patrícia weibert fonseca dissertaÇÃo submetida ao …

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i AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO E CARACTERIZAÇÃO DE PARÂMETROS EM LAGOAS FACULTATIVA E DE MATURAÇÃO Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA CIVIL. Aprovada por: ____________________________________________ Prof. José Paulo Soares de Azevedo, Ph.D. ____________________________________________ Prof. Eduardo Pacheco Jordão, D.Sc. ____________________________________________ Prof. Isaac Volschan Junior, D.Sc. ____________________________________________ Prof. Geraldo Lippel Sant´anna Junior, D.Sc. ____________________________________________ Prof. Marcos von Sperling, D.Sc. RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL AGOSTO DE 2005

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Page 1: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

i

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO E CARACTERIZAÇÃO DE PARÂMETROS EM

LAGOAS FACULTATIVA E DE MATURAÇÃO

Patrícia Weibert Fonseca

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS

PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS

PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA

CIVIL.

Aprovada por:

____________________________________________

Prof. José Paulo Soares de Azevedo, Ph.D.

____________________________________________

Prof. Eduardo Pacheco Jordão, D.Sc.

____________________________________________

Prof. Isaac Volschan Junior, D.Sc.

____________________________________________

Prof. Geraldo Lippel Sant´anna Junior, D.Sc.

____________________________________________

Prof. Marcos von Sperling, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

AGOSTO DE 2005

Page 2: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

ii

FONSECA, PATRÍCIA WEIBERT

Avaliação do desempenho e

caracterização de parâmetros em lagoas

facultativa e de maturação. [Rio

de Janeiro] 2005

IX, 151 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ,

M.Sc., Engenharia Civil, 2005)

Dissertação - Universidade Federal do

Rio de Janeiro, COPPE

1. Tratamento de esgotos, 2. Lagoa de

estabilização facultativa 3. Lagoa de

maturação, 4. Traçadores, 5. Coeficiente

de remoção de matéria orgânica, 6 Taxa

de decaimento bacteriano

I. COPPE/UFRJ II. Título (série).

Page 3: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

iii

Este trabalho é dedicado a meus pais, Djalmir Araújo Fonseca e Maria Luiza Weibert

Fonseca, aos meus irmãos, Bruno Weibert Fonseca e Rafael Weibert Fonseca e a

todos os meus familiares.

Page 4: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

iv

Agradecimentos Primeiramente agradeço ao querido professor e orientador Eduardo Pacheco Jordão

pelos conhecimentos transmitidos e pelo acompanhamento da produção da

dissertação.

Ao orientador José Paulo Soares de Azevedo que sempre se mostrou solícito nos

momentos difíceis.

Ao amigo e professor Isaac Volschan Jr. que participou ativamente do

desenvolvimento desta dissertação, a quem devo muito.

Gostaria de agradecer aos operadores do CETE, Paulinho e Marcelo que sempre

estiveram ao meu lado e “quebraram todos os galhos”; Maria Cristina, Claudia, Darlize

e Lauro equipe do LEMA; ao professor Roldão e ao Amauri pela ajuda na realização

de ensaio de traçadores; os colegas e funcionários do LHC e do DRHIMA, entre os

quais destaco os amigos Ronilda, Vânia, Raul e Franklin.

A todos os amigos do mestrado, em especial a Bibiana, Renata, Vanessa, Edson,

Fabrício, Marcelo Reis, de Bonis, Luiz Paulo, Maximiliano, Prodanoff, e Marcelo

Miguez.

Aos amigos que, de alguma forma, ajudaram a tornar esse período do mestrado mais

ameno, Ana Carolina, Patrícia, Roberta, Daniela, Pedro Ivo, Adriano, Eduardo,

Gustavo, Jonas e Carlos Eduardo.

Em especial à grande amiga Olivia Souza de Matos, pela sua ajuda nos momentos

difíceis, que não foram poucos, ao longo de todo o desenvolvimento deste trabalho.

Por fim, gostaria de agradecer à CAPES pelo apoio através do pagamento de bolsa de

mestrado.

Page 5: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

v

Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO E CARACTERIZAÇÃO DE PARÂMETROS EM

LAGOAS FACULTATIVA E DE MATURAÇÃO

Patrícia Weibert Fonseca

Agosto/2005

Orientadores: Eduardo Pacheco Jordão José Paulo Soares de Azevedo

Programa: Engenharia Civil

As sociedades atuais têm sido responsáveis por uma série de problemas

ambientais. Um dos casos mais graves enfrentados atualmente pelos centros urbanos

é a sempre crescente produção de esgotos sanitários. Para fazer frente a esse

problema, faz-se necessário buscar, investigar e aprimorar tecnologias. Este trabalho

teve como objetivo avaliar o comportamento da lagoa de estabilização facultativa e da

lagoa de maturação do CETE/UFRJ, submetidas a duas taxas de carga orgânica de

acordo com os seguintes parâmetros: DBO, DQO, SST, Coliformes Fecais e

Enterococos Fecais, assim como o seu desempenho em relação aos padrões de

lançamento de efluentes vigentes nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas

Gerais. Os parâmetros usuais e clássicos como estratificação do OD e da

temperatura, algas, sólidos sedimentados, número de dispersão, coeficiente de

remoção de matéria orgânica e taxa de decaimento bacteriano foram determinados e

posteriormente comparados com os referidos na literatura.

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vi

Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

PERFORMANCE EVALUATION AND CHARACTERIZATION OF PARAMETERS IN

FACULTATIVE AND MATURATION PONDS

Patrícia Weibert Fonseca

August/2005

Advisors: Eduardo Pacheco Jordão José Paulo Soares de Azevedo

Department: Civil Engineering

The current societies have been responsible for a series of environmental

problems. The increasing production of sanitary wastewater has been one of the most

serious obstacles faced by the modern urban centers. Searching, investigating and

improving technology are a must to solve this problem. This dissertation addresses the

issue of evaluating the behavior of the facultative stabilization and the maturation

ponds of the CETE/UFRJ, subsected to two different organic loading rates according to

the following parameters: BOD, COD, Suspended Solids, Fecal Coliform and Fecal

streptococcal. Its performance in relation to the effluent launching standards of Rio de

Janeiro, São Paulo and Minas Gerais states has been also analyzed. The usual and

classic parameters such as DO and temperature stratification, algae, settled sludge,

dispersion number, organic matter removal coefficient and bacterial decay rate have

been determined and compared subsequently with the related ones in literature.

Page 7: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

vii

Índice

1.1) Introdução ..............................................................................................................1

1.1.1) Uma visão geral do tratamento de esgotos..........................................................1

1.1.2) Motivação .............................................................................................................3

1.2) Objetivos ...............................................................................................................4

1.2.1) Objetivos gerais....................................................................................................4

1.2.2) Objetivos específicos............................................................................................4

2.1) Níveis de tratamento ............................................................................................5

2.2) Lagoa de estabilização ........................................................................................6

2.2.1) Origem .................................................................................................................7

2.2.2) Conceito e Classificação .....................................................................................7

2.3) Lagoa de estabilização facultativa ......................................................................9

2.3.1) Descrição do processo ........................................................................................9

2.3.2) Parâmetros de projeto .......................................................................................11

2.3.2.1) Taxa de aplicação de carga orgânica .............................................................11

2.3.2.2) Profundidade ..................................................................................................11

2.3.2.3) Tempo de detenção hidráulico ........................................................................11

2.3.2.4) Geometria da lagoa ........................................................................................12

2.3.2.5) Eficiências ......................................................................................................12

2.4) Lagoa de maturação ...........................................................................................13

2.4.1) Descrição do processo ......................................................................................13

2.4.2) Parâmetros de projeto .......................................................................................13

2.4.2.1) Profundidade ..................................................................................................13

2.4.2.2) Tempo de detenção hidráulico ........................................................................13

2.4.2.3) Geometria da lagoa ........................................................................................14

2.4.2.4) Eficiências ......................................................................................................14

2.5) Oxigênio dissolvido e temperatura ...................................................................15

2.6) Algas ....................................................................................................................18

2.7) Acúmulo de sólidos sedimentados ...................................................................20

2.8) Traçadores ..........................................................................................................23

2.9) Regime hidráulico ..............................................................................................25

2.10) Número de dispersão .......................................................................................28

2.11) Coeficiente de remoção de matéria orgânica (K20) ......................................30

2.12) Taxa de decaimento bacteriano (Kb) ..............................................................32

3.1) Centro experimental de tratamento de esgotos ...............................................35

3.2) Características do esgoto afluente....................................................................37

Page 8: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

viii

3.3) Constituição do esgoto bruto afluente às unidades experimentais...............38

3.4) Descrição do sistema de lagoas ........................................................................40

3.4.1) Grade de barras e desarenador .........................................................................40

3.4.2) Elevatória e caixa piezométrica de esgoto bruto ................................................41

3.4.3) Medidor de vazão Parschal e triangular .............................................................42

3.4.4) Lagoa de estabilização facultativa......................................................................44

3.4.5) Lagoa de maturação...........................................................................................47

4.1) Aspectos Gerais ...................................................................................................49 4.2) Delineamento do experimento...............................................................................49

4.2.1) Vazões ...............................................................................................................49 4.2.2) Taxa de aplicação de carga orgânica .............................................................50 4.2.3) Tempo de detenção hidráulico........................................................................50 4.3) Programa de monitoramento.................................................................................52

4.3.1) Análises do esgoto bruto afluente e tratado efluente ..................................52 4.3.1) Oxigênio dissolvido e temperatura.................................................................52 4.3.1) Algas..................................................................................................................53 4.3.1) Acúmulo de sólidos sedimentados ................................................................54 4.4) Ensaio de traçadores.............................................................................................55

4.4.1) Primeiro ensaio de traçadores ........................................................................55 4.4.2) Segundo ensaio de traçadores .......................................................................55 4.4.2.1) Procedimentos preliminares para o ensaio de traçadores .......................56 4.4.2.2) Procedimento de injeção de traçadores .....................................................58 4.4.2.3) Procedimento de coleta das amostras........................................................58 4.4.2.4) Processamento das amostras......................................................................59 4.5) Determinação do número de dispersão ................................................................61 4.6) Determinação do coeficiente de remoção de matéria orgânica ............................63 4.7) Determinação da taxa de decaimento bacteriano .................................................64 4.8) Determinação do tempo de decaimento de 90% das bactérias ............................65 4.9) Teste estatístico ....................................................................................................66 5.1) Estatística descritiva..............................................................................................68 5.1.1) Apresentação dos resultados .........................................................................69 5.1.1.1) Estatística descritiva – DQO ........................................................................69 5.1.1.2) Estatística descritiva – DBO.........................................................................72 5.1.1.3) Estatística descritiva – SST..........................................................................75 5.1.1.4) Estatística descritiva – Coliformes Fecais..................................................78 5.1.1.5) Estatística descritiva – Enterococos Fecais...............................................81 5.1.2) Discussão dos resultados apresentados.......................................................84

Page 9: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

ix

5.2) Padrões de lançamento de efluentes líquidos.......................................................86 5.3) Oxigênio dissolvido e temperatura .......................................................................95 5.4) Algas ...................................................................................................................100 5.5) Acúmulo de sólidos sedimentados ......................................................................102 5.6) Ensaio de traçadores...........................................................................................106 5.7) Número de dispersão ..........................................................................................109 5.8) Coeficiente de remoção de matéria orgânica......................................................112 5.9) Taxa de decaimento bacteriano ..........................................................................116 6.1) Conclusões..........................................................................................................119 6.2) Recomendações..................................................................................................121 Referências Bibliográficas ..........................................................................................122 Anexos........................................................................................................................125

Page 10: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

34

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

1.1 Introdução

1.1.1 Uma visão geral do tratamento de esgotos

Um dos problemas mais graves enfrentados atualmente pelos centros urbanos é a

produção do esgoto sanitário, que cresce à medida que aumentam as populações das

cidades.

O esgoto sanitário é formado por despejos de diversas origens: esgoto doméstico

(proveniente de residências), esgoto comercial (produzido por restaurantes, hotéis,

aeroportos, etc.), esgoto da área institucional (gerado por escolas, prisões, hospitais,

etc.) e esgoto industrial.

Os esgotos domésticos são formados por cerca de 99% de água e somente 1% de

sólidos. São compostos por águas oriundas de cozinhas (sabão, detergentes, restos

de comida), águas de lavagem (de pisos, roupas, louças), águas provenientes dos

aparelhos sanitários, além de águas de infiltração na rede coletora.

Infelizmente, na maioria das cidades dos países em desenvolvimento, inclusive nas

brasileiras, não há tratamento adequado dos esgotos. Dados da Pesquisa Nacional de

Saneamento Básico de 2000 (PNSB 2000) mostram que, dentre os serviços de

saneamento ambiental (abastecimento de água, coleta e disposição de lixo, drenagem

e esgotamento sanitário), este último é o que de menor presença nos municípios

brasileiros. A Figura 1.1 ilustra estes índices de atendimento.

Figura 1.1: Cobertura dos serviços de Saneamento Ambiental (em termos de porcentagens de distritos atendidos)

Page 11: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

35

De acordo com o Censo Demográfico 2000, realizado pelo IBGE, 77,82% dos

domicílios particulares permanentes no país são abastecidos por rede geral de água e

62,2% atendidos por rede coletora de esgoto ou fossa séptica.

De acordo com a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000, dos 5.507

municípios existentes no ano da pesquisa, apenas 52,2% eram servidos por algum

tipo de esgotamento sanitário.

Quanto aos tipos de tratamento adotados no Brasil, o gráfico da Figura 1.2, elaborado

a partir dos dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000, apresenta a

proporção de distritos que possuem cada um dos sistemas de tratamento listados.

Observa-se ainda que na a lagoa facultativa é o processo de tratamento mais utilizado

cerca de 27%.

Figura 1.2: Proporção de distritos (dentre aqueles que possuem tratamento de esgotos) no Brasil, por tipos de sistemas de tratamento existentes – 2000

O tratamento de esgotos é fundamental para a proteção da saúde pública e a

preservação do meio ambiente. A sua falta pode levar à contaminação dos corpos

d’água, causando o seu escurecimento e o aparecimento de odores desagradáveis,

tornando-se, assim, imprópria a água para o consumo e diversos outros usos.

Além disso, o esgoto não-tratado (desinfecção) é responsável pela maioria das

internações hospitalares, pois causa doenças como febre tifóide, cólera, disenterias,

hepatite infecciosa e inúmeros casos de verminoses.

Page 12: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

36

A inexistência de uma Política Nacional de Saneamento levou o setor ao caos,

tornando-se imprescindível a elaboração de um marco regulatório.

Recentemente foi encaminhada ao Congresso a proposta do Governo Federal que

institui diretrizes para os serviços públicos de saneamento básico e a Política Nacional

de Saneamento Ambiental. A proposta foi apresentada ao Conselho das Cidades pelo

Secretário Nacional de Saneamento Ambiental, no dia 15 de junho de 2004.

1.1.2 Motivação

A motivação para o desenvolvimento deste trabalho está relacionada às vantagens do

processo de tratamento por meio de lagoas de estabilização.

A aceitação deste tipo de tratamento no Brasil deve-se à sua simplicidade, eficiência

do processo, aliados também ao baixo custo de construção e operação, bem como às

condições climáticas favoráveis.

As lagoas, basicamente, estabilizam a matéria orgânica pela ação das bactérias,

podendo fungos e protozoários fazerem parte do processo. As bactérias produzem

ácidos orgânicos, sob condições anaeróbias, ou CO2 (gás carbônico) e água sob

condições aeróbias. As lagoas de maturação, também denominadas lagoas de

polimento, objetivam, principalmente, a desinfecção do efluente das lagoas de

estabilização.

Além disso, a alta eficiência no tratamento é uma das características das lagoas. De

acordo com Jordão e Pessôa (1995), a DBO pode atingir 20 a 50mg/l nas lagoas

facultativas e, em lagoas de maturação em série, a redução de organismos coliformes

pode alcançar de 90 a 99,9999%.

Entretanto o processo requer grandes áreas superficiais para a exposição ao sol,

tornando-se somente aplicável para vazões não muito elevadas. As lagoas de

estabilização consistem, basicamente, em obras de terra de grande porte e o processo

,praticamente, não requer intervenção operacional.

A profundidade das lagoas de estabilização varia entre 1,5 m e 2,0 m. As lagoas de

maturação apresentam profundidades da ordem de 1,0 m, as quais permitem a eficaz

ação dos raios ultravioleta sobre os organismos presentes em toda a coluna d´água.

Sua construção é simples, com baixos custos operacionais e sua eficiência,

satisfatória podendo ser comparada à maior parte dos tratamentos secundários.

Page 13: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

37

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivos gerais

A partir dos dados monitorados no CETE/UFRJ, avaliar o desempenho e o

comportamento de um sistema de tratamento de esgotos, constituído de uma lagoa de

estabilização facultativa seguida de uma lagoa de maturação

1.2.2 Objetivos específicos

• Avaliar o comportamento das lagoas de estabilização (facultativa e de

maturação) submetidas a duas taxas de aplicação de acordo com os seguintes

parâmetros: DBO, DQO, Sólidos, Coliformes Fecais e Enterococos Fecais; em

relação às concentrações efluentes e eficiências de remoção;

• Avaliar o desempenho do sistema em relação aos padrões de lançamento de

efluentes vigentes nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais;

• Avaliar a estratificação do OD e da temperatura das lagoas em períodos

diferentes do ano (inverno e verão);

• Avaliar quantitativa e qualitativamente o perfil de acúmulo de sólidos

sedimentados no interior da lagoa facultativa;

• Determinar, por meio de ensaios de traçadores, o número de dispersão na

lagoa facultativa e compará-lo com o referido na literatura;

• Determinar o coeficiente de remoção de matéria orgânica da lagoa facultativa

através do número de dispersão real obtido no ensaio de traçadores e

compará-lo com o referido na literatura;

• Determinar o coeficiente de decaimento de Coliformes Fecais (Kb) na lagoa de

maturação e compará-lo com o referido na literatura.

Page 14: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

38

CAPÍTULO 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Níveis de tratamento de esgoto

Os processos de tratamento podem ser classificados de acordo com o nível e a

eficiência e usualmente são denominados:

Tratamento Preliminar

• Remoção de sólidos grosseiros

• Remoção de gorduras

• Remoção de areia

Tratamento Primário

• Sedimentação

• Flotação

• Digestão do lodo

• Secagem do lodo

• Sistemas compactos (sedimentação e digestão, tanque Imhoff)

• Sistemas anaeróbios (lagoas, UASB)

Tratamento Secundário

• Filtração biológica

• Lodos ativados

• Lagoas de estabilização aeróbias

Tratamento Terciário

• Lagoas de maturação

• Desinfecção

• Processos de remoção de nutrientes

• Filtração final

Page 15: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

39

Na Tabela 2.1 observam-se as eficiências de remoção usuais dos tipos de tratamento.

Tabela 2.1: Eficiências de remoção para diversos tipos de tratamento

até 99,99995-99

Não removeNão removeNão remove

até 99Terciário

5-1025-3080-9595-99

Remoção Bactérias (%)

PreliminarPrimárioSecundário

5-2040-5080-95

10-2025-7570-90

Tipos de Tratamento Remoção DBO (%)

Remoção SS (%)

Remoção nutrientes (%)

O nível de tratamento necessário está relacionado ao corpo receptor, logo ao seus

usos, a sua capacidade de depuração e à legislação ambiental pertinente. O usual é

adotar um tratamento de esgotos a nível secundário.

A determinação do melhor processo de tratamento a ser adotado deve estar

fundamentado em aspectos técnicos e econômicos. A Tabela 2.2 apresenta aspectos

relevantes para a escolha do processo de tratamento mais adequado.

Tabela 2.2: Eficiências x sistemas de tratamento (von Sperling, 1996 a)

70-85 60-99 2,0-5,0 ~0 10-30 15-3070-90 60-99,9 1,5-3,5 ~0 10-30 12-2470-90 60-99 0,25-0,5 1,0-1,7 10-30 5-1085-93 60-90 0,2-0,3 1,5-2,8 60-120 0,4-0,693-98 65-90 0,25-0,35 2,5-4,0 40-80 0,8-1,285-95 60-90 0,2-0,3 1,5-4,0 50-80 0,4-1,285-93 60-91 0,5-0,7 0,2-0,6 50-90 NA80-90 60-92 0,3-0,45 0,5-1,0 40-70 NA85-93 60-93 0,15-0,25 0,7-1,6 70-120 0,2-0,360-80 60-94 0,05-0,1 ~0 20-40 0,3-0,570-90 60-95 0,2-0,4 ~0 30-80 1,0-2,0

Sistema de TratamentoRequisitos Custo de

implant. (US$/hab)

TDH (dias)DBO Colifomes

Efic. de remoção (%)Área

(m2/hab)Potência (W/hab)

Lagoa FacultativaLag. anaerobia - Lag. FacultativaLagoa aerada FacultativaLodos ativados convencionalLodos ativados (aer. Prolongada)Lodos ativados (fluxo intermitente)Filtro biológico (baixa carga)Filtro biológico (alta carga)BiodiscosReator anaeróbio (manta de lodo)Fossa séptica - Filtro anaeróbio

Page 16: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

40

2.2 Lagoas de estabilização

2.2.1 Origem

Jordão e Pessôa (1995) discutem que, há séculos, existem lagoas naturais ou

artificiais, de origem acidental, que recebem despejos de animais e realizam fenômeno

de depuração de esgotos. As primeiras lagoas acidentais foram Santa Rosa, na

Califórnia, em 1924 e Fesseden, em Dakota do Norte, em 1928.

No caso de Santa Rosa, a “lagoa” foi estabelecida em cima de um leito de pedra que

colmatou com a passagem do efluente. O efluente da “lagoa” tinha características de

um efluente de filtro biológico.

