neomondo 51

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www.neomondo.org.br NEOMON DO UM OLHAR CONSCIENTE Ano 6 - N o 51 - Novembro/Dezembro 2012 34 40 06 Mata Atlântica Joias raras Amazônia Registrar para preservar Zona Costeria Superpopulação Exemplar de ASSINANTE Venda Proibida R$8,00

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Page 1: Neomondo 51

www.neomondo.org.br

NeoMoNdoum olhar conscienteAno 6 - No 51 - Novembro/Dezembro 2012

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P or maiores que sejam as informações recebidas sobre as riquezas da região Amazônica é no fl agrante das lentes

fotográfi cas e cinematográfi cas que a exube-rância dessa grande fatia do Brasil chega às demais regiões e ao mundo. O papel desses profi ssionais em captar a beleza e muitas ve-zes, também o pedido silencioso de socorro dessas espécies, é imprescindível para cons-cientizar sobre a importância de ser manter a fl oresta em pé. A fotógrafa PaulaLyn é uma dessas profi ssionais que emprestam a sen-sibilidade e técnica, a serviço da defesa do meio ambiente. Com um trabalho voltado

à essa causa, vem realizando ensaios e ex-posições sobre o tema. São dela as fotos da fauna amazônica, expostas a seguir. Agumas dessas imagens fi zeram parte da exposição “Sentir Brasil”, que aconteceu em junho na Câmara Municipal de São Paulo.

A maioria das imagens foi captada no Parque Ecológico de Januari, em Manaus, no Amazonas e no Instituto de Pesquisa da Amazônia (INPA), em janeiro de 2008.

Paula é motivada pela sua paixão pela natureza. “Olho a lua, o sol, o mar, as ár-vores, os rios, os animais, como se os es-tivesse vendo pela primeira vez. São, para

mim, respostas a todas as minhas pergun-tas.” – disse. A fotógrafa acredita que cada um pode contribuir com ações que estão ao seu alcance. “A minha contribuição é através das imagens. Quero poder tocar o coração de cada um através do meu olhar, usar um sentido humano tão valorizado na contemporaneidade para despertar os outros sentidos e a consciência. Registrar para preservar” – concluiu.

Se o mundo precisa da Amazônia para mi-nimizar os efeitos ambientais do aquecimento global. Para esses animais, que somam milha-res de espécies, a Floresta é sinônimo de vida.

Alguns animais que compõem a riquíssima fauna AmazônicaDa Redação

AraraAs araras estão entre os pássaros mais belos da fauna brasileira.

São aves grandes e possuem e um bico curvo resistente usado para quebrar frutos e sementes. As araras vivem em casais nas copas das árvores mais frondosas e fazem seus ninhos em ocos de árvores.

Bicho-PreguiçaO Bicho-Preguiça é considerado um animal muito sossegado. Dorme o

dia todo nas árvores, pendurado num galho de costas para o chão e com a cabeça pendida sobre o peito. É um mamífero de hábitos noturnos. Orien-ta-se pelo olfato, pois tem uma visão muito fraca. Alimenta-se apenas das folhas, frutos e brotos de algumas árvores. É um animal inofensivo.

Gavião-realO gavião-real, também conhecido como harpia ( Harpia harpyja), é

a maior ave de rapina do Brasil e do mundo, podendo atingir 2,5 m de envergadura. Seus hábitos são diurnos. Alimenta-se de moluscos, crus-táceos e peixes até serpentes, lagartos, alguns pássaros e alguns mamí-feros, como a preguiça (seu alimento favorito) que captura no solo.

Fotografi a: PaulaLyn Carvalho

4006

Mata AtlânticaJoias raras

AmazôniaRegistrar para preservar

Zona Costeria Superpopulação

Exem

plar

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Assi

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Proi

bida

R$8,00

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Neo Mondo - Julho 2008 2

Informações:11 2669-0945 | 98234-4344

97987-1335Neo

Mondo Um olhar consciente

As crianças vão se encantar com essa história bem-humorada sobre um reino distante onde há um castelo, um rei e um espelho. Mas diferentemente das outras histórias, esse espelho não é mágico - ele mostra apenas a realidade. E a realidade é que, um dia, o rei desse reino distante

olhou-se no espelho e viu que seu belo umbigo havia desaparecido de sua barriga. Quem teria roubado o umbigo? Um grande mistério a ser descoberto pelos leitores. As alegres

e coloridas ilustrações de Ricardo Girotto dão o toque mágico a essa história escrita por Márcio Thamos em que umbigos escondidos sob grandes barrigas e umbigos à mostra em barrigas que roncam de fome apresentam uma trama delicada sobre compreensão, respeito e solidariedade.

Em um mundo marcado por brinquedos eletrônicos que funcionam a partir do botão power, que tal dar à criança o poder para construir seus próprios brinquedos? Imaginação acionada, materiais fáceis e disponíveis, fotos grandes mostrando o passo a passo e lá vem um divertido índio cara de pet,

um charmoso robô que movimenta a boca, um teatro e suas marionetes e...diversão garantida!Do mesmo autor do consagrado livro FÁBRICA DE BRINQUEDOS, essa obra, além da proposta

lúdica e divertida de criar brinquedos a partir de embalagens, tampinhas e outros materiais descartados no dia a dia, é uma excelente oportunidade para a criança experimentar a autonomia e

o prazer de imaginar, criar, construir e brincar.

??

Crianças criam! Crianças brincam!

Grrrr!!!

Grrrr

!!!

Os mais recentes lançamentos da Editora Caramujo já estão fazendo sucesso nas escolas. E vem muito mais por aí!

32 páginas | 20,5 x 27,5 cm | ISB

N: 9788566251005

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3Neo Mondo - Julho 2008

Informações:11 2669-0945 | 98234-4344

97987-1335Neo

Mondo Um olhar consciente

As crianças vão se encantar com essa história bem-humorada sobre um reino distante onde há um castelo, um rei e um espelho. Mas diferentemente das outras histórias, esse espelho não é mágico - ele mostra apenas a realidade. E a realidade é que, um dia, o rei desse reino distante

olhou-se no espelho e viu que seu belo umbigo havia desaparecido de sua barriga. Quem teria roubado o umbigo? Um grande mistério a ser descoberto pelos leitores. As alegres

e coloridas ilustrações de Ricardo Girotto dão o toque mágico a essa história escrita por Márcio Thamos em que umbigos escondidos sob grandes barrigas e umbigos à mostra em barrigas que roncam de fome apresentam uma trama delicada sobre compreensão, respeito e solidariedade.

Em um mundo marcado por brinquedos eletrônicos que funcionam a partir do botão power, que tal dar à criança o poder para construir seus próprios brinquedos? Imaginação acionada, materiais fáceis e disponíveis, fotos grandes mostrando o passo a passo e lá vem um divertido índio cara de pet,

um charmoso robô que movimenta a boca, um teatro e suas marionetes e...diversão garantida!Do mesmo autor do consagrado livro FÁBRICA DE BRINQUEDOS, essa obra, além da proposta

lúdica e divertida de criar brinquedos a partir de embalagens, tampinhas e outros materiais descartados no dia a dia, é uma excelente oportunidade para a criança experimentar a autonomia e

o prazer de imaginar, criar, construir e brincar.

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Crianças criam! Crianças brincam!

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AmazôniaRegistrar para preservar

Seções

Zona Costeira A superpopulada Zona Costeira

PantanalMaior planície alagável do mundo

AmazôniaRX da Amazônia

ESpEcial-BiomaS BRaSilEiRoS

PampaCenário e ecossistemas pouco explorados

Mata Atlântica Joias raras

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4 Neo Mondo - Novembro/Dezembro 2012

Expediente publicação

CerradoMaiores biodiversidades brasileiras

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Special Brazilian BiomesAtlantic ForestWhat’s left of paradise

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Mata AtlânticaAmeaças ao Patrimônio Nacional

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ESpEcial-BiomaS BRaSilEiRoS

ESpEcial-BiomaS BRaSilEiRoS

ESpEcial-BiomaS BRaSilEiRoS

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CaatingaÚnico bioma exclusivamente brasileiro

ESpEcial-BiomaS BRaSilEiRoS 26

ESpEcial-BiomaS BRaSilEiRoS ESpEcial-BiomaS BRaSilEiRoS

P or maiores que sejam as informações recebidas sobre as riquezas da região Amazônica é no fl agrante das lentes

fotográfi cas e cinematográfi cas que a exube-rância dessa grande fatia do Brasil chega às demais regiões e ao mundo. O papel desses profi ssionais em captar a beleza e muitas ve-zes, também o pedido silencioso de socorro dessas espécies, é imprescindível para cons-cientizar sobre a importância de ser manter a fl oresta em pé. A fotógrafa PaulaLyn é uma dessas profi ssionais que emprestam a sen-sibilidade e técnica, a serviço da defesa do meio ambiente. Com um trabalho voltado

à essa causa, vem realizando ensaios e ex-posições sobre o tema. São dela as fotos da fauna amazônica, expostas a seguir. Agumas dessas imagens fi zeram parte da exposição “Sentir Brasil”, que aconteceu em junho na Câmara Municipal de São Paulo.

A maioria das imagens foi captada no Parque Ecológico de Januari, em Manaus, no Amazonas e no Instituto de Pesquisa da Amazônia (INPA), em janeiro de 2008.

Paula é motivada pela sua paixão pela natureza. “Olho a lua, o sol, o mar, as ár-vores, os rios, os animais, como se os es-tivesse vendo pela primeira vez. São, para

mim, respostas a todas as minhas pergun-tas.” – disse. A fotógrafa acredita que cada um pode contribuir com ações que estão ao seu alcance. “A minha contribuição é através das imagens. Quero poder tocar o coração de cada um através do meu olhar, usar um sentido humano tão valorizado na contemporaneidade para despertar os outros sentidos e a consciência. Registrar para preservar” – concluiu.

Se o mundo precisa da Amazônia para mi-nimizar os efeitos ambientais do aquecimento global. Para esses animais, que somam milha-res de espécies, a Floresta é sinônimo de vida.

Alguns animais que compõem a riquíssima fauna AmazônicaDa Redação

AraraAs araras estão entre os pássaros mais belos da fauna brasileira.

São aves grandes e possuem e um bico curvo resistente usado para quebrar frutos e sementes. As araras vivem em casais nas copas das árvores mais frondosas e fazem seus ninhos em ocos de árvores.

Bicho-PreguiçaO Bicho-Preguiça é considerado um animal muito sossegado. Dorme o

dia todo nas árvores, pendurado num galho de costas para o chão e com a cabeça pendida sobre o peito. É um mamífero de hábitos noturnos. Orien-ta-se pelo olfato, pois tem uma visão muito fraca. Alimenta-se apenas das folhas, frutos e brotos de algumas árvores. É um animal inofensivo.

Gavião-realO gavião-real, também conhecido como harpia ( Harpia harpyja), é

a maior ave de rapina do Brasil e do mundo, podendo atingir 2,5 m de envergadura. Seus hábitos são diurnos. Alimenta-se de moluscos, crus-táceos e peixes até serpentes, lagartos, alguns pássaros e alguns mamí-feros, como a preguiça (seu alimento favorito) que captura no solo.

Fotografi a: PaulaLyn Carvalho

ESpEcial-BiomaS BRaSilEiRoS

ESpEcial-BiomaS BRaSilEiRoS

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Diretor Responsável: oscar lopes luiz

Diretor de Redação: Gabriel arcanjo Nogueira (mTB 16.586)

conselho Editorial: oscar lopes luiz, marcio Thamos, Dr. marcos lúcio Barreto, Terence Trennepohl, João carlos mucciacito, Rafael pimentel lopes, Denise de la corte Bacci, Dilma de melo Silva, Natascha Trennepohl, Rosane magaly martins, pedro Henrique passos e Vinicius Zambrana

Redação: Gabriel arcanjo Nogueira (mTB 16.586), Rosane araujo (mTB 38.300) e antônio marmo (mTB 10.585)

Estagiário: Bruno molinero

Revisão: instituto Neo mondo

Diretora de arte: Renata ariane Rosa

projeto Gráfico: instituto Neo mondo

Tradução: Efex idiomas – Tel.: 55 11 8346-9437Diretor de Relações internacionais: Vinicius ZambranaDiretor Jurídico: Dr.Erick Rodrigues Ferreira de melo e Silva

correspondência: instituto Neo mondoRua antônio cardoso Franco nº 250, casa Branca – Santo andré – Spcep: 09015-530

para falar com a Neo mondo:[email protected]@[email protected]

para anunciar: [email protected]. (11) 2669-0945 / 8234-4344 / 7987-1331

presidente do instituto Neo mondo:[email protected]

a Revista Neo mondo é uma publicação do instituto Neo mondo, cNpJ 08.806.545/0001-00, reconhecido como organização da Sociedade civil de interesse público (oScip), pelo ministério da Justiça – processo mJ nº 08071.018087/2007-24.

Tiragem mensal de 70 mil exemplares com distribuição nacional gratuita e assinaturas.

os artigos e informes publicitários não representam necessariamente a posição da revista e são de total responsabilidade de seus autores. proibido reproduzir o conteúdo desta revista sem prévia autorização.

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w

Um olhar consciente

InstitutoInstituto

NeoMondo

NeoMondo

prezado leitor, este mês NEo moNDo traz um especial sobre os Biomas

Brasileiros. o Brasil é um país de dimensões continentais e possui uma das biodiversidades mais ricas do planeta.

Dia 27 de maio comemora-se o Dia Nacional da mata atlântica, segundo bioma mais ameaçado do planeta; só as florestas de madagascar estão mais ameaçadas.

a mata atlântica é considerada patrimônio Nacional pela constituição Federal e abrange total ou parcialmente 17 estados brasileiros e mais de 3 mil municípios.

ao entrar no pampa, cavalgaremos por um imenso mar verde que tem suas beiradas no Rio da prata e seu fim na patagônia. a paisagem bucólica do pampa está no imaginário popular, sendo cenário das minisséries o Tempo e o vento e a casa das Sete mulheres, ambas da Rede Globo.

Desbravando o cerrado, caracterizado por sua preciosa biodiversidade e pela diversidade social, vemos que ainda é visto como mera fronteira para expansão do agronegócio brasileiro.É no cerrado que está a alma da música caipira do Brasil, o instrumento que melhor simboliza as tradições musicais dessa região é a viola caipira.

Já a caatinga é conhecida como a região do país onde o acesso à água é escasso e a paisagem é pobre;

apesar de ser o único bioma exclusivamente brasileiro, é vítima de um processo de ocupação que explorou a natureza de forma predatória, concentrando terra e poder.

o pantanal, por sua vez, maior planície alagável do mundo, é o elo de ligação entre as duas maiores bacias da américa do Sul: a do prata e a amazônica, o que lhe confere a função de corredor biogeográfico, ou seja, permite a dispersão e troca de espécies de fauna e flora entre essas bacias.

Navegamos pela Zona costeira e detectamos que a principal ameaça a esse bioma são a especulação imobiliária, sobrepesca (industrial e artesanal), poluição das praias e o turismo desordenado.

Finalmente chegamos à amazônia, ícone mundial da biodiversidade, onde estão a maior bacia hidrográfica e a maior floresta tropical do mundo; a região possui ainda uma fantástica diversidade cultural.É a região brasileira relativamente mais preservada de todas. por isso, constitui a última fronteira do avanço desenvolvimentista brasileiro.

Bom, deu pra sentir um pouquinho da riqueza que você vai encontrar em nossas páginas. Essa é uma pequena parte dela.

Tenha uma ótima leitura e viaje pelos Biomas Brasileiros com NEo moNDo!

oscar lopes luiz

presidente do instituto Neo mondo

[email protected]

Editorial

Neo Mondo - Novembro/Dezembro 2012 7

Page 6: Neomondo 51

Joias RARAS

“A mata atlântica continua tendo um papel fundamen-tal para garantir a proteção

de nossa rica biodiversidade, não está perdida e é possível recuperá-la, sim. Há muitas áreas livres que podem ser restauradas, e é o que temos feito em nossos programas Florestas do Futuro e Clickarvore, com milhões de árvores já plantadas.” Quem garante é Mario Man-tovani, diretor de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, geógrafo e ambientalista, há 35 anos, dos mais respeitados no Brasil e no exterior.

Brasil precisa reconhecer, proteger e saber usar seus biomas para merecer o respeito internacional

Da Redação

Especial - Biomas Brasileiros

Em conversa com NEO MONDO, en-tre um compromisso e outro de sua agenda verde, ambientalista desde criancinha (aos 10 anos de idade, Mantovani acreditava que seu futuro seria ser um ativista socioambien-tal), ele não tem dúvida: “Participei do sur-gimento da consciência ecológica no Brasil”.

Consciência que o faz considerar que “to-das as lutas (preservacionistas) têm espaço e precisam ser divulgadas” porque, para ele, “mata atlântica, Amazônia... são todas joias que o Brasil precisa reconhecer, proteger e utilizar para se posicionar internacionalmente como um país repleto de diferenciais naturais”.

