programa de erradicaÇÃo do trabalho infantil-peti...

25
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL MODALIDADE A DISTÂNCIA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI DESENVOLVIDO NO MUNICÍPIO DE GURINHÉM/PB: UM ESTUDO DE CASO SOBRE O CONTEXTO SOCIOEDUCATIVO E ASSISTENCIALISTA Jociane Pâmera Coutinho da Silva Pós-graduando lato sensu em Gestão Pública Municipal - UFPB Rosângela Palhano Ramalho Professora do Departamento de Economia - UFPB RESUMO Este artigo busca analisar uma das principais políticas públicas executadas no ramo da proteção social à criança e ao adolescente em situação de risco, através do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil - PETI do município de Gurinhém PB, com narrativas de experiências vivenciadas pelas crianças e adolescentes das famílias contempladas pelo programa. Será apresentada a importância do programa no contexto socioassistencial dos usuários e suas famílias, averiguando as ações do PETI, tendo em vista sua contribuição no processo de combate ao trabalho infantil, tomando como foco seu desenvolvimento através de sua proposta na Lei e na prática cotidiana. A pesquisa conta com dados bibliográficos para dar embasamento à análise contextual. Foi realizado um estudo de caso, através de uma entrevista semi- estruturada, realizada com usuários, coordenadores e monitores do PETI em Gurinhém. Na apuração das informações foi notória a falta de entendimento das famílias contempladas e os próprios monitores e coordenadores sobre o contexto histórico do programa PETI. A execução do programa ainda está presa aos aspectos emocionais, sendo as pessoas envolvidas retratadas como a grande família PETI. Há falta de esclarecimento do significado das propostas do programa, tanto em relação às famílias contempladas que sabem em partes quais são seus deveres enquanto membro do PETI, quanto na parte pedagógica para que os participantes sejam de fato inseridos no contexto social sendo capazes de detectar seu papel perante a sociedade enquanto participantes ativos do programa. Palavras chaves: Política Pública, Usuário, PETI.

Upload: others

Post on 06-Jul-2020

3 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/programa_de_erradicaaao_do_trabalho_infantilpeti...que contribuam para a discussão do perfil

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL MODALIDADE A DISTÂNCIA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI

DESENVOLVIDO NO MUNICÍPIO DE GURINHÉM/PB: UM ESTUDO

DE CASO SOBRE O CONTEXTO SOCIOEDUCATIVO E

ASSISTENCIALISTA

Jociane Pâmera Coutinho da Silva

Pós-graduando lato sensu em Gestão Pública Municipal - UFPB

Rosângela Palhano Ramalho

Professora do Departamento de Economia - UFPB

RESUMO

Este artigo busca analisar uma das principais políticas públicas executadas no ramo da

proteção social à criança e ao adolescente em situação de risco, através do Programa de

Erradicação do Trabalho Infantil - PETI do município de Gurinhém – PB, com narrativas de

experiências vivenciadas pelas crianças e adolescentes das famílias contempladas pelo

programa. Será apresentada a importância do programa no contexto socioassistencial dos

usuários e suas famílias, averiguando as ações do PETI, tendo em vista sua contribuição no

processo de combate ao trabalho infantil, tomando como foco seu desenvolvimento através de

sua proposta na Lei e na prática cotidiana. A pesquisa conta com dados bibliográficos para dar

embasamento à análise contextual. Foi realizado um estudo de caso, através de uma entrevista

semi- estruturada, realizada com usuários, coordenadores e monitores do PETI em Gurinhém.

Na apuração das informações foi notória a falta de entendimento das famílias contempladas e

os próprios monitores e coordenadores sobre o contexto histórico do programa PETI. A

execução do programa ainda está presa aos aspectos emocionais, sendo as pessoas envolvidas

retratadas como a grande família PETI. Há falta de esclarecimento do significado das

propostas do programa, tanto em relação às famílias contempladas que sabem em partes quais

são seus deveres enquanto membro do PETI, quanto na parte pedagógica para que os

participantes sejam de fato inseridos no contexto social sendo capazes de detectar seu papel

perante a sociedade enquanto participantes ativos do programa.

Palavras chaves: Política Pública, Usuário, PETI.

Page 2: PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/programa_de_erradicaaao_do_trabalho_infantilpeti...que contribuam para a discussão do perfil

2

1 – INTRODUÇÃO

Este trabalho apresenta uma abordagem no contexto histórico do Brasil na luta

para erradicar as piores formas de trabalho infantil desde a década de 1980 aos dias atuais.

Que tem como meta analisar uma das principais políticas públicas executadas no ramo da

proteção social à criança e ao adolescente em situação de risco, e em particular, aquelas que

estão expostas ao trabalho infantil. A pesquisa tem como objetivo geral analisar o programa

de erradicação do trabalho infantil - PETI no município de Gurinhém – PB, através das

experiências vivenciadas pelas crianças contempladas pelo programa e suas famílias. Além

disso, lista-se como objetivos específicos: detalhar o programa PETI, levantar dados concretos

que contribuam para a discussão do perfil do público-alvo, e detectar quais os problemas e

desafios associados à gestão e implantação do programa no município.

Desde sua implantação no Brasil na década de 90 o programa PETI vem travando

uma luta constante no combate a exploração infantil, tirando meninos e meninas dessa

degradante desigualdade social de pobreza que os levam a viver perigosamente expostos na

rua ou em trabalhos escravos rotulados como situação de rico.

A desigualdade social é muito alta em nosso país. Segundo informações do Censo

Demográfico (2010) a pobreza atingiu 45% da nossa população que faz parte das famílias

com renda “per capita” de até meio salário mínino, percentual esse que cresce ainda mais nos

estados menos desenvolvidos do Norte e Nordeste. (UNICEF, s.d). Conseqüentemente essa

desigualdade é o principal fator que contribui para que crianças e adolescentes se tornem

alvos do trabalho infantil e da exploração. Dessa forma, é crescente o número de meninas e

meninos que ingressam nas várias situações de risco, muitas vezes em condições

extremamente penosas e degradantes.

No estado da Paraíba é notável o crescimento do Programa. No Município de

Gurinhém, o programa foi implantado no dia 13 de Abril de 2007, com um cotidiano

socioeducativo e assistencilaista atendendo 363 participantes de 7 a 15 anos, contendo 141

participantes da zona rural e 222 da zona Urbana. Como atividades são oferecidas, durante

todo ano, reforço escolar, atividades esportivas e oficinas de artes plásticas, música, dança e

teatro. Os gestores do programa no município afirmam expressar os resultados das reflexões,

participações e conclusões de forma coletiva com uma equipe comprometida com os

resultados educacionais que busca melhorar o processo de ensino-aprendizagem.

Page 3: PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/programa_de_erradicaaao_do_trabalho_infantilpeti...que contribuam para a discussão do perfil

3

Em seguida o trabalho apresenta alguns eixos temáticos que serviram de base para

a discussão sobre a temática central que trata da implantação do PETI e seu traçado histórico

no decorrer da década de 90 ate os dias atuais. O artigo Aborda no primeiro capítulo a questão

do trabalho infantil. No segundo, o PETI no Brasil em sua gênese e implantação. No terceiro,

apresenta princípios norteadores para implantação e execução do PETI no município de

Gurinhém, com narrativas de seu cotidiano no decorrer do ano de 2011. Apresentando

resultados da pesquisa de campo e da observação “in loco” no prédio do PETI em seu

cotidiano educacional, social e cultural.

2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 A QUESTÃO DO TRABALHO INFANTIL: CONTEXTO HISTÓRICO

Do ponto de vista histórico, o trabalho infantil está inserido na cultura das

sociedades, através de valores transmitidos de pais para filhos com um meio de sobrevivência

diante do contraste socioeconômico.

Algumas culturas abraça o trabalho infantil como fator gerador que ajuda no

desenvolvimento do caráter humano permitindo que a criança não venha ingressar na

criminalidade por falta de ocupação. Estando assim, inserida no contexto social como cidadão

capaz de se tornar alguém de bem.

Durante todo contexto histórico as formas de trabalho infantil eram justificadas de

acordo com cada período vivenciado pela humanidade, como uma forma de lutar pela

sobrevivência. Em relatos científicos, meninos e meninas começaram trabalhar desde a época

da pré- história quando ajudavam nos serviços domésticos e na colheita, entre outros afazeres

que lhes eram atribuídos. Na época dos homens das cavernas as crianças ajudavam na

agricultura, participando do cultivo dos alimentos. Na Idade Média as crianças abandonaram

as atividades primárias e passaram a trabalhar com os artesões nas oficinas, aprendendo a

tecelagem, fabricação de utensílios e objetos de metal, de madeira e de couro.

Com a Revolução Industrial, houve uma reviravolta na sociedade, os homens

migravam do campo para a cidade para trabalhar nas grandes indústrias que acompanhavam o

crescimento veloz e feroz da humanidade. De uma hora para outra, foram deixados de lado os

direitos que eram concedidos às crianças de terem educação e lazer, em nome da

sobrevivência. As crianças passam a ser obrigadas a ingressar no mercado de trabalho

Page 4: PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/programa_de_erradicaaao_do_trabalho_infantilpeti...que contribuam para a discussão do perfil

4

assumindo atividades de seus pais, com o objetivo de aumentar a renda da família. Nesse

período constante preocupações por conter noticiários que relatavam que existia crianças a

partir de 5 anos de idade trabalhondo em fábricas de lã, algodão, minas de carvão, sendo

submetidas em situações de risco com jornadas de trabalho diário de 12 a 16 horas, sem

direito se quer de horário de descanso para alimentação ou para fazer suas necessidades

fisiológicas.

Na visão de Renato (2002, p. 19):

Os tempos atuais registram uma melhora significativa nas condições de vida

das crianças e dos adolescentes. Essa melhora, porém, e relativa. Varia de

país para país, de classe social para classe social, de família para família. No

Brasil, por exemplo, principalmente em suas regiões economicamente mais

atrasadas, não é difícil encontrar inúmeras crianças trabalhando em

condições bastante adversas à sua natureza de ser em processo de formação.

Cenas marcantes são vividas e relatadas insistentemente envolvendo crianças e

adolescentes em atividades indevidas de trabalho infantil. Cenas, sob todos os aspectos

inadmissíveis, mas, paradoxalmente, comum. Crianças trabalhando nas mais diversas

atividades, desde aquelas de menor taxa de insalubridade até as mais agressivas ao corpo e à

mente. (RENATO, 2002)

Para participar da constante luta em defesa das crianças é necessário que pessoas

e, principalmente representantes públicos, de organizações governamentais, ou não, possam

estar interessados em discutir e direcionar idéias que norteiem soluções para esta problemática

ainda tão presente na sociedade brasileira.

O debate no Brasil tem crescido, mas ainda não é o país da criança. (QUIRINO,

2011). Com o objetivo de solucionar o problema, no final da década de 1980 e início da

década de 1990, o país passa a tomar providências através de varias ações apoiada por órgãos

governamentais e não governamentais. No âmbito governamental as respostas às

manifestações vieram com surgimento de dois pilares: do Legislativo, com o Estatuto da

Criança e do Adolescente-ECA, na década de 1990, e a Lei Orgânica de Assistência Social-

LOAS em 1993, e do Poder Executivo a criação de programas, como o programa Brasil

Criança Cidadã, projeto do Centro de Assistência Integral a Criança (CAICs).

Nesta batalha em defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes que vivem na

vulnerabilidade social, cria-se sobre a responsabilidade da “Secretaria de Assistência Social”

do “Ministério da Prevenção e Assistência Social” o Programa de Erradicação do Trabalho

Infantil- PETI, que apresenta o objetivo de prevenir e eliminar o trabalho dessa faixa etária

Page 5: PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/programa_de_erradicaaao_do_trabalho_infantilpeti...que contribuam para a discussão do perfil

5

infanto-juvenil que vive em situação de vulnerabilidade e exploração com o trabalho infantil,

sendo retirados do convívio social e educacional. Passando a ser feito no próximo capitulo

uma explanação adentrado em seu contexto de luta e conquista para sua implantação.

Segundo a Política Nacional de Assistência Social (2004):

A vulnerabilidade constitui-se em situação, ou ainda em identidades, que

concorrem para a exclusão social dos sujeitos. Essas situações originam-se

no processo de produção e reprodução de desigualdades sociais, nos

processos discriminatórios, segregacionais engendrando em construções

sócio-históricas e em dificuldade de acesso às políticas públicas.

É possível observar que no século XXI, nos tempos atuais, mediante tantas

propostas em defesa desse público inocente que é acriança, a sociedade vem dando passos

largos, mostrando para o cidadão que o combate ao enfrentamento ao trabalho infantil ocupa

lugar de destaque na agenda Social do Governo Federal, consolidando com as atribuições do

Sistema Único de Assistência Social- SUAS, compondo o quatro de serviços

socioassistenciais.

No entanto, constantemente o trabalho infantil é justificado das mais diversas

formas. Em nosso Estado (Paraíba) é evidente que ainda não se erradicou por completo esses

inúmeros meios para a exploração infanto-juvenil. Crianças que estão passando pela vida sem

saber o que é gozar de seus direitos apresentados em tantas Leis. Meninos e meninas que

deixam de ter seu dia de estudo e lazer para ajudar no sustento da casa. Passando pela

experiência de trabalhar na feira carregando compras, vendendo nos bancos, juntando jornal,

latinhas, ajudando o pai no cultivo e na colheita, ajudando a mãe com a casa e as outras

crianças, pegando papelão para vender, sendo explorado sexualmente, vendendo drogas,

sendo objeto de negligência ou exploração para os pais ou traficantes...

No próximo tópico será apresentada uma explanação no contexto da luta em busca

da conquista para a implantação do PETI, política que já foi mencionada acima, e que iremos

ver que é uma das principais políticas de proteção social já criada nos últimos tempos.

2.2 O PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL - PETI NO

BRASIL: GÊNESE E IMPLANTAÇÃO

No decorrer dos anos, na década de 90, havia uma grande inquietação para com os

governantes representantes de determinados países em relação à realidade da exploração do

Page 6: PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/programa_de_erradicaaao_do_trabalho_infantilpeti...que contribuam para a discussão do perfil

6

trabalho infantil. Neste período foi detectado no Brasil, um grande índice de crianças em

vulnerabilidade social sendo expostas ao trabalho infantil. As pesquisas realizadas pela

Organização Internacional do Trabalho - OIT informaram nos teles jornais e dados do Fundo

das Nações Unidas para a Infância - UNICEF divulgavam inúmeras denúncias sobre o

trabalho de crianças. Tais fatos constatavam a necessidade da criação e implantação de

políticas públicas que pudesse atender a demanda de crianças e adolescentes que estavam

vivendo em estado de vida desumana, enfrentando a dura realidade da exploração do trabalho

infantil.

Além disso, o quadro de pobreza atingiu particularmente a população infanto-

juvenil no país. No Brasil, a situação do trabalho infantil é vergonhosa e deplorável, além de

ser ilegal, tendo em vista que se torna Lei no Estatuto da criança e do adolescente, no ano de

1990, que proíbe o trabalho infantil antes dos 14 anos, e após os 14 salvo na condição de

aprendiz. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística - IBGE de 1995, 7,5

milhões de crianças e adolescentes participaram do mundo do trabalho. Deste 3,5 milhões são

entre 5 a 14 anos. Além de ser ilegal, obtinham salários baixos e trabalhos escravos por conter

carga horária de 12 horas diárias. Um verdadeiro absurdo que merece ser combatido, mesmo

diante de tantas alegações estruturais sociais e familiares.

No ano de 1992, o Brasil passou a fazer parte do Programa Internacional para a

Erradicação do Trabalho Infantil - Ipec da Organização Internacional do Trabalho, e em

meados dos anos de 1994, foi criado e instalado o Fórum Nacional de Prevenção e

Erradicação do Trabalho Infantil, sobre a coordenação do Ministério do trabalho com apoio

do Fundo das Nações Unidas para a Infância - UNICEF, com a participação de organizações

não-governamentais, empresários, representantes de sindicatos, da Igreja, do poder

Legislativo e do Judiciário. Segundo Padilha (2006, p. 79):

No aspecto político, os grandes protagonistas da articulação foram o

Ministério do Trabalho, o Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do

Trabalho Infantil e a UNICEF, que tentaram envolver as forças antagônicas-

organismos de defensores da erradicação infantil e os empregadores da mão-

de-obra infantil. Deu-se, então, um embate entre interesses econômicos e

políticos, apresentando avanços e recuos na construção de um pacto político.

A partir do segundo semestre de 1996, o Fórum Nacional lançou o Programa de

Ações Integradas, que traçou caminhos para a implantação do Programa de Erradicação e

Prevenção do Trabalho Infantil no país, orientado para o combate as chamadas piores formas

de trabalho infantil, ou seja, aqueles trabalhos considerados perigosas, desumanos, insalubres

Page 7: PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/programa_de_erradicaaao_do_trabalho_infantilpeti...que contribuam para a discussão do perfil

7

ou degradantes. Nesse período se dá início ao programa no Brasil. O PETI surgiu em razão de

constantes denúncias sobre o trabalho escravo em que crianças eram submetidas em vários

Estados, principalmente em trabalho de corte de cana e em carvoarias (PADILHA, 2006, p.

77). A partir deste índice, é detectado que a pobreza é um dos principais fatores dessa

desigualdade social que remete a criança e o adolescente ao trabalho. Nesse período as esferas

governamentais passam a se posiciona:

O governo Federal, em 1996, instituiu o Programa Vale Cidadania,

posteriormente denominado Programa de Erradicação do Trabalho Infantil-

PETI, em convênio com os governos estaduais e municipais, inicialmente do

Mato grosso do Sul, sendo, no ano seguinte, implantado na zona canavieira

de Pernambuco e na região sisaleira da Bahia, ficando restrito então a área

rurais. No entanto, jê em 1999, o programa foi estendido às crianças e aos

adolescentes trabalhadores residentes também em áreas urbanas,

principalmente para atender àqueles que trabalhavam nos Lixões

(PERNAMBUCO, Secretaria de Desenvolvimento social e Cidadania de PE,

2005).

O Programa de Erradicação do Trabalho Infantil- PETI aconteceu de forma

acelerada, sendo disseminado para outros Estados e municípios. No biênio 2001-2002 o

programa obteve avanços significativos abrangendo uma grande área territorial com

mudanças na implantação e execução do PETI. Em 2003, o programa sofreu um atraso no

repasse dos recursos para os municípios, sendo caracterizado por Silva (2004, p. 97), objeto

de muitos protestos por parte dos beneficiários em várias cidades brasileiras. Atualmente, o

programa PETI conta com a realidade da unificação dos programas nacionais de transferência

de renda, cujo processo se iniciou em julho de 2003. O programa contempla a política pública

de proteção da assistência social a crianças e adolescentes, atendendo de modo seletivo aos

beneficiários que vivem em situação de extrema pobreza em nosso país. Em 2005, foi

implantado em 26 Estados da Federação, além do distrito Federal, tanto em área rurais quanto

urbanas dando cobertura a 2.591 municípios (PERNAMBUCO, 2005).

Dando continuidade, no próximo capítulo faremos uma explanação dos

norteamentos que deram impulso a implantação e execução do PETI no município de

Gurinhém-PB, demonstrando qual percurso foi percorrido para efetivação de uma das

principais políticas públicas do quatro de proteção social para as crianças e adolescentes.

Page 8: PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/programa_de_erradicaaao_do_trabalho_infantilpeti...que contribuam para a discussão do perfil

8

2.3 PRINCÍPIOS NORTEADORES PARA IMPLANTAÇÃO E EXECUÇÃO DO PETI

NO MUNICÍPIO DE GURINHÉM - PB

O PETI é um programa do governo Federal articulado entre o governo estadual e

municipal. No âmbito federal se faz o repasse de verba para sua manutenção, o governo

estadual faz o monitoramento e o governo municipal executa. O programa compõe o Sistema

Único de Assistência Social (SUAS) com duas ações articuladas – o Serviço Socioeducativo

ofertado para as crianças e adolescentes afastadas do trabalho precoce e a Transferência de

Renda para suas famílias. O programa prevê também ações socioassistenciais com foco na

família, buscando potencializar através de sua função protetiva com vínculos familiares e

comunitários. O Ministério de Desenvolvimento Social- MDS explica que o principal objetivo

do PETI é contribuir para a erradicação de todas as formas de trabalho infantil no País,

atendendo famílias cujas crianças e adolescentes com idade inferior a 16 anos que se

encontrem em situação de trabalho, com acompanhamento familiar através do Centro de

Referência de Assistência Social - CRAS e Centro de Referência Especializado de Assistência

Social – CREAS.

Os municípios com grande índice de trabalho infantil têm suas demandas

validadas pela Comissão Estadual e são submetidas à Comissão Intergestora Bipartite (CIB)

da Assistência Social (formada por representantes do estado e municípios) para pactuação. A

partir daí, as necessidades pactuadas são informadas ao Ministério do Desenvolvimento

Social e Combate à Fome, com a relação nominal das crianças e adolescentes a serem

atendidos e as respectivas atividades econômicas exercidas que devem ser monitoradas pela

comissão municipal.

De acordo com informações do Portal da Transparência do ano de 2011 o papel da

Comissão Municipal de erradicação do trabalho infantil- PETI é Contribuir para os setores do

governo e da sociedade em torno da problemática do trabalho infantil para criar

procedimentos complementares ás diretrizes e normas do PETI que possibilite a participação

de todos envolvidos, juntamente com os orgãos gestores municipais da assistência social

priorizando o atendimento para o maior número possível de crianças e adolescentes a ser

atendido nos municípios. Apresentando flexibilidade na Participação da elaboração do Plano

Municipal de Ação Integrada, Interagindo com os diversos programas setoriais de orgãos ou

entidades executoras de políticas públicas que tratem das questões das famílias, das crianças e

Page 9: PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/programa_de_erradicaaao_do_trabalho_infantilpeti...que contribuam para a discussão do perfil

9

adolescentes, visando aperfeiçoar os resultados do PETI. Articular-se com organizações em

prol da defesa dos direitos da criança e do adolescente, para apoio logístico, com atendimento

para as demandas de justiça e assistência advocatícia, sugerindo a realização de pesquisas e

estudos, diagnósticos para análise da situação de vida e do trabalho das famílias

contempladas. Poder acompanhar o cadastramento das famílias, sugerindo critérios

complementares para sua seleção em conjunto com o órgão gestor municipal da Assistência

Social e supervisionar, de forma complementar, as atividades desenvolvidas pelo programa.

Quando necessário formular denuncias aos órgãos competentes, para que as denúncias e

reclamações sobre a execução do PETI possam ser investigadas e posteriormente acompanhar

o processo de mudança na retificação da execução.

Desse modo, no decorrer do processo de implantação as Secretarias Municipais de

Assistência Social ou órgão assemelhado que identificarem, em sua cidade, crianças e

adolescentes, na faixa etária compreendida entre 7 e 15 anos, que estejam trabalhando em

atividades inseridas nas categorias que caracterizam o trabalho infantil perigoso, penoso,

insalubre ou degradante, podem encaminhar às comissões Estaduais de erradicação do

trabalho Infantil as suas solicitações para implantação. E as cidades que já tem podem

solicitar a expansão do programa.

O programa reconhece a criança e o adolescente como sujeito de direito,

protegendo-as contras as formas de exploração do trabalho e contribuído para o

desenvolvimento integral. Com isso, o PETI oportuniza o acesso à escola formal, saúde,

alimentação, esporte, lazer, cultura e profissionalização, bem como a convivência familiar e

comunitária.

Ao ingressar no Programa, as famílias tem acesso à transferência de renda do

Bolsa Família, quando atender aos critérios de elegibilidade. Às respectivas famílias também

é garantida a transferência de renda através do Programa. Assim, a articulação dos dois

programas fortalece o apoio às famílias, visto que pobreza e trabalho infantil estão

amplamente relacionados nas regiões de maior vulnerabilidade social do país. Para Brasil

(2004, p. 39):

O SUAS, cujo modelo de gestão é descentralizado e participativo, constitui-

se na regulação e na organização em todo o território nacional das ações

socio-assistênciais. Os serviços, programas, projetos e benefícios têm como

foco prioritário à atenção as famílias, seus membros e indivíduos e o

território como base de organização, passam a ser definidos pelas funções

Page 10: PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/programa_de_erradicaaao_do_trabalho_infantilpeti...que contribuam para a discussão do perfil

10

que desempenham, pelo número de pessoas que deles necessitam e pela sua

complexidade (...).

Em outras palavras a prioridade do PETI é viver em uma luta constante para

propiciar o bem estar das crianças e dos adolescentes, oferecendo-lhes condições favoráveis

de convivência e desenvolvimento sociocultural. Em resumo seus objetivos são: a) Retirar

crianças e adolescentes do trabalho infantil perigoso, penoso, insalubre e degradante; b)

Possibilitar o acesso, a permanência e o bom desempenho de crianças e adolescentes na

escola, por meio de atividades culturais, esportivas, artísticas e de lazer no período

complementar ao da escola, ou seja, na jornada ampliada; c) Proporcionar apoio e orientação

ás famílias por meios da oferta de ações socioeducativas; d) Promover e implementar

programas e projetos de geração de trabalho e renda para as famílias.

As famílias que compõe o perfil do programa são famílias que tem crianças entre

7 anos e adolescentes menores de 16 anos que trabalham em atividades perigosas, de extrema

periculosidade. Essas famílias têm prioridades no atendimento, por terem uma renda per

capita de até meio salário mínimo, em situações de extrema pobreza. A forma para detectar

quais são os trabalhos considerados perigosos para o trabalho infantil são:

1. Área urbana - Comércio em feiras e ambulantes; lixões; engraxates; flanelinhas;

distribuição de venda de jornal e revista; comércio de drogas; empacotador em

super mercados; ajudantes de feira; venda de latinhas e garrafas de refrigerantes e

outros.

2. Área rural - Culturas de plantação e cultivo de algodão, fumo, feijão, milho,

agricultura em geral; marcenarias; ajudantes de carpinteiros e mercearias.

O PETI busca atender o quatro de exigências que fazem parte dos princípios

norteadores do programa como política pública a ser executada através dos três eixos

governamentais. Uma vez implantado no município é necessário parcerias entre famílias

contempladas, coordenadores do programa, comissão fiscalizadora e órgão gestores para que

se possa permanecer desempenhando um bom trabalho com essas crianças e adolescentes

inseridas no âmbito social através das ações articuladas pelo programa.

Page 11: PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/programa_de_erradicaaao_do_trabalho_infantilpeti...que contribuam para a discussão do perfil

11

3 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Os procedimentos e instrumentos metodológicos utilizados para desenvolver a

execução da proposta de coleta de dados, com os beneficiários e com a equipe técnica de

coordenadores e monitores do PETI do município de Gurinhém-PB, baseou-se na proposta de

que, para se obter um bom êxito do projeto, em sua execução e análise, o ponto de partida

seria abordar os envolvidos do programa.

Para realizar a pesquisa, foi necessário recorrer a alguns autores que discutem a

problemática do trabalho infantil e do programa de erradicação do trabalho infantil-PETI,

como Brasil (2004), Padilha (2006), Silva e Silva (2004), Silva (2004), Quirino 92011),

Renato (2002), e pesquisas na internet no Portal do MDS e o Portal da Transparência, como

também analise no Plano de Ação do PETI do município de Gurinhém-PB de 2011. Na

pesquisa de campo, utilizou-se as abordagens quantitativa e qualitativa. Os instrumentos de

coleta de dados foram a pesquisa de campo participativa através de entrevista semi-

estruturada, questionário, fotografias e gravações em vídeo e áudio. A pesquisa foi realizada

no período de quatro meses, entre setembro e dezembro do ano de 2011, atendendo a 110

crianças e adolescentes, 3 coordenadores e 10 monitores, dividida em quatro momentos.

O primeiro passo com uma entrevista semi-estruturada com os coordenadores.

Segundo passo, aplicação de entrevista com as crianças e adolescentes, no terceiro, entrevista

com os monitores e no quarto passo uma observação no cotidiano do PETI.

A coleta de dados da pesquisa “in loco” foi realizada com referência ao sistema

pedagógico do programa atendendo a 50 crianças de 9 a 11 anos e 60 adolescentes de 12 a 14

anos, abrangendo um total de 110 beneficiários dos 363 beneficiários que atualmente são

atendidos pelo programa. Participaram da pesquisa 2 coordenadores, 1 adjunta e 10

monitores.

A entrevista semi-estruturada com os coordenadores possibilitou uma observação nas

falas e nas ações de cada um. A entrevista foi aplicada a três turmas de crianças e

adolescentes, atendendo a 110 beneficiários que estavam em aula. Foi também aplicado no

pátio do prédio, um jogo de perguntas e respostas, que possibilitou um apanhado no que seria

o programa para cada criança contemplada. A pesquisa de campo foi finalizada através da

observação que permitiu fazer uma leitura do cotidiano das ações do PETI.

Page 12: PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/programa_de_erradicaaao_do_trabalho_infantilpeti...que contribuam para a discussão do perfil

12

4 - ANÁLISE DE RESULTADOS

4.1 O COTIDIANO DO PETI NO MUNICÍPIO DE GURINHÉM-PB.

No município de Gurinhém-PB o Programa PETI tem a finalidade, juntamente

com as esferas governamentais, de vencer o desafio da exploração do trabalho infantil

precoce. De acordo com seu plano de ação de 2011, seu objetivo colabora com o apresentado

pelo programa, que é o de erradicar as chamadas pior formas de trabalho infantil no

Município. Para isso, assim como nos outros municípios, o governo federal concede através

do programa uma bolsa às famílias contempladas. Em contrapartida as famílias têm que

matricular seus filhos na escola e conscientizá-los sobre a importância de adquirir bons

hábitos educacionais, fazendo uso de ferramentas que favoreçam uma mudança na vida

econômica e financeira. Um dos pré-requisitos do programa PETI é a obrigatoriedade de 85%

de frequência, tanto na escola, quanto na jornada ampliada ofertada. Essa obrigatoriedade faz

parte da condicionalidade para que o beneficiário possa permanecer no programa gozando de

seus benefícios.

O programa foi implantado no município no dia 13 de Abril ano de 2007.

Atualmente atende 363 beneficiários, 222 são da zona urbana e 141 são da zona rural, com

público alvo entre 7 a 15 anos, em um prédio com boas instalações físicas, com 1 quadra

esportiva, 1 pátio, 6 salas, 3 banheiros, 1 cozinha, 2 almoxarifados (1 de alimentos e 1 para

material didático), 1 biblioteca e 1 sala da diretoria.

Durante todo o ano é executada uma grade curricular contendo atividades

socioeducativas voltadas para reforço escolar (Português, Matemática), atividades esportivas,

oficinas de artes plásticas, aulas de músicas, dança e teatro. O funcionamento propicia um

atendimento diário das 07h00min as 10h00min e de 13h00min as 16h00min, de segunda a

quinta. No período em que os beneficiários não estão na escola, às atividades pedagógicas de

ensino-aprendizagem são disponibilizadas no decorrer dos turnos com no mínimo uma hora

diária (PESQUISA DE CAMPO, 2011).

O espaço pedagógico dispõe de uma pequena biblioteca com livros acessíveis para

realização dos estudos e, sobretudo para atividade do cantinho da leitura, oficina de música

(oferecida duas vezes na semana com estudo da teoria musical com instrumento de flauta

doce). Uma vez por semana são oferecidas oficina de arte e dança (aulas de danças culturais,

regionais e hip-hop), esporte (Capoeira, futebol, basquete e outras práticas desportivas),

Page 13: PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/programa_de_erradicaaao_do_trabalho_infantilpeti...que contribuam para a discussão do perfil

13

palestras socioeducativas ministradas pela equipe do CRAS, sobre família, adolescência,

drogas, bullying, valores éticos e moras (respeito, namoro, sexualidade, solidariedade,

amizade...). De forma simultânea são oferecidas palestras de conscientização para os pais dos

participantes, para que possam conhecer os trabalhos que estão sendo oferecidos aos seus

filhos, e oportunizando o momento de interação com a equipe técnica do programa.

A equipe técnica de coordenadores e monitores do PETI do Município de

Gurinhém em seu Plano de Ação de 2011 afirma que:

Para alcançar os resultados esperados precisa tempo. No trabalho educativo

não é possível ter pressa! A equipe envolvida está ciente de que uma

mudança significativa na vida das nossas crianças e adolescentes precisa

anos de compromisso..., mas precisa começar! Precisa que alguém comece

sonhar com um mundo melhor, sonhar com crianças e adolescentes no pleno

gozo de seus direitos... E trabalhar, com ações concretas, para que este sonho

possa se tornar realidade.

As ações articuladas do programa, desenvolvidas no município, são construídas e

realizadas com a finalidade de alcançar as metas que fazem parte dos princípios norteadores

do programa. O plano referente a cada ano é constituído de ações pedagógicas que são

executadas durante todo o ano para formação do sujeito em prol de uma vivência digna em

sociedade, em uso de seus direitos relatados no Estatuto da Criança e do Adolescente-ECA.

O objetivo geral do Plano de Ação do PETI do Município de Gurinhém-PB é o de

oferecer para crianças e adolescentes um atendimento diário, que possa contribuir para

garantir os direitos deles e que seja realmente uma alternativa para retirá-los da rua e da

exploração do trabalho infantil. O Plano de Ação também enumera como objetivos

específicos: possibilitar um atendimento diário para 363 crianças e adolescentes da zona

urbana e rural do município de Gurinhém, possibilitar a permanência e o bom desempenho de

crianças e adolescentes que participam do PETI, enriquecer o universo informacional,

cultural, lúdico de crianças e adolescentes que participam do projeto oferecendo diversas

oficinas, promover ações para as famílias e para as demais pessoas do município que

interagem com crianças e adolescentes envolvidas no projeto e oferecer para crianças e

adolescentes oportunidade de lazer, educação e prevenção para a saúde e a não violência.

No decorrer do ano letivo a equipe técnica executa projetos didáticos pedagógicos

de intervenção, com temas do cotidiano dos participantes para garantir o desenvolvimento

moral, físico, psíquico, intelectual e social, das crianças e adolescentes. Tais projetos são

Page 14: PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/programa_de_erradicaaao_do_trabalho_infantilpeti...que contribuam para a discussão do perfil

14

desenvolvidos a curto e longo prazo, em seguido é exposto para toda comunidade um trabalho

final, com apresentações, visando socializar os participantes com o conhecimento científico,

popular e com a sociedade em que vivem. Também realizam festas comemorativas e eventos

culturais acompanhando as datas festivas abordada pelo calendário escolar, como: dia do

índio, carnaval, páscoa, festa junina, o dia nacional do combate ao trabalho infantil, dia 7 de

setembro, folclore, dia das crianças, dia do aniversário da cidade e a data natalina.

Diante do exposto sobre o cotidiano do programa PETI do município de

Gurinhém-PB, a adjunta coloca em sua fala que:

A proposta para organizar e fundamentar a metodologia pedagógica que

serve de norte na execução do ensino aprendizado do PETI são quatro

pilares: 1ª Aprender a conhecer: domínio de instrumentos de autonomia

intelectual; 2ª Aprender a fazer: domínio de meios para agir sobre a

realidade; 3ª Aprender a conviver: domínio de participação e solidariedade

em todas as atividades humanas; 4ª Aprender a ser: domínio de

autoconhecimento de sua personalidade e realização pessoal.

Para se desenvolver as atividades na zona rural acontece um processo itinerante, o

coordenador da zona rural, se desloca aos 4 núcleos (Boqueirão, Manecos, Matão e Riacho

Verde) com visitas periódicas e sistemáticas nas sedes onde o programa funciona, com o

objetivo de apoiar o processo de aprendizagem, orientando o monitor quanto aos

procedimentos relativos à rotina do programa. Nesta ótica é evitado o deslocamento das

crianças e adolescentes da zona rural para zona urbana para que participem das atividades do

cotidiano do programa, sendo oferecido em sua própria localidade.

Entre todas as atividades desenvolvidas no PETI no decorrer do ano três são de

fundamental importância a serem mencionadas e relatadas neste artigo através de relatos dos

coordenadores e da adjunta por terem papéis pedagógicos importantíssimos para o programa.

Uma é “O Dia Mundial De Combate ao Trabalho Infantil” o período da “colônia de férias” e a

“Cantata Natalina”. O ano é encerrado com o projeto da Cantata Natalina. No mês de

dezembro são realizadas atividades de final de ano. Todos que compõem a família PETI (fala

dos envolvidos no programa), se organizam no período de dois meses de antecedência para

preparação do projeto natalino, que requer muita articulação e interação para um trabalho de

mais de 3h de apresentação conjunta com um trabalho conhecimento, artes cênicas, teatro,

dança, em uma grande apresentação cultural que mobiliza o PETI de modo geral e a todos da

cidade.

Page 15: PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/programa_de_erradicaaao_do_trabalho_infantilpeti...que contribuam para a discussão do perfil

15

4.2 CONHECIMENTOS SOBRE OS OBJETIVOS E PRINCÍPIOS QUE NORTEIAM

O PETI

Na circunstância do entendimento sobre o conhecimento dos objetivos e

princípios que norteiam o programa, vale destacar que, entre as coordenadoras parecem ter

clareza do PETI em seu objetivo e significado, mas através de seus depoimentos é notório que

nem tudo está tão claro, pois não adentraram em seu contexto na lei, apenas em seu

conhecimento prévio do que seja e para que serve o programa. E para o coordenador este

conhecimento ainda esta em construção, pois ele diz que só está há 6 meses no programa e

ainda tem muito o que aprender. As outras duas coordenadoras usaram outra linguagem para

deixar explícito esse conhecimento:

“Trabalhar em um programa que evidencia a participação (inclusão) daquelas crianças

submetidas ao trabalho infantil a ter uma vida digna através o lúdico, com respeito ao

próximo e cidadania”. (Coordenadora 1)

“É um programa de ações, desenvolvido para ajudar as famílias carentes, erradicando o

trabalho infantil suprindo de alguma forma essa carência socioeconômica para inserção

da família no convívio social.” (Coordenadora 2)

Entre os monitores foi marcante a afirmação de que não conheciam bem o

programa em seu papel na lei, com seus fundamentos e seus princípios e objetivos descritos.

Mas este é apenas um conhecimento artificial e vários se apropriaram do que está descrito no

portal do MDS.

“O PETI é um programa de grande importância para a sociedade, pois é uma política

pública que é voltada para a erradicação o trabalho infantil, fato este, que é bastante

perceptível em nosso cotidiano”. (Monitor 1)

“É um programa social do governo federal, para erradicar o trabalho infantil, tirando as

crianças e adolescentes das ruas e reeducando-as”. (Monitor 2)

“É um programa que procura reinserir crianças no meio social sem que elas passe por

trabalhos exploratórios”. (Monitor 3)

“Significa dar apoio e colaborar para o crescimento das crianças e adolescente da

sociedade, sempre desenvolvendo ações e orientando-as para o caminho certo sem

exploração ou violência”. (Monitor 4)

“É um programa para prevenção e eliminação do trabalho infantil.” (Monitor 5)

Page 16: PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/programa_de_erradicaaao_do_trabalho_infantilpeti...que contribuam para a discussão do perfil

16

Estas foram algumas falas. Portanto, neste sentido, as concepções dos

coordenadores e monitores se apóiam no conhecimento restrito, elencando apenas uma

margem de 60% entre os dez monitores e três coordenadores entrevistados para

esclarecimento do conhecimento referentes aos objetivos e princípios do programa em sua

proposta na LEI.

Com os dados obtidos nos questionários utilizados com os participantes do

programa, através da linguagem escrita e oral, fica claro que é um pouco restrito o saber sobre

o conhecimento para com os princípios e objetivos do programa para com os próprios

beneficiários. Na observação com as crianças é possível destacar que muitos gostam muito do

programa das monitoras e de tudo que eles aprendem no PETI. Os adolescentes afirmam que:

“O PETI é tudo porque a gente aprende muito”. (Beneficiário 1)

“É um programa legal divertido que tem um espaço pra gente aprender várias coisas”.

(Beneficiário 2)

“O PETI pra me é ótimo, é um reforço para meus estudos e ajuda a crianças e

adolescentes a sair do trabalho infantil”. (Beneficiário 3)

“O PETI é maravilhoso e me tornou uma pessoa melhor”. (Beneficiário 4)

“É uma oportunidade única para os jovens que não tem oportunidades”. (Beneficiário 5)

“É educação, aprendizagem e lazer”. (Beneficiário 6)

“É um programa que incentiva a leitura, desenho, pintura, brincadeiras e jogos”.

(Beneficiário 7)

Para uma porcentagem de 100% das crianças que participaram do levantamento

de dados da pesquisa, é esse o entendimento que está imbuído nos participantes das famílias

contempladas pelo programa de Erradicação do Trabalho infantil- PETI do Município de

Gurinhém-PB.

4.3 PLANEJAMENTOS E ARTICULAÇÕES DAS AÇÕES PEDAGÓGICAS DO

PROGRAMA

Dando continuidade a apresentação dos dados obtidos através dos questionários

abordaremos nesse tópico a contribuição no planejamento e na articulação das ações

pedagógicas desenvolvidas no programa. Focando a parceria com a equipe pedagógica que

compõe o quatro de funcionários do PETI.

Page 17: PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/programa_de_erradicaaao_do_trabalho_infantilpeti...que contribuam para a discussão do perfil

17

Ao direcionar o questionamento para a participação da equipe técnica sobre os

objetivos proposto na execução do plano pedagógico do ano de 2011, foi unânime por parte

dos monitores afirmar que os objetivos foram realizados em partes.

Referente à disponibilização de capacitação para os monitores, todos

responderam:

“Sim, recebem de duas a três capacitações no decorrer do ano para melhorar e avaliar a

prática pedagógica”. (Monitores)

Quando questionados como são planejadas as ações socioeducativas do PETI, os

monitores relataram que:

“As ações são planejadas com toda equipe técnica do programa, com a interação da

comunidade, dos pais e dos alunos”. (Monitor 1)

“O planejamento é voltado para a necessidade da criança, através do reforço escolar e de

atividades lúcidas para o lazer e recreação”. (Monitor 2)

“São planejadas com foco nas ações pedagógicas que envolvam brincadeiras, jogos,

dança, teatro, pintura e etc. Sendo oferecido 2 horas aula para cada ação socioeducativa

em determinados dias específicos”. (Monitor 3)

“O planejamento tem um olhar voltado para as necessidades do nosso público alvo, como

reforço de Português e Matemática, recreação, aulas e dança e teatro. Socializando-as e

desenvolvendo-as.” (Monitor 4)

“São ações planejadas com todos os monitores, junto à coordenação, onde juntos

articulam as sugestões sobre as determinadas ações que vão se executada”. (Monitor 5)

Em relação aos aspectos da educação escolar, para o programa significou a

criação de uma “jornada ampliada” cujo sentido, no seu início era bastante confusa para os

monitores. A Coordenadora do PETI que está desde a Implantação do programa no município

mencionou que:

As orientações dadas para os monitores não apresentavam uma condução

clara do que deveria ser trabalhado nessa jornada; as questões relativas à

integração com o ensino regular no interior da escola também não eram

tratadas. A jornada ampliada era entendida no começo como um espaço para

brincadeiras, lazer; nenhuma atividade que lembre o ensino regular deveria

ser realizada. Num segundo momento, se entende que “a jornada ampliada”

deve ser constituída num momento de atividades lúdicas e pedagógicas e de

reforço escolar. (COORDENADOR 1)

Daí por diante trabalhar as ações socioeducativas de forma integrada entre família,

coordenadores e monitores, parecia ter sido a solução encontrada para que todos juntos

pudessem ter um bom êxito no cotidiano de cada profissional, de modo especial dos

Page 18: PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/programa_de_erradicaaao_do_trabalho_infantilpeti...que contribuam para a discussão do perfil

18

monitores que estão interligados diretamente com meninos e meninas das famílias

beneficiadas do programa.

Diante da pergunta: Para você o que significa ser monitor do programa e atender

crianças que fazem parte desse índice de vulnerabilidade social do município? As respostas

que chamaram a atenção foram:

“Ser monitor é ser um educador, família e amigo dessas famílias carentes cuja

necessidade de amor e atenção é enorme”. (Monitor 1)

“É um desafio, como para qualquer profissional envolvido na educação e formação de

crianças e adolescentes que vivem na margem da sociedade”. (Monitor 2)

“Para me é muito importante poder contribuir com essas crianças, mostrando formas de

serem bem aceitas na sociedade e exercerem seus direitos quanto cidadãos”. (Monitor 3)

“É uma oportunidade única de ajudá-los a serem inseridos na sociedade”. (Monitor 4)

“Ser monitor é fazer parte dessa família PETI que nos estimula a lutar pela causa dos

direitos das crianças e dos adolescentes”. (Monitor 5)

“É saber lidar com situações diversas e manter sempre a calma para saber fazer a coisa

certa na hora certa”. (Monitor 6)

Ao analisar a fala dos monitores podemos observar que há uma grande satisfação

para com a forma desenvolvida pela equipe coordenadora para execução e articulação das

ações planejadas do programa no decorrer do ano de 2011. 80% dos monitores consideram

positiva a sua participação no PETI, a outra margem de 20% aja um trabalho árduo com

inúmeras implicações sociais e culturais que não são capazes de reconhecer o verdadeiro valor

do trabalho executado pelos monitores.

4.4 - CONTRIBUIÇÃO DO PETI NA VIDA DOS PARTICIPANTES

Ao avaliar os resultados obtidos com os questionamentos elencados para coleta de

dados com os usuários do programa de erradicação do trabalho infantil- PETI observa-se que

em sua totalidade expressam-se através de palavras explicando o que significa fazer parte do

PETI, destacando a importância do programa em sua vida.

Para 70% o programa é uma segunda casa, onde eles têm como se divertir,

aprender, comer e fazer atividades que em casa ele jamais teria como. Afirmaram que gostam

das aulas de reforço, da aula de dança, teatro, esporte e das oficinas que são oferecidas no

decorrer do ano letivo, se sentindo valorizados e reconhecidos através de seus próprios

esforços. “No programa eles podem desenvolver habilidades e aptidões que nem eles mesmos

sabiam que tinham” (Adolescente do PETI). O programa só veio a acrescentar em suas vidas,

oportunizando-os a ingressar em um mundo de aprendizagem contínua com um olhar para o

Page 19: PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/programa_de_erradicaaao_do_trabalho_infantilpeti...que contribuam para a discussão do perfil

19

novo, aprendendo a ser tolerante, solidário, companheiro e cidadão capaz de vivenciar uma

vida digna fazendo parte da sociedade, sendo retirados da margem e colocados no centro da

social como sujeitos de direitos e deveres.

Outros 20% por cento se colocam como adolescentes que estão lá por que não tem

outra coisa para fazer, aí é melhor está lá do que na rua. 10% não utilizaram argumentos,

apenas que está lá é bom.

Ao questionar os beneficiários das famílias contempladas sobre as atividades que

são executadas no Programa, e se elas os ajudam a crescer como pessoa e a se sentir parte da

sociedade eles declaram:

“Sim, eu gosto muito do PETI, das atividades e das festas. Foi no PETI que descobri meu

talento e mudei muito, me sinto mais feliz com o que faço o PETI agora”.(Beneficiário 1)

“O que aula de dança porque eu me divirto muito”. (Beneficiário 2)

“Sim, porque vai nos ajudar a crescer para sermos alguém na vida, para quando a gente

crescer podermos escolher o que queremos ser. Por exemplo: dançarino, jogadores, atores

e várias outras coisas”. (Beneficiário 3)

“Sim, uma pessoa boa e reconhecida na sociedade, pois participo do teatro”.

(Beneficiário 4)

“O PETI nos ajuda com o reforço escolar e passamos a ser uma pessoa mais educada”.

(Beneficiário 5)

“Ajuda a gente a nos sentir melhor e a abrir os nossos olhos para vida, e nos mostra que a

vida é bela”. (Beneficiário 6)

“Eu gosto das tarefas do PETI porque é muito fácil de aprender”. (Beneficiário 7)

Existe uma aceitação dos meninos e meninas para com as atividades executadas

no cotidiano dos participantes. Eles se sentem reconhecidos através dos projetos que são

desenvolvidos, tanto nas aulas de teatro quando nas outras atividades pedagógicas

desenvolvidas. E ao perguntar do que eles mais gostam das atividades desenvolvidas, 20%

gostam das aulas de reforço, 20% gostam das atividades de esporte, 40% das aulas de dança,

teatro e música e 20% das oficinas. E por unanimidade, gostam do período da colônia de

férias e do projeto da cantata natalina.

“Gosto da aula de matemática, pois gosto muito de matemática”. (Beneficiário 1)

“Gosto mais do coral e esporte”. (Beneficiário 2)

“Gosto da aula de dança”. (Beneficiário 3)

“Gosto do São João porque a gente apresenta a quadrilha em muitos lugares”.

(Beneficiário 4)

“A atividade que eu mais gosto é de pintar, porque é uma arte e uma criatividade”.

(Beneficiário 5)

“As oficinas são muito boas, gostei da de pintura em tela e bijuteria”. (Beneficiário 6)

“Sim, gosto de todas as atividades”. (Beneficiário 7)

“O que eu mais gosto é as aulas esportivas de vôlei e futebol”. (Beneficiário 8)

Page 20: PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/programa_de_erradicaaao_do_trabalho_infantilpeti...que contribuam para a discussão do perfil

20

Observar o dia a dia dos meninos e meninas que compõe o quatro do programa

PETI é estar sempre vivenciando desafios diários. O palco é o programa e os personagens

principais são os beneficiários e suas famílias que ao assistir uma peça, uma dança, na

conclusão de um projeto executado no programa se tornam militantes na luta contra o trabalho

infantil e abraçam a causa dos esforços na conquista dos monitores e coordenadores que

passam a fazer parte da família. E assim, todos ficam conhecidos como familiares da grande

família PETI, como e colocados pelos participantes e também pelos coordenadores e

monitores.

Como em todas as políticas públicas oferecidas pelas três esferas existem pontos

positivos e negativos. O positivo é que mesmo diante das falhas os participantes conseguem

aproveitar ao máximo o que os programas têm para oferecer de melhor, sem permitir que as

lacunas em sua execução seja alvo de desânimo para a participação. Os pontos negativo são

inúmeros por parte dos governantes, partindo da criação, implantação, execução ao repasse de

verba, que faz com que as atividades aconteçam de forma limitada com um mínimo de

conforto em um prédio razoável que não permite que todas as atividades pedagógicas possam

ocorrer em seu pleno desenvolvimento. Por exemplo, em Gurinhém-PB, de acordo com os

dados do IBGE de 2011 a cidade comporta 13.872 mil habitantes e o programa atende 363

crianças e adolescentes. Observa-se que, possivelmente, o número de crianças e adolescentes

atendidos não abrange todas as crianças e adolescentes que estão no perfil do programa.

Para as famílias das crianças e adolescentes que fazem parte do programa tudo é

muito bom, é como se o programa realmente atendesse a demanda de forma satisfatória, só

que, na realidade se sabe que ainda falta muito para que o programa possa atingir uma

porcentagem de 100% em seu atendimento. E para a equipe técnica tudo parece está muito

preso ao emocional, afetivo, deixando lacunas no lado profissional. É como se as reações e

ações pudessem suprir as lacunas enfrentadas no cotidiano.

5 – CONCLUSÕES

A pesquisa teve como objetivo geral analisar o programa de erradicação do

trabalho infantil - PETI no município de Gurinhém – PB, através das experiências vivenciadas

pelas crianças contempladas pelo programa e suas famílias. Além disso, lista-se como

objetivos específicos: detalhar o programa PETI, levantar dados concretos que contribuam

Page 21: PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/programa_de_erradicaaao_do_trabalho_infantilpeti...que contribuam para a discussão do perfil

21

para a discussão do perfil do público-alvo, e detectar quais os problemas e desafios associados

à gestão e implantação do programa no município.

Ao término da análise, decorrente do trabalho realizado no período de quatro

meses, com um estudo de caso no Programa de Erradicação do Trabalho Infantil - PETI do

município de Gurinhém-PB, revelou-se o processo de articulação entre as atividades

socioeducativas desenvolvidas no cotidiano no ensino regular e na jornada ampliada. O

programa atende 363 crianças e adolescentes do município com proposta pedagógica atrativa,

ajudando a superar dificuldades encontradas no convívio familiar e social das famílias

contempladas.

No que se refere a sua proposta na Lei, os monitores deixam claro em suas

colocações que nem sempre se atinge o esperado no aspecto pedagógico, pois as concepções

pedagógicas que deveriam nortear a implantação do programa não estão claras e objetivas

desde o início do programa, o que gerou um trabalho aleatório com dispersão de esforços e

confusão entre monitores na execução das propostas do programa.

Apesar das dificuldades existentes no início de sua implantação no município o

programa continua fazendo parte da vida dos meninos e meninas trazendo inovações com uma

criatividade que os conduz a identidade de si, desenvolvendo talentos e descobrindo aptidões

que de acordo com relatos nem eles mesmos conheciam.

O programa traz a proposta de erradicar o trabalho infantil através de ações

didáticas-pedagógicas que oportunizam as crianças se sentirem inseridas na sociedade através

da arte, esporte, lazer, música, dança e etc. Embora, no processo de observação é notória a

falta de entendimento em seu contexto histórico sobre o programa paras as famílias

contempladas. Do que seja o programa PETI em seu princípio na Lei e em sua atuação na

prática pedagógica cotidiana para com seus participantes. Podendo constatar ainda que tudo

esta muito preso ao emocional, visto como uma grande família PETI como foi mencionando

em algumas falas.

Em seu entendimento na Lei e em sua obrigatoriedade na execução da prática

educativa e socioassistencial percebemos que falta esclarecimento para se obter êxito em seu

desenvolvimento, tanto em relação às famílias contempladas, quanto na parte pedagógica para

que os participantes sejam de fato inseridos no contexto social sendo capazes de detectar seu

papel perante a sociedade enquanto participantes ativos do programa.

Page 22: PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/programa_de_erradicaaao_do_trabalho_infantilpeti...que contribuam para a discussão do perfil

22

REFERÊNCIAS

BRASIL. Política Nacional de Assistência Social. Brasília, 2004.

IBGE,INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA:

http://www.ibge.gov.br/home/mapa_site/mapa_site

PLANO DE AÇÃO DO PETI DO MUNICÍPIO DE GURINHÉM-PB, 2011.

PADILHA, Mirim Damasceno, Criança não deve trabalhar: a análise sobre o programa

de erradicação do trabalho infantil e repercussão na sociabilidade familiar/ Recife:

CEPE, 2006.

PERNANBUCO, Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania. Demonstrativo de

Expansão do PETI/2004. Recife-PE: 2004.

PETI de GURINHÉM: http://www.gurinhem.com/noticia?id=72

PETI GURINHÉM: http://www.dialogoroche.com.br/

PORTAL DO MDS: http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/peti

QUIRINO, Wilson, Governo da Paraíba: Estatuto da Criança e do Adolescente 21 anos/

Paraíba: Ed. União, 2011.

RENATO, Gilson, Combate ao Trabalho Infantil: Uma Experiência que deu certo a

Paraíba. Ministério Público da Paraíba-PB/Unicef, 2002.

SILVA, Maria Ozanira da S. e. A política brasileira do século XXI: a prevalência dos

programas de transferência de renda. São Paulo: Cortez, 2004.

Page 23: PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/programa_de_erradicaaao_do_trabalho_infantilpeti...que contribuam para a discussão do perfil

23

MINI CURRÍCULO

Nome: Jociane Pâmera Coutinho da Silva

Graduação: Curso de Pedagogia - Universidade Estadual da Paraíba – UEPB/CG

Pós Graduação: Especialização em Gestão Pública Municipal – Universidade

Federal da Paraíba-UFPB

Emprego Atual: Sec. Adjunta da Secretaria de Ação Social e Coordenadora

Pedagógica do Projeto Musical Vox Gaudium- (A Voz da Alegria) da Cidade de

Gurinhém-PB / Prefeitura Municipal. Coordenadora Pedagógica do Projeto

Musical Acordes – (Um toque de Vida) da cidade de Guarabira/ Particular.

Contato: [email protected]

Page 24: PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/programa_de_erradicaaao_do_trabalho_infantilpeti...que contribuam para a discussão do perfil

24

APÊNDICES

Entrevista 1: Coordenador (a)

Nome:

Endereço:

E-mail: Fone:

1. O que é o PETI?

2. Quais os procedimentos metodológicos utilizados para o planejamento das ações

socioeducativas desenvolvidas no PETI? Quais ações são executadas?

3. Os profissionais do PETI recebem capacitação? Quais e Quantas no decorrer do ano?

4. Quais impactos sociais, econômicos e culturas que o Programa de Erradicação do

Trabalho Infantil- PETI é capaz de causar na vida das famílias contempladas pelo

Programa?

5. Existe uma interação contínua entre profissionais e os pais dos alunos do PETI?

6. O que você mudaria ou acrescentaria no programa?

Entrevista 2: Monitor (a)

Nome:

Endereço:

E-mail: Fone:

1. O que é o PETI na sua Visão Profissional?

2. Por ser uma política pública de prevenção e assistencialismo atende crianças em

situações de risco. Para você o que significa ser monitor(a) do Programa e atender

crianças que fazem parte desse índice de vulnerabilidade social do município?

3. Como são planejadas as ações socioeducativas do PETI?

Page 25: PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL-PETI ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/programa_de_erradicaaao_do_trabalho_infantilpeti...que contribuam para a discussão do perfil

25

4. Há participação dos monitores na elaboração do plano de ação do programa?

Sim ( )Não ( )

5. Como se dá essa participação?

6. Vocês recebem capacitação no decorrer do ano?

7. Gostaria de dar propostas para melhorar a execução do Programa?

Entrevista 3: Beneficiários

Nome: ___________________________________________Idade:_____

1. O que é o programa PETI para Você?

2. Você gota das atividades que pratica no PETI? Qual a que você mais gosta? Porque?

3. As atividades executada no PETI ajuda você cresce como pessoa e a se sentir parte da

sociedade? Justifique.

4. Como você se sente fazendo parte do PETI?

5. Você mudaria algo no PETI? Porquê?