comunicação e linguagem - uniasselvi

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2018 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM Prof.ª Cláudia Suéli Weiss Prof.ª Elisabeth Penzlien Tafner Prof.ª Estela Maris Bogo Lorenzi Prof.ª Luana Ewald

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Page 1: ComuniCação e Linguagem - UNIASSELVI

2018

ComuniCação e LinguagemProf.ª Cláudia Suéli WeissProf.ª Elisabeth Penzlien TafnerProf.ª Estela Maris Bogo LorenziProf.ª Luana Ewald

Page 2: ComuniCação e Linguagem - UNIASSELVI

Copyright © UNIASSELVI 2018

Elaboração:

Prof.ª Cláudia Suéli Weiss

Prof.ª Elisabeth Penzlien Tafner

Prof.ª Estela Maris Bogo Lorenzi

Prof.ª Luana Ewald

Revisão, Diagramação e Produção:

Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri

UNIASSELVI – Indaial.

Impresso por:

W429c

Weiss, Cláudia Suéli

Comunicação e linguagem. / Cláudia Suéli Weiss; Elisabeth Penzlien Tafner; Estela Maris Bogo Lorenzi; Luana Ewald. – Indaial: UNIASSELVI, 2018.

225 p.; il.

ISBN 978-85-515-0222-8

1.Linguagem e línguas. – Brasil. 2.Psicolinguística. – Brasil. I. Weiss, Cláudia Suéli. II. Tafner, Elisabeth Penzlien. III. Lorenzi, Estela Maris Bogo. IV. Ewald, Luana. V. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.

CDD 401

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III

apresentaçãoLinguagem e comunicação são partes integrantes de nossas vidas,

indispensáveis não somente para a aquisição de conhecimentos, nas mais diversas áreas do saber, como para a participação nos diferentes contextos sociais.

O ritmo em que desenvolvemos nossas atividades é cada vez mais acelerado, daí a necessidade de uma comunicação eficaz tanto nas relações pessoais como nas interpessoais. E não somos apenas nós que vivemos nesta rotina, a sociedade também é caracterizada pelo ritmo frenético das mudanças, especialmente no mundo dos negócios, com a integração apressada das diversas mídias, o perfil das organizações tanto empresariais como sociais vem se alterando significativamente.

É preciso reconstruir o cenário em que tais modificações ocorrem, porque na verdade a comunicação e a linguagem funcionam como um ícone, que liga diferentes culturas e, inclusive, tendências. Tentar situá-las à revelia deste contexto – amplo e complexo – implica esgotar o seu conteúdo e o seu poder de persuasão.

Na Unidade 1, analisaremos a origem, a importância, as funções e as formas que a linguagem e a comunicação apresentam. Saber a real funcionalidade do processo de comunicação, utilizando recursos que enfatizam a intenção do que o emissor quer compartilhar, reforça tanto a boa comunicação das empresas e/ou instituições para com seus clientes, como também gera um diferencial no profissional que partilha dessas informações.

Na Unidade 2, trataremos dos textos que compõem os documentos (em especial os que você utiliza no seu dia a dia profissional), descreveremos sua função, definiremos sua estruturação, apresentaremos modelos e características. A compreensão de coesão e coerência textual também é parte integrante dessa unidade, pois escrever é uma habilidade que pode ser aperfeiçoada diariamente, por meio de atividades rotineiras simples, como variadas leituras. Nesse sentido, quanto maior o contato com diferentes gêneros, maior será a intimidade do leitor com eles e, por conseguinte, menores seriam suas dificuldades em produzi-los.

Na Unidade 3, abordaremos os tópicos de gramática, no que se refere ao uso da pontuação, classes gramaticais e expressões. O emprego da norma padrão é importante para que você possa adotá-la em situações mais formais de uso da linguagem, como em entrevistas de emprego, concursos, produção de textos acadêmicos ou de sua área profissional. Para que a escrita

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IV

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos!

NOTA

e a comunicação sejam mais eficazes, devemos conhecer o vocabulário e as regras que são aceitas pela nossa comunidade linguística, o que implica, em determinados momentos, o uso da norma padrão da língua portuguesa.

Esperamos que, caro acadêmico, ao final deste livro, a partir dos conhecimentos adquiridos, você possa interagir com maior segurança em relação ao uso da Língua Portuguesa, nas modalidades falada e/ou escrita, em situações formais ou informais, tanto corriqueiras como profissionais. Para tanto, este livro de estudos contém textos, reflexões, ideias, imagens, dicas funcionais e questões pertinentes ao uso adequado da Língua Portuguesa.

Bons estudos!

Prof.ª Cláudia Suéli Weiss Prof.ª Elisabeth Penzlien Tafner Prof.ª Estela Maris Bogo Lorenzi Prof.ª Luana Ewald

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V

Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!

UNI

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VI

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VII

UNIDADE 1 – LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO: REFLEXÕES ACERCA DAS FUNÇÕES COGNITIVAS .......................................................................................... 1

TÓPICO 1 – LINGUAGEM: UM MEIO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL .................................... 31 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 32 PARTICULARIDADES DA LINGUAGEM: LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL ....... 5

2.1 A LINGUAGEM NÃO VERBAL ................................................................................................... 92.2 A LINGUAGEM VERBAL .............................................................................................................. 11

3 PARTICULARIDADES DA LÍNGUA FALADA E LÍNGUA ESCRITA .................................... 13LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 16RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 17AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 18

TÓPICO 2 – COMUNICAÇÃO: PROCESSOS E ELEMENTOS .................................................... 191 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 192 O PAPEL DA COMUNICAÇÃO NAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS ..................................... 19

2.1 TIPOS DE COMUNICAÇÃO ......................................................................................................... 223 ELEMENTOS DO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO ................................................................. 24

3.1 EMISSOR ........................................................................................................................................... 243.2 RECEPTOR ....................................................................................................................................... 253.3 MENSAGEM .................................................................................................................................... 253.4 CANAL DE COMUNICAÇÃO .................................................................................................... 253.5 CÓDIGO ............................................................................................................................................ 253.6 REFERENTE ..................................................................................................................................... 26

4 BARREIRAS A UMA COMUNICAÇÃO EFICAZ ......................................................................... 274.1 REDUNDÂNCIA ............................................................................................................................ 284.2 RUÍDO ............................................................................................................................................... 29

RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 31AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 32

TÓPICO 3 – A LINGUAGEM E SUAS PARTICULARIDADES .................................................... 331 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 332 NÍVEIS DE LINGUAGEM ................................................................................................................. 33

2.1 NÍVEL CULTO OU FORMAL ........................................................................................................ 342.2 NÍVEL INFORMAL ......................................................................................................................... 342.3 USO ADEQUADO DA LÍNGUA ÀS SITUÇÕES DE COMUNICAÇÃO ............................... 382.4 GÍRIAS ............................................................................................................................................... 38

3 A LINGUAGEM PARTICULAR DE UMA PROFISSÃO ............................................................. 394 A LINGUAGEM E SUAS FUNÇÕES ................................................................................................ 41

4.1 FUNÇÃO EMOTIVA ...................................................................................................................... 424.2 FUNÇÃO REFERENCIAL .............................................................................................................. 444.3 FUNÇÃO APELATIVA ................................................................................................................... 44

sumário

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VIII

4.4 FUNÇÃO FÁTICA ........................................................................................................................... 464.5 FUNÇÃO METALINGUÍSTICA .................................................................................................... 474.6 FUNÇÃO POÉTICA ........................................................................................................................ 48

RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 49AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 51

UNIDADE 2 – A ESTRUTURA TEXTUAL ......................................................................................... 55

TÓPICO 1 – O TEXTO E SUA INTENÇÃO ....................................................................................... 571 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 572 A CONSTRUÇÃO DO TEXTO: COESÃO E COERÊNCIA ......................................................... 58

2.1 COESÃO ............................................................................................................................................ 582.1.1 Mecanismos de coesão ........................................................................................................... 58

2.2 COERÊNCIA .................................................................................................................................... 613 PARÁGRAFO ........................................................................................................................................ 66

3.1 A ESTRUTURAÇÃO DO PARÁGRAFO ...................................................................................... 67RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 69AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 70

TÓPICO 2 – OS DIVERSOS TEXTOS ................................................................................................. 731 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 732 CARACTERÍSTICAS DOS TEXTOS ................................................................................................ 733 A NARRAÇÃO ...................................................................................................................................... 744 A DESCRIÇÃO ...................................................................................................................................... 795 A ARGUMENTAÇÃO .......................................................................................................................... 816 COESÃO E ARGUMENTAÇÃO ........................................................................................................ 82RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 86AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 87

TÓPICO 3 – O ESTUDO DO TEXTO: LEITURA, INTERPRETAÇÃO E GÊNEROS ................ 911 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 912 A LEITURA E A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL ............................................................................. 92

2.1 O MAIOR DESAFIO DAS INSTITUIÇÕES: A COMUNICAÇÃO INTERNA ....................... 923 OS MODELOS TEXTUAIS ................................................................................................................. 93

3.1 RELATÓRIOS ................................................................................................................................... 953.1.1 Partes do relatório ................................................................................................................... 953.1.2 Aplicação .................................................................................................................................. 96

3.2 ATA .................................................................................................................................................... 973.2.1 Escritura e modelo .................................................................................................................. 98

3.3 OFÍCIO .............................................................................................................................................. 993.3.1 Elaboração e modelo ............................................................................................................100

3.4 REQUERIMENTO .........................................................................................................................1023.4.1 Escritura e modelo ................................................................................................................102

3.5 E-MAIL ............................................................................................................................................1033.5.1 Linguagem e dicas na elaboração de um e-mail formal .................................................104

RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................106AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................107

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IX

UNIDADE 3 – A GRAMÁTICA E SUAS PARTES ..........................................................................109

TÓPICO 1– AS CLASSES DE PALAVRAS .......................................................................................1111 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................1112 AS CARACTERÍSTICAS DE CADA CLASSE .............................................................................111

2.1 SUBSTANTIVO ..............................................................................................................................1132.2 ADJETIVO ......................................................................................................................................1182.3 ADVÉRBIO .....................................................................................................................................1232.4 NUMERAL ......................................................................................................................................1252.5 ARTIGO ...........................................................................................................................................1262.6 PREPOSIÇÃO .................................................................................................................................1292.7 CONJUNÇÃO ................................................................................................................................1312.8 INTERJEIÇÃO ...............................................................................................................................1342.9 VERBO .............................................................................................................................................1352.10 PRONOMES .................................................................................................................................147

2.10.1 Os pronomes de tratamento ...............................................................................................1543 COLOCAÇÃO PRONOMINAL ......................................................................................................156

3.1 PRÓCLISE .......................................................................................................................................1563.2 MESÓCLISE ....................................................................................................................................1573.3 ÊNCLISE .........................................................................................................................................157

RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................159AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................161

TÓPICO 2 – PONTUAÇÃO, ACENTUAÇÃO E O USO DO HÍFEN ..........................................1631 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................1632 O EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO ...........................................................................164

2.1 O PONTO .................................................................................................................................................... 1642.2 DOIS-PONTOS ...............................................................................................................................1662.3 O PONTO E VÍRGULA ................................................................................................................1662.4 A VÍRGULA ....................................................................................................................................1672.5 O PONTO DE INTERROGAÇÃO ...............................................................................................1742.6 O PONTO DE EXCLAMAÇÃO....................................................................................................1742.7 AS RETICÊNCIAS .........................................................................................................................1752.8 AS ASPAS ........................................................................................................................................1762.9 O TRAVESSÃO ...........................................................................................................................................1762.10 OS PARÊNTESES .........................................................................................................................177

3 A ACENTUAÇÃO DAS PALAVRAS ......................................................................................................1783.1 A CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM A TONICIDADE DAS SÍLABAS ..........................179

4 CRASE ...................................................................................................................................................1835 HÍFEN ....................................................................................................................................................185RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................191AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................193

TÓPICO 3 – LÍNGUA PORTUGUESA: DÚVIDAS PERTINENTES NA ESCRITURA DE UM TEXTO ................................................................................................................1951 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................1952 AMBIGUIDADE .................................................................................................................................1963 ESTRANGEIRISMOS ........................................................................................................................1984 PLEONASMO ......................................................................................................................................2005 EXPRESSÕES .......................................................................................................................................201

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X

5.1 USO DOS PORQUÊS ....................................................................................................................2015.2 USO DE MAU E MAL ..................................................................................................................2035.3 USO DE SENÃO E SE NÃO ........................................................................................................2055.4 USO DE MAIS E MAS ..................................................................................................................2065.5 USO DO HÁ E A ...........................................................................................................................2075.6 USO DE AONDE E ONDE ..........................................................................................................2085.7 USO DE A FIM E AFIM ...............................................................................................................2105.8 USO DE DEMAIS E DE MAIS .....................................................................................................2115.9 USO DE AO ENCONTRO DE E DE ENCONTRO A ................................................................2125.10 USO DE ACERCA, A CERCA E HÁ CERCA ..........................................................................2135.11 USO DE A PRINCÍPIO E EM PRINCÍPIO ...............................................................................214

RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................216AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................218

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................219

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1

UNIDADE 1

LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO: REFLEXÕES ACERCA DAS FUNÇÕES

COGNITIVAS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• identificar as particularidades e a importância da língua escrita e falada;

• entender os processos e elementos da comunicação;

• refletir e adequar o uso da linguagem em diferentes situações;

• conhecer e diferenciar as funções da linguagem, bem como compreender a importância de cada uma no processo comunicativo;

• refletir sobre os tipos de comunicação e verificar sua real e eficaz utilização no contexto comunicativo;

• identificar e apresentar soluções para os problemas relacionados às falhas comunicativas no cotidiano profissional.

Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – LINGUAGEM: UM MEIO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

TÓPICO 2 – COMUNICAÇÃO: PROCESSOS E ELEMENTOS

TÓPICO 3 – A LINGUAGEM E SUAS PARTICULARIDADES

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TÓPICO 1UNIDADE 1

LINGUAGEM: UM MEIO DE

COMUNICAÇÃO SOCIAL

1 INTRODUÇÃOExpressar-se de maneira competente na língua materna é uma necessidade

inegável para o bom desempenho de atividades que envolvam a palavra. Portanto, uma primeira reflexão merece atenção: qual é a distinção de linguagem e língua?

De maneira geral, a linguagem está atrelada ao ato de comunicar-se com as pessoas. De acordo com Terra (1997), damos o nome de linguagem a todo sistema de sinais convencionais que nos permite realizar atos de comunicação. Existem várias linguagens: a dos surdos, a que você fala, a dos sinais de trânsito, a das bandeiras em corridas de automóveis, entre outras.

Língua, por sua vez, refere-se ao conjunto de expressões e palavras que são usadas por um determinado povo, sendo esta munida de regras para o uso adequado. A língua é um dos atributos da linguagem.

Para interagir, articular a linguagem, o ser humano faz uso de uma língua, constituída de uma gramática própria. É importante ressaltar que a língua é um organismo vivo e, por esse motivo, é natural que exista um distanciamento, por vezes, entre o que é prescrito pelas normas de uma gramática tradicional e o que é efetivamente utilizado por seus falantes.

De acordo com Terra (1997, p. 13), a definição de língua é: “[...] a linguagem que utiliza a palavra como sinal de comunicação”. Entendemos, então, que a língua é um aspecto da linguagem e pertence a um grupo de indivíduos, estes, por sua vez, concretizam a língua através da fala.

Podemos dizer que no ato da comunicação não utilizamos somente um

conjunto de palavras faladas e/ou escritas, mas também imagens, gestos, cores e sinais. Observe:

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UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO: REFLEXÕES ACERCA DAS FUNÇÕES COGNITIVAS

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FIGURA 1 – COMUNICAÇÃO

FONTE: <http://3.bp.blogspot.com/_R98DBfPQdxw/S8dsVEpZvGI/AAAAAAAAAFk/gAJ9vRnexR4/s400/libras-708316.png>. Acesso em: 6 ago. 2018.

Temos, como exemplo de gestos e sinais, o alfabeto de libras. A seguir, você pode visualizar a importância das cores na comunicação.

FIGURA 2 – A COR NA COMUNICAÇÃO

FONTE: <https://vilamulher.uol.com.br/imagens/thumbs/2010/10/08/o-significado-das-cores-32-807-thumb-570.jpg>. Acesso em: 6 ago. 2018.

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TÓPICO 1 | LINGUAGEM: UM MEIO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

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A cor é muito explorada pelos publicitários, pois é um elemento que causa distintas sensações. Elas são fundamentais na representação de logomarcas e produtos de empresas.

Para compartilhar a essência da empresa e/ou corporação e provocar a percepção da marca nos consumidores, é necessário fazer um estudo das cores mais adequadas para o seu negócio. A logomarca precisa causar impacto, ser lembrada e reconhecida perante os diversos públicos das empresas. Este é o grande desafio dos designers, criar marcas que se destaquem entre tantos concorrentes.

NOTA

Além disso, é preciso adequar a linguagem para as diferentes situações, ou seja, dependendo do lugar, do momento e das pessoas com quem nos comunicamos, faz-se necessária a adequação da linguagem. É com base nessas questões que convidamos você, acadêmico, a aprofundar seus estudos nos tópicos seguintes.

2 PARTICULARIDADES DA LINGUAGEM: LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL

Como vimos, a linguagem não é somente um conjunto de palavras – faladas ou escritas –, mas de gestos e imagens. Assim, não nos comunicamos apenas pela fala ou escrita, não é verdade? A linguagem pode ser verbalizada, daí é que vem a analogia com o verbo. Alguma vez você já tentou comunicar-se sem utilizar um verbo? Faça o teste e você vai perceber o quão difícil é obter algo coerente.

As pessoas podem comunicar-se pelo Código Morse, pela escrita, por gestos, pelo telefone, e-mail, internet etc.

UNI

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UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO: REFLEXÕES ACERCA DAS FUNÇÕES COGNITIVAS

6

A comunicação é essencial nas relações, sejam elas pessoais, empresariais e/ou educacionais. Apesar de poder ser realizada de várias maneiras, só existe comunicação quando a mensagem é recebida com o mesmo valor com que ela foi transmitida. A linguagem possui, então, particularidades que vão além de somente substantivo, adjetivo, verbo, pronomes e/ou preposições. Por isso, veremos a distinção entre linguagem verbal e linguagem não verbal.

Tanto a linguagem verbal quanto a não verbal têm um papel muito importante na comunicação. Para tanto, torna-se imprescindível que as duas estejam em concordância, para que a comunicação seja coerente.

A linguagem humana é um processo altamente complexo. Podemos

afirmar que ela está presente nas diversas situações de comunicação. Por exemplo:

FIGURA 3 – NA CONVERSA DAS PESSOAS

BLABLABLA

BLABLABLA

FONTE: <http://3.bp.blogspot.com/_mtUsGlokEt4/TOvPfReYhwI/AAAAAAAAAKY/hN8UdcwgWpc/s320/desenho%2Bde%2Bpessoas%2Bconversando%2B2.jpg>.

Acesso em: 6 ago. 2018.

FIGURA 4 – EM PLACAS DE SINALIZAÇÃO

FONTE: <https://www.portaldecarapicuiba.com/wp-content/uploads/placa-de-sinalizacao-120x120.jpg>. Acesso em: 6 ago. 2018.

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TÓPICO 1 | LINGUAGEM: UM MEIO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

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FIGURA 5 – EM LIVROS, JORNAIS E REVISTAS

FONTE: <http://3.bp.blogspot.com/-CGRsjBidsJo/Tx9ZRzB6yAI/AAAAAAAAALo/rqyFs14GpSQ/s400/imagesCAMA8X5Z.jpg>. Acesso em: 6 ago. 2018.

FIGURA 6 – NAS MENSAGENS PUBLICITÁRIAS

FONTE: As autoras

FIGURA 7 – NA DANÇA

FONTE: <http://the-contact.org/wp-content/uploads/2018/03/380x380-M1-Open-Stage.jpg>. Acesso em: 6 ago. 2018.

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UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO: REFLEXÕES ACERCA DAS FUNÇÕES COGNITIVAS

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FIGURA 8 – NOS GESTOS

FONTE: <http://1.bp.blogspot.com/-L0V8GSkudOg/TY8usvQOxDI/AAAAAAAAABc/CJa3Hyq3w-0/s320/allgestures.jpg>. Acesso em: 6 ago. 2018.

FIGURA 9 – NA EXPRESSÃO FISIONÔMICA

FONTE: <http://lh5.ggpht.com/I5_d4Qbmx3KoM5cz0SrBfqEemxgNTM67H_MP22cmJZ7ySfdGoXUzq1gTZZOnjlbFhQ=h310>. Acesso em: 6 ago. 2018.

FIGURA 10 – NOS CÓDIGOS CIENTÍFICOS

FONTE: <https://www.grupoescolar.com/thumbnail.php?imagem=painel/files/8C0ED.jpg&l=330&a=170>. Acesso em: 6 ago. 2018.

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TÓPICO 1 | LINGUAGEM: UM MEIO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

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Todas as situações mencionadas demonstram a capacidade humana de se comunicar utilizando as linguagens não verbais e verbais. Vamos conhecê-las?

2.1 A LINGUAGEM NÃO VERBAL

A linguagem não verbal é aquela que não utiliza palavras para comunicar. Como ela ocorre? Ela é estabelecida por meio de gestos, sons, cores, imagens, entre outras. Os sinais de trânsito, por exemplo, demonstram que a mensagem é repassada através das cores. A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) efetiva-se através dos gestos.

Muitas vezes a linguagem não verbal serve como reforço para aquilo

que dizemos: em determinados momentos, junto com a fala, utilizamos outros recursos para reforçar nossa mensagem. Podemos citar como exemplo as histórias em quadrinhos, pois o conteúdo da fala da personagem é reafirmado através da imagem. Nas propagandas publicitárias também fica evidente a importância e função da linguagem não verbal.

Segundo Terra (1997, p. 12), “[...] a linguagem não verbal é aquela que utiliza para atos de comunicação outros sinais que não as palavras”.

Vamos conhecer mais sobre a linguagem não verbal através das figuras que seguem:

FIGURA 11 – PROIBIDO FUMAR

FONTE: <https://i1.wp.com/piniglarism.com/wp-content/uploads/2008/05/nosmoking.jpg>. Acesso em: 6 ago. 2018.

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UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO: REFLEXÕES ACERCA DAS FUNÇÕES COGNITIVAS

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FIGURA 12 – ADEUS À CIDADE

FONTE: <http://4.bp.blogspot.com/_Y95C4ipvBCA/TIfU9caW2mI/AAAAAAAAAEs/5r8cYpXiwds/s320/charge3.JPG>. Acesso em: 6 ago. 2018.

Entendemos facilmente a mensagem que cada figura quer transmitir, não é mesmo? A linguagem não verbal, então, apesar de não utilizar as palavras, é capaz de efetivar um ato comunicativo. Além disso, é importante destacarmos que a linguagem não verbal também se faz presente em situações de avaliações acadêmicas, como o ENADE (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes).

Gráficos, tabelas, infográficos e figuras compõem a linguagem não verbal e comumente são usados com finalidades comunicativas em avaliações e, inclusive, no ambiente empresarial. Por isso, convidamos você a analisar e praticar as orientações a seguir, que tratam dos recursos visuais de áudio em apresentações empresariais.

DICAS

• O público consegue ler projeções visuais muito mais rápido do que você consegue falá-las. Portanto, não tente ler.

• Recursos visuais que funcionam com uma plateia pequena não funcionam bem com uma grande.

• Não se mova quando desejar que a plateia se concentre no material visual.

• Ideias abstratas são mais fáceis de serem compreendidas quando são representadas visualmente, através de desenhos, gráficos etc. Estes devem ser simples, porém impactantes.

Page 21: ComuniCação e Linguagem - UNIASSELVI

TÓPICO 1 | LINGUAGEM: UM MEIO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

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O mais importante sobre a utilização de recursos tecnológicos (informática, telecomunicações etc.) é saber acompanhar as novidades e tendências que surgem a cada dia, e manter-se atualizado – up to date – para renovar e incorporar novas práticas ao seu repertório.

2.2 A LINGUAGEM VERBAL

Podemos definir como linguagem verbal aquela em que as palavras são os sinais utilizados para os atos comunicativos. O termo “verbal” vem do latim verbale e significa palavra. Assim, é por meio de palavras – linguagem verbal – que expressamos desejos, sentimentos, ordens, opiniões, revelando nossas opiniões e expondo nosso raciocínio.

Segundo Nicola (2009, p. 126), “[...] a linguagem verbal é aquela que utiliza a língua (falada ou escrita)”. A linguagem verbal pode ser abordada sob duas modalidades: a língua escrita e a oral. Veremos a seguir algumas charges que exemplificam a linguagem verbal.

FIGURA 13 – LINGUAGEM VERBAL ESCRITA

FONTE: <http://4.bp.blogspot.com/_zf0VLAWc7Vs/TIAeYGtNrCI/AAAAAAAAACM/fw3M6Db8xPo/s320/charge_calvin_haroldo-480x304.jpg>. Acesso em: 6 ago. 2018.

Às vezes eu acho que o indíciomais óbvio de que existem formas

de vida inteligente fora da terraé que nenhuma delas tentouentrar em contato conosco.

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UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO: REFLEXÕES ACERCA DAS FUNÇÕES COGNITIVAS

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FIGURA 14 – LINGUAGEM VERBAL FALADA

Quando eu crescerquero ter

muitos vestidos! E eu muita

cultura!

Se você sair na ruasem cultura, a polícia

te prende?

Não

Experimenta sair sem vestido

É triste terque bater em alguém

que tem razão!

FONTE: <http://3.bp.blogspot.com/_UM5gUHvwWrA/S5Am8El0vvI/AAAAAAAAAB4/G7C3XjX17no/s400/mafa1.jpg>. Acesso em: 6 ago. 2018.

Você já encontrou dificuldades em colocar no papel algo que na linguagem oral consegue transmitir sem dificuldades? Acreditamos que sua resposta seja sim. Então, vamos aprofundar nossos estudos?

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TÓPICO 1 | LINGUAGEM: UM MEIO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

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3 PARTICULARIDADES DA LÍNGUA FALADA E LÍNGUA ESCRITAVimos que língua é um sistema de representação constituído por palavras

e por regras que se combinam, permitindo que expressemos uma ideia, uma ordem, emoção, enfim, um enunciado de sentido completo que estabelece comunicação. Tais regras e palavras são comuns aos membros de uma sociedade, assim, a língua pertence a toda comunidade.

A fala, por sua vez, se concretizará a partir do uso que o falante faz da língua. No momento em que efetivamos o processo de comunicação o fazemos através da fala ou da escrita. Ao analisarmos a história da humanidade ou a nossa, podemos perceber que primeiro falamos e depois escrevemos. Adquirimos a fala naturalmente, porém a escrita nos é ensinada. Na fala, o significante é sonoro; e na escrita, é gráfico. Caro acadêmico, ao transmitirmos uma mensagem percebemos que a fala e a escrita adquirem algumas particularidades, não é mesmo?

Quando falamos da importância da língua escrita, esta reside nas suas próprias características se comparada à língua falada. A língua oral possui diversos recursos, como entonação da voz, expressão fisionômica, gestos, além de ser mais espontânea. A escrita requer mais atenção, pois não é uma simples representação do que se fala. Em todas as línguas as pessoas escrevem e falam de maneira distinta, porém podemos efetivar a comunicação tanto num enunciado falado quanto em um escrito.

Perceba que não escrevemos conforme falamos, nem falamos conforme escrevemos. O humorista Jô Soares, em uma entrevista à revista VEJA (1990), fez o seguinte comentário, "Português é fácil de aprender porque é uma língua que se escreve exatamente como se fala”. Ele brinca com a diferença entre a fala e a escrita, observe:

Pois é. U purtuguêis é muinto fáciu di aprender, purqui é uma língua qui a genti iscrevi ixatamenti cumu si fala. Num é cumu inglêis qui dá até vontadi di ri quandu a genti discobri cumu é qui si iscrevi algumas palavras. Im purtuguêis não. É só prestátenção. U alemão pur exemplu. Qué coisa mais doida? Num bate nada cum nada. Até nu espanhol qui é parecidu, si iscrevi muinto diferenti. Qui bom qui a minha língua é u purtuguêis. Quem soubé falá sabi iscrevê.

FONTE: <http://educacao.uol.com.br/portugues/lingua-escrita-e-oral-nao-se-fala-como-se-escreve.jhtm>. Acesso em: 6 ago. 2018.

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UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO: REFLEXÕES ACERCA DAS FUNÇÕES COGNITIVAS

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Na linguagem falada, especialmente em situações mais informais, temos menos planejamento que na escrita, pois podemos detectar se estamos sendo entendidos ou não. Então, a linguagem é mais espontânea, a coesão se dá por meio de gestos, entonação da voz, expressão fisionômica, entre outros. Há também a presença de elementos que mantêm a conversação aberta, como, por exemplo, “você entendeu?”, “está claro?”, “você concorda?”. Contudo, se pensarmos em um discurso mais formal, como o próprio pronunciamento de um presidente, ou a apresentação de um telejornal, ou a apresentação de um trabalho acadêmico, a linguagem apresentará um grau de planejamento bastante significativo.

A modalidade escrita formal, como a produção dos seus textos acadêmicos, avaliações, textos empresariais, requer ainda mais planejamento. Marcuschi (2004), ao tratar da fala e da escrita, explica que, embora normalmente sejam vistas de forma dicotômica, polarizadas, estão fortemente entrelaçadas. Nos gêneros mais planejados, como a apresentação e produção escrita de trabalhos acadêmicos, vemos que o planejamento linguístico é alto em ambas as situações, especialmente porque a escrita envolve, neste caso, também a oralidade. Em gêneros menos planejados, como os bilhetes, mensagem de Whatsapp e conversas orais, percebemos que a oralidade está influenciando não somente a fala, mas também a escrita. Por isso, a dicotomização da fala e escrita não tem sido aceita entre estúdios da linguagem.

Apesar de a linguagem falada ser mais utilizada, na comunicação é a escrita que adquire maior importância para as teorias gramaticais, pois se considera que a última possui aspecto de maior permanência. Há um dizer dos antigos romanos: “verba volant; scripta manent”, que se traduz: “as palavras voam, aquilo que está escrito permanece”.

Não há como negar que a língua escrita é mais bem elaborada que a língua falada, porque é a modalidade que mantém a unidade linguística de um povo e é a que faz o pensamento atravessar o espaço e o tempo. Nenhuma reflexão, nenhuma análise mais detida será possível sem a língua escrita, cujas transformações se processam lentamente e em número consideravelmente menor, quando comparada com a modalidade falada (CASAGRANDE, 2016, p. 729).

É importante compreendermos que a escrita NÃO é superior à fala, mas que ambas são modalidades distintas para a realização da língua, tanto em situações formais quanto informais. O contexto da escrita, contudo, é claramente diferente do contexto da fala, já que o autor precisa considerar o distanciamento físico do leitor no planejamento linguístico, a fim de buscar sua compreensão.

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TÓPICO 1 | LINGUAGEM: UM MEIO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

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Assim, a sintaxe da língua falada e da escrita se diferencia. Enquanto esta tem a possibilidade de planejar, corrigir e apresentar o resultado pronto fazendo com que o leitor não tenha acesso nem controle sobre o mecanismo de preparação do texto; aquela sucede orações sem a preocupação de estruturar as frases, o interlocutor se preocupa sempre em preencher vazios, o que resulta na presença de parênteses, correções, paráfrases, truncamentos, repetições, elipses, pausas, anacolutos, marcadores conversacionais, digressões (CASAGRANDE, 2016, p. 726).

Depois de apresentadas algumas distinções entre as modalidades da língua, você, acadêmico, já está apto para diferenciá-las. Dispomos, na sequência, um texto sobre esse assunto.

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UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO: REFLEXÕES ACERCA DAS FUNÇÕES COGNITIVAS

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NO BOCHINCHO

Manuel do Nascimento Vargas NetoAo Rubens de Barcellos

Huai-huin, huai-huin, huai-huin, hua-huaia-huin...O gaiteiro abre a gaita no bochincho...Por gostar de fandango foi que eu vim,Mas ‘stá apertado como queijo em cincho...

Gaiteiro, toca um “chote” só pra mim,Pois ninguém “junta” no rincão que eu rincho!Quero ver se aqui tem algum micuimQue queira se meter como capincho...

Veio o dono com parte de teteia,Já le traquei meu mango bem na ideia,Pois pra esparramar foi mesmo um upa!

Dei um talho de adaga no gaiteiroAtravanquei um coice no candieroE levei uma china na garupa...

FONTE: VARGAS NETO, Manuel do Nascimento. In: BERTUSSI, Lisana. De Simões Lopes Neto aos poetas da Califórnia. Porto Alegre: Tchê! Comunicações, 1985, p. 63.

Na leitura acima, você deve ter identificado que, embora o texto esteja representado na modalidade escrita, possui traços da oralidade, como na própria escolha lexical: talho; china; capincho, só para citar alguns exemplos. Além disso, as escolhas morfológicas e sintáticas (como em “Atravanquei um coice no candiero” e “Já le traquei meu mango bem na ideia”) reforçam a intenção do autor em aproximar a oralidade da escrita com finalidades poéticas. Outros gêneros, em contrapartida, dificilmente aceitariam essa aproximação da oralidade com a escrita, como é o caso da produção de relatórios, avaliações, artigos, entre outros.

LEITURA COMPLEMENTAR

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Neste tópico, você aprendeu que:

• Linguagem é o uso da língua para comunicar-se com os pares.

• A linguagem humana é um processo complexo e está presente em diversas situações.

• Língua refere-se ao conjunto de expressões e palavras que são usadas por um determinado povo.

• A língua não é uniforme.

• Não utilizamos somente um conjunto de palavras – faladas e escritas – para nos comunicar, mas também gestos, expressão fisionômica, entre outros elementos.

• Faz-se necessário adequar a linguagem de acordo com os momentos de uso.

• A comunicação é vital nas relações interpessoais.

• A fala concretiza-se a partir do uso que o falante faz dela.

• A linguagem verbal é aquela que utiliza palavras para efetivar o ato comunicativo.

• A linguagem não verbal é aquela que não utiliza palavras, efetiva-se através de gestos, cores, sinais e imagens.

• A linguagem não verbal não é menos importante que a verbal e, portanto, complementam-se.

• A linguagem escrita tende a apresentar maior preocupação com as regras gramaticais e a coerência da mensagem por não dispor da negociação de sentidos simultânea que costuma ocorrer na fala durante conversas face a face, por exemplo.

• Na linguagem oral menos planejada, a comunicação ocorre de forma mais espontânea e está acompanhada da entonação de voz, expressão fisionômica e gestos. Além disso, o uso de repetições é mais frequente, enquanto na linguagem escrita deve ser evitado.

• Não falamos conforme escrevemos. Não escrevemos conforme falamos.

• A fala antecede a escrita.

RESUMO DO TÓPICO 1

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1 Leia o excerto de texto apresentado a seguir, produzido pela Equipe IBC Coaching, em 15 de abril de 2013, intitulado A importância da comunicação interpessoal nas empresas.

“A efetiva comunicação interpessoal nas empresas é um dos itens fundamentais para o sucesso de líderes, liderados e o alcance dos resultados planejados pela organização. Imagine um “chefe” que não consegue ser entendido, pois não sabe dar ordens ou explicar, de forma clara, a finalidade de uma ação, projeto, compartilhar seus conhecimentos ou dar um feedback. Com certeza, os colaboradores sob sua tutela terão dificuldades de entender as tarefas e executá-las com exatidão”.

FONTE: <http://www.administradores.com.br/noticias/negocios/a-importancia-da-comunicacao-interpessoal-nas-empresas/74968/>. Acesso em: 12 jun. 2018.

Elabore, com suas palavras, um comentário sobre a temática: A importância da comunicação nas relações interpessoais. Procure relacionar seu comentário com a compreensão de linguagem construída ao longo de seus estudos até o momento.

2 Sobre a presença de linguagem verbal e não verbal em seu cotidiano, indique uma situação de ocorrência para cada.

3 Sobre a linguagem escrita e a linguagem oral, aponte três particularidades de cada.

AUTOATIVIDADE

LINGUAGEM ESCRITA LINGUAGEM ORAL

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TÓPICO 2

COMUNICAÇÃO: PROCESSOS E

ELEMENTOS

UNIDADE 1

1 INTRODUÇÃOVive-se num mundo globalizado, recheado de situações incertas. A

sociedade é caracterizada pelo ritmo frenético das mudanças, seja por uma nova geografia (ou nova geopolítica) ou pela acelerada integração das mídias. E, neste contexto, a comunicação tem seu valor. E só poderão fazer o diferencial as empresas e/ou instituições que aprenderem a se comunicar, a trabalhar de forma interligada, somando forças e gerando o “saber fazer” na sua equipe. Condição essencial para que os resultados se aperfeiçoem e se transformem num diferencial, visto que se vive numa época em que a competitividade é demasiadamente acirrada em qualquer organização.

É preciso reconstruir o cenário em que estas modificações ocorrem

porque, na verdade, a comunicação funciona como um ícone que liga diferentes culturas e tendências. Tentar situá-la à revelia deste contexto – amplo e complexo – implica esvaziar o seu conteúdo e o seu poder de persuasão.

Convidamos você, acadêmico, a explorar o vastíssimo campo da comunicação em seus variados aspectos. Temos ainda por objetivo estudar a questão da comunicação e os diversos conceitos que a envolvem, além de refletir sobre os elementos que a completam. Faremos, também, algumas reflexões sobre a sua importância nas relações interpessoais como num todo.

2 O PAPEL DA COMUNICAÇÃO NAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS

A capacidade comunicativa não é privilégio dos seres humanos; ela é bastante complexa e pode ser encontrada em outros momentos da vida animal, nas aves, nos peixes, nos mamíferos e outros. Em sua etimologia, Marques de Melo (1975, p. 14) lembra que “[...] comunicação vem do latim ‘communis’, comum. O que introduz a ideia de comunhão, comunidade”. Se falamos em “processo de comunicação”, cabe também uma rápida verificação no termo “processo”. Berlo (1991, p. 33) o descreve como “[...] qualquer fenômeno que apresente contínua mudança no tempo”, ou “qualquer operação ou tratamento contínuo”.

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UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO: REFLEXÕES ACERCA DAS FUNÇÕES COGNITIVAS

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Entendê-lo implica relacioná-lo com a linguagem, a cultura e a tecnologia.

Quanto à linguagem, Tattersall (2006, p. 73) afirma que “[...] se estamos procurando um único fator de liberação cultural que abriu caminho para a cognição simbólica, a invenção da linguagem é a candidata mais óbvia”.

Quanto à cultura e tecnologia, nos parece essencial concordar com Mayr (2006, p. 95) ao sugerir que “Uma pessoa do século XXI vê o mundo de maneira bem diferente daquela de um cidadão da era vitoriana” e que “Essa mudança teve fontes múltiplas, em particular os incríveis avanços da tecnologia”.

Souza Brasil (1973, p 76), mais ousado, enxerga a cultura como subordinada à comunicação. E sabe-se que um subordinado, geralmente, identifica-se com o seu superior.

Logo, caro acadêmico, podemos dizer que comunicação é uma ação pela qual os indivíduos trocam entre si informações, sentimentos ou experiências. É através dela, por exemplo, que podemos alcançar sinergia dentro de uma organização, visto que ela nos permite unir forças e atuar de maneira a cooperar e colaborar obtendo resultados positivos por meio do trabalho em equipe.

Quando nos comunicamos partilhamos algo e, por este ato de compartilhar ou comunicar, conhecemos e somos conhecidos. E, se somos conhecidos e conhecemos, estamos vivendo em relação, por isso a qualidade da nossa existência humana depende, e muito, de nossos relacionamentos.

A comunicação não pode ser confundida com a simples transmissão

unilateral de informações. A comunicação humana exige a participação, no mínimo, de duas pessoas. Assim, ela só existe quando se estabelece entre mais de uma pessoa. Quando há um bloqueio, a mensagem não é captada e a comunicação é interrompida, pois, “[...] se um indivíduo fala e ninguém ouve, o processo da comunicação humana não se completou” (PENTEADO, 1977, p. 5). Existindo esse problema, a diferença de significado do que foi captado de uma mensagem e o que o transmissor queria exatamente dizer é o ícone que pode atrapalhar o elo comunicativo.

Acredita-se, acadêmico, que praticamente todas as relações humanas e interpessoais abrangem a comunicação, pois ela é um veículo de significados que pode influenciar, inclusive, nossos comportamentos. Vamos entender melhor? Cada pessoa produz significados próprios diante dos acontecimentos ou das mais variadas situações e, ao expressá-los, acrescenta algo de sua personalidade, por isso os significados que damos às experiências são desfigurados, enriquecidos ou empobrecidos através da comunicação.

A comunicação nas relações interpessoais pode ser entendida de uma forma mais simplificada, como sendo uma atividade caracterizada pela transmissão e recepção de informações entre indivíduos ou, ainda, como o modo pelo qual

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TÓPICO 2 | COMUNICAÇÃO: PROCESSOS E ELEMENTOS

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se constroem e se interpretam significados a partir das trocas de experiências. Enfim, o processo de comunicação é marcado por um procedimento resultante de uma interação social.

Então, caro acadêmico, só há comunicação quando, de alguma forma, o conteúdo da mensagem é interpretado e internalizado pelo receptor, ou seja, quando é notada uma resposta em decorrência da mensagem. Enviar um e-mail ou deixar uma mensagem gravada no celular, por exemplo, não representa exatamente o comunicar, mas, sim, transmitir uma informação. Só haverá uma comunicação completa se, de alguma forma, o receptor indicar ao emissor que recebeu a informação que lhe foi emitida. E isso só acontecerá quando uma nova ação desencadeie significação, ou seja, um sinal de retorno for identificado.

A linguagem é um elemento essencial para que o processo de interação aconteça, pois é a partir do significado dos sinais que as pessoas atribuem sentido às atividades. Desse modo, o processo de comunicação implica retorno ou feedback para as interações sociais. O resultado da comunicação pode ser aquele que o emissor pretendia (ou não). Se for o que pretendia, houve comunicação eficaz. E, como processo interativo de troca de mensagens, o emissor atua sempre simultaneamente com o receptor e vice-versa.

ATENCAO

Afinal, você sabe o que é feedback? É uma palavra de origem inglesa, que já pertence ao nosso idioma, isto é, ela foi aportuguesada e, segundo o Dicionário Houaiss 2009, significa a informação que o emissor (o que envia a mensagem) obtém da reação do receptor, e que serve para avaliar os resultados da transmissão.

No entanto, os significados atribuídos a uma mensagem dependem das características pessoais de quem a envia, de quem a recebe e do contexto da interação social. A cada mensagem o receptor agrega determinado significado, o qual poderá ou não corresponder à intenção do emissor. Assim, constata-se que a comunicação tem um procedimento imperfeito, dependendo do grau de eficácia com as variáveis que intervêm na interpretação de significados.

Nas relações interpessoais, a comunicação está, também, atrelada aos movimentos corporais que podem exprimir o positivo ou o negativo do que se sente em relação ao outro. Os gestos que desenvolvemos podem transmitir muitas informações, principalmente relativas ao nível social, à competência, à segurança e à franqueza. Entretanto, acredita-se que a maior barreira para a comunicação interpessoal é a nossa tendência automática de julgar, avaliar, aprovar ou não o comportamento ou a opinião de outra pessoa ou de um grupo.

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UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO: REFLEXÕES ACERCA DAS FUNÇÕES COGNITIVAS

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Então, acadêmico, você acredita que existe alguma maneira de solucionar ou amenizar essa barreira? Certamente há! Quando ouvimos com atenção, essa tendência é minimizada. Isto significa que devemos analisar e avaliar a ideia expressa e a atitude de interpretação da outra pessoa, devemos perceber como ela se posiciona diante do assunto do qual se está falando.

Você precisa ser capaz de ver o ponto de vista do outro, assim os seus próprios conceitos serão reavaliados. Agindo desta maneira, a emoção não será mais o ápice da discussão, as diferenças serão diminuídas e aquelas que permanecerem serão racionalmente compreensíveis, e a comunicação se estabelecerá.

Assim, a clara e efetiva comunicação é, absolutamente, essencial para os relacionamentos de qualquer ordem como muitas outras realizações humanas. Comunicar-se bem e de forma favorável é uma questão de prática diária. A falta ou deficiência de comunicação nos relacionamentos, sejam pessoais, profissionais ou sociais pode afetar em níveis variados todas as áreas da vida ou ocasionar muito desgaste e até angústia. Praticar a arte da boa comunicação é muito valioso: é, acima de tudo, agregar maturidade pessoal que trará bons resultados para muitos segmentos de sua vida.

2.1 TIPOS DE COMUNICAÇÃO

Caro acadêmico, vimos a importância da comunicação para a sobrevivência de uma organização e/ou instituição, mas, para que esta tenha sucesso, é necessário que os tipos de comunicação sejam entendidos com atenção, pois, como você já estudou até aqui, a comunicação é um processo de interação no qual compartilhamos mensagens, ideias, sentimentos e emoções, podendo influenciar o comportamento das pessoas que, por sua vez, reagirão a partir de suas vivências, crenças, valores, história de vida e cultura. Por isso, a eficácia da interpretação não pode ser garantida, embora possa haver planejamento para auxiliar esse processo.

No cotidiano profissional utilizamos a comunicação para o desempenho de nossas atividades, o que nos traz muitos benefícios se seu uso for consciente, pois a boa comunicação tende a facilitar o alcance dos nossos objetivos, independente da área em que atuamos.

Assim, você pode notar que existem vários tipos de comunicação. Ela pode ser direta, indireta, formal ou não, unilateral ou bilateral. Vamos observar alguns conceitos:

A comunicação formal é uma transmissão oficial feita através das vias de diálogo que existem no organograma de uma empresa e/ou instituição. Geralmente é feita por escrito e devidamente documentada através de correspondências ou formulários (GOMES; CARDOSO; DIAS, 2010).

