parte 2 - direito dos contratos

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DIREITO DOS CONTRATOS Parte 02 Profº Guilherme Cassi

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Direito dos Contratos - Parte Geral

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Page 1: Parte 2 - Direito Dos Contratos

DIREITO DOS CONTRATOS

Parte 02

Profº Guilherme Cassi

Page 2: Parte 2 - Direito Dos Contratos

INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOSEstabelecer o significado e o alcance na norma contratual.

Preencher lacunas existentes nos contratos (integração).

Hermenêutica – A hermenêutica é a ciência da interpretação.

Exegese – A exegese consiste na interpretação específica de textos, artigos, dispositivos legais e contratuais.

Importância para quando há divergência

No Código Civil não há capítulo específico sobre interpretação contratual.

Diferença com outros ordenamentos jurídicos. Propostas fechadas (Itália e França) X Propostas abertas (Brasil)

Page 3: Parte 2 - Direito Dos Contratos

Linhas de Interpretação – Há 2 (duas) linhas de interpretação:

a) A posição subjetivista deve o intérprete pesquisar, investigar o sentido da efetiva vontade do declarante.

O negócio jurídico valerá conforme foi desejado.

Nos contratos, a intenção é atingir o sentido da vontade comum dos contratantes, o que se afigura mais complexo.

b) Pela posição objetivista, que corresponde à teoria da declaração, não investigamos a vontade interna dos partícipes, mas atemo-nos à vontade externada, aos elementos externos do contrato.

Procuramos os sentidos das palavras por intermédio de circunstâncias exclusivamente materiais.

Por essa linha, o que não estiver no contrato não está no mundo jurídico.

Page 4: Parte 2 - Direito Dos Contratos

Posição eclética a melhor solução – É evidente que nenhuma dessas 2 (duas) posições haverá de ser adotada isoladamente, razão pela qual, qualquer que seja a postura adotada pelo intérprete, as regras gerais de interpretação literal, sociológica, histórica, sistemática, devem ser lembradas.

Classificação das Regras de Interpretação:

1) Caráter Subjetivo: referente à manifestação de vontade do sujeito

2) Caráter Objetivo: referente aos preceitos contratuais em si

Page 5: Parte 2 - Direito Dos Contratos

REGRAS DE CARÁTER SUBJETIVO

Importância da declaração de vontade para o contrato

Art. 112 CC. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem.

Não significa desconsideração das palavras escritas no contrato.

Compreensão adequada da vontade dos sujeitos, mesmo que não expressa ou dúbia no contrato.

Se um dos contratantes quiser desconsiderar o sentido literal do contrato, terá ele que provar a alegação. (O ônus da prova recai a quem alega).

Page 6: Parte 2 - Direito Dos Contratos

CENÁRIO 01APELAÇÃO CÍVEL. ANULATÓRIA E EMBARGOS DO DEVEDOR. TERMO DE RENEGOCIAÇÃO DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO. NOVAÇÃO. INOCORRÊNCIA. INTERPRETAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO. DIVERGÊNCIA ENTRE A VONTADE REAL E A VONTADE DECLARADA. PREVALÊNCIA DO CONTEÚDO DA DECLARAÇÃO DE VONTADE. ART. 85 DO CÓDIGO CIVIL DE 1916 E ART. 112 DO CÓDIGO CIVIL DE 2002. POSSIBILIDADE DE REVISÃO DAS CLÁUSULAS CONTRATUAIS. CAPITALIZAÇÃO DE JUROS. POSSIBILIDADE SOMENTE NOS CASOS PREVISTOS EM LEI. INTELIGÊNCIA DA SÚMULA 121 DO STF. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA CUMULADA COM CORREÇÃO MONETÁRIA. INADMISSIBILIDADE. EXCLUSÃO DA COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. 1. Ocorrendo divergência entre o elemento externo da declaração de vontade, ou seja, a declaração propriamente dita, e o elemento interno, que diz respeito ao conteúdo da declaração, cabe ao juiz, no exercício da atividade jurisdicional, interpretar qual a real intenção das partes, para, assim, aplicar corretamente o Direito. 2. Nessa tarefa de interpretação, o juiz levará em conta não apenas a vontade declarada, externada por palavras, mas também, e principalmente, a verdadeira intenção do agente, fixando, desta feita, o verdadeiro sentido daquilo que as partes pretendiam com determinado ato. No caso concreto, a intenção das partes era tão somente renegociar a dívida, e não extingui-la, criando outra nova, razão pela qual não há que se falar em novação. 3. [...]

(TJ-PR - AC: 2865343 PR 0286534-3, Relator: Fernando Wolff Bodziak, Data de Julgamento: 09/11/2005, 14ª Câmara Cível)

Page 7: Parte 2 - Direito Dos Contratos

CENÁRIO 02CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE DESPEJO. DURAÇÃO DO PACTO LOCATÍCIO. INTERPRETAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO. ARTIGOS 112 E 113 DO CÓDIGO CIVIL. INDENIZAÇÃO POR BENFEITORIAS. JUNTADA DE DOCUMENTO PREEXISTENTE SOMENTE EM GRAU DE RECURSO. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE PROVA DO FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO. 1.DE ACORDO COM O ARTIGO 112 DO CÓDIGO CIVIL NAS DECLARAÇÕES DE VONTADE SE ATENDERÁ MAIS À INTENÇÃO NELAS �CONSUBSTANCIADA DO QUE AO SENTIDO LITERAL DA LINGUAGEM. 2.O PRINCÍPIO DA BOA FÉ �CONSTITUI ELEMENTO INDISPENSÁVEL À INTERPRETAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS (ART. 113 DO CÓDIGO CIVIL). 3. VERIFICADO QUE, A DESPEITO DE CONSTAR DO CONTRATO DE LOCAÇÃO CELEBRADO PELAS PARTES O PRAZO DE VIGÊNCIA DE 24 (VINTE E QUATRO) MESES, DEVE PREVALECER A DATA DE INÍCIO E DE TÉRMINO DA RELAÇÃO LOCATÍCIA, EXPRESSAMENTE PACTUADA, POR SER ESTA A VERDADEIRA INTENÇÃO MANIFESTADA PELAS PARTES CONTRATANTES. [...](TJ-DF - APC: 20110110280232 DF 0008193-49.2011.8.07.0001, Relator: NÍDIA CORRÊA LIMA, Data de Julgamento: 28/05/2014, 3ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE : 05/06/2014 . Pág.: 117)

Page 8: Parte 2 - Direito Dos Contratos

REGRAS DE CARÁTER OBJETIVO

Existência do princípio da conservação Maior aplicabilidade - Não existem palavras desnecessárias Relativização quando em conflito com normas legais

Integração contratual - divide-se em duas espécies:

Interpretação integrativa e Integração do contrato

- Interpretação integrativa - Situação em que há omissão das partes em dispor sobre determinado assunto, porém com a análise do conteúdo do contrato fica claro o desejo dos contratantes.P. ex.: Estabelece-se o uso de um material em uma obra de empreitada, porém, posteriormente, deixa ele de ser fabricado.

Page 9: Parte 2 - Direito Dos Contratos

- Integração do contrato - Lacunas quanto aos efeitos do contrato. Conteúdo negocial não imaginado pelas partes, mas necessário para os deslinde do caso concreto.

P. ex.: Se em uma joint venture as despesas tributárias que não puderem ser pagas por uma empresa serão divididas em igual proporção por seus sócios.

P. ex.: Quando o Poder Judiciário anula uma cláusula contratual referente aos efeitos do contrato e, diante da lacuna, estabelece uma nova regra. Exemplo do percentual de juros.

Page 10: Parte 2 - Direito Dos Contratos

12 regras de Pothier• 1ª. Nos contratos, o que mais interessa é a intenção comum das partes e não o sentido literal das palavras.

[Atente-se para a expressão “intenção comum” e não apenas “intenção das partes” - Caráter subjetivo]

• 2ª. Quando uma cláusula admitir dois sentidos, deve ser interpretada de modo a que produza algum efeito.

[Sugere-se uma interpretação funcional do contrato - princípio da conservação]

• 3ª. As expressões que possuem um duplo sentido interpretam-se de acordo com a natureza do contrato.

[A interpretação deve dar ao contrato os seus efeitos normalmente esperados - "O pagamento pelo credor ao devedor deve ser feito em seu domicílio"]

• 4ª. As expressões ambíguas interpretam-se de acordo com os costumes do país.

[São os usos e costumes atuando como fonte do direito - "Em troca do 'BACURIM' o contratante entregará uma 'BALEADEIRA'"]

Page 11: Parte 2 - Direito Dos Contratos

• 5ª. Os costumes locais estão subentendidos em todo contrato. [Os usos e costumes são utilizados para suprir as lacunas do contrato - P. ex.: prática de relações comerciais]

• 6ª. Na dúvida, os contratos interpretam-se contra o estipulante.

[O erro de formulação deve ser imputado ao credor. Somente quando houver dúvida]

• 7ª. As cláusulas contratuais devem ser interpretadas umas em relação às outras.

[O contrato forma um conjunto único. Leitura conjunta de cláusulas]

• 8ª. As cláusulas compreendem apenas o objeto do contrato, e não coisas não cogitadas.

[A interpretação não pode desviar o fim contratual. Alcance restritivo das cláusulas contratuais - "Se compromete a vender todos os seus vinhos" - Inclusive aqueles ainda não adquiridos? "Não"]

Page 12: Parte 2 - Direito Dos Contratos

• 9ª. Os bens singulares estão todos englobados, formando uma universalidade.

[Esta regra visa proteger a integralidade do objeto contratual - Acessório segue principal]

• 10ª. Um caso expresso para exemplificar uma obrigação não restringe o vínculo.

[Utilização de exemplificações no contrato]

• 11ª. Uma cláusula expressa no plural decompõe-se muitas vezes em cláusulas singulares.

• ["Todas as vezes..." Cláusulas acima..." "Os contratantes se obrigam..."]

• 12ª. O que está no fim do período relaciona-se com todo ele e não só com a parte antecedente, se com aquele concordar em número e gênero

["O pagamento em dinheiro será realizado todo dia 15 do mês, bem como a prestação de serviço, salvo convenção em sentido contrário"]

Page 13: Parte 2 - Direito Dos Contratos

PRINCÍPIOS SOCIAIS NA INTERPRETAÇÃO

Leitura das cláusulas conforme a dignidade da pessoa humana, a boa-fé objetiva e função social dos contratos

Art. 113. CC - Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.

Jornadas de Direito Civil - STJ

Enunciado 26 - Art. 422: a cláusula geral contida no art. 422 do novo Código Civil impõe ao juiz interpretar e, quando necessário, suprir e corrigir o contrato segundo a boa-fé objetiva, entendida como a exigência de comportamento leal dos contratantes.

Page 14: Parte 2 - Direito Dos Contratos

INTERPRETAÇÃO - CONTRATO DE ADESÃO

Um contratante estabelece um contrato "formulário" e o outro apenas adere ao seu conteúdo.

Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente.

Interpretação contra stipulatorem ou contra proferetem

Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio.

-- Interpretação em Contratos em Relações de Consumo

Art. 47. CDC. As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor. (art. 47 CDC)

Page 15: Parte 2 - Direito Dos Contratos

CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOSImportância da classificação

Mostrar as peculiaridades dos institutos estudadosA depender da classificação, há uma consequência jurídica diversa

Diferentes formas de se classificar os contratos

Classificação adotada:

1) Contratos considerados em si mesmo2) Contratos reciprocamente considerados

Page 16: Parte 2 - Direito Dos Contratos

CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS NO DIREITO ROMANO:

Classificação formulada por Gaio.Gaio (Gaius em latim) foi um jurisconsulto romano do século II, tendo redigido seus principais trabalhos entre 130 e 180 d.C.. Seu nome completo é desconhecido nos dias atuais, sendo Gaio seu prenome.

