o rito com diabetes mellitus nÃd·tritido

111
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃ_O EM NEFROLOGIA O RITO COM DIABETES MELLITUS NÃD·TRITIDO UM NOVO MODELO PARA ESTUDO DA INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA INDUZIDA POR DROGAS Ruth Teresa Bler Dlssertaçao de Mestrado apresentada ao Curso de Pós-Graduaçao em Nefrologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul P o r t o A I e g r e, 1 9 8 4

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃ_O EM NEFROLOGIA

O RITO COM DIABETES MELLITUS NÃD·TRITIDO UM NOVO MODELO PARA ESTUDO DA INSUFICIÊNCIA

RENAL AGUDA INDUZIDA POR DROGAS

Ruth Teresa Bler

Dlssertaçao de Mestrado apresentada ao Curso de Pós-Graduaçao em Nefrologia

da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

P o r t o A I e g r e, 1 9 8 4

O RATO COM DIABETES MELLITUS NÃO-TRATADO: UM NOVO

MODELO PARA ESTUDO DA INSUFICitNCIA

RENAL AGUDA INDUZIDA POR DROGAS

U r·,---;:;::----~l i '·~:·' ~1

8 i b I i o t e c a f'.~ ( cJ : c ': a · . I N11 ch-amada i

Registrc:1i 5 85

oat'i: 2_~-os-~1--------------

:-.:o de Obra 2., ~

MED 05190366

T WK810 8588r 1984

[0061954] Bier, Ruth Teresa. O r·ato com diabetes mellitus nao-tratado : um novo rnodglo par: a. r:>gtudo da in::3U f it.:" .i.~?nr~-:i.a rr::-nal agud .. l induzida por drogas. 1984. 93 f. : U.

AGRADECIMENTOS

à Com~~~ão Coohdenadoha do Cuh~o de PÕ~-Ghaduação em Ne6ho!og~a da UFRGS, em e~pe~~a! ao~ Vh~. Ce~a~ Co~­

ta, A!behto Ro~a e Ja~me Kop~te~n, pelo apo~o e pela

eompheen~ão d~~pen~ada, he~pon~áve~~ pela hea!~zação

de~te thaba!ho.

Ao Vh. Cah!o~ A. Vaamonde, Pho6e.~~oh de. Me.d~~~na da E~co!a de. Med~c~na da Un~veh~~dade. de. M~am~ e Che.6e

da Ne.6ho!og~a do M~am~ Vetehan~ Adm~n~~that~on Med~­

~a! Ce.nte.h, phe.~e.ptoh e.pho6e.~~oh oh~e.ntadoh,poh ~e.u~

e.n~~namento~ e. e.ntu~~a~mo no de.~e.nvo!v~e.nto e na ~on­~e.~ução da pe.~qu~~a.

Ao V h. V ~ctoh~ano Pahdo, Pho 6 e.~~ oh de. Pato!og~a da E~­

cota de Med~c~na da Un~ve.h~~dade. de. M~am~, poh .6eu va­

!~o.6o auxZ!~o no~ a~pe.~to~ pato!Õg~~o.6 do thaba!ho.

A toda e.qu~pe tê~n~ea do~.> ·tabohatÕh-i..o.6 de. pe..6qu-i...6a ne.-

6ho!Ôg~ca do Vh. C.A. Vaamonde., peta e6~~-i..ente ~o­

!abohação.

Aghade.~e.··.6e. também o apo-i..o 6-i..nan~e-i..ho do Govehno do E~.>tado do R-i..o Ghande. do Sul; da CAPES; da APLUB, R-i..o

Ghande do Sul; da E.6co!a de. Me.d-i..c-i..na da Un-i..ve.h.6-i..dade

de M~am~ e Re.6e.ah~h Se.hv~ce o6 the. M-i..am-i.. Ve.tehan.6 Ad­

m~n~~.>that~on Med~~af Cente.h, M-i..am~, USA.

SUMARIO

LISTA DE TABELAS - f .. • ' • •

LISTA DE FIGUR.AS

LISTA DE ABREVIATURAS.

RESUMO . . . . . . . .

ABSTRACT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

INTRODUÇÃO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

2 REVISÃO DA LITERATURA

2. 1 NEFROTOXICIDADE DA GENTAMICINA.

VI

VII

VIII

IX

XII

1

8

9

2.1.1 Patogêneseda nefrotoxicidade da gentamicina 11

3

2.1.2 Alteraç~es ao nlvel do nefr~nio 13

2.1.3 Alterações ao nível celular , . , 13

2.2

2.3

2. 4

2.5

NEFROTOXICIDADE DO MEIO DE CONTRASTE.

NEFROTOXICIDADE DO CISPLATINUM ... , . . .•

PREVENÇÃO DA IRA EXPERIMENTAL EM VÁRIOS MODELOS

ANIMAIS . . . . . . . . . · · · · • · • · ·

PREVENÇÃO DA IRA INDUZ IDA PELA GENTAMIC INA EM MO-

DE LOS ANIMAIS . . . . . . . . . . . . . MATERIAIS E MtTODOS . 3 . 1 ANIMAIS EXPERIMENTAIS

3. 2 PROTOCOLOS EXPERIMENTAIS.

3 . 2 • 1 Experimentos 1 e 2. . . . . . 3. 2. 2 Experimento 3 . . . . . . '

19

21

22

25

31

32

33

33

34

v

35 3.2.3 Experimento 4

3.2.4 Experimento 5 .

3.2.5 Experimento 6

3.2.6 Experimento 7

3.3 METODOS ...

. ' . 36

. . . .

3.3.1 Determinações químicas.

3.3.2 Estudos morfológicos ..

3.3.3 DeterminaçÕes teciduais

3. 4 ANÃLISE ESTATÍSTICA ...

4 RESULTADOS.

...

4.1 EXPERIMENTO 1 - EFEITO DA DOSE MACIÇA DE GENTA~

MICINA NA SOBREVIDA . . . .. 4. 2 EXPERIMENTO 2 - EFEITO DO DESAPARECIMENTO DOES-

37

38

39

39

41

42

42

44

45

TADO DIABETICO NA SOBREVIDA . . . . . . . . . 48

4.3 EXPERIMENTO 3 - INFLUENCIA DA DURAÇÃO DO DIABE-

TES NA PROTEÇÃO CONTRA A NEFROTOXIC IDADE DA GEN-

TAMICINA. . . . . . . . . . . . . . . . 48

4.4 EXPERIMENTO 4- EFEITO DA ADMINISTRAÇÃO DE CIS-

PLAT INUM. . 50

4.5 EXPERIMENTO 5 - EFEITO DA ADMINISTRAÇÃO DO URA-

NIL NITRATO 50

4.6 EXPERIMENTO 6 - EFEITO DA ADMINISTRAÇÃO DE MEIO

DE CONTRASTE I. 53

4. 7 EXPERIMENTO 7 - INFLUÊNCIA DA IDADE E DESIDRATA-

ÇÃO II. 57

4.8 PATOLOGIA

5 DISCUSSÃO

5. 1

5.2

5 . 3

5. 4

FILTRAÇÃO GLOMERULAR.

DIURESE OSMÓTICA ..

SISTEMA RENINA ANGIOTENSINA

PROSTAGLANDINAS .

59

64

69

71

72

73 5. 5 ASPECTOS METAB6L ICOS DO DIABETES EXPERIMENTAL.. 74

6 CONCLUSOES. 76

7 REFERtNCIAS BIBLIOGRAFICAS. 79

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

CURSO DE POS-GRADUAÇÃO EM NEFROLOGIA

O RATO COM DIABETES MELLITUS NÃO-TRATADO: UM NOVO

MODELO PARA ESTUDO DA INSUFICitNCIA

RENAL AGUDA INDUZI DA POR DROGAS

por

Ruth Te~e~a B~e~

O r i en t ad o r

Prof. Dr. Jaime Kopstein

Dissertaçio de Mestrado

apresentada ao Curso de PÔs-Graduação em Nefrologia

da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

111111111111111 m111111

Bib.Fac.Med.UFRGS

T-0030 o rato coa diabetes aellitus n

Porto Alegre, 1984

Tabela I

Tabela Il

Tabela III

Tabela IV

Tabela V

Tabela VI

Tabela VII

LISTA DE TABELAS

Proteção completa contra anefrotoxicidade d~

gentamicina no rato diabêtico não-tratado (a-

daptado de Teixeira et alii) 29

Sobrevidaapôs a administração de dose maciça

de gentamicina eefeito do desaparectmento do

diabetes sobre a proteçao.

Efeito da duração do diabetes sobre a prote-

46

ção contra a nefrotoxicidade da gentamicina. 49

Efeito do uranil nitrato sobre a função renal

de ratos diabêticos e controle .

Efeito do meio de contraste I - dados do pe­

riodo basal.

Dados do periodo basal em ratos diabêticos ve­

lhos e efeito da desidratação II .

ModificaçÕes no Ccr (%) após o periodo de de­

sidratação e após administração do meio de con­

traste li.

52

54

56

60

Tabela VIII Escore de lesÕes patolÓgicas II. 63

LISTA DE FIGURAS

F i g u r a 1 As p e c t o s d e m i c r o s c o p i a d e 1 u z em r a to. - c o n t r o 1 e.

e ra~.o diab~tico que receberam 200 mg/kg/pesode

gentamicina durante 11 dias

Figura 2 Efeito do P1atinum sobre o clearance da creati-

47

nina endÔgena em ratos-controle e diabéticos. 51

Figura 3 Efeito do Renografin sobre o Ccr em ratos jovens,

não-hidropênicos, diabéticos e controles.

Figura 4 Efeito da desidratação sobre os valores basais

de ratos velhos, diabéticos e controles

Figura 5 Efeito do Renografin sobre o Ccr em ratos velhos,

hidropênicos, diabéticos e controles.

55

58

61

LISTA DE ABREVIATURAS

IRA Insuficiência renal aguda

SD 'sprague-Dawley

DM Diabetes mellitus

C Controles

SNH Streptozotocin não-hiperglicêmico

RESUMO

Apesar de várias décadas de pesquisa, a fisiopatolo­

gia da insuficiência renal aguda (IRA) não está totalmente es­

clarecida e continua sendo objeto de intensa investigação cien­

tífica. Na atualidade. cerca de 25-50% de todos os casos de IRA

estão associados a nefrotoxicidade por drogas que usualmente

compõem o arsenal terapêutico e diagnóstico.

Dentre estas, detacam-se os antibióticos aminoglico­

sídeos, em especial a gentamicina, pelo uso clínico freqlientee

associação com o desenvolvimento de IRA no homem.

Nos animais, a gentamicina tem sido estudada exaus­

.tivamente como protótipo deste grupo de drogas e como modelone­

frotóxico de IRA.

Estudos elaborados com a finalidade de elucidar apa­

tog6nese c a prevenção da IRA induzida por nefrotoxinas têm u­

tilizado uma variedade de modelos animais e de manobras expe­

rimentais. Muitas das Últimas incluem o uso de diurese osmóti­

ca c aquosa, diur6ticos e manipulâções experimentais ou farma­

colÓgicas do sistema renina-angiotensina eprostaglandinas.Quan­

to à proteção, os resultados têm-se mostrado variáveis.

X

Recentemente, demonstrou-se que ratos diabéticos po­

liúricos não-tratados apresentam proteção completa, morfológi­

ca e funcional, contra a IRA induzida pela gentamicina, e con­

cluiu-se que tal proteção relaciona-se em parte coma diurese os-

mótica característica dos animais poliÚricos diabéticos na o-

tratados, e que também estava associada à menor acumulação re­

nal de gentamicina.

Nos estudos apresentados, estendem-se essas observa­

ções e demonstra-se que o rato com diabete não- tratado exibe

proteção completa, morfológica e funcional, contra a IRA indu­

zida pela gentamicina em doses altas (70 mg/Kg/peso/dia) e mo­

deradas (40 mg/Kg/peso/dia). Apresenta também metior toxicidade

em resposta a doses maciças (200 mg/Kg/peso/dia).

Apesar da proteção depender do estado diabético (fup.

2), ocorreu independentemente de sua duração (Exp.3) e foi as­

sociada ~ menor acumulação cortical renal de gentamicina (Exp.

1,2 c 3), confirmando os estudos anteriores.

Ao testarem-se outras nefrotoxinas, observou-se que

os ratos diabéticos exibiram uma proteção completa, morfolÓgi­

CH c funcional, contra a nefrotoxicidadc induzida pelo cispla­

tinurn. Observou-se ainda que o estado diabético não preveniu,

m3s proporcionou uma melhora da nC>frotox.icidade induzida pelo

uranil nitrato.

Também se constatou que, a despeito das manobras u­

tilizadas, ratos diabéticos jovens e velhos, hidropênicos enão­

hidropênicos, não exibiram IRA induzida pela administração de

meio de contraste radiológico.

XI

Neste experimento, os tatos-controle nao diab~ticos,

tamb~m não exibiram IRA induzida pela injeção do meio de con­

traste, concluindo-se que o rato Sprague-Dawley, normal ou com

diabete n5o-tratado, n5o 6 o modelo apropriado para estudar a

nefrotoxicidade do meio de contraste.

Os mecanismos envolvidos, seja na proteção, seja na

melhora observada contra IRA induzida pelas nefrotoxinas utili­

zadas, permanecem por ser esclarecidos.

Entrei~nto, importantescaracteristicas do estado dia­

b6tico podem ser respons~veis pela proteção exibida porestes ~

nimais frente a diferentes nefrotoxinas:

1 - alto índice de filtração glomerular;

2 - diurcse osm6tica;

3 - supressão do sistema renina-angiotensina;

4 - prostaglandinas;

5 alterações dos fosfolipÍdeos renais, considera­

dos receptores de membrana ao nível do "brush­

bordcr'' do tfibulo proximal para muitas drogas,

como a gentamicina.

Dessa forma o rato com DM n~o-tratado apresenta uma

s6rie de características que, em conjunto ou separadamente,po­

Jcm ter atuado como mecanismos protetores contra a IRA induzi-

Ja pelas diversas nefrotoxinas.

O rato com DM não-tratado, portanto 6 um modelo Gtil

para o estudo da induç5o e prevenção da nefrotoxicidade indu­

zida por drogas.

ABSTRACT

Despite several decades of research the

pathophysiology .. of acute renal failure is still uncertain and

under continuous investigation.

Prcsently about 25-50% of all cases of ARF are

associated with nefrotoxicity of common therapeutic and

diagnostic drugs.

Of all de drugs the aminoglycosides have emerged as

very important, particularly gentamicin by i ts therapeutic use

and association with the development of ARF in man. Inanimals,

gcntamicin has becn extensively studied as a prototype of this

·group of drugs andas a model of nepbrotoxic acute renal

failure.

Studics designed to clucidate the pathogenesis and

prcvcntion of ncphrotoxic-induced ARF have utilized a variety

o[ animal rnodels and experimental maneuvers. Many of the latter

include the use of solute and water diuresis, diuretics,

experimental or pharrnacologic manipulations of the renin­

angiotensin system and prostaglandins. The results have been

of variable protection.

XI li

Recently, the polyuric rat with untreated diabetes

mellitus have demonstrated complete functional and morphologic

protection against gentamicin - induced ARF. It was concluded

that the protection observed was related in part to the osmotic

diuresis characteristic of the untreated polyuric diabetic

animal and was also associated with a lower renal accumulation

of gentamicin.

In the present studies those observations were

extendcd and the rat with untreated diabetes mellitus exibited

a complete morphologic and functional protection against the

ARf induced by moderate (40 mg/kg/BW/day) and high (70 mg/kg/

BW/day) doses of gentamicin. Also exibited diminished toxicity

at massivc dosage (200 mg/kg/BW/day).

Although the protection depended on the diabetic

statc (Exp. 2) it was independent of its duration (Exp. 3) and

was associated with a lower renal cortical accumulation of

gcntamicin (Exp. 1, 2, 3) as observed in the previous studies.

When other nephrotoxic drugs were tested the diabetic

rats exibitcd complete functional and morphologic protection,

from platinum - induced ncphrotoxicity.

T h c d i a b c t i c s ta t e In s no t pro t e c t e d , b u t ame 1 i o r a te d

the ARF induccd by uranyl nitrate, an stablished model of ARF.

lt was also observed that despite the utilized

maneuvers, young and old diabetic rats, hydropenic and non­

hydropcnic, havc not exibi ted thc ARF induced by administration

XIV

of contrast media.

In this experiment control non-diabetic rats also

have not exibited ARF - induced by the injection of contrast

media, and it was concluded that the Sprague-Dawley rat is

not the appropriate model for the study of contrast media

nephrotoxicity.

The mechanisw(s) of the observed protection or

amclioration against the nephrotoxin - induced ARF remains to

be elucidated.

flowever the diahetic state presents important

charecteristics that could be responsible for the provided

protection from various nephrotoxins:

1) High utrafiltration rate

2) Osmotic diuresis

3) Suppression ofthe renin-angiotensin system

4) Prostaglandins

5) Alterations of renal phospholipids - reputed

receptor or binging site for gentamicin and other

drugs in the brush border membrane of the proximal

tubule.

Thus, the rat with untreated diabetes mellitus

prcsents several characteristics that togheter or isolated

have been operative as protective mechanisms against the ARF

induced by differcnt nephrotoxins.

XV

Thercfore the untreated rat with streptozotocin -

induccd diabetes mcllitus is a useful model for study of the

induction of and preventive mechanisms from drug - induced

nephrotoxicity.

INTRODUÇAO

Nas ú 1 ti mas décadas , tem-se evidencia do qu·e agentes

terapêuticos c diagnósticos de uso comum são capazes de produ­

zir insuficiência rena) aguda (insuficiência renal aguda indu­

zida por droga ou nefrotóxica), trazendo conscqUentemente li­

mitações as suas aplicações clínicas.

O progresso da medicina na Última década - em termos

de quimioterapia e cirurgia de neoplasias malignas, transplan­

te de Órgãos, diagnóstico e terapia de doenças que deprimem o

sistema imunolÓgico- tem sido respons~vel, em parte, por uma

crescente incidência das infecções causadas pelas múltiplas bac­

t6rias aeróbicas gram-negativas e resistentes aosantibióticos.

Os antibióticos aminoglicosídeos emergiram como ome­

lhor tratamento de escolha para esses pacientes criticamente en­

fermos, que, no passado, certamente não sobreviveriam.

O uso de antibióticos aminoglicosídeos emmuitos cen­

tros médicos, como nos Estados Unidos, ocupa o segundo lugar em

ordem de freqUência, somente sendo ultrapassado pelas penicili­

nas ou cefalosporinas.

Apesar do desenvolvimento de novos agentes aminogli­

cosfdeos com ampla atividade antibacteriana, o maior problema

em relação ao seu uso terapêutico tem sido a sua nefrotoxici-

3

dade em potencial. Em variados graus, todos os antibióticos a­

minoglicosídeos possuem efeito tóxico potencial sobre os rins

e sobre o oitavo nervo craniano.

De todos os aminoglicosídeos, a gentamicina ~

e fre-

qUentemente associada ao desenvolvimento da insuficiênciarenal

aguda (IRA) no homem. Nos animais, a gentamicina tem sido exaus­

tivamente estudada como um protótipo deste grupo de drogas e co­

mo um modelo nefrotóxi'co de IRA.

Obteve-se grande progresso no entendimento da IRAcau-

sada pela gentamicina, entretanto, assim como em outrosmodelos

experimentais de IRA, a sua exata fisiopatologia permanece ain-

da desconhecida.

Apesar de v5rias d~cadas de pesquisa, a fisiopatolo-

g1a da IRA em BCral permanece ainda incerta e persiste, sendo um

desafio aos investigadores. Observações, no homem e nos animais,

têm fundamentado a elaboração de v~rias teorias patogen~ticas

sobre a lRA:

1) Retrodifusão do filtrado glomerular;

2) Obstrução tubular;

3) !-'atores vasculares;

4) Alteração da permeabilidade glomerular.

Na IRA nefrotóx ica, os mecan1smos responsáveis pela

indução da insuficiência renal podem diferir - quer na predomi­

nância, quer na ordem cronológica de aparecimento - daqueles

presentes na IRA do tipo isquêmico.

4

Manobras para prevenir o desenvolvimento da IRA têm

sido usadas em v~rios modelos experimentais, com o objetivo de

elucidar os mecanismos fisiopatolÓgicos respons~veis pela ini­

ciação e manutenção da IRA.

A an~lise das medidas que protegem animais experimen­

tais do desenvolvimento da IRA tem sido de extremautilidadepa­

ra estudar a patogênese desta entidade.

Ao usar medidas preventivas para estepropósito,pres­

supoe-se que a manobra protetora bloqueia ou altera o processo

patogênico que, se nao fosse impedido, levaria à IRA.Esta con­

duta pode então oferecer algumas conclusões em relação à pato­

gênese de um modelo particular de IRA.

Recentemente, demonstrou-se 1 que o rato com diabetes

mellitus não-tratado apresenta uma proteção completa contra a

fRA induzida pela gentamicina.

O rato com diabetes mellitus não-tratado revelou-se,

pois, um modelo experimental promissor para o estudo de proteção

·contra a IRA.

Assim sendo, os experimentos relatados nesta pesqui­

sa objetivam testar o modelo de proteção do rato com diabetes

mellitus não-tratado nas seguintes condições:

a) usando doses maciças de gentamicina;

b) utilizando a cura espontânea do diabetesmellitus;

c) variando a duração do estado diabético;

5

d) utilizando outros agentes nefrotôxicos conhecidos,

como o cisplatinum, o uranil nitrato e o meio de

contraste radiológico.

A importância de tal pesquisa reside na possibilida­

de de avaliar o valor do modelo experimental (rato comdiabetes

mellitus não-tratado), para o estudo de nefrotoxicidade indu­

zida por drogas. Os aspectos testados foram os seguintes:

a) Resistência à dose maciça de gentamicina no rato

diabético (Experimento 1).

Ao revelar-se maior resistência nos ratos diabéticos

do que nos controles, reforçam-se as teorias correntes de trans­

porte de gentamicina através do túbulo renal (1 igação da genta­

micina ao receptor localizado no bordo em escova do túbulo pro­

ximal).

b) Resistência à administração de gentamicina em a­

nimais diabéticos que perderam espontaneamente tal

estado (Experimento 2). Se estes animais eviden­

ciarem nefrotoxicidade, favorece-se a influência

direta do estado diab~tico na proteção demonstra­

da.

c) Influência da duração dodiabetes na proteção con­

tra a nefrotoxicidade da gentamicina (Exp.3). Em

estudos anteriores ,os ratos protegidos eram diabéti­

cos 4 a 6 meses antes da administração de gentamici­

na.E concebível que alterações anatômicas sutis,de­

tcrminadas pela presença do diabetes de curta dura-

6

çao, sejam necessárias para conferir proteção. Con­

trariamente, se fatores metabÓlicos ou da hemodi­

nâmica renal forem os responsáveis pela proteção,

espera-se que sejam operativos logo após a indução

do estado diabético.

d) Resistência do rato diabético a conhecidos agen­

tes nefrotóxicos, como o cisplatinum, agente anti­

neoplásic~ de largo uso (Experimento 4);uranil ni­

trato, droga experimental bastante utilizada para

produzir IRA (Experimento 5), contraste radioló­

gico, agente diagnóstico nefrotóxico(Experimentos

6 c 7).

O cisplatinum (CIS - diaminodicloroplatinum) é um a­

gente antineoplásico clinicamente importante.Possui significa­

tiva atividade contra neoplasias testiculares e tumores da ca­

beça e do pescoço. Um dos maiores fatores limitantes do seuuso

clinico é a ncfrotoxicidade.

O uranil nitrato é droga utilizada em pesquisa e cons­

titui-se num modelo experimental estabelecido de IRA.

O uso de contraste radiológico pode induzir o desen­

volvimento de IRA. A exata incidência da nefrotoxicidade desta

droga ~ diffcil de estabelecer, mas, atualmente, vem sendo re­

latado um número crescente de casos.

O fato de estes três agentes serem causadores de ne­

frotoxicidade, embora por diferentes mecanismos, revela o inte­

resse em avaliar seu potencial nerrotóxico num modelo animal

7

que apresente rcsist~ncia a outro agente nefrot6xico, no caso,

a gentamicina, que age por diferentes mecanismos patogen~ticos.

Acredita-se tamb~m que tais estudospossibilitem aam­

pliação do conhecimento dos mecanismos de proteção evidenciados

pelo rato diab~tico não-tratado contra as nefrotoxinas em ge­

ral.

2 REVISÃO DA LITERATURA

2 • 1 Ne6Jtotoxic.idade da g e.ntamic.-tna

2.2 Ne.6Jtotoxic.idade do me. --i. o de. c.ont!ta.õte

2. 3 N e.6Jtotoxic.idad e do c.i.6 p.tat--i.num

2.4 PILe v e.ç.ão da IRA e.x p e.Jtim e.nta.t e.m vá.Jtio.6 mo d e.to .6 animai.6

2.5 P!te.venç.ão da IRA induzida pe..ta gentamic.ina em

mo d e..t o .6 a 11 im a ü

Uma revisão da patogênese da IRA está alem dos obje­

tivos desta dissertação,pois que o trabalho apresentado envol­

ve um modelo original d~. proteção contra os efeitos nefrotóxi­

cos de agentes conhecidos. Dessa forma, a revisão da literatu-

ra relaciona-se com:

1) Prevenção da IRA experimental em vários modelosa-

nimais;

2) Prevenção da IRA induzida pela gentamicina em mo-

delos animais.

Esta revisão será precedida por uma descrição dos e­

feitos da gentamicina, do cisplatinum e do meio de contraste,

sobre o rim, e seus possfveis mecanismos nefrotóxicos.

2.1 NEFROTOXICIDADE DA GENTAMICINA

A incid6Jtcia de nefrotoxicidadc relacionada i genta-

micina parece ter aumentado nos Gltimos anos.

Em 1969, a incidência relatada era de 2-3%, enquanto 2

que em 1979 foi estimada em 16-25% . Tal aumento pode estar re-

lacionado a muitos fatores, entre eles, o acréscimo nadose re-

comcndada de gcntamicina, o nGmcro crescente de pacientes ido-

10

sos que recebem a droga e os critérios mais rígidos paraodiag­

n6stico de disfunção rPnal induzida pela gcntamicina.

A lesão renal induzida pela gentamicina é observada

menos freqUentemente em recém-nascidos c crianças do que em a­

dultos, mas pode ocorrer se a terapia ê prolongada. Diferenças

na sensibilidade celular i gentamicina, relacionadas com a ida­

de, podem explicar a aparente maior incidência de nefrotoxici­

dadc em adultos.

Existe um espectro de anormalidades renais observado

com o uso dos aminoglicosídeos. A apresentação clinica mais a­

parente é a da IRA não-oligÚrica; no entanto, a variável oli­

gúrica também é observada.

A redução inicial da capacidade de concentração uri­

nária, seguida pela queda da filtração glomerular, ê responsá­

vel pela apresentação mais comum desta variedade.Usualmente, o

infcio da insuficiência renal ê gradual c guarda uma relação

temporal com a administração da droga. Ocasionalmente, a insu­

ficiência renal ê mais insidiosa c torna-se clinicamente apa­

rente alguns dias ap6s o término da terapia. A evolução clini­

ca pode ser prolongada, particularmente no idoso. Quase que in­

variavelmente, é um tipo de lcs~o rcvcrsfvcl.A sobrevida dopa­

cicnte, como em outras formas de IRA, depende das circunstin­

cias nas quais a IRA se desenvolveu (cirurgia, trauma, sépsis,

grande queimado, ncfrotoxicidadc simples, etc). Em alguns pa­

cientes, o tratamento com diálise pode ser necessário.

Existem evidências c!Tnicas c experimentais de lesão

11

do túbulo proximal: enzimúria, proteinÚria,aminoacidÚria, gli­

cosúria e alterações eletro1Íticas. 3'

4'

5 Hipocalcemia, hipomag­

semia e hipocalemia têm sido descritas no homem e nos animais

experimenta i s. 6 ' 7

' 8

Assim como nas outras formas de IRA, há fatores pre­

disponentes para a nefrotoxicidade da gentamicina. Entre eles,

parecem importantes a idade avançada, 9 a doença renal preexis­

tente 10 e a depleção de·· volume. 1 1 A desidratação e a contração

do espaço extracelular aumentam o risco de lesão renal.

A administração de aminoglicosídeos emcombinação com

outras drogas potencialmente nefrotóxicas é comum e tem resul­

tado em toxicidade clínica e experimental. As drogas comumente

envolvidas incluem os meios de contraste radiogrifico, o agen­

te anestésico metoxifluoranc,u a furosemida, 13 outros aminogli­

cosfdcos e outros antibióticos, particularmente as cefalotinas

e as meticilinas. 1 ''>~ 5

Mais recentemente, a associação de gentamicina-cefa­

lotina com o agente quimioter~pico cisplatinum temsido respon­

sável pela ocorrência de severa ncfrotoxicidade. 16

2. I. 1 Patogênese da nefrotoxicidade da gentamicina

O rim é a principal rota de elininação dosantibiÓti­

cos aminoglicosídeos; a gentamicina ê excretada por filtração

gl omeru la r e, sub seqUcn temen t c, rcah sorvida no tubo proximal. No

homem, 20% da gentamicina liga-se às proteínas plasmáticas.