Em Fesseden, o efluente foi direcionado para uma depressão natural. Após alguns

meses, a qualidade do efluente final foi comparada a de um tratamento secundário e

esta lagoa permaneceu em operação por 30 anos.

No entanto, só após a II Guerra Mundial, surgiram lagoas com algum controle de seu

funcionamento, a partir do qual se procurava conhecer alguns parâmetros.

As primeiras pesquisas sobre lagoas de estabilização foram realizadas nos Estados

Unidos, nos estados de Dakota do Norte e Sul, no ano de 1948. Nesta época entrou

em funcionamento a primeira lagoa projetada especificamente para receber e depurar

esgoto bruto.

A primeira lagoa construída no Brasil foi a de São José dos Campos, SP, projetada de

acordo com o sistema chamado “australiano”, sendo uma anaeróbia seguida de uma

facultativa, com a finalidade de estabelecer parâmetros de projetos para outras lagoas

em todo o país.

2.2.2 Conceito e classificação

As lagoas de estabilização são sistemas de tratamento biológico em que a

estabilização da matéria orgânica é realizada pela oxidação bacteriana e/ou redução

fotossintética.

Dependendo da forma como ocorre a estabilização da matéria orgânica, as lagoas são

comumente classificadas em (Jordão e Pessoa, 1995):

• Anaeróbias, nas quais predominam processos de fermentação anaeróbia, isto

é, imediatamente abaixo da superfície não existe oxigênio dissolvido.

Page 17: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

41

• Facultativas, nas quais ocorrem, simultaneamente, processos de fermentação

anaeróbia, oxidação aeróbia e redução fotossintética, isto é, uma zona de

atividade bêntica é sobreposta por uma zona aeróbia de atividade biológica,

próxima à superfície.

• Aeradas, nas quais se introduz oxigênio no meio líquido através de um sistema

mecanizado de aeração. As lagoas aeradas podem ser estritamente aeradas

ou facultativas e essas lagoas devem ser seguidas por uma lagoa de

sedimentação.

• De maturação ou de polimento, usadas para refinamento do tratamento prévio

por lagoas ou por outros processos biológicos. Tem o objetivo de reduzir

bactérias, sólidos em suspensão e nutrientes.

No presente trabalho vai-se detalhar melhor apenas as lagoas facultativas e de

maturação, objeto de estudo desta dissertação.

Page 18: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

42

2.3 Lagoa de estabilização facultativa

As lagoas facultativas são a variante mais simples dos sistemas de lagoas de

estabilização. Basicamente, o processo consiste na retenção dos esgotos por um

período de tempo longo o suficiente para que os processos naturais de estabilização

da matéria orgânica se desenvolvam; todavia, este tipo de tratamento implica em

grandes áreas.

O processo de tratamento de esgotos através de lagoas de estabilização facultativas é

extremamente dependente de fatores climáticos. Os parâmetros de dimensionamento

do processo indicados na literatura apresentam valores com grande variabilidade,

dependendo da localização da unidade.

Nas lagoas facultativas, a disponibilidade de nutrientes e da energia luminosa da

radiação solar possibilita a produção fotossintética de algas e, conseqüentemente, a

produção do oxigênio necessário aos organismos aeróbios dispersos no meio líquido e

decompositores da matéria orgânica solúvel e finamente particulada.

A matéria orgânica particulada sedimenta-se no fundo da unidade e é estabilizada

anaerobicamente. A camada de lodo cresce muito lentamente e a remoção de lodo

ocorre em períodos da ordem de 20 anos.

As vantagens deste processo de tratamento relacionam-se à simplicidade e à

confiabilidade de operação, pois não há necessidade de equipamentos ou esquemas

especiais que possam inviabilizar o tratamento.

2.3.1 Descrição do processo

O processo de estabilização da matéria orgânica numa lagoa ocorre em três zonas

distintas denominadas zona anaeróbia, zona aeróbia e zona facultativa.

Na zona anaeróbia ocorre o processo de digestão anaeróbia que transforma

lentamente o lodo do fundo em gás carbônico, água, metano e outros. Assim, apenas

a parte inerte permanece no fundo da lagoa.

Na zona aeróbia a matéria orgânica dissolvida passa pelo processo de oxidação

através da respiração aeróbia. A presença de oxigênio nessas lagoas é suprida pelas

algas que produzem, por meio da fotossíntese, oxigênio durante o dia e o consomem

durante a noite. Todavia a produção de oxigênio pelas algas é extremamente maior do

que o consumo do mesmo, mantendo assim um perfeito equilíbrio na lagoa.

Page 19: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

43

A zona facultativa é uma zona intermediária entre as duas anteriores, pois nesta pode

haver ou não a presença de oxigênio, por isso ocorrem vários tipos de

microorganismos que trabalham com e sem oxigênio. Essa zona é responsável pelo

nome dado a esta lagoa.

A lagoa facultativa é influenciada por fatores ambientais incontroláveis como

temperatura, evaporação, precipitação, ventos e radiação solar. Esses fatores são

responsáveis por um melhor funcionamento da lagoa.

Na Figura 2.1 tem-se uma melhor visualização dessas três zonas e dos seus

processos internos.

Figura 2.1: Zonas existentes na lagoa facultativa (von Sperling, adaptado por Evangelista, 2002)

Page 20: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

44

2.3.2 Parâmetros de projeto

2.3.2.1 Taxa de aplicação de carga orgânica

A taxa de aplicação é o principal parâmetro de dimensionamento de lagoas e está

correlacionada com a área superficial (A). O espelho d’água tem importância

fundamental, pois associa a incidência de luz solar à ação fotossintética, principal fator

de oxigenação.

A área da lagoa pode ser calculada em função da taxa de aplicação, pela equação A =

L / Ls (L – Carga de DBO afluente; Ls – Taxa de aplicação).

A taxa adotada varia com a temperatura, latitude, exposição solar e altitude, entre 100

a 350 kg DBO5 / ha d (von Sperling 2002), (Jordão e Pessoa, 1995).

2.3.2.2 Profundidade

A profundidade tem relação direta com aspectos biológicos e hidrodinâmicos. Após o

cálculo da área média pode-se determinar, através da equação h = V / A, a

profundidade e/ou volume da lagoa.

A profundidade das lagoas de estabilização pode variar entre:

h = 1,5 a 3 m (von Sperling, 2002)

h = 1,2 a 2 m (Jordão e Pessôa, 1995).

2.3.2.3 Tempo de detenção hidráulico

O tempo de detenção é um parâmetro de verificação estando associado à atividade

bacteriana. O tempo de detenção (t) pode ser calculado pela equação t = V / Q (V –

volume da lagoa; Q – vazão afluente).

O tempo de detenção costuma variar entre:

t = 15 A 45 dias (von Sperling, 2002)

t = 17 A 33 dias (Jordão e Pessôa, 1995).

Page 21: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

45

2.3.2.4 Geometria da lagoa

A geometria da lagoa influencia o seu regime de escoamento, podendo este se

aproximar mais do fluxo em pistão ou de mistura completa. A relação L/B é um

importante critério para o dimensionamento de lagoas.Os valores variam entre:

L /B = 2 a 4 (von Sperling, 2002)

L/B = 2 a 5 (Jordão e Pessoa, 1995)

2.3.2.5 Eficiências

As eficiências médias em lagoas facultativas são DQO 65 – 80% ; DBO 75 – 85%;

SST 70 – 80%; Coliformes 90 – 99%, (von Sperling, 2002).

Page 22: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

46

2.4 Lagoa de maturação

As lagoas de maturação, também denominadas lagoas de polimento, objetivam

principalmente a desinfecção do efluente das lagoas de estabilização, normalmente

são mais rasas o que permite a eficaz ação dos raios ultravioleta sobre os organismos

presentes em toda a coluna d’água.

Normalmente, têm-se lagoas de maturação projetadas em series ou únicas com

chicanas, pois assim podem atingir elevada eficiência de remoção.

2.4.1 Descrição do processo

Temperatura, insolação, pH, escassez de alimentos, organismos predadores,

competição e sedimentação são fatores que influenciam o processo de remoção de

bactérias, vírus e outros organismos.

A lagoa de maturação é dimensionada com objetivo de redução desses organismos

patogênicos; assim, para uma melhor desinfecção do efluente, alguns fatores são

essenciais: menores profundidades, alta penetração da radiação solar (radiação

ultravioleta), elevado pH e elevada concentração de OD. Todos esses fatores

favorecem a oxidação responsável pela eliminação dos patogênicos.

2.4.2 Parâmetros de projeto

2.4.2.1 Profundidade

As lagoas são projetadas com baixas profundidades com o objetivo de maximizar a

penetração dos raios ultravioleta e a produção fotossintética.

A profundidade nas lagoas de maturação costuma variar entre:

h = 0,8 a 1,0 m (von Sperling, 2002)

h = 0,6 e 1,5 m (Jordão e Pessoa, 1995).

2.4.2.2 Tempo de detenção hidráulico

O tempo de detenção é um parâmetro de verificação. O tempo de detenção (t) mínimo

para cada lagoa costuma ser de:

t = 3 dias (von Sperling, 2002)

t = 2 dias (Jordão e Pessoa, 1995).

Page 23: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

47

2.4.2.3 Geometria da lagoa

A geometria da lagoa influencia o seu regime de escoamento, podendo este se

aproximar mais do fluxo em pistão ou de mistura completa. A relação L/B é um

importante critério para o dimensionamento de lagoas. von Sperling (2002) diz que

para lagoas chicaneada em célula única essa relação deve ser maior que 10; para

sistemas com mais de três lagoas, essa deve variar entre 1 e 3.

2.4.2.4 Eficiências

Na Tabela 2.3, são apresentadas eficiências de remoção de Coliformes Fecais,

expressa em termos de unidade de logaritmo para diferentes tempos de detenção,

profundidade e relação L/B, para fluxo disperso a 20ºC.

Tabela 2.3: Eficiências de remoção – lagoas de maturação (adaptado de von Sperling, 2002)

Unidades log removidas Relação L/B t

(d) h

(m) 1 2 3 4 6 8 10 12 16 32 1 0,48 0,51 0,54 0,56 0,59 0,61 0,62 0,63 0,65 0,67 3 2 0,32 0,34 0,35 0,36 0,38 0,39 0,39 0,39 0,40 0,41 1 0,68 0,75 0,81 0,85 0,91 0,95 0,97 1,00 1,03 1,09 5 2 0,48 0,51 0,54 0,56 0,59 0,61 0,62 0,63 0,65 0,67 1 1,05 1,21 1,33 1,42 1,55 1,65 1,72 1,78 1,87 2,05 10 2 0,77 0,86 0,92 0,98 1,05 1,10 1,14 1,17 1,21 1,29 1 1,34 1,57 1,74 1,88 2,08 2,24 2,35 2,45 2,60 2,92 15 2 0,99 1,13 1,24 1,32 1,44 1,52 1,59 1,64 1,71 1,87 1 1,57 1,87 2,09 2,27 2,54 2,75 2,91 3,04 3,25 3,72 20 2 1,17 1,36 1,50 1,61 1,78 1,90 1,99 2,06 2,17 2,41 1 1,77 2,13 2,40 2,62 2,95 3,21 3,41 3,58 3,85 4,47 25 2 1,34 1,57 1,74 1,88 2,08 2,24 2,36 2,45 2,60 2,92

Page 24: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

48

2.5 Oxigênio dissolvido e temperatura

Nas lagoas de estabilização a temperatura da água é um fator que influencia a cinética

de reação, isto é, o processo de degradação da matéria orgânica. O oxigênio

dissolvido nas lagoas, é um outro parâmetro importante na oxidação da matéria

orgânica.

As lagoas de estabilização, normalmente, possuem uma variação vertical na

concentração de OD, que é gerada pela presença de algas na superfície,

responsáveis estas pela produção de oxigênio.

Há, também, uma estratificação térmica que ocorre devido ao aquecimento da massa

d’água mais próxima à superfície. Entretanto, essa estratificação pode ser quebrada

através de mecanismos de mistura como ventos e, principalmente, pelo fenômeno da

inversão térmica.

A inversão térmica ocorre normalmente em períodos frios, quando a massa d’água

superficial perde calor para a atmosfera e torna-se menos quente que as camadas

inferiores; assim, a camada quente inferior se desloca para a superfície gerando uma

circulação interna na lagoa. Pode-se observar na Figura 2.2 a estratificação na lagoa e

o processo de inversão térmica.

Figura 2.2: Processo de estratificação e inversão térmica (von Sperling, 2002)

Page 25: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

49

Botelho et al (1997) nas lagoas de maturação em escala piloto da ETE Nova Vista,

Itabira, MG, com 1 metro de profundidade, mediram valores de OD e temperatura, no

período da manhã e da tarde, expostos na Tabela 2.4 e 2.5, respectivamente.

Tabela 2.4: Valores de OD e temperatura – Lagoa de Maturação – Período Manhã

Temperatura (ºC) 0,2 m OD (mg/l) 0,2 m Dados

Entrada Meio Saída Entrada Meio Saída

Média 21,2 21,3 21,3 1,5 1,7 2,2 Máx. 25,0 29,0 25,0 8,6 17,3 11,0 Mín. 16,0 12,0 17,0 0,0 0,2 0,2

Des. Padrão 1,7 1,8 1,7 1,3 1,8 2,0 Nº amostras 186 193 186 178 201 177

Tabela 2.5: Valores de OD e temperatura – Lagoa de Maturação – Período Tarde

Temperatura (ºC) 0,2 m OD (mg/l) 0,2 m Dados

Entrada Meio Saída Entrada Meio Saída

Média 22,4 22,5 22,5 3,8 5,0 4,0 Máx. 28,0 28,0 29,0 20,0 20,0 18,4 Mín. 16,0 17,0 18,0 0,2 0,3 0,2

Des. Padrão 2,2 2,1 2,1 4,5 5,7 4,3 Nº amostras 178 189 177 192 169 170

Silva et al (1993), em estudos realizados em lagoas de estabilização, em escala piloto,

no nordeste brasileiro, encontraram temperaturas médias de 22ºC para lagoas

facultativas, às 8 horas da manhã, o que reflete ainda o efeito das condições

predominantes da noite anterior.

Com relação às mesmas lagoas, Silva et al (19930), no período de melhor

desempenho do sistema, os autores, mediram concentrações de OD na faixa de 0,2 a

7,5mg/l, em contraste com as encontradas no período de aclimatação de 0,0 a 4,4

mg/l. Os mesmos afirmam que as concentrações de OD aumentavam de modo

gradativo ao longo das séries de lagoas.

Konig et al (1988), na lagoa facultativa da cidade de Guaíba, observaram valores de

temperatura nas horas iluminadas variando entre 26,5 e 28º C e as concentrações de

OD entre 0 e 16mg/l, como apresentado nos gráficos da Figura 2.3.

Page 26: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

50

Figura 2.3: Gráfico da lagoa de Guaíba para OD e Temperatura

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24

Tempo (h)

OD

(mg/

l)

26

26,5

27

27,5

28

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24

Tempo (h)

Tem

pera

tura

ºC

Page 27: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

51

2.6 Algas

As algas, responsáveis pela produção de oxigênio dissolvido, desempenham um papel

fundamental nas lagoas facultativas. Estas se situam na camada mais superficial,

onde estão expostas à luz solar e realizam o processo de fotossíntese. As algas estão

divididas em (Itaya, 2005)

• Euglenofita - Algas verdes, nucleadas, unicelulares, clorofiladas que podem

nadar pelo batimento do flagelo. Possuem uma mancha denominada de

"mancha ocelar" ou "estigma" que sente as variações da intensidade luminosa,

fazendo com que a alga mergulhe ou suba para a superfície, quando a luz é

fraca ou intensa demais. Na luz fazem fotossíntese e são autótrofas e, no

escuro, se alimentam por fagocitose, como os animais.

• Pirrófita - Algas unicelulares, nucleadas, com dois flagelos e revestidas por

placas de celulose, como se fossem escamas de peixe. Também possuem

"mancha ocelar", como a Euglena. São importantes pois, em condições de

superalimentação, podem se reproduzir explosivamente, causando a "maré

vermelha.

• Crisófita - algas douradas, uni ou pluricelulares cuja característica mais

marcante é a membrana celular impregnada de sílica. O grupo mais importante

é o das Diatomáceas, unicelulares.

• Clorófita - Algas verdes, uni ou pluricelulares, que podem ser encontradas

praticamente em quaisquer ambientes úmidos.

• Feófita - Algas pardas, predominantemente marinhas, muito evoluídas,

podendo apresentar falsos tecidos.

• Rodófita - algas vermelhas, com talos maciços e ramificados e vivem fixas no

fundo dos oceanos (bentônicas).

Em lagoas de estabilização existem dois grupos principais. Segundo Jordão e Pessôa

(1995), as algas verdes, responsáveis pela cor esverdeada das lagoas, são

Chlamydomonas, Chlorellas e Euglenas. As duas primeiras, dominantes em períodos

frios, são as primeiras a se desenvolver nas lagoas; as Euglenas têm grande facilidade

de locomoção e de adaptação independente das condições climáticas.

As algas azul-verdes ou cianobactérias, não filamentosas, são típicas em lagoas com

baixo pH e baixa concentração de nutrientes. Esses organismos apresentam

características de algas e bactérias. Os principais gêneros são Oscillatoria,

Phordimium, Anacystis e Anabaena.

Page 28: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

52

A Universidade Federal de Santa Catarina, em estudos realizados para o PROSAB

(Programa de Pesquisa em Saneamento Básico, 2005) encontrou nas lagoas

facultativas, a partir de amostras semanais, as seguintes espécies: Euglenas, Phacus,

Chlamydomonas e Chlorellas. As três primeiras podem sobreviver em condições de

elevada turbidez e baixo OD, já a Chlorella é comumente associada a lagoas de alta

taxa de carga orgânica e apresentam elevada velocidade de crescimento.

Konig et al (1988), em lagoas da cidade de Guaíba, durante as horas iluminadas,

observaram que algas tendem a se localizar próximo à região do efluente final. Os

principais gêneros encontrados foram as Oscillatoria, Euglenas, Pandorina e

Chlamydomonas, estas com maior freqüência; as Chlorellas, Ankistrodesmus e

Closterium, estas predominantes nas amostras.

Na Figura 2.4 são apresentadas, com um caráter ilustrativo, alguns gêneros de algas

comuns em lagoas facultativas.

Figura 2.4: Gêneros de algas comuns em lagoas de estabilização (Itaya, 2005)

Page 29: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

53

2.7 Acúmulo de sólidos sedimentados

O lodo que se sedimenta no fundo da lagoa de estabilização é formado pela matéria

orgânica em suspensão ou DBO particulada. Nesta camada o lodo passa por um

processo de digestão anaeróbia e é convertidos em CO2, metano, água e outros,

restando assim somente a parte inerte que se acumula no fundo.

O processo de acumulação está diretamente relacionado com o tipo de esgoto

afluente e a sua concentração de sólidos. Embora a deposição seja constante ao

longo do tempo, a taxa de acumulação decai com o tempo devido ao processo de

digestão e adensamento (Jordão e Pessôa 1995). De acordo com os autores admite-

se uma taxa de acumulação de 100 a 300 litros de lodo por habitante, ao ano.

Arceivala (1981) estimou para as lagoas de estabilização o acúmulo de lodo de acordo

com o gráfico da Figura 2.5.

Figura 2.5: Taxa de acumulação de sólidos ao longo dos anos de operação (Arceivala, 1981)

Da-Rin e Nascimento (1988), em estudo realizado na lagoa de estabilização facultativa

da Cidade de Deus, Rio de Janeiro, constataram que, após 20 anos de funcionamento,

a porcentagem de sólidos fixos sobre sólidos totais variou de acordo com a Tabela 2.6,

onde os pontos apresentados estão distribuídos ao longo da lagoa segundo a ordem 1

à 7 (entrada e saída). Observa-se nesta tabela uma camada constituída por material

inorgânico. A taxa de acumulação para esta lagoa foi de 0,1l/hab.dia ou 36l/hab ano.

Page 30: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

54

Tabela 2.6: Valores encontrados na Lagoa da Cidade de Deus - RJ

Pontos SST (mg/l)

SSF (mg/l)

SSV (mg/l) %SF Umidade Densidade

1 66817 47896 18921 67,5 36,7 1,13 2 62491 39368 23123 63,0 44,0 1,21 3 65752 41933 23819 63,8 26,2 1,45 4 62170 39528 22642 63,6 28,2 1,66 5 96806 85719 11087 88,5 5,6 2,89 6 60323 39711 20612 65,8 36,9 1,23 7 70438 45110 25328 64,0 33,2 1,11

Nas lagoas de estabilização facultativa da EXTRABES (Silva, 2001), foram

encontrados os seguintes valores, para o lodo acumulado, apresentados nas Tabelas

2.7 e 2.8 segundo a ordem 0 a 10 (entrada e saída).

Tabelas 2.7: Altura de lodo encontrada nas lagoas da EXTRABES Lâmina de lodo (cm)

Pontos de leitura Seção A B C

0 8,5 2,0 1,4 1 5,5 10,0 10,0 2 4,0 5,5 4,0 3 3,0 5,5 3,0 4 3,0 5,0 2,5 5 1,5 2,0 3,0 6 2,5 2,5 3,0 7 5,0 3,5 4,0 8 4,5 3,0 4,0 9 7,0 4,0 6,5

10 8,0 6,0 8,0

Tabelas 2.8: Característica do lodo encontrada nas lagoas da EXTRABES Lâmina de lodo (cm)

Seção Peso específico do lodo (g/l)

Sólidos Totais (mg/l)

Umidade (%)

0 1003,9 112730 88,8 1 1025,3 90420 91,2 2 1004,3 74160 92,6 3 1005,6 64520 93,6 4 1006,2 58890 94,1 5 1001,9 64900 93,5 6 1002,8 53400 94,7 7 1003,3 49670 95,0 8 998,6 46150 95,4 9 998,1 46670 95,3

10 999,5 33600 96,6

Page 31: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

55

Gonçalves et al (1997), caracterizaram os seguintes parâmetros físico-químicos, do

lodo, na lagoa de estabilização facultativa, Mata da Serra no Espírito Santo. Estes são

apresentados na Tabela 2.9. Os pontos de amostragem seguem a ordem de A à I

(entrada e saída).

Tabela 2.9: Características do lodo da lagoa Mata da Serra - ES

Pontos Teor de sólidos (%) SSV (%) pH

A 7,9 36,0 6,8 B 8,7 36,5 6,8 C 9,9 36,4 7,0 D 6,4 34,7 6,8 E 7,8 37,0 6,7 F 7,7 38,2 7,2 G 8,3 37,5 7,2 H 8,7 37,4 7,3 I 7,4 37,9 6,9

Page 32: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

56

2.8 Traçadores

A técnica de traçadores é utilizada como uma forma de verificar o comportamento

hidrodinâmico de uma unidade, utilizando como recurso a injeção de uma substância

conservativa no seu escoamento.

O traçador ideal precisa apresentar algumas características, independentemente da

situação que se queira simular. Essas características são:

• Ser inerte e solúvel à água;

• Não ser adsorvido pelo meio e não ser degradado pela biomassa;

• Ter comportamento similar à substância simulada;

• Ser de baixo custo, ter utilização fácil e segura.

Para que o traçador utilizado se adeqüe às condições simuladas, deve-se escolhê-lo

de acordo com suas características individuais.

Corantes

Podem ser utilizados não só para a visualização do escoamento, mas também para

obtenção de curva de passagem. Sua quantificação, feita com auxílio de um

colorímetro ou espectofotômetro, torna-se possível através da relação entre a

intensidade de luz refletida pelo corante e a concentração do traçador. Entre os mais

utilizados encontram-se permanganato de potássio, azul de metileno, azul dextran,

eosina, violeta mordente.

Sua utilização é mais intensa em escala de laboratório, uma vez que seu emprego em

escala real requer uma grande quantidade de traçador para tornar sua presença

detectável, provocando alteração da cor da água tratada.

O balanço de massa é apenas razoável, já que o traçador corante apresenta limites de

detecção, adsorção pelos materiais dissolvidos, biofilmes e paredes.

Traçadores Salinos

A utilização de sais como traçador torna-se possível devido à sua propriedade de

aumentar a condutividade elétrica de uma solução aquosa. A determinação da

concentração desse tipo de traçador é feita de forma indireta, estabelecendo-se uma

relação proporcional entre a condutividade elétrica da solução e a adição de íons. O

cloreto de potássio (KCl) é o traçador salino mais empregado.

Page 33: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

57

Sua utilização se dá em laboratório, pois torna-se necessária a aplicação de grandes

quantidades de sal para marcar uma unidade real. Para se evitar o problema da

variação na densidade da água provocada pelo emprego do sal, recomenda-se a

adição de etanol na solução traçadora.

Traçadores Fluorescentes

Os traçadores fluorescentes são de origem orgânica, possuindo a propriedade de

emitir luz visível em um determinado comprimento de onda característico (onda de

fluorescência), quando excitados por outro comprimento de onda (onda de excitação).

A curva de calibração é obtida a partir da relação entre a intensidade da fluorescência

e as concentrações conhecidas do traçador. Os traçadores fluorescentes mais

utilizados são uranina, rodamina WT, rodamina B e amidorodamina G.

São traçadores muito empregados, tanto em escala de laboratório como em escala

real, pois requerem pequenas quantidades para marcar grandes volumes de água.

Devido à sua facilidade de adsorção, podem apresentar variação no balanço de

massa. Além disso, alguns traçadores fluorescentes são cancerígenos, promovendo

uma maior preocupação com o seu manuseio.

Metodologias de Injeção e Amostragem do Traçador

A injeção de traçador normalmente é feita na entrada da unidade, de forma contínua

ou instantânea, sem alterar as condições de escoamento no seu interior. Segundo

recomendações feitas para o lançamento instantâneo (Thirumurti, 1969), o tempo de

injeção do traçador deve ser inferior à qüinquagésima parte do tempo teórico de

detenção.

A injeção instantânea fornece a curva de passagem da unidade. A injeção contínua

deve ser utilizada quando se deseja obter uma condição de regime permanente no

interior da unidade, mantendo, a partir de determinado tempo, uma uniformidade de

concentração em qualquer ponto da lagoa.

Assim como na injeção, o sistema de coleta de amostras deve apresentar a

característica de não alterar o escoamento no interior do reator.

Page 34: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

58

2.9 Regime hidráulico

A remoção da DBO e decaimento bacteriano seguem o mesmo modelo de reação, o

de primeira ordem, na qual ela é diretamente proporcional à concentração de substrato

(von Sperling, 1996 b)

Existem três modelos hidrodinâmicos, fluxo em pistão, mistura completa e fluxo

disperso. Os dois primeiros representam modelos ideais de escoamento e o último

modela a faixa de escoamento entre os dois modelos ideais.

A eficiência de remoção está relacionada ao tipo de escoamento. As unidades

dimensionadas para fluxo em pistão têm maior eficiência que as dimensionadas para

mistura completa.

A equação (2.1) modela regime de fluxo em pistão e tem as seguintes características:

As partículas saem na mesma seqüência em que entraram;

O fluxo se processa como êmbolo, sem misturas longitudinais;

As partículas permanecem por períodos iguais de tempo de detenção;

Este tipo de fluxo é reproduzido em longos tanques (elevado L/B);

São reatores idealizados, pois é difícil não haver dispersão longitudinal.

Equação do fluxo em pistão:

-Kt0S=S e (2.1)

Mistura completa

A equação (2.2) modela regime de mistura completa e tem as seguintes

características:

As partículas que entram são imediatamente dispersas em todo o reator;

As partículas deixam o tanque em proporções à sua distribuição estatística;

A mistura completa pode ser obtida em tanques quadrados (L/B) ou circulares,

se o conteúdo do tanque é continuo e uniformemente distribuído;

São reatores idealizados, pois é difícil haver dispersão total em todo o volume.

Equação da mistura completa

0SS=1+Kt

(2.2)

Page 35: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

59

Fluxo disperso

A equação (2.3) modela regime de fluxo em pistão e tem as seguintes características:

Regime intermediário entre fluxo pistão e mistura completa;

Devido à maior dificuldade de modelagem, tem-se adotado um dos modelos

ideais já mencionados;

O fluxo de entrada e saída são contínuos.

Equação do fluxo disperso

12d

0 a -a2 22d 2d

4aeS=S(1+a) e -(1-a) e

(2.3)

Na prática, os escoamentos em uma lagoa encontram-se entre os regimes do tipo

pistão e os do tipo mistura completa. A partir das curvas de passagem representadas

na Figura 2.6, pode-se observar os três tipos de modelos de escoamento (EEA, 2005).

Figura 2.6: Curvas de passagem características dos escoamentos ideais e real (EEA, 2005).

Page 36: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

60

As informações reais sobre o comportamento hidráulico da unidade podem ser obtidas

a partir da determinação de parâmetros hidrodinâmicos. Esses parâmetros podem

auxiliar na interpretação das características do escoamento de uma unidade.

Os parâmetros obtidos são do tipo caixa preta, ou seja, permitem a análise apenas da

curva resultante a partir do monitoramento na saída da lagoa. Para se obterem

informações mais detalhadas sobre a hidrodinâmica no interior da unidade, seria

necessário determinar curvas de passagem em pontos específicos ao longo da lagoa.

A variância (σ2) é o indicador mais recomendado para se avaliar o grau de mistura de

uma unidade. Este valor (σ2) mede a variância da curva de passagem obtida na seção

de saída da unidade, determinando, de forma global, o grau de espalhamento do

traçador no interior da unidade. É calculado a partir das equações (2.4 e 2.5), (Kellner

e Pires,1998).

A variância σ2 apresenta a vantagem de possuir relação direta com o numero de

dispersão (d), tendo esse várias aplicações na engenharia, entre elas a estimativa da

eficiência em uma lagoa. O número de dispersão é apresentado no item seguinte.

2 22 2 2

m m

t x C dt t x Cσ = - t = - t

CCdt∫ ∑

∑∫ (2.4)

onde:

t – tempo acumulado após a injeção (d) C – concentração em cada tempo (ppb) tm = tc - tempo médio de detenção hidráulico (d)

C

t x Cdt t x Ct = =

CCdt∫ ∑

∑∫ (2.5)

onde:

t – tempo acumulado após a injeção (d) C – concentração ao longo do tempo (ppb)

Page 37: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

61

2.10 Número de dispersão

O coeficiente d é um parâmetro representativo para o dimensionamento de reatores

químicos e biológicos, influenciando nos processos de tratamento por trazer

intrínsecas ao seu valor características hidrodinâmicas de uma lagoa.

O número de dispersão é calculado pela equação (2.6). Quando este tende ao infinito,

a unidade tende ao regime de mistura completa e, quando este tende a zero, tende ao

fluxo em pistão.

2

D D td = =U L L

(2.6)

O coeficiente d possui relação direta com σ2 e, conseqüentemente, com a curva de

passagem da lagoa. A relação entre o variância (σ2) e o coeficiente de mistura global

(d) pode ser determinada a partir das expressões obtidas por Levenspiel (1972)

(Kellner e Pires, 1998 e Yanes, 1993). Para reatores abertos, onde o escoamento não

sofre alterações nas suas fronteiras de entrada e saída, o valor de d pode ser dado

pela equação (2.7).

22 8d2dσ −= (2.7)

Nos reatores fechados, onde ocorrem alterações do escoamento nas fronteiras

definidas, obtém-se d a partir da equação (2.8).

)e.(12d2dσ 1/d22 −−−= (2.8)

Nos reatores aberto-fechados ou fechado-abertos, onde as alterações no escoamento

só acontecem em uma das fronteiras, o coeficiente d pode ser obtido pela equação

(2.9).

22 3d2d +=σ (2.9)

As lagoas funcionam como reatores do tipo fechado, uma vez que as características

do escoamento nas seções de entrada e de saída são diferentes das características

do escoamento no interior da unidade.

O modelo de Levenspiel é o método mais direto para obtenção de d. Todavia, estudo

realizado por Siqueira (1998) verificou que esse método superestima os valores de d.

Para o cálculo do número de dispersão (d) é necessário conhecer a dispersão (D) que

só pode ser obtida em unidades existentes através de ensaios de traçadores.

Page 38: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

62

No caso do dimensionamento de novas unidades é necessário estimar este valor que

pode ser feito por meio de relações empíricas apresentadas pelas equações de von

Sperling (2.10), Yanez (2.11), Agunwamba (2.12) e Polprasert e Batharai (2.13), (von

Sperling, 2002).

(2.10)

(2.11)

(2.12)

(2.13)

( )1/

dL B

=

( )( ) ( )2

/0, 2 6 1 0, 2 5 4. / 1, 0 1 4 /

L Bd

L B L B=

− + +

( ) ( )0,410 0,981 1,385. /3. 2. . .0,102. . .

4. . .

H BB H t v H HdL B H L B

− − ++⎛ ⎞ ⎛ ⎞ ⎛ ⎞= ⎜ ⎟ ⎜ ⎟ ⎜ ⎟⎝ ⎠ ⎝ ⎠⎝ ⎠

( )( )

0,489 1,511

1,489

0,184. . . 2. ..

t v B H Bd

L H+

=

Page 39: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

63

2.11 Coeficiente de remoção de matéria orgânica (K20)

O coeficiente de remoção de matéria orgânica é um dos principais parâmetros de

dimensionamento de lagoas de estabilização. Está diretamente correlacionado ao

regime hidráulico da unidade.

A remoção da matéria orgânica ocorre segundo uma reação de primeira ordem, isto é,

a taxa de decaimento é proporcional à concentração de substrato. Assim, apesar da

taxa de reação ser a mesma, a concentração de substrato na unidade se altera de

acordo com o regime hidráulico.

As unidades, que estão submetidas a fluxo em pistão, têm uma maior concentração de

substrato próximo à entrada, o que acarreta maior coeficiente de remoção. Ao longo

do percurso este K20 tende a se reduzir, proporcional ao decaimento do substrato.

Em unidades de mistura completa, devido à homogeneização, a concentração no

interior da unidade tende a se igualar à concentração do efluente. Isto é, a unidade fica

submetida a uma menor concentração de substrato, logo um maior valor do coeficiente

de remoção.

Muitos pesquisadores consideram para o cálculo do coeficiente de remoção o modelo

de mistura completa, à temperatura de referencia de 20ºC. Na Tabela 2.10 são

apresentados alguns desses valores.

Tabela 2.10: Coeficiente de remoção (K20) modelo de mistura completa (Jordão e Pessoa, 1995 e von Sperling, 2002)

Autores Coeficiente K20 (d-1) von Sperling (2002) 0,30 a 0,40

Marais e Shaw (1961) 0,17 Mara (1984) 0,30

Gloyna e Duarte (1971) 0,35 Investigando lagoas de San Juan, em Lima, Yanez (1993), indicou existir uma

tendência entre o valor de K20 e o tempo de detenção hidráulico por meio da equação

(2.14), para lagoas de mistura completa.

tK=-14,77 + 4,46 t

(2.14)

Mara e Silva (1979) desenvolveram uma equação (2.15) semelhante a partir de dados

de lagoas-piloto da Universidade Federal da Paraíba.

0,527K =1+0,052 t

(2.15)

Page 40: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

64

Todavia, em lagoas de estabilização, o regime hidráulico não segue os modelos ideais

de escoamento, mas sim, um modelo intermediário denominado fluxo disperso. O

modelo leva em consideração, como parâmetro de cálculo, o número de dispersão, o

torna o um pouco mais complexo.

Na Tabela 2.11 são apresentados alguns valores encontrados por especialistas, para

lagoas com fluxo disperso a 20ºC.

Tabela 2.11: Valores de K20 para fluxo disperso a 20°C. Autores Coeficiente K20 (d-1)

Von Sperling (2002) 0,13 a 0,17 Yanez (1993) 0,17 a 0,20

O coeficiente de remoção, para lagoas, com fluxo disperso a 20ºC, também pode ser

obtido por meio das equações 2.16 e 2.17, proposta por Arceivala (1981) e Vidal

(1983) respectivamente, que levam em consideração apenas a taxa de aplicação de

carga orgânica (Ls).

K = 0,132 log Ls – 0,146 (2.16)

K = 0,091 + 2,05x10-4 Ls (2.17)

Von Sperling (2002) correlaciona o K20 de fluxo disperso com K20 de mistura completa,

para diferentes valores: de Kt, número de dispersão e relação L/B. Na Tabela 2.12 são

apresentados os valores dessas relações.

Tabela 2.12: Relações entre K (mistura completa) / K (fluxo disperso) (von Sperling, 2002)

Relação K (mistura completa) / K (fluxo disperso) d =1,0 d =0,5 d =0,2 d =0,1

Kt (fluxo

disperso) L/B = 1 L/B = 2 L/B = 4 L/B = 10 0 1,00 1,00 1,00 1,0 1 1,14 1,23 1,40 1,52 2 1,29 1,52 1,95 2,32 3 1,46 1,83 2,68 3,55 4 1,64 2,21 3,66 5,39 5 1,83 2,65 4,95 8,18 6 2,04 3,15 6,62 12,28 7 2,27 3,73 8,81 18,21 8 2,53 4,39 11,60 26,81 9 2,79 5,14 15,16 39,11

10 3,08 6,01 19,66 56,50

Page 41: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

65

CAPÍTULO 3 O SISTEMA DE LAGOAS DO CETE/UFRJ

No ano de 2004 foi implantado no campus da Cidade Universitária – Ilha do Fundão

(Rio de Janeiro) – o Centro Experimental de Tratamento de Esgotos (CETE/UFRJ) que

consiste em uma central de operações, processos e tecnologias de tratamento de

esgotos.

O CETE/UFRJ tem origem no projeto UFRJ-HIDRO (Convênio FINEP 1801/01),

aprovado através do Edital MCT/FINEP/CT-HIDRO n°1 que prevê, dentre outros

subprojetos, a implantação de um centro experimental de tratamento de esgotos no

Campus da Cidade Universitária da UFRJ - Ilha do Fundão.

O projeto do CETE é uma iniciativa da Escola Politécnica da UFRJ (Poli/UFRJ),

através do Depto. de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (DRHIMA - Poli/UFRJ) e

coordenado pelos Professores Eduardo Pacheco Jordão e Isaac Volschan Jr., com o

apoio do Professor e Chefe da área de recursos hídricos da COPPE, José Paulo

Soares de Azevedo.

O subprojeto aprovado contou com recursos da ordem de R$ 230 mil, integralmente

destinados para as obras de implantação do CETE/UFRJ. Prestadores de serviços e

fornecedores de equipamentos e materiais do setor de saneamento engajaram-se ao

projeto durante a execução da obra, o que permitiu a ampliação do escopo

originalmente previsto e aprovado.

Assim, o CETE/UFRJ dará apoio ao DRHIMA - Poli/UFRJ em sua atuação nos cursos

de graduação em Engenharia Civil e Engenharia Ambiental, nos cursos de

especialização em Engenharia Sanitária e Ambiental e de Gestão Ambiental, e nos de

Mestrado e Doutorado da Área de Recursos Hídricos (PEC) da COPPE.

Page 42: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

66

3.1 Centro experimental de tratamento de esgotos da UFRJ A unidade experimental da pesquisa, objeto do presente trabalho, é uma das 15

unidades experimentais que compõem o Centro Experimental de Tratamento de

Esgotos da UFRJ - CETE/UFRJ. As unidades são grade de barras, desarenador por

gravidade, desarenador aerado, decantação primária convencional, decantação

primária quimicamente assistida, reator UASB, tanque séptico, filtro anaeróbio, filtro

aerado submerso, filtro biológico percolador, lodos ativados, lagoa aerada, lagoa de

sedimentação, lagoa facultativa e lagoa de maturação. As Figuras 3.1 e 3.2

apresentam, respectivamente, a vista geral e o fluxograma esquemático do

CETE/UFRJ.

Figura 3.1: Vista geral do CETE/UFRJ

Figura 3.2: Fluxograma esquemático do CETE/UFRJ

Conjunto TanqueSéptico-Filtro

Anaerób io

Esgoto Bruto

Efluente do UASB

Efluente da unidade

CEPT

Reúso Agríco la

E levatória

Tanque de Equalização

Caixa de

Esgoto Bruto

Reator UASB

Elevatória F iltro

B io lóg ico

Lodos A tivados

D ecantação Secundária

Esgoto Bruto

D ecantação Prim ária

Conjunto Tanque Séptico-Filtro

Anaerób io

Operação e M anutenção

Pesquisa e

D esenvolv im ento

Grade deBarras

D esarenador

Lagoa de

M aturação

Lagoa de Sed im entação

Lagoa Aerada

Lagoa Facultativa

Page 43: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

67

O CETE/UFRJ localiza-se na Cidade Universitária (Ilha do Fundão), proxima à estação

elevatória de esgotos do Fundão, unidade responsável pela receptação dos esgotos

coletados em todo campus da UFRJ e pelo recalque destes para a ETE Penha,

unidade de tratamento do sistema de esgotamento sanitário da Penha (CEDAE).

Através de uma bomba submersa instalada no canal de grades da estação elevatória

do Fundão, parcela dos esgotos da Cidade Universitária, aproximadamente 5,0 l/s, é

recalcada para o tratamento preliminar do CETE/UFRJ. As Figuras 3.3 e 3.4 ilustram,

respectivamente, a unidade de gradeamento e a estação elevatória do Fundão e o

mapa de localização.

Figura 3.3: Vista da unidade de gradeamento e da estação elevatória do Fundão Figura 3.4: Mapa de localização do CETE/UFRJ

Page 44: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

68

3.2 Características do esgoto afluente ao CETE/UFRJ O esgoto afluente ao CETE/UFRJ é típico de campi universitários, apresentando

composição físico-química diferenciada da composição usual dos esgotos sanitários,

podendo ser classificado como um “esgoto fraco”.

Na Tabela 3.1 são apresentadas as estatísticas descritivas relativas à composição

físico-química do esgoto afluente ao CETE/UFRJ.

Tabela 3.1: Composição físico-química (mg/l) do esgoto afluente ao CETE/UFRJ (4/5/04 – 3/8/04))

Estatística DQO DBO SST SSF SSV Quantidade de Dados 113 92 108 104 104

Média 188 103 62 14 47 Mínimo 39 29 13 0 6 Máximo 472 198 126 120 83

Coeficiente de Variância 0,35 0,35 0,29 0,91 0,31

Mediana 184 97 62 12 47 Desvio padrão 67 36 18 13 15 Percentil 10% 116 63 39 3 29 Percentil 25% 150 74 51 7 39 Percentil 50% 184 97 62 12 47 Percentil 75% 216 124 72 17 56 Percentil 90% 266 156 81 24 66

Page 45: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

69

3.3 Constituição do esgoto bruto afluente às unidades experimentais Considerando a composição físico-química do esgoto afluente ao CETE/UFRJ e

visando a adequá-la às características usuais dos esgotos sanitários, promove-se

imediatamente após o tratamento preliminar, a adição de lodo estabilizado

anaerobicamente e desidratado mecanicamente (30% de teor de sólidos) ao esgoto

bruto afluente.

O lodo adicionado é proveniente da Estação de Tratamento de Esgotos da Ilha do

Governador (ETIG). Mensalmente, 1 caminhão-basculante dispõe de 7,0 m3 de lodo

nas instalações do CETE/UFRJ. Diariamente, às 7h, 11h e 15h são adicionados 54

litros de lodo ao esgoto afluente, totalizando a adição diária de 162 litros.

Previamente à adição, o lodo é solubilizado em um tanque de equalização e, para

isso, adiciona-se esgoto já em circulação nas instalações do CETE/UFRJ. A vazão de

lodo solubilizado é adicionada diariamente, das 8h às 17h, segundo a vazão da ordem

de 0,6l/s, equivalente a 10% da vazão de esgoto afluente ao CETE/UFRJ. A adição é

fisicamente realizada no poço da estação elevatória de esgoto bruto. As fotografias

das Figuras 3.5, 3.6, 3.7, 3.8, 3.9 e 3.10 ilustram procedimentos e instalações para a

adição de lodo e um desenho esquemático.

Figura 3.7: Tanque de equalização Figura 3.9: Poço da estação elevatória e adição de lodo solubilizado

Figura 3.6: Vista geral das instalações para a adição de lodo

Figura 3.5: Tanque de armazenamento do lodo

Figura 3.8: Vista do Tanque de equalização e da estação elevatória

Page 46: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

70

A adição de lodo solubilizado ao esgoto afluente ao CETE/UFRJ permite a elevação

das concentrações dos diferentes parâmetros físico-químicos para patamares

similares aos encontrados nos esgotos sanitários, e assim, a constituição do esgoto

bruto afluente às unidades experimentais de pesquisa do CETE/UFRJ. Na Tabela 3.2

são indicados os resultados. Para efeito do presente trabalho, denomina-se esgoto

bruto a água resultante da mistura do esgoto afluente ao CETE/UFRJ com o lodo

solubilizado.

Tabela 3.2: Composição físico-química (em mg/l) do esgoto bruto afluente à unidade experimental de pesquisa (1/7/04-3/8/05)

Estatística DQO DBO SST SSF SSV Quantidade de Dados 85 60 79 79 79

Média 444 167 295 110 182 Mínimo 188 61 84 11 9 Máximo 1618 562 1073 457 617

Coeficiente de Variância 0,51 0,51 0,52 0,68 0,51 Mediana 400 145 247 82 156

Desvio padrão 224 85 152 75 93 Percentil 10% 256 87 160 43 94 Percentil 25% 319 116 206 65 129 Percentil 50% 400 145 247 82 156 Percentil 75% 482 189 352 133 219 Percentil 90% 708 262 489 223 308

Adição Lodo

Desidratado

Elevatória de Esgoto Tanque Equalizador Caixa de Esgoto

Figura 3.10: Esquema de circulação do esgoto e do lodo

Page 47: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

71

3.4 Descrição do sistema de lagoas O sistema constitui-se de tratamento preliminar (grade de barras e desarenador),

elevatória de esgoto, medidor de vazões Parshal, lagoa de estabilização facultativa e

lagoa de maturação, como mostra a Figura 3.11.

Figura 3.11: Desenho esquemático do sistema de lagoas 3.4.1 Grade de barras e desarenador Os sólidos grosseiros podem ocasionar problemas nos dispositivos de transporte dos

esgotos e nas unidades de tratamento subseqüentes e , por isso, há necessidade de

remoção.

A retirada dos sólidos grosseiros é efetuada através de grade de barras. O material

grosseiro de dimensões maiores do que o espaçamento livre entre as barras é retido.

A sua remoção é efetuada por limpeza manual ou mecanizada.

A grade de barras do CETE/UFRJ é do tipo médio e de limpeza manual; as barras em

plástico reforçado com fibra de vidro apresentam espessura de 1/4“, largura de 2" e

espaçamento de 1". A grade encontra-se instalada em canal de 0,40 m de largura,

localizado a jusante da elevatória de esgoto bruto (junto à CEDAE) e a montante da

caixa de carga piezométrica.

A ação abrasiva da areia pode comprometer os diversos dispositivos de uma estação

de tratamento de esgotos. Acúmulo de material mineral nas unidades da fase sólida do

tratamento também deve ser evitado. O material mineral contido nos esgotos, de maior

densidade que a água, sedimenta-se em unidades denominadas desarenadores.

O desarenador do CETE/UFRJ com extensão de 2,4 m e de largura 0,55m, é de

limpeza manual e encontra-se instalado no mesmo canal, a jusante da grade de

barras. A Figura 3.12 mostra a planta do tratamento preliminar.

Tratamento Preliminar

Elevatória e Caixa de Esgoto

Lagoa Facultativa

Lagoa de Maturação

Medidor de

Page 48: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

72

Figura 3.12: Planta do tratamento preliminar (cm). 3.2.2 Elevatória e caixa piezométrica de esgoto bruto Depois de devidamente “enriquecido”, o esgoto é recalcado da elevatória até a caixa

de esgoto bruto por uma bomba ABS – tipo ROBUSTA 500 T – SI, com capacidade de

vazão de 34m3/h e potência de 1,50 kW.

A caixa de esgoto bruto ou caixa piezométrica tem desnível geométrico de 8,0 m em

relação ao canal de grades, e é responsável por prover a carga hidráulica necessária

ao escoamento gravitário de esgoto para todas as unidades do CETE/UFRJ. Na

Figura 3.13 há uma visão da elevatória de esgoto do CETE/UFRJ.

Figura 3.13: Elevatória de esgotos bruto

.55

.40

.40 2.00 2.40

4.80

.20

.85

50°

.65

Page 49: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

73

3.2.3 Medidor de vazões Parshall e triangular

Antes de o esgoto chegar à lagoa facultativa, passa por um medidor de vazão que tem

como objetivo garantir que, durante todo o período de operação, a unidade de

tratamento estará recebendo um volume de esgoto compatível com o seu

dimensionamento.

A vazão afluente à lagoa facultativa é mediada através de dois dispositivos: uma calha

Parshall e um vertedor triangular (Thompson).

A calha Parshall, um medidor de vazão que trabalha em regime crítico, é muito

utilizada para medir esgotos, pois não apresenta arestas vivas ou obstáculos à

corrente líquida. Nas Figuras 3.14 e 3.15 pode-se ver, respectivamente, um desenho

esquemático e uma fotografia da calha Parshal a jusante do sistema de lagoas.

Os vertedores triangulares ou Thompson possibilitam maior precisão na medida de

vazões pequenas. São geralmente fabricados em chapas metálicas ou PRFV, na

forma de um triângulo isósceles, sendo usual o ângulo de 90°. As Figuras 3.16, 3.17,

3.18 e 3.19 ilustram os vertedores da lagoa facultativa.

Figura 3.14: Desenho esquemático da calha Parshall Figura 3.15: Fotografia da calha Parshall

Page 50: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

74

Figura 3.16: Desenho esquemático do vertedor triangular

Figura 3.17: Fotografia do vertedor triangular

Figura 3.18: Calha Parshal em operação Figura 3.19: Vertedor triangular em operação

Page 51: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

75

3.2.4 Lagoa de estabilização facultativa A disponibilidade de nutrientes e a energia luminosa da radiação solar possibilitam a

produção fotossintética de algas e, conseqüentemente, a produção do oxigênio

necessário aos organismos aeróbios dispersos no meio líquido e decompositores da

matéria orgânica solúvel e finamente particulada.

A matéria orgânica particulada sedimenta-se no fundo da unidade e é estabilizada de

forma anaeróbia. A camada de lodo cresce muito lentamente, devido sua

decomposição. A remoção de lodo ocorre em períodos da ordem de 20 anos.

O processo requer grandes áreas superficiais para a exposição ao sol, tornando-se

somente aplicável para vazões não muito elevadas. As lagoas de estabilização

basicamente consistem em obras de terra de grande porte e o processo praticamente

não requer intervenção operacional. A profundidade das lagoas de estabilização varia

entre 1,5 m e 2,0 m.

A lagoa facultativa do CETE constitui um tanque de seção trapezoidal, construído em

concreto armado e envolto em taludes de terra. A lagoa facultativa apresenta as

seguintes dimensões: extensão de 13,55m; largura de 3,70m (no nível superior) e

2,40m (no nível inferior); profundidade total de 1,80m e de operação de 1,62m. Os

taludes internos apresentam a declividade aproximada de 1:2.

A largura e a extensão média na altura de operação são, respectivamente de 2,78m e

12,63m com uma área superficial de 46,05 m² e volume útil de 57,13m³.

A geometria influencia, significantemente, o regime hidráulico das lagoas, fazendo com

que este se aproxime mais de fluxo pistão ou de mistura completa. A relação entre o

comprimento da lagoa (L) e a largura (B) ajuda a melhor caracterizar o regime

hidráulico escolhido. No caso em estudo, o valor da extensão e da largura na

profundidade média é igual a L = 12,63 m e B = 2,78 m e a relação L/B é 4,54.

Nas Figuras 3.20, 3.21, 3.22, 3.23 e 3.24, podemos ver detalhes da lagoa facultativa

vazia e em operação. Na Figura 3.25 uma planta esquemática da lagoa em planta e

perfil.

Page 52: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

76

Figura 3.20: Lagoa facultativa fora de carga Figura 3.21: Lagoa facultativa em operação

Figura 3.22: Detalhe da entrada da lagoa

Figura 3.23: Complexo de lagoas do CETE

Figura 3.24: Detalhe do vertedor da lagoa

Page 53: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

77

Figura 3.25: Planta esquemática da lagoa facultativa em planta e perfil (cm)

80 40 210 40 80

1195

180

Page 54: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

78

3.2.5 Lagoa de maturação As lagoas de maturação, também denominadas lagoas de polimento, objetivam,

principalmente, a desinfecção do efluente das lagoas de estabilização. Apresentam

profundidade da ordem de 1,0 m ou menos, a qual permite a eficaz ação dos raios

ultravioleta sobre os organismos presentes em toda a coluna d’água.

A lagoa de maturação do CETE também constitui um tanque de seção trapezoidal,

construído em concreto armado e envolto em taludes de terra. Apresenta as seguintes

dimensões: extensão de 8,70m; largura de 3,75m (no nível superior) e 7,10m e 2,15m

(no nível inferior); profundidade total de 1,55m e de operação 1,00m. Os taludes

internos apresentam a declividade aproximada de 1:2.

A largura e a extensão na altura de operação são, respectivamente 3,18m e 8,13m,

com uma área superficial de 25,85 m² e volume útil de 28,00m³.

Como mencionado, a geometria influencia significantemente o regime hidráulico. Na

lagoa de maturação o valor da extensão e da largura na profundidade média são

iguais L = 7,62m e B = 2,67m e a relação L/B é 2,85.

Nas Figuras 3.26 e 3.27, pode-se ver a lagoa de maturação vazia e em operação. Na

Figura 3.28 tem-se a planta esquemática da lagoa em planta e perfil.

Figura 3.26: Lagoa de maturação fora de carga

Figura 3.27: Lagoa de maturação em operação

Page 55: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

49

Figura 3.28: Planta esquemática da lagoa de maturação em planta e perfil (cm)

890

133

210

Page 56: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

50

2.12 Taxa de decaimento bacteriano (Kb)

O coeficiente de decaimento (Kb) tem grande influência na concentração efluente. A

profundidade também exerce uma grande influência no decaimento bacteriano assim

como o pH, a radiação solar e o OD.

Na literatura, von Sperling (2000) encontrou valores de Kb, para fluxo disperso, entre

0,2 a 43,6d-1. Esta variação se deve, principalmente, à inadequada identificação,

pelos autores, do regime hidráulico adotado nos cálculos.

Para 33 lagoas facultativas e de maturação no Brasil, von Sperling (1999) determinou,

uma equação (2.18) que correlaciona Kb com a profundidade (h) e o tempo de

detenção (t). As lagoas tinham diferentes volumes, relações L/B variando entre 1 e

142, diferentes tempos de detenção, variando entre 0,5 e 114, algumas em escala

real, outras unidades-piloto.

-0,877 -0,329bK = 0,917 h t (2.18)

Posteriormente, von Sperling (2002) também determinou uma outra equação, para

lagoas no Brasil e no mundo, num total de 82 lagoas. Esta equação (2.19) não leva em

consideração o tempo de detenção.

Para lagoas primárias e secundárias, esta equação admite uma correção de 5 a 15%

menor do que o valor da equação e para lagoas terciárias e subseqüentes a mesma

correção, só que com um valor maior.

-1,259bK = 0,542h (2.19)

Jordão e Pessôa (1995), citam valores de Kb, na África do Sul, em torno de 1,6, 2,0 e

2,6 d-1, para lagoas de mistura completa e para San Juan, Lima, coeficientes de 1,1 e

1, 07 d-1, para lagoas com fluxo disperso.

Mascarenhas et al (2004), para lagoas de polimento rasas de Itabira/MG encontraram

a 20°C com fluxo disperso, Kb de 1,8 e 3,8 d-1, dependendo da profundidade.

Silva et al (1997), em estudos realizados em Campina Grande-PB, para lagoas de

maturação secundárias, encontraram os seguintes valores para Kb, modelo de fluxo

disperso, à 20ºC, em função da profundidade e tempo de detenção hidráulico (TDH),

expressos na Tabela 2.13

Page 57: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

51

Tabela 2.13: Coeficiente Kb em função do tempo de detenção hidráulico e da profundidade

Profundidade TDH Kb TDH Kb 0,90 7,0 6,18 3,5 3,19 0,64 5,0 8,08 2,5 6,67 0,39 3,0 13,76 1,5 5,83 0,39 3,0 22,67 1,5 3,12 0,39 1,0 13,68 0,5 6,47

Uma outra forma de se determinar o Kb é correlacioná-lo ao tempo de decaimento de

90% das bactérias (T90).

Utilizando a equação (2.15) de fluxo em pistão e substituindo os valores de S e S0

pela relação S/ S0 = 0,1, tempo de decaimento de 90% das bactérias, isto é, um ciclo

logarítmico; e tirando o logarítmo neperiano dos dois lados da equação, obtém-se

equação (2.16).

-Kt0S=S e (2.15)

b90 90

ln10 2,3K = T T

= (2.16)

Assim para o cálculo do Kb é necessário saber apenas o tempo de decaimento de

90% das bactérias na lagoa em estudo.

Page 58: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

52

CAPÍTULO 4 DESCRIÇÃO DO EXPERIMENTO E PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS

4.1 Aspectos gerais

No capítulo 3 foi apresentado o CETE/UFRJ e o sistema de lagoas em estudo. Neste

capítulo, serão apresentados os procedimentos operacionais, o programa de

monitoramento e a descrição dos experimentos realizados no sistema de lagoas.

4.2 Delineamento do experimento

A pesquisa realizada no sistema de lagoas do CETE foi dividida em duas fases. Na

primeira, utilizou-se uma taxa de aplicação alta, 350 kg DBO5/ ha dia, em um período

do ano com menores temperaturas e, conseqüentemente, uma menor exposição solar

(julho/outubro) e, na segunda, uma taxa de aplicação média, 250 kg DBO5/ ha dia, no

período do ano com temperaturas mais elevadas e maior insolação (novembro/abril).

O objetivo dessas variações é demonstrar como as lagoas se comportam com

condições ambientais e taxas de aplicação distintas.

4.2.1 Vazões

As condições operacionais do sistema de lagoas durante a pesquisa variaram de

acordo com duas vazões, como são mostradas na Tabela 4.1.

Tabela 4.1: Condições operacionais

Fase Vazão (m³/d)

Vazão (l/s)

1 8,64 0,10 2 6,05 0,07

As vazões eram medidas através de uma calha Parshall da lagoa facultativa e aferidas

pelo método volumétrico, pelo qual se cronometrava o tempo para o enchimento de

uma proveta. A vazão da lagoa de maturação é considerada a mesma que a da lagoa

facultativa, pois a taxa de evaporação média medida no CETE foi de 3,0mm por dia,

sendo assim desprezível a perda por evaporação.

Page 59: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

53

4.2.2 Taxa de aplicação de carga orgânica

A taxa de aplicação superficial é o principal parâmetro de projeto de uma lagoa

facultativa, pois este leva em consideração a necessidade de uma determinada área

superficial na lagoa para que o processo de fotossíntese aconteça e, assim, garanta a

quantidade de oxigênio necessário para que ocorra a estabilização da matéria

orgânica.

A taxa de aplicação superficial (LS), neste caso, foi calculada de acordo com as

dimensões da área superficial (A) da lagoa facultativa, carga de DBO (L) média do

período de estudo e a vazão (Q) da fase em estudo, através da fórmula LS = L * Q / A.

Os valores da taxa de aplicação superficial estão sintetizados abaixo:

Fase 1

A = 46,05m2

L = 190 kg DBO5/dia

Q = 0,00010 m3/s

LS = 350 kg DBO5/ ha dia

Fase 2

A = 46,05m2

L = 190 kg DBO5/dia

Q = 0,00007 m3/s

LS = 250 kg DBO5/ ha dia

Observação: Na segunda fase houve uma redução da DBO afluente para 170 kg

DBO5/dia isso que fez com que o valor estimado da taxa de aplicação diminuísse para

230 DBO5/ ha dia.

4.2.3 Tempo de detenção hidráulico

O tempo de detenção de uma lagoa está correlacionado com o tempo necessário para

que os microorganismos procedam à estabilização da matéria orgânica; logo, este

parâmetro está relacionado com a atividade das bactérias.

No caso da lagoa facultativa em estudo, o tempo de detenção (t) foi calculado pela

fórmula t = V / Q, onde V é o volume da lagoa e Q a vazão da fase em estudo.

Page 60: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

54

Lagoa Facultativa

Fase 1

V = 57,13 m3

Q = 0,10 l/s

t = 6,70 dias

Fase 2

V = 57,13 m3

Q = 0,07 l/s

t = 9,43 dias

Lagoa de Maturação

Fase 1

V = 28,00 m3

Q = 0, 10 l/s

t = 3,20 dias

Fase 2

V = 28,00 m3

Q = 0, 07 l/s

t = 4,60 dias

Page 61: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

67

4.3 Programa de monitoramento

4.3.1 Análises do esgoto bruto afluente e tratado efluente

O monitoramento do sistema de lagoas foi realizado em todo o período de estudo, de

julho a abril, duas vezes por semana (terças e quintas) às 16h, através de amostra

simples coletada no vertedor.O esgoto afluente foi monitorado, através de amostras

compostas horárias, no período de 8h até às 17h, horário em que o esgoto do CETE é

“fortificado”.

A avaliação de desempenho da unidade experimental baseou-se no monitoramento

dos seguintes parâmetros: temperatura, pH, cor, turbidez, DQOTotal, DQOFiltrada,

DBOTotal, DBOFiltrada, Sólidos Totais, Coliformes Fecais e Enterococos Fecais. Todas as

análises foram processadas no Laboratório de Engenharia do Meio Ambiente da

Escola Politécnica da UFRJ, de acordo com o que preconiza o Standard Methods for

the Examination of Water and Wastewater 20° edição.

4.3.2 Oxigênio dissolvido e temperatura

O monitoramento do oxigênio dissolvido e da temperatura foi realizado durante o

período de operação, normalmente duas vezes por semana. Na primeira fase três

vezes ao dia (8h 30 min, 12h 30min e 16h 30min), e ,na segunda, duas vezes ao dia

(8h 30min e 16h 30min), pelo oxímetro, disponibilizado pelo LEMA.

O oxigênio dissolvido e a temperatura na lagoa facultativa foram medidos em três

pontos de sua extensão e em três alturas; já na lagoa de maturação, em apenas um

ponto de sua extensão e em três alturas como ilustram as Figuras 4.1 e 4.2.

Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Entrada Saída

Superfície

Meio

Fundo

Figura 4.1: Pontos de medição de OD e Temperatura na lagoa facultativa

Page 62: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

68

4.3.3 Algas

No dia 1° de junho de 2005, às 10h, foi coletada uma amostra pontual da lagoa

facultativa, próximo ao vertedor, com o objetivo de identificar as algas. A amostra foi

levada ao Laboratório de Ficologia, do Curso de Pós-graduação em Botânica da

UFRJ, situada no complexo do Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista.

A Identificação das algas foi realizada pela Dsc. Vera Lúcia de Moraes Huszar,

responsável pelo laboratório.

As Figuras 4.3, 4.4, 4.5 e 4.6 ilustram os procedimentos realizados: retirada de parte

do material e adição de lugol com objetivo de preservar a amostra coletada para

futuras análises e ou réplica. Coleta de uma pequena amostra para análise em

microscópio invertido onde foi feita a identificação das algas na amostra.

Após a identificação, a amostra foi para o microscópio, com o objetivo de, através de

imagem digital, cadastrar as algas.

Ponto de medição

Entrada Saída Superfície

Meio

Fundo

Figura 4.3: Amostra coletada Figura 4.4: Lâmina com amostra coletada

Figura 4.2: Ponto de medição de OD e Temperatura na lagoa de maturação

Page 63: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

69

4.3.4 Acúmulo de sólidos sedimentados

Antes do início da operação da lagoa facultativa foram colocados, em seu interior,

quatro béqueres dispostos longitudinalmente como ilustram as Figuras 4.7, 4.8 e 4.9.

O objetivo desse procedimento foi analisar os sólidos que sedimentaram na lagoa e

observar se existem diferenças na sua composição e acúmulo longitudinal,

caracterizando um perfil de acúmulo de sólidos na lagoa facultativa.

Figura 4.5: Análise em microscópio Figura 4.6: Cadastro das algas através de fotografia digital

Figura 4.7: Disposição longitudinal dos béqueres na lagoa

Figura 4.8: Detalhe do béquer

Figura 4.9: Visão geral

Page 64: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

70

4.4 Ensaio de traçadores

4.4.1 Primeiro ensaio de traçadores

No dia 22 de novembro de 2004 foi realizado ensaio-teste de traçadores, na lagoa

facultativa, com o objetivo de conhecer melhor o seu comportamento hidrodinâmico.

Este ensaio teve início às 17h sob a orientação do Professor João Roldão.

Foram utilizados dois traçadores fluorescentes: Amidorodamina G e Uranina. A injeção

foi realizada através de um dispositivo Mariotte, que manteve a vazão constante,

durante, aproximadamente, 3 minutos, considerada instantânea, devido ao grande

tempo de detenção da lagoa facultativa (aproximadamente 9 dias).

As coletas foram realizadas no vertedor da lagoa através de um coletor de amostra

automático, programado para coletar a cada três horas. Nas Figuras 4.10, 4.11, 4.12 e

4.13, pode-se observar os procedimentos realizados.

Figura 4.10: Injeção de traçadores Figura 4.11: Detalhe da injeção

Figura 4.12: Coletor de amostras Figura 4.13: Detalhe da mangueira no vertedor

Page 65: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

71

4.4.2 Segundo ensaio de traçadores

No dia 29 de março de 2005 foi realizado o segundo ensaio de traçador na lagoa

facultativa do CETE/UFRJ, com o objetivo de confirmar os resultados obtidos e

melhorar a curva de subida do traçador. Todos os procedimentos descritos neste

ensaio foram também realizados no ensaio-teste.

4.4.2.1 Procedimentos preliminares para o ensaio de traçadores

No laboratório de traçadores da COPPE/UFRJ, foram iniciados os preparativos para a

injeção de traçador na lagoa facultativa, como ilustram as Figuras 4.14 e 4.15.

Primeiramente, determinou-se que tipo de traçadores iriam ser utilizados e qual seria a

massa necessária, para garantir uma fluorescência mínima detectável, utilizou-se 1,6

gramas de Amidorodamina G e 1 grama de Uranina. Nas Figuras 4.16 e 4.17, têm-se

as fotos ilustrativas dos traçadores utilizados.

.

Figura 4.14: Material utilizado Figura 4.15: Laboratório de Traçadores

Figura 4.16: Traçadores Amidorodamina G e Uranina

Figura 4.17: Béquer de dissolução dos traçadores

Page 66: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

72

Os dois traçadores foram dissolvidos em 230ml para garantir fluidez, sua dissolução e

manter uma alta concentração para a injeção, como ilustram as Figuras 4.18 e 4.19.

Após, foi desenvolvido um dispositivo para realização da injeção de forma que não

houvesse perturbação no comportamento hidrodinâmico da lagoa. A Figura 4.20 ilustra

o dispositivo de Mariotte que tem como objetivo garantir que a vazão permaneça

constante durante toda a injeção

Figura 4.18: Diluição dos traçadores Figura 4.19: Enchimento do dispositivo de injeção

Figura 4.20: Dispositivo de Mariotte pronto para a injeção

Page 67: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

73

4.4.2.2 Procedimento de injeção de traçadores

A injeção foi realizada às 12h, pelo Técnico Amauri Cavalcante de Lima, com o auxilio

do Professor João Roldão. O ensaio durou 3 minutos e 32 segundos, utilizados os

traçadores Amidorodamina G e Uranina. A injeção foi realizada da mesma forma que

no ensaio-teste, através do dispositivo de Mariotte que mantém a vazão constante ao

longo de todo o tempo. A Figura 4.21 ilustra esse procedimento.

Figura 4.21: Injeção do segundo ensaio de traçadores

4.4.2.3 Procedimento de coleta das amostras

No dia do ensaio, antes da injeção, foram coletados 15 litros da lagoa facultativa para

que fosse avaliado o background e, também, a determinação da reta de calibração. As

coletas foram realizadas de acordo com a Tabela 4.2, através do coletor de amostra

automático.

Tabela 4.2: Esquema de coleta do ensaio de traçadores

Ter 29 18Qua 30 24Qui 31 24Sex 1 24Sab 2 24Dom 3 24Seg 4 8Ter 5 8Qua 6 8Qui 7 8Sex 8 8Sab 9 8Dom 10 8Seg 11 8Ter 12 8

Abr

il

Mês N° de amostras

Dia Intervalo de coleta

Mar

ço 30min (17h) e depois de 1hde hora em horade hora em horade hora em horade hora em horade hora em horade 3 em 3 horasde 3 em 3 horas

de 3 em3 horasde 3 em 3 horasde 3 em 3 horas

de 3 em 3 horasde 3 em 3 horasde 3 em 3 horasde 3 em 3 horas

Page 68: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

74

O coletor automático utilizado é o do tipo Manning S-4500 Portable Discrete Sampler,

que tem capacidade de coletar 24 amostras como ilustram as Figuras 4.22, 4.23, 4.24

e 4.25.

4.4.2.4 Processamento das amostras

Após a coleta, as amostras foram preservadas com clorofórmio e levadas para o

LEMA. Cada amostra é identificada com a data e a hora da coleta.

No Laboratório de Engenharia de Meio Ambiente da Poli/UFRJ, as amostras foram

filtradas pelo processo de filtração a vácuo, com o objetivo de diminuir a turbidez,

retirar as algas e, assim, facilitar a medição do traçador. As Figuras 4.26 e 4.27

ilustram os procedimentos realizados.

Figura 4.22: Localização do coletor Figura 4.23: Painel de controle

Figura 4.24: Interior do coletor Figura 4.25: Recipientes de armazenamento das amostras

Page 69: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

75

Depois de filtradas, as amostras foram encaminhadas para o Laboratório de

Traçadores da COPPE/UFRJ, onde foram analisadas no espectro Fluorímetro

(Fluorometer Turner Designs - Model 10). Nas Figuras 4.28 e 4.29 é possível ver as

amostras coletadas e o fluorímetro utilizado na medição de fluorescência.

Figura 4.26: Aparelho de filtragem Figura 4.27: Membrana de filtragem

Figura 4.28: Amostras coletadas Figura 4.29: Fluorímetros

Page 70: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

76

4.5 Determinação do número de dispersão

A literatura indica relações empíricas entre o número de dispersão e a geometria do

reator e entre o coeficiente de remoção de matéria orgânica e a taxa de aplicação de

carga orgânica.

As relações preconizadas por Von Sperling (4.1), Yanez (4.2), Agunwamba (4.3) e

Polprasert e Batharai (4.4) são utilizadas para a determinação do número de dispersão

em função da extensão (L), largura (B), profundidade útil (h), tempo de detenção

hidráulico (t) e viscosidade cinemática (√).

(4.1)

(4.2)

(4.3)

(4.4)

O número de dispersão obtido em função do ensaio de traçador utilizou as seguintes

equações (4.5), (4.6) e (4.7):

C

t x Cdt t x Ct = =

CCdt∫ ∑

∑∫ (4.5)

( )1/

dL B

=

( )( ) ( )2

/0, 2 6 1 0, 2 5 4. / 1, 0 1 4 /

L Bd

L B L B=

− + +

( ) ( )0,410 0,981 1,385. /3. 2. . .0,102. . .

4. . .

H BB H t v H HdL B H L B

− − ++⎛ ⎞ ⎛ ⎞ ⎛ ⎞= ⎜ ⎟ ⎜ ⎟ ⎜ ⎟⎝ ⎠ ⎝ ⎠⎝ ⎠

( )( )

0,489 1,511

1,489

0,184. . . 2. ..

t v B H Bd

L H+

=

Page 71: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

77

2 22 2 2

m m

t x C dt t x Cσ = - t = - t

CCdt∫ ∑

∑∫ (4.6)

( )( )2 -12 2 d2m

σσt = = 2d- 2d 1-et

(4.7)

onde:

t: tempo acumulado do ensaio (d)

c: concentração medida de traçador (mg/l)

tm= tc - tempo de detenção hidráulico médio (d)

�²: variância adimensional

Page 72: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

78

4.6 Determinação do coeficiente de remoção de matéria orgânica

O comportamento hidrodinâmico de uma lagoa de estabilização não obedece aos

regimes ideais de mistura completa (4.8) e de fluxo em pistão (4.9). Na verdade, se

estabelece um regime hidráulico intermediário denominado fluxo disperso (4.10), no

qual o número de dispersão, o coeficiente de remoção de matéria orgânica e o tempo

de detenção são as variáveis. Através da equação (4.10), pode-se determinar a

coeficiente de remoção de matéria orgânica.

S = S0 /(1 + k.t) (4.8)

S = S0 e –kt (4.9)

( )

1/ 2d

0 22 a/ 2d -a/ 2d

4aeS= S(1+a) e - 1-a e

a = 1+ 4Ktd

(4.10)

onde:

S: Concentração de DBO total afluente (mg/l)

S0: Concentração de DBO filtrada efluente (mg/l)

k20: Coeficiente de remoção de DBO, para 20°C (d-1)

t: Tempo de detenção hidráulico (dias)

d: Número de dispersão

O coeficiente de remoção também pode ser obtido através de relações, que levam em

consideração, apenas à taxa de aplicação. Essas relações empíricas são propostas

por Arceivala (4.11) e Vidal (4.12).

K = 0,132 Log Ls – 0,146 (4.11)

K = 0,091 + 20,5 x 10-4 Ls (4.12)

onde: Ls - Taxa de aplicação superficial (kg DBO5/ ha dia)

Page 73: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

79

4.7 Determinação da taxa de decaimento bacteriano

Assim como na lagoa facultativa, o regime hidráulico da lagoa de maturação obedece

ao regime de fluxo disperso e à cinética de primeira ordem.

Para a determinação da taxa de decaimento bacteriano (Kb), da lagoa de maturação,

primeiramente, através da equação von Sperling (4.1) foi calculado o número de

dispersão, depois, utilizado na equação de fluxo disperso (4.13).

( )

1/ 2d

0 22 a/ 2d -a/ 2d

b

4ae=(1+a) e - 1-a e

a = 1+ 4K td

N N (4.13)

Page 74: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

80

4.8 Determinação do tempo de decaimento de 90% das bactérias

Após o término do período de monitoramento, nos meses de junho, julho e agosto,

realizou-se um experimento para a determinação do T90 da lagoa de maturação.

Foram realizados dois experimentos com duração de uma semana cada. O primeiro

teve início no dia 6 de junho e término no dia 12 do mesmo mês; o segundo, com inicio

em 13 de junho, terminou em 19 desse mês; e o terceiro, iniciado em 1° de agosto

durando até o dia 5 do mesmo mês.

As amostras foram coletadas, diariamente, às 11h e, no horário da coleta, também foi

medido o oxigênio dissolvido e a temperatura.

O procedimento realizado foi a introdução de um recipiente de 30 litros com 55cm de

altura, com esgoto afluente a esta unidade, permanecendo este no interior da lagoa de

maturação para que se preservassem as mesmas condições.

As Figuras 4.30 e 4.31, ilustram a lagoa de maturação com o recipiente de

amostragem do T90.

Para a determinação do coeficiente de decaimento (Kb), utilizou-se a equação (4.14).

b90 90

ln10 2,3K = T T

= (4.14)

Figura 4.30: Recipiente de coleta na lagoa de maturação

Figura 4.31: Detalhe do recipiente e da coleta das amostras

Page 75: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

81

4.9 Teste estatístico

Para as lagoas do CETE/UFRJ, foram realizados testes estatísticos de hipóteses,

paramétricos, do tipo t-student, com o objetivo de investigar a existência de diferenças

significativas entre os resultados das duas fases da pesquisa. Foram feitos com o

auxílio de programas de computador do tipo Microsoft Excel e SigmaPlot.

Inicialmente verificou-se o ajuste dos dados – resultados obtidos – em relação à

distribuição normal, utilizando o método “Kolmogorov-Smirnov”. Posteriormente, foram

estabelecidas as hipóteses nula e alternativa para aplicação dos testes t-student.

O teste teve como objetivo verificar a existência de diferença significativa entre as

concentrações médias efluentes de DQO, DBO e SST, obtidas nas fases I e II, para o

efluente da lagoa facultativa e o efluente do sistema de lagoas. Dessa forma, as

seguintes hipóteses foram estabelecidas:

Hipótese nula: Concentração Média (Fase I) = Concentração Média (Fase II)

Hipótese alternativa: Concentração Média (Fase I) ≠Concentração Média (Fase II)

O teste t-student gera resultados para um dado valor p, que corresponde ao nível de

significância do objeto da análise. A hipótese nula é rejeitada quando o valor p

calculado é menor do que o nível de significância desejado, estabelecido no presente

caso como igual a 5%,e que corresponde ao nível de confiança de 95%.

Page 76: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

82

CAPÍTULO 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste capítulo estão, primeiramente, analisados os resultados de concentração

efluente e de eficiência de remoção de DQO, DBO, SST, Coliformes Fecais e

Enterococos Fecais, em função das estatísticas descritivas obtidas ao longo das 2

fases experimentais da pesquisa.

Em seguida, os resultados, de DQO, DBO e SST são analisados em relação ao índice

de atendimento aos padrões de lançamento de efluentes líquidos vigentes no Estado

do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.

Posteriormente, continuando a caracterização do sistema de lagoas, são apresentados

os perfis transversais e longitudinais de temperatura e oxigênio dissolvido, são

caracterizadas taxonomicamente as algas predominantes e quantificados os sólidos

sedimentados acumulados na lagoa facultativa ao longo do período estudado.

Os itens seguintes referem-se à determinação de parâmetros clássicos e usuais do

processo de lagoa de estabilização facultativa, incluindo a determinação do número de

dispersão, obtidos por meio de ensaios de traçadores e relações empíricas e o

coeficiente de remoção de matéria orgânica (K20).

Por fim, é analisada a taxa de decaimento bacteriano (Kb), parâmetro clássico e usual,

de lagoa de maturação.

Page 77: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

83

5.1 Estatísticas descritivas

No Anexo I são apresentadas, por meio de Tabelas e Gráficos, as séries temporais de

concentrações afluente e efluente, e as eficiências de remoção de DQO, DBO, SST,

Coliformes Fecais e Enterococos Fecais para todo o período experimental. Também

são apresentados os resultados de turbidez, temperatura e pH.

Nos itens seguintes são apresentados os resumos das estatísticas descritivas das

concentrações afluentes e efluentes e das eficiências de remoção de DQO, DBO,

SST, Coliformes Fecais e Enterococos Fecais.

Para ambos os casos, utilizou-se como ferramenta de cálculo a Planilha Microsoft

Excel “Modelo_Planilha_Afluente_Efluente.xls (VON SPERLING, 2005) e para o teste

estatístico t-student, o programa SigmaPlot.

Page 78: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

84

5.1.1 Apresentação de resultados

5.1.1.1 Estatísticas descritivas – DQO

Analisando as Tabelas 5.1 e 5.2 e as Figuras 5.1 e 5.2, verifica-se que o efluente da

lagoa facultativa (LF) para as duas taxas de aplicação, apresentou concentrações e

eficiências médias de 141mg/l, 107mg/l, 68% e 76%, respectivamente.

Observa-se ainda que 75% das concentrações efluentes foram respectivamente

inferiores a 169mg/l e 142mg/l e 90% das concentrações efluentes, inferiores a

225mg/l e173mg/l.

Com relação às eficiências de remoção, em 75% do tempo estas permaneceram

inferiores a 77% e 83% e, em 90% do tempo, inferiores a 83% e 88%.

Se for feita a mesma análise para o efluente do sistema de lagoas (SL) tem-se que

este apresentou concentrações e eficiências médias de 105mg/l, 122mg/l, 75% e 76%,

respectivamente e 75% das concentrações efluentes foram respectivamente inferiores

a 135mg/l e 149mg/l e 90% das concentrações efluentes, inferiores a 159mg/l e

197mg/l.

Com relação às eficiências de remoção em 75% do tempo, estas permaneceram

inferiores a 83% e 86% e, em 90% do tempo, inferiores a 85% e 92%.

Page 79: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

85

Tabela 5.1 – Estatísticas descritivas da concentração DQO para as 2 fases (*)

Fase

Qua

ntid

ade

de

dado

s (u

m)

Méd

ia

(mg/

l) M

ínim

o

(mg/

l)

Máx

imo

(mg/

l)

Med

iana

(mg/

l

Des

vio

padr

ão

Coe

ficie

nte

de

variâ

ncia

M

éd. +

d.

padr

ão

Méd

. - d

. pa

drão

P

erce

ntis

10%

(m

g/l)

Per

cent

is 2

5%

(mg/

l) P

erce

ntis

50%

(m

g/l)

Per

cent

is 7

5%

(mg/

l) P

erce

ntis

90%

(m

g/l)

A - I 31 429 236 809 409 136 0,32 565 293 282 340 409 493 650

LF - I 27 141 38 295 129 59 0,42 200 82 76 107 129 169 225

SL - I 27 105 19 333 88 60 0,57 165 45 57 66 88 135 159

A - II 32 445 192 923 370 188 0,42 634 257 255 295 370 577 721

LF - II 18 107 27 189 100 48 0,45 156 59 47 73 100 142 173

SL - II 19 122 17 470 83 99 0,81 221 23 59 73 83 149 197

(*) Fase I – 350 kg DBO5/ ha dia; Fase II – 250 kg DBO5/ ha dia.

Tabela 5.2– Estatísticas descritivas da eficiência de DQO para as 2 fases (*)

Fase

Qua

ntid

ade

de

dado

s (u

m)

Méd

ia

(%)

Mín

imo

(%

)

Máx

imo

(%)

Med

iana

(%)l

Des

vio

padr

ão

Coe

ficie

nte

de

variâ

ncia

M

éd. +

d.

padr

ãoM

éd. -

d.

padr

ãoP

erce

ntis

10%

(%

) P

erce

ntis

25%

(%

) P

erce

ntis

50%

(%

) P

erce

ntis

75%

(%

) P

erce

ntis

90%

(%

) LF - I 26 68 42 92 67 13

0,19 80 55 53 58 67 77 83

SL - I 26 75 42 96 80 12 0,16 87 63 58 68 80 83 85

LF - II 17 76 50 92 77 11 0,14 87 65 64 70 77 83 88

SL - II 16 76 47 95 78 15 0,19 90 61 54 70 78 86 92

(*) Fase I – 350 kg DBO5/ ha dia; Fase II – 250 kg DBO5/ ha dia.

Page 80: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

86

Figura 5.1 – Gráfico Box-Whiskers do comportamento da DQO nas 2 fases (concentrações)

Figura 5.2 – Gráfico Box-Whiskers do comportamento da DQO nas 2 fases (eficiências)

I II

I II

I II

Page 81: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

87

5.1.1.2 Estatísticas descritivas – DBO

Analisando as Tabelas 5.3 e 5.4 e as Figuras 5.3 e 5.4, verifica-se que o efluente da

lagoa facultativa (LF) para as duas taxas de aplicação, apresentou concentrações e

eficiências médias de 57mg/l, 33mg/l, 66% e 77%, respectivamente.

Observa-se ainda que 75% das concentrações efluentes foram respectivamente

inferiores a 78mg/l e 34mg/l e 90% das concentrações efluentes, inferiores a 82mg/l e

57mg/l.

Com relação às eficiências de remoção, em 75% do tempo estas permaneceram

inferiores a 76% e 84% e, em 90% do tempo, inferiores a 77% e 88%.

Se for feita a mesma análise para o efluente do sistema de lagoas (SL) tem-se que

este apresentou concentrações e eficiências médias de 40mg/l, 36mg/l, 74% e 77%,

respectivamente, e 75% das concentrações efluentes foram respectivamente inferiores

a 51mg/l e 41mg/l e 90% das concentrações efluentes, inferiores a 65mg/l e 57mg/l.

Com relação às eficiências de remoção, em 75% do tempo, estas permaneceram

inferiores a 83% e 85% e, em 90% do tempo, inferiores a 86% e 93%.

Page 82: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

88

Tabela 5.3 – Estatísticas descritivas da concentração DBO para as 2 fases (*)

Fase

Qua

ntid

ade

de d

ados

(um

) M

édia

(m

g/l)

Mín

imo

(mg/

l)

Máx

imo

(mg/

l) M

edia

na

(mg/

l)

Des

vio

padr

ão

Coe

ficie

nte

de

variâ

ncia

M

éd. +

d.

padr

ão

Méd

. - d

. pa

drão

P

erce

ntis

10%

(m

g/l)

Per

cent

is 2

5%

(mg/

l) P

erce

ntis

50%

(m

g/l)

Per

cent

is 7

5%

(mg/

l) P

erce

ntis

90%

(m

g/l)

A - I 16 168 106 263 156 49 0,29 217 118 113 134 156 200 239

LF - I 22 57 25 100 48 22 0,39 80 35 34 40 48 78 82

SL - I 23 40 16 99 32 21 0,54 61 18 21 25 32 51 65

A - II 27 153 83 345 141 52 0,34 205 101 105 123 141 166 207

LF - II 18 33 15 75 29 17 0,52 50 16 17 21 29 34 57

SL - II 19 36 8,6 84 31 23 0,63 58 13 15 20 31 41 76

(*) Fase 1 – 350 kg DBO5/ ha dia; Fase 2 – 250 kg DBO5/ ha dia.

Tabela 5.4 – Estatísticas descritivas da eficiência de DBO para as 2 fases (*)

Fase

Qua

ntid

ade

de

dado

s (u

m)

Méd

ia

(%)

Mín

imo

(%)

Máx

imo

(%)

Med

iana

(%

)

Des

vio

padr

ão

Coe

ficie

nte

de

variâ

ncia

M

éd. +

d.

padr

ão

Méd

. - d

. pa

drão

P

erce

ntis

10 %

(%

) P

erce

ntis

25 %

(%

) P

erce

ntis

50 %

(%

) P

erce

ntis

75%

(%

) P

erce

ntis

90%

(%

)

LF - I 12 66 44 79 66 13 0,19 79 54 47 62 69 76 77

SL - I 12 74 53 89 74 12 0,16 85 62 61 62 76 83 86

LF - II 17 77 45 95 80 12 0,15 89 66 68 72 80 84 88

SL - II 17 77 34 95 79 16 0,21 93 61 59 71 79 85 93

(*) Fase 1 – 350 kg DBO5/ ha dia; Fase 2 – 250 kg DBO5/ ha dia.

Page 83: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

89

Figura 5.3 – Gráfico Box-Whiskers do comportamento da DBO na 2 fases (concentrações)

Figura 5.4 – Gráfico Box-Whiskers do comportamento da DBO nas 2 fases (eficiências)

II I

II I

Page 84: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

90

5.1.1.3 Estatísticas descritivas – SST

Analisando as Tabelas 5.5 e 5.6 e as Figuras 5.5 e 5.6, verifica-se que o efluente da

lagoa facultativa (LF) para as duas taxas de aplicação, apresentou concentrações e

eficiências médias de 52mg/l, 57mg/l, 76% e 85%, respectivamente.

Observa-se ainda que 75% das concentrações efluentes foram respectivamente

inferiores a 66mg/l e 64mg/l e 90% das concentrações efluentes, inferiores a 91mg/l e

93mg/l.

Com relação às eficiências de remoção, em 75% do tempo estas permaneceram

inferiores a 85% e 92% e, em 90% do tempo, inferiores a 92% e 96%.

Se for feita a mesma análise para o efluente do sistema de lagoas (SL) tem-se que

este apresentou concentrações e eficiências médias de 38mg/l, 69mg/l, 82% e 79%,

respectivamente e 75% das concentrações efluentes foram respectivamente inferiores

a 49mg/l e 93mg/l e 90% das concentrações efluentes, inferiores a 78mg/l e 145mg/l.

Com relação às eficiências de remoção em 75% do tempo, estas permaneceram

inferiores a 92% e 89% e, em 90% do tempo, inferiores a 93% e 93%.

Page 85: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

91

Tabela 5.5 – Estatísticas descritivas da concentração SST para as 2 fases

Fase Q

uant

idad

e de

da

dos

(um

) M

édia

(m

g/l)

Mín

imo

(mg/

l)

Máx

imo

(mg/

l)

Med

iana

(mg/

l

Des

vio

padr

ão

Coe

ficie

nte

de

variâ

ncia

M

éd. +

d.

padr

ão

Méd

. - d

. pa

drão

P

erce

ntis

10%

(m

g/l)

Per

cent

is 2

5%

(mg/

l) P

erce

ntis

50%

(m

g/l)

Per

cent

is 7

5%

(mg/

l) P

erce

ntis

90%

(m

g/l)

A - I 28 237 123 520 217 98 0,41 335 139 147 176 217

268 336

LF - I 29 52 7 172 45 33 0,64 85 19 22 30 45 66 91

SL - I 30 38 4 120 26 30 0,79 67 8 14 16 26 49 78

A - II 31 380 148 756 327 1640,43 543 216 195 271 327

484 647

LF - II 28 57 7 189 45 43 0,75 100 14 24 35 45 64 93

SL - II 20 69 15 162 55 49 0,71 118 20 24 33 55 93 145

(*) Fase 1 – 350 kg DBO5/ ha dia; Fase 2 – 250 kg DBO5/ ha dia.

Tabela 5.6 – Estatísticas descritivas da eficiência de SST para as 2 fases

Fase

Qua

ntid

ade

de

dado

s (u

m)

Méd

ia

(%)

Mín

imo

(%)

Máx

imo

(%)

Med

iana

(%

)

Des

vio

padr

ão

Coe

ficie

nte

de

variâ

ncia

M

éd. +

d.

padr

ão

Méd

. - d

. pa

drão

P

erce

ntis

10%

(%

) P

erce

ntis

25%

(%

) P

erce

ntis

50%

(%

) P

erce

ntis

75%

(%

) P

erce

ntis

90%

(%

)

LF - I 25 76 43 96 77 14 0,18 89 62 59 66 77 85 92

SL - I 26 82 50 99 87 14 0,17 96 68 58 75 87 92 93

LF - II 27 85 70 98 87 9 0,10 94 76 73 80 87 92 96

SL - II 18 79 50 96 80 12 0,15 91 67 67 72 80 89 93

(*) Fase 1 – 350 kg DBO5/ ha dia; Fase 2 – 250 kg DBO5/ ha dia.

Page 86: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

92

Figura 5.5 – Gráfico Box-Whiskers do comportamento da SST na 2 fases (concentrações)

Figura 5.6 – Gráfico Box-Whiskers do comportamento da SST nas 2 fases (eficiências)

I II

I II

Page 87: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

93

5.1.4 Estatísticas descritivas - COLIFORMES FECAIS

Analisando as Tabelas 5.7a, 5.7b e 5.8 e as Figuras 5.7 e 5.8, verifica-se que o

efluente da lagoa facultativa (LF) para as duas taxas de aplicação, apresentou

concentrações e eficiências médias de 1,54E+05org/100ml, 9,57E+02org/100ml, 2

und.log e 3 und.log, respectivamente.

Observa-se ainda que 75% das concentrações efluentes foram respectivamente

inferiores a 4,60E+05org/100ml e 2,40E+04org/100ml e 90% das concentrações

efluentes, inferiores a 4,60E+05org/100ml e 2,40E+04org/100ml.

Com relação às eficiências de remoção, em 75% do tempo estas permaneceram

inferiores a 3 und.log e 4 und.log e, 90% do tempo, inferiores a 3 und.log e 6 und.log.

Se for feita a mesma análise para o efluente do sistema de lagoas (SL) tem-se que

este apresentou concentrações e eficiências médias de 4,42E+03org/100ml,

2,47E+01org/100ml, 4 und.log e 5 und.log, respectivamente, e 75% das concentrações

efluentes foram respectivamente inferiores a 2,53E+04org/100ml e 4,30E+01org/100ml

e 90% concentrações efluentes, inferiores a 1,10E+05org/100ml e

6,70E+02org/100ml.

Com relação às eficiências de remoção em 75% do tempo, estas permaneceram

inferiores a 4 und.log e 6 und.log e, em 90% do tempo, inferiores a 5 und.log e 7

und.log.

Page 88: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

94

Tabela 5.7a – Estatísticas descritivas da concentração Coliformes Fecais para as 2 fases (*)

Fase

Qua

ntid

ade

de

dado

s (u

m)

Méd

ia

Geo

mét

rica

(org

/100

ml)

Mín

imo

(org

/100

ml)

Máx

imo

((or

g/10

0ml)

Med

iana

(o

rg/1

00m

l)

Des

vio

padr

ão

Coe

ficie

nte

de

variâ

ncia

A - I 8 1,38E+07 1,10E+06 4,60E+07 1,95E+07 1,97E+07 0,83

LF - I 11 1,54 E+05 4,60E+02 2,40E+06 2,40E+05 6,71E+05 1,54

SL - I 11 4,43E+03 2,30E+01 2,40E+06 2,40E+03 7,19E+05 3,08

A - II 18 4,54 E+06 2,40E+04 1,10E+08 2,38E+05 2,72E+07 1,48

LF - II 14 9,57 E+02 2,30E+01 2,40E+05 2,38E+05 6,30E+04 2,60

SL - II 16 2,47 E+01 1,00E+00 1,10E+03 2,38E+05 3,68E+02 0,71 (*) Fase 1 – 350 kg DBO5/ ha dia; Fase 2 – 250 kg DBO5/ ha dia.

Tabela 5.7b – Estatísticas descritivas da concentração Coliformes Fecais para as 2 fases (*)

Fase

Méd

. + d

. pa

drão

Méd

. - d

. pad

rão

Per

cent

is 1

0%

(org

/100

ml)

Per

cent

is 2

5%

(org

/100

ml)

Per

cent

is 5

0%

(org

/100

ml)

Per

cent

is 7

5%

(org

/100

ml)

Per

cent

is 9

0%

(org

/100

ml)

A - I 4,34E+07 4,11E+06 3,55E+06 6,78E+06 1,95E+07 4,60E+07 4,60E+07

LF - I 1,11E+06 -2,34E+05 4,60E+04 1,30E+05 2,40E+05 4,60E+05 4,60E+05

SL - I 9,53E+05 -4,85E+05 2,40E+02 1,47E+03 2,40E+03 2,53E+04 1,10E+05

A - II 4,55E+07 -8,87E+06 6,65E+05 1,10E+06 9,25E+06 2,40E+07 4,60E+07

LF - II 8,73E+04 -3,88E+04 3,39E+01 4,30E+01 1,10E+03 2,40E+04 2,40E+04

SL - II 5,37E+02 -1,99E+02 2,50E+00 7,75E+00 2,30E+01 4,30E+01 6,70E+02 (*) Fase 1 – 350 kg DBO5/ ha dia; Fase 2 – 250 kg DBO5/ ha dia.

Tabela 5.8 – Estatísticas descritivas da eficiência para Coliformes Fecais para as 2 fases

Fase

Qua

ntid

ade

de

dado

s (u

m)

Méd

ia

(und

. log

) M

ínim

o (u

nd. l

og)

Máx

imo

(und

. log

) M

edia

na

(und

. log

)

Des

vio

padr

ão

Coe

ficie

nte

de

variâ

ncia

M

éd. +

d.

padr

ão

Méd

. - d

. pa

drão

P

erce

ntis

10%

(u

nd. l

og)

Per

cent

is 2

5%

(und

. log

) P

erce

ntis

50 %

(u

nd. l

og)

Per

cent

is 7

5%

(und

. log

) P

erce

ntis

90%

(u

nd. l

og)

LF - I 8 2 0 5 2 1 0,69 3 1 1 1 2 3 3

SL - I 8 4 1 6 4 2 0,46 5 2 1 3 4 4 5

LF - II 12 3 2 6 3 2 0,46 5 2 2 2 3 4 6

SL - II 14 5 3 8 5 1 0,28 7 4 3 4 5 6 7 (*) Fase 1 – 350 kg DBO5/ ha dia; Fase 2 – 250 kg DBO5/ ha dia

Page 89: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

95

Figura 5.7 – Gráfico Box-Whiskers do comportamento Coliformes Fecais nas 2 fases (concentrações)

Figura 5.8 – Gráfico Box-Whiskers do comportamento Coliformes Fecais nas 2 fases (eficiências)

I II

I II

Page 90: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

96

5.1.1.5 Estatísticas descritivas – ENTEROCOCOS FECAIS

Analisando as Tabelas 5.9a, 5.9b e 5.10 e as Figuras 5.9 e 5.10, verifica-se que o

efluente da lagoa facultativa (LF) para as duas taxas de aplicação, apresentou

concentrações e eficiências médias de 3,49E+04org/100ml, 5,80E+02org/100ml, 2

und.log e 3 und.log, respectivamente.

Observa-se ainda que 75% das concentrações efluentes foram respectivamente

inferiores a 1,20E+05org/100ml e 2,40E+03org/100ml e 90% das concentrações

efluentes, inferiores a 1,77E+05org/100ml e 9,72E+03org/100ml.

Com relação às eficiências de remoção, em 75% do tempo estas permaneceram

inferiores a 3 und.log e 4 und.log e, em 90% do tempo, inferiores a 3 und.log e 5

und.log.

Se for feita a mesma análise para o efluente do sistema de lagoas (SL) tem-se que

este apresentou concentrações e eficiências médias de 7,09E+02org/100ml,

2,81E+01org/100ml, 3 und.log e 4 und.log, respectivamente, e 75% das concentrações

efluentes foram respectivamente inferiores a 2,40E+03org/100ml e 3,80E+01org/100ml

e 90% das concentrações efluentes, inferiores a 4,60E+03org/100ml e

6,27E+01org/100ml.

Com relação às eficiências de remoção em 75% do tempo, estas permaneceram

inferiores a 4 und.log e 5 und.log e, em 90% do tempo, inferiores a 5 und.log e 6

und.log.

Page 91: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

97

Tabela 5.9a – Estatísticas descritivas da concentração de Enterococos Fecais para as 2 fases (*)

Fase

Qua

ntid

ade

de

dado

s (u

m)

Méd

ia

Geo

mét

rica

(org

/100

ml)

Mín

imo

(org

/100

ml)

Máx

imo

(org

/100

ml)

Med

iana

(o

rg/1

00m

l)

Des

vio

padr

ão

Coe

ficie

nte

de

variâ

ncia

A - I 6 1,27E+06 1,10E+05 1,50E+07 1,50E+06 5,70E+06 1,63

LF - I 8 3,49E+04 2,40E+03 2,40E+05 4,60E+04 8,33E+04 1,07

SL - I 9 7,09E+02 9,30E+01 4,60E+03 4,60E+02 1,89E+03 1,12

A - II 11 3,34E+05 2,40E+02 4,60E+07 2,40E+05 2,38E+05 2,05

LF - II 13 5,80E+02 2,30E+01 2,40E+05 4,60E+02 2,38E+05 3,29

SL - II 10 2,87E+01 9,00E+00 2,40E+02 2,30E+01 2,38E+05 1,48 (*) Fase 1 – 350 kg DBO5/ ha dia; Fase 2 – 250 kg DBO5/ ha dia.

Tabela 5.9b – Estatísticas descritivas da concentração de Enterococos Fecais para as 2 fases(*)

Fase

Méd

. + d

. pa

drão

Méd

. - d

. pad

rão

Per

cent

is 1

0%

(org

/100

ml)

Per

cent

is 2

5%

(org

/100

ml)

Per

cent

is 5

0%

(org

/100

ml)

Per

cent

is 7

5%

(org

/100

ml)

Per

cent

is 9

0%

(org

/100

ml)

A - I 9,19E+06 -2,20E+06 2,85E+05 7,20E+05 1,50E+06 2,18E+06 8,70E+06

LF - I 1,61E+05 -5,38E+03 3,94E+03 1,92E+04 4,60E+04 1,20E+05 1,77E+05

SL - I 3,58E+03 -2,03E+02 1,39E+02 2,40E+02 4,60E+02 2,40E+03 4,60E+03

A - II 2,73E+07 -9,37E+06 2,40E+04 3,50E+04 2,40E+05 2,25E+06 4,60E+07

LF - II 8,62E+04 -4,60E+04 2,10E+01 9,30E+01 4,60E+02 2,40E+03 9,72E+03

SL - II 1,15E+02 -2,23E+01 1,44E+01 2,30E+01 2,30E+01 3,80E+01 6,27E+01 (*) Fase 1 – 350 kg DBO5/ ha dia; Fase 2 – 250 kg DBO5/ ha dia.

Tabela 5.10 – Estatísticas descritivas da eficiência para Enterococos Fecais para as 2 fases (*)

Fase

Qua

ntid

ade

de

dado

s (u

m)

Méd

ia

(und

. log

) M

ínim

o (u

nd. l

og)

Máx

imo

(und

. log

) M

edia

na

(und

. log

)

Des

vio

padr

ão

Coe

ficie

nte

de

variâ

ncia

M

éd. +

d.

padr

ão

Méd

. - d

. pa

drão

P

erce

ntis

10%

(u

nd. l

og)

Per

cent

is 2

5%

(und

. log

) P

erce

ntis

50 %

(u

nd. l

og)

Per

cent

is 7

5%

(und

. log

) P

erce

ntis

90%

(u

nd. l

og)

LF - I 5 2 1 3 2 1 0,38 3 1 1 2 2 3 3

SL - I 6 3 2 5 3 1 0,35 4 2 2 2 3 4 5

LF - II 10 3 1 6 3 2 0,56 4 1 1 2 3 4 5

SL - II 8 4 1 6 4 2 0,50 6 2 2 3 4 5 6 (*) Fase 1 – 350 kg DBO5/ ha dia; Fase 2 – 250 kg DBO5/ ha dia.

Page 92: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

98

Figura 5.9 – Gráfico Box-Whiskers do comportamento Enterococos Fecais nas 2 fases (concentrações)

Figura 5.10 – Gráfico Box-Whiskers do comportamento Enterococos Fecais nas 2 fases (eficiências)

I II

I II

Page 93: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

99

5.1.2 Discussão dos resultados apresentados

Por meio das planilhas e dos gráficos apresentados pode-se concluir que a segunda

fase do experimento apresentou, de forma geral, uma melhor eficiência. Isso se deve a

dois fatores: primeiro, à menor taxa de aplicação (250 kg DBO5/ ha dia) o que gera

uma menor carga no sistema de lagoas, resultando assim em um efluente de melhor

qualidade; segundo, porque, nesta segunda fase, as lagoas também estiveram

submetidas a condições climáticas mais favoráveis, com temperaturas um pouco mais

elevadas e maior insolação, o que favorece a cinética de reação. Na Tabela 5.11, são

apresentados os valores das eficiências médias.

Tabela 5.11: Resumo das eficiências médias Unidade

Fase DQO (%)

DBO (%)

SST (%)

CF (und.log)

EF (und.log)

LF - I 68 66 76 2 2 LF -II 76 77 85 3 3

SL - I 75 74 82 4 3

SL - II 76 77 79 5 4

Os testes estatísticos paramétricos do tipo t-student realizados e apresentados no

Anexo II confirmam esta hipótese, mas não para todos os parâmetros das unidades.

Para a lagoa facultativa, em função da normalidade das amostras, quando

comparadas as fases I e II, adotando a hipótese nula (concentração média da fase I =

concentração média da fase II) as concentrações efluentes de SST não pode ser

rejeitada, indicando não haver diferença significativa entre os resultados.

Em relação às concentrações efluentes de DQO e DBO, quando comparadas as fases

I e II, obteve-se rejeição da hipótese nula, demonstrando haver diferença significativa

das concentrações efluentes (quando comparadas as taxas de aplicação 350 DBO5/

ha dia e 250 DBO5/ ha dia).

Na lagoa de maturação, em função da normalidade das amostras, quando

comparadas as fases I e II, adotando a hipótese nula (concentração média da fase I =

concentração média da fase II) as concentrações efluentes de DQO e DBO não

puderam ser rejeitadas, indicando não haver diferença significativa entre os

resultados.

Em relação às concentrações efluentes de SST, quando comparadas as fases I e II,

obteve-se rejeição da hipótese nula, demonstrando haver diferença significativa das

Page 94: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

100

concentrações efluentes (quando comparadas as taxas de aplicação 350 DBO5/ ha dia

e 250 DBO5/ ha dia).

Apenas com caráter ilustrativo, no Anexo III são apresentados os gráficos de

dispersão das concentrações dos efluentes da lagoa facultativa e do sistema de

lagoas para cada uma das taxas de aplicação.

Page 95: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

101

5.2 Padrões de lançamento de efluentes líquidos

Para a análise em relação aos padrões de lançamento de efluentes líquidos foram

considerados os seguintes instrumentos legais no Brasil:

FEEMA – RJ DZ 215-R.3 → Diretriz de controle de carga orgânica biodegradável em

efluentes líquidos de origem não industrial, que estabelece:

• Concentrações efluentes máximas e concomitantes de DBO e SST de 40mg/l,

para carga orgânica afluente superior a 80 kgDBO/dia.

• Concentrações efluentes máximas e concomitantes de DBO e SST de 60mg/l,

para carga orgânica afluente superior a 25 kgDBO/dia e igual ou inferior a 80

kgDBO/dia.

FEAM – MG COPAM no 10 → Deliberação Normativa que estabelece normas e

padrões para qualidade das águas e lançamento de efluentes nas coleções de águas,

que estabelece:

• Concentrações efluentes máximas de DBO e SST de 60mg/l e de DQO e de

90mg/l

CETESB – SP Decreto no 8468 → Decreto que regulamenta a Lei n° 997 que dispõe

sobre a prevenção e o controle da poluição do meio ambiente, que prevê:

• Concentração máxima permitida para lançamento de efluentes de 60 mg/l.

Embora as legislações estudadas abordem também a questão da eficiência, não são

analisadas no que diz respeito à eficiência.

Na Tabela 5.12 está apresentada, para cada uma das fases experimentais e

combinadas, a quantidade relativa de resultados que estão de acordo com os padrões

estabelecidos pela FEEMA/RJ, segundo as DZ 215-R.3, concomitantemente em

relação aos índices de DBO e SST.

Tabela 5.12 – Índice de atendimento à DZ 215-R.3 (DBO e SST) – Valores em %

Fases DBO e SST (< 40 mg/l)

DBO e SST (< 60 mg/l)

LF I 27 59 SL I 67 80 LF II 32 68 SL II 40 60

LF (2 fases) 37 65 SL (2 fases) 56 72

Obs.: É importante ressaltar que para atendimento aos padrões estabelecidos pela DZ 215-R.3 as concentrações máximas devem ser respeitadas para DBO e SST, de forma concomitante.

Page 96: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

102

Pode-se observar que na Tabela 5.12 que os índices de atendimento ao padrão de

60mg/l para DBO e SST, de forma concomitante, são satisfatórios, ao passo que para

o padrão de 40mg/l, o índice de atendimento é bem inferior.

Analisando como um todo, para o padrão de 60mg/l, independente da carga hidráulica

aplicada nas 2 fases, pode-se perceber que em 65% do tempo a lagoa facultativa

atendeu ao padrão; já o sistema de lagoas em 72% do tempo.

A Tabela 5.13 apresenta, para cada uma das duas fases experimentais e todo o

período de monitoramento, a quantidade relativa de resultados que estão de acordo

com os diversos padrões de lançamento citados, somente para DQO – FEAM/MG.

Tabela 5.13 – Índice de atendimento (%) em relação à DQO para a legislação de MG.

Fases MG (< 90 mg/l)

LF I 15 SL I 52 LF II 44 SL II 58

LF (2 fases) 27 SL (2 fases) 54

Quando o padrão utilizado é o de Minas Gerais, de 90mg/l, este índice de atendimento

é de 27% e 54% respectivamente para a lagoa facultativa e de maturação.

Para uma melhor visualização desse comentário, está apresentado na Figura 5.11 o

gráfico Box and Whiskers para as concentrações efluentes de DQO, para as fases I e

II, nas quais foram aplicadas respectivamente as taxas de 350kgDBO/ha.d e

250kgDBO/ha.d. O gráfico ainda mostra os níveis de atendimento citados no presente

trabalho, de 90mg/l (MG).

Obs.: Apresenta-se o índice de atendimento de Minas Gerais para DQO por não existir padrão de DQO para esgoto doméstico no Rio de Janeiro. Existe apenas para esgoto industrial por tipologia.

Page 97: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

103

Figura 5.11 – Gráfico Box and Whiskers para concentrações efluentes de DQO para as fases I e II.

A Tabela 5.14 apresenta, para cada uma das fases experimentais e em todo o período

de monitoramento, a quantidade relativa de resultados que estão de acordo com o

padrão de lançamento para DBO para as legislações da CETESB/SP e da FEAM/MG.

Tabela 5.14 – Índice de atendimento em relação à DBO para diversas legislações

Fases MG – SP (< 60 mg/l)

LF I 59 SL I 83 LF II 89 SL II 84

LF (2 fases) 73 SL (2 fases) 83

A unidade pesquisada se comportou muito bem para a concentração máxima de DBO

de 60mg/l.

Em relação ao padrão de concentração máxima de 60mg/l, em todas as fases, exceto

na LF fase I, mais de 80% dos resultados se encontram dentro do padrão. Para a fase

total, onde são levados em consideração todos os resultados, independente da carga

aplicada, 73% dos resultados da lagoa facultativa estão abaixo de 60mg/l e 83%, no

sistema de lagoas.

MG

Obs.: Apresenta-se o índice de atendimento de Minas Gerais para DQO por não existir especificação de esgoto doméstico no Rio de Janeiro. Existe apenas para esgoto industrial por tipologia.

I II

Page 98: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

104

Como na análise da DBO, pode-se perceber claramente que, quando se aumenta a

carga hidráulica, o índice de atendimento ao padrão fica reduzido. Isso pode ser

observado no gráfico da Figura 5.12.

Figura 5.12 – Gráfico Box and Whiskers para concentrações efluentes de DBO para as fases I e II

A Tabela 5.15 apresenta, para cada uma das duas fases experimentais e para todo o

período de monitoramento, a quantidade relativa de resultados de acordo com a

legislação de MG, somente para SST – FEAM/MG.

Tabela 5.15 – Índice de atendimento em relação à SST para diversas legislações

Fases MG (< 60 mg/l)

LF I 62 SL I 80 LF II 68 SL II 60

LF (2 fases) 65 SL (2 fases) 72

Para SST, o índice de atendimento foi de 65% para a lagoa facultativa e 72% para o

sistema de lagoas, para a concentração máxima de 60mg/l.

A Figura 5.13 apresenta o gráfico Box and Whiskers para as concentrações efluentes

de SST para as fases I e II e os padrões de lançamento.

MG / SP

I II

MG/SP/RJ

RJ

Page 99: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

105

Figura 5.13 – Gráfico Box and Whiskers para concentrações efluentes de SST para as fases I e II

Nas Figuras 5.14, 5.15, 5.16, 5.17, 5.18 e 5.19 estão apresentados os gráficos com o

resumo do índice de atendimento para várias concentrações máximas efluentes de

DQO, DBO e SST, respectivamente, em relação às duas diferentes taxas de

aplicação.

MG

I II

Page 100: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

106

Figura 5.14 – Gráfico do resumo do índice de atendimento para as duas fases (da lagoa facultativa) em relação a DQO.

Figura 5.15 – Gráfico do resumo do índice de atendimento para as duas fases (do sistema de lagoas) em relação a DQO.

Page 101: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

107

Figura 5.16 – Gráfico do resumo do índice de atendimento para as duas fases (da lagoa facultativa) em relação a DBO.

Figura 5.17 – Gráfico do resumo do índice de atendimento para as duas fases (do sistema de lagoas) em relação a DBO.

Page 102: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

108

Figura 5.18 – Gráfico do resumo do índice de atendimento para as duas fases (da lagoa facultativa) em relação a SST.

Figura 5.19 – Gráfico do resumo do índice de atendimento para as duas fases (do sistema de lagoas) em relação a SST.

Page 103: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

109

A unidade experimental da pesquisa encontra-se instalada em um centro de pesquisas

da UFRJ (CETE-UFRJ) e esteve ao longo de 287 dias de operação amparada pelo

contínuo acompanhamento da pesquisadora, autora da presente dissertação, pelo

apoio técnico dos operadores de campo e pelo suporte do laboratório de qualidade de

águas (LEMA-UFRJ).

Pode-se assim dizer tratar-se de uma unidade de tratamento operada e mantida

segundo adequado padrão técnico. É de se esperar, portanto, um razoável

atendimento aos padrões oficiais. A Tabela 5.16 mostra que com relação a DBO o

sistema de lagoas atendeu bem ao exigido. O mesmo não ocorre, aparentemente,

com os SST, o que se explica pela elevada quantidade de algas presentes, usual em

lagoas de estabilização.

Tabela 5.16: Resumo do índice de atendimento para DBO e SST Fase e unidade DBO (60mg/l) SST (60mg/l)

LF - I 55% 60% LF - II 85% 55% SL - I 70% 70% SL - II 80% 45%

Page 104: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

110

5.3 Oxigênio dissolvido e temperatura

Nas Figuras 5.20, 5.21, 5.22 e 5.23 são apresentados os perfis transversais e

longitudinais de oxigênio dissolvido e de temperatura ao longo das duas fases. A

primeira fase no período de inverno/primavera e a segunda no verão.

No perfil observa-se que tanto a temperatura como o oxigênio dissolvido são maiores

no período de verão, o que é o esperado, pois é a época do ano de maior presença de

radiação solar.

No período da manhã encontram-se os menores valores de temperatura e OD

medidos. Ao longo do dia há um aumento da concentração de OD devido à produção

fotossintética e da temperatura devido ao aquecimento da massa d’água.

É usual, em lagoas de estabilização, existir uma estratificação vertical de temperatura,

afinal a superfície da lagoa está submetida a uma maior exposição solar, o que causa

aquecimento dessa camada superficial. No presente caso esta estratificação ocorre de

forma não significativa variando de 2 a 5ºC.

Há, porém, uma variação vertical considerável na concentração de oxigênio dissolvido.

Na superfície encontram-se valores maiores que no meio e no fundo, estes últimos da

ordem de 0,5 mg/l. Isto se deve às algas, responsáveis pela produção de oxigênio nas

lagoas.

Neste estudo observa-se que o oxigênio dissolvido chega a valores altíssimos

atingindo o ponto de supersaturação, com valores médios de até 30mg/l.

No capitulo 2 faz-se referência aos valores típicos encontrados em lagoas de

estabilização.

Page 105: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

OD Temp OD Temp OD Temp OD Temp OD Temp OD Temp OD Temp OD Temp OD TempSuper MED 7,60 22,97 9,60 27,18 14,71 26,74 6,37 22,22 6,51 26,06 10,59 25,78 5,57 23,27 10,10 28,00 18,15 27,18

Meio MED 0,20 21,57 1,38 23,00 0,36 23,00 0,30 21,12 0,60 21,76 0,30 21,77 0,30 21,57 1,48 22,88 1,48 23,00

Fundo MED 0,17 21,50 0,35 22,78 0,25 22,00 0,20 20,00 0,56 21,00 0,20 21,50 0,17 21,00 0,35 22,00 0,35 22,10

Entrada Saída

8:30h 12:30h 16:30h 8:30h 12:30h 16:30h8:30h 12:30h 16:30h

Perfil de OD e Temperatura da Lagoa Facultativa

Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3

Temperatura 16:30h

22,00 22,1021,5023,0023,00

21,77

26,74 27,1825,78

0

10

20

30

1 2 3

Fundo Meio Superf icie

Temperatura - 8:30h

21,5721,00 21,0020,0021,57 21,12

22,97 23,2722,22

0

10

20

30

1 2 3

Fundo Meio Superficie

Temperatura - 12:30h

21,00 22,0022,7822,88

21,7623,00 26,06

28,0027,18

0

10

20

30

1 2 3

Fundo Meio Superficie

OD - 16:30h

1,48

0,25 0,350,20

0,36 0,30

14,71

18,15

10,59

0

5

10

15

20

1 2 3

Fundo Meio Superficie

OD - 8:30h

0,30

0,20 0,170,17

0,300,20

6,37 5,577,60

0

5

10

15

20

1 2 3

Fundo Meio Superficie

OD - 12:30h

1,48

0,56 0,350,35

0,601,38

6,51

9,6010,10

0

5

10

15

20

1 2 3

Fundo Meio Superf icie

Figura 5.20: Perfil de OD e temperatura da lagoa facultativa - Inverno

Page 106: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

OD Temp OD Temp OD Temp OD Temp OD Temp OD TempSuper MED 8,82 26,32 26,21 31,60 7,83 28,06 28,59 31,61 8,02 27,87 27,86 31,52

Meio MED 0,42 26,33 0,68 26,51 0,37 28,10 1,07 27,06 1,09 26,31 1,68 26,87

Fundo MED 0,20 26,15 0,27 26,42 0,18 26,40 0,38 26,82 0,29 26,19 0,74 26,71

EntradaSaída

8:30h 16:30h 8:30h 16:30h8:30h 16:30h

Perfil de OD e Temperatura da Lagoa Facultativa

Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3

OD - 16:30h

0,27 0,740,38

1,680,68 1,07

26,2127,86

28,59

0

5

10

15

20

25

30

1 2 3

Fundo Meio Superficie

OD - 8:30h

0,18 0,290,20

1,090,370,42

7,83 8,028,82

0

5

10

15

20

25

30

1 2 3

Fundo Meio Superf icie

Temperatura 16:30h

26,42 26,7126,8226,8726,51 27,0631,60 31,5231,61

0

10

20

30

40

1 2 3

Fundo Meio Superficie

Temperatura - 8:30h

26,15 26,1926,4026,3126,33 28,1026,32 27,8728,06

0

10

20

30

40

1 2 3

Fundo Meio Superficie

Figura 5.21: Perfil de OD e temperatura da lagoa facultativa - Verão

Page 107: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

OD Temp OD Temp OD TempSuper MED 5,56 19,68 16,21 24,88 21,53 25,20

Meio MED 0,40 19,68 0,78 22,02 1,01 22,57

Fundo MED 0,29 19,27 0,36 21,74 0,34 21,99

Entrada

8:30h 12:30h 16:30h

Perfil de OD e Temperatura da Lagoa de maturação

Ponto Saída

OD - 8:30h - 12:30h - 16:30h

1,01

0,29 0,340,36

0,40 0,78

5,56

21,5316,21

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

1 2 3

Fundo Meio Superf icie

Temperatura - 8:30h - 12:30h - 16:30h

22,5721,74 21,9919,27

22,0219,68

24,88 25,2019,68

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

1 2 3

Fundo Meio Superf icie

Figura 5.22: Perfil de OD e temperatura da lagoa de maturação - Inverno

Page 108: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

8:30h 16:30hOD Temp OD Temp

Super MED 7,99 27,74 23,53 29,72

Meio MED 3,12 26,75 7,11 27,81

Fundo MED 0,45 26,43 2,45 27,21

Entrada Saída Ponto

Perfil de OD e Temperatura da Lagoa de Maturação

Temperatura - 8:30h e 16:30h

27,2126,43 27,8126,75 29,7227,74

0

10

20

30

40

1 2

Fundo Meio Superf icie

OD - 8:30h e 16:30h

0,45 2,45

3,12

7,117,99

23,53

0

5

10

15

20

25

30

1 2

Fundo Meio Superf icie

Figura 5.23: Perfil de OD e temperatura da lagoa de maturação - Verão

Page 109: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

100

5.4 A lgas

A identificação das algas foi realizada, apenas 1 vez, no dia 1° de junho de 2005, no

Laboratório de Ficologia da UFRJ, pela Dsc. Vera Lúcia de Moraes Huszar. Foram

apenas catalogados os principais gêneros encontrados.

Foram identificadas 2 divisões (ou Phylum) de algas, as Chlorophyta com 2 gêneros

Chorella sp e Pandorina morum, e as Euglenophyta com um gênero, a Euglena sp. As

algas encontradas são bastante comuns em lagoas de estabilização.

Nas Figuras 5.24, 5.25 e 5.26, mostra-se uma fotografia das algas: Chorella sp,

Euglenas sp e Pandorina morum encontradas, respectivamente, na lagoa facultativa

do CETE.

Figura 5.24: Fotografia da Chorella sp.

Page 110: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

101

Figura 5.25: Fotografia da Euglena sp.

Figura 5.26: Fotografia da Pandorina morum.

Page 111: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

102

5.5 Acúmulo de sólidos sedimentados

Ao longo de todo o tempo da pesquisa os sólidos sedimentados acumularam-se no

fundo da lagoa facultativa formando uma camada de lodo. Após o período de 12

meses foram retirados do fundo quatro béqueres de 600ml, que se encontravam

distribuídos ao longo da lagoa uniformemente.

Nas Figuras 5.27 e 5.28, aparece a retirada do béquer da lagoa facultativa e como

estava o acúmulo de sólidos neste.

Nas Figuras 5.29 e 5.30, pode-se perceber que há um perfil de acúmulo de sólidos

diferenciados de acordo com a sua posição na lagoa. O béquer 4 é o que se encontra

mais próximo da entrada da lagoa e o 1 próximo do vertedor; assim se observa que no

início da lagoa há uma maior acumulação de sólidos (no fundo) do que no final. Isso

se deve ao fato de a sedimentação ocorrer assim que o esgoto afluente entra na

lagoa.

Figura 5.27: Retirada dos sólidos da lagoa facultativa

Figura 5.28: Béquer após a retirada

Figura 5.29: Fotografia dos béqueres visto de cima. Figura 5.30: Fotografia da seqüência de

béqueres

4 3 2 1

Page 112: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

103

Foi medida a altura de sólidos de cada béquer resultando nos valores da Tabela 5.17.

Com esses valores foi traçado um perfil de acúmulo de sólidos no interior da lagoa

facultativa com demonstra o gráfico da Figura 5.31.

Tabela 5.17: Alturas da camada de sólidos da lagoa facultativa em cm.

Pontos 4 3 2 1

Altura (cm) 13 12,5 10 9

Figura 5.31: Perfil de acúmulo de sólidos na lagoa facultativa

A deposição dos sólidos é constante ao longo do tempo; entretanto, a taxa de

acumulação decai devido ao processo de digestão e adensamento, (Jordão e Pessoa,

1995). De acordo com os autores admite-se uma taxa de acumulação de 100 a 300

litros de lodo por habitante, por ano.

De acordo com Gonçalves et al (1997), na lagoa facultativa da Mata da Serra no

Espírito Santo, a taxa de acumulação de sólidos foi de 1,53 cm/ano ou 0,07 l/hab.dia,

que resultou numa altura de 26,7cm em 18 anos.

Silva et al (2001), encontraram espessuras de camada de lodo, na lagoa experimental

da EXTRABES, variando de 1,4 a 10 cm durante o período de 2 anos de operação.

Da-Rin e Nascimento (1988), estimaram o volume de lodo acumulado em 0,26 a 0,4

l/hab.dia, na lagoa de estabilização da Cidade de Deus – RJ, para 20 anos de

operação.

Arceivala (1981) estimou para as lagoas de estabilização o acúmulo de lodo de acordo

com gráfico da Figura 5.32.

Perfil de acúmulo de sólidos

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

1234 Pontos

Altu

ra

Page 113: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

104

Figura 5.32: Curva de acúmulo de sólidos em lagoas facultativas

Como a lagoa em estudo está em operação apenas há um ano, o lodo acumulado

ainda não passou por um intenso processo de adensamento e digestão, por isso, os

valores encontrados na lagoa em estudo são maiores que as taxas citadas na

literatura.

Depois desta análise apenas visual os béqueres foram levados para o LEMA, onde

foram analisados os sólidos (totais, fixos e voláteis), foi calculada a umidade e o teor

de sólidos. Os resultados encontram-se na Tabela 5.18. O gráfico da Figura 5.33

apresenta um perfil de acúmulo de sólidos ao longo da lagoa facultativa.

Tabela 5.18: Características do lodo da lagoa facultativa

Pontos ST (mg/l) SF (mg/l) SV (mg/l) Umidade (%) Teor de Sólidos (%)

1 100.725 55.166 45.559 90,4 9,5 2 133.870 76.833 57.036 87,9 12,1 3 137.628 72.000 65.628 87,7 12,3 4 138.051 77.000 61.051 88,0 12,0

Figura 5.33: Perfil de acúmulo de sólidos ao longo da lagoa facultativa

0

30.000

60.000

90.000

120.000

150.0001234 Pontos

Con

cent

raçã

o (m

g/l)

ST SF SV

Page 114: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

105

Silva et al (2001) encontraram valores de sólidos totais que variaram de 33.600mg/l a

112.730mg/l e a umidade de 88,8% a 96,6% e Da-Rin e Nascimento (1988), após 20

anos de operação, porcentagens de sólidos fixos de 63,6%, 66,8%, 95,6% e 93,3%,

para as camadas situadas a 3,5cm, 9,5cm, 16cm e 21cm, da superfície do líquido,

respectivamente. Gonçalves et al (1997) determinaram teores de sólidos na faixa de

6,4 a 9,9% e os sólidos voláteis em torno de 37%.

Os valores encontrados na lagoa facultativa estão de acordo com os valores citados

na literatura, mostrando que, neste primeiro ano de operação, a lagoa está

apresentando um comportamento adequado em relação à taxa de acumulação de

sólidos e sua composição física.

Page 115: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

106

5.6 Ensaio de traçadores

Este item apresenta os resultados encontrados nos ensaios de traçadores realizados

na lagoa facultativa.

As Figuras 5.34, 5.35, 5.36, e 5.37, ilustram o gráfico da curva de passagem do

primeiro e do segundo ensaio de traçadores para a Amidorodamina G e para a

Uranina, respectivamente.

Curva de Passagem Vertedor(Amidorodamina)

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

35,00

40,00

22/11 23/11 24/11 25/11 26/11 27/11 28/11 29/11 30/11 1/12 2/12 3/12 4/12 5/12 6/12 7/12 8/12 9/12 10/12 11/12 12/12 13/12

Dia

Conc

entr

ação

(ppb

)

Figura 5.34: Curva de passagem do primeiro ensaio do traçador Amidorodamina no vertedor da lagoa facultativa

Page 116: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

107

Curva de Passagem Vertedor(Uranina)

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

22/11 23/11 24/11 25/11 26/11 27/11 28/11 29/11 30/11 1/12 2/12 3/12 4/12 5/12 6/12 7/12 8/12 9/12 10/12 11/12 12/12 13/12

Dia

Con

cent

raçã

o (p

pb)

Figura 5.35: Curva de passagem do primeiro ensaio do traçador Uranina no vertedor da lagoa facultativa

Curva de Passagem Vertedor(Amidorodamina)

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

1,40

1,60

29/3 30/3 31/3 1/4 2/4 3/4 4/4 5/4 6/4 7/4 8/4 9/4 10/4 11/4

Dia

Con

cent

raçã

o (p

pb)

Figura 5.36: Curva de passagem do segundo ensaio do traçador Amidorodamina no vertedor da lagoa facultativa

Curva de Passagem Vertedor(Uranina)

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

0,35

0,40

0,45

0,50

29/3 30/3 31/3 1/4 2/4 3/4 4/4 5/4 6/4 7/4

Dia

Con

cent

raçã

o (p

pb)

Figura 5.37: Curva de passagem do segundo ensaio do traçador Uranina no vertedor da lagoa facultativa

Page 117: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

108

Observa-se nitidamente nos dois ensaios uma curva oscilatória descendente, caso

típico de sistema de recirculação interna. Entretanto, este sistema não possui

recirculação então é possível que haja um fluxo preferencial e também zonas mortas.

Na Figura 5.38, tem-se um desenho ilustrativo do que possa estar ocorrendo no

sistema.

Figura 5.38: Representação esquemática da circulação na lagoa facultativa

Como as oscilações ocorrem em ambos os ensaios, certamente, deve-se às

condições próprias de misturação e circulação da massa líquida.

Essa recirculação interna pode ser causada por várias situações, afinal a lagoa

facultativa é um sistema natural e está sujeita às variações climáticas como chuvas,

ventos e variações bruscas de temperatura. Esses fatores ambientais podem alterar a

circulação interna deste sistema.

Ambos os ensaios foram realizados no verão, como mencionado anteriormente, época

na qual se observam curto-circuitos em lagoas principalmente pelo efeito de variações

diurno-noturnas de temperatura.

Com relação ao tempo de passagem da curva, das lagoas de Longan, Utah, EUA

(1972) apud Yanez (1993), admite-se que o pico da curva de passagem (concentração

x tempo) é estimado em, aproximadamente, 10% do tempo de residência teórico, no

presente caso de 9,4 dias.

Nos dois ensaios realizados obteve-se o mesmo valor, 10% do tempo teórico, que é

apresentado na Tabela 5.19. Este fato mostra que o pico para cada traçador, em

ambos os ensaios, aconteceu no mesmo tempo.

Tabela 5.19: Pico do ensaio de traçadores 1º. Ensaio 2º. Ensaio

Amidorodamina Uranina Amidorodamina Uranina 10% do tempo teórico

0,667 0,708 0,667 0,708

Entrada Saída

Page 118: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

109

5.7 Número de dispersão

O número de dispersão (d) é um valor adimensional e pode ser calculado pela

equação (5.1).

2

D D td = =U L L

(5.1)

onde:

D – coeficiente de dispersão longitudinal (m²/d) U – velocidade média de percurso no reator (m/d) L – comprimento do percurso longitudinal no reator (m)

Quando d tente a infinito o reator está submetido a um regime de mistura completa e

quando d tende a zero, este está submetido a um fluxo em pistão.

Para a determinação experimental do número de dispersão, neste trabalho, foi

adotado o modelo de Levenspiel (1974) apud Kellner e Pires (1998). Este método é

bastante simples e consiste na adição de uma certa quantidade de traçador no

afluente da lagoa e na medição da concentração desta substância no efluente da

mesma.

Para a determinação do tempo médio de detenção hidráulico (tm), na lagoa, utilizou-se

a variação entre o instante da injeção dos traçadores (t0 ), e o centro de massa da

curva de passagem (tC) que é calculada pela equação (5.2). Para este caso admitiu-se

que t0 = 0,

tm = tc – t0

C

t x Cdt t x Ct = =

CCdt∫ ∑

∑∫ (5.2)

onde:

t – tempo acumulado após a injeção (d) C – concentração ao longo do tempo (ppb) O cálculo da dispersão da curva de passagem (concentração x tempo) é comumente

determinado estatisticamente através da variância, que é calculada pela equação (5.3)

2 22 2 2

m m

t x C dt t x Cσ = - t = - t

CCdt∫ ∑

∑∫ (5.3)

Page 119: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

110

onde:

t – tempo acumulado após a injeção (d) C – concentração em cada tempo (ppb) tm - tempo médio de detenção hidráulico (d)

Segundo este modelo, para recipientes fechados, como lagoas de estabilização com

regime hidráulico de fluxo disperso, o número de dispersão (d), pode ser calculado

pelo conceito estatístico da variância adimensional ( 2σt ) dada pela equação (5.4).

Entretanto deve-se levar em conta que de modo geral têm-se curvas de passagem

assimétricas e com grandes valores de dispersão em relação ao centro de massa.

( )( )2 -12 2 d2m

σσt = = 2d- 2d 1-et

(5.4)

onde:

t – tempo acumulado após a injeção (d) C – concentração em cada tempo (ppb)

2σ - variância (d²) tm - tempo médio de detenção hidráulico (d)

Na Tabela 5.20 são apresentados os cálculos para a determinação do número de

dispersão da lagoa facultativa.

Tabela 5.20: Determinação do número de dispersão 1º. Ensaio 2º. Ensaio

Fator Amidorodamina Uranina Amidorodamina Uranina ∑ t x C 5346,06 1592,40 348,22 112,10 ∑ C 924,29 279,45 92,72 28,54

∑ t² x C 49116,49 14430,41 2076,84 700,72 tm 5,78 5,70 3,76 3,93 t²m 33,45 32,47 14,10 15,43

2σ 19,68 19,17 8,29 9,12 σ t² 0,59 0,59 0,59 0,59 d 0,54 0,54 0,54 0,54

Observa-se que para ambos os ensaios e traçadores utilizados, obteve-se o mesmo

número de dispersão d =0,54. Em contraponto ao experimento realizado, na Tabela

5.21 são apresentados os números de dispersão obtidos por meio de relações

empíricas de vários especialistas, associadas às dimensões da lagoa facultativa, ao

tempo de detenção hidráulico e à viscosidade cinemática.

Page 120: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

111

Para o caso, aplicam-se os seguintes valores: extensão da lagoa facultativa na

profundidade média (L) de 12,6m, largura da lagoa na profundidade média (B) de

2,8m, profundidade útil da lagoa (h) de 1,6m, tempo de detenção hidráulico (t) de 9,4

dias e viscosidade cinemática (√) de 0,007m2/d.

Tabela 5.21: Número de dispersão calculado para relações empíricas de vários especialistas

O valor obtido nos 4 ensaios de traçadores (d=0,54) difere dos valores calculados por

meio das relações empíricas de vários especialistas. Não se sabe ao certo o porquê,

mas acredita-se que a lagoa possui condições próprias de misturação e circulação da

massa líquida, apresentando comportamento de recirculação interna.

Não obstante, é possível encontrar valores mais elevados do número de dispersão,

como por exemplo, nas lagoas de Corinne, Utah, EUA (1979) apud Yanez (1993),

encontraram-se valores entre 0,395 e 1,710 e para as lagoas de San Juan, Lima, o

número de dispersão variou no verão de 0,38 a 0,82 e no inverno de 0,52 a 1,83

(Yanes, 1993)

Relações empíricas Número de dispersão

Von Sperling (4.1) 0,220 Yanez (4.2) 0,208

Agunwamba (4.3) 0,113 Polprasert e Batharai (4.4) 0,016

Page 121: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

112

5.8 Coeficiente de remoção de matéria orgânica

Para as condições operacionais impostas à lagoa facultativa, taxa de aplicação de

carga orgânica de 250 kgDBO/ha.dia, tempo de detenção de 9,4 dias e temperatura

média de 29ºC, o gráfico da Figura 5.39 ilustra o seu desempenho em relação à DBO

filtrada, em 12 dias não consecutivos de amostragem, no período compreendido entre

os meses de março e abril de 2005, época de realização do 2º ensaio de traçadores.

Figura 5.39: Gráfico do desempenho da lagoa facultativa

Na Tabela 5.22 são apresentados os coeficientes de remoção de DBO obtidos para

cada uma das 12 amostragens, segundo o modelo de fluxo disperso anteriormente

apresentado e para cada um dos números de dispersão obtidos: por meio dos ensaios

de traçadores e por meio das relações empíricas. Observa-se que os valores

indicados, já se encontram corrigidos pela lei de Arrhenius (θ=1,05) para a

temperatura de 20ºC. Especificamente nessa lagoa em estudo obteve-se um valor

médio de K20 = 0,21 d-1.

Tabela 5.22: Coeficiente de remoção de matéria orgânica (K20) (d-1) Amostras

N. d

e D

ispe

rsão

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Méd

ia

0,540

0,224

0,156

0,250

0,385

0,329

0,190

0,093

0,138

0,125

0,121

0,348

0,157

0,210

0,220

0,182

0,132

0,201

0,292

0,255

0,157

0,083

0,119

0,108

0,105

0,268

0,133

0,170

0,208

0,180

0,131

0,199

0,288

0,252

0,155

0,082

0,117

0,108

0,104

0,264

0,132

0,168

0,113

0,162

0,121

0,177

0,250

0,221

0,142

0,077

0,109

0,100

0,097

0,231

0,121

0,151

0,016

0,140

0,108

0,152

0,204

0,184

0,124

0,072

0,098

0,091

0,088

0,191

0,108

0,130

Desempenho da Lagoa Facultativa

0

50

100

150

200

250

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Am ostras

DB

O

DBO af luente

DBO f iltrada ef luente

Page 122: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

113

De acordo com von Sperling (2002), os valores de K20, para lagoas facultativas de

fluxo disperso, em geral, variam entre 0,13 e 0,17 d-1e, de acordo com Yanez (1993),

entre 0,17 e 0,20d-1.

Pode-se também comparar os resultados anteriores com as relações empíricas

propostas por Arceivala (5.5) e Vidal (5.6), estes são modelos não ideais de fluxo

disperso, para a temperatura de 20ºC, cuja variável é a taxa de aplicação de carga

orgânica. Para este caso adotou-se taxa de aplicação de 250 kgDBO/ha.d.

K = 0,132 Log Ls – 0,146 (5.5)

K = 0,091 + 20,5 x 10-4 Ls (5.6)

Os resultados obtidos são coeficientes K20 de 0,171 e 0,142 d-1, respectivamente.

Esses valores são próximos aos calculados por meio das relações empíricas e ao

calculado por meio de ensaio de traçadores.

Considerando o modelo ideal de mistura completa, muitas vezes adotado no

dimensionamento de lagoas facultativas, são apresentados na Tabela 5.23 os

respectivos coeficientes K20.

Tabela 5.23: Coeficientes K20 para mistura completa Amostras

Mod

elo

idea

l

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Méd

ia

(MC) 0,407

0,239

0,487

1,035

0,778

0,316

0,120

0,202

0,177

0,168

0,859

0,241

0,419

Segundo Arceivala (1981) e von Sperling (2001) os modelos de mistura completa têm

os seguintes valores de dimensionamento, K20 variando entre 0,3 a 0,4d-1.

Yanez (1993), investigou para 8 lagoas em San Juan, Lima, o coeficiente de remoção

(K20) em função do tempo de detenção (t). O coeficiente pode ser calculado por meio

da equação (5.7), para caso em estudo o valor é 0,35 d-1.

tK =-14,77 + 4,46t

(5.7)

Mara e Silva (1979), verificaram nas lagoas da EXTRABES, uma relação entre K20 e t.

O valor do coeficiente K20 é 0,35 d-1 e foi calculado pela equação (5.8).

0,527K =1+0,052t

(5.8)

Page 123: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

114

Como se esperava, o coeficiente (K20) encontrado no modelo ideal, de mistura

completa, da Tabela 5.23 (0,419), está bem próximo do intervalo descrito acima;

entretanto, é significativamente maior do que o encontrado no ensaio de traçadores da

Tabela 5.22 (0,210).

De acordo com von Sperling (2002) para uma relação L/B de 4,5 e um Kt de

aproximadamente 2 (K = 0,21d-1 e t = 9,4d) tem-se uma relação K (mistura completa) /

K (fluxo disperso) igual a 2, que é justamente o valor encontrado na razão 0,419 e

0,210 dos coeficientes (K20) acima descritos.

Considerando agora o modelo ideal de fluxo em pistão, são apresentados na Tabela

5.24 os respectivos coeficientes K20.

Tabela 5.24: Coeficientes K20 para fluxo em pistão Amostras

Mod

elo

idea

l

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Méd

ia

(FP) 0,136 0,105 0,147 0,196 0,177 0,121 0,070 0,089 0,089 0,087 0,184 0,105 0,126

Apenas para efeito de informação, calculou-se o K20 para a modalidade de fluxo em

pistão. Como claramente esperado, os valores da Tabela 5.24 encontram-se abaixo

dos valores calculados para o fluxo disperso.

Após uma análise dos coeficientes para os diversos escoamentos e modelos

empíricos, tem-se que a adoção do valor K20 deve considerar em primeiro lugar o tipo

de escoamento esperado, em qualquer projeto em que não se tenha antes realizado

um experimento em escala real, o que é usual.

A importância do fato pode ser observado no gráfico da Figura 5.40, no qual se

percebe a diferença entre as curvas geradas a partir dos dados das Tabelas 5.22, 5.23

e 5.24.

Por exemplo, se consideramos o valor do coeficiente K20 obtido por meio do ensaio de

traçadores (K20=0,210d-1) e, relacionando aos diferentes modelos não ideais e ideais,

obtém-se para a dispersão determinada experimentalmente a eficiência de remoção

de 83,3%; para a relação empírica proposta por von Sperling, a eficiência de 87,5%;

proposta por Yanez, 87,8%; na de Agunwamba, 90,2%; e na de Polprasert e Batharai,

93,5%. Quando considerados, no entanto, os modelos ideais de mistura completa e de

fluxo em pistão, as eficiências alcançadas seriam, respectivamente, de 74,5% e 94%.

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115

0,1

0,3

0,5

0,7

0,9

1,1

60 65 70 75 80 85 90 95Eficiências

Coe

ficie

nte

de R

emoç

ão (K

)Mistura CompletaEnsaio de TraçadorVon SperlingYanezAgunw ambaPolpraset e BathaiFluxo Pistão

Figura 5.39: Gráfico da eficiência versus coeficiente de remoção

Comparando os valores encontrados acima com a real eficiência de remoção da lagoa

facultativa de 83% e de 81,5%, primeira e segunda fase respectivamente, tem-se que

o valor obtido por meio do ensaio de traçadores está satisfatório, caracterizando muito

adequadamente o comportamento hidrodinâmico da lagoa.

Observa-se ainda que os modelos de Polprasert e Batharai assumem valores de

eficiência de remoção numa faixa mais elevada, mostrando-se assim mais adequado o

uso das relações propostas por von Sperling e Yanez.

Page 125: Patrícia Weibert Fonseca DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO …

116

5.9 Taxa de decaimento bacteriano

O cálculo da taxa de decaimento bacteriano (Kb), foi realizado através do modelo de

fluxo disperso, apresentado anteriormente. Como esta fórmula leva em consideração o

número de dispersão (d), neste caso, após estudo de hidrodinâmico do item anterior e

algumas conclusões, adotou-se a relação empírica proposta por von Sperling.

Para o caso, aplicam-se os seguintes valores: extensão da lagoa de maturação na

profundidade média (L) de 7,6m, largura da lagoa na profundidade média (B) de 2,6m.

Adotando estes valores o número de dispersão da lagoa é de 0,35.

O cálculo do Kb levou em consideração as duas fases de monitoramento, se admitidos

assim dois valores, um para cada fase.

Na Tabela 5.25 são apresentados os valores da primeira fase para coliformes fecais,

afluente e efluente, para a temperatura de 24ºC e tempo de detenção de 3,2 dias.

Tabela 5.25: Dados afluentes e efluentes da lagoa de maturação e o Kb (1 Fase)

Afluente Efluente Kb (d-1)

1,50E+05 3,90E+03 3,14 4,60E+05 4,60E+04 1,64 4,60E+04 2,40E+03 2,31 2,40E+05 9,30E+02 5,93 1,10E+05 2,40E+02 6,93 4,60E+05 2,40E+03 5,45 4,60E+02 2,30E+01 2,36

O valor médio encontrado para Kb foi de 3,97d-1, corrigindo este valor para a

temperatura de 20ºC tem-se Kb igual a 3,26d d-1. Se o Kb for calculado através da

média geométrica dos valores afluentes e efluentes é igual a 3,08d-1 a 20°C.

Para a segunda fase são apresentados na Tabela 5.26 os valores de coliforme fecais,

afluente e efluente, para a temperatura de 29ºC e tempo de detenção de 4,6 dias.

Tabela 5.26: Dados afluentes e efluentes da lagoa de maturação e o Kb (2 Fase)

Afluente Efluente Kb (d-1)

1,10E+03 2,30E+01 2,38 4,30E+01 2,30E+01 0,23 4,30E+01 2,30E+01 0,23 1,10E+03 1,00E+00 5,98 2,40E+04 1,00E+00 10,99 9,30E+01 4,30E+01 0,29 2,40E+04 4,00E+00 8,56 4,30E+01 4,00E+00 1,19

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117

O valor médio encontrado para Kb foi de 3,73d-1; corrigindo este valor para a

temperatura de 20ºC tem-se Kb igual a 2,41d-1. Se o Kb for calculado através da média

geométrica dos valores afluentes e efluentes é igual a 1,95d-1 a 20°C.

Se os valores de Kb 10,99 e 8,56, que aparentemente estão discrepantes, forem

retirados, um novo valor médio é determinado Kb = 1,22 d-1, para a temperatura 20°C.

No Brasil para lagoas de fluxo disperso à 20°C, von Sperling encontrou valores de Kb

entre 0,26 a 2,42 d-1.

Von Sperling (2002) determinou, para lagoas no Brasil, uma equação (5.9) que

correlaciona Kb com a profundidade (h) e o tempo de detenção (t) a 20°C.

-0,877 -0,329bK = 0,917 h t (5.9)

O resultado desta equação para h igual a 1,0m e para o tempo de detenção de 3,2

dias tem-se Kb igual a 0,63 d-1 e para a mesma profundidade e 4,6 de tempo de

detenção tem-se Kb igual a 0,55d-1.

Além disso, von Sperling (2002) também determinou uma outra equação (5.10), para

lagoas no Brasil e no mundo, que não leva em consideração o tempo de detenção. O

resultado da equação (5.10) é Kb igual a 0,54 d-1 para h igual 1,0m.

-1,259bK = 0,542h (5.10)

Jordão e Pessôa (1995), citam valores de Kb, na África do Sul, de 1,6, 2,0 e 2,6 d-1,

para lagoas de maturação, de mistura completa, e para San Juan, Lima, coeficientes

de 1,1 e 1, 07 d-1, para lagoas de maturação com fluxo disperso.

Mascarenhas (2003), para lagoas de polimento rasa de Itabira/MG encontrou a 20°C

com fluxo disperso, Kb de 1,8 e 3,8 d-1, dependendo da profundidade.

Silva (1997), em estudos realizados em Campina Grande-PB, para lagoas de

maturação secundárias, fluxo disperso, encontrou valores para Kb, variando entre 3,12

e 22,67 d-1.

Pode-se também tentar correlacionar o Kb com o tempo de decaimento de 90% das

bactérias (T90) adotando a equação (5.11).

b90

2,3K =T

(5.11)

Para o cálculo do T90 foram considerados três ensaios. Os resultados encontram-se

nas Tabelas 5.28, 5.29 e 5.30 respectivamente.

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118

Tabela 5.27: Cálculo do T90 da lagoa de maturação (1 ensaio)

T90 (d) Coliformes Fecais Eficiência (log)

0 240.000 - 1 46.000 0,72 2 24.000 1,00 3 2400 2,00 4 240 3,00

Tabela 5.28: Cálculo do T90 da lagoa de maturação (2 ensaio)

T90 (d) Coliformes Fecais Eficiência (log)

0 46.000 - 1 4.600 1,00 2 2.400 1,28 3 2.400 1,28 4 240 2,28

Tabela 5.29: Cálculo do T90 da lagoa de maturação (3 ensaio)

T90 (d) Coliformes Fecais Eficiência (log)

0 240.000 - 1 24.000 1,00 2 2.400 2,00 3 1.100 2,34 4 1.100 2,34

Observa-se que o valor do T90, em dias, nas Tabelas 5.27, 5.28 e 5.29 são

respectivamente de 2, 1 e 1 dias. Por meio da equação (5.11) obtêm-se os seguintes

valores, 1,15, 2,3 e 2,3 d-1, respectivamente, para a temperatura de 27º. Corrigindo

para a temperatura de 20ºC, os novos valores são de 0,81 e 1,63 d-1. Os valores

calculados condizem com os estimados para lagoas de maturação com as

características existentes no CETE.

O coeficiente (Kb) calculado pelos dados afluentes e efluentes da lagoa de maturação

do CETE, média da 2 fase é 1,22 d-1, encontra-se superior aos valores usualmente

encontrados na literatura. A diferença encontrada pode ser devido a condições

próprias e locais da lagoa do CETE/UFRJ, como temperatura, radiação solar,

hidrodinâmico da lagoa de maturação e do próprio esgoto afluente.

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119

CAPÍTULO 6

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

6.1 Conclusões

• Quando avaliado o comportamento das lagoas de estabilização facultativa e de

maturação do CETE/UFRJ submetidas a duas taxas de aplicação, de acordo com os

parâmetros: DBO, DQO, Sólidos e Coliformes Fecais e Enterococos Fecais, percebe-

se que a segunda fase do experimento apresentou, de forma geral, uma melhor

eficiência. Na Tabela 6.1, são apresentados os valores das eficiências médias.

Tabela 6.1: Resumo das eficiências médias

Unidade Fase

DQO (%)

DBO (%)

SST (%)

CF (und.log)

EF (und.log)

LF - I 68 66 76 2 2

LF -II 76 77 85 3 3

SL - I 75 74 82 4 3

SL - II 76 77 79 5 4

Este fato se justifica, primeiro, pela menor taxa de aplicação (250 kg DBO5/ ha dia), o

que gera uma menor carga resultando, assim, em um efluente de melhor qualidade; e,

depois pelas condições climáticas mais favoráveis (temperaturas um pouco mais

elevadas e maior insolação), o que favorece a cinética de reação.

• Em relação ao índice de atendimento, este será melhor ou pior de acordo com

a porcentagem exijida na legislação. Nos casos (RJ/SP/MG) a lei não define quanto ao

período de atendimento ao padrão, o que é uma falha.

Em relação à DBO e ao SST, considerando um valor médio, os resultados são

plenamente atendidos. O mesmo não se dá em relação à DQO, exigida apenas na

legislação de MG.

• Com relação à estratificação de temperatura, as lagoas facultativa e de

maturação do CETE/UFRJ não apresentaram significativa variação (2 a 5ºC).

Houve, porém, uma variação vertical considerável na concentração de oxigênio dissolvido, como esperado, nos períodos de inverno e verão. • Embora com apenas uma única determinação, na lagoa facultativa do

CETE/UFRJ foram identificadas as algas, Chorella sp, Pandorina morum e Euglena

sp, clássicas e usuais em lagoas.

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120

• Avaliando quantitativa e qualitativamente o perfil de acúmulo de sólidos

sedimentados no interior da lagoa facultativa do CETE/UFRJ, foram encontrados

valores da ordem de 12cm, o que está de acordo com a experiência e a literatura,

mostrando que, neste primeiro ano de operação, a lagoa apresentou um

comportamento adequado em relação à taxa de acumulação de sólidos e sua

composição física.

• A determinação experimental, por meio de ensaios de traçadores, do número

de dispersão na lagoa facultativa do CETE/UFRJ, mostrou que para os 4 ensaios

realizados o mesmo número de dispersão foi encontrado: d =0,54.

O valor medido difere dos valores calculados por meio de relações empíricas de alguns outros autores. Não obstante, a literatura se refere algumas vezes a valores mais elevados do número de dispersão. • O coeficiente de remoção de matéria orgânica, da lagoa facultativa do

CETE/UFRJ, foi obtido pelo número de dispersão real (por meio de ensaio de

traçadores) foi de 0,21 d-1, admitindo fluxo disperso e temperatura de 20ºC. Este é um

parâmetro importante a adotar no projeto de lagoas de estabilização, e o valor

encontrado está de acordo com as faixas citadas na literatura.

• O coeficiente de decaimento bacteriano (Kb), da lagoa de maturação do

CETE/UFRJ, obtido por meio dos dados afluentes e efluentes foi de 1,22d-1 e é

superior aos valores usualmente encontrados na literatura. A diferença pode ser

devida a condições próprias locais.

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121

6.2 Recomendações

• Continuar o monitoramento das unidades experimentais, com objetivo de

ampliar e enriquecer os dados existentes;

• Ampliar o período de monitoramento de OD e temperatura, permitindo assim

uma melhor caracterização da curva ao longo de 24h.

• Investigar e quantificar, em diferentes períodos, as algas predominantes;

• Quantificar a concentração de clorofila a;

• Realizar ensaios de traçadores na lagoa de maturação permitindo obtenção do

real número de dispersão;

• Alterar as configurações geométricas das lagoas, com a introdução de

chicanas, e obter assim novos valores de eficiência de remoção, de número de

dispersão e de coeficientes de remoção;

• Combinar o sistema de lagoas com reator UASB;

• Utilizar mecanismos de polimento com objetivo de reduzir a quantidade de

algas do efluente.

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