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TÓPICO 2 | COMUNICAÇÃO: PROCESSOS E ELEMENTOS

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Já a comunicação informal é a desenvolvida espontaneamente através da estrutura sem formalidades e fora dos canais de comunicação estabelecidos pelo organograma de uma empresa e/ou instituição. Segundo Gomes, Cardoso e Dias (2010), esta conduz mensagens que podem ou não ser relativas às atividades profissionais. Através dela, pode-se conseguir mais rapidamente mensurar opiniões e insatisfações dos colaboradores, ao ter uma ideia mais ampla do clima organizacional e da reação das pessoas aos processos de mudança.

Quando pensamos na comunicação unilateral, temos que ter em mente que é estabelecida de um emissor para um receptor, e este último é passivo. Pertencem a este grupo os locutores de uma rádio, da televisão, o cartaz de parede com mensagens publicitárias e de propaganda ou aquele que pronuncia uma palestra ou um discurso (GOMES; CARDOSO; DIAS, 2010).

A comunicação bilateral exige reciprocidade entre o emissor e o receptor. É o que acontece nas conversas, nos diálogos, nas entrevistas, enfim, onde há uma troca de mensagens. Este tipo de comunicação permite que se estabeleça, entre emissor e receptor, uma troca de papéis (GOMES; CARDOSO; DIAS, 2010).

Existe ainda a comunicação direta, na qual duas ou mais pessoas estão cientes do que se quer fazer em comum; está muito claro o que se pretende.A comunicação indireta pode ser definida como a que o emissor está consciente do que pretende, embora o receptor não o esteja. Neste tipo de comunicação há a persuasão, que influi no pensamento do outro sem que este perceba.

IMPORTANTE

Há de se considerar que a utilização dos diversos tipos de comunicação em uma empresa e/ou instituição não garante a sua eficácia. Portanto, antes de iniciar um comunicado, é sensato perguntar-se:

• O que e a quem quero comunicar? • Que causas e finalidades tenho ao transmitir este conteúdo?• Este conteúdo é justo para que eu consiga persuadir o receptor?

Partindo destas questões, observe o esquema a seguir, elaborado por Harold Lasswell (1902-1978), que representa o ato comunicativo.

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FIGURA 15 – ESQUEMA LINEAR DE COMUNICAÇÃO DE LASSWELL

• Emissor• Estudo da produção

• Mensagem• Análise de conteúdo

• Meio• Análise da mídia

• Receptor• Análise da audiência

• Efeitos• Estudo dos Efeitos

FONTE: <http://raquelcamargo.com/blog/wp-content/uploads/2010/08/midia.jpg>. Acesso em: 6 ago. 2018.

A diretora-geral de informação da Agência Angola Press (ANGOP), Luísa Damião, afirmou em entrevista à Rádio Luanda em 30 de março de 2010 que “o uso correto da comunicação, através da transmissão de mensagens adequadas e eficazes, é capaz de promover mudanças de atitudes na sociedade”.

NOTA

Caro acadêmico, existem alguns elementos que são fundamentais para que haja comunicação. Assim, podemos afirmar que estes elementos, na maioria das vezes, são utilizados sem que nós percebamos, alguns, porém, são identificados, pois sem eles não haveria como comunicar-se. Quer saber como? É o que veremos a seguir.

3 ELEMENTOS DO PROCESSO DE COMUNICAÇÃONas diversas situações de comunicação, seja falada, escrita ou até mesmo

nos sinais de trânsito, você está interagindo com o mundo e com os demais a sua volta. Assim, o ato comunicativo, às vezes, é muito sutil, mas sempre engloba alguns elementos básicos, tais como: emissor, receptor, mensagem, canal de comunicação, código e referente.

3.1 EMISSOR

É o remetente, ou seja, o que envia uma mensagem, e pode ser uma pessoa ou um grupo, um órgão, uma empresa, um canal de televisão, um site na internet e assim por diante. Em conformidade com Penteado (1977, p. 4):

Ninguém se comunica consigo mesmo. O clássico exemplo do faroleiro ilustra esse princípio: – Na solidão em que vive, o processo da comunicação humana somente se completa quando o facho de luz

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TÓPICO 2 | COMUNICAÇÃO: PROCESSOS E ELEMENTOS

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– transmissor – atinge o navio que passa – receptor. Enquanto o facho de luz não é percebido de bordo, não existe comunicação humana.

Cabe, ainda, lembrar que geralmente o emissor analisa o nível de conhecimento de seu público-alvo antes de emitir uma mensagem.

3.2 RECEPTOR

É o destinatário da mensagem, isto é, para quem a mensagem foi ou será enviada. Pode ser para uma pessoa ou para um público-alvo, ou ainda um animal ou uma máquina, como o computador.

3.3 MENSAGEM

“É o objeto de comunicação, ela é estabelecida pelo conteúdo das informações transmitidas. A mensagem é o elo dos dois pontos do circuito; é o objeto da comunicação humana e sua finalidade” (PENTEADO, 1977, p. 5). Chamamos ainda de mensagem o que o emissor transmite e o que o receptor recebe.

3.4 CANAL DE COMUNICAÇÃO

Meio pelo qual a mensagem pode circular: jornal, revista, televisão, rádio, folheto, folder, outdoor e o próprio ar.

Concordamos com Penteado (1977, p. 5) quando menciona o exemplo: “Suponhamos que alguém – o receptor – encontre uma garrafa numa praia deserta e que dentro dessa garrafa exista uma mensagem [...]”. Nesta situação, percebemos um canal de comunicação, pois o mesmo cumpriu seu papel, que é o de transportar uma mensagem.

3.5 CÓDIGO

O código é o meio através do qual a mensagem é transmitida, isto é, através da fala, da escrita, dos gestos ou das imagens. De acordo com Penteado (1977, p. 5), “[...] um pedaço de papel coberto de garatujas não é uma mensagem, porque é ininteligível, não pode ser percebido pela inteligência”. Em suma, pode-se dizer que é o conjunto de elementos com significado aceitos pelo emissor e receptor.

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UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO: REFLEXÕES ACERCA DAS FUNÇÕES COGNITIVAS

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Garatujas correspondem a um desenho rudimentar, sem forma e ilegível.

NOTA

3.6 REFERENTE

O referente é o contexto ou a situação a que a mensagem remete ou ainda é a situação na qual emissor e receptor estão inseridos. Assim, a linguagem irá adquirir diversas funções, como a de emocionar, informar, persuadir, fazer refletir, entre outras.

Existem dois tipos de referente: o situacional, formado pelos elementos que situam o emissor e o receptor e pelas circunstâncias da transmissão da mensagem; e o textual, formado pelos elementos de todo o contexto linguístico.

Agora que você conhece os elementos da comunicação, veja como eles podem ser representados observando o esquema a seguir:

FIGURA 16 – ESQUEMA DA COMUNICAÇÃO

Emissor Receptor

Código

Referente

Canal de Comunicação

Mensagem

FONTE: <https://www.coladaweb.com/wp-content/uploads/linguagem_2.JPG>. Acesso em: 6 ago. 2018.

É importante ressaltar, portanto, que a comunicação deve ser simples, direta, lógica e adaptada ao público-alvo, pois só se sabe verdadeiramente o que se disse depois de ouvir a resposta ao que se disse. Para que isto aconteça, o emissor deve ser um bom observador e ouvinte; a mensagem deve ser clara, precisa e com uma informação de retorno, já que a comunicação serve para informar, persuadir, motivar, educar, integrar os indivíduos na sociedade, distrair, divertir e muito mais.

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TÓPICO 2 | COMUNICAÇÃO: PROCESSOS E ELEMENTOS

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4 BARREIRAS A UMA COMUNICAÇÃO EFICAZConforme vimos, se analisarmos o ato da comunicação, vale ressaltar que

ela é um tanto dificultada já entre pessoas próximas, com laços afetivos, pois há uma tendência de dispensar tolerância, paciência e cuidado com o que vai ser falado ou ouvido.

Em uma instituição ou empresa, onde a afetividade é praticamente imperceptível ou, por muitas vezes, inexistente, conclui-se que a comunicação tende a ser ainda mais complexa. Entretanto, Pimenta (2004), com um ponto de vista adverso, diz que a neutralidade e a racionalidade, características do ambiente empresarial, tendem a facilitar a comunicação, uma vez que as emoções e a passionalidade, às vezes exageradas das relações familiares, podem servir como empecilhos.

Em muitas situações, os deslizes que suscitam esses problemas são involuntários, os indivíduos os cometem sem perceber, seja por uma questão de hábitos adquiridos ou por referências culturais e familiares. É imprescindível pensar bem antes de falar, agir e ter sempre em mente que, em uma empresa ou instituição, as opiniões e percepções serão sempre suscetíveis a discussões e confusão, principalmente quando se trabalha com grupos heterogêneos. Vamos conhecer alguns tipos de barreiras que podem gerar falhas à boa comunicação? Vejamos:

• A distração é um elemento de alta capacidade de embaralhar a recepção correta de uma informação, é uma ligação inesperada.

• A presunção não enunciada acontece quando o emissor pressupõe que o receptor já saiba o significado, porém não o sabe, assim as informações são perdidas.

• A apresentação confusa é a falta de ordem e coerência que dificultam o entendimento das informações.

• A representação mental pode causar confusão, pois o receptor obtém os dados e constrói uma imagem do que está sendo dito. Uma voz carinhosa, por exemplo, chama a atenção do receptor, o que pode distorcer a mensagem.

• A credibilidade, que é a autoridade das pessoas, tem um peso muito grande na hora do recebimento de uma informação.

• A distância física é a probabilidade decrescente de as pessoas se comunicarem quando a distância é significativa entre elas.

• A defensidade acontece quando temos um conceito sobre o emissor e a defensiva impede a comunicação.

• A limitação do receptor, que é o grau cultural ou a forma de encarar situações e os interesses que temos, limita a capacidade de entender o que é proposto.

Diante do exposto, ainda pode-se acrescentar um último tipo de barreira que efetivamente dificulta a condição de uma boa comunicação, a autossuficiência. E podemos concordar com Penteado (1977, p. 71) quando diz: “Para a comunicação

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UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO: REFLEXÕES ACERCA DAS FUNÇÕES COGNITIVAS

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humana, a autossuficiência, com todas as suas consequências, significa obstáculo por vezes intransponível: é impossível para qualquer pessoa começar a aprender o que ela julga que já sabe. O sucesso do aprendizado depende da disposição em se admitir que não se sabe”.

Quem tem autossuficiência é autossuficiente. Afinal, caro acadêmico, você sabe o que é ser uma pessoa autossuficiente? Autossuficiente é aquele que tem a capacidade de viver sem depender de outrem; independente, ou capaz de atender às próprias necessidades de consumo, sem necessitar de recorrer à importação de produtos.FONTE: <https://www.dicio.com.br/autossuficiente/>. Acesso em: 6 ago. 2018.

NOTA

Nos próximos subtópicos veremos com mais detalhamento alguns tipos de barreiras que podem gerar falhas à boa comunicação.

4.1 REDUNDÂNCIA

A redundância na comunicação acontece quando o emissor transmite uma informação repetindo-a, quando poderia utilizar uma linguagem mais clara e objetiva. Utilizar positivamente este artifício é um dos maiores desafios de quem almeja ser um bom comunicador. Se você prestar atenção, muitas informações retratam redundâncias sintáticas, quando falamos “subir para cima”, por exemplo; redundâncias gestuais, quando apontamos o polegar para cima para dizer positivo, ou redundâncias tonais, quando exclamamos: “Estou morto de fome!”, entre outras. Por vezes, a redundância se faz necessária para que uma mensagem mostre perceptibilidade, como também para nos livrarmos de possíveis ruídos. Bem, estes você estudará logo mais.

Pode-se dizer, então, que redundância é toda a parte da mensagem que não traz nenhuma informação nova, isto é, refere-se a um excesso ou a um pleonasmo. A redundância se associa à contenção da informação. Na comunicação cotidiana a encontramos na união dos gestos com a fala. Então, quando dizemos “nós estamos aqui”, poderíamos apenas falar “estamos aqui”.

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TÓPICO 2 | COMUNICAÇÃO: PROCESSOS E ELEMENTOS

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Ei, você lembra o que é pleonasmo?O pleonasmo pode ser tanto uma figura quanto um vício de linguagem. Ele é uma redundância, proposital ou não, numa expressão, enfatizando-a. Não se preocupe, adiante você encontrará uma explicação completa, ok?

NOTA

4.2 RUÍDO

De modo mais informal, o ruído ou a interferência é tudo o que afeta a transmissão da mensagem. São fatores que surgem ou que se colocam entre o emissor e o receptor no processo de comunicação.

“A interferência ou ruído é criado por todos os fatores que, embora

não pretendidos pela fonte, acrescentam-se ao sinal durante o processo de transmissão” (RÜDIGER, 1998, p. 21).

Se você falar em voz muito baixa, se efetuar erros de codificação, se você estiver nervoso, se faltar com a atenção, se faltar energia elétrica, se manchar o papel que contém a informação, certamente ocorrerão ruídos num contexto de comunicação. Para que todas essas informações fiquem claras, observe o esquema a seguir:

FIGURA 17 – ESQUEMA DE RUÍDO NA COMUNICAÇÃO

FONTE: As autoras

Emissor Receptor

Ruído

Mensagem

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UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO: REFLEXÕES ACERCA DAS FUNÇÕES COGNITIVAS

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O bom senso é palavra de ordem dentro das relações comunicativas profissionais. Para tanto, cabe a cada um a constante autoanálise em relação ao comportamento e à postura diante do grupo e das situações comunicativas que exercemos.

Caro acadêmico, após esta etapa de estudos, quando você se comunicar, tente minimizar as barreiras para uma comunicação eficaz. E para tanto, observe algumas dicas:

• utilize uma linguagem apropriada e direta; • forneça informações claras e completas;• use canais múltiplos para estimular os vários sentidos do receptor; • comunique-se face a face;• ouça ativamente; e • tenha empatia.

Para você visualizar como a comunicação funciona, observe o esquema de Shannon e Weaver:

FIGURA 18 – O MODELO DE SHANNON-WEAVER DO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO

Fonte deInformação Transmissor Canal Receptor Destino

Mensagem MensagemSinal Sinal

Fonte deRuído

Feedback

FONTE: Adaptado de <http://www.ceismael.com.br/oratoria/shannon.gif>. Acesso em: 6 ago. 2018.

DICAS

Para você aprofundar seus conhecimentos em relação à comunicação e sentir-se mais autoconfiante nesse processo, leia: RIBEIRO, Lair. Comunicação global: a mágica da influência. Rio de Janeiro: Objetiva, 1993. Você vai aprender muito numa leitura divertida e de fácil acesso!

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RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você aprendeu que:

• A comunicação não pode ser confundida com a simples transmissão unilateral de informações, ela só existe quando se estabelece entre duas ou mais pessoas.

• Todas as relações humanas e interpessoais abrangem a comunicação, pois ela é um veículo de significados que pode, inclusive, influenciar nossos comportamentos.

• A comunicação nas relações interpessoais pode ser entendida, de uma forma mais simplificada, como uma atividade caracterizada pela transmissão e recepção de informações entre indivíduos.

• A comunicação formal é a comunicação oficial endereçada através dos canais de diálogo existentes no organograma de uma empresa ou de uma instituição.

• A comunicação informal é aquela desenvolvida espontaneamente através da estrutura sem formalidades e fora dos canais de comunicação.

• Há seis elementos no processo de comunicação, que são: o emissor (remete a informação); o receptor (o destinatário da mensagem); a mensagem (o objeto de comunicação); o canal de comunicação (o meio pelo qual a mensagem pode circular); o código (o meio através do qual a mensagem é transmitida) e o referente (o contexto, a situação e os objetos reais a que a mensagem remete).

• A comunicação precisa ser simples, direta, lógica e adaptada ao público-alvo, pois só se sabe verdadeiramente o que se disse depois de ouvir a resposta ao que se disse, o chamado feedback.

• A redundância acontece quando o emissor transmite uma informação repetindo-a, em vez de transmiti-la com clareza.

• O ruído ou a interferência é tudo o que afeta a transmissão de uma mensagem.

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1 Duas pessoas conversam ao telefone celular. A pessoa que está ouvindo, porém, não consegue entender o que a outra está dizendo, pois o seu aparelho apresenta um pequeno defeito. O ruído, neste processo de comunicação, está no:

a) ( ) Código.b) ( ) Canal.c) ( ) Emissor.d) ( ) Receptor.e) ( ) Mensagem.

2 Observe e responda:

AUTOATIVIDADE

FIGURA 19 – CALVIN CONVERSA POR TELEFONE

FONTE: <https://escolakids.uol.com.br/public/upload/image/calvin-e-haroldo(1).jpg>. Acesso em: 31 out. 18.

A tirinha ilustra elementos do processo de comunicação que você já estudou. Com base no que foi visto, e com relação à tirinha, julgue os itens a seguir:

I- A voz da personagem Calvin é um canal de comunicação.II- A personagem Calvin desempenha o papel de emissor da mensagem.III- A forma como o diálogo por telefone se desenvolveu indica que houve um ruído no processo de comunicação.IV- Os elementos fonte, código, canal, estão presentes na tirinha.

Estão corretos apenas os itens:a) ( ) I e III.b) ( ) I e IV.c) ( ) II e III.d) ( ) II e IV.e) ( ) III e IV.

3 Diga quais são as barreiras para uma comunicação eficaz e explique-as.

Oi,Eu, Calvin!

Como vai ?.UH HUH...

Belo dia lá fora,Não? ... YEP...

Ouça, eu suponhoque você deve estar

pensando por queeu liguei...

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TÓPICO 3

A LINGUAGEM E SUAS

PARTICULARIDADES

UNIDADE 1

1 INTRODUÇÃOAbordamos no Tópico 1 que a linguagem possui peculiaridades. A língua

é de domínio público, pertence a todos os membros de uma comunidade, e concretiza-se por meio do uso individual da fala, ou seja, cada falante a utiliza conforme as suas necessidades de comunicação, seu grau de escolaridade, sua faixa etária, ou sua região na qual reside, daí a dizer que a língua possui variedades.

Você, ao imitar alguém, já acabou por reproduzir algumas palavras que são características da pessoa imitada? Podemos dizer que a diversidade dessa utilização ocorre devido a inúmeros fatores ou níveis, assunto a ser abordado neste tópico.

2 NÍVEIS DE LINGUAGEM Uma das variantes a ser estudada diz respeito aos níveis de linguagem. No

processo de comunicação torna-se imprescindível que o falante (emissor) faça a seleção das variantes da língua, ou seja, as formas adequadas para cada situação, considerando alguns aspectos, tais como: o que dizer, para quem dizer, em que lugar e como dizer.

DICAS

Ao considerar os aspectos “o que dizer, para quem dizer, em que lugar e como dizer”, você já está realizando seu planejamento textual. Acesse o portal UOL para conferir mais dicas de planejamento textual para suas produções escritas: <https://alunosonline.uol.com.br/portugues/dicas-para-planejar-sua-redacao.html>.

A partir disso, analisaremos distintos níveis de linguagem. Vamos conhecer quais são e em que momento utilizar cada um?

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UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO: REFLEXÕES ACERCA DAS FUNÇÕES COGNITIVAS

2.1 NÍVEL CULTO OU FORMAL

Em situações formais, como o próprio nome sugere, esse nível de fala é utilizado pelas pessoas escolarizadas. A linguagem culta deve ser utilizada pelos meios de comunicação escrita, como jornais, revistas, livros etc. O nível culto se caracteriza pelo uso mais apurado do vocabulário e o cuidado com as regras gramaticais. Em situações de cerimônia, deve ser usada a linguagem formal.

O fragmento a seguir apresenta linguagem em nível formal.

A memória paulista está em risco. Um levantamento inédito produzido pelo Sistema Estadual de Museus (SISEM), órgão ligado à Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, mostra que 86% dos 415 museus paulistas têm, ao menos, um problema grave.

Faltam políticas de conservação do acervo, cuidados de climatização, reservas técnicas, funcionários e, em alguns casos, visitantes – porque há instituições fechadas ao público. O diagnóstico mostra a situação em que se encontram documentos e peças importantes para a história de São Paulo. Se bem utilizado [o levantamento], pode indicar quais medidas urgentes devem ser tomadas pelos responsáveis pelos museus.

FONTE: <http://noticias.r7.com/sao-paulo/noticias/86-dos-museus-paulistas-tem-problemas-20110918.html>. Acesso em: 6 ago. 2018.

2.2 NÍVEL INFORMAL

A espontaneidade é característica presente neste nível de linguagem. No dia a dia, em situações informais, as pessoas não estão atentas ao que é certo ou errado, segundo a linguagem padrão. Elas se comunicam com maior liberdade e necessitam, muitas vezes, de agilidade na transmissão da mensagem.

Geralmente, nos diálogos encontramos exemplos da linguagem coloquial. O texto que segue O Poeta na Roça, de Patativa do Assaré, reproduz o nível informal. Observe:

O poeta da roça

Sou fio das mata, cantô da mão grossa,Trabaio na roça, de inverno e de estio.A minha chupana é tapada de barro,Só fumo cigarro de paia de mio.

Sou poeta das brenha, não faço o papéDe argum menestré, ou errante cantôQue veve vagando, com sua viola,

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TÓPICO 3 | A LINGUAGEM E SUAS PARTICULARIDADES

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Cantando, pachola, à percura de amô.

Não tenho sabença, pois nunca estudei,Apenas eu sei o meu nome assiná.Meu pai, coitadinho! Vivia sem cobre,E o fio do pobre não pode estudá.

Meu verso rastero, singelo e sem graça,Não entra na praça, no rico salão,Meu verso só entra no campo e na roçaNas pobre paioça, da serra ao sertão.

Só canto o buliço da vida apertada,Da lida pesada, das roça e dos eito.E às vez, recordando a feliz mocidade,Canto uma sodade que mora em meu peito.

Eu canto o caboco com suas caçada,Nas noite assombrada que tudo apavora,Por dentro da mata, com tanta corageTopando as visage chamada caipora.

Eu canto o vaquero vestido de coro,Brigando com o toro no mato fechado,Que pega na ponta do brabo novio,Ganhando lugio do dono do gado.

Eu canto o mendigo de sujo farrapo,Coberto de trapo e mochila na mão,Que chora pedindo o socorro dos home,E tomba de fome, sem casa e sem pão.

E assim, sem cobiça dos cofre luzente,Eu vivo contente e feliz com a sorte,Morando no campo, sem vê a cidade.Cantando as verdade das coisa do Norte.

FONTE: ASSARÉ, Patativa do. Cante lá que eu canto cá. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 1984, p. 20-21.

De acordo com Travaglia (1996), a língua escrita e a oral apresentam cada uma um conjunto próprio de variedades de grau de formalismo. As variedades de grau de formalismo da língua escrita apresentam uma tendência para maior regularidade e geralmente maior formalidade que as da língua falada, todavia, importa lembrar que em cada caso existe uma mesma relação entre os níveis de grau de formalismos propostos para a língua falada e para a escrita. É necessário lembrar que não é válida a distinção que frequentemente encontramos enunciada

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UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO: REFLEXÕES ACERCA DAS FUNÇÕES COGNITIVAS

por professores de que a língua falada seria informal e a escrita formal. Isso não é verdadeiro. Podemos ter textos altamente formais na língua falada e textos totalmente informais na língua escrita. Isso fica claro no paralelismo dos níveis de formalidade registrados no quadro a seguir. Convém anotar que a língua escrita também pode apresentar variantes dialetais, embora essas sejam usualmente pouco numerosas e menos marcantes que na língua falada, porque no escrito desaparecem as diferenças fonéticas, prosódicas e outras. Assim, entre o português escrito do Brasil e o de Portugal as diferenças de convenção ortográfica, bem como as diferenças sintáticas, podem ser consideradas mínimas. A maior diferença parece ficar no léxico.

Considerando cinco graus de formalismo distintos, tanto na língua oral quanto na escrita, Bowen (1972) propõe o seguinte quadro das variedades de modo e de grau de formalismo:

QUADRO 3 – VARIANTES DE MODO

Língua Falada Língua Escrita

OratórioFormal (Deliberativo)ColoquialColoquial distensoFamiliar

HiperformalFormalSemiformalInformalPessoal

Vejamos, a seguir, com algumas pequenas modificações, acréscimos ou reduções, a caracterização sumária que se apresenta de cada grau de formalismo em Bowen (1972).

1) Oratório: elaborado, intrincado, enfeitado, inteiramente composto de períodos equilibrados e construções paralelas. É usado quase exclusivamente por especialistas, tais como: advogados, sacerdotes, e outros oradores religiosos, políticos etc. e é sempre reconhecido como apropriado para uma situação muito formal. Poder-se-ia citar exemplos tirados de nossa literatura, tais como os sermões do Padre Antônio Vieira e as orações.

1a) Hiperformal: o equivalente escrito do oratório. Uma composição escrita para efeitos grandiosos ou sublimes. Uma poesia que segue estritamente os padrões formais, como o soneto, seria um exemplo. Um poema épico, romances de autores como Machado de Assis e José de Alencar.

2) Deliberativo: usado quando se fala a grupos grandes ou médios, em que se excluem as respostas informais. É preparado previamente e mantém de proprósito uma distância entre falantes e ouvintes. Diferenciando-se do grau de formalismo coloquial, o deliberativo se caracteriza por sentenças que são mais rigorosamente definidas, por um número mais reduzido de sentenças curtas, por um vocabulário mais rico, com muitos sinônimos

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TÓPICO 1 | LINGUAGEM: UM MEIO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

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ou quase sinônimos, usados par evitar repetições léxicas desnecessárias, mostrando assim uma preocupação do falante com o estilo de expressão. Frequentemente é muito difícil para os falantes a aquisição de uma performance nesse nível, embora entendam o que ouvem e apreciem as habilidades reveladas pelos outros. Conferências científicas normalmente são realizadas com esse nível de formalidade.

2a) Formal: apresenta características semelhantes ao do deliberativa, numa forma de linguagem cuidada na variedade culta e padrão, mas dentro do estilo escrito. É o caso da escrita dos bons jornais e revistas, por exemplo, cuidadosamente editada e elaborada. Correspondências oficiais normalmente se enquadram nesse nível.

3) Coloquial: comumente aparece no diálogo entre duas pessoas, ambas participantes ativas, alternando-se no papel de falante e emitindo sinais de realimentação, quando na posição de ouvinte. Sem planejamento prévio, mas continuamente controlado, é caracterizado por construções gramaticais soltas, repetições frequentes, frases bem curtas e conectivos simples, léxico constituído de palavras de uso mais frequente.

3a) Semiformal: corresponde na escrita ao coloquial, mas tem um pouco mais de formalidade que este. É a forma de língua que encontramos, por exemplo, em cartas comerciais e de recomendação, declarações, reportagens escritas para posterior leitura pelos locutores nas rádios e televisões, relatórios e projetos.

4) Casual (coloquial distenso): nesse nível percebe-se uma completa integração entre falante e ouvinte, com o uso frequente de gíria, que é um indicador do relacionamento próprio de um grupo fechado (linguagem particular ou semiparticular). É caracterizado pela omissão de palavras e pouco cuidado em sua pronúncia, que pode ocorrer com mudanças de sons, sem seus finais etc. Seriam exemplos desse nível as conversações descontraídas entre amigos, colegas de trabalho.

4a) Informal: é o caso de correspondência entre membros de uma família ou amigos íntimos e caracteriza-se pelo uso de formas abreviadas, abreviações padronizadas, ortografia simplificada, construções simples, sentenças fragmentadas.

5) Íntimo (familiar): inteiramente particular, pessoal, usado na vida familiar privada. Este grau de formalismo é a língua em que há a intimidade da afeição. Aparecem, portanto, muitos elementos da linguagem afetiva com função emotiva.

5a) Pessoal: Quase sempre notas para uso próprio. Como exemplos podemos citar um recado anotado ao telefone, um bilhete que deixamos para avisar alguém da casa de algo ou mesmo uma lista de compras de uma dona de casa.

FONTE: <http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/gestar/tpportugues/tp1.pdf>. Acesso em: 6 ago. 2018

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UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO: REFLEXÕES ACERCA DAS FUNÇÕES COGNITIVAS

2.3 USO ADEQUADO DA LÍNGUA ÀS SITUÇÕES DE COMUNICAÇÃO

Quando pensamos em que roupa colocar para ir ao escritório, por exemplo, certamente bermuda e camiseta não estão em nossa lista, não é? Com a linguagem não é diferente, devemos adequá-la conforme o uso que faremos dela, ou seja, conforme a situação, o lugar e as pessoas com que vamos nos comunicar.

Um diálogo entre amigos sugere uma situação de informalidade, sendo possível utilizar a língua de forma espontânea, sem preocupação com as regras de gramática normativa. Caso diferente é um discurso de formatura. Assim como há a preocupação com a vestimenta, deve haver com a linguagem utilizada. Nessa situação, não seria adequada a linguagem coloquial e, sim, a formal.

2.4 GÍRIAS

Apesar de muitas pessoas pensarem que a gíria é um desvio da linguagem, a maioria já pronunciou palavras como: bacana, cara, cuca, entre outras, não é mesmo? O que não podemos esquecer é que a gíria não pertence à linguagem padrão, não é aceita em situações de formalidade, como, por exemplo, redações de vestibular, ofícios, preenchimento de relatórios, e-mails, textos acadêmicos, artigos científicos etc.

Assim, podemos afirmar que a língua formal não aprova o uso de gírias, salvo em reprodução de falas de personagens. Quando usada em momento oportuno, ela cumpre o papel de denotar expressividade, podendo revelar grande criatividade do emissor, à medida que esteja adequada à situação: adaptada ao meio, à mensagem e a quem a receber.

A gíria, portanto, é característica da linguagem informal. Para Terra (1997, p. 66) “[...] a gíria é uma variante da língua padrão utilizada por indivíduos de um grupo social ou profissional em circunstâncias especiais”. Muitas vezes utilizamos algumas delas sem perceber que não estamos fazendo uso da linguagem formal, pois encontramos gírias diferenciadas, como, por exemplo: a dos jovens, a dos surfistas, a dos jogadores de futebol, entre outras.

Constantemente surgem novas gírias e outras caem em desuso, isso porque a gíria, como já mencionado, é uma variante da língua, e esta, por sua vez, está em constante evolução e/ou reformulação.

Leia agora um pequeno texto sobre o assunto.

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TÓPICO 1 | LINGUAGEM: UM MEIO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

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GÍRIA: O LADO JOVEM E TRANSITÓRIO DA LINGUAGEM

Da festa do balacobaco à reúna onde se descolava aquela mina até o “ficar” de hoje, os jovens de todas as épocas reinventam a língua portuguesa. A juventude principalmente, mas todos os grupos de interesse e vivências particulares criam seu próprio modo de expressão e identidade, enriquecendo e dando gosto e graça ao vocabulário.

Perseguida pelos puristas, sempre provocadora de polêmicas entre os gramáticos, escolas e redações de jornais, a gíria, na verdade, inova e renova a linguagem. Chamar alguém de bacana anos atrás era um elogio e linguagem de quem estava “por dentro”. Agora, a mesma palavra pode ser classificada como uma expressão típica de um “mauricinho”. Com humor e criatividade, as gírias são fugazes e estão sempre se renovando.

Recentemente, foi lançado em Brasília, pelo jornalista e professor universitário, João Bosco Serra e Gurgel, o Dicionário de Gíria; modismo linguístico e equipamento falado do brasileiro. Serra e Gurgel defende que a disseminação da gíria pode estar levando o português a se tornar uma língua ágrafa, sem representação gráfica para sua manifestação sonora.

O uso da gíria pela juventude e pelos meios de comunicação sempre gerou polêmica. Serra e Gurgel dizem que 90% dos jovens adotam a gíria e desprezam a estruturação de sujeito, verbo e complemento. “Suas frases são vagas, carregadas de sons que nada significam”. Celso Luft afirma que a gíria é própria da juventude e da linguagem coloquial, informal.

Descontraída, debochada ou crítica, a gíria tem contribuído para dar um colorido próprio à linguagem. Sem ela, sem o recurso de regionalismo, acredita Luft, a linguagem corre o risco de empobrecer pela padronização, ficando sem vida. “Por trás do preconceito contra a gíria há sempre um conflito entre conservadores e juventude, grupo social contra grupo social. Se a linguagem da juventude se restringir só à gíria, então haverá perigo”.

FONTE: BRAGANÇA, Maria Alice. Revista ZH. Porto Alegre, 1991, p. 6-7.

3 A LINGUAGEM PARTICULAR DE UMA PROFISSÃOA escolha de uma profissão não é algo que se decide de uma hora para

outra, não é? Vários fatores são levados em conta, como as habilidades que se têm, a afinidade com alguma área em especial ou até mesmo a admiração por profissionais que já exercem tal trabalho. Pode-se afirmar que cada vez mais a pressão em torno da responsabilidade pela escolha certa, na era da informação, do avanço tecnológico e comunicacional proporcionado pela globalização está exigindo profissionais muito qualificados.

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UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO: REFLEXÕES ACERCA DAS FUNÇÕES COGNITIVAS

Você sabe, provavelmente, que não é possível haver indivíduos qualificados sem levar em conta um item muito importante no currículo de qualquer profissional das mais variadas áreas: o uso do nível culto da língua portuguesa.

Vimos, anteriormente, que nós temos a linguagem falada e escrita, porém

não escrevemos como falamos nem vice-versa. Você deve concordar conosco que, em situações de oralidade, a negociação de sentido entre os interlocutores é mais imediata, o que pode implicar, muitas vezes, na facilidade de compreensão do conteúdo da mensagem. Além disso, a oralidade dispõe de elementos como a entonação e variação de voz, que contribuem para o entendimento. Em outras palavras, dependendo da situação, você emprega a linguagem que mais se adequa: se informal, usa-se uma linguagem sem formalidades; se formal, emprega-se a norma culta. Você já estudou, também, que a modalidade escrita vem sendo muito exigida em concursos e entrevistas para emprego. Assim, preste atenção, acadêmico, pois a era digital parece informal, mas, no trabalho, requer o uso de regras coerentes. Assim, o profissional que quer permanecer num mercado de trabalho tão competitivo no mundo globalizado precisa ter domínio da norma culta, bem como das regras, e ainda saber falar e escrever muito bem.

Queiramos ou não, a linguagem particular utilizada nas diversas profissões, seja na elaboração de um ofício, relatório, ata, memorando, e-mail, mala direta, num aviso a colegas de trabalho, numa conversa, entre outros, exige o uso da norma culta da língua.

Reconhecemos, então, que a norma culta constitui como um aspecto da linguagem importante para a comunicação empresarial. Acerca da linguagem profissional, também é importante discutirmos a linguagem técnica ou jargão, que corresponde a um palavreado particular de uma categoria ou de uma profissão. Segundo o dicionário Michaelis (2008), jargão é uma gíria profissional. Perceba que linguagem técnica ou jargão é um código da língua, pertencente a um grupo profissional ou sociocultural com vocabulário especial.

Apesar de em muitos casos o jargão ser apenas um modo de impressionar o receptor, há também os casos em que sua colocação é quase que obrigatória. Seja qual for a causa de sua existência, o jargão tem um sentido muito importante para quem o utiliza. Quando um advogado peticiona, por exemplo, ele expressa o que os leigos conhecem por “pedir para o juiz”. Assim, podemos dizer que a linguagem técnica ou o jargão é a “gíria” usada específica e limitadamente por grupos de profissionais de um mesmo meio: professores, advogados, médicos etc.

O uso de jargões, como pudemos ver, corresponde a um recurso, a uma função da linguagem, que contribui para a produção de textos (orais ou escritos) na área profissional. Na seção a seguir, vamos refletir sobre a linguagem e suas funções.

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TÓPICO 3 | A LINGUAGEM E SUAS PARTICULARIDADES

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4 A LINGUAGEM E SUAS FUNÇÕESAs funções da linguagem são recursos que enfatizam a intenção do emissor

para que se estabeleça uma comunicação eficiente. Um texto pode apresentar mais de uma função enfatizadora.

As funções da linguagem têm a finalidade de levar o leitor ou o receptor a compreender determinado efeito ou conceito para determinado objetivo. Diante disso, comungamos da ideia de Chalhub (1990, p. 9):

Numa mesma mensagem [...] várias funções podem ocorrer, uma vez que, atualizando corretamente possibilidades de uso do código, entrecruzam-se diferentes níveis de linguagem. A emissão, que organiza os sinais físicos em forma de mensagem, colocará ênfase em uma das funções – e as demais dialogarão em subsídio, [...].

Obviamente, as funções da linguagem requerem, antes de serem individualmente estudadas e antes de observarmos suas influências no dia a dia, indicar que todo processo comunicativo é centrado em elementos. Chalhub (1990, p. 1) reflete a respeito disso dizendo:

Diferentes mensagens veiculam significações as mais diversificadas, mostrando na sua marca e traço [...]. O funcionamento da mensagem ocorre tendo em vista a finalidade de transmitir – uma vez que participam do processo comunicacional: um emissor que envia a mensagem a um receptor, usando do código para efetuá-la; esta, por sua vez, refere-se a um contexto. A passagem da emissão para a recepção faz-se através do suporte físico que é o canal. Aí estão, portanto, os fatores que sustentam o modelo de comunicação: emissor; receptor; canal; código; referente; mensagem.

Os elementos da comunicação instituem funções, assim conhecidas:

• função referencial; • função emotiva;• função conativa;• função fática; • função metalinguística e• função poética.

Vamos visualizar o esquema a seguir para poder entendê-las melhor?

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UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO: REFLEXÕES ACERCA DAS FUNÇÕES COGNITIVAS

FIGURA 20 – FUNÇÕES DA LINGUAGEM

Emissor (emotiva) Mensagem

Contexto (referencial)

(poética) Receptor (conativa)

Canal (fática)

Código (metalinguística)

FONTE: As autoras

4.1 FUNÇÃO EMOTIVA

A função emotiva ou expressiva é focada nas opiniões, ideias e nas emoções de quem emite a mensagem. As interjeições e as exclamações são geralmente utilizadas. O texto faz uso da primeira pessoa do singular.

Esta função aparece especialmente nas biografias, poesias líricas,

memórias e nas cartas de amor.

ATENCAO

Consulte seus conhecimentos e responda: o que é interjeição? Hum, esqueceu?! Bem, saiba que as interjeições são palavras invariáveis, isto é, não sofrem variação em gênero, número e grau. No entanto, em uso específico, algumas interjeições sofrem variação em grau. Deve-se entender que, neste caso, não se trata de um processo natural dessa classe, mas tão somente uma variação que a linguagem permite. Exemplos de frases contendo interjeições.«Ah! não, minha filha, traga-me de volta os retratos.» «Arre! Até que enfim chegamos.» «Avante! O dia está raiando.» «Bis! Excelente apresentação.» «Bravo! Execução maravilhosa.» «Calma, gente! O Brasil parece ser nosso.» «Calma, governador! No fim do túnel sempre tem um pedágio.» «Caramba! Tudo aqui parece abandonado.» «Cruz-credo! Que medo daquele escuro.» «Cuidado! Maria está chegando.» «Ei, amigos, venham!» «Epa! Tem alguém por aqui.» «Fora, bicho!» «Fora! Estou farta de você.»

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TÓPICO 3 | A LINGUAGEM E SUAS PARTICULARIDADES

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«Graças a Deus! Saí sã e salva dessa fria.» «Hum, que chiqueza!» «Macacos me mordam! Que dia de cão.» «Meu Deus! Quanta chuva.» «Não diga! Ela parecia tão boa.» «Ô, venha!» «Ôba! Feriado na terça!» «Ôba! Férias de julho novamente.» «Oh! Bendito aquele que cria e não copia.» «Oi! Tudo bem por aí?» «Olá! Tem alguém em casa?» «Parabéns! Eu sabia que você ia conseguir a vaga.» «Psiu! Preciso de uma ajudinha.» «Puxa! Que calor.» «Puxa vida! Isso não acaba nunca.» «Que horror! Esse desrespeito passou dos limites.» «Que pouca vergonha! Essas meninas perderam a noção.» «Quem me dera! Um sorteiozinho na Mega e estaria feita.» «Silêncio! Tem gente dormindo.» «Tomara! Um dia ela se vinga!» «Ué! Cadê sua ajuda?» «Ui! Dói só de pensar!» «Valha-me Deus! Não quero morrer agora.» «Xi! Azedou o leite.» «Xô, bicho!»

FONTE: <http://www.lpeu.com.br/q/tlua6>. Acesso em: 7 ago. 2018.

Leia o exemplo a seguir:

UMA MORENA

Não ofereço perigo algum: sou quieta como folha de outono esquecida entre as páginas de um livro, sou definida e clara como o jarro com a bacia de ágata no canto do quarto – se tomada com cuidado, verto água limpa sobre as mãos para que se possa refrescar o rosto, mas, se tocada por dedos bruscos, num segundo me estilhaço em cacos, me esfarelo em poeira dourada. Tenho pensado se não guardarei indisfarçáveis remendos das muitas quedas, dos muitos toques, embora sempre os tenha evitado aprendi que minhas delicadezas nem sempre são suficientes para despertar a suavidade alheia, mesmo assim insisto: meus gestos, minhas palavras são magrinhos como eu, e tão morenos, que esboçados à sombra, mal se destacam do escuro, quase imperceptível me movo, meus passos são inaudíveis feito pisasse sempre sobre tapetes, impressentida, mãos tão leves que uma carícia minha, se porventura a fizesse, seria mais branda que a brisa da tardezinha. Para beber, além do chá, raramente admito um cálice de vinho branco, mas que seja seco para não esbrasear em excesso minha garganta em ardores...

FONTE: ABREU, Caio Fernando. Fotografias. In: Morangos mofados. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1982, p. 93.

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UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO: REFLEXÕES ACERCA DAS FUNÇÕES COGNITIVAS

No texto, você pode observar que são descritas as sensações da mulher. Esta descrição é pessoal e subjetiva. O emissor exterioriza seu estado psíquico, predominando a função emotiva da linguagem. Observe que o texto se caracteriza, também, pelo uso da 1ª pessoa do singular, o eu.

4.2 FUNÇÃO REFERENCIAL

Esta função centra-se no referente. O texto apresenta informações sobre a realidade, traduzindo objetivamente o fato acontecido, uma linguagem direta e objetiva. Prevalece a terceira pessoa do singular. Sem emitir uma opinião pessoal, é utilizada na ciência, na arte realista, no jornal e em livros científicos.

Leia o texto a seguir:

A índia Everon, da tribo Caiabi, que deu à luz três meninas, através de uma operação cesariana, vai ter alta depois de amanhã, após ter permanecido no Hospital Base de Brasília desde o dia 16 de março. No início, os índios da tribo foram contrários à ideia de Everon ir para o hospital, mas hoje já aceitam o fato, e muitos já foram visitá-la. Everon não falava uma palavra de português até ser internada e as meninas serão chamadas de Luana, Uiara e Potiara.

FONTE: <https://docgo.net/philosophy-of-money.html?utm_source=dinamica-dVozf7Z>. Acesso em: 7 ago. 2018.

Observe que o texto apresenta, como objetivo único, informar ou confirmar ao receptor um fato ocorrido. A linguagem é objetiva, não admite mais que uma interpretação. Assim, evidencia-se a clara função de linguagem empregada, a referencial, que traduz objetivamente a realidade.

4.3 FUNÇÃO APELATIVA

Esta função indica que a mensagem está centrada no receptor. O emissor, por sua vez, busca influenciar a conduta do receptor com o intuito de convencê-lo ou de lhe dar ordens. É comum o uso do tu e do você (2ª e 3ª pessoas do singular) ou o próprio nome a quem se dirige a fala, além de usar vocativos e imperativos. Nos discursos, nos sermões e nas propagandas, que são dirigidos diretamente ao consumidor, é muito comum o uso desta função.

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TÓPICO 3 | A LINGUAGEM E SUAS PARTICULARIDADES

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Você lembra o que é um vocativo? Bem, é muito fácil! Vocativo é um termo que serve para chamar, invocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético. Exemplo: “Não fale tão alto, Juliana!” O nome “Juliana” é um vocativo.E o modo imperativo dos tempos verbais, você sabe sua função? Ele é usado quando queremos ordenar ou aconselhar. Exemplos: “Traga-me um chá!” “Tome cuidado, menino!”

NOTA

Observe a imagem:

FIGURA 21 – PROPAGANDA

FONTE: <http://3.bp.blogspot.com/-dLxAGiuQEnA/TaG2KWI7ZtI/AAAAAAAAABM/0eF-rRozbjw/s320/greenpeace2.jpg>. Acesso em: 6 ago. 2018.

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UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO: REFLEXÕES ACERCA DAS FUNÇÕES COGNITIVAS

Ela propaga uma mensagem que, geralmente, chama muito a atenção pelo impacto. As propagandas classificadas como apelativas têm a incumbência de proporcionar, muitas vezes, uma mensagem de cunho social. Veja, a seguir, mais um exemplo de textos publicitários que explicitamente utilizam o apelo ao receptor.

FIGURA 22 – PROPAGANDA

FONTE: <https://empiricusimagens.s3.amazonaws.com/imagens/copys/fn01/13.png>. Acesso em: 12 jun. 2018.

4.4 FUNÇÃO FÁTICA

A função fática objetiva verificar se o canal de comunicação está em pleno funcionamento. Tem a finalidade de prolongar ou não a relação comunicativa com o receptor. No linguajar das falas telefônicas, as saudações são características da função fática, bem como as interjeições, comentários sobre o clima, entre outros aspectos.

Veja o exemplo que segue:

FIGURA 23 – FUNÇÃO FÁTICA

FONTE: <http://3.bp.blogspot.com/_8gWyZQJ8R0E/Svm0h1GIVzI/AAAAAAAAAQ8/J1i7Akoomlw/s400/blog1.jpg>. Acesso em: 6 ago. 2018.

