversários, alguém a quem devemos superar, vencer.

Temos uma série de formas e maneiras de construir, de estabelecer relações sociais no mundo. Resultam disso as interações sociais e são elas justamente parte integrante das ações que dão sentido e fim às nossas vidas. A partir dessas relações vamos criando, vamos dando forma às estruturas sociais que nos dão pistas de como nos comportar no meio em que vivemos.

É a partir dessas estruturas já definidas que vão surgindo os papéis sociais, que, por sua vez, definem um conjunto de comportamentos que se espera de alguém que estabeleça minimamente relações com outros seres humanos. Para ter um papel social se espera um conjunto de comportamentos que podem sofrer mudanças ao longo do tempo e também diferir entre as culturas.

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UNIDADE 2 | ASPECTOS DA PSICOLOGIA SOCIAL, IDENTIDADE E AS INTERAÇÕES SOCIAIS

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DICAS

Identifique o papel da mãe em diferentes culturas, há diferenças? E o papel da mulher, o que é aceitável? O que é comum? O que é proibido?

Os papéis sociais podem variar conforme o status, a ocupação que exercemos, o grupo social de que participamos. Veja, por exemplo, o papel social de um professor. Como professor, ele tem um papel a desempenhar com seus alunos, outro papel a desempenhar junto a seus colegas que também são professores, outro papel em relação à direção da escola.

FIGURA 28 - PSICOLOGIA E OS PAPÉIS SOCIAIS

FONTE: <http://slideplayer.com.br/slide/43433/>.Acesso em: 17 jul. 2016.

ESTATUTOS E PAPÉIS SOCIAIS

PSICOLOGIA

PSICOLOGIACOMO

CIÊNCIA

O HOMEMCOMO

SER SOCIAL

ESTATUTOSOCIAL

PAPELSOCIAL

ESTATUTOSE PAPÉISSOCIAIS

GRUPOS ATITUDES

CONFLITOS

PSICOLOGIASOCIAL MOTIVAÇÃO INTELIGÊNCIA PERSONALIDADEPSICOFÍSIOLOGIA PSICOLOGIA DO

DESENVOLVIMENTOAPRENDIZAGEM

E MEMÓRIA

A pessoa, então, com tantos papéis a desempenhar, tantos status a manter, pode encontrar dificuldades em compreender a diferenciação de cada um, pode encontrar dificuldades de comportamento nos diferentes ambientes que frequenta. Por isso se torna importante a psicologia social.

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TÓPICO 1 | A FORMAÇÃO DOS PAPÉIS SOCIAIS E DA IDENTIDADE NA PERSPECTIVA DA PSICOLOGIA SOCIAL

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A psicologia social aborda as relações entre os membros de um grupo social, portanto, encontra-se na fronteira entre a psicologia e a sociologia. Ela busca compreender como o homem se comporta nas suas interações sociais. Para alguns estudiosos, porém, a comparação entre a Psicologia Social e a Sociologia não é assim tão simples, pois ambas constituem campos independentes, que partem de ângulos teóricos diversos. Há, portanto, uma distância considerável entre as duas, porque enquanto a psicologia destaca o aspecto individual, a sociologia se atém à esfera social. <http://www.infoescola.com/psicologia/psicologia-social/>. Acesso em: 16 jun. 2016.

Temos até aqui a contribuição da psicologia, da sociologia e da cultura para nos ajudar a entender os papéis sociais vividos na sociedade. Veja como a cultura pode nos oferecer alguns questionamentos:

• Como a cultura afeta a forma como vemos a nós mesmos?• Como a formação cultural de um indivíduo afeta a forma como eles veem a si

mesmos?• Como a cultura impacta nas relações?

A cultura, por vezes, determina a individualidade das pessoas e sua propensão a serem mais independentes umas das outras. Já quando a cultura promove o senso de coletividade, as pessoas são mais propensas a ter uma visão interdependente de si mesmas (elas se veem como ligadas aos outros, se definem em termos de relações com os outros, a dar importância aos relacionamentos e associações em grupos).

A psicologia tenta compreender o desenvolvimento e expressão do comportamento humano em relação aos contextos culturais em que ocorre. Ela adota a perspectiva universalista que assume que todos os seres humanos partilham processos psicológicos básicos, mas que são então moldados por influências culturais.

Esta perspectiva permite a comparação de indivíduos de diferentes culturas com base na uniformização do processo, mas também aceita a variabilidade comportamental com base na modelação da cultura.

Vamos imaginar um grande evento que reúne pessoas de diferentes países, como, por exemplo, um evento esportivo, as Olimpíadas, onde ocorrem interações entre indivíduos provenientes de diferentes culturas. Precisamos compreender, pelo menos, dois conjuntos de fenômenos de cultura de comportamento, bem como um terceiro conjunto, aquele que surge na intersecção das suas relações. Nessa situação, a psicologia recebe “ajuda” da sociologia e da ciência política para traduzir essas interações em "relações étnicas", e recorre também à antropologia, que identifica nessas interações a "aculturação".

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UNIDADE 2 | ASPECTOS DA PSICOLOGIA SOCIAL, IDENTIDADE E AS INTERAÇÕES SOCIAIS

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Durante o contato mais prolongado entre pessoas de diferentes origens culturais, todos esses conceitos e processos psicológicos e influências culturais precisam ser levados em consideração na seleção, treinamento e monitoramento de indivíduos durante as suas interações interculturais.

A participação ativa e efetiva das pessoas na vida política e social é um grande desafio como forma de externar a cidadania que todos almejam. Para a maioria das pessoas essa realidade é algo distante, podemos imaginar como deve ser para a criança, mesmo sabendo que no viés econômico nunca a criança foi tão consumista e participante nessa dimensão econômica como vem ocorrendo. Podemos citar as produções cinematográficas de Hollywood que levam em conta o gosto da criança para desenvolver seus enredos, pois sabem que elas têm poder de decisão na escolha dos filmes e ainda influenciam seus pais para que eles também assistam aos mesmos filmes.

FIGURA 29 - A VIDA IMITANDO A ARTE

FONTE: <http://www.osvigaristas.com.br/imagens/criancas/melhor-cosplay-da-historia-5505.html>. Acesso em: 30 jul. 2016.

A necessidade de possibilitar a participação cidadã das crianças deve levar em conta seus diferentes modos de vida, suas diferentes famílias, suas diferentes culturas, a educação e todos os paradoxos que as envolvem.

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TÓPICO 1 | A FORMAÇÃO DOS PAPÉIS SOCIAIS E DA IDENTIDADE NA PERSPECTIVA DA PSICOLOGIA SOCIAL

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A concretização de uma infância cidadã apresenta-se como uma imperiosa necessidade, mas também como uma laboriosa tarefa, na medida em que, para além de outros constrangimentos, não podemos esquecer que a infância não é vivida do mesmo modo por todas as crianças, varia muito, quer de sociedade para sociedade, quer dentro de uma mesma comunidade ou mesmo dentro de uma mesma família. Por conseguinte, podemos afirmar a existência não de uma única infância, mas de infâncias, dada a pluralidade de situações, especificidades e características culturais disseminadas da vivência quotidiana deste grupo social e geracional. São infâncias com diferentes lógicas, por exemplo: crianças de rua, crianças trabalhadoras, crianças exploradas sexualmente; são lógicas paradoxais com outros sentidos e com diferentes significações que reafirmam o pressuposto das várias infâncias que têm que ser pensadas com outras categorias de análise e outros pressupostos metodológicos e analíticos.Além disso, não podemos esquecer que a criança não é mero receptor das influências a que está sujeita, é também um ator em contínuo desenvolvimento e com opinião própria e pontos de vista que importa ter em consideração sempre que são abordadas questões que lhes digam respeito. No fundo, trata-se de considerar a socialização como um processo dinâmico e dual. <http://200.144.189.42/ojs/index.php/mediajornalismo/article/viewFile/5797/5252>. Acesso em: jul. 2016.

Enfim, em todos os muitos grupos sociais que nós, como indivíduos fazemos parte, temos um status e um papel social a cumprir, por exemplo, um homem pode ter o status de pai em sua família. Devido a esse status, espera-se que ele desempenhe um papel para com os seus filhos, que na maioria das sociedades exige que ele seja responsável pela educação, alimentação e proteção. É claro, as mães costumam ter papéis complementares.

Esta filiação, esta pertença ao grupo social nos dá um conjunto de funções que permitem que as pessoas saibam o que esperar uma da outra. No entanto, é comum que as pessoas tenham vários status sobrepostos e vários papéis. Isso torna potencialmente os encontros sociais mais complexos.

Uma mulher que é uma mãe para algumas crianças pode ser uma tia ou avó para os outros. Ao mesmo tempo, ela pode ser uma esposa para um homem, ela muito provavelmente é filha e neta de outras pessoas. Para cada um destes vários estados de parentesco ela deverá desempenhar um papel um pouco diferente e ser capaz de alternar entre eles de forma instantânea.

Esses comportamentos de papéis relacionados mudam tão rapidamente quanto nossas interações sociais. Em outras palavras, a adesão a um grupo social nos dá um conjunto de funções que permitem que as pessoas saibam o que esperar umas das outras, mesmo sabendo que nem sempre serão limitadoras para o nosso comportamento.

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UNIDADE 2 | ASPECTOS DA PSICOLOGIA SOCIAL, IDENTIDADE E AS INTERAÇÕES SOCIAIS

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3 A PSICOLOGIA, A MORAL E OS VALORES NA FORMAÇÃO DA IDENTIDADE

Vimos no subtópico anterior a importância das interações sociais. Agora, vamos identificar a importância da ética, da moral e dos valores para que nossas interações sociais sejam as mais civilizadas possíveis.

De acordo com Srour (2003), a ética é perene e a moral é mutável. A ideia de ética é que ela não muda, a ética traz reflexões acerca dos costumes, que é o campo da moral. Para melhor compreendermos, no Brasil temos a história da mulher como um bom exemplo de mudança de costumes e, por conseguinte, mudança de valores morais.

Até a década de 30 a mulher não podia votar e nem ser votada, portanto, o sufrágio feminino foi uma conquista de equiparar a mulher ao homem e torná-la um membro da sociedade como qualquer um, ou seja, uma pessoa participativa aos desígnios políticos do país.

No cenário político nacional, a primeira mulher a se tornar deputada federal, em 1933, e somente em 1979 foi eleita a primeira senadora. Em 2011 o país elege pela primeira vez uma mulher como Presidente da República. Se você observar os anos, 1933, 1979 e 2011, verá o quanto demora para que os valores se transformem e, ao mesmo tempo, depois de estabelecida a mudança, esses valores tornam-se tão familiares que nem mais pensamos nessa trajetória de conquista e transformação.

No mundo do trabalho, a mulher conquistou espaço tardiamente, e por esse motivo, várias são ainda as desigualdades entre a mulher e o homem no mundo do trabalho. Existem diversas pesquisas que apontam mulheres e homens com mesmo nível de escolaridade e mesma função que têm salários diferentes.

FIGURA 30 - TRABALHO DOBRADO

FONTE: <http://paduacampos.com.br/2012/2012/07/27/charge-elas-estao-ocupadas-mesmo/>. Acesso em: 30 jul. 2016.

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TÓPICO 1 | A FORMAÇÃO DOS PAPÉIS SOCIAIS E DA IDENTIDADE NA PERSPECTIVA DA PSICOLOGIA SOCIAL

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Não se pretende aqui fazer nenhum tipo de apologia à mulher, muito pelo contrário, a mulher é só um bom exemplo para que possamos perceber o quanto ela se transformou perante a sociedade. Antes ela não votava e nem era votada, antes ela não trabalhava fora de casa, antes a sua vida limitava-se a cuidar de filhos e marido e da casa. E hoje?

FIGURA 31 - DIREITOS CONQUISTADOS

FONTE: <http://andorinharosa.blogspot.com.br/2009/03/um-poema-em-homenagem-ao-dia.html>. Acesso em: 30 jul. 2016.

A moral são os costumes, são as práticas do comportamento humano e as práticas aceitáveis de uma sociedade. Então, como esses costumes, práticas e culturas mudam? Mudam quando a própria sociedade clama por mudanças ou quando, a partir de um movimento de um grupo, procura-se conscientizar o resto da sociedade da importância de pensar e agir diferente. Foi dado o exemplo da mulher, mas muitos são outros exemplos que se enquadrariam nesse momento para ilustrar essa transformação de valor e costume. Nestas mudanças é que vemos a importância da psicologia como ciência para entender essa evolução de comportamento e de novas relações e de interações (TAVARES, 2013).

O que faz com que a 'sociedade', em qualquer dos sentidos válidos da palavra, seja sociedade, são evidentemente as diversas maneiras de interação a que nos referimos. Um aglomerado de homens não constitui uma sociedade só porque existe em cada um deles em separado um conteúdo vital objetivamente determinado ou que o mova subjetivamente. Somente quando a vida desses conteúdos adquire a forma da influência recíproca, só quando se produz a ação de uns sobre os outros - imediatamente ou por intermédio de um terceiro - é que a nova coexistência social, [...] se converte numa sociedade. <http://www3.promovebh.com.br/revistapensaradm/art/a07.pdf>. Acesso em: 3 jul. 2016.

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UNIDADE 2 | ASPECTOS DA PSICOLOGIA SOCIAL, IDENTIDADE E AS INTERAÇÕES SOCIAIS

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Estas interações podem mudar, assim como a moral que é mutável, como diziam os romanos – “o tempora! o mores!” – (Oh tempos! Oh costumes!), ou seja, os costumes mudam com o tempo. Srour (2003, p. 56) elenca alguns itens para a compreensão do que vem a ser moral:

● É um sistema de normas culturais que pauta as condutas dos agentes sociais de uma determinada coletividade e lhes diz o que é certo ou não fazer.

● Depende da adesão de seus praticantes aos pressupostos e valores que lhe servem de fundamentos.

● Representa um posicionamento diante das questões polêmicas ou sensíveis e constitui um discurso que justifica interesses coletivos.

● Organiza expectativas coletivas ao selecionar e definir melhores práticas a serem observadas.

● Tem natureza simbólica, essência histórica e caráter plural, e seus cânones variam à medida que espelham as coletividades históricas que o cultivam.

Srour (2003, p. 57) ainda resume a moral comparativamente à ética:

Por isso mesmo, as morais são as nervuras sensíveis das culturas e dos imaginários sociais, as peças de resistência que armam as identidades organizacionais, códigos genéticos das condutas sociais requeridas pelas coletividades. Assim sendo, enquanto as morais correspondem às representações mentais que dizem aos agentes sociais o que se espera deles, quais comportamentos são recomendados e quais não o são, a ética diz respeito à disciplina teórica e ao estudo sistemático dessas morais e de suas práticas efetivas.

O quadro que segue auxilia na formulação de um comparativo entre ética e moral, para que essas palavras-chave possam ajudar na diferenciação de uma e outra.

QUADRO 6 – COMPARATIVO ENTRE ÉTICA E MORAL

FONTE: O autor

ÉTICA MORALPerene Transitório

Universal PontualRegra Conduta da regraTeoria Prática

Vamos entender melhor esse comparativo entre ética e moral?! A ética tem padrões externos que são fornecidos por instituições, grupos

ou culturas a que um indivíduo pertence. Por exemplo, advogados, policiais e médicos, todos têm que seguir um código de ética estabelecido pela sua profissão, independentemente de seus próprios sentimentos ou preferências. A ética também pode ser considerada um sistema social ou um quadro de comportamento aceitável por todos os integrantes de uma sociedade constituída.

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TÓPICO 1 | A FORMAÇÃO DOS PAPÉIS SOCIAIS E DA IDENTIDADE NA PERSPECTIVA DA PSICOLOGIA SOCIAL

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E a moral? Os princípios morais também são influenciados pela cultura de uma sociedade, mas são princípios pessoais criados e sustentados pelos próprios indivíduos.

Via de regra, a ética tem muita consistência dentro de um determinado contexto, mas pode variar muito entre os contextos. Vamos dar um exemplo, para entender melhor essa dinâmica. A ética da profissão médica no século 21 é, geralmente, consistente e não muda de um hospital para outro, mas essa ética da profissão médica é diferente da ética da profissão jurídica desse nosso século.

Já o código moral de um indivíduo, geralmente, é imutável e consistente em todos os contextos, mas também é possível que em certos eventos possa mudar radicalmente suas crenças e seus valores pessoais, ou seja, sempre haverá um conflito entre os próprios indivíduos, pois vivemos todos em sociedade, todos juntos e essa interação é continuamente colocada à prova, exigindo sempre o respeito ao outro e às normas já existentes. Veja a figura que segue como exemplo muitos simples e prático de alguns comportamentos adequados para quem vive em sociedade.

FIGURA 32 - CONVIVÊNCIA E INTERAÇÃO

FONTE: <https://rolhasuave.files.wordpress.com/2013/08/regras.jpg>.Acesso em: 30 jul. 2016.

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Depois dessa reflexão de como coisas simples podem melhorar nossa convivência social, vamos voltar ao nosso comparativo entre ética e moral.

Pode haver conflito entre ética e moral? Com certeza, e podemos verificar essa realidade com muita frequência. Vejamos.

Um exemplo de ética profissional conflitante com a moral é o trabalho de um advogado de defesa. A moral de um advogado pode dizer a ele que o assassinato é condenável e que os assassinos devem ser punidos, mas sua ética como advogado profissional exige que defenda o seu cliente com o melhor de suas habilidades, mesmo ele sabendo que o cliente é culpado.

Outro exemplo pode ser encontrado no campo da medicina. Em várias partes do mundo, um médico não pode sacrificar seu paciente, mesmo a pedido dele, de acordo com padrões éticos para profissionais de saúde. No entanto, o mesmo médico pode, pessoalmente, acreditar no direito do paciente de morrer e contribuir para esse desejo.

Grande parte da confusão entre essas duas palavras pode ser rastreada até suas origens. Por exemplo, a palavra "ética" vem do francês antigo “etique”‘, do latim “ethica” e do grego “ethos” e se refere aos costumes ou filosofias morais.

Já a palavra moral vem de “moralis” do latim, que se refere ao comportamento e as boas maneiras apropriadas à convivência em sociedade. Assim, as duas palavras têm significados muito semelhantes, se não sinônimas, originalmente.

A moralidade e a ética do indivíduo foram estudadas com a formatação da filosofia há bem mais de mil anos. A ideia de ética, como princípios que sejam estabelecidos e aplicados a um grupo (não necessariamente focada no indivíduo), é relativamente nova, embora, datando por volta de 1600. A distinção entre ética e moral é particularmente importante para os especialistas em ética filosófica.

Sócrates foi considerado um marco da filosofia, de modo que todos os filósofos que antecederam a época dos filósofos citados são conhecidos por pré-socráticos. Os pré-socráticos também eram conhecidos como naturalistas, ou filósofos da natureza. Esses filósofos preocupavam-se mais em entender as coisas, em dar explicação para a natureza e para o mundo.

FIGURA 33 - CERTEZAS DA FILOSOFIA

FONTE: <http://www.umsabadoqualquer.com/category/socrates/>.Acesso em: 17 jul. 2016.

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Vamos lá na Grécia antiga, onde o termo grego para a ética é Ethos e significa algo como personagem. Quando Aristóteles analisa a boa vida em “Ética a Nicômaco” e a “Ética a Eudemo”, centra-se no tema de bons e maus traços de caráter que são entendidos como as virtudes e vícios. De traços de caráter nesses tempos atuais nós temos vários exemplos, não é mesmo?

No sentido original, ética significa uma análise sobre os traços de caráter ou da personalidade. Avançando cronologicamente e mudando de espaço geográfico, vemos no pensamento romano antigo, que foi essencialmente influenciado por Cícero, o ethikos, termo grego (adjetivo de ethos), foi traduzido por moralis, termo latino (adjetivo de mores), enquanto que os costumes na linha latina, na verdade, significam hábitos e costumes. É possível traduzir ethos, do grego, como hábitos e costumes, mas é mais provável que a tradução de ethikos por moralis foi um erro de tradução. O termo moralis refere-se ao ethos grego cujo significado principal é hábito e costumes.

Se o termo moral se refere aos costumes, então o termo moral significa a totalidade de todos os hábitos e costumes de uma dada comunidade. O termo moralis tornou-se um termo técnico na filosofia latina, que abrange o presente significado do termo. Nos tempos modernos, os hábitos e costumes de uma dada comunidade são denominados “convenções” e são colocados como parâmetros para a vida em sociedade.

Moralidade, no entanto, não é simplesmente uma questão de mera convenção, mas esta convenção, muito em voga na atualidade, entra em conflito com a moral. Depois que passamos pela Grécia antiga, pelo pensamento romano antigo, chegamos aos dias atuais, onde existem, pelo menos, cinco possibilidades diferentes para distinguir ética e moral:

• Ética e moral como esferas distintas: a ética tem a ver com a busca da própria felicidade ou bem-estar e estilo de vida privada, isto é, como devemos viver para levarmos uma boa vida para nós mesmos. A moralidade tem a ver com os interesses de outras pessoas e as restrições deontológicas apresentadas por Habermas.

• A equação da ética e da moral defendidas por Peter Singer.• Moralidade como um campo especial na esfera ética: Ética é o termo genérico

para questões éticas e morais, no sentido apresentado por Peter Singer.• A moralidade como parte especial de ética desenvolvida por Bernard Williams• Moralidade como o objeto da ética: Ética é a teoria filosófica da moralidade que

é a análise sistemática de normas e valores (de leitura padrão) morais.

É importante sempre questionarmos como os termos ética e moral são usados socialmente e como usá-los para si mesmo.

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QUADRO 7 - PARALELO ENTRE ÉTICA E MORAL

FONTE: Tomelin e Tomelin (2002, p. 89-90)

ÉTICA MORAL

• É a ciência que estuda a moral.• É a reflexão sistemática sobre o comportamento

moral.• É a parte da filosofia que trata da reflexão dos

princípios universais da humanidade.• São os valores humanos universais e

fundamentais.• É a teoria do comportamento moral.• É a compreensão subjetiva do ato moral.

• É o modo de viver e agir de cada povo, em cada cultura.

• É o conjunto de normas, prescrições e valores reguladores da ação cotidiana.

• Varia no tempo e no espaço.• São os valores concernentes ao bem e ao

mal, permitindo ou proibindo.• Conjunto de normas e regras reguladoras

da relação entre os homens de uma determinada comunidade.

• Nasce da necessidade de ajudar cada membro nos interesses coletivos do grupo.

O avanço na compreensão e vivência dos direitos humanos confirma que as diferenças são essenciais para uma sociedade que prima pela justiça, pela equidade. Cabe ao ser humano, constantemente, decidir pela verdade que se impõe no cotidiano da sua existência. Vivemos continuamente tomando decisões que se apresentam justamente porque não vivemos sozinhos. A ética e a moral estão aí para nos auxiliar nessas decisões.

Vázquez (2003, p. 15), no princípio de seu livro “Ética”, propõe diversas questões práticas para a decisão do ser humano, tais como: “Devemos sempre dizer a verdade ou há ocasiões em que devo mentir? Com respeito aos crimes cometidos na Segunda Guerra Mundial, os soldados que os executaram, cumprindo ordens militares, podem ser moralmente condenados?”.

O que o autor quer alertar é que todos esses problemas são práticos e reais e se apresentam nas relações afetivas dos seres humanos. As decisões práticas humanas podem afetar um pequeno grupo ou um grande grupo.

Em várias das situações que se apresentam ao ser humano, o que está em jogo são os problemas morais que ele deve decidir. Os valores e as normas que são reconhecidos numa sociedade como os mais corretos são os juízos que se formulam diante das ações humanas.

À diferença dos problemas prático-morais, os éticos são caracterizados pela sua generalidade. Se na vida real um indivíduo concreto enfrenta uma determinada situação, deverá resolver por si mesmo, com a ajuda de uma norma que reconhece e aceita internamente, o problema de como agir de maneira que a sua ação possa ser boa, isto é, moralmente valiosa. Será inútil recorrer à ética com a esperança de encontrar nela uma norma de ação para cada situação concreta (VÁZQUEZ, 2003, p. 17).

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Daí surgem então os problemas morais e éticos, a respeito da legalidade também, porque o ideal é que nossas ações sejam éticas, morais e legais. É possível agirmos de forma moral, mas ilegal? Por exemplo, se estamos num grande centro, às 4 horas da manhã, dirigindo um carro, o sinal fica vermelho, você respeita e para, ou, de forma consciente, verificando se é possível avançar, você avança o sinal. Você se vê no dilema interessante: ou respeita a lei e para, ou se previne de um suposto assalto e avança o sinal.

Mesmo que você considere a atitude avançar o sinal moral, porque é melhor pagar uma multa do que ser assaltado, ainda assim ela não é legal. O ideal é que seja legal, ético e moral.

O exemplo dado é de referência a uma decisão pessoal e que pode gerar consequências, uma multa de trânsito, portanto essa ação é bem particular e de consequência particular.

