documento protegido pela lei de direito autoral · 2015-08-04 · gestão dos recursos financeiros...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A IMPORTÂNCIA DE UM FLUXO DE CAIXA PARA UMA
COMPANHIA
Por: Lídia Gonçalves da Silva
Orientador
Prof. Aleksandra Sliwowska
Rio de Janeiro
2015
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A IMPORTÂNCIA DE UM FLUXO DE CAIXA PARA UMA
COMPANHIA
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em FINANÇAS E GESTÃO
CORPORATIVA.
Por: Lídia Gonçalves da Silva.
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AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar ao meu amado
marido e amigo Marcos, por me amar,
apoiar e incentivar durante todo o
curso. Eu te amo muito e Deus está
presente nesta união. Agradeço ao
Grupo de Cinemas Severiano
Ribeiro/Kinoplex pelo incentivo e
desafio desde a minha graduação até
essa nova conquista em minha vida
acadêmica. Muito obrigada.
4
DEDICATÓRIA
Dedico ao homem da mão furada, Jesus Cristo, por me sustentar e guiar todos os dias da minha vida, ele foi, é, e sempre será socorro presente e por isso toda honra e glória sejam dadas a ele.
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RESUMO
O tema proposto destaca-se pela falta de conhecimento dos
empresários na análise financeira de seus negócios, sobretudo na utilização do
fluxo de caixa como uma ferramenta gerencial no processo de tomada de
decisões, planejamento e controle financeiro.
Iremos ver como um fluxo de caixa pode colaborar com uma companhia
e caracterizar o contexto econômico a que estão inseridas as empresas de
médio porte no Brasil, analisando a importância do fluxo de caixa nas tomadas
de decisões, além de revisar as principais linhas teóricas discernente ao
assunto proposto.
Além disso, iremos investigar e analisar a importância da gestão do
fluxo de caixa para uma companhia, assim como, estruturar a tesouraria de
uma companhia com um fluxo de caixa fidedigno a realidade da mesma.
Podemos afirmar que é possível o fluxo de caixa a realizar de uma
empresa ter dados consistentes.
O resultado deste trabalho mostra o desconhecimento dos empresários
desta ferramenta. A conclusão é que o fluxo de caixa é extremamente
importante para as empresas, para que ela tenha um controle eficaz.
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METODOLOGIA
A metodologia adotada para elaboração deste artigo é a utilização de
pesquisa bibliográfica, buscando as informações sobre esta demonstração,
com utilização de livros e artigos, buscando sempre a veracidade das
informações apresentadas.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - O Conceito de Fluxo de Caixa 09
CAPÍTULO II - Fluxo de Caixa dos Investimentos
e Capital de Giro 20
CAPÍTULO III - Análise Financeira Dinâmica ou Moderna 26
CAPÍTULO IV – Fluxo de Caixa versus Sistemas de Informações 28
CONCLUSÃO 36
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 37
BIBLIOGRAFIA CITADA (opcional) 38
ÍNDICE 39
FOLHA DE AVALIAÇÃO 40
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INTRODUÇÃO
O fluxo de caixa é um instrumento eficaz para empresa que pretende ter
um controle de saídas e entradas de recursos financeiros. É uma ferramenta
de análise financeira em curto prazo, e hoje com a grande competitividade no
mercado, as empresas não podem abrir mão de uma ferramenta como esta. O
objetivo deste trabalho é mostrar a grande importância de se ter um fluxo de
caixa a disposição da empresa. A problemática a ser analisada é o
desconhecimento desta ferramenta pela maioria dos empresários, gestores,
administradores, contadores.
O fluxo de caixa é também indispensável em todo o processo de tomada
de decisões financeiras, iremos conceituá-lo e toda a sua abrangência.
Contextos econômicos modernos de concorrência de mercado exigem
das empresas maior eficiência na gestão financeira de seus recursos, não
cabendo indecisões sobre o que fazer com eles. Sabidamente, uma boa
gestão dos recursos financeiros reduz substancialmente a necessidade de
capital de giro, promovendo maiores lucros pela redução principalmente das
despesas financeiras e é essa a finalidade do fluxo de caixa, contudo devemos
estar preparados para ter um fluxo de caixa dos investimentos e capital de giro.
Em verdade, a atividade financeira de uma companhia requer
acompanhamento permanente de seus resultados, de maneira a avaliar seu
desempenho, bem como proceder aos ajustes e correções necessários. O
objetivo básico da função financeira é prover a empresa de recursos de caixa
suficientes de modo a respeitar os vários compromissos assumidos e promover
a maximização de seus lucros.
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Hoje em um mundo tão competitivo, onde cada empresa de uma forma
ou de outra trabalha firmemente em se diferenciar para obter êxito em seus
negócios e atingir os resultados esperados temos a ferramenta chamada fluxo
de caixa que é de grande auxilio aos que buscam esta performance, o fluxo
caixa possibilita ao empresário ter um controle muito eficaz de seus recursos.
CAPÍTULO I
O CONCEITO DE FLUXO DE CAIXA
...Deus é maior que todos os obstáculos.
Fluxo de caixa de um projeto ou investimento é uma ferramenta que
controla a movimentação financeira (conjunto das entradas e saídas de
recursos financeiros ao longo do tempo), em um período determinado, de uma
empresa.
Convencionaremos que as entradas de caixa ou créditos são valores
positivos de capital e que as saídas de caixa ou débitos são valores negativos
de capital.
De um modo abrangente, podemos citar que os eventos econômicos
podem, do ponto de vista financeiro, ser sintetizados através de fluxos de
caixa.1
O fluxo de caixa facilita a gestão de uma empresa no sentido de saber
exatamente qual o valor a pagar com as obrigações assumidas, quais os
valores a receber e qual será o saldo disponível naquele momento. Denomina-
se saldo a diferença entre os recebimentos e os pagamentos, ou seja, a
função desta ferramenta é a de informar o empresário sobre a situação da
movimentação diária dos recursos financeiros, disponibilizando as informações
1 SECURATO, José Roberto. Cálculo Financeiro das Tesourarias – Bancos e Empresas. Editora Saint Paul – 1999 – São Paulo
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pertinentes aos pagamentos, recebimentos e ao saldo, realizados e a se
realizarem, de forma diária e acumulada.
Ao analisar o fluxo de caixa, se o saldo for negativo significa que a
empresa tem gastos a mais, neste caso, o gestor terá que rever os gastos para
conseguir aumentar a entrada de dinheiro. Por outro lado, um saldo for positivo
indica que a empresa está conseguindo pagar as suas obrigações e ter
disponibilidade financeira.
O fluxo de caixa é um recurso fundamental para os gestores saberem
com precisão qual a situação financeira da empresa e, com base no resultado,
decidir os caminhos a seguir.