A letra da música da figura, que serve como exemplo da função fática, mostra que o emissor utiliza claramente expressões que tentam prolongar o contato com o receptor.

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TÓPICO 3 | A LINGUAGEM E SUAS PARTICULARIDADES

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4.5 FUNÇÃO METALINGUÍSTICA

Na função metalinguística o código linguístico é posto em destaque, usando a linguagem para falar dela mesma, ou seja, ela faz menção ao próprio código. A poesia que fala da poesia, um texto que explana outro texto e os dicionários são exemplos de metalinguagem. Então, dicionários, gramáticas, textos que analisam textos, poemas que abordam o assunto da poesia são exemplos desta função. Observe os exemplos a seguir:

FIGURA 24 – FUNÇÃO METALINGUÍSTICA

Mãe, você acha que eu sou Mal-Educado?

Educado não é aquele quesabe as regras de etiqueta.

Educado é aquele que pensa nos outros!

Viu, seu �*!!!ξ?Eu sou educado!

Você nãotá pensandona minha mãe

quando diz isso!

FONTE: <http://1.bp.blogspot.com/_8gWyZQJ8R0E/SvBIbCGCozI/AAAAAAAAAQk/uk2njO4Ail8/s1600-h/blog1.jpg>. Acesso em: 6 ago. 2018.

Mulher. [Do lat. muliere.] S. f. 1. Pessoa do sexo feminino após a puberdade. [Aum.: mulherão, mulheraça, mulherona.] 2. Esposa.

FONTE: <http://www.coladaweb.com/portugues/a-linguagem-e-os-processos-de-comunicacao>. Acesso em: 7 ago. 2018.

Os exemplos apresentam a função metalinguística, o primeiro tem como objetivo explicar, de uma maneira bem-humorada, o significado de mal-educado a um falante da nossa língua. O segundo é um verbete de um dicionário que esclarece um elemento do código – a palavra mulher – empregando o próprio código na explicação.

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UNIDADE 1 | LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO: REFLEXÕES ACERCA DAS FUNÇÕES COGNITIVAS

4.6 FUNÇÃO POÉTICA

É a função que se centraliza na mensagem e que utiliza recursos imaginativos. Esta função tem uma linguagem figurada, geralmente apresentada em obras literárias, letras de música ou em algumas propagandas. Além disso, a métrica, o ritmo e a rima são alguns dos recursos inerentes à linguagem poética. Veja o exemplo:

A mulher que passaMeu Deus, eu quero a mulher que passa. Seu dorso frio é um campo de lírios Tem sete cores nos seus cabelos Sete esperanças na boca fresca!Oh! Como és linda, mulher que passas Que me sacias e suplicias Dentro das noites, dentro dos dias!Teus sentimentos são poesia. Teus sofrimentos, melancolia. Teus pelos leves são relva boa Fresca e macia. Teus belos braços são cisnes mansos Longe das vozes da ventania.Meu Deus, eu quero a mulher que passa![...]

FONTE: MORAIS, Vinícius de. A mulher que passa. In:______. Antologia poética. 4. ed. Rio de Janeiro: Ed. do autor, 1960, p. 90.

O exemplo apresentado é desenvolvido com criatividade. O som, o ritmo, o jogo de ideias são explorados no texto e a linguagem poética desperta interesse e desejo no leitor.

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RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

• As funções da linguagem são recursos que destacam a intenção do emissor para que uma comunicação eficiente aconteça. Um texto pode apresentar várias funções enfatizadoras.

• As funções de linguagem são seis: função referencial ou denotativa; função emotiva ou expressiva; função fática; função conativa ou apelativa; função metalinguística e função poética.

• A função emotiva ou expressiva é centrada nas opiniões e emoções do emissor.

• A referencial ou denotativa centra-se no referente.

• Na função apelativa a mensagem é voltada para o receptor, e o emissor procura persuadir o outro a determinado comportamento, com a intenção de convencimento ou de, inclusive, dar ordens.

• A função fática tem foco no canal, que tem por finalidade prolongar ou não o contato com o receptor.

• Na função metalinguística, o código linguístico é posto em destaque, utilizando a linguagem para falar dela.

• A função poética é a que se centraliza na mensagem. É aquela que utiliza recursos imaginativos inventados pelo emissor.

• A linguagem culta deve ser utilizada pelos meios de comunicação escrita, como jornais, revistas, livros etc.

• O nível culto se caracteriza pelo uso mais apurado do vocabulário e o cuidado com as regras gramaticais.

• No nível coloquial a espontaneidade é característica presente.

• No dia a dia, em situações informais, as pessoas não estão atentas ao que é certo ou errado, segundo a linguagem padrão.

• Devemos adequar a linguagem conforme o uso que faremos dela, ou seja, conforme a situação, o lugar e as pessoas com quem vamos nos comunicar.

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• Os desvios da norma culta não são aceitos pela gramática normativa.

• A gíria não pertence à linguagem padrão. Não é aceita em situações de formalidade como, por exemplo, redações de vestibular, ofícios, preenchimento de relatórios, e-mails, textos acadêmicos, artigos científicos etc.

• Quando usada em momento oportuno, a gíria cumpre o papel de denotar expressividade, podendo revelar grande criatividade do emissor.

• Constantemente surgem novas gírias e outras caem em desuso, isso porque a gíria é uma variante da língua, e esta, por sua vez, está em constante evolução e/ou reformulação.

• Indivíduos qualificados precisam de um item muito importante no currículo de qualquer profissional de qualquer área: o uso do nível culto da língua portuguesa.

• A linguagem técnica ou o jargão é um conjunto de palavras particular de uma categoria ou de uma profissão.

• Apesar de o jargão ser apenas um modo de impressionar o receptor, há também os casos em que sua colocação é quase que obrigatória.

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1 Caro acadêmico, para você entender melhor as funções da linguagem, elabore um esquema que as represente e exemplifique cada uma delas.

2 Leia a tirinha que segue e identifique a alternativa que apresenta a linguagem informal.

AUTOATIVIDADE

FIGURA 25 – HAGAR

Tá legal, espertinho!onde é que você esteve?! E lembre-se: se você disser

uma mentira, os seus chifres cairão!

Tudo bem, eu vou contar... estouatrasado porque ajudei umavelhinha a atravessar a rua...

...E ela me deu um anel mágicoque me levou a um tesouro,mas bandidos o roubaram

e os perseguiaté a etiópia,

onde um DRAGÃO...

FONTE: <https://1.bp.blogspot.com/-blzeTqcRaVk/Ud74tHKjiOI/AAAAAAAADWs/-5cl6r3xcxw/s1600/enem+b76aa228250685c7eb97d63662ec8f14.jpg>. Acesso em: 7 ago. 2018.

a) ( ) "Tá legal, espertinho!"b) ( ) "[...] e ela me deu um anel mágico [...]"c) ( ) "[...] mas bandidos o roubaram [...]"d) ( ) " Onde é que você esteve?!"

3 Relacione os textos a seguir com suas correspondentes funções textuais:

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I- Pra você guardei o amorQue aprendi, vem dos meus paisO amor que tive e recebiE hoje posso dar livre e felizCéu cheiro e ar na cor que o arco-írisRisca ao levitar

FONTE: <https://www.letras.mus.br/nando-reis/1491960/>. Acesso em: 12 jun. 2018.

( ) Função metalinguística

II- pa·lan·fró·ri·o (alteração de palavrório)

substantivo masculino1. Conversa para enganar ou convencer = LÁBIA2. Discurso inútil ou aborrecido = ARANZEL Sinônimo Geral: PALAVRÓRIO

FONTE: <http://dicionario.priberam.pt/sobre.aspx>. Acesso em: 12 jun. 2018.

( ) Função apelativa

III-

FONTE: <https://www.youtube.com/watch?v=sX8H4ToC-OQ>. Acesso em: 12 jun. 2018.

( ) Função poética.

IV- O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, se reunirão a sós durante um tempo – ainda indeterminado – ao começo da sua cúpula desta terça-feira (segunda, 11, no Brasil) em Singapura, informou a Casa Branca.

FONTE: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/trump-e-kim-se-reunirao-a-sos-no-comeco-da-cupula.ghtml>. Acesso em: 12 jun. 2018.

( ) Função emotiva

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V- 17h30minAi, Deus. Tinha acabado de mandar: Eu ia amar, mas tenho que trabalhar hoje à noite, então melhor não, a Mabel de repente deu um pulo e começou a cantar a música que o Billy mais odeia perto dele. “Forgeddaboudermoneymoneymoney, wedon’ needyermoneymoney, money!” Então o telefone tocou. Agarrei o aparelho. O Billy deu um salto, gritando “Mabel, pare de cantar Jessie J!” quando a voz da recepcionista ronronou: “Brian Katzenberg vai falar com você”. “Hum… Será que eu poderia retornar a ligação para o Brian em…” “Berbling berbling!”, cantou a Mabel, correndo em volta da mesa atrás do Billy.

FONTE: FIELDING, Helen. Bridget Jones: Mad About the Boy. São Paulo: Companhia das Letras, 2009, s.p.

( ) Função fática

VI-– Alô! Como você está?– Tudo bem, e você?– Vamos ao shopping hoje?– Sim, adoraria. Ligo daqui a pouco para confirmar o horário.

( ) Função referencial

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UNIDADE 2

A ESTRUTURA TEXTUAL

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender os conceitos de coesão e coerência;

• identificar os mecanismos de coesão no texto;

• conhecer a estruturação de um parágrafo e diferenciar as partes que o compõem;

• refletir sobre a estrutura textual;

• caracterizar a narração, a descrição e a dissertação;

• aprimorar a interpretação textual;

• identificar as características dos textos, aperfeiçoar sua escrita no que se refere às regras gramaticais, à clareza, à impessoalidade e à objetividade;

• adequar a linguagem de acordo com a situação escrita;

• identificar e destacar alguns documentos oficiais utilizados no dia a dia das empresas e/ou instituições;

• aprimorar as habilidades necessárias à redação do texto/documento oficial, que vai além do simples uso de modelos prontos.

Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você en-contrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – O TEXTO E SUA INTENÇÃO

TÓPICO 2 – OS DIVERSOS TEXTOS

TÓPICO 3 – O ESTUDO DO TEXTO: LEITURA, INTERPRETAÇÃO E GÊNEROS

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TÓPICO 1

O TEXTO E SUA INTENÇÃO

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃOQuando nos comunicamos, seja por escrito ou oralmente, temos em mente

repassar uma mensagem. Então, podemos dizer que todo texto tem uma intenção. Para isso, existem componentes básicos que devem ser levados em consideração: quem fala, para quem, como e com que intenção.

Assim, sempre que escrevemos ou nos comunicamos oralmente organizamos toda uma estrutura para sermos entendidos pelo nosso ouvinte e/ou leitor. Que estrutura é essa? É a organização dos parágrafos, a seleção das palavras, a extensão do texto ou da fala. Em outras palavras, a linguagem difere quando você se comunica com a família, com o superior, com uma pessoa desconhecida ou muito conhecida, ou ainda em uma entrevista de emprego. Diante disso, responda: sua linguagem se diferencia, dependendo da situação? Provavelmente sua resposta foi positiva.

Então veja: é correto dizer que para cada situação adequamos nossa linguagem, seja ela oral ou escrita, porque temos uma intenção e queremos ser compreendidos. Sobre a adequação da linguagem, Infante (1998, p. 66) diz que:

O nível do vocabulário utilizado decorre dos fatores que condicionam a elaboração do texto: o tema tratado, a finalidade a que se propõe, o receptor a que se dirige, o meio de divulgação utilizado. Um comunicado oficial a ser lido na ONU ou uma carta aberta à população de uma pequena vila ameaçada pela devastação da natureza podem tratar do mesmo assunto, mas a seleção vocabular deve ser apropriada a cada caso... Dessa forma, as melhores palavras são as mais eficazes e não as mais pomposas...

Muitas vezes, na oralidade, fazemos a seleção das palavras de maneira natural, pois podemos nos certificar se estamos sendo entendidos pela reação do receptor. E na escrita? Durante a redação de relatórios, e-mails e outros documentos, o texto tem que estar claro para que a mensagem não seja prejudicada.

Convido você, acadêmico, a conhecer mais sobre a estrutura do texto, de modo a tornar sua comunicação profissional e pessoal cada vez mais coerente e coesa.

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UNIDADE 2 | A ESTRUTURA TEXTUAL

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2 A CONSTRUÇÃO DO TEXTO: COESÃO E COERÊNCIAUm texto deve apresentar textualidade, ou seja, um conjunto de

características que fazem com que seja um texto e não uma sequência de frases. São sete os aspectos responsáveis pela textualidade: coesão, coerência, intertextualidade, intencionalidade, aceitabilidade, informatividade, situacionalidade. Veremos a seguir a coerência e a coesão textual.

2.1 COESÃO

Segundo Infante (1998, p. 66), “Dominar um bom vocabulário é requisito para a elaboração eficiente de textos escritos”. Contudo, não são apenas palavras rebuscadas que permitem coesão ao texto. Um texto coeso precisa de mais elementos que possam garantir a sua eficácia.

A coesão, de acordo com o Dicionário Michaelis, é a união entre as partes formando um todo. Coeso, por sua vez, segundo Koch e Travaglia (2002), significa quando a interpretação de algum elemento no discurso é dependente da interpretação de outro.

Desta forma, podemos concluir que, para um texto ser coeso, ele precisa de

elementos que liguem suas partes de modo a transmitir claramente a mensagem que deseja. Sobre o texto escrito, Infante (1998, p. 66) acrescenta que:

[...] dentre as características específicas da modalidade escrita da língua, destaca-se a necessidade de um vocabulário preciso e criterioso, capaz de suprir a ausência dos recursos mímicos e dos matizes da entonação da língua falada. Manejar um bom vocabulário não significa impressionar os outros com um punhado de palavras difíceis e desconhecidas. O que importa é conhecer e utilizar as palavras necessárias para a produção de textos claros e enxutos.

Perceba que, segundo Infante (1998), o mais importante para tornar um

texto coeso é usar as palavras apropriadas para cada situação. Agora que você já conhece o conceito e a importância da coesão, vamos estudar como ela acontece na prática? Vejamos a seguir.

2.1.1 Mecanismos de coesão

Como uma das marcas essenciais da textualidade, a coesão pode ocorrer por meio de diferentes mecanismos. Entre eles citamos: a coesão sequencial, a coesão referencial e a coesão recorrencial. Vejamos cada uma delas:

Coesão sequencial: refere-se ao desenvolvimento textual, seja por procedimentos de manutenção do assunto, empregando os termos pertencentes ao mesmo campo semântico, seja por meio de processos de progressão temática.

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TÓPICO 1 | O TEXTO E SUA INTENÇÃO

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Dito de outra maneira, é o que empregamos para relacionar o já dito ao que será dito, à medida que progredimos com o texto.

De acordo com Carneiro (2001), a progressão temática pode se efetivar

por intermédio da satisfação de compromissos textuais anteriores ou, ainda, utilizando-se de novos acréscimos ao texto. Para exemplificar a afirmativa, vamos apresentar alguns exemplos. Observe a seguir exemplos da primeira situação que apresentamos:

a) condicionalidade: Se chover, eu não apresentarei o teatro. b) causalidade: Todos foram de roupa quente, pois estava fazendo muito frio. c) implicação lógica: Somente há um meio de resolver a situação: contando a

verdade.

Agora, acompanhe exemplos de progressão temática com acréscimos ao texto:

a) explicação ou justificativa: Os alunos fizeram o pagamento, pois o sistema estava funcionando.

b) conjunção: Entreguei os trabalhos no dia agendado. E pude fazer as avaliações.

Podemos inferir, então, que a coesão sequencial, como o próprio nome sugere, realiza-se conforme o texto vai se efetivando. Dito de outra maneira, ela é o elemento responsável por apontar a evolução da narrativa e permite caracterizar a passagem do tempo.

Coesão referencial: esta ocorre quando um elemento da sequência do texto se remete a outro do mesmo texto, substituindo-o. Sendo assim, tal referência estabelecida pelos elementos do texto podem acontecer com um elemento externo ou interno do texto.

Dessa maneira, podemos classificar a coesão referencial em dois tipos: Exofórica e Endofórica. Coesão referencial exofórica, como o próprio nome sugere, ocorre quando a relação se estabelece com um elemento fora do texto. Veja:

“A gente era pequena naquele tempo. E aquele era um tempo em que ainda se apregoava nas ruas. Não em todas as ruas, mas naquela onde vivíamos. Naquela rua, que tinha por nome a data de um santo, o tempo passava mais lentamente do que no resto da cidade de Porto Alegre”.

FONTE:  <http://revistagloborural.globo.com/EditoraGlobo/componentes/article/edg_article_print/0,3916,597278-2868-1,00.html>. Acesso em: 7 ago. 2018.

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UNIDADE 2 | A ESTRUTURA TEXTUAL

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Acadêmico, você percebeu que as informações destacadas (naquele, aquele e naquela) referem-se a elementos que não estão presentes no texto? Nesse exemplo ocorre a coesão referencial exofórica. Busque mais exemplos e treine essa identificação em diversos textos.

Coesão referencial endofórica remete-nos à palavra dentro, não é mesmo? Esse tipo de coesão referencial ocorre quando fazemos referência a algum elemento que se encontra dentro do texto. Muito bem. Porém, com a coesão endofórica, a referência pode acontecer a algo mencionado anteriormente no texto – anáfora – ou a algo mencionado posteriormente – catáfora.

Vamos explicar melhor:Anáfora: algo mencionado antesCatáfora: algo mencionado depois

Vejamos exemplos para compreender na prática:

Ex. 1: Não consegui pegar o avião, pois quando cheguei ao aeroporto, ele já havia decolado.

Ex. 2: Lá foi ele, pelos ares, meu avião.

No exemplo 1 temos a ocorrência de anáfora, não é mesmo? Veja que o termo anafórico é ele, que se refere ao avião (elemento mencionado anteriormente).

No exemplo 2 temos a ocorrência de catáfora, pois o termo ele exerce a função catafórica, ou seja, refere-se a um termo expresso posteriormente na frase, ou seja: meu avião.

Veja mais exemplos:

a) Encontrei o atleta na concentração, porém não conversei com ele.

Note que, neste caso, ocorre a anáfora, pois o elemento ele relaciona-se com o elemento anterior: o atleta.

b) Ele estava lá, na concentração, o atleta.

Neste exemplo, temos um caso de catáfora, sendo que o primeiro elemento relaciona-se com o segundo.

Coesão recorrencial: caracteriza-se pela repetição de algum tipo de elemento anterior que não funciona como alusão ao mesmo referente, e sim como uma recordação de um mesmo padrão. Observe o exemplo:

A criança chorava, chorava, chorava, enquanto os colegas a olhavam tristes.

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TÓPICO 1 | O TEXTO E SUA INTENÇÃO

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Note que ocorre a repetição do termo chorava.

Para complementar, podemos dizer que neste tipo de coesão pode ocorrer a elipse. Veja:

O maior objetivo da vida não é o conhecimento, mas [...] a ação.

Percebe-se aqui que se omite a estrutura “maior objetivo da vida é”.

Vamos entender melhor o que é ELIPSE? Veja: Elipse é uma figura de linguagem da língua portuguesa que consiste na omissão de um ou mais termos de uma oração, sendo que estes são facilmente identificados a partir do contexto do texto.Na classificação das figuras de linguagem, a elipse é categorizada como uma figura de construção, com o principal objetivo de atribuir maior expressividade ao significado de determinado texto.O termo omitido na sentença está subentendido, sendo identificável unicamente por causa do contexto do texto. Etimologicamente, a palavra “elipse” se originou a partir do grego élleipsis, que pode ser traduzido como “falta” ou “defeito”.

FONTE: <https://www.significados.com.br/elipse/>. Acesso em: 7 ago. 2018.

NOTA

2.2 COERÊNCIA

A coerência textual é a organização lógica das ideias, havendo assim continuidade entre as frases e/ou sequências, produzindo um sentido único para o todo. Segundo o Dicionário Michaelis (2008), é a ligação, harmonia, conexão ou nexo entre os fatos, ou as ideias. Na construção do texto, portanto, ela é fundamental para que se entenda a mensagem. Para explicitar na prática, leiamos o texto que segue, Vidas Secas, de Graciliano Ramos. Nele, o autor narra a viagem de Fabiano e sua mulher com a cadelinha Baleia, que fogem da seca no Nordeste.

Na sequência, apresentamos algumas considerações.

BALEIA

A cachorra Baleia estava para morrer. Tinha emagrecido, o pelo caíra-lhe em vários pontos, as costelas avultavam num fundo róseo, onde as manchas escuras supuravam e sangravam, cobertas de moscas. As chagas da boca e a inchação dos beiços dificultavam- lhe a comida e a bebida.

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UNIDADE 2 | A ESTRUTURA TEXTUAL

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Por isso Fabiano imaginara que ela estivesse com um princípio de hidrofobia e amarrara-lhe no pescoço um rosário de sabugos de milho queimados. Mas Baleia, sempre de mal a pior, roçava-se nas estacas do curral ou metia-se no mato, impaciente, enxotava os mosquitos sacudindo as orelhas murchas, agitando a cauda pelada e curta, grossa na base, cheia de moscas, semelhante a uma cauda de cascavel.

Então Fabiano resolveu matá-la. Foi buscar a espingarda de pederneira, lixou-a, limpou-a com o saca-trapo e fez tenção de carregá-la bem para a cachorra não sofrer muito.

Sinhá Vitória fechou-se na camarinha, rebocando os meninos assustados, que adivinhavam desgraça e não se cansavam de repetir a mesma pergunta:

- Vão bulir com a Baleia?

Tinham visto o chumbeiro e o polvarinho, os modos de Fabiano afligiam-nos, davam-lhes a suspeita de que Baleia corria perigo.

[...]

FONTE: RAMOS, Graciliano. Vidas secas. Rio de Janeiro: Record, 2002, p. 85 [Fragmento].

Podemos perceber que o texto possui coerência, não é mesmo? Ou seja, o texto possui um sentido único, do início ao fim ele trata da mesma temática, mas para que um texto tenha coerência ele será permeado por elementos coesivos. Vejamos, então, alguns elementos coesivos que auxiliaram neste texto, para a sua coerência:

Por isso: este conectivo estabelece uma relação de causa e consequência: a aparência da boca da Baleia era tal que, consequentemente, Fabiano pensou que ela estivesse com hidrofobia.

Mas: esta conjunção introduz uma situação contrária à tentativa de Fabiano salvar a Baleia.

Então: esta palavra expressa a ideia de causa e consequência, sendo que Baleia não melhora, continua muito mal.

La: este pronome (a na forma la), substitui a palavra Baleia.

Podemos perceber, então, a importância que tais elementos adquirem na construção do texto: sem eles a mensagem ficaria prejudicada. Assim, podemos afirmar que um texto, para ser coerente, precisa de coesão.

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TÓPICO 1 | O TEXTO E SUA INTENÇÃO

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Acadêmico, leia o texto a seguir e reflita se o trecho possui coerência:

“Os problemas de um povo têm de ser resolvidos pelo presidente. Este deve ter ideais muito elevados, Esses ideais se concretizarão durante a vigência do seu mandato. O seu mandato deve ser respeitado por todos” (VIANA et al., 1998, p. 28).

Reflita sobre o texto! Falta coesão a ele? Você deve ter pensado que não, pois o texto possui elementos coesivos que ligam perfeitamente as frases umas às outras, não é mesmo? Será que ele possui coerência? Vamos retomar o conceito de coerência que elencamos anteriormente: sentido único/trata da mesma temática do início ao fim do texto.

Então, podemos dizer que o trecho apresentado não é coerente, pois não conseguimos elencar um assunto ou tema únicos, não é mesmo? Trata do presidente? Dos problemas do povo? Do mandato? Podemos afirmar então que a coesão não consegue atribuir coerência ao texto sozinha. Um texto coeso pode não ser um texto coerente.

Sabemos que o assunto não se esgota por aqui. Por isso, acesse a sua trilha de aprendizagem, assista aos vídeos que disponibilizamos e amplie seu estudo. Destacamos, ainda, que o uso correto dos conectores facilita a interpretação do texto e a construção da coerência pelo leitor.

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DICAS

Caro acadêmico! Você deve habituar-se, sempre que estiver em uma situação de escritura de qualquer modelo textual, a consultar um dicionário. Seja durante uma leitura ou redação, como afirma Infante (1998, p. 67), “[...] consultá-lo contribui de forma decisiva para a perfeita compreensão e expressão de ideias, opiniões e sentimentos”.

Para aprofundar os estudos, sugerimos a leitura do seguinte texto:

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UNIDADE 2 | A ESTRUTURA TEXTUAL

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A REFERENCIAÇÃO/OS REFERENTES, COERÊNCIA E COESÃO

A fala e o texto escrito constituem-se não apenas numa sequência de palavras ou de frases. A sucessão de coisas ditas ou escritas forma uma cadeia que vai muito além da simples sequencialidade: há um entrelaçamento significativo que aproxima as partes formadoras do texto falado ou escrito. Os mecanismos linguísticos que estabelecem a conectividade e a retomada e garantem a coesão são os referentes textuais. Cada uma das coisas ditas estabelece relações de sentido e significado tanto com os elementos que a antecedem como com os que a sucedem, construindo uma cadeia textual significativa. Essa coesão, que dá unidade ao texto, vai sendo construída e se evidencia pelo emprego de diferentes procedimentos, tanto no campo do léxico, como no da gramática. (Não esqueçamos que, num texto, não existem ou não deveriam existir elementos dispensáveis. Os elementos constitutivos vão construindo o texto, e são as articulações entre vocábulos, entre as partes de uma oração, entre as orações e entre os parágrafos que determinam a referenciação, os contatos e conexões e estabelecem sentido ao todo).

Atenção especial concentram os procedimentos que garantem ao texto

coesão e coerência. São esses procedimentos que desenvolvem a dinâmica articuladora e garantem a progressão textual.

A coesão é a manifestação linguística da coerência e se realiza nas

relações entre elementos sucessivos (artigos, pronomes adjetivos, adjetivos em relação aos substantivos; formas verbais em relação aos sujeitos; tempos verbais nas relações espaço-temporais constitutivas do texto etc.), na organização de períodos, de parágrafos, das partes do todo, como formadoras de uma cadeia de sentido capaz de apresentar e desenvolver um tema ou as unidades de um texto. Construída com os mecanismos gramaticais e lexicais, confere unidade formal ao texto.

1. Considere-se, inicialmente, a coesão apoiada no léxico. Ela pode dar-se pela

reiteração, pela substituição e pela associação. É garantida com o emprego de:

• enlaces semânticos de frases por meio da repetição. A mensagem tema do

texto apoiada na conexão de elementos léxicos sucessivos pode dar-se por simples iteração (repetição). Cabe, nesse caso, fazer-se a diferenciação entre a simples redundância resultada da pobreza de vocabulário e o emprego de repetições como recurso estilístico, com intenção articulatória. Ex.: “As contas do patrão eram diferentes, arranjadas a tinta e contra o vaqueiro, mas Fabiano sabia que elas estavam erradas e o patrão queria enganá-lo. Enganava” (Vidas Secas, p. 143);

• substituição léxica, que se dá tanto pelo emprego de sinônimos como de palavras quase sinônimas. Considerem-se aqui, além das palavras sinônimas,

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TÓPICO 1 | O TEXTO E SUA INTENÇÃO

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aquelas resultantes de famílias ideológicas e do campo associativo, como, por exemplo, esvoaçar, revoar, voar;

• hipônimos (relações de um termo específico com um termo de sentido geral, ex.: gato, felino) e hiperônimos (relações de um termo de sentido mais amplo com outros de sentido mais específico, ex.: felino, gato);

• nominalizações (quando um fato, uma ocorrência, aparece em forma de verbo e, mais adiante, reaparece como substantivo, ex.: consertar, o conserto; viajar, a viagem). É preciso distinguir-se entre nominalização estrita e generalizações (ex.: o cão < o animal) e especificações (ex.: planta > árvore > palmeira);

• substitutos universais (ex.: João trabalha muito. Também o faço. O verbo fazer em substituição ao verbo trabalhar);

• enunciados que estabelecem a recapitulação da ideia global. Ex.: O curral deserto,o chiqueiro das cabras arruinado e também deserto, a casa do vaqueiro fechada, tudo anunciava abandono (Vidas Secas, p. 11). Esse enunciado é chamado de anáfora conceptual. Todo um enunciado anterior e a ideia global a que ele se refere são retomados por outro enunciado que os resume e/ou interpreta. Com esse recurso, evitam-se as repetições e faz-se o discurso avançar, mantendo-se sua unidade.

2. À coesão apoiada na gramática dá-se no uso de:

• certos pronomes (pessoais, adjetivos ou substantivos). Destacam-se aqui os pronomes pessoais de terceira pessoa, empregados como substitutos de elementos anteriormente presentes no texto, diferentemente dos pronomes de 1ª e 2ª pessoa, que se referem à pessoa que fala e com quem esta fala;

• certos advérbios e expressões adverbiais;• artigos;• conjunções;• numerais;• elipses: a elipse se justifica quando, ao remeter a um enunciado anterior, a

palavra elidida é facilmente identificável (Ex.: O jovem recolheu-se cedo. ... Sabia que ia necessitar de todas as suas forças. O termo o jovem deixa de ser repetido e, assim, estabelece a relação entre as duas orações.). É a própria ausência do termo que marca a inter-relação. A identificação pode dar-se com o próprio enunciado, como no exemplo anterior, ou com elementos extraverbais, exteriores ao enunciado. Vejam-se os avisos em lugares públicos (ex.: Perigo!) e as frases exclamativas, que remetem a uma situação não verbal. Nesse caso, a articulação se dá entre texto e contexto (extratextual);

• as concordâncias;• a correlação entre os tempos verbais.

Os dêiticos exercem, por excelência, essa função de progressão textual, dada sua característica: são elementos que não significam, apenas indicam, remetem aos componentes da situação comunicativa. Já os componentes concentram em si a significação. Referem os participantes do ato de comunicação, o momento e o lugar da enunciação.

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UNIDADE 2 | A ESTRUTURA TEXTUAL

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Elisa Guimarães ensina a respeito dos dêiticos: os pronomes pessoais e as desinências verbais indicam os participantes do ato do discurso. Os pronomes demonstrativos, certas locuções prepositivas e adverbiais, bem como os advérbios de tempo, referenciam o momento da enunciação, podendo indicar simultaneidade, anterioridade ou posterioridade. Assim: este, agora, hoje, neste momento (presente); ultimamente, recentemente, ontem, há alguns dias, antes de (pretérito); de agora em diante, no próximo ano, depois de (futuro).

Maria da Graça Costa Val lembra que “esses recursos expressam

relações não só entre os elementos no interior de uma frase, mas também entre frases e sequências de frases dentro de um texto”.

Não só a coesão explícita possibilita a compreensão de um texto. Muitas

vezes a comunicação se faz por meio de uma coesão implícita, apoiada no conhecimento mútuo anterior que os participantes do processo comunicativo têm da língua.

FONTE: <http://professornogueira.blogspot.com/p/coesao-e-coerencia.html>.Acesso em: 7 ago. 2018.

3 PARÁGRAFOCostumamos chamar de parágrafo o espaço em branco num trecho

escrito, que geralmente corresponde a seis ou sete caracteres de afastamento da margem esquerda, ou seja, um recuo no início da frase. Entretanto, nosso foco é destacar que o parágrafo é uma unidade do discurso formada por um ou mais períodos, ou seja, é parte de uma redação. Segundo Medeiros (2004), utilizamos o parágrafo para dividir o texto em partes menores, já que um texto possui diferentes enfoques. As partes menores ou parágrafos de um texto auxiliam na interpretação que faremos sobre o escrito, pois a divisão possui algumas funções, as quais veremos adiante.

Quando se muda o parágrafo, não se muda o assunto. Este deve ser o mesmo do princípio ao fim da redação. A abordagem, porém, pode mudar. E é aqui que o parágrafo entra em ação. A cada novo ponto de vista, a cada nova abordagem, haverá um novo parágrafo.

O entendimento da estrutura do parágrafo é o melhor caminho à segura compreensão do texto. No caso de diálogos, percebemos o uso de parágrafos, quando a abertura deste indica a mudança de interlocutor.

Agora que já sabemos quando utilizamos um parágrafo, vamos estudar como ele está estruturado.

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TÓPICO 1 | O TEXTO E SUA INTENÇÃO

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O símbolo para parágrafo, representado por §, equivale a dois esses (ss) entrelaçados, iniciais das palavras latinas “signum sectionis”, que significam sinal de secção, de corte. Num ditado, quando queremos dizer que o período seguinte deve começar em outra linha, falamos parágrafo ou alínea. A palavra alínea (vem do latim a + lines) significa distanciado da linha, isto é, fora da margem em que começam as linhas do texto.

NOTA

3.1 A ESTRUTURAÇÃO DO PARÁGRAFO

Ao escrever não devemos iniciar sem abrir parágrafo. Uma vez aberto, a leitura deve merecer pausa maior que a sinalizada pelo ponto final. Durante a escrita, devemos observar com atenção o momento oportuno de abrir parágrafos, a troca de abordagem ou ponto de vista, assim o escrito não se tornará cansativo e desinteressante.

Você deve estar se perguntando: quando devo, efetivamente, iniciar novo parágrafo? A resposta é que não existe uma regra que o escritor deva seguir. A prática da escrita nos proporciona o equilíbrio nesse momento, fazendo com que não escrevamos parágrafos compostos de frases muito curtas nem parágrafos muito densos de informações.

Dito de outra maneira, quando concluímos a enunciação de diversos conceitos para dar continuidade a outros relacionados ao mesmo discurso, porém sob aspecto diverso, é que sentimos a necessidade de abertura de um novo parágrafo.

Na escritura de um texto faz-se necessário estruturá-lo bem a partir dos

parágrafos, que podem variar de extensão de acordo com o tema que se escreve. O parágrafo pode ser estruturado em partes bem distintas. Vamos estudá-las? São elas:

a) Tópico frasal

O tópico frasal é a ideia núcleo que se encontra no interior do parágrafo, pode ser denominado também como período tópico ou frase síntese. É através deste que o escritor desenvolve o pensamento.

b) Desenvolvimento

O desenvolvimento é onde se agregam ideias secundárias ao tópico frasal.

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UNIDADE 2 | A ESTRUTURA TEXTUAL

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c) Conclusão

A conclusão nem sempre está presente; serve para resumir o conteúdo do parágrafo e localiza-se ao final do mesmo.

d) Elemento relacionador

Este item poderia estar presente a partir do segundo parágrafo,

estabelecendo um encadeamento lógico entre as ideias, ou seja, serve de elo entre o parágrafo em si e o tópico que o antecede.

Quando refletimos sobre parágrafo, estamos direta ou indiretamente

aprimorando a organização das ideias e o seu encadeamento lógico. Ao redigir um texto, esta habilidade está sempre em prática, fazendo com que esta capacidade seja cada vez mais aperfeiçoada.

O uso de parágrafos é muito comum nos códigos de leis por indicaros parágrafos únicos.Exemplo: § 7º Lei federal disporá sobre as normas gerais a serem obedecidas na efetivação do disposto no § 4º (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998).

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RESUMO DO TÓPICO 1Neste tópico, você aprendeu que:

• Todo texto tem uma intenção.

• Devemos organizar a linguagem, seja ela escrita ou oral, de acordo com a situação comunicativa.

• Um texto tem coesão quando há concatenação entre seus vários elementos.

• Coerência é a organização lógica das ideias, sentido único.

• A coerência é fundamental para o entendimento do texto.

• O parágrafo é parte de uma redação.

• Na escrita, o parágrafo é um espaço em branco no início da linha.

• Quando iniciamos um novo parágrafo mudamos o enfoque do texto.

• A prática da escrita nos proporciona a compreensão sobre quando iniciar novo parágrafo.

• O símbolo do parágrafo é representado por “§”, que equivale a dois esses (SS) entrelaçados.

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AUTOATIVIDADE

1 Todo texto escrito ou falado, como vimos, possui uma intenção. Escreva qual a intenção ou intenções do texto abaixo.

QUEM TEM MEDO DO ABSINTO

Em outras eras, o absinto era considerado um demônio verde das artes, capaz de levar ao delírio escritores e artistas em geral, mas sabe qual é a base do absinto? Pois é losna, aquela mesma das nossas melhores hortas. Claro que, para chegar ao absinto de antigamente, a nossa boa e velha losna, na espécie chamada Artemísia absinthum, tinha que passar por misturas e formulações com outras ervas. O resultado era uma bebida de altíssimo teor alcoólico, chegando a uns incendiários 75 graus. Tudo isso para dizer que a Dubar elaborou e está lançando no Brasil um aperitivo de absinto, o Lautrec, igualmente expressivo, mas bem mais maneiro (53,5 graus) que o seu controvertido avô. Na nova composição, os vegetais aromáticos que se unem à nossa losna passam por uma destilação cuidadosa e, posteriormente, por uma retificação dos elementos indesejáveis. No mais, é o lendário, carregado de história e de um verde sonhador.

FONTE: ÍCARO, abril de 2011. Disponível em: <https://www.algosobre.com.br/redacao/o-texto-e-sua-intencao.html>. Acesso em: 30 maio 2017.

2 Sobre os mecanismos de coesão estudados, aprendemos que eles servem

para apresentar uma leitura mais clara e eficiente. Sendo assim, encontre sinônimos para substituir a expressão “O papa João Paulo II”.

TEXTO

O papa João Paulo II disse ontem, dia de seu 77º aniversário, que seu desejo é “ser melhor”. ______ reuniu-se na igreja romana de Ant’Attanasio com um grupo de crianças, sendo que uma delas disse: “No dia do meu aniversário minha mãe sempre pergunta o que eu quero. E você, o que quer?” __________ respondeu: “Ser melhor”. Outro menino perguntou a __________ que presente gostaria de ganhar neste dia especial. “A presença das crianças me basta”, respondeu __________. Em seus aniversários, __________ costuma compartilhar um grande bolo, preparado por irmã Germana, sua cozinheira polonesa, com seus maiores amigos, mas não sopra as velinhas, pois este gesto não faz parte das tradições de seu país, a Polônia. Os convidados mais frequentes a compartilhar nesse dia a mesa com __________ no Vaticano são o cardeal polonês André Marie Deskur e o engenheiro Jerzy Kluger, um amigo judeu polonês de colégio. Com a chegada da primavera, __________ parece mais disposto. __________ deve visitar o Brasil na primeira quinzena de outubro.

FONTE: <http://hmg.pucrs.br/gpt/coesao.php>. Acesso em: 30 maio 2017.

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3 Com base nos conhecimentos sobre coerência e coesão, que você estudou nesta unidade de ensino, leia o texto a seguir e em seguida assinale V para verdadeiro e F para falso, sobre as proposições elencadas para o texto lido:

Ulysses era impressionante sob vários aspectos, o primeiro e mais óbvio dos quais era a própria figura. Contemplado de perto, cara a cara, ele tinha a oferecer o contraste entre as longas pálpebras, que subiam e desciam como pesadas cortinas de ferro, e os olhos claríssimos, de um azul leve como o ar. As pálpebras anunciavam profundezas insondáveis. Quando ele as abria, parecia estar chegando de regiões inacessíveis, a região dentro de si onde guardava sua força.

FONTE: <http://professor-joseantonio.blogspot.com/2012/05/coesao-e-coerencia.html>. Acesso em: 7 ago. 2018.

( ) O texto possui coerência, mas não possui coesão. ( ) Trata-se de um trecho de reportagem, o qual gira em torno de Ulysses

Guimarães.( ) Faz descrição precisa desse político brasileiro com frases bem amarradas.( ) Retomada direta ou indireta do nome de Ulysses, que dá estabilidade ao

texto.

Agora, assinale a alternativa correta:a) ( ) F – V – V – V. b) ( ) F – V – F – V. c) ( ) F – F – V – V. d) ( ) V – V – V – F.

4 Ainda baseando-se no texto da questão anterior, recorde os conhecimentos adquiridos que versam sobre coesão. Sabemos que a coesão é um processo de união das frases de modo a estabelecer uma estrutura sólida do texto.

Com base nesses apontamentos e no texto anterior, analise as afirmativas a seguir:

I- Na primeira frase, vários aspectos projetam o texto para adiante. II- Na segunda frase, o pronome relativo que retoma o termo as longas pálpebras. III- Na última frase, o sujeito ele (quando ele as abria) refere-se às pálpebras. IV- Na última frase, o pronome relativo onde mantém o elo coesivo com a região dentro de si.

Agora, assinale a alternativa correta:a) ( ) Os itens I e II estão corretos. b) ( ) Os itens II e IV estão corretos. c) ( ) Apenas o item IV está incorreto. d) ( ) Os itens I, II e IV estão corretos.

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TÓPICO 2

OS DIVERSOS TEXTOS

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃOAntes de partirmos para a caracterização dos textos, é importante saber o

que significa a palavra texto, não é mesmo? Você, acadêmico, consegue conceituá-la? Uma análise etimológica é bastante esclarecedora. A palavra texto provém do latim textum, que significa “tecido, entrelaçamento”.

Dito em outras palavras, um texto se desenvolve linearmente, pois a cada parte agrega-se outra relacionando o que já foi dito com o que ainda se pretende dizer. Segundo Koch (2008, p. 201-213):

O processamento de um texto, portanto, depende não só de características textuais, como também de características sociocognitivas dos usuários da língua. Ele pressupõe um conjunto de atividades do ouvinte/leitor, de modo que se caracteriza como um processo ativo e contínuo de construção de sentidos, que se realiza na interação entre os interlocutores. Dentro dessa concepção, considera-se o texto o próprio lugar da interação e os interlocutores como sujeitos ativos que – dialogicamente – nele se constroem e por ele são construídos. A produção de linguagem constitui atividade cognitivo-interativa altamente complexa de produção de sentidos, que se realiza, evidentemente, com base nos elementos linguísticos presentes na superfície textual e na sua forma de organização, mas que requer não apenas a mobilização de um vasto conjunto de saberes, como também, sobretudo, a sua reconstrução no momento da interação verbal.

Para nós, no momento, basta termos em mente que a palavra texto deriva da ação de tecer ou de entrelaçar algumas partes com a finalidade de tornar um todo coeso e coerente. Partimos, então, para as características textuais.

2 CARACTERÍSTICAS DOS TEXTOSVimos que, ao escrevermos um texto, este sempre possui uma intenção.

Para conseguirmos transmitir a mensagem de maneira correta, faz-se necessário que sigamos alguns passos de modo a caracterizar os textos.

A seguir, apresentamos um quadro no qual é possível perceber diferenças marcantes entre os textos – modo descritivo, narrativo e dissertativo –.

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UNIDADE 2 | A ESTRUTURA TEXTUAL

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QUADRO 1 – SEQUÊNCIAS TEXTUAIS

MODO DESCRITIVO NARRATIVO DISSERTATIVO

Agente Observador Narrador Argumentador

Conteúdo Seres, objetos,cenas, processos

Ações ousentimentos

Opiniões,argumentos

Tempo Momento único Sucessão Ausência

Objetivo Identificar Relatar Discutir, informarou expor

Classes de palavras

Substantivos eadjetivos

Verbos, advérbiose conjunções

temporaisConectores

Tempos verbais Presente ou imperfeitodo indicativo

Presente ou perfeitodo indicativo

Presente doindicativo

FONTE: CARNEIRO, Agostinho Dias. Redação em construção. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2001, p. 29.

Marcuschi (2007) adota a terminologia tipologia textual, isto é, segundo esse autor, narração, descrição, argumentação, injunção e exposição são tipologias textuais.

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Vale lembrar que dificilmente um texto pertencerá exclusivamente a um modo de organização, ou seja, um texto raramente será somente descritivo, dissertativo ou narrativo. Geralmente sua classificação ocorre levando em conta a predominância de sequências de um tipo sobre as demais.

A seguir, veremos como se desenvolvem os textos narrativos. Este

momento de seu estudo é muito importante, pois o conhecimento das sequências textuais o auxiliará na interpretação dos diversos modelos textuais.

3 A NARRAÇÃODiariamente ouvimos, contamos, lemos ou redigimos histórias, não é

mesmo? Algumas pessoas com mais frequência, outras com menos, porém, podemos dizer que todos saberiam contar, recontar ou inventar uma história.

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TÓPICO 2 | OS DIVERSOS TEXTOS

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O contato com histórias auxilia no desenvolvimento da nossa imaginação. Por meio delas podemos inventar, criar e nessa produção acabamos por buscar palavras para exprimir o que pretendemos, resultando em aprimoramento da fala e da escrita, do vocabulário e da comunicação.

Reveja o quadro que ilustramos na página anterior e vamos retomar algumas informações importantes sobre a narração. Como já mencionamos, um texto dificilmente pertence a apenas um modo de organização; para reconhecer os elementos de uma narração, devemos atentar, por exemplo, para o uso das classes de palavras. Nos textos narrativos prevalecerão os verbos, advérbios e as conjunções temporais, bem como o objetivo central é narrar, relatar um acontecimento. Antes de entrarmos mais detidamente nas particularidades das narrativas, leia o texto que segue de Samira Nahid de Mesquita (1986. p. 7-8). Leia com atenção e estabeleça uma tentativa de reconhecer as características narrativas do texto.

CONTAR E OUVIR HISTÓRIAS

Contar e ouvir histórias são atividades das mais antigas do homem. Pessoas de todas as condições socioculturais têm o prazer de ouvir e de contar histórias. Um romancista e ensaísta inglês, E. M. Forster, chama esta atividade de atávica, isto é, transmitida desde a idade mais remota da humanidade, ligada aos rituais pré-históricos do Homem de Neanderthal, força de vida e de morte, conforme sua capacidade de manter acordados ou de adormecer os membros de um grupo, nas noites dos primeiros dias... O mesmo autor cita ainda a protagonista de As Mil e Uma Noites, Xerazade, que se salvou da morte contando histórias que, a cada noite, eram interrompidas em momentos de calculado suspense, a fim de motivar a curiosidade do sultão. Interessamo-nos intensamente pelo desenrolar de uma história bem contada. (Estão aí as novelas de TV, impondo a milhares de pessoas em todo o país, e até no exterior, um tipo massificante de lazer, num horário igualmente imposto).