Atenção é para todosMantovani acredita que, no processo de

recuperação dos biomas nacionais, gover-nos, empresas, ONGs, escolas, sindicatos, enfim, cada cidadão deve ser o participante por excelência. E de novo ressalta a questão fundamental do ser consciente: “Cada um precisa ter consciência do seu papel, que implica separar e reciclar seu lixo; gastar me-nos água e realizar o consumo consciente. O primeiro passo é entender o bioma em que você está inserido e procurar conhecer rema-nescentes que estejam perto da sua casa. A mata atlântica, por exemplo, está nas prin-

Page 7: Neomondo 51

cipais cidades brasileiras, e muitos de seus moradores não sabem disso”.

Além disso, para o diretor de Políticas Públicas da Fundação, mais do que nunca é preciso também “fazer valer a importan-te legislação ambiental que o Brasil possui e que precisa ser aplicada”. A SOS Mata Atlântica desenvolve campanha das mais cruciais em sua trajetória de lutas porque vê riscos de que se mude o arcabouço jurí-dico brasileiro para pior (ler, na sequência, “Legislação ambiental ameaçada”).

Entre suas atividades, a Fundação desenvolve estudos sobre os biomas bra-sileiros, como parte da sua política de parcerias. Estas são decididas com muito critério no momento da escolha, esclarece Mantovani. O diretor da ONG cita, como exemplo, o Atlas da Mata Atlântica, fei-to com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e disponibiliza relatório com dados que ajudam a entender como foi possível chegar a inúmeras parcerias que resultam em projetos relevantes. A mata atlântica - para NEO MONDO, “tão ameaçada e tão rica de esperanças” - é um dos sete biomas brasileiros. Ne-nhum deles foge à mais recente preocu-pação do diretor de Políticas Públicas da

ONG, desde 1991, para que “mais de 400 leis ambientais sejam aprovadas”. Ele também atua na Frente Parlamentar Am-bientalista desde que foi criada, em 2007. Com muita experiência e dedicação à causa, Mantovani participou de projetos como a elaboração da Lei da Mata Atlântica, 2006; Lei das Águas, 1997, que criou o Sistema Na-cional de Órgãos Municipais de Meio Am-biente e Gerenciamento de Recursos Hídri-cos; e participa também do projeto Rebob, que prevê consórcios de bacias hidrográficas.

Incansável, resume: “Embora a mata atlântica tenha sido 93% devastada, forne-ce água limpa, ar puro, controle do clima e qualidade de vida para 112 milhões de pes-soas habitantes de algumas das maiores ci-dades brasileiras”. Imagina quando atingir alcance maior em nosso ecossistema.

O que é possível se mais gente engros-sar as fileiras de ativistas, a exemplo do re-alista Mantovani: “Nos últimos anos o rit-mo de desmatamento tem diminuído na mata atlântica, o que é bastante positivo, mas também é quase natural num bioma que já foi 93% devastado. Não há muito mais o que destruir, por isso precisamos ficar todos atentos para que a fiscalização aconteça e também a restauração”.

mantovani: mata atlântica, amazônia (e demais biomas) são parte da mesma luta

Marcelo Trad

A Fundação SOS Mata Atlântica deci-diu ampliar a campanha Exterminadores do Futuro, que lançou em março, por en-tender que é preciso alcançar apoio mais abrangente da população brasileira.

Para o presidente da ONG, Roberto Klabin, a Fundação não se contenta com a polêmica e reação causadas por essa iniciativa na sociedade e no Congresso Nacional. “A campanha foi lançada para valorizar o patrimônio natural brasileiro e mostrar as ameaças ao Código Florestal e a toda a legislação ambiental brasileira com as propostas de alteração que trami-tam no Congresso, que não estão sendo discutidas com toda a sociedade de ma-neira uniforme”, diz.

Preocupada em garantir a transparência do processo que desencadeou, bem como o direito de defesa aos parlamentares en-volvidos, a SOS Mata Atlântica resolveu também reformular o cronograma de divul-gação da lista de exterminadores. O diretor de Políticas Públicas da ONG, Mario Man-tovani, explica que o Viva a Mata, nesse

sentido, representou “um momento crucial para envolver as pessoas e explicar melhor nossos objetivos. Queremos que o público possa opinar e colaborar nesse período do Dia Nacional da Mata Atlântica”.

O que a instituição propõe é a retomada do diálogo com seriedade e, principalmente, num foro isento, em que representantes da sociedade possam discutir as alterações pro-postas. “Somos contra a forma como essas alterações estão sendo encaminhadas, pois aparentemente a sociedade está participan-do das discussões, mas, de fato, não está, e este é um ano político complicado, em que há a campanha presidencial, por isso não é o momento de se definir um assunto tão im-portante e delicado para o futuro do Brasil”, acrescenta Klabin.

Para Mantovani, “há problemas nas convocações das audiências e na composi-ção da Comissão Especial para Discussão do Código Florestal. Isso porque pequenos agricultores, que já têm tratamento diferen-ciado dado pela Lei da Agricultura Familiar, são induzidos e lotam auditórios país afo-

ra nas audiências públicas”. É quando, no entendimento da Fundação, o Código Am-biental é apresentado como solução para as questões ambientais; dados distorcidos – que incluem na conta de restauração as propriedades com menos de 150 hectares, que têm tratamento diferenciado – são apresentados, e a discussão não acontece com todos os representantes da sociedade.

Flexibilidade sem dogmatismos “O meio ambiente não é um entrave ao

desenvolvimento econômico; ao contrário, a conservação dos ecossistemas, dos recursos naturais e dos serviços por eles prestados como polinização, combate à erosão do solo, garantia de água para a irrigação, entre outros, é totalmente necessária para a agricultura”, ressalta Klabin. Por isso, a Fundação SOS Mata Atlântica quer dar continuidade ao diá-logo sobre o Código Florestal. “Pedimos mais flexibilidade e menos dogmatismo, e a cons-trução de uma solução negociada entre as partes que esteja amparada em argumentos técnicos e científicos”, afirma o presidente.

Legislação ambiental ameaçada

Page 8: Neomondo 51

Ele acrescenta que a SOS Mata Atlân-tica pede ainda que a legislação seja man-tida tal como vigente até que se estabeleça um calendário de negociação e termos de referência sobre os temas em discussão, como reserva legal, áreas de proteção per-manente, procedimentos de regularização de imóveis, instrumentos econômicos para a implementação da legislação flores-tal e ambiental, entre outros.

“Também queremos a definição de um fa-cilitador de comum acordo, com legitimidade e credibilidade para a condução dos proces-sos”, complementa Klabin. Estas são as bases da proposta que ele próprio levou à audiência pública da Comissão Especial, realizada em 13 de abril, na Câmara dos Deputados.

Miriam Prochnow, representante da Rede de ONGs da Mata Atlântica e coorde-nadora de Políticas Públicas da Apremavi, entende que o Código Florestal é também questão de segurança nacional. “A ocorrên-cia, cada vez mais frequente, de tragédias como deslizamentos e enchentes chama a atenção. O Código não foi feito só para pro-teger animais e plantas mas, principalmen-te, a população. As áreas de preservação per-manente, principalmente as localizadas em encostas e margens de rios, têm essa função específica. É temerário querer alterar o Códi-go Florestal para alterar estas áreas”, explica.

Papel dos eleitoresDaí a importância de qualquer pes-

soa, de acordo com a Fundação, poder informar e cobrar de seus candidatos compromissos com a defesa da legisla-ção ambiental e com a proteção do pa-trimônio natural do país, utilizando os documentos disponíveis no hotsite da campanha, como cartazes e adesivos. O site www.sosma.org.br/exterminadores traz mais informações sobre a campa-nha e o trabalho que é desenvolvido, com notícias sobre as votações e au-diências, as leis que estão em jogo e, no futuro, os critérios para formatação da lista.

A SOS Mata Atlântica ressalta que a campanha não pretende denegrir a ima-gem ou difamar qualquer cidadão, mas sim alertar a população sobre a falta de diálogo quando o tema é o meio ambiente na formulação de leis. “Uma pessoa pode ter uma excelente atuação em outras áre-as, mas se causa danos ao meio ambiente e a sociedade assim o reconhece, então esta pessoa pode se tornar um Extermi-nador do Futuro”, explica Mantovani. “Quem vai dizer isso são os eleitores. A lista depende da sociedade e só será di-vulgada após uma checagem com crité-rios que estamos formulando.”

Manobra ruralistaPor ser uma das maiores ONGs am-

bientais do Brasil, a SOS Mata Atlântica lembra que sempre participou das discus-sões sobre políticas públicas, como na As-sembléia Constituinte, ajudando a garantir o direito ao meio ambiente no artigo 225 da Constituição, ou das discussões sobre as al-terações no Código Florestal (Lei 4.771, de 1965). Setores mais avançados do agrone-gócio, ambientalistas e empresas, entre ou-tros, vinham discutindo democraticamente no Congresso Nacional o projeto de Lei 6.424, de 2005, de relatoria do deputado Marcos Montes (DEM-MG), com os apen-sos PL 6.840/2006 e PL 1.207/2007. “Este PL traz um novo texto ao Código Florestal e havia consenso da sociedade quanto à sua redação, que inclusive incorpora artigos previstos na Lei da Mata Atlântica, trazen-do modernidade ao Código Florestal hoje vigente”, esclarece Mantovani.

No entanto, acrescenta o diretor de Po-liticas Públicas da ONG, enquanto parte do movimento ambientalista, do governo e da sociedade estava com suas atenções volta-das para a CO P15, no final de 2009, o pro-jeto foi modificado e reencaminhado pelos deputados da bancada ruralista. O então re-lator, deputado Jorge Khoury (DEM-BA), foi destituído, e um novo projeto surgiu.

A Fundação SOS Mata Atlântica e outras ONGs ambientalistas (entre elas, Greenpea-ce, Instituto Socioambiental, Rede de ONGs da Mata Atlântica e Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) conseguiram im-pedir a votação do projeto de lei na ocasião, mas uma semana depois a sessão da Comis-são de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável colocou o novo texto como ponto único da pauta. Novamente, com a pressão da sociedade, a votação foi cancela-da. Essa manobra de alguns deputados para votar as alterações no Código Florestal às pressas deu fim ao diálogo, ocasionando a saída das discussões de algumas ONGs que não concordavam mais com o texto que pas-sou a ser proposto.

A Fundação acrescenta que foi, então, constituída uma Comissão Especial na Câ-mara dos Deputados com o objetivo exclu-sivo de discutir alterações no Código Flo-restal: reserva legal (RL) com plantações homogêneas passíveis de exploração, mar-gens de proteção de rios mais estreitas, plantio em inclinações maiores, e outras. O problema é que, junto ao Código Flo-restal, passou a ser apresentada uma nova

Água limpa, ar puro, controle do clima e qualidade de vida para 112 milhões de pessoas, apesar de 93% devastada

“”

Especial - Biomas Brasileiros

“Viva a mata” 2009: pessoas aprendem, de maneira lúdica, o quanto e como é importante preservar o meio ambiente

Zerolux/SOSMA

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proposta para o Código Ambiental Brasi-leiro, que simplesmente desmantela todo o sistema nacional de meio ambiente e de-lega aos estados a função de legislar sobre o assunto.

No entender da ONG, são alterações que atentam contra a Política Nacional do Meio Ambiente e contra as conquis-tas ambientais da sociedade, além de ser nocivas ao meio ambiente, já que des-guarnecem sua proteção e levam ao com-prometimento de relevantes paisagens e da garantia de vida. Também afrontam claramente a Constituição Federal em seu artigo 225. “As leis ambientais precisam ser aprimoradas para fortalecer a gover-nança e o papel do Estado, fundamentais para que as leis sejam aplicadas na prática e tragam benefícios para todos”, aconse-lha Sérgio Guimarães, presidente do Ins-tituto Centro de Vida (ICV).

“Viva a Mata” 2012

• Mostra de iniciativas e projetos pela Mata Atlântica

• Momento de mobilização importante para esclarecimento de dúvidas e recebimento de sugestões

• Manifestação “O futuro é nosso e o voto também”, a cargo de dezenas de OnGs parceiras da sOs Mata Atlântica e representantes de várias regiões

Fonte: SOS Mata Atlântica

Saiba mais da Mata Atlântica

* Dia nacional: 27 de Maio

* Cobertura original: 1.300.000 km2, ou seja, 15% do território brasileiro

* Cobertura atual: 7% da área original, 93% do que havia já foi devastado, ou seja, 1% do território brasileiro.

* Estados em que existe: Piauí, Ceará, Rio Grande do norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, sergipe, Bahia, Goiás, Minas Gerais, Espírito santo, Rio de Janeiro, são Paulo, Mato Grosso do sul, Paraná, santa Catarina e Rio Grande do sul.

* Biodiversidade: Bioma com a maior diversidade de espécies de árvores do mundo: mais de 450 espécies de árvores por hectare no sul da Bahia

Considerada Hotspot: uma das cinco áreas mais biodiversas e ameaçadas do planeta

Espécies de animais ameaçadas de extin-ção: 383 (de um total de 633 no Brasil)

* Flora: 20 mil espécies vegetais (8 mil endêmicas)

Fauna: 1020 espécies de aves (188 endêmicas)

350 espécies de peixes (133 endêmicas) 340 espécies de anfíbios (90 endêmicas) 261 espécies de mamíferos (55 endêmicas) 197 espécies de répteis (60 endêmicas)

* Populações tradicionais: Cerca de 70 povos indígenas em

inúmeras aldeias Mais de 370 comunidades quilombolas

* Unidades de Conservação Cerca de 1.400 Federal e Estaduais

(Parques, Reservas, Estação Ecológica, Reservas Particulares do Patrimônio natural - RPPn)

Bacias hidrográficas: Abriga 7 das 9 grandes bacias

hidrográficas do Brasil Rios são Francisco, Paraíba do sul, Doce,

tietê, Ribeira de iguape e Paraná Abastecem mais de 110 milhões de

brasileiros em cerca de 3,4 mil municípios

* Reserva da Biosfera da Mata Atlântica: Maior reserva da biosfera em área de

floresta do mundo: 35 milhões de hectares

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Biomas BrasileirosUma viagem pelos

segundo bioma mais ameaçado de extinção do planeta, a Mata Atlântica abriga uma das maiores biodiversidades do mundo

Da Redação

Ameaças ao Patrimônio Nacional

Neo Mondo - Novembro/Dezembro 201210

A Mata Atlântica, segundo bioma mais ameaçado de extinção do planeta (fi-cando atrás apenas das florestas de

Madagascar), é a região do Brasil que se es-tende por 17 estados e mais de 3 mil municí-pios. Considerada Patrimônio Nacional pela Constituição Federal, ocupa cerca de 102 mil km² do território nacional. Isso representa apenas 8% do total de mata que existia na chegada dos portugueses ao Brasil, em 1500 (a área de florestas ocupava 15% do território brasileiro, ou seja, 1.306.421 km²).

A pesar de tais dados, levantamentos recentes divulgados pelo Governo Federal apontam um crescimento de 12% na área florestal do bioma. Isso porque a Mata Atlântica possui uma alta propriedade de regeneração. Outros dados, divulga-dos pela fundação SOS Mata Atlântica, mostram uma queda no desmatamento da floresta em oito estados brasileiros. No entanto, alguns estados, como Santa Catarina e Paraná, continuam com altos níveis de destruição.

Esse desmatamento e degradação mostram-se como grandes problemas, principalmente porque as 120 milhões de pessoas que vivem na região do bioma de-pendem da manutenção e dos serviços am-bientais prestados por ele, sendo na prote-ção de nascentes e fontes que abastecem as cidades e comunidades do interior, na regu-lação do clima, da temperatura, da umidade e das chuvas, na fertilidade do solo ou na proteção das escarpas e encostas de morros de eventuais processos erosivos.

Rio da Mata Atlântica na Serra do Mar

Especial - Biomas Brasileiros

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Árvore de Jaboticaba (Myrciaria trunciflora)

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Mata Atlântica FlorestalIndependente da área reduzida, a

Mata Atlântica continua na lista dos bio-mas mais ricos do mundo em diversidade de plantas e animais. Entre os vegetais, levando em consideração apenas o grupo das angiospermas, plantas que possuem sementes protegidas dentro dos frutos, acredita-se que a Mata Atlântica possua cerca de 20.000 espécies, ou seja, aproxi-madamente 35% das existentes em todo o Brasil. Desse total, cerca de 8 mil são endêmicas (exclusivas do bioma). Es-ses dados fazem com que a floresta seja a mais rica do mundo em árvores. Um exemplo da tamanha diversidade está no sul da Bahia. Em apenas um hectare de terra, foram encontradas 454 espécies distintas de árvores (Veja o quadro come-morativo ao Dia da Árvore).