Contratos reaisContratos verbaisContratos literaisContratos consensuais

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CONTRATOS CONSIDERADOS EM SI MESMOS:

A) Quando à natureza da obrigaçãoB) Quanto à disciplina jurídicaC) Quanto à formaD) Quando à designaçãoE) Quanto à pessoa do contratante F) Quanto ao tempoG) Quanto à disciplina legal específicaH) Quanto ao motivo determinante do negócioI) Quanto à função econômica

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CLASSIFICAÇÃO QUANTO À NATUREZA DA OBRIGAÇÃO

CONTRATOS BILATERAIS OU UNILATERIAIS

Bilateral: Contrato implica direitos e obrigações para ambas as partesP. Ex.: EmpreitadaP. Ex.: Compra e venda

Unilateral: Contrato implica direitos e obrigações para apenas uma das partes.P. Ex.: Doação simplesP. Ex.: DepósitoP. Ex.: Fiança

Contratos plurilaterais – Mais de dois contratantes com obrigações P. Ex.: Constituição de uma sociedadeP. Ex.: Constituição de Condomínio

Page 19: Parte 2 - Direito Dos Contratos

CENÁRIO 01Ação cível contra um ente da administração pública (Município de Araxá) por ter realizado um contrato sem licitação.

Busca-se a responsabilidade do administrador público (prefeito) por improbidade.

Page 20: Parte 2 - Direito Dos Contratos

Apelação cível. Ação civil pública. Intempestividade inocorrente. Doação de obra pública. Contrato particular unilateral. Inexistência de obrigações recíprocas para a Administração Pública. Inexigibilidade de licitação. Ausência de dano ao erário e de violação de princípios administrativos. Improbidade não caracterizada. Recurso não provido. 1. [...]2. A contratação pelo Poder Público, em regra, exige a prévia licitação ou a sua regular dispensa. 3. A doação de bens ou obras em favor da Administração Pública é contrato unilateral e, se desprovido de obrigações para o ente ou órgão público beneficiário, a obra não se submete à exigência legal de licitação. 4. A inexistência de dano ao erário e de violação aos princípios administrativos, afasta a improbidade administrativa alegada e, consequentemente, não enseja a aplicação das sanções da Lei nº 8.429, de 1992. 5. Apelação cível conhecida e não provida, mantida a sentença que rejeitou a pretensão inicial.

(TJ-MG - AC: 10040110087745001 MG , Relator: Caetano Levi Lopes, Data de Julgamento: 24/09/2013, Câmaras Cíveis / 2ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 04/10/2013)

Page 21: Parte 2 - Direito Dos Contratos

CENÁRIO 02 - EXEMPLOSBEM MÓVEL. MONITÓRIA. COMPRA E VENDA. CONTRATO BILATERAL. NOTA FISCAL. ENTREGA DE INSUMOS AGRÍCOLAS. AUSÊNCIA DE PROVA ROBUSTA. ÔNUS DO AUTOR. INTELIGÊNCIA DO ART. 333, INC. I DO CPC. [...] (TJ-SP - APL: 00034408320058260404 SP)______________________

Prestação de serviço de empreitada. Ação de cobrança. Improcedência. 1. [...] 2. Nos contratos bilaterais, tal como o de empreitada, nenhum dos contratantes, antes de cumprida sua obrigação, pode exigir o Implemento da do outro (artigo 476, CC/2002). 3. Recurso improvido. (TJ-SP - APL: 992051090863 SP)______________________

RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. CIVIL. COMPROMISSO DE PERMUTA. CONTRATO BILATERAL SINALAGMÁTICO. (STJ - REsp: 735034 PR)

Page 22: Parte 2 - Direito Dos Contratos

CONTRATO BILATERALContrato em que há obrigações para todos os contratantes.

Reciprocidade obrigacional é chamada de sinalagma.

Conhecidos como contratos sinalagmáticos ou de prestações correlatas.

Contrato bilateral imperfeito.Aquele contrato que começa unilateral, mas por um acidente surge uma obrigação contratual recíproca.

P. ex.: Depósito (art. 643 CC)P. ex.: Mandato (art. 670 CC)

Divergência teórica sobre a existência do contrato bilateral imperfeito. Bilateralidade se mostra no momento de formação do contrato.

Page 23: Parte 2 - Direito Dos Contratos

CONSEQUÊNCIAS DA BILATERALIDADE

Somente nos contratos sinalagmáticos:

1) Há condição resolutiva tácita Possibilidade de resolver a obrigação pelo inadimplemento contratual.

2) Se aplica a disciplina dos vícios redibitóriosReclamar de vícios ocultos que existam no objeto

3) Existe a arguição da exceptio non adimpleti contractusExceção do contrato não cumprido.

Page 24: Parte 2 - Direito Dos Contratos

CENÁRIO 03 - ExceptioDuas hipóteses de contratos bilaterais. Em um primeiro, o exequente não cumpriu com a sua obrigação no contrato. No segundo, antes de executar, ele já havia cumprido a sua obrigação.

Page 25: Parte 2 - Direito Dos Contratos

APELAÇÃO - CONTRATO BILATERAL - DEPENDÊNCIA RECÍPROCA DAS PRESTAÇÕES - EXIGÊNCIA DO CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO - NECESSIDADE DE CUMPRIR A SUA OBRIGAÇÃO. Em contrato bilateral, em que há uma dependência recíproca das prestações, não pode um dos contratantes, antes de cumprir a sua obrigação, exigir a do outro.

(TJ-MG - AC: 10024082348988001 MG , Relator: Maurílio Gabriel, Data de Julgamento: 13/02/2014, Câmaras Cíveis / 15ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 21/02/2014)

Page 26: Parte 2 - Direito Dos Contratos

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA. CONTRATO BILATERAL. DESCUMPRIMENTO POR UMA DAS PARTES. DEVOLUÇÃO DOS VALORES. O descumprimento contratual da obrigação de fazer atribuído à uma das partes do contrato autoriza a cobrança dos valores pagos pela parte contrária, regularmente cumpridora da sua obrigação contratual.

(TJ-MG - AC: 10024096434212001 MG , Relator: Wagner Wilson, Data de Julgamento: 08/07/2013, Câmaras Cíveis / 16ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 19/07/2013)

Page 27: Parte 2 - Direito Dos Contratos

CENÁRIO 04 – Resolução tácitaDIREITO CIVIL. COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA. MORA DO PROMITENTE VENDEDOR. INAPLICABILIDADE DO ART. 1º DO DECRETO-LEI 745/69. INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA. IMPOSSIBILIDADE. CLÁUSULA RESOLUTIVA TÁCITA. CONTRATOS BILATERAIS. PRESENÇA. CÓDIGO CIVIL, ARTS. 1.092, PARÁGRAFO ÚNICO, E 119, PARÁGRAFO ÚNICO. EXIGÊNCIA DE INTERPELAÇÃO PRÉVIA. CARACTERIZAÇÃO DA MORA. NÃO CONFIGURAÇÃO DE PRAZO CERTO. MORA EX PERSONA. CASO CONCRETO. RECURSO DESACOLHIDO. I – [...]II - A cláusula resolutiva tácita pressupõe-se presente em todos os contratos bilaterais, independentemente de estar expressa, o que significa que qualquer das partes pode requerer a resolução do contrato diante do inadimplemento da outra.

III - A resolução do contrato, pela via prevista no art. 1.092, parágrafo único, CC, depende de prévia interpelação judicial do devedor, nos termos do art. 119, parágrafo único, do mesmo diploma, a fim de convocá-lo ao cumprimento da obrigação. IV – [...] V – [...]

(STJ - REsp: 159661 MS 1997/0091869-6, Relator: Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, Data de Julgamento: 09/11/1999, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJ 14.02.2000 p. 35 RSTJ vol. 132 p. 413)

Page 28: Parte 2 - Direito Dos Contratos

CONTRATOS ONEROSOS OU GRATUITOS

Onerosos: Contrato em que o benefício recebido pelo contratante corresponde a um sacrifício patrimonial seu.

P. ex.: Compra e vendaP. ex.: Permuta

Gratuitos: Contrato em que não há sacrifício patrimonial da parte que recebe a prestação.P. ex.: ComodatoP. ex.: Doação puraP. ex.: Mútuo

Gratuitos também chamados de benéficos.

Contratos unilaterais e onerosos.

Page 29: Parte 2 - Direito Dos Contratos

Bilaterais ou Unilaterais X Contratos Gratuitos e Onerosos

1) Os contratos gratuitos sempre serão unilaterais

2) Os contratos onerosos podem ser bilaterais ou unilaterais

3) O contratos unilaterais e gratuitos (p. ex. doação; mútuo), podem, no caso concreto, se mostrar onerosos (p. ex. doação com encargo; mútuo feneratício).

4) Nessa hipótese serão unilaterais e onerosos.

5) Os contratos bilaterais são onerosos.

Page 30: Parte 2 - Direito Dos Contratos

CONSEQUÊNCIAS DA GRATUIDADESomente nos contratos gratuitos:

1) A interpretação deve ser mais restrita que nos contratos onerosos (art. 114 CC).

2) Não existe evicção em contratos gratuitos, apenas em onerosos. (art. 447)

3) Pela responsabilidade civil (perdas e danos) dos contratos benéficos:

a) O contratante onerado responde por culpa lato sensu b) O contratante beneficiário somente responde por dolo

Page 31: Parte 2 - Direito Dos Contratos

INTERPRETAÇÃO RESTRITIVAEMBARGOS À EXECUÇÃO. FIANÇA FIXADA POR PRAZO CERTO, EM PREVISÃO CONTRATUAL EXPRESSA. DESONERAÇÃO DO FIADOR. INTERPRETRAÇÃO RESTRITIVA DO CONTRATO GRATUITO. 1. O fiador não responde pelas obrigações originadas após o termo final de fiança, fixada por prazo certo e em disposição contratual expressa. 2. As garantias prestadas a título gratuito devem ser literal e restritivamente interpretadas, sob o risco de se ampliar a liberalidade feita pelo garantidor. 3. Negou-se provimento ao apelo do embargado. 4. Apelo adesivo do embargante não conhecido.

(TJ-DF - APC: 20140110073404 DF 0001727-34.2014.8.07.0001, Relator: SÉRGIO ROCHA, Data de Julgamento: 12/11/2014, 2ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE : 19/11/2014 . Pág.: 274)

Page 32: Parte 2 - Direito Dos Contratos

CULPA - DOLOAÇÃO DE INDENIZAÇÃOO. DANOS MORAIS. MORTE DE PESSOA TRANSPORTADA GRATUITAMENTE. INOCORRÊNCIA DE CULPA GRAVE OU DOLO NA CONDUTA DO MOTORISTA. INEXISTÊNCIA DE RESPONSABILIDADE. CONTRATO GRATUITO. ART. 392 DO CC. SÚMULA 145 DO STJ. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. No transporte gratuito somente há obrigações de reparar eventuais danos decorrentes de acidente se o motorista agiu com dolo ou culpa grave.

(TJ-RR 10070083133 RR , Relator: DES. ALMIRO PADILHA, Data de Julgamento: 02/10/2007, Data de Publicação: 11/10/2007)

Page 33: Parte 2 - Direito Dos Contratos

Contratos COMUTATIVOS ou ALEATÓRIOS

- Subdivisão dos contratos onerosos

- Comutativo: Hipótese em que as prestações das partes são equivalentes e conhecidas ab initio.

- Aleatório: Quando a obrigação de uma das partes só poder ser exigido em função de coisas ou fatos futuros.

Também conhecido como contrato de esperança.

Derivado de alea (sorte)

Page 34: Parte 2 - Direito Dos Contratos

O contratante assume a possibilidade de o evento futuro não ocorrer

Art. 458 CC:Se não existir o evento futuro, desde que o contratante assuma essa responsabilidade, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe foi prometido.

Exceção: desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a existir.

Contratos aleatórios por sua própria natureza (p. ex. contrato de seguro)Contrato acidentalmente aleatório (contrato que geralmente é comutativo)

P. Ex. Compra e venda de colheita futura

Page 35: Parte 2 - Direito Dos Contratos

ESPÉCIES DE COMPRA E VENDA ALEATÓRIA

Contrato de compra de coisa futura, com assunção de risco pela existência (emptio spei) – 458 cc

P. Ex.: Pescador joga a rede e não pega peixe nenhum.

Contrato de compra e venda de coisa futura, sem assunção de risco pela existência (emptio rei spreatae) – 459 CC

P. Ex.: Pescador joga a rede e pega um ou dois peixes.

Contrato de compra e venda de coisa presente, mas exposta a risco assumido pelo contratante – 460 CC

P. Ex.: Mercadoria embarcada (pouca utilizada no presente)

Page 36: Parte 2 - Direito Dos Contratos

CENÁRIO 06AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CIVIL. PLANO DE PECÚLIO. EX-ASSOCIADO. RESGATE DE VALORES. INADMISSIBILIDADE. CONTRATO ALEATÓRIO. GARANTIA DO RISCO. NATUREZA DE SEGURO. PREVIDÊNCIA PRIVADA NÃO CARACTERIZADA. 1. A Segunda Seção deste Tribunal Superior pacificou o entendimento de não serem passíveis de restituição os valores pagos por ex-associado a título de pecúlio por invalidez, morte ou renda por velhice por se tratar de contrato aleatório, em que a entidade correu o risco, possuindo a avença natureza de seguro e não de previdência privada. 2. Agravo regimental não provido.