Assim, podemos expor que a moral vem se constituindo historicamente, mudando no decorrer da própria evolução do homem em sociedade, em que hábitos e costumes são constituídos por esta relação social, em que a essência humana é pautada por estes princípios morais. E estes, por sua vez, constituem o ser social que somos. E a ética nesta questão chega para simplesmente regular e analisar estes preceitos morais.

A ética é precursora da transformação social dos diversos sistemas ou estruturas sociais. Sistemas estes que imprimiam suas mudanças sociais, tais como:

• Capitalismo.• Socialismo.

Podemos dizer que quando é constituída uma nova estrutura social, a ética, os vilões e princípios morais são modificados para constituir assim esta nova concepção de sociedade. Em outros termos, o sistema de valores morais se transforma no processo de constituição de um novo padrão sócio-histórico. Os diversos processos e projetos de transformações sociais devem permear os valores da solidariedade, igualdade e fraternidade, para assim poder constitui uma sociedade mais justa e democrática.

Quando nos remetemos a apontar a crise da ética na contemporaneidade, nos desafiamos a apresentar os fundamentos epistemológicos nos quais se fundamenta esta perspectiva de análise. Afinal, o caminho seguro seria atribuir as mais diversas situações a uma genérica e obscura crise da ética, desresponsabilizando-nos de defini-la e situá-la adequadamente no contexto civilizatório ocidental.

Uma das possibilidades de nos apercebermos que estamos envoltos numa crise é quando temos dificuldade de definir adequadamente situações existenciais. Quando nossas referências a partir das quais nos posicionamos diante do mundo, da vida, das pessoas em nosso entorno não nos fornecem mais explicações adequadas, ou minimamente satisfatórias.

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Esta dificuldade de reconhecer e estabelecer referenciais atinge todas as dimensões de nossa vida, perpassando necessariamente o discurso (o logos), as palavras, os conceitos através dos quais expressamos em ideias o mundo construído por nossas representações.

Nesta perspectiva, nos damos conta da crise da ética quando constatamos que o conceito de ética que as pessoas fazem uso cotidianamente é caracterizado pela ambiguidade, pela confusão conceitual em relação à moral. Tornou-se lugar comum as pessoas se referirem à ética como sinônimo de moral, ou achar que moral é a mesma coisa que ética, ou seja, duas palavras que podem ser utilizadas para “avaliar e julgar” comportamentos, formas de agir e ser das pessoas. Neste caudal indiscernível, a ética pode ser utilizada para tudo, mesmo que se tenha o sentimento de que não resolve nada, ou muito pouco pode fazer.

Esta dificuldade de definir a ética pode ser explicada primariamente (outras variáveis explicativas são possíveis) através da própria etimologia das palavras. A origem da palavra ética vem do grego “ethos”, que quer dizer o modo de ser, caráter, ou abrigo, a morada de animais. Abrigo, morada, tem relação com a proteção da vida. Portanto, a ética relaciona-se com as manifestações da vida humana, da forma como os seres humanos se relacionam com o mundo, com a natureza e consigo mesmos na manutenção da vida. Por sua vez, os romanos traduziram o “ethos” grego, para o latim “mos” (ou no plural “mores”), que quer dizer costume, de onde vem a palavra moral. Assim, há uma nítida distinção entre os dois conceitos. A moral é definida como o conjunto de normas, princípios, preceitos, costumes, valores que advêm de uma tradição, de uma determinada cultura e que norteiam o comportamento do indivíduo no seu grupo social.

A moral caracteriza-se por especificidades culturais e apresenta-se de forma normativa, ou seja, estabelece normas de conduta que orientam as ações cotidianas. Desta forma, a moral tem incidência direta no âmbito da vida privada, ou seja, é norteadora dos comportamentos individuais, da forma como as pessoas agem cotidianamente diante das mais variadas situações.

A ética tem incidência no âmbito da vida pública, como reflexão em torno das questões morais que envolvem a vida em sociedade. A ética assume uma dimensão ontológica imprescindível na medida em que somos convidados a pensar a nossa forma de ser e estar no mundo, a qualidade de nossas relações conosco e com os outros seres humanos. Pela sua dimensão ontológica, a ética diz respeito à esfera política do ser humano, na medida em que nos remete a pensar o bem comum, o bem viver, a vida em sociedade como condição da felicidade individual e social.

Com relação aos problemas éticos e morais do comportamento humano, observamos que a ética não é facilmente explicável ao sermos indagados, mas todos nós sabemos o que é, pois está diretamente relacionada aos nossos costumes e às ações em sociedade, ou seja, ao nosso comportamento, ao nosso modo de vida e de convivência com os outros integrantes da sociedade.

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TÓPICO 1 | A FORMAÇÃO DOS PAPÉIS SOCIAIS E DA IDENTIDADE NA PERSPECTIVA DA PSICOLOGIA SOCIAL

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FIGURA 34 - O BEM E O MAL

FONTE: <www.dialogosuniverstarios.com.br>. Acesso em: 17 jul. 2016.

O que entendemos por valores? Os valores são imutáveis? Como escolher valores? Vamos aprender e refletir neste ponto sobre os valores que estão no centro de nossas escolhas e também como esses valores se constituem. Queremos aqui refletir a urgência desse tema que está presente em nosso cotidiano e é fundamental para nossa convivência social: os valores. Vamos aprender o que são esses valores, como são constituídos, mantidos ou abandonados, importante porque com isso saberemos como e por que lemos o mundo da forma que o fazemos e como os outros nos interpretam. Trata-se, portanto, de buscar os fundamentos de nossa identidade.

FIGURA 35 - IDENTIDADE

FONTE: <http://cotidianonaperiferia.files.wordpress.com/2011/08/banner-post-lid.jpg>. Acesso em: 17 jul. 2016.

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IMPORTANTE

A palavra VALOR tem sua raiz no latim, valere, e significa coragem, bravura, o caráter do homem; daí por extensão significa aquilo que dá a algo um caráter.1. A noção filosófica de valor está relacionada por um lado àquilo que é bom, útil, positivo; e, por outro lado, à prescrição, ou seja, a algo que deve ser realizado.2. Do ponto de vista ético, os valores são os fundamentos da moral, das normas e regras que prescrevem a conduta correta (JAPIASSU; MARCONDES, 2001, p. 268).

A palavra valor tem significados diferentes para diferentes pessoas, dependendo de suas opiniões, ou circunstâncias em que se aplica. Vamos a um exemplo: o valor de um automóvel de luxo terá valores diferentes para pessoas dependendo do seu nível de renda, as percepções do veículo, e quais os benefícios que ele vai entregar para eles.

Praticamente todas as sociedades desenvolveram tipos de valores para serem aplicados e vividos pelos indivíduos. Vamos elencar alguns desses valores, sem, porém, deixar a impressão que esses bastam para evidenciar a dignidade da pessoa.

• Valores humanos: evidenciam a preocupação com o ser humano como um todo, sua relação com o meio ambiente desempenhando um papel importante na construção de atitudes positivas como preocupação básica na relação ser humano versus natureza e não mais a natureza versus homem.

• Valores sociais: palavras fortes quando se entende que ninguém vive sozinho – amor, compaixão, tolerância, justiça.

• Valores culturais e religiosos: nossos costumes culturais e rituais de muitas maneiras nos ensinam a desempenhar comportamentos de proteção, de respeito ao outro e à natureza, tratado como algo sagrado.

• Valores éticos: o homem não pode se considerar o centro da Terra. Deve-se promover a cidadania, a sustentabilidade, a preservação de todas as espécies, inclusive a humana.

• Valores globais: o conceito de que a civilização humana é uma parte do planeta como um todo e da mesma natureza e vários fenômenos naturais sobre a terra estão interligados e inter-relacionados com laços especiais de harmonia. Se perturbar essa harmonia em qualquer lugar, haverá um desequilíbrio ecológico levando a resultados catastróficos, que em diferentes proporções já estão acontecendo.

• Valores espirituais: os princípios de autopreservação, autodisciplina, o contentar-se com o básico e o necessário, o controle desenfreado dos desejos, a ganância e austeridade são alguns dos melhores elementos do nosso intricado sistema religioso que precisa ser purificado.

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TÓPICO 1 | A FORMAÇÃO DOS PAPÉIS SOCIAIS E DA IDENTIDADE NA PERSPECTIVA DA PSICOLOGIA SOCIAL

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A partir da compreensão dos tipos de valores, faz-se necessário compreender o significado de valor, pois, ao refletir sobre ética, também falamos sobre os nossos valores e virtudes e, consequentemente, sobre o comportamento dos homens. Portanto, conclui-se que a ética é formada pelo estudo e investigação do comportamento e dos juízos de valor, estabelecendo ponderações de valor para o que está de acordo ou não com as normas e regras de convivência dos homens em sociedade, pontuando o que é certo e errado em cada postura social, observando sempre as normas de convivência social de cada sociedade ou povo.

Diariamente analisamos e fazemos julgamentos de valores tanto de coisas como dos seres humanos. Por exemplo: “Aquela flor tem muitos espinhos, posso me machucar”; “Este sabonete é ruim para mim, pois me causa alergia”; “Este chocolate é ruim, pois derrete fácil”; “Gosto muito daquele chocolate, porque é muito saboroso”; “Acho que a Samanta agiu bem ao ajudar você no trabalho de aula”; “Aquele profissional é competente”. Essas afirmações se referem ao juízo de valor da realidade em que estamos inseridos, pois quando partimos do fato de que a flor, o sabonete, o chocolate, a moça e o profissional existem realmente, atribuímos algumas qualidades a eles, que podem nos atrair ou repelir.

Empregamos diversos tipos de valores, tais como: utilidade, estético, afetividade, do bem e mal, religiosos, aspectos econômicos, sociais e políticos.

Os valores são, num primeiro momento, herdados por nós. Ao nascermos, o mundo cultural é um sistema de significados já estabelecidos, de tal modo que aprendemos desde cedo como nos comportar à mesa, na rua, diante de estranhos, como, quando e quanto falar em determinadas circunstâncias; como andar, correr, brincar; como cobrir o corpo e quando desnudá-lo; qual o padrão de beleza; que direitos e deveres temos. Conforme atendemos ou transgredimos os padrões, os comportamentos são avaliados como bons ou maus.A partir da valoração, as pessoas podem achar bonito ou feio o desenho que acabamos de fazer, ou criticar-nos por não termos cedido lugar à pessoa mais velha no metrô; ou acham bom o preço que pagamos pela bicicleta; ou nos elogiam por termos mantido a palavra dada; ou nos criticam por termos faltado com a verdade.Nós próprios nos alegramos ou nos arrependemos de nossas ações ou até sentimos remorsos dependendo do que praticamos. Isso quer dizer que o resultado de nossos atos está sujeito à sanção, ou seja, ao elogio ou à reprimenda, à recompensa ou à punição, nas mais diversas intensidades: a crítica de um amigo, “aquele” olhar da mãe, a indignação ou até a coerção física (isto é, a repressão pelo uso da força, por exemplo, quando alguém é preso por assassinato) (ARANHA; MARTINS, 2003, p. 300-301).

Alguns exemplos dos valores e virtudes humanas:

QUADRO 8 - VALORES E VIRTUDES

FONTE: O autor

AMIZADE JUSTIÇA OBEDIÊNCIA RESPEITO SIMPLICIDADE

LEALDADE COMPREENSÃO SINCERIDADE PUDOR GENEROSIDADE

PACIÊNCIA ORDEM HUMILDADE AUTOESTIMA LIBERDADE

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O cristianismo, com forte presença no ocidente, também contribuiu para reforçar seus valores para a sociedade através de virtudes:

QUADRO 9 - VIRTURES CRISTÃS

FONTE: Chauí (2002, p. 349)

VIRTUDES TEOLOGAIS PECADOS CAPITAIS VIRTUDES MORAIS

CORAGEM GULA SOBRIEDADEJUSTIÇA AVAREZA PRODIGALIDADE

TEMPERANÇA PREGUIÇA TRABALHOPRUDÊNCIA LUXÚRIA CASTIDADE

FÉ CÓLERA MANSIDÃOESPERANÇA INVEJA GENEROSIDADECARIDADE ORGULHO MODÉSTIA

Depois de tantas interpretações que vimos no decorrer deste tópico sobre eticidade, moral, efemeridade, vamos tratar de um tema não menos importante, mas com suas peculiaridades e que por isso merece ser destacado, porque é através dele que o ser humano pode dispor de seu objetivo pessoal em prol do objetivo coletivo.

FIGURA 36 - SOLIDARIEDADE

FONTE: <http://www.perguntascretinas.com.br/wp-content/uploads/2008/01/mafalda.jpg>. Acesso em: 15 jan. 2012.

De acordo com Srour (2011, p. 45), existem dois tipos de interesses pessoais: egoísta, “quando beneficia exclusivamente o indivíduo à custa dos outros e, portanto, assume feições abusivas e particularistas”; e autointeresse, “quando beneficia o indivíduo sem prejudicar outrem, e, portanto, assume feições consensuais e universalistas, pois salvaguarda a individualidade e interessa a todos”. Tal como pode ser observado no esquema que segue:

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FIGURA 37 - O AUTOINTERESSE E O EGOÍSMO

FONTE: Srour (2011, p. 45)

Autointeresse

(Individualidade)

Egoísmo

(Exclusividade)

Indivíduo age de forma benigna e não prejudica

outros

Indivíduo age de forma nociva e prejudica outros

PRÁ

TIC

A C

ON

SEN

SUA

L

PRÁ

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A A

BUSI

VA

A satisfação de interesses pessoais gera bem restrito

Nesse pensamento, Srour (2011) aborda a questão do altruísmo, que de acordo com o senso comum o tem colocado no sentido de abnegação, filantropia, amor ao próximo, entre outros. De acordo com o dicionário Michaelis (2016), altruísmo é um sentimento de quem põe o interesse alheio acima do seu próprio. É exatamente sobre esse aspecto que o autor quer considerar, longe do senso comum, de que altruísmo é sacrificar-se, valorizar o outro, valorizar os interesses dos outros.

Srour (2011), quando classifica os estágios de altruísmo, demonstra que o interesse é continuar a tese de que a solidariedade está ao lado do altruísmo e, portanto, é prática da esfera do universalismo, enquanto que pensar somente em seus interesses é uma prática do universo do particularismo.

O interessante nas questões sobre altruísmo é que não é uma atitude apenas de instituições de caridade ou similares, pode ser uma ação prática do dia a dia. É um sentimento a ser interiorizado e praticado, como se observa:

Agir de forma altruísta, por conseguinte, não exige necessariamente uma atitude de franco desprendimento, pois basta adotar uma postura cooperativa e solidária, ou basta exercitar o senso de interdependência. Equivale a levar em conta os interesses dos outros para não os prejudicar; procurar beneficiá-los na medida do possível; cuidar de si e dos demais para induzi-los à reciprocidade (SROUR, 2011, p. 29).

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Todo homem pode ser considerado um ser ético e que nossas raízes éticas advêm da nossa própria história por meio do trabalho. Podemos questionar a sua forma de ser, ou seja, qual a natureza da moral? Por que a moral é necessária? E como ela é? Pois sabemos que “a (re)produção da vida social coloca necessidades de interação entre os homens, modos de ser constitutivos da cultura, produtos do trabalho, tais como a linguagem, os costumes, os hábitos, as atividades simbólicas, religiosas, artísticas e políticas” (BARROCO, 2000, p. 25).

A partir disso, podemos destacar alguns exemplos:

• Na questão da linguagem, hábitos e costumes: pode-se observar que toda região do Brasil forma grupos ligados por seus costumes sociais, tais como: o nosso tipo de comida, o estilo de vida, as atitudes, determinando o nosso convívio social.

• Na questão das atividades simbólicas: a aplicação de histórias de conto de fadas serve para o desenvolvimento emocional de crianças.

• Na questão artística: a dança, a pintura, o teatro possibilitam a liberação da imaginação e criatividade dos homens, além de serem utilizados no tratamento de algumas questões de recuperação social e moral, como no tratamento de dependentes químicos e terapias ocupacionais.

Também devemos compreender que o homem, quando desenvolve e cria seus valores sociais e individuais, os classifica em certos ou errados, bons ou maus, de acordo com o conjunto de necessidades e possibilidades de cada grupo social.

Ninguém vive sozinho e, dessa forma, o sentido de interdependência já se adquire desde o nascimento. Somos afetados todo tempo por relações humanas, seja no nosso condomínio, na universidade, igreja, ou em quaisquer dos lugares que frequentamos ou que intercedemos. Então, relações humanas é toda e qualquer interação humana.

Esta consciência das questões éticas específicas em psicologia vai ampliar a nossa visão do significado do comportamento ético em que se aplica a todo o esforço que fazemos quando vivemos em grupo, em sociedade. Se você entrar na política, na educação, nos negócios, comércio, direito, medicina, ou qualquer outra vocação/profissão, você terá que tomar o tempo e esforço para examinar o que está fazendo em termos de suas implicações éticas e ter a coragem de confrontar, de questionar, de contrapor o comportamento antiético.

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LEITURA COMPLEMENTAR

O PAPEL DA PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO

A comunicação é a arte de estar em contato com outras pessoas, seja para passar-lhes informações ou para recebê-las. O homem, como animal social, necessita estar sempre em contato com os outros da sua espécie. Isso porque ele, o homem, desenvolve as suas habilidades a partir da observação dos demais.

Uma comunicação bem-sucedida, de qualidade, depende, pois, de uma relação de entendimento, conhecimento e respeito entre as partes. Se faltar um dos itens deste tripé, o processo comunicativo não só pode, como deve ficar seriamente comprometido.

É necessário, portanto, que se conheça o outro. Para se ter uma ideia da importância em se conhecer a outra extremidade desta relação, se, por um acaso você tiver a infeliz ideia de presentear a um chinês com um relógio, de acordo com a cultura da China, seria como dizer-lhe que seus dias estavam contados, ou seja, pode soar ou como uma ameaça ou uma ofensa.

Deve haver empatia entre as partes, mas não aquele manjado “se eu fosse você”. Para se colocar no lugar do outro é preciso observar que existe toda uma bagagem emocional trazida por esta pessoa. Cada um tem valores diferentes, e estes valores são moldados e forjados com o passar dos anos, a partir do resultado da soma da educação recebida, das experiências vividas e do ambiente onde se passou, sobretudo, a infância, que é a época de formação da personalidade.

Portanto, para poder se colocar no lugar do outro, deve-se fazê-lo observando e respeitando as diferenças, sejam elas sociais, culturais, religiosas ou políticas. E para que se empreenda este conceito com sucesso, a psicologia é de enorme importância. É com base nela que isto é possível. Não custa nada, faz bem e evita dor de cabeça.

FONTE: <http://www.webartigos.com/artigos/o-papel-da-psicologia-na-comunicacao/40478/>. Acesso em: 17 jul. 2016.

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RESUMO DO TÓPICO 1Neste tópico, vimos que:

• Na administração pública, os atos administrativos devem estar voltados ao universal, porque as suas ações sempre devem preservar o interesse coletivo.

• No meio da administração pública não cabem atos administrativos voltados ao interesse particular.

• O campo da moral é vasto, pois a moral é o alicerce para que a sociedade possa estipular as suas regras de convivência.

• A moral caracteriza-se por especificidades culturais e apresenta-se de forma normativa, ou seja, estabelece normas de conduta que orientam as ações cotidianas.

• A moral tem incidência direta no âmbito da vida privada, ou seja, é norteadora dos comportamentos individuais, da forma como as pessoas agem cotidianamente diante das mais variadas situações.

• A ética é definida como a teoria, o conhecimento, ou a capacidade racional de discernimento em relação aos comportamentos morais, busca explicar, compreender, justificar e criticar a moral, ou as morais de uma sociedade.

• A solidariedade está ao lado do altruísmo e, portanto, é prática da esfera do universalismo, enquanto que pensar somente em seus interesses é uma prática do universo do particularismo.

• O valor é a relação que se estabelece entre o sujeito que valora e o objeto valorado.

• Não existe um objeto com determinado valor.

• Os objetos têm o valor que o sujeito lhe atribui, ou seja, não há valor em si, mas o valor para alguém.

• Os valores que residem no centro de nossas vidas e de nosso cotidiano são muitas vezes herdados de uma cultura ou de um costume.

• Os costumes (como é o caso da mulher ocidental) não são substituídos de uma hora para outra.

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• Existe um processo de crise onde a sociedade promove alguns movimentos, em princípio de forma isolada e, depois, vai se expandindo e tomando corpo e lugares.

• O século passado foi palco de grandes crises e mudanças em muitos segmentos sociais: família, arte, política e educação.

• Devemos compreender que o homem, quando desenvolve e cria seus valores sociais e individuais, os classifica em certos ou errados, bons ou maus, de acordo com o conjunto de necessidades e possibilidades de cada grupo social.

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AUTOATIVIDADE

1 (ENADE – 2015) A emoção é um tema muito estudado pelos neurocientistas. A experiência emocional não é um fenômeno único, varia de indivíduo para indivíduo, sendo o resultado de diferentes eventos. De forma simplista, a emoção se expressa por um ato motor, em decorrência de sensações provocadas por estímulos sensoriais do meio onde está inserida a pessoa.

BRANDÃO, L. M. As bases biológicas do comportamento: introdução à Neurociência. São Paulo: E.P.U., 2009 (Adaptado).

Considerando a neurociência das emoções, avalie as afirmações a seguir:

I- A emoção pode abarcar um conjunto de pensamentos e planos sobre um evento que aconteceu, está acontecendo ou que vai acontecer e uma das formas de se manifestar é por expressões faciais específicas.

II- As emoções podem desencadear mudanças endócrinas e autônomas significativas, como, por exemplo, sudorese, aumento dos batimentos cardíacos e da respiração, rubor facial, incontinência urinária e intestinal e espasmos.

III- A emoção tem base ambiental, uma das razões pelas quais não se cogita a existência de componentes genéricos na manifestação de expressões faciais.

É correto o que se afirma em:

a) ( ) I, apenas.b) ( ) III, apenas.c) ( ) I e II, apenas.d) ( ) II e III, apenas.e) ( ) I, II e III.

2 (ENADE – 2015) Na psicologia, há algum tempo deixou-se de atuar exclusivamente por meio das intervenções individuais, dando-se espaço para intervenções grupais. Há várias possibilidades de práticas grupais e de formas de intervenção em cada uma delas, mesmo que em diferentes referenciais teóricos. Conhecer as intervenções e as possibilidades de práticas psicológicas relacionadas a grupos em contextos diversos é importante para que o psicólogo possa organizar intervenções efetivas e eficazes.

OSÓRIO, L. C. Psicologia Grupal: uma nova disciplina para o advento de uma era. Porto Alegre: Artmed, 2003 (Adaptado).

A respeito desse tema, avalie as afirmações a seguir:

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I- No contexto da saúde, as intervenções em grupo com foco na psicoeducação têm maior eficácia do que as práticas individualizadas.

II- No contexto educacional, privilegiam-se as práticas individuais com os alunos, já que se lida com o processo de aprendizagem.

III- No contexto organizacional, empregam-se práticas grupais para desenvolver competência e melhorar a qualidade do desempenho.

IV- No contexto comunitário, para a eficácia das práticas grupais, deve-se considerar as redes de relações nela existentes.

É correto apenas o que se afirma em:

a) ( ) I.b) ( ) II.c) ( ) I e IV.d) ( ) II e III.e) ( ) III e IV.

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TÓPICO 2

O PAPEL DO PSICÓLOGO SOCIAL E OS RECURSOS DE COMUNICAÇÃO: INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃOA psicologia está sempre em busca do melhor para o indivíduo e para a

sociedade. A psicologia social, assim como os profissionais dessa área, pode criar ambientes que são réplicas de ambientes do mundo real. Indivíduos e grupos de indivíduos podem ser colocados nestes ambientes, e os psicólogos sociais podem, em seguida, observar seus comportamentos e ações.

Uma vez que a presença de psicólogos sociais e equipamentos médicos podem influenciar o modo como uma pessoa se comporta, muitos psicólogos sociais preferem fazer suas pesquisas na prática. Isso geralmente envolve a observação das pessoas “reais” em ambientes e situações reais.

O trabalho que os psicólogos conduzem pode ser aplicado para resolver uma série de problemas do mundo real, a partir de pequenos problemas para os principais problemas. Por exemplo, os psicólogos sociais podem ser capazes de ajudar os anunciantes e comerciantes a descobrir como usar a influência do grupo para ajudar a obter mais pessoas a comprar determinadas marcas. A psicologia social também pode, a partir de seus estudos, ser aplicada para ajudar a colocar um fim ou diminuir a propagação de certos problemas sociais. Onde se pode chegar com tudo isso? Já temos experiências nesse campo quando vemos profissionais que trabalham criando programas comunitários e campanhas de sensibilização. Alguns psicólogos sociais também podem fornecer aconselhamento para pessoas afetadas por problemas sociais, ou seja, não há uma sociedade sadia sem indivíduos sadios.

2 ENTENDENDO A PSICOLOGIA SOCIAL E O PSICÓLOGO SOCIAL

A psicologia social se utiliza de métodos científicos para compreender e explicar como sentimentos, comportamentos e pensamentos das pessoas são influenciados pela realidade, pela imaginação e pela presença implícita ou não de outras pessoas.

