participaÇÃo e controle social: uma anÁlise do … · participaÇÃo e controle social: uma...

35
PARTICIPAÇÃO E CONTROLE SOCIAL: UMA ANÁLISE DO CONSELHO DE TRANSPORTE DO MUNICIPIO DE BELÉM NO PERÍDO DE 2005/2015. 1 Jefferson Franco Rodrigues 2 Olinda RODRIGUES da Silva 3 RESUMO. O presente estudo analisa o papel do Conselho de Transporte do Município de Belém (CTMB) no período de 2005 a 2015, com o objetivo de identificar os limites e desafios do controle social nessa instância de participação na atualidade. A fim de alcançar este objetivo foi realizada a pesquisa bibliográfica e exploratória em livros, revistas, artigos, monográficas com o intuito de compreender a discursão sobre as categorias de análise: controle social e democrático e conselhos de políticas urbanas; pesquisa documental a partir de fontes como: atas das reuniões publicadas do Diário Oficial do Município de Belém e lei de criação do Conselho com a finalidade de resgatar informações acerca do CTMB; e a pesquisa de campo realizada por meio de técnicas como: questionário e entrevistas semiestruturadas realizadas com os Conselheiros do CTMB. Para compreender o objeto da pesquisa o método de abordagem utilizado na investigação foi o dialético e o método de procedimento o histórico. Verificou-se assim, que o CTMB, no que diz respeito a participação e ao controle social, tem se caracterizado como um espaço de caráter limitado e restrito, não possibilitando o aumento do poder de influência dos cidadãos organizados na agenda pública local. O impacto para a sociedade orna-se evidente, visto a fragilidade que se detecta no âmbito dos espaços de discussão e implementação das políticas urbanas nessa área. As dificuldades que se estabeleceram entre os sujeitos com interesses divergentes interferiram na atuação e qualidade da representação dos conselheiros, fragilizando o exercício de fiscalização e controle social. Palavras-chave: Controle social, Conselhos de políticas urbanas, transporte e mobilidade urbana. ABSTRACT. This study analyzes the role of the Council of the Municipality of Bethlehem Transport (CTMB) in the period 2005-2015, with the aim of identifying the limits and challenges of social control that instance of participation today. In order to accomplish this was carried out bibliographic and exploratory research in books, magazines, articles, monographs, etc., in order to understand increasing discussion about the categories of analysis: social and democratic control and urban policy councils; desk research from sources such as minutes of meetings published in the Official Gazette of the Municipality of Bethlehem, creating law, etc., in order to retrieve information about CTMB; and field research using techniques such as questionnaires and semi-structured interviews with the Directors of CTMB. To understand the object of research the approach method of the research was the dialectical and historical procedure method. It was thus that the CTMB appeared as a limited and restricted character of space, not to increase the power of influence of organized citizens in local public agenda. The impact on society of course, because the weakness is detected within the spaces for discussion and implementation of urban policies. The difficulties that occurred among subjects with divergent interests interfere in performance and quality of representation of directors, weakening the exercise of supervision and social control. Key words: Social Control Councils of urban policy, transport and urban mobility. 1 Trabalho desenvolvido com o apoio do Programa PIBIC/UFPA. 2 Graduando do Curso de Serviço Social da Universidade Federal do Pará. Bolsista PIBIC/CNPQ. E- mail: [email protected] 3 Docente da Faculdade de Serviço Social, Universidade Federal do Pará. E-mail: [email protected]

Upload: lamdieu

Post on 27-Jan-2019

232 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

PARTICIPAÇÃO E CONTROLE SOCIAL: UMA ANÁLISE DO CONSELHO DE TRANSPORTE DO MUNICIPIO DE BELÉM NO PERÍDO DE 2005/2015.1

Jefferson Franco Rodrigues2

Olinda RODRIGUES da Silva3

RESUMO.

O presente estudo analisa o papel do Conselho de Transporte do Município de Belém (CTMB) no período de 2005 a 2015, com o objetivo de identificar os limites e desafios do controle social nessa instância de participação na atualidade. A fim de alcançar este objetivo foi realizada a pesquisa bibliográfica e exploratória em livros, revistas, artigos, monográficas com o intuito de compreender a discursão sobre as categorias de análise: controle social e democrático e conselhos de políticas urbanas; pesquisa documental a partir de fontes como: atas das reuniões publicadas do Diário Oficial do Município de Belém e lei de criação do Conselho com a finalidade de resgatar informações acerca do CTMB; e a pesquisa de campo realizada por meio de técnicas como: questionário e entrevistas semiestruturadas realizadas com os Conselheiros do CTMB. Para compreender o objeto da pesquisa o método de abordagem utilizado na investigação foi o dialético e o método de procedimento o histórico. Verificou-se assim, que o CTMB, no que diz respeito a participação e ao controle social, tem se caracterizado como um espaço de caráter limitado e restrito, não possibilitando o aumento do poder de influência dos cidadãos organizados na agenda pública local. O impacto para a sociedade orna-se evidente, visto a fragilidade que se detecta no âmbito dos espaços de discussão e implementação das políticas urbanas nessa área. As dificuldades que se estabeleceram entre os sujeitos com interesses divergentes interferiram na atuação e qualidade da representação dos conselheiros, fragilizando o exercício de fiscalização e controle social.

Palavras-chave: Controle social, Conselhos de políticas urbanas, transporte e mobilidade urbana.

ABSTRACT.

This study analyzes the role of the Council of the Municipality of Bethlehem Transport (CTMB) in the period 2005-2015, with the aim of identifying the limits and challenges of social control that instance of participation today. In order to accomplish this was carried out bibliographic and exploratory research in books, magazines, articles, monographs, etc., in order to understand increasing discussion about the categories of analysis: social and democratic control and urban policy councils; desk research from sources such as minutes of meetings published in the Official Gazette of the Municipality of Bethlehem, creating law, etc., in order to retrieve information about CTMB; and field research using techniques such as questionnaires and semi-structured interviews with the Directors of CTMB. To understand the object of research the approach method of the research was the dialectical and historical procedure method. It was thus that the CTMB appeared as a limited and restricted character of space, not to increase the power of influence of organized citizens in local public agenda. The impact on society of course, because the weakness is detected within the spaces for discussion and implementation of urban policies. The difficulties that occurred among subjects with divergent interests interfere in performance and quality of representation of directors, weakening the exercise of supervision and social control. Key words: Social Control Councils of urban policy, transport and urban mobility.

1 Trabalho desenvolvido com o apoio do Programa PIBIC/UFPA. 2 Graduando do Curso de Serviço Social da Universidade Federal do Pará. Bolsista PIBIC/CNPQ. E-mail: [email protected] 3 Docente da Faculdade de Serviço Social, Universidade Federal do Pará. E-mail: [email protected]

INTRODUÇÃO

A construção das políticas

públicas no Brasil tem um histórico

marcado por uma cultura autoritária

imposta à sociedade civil, que durante

décadas manteve-se ausente dos

espaços decisórios. Nas cidades

brasileiras esses debates vêm se

constituindo com a consolidação da

Constituição Federal de 1988.

Na Amazônia esse cenário não

era diferente, tomemos como exemplo

o Estado do Pará que durante sua

trajetória política sempre teve em sua

gestão governos autoritários que

dificilmente abriam espaços para a

participação dos movimentos sociais

de caráter popular.

Ao longo do tempo, esse

cenário de autoritarismo foi se

modificando e, atualmente já é

possível identificar alguns municípios e

estados criando espaços de

participação da sociedade civil para a

gestão das políticas publicas.

Notadamente que, o fato da

participação estar legitimada em lei,

não necessariamente e imediatamente

materializa mudanças e

transformações abruptas no

comportamento dos sujeitos coletivos

e individuais, tudo isso depende da

construção de uma nova cultura de

participação política e, obviamente de

uma mudança de mentalidade sobre

os direitos de cidadania e, sobretudo,

da correlação de forças existente em

cada espaço social.

Atualmente, a democratização

das relações entre Estado e sociedade

é uma realidade concreta ao nível

formal. Porém, recente, necessitando

de investimentos a fim de lograr

diálogos entre os diversos sujeitos

sociais que disputam interesses no

âmbito das políticas de Estado.