(STJ - AgRg no AREsp: 299817 MS 2013/0044180-6, Relator: Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, Data de Julgamento: 04/11/2014, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 10/11/2014)

Page 37: Parte 2 - Direito Dos Contratos

CENÁRIO 07AGRAVO REGIMENTAL. SEGURO. PRÊMIO. RESTITUIÇÃO. RISCO. CONTRATO ALEATÓRIO. PRECEDENTES. - Os valores pagos a título de prêmio pelo seguro por invalidez ou morte não são passíveis de restituição, uma vez que a entidade suportou o risco, como é próprio dos contratos aleatórios.

(STJ - AgRg no Ag: 800429 DF 2006/0167302-7, Relator: Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, Data de Julgamento: 03/12/2007, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJ 12/12/2007 p. 416REVFOR vol. 396 p. 399)

Page 38: Parte 2 - Direito Dos Contratos

CENÁRIO 08DIREITO DO CONSUMIDOR. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EDUCACIONAIS. ALUNO. ACIDENTE AUTOMOBILÍSTICO. IMPOSSIBILIDADE DE ASSISTIR ÀS AULAS. RENOVAÇÃO DA MATRÍCULA. TERMO DE ACORDO E CONFISSÃO DE DÍVIDA. INCLUSÃO DE PARCELAS REFERENTES AOS MESES EM QUE O ALUNO NÃO FREQUENTOU O CURSO. IMPOSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA COMUTATIVIDADE. VEDAÇÃO AO ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA. SENTENÇA MANTIDA. 1. A prestação de serviços educacionais pelas entidades privadas mediante remuneração caracteriza relação de consumo, sujeitando-se, pois, aos ditames do Código de Defesa do Consumidor. 2. O contrato de prestação de serviços educacionais se afigura como um contrato BILATERAL, ONEROSO E COMUTATIVO, em que a instituição de ensino assume o compromisso de transmitir os conhecimentos ao aluno, enquanto este se obriga a remunerar os serviços recebidos. 3. Demonstrado que o aluno não pôde frequentar as aulas em virtude de acidente automobilístico, devem ser excluídas do termo de confissão de dívida as mensalidades subsequentes ao acidente, porquanto inexigível a cobrança por serviços que sabidamente não poderiam ser prestados ao aluno, sob pena de enriquecimento ilícito da instituição de ensino. 4. Recurso de apelação conhecido e não provido.

(TJ-DF - APC: 20130710253856 DF 0024656-77.2013.8.07.0007, Relator: SIMONE LUCINDO, Data de Julgamento: 28/01/2015, 1ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE : 04/02/2015 . Pág.: 229)

Page 39: Parte 2 - Direito Dos Contratos

CENÁRIO 09Em junho de 2001 duas partes celebraram um contrato de prestação de serviços denominado “Programa de Assistência Familiar”, plano ouro, consistente no atendimento funerário para o caso de óbito do titular contratante ou de seus beneficiários, mediante retribuição mensal no valor inicial de R$22,30.

No decorrer do contrato ocorreu o falecimento de dois dos beneficiários indicados o primeiro em 2005 e o segundo em janeiro de 2011.

A parte contratante teria, a partir de janeiro de 2011, deixando de pagar as parcelas mensais avençadas, cancelando o contrato.

O contratado objetiva o recebimento da diferença entre o total das despesas com os dois funerais por ela já realizados e o montante já pago pela contratante desde o início do contrato (R$8.076,40 -R$3.633,81 = R$4.442,59).

Page 40: Parte 2 - Direito Dos Contratos

ATENÇÃO – Esse contrato em regra seria ALEATÓRIO

Contudo, há uma cláusula que muda esse entendimento:

• 7.5 Para efeito de cobertura do Custo Direto, considerando-se exclusivamente o serviço funerário, será contabilizado mensalmente em favor do TITULAR a Cota de Contribuição, valor este equivalente a 0,5% do Custo Direto. O saldo desta conta será ajustado em duas hipóteses distintas a saber: 7.5.1 - Quando da realização de serviços funerários; sendo neste caso debitado na ficha financeira do TITULAR, o valor integral do Custo Direto.• 7.5.2 Quando do encerramento da adesão, sendo o saldo integralmente

restituído ao TITULAR caso o mesmo apresente valores positivos ou quitado à ADMINISTRADORA para valores negativos.

Page 41: Parte 2 - Direito Dos Contratos

PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS ASSISTÊNCIA FUNERÁRIA COBRANÇA DE DIFERENÇA ENTRE OS VALORES JÁ PAGOS E O MONTANTE DESPENDIDO NOS FUNERAIS REALIZADOS VALOR DEVIDO CONTRATO COMUTATIVO E NÃO ALEATÓRIO - AÇÃO PROCEDENTE RECURSO PROVIDO.

O contrato de assistência familiar, consistente no atendimento funerário para o caso de óbito do titular contratante ou de seus beneficiários, mediante remuneração mensal, não tem natureza aleatória, se das cláusulas se permite inferir de forma inequívoca que as mensalidades pagas pelo titular visam custear futuras despesas havidas pelo prestador do serviço quando da ocorrência do evento morte. Assim, o cancelamento do contrato não exime o contratante desistente no pagamento das diferenças havidas entre os valores por ele já pagos e o montante despendido pela contratada nos funerais já realizados. Exegese dos artigos 594 e seguintes do Código Civil em vigor.

(TJ-SP - APL: 00146460220118260302 SP 0014646-02.2011.8.26.0302, Relator: Clóvis Castelo, Data de Julgamento: 17/06/2013, 35ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 17/06/2013)

Page 42: Parte 2 - Direito Dos Contratos

CONTRATOS PARITÁRIOS OU POR ADESÃO

Paritário: Hipótese de as partes estarem em iguais condições na fase de pontuação.

Adesão: Hipótese em que um dos contratante predetermina as cláusulas do negócio jurídico. Características:

Uniformidade: Os mesmo conteúdo contratual para um grande número de contratantes.

Predeterminação unilateral: a fixação das cláusulas é feita anteriormente a qualquer discussão sobre a avença.

Rigidez: Não é possível a rediscussão das cláusulas de adesão.

Posição de vantagem: Superioridade material de uma das partes em relação a outra

Page 43: Parte 2 - Direito Dos Contratos

CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA - ADESÃO

Art. 4º da Lei Federal 9.306/97

A cláusula compromissória é a convenção através da qual as partes em um contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que possam vir a surgir, relativamente a tal contrato.

§ 1º A cláusula compromissória deve ser estipulada por escrito, podendo estar inserta no próprio contrato ou em documento apartado que a ele se refira.

§ 2º Nos contratos de adesão, a cláusula compromissória só terá eficácia se o aderente tomar a iniciativa de instituir a arbitragem ou concordar, expressamente, com a sua instituição, desde que por escrito em documento anexo ou em negrito, com a assinatura ou visto especialmente para essa cláusula.

Page 44: Parte 2 - Direito Dos Contratos

CENÁRIO 10 APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA. PENAS CONTRATUAIS EM CONTRATO DE OPERAÇÕES PORTUÁRIAS. [...] MÉRITO. EXISTÊNCIA, NO CONTRATO, DE CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA, VÁLIDA E EFICAZ. PACTO DE CARÁTER PARITÁRIO E NÃO DE ADESÃO. OBRIGATORIEDADE DE SUBMISSÃO À ARBITRAGEM. EXTINÇÃO DO PROCESSO NOS MOLDES DO ARTIGO 267, VII, DO CPC. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

(TJ-SC - AC: 265601 SC 2005.026560-1, Relator: Sérgio Izidoro Heil, Data de Julgamento: 02/12/2009, Segunda Câmara de Direito Civil, Data de Publicação: Apelação Cível n. , de Itajaí)

Page 45: Parte 2 - Direito Dos Contratos

QUESTÕES DE CONCURSO

Page 46: Parte 2 - Direito Dos Contratos

Ano: 2011 Banca: FCC Órgão: TRE-RN Prova: Técnico Judiciário - Área Administrativa

No contrato aleatório, por ser objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer quantidade, o alienante que não tiver concorrido culposamente

a) não terá direito a qualquer valor porque o contrato será considerado inexistente, sendo as partes obrigadas a ressarcir perdas e danos.

b) terá direito ao preço proporcional à quantidade que a coisa venha a existir.

c) não terá direito a qualquer valor, estando o contrato desfeito em razão da divergência na quantidade.

d) terá direito ao preço proporcional à quantidade que a coisa venha a existir acrescido de 30% deste valor.

e) terá direito a todo o preço, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada.

Page 47: Parte 2 - Direito Dos Contratos

Ano: 2007 Banca: CESPE Órgão: Petrobras Prova: Advogado

A cláusula resolutiva expressa consiste no pacto comissório formulado pelos contraentes, desde que se trate de contrato bilateral, segundo o qual, havendo inadimplemento por parte de um deles, o outro pode provocar, mediante ação judicial, a resolução do contrato ou, se preferir, alternativamente, de reclamar o cumprimento da prestação ou a sua conversão em perdas e danos.

a) Certob) Errado

Page 48: Parte 2 - Direito Dos Contratos

Ano: 2004 Banca: ACEP Órgão: BNB Prova: Assistente Administrativo

Sobre a classificação dos contratos é CORRETO afirmar que:

a) contrato comutativo é o contrato gratuito.

b) contrato aleatório ou de risco é aquele cujas partes não podem antever, no momento da formação do contrato, a extensão dos seus ganhos ou de suas perdas.

c) o contrato unilateral é o mesmo que de adesão.

d) o contrato de hipoteca é classificado como principal.

e) o contrato aleatório é sempre gratuito.

Page 49: Parte 2 - Direito Dos Contratos

CONTRATOS QUANTO À DISCIPLINA JURÍDICA

Distinção ClássicaContratos civis x Contratos mercantis

Classificação rationae personae

Distinção modernaContratos civisContratos de trabalhoContratos administrativosContratos consumeristas

Aplicação das regras gerais do Código Civil a todos os diferentes campos

Leitura peculiar de acordo com cada disciplina jurídica

Page 50: Parte 2 - Direito Dos Contratos

CONTRATOS QUANTO À FORMAClassificação sob dois enfoques

1) Imprescindibilidade ou não de forma (solenes x não solenes)

Contratos que precisam ou não seguir forma prescrita em lei

2) Quanto à maneira que o contrato é considerado ultimado (consensuais x reais)

Contratos que precisam ou não da tradição do objeto para serem considerados formados

Page 51: Parte 2 - Direito Dos Contratos

Contratos Solenes x Contratos Não Solenes (formais ou não formais)

Princípio da liberdade de forma (art. 107 CC)

Contratos que precisam da observância de forma prescrita em lei

P. Ex: Doação de bens imóveis (Art. 541 e 542 CC)

Não são regra no direito brasileiro (eram regra no direito romano)

Contratos ad solemnitatem

Contratos ad probationen

Page 52: Parte 2 - Direito Dos Contratos

Diferenciação – Solenes e formais

Solenes são aqueles contratos que precisam de escritura pública para terem validade

P. Ex.: Compra e venda de imóvel com valor superior a 30 salários mínimos

Formalismo indireto (art. 109 CC)

No negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer sem instrumento público, este é da substância do ato.