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UNIDADE 2 | ASPECTOS DA PSICOLOGIA SOCIAL, IDENTIDADE E AS INTERAÇÕES SOCIAIS

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A psicologia social, tradicionalmente, tem sido definida como o estudo das maneiras como as pessoas afetam e são afetadas pelos outros através da comunicação. Já a comunicação é um conceito complexo e multidisciplinar, pois até mesmo as disciplinas que usam o termo não entram em consenso sobre a definição exata. Justamente essa indefinição teórica traz a desigualdade saudável em diferentes campos, como: biologia celular, ciência da computação, etologia, linguística, engenharia elétrica, sociologia, antropologia, genética, filosofia, semiótica e teoria literária. Embora haja um núcleo de significado comum para a forma como o termo é usado nestas disciplinas, as particularidades diferem enormemente.

O psicólogo social, por sua vez, vai olhar para o comportamento do grupo, vai prestar atenção na percepção social, seja ela verbal ou não verbal, vai atentar para os diferentes comportamentos de conformidade, agressão, preconceito, liderança e tantos outros. Essa percepção social e a interação social são vistos como chave para a compreensão do comportamento social. De forma simplificada, a psicologia social estuda o impacto das influências sociais sobre o comportamento humano.

3 COMUNICAÇÃO, CONHECIMENTO E INFORMAÇÃOInformação, conhecimento e sociedade são conceitos muito usados por

todos nós a todo momento, em todos os lugares, de todas as formas, em todos os momentos. Conceitos indispensáveis num mundo globalizado.

Uma sociedade não se forma sem a contribuição do conhecimento e da informação. Por isso nos perguntamos: o que é mais importante: a informação ou o conhecimento? Cada um tem a sua devida importância e cada um tem sua contribuição para o enriquecimento do outro.

Quando estudamos o conceito sociedade nos pontos anteriores percebemos que hoje é fato: nunca o cidadão teve tanto acesso à informação e a possibilidades de conhecimento. Isso não indica que tudo o que chega de informação é aproveitável e também nem todos têm condições de filtrar aquilo que realmente importa.

O acesso à informação acontece porque existem facilidades trazidas pela internet, visto que as informações impressas, jornal, revista, por exemplo, têm custo, enquanto que o que se encontra de informação na internet nem sempre vai ser cobrado para quem aí buscar informação.

Os meios de comunicação no Brasil, por exemplo, têm que reservar na sua grade de programação um tempo de informação jornalística, para que possam manter seus contratos de concessão. Porém, não há um controle sobre o tipo de informação, apenas se houver o cumprimento do tempo que deve ser destinado a isso. O cidadão recebe muitas informações e acredita que essa quantidade de informações que ele adquire o torna qualificado para emitir diferentes tipos

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TÓPICO 2 | O PAPEL DO PSICÓLOGO SOCIAL E OS RECURSOS DE COMUNICAÇÃO: INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO

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de juízo. Sabemos que isso não é garantia de qualidade do conhecimento que possa ter adquirido com tamanha informação. É preciso que a informação seja processada, debatida, comparada, confrontada e não só ouvida, assistida, vista.

FIGURA 38 - INFORMAÇÃO DESCARTÁVEL

FONTE: <http://www.pybony.xpg.com.br/wp-content/uploads/2011/06/tv-brasileira.jpg>. Acesso em: 29 jul. 2016.

A globalização não pode ser vista somente do ponto de vista econômico e como uma realidade atual, contemporânea, privilégio nosso. Podemos trazer algumas características da globalização que fazem essa identificação com a economia, mas que também se identificam com a ideologia política, com a língua e com os modos de comunicação. Vejamos, então, a primeira característica da globalização:

Relações econômicas: as relações econômicas do mundo globalizado são moldadas pelas exigências das empresas, corporações ou conglomerados multinacionais e planetários, o Estado é compelido a reduzir sua presença direta na economia nacional, privatizar as empresas sob seu controle, promover a redução de seus gastos, principalmente na área social, mantendo, porém, o papel de guardião dos interesses transnacionais (SOARES, 1986, p. 10).

Na crise econômica que o mundo enfrentou em 2008, já com previsões de que dure até 2020, essa ideia de um estado com pouca presença na economia parece contraditória, quando vemos o governo norte-americano criando subsídios e auxiliando com enormes somas de dinheiro várias empresas em dificuldades nos seus balancetes.

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UNIDADE 2 | ASPECTOS DA PSICOLOGIA SOCIAL, IDENTIDADE E AS INTERAÇÕES SOCIAIS

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DICAS

Neste link <http://economia.uol.com.br/ultnot/2008/03/31/ult4294u1176.jhtm> você poderá encontrar, de forma bem resumida, informações das causas da crise dos Estados Unidos de 2008 e que contaminaram a economia de outros países, com reflexos até os dias de hoje.

FIGURA 39 - O MUNDO EM CRISE

FONTE: <http://www.palavras.blog.br/2009/04/crise-mundial-no-psicologo.html>. Acesso em: 29 jul. 2016.

Ao analisar a afirmação – o Estado é compelido a reduzir sua presença direta na economia nacional – temos a comprovação de que isso é relativo, no sentido de que o Estado pode ser a única tábua de salvação quando fortes instituições, como, por exemplo, instituições bancárias e indústrias automobilísticas, passam por dificuldades financeiras e de gerenciamento. A crise de 2008 nos Estados Unidos, e também, mais recentemente, a crise em países europeus, com destaque para a Grécia, foram crises que ainda refletem fortemente hoje e não só nos seus países de origem, mas em todo o mundo.

DICAS

Neste link <http://economia.estadao.com.br/noticias/economia+internacio-nal,entenda-a-crise-na-grecia-e-suas-implicacoes,71997,0.htm> você encontra informações sobre a crise grega, suas variantes e sua influência, principalmente para a Europa, mas tam-bém seus reflexos para o mundo.

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Não queremos discutir em profundidade as implicações econômicas dessas crises, mas entender sua influência no processo de globalização, onde todos sentimos seus efeitos em nossas vidas.

Uma segunda característica que predomina juntamente com a economia, na globalização, é a língua inglesa: “A língua inglesa garante o intercâmbio entre os agentes financeiros mundiais e passa a ser utilizada como idioma universal nos campos da cultura e do turismo (oitenta e oito por cento de toda a literatura científica e técnica é veiculada em inglês” (SOARES, 1986, p. 10).

FIGURA 40 - “SEGUNDA LÍNGUA”

FONTE: <http://sandra1martins.files.wordpress.com/2011/11/sem-nome2.png>. Acesso em: 29 jul. 2016.

Quando vemos a grande importância da China na economia mundial, também percebemos a importância crescente da língua, o mandarim. No entanto, o inglês ainda permanece predominante, assim como o latim tinha sua importância no Império Romano.

A terceira característica, essa sim determinante neste nosso contexto, são os modos de comunicação.

A revolução tecnológica no campo dos recursos e dos meios de comunicação – possibilitada pela telemática e pela tecnologia dos satélites – amplia de forma excepcional a capacidade de produção, acumulação e veiculação de dados e informações. A capacidade de armazenamento dos bancos de dados de todos os comutadores conectados à internet equivale, por exemplo, a mais de cinquenta milhões de CD-ROMs. E em um CD-ROM pode-se armazenar toda uma enciclopédia (SOARES, 1986, p. 10).

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UNIDADE 2 | ASPECTOS DA PSICOLOGIA SOCIAL, IDENTIDADE E AS INTERAÇÕES SOCIAIS

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O final do século XIX e início do século XX foi marcado, entre tantos eventos, pela evolução da indústria e sua fixação como forte provedora de emprego e contribuinte para a evolução da sociedade. É neste período também que o termo sociedade da informação surge com força para solidificar o termo sociedade pós-industrial. A indústria vai evoluindo, se transformando com os avanços técnicos, com novas formas organizacionais, com o que chamamos de excelência e qualidade no gerenciamento do que compõe e integra uma indústria: insumos, força de trabalho, energia. O que vai perpassar essa evolução e contribuir para isso é a capacidade da informação de trazer os avanços tecnológicos para a indústria, com destaque para a eletrônica, a informatização, a telecomunicação.

O vertiginoso fluxo de informações a que homem atual está exposto, se, de um lado lhe permite estar bem informado, do outro dificulta o processamento dessas informações numa síntese pessoal de pensamento. Também a linguagem está mudando, sobretudo ante às infinitas possibilidades oferecidas pela tecnologia e multimídia. A imagem, o som, as luzes, os movimentos confinam a palavra abstrata. O modo de perceber e interpretar a realidade torna-se mais sensitivo, emotivo e estético do que racional e ético. Em outras palavras, tende-se mais ao sentir que pensar (SOARES, 1986, p. 5).

Acredita-se piamente que informação hoje é tudo. Estar bem informado é uma necessidade premente entre um círculo de amigos em torno do tema futebol, de outro, interessado na novela, de outro reunido para discutir a qualidade musical de nossas rádios. Enfim, informação tem seu valor e é por isso importante termos claro o que vem a ser informação.

Informação é formada por três palavras: in + formar + ação, poderíamos dizer que informação é uma ação de interiorizar a formação. Parece que há mais um caráter passivo por parte do sujeito, neste caso, sequer há relação direta do sujeito com o objeto, o sujeito tem acesso ao conteúdo, e é formado pelo dado pronto, de uma relação prévia e universalmente ou oficialmente aceita, e este recebe este produto pronto, acabado, sem inicialmente nenhuma possibilidade de autonomia no processo que se levou ao dado informado. <http://pensarigor.blogspot.com.br/2005/10/conhecimento-e-informao.html>. Acesso em: jul. 2016.

Através da informação adquirimos conhecimentos que são pertinentes para nosso dia a dia, assim como as ferramentas que utilizamos para ter informação contribuem para as transformações sociais atuais. É a informação na sociedade da informação.

As transformações em direção à sociedade da informação, em estágio avançado nos países industrializados, constituem uma tendência dominante mesmo para economias menos industrializadas e definem um novo paradigma, o da tecnologia da informação, que expressa a essência da presente transformação tecnológica em suas relações com a economia e a sociedade. Esse novo paradigma tem, segundo Castells (2000), as seguintes características fundamentais:

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• A informação é sua matéria-prima: as tecnologias se desenvolvem para permitir ao homem atuar sobre a informação propriamente dita, ao contrário do passado, quando o objetivo dominante era utilizar informação para agir sobre as tecnologias, criando implementos novos ou adaptando-os a novos usos.

• Os efeitos das novas tecnologias têm alta penetrabilidade, porque a informação é parte integrante de toda atividade humana, individual ou coletiva e, portanto, todas essas atividades tendem a ser afetadas diretamente pela nova tecnologia.

• Predomínio da lógica de redes. Esta lógica, característica de todo tipo de relação complexa, pode ser, graças às novas tecnologias, materialmente implementada em qualquer tipo de processo.

• Flexibilidade: a tecnologia favorece processos reversíveis, permite modificação por reorganização de componentes e tem alta capacidade de reconfiguração.

• Crescente convergência de tecnologias, principalmente a microeletrônica, telecomunicações, optoeletrônica, computadores, mas também e crescentemente, a biologia. O ponto central aqui é que trajetórias de desenvolvimento tecnológico em diversas áreas do saber tornam-se interligadas e transformam as categorias segundo as quais pensamos todos os processos.

FONTE: <http://www.scielo.br/pdf/ci/v29n2/a09v29n2.pdf>. Acesso em: 29 jul. 2016.

O recurso que agora estamos utilizando para informar sobre a disciplina que estamos estudando passa por material impresso, o caderno de estudos. Enquanto durar o estudo dessa disciplina, temos à nossa disposição outros recursos: o ambiente virtual de aprendizagem, a internet, o DVD etc. Quando processamos todas essas informações, estamos potencializando o nosso processo de aprendizagem e por isso envolvemos esses recursos em nossas práticas de informação utilizando alguns tipos de conhecimento. Platão nos ajuda nesta reflexão, dividindo o conhecimento em categorias, começando pelo sensorial, visto que sua abrangência vai além do ser humano, passando pelos animais. Veja que ele parte do geral para o particularizado, para aqueles conhecimentos que, a princípio, são exclusivos do ser humano:

• Conhecimento intelectual• Conhecimento popular• Conhecimento científico• Conhecimento teológico

Cada um desses tipos de conhecimento tem suas características e podemos nós mesmos caracterizá-los a partir de nossa própria vivência. O próprio conceito e etimologia da palavra nos ajuda a entender o processo de conhecimento.

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UNIDADE 2 | ASPECTOS DA PSICOLOGIA SOCIAL, IDENTIDADE E AS INTERAÇÕES SOCIAIS

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Conhecimento no grego vem de gnosis, que pode ser traduzido como "saber" ou "ciência", mas tem uma variável gnômê que pode ser traduzido como "juízo", "opinião", "conselho", "parecer", "acordo" etc. Conhecer é apropriar-se do cognoscível, absorver parcialmente ou plenamente (sendo aqui idealista) um objeto ou o outro, o que está fora ou dentro dos limites de nossa observação. Conhecer no hebraico é "Yadá", que está ligado à "intimidade", esta palavra, às vezes, é usada com conotação sexual, dando a ideia de que conhecer é transpor o véu do desconhecido, é entrar no outro, é penetrar a realidade desconhecida. Porém, quando se diz "conhecimento" trata-se do produto do ato de conhecer. Conhecer é a relação, conhecimento é o seu produto, porém, está implícito no ato de conhecer que não há conhecimento passivo, este está diretamente ligado ao "ato de conhecer", e não é possível assim "receber conhecimento", o que é possível é conduzir ao conhecimento, mas está sempre ligada à própria intervenção do sujeito ao objeto. (grifos do original) <http://pensarigor.blogspot.com.br/2005/10/conhecimento-e-informao.html>. Acesso em: 29 jul. 2016.

Para podermos apresentar alguns tipos de conhecimentos, precisamos identificar quais aspectos queremos destacar com essa escolha. Apresentaremos os aspectos desenvolvidos por Carvalho e Ivanoff (2009), assim desenvolvidos:

Linguagem: a existência de uma linguagem comum é fundamental quando a integração de conhecimento é realizada por meio de regras e diretivas ou quando é realizada pela resolução de problemas e tomada de decisões em grupo. Estudantes que falam línguas diferentes deverão fazer mais esforços para coordenar seus conhecimentos.

Outras formas de comunicação simbólica: a familiaridade, o conhecimento e a destreza na utilização de programas computacionais específicos são outro exemplo de comunicação simbólica. Quando alunos e professores conhecem jogos físicos, jogos eletrônicos ou programas como o Second Life, outras possibilidades de linguagem estão disponíveis para a comunicação.

Aspectos comuns do conhecimento especializado: esse é um caso de paradoxo, parece uma contradição, mas tem solução. O benefício da integração de conhecimento está em articular os diferentes conhecimentos especializados de diferentes pessoas, se duas pessoas têm a mesma base de conhecimentos, não há vantagem com a integração. No entanto, se as pessoas têm bases de conhecimentos completamente separadas, a integração não vai ocorrer além de níveis básicos ou primitivos.

Construção de significados compartilhados: o conhecimento das pessoas pode ser comunicado pelo estabelecimento de compreensões compartilhadas entre elas. Grant faz um comentário interessante sobre esse aspecto, dizendo que ensinamentos que a princípio parecem sem sentido podem ter seu significado descoberto pela convivência entre alunos e professores, pelo compartilhamento de esquemas de cognição comuns ou pelo uso de metáforas, analogia e histórias como veículos para moldar, integrar e reconciliar diferentes compreensões e experiências individuais.

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TÓPICO 2 | O PAPEL DO PSICÓLOGO SOCIAL E OS RECURSOS DE COMUNICAÇÃO: INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO

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Reconhecimento de domínios individuais de conhecimento: a compreensão compartilhada facilita o agir coordenado. A integração efetiva de conhecimentos requer, entretanto, que cada pessoa esteja consciente do repertório de conhecimento de todas as outras. Interdependências recíprocas ou de grupos, como as que acontecem em um time de futebol, requerem coordenação por ajustes mútuos. Chegar a esse ponto sem comunicação explícita requer que cada jogador reconheça as habilidades de outros jogadores. Esse reconhecimento mútuo favorece o sucesso da coordenação em situações novas.

FONTE: CARVALHO, Fábio Câmara Araújo de; IVANOFF, Gregório Bittar. Tecnologias que educam: ensinar e aprender com as tecnologias de informação e comunicação. São Paulo: Pearson, 2009, p. 16.

As transformações da sociedade da informação têm profunda dimensão psicológica: elas implicam alterações nas funções cognitivas, nas emoções e na maneira como se comportam, se relacionam e se organizam. Além disso, essas mudanças estão relacionadas ao surgimento de novas necessidades e problemas com novas formas e meios de fornecer uma resposta, por isso sofrem interferências. Esta linha de pensamento oferece uma abordagem aberta e multidisciplinar para a complexidade destas mudanças psicológicas, articulando a sua dimensão biológica, psicológica e social e integrando os diferentes contextos em que ocorrem essas mudanças, seja no campo da saúde, nas organizações ou na própria ação que vai ocorrendo na sociedade como um todo.

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UNIDADE 2 | ASPECTOS DA PSICOLOGIA SOCIAL, IDENTIDADE E AS INTERAÇÕES SOCIAIS

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LEITURA COMPLEMENTAR

FALHAS NA COMUNICAÇÃO

Ricardo Miyasaki

Uma das maiores dificuldades do ser humano na atualidade é a comunicação, que vem sendo bombardeada com os mais diversos tipos de instrumentos, criados em um primeiro momento para facilitar e agilizar as trocas de informações, e desde então estamos cercados por diferentes formas de comunicação, porém, muitas delas podem se tornar inimigos da clara compreensão da “fala”.

Vários são os instrumentos, existem as redes sociais como Twitter, Facebook etc., enquanto também temos o celular e suas mensagens SMS, Messenger, SKYPE, entre muitos outros.

Todos eles foram criados para facilitar e ampliar a comunicação entre pessoas, é a chamada rede social; podemos, através deles, manter contato com quem está distante, tanto em questão de espaço como de tempo. Podemos conversar com amigos de infância, com pessoas que estão do outro lado do planeta e, muitas vezes, também utilizamos estes artifícios para conversar com o colega na mesa ao lado.

Porém, apesar destes instrumentos algumas vezes funcionarem, quando não usados adequadamente, como facilitadores das falhas na comunicação, estas acontecem por outros motivos.

Em muitos casos encontramos relacionamentos estremecidos, tarefas mal ou não executadas por questão de falhas na comunicação. Um comentário mal interpretado, por exemplo, pode acarretar desconforto e desavença entre pessoas, seja em uma relação pessoal ou profissional, e aí podemos dizer que os instrumentos modernos que serviriam para facilitar nossa comunicação podem influenciar ainda mais nesse mal-entendido, pois, quando nos comunicamos através deles, estamos excluindo as expressões faciais, o contato e a linguagem corporal que servem como conteúdo para interpretação daquilo que falamos verbalmente e, além disso, aprofundar ainda mais nossa dificuldade de comunicação, pois não vivenciamos o treino do convívio social.

As pessoas precisam aprender a conhecer minimamente o outro, isso mantém um bom relacionamento de comunicação, pois, desta forma se consegue levar em consideração a maneira como cada um percebe o mundo, porque todas as informações são processadas e interpretadas sob a influência de suas crenças e de outros componentes aprendidos durante a vida e também na convivência com as pessoas.

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TÓPICO 2 | O PAPEL DO PSICÓLOGO SOCIAL E OS RECURSOS DE COMUNICAÇÃO: INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO

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Muitas vezes, ao recebermos aquilo que outra pessoa nos passa, por causa de nossos preconceitos, acabamos interpretando de forma diferente daquilo que realmente é. Se alguém cometeu um erro uma vez, a probabilidade de ele ser julgado negativamente é grande (intolerância ao erro), assim como se alguém é sempre assertivo, a probabilidade de ser julgado para melhor também acontecerá antes mesmo de se concluir aquela situação. [...]

Alguns recursos podem ser utilizados para se evitar as fragilidades na comunicação, um deles é o uso da redundância, onde nenhuma nova informação é acrescentada, somente a repetição de frases ou conteúdos importantes para a percepção e compreensão de quem recebe a informação.

E também o feedback, que é um conjunto de sinais que permitem ao outro reconhecer o resultado da mensagem. Pode-se fazer perguntas e verificar as respostas para ver se a informação foi totalmente compreendida ou não.

FONTE: <https://psicoclinicas.wordpress.com/2011/08/26/falhas-de-comunicacao/>. Acesso em: 30 jul. 2016.

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RESUMO DO TÓPICO 2Neste tópico, vimos que:

• A psicologia social se utiliza de métodos científicos para compreender e explicar como sentimentos, comportamentos e pensamentos das pessoas são influenciados pela realidade, pela imaginação e pela presença implícita ou não de outras pessoas.

• A psicologia social, tradicionalmente, tem sido definida como o estudo das maneiras como as pessoas afetam e são afetadas pelos outros através da comunicação.

• A comunicação é um conceito complexo e multidisciplinar, nem mesmo as disciplinas que usam o termo entram em consenso sobre exatamente como deve ser definido. Justamente essa indefinição teórica traz essa desigualdade saudável em diferentes campos, como: biologia celular, ciência da computação, etologia, linguística, engenharia elétrica, sociologia, antropologia, genética, filosofia, semiótica e teoria literária.

• O psicólogo social lança seu olhar para o comportamento do grupo, vai prestar atenção na percepção social, seja ela verbal ou não verbal, vai atentar para os diferentes comportamentos, que podem se de conformidade, de agressão, de preconceito, de liderança e tantos outros.

• Uma sociedade não se forma sem a contribuição do conhecimento e da informação.

• A globalização não pode ser vista somente do ponto de vista econômico, e também como uma realidade atual, contemporânea, privilégio nosso.

• Através da informação adquirimos conhecimentos que são pertinentes para nosso dia a dia, assim como as ferramentas que utilizamos para ter informação contribuem para as transformações sociais atuais.

• Platão dividiu o conhecimento em categorias, começando pelo sensorial, visto que sua abrangência vai além do ser humano, passando pelos animais.

• Platão parte do geral para o particularizado, para aqueles conhecimentos que, a princípio, são exclusivos do ser humano: conhecimento intelectual, conhecimento popular, conhecimento científico, conhecimento teológico.

• As transformações da sociedade da informação têm uma profunda dimensão psicológica: elas implicam alterações nas funções cognitivas e nas emoções e na maneira como se comportam, se relacionam e se organizam.

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AUTOATIVIDADE

1 Como podemos caracterizar a psicologia social?

2 Platão dividiu o conhecimento em categorias, começando pelo sensorial, visto que sua abrangência vai além do ser humano, passando pelos animais. Apresente, segundo Platão, aqueles conhecimentos que, a princípio, são exclusivos do ser humano:

3 A informação tem seu valor e é importante termos claro o que vem a ser informação. Apresente o conceito a partir da etimologia da palavra informação.

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TÓPICO 3

A INFLUÊNCIA DAS INTERAÇÕES SOCIAIS NASOCIEDADE E RELIGIÃO

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃOVocê já parou para pensar como, muitas vezes, temos comportamentos, ideias

e até crenças que vêm e vão de forma quase automática em nossas vidas? Questão de hábito? Pois é. Dito de outra forma, muitas das coisas que fazemos, o que dizemos e aquilo em que acreditamos são produto do hábito. No dia a dia, sem perceber, vamos internalizando todos os tipos de comportamento de forma quase automática, que é semelhante a uma resposta reflexa a um estímulo físico. Por exemplo, você já fez aquele teste que consiste em bater em lugar específico no seu joelho que provoca uma reação instintiva de movimento da sua perna? É mais ou menos assim. De um modo semelhante, nós, seres humanos, reagimos automaticamente, e frequentemente também inconscientemente, a estímulos sociais. Não vamos entrar nos detalhes pavlovianos de estímulo-resposta. Você pode pesquisar mais sobre isso. Queremos avançar na importância da psicologia para o sucesso das interações sociais, já que somos seres sociais, não vivemos sozinhos.

Neste tópico vamos, primeiro, estudar como as influências sociais atuam nas interações sociais. No segundo momento, devido à importância da religião na sociedade, vamos estudá-la como meio de interação.

2 INFLUÊNCIAS SOCIAISVivemos um dia a dia cheio de tensões, com várias tentativas de influências

alheias a nós. Muitas pessoas passam sua vida fazendo com que os outros cumpram suas solicitações. Calcule você, acadêmico, quantas vezes em um dia você será apelado, persuasivamente, a realizar algo para alguém. Todos nós estamos sujeitos a um número incontável de tentativas de influência a todo o momento. E se nos estendêssemos para as influências que recebemos da TV, das mídias sociais? E se incluirmos o tempo que gastamos com as pessoas no trabalho? Não podemos esquecer nossa família, vizinhos, estranhos, e inúmeros outros que encontramos durante um dia, porque, de uma forma ou de outra, todos querem que você faça alguma coisa, qualquer coisa.