A escolha por analisar o

Conselho de Transporte do Município

de Belém (CTMB) justifica-se por

considerar que ele, o conselho, vem

na esteira de um processo de luta dos

movimentos sociais em intervir na

política de Transporte e Mobilidade

Urbana e na agenda governamental,

que por um longo período de tempo

ficou somente sob a responsabilidade

do governo.

Neste sentido este trabalho tem

como objetivo: realizar um estudo

sobre as categorias de análises

controle social e controle democrático;

e investigar o controle social no

Conselho de Transporte do Município

de Belém no período de 2005-2015.

MÉTODO

O artigo fundamenta-se na

teoria social proposto por Karl Marx o

materialismo histórico-dialético, pois se

entende que para explicar a realidade

e os seus complexos sociais, não

basta somente compreender o

aparente-imediato que é posto através

do primeiro contato com o objeto de

estudo, e sim é preciso ter uma análise

de totalidade e entender que há algo

além da imediaticidade desse objeto.

Sendo assim, esta teoria permite que o

pesquisador possa ir além da

aparência do fenômeno, do imediato e

do empírico, possibilitando apreender

a essência e não apenas a descrição

do real. Segundo Santana e Silva

(2013, p.189) esta teoria é

“comprometida em desvelar o

imediatamente posto, revelar suas

particularidades na totalidade da vida

social”.

O método de procedimento é o

histórico, no qual, possibilita estudar

as origens dos acontecimentos

passados e explicar os seus reflexos

na atualidade. E, o método utilizado

para compreender a realidade

estudada é o dialético. Este permite

analisar e dar ênfase as contradições

da realidade, numa perspectiva

histórica, possibilitando a

compreensão da realidade

socioeconômica. De acordo com Gil

(1999, p.32) “a dialética fornece as

bases para uma interpretação

dinâmica e totalizante da realidade, já

que estabelece que os fatos sociais

não possam ser entendidos quando

considerados isoladamente, abstraídos

de suas influências políticas,

econômicas, culturais etc.”

Por ser uma pesquisa

preliminar, o objetivo principal é

aprimorar os assuntos e conteúdos

sobre as categorias de análises:

participação, controle social e

democrático e conselhos de políticas

urbanas. A fim de alcançar este

objetivo este trabalho se propôs

realizar uma pesquisa bibliográfica-

documental a partir de uma

abordagem qualitativa e quantitativa.

Para o desenvolvimento deste

trabalho foi adotado a pesquisa

qualitativa, de acordo com Minayo

(1994, p.21) a sua preocupação está

centrada em um nível da realidade que

não pode ser quantificado, trabalhando

desta forma “[...] com o universo de

significados, motivos, aspirações,

crenças, valores e atitudes, o que

corresponde a um espaço mais

profundo das relações, dos processos

e dos fenômenos [...]”. Permite ir além

do superficial buscando o

aprofundamento do objeto de estudo.

O primeiro momento da

pesquisa destinou-se ao levantamento

bibliográfico, sendo um instrumento

que esteve presente em todo o seu

período da pesquisa. Este foi realizado

através da literatura regional e

nacional, sobre o tema abordado, em

artigos, livros, teses, monografias,

relatórios, dissertações, etc., com o

objetivo de identificar elementos que

venham a subsidiar a discursão e o

entendimento sobre as categorias de

análises estudadas.

A pesquisa documental de

acordo com Gil (2008, p.51) “vale-se

de materiais que não receberam ainda

um tratamento analítico, ou que ainda

podem ser reelaborados de acordo

com o objeto da pesquisa.” Sendo

realizado em atas das reuniões dos

Conselhos, regimento interno, leis,

planos, projetos, etc. que

possibilitando resgatar informações

acerca dos conselhos de políticas

urbanas, com o objetivo de conhecer a

sua organização e estrutura, bem

como, discursões e deliberações

realizadas nos Conselhos.

O trabalho de campo foi

realizado através de técnicas como:

observação, questionário e entrevistas

semiestruturadas. E, a amostra foi

qualitativa de corte intencional. Os

dados serão examinados a partir da

análise de conteúdo. Com esta técnica

serão observados os seguintes itens:

a) quem são os participantes dos

conselhos que assumem os espaços

de debate e deliberações? b) qual a

noção de participação e controle que

se materializa nos discursos dos

conselheiros? c) Quais os espaços

alternativos de participação e controle

para estabelecer o diálogo com os

representantes pelo conselho?

RESULTADOS

1. A Participação como um controle social: notas para debates.

No Brasil o debate sobre a

participação da sociedade na gestão

pública do Estado voltou à tona com o

período de redemocratização do país

que resultou na consolidação da

Constituição Federal de 1988. No

período de luta pela redemocratização

da sociedade brasileira eclodiram

diversos movimentos de contestação

frente à ditadura militar instaurada no

país e a sua maneira de governar, no

período de 1964 a 1979. Durante esse

período “o controle social foi exclusivo

do Estado sobre a sociedade civil por

meio de decretos secretos, atos

institucionais e repressão a qualquer

expressão política desta”. (CORREIA,

2002, p. 123).

A sociedade civil com objetivo

de por fim ao poder autoritário dos

militares e a busca por acesso e

garantias de direitos sociais,

econômico e políticos, passou a se

organizar junto aos movimentos

sociais e outros atores sociais, como

as Bases da Igreja Católica, as

associações de moradores,

sindicalistas, etc. Constitui-se desta

forma nos anos 70/80 um processo de

reivindicação, expressão e luta. Os

“[...] novos atores sociais e políticos,

que não só lutavam por políticas

públicas que os atendam, mas por

serem reconhecidos como sujeito [...]”

(TEIXEIRA, 2001, p. 22).

Os objetivos das luas sociais

visavam construir novas formas de

encarar o Estado, visando mudar as

regras do controle social e de alterar a

forma de fazer política no país. “O fim

do regime militar e a volta das eleições

livres, com legítimos representantes da

sociedade civil, eram os objetivos

centrais de todas as ações”. (GONH,

2012, p. 53). A luta resultou na

promulgação da CF/1988 que trouxe

avanços sociais importantes como:

[...] mecanismos de democracia semidireta – como a municipalização, o plebiscito, o referendo e a ação popular, seguidos da

construção de um pacto federativo (com a descentralização de responsabilidades da esfera federal para a estadual), bem como de mecanismos de controle democrático - como os Conselhos de Políticas Públicas e de defesa de Direitos, de caráter deliberativo e representação paritário do Estado e da Sociedade na sua composição (PEREIRA, 2002, p. 149)

A expressão controle social não

é analisada de forma unívoca. Os

autores Correia (2002) e Campos

(2006), ao analisarem a expressão

“controle social” afirmam que ela pode

ser concebida a partir de diferentes

sentidos, segundo as distintas

concepções de Estado. Sendo o

controle social analisado do ponto de

vista teórico e político em duas

concepções: uma relacionada ao

controle do Estado sobre a sociedade

e a outra ao controle da sociedade civil

sobre as ações do Estado.

Controle social é um conceito clássico, criado e utilizado, no século XIX, pelo sociólogo francês Emile Durkheim. Com esse conceito ele se referia ao controle do Estado sobre os indivíduos. [...] quando nos referimos ao controle dos cidadãos sobre o Estado, têm-se usado “controle democrático”, isto é, que vem do povo, pelo povo e para o povo. (PEREIRA, 2015)4

Seguindo a ordem acima, a

primeira concepção é compreendida

na perspectiva de “estado restrito”5

4 Informação obtida através da realização de uma entrevista on-line com a Profa. Dra. Potyara Pereira da UNB. Em: 30/01/2015. 5 “Segundo Marx, o Estado é um organismo de dominação de classe, um organismo de

(concepção de Marx sobre o Estado e

sociedade), onde o Estado controla os

cidadãos em face dos interesses

particulares da classe dominante. Este

controle tem como objetivo amenizar

os conflitos de classes existentes na

sociedade, tornando-se um mediador

de conflitos. Sendo que esta primeira

forma de controle está relacionada aos

mecanismos de repressão destinados

à manutenção da ordem. “Trata-se de

um controle exercido verticalmente, de

cima para baixo, de forma centralizada

e quase sempre autoritária”.

(CAMPOS, 2006, p. 104)

Este é o tipo de controle

presente na sociedade capitalista, no

qual há o controle do capital exercido

pelo Estado sobre a sociedade, desde

o século XlX já realizava sobre a

sociedade da época, mediante a suas

formas de organização, produção e

através de suas estruturas de poder.