Page 53: Parte 2 - Direito Dos Contratos

RECURSO DE APELAÇÃO INTERPOSTO CONTRA R.SENTENÇA PELA QUAL FOI JULGADA IMPROCEDENTE AÇÃO DE MANUTENÇÃO DE POSSE, E PROCEDENTE PEDIDO CONTRAPOSTO - ALEGAÇÃO DE INCORREÇÃO,POSTO QUE A R. SENTENÇA NÃO DEU CORRETA SOLUÇÃO À LIDE, UMA VEZ QUE NÃO RECONHECEU A EXISTÊNCIA DE CONTRATO DE DOAÇÃO DO BEM IMÓVEL RECONHECENDO, AO CONTRÁRIO, A EXISTÊNCIA DE CONTRATO VERBAL DE COMODATO - ACERTO DA R.SENTENÇA - DOAÇÃO DE BEM IMÓVEL - INEXISTÊNCIA -CONTRATO SOLENE QUE SOMENTE SE OPERA MEDIANTE ESCRITURA PÚBLICA COM ASSENTO NO REGISTRO IMOBILIÁRIO - COMODATO - ATO DE MERA DETENÇÃO QUE NÃO SE CONFUNDE COM O EXERCÍCIO PLENO DE ALGUNS DOS PODERES INERENTES À PROPRIEDADE -AÇÃO POSSESSÓRIA - DEMANDA DE NATUREZA DUPLICE QUE PERMITE OUTORGAR PROTEÇÃO POSSESSÓRIA AOS REQUERIDOS, ATRAVÉS DE SIMPLES PEDIDO CONTRAPOSTO DEDUZIDO NOS AUTOS -RECURSO NÃO PROVIDO.

(TJ-SP - APL: 991050483871 SP , Relator: Simões de Vergueiro, Data de Julgamento: 04/08/2010, 17ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 13/08/2010)

Page 54: Parte 2 - Direito Dos Contratos

CONTRATO DE ESTÁGIO x CONTRATO DE TRABALHO. A relação jurídica de estágio de estudantes de estabelecimentos de ensino superior e de segundo grau regular e supletivo, hoje disciplinada pela Lei nº 11.788, de 25.09.2008, regeu-se, até então, pela Lei 6.494, de 07.12.1977. Consiste num contrato solene, pactuado entre o estudante e a parte concedente do estágio curricular, com a interveniência obrigatória da instituição de ensino, exigindo o documento denominado pela lei "termo de compromisso", além de um instrumento celebrado entre a instituição de ensino e a pessoa jurídica concedente do estágio, através do qual são acordadas todas as condições de realização do estágio, que deve ter por objetivo a formação e o aperfeiçoamento técnico-profissional do estudante do curso superior, segundo grau ou supletivo. [...] (TRT-3 - RO: 01231200900203003 0123100-65.2009.5.03.0002, Relator: Jose Roberto Freire Pimenta, Quinta Turma, Data de Publicação: 03/05/2010 30/04/2010. DEJT. Página 83. Boletim: Não.)

Page 55: Parte 2 - Direito Dos Contratos

CONTRATOS CONSENSUAIS X CONTRATOS REAIS

Consensuais: Formados com a simples declaração de vontade

P. ex.: Locação, compra e venda, mandato

Reais: Necessitam da entrega da coisa, para que sejam reputados existentes

P. ex.: Mútuo, depósito, penhor

Page 56: Parte 2 - Direito Dos Contratos

Contratos Reais

Origens no direito romano

Contratos reais são geralmente unilaterais – a entrega da coisa não significa execução de obrigação

Requisito de existência do contrato

Enquanto não há tradição, existe um mero contrato preliminar.

Page 57: Parte 2 - Direito Dos Contratos

“Assim como o comodato, o mútuo é um contrato real, pois a entrega da coisa mutuada não consiste em obrigação do mutuante, mas em pressuposto de existência do negócio jurídico. Enquanto não se verifica a tradição, não se fala nesse contrato, mas apenas em uma promessa de mutuar, como espécie de contrato preliminar (art. 462 do CC). De sua natureza real decorre a unilateralidade do contrato, haja vista que apenas o mutuário assume obrigação, qual seja a de restituir o bem ao término do prazo estabelecido no contrato ou em lei.” (in Código Civil Comentado/Cezar Peluso (coord). Barueri, SP: Manole, 2007, p. 462).

Page 58: Parte 2 - Direito Dos Contratos

RECURSO INOMINADO. EMPRÉSTIMO. ALEGAÇÃO DE NEGATIVA DE CONTRATAÇÃO. EXIBIÇÃO DE CONTRATO COM A CONTESTAÇÃO. ALEGAÇÃO DE NÃO RECEBIMENTO DO VALOR DO EMPRÉSTIMO. MÚTUO. CONTRATO REAL. ENTREGA DA COISA MUTUADA QUE CONSTITUI PRESSUPOSTO DE EXISTÊNCIA DO NEGÓCIO JURÍDICO. DÚVIDA QUANTO À EXISTÊNCIA DE TRANSFERÊNCIA DOS VALORES OBJETO DO CONTRATO. REABERTURA DA INSTRUÇÃO INDISPENSÁVEL. SENTENÇA ANULADA. RECURSO PREJUDICADO. Esta Turma Recursal resolve, por unanimidade de votos, anular a sentença, JULGANDO PREJUDICADO o recurso, nos exatos termos do vot (TJPR - 2ª Turma Recursal - 0005601-48.2015.8.16.0031/0 - Guarapuava - Rel.: Manuela Tallão Benke - - J. 17.08.2015)

(TJ-PR - RI: 000560148201581600310 PR 0005601-48.2015.8.16.0031/0 (Acórdão), Relator: Manuela Tallão Benke, Data de Julgamento: 17/08/2015, 2ª Turma Recursal, Data de Publicação: 24/08/2015)

Page 59: Parte 2 - Direito Dos Contratos

APELAÇÃO - REPRODUÇÃO DE FUNDAMENTOS DE FATO E DE DIREITO NO APELO - VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE RECURSAL - AUSÊNCIA - AUSÊNCIA DE PREPARO - PARTE NÃO AMPARADA POR ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA - DESERÇÃO - EXECUÇÃO - MÚTUO - CONTRATO REAL - EXISTÊNCIA COM A ENTREGA DA COISA - CERTEZA DA OBRIGAÇÃO - NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO - PLANILHA DEMONSTRATIVA DO DÉBITO - EVOLUÇÃO ATÉ O VALOR PRETENDIDO - VALIDADE. [...] 3 - Sendo o contrato de mútuo real, a entrega efetiva da coisa consiste em pressuposto de existência do negócio jurídico, de modo que se pelo teor do contrato não se infere a liberação do valor mutuado no ato da celebração, deve a entrega ser comprovada pelo exequente para que não reste maculada a certeza da obrigação versada no título executivo. 4 – [...]

(TJ-MG - AC: 10194070771838001 MG , Relator: Pedro Bernardes, Data de Julgamento: 26/03/2013, Câmaras Cíveis / 9ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 04/04/2013)

Page 60: Parte 2 - Direito Dos Contratos

QUESTÕES DE CONCURSO

Page 61: Parte 2 - Direito Dos Contratos

Ano: 2013 Banca: FUMARC Órgão: PC-MG Prova: Analista da Polícia Civil - Direito

São contratos reais, EXCETO:

a) o mútuo.b)o depósito.c) o comodato.d) a compra e venda.

Page 62: Parte 2 - Direito Dos Contratos

Ano: 2009 Banca: FCC Órgão: TJ-PA Prova: Analista Judiciário - Oficial de Justiça

Como a empreitada é contrato bilateral, consensual, comutativo, oneroso e não solene, pode-se afirmar que,

a) mesmo sendo cumutativo, os contratantes nem mesmo subjetivamente, creem na equivalência das prestações.

b) por ser oneroso, não envolve propósito especulativo.

c) não sendo solene pode ser ultimado por mero acordo verbal das partes.

d) sendo consensual, não é negócio que se aperfeiçoa pela mera junção dos consentimentos.

e) ainda que bilateral, não envolve prestação de ambas as partes podendo prescindir de tal providência.

Page 63: Parte 2 - Direito Dos Contratos

CLASSIFICAÇÃO QUANTO À PESSOA DO DECLARANTE

Classificação dividida em duas categorias:

1) Importância da pessoa do contratante para a celebração do contrato e à produção de efeitos.

Podem ser pessoais ou impessoais

2) Número de sujeitos atingidos.

Podem ser individuais ou coletivos

Page 64: Parte 2 - Direito Dos Contratos

Contratos PESSOAIS

Aquele em que há uma obrigação intuito personae

A pessoa do contratante se transforma no elemento que dá causa ao contrato.

P. ex.: Contrato com uma cantora famosa para realizar um show

P. ex.: Fiança; Mandato e Abertura de Crédito

Importância para os contratos de emprego

Contratos IMPESSOAIS

Interessa apenas o resultado da atividade, e não por quem será cumprida

Page 65: Parte 2 - Direito Dos Contratos

IMPORTÂNCIA DA DISTINÇÃO1) Os contratos PESSOAIS são intransmissíveis

O débito não pode ser cedido a terceiroA morte do devedor extingue o contrato

2) Os contratos PESSOAIS são anuláveis por erro essencial à pessoaArt. 139, I, CC

3) O inadimplemento culposo do contrato PESSOAL, na obrigação de fazer, não permite o cumprimento da obrigação por terceiros

Page 66: Parte 2 - Direito Dos Contratos

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE COBRANÇA - CONTRATO DE FIANÇA - MORTE DO AFIANÇADO - EXTINÇÃO DA FIANÇA - RESPONSABILIDADE DO FIADOR - RESTRIÇÃO AO DÉBITO ANTERIOR À EXTINÇÃO - SENTENÇA MANTIDA. Em se tratando de contrato de fiança, por ser esta uma obrigação de caráter personalíssimo, ocorrendo a morte do afiançado a extinção da fiança é medida que se impõe. Desse modo, sobrevindo a extinção da fiança, o fiador responde tão somente aos débitos anteriores à data do óbito, estando exonerado, por conseguinte, daquelas obrigações assumidas posteriormente.

(TJ-MG - AC: 10024131691735001 MG , Relator: Arnaldo Maciel, Data de Julgamento: 10/06/2014, Câmaras Cíveis / 18ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 13/06/2014)

Page 67: Parte 2 - Direito Dos Contratos

Quanto ao número de sujeitos envolvidos/atingidos:

Contratos INDIVIDUAIS: Realizados entre pessoas determinadas

Não diz respeito ao número de partes no contrato.

Mesmo que hajam vários contratantes, cada um deles é considerado individualmente.

Page 68: Parte 2 - Direito Dos Contratos

Contratos COLETIVOS: Transubjetivação do contrato. Atinge grupos que não

têm pessoas inicialmente individualizadas.

Também chamado de contrato normativo

Criam normas gerais para futuros contratos individuais

P. Ex.: Convenção coletiva de trabalho (611 CLT)P. Ex.: Contrato com órgãos de defesa do consumidor (107 CDC)

Pode existir em relações civis/comerciais

Page 69: Parte 2 - Direito Dos Contratos

AINDA EM RELAÇÃO À PESSOA DO CONTRANTE, pode existir AUTOCONTRATO

Importância do consensualismo para realização do contrato

Hipótese de um contrato consigo mesmo

Ocorre quando um mandatário tem poderes para realizar um negócio em nome do mandante, e o faz consigo mesmo.

Art. 117 CC. Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que o representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo.

Page 70: Parte 2 - Direito Dos Contratos

COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. ALIENAÇÃO DA MANDATÁRIA PARA SI MESMA. AUTOCONTRATO. VÍCIO DE CONSENTIMENTO NA REALIZAÇÃO DO CONTRATO DE MANDATO. DOLO NO INDUZIMENTO DOS AUTORES A ACREDITAREM QUE CONCRETIZAVAM A ALIENAÇÃO DO IMÓVEL. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO. A hipótese de contrato de mandato que autoriza a mandatária a alienar determinado bem, sendo, após isso, por ela adquirido, configura o que se denomina autocontrato. Havendo malícia por parte da ré, que abusa da confiança que possui com os autores, pessoas analfabetas e humildes, para induzi-los a realizar contrato de mandato como se fora compra e venda de imóvel, caracteriza dolo, que autoriza o reconhecimento do vício de vontade.

(TJ-SC - AC: 147287 SC 2002.014728-7, Relator: Jorge Schaefer Martins, Data de Julgamento: 12/09/2002, Segunda Câmara de Direito Civil, Data de Publicação: Apelação Cível n. , de Palhoça.)

