o controle interno do municÍpio de santana dos...

27
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL MODALIDADE A DISTÂNCIA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO O CONTROLE INTERNO DO MUNICÍPIO DE SANTANA DOS GARROTES - PB Nome do Aluno: Pedro Bezerra Leite* Pós-graduando lato sensu em Gestão Pública Municipal - UFPB Nome do orientador: Prof. Alexandre Lyra Martins Professor do Departamento de Economia - UFPB RESUMO Este trabalho tem por objetivo, confrontar, desde sua implantação, as condições de funcionamento do sistema de controle interno em Santana dos Garrotes com os requisitos legais estabelecidos para tal e realizar uma breve retrospectiva, (anos 2000), do controle dos gastos do município em estudo, considerando as prestações de contas efetuadas, apontando, as conseqüências da falta ou ineficiência do funcionamento e sugestões para solucionar os problemas que estejam impedindo o funcionamento pleno do Controle Interno do Município. Através das pesquisas bibliográficas realizadas, foi demonstrada a importância do sistema de controle interno, bem como suas finalidades, implantação da controladoria e o papel do controlador do município. A análise do caso do sistema de controle interno do município de Santana dos Garrotes, por sua vez, mostrou que o município criou o sistema em 2009, mas até o momento não o colocou em prática, assim, o controle interno do município não vem cumprindo a sua função, nem a legislação está sendo atendida. Além disso, constataram-se várias irregularidades em prestações de contas do município, que poderiam ter sido evitadas com o funcionamento do controle interno. Diante dessa situação, foram apontadas sugestões para solucionar os problemas que estejam impedindo o funcionamento pleno do controle interno do município, tais como: publicidade das ações desenvolvidas no exercício da administração, maior mobilização da sociedade em torno da causa da moralidade pública e uma fiscalização mais eficiente por parte dos órgãos de controle externo (O Poder Legislativo, Tribunal de Contas do Estado e Ministério Público e outros). Palavras-chave: Controle Interno, Eficiência, Gestão Pública. *Graduado em Ciências Contábeis pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e Acadêmico do Curso de Especialização em Gestão Pública Municipal da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). ([email protected])

Upload: lyduong

Post on 26-Jan-2019

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: O CONTROLE INTERNO DO MUNICÍPIO DE SANTANA DOS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_controle_interno_do_municapio... · RESUMO Este trabalho tem por objetivo, confrontar, desde

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL MODALIDADE A DISTÂNCIA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

O CONTROLE INTERNO DO MUNICÍPIO DE

SANTANA DOS GARROTES - PB

Nome do Aluno: Pedro Bezerra Leite*

Pós-graduando lato sensu em Gestão Pública Municipal - UFPB

Nome do orientador: Prof. Alexandre Lyra Martins

Professor do Departamento de Economia - UFPB

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo, confrontar, desde sua implantação, as condições de

funcionamento do sistema de controle interno em Santana dos Garrotes com os requisitos

legais estabelecidos para tal e realizar uma breve retrospectiva, (anos 2000), do controle dos

gastos do município em estudo, considerando as prestações de contas efetuadas, apontando, as

conseqüências da falta ou ineficiência do funcionamento e sugestões para solucionar os

problemas que estejam impedindo o funcionamento pleno do Controle Interno do Município.

Através das pesquisas bibliográficas realizadas, foi demonstrada a importância do sistema de

controle interno, bem como suas finalidades, implantação da controladoria e o papel do

controlador do município. A análise do caso do sistema de controle interno do município de

Santana dos Garrotes, por sua vez, mostrou que o município criou o sistema em 2009, mas até

o momento não o colocou em prática, assim, o controle interno do município não vem

cumprindo a sua função, nem a legislação está sendo atendida. Além disso, constataram-se

várias irregularidades em prestações de contas do município, que poderiam ter sido evitadas

com o funcionamento do controle interno. Diante dessa situação, foram apontadas

sugestões para solucionar os problemas que estejam impedindo o funcionamento pleno do

controle interno do município, tais como: publicidade das ações desenvolvidas no exercício da

administração, maior mobilização da sociedade em torno da causa da moralidade pública e

uma fiscalização mais eficiente por parte dos órgãos de controle externo (O Poder Legislativo,

Tribunal de Contas do Estado e Ministério Público e outros).

Palavras-chave: Controle Interno, Eficiência, Gestão Pública.

*Graduado em Ciências Contábeis pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e Acadêmico do Curso de Especialização

em Gestão Pública Municipal da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

([email protected])

Page 2: O CONTROLE INTERNO DO MUNICÍPIO DE SANTANA DOS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_controle_interno_do_municapio... · RESUMO Este trabalho tem por objetivo, confrontar, desde

2

1 – INTRODUÇÃO

Após longos períodos de más gestões, os serviços públicos na grande maioria dos

municípios brasileiros acumularam um grande passivo de ineficiência e desvio de recursos, de

maneira que comprometeram várias gestões futuras. Diante deste problema, o Governo

Federal em 04 de maio de 2000 aprovou a Lei Complementar nº 101, também conhecida

como a Lei de Responsabilidade Fiscal. Esta lei apresenta-se com a missão de impedir que se

perpetuem os desmandos que têm marcado a Administração Pública brasileira, com gestões

desastrosas, irresponsáveis e corruptas sem nenhum compromisso com a eficiência e a

transparência. Sob o manto da impunidade, parece ter-se generalizado o conceito de que o

bom administrador é aquele que, mediante artimanhas espúrias, gasta mais do que arrecada;

descumpre os contratos que celebra e os prazos fixados pelo o Poder Judiciário para honrar

precatório, deixando, destarte o maior passivo possível aos cuidados de seu sucessor

(MONTEIRO, 2002).

Assim, com as exigências legais e com a transformação da sociedade que torna cada

vez mais cidadã, os gestores públicos necessitam de instrumentos que aperfeiçoem a gestão

municipal, tornando-a mais ética e eficiente. O sistema de controle interno é um desses

instrumentos, quando empregado plenamente é um importante elemento que orienta os

gestores nas tomadas de decisões, além de contribuir decisivamente para colocar em prática

os princípios constitucionais da Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e

eficiência do ato administrativo, garantindo proteção ao patrimônio público e combate

preventivo aos Atos de Improbidade Administrativa.

O controle interno cria condições indispensáveis à eficácia do controle externo e visa

assegurar a regularidade da realização da receita e da despesa, possibilitando o

acompanhamento da execução do orçamento, dos programas de trabalho e a avaliação dos

respectivos resultados. É, na sua plenitude, um controle de legalidade, conveniência,

oportunidade e eficiência (MEIRELLES, 1993).