Todas as atividades que o inventar/narrar, ouvir/ler histórias envolvem podem ser associadas também à natureza lúdica do homem. O jogo é uma atividade muito presente em todas as situações do homem em sociedade. Sob as mais diversas formas, o fenômeno lúdico mantém um significado essencial. É um recorte na vida cotidiana, tem função compensatória, substitui os objetos de conflito por objetos de prazer, obedece a regras, tem sentido simbólico, de representação. Como a realização, supõe agenciamentos, manipulações, mecanismos, movimentos, estratégias. Construir um enredo é começar um jogo. O narrador é um jogador, e forma, com o leitor e o próprio texto, o que pode chamar uma comunidade lúdica. No ritual de se pegar um livro para ler ou de sentar à volta ou diante de um narrador, uma tela de cinema ou de TV, para ler/ver/ouvir, contar-se uma história, desenrolar-se um enredo, tal como no exercício do jogo, há a busca do prazer, há tensão, competição, há a máscara, a simulação, pode haver até a vertigem.

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UNIDADE 2 | A ESTRUTURA TEXTUAL

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A partir da leitura do texto de Mesquita (1986), evidencia-se a importância de ler, ouvir ou contar uma história. Veja, acadêmico, que demarcamos alguns verbos do texto em negrito, para que você possa refletir sobre as características desse modo de organização textual. Para que o narrador relate as ações e/ou sentimentos, ele se vale da classe de palavras VERBO, que vamos aprofundar na próxima unidade, bem como percebemos que há uma sucessão de acontecimentos, de acordo com a progressão da história. Vamos nos deter agora na redação desses textos. O fato de escrever uma narração nos obriga a assumir uma determinada sequência a fim de que o texto adquira essa estrutura.

Assim, podemos afirmar que o texto narrativo é composto por:

apresentação, complicação, clímax e desfecho. Vamos conceituar cada parte para que você compreenda melhor:

Apresentação: nesse momento identificam-se os personagens, lugares e

momentos da história. Complicação: momento em que se iniciam as ações, dando origem às transformações dos fatos iniciais, podendo acontecer em um ou mais episódios ou parágrafos.

Clímax: este é o momento em que a narrativa exige um desfecho, pois a história atinge um momento de tensão onde é inevitável a resolução dos fatos.

Desfecho: nesta parte, apresenta-se a solução dos conflitos gerados pelos

personagens, reestabelecendo assim o equilíbrio.

Além dessa estrutura, a narrativa elucida alguns acontecimentos, tais como:

O QUÊ? - fato(s) que determina(m) a história;QUEM? - a personagem ou personagens;COMO? - o enredo, o modo como se tecem os fatos;ONDE? - o lugar da ocorrência; QUANDO? - o momento em que se passam os fatos; POR QUÊ? - a causa do acontecimento.

Vamos exemplificar como essa estrutura e informações se organizam na prática, com o texto narrativo “Tragédia brasileira”, de Manoel Bandeira:

Tragédia brasileira

Misael, funcionário da Fazenda, com 63 anos de idade.Conheceu Maria Elvira na Lapa, – prostituída com sífilis, dermite nos

dedos, uma aliança empenhada e os dentes em petição de miséria.Misael tirou Maria Elvira da vida, instalou-a num sobrado no Estácio,

pagou médico, dentista, manicura... Dava tudo quanto ela queria.

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TÓPICO 2 | OS DIVERSOS TEXTOS

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Quando Maria Elvira se apanhou de boca bonita, arranjou logo um namorado.

Misael não queria escândalo. Podia dar uma surra, um tiro, uma facada. Não fez nada disso: mudou de casa.

Viveram três anos assim.Toda vez que Maria Elvira arranjava namorado, Misael mudava de

casa.Os amantes moraram no Estácio, Rocha, Catete, Rua General Pedra,

Olaria, Ramos, Bom Sucesso, Vila Isabel, Rua Marquês de Sapucaí, Niterói, Encantado, Rua Clapp, outra vez no Estácio, Todos os Santos, Catumbi, Lavradio, Boca do Mato, Inválidos...

Por fim, na Rua da Constituição, onde Misael, privado de sentidos e inteligência, matou-a com seis tiros, e a polícia foi encontrá-la caída em decúbito dorsal, vestida de organdi azul.

FONTE: <http://www.escritas.org/pt/t/11095/tragedia-brasileira>. Acesso em: 10 ago. 2018.

Quanto à estruturação da narrativa, podemos destacar:

Apresentação: a união de Misael, 63 anos, funcionário público, a Maria Elvira, prostituta.

Complicação: a infidelidade de Maria Elvira obriga Misael a buscar nova moradia para o casal.

Clímax: as sucessivas mudanças de residência, provocadas pelo comportamento desregrado de Maria Elvira, acarretam o descontrole emocional de Misael.

Desfecho: a polícia encontra Maria Elvira assassinada com seis tiros.

Observe os acontecimentos da narrativa:

O quê? Romance conturbado, que resulta em crime passional.Quem? Misael e Maria Elvira.Como? O envolvimento inconsequente de um homem de 63 anos com

uma prostituta.Onde? Lapa, Estácio, Rocha, Catete e vários outros lugares.Quando? Duração do relacionamento: três anos.Por quê? Promiscuidade de Maria Elvira.

Da próxima vez em que você se deparar com um texto, observe quais desses recursos estão presentes. Este exercício fará com que você perceba que a narrativa se estrutura dentro de uma gama de possibilidades e estas são escolhidas pelo escritor.

Ainda sobre as narrativas, vale ressaltar que existem diferenciadas formas de apresentar as falas dos personagens (INFANTE, 1998). Vamos conhecê-las?

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UNIDADE 2 | A ESTRUTURA TEXTUAL

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Discurso direto: este tipo de discurso nos permite reproduzir diretamente a fala dos personagens, imprimindo assim maior agilidade ao texto. Vamos conhecer um exemplo:

FIGURA 1 – MAFALDA

Você não disse que agente vai para o céu

quando morre?

Dissepor que?

Porque tem umacoisa que eu não entendo.

Por exemplo, como éque os gordos fazem

para tomar o impulso?

Não é assim,Miguelito! É a almaque vai para o céu,

o corpo ficaaqui.

Como assim?...Quer dizer que

tem que devolvero vasilhame?

FONTE: <https://i.pinimg.com/236x/04/4e/d7/044ed7da98c850c4b852522f21d6d4a9--comic-book-cartoons.jpg>. Acesso em: 10 ago. 2018.

Perceba, acadêmico, que nesta tirinha não há a presença de um narrador, ou seja, as falas das personagens são reproduzidas diretamente.

Discurso indireto: é onde as falas dos personagens são incorporadas pelo narrador. Observe um pequeno exemplo do romance “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos:

"Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão.”

Note que as falas das personagens não estão reproduzidas diretamente, e sim através do narrador. Em outras palavras, podemos dizer que o narrador conta o que a personagem diz.

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TÓPICO 2 | OS DIVERSOS TEXTOS

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Discurso indireto livre: é uma maneira de unir os dois tipos já mencionados, com a intenção de mostrar e contar os fatos ao mesmo tempo. Veja, através de um trecho de “Vidas Secas”:

"Seu Tomé da bolandeira falava bem, estragava os olhos em cima de jornais e livros, mas não sabia mandar: pedia. Esquisitice de um homem remediado ser cortês. Até o povo censurava aquelas maneiras. Mas todos obedeciam a ele. Ah! Quem disse que não obedeciam?".

Neste exemplo, notamos a mescla entre a fala do narrador e da personagem.

4 A DESCRIÇÃOPode-se dizer que o ato de descrever é empregar os sentidos a fim de

captar uma realidade e exemplificá-la no texto.

Então, para elaborar um texto descritivo, faz-se necessário utilizar os conhecimentos linguísticos na construção de imagens. Segundo Infante (1998, p. 136), “Elaborar um texto descritivo é apresentar um ser, um objeto, um recorte da realidade a partir de um determinado ponto de vista, ou seja, o objeto da descrição deve ser observado a partir de uma determinada posição física”. Se retomarmos o quadro em que apresentamos as características do modo descritivo, vamos perceber claramente o que Infante nos diz, pois no texto descritivo o momento é único e o objetivo e identificar, a partir de um ponto de vista, um ser, um objeto, uma cena e/ou um processo, sendo que as classes de palavras que predominarão no texto são: substantivos e adjetivos.

Leia o texto que segue de Cecília Meireles, ele servirá de exemplo sobre as sequências descritivas.

SE EU FOSSE PINTOR... Se eu fosse pintor começaria a delinear este primeiro plano de

trepadeiras entrelaçadas, com pequenos jasmins e grandes campânulas roxas, por onde flutua uma borboleta de cor marfim, com um pouco de ouro nas pontas das asas.

Mas logo depois, entre o primeiro plano e a casa fechada, há pombos

de cintilante alvura, e pássaros azuis tão rápidos e certeiros que seria impossível deixar de fixá-los, para dar alegria aos olhos dos que jamais os viram ou verão.

Mas o quintal da casa abandonada ostenta uma delicada mangueira,

ainda com moles folhas cor de bronze sobre a cerrada fronde sombria, uma delicada mangueira repleta de pequenos frutos, de um verde tenro, que se

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destacam do verde-escuro como se estivessem ali apenas para tornar a árvore um ornamento vivo, entre os muros brancos, os pisos vermelhos, o jogo das escadas e dos telhados em redor.

E que faria eu, pintor, dos inúmeros pardais que pousam nesses muros

e nesses telhados, e aí conversam, namoram-se, amam-se, e dizem adeus, cada um com seu destino, entre a floresta e os jardins, o vento e a névoa?

Mas por detrás estão as velhas casas, pequenas e tortas, pintadas de cores

vivas, como desenhos infantis, com seus varais carregados de toalhas de mesa, saias floridas, panos vermelhos e amarelos, combinados harmoniosamente pela lavadeira que ali os colocou.

Se eu fosse pintor, como poderia perder esse arranjo, tão simples e natural, e ao mesmo tempo de tão admirável efeito?

Mas, depois disso, aparecem várias fachadas, que se vão sobrepondo umas às outras, dispostas entre palmeiras e arbustos vários, pela encosta do morro. Aparecem mesmo dois ou três castelos, azuis e brancos, e um deles tem até, na ponta da torre, um galo de metal verde. Eu, pintor, como deixaria de pintar tão graciosos motivos?

Sinto, porém, que tudo isso por onde vão meus olhos, ao subirem do vale à montanha, possui uma riqueza invisível, que a distância abafa e desfaz: por detrás dessas paredes, desses muros, dentro dessas casas pobres e desses castelinhos de brinquedo, há criaturas que falam, discutem, entendem-se e não se entendem, amam, odeiam, desejam, acordam todos os dias com mil perguntas e não sei se chegam à noite com alguma resposta.

Se eu fosse pintor, gostaria de pintar esse último plano, esse último recesso da paisagem. Mas houve jamais algum pintor que pudesse fixar esse móvel oceano, inquieto, incerto, constantemente variável que é o pensamento humano?

FONTE: MEIRELES, Cecília. Ilusões do mundo. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1976, p. 17-18.

Percebem-se, ao final da leitura, várias sequências descritivas, não é? O modo como foram escolhidas as palavras, estabelecida a ordem, revela que a autora elaborou um plano para desenvolver a descrição.

No primeiro parágrafo descreve o que acontece na casa, primeiro plano. No segundo, apresenta-nos o que acontece entre o primeiro plano e a casa fechada, existem aves... No terceiro parágrafo nos revela, por meio da descrição, as aves e a vegetação existente.

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Perceba que o esquema segue uma dimensão que nos desvenda um olhar do perto para o longe. Resquícios dessa descrição podem ser retirados do trecho “as asas das borboletas”, no qual diz: “uma borboleta de cor marfim, com um pouco de ouro nas pontas das asas”.

Você poderá continuar fazendo este exercício de observação, que ajudará a estabelecer a sequência adotada, ou melhor, escolhida por Cecília. Além disso, reforçará o seu entendimento sobre parágrafo estudado anteriormente. Lembre-se de que cada parágrafo representa não a mudança de assunto, mas outro enfoque. Pensamos que esse texto exemplifica bem a questão.

Muito raramente um texto pertencerá somente a uma sequência. No entanto, analisamos a predominância delas durante a leitura.

5 A ARGUMENTAÇÃOEm nosso dia a dia é muito comum termos que expor nossas opiniões ou

até mesmo convencer as pessoas sobre as diversas temáticas. Pense em várias situações nas quais utilizamos uma linguagem argumentativa e/ou persuasiva, seja em um relacionamento amoroso, na vida profissional, na venda de um produto, em uma reunião de negócios e, também, ao nos relacionarmos com os professores, vizinhos ou amigos.

Ao analisarmos por outro viés, percebemos que muitas mensagens nos chegam através de jornais, televisão, e-mail, celular, cujo fim é conquistar a nossa adesão, seja a uma ideia ou produto, seja para escolha de um candidato, um carro ou mudança na maneira de conduzir nossa vida.

O texto argumentativo, no entanto, nos permite utilizar a linguagem de modo a expressar nossas ideias, articular argumentos e conclusões. Outro aspecto importante é conhecer o assunto a ser comunicado, pois na dissertação nosso posicionamento crítico é fator decisivo.

Vamos conhecer mais sobre essa temática? Leia o texto que segue.

Você já refletiu sobre o poder de persuasão das pessoas? É inevitável que tenhamos domínio do funcionamento da língua escrita para aprimorar essa habilidade.

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6 COESÃO E ARGUMENTAÇÃO

O fato de o ato de escrever ser um momento em que aquele que escreve se vê sozinho frente ao papel, tendo em mente apenas uma imagem de um possível interlocutor, faz com que haja necessidade de uma maior preocupação em relação à coesão. Em geral, o aluno não sabe até que ponto deve explicitar o que tenta dizer para que se faça compreender.

Entretanto, o “fazer-se compreender” é um ponto central em qualquer

texto escrito; a coesão deve colaborar nesse sentido, facilitando o estabelecimento de uma relação entre os interlocutores do texto. O que se busca não é um texto fechado em si mesmo, impenetrável a qualquer leitura, e sim algo que possa servir como veículo de interação entre os interlocutores.

Há ainda mais uma questão em que se deve pensar na consideração das

especificidades da modalidade escrita – a argumentação. É através dela que o locutor defende seu ponto de vista. A argumentação contribui na criação de um jogo entre quem escreve o texto e um possível leitor, já que aquele discute com este, procurando mostrar-lhe que tipo de ideias o levou a determinado posicionamento. Dito de outra maneira, ao escrever um texto, o locutor estabelece relações a partir do tema a que se propôs discutir e tira conclusões, procurando convencer o receptor ou conseguir adesão ao texto.

Não se pode traçar uma distinção absoluta entre coesão e argumentação: a coesão garante a existência de uma relação entre as partes do texto que tomadas como um todo devem constituir um ato de argumentação. As duas noções contribuem para a constituição de um conjunto significativo capaz de estabelecer uma relação entre o sujeito que escreve e seu virtual interlocutor.

É próprio da linguagem seu caráter de interlocução. A escrita não foge a esse princípio, ela também busca estabelecer uma relação entre sujeitos. O texto deve ser suficiente para caracterizar seu produtor enquanto um agente, um sujeito daquela produção, ao mesmo tempo em que confere identidade ao seu interlocutor. O texto, enquanto uma totalidade revestida de significados, acaba sendo um jogo entre sujeitos, entre locutor e interlocutor.

FONTE: DURIGAN, Regina H. de Almeida et al. A dissertação no vestibular. In: A magia da mudança -vestibular Unicamp: língua e literatura. Campinas: Unicamp, 1987, p. 14-15.

Agora, vamos conhecer a estrutura de um texto argumentativo? Como já foi dito, a argumentação requer do escritor o seu posicionamento crítico. Além disso, é preciso conhecimento sobre o assunto. Adequar a linguagem aos interlocutores também é muito importante, pois queremos ser compreendidos.

Sobre a estrutura, podemos afirmar que existe uma maneira muito usada para a organização desses textos. Basicamente, precisamos dispor as informações que obtemos em três momentos: introdução, desenvolvimento e conclusão.

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Introdução: é o momento de apresentar de maneira clara o assunto que se pretende abordar. Ela deve atuar como um roteiro, que norteará o leitor para o desenvolvimento da temática. Uma introdução bem construída ajuda quem escreve a controlar a coesão e a coerência do texto.

Desenvolvimento: como o nome diz, nessa parte do texto é que se desenvolve o assunto apresentado na introdução. Faz-se necessário ampliar a explicação retomando o que foi explicitado de forma sucinta na introdução.

Conclusão: é a parte que finaliza o texto. Dessa forma, deve conter um resumo de tudo que foi dito, de modo a reafirmar seu posicionamento. Poderá também trazer propostas de ações sobre o tema discutido.

Com base nessas informações, vamos verificar na prática, por meio de um exemplo, como essa estrutura se organiza. Leia o texto que segue:

Considerações sobre justiça e equidade

Luís Alberto Thompson Flores Lenz

1. Hoje, floresce cada vez mais, no mundo jurídico a acadêmico nacional, a ideia de que o julgador, ao apreciar os caos concretos que são apresentados perante os tribunais, deve nortear o seu proceder mais por critérios de justiça e equidade e menos por razões de estrita legalidade, no intuito de alcançar, sempre, o escopo da real pacificação dos conflitos submetidos a sua apreciação.

2. Semelhante entendimento tem sido sistematicamente reiterado, na atualidade, ao ponto de inúmeros magistrados simplesmente desprezarem ou desconsiderarem determinados preceitos de lei, fulminando ditos dilemas legais sob a pecha de injustiça ou inadequação à realidade nacional.

3. Abstraída qualquer pretensão de crítica ou censura pessoal aos insignes juízes que se filiam a esta corrente, alguns dos quais reconhecidos como dos mais brilhantes do país, não nos furtamos, todavia, de tecer breves considerações sobre os perigos da generalização desse entendimento.

4. Primeiro, porque o mesmo, além de violar os preceitos dos arts. 126 e 127 do CPC, atenta de forma direta e frontal contra os princípios da legalidade e da separação de poderes, esteio no qual se assenta toda e qualquer ideia de democracia ou limitação de atribuições dos órgãos do Estado.

5. Isso é o que salientou, e com a costumeira maestria, o insuperável José Alberto dos Reis, o maior processualista português, ao afirmar que: "O magistrado não pode sobrepor os seus próprios juízos de valor aos que estão encarnados na lei. Não o pode fazer quando o caso se acha previsto legalmente, não o pode fazer mesmo quando o caso é omisso".

6. Aceitar tal aberração seria o mesmo que ferir de morte qualquer espécie de legalidade ou garantia de soberania popular proveniente dos parlamentos, até porque, na lúcida visão desse mesmo processualista, o juiz estaria, nessa situação, se arvorando, de forma absolutamente espúria, na condição de legislador.

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7. A esta altura, adotando tal entendimento, estaria institucionalizada a insegurança social, sendo que não haveria mais qualquer garantia, na medida em que tudo estaria ao sabor dos humores e amores do juiz de plantão.

8. De nada adiantariam as eleições, eis que os representantes indicados pelo povo não poderiam se valer de sua maior atribuição, ou seja, a prerrogativa de editar as leis.

9. Desapareceriam também os juízes de conveniência e oportunidade política típicos dessas casas legislativas, na medida em que sempre poderiam ser afastados por uma esfera revisora excepcional.

10. A própria independência do parlamento sucumbiria integralmente frente à possibilidade de inobservância e desconsideração de suas deliberações.

11. Ou seja, nada restaria, de cunho democrático, em nossa civilização.12. Já o Poder Judiciário, a quem legitimamente compete fiscalizar a

constitucionalidade e legalidade dos atos dos demais poderes do Estado, praticamente aniquilaria as atribuições destes, ditando a eles, a todo momento, como proceder.

13. Nada mais é preciso dizer para demonstrar o desacerto dessa concepção.14. Entretanto, a defesa desse entendimento demonstra, sem sombra de

dúvidas, o desconhecimento do próprio conceito de justiça, incorrendo inclusive numa contradictio in adjecto.

15. Isto porque, e como magistralmente o salientou o insuperável Calamandrei, "a justiça que o juiz administra é, no sistema da legalidade, a justiça em sentido jurídico, isto é, no sentido mais apertado, mas menos incerto, da conformidade com o direito constituído, independentemente da correspondente com a justiça social".

16. Para encerrar, basta salientar que a eleição dos meios concretos de efetivação da Justiça social compete, fundamentalmente, ao Legislativo e ao Executivo, eis que seus membros são indicados diretamente pelo povo.

17. Ao Judiciário cabe administrar a justiça da legalidade, adequando o proceder daqueles aos ditames da Constituição e da Legislação.

FONTE: <https://brainly.com.br/tarefa/9736761>. Acesso em: 10 ago. 2018.

Ao ler o texto, percebemos que no primeiro parágrafo é apresentada a ideia, ou seja, o assunto que será desenvolvido no decorrer dos parágrafos. Na continuação do texto há a explicitação da temática com base em argumentos e dados que o autor utiliza no intuito de expor a sua opinião e convencer o leitor. No decorrer da leitura, acadêmico, você notou que nos dois últimos parágrafos o autor retoma as afirmações já realizadas e conclui a sua argumentação.

Além disso, você observou que cada parte de um texto relaciona-se com as demais, ou retomando ou preparando para o que é ou foi dito? Tecemos um texto à medida que acrescentamos ao que foi dito o que ainda temos por dizer. No momento de redigir um texto, há que se considerar aquele para quem escrevemos e quais são nossos objetivos com o texto. Dessa maneira, adequamos a linguagem à situação e nos fazemos entender, atingindo assim nosso propósito.

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TÓPICO 2 | OS DIVERSOS TEXTOS

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A persuasão é utilizada pela propaganda, que visa convencer o consumidor sobre o que pretende vender. Busca-se empregar a linguagem de maneira inteligente com a finalidade de chamar a atenção do interlocutor. Nos textos publicitários, outra ferramenta está presente: é a ambiguidade. Você sabe o que ela significa?Estudaremos na próxima unidade!

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RESUMO DO TÓPICO 2Neste tópico, você aprendeu que:

• A palavra texto provém do latim textum, que significa “tecido, entrelaçamento”.

• O texto desenvolve-se de maneira linear.

• A classificação de um texto se faz através da predominância de uma das características com relação às demais.

• Na narrativa o tempo é marcado pela sucessão dos fatos. O agente é o narrador.

• Na descrição o tempo é um momento único. O agente é observador.

• Na argumentação não há marcação do tempo. O agente é argumentador.

• Apresentação, complicação, clímax e desfecho são partes estruturantes da narrativa.

• Nos textos argumentativos a ideia central é a argumentação/persuasão.

• Adequar a linguagem aos interlocutores é muito importante, pois esse cuidado auxilia a compreensão.

• A argumentação é que nos permite utilizar a linguagem de modo a expressar nossas ideias, articular argumentos e conclusões.

• Descrever é empregar os sentidos a fim de captar uma realidade e exemplificá-la no texto.

• Discurso direto: é reproduzir diretamente a fala dos personagens.

• Discurso indireto: é quando o narrador adapta as falas das personagens.

• Discurso indireto livre: é a intenção de mostrar e contar os fatos ao mesmo tempo.

• A persuasão é muito utilizada nos textos publicitários.

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AUTOATIVIDADE

1 Classifique as sequências textuais predominantes nos textos abaixo em sequência descritiva (SD), sequência narrativa (SN) ou sequência dissertativa (SDI):

a) ( ) Uma vez, dois homens saíram na Semana Santa para caçar tatu. Quando eles estavam cavando o buraco, o tatu saiu para fora e falou para eles: - Isso tudo é vontade de comer carne? (Antonio Henrique Weitzel)

b) ( ) A aventura pode ser louca, mas o aventureiro tem que ser lúcido! (Chesterton)

c) ( ) De repente entrou aquele bruto crioulo. Tinha quase dois metros de altura, era forte como um touro, e caminhava no mais autêntico estilo da malandragem carioca. Ladeado por duas mulheres imobilizadas por uma chave de braço cada uma, caminhou calmamente até o centro da sala, enquanto as duas faziam o maior banzé, sem que

ele tomasse o menor conhecimento.

d) ( ) Um homem estava contando que tinha ido pescar no Rio Paraibuna e matou uma traíra tão grande que quase não coube dentro do barco. Aí o outro falou:

- Na minha fazenda tem um tacho tão grande que quando alguém, que está mexendo o tacho, fala, do outro lado nem dá para escutar.

Aí o pescador perguntou: - Mas, para que serve um tacho tão grande assim? O homem respondeu: - É para fritar a traíra que você pescou!

e) ( ) Só há dois minutos importantes no destino de um homem: o minuto em

que nasce e aquele em que morre. O resto são horas perdidas na vida. f) ( ) É necessário que se ensine às crianças o que seja moral; contudo, é

dispensável que lhes ensine o que seja imoral.

2 Ainda sobre os textos narrativos, descritivos e argumentativos, leia o texto de Rubem Braga, no intuito de reconhecer qual tipologia prevalece:

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A outra noite

Outro dia fui a São Paulo e resolvi voltar à noite, uma noite de vento sul e chuva, tanto lá como aqui. Quando vinha para casa de táxi, encontrei um amigo e o trouxe até Copacabana; e contei a ele que lá em cima, além das nuvens, estava um luar lindo, de lua cheia; e que as nuvens feias que cobriam a cidade eram, vistas de cima, enluaradas, colchões de sonho, alvas, uma paisagem irreal.

Depois que o meu amigo desceu do carro, o chofer aproveitou o sinal fechado para voltar-se para mim:

- O senhor vai desculpar, eu estava aqui a ouvir sua conversa. Mas, tem mesmo luar lá em cima?

Confirmei: sim, acima da nossa noite preta e enlamaçada e torpe havia uma outra – pura, perfeita e linda.

- Mas, que coisa...Ele chegou a pôr a cabeça fora do carro para olhar o céu fechado de

chuva. Depois continuou guiando mais lentamente. Não sei se sonhava em ser aviador ou pensava em outra coisa.

- Ora, sim senhor...E, quando saltei e paguei a corrida, ele me disse um “boa noite” e um

“muito obrigado ao senhor” tão sinceros, tão veementes, como se eu lhe tivesse feito um presente de rei.

Rubem Braga

FONTE: <http://biscoitocafeenovela.blogspot.com.br/2014/09/sessao-leitura-outra-noite-rubem-braga.html>. Acesso em: 10 ago. 2018.

Com base nas principais características do texto lido, podemos dizer que predomina(m) a(s):

a) ( ) Narração.b) ( ) Narração e Descrição.c) ( ) Argumentação. d) ( ) Descrição. e) ( ) Argumentação e Narração.

3 Leia o texto a seguir, ele é predominantemente descritivo, mas apresenta algumas sequências narrativas.

De súbito, surgiu no pátio, dum corredor escuro, um cão. Um cão trivial e sorna, que arrastava atrás de si uma velha lata vazia, de marmelada, amarrada por mão gaiata a sua cauda. E sobre a lata vinha a metade de um tijolo. [...] Por toda a área vagueou o cachorro, arrastando a carga barulhenta. Pelas lajes a folha entrebatida, monótona, arrastava-se, levando o tijolo. [...]

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Passeava pelos cantos; tornava ao Sol; estirava-se; em três patas, coçava o ventre; prosseguia; farejava; volvia aos mesmos pontos, a cauda estirada, o tijolo atrás, sobre a lata, chiando. Por fim, encontrou um velho osso, voltou ao Sol, estirou-se sobre o ventre, a roer a presa, com pachorra.

FONTE: VAZ, Leo. In: CARNEIRO, Agostinho Dias. Redação em construção. São Paulo: Moderna, 2001, p. 31.

Assinale a alternativa que contém todas as sequências narrativas do texto:

a) ( ) Passeava pelos cantos; tornava ao Sol; estirava-se; em três patas, coçava o ventre; prosseguia; farejava; volvia aos mesmos pontos, a cauda estirada, o tijolo atrás, sobre a lata, chiando.

b) ( ) Por toda a área vagueou o cachorro, arrastando a carga barulhenta./Pelas lajes a folha entrebatida, monótona, arrastava-se, levando o tijolo.

c) ( ) Por fim, encontrou um velho osso, voltou ao Sol, estirou-se sobre o ventre, a roer a presa, com pachorra.

d) ( ) De súbito, surgiu no pátio, dum corredor escuro, um cão./Por toda a área vagueou o cachorro, arrastando a carga barulhenta./Por fim, encontrou um velho osso, voltou ao Sol, estirou-se sobre o ventre, a roer a presa, com pachorra.

e) ( ) E sobre a lata vinha a metade de um tijolo. [...]/Por toda a área vagueou o cachorro, arrastando a carga barulhenta.

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TÓPICO 3

O ESTUDO DO TEXTO: LEITURA,

INTERPRETAÇÃO E GÊNEROS

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃOAs habilidades de leitura e escrita são muito mais que uma necessidade.

Saber ler e interpretar diferentes textos em diferentes linguagens, avaliar e comentar informações ou ideias, além de estabelecer relações e formular perguntas, são competências primordiais básicas para que uma organização empresarial ou para que qualquer instituição possa oferecer ao seu público o retorno e/ou atendimento que merecem.

Neste sentido, caro acadêmico, queremos dizer que conseguir dominar a leitura e a escrita num determinado campo não significa saber ler e escrever em outro. A compreensão dos textos nas diversas áreas depende necessariamente do conhecimento anterior que o receptor tem sobre o assunto e da familiaridade que tiver construído com a leitura de textos de diferentes gêneros. Para ilustrar a importância dos gêneros textuais, Bakhtin (1988, p. 71) explica:

Gêneros são tipos de enunciados relativamente estáveis e normativos, que se constituem historicamente, elaborados pelas esferas de utilização da língua. Esses enunciados se relacionam diretamente a diferentes situações sociais, que geram, por sua vez, um determinado gênero com características temáticas, composicionais e estilísticas próprias.

Nesta linha de raciocínio, aliadas à leitura, estão a compreensão e a interpretação dos gêneros textuais. À medida que eles focalizam discussões para determinadas estratégias de escrita, ampliam o conhecimento linguístico e também o textual.

Diante disso, conforme Geraldi (2001), produzir esquemas, sínteses que norteiem o processo de compreensão dos textos, bem como criar roteiros que indiquem os objetivos e expectativas que cercam o texto que se espera produzir não pode mais ser uma tarefa alheia ao seu dia a dia no trabalho.

Caro acadêmico, diante dessa reflexão, a partir de hoje, preste atenção na hora da leitura e da escritura de um texto. Ter uma boa escrita e ainda conseguir ler e entender textos ou documentos é um diferencial positivo na sua área de atuação. Convido você a ler e aprender mais sobre este interessante assunto. Continue atento!

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UNIDADE 2 | A ESTRUTURA TEXTUAL

Se você quiser saber mais sobre gêneros textuais, visite o site: <http://www.portaldeperiodicos.unisul.br/index.php/Linguagem_ Discurso/article/view/347/368> e leia na íntegra O ENSINO DE PRODUÇÃO TEXTUAL COM BASE EM ATIVIDADES SOCIAIS E GÊNEROS TEXTUAIS, da professora Désirée Motta-Roth.

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2 A LEITURA E A INTERPRETAÇÃO TEXTUALA leitura é uma atividade que requer, além do prazer, concentração. A

importância do ato de ler é incontestável, pois, além de abrir caminhos para o conhecimento, exige uma visão perceptível do leitor para com os textos e linguagens.

Cabe lembrar que a tecnologia facilitou, e muito, a comunicação entre as

empresas e/ou instituições. Todavia, ao mesmo tempo, incutiu nos usuários uma habilidade que limita o ato da leitura ou até no escrever um texto ou documento na sua íntegra. A rapidez e a agilidade que esta ferramenta nos trouxe deixam-nos tão seguros que esquecemos a produção com qualidade, apenas priorizamos a quantidade. E amenizar esta crise da leitura e da interpretação textual correta merece interação e compromisso, pois estes são pontos decisivos para a mudança desse quadro. As pessoas que têm o hábito de ler têm mais facilidade para interpretar textos e, obviamente, os que não possuem esse hábito encontram mais dificuldade.

Fique atento, acadêmico, por intermédio da leitura você se familiariza

com as normas gramaticais e pode expandir seu vocabulário. Dessa forma, a leitura é uma construção que leva você, gradativamente, a interagir com o autor em um determinado momento no texto e, consequentemente, você também interage com o mundo, ampliando sua competência discursiva tanto na língua escrita como na oral.

2.1 O MAIOR DESAFIO DAS INSTITUIÇÕES: A COMUNICAÇÃO INTERNA

Diante do cenário exposto, vamos encaminhar nosso estudo para um ponto relevante, pois, nas dificuldades que existem em qualquer empresa ou instituição, pode-se dizer que uma causa muitas outras. Então, já tem em mente do que estamos falando?

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TÓPICO 3 | O ESTUDO DO TEXTO: LEITURA, INTERPRETAÇÃO E GÊNEROS

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Como você já deve ter percebido, toda empresa e/ou instituição é única, como todo ser humano também o é. Cada um tem sua história, sua cultura, seus valores, sua missão ou metas, perfil de funcionários, de clientela, entre outros. A comparação com o ser humano fez-se necessária, pois as empresas/instituições são compostas, fundamentalmente, de pessoas. E, pasme! sofrem do mesmo mal. Afinal, que mal é esse? Hum, o mal da ausência ou da má comunicação.

A comunicação, em especial a interna, envolve procedimentos comunicacionais que reúnem papéis, cartas internas, memorandos, entre outros. E este tipo de comunicação se desenvolve paralelamente à comunicação administrativa, que visa proporcionar meios para promover maior integração dentro da organização mediante o diálogo, a troca de informações, experiências e a participação de todos os níveis (TORQUATO, 2003).

Para Kunsch (1999), a comunicação interna é planejada em torno de propósitos claramente definidos que viabilizam toda a interação possível entre a organização e seus colaboradores, lançando mão de metodologias e técnicas de comunicação institucional e até da comunicação mercadológica.

Bem, como você pode perceber, apesar de Torquato e Kunsh utilizarem terminologia e até conceitos distintos sobre o que é e qual o papel da comunicação, ambos enfatizam a necessidade de a comunicação ser pensada de forma integrada e como uma ferramenta estratégica.

Para tanto, podemos pautar ações comunicacionais utilizando-se da transferência de informações de modo claro, curto e rápido. O gestor pode ainda tornar habitual a frequência de encontros, tornando assim as informações mais objetivas.

Lembre-se, devemos começar levando em consideração os aspectos humanos e gerenciais: avalie a cultura participativa do seu grupo, faça uma autoavaliação e identifique como a comunicação na instituição ou empresa em que você trabalha acontece nos diversos setores e, a partir desta imagem, crie estratégias simples, porém eficazes.

3 OS MODELOS TEXTUAISA correspondência de uma empresa e/ou instituição é vista hoje como

um importante instrumento de boa organização e até de marketing. Assim, a comunicação feita através da correspondência interna ou externa é a responsável pela representação da instituição ou empresa perante os deus diferentes públicos.

A eficiência e a clareza são importantes itens exigidos quanto ao teor da mensagem que se quer transmitir. Tal elegância e clareza devem estar explícitas na forma e na língua utilizadas. Na forma quanto à disposição dos elementos na correspondência, e na língua, quanto ao estilo de linguagem utilizada.

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UNIDADE 2 | A ESTRUTURA TEXTUAL

Neste sentido, a noção de gêneros textuais como sistemas discursivos complexos, socialmente construídos pela linguagem, com padrões de organização facilmente identificáveis e configurados pelo contexto sócio-histórico produtor das atividades comunicativas, é bastante esclarecedora para os nossos propósitos neste livro de estudos (MARCUSCHI, 2002).

O que toda empresa e/ou instituição, inclusive o público externo, deseja é que, além da clareza e da eficiência, a correspondência ou a comunicação seja rápida e objetiva, e isso não se consegue com um texto desorganizado e mal escrito. Portanto, caro acadêmico, há alguns pontos que devemos levar em conta quando o assunto é a produção textual. Comece prestando atenção no estilo, na língua e na forma.

Quanto ao estilo, podemos dizer que é conversão da linguagem escrita

na imagem que queremos passar. É como se você soubesse dosar a formalidade e a informalidade, já que ambas são exigidas num texto profissional para atingir muitos objetivos, dentre eles o de conquistar clientela ou até mesmo motivar colaboradores.

A língua é responsável pela comunicação com e entre seus diversos públicos. Assim, devemos ter o cuidado para que nossa correspondência chegue aos receptores sem falhas gramaticais, pois isso pode gerar uma incontornável má impressão de qualquer natureza.

Já a forma é a embalagem do documento profissional. Assim, o que se

quer comunicar deve estar disposto de forma prática e atraente. As informações que constam no texto, como a data, o assunto, o destinatário, os endereços, entre outros aspectos, não podem estar obscuros.

Agora vamos conhecer algumas correspondências oficiais e perceber

como cada uma tem particularidades na sua forma, conteúdo e linguagem.

Os conceitos das correspondências aqui apresentados foram extraídos de manuais de redação, tais como: Redação Científica, O texto oficial: aspectos gerais e interpretações e Manual de modelos de cartas comerciais.

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TÓPICO 3 | O ESTUDO DO TEXTO: LEITURA, INTERPRETAÇÃO E GÊNEROS

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3.1 RELATÓRIOS

O relatório é um documento no qual se apresenta uma descrição de um acontecimento, ou a forma como um serviço foi executado. Ele pode ser também um relato das ocorrências administrativas, de uma apresentação de resultado de uma pesquisa ou até de uma investigação.

Preste atenção, acadêmico, pois um bom relatório apresenta os dados necessários que abrangem sua finalidade, como: a quem ele se destina, qual periodicidade e o que quer comunicar. E para que isso aconteça, gráficos, ilustrações, mapas, entre outros, devem acompanhá-lo.

Cabe lembrar que um relatório pode ser desenvolvido em tópicos ou em forma de texto discursivo.

Assim, antes de iniciar a elaboração de um relatório, pense:

• Para quem vou escrever?• Com qual objetivo?• Qual canal de comunicação vou utilizar?• Qual a melhor forma de dizer o que realmente quero apresentar?

Agora mãos à obra, escreva seu texto, relate tudo o que for necessário e lembre-se de reler e revisar o que escreveu.

3.1.1 Partes do relatório

Geralmente, nas empresas ou nas instituições, os relatórios já estão preestabelecidos no formato de formulários e estes apenas necessitam do simples preenchimento dos setores ou órgãos competentes. Assim, o que você, acadêmico, deve fazer é preencher os espaços em branco, observando o tipo de relatório que lhe é requerido, seja em tópicos ou em texto discursivo, como já foi mencionado.

No entanto, podemos citar seis principais partes integrantes de um relatório, segundo as normas técnicas. Vamos conhecê-las?

a) TÍTULO: com ele você identificará claramente o tema do relatório.

b) VOCATIVO: você escreverá aqui a quem se dirige o relato.

c) TEXTO: quando você relatar, preste atenção na introdução, que deve indicar o motivo ou, ainda, lembrar quem determinou a execução do relatório. No desenvolvimento, você expõe o assunto cronologicamente, em parágrafos ou em tópicos, e no encerramento deve haver as considerações finais, ou sugestões, bem como os agradecimentos.

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UNIDADE 2 | A ESTRUTURA TEXTUAL

d) LOCAL e DATA.

e) ASSINATURA.

f) ANEXOS, quando necessários.

3.1.2 Aplicação

Antes de você visualizar e analisar o relatório a seguir, cabe salientar que escrever serve para comunicar nossas ideias e, para dominar a habilidade da escrita, ela deve ser exercitada.

Considere especialmente importante no ato da escritura de um relatório a

clareza, a coesão e a exatidão. Não esqueça que, quando não houver normas para a escritura do relatório, você deve seguir o seu bom senso.

Leia o exemplo a seguir e reconheça as seis partes integrantes do relatório que citamos acima. Enumeramos as partes do relatório com as mesmas letras.

a) RELATÓRIO DEMONSTRATIVO DAS DESPESAS E O LUCRO TOTAL DA

EMPRESA XXXX S/A b) À Gerente Administrativa XXXX c) Como solicitado por V.Sa., um levantamento da empresa XXXX S.A. fora feito.

Este levantamento realizou-se no período de 20/08/2003, com o objetivo de demonstrar as despesas e o lucro total da empresa, no período de 01/01/2003 a 30/06/2003.

Os procedimentos que foram utilizados estão descritos abaixo:

1. levantamento contábil da empresa durante o período indicado;2. levantamento das vendas;3. outros métodos em que confio mais.

A empresa em questão demonstra que obtém uma grande margem de lucro, apesar de ser uma empresa multinacional, e retém mais de 70% do lucro no Brasil. Existe em seus registros que, durante o ano de 2002, obteve um alto volume de vendas, em torno de US$ 50.000.000,00, e durante o período avaliado o volume de vendas já era de 65% sobre o valor do ano passado.

Para o ano de 2003, a empresa espera que suas vendas aumentem e os lucros também. Espera também que consiga uma maior participação no mercado nacional para o ano de 2003 e 2004. Este ano há um planejamento

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TÓPICO 3 | O ESTUDO DO TEXTO: LEITURA, INTERPRETAÇÃO E GÊNEROS

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de entrada em uma nova divisão do mercado, o ramo de Administração de Empresas, e também aumentar o seu nível tecnológico com relação ao seu maquinário e computadores.

A empresa está em crescimento, já podendo competir com as grandes corporações.

Depois de feita a atualização de tecnologia, espera-se a possibilidade de domínio do mercado e o crescimento em outras áreas; este foi o único problema encontrado na empresa XXXX S.A.

d) XXXXX, 24 de agosto de 2003.

Atenciosamente

XXXX XXXX

e) MM Business

FONTE: Adaptado de: <http://www.coladaweb.com/administracao/relatorio-administrativo>. Acesso em: 10 ago. 2018.

3.2 ATA

É o registro escrito, objetivo, claro e confiável, com valor administrativo ou legal dos acontecimentos de uma reunião, assembleia ou convenção. Se for um documento tão valorativo, ela deve ser redigida de forma a não permitir qualquer modificação posterior.

Logo, caro acadêmico, é preciso tomar alguns cuidados ao escrever uma ata, preste atenção nas orientações a seguir descritas:

a) Atas manuscritas: elas são registradas num livro específico para esse fim, o qual deve ter um termo de abertura e as páginas devem estar numeradas. Se a ata for digitada, precisa ser arquivada em uma pasta e deve ser organizada levando em conta a data de sua escritura.

b) Escreva em linhas corridas: sem os parágrafos e evite espaços, pois estes elementos podem ser utilizados no intuito de garantir que acréscimos ou alterações aconteçam.

c) Rasuras: não podem aparecer, nem emendas ou uso de corretivos. Para retificar um erro, utilize palavras como “digo”. Se o erro for notado após a redação da ata, recorre-se à expressão “em tempo”, ou apresente uma errata, que será colocada sempre após o texto.

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UNIDADE 2 | A ESTRUTURA TEXTUAL

d) Abreviaturas ou expressões: não podem ser utilizadas.

e) Os números devem ser escritos por extenso.

3.2.1 Escritura e modelo

Observe alguns elementos básicos na escritura de uma ata e, em seguida, visualize um exemplo:

a) título: identifique a reunião;

b) data: escreva por extenso: dia, mês, ano e hora da reunião;

c) local: não se esqueça de indicar o local onde está sendo realizada a reunião;

d) finalidade ou ordem do dia: aqui você escreve o objetivo da reunião;

e) identificação da Presidência e do Secretário: indique quem está presidindo a reunião;

f) discussão/votação e deliberações: neste tópico você escreve o que foi discutido, votado e aprovado;

g) encerramento: neste momento finalize a ata;

h) assinatura: todos os presentes assinam.

Agora observe o exemplo e verifique os elementos apontados acima, eles se apresentam na sequência em que explicitamos.

ATA DA ASSEMBLEIA GERAL DE CONSTITUIÇÃO DE ASSOCIAÇÃO OU SOCIEDADE CIVIL

Ao(s)......... dia(s) do mês de........... do ano de......... , às.......... horas, reuniram-se, em Assembleia Geral, no endereço da.............. as pessoas a seguir relacionadas: (nominar as pessoas, profissão, estado civil, endereço residencial e número do CPF). Os membros presentes escolheram, por aclamação, para presidir os trabalhos (nome de membro), e para secretariar (nome de membro). Em seguida, o Presidente declarou abertos os trabalhos e apresentou a pauta de reunião, contendo os seguintes assuntos: 1º) discussão e aprovação do Estatuto da associação; 2º) escolha dos associados ou sócios que integrarão os órgãos internos da associação; e 3º) designação de sede provisória da associação. Em seguida, começou-se a discussão do estatuto apresentado e, após ter sido colocado em

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TÓPICO 3 | O ESTUDO DO TEXTO: LEITURA, INTERPRETAÇÃO E GÊNEROS

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votação, foi aprovado por unanimidade, com a seguinte redação: (transcrever redação do estatuto aprovado). Passou-se, em seguida, ao item “2” da pauta, em que foram escolhidos os seguintes membros para comporem os órgãos internos: DIRETORIA EXECUTIVA: (nominar os membros, estado civil, profissão, endereço residencial, número do CPF e cargo). Por fim, passou-se à discussão do item “3” da pauta e foi deliberado que a sede provisória da associação será no seguinte endereço: (discriminar o endereço completo). Nada mais havendo, o Presidente fez um resumo dos trabalhos do dia, bem como das deliberações, agradeceu a participação de todos os presentes e deu por encerrada a reunião, da qual eu, (nome do secretário da reunião), secretário ad hoc reunião, lavrei a presente ata, que foi lida, achada conforme e firmada por todos os presentes abaixo relacionados.