No decurso do desenvolvimento humano, a função do Controle Social foi alienada do corpo social e transferida para o capital, que adquiriu assim o poder de aglutinar os

opressão de uma classe por outra; é a criação de uma ‘ordem’ que legaliza e fortalece a opressão, diminuindo o conflito de classes [...]. [...]. Como o Estado nasceu da necessidade de refrear as oposições de classe, mas como nasceu, ao mesmo tempo, em meio ao conflito dessas classes, ele é, via de regra, o Estado da classe mais poderosa, daquela que domina do ponto de vista econômico e que graças a ele se torna também classe politicamente dominante e adquire assim novos meios para explorar a classe oprimida” (LÊNIN, p. 25 e 31, apud, CARVALHO; IAMAMOTO, 1983, p. 108)

indivíduos num padrão hierárquico estrutural e funcional, segundo o critério de maior ou menor participação no controle da produção e da distribuição (MÉSZÁRIOS, 2002, p. 991)

O modo de produção capitalista

precisa de formas de controle social

para que haja uma aceitação da ordem

dominante pelos membros da

sociedade. Neste sentido o Estado

capitalista teria como objetivo

assegurar a manutenção ampliada e

hegemônica do capital em detrimento

da força de trabalho. (CORREIA,

2002).

No Brasil, o controle social do

Estado sobre a sociedade foi exercido

hegemonicamente no período da

ditadura militar no Brasil através do

fechamento dos canais de participação

política, desmantelamento das bases

de organização e representação das

classes subalternas, disseminação do

medo, prisões e torturas,

acompanhadas de amplos programas

de assistência e previdência social que

reatualizam as estratégias de

integração social, configurando a

chamada segurança social (ABREU,

2002, p. 121).

Através do processo de

democratização que ocorreu nas

décadas de 1970 e 80 que culminou

na consolidação da CF/1988, a

sociedade civil brasileira passou a ter

garantido o direito ao controle social

“democrático”. A partir da “Carta

Cidadã” os mecanismos de controle

social – Conselhos e Conferências –

tornaram-se institucionalizados e

“trouxeram consigo a legalidade da

participação social na perspectiva do

controle social ‘democrático’. Ou seja,

na perspectiva da sociedade civil

participar da formulação e fiscalização

das políticas sociais e públicas”.

(CALVI, 2008, p. 288).

Tem-se neste momento da

implementação da CF/88 um Estado

regulador e garantidor de direitos

sociais com a ampliação da

participação da sociedade, a

universalização e a democratização

das políticas públicas. Entretanto,

percebe-se que na década de 90 o

projeto do governo foi de integração ao

grande capital, tendo como modelo de

gestão a regulação da economia no

contexto neoliberal. O que coloca em

xeque os diretos sociais conquistados

com a CF/1988.

Neste projeto, a classe dominante pretende destruir qualquer empecilho que atrapalhe a reprodução ampliada da acumulação do capital [...]. Neste contexto, é exigida a desregulamentação do Estado e a volta do mercado como regulador da economia e da sociedade. Este giro neoliberal implica o corte de gastos sociais e desmonte das políticas públicas, e a desuniversalização e à privatização dessas políticas com focalização dos recursos nas áreas populacionais consideradas de risco. (CORREIA, 2002, p. 128).

Portanto, o Capital se utiliza

hegemonicamente do Estado para

controlar as classes subalternas e

suas organizações. No entanto, o

controle social do capital desenvolve-

se de forma contraditória, ou seja, ele

confronta-se com as lutas e

mobilizações sociais.

[...] de forma a viabilizar outras formas de controle social, que passam a coexistir e relacionar-se com ele. Isto é, controle social do capital não consegue destruir por completo as lutas emancipatórias dos trabalhadores. Deste modo, ele acaba transferindo potencialidades de controle para as classes trabalhadoras possibilitando a construção de um tipo de controle distinto do controle social do capital. (CALVI, 2008, p. 114).

É frente a esse controle social

hegemônico do Estado que é

analisada a segunda concepção do

controle social o “Democrático”. Em

favor dos seus interesses particulares

a sociedade civil tem possibilidades de

intervir nas ações governamentais.

Esta concepção está fundamentada na

concepção de “Estado ampliado”6 em

Gramsci. O Estado apesar de

representar hegemonicamente os

interesses da classe dominante tende

6 “O Estado em Gramsci é ampliado por incorporar além da sociedade política a sociedade civil com seus aparelhos de hegemonia que mantêm o consenso. Assim, para manter o consenso, o Estado incorpora demandas das classes subalternas. No Estado ampliado, essas buscam espaços na sociedade civil na tentativa de criar uma contra-hegemonia através da ‘guerra de posições’.” (CORREIA, 2004, p. 164)

a incorporar as demandas das classes

subalternas.

O controle social nesta

perspectiva ocorre a partir da “atuação

da sociedade civil organizada na

gestão das políticas públicas no

sentido de controlá-las para que estas

atendam, cada vez mais, às demandas

sociais e aos interesses das classes

subalternas. ” (CORREIA, 2002, p.

121). Ou seja, a sociedade civil tem a

possibilidade de intervir na agenda

governamental dirigindo as suas ações

e os gastos do Estado na direção dos

interesses da maioria da população.

A lógica do controle social é de que quem paga indiretamente os serviços públicos, por meio de impostos é a própria população; portanto, ela deve decidir onde e como os recursos públicos devem ser gastos, para que tais serviços tenham maior qualidade e atendam aos interesses coletivos, não ficando à mercê de grupos clientelistas e privatistas (CORREIA, 2002, p. 124).

O controle social torna-se

necessário porque na atual conjuntura,

os interesses capitalistas tendem a ser

dominantes. O fundo público brasileiro

é um exemplo, onde o modelo de

produção neoliberal utiliza este fundo

a seu favor, no financiamento do

capital, em contrapartida aos

financiamentos dos serviços públicos.

Como afirma Correia (2002, p. 128) “É

determinante controlar os recursos

públicos numa conjuntura de

diminuição de gastos sociais e

enxugamento do Estado”. O controle

dos recursos públicos torna-se um

desafio para a sociedade, criando

resistências à privatização,

mercantilização e redução das

políticas sociais e públicas, tendo

como objetivo a construção de sua

hegemonia.

Desta forma o controle

democrático exercido pela sociedade

são ações desenvolvidas pela

sociedade civil nos conselhos, tendo

como objetivo o monitoramento, a

fiscalização e a avaliação da

sociedade sobre as ações

desenvolvidas sobre determinada

política pública e/ou social, garantindo

sua influência na agenda

governamental. (CAMPOS, 2006).

Para o autor este controle possui três

dimensões: a política, a técnica e a

ética.

[...] a política, relacionada à mobilização da sociedade para intervir nas agendas do governo; a técnica voltada para a fiscalização da gestão dos recursos para a avaliação das ações governamentais e para a discussão, inclusive, do grau de afetividade destas na vida dos destinatários e a ética, por associar gestão participativa à construção de novas relações sócio-políticas e econômicas fundadas nos ideais da solidariedade, da soberania e da justiça social. (CAMPOS, 2006, p.104)

O autor Teixeira (2002) também

analisa a participação como um

instrumento que a sociedade pode se

utilizar para controlar as ações do

Estado. Participando dos espaços

públicos a sociedade pode definir

critérios e parâmetros a ação pública.

Para o autor existem duas dimensões

básicas que podemos entender o

controle social “democrático”. A

primeira refere-se a ‘’accountability’’

quando ocorre a prestação de contas

por determinado grupo que ficou

responsável pela execução de uma

política pública, “conforme parâmetros

estabelecidos socialmente em espaços

públicos próprios”. E, a segunda é

advinda da primeira, e visa

responsabilizar os agentes políticos

por suas ações de acordo com as leis

e padrões éticos internos. Já que estas

foram decididas em nome da

sociedade, então cabe a mesma

exercer o controle para ficar informada

sobre o que esta acontecendo. De

acordo com Teixeira,

O controle social do Estado é um mecanismo de participação dos cidadãos que, para ser efetivo, deve ter como alvos não apenas os centros periféricos, mas sobretudo aqueles que se destinam às decisões estratégicas e ao próprio sistema econômico. [...] o controle social deve estender-se para o sistema econômico, submetido cada vez mais às leis do mercado, apesar de algumas limitações legais existentes, facilmente burladas pelo poder dos lobbies e pela influência política dos seus agentes. (TEIXEIRA, 2002, p. 38)

Concorda-se com Calvi (2008,

p.115 e 121) quando analisa que o

controle social e democrático

possibilidade a sociedade civil a

participar na elaboração, fiscalização e

implementação das políticas sociais.