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UNIDADE 2 | ASPECTOS DA PSICOLOGIA SOCIAL, IDENTIDADE E AS INTERAÇÕES SOCIAIS

Não esqueça que estamos implicitamente falando de psicologia social, que estuda as crenças individuais, atitudes e comportamentos das pessoas nos lugares em que estejam presentes. O foco da psicologia social é o indivíduo dentro do grupo e o grupo com suas crenças, suas atitudes e seus comportamentos.

Temos hoje uma preocupação constante com o futuro das próximas gerações. E aí entram as ciências do comportamento humano para nos ajudar, pois oferecem uma base de conhecimento e prática para o desenvolvimento de políticas que promovem, entre outras coisas, a paz, a justiça social, a plena realização dos direitos humanos a todos os seres humanos e o olhar atento ao meio ambiente para um futuro ecologicamente sustentável, que não seja apenas um sonho. A psicologia tem um papel fundamental nesses anseios e ela mesma se torna ferramenta para possibilitar mudanças sociais positivas no intuito de ajudar os indivíduos, grupos e toda a sociedade a conviver e interagir de forma íntegra, no cumprimento das normas e regras já estabelecidas.

A convivência em sociedade presume a formalização e desempenho de vários papéis sociais. O que permite a convivência nos grupos é a existência de regras reconhecidas como justas e passíveis de cumprimento. Aos indivíduos cabe lutar pela sua manutenção ou transformação quando elas já não mais cumprirem uma função norteadora (RUBIO; SILVA, 2003, p. 75).

Vamos então elencar algumas opções em que a psicologia pode auxiliar nessa busca de um mundo melhor através de pequenos gestos, pequenas ações:

• Construir um terreno comum entre divisões que causam uma mentalidade de desconfiança em relação àqueles que vemos como diferentes.

• Priorizar ações mais amplas de longo prazo, como, por exemplo, a representatividade de pessoas do bairro, na vida pública.

• Reconhecer os erros e buscar sempre a união de forças, resistindo à nossa tendência para negar a responsabilidade e culpar os outros quando as coisas dão errado.

• Avaliar alternativas através de uma análise ponderada e empatia, rejeitando apelos de medo e raiva que muitas vezes tornam mais difícil o nosso julgamento.

• Evitar, quando houver, qualquer tipo de conflito de incompreensão e falta de comunicação que podem causar outros problemas.

• Evitar a transmissão de vingança de uma geração para a seguinte, curando as feridas causadas pela violência, por traumas.

Veja, acadêmico, que a psicologia não está sozinha nessa construção de perspectivas para um mundo melhor. A história, a sociologia e a ética são algumas das disciplinas que estão presentes nessa construção (TAVARES, 2016).

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TÓPICO 3 | A INFLUÊNCIA DAS INTERAÇÕES SOCIAIS NA SOCIEDADE E RELIGIÃO

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A psicologia social é, muitas vezes, pensada para ser uma combinação entre a sociologia e a psicologia, uma vez que utiliza métodos analíticos de ambas as áreas de pesquisa. Embora a psicologia social seja semelhante à sociologia, também é muito diferente. Por exemplo, os profissionais, em ambos os campos, têm um interesse particular em grupos de pessoas. Sociologia, no entanto, concentra-se no comportamento do grupo, enquanto que a psicologia social se concentra em como um grupo de pessoas influencia cada indivíduo no grupo.

Uma área da psicologia social que estuda a atividade do psiquismo decorrente do modo de vida do lugar/comunidade; estuda o sistema de relações e representações, identidade, níveis de consciência, identificação e pertinência dos indivíduos ao lugar/comunidade e aos grupos comunitários. Visa ao desenvolvimento da consciência dos moradores como sujeitos históricos e comunitários, através de um esforço interdisciplinar que perpassa o desenvolvimento dos grupos e da comunidade. [...] Seu problema central é a transformação do indivíduo em sujeito (GÓIS, 1993, p. 27).

DICAS

Um filme que mostra a perseverança, a determinação de um grupo de jovens que vivem as dificuldades do trabalho no meio rural, situação muito parecida com a de muitos jovens no interior do Brasil, que saem do meio rural em busca de uma realidade mais promissora. Esses jovens começam a ser acompanhados e estimulados pelo novo treinador de cross country. É a valorização da comunidade através do esporte evidenciando o ‘poder dos relacionamentos familiares, o comprometimento inabalável e a incrível ética de trabalho’, valores tão desacreditados atualmente. Assista ao filme Mc FARLAND - USA

FONTE: <https://o2porminuto.ativo.com/corrida-de-rua/dicas/dica-de-filme-mcfarland-usa/>. Acesso em: 27 jul. 2016.

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UNIDADE 2 | ASPECTOS DA PSICOLOGIA SOCIAL, IDENTIDADE E AS INTERAÇÕES SOCIAIS

A inserção social vai acontecer quando termos normas sociais equilibradas com os desejos, anseios e projetos da sociedade. É preciso levar em conta algumas considerações sobre as normas sociais para podermos entender melhor onde estamos pisando.

As normas sociais são regras sobre como se comportar que não estão escritas em algum lugar de honra. Elas nos dão uma ideia esperada de como devemos nos comportar em um determinado grupo social ou cultura. Parece bem simples, mas não é. Lembremos dos casos de intolerância, bullying, seja na escola, em casa, na rua, no grupo social.

DICAS

Um bom filme para entender as dificuldades nos relacionamentos, seja em casa, no meio social, por causa de depressão, bullying. E isso independe de idade. O filme “Desajustados” vai falar sobre isso, contando a história de Fúsi, que vive uma rotina de monotonia, mas, por pior que tudo pareça, a vida pode mudar.

FONTE: <http://www.brasilonline.tv/assistir-desajustados-legendado-2015-online/>. Acesso em: 26 maio 2016.

Mesmo assim, as normas sociais são os padrões aceitos de comportamento dos grupos sociais. Estes grupos variam de classe de amizade, de trabalho, de competição e vão perpassando a cidade, o estado, o país e também a relação estabelecida entre nações. Quer um exemplo no âmbito social para verificar como há normas não escritas, mas que acontecem espontaneamente? Por que a pessoa mais gordinha vai para o gol? Por que o ‘dono’ da bola vai jogar no ataque? Por que o ‘personal’ que não estiver bem vestido ou fora do peso é visto com desconfiança? São as normas sociais agindo e definindo o comportamento apropriado para cada grupo social. Não nascemos sabendo de todas as normas contidas na sociedade. Vamos descobrindo “com o andar da carroça”.

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TÓPICO 3 | A INFLUÊNCIA DAS INTERAÇÕES SOCIAIS NA SOCIEDADE E RELIGIÃO

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Do ponto de vista do interacionismo, esse processo de descoberta é muito complexo e sutil. Se não conhecemos os aspectos relevantes da cultura que se aplicam a determinada situação, tornamo-nos intensamente “desafinados” às ações e gestos dos outros. Nós lemos esses gestos, buscando nos conectar aos mecanismos intelectuais que os produzem num esforço de aprender como nos comportar. Geralmente já possuímos valores, crenças e normas importantes, mas nosso conhecimento é deficiente no que concerne à proeminência de cada uma delas, e podemos até ser ignorantes em relação a normas e crenças relevantes. Nossos erros nos entregam, e experimentamos as sanções e desaprovações dos outros; consequentemente, nos tornamos desafinados com os gestos dos outros, ou então, sabendo de antemão da nossa ignorância, podemos agir experimentalmente prestando atenção a movimentos, palavras e gestos de outros, evitando os erros. Uma vez que damos um sentido aos símbolos culturais relevantes, os processos de interação sustentam esses símbolos ao mesmo tempo que os reafirmam, reforçando-os. Cada um de nós se comporta de modo adequado; tais comportamentos reforçam os valores, crenças e normas; e, quando estes são reforçados, eles ganham poder para limitar o comportamento. Atos de desvio realmente ocorrem e quebram esse “ciclo de reforço”, ou de afirmação, mas geralmente tentamos trazer o desviante de volta ao ciclo, sustentando-o. Dessa forma é que a cultura é sustentada pelas microações interpessoais dos indivíduos.

FONTE: <http://evunix.uevora.pt/~eje/introducao%20_a_sociologia.htm>. Acesso em: 19 jun. 2016.

As normas fornecem uma ordem na sociedade e sabemos como são

necessárias. É difícil ver como a sociedade humana poderia funcionar sem normas sociais. Os seres humanos precisam de normas para orientar e dirigir o seu comportamento, para fornecer ordem e previsibilidade nas relações sociais e de dar sentido e entendimento das ações de cada um. Estas são algumas das razões pelas quais a maioria das pessoas, na maioria das vezes, vive em conformidade com as normas sociais.

A convivência em sociedade presume a formalização e desempenho de vários papéis sociais. O que permite a convivência nos grupos é a existência de regras reconhecidas como justas e passíveis de cumprimento. Aos indivíduos cabe lutar pela sua manutenção ou transformação quando elas já não mais cumprem uma função norteadora (RUBIO, 2002, p. 75).

Entendida a função e importância das normas no âmbito da sociedade, da boa convivência, vamos avançar.

Muitos estudos já foram feitos a partir de experiências que identificam o envolvimento dos indivíduos em alguma atividade, e até lazer, que estabelece relações e aí acontece a inclusão social. Também é fácil identificar que o envolvimento com outras pessoas causa um impacto na conexão social experimentada por indivíduos e seu bem-estar subsequente. E não para por aí. É só observar. Estar envolvido leva a pessoa a se sentir socialmente mais conectada.

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UNIDADE 2 | ASPECTOS DA PSICOLOGIA SOCIAL, IDENTIDADE E AS INTERAÇÕES SOCIAIS

As redes sociais desenvolvidas através do envolvimento de organizações desportivas são de um valor formidável para o apoio social daqueles envolvidos em organizações comunitárias, mais conhecidas como ONGs. Muitas dessas ONGs são de denominação religiosa e promovem, ao seu modo, interações sociais. É o que iremos estudar no próximo subtópico.

3 RELIGIÃO COMO COMUNICAÇÃOAcadêmico, você já se questionou sobre como a mercantilização e a internet

estão transformando a vida religiosa de muitos jovens? Para o bem ou para o mal, não cabe a nós aqui avaliarmos. Para os jovens muçulmanos, o uso da internet é um meio importante para a construção de um consenso em relação, por exemplo, se namoro antes do casamento é compatível com a vida de um "bom muçulmano". Considerando que a comunicação na vigência do sistema religioso no período da revelação de Maomé era hierárquica, autoritária, o sistema de atos comunicativos em um novo ambiente de mídia é fragmentado ao invés de unitário, disperso, em vez de centralizado. Essa dinâmica entre a comunicação e a religião já é algo bem estruturado, visto a utilização dos meios de comunicação por diferentes denominações religiosas.

Na contemporaneidade, a comunicação religiosa assumiu novos contornos com a utilização dos meios de comunicação massiva. Hoje, as igrejas encontram-se irremediavelmente submersas numa parafernália de símbolos e apelos midiáticos, e mergulhadas na aberta permissão para a existência de uma, por vezes, “incômoda” pluralidade religiosa. Assim, a comunicação nos mass media passa a ser adotada nas diversas denominações religiosas com muita facilidade, e normalmente é vista como um instrumento eficaz no competitivo mercado religioso. Por isso, deparamo-nos com inúmeras igrejas em constante busca por amplos terrenos midiáticos. Trata-se, inclusive, de uma estratégia para garantir suas existências sociais, através da visibilidade projetada, principalmente, pela televisão. Em paralelo, encontramos os meios de comunicação de massa abrindo, cada vez mais, suas portas para uma programação de cunho religioso, o que na visão de Klein (2006, p.199) lhes rende dupla vantagem: “auferir lucros com a venda de espaço e de se justificar os pecados da transmissão de conteúdos moralmente condenados pelas diversas denominações religiosas”.

FONTE: <http://www.koinonia.org.br/tpdigital/detalhes.asp?cod_artigo=302&cod_boletim=16&tipo=Artigo>. Acesso em: 16 jul. 2016.

O crescimento desses centros diferentes de interpretação em um sistema de comunicação global produziu uma considerável instabilidade no sistema formal de crenças e de práticas religiosas. Porque os novos mass media oferecem múltiplos canais de acesso e estimulam diferentes interações em blogs, por exemplo, e de certa forma, eles trazem uma democratização do conhecimento e estilos de vida religiosos. Embora ainda haja um fosso digital, mais e mais pessoas têm acesso a estes locais religiosos virtuais de comunicação.

Não é de hoje que a religião tem como características o seu individualismo em associação com o declínio da autoridade das instituições tradicionais e uma consciência crescente de que os símbolos religiosos são construções sociais, por

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TÓPICO 3 | A INFLUÊNCIA DAS INTERAÇÕES SOCIAIS NA SOCIEDADE E RELIGIÃO

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vezes sem sentido religioso. Essa nova caracterização não é privilégio de uma religião, mas de praticamente todas as grandes religiões.

Quando olhamos para um mercado religioso global diferenciado, os vários segmentos do mercado religioso competem uns com os outros. Um olhar sobre o Brasil e conseguimos identificar essa competição entre evangélicos com evangélicos e evangélicos com católicos, só para citar alguns exemplos.

As novas religiões são genuinamente consumistas, quando vendem, além do ensino religioso, roupas, livros, mas ao mesmo tempo movimentos fundamentalistas parecem desafiar valores de consumo (ocidentais), eles próprios tipicamente vendedores de um estilo de vida baseado em dietas especiais, educação alternativa, regimes de saúde, códigos de vestimenta, destinos de peregrinação, e serviços de casamento. Podemos imaginar como fica a cabeça do consumidor, digo, do fiel, com todas essas opções?

A religião como um agente de mudança social está muito comprometida pela perda de qualquer comunicação verdadeira entre o sagrado e o mundo. A religião se tornou especializada na prestação de serviços pessoais e, portanto, se confunde com vários outros setores seculares que também oferecem bem-estar, cura, conforto e significado para a vida. Nesta competição, os grupos religiosos têm, de modo geral, assumido os métodos e valores de uma gama de instituições que definitivamente não estão preocupadas em comunicar valores, promover interações verdadeiras, difundir o senso ético, enfim, coisas que seriam do alto, mas que são bem terrenas.

FIGURA 41 - NÃO MISTURAR RELIGIÃO COM COMUNICAÇÃO

FONTE: <http://www.palavras.blog.br/2009/04/crise-mundial-no-psicologo.html>. Acesso em: 29 jul. 2016.

Caso a religião (ou as práticas religiosas) continue nessa dinâmica, passará a ser vista como uma realidade socialmente construída, em que o sagrado oferece apenas segurança e legitimidade, desde que os seus membros não percebam que a religião é socialmente construída, terrena.

Aos olhos da sociedade, em geral, acredita-se que a religião é socialmente construída. Nesta visão sociológica da religião, as práticas religiosas e rituais são vistos como atividades simbólicas que ajudam a definir a identidade de indivíduos e grupos. Dessa forma, as crenças religiosas, que deveriam provocar a interação entre as pessoas e das pessoas com o ente sagrado, são vistas como sujeitas a interpretações levianas.

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UNIDADE 2 | ASPECTOS DA PSICOLOGIA SOCIAL, IDENTIDADE E AS INTERAÇÕES SOCIAIS

LEITURA COMPLEMENTAR

PSICOLOGIA E CULTURA

Zygmunt Bauman

Estamos isolados em rede?

Em tempos líquidos, a crise de confiança traz consequências para os vínculos que são construídos. Estamos em rede, mas isolados dentro de uma estrutura que nos protege e, ao mesmo tempo, nos expõe. É isso mesmo? O sociólogo polonês Zygmunt Bauman, em seu livro Medo líquido, diz que estamos fragilizando nossas relações e, diante disso, nos contatamos inúmeras vezes, seja qual for a ferramenta digital que usamos, acreditando que a quantidade vai superar a qualidade que gostaríamos de ter.

Bauman diz que, nesses tempos líquidos-modernos, os homens precisam e desejam que seus vínculos sejam mais sólidos e reais. Por que isso acontece? Seriam as novas redes de relacionamento que são formadas em espaços digitais que trazem a noção de aproximação? Talvez sim, afinal a conexão com a rede, muitas vezes, se dá em momentos de isolamento real. O sociólogo, então, aponta que, quanto mais ampla a nossa rede, mais comprimida ela está no painel do celular. “Preferimos investir nossas esperanças em ‘redes’ em vez de parcerias, esperando que em uma rede sempre haja celulares disponíveis para enviar e receber mensagens de lealdade”, aponta ele.

E já que as novas sociabilidades, aumentadas pelas pequenas telas dos dispositivos móveis, nos impedem de formar fisicamente as redes de parcerias, Bauman diz que apelamos, então, para a quantidade de novas mensagens, novas participações, para as manifestações efusivas nessas redes sociais digitais. Tornamo-nos, portanto, seres que se sentem seguros somente se conectados a essas redes. Fora delas os relacionamentos são frágeis, superficiais, “um cemitério de esperanças destruídas e expectativas frustradas”.

A liquidez do mundo moderno esvai-se pela vida, parece que participa de tudo, mas os habitantes dessa atual modernidade, na verdade, fogem dos problemas em vez de enfrentá-los. Quando as manifestações vão para as ruas, elas chamam a atenção porque se estranha a formação de redes de parceria reais. Para vínculos humanos, a crise de confiança é má notícia. De clareiras isoladas e bem protegidas, lugares onde se esperava retirar (enfim!) a armadura pesada e a máscara rígida que precisam ser usadas na imensidão do mundo lá fora, duro e competitivo, as ‘redes’ de vínculos humanos se transformam em territórios de fronteira em que é preciso travar, dia após dia, intermináveis conflitos de reconhecimento.

FONTE: <https://psicomarcosmarinho.wordpress.com/psicologia-e-cultura/>. Acesso em: 17 jul. 2016.

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RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, vimos que:

• A psicologia social é, muitas vezes, pensada para ser uma combinação entre a sociologia e a psicologia, uma vez que utiliza métodos analíticos de ambas as áreas de pesquisa.

• As normas sociais são regras sobre como se comportar que não estão escritas em algum lugar de honra.

• A normas sociais nos dão uma ideia de como devemos nos comportar em um determinado grupo social ou cultura.

• Os seres humanos precisam de normas para orientar e dirigir o seu comportamento, para fornecer ordem e previsibilidade nas relações sociais e dar sentido e entendimento das ações de cada um.

• O envolvimento com outras pessoas causa um impacto na conexão social experimentada por indivíduos e seu bem-estar subsequente.

• A religião, como um agente de mudança social, está muito comprometida pela perda de qualquer comunicação verdadeira entre o sagrado e o mundo. A religião se tornou especializada na prestação de serviços pessoais e, portanto, se confunde com vários outros setores seculares que também oferecem bem-estar, a cura, conforto e significado para a vida.

• Nesta visão sociológica da religião, as práticas religiosas e rituais são vistas como atividades simbólicas que ajudam a definir a identidade de indivíduos e grupos.

• Parte importante da psicologia cultural é compreender as diferenças sociais de diferentes culturas.

• Com o nascimento da psicologia cultural veio o desenvolvimento de terapias que levam em conta as características culturais.

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1 Apresente algumas opções em que a psicologia pode auxiliar nessa busca de um mundo melhor através de pequenos gestos, pequenas ações.

2 Como caracterizar as novas religiões no que tange ao mercado de consumo religioso?

AUTOATIVIDADE

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UNIDADE 3

A RELAÇÃO ENTRE O INDIVIDUAL, O COLETIVO E A COMUNICAÇÃO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

Esta unidade tem por objetivos:

• estudar a interação entre indivíduo e sociedade como duas instâncias distintas que interagem entre si: atitudes, preconceitos, comunicação, relações grupais, liderança;

• entender a interdependência entre o indivíduo e a sociedade;

• compreender a importância do trabalho do psicólogo social, que vai a campo para lidar com os fatores comportamentais das pessoas;

• destacar como a psicologia social tem a ver com a forma de manifestação dos sentimentos, pensamentos, crenças, intenções

Esta primeira unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles você encontrará atividades que contribuirão para sua reflexão e análise dos conteúdos explorados.

TÓPICO 1 – OS CAMPOS PARA A COMUNICAÇÃO E A PSICOLOGIA

TÓPICO 2 – A COMUNICAÇÃO, O CONHECIMENTO E A INFORMAÇÃO

TÓPICO 3 – A PSICOLOGIA COMO FUNDAMENTO DA RESPONSABILIDADE NA COMUNICAÇÃO

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TÓPICO 1

OS CAMPOS PARA A COMUNICAÇÃO E A PSICOLOGIA

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃONa Bíblia, o livro do Eclesiastes, 4:9-12, já confirmava que o homem não foi

feito para viver só e sim será mais feliz quando viver junto com outro. E quando um cair, terá o outro para apoiá-lo. Aí vem a psicologia, aproximadamente 2000 anos depois, nos apresentando Freud, Jung, que nos apontam essa mesma realidade. Vimos, anteriormente, que a interdisciplinaridade se faz presente nesse nosso estudo, e constatamos que enquanto a psicologia abraça o indivíduo, a sociologia esmiúça a sociedade. Queremos, sim, estudar a interação entre indivíduo e sociedade como duas instâncias distintas que interagem entre si: atitudes, preconceitos, comunicação, relações grupais, liderança, e muito mais e de como tudo isso, indivíduo e sociedade, vai se ajustando (STREY, 1998).

A comunicação tem papel fundamental nos relacionamentos humanos e hoje somos confrontados com uma cultura que, por vezes, nos priva da educação mais fundamental de que precisamos para ter sucesso em nossos relacionamentos. Aprender as sutilezas e nuances de comunicação significativa e eficaz é fundamental para relacionamentos sadios.

Você deve estar se perguntando: por que estudar comunicação e psicologia em uma mesma disciplina? Saiba que a comunicação como disciplina, chamada e unificada, tem uma história de contestação que remonta aos tempos dos diálogos socráticos. Buscando definir “comunicação” como uma palavra estática, ou disciplina unificada, pode não ser tão importante como a compreensão da comunicação com uma pluralidade de definições.

Algumas definições são amplas, reconhecendo, por exemplo, que os animais podem se comunicar, outras definições incluem apenas os seres humanos dentro dos parâmetros de interação simbólica humana.

Via de regra, a comunicação pode ser geralmente descrita em três dimensões principais: conteúdo, forma e destino.

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UNIDADE 3 | A RELAÇÃO ENTRE O INDIVIDUAL, O COLETIVO E A COMUNICAÇÃO

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Vamos aos exemplos:

• Conteúdo de comunicação inclui atos que declaram conhecimentos e experiências, como dar conselhos e comandos e fazer perguntas. Esses atos podem assumir muitas formas, incluindo comunicação não verbal, linguagem gestual e linguagem corporal, escrever ou verbalizar pela fala.

• A forma depende dos sistemas de símbolos utilizados.• O destinatário pode ser a própria pessoa, outra pessoa (na comunicação

interpessoal), ou de outra entidade (como uma empresa ou grupo).

A Psicologia da comunicação, seja ela aplicada na forma gerencial, organizacional, de grupo, verbal, não verbal, é uma realidade que deve ser levada em conta em todas as áreas da vida, especialmente porque relações interpessoais são relações de influência e as pessoas influenciam umas às outras e sofrem influências, seja pela personalidade, comportamentos, atitudes, habilidades e experiências vivenciadas ao longo da vida.

Em uma comunicação eficaz, aliás, é preciso primeiro estabelecer um significado compartilhado em torno das palavras, construções e ideias que estamos discutindo e, depois, ainda estabelecer um significado para alcançar um fluxo coerente de diálogo. Tal conjunto de habilidades permite que os relacionamentos prosperem. Isso não vale só entre as pessoas, serve também para empresas, organizações, países. Por isso, é importante entender os diferentes níveis de comunicação, descritos a seguir:

• Nível Macrossocial: Podemos abordar a cultura como um fenômeno de comunicação. Em uma sociedade determinada, os produtos culturais são difundidos ou transmitidos por canais culturais com sistemas de códigos definidos, tanto dentro de uma estrutura social específica, como entre sociedades, no presente ou em uma geração futura.

• Nível Microssocial: Aqui incluem-se os pequenos grupos, instituições e organizações e intrapessoal.

• Organizações: Possuem uma estrutura e realizam funções as quais são possíveis graças aos nexos e redes de comunicação que se estabelecem entre os diferentes elementos. A estrutura hierárquica implica o fluxo de informação em determinado sentido, em tempo limitado e conteúdos específicos.

• Pequenos grupos: Em grupos há mecanismos de comunicação que estabelecem nexos diferenciais entre seus membros. De acordo com a comunicação, esta pode determinar as posições de liderança ou poder do grupo.

• Intrapessoal: É o modelo de menor interesse para a psicologia social. Consiste em que o sujeito se comunique consigo mesmo mediante símbolos verbais, implícitos ou representações imaginárias.