FONTE: <http://www.pgj.ce.gov.br/orgaos/orgaosauxiliares/cao/caofunda_reg/modelos/Modelo.Ata.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2018.

3.3 OFÍCIO

O ofício, dentre os tipos de comunicação, é um dos mais utilizados tanto no setor público como privado. Sua utilidade é das mais variadas, ora como troca de informações administrativas, solicitações, agradecimentos, ora como estabelecimento de uma ordem, entre outras.

Segundo Campos Mello (1978, p. 122), o ofício serve para:

[...] informar, encaminhar documentos importantes, solicitar providências ou informações, propor convênios, ajustes, acordos etc., convidar alguém com distinção para a participação em certos eventos, enfim, tratar o destinatário com especial fineza e consideração.

É uma correspondência oficial, podendo ser usada também por clubes,

associações e, ainda, como correspondência protocolar. A linguagem utilizada é formal e, sendo uma correspondência dirigida a autoridades, devemos prestar atenção ao tratamento exigido para cada cargo.

Se quiser saber mais sobre as normas que regulamentam uma redação de atos e comunicações oficiais, acesse o site: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/ManualRedPR2aEd.PDF> e visualize o Manual de Redação da Presidência da República, que mostra as regras que a linguagem deve ter nas correspondências.

UNI

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UNIDADE 2 | A ESTRUTURA TEXTUAL

3.3.1 Elaboração e modelo

Um modelo moderno de estruturação de ofício contém:

• cabeçalho e/ou papel timbrado;

• o número de ordem fica na margem superior esquerda;

• local e data ficam na mesma linha do número de ordem, do lado direito, o mês vem escrito por extenso;

• um resumo e/ou referência sobre o assunto é escrito abaixo do número;

• vocativo (observar o pronome de tratamento adequado);

• o texto pode ser dividido em parágrafos;

• deve ser concluído com cortesia;

• assinatura, com nome completo e cargo do emissor;

• endereçamento na parte inferior esquerda na primeira página, mesmo que haja páginas seguintes (nome, cargo, local).

Conheça algumas observações pertinentes à elaboração de um ofício:

A epígrafe é uma palavra ou expressão que resume o assunto de que o texto trata. Ela não é obrigatória, mas conveniente, pois torna a tramitação do documento no ambiente de destino mais rápida. O recebedor, ao ver a epígrafe, encaminha imediatamente o ofício ao setor competente. Ela costuma aparecer à esquerda, entre a data e o vocativo.

Os parágrafos do corpo do texto podem ser numerados. Neste caso, o primeiro parágrafo e o fecho não recebem número.

Se houver anexos, será indicado seu número (Anexo 1, Anexo 3) entre a assinatura e o endereçamento. Às vezes, o anexo é volume composto de diversas folhas, o que é indicado pelo número de volumes e o total de folhas de que se compõem: Anexos: 1/10, 2/15.

Visualize um exemplo de ofício:

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TÓPICO 3 | O ESTUDO DO TEXTO: LEITURA, INTERPRETAÇÃO E GÊNEROS

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE RADIOEXPEDICIONÁRIOS (ABRA)

Of. nº 15/02 Brasília (DF), 25 de março de 2002.

Ref.: Expedição à ilha da Coroa Vermelha

Excelentíssimo Senhor Comandante,

Tendo em vista que nossa associação pretende realizar expedição rádio amadorística à ilha da Coroa Vermelha, da jurisdição desse distrito naval, solicitamos-lhe a especial fineza de autorizar nosso desembarque e permanência naquela ilha. Seguem os dados do empreendimento:

• Período: de 17 a 19 de maio de 2002.

• Número de operadores: três.

• Transporte: traineira "Teixeira de Freitas", baseada no porto de Caravelas (BA).

• Estações a serem instaladas: duas.

• Abrigo:

- das estações - barraca militar cedida pelo Comando Militar do Planalto, do Exército Brasileiro.

- dos operadores - três barracas do tipo canadense.

2. Informamos-lhe ainda que os indicativos de chamada das estações já foram requeridos com a ANATEL. Estamos a seu dispor para mais informações, se necessárias. Na expectativa de resposta favorável, subscrevemo-nos.

Atenciosamente,

PAULO ANTONIO OUTEIRO HERNANDESSecretário Ex.mo Sr. Vice-AlmiranteJOSÉ DA SILVA PEREIRA

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UNIDADE 2 | A ESTRUTURA TEXTUAL

DD. Comandante do 2º Distrito NavalRua Conceição da Praia, 33540015-250 - Salvador (BA)

FONTE: <http://www.paulohernandes.pro.br/dicas/001/dica082.html>. Acesso em: 30 maio 2017.

3.4 REQUERIMENTO

O requerimento é um documento utilizado para solicitar informações ou para fazer pedidos a um organismo público, a uma instituição ou ainda a uma autoridade. Ele possui características próprias e pode ser tanto manuscrito como digitado. Ele deve ser entregue pessoalmente, em duas vias: uma das vias protocoladas é sua, ou deve ser enviado pelos correios com Aviso de Recebimento (AR).

3.4.1 Escritura e modelo

Um requerimento bem estruturado e escrito ajuda a autoridade competente a melhor compreender aquilo que lhe é pedido. Geralmente, após o vocativo, dez espaços são deixados destinados ao despacho da autoridade competente e sempre se finaliza com o pedido.

Observe as partes de um requerimento:

• identificação (a quem o requerimento é dirigido);

• introdução (que contém os dados pessoais do requerente: nome, naturalidade, idade, profissão etc.);

• mensagem e/ou exposição (que manifesta o pedido e as razões que justificam o motivo do pedido enumerando, de forma ordenada, os argumentos e as causas);

• petição: espaço onde se expressa o que se solicita à pessoa ou entidade a que é dirigido o requerimento (pode-se utilizar: SOLICITO a V. Ex.ª que...);

• fecho: consta de três elementos (expressão da conclusão: Pede deferimento; data: escrita por extenso, antecedida da indicação do lugar e assinatura do requerente).

Quanto à apresentação, deve-se utilizar uma folha branca; separar os diferentes pontos do requerimento; adequar as formas de tratamento à entidade a que se destina.

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TÓPICO 3 | O ESTUDO DO TEXTO: LEITURA, INTERPRETAÇÃO E GÊNEROS

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Se você não recorda os pronomes de tratamento que se utilizam para determinada autoridade, não se preocupe! Na Unidade 3, você vai encontrar: PRONOMES e OS PRONOMES DE TRATAMENTO.

UNI

SENHOR DIRETOR DO CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI

(seu nome), (estado civil), (profissão), inscrito no CPF sob o nº (informar) e no RG nº (informar), residente e domiciliado à rua (informar endereço), nesta cidade, vem respeitosamente à presença de Vossa Senhoria informar que (expor aqui as razões que o levam a formular o pedido).

Dessa forma, requer (colocar aqui o seu requerimento).

Nestes Termos,

Pede Deferimento.

Localidade, dia, mês e ano.

FONTE: Adaptado de: <http://www.tudobox.com/72/modelo_de_requerimento.html>. Acesso em: 10 ago. 2018.

3.5 E-MAIL

O correio eletrônico (e-mail) transformou-se na principal forma de comunicação para expedição de avisos e, inclusive, de documentos em empresas e instituições. Isso tudo se deu com o advento da internet, e a comunicação por e-mail tornou-se essencial nas relações comerciais, tanto interna como externa, seja por seu baixo custo ou pela sua celeridade. O e-mail proporciona rapidez e, também, oficializa, por se utilizar da modalidade escrita, a comunicação.

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UNIDADE 2 | A ESTRUTURA TEXTUAL

3.5.1 Linguagem e dicas na elaboração de um e-mail formal

Um dos encantos deste tipo de comunicação é sua flexibilidade, pois não há preocupação quanto à forma para sua composição. No entanto, deve-se evitar o uso de linguagem incompatível com uma comunicação oficial.

O campo assunto do formulário do e-mail, deve-se preencher com uma informação que resume o objetivo da mensagem, de modo a facilitar o entendimento tanto do destinatário quanto do remetente.

Os arquivos anexos à mensagem devem trazer informações mínimas sobre seu conteúdo.

É muito interessante utilizar, sempre que possível, o recurso de “confirmação de leitura” ou deve constar na própria mensagem o pedido de confirmação de recebimento.

Lembre-se de que, quando redigir um e-mail, escreva textos de fácil e rápida assimilação.

Portanto, textos curtos são os melhores e, na hora de responder, seja ágil. O padrão dos textos para internet é de cerca de 60 caracteres por linha e, se a quantidade de informações for muito grande, prefira anexar em arquivos. Não utilize letras maiúsculas ou em negrito, nem abreviaturas e ícones de emoção.

Cuidado com as respostas, pois elas não devem ser pomposas e longas, porém, preste atenção, as respostas curtas demais também não são bem vistas, pois elas podem prejudicar o entendimento da mensagem.

Ao finalizar a redação do e-mail, leia sempre o que você escreveu, pois é muito desagradável receber um texto cheio de erros ortográficos e/ou concordância, não é mesmo? Com a leitura final da mensagem do e-mail, certifique-se de que seu destinatário compreenderá as informações que você deseja repassar.

Quando uma informação é dirigida a um destinatário externo da empresa ou instituição escolar, o correio é apenas um meio mais moderno e eficaz de fazer chegar a mensagem com rapidez. Dessa maneira, deve-se manter a formalidade que se exige em cada situação comunicativa.

IMPORTANTE

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TÓPICO 3 | O ESTUDO DO TEXTO: LEITURA, INTERPRETAÇÃO E GÊNEROS

105

Observe, a seguir, alguns exemplos de e-mail formal:

1 – E-mail para envio de currículo

Boa tarde (nome/cargo do destinatário)Venho, por este meio, candidatar-me à vaga de auxiliar administrativo, de

acordo com o anúncio publicado no site da UNIASSELVI.

Anexo, segue o meu curriculum vitae, assim como a minha carta de apresentação, explicando os motivos da minha candidatura.

Qualquer questão, não hesite em contatar-me.

Atenciosamente,Monalisa

2 – E-mail para pedido de esclarecimentos

Boa tarde (nome/cargo do destinatário)

Solicito esclarecimentos relativos à proposta enviada na última quinta-feira, relativa à compra dos equipamentos.

Agradeço a disponibilidade,

AtenciosamenteMonalisa

3 – E-mail para confirmação de reunião

Boa tarde (nome/cargo do destinatário)

Estou confirmando nossa reunião de quinta-feira, às 14h. Não se atrasem, pois temos vários assuntos na pauta para discussão. A reunião ocorrerá na sala dos professores, no prédio do NEAD.

Estamos à disposição,

Atenciosamente,Monalisa

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RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

• A comunicação feita através da correspondência interna ou externa é responsável pela representação da instituição ou empresa perante os seus diferentes públicos.

• A comunicação é vista hoje também como um importante instrumento de boa organização e de marketing.

• Numa produção textual, deve-se prestar atenção no estilo, na língua e na forma.

• Ao estilo cabe converter a linguagem escrita em uma imagem que se quer passar; quanto à língua, ela é responsável pela comunicação com e entre seus diversos públicos.

• A forma é a embalagem do documento profissional.

• Dentre as diversas correspondências que existem, estudamos em especial: relatório, ata, ofício, requerimento e e-mail.

• Quando redigir um e-mail, escreva textos de fácil e rápida assimilação.

• Textos curtos são os melhores e, na hora de responder, seja ágil, porém compreensível.

• O requerimento é um documento utilizado para solicitar informações ou para

fazer pedidos a um organismo público, a uma instituição ou a uma autoridade.

• O ofício, dentre os tipos de comunicação, é um dos mais utilizados, tanto no setor público como privado.

• Ata é o registro escrito, objetivo, claro e confiável, com valor administrativo ou

legal dos acontecimentos de uma reunião, assembleia ou convenção. • E-mail é o meio de comunicação mais utilizado nos dias atuais.

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1 Releia os documentos oficiais que estudamos no tópico: relatório, ata, ofício, requerimento e e-mail e elabore um esquema com as principais características de cada um. O mapa conceitual elaborado auxiliará na compreensão e assimilação das características de cada documento.

AUTOATIVIDADE

Documento Características

Ata

E-mail

Ofício

Relatório

Requerimento

2 Uma boa comunicação empresarial é condição primária para a constituição de uma boa imagem institucional, pois ela transmite maior credibilidade da empresa ou instituição escolar junto ao seu destinatário. Nesse sentido, sobre a comunicação empresarial, junto aos diversos públicos, analise as afirmativas a seguir:

I- Na correspondência empresarial, na qual o cliente é sempre o destinatário, é para ele que é redigido o documento e é ele quem deve responder à mensagem. Se o cliente der a resposta que se espera, o texto foi eficaz; se não, o texto tem de ser obrigatoriamente repensado e reescrito. II- Quando circulam documentos mal escritos na empresa as pessoas tornam-se desmotivadas para prestar atenção ao que estão lendo. III- Quando o texto da mensagem é muito longo, a empresa tem sua credibilidade enfraquecida, pois a ideia que se transmite é a de que se deseja “enrolar”.

Agora, assinale a opção CORRETA:a) ( ) Apenas o item I está correto. b) ( ) Apenas os itens II e III estão corretos. c) ( ) Os itens I, II e III estão corretos. d) ( ) Apenas o item III está correto. e) ( ) Os itens estão incorretos.

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3 (QUESTÃO 19, ENADE 2012, TECNOLOGIA EM GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS) Diante de um cenário de constantes mudanças e concorrência altamente acirrada, conquistar, manter e satisfazer os clientes são desafios para as empresas que desejam expandir-se no mercado. Nesse contexto, os gestores devem compreender que o sucesso da empresa também depende dos recursos humanos que nela trabalham e, para tanto, os profissionais devem estar satisfeitos e motivados, de forma a responderem com alto nível de envolvimento e comprometimento com os objetivos da organização. Nesse sentido, a comunicação interna, baseada nas ações de endomarketing, é fundamental para se criarem e manterem níveis elevados de satisfação humana e clima organizacional saudável. Considerando que a comunicação organizacional está diretamente relacionada à qualidade de vida das pessoas que atuam em organizações, avalie as afirmações abaixo.

I- As ações de endomarketing desenvolvem os Programas de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT), que efetivamente garantem a melhoria do clima organizacional. II- O endomarketing reforça a noção de cliente interno e proporciona o fortalecimento das relações entre empresa e colaboradores. III- O alinhamento dos Programas de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) e as ações do endomarketing convergem para resultados de uma gestão efetiva e bem-sucedida.

FONTE: <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/provas/2012/13_CST_RECURSOS_HUMANOS.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2018.

É correto o que se afirma em:a) ( ) I, apenas. b) ( ) III, apenas. c) ( ) I e II, apenas. d) ( ) II e III, apenas. e) ( ) I, II e III.

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UNIDADE 3

A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• conhecer as regras que compõem as classes de palavras e sua aplicação;

• identificar as características de cada classe de palavras;

• utilizar, conforme a norma padrão da língua, a colocação pronominal;

• compreender a acentuação gráfica e, em especial, o acento indicativo de crase;

• realizar a pontuação cabível de acordo com cada situação textual;

• empregar o hífen com eficiência;

• reconhecer as funções da ambiguidade;

• reconhecer e utilizar, quando necessário, os estrangeirismos;

• compreender o que é um pleonasmo;

• identificar o emprego adequado de expressões como: porque e por que; mau e mal; senão e se não; entre outros;

• escrever de acordo com a norma padrão da língua portuguesa

Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você en-contrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – AS CLASSES DE PALAVRAS

TÓPICO 2 – PONTUAÇÃO, ACENTUAÇÃO E O USO DO HÍFEN

TÓPICO 3 – LÍNGUA PORTUGUESA: DÚVIDAS PERTINENTES NA ESCRITURA DE UM TEXTO

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TÓPICO 1

AS CLASSES DE PALAVRAS

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃOO estudo de regularidades de uma língua por pessoas que já são falantes

dessa língua oportuniza a reflexão de usos linguísticos para diferentes práticas de leitura e escrita, interpretação e oralidade. É a escola a responsável por dar acesso à aprendizagem da norma padrão da língua, reconhecendo estruturas que constituem regras da gramática normativa, da língua cotidiana, da língua falada e da língua escrita. É preciso, então, incitar a reflexão e compreensão acerca de recursos linguísticos e textuais (como o uso de intensificadores, conectivos, pontuação, entre outros) para oportunizar diferentes práticas de leitura e escrita para a vida social, que extrapola os muros da escola. Assim, cabe lembrar que ler e escrever devem ser atividades primordiais no ensino de qualquer língua.

Dentre as atividades de reflexão de textos (orais e escritos), é fundamental realizar-se a prática de análise linguística, isto é, a análise de regularidades de recursos argumentativos, literários, ortográficos, discursivos, sintáticos morfológicos, semânticos, dentre outros, para a leitura, escrita e interpretação dos mais variados textos que constituem nossa vida social. Não são apenas erros ortográficos ou de acentuação que precisam ser evitados para que um texto seja considerado bem escrito, haja vista que em muitos textos há uma considerável perda com relação à semântica, sendo, inclusive, impossível resgatar elementos de coerência.

Neste tópico, vamos realizar um recorte desse quadro e estudar sobre a formação das palavras. As classes relacionadas neste processo são o substantivo, o adjetivo, o verbo, o advérbio, o numeral, o artigo, a preposição, a conjunção, a interjeição e os pronomes. Vamos relembrar?

2 AS CARACTERÍSTICAS DE CADA CLASSEVocê sabe dizer o que são classes de palavras e por que o estudo de seus

usos é importante? Na Língua Portuguesa, as palavras são classificadas de acordo com a função que exercem dentro de uma frase (seja a função de substantivo,

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UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

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adjetivo, verbo, advérbio, numeral, artigo, preposição, conjunção, interjeição ou pronome). Você deve ter percebido que são reconhecidas dez classes de palavras, e cada uma delas tem um papel específico na frase. Logo, qualquer expressão ou palavra na nossa língua, dependendo das suas características, está conectada a uma dessas dez classes de palavras.

Para quê, então, estudamos os usos dessas classes de palavras/classes gramaticais? Mais importante que reconhecer a classificação gramatical de uma palavra, como substantivo, adjetivo, verbo, advérbio, por exemplo, é compreender de que forma essas palavras são utilizadas nos textos, reconhecer de que forma ocorre a concordância nominal ou verbal, como modalizar nossas afirmações, ou ainda, quando e como podemos utilizar intensificados textuais (como advérbios de intensidade). Toda essa discussão, importante para sua reflexão linguística, isto é, reflexão de usos da linguagem, acerca da produção e leitura de variados textos, será foco deste tópico.

A partir de agora, você estudará com maior detalhamento as classes de palavras ou classes gramaticais, que podem ser variáveis (admitem flexão (mudança) em sua forma) ou invariáveis (não admitem alteração em sua estrutura). Procure pensar, agora, em palavras variáveis e palavras invariáveis. Pensou? Vamos citar, por enquanto, apenas dois exemplos: “mal” e “mau”. Você sabe dizer qual dessas duas palavras é a variável? Certamente, você já ouviu falar na história da Chapeuzinho Vermelho, na qual narra-se sobre o Lobo Mau que vive na floresta. Se, na história, não tivéssemos um lobo, mas uma loba, diríamos que a loba é má. Portanto, a palavra variável entre “mau” e “mal” é “mau”, cuja classe gramatical corresponde a um adjetivo, assim como “bom” (a função é de atribuir uma característica ao substantivo, neste caso, o lobo). “Mal”, antônimo (oposto) de “bem”, por sua vez, um advérbio de modo, e por isso é invariável: Hoje, a criança não está bem, ela está mal. Percebeu como algumas palavras podem variar (mau e má) e outras não (mal) conforme sua classe gramatical?

O Dicionário Michaelis (2008, p. 901) apresenta que um termo variável está: “1 Sujeito a variações. 2 Que pode ser variado ou mudado; mutável”. Segundo o mesmo dicionário (p. 489), invariável é o termo: “1 Que não é variável. 2 Constante. 3 Inalterável”. Então, algumas classes podem sofrer alterações em sua forma, tendo uma escrita para o plural e singular, outra para o feminino e masculino, como vimos com o exemplo do adjetivo mau. Entretanto, outras classes possuem apenas uma forma escrita, conforme o exemplo de mal. Vamos conhecer estas e outras palavras!

Variáveis: Substantivo – Artigo – Adjetivo – Numeral – Pronome – Verbo. Invariáveis: Advérbio – Preposição – Conjunção – Interjeição.

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TÓPICO 1 | AS CLASSES DE PALAVRAS

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Se estudarmos um pouco da língua, observaremos que alterações aconteceram ao longo do tempo quanto às classes de palavras. Isso se deu porque a nossa língua é viva, e é alterada pelos falantes, ou seja, nós somos os principais responsáveis por mudanças que já ocorreram e por aquelas que ainda virão.

NOTA

É importante saber que a parte da gramática normativa que lida com as classes de palavras é a MORFOLOGIA (morfo = forma, logia = estudo), ou seja, o estudo da forma. Deste modo, na morfologia, não estudamos o contexto em que as palavras são empregadas, mas somente a forma da palavra.

Convidamos você, agora, a conhecer e distinguir as principais características de cada classe de palavras.

2.1 SUBSTANTIVO

Para tratarmos dessa classe de palavras, vamos fazer uma reflexão inicial. Se alguém lhe perguntar onde você estuda, você certamente responderia: na UNIASSELVI. Se lhe perguntassem o que é a UNIASSELVI, você provavelmente responderia que é uma instituição de ensino superior. Os nomes que você daria a essas respostas são substantivos: UNIASSELVI (um substantivo próprio, pois corresponde a um nome específico) e instituição (substantivo comum, pois é um nome mais genérico de determinada classe).

De maneira bem sucinta, podemos dizer que substantivo é a palavra que nomeia os seres com vida ou sem vida, ou seja, tudo que recebe um nome é um substantivo. Veja:

Seres materiais: João, criança, casa, fogo, carro, escritório, relatório...Seres espirituais: Deus, anjo, alma...Seres fictícios: Branca de Neve, curupira, cupido, fada... Observe a frase:Assim que o relatório foi redigido, João foi para casa.

As palavras em destaque – relatório, João e casa – são substantivos, pois nomeiam entidades (neste caso, coisas, como casa e relatório, e pessoas, como João). Os substantivos se classificam em: comuns, próprios, concretos, abstratos e coletivos. Vamos conhecê-los?

Comuns: são nomes ou designações a entidades, seres de qualquer espécie, ou fatos. Ex.: criança, país, estado, cidade, gato, cachorro.

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UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

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Próprios: “não são nomes que se aplicam, em geral, a qualquer elemento de uma classe” (NEVES, 2011, p. 69, grifo nosso), como ocorre com os substantivos comuns. Os substantivos próprios são, na verdade, os que dão nome a seres específicos de cada espécie ou entidade e, por isso, são escritos com a letra inicial maiúscula. Ex.: João, Brasil, São Paulo, Campinas.

Concretos: são os substantivos comuns que nomeiam seres que existem independentemente de outros, sejam eles reais ou fictícios. Ex.: duende, elfo, computador, homem, bruxa, ar.

Abstratos: são os substantivos comuns que nomeiam seres que dependem da existência de outros. Eles designam noções, ações, estados e qualidades dos seres. Ex.: corrida (existe no ser que corre), beleza (existe no ser que é belo).

Coletivos: esse é um tipo de substantivo comum que, mesmo estando na forma singular, nomeia vários seres de uma mesma espécie. Ex.: vocabulário (palavras), frota (navios, ônibus, aviões), biblioteca (livros).

Agora, você já se sente capaz de identificar o substantivo em uma frase?

Vamos conferir um pouco mais este seu reconhecimento. Leia o parágrafo de uma notícia, cujo conteúdo divulga um seminário que pretende discutir educação, cultura e universidade:

Para participar do debate, foram convidados o cineasta Manoel Rangel, ex-presidente da Agência Nacional do Cinema, o sociólogo Cesar Barreira, professor da Universidade Federal do Ceará (UFCE), o cientista político Hélgio Trindade, ex-reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), e a educadora Jaqueline Moll, da Ufrgs.

FONTE: Jornal do Comércio. Disponível em: <http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2018/04/

politica/623410-seminario-discute-educacao-cultura-e-universidade.html>. Acesso em: 10 ago. 2018.

Procure identificar os substantivos comuns e próprios. Para diferenciá-los, abaixo, sublinhamos os substantivos próprios e negritamos os comuns:

Para participar do debate, foram convidados o cineasta Manoel Rangel, ex-presidente da Agência Nacional do Cinema, o sociólogo Cesar Barreira, professor da Universidade Federal do Ceará (UFCE), o cientista político Hélgio Trindade, ex-reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), e a educadora Jaqueline Moll, da Ufrgs.

Você percebeu como é importante diferenciar um substantivo próprio de comum para nos atentarmos ao uso de letras iniciais maiúsculas na palavra?

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Perceba, por exemplo, que quando identificamos uma pessoa por cineasta, ex-presidente, sociólogo, professor, cientista, ex-reitor, educadora, utilizamos letras minúsculas, pois temos substantivos comuns (que designam categorias mais gerais). Contudo, quando passamos a utilizar os substantivos próprios, a fim de atribuir um nome às pessoas ou às entidades, passamos a usar as letras iniciais maiúsculas: Manoel Rangel, Agência Nacional do Cinema, Cesar Barreira, Universidade Federal do Ceará (UFCE), Hélgio Trindade, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), Jaqueline Moll.

No caso das universidades, você deve ter percebido que elas vêm acompanhadas de suas siglas, que podem ser redigidas com todas as letras em caixa alta (maiúsculas), como em UFCE, ou apenas a primeira letra maiúscula, como em Ufrgs, caracterizando nome próprio. Conforme Nicola e Terra (2000), quando as siglas são formadas por até três letras, obrigatoriamente são grafadas em maiúsculas (como é o caso de PT, ONU, STF). Contudo, se as siglas possuírem mais de três letras, podem ser grafadas com inicial maiúscula e as demais letras minúsculas (como é o caso de Unesco e Ufrgs), desde que possam ser pronunciadas como uma palavra.

FONTE: NICOLA, José de; TERRA, Ernani. 1.001 Dúvidas de Português. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2000, p. 118.

NOTA

No parágrafo lido, não possuímos substantivos comuns que sejam abstratos ou coletivos. Contudo, é importante reconhecermos sua importância para, no caso dos coletivos, reconhecermos a possibilidade de agrupamentos de seres ou coisas em uma só palavra sem a colocarmos no plural. O reconhecimento de substantivos abstratos, por sua vez, nos permite refletir sobre os termos que estamos utilizando em nossos textos para designar conceitos e realidades imateriais. Nesse sentido, a escolha de substantivos utilizados nos textos não se dá de forma aleatória, mas pensada com precisão e clareza para nomearmos os seres (reais ou imaginários), concretos ou abstratos.

ATENCAO

Como vimos, o substantivo é responsável por nomear tudo o que vemos e imaginamos. Na construção do texto, esta classe gramatical é essencial, pois oferece referência que permite ao leitor a construção de imagens, proporcionando a interpretação da leitura. O substantivo é uma das classes de palavras variáveis, ou seja, ele sofre flexões em sua estrutura, para concordar com os termos de uma frase.

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Leia o texto do escritor Alan Lightman: ele recorre ao poder de nomeação dos substantivos para criar imagens.

15 DE MAIO DE 1905

[...] Uma folha no chão no outono, vermelha, dourada e marrom, delicada. [...] Poeira em um peitoril de janela. Uma pilha de pimentões na Marktgasse, amarelos, verdes, vermelhos. [...] O buraco de uma agulha. Mofo nas folhas, cristal, opalescente. Uma mãe em sua cama, chorando, cheiro de manjericão no ar. [...] Uma torre para preces, alta e octogonal, sacada aberta, solene, rodeada de brasões. Vapor subindo de um lago no início da manhã. Uma gaveta aberta. Dois amigos em um café, o lustre iluminando o rosto de um dos amigos, o outro na penumbra. Um gato olhando um inseto na janela. Uma jovem em um banco, lendo uma carta, lágrimas de contentamento em seus olhos verdes. [...] Uma imensa árvore caída, raízes esparramadas no ar, casca e ramos ainda verdes. O branco de um veleiro, com o vento de popa, velas se agitando como asas de um gigantesco pássaro branco. Um pai e um filho sozinhos em um restaurante, o pai, triste, olhos fixos na toalha de mesa. Uma janela oval, de onde se avistam campos de feno, uma carroça de madeira, vacas, verde e púrpura na luz da tarde. Uma garrafa quebrada no chão, líquido marrom nas fissuras do piso, uma mulher com os olhos vermelhos. Um velho na cozinha, preparando o café da manhã para o neto, o menino à janela com os olhos fixos em um banco pintado de branco. Um livro surrado sobre uma mesa ao lado de um abajur de luz branda. O branco na água quando quebra uma onda, erguida pelo vento. Uma mulher deitada no sofá, cabelos molhados, segurando a mão de um homem que nunca voltará a ver. Um trem com vagões vermelhos, sobre uma grande ponte de pedra, de arcos delicados, o rio que sob ela corre, minúsculos pontos que são as casas a distância. Partículas de poeira flutuando nos raios de sol que entram por uma janela. A pele fina que recobre um pescoço, fina o suficiente para se sentir o pulsar do sangue que sob ela corre. Um homem e uma mulher nus, envolvidos um no outro. As sombras azuis das árvores numa noite de lua cheia. O topo de uma montanha com um vento forte constante, os vales que se esparramam por todas as suas bordas, sanduíches de carne e queijo. [...] Uma foto de família, os pais jovens e tranquilos, as crianças trajando gravatas e vestidos e sorrindo. Uma pequeniníssima luz, visível por entre as árvores de um bosque. O vermelho do pôr do sol. Uma casca de ovo, branca, frágil, intacta. Um chapéu azul na praia, trazido pela maré. Rosas aparadas flutuando sob uma ponte, próximas a um castelo que vai emergindo. O cabelo ruivo de uma amante, selvagem, traiçoeiro, promissor. As pétalas púrpuras de uma íris na mão de uma jovem mulher. Um quarto com quatro paredes, duas janelas, duas camas, uma mesa, um lustre, duas pessoas de rostos vermelhos, lágrimas. [...]

FONTE: Lightman (1977, p. 72-76)

Note que nesse texto, acadêmico, o autor emprega a nomeação de substantivos. Estes são sempre acompanhados de adjetivos que permitem ao leitor a construção de imagens. Vamos, no próximo subtópico, conceituar adjetivo. Assim, você perceberá que estas duas classes de palavras sempre

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TÓPICO 1 | AS CLASSES DE PALAVRAS

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estarão muito próximas na construção de textos. Antes, faça a autoatividade a seguir para se certificar de sua aprendizagem até o momento.

AUTOATIVIDADE

1 Leia o poema que segue:Dona-de-casa

Carine Vargas

Sol.Bom dia, dentes, filhos, uniforme,merenda, café, carro, escola, carro, supermercado,carne, pão, banana, refrigerante, alface, cebola, tomate. Carro,casa, cama, lençol, travesseiro, colcha, roupa, lavanderia, máquina, sabão, sala,almofada, pano, pó, cortina, tapete, feiticeira. Banheiro, descarga, balde, água,desinfetante, toalha molhada, lavanderia, arame, prendedor. Cozinha, pia,tábua, faca, panela, fogão, bife, arroz, molho, feijão, salada, mesa, toalha,pratos, talheres, copos, guardanapos, carro, escola, filhos, carro, almoço, mesa,pia, louça, armário, fogão, piso. Televisão, jornal, filhos, tema, lanche, leite,Nescau, pão, margarina, banana, louça, pia, armário. Carro, filhos, natação,futebol, mensalidade, espera, revista, filhos, carro, casa. Vizinha, conversa rápida,lavanderia, arame, roupas, agulha, linha, camisa, calça, ferro de passar.Janta, marido, filhos, sala, televisão, família reunida, dinheiro, discussão,cozinha, mesa, louça, pia, armário. Filhos, sono, escova, creme dental, cama,beijo, durmam com os anjos. Portas chaveadas, janelas fechadas,banho, sabonete, água, toalha, creme no corpo, camisola,renda, escova, cabelo, perfume, dentes limpos,cama, marido, sexo, sono, boa noite,Lua."

Até o presente momento, você estudou o que são classes de palavras e, dentre elas, estudou os substantivos, reconhecendo os substantivos próprios e comuns. Dentre os substantivos comuns, você passou a reconhecer os concretos, abstratos e coletivos. Diante dessas considerações, assinale V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas.

( ) O poema é composto por vários substantivos que sinalizam o cotidiano de uma dona-de-casa.

( ) Na quarta linha, o substantivo CARRO é um substantivo comum, embora inicie com letra maiúscula.

( ) DONA-DE-CASA é um substantivo composto e concreto.( ) Na sétima linha, MOLHADA, é um substantivo comum e abstrato.( ) NATAÇÃO, na linha 11, é um substantivo comum e concreto.

2 A partir das sentenças assinaladas como falsas na atividade anterior, procure

explicar individualmente cada sentença, justificando o porquê você a(s) considera falsa(s).

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2.2 ADJETIVO

Estudamos que os substantivos são as palavras que nomeiam os seres, não é mesmo? Os adjetivos, por sua vez, são as palavras que os caracterizam. Para iniciarmos nossa conversa sobre os adjetivos, recomendamos que leia atentamente o meme a seguir.

Os memes “constituíram formas [...] de construção de significados de ver e agir em sociedade”, proliferando-se em ambientes virtuais na forma de gêneros textuais permeados de simbologias gráficas, imagéticas e textuais (PASSOS, 2012, p. 9).

NOTA

FIGURA 1 - MEME PARA ENTENDER AS CLASSES DE PALAVRAS

FONTE: Adaptado de <https://i.pinimg.com/564x/2c/6e/70/2c6e70ffa8eb8157db7ed1c47cbc6665.jpg>. Acesso em: 10 ago. 2018.

( ) Na sétima linha, MOLHADA, é um substantivo comum e abstrato. – A alternativa é falsa porque MOLHADA exerce função de caracterizar outro substantivo (toalha). Portanto, sua classe gramatical não é de um substantivo, mas de adjetivo.

( ) NATAÇÃO, na linha 11, é um substantivo comum e concreto. Natação não é substantivo concreto, mas abstrato, porque depende de outro ser para existir (de quem nada). Este substantivo abstrato designa uma ação (é derivado de um verbo): natação (de nadar).

FONTE: <https://www1.educacao.pe.gov.br/cpar/ProfessorAutor/L%C3%ADngua%20Portuguesa/L%C3%ADngua%20Portuguesa%20%20I%20%207%C2%BA%20ano%20%20I%20%20Fundamental/Fun%C3%A7%C3%A3o%20do%20substantivo%20na%20nomea%C3%A7%C3%A3o%20de%20personagens%20e%20lugares.ppt>. Acesso em: 30 out. 18.

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TÓPICO 1 | AS CLASSES DE PALAVRAS

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Na figura acima, você se deparou com um meme bastante interessante para reconhecermos a função do substantivo e adjetivo no texto. No meme, há um efeito de humor causado justamente a partir das classes de palavras substantivo e adjetivo, bem como a partir das características da personagem de um desenho animado da MTV, Funérea, que está sempre mal-humorada. Ao mesmo tempo, há uma crítica essencialmente levantada ao jornalismo e ao humor, que se revela no conhecimento linguístico das classes de palavras adjetivo e substantivo, a fim de confirmar que o humor da personagem é inteligente.

Em “Jornalismo criativo; humor inteligente; hotel limpo”, temos combinados aos substantivos jornalismo, humor e hotel, os adjetivos criativo, inteligente e limpo. Para a personagem, todo jornalismo tem que ser criativo; todo humor tem que ser inteligente; e todo hotel tem que ser limpo. Por isso, ela afirma haver problema com o substantivo. Esses adjetivos, isto é, essas características, não deveriam ser necessárias, pois todos os substantivos elencados deveriam atender tais características como obrigação.

A partir do que você viu até aqui, deve ter percebido que o adjetivo se liga ao substantivo, como limpo (adjetivo) está ligado a hotel (substantivo); inteligente (adjetivo) está ligado a humor (substantivo); criativo (adjetivo) está ligado a jornalismo (substantivo). Observe mais um exemplo:

Os acadêmicos maranhenses visitaram o polo de Indaial.

Note que a palavra “acadêmicos” é um substantivo. A palavra em destaque (maranhenses) acompanha este nome a fim de caracterizar, identificar os acadêmicos. Os adjetivos podem ser: primitivos, derivados, simples ou compostos.

Os primitivos são aqueles que não provêm de nenhuma outra palavra da língua. Exemplo: Redigi a ata no livro de capa azul.

Observe que a palavra em destaque (azul) é um adjetivo primitivo, ou seja, azul é uma palavra primitiva e, neste caso, caracteriza o substantivo capa.

Os derivados são aqueles que se formam a partir de uma palavra que já existe. Exemplo: Seu trabalho está belíssimo.

A palavra em destaque (belíssimo) é um adjetivo derivado da palavra “belo”.

Os adjetivos simples se formam de apenas um radical. Exemplo: O povo brasileiro quer qualidade em educação.

Neste exemplo, temos o substantivo “povo” acompanhado do adjetivo simples “brasileiro”.

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UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

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Os compostos são aqueles que se formam a partir de dois ou mais radicais.Exemplo: A literatura infanto-juvenil em nosso país é ampla.

Aqui temos o substantivo “literatura” seguido do adjetivo composto “infanto-juvenil”, que se formou a partir de infantil + juvenil.

Então, podemos dizer que os adjetivos acompanham um substantivo, formam-se a partir de um verbo, um substantivo e/ou outro adjetivo e podem conter um, dois ou mais radicais. Ufa! Respire fundo, pois temos ainda o adjetivo pátrio e a locução adjetiva.

A locução adjetiva nada mais é que uma expressão representada por mais de uma palavra, ou seja, um conjunto de palavras que tenham valor de adjetivo. São exemplos de locução adjetiva:

QUADRO 1 – LOCUÇÕES ADJETIVAS

LOCUÇÃO ADJETIVA ADJETIVO CORRESPONDENTEda audição auditivode cidade urbano

de estômago gástricode inverno hibernalde orelha auricular

de professor docentedo campo campestre

FONTE: As autoras

Até agora, você viu que os adjetivos, ou as locuções adjetivas, são usados para modificar o significado de substantivos, atribuindo-lhes uma característica (como os acadêmicos maranhenses), uma qualidade (como o hotel limpo) ou um julgamento (como o homem imaturo). Tanto os adjetivos quanto as locuções adjetivas são recursos que devem ser utilizados com cautela na produção textual, já que exprimem o juízo de valor do escritor diante de um substantivo (quando se descreve um livro como importantíssimo, ou uma pessoa como desprezível, por exemplo). Além disso, quando você procura escrever com maior objetividade e de forma sucinta, pode ser prudente evitar o uso de locuções adjetivas e substitui-las por adjetivos correspondentes (por exemplo: animais do campo/animais campestres).

IMPORTANTE

O adjetivo pátrio é aquele que designa local de origem, como continentes, países, estados e municípios, entre outros. Em sua maioria são adjetivos derivados do nome do local e acrescidos de sufixo. Confira alguns adjetivos pátrios, seguidos das localidades brasileiras, no quadro a seguir:

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QUADRO 2 – ADJETIVOS PÁTRIOS

ADJETIVO PÁTRIO LOCALIDADES BRASILEIRAS

acriano Acrebaiano Bahia

cearense Cearámaceioense Maceió

manauense, manauara Manausparaense Pará

catarinense, barriga-verde Santa Catarina

potiguar, rio-grandense-do-norte Rio Grande do Norte

FONTE: As autoras

Vamos relembrar também alguns adjetivos pátrios que se referem a localidades estrangeiras:

QUADRO 3 – ADJETIVOS PÁTRIOS

ADJETIVO PÁTRIO LOCALIDADES ESTRANGEIRAS

alemão, germânico Alemanhabuenairense, portenho Buenos Aires

indiano, hindu Índialisboeta, lisbonense Lisboa

madrilense, madrileno Madripatagão Patagôniapequinês Pequim

FONTE: As autoras

Os adjetivos pátrios podem ser compostos, ou seja, formados de dois ou mais radicais. Confira:

luso-brasileira – greco-romana – indo-europeia

Quando se forma um adjetivo pátrio composto, as palavras com menor número de letras devem aparecer primeiro. Quando houver coincidência de número de sílabas, deve ser seguida a ordem alfabética.

Vamos colocar em prática algumas de suas aprendizagens? Faça a autoatividade a seguir.

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UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

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AUTOATIVIDADE

1 Leia o fragmento do texto narrativo a seguir, recorte de O Sítio do Pica-Pau Amarelo:

Numa casinha branca, lá no Sítio do Pica-Pau Amarelo, mora uma velha de mais de sessenta anos. Chama-se Dona Benta. Quem passa pela estrada e a vê na varanda, de cestinha de costura ao colo e óculos de ouro na ponta do nariz, segue seu caminho pensando:

- Que tristeza viver assim tão sozinha neste deserto.Mas engana-se. Dona Benta é a mais feliz das vovós, porque vive em

companhia da mais encantadora das netas — Lúcia, a menina do narizinho arrebitado, ou Narizinho como todos dizem.

Narizinho tem sete anos, é morena como jambo, gosta muito de pipoca e já sabe fazer uns bolinhos de polvilho bem gostosos. [...]

FONTE: <http://pausapraleitura.blogspot.com.br/2011/10/o-sitio-de-picapau-amarelo.html>. Acesso em: 10 ago. 2018.

Assinale V para as alternativas verdadeiras e F para as falsas:( ) Branca é um adjetivo primitivo utilizado para caracterizar casinha.( ) O termo velha é utilizado no texto como um adjetivo primitivo. ( ) Morena é um adjetivo derivado utilizado para atribuir uma característica à

Narizinho.( ) Arrebitado é um adjetivo, pois caracteriza o nariz da neta de Dona Benta.

2 Explique cada alternativa falsa assinalada na atividade anterior.

3 Leia a tirinha a seguir:

Helga disse que eu souum bárbaro sem modos,

rude e grosseiro!

E o quevocê

disse?

Eu disse, "todomundo precisa ser

alguma coisa"!Nossa! Essa foiuma respostadevastadora!

FONTE: <https://scontent.cdninstagram.com/vp/bdb42b008d5b3f91473acb89df928b33/5BFE9E1F/t51.2885-15/e35/32362813_18413

58149502282_4578854979179118592_n.jpg>. Acesso em: 10 ago. 2018.

a) Identifique, na tirinha, o uso de uma locução adjetiva e identifique a quem se refere essa característica.

b) Caso fosse necessário substituir a locução adjetiva identificada na atividade acima por um adjetivo equivalente, que adjetivo você escolheria?

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TÓPICO 1 | AS CLASSES DE PALAVRAS

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Caro acadêmico, como vimos até o momento, os adjetivos, quando bem selecionados, têm o poder de definir a atmosfera de um texto. Nos textos narrativos, como você viu na primeira autoatividade, que esta classe gramatical é a responsável por caracterizar as personagens e ajudar na criação de imagens da narração. Agora, vamos conhecer outra classe, o advérbio!

2.3 ADVÉRBIO

Vamos iniciar o estudo desta classe de palavras lendo o texto que segue:

QUE TIPO DE CLASSE GRAMATICAL VOCÊ É? ADVÉRBIO, MUITO PRAZER!

Se eu fosse uma classe gramatical, desejaria ser o advérbio. Não porque sou invariável, pelo contrário. Vario muito. Por indicar circunstância, e esta varia, como varia! Além disso, modifico... Ah! se modifico! Altero frases, palavras (verbos, adjetivos e até "euzinho" mesmo, o advérbio). Assim são as pessoas, precisam modificar suas ações, suas características, a si mesmas.

Além disso, posso transformar a frase mais proferida do mundo "Eu te amo” em mensagens extraordinárias: Eu te amo muito, Eu te amo devagar, Eu te amo silenciosamente, Eu te amo à noite, ao amanhecer, aqui, ali e sempre... Tenho, ainda, o poder do desprezo: eu te amo pouco, talvez nem ame; não, na verdade eu não te amo. Nunca te amei.

FONTE: Texto adaptado (autor desconhecido)

As palavras em destaque no texto são advérbios. Dito de outra maneira, o advérbio é a palavra que modifica, principalmente, o verbo, indicando a circunstância em que ocorre a ação que ele expressa.

Os advérbios, bem como as locuções adverbiais (conjunto de palavras com valor de advérbio), podem representar sete tipos de circunstâncias. São elas: tempo, lugar, modo, afirmação, negação, intensidade e dúvida. Conheça alguns exemplos de advérbios e locuções adverbiais.

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UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

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QUADRO 4 – EXEMPLOS DE ADVÉRBIOS

TEMPO LUGAR MODO AFIRMAÇÃO NEGAÇÃO INTENSIDADE DÚVIDA

ontem Aqui bem sim não bem Talvez

hoje Perto mal certamente tampouco bastante Acaso

amanhã Além melhor realmente absolutamente mais Quiçá

cedo por perto depressa efetivamente de jeitonenhum menos provavelmente

quando em cima devagar por certo de formaalguma muito possivelmente

às vezes por ali às pressas com certeza de modo nenhum de pouco por certo

FONTE: As autoras

No quadro de advérbios acima, você deve ter visto que, dentre os advérbios de tempo, temos a palavra “quando”. Contudo, essa palavra nem sempre terá função de advérbio! Vamos explicar melhor a condição do termo “quando” a partir do que o portal Ciber Dúvidas (site sem fins lucrativos que esclarece, informa e debate questões sobre a língua portuguesa) explica: O advérbio quando pode ocorrer com valor circunstancial expressando uma circunstância de tempo, indicando «em que ocasião» (ex.: «Ele decidiu levá-la para passear, mas não disse quando»). Pode ainda ocorrer em frases interrogativas diretas ou indiretas (ex.: «Quando ela chega?»). Neste exemplo, a palavra quando é um advérbio interrogativo.Quando também pode ser, no entanto, uma conjunção. Como conjunção, a palavra quando pode ser conjunção subordinativa:— temporal (ex.: «Quando chove, fico em casa»);— proporcional (ex.: «Quando a mãe refilava, ela gritava mais alto»);— condicional (ex: «Quando queria sair, sempre dava um jeitinho»);— concessiva (ex: «Costuma convidá-la para sair, quando sabe muito bem que ela tem de estudar para os exames»).

FONTE: Disponível em: <https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/a-diferenca-entre-quando-conjuncao-e-quando-adverbio/22786>. Acesso em: 10 ago. 2018.

Revisite este UNI quando chegar à classe das conjunções!

IMPORTANTE

Depois de tantos exemplos ficou mais fácil compreender o que é um advérbio, não é? Vamos continuar nossos estudos!

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TÓPICO 1 | AS CLASSES DE PALAVRAS

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AUTOATIVIDADE

Analise as sentenças a seguir e identifique os advérbios: a) Hoje, estudamos o material de Linguagem e Comunicação. b) Não realizei toda a leitura do livro. c) Talvez possamos fazer um grupo de estudos on-line. d) Estamos muito preocupados com as atividades da graduação. e) Alegremente o professor nos comunicou sobre nosso sucesso na disciplina.

2.4 NUMERAL

Esta classe indica a ideia numérica dos seres. De acordo com as ideias queexprime, o numeral pode ser classificado da seguinte maneira:

Cardinais: por expressar a quantidade exata dos seres.

Ordinais: por expressar a ordem dos seres.

Multiplicativos: por expressar aumento de proporção de uma quantidade ou multiplicação.

Fracionários: por expressar diminuição de proporção de uma quantidade ou divisão.

Vamos conhecer alguns exemplos dispostos no quadro a seguir:

QUADRO 5 – EXEMPLOS DE NUMERAIS

ALGARISMOS

CARDINAIS ORDINAIS MULTIPLICATIVOS FRACIONÁRIOSRomanos indo- arábicos

I 1 Um Primeiro - -II 2 Dois Segundo dobro, duplo meio, metadeIII 3 Três Terceiro triplo, tríplice terçoIV 4 quatro Quarto Quádruplo quartoV 5 cinco quinto quíntuplo quintoVI 6 seis sexto sêxtuplo sextoVII 7 sete sétimo séptuplo sétimoVIII 8 oito oitavo óctuplo oitavoIX 9 nove nono nônuplo nonoX 10 dez décimo décuplo décimo

FONTE: As autoras

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UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

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Incluem-se nos numerais cardinais o “zero” (0) e “ambos” (os dois).

NOTA

AUTOATIVIDADE

Relacione as colunas a seguir:

(1) Numerais Cardinais(2) Numerais Ordinais(3) Numerais Multiplicativos(4) Numerais Fracionários(5) Algarismos romanos(6) Algarismos indo-arábicos

( ) Quarto( ) 10( ) Quatro( ) Dobro( ) XXI( ) Oitavo

2.5 ARTIGO

Você viu, ao longo deste tópico, os usos dos substantivos, adjetivos, advérbios e numerais, relacionando algumas questões de regras normativas com a textualidade. Tendo em vista o que aprendeu até agora, leia a fábula a seguir:

O cavalo e o asno

Um homem tinha um cavalo e um asno. Certo dia, quando ambos caminhavam por uma estrada, o asno disse ao cavalo:

– Se minha vida importa-lhe, carregue um pouco de minha carga. Mas o cavalo não deu ouvido ao sofrimento do asno. O asno acabou caindo morto de tanto esforço. O dono então pôs toda a carga do asno sobre o lombo do cavalo, inclusive os despojos do asno morto.

O cavalo pôs-se a lamentar seu destino aos brandos:– Como sou infeliz! Que triste destino o meu! Não quis carregar parte

da carga do asno e agora estou carregando tudo em dobro, e, como prêmio, a pele do outro.

Moral da história: Quem ajuda ao próximo ajuda a si mesmo.

FONTE: <https://www.epochtimes.com.br/fabulas-de-esopo-um-modo-inteligente-e-moral-de-ensinar-criancas/#.WlAIh0qnGM8>. Acesso em: 10 ago. 2018.

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“[...] o clássico conceito de fábula que tem sua origem em Esopo (séc. VI a.C.) e Fredo (séc. I d.C.) e foi retomada no Classicismo francês, por La Fontaine. Trata-se de uma narrativa, quase sempre breve, em prosa ou, na maioria, em verso, de ação não muito tensa, de grande simplicidade e cujos personagens (muitas vezes animais irracionais que agem como seres humanos) não são de grande complexidade. Aponta sempre para uma conclusão ético-moral. É um gênero de grande projeção pragmática por seu claro objetivo moralizador e de grande efeito perlocutório, próprio dos textos narrativos, pois vai ao encontro dos hábitos, das expectativas e das disponibilidades culturais do leitor” (COSTA, 2012, p. 124).

NOTA

Você deve ter percebido, em sua leitura, o uso de animais como personagens com características mais humanas. Reveja o texto e destaque as palavras que aparecem antes dos animais e dos termos que referenciam o homem (que são substantivos, quando analisamos sua classe de palavras). Dentre essas palavras, você irá se deparar com o uso de “um” e “o”, dois artigos masculinos, o primeiro indefinido, e, o segundo, definido. Agora, procure identificar em que situação no texto foi utilizado o artigo indefinido diante do personagem (que é um substantivo) e em que situação foi utilizado o artigo definido. Você deve perceber que “um” introduz pela primeira vez homem, cavalo e asno, quando ainda não conhecemos os personagens da história. A partir do momento que já conhecemos os personagens, o texto passa a empregar o artigo definido “o” antes dos personagens. Identificou como é importante empregar artigos definidos e indefinidos em diferentes situações do texto?

Agora, propomos a você, acadêmico, mais uma reflexão: Como é possível sabermos que o “um” utilizado no texto é um artigo indefinido e não um numeral? A resposta a esta pergunta não é tão complexa. Sabemos que “um” é artigo indefinido porque sua função dentro do texto é de apresentar, inicialmente, personagens que ainda não conhecemos. Se “um” fosse numeral, teria a função de contabilizar um homem dentre outros apresentados, um asno dentre outros asnos, um cavalo dentre outros cavalos (apresentar como quantidade).

A partir do que vimos até aqui, podemos afirmar que artigos são utilizados antes de substantivos; e podem ter duas classificações: os artigos definidos e os indefinidos. Vejamos:

Definidos: indicam que se trata de um ser da mesma espécie. São artigos definidos: o, a, os, as. Observe:

O administrador da empresa compareceu à reunião.

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UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

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Note que estamos tratando de um ser específico naquela situação. Indefinidos: indicam que se trata de um ser de qualquer espécie. São eles: um, uma, uns, umas. Observe:

Um administrador da empresa compareceu à reunião.

Neste caso, trata-se de um administrador qualquer entre outros naquela situação.

Como você viu no início desta unidade, o artigo é uma classe de palavra variável, isto é, possui diferentes formas para concordar com o substantivo a que se refere. Ele varia em gênero (feminino e masculino) e em número (singular e plural).

o administrador – a administradora – os administradores – as administradoras

um administrador – uma administradora – uns administradores – umas administradoras

Vamos colocar em prática algumas de suas aprendizagens?

AUTOATIVIDADE

1 Leia as sentenças abaixo e identifique se a palavra destacada é um artigo ou numeral. Explique sua escolha pela classe de palavra.

a) Fui à livraria e comprei só um livro.

b) Fui à livraria e comprei um livro.

2 Leia a tirinha a seguir e explique se a palavra UM no primeiro quadrinho se refere a um artigo ou a um numeral:

Aquele ratoroubou umbiscoito!

Vá pega-lo Garfield!Peguei!

FONTE: <http://1.bp.blogspot.com/_yEE_GL-q3ho/S8sVa2Eo5aI/AAAAAAAAAnk/_9jPV1kG8k0/s400/garfield.png>. Acesso em: 10 ago. 2018.

FIGURA 3 – GARFIELD

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TÓPICO 1 | AS CLASSES DE PALAVRAS

129

2.6 PREPOSIÇÃO

Você já ouviu alguma vez a música Eduardo e Mônica? Caso conheça a música, procure lembrar da letra e preencher as lacunas:

Eduardo e MônicaLegião Urbana Quem um dia irá dizerQue existe razão__________ coisas feitas _________coração?E quem irá dizerQue não existe razão? Eduardo abriu os olhos, mas não quis se levantarFicou deitado e viu que horas eramEnquanto Mônica tomava um conhaque__________outro canto __________cidade, como eles disseram

FONTE: Disponível em: <https://www.vagalume.com.br/legiao-urbana/eduardo-e-monica.html>. Acesso em: 10 ago. 2018.

Pelo título deste subtópico, certamente você já sabe classificar gramaticalmente as palavras que estão faltando na música: são as preposições “nas”, “pelo”, “no”, “da”. Veja como a preposição é importante para compreendermos o texto, a fim de ligarmos diferentes termos. Além desse elo que a preposição estabelece entre diferentes elementos textuais, ela estabelece sentidos. Por exemplo: tente substituir a preposição “pelo”, no verso “Nas coisas feitas pelo coração”, pela preposição “para” mais artigo definido “o”: “nas coisas feitas para o coração”. Está percebendo a importância da preposição? Em “pelo coração”, é o coração que faz a ação; em “para o coração”, as coisas são feitas em razão do coração, para ele e não por ele. Podemos dizer, então, que a preposição não é empregada aleatoriamente no texto, ela precisa ligar os termos de forma que estabeleça o sentido pretendido pelo autor.

As relações que são estabelecidas entre as partes do discurso por meio das preposições podem possuir noções de tempo, causa, assunto, finalidade etc. Por isso, dizemos que, na língua portuguesa, as preposições são imprescindíveis para a construção do sentido nos textos que produzimos, constituindo-se como importante recurso para estabelecermos a conexão entre palavras e orações. Vejamos, agora, de que forma essa conexão ocorre:

Quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração?razão nas coisas: “razão” e “coisas” são elementos ligados pela preposição

“nas”.nas: preposição “em” + artigo definido “as” = nas.

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UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

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feitas pelo coração: “feitas” e “coração” são elementos ligados pela preposição “pelo”.

pelo: preposição “por” (ou sua forma antiga per) + artigo definido “o” = pelo.

As principais preposições essenciais que elencamos para seus estudos são:

a, ante, até, após, com, contra, dês / desde, em, entre, para, perante, por, sem, sob, sobre.

Além dessas preposições, também temos as locuções prepositivas! Como já vimos, locução é um conjunto. As locuções prepositivas são duas ou mais palavras com valor de uma preposição, sendo que a última é sempre uma preposição essencial.

Podemos elencar, como de uso mais frequente, as seguintes locuções prepositivas:

QUADRO 6 – EXEMPLOS DE LOCUÇÕES PREPOSITIVAS

abaixo de a par de além de diante de em frente a junto a

acerca de a respeito de dentro de embaixo de em vez de por cima de

de trás de por detrás de por trás de ao lado de perto de graças a

FONTE: As autoras

ATENCAO

Você reparou na grafia “trás”, escrita com “s” e acento gráfico na letra “a”? É comum as pessoas se confundirem com a grafia de “atrás”, “trás” e “traz”. Para que você não se confunda com esse aspecto, basta reconhecer a função da palavra e sua classe gramatical. “Atrás”, por exemplo, é grafado com acento agudo e “s” e sua classe gramatical é de advérbio de lugar: “Estou atrás da biblioteca esperando por você”. Perceba que “atrás” está indicando o lugar. “Traz”, por sua vez, é um verbo conjugado em terceira pessoa do singular: Ela traz todos os livros sempre que necessário. “Trás” é empregado como preposição (especialmente dentro de uma locução prepositiva): O meu vizinho estava por trás de toda essa confusão; Se você não andar rápido, vai ficar para trás.

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TÓPICO 1 | AS CLASSES DE PALAVRAS

131

AUTOATIVIDADE

1 Observe neste anúncio o papel da preposição e assinale a alternativa verdadeira:

FONTE: <https://byzezinho.files.wordpress.com/2009/06/03.jpg>. Acesso em: 10 ago. 2018.

a) ( ) SAIR DE é uma locução prepositiva que tem o papel de ligar a palavra "sem" da palavra "casa".

b) ( ) DE é uma locução prepositiva que expressa a noção de lugar.c) ( ) SEM é uma preposição que indica ausência.d) ( ) Na locução prepositiva SAIR DE, DE cumpre papel de preposição

essencial.

2.7 CONJUNÇÃO

Assim como a preposição, a conjunção tem função de ligar, unir, mas em uma perspectiva um pouco diferente da que vimos anteriormente, já que, do ponto de vista sintático, estabelece a relação de subordinação ou coordenação quando liga duas orações. Você recorda o que é oração em língua portuguesa? Pois bem, oração é uma frase ou parte de uma frase com verbo. Assim, para existir oração tem que haver um verbo. Se uma frase contiver dois verbos, teremos duas orações, três verbos, três orações... Vamos visualizar na prática? Então, segue um exemplo:

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UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

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Os jovens adormeceram e o silêncio espalhou-se pela casa.

Observe que as palavras “adormeceram” e “espalhou” são verbos. Portanto, temos nessa frase duas orações. Agora, a palavra em destaque “e” é a que liga as duas orações, sendo, portanto, uma conjunção.

Podemos dizer, então, que conjunções são palavras invariáveis que conectam orações, estabelecendo entre elas uma relação de subordinação ou de coordenação. Portanto, as conjunções são classificadas em coordenativas e subordinativas. Estas, por sua vez, apresentam outra divisão. Veja:

Conjunção coordenativa: são as que simplesmente coordenam as orações.

Não estabelecem relação de dependência sintática (sentido). Dividem-se em:

• Aditivas: são as que expressam relação de soma. Ex.: nem, e, não só, mas também.

• Adversativas: são as que expressam relação de adversidade ou oposição. Ex.: mas, porém, todavia, contudo, não obstante, entretanto.

• Alternativas: são as que expressam sentido de alternância ou exclusão. Ex.: ou, ou... ou, ora... ora, seja... seja, quer... quer.

• Conclusivas: estas exprimem relação de conclusão. Ex.: logo, assim, portanto, por isso, pois (posposto ao verbo).

• Explicativas: são as que exprimem sentido de explicação. Ex.: que, porque, pois (anteposto ao verbo).

Conjunção subordinativa: são as que ligam duas orações e estas são dependentes uma(s) da(s) outra(s).

• Causais: expressam relação de causa. Ex.: porque, pois, porquanto, como (= porque), pois que, visto que, visto como, por isso que, já que, uma vez que, entre outras.

• Concessivas: são as que iniciam orações adverbiais que exprimem concessão. Ex.: embora, conquanto, ainda que, mesmo que, se bem que, apesar de que, entre outras.

• Condicionais: são as que iniciam orações adverbiais que exprimem condição. Ex.: se, caso, contanto que, salvo se, desde que.

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TÓPICO 1 | AS CLASSES DE PALAVRAS

133

• Conformativas: são as que iniciam orações adverbiais que indicam conformidade. Ex.: conforme, segundo, como, consoante.

• Comparativas: estas iniciam orações adverbiais que exprimem comparação. Ex.: como, mais... que, menos... que, maior... que, menor... que, entre outras.

• Consecutivas: são as que iniciam orações adverbiais que indicam consequência. Ex.: que (combinado com tal, tanto, tão, tamanho), de sorte que, de forma que.

• Finais: são as que iniciam orações adverbiais para expressar finalidade. Ex.: para que, a fim de que.

• Proporcionais: estas iniciam as orações adverbiais que indicam proporção. Ex.: à proporção que, à medida que, ao passo que, quanto mais, quanto menos.

• Temporais: iniciam orações adverbiais que exprimem tempo. Ex.: quando, enquanto, logo que, depois que, antes que, desde que, sempre que, até que, assim que, todas as vezes que.

• Integrantes: estas iniciam as orações subordinadas substantivas que representam sujeito, objeto direto etc. Ex.: que, se.

Vale lembrar que uma mesma conjunção ou locução conjuntiva pode iniciar orações que indicam sentidos distintos. Então, caro acadêmico, o estudo não deve voltar-se para a memorização classificatória, mas, sim, para o sentido das frases no texto.

NOTA

AUTOATIVIDADE

1 Na tirinha a seguir você verá Armandinho interagindo com seu pai. A partir de sua leitura, verifique as sentenças corretas:

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UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

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Uma históriapra dormir?Tudo bem...

Há muitose muitos anos...

... Quando aindahavia jornalismoinvestigativo ...

FONTE: <https://retalhosinterativos.files.wordpress.com/2013/09/1045104_598360100209300_1527914012_n.png>. Acesso em: 10 ago. 2018.

I- QUANDO é uma conjunção subordinativa que une duas orações: “Há muitos e muitos anos” e “quando ainda havia jornalismo investigativo”.II- No segundo quadrinho, a conjunção E une duas palavras da mesma classe gramatical.III- QUANDO é uma conjunção coordenativa temporal, cuja função é de unir duas orações independentes.IV- A intensidade atribuída ao tempo (muitos e muitos anos) a partir do uso de advérbio e conjunção, ao ligar-se à oração subordinada iniciada pela conjunção temporal QUANDO, dá ideia de que o jornalismo investigativo pertence a uma época passada e não existe mais.

Assinale a alternativa correta:a) ( ) Apenas a sentença IV está correta.b) ( ) Apenas as sentenças II e IV estão corretas.c) ( ) Apenas as sentenças I, II e IV estão corretas.d) ( ) Apenas as sentenças III e IV estão corretas.

2.8 INTERJEIÇÃO

A interjeição é uma das classes de palavras invariáveis. Ela exprime sensações e estados emocionais. Dito em outras palavras, com a interjeição traduzimos de modo vivo nossas emoções. Podemos dizer que o uso dessa classe é mais frequente em textos narrativos, nos quais há a apresentação de falas coloquiais, pois contribuem para transmitir ao leitor as emoções e reações das personagens.

O significado da interjeição dependerá do momento em que é expressa e também da entonação de voz. Vamos conhecer algumas, então?! Veja a classificação, conforme os sentimentos que indicam:

De alegria: Ah! Eh! Oh! Oba! Viva! De dor: Ai! Ui!De animação: Vamos! Coragem! De chamamento: Psiu! Olá! Alô!

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De desejo: Quem me dera! Tomara! Oxalá! De silêncio: Psiu! Boca fechada! Quieto!

De aplauso: Bis! Viva! Bravo!De medo: Ui! Uh! Ai! Credo! Que horror! De espanto, surpresa: Ah! Oh! Nossa! Xi! De alívio: Ufa! Ah! Uf! Arre!

Uai!De afugentamento: Fora! Xô! Passa!

Você percebeu uma característica comum às interjeições? Se você pensou no ponto de exclamação, acertou! Na escrita, as interjeições são seguidas do ponto de exclamação. Observe a tirinha que segue:

FIGURA 4 – MAFALDA

FONTE: <https://guiroque.files.wordpress.com/2008/07/mafalda1.jpg>. Acesso em: 10 ago. 2018.

Podemos destacar facilmente várias interjeições, não é mesmo? Muito bem, completamos, assim, o estudo de mais uma classe. Vamos continuar?

2.9 VERBO

Dentre as classes de palavras, podemos dizer que o verbo é a palavra que mais varia. Assim, ele indica: pessoa, número, tempo, modo, estados e fenômenos naturais e voz. Ele exprime o que se passa, isto é, um acontecimento representado no tempo.

Algumas dúvidas acerca do tema verbos podem ser um pouco frequentes, como a própria ortografia. Você já se confundiu alguma vez com a escrita de conseguiram e conseguirão? Com surge e surgi? O conhecimento acerca da sílaba tônica e desinência do verbo pode contribuir para você escolher entre a grafia “am” e “ão”, na conjugação dos verbos na terceira pessoa do plural (compraram e comprarão); e a grafia “e” e “i”, na terceira e primeira pessoa do singular (surge e surgi).

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UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

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Para não se confundir mais, pense na sílaba tônica da palavra. Em conseguirão, a sílaba tônica é a última sílaba da palavra, logo, sua grafia é com “ão” e seu tempo verbal é o futuro do presente. Em conseguiram, a sílaba tônica é a penúltima da palavra, logo, a grafia do som nasal na última sílaba é com “am”, e seu tempo verbal é o pretérito perfeito, que expressa uma ação passada. Em surge (ele surge), temos como sílaba tônica a penúltima sílaba da palavra (sur), logo, a grafia final é com “e”, embora em algumas regiões do nosso país a pronúncia seja de “i” (algo como súrgi). Em surgi (eu surgi), a sílaba tônica é a última da palavra (gi), logo, a grafia é com a letra “i” e sua desinência é para a primeira pessoa do singular no pretérito perfeito do indicativo. Não se preocupe com todos esses termos, pois nas discussões a seguir, você conhecerá um pouco melhor sobre a flexão e função dos verbos.

O verbo constitui-se basicamente em duas partes: radical e terminação (desinência). Veja o exemplo com os verbos amar, sofrer e partir, conjugados no presente do indicativo:

QUADRO 7 – EXEMPLOS DE VERBOS

AMAR SOFRER PARTIR

EU Amo sofro parto

TU Amas sofres partes

ELE Ama sofre parte

NÓS Amamos sofremos partimos

VÓS Amais sofreis partis

ELES Amam sofrem partem

FONTE: As autoras

Podemos notar que, em cada conjugação, uma parte do verbo não sofreu alteração (amar = AM; sofrer = SOFR; partir = PART), portanto, esta parte, que contém a base do significado, é denominada radical.

A terminação ou desinência é a parte do verbo que contém as indicações de pessoa, tempo, modo e voz. Conjugar um verbo significa apresentá-lo em todos os seus modos, pessoas, tempos, vozes e números. Quando agrupamos todas essas flexões, de acordo com uma ordem, temos uma conjugação.

Os verbos da Língua Portuguesa são classificados em três diferentes grupos, caracterizados pela vogal temática. Conhecer a vogal temática do verbo contribui para refletirmos sobre a regularidade da conjugação desse verbo.

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TÓPICO 1 | AS CLASSES DE PALAVRAS

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Vogal temática é a parte que indica a conjugação à qual os verbos pertencem. É formada pela vogal que vem depois do radical. Ex.: cant - a - r (a - vogal temática); sofr - e - r (e - vogal temática); part - i - r (i - vogal temática).

NOTA

Conheça os três grupos de conjugação da Língua Portuguesa:

QUADRO 8 – AS TRÊS CONJUGAÇÕES

1ª conjugação - verbos terminados em AR, cuja vogal temática é A. Ex.: cantar, sonhar, falar, amar, andar, nadar, limpar, anotar, flexionar, escapar, rasgar, amarrar...

2ª conjugação - verbos terminados em ER, cuja vogal temática é E. Ex.: comer, sofrer, mexer, roer, escrever, absorver, expor, compor, repor, compor...

3ª conjugação - verbos terminados em IR, cuja vogal temática é I. Ex.: partir, sentir, emitir, sorrir, fingir, falir, mentir, iludir, cair, abrir...

FONTE: As autoras

E os verbos terminados em OR, como compor e expor? Por que foram classificados na segunda conjugação, terminados em ER? Você já deve ter ouvido que a língua passa por mudanças ao longo dos anos, não é mesmo!? Esses verbos (compor e expor), por terem origem no antigo verbo “poer”, são encaixados na segunda conjugação. Cada conjugação verbal possui terminações específicas que são utilizadas para flexionar seus respectivos verbos

ATENCAO

Lembre-se! Dizemos que o verbo não é flexionado ou que está no infinitivo quando termina em R. Veja: enviar, escrever, comprar, relatar, sorrir, latir, ser, caber, fazer...

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UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

138

AUTOATIVIDADE

Muito bem! Agora que já conhecemos as conjugações verbais, vamos praticar? Classifique os verbos a seguir em 1ª, 2ª e 3ª conjugação:

a) Explicar: b) Dividir: c) Rever: d) Supor: e) Mentir: f) Dispor: g) Caprichar: h) Absorver:

Na aula de português, a professora pergunta para Joãozinho:Joãozinho, qual é o futuro do verbo roubar? Ele, sem pestanejar, responde:Ir preso, professora.

A professora mandou Joãozinho recitar uma poesia. Ele, todo cheio de compostura, começou a declamar:Eu cavo, tu cavas, ele cava, nós cavamos, vós cavais, eles cavam. A professora, intrigada, pede ao Joãozinho:Joãozinho, mas o que há de poético nestes verbos? Joãozinho, com muita convicção, responde:Professora, isso pode não ser poético, mas é bastante profundo.

FONTE: Adaptado de: <https://www.trabalhosfeitos.com/ensaios/Curso-De-Nivelmanento-Portugues/51209813.html>. Acesso em: 10 ago. 2018.

UNI

Sendo o verbo uma palavra variável, podemos afirmar que se flexiona em:

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TÓPICO 1 | AS CLASSES DE PALAVRAS

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QUADRO 9 – FLEXÃO DO VERBO

Número Singular e plural

Pessoa 1ª, 2ª e 3ª

Modo Indicativo, Subjuntivo e Imperativo

Tempo Presente, Passado e Futuro

Voz Ativa, Passiva e Reflexiva

FONTE: As autoras

Afinal, o que é flexionar um verbo? Flexionar quer dizer adaptar o verbo ao número, ao modo, ao tempo, à voz e às formas nominais, fazendo com que ele concorde com o pronome anterior a ele. Quanto a essas flexões, estudaremos uma a uma detalhadamente para facilitar a sua compreensão. Vejamos:

Número e pessoa: quando a forma indica se o verbo está no singular ou no plural. Singular quando se refere a apenas uma pessoa (eu ando, tu andas, ele anda). Plural quando se refere a mais de uma pessoa (nós andamos, vós andais, eles andam). O número, então, refere-se à primeira pessoa do singular (eu ando), primeira pessoa do plural (nós andamos), segunda pessoa do singular (tu andas), segunda pessoa do plural (vós andais), terceira pessoa do singular (ele(a) ou você anda), terceira pessoa do plural (eles(as) ou vocês andam).

Modo verbal: é a flexão que nos mostra qual é a intenção do falante ao expor suas ideias. Através dessa flexão, podemos perceber se o que é expresso por ele indica uma dúvida ou possibilidade, uma certeza ou uma ordem. Os verbos são classificados em três modos. Confira:

• Modo indicativo: indica um fato que ocorre, ocorreu ou ocorrerá com certeza. Um fato real. Por exemplo: Pedro partiu ontem.

Nessa oração, temos certeza de que Pedro realmente partiu. O fato está concretizado. Dito de outra maneira, o indicativo indica uma ação.

• Modo subjuntivo: indica um fato hipotético, ou seja, não é certo que acontecerá. Pode exprimir dúvida, probabilidade ou suposição. Por exemplo: Quem sabe eu vá à reunião, se não chover.

Nessa oração, não se sabe ao certo se a ação ocorrerá. O fato não está concretizado.

• Modo imperativo: indica ordem, pedido, súplica, sugestão, convite. Observe o exemplo:

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UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

140

Estude para a avaliação.

Neste exemplo, percebemos que a oração exprime uma ordem ao seu receptor. Reconhecer o modo do verbo é importante para que entendamos a intenção do autor de algum texto (oral ou escrito) acerca da ação expressa pelo verbo. Além disso, quando você ocupar a posição de autor, seja escrevendo um e-mail, redigindo uma resposta dissertativa de avaliação, um relatório, entre outros textos, você deve estar ciente se o verbo indica a ação de um sujeito, a ordem/pedido a um sujeito ou, ainda, um fato hipotético, para flexionar o verbo conforme o modo correspondente.

Tempo verbal: o estudo do tempo verbal é um pouco mais complexo do que os demais, porém muito interessante, pois, a partir da observação deste, podemos saber quando a ação ou o fato foram realizados. Desta forma, o tempo verbal divide-se em três grandes grupos: presente, pretérito (que é o mesmo que passado) e futuro. O passado, por sua vez, subdivide-se em pretérito perfeito, pretérito imperfeito, pretérito mais-que-perfeito (quando no modo indicativo), e o futuro subdivide-se em futuro do presente e futuro do pretérito (quando no modo indicativo).

Voz verbal: em algumas ações verbais, o verbo admite estruturas com diferentes atuações do sujeito. São os casos em que o verbo sofre a flexão de voz. São três as vozes verbais, vamos conhecê-las?

Ativa: é quando o sujeito é o agente da ação verbal, ou seja, ele pratica a ação. Ex.: Os alunos estudaram muito para a avaliação. Neste caso, o sujeito da frase é “Os alunos”, e estes realizaram a ação do verbo estudar.

Passiva: é quando o sujeito é paciente da ação verbal, isto é, ele recebe ou sofre a ação. Ex.: Carolina foi machucada por Aline. Neste caso, o sujeito é “Carolina”, e este sofre ou recebe a ação expressa pelo verbo machucar.

Reflexiva: acontece quando o sujeito é agente e paciente da ação verbal. Dito em outras palavras, ele pratica a ação em si mesmo e a recebe. Ex.: Cláudio penteou-se assim que levantou. Note que o sujeito “Cláudio” pratica e recebe a ação expressa pelo verbo.

Quanto às vozes verbais, vale destacar que, dentro de um texto, elas possuem funções bastante específicas. Por exemplo, em textos acadêmicos, como os papers, que são produzidos nas disciplinas de prática interdisciplinar, predominantemente, recomendamos que você escreva na voz ativa, seja da forma pessoal ou impessoal, por exemplo:

Este trabalho tem por objetivo analisar a produção acadêmica voltada à morfologia da língua portuguesa publicada nos anais dos principais congressos de linguística do país.

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TÓPICO 1 | AS CLASSES DE PALAVRAS

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Objetivamos analisar a produção acadêmica voltada à morfologia da língua portuguesa publicada nos anais dos principais congressos de linguística do país.

Na linguagem impessoal, o sujeito é “Este trabalho” e é o sujeito agente que explicitamente está ligado ao verbo “ter (tem)”. Nessas situações, outros sujeitos ainda podem ser produzidos textualmente, como “o presente estudo”, “esta pesquisa”, “a investigação”, “este paper”, entre outros. Na linguagem pessoal, o sujeito é “Nós”, embora esteja oculto na frase. É o sujeito agente “nós” que explicitamente está ligado ao verbo “objetivar (objetivamos)”. Tanto na linguagem pessoal quanto impessoal, o uso da voz ativa torna o trabalho mais claro, objetivo e argumentativo. Atente-se, nesses casos, sempre à concordância verbal com o sujeito!

A voz passiva, por sua vez, também possui uma função importante na escrita acadêmica, como na seção voltada à descrição metodológica do trabalho. Por exemplo, é possível afirmar:

Realiza-se um estudo bibliográfico para atender ao objetivo da pesquisa.

Foi realizado um estudo bibliográfico para atender ao objetivo da pesquisa.

Quando descrevemos o passo a passo do nosso trabalho não buscamos mais argumentar a validade, relevância da pesquisa, não estamos tentando comprovar nossos argumentos. Por isso, a voz ativa não se faz tão necessária. Contudo, quando o trabalho é escrito em uma linguagem mais pessoal, mesmo na metodologia, devemos evitar o uso de voz passiva sintética (realiza-se), apesar de a voz passiva analítica ainda poder ser aplicada (Foi realizado um estudo bibliográfico).

Perceba que na construção da voz passiva, “Foi realizado um estudo bibliográfico para atender ao objetivo da pesquisa”, o verbo “realizado”, em sua forma nominal, precisa concordar com o sujeito paciente, neste caso, “um estudo”. Se substituirmos “um estudo” para “uma pesquisa”, por exemplo, teríamos de dizer “realizada”: Foi realizada uma pesquisa. Percebeu como ocorre a concordância? Veja, ainda, se colocarmos o sujeito paciente no plural e feminino: Foram realizadas pesquisas.

IMPORTANTE

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UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

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Formas nominais: os verbos, além de todas essas flexões que já foram estudadas, podem ser ainda apresentados em três formas nominais: infinitivo, gerúndio e particípio. Vamos aprender um pouco mais? Vejamos cada uma delas:

• Infinitivo: exprime a própria ação verbal, porém sem nenhuma localização de tempo. É marcado pela terminação R, quando no singular.

Observe o exemplo: Estudar é preciso. Esta forma nominal indica a ação: estudar. O infinitivo pode ser pessoal ou impessoal. Caso apresente um sujeito, será pessoal, caso não apresente, ou seja, não se refira a ninguém, será impessoal. Veja mais alguns exemplos:

É proibido fumar neste local.Comer muita doçura faz mal à saúde.

No caso de infinitivo pessoal, termos as seguintes flexões:para comer (eu)para comeres (tu)para comer (ele/a ou você)para comermos (nós)para comerdes (vós)para comerem (eles/as ou vocês)

• Gerúndio: exprime um fato que está em desenvolvimento, ou seja, que ainda não chegou ao fim. É marcado pela terminação NDO. O exemplo “Alex está viajando” mostra que a ação ainda está em andamento. Veja alguns exemplos:

Ele está estudando.Emília ficou na escola treinando para a apresentação.

• Particípio: ao contrário do gerúndio, o particípio indica um fato já terminado.

O verbo apresenta-se, em geral, com as terminações ADO e IDO. No exemplo “José foi multado”, a ação já foi concluída. Exemplos:

O carro está estragado.A casa foi vendida.

Vamos colocar em prática alguns de seus conhecimentos?

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TÓPICO 1 | AS CLASSES DE PALAVRAS

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AUTOATIVIDADE

1 Relacione a coluna das formas nominais dos verbos com a coluna que apresenta os verbos em uso:

(1) Infinitivo(2) Gerúndio(3) Particípio

( ) Procure estudar regularmente.( ) A turma tinha acertado todas as autoatividades do livro.( ) É para estudarmos em conjunto.( ) Deise estava lendo o material de Comunicação e

Linguagem.

2 Leia o fragmento a seguir:

“Essa corrente precisa de você. DOE SANGUE! Procure o hemocentro mais próximo de você. Torne isso um hábito, seja um doador. Entregue-se a esta causa e compartilhe sua alegria de viver.

SEJA UM HERÓI, SALVE VIDAS!”

FONTE: <http://www.quempodedoarsangue.com.br/porque-doar-sangue/>. Acesso em: 25 abr. 2018.

Assinale a alternativa que apresenta o modo verbal dos verbos destacados:

a) ( ) Imperativo.b) ( ) Indicativo.c) ( ) Subjuntivo.

3 Relacione cada frase com a numeração correspondente à voz do verbo:

1.ativa2. passiva 3. reflexiva

( ) O livro de Comunicação e Linguagem já foi entregue aos acadêmicos.

( ) Deise realizou a prova às pressas.( ) Os animais viram-se no espelho pela primeira vez.( ) Realiza-se, neste trabalho, uma pesquisa quantitativa.

Agora que terminamos uma fase importante dos nossos estudos sobre verbos, que foram as flexões verbais, vamos entrar em uma nova etapa, que é o estudo da CLASSIFICAÇÃO DOS VERBOS.

Por que classificar os verbos?

Page 154: ComuniCação e Linguagem - UNIASSELVI

UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

144

A conjugação dos verbos segue um determinado padrão, um paradigma. No caso de um verbo regular, dependendo da sua terminação, ele terá uma forma a ser conjugada. Também há casos em que este paradigma não é seguido, que é o que chamamos de verbo irregular. Há verbos que são utilizados em apenas algumas pessoas, tempos ou modos. O motivo pelo qual isto acontece é bastante variável. Em muitos casos, a própria ideia que o verbo quer transmitir não se aplica a todas as pessoas. E há também os verbos que possuem duas formas equivalentes, que precisamos conhecer para saber onde aplicá-las. Então, agora que já sabemos o porquê da classificação dos verbos, vamos conhecê-las?

Verbo regular: classificamos como regulares aqueles verbos que são conjugados sem que sejam feitas alterações em seu radical. Utilizaremos, como exemplo, o verbo sofrer. Este verbo é formado pelo radical sofr-, e, quando o conjugamos, ele permanece. Observe:

Eu sofro com esta situação. Confira mais exemplos, de verbo regular, no quadro a seguir:

QUADRO 10 – INDICATIVO PRESENTE

ANDAR VENDER PARTIR

And-o Vend-o Part-o

And-as Vend-es Part-es

And-a Vend-e Part-e

And-amos Vend-emos Part-imos

And-ais Vend-eis Part-is

And-am Vend-em Part-em

FONTE: As autoras

Verbo irregular: classificamos como irregulares aqueles verbos que, quando conjugados, têm seu radical modificado. Para este exemplo, utilizaremos o verbo pedir. Este verbo é formado pelo radical ped-, e, quando conjugamos, o radical é modificado. Observe:

Eu peço um presente de Natal. Observe o quadro a seguir com maisexemplos.

Page 155: ComuniCação e Linguagem - UNIASSELVI

TÓPICO 1 | AS CLASSES DE PALAVRAS

145

QUADRO 11 – VERBO FAZER (PRESENTE DO INDICATIVO)

FAZER

Eu Faço

Tu Fazes

Ele Faz

Nós Fazemos

Vós Fazeis

Eles Fazem

FONTE: As autoras

Verbo anômalo: classificamos como anômalos aqueles verbos que, quando conjugados, apresentam no seu radical mudanças mais evidentes e profundas do que os verbos irregulares. Podemos citar os verbos “ser” e “ir” como exemplos de verbos anômalos. Observe o quadro com o exemplo do verbo ser.

QUADRO 12 – VERBO SER (INDICATIVO)

PRESENTE PRETÉRITOPerfeito

PRETÉRITOimperfeito

Eu sou Fui era

Tu és foste eras

Ele é foi era

Nós somos fomos éramos

Vós sois fostes éreis

Eles são foram eram

FONTE: As autoras

Verbo defectivo: classificamos como defectivos aqueles verbos que não possuem todas as suas formas. Por exemplo, o verbo abolir. Não podemos dizer “eu abolo”, mas usamos a expressão “eu vou abolir” ou “eu estou abolindo”. Da mesma forma “eu coloro”. Quando queremos nos expressar utilizando este verbo (colorir), usamos a expressão “eu vou colorir” ou “eu estou colorindo”. Confira a conjugação do verbo colorir nos seguintes tempos:

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UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

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QUADRO 13 – VERBO COLORIR (INDICATIVO)

PRESENTE PRETÉRITOperfeito

PRETÉRITOimperfeito

Eu - colori coloria

Tu colores coloriste colorias

Ele colore coloriu coloria

Nós colorimos colorimos coloríamos

Vós coloris coloristes coloríeis

Eles colorem coloriram coloriam

FONTE: As autoras

Verbo abundante: classificamos como abundantes aqueles verbos que possuem duas formas aceitáveis de particípio, uma regular e uma irregular. Observe:

QUADRO 14 – VERBOS ABUNDANTES

INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR

acender acendido aceso

benzer benzido bento

eleger elegido eleito

enxugar enxugado enxuto

expulsar expulsado expulso

frigir frigido frito

ganhar ganhado ganho

isentar isentado isento

imprimir imprimido impresso

matar matado morto

romper rompido roto

soltar soltado solto

suspender suspendido suspenso

tingir tingido tinto

FONTE: As autoras

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TÓPICO 1 | AS CLASSES DE PALAVRAS

147

ATENCAO

Acadêmico! Acesse a trilha de aprendizagem da disciplina. Lá você encontrará vários modelos de verbos conjugados. Bom estudo!

AUTOATIVIDADE

1 Preencha as lacunas com as formas verbais indicadas entre parênteses:

a) Nós _______________________ sobre os estudos linguísticos antes de termos lido o material. (saber – pretérito mais-que- perfeito do indicativo)

b) Os acadêmicos _______________________o material didático regularmente. (ler – presente do indicativo)

c) Você _______________________pelo resultado da avaliação? (ansiar – presente do indicativo)

d) Eles _______________________nas promessas políticas dessas últimas eleições. (crer – pretérito imperfeito do indicativo)

e) Raquel _______________________o livro de Comunicação e Linguagem para mim (trazer – futuro do presente)

f) Onde tu _______________________as chaves? (pôr – pretérito perfeito do indicativo)

g) Se você _______________________, podemos estudar juntos. (querer – futuro do subjuntivo)

2.10 PRONOMES

Pronomes são palavras empregadas na frase utilizadas para substituir um substantivo ou para acompanhá-lo, determinando sua extensão. Vejamos alguns exemplos:

Os acadêmicos estudaram muito para a prova, mas ela era difícil.

Perceba no exemplo acima como o pronome “ela” substitui o substantivo “prova”, evitando que o termo seja repetido na frase. O pronome, portanto, é um elemento de coesão textual. Vamos a outro exemplo:

Estava conversando com aquela professora agora a pouco.

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UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

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Perceba que o pronome aquela acompanha o substantivo professora, a fim de determinar quem é a professora com a qual estava conversando.

Os pronomes pertencem à classe de palavras variáveis e podem ser classificados em pessoais, possessivos, demonstrativos, indefinidos, interrogativos e relativos. Veremos cada um deles separadamente:

Pronome pessoal: é aquele que substitui o substantivo. Observe o exemplo:

Cláudio saiu mais cedo do trabalho. Ele precisava ir ao médico.

Note, neste exemplo, que a palavra “Cláudio” é um substantivo. A palavra empregada para substituí-la foi “ele”, ou seja, um pronome pessoal.

Os pronomes pessoais indicam os seres que representam as pessoas do discurso. Eles se dividem em três tipos: do caso reto, do caso oblíquo e os de tratamento. Essa classificação se dá de acordo com a função que eles exercem nas orações. Veremos separadamente os dois primeiros.

Observe:

QUADRO 15 – PRONOMES

PRONOMES PESSOAIS DO CASO RETO E DO CASO OBLÍQUO

Pessoas do discurso Caso reto

OblíquosÁtonos Tônicos

Singular1ª pessoa eu me mim, comigo2ª pessoa tu te ti, contigo3ª pessoa ele, ela o, a, lhe, se ele, ela, si, consigo

Plural1ª pessoa nós nos nós, conosco2ª pessoa vós vos vós, convosco3ª pessoa eles, elas os, as, lhes, se eles, elas, si, consigo

FONTE: As autoras

Pronomes possessivos: são os que fazem referência às pessoas do discurso, indicando a relação de posse existente. Assim, eles mantêm com os pronomes pessoais uma estreita relação, pois designam o que pertence aos seres referidos pelos pronomes pessoais. Observe a disposição deles no quadro a seguir:

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TÓPICO 1 | AS CLASSES DE PALAVRAS

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QUADRO 16 – PRONOMES POSSESSIVOS

Pessoas do discurso Pronomes possessivos1ª pessoa do singular meu, minha, meus, minhas2ª pessoa do singular teu, tua, teus, tuas3ª pessoa do singular seu, sua, seus, suas1ª pessoa do plural nosso, nossa, nossos, nossas2ª pessoa do plural vosso, vossa, vossos, vossas3ª pessoa do plural seu, sua, seus, suas

FONTE: As autoras

Por indicar uma relação de posse com relação à pessoa do discurso, o pronome possessivo é facilmente identificado. Observe o uso na seguinte tira:

FIGURA 5 – CALVIN

Você sabe oque há de

errado comsua mãe?

Não, noentanto, ela foi aomédicohoje.

Eu adorariase... não. O quê?

Você nãoacha que ela

está esperandoum bebê, acha?

Um bebê?!?

Por que ela iriaquerer outra criança?

Ela já tem a mim!

Sim, ela deveter aprendido

a lição...

FONTE: <https://apatossauros.files.wordpress.com/2007/10/calvinharodotira354.gif>. Acesso em: 13 ago. 2018.

No primeiro quadrinho, identificamos o uso de sua na expressão “sua mãe”. Analisando o quadro, vemos que o pronome possessivo sua refere-se à terceira pessoa do singular, no caso, ela.

Pronomes demonstrativos são aqueles que substituem ou acompanham o substantivo, indicando relações de espaço entre os seres e as pessoas do discurso.

O pronome demonstrativo, assim como o possessivo, também mantém um vínculo estreito com os pronomes pessoais, pois indica, com relação às pessoas do discurso, o que delas está mais próximo ou distante, no espaço e no tempo. Observe as formas dos pronomes demonstrativos no quadro:

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UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

150

QUADRO 17 – PRONOMES DEMONSTRATIVOS

VARIÁVEISINVARIÁVEISMasculino Feminino

este estes esta estas isto

esse esses essa essas isso

aquele aqueles aquela aquelas aquilo

FONTE: As autoras

Você deve estar se perguntando: quando devo usar este ou esse? Ou isso, isto e aquilo? Existe, sim, uma regrinha para o uso dos pronomes demonstrativos. Vamos conhecer o emprego deles.

Este, esta, isto: referem-se à 1ª pessoa (eu), são usados para objetos que estão próximos do falante. Com relação ao tempo, é usado no presente. Exemplos:

Este é o livro de Comunicação e Linguagem de que lhe falei.Esta semana a turma está com sorte.Isto na minha mão é o seu lápis?

Esse, essa, isso: referem-se à 2ª pessoa (tu, você), portanto são usados para objetos que estão próximos da pessoa com quem se fala. Com relação ao tempo é usado no passado ou futuro. Exemplo:

Esse mês vai haver muitas provas.Quando você comprou essa coletânea?Isso que você está segurando são seus materiais?

Aquele, aquela, aquilo: referem-se à 3ª pessoa (ele, ela) e são usados para indicar distanciamento espacial com relação à 1ª e 2ª pessoas do discurso. Exemplos:

Aquelas disciplinas foram muito interessantes.Pensei muito sobre aquilo que você me disse.

DICAS

Nos momentos de escrita, quando aparecerem dúvidas a respeito do uso de “esse” ou “este”, lembre-se:• este = próximo a mim, presente;• esse = distante de mim, passado e futuro.

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TÓPICO 1 | AS CLASSES DE PALAVRAS

151

AUTOATIVIDADE

Leia a tirinha que segue, identifique e explique o uso do pronome que nela aparece. Discuta com seu professor e demais colegas sobre a resposta.

FIGURA 6 – MAFALDA

É incrível aimportância dodedo indicador!

Um patrão faz assimcom o indicador... Etrês mil operários

vão para a rua!

AAAAAAH!...Esse deve ser otal indicador dedesemprego de

que tanto se fala!

FONTE: <http://s3.static.brasilescola.com/img/2015/06/tirinha-da-mafalda.jpg>. Acesso em: 13 ago. 2018

Pronomes indefinidos: esses pronomes referem-se à 3ª pessoa do discurso e, como o nome indica, de maneira imprecisa, indefinida. Faz-se uma divisão entre os pronomes indefinidos. São eles: variáveis e invariáveis. Acompanhe o quadro a seguir e conheça alguns exemplos.

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UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

152

QUADRO 18 – PRONOMES INDEFINIDOS

VARIÁVEIS INVARIÁVEIS

algum, alguma, alguns, algumas Alguém

nenhum, nenhuma, nenhuns, nenhumas Algo

todo, toda, todos, todas Ninguém

muito, muita, muitos, muitas Nada

pouco, pouca, poucos, poucas Tudo

vário, vária, vários, várias Cada

tanto, tanta, tantos, tantas Outrem

quanto, quanta, quantos, quantas Mais

outro, outra, outros, outras Menos

bastante, bastantes Demais

FONTE: As autoras

Pronomes interrogativos: como o nome sugere, os interrogativos são usados para formular perguntas diretas ou indiretas. Ex.: Que assunto é esse? (pergunta direta). Diga-me que assunto é esse. (pergunta indireta)

São pronomes interrogativos:

QUADRO 19 – PRONOMES INTERROGATIVOS

VARIÁVEIS INVARIÁVEIS

qual, quais Que

quanto, quanta, quantos, quantas Quem

FONTE: As autoras

Pronomes relativos: são os que substituem um substantivo citado anteriormente e dão início a uma nova oração. Ex.:

Comprei uma casa. A casa é perfeita.

SUBSTANTIVOA casa que comprei é perfeita.

PRONOME RELATIVO

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TÓPICO 1 | AS CLASSES DE PALAVRAS

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Lembre-se! Oração é uma frase ou parte de uma frase que contenha verbo.

NOTA

Existe uma confusão recorrente na aplicação dos pronomes relativos precedidos de preposição, “em que”, “no qual”, e o advérbio “onde”, relativo de lugar. O Portal Ciber Dúvidas, do Instituto Universitário de Lisboa, traz algumas importantes explicações que podemos explorar:O termo onde deve empregar-se quando se está perante a referência a lugares. Exemplo: «A universidade onde estudei é muito boa.» No entanto, pode ser substituído por em que ou na qual: «A universidade em que estudei é muito boa»; «A universidade na qual estudei é muito boa.» Nestes casos, a escolha deve recair sobre a melhor sonoridade, ou seja, utiliza-se sempre onde para se referir a lugares, mas pode substituir-se por em que ou no qual, permanecendo a frase correta do ponto de vista gramatical e semântico.O mesmo não acontece com em que e no qual, que devem ser aplicados em situações que não se referem a lugares. Passa-se a exemplificar: «O processo em que tal foi referido foi arquivado»; «O contexto no qual isso foi dito era justificável.» Nestes casos não se deve utilizar o advérbio de lugar onde, mas utiliza-se o pronome relativo precedido de preposição.

FONTE: Disponível em: <https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/onde-em-que-no-qual/34035>. Acesso em: 1º maio 2018.

IMPORTANTE

Conheça alguns pronomes relativos visualizando o quadro a seguir:

QUADRO 20 – PRONOMES RELATIVOS

VARIÁVEIS INVARIÁVEIS

o qual, a qual, os quais, as quais Que

cujo, cuja, cujos, cujas Quem

quanto, quantos, quantas Onde

FONTE: As autoras

Note que o pronome relativo que (= a qual) se refere ao substantivo “casa”. Com a junção das frases o pronome substitui o termo expresso anteriormente (casa) e inicia uma nova oração.

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UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

154

ATENCAO

Caro acadêmico! Vimos que “quem” pode tanto ser um pronome interrogativo quanto relativo, não é mesmo? Para saber a qual pronome estamos nos referindo em determinada situação, basta que você recorde a função de cada um na frase!

2.10.1 Os pronomes de tratamento

Para indicar o grau de formalidade que existe entre as pessoas do discurso, devemos empregar os pronomes de tratamento. Ao redigir relatórios, enviar e-mails, escrever atas e demais documentos, sempre nos perguntamos: qual pronome devemos usar?

Nestas e demais situações certas autoridades exigem tratamentos específicos. Consulte os quadros a seguir e relembre alguns tipos de pronome de tratamento.

QUADRO 21 – EMPREGO DOS PRONOMES DE TRATAMENTO - PODER JUDICIÁRIO

Destinatário Tratamento Abreviação Vocativo

Presidente do Supremo Tribunal Federal

Vossa Excelência Não se usa

Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal

Membros do Supremo Tribunal Federal

Vossa Excelência V.Exa. Senhor + cargo

respectivoPresidente e Membros do Superior Tribunal de Justiça

Vossa Excelência V.Exa. Senhor + cargo

respectivo

Presidente e Membros do Tribunal Superior Militar

Vossa Excelência V.Exa. Senhor + cargo

respectivo

Presidente e Membros do Tribunal Superior Eleitoral

Vossa Excelência V.Exa. Senhor + Cargo

respectivo

Presidente e Membros do Tribunal Superior do Trabalho

Vossa Excelência V.Exa. Senhor + Cargo

respectivo

Presidente e Membros dos Tribunais de Justiça

Vossa Excelência V.Exa. Senhor + Cargo

respectivo

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TÓPICO 1 | AS CLASSES DE PALAVRAS

155

Presidente e Membros do Tribunais Regionais Federais

Vossa Excelência V.Exa. Senhor + Cargo

respectivo

Presidente e Membros dos Tribunais Regionais Eleitorais

Vossa Excelência V.Exa. Senhor + Cargo

respectivo,

Presidentes e Membros dos Tribunais Regionais do Trabalho

Vossa Excelência V.Exa. Senhor + Cargo

respectivo

Juízes Vossa Excelência V.Exa. Senhor Juiz

Desembargadores Vossa Excelência V.Exa. Senhor

DesembargadorAuditores da Justiça Militar

Vossa Excelência V.Exa. Senhor + cargo

respectivo

FONTE: <http://www.casacivil.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=9>. Acesso em: 13 ago. 2018.

QUADRO 22 – EMPREGO DOS PRONOMES DE TRATAMENTO - PODER LEGISLATIVO

Destinatário Tratamento Abrev. Vocativo

Presidente do Congresso Nacional

Vossa Excelência

Não se usa

Excelentíssimo Senhor

Presidente do Congresso

Nacional

Presidente da Câmara Vossa Excelência V.Exa. Senhor

PresidenteVice-Presidente da

CâmaraVossa

Excelência V.Exa. Senhor Vice-Presidente

Membros da Câmara dos Deputados

Vossa Excelência V.Exa. Senhor

DeputadoMembros do Senado

FederalVossa

Excelência V.Exa. Senhor Senador

Presidente e Membros do Tribunal de

Contas da União e dos Tribunais de Contas Estaduais

Vossa Excelência V.Exa. Senhor + cargo

respectivo

Presidente e Membros das Assembleias

Legislativas Estaduais

Vossa Excelência V.Exa. Senhor + cargo

respectivo

Presidentes das Câmaras Municipais

Vossa Excelência V.Exa. Senhor + cargo

respectivo

FONTE: <http://www.casacivil.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=9>. Acesso em: 13 ag. 2018.

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UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

156

DICAS

Para acessar outros pronomes de tratamento que podem lhe ser importantes, consulte o site da Casa Civil: <http://www.casacivil.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=9>.

3 COLOCAÇÃO PRONOMINALAntes de estudarmos na prática a colocação pronominal, é interessante

saber que o emprego dos pronomes oblíquos se deve, especialmente, à eufonia, ou seja, à sonoridade da frase. Portanto, em determinados casos ocorrem diferenças entre o que a norma gramatical recomenda e o que é realmente utilizado.

Vamos observar, a seguir, as orientações para a colocação dos pronomes

oblíquos nas formas mais prestigiadas da língua escrita. Os pronomes oblíquos átonos são: me, te, se, nos, vos, lhe, lhes. Nas frases, estes pronomes podem aparecer em três diferentes posições com relação ao verbo: antes, no meio ou depois do verbo. Vamos conhecê-las, então.

Para relembrar os pronomes oblíquos, átonos e tônicos, consulte o quadro estudado anteriormente.

UNI

3.1 PRÓCLISE

Chamamos de próclise quando o pronome se posiciona antes do verbo. Vamos conhecer algumas situações que determinam a próclise!

Usa-se a próclise depois de:

• advérbios (Ex.: Não me deixe esperando!);• pronomes demonstrativos (Ex.: Para Silva, isso se deve devido a misturas

homogêneas.);• pronomes indefinidos (Ex.: Poucos me disseram bom dia quando entrei.);

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TÓPICO 1 | AS CLASSES DE PALAVRAS

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• pronomes relativos (Ex.: Dentre os resíduos de plástico que se encontravam no mar, havia uma grande quantidade de canudos de bebidas.);

• conjunções subordinativas (Ex.: Os resultados do estudo contribuíram com a realidade ambiental, visto que se realizou uma intervenção no contexto a partir de uma pesquisa-ação);

• preposição seguida de gerúndio e infinitivo pessoal (Ex.: Em se tratando de aspectos metodológicos, o autor destaca cinco características de estudos qualitativos);

• frases optativas/que exprimem desejo (Esperamos que se contribua com o contexto educacional a partir do estudo realizado).

3.2 MESÓCLISE

Denomina-se mesóclise o fato de o pronome posicionar-se no meio do verbo. Em duas situações é admitido o emprego da mesóclise. Vejamos:

• Verbo no futuro do presente. Ex.: Comprar-te-ei um presente. (comprarei + te)

• Verbo no futuro do pretérito. Ex.: Comprar-te-ia um presente, se tivesse dinheiro. (compraria + te)

DICAS

Caso você não recorde a conjugação desses tempos, consulte o item VERBOS, estudado anteriormente neste livro.

3.3 ÊNCLISE

A ênclise ocorre quando o pronome se encontra depois do verbo. São justificativas para a ênclise:

• Frase iniciada com verbo. Ex.: Entregaram-me os relatórios no momento da reunião.

• Depois de pausa. Ex.: Crianças, comportem-se!• Verbo no infinitivo impessoal. Ex.: Irei contar-lhe tudo sobre a reunião.

Vamos praticar o que você estudou sobre os pronomes?

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UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

158

AUTOATIVIDADE

1 O livro é para _________ estudar ________ agora, mas não __________ encontrei na aula de hoje.

a) ( ) eu – com ele – ob) ( ) eu – com ele – lhe c) ( ) mim – consigo – lhe d) ( ) mim – contigo – te

2 Complete as lacunas com o pronome adequado:

1) _____ livro que você recebeu, é o livro de Comunicação e Linguagem? 2) _______ é meu paper da disciplina Seminário da Prática VI.

a) ( ) Esse – este b) ( ) Este – este c) ( ) Este – esse d) ( ) Esse – esse

3 Complete as lacunas com os pronomes oblíquos que substituam os pronomes retos de dentro dos parênteses, fazendo as modificações necessárias:

a) Envio ________ os livros pelo correio. (a eles)b) Encontraram _______ escondido nos fundos da escola. (ele)c) Quanto aos trabalhos de aula, fiz _________ dentro do prazo. (eles)d) Ao iniciar uma disciplina nova, você precisará do livro. Por isso, é preciso

buscar _________ no polo. (ele)

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159

Neste tópico, você aprendeu que:

• As classes de palavras são dez: substantivo, adjetivo, advérbio, numeral, artigo, preposição, conjunção, verbo, interjeição e pronome.

• O substantivo é a classe de palavras que dá nome aos seres.

• O substantivo pode se classificar em: comum, próprio, concreto e abstrato.

• O adjetivo caracteriza o substantivo.

• O adjetivo pátrio indica a localidade de origem.

• O advérbio tem a função de acompanhar e/ou modificar um verbo, um adjetivo ou um advérbio.

• O numeral é a classe de palavra que indica a quantidade.

• O numeral divide-se em quatro tipos: cardinal, ordinal, multiplicativo e fracionário.

• O artigo tem a função de determinar ou indeterminar o substantivo.

• Definidos e indefinidos são os tipos de artigo.

• As preposições são palavras que ligam dois termos. Elas podem ser essenciais e acidentais.

• A conjunção é a palavra que liga duas orações.

• A conjunção divide-se em coordenativa e subordinativa.

• A interjeição caracteriza-se por expressar alegria, espanto, tristeza, admiração.

• O ponto de exclamação acompanha a interjeição.

• O verbo é a classe gramatical mais variável, pois flexiona em pessoa, número, tempo, modo e voz.

• Existem três modos verbais: indicativo, imperativo e subjuntivo.

RESUMO DO TÓPICO 1

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160

• O modo indicativo divide-se entre os tempos: presente, pretérito imperfeito, perfeito e mais-que-perfeito e futuro do presente e do pretérito.

• O modo imperativo apresenta duas divisões. São elas: imperativo negativo e afirmativo.

• O modo subjuntivo apresenta três tempos. São eles: presente, pretérito imperfeito e futuro.

• As vozes verbais são divididas em: passiva, ativa e reflexiva.

• Pronome é a palavra que acompanha ou substitui um nome.

• São tipos de pronomes: pessoal, tratamento, possessivo, demonstrativo, interrogativo e relativo.

• O pronome pessoal subdivide-se em: caso reto, caso oblíquo e de tratamento.

• Empregamos os pronomes de tratamento para indicar o grau de formalidade existente entre as pessoas do discurso.

• O pronome pode aparecer em três posições na frase.

o Próclise: pronome antes do verbo.

o Mesóclise: pronome no meio do verbo.

o Ênclise: pronome depois do verbo.

Page 171: ComuniCação e Linguagem - UNIASSELVI

161

1 Leia a tirinha que segue:

AUTOATIVIDADE

FIGURA 7 – MAFALDA

Tem razão, Mafalda.Não posso ser uma mulhercomo nossas mães, que seconformavam em aprender

corte e costura.

Nossa geração édiferente, é a geração da

tecnologia, da era espacial, da eletrônica, etc.

Portanto,não vou cair na

mediocridade do corte ecostura! Nunca! A ciência

me chama!

Quando eu crescer,vou comprar umamáquina de tricô.

A cibernética me atrai!Adoro a cibernética!

FONTE: <https://d2q576s0wzfxtl.cloudfront.net/2018/01/10162528/921.png>. Acesso em: 13 ago. 2018.

Agora, destaque do primeiro quadrinho do texto:

a) Os verbos. _____________________________________________________

b) Os substantivos. _______________________________________________

2 Os pronomes de tratamento indicam o grau de formalidade existente entre as pessoas do discurso. Com base no exposto, indique o pronome de tratamento adequado para as seguintes situações:

a) Funcionários públicos graduados. ________________________________b) Altas autoridades do governo. ____________________________________c) Reis. __________________________________________________________d) Cardeais. ______________________________________________________e) Reitores de universidades. _______________________________________

3 A colocação pronominal pode ocorrer de três maneiras distintas. São elas: próclise (pronome antes do verbo), mesóclise (pronome no meio do verbo), ênclise (pronome depois do verbo). Baseando-se nisso, escreva:

• Uma regra para cada caso.• Elabore uma frase para exemplificar cada regra que você escreveu.• Socialize sua resposta com a turma e seu tutor externo.

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162

Page 173: ComuniCação e Linguagem - UNIASSELVI

163

TÓPICO 2

PONTUAÇÃO, ACENTUAÇÃO E O USO

DO HÍFEN

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃOTodos nós sabemos o valor do uso da pontuação e da acentuação adequada

e precisa, seja oral ou escrita.

Os sinais de pontuação são marcações gráficas que servem para compor a coesão e a coerência textual. Servem, também, para representar pausas, entonação e ritmo da língua falada. Seu uso é fundamental, dado que, se utilizados inadequadamente, podem levar a interpretações errôneas.

O mesmo acontece com a acentuação. Na Língua Portuguesa, a pronúncia é que permite ao leitor identificar o real significado das palavras. Observe a tirinha e tire suas conclusões quanto ao emprego do termo cágados com ou sem acento!

FIGURA 8 – CÁGADOS

Só os cágados, tem noção exata de como éimportante acentuar as palavras

corretamente.

FONTE: <http://3.bp.blogspot.com/_KLpOBs9YT5E/S8d4e8jEb7I/AAAAAAAAAfE/_fNGy-aa4o4/s640/c%C3%A1gados.PNG>. Acesso em: 13 ago. 2018.

Page 174: ComuniCação e Linguagem - UNIASSELVI

164

UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

2 O EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃONa linguagem escrita, utilizamos sinais para marcar pausas, ritmo,

divisões das ideias, relacionamento das palavras e grupos de palavras entre si, como também os sinais que indicam a entonação na voz e melodia do texto. Esses são chamados de sinais de pontuação e permitem à escrita maior clareza e simplicidade. Além de pausa na fala e entonação da voz, os sinais de pontuação reproduzem, na escrita, nossas emoções, intenções e anseios.

Nesta unidade, apresentaremos algumas das regras básicas para o uso adequado da pontuação. Este livro servirá de guia durante sua caminhada intelectual, aprimorando sua escrita e auxiliando-o na elaboração de papers, trabalho de conclusão de curso, provas dissertativas, relatórios de estágio, interpretação de textos e melhor desempenho em sua vida profissional durante a escritura e leitura de textos escritos. Vamos começar?

2.1 O PONTO

O ponto final representa a pausa máxima da voz. É empregado ao final de frases imperativas e declarativas (afirmativas). Exemplos:

Estude para a avaliação. (frase imperativa)Vamos redigir o relatório ainda hoje. (frase declarativa/afirmativa) Observe o texto a seguir, que traz mais informações sobre o uso do ponto final.

Ponto Final:

O ponto tem uso ortográfico em dois casos: para indicar o fim de período declarativo e no final de abreviaturas (ex.: Sr., a.C., V.Sa.). No primeiro caso, a função é sintática e equivale à pausa do discurso oral. No segundo caso, trata-se de uma convenção ortográfica para orientar a leitura e sem correspondência no discurso oral.

O uso do ponto como indicador de fim de período se dá no corpo de texto. Praticamente não se usa ponto com essa função em final de títulos, manchetes e em comunicação visual, mesmo que tenhamos, nesses casos, período completo.

Se o redator desejar, o ponto pode ser substituído pelo ponto de exclamação. Com isso, está sugerindo uma leitura mais intensa para o período. Nas frases interrogativas, a indicação de fim de período é feita pelo ponto de interrogação.

Se o período terminar com uma abreviatura, não se deve colocar dois pontos seguidos, um indicando final de período; e outro, abreviatura. Um ponto é considerado suficiente para representar as duas funções. Exemplo:

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TÓPICO 2 | PONTUAÇÃO, ACENTUAÇÃO E O USO DO HÍFEN

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Vários estados participarão do torneio: Paraná, Minas Gerais, São Paulo etc.

Algumas abreviaturas não são finalizadas com ponto, como as de unidades métricas. São exemplos: metro (m), grama (g), Kelvin (K).

FONTE: <http://radames.manosso.nom.br/linguagem/gramatica/grafologia/ponto/>. Acesso em: 13 ago. 2018.

Em abreviaturas também utilizamos o ponto final (exceto em unidades de medida: m (metros), h (horas), kg (quilogramas). Veja: Sr. (senhor), Sra. (senhora), Srta. (senhorita), p. (página), etc. (et cetera), Cia. (companhia).

Caro acadêmico, que tal exercitar um pouco os seus conhecimentos? Comente a utilização de pontos no texto seguinte.

Chegaram a Lisboa ao cair da tarde, na hora em que a suavidade do céu infunde nas almas um doce pungimento, agora se vê como tinha razão aquele admirável entendedor de sensações e impressões que afirmou ser a paisagem um estado de alma, o que ele não soube foi dizer-nos como seriam as vistas nos tempos em que não havia no mundo mais que pitecantropos, com pouca alma ainda, e além de pouca, confusa. Passados tantos milênios, e graças ao aperfeiçoamento, já pode Pedro Orce reconhecer na melancolia aparente da cidade a imagem fiel de sua própria tristeza íntima. Habituara-se à companhia destes portugueses que o tinham ido procurar às inóspitas paragens onde nascera e vivia, agora não tarda que devam separar-se, cada um para seu lado nem as famílias resistem à erosão da necessidade, que fariam simples conhecidos, amigos de fresca data e tenras raízes.

FONTE: SARAMAGO, José. A jangada de pedra. Porto Alegre: Companhia de Bolso, 2006, p.93.

Acesse o material de apoio para encontrar a resolução desta atividade.

UNI

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UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

2.2 DOIS-PONTOS

Os dois-pontos são empregados, na escrita, para marcar uma sensível suspensão da voz na melodia de uma frase não concluída. São empregados nos seguintes casos:

• Para iniciar uma enumeração. Exemplo:

O computador tem a seguinte configuração:- memória RAM 500 MB;- HD 120 GB;- fax-modem;- placa de rede;- som.

• Antes de uma citação. Exemplos:

“Eu lhe responderia: a vida é uma ilusão”... (A. PEIXOTO) Como já diz a música: o poeta não morreu.

• Para iniciar a fala de uma pessoa, personagem. Exemplo:

O repórter disse: – Nossa reportagem volta à cena do crime.

• Para indicar esclarecimento, um resultado ou resumo do que já foi dito. Exemplos: O Ministério da Saúde adverte: fumar é prejudicial à saúde.

Nota de esclarecimento: nossa empresa não envia e-mail a seus clientes.Quaisquer informações devem ser tratadas em nosso escritório.

2.3 O PONTO E VÍRGULA

Como o próprio nome indica, este sinal serve de intermediário entre o ponto e a vírgula, podendo aproximar-se ora mais daquele, ora mais desta, segundo os valores pausais e melódicos que representa no texto. Emprega-se o ponto e vírgula nos seguintes casos:

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TÓPICO 2 | PONTUAÇÃO, ACENTUAÇÃO E O USO DO HÍFEN

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• Para itens de uma enumeração. Exemplo: As vozes verbais são:

a) voz ativa;b) voz passiva;c) voz reflexiva.

• Para aumentar a pausa antes das conjunções adversativas – mas, porém, contudo, todavia – e substituir a vírgula. Exemplo:

Deveria entregar o documento hoje; porém só o entregarei amanhã à noite.

• Para separar orações coordenadas que já tenham vírgula em seu interior. Exemplo:

“Não gostem, e abrandem-se; não gostem, quebrem-se; não gostem, e frutifiquem”. (Pe. Antônio Vieira)

Chegamos ao final da explicação de mais um sinal de pontuação. O próximo que estudaremos é a vírgula. Esta requer muita atenção.

2.4 A VÍRGULA

A vírgula é um recurso textual que pode modificar o sentido do texto. Por isso, é sempre importante que você revise bem seus escritos para verificar se suas intenções estão claras. Para entender melhor sobre o que estamos falando, veja a figura a seguir:

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UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

FIGURA 9– VALOR SEMÂNTICO DA VÍRGULA

FONTE: <https://i.pinimg.com/564x/df/55/58/df5558ddab2789f46da6eebf0884649c.jpg>. Acesso em: 13 ago. 2018.

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TÓPICO 2 | PONTUAÇÃO, ACENTUAÇÃO E O USO DO HÍFEN

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A vírgula também marca uma pequena pausa e deve indicar uma mudança na entonação. Ela ainda é usada nos seguintes casos:

• Para separar o nome de localidades das datas. Exemplo:

Indaial, 14 de janeiro de 2012.

Salvador, 24 de dezembro de 2011.

Capivari de Baixo, 25 de março de 2011.

• Para separar o vocativo. Exemplo:

“Oremos, Maria, porque eu quero agradecer ao Divino Criador sua proteção

sobre esta casa”. (Cornélio Penna)

Senhor, eu preciso que você envie a ata da reunião com antecedência.

ATENCAO

Caro acadêmico, você recorda o que é VOCATIVO? Então, vamos conceituar. Vocativo é um termo que não possui relação sintática com outro termo da oração. Não pertence, portanto, nem ao sujeito nem ao predicado. É o termo que serve para chamar, invocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético. Por seu caráter, geralmente se relaciona à segunda pessoa do discurso.

• Para separar o aposto. Exemplo:

Pelé, o rei do futebol, é um grande ídolo para muitos jogadores.

Brasília, capital da república, fundou-se em 1960.

Brasil, um dos maiores países do mundo, tem parte da população que vive em baixas condições.

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UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

ATENCAO

APOSTO é um termo que se junta a outro de valor substantivo ou pronominal para explicá-lo ou especificá-lo melhor.

• Para separar expressões explicativas ou retificativas, tais como: isto é, aliás, além, por exemplo, além disso, então. Exemplos:

O sistema precisa de proteção, isto é, de um bom antivírus.

[...] além disso, precisamos de alunos conscientes.

Os visitantes viajaram ontem, aliás, anteontem.

• Para separar orações coordenadas assindéticas. Exemplos:

“Os anos vieram,/ o menino crescia,/ as esperanças maternas de D. Carmo iam morrendo”. (Machado de Assis)

Abriu a janela vagarosamente,/ sentiu o vento,/ foi até a sala,/ adormeceuem paz.

ATENCAO

Oração coordenada assindética é aquela colocada justaposta, ou seja, uma ao lado da outra, sem qualquer conectivo que as enlace.

• Para separar orações coordenadas sindéticas, desde que não sejam iniciadas por e, ou, nem. Exemplo:

“Nas horas nobres deitava no chão, cruzava as mãos debaixo da cabeça e ficava olhando as nuvens...” (Lygia Fagundes Telles)

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TÓPICO 2 | PONTUAÇÃO, ACENTUAÇÃO E O USO DO HÍFEN

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ATENCAO

Oração coordenada sindética é aquela ligada por uma conjunção coordenativa. No exemplo a conjunção coordenativa é a vogal “e”.

• Para separar orações adjetivas explicativas. Exemplos:

O motorista, que fumava nervosamente, ficou quieto. As crianças, que gostam de pular, divertiram-se muito.

ATENCAO

Oração adjetiva explicativa é aquela que acrescenta ao antecedente uma qualidade acessória, isto é, esclarece a qualidade ou a sua significação. No exemplo anterior, a oração adjetiva explicativa é introduzida pelo pronome relativo “que”.

• Para separar o adjunto adverbial. Exemplo:

Com a pá, retirou a sujeira.

ATENCAO

Adjunto adverbial é o termo da oração que indica uma circunstância (dando ideia de tempo, lugar, modo, causa, finalidade etc.). O adjunto adverbial é o termo que modifica o sentido de um verbo, de um adjetivo ou de um advérbio. No exemplo anterior, o adjunto adverbial indica modo.

• Para separar termos da mesma função sintática. Exemplos:

Gostava dos amigos, da cidade, das coisas.

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UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

Crianças, jovens e idosos participaram do manifesto contra a violência.

• Para separar elementos paralelos de um provérbio. Exemplos:

Tal pai, tal filho.

Casa de ferreiro, espeto de pau.

Quanto maior a nau, maior a tormenta.

Segundo o Dicionário Michaelis (2008, p. 709), um provérbio é: “Frase curta de caráter prático e popular [...] aforismo, anexim, ditado, máxima, rifão”.

NOTA

Vale ressaltar que, em alguns casos, é proibido o uso da vírgula. São eles:

• Entre o sujeito e o verbo de uma oração. Exemplo:

Alguns administradores estiveram no Congresso.

Note que o emprego de uma vírgula entre o sujeito (Alguns administradores) e o verbo (estiveram) não seria admissível, pois comprometeria a lógica estabelecida na relação sujeito-verbo.

• Entre o verbo de uma oração e seus complementos. Exemplo:

Alguns jovens ganharam um prêmio.

Perceba, acadêmico, que o emprego de uma vírgula entre o verbo (ganharam) e o objeto direto (um prêmio) não seria cabível, pois comprometeria a lógica estabelecida nesta relação - verbo e objeto direto.

Leia o trecho do texto que segue, o qual faz referência sobre a importância da vírgula nos textos escritos. Você perceberá que a falta dela ou o uso inadequado podem gerar informações distintas.

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A vírgula pode ser uma pausa ou não. Não, espere. Não espere. Ela pode sumir com o seu dinheiro. 23,4. 2,34. Pode ser autoritária. Aceito, obrigado. Aceito obrigado. Pode criar heróis. Isso só, ele resolve. Isso só ele resolve. A vírgula muda uma opinião. Não queremos saber. Não, queremos saber...

FONTE: <https://brainly.com.br/tarefa/14700527>. Acesso em: 13 ago. 2018.

DICAS

No Youtube, você encontrará a Campanha dos 100 anos da ABI, que aborda a importância da vírgula. Veja o vídeo <https://www.youtube.com/watch?v=NDn1tukRE_E> e reflita sobre algumas frases que nele se fazem presentes: • Não, espere! / Não espere!• Aceito, obrigado. / Aceito obrigado.• Isso só, ele resolve. / Isso, só ele resolve.• Esse, juiz, é corrupto. / Esse juiz é corrupto.• Vamos perder, nada foi resolvido. / Vamos perder nada, foi resolvido.• “Não queremos saber!” / “Não, queremos saber!”

Agora que já entendemos o importante papel que este sinal de pontuação assume em textos escritos, vamos adiante?

AUTOATIVIDADE

1 No trecho a seguir, de uma notícia do portal G1, a pontuação foi removida, dificultando nossa leitura. Leia atentamente o parágrafo e procure pontuar com vírgula, ponto final, e dois-pontos onde for necessário (ao total, serão três vírgulas; dois dois-pontos; dois pontos finais):

Em 1982 o humorista teve seu próprio programa "Estúdio A... Gildo" uma das últimas aparições do ator na televisão foi em um episódio especial de "Tá no Ar a TV na TV" da Rede Globo que homenageou grandes nomes do humor

FONTE: <https://g1.globo.com/pop-arte/noticia/agildo-ribeiro-morre-aos-86-anos.ghtml>. Acesso em: 28 abr. 2018.

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UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

2 Assinale a alternativa cuja vírgula está mal empregada:

a) ( ) As pesquisas sobre células-troncos, que foram empreendidas ao longo dos últimos cinco anos, revelaram resultados surpreendentes.

b) ( ) Este trabalho, tem o objetivo de realizar um levantamento bibliográfico das pesquisas de gênero no campo da educação no período de dez anos.

c) ( ) Com as entrevistas semiestruturadas, geram-se os dados qualitativos do estudo.

d) ( ) Utilizaram-se como principais instrumentos de pesquisa as entrevistas narrativas, diário de campo e questionários com perguntas abertas e fechadas.

3 Leia a frase a seguir:

“Se o homem soubesse o valor que tem a mulher andaria de quatro aos seus pés”.

Procure pontuar a frase com o uso da vírgula onde achar mais apropriado. Em seguida, reflita sobre a possibilidade de essa vírgula poder ser usada em outro espaço da frase, alterando seu sentido.

2.5 O PONTO DE INTERROGAÇÃO

É utilizado ao fim de uma palavra, oração ou frase, indicando uma pergunta direta. Exemplos:

Quem é você?

Por que não me disseram nada sobre o caso?

O ponto de interrogação não deve ser usado nas perguntas indiretas.Exemplo:

Perguntei a você quem estava no quarto.

Atenção! Compare: - Quem chegou? [= interrogação direta]

- Diga-me quem chegou. [= interrogação indireta]

2.6 O PONTO DE EXCLAMAÇÃO

É usado no fim de frases exclamativas, depois de interjeições ou do imperativo. Exemplos:

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Ah! Não se esqueça de trazer o material amanhã! (FRASE EXCLAMATIVA)

Nossa! Que lindo seu trabalho! (INTERJEIÇÃO)

Coração, para! Ou refreia, ou morre! (A. de Oliveira) (IMPERATIVO)

Leia a tirinha que segue. Nela, encontramos mais exemplos do emprego do ponto de exclamação.

FIGURA 10 – TIRINHA

FONTE: <http://mariabobrinha.blogspot.com/2008/04/melhor-tirinha-dos-ltimos-tempos.html>. Acesso em: 08 nov. 2018.

2.7 AS RETICÊNCIAS

Este sinal de pontuação marca uma suspensão na frase, devido, muitas vezes, a elementos de natureza emocional. Dito em outras palavras, as reticências indicam uma interrupção ou suspensão na sequência normal da frase. São usadas nos seguintes casos:

• Para indicar suspensão ou interrupção do pensamento. Exemplos:

Estava digitando quando...

Guiava tranquilamente quando passei pela cidade e...

• Para marcar suspensões provocadas por hesitações, surpresa, dúvida e timidez, comuns na língua falada. Exemplos:

Fiador... para o senhor?! Ora!... (G. AMADO) Falaram todos. Quis falar... Não pude...

Baixei os olhos... e empalideci... (A.TAVARES)

Adoro aNatureza!

Os passarinhos

moram dentrodo meu coração!

Voubater nessa

garota!

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UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

• Para indicar movimento ou continuação de um fato. Exemplo:

E as pessoas foram entrando...

2.8 AS ASPAS

São empregadas nos seguintes casos:

• Citações diretas. Exemplo:

Segundo Silva (2012, p. 91), a representação é “uma forma de atribuição de sentido. Como tal, a representação é um sistema linguístico e cultural: arbitrário, indeterminado e estreitamente ligado a relações de poder”.

Na disciplina de metodologia científica, você deve ter se deparado com a explicação de aspas nas citações, mas é sempre bom lembrar! Usamos aspas quando a citação é direta, isto é, quando trazemos um trecho literal da produção intelectual de outra pessoa. Além disso, para o uso de aspas, a citação direta precisa ser igual ou menor que três linhas. Se a citação direta for maior que isto, não utilizamos aspas para marcar o trecho citado, mas realizamos o recuo de 4 cm do trecho, com espaçamento simples entre linhas e tamanho da fonte em 10. Para relembrar esse conteúdo, não deixe de revisitar seu material de metodologia científica.

• Também usamos aspas na representação de nomes de livros e legendas. Exemplos:

Já li “O Ateneu”, de Raul Pompéia.

“Os Lusíadas”, de Camões, têm grande importância literária.

2.9 O TRAVESSÃO

Este sinal de pontuação é utilizado:

• Para indicar a mudança de interlocutor nos diálogos.

– Por que você não toca? – perguntei.– Eu queria, mas tenho medo.– Medo de quê?... (José J. Veiga. Os cavalinhos de Platiplanto)

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TÓPICO 2 | PONTUAÇÃO, ACENTUAÇÃO E O USO DO HÍFEN

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Neste exemplo, você pode perceber que a mudança de interlocutor é indicada através do uso do travessão, certo? Em outro gênero literário (histórias em quadrinhos), a mudança de interlocutor é marcada através da mudança de balões. Veja:

FIGURA 11 – Calvin e Hobbes

FONTE: <http://i.imgur.com/SjzYc85.gif>. Acesso em: 05 nov. 2018.

• Para isolar a fala da personagem da fala do narrador. Exemplo:

– Que deseja agora? – gritou-lhe afinal, a voz transtornada.– Já não lhe disse que não tenho nada a ver com suas histórias? (Fernando Sabino)

• Para destacar ou isolar palavras ou expressões no interior das frases (como se fossem parênteses). Exemplo: Grande futuro? Talvez naturalista, literato, arqueólogo, banqueiro, político, ou até bispo – bispo que fosse –, uma vez que fosse um cargo... (Machado de Assis).

2.10 OS PARÊNTESES

Este sinal de pontuação tem a função de intercalar, no texto, qualquer indicação acessória. É geralmente utilizado nos seguintes casos:

• Na separação de indicação de ordem explicativa. Exemplo:

Como vamosbrincar de guerra?

Tem tantosmodelos.

Eu serei o des-temido americano,

defensor daliberdade e dademocracia.

...E você vai ser orepugnante e dis-crente comunista

opressor.

Nós começamos a guerra, aise você for acertado por umdardo, você esta morto e o

outro lado ganha, ok? Certo.

Tipo de brinca-deira estúpida

não acha?

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UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

Predicado verbo-nominal é aquele que tem dois núcleos: o verbo (núcleo verbal) e o predicativo (núcleo nominal).

• Na separação de um comentário ou reflexão. Exemplo:

Os escândalos estão se proliferando (a imagem política do Brasil está manchada) por todo o país.

• Para separar indicações bibliográficas. Leia o poema que segue, ele será nosso exemplo:

Pra que partiu?Estou sentado sobre a minha mala

No velho bergantim desmantelado...Quanto tempo, meu Deus, malbaratado Em tanta inútil, misteriosa escala!

(Mario Quintana, A Rua dos Cata-Ventos, Porto Alegre, 1972).

Depois de conhecermos detalhadamente os sinais de pontuação e suas funções, observe o texto que segue. Os sinais de pontuação foram omitidos propositalmente. Para você, qual a pontuação correta? De que forma você pontuaria o fragmento que segue? Reescreva-o e depois socialize o resultado com a turma. Você perceberá que o sinal de pontuação pode mudar todo o sentido conforme for empregado.

Um homem rico estava muito mal. Pediu papel e pena, escreveu assim:

“deixo meus bens à minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga aconta do alfaiate nada dou aos pobres” (autor desconhecido)

Morreu antes de fazer a pontuação. A quem ele deixou a fortuna?

3 A ACENTUAÇÃO DAS PALAVRASVocê já parou para pensar como seria complexo para um leitor

compreender um texto sem uso da acentuação? Pense, por exemplo, como o acento é responsável para evitar ambiguidades ou trocas em palavras que teriam a mesma grafia, se não fosse o acento (é/e; está/esta/ substância/substancia). Na língua escrita, existem sinais que acompanham as letras. Tais sinais estão relacionados à pronúncia das palavras. O acento gráfico é um desses sinais e possui três nomenclaturas. São elas:

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TÓPICO 2 | PONTUAÇÃO, ACENTUAÇÃO E O USO DO HÍFEN

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• agudo (´);• circunflexo (^);• grave (`).

Antes de iniciarmos o estudo da acentuação gráfica, devemos conhecer a sílaba tônica das palavras. Todas as palavras da língua portuguesa apresentam uma sílaba mais forte. Sílaba tônica é aquela pronunciada com mais intensidade, mais força. As demais sílabas de uma palavra são chamadas átonas.

Só existe uma sílaba tônica em cada palavra. Por exemplo: na palavra cadeira, a sílaba tônica é a penúltima (dei); as outras, (ca) e (ra) são átonas. Na língua portuguesa, a sílaba tônica só pode ocorrer nas três últimas sílabas (sempre contadas de trás para frente): quando ocorre na última é chamada de oxítona; na penúltima, de paroxítona; e na antepenúltima, de proparoxítona. Vamos conhecer as particularidades de cada classificação.

3.1 A CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM A TONICIDADE DAS SÍLABAS

Como vimos, de acordo com a classificação da sílaba tônica, as palavras podem ser: oxítona, paroxítona e proparoxítona. Vejamos exemplos:

Pa-le-tó (última) - oxítona

Pa-li-to (penúltima) - paroxítona

Pá-li-do (antepenúltima) - proparoxítona

Em todos os exemplos mencionados, temos palavras com mais de uma sílaba. Existem, todavia, em nossa língua, palavras com uma única sílaba. São os chamados monossílabos, que podem ser tônicos ou átonos. Confira:

Monossílabos tônicos: são independentes e possuem a mesma força das sílabas tônicas. Ex.: há, pá, pó, lês.

Monossílabos átonos: precisam de outras palavras que lhes deem suporte, pois não são independentes e se parecem com sílabas átonas. Além disso, não têm sentido quando usadas de forma isolada. Fazem parte desse grupo os artigos, pronomes oblíquos, preposições, junções de preposições e artigos, conjunções, pronome relativo que. Ex.: o, a, os, as, lhe, com etc.

Agora que já sabemos o que é tonicidade e que, conforme a posição da sílaba tônica, as palavras podem ter classificações diferentes, veremos em quais situações devemos acentuar as palavras. Preparado? Então, vamos em frente!

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UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

ATENCAO

Nem todas as palavras da nossa língua são acentuadas graficamente. Apesar de existirem palavras que não levam acento, elas possuem sílaba tônica. Veremos adiante em que ocasiões devemos acentuar as palavras, conforme algumas regras. Lembre-se de que quando uma palavra recebe acento, este deve ser colocado necessariamente na sílaba tônica.

As regras de acentuação gráfica relacionam-se ao emprego dos acentos agudo e circunflexo. Veja a seguir as regras de acentuação gráfica das palavras proparoxítonas, paroxítonas e oxítonas.

DICAS

Para compreender as explicações a seguir, você precisa ter um conhecimento prévio acerca de sílabas e separação de sílabas. Caso precise revisitar esse conteúdo, recomendamos que acesse o site a seguir: <https://www.gramaticaparaconcursos.com/2014/06/regras-de-separacao-de-silabas.html>. Você também pode acessar vídeos disponíveis no Youtube para complementar seus estudos, como o vídeo: <https://www.youtube.com/watch?v=J9n6mT0wnUA>. Não deixe de tirar suas dúvidas com a equipe da UNIASSELVI!

Proparoxítonas: todas as palavras levam acento. Ex.: sábado, elétrico, música, matemática, límpido, lúcido, lâmpada, fôlego, excêntrico, gênio, crânio, sílaba etc.

Paroxítonas: acentuam-se todas as palavras paroxítonas com a seguinte terminação:

• L – amável, louvável, túnel...• N – elétron, próton, hífen...• R – açúcar, câncer...• X – ônix, tórax...• Ps – bíceps, tríceps, fórceps...• us – vírus, bônus, ânus...• ã(s) – órfã, ímã...• ão(s) – bênção, órfãos, órgãos...• ei(s) – pônei, jóquei...

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TÓPICO 2 | PONTUAÇÃO, ACENTUAÇÃO E O USO DO HÍFEN

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• i(s) – táxi, júris, tênis...• um, uns – bônus, álbum, álbuns...• Ditongo crescente – sério, ânsia, mágoa, substância...

Oxítonas: acentuam-se todas as palavras oxítonas terminadas em:

• a(s) – Pará, sofás, babá, está...• e(s) – café, chulé, boné, pontapé...• o(s) – jiló, avó, avôs...• em, ens – também, parabéns, alguém...

ATENCAO

Muitas pessoas costumam acentuar palavras oxítonas terminadas em “U”. Lembre- se: oxítonas terminadas em “U” não são acentuadas. Portanto, as palavras: angu, anu, Aracaju, babaçu, belzebu, bambu, iglu, Iguaçu, inhambu, Itaipu, Itu, jaburu, jacu, peru, pirarucu, surucucu, tatu e tantas outras não recebem acento.

O Acordo Ortográfico de 1991 (uso oficial no início de 2012) permitiu o uso tanto do acento agudo quanto do circunflexo nos casos de vogais finais tônicas “e” e “o” em posição final de sílaba, seguidas de “m” ou “n”, das palavras paroxítonas e proparoxítonas. No Brasil, usa-se o circunflexo e, em Portugal, agudo. Ex.: ônix/ónix, acadêmico/académico.

NOTA

Além dessas regras, existem outras muito importantes, e devem ser estudadas. Vejamos:

• Regra do U e do I: quando a vogal I ou U estiver sozinha na sílaba ou acompanhadas de S, em uma sílaba tônica, e formar um hiato com a vogal anterior, deve ser acentuada. Ex.: sa-ú-de, ca-ís-te, ra-í-zes, Cam-bo-ri-ú.

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UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

Hiato é o encontro de dois sons vocálicos pronunciados em sílabas separadas.Ex.: escoar (es-co-ar), traído (tra-í-do).

NOTA

• Regra do U e do I: não há acento no I e U tônico dos hiatos quando vierem precedidos de ditongo. Ex.:

ANTES do Acordo AGORA

Bocaiúva Bocaiuva

feiúra feiura

Ditongo é o encontro de dois sons vocálicos na mesma sílaba

NOTA

• Regra do U e do I: não devem ser acentuadas as palavras em que o I e U forem tônicos, porém sucedidos de NH. Ex.: ba-i-nha, ta-i-nha, ra-i-nha.

• Regra dos hiatos: quando a palavra paroxítona terminar em hiato OO e EE, o acento não deve mais existir. Ex.: voo, enjoo, leem, creem.

AUTOATIVIDADE

1 Acentue, quando for possível, as palavras a seguir e explique a regra que lhe norteou para a acentuação:

a) Coco (fruta): _______________________________________________________b) Estuda-lo: _________________________________________________________c) Viuva: ____________________________________________________________d) Estatico: __________________________________________________________e) Urubu: ____________________________________________________________f) Pantano: ___________________________________________________________

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TÓPICO 2 | PONTUAÇÃO, ACENTUAÇÃO E O USO DO HÍFEN

183

4 CRASEA crase é um fenômeno fonético que corresponde à união do a preposição

com o a artigo, ou ainda os pronomes demonstrativos aquele, aquela. Quando ocorre essa união, devemos indicá-la com o acento grave. Existem regras para o uso correto do acento grave. Para melhor explicação e visualização, dispomo-las em um quadro, que segue:

QUADRO 22 - CRASE

CASOS OBRIGATÓRIOS USO IMPRÓPRIO DA CRASE

Diante de nome feminino acompanhado de artigo. Diante de nomes masculinos.

Diante de nomes de cidade e países particularizados. Antes de verbo.

Diante de demonstrativos começados por a. Antes de palavras de sentido indefinido.

Nas locuções formadas por nomes femininos.

Antes da palavra casa, quando significar lugar onde o falante mora.

Diante de pronomes possessivos que se referem a substantivo oculto.

Antes da palavra terra, no sentido de chão firme.

Antes de palavras tomadas em sentido geral.

Nas expressões de palavras repetidas.

Antes de pronomes pessoais de tratamento.

FONTE: As autoras

Estas são as regrinhas para o uso da crase, no entanto, nem sempre é simples identificar se a palavra admite ou não o artigo. No caso de nomes de lugares, uma maneira prática de identificar a crase (fusão de a + a) é construindo uma frase com o verbo voltar. Ficou complicado? Vamos ver um exemplo:

Fui a São Paulo.Voltei de São Paulo. Note que a preposição de não admite artigo.

Fui à Bahia.Voltei da Bahia. Neste caso, a preposição da é formada pela preposição

de + a, logo, ocorre a fusão de a + a quando dizemos “Fui à Bahia”. Portanto, há o emprego do acento grave.

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184

UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

Existem, ainda, casos em que o emprego da crase é facultativo. São eles:

• Antes de nomes femininos referentes a pessoas. Ex.:

Quando questiono problemas sobre a empresa, refiro-me a Ariane.

Quando questiono problemas sobre a empresa, refiro-me à Ariane.

• Antes de pronomes possessivos femininos. Ex.:

A felicidade está relacionada a nossa capacidade de colocar-se no lugar do outro.

A felicidade está relacionada à nossa capacidade de colocar-se no lugar do outro.

Para usar corretamente o sinal grave (indicativo de crase), é necessário atenção.

AUTOATIVIDADE

1 Em uma das frases abaixo a crase foi empregada incorretamente. Localize o erro e explique porque é incorreto utilizar crase nessa situação.

a) ( ) Iremos à fazenda amanhã.b) ( ) A professora fez críticas à algumas alunas.c) ( ) Ela está à espera de vocês.d) ( ) Vou à biblioteca depois da aula.

2 Verifique, novamente, a alternativa que apresenta o emprego incorreto da crase.

a) ( ) O suspeito não estava disposto à colaborar com as investigações.b) ( ) Os dois times estavam frente à frente novamente para disputar o prêmio.c) ( ) Os estudantes foram à São Paulo para assistir ao show.d) ( ) Nenhuma frase aplica corretamente a crase.

3 Complete as lacunas com a ou à:

“Ontem fui _______ aula para realizar _______ avaliação de Comunicação e Linguagem. O livro, apresentou tópicos desde classes de palavras _______ estudos da acentuação. Por isso, comecei _______ estudar bastante desde o início da disciplina”.

Agora, convidamos você a iniciar o estudo sobre a hifenização!

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TÓPICO 2 | PONTUAÇÃO, ACENTUAÇÃO E O USO DO HÍFEN

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5 HÍFENIniciamos, agora, mais uma etapa de estudos. Apresentamos a seguir as

regras da hifenização. Veremos uma a uma, seguidas de exemplos para facilitar e aprimorar sua escrita. Este livro será, durante sua caminhada intelectual, uma ferramenta indispensável e de constante consulta, deixando-o mais seguro na sua escrita, durante a produção de trabalhos, elaboração de e-mails, relatórios, atas, ofícios e demais documentos presentes em sua vida acadêmica, pessoal e profissional. Vamos iniciar?

a) Em locuções: em geral, não recebem hífen, sejam substantivas, adjetivas pronominais, adverbiais, prepositivas ou conjuncionais. Exemplos:

• Locuções substantivas: ponto e vírgula, fim de semana, sala de jantar, comum de dois.

• Locuções adjetivas: à toa, cor de café com leite.

• Locuções pronominais: ele próprio, quem quer que seja, nós mesmos.

• Locuções adverbiais: à vontade, a olhos vistos, tão somente.

• Locuções prepositivas: por cima de, abaixo de, a cerca de, apesar de.

• Locuções conjuncionais: ao passo que, logo que, por conseguinte.

Caro acadêmico! Vimos que as locuções, em geral, não recebem hífen. Em algumas delas, porém, o uso do hífen tornou-se consagrado e permaneceu, mesmo depois da última reforma ortográfica. São elas: cor-de-rosa, mais-que-perfeito, água-de-colônia, arco-da-velha, pé-de-meia, à queima-roupa, ao deus-dará.

Agora, vamos em frente! Falaremos das palavras compostas.

b) Em compostos:

• Palavras compostas por aglutinação, aquelas que têm mais de um radical, mas se unem e se integram, formando uma só palavra, não recebem hífen. Veja alguns exemplos:

Girassol Paraquedas

Pontapé Mandachuva

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UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

• Usa-se o hífen em compostos com elementos repetidos, alternadamente ou não. Exemplos:

blá-blá-blá zigue-zague

lenga-lenga zás-trás

Bom, até aqui tudo certo, não é mesmo? Agora, vamos conhecer as regras da hifenização nas formações com prefixos. Nessas formações, as regras apresentam-se mais detalhadas. São vários os casos, precisamos conhecê-los separadamente.

c) Em formações com prefixos:

• Devemos hifenizar quando a palavra é formada por um prefixo ou (falso prefixo) terminado por vogal igual à vogal que inicia o segundo elemento. Exemplos:

anti-ibérico contra-assalto

anti-iluminismo micro-ondas

auto-ônibus sobre-estimar

semi-improviso sobre-exposição

FALSOS PREFIXOS são elementos de composição que ora funcionam como radicais, ora como prefixos. Como exemplos, podemos citar: mal, proto, auto, contra, semi, pseudo, infra, neo, entre outros.

NOTA

Leia a tirinha em destaque, da Turma do Português.

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TÓPICO 2 | PONTUAÇÃO, ACENTUAÇÃO E O USO DO HÍFEN

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FIGURA 12 – TURMA DO PORTUGUÊS

Ana,to tentandoentender o

que é um falsoprefixo. Você já

viu algum?

Shirley, fofa.O Bomba ta com uma dúvida. Jáfalo com você.

Sei sim.É quando não

acerto o prefixodo telefone da vó que mora em outro estado.

Ana,depois dessavou colocar um hífen na

nossa relação.

Assim como os

anti-ignorantes fazem!

em... um hífen entre nós

• Não devemos hifenizar quando o primeiro elemento termina por vogal diferente daquela que inicia o segundo elemento. Exemplos:

aeroespacial Antialcoólico

autoescola Extraescolar

infraestrutura Infraumbilical

plurianual Pluriocular

• Nos casos em que o segundo elemento iniciar pela mesma consoante dos prefixos, hiper, inter, sub e super, devemos escrever com hífen. Exemplos:

hiper-realista inter-relação

sub-base super-regeneração

• Usa-se o hífen nos casos de “sub” e “sob”, também diante de palavra iniciada por “r”. Exemplos:

sub-região sub-reitor

sub-regional sob-roda

Seguindo, temos as palavras iniciadas com H. Estas devem seguir as regras:

• Usa-se o hífen diante de palavra iniciada por h. Exemplos:

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UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

anti-higiênico anti-histórico

auto-hemoterapia contra-habitual

macro-história super-homem

• Com prefixos acentuados graficamente, como: pós, pré e pró, e seguidos de palavras independentes, usa-se o hífen. Exemplos:

pós-classicismo pré-contratação

pós-data pré-medicação

pró-forma pró-homem

• Não se usa o hífen quando o prefixo terminar por vogal e a outra palavra começar por r ou s. Neste caso, dobram-se essas letras. Exemplos:

minissaia antirracismo

ultrassom semirreta

• Usa-se o hífen com os prefixos circum e pan diante de palavra iniciada por “m”, “n”, “h” e “vogal”. Exemplos:

circum-murado circum-navegação

pan-americano pan-hidrômetro

• Os prefixos co, pro, pre e re unem-se ao segundo elemento, mesmo quando este inicia com “o” e “e”. Exemplos:

Coacusado cocontratado

Preexistente prodivisão

Reeleição reescrever

Note que, neste caso, os prefixos pro e pre não estão acentuados graficamente, portanto são escritos aglutinadamente (junto).

UNI

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TÓPICO 2 | PONTUAÇÃO, ACENTUAÇÃO E O USO DO HÍFEN

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• Quando o primeiro elemento é um dos prefixos ex, sota, soto, vice, usa-se o hífen. Exemplos:

ex-voto sota-embaixador

soto-general vice-tutor

• Não devemos usar o hífen em palavras em que o primeiro elemento termina com consoante e o segundo inicia com vogal. Exemplos:

hiperárido interacadêmico Superácido

Outra dica importante em se tratando de hifenização é de que não devemos hifenizar vocábulos que tragam o NÃO com função prefixal. Observe alguns exemplos:

não agressão não violência não participação

AUTOATIVIDADE

1 Você estudou que locuções (sejam substantivas, adjetivas pronominais, adverbiais, prepositivas ou conjuncionais) e palavras compostas por aglutinação, em geral, não recebem hífen.

Assinale a alternativa que apresenta o uso de hífen incorretamente:a) ( ) fim-de-semana, semi-estruturada.b) ( ) lenga-lenga, micro-ônibus.c) ( ) semi-improviso, inter-relação.d) ( ) sub-regional, anti-higiênico.

2 Escolha a alternativa que apresenta o uso correto do hífen:a) ( ) pós-guerra.b) ( ) pós guerra.

3 Escolha a alternativa que apresenta o uso correto do hífen:a) ( ) ultra-sonografia.b) ( ) ultrassonografia.

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UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

4 Escolha a alternativa que apresenta o uso correto do hífen:a) ( ) pan-americano.b) ( ) panamericano.

5 Escolha a alternativa que apresenta o uso correto do hífen:a) ( ) co-oficial.b) ( ) cooficial.

6 Escolha a alternativa que apresenta o uso correto do hífen:a) ( ) vice reitor.b) ( ) vice-reitor.

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Neste tópico, você aprendeu que:

• Os sinais de pontuação são recursos próprios da língua escrita.

• Não possuem critérios rígidos a serem seguidos.

• O ponto final representa a pausa máxima da voz.

• O ponto de interrogação é usado ao final das interrogações diretas.

• O ponto de exclamação é empregado ao final de frases exclamativas e/ou imperativas.

• A vírgula pode ser um recurso importante para definir sentidos diferentes para o texto, por isso seu uso deve ser analisado com cautela.

• A vírgula também é usada para separar datas, vocativo, aposto e elementos de um provérbio.

• O ponto e vírgula não tem função nem de vírgula nem de ponto final (mas funciona como um intermediário entre os dois) e é especialmente usado para separar itens em uma enumeração.

• Os dois-pontos marcam uma sensível suspensão da voz numa frase não concluída.

• As reticências são empregadas para realçar uma palavra ou expressão.

• Nas citações empregamos as aspas.

• Os parênteses intercalam, no texto, informação acessória.

• Usa-se o travessão para evidenciar palavras.

• A classificação das palavras se dá por meio da sílaba tônica.

• As oxítonas são palavras que possuem a última sílaba tônica.

• As paroxítonas são palavras que possuem a penúltima sílaba tônica.

RESUMO DO TÓPICO 2

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• As proparoxítonas são palavras que possuem a antepenúltima sílaba tônica.

• Todas as palavras proparoxítonas da língua portuguesa recebem acento gráfico.

• Não existe, na língua portuguesa, palavra acentuada além da antepenúltima sílaba.

• Ditongo é o encontro de duas vogais na mesma sílaba.

• Hiato é o encontro de duas vogais em sílabas diferentes.

• Tritongo é o encontro de três vogais na mesma sílaba.

• A crase é a fusão de a + a.

• Grave é o nome do acento indicativo de crase.

• Não se utiliza crase diante de nomes masculinos ou verbos no infinitivo.

• Antes das palavras: distância, terra e casa, em geral, não se deve utilizar acento grave.

• Deve-se empregar a crase diante de palavras femininas acompanhadas de artigo.

• O hífen é utilizado na separação das sílabas.

• Utiliza-se a hifenização para separar os verbos dos pronomes oblíquos átonos.

• Falso prefixo é um elemento de composição que funciona como radical ou prefixo.

• As locuções, em geral, não devem ser hifenizadas.

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AUTOATIVIDADE

1 Sobre a acentuação das palavras e de acordo com as regras estudadas, acentue, se necessário, as palavras abaixo e, em seguida, explique e justifique por que tal vocábulo deve ou não receber acento gráfico.

a) social: ____________________________________________________________b) historia: __________________________________________________________c) geleia: ____________________________________________________________d) enjoo: ____________________________________________________________e) juizes:_____________________________________________________________f) carater:____________________________________________________________

2 Sobre o uso do acento grave (indicativo de crase), indique em qual(is) alternativa(s) pode ocorrer a crase (fusão de a + a).

a) Começaram a chorar assim que souberam.b) Usava chapéu a Santos Dumont.c) Comprava a prazo e vendia a vista.d) Dirigi-me a Vossa Excelência.e) Vou a terra de meus pais.

3 Vamos colocar em prática o que você aprendeu sobre a hifenização. Nas formações com prefixos e com falsos prefixos, usaremos o hífen somente em alguns casos. Assinale a forma correta e explique o uso ou não uso do hífen.

a) ( ) autorretrato: ___________________________________________________b) ( ) automedicação: ________________________________________________c) ( ) contraindicação: ________________________________________________d) ( ) contrassenso: __________________________________________________e) ( ) extraoficial: ____________________________________________________f) ( ) infraassinado: __________________________________________________g) ( ) infrarrenal: ____________________________________________________h) ( ) intrauterino: ___________________________________________________i) ( ) neoamburguês: ________________________________________________

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TÓPICO 3

LÍNGUA PORTUGUESA: DÚVIDAS

PERTINENTES NA ESCRITURA DE

UM TEXTO

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃOO processo de escrita é uma experiência única, individual e dialógica. É

individual e única porque a escritura de um texto provoca escolhas individuais quanto ao que e como se quer dizer. É dialógica porque se escreve relacionando a nova ideia a ideias já escritas ou lidas.

Além do contexto exposto, escrever implica o domínio de determinados procedimentos, como o de planejar o que vai ser escrito, redigir o que foi planejado, revisar o que foi redigido e reescrever o que foi produzido e revisado. Ainda se deve prestar atenção a expressões ambíguas ou ao uso de palavras estrangeiras, entre outras ocorrências.

ATENCAO

A revisão do texto corresponde à conferência de alguns elementos da escrita, como: coesão e coerência, ortografia, acentuação, concordância e pontuação. Devemos sempre revisar o que escrevemos mais de uma vez, pois revisar faz toda a diferença para a compreensão do leitor, já que evita frases muito longas no seu texto, problemas de concordância (que levam o leitor a se perder nas informações), problemas com ambiguidade, dentre outros. Por isso, ao longo de suas atividades acadêmicas e profissionais, destine sempre bastante tempo para revisão e reescrita de seus trabalhos. Quando possível, peça para que algum colega leia para que você perceba se seu texto está compreensível para diferentes leitores.

Assim, vamos estudar a partir de agora alguns importantes itens na elaboração da escritura de um bom texto. Vale a pena continuar e verificar!

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UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

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2 AMBIGUIDADEA ambiguidade consiste na duplicidade de sentido e, acredite, nem

sempre ela é um problema. Muitas vezes, a ambiguidade é fruto de uma intenção determinada e clara, encontrada especialmente em textos publicitários e humorísticos. Em outras ocasiões, porém, ela surge sem que seja desejada e pode até causar algum tipo de constrangimento.

Observe os textos:

Texto 1

FIGURA 13 - PROPAGANDA

FONTE: <https://bit.ly/2CR3oJp>. Acesso em: 17 out. 2018.

Texto 2

O garçom pergunta a um sujeito que entra no bar:- O senhor, o que toma? Ele responde:- Eu tomo uma boa vitamina pela manhã, remédio para combater

minhador nas costas e, aos sábados, uma cervejinha com os amigos.- Acho que o senhor não me entendeu – diz o garçom. O que eu perguntei é

o que o senhor gostaria!- Ah, bom! Eu gostaria de ser rico, de ter uma casa na praia, de viajar

bastante...- O que eu quero saber é o que o senhor quer para beber! – diz o garçom,

já irritado.

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TÓPICO 3 | LÍNGUA PORTUGUESA: DÚVIDAS PERTINENTES NA ESCRITURA DE UM TEXTO

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- Ah, bom! Vamos ver... que é que você tem?- Eu? Nada, não, só um pouco chateado porque o meu time perdeu, o

salário daqui é muito baixo, eu estou me sentindo sozinho...

FONTE: <http://www.sobobagem.com.br/shtml/345.shtml#.W8e1W2hKjIU>. Acesso em: 18 out. 2018.

No Texto 1, você pode notar que a ambiguidade foi intencional, ou seja, no texto publicitário foi explorado o duplo sentido com a intenção de despertar, no interlocutor, a devida atenção.

No Texto 2 a ambiguidade surgiu sem ser desejada, ou seja, não era intencional num primeiro momento. Podemos dizer, então, que a ambiguidade é um vício de linguagem muito encontrado em textos publicitários e humorísticos.

Ambiguidade, como vimos, significa duplo sentido. Você sabia que ela tem outro nome? Isso mesmo, anfibologia é um sinônimo da palavra ambiguidade.

NOTA

Leia as frases que seguem:

A caixa caiu perto do supermercado.

Comprou balas perto da praia.

Suas ações lhe trouxeram muitos bens.

Note que as palavras em negrito podem deixar o enunciado dúbio. Na primeira frase, quem caiu? A caixa (embalagem) ou a mulher que trabalha na caixa registradora? É essa dupla interpretação que se chama ambiguidade. Normalmente os contextos linguístico e situacional indicam qual a interpretação correta. Agora descubra a ambiguidade presente nas demais frases acima.

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UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

198

AUTOATIVIDADE

1 A imagem a seguir é um recorte das informações de um software disponível para download. Na imagem, você vê o seguinte destaque: “Está em dúvida quanto à configuração de sua máquina? Então acabe com ela agora mesmo!”.

FONTE: <https://seumadruga72.files.wordpress.com/2009/10/ambiguidade.jpg>. Acesso em: 30 abr. 2018.

a) Localize no texto a ambiguidade e explique quais são as possíveis significações que podemos criar a partir dessa ambiguidade.

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

b) Procure reescrever o excerto destacado a fim de eliminar a ambiguidade que você encontrou na questão anterior:

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3 ESTRANGEIRISMOSEntende-se por estrangeirismos palavras e expressões de línguas

estrangeiras utilizadas cotidianamente em um país onde a língua oficial é outra, como no caso do Brasil: o uso do inglês “misturado” com a Língua Portuguesa.

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TÓPICO 3 | LÍNGUA PORTUGUESA: DÚVIDAS PERTINENTES NA ESCRITURA DE UM TEXTO

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É importante notar que a língua está em constante modificação. A própria evolução dos costumes, das ideias, enfim, da vida social de modo geral, estabelece a criação de novas palavras e formas de dizer certos vocábulos.

Os estrangeirismos são vocábulos, expressões e estruturas que se incorporam ao repertório e à estrutura da língua portuguesa, ou seja, integram-se ao código linguístico do português do Brasil. Da mesma maneira que transformam a língua portuguesa, os empréstimos de outras línguas, especialmente a língua inglesa, também sofrem adaptações ao incorporarem-se ao seu léxico. O português do Brasil conhece bem a influência de outras culturas e línguas, o que, ao contrário do que muitos denunciam, não empobrece a língua, mas a enriquece (FARELLI, 2001, p. 13).

Novas palavras são instituídas como produto da dinâmica social e incorporadas ao idioma inúmeras expressões de origem estrangeira – os estrangeirismos, que vêm para indicar ou explicar realidades não contempladas no repertório da língua portuguesa.

Vamos conhecer o uso de estrangeirismo em nosso cotidiano, através da figura que segue:

FIGURA 14 – ESTRANGEIRISMO

FONTE: <http://www.unesp.br/aci/jornal/151/estrangeirismos.JPG>. Acesso em: 13 ago. 2018.

Percebeu como estamos cercados de estrangeirismos na nossa vida cotidiana? Palavras como food delivery, sale, off, welcome, estão na nossa vida globalizada. Além delas, ainda temos muitas outras, como delete, enter, notebook, entre outras. O problema do abuso de estrangeirismos, se desnecessários ou deslocados do seu contexto, é normalmente causado ou pelo desconhecimento da riqueza vocabular de nossa própria língua, ou pela incorporação acrítica do estrangeirismo.

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UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

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Lembre-se, acadêmico, ao utilizar palavras estrangeiras elas devem ser grafadas

em itálico

UNI

4 PLEONASMOVocê já ouviu alguém falando: entrar para dentro, subir pra cima,

hemorragia de sangue, goteira no teto, certeza absoluta ou ainda prefeitura municipal? Pois bem, essas expressões são vícios de linguagem e não são aceitas nas normas mais prestigiadas da língua portuguesa.

Observe:

FIGURA 15 – PLEONASMO

FONTE: <http://1.bp.blogspot.com/_qyuOh9JmfR0/S6_0uThqVFI/AAAAAAAAAFU/lJwwIk6HRWQ/w1200-h630-p-k-no-nu/pleonasmo.jpg>.

Acesso em: 13 ago. 2018.

Enfermeira,eu estou com uma dor

que dói muito.

HÃ!?Você está

é com pleonasmo! OHH!!!!E isso é graveenfermeira?

Perceba, acadêmico, que pleonasmo é a repetição desnecessária de uma informação. Na tirinha em questão, o paciente relata que está com uma dor que dói. A repetição da palavra “dói” é desnecessária, visto que “dor” dá conta de transmitir a mensagem.

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TÓPICO 3 | LÍNGUA PORTUGUESA: DÚVIDAS PERTINENTES NA ESCRITURA DE UM TEXTO

201

5 EXPRESSÕESVocê certamente já teve dúvidas ao utilizar algumas expressões, não é

mesmo? Pois bem, neste momento, pretendemos dirimi-las de uma maneira simples e prática a fim de contribuir em sua vida acadêmica e profissional, quando em momentos de escrita.

Salientamos novamente a importância de grafar as palavras de acordo com a norma padrão da língua portuguesa, pois dessa forma diminuímos as chances de equívoco e efetivamos positivamente o ato da comunicação. Convidamos você a conhecer as regras para o uso de cada expressão, que virá acompanhada de exemplos para melhor compreensão.

5.1 USO DOS PORQUÊS

Existem quatro diferentes maneiras de grafar o porquê. Observe:

FIGURA 16 – EMPREGO DOS “PORQUÊS”

FONTE: <https://image.slidesharecdn.com/usodosporqus-160701235450/95/uso-dos-porqus-2-638.jpg?cb=1467417701>. Acesso em: 13 ago. 2018.

• Por que: com essa grafia é utilizado em duas situações. Confira:

• Em frases interrogativas diretas, quando as inicia, e nas interrogativas indiretas.

Exemplos:

Por que você não estudou para a avaliação?

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UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

202

Ela perguntou por que você não estudou para a avaliação.

• Quando equivale a: pelo qual, pelos quais, pela qual, pelas quais. Exemplo:

São muitos os motivos por que estou aqui hoje. (pelos quais)

• Porque: a palavra adquire esta grafia quando é empregada como conjunção explicativa ou causal. Veja:

Não chores, porque é pior. (porque = pois, conjunção explicativa)

Faltou ao trabalho porque estava em reunião. (porque = conjunção causal)

• Por quê: escreve-se com acento quando aparece no fim das frases interrogativas. Assim, o “que” passa a ser um monossílabo tônico. Observe um exemplo na tirinha que segue.

FIGURA 17 – MÁRCIA NEURÓTICA

FONTE: <http://1.bp.blogspot.com/_I-dYUG1GKo0/TPWsPV1bgxI/AAAAAAAAAM8/2AF0bM0G1oA/s1600/tirinha-marcia-47.jpg>. Acesso em: 13 ago. 2018.

Perceba, acadêmico, que no segundo quadro, ao final de frase interrogativa, utilizou-se o porquê escrito separado e com acento (Mas por quê?).

• Porquê: é escrito dessa maneira quando empregado como substantivo. Significa motivo, razão ou causa, e geralmente aparece acompanhado de determinantes, ou seja, artigos e pronomes, entre outros. Exemplos:

Não compreendi o porquê de sua reclamação.

Seus porquês não mudaram a situação.

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TÓPICO 3 | LÍNGUA PORTUGUESA: DÚVIDAS PERTINENTES NA ESCRITURA DE UM TEXTO

203

AUTOATIVIDADE

Complete o parágrafo a seguir:

Diferentes pesquisadores perguntam-se ___________________ (pergunta indireta) o desenvolvimento científico brasileiro passou a receber menos verbas no último ano. Não sabem ___________________ (por qual motivo) a redução de investimentos para pesquisas nacionais. Contudo, reivindicam por equipamentos e bolsas de estudos ___________________ (explicação) precisam de materiais novos para avançarem em seus trabalhos. O governo parece ignorar o ___________________ (o motivo = substantivo) do pedido dos pesquisadores.

5.2 USO DE MAU E MAL

Estas duas palavras causam muitas dúvidas no momento da escrita, apesar de existir uma regrinha fácil de usar que o ajudará a diferenciar a grafia com “L” ou “U”. Em primeiro lugar, lembre-se sempre de que mal (que será um substantivo ou advérbio ou conjunção) é antônimo de bem; e mau (que será um adjetivo) é antônimo de bom.

Quando mal for empregado como substantivo, variará em número (singular: mal; plural: males). Quando advérbio e conjunção, a palavra mal será invariável.

Você lembra, por exemplo, da música “Vida Real”, cantada pelo Paulo Ricardo? Veja, no refrão da música o emprego do termo mal:

“Se pudesse escolher Entre o bem e o mal

Ser ou não ser... Se querer é poder

Tem que ir até o final se quiser vencer...”

FONTE: Vida Real, Compositores: Paulo Ricardo, Raphael Pinheiro. Disponível em: <https://www.vagalume.com.br/bbb/vida-real-paulo-ricardo.html>. Acesso em: 30 abr. 2018.

Nessa situação, mal é um substantivo (o mal). Imagine se a letra se referisse aos males da vida. Seria perfeitamente possível, ainda, utilizar o substantivo no plural. Além disso, na música, podemos perceber nitidamente o termo mal sendo empregado em oposição a bem. Sempre que mal for oposto de bem, será grafado com “L”.

Page 214: ComuniCação e Linguagem - UNIASSELVI

UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

204

Vejamos mais um exemplo do emprego de mal:

Tirei uma nota baixa porque meu trabalho está mal feito.

Neste caso, mal é um advérbio que altera o sentido de um verbo (fazer/feito) e indica o modo (como foi feito o trabalho). Perceba como também poderíamos substituir o termo pela palavra bem: “meu trabalho está bem feito”.

Agora, vamos analisar o emprego de mal enquanto conjunção:

Mal entreguei minha avaliação, bateu o sinal indicando término da aula.

Temos, no exemplo acima, a palavra mal exercendo função de conjunção subordinativa temporal, pois indica um tempo aproximado entre as informações da primeira e da segunda oração.

A palavra mau, grafada com “U”, é um adjetivo, como na história da “Chapeuzinho Vermelho” que fugia do “Lobo Mau” na floresta. Nesse caso, perceba que mau tem a função de atribuir uma característica ao lobo, assim como o adjetivo bom faria. Veja mais um exemplo:

Não era mau (ou bom) cliente, apenas atrasava os pagamentos.

Caro acadêmico, na dúvida, procure usar os termos “bem” ou “bom” para testar se precisa escrever “mal” ou “mau”. Simples, não é?

AUTOATIVIDADE

1 Escolha a alternativa correta para preencher a lacuna:Acabo de tirar a carteira, por isso ainda dirijo _____________.a) ( ) mal.b) ( ) mau.

2 Escolha a alternativa correta para preencher a lacuna:Seu ____________ comportamento tem lhe prejudicado.a) ( ) mal.b) ( ) mau.

3 Escolha a alternativa correta para preencher a lacuna:__________________ terminamos esta avaliação e já estamos estudando para a

próxima.a) ( ) mal.b) ( ) mau.

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TÓPICO 3 | LÍNGUA PORTUGUESA: DÚVIDAS PERTINENTES NA ESCRITURA DE UM TEXTO

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4 Escolha a alternativa correta para preencher a lacuna:O excesso de medicamento também faz _______________.a) ( ) mal.b) ( ) mau.

5.3 USO DE SENÃO E SE NÃO

Você lembra a música “Pais e Filhos” da banda “Legião Urbana”? Repare no excerto da música o uso do termo “se não” no segundo verso:

“É preciso amar as pessoas Como se não houvesse amanhã Porque se você parar pra pensar

Na verdade não há”

FONTE: <https://www.letras.mus.br/legiao-urbana/22488/>. Acesso em: 30 abr. 2018.

Nesse verso, “se não” é escrito separadamente porque tem sentido de uma condição negativa. A palavra se não (separada) é utilizada quando equivale a caso não, introduzindo orações subordinadas condicionais. Exemplo:

Se não quiser, não redija o relatório.

A palavra senão (junto), por sua vez, é empregada em duas situações. São elas:

• Quando equivale a caso contrário. Exemplo: Saia daí, senão vai se atrasar.

• Quando equivale a “a não ser”. Exemplo: Não faz outra coisa senão choramingar.

AUTOATIVIDADE

Preencha as lacunas com se não ou senão:

a) Estude bastante, _____________________ reprovará na prova.b) Evite confrontar desnecessariamente as pessoas _____________________em

situações realmente significativas.c) A data de entregue do trabalho não será alterada _____________________

houver consenso.d) _____________________me levar a sério, pare de discutir comigo.

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UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

206

5.4 USO DE MAIS E MAS

É comum confundir o uso de mais e mas, porém tais palavras têm sentidos completamente distintos. Por isso, é necessário o uso correto para que a mensagem não seja prejudicada.

A palavra mas é uma conjunção adversativa, portanto, significa “contrário”. Equivale a porém, contudo, todavia ou entretanto. Assim, sempre que a substituição por estas palavras for possível, deve-se escrever MAS, sem o “i”. Observe a tirinha que segue:

FIGURA 18 – MAFALDA

Hoje estou com umhumor péssimo

Mas vocêparece muito

contente,Susanita

É que eu não queroque ninguém perceba

que eu estou demau humor

Então você nãodevia dizer

Ai eu estariasendo hipócrita.

Acho estranho vocêdefender a hipocrisia,

Mafalda.

Um dia vouanalisar o que me

deixa mais doente:a Susanita ou a

sopa

FONTE: <http://3.bp.blogspot.com/-CjVipgXeqfc/TiYPg-JKN7I/AAAAAAAAAPU/OGGTjPZ9eVA/s1600/mafalda-uso+de+mau.jpg>. Acesso em: 13 ago. 2018.

Verificamos, no primeiro quadrinho, o emprego de mas. Note, acadêmico, que é possível fazer a substituição por “porém” ou “entretanto”. Portanto, trata-se de uma conjunção adversativa.

O uso de mais ocorre quando este funciona como pronome ou advérbio de intensidade. Para saber se o uso está correto, basta trocar por menos, seu antônimo. No último quadro da tirinha apareceu o uso da expressão mais. Note que é possível realizar a substituição pela palavra menos. Agora, leia a tirinha a seguir, com mais um exemplo.

FIGURA 19 – MÁRCIA NEURÓTICA

FONTE: <http://2.bp.blogspot.com/_I-dYUG1GKo0/TPBYhGIz4KI/AAAAAAAAAMs/VTEcClnUdAM/s1600/tirinha-marcia-45.jpg>. Acesso em: 13 ago. 2018.

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TÓPICO 3 | LÍNGUA PORTUGUESA: DÚVIDAS PERTINENTES NA ESCRITURA DE UM TEXTO

207

O uso de “mais”, no primeiro quadrinho, permite exemplificar, na prática, as situações em que deve ocorrer o uso de tal expressão. Lembre-se: confundir estas expressões, no momento de escritura, pode prejudicar a mensagem.

AUTOATIVIDADE

Assinale a alternativa que apresenta o uso da norma padrão da língua portuguesa:

a) ( ) Os estudos foram teóricos, mais comprovaram fatos importantes para o campo prático.

b) ( ) Fizemos de tudo, mais não conseguimos salvar a vítima.c) ( ) Procuram por mas provas para poderem declarar o réu culpado.d) ( ) Cinquenta e nove pessoas preencheram o questionário, mas apenas

vinte delas participaram das entrevistas.

5.5 USO DO HÁ E A

O uso de há deve ocorrer quando equivaler ao verbo fazer. Este, por sua vez, indica tempo já transcorrido. Exemplo:

Saiu da sua casa há (faz) 1 hora.

Não o vejo há (faz) dois meses.

Além disso, há é usado no sentido de existir. Na linguagem coloquial, podemos dizer que “tem cem livros na biblioteca”. Contudo, na norma padrão, recomenda-se utilizar “há cem livros na biblioteca”.

A forma a deve ser empregada quando for uma preposição, um artigo ou um pronome. Nesses casos, você não conseguirá substituir o termo nem por “faz” nem por “existe”, como nos casos apresentados acima com há. Exemplo:

Daqui a pouco, os alunos chegarão para socializar o trabalho. (preposição)

A pesquisa tem caráter qualitativo. (artigo)

Apresentei-a aos meus irmãos. (pronome)

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UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

208

AUTOATIVIDADE

Preencha as lacunas com há, a ou à:

O estudo, desenvolvido ____________ dez anos, apresenta contribuições importantes para entendermos aspectos da língua. Por isso, estão relacionados ____________ normas, variedades, e usos linguísticos. ____________ pesquisa é base, nos dias de hoje, ____________ diversos estudiosos, preocupados com o viés teórico dado ____________ língua. ____________, portanto, um campo de estudos se fortalecendo sobre esse aspecto.

Acadêmico, você deve ter percebido que o uso correto das expressões requer muita atenção. Vamos adiante?

5.6 USO DE AONDE E ONDE

O emprego do aonde deve acontecer quando este equivaler a: preposição a + advérbio onde. Sendo assim, significa “a que lugar”, ou seja, é usado com verbos que exprimem movimento e que regem a preposição a. Veja:

• Ir a:

Aonde você vai?

Você vai aonde?

• Chegar a:

Você quer chegar aonde com tantas perguntas?

• Dirigir-se a:

Não sei aonde dirigir-me para obter as fichas cadastrais.

O uso de onde está relacionado com verbos que não regem a preposição a.

Dito de outra maneira, equivale a “em que lugar” ou “no lugar que”. Confira:

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TÓPICO 3 | LÍNGUA PORTUGUESA: DÚVIDAS PERTINENTES NA ESCRITURA DE UM TEXTO

209

Onde você está?

Onde fica sua empresa?

O anel perdido estava onde não havia procurado ainda.

AUTOATIVIDADE

Para esta autoatividade, releia também as explicações acerca dos advérbios trabalhados anteriormente.

Analise as sentenças a seguir quanto ao uso de onde, aonde e no(a) qual:

I- Fizemos a avaliação de Comunicação e Linguagem, onde nos saímos muito bem.II- O curso de LIBRAS, no qual há várias dicas de expressão facial interessantes, ajudou minha comunicação com meus colegas surdos.III- Aonde foram levados os livros?IV- O livro de Comunicação e Linguagem apresenta dicas de escrita importantes, aonde também há algumas atividades para colocarmos em prática nossa aprendizagem.V- Ontem, estive no polo, onde fiz minha avaliação final.

Assinale a alternativa correta:a) ( ) Estão corretas as sentenças I – III – IV – V.b) ( ) Estão corretas as sentenças I – IV – V.c) ( ) Estão corretas as sentenças II – III – V.d) ( ) Todas as sentenças estão corretas.

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UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

210

FIGURA 20 – AFIM X A FIM

5.7 USO DE A FIM E AFIM

FONTE: As autoras

Uma maneira prática para diferenciar essas expressões é:

• A fim de: indica uma finalidade. Exemplo: Vive cantarolando a fim de me incomodar.

• Afim: significa que existe uma afinidade, é semelhante. Exemplo: As matérias que cursei são afins.

AUTOATIVIDADE

Preencha as lacunas com a fim ou afim:

a) Procuro estudar Comunicação e Linguagem para aprender algumas regularidades da língua portuguesa padrão, ________________ de revisar meus próprios textos acadêmicos.

b) Procuro por disciplinas ________________que cursei na minha primeira graduação para convalidar na segunda.

Agora, vamos diferenciar o uso de demais e de mais.

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TÓPICO 3 | LÍNGUA PORTUGUESA: DÚVIDAS PERTINENTES NA ESCRITURA DE UM TEXTO

211

5.8 USO DE DEMAIS E DE MAIS

FIGURA 21 - DEMAIS

FONTE: Adaptado de <http://capasanimacao.blogspot.com/2012/08/tres-espias-demais-o-filme.html?m=0>; <http://capas-silver.com/wp-content/uploads/A-Hist%C3%B3ria-N%C3%A3o-

Autorizada-de-Tr%C3%AAs-%C3%A9-Demais.jpg>. Acesso em: 1º maio 2018.

Talvez você já tenha se deparado com o desenho “Três espiãs demais” ou com a série de TV que foi sucesso nos anos 1980 “Três é demais”. Em ambas as situações, “demais” se escreve da mesma maneira (junto) e possui o mesmo significado. Você sabe qual é? Tanto no desenho quanto na série, demais exerce papel de advérbio de intensidade (muito). Logo, quando dizemos três espiãs demais ou três é demais, estamos intensificando, afirmando que as três espiãs são muito qualificadas e que três crianças já são muitas crianças.

A palavra “demais” (junto) pode ser classificada como advérbio ou pronome. Observe o exemplo:

• Advérbio de intensidade (= muito). Exemplo: Não se deve dormir demais.

• Pronome indefinido (= outros). Exemplo: Voltei antes que os demais alunos finalizassem os trabalhos.

A expressão “de mais” (separado) significa o contrário de menos. Observe o exemplo: Entraram alunos de mais no auditório de reuniões.

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UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

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AUTOATIVIDADE

Assinale a alternativa correta quanto ao uso de “demais” ou “de mais”:

a) ( ) Enquanto minha equipe já finalizava o trabalho, as de mais equipes estavam apenas começando.

b) ( ) Minha irmã assistiu ao filme e o achou de mais!c) ( ) Dificilmente alguém diria que tem dinheiro de mais, normalmente

ouvimos que tem de menos.d) ( ) Há pessoas demais inscritas para esse curso de graduação em comparação

com o número de vagas ofertadas.

5.9 USO DE AO ENCONTRO DE E DE ENCONTRO A

FIGURA 22 – DE ENCONTRO E AO ENCONTRO

FONTE: <https://i.pinimg.com/originals/11/fa/93/11fa933b56685e0e562bb18b0ab90046.jpg>. Acesso em: 1º maio 2018.

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TÓPICO 3 | LÍNGUA PORTUGUESA: DÚVIDAS PERTINENTES NA ESCRITURA DE UM TEXTO

213

A expressão ao encontro de possui dois significados. São eles:

• Aproximar-se de. Exemplo: Assim que cheguei, fui ao encontro de meu pai.

• Ser favorável a. Exemplo: Suas ideias vêm sempre ao encontro das minhas.

A expressão de encontro a pode significar:

• Colisão, choque. Exemplo: Ao correr, o aluno foi de encontro à parede.

• Ser contrário a. Exemplo: Por sermos muitos diferentes, suas opiniões vêm sempre de encontro às minhas.

Muito bem, depois de conhecermos mais estas importantes expressões, convido você a continuar o estudo.

AUTOATIVIDADE

Relacione as colunas de acordo com o uso adequado das expressões abaixo:I- de encontroII- ao encontro

a) ( ) É utilizada para dizer que algo é favorável.b) ( ) É utilizada para expressar discordância.c) ( ) É utilizada para afirmar a aproximação entre ideias, pessoas ou objetos.d) ( ) É utilizada para expressar colisão.

5.10 USO DE ACERCA, A CERCA E HÁ CERCA

A CERCA ACERCA DE HÁ CERCA DE

FONTE: Disponível em:

<https://thumbs.dreamstime.com/z/cerca-de-madeira-e-grama-isoladas-no-fundo-

branco-58780409.jpg>. Acesso em: 1º maio 2018.

SOBRE / A RESPEITO DE

FONTE: Disponível em: <http://www.winesofportugal.info/

uploads/1_2000ac_pt.jpg>. Acesso em: 1º maio 2018.

A CERCA É DE MADEIRA.

O ESTUDO TRATA ACERCA

DO USO DE AGROTÓXICOS.

HÁ CERCA DE 2000 a.C., INICIAVA-SE UMA NOVA ERA.

2000 a.C. Reino dos Tartessos

Séc. X a.C.Fenícios

Séc. VII a.C.Gregos

Séc. VI a.C.Celtas e Iberos

Séc. II a.C.Romanos

Séc.VIIBárbaros

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UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES

214

A cerca (separado) corresponde ao artigo definido “a” mais substantivo “cerca”, cujo sentido está vinculado a uma construção feita ao redor de um terreno.

A expressão acerca (junto) significa a respeito de. Veja um exemplo: Nada comunicou acerca de suas dúvidas na disciplina.

A expressão há cerca de indica um tempo já transcorrido. Observe a frase que segue: Estivemos na minha cidade natal há cerca de uns 15 anos.

AUTOATIVIDADE

A partir do que lhe foi apresentado acerca dos termos: acerca de, a cerca, há cerca de, complete as lacunas: a) ___________________________ de três anos ingressei na graduação. b) Falamos ___________________________dos conteúdos de Comunicação e Linguagem. c) Este trabalho discute questões ___________________________da cidadania. d) Mesmo quando ___________________________for de ferro, é preciso pintá- la, a fim de evitar que enferruje.

5.11 USO DE A PRINCÍPIO E EM PRINCÍPIO

FIGURA 23 – EM PRINCÍPIO X A PRINCÍPIO

EM PRINCÍPIOou A PRINCÍPIO?

EM PRINCÍPIO = em tese, em teoria.

"EM PRINCÍPIO, ele é contra o aborto." (= por princípios, talvez religiosos)

A PRINCÍPIO = no começo, inicialmente.

" A PRINCÍPIO sou contra as suas ideias." (= num primeiro momento).

FONTE: <https://i.pinimg.com/564x/db/aa/3e/dbaa3e0118d5620a41fc902b8cabd333.jpg>. Acesso em: 1º maio 2018.

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TÓPICO 3 | LÍNGUA PORTUGUESA: DÚVIDAS PERTINENTES NA ESCRITURA DE UM TEXTO

215

Estamos chegando ao final do estudo das expressões. Vale ressaltar, ainda, que o uso de a princípio significa no começo ou inicialmente. Observe:

A princípio, seu relatório parecia-me completo, mas depois percebi que faltam itens importantes.

A expressão em princípio significa em tese ou teoricamente. Confira o exemplo:

Em princípio, sua sugestão é muito boa, agora, vamos vê-la na prática.

AUTOATIVIDADE

Analise as sentenças a seguir quanto ao uso das expressões a princípio ou em princípio:

I- Em princípio, acredito que a educação possa transformar realidades diversas. II- A princípio, pretendemos aplicar questionários com agricultores locais para, em seguida, realizarmos entrevistas com aqueles cujos perfis atenderão aos objetivos expressos no projeto de pesquisa. III- Em princípio, entende-se a importância de pesquisas voltadas à educação agropecuária nacional devido à urgência em modificarmos a agressividade do modelo de agronegócio brasileiro.

As expressões foram utilizadas adequadamente apenas nas sentenças:a) ( ) I – II – III.b) ( ) I – III.c) ( ) II – III.d) ( ) I – II.

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216

Neste tópico, você aprendeu que:

• A ambiguidade consiste na duplicidade de sentido.

• Entende-se por estrangeirismos o uso de palavras e expressões de línguas estrangeiras.

• Pleonasmo é a repetição desnecessária de uma informação.

• Pleonasmo é um vício de linguagem e não é aceito na norma culta da língua portuguesa.

• Na escrita é importante grafar as palavras de acordo com a norma padrão da língua portuguesa.

• Existem quatro diferentes maneiras de empregar o porquê.

• Mal é o antônimo de bem.

• Mau é o antônimo de bom.

• Mas é conjunção adversativa.

• Mais é o antônimo de menos.

• Emprega-se o aonde quando o verbo indicar movimento.

• Utiliza-se o onde quando este está relacionado com verbos que não regem a preposição a.

• “Senão” é empregado quando equivale a caso contrário.

• “Se não” equivale a “caso não”.

• Usa-se há quando equivaler ao verbo fazer.

• A forma a deve ser empregada quando for uma preposição, artigo definido ou pronome.

RESUMO DO TÓPICO 3

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• A fim de (separado) indica uma finalidade.

• Afim (junto) significa semelhante.

• A expressão “acerca de” significa a respeito de.

• A expressão “há cerca de” indica um tempo já transcorrido.

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AUTOATIVIDADE

1 Exercite o uso de ONDE ou AONDE, preenchendo as lacunas:

a)______ essas medidas do governo vão nos levar?b) Não entendo______ele estava com a cabeça.c) De______você está falando?d) ______ querem chegar com essas atitudes?e)______ se situa o Morumbi? f)______pensas que vais?g) ______ nos levará tamanha discussão?h) Até______vai sua rebeldia?i) Não sei______me apresentar, nem a quem me dirigir. j)_______acaba o mar e começa o céu?

2 Exercite o uso de MAU ou MAL, preenchendo as lacunas:

a) A firma possuía um_____administrador.b) Ficamos preocupados,______ouvimos a notícia.c) O______está sempre à nossa volta.d) Eu______compreendia o que estava acontecendo.e)______ saímos de casa, quase fomos assaltados.

3 Utilize SE NÃO ou SENÃO para completar as lacunas a seguir:

a) Vá de uma vez,______você vai se atrasar.b) Nada mais havia a fazer______conformar-se com a situação.c) O presidente nada assinará______houver consenso.d) Luta,______estás perdido.e) Não era ouro nem prata,______ferro.

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ANOTAÇÕES

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