Muitas companhias efetuam esse controle financeiro com a ajuda de
alguns programas informáticos como o Microsoft Office Excel ou sistemas
integrados2.
A composição do Fluxo de Caixa pode variar muito, porém as
informações devem estar estruturadas diariamente e de forma acumulada,
informando os pagamentos, recebimentos e o saldo, ao longo do tempo.
O resultado acumulado do fluxo de caixa, quando negativo, pode
significar o óbvio: a empresa está gastando mais que a sua receita permite.
As causas podem ser:
§ Os prazos para pagamentos, oferecidos aos consumidores são maiores
que os prazos que os fornecedores oferecem à sua empresa;
§ O valor das parcelas das compras realizadas em datas sazonais, como
por exemplo, Natal e Dia das Mães, são mais altos que o saldo de caixa.
§ As compras para a composição de estoque estão muito elevadas, em
relação ao giro de estoque efetivo da empresa;
§ As retiradas de pró-labore estão além das possibilidades da empresa;
2 Site: http://www.significados.com.br/fluxo-de-caixa/
11
§ Os juros bancários estão crescendo, em virtude da constante operação
de descontos de cheques pré-datados, duplicatas, e ainda,
adiantamentos dos cartões de crédito.
Mas existe a situação ideal: o saldo do Fluxo de Caixa está positivo,
portanto, a empresa está conseguindo cumprir as suas obrigações, realizando
o oposto dos itens citados acima.
Através do Fluxo de Caixa, o empresário pode manter suas contas em
equilíbrio, postergando ou adiantando receitas ou débitos ao longo de um
período.
O fluxo de caixa é também aquele que permite apoiar o processo
decisório da organização de maneira que ela esteja orientada para os
resultados dos pretendidos. Considerar o fluxo de caixa de uma organização
um instrumento gerencial não significa que ela vai prescindir da contabilidade e
dos relatórios gerenciais por ela gerados. Ao contrário, com o fortalecimento
dos relatórios gerenciais gerados pela contabilidade se pretende aliar a
potencialidade do fluxo de caixa para melhor gerenciar suas decisões. Trata-se
de considerar que o fluxo de caixa também deva ser arrolado com instrumento
que traga subsídios para o processo de tomada de decisões. Na verdade, o
simples reconhecimento disso já é um grande passo para que os gestores do
negócio possam dispor de informações adequadas.
O Demonstrativo de Fluxo de Caixa deve focalizar os recebimentos e
pagamentos em termos de caixa e deve analisar as variações nos saldos e
aplicação de caixa.
1.1 – Abrangência do Fluxo de caixa
O fluxo de caixa descreve as diversas movimentações financeiras da
empresa em determinado período de tempo, e sua administração tem por
objetivo preservar uma liquidez imediata essencial à manutenção das
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atividades da empresa. Por não incorporar explicitamente um retorno
operacional, seu saldo deve ser o mais baixo possível, o suficiente para cobrir
as várias necessidades associadas aos fluxos de recebimentos e pagamentos.
Deve-se ter em conta que saldos mais reduzidos de caixa podem provocar,
entre outras consequências, perdas de descontos financeiros vantajosos pela
incapacidade de efetuar compras a vista junto aos fornecedores. Por outro
lado, posições de mais elevada liquidez imediata, ao mesmo tempo em que
promovem segurança financeira para a empresa, apura maior custo de
oportunidade. Em essência, este é o dilema risco e rentabilidade presente nas
finanças das empresas.
Ao apurar o saldo líquido destes fluxos monetários, o instrumento do
fluxo de caixa permite que se estabeleçam prognósticos com relação a
eventuais sobras ou faltas de recursos, em função do nível de caixa desejado
pela empresa.
O fluxo de caixa não deve ser enfocado como uma preocupação
exclusiva da área financeira. Mais efetivamente deve haver comprometimento
de todos os setores empresariais com os resultados líquidos de caixa,
destacando-se:
– a área de produção, ao promover alterações nos prazos de
fabricação dos produtos, determina novas alterações nas necessidades de
caixa. De forma idêntica, os custos de produção têm importantes reflexos
sobre o caixa;
– as decisões de compras devem ser tomadas de maneira ajustada
com a existência de saldos disponíveis de caixa. Em outras palavras, deve
haver preocupação com relação a sincronização dos fluxos de caixa,
avaliando-se os prazos concedidos para pagamento das compras com aqueles
estabelecidos para recebimento das vendas;
– políticas de cobrança mais ágeis e eficientes, ao permitirem colocar
recursos financeiros mais rapidamente à disposição da empresa, constituem-
se em importante reforço de caixa;
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– a área de vendas, junto com a meta de crescimento da atividade
comercial, deve manter um controle mais próximo sobre os prazos concedidos
e hábitos de pagamentos dos clientes, de maneira a não pressionar
negativamente o fluxo de caixa. Em outras palavras, é recomendado que toda
decisão envolvendo vendas deve ser tomada somente após uma prévia
avaliação de suas implicações sobre os resultados de caixa (exemplos: prazo
de cobrança, despesas com publicidade e propaganda, etc);
– a área financeira deve avaliar criteriosamente o perfil de seu
endividamento, de forma que os desembolsos necessários ocorram
concomitantemente à geração de caixa da empresa.
Uma adequada administração dos fluxos de caixa pressupõe a
obtenção de resultados positivos para a empresa, devendo ser focalizada
como um segmento lucrativo para seus negócios. A melhor capacidade de
geração de recursos de caixa promove entre outros benefícios à empresa,
menor necessidade de financiamento dos investimentos em giro, reduzindo
seus custos financeiros.
Dessa forma, o objetivo fundamental para o gerenciamento dos fluxos
de caixa é atribuir maior rapidez às entradas de caixa em relação aos
desembolsos ou, da mesma forma, aperfeiçoar a compatibilizarão entre
aposição financeira da empresa e suas obrigações correntes.
As principais áreas que podem contribuir para melhor desempenho do
fluxo de caixa, acelerando os ingressos ou retardando os desembolsos, insere-
se basicamente nas fases do ciclo operacional. É sabido que a extensão do
ciclo operacional é o fator determinante das necessidades de recursos do ativo
circulante; ele é administrado através de:
• Negociações com fornecedores e outros credores visando alongar os
prazos de pagamento;
• medidas mais eficientes de valores a receber, sem prejuízo de vendas
futuras, objetivando reduzir o volume de clientes em atraso e
inadimplentes;
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• decisões tomadas na área com intuito de diminuir os estoques e
incrementar seu giro;
• concessão de descontos financeiros , sempre que economicamente
justificados, na expectativa de redução dos prazos de recebimentos das
vendas etc.
Os sistemas de cobrança, por seu lado, devem ser avaliados com base
em sua facilidade de pagamento e rapidez de emissão e entrega das
faturas/duplicatas aos clientes. A agilidade do sistema revela-se mais
indispensável, ainda, no caso de clientes que pagam somente em
determinados(s) dia(s) do mês, ou que apresentam um processo lento de
pagamento.