FONTE: <http://www.resumosetrabalhos.com.br/comunicacao-psicologia-social.html>. Acesso em: 30 jul. 2016.

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TÓPICO 1 | OS CAMPOS PARA A COMUNICAÇÃO E A PSICOLOGIA

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Veja, acadêmico, que esses níveis comunicacionais vão aparecer em diferentes momentos no decorrer desse nosso estudo, auxiliando no melhor entendimento da comunicação, na interação entre o indivíduo e a sociedade.

Para acontecer a comunicação além dos elementos principais do processo de comunicação, dos níveis que acabamos de ver, há outros componentes, por vezes, imperceptíveis, mas com forte efeito sobre o processo de comunicação.

Na verdade, existem modelos simples de comunicação, mas cada processo de comunicação é muito complexo. Assim, um dos componentes mais importantes do processo de comunicação é a personalidade humana, que tem um grande impacto sobre qualquer processo de comunicação, independentemente do contexto em que ocorrer.

Não podemos esquecer que a comunicação é principalmente uma interação entre indivíduos e cada personalidade determina o comportamento de comunicação. Talvez por isso a investigação é necessária sobre as regras relacionais que o processo de comunicação cria.

O que acontece na prática é uma comunicação relacional que se desenvolve a partir de uma série de normas, regras e padrões de comportamento e que podem ser positivos ou negativos, dependendo dos efeitos dessas interações em rede.

Os especialistas concordam que, em tais redes, a saúde mental dos membros é melhor do que os indivíduos que raramente estabelecem relações com outras pessoas. A solidão na atualidade é considerada a condição mais comum e estressante de vida humana. Portanto, as pessoas, em função da sua personalidade, têm a capacidade de criar relações interpessoais e de manter e desenvolver essas relações. Por isso, veremos mais adiante essa interação entre psicologia, saúde, cultura e trabalho.

2 A SOCIEDADE E O INDIVÍDUO BUSCANDO INTERAÇÃOA natureza humana do indivíduo depende de sua participação em uma

sociedade. Tudo o que sabemos sobre o ser humano tende a mostrar que nenhum ser humano pode, normalmente, desenvolver-se isoladamente.

Todos os pensamentos ou sentimentos são experimentados pelos indivíduos. Sentimentos ou pensamentos são comuns entre os indivíduos, não na sociedade. Não há vontade comum da sociedade. Quando dizemos que um grupo tem um pensamento comum, significa que há tendências para o pensamento, sentimento e ação, amplamente dominante no grupo. Essas tendências são o produto da interação que se passa entre os indivíduos e suas relações atuais, mas eles não formam um único pensamento, uma única vontade ou propósito. A sociedade não pode ter pensamento ou vontade própria.

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UNIDADE 3 | A RELAÇÃO ENTRE O INDIVIDUAL, O COLETIVO E A COMUNICAÇÃO

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É apenas à luz dos nossos interesses, nossas aspirações, nossas esperanças e medos que podemos atribuir qualquer função e qualquer meta para a sociedade. Por outro lado, os indivíduos têm interesses, aspirações e objetivos só porque eles são uma parte da sociedade. Enfim, a relação que se estabelece entre o indivíduo e a sociedade não é unilateral.

Pode-se concluir que o indivíduo e a sociedade são interdependentes. Nem os indivíduos pertencem à sociedade como células, nem a sociedade é um mero artifício para satisfazer certas necessidades humanas. O indivíduo e a sociedade interagem uns com os outros e dependem um do outro. Ambos são complementares e complementam um ao outro.

As teorias que estudam o indivíduo e a sociedade estão corretas quando apontam a dependência do homem em viver em sociedade. Porém, pecam quando negam a irrelevância da individualidade em detrimento do social. É errado dizer que a sociedade é mais real do que os seus membros, que a nossa consciência é apenas uma expressão da consciência social. A realidade é que existe uma inter-relação fundamental entre o indivíduo e a ordem social.

Tradicionalmente, duas teorias – o contrato social e a teoria orgânica – apresentam uma explicação para a relação entre o indivíduo e a sociedade. De acordo com a teoria do contrato social, a sociedade é o resultado de um acordo celebrado por homens que originalmente viviam em um estado pré-social. E porque a sociedade é feita pelo homem é que ele é mais real do que sua criação. A sociedade é apenas uma agregação de indivíduos.

Cada indivíduo é, assim, o produto de relacionamento social. Ele nasce para uma sociedade que sutilmente molda suas atitudes, suas crenças e seus ideais. Ao mesmo tempo, a sociedade também cresce e muda de acordo com a mudança de atitudes e ideais dos seus membros. A vida social não pode ter nenhum significado, exceto como a expressão da vida dos indivíduos.

Quando olhamos para a história de alguns países da América, como, por exemplo, Estados Unidos e Brasil, vemos, em escalas diferentes, histórias de luta, conflitos entre o indivíduo e a sociedade como um todo. Exemplos? Abraham Lincoln e Getúlio Vargas.

Você já percebeu que ‘gastamos’ grande parte de nossas vidas nos comunicando com os outros? Compartilhar seus pensamentos e compreender os sentimentos de outra pessoa são habilidades essenciais para o funcionamento de qualquer sociedade no mundo. Não é nenhuma surpresa que a dificuldade com a comunicação está no centro de muitas outras coisas que prejudicam o convívio social. E é justamente por isso que sempre buscamos melhorar nossa comunicação. E é nessa busca que percebemos como é importante compreender o porquê das ações e atitudes das pessoas.

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TÓPICO 1 | OS CAMPOS PARA A COMUNICAÇÃO E A PSICOLOGIA

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Para isso, precisamos analisar a situação e o momento em que elas estão inseridas. A empatia também é necessária para a busca de soluções para comunicação.

Podemos dizer que existem três princípios universais do comportamento humano e as atitudes a eles relacionadas que podem nos ajudar a compreender as atitudes e a forma de pensar das pessoas.

• MENTAL: Raciocínio; Objetividade; Antevisão; Visão Global; Estrutura e valores.

• EMOCIONAL: Sentimento; Subjetividade; Relacionamento; Comunicação; Organização e Imaginação Criativa.

• FÍSICO: Realização; Execução; Concretização; Experiência Sensorial; Praticidade e Experiência Sistêmica.

FONTE: <https://psicoclinicas.wordpress.com/2011/08/26/falhas-de-comunicacao/>. Acesso em: 30 jul. 2016.

DICAS

Para melhor ilustrarmos o que acabamos de estudar, para entendermos essa importância da comunicação, segue o exemplo de um filme: Coach Carter, que ilustra como comunicar-se com os outros é difícil, mas que a persistência pode trazer resultados além do esperado. Este filme utiliza o basquete para desenvolver o trabalho do treinador em uma escola que apresenta baixo rendimento educacional, onde a repetência, evasão e o desempenho refletiam o fracasso de um sistema que não se preocupava com o ser humano por detrás do estudante.

Os dirigentes da escola, habituados com os péssimos resultados, ano após ano, não enxergavam possibilidade de êxito e se acomodaram em repetir formas ultrapassadas de ensino e não acreditavam no bom desempenho dos alunos.

É nesse contexto que chega o treinador Carter, técnico de basquete que já estudou na mesma escola e fica preocupado com o desempenho escolar dos alunos que jogam no time de basquete. Em meio ao desânimo e descrença dos professores, pais e alunos, o técnico desafiou sua equipe a buscar algo que ia além das quadras, que pedia a união do grupo e busca de transformação de suas vidas e também de suas famílias. Assista. Vale a pena ver as interações que vão se desenrolando durante o filme, transformando vidas.

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UNIDADE 3 | A RELAÇÃO ENTRE O INDIVIDUAL, O COLETIVO E A COMUNICAÇÃO

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FONTE: <http://livraria.folha.com.br/filmes/drama/coach-carter-treino-vida-dvd-1151232.html>. Acesso em: 30 jul. 2016.

A sociedade não existe independentemente das pessoas. Existe uma interdependência, uma combinação de atos, de ações que acontecem dentro da sociedade, num esforço cooperativo que deve levar a uma sociedade plena que só tem sua razão de existir enquanto estiver a serviço das pessoas.

Não há, basicamente, uma contradição entre indivíduo e sociedade. O indivíduo é um ser histórico-cultural que é constituído pelas interpelações sociais. Mesmo quando está sozinho, como Robinson Crusoé, é um ser humano que tem o habitus de sua sociedade. Isto é, tem o jeito de andar, hábitos de higiene, de expressar emoções, de usar instrumentos que adquiriu das relações pessoais com indivíduos da sociedade que o constituiu. Na sociedade ocidental atual, extremamente individualista e conflituosa, os indivíduos podem se representar como seres isolados em oposição à sociedade. Isto, entretanto, é uma criação da própria sociedade neste momento histórico. Não há por que ter um alto grau de competição e tensão grupal, tornando difícil um equilíbrio entre as inclinações pessoais e as tarefas sociais. O verdadeiro eu não está enclausurado e isolado dessa sociedade. É somente uma ilusão. O indivíduo não é estranho à sociedade. A vida social supõe entrelaçamento entre necessidades e desejos em uma alternância entre dar e receber. A razão e a mente não são substâncias, mas produtos de relações em constantes transformações. Os instintos e as emoções sofrem transformações no decorrer da vida social (MACHADO, 2001, p. 54-55)

Este raciocínio lança uma luz inteiramente diferente sobre a relação entre os indivíduos e a sociedade, este raciocínio não é novo. Os indivíduos têm a percepção de que eles possam satisfazer a sua necessidade de relações, de interações através do intercâmbio e da associação com outros. A grande recompensa e satisfação de tal cooperação faz com que a interação social se torne a mais eficaz e eficiente ferramenta do indivíduo para atingir seus objetivos.

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TÓPICO 1 | OS CAMPOS PARA A COMUNICAÇÃO E A PSICOLOGIA

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Quanto mais uma sociedade for complexa e organizada, mais a sociedade proporciona oportunidade para iniciativa e empreendimento, quanto maior o grau de individualidade entre os membros. Não há antagonismo inerente entre individualidade e sociedade, cada um é essencialmente dependente do outro. Seria, no entanto, enganoso dizer que existe completa harmonia entre a individualidade e a sociedade.

A sociedade é um sistema de relações entre os indivíduos. O sistema molda nossas atitudes, crenças e nossos ideais. Isto não quer dizer que os indivíduos pertencem à sociedade como as folhas pertencem às árvores ou as células ao corpo. As relações entre o indivíduo e a sociedade são mais complexas.

A sociedade é uma relação entre indivíduos, seus membros. É a soma de indivíduos que estão em estado de interação. Esta interação cria algo que é mais do que a soma dos indivíduos. E é essa interação que diferencia a sociedade a partir da mera agregação de indivíduos.

Existe, portanto, uma interdependência fundamental e dinâmica do indivíduo e da sociedade. E nessa perspectiva vamos entender melhor como se dá, ou não, essa interação do indivíduo na sociedade utilizando algumas perspectivas ou campos para compreender melhor essa interação.

3 PSICOLOGIA, CULTURA, SAÚDE E TRABALHOA relação entre o indivíduo e a sociedade tem a incumbência de aproximá-

los e não os distanciar. Essencialmente, a "sociedade" estabelece as normas, costumes e regras básicas de comportamento humano. Estas práticas são tremendamente importantes para saber como os seres humanos agem e interagem uns com os outros. A sociedade não existe de forma independente, sem o indivíduo. Por outro lado, a sociedade existe para servir as pessoas e não o contrário. A vida humana e a sociedade praticamente andam juntas. O homem é biologicamente e psicologicamente preparado para viver em grupos, na sociedade. Dessa forma, a sociedade tornou-se uma condição essencial para a vida humana, para o seu surgimento e para sua continuidade e evolução. A relação entre o indivíduo e a sociedade é, em última análise, um dos mais profundos de todos os problemas da filosofia social. É mais filosófico que sociológico, pois envolve a questão dos valores que vimos na Unidade 2. O homem depende da sociedade. É na sociedade que um indivíduo é cercado (e, por que não?) pela cultura, como uma força social.

É na sociedade mais uma vez que ele tem que estar em conformidade com as normas, já que vive integrado como membro de um grande grupo. Essa questão da relação entre o indivíduo e a sociedade é o ponto de partida de muitas discussões. Ela está intimamente ligada com a questão da relação do homem e da sociedade. A relação entre os dois depende do fato de que o indivíduo e a sociedade são dependentes mutuamente e um cresce com a ajuda do outro.

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UNIDADE 3 | A RELAÇÃO ENTRE O INDIVIDUAL, O COLETIVO E A COMUNICAÇÃO

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O psicólogo que vai a campo, aí se caracterizando como psicólogo social, vai lidar com os fatores que o levam a se comportar de uma determinada maneira, na presença de outros, e olhar para as condições em que certos comportamentos/ações e sentimentos ocorrem. Já a psicologia social tem a ver com a forma como estes sentimentos, pensamentos, crenças, intenções e objetivos são construídos e como tais fatores psicológicos, por sua vez, influenciam nossas interações com os outros.

O modo como a psicologia tenta dar conta das relações sociais apresenta dupla característica. Uma consiste em focalizar as dimensões ideais e simbólicas e os processos psicológicos e cognitivos que se articulam aos fundamentos materiais dessas relações. A outra aborda essas dimensões e esses processos considerando o espaço de interação entre pessoas ou grupos, no seio do qual elas se constroem e funcionam (JODELET, 2004, p. 54).

Já vimos que a psicologia não está sozinha no trato com o ser humano.

Uma variante muito interessante e de muita valia é a psicologia cultural, a qual permite que os profissionais de saúde mental possam aumentar a eficácia do tratamento das pessoas de diferentes origens.

Por ter uma grande sensibilidade às diferentes origens culturais, o tratamento pode se tornar mais bem-sucedido. Além disso, através do estudo de culturas diferentes, uma maior compreensão dessas realidades pode facilitar o acompanhamento.

Pode parecer redundante, mas parte importante da psicologia cultural é compreender as diferenças sociais de diferentes culturas. Algo que pode parecer estranho em uma cultura pode ser a norma em outra, portanto, ao se dirigir a pessoas de diferentes culturas é importante entender essas diferenças. Esta atenção não é apenas para evitar sentimentos de mágoa, mas também obter uma maior compreensão do indivíduo.

Uma ação que pode ser comum na cultura de um indivíduo é incompreensível para os padrões da maioria, pode ser de outra forma confundido como um sinal de doença mental, se o profissional de saúde mental ter falta de compreensão do que a cultura possa lhe indicar. Ao incluir a moral cultural como modelo no tratamento, o terapeuta amplia ainda mais a probabilidade de alcançar o objetivo do paciente. Do lado do paciente não é provável que queira abandonar a sua cultura, mas, em vez disso, quer ser capaz de superar seu problema sem negar suas raízes culturais, seu contexto cultural, mesmo que seja diferente dos demais.

Com o nascimento da psicologia cultural veio o desenvolvimento de terapias que levam em conta as características culturais. Cada pessoa, com uma origem étnica diferente, tem problemas que são diferentes do que os problemas que os outros enfrentam, por causa de sua singularidade cultural.

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TÓPICO 1 | OS CAMPOS PARA A COMUNICAÇÃO E A PSICOLOGIA

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No campo do trabalho, vamos dar um passo adiante no conhecimento sobre a questão social, tendo presente que essa realidade não pode se resumir em desigualdades, em injustiças entre classes, vai além da questão social, chegando até a dimensão mundial, onde se desenvolvem realmente as relações, sejam elas humanas ou institucionais.

Com efeito, se em tempos passados se punha em relevo no centro de tal questão, sobretudo, o problema da classe, em época mais recente é posto em primeiro plano o problema do mundo. Por isso, deve ser tomado em consideração não apenas o âmbito da classe, mas o âmbito mundial das desigualdades e das injustiças; e, como consequência, não apenas a dimensão da classe, mas sim a dimensão mundial das tarefas a assumir na caminhada que há de levar à realização da justiça no mundo contemporâneo (JOÃO PAULO II, s.a., p. 8.).

A psicologia também tem contribuído com a especialização e o desenvolvimento, o crescimento mais significativo no campo da psicologia hoje é a psicologia organizacional-industrial. Psicólogos especializados nesta área desenvolvem um trabalho com os empregadores para melhorar as taxas de retenção de funcionários e aumentar a produtividade. Muitas pessoas, nesta área da psicologia, trabalham em estreita colaboração, é claro, com programas de computador. Estes programas de computador também podem ser utilizados para avaliar a usabilidade de aplicações de recursos humanos. Quanto mais a tecnologia é usada em uma empresa ou em uma instituição, mais ela pode influenciar o trabalho de um psicólogo.

A tecnologia e sua relação com a psicologia têm se expandido muito nos últimos anos. Algumas instituições de Ensino Superior estão recomendando estudantes de cursos secundários completos de estudo em programação de computadores ou outra área relacionada com a tecnologia na preparação para se tornarem psicólogos.

Vamos aqui reafirmar o que de antemão já sabemos e constatamos cotidianamente na nossa vida: o trabalho é um forte indicativo da capacidade humana de criar, inovar e transformar a natureza. O ser humano não pode se contentar somente com essa adaptação da natureza e das coisas para suprir suas necessidades. O ser humano tem que sentir-se realizado, sentir-se satisfeito por realizar tal prodígio, sentir-se mais humano e, por isso, ter interações mais significativas.

Prosseguindo nessa perspectiva, o processo natural é seguir na direção da dinâmica do trabalho solidário, que se traduz no cooperativismo, no associativismo, no trabalho comunitário e também no trabalho artesanal, realidades estas que agregam aquelas pessoas que desenvolvem, principalmente, suas habilidades no desenvolvimento de materiais diferenciados dos de uma produção em série.

O trabalho solidário não foge das regras básicas de qualquer trabalho, conforme regulamentado pela OIT (Organização Internacional do Trabalho):

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UNIDADE 3 | A RELAÇÃO ENTRE O INDIVIDUAL, O COLETIVO E A COMUNICAÇÃO

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• Deve ser produtivo.• Remunerado.• Exercido com segurança.• Desenvolvido na liberdade e na inter-relação com os outros.

No Brasil, o trabalho solidário é muito bem-vindo nos empreendimentos econômicos aqui presentes que são regidos dentro da solidariedade, mas na seriedade de um desenvolvimento econômico e social sustentável.

Conforme o mapeamento oficial feito pelo governo federal, constatou-se que, dos 14.954 empreendimentos econômicos solidários pesquisados no país em 2005, 77% foram criados nos últimos 10 anos. Eles operam sob autogestão: os trabalhadores são proprietários das empresas e decidem democraticamente tudo o que lhes seja relevante, particularmente a destinação de excedentes. Inexistem as figuras clássicas de patrão ou empregado, a propriedade é coletiva, a gestão compartilhada e atua-se sob princípios solidários (MANCE, 2007, p. 14).

O trabalho solidário é, usualmente, uma resposta a necessidades muito específicas, localizadas, sejam elas de emprego, de geração de riqueza, que se integram a outras redes sociais, e que oferecem uma nova dinâmica, um novo caminho, possível, palpável, para um novo desenvolvimento econômico mais humano, mais sustentável, mais justo.

Vemos, portanto, que uma nova economia, não capitalista, ecologicamente sustentável e sociologicamente justa, centrada nos valores da participação democrática e distribuição de riqueza está crescendo, trazendo consigo a proposta de um novo modelo de desenvolvimento e a esperança de um mundo melhor para todos (MANCE, 2007, p. 14).

O trabalho solidário deve primar pela solidariedade e união. É o contraponto do que temos hoje no mundo do trabalho: competição e individualismo. O trabalho solidário é a possibilidade de interações quando sabemos como é difícil exercer qualquer profissão quando não há capacidade de estabelecer relações, tornando um sacrifício quando deveria ser um momento de criação, de interações, de promoção do ser humano.

ESTUDOS FUTUROS

No tópico seguinte queremos entender melhor como se dá a relação entre a comunicação e linguagem e comunicação, conhecimento e informação e sua contribuição para uma melhor interação social. Até lá.

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TÓPICO 1 | OS CAMPOS PARA A COMUNICAÇÃO E A PSICOLOGIA

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LEITURA COMPLEMENTAR

O PAPEL DA PSICOLOGIA NA COMUNICAÇÃO

Marcos Teixeira

A comunicação é a arte de estar em contato com outras pessoas, seja para passar-lhes informações ou para recebê-las. O homem, como animal social, necessita estar sempre em contato com os outros da sua espécie. Isso porque ele, o homem, desenvolve as suas habilidades a partir da observação dos demais.

Uma comunicação bem-sucedida, de qualidade, depende, pois, de uma relação de entendimento, conhecimento e respeito entre as partes. Se faltar um dos itens deste tripé, o processo comunicativo não só pode, como deve ficar seriamente comprometido.

É necessário, portanto, que se conheça o outro. Para se ter uma ideia da importância em se conhecer a outra extremidade desta relação, se, por um acaso você tiver a infeliz ideia de presentear a um chinês com um relógio, de acordo com a cultura da China, seria como dizer-lhe que seus dias estavam contatos, ou seja, pode soar ou como uma ameaça ou uma ofensa.

Deve haver empatia entre as partes, mas não aquele manjado “se eu fosse você”. Para se colocar no lugar do outro é preciso observar que existe toda uma bagagem emocional trazida por esta pessoa. Cada um tem valores diferentes, e estes valores são moldados e forjados com o passar dos anos, a partir do resultado da soma da educação recebida, das experiências vividas e do ambiente onde se passou, sobretudo, a infância, que é a época de formação da personalidade.

Portanto, para poder se colocar no lugar do outro, deve-se fazê-lo observando e respeitando as diferenças, sejam elas sociais, culturais, religiosas ou políticas. E para que se empreenda este conceito com sucesso, a psicologia é de enorme importância. É com base nela que isto é possível. Não custa nada, faz bem e evita dor de cabeça.

FONTE: <http://www.webartigos.com/artigos/o-papel-da-psicologia-na-comunicacao/40478/>. Acesso em: 30 jul. 2016.

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Neste tópico, vimos que:

• A natureza humana do indivíduo depende de sua participação em uma sociedade.

• Tudo o que sabemos sobre o ser humano tende a mostrar que nenhum ser humano pode, normalmente, desenvolver-se isoladamente.

• As teorias que estudam o indivíduo e a sociedade estão corretas quando apontam a dependência do homem em viver em sociedade.

• A sociedade não existe de forma independente, sem o indivíduo.

• A vida humana e a sociedade praticamente andam juntas.

• O homem é biologicamente e psicologicamente preparado para viver em grupos, na sociedade.

• A sociedade tornou-se uma condição essencial para a vida humana, para o seu surgimento e para sua continuidade e evolução.

• A relação entre o indivíduo e a sociedade é, em última análise, um dos mais profundos de todos os problemas da filosofia social.

• Com o nascimento da psicologia cultural veio o desenvolvimento de terapias que levam em conta as características culturais.

• Cada pessoa com uma origem étnica diferente tem problemas que são diferentes do que os problemas que os outros enfrentam por causa de sua singularidade cultural.

• O trabalho solidário é, usualmente, uma resposta a necessidades muito específicas, localizadas, sejam elas de emprego, de geração de riqueza, que se integram a outras redes sociais, e que oferecem uma nova dinâmica, um novo caminho, possível, palpável, para um novo desenvolvimento econômico mais humano, mais sustentável, mais justo.

• O trabalho solidário é a possibilidade de interações quando sabemos como é difícil exercer qualquer profissão quando não há capacidade de estabelecer relações, tornando um sacrifício quando deveria ser um momento de criação, de interações, de promoção do ser humano.

RESUMO DO TÓPICO 1

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1 (ENADE - 2012) O modo como a Psicologia tenta dar conta das relações sociais apresenta dupla característica. Uma consiste em focalizar as dimensões ideais e simbólicas e os processos psicológicos e cognitivos que se articulam aos fundamentos materiais dessas relações. A outra aborda essas dimensões e esses processos considerando o espaço de interação entre pessoas ou grupos, no seio do qual elas se constroem e funcionam (JODELET, 2004, p. 54, adaptado).

Considerando o contexto acima, avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas.

I- A Psicologia Social, ao estudar fenômenos como preconceito, estereótipo, crenças e valores, insere-se em perspectivas mais sociologizantes do que psicológicas.

PORQUE

II- A Psicologia Social tenta compreender de que maneira as pessoas e os grupos se constroem no interior de relações socioculturais mais amplas, de acordo com as duas características apontadas por Jodelet.

A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.

a) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa da I.

b) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa da I.

c) ( ) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.

d) ( ) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.e) ( ) As asserções I e II são proposições falsas.

2 Como a OIT (Organização Internacional do Trabalho) regulamenta o trabalho solidário?

AUTOATIVIDADE

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TÓPICO 2

A COMUNICAÇÃO, O CONHECIMENTOE A INFORMAÇÃO

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃOMuitas vezes tomamos como certo que as nossas palavras transmitem

exatamente o que pretendemos com elas. Esta é uma suposição que carece de certezas e que, por isso, as palavras, os conceitos tendem a não ser recebidos na forma como quem envia pretende ser entendido. No momento em que algumas frases são pronunciadas, podemos ter uma comunicação totalmente desperdiçada. Quantas vezes precisamos refazer uma pergunta para poder entender o que eles querem dizer com a palavra ou palavras que eles estão usando?