Page 71: Parte 2 - Direito Dos Contratos

CLASSIFICAÇÃO QUANTO À DISCIPLINA ESPECÍFICA E QUANTO À DESIGNAÇÃO

Distinção entre contratos típicos e atípicos

Típico: Contrato que possui uma disciplina legal particularP. ex.: Doação; Compra e Venda; Corretagem

Atípico: Contrato que não possui disciplina legal particularP. ex.: Hospedagem; factoring; manutenção de equipamentos; espetáculos artísticos; mudança___

Distinção entre contratos nominados e inominados

Nominado: A Lei ou a prática forense estabelecem uma nomenclatura ao contrato

Inominado: Não existe nomenclatura específica para o contrato firmado entre as partes

Page 72: Parte 2 - Direito Dos Contratos

Princípio da autonomia da vontade

Liberdade contratual – Poder criar qualquer conteúdo de contrato

Possibilidade de se criar contratos atípicos

Inexistência na primeira fase do direito romano

Contrato atípico se submete às normas gerais do direito contratual (425 CC)Princípios contratuaisRequisitos de existência e validadeDemais imposições legais

Page 73: Parte 2 - Direito Dos Contratos

Contratos típicos x Contratos nominados

Todo contrato típico é nominado

Contratos atípicos podem ser também inominados

Existem contratos atípicos e nominadosP. ex.: contrato de hospedagem; contrato de integração

Subclassificação dos contratos atípicos:

Contratos atípicos propriamente ditosContratos atípicos mistos

Page 74: Parte 2 - Direito Dos Contratos

DISCIPLINA JURÍDICA DOS CONTRATOS ATÍPICOSProblematização da disciplina jurídica aplicada contratos atípicos

Segundo Orlando Gomes, três soluções são apresentadas pela doutrina:

a) Teoria da combinação: Haveria uma partição do contrato, com aplicação de cada disciplina jurídica a

cada uma das partes.

b) Teoria da absorção: Escolha de um tipo contratual preponderante, cujas regras deveriam prevalecer

em detrimento das demais atinentes aos outros tipos.

c) Teoria da aplicação analógica: Aplica-se a disciplina legal do tipo contratual mais parecido com o

contrato atípico criado

Page 75: Parte 2 - Direito Dos Contratos

Qual é a disciplina jurídica mais adequada?

Segundo Stolze, mais do que a utilização das regras de contratos típicos, é preciso se ater às próprias disposições criadas pelos contratantes dentro de sua autonomia de vontade.

Contratos típicos não precisam de muitas cláusulas, pois se valem das regras dispositivas da lei.

Contratos atípicos, ao contrário, precisam ser mais específicos.

Valem-se, contudo, das regras gerais do direito contratual e obrigacional.

Se necessário, usa-se da analogia.

Page 76: Parte 2 - Direito Dos Contratos

APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS E MATERIAIS. DISTRIBUIÇÃO. CARACTERIZAÇÃO DO CONTRATO DE DISTRIBUIÇÃO. Hipótese dos autos em que resta caracterizada a relação contratual de concessão e distribuição de produtos, denominada distribuição por intermediação, contrato atípico que consiste na compra e venda contínua de mercadorias a preço baixo de um produtor para a revenda pelo distribuidor com a finalidade de ampliação do mercado. Precedentes doutrinários. LEI 6.729/79. INAPLICABILIDADE AO CONTRATO DE DISTRIBUIÇÃO DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS. A Lei 6.729/79 é legislação especial que se aplica apenas aos contratos de concessão comercial entre produtores e distribuidores de veículos automotores de via terrestre, não podendo ser aplicada à distribuição por intermediação de produtos alimentícios por analogia. Aos contratos atípicos e genéricos não se pode aplicar as regras da lei especial por analogia. Precedentes desta Corte e do STJ. RESOLUÇÃO DO CONTRATO. INADIMPLEMENTO DO DISTRIBUIDOR. O contrato de distribuição por intermediação não é regulado por legislação específica devendo a sua regulamentação se dar através de previsão contratual estipulada entre as partes. Caso concreto em que o contrato foi realizado verbalmente entre as partes não havendo disposições contratuais, devendo, assim, aplicar, na ausência destas, a regra geral das obrigações. Hipótese de inadimplemento do distribuidor que permite a resolução do contrato pelo produtor, consoante preconiza a regra do art. 475 do Código Civil, sem prévio aviso. [...](TJ-RS - AC: 70044354421 RS , Relator: Paulo Roberto Lessa Franz, Data de Julgamento: 01/08/2013, Décima Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 16/08/2013)

Page 77: Parte 2 - Direito Dos Contratos

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS - DESCUMPRIMENTO DE EXCLUSIVIDADE TERRITORIAL EM CONTRATO DE DISTRIBUIÇÃO - SENTENÇA REJEITANDO O PEDIDO. INSURGÊNCIA DA AUTORA - CONTRATO DE DISTRIBUIÇÃO VERBAL ANTERIOR AO ADVENTO DO CÓDIGO CIVIL DE 2002 - CONTRATO ATÍPICO, SOB A ÉGIDE DO CC/1916 - UTILIZAÇÃO, POR ANALOGIA, DA DISCIPLINA JURÍDICA N. 4.886/65 (LEI DE REPRESENTAÇÃO) PARA SE VERIFICAR O DIREITO DA AUTORA EM EXPLORAR EXCLUSIVAMENTE DETERMINADO TERRITÓRIO - NECESSIDADE DE CLÁUSULA EXPRESSA (ART. 31 DA LEI 4.886/65)- AUSÊNCIA DE PROVA NO SENTIDO DA EXCLUSIVIDADE - ÔNUS DA AUTORA (ART. 333, I, DO CPC)- INEXISTÊNCIA DE INFRAÇÃO - INDENIZAÇÃO INDEVIDA - RECURSO DESPROVIDO. No contrato de distribuição anterior ao Código Civil de 2002, escrito ou verbal, a exclusividade de zona deve ser expressa, isto é, manifestada por meio de cláusula escrita, não se admitindo a manifestação tácita da vontade, nem mesmo o silêncio circunstanciado. Cabe à parte autora a produção das provas suficientes à satisfação de sua pretensão, nos precisos termos do art. 333, inciso I, do CPC.

(TJ-SC - AC: 26943 SC 2008.002694-3, Relator: Marco Aurélio Gastaldi Buzzi, Data de Julgamento: 09/12/2010, Terceira Câmara de Direito Comercial, Data de Publicação: Apelação Cível n. , de Blumenau)

Page 78: Parte 2 - Direito Dos Contratos

CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS QUANTO AO TEMPO DE EXECUÇÃO

Quanto ao tempo os contratos podem ser classificados entre instantâneos ou de duração

Contratos instantâneos: Os efeitos são produzidos de uma só vez

P. ex.: Compra e venda de bem móvel

Podem ter execução imediata ou diferida

Obs.: Quando instantâneos, somente nos contratos diferidos há aplicação da teoria da imprevisão ou da onerosidade excessiva.

Page 79: Parte 2 - Direito Dos Contratos

Contratos de duração: Cumprimento das obrigações por meio de atos reiterados

P. ex.: Contrato de compra e venda parcelada; contrato de emprego

Também chamado de trato sucessivo, execução continuada ou débito permanente

A duração desse contrato pode ser determinada ou indeterminada

Será determinada se houver termo ou condição resolutiva

Divergência teórica. Contratos de duração por sua própria natureza.

Page 80: Parte 2 - Direito Dos Contratos

EXEMPLO DA DIVERGÊNCIA

RESCISÃO CONTRATUAL - COMPROMISSO DE VENDA E COMPRA DE EMPRESA - ALEGAÇÃO DE ONEROSIDADE EXCESSIVA - CONTRATO INSTANTÂNEO E NÃO DURADOURO - NEGLI GÊNCIA DA COMPRADORA AO EFETUAR O NE GÓCIO SEM AS CAUTELAS ELEMENTARES -ERRO ACIDENTAL - RECURSO IMPROVIDO.O contrato de compromisso de venda e compra em que o preço, não obstante certo e determinado no ato do contra to, foi parcelado em prestações su cessivas, não o torna contrato dura douro ou de execução continuada, sen do contrato instantâneo. A onerosidade excessiva, como funda mento para a rescisão contratual, exige que o contrato seja de execução continuada ou diferida e a onerosida de advenha de acontecimentos extraor dinários e imprevisíveis. A desidia por parte do comprador em tomar as cautelas elementares que a prática dos negócios exige, em se tratando de compra das quotas sociais de uma empresa, e, por conseguinte, ela própria com todos os elementos que compõem o estabelecimento comer cial, não enseja a sua rescisão.

(TJ-SP - APL: 992060101813 SP , Relator: Luís de Carvalho, Data de Julgamento: 30/06/2010, 29ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 07/07/2010)

Page 81: Parte 2 - Direito Dos Contratos

EMBARGOS À EXECUÇÃO. APELAÇÃO CÍVEL. PROMESSA DE COMPRA E VENDA. PRESCRIÇÃO. INOCORRENTE. CONTRATO DE EXECUÇÃO CONTINUADA. JUROS E ENCARGOS MORATÓRIOS. ABUSIVIDADE NÃO CONSTATADA. CLÁUSULA PENAL REGULARMENTE CONTRATADA. Nos contratos de execução continuada, em que o valor total da coisa é parcelado por conveniência das partes, a prescrição começa a contar do vencimento da última parcela, o que torna a pretensão tempestiva no caso concreto. Juros e encargos moratórios contratados regularmente pelas partes, inexistindo as abusividades suscitadas pela embargante. SENTENÇA MANTIDA.

(TJ-RS - AC: 70047248802 RS , Relator: Eugênio Facchini Neto, Data de Julgamento: 19/06/2012, Décima Nona Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 06/07/2012)

Page 82: Parte 2 - Direito Dos Contratos

AGRAVO INTERNO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. SEGUROS. CONTRATO DE TRATO SUCESSIVO. PRESCRIÇÃO. Contratos cuja execução se dá de forma sucessiva, a prescrição não atinge o fundo do direito, mas tão somente as parcelas fulminada pela prescrição, no caso, qüinqüenal. (TJ-RS - AGV: 70059881581 RS , Relator: Luís Augusto Coelho Braga, Data de Julgamento: 26/06/2014, Sexta Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 03/07/2014)

Page 83: Parte 2 - Direito Dos Contratos

CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS

Um contrato pode muitas vezes ter um outro contrato que lhe é atrelado.

P. ex.: Hipoteca em relação ao mútuo

Classificação dividida em:

1. Quanto à relação de dependência entre eles

Principais x Acessórios

2. Quanto à definitividade

Preliminares x Definitivos

Page 84: Parte 2 - Direito Dos Contratos

Contratos quanto à relação de dependência

Contratos principais (REGRA): possuem existência autônoma

Contratos acessórios (EXCEÇÃO): dependem de um contrato principal

P. ex.: Hipoteca, penhor, anticrese, fiança

A existência e a manutenção do contrato acessório dependerão do principal

Diferença para contratos derivados ou subcontratosEm comum aos contratos acessórios, são dependentes do principal

Diferente dos acessórios, a natureza do contratos é a mesma do contrato- base

Page 85: Parte 2 - Direito Dos Contratos

CONSEQUÊNCIAS DA CLASSIFICAÇÃO

1º Não prejudicialidade do principal em relação ao acessório

A nulidade da obrigação principal acarretará a das acessórias, porém a destas não implica a da principal.

2º Indução de cumprimento do acessório em relação ao principal

A prestação da obrigação principal induzirá o cumprimento das obrigações acessórias, mas a recíproca não é verdadeira.