De maneira ampla, o fluxo de caixa é um processo pelo qual uma
empresa gera e aplica seus recursos de caixa determinados pelas várias
atividades desenvolvidas. Neste enfoque, ainda, o fluxo de caixa focaliza a
empresa como um todo, tratando das mais diversas entradas e saídas
(movimentações financeiras) de caixa refletida por seus negócios.3
1.2 - Fluxo de caixa descontado
O Fluxo de Caixa descontado é um método de avaliação usado para
estimar a atratividade de uma oportunidade de investimento. Essa análise usa
projeções de fluxo de caixa livre futuros e as desconta (na maioria das vezes
utilizando o custo médio ponderado de capital), para chegar a um valor atual,
que é usado para avaliar o potencial de investimento.
1.3 - Fluxo de caixa livre
Fluxo de caixa livre representa o dinheiro que uma empresa é capaz de
gerar, após separar o dinheiro necessário para manter ou expandir sua base
3 - FREZATTI, Fábio. Gestão do Fluxo de Caixa Diário. Como dispor de um instrumento fundamental para o gerenciamento do negócio: São Paulo: Atlas. 1997.
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de ativos. O fluxo de caixa livre é importante porque permite que uma empresa
buscar oportunidades que aumentam o valor do acionista.
1.4 – Avaliação de Empresas pelo Fluxo de caixa descontado
A avaliação de uma empresa não pode ser feita segundo princípios de
uma ciência exata. O peso que os técnicos em avaliação atribuem aos diversos
fatores envolvidos no processo de avaliação não é uniforme. Isto se deve a um
problema de julgamento pessoal de cada avaliador que é influenciado pela
experiência que este especialista acumula, bem como pelos motivos e
objetivos da avaliação para o comprador ou vendedor.
A valoração de uma empresa é complexa por envolver em seu corpo um
conjunto de bens heterogêneos e destinados a produzir riqueza, dentro das
mais diversas conjunturas econômicas e sociais.
Dentre as concepções de valor da empresa, destacam-se as seguintes:
- Valor Patrimonial: o valor da empresa é determinado pelo somatório dos
bens que constituem o patrimônio da empresa.
- Valor Econômico: o valor da empresa decorre do potencial de resultados
futuros.
Ambas as abordagens apresentam fatores embutidos dentro de suas
formulações teóricas. Alguns bens que compõem o patrimônio da empresa são
de difícil mensuração, principalmente quando considerados isoladamente. É o
caso dos bens intangíveis como marcas, patentes, ponto comercial, reputação,
organização, etc. Por outro lado, a avaliação econômica dos benefícios futuros
que a empresa pode gerar depende de um grande número de fatores que
ainda apresentam dificuldades quanto à sua quantificação (risco do negócio,
risco financeiro, taxa de capitalização, crescimento da empresa, etc.).
O objetivo principal deste modelo é determinar o valor máximo que um
potencial comprador poderá pagar pela empresa.
São as seguintes premissas básicas do modelo apresentado:
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1. a avaliação independe do modo como será feita a aquisição da
empresa, bem como a forma de pagamento (financiamento) a ser realizado
pelo comprador;
2. a estrutura de capital da empresa não influencia no cálculo do valor
máximo a ser pago;
Aplicam-se os seguintes passos para a análise do investimento:
a) determinar o capital inicial necessário;
b) determinar lucros e despesas, para composição do fluxo líquido de caixa
esperado;
c) determinar a rentabilidade implícita na relação entre investimento e retorno.
Com relação à rentabilidade, apresentam-se duas formas para medi-la:
1. calcula-se a taxa de retorno implícita (TIR) do fluxo líquido de caixa,
comparando-a com a taxa de retorno exigida (custo de capital);
2. pela comparação do valor presente do fluxo de caixa (usando-se como
taxa de desconto a taxa de retorno requerida) com o valor do investimento.
A seguir apresenta-se um exemplo de avaliação, aplicando-se os
conceitos do orçamento de capital.
Considerando-se a necessidade de um investimento inicial de R$
100.000 numa nova empresa (semelhante à empresa que está sendo
avaliada), e um fluxo líquido de caixa esperado de R$ 15.000 para o primeiro
quinquênio, R$ 25.000 para o quinquênio seguinte, R$ 20.000 para o terceiro
quinquênio e R$10.000 para os últimos cinco anos, obtém-se uma taxa de
retorno (TIR) de 17,2% ao ano:
A seguir, calculam-se os valores presentes dos fluxos líquidos de caixa
da empresa que está sendo avaliada, utilizando-se como taxa de desconto: a)
a taxa interna de retorno (TIR) de 17,2% a, a,; e b) a taxa de retorno exigida
pelo potencial comprador (custo de capital), estimada em 15% a, a,. O fluxo
líquido de caixa foi previsto em:
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• 1° quinquênio = R$ 24.000
• 2° quinquênio = R$ 24.000
• 3° quinquênio = R$ 15.000
• 4° quinquênio = R$ 10.000
Observa-se que este fluxo admitiu valores maiores de receita para os
primeiros períodos, uma vez que a empresa já vem operando normalmente.
- Cálculo do Valor Presente Líquido (VPL):
a) taxa de desconto igual à “TIR” = 17,2% a, a,
VPL = (24.000 x R10¬0,172) + (15.000 x R5¬0,172 x S10¬0,172) + (10.000 x
R5¬0,172 x S15¬0,172)
VPL = R$ 123.800
b) taxa de desconto igual à taxa de retorno mínima exigida pelo comprador =
15%
VPL = (24.000 x R10¬0,15) + (15.000 x R5¬0,15 x S10¬0,15) + (10.000 x
R5¬0,15 x S15¬0,15)
VPL = R$ 137.030
Agora, estabelece-se uma análise de rentabilidade, pela comparação
das taxas de desconto utilizadas e os valores presentes calculados.
Se o potencial comprador fosse instalar uma nova empresa, teria que
investir R$ 100.000 e seu retorno seria de 17,2% a.a. A esta mesma taxa,
contudo, o valor presente dos fluxos líquidos de caixa da empresa em
funcionamento é de R$ 123.800, superior ao valor de R$100.000 da nova
empresa.
Assim, conclui-se que é mais atrativo optar pela compra de empresa em
funcionamento a implantar uma nova empresa.
1.5 – Abordagem do projeto total versus abordagem diferencial
Dois métodos comuns para comparar as alternativas de projetos
utilizando o VPL são: a abordagem do projeto total e a abordagem diferencial.
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A abordagem do projeto total calcula o impacto total nos fluxos de caixa
para cada alternativa e, então, converte esses fluxos de caixa totais em seus
VPs. Essa é a abordagem mais popular e pode ser utilizada para qualquer
número de alternativas. A alternativa com o maior VPL dos fluxos de caixa
totais é a melhor.