Visto que, o objetivo do presente trabalho é mostrar a importância do controle interno

na gestão pública municipal e apresentar uma avaliação do sistema de controle interno do

município de Santana dos Garrotes, desde sua implantação (2009), apontando os principais

resultados e falhas e contribuições para o desenvolvimento da gestão pública nesse município.

Page 3: O CONTROLE INTERNO DO MUNICÍPIO DE SANTANA DOS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_controle_interno_do_municapio... · RESUMO Este trabalho tem por objetivo, confrontar, desde

3

1.2 Justificativa

Este trabalho terá por finalidade mostrar a importância do sistema de controle interno

nas ações governamentais, visto que, quando empregado plenamente é um

instrumento fundamental para obtenção de uma gestão eficiente e eficaz. Sua existência

atende à sociedade em geral, partindo dos gestores públicos, passando pelos órgãos de

controle externo, até chegar à população em geral. Esta temática ganha relevância no contexto

histórico contemporâneo, visto que, a administração pública não é vista mais como algo que

se esgota em si e de competência exclusiva de gestores ideais. Entretanto, como resultado da

operação de grupos de pessoas passíveis de erros e suscetíveis de acompanhamento, uma vez

que é do interesse da coletividade.

Nesse sentido, estudos acerca das realidades locais, acompanhando a criação e

funcionamento desses sistemas, estão em consonância com as prioridades da sociedade

moderna. Especificamente no presente estudo, pretende-se confrontar as condições de

funcionamento do sistema de controle interno do município de Santana dos Garrotes com os

requisitos legais, na tentativa de avaliar o nível de comprometimento dos gestores públicos

com a administração pública, para além da imposição constitucional que o mecanismo do

controle interno representa.

1.3 Objetivos

O objetivo geral deste trabalho é confrontar, desde sua implantação, as condições de

funcionamento do sistema de controle interno em Santana dos Garrotes com os requisitos

legais estabelecidos para tal.

Como objetivos específicos, temos:

1. Realizar uma breve retrospectiva, (anos 2000), do controle dos gastos do município em

estudo, considerando as prestações de contas efetuadas.

2. Apontar sugestões para o pleno funcionamento do sistema de controle no município em

estudo.

Page 4: O CONTROLE INTERNO DO MUNICÍPIO DE SANTANA DOS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_controle_interno_do_municapio... · RESUMO Este trabalho tem por objetivo, confrontar, desde

4

2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A discussão da teoria e construção do conhecimento requer um grande engajamento, já

que implica, necessariamente, no entendimento de como o homem vem refletindo e

construindo os saberes sobre as realidades, nos diversos campos do saber. Considerando, no

entanto, a complexidade da construção do objeto de estudo, os pilares teóricos que

fundamentaram esse artigo se encontram em algumas áreas do conhecimento das Ciências

Sociais Aplicadas, notadamente, no campo da Contabilidade.

Neste sentido, além da área específica de contabilidade que estuda o controle interno

por um ponto de vista mais técnico, há outras áreas afins que também se interessam por essa

temática. Na administração, por exemplo, Farias Neto (2004) ressalta que a ética institucional

tem que ser exercida por meio de instrumentos concretos como o controle interno,

que pressiona pela correta execução das atividades e emprego do dinheiro público. Já na

economia, a compreensão dessa temática passa pela discussão da eficiência das

instituições, objetivo da análise econômica. A ética é parte de uma série de elementos

constitutivos dos procedimentos administrativos a pesar na maximização da eficiência

produtiva (SILVA, 2007).

O controle interno já era previsto em vários dispositivos legais, como na Constituição

Federal, Constituição Estaduais, Leis Orgânicas Municipais, a Lei Federal da Administração

Financeira (Lei 4320/64), Decreto-Lei 200/67, mas, só a partir da aprovação da Lei de

Responsabilidade Fiscal que os órgãos fiscalizadores e os gestores públicos começaram a

impor uma nova prática de governar no Brasil, quebrando uma velha mentalidade e criando

uma nova cultura política.

A Lei de Responsabilidade Fiscal constitui um divisor de águas na Administração

Pública brasileira, pela introdução de novas práticas de gestão públicas. Apresenta regras

claras e precisas no que concerne ao controle de gastos e do endividamento público, reforça o

aspecto da transparência com a exigência de publicações de relatórios resumidos de execução

orçamentária bimestralmente e dos relatórios de gestão fiscal, quadrimestral (ARAÚJO E

LOUREIRO, 2005).

De acordo com a Lei de Responsabilidade de Fiscal no Art. 54, ao final de cada

quadrimestre será emitido pelos titulares dos poderes e órgãos referidos no art.20 Relatórios

de Gestão Fiscal, assinado pelo: [...]; e no parágrafo único deste artigo, o relatório também

será assinado pelas autoridades responsáveis pela administração financeira e pelo Controle

Page 5: O CONTROLE INTERNO DO MUNICÍPIO DE SANTANA DOS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_controle_interno_do_municapio... · RESUMO Este trabalho tem por objetivo, confrontar, desde

5

Interno, bem como por outras definidas por ato próprio de cada poder ou órgão referido no

artigo vinte.

Como se observa neste artigo e seu parágrafo único, o Relatório de Gestão Fiscal

também será assinado pela a autoridade responsável pelo sistema de controle interno, o que

torna a obrigatoriedade da existência do sistema de controle interno em todas as

administrações públicas.

De acordo com Cavalheiro e Flores (2007, p 26), o Sistema de Controle Interno é

O mecanismo de autocontrole da própria Administração, exercido pelas pessoas e Unidades

Administrativas e coordenado por um órgão central, organizado, e em parâmetros gerais, por

lei local. Consiste a atuação do sistema de controle, em sua essência, na fiscalização que

realizam mutuamente as unidades administrativas, cujas funções se encontram organizadas de

tal forma que um processo, decisão ou tarefa não possa ser tomada por um setor sem que outro

o acompanhe e/ou revise, desde que sem entraves ao processo.

Haja vista, o controle interno é realizado por todos os setores da administração, sendo

que a coordenação é exercida por um órgão central, a atuação do sistema de controle interno é

realizada antes, durante e depois dos atos administrativos, com a finalidade de acompanhar as

ações realizadas, garantirem a legitimidade frente aos princípios constitucionais.

2.1 Definições de Controle Interno

A palavra “controle” originou-se do idioma francês (contrôle), e significa o ato de

dirigir qualquer serviço, fiscalizando-o e orientando-o do modo mais conveniente

(FERREIRA, 2002). Já Chiavenato (2003, p. 635) define controle como a função

administrativa que consiste em medir o desempenho a fim de assegurar que os objetivos

organizacionais e os planos estabelecidos sejam realizados.

O controle interno na Administração Pública tem seu marco inicial legal na Lei n.

4.320, de 17 de março de 1964, que introduziu as expressões controle interno e controle

externo e definiu as competências para o exercício daquelas atividades. Ao Poder Executivo

incumbiu-se o controle interno, enquanto o externo foi atribuído ao Poder Legislativo com o

auxilio dos tribunais de contas. Na administração pública, o Controle Interno deve estar

presente, atuando de forma preventiva, em todas as suas funções, administrativa, jurídica,

orçamentária, contábil, financeira, patrimonial, de recursos humanos, dentre outras, na busca

da realização dos objetivos a que se propõe.

Page 6: O CONTROLE INTERNO DO MUNICÍPIO DE SANTANA DOS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_controle_interno_do_municapio... · RESUMO Este trabalho tem por objetivo, confrontar, desde

6

O controle interno é constituído por um plano de organização, de métodos e medidas

para proteger seus ativos, verificar a exatidão e a fidedignidade dos dados contábeis,

incrementarem a eficiência operacional e promover a obediência às diretrizes administrativas

pelo sistema de controle interno (LIMA, 2003).

Como se observa o controle interno fornece informações para que as atividades nas

organizações sejam executadas de maneira mais eficiente e eficaz.

O Controle Interno é o controle exercido pela própria Administração, por seus órgãos,

sobre seus próprios atos e agentes, ou seja, é realizado pela entidade ou órgão responsável

pela atividade controlada, no âmbito da própria administração. Assim, cada um dos poderes:

Executivo, Legislativo e Judiciário, efetuam dentro de seu âmbito organizacional, os seus

próprios controles internos (RODRIGUES, 2007).

Podemos dizer que o controle interno estar presente em todos os atos da administração

e em todos os poderes, ou seja, no Executivo, Legislativo e Judiciário.

2.2 A Controladoria

A Controladoria se baseia em princípios, procedimentos e métodos oriundos de outras

áreas do conhecimento, tais como contabilidade, administração, planejamento estratégico,

economia, estatística, psicologia e sistema. À colher subsídios de outras áreas de

conhecimento para desempenhar as funções que lhe são atribuídas, a Controladoria pode

estabelecer as bases teóricas necessárias à sua atuação organizacional (PELEIAS, 2002).

Nota-se que a Controladoria não se constitui em uma ciência autônoma ou ramo do

conhecimento. Constitui-se em um órgão administrativo ou departamento que trabalha a

contabilidade, as informações monetárias, física e os indicadores de desempenho, e sempre

buscando melhorar a qualidade da gestão.

2.2.1 A Implantação da Controladoria

De acordo com CAVALHEIRO e FLORES (2007, p 13), “a organização do sistema de

controle interno não significa apenas aprovar lei em sentido formal, mas, sobretudo, entender a

finalidade desse mecanismo e visualizar a Administração de forma sistêmica, como um todo,

em toda sua complexidade”.

Page 7: O CONTROLE INTERNO DO MUNICÍPIO DE SANTANA DOS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_controle_interno_do_municapio... · RESUMO Este trabalho tem por objetivo, confrontar, desde

7

Observamos que o sistema de controle interno não é somente aprovar a lei. Sobretudo,

é necessário que os gestores públicos desenvolvam este sistema, colocando em prática o que

foi aprovado em lei.

SILVA (2004, pag. 220) vai à mesma linha de raciocínio quando afirma que:

A implantação de uma Controladoria como pólo do sistema de informações, além

de contribuir com o princípio constitucional da fiscalização dos poderes, confere um caráter

gerencial à administração pública, que deve ter, em resumo, as seguintes características:

• Permitir a avaliação com precisão à economicidade, a eficiência e a eficácia da gestão;

• Romper com o controle burocrático e formal e passa ao controle baseado nos resultados;

• Permitir maior participação da sociedade nas decisões do Governo, pois desde a elaboração

do orçamento vê o cidadão como beneficiário das ações do Governo;

• Deslocar a ênfase dos procedimentos internos (meios) para resultados (fins).

Ao exercer as suas funções, a controladoria deve gerenciar os processos de trabalho,

auxiliando todos os setores da administração a estabelecer e registrar suas rotinas diárias,

semanais, mensais, anuais ou outros períodos de acordo com a necessidade, e a forma, prazos

e procedimentos pelos quais cada departamento, divisão ou pessoa se relaciona com os

demais. Além disso, por possuir a visão ampla sobre o funcionamento e relacionamento entre

os subsistemas que compõem o sistema de controle e informações, a controladoria também

deve ficar na responsabilidade da elaboração e a manutenção atualizada dos organogramas,

fluxogramas, manuais e outros conceitos de gerenciamento.

Alguns elementos são fundamentais na organização de qualquer sistema de controle,

como: vontade política, estrutura de servidores e estrutura física.

A vontade política é crucial principalmente na fase inicial, pois não há como

organizar um sistema de controle interno sem esse fator. O gestor por ser responsável pelas

tomadas de decisões da gestão pública é considerado o grande responsável pelo sistema de

controle interno, não porque deve operá-lo, mas porque é dele a responsabilidade de dar

condições para que este nasça e se desenvolva de forma técnica e independente de pressões

hierárquicas ou políticas que possam afetar a autonomia de seus integrantes. O planejamento

e a organização dos processos e procedimentos necessários à operacionalização das operações

são calcados em uma estrutura de servidores de provimento efetivo, isto é, os cargos em

comissão somente devem ser ocupados para as funções de direção, chefia e assessoramento,

assim como a possibilidade de contratação de estagiários, estes devem se restringir as funções

Page 8: O CONTROLE INTERNO DO MUNICÍPIO DE SANTANA DOS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_controle_interno_do_municapio... · RESUMO Este trabalho tem por objetivo, confrontar, desde

8

auxiliares e supervisionadas. Esta medida garante a continuidade dos controles e bom

andamento dos processos, pois a rotatividade de pessoas nas funções, ainda que os

procedimentos estejam disciplinados por escrito, é prejudicial ao aprendizado e causa

transtornos à eficiência das operações. Também deve possuir uma estrutura física necessária

para o funcionamento do sistema de controle interno. Não há como imaginar o funcionamento

de um sistema de controle sem que os servidores dispusessem de mesas, cadeiras, móveis e

equipamentos de trabalho necessários às suas funções. A ausência de equipamentos mínimos

revela o descaso da Administração com os serviços, levando os servidores a pensar que, não

havendo por parte dos gestores a preocupação pela realização do melhor serviço, esta também

não deve ser preocupação deles. A Administração tem que demonstrar aos servidores que não

economiza esforços para dar condições de trabalho, como móveis, redes de informática e

tecnologias da informação e softwares (CAVALHEIRO E FLORES, 2007).

