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UNIDADE 7: DIREITO CIVIL – Parte Geral, Obrigações e Contratos

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UNIDADE 7: DIREITO CIVIL – Parte Geral, Obrigações e

Contratos

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Parte Geral

1 - Conceito de Direito CivilTrata do conjunto de normas

reguladoras das relações jurídicas dos particulares. O interesse de suas regras é eminentemente individual.

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2 - Pessoas

2.1 - Pessoa Natural

Pessoa é o ser ao qual se atribuem direitos e obrigações (art. 1 do Código Civil). Para ser pessoa basta existir.

Toda pessoa é dotada de personalidade, isto é, tem capacidade para figurar em uma relação jurídica. Toda pessoa tem aptidão genérica para adquirir direitos e obrigações.

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2.1 - Pessoa Natural

A capacidade jurídica, delineada no art. 2 e no art. 1 do Código Civil, todos possuem, é a capacidade de direito. Mas nem todos possuem a capacidade de fato ou de exercício que é a aptidão para o indivíduo, por si só, adquirir direitos e contrair obrigações.

Exemplo: Os recém-nascidos e os loucos têm somente a capacidade de direito (aquisição de direitos), podendo, por exemplo, herdar. Mas não têm a capacidade de fato (de exercício). Para propor qualquer ação em defesa da herança recebida, precisam ser representados pelos pais e curadores.

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2.1 - Pessoa Natural

Quem tem as duas espécies de capacidade, tem capacidade plena.

Quem só tem a de direito, tem capacidade limitada e necessita de outra pessoa que substitua ou complete a sua vontade. São por isso chamados de “incapazes”.

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2.2 - Das Incapacidades

No direito brasileiro não existe incapacidade de direito, porque todos se tornam, ao nascer, capazes de adquirir direitos (art. 1 do Código Civil).

Existe somente incapacidade de fato ou de exercício. Assim, incapacidade é a restrição legal ao exercício de atos da vida civil. Pode ser de duas espécies: absoluta e relativa.

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2.2 - Das Incapacidades

A incapacidade absoluta (art. 3 do Código Civil) acarreta a proibição total do

exercício, por si só, do direito. O ato somente poderá ser praticado pelo representante legal do absolutamente incapaz, sob pena de

nulidade (art. 166, I do Código Civil).

A relativa (art. 4 do Código Civil) permite que o incapaz pratique atos da vida civil, desde que assistido, sob pena de

anulabilidade (art. 171, I do Código Civil).

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2.3 - Início da Personalidade

A personalidade civil da pessoa natural começa do nascimento com vida (art. 2 do Código Civil).

a) Corrente Natalista: Entende que a personalidade depende do nascimento com vida (basta respirar). A partir desse momento pode titular relações jurídicas.

b) Corrente Concepcionista: a personalidade do nascituro é adquirida desde a concepção,

justamente pelo exposto no final do art. 2° pois, para ter direitos tem que ser sujeito de direito.

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2.4 - Pessoas Jurídicas

Pessoas jurídicas são entidades a que a lei empresta personalidade, capacitando-as a serem sujeitos de direitos e obrigações. A sua principal característica é a de que atuam na vida jurídica com personalidade diversa da dos indivíduos que as compõe.

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3- Domicílio

Domicílio é a sede jurídica da pessoa, onde ela se presume presente para efeitos de

direito. Onde pratica habitualmente seus atos e negócios jurídicos. É o local onde responde por suas obrigações.

O Código Civil, no art. 70, considera domicílio o lugar onde a pessoa estabelece a sua residência com ânimo definitivo. Assim, temos uma diferença entre moradia, residência e domicílio.

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3- Domicílio

Segundo o art. 73, é possível ter domicílio sem ter residência fixa (domicílio

ocasional). Exemplo: ciganos. Considera-se domicílio o lugar onde forem encontrados.

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4 - Bens

4.1 - Bens Móveis e Imóveis

Bens Móveis: são aqueles que podem ser deslocados por força própria de um local para outro sem sofrer qualquer destruição.

Bens Imóveis: aqueles que não podem ser removidos de um lugar para outro sem destruição.

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4.2 - Bens Fungíveis e Infungíveis

Fungíveis: aqueles que possuem relação de equivalência com outro bem, isto é, pode ser substituído por bem que tenha a mesma espécie, quantidade e qualidade.

Infungível: não há como substituir o bem.

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4.3 - Bens Consumíveis e Inconsumíveis

Consumíveis: são aqueles que quando você usa, eles são destruídos.

Exemplo: gêneros alimentícios.

Inconsumíveis: art. 86 a contrário senso.

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4.4 - Bens Divisíveis e Indivisíveis

Bens divisíveis: aquele que eu posso repartir em frações reais e distintas mantendo sua substância, não

diminuindo seu valor nem sua utilização. Exemplo: ouro.

Bens indivisíveis: art. 87 a contrário senso.

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5 - Fato Jurídico

Fato jurídico é todo acontecimento da vida relevante para o direito, mesmo que seja

fato ilícito.

F A T O S N A T U R A IS

M E R A M E N T E L ÍC IT O S N E G Ó C IO S JU R ÍD IC O S

L ÍC IT O S IL ÍC IT O S

A T O S JU R ÍD IC O S

F A T O JU R ÍD IC O

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5.1 - Atos Jurídicos em Sentido Amplo

a) Lícitos – são os atos humanos a que a lei defere os efeitos almejados pelo agente. Praticados em

conformidade com o ordenamento jurídico, produzem efeitos jurídicos.

- Ato jurídico em sentido estrito – exige manifestação da vontade, o efeito desta está pré-determinado na lei.

Exemplo: reconhecimento de filho; - Negócio jurídico – exige manifestação da vontade. A ação humana visa diretamente a alcançar um fim prático

permitido na lei. Exemplo: contrato de compra e venda.

b) Ilícitos – por serem praticados em desacordo com o prescrito no ordenamento jurídico.

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5.2 - Elementos do Negócio Jurídico

a) Essenciais: constituem requisitos de existência e validade.

- Requisitos de existência: declaração de vontade, finalidade negocial e a

idoneidade do objeto.

- Requisitos de validade: capacidade do agente, objeto lícito, possível, determinado ou determinável e forma prescrita ou não defesa em lei.

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5.2 - Elementos do Negócio Jurídico

b) Acidentais: constituem requisitos de eficácia do negócio jurídico.

- Condição: é a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto.

- Termo: é o dia em que começa ou se extingue a eficácia do negócio jurídico.

- Encargo: aquela pela qual se impõe um ônus ou obrigação ao beneficiário.

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5.3 - Invalidade do Negócio Jurídico

A expressão “invalidade” abrange a nulidade e a anulabilidade do

negócio jurídico. É empregada para designar o negócio que não produz os efeitos desejados pelas partes, o qual será classificado pela forma acima mencionada de acordo com o grau de imperfeição verificado.

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Diferenças entre anulabilidade e nulidade:

A anulabilidade é decretada no interesse privado da pessoa prejudicada; pode ser suprida pelo juiz, a requerimento das partes ou sanada pela confirmação; depende de provocação dos interessados; não opera efeito antes da sentença (efeito ex nunc).

A nulidade é de ordem pública e decretada no interesse da própria coletividade; não pode ser sanada pela confirmação nem suprida pelo juiz; deve ser pronunciada de ofício pelo juiz, seu efeito é ex tunc (retroage à data do negócio); pode ser alegada por qualquer interessado.

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5.4 - Defeitos do Negócio Jurídico

a) Erro: é a falsa idéia ou desconhecimento da realidade que leva a pratica do negócio jurídico inválido.

b) Dolo: é o induzimento malicioso de alguém à prática de um ato que lhe é prejudicial, mas proveitoso ao autor do dolo ou a terceiro.

c) Coação: é o emprego da violência psicológica para viciar a vontade.

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5.4 - Defeitos do Negócio Jurídico

d) Estado de Perigo: configura-se quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.

e) Lesão: configura-se quando alguém obtém um lucro exagerado, desproporcional, aproveitando-

se da inexperiência ou da situação de necessidade de outro contratante.

f) Fraude contra credores: é vício social, praticado com o intuito de prejudicar terceiros, ou seja, os credores.

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Obrigações

1 - Conceito de Obrigações

É o vínculo jurídico que proporciona a alguém (credor) o direito de exigir de

outrem (devedor) o cumprimento de prestação, podendo buscá-la no

patrimônio do devedor caso não a satisfaça espontaneamente.

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2 - Elementos Constitutivos

São eles: os sujeitos da relação obrigacional (credor e devedor), objeto da prestação e vínculo jurídico.

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2.1 - Sujeitos

a) Sujeito ativo (credor): é a pessoa que tem direito de exigir, a

prestação, em suma, o beneficiário da obrigação.

b) Sujeito passivo (devedor): é a pessoa sobre a qual recai o dever de efetuar a prestação.

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2.2 - Objeto

É a prestação da relação obrigacional que sempre será um comportamento humano (dar, fazer ou não fazer). O objeto tem que ser possível, lícito e economicamente apreciável.

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2.3 - Vínculo jurídico

Pode surgir da lei ou da vontade das partes. Tem caráter pessoal porque

se tem em mira um dever do devedor em relação ao credor.

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3 - Fontes da Obrigação

Perante o Código Civil Brasileiro de 2002, três são as fontes declaradas: obrigações decorrentes dos

contratos, obrigações por declaração unilateral da vontade e obrigações provenientes de atos ilícitos.

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4 - Classificação das Obrigações (quanto à natureza da prestação)

a) Obrigação de dar: obrigação de entregar alguma coisa. A coisa a ser entregue poderá ser certa, quando for individualizada ou poderá ser incerta , quando indicada apenas pelo gênero, pelo peso ou pela quantidade.

b) Obrigação de fazer: É obrigação de realizar obra ou serviço.

c) Obrigação de não fazer: é a obrigação de se abster de certo comportamento. O sujeito aceita limitar sua liberdade individual.

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5 - Obrigações Múltiplas

a) Cumulativa: só se libera se cumpre o conjunto das prestações. Exemplo: contrato de empreitada onde empreiteiro tem que realizar a obra e fornecer o material.

b) Alternativa: Ainda que o contrato traga uma pluralidade de prestações o devedor

se libera cumprindo apenas uma delas. Exemplo: obrigação de alimentar, que pode ser cumprida in natura ou em dinheiro.

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6 - Obrigação Solidária

Diz-se que a obrigação é solidária quando há mais de um credor ou mais de um devedor, cada um com direito ou obrigação à dívida toda.

Na dívida solidária o credor pode cobrar de um ou de alguns dos devedores a totalidade da

dívida, à sua escolha, restando para os que pagaram o direito de regresso contra os coobrigados.

A solidariedade não se presume. Terá sempre por fonte a lei ou o contrato.

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Contratos

1 - Conceito de Contrato

É um acordo de vontades que cria um vínculo obrigacional para as partes.

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2 - Função Social dos Contratos

Paralelamente à função econômica do contrato, encontramos no art. 421 do Código Civil, uma

civilizadora e educativa função, qual seja a função social do contrato que aproxima os homens e abate as diferenças.

Desta forma, a doutrina da função social surge de modo a atender os ditames do interesse coletivo, acima daqueles do interesse particular, se preocupando, ainda em igualar os sujeitos de direito, de modo que a liberdade que a cada um deles cabe, seja igual para todos.

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3 - Condições de Validade

O contrato, sendo um ato jurídico bilateral, exige agentes capazes, objeto lícito e possível e consentimento válido, além da forma prescrita ou não vedada em lei.

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4 - Princípios Fundamentais

4.1 - Autonomia da Vontade

Significa a liberdade das partes na estipulação do que lhes convenha.Limitações: as regras legais de “ordem pública”,

os “bons costumes” e não pode se contrapor ao interesse da coletividade (função social).

4.2 - Supremacia da Ordem Pública

Significa que a autonomia da vontade é relativa, sujeita que está à lei e aos princípios da moral e

da ordem pública.

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4 - Princípios Fundamentais

4.3 - Obrigatoriedade do Contrato

O contrato faz lei entre as partes (pacta sunt servanda).

4.4 - Princípio da Boa-fé

Esse princípio se estampa pelo dever das partes de agir de forma correta antes,

durante e depois do contrato.

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5 - Arras

O contrato preliminar pode ser garantido por um sinal, também chamado de arras. Essa garantia firma a presunção de acordo final e torna obrigatório o contrato.

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6 - Vício Redibitório

É o defeito oculto da coisa, de certa gravidade, que a torna imprópria ao uso a que é destinada ou lhe diminua o valor. Exemplo: Cavalo comprado como reprodutor, é estéril.

O prejudicado pode rescindir o contrato e exigir a devolução da importância paga,

acrescida de perdas e danos se o vendedor conhecia o defeito. Pode também o adquirente, se preferir, pedir apenas um abatimento de preço.

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7 - Evicção

A evicção é a perda total ou parcial da coisa adquirida por decisão judicial, em favor de terceiro, que era o verdadeiro dono.