A abordagem diferencial calcula as diferenças nos fluxos de caixa entre
alternativas e, então, converte essas diferenças em seus VPs. Esse método
não pode ser utilizado para comparar mais de duas alternativas.
Frequentemente, as duas alternativas em comparação são: aceitar um projeto
e rejeitar.
Independente da abordagem utilizada, talvez a parte mais difícil de
realizar decisões de orçamento de capital seja predizer os fluxos de caixa
relevantes. Verifique que os eventos causados ao fluxo de caixa, para dentro
ou para fora, poderão ser muito complicados, especialmente quando houver
muitas origens de fluxos de caixa. Você, entretanto, não pode comparar as
alternativas se não conhecer seus custos; assim, a primeira etapa para a
abordagem de projeto total ou abordagem diferencial é arranjar os fluxos de
caixa relevantes por projeto.
- Abordagem do projeto total: determine o VPL dos fluxos de caixa para cada
projeto individual. Escolha o projeto com o VPL positivo maior (isto é, o maior
benefício) ou o VPL negativo menor (isto é, menor custo).
- Abordagem diferencial: calcule os fluxos de caixa diferenciais. Em outras
palavras, subtraia os fluxos de caixa para o projeto B dos fluxos de caixa para
o projeto A para cada ano. Lembre-se de que as entradas de caixa são
números positivos, enquanto as saídas são negativas. Em seguida, calcule o
VP dos fluxos de caixa diferenciais. Se esse VP for positivo, escolha o projeto
A; se for negativo, escolha o projeto B.
Esses dois métodos podem ser utilizados intercambiavelmente, desde que
haja apenas duas alternativas sob consideração. Se houver apenas uma
alternativa, a escolha seria a do projeto total.
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1.6 - Fluxos de caixa relevantes para o VPL
No arranjo dos fluxos de caixa relevantes esteja seguro de considerar
quatro tipos de entradas e saídas de caixa:
• Entradas e saídas de caixa iniciais no tempo zero.
• Investimentos em contas a receber e estoques.
• Valores residuais futuros.
• Fluxo de caixa operacional.
Entradas e saídas de caixa iniciais no tempo zero: Esses fluxos de caixa
incluem saídas de caixa para compra e instalação de equipamentos e outros
itens necessários para o novo projeto, e outras entradas ou saídas de caixa da
eliminação de quaisquer itens que sejam repostos.
Investimentos em contas a receber e estoques: São saídas de caixa iniciais
tanto quanto investimentos em instalações e equipamentos. No modelo VPL,
os desembolsos iniciais são entradas no esboço de fluxos de caixa no tempo
zero. Contas a receber e estoques, entretanto, geralmente diferem de
instalações e equipamentos no final da vida útil do projeto. Investimentos em
instalações e equipamentos são, em geral, utilizados durante a vida do projeto,
deixando pouco, se algum, valor residual. Em contraste, os investimentos
originais inteiros em contas a receber e estoques são, geralmente,
recuperados quando o projeto termina. Consequentemente, todos os
investimentos iniciais são tipicamente considerados com saídas de caixa no
momento zero, e seu valor residual final, se algum, é considerado como
entradas de caixa no final da vida útil do projeto.
A diferença entre o desembolso inicial para o capital de giro (na maior
parte, contas a receber e estoques) e o VP de sua recuperação é o VP de
custo de usar capital de giro no projeto.
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Valores residuais futuros: Os ativos, além de contas a receber e estoques,
podem ter valores residuais relevantes. O valor residual, no fim de um projeto,
é um aumento na entrada de caixa no ano do descarte. Os erros em prever
valores residuais finais são, geralmente, não cruciais, porque o VP é,
geralmente, pequeno.
Fluxos de caixa operacionais: O principal propósito da maioria dos
investimentos é afetar as entradas e saídas de caixa operacionais. Muitos
desses efeitos são difíceis de mensurar, e três pontos merecem menção
especial.
Primeiro, usar a análise de custos relevantes, os únicos fluxos de caixa
relevantes são aqueles que diferirão entre as alternativas. Frequentemente, os
custos indiretos fixos serão os mesmo sob todas as alternativas disponíveis.
Se assim for, eles poderão ser seguramente ignorados. Na prática, não é fácil
identificar exatamente quais custos diferirão entre as alternativas.
Segundo, como mencionado antes, a depreciação e os valores
contábeis devem ser ignorados. O custo dos ativos é reconhecido pelo
desembolso inicial, não pela depreciação, como calculado sob o regime de
competência contábil.
Terceiro, uma redução na saída de caixa é tratada da mesma maneira
que uma entrada de caixa. Ambas significam aumentos no valor.
CAPÍTULO II
FLUXO DE CAIXA DOS INVESTIMENTOS E CAPITAL DE
GIROS
Este capítulo aborda dois aspectos bastante relevantes na
administração empresarial. O primeiro abrange o processo de levantamento do
fluxo de caixa de uma empresa, a determinação do fluxo de caixa livre (free
cash flow) e as modalidades de projeção desse fluxo, destacando-se os pontos
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mais importantes e as variações mais comuns. O segundo é a analise do
capital de giro, sua determinação, importância e administração numa politica
de curto prazo.
1.1 – Determinação do Fluxo de caixa
O levantamento do fluxo de caixa de uma empresa é a base principal
para sua avaliação e projeção adequadas. Uma importante fonte de dados
utilizada é o conjunto de contas dos balanços e demais demonstrações
contábeis da empresa.
Os resultados contábeis são influenciados por técnicas que nem sempre
refletem o resultado de caixa financeiro real de um período. Os fluxos de caixa
estão condicionados a valores históricos que, em geral, diferem dos valores
atuais de mercado e são afetados pela depreciação e outras despesas não
financeiras. Os resultados contábeis, portanto, não são insumos suficientes
para determinar o valor dos ativos da empresa.
A função das informações contábeis é auxiliar a construção de fluxos de
caixa, o que fornecerá um resultado de caixa ajustado à realidade do mercado
em que a empresa atua.
São quesitos fundamentais para o levantamento de um fluxo de caixa
(FC):
• Trate a inflação de modo consistente; trabalhe com moeda constante;
• Verifique o FC após os impostos; utilize o FC livre;
• Considere os fluxos incrementais, e não os acumulativos;
• Inclua todos os efeitos do projeto (diretos e indiretos);
• Ignore os custos passados e utilize preços atuais de mercado;
• Observe que saída de caixa é saída de recursos financeiros, dinheiro;
depreciação, por exemplo, não representa saída de caixa, e sim ajuste
contábil;
• Considere o efeito indireto da depreciação via redução na saída de caixa
para pagamento de imposto de renda;
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• Considere os valores que efetivamente se esperam de despesas a
pagar e receitas a receber.
A determinação do fluxo de caixa detalhado será de fundamental
importância na operação de avaliação de empresas via desconto de fluxo de
caixa. É possível trabalhar tanto com o fluxo de caixa da empresa (FCE)
quanto com o fluxo de caixa livre do acionista (FCL), podendo-se chegar ao
mesmo valor atual se os fluxos forem descontados, respectivamente, pela taxa
obtida pelo custo médio ponderado de capital (CMPC) ou pelo CAPM (modelo
de desconto de dividendos).
A determinação do fluxo de caixa segue o cronograma básico descrito a
seguir4:
Faturamento (vendas ou receitas brutas)
- deduções sobre vendas
= receita operacional líquida
- custos de venda (CMV ou CPV)
= lucro operacional bruto
- despesas operacionais
= lucro operacional líquido = Ebitda
- depreciação e amortização
= Lajir (lucro antes do pagamento de juros e imposto de renda) = Ebit
- imposto de renda
= lucro operacional após IR (antes do pagamento dos juros) = Noplat
+ depreciação e amortização
= fluxo de caixa operacional bruto (FCO)
- investimentos no imobilizado = fluxo de caixa dos
- investimento em capital de giro (∆ NCG) investimentos (FCI)
+ baixas do imobilizado (desinvestimentos)
= fluxo de caixa livre da empresa (FCE)
- despesas financeiras (juros)
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- amortização de dividas = fluxo de caixa dos
+ novos financiamentos financiamentos (FCF)
= fluxo de caixa livre do acionista (FCL)
1.2 – Projeção do fluxo de caixa livre
O objetivo de toda análise é projetar o resultado futuro da empresa.
Essa estimativa de resultado futuro permite ao administrador tomar decisões
seja para antecipação de correções de desvios, seja para consolidação das
políticas já implementadas.
Eventualmente, há casos em que se dispõe de informações precisas e
objetivas sobre faturamentos, custos e despesas futuras, o que permite
calcular confortavelmente os próximos fluxos de caixa. Essas informações
podem ser contratos assinados, compromissos que representam intenção de
negociação, encomendas realizadas ou outras semelhantes, Nesse caso, a
projeção deverá ser feita integralmente com base nessas informações.
Caso não existam informações sobre os negócios futuros, nem dados
passados para análise, você pode utilizar dados eventualmente disponíveis de
outras empresas semelhantes que atuem na mesma área para fazer uma
avaliação comparativa e assim obter estimativas futuras de resultados.
São várias as formas possíveis de projeção de um fluxo de caixa. O
principal instrumento de projeção utilizado é o calculo de modelo de regressão
com os dados passados disponíveis.
Em muitos casos, o fluxo de caixa está fortemente correlacionado com
algum índice ou parâmetro externo à empresa, como a evolução do PIB do
país, os preços de uma determinada commodity no mercado nacional ou
internacional ou, ainda, o tamanho do mercado (market share). Os exemplos
desses parâmetros de correlação são muito variados, conforme o tipo e o
tamanho da empresa, o produto ou insumo principal com que ela trabalha, o
4 FILHO, José Carlos F.de Abreu. Finanças Corporativas. Serie Gestão Empresarial. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2003.
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mercado em que atua ou mesmo as características de seus clientes e
fornecedores.
No caso de empresas do ramo de construção civil, por exemplo, podem-
se utilizar como parâmetro informações sobre déficit ou superátiv de
construções e disponibilidade de financiamentos. No caso de empresa do setor
de energia, a projeção de consumo (residencial e industrial) pode ser excelente
balizador auxiliar nas projeções.
As projeções serão tão mais refinadas quanto maior a quantidade e
qualidade das informações obtidas.
No caso de projeção de resultado de uma empresa nova, sem
concorrência, com produto inovador, não havendo nenhum parâmetro de
comparação nem dados passados que sirvam de base, obviamente a analise
torna-se-á bem mais complicada.
Devido às incertezas inerentes às projeções, é comum incorporar, na
análise de modelos de simulação, cenários para auxiliar a visualização das
possibilidades de variações dos resultados calculados. Isso permite atribuir
probabilidades de ocorrência a cada cenário. Um dos modelos mais utilizados
é o de Monte Carlo, no qual se atribuem variações a cada fator, como preço
mínimo e máximo de venda estimado para cada produto ou para cada insumo,
variações na fatia de mercado, alíquotas de impostos, etc.
1.3 – Análise de capital de giro
Por meio da análise das demonstrações financeiras e do fluxo de caixa,
identificam-se a saúde, a capacidade de sobrevivência, o crescimento ou a
insolvência de uma empresa. São várias as metodologias existentes para
analisar a situação financeira da empresa. Basicamente, pode-se dividi-las em
análise estática e análise dinâmica, a seguir discriminadas.
Análise financeira estática ou tradicional
25
Esse tipo de análise retrata a situação da empresa num determinado
instante, mostrando sua condição e capacidade de pagamentos. O instrumento
principal dessa forma de análise é o balanço patrimonial da empresa, donde se
extraem indicadores de liquidez e de estrutura patrimonial.
A análise fundamentalista tem por objetivo básico diminuir o risco nos
processos de tomada de decisão de investimentos em títulos das empresas.
Nessa análise podem-se focalizar o nível de risco da empresa e o valor
econômico que está vinculado à geração de caixa da empresa.
A análise financeira tradicional pode ser observada sob os seguintes
aspectos:
a) Análise horizontal – corresponde ao estudo comparativo, em períodos
consecutivos, da evolução das contas que compõem as demonstrações
financeiras;
b) Análise vertical – é feita sobre o passivo mais o patrimônio liquido e
corresponde ao estudo comparativo, ao longo do tempo, da composição
percentual dos principais conjuntos de contas;
c) Análise de liquidez – corresponde à análise da capacidade da empresa
de pagar pontualmente seus compromissos de curto prazo mediante a
realização de seus ativos circulantes.
d) Análise econômica – corresponde à verificação da saúde da empresa
pelos seguintes indicadores:
§ Rentabilidade do capital próprio: indica o retorno em períodos ou
a rentabilidade percentual dos recursos dos acionistas utilizados
pela empresa;
§ Rentabilidade do ativo total: mede a rentabilidade de todos os
recursos utilizados pela empresa;
§ Margem operacional: mede a relação entre o lucro operacional
(LO) e a receita operacional líquida (ROL).