Sendo um dos elementos constitutivos

de uma esfera pública ampliada e

democrática. E que os Conselhos

estão atravessados pelos diferentes

controles sociais existentes no cenário

brasileiro, que se mostram em

permanente contradição e conflito.

2. ANÁLISE DA ATUAÇÃO DO CONSELHO MUNICIPAL DE TRANSPORTE EM BELÉM-PA.

A seguinte pesquisa propôs-se

a realizar o estudo sobre a atuação do

Conselho Municipal de Transporte de

Belém (CMTB) no período de 2005 a

2015, pois este foi o primeiro conselho

de política urbana instituído em Lei no

município. Neste sentido, buscou

estudar o funcionamento, a

composição, a organização, a

participação e o protagonismo dos

conselheiros frente ao controle social

na política de Transporte e Mobilidade

Urbana. Para atingir tais objetivos

foram analisadas as atas das reuniões

extraordinárias disponibilizadas pelo

Diário oficial do Município de Belém

(DOM) e entrevistas semiestruturadas

com dois Conselheiros representantes

da Sociedade Civil.

O CMTB foi criado no município

de Belém através da Lei nº 7873 de 11

de março de 1998, este é um órgão de

caráter Consultivo e Deliberativo, com

finalidade de “promover a gestão

democrática do Sistema de

Transporte”. Com sua criação abriu a

possibilidade para a participação e o

controle social dos atores sociais

locais intervirem na elaboração,

monitoramento, na fiscalização e na

avaliação de políticas públicas e

sociais nessa área, bem como intervir

nas ações governamentais. Ações

estas que para Grazia de Grazia

(2003, p. 53-69), tornam-se “condição

para a conquista dos direitos, da

cidadania, de novas políticas públicas

que incorporem os excluídos e de

novas referências para as cidades”.

O sistema de transporte em

Belém somente será caracterizado

como uma responsabilidade do

município após a consolidação da

Constituição Federal de 1988, com o

seu processo de municipalização e

descentralização político-

administrativo, no qual coube aos

municípios à responsabilidade em

gerenciar os serviços públicos locais,

como consta no Inciso V da CF/88

“Art. 30. Compete aos Municípios: [...]

V - organizar e prestar, diretamente ou

sob regime de concessão ou

permissão, os serviços públicos de

interesse local, incluído o de transporte

coletivo, que tem caráter essencial;”.

E, a criação de espaços públicos como

os Conselhos Municipais para a

gestão de políticas públicas.

A criação do CMTB originou-se

também em decorrência de uma

demanda dos movimentos sociais da

região em participar da gestão pública

municipal, visto durante anos a

população ser excluída no processo de

participação e controle social das

políticas públicas municipais. A política

de Transporte e Mobilidade Urbana do

município de Belém estava sob a

gestão exclusiva do órgão

governamental - a Companhia de

Transporte de Belém (CTBEL). No

entanto, como afirma Vasconcelos

(2009) não houve uma preocupação

no que se refere a “implementar uma

política de enfoque global de longo

prazo, tendo prevalecido a adoção de

uma política pontual e imediatista”, não

respondendo as principais demandas

da sociedade.

Fato este que contribuiu para o

processo de organização, mobilização

e protestos de diversos atores sociais

na cidade frente à carência de

infraestrutura, principalmente ao

Transporte Coletivo e a Mobilidade

Urbana, com o objetivo de

participarem do processo dos

programas e projetos relacionados à

política. Neste sentido, procurou-se

reunir naquele momento atores sociais

da sociedade civil organizada para

intervir na gestão pública e nas ações

do Município em prol da melhoria de

vida da população. (KLAIN, 2012)

2.1 Conselho Municipal de Transporte de Belém-PA (CMTB): Composição, organização e funcionamento no Período de 2005/2010.

Conforme previsto pela Lei nº

7873/1998, Art. 5º, inciso 2º, a

composição do CTMB é paritária, ou

seja, deverá apresenta o mesmo

número de representantes do poder

público e da sociedade civil. Ao

analisar o período de 2005/2015

através das atas de posses, identificou

que há uma paridade entre as

entidades no CTMB, como mostra o

Quadro 01 ao lado.

Quadro 01. Paridade das Entidades.

Fonte: Elaboração própria com base na de criação do conselho - Lei nº 7873/98.

A sociedade civil apresenta

nove entidades e cada uma possui um

conselheiro titular e um conselheiro

suplente. Já o poder público apresenta

oito entidades sendo que cada uma

SOCIEDADE CIVIL PODER PÚBLICO

Comissão dos Birros de Belém (CBB)

Prefeitura Municipal de Belém (PMB)

Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. (DIEESE)

Superintendência Executiva de mobilidade urbana de Belém (SEMOB)

Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belém (SETRANS/BEL)

Secretaria Municipal de

Coordenação Geral de

Planejamento e Gestão

(SEGEP)

Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado do Pará (STTREPA)

Secretaria Municipal de Urbanismo (SEURB)

Federação das Associações de Aposentados e Pensionistas do Estado do Pará (FAAPA)

Secretaria Municipal de Economia (SECON)

Sindicato dos Taxistas do Município de Belém, Estado do Pará (STAPEPA)

Secretaria Municipal de Saneamento (SESAN).

União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas (UMES)

Comando de Policiamento

da Capital (CPC)

Associação Paraense das Pessoas com Deficiência (APPD)

Departamento de Trânsito do Estado do Pará (DENTRAN)*

Federação

Metropolitana de

Centros Comunitários

(FEMECAM)

Departamento de Trânsito do Estado do Pará (DENTRAN)*

apresentando um conselheiro titular e

um conselheiro suplente, exceto o

Departamento de Transito do Estado

do Pará (DETRAN) que apresenta dois

conselheiros titulares e dois suplentes.

A respeito da composição do

CTMB identificou-se com a pesquisa

que durante o período investigado o

Conselho permaneceu com o mesmo

número de entidades e conselheiros

titulares e suplentes do poder público e

da sociedade civil desde o ano de sua

criação. Percebe-se que não houve

uma ampliação ou abertura de espaço

no âmbito do CTMB para os que

militam na política de transporte e

mobilidade urbana no município de

Belém ao longo deste período, não

ocorrendo desta forma uma ampliação

da representação no CTMB.

No parecer Nº 001/20147, o

Conselheiro do Sindicato dos Taxistas

do Município de Belém/Estado do Pará

sugeriu a inclusão do Ministério

Público e do Tribunal de Contas no

CTMB “para que atuem como fiscais

da população”, mas até este momento

não foi decidido pelo conselho à

inclusão destes. Os conselheiros A e B

da Gestão 2014/2016 em entrevista

pontuaram a importância da inclusão

de novas entidades ao conselho.

7 Publicado no Diário Oficial, Ano LV – Nº 12.563.

[...] a gente tem já discutido dentro do conselho da necessidade de trazer um número maior de representante para o conselho [...], mas hoje existem vários segmentos que se fazem, que se fazem necessário estar lá dentro também”. (Conselheiro B) (Grifos dos autores)

Hoje, por exemplo, os motos taxistas querem participar também, o pessoal do alternativo [...] desse transporte que é o complemento do que os ônibus não fazem [...] (Conselheiro A)

A gestão do CTMB será de dois

anos, admitindo apenas uma reeleição

consecutiva por mandato, como costa

na Lei de criação e no regimento

interno. Ou seja, cada Conselheiro

titular ou suplente poderá permanecer

no conselho apenas quatro anos –

totalizando duas gestões. No entanto,

ao analisar as atas de posses de

2005/2015, identificou-se que três

entidades que estão com os mesmos

conselheiros titular e/ou suplente há

dez anos, são estas:

A Comissão de Bairros de Belém

(CBB);

O Sindicato dos Taxistas do Estado do

Pará (STEPA);

E Associação Paraense de Portadores de Deficiência (APPD).

Observando que quatro entidades

estão com os mesmos representantes

há seis anos:

A Federação Metropolitana de Centros

Comunitários (FEMECAM);

O Sindicato dos Trabalhadores em

Transportes Rodoviários do Estado do

Pará (STTREPA),

A Federação das Associações de

Aposentados e Pensionistas do

Estado do Pará (FAAPA) e

O Sindicato das Empresas de

transporte de Passageiros de Belém

(SETRANS/BEL).

Em entevista o Conselheiro A,

que é conselheiro há 15 anos8,

reconhece que o “[...] mandato de

cada conselheiro é durante dois anos,

podendo ser reconduzido por mais um

e depois você tem que indicar outro

[...]”.

É importante destacar que a

organização do CTMB respalda-se na

Lei de criação e no Regimento Interno,

no ultimo consta os grupos de

trabalho.

A presidência do CTMB fica a

cargo do/a presidente SEMOB. E, os

conselheiros dos Órgãos Públicos

serão nomeados pelas autoridades

administrativas e, os representantes

da Sociedade Civil serão indicados

pelos respectivos dirigentes. 8 Informação obtida através do Questionário.

Em entrevista com os

Conselheiros da Gestão 2014/2016 ao

perguntar “Como foi o processo de

Escolha do Conselheiro?”. o

Conselheiro A não respondeu a

pergunta e o segundo informou que a

sua entidade realiza “[...] um debate,

primeiro é a questão da afinidade com

a discurssão. E o segundo é a questão

de no minimo de conteúdo - é

necessário para fazer a discurssão

interna no conselho.”, como consta em

Lei.

Quanto ao funcionamento do

CTMB, este se encontra atualmente

realizando suas reuniões

extraordinárias na Secretaria de

Mobilidade Urbana (SEMOB). O

conselho não apresenta nenhuma

infraestrutura financeira, material e

humana, como por exemplo, uma sala

própria para a realização das reuniões,

equipes técnicas, etc.

Segundo Campos (2006) para

que o conselho seja autônomo e

soberano em suas prerrogativas em

relação à Secretária que está

vinculado, ele precisa apresentar

condições de infraestrutura básicas.

Neste sentido, visando conhecer se há

autonomia do CTMB se perguntou aos

Conselheiros se eles têm uma relação

autônoma com a SEMOB. Para o

Conselheiro A “Sim, o conselho tem

sim!” e o Conselheiro B não respondeu

a pergunta.

As reuniões CTMB

acontecerão “ordinariamente, pelo

menos uma vez a cada mês [...]” e as

reuniões extraordinárias acontecerão

apenas quando necessário (BELÉM,

Lei nº 7873/98). No entanto, pelas

entrevistas obtidas percebeu uma

contradição nas informações a

respeito da reunião do conselho, pois

o Conselheiro A informou que as

reuniões acontecem mensalmente,

mas, segundo a Secretária do

Conselho e o Conselheiro B as

reuniões acontecem de maneira

extraordinária.

“Nós temos feito um calendário que seria mensal as reuniões, uma data, por exemplo, a terceira quarta-feira do mês, tá entendendo?” (Conselheiro A)

“Extraordinariamente, somente. Nós temos

uma reunião ordinária no inicio do ano e o restante é toda extraordinária [...]” (Conselheiro B)

Compreende-se que as

reuniões extraordinárias não são um

espaço suficiente que promova o

diálogo entre o poder público e a

sociedade civil. Segundo Cunha

(2004) o funcionamento do conselho “é

baseado em reuniões ordinárias

mensais abertas e públicas, podendo

ocorrer algumas extraordinárias em

que os conselhos têm direito a voz e

voto e os demais participantes têm

direito a voz [...]”. (CUNHA, 2004, p.

6). Torna-se necessário que o

conselho promova reuniões mensais

para que sejam discutidos os assuntos

voltados a política de transporte e

mobilidade urbana, possibilitando que

os conselheiros possam debater e

propor decisões.

Diante do exposto, a questão

composição, da organização e da

representatividade no conselho é

colocada em xeque, haja vista que

este é um espaço que inaugura a

participação através da representação

em Belém, mas como demostra os

resultados, o Conselho de Transporte

não vem contribuindo com as duas

dimensões da representatividade

ressaltada por Santos (2004, p. 45) a

primeira que “visa chegar ao maior

número de organizações da sociedade

civil” e a segunda “que é ir além das

organizações sociais que compõem

determinado segmento e atingir os

setores não organizados da população

[...]”.

2.2. Protagonismo dos Conselheiros: Reuniões, Pautas e Participação no período de 2005/2015.

A pesquisa em tela buscou

analisar o protagonismo dos

conselheiros através da participação

nas reuniões extraordinárias. Foram

analisadas seis reuniões

extraordinárias durante o período –

2007/2010. As informações do ano de

2005 e 2006 não foram

disponibilizadas no Diário oficial do

Município de Belém. A Tabela 01 e 02

abaixo apresentam as presenças e

ausências dos conselheiros nas

reuniões do CTMB, respectivamente.

Tabela 01. Presenças nas Reuniões Extraordinárias.

Representantes Qtd. %

Sociedade Civil 43 39, 81%

Poder Público 50 46, 29%

Presença Efetiva 93 86, 1%

Presença Ideal. 108 100%

Fonte: Pesquisa Documental, 2014/2015.

Tabela 02. Ausências nas Reuniões Extraordinárias.

Representates Qtd. %

Sociedade Civil 11 10, 18%

Poder Público 4 3,70%

Ausência Efetiva 15 13, 88%

Ausência Ideal 108 100%

Fonte: Pesquisa Documental, 2014/2015.

Como consta na Tabela 01 as

entidades do poder público foram as

mais assíduas em relação à sociedade

civil. Isto se comprova quando é

analisada a Tabela 2 que mostra o

poder público com apenas quatro

ausências nas reuniões analisadas

totalizando quatro ausências. Como

consta nas atas das reuniões

extraordinárias apenas uma entidade –

o DETRAN que faltou as reuniões.

Já os representes da sociedade

civil tiveram 39, 81% presenças.

Sendo que, apenas quatro entidades

participaram efetivamente em todas as

seis reuniões analisadas, são estas: a

CBB, a FAAPA, o DIEESE e a

SETRANS/BEL, como demostra o

Quadro 02 na página seguinte.

As participações das entidades

da sociedade civil no Conselho foram

questionadas pelo Conselheiro B ao

relatar que estas estão “somente para

cumprir tabela”.

[...] a gente lamenta infelizmente que dentro da sociedade civil existem duas ou três entidades que não participam efetivamente, tá, inclusive há varias, varias, varias reuniões que não comparecem e isso é ruim, que além de prejudicar, ainda que seja alguém só para cumprir tabela não participa das reuniões, ai logico que a sociedade civil acaba perdendo. (CONSELHEIRO B)

Quadro 02. Frequência das Entidades.

Fonte: Elaboração própria com base nas Atas disponibilizadas no Diário Oficial do Município de Belém.

A presidência do CTMB, como

já foi citada no item anterior, é

realizada pela SEMOB representante

do poder público, como consta na lei

de criação do conselho. No entanto, a

pesquisa possibilitou identificar por

meio das atas e das entrevistas que as

reuniões são conduzidas pelo

presidente do CTMB, como salientam

os Conselheiros A e B em entrevista.

9 Como já foi explicado o DETRAN possui 02 Conselheiros Titulares e 02 suplentes.

[...] a presidente do conselho tem o livre arbítrio para solicitar uma extraordinária, que pode ser feita a qualquer momento. (Conselheiro A).

Sempre é a presidente, pelo regimento interno, é a presidente do conselho que dirige as reuniões. (Conselheiro B)

E de acordo com os mesmo

Conselheiros é a presidência do CTMB

que elabora as pautas a serem

discutidas nas reuniões do conselho

sem a participação dos demais

membros. Caso algum conselheiro

queria propor alguma pauta ele

SOCIEDADE CIVIL PODER PÚBLICO

Sigla Presença Ausência Justificativa Sigla Presença Ausência Justificativa

CBB 6 ---- ---- SEMOB 6 ---- ----

FEMECAM 3 3 ---- SEGEP 6 ---- ----

STTREPA 4 2 ---- SEURB 6 ---- ----

SETRANS/BEL 6 ---- ---- SECON 6 ---- ----

DIEESE 6 ---- ---- SESAN 6 ---- ----

APPD 4 2 ---- CPC 6 ---- ----

STTEPA 4 2 ---- PMB 6 ---- ----

FAAPA 6 ---- ----

DETRAN

9

8 4 ----

UMES 4 2 ----

somente poderá acrescentar durante a

reunião, após a leitura das pautas.