Como se observa para implantação de um sistema de controle interno é necessário que

existam vontade política por parte do gestor público, por ser o grande responsável pelo o

nascimento e o desenvolvimento do sistema de controle interno, assim como, uma estrutura

de servidores que deve ser de provimento efetivo, pois a rotatividade de pessoas é prejudicial

ao aprendizado e causa transtornos à eficiência das operações e uma estrutura física necessária

para o desenvolvimento das atividades, porque a ausência de equipamentos mínimos revela o

descaso da Administração com os serviços.

2.2.2 O papel do controlador no município

O Controlador, pelo dever possuir uma visão sistêmica da Administração Pública,

dialogar com pessoas de diferentes áreas técnicas e deter conhecimento amplo sobre

Administração Pública, deve estar amparado legalmente para o exercício do cargo e possuir

perfil, habilitação e deter prerrogativas específicas que lhe permitam o exercício de suas

funções de forma satisfatória. Ainda segundo os autores as funções do controlador, por serem

atividades de controle, organização e informação permanente, são caracterizadas dentre as

funções típicas de Estado, ou seja, aquelas inerentes à natureza do ente político e que, por

isso, não podem ser delegadas a terceiros ou ser investidas por servidores que não sejam de

provimento efetivo. Além disso, a controladoria deve revestir-se da faculdade de proporcionar

Page 9: O CONTROLE INTERNO DO MUNICÍPIO DE SANTANA DOS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_controle_interno_do_municapio... · RESUMO Este trabalho tem por objetivo, confrontar, desde

9

segurança à sociedade, ao chefe do Poder ou entidade, aos demais poderes e órgãos

fiscalizadores internos e externos (CARVALHO E FLORES, 2007).

Observa-se que a função do controlador é típica de Estado, por isso, o controlador

deve possuir um conhecimento amplo sobre a Administração Pública e que deve estar

amparado legalmente para o exercício do cargo, ou seja, deve ser efetivo, possuir perfil,

habilitação e deter prerrogativas especificas que lhe permitam o exercício de suas funções de

forma satisfatória.

2.3 Finalidade do Sistema de Controle interno

A finalidade do controle interno é de assegurar que os gestores públicos atuem de

acordo com o artigo 37 da Constituição Federal de 1988, obedecendo aos princípios de

legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, aos seus incisos e

parágrafos.

De acordo com a Constituição Federal de 1988 (art. 74) em vigor, os Poderes

Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle interno

com a finalidade de:

I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas

de governo e dos orçamentos da União;

II – comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão

orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem

como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado;

III – exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e

haveres da União;

IV – apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.

§ 1.º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer

irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de

responsabilidade solidária.

Observa-se que a finalidade do sistema de controle interno é acompanhar o

funcionamento dos processos inerente à gestão pública de forma a atender aos princípios

constitucionais, evitar erros, fraudes e desperdícios, assim como, orientar os gestores públicos

nas tomadas de decisões e dá apoio aos órgãos de controle externo no cumprimento de suas

atribuições.

Page 10: O CONTROLE INTERNO DO MUNICÍPIO DE SANTANA DOS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_controle_interno_do_municapio... · RESUMO Este trabalho tem por objetivo, confrontar, desde

10

O artigo 31 da Constituição Federal de 1988 estabelece que a fiscalização do

Município seja exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos

sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei. Como se

observa, são dois os tipos de controle, o interno e o externo, sendo que o controle externo é

exercido pelo Poder Legislativo com o auxílio do tribunal de contas e, o controle interno é

realizado por cada poder, sendo que o poder Executivo é quem coordena, porque é de

responsabilidade do executivo a preparação da prestação de contas conjunta.

O Sistema de Controle Interno opera de forma integrada, ainda que cada Poder tenha

seu próprio Controle Interno. Esse Sistema, entretanto, será coordenado pelo Executivo, posto

que lhe compita ao final do exercício, preparar a prestação de contas conjuntas, em que pese

os demais Poderes elaborarem as suas respectivas contas. (MACHADO JR; REIS, 1998).

2.4 A importância do Controle Interno

De acordo com a cartilha de orientações sobre controle interno – TCE - PB, 2009. A

importância dos controles internos na área pública deriva das seguintes necessidades, a saber:

I. Garantir a “memória” do órgão que, não obstante a constante troca de seus gestores,

decorrente de pleitos políticos, deve ter garantida a continuidade da sua existência;

II. Garantir a padronização dos procedimentos de controle, independente da manutenção ou

troca dos servidores que o operacionalizam, bem como dos gestores aos quais as informações

são prestadas;

III. Conhecer, a qualquer tempo, a instituição - receitas, despesas, resultados históricos,

estrutura administrativa, pessoal, patrimônio, etc.;

IV. Acompanhamento, em tempo real, da programação estabelecida nos instrumentos de

planejamento (Planos Plurianuais - PPA, Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO, Leis

Orçamentárias Anuais - LOA, Metas Bimestrais de Arrecadação - MBA e o Cronogramas

(Mensais de Desembolsos - CMD);

V. constante busca de equilíbrio nas contas públicas;

VI. Exigência da correta aplicação administrativa e financeira dos recursos públicos;

VII. Evitar fraudes, desvios e erros cometidos por gestores e servidores em geral;

VIII. Busca do cumprimento de metas de aplicação de percentuais mínimos e máximos

impostos pela legislação em vigor; 9/26

Page 11: O CONTROLE INTERNO DO MUNICÍPIO DE SANTANA DOS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_controle_interno_do_municapio... · RESUMO Este trabalho tem por objetivo, confrontar, desde

11

IX. Busca do cumprimento de metas de aplicação de recursos vinculados (convênios,

programas e fundos) a objetivos específicos, tendo em vista a proibição de desvio de

finalidade dos mesmos.

X. Obrigatoriedade de prestar contas à sociedade (através dos órgãos fiscalizadores, entre eles

os Tribunais de Contas) imposta a todos aqueles que, de alguma forma, gerenciam ou são

responsáveis pela guarda de dinheiro ou bens públicos, etc.

Ao analisar as orientações acima, observa-se que são grandes as necessidades da área

pública da utilização deste importante instrumento, que é o controle interno. Assim, o controle

interno busca garantir a memória dos órgãos independentes da manutenção ou troca dos

servidores e políticos.

A Administração Pública em seus moldes atuais passa por uma intensa transformação,

deixando o modelo burocrático, onde o foco da administração era apenas desempenhar com

rigor as burocracias (licitações, orçamentos, etc.), migrando para o modelo gerencial,

cumprindo as normas legais burocráticas que lhe são impostas, e buscando atender com maior

agilidade e presteza a população. Procurando cumprir estes padrões, a Administração Pública

também está ligada às normas constitucionais e legais, tendo em sua base de princípios a

cumprir os preceitos constitucionais de Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade

e Eficiência, tendo-os como meios de controle e um melhor gerenciamento, no que se refere

aos anseios da coletividade, no tocante a Administração Pública. Na busca por uma melhor

utilização dos recursos públicos, coibindo erros, fraudes e desperdícios, os administradores

públicos têm o dever legal e gerencial de dar ênfase em sua gestão aos sistemas de controle

interno (CARLOTO, 2008).

Como pode ser observado, o sistema de controle interno é um instrumento essencial

ao processo administrativo, sendo que, na área pública, este instrumento vem tornando uma

ferramenta indispensável, pois, Administração Pública atual está passando por uma intensa

transformação, deixando o modelo burocrático e migrado para o modelo gerencial. Assim, são

inúmeras as necessidades da administração para a implantação do sistema de controle interno,

este instrumento fornece aos gestores informações precisas com a finalidade de orientar os

gestores na busca de uma melhor aplicação dos recursos públicos, coibindo erros, fraudes e

desperdícios, assim como, obedecer aos princípios constitucionais e atendendo aos anseios da

coletividade.

Page 12: O CONTROLE INTERNO DO MUNICÍPIO DE SANTANA DOS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_controle_interno_do_municapio... · RESUMO Este trabalho tem por objetivo, confrontar, desde

12

3 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O presente trabalho trata-se de um estudo descritivo de natureza qualitativa sobre o

controle interno, mostrando a sua importância como instrumento de eficiência e eficácia para

gestão pública e confrontar, desde sua implantação, as condições de funcionamento do

sistema de controle interno em Santana dos Garrotes com os requisitos legais estabelecidos

para tal, com o intuito de realizar uma analise preliminar e apresentar sugestões para possíveis

problemas diagnosticados, tendo em vista que a ênfase hoje existente foca apenas os aspectos

legal e formal da gestão, em detrimento da avaliação da ação dos gestores.

O método qualitativo corresponde àquele que não emprega um instrumento estatístico

como base de análise de um problema, nem busca numerar ou medir unidades ou categorias

homogêneas. Trata-se de uma opção do pesquisador, mas, sobretudo, da forma mais adequada

para entender a natureza do objeto em estudo, já que esta abordagem está mais ligada à

compreensão de uma realidade específica, cujos significados estão vinculados a um

determinado contexto (RICHARDSON, 1999).

Esta pesquisa se utilizou de fontes bibliográficas e documentais. A pesquisa

bibliográfica compreende a análise de livros, manuais, teses, dissertações, artigos de revistas

científicas e sites especializados; contribuindo assim para a construção de um referencial

teórico sobre o tema abordado. Para as coletas de dados utilizamos questionário, observações

e análise de documentos, priorizamos a pesquisa documental, com destaque para a Lei

Complementar Nº 026/2009 que regulamenta o Sistema de Controle Interno do município,

anexo A, e o Parecer PPL – TC – 0038/2010, que tratar da Prestação de Contas do Município

de Santana dos Garrotes, relativa ao exercício financeiro de 2008, e os questionários com

quarto representantes da administração municipal, ou seja, o Controlador Geral do Município,

dois Vereadores e o Prefeito, onde foram elaboradas nove perguntas sobre a situação do

controle interno do município, de acordo com o anexo B. Vale lembrar que o trabalho é

direcionado um espaço institucional específico, a Prefeitura Municipal de Santana dos

Garrotes, ou seja, todas as etapas da pesquisa documental estiveram concentradas nesta

instituição.

Para o desenvolvimento teórico, torna-se necessária a pesquisa bibliográfica. Fachin

(1993, p.102) a descreve como: “o conjunto de conhecimentos reunidos nas obras, tendo

como base fundamental conduzir o leitor a determinado assunto e à produção, coleção,

armazenamento, reprodução, utilização e comunicação das informações coletadas para o

Page 13: O CONTROLE INTERNO DO MUNICÍPIO DE SANTANA DOS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_controle_interno_do_municapio... · RESUMO Este trabalho tem por objetivo, confrontar, desde

13

desempenho da pesquisa”. Por fim, afirmamos que todas as etapas da pesquisa foram

devidamente cumpridas, ou seja, coleta, seleção, análise e interpretação das fontes disponível,

seguindo os critérios de orientação que definem as características marcadamente qualitativas,

porque se dedicará à análise, à interpretação e à compreensão dialética do fenômeno

investigado.

É necessário registrar que a presente pesquisa passou por duas restrições principais. A

primeira diz respeito ao tempo disponível para sua finalização, uma vez que se trata de um

trabalho de conclusão de curso. O tempo disponível para a construção deste trabalho

monográfico é relativamente curto (quatro meses), o que restringe a pesquisa a ser realizada e

força uma maximização da alocação do tempo. A segunda restrição da pesquisa é relativa à

disponibilidade de bibliotecas para a realização da pesquisa bibliográfica para a constituição

do referencial teórico. Esta limitação pôde ser parcialmente contornada pela rede mundial de

computadores, como fonte alternativa para suprimento de informações de diversas ordens.

4 - ANÁLISE DE RESULTADOS

4.1 Lei Complementar Nº 026/2009

Esta Lei institui o Sistema de Controle Interno no Município de Santana dos Garrotes

– PB e de acordo com o artigo primeiro da supracitada norma, o Sistema de Controle

Interno no Município foi instituído com o objetivo de promover a fiscalização contábil,

financeira, orçamentária e patrimonial, no tocante à legitimidade, economicidade, moralidade

e eficiência na administração dos recursos e bens públicos. Como se pode observar, a norma

reforça os princípios norteadores da ação do Controle interno, não podendo as autoridades

públicas do município se omitir em relação a esses aspectos, razão de ser da existência do

sistema aqui discutido. Logo a seguir, entretanto, há um parágrafo único de natureza inibidora

da necessária autonomia do sistema, uma vez que prevê que ele ficará integrado na estrutura

do Gabinete do Prefeito.

O artigo segundo estabelece as atribuições do Sistema de Controle Interno, são através

destas atribuições que são realizados os controles prévios, concomitantes e posteriores dos

Page 14: O CONTROLE INTERNO DO MUNICÍPIO DE SANTANA DOS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_controle_interno_do_municapio... · RESUMO Este trabalho tem por objetivo, confrontar, desde

14

atos administrativos. O artigo quatro determina que, a Controladoria Geral do Município será

integrada por servidores do Município, sendo:

I – Controlador Municipal, cargo de provimento de natureza comissionada de livre escolha e

nomeação pelo Prefeito Municipal;

II – Até três (03) servidores ocupantes de cargo de nível médio ou superior, com experiência

comprovada em administração pública municipal, sendo que no mínimo um detenha

conhecimentos sobre contabilidade.

Parágrafo primeiro: Os integrantes da Controladoria Geral do Município serão escolhidos pelo

Prefeito dentre servidores, detentores de cargo de provimento efetivo e estável.

Como se observa esta norma esta de acordo com os princípios da administração

pública (art. 37 CF), sendo de suma importância para tornar a Controladoria Geral do

Município um órgão com autonomia, uma vez que, o controle interno não serve apenas aos

gestores públicos, além dos gestores, serve também aos órgãos de controle externo e a

sociedade em geral. Assim, de acordo com este artigo o gestor não possui total autonomia

para nomear os servidores, ou seja, a natureza do cargo de controlador é comissionada, mas, o

servidor é escolhido dentre os servidores detentores de cargo de provimento efetivo e estável

do município com experiência comprovada em administração pública municipal, sendo que

no mínimo um detenha conhecimentos sobre contabilidade.

4.2 Situação do Controle Interno do Município de Santana dos Garrotes - PB

De acordo com os dados coletados o Sistema de Controle Interno Municipal é

integrado ao Gabinete do Prefeito, através do setor denominado de Controladoria Geral do

Município, a mesma foi criada para controlar e fiscalizar as receitas e despesas do município e

facilitar as informações aos controles externos, mas, até o momento, ou seja, após três anos, a

Controladoria não vem realizando as atribuições estabelecidas no artigo segundo da Lei que

instituiu o Sistema de Controle Interno do Município, o principal motivo do não

funcionamento de acordo com 75% dos dados é a centralização por parte do gestor público,

no entanto, para o gestor público municipal o Sistema de Controle Interno no município está

funcionando relativamente bem.

Page 15: O CONTROLE INTERNO DO MUNICÍPIO DE SANTANA DOS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_controle_interno_do_municapio... · RESUMO Este trabalho tem por objetivo, confrontar, desde

15

Observa-se que o Sistema de Controle Interno não possui a sua própria estrutura física,

funcionando juntamente com o Gabinete do Prefeito, logo, os responsáveis pelo controle

interno do município não possuem autonomia necessária para realização das suas atividades.

Observa-se ainda, que o grande problema do não funcionamento do sistema é a centralização

da administração por parte do gestor público municipal, de modo que, as informações sobre a

gestão ficam centralizadas entre o Prefeito, a Secretária de Administração, que é esposa do

Prefeito e a Secretária de Finanças que é cunhada do Prefeito.

Ainda de acordo com os dados, o município só nomeou o Controlador Geral do

Município o qual não possui qualificação para o cargo indicado, cuja formação acadêmica é

licenciatura em letras e o mesmo não pertence ao quadro de servidor efetivo e estável do

município. No entanto, de acordo com a lei que regulamenta o controle interno do município

no art. 4º, a Controladoria Geral do Município será integrada por servidores do Município, e

no inciso II do mesmo artigo, a Controladoria será formada por até três (03) servidores

ocupantes de cargo de nível médio ou superior, com experiência comprovada em

administração pública municipal, sendo que no mínimo um detenha conhecimentos sobre

contabilidade, e no seu parágrafo primeiro: Os integrantes da Controladoria Geral do

Município serão escolhidos pelo Prefeito dentre servidores, detentores de cargo de

provimento efetivo e estável. Mas, na opinião do Prefeito, o Controlador Geral do Município

tem qualificação, condições intelectuais e morais, para desempenhar o referido cargo.

Também foram informados que os controles dos gastos, da legalidade e dos projetos

do município não são realizados pelo o controle interno do município. Os controles dos

mesmos são realizados pelos Secretários de Finanças, Administração e o Gabinete do

Prefeito, com os auxílios das Assessorias Jurídica e Contábil do Município, que são

desempenhados por advogados e um contador, todos contratados sem concurso público, ou

seja, não efetivos.

4.3 Conseqüências da falta ou a ineficiência do Sistema de Controle Interno do

Município de Município de Santana dos Garrotes

A falta ou a ineficiência do controle interno pode ocasionar várias conseqüências para

administração pública, no caso do município de Santana dos Garrotes, podemos citar várias

Page 16: O CONTROLE INTERNO DO MUNICÍPIO DE SANTANA DOS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_controle_interno_do_municapio... · RESUMO Este trabalho tem por objetivo, confrontar, desde

16

prestações de contas reprovadas nos últimos dez anos pelo Tribunal de Contas do Estado,

assim, foram reprovadas as prestações de contas relativos aos exercícios de 2002, 2004, 2005

e a 2008. Portanto, utilizamos a prestação de contas referente ao exercício financeiro de 2008

por ter sido a última analisada pelo Tribunal de Contas do Estado e de acordo com os

pareceres dos membros deste tribunal, foram apontadas várias irregularidades nas mesmas,

tais como:

I - o repasse para o Poder Legislativo em desacordo ao que dispõe o inciso I, do § 2º, art. 29-

A, da Constituição Federal. O repasse para o Legislativo correspondeu a 8,15%, quando

deveria ser de 8%;

II - a insuficiência financeira para saldar os compromissos de curto prazo no valor de R$

460.533,93. A prática descrita compromete o equilíbrio das contas públicas, princípio

balizador da Lei Complementar Federal nº 101/2000, tendo em vista o desrespeito ao art. 42 e

seu parágrafo único da citada Lei;

III - aplicação de 58,05% na remuneração dos profissionais do magistério, quando deveria ser

no mínimo de 60%, prevista no art. 60, do ADCT e na Lei nacional nº 11.494/2007;

IV - uma diferença apurada, no valor de R$ 100.235,27, no movimento financeiro do

FUNDEB e a inoperância do Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundeb;

V - a não aplicação do mínimo constitucional em ações e serviços públicos de saúde. O

município aplicou apenas 14,17%, quando deveria aplicar no mínimo 15% de acordo com art.

77, III da Emenda Constitucional nº 29/00;

VI - o não pagamento do terço constitucional de férias à maioria dos servidores municipais,

descumprindo o previsto no art. 7°, inciso XVII, da Constituição Federal/88;

VII - o não pagamento do 13° Salário aos servidores contratados pelo município,

descumprindo determinação constitucional – inciso VIII, art. 7º, CF/88;

VIII - a contratação de servidores públicos sem concurso público, em descumprimento ao art.

37 da Constituição Federal;

IX - despesas irregulares com pagamento de gratificações;

X - inexistência de controles internos, comprometendo a fiscalização do controle externo

(art. 31 da CF/1988) e outras.

Page 17: O CONTROLE INTERNO DO MUNICÍPIO DE SANTANA DOS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_controle_interno_do_municapio... · RESUMO Este trabalho tem por objetivo, confrontar, desde

17

Enumeramos ainda, de acordo com os dados do CAUC (Cadastro Único de Convênio)

em 26/09/2011, várias pendências do município, entre as quais: não pagamento de INSS, falta

Certificado de Regularidade Previdenciária (CRP), não recolhimento do FGTS, não

pagamento de tributos federais, consta no cadastra da dívida ativa da União e está no Cadin

(Cadastro de Informação dos Créditos não Quitados do Setor Público Federal). O que se pode

concluir que para conseguir convênio com a União, o gestor público do município de Santana

dos Garrotes precisa atualizar o Cadastro Único de Convênio.

4.4 Sugestões para solução de problemas que estejam impedindo o funcionamento pleno

do Controle Interno do Município de Santana dos Garrotes

Para organização do sistema de controle interno é necessário que o gestor público, por

ser o grande responsável pelas tomadas de decisões da gestão pública, institua a Lei que

regulamenta o Sistema de Controle Interno no Município, no caso de Santana dos Garrotes, já

foi instituída a Lei, agora é necessário que o gestor dê condições para que o sistema se

desenvolva de forma técnica e independente de pressões hierárquicas ou políticas que possam

afetar a autonomia de seus integrantes. Assim, de acordo com os dados levantados, até o

momento o gestor público não está tendo a vontade política para solucionar o problema do

sistema de controle interno do município, apesar das irregularidades; tais como: servidor

responsável sem ser do quadro efetivo e estável, não qualificado para a função e sem praticar

as atribuições do cargo. A atual administração, porém, faz uma avaliação parcial e

equivocada de que o sistema de controle interno está bem.

Para mudar esta situação é necessária que o gestor municipal comece a visualizar a

Administração de forma sistêmica, descentralizando as ações, tornando a gestão mais

eficiente, ética e transparente, publicando as ações desenvolvidas, melhorando a qualificação

dos servidores municipais, colocando em função de confiança ou cargo comissionado,

funcionários qualificados para o cargo e que a sociedade organizada, juntamente com os

órgãos fiscalizadores externos (Tribunal de Contas do Estado, Ministério Público, Poder

Legislativo e outros), comecem a cobrar do gestor público medidas necessárias para melhorar

a situação da gestão pública do município, começando com a organização do sistema de

controle interno do município.

Page 18: O CONTROLE INTERNO DO MUNICÍPIO DE SANTANA DOS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_controle_interno_do_municapio... · RESUMO Este trabalho tem por objetivo, confrontar, desde

18

5 – CONCLUSÕES

O controle interno é um instrumento fundamental em qualquer organização, sendo

que, é através deste instrumento que os gestores acompanham as operações que estão sendo

realizadas prevenindo contra a ocorrência de erros e fraudes, garantindo maior confiabilidade

dos relatórios contábeis, promove a eficiência, eficácia e efetividade das operações e estimula

a obediência às políticas públicas da Administração Pública, além disso, serve de ferramenta

de orientação para as tomadas de decisões do Administrador.

A responsabilidade de estruturar o sistema de controle interno cabe ao Gestor Público,

ou seja, é necessário que exista vontade política por parte do mesmo, capaz de organizar todos

os departamentos com as estruturas físicas e humanas na busca de alcançar as metas definidas

através da participação popular.

Ao analisar os resultados desta pesquisa verifica-se que o município não colocou em

prática as funções do controle interno, apesar da preocupação em instituir a Lei, o gestor

público municipal não teve a vontade política para estruturar o sistema de controle interno no

município. Na verdade, a grande preocupação do gestor é cumprir as exigências legais, ou

melhor, ter um funcionário para assinar os relatórios quando for preciso e criar mais uma

função comissionada para acomodar aliados políticos. Como se observa no art. 4º da Lei que

instituiu o Sistema de Controle Interno nos seus incisos e parágrafo primeiro: os servidores da

Controladoria devem ter experiência comprovada em administração pública municipal, sendo

que no mínimo um detenha conhecimentos sobre contabilidade e que os integrantes da

Controladoria Geral do Município serão escolhidos pelo o Prefeito dentre servidores

detentores de cargo de provimento efetivo e estável. Assim, de acordo com este artigo o

Controlador Geral do Município foi nomeado de forma ilegal, porque o mesmo não é

funcionário efetivo do município e não possui qualificação para o cargo.

Por causa da falta ou da ineficiência do sistema de controle interno no município, as

prestações de contas relativos aos exercícios de 2002, 2004, 2005 e a 2008 foram reprovadas,

além disso, o município possui várias pendências com os órgãos do Governo Federal. Por

causa destas irregularidades o município, atualmente, está impossibilitado de se habilitar para

firmar convênio e parcerias com o Governo Federal e o Governo Estadual.

Para mudar esta situação, é necessária que a administração pública municipal

descentralize as ações desenvolvidas no exercício, invista em curso de qualificação dos

servidores, coloque em função de confiança ou cargo comissionado funcionário com

Page 19: O CONTROLE INTERNO DO MUNICÍPIO DE SANTANA DOS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_controle_interno_do_municapio... · RESUMO Este trabalho tem por objetivo, confrontar, desde

19

qualificação para o cargo, e que a sociedade organizada, juntamente com os órgãos

fiscalizadores externos comecem a cobrar do gestor público medidas necessárias para

melhorar a situação da gestão pública do município, começando com a organização do

sistema de controle interno do município.

Page 20: O CONTROLE INTERNO DO MUNICÍPIO DE SANTANA DOS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_controle_interno_do_municapio... · RESUMO Este trabalho tem por objetivo, confrontar, desde

20

Mini currículo

Pedro Bezerra Leite

Graduado em Ciências Contábeis pela Universidade Federal da Paraíba

(UFPB), Especialista em Gestão Pública Municipal pela Universidade Federa da

Paraíba (UFPB) e funcionário da Companhia de Água e Esgotos da Paraíba

(CAGEPA) na cidade de Santana dos Garrotes – PB, exercendo a função de Agente

Operacional.

Page 21: O CONTROLE INTERNO DO MUNICÍPIO DE SANTANA DOS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_controle_interno_do_municapio... · RESUMO Este trabalho tem por objetivo, confrontar, desde

21

REFERÊNCIAS

ARAUJO, F.C., LOUREIRO, M.R. Por uma metodologia pluridimensional de avaliação

da LRF. Revista de Administração Pública – RAP, Rio de Janeiro: FGV, Nov/dez 2005.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, Brasília, 1988.

BRASIL. Lei nº 4320 – estatui Normas Gerais de Direito Financeiro. 1964.

BRASIL. Lei Complementar nº 101 – Lei de Responsabilidade Fiscal. 2000.

CÂMARA MUNICIPAL DE SANTANA DOS GARROTES – PB, Lei Complementar Nº

026/2009, que instituiu o sistema de controle interno do município de Santana dos Garrotes e

Prestação de contas do exercício de 2008.

CARLOTO, Gisele, Utilização do controle interno na Administração Pública Municipal como

Instrumento de Controle, Fiscalização e Gerencialmente. Disponível em:

http://www.webartigos.com/artigos/utilização-do-controle-na-administração-publica-

municipal-como-instrumento-de-controle-fiscalização-e-gerenciamento/10412/. Acessado em

25/09/2011.

CAUC – Portal – SIAFI. Regularidade do Município de Santana dos Garrotes - PB

http://consulta.tesouro.fazenda.gov.br/cauc/regularidade_consdisp_CAUC.asp?cod=2173&n

m=SANTANA%20DOS%20GARROTES Acessado em 26/09/2011.

CAVALHEIRO, Jader Branco e FLORES, Paulo Cesar, A Organização do Sistema de Controle

Interno Municipal, CRC – RG e ATRICON, Porto Alegre – RS, 2007.

CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos novos tempos, 2º ed. Rio de Janeiro;

Campus, 2003.

FACHIN, Odília. Fundamentos de metodologia. São Paulo: Atlas, 1993.

FARIAS NETO, Pedro Sabino de. Gestão efetiva e integrada de políticas públicas. João

Pessoa: Idéia, 2004.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda, Novo dicionário Aurélio de língua portuguesa,

Nova Fronteira, 2002.

LIMA, Diana Vaz de. Fundamentos da auditoria governamental e empresarial: com

modelos de documentos e pareceres utilizados. São Paulo: Atlas, 2003.

MACHADO JR, Jose Teixeira; REIS, Heraldo da Costa. A lei 4.320 comentada. 27 ed. Rio

de Janeiro: IBAM, 1997.

Page 22: O CONTROLE INTERNO DO MUNICÍPIO DE SANTANA DOS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_controle_interno_do_municapio... · RESUMO Este trabalho tem por objetivo, confrontar, desde

22

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Municipal Brasileiro. São Paulo: Malheiros Editores

Ltda: 1993.

MONTEIRO, Yara Darcy Policy. A Lei Responsabilidade Fiscal – Aspectos Jurídicos –

Boletim de Direito Municipal, São Paulo, Ed. NDJ, ano XVIII, nº 7, 2002.

PELEIAS, Ivan Ricardo, Controladoria: gestão eficaz utilizando padrões. São Paulo:

Saraiva, 2002.

RICHARDSON, Roberto Jarry et al. Pesquisa social: método e técnica. 3. ed. São Paulo:

Atlas, 1999.

RODRIGUES, Virgínia Mari. Manual de Controle Interno Municipal – Uma Abordagem

Prática para os Municípios Mineiros. São João Del Rei: Amver, 2007. São Paulo: Atlas,

1997.

SILVA, Marcos Fernandes Gonçalves da, Ética e economia. Rio de Janeiro: Campus, 2007.

SILVA, Lino Martins da, Contabilidade Governamental. Um Enfoque Administrativo, 7ª

edição, 2004.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA PARAÍBA, Cartilha de Orientações sobre

Controle Interno, 2009.

Page 23: O CONTROLE INTERNO DO MUNICÍPIO DE SANTANA DOS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_controle_interno_do_municapio... · RESUMO Este trabalho tem por objetivo, confrontar, desde

23

ANEXO A - Lei Complementar Nº 026/2009, que instituiu o sistema de controle interno do

município de Santana dos Garrotes – PB.

Page 24: O CONTROLE INTERNO DO MUNICÍPIO DE SANTANA DOS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_controle_interno_do_municapio... · RESUMO Este trabalho tem por objetivo, confrontar, desde

24

Page 25: O CONTROLE INTERNO DO MUNICÍPIO DE SANTANA DOS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_controle_interno_do_municapio... · RESUMO Este trabalho tem por objetivo, confrontar, desde

25

Page 26: O CONTROLE INTERNO DO MUNICÍPIO DE SANTANA DOS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_controle_interno_do_municapio... · RESUMO Este trabalho tem por objetivo, confrontar, desde

26

Page 27: O CONTROLE INTERNO DO MUNICÍPIO DE SANTANA DOS …biblioteca.virtual.ufpb.br/files/o_controle_interno_do_municapio... · RESUMO Este trabalho tem por objetivo, confrontar, desde

27

ANEXO B - Questionário com representantes do município (Vereadores, Secretário e

Prefeito).

1. Para que a instituição do cargo de Controlador Geral do Município?

2. Como é que funciona a Controladoria Geral do Município? Já foram realizadas reuniões

com os membros que faz parte do controle interno do município e produzido algum relatório?

3. O servidor nomeado para o cargo de Controlador possui qualificação para o cargo?

4. Por que não nomear profissionais com habilitação para os cargos?

5. Se não funcionar, qual é o principal motivo do não funcionamento da Controladoria Geral

do Município?

6. Quantos servidores foram nomeados para fazer parte da Controladoria Geral do Município?

Quais são?

8. Como é realizado o controle dos gastos, da legislação e dos projetos do município?

9. Quais são as contribuições das assessorias jurídicas e contábeis na gestão do município?