26
CAPÍTULO III
ANÁLISE FINANCEIRA DINÂMICA OU MODERNA
A análise dinâmica deriva de uma critica à analise financeira estática ou
tradicional, baseada em índices de rentabilidade e de liquidez, pois estes
últimos pressupõem que as obrigações de curto prazo serão sanadas com a
realização de todo o ativo circulante. Isso somente seria possível com o
fechamento da empresa. O que ocorre normalmente é a substituição de um
ativo por outro, assim que ele é baixado.5
A análise financeira dinâmica considera a empresa funcionando
normalmente, sendo sua capacidade financeira função de diversos fatores de
ordem operacional e das decisões estratégicas tomadas pela administração. A
análise dinâmica aborda o risco financeiro das empresas. Trata-se de um
modelo integrado de análise que procura explicar as causas das modificações
ocorridas na situação financeira de uma companhia. Nessa análise trabalha-se
em três níveis:
a) Nível operacional, relacionado com o negócio da empresa;
b) Nível tático, relacionado com o curto prazo, geralmente contas de
tesouraria;
c) Nível estratégico, relacionado com a alta administração da
empresa.
Por exemplo, na antiga classificação contábil, para efeito de análise,
considerava-se que algumas contas dos ativos eram realizáveis, como a conta
de clientes e de estoques. Isto é correto na análise de solvência das empresas,
mas incorreto na análise de liquidez.
As datas de recebimento de direitos e de cumprimento das obrigações
podem estar descasadas, acarretando sérios problemas de liquidez. Além
5 Um ativo é baixado do balanço da companhia quando é realizado, ou seja, vendido (estoques de produtos acabados), recebido (contas a receber ou clientes) ou utilizados (caixa, estoque de matéria prima).
27
disso, a liquidação do estoque, caso ele exista, provavelmente será efetuada
por um valor abaixo do preço do mercado.
Na verdade, a conta estoques não deve ser tida como passível de
liquidação total, pois se subentende que o nível de estoque seja
constantemente reposto para dar continuidade aos negócios da empresa.
Por tratar-se de uma análise dinâmica, os principais indicadores são as
seguintes medidas de prazos médios: vendas, estoques, pagamento a
fornecedores e recolhimento de obrigações fiscais, discriminadas a seguir:
§ Prazo médio de recebimento de vendas (PMRV): representa quanto
tempo, em média, a empresa leva para receber por suas vendas.
Obtém-se essa medida pela divisão do saldo da conta duplicatas a
receber pelo volume médio de vendas diárias. O giro de vendas é
obtido pela divisão de vendas brutas pelo saldo médio da conta
duplicatas a receber (ou conta cliente).
PMRV = duplicatas a receber/vendas médias diárias ou PMRV =
360/giro de venda; onde: giro de vendas = vendas brutas/saldo
médio das duplicatas a receber.
§ Prazo médio de estoques (PME): mostra quanto tempo, em média, o
estoque fica parado na empresa, aguardando até ser vendido.
Quanto maior o tempo, maior o gasto para sua manutenção, devido
ao custo do espaço de armazenagem, ao custo de oportunidade de
seu valor financeiro, que deixa de ser aplicado, à possível
deterioração e a diversos outros fatores relacionados a cada tipo de
material estocado.
PME = 360/giro do estoque; onde: giro do estoque = custo das
mercadorias vendidas/saldo médio do estoque.
§ Prazo médio de pagamento a fornecedores (PMPF): representa
quanto tempo, em média, a empresa leva para pagar seus
fornecedores e é calculado pela redação entre o total das compras
efetuadas, ou custo das mercadorias vendidas (CMV), e o saldo
médio de contas a pagar (ou conta fornecedores).
28
PMPF = 360/giro de fornecedores; onde: giro de fornecedores =
compras (ou CMV)/saldo médio de fornecedores.
§ Prazo médio de recolhimento de obrigações fiscais (PMOF): mostra
o tempo médio que a empresa tem para pagar seus tributos
referentes às vendas efetuadas. É uma importante medida que
auxilia na comparação com prazo de recebimento das vendas e
prazo de pagamento aos fornecedores.
PMOF = 360/giro de impostos; onde: giro de impostos = impostos
sobre vendas/obrigações fiscais.
Além dos indicadores de prazos médios e giros, existem os indicadores
específicos de avaliação do capital de giro que são à base da análise dinâmica
do capital de giro, da necessidade de capital de giro e do saldo de tesouraria.
CAPÍTULO IV
FLUXO DE CAIXA VERSUS SISTEMAS DE
INFORMAÇÕES
1.1 – O fluxo de caixa e os sistemas de informações das
empresas
As altas taxas de inflação e a excessiva interferência da legislação fiscal
no principal sistema de informações das empresas, que é a contabilidade,
impedia a até poucos anos, que os empresários dessem importância aos
dados gerados por esses sistemas.
Enquanto os profissionais da área contábil faziam grande esforço para
gerar números sem distorções inflacionarias e discutiam o significado de lucro
inflacionário, lucro inflacionário realizado, lucro inflacionário diferido, correção
monetária pela legislação societária, correção integral e outros temas de difícil
29
entendimento para o empresário, este, sabiamente, refugiava-se em alguns
indicadores incompletos, mas confiáveis, como, por exemplo, quantidade de
vendas no mês, o estoque e o dinheiro disponível.
Estocar mercadorias e adquirir imobilizado significava proteger-se da
inflação. A própria administração financeira das empresas foi confundida com
administração das disponibilidades, somente. Era muito difícil pensar em
investimentos que envolviam o longo prazo, já que o longo prazo da época era
de 30 dias.
Com a inflação debelada, ela deixou de ser um aspecto relevante. Isto
permite o uso da moeda real para a apresentação das contas das empresas.
A interferência da legislação fiscal no principal sistema de informações
das empresas, a contabilidade, é um problema mundial, que se apresenta de
modo mais acentuado no Brasil.
As empresas buscam resolver esse problema de várias formas.
Algumas mantêm registros paralelos à contabilidade oficial para obter
informações gerenciais pelo regime de competência, eliminando parte das
distorções causadas pela legislação fiscal. É um trabalho difícil e nem sempre
satisfatório, pois de um lado temos o contador e o advogado tributarista
trabalhando 365 dias por ano para fazer o planejamento tributário de modo a
pagar menos impostos, e, de outro, algumas poucas horas para gerar as
informações gerenciais.
Outras empresas se voltam quase que exclusivamente para informações
de caixa, criando um sistema independente, em que prevalecem critérios
distintos dos estabelecidos pela legislação fiscal.
O chamado “reprocessamento” dos dados para gerar informações ao
Fisco, aos proprietários e administradores, às instituições financeiras,
representa alto custo para as empresas. Reduzi-lo é um grande desafio.
Se, por um lado, o Real, com a inflação baixa, trouxe facilidades aos
empresários, aos contadores, aos financeiros e aos administradores, por outro
lado, a abertura da economia brasileira trouxe novos concorrentes, exigindo
das empresas competência maior. Além do aumento da concorrência, as altas
taxas de juros têm penalizado empresas e pessoas físicas que precisam
30
recorrer a empréstimos e financiamentos. A manutenção das altas taxas de
juros levou associações como a FEBRABAN (Federação Nacional dos Bancos)
a recomendar à população que não se endividasse com as taxas de juros
então vigentes. Embora sensata, a recomendação foi seguida por poucos.