Nota-se que não há um processo

democrático na elaboração das pautas

e que os principais assuntos tratados

no Conselho não correspondem às

reais demandas da população de

Belém.

[...] quem define [a pauta] é a presidente do conselho, ela que delibera a pauta de acordo com aquilo que ela entende [...]” (Conselheiro A)

Bem, a presidente ela repassa para a gente, né... a pauta, e no momento que é feito a leitura da pauta, quem tiver alguma outra pauta que possa ser acrescentada no momento entra como pauta ou se não for possível agenda-se então uma nova reunião para que seja debatida aquela proposta de pauta.” (Conselheiro B)

Em relação às pautas

discutidas no CTMB os conselheiros

A e B informaram que o Conselho não

debate apenas assuntos voltados à

tarifa de transporte público, e sim,

sobre a questão da qualidade do

transporte, da necessidade do

aumento do transporte público, sobre a

questão da acessibilidade, etc.

Não é só a tarifa, ai vem a questão da qualidade do transporte, a qualidade das vias, né..., [...] as questões das qualidades e das necessidades, ai entra as questões da necessidade da acessibilidade, a necessidade do aumento dos condutores, a necessidade do aumento dos trabalhadores, as necessidades do melhoramento das vias, as necessidades das sinalizações, né..., quer dizer das verticais, tudo isso é debatido, tudo isso é objeto [...] de debate do conselho. (Conselheiro B)

Tudo que se relaciona com o transporte, como o trânsito, a melhorias da mobilidade, [...] não é só o transporte, o transporte dentro todo os seus modais, pode ser ele rodoviário, pode ser fluvial, qualquer aspecto nós podemos discutir e deliberar. (Conselheiro A)

Entretendo ao analisar as

pautas das reuniões extraordinárias a

fim de conhecer os principais assuntos

debatidos no conselho durante o

período de dez anos, a pesquisa

identificou que ocorreram dezessete

reuniões extraordinárias, e que as

reuniões tiveram como pautas apenas

os reajustes de passagens do

transporte coletivo, do transporte

hidroviário, das tarifas dos táxis e dos

micro-ônibus. Como mostra o Quadro

03 abaixo:

Quadro 03 - Pautas das reuniões

extraordinárias período de 2005 - 2015.

Fonte: Elaboração própria baseado nas informações do Diário oficial do Município de Belém.

Ao analisar o Quadro 03 se

observa que não foi colocado em

pauta nenhum assunto voltado a

Pautas Pautado

Reajuste da tarifa do serviço de

transporte coletivo por ônibus.

8

Reajuste de tarifa de transporte

hidroviário.

4

Reajuste da tarifa do serviço de

transporte individual de

passageiros por táxi do

Município de Belém.

3

Reajuste da tarifa do serviço de

transporte por micro-ônibus.

2

Política de Transporte e Mobilidade

Urbana para o município de Belém,

tais como: a criação do programa de

participação popular; a criação do

sistema de informação à população

sobre o sistema de transporte; a

expansão e o aperfeiçoamento de

transporte do município; levantamento

e a elaboração de medidas as

reclamações e reivindicações da

população, etc., assuntos que compete

ao CTMB.

Vale ressaltar que as pautas em

sua maioria foram propostas pelos

representantes da sociedade civil.

Desta forma, concorda-se com

Dagnino, Oliveira e Panfichi (2006)

que a sociedade civil não é

homogênea e que é composta por

uma grande heterogeneidade de

atores sociais, incluindo atores

conservadores, que apresentam

diferentes projetos societários.

O transporte coletivo é o meio

de transporte mais utilizado pela

população do município de Belém.

Este meio de transporte obteve oito

propostas de reajuste de sua tarifa. Ao

analisar este reajuste, constatou-se

que: em 2005 o valor da passagem

custava R$ 1,35 (um real e trinta e

cinco centavos) e a meia passagem

R$ 0, 65 (sessenta e cinco centavos) e

no ano de 2015 este valor custa R$

2,70 (dois reais e setenta centavos) e

a meia passagem R$ 1,35 (um real e

trinta e cinco centavos), obtendo um

aumento de 100% as passagens

“inteiras” e a meia passagem 107,69%.

O aumento das passagens

durante esses 10 anos não

acompanhou a qualidade no sistema

de transporte e mobilidade urbana

local, motivos de reclamações e

protestos pela cidade. No estudo

realizado por Amaral no ano de 2013

com lideranças dos movimentos

sociais de Belém a respeito do

transporte público por meio de ônibus,

este identificou que: 100%

consideraram o conforto insatisfatório;

em relação a pontualidade 85,7%

consideram insatisfatório e 14, 3%

regular; 74, 4% das lideranças

avaliaram a limpeza como

insatisfatória, 14, 3% como regular e

14, 3% consideraram bom; em relação

a acessibilidade 85,7% insatisfatória e

14, 3% regular.

Como destaca Vasconcelos

(2011, p. 301) “[...] a população

usuária do transporte público arca com

o ônus da dívida pública, nos

investimentos para o setor,

fortalecendo a iniciativa privada no seu

processo de acumulação”.

[...] o transporte regular por ônibus opera com visíveis sinais de deterioração, frota insuficiente e envelhecida, ausência de pontualidade, conforto, confiabilidade, segurança, além da superlotação dos veículos, dentre outros fatores que comprometem o nível do serviço ofertado aos usuários. (VASCONCELOS, p. 285).

Ao analisar o item

“Protagonismo dos Conselheiros:

Reuniões, Pautas e Participação”,

constatou-se que no CTMB não vem

ocorrendo uma participação

democrática ou participativa, pois ao

analisar a frequência se constatou que

há uma relativa participação

quantitativa, mas não na mesma

proporção da qualitativa, haja vista que

as pautas ficaram restritas algumas

entidades e a um único tema: o

reajuste de tarifas. Desta forma, a

participação no CTMB caracterizou-se

pela participação gerencial ao

“desconsiderar o coletivo e limita-se ao

atendimento de demandas imediatas

de um grupo [...]” (OLIVEIRA, 2006, p.

71).

3.3. O Conselho Municipal de Transporte - na visão dos Conselheiros.

O seguinte item buscou

analisar, na visão dos conselheiros, o

entedimento a respeito da Política de

Transporte e Mobilidade Urbana e

sobre o papel do Conselho de

Transporte de Belém. Entende-se que

os Conselheiros ao pleitearem

participar do Conselho possuam algum

conhecimento específico a respeito da

política pública que o conselho esta

vinculada e sobre o papel do

Conselho, para que estes possam de

fato propror ações.

A pesquisa identificou que os

conselheiros compreendem o

processo de criação do CTMB, mas

estes não possuem uma clareza sobre

a concepção e papel do conselho,

apresentando apenas uma visão

geral.

[...] o fundamento maior do conselho é justamente planejar e trazer a essas entidades representativas quais as mudanças e o que se vai precisar fazer para a melhoria da mobilidade dentro da atividade de transporte. (Conselheiro A).

O conselho de Transporte [...] veio para atender realmente a necessidade do controle social em cima da questão dos transportes [...] conselho ele foi necessário, é necessário, e certamente será necessário no controle, para que a gente possa estar discutindo. (Conselheiro B)

De acordo Gonh (2011) há uma

ausência de capacitação dos

conselheiros para que a participação

seja qualificada, por exemplo, na

elaboração e gestão das políticas

públicas, principalmente aos

representantes da sociedade civil. Esta

falta de capacitação foi identificada no

CTMB através das falas dos

conselheiros abaixo, em relação às

atribuições, competências e objetivos

do CTMB, pois estes apresentram uma

visão restrita em relação ao que

define a Lei Lei nº 787/1998.

É dentro daquilo que eu digo, hoje como há uma necessidade e há um estudo muito profundo a mobilidade e a melhoria, e como nos temos como seres humanos, o hábito de não cumprir as normas, não executar [...] a faixa esta bem ali, mas você não atravessa na faixa, então o conselho ele é mais ou menos para você discutir esse tipo de tema, e procurar melhorias, está endentando? Achar didáticas que possam melhorar o comportamento do ser humano para que ele evite isso [...] (Conselheiro A) (Grifos dos autores)

[...] decidiu para melhorar a respeito das tarifas públicas, decidiu para melhorar as questões do transporte, decidiu para melhorar a respeito das melhorias de acesso das vias e das sinalizações, se resume isso. (Conselheiro B)

A fim de compreender de que

forma o Conselho contribui para a

Política de Transporte e Mobilidade

urbana do município de Belém na

perspectiva dos entrevistados, haja

vista os dados detalhados no Quadro

03 onde se lê que o CMTB apenas

realiza reuniões extraordinárias com o

objetivo do aumento das tarifas de

transportes em seus diversos modais.

Perguntou-se aos conselheiros

A e B quais as principais conquistas do

Conselho.

No período que eu participei como conselheiro eu acho que uma das maiores conquistas é o próprio da “tarifação”, hoje se a sociedade civil não tivesse representada ali, a gente teria certamente a tarifa pública bem maior, seria bem maior. [...]. Quando houve a questão dos

vinte centavos, onde aqui não houve reajuste. Isso foi significativo para gente, não somente no aspecto político, mas como social. (Conselheiro B) (Grifos dos autores)

Instalar um semáforo naquele cruzamento que é perigoso [...] isso são tudo aquilo que a gente solicita - colocar uma faixa na frente da escola que a gente vê que é necessário, a gente coloca, a gente debate a melhoria, por exemplo do uso de transporte, que é mais debatido [...] (Conselheiro A) (Grifos dos autores).

A através das colocações dos

conselheiros pode-se concluir que o

conselho vem apresentando propostas

que expressam somente discursões

pontuais e imediatistas, em relação à

política de transporte e mobilidade,

não apresentando, portanto,

indicações de políticas com enfoque

global que contemple de fato as

demandas da população e dos

movimentos sociais.

Quanto ao repasse de

informaçãoes como as pautas e

deliberações discutidas no âmbito

interno do CTMB os conselheiros A e

B disseram que acontecem através de

assembleias e/ou reuniões.

O Conselheiro B acrecentou

que estas informações são

repassandas “sempre que tem algum

ponto polêmico a ser discutido [...]”.

[...] como representante do conselho é trazer esse ponto a nível de diretoria, para que a a gente afine a nível de diretoria, para resolver qual a posição que a [entidade] vai estar defendendo dentro do conselho, da forma como ela vai fazer o enfrentamento [...] e após isso [...] nem sempre existe um tempo hábil

para você fazer a articulação com o segmento, você após isso leva para uma reunião ou uma assembleia [entidade] e a gente repassa a titulo de informe e até a titulo de deliberação para que a gente possa tá apresentando no conselho. Então nós temos duas instâncias: primeiro com o corpo diretor e depois com o corpo associativo. (Conselheiro B) (Grifos dos autores)

Ao observar a fala do Conselheiro é

possível verificar que as informações

para a base ocorrem de maneira

restrita. A partir do exposto, concorda-

se com Bravo (2006) que há

“dificuldade do exercício da

democracia participativa”, ao

evidenciar que há muitos obstáculos

no âmbito externo e interno dos

conselhos.

DIFICULDADES.

Encontrou-se dificuldades na

realização da pesquisa de campo no

Conselho de Transporte do Municipio

de Belém (CTMB). Foram emitidos

quatro oficios: o primeiro no dia

13/11/2014 e o último dia 15 de Julho

(segue em anexo) à Presidente do

Conselho e ao Orgão responsável pela

Política de transporte e mobilidade de

Belém objetivando socilitar entrevistas

semiestruturadas com os conselheiros,

acesso aos documentos do Conselho,

tais como: Atas, Cartilhas, Relatórios,

Regimento Interno, entre outros. No

entento até a finalização deste

trabalho nenhum documento foi

entregue.

A investição a respeito do

controle social no CMTB tinha como

objetivo analisar o Perfil dos

Conselheiros para identiicar a faixa

etária, gênero, escolaridadade, renda,

filiação partidária, etc., através das

fichas cadastrais dos conselheiros.

Como já foi citado acima não foram

viabilizados nenhum documentos do

Conselho, não sendo possivel analisar

estes itens.

A proposta deste estudo era

também realizar entrevistas com 50%

dos conselheiros. Entretanto, como a

presidência do Conselho não

disponibilizou a relação dos

conselheiros com os seus respectivos

contatos, tivemos que realizar um

levantamento dos atuais conselheiros

com o objetivo de conseguir contato

para a realização das entrevistas.

Somente após a solicitação do último

oficio 13/07/2015 que foi indicado um

conselheiro a realizar a entrevista no

dia 17/07/2015. Para entrevista com

mais um conselheiro foi necessário a

busca nas próprias entidades,

chegando ao segundo entrevistado.

Compreende-se que a

informação e a transparência é o

pressuposto basico da participação

nos espaços públicos. Ao pesquisar a

atuação do CTMB constatou-se que

este orgão não vem divulgando as

reuniões nos meios de comunicação

para a sociedade, e que apenas as

deliberações de suas reuniões

extraordinárias são divulgadas no

Diário Oficial do Muncipio de Belém.

DISCUSSÃO.

A participação nas discussões

de interesse público que convergem

para a implementação de políticas

sociais e públicas foi assegurada em

lei a partir da Carta Constitucional de

1988, e abriu espaço para que a

sociedade civil participasse da

construção de uma agenda comum

entre sociedade e Governo,

influenciando diretamente, no

desenvolvimento humano e social de

todos.

Durante décadas a divisão

política do poder nos estados do norte

brasileiro, e, em especial no município

de Belém, tem oscilado em função dos

interesses de grupos nacionais,

regionais e internacionais, alheios às

necessidades das populações

carentes que normalmente mantêm-se

ausentes das estruturas de poder.

Belém do Pará, a gestão democrática

ainda ressoa como uma grande

novidade, carecendo de investigações,

reflexões e críticas.

Tendo em vista o Conselho de

Transporte do Munícipio de Belém, por

meio dos resultados expostos, este

apresentou um caráter limitado e

restrito, não visando aumentar o poder

de influência dos cidadãos

organizados na agenda pública local.

O impacto para a sociedade é

evidente, visto a fragilidade que se

detecta no âmbito dos espaços de

discussão e implementação das

políticas urbanas. As dificuldades que

se estabeleceram entre os sujeitos

com interesses divergentes

interferiram na atuação e qualidade da

representação dos conselheiros,

fragilizando o exercício de fiscalização

e controle social.

Diante desse quadro é correto

afirmar que o desafio de ampliação da

democracia participativa é um tema

cada vez mais relevante, e que, requer

maior aprofundamento nas reflexões

de ordem acadêmica, especialmente

em experiências oriundas dos espaços

públicos e, em particular no Conselho

de Transportes do município de

Belém. Pois se para a sociedade civil

organizada a experiência possibilitou

um passo a frente no sentido de

avançar no diálogo com o Estado, falta

ainda a garantia de que todas as

decisões tomadas nos espaços

públicos de participação sejam

convertidas em ações executáveis, o

que significa também avançar na

criação de estratégias que possibilitem

o controle da sociedade sobre o

Estado.

REFERÊNCIAS

ABREU, M. M. Serviço Social e organização da cultura: perfis pedagógicos da prática profissional. São Paulo: Cortez, 2002. AMARAL, J. C. do. A política de transporte e mobilidade urbana: uma análise sobre o processo de implementação do projeto BRT no município de Belém. (Trabalho de Conclusão de curso apresentado a faculdade de Serviço Social/Ufpa). Belém-PA, 2013. BRASIL. Constituição da Republica Federativa do Brasil, 5 out. 1988. BELÉM. Lei Municipal n. nº 7873 de 11 de março de 1998. Dispõe sobre a criação do Conselho de Transporte do Município de Belém.

______. Diário Oficial do Município de Belém. Decretos e ofícios publicados no ano de 2005 e 2006. Disponível em http://www.belem.pa.gov.br/diarioom/index.jsf. Acesso em: 10, 11, 12 de fevereiro de 2015.

______. Diário Oficial do Município de Belém. Decretos e ofícios publicados no ano de 2007 e 2008. Disponível em http://www.belem.pa.gov.br/diarioom/index.jsf. Acesso em: 18 e 19 de março de 2015.

______. Diário Oficial do Município de Belém. Decretos e oficios publicados no ano de 2009 e 2011. Disponível em http://www.belem.pa.gov.br/diarioom/index.jsf. Acesso em: 06 e 07 de maio de 2015.

______. Diário Oficial do Município de Belém. Decretos e ofícios publicados no ano de 2012 e 2015. Disponível em http://www.belem.pa.gov.br/diarioom/index.jsf. Acesso em: 13 e 14 de maio de 2015.

BIDARRA, Zelimar Soares. Conselhos gestores de políticas públicas: uma reflexão sobre os desafios para a construção dos espaços públicos. Serviço Social & Sociedade. São Paulo: Cortez, n.88, 2006. BRAVO, M.I.S. O trabalho do Assistente social nas Instâncias Públicas de Controle democrático. In: Serviço Social, Direitos Sociais e Competências Profissionais. Brasília: CFESS/ABEPSS,2009. CALVI, K. U. O Controle Social nos Conselhos de Políticas e de Direitos. Revista Emancipação, Ponta Grossa, v.8, n.1, 2008. CAMPOS, Edval Bernardino. Assistência Social: do descontrole ao controle social. Serviço Social & Sociedade. São Paulo: Cortez, n.88, 2006. CARVALHO, Raul de. IAMAMOTO, Marilda Villela. Relações Sociais e Serviço Social no Brasil: esboço de uma interpretação histórica-metodológica. 23 ed. São Paulo: Cortez, 2008. CORREIA, Maria Valéria Costa. Que controle social na Política de Assistência Social?. Serviço Social & Sociedade. São Paulo: Cortez, n.72, 2002 CUNHA, E. S. M. Participação e o Enfrentamento da Questão Social: O potencial dos conselhos de políticas e do Orçamento participativo no brasil. Vll Congresso Luso- Afro- Brasileiro de Ciências Sociais, Coimbra, 2004. DAGNINO, Evelina. OLIVEIRA, Alberto J.

PANFICHI, Aldo. Para uma outra leitura da disputa pela construção democrática na América Latina. In: A Disputa pela Construção Democrática na América Latina. DAGNINO, Evelina. OLIVEIRA, Alberto J. PANFICHI, Aldo. (Org.). São Paulo: Paz e Terra, 2006. GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social- 6ª ed.- São Paulo: Atlas, 2008. ___. Como elaborar projetos de pesquisa- 4. ed. - São Paulo: Atlas, 2002. GONH, Maria da Glória. Conselhos gestores e participação sociopolítica. São Paulo: Cortez, 2011.

GRAZIA, Grazia de. Estatuto da Cidade:

Uma Longa História com Vitórias e

Derrotas. In: OSÓRIO, Letícia Marques

(Org). Estatuto da Cidade e Reforma

Urbana: Novas Perspectivas para as

Cidades Brasileiras. Porto Alegre: Sergio

A. Fabris, 2002.

MÉSZÁROS, István. Para além do Capital. Rumo a uma teoria da transição. São Paulo: Boitempo Editorial, 2002. MINAYO, Maria C. de Souza. O desafio da pesquisa social. In: DESLANDES, S. F; GOMES, R.; MINAYO, C. de S. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 27. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.

OLIVEIRA, Marcia C. S. de. Conselho Municpal de. Assistência Social de Soure: Participação democrática ou Participação gerencial?. (Dissertação de Mestrado em Serviço Soicial da Universidade Federal do Pará). Belém, Pará. 2006.

PEREIRA, P. A. P. Estado, Regulação social e controle democrático. In: BRAVO, M. I. S, PEREIRA, P. A. P. (Orgs). Política Social e Democracia. 2. ed. São Paulo: Cortez. 2002, p. 25-42.

______. Pluralismo de Bem-Estar ou configuração plural da política social sob neoliberalismo. In: BOSCHETTI, I. et al (orgs.). Política Social: alternativas ao neoliberalismo. Brasília: UnB, Programa de Pós-Graduação em Política Social, Departamento de Serviço Social, 2004, p. 135-158. SANT’ANA, R. S. & SILVA, J. F. S. da. O método na teoria social de Marx: e o Serviço Social. Revista Temporalis. Brasília (DF), ano 13, n. 25, p. 181-203, jan.jun. 2013 SANTOS, Boaventura de Souza. Democratizar a democracia: os caminhos da democracia participativa. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 2004. SOUZA, Rodriane de Oliveira. Participação e controle social. In: Mione Apolinário Sales; Maurílio Castro de Matos; Maria Cristina Leal (orgs.). Política social, família e juventude: uma questão de direitos. 2. Ed. São Paulo: Editora Cortez, 2006, p. 167-187. TEIXEIRA, Elenaldo. O local e o Global: Limites e desafios da participação cidadã. São Paulo: Cortez, 2001.

VASCONCELOS, E. M. A. A reestruturação produtiva e as novas formas de organização do trabalho: a experiência do transporte alternativo no municipio de Belém/PA. (Tese de doutorado apresentada ao programa de pós graduação em Ciências Socias da Universidade Federal do Rio Grande do Norte). Natal, 2009. ______________, Elisa. A O cotidiano do transporte coletivo: a experiência do movimnto pelo transporte alternativo no municipio de Belém. In: (Org.) Joana V. Santana; Maria Elvira R. de Sá. Políticas Públicas e lutas sociais na Amazônia – enfoques sobre planejamento, gestão e territorialidade. Belém: ICSA/UFPA, 2011, p. 283-332. KLAIN, Jacqueline Southier. O Conselho Estadual de Saúde – CES/PA em foco:

uma análise da participação e do controle social. Jundiaí: Paco Editorial, 2012.

Parecer do Orientador.

O bolsista Jefferson Franco Rodrigues

apresentou compromisso, assiduidade e

competência no período de execução do

plano de trabalho “Participação e controle

social: uma análise do conselho de

transporte do município de Belém no

período de 2005/2015”, superando as

dificuldades encontradas no decorrer da

pesquisa e investindo em publicações.

Belém, 15 de agosto de 2015.

Olinda Rodrigues - Orientadora

PUBLICAÇÕES. (SEGUEM EM ANEXO)

Apresentação do Artigo: “Controle

Social: um estudo sobre os conselhos

de políticas urbanas da região

metropolitana de Belém (RMB)” no 2º

Encontro Internacional e 9º Encontro

Nacional de Política Social (ENPS)

realizado pelo programa de Pós-

Graduação em Política Social –

Vitória/Espirito Santo nos dias 04 a 07

de Agosto de 2014.

Apresentação do Artigo “Movimentos

Sociais Urbanos e Conselhos de

Políticas Urbanas da RMB” no X

Seminário Regional de Formação

Profissional e Movimento Estudantil do

Serviço Social realizado na UFMA,

São Luís/MA, nos dias 29 de outubro a

1 de novembro de 2014.

Apresentação do Artigo “A

Participação Social e Cidadania: os

conselhos de políticas urbanas da

RMB e a garantia dos direitos sociais”

no evento “V SEMINARIO

INTERNACIONAL DERECHOS

HUMANOS, VIOLENCIA Y POBREZA:

la situación de los niños y

adolescentes en América Latina hoy”

na Universidad Nacional de Lanús

(UNLA) em Buenos Aires nos dias 26,

27 y 28 de novembro de 2014.

Apresentação do Artigo

“Democratização E Gestão Pública Na

Amazônia: A Experiência Da Cidade

De Belém-Pa” no 3º Encontro

Internacional e 10º Encontro Nacional

de Política Social (ENPS) realizado

pelo programa de Pós-Graduação em

Política Social – Vitória/Espirito Santo

nos dias 22 a 25 de Junho de 2015.

Apresentação do Artigo “Planejamento

Participativo No Estado Do Pará:

Análise A Partir Da Percepção Dos

Sujeitos Sociais” no 3º Encontro

Internacional e 10º Encontro Nacional

de Política Social (ENPS) realizado

pelo programa de Pós-Graduação em

Política Social – Vitória/Espirito Santo

nos dias 22 a 25 de Junho de 2015.

Trabalho “Conselho Municipal de

Habitação de Interesse Social de

Belém-PA: desafios e possibilidades

na efetivação da política de

habitação”. Apresentado noa 67ª

Reunião Anual da SBPC, nos dias 12

a 18 de junho de 2015 na

Universidade Federal de São Carlos –

UFSCar, São Carlos/SP.

Aprovação do Artigo “Participação

Social Nas Políticas Públicas Urbanas

De Belém-Pa: na Perspectiva Dos

Sujeitos Sociais” Na VII Jornada

Internacional de Políticas Públicas

(JOINPP), a ser realizada no dia 5 de

agosto de 2015 na UFMA.

ANEXOS – OFICIOS.

ANEXOS – CERTIFICADOS DE APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS.