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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL MODALIDADE A DISTÂNCIA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
MELHORANDO A PRÁTICA DOCENTE ATRAVÉS DA INCLUSÃO DIGITAL
ROSSANE KEILE SALES DA FONSÊCA
Especialista em Gestão Publica Municipal - UFPB
MARTA MARIA GOMES VAN DER LINDER Coordenadora do Curso de Especialização em Gestão Pública Municipal-
Sistema UAB
RESUMO
O presente trabalho pretende analisar a inclusão digital em uma Escola Pública localizada no
município de Santana de Garrotes-PB sob a perspectiva dos professores que nela trabalham.
Pretende ainda promover uma reflexão sobre os benefícios das tecnologias da informação e
comunicação para melhoria da prática docente, bem como identificar como as TICs podem
melhorar o processo de ensino e aprendizagem no que se refere à utilização dos recursos
tecnológicos, para incrementação, dinamização das aulas e promoção de pesquisas escolares.
Palavras-chave: Educação; Inclusão Digital, Formação Docente, Escola Pública.
1 – INTRODUÇÃO
As grandes transformações que vêm ocorrendo em consequência do processo de
globalização, e inovações das tecnologias de comunicação, estão dando novos significados à
percepção e ao comportamento humano bem como, modificando os padrões culturais. As
tecnologias de informação e comunicação - TIC encontram-se inseridas no cotidiano de quase
todas as pessoas. O tema inclusão digital aparece como assunto na agenda pública, tanto no
que tange ao plano político e econômico, como no social.
Desde os anos 90 a informática vem adquirindo uma importância cada vez maior no
campo da educação. Em consequência do avanço tecnológico e o advento da chamada
“sociedade de informação”, instituições de ensino procuram adequar seu modo de
funcionamento para integrar essa tecnologia, refletindo no comportamento da sociedade. As
pessoas precisam estar atentas em adquirir novos conhecimentos e desenvolver habilidade a
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fim de atender a essa nova demanda. E para que isso ocorra é preciso pensar em uma
instituição educacional que forme cidadãos capazes de lidar com os avanços tecnológicos, em
especial com a Internet.
Assim sendo é importante refletir sobre qual escola precisamos? Que tipo de formação
docente deveu ter? Qual o papel da escola e professor?
Essas perguntas geram inquietações sobre esse tema principalmente quando se tratam da
formação docente em atendimento as demandas sociais por inclusão digital. O emprego de
novas tecnologias na educação ainda é visto com reserva, seja por falta de conhecimentos
tecnológicos, seja por falta de habilitação docente para seu uso no meio educacional. Muitas
vezes, o computador é visto e introduzido como uma solução capaz de resolver todos os
problemas da educação. Levy (1993, p. 54) diz que: “é preciso deslocar a ênfase do objeto (o
computador, o programa, ou módulo técnico) para o projeto (ambiente cognitivo, rede de
relações humanas)”.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDB, 1996, preconiza a inclusão
digital no processo educacional como uma necessidade da alfabetização digital em todos os
níveis de ensino, do fundamental ao superior. Porém ainda existem muitas escolas sem acesso
a Internet, muitos professores, que ainda não sabem sequer acessá-la ou que se recusam a
utilizá-la em suas aulas, sendo detectada com isso, a exclusão e não inclusão digital.
As políticas de inclusão digital devem permitem a inserção de todos na sociedade da
informação. O PNE menciona o uso de tecnologias e conteúdos de multimídias na educação e
ressalta o importante papel da escola como ambiente de inclusão digital, numa sociedade
ancorada no trânsito da informação, por meio de tecnologias de comunicação e informação.
Há ações que objetivam proporcionar laboratórios de informática a todas as escolas públicas
dando acesso às novas tecnologias possibilitando a admissão nos movimentos de inclusão
social, a fim de melhorar as condições de vida das pessoas.
No entanto, o que se percebe é que esta política não é está surtindo os efeitos
desejados, visto que é absolutamente insuficiente colocar laboratórios de informática nas
escolas, sem uma política de qualificação para seu uso. É claramente diagnosticada a
fragilidade das escolas, no que se refere ao manuseio e manutenção dos equipamentos de
informática, bem como, dos professores que, em sua maioria são considerados “analfabetos
digitais”. É preciso que profissionais, possam dar assistência a professores, alunos e fazer a
manutenção dos equipamentos, quando surgirem problemas técnicos.
Contudo, se faz necessário que novas iniciativas de capacitação profissional e
formação continuada para os professores sejam efetivadas, como forma de preparar e motivar
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os docentes a adotar novas maneiras de incrementar suas aulas, de atrair a atenção dos alunos
e de promover, a partir do processo de inclusão digital, uma aprendizagem interativa e
dinâmica.
Para alcançar os objetivos, o trabalho propõe a partir de levantamento de dados
(questionário e entrevista), traçar um perfil dos docentes para verificar o uso das TICs no
planejamento de suas aulas, investigar se a inclusão digital está acontecendo na Escola
pesquisada e instigar os docentes a melhorar sua prática de ensino com o auxilio das
ferramentas tecnológicas.
2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 A Era Digital
Atualmente as tecnologias de informação e comunicação estão se expandindo de
forma acentuada e não há como ficar despercebido a tais mudanças, pois estão se tornando
cada vez mais presentes em nosso dia-a-dia, seja através da televisão, do rádio, da telefonia e
principalmente da informática. É notório que a internet vem superando os outros meios de
comunicação, principalmente pela velocidade que vem acontecendo, de forma a invadir as
residências, escolas e toda a comunidade. Uma era diferente, interativa e conceituada como
era digital, termo dado ao período que vem após a Era Industrial, particularmente, na década
de 1970, com invenções tais como o microprocessador, a rede de computadores, a fibra óptica
e o computador pessoal. (1Informação extraída do site: http://pt.wikipedia.org, acesso em 12/10/2011).
Hoje o computador é responsável pela produção e difusão de muitos tipos de
informação, as pessoas estão cada vez mais inseridas no processo de globalização e
“antenadas” com o mundo. A proposta da lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em
vigor desde 1996, já preconiza a necessidade da alfabetização digital, no entanto, o que se ver
na realidade é que nem todas as escolas possuem laboratórios de informática, as que os
possuem não os usam com frequência ou ainda sentem dificuldade em manusear os
equipamentos. O fato é que não basta apenas enviar computadores para as escolas, é preciso
que se criem condições adequadas de funcionamento desses laboratórios oferecendo suporte
técnico.
Apesar de todo esforço por parte do governo em informatizar as escolas criando a
possibilidade de inclusão digital e mesmo com todas as dificuldades técnicas encontradas,
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ainda se percebe grande resistência de alguns professores em utilizar esta poderosa ferramenta
nas suas práticas docentes. GATTI (2003) apresenta algumas condições a esse respeito:
“Sempre que uma inovação surge no horizonte dos educadores, observa-se, em
algumas, deslumbramento em função das possibilidades aventadas por essas
inovações e, em outros, ceticismo crônico provocado que pela decepção que
professores diretores e técnicos em Educação vêm acumulando com as políticas e
pospostas educacionais mal implementadas ou descontinuadas pelos sucessivos
governos, quer pela acomodação natural que temos a nossas funções e pelo
incômodo que inovações podem provocar, na medida em que estas exigem
alterações no comportamento e uso de espaço e tempo já bem cristalizados”.
Os alunos, principalmente os jovens, nasceram numa era em que a tecnologia é uma
realidade presente no seu cotidiano. Eles lidam de forma natural com as ferramentas
tecnológicas e se tornam quase que dependentes delas. O professor precisa estar atento a essa
realidade. O aluno de hoje não se contenta apenas com aulas expositivas e dialogadas, que se
mostram pouco atraentes e incapazes de promover um processo dinâmico de aprendizagem.
Eles têm acesso a informações e conteúdos muito antes que os professores os ministrem em
suas aulas. Há uma necessidade de se modernizar os métodos de ensino, de planejar as aulas
com mais afinco e cuidado, pois o público-alvo vem mudando ao longo dos anos e é preciso,
que os docentes se enquadrem nessa realidade, proporcionado uma nova metodologia com a
ajuda dos recursos tecnológicos. De acordo com NEGROPONTE (1995):
“Cabe ao professor, responsável pelo planejamento, desenvolvimento e avaliação
dos processos de aprendizagem sob responsabilidade da escola, orientar os alunos no
uso da Internet de modo que os conduza ao processo de construção do
conhecimento”.
2.2 Inclusão Digital x Exclusão Escolar
É impossível se falar em inclusão digital sem antes falar da exclusão. Sabe-se que uma
sociedade inclusiva depende de uma boa formação escolar e de uma nova forma de ensinar.
A nova realidade oferece oportunidades e riscos, cabendo-nos preparar a nós mesmos
e preparar os nossos educandos para o desenvolvimento das habilidades necessárias para se
inserirem na sociedade informação. Esse é um grande desafio. Sobre o preparo do aluno,
Perrenoud (2000) nos propõe:
“Formar para novas tecnologias é formar o julgamento, o senso crítico, o
pensamento hipotético dedutivo, as faculdades de observação e de pesquisa, a
imaginação, a capacidade de memorizar e classificar, a leitura e a análise de textos
de imagens, a representação de redes, de procedimentos e de estratégias de
comunicação [...] preparar para as novas tecnologias é, para uma proporção
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crescente de alunos, atingir mais plenamente os mais ambiciosos objetivos da
escola. (PERRENOUD, 2000, p. 128)”.
Diante da reflexão com base nos autores estudados, pode-se constatar que a inclusão
digital no contexto escolar, em especial na educação básica, torna-se um grande desafio à
medida que se pretende gerar igualdade de oportunidades na sociedade de informação.
2.3 As Ferramentas Tecnológicas e a Educação
A Internet, cada vez mais ganha espaço frente à realidade do mundo e da sociedade
sugerindo novas formas de se produzir conhecimentos e cultura. A relação entre sujeitos-
máquinas-sujeitos vai se ampliando e modificando a forma do homem viver na sociedade.
A Informática da Educação está cada vez mais presente na Escola Pública. A fim de
propagar a inclusão digital estão surgindo centros de acesso público à Internet, cursos de
alfabetização tecnológica e outras iniciativas que possam tornar mínimos a exclusão digital.
Laboratórios de informática têm sido instalados nas escolas através de programas do
Governo Federal e Estadual ou por iniciativa da própria Secretaria Municipal de Educação
para suprir as carências existentes: analfabetismo, repetência e evasão.
O poder público se preocupa com a aquisição de equipamentos e programas
educativos, mas somente isso não pode garantir o sucesso da educação.
Dever-se-ia repensar a informática na educação analisando sobre o seu uso, sua
utilidade e sobre uma sólida formação docente, ou seja, alfabetização tecnológica do
professor, para a humanidade não continue a correr o risco de ser excluída digitalmente.
Sampaio e Leite (1999) dizem sobre isto que:
“O papel da educação deve voltar-se também para a democratização do acesso ao
conhecimento, produção e interpretação das tecnologias, suas linguagens e
consequências. Para isso, torna-se necessário preparar o professor para utilizar
pedagogicamente as tecnologias na formação de cidadãos que deverão produzir e
interpretar as novas linguagens do mundo atual e futuro. É este o sentido de
defender a necessidade de alfabetização tecnológica para o professor, e para alcançá-
la, é necessário esclarecer o significado pedagógico deste conceito”. (SAMPAIO e
LEITE, 1999, p.15).
Há ainda no sistema educacional brasileiro uma distância entre o mundo da
informática e da comunicação e o mundo da educação. O momento exige profunda
transformação estrutural deste sistema, que passa pela articulação dos sistemas de informação
e comunicação e formação de professores para que possam lidar com essas transformações. A
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inclusão digital na educação e formação docente é uma necessidade que promove o acesso às
TICs é visto hoje como condição para a efetiva inclusão social.
2.4 Inclusão Digital na Educação e a Formação Docente
É bem verdade que a inclusão da tecnologia de informação e comunicação na
educação é de fundamental relevância. Não se trata apenas de informatizar a escola ou ensinar
os alunos a usar o computador. “A integração do computador ao processo educacional
depende principalmente da atuação do professor e do envolvimento e apoio de toda a
comunidade.” (ALMEIDA, 1998).
O profissional docente requer novas habilidades e competências para o
desenvolvimento de suas funções, que vão além de transmitir conhecimentos, contudo se faz
necessário criar espaços para reflexão, participação e formação a fim de promover a
adaptação às mudanças.
Para Nóvoa, a formação do professor deve ser reflexiva e crítica sobre o fazer
pedagógico. “A formação não se constrói verdadeiramente, por acumulação de cursos, de
conhecimentos e de técnicas, mas sim através de um trabalho reflexividade crítica sobre as
práticas de (re) construção permanente de sua identidade pessoal. Por isso é tão importante
investir na pessoa e dar um estatuto ao saber da experiência”. (NÓVOA, 1997, p. 25)
Em assim sendo, o atual momento exige uma ativa participação da escola e dos
professores na perspectiva de desenvolvimento da capacidade crítico-reflexiva da prática
docente, que atenda às necessidades da nossa sociedade e que de certa forma proponha ações
que visem à formação de cidadãos capazes de intervir nos rumos da sociedade. Para essa
mudança é preciso redimensionar o modo de pensar e fazer a educação.
É preciso que haja uma interação ativa entre aluno e tecnologia, que devem ser
mediados pelo professor, na construção dos conhecimentos e descobertas de habilidades, onde
a tecnologia atue como suporte e não como elemento principal. É preciso ainda considerar o
contexto pedagógico, social e as maneiras como as tecnologias são integradas aos alunos, pois
elas podem ter um grande impacto na maneira como as pessoas pensam e aprendem, podendo
inclusive interferir no processo de aprendizagem. Neste contexto, se faz necessário que os
docentes estejam preparados para conduzir e acompanhar os alunos posibilitando, através do
fazer pedagógico, uma compreensão melhor dos beneficios que podem ser extraídos das
tecnologias em prol da aprendizagem.
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3 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A pesquisa em questão é do tipo qualitativa, a qual busca respostas para compreender
a realidade à partir da descrição de significados, analisando qualitativamente os dados
coletados em situação coletados em situação real. Tendo os dados coletados a partir de
questionários que foram elaborados e respondidos por professores de uma escola pública, tem
a intenção de detectar e compreender os reais motivos que levam os professores a resistirem à
utilização das novas tecnologias como meio de melhorar seu desempenho docente e a
aprendizagem dos alunos.
Os instrumentos utilizados abordaram técnicas de coletas de dados a partir de
questionários aplicados aos professores, entrevistas individuais e análise documental e ainda
dados oficiais. Dessa forma pretendeu-se fazer uma interpretação dos dados coletados a partir
da análise documental, com apoio na literatura sobre a temática.
A pesquisa foi realizada com os professores do Ensino Médio, na modalidade Normal
(Magistério), em uma Escola Pública. O número total de alunos, segundo o censo da escola é
de 398 alunos. Distribuídos em 138 na modalidade fundamental I, 81 no fundamental II e 179
alunos no ensino médio (magistério). Para a realização da pesquisa foi focado apenas a
modalidade do ensino médio. A escolha desta modalidade de ensino deu-se a partir de análise
prévia, onde foi detectada a grande carência do uso das TICs na escola pelo corpo discente e
docente. – “Os alunos do magistério precisam estar preparados para introduzir em seus
planejamentos o uso das mídias tecnológicas e internet”.
A escola funciona nos três turnos com o ensino Fundamental I e II e Médio. Dos
11(onze) professores que lecionam no ensino médio na Escola, cinco responderam ao
questionário e participaram da entrevista totalizando em 47% dos professores. Os
instrumentos para coleta de dados pretende compreender como os professores estão se
adequando a inclusão digital.
A aplicação dos questionários que subsidiaram a coleta de dados e da entrevista foi
feitas em dois momentos: A aplicação do questionário, abordando 23 questões foi feita na
escola, com 47% dos docentes. A entrevista com nove questões aplicadas aos mesmos
professores.
Na aplicação dos questionários foram explicados os objetivos propostos nas atividades
solicitadas mencionando a importância das mesmas para o bom andamento da pesquisa. Foi
relatada ainda a grande contribuição que os professores estariam dando para a pesquisa em
questão. Os mesmos se dirigiram a sala dos professores onde foram entregues os
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questionários. Procurou-se deixá-los bem à vontade. Ao final da aplicação foi agendada a
entrevista para o dia 11 de novembro de 2011 às 20:30 hs na referida escola. Os cinco (5)
professores estavam presentes para a aplicação da entrevista que ocorreu na sala da secretaria
da escola onde de forma individual foi procedida à mesma. Após a aplicação dos dois
instrumentos, procedeu-se a análise dos dados.
4 – ANÁLISES DOS RESULTADOS
Foram realizadas análises descritivas dos dados da seguinte forma: participaram dos
questionamentos cinco professores dos quais, dois eram do sexo masculino. As disciplinas
lecionadas são: Matemática, Física, Artes, Química e Historia. Constatou-se durante a
entrevista que: Na 1ª pergunta três dos professores entrevistados responderam que não
utilizam as TICs como ferramenta tecnológica; Quanto à 2ª pergunta 100% dos entrevistados
elencaram dificuldades como a falta de um profissional técnico e de mais empenho dos
gestores em efetivar o uso laboratório e internet; Sobre utilizar as TICs em suas aulas, 60%
responderam que já utilizaram a TV, DVD e Som. A 5º questão que indagou sobre os
benefícios da inclusão digital, 100% destacaram como benefícios a interação, a acessibilidade
e aquisição de conhecimentos. E responderam o item 6 assegurando que, mesmo em meio às
dificuldades encontradas, se propõem a aderir ao uso das tecnologias de informação em suas
práticas, acrescentando sua importância no processo de inclusão social. E para que isso
aconteça na escola, 40% deles sugeriram (na questão 7) que a escola realizasse curso de
formação para os professores, que organizasse o laboratório e que tivesse a presença de
suporte técnico para ajudar os docentes e alunos Na questão 8, 80% dos entrevistados
responderam que não participaram de nenhum treinamento ou capacitação para uso da
internet, apenas 20% relatou ter feito o curso básico por conta própria. E 60% disseram
(respondendo a questão 9) que já ouviram falar de programas de capacitação de professores,
dando como exemplo o curso básico e intermediário do programa “Mídias na Educação”,
disseram que iniciaram, mas desistiram devido às dificuldades de manuseio na plataforma do
curso e falta de motivação. No espaço aberto ao entrevistado (na questão 10) 40 % sugeriu
que houvesse um curso de formação em informática e Internet, pelo menos o básico e que o
laboratório ficasse aos cuidados de profissional e que este, ficasse a disposição dos
professores e alunos cuidando para que os computadores estivessem em pleno funcionamento
para uso. Os outros 60% nada relataram sobre esta questão.
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Desta forma percebe-se nas respostas que os professores demonstram que não
possuem habilidade desejada para a inclusão digital na escola. A aplicação de softwares,
como ferramenta de auxílio às práticas docentes, não se aplica a realidade local.
A análise dos resultados obtidos com o questionário veio confirmar através das
respostas dos itens 13 aos 23 a falta de preparo e de segurança dos professores em lidar com
as TICs e ainda falta de conhecimentos de programas de inclusão digital na escola. Conforme
mostra a tabela abaixo.
Tabela 1- Questionário aplicado aos professores (respostas).
QUESTÕES PROFESSOR A PROFESSOR B PROFESSOR C PROFESSOR D PROFESSOR E
1 Fem Fem Mas Mas Fem
2 Pedagogia Historia Química Matemática Pedagogia
3 Sim Sim Sim Sim Sim
4 Sim Sim Sim Sim Sim
5 Não Não Não Não Não
6 Sim Sim Sim Sim Sim
7 Não Não Não Não Sim
8 Não Não Não Não Sim
9 Não Não Não Não Não
10 Não Não Não Não Não
11 Não Não Não Não Não
12 Não Não Não Não Não
13 Não Não Não Não Não
14 Não Não Não Não Não
15 Não Não Não Não Não
16 Não Não Não Não Não
17 3 a 5 anos 1 a 3 anos 1 a 3 anos 1 a 3 anos 1 a 3 anos
18 Residência Residência Trabalho Residência Residência
19 1 vez 1 vez 1 Vez 1 Vez 1 Vez
20 Sim Sim Sim Sim Sim
21 Sim Sim Sim Sim Sim
22 Não Não Não Não Não
23 Falta de apoio Falta Domínio Falta de apoio Falta de apoio Falta de apoio
A tabela acima vem confirmar o analfabetismo digital por parte dos docentes da escola
pesquisada. Bem como a falta de preparo e motivação para introduzir em seus trabalhos
docentes as tecnologias da informação e comunicação- TICs. Demonstrando que a inclusão
digital e social está bem longe de acontecer.
A aplicação da entrevista seguiu-se dois dias após o questionário com os mesmos
(cinco) professores, os quais constaram de 10 (dez) perguntas (ver anexo). A análise da
entrevista seguiu a mesma linha do questionário onde se obteve os seguintes resultados:
Percebeu-se que a maioria dos entrevistados apresentaram dificuldades em lidar com as
ferramentas tecnológicas, alegando que não foram preparados (com nenhum curso de
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formação) os poucos conhecimentos que tem foram aprendidos em casa com os filhos, mas
que não se atrevem a aplicá-los na escola, porque não se sentem seguros.
“Tive que fazer curso básico por conta própria, pois comprei um computador e não
sabia manuseá-lo, mas ainda assim, ainda não me sinto muito segura em mexer.”
(Entrevistado A).
Quanto à questão do planejamento das aulas alegaram que não sabem como lidar com
os softwares. Disseram ainda que sentem a necessidade de utilizar tais ferramentas, mas o
estado de conservação em que se encontra o laboratório da escola (quebrado, sem ninguém
para dar suporte técnico) favorece o desinteresse dos mesmos em querer aprender.
“Não sei como usar o Power point, gostaria de ilustrar minhas aulas usando este
recurso, mas não sei como prepará-las. Se tivesse uma pessoa responsável para ajudar ou
pelo menos ensinar como fazer seria melhor” (Entrevistado B).
A falta de tempo para entrar num curso, por conta própria, também são fatores que
levam a falta de motivação e interesse.
“Trabalho os três horários, tenho muita vontade de frequentar um curso de
informática, mas não tenho tempo. Seria interessante se a escola oferecesse um curso ou um
planejamento voltado à utilização das TICs na nossa pratica escolar.” (Entrevistado C).
Os professores se mostraram entusiasmados com a pesquisa, pois, tratou de um
assunto importante e necessário para a escola.
“Esta pesquisa veio alertar a todos nós sobre esse tema que é muito atual para que
possamos melhorar a nossa didática. Não podemos ficar parados esperando o tempo passar e
agente ficar para trás. Temos que requerer e lutar pela inclusão digital e social, pois o
interesse deve partir da gente.” (Entrevistado E).
“A uma grande necessidade de introduzir os meios tecnológicos nas aulas do
magistério como forma de enriquecer as micro aulas e ensinar novas técnicas de lecionar
inserindo a tecnologia aos conteúdos e promovendo uma aprendizagem dinâmica”.
(Entrevistado D).
5 – CONCLUSÕES
A aplicação dos instrumentos demonstrou que mesmo tendo conhecimento das
grandes contribuições que as TICs podem oferecer aos docentes e discentes existem ainda
grandes dificuldades de acesso às mesmas. Dificuldades encontradas no que se refere a
problemas técnicos no laboratório da escola, interesse dos gestores em preparar os professores
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para o uso da Internet, oferecendo cursos e um suporte técnico para atender a professores e
alunos e ainda a falta de comprometimento dos docentes em aderir às tecnologias da
informação e comunicação.
O que se percebe é que o desenvolvimento de habilidades que promovem a inclusão
digital como mecanismo de socialização melhoria da prática docente e promoção da cidadania
está longe de se concretizar. A falta de preparo dos professores e da efetiva utilização dos
laboratórios de informática na escola impede que as Tecnologias de Informação e
Comunicação possam ser utilizadas para o bem da comunidade escolar e dos alunos.
A pesquisa detectou a inexistência de inclusão digital para a habilidade desejada. A
aplicação de softwares, como ferramenta de auxílio às práticas docentes, não se aplica a
realidade local. Vindo confirmar o despreparo e segurança dos professores em lidar com as
TICs.
Outro fator importante, elencados pelos entrevistados, os quais dificultam o acesso as
TICs, foram à falta de tempo para se preparar frequentando um curso de informática básica.
Fatores que levam ao desinteresse e falta de motivação.
Espera-se que esta pesquisa possa instigar os professores e os gestores na busca de
novas perspectivas e de mudanças em suas técnicas educacionais e em seus planos de aulas.
Oferecendo oportunidades de inclusão digital e social a todos os individuos de forma a
conduzir o acesso às informações e expansão da cidadania.
REFERÊNCIAS
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Conhecimentos. In: Boletim O Salto para o Futuro. Tecnologia na Escola. Brasília: 2001.
(1998).
GATTI, BERNARDETE A. As Pesquisas Sobre Formação de Professores. in Revista
Educação Municipal. São Paulo: V. 01, no. 02, p. 67-72, set.1988.
LEVY, Pierre. As Tecnologias da Inteligência: o futuro do pensamento na era da
informática. São Paulo: Editora 34, 1993.
NEGROPONTE, Nicholas. A Vida Digital, São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
NÓVOA, A. Os professores e sua formação. Lisboa: Dom Quixote/ Instituto de Inovação
Educacional, 1997.
OLIVEIRA, Maria Auxiliadora Monteiro e COSTA, José Wilson. Novas Linguagens e
Novas Tecnologias: Educação e Sociabilidade. Petrópolis: Vozes, 2004.
12
PERRENOUD, Phillip. Práticas pedagógicas, profissão docente e formação: perspectivas
sociológicas: Lisboa: Dom Quixote. 1999
Petrópolis. RJ: Vozes, 1999.
Revista Educação Municipal. São Paulo: V. 01, no. 02, p. 67-72, set.1988.
SAMPAIO, M. N. e LEITE, Lígia Silva. Alfabetização Tecnológica do Professor.
VAN DER LINDER, Marta Maria Gomes, Joao Vianney, Patrícia Lupion. Introdução à
Educação a Distancia. Joao Pessoa: Ed. Da UFPB, 2010.
ZANELLA, Liane Carly Hermes. Metodologia de estudo e de pesquisa em administração
– Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração – UFSC; Brasília: CAPES:
UAB, 2009.
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APÊNDICES
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Roteiro Para a Entrevista
Nome:_________________________________
Professor de:____________________________
1-Você utiliza as TICs como ferramenta metodológica no seu planejamento didático e nas
suas aulas? De que maneira?
2- Quais as dificuldades que você destaca no acesso a Internet em sua escola?
3- Você já utilizou alguma ferramenta tecnológica para lhe auxiliar em suas aulas? Em caso
positivo, quais? Descreva como fez.
4- Discorra sobre as facilidades ou dificuldades para introduzir o uso da Internet na sua
escola, especificamente na sua sala de aula.
5- Destaque os benefícios que a inclusão digital pode trazer para sua escola e diretamente para
a aprendizagem dos alunos?
6- Você se propõe a aderir às tecnologias da informação e comunicação e acha que é
importante para melhorar sua pratica escolar? Por quê?
7- Que sugestão daria para melhorar as aulas em sua escola e promover a inclusão digital e
social dos alunos?
8- Já participou de algum treinamento ou capacitação para uso da Internet na sala de aula? Em
caso positivo, fale sobre o mesmo. Deu resultados?
9- Conhece algum programa de capacitação de professores para uso das mídias nas escolas
públicas? Em caso positivo, fale sobre o mesmo.
10- Espaço aberto para o entrevistado se manifestar livremente sobre o Uso da Internet na
Escola em que trabalha.
Questionário
Perfil dos respondentes
1- Idade: _______ anos
Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino
2- Professor da disciplina: __________________________________________
3- Graduação já concluída? ( ) Sim ( ) Não
Se “sim”, favor informar o curso: ____________________________________
Características da Escola
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4- A sua escola tem um laboratório de informática? ( ) sim ( ) não
5- Há internet? ( ) sim ( ) não qual a velocidade da conexão?_____________
6-Você tem dificuldade em acessar a internet? ( ) sim ( ) não
7 - Você utiliza os computadores?
( ) sim ( ) não
8 - Vocês tem dificuldade em usar o computador
( ) sim ( ) não
9-Já preparou alguma atividade usando algum software?
( ) sim ( ) não
10 - Você já redigiu provas ou textos na escola com uso do computador?
( ) sim ( ) não
11 - Os alunos tem acesso aos computadores na escola?
( ) sim ( ) não
12-Em caso positivo, qual a frequência com que utilizam?
1( ) Todos os dias
2( ) Uma vez por semana
3( ) Mais de uma vez por semana
4( ) Raramente
5( ) Nunca
13- Você prepara slides para exibir conteúdos escolares utilizando ferramentas de
apresentação eletrônica (Power Point)
( ) sim ( ) não
14- Você tem conhecimento técnico dos computadores como: problemas na
configuração, teclado, acesso a internet?
( ) sim ( ) não
15- Existe algum programa de inserção digital na escola que você conheça:
( ) sim ( ) não - Em caso positivo, qual? ____________________________
16- Você já passou por alguma capacitação para utilizar a Internet em sua escola
( ) sim ( ) não Em caso positivo, quando ___________________________.
17- Você possui curso de informática? Pelo menos o básico? ( ) sim ( ) não
16
18- Há quanto tempo você leciona nesta escola?
( ) Menos de um ano
( ) De 1 a 3 anos
( ) De 3 a 5 anos
( ) Mais de 5 anos
19-De quais locais vocês acessa a internet e computador?
( ) Residência
( ) Trabalho
( ) Escola
( ) Outros. Favor especificar: ________________
20- Quantas vezes por semana acessa a Internet?
( ) Não utilizo a Internet
( ) 1 vez
( ) 1 a 3 vezes
( ) Mais de cinco vezes
2 1- Você acredita que usando as TICs pode melhorar o seu desempenho docente e
consequentemente dos seus alunos? ( ) sim ( ) não
22- Você se sente seguro (a) em utilizar o computador? ( ) sim ( ) não
23- As dificuldades que impedem você de utilizar as ferramentas tecnológicas para
preparação de suas aulas estão ligadas exatamente a:
( ) Falta de domínio da máquina
( ) Desinteresse
( ) Falta de apoio na escola
( ) Não acha muito relevante para os alunos. E trabalhoso para você.
17
ANEXOS
18
ESCOLA MUNICIPAL MARIA SINHARINHA DE AZEVEDO (Local da pesquisa)
Santana dos Garrotes-PB (cidade onde foi realizada a pesquisa)
19
ROSSANE KEILE SALES DA FONSECA
Graduada em Pedagogia, pela Universidade Estadual Vale do
Acaraú, Pós - Graduada em Psicopedagogia pelas Faculdades
Integradas de Patos-PB, cursando Ciências Biológicas pela UFPB
Virtual, Funcionária Pública municipal, Tutora Presencial – Pólo de
Itaporanga-PB.
Atualmente leciona as disciplinas técnicas do magistério em escola da rede pública
municipal na cidade de Santana de Garrotes e a disciplina de Biologia na rede Estadual de
ensino na cidade de Itaporanga-PB. E atua como tutora presencial do curso de Ciências
Naturais em Itaporanga-PB.
Contato: [email protected], [email protected]
Minicurrículo