Entre as espécies de frutas exclusivas da Mata Atlântica, destaca-se a jabuticaba (Myrciaria trunciflora). Seu nome vem da palavra tupi iapoti-kaba, que significa “frutas em botão”. Outras frutas típicas do bioma são a goiaba, o araçá, a pitanga e o caju. Já entre as árvores, o destaque fica para a erva-mate. A partir de suas folhas é produzido o chimarrão, popular bebida da Região Sul do país.

No entanto, da mesma maneira que há o lado positivo de se haver tantas plantas endêmicas no bioma, há tam-bém o lado negativo: grande parte das espécies está ameaçada de extinção. Entre os fatores que contribuem para o desaparecimento das plantas está o con-sumo exaustivo, como é o caso do pau--brasil, espécie que deu origem ao nome do nosso país.

O mico-leão-dourado, endêmico da Mata Atlântica de Baixada Cos-teira do estado do Rio de Janeiro, é uma espécie de macaco que mede cerca de 60 cm, pesando entre 550 a 600 gramas. Encontrado sem-pre em grupos de 5 ou 6 indivíduos, o primata se alimenta de frutos silvestres, insetos, pequenos vertebrados e, eventualmente, de goma de algumas árvores. Com expectativa de vida média de oito anos, reproduzem-se de uma a duas vezes por ano, produzindo, normalmen-te, dois filhotes gêmeos.

Assim como a maioria dos animais do bioma, o mico também está ameaçado de extinção. Este só não entrou para a história por causa de um programa instalado no Rio de Janeiro na tentativa da recuperação da população desses animais. Para se ter uma idéia, nos anos 70 exis-tiam apenas 200 micos-leões-dourados na natureza. Hoje, o número de micos chega a mil. Mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia)

Bicho Destaque: Mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia)

Outros fatores são as queimadas dos ter-renos para a criação de gado, o desmatamen-to e o comércio ilegal. Este último é um dos principais causadores da destruição da vege-tação, mesmo com leis que proíbem o plano de manejo. Espécies, como o palmito-juçara, as orquídeas e as bromélias, quase entraram em extinção por causa da exploração intensi-va. Plantas medicinais também sofrem muito com o comércio ilegal, sendo retiradas sem quaisquer critérios e planos de reposição.

Mata Atlântica AnimalA Mata Atlântica possui uma grande

diversidade de animais. Vivem no bioma aproximadamente 1,6 milhão de espécies de animais, incluindo os invertebrados. Grande parte dessas espécies é endêmica, ou seja, não podem ser encontradas em nenhum outro lugar do planeta. Ao todo, estão cata-

logadas 270 espécies de mamíferos (73 en-dêmicas), 849 espécies de aves, 370 espécies de anfíbios, 200 de répteis e cerca de 350 espécies de peixes. O destaque entre os ani-mais fica para o Mico-leão-dourado. Confira um pouco sobre esse animal no quadro.

Extinção AnimalOs anos passam e as espécies amea-

çadas de extinção aumentam. Em 1989, a lista publicada pelo Ibama já trazia da-dos impressionantes, mostrando que 202 espécies de animais eram consideradas oficialmente ameaçadas no Brasil, sendo que 171 viviam nas florestas atlânticas. Em 2003, dados ainda piores foram libera-dos pelo Ministério do Meio Ambiente. O total de espécies ameaçadas no país subiu para 633, sendo que a maioria reside na região da Mata Atlântica.

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Das 265 espécies de vertebrados ame-açados, 185 ocorrem nesse bioma (100 en-dêmicas). Das 160 aves da lista, 118 vivem na região atlântica (49 endêmicas). Das 69 espécies de mamíferos, 38 residem no bio-ma (25 endêmicas). Dos anfíbios da lista, todas as 16 espécies ameaçadas são exclu-sivas da Mata Atlântica. Exemplos de ani-mais ameaçados são o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) e o muriqui, também conhecido como mono-carvoeiro (Brachyteles arachnoides).

Os motivos para essa ameaça variam muito. Um dos principais é o tráfico de ani-mais. O comercio ilegal no Brasil movimen-ta cerca de 10 bilhões de dólares por ano. A cada 10 animais traficados, apenas um resiste às pressões da captura e cativeiro.

Outro problema é a perda do habitat para outras espécies. Estes “estrangei-ros” invadem regiões de onde não são nativos por terem perdido seu próprio

21 de Setembro: Dia da Árvore

no dia 21 de setembro, comemoramos o Dia da Árvore. Formalizado há 30 anos no Brasil, esta data relembra os laços do nosso povo com a cultura indígena. Um desses laços é o amor e respeito pelas árvores.

Dia 21 marca também a chegada da primavera no hemisfério sul. Uma das mais belas estações, a primavera data um novo ciclo para o meio ambiente, na qual recupera-se a vida na natureza, após os meses de silêncio do inverno.

lar. Em outra situação, o próprio ho-mem solta espécies não-nativas em lo-cais inapropriados, prejudicando o de-senvolvimento das espécies locais. Isso porque os animais de outras regiões multiplicam-se de maneira muito mais acelerada, já que não tem predadores e têm comida abundante.

Um exemplo da soltura indevida acon-teceu no Parque Estadual da Ilha Anchieta, em São Paulo. Foram soltas pelo governo, em 1983, 8 cutias e 5 mico-estrelas. Essas espécies multiplicaram-se muito rápido, chegando a ter populações de 1.160 e 654 indivíduos, respectivamente. Como con-sequência, cerca de 100 espécies de aves, cujos ninhos são predados por esses ani-mais, foram extintas na ilha.

Mata Atlântica Social A Mata Atlântica abriga quase 65% de

toda a população do Brasil, ou seja, cerca de 120 milhões de pessoas. Isso porque foi na área original do bioma que os primeiros aglomerados urbanos, pólos industriais e principais metrópoles foram formados.

Além da população urbana, nela vi-vem diferentes tribos e culturas tradi-cionais, o que faz com que a área tenha uma das maiores diversidades culturais brasileiras. Entre os indígenas, desta-cam-se os Guarani. Já entre as culturas tradicionais não-indígenas, o destaque fica com os caiçaras, os quilombolas, os roceiros e os caboclos ribeirinhos.

Mesmo possuidora de tal patrimônio cultural, a Mata Atlântica também é muito excludente. Muitas vezes as comunidades ficam marginalizadas da sociedade. Isso ocorre por causa do processo de desenvolvi-mento desenfreado das redes urbanas, que acabam por deixar de lado essas populações e até, muitas vezes, acabam expulsando os moradores de seus territórios originais.

Desmatamento e DegradaçãoMuitos são os fatores que implicam na

destruição da Mata Atlântica. Um deles é o avanço das cidades espontâneas, ou seja, aquelas que não são planejadas e acabam por crescer “desgovernadamente”. Esse tipo de crescimento não leva em conta os rema-nescentes florestais, o que faz com que o bioma seja destruído. Além disso, sem um prévio estudo da melhor maneira de ex-pandirem-se, muitos desastres acabam por ocorrer, como deslizamentos e enchentes.

Outro fator é o da construção de hidre-létricas, em especial em duas regiões: na da Bacia do Rio Uruguai, que fica na divisa de Santa Catarina com o Rio Grande do Sul, e na da Bacia do Rio Ribeira de Igua-pe, divisa de São Paulo com Paraná. Quan-do construídas, as hidrelétricas alagaram grande parte das áreas ao redor, acabando com a biodiversidade daqueles pontos.

Um terceiro fator é a atividade minera-dora. As regiões do sul de Santa Catarina e as áreas de Minas Gerais e Espírito Santo têm essa atividade ocupando um alto nú-

Pau-brasil: espécie ameaçada de extinção

Ribeirinhos sofrem com a falta de água na maior área contínua de Mata Atlântica do país, o Vale

do Rio Ribeira de Iguape

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Especial - Biomas Brasileiros

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3. Por último, misture delicadamente as claras em neve; 4. Coloque a massa em uma assadeira untada e leve ao forno; 5. Após 30 minutos, retire a assadeira do forno e deixe-a esfriar.

Glacê1. Em uma panela, coloque o açúcar, o suco de limão e 2 colheres

(sopa) de água quente. 2. Leve ao fogo e mexa até obter uma mistura homogênea. 3. Por fim, desenforme o bolo e cubra com o glacê.

Ingredientes:Massa• 1 xícara de chá de manteiga • 1 lata de leite condensado • 4 gemas • 1 pitada de sal• 1 xícara de chá de pinhão cozido, descascado e moído• 1 xícara de chá de farinha de trigo • 1 colher de sopa de fermento em pó • 4 claras em neve

Glacê• 1 e 1/2 xícara de chá de açúcar de confeiteiro • 1 colher de sopa de suco de limão

Preparo:Massa1. Bata a manteiga e, aos poucos, coloque o leite condensado até

obter um creme;2. sem parar de bater, junte as gemas, o sal, o pinhão, a farinha e

o fermento;

Fontes:

- Almanaque Brasil Socioambiental - ISA 2008

- Mundo de Sabores - www.mundodesa-bores.com.br

- WWF Brasil – www.wwf.org.br

- Instituto Ambiental Nova Era www.diadaarvore.org.br

Curiosidades

• A cobertura florestal da Mata Atlântica já ocupou quase 15% do território nacional. Hoje, apenas 8% da cobertura original está intacta.

• segundo as metas da Conservação da Biodiversidade, precisamos ter 10% de cada bioma preservado em unidades de conservação para que este não entre em extinção em poucos anos. no entanto, o índice da Mata Atlântica mal chega a 3%.

• A Reserva Biológica de Uma, na região sul da Bahia, possui a maior diversidade de árvores do mundo: cerca de 450 espécies diferentes em apenas um hectare de mata. (Dados obtidos através de um estudo realizado por técnicos do Jardim Botânico de nova iorque, em 1993)

• A Mata Atlântica abriga o primeiro parque nacional brasileiro: o Parque nacional de itatiaia. Criado em 14 de junho de 1937, entre os estados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, ele abriga 360 espécies de aves e 67 espécies de mamíferos.

• A UnEsCO reconheceu, no começo da década de 90, parte da Mata Atlântica como Reserva da Biosfera. Com uma área total de 290 mil km², a Reserva estende-se por cerca de 5 mil quilômetros ao longo da costa brasileira.

• Ao todo, existem quatro espécies de micos-leões, todas exclusivas do Brasil: o mico--leão-dourado, residente da Mata Atlântica de Baixada Costeira do estado do Rio de Janeiro; o mico-leão-da-cara-dourada, que mora na região cacaueira do sul da Bahia; o mico-leão-preto, residente do Morro do Diabo, Pontal do Paranapanema (sP); e o mico-leão-da-cara-preta, encontrado na região do Lagamar (Paraná e são Paulo). Destaque para o último, que foi descoberto apenas em 1990.

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Receita Típica da Mata Atlântica: Bolo de Pinhão

Cachoeira da Mata Atlantica na Serra do Mar

mero de hectares da floresta, o que signifi-ca que os montantes de impactos ambien-tais negativos também são grandes.

Outra questão importante é o avanço das monoculturas de árvores exóticas e da pró-pria agricultura feita sem planejamento, orde-namento ou controle dos governos estaduais. O desmatamento feito para o plantio de exó-ticas e de grãos é responsável pela maior parte da atividade destruidora dessas áreas.

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Brazilian Biomes A journey through the

the second most endangered biome on the planet; the Atlantic Forest has one of the richest biodiversities in the world

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Threats to National Heritage

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T he Atlantic Forest biome, the second most endangered in the world (only behind the forests of Madagascar), is

a region of Brazil that spans 17 states and more than 3,000 municipalities.

Considered a National Heritage by the Federal Constitution, it occupies approxima-tely 102,000 km² of land. That represents only 8% of the forest that existed when the Portuguese first arrived in Brazil in the year1500 (the area of forests then occupied was 15% of Brazilian land, or 1,306,421 km²).

Despite such data, recent surveys released by the Federal Government show a 12% growth in the forest area of the biome. That’s because the Atlan-tic has a high capacity of regenera-tion. Other information released by the foundation, the ‘SOS Mata Atlan-tica’, shows a drop in the forest clea-ring in eight Brazilian states. However, some states such as Santa Catarina and Paraná still present high levels of deforestation.

This deforestation and environmen-tal degradation are publicized as major problems, largely because the 120 million people living in the area of the biome depend on the maintenance of their en-vironmental services, on protecting the fountainheads and springs that supply the cities and inland communities, on the regulation of the climate, temperature, hu-midity, rainfall, on soil fertility, or on pro-tecting the steep hillsides from potential erosive processes.

Atlantic Forest River in ‘Serra do Mar’

Special - Brazilan Biomes

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‘Jaboticaba’ Tree (Myrciaria trunciflora)

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Atlantic Forest - Flora Regardless of its reduced area, the

Atlantic Forest remains on the list of biome as one of the world’s richest di-versity of plants and animals. Among the plants, taking into account only the group of angiosperms – plants that have seeds protected within the fruit – it is believed that the Atlantic forest has approximately 20,000 species – i.e.: ne-arly 35%, of the angiosperms that exist in Brazil. Of this total, about 8,000 are endemic (unique to the biome). These facts clarify that the forest is the world’s richest in trees. An example of such di-versity is in southern Bahia. In just one hectare of land we found 454 different species of trees (See text box commemo-rating the Day of the Tree).

Among the species of fruit trees uni-que to the Atlantic Forest are the ‘jabo-ticaba’ (Myrciaria trunciflora). Its name comes from the Tupi word iapoti-kaba, meaning “fruit buds.” Other fruit typical of the biome are guava, strawberry guava (Psidium Cattleyanum), mulberry and ca-shews. Among the trees is the prominent ‘erva-mate’ (Ilex paraguariensis). The “chi-marrão” tea (Cimarrón) is made of ‘erva--mate’ leaves and it is a popular beverage in southern Brazil.

However, just as there is a positive side to having so many endemic plants in the biome, there is also a negative side. Most species are threatened with extinction. Among the factors contributing to the disa-ppearance of plants is the entire utilization, as is the case of the ‘‘Brazil-wood’’ (Caesalpi-nia echinata; Pau-Brasil), the tree that gave rise to the name of our country. Other fac-

The Golden Lion Tamarin, endemic to the Atlantic Forest on the Coast of Rio de Janeiro, is a species of monkey that measures about 60 cm, weighing between 550-600 grams. It is always found in groups of five or six individuals. The pri-mate feeds on berries, insects, small vertebrates and possibly some gum trees. With average life expectancy of eight years, it breeds one to two times a year, producing usually two young twins. Like most animals of the biome, the monkey is also threatened with extinction, which did not occur thanks to a preservation program implemented in Rio de Janeiro in an attempt to recover the population of these animals. To give an idea of the gravity of the situation, in the 70’s there were only 200 Golden Lion Tamarins in the wild. Today, the number has grown to a thousand monkeys. Golden Lion Tamarin (Leontopithecus Rosalia)

Feature Animal: Golden Lion Tamarin (Leontopithecus Rosalia)

tors include the burning to provide grazing land for livestock, the deforestation, and illegal trade. The latter is a major cause flora destruction, even with laws that pro-hibit plant commercialization. Species such as the ‘juçara’ palm tree (Euterpe Edulis), orchids and bromeliads, almost became extinct because of intensive exploitation. Medicinal plants also suffer greatly from the illegal trade, and are removed without any criteria and replenishment plans.

Atlantic Forest - Fauna The Atlantic Forest has a great diver-

sity of animals. Approximately 1.6 million species of animals, including invertebrates, live in the biome. Most of these species are endemic, i.e.: they cannot be found anywhere else on the planet. Overall 270 species of mammals (73 endemic), 849 spe-

cies of birds, 370 species of amphibians, 200 reptiles, and 350 species of fish are catalogued. The highlight among the ani-mals is the Golden Lion Tamarin (Leonto-pithecus Rosalia). Check out a little more about this animal in the text box below.

Animal Extinction As the years pass, the threat of extinc-

tion to some species increases. In 1989, impressive data published by the Brazilian Institute of Environment and Renewable Natural Resources (IBAMA), highlighted that 202 animal species were officially con-sidered endangered in Brazil, with 171 living in the Atlantic Forest. In 2003, even worse data was released by the Ministry of the En-vironment. The total number of threatened species has increased to 633; most of these are in the Atlantic Forest region.

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Of the 265 threatened vertebrate species, 185 live in this biome (100 en-demic). On the list of 160 birds, 118 live in the Atlantic region (49 endemic). Of the 69 species of mammals, 38 live in the biome (25 endemic). Of the list of amphi-bians, all 16 threatened species are unique to the Atlantic Forest. Examples of ani-mals that are the most endangered are the giant anteater (Myrmecophaga Tridactyla) and the muriqui, also known as wooly spider monkey (Brachyteles Arachnoides).

The reasons for the threat vary wide-ly. One of them is the increase of animal trafficking. This emerging illegal trade in Brazil brings in about 10 billion dollars a year. Of every 10 trafficked animals, only one survives the pressures of capture and captivity.

Another problem is loss of habitat to other species. These “foreigners” invade regions where they are not native because

September 21st – The Day of the Tree (Dia da Árvore)

On september 21st the Day of the tree is celebrated. it was formalized thirty years ago in Brazil; this day reminds people of our ties with the indigenous culture. One of these bonds is the love and respect for trees.

the 21st day also marks the arrival of spring in the southern hemisphere that is one of the most beautiful seasons. spring time is beginning of a new cycle for the environment, which restores the life back into nature, after months of the still of winter.

they have lost their own homes. Another situation is man himself letting loose non--native species in inappropriate areas, da-maging the development of the local spe-cies. This is because animals from other regions are proliferating much more rapi-dly, since they have no natural predators and there is an abundance of food.

An example of the improper release took place at the Anchieta Island State Park, São Paulo. Eight agoutis and five star monkeys were released by the go-vernment in May 1983.These species multiplied very fast and the populations increased to 1,160 and 654 individuals respectively. As a result, about 100 species of birds, whose nests are predated by the-se animals, became extinct on the island.

Atlantic Forest – Social The Atlantic Forest is home to almost

65% of the entire population of Brazil, or about 120 million people. This is because in the original area of the biome the first urban settlements, industrial areas, and major cities were formed.

Besides the urban population, it has tribes with different cultures and tradi-tions; this means that the area has one of the largest Brazilian cultural diversities. Among the indigenous tribes the Guarani stand out. Among the non-indigenous tra-ditional cultures, emphasis lies on the co-astal dwellers, the runaway slave descen-dants, the planters and riverside settlers.

Despite having such cultural heritage, the Atlantic Forest is still taken for gran-ted. Communities are often marginalized in society. This happens because of the process of unrestrained development of ur-ban networks, which ultimately sets aside these populations, end up forcing them to leave their original territories.

Deforestation and Degradation There are many factors that cause the

destruction of the Atlantic Forest. One is the spontaneous growth of cities; i.e.: those that are unplanned and ultimately grow “ungover-ned”. This kind of growth does not take into account the amount of remaining forest that makes up the biome and is destroyed. Mo-reover, without a prior study about the best way to expand, eventually too many disas-ters occur, such as landslides and floods.

Another factor is the construction of hydroelectric power stations, especially in two regions: the Uruguay River Basin, which is on the border of Santa Catarina and Rio Grande do Sul, and the Ribeira River basin of Iguape, on the border of São Paulo and Paraná. When built, the hydroelectric power stations flooded a great part of the surrounding areas, putting an end to the biodiversity of these places.

A third factor is the mining activity. Mining in the areas of the south of Santa Catarina, Minas Gerais, and Espírito Santo encompasses a high number of hectares of forest, which means that the negative environmental impact is vast.

Brazil-wood: species threatened with extinction

People living alongside the ‘Ribeira do Iguape’ River suffering from water shortage in the longest conti-

nuous area of Atlantic Forest in the country

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Special - Brazilan Biomes

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3. Finally, gently mix in the egg whites.4. Place the mixture in a greased baking tin and bake.5. After 30 minutes, remove the tin from the oven and allow to cool.

Icing1. in a saucepan, place sugar, lemon juice and 2 soup spoons

of hot water. 2. Gently heat and stir until smooth.3. Finally, remove the cake from the tin and cover with icing.

Ingredients: Cake Mixture:• 1 cup butter• 1 can sweetened condensed milk • 4 egg yolks • 1 pinch salt • 1 cup of pine nuts cooked, peeled and crushed • 1 cup flour • 1 tablespoon baking powder • 4 egg whites icing: • 1 and 1/2 cup of powdered sugar • 1 tablespoon lemon juice

Preparation: Cake Mixture 1. Beat the butter and gradually add the condensed milk until creamy. 2. Continue beating and add the egg yolks, salt, pine nuts, flour and

baking powder.

Fontes:- Social and Environmental Almanac

Brazil - ISA 2008 - “Mundo dos Sabores (World of

Flavors) - www.mundode-sabores.com.br

- WWF Brazil - www.wwf.org.br - New Age Environmental Institute

www.diadaarvore.org.br

Interesting Facts

• the Atlantic forest covered nearly 15% of the country. today, only 8% of the original forest is still intact.

• According to the goals of Biodiversity Preservation, we must preserve 10% of each biome in order to prevent them from becoming endangered in a few years. However, only 3% of the Atlantic forest remains intact.

• A Biological Reserve in southern Bahia has the greatest diversity of trees in the world. there are approximately 450 different species in one hectare of forest. (this data was obtained from a study conducted by technicians from the new York Botanical Garden in 1993)

• the Atlantic Forest is home to the first Brazilian national park. the itatiaia national Park was created on June 14th 1937, between the states of Rio de Janeiro and Minas Gerais. it is home to 360 species of birds and 67 species of mammals.

• in the early 90’s, UnEsCO declared part of the Atlantic Forest a global Biosphere Re-serve with a total area of 290,000 km². the Reserve extends for about 5000 km along the Brazilian coast.

• there is a total of four species of Lion tamarins that are unique to Brazil: the Golden Lion tamarin lives in the Atlantic Coastal in the state of Rio de Janeiro. the Golden--faced Lion tamarin lives in the cocoa region of southern Bahia, the Black Lion tama-rin is a resident of ‘Morro do Diabo’, Pontal (sP), and the Black-face Lion tamarin can be found in the region of Lagamar (Paraná and são Paulo ). interestingly the latter was only discovered in 1990.

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A typical recipe from the Atlantic Forest: Pine Nut Cake

‘Serra do Mar’ Atlantic Forest waterfall

Another important issue is the ad-vance of monocultures of exotic trees and agriculture itself carried out wi-thout planning or control of state go-vernments. Deforestation made for the planting of exotic plants and grains is responsible for most of the destructive activity of these areas.

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Biomas BrasileirosUma viagem pelos

Apesar de possuir uma paisagem marcante, o bioma esconde diversos cenários e ecossistemas pouco explorados

Da Redação

Os mistérios do Pampa

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O Pampa, conhecido também como Campos do Sul ou Campos Sulinos, estende-se por grandes áreas de

três países da América do Sul (Argentina, Uruguai e Brasil), ocupando quase 700 mil km² dos territórios dessas regiões. No Bra-sil, o bioma ocupa quase 180 mil km² de área, estando presente, em sua maior par-te, nas regiões sul e sudeste do Rio Grande do Sul (dois terços do estado).

Apesar de possuir uma paisagem mar-cante, com predomínio de gramíneas, o bioma esconde inúmeros outros cenários e ecossistemas, modificados, em sua maio-ria, por causa do vento, fator vital na con-figuração da paisagem e que dá um caráter único à região.

Mesmo com tais paisagens exclusi-vas, as áreas naturais protegidas no país são as menores de todos os biomas. Ele

possui a menor representatividade no Sistema Nacional de Unidades de Con-servação (SNUC), com apenas 0,36% de seu território transformados em áreas de conservação. Grande problema! Isso porque o Pampa tem duas das mais importantes funções na preservação da biodiversidade mundial: atenuar os efeito estufa e ajudar no controle da erosão.

Foto: Isaias Mattos

Especial - Biomas Brasileiros

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Vista aérea do Parque Estadual do Espinilho - Barra de Quaraí - RS

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Pampa FlorestalNo bioma, que antes de ser estudado a

fundo chegou a ser classificado como um “vazio ecológico”, já foi identificada a pre-sença de mais de 3000 espécies de plantas, sendo que aproximadamente 400 delas são gramíneas. A pesar de possuir uma paisagem marcante (planícies cobertas de gramíneas, plantas rasteiras e algumas ár-vores e arbustos encontrados próximos a cursos d’água), a grande variedade vegetal torna seu cenário bastante diversificado. Conheça três dessas paisagens:

1. Parque do Espinilho: Localizado ex-clusivamente no sudeste do Rio Gran-de do Sul, é marcado por uma vege-tação espinhosa e seca (daí o nome). Os últimos remanescente significati-vos desse tipo de formação estão no Município de Barra do Quarai, numa área de cerca de 1.618 hectares, den-tro do Parque Estadual do Espinilho (Decreto nº 41.440, de 28 de fevereiro de 2002). Duas espécies bem caracte-rísticas e que determinam o aspecto curioso desde parque são o algarrobo (Prosopis algarobilla) e o nhanduvaí (Acácia farnesiana).

2. Banhados: Diferente das peculia-ridades do Parque do Espinilho, os banhados possuem as características marcantes do Pampa, com predomínio de gramíneas. Em sua grande maioria, as regiões com essa cobertura vege-tal foram drenadas para uso agrícola, através do Programa Pró-Várzea, do Governo Federal, na década de 1970. Dentre as áreas de destaque, a mais

conhecida está localizada no sul do estado, chamado de Banhado do Taim (protegida por um parque de mesmo nome). Outra área relevante é a dos municípios de Itaqui e Maçambará, na fronteira com a Argentina. Lá ocorre o banhado de São Donato, reconheci-do como reserva ecológica na década de 1970, mas que até hoje ainda não foi efetivado. Atualmente, possui uma extensão de 4.392 hectares, que está praticamente cercada pela agricultura, principalmente a de arroz.

3. Cerros e serras: Localizado, predo-minantemente, no sudoeste do RS, os cerros e serras são um mistério para os estudiosos, já que surgem, aparen-temente, do nada (pequenos e baixos morros aparecem em uma área total-mente plana, sem pedras evidentes,

sem florestas, sem cavidades). Sua ca-racterística principal é uma aparência de arenito conglutinado.

Pampa AnimalApesar de não ter tido sua fauna

muito estudada, os Campos Sulinos abrigam pelo menos 102 espécies de mamíferos (cinco delas endêmicas), 476 espécies de aves (duas endêmicas) e 50 espécies de peixes (12 endêmicas). Dentre elas, 24 espécies de aves e as cinco espécies exclusivas de mamíferos estão ameaçadas de extinção. Uma das principais causas do declínio no núme-ro de espécies da região é a expansão da monocultura de árvores exóticas. Ela foi responsável pela destruição de pelo menos 26 espécies da fauna dos Campos do Sul, além de ser o agente de cerca de 10% das ameaças de extinção.

Gato montês (Felis silvestris) Puma (Felis concolor)

Foto: Francisco Renato Galvani

DivulgaçãoDivulgação

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Mesmo com números preocupantes, o Brasil é o único país, dentre os que com-põem o bioma, que a existência desses animais ainda não está totalmente compro-metida. Conheça alguns dos animais que fazem parte da fauna do Pampa:

1. Gato montês (Felis silvestris): é um tipo de felino carnívoro, que habita preferencialmente bosques fechados. É um animal noturno, que durante o dia refugia-se em buracos de árvores, fendas nas rochas ou tocas abandona-das de outros animais.

2. Gato do mato (Leopardus tigrinus): é um felino originário da América do Sul e da América Central. Embora semelhante a uma jaguatirica, este gato distingue-se pelo pequeno tamanho (medem cerca de 50 centímetros, sendo considerado o menor dos felinos silvestres brasilei-ros) e pelas manchas em sua pelagem. Alimenta-se de ratos, pássaros e insetos.

3. Puma (Felis concolor): é o segundo mais pesado felino carnívoro da América, fi-cando atrás apenas da onça-pintada. Pode

chegar a medir até 2,40 metros de compri-mento e alcançar 100 quilos. Vive solitário e costuma caçar no final do dia. Tem ex-pectativa de vida média de 15 anos.

4. Caminheiro-grande (Anthus nattereri): é uma das aves dos Pampas mais amea-çadas de extinção. Pode chegar a medir 15 cm de comprimento. Alimenta-se, basicamente, de insetos. Entre suas pe-culiaridades está seu canto complexo du-rante vôos altos, em que a pequena espé-cie sobe quase 25 metros verticalmente, deixando-se cair, depois, rapidamente.

5. Caboclinho-de-barriga-preta (Spo-rophila melanogaster): é um pássaro que pode chegar a medir até 10 cm de comprimento. Tem um canto suave e agradável, com diversas notas. Ali-menta-se de gramíneas e sementes.

Pampa Social: Problema e SoluçãoOs Campos do Sul estão localizados na

metade mais podre do Rio Grande do Sul. Apesar dos grandes latifúndios, a região não conseguiu desenvolver-se economicamente. Visando minimizar os problemas socioe-conômicos, os governantes vêm, há vários anos, criando programas que buscam levar o “progresso” para a região. No entanto, alguns programas acabam por degradar o bioma.

Um dos exemplos é o projeto do go-verno de implantação de monoculturas de árvores para a região. Como a metade sul do estado é uma grande planície, o plantio extensivo de árvores altera o regime de ventos e de evaporação da região, causando impactos significativos no clima, nos recur-sos hídricos e na cultura.

Por outro lado, o programa de desenvolvi-mento das fazendas de criação de gado é uma

das alternativas para a manutenção do Pampa. Como a região é constituída basicamente de grandes fazendas de criação, a implementação de técnicas mais avançadas de manejo aca-bam por ajudar na proteção das terras. Alia-dos à grande produtividade, à manutenção da biodiversidade do campo nativo e aos ganhos financeiros significativos para o produtor ru-ral, esse programa é um dos mais eficazes apli-cados até hoje no Rio Grande do Sul.

Degradação do PampaAlguns são os fatores que contribuem

para a degradação desse bioma. Um deles é a expansão descontrolada do plantio de monoculturas, como arroz, milho, trigo e soja. Devido à riqueza do solo, algumas áreas cultivadas do Sul cresceram rapida-mente sem um sistema adequado de pre-paro, resultando em erosão e, até, na de-sertificação de algumas partes da região.

Outro fator, considerado um dos mais ameaçadores à sobrevivência dos Campos Sulinos, é a exploração indiscri-minada de madeira. Algumas árvores de grande porte foram derrubadas e queima-das para dar lugar ao cultivo de milho, trigo e videira, principalmente.

Um dos exemplos dessa exploração des-controlada fica por conta da mata das arau-cárias ou pinheiros-do-paraná. Antes, essas árvores estendiam-se por cerca de 100 mil km² de matas de pinhais. No entanto, por mais de 100 anos, os pinheiros alimentaram a indústria madeireira do sul, fazendo com que hoje restem apenas 2% da cobertura ori-ginal da mata das araucárias. Os pequenos vestígios da formação original dessa vegeta-ção que restam estão confinados em áreas de conservação do estado.

Um terceiro problema é a ampliação da área de plantio de soja e a cultura da ma-

São Francisco de Paula (RS) - Imagem típica do Pampa : relevo baixo e seco

Nos limites entre Rosário do Sul, Alegrete eSantana do Livramento há uma região de cerros,

chamada Serra do Caverá, onde, entre outrasmaravilhas geológicas e históricas,

encontram-se pequenos cerros como esse

Foto: Eduardo Amorim

Foto: Ronai Rocha

Especial - Biomas Brasileiros

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Neo Mondo - Setembro 2008 A

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6. Em seguida, junte o arroz, um pouco de água fervente e deixe cozinhar por 15 a 20 minutos;

7. Adicione sal, se necessário;8. Por fim, salpique o cheiro-verde para dar gosto

* O charque é uma carne salgada que se tornou o principal produto da economia do Rio Grande do sul no século XiX. Difere-se carne--de-sol e da carne-seca no modo de preparo (não fica exposta ao sol) e na quantidade de sal que utiliza na produção (usa-se muito mais sal para produzir o charque, por causa da umidade da região).

Ingredientes:Massa• 200g de Charque*• 4 colheres (sopa) de óleo • 5 dentes de alho picados • 1 cebola grande picada• 4 tomates picados• 3 pimentões picados• 1 colher de sopa de cheio verde • 350g de arroz • sal a gosto

Preparo:Massa1. Coloque água em uma panela e leve ao fogo até que ela ferva;2. Adicione o charque e deixe por meia hora;3. Retire do fogo, escorra a água e corte a carne em pedaços

pequenos; 4. Em outra panela, aqueça o óleo, junte o alho, a cebola,

o tomate e o pimentão; 5. Deixe cozinhar por cerca de 8 minutos, mexendo

de vez em quando;

Fontes:

- Almanaque Brasil Socioambiental - ISA 2008

- Defesa da Vida Gaúcha - www.defesabiogaucha.org

- Mundo de Sabores - www.mundodesabores.com.br

- Pampas Online - www.pampasonline.com.br

- WWF Brasil – www.wwf.org.br

Curiosidades

• Filmes e mini-séries já foram gravados nas regiões dos Pampas. Entre os filmes, o des-taque fica para “intrusa”, de Carlos Hugo Christensen, ganhador de quatro Kikitos no 8º festival de Cinema de Gramado. O longa mostra como vivia o gaúcho no século XViii. Já entre as mini-séries, os destaques ficam para “O tempo e o Vento” e “A Casa das sete Mulheres”, da Rede Globo, que também mostram um pouco da história do Pampa e muito de sua paisagem.

• Os campos sulinos foram palco da Guerra do Paraguai, entre os anos de 1864 e 1870. Desta guerra participaram Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai.

• A região coberta pelos campos sulinos apresenta clima subtropical, com temperatu-ras amenas e chuvas regulares, sem grande alteração durante o ano.

• A vegetação herbácea dos pampas varia entre 10 e 50 cm de altura.

• no Pampa vive o Gato dos Pampas (Felis Colocolo). Este curioso felino pode medir até 85 cm, sendo que 25 cm são só de calda.

Neo Mondo - Novembro/Dezembro 2012 21

Receita Típica do Pampa: Arroz Carreteiro

Imagem de satélite da Lagoa dos Patos. localizada no município de São Lourenço

do Sul. Ele é a maior laguna do Brasil e a segunda maior da América Latina.

mona para elaboração de biocombustível. Estas duas práticas são consideradas as mais recentes ameaças à região e vem ra-pidamente destruindo os solos do bioma.

Constante e antiga ameaça dos Cam-pos do Sul é a mineração e a queima de carvão mineral. Os impactos locais, regio-nais e globais são muitos, variando entre a acidificação da água, a alteração da pai-sagem, o deslocamento de populações as-sentadas, o aumento de incidência e frequ-ência de doenças pulmonares, as chuvas ácidas e emissão de gases de efeito estufa.

Divulgação

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O cerrado, segunda maior formação vegetal brasileira, estende-se por uma área de aproximadamente 2

milhões de km², abrangendo 12 estados bra-sileiros: Maranhão, Piauí, Bahia, Minas Ge-rais, Tocantins, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Pará e Rondônia, além do Distrito Federal e de apa-recer em manchas em Roraima e no Amapá.

O bioma detém um terço da biodiversida-de brasileira, 5% da fauna e flora mundiais (es-

e outra chuvosa, entre outubro e março. O solo, característico de savanas tropicais, é deficiente em nutrientes e rico em ferro e alumínio, fazendo assim com que sua pai-sagem abrigue plantas com aparência seca, pequenas arvores de troncos retorcidos e curvados, além de folhas grossas e espar-sas em meio a uma vegetação rala e rastei-ra, misturando-se, às vezes, com campos limpos ou matas de árvores de porte mé-dio, chamadas de Cerradões.

Biomas BrasileirosUma viagem pelos

Visto como um tipo de vegetação pobre e como uma fronteira, o bioma abriga uma das maiores biodiversidades brasileiras

Da Redação

tima-se que 10 mil espécies de vegetais, 837 de aves e 161 de mamíferos vivam na região) e é o nascedouro das águas que formam as bacias hidrográficas Amazônica, do Rio São Francisco e do Paraná/Paraguai. Além disso, sob o solo de vários estados do Cerrado, está o Aquífero Guarani, maior manancial de água doce subterrânea transfronteiriço do mundo.

Seu clima é típico das regiões tropi-cais, com duas estações climáticas bem de-finidas: uma seca, entre abril e setembro,

As verdades por trás do Cerrado

Edison Luís Zanatto

Neo Mondo - Novembro/Dezembro 201222

Especial - Biomas Brasileiros

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O ipê-amarelo, árvore típicas do cerrado brasileiro

1. Sucuri verde (Eunectes murinus): chamada também de Anaconda, vive em áreas alagadas do Cerrado. É a maior e mais conhecida sucuri brasi-leira, tendo a fama de ser uma cobra enorme e perigosa.

2. Tamanduá-bandeira (Myrmecopha-ga tridactyla): é um animal que não tem dentes e que, portanto, utiliza sua língua longa e pegajosa para fa-cilitar a captura de alimentos. Tem em seu cardápio formigas, cupins e larvas de besouros, chegando a co-mer cerca de 30.000 insetos por dia. É um animal solitário, que se aproxi-ma de outros da mesma espécie so-mente na hora do acasalamento e da amamentação.

3. Veado Campeiro (Ozotoceros bezo-articus): é um veado campestre que mede cerca de 1 metro de comprimen-to. Tem a pelagem dorsal marrom, com barriga, contorno da boca e círcu-

lo ao redor dos olhos brancos. Possui uma galhada com três pontas e cerca de 30 cm de altura.

4. Urubu-rei (Sarcoramphus papa): é uma ave de rapina da família Catharti-dae, que tem sua caça proibida no Bra-sil, pois é considerada uma ave impor-tante na limpeza do meio ambiente.

5. Lobo-guará: (Chrysocyon brachyu-rus): é o maior mamífero canídeo nati-vo da América do Sul. A sua distribui-ção geográfica estende-se pelo sul do Brasil, Paraguai, Peru e Bolívia, estan-do extinto no Uruguai e na Argentina. É considerado espécie ameaçada de extinção no Brasil.

Cerrado Social O aparecimento de pessoas na região

data de pelo menos 12 mil anos. Grupos de caçadores e coletores de frutos e outros alimentos naturais começaram a povoação no bioma. No entanto, o aumento no nú-

Tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) Lobo-guará (Chrysocyon brachyurus)

João Antonio de Lima Esteves

Malene Thyssen

Cerrado FlorestalApesar de ainda pouco conhecida, a flo-

ra do cerrado é uma das mais ricas do mun-do. Estima-se que existam 10 mil espécies de plantas, sendo 3.000 delas do estrato ar-bóreo-arbustivo e 7.000 do herbáceo-subar-bustivo. Em termos de riqueza de espécies, este bioma é superado apenas pelas floras da floresta Amazônica e da Mata Atlântica. Entre as plantas, destacam-se as famílias das Leguminosas (Mimosaceae, Fabaceae e Caesalpiniaceae), das Gramíneas (Poaceae) e das Compostas (Asteraceae). Uma das ca-racterísticas do bioma é a heterogeneidade de sua distribuição, havendo espécies endê-micas em cada região do Cerrado.

Cerrado AnimalSeguindo a linha de sua vegetação, a

fauna do bioma é pouco conhecida. Mesmo assim, ela apresenta números impressio-nantes. Existem cerca de, no mínimo, 161 espécies de mamíferos, 837 espécies de aves (4º lugar em diversidade no mundo), 150 es-pécies de anfíbios (8º lugar em diversidade no mundo), 120 espécies de répteis, além de uma grande concentração de invertebrados, na qual predomina o grupo dos Insetos.

Entre os vertebrados, o destaque fica para os animais de maior porte, como a jibóia, a cascavel, várias espécies de jara-raca, o lagarto teiú, a ema, a seriema, o urubu-comum, o urubu-caçador, o urubu--rei, as araras, os tucanos, os papagaios, os gaviões, o tatu-peba, o tatu-galinha, o tatu--canastra, o tatu-de-rabo-mole, o taman-duá-bandeira, o tamanduá-mirim, o veado campeiro, o cateto, a anta, o cachorro-do--mato, o cachorro-vinagre, o lobo-guará, a jaritataca, o gato mourisco, a onça-parda e a onça-pintada. Conheça as características de alguns deles:

Neo Mondo - Novembro/Dezembro 2012 23

Divulgação

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Formações de arenito do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães vistas do mirante da “Cidade de Pedra”

mero de habitantes foi lento. Há cerca de 40 anos é que esse panorama mudou. Um grande número de pessoas começou a mi-grar para a região por causa das novas polí-ticas econômicas instaladas nas décadas de 60 e 70. Atualmente, vivem no bioma cerca de 20 milhões de pessoas. Essa população é majoritariamente urbana e enfrenta proble-mas como desemprego, falta de habitação e poluição, entre outros, principalmente por causa do desenvolvimento desigual dentro do bioma, segundo Análises realizadas pelo Laboratório de Processamento de Imagens da Universidade Federal de Goiás.

Apesar dos dados negativos em rela-ção ao desemprego, à falta de habitação e à poluição, algumas das áreas onde a agricultura comercial conseguiu se desen-volver mais intensamente apresentaram avanços significativos em termos de de-senvolvimento humano, com diminuição dos índices de pobreza e aumentos impor-

tantes do IDH (Índice de Desenvolvimen-to Humano). Por outro lado, algumas áreas de ocupação mais recente mostram uma tendência ao acentuamento na concentra-ção de renda na mão de poucos.

Cerrado Econômico Na economia, o destaque fica para a

agricultura mecanizada de soja, milho e algodão, que começa a se expandir, prin-cipalmente, a partir de 1960. Naquela época, o Cerrado sofreu uma forte expan-são da fronteira agropecuária, estimula-das por políticas de crédito nacionais e internacionais voltadas para exploração de grãos e de carnes.

Em 1970, novas políticas de de-senvolvimento, o surgimento de novas tecnologias e investimentos em infra--estrutura ajudaram na geração de uma nova dinâmica econômica, que resultou na abertura e ocupação de grandes áreas

Estrada no Cerrado

de Cerrado através da expansão da agri-cultura comercial.

Ainda por causa das novas tecnolo-gias, as produções de grãos começaram a aumentar. Um exemplo é a soja. A região Centro-Oeste aumentou em quase 900% sua produção, chegando, hoje, a produzir 50% da soja do todo e Brasil e 13% da soja de todo o planeta. Outros exemplos de produção do Cerrado são: o milho (20% da produção nacional), o arroz (15% da pro-dução nacional) e o feijão (11% da produ-ção nacional). Na pecuária, o Centro-Oeste detém mais de um terço de todo rebanho bovino nacional e cerca de 20% dos suínos.

Por outro lado, a expansão da frontei-ra agropecuária e a evolução tecnológica de agricultura no Cerrado fizeram com que a absorção de mão-de-obra ficasse cada vez menor. Em 1985, por exemplo, as áreas mais evoluídas tecnologicamen-te da agricultura geravam praticamente quatro vezes menos emprego que as áre-as ainda não incorporadas à economia de mercado. Sem atividades no campo, a população começou a migrar para as cidades, que também não conseguiram receber e empregar todo o contingente de migrantes. Hoje, as áreas de agricultura comercial consolidada no Cerrado ainda são aquelas onde há menor disponibilida-de de empregos por área utilizada.

Problemas biológicosA vasta riqueza biológica que o Cerra-

do possui acaba trazendo problemas para seu ecossistema. Inclusive, ele é o sistema ambiental brasileiro que mais sofreu alte-ração com a ocupação humana. A caça e o comércio ilegal de animais é um deles, o que acaba fazendo com que grande parte dos animais entre em extinção.

Mapa da ecoregião do Cerrado Os limites da ecorregião mostrados em amarelo

João Antonio de Lima Esteves

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Especial - Biomas Brasileiros

Imagens: NASA.

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Neo Mondo - Setembro 2008 A

Imagens: NASA.

Curiosidades

• A ocupação do Cerrado iniciou-se no século XViii com a mineração, que se desenvol-veu num rápido ciclo de exploração intensiva.

• O Cerrado é uma região com algumas peculiaridades: conta apenas com duas es-tações climáticas bem marcadas (seca e chuvosa) e tem uma rica biodiversidade associada a uma aparência árida, decorrente dos solos pobres e ácidos.

• somando-se as áreas da Espanha, França, Alemanha, itália e inglaterra, chegamos ao espaço ocupado pelo Cerrado.

• Por não ser considerado “Patrimônio nacional” pela Constituição Federal, diferente-mente da Amazônia, Mata Atlântica, Pantanal e Zona Costeira, a tarefa de conservar o Cerrado é ainda mais difícil e debilitada.

• As árvores do Cerrado são responsáveis por cerca de 80% do carvão vegetal consu-mido no Brasil.

• O Cerrado possui um grau de endemismo (exclusividade) altíssimo e é uma das regiões de maior diversidade do planeta, mesmo sendo um bioma pouco conhecido e estudado.

• Das 837 espécies de aves registradas no Cerrado, 759 se reproduzem na região e o restante são aves migratórias.

• O Cerrado é uma das regiões do Brasil com o maior número de insetos. Apenas na área do Distrito Federal, há 90 espécies de cupins, 1000 espécies de borboletas e 500 tipos diferentes de abelhas e vespas.

• O Cerrado abriga as nascentes de importantes bacias hidrográficas da América do sul: Platina, Amazônica e são Francisco, sendo assim considerado o “berço das águas”,

observação: só se come a camada amarela e macia que envolve o caroço do pequi. A parte interna da fruta é cheia de espinhos e, se morder com força, pode acabar machucando a boca.

Receita Típica do Cerrado: Frango com Pequi*

Ingredientes:• 1 frango caipira picado e sem pele • 12 caroços de Pequi • 1 cebola média picada• 4 dentes de alho amassados com sal • 1 colher de sopa de óleo • 1 litro de água • salsa, cebolinha e pimenta-de-cheiro

Preparo:1. Ponha óleo na panela;2. Assim que o óleo esquentar, coloque a cebola para dourar;3. Depois disso, acrescente o alho com o sal e o frango;4. Deixe refogar bem e acrescente o Pequi;5. Adicione a água aos poucos;6. Quando a água estiver toda na panela, acrescente a pimenta e

o cheiro verde, e deixe cozinhar por mais ou menos 30 minutos;7. se necessário, adicione mais água;8. Quando o frango estiver bem cozido, está pronto para servir.

Fontes:- Almanaque Brasil Socioambiental -

ISA 2008- Mundo de Sabores: www.mundo-

desabores.com.br - Portal Brasil: www.portalbrasil.net- WWF Brasil – www.wwf.org.br

*O pequi (Caryocar brasiliense) é uma árvore nativa do cerrado brasileiro, cujo fruto é muito utilizado na cozinha do nordeste, do centro-oeste e do norte de Minas Gerais.

Outro problema é a atividade garim-peira na região. Ela acaba contaminando os rios com mercúrio e contribui para seu as-soreamento, além de favorecer o desgaste dos solos. Solo que também sofre com outro problema: a erosão. O manejo pouco cuida-doso do mesmo tem ocasionado perdas ex-pressivas desse precioso recurso natural. Se-gundo estimativas do WWF, para cada quilo de grãos produzido no Cerrado, perdem-se de 6 a 10 quilos de solo por erosão.

O meio aquático também é afetado pela agricultura. Há um grande consumo de água para irrigação, o que, na maioria das vezes, acaba gerando um desperdício excessivo desse bem. O resultado disso é o número crescente de conflitos pela água entre agricultores, e entre uso agrícola e uso urbano da água em muitos estados.

Desmatamento e Degradação O Cerrado, assim como todos os bio-

mas brasileiros, sofre com a destruição de sua paisagem. Avaliações recentes aponta-ram uma perda entre 38,8% (segundo da-dos da Embrapa Cerrado) e 57% (segundo dados Conservação Nacional) na cobertura vegetal nativa da região.

A diferença nos dados apresentados está diretamente ligada a grande dificuldade de se mapear os diferentes ecossistemas do bioma, principalmente na diferenciação de pastagens naturais e pastagens plantadas. Outro dado, também da Conservação Internacional, apon-tou que a taxa de desmatamento no bioma, até o ano de 2004, era de 2,6 hectares por mi-nuto, ou seja, 111 mil hectares por mês. Parte

da culpa dessa destruição está ligada ao efeito do desenvolvimento das agriculturas em lar-ga escala. A abertura de estradas durante o mesmo desenvolvimento também resultou no desmatamento de boa parte do bioma.

Uma contradição disso tudo é que, mesmo com esses números alarmantes, o Cerrado é um dos biomas mais desampa-rados e esquecidos em termos de proteções legais. Até 2003, menos de 2% de sua área encontrava-se protegida em unidades de conservação de uso sustentável. Além dis-

so, o Cerrado não é considerado Patrimônio Nacional na Constituição Federal, diferen-temente da Amazônia, da Mata Atlântica, da Zona Costeira e do Pantanal.

Neo Mondo - Novembro/Dezembro 2012 25

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A Caatinga, único bioma exclusiva-mente brasileiro, é a região do Bra-sil que ocupa 9,92% do território

nacional. Seu nome, de origem tupi-gua-rani, significa floresta branca, referência ao retrato de sua vegetação que perde as folhas durante a seca para reduzir a perda de água, adquirindo um tom branco-acin-zentado em seu tronco.

Distribuída em 844 mil km², ou seja, 60% do nordeste brasileiro, engloba os estados do Ceará (100%), Rio Grande do Norte (95%), Paraíba (92%), Pernambuco (83%), Piauí (63%), Bahia (54%), Alagoas (48%), Sergipe (49%), Minas Gerais (2%) e Maranhão (1%), segundo o Mapa de Biomas do Brasil, lançado em 2004, pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em parceria com o Ministério do Meio Ambiente.

Ao todo, são 932 espécies de plantas na região, sendo 318 exclusivas da área. Por causa do clima semi-árido, elas pre-cisaram se adaptar para sobreviver, re-sultando em plantas tortuosas, de folhas pequenas e finas ou até reduzidas a es-pinhos, com cascas grossas e sistema de raízes e órgãos específicos para o armaze-namento de água.

Exemplos de vegetação típica da Caatinga são os cactos, como o manda-caru (Cereus jamacaru) e o xique-xique (Pilosocereus gounellei), as barrigu-das (Cavanillesia arbórea), o pau-mocó (Luetzelburgia auriculata) e o umbuzei-ro (Spondias tuberosa), famoso por pos-suir múltiplos usos: das folhas, saem saladas; do fruto, polpa para sucos, li-cor e doces; e da raiz, farinha comestí-vel, ou vermífugo.

Biomas BrasileirosUma viagem pelos

Conheça as características da Caatinga, único bioma exclusivamente brasileiroDa Redação

Sua paisagem reflete seu clima quen-te, com temperaturas elevadas durante a maior parte do ano, chuvas escassas e irre-gulares, longos períodos de secas, precipita-ção anual média variando entre 400 e 650 mm e solos rasos e pedregosos. Seus rios são, na maioria, sazonais. As únicas exce-ções são os rios Parnaíba e São Francisco.

caatinga FlorestalSegundo o livro “Ecologia e Conservação

da Caatinga”, existem 12 tipos diferentes de “caatingas”, que variam desde florestas altas e secas, com árvores de até 20 metros de al-tura, até afloramentos rochosos com arbus-tos baixos e esparsos, e com cactos e bromé-lias saindo das fendas do solo. Há ainda o “mediterrâneo” sertanejo, que abriga brejos florestais, várzeas e serras, sendo essa uma área mais úmida e de clima mais ameno.

As diversas faces do semi-árido nordestino

Neo Mondo - Novembro/Dezembro 201226

Especial - Biomas Brasileiros

Foto: Valdir Picheli

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Foto: Valdir Picheli

Mandacaru e Rio São Francisco ao pôr do sol

caatinga animalA Caatinga possui uma grande di-

versidade animal em seu bioma. Exis-tem 510 espécies de aves, 240 de peixes (136 endêmicas), 154 de répteis e anfí-bios (57 endêmicas), e 144 de mamífe-ros (10 endêmicas).

Destaque para os peixes que, mesmo com o predomínio de rios temporários e da contaminação dos cursos de água, ainda conseguem sobreviver nesse ambiente. Para isso, vivem em rios sazonais como estraté-gia de reprodução: depositam os ovos resi-dentes que só eclodem em épocas de chuva. Entre os mamíferos nativos da região, há o predomínio das espécies de morcegos e roe-dores: 64 e 34, respectivamente.

Já entre répteis e anfíbios, os destaques ficam para as serpentes, lagartos e anfisbe-nídeos, conhecidos como cobra-cegas. Estes são considerados animais característicos do semi-árido da Caatinga, sendo, a maioria, endêmica do Médio do Rio São Francisco. Isso porque, após a alteração de seu curso, devido às mudanças climáticas no fim do Pe-ríodo Pleistoceno (entre 1,8 milhão e 11 mil anos atrás), esses animais ficaram separados em grupos nas margens do rio, estimulando a formação de novas espécies e, consequen-temente, de espécimes exclusivos.

Por outro lado, de acordo com a lista nacional das espécies de fauna brasileira ameaçada de extinção, publicada em maio de 2003, pelo Ibama, vivem no bioma 28 espécies ameaçadas de extinção. Conheça alguns dos animais ameaçados:• Tatu-bola (Tolypeutes trinctus): consi-

derado o menor tatu brasileiro, medin-do de 22 a 27 centímetros, esse animal enrola seu corpo e fica parecido com uma bola quando se sente ameaçado.

• Mocó (Kerodon rupestris): rato que chega a medir 40 centímetros. Está ameaçado de extinção pelo fato de fi-gurar entre as espécies da caça de sub-sistência praticada pelo sertanejo para acabar com a fome.

• Ararinha-azul (Cyanopsitta spixii): a pequena ave está praticamente extinta na natureza, vítima do tráfi-co de animais silvestres. É uma das muitas espécies que durante a seca se refugiavam em brejos de altitu-de, beira de rios, entre outros locais mais úmidos.

• Arribaçã (Zenaida auriculata noronha): é uma espécie de pomba que migra de acordo com a frutificação da flora no sertão nordestino. Está ameaçada de extinção por ser presa fácil para os ca-çadores, já que faz ninhos no chão.

• Galo-da-campina (Paroaria dominica-na): é considerado um dos mais bo-

nitos pássaros brasileiros. Alimenta--se, principalmente, de sementes. Por possuir um belíssimo canto, é muito perseguido pelos comerciantes de ani-mais da região.

caatinga SocialA Caatinga abriga as maiores desigualda-

des sociais do Brasil. Sua população de cerca de 28 milhões de pessoas figura entre as mais pobres do Nordeste, recebendo, em média, menos de um salário mínimo por mês.

Além disso, a região possui os mais baixos Índices de Desenvolvimento Hu-mano (IDH), os mais elevados percentuais de população empobrecida, as maiores ta-xas de mortalidade, cerca de 100 mil por mil, e elevadas taxas de analfabetismo para maiores de 15 anos (entre 40% e 60%). Esses dados refletem o processo de ocu-pação da Caatinga, que concentrou terra e poder no domínio de poucos.

Tatu-bola (Tolypeutes trinctus) Galo-da-campina (Paroaria dominicana)

Foto: Valdir Picheli

Foto: Luis Neto

Neo Mondo - Novembro/Dezembro 2012 27

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Barragem em plena caatinga do nordeste brasileiro. Observa-se o contraste da colora-ção da vegetação, seco ao fundo e verde próximo a barragem

Degradação da caatingaA Caatinga, como todos os biomas

brasileiros, também está sofrendo um pro-cesso de degradação acelerado. Uma das principais causas é o desmatamento, feito em especial para a produção de lenha, uti-lizada como fonte de energia em residên-cias, olarias e siderúrgicas.

Outros dois fatores de degradação são a pecuária extensiva, com o consumo e destruição da vegetação pelos animais, e a agricultura de irrigação, que avança ao longo do Rio São Francisco em municípios como Juazeiro e Petrolina. Tal modelo de cultivo compromete os lençóis freáticos, salinizan-do e contaminando o solo com agrotóxicos.

A desertificação, processo de degradação ambiental que ocorre nas regiões com clima seco, também é responsável pela destruição do bioma. Esta atinge 181 mil km² do semi--árido brasileiro, sendo que 15 mil km² já es-tão em situação de extrema gravidade.

mudanças climáticas na RegiãoAs mudanças climáticas vêm afetando

todo o mundo. Com o aumento da tem-peratura, que nos próximos anos pode subir até 3°C, a Caatinga poderá dar lugar a uma vegetação típica dos desertos, com predominância de cactáceas. Isso porque o bioma possui um alto potencial para a eva-poração e, combinado com o aumento da temperatura, causaria diminuição da água de lagos, açudes e reservatórios.

Ambientalmente, o Nordeste ficaria a mercê de chuvas torrenciais, que resulta-riam em enchentes e, consequentemente, em grandes impactos ambientais. Além disso, a frequência de dias secos conse-cutivos e de ondas de calor aumentaria.

Socialmente, as mudanças climáticas também trariam problemas. A falta de água e as altas temperaturas tornariam a produ-ção agrícola de subsistência inviável. Com isso, populações inteiras começariam a mi-

Angico, usado na medicina como adstringente

grar para as grandes cidades da região ou para outras regiões, o que geraria um caos nas metrópoles, que não teriam condições de abrigar tantas pessoas, agravando ainda mais os problemas sociais e urbanos.

medicina da caatingaA medicina na Caatinga é baseada no

uso de plantas. O utilização de folhas, raí-zes e cascas, entre as quais as da catinguei-ra (antidiarréica), do jerico (diurético) e do angico (adstringente), é muito difundida entre a população que habita a região, sen-do estes itens obrigatórios das tradicionais feiras e mercados locais.

Com base nas plantas medicinais, o projeto “Farmácias Vivas” foi criado pela Universidade Federal do Ceará em 1985. Ele visa transferir para pequenas comunidades governamentais o conhecimento científico sobre plantas medicinais da região e seu uso medicamentoso correto. Dessa maneira, a parte menos abastada da população nordesti-na poderia empregar tais ervas no tratamento de doenças. O projeto já selecionou e compro-vou cientificamente a eficácia de mais de 60 espécies de plantas medicinais do Nordeste.

parque Nacional Serra da capivaraO Parque Nacional Serra da Capivara está

localizado no sudeste do Estado do Piauí, ocu-pando áreas dos municípios de São Raimun-do Nonato, João Costa, Brejo do Piauí e Coro-nel José Dias. Cobrindo uma área de 130 mil hectares e tendo um perímetro de 214 km, ele é o único Parque Nacional situado no do-mínio da Caatinga. Criado por diversos moti-vos, que variam desde a preservação de seu meio ambiente específico até fatores culturais e turísticos, o parque tornou-se Patrimônio Natural da Humanidade em 2002, 11 anos após o pedido da UNESCO para tal feito.

Parque Nacional Serra da Capivara

Foto: Robsson RodriguessFoto: Valdir Picheli

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Especial - Biomas Brasileiros

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Neo Mondo - Setembro 2008 A

Foto: Robsson Rodriguess

Possuidora de um grande patrimônio cultural, a unidade de preservação tem uma das mais largas quantidades de sítios arqueo-lógicos do mundo. Atualmente, cerca de 912 sítios estão cadastrados pela FUMDHAM (Fundação do Homem Americano), sendo que 657 apresentam pinturas e gravuras ru-pestres. Isto indica que o homem já habitava aquela região há 100 mil anos atrás.

Além da parte cultural, o Parque Nacional Serra da Capivara possui uma riqueza vegetal exclusiva de tal área, resultante de duas gran-des formações geológicas: a bacia sedimentar Maranhão-Piauí e a depressão periférica do rio São Francisco. A região é uma das últimas do semi-árido possuidora de importantes di-versidades biológicas, com paisagens que va-riam entre serras, vales e planícies. Todas as belezas dessa unidade de conservação dão ao parque uma importante função no turismo, sendo esta uma alternativa de desenvolvi-mento para a área.

Porém, o parque já sofreu com a de-gradação. Depois de criado, a região ficou abandonada durante dez anos por falta de recursos federais. Durante este período, a Unidade de Conservação foi considerada “terra de ninguém”. Por tal fato, ela sofreu com a depredação e destruição da flora, principalmente através de caminhões vindos do sul do país que desmatavam e levavam, de maneira descontrolada, as es-pécies nobres, próprias da Caatinga.

Também, a caça comercial se trans-formou numa prática popular com con-sequências horríveis para as populações

Curiosidades

• Existem cerca de 327 espécies de animais endêmicas, ou seja, exclusivas na Caatinga.

• na vegetação, os números são parecidos: cerca de 323 espécies de plantas são endêmicas.

• Uma área bem conservada de Caatinga pode abrigar cerca de 200 espécies de formi-gas, enquanto uma mais degradada não suporta mais do que 40.

• As ações do homem na Caatinga já destruíram metade da paisagem da região, sendo que quase 20% do bioma já estão com alto grau de degradação, ou seja, com risco de desertificação.

• A Caatinga abriga a ave com maior risco de extinção no Brasil, a ararinha-azul (Cya-nopsitta spixii). Apenas um único macho dessa espécie foi encontrado na natureza. também nesse bioma vive a segunda ave mais ameaçada do país, a arara-azul-de--lear (Anodorhynchus leari), que habita os arredores de Canudos (BA).

• na estação seca das regiões da Caatinga, a temperatura do solo pode chegar a 60ºC.

• As vegetações do bioma se adaptaram ao ambiente que vivem de forma estratégica: a perda das folhas das plantas reduz a superfície de evaporação quando falta água.

ces e faces que compõem esse importante ponto estratégico do Brasil.

Na exposição, localizada em um salão de mais de 200m² no Campus Campina Grande da UFCG, belos painéis explicati-vos, peças em barro, madeira, roupas de couro, cancioneiro popular, utensílios do-mésticos e de trabalho do homem do cam-po remetem os visitantes aos ambientes nativos da Caatinga.

animais. As espécies começaram a dimi-nuir em uma velocidade impressionante e algumas delas, como os veados, emas e tamanduás, praticamente desapareceram.

museu do semi-áridoCriado em 15 de maio de 2007, o Museu

Interativo do Semi-Árido (MISA) nasceu a partir de uma iniciativa da Universidade Fe-deral de Campina Grande (UFCG) de fomen-tar a importância da Região Semi-Árida para o país. Através da Exposição “Viver e Com-preender”, o museu é elemento primordial para a transmissão dos traços fundamentais do semi-árido, exibindo as principais nuan-

Junte o coentro e o arroz na panela e refogue bem; Acrescente o feijão e o paio já cozidos, juntamente com o caldo

e misture bem os ingredientes; tampe a panela e deixe cozinhar até que o arroz fique cozido,

úmido e com consistência cremosa; Durante o cozimento do arroz, se necessário, adicione água,

tomando o cuidado para não deixar a mistura ficar seca; Junte a salsinha e mexa com cuidado; Cubra o arroz com as fatias de queijo, tampe a panela

novamente e deixe que o vapor derreta o queijo. Quando o queijo estiver derretido, sirva o prato com

carne-de-sol frita.

Receita Típica da Caatinga: Baião de Dois

Ingredientes:• 1/2 kg de feijão verde, ou feijão de corda (feijão verde já seco)•

200 g de toucinho defumado• 1 paio (cortado em rodelas) • 2 tabletes de caldo de bacon • 1 cebola grande picada ou ralada • 1 dente de alho amassa-

do • 1 pimenta de cheiro amarela • 4 colheres (sopa) de óleo • salsinha ou coentro picado, de 1 colher (sopa) à 1 xícara• 2 e

1/2 xícaras (chá) de arroz • 150g de queijo de coalho (cortado em fatias finas)

Preparo: Lave o feijão e deixe-o de molho na véspera do preparo; no dia seguinte, cozinhe-o juntamente com o paio e o caldo de

bacon, dissolvido em dois litros e meio de água fria; tampe a panela e deixe cozinhar em fogo baixo por cerca de

1 hora; Em outra panela, coloque o óleo e deixe a cebola e o alho

dourando;

Fontes:- Almanaque Brasil socioambiental 2008 –

isA (instituto socioambiental)- WWF - http://www.wwf.org.br

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Biomas BrasileirosUma viagem pelos

Considerado como a maior planície alagável do mundo, o bioma tem a importante função de corredor biogeográfico entre as duas maiores bacias da América do sul

Da Redação

Por baixo das cheias do Pantanal

Neo Mondo - Novembro/Dezembro 201230

O Pantanal, maior planície alagável do mundo, se estende por diver-sos países da América Latina, en-

tre eles Brasil, Bolívia e Paraguai, ocupan-do uma área total de 210 mil km². Com a maior parte no território nacional (cerca de 70%), o bioma está presente nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Considerado como um elo de ligação entre as duas maiores bacias da América do Sul (do Prata e da Amazônia), a região pan-taneira tem a importante função de corre-dor biogeográfico, permitindo assim a dis-

persão e a troca de espécies de fauna e flora entre os lugares. Por esse e por outros mo-tivos, grande parte do Pantanal (e da Bacia Hidrográfica do Prata) é considerado Patri-mônio Natural da Humanidade pela Unes-co, além de estar presente na Constituição Brasileira como Patrimônio Nacional.

Mesmo não possuindo um número mui-to grande de espécies endêmicas (exclusivas), o bioma tem qualidades de uma “ecorregião”, ou seja, possui características específicas por englobar diversos outros biomas, como o Cer-rado (leste, norte e sul), o Chaco (sudoeste),

a Amazônia (norte), a Mata Atlântica (sul) e o Bosque Seco Chiquitano (nordeste). Essas peculiaridades, somadas ao regime de cheia e seca, faz com que o Pantanal possua uma variabilidade muito grande de espécies.

Em relação ao clima, a região possui tem-peraturas quentes e úmidas no verão (média de 32 graus) e frias e secas no inverno (em torno de 21 graus). Já a umidade varia de acordo com os meses do ano, sendo, de junho a outubro, a época de secas e, de novembro a maio, a época das cheias. Desta forma, sua precipitação anual gira em torno de 1000 e 1400 milímetros.

Especial - Biomas Brasileiros

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Neo Mondo - Novembro/Dezembro 2012 31

Pantanal FlorestalO Pantanal possui uma vegetação

muito rica, com cerca de 1650 espécies de árvores e arbustos. Por ter a mistura de vá-rios biomas, sua paisagem varia de acordo com a estação e/ou local. Por exemplo, nos períodos de seca, os campos pantaneiros são, predominantemente, cobertos por gramíneas e vegetações típicas do cerrado.

Já nos pontos mais altos, como picos de morros, há o predomínio da flora típi-ca da caatinga, com barrigudas, gravatás e mandacarus, além da ocorrência da vitó-ria-régia, planta típica da Amazônia.

Nas partes alagadas, as vegetações flutuantes, como aguapé e a salvinia, são predominantes. Essas, quando carregadas pelos rios, formam ilhas verdes, chamadas de camalotes. Outra flora existente é a de mata densa e sombria, normalmente en-contradas em volta das margens mais ele-vadas dos rios.

Entre as plantas mais famosas do Pan-tanal está o Carandá (Copernicia australis), planta da família das arecáceas, de rápida germinação e abundante na forma silves-tre, principalmente por ser muito resisten-te ao frio. Podendo chegar aos 20 metros de altura e 40 centímetros de diâmetro, seu tronco é muito utilizado na indústria madeireira para construção de postes para linhas telefônicas e elétricas.

Pantanal AnimalAssim como a flora, a diversidade da

fauna pantaneira também é muito grande, sendo, inclusive, considerada umas das mais ricas do planeta. São cerca de 656 espécies de aves (no Brasil inteiro estão catalogadas cerca de 1800), 1.132 de bor-boletas, 122 de mamíferos, 263 espécies de peixes e 93 de répteis. Conheça alguns dos animais do bioma:

1. Arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus): é uma ave da família Psit-tacidae, que possui plumagem azul com um anel amarelo em torno dos olhos. Reproduz-se a partir dos 3 anos de ida-de, dando cria a dois filhotes por vez. Alimenta-se, basicamente, de sementes, frutas, insetos e pequenos vertebrados.

2. Tuiuiú (Jabiru mycteria): é uma ave per-nalta da família Ciconiidae. Considerada a ave-símbolo do Pantanal, o tuiuiú tem pernas de coloração preta, com pluma-gem do corpo branca, pescoço nu e preto, e papo nu e vermelho. Chega a ter 1,4 metro de comprimento e mais de 1 me-tro de altura, além de pesar 8 quilos. Sua alimentação é basicamente composta por peixes, moluscos, répteis, insetos e pe-quenos mamíferos. Também se alimenta de pescado morto, ajudando a evitar a putrefação dos peixes que morrem por falta de oxigênio nas épocas de seca.

3. Cervo do pantanal (Blastocerus di-chotomus): é um mamífero ruminan-te da família dos cervídeos. Maior veado da América do Sul, o cervo-do--Pantanal tem uma galhada bifurca-da, com cinco pontas em cada haste. Muito arisco durante o dia, ficando escondido na maior parte dele, sai à noite às clareiras em grupos de cinco ou mais para alimentar-se de capim, juncos e plantas aquáticas. Embora sua carne não sirva para comer, o cervo-do-Pantanal é caçado por cau-sa do seu couro e galhada.

4. Colhereiro-comum (Platalea leucoro-dia): é uma ave pernalta da família Threskiornithidae. Seu nome deriva-se de sua habilidade de colher, através do seu bico, animais aquáticos para ali-mentação. Vive em pequenos bandos ou solitariamente e se alimenta de pei-xes, crustáceos, insetos e moluscos.

Tuiuiú (Jabiru mycteria)

Foto: Francisco Renato Galvani

Felipe Trindade

Arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus)Cervo do pantanal

(Blastocerus dichotomus)

Jenny Mackness

Divulgação

Aguapés no Pantanal

Divulgação

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Neo Mondo - Novembro/Dezembro 201232

5. Jacaré-do-pantanal (Caiman yacare): é um réptil que mede entre dois a três metros de comprimento e seu padrão de coloração é bastante variado, sendo o dorso particularmente escuro, com faixas transversais amarelas, principal-mente na região da cauda. Alimenta-se de peixes, moluscos e crustáceos. Suas fezes servem de alimento para muitos peixes. Uma característica interessante sobre este animal é sua temperatura corporal, que varia entre 25 a 30 graus.

Pantanal Social e EconômicoCom uma população aproximada de

1,1 milhão de pessoas, o Pantanal apre-senta uma distribuição geográfica muito desigual, com cidades variando de 12 mil habitantes, como Porto Murtinho (MS), até 500 mil habitantes, como Cuiabá (MT).

Entre as atividades econômicas de-senvolvidas por essa população, destaca--se a pesca, que tem ligação direta com o turismo e com a sobrevivência da área. Esse tipo de estimulo econômico é o maior gerador de renda dos residentes da região, dividido em três categorias: pesca de subsistência, que é fonte de ali-mento das populações ribeirinhas; pesca profissional, que tem a função de gerar renda aos pescadores, principalmente, na venda de espécies nobres, como pintado, dourado e pacu; e pesca esportiva, maior atrativo turístico do Pantanal, o qual re-cebe, em média, 450 mil pescadores de fora por ano.

Outra atividade é a pecuária, que ex-pandiu-se no final do século XIX. Em sua maioria, é feita de maneira extensiva, ou seja, de maneira livre, sem cuidado de ma-nejo. Estes animais (calcula-se que existam cerca de 3,2 milhões de cabeças na área

Um dos processos mais acelerados de destruição está ligado a uma grande fon-te de renda da região e do País como um todo: o gasoduto Brasil-Bolívia. A grande necessidade de carvão vegetal para abas-tecimento dos fornos desses gasodutos faz com que a taxa de desmatamento cresça de forma impressionante.

As queimadas são outro problema da região pantaneira. Além de destrui-rem o solo, que perde todos os nutrien-tes, atingem a própria população, que fica contaminada pela fumaça, lotando os postos de saúde com problemas pul-monares, e também os pássaros, que acabam se afastando, também por cau-sa da fumaça.

Um terceiro problema é a explo-ração incessante de algumas espécies de animais e de plantas nativas do bioma, que causa a extinção das mes-mas. Além disso, há o comercio ilegal de madeira, que destrói e acaba com as árvores do território.

O quarto problema vem do mar. O tráfico, a caça e a venda de peixes, cha-mados de sobrepesca, acabam com esses animais, o que influencia diretamente na cadeia alimentar da região, já que muitos outros bichos, inclusive terrestres e voa-dores, se alimentam da fauna aquática.

Outro problema é o assoreamento dos rios, decorrente da pecuária no planalto, que faz com que diversos sedimentos ro-lem terreno abaixo até chegaram aos leitos de água. O sexto problema está ligado às atividades mineradoras, que acabam con-taminando os lençóis freáticos.

Fazenda típica do Pantanal no Mato Grosso do Sul

pantaneira) dependem do período de cheia e seca para serem criados, já que, quando há o alagamento das partes baixas, os ani-mais tem que ser levados aos locais mais altos para se alimentar e procriar.

Uma terceira atividade econômica é a mineração e siderurgia. Expandidas, principalmente, na bacia do Alto Rio Paraguai, estas formas de arrecadação de verbas tem uma importante função no crescimento não só da economia re-gional, mas também do resto do Brasil. Entre os principais minérios retirados destacam-se o manganês, o ferro, o cal-cário, o ouro e o diamante, encontrados nos complexos minerais de Maciços do Urucum e de Cuiabá-Cáceres.

Degradação do PantanalAssim como todos os outros biomas

já vistos, o Pantanal também sofre com problemas ambientais de degradação.

Jacaré-do-pantanal (Caiman yacare)

Jenny Mackness

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ulga

ção

Especial - Biomas Brasileiros

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Neo Mondo - Setembro 2008 A

Curiosidades

• Considerada a maior cobra do Pantanal, a sucuri amarela mede até 4,5 metros e se alimenta de peixes, aves e pequenos mamíferos.

• O tuiuiú, ave-símbolo do Pantanal, tem mais de 2 metros de envergadura com as asas abertas.

• Com 1,5 metro de comprimento e 120 quilos, o jaú (bagre gigante) é o maior peixe do pantanal.

• As cheias anuais dos rios da região atingem cerca de 80% do Pantanal e transformam a região em um impressionante lençol d’água, afastando parte da população rural que migra temporariamente para as cidades ou vilas.

• O Pantanal brasileiro possui 144.294 km² de planície alagável, 61,9% dos quais se encontram no Mato Grosso do sul e 38,1% no Mato Grosso.

• O Pantanal atrai cerca de 700 mil turistas por ano, 65% dos quais são pescadores.

• Os 210 mil quilômetros quadrados do Pantanal equivalem à soma das áreas de qua-tro países europeus – Bélgica, suíça, Portugal e Holanda.

• A onça pintada do Pantanal chega a pesar 150 quilos, alimentando-se de, aproxima-damente, 85 espécies de animais que vivem na região.

• O bioma do Pantanal foi reconhecido em 2000 como Reserva da Biosfera. Essas re-servas, declaradas pela Unesco, são instrumentos de gestão e manejo sustentável integrados que permanecem sob a jurisdição dos países nos quais estão localizadas.

• O reduzido desnível da região produz a inundação periódica do Pantanal. Além disso, o relevo faz com que o Rio Paraguai ande bem devagar. Uma canoa à deriva no rio demoraria cerca de seis meses para atravessar o Pantanal.

• A cada 24 horas, cerca de 178 bilhões de litros de água entram na planície pantaneira.

• Existem mais espécies de aves no Pantanal (656 espécies) do que na América do norte (cerca de 500) e mais espécies de peixes do que na Europa (263 no Pantanal contra aproximadamente 200 em rios europeus).

Neo Mondo - Novembro/Dezembro 2012 33

Bonito - Mato Grosso do Sul

6. Acrescente o coco ralado e continue cozinhando, mexendo sempre, por mais alguns minutos;

7. tire do fogo e deixe esfriar;8. Retire pequenas porções da massa e modele formando

bolinhas;9. Coloque em um prato de servir e leve à mesa.

Rendimento: cerca de 30 doces.

Ingredientes:• 2 cidras médias (cerca de 1 kg)• 1 rapadura com cerca de 400 gramas de raspadas ou 3 xícaras

de açúcar mascavo• 1 colher (sopa) de gengibre fresco ralado• 1 coco grande ralado fino

Preparo:1. Lave bem as cidras e rale a casca no ralador grosso sem atingir

a polpa;2. Deixe a casca ralada de molho em uma tigela com água fria,

trocando a água várias vezes, por algumas horas ou até elimi-nar o sabor amargo;

3. Escorra e esprema bem; 4. Coloque a casca ralada em uma panela e junte a rapadura

ou açúcar mascavo, misturando bem o conteúdo; Acrescente gengibre e leve ao fogo brando;

5. Deixe cozinhar, mexendo de vez em quando, até o fundo da panela começar a aparecer;

Receita Típica do Pantanal: Furrundum

Fontes:- Almanaque Brasil Socioambiental -

ISA 2008- São Lucas do Pantanal

www.saolucasdopantanal.com.br- Terra - http://360graus.terra.com.br - WWF Brasil – www.wwf.org.br

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Biomas BrasileirosUma viagem pelos

Abrangendo diferentes ecossistemas, o bioma abriga 70% da população nacionalDa Redação

A superpopulada Zona Costeira

Neo Mondo - Novembro/Dezembro 201234

A Zona Costeira, bioma que possui 41% da área emersa do Brasil, é a região que ocupa cerca de 3,5

milhões de quilômetros quadrados do país. Estendendo-se por mais de 8.500 quilômetros do litoral, o bioma abriga 70% da população brasileira. Por ter em seu território um grande conjunto de ecossistemas, é uma das áreas de maior diversidade nacional.

localizado o que restou da Mata Atlânti-ca, uma das maiores biodiversidades do planeta. Além disso, existem os mangue-zais, áreas de grande importância para a reprodução biótica marinha. Cada um desses ecossistemas é importante à sua maneira e tem significantes reservas de recursos naturais. No entanto, a ocu-pação desordenada, que será explicada mais para frente, está colocando em risco

Divisão da Zona CosteiraA Zona Costeira brasileira possui uma

grande variedade de ecossistemas, todos de grande relevância ambiental. Estão presentes dunas, manguezais, costões rochosos, recifes de corais, entre outros. Por serem diferentes, todos os ambien-tes abrigam espécies únicas de animais e plantas, devido às diferenças climáticas e ao relevo. É na zona litorânea que está

Praia de Copacabana, Rio de Janeiro

Especial - Biomas Brasileiros

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Neo Mondo - Novembro/Dezembro 2012 35

a biodiversidade litorânea. Conheça me-lhor as divisões da costa brasileira:1. Litoral Amazônico: começa na foz

do rio Oiapoque e vai até o delta do rio Parnaíba. Os manguezais são pre-dominantes na região, assim como as matas de várzeas de maré, praias e campos de dunas. Por conta des-ses ecossistemas, o litoral amazônico apresenta uma grande diversidade de crustáceos, peixes e aves.

2. Litoral Nordestino: começa na foz do Parnaíba e continua até o Recôncavo Baiano. Suas maiores características são as dunas que se movimentam com o vento e os recifes calcíferos e areníticos. É nesta área do Nordeste que se encon-tram o peixe-boi e as tartarugas mari-nhas, ambos ameaçados de extinção.

3. Litoral Sudeste: vai do Recôncavo Baiano até São Paulo e é a área com a maior densidade demográfica do país. Com a costa muito recortada, é tomada pela Serra do Mar. Entre as características mais marcantes do li-toral sudeste estão as praias de areias monazíticas (mineral marrom escu-ro), os recifes e as falésias. As espé-cies que habitam essa parte do litoral são a preguiça-de-coleira e o mico--leão-dourado, animais em extinção.

4. Litoral Sul: começa no Paraná e ter-mina no Arroio Chuí, no Rio Grande do Sul. Por possuir áreas predominan-temente de mangues, é mais comum a aparição de aves. Outras espécies frequentes são as lontras, capivaras e ratões-do-banhado.

Ilhas: Divisão Especial

Assim como a Zona Costeira é divi-dida em diversos ecossistemas, há tam-bém uma divisão de ilhas. Ao todo, são

Foto: Francisco Renato Galvani

Craca (Chtamalus stellatus) Caboz (Coryphoblennius galerita)

Divulgação

Reserva Biológica Marinha do Atol das Rocas, que pertence ao estado do Rio Grande do Norte

Divulgação

três tipos, sendo que a maioria delas nasceu a partir da imersão de partes de terra da costa brasileira. Por tal motivo, são consideradas prolongamentos do li-toral do país. São elas:1. Serra do Mar: conjunto de ilhas

que aparecem como pedaços emer-sos de porções que ficam abaixo das águas da Serra do Mar. São centenas delas, que são encontradas ao longo do litoral.

2. Litoral Paulista: são porções de ilhas que se encontram no litoral de São Paulo. São considerados pedaços de terras sedimentares de baixa altitude, denominadas como prolongamento do estado. Exemplo: Ilha Comprida, que é um longo segmento de território isolado pelo mar.

3. Ilhas oceânicas: São ilhas resultan-tes de fenômenos naturais, como o vulcanismo submerso no fundo atlântico. Neste caso, são conside-

radas totalmente desvinculadas do relevo continental brasileiro. Exem-plos: Fernando de Noronha e Atol das Rocas.

Fauna Marinha

O bioma abriga também uma enorme variedade de animais marinhos, dividi-dos em zonas. Em especial, detalharemos três delas: 1. Zona médiolitoral: é a zona com

maior consistência marítima, sen-do, portanto, possuidora da maior variedade de espécimes aquáticas. Entre os animais característicos es-tão a craca (Chtamalus stellatus), um tipo de crustáceo, a lapa (Patella piperata), um tipo de molusco, di-versas algas cianófitas, diferentes espécies de pequenos poliquetas, crustáceos e outros gastrópodes, além de peixes, como o caboz (Coryphoblennius galerita).

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Page 36: Neomondo 51

Neo Mondo - Novembro/Dezembro 201236

A devastação das vegetações nativas pe-los ocupantes leva a movimentação das dunas e até a desabamentos de morros, deformando a paisagem local.

Os animais, os vegetais e até mesmo o “filtro” natural, que limpa as impure-zas lançadas nas águas, são postos em perigo devido ao aterro dos manguezais. Alguns mangues estão estrategicamente situados entre a terra e o mar para for-mar um estuário para a reprodução de peixes, mas as submersões parciais das raízes das árvores do mangue espalham--se sob a água e impedem que os sedi-mentos escoem para o mar.

Outros problemas enfrentados pe-los moradores da região são o lança-mento de esgoto no mar sem nenhum tipo de tratamento e o vazamento de petróleo por parte das transferências de cargas e outras operações feitas pe-los terminais marítimos. Além de toda a degradação natural da parte física da faixa litorânea, a cultura dos povos que habitam a área está perto da extinção devido à expulsão das populações cai-çaras de seus locais de origem.

Tentando contornar esses proble-mas, o Ministério do Meio Ambien-te, em cooperação com o Conselho Interministerial do Mar, os governos estaduais e outras instituições, está tentando ordenar e proteger os ecos-sistemas com a implementação do Pla-no Nacional de Gerenciamento Costei-ro (PNGC). Por sua vez, o Ibama fica encarregado de desenvolver projetos e ações contínuos de gerenciamento dos ecossistemas costeiros.

Praia do Forte, Bahia

Isso impacta diretamente nos ecossis-temas litorâneos, principalmente porque a urbanização em torno destas regiões cresce desordenadamente, com carência em serviços básicos. Tal fato acarreta contaminação das águas e, consequente-mente, degradação do meio marinho.

Além disso, a superpopulação trouxe para a Zona Costeira brasileira ativida-des agrícolas e industriais. Com ela, a poluição, a especulação imobiliária sem planejamento e ainda o grande fluxo de turistas que, cada vez mais, ameaça a integridade ecológica da costa nacional pressionada pelo crescimento dos gran-des centros urbanos. A ”invasão” da área litorânea também causa problemas.

Raia (Raja clavata)

Divulgação

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2. Zona infralitoral: também é muito variada. No entanto, diferencia-se da zona médiolitoral por estar perma-nentemente debaixo da água. É a área normalmente explorada pelos mergu-lhadores. Por estar em locais profun-dos, recebe pouca luz, observando-se, então, a presença de algas fotófilas, enguias-de-jardim (Heteroconger lon-gissimus), raias (Raja clavata), além de invertebrados, como poliquetas, crus-táceos decápodes e moluscos.

3. Zona circlitoral: área marinha coberta por diversos tipos de algas, possuindo, assim, um substrato rico em nutrien-tes, que facilita o desenvolvimento de pequenos invertebrados. Exemplos de animais são o pargo (Pagrus pagrus), peixe com dorso prateado, e o encha-réu (Pseudocaranx dentex), outro tipo de peixe, caracterizado pelas barbata-nas amareladas.

Superpopulação destrutiva

A Zona Costeira possui uma das maiores densidades demográficas do Brasil. Em média, vivem 87 habitantes por quilômetro quadrado, ou seja, cin-co vezes mais que a média nacional (17 hab./km²). Como hoje metade da po-pulação brasileira vive em regiões que ficam distantes em uma faixa de até 200 quilômetros do mar, ou seja, qua-se 100 milhões de pessoas, a área acaba sofrendo com a destruição causada pela superpopulação.

Especial - Biomas Brasileiros

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Curiosidades

• O Brasil possui 7.367 km de linha costeira. No entanto, se levados em conta os recortes litorâneos, como baías, reentrâncias e gol-fões, a área aumenta para mais de 8,5 mil km.

• Quase toda Zona Costei-ra brasileira está virada para o Atlântico Sul. No entan-to, há uma pequena porção que divide águas com o Mar do Caribe.

• O Amapá é o estado que possui a maior área costeira do Brasil (cerca de 12,3% do total). Por outro lado, a área do Piauí não passa de 0,2% do total.

• A Zona Costeira tem densidade demográfica média cinco vezes maior que a média nacional (87 hab/km² contra 17 hab/km²).

• O arquipélago de Fernando de Noronha, uma das mais belas regiões da Zona Costeira, fica a 345 km do nordeste brasileiro e é constituído por uma ilha prin-cipal e 19 ilhotas, possuindo um dos maiores índices de biodiver-sidade marinha do Brasil.

Neo Mondo - Novembro/Dezembro 2012 37

Fernando de Noronha, Pernambuco

8. Deixe cozinhando no fogo alto durante alguns minutos;9. Quando estiver com uma boa consistência, adicione a salsa

picada;10. Polvilhe com sal e pimenta-do-reino;11. Despeje a mistura nos mariscos;12. Regue com bastante óleo ou azeite e leve ao forno quente,

deixando a forma durante 5 minutos, para gratinar;13. Retire do forno e sirva imediatamente.

Ingredientes:• 1 e ½ quilos de mariscos • 2 colheres de sopa rasas de manteiga ou margarina• 50 gramas de farinha de rosca• Pimenta-do-reino em pó• 1 maço de salsa picado• Óleo ou azeite• sal

Preparo:1. Raspe as conchas dos mariscos com o auxilio de uma faca;2. Lave-as muito bem e despeje-as numa frigideira grande, sem

adicionar água;3. Leve ao fogo forte e, à medida que as conchas forem se abrin-

do, retire-as da frigideira;4. separe as conchas, jogando uma das partes fora, deixando

apenas a metade em que o molusco estiver preso;5. Coloque as partes com o molusco em uma forma refratária,

uma ao lado do outro, formando uma só camada;6. Em outra panela, coloque a manteiga ou margarina, deixando-

-a no fogo até que derreta;7. Acrescente então a farinha de rosca e mexa bem com uma

colher de pau;

Receita Típica da Zona Costeira: Mariscos Gratinados

Fontes:

- Almanaque Brasil Socioambiental - ISA 2008

- Ambiente Brasil www.ambientebrasil.com.br

- Animal Show www.animalshow.hpg.ig.com.br

- Mundo de Sabores www.mundodesabores.com.br

- WWF Brasil – www.wwf.org.br

• Somente na costa do Rio Gran-de do Sul, foi registrada a pre-sença de aproximadamente 570 espécies de aves diferentes.

• Como a Zona Costeira recebe a maior parte das águas dos principais rios do País, o bio-ma é um dos mais vulneráveis às consequências ambientais negativas (resíduos de agrotó-xicos, adubos e efluentes das indústrias).

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(143), Tocantins (139), Maranhão (160) e Mato Grosso (141), perfazendo um total de 5.033.072 km2, o que represen-ta 61% do território brasileiro. População: 24,5 milhões de habitantes

correspondendo a 12% do contingente populacional brasileiro. Em cada quilô-metro quadrado da região tem-se, em média, 3,3 habitantes enquanto que no restante do país essa proporção é de 21,4 habitantes por km2.

Diversidade social: A região é a se-gunda do país em registros de rema-nescentes de quilombos, bem como é onde se concentra a maior parte da população indígena, representando 49% do total. É também onde se en-contra o maior percentual de projetos de assentamentos da reforma agrária e diversas comunidades locais, como: caiçaras, babaçueiros, jangadeiros, ribeirinhos/caboclo amazônico, ribei-rinhos/caboclo não amazônico (varjei-

ro), sertanejos/vaqueiro, pescadores artesanais, extrativistas, seringuei-ros, camponeses.

PIB: Em 2004, o PIB da região foi de R$ 137,9 bilhões (US$ 64,7 bilhões), o que representa 8% do PIB nacional. IDH: Em 2000, a região apresentava mé-dio desenvolvimento humano, com um IDH igual a 0,705.

Biodiversidade:• Reúne quase 12% de toda a vida natu-

ral do planeta;• Concentra 55 mil espécies de plantas

superiores (22% de todas as que exis-tem no mundo);

• 524 espécies de mamíferos; • Mais de 3 mil espécies de peixes de

água doce; • Entre 10 e 15 milhões de insetos (a

grande maioria ainda por ser descrita); • Mais de 70 espécies de psitacíde-

os: araras, papagaios e periquitos;

Estatísticas apontam disparidades entre riqueza

de biodiversidade e indicadores sociaisDa Redação

Abrangência: A Amazônia é a região defi nida pela bacia do rio Amazonas, que nasce na cordilheira dos Andes e estende-se por nove países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Fran-cesa, Peru, Suriname e Venezuela e onde se localiza a maior cobertura vegetal de fl oresta tropical, a Floresta Amazônica.

Bacia Hidrográfi ca: Tem muitos afl uentes importantes tais como o rio Negro, Tapajós e Madeira, sendo que o rio principal é o Amazonas.

Temperatura: A temperatura média anual é de 28ºC.

Amazônia Brasileira: Sessenta por cento da Amazônia está em território brasileiro, em área chamada Amazônia Legal , constituída por 750 municípios distribuídos em nove Unidades Federa-tivas: Amazonas (62), Amapá (16), Acre (22), Roraima (15), Rondônia (52), Pará

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Especial - Biomas Brasileiros

RX da Am azônia

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• Grande variedade de ecossistemas, dentre os quais: matas de terra fi rme, fl orestas inundadas, várzeas, igapós, campos abertos e cerrados;

• Jazidas minerais de metais nobres dos mais variados tipos, acumulando recursos da ordem de US$ 1,6 trilhão.

Principais Ameaças à Floresta: Gri-lagem (posse ilegal de terras mediante documentos falsos), Desmatamentos, Queimadas, Atividades extrativistas pre-datórias (madeireiras, pesca, caça ilegais e biopirataria), Expansão da fronteira pe-cuária e agrícola (soja, principalmente, no Mato Grosso) e Fiscalização insufi ciente.

Indicadores Sociais:• Analfabetismo: Entre os maiores

do Brasil, em 2005 chegava a 10,3% (maiores de 15 anos) e 13% (menores de 15 anos).

• Insegurança Alimentar: 35% da população da Amazônia viviam, em

2005, em domicílios onde havia in-segurança alimentar média ou grave

• Mortalidade infantil: 25,8 crianças na Região Norte morrem antes de completar o primeiro ano de vida em cada grupo de mil nascidas vivas, sendo que a média brasileira é de 24,9 e da Região Sul é de 16,7.

• Registro Civil (Certidão de nasci-mento): O estados amazônicos ainda concentram as piores taxas, chegando a superar 40% em algumas regiões.

• Saúde: A taxa da incidência de AIDS , em 2004, subiu dez vezes, chegando a 12,4 por 100 mil habi-tantes. A Amazônia responde pela quase totalidade dos casos registra-dos de malária no país. Entre 2002 e 2004, o número de casos aumentou 32% e a taxa de incidência subiu 19% na região.

• Saneamento Básico: A porcentagem da população que vive em domicílios com abastecimento adequado de

Fontes de Pesquisa: Conservation International, IBAMA, Silvan, Câmara dos Deputados, Unicef, Imazon e Datasus

água aumentou de 48%, em 1990, para 68% em 2005, contra a média de 88% no resto do Brasil. A porcenta-gem da população que vive em do-micílios com instalações adequadas de esgoto na Amazônia aumentou de 33%, em 1990, para 48%, enquanto a média brasileira é de 67%, em 2005. Somente na Amazônia, 11,7 milhões de pessoas vivem em residências sem coleta de esgoto.

• Assassinatos Rurais: A Amazônia li-dera casos de assassinatos rurais (60%) dos 386 ocorrências (1997 a 2006).

• Trabalho Escravo: A região é campeã em trabalho escravo, com 66% dos casos. Só em 2006 foram libertadas 12 mil pessoas do regime escravo.

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RX da Am azônia

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P or maiores que sejam as informações recebidas sobre as riquezas da região Amazônica é no fl agrante das lentes

fotográfi cas e cinematográfi cas que a exube-rância dessa grande fatia do Brasil chega às demais regiões e ao mundo. O papel desses profi ssionais em captar a beleza e muitas ve-zes, também o pedido silencioso de socorro dessas espécies, é imprescindível para cons-cientizar sobre a importância de ser manter a fl oresta em pé. A fotógrafa PaulaLyn é uma dessas profi ssionais que emprestam a sen-sibilidade e técnica, a serviço da defesa do meio ambiente. Com um trabalho voltado

à essa causa, vem realizando ensaios e ex-posições sobre o tema. São dela as fotos da fauna amazônica, expostas a seguir. Agumas dessas imagens fi zeram parte da exposição “Sentir Brasil”, que aconteceu em junho na Câmara Municipal de São Paulo.

A maioria das imagens foi captada no Parque Ecológico de Januari, em Manaus, no Amazonas e no Instituto de Pesquisa da Amazônia (INPA), em janeiro de 2008.

Paula é motivada pela sua paixão pela natureza. “Olho a lua, o sol, o mar, as ár-vores, os rios, os animais, como se os es-tivesse vendo pela primeira vez. São, para

mim, respostas a todas as minhas pergun-tas.” – disse. A fotógrafa acredita que cada um pode contribuir com ações que estão ao seu alcance. “A minha contribuição é através das imagens. Quero poder tocar o coração de cada um através do meu olhar, usar um sentido humano tão valorizado na contemporaneidade para despertar os outros sentidos e a consciência. Registrar para preservar” – concluiu.

Se o mundo precisa da Amazônia para mi-nimizar os efeitos ambientais do aquecimento global. Para esses animais, que somam milha-res de espécies, a Floresta é sinônimo de vida.

Alguns animais que compõem a riquíssima fauna AmazônicaDa Redação

AraraAs araras estão entre os pássaros mais belos da fauna brasileira.

São aves grandes e possuem e um bico curvo resistente usado para quebrar frutos e sementes. As araras vivem em casais nas copas das árvores mais frondosas e fazem seus ninhos em ocos de árvores.

Bicho-PreguiçaO Bicho-Preguiça é considerado um animal muito sossegado. Dorme o

dia todo nas árvores, pendurado num galho de costas para o chão e com a cabeça pendida sobre o peito. É um mamífero de hábitos noturnos. Orien-ta-se pelo olfato, pois tem uma visão muito fraca. Alimenta-se apenas das folhas, frutos e brotos de algumas árvores. É um animal inofensivo.

Gavião-realO gavião-real, também conhecido como harpia ( Harpia harpyja), é

a maior ave de rapina do Brasil e do mundo, podendo atingir 2,5 m de envergadura. Seus hábitos são diurnos. Alimenta-se de moluscos, crus-táceos e peixes até serpentes, lagartos, alguns pássaros e alguns mamí-feros, como a preguiça (seu alimento favorito) que captura no solo.

Fotografi a: PaulaLyn Carvalho

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Especial - Biomas Brasileiros

Registrar para PRE SERVAR

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Registrar para PRE SERVARJacaré

O jacaré é um dos maiores répteis brasileiros. O jacaré amazônico che-ga a alcançar até 5 metros, mas em geral não ultrapassa 2 metros. A tem-peratura do seu corpo varia de acordo com o meio em que ele está, por isso precisa fi car exposto ao sol a fi m de captar calor.

Macaco-aranhaO Macaco Aranha possui como habitat as fl orestas tropicais chuvosas

e tem hábitos diurnos. Vive em bandos de até 30 indivíduos e pode chegar até 33 anos. Os animais atingem de 6 a 8 quilos. Alimentam-se de frutas, sementes, folhas, insetos e ovos.

Macaco-de-cheiroO Macaco-de-cheiro é um primata que gosta de viver no topo das

árvores mais altas da fl oresta, geralmente a 30 ou 40 metros do chão. São animais de extrema agilidade. Sua comida preferida são insetos, mas alimenta-se também de frutos e da seiva das árvores. Na Amazônia, os ribeirinhos costumam domesticá-los. São peraltas e brincalhões.

TartarugaA tartaruga da Amazônia passa os dias nos rios de águas calmas, na-

dando, alimentando-se e de vez em quando sai para respirar e tomar um pouquinho de sol a fi m de manter a temperatura do corpo São ovíparas, colocando seus ovos nas praias, durante a noite, em buracos que escavam na areia. São animais de vida longa, podendo atingir centenas de anos.

“Um Olhar Consciente” em “Este Mundo é Meu”

Em continuidade ao projeto “Um Olhar Consciente”, PaulaLyn participará com painéis fotográfi cos no evento “Este mundo é meu 2008: integração sócio-ambiental”, que irá ocorrer no Centro Cultural São Paulo, de 08 a 29 de outubro de 2.008. Com ênfase nas questões ambientais, nas ações da sociedade em defesa da cidade, de si própria e de tudo que gira em seu entorno. A programação permitirá refl exões por meio de palestras, com convidados de várias especialidades na área de meio ambiente, bem como, ofi cinas e instalações.

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Modo de fazer:

Misture o ingredientes da farofa (aveia em flocos, farinha integral, margarina e o açúcar mascavo) e reserve. Corte as bananas ao meio de comprido) e distribua no fundo de uma forma, cubra com 150g de Açúcar Mascavo e depois distribua a farofa, pressione levemente para compactar a farofa sobre as bananas, leve para assar em forno pré-aquecido a 180°C por aproximadamente 20 minutos.

Espaço Gourmet Villa natural

Ingredientes• 10 Bananas médias• 150 g de Açúcar Mascavo

Farofa• 150 g de Aveia em Flocos• 100 g de Farinha de Trigo Integral• 30 g de Margarina• 150 g de Açúcar Mascavo

Torta de Banana Vegana

Alexandra Midori Morita Zanoli

Formada em Educação FísicaPós-graduada em Nutrição Desportiva

Pós-graduada em Ginástica Postural CorretivaProfessora de Yoga

Chef do Villa Natural e Sócia do Villa Natural

AV E I AAveia é um cereal que possui um alto valor de nutrição, é rica em fibras, vitaminas, ácidos graxos, minerais e proteínas. É considerada um alimento funcional que se consumida diariamente é capaz de prevenir e dependendo até tratar doenças como hipertensão, diabetes, câncer de intestino, colesterol ruim alto e obesidade. A aveia em flocos é rica em beta-glucanas que é um tipo de fibra solúvel, que retarda o esvaziamento gástrico e ainda promove uma saciedade maior, fornecendo assim um melhor funcionamento do intestino.

Aveia em flocos controla a glicemia, melhora a circulação sanguínea, inibindo a absorção da gordura no sangue (colesterol ruim).

É recomendável a ingestão de aveia todos os dias, pois diminui a formação de placas de gordura nas veias, que são responsáveis pelo desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Porém não adianta consumir aveia se a dieta não for equilibrada e saudável.

Villa Natural Restaurante

Rua Cel. Ortiz, 726 - V. Assunção - Santo André

(11) 2896-0065 - www.villanatural.com.br

Sugestão de consumo: A banana pode ser substituída por maçã, abacaxi ou mamão.

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Job: 19659 -- Empresa: Ogilvy RJ -- Arquivo: 19659-ANR ANGLO-NEO MONDO MAGAZINE-205x275_pag001.pdfRegistro: 101933 -- Data: 17:01:43 03/12/2012