Para nós, seres humanos, as palavras são mais do que um meio de comunicação, elas podem moldar nossas crenças, comportamentos, sentimentos e definir nosso agir. Assim, como ferramenta eficaz de comunicação, nada é mais poderoso do que as palavras para moldar nossas opiniões.

Quando se trata de linguagem e comunicação, a regra é que não é o que você diz, mas o que as pessoas ouvem. As palavras são uma das ferramentas mais poderosas que nós, como seres humanos, possuímos. A grande questão é que as palavras são subestimadas quando se trata de fundamentar o pensamento e o processamento de comportamento, bem como a tomada de decisões na nossa vida que impactam não somente em nós, mas naqueles que nos cercam.

Temos hoje uma preocupação constante com o futuro das próximas gerações, e aí entram as ciências do comportamento humano para nos ajudar, pois oferecem uma base de conhecimento e prática para o desenvolvimento de políticas que promovam, entre outras coisas, a paz, a justiça social, a plena realização dos direitos humanos a todos os seres humanos e, é claro, o olhar atento ao meio ambiente, para que um futuro ecologicamente sustentável não seja apenas um sonho. A psicologia então tem papel fundamental nesses anseios e ela mesma se torna ferramenta para possibilitar mudanças sociais positivas, no intuito de ajudar os indivíduos, grupos e toda a sociedade.

Vamos então elencar algumas opções em que a psicologia pode auxiliar nessa busca de um mundo melhor através de pequenos gestos, pequenas ações:

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UNIDADE 3 | A RELAÇÃO ENTRE O INDIVIDUAL, O COLETIVO E A COMUNICAÇÃO

• Construir um terreno comum entre divisões que causam uma mentalidade de desconfiança em relação àqueles que vemos como diferente.

• Priorizar ações mais amplas de longo prazo.• Reconhecer os erros e buscar sempre a união de forças, resistindo à nossa

tendência para negar a responsabilidade e culpar os outros quando as coisas dão errado.

• Avaliar alternativas através de uma análise ponderada e empatia, rejeitando apelos de medo e raiva que muitas vezes tornam mais difícil o nosso julgamento.

• Evitar, quando houver, qualquer tipo de conflito de incompreensão e falta de comunicação que podem causar outros problemas.

• Evitar a transmissão de vingança de uma geração para a seguinte, curando as feridas causadas pela violência, por traumas.

Veja, acadêmico, o que conversamos anteriormente. A psicologia não está sozinha nessa construção de perspectivas para um mundo melhor. A História e a Sociologia são algumas das disciplinas que estão presentes nessa construção, assim como as tecnologias. Então, se você vai seguir pelo caminho da psicologia ou se tornar um psicólogo, a tecnologia a que as pessoas têm acesso disponibiliza infinitas possibilidades técnicas que afetam significativamente tanto a sua preparação quanto a sua prática no campo da psicologia.

2 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEMPodemos entender a linguagem como uma construção da comunicação,

como um sistema gramatical, o que significa que sons, suficientemente normatizados para serem utilizados por duas pessoas, podem transmitir informação de uma para outra.

E a comunicação? A comunicação é qualquer forma pela qual duas pessoas trocam informações. Elas poderiam usar a linguagem, mas também podem usar gestos, expressões faciais, sinais, mímica, ou quaisquer formas ou maneiras de expressar essa informação. Podemos entender vulgarmente assim: a comunicação é o carro, e a linguagem é a estrada.

Para os seres humanos, as palavras são mais do que um meio de comunicação, elas podem moldar nossas crenças, comportamentos, sentimentos e, finalmente, nossas ações. Apesar de espadas poderem nos coagir e ameaçar, nada é mais poderoso do que uma ferramenta que pode moldar nossas opiniões.

A expressão pela linguagem é uma cognição que realmente nos torna humanos. Enquanto que outras espécies se comunicam com uma habilidade inata para produzir um número limitado de vocalizações significativas ou mesmo com sistemas parcialmente aprendidos (por exemplo, o canto dos pássaros), não há nenhuma outra espécie conhecida até agora que pode expressar ideias através de frases com um conjunto limitado de símbolos evidenciados pelos sons da fala e pelas palavras.

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TÓPICO 2 | A COMUNICAÇÃO, O CONHECIMENTO E A INFORMAÇÃO

123

Ao lançarmos nosso olhar na história da psicologia e da linguagem, vamos encontrar uma das primeiras explicações científicas de aquisição da linguagem, apresentada por Skinner (1957). Como um dos pioneiros do behaviorismo, ele foi responsável pelo desenvolvimento da linguagem por meio de influência da natureza.

Skinner argumentou que as crianças aprendem a linguagem baseada em princípios de reforços behavioristas, por associar palavras com significados. Quando a criança se expressa corretamente é positivamente recompensada para que perceba o valor do que foi comunicado através das palavras e frases. Skinner era um estudioso, pesquisador que serviu de base para o avanço de muitos estudos do comportamento humano, e também criticado, principalmente por Noam Chomsky, criador da Teoria da Gramática Universal.

DICAS

Caro acadêmico, busque mais informações sobre Skinner, Pavlov, Chomsky para aumentar seu conhecimento sobre essa temática.

Quando se trata de linguagem e comunicação, a regra é que não é o que você diz, mas o que as pessoas ouvem. As palavras são uma das ferramentas mais poderosas que nós, como seres humanos, possuímos. O problema é que as palavras são subestimadas, sendo que se apresentam de forma efetiva para o pensamento e processamento de comportamento, bem como a tomada de decisão.

FIGURA 42 – PROCESSANDO A INFORMAÇÃO

FONTE: <http://jornalistaflavioazevedo.blogspot.com.br/2015_06_01_archive.html>. Acesso em: 16 jul. 2016.

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UNIDADE 3 | A RELAÇÃO ENTRE O INDIVIDUAL, O COLETIVO E A COMUNICAÇÃO

O fato é que a linguagem é essencialmente uma característica humana. Todas as tentativas de lançar luz sobre a evolução da linguagem humana falharam devido à falta de conhecimento sobre a origem de qualquer idioma, e devido à falta de um animal que possui qualquer forma de 'transição' de comunicação. Isso deixa os evolucionistas com um enorme fosso entre seres humanos com suas habilidades de comunicação inatas, e os grunhidos, os latidos, ou as imitações dos animais. Como observado por Dunbar (1996, p. 10):

Com a idade de seis anos, a média das crianças aprendeu a usar e entender cerca de 13.000 palavras; por dezoito anos ele terá um vocabulário de trabalho de 60.000 palavras. Isso significa que ele tem aprendido uma média de dez novas palavras por dia desde o seu primeiro aniversário, o equivalente a uma nova palavra a cada 90 minutos da sua vida de vigília.

Já que recorremos à Bíblia neste nosso caderno, vamos então recorrer a ela novamente, já que os seres humanos são capazes de comunicar em linguagem humana, fato esse porque Deus os criou com a capacidade de fazê-lo! A Bíblia ainda oferece a única explicação plausível para a origem da linguagem humana, quando registra, no livro do Gênesis 1: 26-27: "Então Deus disse: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; ... E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou".

3 O SUJEITO E A COMUNICAÇÃO NÃO VERBALVamos olhar ao nosso redor: provavelmente, apenas 7% das pessoas que

fazem parte do seu dia a dia se comunicam verbalizando. E os outros mais de 90%? Bom, se comunicam por sinais não verbais, tais como linguagem corporal, contato visual e tom de voz, a escrita etc., sem esquecer que a popularização galopante da tecnologia na última década, em termos de mídia social, fez com que mensagens de texto, Facebook e Twitter tenham inevitavelmente se tornado as formas mais eficientes de se comunicar uns com os outros. Podemos também destacar que a eficiência ou a nossa dependência sobre as formas mais eficientes de comunicação está se tornando uma das maiores preocupações para as pessoas em nossas interações. No entanto, é preciso não esquecer que a interação face a face deve permanecer uma referência em nossa sociedade, porque é de uma qualidade muito superior e tem a capacidade de satisfazer nossas necessidades sociais inerentes.

A comunicação não verbal é um tema muito delicado e, por isso, muitos autores se debruçam sobre este tema, trazendo suas contribuições para o conceito e caracterização da discussão. Vamos elencar alguns desses autores:

De acordo com Corraze (1982), a comunicação não verbal é um meio, dentre outros, de transmitir informação; o autor se refere a este tipo de comunicação como “as comunicações não verbais”. Estas são definidas como os diferentes meios existentes de comunicação entre seres vivos que não utilizam a linguagem escrita, falada ou seus derivados não sonoros (linguagem dos surdos-mudos, por

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TÓPICO 2 | A COMUNICAÇÃO, O CONHECIMENTO E A INFORMAÇÃO

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exemplo). É um conceito que evidencia um extenso campo de comunicação, pois este não se restringe apenas à espécie humana. A dança das abelhas, o ruído dos golfinhos, a expressividade das artes: dança, música, teatro, pintura, escultura etc. são também consideradas formas de comunicação não verbal.

De acordo com Corraze (1982), para o ser humano as comunicações não verbais se processam através de três suportes. O primeiro, o corpo, nas suas qualidades físicas, fisiológicas e nos seus movimentos. O segundo, no homem, ou seja, objetos associados ao corpo, como os adornos, as roupas, ou mesmo as mutilações, marcas ou cicatrizes de tatuagens, de rituais ou não; neste suporte ainda podem ser relacionados os produtos da habilidade humana que podem servir à comunicação. Finalmente, o terceiro suporte se refere à dispersão dos indivíduos no espaço, este espaço engloba desde o espaço físico, que cerca o corpo, até o espaço que a ele se relaciona, o espaço territorial.

Argyle (1978), estudioso e pesquisador dos comportamentos não verbais, ao abordar o sistema não verbal, não apresenta a categorização de suportes e sim distingue os seguintes canais: expressão facial; olhar; gestos e movimentos posturais; contato corporal; comportamento espacial; roupas, aspecto físico e outros aspectos da aparência. Estes canais fazem parte de uma categorização denominada “os diferentes sinais corporais”.

Knapp (1982), especialista neste campo das comunicações não verbais, apresenta um esquema de classificação bem mais detalhado da conduta não verbal. Esta classificação é dividida em sete áreas, de acordo com a literatura ou com as investigações científicas. As áreas são: a) movimento corporal ou cinésica (emblemas, ilustradores, expressões de afeto, reguladores e adaptadores); b) características físicas; c) comportamentos táteis; d) paralinguagem (qualidades vocais e vocalização); e) proxêmica; f) artefatos e g) o meio ambiente.

Davis (1979), jornalista, ao apresentar em seu livro uma visão sintética sobre a área da comunicação não verbal, relata a temática das pesquisas sob os seguintes subtítulos: índices de sexo; comportamentos de namoro; o mundo silencioso da cinética; o corpo é a mensagem; o rosto humano; o que dizem os olhos; a dança das mãos; mensagens próximas e distantes; interpretando posturas físicas; o ritmo do corpo; os ritmos do encontro humano; comunicação pelo olfato; comunicação pelo tato, entre outros tópicos. Assim, os canais de comunicação do nível não verbal podem ser classificados em dois grupos: o primeiro, que se refere ao corpo e ao movimento do ser humano, e o segundo, relativo ao produto das ações humanas. O primeiro apresenta diferentes unidades expressivas, como a face, o olhar, o odor, a paralinguagem, os gestos, as ações e a postura. O segundo também apresenta várias unidades de expressão, como a moda, os objetos do cotidiano e da arte, até a própria organização dos espaços: físico (pessoal e grupal) e ambiental (doméstico, urbano e rural)

FONTE: <http://citrus.uspnet.usp.br/eef/uploads/arquivo/v11%20n2%20artigo7.pdf>. Acesso em: 25 jul. 2016.

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UNIDADE 3 | A RELAÇÃO ENTRE O INDIVIDUAL, O COLETIVO E A COMUNICAÇÃO

São muitos os conceitos, são diversas as categorizações colocadas por estes autores e certamente há outros, com outros olhares, tratando sobre este tema das condutas não verbais. É um fenômeno difícil de categorizar, de estabelecer um conceito unânime. A vantagem de tudo isso? Temos abertas muitas possibilidades de reflexão, de crítica, de parâmetros para nosso aprofundamento.

Segundo Rector e Trinta (1985), a comunicação humana é tanto um fenômeno quanto uma função social. Comunicar envolve a ideia de partilhar, de compartilhar e de transferir a informação entre dois ou mais sistemas. Estas informações podem ser simples ou complexas, tanto em nível biológico quanto em nível das relações sociais. A mensagem é a unidade de comunicação e a interação entre indivíduos ocorre quando uma série de mensagens é intercambiada. A comunicação se efetua através da transferência de informação, sob duas condições principais. A primeira condição é a presença de dois sistemas: um emissor e um receptor; a segunda é a transmissão de mensagens (apud MESQUITA, 1997, p. 156).

A comunicação, com suas características peculiares, torna possível a análise de todos os fenômenos culturais, sejam estas linguagens verbais ou não verbais; sabendo que todos esses fenômenos são sistemas de signos e, portanto, fenômenos de comunicação (MESQUITA, 1997). Ainda segundo o autor, fazem parte deste universo as línguas escritas, os alfabetos desconhecidos, as línguas naturais, as linguagens formalizadas, as comunicações virtuais, os códigos culturais e de mensagens estéticas, bem como a paralinguística, a metalinguagem, a proxêmica e a cinésica, entre outros. Por isso se faz importante a semiótica, tanto para a comunicação verbal, como para a comunicação não verbal.

A semiótica é a ciência dos signos, é a ciência de toda e qualquer linguagem; tem por objetivo analisar como se estrutura a linguagem de todo e qualquer fenômeno como fenômeno de produção de significação e de sentido. Impostada por Pierce, nos últimos decênios do século passado, foi objeto de estudo e análise de Saussure, no início deste século, sendo denominada de semiologia – o estudo de todos os sistemas de signos (ECO, 1987; SANTAELLA, 1983).

A semiologia pode ser definida, segundo Buyssens (1972), como o estudo dos processos de comunicação; esses processos envolvem a utilização de meios para influenciar outrem que devem ser reconhecidos por aqueles a quem se quer influenciar. O signo, por definição, é algo ou alguma coisa que está no lugar de outra coisa. Este algo é a representação de algum aspecto ou capacidade segundo o ponto de vista a partir do qual o objeto é recortado de um determinado contexto.

De acordo com a análise que Coelho Netto (1980) faz a partir de Pierce, a relação do signo com o seu objeto pode se dar através de três tipos de representação: o ícone, que tem uma relação de semelhança com seu objeto; o índice, que apresenta uma relação existencial de causa e efeito, e o símbolo, cuja ligação é arbitrária, porém, quando se constitui, tem uma força coercitiva e se torna uma convenção.

FONTE: <http://citrus.uspnet.usp.br/eef/uploads/arquivo/v11%20n2%20artigo7.pdf>. Acesso em: 25 jul. 2016.

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TÓPICO 2 | A COMUNICAÇÃO, O CONHECIMENTO E A INFORMAÇÃO

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A ideia que muitos de nós temos é que a comunicação se dá através da palavra, da fala. Bem limitado isso. E não é assim. Embora esta seja uma definição simples, quando pensamos sobre como podemos comunicar, a discussão se mostra muito mais complexa. Existem várias categorias de comunicação e mais do que uma pode ocorrer em qualquer momento.

Birkner (2013) apresenta quatro diferentes categorias de comunicação:

• Falada ou comunicação verbal: face a face, telefone, rádio ou televisão e outros meios de comunicação.

• Comunicação não verbal: linguagem corporal, gestos, como nos vestimos ou agimos.

• Comunicação escrita: cartas, e-mails, livros, revistas, material escrito na internet ou através de outros meios de comunicação.

• Visualização: gráficos e tabelas, mapas, logotipos e outras visualizações.

Porém, quando falamos em nível de comunicação relacional entre o ser humano, temos dois níveis: a comunicação verbal e a não verbal.

Na sociedade atual, o ser humano se relaciona através de dois níveis de comunicação: o verbal e o não verbal. A comunicação verbal é a forma discursiva, falada ou escrita, na qual mensagens, ideias ou estados emocionais são expressos. A comunicação humana não verbal é a forma não discursiva, efetuada através de vários canais de comunicação (ROSO, 1998).

Os gestos e os movimentos fazem parte dos inúmeros canais de comunicação que o ser humano utiliza para expressar suas emoções e sua personalidade, comunicar atitudes interpessoais, transmitir informações nas cerimônias, nos rituais, nas propagandas, nos encontros sociais e políticos e demonstrações de arte (ROSO, 1998).

A comunicação não verbal, como um meio de transmissão e recepção de uma mensagem, como um meio de interação e entendimento entre os seres humanos, não pode ser desvinculada do contexto individual ou de natureza social ao qual pertence a informação. Grande parte das informações que são geradas e emitidas por esses canais não verbais situa-se abaixo do nível da consciência (ROSO, 1998, p. 111).

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UNIDADE 3 | A RELAÇÃO ENTRE O INDIVIDUAL, O COLETIVO E A COMUNICAÇÃO

FIGURA 43 - CÓDIGOS NA COMUNICAÇÃO

FONTE: <http://grhprofissional.blogspot.com.br/2014/09/quem-nao-se-comunica-se-trumbica.html>. Acesso em: 17 jul. 2016.

Sinais

Gestos

Cores

Desenhos

Palavra Escrita

Palavra Falada

CanalCódigo

Mensagem

Receptor(interlocutor, leitor,

ouvinte etc.)

Ideias,sentimentos,conceitos...

Emissor(Locutor, falante

escritor etc.)

Sons

Passamos boa parte de nossa vida nos comunicando. Compartilhamos pensamentos, procuramos compreender os sentimentos de outra pessoa com habilidades essenciais para o funcionamento de qualquer sociedade no mundo. Não é nenhuma surpresa, então, que a dificuldade com a comunicação não é algo estranho que nos leva a buscar aconselhamento, orientação de um profissional para identificar quais problemas estamos tendo para nos comunicarmos.

4 DIFICULDADES NA COMUNICAÇÃOA nossa forma de codificar e decodificar mensagens é baseada no processo

de comunicação que fomos desenvolvendo nas fases anteriores da nossa vida.

Todos os dias somos envolvidos e dominados por informações, imagens, sons, que, de uma forma ou de outra, tentam mudar, criar, ou cristalizar opiniões, ou atitudes nas pessoas. Isto é a própria mediação de nossas relações sociais. Como assinala Guareschi (1993), não há como negar a evidência de que hoje os meios de comunicação envolvem os seres humanos num novo espaço acústico, que McLuhan (1962; 1969; 1967) chama de ‘mundo retribalizado’, onde eles passam a ser bombardeados, instantaneamente, por variadíssimas e inúmeras informações de todas as partes do mundo. Esse espaço acústico pode assumir, muitas vezes, características de um agente revolucionário imperialista, que tem o poder de construir e moldar os seres humanos como bem entende. Assim, quem controla esse espaço pode determinar que tipo de ser humano vai se formar (ROSO, 1998, p. 126-127).

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TÓPICO 2 | A COMUNICAÇÃO, O CONHECIMENTO E A INFORMAÇÃO

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Todas as palavras são realmente apenas símbolos que representam certas coisas, e cada pessoa pode ter uma compreensão um pouco diferente, mesmo no nível da palavra individual. Além disso, o número real de palavras que conhecemos e a complexidade das alterações de linguagem com mais experiência, e as formas como codificar e decodificar mensagens são determinados pela nossa cultura, padrões de família e outras experiências.

Problemas de comunicação podem surgir em cada passo que damos quando saímos de nós mesmos e vamos ao encontro dos outros sabendo de antemão que o outro não teve exatamente as mesmas experiências de vida e os mesmos padrões de comunicação que nós tivemos, e aí os ruídos na comunicação podem atrapalhar.

FIGURA 44 - EMISSOR E RECEPTOR

FONTE: <http://slideplayer.com.br/slide/385041/>. Acesso em: 16 jul. 2016.

Um problema muito comum que nós podemos ter como receptores de mensagens é como se dá a codificação do nosso pensamento, do nosso sentimento ou da nossa necessidade naquele momento. Como será filtrado aquilo que estamos recebendo. Pense em como você pode codificar, por exemplo, a mensagem da sensação de fome de uma criança de três anos de idade de diferentes formas. Esta criança provavelmente não fala como você, por isso é preciso escolher a melhor maneira de codificar uma mensagem que, para essa criança, é de suma importância que seja entendida.

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UNIDADE 3 | A RELAÇÃO ENTRE O INDIVIDUAL, O COLETIVO E A COMUNICAÇÃO

Outro problema comum é que às vezes os nossos pensamentos, sentimentos ou ideias são extremamente complexos, e nós não podemos confiar em nosso próprio bom senso. Assim, o envio de mensagens para além de coisas que não entendemos em nós mesmos também tem uma baixa probabilidade de ser compreendidas pelo receptor. São os ruídos, as barreiras na comunicação.

FIGURA 45 - BARREIRAS NA COMUNICAÇÃO

FONTE: <http://ideagri.com.br/plus/modulos/noticias/imprimir.php?cdnoticia=414>. Acesso em: 2 jun. 2016.

Podemos identificar na figura anterior que quando há problemas na comunicação, a culpa é de ambos, emissor e receptor. O receptor, quando recebe uma mensagem, pode não ter habilidade suficiente para decodificá-la, adicionar significado próprio que não coaduna com a intenção do remetente da mensagem.

Quem envia a mensagem pode codificar o pensamento, o sentimento ou necessidade de uma forma que torna difícil a compreensão pelo receptor. Vamos imaginar, por exemplo, como se pode codificar a mensagem da sensação de fome de forma diferente para uma criança de três anos de idade e alguém que não fala a mesma língua que você.

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TÓPICO 2 | A COMUNICAÇÃO, O CONHECIMENTO E A INFORMAÇÃO

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LEITURA COMPLEMENTAR

DECIFRANDO A COMUNICAÇÃO NÃO VERBAL NO PROCESSO DE NEGOCIAÇÃO: SERÁ QUE A OUTRA PARTE ESTÁ DISSIMULANDO?

Mônica Portella

A comunicação não verbal é uma parte importante do processo de negociação, uma vez que nos comunicamos não apenas com as palavras, mas com todo o nosso corpo (paralinguagem, gestos, posturas, expressão facial, movimentos dos olhos etc.). A porcentagem de comunicação não verbal na transmissão de qualquer mensagem é muito elevada:

• Os elementos não verbais da comunicação social são responsáveis por aproximadamente 65% do total das mensagens enviadas e recebidas.

• Assim, apenas 35% do significado de uma conversa corresponderiam às palavras pronunciadas, sendo que 65% das mensagens seriam comunicados por meio não verbal.

Logo, o negociador que não sabe decodificar mensagens não verbais, está perdendo 65% do que é comunicado, sendo assim, este, além de perder grande parte da comunicação, deixa de aproveitar oportunidades importantes para fazer bons negócios, bem como facilitar este processo complexo. Em contrapartida, o negociador que sabe decodificar mensagens não verbais pode negociar de forma mais eficaz, bem como empregar tais estratégias para facilitar o processo de negociação (artigo: tire partido dos sinais que enviam seus clientes).

Uma negociação efetiva e bem-sucedida exige que sejamos capazes de nos comunicarmos e nos relacionarmos com outras pessoas. Para este intuito, podemos lançar mão de uma série de técnicas, bastante simples, que não são abordadas durante nossa formação. Dentre essas técnicas cabe destacar estratégias relacionais baseadas na comunicação não verbal:

• Será que ao negociar estamos transmitindo sinais não verbais para que a outra parte possa ler?

• Conseguimos ler corretamente as mensagens não verbais transmitidas pela outra parte e empregamos adequadamente tais informações?

Interpretar corretamente mensagens não verbais adiciona força nas nossas habilidades de negociação, uma vez que aprendemos o que o outro lado está comunicando não verbalmente. Por outro lado, sabemos o que está sendo transmitido à outra parte, por meio da comunicação não verbal, e assim podemos empregar tal conhecimento de acordo com nossos objetivos.

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UNIDADE 3 | A RELAÇÃO ENTRE O INDIVIDUAL, O COLETIVO E A COMUNICAÇÃO

O estudo da comunicação não verbal pode ser subdividido em uma série de tópicos:

• gestos, posturas e movimentos do corpo;• face e movimentos dos olhos;• paralinguagem (tom de voz, pausas, velocidade da fala etc.);• vestuário;• território (distância que mantemos das pessoas);• sinais não verbais de dissimulação;• comunicação não verbal com estrangeiro.

Cada um dos itens acima transmite mensagens sobre o que estamos comunicando, bem como sobre a comunicação da outra parte, no entanto, dada a natureza do presente trabalho, não abordaremos aqui técnicas para decifrar o significado dos diversos tipos de mensagens não verbais, bem como questões relacionadas ao impacto das mensagens não verbais sobre a outra parte. Um aspecto importante no que se refere à comunicação não verbal no processo de negociação, diz respeito à identificação da dissimulação por meio da comunicação não verbal.

• É possível identificar a omissão de informação no processo de negociação?• É possível identificar a dissimulação neste processo?

De acordo com as pesquisas na área, podemos identificar sinais não verbais de dissimulação e a omissão de informação no processo de negociação, com um pouco de treinamento. Serão discutidos, a seguir, alguns desses indícios não verbais de dissimulação.

Dissimulamos com mais facilidade com as palavras do que com os gestos ou posturas. É verdade que as pessoas em uma interação podem exibir um rosto enganosamente simpático, construir um sorriso falso ou fingir raiva. Podem também ser falsas em suas ações, bem como com as palavras, mas apenas quando sabem mais ou menos o que fazer (artigo: gestos que delatam: a linguagem secreta do sucesso).

Embora o “bom dissimulador” emita um menor número de sinais com o corpo e a face, suprimindo a maior parte dos sinais não verbais, restam quase sempre alguns sinais difíceis de serem eliminados. Tais sinais não verbais de dissimulação podem ser detectados pelo negociador bem treinado.

GESTOS

As pistas mais facilmente suprimíveis na dissimulação são os gestos. Apesar disso, tanto as pessoas que estão dissimulando, tanto a vítima da dissimulação, costumam dar pouca atenção a eles, e, sabendo disso, poucas pessoas procuram controlar seus gestos. Por esta razão, o corpo pode se tornar uma fonte valiosa de informações no que se refere à mentira. Existem alguns tipos de gestos que merecem atenção.

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TÓPICO 2 | A COMUNICAÇÃO, O CONHECIMENTO E A INFORMAÇÃO

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O corpo denuncia a dissimulação: emblemas sinais gestuais que, dentro de uma cultura, possuem um significado preciso. Aparecem cortados e/ou incompletos quando a pessoa mente, surgindo, geralmente, fora da região de apresentação (entre pescoço e quadris). Por exemplo, um negociador pode balançar a cabeça, em sinal de não, quando responde que concorda com uma proposta. Aqui verificamos uma contradição entre verbal e não verbal:

• Ilustradores: gestos diretamente ligados à fala. Servem para enfatizar ou ilustrar o discurso. As pessoas usam menos ilustradores quando falseiam uma informação. Na mentira, os ilustradores aparecem fora de sincronia com o discurso.

• Manipuladores: caracterizam-se como movimentos de auto manipulação, como coçar o nariz, passar a mão no cabelo, esfregar o queixo etc. a frequência de manipuladores aumenta quando a pessoa está tensa (não necessariamente quando está mentindo). Entretanto, como muitas pessoas sentem-se tensas quando estão mentindo, estes gestos podem aumentar.

PARALINGUAGEM

A paralinguagem remete a uma série de ocorrências na linguagem, mas que não façam parte da Língua. Assim temos:

a) variações de altura e intensidade da voz;b) as pausas;c) sons que não fazem parte da língua, como os risos e suspiros;d) a velocidade da fala etc.

Embora tenhamos um grande controle sobre o conteúdo de nossa fala, a paralinguagem pode, muitas vezes, nos trair, fornecendo pistas de que estamos mentindo. Destacamos a seguir alguns sinais paralinguísticos da mentira:

• a fala torna-se mais alta e menos fluente na dissimulação;• hesitação no início da fala, principalmente antes de responder a uma pergunta,

pode indicar que a outra parte está dissimulando. Por exemplo, um negociador pode hesitar ao responder questões a respeito de um certo tema, isto pode indicar sonegação de informação verdadeira;

• as pausas tornam-se mais longas e frequentes, é como se a outra parte precisasse pensar antes de responder.

• pelo nervosismo, o tom de voz pode ficar mais agudo.

FACE

As pessoas possuem maior dificuldade de mentir com a face do que com as palavras. Quando falamos, podemos nos monitorar com a audição, o mesmo não acontece com as expressões faciais. Inibir uma expressão facial espontânea pode ser muito difícil, e nem sempre estamos atentos o suficiente para antecipar sua ocorrência e controlá-la a tempo de escondê-la com outra expressão. Enumeramos a seguir algumas pistas faciais indicadoras de que a pessoa está dissimulando:

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UNIDADE 3 | A RELAÇÃO ENTRE O INDIVIDUAL, O COLETIVO E A COMUNICAÇÃO

• expressões quebradas: aparecem para tentar controlar a expressão facial dissimulada. Por exemplo, um sorriso ou outra expressão falsa podem ser criados para encobrir a expressão facial de frustração diante da proposta da outra parte;

• timing: expressões verdadeiras são demonstradas rapidamente. Se a expressão não é verdadeira, esta tende a permanecer por mais tempo no rosto;

• expressões assimétricas: expressões voluntárias (não espontâneas) são assimétricas, enquanto que as involuntárias (espontâneas) são simétricas. Por exemplo, um negociador pode dizer que está satisfeito com o acordo proposto, enquanto exibe sinais de raiva em um lado da face e dos outros sinais de alegria;

• falta de sincronia: se a expressão de uma emoção aparece depois das palavras relativas a esta, provavelmente ela é falsa. Normalmente, a expressão de uma emoção genuína aparece junto com as palavras e até alguns segundos antes.

CONCLUSÃO

Vimos que a comunicação não verbal é uma parte importante do processo de negociação, uma vez que nos comunicamos não apenas com as palavras. O negociador que não sabe decodificar mensagens não verbais, está perdendo 65% do que é comunicado. Em contrapartida o negociador que sabe decodificar mensagens não verbais pode negociar de forma mais eficaz, bem como empregar tais estratégias para facilitar o processo de negociação.

Em suma, podemos aprender a ler e fazer uso dos sinais não verbais no processo de negociação, bem como decodificar a dissimulação, alcançando desta forma melhores resultados. Por outro lado, a falta de tais habilidades pode nos deixar em desvantagem em relação à outra parte.

FONTE: <http://www.sdr.com.br/professores/MPortella/Decifrando.htm>. Acesso em: 30 jul. 2016.

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Neste tópico, vimos que:

• Os psicólogos sociais podem ser capazes de ajudar os anunciantes e comerciantes a descobrir como usar a influência do grupo para ajudar a obter mais pessoas a comprar determinadas marcas.

• A psicologia social pode, a partir de seus estudos, ser aplicada para ajudar a pôr um fim ou diminuir a propagação de certos problemas sociais.

• A comunicação não verbal é um meio, dentre outros, de transmitir informação.

• A comunicação, com suas características peculiares, torna possível a análise de todos os fenômenos culturais, sejam estas linguagens verbais ou não verbais; sabendo que todos esses fenômenos são sistemas de signos e, portanto, fenômenos de comunicação.

• Todas as palavras são realmente apenas símbolos que representam certas coisas, e cada pessoa pode ter uma compreensão um pouco diferente, mesmo no nível da palavra individual.

• Às vezes, os nossos pensamentos, sentimentos ou ideias são extremamente complexos, e nós não podemos confiar em nosso próprio bom senso.

• O receptor, quando recebe uma mensagem, pode não ter habilidade suficiente para decodificar a mensagem, adicionar significado próprio que não coaduna com a intenção do remetente da mensagem.

• Quem envia a mensagem pode codificar o pensamento, o sentimento ou necessidade de uma forma que torna difícil de ser compreendido pelo receptor.

RESUMO DO TÓPICO 2

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AUTOATIVIDADE

1 (ENADE – 2015) Em homenagem ao Dia do Motorista, comemorado em 25 de julho, foi veiculado o seguinte anúncio publicitário: Esse. Anúncio. É. Assim. Mesmo. Com. Uma. Série. De. Pontos. Um. Atrás. Do. Outro. Porque. É. Para. Lembrar. A. você. Que. Hoje. É. Dia. De. Homenagear. O. Motorista. De. Ônibus.

Clube de Criação de São Paulo, 24. Anuário de Criação. São Paulo, 1999. (Adaptado).

Considerando o anúncio mencionado no texto, avalie as afirmações a seguir:

I- A utilização da palavra “Pontos” no anúncio é realizada com o objetivo de evocar duplo sentido.

II- No anúncio, faz-se uso de metalinguagem para explicar o processo criativo de sua produção e o emprego da pontuação.

III- A ideia criativa do anúncio explora o uso excessivo do ponto, a fim de remeter ao percurso realizado por um motorista de ônibus, ao longo de um dia de trabalho.

É correto o que se afirma em:

a) ( ) I, apenas.b) ( ) III, apenas.c) ( ) I e II, apenas.d) ( ) II e III, apenas.e) ( ) I, II e III.

2 (ENADE – 2012) A seguinte queixa foi encaminhada ao Conselho Regional de Psicologia. Uma adolescente, atendida no setor de orientação vocacional, queixou-se de que o psicólogo influenciava pacientes a participar de cultos, relacionando acontecimentos à vontade de Deus; utilizava-se de mapa astral em suas orientações e realizava atendimento a diferentes pessoas de uma mesma família propiciando a troca de informações entre elas. Foi constatado o uso de mapas astrológicos em sessões de orientação vocacional como ferramenta complementar de análise. Verificou-se, ainda, que houve indução a convicções morais e religiosas e que foi realizado atendimento individual a diversos membros da família. Em sua defesa, o psicólogo negou ter abordado a questão religiosa e devassado o sigilo, destacando ser relativa a inviolabilidade, já que a atendida era menor de idade. Afirmou utilizar-se somente de instrumentos científicos e, eventualmente, da técnica de mapa astral para melhor compreender os pacientes e abreviar os processos psicoterápicos.

Psi Jornal de Psicologia CRP SP, n. 168, mar./abr./2011. <http://www.crpsp.org.br/portal/comunicacao>. Acesso em: 6 jul. 2012 (adaptado).

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Com base na situação apresentada e tendo como referência o Código de Ética Profissional do Psicólogo, avalie as afirmações a seguir.

I- A astrologia não é prática complementar da Psicologia e tampouco método científico; desse modo, não pode ser utilizada direta ou indiretamente no decorrer de um processo ou tratamento psicológico.

II- O psicólogo tem o dever de respeitar o sigilo profissional, protegendo, por meio da confidencialidade, a intimidade das pessoas; entretanto, na situação apresentada, a pessoa atendida era menor de idade, o que autoriza o psicólogo a repassar aos familiares as informações obtidas.

III- Ao psicólogo é vedado induzir a convicções políticas, filosóficas, morais ou religiosas no exercício de suas funções profissionais; portanto, no caso relatado, o psicólogo infringiu o Código de Ética Profissional.

É correto o que se afirma em:

a) ( ) I, apenas.b) ( ) II, apenas.c) ( ) I e III, apenas.d) ( ) II e III, apenas.e) ( ) I, II e III.

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TÓPICO 3

A PSICOLOGIA COMO FUNDAMENTO DA RESPONSABILIDADE NA COMUNICAÇÃO

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃOAs mídias sociais de todos os tipos e formas se tornaram uma parte tão

importante da nossa sociedade que, olhando para elas de uma forma negativa, só irá provocar retrocessos de tudo o que já foi construído até aqui no que tange à comunicação. Nós, como sociedade, devemos promover e continuar a incorporar a mídia social de forma cada vez mais positiva, porque sites de redes sociais são ferramentas poderosas quando precisamos entrar em contato com pessoas que estão distantes de nós.

Acreditamos que as mídias sociais apresentam, na maior parte, contribuições positivas, no entanto, precisamos levar em conta que o efeito que a mídia social tem sobre cada pessoa é sempre diferente. E aí entra a psicologia para acompanhar todo esse processo, caso a caso, mesmo porque as mídias sociais são um campo que está em contínua mudança e aí, quando se resolve a questão de como o uso de mídia social afeta a interação das pessoas, mais perguntas continuarão a surgir, da mesma forma como esses sites vão continuar mudando. Continuam a mudar. Por isso, os questionamentos, seja na psicologia, seja na comunicação, seja na sociologia, permanecem, já que estamos tratando de indivíduos que vivem em sociedade e querem aproveitar essas novas tecnologias.

2 O SUJEITO E AS INOVAÇÕES TECNOLÓGICASO desenvolvimento de novas tecnologias disparou nos últimos anos e esses

avanços têm desempenhado um papel significativo no avanço do campo da psicologia, e a própria psicologia tem utilizado uma série de tecnologias no seu campo de atuação. Temos a seguinte realidade: quando pequenos grupos de pessoas interagem uns com os outros em tempo real, usando tipos diferentes de meios de comunicação (por exemplo, telefones, computadores e videoconferência), os processos que se desenrolam durante a interação face a face são combinados por vários fatores únicos para a mediação. Um exemplo evidente de investigação sobre este tipo de comunicação é a comunicação mediada por computador, em que dois indivíduos contam com a tecnologia baseada em computador para realizar uma interação.

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UNIDADE 3 | A RELAÇÃO ENTRE O INDIVIDUAL, O COLETIVO E A COMUNICAÇÃO

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Variadas são as preocupações, nos últimos 20 anos, com o fato de que as revoluções das tecnologias da informação resultem na potenciação do “ensimesmamento” do homem, isto é, na sua introspecção individualista e egoísta. Uma vez que os recursos tecnológicos de comunicação e informação estejam ao seu dispor, é natural que esse tipo de preocupação e especulação sociológica venha à tona. Assim, os indivíduos tenderiam, crescentemente, ao isolamento doméstico. Até as necessidades afetivas poderiam, como em grande parte podem, ser atendidas virtualmente.

Uma pergunta que deve ser corriqueira na atualidade é sobre como a mídia social afetará as relações e as interações das pessoas na sociedade. O que já é real é que há uma diminuição visível dessas interações face a face por causa do advento e popularização das mídias sociais na última década. Não se pode afirmar que as mídias sociais estejam de fato prejudicando a capacidade das pessoas para interagir umas com as outras em um ambiente real.

Estudos sobre a competência social dos jovens que passam grande parte de seu tempo em redes sociais são às vezes muito conflitantes. Há sempre as análises que ficam com os lados extremos e aí fazem julgamentos sem fundamentos em relação às pessoas que passam muito tempo nas mídias sociais. Aqui, é mais necessária a psicologia, como acompanhamento e orientação do que pesquisar e investigações apenas para detectar os males que podem advir do uso das redes sociais e os comportamentos antissociais.

Por outro lado, o que vemos com bastante frequência, nas últimas duas décadas, é uma superação dos isolamentos comportamentais pela intensificação das formas de comunicação virtual. Não sendo físicas, essas formas de comunicação pela web provocam, não obstante, um aumento exponencial dos diálogos e da troca de informação. Amplificam, ao invés de diminuir, os relacionamentos. Permitem, por extensão, a amplificação de grupos sociais distantes fisicamente.

As redes sociais são um exemplo fantástico de multiplicação de relacionamentos, trocas de informação, de solidariedade e também de engajamento em questões coletivas. As cidades estão cheias de movimentos pela internet. Cada vez que alguém tem uma boa e contagiante ideia e a lança no Facebook, ela se alastra rapidamente e é capaz de interferir no resultado de um pleito eleitoral, de salvar animais, de denunciar uma injustiça, de revitalizar uma praça (como é o caso da Prainha de Blumenau, comprometida pela enchente de 2011, na curva do Rio Itajaí-açu, e ocupada por jovens, a partir de um chamamento via rede social, denominado “Vamo se unir” (sic).

Nessa direção, é possível dizer que as críticas e os temores mais pessimistas em relação à individualização dos comportamentos parecem fadados ao esquecimento. Não é por desmerecimento às advertências de certa vertente sociológica, sempre crítica aos avanços tecnológicos, mas comparando o que se dizia há dez ou 15 anos sobre o receio de “ensimesmamento” dos indivíduos, os primeiros anos da segunda década do século XXI parecem desconstruir os argumentos dos céticos.

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TÓPICO 3 | A PSICOLOGIA COMO FUNDAMENTO DA RESPONSABILIDADE NA COMUNICAÇÃO

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No mesmo sentido, é possível lançar mão dos e-mails, dos recursos de busca na internet, principalmente do Google, através do qual uma simples busca de um nome de um valioso amigo ou parente nos permite o restabelecimento de contatos afetivos e profissionais jamais imaginados pelos nossos bisavós. Tomem-se as facilidades do MSN, nessa perspectiva: Ah, um amigo me falou de ti e me deu o teu endereço. Podes me adicionar? E lá vem aquelas boas lembranças, sucedidas de contatos, de agendamentos de encontros presenciais, sim, presenciais e, como num passe de mágica, tudo é resolvido. Num passe de mágica? Não. Fruto do incansável, audacioso e ambicioso esforço humano na busca do conhecimento e ao encontro de alternativas e soluções que, não importa se imbuídos do desejo de lucro ou poder, facilitam, melhoram e trazem felicidade às vidas humanas.

A solidariedade, a comunicação e a coletivização são aspectos inerentes às formas de organização social, na família, na igreja, nas empresas, nas associações e nas “tribos”. E não há razão para acreditarmos que os recursos das tecnologias de comunicação tenham sido imbuídos de intenções obscuras de ensimesmamento, individualização e insulamento humanos. Nem mesmo é possível acreditar que, com o que podemos ver com nossos próprios olhos, todas essas comodidades tecnológicas sejam utilizadas pelos “animais que falam” justamente para que se tornem taciturnos. Seres humanos precisam de gente ao redor e qualquer desvio nesse sentido sempre existiu, é escolha de alguns indivíduos ou resultado de outras causas que constituem a exceção e não a regra.

[...] A relação com a realidade concreta com seus cheiros, cores, frios, calores, pesos, resistências e contradições é mediada pela imagem virtual que é somente imagem. O pé não sente mais o macio da grama verde. A mão não pega mais um punhado de terra escura, o mundo virtual criou um novo hábitat para o ser humano, caracterizado pelo encapsulamento sobre si mesmo e pela falta do toque, do tato e do contato humano (BOFF, s.d.).

Outra realidade muito importante e já presente e que merece destaque é a inclusão digital, que para ser autêntica precisa estar ligada à inclusão social.

Neste sentido, como afirma Ferreira (2004), o computador é uma ferramenta de construção e aprimoramento de conhecimento que permite acesso à educação e ao trabalho, desenvolvimento pessoal e melhor qualidade de vida.

Diante do cenário high tech (de alta tecnologia), a inclusão digital faz-se necessária para todos. As situações rotineiras geradas pelo avanço tecnológico produzem fascínio, admiração, euforia e curiosidade em alguns, mas, em outros, provoca sentimento de impotência, ansiedade, medo e insegurança. Algumas pessoas ainda olham para a tecnologia como um mundo complicado e desconhecido. No entanto, conhecer as características da tecnologia e sua linguagem digital é importante para a inclusão na sociedade globalizada (FERREIRA, 2004, p. 86).

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UNIDADE 3 | A RELAÇÃO ENTRE O INDIVIDUAL, O COLETIVO E A COMUNICAÇÃO

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3 A ATUAÇÃO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃOComo podemos entender os meios de comunicação de massa a partir

de uma definição? A comunicação de massa tem sido tipicamente entendida como organização, por exemplo, jornais, empresas de produção cinematográfica ou estúdios de televisão, que utilizam uma tecnologia de mídia para distribuir informação para grandes audiências. Com essa nova era digital e tecnológica que todos estamos vivendo, o contraste entre as grandes organizações e grandes audiências foi descaracterizado, já que agora se tornou possível qualquer pessoa produzir uma “notícia” e “postar na net”, onde milhares de pessoas irão visualizar. Os 15 minutos de fama preconizados por Andy Warhol se tornaram realmente possíveis nos nossos tempos.

As tecnologias de comunicação de massa mudaram a forma como pensamos sobre comunicação em geral, considerando o diálogo, a divulgação e combinação de ideias entre duas ou mais pessoas. Do ponto de vista dos processos psicológicos, uma maneira de se aproximar de comunicação de massa é como uma combinação de face a face e interações interpessoais mediadas.

Os meios de comunicação vivem hoje um senso de responsabilidade social norteados por uma ética que orienta praticamente todas as suas ações, seja na mídia ou outras organizações, exercendo importância comum para com o ambiente, a sociedade, a cultura e a economia. Os meios de comunicação mostram uma preocupação muito grande em promover discussões em relação aos aspectos ambientais e socioculturais, até em relação à economia, à política, aos movimentos sociais, que por causa da globalização e da informatização buscam a diversificação em suas atuações, assim como a política, a economia etc.

Como a mídia social afetará a interação em nossa sociedade? Desde o advento e popularização das mídias sociais na última década, ainda não há pesquisas, mas não há provas para apoiar as alegações de que a mídia social esteja de fato prejudicando a capacidade das pessoas de interagir com competência em um ambiente sem utilização de alguma mídia, ao mesmo tempo temos pessoas com relacionamentos muito fortes no mundo real utilizando as mídias sociais como um local adicional para interagir com outras pessoas que fazem parte do seu convívio. São pessoas extrovertidas que querem usar a mídia social como uma saída extra para interagir com amigos da escola, do trabalho e também da família.

Como a mídia social afetará a interação em nossa sociedade? Já não é de hoje que o face a face nas interações pessoais diminui por causa dessas novas tecnologias sociais.

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TÓPICO 3 | A PSICOLOGIA COMO FUNDAMENTO DA RESPONSABILIDADE NA COMUNICAÇÃO

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Várias teorias em psicologia social tentam compreender o papel da mídia na sociedade. Todas, de um modo ou de outro, tentam iluminar essa problemática. Algumas teorias, contudo, não dão conta de explicar determinados mecanismos e obscurecem a compreensão global da realidade. Elas explicam algo, mas ficam no meio do caminho. Assim, por exemplo, o que está por detrás do comportamentalismo, cognitivo e psicanálise é uma visão cartesiana: a dicotomia entre o mundo externo e interno. Cada abordagem tem sua maneira específica de explicar e lidar com essa dicotomia. Tanto os comportamentalistas quanto os cognitivistas partem da concepção de que existem seres humanos que podem saber o que é melhor para a humanidade e, portanto, são dignos de controlar e construir desejos nas pessoas (ROSO, 1998, p. 134).

Essa realidade relacionada a essa responsabilidade social dos meios de comunicação é relativamente um novo conceito, começou em meados do século 20, e é usado principalmente por países menos desenvolvidos e em desenvolvimento.

A teoria da responsabilidade social dos meios de comunicação mudou a maneira da imprensa efetuar a publicação de notícias a partir de informações objetivas obtidas na interpretação do que é produzido. Antes desta teoria se fazer valer, os fatos eram apresentados sem nenhuma interpretação. O receptor é que fazia suas próprias interpretações, à sua maneira. Essa situação evolui porque, como se vê, temos aí o problema de interpretação que não foi baseada na realidade. É aí que entra uma nova dinâmica de comunicação interpretativa, e o jornalismo investigativo entra em ação quando passa a buscar, através de uma séria investigação, a realidade por trás de cada caso.

DICAS

Assista ao filme

FONTE: <http://t2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQJ19-QyPb-cdY99Dm9GjsDpXhW2CtUw6kFvEymXpDesX_Pifh7>. Acesso em: 16 abr. 2016.

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UNIDADE 3 | A RELAÇÃO ENTRE O INDIVIDUAL, O COLETIVO E A COMUNICAÇÃO

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Um filme que retrata bem a realidade do jornalismo investigativo é o filme Spotlight, que relata a situação difícil de um grupo de jornalistas que apresenta um número enorme de documentações provando abuso de crianças realizado por padres na cidade de Boston. A história, baseada em fatos reais, é pesada, mas mostra a importância da investigação na busca e apresentação da comunicação da verdade.

É muito difícil um mesmo meio de comunicação de massa ter unanimidade junto aos receptores, pois há muita seletividade e a reação ocorre de diferentes formas através de sua própria experiência e orientação de acordo com a mídia de massa. Algumas dessas mídias são: revistas, Televisão, jornais, internet.

Devido às infinitas variedades de meios de comunicação que temos hoje, existem grandes limitações que parecem ter um impacto impressionante na dinâmica de comunicação. A maior limitação dos meios de comunicação é a competição. Soa estranho, pois é a competição que os mantêm criativos, atentos e na incessante busca de renovação, mas, como vimos anteriormente, a reação do receptor nem sempre é previsível.

FIGURA 46 - MANIPULANDO A INFORMAÇÃO

FONTE: <http://www.efdeportes.com/efd163/los-medios-de-comunicacion-en-el-mundo-del-deporte.htm>. Acesso em: 16 jul. 2016.

Cada meio de comunicação de massa quer ser o único a atingir o público, aumentando a concorrência. Como exemplo temos a transmissão dos jogos de futebol. Há empresas que compram o horário de transmissão porque, a partir de pesquisas de mercado, identificam o público receptor daquele programa e querem vender seu produto para esse público. É praticamente uma via de mão dupla: os meios de comunicação precisam das empresas e as empresas precisam dos meios de comunicação, e ambos miram no público receptor. É a opção de escolha.

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TÓPICO 3 | A PSICOLOGIA COMO FUNDAMENTO DA RESPONSABILIDADE NA COMUNICAÇÃO

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Já virou senso comum que na atualidade cada vez mais esportes, equipes, organizações não governamentais estão lançando programas de mídia social, participando e interagindo nas redes e mídias sociais. Por que está acontecendo isso? Qual a importância?

• Primeiro: os admiradores do esporte, do esportista, mudaram os seus hábitos e estão migrando para as mídias e plataformas sociais, sem deixar a TV, a mídia impressa.

• Segundo: criaram-se possibilidades de maior interação entre fã/admirador com o esportista, com o time.

• Terceiro: a valorização do esportista caminha com sua “entrada” nas mídias sociais: quantos seguidores, quantos twits, quantas curtidas, quantos compartilhamentos etc.

• Quarto: as mídias sociais servem para reforçar uma marca.• As mídias sociais, de alguma forma, motivam a participação em alguma

instituição como forma de ajudar outras pessoas.

Parece óbvio, mas somente a criação de uma página com fãs no Facebook ou conta no Twitter, sem uma compreensão das regras de engajamento social, não garante os itens acima elencados. Pode acontecer o inverso: pode resultar em oportunidades perdidas, pode provocar um isolamento no mundo digital, diminuindo as relações no mundo real.

FIGURA 47 - MUNDO REAL?

FONTE: <http://suzyanearaujo.blogspot.com.br/2011/10/interpretando-charges.html>. Acesso em: 25 jun. 2016.

Já passou o tempo em que se discutia qual veículo era mais importante no mundo das comunicações: se a mídia social ou se o espaço do anúncio de televisão no horário nobre. Todos os meios são importantes, porque atingem um determinado público ou pela importância, por exemplo, de algo veiculado na TV, independentemente da audiência, vai ser transportado voluntariamente para redes de mídia social que têm a capacidade de envolver os fãs para além do dia do jogo, do evento, da entrevista, ou seja, em tempo real.

Assim, como afirma Pavarino (2003), a importância e a influência dos meios de comunicação de massa nas sociedades são inegáveis e o processo de identificação e avaliação destes efeitos depende de algumas variáveis:

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• da tecnologia utilizada como difusora das informações: tevê, rádio, imprensa são compreendidos de maneira distinta uns dos outros. A televisão, por exemplo, possui conteúdo fragmentado e maior visibilidade;

• do acesso: há regiões no Brasil onde o rádio é o meio mais acessível; • das diferenças culturais, sociais e econômicas que influenciam na escolha e no

acesso aos meios: os jornais são mais lidos pelas classes A e B; • do papel que cada meio possui na sociedade em que atua: jornais, por exemplo,

são mais relevantes para a opinião pública em alguns países da Europa do que no Brasil.

Com o avanço e acessibilidade da tecnologia na atualidade, cada vez mais se torna possível o uso quantitativo pelas pessoas do que essas possibilidades oferecem e, por consequência, a forma como a sociedade vai migrando para essas novas mídias. Veja, por exemplo, a evolução do celular. De simples telefone para chamadas à infinidade de opções que temos, inclusive de chamadas telefônicas. O tablet, o computador de mesa, o notebook, a televisão a cabo etc.

Mesmo com todas essas possibilidades, a mídia impressa ainda é o tipo mais influente na formação de opinião. Vivemos momentos de grandes incorporações, fusões, de encerramento de edições tanto de revistas quanto de jornais impressos. Por que acontece essa reestruturação?

Em um mundo de economia globalizada, de concorrência acirrada, é comum verificar nas organizações, especialmente as privadas, a tendência em buscar estratégias que propiciem seu crescimento por meio de reestruturações que lhes garantam maior competitividade, como exemplo, estratégias de crescimento interno, integração horizontal ou vertical, fusões e incorporações (DIAS; PORTILHO, 2011, p. 2).

Você já considerou seriamente como deve se sentir um atleta profissional em um momento em que se encontra cercado de vários repórteres do mundo todo, apontando câmeras que transmitirão imagens para celular, tablet, TV e que logo estarão estampadas nos principais jornais? Numa linguagem popular diria: isso tudo é muito insano. É o que acontece hoje. E se você não é nenhum ‘famoso’ da bola, você é consumidor disso tudo. De uma forma ou de outra. Nesta perspectiva, nos tornamos apenas espectadores e a intenção, a motivação, não deve ser essa. Um filme que mostra essa situação de mero espectador que demora a reagir, seja na frente da TV ou atuando nela, é o filme Show de Truman.

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DICAS

Um filme muito interessante sobre um personagem criado em um mundo que simula a realidade e, nessa realidade simulada, milhões de pessoas assistem desde o nascimento de Truman até o momento em que ele passa a desconfiar que algo está errado em sua vida e começa então uma busca pela verdade.

FONTE: <http://www.goldposter.com/26649/>. Acesso em: 27 jun. 2016.

Este filme é muito bacana, não é mesmo? Vemos nele o que acontece no mundo do esporte: a falta de autocrítica, o narcisismo exacerbado, a falta de escrúpulos que transborda por toda a sociedade. Para sairmos dessa situação é preciso:

Cultivar, em primeiro lugar, a autocrítica. Qualquer que seja a origem dessa expressão, não se pode negar o fato de estar sendo ela mundialmente empregada para designar uma atitude cada vez mais necessária na sociedade contemporânea. Muito dificilmente poderá alguém progredir se não for capaz de reconhecer as próprias deficiências, os próprios defeitos. A autocrítica, portanto, precisa ser encarada como uma das finalidades da educação e um hábito indispensável aos bons esportistas. Deve se tornar uma atitude habitual tão arraigada quanto possível, o que não quer dizer que a pessoa descambe no sentido de excessivo pessimismo. É preciso que cada qual conheça os próprios méritos e as próprias possibilidades, mas não esqueça a eventualidade de diminuição de suas capacidades, assim como as falhas existentes no comportamento de qualquer um (LOBO, 1973, p. 77).

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Há muitas maneiras, formas que as pessoas podem utilizar para influenciar o comportamento dos outros. Nós não esperamos que as pessoas se comportem de forma aleatória, mas que saibam identificar o comportamento de determinadas maneiras em situações particulares. Cada situação social, cada evento social implica o seu próprio conjunto de expectativas sobre a maneira "correta" ou a maneira mais conveniente de se comportar. Tais expectativas podem variar de grupo para grupo.

Uma maneira dessas expectativas se tornarem aparentes é quando olhamos para os papéis que as pessoas desempenham na sociedade. Os papéis sociais são a parte em que as pessoas agem como membros de um grupo social.

Quando observamos algumas décadas atrás, veremos que as únicas ligações entre as pessoas era o face a face. Atualmente, temos o Facebook, o Twitter e uma lista crescente de outras plataformas de mídia social que permitem às pessoas expressar as suas opiniões para qualquer pessoa, para qualquer assunto, de qualquer lugar do mundo, instantaneamente, simultaneamente.

Muitas coisas interessantes estão acontecendo hoje no mundo da tecnologia. Os psicólogos são influenciados pelos avanços tecnológicos de muitas maneiras, no entanto, os impactos da tecnologia sobre a psicologia podem ser benéficos e prejudiciais. Como a tecnologia se desenvolve, os médicos, conselheiros, pesquisadores e especialistas em recursos humanos devem estar todos preparados para lidar com boas e más ações criadas pela tecnologia.

Todas essas mídias sociais devem assumir sua responsabilidade no desenvolvimento dos indivíduos, permitindo a cada pessoa o direito de falar, de expressar e publicar. Parece utopia, porque não vemos isso. Quando temos normas de concessão dos meios de comunicação para determinados grupos as administrarem, percebemos que falta muito para que os meios de comunicação sejam o lugar de expressão das pessoas e da própria sociedade. Acadêmico, em seu ponto de vista, os meios de comunicação são um instrumento para o desenvolvimento social? Tendo presente que a função que transparece das mídias é a de informar, documentar, analisar, interpretar, mediar e mobilizar, criando e encontrando soluções.

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LEITURA COMPLEMENTAR

PSICOLOGIA E COMUNICAÇÃO

Leandro Murta

Um processo de comunicação consiste na correta transmissão de informação e exerce sobre o receptor um efeito. Este resultado da comunicação é o que podemos chamar de realidade. Sabemos que quando entramos neste assunto, há uma complexidade de fatores que vêm sendo estudados no decorrer dos tempos. Comunicação e Psicologia sempre estiveram intrinsecamente relacionadas. Bateson (1972, 1979) foi um dos pioneiros no estudo da comunicação humana e sua aplicação nos estudos da Psicologia. De início houve um interesse de estudar o papel dos paradoxos na comunicação. O projeto partiu da teoria dos tipos lógicos de Russell e das mensagens analógicas e digitais de Whitehead. A comunicação digital corresponde ao conteúdo verbal expresso, enquanto que o analógico é todo o componente emocional envolvido na mensagem. A partir das ideias de Bateson, temos a teoria da comunicação humana proposta por Watzlawick (1967), que propõe os axiomas da comunicação. Nestes pressupostos vamos encontrar a estreita relação entre comunicação e o processo relacional, que a partir de então vamos encontrar transformações na compreensão da comunicação humana. Este trabalho parte do pressuposto de que não é possível não se comunicar, bem como não ocorrer interação, e sim, que sempre estaremos interagindo e as mensagens são ações comunicativas por meio das quais geramos significados e organizamos a realidade de nossos mundos. Mais recentemente também encontramos os estudos de Bebchuk (1994), ao propor que toda a conversação é um entrelaçamento de emoção e linguagem. Com isto estamos falando mais uma vez da relação que é estabelecida nesta troca. Para o autor, ao escutar, há um convite ao diálogo. Vamos encontrar a evolução nesta forma de entender a comunicação humana, nos princípios do construcionismo social, que entende que é através da relação com o outro, em que processos de trocas comunicacionais são exercidas e, portanto, de onde construímos nossos sistemas de valores e crenças. Tal compreensão da comunicação vem refletindo profundas modificações na esfera da Psicologia e nos modos de interação humana. A comunicação é uma das coisas mais antigas que pertence aos seres humanos, mas só neste último século é que vemos a atenção e o interesse desta no processo de evolução do ser humano. Talvez com a necessidade da expansão do conhecimento, o confronto com as divergências, a necessidade de resolução de conflitos e problemas num espaço de tempo menor, a necessidade vital de aumentar as possibilidades de ampliar e transmitir as mensagens, tudo isso fez com que as ciências voltassem os interesses sobre este assunto. Principalmente quando vemos que um dos princípios básicos da comunicação é a possibilidade de estabelecer um diálogo que é constituído com base nas emoções, e que esta resulta da participação comum das interações recorrentes, faz com que nos aproximemos de uma compreensão da comunicação virtual que cada vez mais vem ocupando espaços na nossa realidade. Neste sentido, estamos falando de uma troca de mensagens com uma

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rede que se estende em todas as direções. Com isto, uma profunda transformação nas mudanças de pensamento e valores se apresenta, uma nova visão de mundo como um todo integrado e não como uma simples somatória de partes isoladas. É neste momento que vimos a necessidade da Psicologia e Comunicação mais uma vez se aproximarem do mundo virtual que vem refletindo a expressão da mais recente forma de comunicação humana e da rede de relações que se estabelecem dentro de redes, não havendo hierarquias, nem acima nem abaixo, havendo somente redes aninhadas dentro de redes (CAPRA, 1996).

Estamos falando de um processo relacional, inserido dentro de um processo de comunicação junto às novas tecnologias, que faz necessário ser parte integrante da atuação psicológica, bem como do campo de estudos da Psicologia. E também com isso, cabe refletir a respeito de como estas inovações podem ser inseridas no mundo acadêmico. É amplamente conhecido que a tecnologia vem trazendo uma mudança substancial nos assuntos que dizem respeito às condições humanas. A tecnologia no século 20 tem servido numa expansão particular e de complexidade no crescimento do potencial para as relações sociais. Estamos falando do telefone, do automóvel, rádio, meios de comunicação, televisão, transporte aéreo, mais recentemente o uso pessoal do computador, a transmissão via satélite, as redes de comunicação internacionais, o fax, as filmadoras, o telefone móvel, todos fazendo parte da rotina diária com a função de colocar as pessoas cada vez mais próximas. Cada uma destas tecnologias nos permite uma comunicação de imediato. Este sistema de comunicação permite a expansão da consciência grupal ao permitir a ampliação dos horizontes do indivíduo isolado, para compartilhar valores, crenças e visões de mundos semelhantes. No meio acadêmico também vamos encontrar uma ampla transformação, através do florescimento de inúmeros encontros acadêmicos através de periódicos, estruturas organizacionais e encontros internacionais.

Uma mudança significativa está na concepção do conhecimento. Toda esta mudança pode ser mais claramente refletida a partir dos fundamentos do construcionismo social. Isto porque toda essa tecnologia exige uma mudança radical e uma reformulação do projeto pedagógico. A autoridade na educação agora é exercida e consolidada quanto maior o background relacional, na produção de conhecimento, ao enfatizar o contexto e o diálogo. É neste momento que o uso de ferramentas e de todo potencial tecnológico tem que fazer parte do processo educacional, como o uso do multimídia, do CD-ROM e o uso da rede, se entendermos que a Psicologia tem que acompanhar e responder às demandas sociais e individuais. E também se Psicologia e Comunicação são inseparáveis, ambas têm em comum a necessidade de participar em conjunto do processo de construção das relações humanas, e uma delas é a utilização da comunicação virtual.

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A Web e a Psicologia

Chegamos à era da aldeia global: computadores, celulares, fax, fibras óticas. O tempo e as distâncias se modificaram. Tempo é dinheiro. Essa é a máxima da sociedade capitalista em que estamos imersos. A sociedade contemporânea caminha para o terceiro milênio. Muda a sociedade, perplexa a cada instante, assimilando e recriando o social, o ecstasy, a aids, a clonagem. Muda a sociedade e mudam também as suas demandas. A Psicologia e a Psicanálise, disciplinas seculares, também vêm se modificando em decorrência dessas transformações e através da interação com a sociedade. Apesar - ou por causa - de todas essas transformações, o sofrimento psíquico e o conflito humano permanecem. E com eles a busca de tratamentos que tragam alívio dessas dores e a resolução dos conflitos o mais rapidamente possível. Novas formas de tratamentos ou apoio que facilitem a dor psíquica devem surgir e a Web se configura entre um deles. Mas o que é Web? Como uma rede de informação estaria podendo colaborar para minimizar o sofrimento das pessoas na sociedade? Como uma rede de informações poderia se envolver e tentar ajudar o sujeito a amenizar seus conflitos?

O Impacto da Rede

Contudo, temos que analisar quem é o usuário deste serviço. Estatísticas sobre a internet são difíceis de calcular. A partir de 1997, a internet tornou-se extremamente popular. Estima-se em cerca de 60 milhões o número de usuários da rede; dados mais otimistas falam em 100 milhões nos próximos anos. O número de sites amplia-se exponencialmente, e a presença privada na rede, particularmente no WWW, tem crescido significativamente. Aplicações avançadas, como o Internet Phone ou o CU-Seeme, que possibilitam a troca de informação audiovisual em tempo real, demandam maiores investimentos na infraestrutura e na velocidade de transmissão de dados. Diante de tal explosão de popularidade e utilização, fica muito difícil um exercício de futurologia: o que será da internet, daqui em diante? Seu uso se alargará, ou será mais restritivo, com a presença da censura? E o Terceiro Mundo, como garantirá o acesso de suas comunidades carentes à rede? Uma série de questões se coloca. Apenas podemos aguardar por seus desdobramentos. Mas, com certeza, existe um ponto pacífico: o fenômeno internet é global, e irreversível. Além de estar em constante crescimento, existe o aspecto da descentralização desta rede. A todo momento estão sendo adicionados novos computadores sem que nenhuma autoridade central seja notificada. A previsão de muitas pessoas é que a internet vai transformar o modo como o mundo se comunica e, consequentemente, as maneiras em que seu intelecto coletivo vai se expressar, mas não será uma expansão tranquila, livre de obstáculos ou mesmo previsível. A internet conseguiu transformar-se em meio de comunicação de massas em alguns países do mundo desenvolvido porque uma minoria de pessoas nesses países possui qualificações básicas para ser usuário da rede. Essas pessoas têm acesso a sistemas públicos de telecomunicações em condições de suportar a rede: possuem dinheiro para comprar os computadores e modems necessários; têm o nível de educação e interesse necessário para dominar o uso dos sistemas envolvidos e, quando chegam a esse ponto, possuem a orientação cultural e linguística que lhes dá acesso a informações que acham compreensíveis e úteis ou ao menos interessantes. As diferenças linguísticas e

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culturais são os principais fatores que fazem do avanço da internet no mundo desenvolvido um processo errático desigual. A maior parte do mundo ainda tem um longo caminho a percorrer antes de começar a se interessar por luxos tecnológicos como a internet. O que está acontecendo nos países desenvolvidos hoje podem ser implicações para os padrões futuros de uso da rede entre dois terços remanescentes da população mundial, mas, com o tempo, a maioria global terá de ter acesso a sistemas de rede com os quais ainda nem sequer sonhamos. Para a maior parte do mundo, o uso dos meios de comunicação ainda terá que passar por tecnologias mais conhecidas, tais como a TV e a telefonia simples.

Tendências: Educação e Tecnologia

As sociedades que maximizam o uso de nova tecnologia, seja para novas pesquisas, divulgação ou informando sobre os resultados alcançados, foram as que mais investiram em tecnologia e que sofreram transformações na qualidade de vida. O investimento em tecnologia, na sociedade moderna, é o investimento no saber. Se não ocorre este investimento, fica-se na dependência de quem sabe. A história contemporânea confirma esta premissa. As nações detentoras de tecnologia são as que mais progridem e as que dominam na atualidade. As que não investem em tecnologia e ciência ficam a reboque na história, dependendo de concessões e da boa vontade das nações mais desenvolvidas. A tecnologia, em se tratando das ciências humanas, não pode ter outro objetivo que o estar a serviço do bem-estar, considerando que a promoção de conhecimento é guia para o alcance do seu ideal. Neste particular, a difusão de ideias e a qualidade da informação são altamente importantes para a formação do futuro profissional, isto não poderia ser diferente em relação à Psicologia. As novas tecnologias (já não tão novas), como no caso da Web, passam a ser ferramentas para a formação contínua do profissional, eficiência e desempenho são indispensáveis no processo de formação, que, como é sabido, deve ser constante e infindável. Neste caso as informações devem ser acessadas com facilidade, bibliografias devem ser consultadas em poucos minutos, interface com colegas, professores e instituições têm a incumbência de fazer circular a informação, checar dados e, fundamentalmente, trocar experiências. [...]

Conclusão

Na Psicologia, enquanto estudo e pesquisa para uma compreensão do sujeito na sociedade, o conhecimento teórico é sinônimo de ciência, muito mais do que nas sociedades anteriores. Na sociedade atual, a socialização do saber deve vir para privilegiar a todos. A internet, paradoxalmente, pode vir a tornar realidade algumas destas aspirações, particularmente as que envolvem o conhecimento das teorias psicológicas, assim como o atendimento de milhares de alunos, professores e outros que desejam conhecer ou receber informação a respeito de uma ciência tão diversificada como esta. É claro que nada acontece espontaneamente. Muitos responderão, com razão, que a tecnologia, por si só, não transforma o mundo. É verdade. No entanto, ela funciona como instrumento, ferramenta e fator de difusão de ideias.

FONTE: <http://especialistasemqualidade.blogspot.com.br/2008/12/psicologia-e-comunicao.html>. Acesso em: 30 jul. 2016.

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Neste tópico, vimos que:

• O desenvolvimento de novas tecnologias disparou nos últimos anos e esses avanços têm desempenhado um papel significativo no avanço do campo da psicologia, e a própria psicologia tem utilizado uma série de tecnologias no seu campo de atuação.

• As redes sociais são um exemplo fantástico de multiplicação de relacionamentos, trocas de informação, de solidariedade e também de engajamento em questões coletivas.

• A solidariedade, a comunicação e a coletivização são aspectos inerentes às formas de organização social, na família, na igreja, nas empresas, nas associações e nas “tribos”.

• As tecnologias de comunicação de massa mudaram a forma como pensamos sobre comunicação em geral, considerando aí o diálogo, a divulgação e combinação de ideias entre duas ou mais pessoas. Do ponto de vista dos processos psicológicos, uma maneira de se aproximar de comunicação de massa é como uma combinação de face a face e interações interpessoais mediadas.

• Os meios de comunicação vivem hoje um senso de responsabilidade social, norteados por uma ética que orienta praticamente todas as suas ações, seja na mídia ou outras organizações, dando muita importância comum para com o ambiente, com a sociedade, com a cultura, com a economia.

• Cada meio de comunicação de massa quer ser o único a atingir o público, aumentando a concorrência.

• Com o avanço e acessibilidade da tecnologia na atualidade, cada vez mais se torna possível o uso quantitativo pelas pessoas do que essas possibilidades oferecem e, por consequência, a forma como a sociedade vai migrando para essas novas mídias.

RESUMO DO TÓPICO 3

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AUTOATIVIDADE

Vamos reproduzir aqui questões aplicadas no ENADE, para que você, acadêmico, possa se familiarizar com a dinâmica utilizada na prova que, obrigatoriamente, os acadêmicos que irão concluir o curso no ano do ENADE terão que realizar.

1 (ENADE – 2015) Hoje, o conceito de inclusão digital está intimamente ligado ao da inclusão social. Neste sentido, o computador é uma ferramenta de construção e aprimoramento de conhecimento que permite acesso à educação e ao trabalho, desenvolvimento pessoal e melhor qualidade de vida.

FERREIRA, J. R. et al. Inclusão Digital. In: BRASIL. O futuro da indústria de software: a perspectiva do Brasil. Brasília: MDIC/STI, 2004 (adaptado).

Diante do cenário high tech (de alta tecnologia), a inclusão digital faz-se necessária para todos. As situações rotineiras geradas pelo avanço tecnológico produzem fascínio, admiração, euforia e curiosidade em alguns, mas, em outros, provocam sentimento de impotência, ansiedade, medo e insegurança. Algumas pessoas ainda olham para a tecnologia como um mundo complicado e desconhecido. No entanto, conhecer as características da tecnologia e sua linguagem digital é importante para a inclusão na sociedade globalizada.

Nesse contexto, políticas públicas de inclusão digital devem ser norteadas por objetivos que incluam:

I- A inserção no mercado de trabalho e a geração de renda.II- O domínio de ferramentas de robótica e de automação.III- A melhoria e a facilitação de tarefas cotidianas das pessoas.IV- A difusão do conhecimento tecnológico. É correto apenas o que se afirma em:

a) ( ) I e II.b) ( ) I e IV.c) ( ) II e III.d) ( ) I, III e IV.e) ( ) II, III e IV

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2 (ENADE – 2015)

FONTE: <http://www.irbianchi.com>. Acesso em: 15 jul. 2015.

O termo ciberespaço especifica não apenas a infraestrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informação que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo. O neologismo “cibercultura” especifica aqui o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais) de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço.

LEVY. P. Cibercultura. São Paulo: 34, 1999 (adaptado).

Considerando a charge e o texto acima, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.

I- A charge expõe um aspecto da cibercultura e compartilha com o texto a visão otimista em relação ao desenvolvimento das tecnologias da comunicação.

PORQUE

II- O crescimento do ciberespaço possibilita a virtualização, que implica uma realidade desterritorializada e altera os comportamentos pessoais, o que está de acordo com os pressupostos de Levy.

A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.

a) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.

b) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.

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c) ( ) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.

d) ( ) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.e) ( ) As asserções I e II são proposições falsas.

3 (ENADE – 2012) A realidade dos movimentos sociais é bastante dinâmica e, nem sempre, as teorizações têm acompanhado esse dinamismo. Com a globalização e a informatização da sociedade, os movimentos sociais, em muitos países, inclusive no Brasil e em outros países da América Latina, tenderam a se diversificar e complexificar. Por isso, muitas explicações paradigmáticas ou hegemônicas nos estudos da segunda metade do século XX necessitam de revisões ou atualizações ante a emergência de novos sujeitos sociais ou cenários políticos.

SCHERER-WARREN, I. Das mobilizações às redes de movimentos sociais. Sociedade e Estado. Brasília, v. 21, n. 1, jan./abr., 2006, p. 109-30.

Considerando a afirmação acima, avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas.

I- A Psicologia precisa dedicar-se a compreender os novos sujeitos sociais em seus cenários políticos, a diversidade identitária, as diferentes demandas por direitos e formas de ativismo, para construir um arcabouço teórico capaz de dar respostas às demandas de fortalecimento de indivíduos e das redes sociais.

PORQUE

II- A sociedade civil, embora configure um campo composto por forças sociais heterogêneas, está relacionada à esfera da defesa da cidadania e suas respectivas formas de organização em torno de interesses públicos e de valores, não sendo isenta de relações e conflitos de poder, de disputas por hegemonia e representações sociais e políticas diversas e antagônicas.

A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.

a) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa da I.

b) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa da I.

c) ( ) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.

d) ( ) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.e) ( ) As asserções I e II são proposições falsas.

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