Page 86: Parte 2 - Direito Dos Contratos

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. AÇÃO DE RESCISÃO DE CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE VEÍCULO. CONTRATO ACESSÓRIO DE FINANCIAMENTO COM CLÁUSULA DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. 1. Ilegitimidade passiva do Banco: malgrado a alegação do banco, no sentido de que a discussão repousa, tão-somente, no contrato de compra e venda do veículo FIAT-Marea, vê-se que há pedido de rescisão do contrato acessório de alienação fiduciária. 2. Validade do contrato de financiamento: uma vez rescindido o contrato originário, deve seguir o mesmo caminho o contrato de financiamento com cláusula de alienação fiduciária, já que acessório àquele. 3. Inscrição negativa: extinto o contrato de financiamento, resta impossibilitado o registro negativo do nome do autor, até mesmo porque, com a determinação de devolução das parcelas quitadas, passou a ser credor do banco. Apelo desprovido. (TJ-RS - AC: 70046936662 RS , Relator: Umberto Guaspari Sudbrack, Data de Julgamento: 27/02/2014, Décima Segunda Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 07/03/2014)

Page 87: Parte 2 - Direito Dos Contratos

CONSUMIDOR. RESOLUÇÃO DE CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE VEÍCULO USADO. VÍCIO OCULTO. RESOLUÇÃO DO CONTRATO ACESSÓRIO DE FINANCIAMENTO. Incontroverso o vício oculto no automóvel adquirido pela autora e a devolução do mesmo após dois meses da aquisição, em decorrência da constatação de vício oculto, acertada a declaração de resolução do contrato de compra e venda. O contrato de financiamento, por ser acessório também deve ser desconstituído, cabendo à financeira demandar a vendedora (LDM Automóveis) por perdas e danos. Sentença confirmada por seus próprios fundamentos. RECURSO IMPROVIDO. (Recurso Cível Nº 71003714011, Primeira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Marta Borges Ortiz, Julgado em 26/03/2013)

(TJ-RS - Recurso Cível: 71003714011 RS , Relator: Marta Borges Ortiz, Data de Julgamento: 26/03/2013, Primeira Turma Recursal Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 28/03/2013)

Page 88: Parte 2 - Direito Dos Contratos

CLASSIFICAÇÃO QUANTO À DEFINITIVIDADE

Contratos definitivos: Contratos completos e que não se submetem à expectativa de uma avença futura

Contratos preliminares: Contratos cujo objeto principal é a obrigação de fazer o contrato definitivo

Contrato preliminar conhecido como pactum de contrahendo.

Page 89: Parte 2 - Direito Dos Contratos

AÇÃO COMINATÓRIA - PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL - PAGAMENTO EM PARTE ATRAVÉS DE FINANCIAMENTO BANCÁRIO - OBRIGAÇÃO DE APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS PARA VIABILIZAR O FINANCIAMENTO EM INSTITUIÇÃO FINANCEIRA - DEVER PREVISTO EXPRESSAMENTE NO CONTRATO - NÃO- CUMPRIMENTO PELA PROMITENTE VENDEDORA DO IMÓVEL - APLICAÇÃO DO PRECEITO COMINATÓRIO - ART. 287 DO CPC - REDUÇÃO DA CONDENAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA – [...]"O contrato preliminar, precontrato ou promessa de contrato, também denominado impropriamente compromisso, é um contrato autônomo pelo qual uma das partes ou ambas se obrigam a, oportunamente, realizar um contrato definitivo. É o pactum de contrahendo pelo qual assume a obrigação de contratar em certo momento e em determinadas condições."

(TJ-MG 200000050985990001 MG 2.0000.00.509859-9/000(1), Relator: MAURO SOARES DE FREITAS, Data de Julgamento: 23/11/2005, Data de Publicação: 31/01/2006)

Page 90: Parte 2 - Direito Dos Contratos

VÍCIO REDIBITÓRIOEquivale a vício oculto, ou seja, não aparente

Defeitos ocultos que diminuem o valor ou prejudicam a utilização da coisa recebida por força de um contrato comutativo.

Tem o interesse de resguardar o interesse de adquirentes em contratos translativos de domínio sobre coisas

Existe em contratos bilaterais/comutativos

Pode ser aplicado às doações onerosas

Page 91: Parte 2 - Direito Dos Contratos

Segundo menciona Caio Mário:

“Trata-se de um defeito oculto de que é portadora a coisa objeto de contrato comutativo, que a torna imprópria ao uso a que se destina, ou lhe prejudica sensivelmente o valor”

O defeito, que deve existir no momento da tradição, deve trazer uma dessas consequências:

1) Tornar impróprio para o uso, ou2) Diminuir sensivelmente o valor

São, portanto, requisitos para a caracterização do vício redibitório:

a) Existência de contrato comutativo em que haja transferência de posse e propriedade de coisab) Um defeito oculto existente no momento da tradiçãoc) A diminuição do valor econômico ou prejuízo à utilização da coisa

Page 92: Parte 2 - Direito Dos Contratos

CONSEQUÊNCIAS JURÍDICASDiante da verificação do vício redibitório, abrem-se duas possibilidades:

a) Rejeitar a coisa, redibindo o contrato (via ação redibitória)

Pede-se o desfazimento do negócio, com devolução do preço pago, mais perdas e danos (se o alienante sabia do vício)

b) Reclamar o abatimento do preço (via ação estimatória ou quanti minoris)

Pede-se o abatimento ou desconto do preço pago na coisa

Ambas são espécies de ações edilícias.

Page 93: Parte 2 - Direito Dos Contratos

O adquirente deverá escolher entre um ou outro pedido, pois são excludentes entre si.

A cumulação importa em hipótese de inépcia da inicial (295, par. único, IV, CPC)

Se o alienante sabia do vício oculto, deverá devolver o que recebeu mais perdas e danos

Se o alienante não sabia do vício oculto, deverá devolver o que recebeu, mais as despesas do contrato (custos com registros, tradição, etc.)

Page 94: Parte 2 - Direito Dos Contratos

O vício redibitório não se mistura com a ideia de responsabilidade civil.

Não depende de culpa de quem vende o objeto.

O instituto é entendido como uma “garantia contratual”, prevista em lei.

O alienante responde pelo risco de existirem defeitos no objeto alienado.

Vício redibitório x Erro (vício de consentimento)

O primeiro atua no objeto, o segundo no sujeito.

Vício redibitório enseja as ações edilícias, erro confere azo à anulação contratual.

Page 95: Parte 2 - Direito Dos Contratos

PRAZO PARA PROPOSITURAO prazo para propositura das ações edilícias é:

- 30 dias para bens móveis- 01 ano para bens imóveis

Termo inicial: Entrega efetiva da coisa

Se o adquirente já estava na posse da coisa (locação, empréstimo, arrendamento) os prazos são reduzidos à metade.

Possível problema com redução à metade. Verificação do caso concreto.

Page 96: Parte 2 - Direito Dos Contratos

Possibilidade de o vício redibitório ser descoberto mais tarde após a tradição:

O prazo decadencial começará a correr a partir do conhecimento do defeito

Depende de demonstração de que não foi possível verificar o defeito logo após a tradição.

O defeito não pode ter decorrido de má utilização, deveria existir antes da tradição

Após a entrega, o defeito deve ser descoberto em:

a) Até 180 dias se a coisa for móvelb) Até 01 ano se a coisa foi imóvel

Page 97: Parte 2 - Direito Dos Contratos

- Coexistência de garantias: Garantia contratual e garantia legal

Sobrestamento da garantia legal até término da garantia contratual

Na pendência da garantia contratual, descoberto o vício, deve o adquirente denunciá-lo ao alienante no prazo de 30 dias, sob pena de perda do direito.

- Possibilidade de exclusão, reforço ou diminuição do vício redibitório

Impossibilidade em contratos e adesão

Page 98: Parte 2 - Direito Dos Contratos

VÍCIO REDIBITÓRIO E O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Disciplina legal específica para os vícios nas relações de consumo.

Vícios em produtos ou serviços

Não precisa que o defeito exista antes da tradição (deve decorrer de antes, contudo)

Não precisa ser oculto, podendo ser aparente no momento da tradição.

Possibilidades:

I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;

II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;

III - o abatimento proporcional do preço.

Page 99: Parte 2 - Direito Dos Contratos

O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:

I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis.

II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.

Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços.

Tratando-se de vício não aparente, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito.

Page 100: Parte 2 - Direito Dos Contratos

TEORIA DA IMPREVISÃOPrincípio o pacta sunt servanda

Origem histórica – Código de Hamurabi

Premissa da cláusula rebus sic stantibus

Esquecimento durante os séculos XIX e XX

Retomada do instituto no século XX – França no pós-guerra

Page 101: Parte 2 - Direito Dos Contratos

Teoria da Imprevisão pode ser definida como:

Reconhecimento de que a ocorrência de acontecimentos novos, imprevistos pelas partes e a

elas não imputáveis, com impacto na base econômica ou a execução do contrato, admite a

resolução ou a revisão do contrato, para ajustá-lo às circunstâncias supervenientes.

Pode ser aplicada aos contratos de execução diferida ou de trato sucessivo.

Requisitos:

1) Superveniência de circunstância imprevisível2) Alteração da base econômica objetiva do contrato3) Onerosidade excessiva

Page 102: Parte 2 - Direito Dos Contratos

APELAÇÃO CÍVEL. REVISÃO DE CONTRATO. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EDUCACIONAIS. REBUS SIC STANTIBUS NÃO APLICADA. TEORIA DA IMPREVISÃO. NÃO ADEQUAÇÃO AO CASO. SENTENÇA MANTIDA. IMPROVIMENTO. 1. O fato de a parte ter sofrido com a separação judicial e assim ter prejudicado sua situação financeira, não pode ser utilizada para a relativização das cláusulas contratuais, com aplicação da teoria da imprevisão e, portanto, da cláusula rebus sic santibus. 2. Não há nenhum fato estranho que tenha alterado a relação contratual e assim tenha havido onerosidade excessiva do contrato, pois nessas hipóteses, uma das partes poderá lucrar ainda mais com a mudança do status quo ante. 3. As mudanças nas relações pessoais não podem ser trazidas para relativização da cláusula do pacta sunt servanda, para evitar a quebra da segurança jurídica dos contratos. 4. Recurso conhecido e improvido.

(TJ-MA - APL: 0554492014 MA 0048776-24.2013.8.10.0001, Relator: LOURIVAL DE JESUS SEREJO SOUSA, Data de Julgamento: 30/07/2015, TERCEIRA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 20/08/2015)

Page 103: Parte 2 - Direito Dos Contratos

CARACTERÍSTICASO evento deve ser extraordinário e imprevisível (deve ser algo excepcional e não previsto pelas partes).

Apesar da disposição legal, não é preciso que a outra parte obtenha vantagem excessiva.

Poderá o devedor onerado pleitear a resolução do contrato.

Poderá o devedor pleitear a revisão do contrato, com a adequação da prestação às novas circunstâncias.

O CC menciona que essa é uma faculdade do réu/credor em contestaçãoInterpretação em conjunto ao art. 317 do CCRevisão contratual em contratos unilaterais (art. 480 CC)

Page 104: Parte 2 - Direito Dos Contratos

DIREITO EMPRESARIAL. CONTRATOS. COMPRA E VENDA DE COISA FUTURA (SOJA). TEORIA DA IMPREVISÃO. ONEROSIDADE EXCESSIVA.INAPLICABILIDADE. 1. Contratos empresariais não devem ser tratados da mesma forma que contratos cíveis em geral ou contratos de consumo. Nestes admite-se o dirigismo contratual. Naqueles devem prevalecer os princípios da autonomia da vontade e da força obrigatória das avenças. 2. Direito Civil e Direito Empresarial, ainda que ramos do Direito Privado, submetem-se a regras e princípios próprios. O fato de o Código Civil de 2002 ter submetido os contratos cíveis e empresariais às mesmas regras gerais não significa que estes contratos sejam essencialmente iguais. 3. O caso dos autos tem peculiaridades que impedem a aplicação da teoria da imprevisão, de que trata o art. 478 do CC/2002: (i) os contratos em discussão não são de execução continuada ou diferida, mas contratos de compra e venda de coisa futura, a preço fixo, (ii) a alta do preço da soja não tornou a prestação de uma das partes excessivamente onerosa, mas apenas reduziu o lucro esperado pelo produtor rural e (iii) a variação cambial que alterou a cotação da soja não configurou um acontecimento extraordinário e imprevisível, porque ambas as partes contratantes conhecem o mercado em que atuam, pois são profissionais do ramo e sabem que tais flutuações sãopossíveis. 5. Recurso especial conhecido e provido.

(STJ - REsp: 936741 GO 2007/0065852-6, Relator: Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, Data de Julgamento: 03/11/2011, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 08/03/2012)

Page 105: Parte 2 - Direito Dos Contratos

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. CONTRATO ADMINISTRATIVO. PLANO REAL. CONVERSÃO EM URV. TEORIA DA IMPREVISÃO. INAPLICABILIDADE AO CASO. 1. Constata-se que o Tribunal de origem pronunciou-se de forma clara e suficiente sobre a questão posta nos autos. Os órgãos julgadores não estão obrigados a examinar todas as teses levantadas pelo jurisdicionado durante um processo judicial, bastando que as decisões proferidas estejam devida e coerentemente fundamentadas, em obediência ao que determina o art. 93, inciso IX, da Constituição Federal. Isso não caracteriza ofensa ao art. 535 do CPC. 2. Esta Corte já se pronunciou que a instituição da Unidade Real de Valor URV, se consubstanciou, em si mesma, cláusula de preservação da moeda. �Sendo assim, in casu, não se aplica a teoria da imprevisão, uma vez que este Tribunal entende não estarem presentes quaisquer de seus pressupostos. 3. É requisito para a aplicação da teoria da imprevisão, com o restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro do contrato, que o fato seja imprevisível quanto à sua ocorrência ou quanto às suas conseqüências; estranho à vontade das partes; inevitável e causa de desequilíbrio muito grande no contrato. E conforme entendimento desta Corte, a conversão de Cruzeiros Reais em URVs, determinada em todo o território nacional, já pressupunha a atualização monetária (art. 4º da Lei n. 8.880/94), ausente, portanto, a gravidade do desequilíbrio causado no contrato. 4. Recurso especial não provido.

(STJ - REsp: 1129738 SP 2009/0144008-0, Relator: Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, Data de Julgamento: 05/10/2010, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 21/10/2010)

Page 106: Parte 2 - Direito Dos Contratos

ARRENDAMENTO RURAL. RESCISÃO E DESPEJO. RECUPARAÇÃO JUDICIAL. COMPETÊNCIA. JUÍZO DO LOCAL DO IMÓVEL. TEORIA DA IMPREVISÃO. PREÇO ATRELADO A ARROBA DO BOI. VARIAÇÃO INERENTE. INAPLICABILIDADE. É competente para conhecer, processar e julgar a Ação de rescisão de contrato de arrendamento rural de empresa que se encontra em recuperação judicial o juízo do local do imóvel. A variação é inerente ao preço dos produtos agrícolas, assim, se não houver uma intensa e imprevisível variação não há que se falar na aplicação da teoria da imprevisão em razão da simples apreciação, mesmo que significativa, da commodity.

(TJ-MG - AC: 10443120009255002 MG , Relator: Cabral da Silva, Data de Julgamento: 14/04/2015, Câmaras Cíveis / 10ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 28/04/2015)

Page 107: Parte 2 - Direito Dos Contratos

Distinção entre:

- Cláusula rebus sic stantibus- Teoria da imprevisão- Resolução por onerosidade excessiva

Distinção entre:

- Teoria da imprevisão- Lesão (art. 157 CC)

Defeito do negócio jurídico. Já nasce inválido.

Distinção entre:

- Teoria da imprevisão- Caso fortuito / forma maior (art. 393 CC)

Inadimplemento fortuito da obrigação. Não gera o dever de indenizar.No caso fortuito há impossibilidade absoluta da prestação. Na Imprevisão a impossibilidade é relativa

Page 108: Parte 2 - Direito Dos Contratos

ONEROSIDADE EXCESSIVA NO CÓDIGO CIVIL

Circunstância superveniente que desequilibra a base objetiva no contrato, impondo prestação excessivamente onerosa ao consumidor.

Art. 6, inciso V, da Lei 8.078/90.

Não requisita a imprevisão do evento futuro

Não precisa ser evento extraordinário

Teoria de base objetiva

Mais conhecida com Teoria da Onerosidade Excessiva

Page 109: Parte 2 - Direito Dos Contratos

RECURSO ESPECIAL. CIVIL. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO DE COMPRA E VENDA. DÓLAR AMERICANO. MAXIDESVALORIZAÇÃO DO REAL.

AQUISIÇÃO DE EQUIPAMENTO PARA ATIVIDADE PROFISSIONAL. AUSÊNCIA DE RELAÇÃO DE CONSUMO. TEORIAS DA IMPREVISÃO. TEORIA DA

ONEROSIDADE EXCESSIVA. TEORIA DA BASE OBJETIVA. INAPLICABILIDADE. 1. [...]5. A teoria da base objetiva, que teria sido introduzida

em nosso ordenamento pelo art. 6º, inciso V, do Código de Defesa do Consumidor - CDC, difere da teoria da imprevisão por

prescindir da previsibilidade de fato que determine oneração excessiva de um dos contratantes. Tem por pressuposto a

premissa de que a celebração de um contrato ocorre mediante consideração de determinadas circunstâncias, as quais, se

modificadas no curso da relação contratual, determinam, por sua vez, consequências diversas daquelas inicialmente

estabelecidas, com repercussão direta no equilíbrio das obrigações pactuadas. Nesse contexto, a intervenção judicial se daria

nos casos em que o contrato fosse atingido por fatos que comprometessem as circunstâncias intrínsecas à formulação do

vínculo contratual, ou seja, sua base objetiva. 6. Em que pese sua relevante inovação, tal teoria, ao dispensar, em especial, o

requisito de imprevisibilidade, foi acolhida em nosso ordenamento apenas para as relações de consumo, que demandam

especial proteção. Não se admite a aplicação da teoria do diálogo das fontes para estender a todo direito das obrigações regra incidente

apenas no microssistema do direito do consumidor, mormente com a finalidade de conferir amparo à revisão de contrato livremente pactuado

com observância da cotação de moeda estrangeira. 7. Recurso especial não provido. (STJ - REsp: 1321614 SP 2012/0088876-4, Relator: Ministro

PAULO DE TARSO SANSEVERINO, Data de Julgamento: 16/12/2014, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 03/03/2015)

Page 110: Parte 2 - Direito Dos Contratos

EVICÇÃODever de garantia da coisa (vício redibitório)Dever de garantia do direito (evicção)

Na evicção, o dever de garantia refere-se a eventual perda da coisa, total ou parcial, cuja causa seja anterior ao ato da transferência.

Ao adquirente deve ser garantido que ninguém mais tem direito sobre o objeto do contrato, vindo a turbá-lo ou esbulha-lo.

Evicção surge da perda da posse/propriedade por uma ação judicial ou ato adminitrativo

Page 111: Parte 2 - Direito Dos Contratos

Se acontecer a perda da posse ou da propriedade, tem o adquirente direito a reclamar a evicção.

Presente em todo contrato oneroso

Palavra derivada de ex vincere, evincere, que significam vencer

Evencer - destituir, desapossar judicialmente (alguém)

Evictor – aquele que vence e fica com a coisaEvicto – aquele que perde a coisaAlienante – aquele que transfere a coisa a terceiro

Page 112: Parte 2 - Direito Dos Contratos

REQUISITOS DA EVICÇÃO1) Aquisição onerosa de um bem (translativo de posse ou propriedade, pode hasta pública)2) Um alegado vício no direito do adquirente sobre a coisa3) O vício no direito tem que ser anterior ou concomitante à alienação4) Uma sentença judicial que retira a coisa do adquirente*

* Atos administrativos que privam o uso da coisa também autorizam a evicçãoP. ex.: Apreensão policial de um veículo roubado

Esse direito do terceiro, presente no ato administrativo, deve ser cristalino. Se houver dúvida, ainda depende de sentença.

P. ex.: Pode o alienante se defender a tentativa do terceiro

Page 113: Parte 2 - Direito Dos Contratos

CARACTERÍSTICASApós a ação do evictor é que o evicto age contra o alienante para reclamar prejuízos.

A responsabilidade do alienante não depende de culpa

O adquirente não terá direito à evicção se sabia que a coisa era litigiosa (e assume o risco)

Assunção do risco deve, preferencialmente, ser expressa.

Page 114: Parte 2 - Direito Dos Contratos

CARACTERÍSTICASPara exercitar o direito da evicção, o evicto deverá denunciar à lide o alienante.

Art. 70.CPC A denunciação da lide é obrigatória:I - ao alienante, na ação em que terceiro reivindica a coisa, cujo domínio foi transferido à parte, a fim de que esta possa exercer o direito que da evicção lhe resulta.

Divergência teórica. Entendimento de que não é necessária a denunciação.

Configura-se, então, uma lide secundária que deve ser julgada em conjunto à lide principal.

Ambas as partes podem denunciar o alienante à lide.

A citação do denunciado será requerida, juntamente com a do réu, se o denunciante for o autor; e, no prazo para contestar, se o denunciante for o réu.

Page 115: Parte 2 - Direito Dos Contratos

CARACTERÍSTICASSe o vício no direito for anterior ao próprio alienante, terá ele que pedir a intimação da pessoa que lhe transferiu a coisa. (para usar de ação regressiva posteriormente)

O evicto poderá denunciar diretamente uma pessoa pretérita na cadeia de alienação, anterior ao alienante.

Se a sentença for procedente ao terceiro (evictor), também declarará o direito de evicção do adquirente (evicto) frente ao alienante denunciado.

Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção.

Page 116: Parte 2 - Direito Dos Contratos

DIREITOS DO EVICTOTem direito o evicto, além da restituição integral do preço ou das quantias que pagou:

I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;

II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção;

III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.

Lembrete: pode haver cláusula de redução dos efeitos da evicção

Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se:

a) não soube do risco da evicção.b) ou, dele informado, não o assumiu.

Page 117: Parte 2 - Direito Dos Contratos

DIREITOS DO EVICTOO preço, na evicção total, será o do valor da coisa, na época em que se evenceu.

O preço, na evicção parcial, será proporcional ao desfalque sofrido.

A responsabilidade do alienante permanece mesmo que a coisa estivesse deteriorada Exceção: Se houver dolo do adquirente

Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não tiver sido condenado a indenizá-las, o valor das vantagens será deduzido da quantia que lhe houver de dar o alienante.

P. ex.: Recebeu um seguro por conta da deterioração na coisa

Page 118: Parte 2 - Direito Dos Contratos

BENFEITORIASÚteis, necessárias e voluptuárias

O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis. (Art. 1.219 CC)

As benfeitorias necessárias ou úteis podem ser pagas (abonadas) pelo evictor.

As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas (reembolsadas) ao que sofreu a evicção, serão pagas pelo alienante.

Se as benfeitorias foram abonadas (reembolsadas) o evicto não poderá cobrá-las do adquirente.

Page 119: Parte 2 - Direito Dos Contratos

BENFEITORIASSe as benfeitorias abonadas (reembolsadas) ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo alienante, o valor delas será levado em conta na restituição devida.

Benfeitorias voluptuárias podem ser levantadas pelo benfeitor.

Se as benfeitorias voluptuárias não puderem ser levantadas pelo evicto, ele as perderá e nem será indenizado.

Page 120: Parte 2 - Direito Dos Contratos

EVICÇÃO PARCIAL

O evicto pode perder toda a coisa ou apenas parte dela

Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar pela rescisão do contrato OU a restituição da parte do preço correspondente ao prejuízo sofrido.

O evicto terá que optar por uma ou outra alternativa.

Se não for considerável, caberá somente direito a indenização.

Na ausência de prazo prescricional específico para a parte exercer o direito que resulta da evicção, aplica-se o prazo prescricional de 10 (dez) anos.

Divergência teórica

Page 121: Parte 2 - Direito Dos Contratos

EXCEÇÃO DO CONTRATO NÃO CUMPRIDO

Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.

Exceptio non adimpleti contractus

Instituto aplicado aos contratos bilaterais

Forma de defesa

Page 122: Parte 2 - Direito Dos Contratos

Depende que as prestações sejam simultaneamente exigíveis

Por consequência, não pode ser utilizado quando a prestação do devedor ainda não é exigível

Situação em que não há determinação de quem deva cumprir a obrigação primeiro

Aplicação também na hipótese de o contratantes, após a realização do contrato, tiver diminuição em seu patrimônio, capaz de comprometer ou tornar duvidoso o cumprimento de sua obrigação.

Page 123: Parte 2 - Direito Dos Contratos

EXCEÇÃO DO CONTRATO NÃO CUMPRIDO. INADIMPLEMENTO. COBRANÇA. IMPOSSIBILIDADE - Vige em nosso ordenamento jurídico a clausula contratual geral da "exceção do contrato não cumprido", segundo a qual uma parte não pode exigir da outra o cumprimento da obrigação, sem, anteriormente, adimplir a que se encontra a seu cargo. - Demonstrada a inobservância quanto às obrigações contratuais, pode a parte adimplente negar-se a cumprir a obrigação a seu cargo.