12

Todos os aminoglicosídeos (com exceçao da estrepto­

micina) são concentrados no córtex renal de 10-30 vezes a sua

concentração plasm5tica. 17'

18 Este aspecto poder ser significa­

tivo para a toxicidade, uma vez que outros antibiÓticos (ampi­

cilina, carbcnicilina, cefalotina) concentram-se na medula e

papila, ao invés de no córtex, seguindo o gradiente de· concen­

tração córtico-papilar. E concebível, portanto, que a acumula­

çao de gentamicina numa fração subcelular do córtex renal seja

um fator crítico para o desenvolvimento de nefrotoxicidade.

No homem e nos animais, observam-se lesões estrutu­

rais nas células epiteliais do túbulo proximal após a adminis­

tração de aminoglicosídcos. Pela microscopia Ótica,constata-se

necrose celular predominando na "pars recta" e no túbulo con­

tornado proximal; pela microscopia eletrônica verificam-se li­

sossomas alterados, chamados citoscgressomas.19'

20 Tais lisosso­

mas contêm inclusões negras em camadas, denominadas corposmie­

lóidcs.

Estudos auto-rad iográ fi c os têm demonstrado que a gen-

.tamicina se liga inicialmente ao bordo em escova das células~

túhulo proximal; sofre um procl'sso de cndocitose com formação

de vesículas apicais c estas, suhscqUc!ltcmcnte, são seqUestra­

das nos lisossomas. 21 0 processo induz à formaçãodoscorposmie­

lÓidcs c a alterações no metabolismo dos lisossomas.

Várias teorias têm procurado explicar, em diferentes

níveis, a patogêncsc da IR/\ causada pela gentamicina. Basica­

mente, elas estão divididas em dois grupos: um deles tem seu

principal enfoque nos determinantes da IR/\, ao nivel do nefrô-

13

nio, e o outro enfatiza os mecanismos de origem celular corno de­

terminantes da nefrotoxicidade.

2.1.2 Alterações ao nível do nefrônio

Modificações do fluxo plasmático renal e redução no

coeficiente de ultrafiltração capilar glornerular (Kf) têm sido

observadas em estudos experimentais, sendo primariamente res­

ponsabilizadas pela diminuição da ultrafiltração glornerular~' 23

Os mecanismos mediando estas alterações hernodinâwcas

podem envolver a liberação local de angiotensina II. 24 Entre­

tanto, ~ duvidoso que estas alterações glornerulares possam ex­

plicar inteiramente a quase completa cessação daultrafiltração

glornerular que ocorre nos estágios tardios da nefrotoxicidade

da gentamicina.

Doses tóxicas e não-tóxicas da gentarnicina produzem

estas modificações glornerulares e, portanto, ê possível que e­

las apenas representem um efeito máximo em .resposta à adrninis­

. tração da droga e a uma toxicidade leve e precoce.

Estudos recentes de rnicropuntura e rnicroperfusão en­

fatizam que a obstrução tubular, representada pela descarnação

das células necróticas dos túbulos lesados, é um determinante

da IRA nefrotóxica dos arninoglicosídeos.25

2.1.3 Alterações ao nTvel celular

O resultado final do desenvolvimento da IRA,quer do

14

tipo isquêmico, quer do nefrotóxico, é a lesão da célula tubu­

lar. Se não houver lesão da célula renal, os vários fatorespa­

togenéticos responsáveis, em nível do nefrônio, pela falha de

excreção do rim, não entram em operação. Ultimamente, o enten­

dimento da patogênese da necrose tubular aguda reside na com­

preensão das alterações bioquímicas responsáveis pela perda de

integridade da célula renal. Existem evidências crescentes de

que os aminoglicosídeos e outras nefrotoxinas exerçam seus e­

feitos deletérios primariamente em nível das membranas celula­

res.

Tanto as membranas plasmáticas, quanto as dasorgane­

las intracelulares são locais potenciais de toxicidade, pelas

suas características de transporte. As células do túbulo renal

têm suas membranas especialmente suscetíveis ao insulto tÕxico;

como o túbulo renal reabsorve avidamente sal e água, as subs­

tâncias são concentradas na luz tubular e, assim,expõem as mem­

branas luminares das células tubulares renais a concentrações

potencialmente tóxicas.

A ligação dos aminoglicosídeos com a superfÍcie ce­

lular se dá através de receptores específicos de membrana. 26 O

receptor para a gentamicina é um fosfolipídeo! 7 A ligação en­

tre a gentamicina e o fosfolipÍdeo é feita através da interação

de cargas elétricas: catiônica, polibâsica da gentamicina,e a­

niônica, ácida,dos fosfolipídeos. 26 0s fosfolipídeos, alem de

suas funções estruturais nas membranas celulares,são importan­

tes reguladores da permeabilidade da membrana e das interações

hormônio-receptor. 29•

30

15

Assim, a reaçao inicial entre os aminoglicosídeos e

os fosfol ipídeos da membrana plasmática pode ser determinante

da patogênese da nefrotoxicidade, através de alterações na es­

trutura e na função da membrana plasmática. Alterações no me­

tabolismo dos fosfolipídeos em vigência de IRA nefrotôxica têm

sido estudadas. Já está também demonstrado o aumento doconteú-

do total de fosfolipÍdeos em culturas de fibroblastos expostas

cronicamente â gentamicina. 31

Kaloyanides e colaboradores encontraram tambémaumen­

to dos fosfolipídeos no rato tratado com gentamicina, e a fra­

ção mais aumentada era a do fosfatidilinositol. 32

E possível que o aumento seletivo dos níveis de fos­

fatidilinositol seja reflexo das suas funções no transporte de

membrana, na interação horm6nio-receptor e um marcador dealte­

raçoes no metabolismo dos fosfolipÍdeos da membrana,uma vezque

estas alterações ocorrem também em outros modelos experimentais

nefrotóxicos de IRA, como o glicerol e o cloreto de mercúrio! 3

Os fosfolipídeos são também criticamente importantes

para a atividade da Na-K-ATPase que regula o gradiente de cá-

tions através das membranas celulares. 34 Estudos "in vivo" e

"in vitro" têm demonstrado declínios significativos da ativida­

de renal desta enzima. 35'

36'

37 Como resultado das alterações na

atividade da Na-K-ATPase, ocorre perda dos íons intracelulares

pelo rim, com diminuição do conteúdo renal cortical destes

ons. 37'

38 Hipocalcemia, 6 hipomagnesemia 6'

7 e hipocalemia6'

8

observadas clínica e experimentalmente.

sao

A atividade de outra enzima,a adenilato ciclase tam-

16

bêm é inibida pela gentamicina. 39 Esta inibição se dâ por uma

ação direta dos aminoglicos!deos ou através de deslocamento dos

~ c ++ ++ d b . 1ons a e Mg as mem ranas com cargas negat1vas, pelos a-

minoglicosfdeos policati6nicos. A interação dosaminoglicoside­

os com os íons Ca++ e Mg++ é importante, pois pode afetar fun­

ções celulares onde estes !ons entram como co-fatorees ..

Existem muitas evidências de queo bloqueio neuromus­

cular produzido pelos aminoglicos!deos é resultado do desloca­

mento do Ca ligado à membrana, acabando por inibir a liberação

de acetilcolina prejuncional~ 0 e diminuir a sensibilidade da

placa motora à ação despolarizante da acetilcolina: 1

Assim, os aminoglicos!deos, ao se ligarem nos fosfo­

lip!deos da membrana, provocam modificações no conteúdo renal

de fosfolipídeos e alterações especificas na permeabilidade e

no transporte da membrana. Como conseqtiencia, podem surgir mo­

dificações intracelulares que afetam os processos metabÔlicos

intracelulares e a função das organelas.

Nas mitoc6ndrias, têm sido descritas, "in vivo", al-

terações, como diminuição e desacoplamento da fosforilação o­

xidativa.28 "In vitro", a gentamicina aumenta o estado basal da

respiração celular, diminui o estado máximo e pode desacoplar

a fosforilação oxidativa! 8

Os efeitos agudos da gentamicina, "in vitro",sobre a

respiração mi tocondrial cortical renal são secundários a uma in­

teração competitiva entre a gentamicina c o Mg++, ao nível da

membrana mitocondrial interna, por um nGmero limitado de espa-

17

ços onde o Mg++ controla a permeabilidade da membrana aos Íons

Na+ e K+.~ 2 '~ 3 Assim, a gentamicina compete com o Mg++, não li-

+ + mitando da mesma maneira a permeabilidade ao Na e K .Como re-

sultado, há aumento da permeabilidade aos íons catiônicos, que

se traduz por inchamento das mitocôndrias,observado experimen-

talmente.~ 2 '~ 3 Por outro lado, a gentamicina age adi tivamente ++ ~ ~

com o Mg , limitando o transporte de calcio para a mitocon-

dria. ~ 4

A integridade da fosforilação oxidativa mitocondrial

c essencial para a manutenção de uma normal função tubular re­

nal. ~interessante, portanto, o estudo das alterações dasfun­

çoes mitocondriais induzidas pelos aminoglicosideos,não somen­

te porque o comprometimento da energética celular pode levar ã

deterioração estrutural das células, mas também porque pode,por

mecanismos indiretos, ser responsável por alterações hormonais

que irão agir em nível da hemodinâmica glomerular, ocasionandQ

a IRA.

Os lisossomas sao importantes orgqnelas intracelula-

. r e s que regulam o "t urnover" das macro moléculas celulares, a f a-

gocitose de organelas alteradas e o armazenamento de materiais

não-degradáveis. Mais de oitenta enzimas que degradam protéÍ­

nas, lipídeos, carboidratos e ácidos nucléicos sãoseqUestrados

de seus substratos potenciais dentro dos lisossomas.

Estudos morfo16gicos e auto-radiográficos t~meviden­

ciado que há um grande aumento em tamanho e nfimero dosli~osso­

mas, ap6s a administração de aminoglicosídeos, e que estes são

seqUestrados nos lisossomas, ocasionando a formação dos corpos

18

rnielóides. 21

Experimentalmente, tem sido relatada diminuição daa­

tividade da esfingornielinase lisossornial em fibroblastos ex­

postos a arninoglicosídeos, em cultura de tecido. 31 Este efeito

foi acompanhado de fosfolipidose generalizada e formação decor­

pos rnielÓides nos fibroblastos. Alterações da membrana dos li­

sossornas ocorrem também precocemente na nefrotoxicidade dos a­

rninoglicosfdeos, sendo oH~ervado aumento na excreção uriniria,

de urna variedade de enzimas lisossorniais em virias modelos ex­

perirncntais.45'46

Todas estas observações levaram alguns investigadores

a postular que os aminoglicosfdeos, induzindo (1) urnadi~função

cnzirnitica lisossornial,corn prcjuizo dos processos digestivos e

rcsul tante dcpleção de substratos celulares críticos; (2)a ins­

tabilidade Ja membrana lisossornial, com liberação das enzimas

seqUestradas no citossol e digestão dos componentes citossÓli­

cos e organclas, levam finalmente ao desarranjo celular irre­

vcrsivel, com morte celular.

As alterações anteriormente descritas,ern nivel celu­

lar, reforçam a tese de que a nefrotoxicidade dosarninoglicosi­

dcos deriva, em grande parte, de sua habilidade em alteraraes­

trutura c funç5o das membranas. A nefrotoxicidade dosarninogli­

cosfdcos tem sido associada a alterações em múltiplas funções

de membrana celular, incluindo plasrnitica, ~itocondrial interna

c membranas lisossornais.

Se urna dessas interações membrana-toxina ê a respon-

19

sâvel pelo desenvolvimento da IRA, ainda nao está esclarecido;

entretanto, certamente todas estão interrelacionadas com a pa­

togênese da lesão celular induzida pelos aminoglicosídeos.

2.2 NEFROTOXICIDADE DO MEIO DE CONTRASTE

Nos últimos anos, a IRA tem sido reconhecida como u-

ma crescente complicação do uso endovenoso de contraste radio­

grâfico.

A disfunção renal pode ocorrer após a administração

de, virtualmente, qualquer agente de contraste intravascular

tendo sido relatada após urografia, angiografia, colecistogra~

fia com múltiplas doses e, mais recentemente, após tomografia,

computarizada, com administração intravenosa deradiocontras-

te.

A incidEncia desta nefrotoxicidade, na população em

~cral, tem variado de O a 12%, dependendo das características

Jas populações analisadas.46'

47 Estudos prosp.ectivos recentes re­

·vclam uma incidéncia de 5% na população hospitalizada emgeral4 ?

c uma incid6ncia baixa, de 0,6 a 2%, nas populações sem doença

' 48,49 A , -renal preexistente. Var1os fatores predisponentes tem si-

Jo iJcntificados; os mais significantes são a doença renalpre-

existente 50'

51'

52 c o diabetes mellitus. 51'

52'

53'

54

Dos mais Je 250 casos publicados de nefrotoxicidade,

do meio de contraste, mais de 90% envolvem pacientes com insu­

ficiência renal,e mais de 50%, pacientes com diabetes mellitus.

Desidratação, micloma múltiplo, doença vascular,ida-

20

de acima de 60 anos, grandes ou múltiplas doses de meio de con­

traste, hipoalburninernia, proteinÚria acima de lg/24h e disfun-

ção hepática são considerados fatores de risco para odesenvol­

virnento de nefrotoxicidade do meio de contraste.

Tal corno outras nefropatias tóxicas, a patogênese da

nefrotoxicidade do meio de contraste não êclararnente compreen­

dida. Vários mecanismos têm sido propostos.

A ncfrotoxicidade pode ser então resultante de um e-

feito tóxico direto sobre o rim; de urna isquernia renal provo­

cada pelo efeito direto do contraste hipertônico na vasculatu­

ra renal ou pela aglutinação e crenação das hernácias,aurnentan­

do a viscosidade do sangue. 55 •56 •57

Além dessas causas, a obstrução intratubular pelas

proteínas urinárias (rnielorna, Tarnrn Horsfall) ,58'

59'

60 pelo oxa­

lato61e pelo 5cido Úric~ 2 também tem sido sugerida corno fator

patogenêtico importante.

A IRA sccund5ria ao meio de contra~te tem um bom

.prognóstico, em geral, mas alguns pacientes podem desenvolver

insuficiõncia renal crônica.

Acredita-se que a proteção da IRA, naqueles pacien­

tes diabéticos de alto risco (idosos com doença renal),podeser

obtida pela administração de manitol imediatamente apôs a in­

fusão do contraste, seguido de adequada hidratação.63 Ahidrata­

ção prévia e posterior aos procedimentos radiolÓgicos parecere­

presentar um mecanismo de proteção-chave, mesmo nesses pacien­

tes de alto risco.

21

2.3 NEFROTOXICIDADE DO CISPLATINUM

Cisplatinum (Cis-diamminedichloroplatinum II,CIS-DDP),

e um composto de platina, inorgânico, ativo contra tumores,in­

cluindo testiculares, ovarianos, da bexiga e carcinomas da ca­

beça e pescoço.

A maior limitação de seu uso clfnico ~ a nefrotoxi­

cidade, a que está associado.

A necrose tubular aguda, dependendo da dose utiliza­

da, tem sido relatada. De particular importância para atoxici­

dade parece ser a associação do cisplatinum com gentamicina e

cefalotina. Quatro pacientes tratados com essa combinação de­

senvolveram severa necrose tubular aguda que ocorreu em alguns

dias ou em duas semanas após a terapia, persistindo ate a mor­

te.16 u~ficit renal cr6nico tamb~m tem sido verificado em pa­

cientes sob tratamento com cis-DDP e acompanhados ate dois a­

nos~4 Os níveis de crcatinina plasmitica podem não estar eleva­

dos, a despeito da queda da filtração glomerular, devido ao se­

vero estado de emaciamento desses pacientes.

O mecanismo da lesão renal do Cis-DDP nao econhecido.

O cisplatinum se acumula no córtex renal (mitoc6ndria e cito­

sol) c tem sido sugerido que sua toxicidade seria mediada pela

acumulação celular e subscqUentc conversão a um metabÓlito (Pt

l:l 4 ) que causa lesão tecidual ao reagir com grupos SH.

Recentemente, Safirstcin c colaboradores confirmaram

os resultados aqui referidos, de que ratos com diabetes melli­

tus não-trataclo induzido por strcptozotocina são protegidos da

22

nefrotoxicidade do platinum. Esses autores tamb~m encontraram

um conteúdo renal de cisplatinum 38% menor nos ratosdiab~ticos

por strcptozotocina do que nos ratos-controle e sugeriram que

outros efeitos da streptozotocina sobre a função celular, al~m

do efeito diab6tico, podem estar envolvidos na proteção obser­

vada .6 5

2. 4 PREVENÇAO· DA IRA EX PER I MENTAL EM VÁRIOS

MODELOS ANIMAIS

Expansão aguda do compartimento extracelular~ 6 vaso­

dilatadores renais ,67 indução de hipertonicidade do compartimen-

1 .1 58 d. - . 69,70,71 . to ex trace u ar e 1 urcs e os mo t 1ca, cons t 1 tuem-s e em ma-

nobras úteis de proteção contra IRA experimental em vários mo-

delas animais.

Ar,cntcs diur6ticos também têm demonstradoefeitos pro-

tctores. O manitol, utilizado com salina, protegeu ratos con-

tra a IRA induzida por glicerol, 72 enquanto que a furosemida

preveniu a 1RA induzida pela mctemoglobina em cães. 73

A furoscmida, clorotiazida, acetazolamida,triantere-

no, c altas doses de ácido etacrfnico protegeram ratos priva-

elos ele sal c ratos desidratados contra a IRA induzida pela me­

temoglobina-fcrrocianeto!4 A diurese produzida pela furosemida

preveniu a IRA secundária~ obstrução tuhular que se segueap6s

altas doses de ácido fólico. 75'

70 Entretanto, doses baixas cal­

tas de furosemida não tiveram nenhum efeito no desenvolvimento

da IRA secundária ao cloreto de mercúrio? 7

A administração cr6nica de salina protegeu ratos co~

23

tra a IRA induzida pela HgC1 2: 8 dicromato, 79 uranil nitrato80 e

1 . 1 8 1 g 1ccro . A administração de salina por tempo prolongado -e,

conhecidamente, uma manobra capaz de suprimir o conte~do cor-

tical de renina. ConseqUentemente, tem sido postulado um papel

relevante para o conteúdo intra-renal de renina na patogênese,

da IRA experimental.

A ingesta de KCL na dieta, por duas semanas, resulta

num grau intermedi~rio d~ supressão do conteúdo renal de reni­

na e num grau intermedi~rio de proteção contra a IRA induzida

82 por HgC1 2 no rato.

Recentemente, tem-se demonstrado, entretanto, que a

depleção cortical renal de renina não ~ necess~ria para prote­

ger contra a IRA induzida pela mioglobinúria aguda e pelo ura-

nil nitrato, e que a proteção presente se correlaciona com o

estado de excreçao de sódio, no momento do insulto~ 3

'fhiel e colaboradores 70 demonstraram proteção contra

a IRA induzida por glicerol tamb6m na aus~ncia de supressão da

renina cortical. Esses investigadores propuseram que aproteção

observada fosse considerada como resultado do alto fluxo uri-

n5rio. As manobras consideradas protetoras, neste estudo, en-

tretanto, eram associadas com natriurese. Al~m disso, um fluxo

urin~rio ainda mais alto do que o observado em animais sob in-

gesta crônica de salina não protege animais que ingerem solu­

ções glicosadas 0 ou ratos com diabetes insípido expcrimental.66 ' 84

Os resultados de três estudos, utilizando diferentes nefrotô-

xicos (glicerol, uranil nitrato e HgC1 2), sugerem que o esta­

do de excreção de cloreto de sódio ê provavelmente o maior de-

24

terminante da susceptibilidade dos animais paradesenvolver IRA

• 80•82>85 exper1mental.

Recentemenre, foi relatado que as prostaglandinaspa­

recem ser as mediadoras da proteção contra a IRA experimental

conferida por transplantes de medula renal~ 6 A liberação de

prostaglandinas pode ser responsável pela proteção exercidape­

la sobrecarga com salina, bem como pelos diuréticos. Tem sido

demonstrado que a furosem1da e o âcido etacrínico ocasionam li­

beração de prostaglandina e aumento do fluxo sangUÍneo renal. 87

A inibição da síntese das prostaglandinas pela indo­

metacina, por outro lado, agrava a IRA induz ida pelo gl icero 1. 8 "

Deve-se aqui enfatizar que, em todos os estudos que

demonstram com sucesso proteção contra a IRA induzida por dro-

gas, a função renal se manteve preservada, mas estava associa-

da a graus variados de anormalidade tubulares ou a franca ne-

crase tubular aguda.

Saliente-se que os modelos experimentais utilizados

·nos estudos citados diferem muito entre si, o que dificulta a

determinação da relevincia individual de cada manobra experi­

mental e sua relação com a lesão patogenética da IRA.

Apesar disso, os modelos experimentais poder ... ser u-

teis no entendimento dos modelos nefrotôxicos apresentados no

presente estudo.

25

2.5- PREVENÇAO DA IRA INDUZIDA PELA GENTAMICINA

EM MODELOS ANIMAIS

Os estudos experimentais sobre a proteção contra IRA

induzida pela gentamicina são poucos e de resultados não-exi-

tosos.

Bennett e colaboradore~ 1 nao observaram proteção ron-

tra a nefrotoxicidade da gentamicina em ratos Fischer 344 que

receberam uma dieta com maior teor de NaCl.

Evan e colaboradores 89 detectaram anormalidades glo-

merulares em rins de ratos que receberam gentamicina dadose de

20mg/Kg/dia, durante 4 semanas, sob dois niveis de ingesta de

sódio: dieta regular para ratos e dieta com 8% de sal.As modi­

ficações morfolÓgicas foram descritas como ~istintamente menos

severas no grupo com teor alto de sódio, e isto ocorreu a des-

peito da aus6ncia de azotemia em ambos os grupos. Os autores

concluíram que a lesão glomerular era influenciada pelo balan-

_1 Ad, 8 9 ço ue so 10.

O uso de diur~ticos como agentes protetores tem sido

controverso, com alguns efeitos bcn~ficos registrados por Pe­

terscn c colaboradores, no camundongo,90 em oposição ao aumento

de nefrotoxicidade observado por Adelman e colaboradores no cão? 1

Tem sido r e 1 a ta do o agravamento da ne frotoxicidade da

gentamicina pela acidose metabólica. 92'

93 Entretanto,a proteção

conferida pela alcalinização é duvidosa.

Constata-se melhora na nefrotoxicidade e diminuição

do conteúdo cortical renal de gentamicina quando se administra

26

bicarbonato de sódio concomitantemente com gentamicin~;Emcon­

traste, quando se substituiu a água dos animais por NaHC03,a 1%

antes e durante a administração de gentamicina,na dosede 40mg/

Kg/dia, durante 14 dias, não houve melhora da nefrotoxicidade

ou de acumulação cortical renal de gentamicina.Mais importante:

houve a formação de calcificações renais. 93

Da mesma maneira, a administração de probenescide nao

protegeu ratos contra a nefrotoxicidade da gentamicina. 95

d 96 - • d d Whelton e colabora ores, numa ser1e e estu os,ava-

liaram a influência do estado de hidratação e pH urinário, na

concentração de gentamicina do c6rtex renal, da medula e papi­

la de 28 cães submetidos à administração da droga. Os estudos

demonstraram que o estado de hidratação e pH da urina não in-

fluenciam significativamente a distribuição intra-renal carac­

terística da gentamicina. Em outras palavras, não existe uma

"lavagem" da gentamicina do parênquima renal durante a diurese

aquosa. A função renal, entretanto, não foi a~aliada neste es-

9 6 tudo.

O efeito de soluções comerciais de aminoácidos foiin-

vestigado no rato Fischer 344, tratado com gentamicina (40mg/

Kg/dia) por Whel ton e colaboradores. 97 Os animais que forma in­

fundidos com a solução apresentaram maior deterioração da fun­

ção renal, alta morhidade e necrose tubular mais severa. 97

Nefrcctornia unilateral realizada 6 dias antes da ad-

ministração de gentamicina resultou em menor nefrotoxicidade do

que em ratos intatos identicamente tratados: 8 Quando a nefrec-

tomia era feita 2 dias antes da administração de gentamicina ,

27

não se observava nenhum efeito protetor.

d 99 Furuno e colabora ores, recentemente,identificaram

o efeito protetor de um monossacarídeo D-glucarato sobre a ne­

frotoxicidade da gentamicina. Foi também constatado um efeito

protetor, porém menor, com os ácidos sacárico,hexaurônico ehe­

xaldônico. 99

Medidas da filtração glomerular total e isolada (GFR,

SNGFR), do fluxo plasmático glomerular e do coeficiente defil-

tração Kf em ratos tratados com gentamicina e cronicamente man-

tidos, seja com salina isotônica, ao invés de água, ou capto­

pril oral, mostraram menor declÍnio da filtração glomerular ro­

tal c isolada em ambos os grupos: salina e captopril.2 ~s efei­

tos da gentamicina sobre o SNGFR, fluxo sangUÍneo renal e Kf

foram claramente abolidos pelo captopril. Entretanto, não foi

detectada proteção morfolÓgica, e a lesão tubular proximal foi

similar em todos os grupos. 24

A administração simultânea de cefalotina sádica (500

mg/Kg/dia), com quantidades equimoleculares de paraaminoipura­

to ou NaCl, a ratos que recebiam 10-100 mg/Kg/dia degentamici-

na, resultou em modesta melhora da insufici~ncia renal.A adi-

çao de cefalotina trouxe significativa redução da necrose tu­

bular, não observada com paraaminoipurato ou NaCl sozinhos! 00

Foi relatado o agravamento da insufici~ncia renal quan-

do gentamicina 40mg/Kg/dia e indometacina Smg/Kg/dia foram ad-

ministradas simultaneamente a ratos. 101•

102

A diurese osmótica induzida pelo isosorbide nao pro-

28

tegeu nem melhorou a nefrotoxicidade da gentamicina em ratos que

receberam 30, 60, 120, 160mg/Kg de gentamicina durante dezdias.

Não se constataram diferenças na acumulação cortical de genta-

micina, das diferentes doses, entre os animais submetidos ou não

~ diurese. Nâo houve registro de proteção morfol6gica;na ver­

dade, com a dose de 120mg/Kg, a incidência e a severidade das

lesões renais foi maior nos animais submetidos a diurese.Em cnm-..

plementação, a diurese osmótica não preveniu nem reduziu sig-

nificativamente o grau de enzimGria, que foi maior nos animais

sob diurese. 103

Demonstrou-se, em trabalho recente, que o diabetes mel-

litus não-tratado confere uma proteção completa contra a IRA

induzida pela gentamícina. A administração de 40mg/Kg peso cor­

poral/dia durante 14 dias, em ratos-controle, resultou no de-

scnvolvimcnto de IRA, lisozimGria severa e necrose tubular a-

guda, enquanto que ratos com diabetes mellitus induzido expe­

rimentalmente, igualmente tratados, exibiram completa proteção

morfolÓgica e funcional (Tabela I).

Quando ratos DM receberam dose maior de gentamicina,

(70 mg/K~ peso corporal/dia/14 dias), tamb~m demonstraram pro­

teção completa (Tabela I). Ratos corr. diabete insÍpido heredi­

t~rio, tratados com o mesmo regime de gentamicina, tiveram me-

lhora na IRA c necrose tubular aguda focal, quando comparados

com ratos-controle Brattleboro.

Conclui-se,destes estudos, que a proteção obtidacon-

tra a gentamicina estava relacionada em parte coma excreção-au­

mentada de solutos, caracterfstica dos animais poliGricos dia-

TABELA I

PROTEÇÃO COMPLETA CONTRA A NEFROTOXICIDADE DA GENTAMICINA NO RATO

DIABBTICO ~ÀO-TRqTADO (ADAPTADO DE TEIXEIRA ET ALII)*

Basal

Glucose plasmática

(mg/100 ml)

Volume urinário

(ml/ dia)

Clearance da creatinina

(ml/min)

ApÕs gentamicina*

Máxima modificação no clea­

rance da creatinina (%) Pico de lisozimúria

(f.lg/dia)

Gentamicina no r~m

(f.Jg/g tecido úmido)

COt.'TROLE (C) (9)

126 ± 5

11 ± 1

1.6± 0.2

+ 85 ± 6

5211 ±1549

405 ± 34

p

DMvsC

<O. 001

<0.001

<0. 001

<O. 001

<0.001

<O. 01

DIABÉTICO (DM) (lO)

615 ± 23

109 ± 9

2.3 ± 0.2

t 33 ± 5

o

251 ± 26

p DDAvsDM

n. s.

0.05

n. s.

n. s.

n.s.

n. s.

DIABÉTICO-DOSE ALTA (DDA) (6)

605 ± 29**

142 ± 12**

2.2 ± 0.2*

+ 25 ± 8**

O**

306 ± 36

* Ratos-controle e diabéticos receberam gentam~c~na na dose de 40 mg/kg peso/dia durante 14 dias; ratos diabéticos-dose alta receberam 70 mg/kg peso/dia de gentamicina durante 14 dias.

** p < 0.001 diabético-dose alta vs controle;

* p < 0.05 diabêtico~dose alta vs controle.

30

b6ticos não-tratados e, tamb6m, que a proteção estava associa­

da a uma menor acumulação de gentamicina no c6rtex renal. 1

Tem-se tamb6m demonstrado que estes ratos diab6ticos

protegidos precocemente, ap6s o inÍcio da administração degen­

tamicina (pelo 39 dia), possuem uma acumulação de gentamicina,

no c6rtex renal, expressivamente menor do que os controles~Is­

to corre num prazo de tempo em que os ratos-controle não mani­

festam ainda compromentimento da função renal ou aparecimento

de lisozimúria.

Estas observações sugeriram que fatores que diminuem

a acumulação cortical renal de gcntamicina, ao início de suaad­

ministração, foram responsáveis em parte pela proteção obtida

nos ratos diab6ticos contra a gentamicina. 1

3 MATERIAIS E MtTODOS

3.1 Animai~ expe~imentai~

3.2 P~otoeolo~ expe~imentai~

3.3 Método~

3.1 ANIMAIS EXPERIMENTAIS

Estudaram-se ratas fêmeas Sprague-Dawley,pesando 200-

300 g, divididas em dois grupos emparelhados por idade:contro­

les (C) e diab~ticos não-tratados (DM). O diabetes mellitus fdi

induzido por injeção endovenosa de Streptozotocina (50-60 mg/

kg/peso, 4-6 meses antes dos estudos para os experimentos n9 1

c n? 2, c 5 semanas antes do experimento n9 3, conforme descri­

to por Junod c colaboradores. 104

O estado diab~tico foi definido por persistente ele­

vaç~o da glicosc plasm~tica (>500 mg/dl), persistente glicosa­

ria +++ a ++++ c po1iÚria acentuada (>70 m1/dia). Estes animais

também exibiam outras características da doença, como:.menor pe-

so corporal do que seus controles, por idade, presença de cata­

ratas c diminuição de dep6sitos de gordura.

Na ocasião dos experimentos 1 e 2, as ratas DM apre­

sentavam diabete durante 4-6 meses e tinham de 8-12 meses de i­

dade. No experimento 3, as ratas DM apresentavam iguais carac­

terísticas de estado diabético e, por ocasião do estudo, tinham

11,5 semanas de idades e seu diabetes estava presente h~somen­

tc S semanas. Nos experimentos 4 c 5, as ratas DM apresentavam

diabetes durante 4-6 meses e tinham de 8-12 meses de idade.

33

3.2 PROTOCOLOS EXPERIMENTAIS

3.2.1 Experimentos 1 e 2

As ratas-controle e as ratas com DM, com diabetes de

58 semanas de duração, receberam, durante 11 dias, uma dose ma-

ciça de 200 mg/kg/peso/dia de gentamicina subcutânea, dividida

em duas doses iguais.

Tal experimento foi delineado para testar a proteção

c a sobreviv~ncia ap6s uma dose maciça de gentamicina.Al~mdis­

so, também foram estudados 3 animais injetados com Streptozoto­

cina e que espontaneamente perderam seu estado diab~tico (gli­

cose plasm5tica menor que 200 mg/dl). Estes animais serviram ao

prop6s i to de estudar o efeito do desaparecimento do estado dia­

b~tico, al~m de constituírem um outro grupo-controle.

Assim, subdividiu-se o grupo de ratas com DM em:DM e

strcptozotocina não-hiperglic~mico (SNH).

As ratas foram estudadas num protocolo do tiposobre­

Vida. Todos os animais foram mantidos em gaiolas metabólicas in­

dividuais durante o período experimental de 11 dias. Alimenta-~

ram-se com ração regular para ratos e recebiam agua "ad libi-

tum'', O peso corporal e amostras de sangue da veia da cola fo­

ram obtidos imediatamente antes da administração da primeira do­

se de gentamicina, e nos dias 2, 4, 7, 9 e 11 do período expe-

rimental nas ratas que sobreviveram. As amostras de urina, co­

lhidas nos mesmos dias, foram analisadas para lisozim~ria.

Os animais que sobreviveram tiveram os rins removidos

34

ao final do experimento, para determinação do conteúdo renal de

gentamicina e avaliação morfol6gica. Daqueles que não sobrevi­

veram, os rins foram removidos logo ap6s a morte.

3.2.2 Experimento 3

As ratas-control~· e as DM, com diabetes de 5 semanas

de duração, receberam uma dose "standard" de gentamicina(40mg/

kg peso/dia) durante 14 dias.

Delineou-se este experimento para avaliar a proteção

conferida pelo estado diab~tico de curta duração (5 semanas).

Todos os animais foram mantidos em gaiolas metab6licas indivi­

duais e possuíam livre acesso a água e ração regular para ra­

tos.

Ap6s um período de adaptação inicial, de 3 dias, se­

guiu-se um pcriodo basal de 2 dias e um perfodo experimentalde

14 dias durante o qual todos os animais receberam 40 mg/kg pe­

so/dia de gentamicina subcutânea, divididos emduasdoses iguais.

Obtiveram-se amostras de sangue da veia da cola eco­

leção de urina de 24 horas durante o período basal e nos dias

4, 7, 11 e 14 do período experimental. Fizeram-se as seguintes

determinações: hemat6crito, nitrog~nio ur~ico, glicose, creati­

nina, s6dio, pot5ssio e osmolalidade.

Mediram-se, na urina de 24 horas, osmolalidade, gli­

cosc, creatinina, s6dio, potássio e concentração de lisozima.

O peso corporal foi medido nos mesmos dias e calculados, pelas

35

equações usuais, depuração de creatinina end6gena e clearance

osmolar.

No 15 9 dia, sob anestesia leve com Inactin, os rins

foram perfundidos, "in si tu", com Ringer até o branqueamento do

parênquima renal. Um rim era então removido, para determinação

da gentamicina tecidual, e o outro rim, fixado, "in situ", com

solução de Karnowsky durante 3-4 min; prepararam-se fragmentos

de tecido para microscopia de luz e eletrônica.

3. 2. 3 Experimento 4

As ratas-controle e as ratas com DM receberam uma do­

se Gnica, intraperitoneal, de 4 mg/kg peso de cisplatinum.

Este experimento foi delineado para avaliar a prote­

çaõ conferida pelo estado diabético contra a IRA induzida por

cisplatinum.

Ap6s os períodos de adaptação inicial, de 3 dias, e o

Periodo hasal, de 2 dias, administrou-se cisplatinum em todos

os animais, que foram então observados por mais 6 dias.

Obtiveram-se amostras de sangue da veia da cola eco­

lcção de urina de 24 horas durante o período basal e nos dias

L, 2, 4 c 0 do pcriodo experimental.

Determinaram-se hemat6crito, nitrogênio uréico, gli­

cosc, creatinina, s6dio, pot~ssio e osmolalidade.

Volume urln~rio, osmolalidade, glicose, creatinina,

36

s6dio, potissio e concentração de lisozima foram medidos na u­

rina de 24 horas. Mediu-se o peso corporal nos mesmos dias e

calcularam-se, pelas equações usuais, depuração de creatinina

e clearance esmolar.

No 69 dia, sob anestesia leve, com Inactin, ambos os

rins foram perfundidos, "in situ", com Ringer até o branquea­

mento do parênquima renal. Os rins eram então fixados, "in si­

tu", com solução de Karnowsky, durante 3-4 min, e fragmentos de

tecido preparados para microscopia de luz e eletr6nica.

3.2.4 Experimento 5

As ratas-controle e as ratas com DM receberamumado­

sc unica, intraperitoneal, de 2 mg/kg peso de uranil nitrato.

E~; t c ex p e r i me n t o f o i de 1 in e a do par a a v a 1 i a r a pro te -

çao conferida pelo estado diabético contra a lRA induzida pelo

uranil nitrato.

~lantidos todos os animais em gaiolas metabólicas in­

dividuais, tinham livre acesso à água e ração regular para ra­

tos.

Ap6s um periodo de adaptação inicial, de 3 dias, se­

guido de um periodo basal, de 2 dias, todos os animais recebe­

r-am uma dose intraperitoneal Única de uranil nitrato e foram ob­

servados por mais sete dias.

Oht iveram-se amostras de sangue da veia da cola e co­

leção de urina de 24 horas durante o período basal e nos dias

37

1, 2, 4 e 7 do período experimental.

Determinaram-se: hematócrito, nitrogênio urêico, gli­

cose, creatinina, sódio, potássio e osmolalidade.

Mediram-se, na urina de 24 horas, volume, osmolalida­

de , glicose, creatinina, sódio, potássio e concentração de li­

sozima. Nos mesmos dias, me&iu-se o peso corporal ecalcularam­

se, pelas equaçoes usuais, depuração de creatinina endógena e

clearancc osmolar.

No 79 dia, sob anestesia leve com Inactin,,os rins fo­

ram perfundidos, "in situ", com Ringer até o branqueamento do

parênquima renal. Os rins foram então fixados, "in situ", com

Solução de Karnowsky, durante 3-4 min, e fragmentos de tecido

Preparados para microscopia de luz.

3. 2. 5 Experimento 6

Estudaram-se as ratas-controle e ratas com DM, nor­

malmente hidratadas. Todos os animais tinham 6 meses de idade

e diabetes por quatro meses, quando do estudo.

Mantidos todos os animais em gaiolas metabólicas in­

dividuais, tinham livre acesso a agua e raçao. O protocolo ex­

perimental consistiu de um dia basal (dia 0), imediatamente se­

guido pela injeção endovenosa, na veia da cola, de Renografin,

na dose de 5 ml/kg. Dois animais, em cada grupo, foram injeta­

dos com uma dose maior, de 12.5 ml/kg.

Obtiveram- se amostras de sangue da v e ia da cola e co-

38

leção de urina de 24 horas durante o período basal e, diaria­

mente, durante os 4 dias do periodo experimental. Hematócrito,

nitrog~nio ur6ico, glicose, creatinina, sódio, potissio eosmo­

lalidade foram os elementos determinados.

Mediram-se, na urina de 24 horas, osmolalidade, gli­

cose, creatinina, sódio, potissio e concentração de lisozima.

Mediu-se o peso corporal, nos mesmos dias, e depuração decrea­

tinina endógena e clearance esmolar foram calculados por equa­

çoes usuais.

No 49 dia, sob anestesia leve com Inactin,os rins fo­

ram perfund idos, "in si tu", com Ringer a tê o branqueamento do

par~nquima renal. Os rins foram então fixados, "in situ••, com

solução de Karnowsky, durante 3-4 min, e fragmentos de tecido

Preparados para microscopia de luz.

O experimento acima exposto foi delineado para testar

o efeito do contraste radiolÓgico sobre a função ~enal de ratos

normais c ratos diabéticos normalmente hidratados.

3.2.6 Experimento 7

Para testar a possibilidade de que a idade e a desi­

dratação representem fatores de risco no desenvolvimento de IRA

induzida por meio de contraste, delineou-se mais um experimen­

to.

Estudou-se a função renal em ratas com DM (induzido

Por Streptozotocina, 65 mg/kg, 17 meses antes) daespécie Spra-

39

gue-Dawley, com 19 meses de idade, e em ratas-controle da mes­

ma espécie, emparelhados por sexo e idade.

Os animais foram desidratados durante 24 horas, antes

da injeç5o intravenosa Gnica de methylglucaminediatrizoaie (Re-

nografin 76%), na dose de 5 ml/ kg.

Os demais aspecfos do protocolo coincidem com

citados no experimento n 9 6.

3.3 MtTODOS

3.3. 1 Determinações químicas

. -os J a

Determinou-se, pela técnica "standard" do Autoanaly­

zer Technicon, nitrog~nio uréico, glicose plasmitica e creati­

nina urin~ria (nos animais não-glicosGricos).

Creatinina plasm5tica e urin5ria (nos animais glico­

suricos) foram determinadas pelo método de Hare, 105 usando-se um

espectrofotômetro Beckman, modelo 35. Em virtude da possibili­

dade de interfer~ncia de altas concentrações de glicose, 106 e-

xaminou-se este aspecto.

Nenhuma interfer~ncia no plasma foi detectada com os

niveis de glicose encontrados neste estudo (menos de 1000 mg/

lOO ml). Urinas com altas concentrações de glicose (4-12 g/100

ml) mostraram uma leve tend~ncia (<5%) de fornecer leituras de

crcatinina mais altas.

O cilculo da depuração da creatinina end6gena no ra-

40

to não-anestesiado, combinando as técnicas de Hare para a crea­

tinina do plasma e urina ou a técnica de Hare 108 para creatini­

na pl asmâ t ica e a técnica do "autoanal yz er" para a c rea ti nina

Urinâria, tem fornecido excelentes resultados neste labo,at6-

rio (Vaamonde C.A.; Kelly J., observações não publicadas).

Quando comparado .com o método da inulina 14 C carbo-

x il, medido s imu 1 taneamen te, as relações entre clearance da crea­

tinina/clearance da inulina foram as seguintes: clearance da

creatinina (plasma Hare, urina Hare) ;c 14 clearance inulina: 1. 03

± 0.04 (n=29); clearance da creatinina (plasma Hare/urinaauto­

analyzer)/c14 clearance da inulina: 1.09 ± 0.04 (n=37).

Determinaram-se sódio e potâssio no, fotômetro de cha­

ma IL e osmolalidade no osmômetro Fiske. Hematócrito foi medi­

do em triplicata, com uma centrifuga microcopilar da Interna­

tional Uquipment Co.

Mediu-se a lisozimúria, marcador urinário de lesão tu­

bular, pela técnica de difusão radial (Hallstad Laboratories,

,Chaska, MN) e os resultados foram expressos em ~g/24 horas.Ní­

Veis nio-detectâveis de lisozima urinâria com o método empre-

gado neste estudo foram menores que 4.3 ~g/dl.

As amostras de urina dos animais poliÚricos foram con-

centradas com linfogel para confirmar a aus~ncia de lisozimú­

ria. Determinou-se a glicosc urinâria através do"analyzer" Beck­

man para glicose, 0 qual utiliza o método da glicose oxidase.

41

3.3.2 Estudos morfológicos

No Último Jia do período experimental, sob anestesia

leve com Inactin (Promonta, Hamburg, Germany), a aorta abdomi­

nal foi exposta cirurgicamente e canulada retrogradamente.Clam-

Peada acima das artérias renais após ter iniciado a perfusão com

Ring e r oxigenado e a abertura Ja v e ia c a v a inferior; os rins f o-.. ram perfundidos para eliminação do sangue até o branqueamento

do par~nquima. Em seguiua, ligou-se o pediculo renal direito e

removeu-se o rim para determinação de gentamicina tecidual. A

pcrfusão de fixação do outro rim foi iniciada com 100 ml defi­

o xativo Jc Karnowsky a uma pressão de 140 mmHg e 30 C de tempe-

ratura. O rim foi removido e cortado em fatias, então imersas

em fixativo Jc Karnowsky, por 12 horas no mínimo, a 40°C. Pro-

cessaram-se alguns cortes para microscopia de luz,queforam em­

bebiuos em butoxyethanolglycol-methacrylate (Polysciences,War­

rington, Pa.), seccionados no micrótomo Sorvall JB-4, seções de

2-3 micron, c corados com hematoxilina-eosina e icido periÓdi-

co de Schiff.

para microscopia elctr6nica, os fragmentos de tecido

foram lavauos com "buffcr" de fosfato a 0.1% e sacarose, e cor­

tados em peças Jc L mm 3 de Jimensão. Realizou-se a pós-fixação

com tetróxiuo Je ósmio a 2% em "buffcr" de fosfato a O.l%.Após

a desidratação, numa série gradual de ilcoois e Óxido depropi­

lcno, embeberam-se os blocos de tecido em Epon .. Seções semi-fi­

nas foram coradas com azul toluidina e seções ultrafinas foram

coradas com uranil acetato e citrato de chumbo.

42

A avaliação quantitativa dos estudos morfolÓgicos foi

feita pelo patologista (Dr. V. Pardo) sem conhecimento pr~vio

da origem do rim, utilizando lâminas codificadas.

3. 3. 3 Determinações teciduais

Removeu-se uma cun~a de córtex renal emedula que, pe­

sada, homogeneizada em 0.2 M tris-buffer, foi colocada em ba­

nho-maria a S6°C, durante 30 min. O tecido homogeneizado foi re­

movido do banho e centrifugado por 10 min, a 2000 RPM; o sobre­

nadante foi separado e guardado a 4°C para análise posterior.

Mediu-se o contcGdo renal de gentamicina em duplicata pelo en­

saio enzimático radioquímico c14c gentamicin, P.L. Biochemicals,

Inc., Milwaukce, Wl) e os resultados foram expressos em ll:J/gde

tecido renal úmido. Os estudos de reduplicação mostraramumava-

riação de 3.0 a 3.9, entre as amostras.

A recuperaçao de gentamicina do tecido ·renal foi de

91 ± 1 (SE)% (n=20), sem diferenças entre controles e diab~ti­

cos. Determinou-se o peso do rim após a remoção dagordurae se­

cagem leve em papel absorvente. O conteGdo de água .no tecido

renal foi determinado, secando-se um fragmento representativo

de teciuo renal até se obter um peso constante em dessecador t~r-

mico.

3.4 ANALISE ESTATTSTICA

1\.s técnicas "standard',' paramétricas e não-param~tri­

cas (Mann-Whitney test),107•

108 são responsáveis pela análise es-

43

tatistica de dados emparelhados e não-emparelhados.

Um valor de p maior que 0.05 foi considerado estatis­

ticamente não-significativo (NS). Todos os dados se apresentam

como m~dia ± SE.

4 RESULTADOS

4.1 Expe.Jt--lme.f'l.to 1 - Eüe.Lto da dol.le. mac.--Lç.a da ge.f'l.ta­

mic.--lf'l.a f'l.a l.lobJte.v--Lda

4.2 Expe.Jt--lme.f'l.to 2 - Eóe.--l;to do de.l.lapaJte.c.--lme.f'l.to do e.-6-

tado diab~t--lc.o f'l.a 6obJte.vida

4.3 Expe.Jt--lme.f'l.to 3 - If'1.6fuêf'l.c.ia da duJtaç.ão do d--Labe.­

:te..-6 na pJtote..ç.ão c.ort:tJta a rte..üflotox--lc.--ldade. da ge..rt­

tam--lc.úta

4.4 Expe.tt,-i_me..f'l.to 4 - E6e..--lto da admirtil.ltJtaç.ão de. c.i-6-

pfatúw.m

4.5 Expe.flime.nto 5 - E6e--l:to da admirtil.l:t~aç.ão do uJta­

nif nJ. tiL a :to

4.6 Expe..!L--lme.nto 6 - E6e.ito da adminil.ltJtaç.ão de. me..io

de. c.ontJtaJ.>te.. I

4. 7 Expe.fl--lme.nto 7 - Irt6fuênc.ia da idade. e..de...õ--ldJtata­

ção 11

4.8 Pato.togia

4.1 EXPERIMENTO 1 - EFEITO DA DOSE MACIÇA DE

GENTAMICINA NA SOBREVIDA

A Tabela li ilustra a sobrevida de ratos que recebe­

ram gentamicina na dose de 200 mg/kg/peso, durante 11 dias.

Todos as quatro r a tas DM estavam v i v as ao final do ex­

perimento, enquanto, de forma contrastante, as ratas-controle

não sobreviveram al6m do 69 dia.

As ratas-controle mostraram lisozimfiria maciça, que

apareceu j5 no 19 dia, enquanto os animais DM apresentaram au­

s~ncia Je llsozimfiria ou um grau mínimo dela. Nas ratas DM,en­

trctanto, a creatinina sêrica aumentou do yalor médio basal de

o.:)4 .+ O.Ol para l.l :~ 0.5 mg/dl, no 119 dia, e o contefido re-

nal de gcntarnicina foi significativamente menor do que nos ra-

tos-controle.

Na Figura J, é possível apreciar que, após a adminis­

tação de uma dose maciça de gentamicina, a rata-controle apre­

sentou uma destruição completa das estrutura tubulares; já as

lesões de necrose tubular aguda foram consideravelmentemenores

na rata diabética.

TABELA II

SOBREVIDA. APCS AD:-li.\ISTR>\Ç)\0 DE DOSE ~lACIÇA DE GENTA.MICI.'JA E

EFEITO DO DESAPARECD!EXTO DO DIABETES SOBRE A PROTEÇÃO

NÚMERO DE ANIMAIS VIVOS APÓS GENTAMICINA GENTAMICINA NO RIM (200 mg/kg/dia) (~g/ g te c ido úmido)

DIAS o 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Controles 3 3 3 3 2 2 1 o o o o o 849 ± 58 p<O.OOS

Diabetes Mellitus 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 261 ± 55 p<O.OOS

Streptozotocin

Não-hiperglicêmicos* 3 3 3 3 2 o o o o o o o 625 ± 32*

* Estes animais desenvolveram diabetes apos administração de s treptozotocin, entretanto

ocasião do estudo não mais apresentavam hiperglicemia (glicose sangUínea < 200 mg/dl)

poliúria.

* p < 0.05 vs ratos-controle~

na

ou

47

Figura 1 - Aspt'ctos de microscopia de luz em rato-controle e rato diabético que receberam 200mg/Kg peso de gentamicina du­rante 11 dias. Acima (Controle) - O glomirulo esti cercado por extensas i­res de necrose celnlar com resÍduos celulares na luz do tu­bulo proximal. Este rato morreu no 69 dia do estudo. Abaixo (Diabético) - As les;es da necrose tubular aguda s~o consistentemente menores em nGmero e severidade. Este animal foi sacrificado no 129 dia do estudo. Magnificaç~o X 500.

48

4.2 EXPERIMENTO 2 - EFEITO DO DESAPARECIMENTO DO

ESTADO DIABtTICO NA SOBREVIDA

Os tres animais injetados com streptozotocina e que

espontaneamente perderam seu estado diabético (a glicose san-

gUinea era menor do que 200 mg/dl e os animais não eram polifi-

ricos na ocas1ao do estudo) morreram antes do 59 dia de trata­

mento com doce maciça de gentamicina e apresentaram extensas le-

sôcs de necrose tuhular (não-mostrada) (Tabela II).

O seu contefido renal de gentamicina foi menor do que

aquele dos animais-controle e significativamente maior do que o

contcGdo das ratas DM.

4.3 EXPERIMENTO 3- INFLUE:NCIA DA DURAÇÃO DO DIA­

BETES NA PROTEÇÃO CONTRA A NEFROTOXICIDADE DA

GENTAMICINA

Em estudos anteriores, 1 o diabet.es esteve presente nu-

nw rnêcli;J de 5 meses antes da administração de gentamicina. No

presente estudo, as ratas DM apresentavam diabete por somente

5 semanas. As ratas-controle e as ratas DM foram injetadas com

40 mg/kg/dia de gcntamicina por 14 dias.Osanimais-controle de-

senvolveram IRA não-oligfirica, lisozimfiria e necrose tubular a-

guda focal (Tabela III). Em contraste, as ratas DM com diabete

de curta duração exibiram proteção completa,morfol6gica e fun-

cional, contra a gentarnicina.

TABELA III

EFEITO DA DURA.Ç.~O DO DIABETES SOBRE A PROTEÇAO CO\TRA A \EFROTOXICIDADE DA GE\TA~liCINA*

CREATININA CLEARANCE VOLUME LISOZIMÚRIA DIA PLASMÁTICA CREATININA URI~ÃRIO ("f.Jg/dia) (mg/dl) (ml/min) (ml/ dia)

Diabetes Mellitus Basal 0.25 ± 0.01 2.1 ± 0.1 92 ± 10** o (=5) 4 0.26 ± 0.01 2.2 ± 0.1 83 ± 10** o

7 0.25 ± 0.01** 2.5 ± 0.1*"' 91 ± 10>'<* O*

11 0.28 ± 0.01** 2.9 ± o .1>'<* 93 ± 5**' O*

14 0.30 + 0.01** 2.2 ± 0.1** 120 ± 10** O*

Controles Basal 0.28 ± 0.03 1.7 ± 0.2 11 ± 1 o (=5) 4 0.29 ± 0.02 1.8 ± 0.1 12 ± 2 o

7 0.58 ± 0.06 0.9 ± 0.1 20 ± 4 537 ± 198

11 1.12 ± 0.20 0.5 ± 0.2 21 ± 4 1987 ± 448

14 0.67 ± 0.07 0.7 ± 0.1 31 ± 5 653 ± 384

* Os ratos diabéticos aprese~tavam diabetes por 5 .- do estudo. Animais-semanas na ocas~ao

controle e diabéticos receberam gentamicina 40 mg/kg peso/dia durante 14 dias.

*· (p < 0.01 DM vs c IMANN-WHITNEY TESTj); ** (p < 0,001 DM vs C).

50

4.4 EXPERIMENTO 4- EFEITO DA ADMINISTRAÇAO DE

CISPLATINUM

A figura 2 ilustra as modificações no clearance da

crcatinina (Ccr), ap6s a injeção ~nica intraperitotieal de 6mg/

kg de cisplatinum nas ratas-controle e DM.

Ap6s a adm~pistração de cisplatinum, as ratas-contro-

1 e mostra r am rápida e acentuada queda no c learanc e da crea tini­

na, alcançando o máximo de 89% no 4 9 dia. Não foi detectada li­

sozimGria e as ratas-controle exibiram uma modesta glicos~ria

ap6s a administração de cisplatinum. 109 Extensas lesões de ne­

crosc focal, dilatação tubular e obstrução, assim como infil­

trado jntcrsticial estavam presentes nos t~bulos proximais ob-

tidos de ratos-controle.

Lm contraste, as ratas DM mostraram clearance de crea­

tínina normal, ausência de lisozimGria c estruturas tubulares

proximais normais, incluindo preservação do bordo em escova da lo 'l mcrnhrarw.

4.5 EXPERIMENTO 5 - EFEITO DA ADMINISTRAÇAO DO

URANIL NITRATO

As modificações na concentração da creatinina s~ric~

ohservadas nas ratas-controle e DM, ap6s a administração intra­

peritoncal de uma dose ~nica de 2 mg/kg peso de uranil nitrat~

s~o mostradas na Tabela IV.

Dois entre os dez animais-controle morreram antes do

3.0

2.e

2.0

CLE:AAANCE OA

CREATININA I .e ( ml/mln)

1.0

o.e

51

' PLATINUM ( 6mg/ Kg)

5( :t: SE

CONTROLE (10)

OM (lO)

O IAS

FIGURA 2 . Efeito do Platlnum eobre o clearance

da creatlnina end6gena em ratoa controle • dlab4tlcoa.

Todoa oa onimaia receberam uma doae unlca de Smg /

KQ peao de Platlnum, admlnlatrada ao Inicio do 1• dia

do eatudo.

Basal

Dia l

Dia 2

Dia 4

Dia 7

T~.\RE LA I\'

EFEITO DO UR.\~IL ~ITR:\TO SOBRE A fU~Ç\0 RE;.JAL DE

R.\TOS DIABETICOS E CO~TROLE

CREATI~INA SÉRICA (mg/dl)

CONTROLE p

0.33 ± O. 02 (lO) <0.01

Dose Única de uranil nitrato, 2mg/kg peso

1.53 ± 0.15 (lO)*

<0.01

3.33 ± 0.33 (lO)*

n. s.

3.32 ± 0.81 (8)*

<0.001

<0.001

<0.1

DIABÉTICOS

0.27 ± 0.02 (lO)

0.38 ± 0.02 (lO)*

<0.01

1.01 ± 0.15 (10)*

n,s.

1.51 ± 0.23 (10)*

* P < 0.01 ou maior comP.arado ao basa1.

53

49 dia, c os animais remanescentes estavam oligGricos e azot~­

rnicos no 79 dia do estudo.

O miximo declinio do clearance da creatinina alcan­

çou os 95%, a partir de um valor basal de 1.8 ± 0.1 até 0.1 ±

0.05 ml/rnin (p < 0.001).

Nas r a tas DM, a julgar pela e 1 evação da creat inina sé­

rica c queda no clcarance da creatinina (de 2.1 ± 0.2 para 0.5

.1 0.1 ml/min p < 0.005), houve melhora danefrotoxicidade indu­

zida pelo uranil nitrato.

No 29 dia, a lisozimGria esteve presente em nove das

dez ratas-controle, ao passo que foi não-detectável em todos os

animais DM.

No 49 dia, entretanto, a lisozimúria esteve presente

em seis das dez ratas DM. A necrose tubular aguda estava presen­

te em ambos os grupos.

4.6 EXPERIMENTO 6 - EFEITO DA ADMINISTRAÇAO DE

MEIO DE CONTRASTE I

A figura 3 mostra o efeito do meio de contraste so­

bre a Cunção renal nas ratas D~1e ratas-controle Sprague-Dawley.

Estes animais tinham 5 a 6 meses de idade por ocasião do estu­

do c diabete por 4 meses antes da administração do meio decon­

trastc; a16m disso, eram normalmente hidratados.

No período basal (Tabela V), as ratas DM pesaram me­

nos (193 t 11 vs 284 ± 11), tinham acc~tuada hiperglicemia (615

T.\BEL\ r

EFEITO DO ~lEIO DE CO.\TRASTE I - D.,\DOS DO PERIODO BASAL

CONTROLE DH n=

6 p

6

Peso 284 = ll 0.001 193 ± ll (g)

Volume urinário 2l - 4 0.001 134± 10 (rnl/dia)

Clearance da creatinina 1.6 :! 0.05 0.001 2.8 ± 0.2 (rn1 /rnin)

Nitrogênio ure~co 18 + 0.6 o.oos 44 ± 7 (rng/ dl)

Glucose 75 ± 7 0.001 615 ± 69 (rng/dl)

Hct 48 ± 1 0.01 52 ± 1 (%)

Na 142 ± 1 0.05 138 ± 2 (rnEq/ 1)

K 4.8 ± 0.2 NS 4.7 ± 0.4 (rnEq/ 1)

G1icosúria Negativa ++++

Proteinúria 2 ± 1 0.005 26 ± 4 (mg/dia)

3

CLEARA NC E DA CREATININA 2

ml/min

1

o

EFEITO DO RENOGRAFIN SOBRE O Ccr EM RATOS JOVENS, NÃO HIDROPENICOS, DIABÉTICOS E CONTROLES RENOGRAFIN

~

T_ _r __ l __ I~ DIABÉTico .r----I----:r I {N = 6)

• ::;r:: CONTROLE x..... ..-:L. ~ .... y * {N =6)

---··~···· ... .:2:···· z···· * <.001 <.005 <.005 NS <.05

* p <.005 vs BASAL

o 2 3 4 5 DIAS

Fig. 3

W"l (./I

57

.+: 69 vs 75 :t mg/ul), glicosúria (++++), poliúria (134 ± 10 vs

21 + 4 ml/dia), proteinúria (26 ± 4 vs 2 ± 1 mg/dia)e clearan­

ce da creatinina enuógcna maior que as ratas-controle; valores

ue p < 0.001.

Conforme pode ser observado na figura 3, não houve mo­

dificações na função renal, tanto das ratas DM como das contro­

le. Entretanto, durante touo o estudo, as ratas diabéticas a­

presentaram urnclcarance de crcatinina persistentemente mais e­

levado que os animais-controle.

4.7 EXPERIMENTO 7- INFLUtNCIA DA IDADE E

DESIDRATAÇ.AO 11

As diferenças no clearance da creatinina, previamen­

t c observadas entre os grupos nas r a tas j avens não -hid ropênicas

(JJM 2.8 ± 0.2 rnl/min vs C 1.6 :.1: 0.05 ml/min; p < O.OOl),nãoes­

tavam presentes nas ratas diabéticas velhas (2.9 ± 0.2) oucon­

trolcs (2.8 1: 0.2), antes da desidratação. A proteinúrianasra­

tas JJM velhas foi maior (54 ± 9 mg/dia) do que nas DM jovens

(26 f 4 mg/dia; p < 0.01) e do que nos animais-controle (C jo­

vens, 2 ± 1; C velhos, 9 ± 3 rng/dia; p < 0.01) Tabela VI.

O período de desidratação resultou em diminuição do

v o 1 um c u r i nâ r i o e em aumento na o smo 1 al idade u r inâr ia, em ambos

os grupos.

A Tabela VI e Figura 4 mostram os efeitos da desi­

dra taçEio em alguns dos parâmetros estudados. O clearance da crea-

TABEL~ \-I

DADOS DO PERTODO BASAL D1 R.l\TOS D IABETI COS VELHOS

E EFEITO DA DESIDR~TAÇÃO II

n== !J CONTROLE DM

9 p 8

Peso B 370 ± 23 <0.005 257 ± 18 (g) 0% NS NS

D 371 ± 23 256 ± 18

Volume urinário B 18 ± 3 <0.05 60 ± 15 (ml/dia) +61% <O. 01 <0. 01

D 7 ± 1 19 ± 4

Hct B 48 ± 1 NS 52 ± 3 (%) + 2% NS -NS

D 47 ± 1 <0.025 54 ± 2

Clearance da creatinina B 2.8 ± 0.2 NS 2.9 ± 0.2 (m1/min) <0,1 <0,001

D 2.2 ± 0.1 <0,025 1.7 ± 0.2

C1earance da creatinina BvsD -14 ± 5 <0.005 -40 ± 5 (%)

Osmolalidade urinaria B 1149 ± 97 NS 1046 ± 64 (müsm/kg) t 57% <0,001 <0,001

D 1803 ± 100 NS 1533 ± 101

Proteinúria B 9 ± 3 <0, 005 54 ± 9 (mg/dia) NS NS

D 9 ± 4 <0. 005 50 ± 10

B - antes da desidratação D - desidrataçao - apos

6

0%

+68%

t 4%

t47%

VOLUME URINÁRIO

ml/dio

UosM mOsm/Kg

COSM

fJI/min

Ccr ml/min

58

EFEITO DA DESIDRATAÇÃO SOBRE OS VALORES BASAIS DE RATOS VELHOS

DIABÉTICOS E CONTROLES 100 CONTROLE(N=9) D DIABÉTICO (Nc8)

~ HYDROPENIA

.61% * o

<.001 < .01

2000 +!57%

10~t o I <.01 <.001

o~ <.05

*

I NS <.001

*P <0.05Cvs DM

Fig. 4

59

tinina diminuiu 40 ± 5% (p < 0.001) nas ratas DM e somente 14

1 5 '~ nos con t ro 1 es (NS) , em decorrência da desidratação.

A Tabela VII e Figura 5 mostram as modificações no

clearance da creatinina ap6s o per!odo de desidratação eap6s a

administração do meio de contraste. Conforme foi observado, a

desidratação afeta o clearance da creatinina mais significati-

varnente nas ratas DM do que nos controles. As ratas DM rapida-

mente se recuperaram da desidratação, normalizando os valores

do clearancc.

Deve-se observar entretanto que, apesar desta recupe-

raçao signiricativa após a desidratação, o clearance dacreati-

-nina permaneceu, apos a administração do meio de contraste, sig-

nilicat ivamcntc menor do que o valor basal não-hidropênico.

As ratas-controle, bem como as ratas DM, nao eviden-

c iaram IRA induzida peLo meio de contraste.

/\ protciniír ia aumentou nas ratas diabéticas apos o

meio de contraste, enquanto a lisozimúria permaneceunão-detec-

t5vel em ambos os grupos durante todo o estudo.

4.8 PATOLOGIA

Não foram observadas cv idênc ias histol6gicas de anor-

nwl idades tubularcs em ambos os grupos. Nas ratas DM, entretan-

to. havia um aumento da matriz mesangial (Escore 0-3; DM 2 (2-2)

vs controles 0.64 (0-1.5) p < 0.05, Rank test) e leve prolife-

raçZío celular mesangial (Escore 0-3; DM 0.88 (0-2) vs controles

:.llJDIFICAÇOES \0 Ccr :\PÚS O PER!ODO DE DESIDR:\L\Ç.:'\0 (mlímin)

E :\PÚS .\D~II\ I STR.\ÇÃO DO :-.JE I O n E L:O\TR:\STE ( ~) I I

(n=S)

c

(n=9)

DESIDRATAÇÃO

(m1/mi n)

1.7 ± 0.2

<o. 025

2.4 ± 0,1

* p < 0,05 vs Desidratação

:lEIO DE CO:\TRASTE (% ALTER..:\ÇÀO APUS DESIDRATAÇÃO)

DIA 1 DIA 2 DIA 3

t43 ± 19* t36 + 15><

<o. os <0. os NS

+ 6 ± 5 + 5 ± 9 t 9 ± 7

NS não-significante

+

MODIFICAÇÃO

NO Ccr

EFEITO DO RENOGRAFIN SOBRE O Ccr EM RATOS VELHOS, HIDROPENICOS, DIABÉTICOS E CONTROLES.

Hydropenio

! l ~ Renogrofin

Diobétfco e • Controle o----o

01-----(i)"····"&! § -h··-~ 20 ,?,. ...... ~ ! 60

:!:

* * P < .05 DM vs Bosol § P< .05 C vs Bosof

- 100 1 2 4 o OH

DIAS

Fig. 5

(l ' p O.liS 0:S (Tabela Vlll).

J:stcs achados súo compatíveis com as lesões morfoló­

gJcas características do diabetes em ratos velhos,relatadas por

~luucr c coLl110radores. 110

T.\BLL\ \.lll

I-:S~..:oRL 1JE LESOES L\ l'OLÚGIC.\S ll

R.UOS :\ECROSE TUBUU.R ~:!...\TRIZ :tE:\ S.\G IAL t ?l\.d IFER_.ô,Ç.-\.0 :1!::::\S:\G lAL ::\9 (0-4) (0-3) (0-3)

Ratos-controle (.l\=9) 3l3 o 1.5 o 304 o 2 o 395 o 0.5 o 404 o 0.5 o 405 o 0.25 o 410 o 0.25 o 415 o 0.25 o 416 o 0,5 o 417 o o o -X o 0.64 o

Ratos diabêticus (N=8) 263 o 2 o 264 o 2 1.5 269 o 2 1.0 252 o 2 o 291 o 2 1.5 363 o 2 o 392 o 2 2 282 o 2 1

-X o 2 0.88

DMvsC NS p < 0.05 NS

5 DISCUSSÃO

5. I F~LLt!Laç.ão gfome!Lufa!L

5.2 Diu!Le~e o~m~tiea

5.3 Si~tema !Lenlna angloten~lna

5. 4 PILo~tagfandina~

5. 5 A~peeto~ metab~tieo~ do diabete~ expe!Llmentaf

A IRA continua sendo um fascinante problema eurncons-.

tnnte desafio para o~ investigadores.

Apesar de sua pa togênesc ainda permanecer um misté­

rio, j.J se obtiveram grandes progressos no sentido de evitar seu

desenvolvimento.

Assim, a IRA causada por colapso circulatório pode ser

evitada graças aos melhores cuidados pós-operatórios, hidrata­

ç~o correta, diur6ticos osmóticos c doparnina.

:--.Ja atual idade, cerca de 25-50% de todos os casos de

IRA cst~o associados ~ nefrotoxicidade de drogas que usualmen­

te comp6em o arsenal terapêutico e diagnós~ico de que se dis­

pôc. Por esta razüo, 6 de grande interesse o estudo dessas for­

mas ele iRA secundária a nefrotoxinas, o entendimento desua fi­

siopatogenia c a busca de sua prevenção.

Neste trabalho, essas nefrotoxinas estão representa­

das pela gcntamicina, cisplatinum c contraste radiolÓgico,dro­

gas que possuem significativo uso clínico e associação com IRA;

inclui-se tamb~m o uranil nitrato, que representa uma nefroto­

xina de uso experimental bastante estudada.

Estudos elaborados com a finalidade de elucidar a pa­

togencse c a prevenção da IRA induzida por nefrotoxinas têm u-

66

tilizado uma variedade de modelos animais e de manobras expe­

rimentais. Muitas das ~ltimas incluem o uso de diurese osmóti-

ca c aquosa, diur6ticos e manipulaç6es experimentais ou farma-

colÓgicas do sistema renina-angiotensina e prostag~andinas. Os

resultados têm sido de pequena ou nenhuma proteção.

Tem si do, cnt retanto, r e 1 atada proteção pare ia 1 ou al-

gttnta melhora mensurável da IRA, com persistência das lesões mor-

- - . d b 1 d 59•70•81>83 lorlog1cas c nccrosc tu u ar agu a.

J\s tentativas de proteger animais contra o desenvol-

vimcnto da IRA induzida pela gcntamicina, utilizando hidrata­

<.,·ão,12 ingcsta aumentada de sôdio, 11 diuréticos 91 e alcaliniza­

çilo,9'' têm resultado em pequena ou nenhuma proteção.A preserva­

çilo da função renal, com persistência da lesão tubular, foi re-

c.cntcrnentc demonstrada no rato tratado com gentamicina ecomad-

minis traçio concomitante de sal i na c captopril ou somente cap-

"' topril. ·•

Demonstrou-se previamente a proteção completa,morfo-

lÔg ica c func.ional, contra a [Ri\ induzida pela gentamicina nos

ratos diabéticos pol itÍricos não-tratados e sugeriu-se que fato-

res responsáveis por uma precoce menor acumulação de gentamici-

na no córtex renal poderiam ser, em parte, responsáveis pela pro-

tcçiio. 1

Nos atuais experimentos, estendem-se as observações e

demonstra-se que o rato com diabetes não-tratado exibeproteção

completa, morfolÓgica e func]onal, contra a IRA induzida pela

gcntarnicina em doses altas (70 mg/kg peso/dia) e moderadas (40

67

mg/kg peso/dia). Apresenta tamb6m menor toxicidade em resposta

a doses maciças (200 mg/kg peso/dia). Apesar da proteção depen­

der do estado diab6tico (Exp. 2), ocorreu independentemente da

duração deste (Exp. 3) e foi associada a uma menor acumulação

cortical renal de gentamicina (Exp. 1, 2 e 3), confirmando os

estudos anteriores.

O(s) rnecanismo(s) da proteção observado(s) contra a

IR;\ imluzida pela gcntamicina permanece(m) ainda nao elucida­

do(s). A diurcsc osmótica, entretanto, parece haver conferido

proteção. 1 Em adição, as perturbações metabólicas dodiabetepo­

Jem ter determinado menor captação renal de gentamicina e, as­

sim, contribuído para a proteção.

Em relato recente, constatou-se que o conteGdo renal

Je fosfatidilinositol diminui em ratos diab~ticos, após o tra­

t:lmcnto com gentamicina.I 11 Uma vez que este fosfolipídeo da mem­

brana é considerado o receptor celular ou "binding si te" para a

gcntamicina no "brush-border" da membrana do túbulo proximal,

postula-se que a diminuição da interação entre a gentamicina e

o receptor pode, em parte, explicar a proteção, observada em ra­

tos diabéticos, contra a nefrotoxicidade induzida pela gentami-

c i na. lll

Ao testarem-se outras nefrotoxinas, observou-se que

as ratas diabéticas exibiram proteção completa, morfológica e

funcional, contra a nefrotoxicidade induzida pelo cisplatinum;

constatou-se ainda que o estado diabético não preveniu,mas pro­

pore ionou a melhora da nefrotoxicidade induzida pelo uranil ni-

68

trato.

Ficou evidente também que, a despeito das manobras u­

tilizadas, as ratas diabéticas jovens e velhas, hidrop~nicas e

não-hidropênicas, não exibiram IR/\ induzida pela administração

de meio de contraste. Neste experimento, concluiu-se que o ra­

to com diabetes mcllitus não-tratado e o rato-controlenão-dia­

hético rúio exibem uma maior sensibilidade aos efeitos nefrotó­

xicos do meio de contraste, sob as condições experimentais es­

tudadas (desidratação e idade avançada).

Portanto, pode-se concluir que a injeção de meio de

contraste, nas doses utilizadas, não induziu a IRA nas ratas hi­

dropênicas diabéticas c seus controles. J\ idade não influenciou

os efeitos nefrot6xicos elo meio de contraste nos animais DM ou

controles.

Assim, parece apropriado concluir que o rato Sprague­

JJawlcy, com diabete induzido por Streptozotocina, não é omode­

Jo aJlropriado para estudar a nefrotoxicidade dos meios de con­

traste relacionada ao diabete.

Estudos correntes indicam que dois mecanismos estão

envolvidos na patogênese da IRA induzida pelo cisplatinum. E­

xiste, primariamente, uma diminuição da filtração glomerular,

seja causada pela diminuição do fluxo plasmitico renal,sejape­

la diminuição da permeabilidade glomerular. Além disso,aretro­

dífusão do filtrado glomerular também parece estar significati­

vamcn t c envo 1 v ida na pa togênese desta forma de IRA .112

A IRJ\ induzida pelo uranil nitrato é um modelo expe-

69

rimental bastante estudado, e os mecanismos envolvidos na sua

fisiopatogenia são: as alterações da hemodinâmica renal comdi­

minuiçüo da filtração glomerular de todo o rim, do nefrônio e

J iminuição do Kf. Estas alterações seriam mediadas .pelo siste­

ma renjna angiotensina e por outros hormônios renais vasoati­

vos, sendo compatíveis com um mecanismo de controle túbulo glo­

merular ("tubular glom.erular feed back")! 13

Os mecanismos envolvidos, seja na proteção, seja na

melhora observada contra a IRA induzida pelo cisplatinum ou u­

ranil nitrato, rüio podem ser esclarecidos pelo presente estudo.

Dados preliminares em estudos recentes de Safirstein e colabo­

radores"5 confirmaram os resultados desta pesquisa edemonstra­

ram uma menor acumulação de platinum no tecido renal dos ratos

di;thêticos.

Pode-se considerar, entretanto, uma série de caracte­

rísticas do rato com diabetes não-tLltado e que podem serres­

ponsiJveis pela proteção exibida por esses animais frente a di­

ferentes nefrotoxinas.

5.1 FILTRAÇAO GLOMERULAR

Estudos clinicas e experimentais sobre diabetes me­

l litus demonstram l!Ue há um aumento dos rins nas fases preco­

ce~!14•115 Este aumento em peso pode ser um efeito metab6lico,

umq vez que ê reversível pela instituição de terapia com insu-

1 ina! 1 ''• 115 Além disso, a hiperglicemia aguda, em ratos normais,

c·ausa aumento de 25'& na filtração glom.erular.l 16

70

No homem, o dia bet cs cs tá assoe iado inic ialrnent e a au-

mento da filtriJção glornerular.l 14 O mecanismo responsável pores­

tas modificações de hemodinârnica glomerular secundárias à hi-

pcrgl iccmia é desconhecido. Entretanto, Hostetter e colaborado-

rcs demonstraram que urna moderada hiperglicemia (375mg/dl)cau-

sa redução na resistência das arteríolas aferente e eferente,

levando a aumento do fluxu plasmático e a aumento ela filtração

glomcrular do ncCr6nio isolado. 111

No nrcsente estudo. os rins das ratas diab~ticas sao ' '

signi ficati.varncntc maiores que seus controles (DM 1. 78 ± o.OSg

(lrim) vs (1.41-l:: O.l3g p < O.OS).Tambêm a depuração clacreati-

nina cndógcna foi, em média, 44% maior nos animais cliab~ticos

do que nos controles.

E possivel, então, que o alto Índicedefiltraçãoglo-

rncrular exerça um papel protetor ao facilitar a eliminação das

drogas, aumentando sua velocidade de excreção e reduzindo o tem­

po de exposição do nefr6nio as toxinas.

Saliente-se que as ratas diabéticas que receberam do-

se ma10r ele gentamicina (70 mg/kg peso/dia) apresentaram pro-

tet,;:1o idêntica à daquelas que receberam dose menor do mesmo pro-

duto (HJ mg/kg peso/dia). Cabe registrar ainda que, em alguns

:tnim<Jis-controlc o .ín,lice de filtração glomerularnoperíodoba-

s:ll era idêntico ao das ratas diabéticas. Não foi suficiente,

porém, para protegê-las, uma vez que se tornaram nefrotóxicas

após a administração de gentamicina. Nessas considerações,a fil­

traç:to glomerular sozinha parece não ter sido responsável pela

protcçao.

71

5.2 0/URESE OSMÓTICA

A Jiurcsc osmótica é importante na prevençao de mui­

tas formas experimentais de IRA.

Em observações anteriores, verificou-se que a diure­

se osmótica dos ratos diabéticos apresentava boa correlação com

a proteção exibida contra ti nefrotoxicidade da gentamicina. 1

A magnitude da natriurcse protetora observada emani­

mais que ingeriram salina, ao invés de água, em vários modelos

ncfrotóxicos, como glicerol, uranil nitrato e cloreto de mer­

cGrio, 6 da ordem de 3-6 mEq/dia/100 g de peso, 70'

81'

83 contras­

tando com a excreçao de sódio das ratas DM que é, na m~dia, 2-

4 vezes menor: 1.4 mEq/dia/100 g de peso.

Uma vez que glicose e sódio são os principais solu­

tos excretados pelo rato diab~tico, concluiu-se,emtrabalho an­

terior, que a melhor correlação com a proteção é encontrada pa­

ra o clcarance osmo1ar, seguida da excreção de sódio, excreção

Jc glicuse c fLuxo urinário. 1 Lntão, é possível que a diurese

osmótica do rato llM, caracterizadapeloaltofluxourinârio (>75

ml/dia), grande cxcrc<_·ão de gl.icose (3-9 g/dia) e modesta na­

t riu r e se (1. 4 mLq/d ia), possa ter exercido papel protetor con­

t r a a n c f r o t o x i c ida d e da s d i f e r e n t e s drogas u t i 1 i z ad as n e s te e s -

tudo.

Entretanto, trabalhos recentes do laboratório do Dr.

C. 1\. Vaamonde demonstraram que a cxcrcçao aumentada de solutos

(glicosGria) pode não ser responsável pela proteção observada

nos ratos diabéticos.

Ratos nTío-uiabéticos que exibiram Jiurcse osmótica

(gl i cose), induz ida pelo bloquc i o do transporte tubular da gli-

cose com phlorizi11 (inibidor competitivo da absorção de glico­

sc), nao foram protegidos dos efeitos nefrotóxicos da gentami­

cina.118 Além disso, ratos diabéticos com glicosúdasimilarmos-

- 1 118 o d . ~ traram proteçao cornp eta. s autores os experimentos conclui-

rarn que a filtração glomerular, o fluxo urinário e a excreçao

de solutos ou glicose não podem explicar aproteção contraagen-

tarnicin<l obtida pelo estado diabético.

5.3 SISTEMA RENINA ANGIOTENSINA

No r a to com diabetes experimental, a hiperglicemia pro-

duz hiperosrnolalidade cxtracelular, com subseqUentc expansãodo

volume cxtracclular c supressao da liberação de rcnina. 119'

120

Apesar da demonstração de que a atenuação da severi-

dade da IRA experimental indepcndc da atividade'do sistema re-

. . IJ'l 121 - ... d d - d nina angwtenstna, ' c poss1vel qucocsta o esupressao es-

. d' b . l 119,12n te s1stcrna, corno ocorre no 1a ctcs experimenta, possa ter

influenciado a proteção contra a ncfrotoxicidade de todas asdro-

gas aqui utilizadas.

Na verdade, Shor e colahoradores, 24 recentemente, su-

geriram que as modificações na ultrafiltração glomerular indu-

zida pela gentamicina eram mediadas pelo sistema renina angio-

tcnsina. De maneira semelhante, o sistema renina angiotensina

também estaria envolvido nas modificações da hemodinâmica glo-

rncrular presentes na IRA induzida pelo cisplatinum ou uranil ni-

73

j l 2 l l 3 trato. '

Logo, a suprcssao do sistema rcn1na angiotensina que

ocorre no diabetes experimental pode ter sido em parte respon-

sâvcl pela protc()io ou melhora na severidade da IRA induzida pe-

las diferentes nefrotoxinas estudadas.

5.4 PROSTAGLANDINAS

Em crianças com d iabetcs mel li tus, observou-se aumen-

to da síntese das prostaglandinas. 122 Se ê possível extrapolar

este fato para o rato com DM experimental, é também possível es-

pccular sobre a contribuição de uma atividade aumentada das pros­

taglandinas na manutenção da hcrnodinârnica glomerular nos ani-

mais submetidos a nefrotoxicidade.

Esta especulação é consistente, dadas as observações

experimentais c cLínicas recentes de que a inib~ção das prosta­

gland.inus com indometacina podem levar à IRA ou agravar a ne-

• · ".l d 1 ,I · · 101>102 f rotox1c1ua c (c urogas corno a gentarruc1na.

Por outro lado, recentemente demonstrou-se que ratos

diabéticos apresentam um "déficit de prostaglandinas renais!23

também Vaamondc e coluboradorcs observaram, recentemente, que o

t ra tamcnto dos ratos diabéticos com indometacina não influencia

o cfei to protetor do diabetes sobre a ncfrotoxicidade da genta­

micina.124Tais oh::;crvações incompatibilizam o possível. efeito

protetor das prostaglandinas sobre a ncfroxicidade da gentarni­

cina, no rato di:tllético.

74

5.5 ASPECTOS METABÓLICOS DO DIABETES EXPERIMENTAL

B possível l{UC as alterações metabólicas induzidaspe-

lo diabetes em nívcJ celular possam desempenhar algum papel na

protc1;iio exibiJa pelos animais DM.

Alterações no metabolismo dos fosfolipideos v~m sen-

'1 . 1 .. . ' l 2 s' 1 2 6 Jo descritas no ulQ)Ctcs experuncntal. Os fosfolipideos

renais t~m sido considerados receptores de membrana em nivel do

"hrush-border" do ttibulo proximal para muitas drogas comoagen-

• . 27>32 podendo também estarem envolvidos na permeabili-tarnJCina,

dade celular. Lrn conse4Uência, é concebível que uma alteração

nos fosfolip:Ídcos renais, como ocorre no rato diabéticd,11

pos-

sa ter influcnc iado a absorção das drogas c resultado em prote-

Dessa forma, o rato com llM não-tratado apresenta uma

scnc de \.:aracLerísticas que, em conjunto ou separadamente, po-

dcm ter :ttuado como mecanismos protetores contrà a lRi\ induzi-

c L 1 p c 1 a :; d i f e r u nt c s n e r r o t o x i n a s .

O rato com llM não-tratado, portanto, parece um rnode-

lo Úti 1 para o estudo da indução c prevenção da IRA causada por

ncfrotoxicidade.

No caso dos fosfol ipídeos renais envolvidos no trans-

2 7.32 porte tubular de gcntamicina, por exemplo, as observações

feitas permitem testar a hipótese fisiológica e fisiopatólogi­

ca em modelo animal, onde a toxicidade da gentami.cina é preve-

nida.

75

"d v d 111 . ~ • Kaloyant es e aamon c sugerem que a res1stenc1a a

gentamicina, observada nos ratos diab6ticos, pode ser devida a

uma dh,inuição de receptores para aminoglicosídeos no bordo em

escova das c6lulas do t~bulo proximal c, subscqucntement~. me-

nor acumulação cortical e menor toxicidadc.

Ampliando estas s;:onsiderações, pode-se admitir que a

proteção observada nos ratos diabéticos contra várias nefroto-

xinas pode estar relacionada a fatores determinados pelos fos-

folip{deos renais, em nivel ele receptores de membrana eregula-

ção da permeabilidade celular.

6 CONCLUSÕES

6.1 O rato com diabetes mcllitus não-tratado apre­

senta compl.~ta proteção morfolÓgica e funcio­

nal contra a IRA induzida pela gentamicina em

doses médias e altas. Apresenta também menor to­

xicidade em resposta a doses maciças.

6.2 A proteção exibida depende do estado diabêtic~

mas é independente da duração do mesmo.

6. 3 A proteção foi assoe iada a uma menor acumulação

cortical renal da gcntamicina.

6.4 O rato com diabetes m~llitus não-tratado apre­

senta proteção completa, morfolÓgica c funcio­

nal, contra a [J(A induzida reto cisplatinum.

0.5 O rato com diabetes mellitus não-tratado apre­

senta melhora na severidade da IRAinduzidape­

lo uranil-nitrato.

6. 6 Os ratos com diabetes mellitus não-tratados, jo­

vens ou velhos, hidratados ou hidrop~nicos,não

apresentaram IRA secund~ria i administração de

contraste radiolÓgico e podem não ser o modelo

apropriado para estudo da ncfrotoxicidade do con­

traste radiológico.

78

6.7 Os ratos-controle SD nao apresentaram IRA se­

cund~ria a administração de contraste radio-

16gico e podem não ser o modelo apropriado pa­

ra estudo da nefrotoxicidade do contrast~ ra­

diológico.

6.8 A diurese Q,sm6tica dos ratos DM parece serres­

pons5vel, em parte, pela proteção observada. O

grau de excreção de sódio observado nos animais

IJ~l é, no entanto, 2-4 vezes inferior ao que tem

sido demonstrado em outros estudos de proteção

parcial contra outras nefrotoxinas, sugerindo

que a excrcçao aumentada de glicose também po­

de estar envolvida. Estudos recentes, entretan­

to, sugerem, ao menos para a gentamicina, a im­

portância de outros mecanismos.

6.9 Outros fatores, relacionados ao ·estado diabé­

tico em sl, podem estar envolvidos nos mecanis­

mos de proteção (fosfolipídeo cortical renal,

metabolismo dos lisossomas, etc.)

6.10 O rato com diabetes mellltus não--tratado, indu­

z ido pela strcptozotocina, é modelo Útil para

estudar a indução c mecanismos de prevenção da

ncfrotoxicidadc induzida por drogas.

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