Afinal, após muitos anos, estávamos diante de uma situação nova. Haviam
caído as limitações de prazo para o crédito. O freio ao excesso de consumo
passou a ser somente a taxa de juros alta.
Gradativamente, a economia brasileira ficou com um comportamento
mais próximo das economias desenvolvidas. Podemos aplicar aqui a maioria
dos princípios financeiros utilizados lá fora.
É importante conhecer os produtos e serviços do mercado financeiro,
saber calcular a taxa efetiva de um empréstimo ou financiamento.
Precisamos ter informações confiáveis, de fácil entendimento, que
estejam disponíveis em tempo hábil. O feeling do empresário precisa ser
completado com o que dizem os números gerados pelos controles. Precisamos
acompanhar os acontecimentos no mundo e principalmente no Brasil,
avaliando sua influência no segmento no qual está inserida a empresa e
transformar essa visão em planejamento dos negócios e financeiros. Já
podemos elaborar orçamentos de caixa para, pelo menos, três meses. Isto
custa pouco e traz bons benefícios, por permitir visualizar com antecedência as
necessidades financeiras.
Há muitas empresas obtendo ganhos significativos de produtividade,
mas perdendo todo esse ganho ao tomar dinheiro emprestado, a curto prazo, a
taxas de 40,0 a 50,0% ao ano. Os “ralos financeiros” precisam ser fechados
para que o empresário volte a ganhar dinheiro com seu negocio.
Vivemos uma nova realidade, na qual há espaço para o planejamento e
controle dos negócios.
1.2 – As diferenças entre regime de caixa e de competência
§ Regime de Competência: Reconhece a receita quando ocorre a
venda, com entrega da mercadoria ou prestação do serviço.
31
Reconhece despesa quando incorrida, independente de ter sido
paga ou não.
§ Regime de Caixa: São as datas de recebimentos e pagamentos que
determinam os registros.
Se uma concessionária de veículos vende um automóvel por R$
25.000,00, o regime de competência reconhece, hoje, a receita de R$
25.000,00, embora o cliente tenha dado de entrada um carro usado avaliado
em R$ 7.000,00 mais R$ 8.000,00 em dinheiro e o restante a ser pago em
quatro prestações mensais de R$ 2.500,00:
- Regime de competência – receita de R$ 25.000,00;
- Regime de caixa – receita de R$ 8.000,00.
No lado das despesas, essas diferenças entre caixa e competência
também ocorrem. Por exemplo, o 13º salário é pago, geralmente, em
novembro e dezembro de cada ano, mas as despesas são reconhecidas (1/12)
a cada mês. Portanto, os números de caixa podem ser, e geralmente são
diferentes dos números de competência.
1.3 – Método direto da demonstração dos fluxos de caixa
O Método Direto, que também é conhecido como a abordagem das
contas T (T Account Approach), consiste em classificar os recebimentos e
pagamentos de uma empresa utilizando as partidas dobradas. A vantagem
desse método é que permite gerar informações com base em critérios
técnicos, eliminando, assim, qualquer interferência da legislação fiscal.
Um exemplo:
A Delta Veículos Ltda. é uma concessionária de veículos recém
constituída. No primeiro mês de atividade, ocorreram os seguintes pagamentos
e recebimentos:
§ Os sócios da empresa integralizam o capital no valor de R$ 5.000.000,00
32
§ A empresa adquire a vista móveis e utensílios no valor de R$
1.000.000,00 e máquinas e ferramentas no valor de R$ 200.000,00
§ Pagamento à montadora pela compra de veículos no valor de R$
600.000,00
§ Recebimento de clientes pela venda de veículos no valor de R$
560.000,00
§ Pagamento do aluguel da loja no valor de R$ 40.000,00
§ Pagamento de salários a funcionários no valor de R$ 50.000,00
Os lançamentos a débito e a crédito que acabamos de efetuar são
mostrados a seguir nos razonetes (razão simplificado). Os débitos são
mostrados do lado esquerdo das contas e os créditos no lado direito. A
diferença entre os débitos e os créditos representa o saldo de cada conta.
Por esse relatório, podemos perceber que no primeiro mês de atividades
a empresa pagou mais do que recebeu no Operacional. Isso costuma ocorrer
em início de atividade. Em regra geral, no entanto, é que os recebimentos
operacionais superem os pagamentos operacionais. Essa é a condição para
que a empresa sobreviva e ganhe dinheiro.
O grupo Investimentos consumiu R$ 300 mil. Como regra geral, esse é o
grupo que só consome dinheiro, mas esse dinheiro precisa ser investido para
que a empresa possa operar.
O grupo Financiamentos gerou entradas de R$ 500 mil. O
comportamento deste grupo varia ao longo do tempo. Há períodos em que
gera caixa, como na integralização de capital por parte dos sócios, ou na
obtenção de empréstimos e financiamentos, e há períodos em que consome
caixa, como na amortização de empréstimos e financiamentos ou nos
pagamentos de dividendos.
Caixa líquido do período é o somatório de Operacional (130.000,00),
Investimentos (300.000,00) e Financiamentos (500.000,00). No período
analisado, entrou mais do que saiu do Caixa R$ 70.000,00.
Uma das vantagens desse demonstrativo é facilitar a administração
financeira das empresas. Com ele podemos saber se os problemas financeiros
33
têm origem no Operacional, nos Investimentos, nos Financiamentos, ou ainda
numa combinação dos três grupos.
1.4 - Método indireto da demonstração dos fluxos de caixa
Utilizando como base o exemplo da Alfa Veículos Ltda vamos elaborar a
DFC pelo método indireto. Tomaremos por base o Balanço Patrimonial e a
Demonstração de Resultados em 30-06-20X1. Vamos, portanto, converter os
números de Competência em números de Caixa.
A Demonstração de Resultados mostra que o Lucro líquido em seis
meses foi de R$ 154.996,00, enquanto a Demonstração dos Fluxos de Caixa
apresenta um Fluxo de Caixa operacional líquido (superávit) de R$ 517.796,00.
Vamos compensar essa diferença de R$ 362.800,00.
O primeiro passo a ser dado é associar as contas do Balanço
Patrimonial com as contas da Demonstração dos Fluxos de Caixa.
A seguir, faremos adições e subtrações ao lucro líquido para chegar ao
fluxo de caixa operacional líquido. Estaremos trabalhando com o balanço
patrimonial do inicio do período, em que todos os saldos são zero, pois se trata
no exemplo de empresa recém-constituída e o balanço patrimonial no final do
período.
Subtraímos R$ 18.000,00 do lucro líquido referente ao acréscimo da
conta Clientes de peças – assistência técnica (de zero para R$ 18.000,00
temos um acréscimo de R$ 18.000,00). Porque essas vendas a prazo foram
computadas na apuração do resultado, mas o dinheiro não entrou no caixa.
E somamos R$ 50.800,00 ao lucro líquido referente ao aumento de
Salários e encargos – operacional. Porque essas despesas foram computadas
na apuração do resultado, mas o dinheiro não saiu do caixa.
34
1.5 - Método direto x Método indireto
Na comparação entre os dois métodos, é importante irmos além dos
aspectos técnicos e consideramos a realidade em que vivemos, principalmente
a realidade brasileira.
Método Indireto – Vantagens
1. Representa baixo custo. Basta utilizar dois balanços patrimoniais (o do início
e o do final do período), a demonstração de resultados e algumas informações
adicionais obtidas na contabilidade.
2. Concilia lucro contábil com fluxo de caixa operacional líquido, mostrando
como se compõe a diferença.
Método Indireto – Desvantagens
1. O tempo necessário para gerar as informações pelo regime de competência
e só depois convertê-las para regime de caixa. Se isso for feito uma vez por
ano, por exemplo, podemos ter surpresas desagradáveis e tardiamente.
2. Se há interferência da legislação fiscal na contabilidade oficial, e geralmente
há, o método indireto irá eliminar somente parte dessas distorções.
Método Direto – Vantagens
1. Cria condições favoráveis para que a classificação dos recebimentos e
pagamentos siga critérios técnicos e não fiscais.
2. Permite que a cultura de administrar pelo caixa seja introduzida mais
rapidamente nas empresas.
35
3. As informações de caixa podem estar disponíveis diariamente.
Método Direto – Desvantagens
1. O custo adicional para classificar os recebimentos e pagamentos.
2. A falta de experiência dos profissionais da área financeira em usar as
partidas dobradas para classificar os recebimentos e pagamentos.
Quando falamos em informações para administrar os negócios, pelo menos
duas condições devem estar presentes:
– Essas informações devem representar 100% das atividades da empresa; e
– As informações devem ser geradas por critérios técnicos e não por critérios
fiscais, que visam pagar menos tributos.
Entendemos que para a realidade da maioria das empresas brasileiras,
o método direto traz mais benefícios, principalmente para a redução dos custos
financeiros.
A escolha por um dos dois métodos deve ser analisada considerando a
realidade de cada empresa. Há segmentos, o da construção civil, por exemplo,
em que as vantagens do método direto são ainda maiores, porque os números
de competência têm pouco significado para essa atividade.
36
CONCLUSÃO
Pode-se concluir que as finanças são um tema extenso, porém fácil do
ponto de vista matemático, já que nelas se utiliza apenas a matemática do 2º
grau. As finanças são importantes para o dia-a-dia de qualquer empresa ou
pessoa, pois vimos que todas as decisões que envolvam investimentos podem
ser medidas e avaliadas. O estudo das finanças nos permite antecipar os
prováveis resultados das decisões financeiras e, logo, rejeitar projetos, investir
mais ou postergar decisões.
Sem esse conhecimento o êxito dos diversos projetos de investimento
dependeria unicamente da sorte. Graças às técnicas financeiras, podemos
tomar decisões realmente embasadas na lógica.
A Demonstração de Fluxo de Caixa é ideal por ser de fácil entendimento
pelos diversos tipos de usuários. Desde que seja elaborada adequadamente a
DFC é um importante instrumento de análise financeira das empresas que
permite à Contabilidade desempenhar mais eficientemente o seu papel de
principal guia na tomada de decisões econômicas.
Vale ressaltar também que as informações sobre fluxo de caixa são
úteis porque além da facilidade de entendimento e ferramenta auxiliar na
tomada de decisões econômicas, proporcionam aos usuários das informações
contábeis como investidores e credores, uma base para avaliar a capacidade
da empresa gerar caixa e valores equivalentes à caixa e, as necessidades da
empresa em utilizar esses fluxos de caixa.
Cabe também concluir que os estudos financeiros podem ser
desenvolvidos de tal forma que permitam analisar profunda e detalhadamente
projetos de investimentos que apresentem maiores riscos por envolver
recursos mais vultosos.
O objetivo deste trabalho foi despertar o interesse para esse tema
fascinante, abrir as portas para o entendimento da lógica que governa as
decisões dos investidores e mostrar a importância do conhecimento das
finanças no dia-a-dia das empresas e das pessoas.
37
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
FILHO, José Carlos F. de Abreu. Finanças Corporativas. Serie Gestão
Empresarial. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2003.
BREALEY, Richard A. Princípios de Finanças Empresarias. Lisboa: Editora
McGraw-Hill de Portugal, LDA – Portugal, 1992.
ASSAF NETO, Alexandre; SILVA, César Augusto Tibúrcio. Administração de
capital de giro. São Paulo: Atlas, 1997.
CAMPOS FILHO, Ademar. Demonstração dos fluxos de caixa: uma ferramenta
indispensável para administrar sua empresa. São Paulo: Atlas, 1999.
38
BIBLIOGRAFIA CITADA
1 - SECURATO, José Roberto. Cálculo Financeiro das Tesourarias –
Bancos e Empresas. São Paulo: Editora Saint Paul, 1999.
2 - FILHO, José Carlos F. de Abreu. Finanças Corporativas. Serie Gestão
Empresarial. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2003.
39
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
O CONCEITO DE FLUXO DE CAIXA 9
1.1 – Abrangência do fluxo de caixa 11
1.2 – Fluxo de caixa descontado 14
1.3 – Fluxo de caixa livre 14
1.4 – Avaliação de empresas pelo fluxo de caixa descontado 15
1.5 – Abordagem do projeto total versus abordagem diferencial 17
1.6 – Fluxos de caixa relevantes para o VPL 19
CAPÍTULO II
FLUXO DE CAIXA DOS INVESTIMENTOS E CAPITAL DE GIROS 20
1.1 – Determinação do Fluxo de caixa 21
1.2 – Projeção do fluxo de caixa livre 23
1.3 – Análise de capital de giro 24
CAPÍTULO III
ANÁLISE FINANCEIRA DINÂMICA OU MODERNA 26
CAPÍTULO IV
FLUXO DE CAIXA VERSUS SISTEMAS DE INFORMAÇÕES 28
40
1.1 – O fluxo de caixa e os sistemas de informações das empresas 28
1.2 – As diferenças entre regime de caixa e de competência 30
1.3 – Método direto da demonstração dos fluxos de caixa 31
1.4 - Método indireto da demonstração dos fluxos de caixa 33
1.5 - Método direto x Método indireto 34
CONCLUSÃO 36
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 37
BIBLIOGRAFIA CITADA 38
ÍNDICE 39