(TJ-MG - AC: 10512110105990001 MG , Relator: Cabral da Silva, Data de Julgamento: 18/03/2014, Câmaras Cíveis / 10ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 02/04/2014)

Page 124: Parte 2 - Direito Dos Contratos

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL - COMPRA E VENDA DE IMÓVEIS - EXCEÇÃO DO CONTRATO NÃO CUMPRIDO - INOCORRÊNCIA. - A teoria da exceção do contrato não cumprido somente pode ser oposta quando a lei ou o contrato não especificar a quem primeiro cabe cumprir a obrigação. - Verificado em qual ordem deverá ocorrer o adimplemento, o contratante que primeiro deverá cumprir sua obrigação não pode recusar-se ao fundamento de que o outro não satisfez ou não satisfará a sua contraprestação. - Não havendo previsão contratual condicionando o pagamento da última parcela, não pode o adquirente deixar de efetuá-lo.

(TJ-MG - AC: 10558110004113001 MG , Relator: Roberto Vasconcellos, Data de Julgamento: 17/03/2015, Câmaras Cíveis / 18ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 20/03/2015)

Page 125: Parte 2 - Direito Dos Contratos

Exceptio non rite aplimpleti contractus

Hipótese de descumprimento parcial, incompleto ou defeituoso da obrigação

Possibilidade de não pagar a obrigação recíproca

Instituto que serve de incentivo ao cumprimento da obrigação pela parte adversa

Page 126: Parte 2 - Direito Dos Contratos

CIVIL E COMERCIAL - APELAÇÃO CÍVEL - AÇÕES CAUTELAR, DECLARATÓRIA E DE EMBARGOS À EXECUÇÃO - CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE BENS MÓVEIS E IMÓVEIS - PENDÊNCIA DE DÉBITO TRIBUTÁRIO - IPTU/TLP - EXCEÇÃO DE CONTRATO NÃO CUMPRIDO E "EXCEPTIO NON RITE ADIMPLETI CONTRACTUS" - IMPOSSIBILIDADE DE RESOLUÇÃO DO CONTRATO - OPOSIÇÃO TEMPORÁRIA AO CUMPRIMENTO TOTAL DO CONTRATO - PROPORCIONALIDADE. 1 - A "EXCEPTIO NON RITE ADIMPLETI CONTRACTUS" É UMA SUBESPÉCIE DA EXCEÇÃO DE CONTRATO NÃO CUMPRIDO (ART. 476 DO CC), APLICÁVEL A SITUAÇÕES EM QUE O DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO POR UMA DAS P ARTES É APENAS PARCIAL, DANDO ENSEJO A QUE A OUTRA TAMBÉM SE RECUSE A CUMPRIR "IN TOTUM" SUA PRESTAÇÃO; 2 - A "EXCEPTIO NON ADIMPLETI CONTRACTUS" E A "EXCEPTIO NON RITE ADIMPLETI CONTRACTUS" NÃO AUTORIZAM A DESCONSTITUIÇÃO DO CONTRATO, POIS TUTELAM APENAS E TÃO-SOMENTE A POSSIBILIDADE DE OPOSIÇÃO TEMPORÁRIA AO CUMPRIMENTO TOTAL DO CONTRATO POR UMA DAS P ARTES E NA EXATA MEDIDA DO QUE A P ARTE ADVERSA O DEIXOU DE ADIMPLIR, OU SEJA, O DESCUMPRIMENTO DA AVENÇA POR P ARTE DE QUEM INVOCA ESSAS EXCEÇÕES DEVE SER, NECESSARIAMENTE, PROPORCIONAL À INFRAÇÃO INICIALMENTE PERPETRADA PELA OUTRA P ARTE, SOB PENA DE OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA BOA-FÉ OBJETIVA E DA FUNÇÃO SOCIAL DOS CONTRATOS.

(TJ-DF - APL: 62627220068070005 DF 0006262-72.2006.807.0005, Relator: J.J. COSTA CARVALHO, Data de Julgamento: 22/04/2009, 2ª Turma Cível, Data de Publicação: 11/05/2009, DJ-e Pág. 120)

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APELAÇÃO CÍVEL. RESOLUÇÃO CONTRATUAL. REPARAÇÃO DE DANOS. OBRIGAÇÃO DAS PARTES. DESCUMPRIMENTO. EXCEÇÃO DE CONTRATO NÃO CUMPRIDO. CABIMENTO. IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO. 1) EM SE TRATANDO DE CONTRATOS BILATERAIS, EM QUE AS PARTES SÃO, A UM SÓ TEMPO, CREDOR E DEVEDOR, EXONERA-SE A OBRIGAÇÃO DE UMA DELAS COM O INADIMPLEMENTO, AINDA QUE PARCIAL, DA OUTRA, POIS SE OPERAM OS EFEITOS DA EXCEPTIO NON RITE ADIMPLETI �CONTRACTUS, CONFORME ARTIGO 476 DO CC.� 2) RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. UNÂNIME.

(TJ-DF - APC: 20100111346155 DF 0044867-60.2010.8.07.0001, Relator: OTÁVIO AUGUSTO, Data de Julgamento: 08/05/2014, 3ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE : 19/05/2014 . Pág.: 167)

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Cláusula solve et repete

Cláusula pela qual o contratante deverá cumprir a sua obrigação mesmo que o outro contratante não a venha a cumprir a sua.

Aplicação corriqueira nos contratos administrativos

Impossibilidade de aplicação nos contratos de consumo

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DA EXTINÇÃO DO CONTRATOEncerramento da relação contratual

Previsão legal entre artigos 472 e 480 do Código Civil

Ausência de rigor terminológico“Extinção”, “Desfazimento” e “Dissolução” como categoria

Resilição = quando pelo menos uma das partes quer extinguir o contratoDistrato = quando as duas partes querem extinguir o contratoResolução = quando o contrato é extinto por descumprimento de obrigação Outras causas de extinção, como o pagamento ou a morte do contratante.

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CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS

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EXTINÇÃO NATURAL DO CONTRATOSituações fáticas, previstas pelas partes e tidas como razoavelmente esperadas

1. CUMPRIMENTO DO CONTRATO

Hipótese de cumprimento da prestação pelas partesP. ex.: Entregar o carro em troca do dinheiroP. ex.: Terminar a reforma da casaP. ex.: Devolver o objeto emprestado

A extinção do contrato se opera ex nunc

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EXTINÇÃO NATURAL DO CONTRATO2. VERIFICAÇÃO DE FATORES EFICACIAIS

Ocorrência de termoEvento futuro e certoP. ex.: Prazo

Ocorrência de condiçãoEvento futuro e incerto

Implemento de condição resolutivaP. ex.: Condição resolutiva expressa para o caso de inadimplementop. ex.: Retrovenda

Frustração de condição suspensiva

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CAUSAS ANTERIORES OU CONTEMPORÂNEAS

À FORMAÇÃO DO CONTRATOToda extinção do contrato que não seja pelo pagamento ou pelo fato eficacial é considerada anormal.

Causas anteriores – cuja ocorrência antecede a formação do contrato.

1. Nulidade ou anulabilidade

Nulidade absoluta e nulidade relativa do contrato

Causas de nulidade

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2. REDIBIÇÃO

Possibilidade frente ao vício redibitório

Alternativa ao abatimento do preço

3. DIREITO DE ARREPENDIMENTO

Previsão contemporânea à formação do contrato.

Pode ser um “período de carência”

Possibilidade de utilização de arras penitenciais – 402 do CC

Relações de consumo – Art. 49 do CDC – Desistência em 07 dias quando entre ausentes – “Prazo de reflexão”

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CAUSAS SUPERVENIENTES À FORMAÇÃO DO CONTRATO

Situações não previstas contratualmente, mas que atuam de forma a extinguir o contrato

1. Resilição

Terminologia codificada no artigo 473 do Código Civil

Refere-se à extinção do contrato por iniciativa de uma ou das duas partes

Produz efeitos ex nunc

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1.1. RESILIÇÃO BILATERAL (DISTRATO)

Hipótese em que as duas partes, por comum acordo, decidem por fim ao contrato.

Todo contrato pode ser finalizado por distrato (desde que já não exaurido)

Geralmente utilizado nos contratos de execução continuada.

Distrato deve ser realizado pela mesma forma do contrato (prevista em lei).P. ex.: Contrato escrito, distrato por escrito.P. ex.: Contrato solene, distrato solene.

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Previsão de quitação pelo distrato no CC de 1916

No CC de 2002 a quitação é tratada em disposto diverso (320 CC).

A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante.

Ainda sem os requisitos estabelecidos valerá a quitação, se de seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida.

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1.2. RESILIÇÃO UNILATERAL

Desfazimento do contrato por iniciativa de uma das partes

Não admitido nos contratos com prazo determinadoO tempo passa a ser parte (cláusula) do contrato

Não admitido nos contratos instantâneosDiferidos ou imediatos

Permitido em casos específicos de contratos de duração e com prazo indeterminado.P. ex.: Contrato de trabalho

Necessita do aviso à outra parte – DenúnciaAto de denunciar o contrato

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Limitação temporal ao ato de resilir o contrato

Se, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos.

P. ex.: Uma empresa de manutenção que faz altos investimentos para atender a demanda da contratante.

- FORMAS ESPECIAIS DE RESILIÇÃO

a) Revogação

Possível em determinados contratos (p. ex. mandato e doação)

Especialmente em negócios em que a obrigação é de confiança.

Há previsão legal que permite a revogação do contrato

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B) RENÚNCIA

Resilição do contrato realizada pelo sujeito passivo da relação contratual.

Instrumento abdicativo

Terminologia de aplicação especial a alguns contratosP. ex.: Renúncia do mandatário no contrato de mandato.

Previsão legal que permite a renúncia

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2. RESOLUÇÃO

Extinção contratual fundamentada no descumprimento do pactuado.

Descumprimento culposo ou involuntário

Descumprimento absoluto ou relativo

Diante do inadimplemento, pode o contratante querer o desfazimento do contrato.

Obs.: Preferência no direito brasileiro de execução do direito específico.

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Observações quanto ao inadimplemento:

Inadimplemento e a exceção do contrato não cumprido

Inadimplemento e a teoria da imprevisão

- CLÁUSULA RESOLUTÓRIA (EXPRESSA OU TÁCITA)

Cláusula resolutória x Condição resolutiva

Pode haver previsão contratual expressa de que o inadimplemento causará a resolução do negócio.

Conhecido também como “pacto comissório expresso”.

Divergência sobre ser causa contemporânea ou posterior à formação do contrato

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Art. 474. CC. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito

Apesar da previsão de “pleno direito”, pode não haver a resolução, mas sim a execução do direito específico prometido pelo devedor.

Mesmo se não for expresso, há implícito em todo contrato bilateral uma cláusula resolutória tácita.

Art. 475. CC. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos.

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A cláusula resolutória tácita depende de interpelação judicial

Expressa (sentença de eficácia declaratória)Tácica (sentença de eficácia constitutiva)

Possibilidade de se evitar a resolução contratual em casos de mora.

Art. 401 CC – Purga-se a mora

I - por parte do devedor, oferecendo este a prestação mais a importância dos prejuízos decorrentes do dia da oferta;II - por parte do credor, oferecendo-se este a receber o pagamento e sujeitando-se aos efeitos da mora até a mesma data.

Situação do a adimplemento substancial

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3. RESCISÃO

Grande imprecisão terminológica ao termo

Normalmente utilizado para indicar desfazimento por culpa do contratante – “Rescindir o contrato”.

No direito do trabalho utilizado indistintamente para todas as hipóteses de extinção.

Parte da doutrina entende que é o desfazimento de contratos por lesão ou estado de perigo

Parte da doutrina entende que é desfazimento do contrato por nulidade (absoluta ou relativa)

Nessa última acepção seria uma causa de extinção anterior à formação do contrato

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MORTE DO CONTRATANTEMorte do contratante é hipótese sui generis de extinção do contrato

Se se trata de contrato pessoal (obrigação intuitu personae) a morte gera a resolução do contrato

O contrato produz efeitos normalmente até a morte (extinção com efeitos ex nunc)

Nas demais hipóteses, as obrigações do de cujus transmitem-se aos herdeiros.

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CASO FORTUITO OU FORÇA MAIORHipótese prevista em lei para a extinção dos contratos

Art. 393. CCO devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado.

Força maior: Evento inevitávelCaso fortuito: Evento imprevisto

Semelhança semântica

O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir.

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CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS