proposta de criaÇÃo de um fundo de capital protegido de...

116
TIAGO RING São Paulo 2010 PROPOSTA DE CRIAÇÃO DE UM FUNDO DE CAPITAL PROTEGIDO DE HEGDE FUND Trabalho de formatura apresentado à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção de diploma de Engenheiro de Produção.

Upload: vuongkien

Post on 30-Dec-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

TIAGO RING

São Paulo

2010

PROPOSTA DE CRIAÇÃO DE UM FUNDO DE CAPITAL PROTEGIDO

DE HEGDE FUND

Trabalho de formatura apresentado à

Escola Politécnica da Universidade de

São Paulo para obtenção de diploma de

Engenheiro de Produção.

TIAGO RING

São Paulo

2010

Trabalho de formatura apresentado à

Escola Politécnica da Universidade de

São Paulo para obtenção de diploma de

Engenheiro de Produção.

Orientador:

Prof. Dr. Mauro Zilbovicious

PROPOSTA DE CRIAÇÃO DE UM FUNDO DE CAPITAL PROTEGIDO

DE HEGDE FUND

FICHA CATALOGRÁFICA

Ring, Tiago

Proposta de criação de um fundo de capital protegido de

Hegde Fund / T. Ring. -- São Paulo, 2010.

100 p.

Trabalho de Formatura - Escola Politécnica da Universidade

de São Paulo. Departamento de Engenharia de Produção.

1. Fundo de investimento 2. Desenvolvimento de produtos

I. Universidade de São Paulo. Escola Politécnica. Departamento

de Engenharia de Produção II. t.

À minha família e amigos,

ao meu lado sempre

"The first rule of investing is don't lose money;

the second rule is don't forget Rule No.1."

-Warren Buffet

RESUMO

O presente trabalho visa propor um novo produto de investimento que oferece

segurança para o enfrentamento das crises, boas possibilidades de ganhos e é

isento das influências emocionais que afetam as tomadas de decisões.

A característica inovadora deste produto é o desenvolvimento de um fundo de

capital protegido baseado em um método de proteção através de frequentes

rebalanceamentos. Este metodo permitirá a criação de um produto atrelado ao

desempenho de um hedge fund mesmo sem a existência de opções relacionadas a

ele, característica esta, obrigatória nos fundos de capital protegido convencionais.

Para a definição dos parâmetros a serem utilizados, foi analisado o mercado

de fundos de capital protegido brasileiro, o posicionamento da empresa gestora e

feitas simulações do desempenho do fundo proposto em diferentes cenários através

de um método de random walk.

O resultado do trabalho é uma proposta de criação de um novo produto

indicando suas características e avaliando seus pontos positivos e negativos,

visando o futuro lançamento no mercado.

Palavras-chave: Fundo de Investimento; Inovação Financeira; Capital

Protegido;

ABSTRACT

This paper aims to propose a new investment product that offers security to

confront the crisis, good chance of profit and is free of emotional influences that

affect decision making.

The innovative feature of this product is the development of a capital protected

fund based on a method of protection through regular rebalancing. This method will

create a product linked to the performance of a hedge fund even without the

existence of options related to it, mandatory feature in conventional capital protected

funds.

For definition of parameters to be used, it was analyzed the market for capital

protected funds in Brazil, the company's position in it and simulations of the proposed

fund's performance in different scenarios through a method of random walk.

The result of the work is a proposal to create a new product indicating their

characteristics and evaluating its strengths and weaknesses for a future market

launch.

Key-words: Investment Fund; Financial Innovation; Capital Protected

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Evolução do patrimônio administrado em R$ Milhões (CSHG website) ... 18

Figura 2 – A função valor hipotética (Kahneman & Tversky, 1979) ............................ 44

Figura 3 – Manchetes de jornais em 2006 .................................................................. 49

Figura 4 – Manchetes de jornais em 2008 .................................................................. 51

Figura 5 – A estrutura com renda fixa e opção de compra (Funds Focus, 2010) ....... 57

Figura 6 – Rentabilidade de uma opção de compra (BM&F Bovespa, 2007, p. 46) ... 59

Figura 7 – Alocação entre hedge fund e ativo defensivo ( Adaptado de: (Wachovia

Securities Inc. - Structured Products, 2003, p. 3)) ...................................................... 61

Figura 8 – Classificação Anbid de fundos de investimento ......................................... 72

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Variação percentual contra variação logarítmica (Elaborado pelo autor) .. 30

Gráfico 2 - Probabilidade de preços futuros (Mulholland, 2005) ................................. 32

Gráfico 3 - Probabilidade do logaritmo natural dos preços futuros (Mulholland, 2005) 33

Gráfico 4 – Desempenho do IHFA (Quantum, 2010) .................................................. 47

Gráfico 5 – Captação líquida da indústria de fundos (Anbima, 2010) ......................... 48

Gráfico 6 – Simulação otimista de desempenho do hedge fund ................................. 80

Gráfico 7 - Simulação pessimista de desempenho do hedge fund ............................. 80

Gráfico 8 - Simulação otimista do CPVERDE com m=2 ............................................. 81

Gráfico 9 - Simulação pessimista do CPVERDE com m=2 ......................................... 81

Gráfico 10 - Simulação otimista do CPVERDE com m=3 ........................................... 82

Gráfico 11 - Simulação pessimista do CPVERDE com m=3 ....................................... 82

Gráfico 12 - Simulação otimista do CPVERDE com m=4 ........................................... 83

Gráfico 13 - Simulação pessimista do CPVERDE com m=4 ....................................... 83

Gráfico 14 - Simulação otimista do CPVERDE com m=5 ........................................... 84

Gráfico 15 - Simulação pessimista do CPVERDE com m=5 ....................................... 84

Gráfico 16 Exemplo otimista simulado do desempenho do CPVERDE ...................... 87

Gráfico 17 Exemplo pessimista simulado do desempenho do CPVERDE ................. 88

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Variação percentual contra variação logarítmica (Mulholland, 2005) ........ 30

Tabela 2 – Exemplo aplicação CPPI (Adaptado de: (Wachovia Securities Inc. -

Structured Products, 2003)) ........................................................................................ 64

Tabela 3 –PL indústria de fundos de capital protegido ............................................... 75

Tabela 4 taxas indústria de fundos de capital protegido ............................................. 75

Tabela 5 – Resumo de simulação otimista do CPVERDE .......................................... 85

Tabela 6– Resumo de simulação pessimista do CPVERDE ...................................... 85

Tabela 7 Exemplo otimista simulado do desempenho do CPVERDE......................... 87

Tabela 8 Exemplo pessimista simulado do desempenho do CPVERDE .................... 88

Tabela 9 Alíquiota de IR para fundos de longo prazo ................................................. 90

Tabela 10 Alíquota de IOF para fundos ...................................................................... 91

Tabela 11 – Prazo médio do fundo ............................................................................. 92

Tabela 12 – Resumo dos custos de criação de um fundo de investimento ................ 93

Tabela 13 – Simulação dos custos do CPVERDE ...................................................... 94

Tabela 14 – Patrimônio médio dos fundos de capital protegido ................................. 94

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANBIMA Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais

ANDIMA Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro

CDB Crédito de Depósito Bancário

CDI Crédito de Depósito Interbancário

CPPI Constant Proportion Portfolio Insurance

CSHG Credit Suisse Hedging Griffo

IHFA Índice de Hedge Funds Andima

IOF Imposto sobre Operações Financeiras

IR Imposto de Renda

LTN Letra do Tesouro Nacional

PL Patrimônio Líquido

PM Prazo Médio

RF Renda Fixa

SELIC Sistema Especial de Liquidação e Custódia

SUMÁRIO

FICHA CATALOGRÁFICA ........................... Error! Bookmark not defined.

1 INTRODUÇÃO ......................................................................... 15

1.1 OBJETIVO DO TRABALHO ................................................................ 15

1.2 A ESTRUTURA DO TRABALHO ......................................................... 15

1.3 A EMPRESA ........................................................................................ 16

1.3.1 Histórico ........................................................................................... 17

1.3.2 Credit Suisse no Brasil e no mundo ................................................ 18

1.3.3 Área do estágio ............................................................................... 19

2 CONCEITOS RELEVANTES ................................................... 21

2.1 INVESTIMENTO .................................................................................. 21

2.1.1 Tempo ............................................................................................. 21

2.1.2 Liquidez ........................................................................................... 22

2.1.3 Retorno ............................................................................................ 22

2.1.4 Risco................................................................................................ 23

2.2 FUNDOS DE INVESTIMENTO ............................................................ 24

2.3 HEDGE FUNDS ................................................................................... 25

2.4 O MODELO RANDOM WALK ............................................................. 28

2.5 A DISTRIBUIÇÃO LOGNORMAL ........................................................ 28

2.6 O MÉTODO DE MONTE CARLO ........................................................ 39

3 FINANÇAS COMPORTAMENTAIS ......................................... 41

3.1 VISÃO GERAL ..................................................................................... 41

3.2 ILUSÕES COGNITIVAS CAUSADAS PELA HEURÍSTICA ................. 42

3.3 TEORIA DAS PERSPECTIVAS ........................................................... 44

4 O CENÁRIO NA CRISE FINANCEIRA .................................... 46

4.1 O DESEMPENHO DOS HEDGE FUNDS ............................................ 46

4.2 O COMPORTAMENTO DOS INVESTIDORES .................................... 47

4.2.1 Influências na tomada de decisão .................................................... 49

4.3 DAS CRISES SURGEM AS OPORTUNIDADES ................................. 52

5 FUNDOS DE CAPITAL PROTEGIDO ..................................... 55

5.1 A VISÃO DO CLIENTE ........................................................................ 55

5.2 A ESTRUTURA .................................................................................... 56

5.3 ESTRUTURA COM OPÇÕES E TÍTULO DE RENDA FIXA ................ 56

5.3.1 Renda Fixa ....................................................................................... 58

5.3.2 Opções ............................................................................................. 59

5.3.3 Considerações ................................................................................. 60

5.4 ESTRUTURA COM HEDGE DINÂMICO ............................................. 61

5.4.1 Constant Proportion Portfolio Insurance ( CPPI ) ............................. 61

6 O CPVERDE ............................................................................. 69

6.1 DESCRIÇÃO ........................................................................................ 69

6.2 CLASSIFICAÇÃO DO FUNDO............................................................. 70

6.3 PÚBLICO ALVO ................................................................................... 73

6.3.1 Perfil ................................................................................................. 73

6.3.2 Mercado ........................................................................................... 75

6.4 SIMULAÇÃO DE PERFORMANCE ..................................................... 77

6.4.1 Objetivo ............................................................................................ 77

6.4.2 Simulando o CPVERDE ................................................................... 77

6.5 A TRIBUTAÇÃO ................................................................................... 89

6.5.1 Aspectos Legais ............................................................................... 89

6.5.2 Imposto de renda ............................................................................. 89

6.5.3 Imposto Sobre Operações Financeiras ........................................... 90

6.5.4 A tributação do CPVERDE .............................................................. 91

6.6 ESTIMATIVAS DE CUSTOS E RECEITAS ......................................... 92

6.6.1 Custos ............................................................................................. 92

6.6.2 Receita ............................................................................................ 95

7 CONCLUSÃO ........................................................................... 97

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 99

Anexo A ................................................................................................ 101

Classificação anbid de fundos de investimento .................................................. 101

Anexo B ................................................................................................ 106

Informações dos fundos de capital protegido ..................................................... 106

15

1 INTRODUÇÃO

1.1 OBJETIVO DO TRABALHO

A crise financeira de 2008 causou grandes repercussões no comportamento

de investidores e profissionais de mercado. Durante esse período, muitos foram

levados a tomar decisões sob efeito de fortes emoções e influências externas que

acarretaram importantes consequências, boas para poucos e ruins para muitos.

Estudos recentes sobre finanças comportamentais têm ajudado a entender o

comportamento da mente humana frente a decisões de grande complexidade que

acabam não obedecendo a uma lógica racional.

O objetivo deste trabalho é propor um produto financeiro inovador, que alie

segurança para o enfrentamento das crises, com bom retorno de investimento e

isento das influências emocionais que afetam as tomadas de decisões.

A característica inovadora é o desenvolvimento de um fundo de capital

protegido baseado em um método de proteção através de frequentes

rebalanceamentos, método este que permitirá a criação de um produto atrelado ao

desempenho de um hedge fund, mesmo sem a existência de opções relacionadas a

ele, característica obrigatória nos fundos de capital protegido convencionais.

1.2 A ESTRUTURA DO TRABALHO

O trabalho é organizado em sete capítulos.

No capitulo 1, é apresentado o objetivo principal, a estrutura do trabalho e a

empresa na qual este se desenvolveu.

No capitulo 2, são estabelecidos conceitos relevantes para o perfeito

entendimento do produto financeiro, contemplando as noções de investimento,

tempo, liquidez, retorno, risco, fundos de investimento e hedge funds e também os

16

conceitos de lognormal, Random Walk e Monte Carlo, necessários para o

entendimento do método de simulação utilizado.

No capitulo 3, o propósito é expor um pouco da teoria de finanças

comportamentais, assunto este bastante atual e ainda não muito desenvolvido, mas

de grande importância no entendimento do comportamento do investidores, que sob

influência de ilusões cognitivas e fatores externos tomam decisões e determinam o

comportamento do mercado.

No capitulo 4 estudamos o impacto da crise financeira de 2008 no

desempenho dos hedge funds, assim como o comportamento dos investidores

durante esse período. Procuramos compreender as atitudes tomadas durante a crise

sob a ótica das finanças comportamentais, o que nos permite vislumbrar a

oportunidade de um produto não sujeito as intempéries da crise, e ao mesmo tempo

oferecendo segurança e retorno de investimento.

No capitulo 5, procuramos explicar o que é um fundo de capital protegido, sua

origem e perspectivas. Importante ressaltar a explicação sobre a estrutura dos

fundos de capital protegido tradicionais para diferencia-los da estrutura de hedge

dinâmico que permitirá a criação de um produto com as características propostas.

No capitulo 6, encontra-se a apresentação do produto proposto, denominado

CPVERDE. Após sua descrição, classificação e considerações sobre público alvo,

será feita uma simulação utilizando o Método de Random Walk, com o objetivo de

avaliar o desempenho tanto em um cenário otimista, quanto em um pessimista.

Ainda como parte da propositura do produto, analisamos os aspectos tributários e

financeiros deste mercado.

No capitulo 7, com o objetivo de dar um fechamento ao estudo realizado, será

feita uma avaliação dos pontos positivos e negativos do produto proposto.

1.3 A EMPRESA

O desenvolvimento do trabalho foi realizado na Credit Suisse Hedging Griffo

Corretora de Valores S.A. A Credit Suisse Hedging-Griffo (CSHG) é uma das

maiores instituições brasileiras de Private Banking, Asset Management e Corretora

17

de Valores, que surgiu em novembro de 2007 da associação entre a Hedging-Griffo

Asset Management e o Banco de Investimentos Credit Suisse.

Como uma empresa de gestão de patrimônio, é seu dever zelar pela

segurança e rentabilidade do capital de seus clientes. A empresa atenta também

para os objetivos e projetos de vida que particularizam a administração do

patrimônio individual, oferecendo uma consultoria que vislumbre o alcance destes

ideais. A filosofia da empresa é buscar a eficiência tanto no resultado quanto no

relacionamento pessoal, para auxiliar os seus clientes a atingirem os objetivos de

vida.

1.3.1 Histórico

O início da empresa foi em 1981 com a união de duas corretoras a Hedging e

a Griffo. Inicialmente era uma corretora especializada em commodities agrícolas, e

até hoje é uma das mais especializadas no mercado de café e boi do Brasil.

Posteriormente, expandiu seus negócios para a corretagem nos mercados de

commodities financeiras e ações acompanhando o desenvolvimento e

especialização do mercado financeiro nacional, que ainda começava o seu

desenvolvimento naquela época.

Nos anos 90, quando já era uma das maiores corretoras do mercado

nacional, iniciou sua atuação na área de Gestão de Recursos e Private Banking. O

Fundo Verde, o mais antigo hedge fund em atividade do país, surgiu em 1997 e fez

tamanho sucesso que virou o principal produto da empresa, atualmente conta com

mais de 10 mil clientes e de 12 bilhões de patrimônio.

Em 2006 a Hedging Griffo era não só a maior gestora independente do país,

como também a maior Corretora de Valores e segundo maior Private Banking. Esse

sucesso chamou a atenção do banco suíço Credit Suisse, que no final de 2006 fez

uma oferta de compra pela corretora e passou a ser o novo controlador da Hedging

Griffo.

18

1.3.2 Credit Suisse no Brasil e no Mundo.

O Credit Suisse chegou ao Brasil em 1998 com a compra do Banco Garantia.

Desde então, assumiu a liderança como principal banco de investimentos brasileiro,

sendo líder em emissões de ações, dívida e fusões e aquisições.

O Credit Suisse está em mais de 80 países ao redor do mundo e é uma das

mais tradicionais instituições financeiras do mundo. Sua carteira superior a 1 trilhão

de dólares o coloca como segunda maior gestora de patrimônio do mundo.

A associação entre o Credit Suisse e a Hedging-Griffo aliou um reconhecido

histórico de performance no Brasil com a solidez de um poderoso banco mundial.

Essa nova marca global, trouxe mais vantagens e garantia aos clientes, levando a

uma aceleração no ritmo de crescimento da empresa, como se observa no gráfico

de evolução patrimonial a seguir:

Figura 1 – Evolução do patrimônio administrado em R$ Milhões (CSHG website)

19

1.3.3 Área do estágio

O estágio foi desenvolvido na área de Produtos e Serviços de Crédito que faz

parte do Private Banking da CSHG. A função dessa área, entre outras, é criar

opções de investimentos, mais especificamente, produtos de investimento que

comporão o portfolio a ser ofertado na composição das carteiras de investimento dos

clientes.

Cabe a essa área acompanhar o mercado em busca de oportunidades que

considere atraentes, sempre objetivando a maximização dos resultados de geração

de receita para a empresa e clientes. É parte de sua responsabilidade ofertar uma

gama de produtos que combine rentabilidade e segurança explorando as

oportunidades de mercado.

20

21

2 CONCEITOS RELEVANTES

2.1 INVESTIMENTO

Conforme Bernstein & Damodaran (2000), investimento é um processo

inacabado que começa com a compreensão de dois papéis, o do tempo e o da

incerteza, ou seja, investir depende de um processo de tomada de decisão hoje para

obter resultados futuros incertos.

Não existe uma progressão suave e encantadora para a riqueza. O investidor,

para ter sucesso, precisa ter persistência e objetivos ao longo do tempo, pois as

taxas de retorno podem variar bastante enquanto ele estiver exposto ao mercado.

A seguir serão tratadas algumas complexidades que o investidor deve avaliar

para encontrar um investimento que melhor se adeque as suas preferências e

necessidades.

2.1.1 Tempo

Ainda seguindo Bernstein & Damodaran (2000), a grande força do tempo está

na possibilidade de os investidores converterem uma aparente “incerteza” em uma

“quase certeza”. Quando tratamos de períodos longos todos os eventos devem ser

descritos pela frequência e magnitude de suas ocorrências, pois quanto maior o

período maior a chance de eles ocorrerem em algum momento.

No curto prazo, o problema com o investimento parece ser como tratar das

flutuações do dia-a-dia e das mudanças no mercado de preço. Para os investidores,

no longo prazo, o problema real é o poder constante e destrutivo da inflação

composta no poder de compra.

O investidor ao tomar uma decisão procura vencer o poder corrosivo da

inflação no tempo, pois essa decisão poderá impactar no crescimento a longo prazo

da economia e das instituições pelas quais é responsável. Se o investidor tiver um

22

objetivo de longo prazo, o seu segredo de sucesso estará num investimento com

maior horizonte de prazo possível para obter o máximo de retorno.

Aqueles investidores com horizontes de tempo mais curtos, necessitarão

preocupar-se com a data de vencimento e o risco de resgate antecipado. O ideal

nessas aplicações é preservar o capital até o período final do investimento.

2.1.2 Liquidez

Conforme Bernstein & Damodaran (2000), liquidez determina a capacidade do

investidor de vender ou comprar grandes volumes em um período curto de tempo

sem para isso causar uma mudança significativa no preço. O que garante uma alta

liquidez a um ativo é o bom número de compradores e vendedores, a existência de

informações acuradas do preço e de valor ampla e rapidamente difundida e, por

último, um alto grau de confiança entre os participantes de que o mercado é, e

continuará a ser, livre e justo.

A liquidez permite aos investidores mudar de ideia podendo corrigir de forma

rápida e facilmente qualquer erro cometido. Normalmente as circunstâncias e os

objetivos dos investidores mudam, assim, os mesmos podem vir a reajustar os seus

objetivos conforme a mudança.

2.1.3 Retorno

Para Gitman (2002), retorno é o ganho ou perda total experimentados em um

investimento durante um determinado período de tempo.

Para qualquer investimento negociado no mercado financeiro o retorno pode

ser composto por duas partes: A primeira delas é o retorno esperado daquele

investimento, em que é a parte do retorno que os investidores preveem ou esperam.

Esse retorno depende das informações que os investidores possuem a respeito

23

desse investimento e baseia-se em como o mercado enxerga hoje os fatores

importantes que influenciarão o ativo no próximo ano.

A segunda parte do retorno é a parte incerta em que está concentrado o risco.

Essa é influenciada por qualquer informação inesperada que é revelada como

notícias sobre as pesquisas, divulgação de dados do governo, queda súbita e

inesperada das taxas de juros, entre outros.

O Retorno total apresenta a seguinte fórmula: Retorno total = Retorno

esperado + Retorno inesperado

R = E(R) + U

Onde R indica o retorno efetivo no ano, E(R) a parte esperada do retorno e U

a parte inesperada do retorno. O que isso diz é que o retorno efetivo no ano, R,

difere do retorno esperado, E(R) devido às surpresas que ocorrem durante o ano.

Num ano qualquer, o retorno inesperado será positivo ou negativo, mas, ao

longo do tempo, o valor médio de U será igual a zero. Isso significa que, em média,

o retorno efetivo é igual ao retorno esperado.

À parte não antecipada do retorno, a que resulta de surpresas, é o verdadeiro

risco de um investimento. Porque se um investidor recebesse sempre exatamente o

que estava esperando, o investimento seria perfeitamente previsível e, por definição,

livre de risco. Em outras palavras, o risco de possuir um ativo é originado pelas

surpresas que podem vir a ser aqueles eventos não antecipados.

2.1.4 Risco

Pode-se dizer que o risco é a uma questão primordial em relação aos

investimentos, os investidores não podem controlar os retornos, mas podem

controlar os riscos, na qual induzem os retornos.

Segundo Bernstein & Damodaran (2000), a existência do risco pressupõe que

o investidor não conhece o que irá acontecer, embora tenha alguma ideia das

possibilidades que irão enfrentar.

24

De acordo com Gitman (2002), risco é a chance de uma perda financeira.

Embora exista uma diferença entre risco e incerteza, na literatura financeira os

termos são utilizados alternadamente. O mesmo autor afirma que o indicador

estatístico mais comum de risco é o desvio padrão, que mede a dispersão em

relação ao retorno esperado, onde um maior desvio padrão indica maior dispersão.

A ideia é que quanto mais disperso for o retorno do esperado, maior a incerteza das

rentabilidades futuras.

Embora possam existir inúmeras medidas de risco, utilizaremos o desvio

padrão porque é uma medida, de certa forma, intuitiva, amplamente reconhecida e,

por fim, é a medida que tem sido utilizado na maior parte dos modelos teóricos de

precificação.

2.2 FUNDOS DE INVESTIMENTO

A CVM define fundos de investimento como: “Uma comunhão de recursos,

constituído sob forma de condomínio, destinado à aplicação em ativos financeiros,

autorizado pela legislação específica”.

Os fundos são uma forma organizada de captar e investir o dinheiro no

mercado financeiro de forma coletiva, uma vantagem, sobretudo, para o pequeno

investidor individual, pois o volume de capital obtido pela união de diversos

aplicadores permite que sejam obtidas melhores taxas de retorno se comparadas as

que obteria um pequeno investidor. A soma de recursos permite maior poder de

barganha durante as negociações de taxas de retorno e de corretagem, além de

permitir ao gestor uma capacidade de diversificação que não seria possível com

menor volume financeiro.

A estrutura do fundo permite que todo o dinheiro seja administrado de forma

única por um profissional e garante que todas as receitas e despesas serão divididas

proporcionalmente ao investimento realizado.

O investidor aplica em um fundo por meio da compra de cotas, que equivalem

a parte da carteira proporcional ao capital investido. O valor da cota é atualizado

diariamente e permite o acompanhamento do desempenho do fundo. Nos fundos

25

denominados abertos, essas cotas podem ser negociadas diariamente e o fundo

emite ou subscreve cotas para compensar os novos investimentos ou resgates.

Quando o fundo é fechado não são permitidas novas emissões ou subscrições fora

das datas estabelecidas e as cotas precisam ser negociadas com terceiros.

No Brasil o número de fundos se multiplicou nos últimos anos, em boa parte

devido a duas terceirizações que viabilizaram as boutiques de investimento – a da

distribuição, que permite aos gestores captar recursos sem a montagem de uma

extensa equipe de vendas, e a da administração, que os dispensa das atividades

burocráticas e operacionais.

2.3 HEDGE FUNDS

O termo hedging tem o significado de proteção e é utilizado para denominar

estratégias de compra ou venda de ativos com objetivo de proteger o portfólio de

movimentos contrários do mercado. Dessa forma, poderia parecer a algum

investidor que os riscos incorridos seriam baixos dada a estratégia de proteção

utilizada. Porém, os hedge funds não estão necessariamente sempre “hedgeados”

em todas as suas estratégias.

Atualmente, a denominação hedge fund foi estendida a um grande grupo de

fundos que atuam através de diferentes estratégias para tentar explorar ineficiências

de mercado. É uma forma de se referir a uma classe de fundos de investimentos na

qual um grupo de investidores, normalmente qualificados e com alto patrimônio,

encarrega o gestor de acompanhar o mercado em busca de oportunidades para

valorizar o capital investido diversificando seus investimentos.

Conforme mostra Pelosi (2003), em sua dissertação de mestrado, o termo

hedge fund virou uma denominação para diversos fundos não tradicionais. Ao invés

de uma definição clara, é mais comum encontrarmos na literatura uma enumeração

de suas características típicas. As principais características são sempre associadas

à liberdade de atuação para o gestor, tanto em relação aos ativos, quanto nas

estratégias e ferramentais utilizadas.

26

O gestor possui total autonomia para utilizar qualquer mercado e técnica na

busca de melhores retornos para o fundo, incluindo-se ai a alavancagem, que é a

possibilidade de realizar operações com capital superior ao patrimônio líquido do

fundo. É verdade que isso aumenta as possibilidades de ganho. Porém, o uso desta

estratégia aumenta o risco para quem participa de um fundo. O investidor pode,

inclusive, ser chamado pelo administrador para fazer aportes que cubram eventuais

prejuízos no caso do acontecimento de perdas maiores do que o patrimônio

disponível no fundo.

Outra técnica utilizada por estes gestores é a venda a descoberto, ou seja

nesse tipo de operação o gestor vende ativo que não possui em sua custódia

esperando que seus preços caiam abaixo do preço de venda. Ao recomprar este

ativo mais barato do que vendeu, o fundo estaria lucrando com a diferença entre o

valor que recebeu pela venda a descoberto e o valor que desembolsou para

recomprar e assim encerrar sua operação. Essa técnica permite ao gestor agregar

valor ao fundo mesmo com uma expectativa de queda no mercado.

Estes fundos são ditos de gestão ativa, pois combinam investimentos em

ativos de diversos mercados (juros, câmbio, ações, derivativos etc.) em função de

uma estratégia de investimento adotada pelo gestor e sem se preocupar com o

desempenho de um índice de referência específico. Dessa forma, podem assumir

mais riscos visando rentabilidades maiores.

Quanto aos campos de atuação, um hedge fund pode ser classificado como

macro pela liberdade de investir em diferentes mercados em função de suas

análises macroeconômicas. No mercado americano, é comum que o gestor acabe

se especializando em determinadas estratégias ou mercados que se sinta mais

confortável. Daí o surgimento de fundos especialistas em mercados emergentes, em

moedas, em derivativos entre outros. Já no mercado brasileiro, a maioria dos fundos

adota estratégias oportunistas em todos os mercados, porque ainda não temos um

mercado tão desenvolvido quanto o americano que ofereça espaço para um grande

fundo atuar sem interferir nos preços.

Não é preciso ir longe para se compreender portanto o alto grau de

participação e interferência dos profissionais que atuam nestes tipos de fundos. Com

certeza os resultados estarão intimamente ligados a sua habilidade na execução das

estratégias que envolvem o patrimônio dos investidores.

27

Com toda essa liberdade presente nos hedge funds, a capacidade do gestor

de gerar resultado aumenta, porém traz juntamente grande risco a essa classe.

Como a rentabilidade depende simplesmente da estratégia do gestor, podem haver

perdas mesmo em um cenário de valorização dos mercados em atuação e por isso o

investidor deve estar preparado para períodos de volatilidade das cotas, estando

inclusive ciente da possibilidade de perda do patrimônio investido como

consequência do uso de alavancagem e derivativos.

O cotista que investe nesse tipo de fundo paga ao prestador de serviço

através de duas formas: a taxa de administração e a taxa de performance. A taxa de

administração tem um custo fixo anual normalmente entre 1,5% e 2% fixos para

serem utilizados com todos os custos de funcionários, custódia, auditoria e outros

que o administrador possa ter. Já a taxa de performance, é atrelada ao bom

desempenho do fundo, sendo paga proporcionalmente ao resultado alcançado. No

mercado brasileiro o padrão é de 20% sobre o que exceder o CDI.

Tal forma de remuneração visa incentivar os gestores na obtenção de bons

resultados para o fundo, alinhando o seu interesse com o dos cotistas do fundo.

Porém, essa forma de remuneração também tem o seu aspecto negativo. Como a

remuneração do gestor será proporcional ao rendimento do fundo, mas nunca

haverá uma taxa de performance negativa, existe um incentivo para que se arrisque

exageradamente, especialmente nas situações que o fundo está com rentabilidade

abaixo do CDI e não cobrará performance.

Para demonstrar maior alinhamento de interesse com os seus cotistas, muitos

gestores costumam alocar o seu patrimônio pessoal investido no fundo juntamente

com o dinheiro dos demais clientes. Dessa forma, o cliente tem mais confiança de

que o gestor estará sempre trabalhando para alcançar o melhor resultado possível e

sem o uso de risco demasiado, já que no caso de falência do fundo, o capital do

gestor também estará comprometido.

28

2.4 O MODELO RANDOM WALK

Este modelo é um conceito matemático que consiste na realização de

sucessivos passos aleatórios. Os resultados obtidos através do processo de

Random Walk são utilizados em diversos campos da ciência como física, ecologia,

astronomia e em muitos outros como modelo fundamental para estudar processos

aleatórios ao longo do tempo.

Na área econômica o modelo é extremamente difundido na análise de ativos

de risco cujo comportamento possui uma componente aleatória. Por exemplo, o

modelo de Black & Scholes, que garantiu aos seus criadores o prêmio Nobel em

Economia em 1997 e é o padrão da indústria na precificação de opções, tem como

hipótese que o retorno das ações apresenta uma distribuição lognormal e utiliza o

Random Walk na precificação.

O Random Walk é um processo no qual a variação em valor durante cada

intervalo de tempo é independente de qual tenha sido o retorno nos intervalos

precedentes, e o tamanho assim como a direção dessa variação são imprevisíveis.

O modelo que será utilizado neste trabalho é o Random Walk lognormal com

tendência. A tendência se deve ao fato que as alterações de preços não são

completamente aleatórias. Existe uma componente na explicação do retorno que

define uma tendência de crescimento no valor ao longo do tempo. A parte do

Random Walk no processo representa as oscilações aleatória em torno dessa

tendência de longo prazo.

2.5 A DISTRIBUIÇÃO LOGNORMAL

O modelo de distribuição lognormal assume que as mudanças no logaritmo

do preço dos fundos possui uma distribuição normal e portanto, a distribuição de

valor apresenta uma distribuição lognormal.

No artigo “Lognormal Random Walk Model for Stock Prices”, Mulholland

(2005) explica porque funciona bem o uso dessa distribuição na estimativa do

29

comportamento de ativos de risco, no caso dele de ações, e apresenta as vantagens

em relação ao método normal ou a uma variação percentual.

Inicialmente são demonstrados dois problemas que encontraríamos ao

assumir que o comportamento do fundo segue uma distribuição normal. O primeiro

problema seria a possibilidade de nos depararmos com valores negativos ao utilizar

um Random Walk com preço da ação obedecendo um comportamento normal. No

caso de fundos, assim como ações, também precisamos de uma função que não

permita valores negativos, pois se o valor atingisse zero em um caso extremo já

teríamos o encerramento do fundo ou a falência da companhia, não há possibilidade

de continuar negociando o papel.

O segundo problema é a falta do chamado “efeito escala”. Seria esperado que

se uma ação valendo R$ 25,00 tivesse a possibilidade de variação de preço sendo

metade da de uma ação idêntica que possua valor de R$ 50,00, isso garantiria que o

preço por ação, ou por cota no caso de um fundo, não estão interferindo na variação

percentual no valor. Sem esta hipótese, encontraríamos absurdos, como por

exemplo o caso de uma ação se tornar mais arriscada por ter passado por um split

(quando uma companhia aumenta o número de ações e o preço de cada ação é

ajustado para que o valor total da companhia permaneça constante).

Uma alternativa para tentar evitar os problemas encontrados poderia ser a

adoção de variações relativas expressas em porcentagem do atual valor, entretanto,

essa medida também não se mostra eficaz. O problema da possibilidade de valores

negativos continuaria existindo, uma vez que a distribuição normal tem um perfil

simétrico, ignorando a tendência imposta, as chances de uma alta de 125% devem

ser exatamente as mesmas de uma queda de 125%. O problema está no fato que

apesar de não ser permitida uma queda de mais de 100%, não há razões para

impedir que ocorra uma valorização acima de 100%.

Um segundo problema apresentado pelo autor que aparece com a utilização

da variação porcentual é com os consecutivos intervalos de tempo. Após o primeiro

intervalo de tempo, os preços apresentarão efetivamente uma distribuição normal,

dado que partiram todos do mesmo nível inicial. Já ao final do segundo período, a

distribuição não apresentará as características de uma curva normal, pois o

resultado do primeiro período é que fora o ponto de partida para o rendimento no

segundo período. Notamos com isso que a quantidade de intervalos está interferindo

30

no resultado final, ou seja, de observássemos o retorno do fundo mensalmente ao

invés de diariamente, o resultado seria diferente, o que não faz sentido.

A utilização de um modelo lognormal é capaz de solucionar todos esses

problemas até agora mencionados. O gráfico e a tabela abaixo comparam as

variações de valor decorrentes de uma variação percentual no preço ou no logaritmo

natural, também chamado de Ln, do preço:

Gráfico 1 - Variação percentual contra variação logarítmica (Elaborado pelo autor)

Tabela 1 - Variação percentual contra variação logarítmica (Mulholland, 2005)

Através do gráfico e da tabela percebe-se que quando a variação em Ln é

pequena, ela fica muito próxima à variação em percentual. Já quando a variação em

Ln atinge níveis maiores, a variação correspondente em porcentagem começa a ser

consideravelmente maior do que a variação expressa em porcentagem do Ln. Para

-300%

-200%

-100%

0%

100%

200%

300%

400%

500%

600%

700%

-2 -1 0 1 2

Ln Variação %

Negativa Positiva Negativa Positiva Negativa Positiva

-0,01 0,01 -1,0% 1,0% -1,0% 1,0%

-0,02 0,02 -2,0% 2,0% -2,0% 2,0%

-0,05 0,05 -4,9% 5,1% -5,0% 5,0%

-0,10 0,10 -9,5% 10,5% -10,0% 10,0%

-0,20 0,20 -18,1% 22,1% -20,0% 20,0%

-0,50 0,50 -39,3% 64,9% -50,0% 50,0%

-1,00 1,00 -63,2% 171,8% -100,0% 100,0%

-2,00 2,00 -86,5% 638,9% -200,0% 200,0%

-5,00 5,00 -99,3% 14741,3% -500,0% 500,0%

Variação no Ln Variação Correspondente % Variação no Ln %

31

variações negativas ocorre o inverso, a variação correspondente em porcentagem é

consideravelmente menor do que variação no logaritmo natural.

Duas características muito importantes podem ser observadas nesses

resultados da tabela e do gráfico. A primeira é que existe um piso mínimo de -100%

e precisa de uma variação muito grande do Ln para chegar próximo desse piso. A

explicação disso é pelo fato da função Ln ter um intervalo de [ infinito negativo, 0,

infinito positivo] correspondente aos números [ 0,1, infinito positivo] respectivamente.

Isso garante que os preços podem alcançar valores muito próximos de zero, mas

permanecerão sempre positivos.

A segunda importante característica é que uma variação em Ln de +X e em

seguida uma de –X, fazem o valor retornar ao nível anterior. No caso da variação

porcentual isto não ocorria, se houvesse uma queda no preço de 20% e depois uma

alta de 20%, o resultado final seria (1-0,2)*(1+0,2)=0,96 ou 96% do preço inicial. Já

para a variação de Ln, podemos ver utilizando os dados da tabela que uma alta de

0,2 no Ln e uma consecutiva baixa de mesmo valor fariam um efeito nulo (1-

0,181)*(1+0,221)=1 ou 100% do valor inicial. Essa propriedade garante que se

modelarmos o Random Walk com diferente intervalos de tempo teremos resultados

consistentes. Podemos por exemplo, modelar o retorno de um intervalo de 2 meses

e obter o resultado mais facilmente do que realizar duas vezes consecutivas a

distribuição probabilística que usaríamos para um mês.

Para ilustrar o comportamento de uma função lognormal, considere que o

fundo tem crescimento esperado de 10% ao ano e volatilidade de 30%. O gráfico de

Mulholland (2005) mostra a distribuição de valores ao final de 1,2, e 3 anos se o

fundo seguir um Random Walk lognormal com tendência.

32

Gráfico 2 - Probabilidade de preços futuros (Mulholland, 2005)

Pode-se notar que a probabilidade maior para o preço da ação é de estar em

110% no primeiro ano, 121% no segundo ano e 133% no terceiro ano como era

esperado com um crescimento médio de 10% ao ano.

Se desenharmos o gráfico da distribuição probabilística do logaritmo natural

dos possíveis preços no gráfico acima reconheceremos uma distribuição normal já

que o gráfico anterior era uma distribuição lognormal.

33

Gráfico 3 - Probabilidade do logaritmo natural dos preços futuros (Mulholland, 2005)

Adiante será abordado o retorno em investimentos com risco, aonde a

variação no valor do investimento é incerta, através da utilização do random walk. A

equação empregada no modelo está deduzida abaixo de acordo com teoria de

Norstad (2008)

O autor considera S sendo um investimento de risco com valor inicial S0. Após

um curto intervalo de tempo chamado dt, o valor do investimento inicial que era S0

passará a ser S1. Neste período de tempo a taxa de retorno do investimento será

uma variável Y1 aleatória, e o valor S1 do investimento ao final do período será:

S1= S0*(1+ Y1)

Em seguida considere mais um intervalo de tempo dt. Sendo S2 o valor do

investimento ao término do segundo período de tempo e Y2 outra variável aleatória

para a rentabilidade no segundo período. Teremos:

S2 = S1*(1+Y2) = So*(1+ Y1)*(1+Y2)

34

Na medida que o tempo passa, o valor do investimento varia uma

porcentagem aleatória para cada período de tempo dt investido. Se chamarmos Sn o

valor do investimento ao final de n intervalos de tempo, e de Yi cada variação

aleatória no retorno do investimento dentro do período i, definimos a seguinte

equação:

∑( )

Podemos então tirar o logaritmo dos dois lados da equação obtida:

( ) ( ∑( )

)

( ) ( ) (∑( )

)

( ) ( ) ∑ ( )

( ) ∑ ( )

Para cada valor de i , vamos chamar de Zi o número aleatório log ( 1+ Yi ).

Então a equação fica:

( ) ∑

35

Para poder utilizar e equação obtida acima precisamos de informações sobre

a distribuição das variáveis aleatórias Yi, que são a taxa de retorno do investimento

no intervalo i.

Para o modelo de Random Walk Lognormal faremos três pressuposições a

respeito da taxa de retorno, embora tais hipóteses sejam questionáveis no mercado

real, podem ser consideradas boas aproximações da realidade para efeito de estudo

e estão justificadas a seguir:

As variáveis Yi são independentes. O retorno ocorrido em qualquer período

não afeta o retorno de períodos seguintes. O mercado “não tem memória”.

Existem duas evidências de que na realidade as taxas de retorno podem não

ser independentes uma das outras. A primeira é que existe uma pequena correlação

positiva no retorno para o curto prazo, isto pode ser chamado de “momento do

mercado”. Ou seja, se o mercado subiu em um dia, existe uma chance ínfima de que

ele vá subir novamente no dia seguinte. Infelizmente não é possível de explorar essa

anomalia do mercado, pois o efeito é tão pequeno que qualquer ganho seria deixado

nas taxas de corretagens necessárias para realizar essa operação.

Além disso, existem pesquisadores que acreditam existir uma correlação

negativa nos retornos para o longo prazo, este efeito é chamado de “reversão à

média”. Em contrapartida ao modelo de curto prazo, acredita-se que exista uma

média de longo prazo e que mercados que foram muito bem durante certo período

tenderão a render abaixo da média no futuro e vice-versa. Até hoje isto é só uma

teoria e ninguém conseguiu explicar quanto tempo durariam esses ciclos ou como

explorar essas tendências.

Todas as variáveis Yi são identicamente distribuídas. Significa que a média, o

desvio padrão e outros atributos que explicam o comportamento da função são

constantes ao longo do tempo.

Na realidade não existe motivo para acreditar que isto seja verdade, pois o

retorno esperado de um mercado com risco é simplesmente o prêmio que os

investidores exigem para correrem tais riscos. Esta disposição ao risco naturalmente

varia ao longo do tempo conforme a percepção de segurança no momento vivido.

Os desvios padrão também não são constantes e tendem a alternar entre períodos

de calmaria no mercado com períodos de alta volatilidade.

36

As variáveis Yi tem variância finita. Segundo pesquisadores como Benoit

Mandelbrot, as taxas de retorno provavelmente possuem distribuição “fractal” ou

“stable paritian”. Uma propriedade dessas funções é possuírem variância infinita.

Outra característica é que essas funções também possuem caudas mais gordas, ou

seja, existe probabilidade grandes ganhos ou perdas maiores do que o esperado

pela função lognormal.

Relembrando a equação obtida anteriormente:

( ) ∑ , sendo ( )

Se as variáveis Yi forem independentes, identicamente distribuídas e com

variância finita conforme assumimos acima, então Zi também possui essas três

propriedades.

De acordo com o teorema do limite central da teoria da probabilidade,

qualquer que seja a distribuição da variável de interesse para grandes amostras, a

distribuição das médias amostrais serão aproximadamente normalmente

distribuídas, e tenderão a uma distribuição normal à medida que o tamanho de

amostra crescer. Portanto, concluímos que:

(

)

Ainda segundo Norstad (2008), considerando o intervalo dt como muito curto,

podemos assumir que a função log(Sn/So) é normalmente distribuída para qualquer

período n com os quais Zi é normalmente distribuído com média e variância

idênticas.

Vamos chamar de :

( )

( )

Então Zi é uma distribuição normal de média e variância ,

N[ ]

37

Definindo:

( )

Então:

, onde

Sendo,

s(t) = o valor do investimento s no momento t

E deixando

Então:

( ( ) ( )) ( )

∑ ( ), onde dXi é N[0,dt]

Sendo dXi variáveis aleatórias, independentes e normalmente distribuídas

com média 0 e variância dt. Podemos afirmar que :

Como dXi é N[0 ] para i=1 ... n então ∑ é N[0 ], pois

38

Voltando a equação anterior, teremos:

( ( ) ( )) , sendo X uma N[0,t]

( )

( )

Sendo normalmente distribuído N[ , então s(t)/s(0) é

lognormalmente distribuído LN[ .

Finalmente, considerando a mudança no valor ds(t) no investimento S durante

um curto intervalo de tempo [ t , t+dt ]. Teremos:

s(t+dt) = s(t) , onde dX é N[0,dt]

ds(t) = s(t+dt) – s(t)

ds(t) =s(t) ( )

( )

( )

Esta equação serve para qualquer período t, portanto o comportamento do

nosso investimento de risco ao longo do tempo pode ser descrito por:

, onde dX é N[0,dt]

Esta equação é uma formulação do modelo Random Walk lognormal obtida

em Norstad (2008). é a taxa de retorno esperada do investimento calculada

continuamente, e é o desvio padrão do retorno contínuo.

39

2.6 O MÉTODO DE MONTE CARLO

O método de Monte Carlo surgiu em 1949 com a publicação do artigo “The

Monte Carlo Model” de autoria dos matemáticos John Von Neumann e Stanislaw

Ulam. O nome do método foi uma homenagem ao tio de Ulam que era frequentador

do famoso cassino de Mônaco.

O método consiste em uma alternativa mais prática de obter o valor esperado

de funções complexas através de uma análise por amostragem. São geradas

múltiplas simulações com a utilização de um gerador de números aleatórios e

baseado nessa amostra fica possível aproximar o resultado esperado da distribuição

em estudo.

No livro de Hammersley & Handscomb (1964), a definição do Método de

Monte Carlo é dada como sendo “a parte da matemática experimental que esta

preocupada em experiências com números aleatórios”. É uma definição bem ampla,

mas que traz ideia da gama de aplicações para que o método pode servir. Quando

criou o método, John Von Neumann estudava a difusão de nêutrons durante o

desenvolvimento da bomba atômica em Los Alamos. Hoje em dia, com o avanço da

computação, tornou-se fácil realizar milhares de cálculos por segundo, e com isso o

método foi difundido para aplicações mais simples. Tem sido utilizado desde o

cálculo da área de uma figura plana até para encontrar o valor do número PI.

Segundo Barros (2005), três passos básicos devem ser seguidos para a

execução do método de Monte Carlo.

O primeiro passo é estabelecer qual é a população de interesse. É necessário

que se conheça os seus parâmetros (média, desvio padrão, moda, etc.) e que seja

possível explicar o seu comportamento (normal, exponencial, uniforme, lognormal,

etc.).

O segundo passo é calcular as estatísticas de interesse a partir de números

aleatórios, e que representem amostras da população. A sequência de números é

facilmente obtida computacionalmente através de um gerador de números pseudo

aleatórios. O terceiro passo para executar o método de Monte Carlo fica sendo criar

a distribuição de frequência da estatística de interesse. Esta distribuição de

40

frequência é chamada de distribuição aleatória empírica, e pode ser comparada com

a distribuição aleatória teórica apropriada para avaliação da escolha.

41

3 FINANÇAS COMPORTAMENTAIS

3.1 VISÃO GERAL

O estudo das Finanças tradicionais pressupõe que os agentes econômicos

atuam sempre de forma racional – Hipótese dos Mercados Eficientes (EMH), ou

seja, os agentes não consideram que a psicologia pessoal interfere na tomada das

decisões de investimentos.

As finanças comportamentais contestam a ideia de que o mercado e seus

agentes estão sempre atuando racionalmente e passam a considerar o ser humano

capaz de erros, frequentemente erros decorrentes da ação por impulso. O objetivo

do estudo de finanças comportamentais é melhorar a compreensão de

acontecimentos ocorridos no mercado, especialmente as crises financeiras, pois

durante esses períodos, cada vez mais frequentes, ocorrem anomalias nos preços

os quais a escola moderna de finanças é incapaz de explicar com os conceitos de

racionalidade.

Um estudo base de finanças comportamentais é a “Prospect Theory: An

Analysis of Decision under Risk” apresentada pelos psicólogos e professores

israelenses Daniel Kahneman e Amos Tversky em 1979 que será abordado no item

5.3. Em sua publicação, Kahneman & Tversky (1979) os autores mostram o

processo de análise de decisão diante de probabilidades arriscadas, trabalho que

levou Kahenman a receber o Prêmio Nobel de economia em 2002, nesta época o

seu companheiro Tversky já não estava mais vivo.

Kahneman & Tversky (1974) identificam também fatores psicológicos que

influenciam no comportamento do investidor e que podem gerar erros sistemático no

processo decisório. Esses fatores são conhecidos como ilusões cognitivas, que

podem ser determinadas pelas regras heurísticas, ou seja, atalhos mentais que

levam a conclusões sem um raciocínio fundamentado cientificamente.

42

3.2 ILUSÕES COGNITIVAS CAUSADAS PELA HEURÍSTICA

Representatividade: de acordo com Nofsinger (2006), o cérebro parte da

premissa de que todas as coisas que compartilham qualidades semelhantes têm

similaridade entre si. A representatividade é o julgamento que se baseia em

estereótipos, ou seja, as pessoas veem padrão onde não existe, podendo levar a

conclusões erradas.

Nofsinger (2006) mostra também erros de representatividade nos mercados

financeiros. Os investidores confundem boas empresas com bons investimentos.

Boas empresas são as que geram fortes resultados, têm alto crescimento no

faturamento e são bem administradas. Bons investimentos, por exemplo, são ações

cujos preços sobem mais que as outras. Portanto, as ações de boas empresas nem

sempre são um bom investimento.

Nos mercados financeiros também é possível observar que os investidores

cometem erros da extrapolação quando examinam os retornos dos investimentos

passados. Eles preferem adquirir investimentos após uma alta, em detrimento

daqueles que tiveram uma queda recente. Sendo assim, consideram o desempenho

anterior como uma representatividade das expectativas futuras.

Familiaridade: as pessoas preferem aquilo que lhes é familiar. Quando as

pessoas se defrontam com duas opções arriscadas e têm mais informações sobre

uma delas, escolhem aquela que lhes é mais familiar, não procurando mais

informações que auxiliem na avaliação. Diante de duas opções em que as chances

de vencer são as mesmas, certamente escolherão a mais conhecida.

Podemos aqui tomar como exemplo a primeira aplicação de um investidor,

que tem pouca, ou nenhuma, informação sobre o mercado financeiro. Ele preferirá

os serviços que lhe sejam mais familiares, como a poupança, mesmo sabendo que

seria possível obter retornos melhores em outros produtos, porém desconhecidos.

Excesso de Confiança: ainda segundo Nofsinger (2006), o excesso de

confiança faz com que as pessoas superestimem seus conhecimentos, subestimem

os riscos e exagerem na sua capacidade de controlar os eventos. As pessoas têm

43

excesso de confiança quando pensam ter controle do resultado, mesmo que muitas

vezes isso não seja a realidade.

Pesquisas simples como perguntar se uma pessoa se considera melhor ou

pior motorista do que a média, comprovam como as pessoas supervalorizam suas

habilidades. Nofsinger (2006, p. 10) cita uma pesquisa de Ola Svenson, na qual 82%

das pessoas se consideraram melhores motoristas do que a média. Claramente uma

grande parte delas estava enganada.

O Excesso de confiança afeta o comportamento de tomada de risco do

investidor. Racionalmente o investidor tenta maximizar o retorno enquanto minimiza

o tamanho do risco tomado. Porém, os investidores super confiantes interpretam

erroneamente o risco tomado, pois se ele está certo de que o investimento escolhido

desempenhará bem, não existe risco algum.

Considerações sobre o passado: é outro fator influenciador, segundo um

trecho dos psicólogos Kahneman e Tversky: “Uma pessoa que não fez as pazes

com suas perdas provavelmente aceitará transações arriscadas que, de outra forma,

dificilmente aceitaria” (Kahneman & Tversky, Prospect Theory: An Analysis of

Decision Under Risk, 1979, p. 287)

Segundo o autor, as pessoas têm uma tendência de usar um resultado

passado como fator para a avaliação de uma decisão atual arriscada, ou seja, elas

se dispõem a assumir riscos maiores após um ganho e riscos menores após uma

perda.

Emoções e sentimentos: Ainda segundo Nofsinger (2006), sentimentos e

emoções totalmente desvinculados do assunto podem afetar as decisões. Não raro,

as reações emocionais divergem da razão e da lógica dominando o processo

decisório. Quanto mais complexa e incerta a situação, mais as emoções influenciam

a decisão. Até mesmo o bom humor pode influenciar nas decisões financeiras, se

alguém está de bom humor é mais provável que será otimista ao avaliar um

investimento.

44

3.3 TEORIA DAS PERSPECTIVAS

A Teoria das Possibilidades ou Prospect Theory (Kahneman & Tversky,

Prospect Theory: An Analysis of Decision Under Risk, 1979) é uma teoria que

descreve o processo de decisão entre alternativas que envolvem risco, onde as

possibilidades são conhecidas. O modelo é descritivo e tenta modelar situações

reais ao invés de encontrar quais seriam as decisões ótimas. Os autores mostram

que cada decisão tende a ser avaliada de forma independente, ao contrário do que

prevê o modelo da utilidade esperada.

Os autores realizaram um experimento com estudantes. Primeiro pediram

para que escolhessem entre ganhar $3.000 com certeza ou $4.000 com 80% de

chance e 20% de chance de não ganhar nada. Dos participantes, 80% preferiram

ganhar os $3.000 certos, demonstrando aversão ao risco.

Depois, foram oferecidas aos estudantes as mesmas alternativas em termos

de risco. Deveriam optar por perder $3.000 com certeza ou ter 80% de chance de

perder $4.000. Dessa vez o resultado mostrou que os estudantes eram propensos

ao risco, pois a maioria preferia a possibilidade de perder $4.000 ao invés da certeza

de perder $3.000.

Este comportamento dos investidores em relação a avaliação de ganhos e

perdas foi descrito pelos pesquisadores através de uma função utilidade na forma de

“S”, conforme a figura :

VALOR

GANHOS

PERDAS

Figura 2 – A função valor hipotética (Kahneman & Tversky, 1979)

45

As conclusões relevantes dessa teoria foram:

As pessoas são geralmente avessas ao risco para ganhos e propensas ao

risco para perdas.

Pessoas atribuem pesos menores para ganhos do que para perdas

potenciais.

As pessoas atribuem peso excessivo a resultados certos em comparação com

resultados apenas prováveis.

Pessoas fazem escolhas sobre ganhos e perdas a partir de um ponto de

referência.

Kahneman & Tversky, (1979) mostram na sua pesquisa com investidores que

a dor gerada por uma perda supera o prazer obtido com um ganho. Isso leva os

investidores a lidarem diferentemente com posições ganhadoras e perdedoras.

Segundo Shefrin & Statman (1985), esse efeito ocorre quando os investidores

preferem vender as suas posições que estão com ganhos e segurar aquelas em que

existe um prejuízo acumulado. Tal efeito é explicado pela decisão tomada a partir de

um ponto de referência, que é o preço inicial do ativo. Assim como citado na teoria

das perspectivas, quando um ganho é possível existe maior tendência de exposição

ao risco.

Também pode estar relacionado a esse efeito o sentimento de

arrependimento. Quando o investidor tem prejuízo em um ativo, prefere continuar

com o ativo em queda para não realizar o prejuízo e não precisar conviver com o

arrependimento pela perda. Na verdade, está apenas postergando o pagamento de

um prejuízo que já aconteceu enquanto continua com esse investimento, sendo que

poderia já ter trocado de ativo e estar ganhando com outro investimento nesse

instante.

Quando o investidor tem ganho em uma posição, geralmente busca a

satisfação gerada pelo lucro e para isso costuma vender as posições ganhadoras.

Com esse comportamento pode estar deixando de ter um retorno maior se os ativos

em alta continuarem a subir ainda mais.

46

4 O CENÁRIO NA CRISE FINANCEIRA

4.1 O DESEMPENHO DOS HEDGE FUNDS

O colapso do banco de investimentos Lehman Brothers em 15 de Setembro

de 2008 marcou a transformação da crise financeira que começara com as

hipotecas de alto risco americanas em uma crise global sistêmica, avaliada por

especialistas como a pior crise desde a grande depressão em 1929.

Na economia real houve uma forte retração na atividade econômica

associada ao movimento de redução de alavancagem do sistema e pela rápida

queda na confiança com a economia por parte do consumidor. Já no mercado

financeiro, com o medo de contaminação de outras instituições pelo chamado “efeito

dominó”, ocorreu um enorme movimento de aversão ao risco e busca por liquidez

que interrompeu linhas de crédito internacionais e causou enorme desvalorização de

moedas consideradas especulativas pelo mercado.

Essa fuga de capitais iniciada após a quebra do Lehman Brothers trouxe

efeitos devastadores para a economia mundial. Ao se espalhar por todas as

obrigações com colateral, o problema pôs em perigo empresas de seguro e

resseguro. O mercado de swaps quase foi arrasado, as bolsas despencaram no

mundo todo e os empréstimos interbancários foram paralisados, obrigando os

governos a interferirem na economia para injetar dinheiro e forçar os bancos a

emprestarem novamente.

Em meio a esse cenário, os hedge funds, criados para serem teoricamente

neutros ao mercado, se mostraram na verdade como grandes tomadores de risco e

sofreram fortes quedas com a desvalorização das bolsas e moedas conforme

podemos verificar no gráfico a seguir que traz o retorno do Índice de Hedge Funds

ANDIMA desde sua criação em 01 de Outubro de 2007.

47

Gráfico 4 – Desempenho do IHFA (Quantum, 2010)

É possível visualizar a acentuada desvalorização do índice no segundo

semestre de 2008, especialmente após Setembro na época após a quebra do banco

Lehman Brothers.

Nota-se também uma forte valorização logo após o período de pânico, no qual

o índice cresceu 22,2% em um período de 12 meses a partir do nível mais baixo em

27 de Outubro de 2008 contra 10,3% do CDI, o que equivalente a 215% do

rendimento do CDI.

4.2 O COMPORTAMENTO DOS INVESTIDORES

É muito interessante estudar como o comportamento de um investidor pode

se tornar irracional quando está sob pressão ou em momentos de caos e como o

aspecto psicológico é capaz de influenciar na tomada de decisões que deveriam ser

estritamente lógicas.

48

No gráfico a seguir, vemos a captação líquida da indústria de fundos no

período de 2005 a agosto de 2010:

Podemos observar no gráfico a grande captação de aproximadamente R$ 60

bilhões de reais no ano de 2006 e em seguida a fuga de praticamente o mesmo

montante de recursos ocorrida dois anos depois, durante a crise em 2008.

Conforme demonstra o gráfico 1, apesar da perda de patrimônio ocorrida em

2008, quem ainda assim manteve os recursos aplicados obteve um retorno posterior

suficiente para recuperar o capital que havia perdido. Porém, foi exatamente no

período de maiores perdas que muitos investidores insatisfeitos resgataram os seus

recursos e assim não obtiveram os ganhos posteriores.

Tentaremos analisar agora o que influencia o comportamento dos investidores

tomadores de decisão tanto em situações típicas quanto em cenários adversos

como foi a crise financeira. Será feita uma abordagem do ponto de vista psicológico,

já que do ponto de vista de fundamento, o preço dos ativos mais baixos justificaria

uma nova compra pelos preços mais atrativos e não a venda como aconteceu.

Gráfico 5 – Captação líquida da indústria de fundos (Anbima, 2010)

49

4.2.1 Influências na tomada de decisão

Conforme o gráfico 2, nota-se uma grande captação no ano de 2006, esta é

justificada pelo cenário favorável da época. As finanças mundiais estavam em

expansão e com trajetória de alta, sendo o Brasil observado atentamente pelos

investidores estrangeiros como um país atrativo para investimentos.

Nas manchetes de jornais percebe-se como a mídia louvava e explicava a

indústria de fundos destacando a sua rentabilidade e expansão.

Figura 3 – Manchetes de jornais em 2006

Neste cenário favorável, algumas ilusões cognitivas abordadas no item 5.2

mostram-se presentes na mente do investidor. Um exemplo é a representatividade,

que leva o investidor a admitir a existência de um padrão de crescimento que pode

não se configurar. Também o excesso de confiança gerado pelas manchetes de

jornais contribui para gerar um conforto psicológico favorável ao investimento de

risco.

Nofsinger (2006) avalia na mídia uma necessidade de exagerar a importância

dos fatos, como forma de competir pela nossa atenção. Os profissionais da mídia

50

tem acesso a inúmeras pesquisas e ferramentas de análise, mas na necessidade de

escreverem manchetes curtas e frases de impacto, raramente comentam sobre as

análises propriamente ditas e deixam a impressão de que a análise de investimento

é simplesmente uma contagem de histórias.

Assim, na tentativa de atrair nossa atenção, a mídia apela para emoções e

sentimentos que naturalmente levam-na a gravitar em torno de decisões de

investimento.

Vejamos agora o cenário em 2008. O ambiente predominante era de terror

em todo o mundo e inclusive nos fundos de investimento. Todos os ativos estavam

precificados a custos insignificantes e era uma oportunidade de compra única para

quem tivesse coragem, porém só se falava em medo diante da possibilidade de uma

perda total. O pânico foi generalizado e á mídia apresentava as informações

destacando as perdas em fundos e desincentivando o investimento em risco.

51

Figura 4 – Manchetes de jornais em 2008

Se compararmos o comportamento da mídia nos dois períodos distintos,

podemos notar um viés nas manchetes que influencia fortemente o emocional do

investidor.

O processo de decisão fica muito complexo nestas condições, porque como

vimos, a razão e a emoção são indissociáveis e as ilusões cognitivas atuam na

mente do investidor.

É fácil perceber através do gráfico 2 a queda no volume de captação neste

período. Conforme abordado no item 5.2, as interações sociais e informações

externas interagem no processo cognitivo de avaliação influenciando o processo de

decisão. Segundo Nofsinger (2006), quanto mais complexa e incerta for a situação,

mais as emoções influenciam na decisão.

52

Ainda sob efeito de ilusões cognitivas, a representatividade leva os

investidores a acreditarem na existência de um possível padrão de queda, afastando

novos investimentos. Assim como vimos anteriormente, estes ficam mais

confortáveis em investir em um ativo que está em uma trajetória de alta em

detrimento dos ativos que estão em baixa, o que contraria a máxima do mercado

financeiro que prega comprar na baixa e vender na alta.

A Teoria das Perspectivas (item 5.3), ensina que quando o investidor tem

prejuízo em um ativo, prefere continuar com o ativo em queda para não realizar o

prejuízo e precisar conviver com o arrependimento da perda. Em uma situação de

queda contínua, como foi na crise em 2008, a tentativa de evitar a perda,

postergando a decisão de venda, levou grande parte dos investidores a tomar a

decisão de venda em um momento pior ainda.

Aqueles investidores não influenciados pela emoção que suportaram a queda,

assim como aqueles que enxergaram na crise uma oportunidade de compra, se

beneficiaram da vertiginosa recuperação ocorrida em seguida.

4.3 DAS CRISES SURGEM AS OPORTUNIDADES

O estudo de finanças comportamentais demonstra existir uma falta de

racionalidade mesmo em decisões importantes tomadas com extrema cautela.

Apesar da consciência dos erros cometidos anteriormente, o nosso corpo é

condicionado em seu modo de pensar, de forma que é esperada a repetição das

mesmas atitudes em um próximo cenário de crise, como acompanhamos

constantemente.

Observando no gráfico 1 o comportamento dos hedge funds durante a crise

financeira de 2008 com o comportamento do investidor mostrado no gráfico 2,

percebe-se que, sob influência de ilusões cognitivas e influências externas, os

investidores promoveram uma onda de resgates exatamente no pior momento,

realizando o prejuízo financeiro e perdendo a oportunidade de recuperação que

sucedeu o auge da crise.

53

Em vista dos fatos narrados, a sugestão de investimento proposta por este

trabalho é um capital protegido de hedge fund com um método de composição de

carteira livre de decisões pessoais sujeitas a emoções e ilusões cognitivas. Com o

pré estabelecimento de uma metodologia de ação, o aumento ou diminuição da

alocação em risco, durante todo o período de investimento, será decorrente somente

do cenário externo, sem influência da opinião do gestor ou do próprio detentor do

capital.

Essa metodologia contribuirá para que o investimento seja visto como uma

aplicação de longo prazo, pois será vedada a opção de realizar movimentações no

investimento, tirando do cliente a preocupação constante de como agir diante de

alguma mudança de cenário.

54

55

5 FUNDOS DE CAPITAL PROTEGIDO

5.1 A VISÃO DO CLIENTE

Foi pensando em conquistar o público que não tem a capacidade de suportar

as oscilações e riscos presentes no mercado de renda variável, assim como o

público traumatizado pelas enormes perdas de patrimônio sofridas durante a crise

que os bancos trouxeram ao país os fundos de capital protegido.

O grande atrativo desses produtos é a participação em parte da alta da renda

variável, mas com uma proteção que impede, ao final do período estipulado, a

devolução de um valor inferior ao aplicado.

Se considerarmos a perspectiva de retornos mais baixo no Brasil, por conta

da realidade mais baixa de juros, os investimentos arriscados tendem a ganhar cada

vez mais espaço nos portfolios e essa forma de fundo pode servir de primeiro passo

para um investidor ainda não preparado aos grandes riscos do mercado variável.

Entre os analistas de investimentos existe uma polêmica sobre as vantagens

e desvantagens dos fundos de capital protegido. Ao investir nesse tipo de

investimento deve-se atentar sempre para o problema comum de sua falta de

liquidez e para a complexidade em se medir os riscos. Como muitas vezes os

produtos são formados através da combinação de diversos ativos fica difícil avaliar

as características de risco e retorno propiciadas. As vezes, tais produtos podem

incorporar riscos superiores ao investimento direto no ativo, mas que ficam

imperceptíveis dentro da estrutura em que são vendidos.

Mesmo assim essa categoria de produto vem sendo muito bem aceita pelos

investidores, o patrimônio sob gestão dessa indústria cresceu consideravelmente

nos últimos anos. Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos

Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA) o patrimônio líquido total dessa

estratégia saltou de R$ 1,649 bilhão em Janeiro de 2008 para R$ 5,433 bilhões no

final de Julho de 2010.

Quando surgiu, esse tipo de aplicação – também chamada de nota

estruturada – estava limitada apenas a grandes investidores, pois era feita

56

individualmente. Depois, para permitir a aplicação simultânea de vários investidores,

essas estruturas começaram a ser montadas sob forma de fundos fechados. Ou

seja, o fundo tem uma fase de captação de recursos por meio da venda de cotas e é

fechado após esta fase, não permitindo mais que sejam feitas novas subscrições ou

resgates de cotas antes da data estipulada. Esta é uma desvantagem desses fundos

em relação a fundos que garantem liquidez diária (quando o cliente pode sair da

aplicação a qualquer dia), porém foi a forma encontrada de permitir que os

pequenos investidores tivessem acesso a este tipo de produto.

Outras mudanças também ocorreram na estrutura dos fundos. No início os

fundos proporcionavam retornos apenas com a alta da bolsa e não permitiam

resgates antecipados. Hoje em dia existem estruturas que oferecem com quedas da

bolsa também, ou atreladas a outros mercados como moedas e commodities,

também já surgiram fundos cujo resgate antecipado é permitido mediante um

pagamento de multa aos cotistas permanecentes. O passo seguinte tem sido a

utilização de alavancagem, para ganhar mais do que a variação da bolsa.

5.2 A ESTRUTURA

Estão disponíveis no mercado inúmeras formas de capital protegido, porém

praticamente todas elas são derivadas de um dos seguintes métodos de

estruturação:

Estrutura com Opção & Título de Renda Fixa

Estratégias de Hedge Dinâmico

5.3 ESTRUTURA COM OPÇÕES E TÍTULO DE RENDA FIXA

Por trás do fundo de capital protegido existe uma estrutura criada através da

união de dois ou mais ativos que proporcionam novas características de risco e

57

retorno possíveis de serem estabelecidos previamente através da análise de

sensibilidade da sua matriz de retorno.

Essa estrutura é a pioneira em produtos estruturados com intenção de

proteger o capital. Existem variações na estruturação, mas todas dentro do mesmo

princípio e o entendimento dessa servirá para compreensão de outras. Tais

estruturas são sempre compostas das duas partes:

Título de Renda Fixa – Um ativo seguro como um título do governo ou

Certificado de depósito Bancário, não pagador de cupom, que fornecerá o capital

garantido ao final da operação.

Opções – Pode ser uma opção ou uma combinação de derivativos. Esse

portfólio visa a exposição ao tema desejado na tentativa de conquistar um retorno

acima do capital protegido.

Ao final da operação o investidor terá o retorno dado pela soma de ambas as

partes. Receberá 100% do capital investido referente ao investimento em renda fixa

e mais o retorno do investimento em opções como ilustra a figura.

Figura 5 – A estrutura com renda fixa e opção de compra (Funds Focus, 2010)

58

5.3.1 Renda Fixa

Para a parcela de renda fixa, é preferido que sejam comprados títulos não

pagadores de cupom ( pagamentos periódicos de juros ) e com rentabilidade pré-

fixada, o que significa que sua rentabilidade é definida no momento da compra.

Assim, sabe-se exatamente quanto irá receber ao final do período para garantir a

integridade do capital e não correr o risco da variação na taxa de juros.

Os títulos pré-fixados são comprados com desconto sobre o valor de face,

que é o valor a ser recebido no vencimento. O valor inicial que precisa ser alocado

nessa renda fixa é calculado trazendo o valor de face ao presente descontado pela

taxa de juros do título. Ele pode ser obtido pela equação 1.1 para juros contínuos ou

pela equação 1.2 no caso de juros compostos de modo discreto.

( )

Onde CI é o capital investido, i é a taxa de juro, N é o número de períodos e t

é tempo até a maturidade.

No Brasil, os títulos pré-fixados emitidos pelo tesouro nacional são chamados

de LTN ( Letras do Tesouro Nacional ), existem várias opções de investimento,

todas com valor nominal no vencimento de R$ 1.000,00. O retorno, também

chamada de deságio, é dado pela diferença entre o valor de compra e o valor no

vencimento. O mercado brasileiro utiliza como padrão 252 dias úteis no cálculo da

taxa efetiva anual.

59

5.3.2 Opções

Nos fundos de capital protegido devem ser feitos investimentos em ativos cuja

perda máxima esteja limitada ao valor investido. Portanto, são sempre compradas

opções e nunca as vendem a descoberto, o que deixaria o fundo exposto a um risco

de prejuízo.

Na prática são utilizas as opções conhecidas como “Call” ou opção de

compra. Na figura abaixo temos um exemplo da distribuição esperada ao comprador

de uma opção como essa.

Figura 6 – Rentabilidade de uma opção de compra (BM&F Bovespa, 2007, p. 46)

Como é possível observar através do gráfico, a perda da operação está

limitada ao valor investido caso o ativo ao final do período tenha valor inferior ao

acordado e tem a possibilidade de ganho ilimitado com a alta do ativo.

Existe enorme flexibilidade na criação dessas opções e portanto são feitas

para se ajustarem a cenários específicos escolhidos pelo investidor. Elas podem ser

usadas por investidores para ter acesso a mercados restritos, para eliminar riscos

não desejados ( risco cambial, variação da taxa de juros, .. ) ou para possibilitar a

alavancagem.

60

Durante a idealização do fundo consegue-se estabelecer previamente a sua

matriz de retorno pela análise de sensibilidade dos ativos presentes para os

possíveis cenários, então o cliente consegue saber exatamente o desempenho a

esperar para o fundo em cada circunstância.

Para garantir que a parte de investimento em opções não tenha resultado

negativo que comprometa a performance total do produto, esse investimento deve

ser feito através da compra de opções, nunca da venda.

5.3.3 Considerações

O retorno do produto estruturado dependerá da renda fixa e das opções e

será dado pela soma de ambas na maturação, não importa como tenha sido o

comportamento dos preços ao longo do período.

O grau de participação na rentabilidade do investimento por trás da operação

dependerá da valorização das opções. Com altas taxas de juro e um longo prazo até

o vencimento, a parcela de renda fixa necessária será menor e mais dinheiro restará

para as apostas em opções. Assim sendo, dependerá das características da opção o

retorno obtido.

Essa estrutura de renda fixa e opção é a mais comum do mercado pela sua

eficiência e simplicidade. Porém, ela é dependente da existência de opções relativas

ao ativo que se deseja investir. Em geral, as opções disponíveis são normalmente

relacionadas a ações, commodities ou taxa de juro. Além da enorme variabilidade

existente de opções, um banco também pode emitir opções sob demanda, são as

chamadas opções exóticas.

Entretanto, os bancos nunca emitiriam opções referentes a fundos de

investimentos. Cada fundo tem comportamento muito diferenciado, de acordo com

as ideias do seu gestor e não haveria como o banco precificar essa opção. Mesmo

no caso que soubessem precificar, ainda assim não a fariam, pois seria possível ao

gestor, que tem controle sobre a rentabilidade do fundo, manipular os preços em

benefício próprio para ganhar dinheiro com o comércio dessas opções.

61

5.4 ESTRUTURA COM HEDGE DINÂMICO

O método de hedge dinâmico de um portfólio é uma maneira mais complexa

de proteger o capital, mas que não está sujeita a restrição de existência de opções

como no caso anterior. Dessa vez, não é necessário alocar uma reserva de capital

no ativo livre de risco já incialmente, só será preciso assegurar que o valor total do

portfólio seja sempre maior do que o valor presente do capital garantido ao final do

período de investimento. Então, a proporção entre o ativo livre de risco e de ativos

com risco varia dinamicamente de acordo com a performance do portfólio para tentar

maximizar o retorno ao mesmo tempo em que mantém ao investidor a garantia do

capital investido de volta.

Figura 7 – Alocação entre hedge fund e ativo defensivo ( Adaptado de: (Wachovia Securities

Inc. - Structured Products, 2003, p. 3))

5.4.1 Constant Proportion Portfolio Insurance ( CPPI )

Essa forma de hedge dinâmico chamada Constant Proportion Portfolio

Insurance ( CPPI ), é a mais eficiente que se conhece e tem sido utilizada em todos

os recentes lançamentos de títulos com capital protegido ligados a hedge funds no

ATIVO DEFENSIVO HEDGE FUND

REBALANCEAMENTO

Menos Mais Risco

62

exterior. Desenvolvida em 1986 por Fischer Black e Robert Jones, quando

trabalhavam no Goldman Sachs, esta técnica apresenta a vantagem de não

envolver investimento em opções e ser aplicável a qualquer tipo de título mobiliário,

além do simples entendimento e implementação, como eles mesmos a definiram.

A descrição e exemplos a seguir são baseados em material explicativo

disponibilizado pelo Banco Wachovia em 2003.

A aplicação do CPPI parte do estabelecimento de um piso mínimo para o

valor do seu portfólio que crescerá pela taxa de juro do seu ativo defensivo durante

esse período. Usualmente é escolhido como piso o valor presente do capital

investido, para que o investimento retorne o mesmo valor ao final do período.

O modelo CPPI servirá para determinar ao investidor qual a proporção da

carteira que deve ser alocada nos hedge funds e quanto deve permanecer na renda

fixa. O modelo exigirá que o gestor ocasionalmente realize mudanças na alocação, a

forma como fazê-las e permitirá entender como elas afetarão a performance do

portfólio.

A quantidade máxima que poderá ser alocada em hedge funds em qualquer

período é dada por:

( ) ( )

Onde:

Piso é o valor presente da obrigação que se terá ao final do

investimento descontado a taxa livre de risco. Ele cresce ao longo do tempo e

representa um valor o qual o CPPI nunca pode estar baixo para garantir o

pagamento de todas as promessas ao final do período. O Piso é função do

tempo restante para a maturidade e da taxa de juros, e irá aumentar no

decorrer da operação até atingir o valor do capital protegido.

Valor Portfólio é o valor somado do investimento em hedge funds e no

ativo livre de risco. No caso de haver alavancagem, o Valor Portfólio deve

desconsiderar a quantia tomada como empréstimo para investir em hedge

funds.

63

Múltiplo é o indicador de alavancagem implícita do portfólio. Ele é

definido previamente e permanece constante durante o investimento.

Geralmente, para hedge funds é utilizado um valor entre 3 e 5 dependendo do

retorno da renda fixa e do nível de tolerância a risco do portfólio. Quanto

maior o valor do múltiplo, maior será o potencial de ganho, porém serão

maiores as chances de obter somente a preservação do capital na

maturidade.

Todos os valores são utilizados como porcentagens em relação ao

investimento inicial, exceto o múltiplo que é adimensional.

O processo de investimento começa com a escolha dos hedge funds, do

limite para uso de alavancagem e do estabelecimento de um múltiplo que permita o

investimento inicial de 100% nos hedge funds. Então, o portfolio será gerido

ativamente em função das regras estabelecidas.

A diferença entre o Valor do Portfólio e o Piso é chamada de colchão, ela

representa um excesso que existe no valor do portfólio em relação as necessidades

para o pagamento da obrigação.

O colchão pode aumentar pelo ganho com a alocação nos fundos ou pelo

aumento da taxa de juros, que diminui o piso, quando ocorrer uma dessas situações

é possível aumentar a alocação em fundos. Se todo o dinheiro já estiver investido

em fundos ainda pode ser realizado um empréstimo até o limite estabelecido para

alavancagem.

No caso contrário, quando houver perda com a alocação em fundos ou uma

redução da taxa de juros, o colchão diminuirá e será necessário que sejam

resgatados fundos do portfólio de acordo com a fórmula CPPI para comprar o ativo

livre de risco.

Se em algum momento ao longo do período ocorrer uma situação em que,

devido a mudanças nos valores do hedge funds e dos ativos defensivos, todo o

capital encontrar-se investido no ativo defensivo ( livre de risco ), o processo de

asset allocation é encerrado e o investidor receberá somente o capital garantido na

maturidade.

64

5.4.1.1 Exemplo

A tabela a seguir mostra um exemplo da aplicação do CPPI com base em

Wachovia Securities Inc. - Structured Products (2003) em função de mudanças no

valor do portfólio apenas. Este exemplo foi calculado para capital garantido de

100%, alavancagem máxima de 30%, múltiplo de 5, horizonte de investimento de 3

anos com rebalanceamentos trimestrais e taxa de juro de 12% ao ano. Os ganhos e

perdas do portfólio são suposições.

Tabela 2 – Exemplo aplicação CPPI (Adaptado de: Wachovia Securities Inc. - Structured

Products (2003))

Período 1: Uso de Alavancagem

O Portfólio cresce de 100% para 103% do principal. A Alocação em fundos

poderia subir para 150% ( 30% x 5 ) do principal, de acordo com a formula do CPPI.

Porém, a alocação máxima em fundos está limitada a 133% ( 103% + 100% x 0,3 )

porque a alavancagem máxima é de 30%. Este cenário demonstra a utilização da

máxima capacidade de alavancagem com uma alocação total em fundos.

Período 2: Redução da Alavancagem

Com uma queda do valor do portfólio de 103% para 99%, a alocação em

fundos precisa ser reduzida de 133% para 118% do principal. Assim, a alavancagem

utilizada que era de 30% diminui para 19% liquidando parte do hedge fund. Nesse

cenário foi necessário liquidar parte dos fundos devido a uma queda no valor do

portfólio.

Período Valor Portfólio Piso ColchãoAlocação

Hedge Funds

Portfólio

Ganho (Perda)

Hedge Fund

Compra (Venda)

Alocação

em RF

0 100% 71% 29% 100% 0% 100% 0%

1 103% 73% 30% 133% 3% 30% 0%

2 99% 75% 24% 118% -4% -11% 0%

3 94% 77% 17% 83% -5% -31% 11%

4 96% 80% 16% 81% 2% -3% 15%

65

Período 3: Eliminação de Alavancagem

O valor do portfólio cai de 99% para 94% do principal, com isso a alocação

em fundos deve ser reduzida de 118% para 83%. A partir desse instante não está

mais sendo usada alavancagem pois a alocação em fundos ( 83% ) é menor do que

o valor do portfólio. Esse excesso de 11% será investido em RF sem risco.

5.4.1.2 Gap Risk

Os fundos de investimento possuem características de negociação e

marcação de preço diferentes de uma ação comum. Dentre as restrições feitas para

possibilitar a administração o fundo, normalmente é exigido um aviso prévio para a

compra de cotas e principalmente para a venda, além das movimentações serem

limitadas a uma vez ao dia. Com isso, um risco muito importante para ser

monitorado na execução do CPPI é o caso do valor do portfólio cair abaixo do piso

mínimo antes que o administrador tenha tempo de intervir se desfazendo dos ativos.

Como visto anteriormente, o modelo do CPPI depende de movimentações de

compra e venda no fundo para estar sempre protegido de render negativamente

durante o período total do produto. Porém se considerarmos um ativo que só poder

ser negociado em intervalos específicos, o fundo só pode ser negociado

diariamente, o risco dessa proteção é maior do que no caso anterior, pois no caso

de uma queda abrupta, não é possível se desfazer da posição antes que ela

ultrapasse o piso mínimo exigido pelo CPPI.

Essa falta de liquidez, apesar de aumentar o risco, é considerada de valor

neutro na precificação do produto, pois pode impactar tanto positivamente quanto

negativamente nas mesmas proporções. Se imaginarmos o caso de o ativo se

valorizar durante uma janela de restrição de negócios, será necessário comprá-lo

mais caro depois, enquanto no caso de ele se desvalorizar, a compra será realizada

a um nível mais baixo do que ele se encontrava.

Caso haja cobrança de corretagem no ativo sendo negociado, em uma

situação na qual o preço variasse e retornasse ao mesmo patamar anterior, a falta

66

de liquidez evitaria duas operações contrárias, de compra e venda, e traria uma

economia com custos de corretagem, por não se aplicar cobrança de corretagem

para fundos, esse fator é indiferente para o produto.

Como podemos constatar, ao aplicar o método do CPPI a fundos sempre

estaremos sujeitos ao “gap risk”. Isso significa que, em casos de sorte haverá um

lucro extra e em casos de azar um resultado pior se comparados a um suposto

cenário com possibilidade de transação a qualquer momento.

Na prática, o maior prejuízo que o gap risk acarreta é nas questões

relacionadas ao marketing de venda do produto. O fato de haver uma possibilidade

de perda, não importa o quanto remota, vai contra o apelo de marketing pelo nome

capital protegido.

Uma alternativa encontrada para garantir o capital protegido é a terceirização

do gap risk. O próprio emissor do produto pode fazer um acordo com um banco

para que ofereça um seguro aos clientes que desejarem não ter o “gap risk”. Como

exemplo, em um produto alavancado que comprava hedge funds e tinha capital

protegido que foi lançado em 2006, a empresa australiana Rubicon fez um acordo

com o Banco UBS que ofereceu a todos os clientes do produto um seguro ao custo

de 0,35% ao ano.

Nos casos em que o emissor do produto não for honrar a garantia de capital

protegido, havendo prejuízo financeiro aos cotistas, fica necessário esclarecer aos

clientes no regulamento do fundo e em todos os materiais divulgados, que o produto

visa a devolução integral do capital, porém podem haver situações em que isso não

ocorra.

Mesmo assim, ainda são utilizadas medidas para diminuir a possibilidade de

que aconteça uma situação de não devolução integral do capital, pois seria uma

situação frustrante aos investidores, que perderiam a confiança em aplicar nos

fundos de capital protegido desse emissor.

Uma forma simples de diminuir esse risco, é deslocar o nível do piso mínimo

para cima, como se estivesse protegendo 101% do patrimônio, por exemplo, isso

gera uma provisão que protegerá contra o gap risk caso necessário. Se quiser

aumentar a garantia, é recomendado estimar qual a maior queda possível para o

fundo em um dia dentro de circunstâncias ocasionais e desloca-se o piso para

garantir que nunca uma queda dessa magnitude impedirá o fundo de obter 100% do

67

capital garantido no encerramento. Essa alternativa serve apenas para diminuir o

risco e não é suficiente para garantir o capital protegido em uma situação extrema

na qual o fundo sofra uma grande queda diária. Além disso, como toda medida que

diminua o risco, o retorno esperado também será reduzido.

68

69

6 O CPVERDE

6.1 DESCRIÇÃO

O produto proposto é um fundo de capital protegido atrelado ao desempenho

de um hedge fund, no caso o fundo CSHG VERDE 90 FIC FIM, motivo pelo qual

adotaremos daqui em diante a denominação de CPVERDE para nos referirmos ao

fundo proposto.

O fundo escolhido foi o CSHG VERDE 90 FIC FIM que é um fundo da

principal estratégia de hedge fund da CSHG, a conhecida família Verde. O CSHG

VERDE 90 FIC FIM foi o último veículo de investimento nessa estratégia lançado e

possui taxas de 2% de administração e 20% de performance, mais condizentes com

o mercado atual do que os primeiros veículos de investimento no Fundo Verde.

Para garantir a proteção do capital investido será utilizado o modelo CPPI de

hedge dinâmico, que teve o seu funcionamento explicado na seção 5.4. Este método

foi escolhido pois serve de alternativa para a não existência de um mercado de

derivativos de hedge funds, já que nos fundos de capital protegido convencionais a

existência dessas opções é essencial.

A proteção através do CPPI consiste em monitorar constantemente o valor do

fundo e o piso mínimo necessário para atingir o capital garantido ao término do

período. Com base nessas informações são realizados os rebalanceamentos

frequentes que podem causar um aumento ou diminuição do investimento no hedge

fund.

Aproveitando a vantagem do produto ser baseado em um hedge fund que é

administrado pela mesma empresa, o rebalanceamento será feito diariamente. Essa

alta frequência de rebalanceamento tem o intuito de diminuir o “gap risk”, que como

comentado na seção 5.4.1.2 poderia impedir uma devolução integral do capital.

Outra característica definida visando a redução de risco é a não utilização de

alavancagem externa, ou seja, o fundo não poderá realizar empréstimos para aplicar

mais de 100% do seu PL no hedge fund.

70

A não utilização de alavancagem aliada ao rebalanceamento diário, tornam a

possibilidade de um “gap” capaz de impedir a devolução integral do capital tão

remota que foi optado por não utilizar nenhuma medida extra de proteção, já que

teriam um efeito de diminuição na rentabilidade em troca dessa maior segurança.

Para se ter uma ideia de qual é esse risco, o fundo seria incapaz de devolver

todo o capital investido, somente no caso de uma queda no valor do hedge fund de 1

sobre o múltiplo (1/m). Como exemplo, com a utilização do múltiplo igual a três (

significa uma exposição em hedge fund de três vezes a máxima perda aceitável,

conforme explicado na seção 5.4.1 ), somente uma queda de mais de 33% em um

dia prejudicaria a obrigação do fundo de devolver o capital investido.

O prazo de duração proposto para o CPVERDE é de 2 anos, esse período é o

mínimo necessário para garantir o benefício tributário, conforme será detalhado na

seção 6.6, e está em linha com a cultura de alocação de curto prazo vista no Brasil.

Diferentemente do exterior onde as taxas de juros são menores, aqui é possível

obter elevados retornos sem precisar abdicar da liquidez, portanto seria difícil atrair

investidores para um fundo com prazo longo como acontece no exterior.

6.2 CLASSIFICAÇÃO DO FUNDO

Os fundos de investimento são regulados pela Comissão de Valores

Mobiliários (CVM) que através da instrução 409 estabelece as regras para este

mercado. Para possibilitar ao investidor uma comparação mais homogênea entre os

fundos, foi estabelecida na instrução 409 uma divisão da indústria em sete classes

de acordo com a composição da carteira.

A ideia da classificação é alinhar a percepção do investidor sobre o produto

que está comprando com a ideia do distribuidor que está vendendo para evitar que

um investidor escolha um fundo por engano. Portanto, a classificação é um atributo

fundamental que deve orientar o processo de escolha de um fundo.

Fica a cargo do gestor, conforme o código de autorregularão, enquadrar o

fundo em uma das classificações e atender os critérios exigidos pela respectiva

71

classe. No site “Como Investir?” desenvolvido pela ANBIMA, as classificações para

fundos da CVM estão resumidas da seguinte forma:

Fundo de Curto Prazo: Tem uma carteira com prazo médio inferior a 60 dias,

composta por títulos públicos federais ou privados, pré ou pós-fixados, com prazo

máximo de 375 dias;

Fundo Referenciado: Carteira composta por ativos alocados de forma a

acompanhar a variação de um indicador de desempenho específico, que é

identificado no nome do fundo;

Fundo de Renda Fixa: Sua carteira é composta por ativos relacionados a

variação da taxa de juros doméstica ou de índice de preços;

Fundo Multimercado: Possui uma política de investimento baseada em

vários fatores de risco, sem compromisso de concentração em um mercado

específico. Se utiliza em sua carteira de estratégias de renda fixa, câmbio, ações

entre outras.

Fundo de Ações: Aloca no mínimo 67% de seu patrimônio em ações

negociadas em Bolsa;

Fundo Cambial: Objetiva acompanhar variação de preço apenas da moeda

estrangeira ou da moeda estrangeira e da taxa de juros dos títulos que investe;

Fundo de Dívida Externa: Tem no mínimo 80% do seu patrimônio em títulos

representativos da dívida externa de responsabilidade da união, sendo também

permitida a aplicação de até 20% em títulos de crédito diversos no mercado

internacional;

O fundo de capital protegido, por não se enquadrar em nenhuma outra

classificação, está dentro da classe de multimercados. Essa é a classe mais

genérica dentre todas, pois os multimercados podem combinar investimentos nos

mercados de renda fixa, ações, câmbio entre outros. Além disso, estão livre para a

utilização de derivativos tanto como instrumentos de proteção (hedges) quanto como

ferramenta de alavancagem.

Para facilitar ainda mais a comparação entre fundos similares, a ANBID

subdividiu as classes da CVM em Tipos de Fundos, levando em conta não só a

estratégia de investimento, como também os objetivos e riscos do investimento. A

tabela abaixo contém todos os tipos e a explicação de cada um segundo a ANBID

encontra-se no anexo A.

72

Figura 8 – Classificação Anbid de fundos de investimento

Podemos ver na tabela que existe uma subclasse para os fundos de capital

protegido dentro da categoria Multimercado. A Anbid definiu a subcategoria Capital

73

Protegido como: “Fundos que buscam retornos em mercados de risco procurando

proteger parcial ou totalmente o principal investido”.

O fundo que pretendemos lançar se adequa perfeitamente a esta categoria e,

portanto será classificado com fundo Multimercado pela CVM e como Multimercado

– Capital Protegido na classificação da Anbid.

6.3 PÚBLICO ALVO

6.3.1 Perfil

Existem diferentes perfis de investidores. Alguns preferem investir de forma

segura, preservando o capital investido e obtendo um pequeno ganho. Outros, por

sua vez, objetivam uma maior rentabilidade, estando para isso dispostos a correrem

maiores riscos.

Os três perfis de investidores, conservador, moderado e arrojado, são

caracterizados da seguinte forma por Toscano (2004):

O investidor conservador é aquele que visa somente preservar seu capital.

Não tem por objetivo ganhar e, por isso, prefere o risco zero, como os fundos de

renda fixa DI e de curto prazo. Não cabe a esse tipo de investidor, aplicações em

ações ou derivativos.

O investidor com perfil moderado é aquele que aceita correr um certo tipo de

risco. Para ele, sua aplicação pode ficar alguns meses sem remuneração ou até

sofrer uma pequena perda, se a longo prazo, tiver um retorno acima da média de

mercado. Suas preferências são, geralmente, os fundos multimercados.

Por fim, o investidor arrojado é aquele que pensa como especulador, e não

como um poupador. Investe muito em ações, fundos de ações e derivativos. Ainda

que perca sua aplicação, assume o prejuízo e busca novos investimentos. Em geral,

são investidores mais capitalizados, que sabem diversificar bem seus investimentos

de risco.

74

De acordo com Toscano (2004), antes de realizar o seu investimento, o

aspecto mais importante a que o investidor deve atentar, é identificar um fundo que

se adapta ao seu perfil de risco sem deixar de atender a sua expectativa de retorno.

Esse perfil de risco está relacionado a sua política de investimento e na intenção

com determinado ativo.

O fundo de capital protegido proposto por este trabalho, por um lado protege

o investidor de uma perda de capital, mas por outro, está abrindo mão do retorno

garantido do CDI daquele período na tentativa de obter maiores retornos. Portanto,

sua distribuição deve se concentrar predominantemente em investidores de perfil

moderado que objetivam o retorno de um fundo de alto risco, mas não estão

preparados para possíveis perdas comuns nesse mercado. Mesmo assim, o fundo

ainda pode fazer sentido dentro do portfólio de investidores conservadores ou

arrojados.

Em reportagem para a revista Valor Investe, Pavini (2010) chama os fundos

de capital protegido de porta de entrada, pois auxiliam o investidor no seu primeiro

contato com o risco, eliminando dele a possibilidade de perdas. O autor chega a

comparar os fundos com uma bicicleta de rodinhas, utilizada pelas crianças até

aprenderem a se equilibrar sozinhas.

Na mesma reportagem, Aquiles Mosca, estrategista do Santander, explica

que no exterior ocorre o contrário, como os juros da economia são muito menores e

consequentemente a cultura de aplicação em bolsa é mais comum entre pessoas

físicas, ocorre que nos países desenvolvidos, os fundos de capital protegido são

vendidos com argumento inverso, são utilizados como forma de diminuir a alocação

em risco das carteiras.

Dentro do Private Banking da Credit Suisse Hedging-Griffo, o perfil de clientes

é de alto poder aquisitivo e esse tipo de investidor costuma ter via de regra, uma

parcela do patrimônio maior alocado em ativos de risco. Portanto, os fundos de

capital protegido podem fazer sentido ao serem vendidos como uma forma de

possibilitar o aumento de retorno esperado da carteira sem aumentar

excessivamente o risco.

75

6.3.2 Mercado

O Mercado brasileiro possui atualmente 72 fundos de capital garantido em

atividade, e muitos outros já surgiram e não existem mais, dado que nessa categoria

os fundos são sempre criados com um prazo de vencimento estabelecido. A lista

completa encontra-se no Anexo B.

Tabela 3 –PL indústria de fundos de capital protegido

Tabela 4 taxas indústria de fundos de capital protegido

(Quantum Axis, Novembro 2010)

Gestão Nro Fundos Patrimônio Administrado Nro de Cotistas

Santander Brasil Asset Management 16 2.848.242.518,34R$ 68.791

Itaú Unibanco 12 959.170.871,80R$ 13.775

BB Gestão de Recursos DTVM 7 678.465.767,24R$ 7.478

Credit Suisse Hedging-Griffo 5 251.956.930,43R$ 857

Citibank DTVM 4 247.619.713,40R$ 3.471

HSBC Global Asset Management 4 180.596.878,10R$ 780

Bradesco Asset Management 4 79.662.063,24R$ 2.650

Votorantim Asset Management 2 68.518.372,79R$ 144

BTG Pactual Gestora de Recursos 3 64.042.437,74R$ 200

BNP Paribas Asset Management 4 44.077.482,41R$ 50

Caixa Econômica Federal 1 37.413.006,25R$ 638

Safra Asset Management 3 36.583.253,32R$ 175

Sul América Investimentos 2 29.177.291,07R$ 17

Banco Alfa de Investimento 1 16.032.780,48R$ 98

BTG Pactual WM Gestão de Recursos 1 14.741.572,90R$ 41

Banco JP Morgan 2 10.381.767,01R$ 13

Total 71 5.566.682.706,52R$ 99.178

Gestão Taxa adm. média Invest. médio por cotista

Santander Brasil Asset Management 2,06% 41.404,29R$

Itaú Unibanco 1,92% 69.631,28R$

BB Gestão de Recursos DTVM 1,79% 90.728,24R$

Credit Suisse Hedging-Griffo 1,40% 293.998,75R$

Citibank DTVM 1,38% 71.339,59R$

HSBC Global Asset Management 1,75% 231.534,46R$

Bradesco Asset Management 2,25% 30.061,16R$

Votorantim Asset Management 1,00% 475.822,03R$

BTG Pactual Gestora de Recursos 1,00% 320.212,19R$

BNP Paribas Asset Management 1,00% 881.549,65R$

Caixa Econômica Federal 1,60% 58.641,08R$

Safra Asset Management 1,27% 209.047,16R$

Sul América Investimentos 1,00% 1.716.311,24R$

Banco Alfa de Investimento 1,50% 163.599,80R$

BTG Pactual WM Gestão de Recursos 0,20% 359.550,56R$

Banco JP Morgan 1,50% 798.597,46R$

Total 1,66% 56.128,20R$

76

O líder do mercado é o Santander com 16 fundos e um patrimônio de R$ 2,85

Bilhões sob gestão ( 51% do mercado ). Especialista na venda para o varejo, ele

possui o maior número de cotistas, porém a segunda menor média de investimento

por cotista, apenas R$ 41 mil, só não é menor do que a do Bradesco.

É possível constatar pelas tabelas que os bancos maiores e mais conhecidos

são os que possuem as maiores taxas de administração e consequentemente as

menores médias de aplicação por cotista. Isto mostra que ao invés de focarem em

grandes clientes, esses bancos preferem o pequeno investidor que é a maior parte

da população e a categoria que gera maior taxa de apropriação (lucro / capital

investido).

O CSHG explora justamente o segmento de clientes que não é foco dos

grandes bancos de varejo, são os clientes de maior poder aquisitivo. Como

características de um serviço para classe alta, onde os clientes são mais

qualificados em geral, pode se notar menores taxas de administração e um

compromisso maior com a performance do fundo. Além da estruturação do produto,

o cliente de um private banking também espera do banco um serviço de

aconselhamento de portfólio e retorno condizente. Quando um fundo de capital

protegido é estruturado e indicado aos clientes, existe uma grande preocupação

para que o cenário de alta esperado se concretize, pois uma situação em que o

cliente leva apenas o capital protegido de volta, normalmente o deixará insatisfeito e

avesso a outros produtos dessa linha.

O objetivo do CPVERDE deve ser atrair investidores de outros bancos para

aumentar a participação da CSHG no mercado de fundos de capital protegido, que

atualmente é de apenas 4,5%. Se considerarmos apenas o mercado de capital

protegido para clientes private das gestoras com média de patrimônio investido por

cotista, acima de R$200 mil reais, a CSHG detêm 36% da indústria. Esse é um

mercado com muito potencial de crescimento para os próximos anos, com o bom

momento econômico do Brasil, é de se esperar o surgimento de novos milionários

que tendem a migrar para bancos mais especializados nesse público de alta renda.

Há de se considerar a possibilidade de migração de dinheiro de outros

produtos da CSHG para o CPVERDE. Embora seja preferível atrair capital novo para

a empresa, essa migração não é preocupante, pois a receita gerada no CPVERDE

77

será condizente com a dos outros produtos da casa. Adiante será calculada a taxa

de apropriação prevista entre 1,4%e 2,0% ao ano.

6.4 SIMULAÇÃO DE PERFORMANCE

6.4.1 Objetivo

O objetivo da simulação de performance é avaliar o comportamento do

CPVERDE em diferentes cenários hipotéticos e com base nestas simulações definir

o valor a ser utilizado para o indicador de alavancagem implícita do portfólio, ou seja

o múltiplo utilizado no rebalanceamento dinâmico da estrutura CPPI, conforme

descrita na seção 5.2

6.4.2 Simulando o CPVERDE

Para a simulação do desempenho do fundo proposto em diversos cenários,

foi elaborado um modelo em planilha eletrônica que calcula o retorno do fundo de

acordo com a teoria demonstrada no capítulo 2.

Primeiramente o modelo simula a rentabilidade de um hedge fund dia a dia,

para isso assume que os preços seguem uma distribuição lognormal. A utilização

dessa distribuição serve para garantir que o valor do fundo nunca será negativo e

que a escala de tempo da observação não interfere no desempenho, mais detalhes

sobre a função lognormal e vantagens de sua uilização estão explicados na seção

2.5.

No modelo de distribuição lognormal, a rentabilidade simulada é gerada em

função de expectativas de retorno e volatilidade que devem ser inseridas. Estimar o

retorno e risco esperado de um investimento é uma tarefa complicada, quando

necessário normalmente são utilizados valores históricos do período disponível,

78

porém, não existe garantia nenhuma de que essas características de retorno e risco

se manterão constantes em um cenário futuro. Em nossa simulação iremos utilizar

dados do fundo CSHG VERDE 90. No período de seu lançamento até o fechamento

de Setembro de 2010, o fundo apresentava um retorno acumulado equivalente a

19% ao ano, utilizando para isso uma volatilidade média de 9,5%, esses dados

foram obtidos no sistema Quantum Axis. Como sabemos que essa rentabilidade

histórica não garante uma rentabilidade futura, também serão feitos testes do

desempenho do fundo CPPI em cenários de estresse, como foi a crise imobiliária

americana de 2008, quando o fundo terminou o ano com um retorno de 5,7%

negativo e uma volatilidade de 16,1%.

Para cada dia de simulação, a planilha gera um número aleatório e encontra

o seu respectivo inverso em uma distribuição normal cumulativa padrão. Ou seja, o

número correspondente cuja probabilidade acumulada em uma distribuição normal

de média 0 e desvio padrão 1 seria este aleatório. Então, a rentabilidade do fundo

será determinada pela fórmula demonstrada na seção 5.2:

, onde dX é N[0,dt]

Após obter o retorno diário do hedge fund, o resultado do produto com a

estratégia CPPI, será função somente da rentabilidade da parcela de renda fixa e do

múltiplo utilizado nas decisões de rebalanceamento.

A parcela de renda fixa será remunerada por uma taxa pré-fixada de 2 anos.

Essa taxa no mercado brasileiro está atualmente em 12% como pode ser verificado

pelo valor da LTN Jan-13, que tem vencimento próximo de 2 anos.

O Múltiplo, como já explicado anteriormente, é o fator que vai definir o

tamanho da alocação em risco. Quanto maior o múltiplo mais participação no retorno

do fundo, porém maior a probabilidade de no caso do fundo não desempenhar bem,

o resultado ser somente a devolução do capital protegido, não acrescido de

nenhuma remuneração. Segundo Wachovia Securities Inc. (2003) para produtos

atrelados a hedge funds o padrão é a utilização de múltiplos entre 3 e 5. Cada

investidor pode preferir um valor diferente para o múltiplo de acordo com o seu perfil

de risco, entretanto precisaremos definir um único múltiplo para ser usado no

79

rebalanceamento do produto. Para visualizar o impacto do múltiplo no retorno

esperado, vamos efetuar a simulação com diferentes valores de múltiplo em ambos

os cenários.

As simulações foram realizadas considerando um fundo com duração de 2

anos, rebalanceamentos diários ( 252 dias ao ano ), a parcela de renda fixa investida

a uma taxa de 12% ao ano. No cenário otimista foi utilizada a hipótese de

continuidade de bom desempenho do fundo Verde e para isso, utilizo-se o seu

histórico como estimativa de rentabilidade e volatilidade. O cenário pessimista foi

construído utilizando as estatísticas do Fundo Verde no ano de 2008, ano em que o

fundo foi prejudicado pela crise mundial e obteve desempenho negativo.

Para ambos os cenários, otimista e pessimista, foram realizadas duas mil

simulações do desempenho do hedge fund e da estratégia CPPI com valores de

múltiplo de 2 a 5. Todos os resultados obtidos foram colocados em gráficos de

mesma escala, com a intenção de facilitat uma comparação visual entre os gráficos.

80

Hedge Fund

Otimista

Gráfico 6 – Simulação otimista de desempenho do hedge fund

Pessimista

Gráfico 7 - Simulação pessimista de desempenho do hedge fund

81

M=2

Otimista

Gráfico 8 - Simulação otimista do CPVERDE com m=2

Pessimista

Gráfico 9 - Simulação pessimista do CPVERDE com m=2

82

M=3

Otimista

Gráfico 10 - Simulação otimista do CPVERDE com m=3

Pessimista

Gráfico 11 - Simulação pessimista do CPVERDE com m=3

83

M=4

Otimista

Gráfico 12 - Simulação otimista do CPVERDE com m=4

Pessimista

Gráfico 13 - Simulação pessimista do CPVERDE com m=4

84

M=5

Otimista

Gráfico 14 - Simulação otimista do CPVERDE com m=5

Pessimista

Gráfico 15 - Simulação pessimista do CPVERDE com m=5

85

As tabelas a seguir resumem a informação obtida nas simulações que estão

nos gráficos acima, e mostram qual foi a exposição média utilizada em cada um dos

testes.

Cenário Otimista Hedge Fund

Alocação Dinâmica CPPI

M=2 M=3 M=4 M=5

Retorno 142,0% 132,5% 136,6% 140,2% 141,6%

Desvio padrão 9,5% 4,2% 6,6% 8,5% 9,2%

Exposição Média 100,0% 44,6% 69,4% 89,6% 97,4% Tabela 5 – Resumo de simulação otimista do CPVERDE

Cenário Pessimista Hedge Fund

Alocação Dinâmica CPPI

M=2 M=3 M=4 M=5

Retorno 89,0% 113,2% 109,3% 106,9% 105,0%

Desvio padrão 16,1% 5,1% 6,9% 8,3% 9,4%

Exposição Média 100,0% 31,1% 40,7% 47,9% 52,4% Tabela 6– Resumo de simulação pessimista do CPVERDE

Após observar os gráficos e tabelas acima, fica possível compreender melhor

o impacto da escolha do múltiplo sobre a rentabilidade do produto. Conforme era

esperado, um múltiplo mais alto, aumenta a exposição do fundo em hedge fund e

diminui a parcela de renda fixa, isso trará maior retorno em um cenário que o hedge

fund supere a renda fixa em rentabilidade, porém, caso o hedge fund tenha um

desempenho negativo, o alto múltiplo prejudicará o desempenho da estratégia CPPI.

A decisão do múltiplo é uma escolha que deve ser feita de acordo com o perfil

do investidor, não existe nenhum valor que prevaleça sobre as outras opções e

portanto um investidor estritamente racional seria indiferente quanto ao múltiplo

utilizado. Quanto mais tolerável ao risco for o cliente, maior pode ser o múltiplo.

Por ser o primeiro produto com utilização da estratégia CPPI no mercado

brasileiro, o produto terá investidores não familiarizados com a técnica. Dessa forma,

seria interessante criar um produto menos alavancado em termo de risco, o que

significa um menor múltiplo, para habituar os clientes a esse novo tipo de produto.

86

Com isso, diminui a chance de ocorrer uma frustação com o produto que prejudique

a continuidade de lançamentos com essa estratégia.

A sugestão para o produto proposto será o uso de um múltiplo igual a três. O

múltiplo três é um valor intermediário que nas simulações feitas, mostrou uma boa

participação na alta e no cenário pessimista, um retorno aceitável razoavelmente

acima do capital protegido. A exposição média ficou em 69,7% quando o hedge fund

teve uma boa performance e foi reduzida para 40,7% no cenário pessimista,

defendendo o produto de uma queda de valor como o hedge fund.

Como exemplo, serão colocados a seguir um caso de cada um dos cenários

abordados para análise, ambos foram gerados com o múltiplo sugerido três.

87

Cenário Otimista

Gráfico 16 Exemplo otimista simulado do desempenho do CPVERDE

...

Tabela 7 Exemplo otimista simulado do desempenho do CPVERDE

PeríodoNúmero

Aleatório

Retorno

Hedge Fund

Retorno Acumulado

Hedge Fund

Estratégia

CPPIPiso da RF

% Ativos para

Risco

Exposição

Hedge Fund

Exposição

( % do PL Atual )

Retorno

CPPI

Variação em

Hedge Fund

0 0,00% 100,00% 100,00% 79,72% 20,28% 60,85% 60,85% 60,85%

1 0,89 0,593% 100,00% 100,00% 79,75% 20,25% 60,75% 60,75% 0,378% -0,11%

2 0,28 -0,177% 100,59% 100,38% 79,79% 20,59% 61,77% 61,54% -0,092% 0,67%

3 0,21 -0,276% 100,41% 100,29% 79,82% 20,46% 61,39% 61,21% -0,152% -0,27%

4 0,67 0,255% 100,14% 100,13% 79,86% 20,27% 60,82% 60,74% 0,173% -0,39%

5 0,16 -0,357% 100,39% 100,31% 79,89% 20,41% 61,24% 61,05% -0,200% 0,26%

6 0,83 0,469% 100,03% 100,11% 79,93% 20,17% 60,52% 60,46% 0,301% -0,49%

7 0,68 0,267% 100,50% 100,41% 79,97% 20,44% 61,32% 61,07% 0,181% 0,51%

8 0,23 -0,239% 100,77% 100,59% 80,00% 20,59% 61,76% 61,40% -0,129% 0,27%

9 0,56 0,133% 100,53% 100,46% 80,04% 20,42% 61,26% 60,98% 0,098% -0,35%

10 0,94 0,746% 100,66% 100,56% 80,07% 20,48% 61,45% 61,11% 0,473% 0,11%

11 0,06 -0,571% 101,42% 101,03% 80,11% 20,92% 62,77% 62,13% -0,338% 0,86%

12 0,24 -0,232% 100,84% 100,69% 80,15% 20,55% 61,64% 61,21% -0,125% -0,77%

13 0,16 -0,350% 100,60% 100,57% 80,18% 20,38% 61,15% 60,81% -0,195% -0,34%

14 0,79 0,410% 100,25% 100,37% 80,22% 20,15% 60,45% 60,23% 0,265% -0,48%

15 0,57 0,142% 100,66% 100,64% 80,26% 20,38% 61,14% 60,76% 0,104% 0,44%

490 0,86 0,519% 157,31% 148,78% 99,37% 49,41% 148,22% 99,62% 0,518% 0,18%

491 0,14 -0,380% 158,13% 149,55% 99,42% 50,13% 149,55% 100,00% -0,380% 0,56%

492 0,21 -0,271% 157,53% 148,98% 99,46% 49,52% 148,55% 99,71% -0,270% -0,43%

493 0,23 -0,238% 157,10% 148,58% 99,51% 49,07% 147,21% 99,08% -0,235% -0,94%

494 0,25 -0,211% 156,73% 148,23% 99,55% 48,68% 146,03% 98,52% -0,207% -0,83%

495 0,85 0,506% 156,40% 147,92% 99,60% 48,32% 144,97% 98,01% 0,497% -0,75%

496 0,36 -0,084% 157,19% 148,66% 99,64% 49,01% 147,04% 98,92% -0,083% 1,34%

497 0,50 0,064% 157,06% 148,53% 99,69% 48,85% 146,54% 98,66% 0,064% -0,38%

498 0,18 -0,325% 157,16% 148,63% 99,73% 48,90% 146,69% 98,70% -0,321% 0,06%

499 0,27 -0,191% 156,64% 148,15% 99,78% 48,38% 145,13% 97,96% -0,186% -1,09%

500 0,69 0,278% 156,34% 147,87% 99,82% 48,05% 144,16% 97,49% 0,272% -0,69%

501 0,88 0,568% 156,78% 148,28% 99,87% 48,41% 145,24% 97,95% 0,557% 0,67%

502 0,96 0,793% 157,67% 149,10% 99,91% 49,19% 147,58% 98,98% 0,785% 1,52%

503 0,16 -0,360% 158,92% 150,27% 99,96% 50,32% 150,27% 100,00% -0,360% 1,52%

504 0,85 0,516% 158,35% 149,73% 100,00% 49,73% 149,20% 99,64% 0,515% -0,53%

88

Cenário Pessimista

Gráfico 17 Exemplo pessimista simulado do desempenho do CPVERDE

Tabela 8 Exemplo pessimista simulado do desempenho do CPVERDE

PeríodoNúmero

Aleatório

Retorno

Hedge Fund

Retorno Acumulado

Hedge Fund

Estratégia

CPPIPiso da RF

% Ativos para

Risco

Exposição

Hedge Fund

Exposição

( % do PL Atual )

Retorno

CPPI

Variação em

Hedge Fund

0 0,00% 100,00% 100,00% 79,72% 20,28% 60,85% 60,85% 60,85%

1 0,92 0,988% 100,00% 100,00% 79,75% 20,25% 60,75% 60,75% 0,618% -0,11%

2 0,80 0,589% 100,99% 100,62% 79,79% 20,83% 62,49% 62,11% 0,383% 1,15%

3 0,20 -0,636% 101,58% 101,00% 79,82% 21,18% 63,54% 62,91% -0,384% 0,68%

4 0,28 -0,448% 100,94% 100,62% 79,86% 20,76% 62,27% 61,89% -0,260% -0,87%

5 0,91 0,921% 100,48% 100,35% 79,89% 20,46% 61,38% 61,16% 0,581% -0,61%

6 0,42 -0,159% 101,41% 100,94% 79,93% 21,01% 63,02% 62,43% -0,083% 1,08%

7 0,24 -0,536% 101,25% 100,85% 79,97% 20,89% 62,66% 62,13% -0,316% -0,26%

8 0,44 -0,128% 100,71% 100,53% 80,00% 20,53% 61,60% 61,27% -0,061% -0,73%

9 0,65 0,252% 100,58% 100,47% 80,04% 20,44% 61,31% 61,02% 0,172% -0,21%

10 0,55 0,065% 100,83% 100,65% 80,07% 20,57% 61,71% 61,32% 0,057% 0,25%

11 0,41 -0,185% 100,90% 100,70% 80,11% 20,59% 61,78% 61,35% -0,096% 0,02%

12 0,43 -0,144% 100,71% 100,61% 80,15% 20,46% 61,38% 61,01% -0,070% -0,28%

13 0,52 0,015% 100,56% 100,54% 80,18% 20,35% 61,06% 60,73% 0,027% -0,23%

14 0,45 -0,118% 100,58% 100,56% 80,22% 20,34% 61,03% 60,69% -0,054% -0,04%

15 0,61 0,178% 100,46% 100,51% 80,26% 20,25% 60,76% 60,45% 0,125% -0,20%

490 0,16 -0,724% 65,29% 102,73% 99,37% 3,36% 10,07% 9,80% -0,030% -0,07%

491 0,82 0,632% 64,81% 102,70% 99,42% 3,28% 9,84% 9,58% 0,101% -0,15%

492 0,67 0,289% 65,22% 102,80% 99,46% 3,34% 10,02% 9,74% 0,069% 0,12%

493 0,29 -0,428% 65,41% 102,87% 99,51% 3,36% 10,09% 9,81% -0,001% 0,05%

494 0,77 0,512% 65,13% 102,87% 99,55% 3,32% 9,96% 9,68% 0,090% -0,10%

495 0,08 -1,022% 65,46% 102,96% 99,60% 3,37% 10,10% 9,81% -0,060% 0,09%

496 0,82 0,632% 64,80% 102,90% 99,64% 3,26% 9,78% 9,50% 0,101% -0,22%

497 0,77 0,519% 65,20% 103,00% 99,69% 3,32% 9,96% 9,67% 0,091% 0,11%

498 0,54 0,049% 65,54% 103,10% 99,73% 3,37% 10,10% 9,80% 0,045% 0,09%

499 0,08 -1,024% 65,58% 103,15% 99,78% 3,37% 10,11% 9,80% -0,060% 0,00%

500 0,17 -0,708% 64,90% 103,08% 99,82% 3,26% 9,79% 9,50% -0,026% -0,22%

501 0,12 -0,848% 64,44% 103,06% 99,87% 3,19% 9,57% 9,29% -0,038% -0,15%

502 0,74 0,439% 63,90% 103,02% 99,91% 3,11% 9,32% 9,05% 0,081% -0,17%

503 0,05 -1,221% 64,18% 103,10% 99,96% 3,15% 9,44% 9,15% -0,071% 0,07%

504 0,28 -0,448% 63,40% 103,03% 100,00% 3,03% 9,08% 8,81% 0,002% -0,24%

89

Os exemplos permitiram notar que, embora o fundo com a estratégia CPPI

desempenhe melhor em um cenário otimista quando o hedge fund tem um bom

retorno, é no cenário pessimista que ele se destacará. São nos casos em que o

hedge fund rende menos do que a renda fixa que o fundo CPPI poderá superar o

retorno do hedge fund, embora não seja o máximo retorno que se pode esperar do

fundo, são esses momentos que farão ter sido vantajosa a procura por segurança ao

invés de investir no hedge fund diretamente.

6.5 A TRIBUTAÇÃO

6.5.1 Aspectos Legais

Os investimentos em fundos estão sujeitos a aplicação de dois tributos

federais: o imposto de renda e o imposto sobre operações financeiras. A

responsabilidade pelo recolhimento de ambos fica a cargo do próprio fundo

conforme determinação da CVM.

6.5.2 Imposto de renda

Os fundos de investimento são tributados de acordo com as leis no 11.033/04

e no 11.053/04 e pela Instrução Normativa no 487/04. Visando incentivar uma cultura

de investimento baseada em alocações de longo prazo, foi instituída uma forma de

cobrança diferenciada para as carteiras consideradas de longo prazo, ou seja, com

prazo médio dos ativos acima de 360 dias. Para esses casos, a cobrança sobre a

rentabilidade é baseada em um escalonamento decrescente de alíquotas pelo

período de investimento.

90

Tabela 9 Alíquiota de IR para fundos de longo prazo

A Receita Federal cobra semestralmente, no último dia de Maio e Novembro,

uma parcela do imposto de renda calculado sob alíquota de 15% da rentabilidade e

é deduzida do saldo de cotas que o investidor possui, essa forma de cobrança é

apelidada de “come cotas”. Essa é a alíquota mínima e aplica-se a investidores que

mantenham a aplicação por mais de 720 dias, caso o cotista solicite resgate antes, a

diferença de alíquota que houver é paga no momento de saída dos recursos.

6.5.3 Imposto Sobre Operações Financeiras

O IOF é outro imposto criado pela união para evitar a “ciranda financeira” no

mercado. Sua aplicação abrange o primeiro mês apenas e obedece a seguinte

tabela:

Prazo de Aplicação Alíquota

Até 180 dias 22,5%

De 181 até 360 dias 20,0%

De 361 dias até  720 dias 17,5%

Acima de 721 dias 15,0%

91

Tabela 10 Alíquota de IOF para fundos

6.5.4 A tributação do CPVERDE

O gestor deverá se comprometer a manter o prazo médio da carteira do fundo

sempre superior aos 360 dias necessários para que o seu cotista fique sujeito a

tabela regressiva de alíquota do IR, usufruindo deste benefício tributário.

O impacto dessa característica afetará a gestão exclusivamente no que diz

respeito a parcela de renda fixa do fundo, pois o CSHG VERDE 90 FIC FIM, já é um

fundos de longo prazo e possui prazo médio de 365 para efeito de conta do prazo

médio ponderado do nosso fundo.

A parcela de renda fixa do fundo será feita preferencialmente por LTN ( Letras

do Tesouro Nacional ), ativos de risco soberano com pagamento pré-fixado, e de

vencimento próximo ao prazo do fundo, para possibilitar o calculo preciso de quanto

valerá o papel no encerramento do fundo.

Quando o fundo estiver a menos de 1 ano de seu encerramento, o prazo das

LTNs será inferior a 1 ano e impactará negativamente o cálculo de prazo médio do

Número de Dias IOF (em %) Número de Dias IOF (em %)

1 96,0% 16 46,0%

2 93,0% 17 43,0%

3 90,0% 18 40,0%

4 86,0% 19 36,0%

5 83,0% 20 33,0%

6 80,0% 21 30,0%

7 76,0% 22 26,0%

8 73,0% 23 23,0%

9 70,0% 24 20,0%

10 66,0% 25 16,0%

11 63,0% 26 13,0%

12 60,0% 27 10,0%

13 56,0% 28 6,0%

14 53,0% 29 3,0%

15 50,0% 30 0,0%

92

fundo. A partir desta data será necessário comprar outro ativo de prazo mais longo

para alongar o prazo médio do fundo.

Atualmente o título mais longo pós fixado emitido pelo Tesouro Nacional são

as LFT ( Letra Financeira do Tesouro ) com vencimento em 07 de Setembro de

2016.

Como exemplo, vamos considerar o fundo rodando em 01 de Julho de 2012

com encerramento marcado para 01 Janeiro de 2013. Nesta data teremos:

Tabela 11 – Prazo médio do fundo

No caso exemplificado, é necessária uma proporção de 13% da parte de

renda fixa em LFT longa para que o prazo médio do fundo fique nos 360 dias

mínimos necessários.

Isto posto, faz parte da estratégia administrativa do CPVERDE controlar o

prazo médio do fundo, de forma a estar sempre resguardando o benefício tributário

da tabela de tributação regressiva.

Quanto ao IOF, como o CPVERDE não possibilitará resgates antes do

término de seu período de dois ano, não haverá incidência desse imposto para os

seus cotistas, pois de acordo com a tabela 10, esse imposto só é pago no caso de

resgates com menos de um mês da aplicação.

6.6 ESTIMATIVAS DE CUSTOS E RECEITAS

6.6.1 Custos

Vencimento Prazo ( dias ) ProporçãoContribuição no

Prazo do Fundo

LTN 01/01/2013 184 87% 160

LFT 07/09/2016 1529 13% 200

Prazo Médio = 360

93

A seguir está um levantamento de todos os custos existentes na criação de

um fundo, apesar de não impactarem a empresa diretamente por serem cobrados do

fundo, é importante analisar qual o impacto causado na rentabilidade com o

pagamento dos custos.

Para o fundo comprar os títulos que serão utilizados em sua parcela de renda

fixa, é necessário que ele tenha uma conta na SELIC, aonde ficaram registradas as

operações realizadas. O Selic é o depositário central dos títulos emitidos pelo

Tesouro Nacional e pelo Banco Central do Brasil, nele são processadas a emissão,

o resgate, o pagamento dos juros e a custódia dos títulos públicos. Os custos dessa

conta estão na tabela abaixo, juntamente com os demais custos obrigatórios para a

criação do fundo.

Resumo levantamento de custos

Tabela 12 – Resumo dos custos de criação de um fundo de investimento

Custos de Abertura CUSTO Base de cobrança

Cadastro ANBIMA 699 uma vez

Conta SELIC 350 uma vez

Custos Anuais

Taxa Custódia

Fixa 1689 mês

Variável 0,16%*PL*(dias úteis)/252 ano

Auditoria 3286 ano

Mensalidade Selic 100 mês

Taxas Fiscalização ( mensalizadas )

PL CVM ANBIMA

até R$ 20 MM 600 68 mês

até R$ 40 MM 800 91 mês

até R$ 80 MM 1280 145 mês

até R$ 160 MM 1920 217 mês

até R$ 320 MM 2560 255 mês

até R$ 640 MM 3200 319 mês

acima R$ 640 MM 3600 359 mês

Custos Fechamento

Fechamento 2000 uma vez

94

Na tabela abaixo, foi avaliado qual seria o impacto dos custos levantados,

para diferentes valores possíveis de patrimônio líquido do fundo CPVERDE.

Tabela 13 – Simulação dos custos do CPVERDE

É notável que quanto maior o tamanho do fundo, mais diluído ficam os custos

fixos e consequentemente menos impactão na rentabilidade do fundo.

Com os dados da indústria de fundos de capital protegido obtidos no

Quantum Axis, Anexo B, foi possível calcular o volume médio dos fundos

existentes.

Tabela 14 – Patrimônio médio dos fundos de capital protegido

Fixo Variável 1 ano 2 anos Taxa Anual

15 R$ 3.049 R$ 24.754 R$ 32.016 R$ 59.819 R$ 116.589 0,39%

25 R$ 3.049 R$ 24.754 R$ 50.692 R$ 78.495 R$ 153.941 0,31%

50 R$ 3.049 R$ 24.754 R$ 97.100 R$ 124.903 R$ 246.757 0,25%

75 R$ 3.049 R$ 24.754 R$ 137.100 R$ 164.903 R$ 326.757 0,22%

100 R$ 3.049 R$ 24.754 R$ 185.644 R$ 213.447 R$ 423.845 0,21%

Abertura +

FechamentoPL (R$ MM)

Custo Anual Custo Total

Gestão

Banco Alfa de Investimento R$ 16.032.780,48

Banco JP Morgan R$ 5.190.883,51

BB Gestão de Recursos DTVM R$ 96.923.681,03

BNP Paribas Asset Management R$ 11.019.370,60

Bradesco Asset Management R$ 19.915.515,81

BTG Pactual Gestora de Recursos R$ 21.347.479,25

BTG Pactual WM Gestão de Recursos R$ 14.741.572,90

Caixa Econômica Federal R$ 37.413.006,25

Citibank DTVM R$ 61.904.928,35

Credit Suisse Hedging-Griffo R$ 50.391.386,09

HSBC Global Asset Management R$ 45.149.219,53

Itaú Unibanco R$ 79.930.905,98

Safra Asset Management R$ 12.194.417,77

Santander Brasil Asset Management R$ 178.015.157,40

Sul América Investimentos R$ 14.588.645,54

Votorantim Asset Management R$ 34.259.186,40

MÉDIA DA INDÚSTRIA R$ 78.403.981,78

95

É possível observar que a média da indústria é de R$ 78 milhões de reais por

fundo, enquanto a CSHG possui volume médio de R$ 50 milhões. Considerando o

PL esperado do CPVERDE de supostos R$ 50 milhões de reais, o impacto na

rentabilidade do fundo seria de 0,25% conforme a tabela 12, que é um valor

aceitável e não inviabiliza a criação.

6.6.2 Receita

A razão que explica a existência dos fundos de investimento é a remuneração

dos cotistas e administradores. Os cotistas são remunerados pela valorização da

carteira do fundo através das cotas adquiridas. Porém se os administradores não

participam da divisão de lucros dessa carteira, qual é a origem de seus

rendimentos? A resposta esta nas taxas cobradas pelos fundos. Pode haver

cobrança de quatro tipos de taxas pelo fundo: taxa de administração, de

performance, de entrada ou saída.

Um estudo realizado pela ANBID em abril de 2008 sobre taxa de

administração de fundos de investimento explica cada uma delas.

A taxa de administração é a principal fonte de remuneração do administrador,

nela estão inclusos os custos de toda a cadeia de serviços que inclui a

administração, gestão, distribuição e custódia, bem como algum possível excedente

que gere lucro ao administrador. O valor da taxa é um percentual anual do

patrimônio líquido, que pode ser deduzido diariamente ou mensalmente.

A taxa de performance ou taxa de sucesso, são comuns em fundos mais

“arrojados”. Essa taxa só é paga caso o gestor ultrapasse determinado indicador de

desempenho estabelecido como meta. É cobrada como um percentual sobre o que

exceder o índice, por exemplo: um fundo Multimercado pode cobrar 20% sobre o

que exceder o CDI a título de taxa de performance. É uma remuneração extra pelo

bom desempenho.

As taxas de entrada e saída são cobradas por alguns fundos no momento da

aplicação ou resgate de cotas. Além do objetivo de remunerar o distribuidor, servem

de incentivo ao investimento de longo prazo e desestímulo ao investimento de curto

96

prazo. A taxa de entrada é revertida ao distribuidor, já a de saída é cobrada

normalmente apenas se o investidor decidir por resgatar os seus recursos abaixo de

determinado prazo, ficando isento caso permaneça por um prazo suficiente.

A taxa proposta a ser cobrada no CPVERDE é de 0,6% ao ano. É um valor

pouco acima do 0,4% a.a. cobrado pelo Fundo de Renda Fixa DI da casa, mas deve

ser levado em consideração que o investimento no hedge fund pagará a taxa normal

que é de mais 2% a.a. Ao final, se considerarmos a exposição média no fundo entre

40% e 70% dependendo do cenário, conforme visto na tabela 6, a taxa efetiva do

fudo será entre 1,4% e 2,0% ao ano.

Com uma estimativa de que o CPVERDE possuirá um volume de R$ 50

milhões, em linha com a média dos outros capitais protegidos da casa, a receita ao

longo dos 2 anos será da ordem de R$ 600.000,00 adicionais ao montante obtido

com a taxa de administração de 2% paga ao CSHG VERDE 90.

97

7 CONCLUSÃO

Apresentamos neste trabalho, um fundo de investimento de capital protegido

de hedge fund que busca explorar uma oportunidade pós-crise, quando os

investidores encontram-se traumatizados por esta, e em busca de um porto mais

seguro para seus recursos.

Cabe ressaltar aqui, alguns dos principais pontos abordados neste trabalho,

procurando salientar pontos fortes e dificuldades para a implementação do produto

CPVERDE.

A empresa CSHG, altamente reconhecida neste mercado, dispõe de estrutura

qualificada para o lançamento e gerenciamento do produto, assim como ampla base

de clientes potenciais para quem o produto deve ser oferecido.

O CPVERDE será uma nova opção disponível no portfólio com características

inovadoras para atrair a entrada de novos investimentos. Atrelado ao CSHG VERDE

90, considerado um dos melhores hedge funds do mercado brasileiro, será uma

oportunidade aos clientes que aguardam na fila de espera por novas aberturas para

aplicações.

O apelo do capital protegido é forte atrativo para os clientes de perfil

conservador, principalmente em momentos pós-crise, quando a oferta de produtos

com baixo risco é favorável.

Por outro lado, alguns aspectos negativos podem dificultar a captação de

investimentos como por exemplo a incidência de taxa de administração tanto do

produto quanto no hedge fund em que ele investe, assim como a falta de liquidez

durante o período contratado. Esses são custos a se pagar em troca de um seguro

que protegerá o capital investido no caso de um cenário negativo. Embora a

rentabilidade apresentada seja líquida desses custos existem investidores que não

aplicam em fundos de fundos por acreditarem que conseguem replicar sozinhos

essa estratégia.

A possibilidade de reaver apenas o capital aplicado, sem nenhuma

remuneração, após o período de 2 anos de investimento é mais um fator dificultador

para a captação no caso de investidores estritamente conservadores que não

98

estejam dispostos a abrir mão da rentabilidade do período na tentativa de um ganho

maior.

Como todo novo produto, requer tempo de maturação e esforço da equipe de

vendas para a sua correta abordagem ao mercado alvo, com o objetivo de

proporcionar a empresa o sucesso almejado, que decorrerá da aceitação do produto

pelos clientes.

99

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANBID. (2008). Taxa de fundos de varejo, atacado e exclusivos - um estudo

comparativo.

ANBIMA. (Setembro de 2010). Boletim Anbima. Fundos de Investimento.

BARROS, E. A. (2005). Aplicaçõoes de Simulação Monte Carlo e Bootstrap.

BERNSTEIN, P. L., & DAMODARAN, A. (2000). Administração de Investimentos.

Porto Alegre: Editora Bookman.

BM&F BOVESPA. (2007). Folheto Mercados Derivativos - Série Introdutória da

BM&FBovespaFBovepa.

FUNDS FOCUS (2010). Guide to capital protected products.

GITMAN, L. J. (2002). Principles of Managerial Finance. Addison Wesley 10th

Edition.

HAMMERSLEY, J., & HANDSCOMB, D. (1964). Monte Carlo methods.

KAHNEMAN, D., & TVERSKY, A. (Setembro de 1974). Judgment under Uncertainty:

Heuristics and Biases. Science, New Series, 185, pp. 1124-1131.

KAHNEMAN, D., & TVERSKY, A. (Março de 1979). Prospect Theory: An Analysis of

Decision Under Risk. Econometrica, 47, pp. 263-292.

MULHOLLAND, M. (2005). Lognormal Random Walk Model for Stock Prices.

NOFSINGER, J. R. (2006). A lógica do Mercado: Como lucrar com Finanças

Comportamentais. São Paulo: Fundamento Educacional.

100

NORSTAD, J. (2008). Random Walks. http://homepage.mac.com/j.norstad/finance.

PAVINI, A. (Agosto de 2010). Valor Investe. Porta de Entrada.

PELOSI, F. D. (2003). Processo de Investimento de Longo Prazo: A importância dos

hedge funds como alternativa de alocação. Dissertação de Mestrado, IBMEC, RJ.

QUANTUM (2010). Avaliação de fundos de investimentos. Acesso em Setembro de

2010, disponível em http://www.quantumfundos.com.br

SHEFRIN, H., & STATMAN, M. (Julho de 1985). The Disposition to Sell Winners too

Early and Ride Losers too Long. Journal of finance, 40, pp. 777-790.

TOSCANO, L. C. (2004). Guia de Referência para o Mercado financeiro. São Paulo:

Edições Inteligentes.

WACHOVIA SECURITIES INC. - STRUCTURED PRODUCTS. (2003).

Understanding Hedge Fund Linked Principal-Protected Securities.

WINSTON, W. (1998). Financial Models Using Simulation and Optimization (2nd

ed.). Bloomington, Indiana: Palisade.

101

Anexo A

Classificação anbid de fundos de investimento

I- FUNDOS DE INVESTIMENTO: São os Fundos regulamentados pela Instrução CVM 409/2004¹ Estes Fundos podem realizar aplicações em ativos financeiros negociados no exterior, desde que as respectivas

características e fatores de risco de cada tipo ANBID sejam respeitados.

1. FUNDOS CURTO PRAZO: 1.1 Curto Prazo: Fundos que buscam retorno através de investimentos em títulos indexados à CDI/Selic ou em papéis prefixados, desde que indexados e/ou sintetizados para CDI/Selic; de emissão do Tesouro Nacional (TN) e/ou do BACEN; com prazo máximo a decorrer de 375 dias e prazo médio da carteira de, no máximo, 60 dias. É permitida, também, a realização de

Operações Compromissadas, desde que: sejam indexadas à CDI/Selic; lastreadas em títulos do TN ou do BACEN e com contraparte classificada como baixo risco de crédito. No caso específico da contraparte ser o BACEN é permitida a operação prefixada com prazo máximo de 7 dias, desde que corresponda a períodos de feriados prolongados; ou de 60 dias, desde que indexada à CDI/Selic. 1.2 Aplicação Automática: Fundos que buscam retorno através de investimentos em títulos indexados à CDI/Selic ou em papéis prefixados, desde que indexados e/ou sintetizados para CDI/Selic; de emissão do Tesouro Nacional (TN) e/ou do BACEN; com prazo máximo a decorrer de 375 dias e prazo médio da carteira de, no máximo, 60 dias. É permitida, também, a realização de Operações Compromissadas, desde que: sejam indexadas à CDI/Selic; lastreadas em títulos do TN ou do BACEN e

com contraparte classificada como baixo risco de crédito. No caso específico da contraparte ser o BACEN é permitida a operação prefixada com prazo máximo de 7 dias, desde que corresponda a períodos de feriados prolongados; ou de 60 dias, desde que indexada à CDI/Selic. Adicionalmente estes fundos mantêm obrigatoriamente aplicação e resgate automáticos de forma a remunerar saldo

remanescente em conta corrente.

2. FUNDOS REFERENCIADOS: 2.1 Referenciados DI:

Fundos que objetivam investir, no mínimo, 95% do valor de sua carteira em títulos ou operações que busquem acompanhar as variações do CDI ou SELIC, estando também sujeitos às oscilações decorrentes do ágio/deságio dos títulos em relação a estes parâmetros de referência. O montante não aplicado em operações que busquem acompanhar as variações destes parâmetros de referência, devem ser aplicados somente em operações permitidas para os Fundos Curto Prazo. Estes fundos seguem as disposições do artigo 94 da Instrução CVM 409. 2.2 Referenciados Outros: Fundos que objetivam investir, no mínimo, 95% do valor de sua carteira em títulos ou operações que busquem acompanhar as variações de um parâmetro de referência diferente daqueles definidos no item 2.1 acima, estando também sujeitos às oscilações decorrentes do ágio/deságio dos títulos em relação ao seu parâmetro de referência. O

montante não aplicado em operações que busquem acompanhar as variações do parâmetro de referência, devem ser aplicados somente em opera&cc edil;ões permitidas para os Fundos Curto Prazo. Estes fundos seguem as disposições do artigo 94 da Instrução CVM 409. Nesta categoria não são permitidos como parâmetros de referência moedas

estrangeiras ou mercado acionário.

3. FUNDOS DE RENDA FIXA: 3.1 Renda Fixa: Fundos que buscam retorno por meio de investimentos em ativos de renda fixa (sendo aceitos títulos sintetizados através do uso de derivativos), admitindo-se estratégias que impliquem em risco de juros do mercado doméstico e risco de índice de preço. Excluem-se estratégias que impliquem em risco de moeda estrangeira ou de renda variável (ações, etc.). Devem manter, no mínimo, 80% de sua carteira em títulos públicos federais ou ativos com baixo risco de crédito.

Admitem alavancagem³.

3.2 Renda Fixa Médio e Alto Risco: Fundos que buscam retorno por meio de investimentos em ativos de renda fixa, podendo manter mais de 20% da sua carteira em títulos de médio e alto risco de crédito (sendo aceitos títulos sintetizados através do uso de derivativos),

incluindo-se estratégias que impliquem em risco de juros do mercado doméstico e risco de índices de preços. Excluem-se estratégias que impliquem em risco de moeda estrangeira ou de renda variável (ações, etc.). Admitem

alavancagem³.

102

4. FUNDOS CAMBIAIS: 4.1. Cambial Dólar Fundos que aplicam pelo menos 80% de sua carteira em ativos - de qualquer espectro de risco de crédito -

relacionados diretamente, ou sintetizados via derivativos, à moeda norte-americana. O montante não aplicado em ativos relacionados direta ou indiretamente ao dólar deve ser aplicado somente em títulos e operações de Renda Fixa (pré ou pós fixadas a CDI/ SELIC). Não admitem alavancagem³.

4.2 Cambial Euro Fundos que aplicam pelo menos 80% de sua carteira em ativos - de qualquer espectro de risco de crédito - relacionados diretamente, ou sintetizados via derivativos, à moeda européia. O montante não aplicado em ativos relacionados direta ou indiretamente ao euro deve ser aplicado somente em títulos e operações de Renda Fixa (pré ou

pós fixadas a CDI/ SELIC). Não admitem alavancagem ³.

5. FUNDOS MULTIMERCADOS: A classificação dos Fundos Multimercados baseia-se nas estratégias adotadas pelos gestores para atingir os objetivos dos fundos, que devem prevalecer sobre os instrumentos utilizados.

5.1. Multimercados Macro Fundos que realizam operações em diversas classes de ativos (renda fixa, renda var iável, câmbio, etc.) definindo as estratégias de investimento baseadas em cenários macroeconômicos de médio e longo prazo, atuando de forma direcional. Admitem alavancagem³.

5.2. Multimercados Trading Fundos que concentram as estratégias de investimento em diferentes mercados ou classes de ativos, explorando oportunidades de ganhos originados por movimentos de curto prazo nos preços dos ativos. Admitem alavancagem³. 5.3. Multimercados Multiestratégia Fundos que podem adotar mais de uma estratégia de investimento, sem o compromisso declarado de se dedicarem a uma em particular. Admitem alavancagem³.

5.4. Multimercados Multigestor Fundos que têm por objetivo investir em mais de um fundo geridos por gestores distintos. A principal competência envolvida consiste no proces so de seleção de gestores. Admitem alavancagem³.

5.5. Multimercados Juros e Moedas Fundos que buscam retorno no longo prazo através de investimentos em ativos de renda fixa, admitindo-se estratégias que impliquem em risco de juros do mercado doméstico, risco de índice de preço e risco de moeda estrangeira. Excluem-se estratégias que impliquem em risco de renda variável (ações, etc.). Admitem alavancagem³.

5.6. Multimercados Estratégia Específica Fundos que adotam estratégia de investimento que implique em riscos específicos, tais como commodities, futuro de índice. Admitem alavancagem³.

5.7. Long and Short - Neutro Fundos que fazem operações de ativos e derivativos ligados ao mercado de renda variável, montando posições compradas e vendidas, com o objetivo de manterem a exposição neutra ao risco do mercado acionário. Os recursos remanescentes em caixa devem ficar investidos em operações permitidas ao tipo Referenciado DI. Admitem

alavancagem³.

5.8. Long and Short - Direcional Fundos que fazem operações de ativos e derivativos ligados ao mercado de renda variável, montando posições compradas e vendidas. O resultado deve ser proveniente, preponderantemente, da diferença entre essas posições. Os recursos remanescentes em caixa devem ficar investidos em operações permitidas ao tipo Referenciado DI. Admitem alavancagem³. 5.9. Balanceados

Fundos que buscam retorno no longo prazo através de investimento em diversas classes de ativos (renda fixa, ações, câmbio, etc.). Estes fundos utilizam uma estratégia de investimento diversificada e, deslocamentos táticos entre as classes de ativos ou estratégia explícita de rebalanceamento de curto prazo. Estes fundos devem ter explicitado o mix de ativos (percentual de cada classe de ativo) com o qual devem ser comparados (asset allocation benchmark). Sendo assim, esses fundos não podem ser comparados a indicador de desempenho que reflita apenas uma classe de ativos (por exemplo: 100% CDI). Não admitem alavancagem³.

5.10. Capital Protegido

Fundos que buscam retornos em mercados de risco procurando proteger parcial ou totalmente o principal investido.

103

6. FUNDOS DE DÍVIDA EXTERNA: Fundos que têm como objetivo investir preponderantemente em títulos representativos da dívida externa de responsabilidade da União. Estes fundos seguem o disposto no artigo 96 da Instrução CVM 409.

7. FUNDOS DE AÇÕES: Fundos que devem possuir, no mínimo, 67% da carteira em: ações à vista, bônus ou recibos de subscrição, certificados de depósito de ações, cotas de fundos de ações, cotas dos fundos de índice de ações, Brazilian Depositary Receipts classificados como nível II e III.

7.1. Fundos de Ações Ibovespa 7.1.1. Ações Ibovespa Indexado Fundos cujo objetivo de investimento é acompanhar o comportamento do Ibovespa. Não admitem alavancagem³. 7.1.2. Ações Ibovespa Ativo Fundos que utilizam o Índice Bovespa como referência, tendo objetivo explícito de superar este índice. Admitem alavancagem³. 7.2. Fundos de Ações IBrX 7.2.1. Ações IBrX Indexado Fundo s cujo objetivo de investimento é acompanhar o comportamento do IBrX ou do IBrX 50. Não admitem

alavancagem³. 7.2.2. Ações IBrX Ativo Fundos que utilizam o IBrX ou o IBrX 50 como referência, tendo objetivo explícito de superar o respectivo índice.

Admitem alavancagem³.

7.3. Fundos de Ações Setoriais Fundos que investem em empresas pertencentes a um mesmo setor ou conjunto de setores afins da economia. Estes fundos devem explicitar em suas políticas de investimento os setores, subsetores ou segmentos4 elegíveis para aplicação, conforme classificação setorial definida pela Bovespa. Não admitem alavancagem³. 7.3.1. Ações Setoriais Telecomunicações Fundos cuja estratégia é investir em ações do setor de telecomunicações. Os recursos remanescentes em caixa devem ficar investidos em operações permitidas ao tipo Referenciado DI. 7.3.2. Ações Setoriais Energia Fundos cuja estratégia é investir em ações do setor de energia. Os recursos remanescentes em caixa devem ficar investidos em operações permitidas ao tipo Referenciado DI.

7.3.3. Ações Setoriais Livre Classificam-se neste subsegmento os Fundos de Ações Setoriais que não se enquadrem em nenhum dos subsegmentos anteriores (7.3.1. e 7.3.2.). Os recursos remanescentes em caixa devem ficar investidos em operações permitidas ao tipo Referenciado DI. 7.3.4. Ações Setoriais Privatização Petrobrás - FGTS Fundos regulamentados pelas Instruções CVM 141/1991, 157/1991, 266/1997, 279/1998 e suas modificações.

7.3.5. Ações Setoriais Privatização Petrobrás – Recursos Próprios Fundos regulamentados pela Instrução CVM 409/2004 e suas modificações e que atendem aos requisitos estabelecidos em ofertas de valores mobiliários no âmbito do Programa Nacional de Desestatização e dos Programas Estaduais de Desestatização. 7.3.6. Ações Setoriais Privatização Vale - FGTS Fundos regulamentados pelas Instruções CVM 141/1991, 157/1991, 266/1997, 279/1998 e suas modificações. 7.3.7. Ações Setoriais Privatização Vale – Recursos Próprios

Fundos regulamentados pela Instrução CVM 409/2004 e suas modificações e que atendem aos requisitos estabelecidos em ofertas de valores mobiliários no âmbito do Programa Nacional de Desestatização e dos Programas Estaduais de Desestatização. 7.4. Fundos de Ações Privatização FGTS – Livre Fundos regulamentados pelas Instruções CVM 141/1991, 157/1991, 266/1997, 279/1998 e suas modificações. Estes fundos podem aplicar em outros valores mobiliários que não aqueles objeto da privatização e, suas cotas são integralizadas exclusivamente com recursos resultantes da transferência de recursos dos Fundos de Ações Setoriais Privatização - FGTS. 7.5. Fundos de Ações Small Caps Fundos cuja carteira investe, no mínimo, 90% em ações de empresas que não estejam incluídas entre as 25 maiores

104

participações do IBrX - Índice Brasil, ou seja, ações de empresas com relativa mente baixa e média capitalização de mercado. Os 10% remanescentes podem ser investidos em ações de maior liquidez ou capitalização de mercado, desde que não estejam incluídas entre as 10 maiores participações do IBrX – Índice Brasil, ou em caixa. Os recursos

remanescentes em caixa devem ficar investidos em operações permitidas ao tipo Referenciado DI. Não admitem alavancagem³. 7.6. Fundos de Ações Dividendos Fundos cuja carteira investe somente em ações de empresas com histórico de dividend yield (renda gerada por dividendos) consistente ou que, na visão do gestor, apresentem essas perspectivas. Os recursos remanescentes em caixa devem ficar investidos em operações permitidas ao tipo Referenciado DI. Não admitem alavancagem³. 7.7. Fundos de Ações Sustentabilidade/Governança

Fundos que investem somente em empresas que apresentam bons níveis de governança corporativa, ou que se destacam em responsabilidade social e sustentabilidade empresarial no longo prazo, conforme critérios estabelecidos por entidades reconhecidas no mercado ou supervisionados por conselho não vinculado à gestão do fundo. Os recursos remanescentes em caixa devem ficar investidos em operações permitidas ao tipo Referenciado DI. Não admitem alavancagem³. 7.8. Fundos de Ações Livre Classificam-se neste segmento os fundos de ações abertos que não se enquadrem em nenhum dos segmentos anteriores (7.1. a 7.7., e seus subsegmentos). Admitem alavancagem³. 7.9. Fundos Fechados de Ações

Fundos de condomínio fechado regulamentados pela Instrução CVM 409/2004 e suas modificações.

8. FUNDOS EXCLUSIVOS FECHADOS: Para efeitos desta categoria, será considerado fundo exclusivo fechado o fundo de investimento exclusivo (com apenas um cotista) constituído sob a forma de condomínio fechado, que apresente, no máximo, uma única amortização de cotas a cada período de 12 (doze) meses. Não se enquadram neste segmento os Fundos de Investimento em Ações, Fundos de Investimento em Cotas de Fundos de Investimento em Ações, Fundos de Investimento em Direitos Creditórios, Fundos de Investimento em Cotas de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios, assim como os fundos de investimento não compreendidos na disciplina do Código de Regulação e Melhores Práticas da ANBID para os Fundos de Investimento, tais como os Fundos de Investimentos em Participações e Fundos de Investimento em Cotas de Fundos de Investimento em Participações, bem como os Fundos de Investimento Imobiliários e os Fundos de Investimento em Cotas de Fundos de

Investimento Imobiliários.

II – FUNDOS DE PREVIDÊNCIA Nesta categoria incluem-se os FAPI's e Fundos Exclusivos para PGBL's.

1. Previdência Referenciado DI Será utilizada a classificação descrita em 2.1. dos Fundos de Investimento (item I). 2. Previdência Renda Fixa Será utilizada a classificação descrita em 3.1 dos Fundos de Investimento (item I) mas não admitem alavancagem³. 3. Previdência Renda Fixa Médio e Alto Risco Será utilizada a classificação descrita em 3.2. dos Fundos de Investimento (item I) mas não admitem alavancagem³.

4. Previdência Cambial D ólar Será utilizada a classificação descrita em 4.1. dos Fundos de Investimento (item I). 5. Previdência Balanceados Será utilizada a classificação descrita no em 5.9 dos Fundos de Investimento (item I). 6. Previdência Multimercados Sem Renda Variável Classificam-se neste segmento os fundos que buscam retorno no longo prazo através de investimento em diversas

classes de ativos (renda fixa, câmbio, etc.) exceto renda variável (ações, etc.). Estes fundos não têm explicitado o mix de ativos com o qual devem ser comparados (asset allocation benchmark) e podem, inclusive, ser comparados a parâmetro de desempenho que reflita apenas uma classe de ativos (por exemplo: 100% CDI). Não admitem

alavancagem³.

7. Previdência Multimercados Com Renda Variável Classificam-se neste segmento os fundos que buscam retorno no longo prazo através de investimento em diversas classes de ativos (renda fixa, câmbio, etc.) incluindo renda variável (ações, etc.). Estes fundos não têm explicitado o mix de ativos com o qual devem ser comparados (asset allocation benchmark) e podem, inclusive, ser comparados a parâmetro de desempenho que reflita apenas uma classe de ativos (por exemplo: 100% CDI). Não admitem

alavancagem³.

105

III - FUNDOS OFF SHORE Para efeitos desta classificação, será considerado fundo off shore aquele constituído fora do território brasileiro, mas cujo gestor localiza-se no Brasil.

1. Off Shore Renda Fixa 2. Off Shore Renda Variável

3. Off Shore Mistos

IV - FUNDOS DE INVESTIMENTOS EM DIREITOS CREDITÓRIOS

Fundos regulamentados pelas Instruções CVM 356/2001 e CVM 399/2003 e suas modificações.

V - FUNDOS DE INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO

Fundos regulamentados pelas Instruções CVM 205/1994 e CVM 206/1994 e suas modificações.

VI - FUNDOS DE ÍNDICE Fundos regulamentados pela Instrução CVM 359/2002.

VII - FUNDOS DE PARTICIPAÇÕES Fundos regulamentados pelas Instruções CVM 153/1991, 209/1994 e 391/2003 e suas modificações.

¹ Com exceção dos fundos de privatização relacionados às ofertas de valores mobiliários no âmbito do Programa Nacional de Desestatização e dos Programas Estaduais de Desestatização, regulamentados pelas Instruções CVM 141/1991, 157/1991, 266/1997, 279/1998 e suas modificações. ² Entende-se por proteção da carteira, ou hedge, qualquer operação que tenha por objetivo neutralizar riscos diferentes do parâmetro de referência do fundo, ou sintetizar riscos que atrelem o fundo ao parâmetro de referência, limitado ao valor do seu patrimônio. ³ Um fundo é considerado alavancado sempre que existir possibilidade (diferente de zero) de perda superior ao patrimônio do fundo, desconsiderando-se casos de default nos ativos do fundo. 4 Caso estes fundos sejam compostos somente por ações de uma única empresa, a política de investimento deve

explicitar esta condição e qual é a empresa.

106

Anexo B

Informações dos fundos de capital protegido

(Quantum axis em 27/10/2020)

No

me

Ap

lica

çã

o m

ínim

aG

estã

oT

ax

a d

e a

dm

inis

tra

çã

oT

ax

a d

e p

erfo

rm

an

ce

me

ro

de

Co

tista

sV

olu

me

dio

po

r C

otis

taP

atr

imô

nio

Líq

uid

o

BTG

PA

CTU

AL C

APIT

AL P

RO

TEG

IDO

IV IB

OV

ES

PA

FI M

ULTIM

ER

CA

DO

R$ 5

0.0

00,0

0B

TG

Pactu

al W

M G

estã

o d

e R

ecurs

os

0,2

0%

Não p

ossui

41

359.5

50,5

614.7

41.5

72,9

0

SA

NTA

ND

ER

PR

IVA

TE S

ELEC

TIO

N F

I MU

LTIM

ER

CA

DO

R$ 5

0.0

00,0

0S

anta

nder B

rasil A

sset M

anagem

ent

0,6

0%

Não p

ossui

75

328.3

97,9

924.6

29.8

49,5

8

CIT

IFIR

ST C

APIT

AL P

RO

TEG

IDO

MA

STER

IBO

VES

PA

FI M

ULTIM

ER

CA

DO

R$ 2

5.0

00,0

0C

itibank D

TV

M1,5

0%

Não p

ossui

633

68.2

24,3

743.0

90.4

32,3

9

BR

AD

ES

CO

PR

IME P

RIN

CIP

AL P

RO

TEG

IDO

2 F

I MU

LTIM

ER

CA

DO

R$ 5

.000,0

0B

radesco A

sset M

anagem

ent

1,5

0%

Não p

ossui

532

29.1

83,7

815.5

25.7

72,3

8

BR

AD

ES

CO

PR

IME P

RIN

CIP

AL P

RO

TEG

IDO

FI M

ULTIM

ER

CA

DO

R$ 5

.000,0

0B

radesco A

sset M

anagem

ent

1,5

0%

Não p

ossui

995

34.1

48,1

633.9

77.4

21,1

1

BR

AD

ES

CO

PR

INC

IPA

L P

RO

TEG

IDO

1 F

I MU

LTIM

ER

CA

DO

R$ 1

.000,0

0B

radesco A

sset M

anagem

ent

3,0

0%

Não p

ossui

390

34.0

67,6

313.2

86.3

74,8

9

BR

AD

ES

CO

PR

INC

IPA

L P

RO

TEG

IDO

FI M

ULTIM

ER

CA

DO

R$ 1

.000,0

0B

radesco A

sset M

anagem

ent

3,0

0%

Não p

ossui

733

23.0

18,4

116.8

72.4

94,8

6

CS

HG

CA

PIT

AL P

RO

TEG

IDO

IV IB

OV

ES

PA

FI M

ULTIM

ER

CA

DO

R$ 5

0.0

00,0

0C

redit S

uis

se H

edgin

g-G

riffo1,5

0%

Não p

ossui

186

169.8

64,9

431.5

94.8

79,2

8

CS

HG

CA

PIT

AL P

RO

TEG

IDO

V IB

OV

ES

PA

FI M

ULTIM

ER

CA

DO

R$ 5

0.0

00,0

0C

redit S

uis

se H

edgin

g-G

riffo1,0

0%

Não p

ossui

197

219.3

60,9

443.2

14.1

05,9

9

CS

HG

GO

LD

FI M

ULTIM

ER

CA

DO

R$ 5

0.0

00,0

0C

redit S

uis

se H

edgin

g-G

riffo1,5

0%

Não p

ossui

52

551.6

53,2

028.6

85.9

66,3

6

CS

HG

SH

OR

T E

UR

O C

APIT

AL P

RO

TEG

IDO

FI M

ULTIM

ER

CA

DO

R$ 5

0.0

00,0

0C

redit S

uis

se H

edgin

g-G

riffo1,5

0%

Não p

ossui

291

358.5

43,1

1104.3

36.0

44,9

8

ITA

Ú D

INÂ

MIC

O P

RIN

CIP

AL G

AR

AN

TID

O F

I MU

LTIM

ER

CA

DO

CR

ÉD

ITO

PR

IVA

DO

R$ 5

.000,0

0Ita

ú U

nib

anco

1,5

0%

0,2

2.9

37

56.1

58,3

5164.9

37.0

83,0

0

ITA

Ú E

XTR

A B

OLS

A III E

STR

ATÉG

IA P

RO

TEG

IDA

FI M

ULTIM

ER

CA

DO

CR

ÉD

ITO

PR

IVA

DO

R$ 5

.000,0

0Ita

ú U

nib

anco

1,8

5%

Não p

ossui

1.6

30

46.5

17,3

975.8

23.3

47,8

2

ITA

Ú P

RIN

CIP

AL G

AR

AN

TID

O F

I MU

LTIM

ER

CA

DO

R$ 1

.000,0

0Ita

ú U

nib

anco

3,0

0%

Não p

ossui

830

16.4

57,0

213.6

59.3

24,7

9

SA

NTA

ND

ER

CA

PIT

AL P

RO

TEG

IDO

2 F

I MU

LTIM

ER

CA

DO

R$ 5

.000,0

0S

anta

nder B

rasil A

sset M

anagem

ent

2,5

0%

Não p

ossui

3.2

23

34.1

76,8

4110.1

51.9

43,6

3

SA

NTA

ND

ER

CA

PIT

AL P

RO

TEG

IDO

VA

N G

OG

H 7

FI M

ULTIM

ER

CA

DO

R$ 5

.000,0

0S

anta

nder B

rasil A

sset M

anagem

ent

2,5

0%

Não p

ossui

9.5

70

43.2

99,1

3414.3

72.6

44,5

0

SA

FR

A M

IX IV

FIC

MU

LTIM

ER

CA

DO

R$ 5

0.0

00,0

0S

afra

Asset M

anagem

ent

0,5

0%

Não p

ossui

51

99.5

36,6

65.0

76.3

69,8

3

SA

NTA

ND

ER

CA

PIT

AL P

RO

TEG

IDO

VA

N G

OG

H 6

FIC

MU

LTIM

ER

CA

DO

R$ 5

.000,0

0S

anta

nder B

rasil A

sset M

anagem

ent

2,5

0%

Não p

ossui

4.7

22

37.3

58,3

0176.4

05.9

07,2

7

UN

IBA

NC

O E

XTR

A M

AS

TER

FIC

CU

RTO

PR

AZ

OR

$ 3

0.0

00,0

0Ita

ú U

nib

anco

1,8

5%

Não p

ossui

187

91.3

52,0

617.0

82.8

35,6

8

BN

P P

AR

IBA

S T

RO

PPO

X C

APIT

AL P

RO

TEG

IDO

FI M

ULTIM

ER

CA

DO

R$ 5

0.0

00,0

0B

NP P

arib

as A

sset M

anagem

ent

1,5

0%

Não p

ossui

12

375.2

64,3

64.5

03.1

72,2

6

BTG

PA

CTU

AL C

APIT

AL P

RO

TEG

IDO

III IBO

VES

PA

FI M

ULTIM

ER

CA

DO

R$ 5

0.0

00,0

0B

TG

Pactu

al G

esto

ra d

e R

ecurs

os

1,0

0%

Não p

ossui

53

171.8

78,8

09.1

09.5

76,4

1

BTG

PA

CTU

AL C

APIT

AL P

RO

TEG

IDO

VI IB

OV

ES

PA

FI M

ULTIM

ER

CA

DO

R$ 2

5.0

00,0

0B

TG

Pactu

al G

esto

ra d

e R

ecurs

os

1,0

0%

Não p

ossui

132

190.7

62,1

025.1

80.5

97,5

7

CIT

IFIR

ST C

APIT

AL P

RO

TEG

IDO

IBO

VES

PA

FI M

ULTIM

ER

CA

DO

R$ 2

5.0

00,0

0C

itibank D

TV

M1,0

0%

Não p

ossui

1.1

96

69.0

61,5

582.5

97.6

14,0

7

CIT

IFIR

ST C

APIT

AL P

RO

TEG

IDO

II IBO

VES

PA

FI M

ULTIM

ER

CA

DO

R$ 2

5.0

00,0

0C

itibank D

TV

M1,5

0%

Não p

ossui

796

58.5

20,3

446.5

82.1

87,4

6

CIT

IFIR

ST C

APIT

AL P

RO

TEG

IDO

III IBO

VES

PA

FI M

ULTIM

ER

CA

DO

R$ 2

5.0

00,0

0C

itibank D

TV

M1,5

0%

Não p

ossui

846

89.0

65,5

875.3

49.4

79,4

8

ITA

Ú E

XTR

A B

OLS

A II E

STR

ATÉG

IA P

RO

TEG

IDA

FI M

ULTIM

ER

CA

DO

CR

ÉD

ITO

PR

IVA

DO

R$ 5

.000,0

0Ita

ú U

nib

anco

1,7

0%

Não p

ossui

1.6

87

45.9

76,1

977.5

61.8

31,6

0

REA

L C

APIT

AL P

RO

TEG

IDO

VA

N G

OG

H 4

FI M

ULTIM

ER

CA

DO

R$ 5

.000,0

0S

anta

nder B

rasil A

sset M

anagem

ent

2,3

0%

Não p

ossui

10.3

75

41.8

11,9

6433.7

99.1

08,1

7

REA

L C

APIT

AL P

RO

TEG

IDO

VA

N G

OG

H 5

FI M

ULTIM

ER

CA

DO

R$ 5

.000,0

0S

anta

nder B

rasil A

sset M

anagem

ent

2,5

0%

Não p

ossui

4.9

74

44.8

15,8

2222.9

13.9

10,8

7

SA

NTA

ND

ER

CA

PIT

AL P

RO

TEG

IDO

VA

N G

OG

H 8

FIC

MU

LTIM

ER

CA

DO

R$ 5

.000,0

0S

anta

nder B

rasil A

sset M

anagem

ent

0,0

0%

Não p

ossui

542

29.9

76,5

116.2

47.2

69,4

8

SA

NTA

ND

ER

CA

PIT

AL P

RO

TEG

IDO

5 F

I MU

LTIM

ER

CA

DO

R$ 5

.000,0

0S

anta

nder B

rasil A

sset M

anagem

ent

2,5

0%

Não p

ossui

4.4

76

38.9

61,9

5174.3

93.7

04,1

7

BTG

PA

CTU

AL C

APIT

AL P

RO

TEG

IDO

II IBO

VES

PA

FI M

ULTIM

ER

CA

DO

R$ 1

.000.0

00,0

0B

TG

Pactu

al G

esto

ra d

e R

ecurs

os

1,0

0%

Não p

ossui

15

1.9

83.4

84,2

529.7

52.2

63,7

6

SA

NTA

ND

ER

CA

PIT

AL P

RO

TEG

IDO

VA

N G

OG

H F

I MU

LTIM

ER

CA

DO

R$ 1

0.0

00,0

0S

anta

nder B

rasil A

sset M

anagem

ent

2,0

0%

Não p

ossui

3.3

94

39.5

98,3

3134.3

96.7

33,6

0

SA

NTA

ND

ER

CA

PIT

AL P

RO

TEG

IDO

3 F

I MU

LTIM

ER

CA

DO

R$ 5

.000,0

0S

anta

nder B

rasil A

sset M

anagem

ent

2,5

0%

Não p

ossui

5.9

63

38.0

80,1

4227.0

71.8

89,1

8

SA

NTA

ND

ER

CA

PIT

AL P

RO

TEG

IDO

4 F

I MU

LTIM

ER

CA

DO

R$ 5

.000,0

0S

anta

nder B

rasil A

sset M

anagem

ent

2,5

0%

Não p

ossui

2.4

53

37.8

75,9

392.9

09.6

52,6

1

SA

NTA

ND

ER

CA

PIT

AL P

RO

TEG

IDO

VA

N G

OG

H 2

FI M

ULTIM

ER

CA

DO

R$ 1

0.0

00,0

0S

anta

nder B

rasil A

sset M

anagem

ent

2,5

0%

Não p

ossui

2.3

58

35.9

35,5

284.7

35.9

55,2

8

SA

NTA

ND

ER

CA

PIT

AL P

RO

TEG

IDO

VA

N G

OG

H 3

FI M

ULTIM

ER

CA

DO

R$ 1

0.0

00,0

0S

anta

nder B

rasil A

sset M

anagem

ent

2,5

0%

Não p

ossui

6.8

08

39.0

37,5

6265.7

67.7

33,4

5

SA

NTA

ND

ER

CA

PIT

AL P

RO

TEG

IDO

VA

N G

OG

H 6

BR

FIC

MU

LTIM

ER

CA

DO

R$ 5

.000,0

0S

anta

nder B

rasil A

sset M

anagem

ent

2,5

0%

Não p

ossui

9.6

14

41.4

52,9

2398.5

28.4

15,7

2

ITA

Ú P

RIV

ATE E

STR

UTU

RA

DO

ÍND

ICE D

E C

OM

MO

DIT

IES

FI M

ULTIM

ER

CA

DO

CR

ÉD

ITO

PR

IVA

DO

R$ 1

00.0

00,0

0Ita

ú U

nib

anco

3,0

0%

Não p

ossui

162

222.5

36,5

436.0

50.9

19,7

9

SA

FR

A F

AIX

A JU

RO

S F

I MU

LTIM

ER

CA

DO

R$ 1

00.0

00,0

0S

afra

Asset M

anagem

ent

1,5

0%

Não p

ossui

29

721.3

49,5

420.9

19.1

36,7

2

STR

UC

TU

RE X

XIII F

I MU

LTIM

ER

CA

DO

R$ 0

,00

Banco JP

Morg

an

1,5

0%

Não p

ossui

7856.2

34,8

25.9

93.6

43,7

3

STR

UC

TU

RE X

XV

I FI M

ULTIM

ER

CA

DO

R$ 0

,00

Banco JP

Morg

an

1,5

0%

Não p

ossui

6731.3

53,8

84.3

88.1

23,2

8

BB

CA

PIT

AL P

RO

TEG

IDO

CO

MM

OD

ITIE

S A

GR

ICO

LA

S P

RIV

ATE F

I MU

LTIM

ER

CA

DO

R$ 2

5.0

00,0

0B

B G

estã

o d

e R

ecurs

os D

TV

M2,0

0%

Não p

ossui

1.0

63

95.0

32,2

2101.0

19.2

50,5

7

BB

CA

PIT

AL P

RO

TEG

IDO

PETR

ÓLEO

PR

IVA

TE F

I MU

LTIM

ER

CA

DO

LP

R$ 2

5.0

00,0

0B

B G

estã

o d

e R

ecurs

os D

TV

M2,0

0%

Não p

ossui

1.2

08

108.2

67,7

2130.7

87.4

08,4

0

HS

BC

SM

AR

T T

AR

GET F

I MU

LTIM

ER

CA

DO

R$ 5

.000,0

0H

SB

C G

lobal A

sset M

anagem

ent

1,5

0%

Não p

ossui

193

127.6

58,9

524.6

38.1

76,7

9

ITA

Ú P

RIV

ATE E

STR

UTU

RA

DO

IV F

I MU

LTIM

ER

CA

DO

CR

ÉD

ITO

PR

IVA

DO

R$ 0

,00

Itaú U

nib

anco

1,0

0%

Não p

ossui

120

584.1

06,9

570.0

92.8

33,9

7

ITA

Ú P

RIV

ATE E

STR

UTU

RA

DO

BO

LS

A II F

I MU

LTIM

ER

CA

DO

CR

ÉD

ITO

PR

IVA

DO

R$ 3

00.0

00,0

0Ita

ú U

nib

anco

1,5

0%

Não p

ossui

166

410.7

15,3

968.1

78.7

54,2

3

SA

NTA

ND

ER

PB

CA

PIT

AL P

RO

TEG

IDO

FI M

ULTIM

ER

CA

DO

R$ 5

0.0

00,0

0S

anta

nder B

rasil A

sset M

anagem

ent

1,5

0%

Não p

ossui

117

217.7

38,1

325.4

75.3

61,1

1

SU

L A

MÉR

ICA

CA

PIT

AL IV

FI M

ULTIM

ER

CA

DO

R$ 1

00.0

00,0

0S

ul A

méric

a In

vestim

ento

s1,0

0%

Não p

ossui

11

1.5

99.2

37,8

517.5

91.6

16,3

0

CS

HG

SH

OR

T E

UR

O X

LA

R C

APIT

AL P

RO

TEG

IDO

FI M

ULTIM

ER

CA

DO

R$ 5

0.0

00,0

0C

redit S

uis

se H

edgin

g-G

riffo1,5

0%

0,1

131

336.8

39,1

944.1

25.9

33,8

2

HS

BC

SM

AR

T C

OM

MO

DIT

IES

FI M

ULTIM

ER

CA

DO

R$ 1

5.0

00,0

0H

SB

C G

lobal A

sset M

anagem

ent

2,0

0%

Não p

ossui

249

268.8

34,4

666.9

39.7

80,8

5

HS

BC

SM

AR

T T

AR

GET 2

FI M

ULTIM

ER

CA

DO

R$ 5

.000,0

0H

SB

C G

lobal A

sset M

anagem

ent

1,5

0%

Não p

ossui

181

304.8

50,1

655.1

77.8

78,4

2

ITA

Ú P

ER

SO

NN

ALIT

É E

STR

ATÉG

IA T

RIP

LA

PR

OTEG

IDA

FI M

ULTIM

ER

CA

DO

R$ 5

.000,0

0Ita

ú U

nib

anco

1,9

0%

Não p

ossui

349

56.2

12,1

019.6

18.0

21,5

1

BN

P P

AR

IBA

S C

APIT

AL P

RO

TEG

IDO

VI F

I MU

LTIM

ER

CA

DO

R$ 3

00.0

00,0

0B

NP P

arib

as A

sset M

anagem

ent

0,0

0%

Não p

ossui

22

678.6

37,2

514.9

30.0

19,5

7

SA

NTA

ND

ER

CA

PIT

AL P

RO

TEG

IDO

CO

MM

OD

ITIE

S M

ETÁ

LIC

AS

FI M

ULTIM

ER

CA

DO

CR

ÉD

ITO

PR

IVA

DO

R$ 1

00.0

00,0

0S

anta

nder B

rasil A

sset M

anagem

ent

1,5

0%

Não p

ossui

127

365.6

88,5

046.4

42.4

39,7

2

VO

TO

RA

NTIM

CU

RR

EN

CY C

APIT

AL P

RO

TEC

TED

I FI M

ULTIM

ER

CA

DO

CR

ÉD

ITO

PR

IVA

DO

R$ 5

0.0

00,0

0V

oto

rantim

Asset M

anagem

ent

1,0

0%

Não p

ossui

78

650.8

20,9

250.7

64.0

31,5

0

VO

TO

RA

NTIM

CU

RR

EN

CY C

APIT

AL P

RO

TEC

TED

II FI M

ULTIM

ER

CA

DO

CR

ÉD

ITO

PR

IVA

DO

R$ 5

0.0

00,0

0V

oto

rantim

Asset M

anagem

ent

1,0

0%

Não p

ossui

66

269.0

05,1

717.7

54.3

41,2

9

ALFA

PR

IVA

TE C

APIT

AL P

RO

TEG

IDO

AB

SO

LU

TO

IQ F

I MU

LTIM

ER

CA

DO

R$ 5

0.0

00,0

0B

anco A

lfa d

e In

vestim

ento

1,5

0%

Não p

ossui

98

163.5

99,8

016.0

32.7

80,4

8

BB

CA

PIT

AL P

RO

TEG

IDO

IBO

VES

PA

FI M

ULTIM

ER

CA

DO

R$ 2

5.0

00,0

0B

B G

estã

o d

e R

ecurs

os D

TV

M1,5

0%

Não p

ossui

1.6

30

140.2

43,3

8228.5

96.7

10,3

9

BB

CA

PIT

AL P

RO

TEG

IDO

IX F

I MU

LTIM

ER

CA

DO

R$ 1

0.0

00,0

0B

B G

estã

o d

e R

ecurs

os D

TV

M1,5

0%

Não p

ossui

1.5

35

54.9

26,9

584.3

12.8

70,8

9

BB

CA

PIT

AL P

RO

TEG

IDO

OU

RO

PR

IVA

TE F

I MU

LTIM

ER

CA

DO

R$ 2

5.0

00,0

0B

B G

estã

o d

e R

ecurs

os D

TV

M2,0

0%

Não p

ossui

696

74.3

67,1

351.7

59.5

19,6

9

BB

CA

PIT

AL P

RO

TEG

IDO

X F

I MU

LTIM

ER

CA

DO

R$ 2

5.0

00,0

0B

B G

estã

o d

e R

ecurs

os D

TV

M1,5

0%

Não p

ossui

716

56.2

75,1

340.2

92.9

90,8

2

BB

CA

PIT

AL P

RO

TEG

IDO

XI F

I MU

LTIM

ER

CA

DO

LP

R$ 1

0.0

00,0

0B

B G

estã

o d

e R

ecurs

os D

TV

M2,0

0%

Não p

ossui

630

66.1

85,7

441.6

97.0

16,4

8

BN

P P

AR

IBA

S T

RO

PPO

SU

D C

APIT

AL P

RO

TEG

IDO

FI M

ULTIM

ER

CA

DO

R$ 5

0.0

00,0

0B

NP P

arib

as A

sset M

anagem

ent

1,0

0%

Não p

ossui

53.9

18.9

47,3

419.5

94.7

36,7

2

BN

P P

AR

IBA

S T

RO

PPO

XI C

APIT

AL P

RO

TEG

IDO

FI M

ULTIM

ER

CA

DO

R$ 5

0.0

00,0

0B

NP P

arib

as A

sset M

anagem

ent

1,5

0%

Não p

ossui

11

459.0

50,3

55.0

49.5

53,8

6

CA

IXA

CA

PIT

AL P

RO

TEG

IDO

IV F

I MU

LTIM

ER

CA

DO

R$ 5

.000,0

0C

aix

a E

conôm

ica F

edera

l1,6

0%

Não p

ossui

638

58.6

41,0

837.4

13.0

06,2

5

HS

BC

SM

AR

T M

OED

AS

FI M

ULTIM

ER

CA

DO

R$ 2

0.0

00,0

0H

SB

C G

lobal A

sset M

anagem

ent

2,0

0%

Não p

ossui

157

215.5

48,0

433.8

41.0

42,0

4

ITA

Ú E

XTR

A B

OLS

A C

APIT

AL G

AR

AN

TID

O F

I MU

LTIM

ER

CA

DO

CR

ÉD

ITO

PR

IVA

DO

R$ 5

.000,0

0Ita

ú U

nib

anco

2,0

0%

Não p

ossui

2.8

06

77.3

78,6

3217.1

24.4

43,5

0

ITA

Ú ÍN

DIC

E D

E C

AR

BO

NO

ES

TR

ATÉG

IA P

RO

TEG

IDA

FI M

ULTIM

ER

CA

DO

CR

ÉD

ITO

PR

IVA

DO

R$ 3

0.0

00,0

0Ita

ú U

nib

anco

2,0

0%

Não p

ossui

2.5

44

70.0

11,3

5178.1

08.8

78,3

0

ITA

Ú P

ER

SO

NN

ALIT

É E

STR

ATÉG

IA P

RO

TEG

IDA

ÍND

ICE D

E C

OM

MO

DIT

IES

FI M

ULTIM

ER

CA

DO

CR

ÉD

ITO

PR

IVA

DO

R$ 5

.000,0

0Ita

ú U

nib

anco

1,7

0%

Não p

ossui

357

58.6

34,7

320.9

32.5

97,6

1

SU

L A

MÉR

ICA

CA

PIT

AL P

RO

TEG

IDO

III FI M

ULTIM

ER

CA

DO

R$ 1

00.0

00,0

0S

ul A

méric

a In

vestim

ento

s1,0

0%

Não p

ossui

61.9

30.9

45,8

011.5

85.6

74,7

7

SA

FR

A C

APIT

AL M

ULTIP

RO

TEG

IDO

IBO

VES

PA

FI M

ULTIM

ER

CA

DO

R$ 5

0.0

00,0

0S

afra

Asset M

anagem

ent

1,8

0%

Não p

ossui

95

111.4

49,9

710.5

87.7

46,7

7