monografia

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1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ LÍVIA MARIA DE LIMA SANTIAGO WEBCONFERÊNCIA NA LICENCIATURA DE MATEMÁTICA DA UAB/IFCE: O ESTADO DO DEVIR TECNOLÓGICO FORTALEZA CEARÁ 2010

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Monografia defendida no curso de especialização da UECE.

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Page 1: Monografia

1

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

LÍVIA MARIA DE LIMA SANTIAGO

WEBCONFERÊNCIA NA LICENCIATURA DE MATEMÁTICA

DA UAB/IFCE: O ESTADO DO DEVIR TECNOLÓGICO

FORTALEZA – CEARÁ

2010

Page 2: Monografia

LÍVIA MARIA DE LIMA SANTIAGO

WEBCONFERÊNCIA NA LICENCIATURA DE MATEMÁTICA DA UAB/IFCE:

O ESTADO DO DEVIR TECNOLÓGICO

Monografia apresentada ao Programa de Pós-

Graduação Lato Sensu em Educação da Universidade

Estadual do Ceará como requisito parcial para

obtenção do titulo de Especialista no Ensino da

matemática.

Orientadora: Profª Drª Cassandra R. Joye

FORTALEZA – CEARÁ

2010

Page 3: Monografia

LÍVIA MARIA DE LIMA SANTIAGO

WEBCONFERÊNCIA NA LICENCIATURA DE MATEMÁTICA DA UAB/IFCE:

O ESTADO DO DEVIR TECNOLÓGICO

Monografia apresentada ao Programa de Pós-

Graduação Lato Sensu em Educação da Universidade

Estadual do Ceará como requisito parcial para

obtenção do titulo de Especialista no Ensino da

matemática.

Orientadora: Profª Drª Cassandra R. Joye

Aprovada em: 20/12/2010.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________

Profª. Drª. Cassandra Ribeiro Joye (Orientadora)

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia - IFCE

________________________________________________

Profª Dra. Elizabeth Matos Rocha

Universidade Federal da Grande Dourados - UFGD

________________________________________________

Profª Drª. Maria Gilvanise Pontes

Universidade Estadual do Ceará - UECE

Page 4: Monografia

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por todas as janelas fechadas e portas que se abriram

posteriormente. Acima de tudo, por todas as inspirações a mim concedidas.

Aos meus pais (João e Dulcina), pelos belos ensinamentos e pelo amor incondicional.

À minha avó (Francisca), que compartilhou comigo seus poucos letramentos e que, por

diversas vezes, sentada em sua cadeira de balanço, ditava a tabuada para mim com

todo carinho.

A todos os meus familiares, pelo apoio direto ou indireto nos momentos difíceis. Um

Carinho especial aos meus tios Marcos e Márcia, pelo apoio inicial na minha formação

acadêmica.

À minha segunda família, Fátima, Osías, Anairan e Araiama, por estarem sempre do

meu lado e pelo enorme carinho depositado.

A todos os meus amigos e amigas, aos que estão perto e aos que, por diversos motivos,

tiveram que se distanciar; a eles todo meu carinho e gratidão pelos momentos de

conversas.

À Elizabeth Matos Rocha, Beth, que me ensinou e ensina, a cada dia, que uma

amizade vale ouro, apesar da distância. Por sua paciência e dedicação depositadas em

nossas conversas virtuais. Além das enormes contribuições dadas à minha vida

profissional e pessoal.

À profª Cassandra, que me acolheu de braços abertos e sempre acreditou em meu

potencial. Por toda a confiança depositada, obrigada.

À Diretoria de Educação a Distância e a todos os seus integrantes que me

proporcionam, a cada dia, adquirir novos saberes e que me ensinaram a importância do

trabalho em equipe.

Ao Laboratório Multimeios da Faculdade de Educação da Universidade Federal do

Ceará, que me recebeu de braços abertos no período de 2005 a 2008 e me

proporcionou intensos momentos de aprendizagem.

Page 5: Monografia

Aos alunos, alunas e tutora presencial do curso de Licenciatura em Matemática do

polo de São Gonçalo, pela participação e apoio na pesquisa.

Page 6: Monografia

RESUMO

O presente trabalho constitui uma pesquisa sobre a aplicabilidade da ferramenta de

webconferência nas disciplinas de Matemática do curso de Licenciatura em Matemática à

distância, suas limitações e potencialidades nessa modalidade de ensino. A pesquisa é pautada

na ideia de interatividade e interação, no papel do tutor no processo de mediação pedagógica

via Tecnologias digitais e nos conceitos de Educação à distância, apresentados,

respectivamente, por Silva (2003), Masetto (2000) e Moore e Kearsley (2007). O objetivo

geral da pesquisa consiste em mapear a webconferência, identificando seus limites e

potencialidades no processo comunicacional, com fins pedagógicos, dos sujeitos tutor-aluno e

no estudo do conteúdo de Matemática. A metodologia empregada nesse trabalho utilizou os

princípios da pesquisa-ação, pois esse tipo de metodologia de pesquisa insere o pesquisador

no contexto de aplicação dos conhecimentos envolvidos na pesquisa. A pesquisa foi realizada

com os alunos do 2º semestre do curso de Licenciatura em Matemática do Instituto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará, polo São Gonçalo, no período de fevereiro a abril

de 2010. A experiência prática foi dividida em três momentos: no primeiro, realizamos testes

de caráter técnico; no segundo, sondagem com o público-alvo; e, no terceiro momento, as

sessões de webconferências, que configuram um total de seis, distribuídas ao longo da

disciplina de Matemática Básica II. Os resultados demostram a necessidade pedagógica de

mais encontros como esse a fim de romper com a distância espaço-temporal entre professor e

aluno, da importância da comunicação síncrona e constante para esclarecimentos de dúvidas,

de se viabilizar recursos de hardware e de acesso à internet com intuito de dinamizar os

atrasos no áudio e a perda de imagem no caminho e, assim, possibilitar aos sujeitos

envolvidos no processo de ensino e aprendizagem usufruir toda a potencialidade oferecida

pela webconferência.

Palavras-chave: Ensino a Distância. Webconferência. Ensino de Matemática.

Page 7: Monografia

ABSTRACT

This work is a research on the applicability of Web conference in Mathematics Online

Mathematics course, its limitations and potentialities in this teaching modality. The research

is based on the idea of interactivity and interaction, the tutor's role in the mediation teaching

process via digital technologies and the concepts of Online Education, presented respectively

by Silva (2003), Masetto (2000) and Moore and Kearsley (2007). The main objective of the

research is to map the web conference, with educational aims, identifying its limitations and

potentiality in the tutor-student’s communication process and the study of Mathematics

content. The methodology employed in this study used the principles of action-research,

because this type of methodology brings the researcher into the context of application of

knowledge involved in the research. The survey was conducted with the students of the

second semester course in Mathematics at the Federal Institute of Education, Science and

Technology of Ceará, campus São Gonçalo, from February to April 2010. The practical

experience was divided into three stages: first, we applied technical tests, second a poll with

the audience and third, the web conference sessions that make up a total of six, distributed

over the course of Basic Mathematics II. The results demonstrate the need for more

educational meetings like that in order to break the space-time distance between teacher and

student, the importance of synchronous and constant communication for clarification of

doubts, to provide resources for hardware and internet access aiming to boost the delays in the

audio and image loss on the way and thus enable the individuals involved in the teaching and

learning process to enjoy the full potentiality offered by Web conference.

Keywords: Online teaching, Web Conference, Math Teaching.

Page 8: Monografia

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Tela inicial da webconferência ............................................................................ 24

FIGURA 2 - Menu reunião ...................................................................................................... 25

FIGURA 3 - Menu apresentar ................................................................................................. 26

FIGURA 4 - Menu layout ....................................................................................................... 26

FIGURA 5 - Menu pods ......................................................................................................... 28

FIGURA 6 - Menu ajuda ......................................................................................................... 29

FIGURA 7 - Ferramentas do quadro branco ........................................................................... 20

FIGURA 8 - Comunicação via telefone com polo .................................................................. 48

FIGURA 9 - Imagem dos alunos no polo ................................................................................ 49

FIGURA 10 - Falha na exibição das fórmulas matemática ..................................................... 49

FIGURA 11 - Comunicação com polo .................................................................................... 50

FIGURA 12 - Comunicação via bate-papo ............................................................................. 51

FIGURA 13 - Momento de intervenção do aluno ................................................................... 51

FIGURA 14 - Recursos do quadro branco .............................................................................. 52

FIGURA 15 - Recursos do bate papo ...................................................................................... 52

FIGURA 16 - Aguardando resposta dos alunos ...................................................................... 53

FIGURA 17 - Bate-papo como recurso de escrita de fórmulas matemáticas .......................... 53

FIGURA 18 - Fala da tutora presencial ................................................................................... 54

FIGURA 19 - Imagem dos alunos no polo .............................................................................. 55

FIGURA 20 - Expressão matemática ...................................................................................... 55

Page 9: Monografia

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem

DEAD – Diretoria de Educação à Distância

DI – designer instrucional

IES – Instituições de Ensino Superior

IFCE – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará

MEC – Ministério de Educação e Cultura

RNP – Rede Nacional de Pesquisa

PCN - Parâmetros Curriculares Nacionais

PROINFO - Programa Nacional de Informática na Educação

TIC – Tecnologias da Informação e Comunicação

TIDIA - Tecnologia da Informação no Desenvolvimento da Internet Avançada

UAB – Universidade Aberta do Brasil

WWW – World Wide Web

Page 10: Monografia

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 11

1. POTENCIAIS E LIMITAÇÕES PEDAGÓGICAS DA WEBCONFERÊNCIA ......... 16

1.1 A EVOLUÇÃO DA EAD E AS MÍDIAS DE COMUNICAÇÃO .................................... 16

1.1.1 A mídia scripto ............................................................................................................... 17

1.1.2 A mídia áudio ................................................................................................................. 17

1.1.3 A mídia áudio-scripto .................................................................................................... 18

1.1.4 A mídia áudio-scripto-visual ........................................................................................ 18

1.2 AMBIENTE VIRTUAL DE ENSINO E APRENDIZAGEM ........................................... 19

1.2.1 Fórum ............................................................................................................................. 20

1.2.2 Mensagem ....................................................................................................................... 21

1.2.3 Chat ................................................................................................................................. 21

1.3 VIDEOCONFERÊNCIA: HISTÓRIA E DESENVOLVIMENTO ................................... 21

1.4 WEBCONFERÊNCIA COMO DEVIR DA VIDEOCONFERÊNCIA ............................. 23

1.4.1 Ferramentas de gerenciamento da webconferência ................................................... 25

2. CARACTERIZAÇÃO DA INTERAÇÃO TUTOR X ALUNO, USANDO

WEBCONFERÊNCIA ........................................................................................................... 32

2.1 INTERAÇÃO E INTERATIVIDADE NAS MÍDIAS CONTEMPORÂNEAS ................ 32

2.1.1 O processo de interação e interatividade na webconferência .................................... 34

2.2 MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA EM PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM A

DISTÂNCIA ............................................................................................................................. 35

2.3 O PAPEL DO TUTOR NA INTERAÇÃO USANDO AS FERRAMENTAS DE

COMUNICAÇÃO .................................................................................................................... 37

2.3.1 O tutor e a mediação na webconferência..................................................................... 38

2.4 MODELO DE TUTORIA IFCE ......................................................................................... 39

3. MAPEAMENTO DE SESSÃO DE WEBCONFERÊNCIA NO ENSINO DE

MATEMÁTICA EM EAD ..................................................................................................... 42

3.1 ASPECTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS .................................................................. 42

3.2 CENÁRIO DA PESQUISA ................................................................................................ 43

3.3 SUJEITOS PESQUISADOS .............................................................................................. 44

3.4 CAMINHOS DA PESQUISA ............................................................................................ 44

3.4.1 Ensaios prévios ............................................................................................................... 45

Page 11: Monografia

3.5 A EXPERIÊNCIA .............................................................................................................. 46

3.5.1 Sessões de webconferência ............................................................................................ 47

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 57

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 61

Page 12: Monografia

11

INTRODUÇÃO

Por meio de novas linguagens é possível,

portanto, estarmos presentes, mesmo a

distância.

Romero Tori (2010: p.101)

Na primeira década do século XXI, a elaboração e fortalecimento de políticas

educacionais, principalmente na área de Educação a Distância, vêm se tornando cada vez mais

presentes no cenário brasileiro. Esse período tem sido marcado pela criação da Universidade

Aberta do Brasil (UAB), cuja finalidade se pauta na formação de professores para a rede

pública de ensino.

A UAB, instituída pelo Decreto nº 5.080/2006, configura-se como um sistema

integrado por universidades públicas com metas de formação superior direcionadas aos

professores da Educação Básica, relativo às Licenciaturas, bem como às camadas da

população que apresentam mais dificuldades de acesso a um curso universitário público e

gratuito, seja porque residem em cidades afastadas dos grandes centros, seja porque não têm

recursos para investimento na própria formação. Segundo Alves (2009, p.12), os significados

para o termo aberta se referem a dois aspectos “no sentido social, pois se dirige a todas as

classes [...] no sentido pedagógico, à medida que a matrícula na universidade está aberta a

todo individuo, maior de 21 anos”.

O sistema UAB fomenta as ações tecnológicas da informação, comunicação e

pedagógicas da modalidade de educação à distância nas instituições públicas de ensino

superior. A realização das atividades acontece em regime de colaboração entre o Ministério

da Educação (MEC), as Instituições de Ensino Superior (IES) federais, estaduais, Institutos

Tecnológicos, as Secretarias de Educação Estaduais e Municipais e prefeituras.

Além do regime de colaboração entre as IES, o MEC e as Secretarias de Educação

como estratégia de fortalecimento da vertente pedagógica, o potencial tecnológico tem se

mostrado fundamental para expansão da Educação a Distância, pois é amplamente utilizado

no sistema UAB, pelas IES, configurando-se, também, como referência estratégica do

programa, na medida em que viabiliza a realização de estudos feitos em Ambientes Virtuais,

pela internet.

Há contrapartidas oriundas dessa colaboração parceira. Das universidades, espera-

se a oferta de cursos superiores de qualidade e de capacitações contínuas a públicos atuantes

na categoria de conteudistas, formadores, designers instrucionais e tutores. As Secretarias de

Page 13: Monografia

12

Educação estaduais e municipais, por sua vez, responsabilizam-se pela criação de centros de

formação identificados como Polos de apoio presencial. Nos Polos, situados em localidades

estratégicas, além da realização das aulas presenciais de suporte tecnológico aos alunos por

meio dos laboratórios de informática, representam espaços que possibilitam realização de

formações das mais diversas naturezas.

O alcance dos estudos feitos à distância por comunidades distantes das cidades

grandes tem contado com os recursos da internet, o que, para Soares (2001, p. 8), trata-se de

tecnologia que “tem se apresentado como ponto de convergência para diversas tecnologias e

aplicações na área de redes de computadores e sistemas distribuídos”. Na prática, isso

fortalece a utilização dos materiais didáticos com base na integração de diversas mídias, como

o texto, áudio e imagem.

Esses recursos são veiculados em Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA),

em momentos assíncronos ou síncronos. Várias são as plataformas em que acontecem as

interações educacionais, a saber, Moodle, E-Proinfo1, TelEduc

2, Tidia, Solar

3, dentre outros.

Aliado a esses espaços virtuais e na frente tecnológica da UAB, como forma de potencializar

a comunicação síncrona, usam-se, com frequência, ainda, os recursos de videoconferências.

No âmbito deste trabalho, a webconferência, como tecnologia de conferência que

ocorre pela internet, foi tomada como objeto de pesquisa, tendo em vista o mapeamento do

potencial pedagógico dessa ferramenta nos cursos que acontecem à distância. O espaço da

pesquisa se reporta à Diretoria de Educação a Distância4 (DEAD) do Instituto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE).

Como dito anteriormente, com a criação da UAB, o ensino superior pôde

expandir-se além das fronteiras do espaço físico da universidade, e isso permitiu que várias

instituições de ensino superior incorporassem essa modalidade de ensino. Assim, no cenário

atual brasileiro são 257 instituições credenciadas pelo governo federal que ministram cursos

de graduação e pós-graduação à distância.

Dentre essas instituições que realizam parceria com a UAB está o Instituto

Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), que oferta dois cursos de nível

1 Ambiente Colaborativo de Aprendizagem desenvolvido pelo MEC.

2 É um ambiente em desenvolvimento no Núcleo de Informática Aplicada à Educação (NIED) da Universidade

Estadual de Campinas. 3 É um ambiente virtual de aprendizagem desenvolvido pelo Instituto UFC Virtual, da Universidade Federal do

Ceará. 4 Endereço eletrônico: www.dead.ifce.edu.br/~portal.

Page 14: Monografia

13

superior – Licenciatura em Matemática e Tecnologia em Hotelaria – por meio da Diretoria de

Educação a Distância (DEaD).

A DEaD utiliza como espaço virtual de interação entre o aluno, professor-tutor e

conteúdo o Ambiente Virtual de Aprendizagem Moodle, onde estão disponíveis ferramentas

síncronas, como os chats; e as ferramentas assíncronas, como fóruns, tarefas, wikis,

glossários, mensagens e outras que se configuram ferramentas de comunicação, avaliação e

instrução. Além do Moodle, outro espaço virtual utilizado pelo DEaD como ferramenta digital

para a comunicação entre alunos e professores é a Webconferência.

A webconferência consiste em uma ferramenta que permite realizar interações

síncronas online com múltiplos recursos interativos como chat, áudio, voz, vídeo,

compartilhamento de tela, arquivos, apresentações/slides, dentre outras várias opções de

gerenciamento de conferência por meio de configuração de permissões e tipos de usuário,

permitindo diferentes formas de apresentação de acordo com a finalidade, comercial ou

educacional.

No caso do IFCE, a webconferência é decorrente do consórcio realizado pelo

Ministério da Educação e Cultura (MEC) e a Rede Nacional de Pesquisa (RNP) que

disponibiliza uma sala de aula virtual especifica. A proposta dessa ferramenta é utilizá-la

como ferramenta síncrona de comunicação no processo de ensino e aprendizagem à distância

entre alunos e professores de ambos os cursos oferecidos pelo IFCE.

A necessidade de se apropriar dessa ferramenta, sobretudo nas disciplinas

específicas do curso de matemática, torna-se necessário à medida que, segundo os Parâmetros

Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998) – PCN matemática, o pensamento matemático

desenvolve-se inicialmente pela visualização. Outro ponto que deve ser levado em

consideração é o número de encontros presenciais5 considerados insuficientes para suprir a

carência de conteúdo matemático dos alunos.

O curso de Licenciatura em Matemática a distância, assim como no curso

presencial, apresenta dificuldades, tanto pela complexidade dos conteúdos matemáticos,

quanto pela deficiência em termos de conhecimentos por parte dos alunos, recém-inseridos

nessa nova modalidade de ensino. É preciso levar em consideração que “o ensino presencial

5 Encontro Presencial – Momento de encontro presencial do professor com os alunos na cidade onde se localiza

o polo de apoio.

Page 15: Monografia

14

está enraizado em nossa vida” (BORBA; MALHEIROS; ZULATTO, 2008, p. 23), e a

adequação a essa nova modalidade requer tempo.

Dentro da minha experiência como Designer Instrucional6 (DI) do curso de

Licenciatura em Matemática, tenho observado, a partir dos relatos dos professores-tutores e

dos próprios alunos, alguns entraves nas disciplinas específicas da Matemática. Outro

problema identificado através da minha experiência, também como tutora, por meio de

comentários de alunos, é o fato de que três encontros presenciais em uma disciplina de 80h,

que corresponde a dois meses, mostra-se insuficiente para contemplar as dificuldades dos

alunos no trato com o conteúdo.

Com base nesse cenário, proponho, portanto, investigar a ferramenta

Webconferência como ambiente virtual comunicacional síncrono no sentido de mapear

aspectos que limitam ou potencializam o processo de ensino e aprendizagem da Matemática.

De que maneira essa ferramenta pode contribuir na compreensão desses conhecimentos

matemáticos? Quais problemas tecnológicos ficam evidenciados no uso da ferramenta como

forma de entrave aos aspectos pedagógicos? Que elementos ficam evidentes no uso

pedagógico dessa ferramenta em uma aula?

A partir dessa problematização, a pesquisa buscou atingir alguns objetivos. O

objetivo geral, portanto, consiste em mapear a webconferência, identificando seus limites e

potencialidades no processo comunicacional, com fins pedagógicos, dos sujeitos tutor-aluno e

no estudo do conteúdo de Matemática. Os objetivos específicos constituem-se em:

Enunciar e discutir a ferramenta Webconferência no que concerne ao suporte

pedagógico no processo de comunicação síncrona para o estudo de Matemática;

Caracterizar o processo de interação entre o aluno e o tutor da Licenciatura em

Matemática, em ato pedagógico, na perspectiva da aula;

Analisar e discutir a experimentação, evidenciando os contextos, as

necessidades e as percepções dos atores no processo de realização de uma Webconferência.

Para proceder a essa pesquisa, utilizou-se a metodologia da pesquisa-ação,

justamente porque ela envolve, segundo Thiollent (1997), dois aspectos que são considerados

fundamentais ao modo cooperativo e participativo dos sujeitos pesquisados em ato, ou seja,

instrumentos de pesquisa que visem orientar registros e extrair disso diagnósticos,

6 Profissional responsável pela análise, design, desenvolvimento, implementação e avaliação do conteúdo para

uma linguagem que se adeque aos cursos à distância (FILATRO, 2004).

Page 16: Monografia

15

identificação de problemas e resultados que apontem para eventuais soluções. Esse tipo de

metodologia de pesquisa insere o pesquisador no contexto de aplicação dos conhecimentos

envolvidos na pesquisa. Para isso, foram desenvolvidos sessões de webconferência,

devidamente gravadas no próprio ambiente da Connect Pró.

A investigação aconteceu no curso de Licenciatura plena em Matemática a

distância, oferecido pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará

através do programa da Universidade Aberta do Brasil, no qual foram observadas as

características do ambiente de ensino apresentado, bem como seus aspectos pedagógicos

relevantes ao processo de ensino-aprendizagem da Matemática. A disciplina em estudo foi

Matemática Básica II, ofertada em 2010.1, e contou com 25 alunos do 2º semestre do referido

curso.

Com base no exposto, a pesquisa foi estruturada em três capítulos, além desta

introdução e das considerações finais. O capítulo 1 trata de enunciar e discutir a

Webconferência no seio dos avanços tecnológicos com o intuito de extrair indícios que

evidenciem algum tipo de relação com os potenciais pedagógicos. O capítulo 2 caracteriza os

aspectos de interação entre aluno e o tutor à distância, professor da disciplina, no momento da

aula através da Webconferência. No capítulo 3, há a análise e discussão do processo

experimental da pesquisa de forma a proceder a um mapeamento dos contextos de interação

pedagógica dos atores durante a realização das conferências. Ao final, têm-se as

considerações, que mostram os resultados obtidos e apontam o estado do devir pedagógico

dessa tecnologia no processo educacional.

Page 17: Monografia

16

1. POTENCIAIS E LIMITAÇÕES PEDAGÓGICAS DA

WEBCONFERÊNCIA

Em vez de um texto localizado, fixado em um suporte

de celulose, no lugar de um pequeno território com um

autor proprietário, um início, um fim, margens

formando fronteiras, confrontei-me com um documento

dinâmico, aberto, ubiquitário, que me reenviava a um

corpus praticamente infinito.

Pierre Lévy (1999, p.159)

Este capítulo enuncia e discute a ferramenta de webconferência como suporte

pedagógico no processo comunicacional síncrono. Para isso, apresenta o processo de

desenvolvimento histórico dos recursos midiáticos: mídias, ambiente virtual de aprendizagem

Moodle, videoconferência, webconferência e sua utilização educacional no ensino a distância.

1.1 A EVOLUÇÃO DA EAD E AS MÍDIAS DE COMUNICAÇÃO

O ensino a distância surge, efetivamente, em meados do século XIX em função do

desenvolvimento dos meios de transportes (trens) e comunicação a partir do sistema postal,

que viabilizou os cursos por correspondência (MAIA; MATTAR, 2007). Posteriormente, o

texto teve a incorporação de outros recursos, como o áudio e imagem. No decorrer do século

XIX, houve um acentuado desenvolvimento da modalidade à distância decorrente da

incorporação de recursos comunicacionais, tais como o telefone, o rádio e a TV.

Com o crescente desenvolvimento e aperfeiçoamento dessas mídias, surgiram

outras experiências com o Ensino a distância a partir daí, como a criação da Universidade

Aberta Britânica7, que se tornou pioneira na execução de cursos à distância.

Embora a EaD sempre dependesse de uma tecnologia para veicular seu material

didático e a comunicação entre professor e alunos, foi na década de 1990 que a EaD teve seu

marco de entrada nas instituições de ensino superior do Brasil em decorrência do

desenvolvimento e implementação das tecnologias de informação, comunicação e da

popularização da internet (KIPNIS, 2009).

7 http://www.open.ac.uk/

Page 18: Monografia

17

Nos subtópicos seguintes, descreveremos um pouco da história e a importância

das mídias impressas, do áudio e vídeo para o desenvolvimento e ampliação da educação à

distância no Brasil.

1.1.1 A mídia scripto

A escrita, como transcrição da língua falada, sempre teve papel de destaque no

desenvolvimento das sociedades ao longo dos tempos. Foi a partir da estruturação dos

escritos, mediante a criação de objetos que permitissem o armazenamento dos dados falados,

que foi possível criar e desenvolver métodos para a distribuição das informações e dos

conhecimentos gerados pelos grandes pensadores.

Com a criação da mídia impressa, várias possibilidades educacionais surgiram,

entre elas a possibilidade de se utilizar esse recurso para a expansão do ensino à distância. Foi

em meados de 1880 que a mídia impressa teve seu marco inicial no ensino à distância, quando

iniciaram os cursos por correspondência, em especial os cursos de formação técnica.

Inúmeras pessoas puderam se beneficiar desse processo de ensino, entre elas, militares

americanos que utilizaram a educação por correspondência para adquirirem formação

específica durante o período de guerra.

Segundo Moore e Kearsley (2007, p. 27), “o motivo principal para os primeiros

educadores por correspondência era a visão de usar tecnologia para chegar até aqueles que de

outro modo não poderiam se beneficiar dela.” Dessa forma, a mídia impressa vem

contribuindo de forma significativa para o processo de ensino a distância.

1.1.2 A mídia áudio

Com o surgimento do rádio no inicio do século XX, outras possibilidades de

comunicação à distância surgem também. Alves (2009) destaca algumas rádios que fizeram

história no Brasil quanto ao desenvolvimento de programas educacionais. São elas: escola

Rádio Postal, A voz da profecia, SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial),

entre outras.

Page 19: Monografia

18

A propagação das transmissões radiofônicas possibilitou que diversos programas

educacionais surgissem, entre eles o Programa Mobral (Movimento Brasileiro de

Alfabetização), que utilizou de forma intensiva o rádio para divulgação de seus cursos.

Com caráter meramente instrucional, o rádio possui vantagens e desvantagens

decorrentes de sua natureza tecnológica. Uma das principais características tecnológicas,

segundo Bianco (2009), é a “unissesorialidade”, pois os sons transmitem sensações, conceitos

ou representações do tamanho da imaginação do ouvinte.

1.1.3 A mídia áudio-scripto

Com a ampliação do ensino por correspondência e a criação e desenvolvimento do

rádio, tanto áudio quanto texto puderam se conjugar, objetivando diminuir as dificuldades

didático-pedagógicas, e também espaciais, dos cursos à distância. Nesse período, surge a TV,

resultando da junção entre áudio, texto e imagem. Assim como o rádio, a TV também seria

utilizada de forma intensiva para difundir os cursos à distância.

Diversas instituições, tanto públicas quanto privadas, usufruíram desse recurso

para a divulgação de seus cursos, sem deixar de lado outras mídias, como o impresso, por

exemplo. Além de ser uma mídia de massa, possibilita ao usuário visualizar e ouvir o que

estava sendo exposto, contudo seu caráter estático a torna “deficiente”.

Apesar das dificuldades técnicas e pedagógicas enfrentadas por esse sistema, esse

recurso vem sendo utilizado desde meados de 1960 até o presente momento. Uma iniciativa

considerada positiva por Alves (2009) foi a criação, na década de 1990, do programa

Telecurso 2000 pela Fundação Roberto Marinho e que perdura até os dias atuais.

1.1.4 A mídia áudio-scripto-visual

A internet, sem dúvida, contribui de forma ímpar para a disseminação das

informações geradas nas mais variadas áreas do conhecimento. No campo da educação, a

distância possibilitou que o conhecimento gerado nos grandes centros acadêmicos se

difundisse para as mais variadas regiões do país.

Page 20: Monografia

19

Dentro do contexto da EaD, várias mídias de comunicação são agregadas no

intuito de suprir a carência deixada pela ausência física dos professores, colegas e da própria

sala de aula (prédio). Como suporte ao processo de ensino e aprendizagem à distância, as

mensagens escritas, de áudio e de vídeo se combinam “de modo singular para produzir efeitos

imediatos e a longo prazo nos destinatários” (MEUNIER; PERAYA, 2008, p. 225).

As linguagens transmitidas pelos recursos áudio-scripto-visual tornam a

comunicação um processo flexível e completo.

Cada uma das linguagens pode ser utilizada em complementaridade da outra. Pode-

se, assim, recorrer à linearidade emocional do áudio e àquela outra, completamente

racional, do scripto; pode-se-lhe juntar a estruturalidade polissêmica da imagem, a

sensorialidade integral do audiovisual, e mesmo a relatividade do mosaico

scriptovisual (CLOUTIER, 1975).

1.2 AMBIENTE VIRTUAL DE ENSINO E APRENDIZAGEM

Em meados de 1970, com a criação pelo Departamento de Defesa dos Estados

Unidos, por meio de Agência de Projetos de Pesquisa Avançada (ARPA), de uma rede para

vincular os computadores das Forças armadas, universidades e empresas contratadas, é dado o

passo inicial para o que se tornaria hoje a maior rede de comunicação do mundo

(CASTELLS, 1999).

Segundo Moore e Kearsley (2007, p. 45):

[...] o primeiro modo de conectar computadores para instrução de grupos em vez de

indivíduos foi denominado audiográfico. As imagens gráficas eram transmitidas a

um computador por uma linha telefônica para melhorar a apresentação de áudio em

outra linha.

No final da década de 1980, foram criados e incorporados aos computadores

outros periféricos, que possibilitaram desenvolver as primeiras conferências por computador à

distância.

Mais adiante, com o surgimento world wide web (WWW), a educação a distância

teve seu grande impulso. Por meio desse aplicativo, foi possível organizar “o teor dos sítios

da internet por informação, e não por localização, oferecendo aos usuários um sistema fácil de

Page 21: Monografia

20

pesquisa para procurar as informações desejadas” (CASTELLS, 1999). Com isso, muitas

instituições de ensino superior adotaram a internet como recurso comunicacional na

divulgação de seus cursos à distância.

O sistema de redes de computadores, a WWW, viabilizou o ensino a distância

uma vez que é possível, através da internet, agregar diversas mídias, tais como o áudio,

imagem, texto etc. Dessa possibilidade, surgem os Ambientes Virtuais de Aprendizagem

(AVAs), onde alunos e professores podem atuar de forma individual ou colaborativamente.

Para Silva (2003, p. 62) “o Ambiente Virtual de Aprendizagem é a sala de aula online. É

composto de interfaces ou ferramentas decisivas para a construção da interatividade e da

aprendizagem”.

Dentre os AVAs existentes e disponíveis na internet, seja de forma gratuita ou

com licença restrita, é possível encontrar neles os mais variados recursos comunicacionais,

tais como fóruns, chats, tarefas, portfólios, caixas administrativas, correio de mensagens,

entre outros. Em nossa pesquisa, utilizamos como sala de aula virtual o AVA Moodle8 por ser

de uso livre e já fazer parte do programa Universidade Aberta do Brasil. A seguir,

descreveremos algumas das ferramentas de comunicação agregadas ao Moodle.

1.2.1 Fórum

Fórum permite a comunicação entre os usuários de forma assíncrona, ou seja, em

tempos diferentes, não necessitando estarem online ao mesmo tempo. Nesse recurso, é

possível a troca de informações, discussão de temas do curso, além da troca de documentos na

forma de anexos.

Nessa ferramenta, as discussões ficam visíveis a todos os participantes, o que

possibilita que todos possam argumentar e contra-argumentar sobre a opinião dos colegas e do

professor: “O cursista pode atuar sobre qualquer uma, sem obedecer necessariamente a uma

sequência de mensagens postadas de acordo com as unidades temáticas do curso” (SILVA,

2003, p. 70).

8 O Moodle é um software para gestão da aprendizagem e de trabalho colaborativo, permitindo a criação de

cursos online, páginas de disciplinas, grupos de trabalho e comunidades de aprendizagem. Está em

desenvolvimento constante, tendo como filosofia uma abordagem social construtivista da educação.

Fonte: http://baggio.com.br/conteudo.asp?Fuseaction=Y29udGV1ZG8&S=MA&Ss=NDY&C=MTk, acesso:

15/08/2010

Page 22: Monografia

21

1.2.2 Mensagem

Esse recurso funciona como um correio eletrônico, nele é possível se comunicar

com um, dois, ou todos os participantes de determinada disciplina. Dessa forma, o usuário

pode enviar mensagens para quem ele quiser, o que possibilita livre trânsito pelo coletivo.

Além disso, pode abordar o tema, seja este pertinente ou paralelo ao curso, fazer críticas,

parceiras, isto é, “provoca bidirecionalidade e co-criação” (SILVA, 2003, p. 66).

1.2.3 Chat

O chat ou bate-papo é uma ferramenta de comunicação síncrona, ou seja, permite

que os usuários se comuniquem em tempo real, com envio de mensagens textuais ou imagens

de forma simultâneas. Para Silva (2003, p. 65):

[...] o chat potencializa a socialização online quando promove sentimento de

pertencimento, vínculos afetivos e interatividade. Mediado ou não, permite

discussões temáticas e elaborações colaborativas que estreitam laços e impulsionam

a aprendizagem.

1.3 VIDEOCONFERÊNCIA: HISTÓRIA E DESENVOLVIMENTO

Inicialmente criada com o propósito de viabilizar a comunicação empresarial,

possibilitando a realização de reuniões de negócios, a videoconferência, nas últimas décadas

do século XX, vem sendo utilizada para fins educativos por se tratar de uma mídia que mais

se aproxima da sala de aula presencial, permitindo que pessoas localizadas distantes

geograficamente possam se comunicar de forma síncrona9.

A segunda metade da década de 1990 é marcada no Brasil por diversas

experiências em EaD; entre elas, Kipnis (2009) destaca a utilização da videoconferência no

programa de pós-graduação do departamento de engenharia de produção da Universidade

9 Permite que os usuários se comuniquem em tempo real (online).

Page 23: Monografia

22

Federal de Santa Catarina, que possibilitou mostrar o potencial dessa ferramenta como recurso

tecnológico e pedagógico.

Para Sousa (2009, p. 53) “a áudio-comunicação por vídeo é a forma de

comunicação mais importante, pois é a coisa mais próxima de presença física em si”. Essa

transmissão proporciona aos participantes uma maior aproximação do que seria uma sala de

aula presencial e, dessa forma, rompe “com a limitação espaço-temporal da aula, o que

possibilita a abertura da sala de aula e dos espaços pedagógicos para o mundo” (SILVA,

2003, p. 208). Por sua vez, essa ferramenta de interação traz em si uma maior necessidade de

requisitos, tais como hardware, software e infraestrutura de comunicação para que sua

utilização seja eficaz.

A transmissão de vídeo divide-se em três modelos de classificação: Unicast,

Broadcast e Multicast. Eles funcionam de acordo com os equipamentos e a internet

disponível na organização de ensino ou empresa. Dentre eles, o Unicast é o mais simples:

nele, os dados são transmitidos de uma máquina para outra, por exemplo, Google Talk. O

Broadcast é utilizado na internet para transmissões de controle, nas quais todas as máquinas

de uma rede têm que receber a mesma mensagem. Por último, temos o Multicast: nesse

modelo, uma mensagem é enviada simultaneamente para um grupo de máquinas sabendo seu

destino (SOUSA, 2009).

O modelo de transmissão de vídeo na internet, Multicast, é considerado mais

eficiente que os demais, possibilitando que as transmissões de dados ocorram com maior

interação. Esse modelo se divide em dois tipos: um-para-vários e vários-para-vários. Por

possibilitar maiores interações, esse modelo é considerado mais útil nas aplicações de vídeo,

como as videoconferências (GOMES, 2009).

Segundo Kipnis (2009), outras experiências surgiram, entre elas, o Curso Normal

Superior lançado pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, no ano 2000, em parceria com

a Universidade Eletrônica do Brasil10

, que fazia uso de mídias interativas para atender a 23

municípios no Paraná. Tal programa tinha como principal mídia interativa a videoconferência.

Apesar de se mostrar uma ferramenta atrativa por disponibilizar áudio e vídeo em

tempo real, a videoconferência apresenta limitações de ordem pedagógica, tecnológica e de

custos constatadas nas pesquisas de Cruz e Barcia (1999) e Demers (1996).

10

http://www.uep.org.br.

Page 24: Monografia

23

O cunho pedagógico aponta que tanto conteúdo como formato precisam ser

pensados na relação de mediação por meio de máquinas (SILVA, 1998). A dificuldade técnica

acontece em grande parte devido à limitação de recursos para implementação de salas

equipadas para videoconferência, uma vez que essa forma de comunicação só acontece se o

interlocutor tiver um equipamento compatível. Por último, o alto custo financeiro de

investimentos em equipamentos, em multipontos de transmissão, não tem se mostrado

compensador quando apresenta práticas de subutilização desse meio de comunicação em todo

o seu potencial.

1.4 WEBCONFERÊNCIA COMO DEVIR DA VIDEOCONFERÊNCIA

Nas últimas décadas, as tecnologias digitais sofreram enormes transformações,

principalmente no que diz respeito aos meios de comunicação, fornecendo novos recursos

para o uso e expansão da tecnologia Web. A partir disso, foi possível agregar novas formas,

recursos e funções à videoconferência.

Como tecnologia que evolui a partir de outra, surge a videoconferência, baseada

em computadores, via Web, que no estado do devir, passa a ser webconferência. Essa

ferramenta se mostra mais versátil e interativa que a videoconferência na medida em que

disponibiliza, de forma híbrida e confluente, mais recursos comunicacionais entre seus

usuários. Segundo Sousa (2009, p. 54), “as plataformas de conferência web são softwares que

permitem que os usuários se reúnam em uma linha, fórum para comunicação, através da

internet”.

Das diversas plataformas de webconferências disponibilizadas no mercado,

algumas com versões gratuitas e outras pagas, podemos encontrar: Dimdim, OpenMeetings,

Adobe Acrobat Connect, Cisco WebEx, IBM Lotus etc, sendo as duas primeiras parcialmente

livres e as demais plataformas pagas.

Para estudo desse trabalho, destacaremos a ferramenta de Webconferência

disponibilizada pela empresa Adobe Connect, denominada Adobe Connect Pró. Essa

ferramenta é gerenciada pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), que está vinculada

ao Ministério da Educação (MEC) e ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Em um

consórcio realizado entre esses dois ministérios, foi possível a criação de salas virtuais

Page 25: Monografia

24

distribuídas para as Instituições de Ensino Superior (IES) integradas aos programas da

Universidade Aberta do Brasil.

As IES possuem salas próprias que podem ser utilizadas e configuradas de acordo

com suas necessidades. Na figura 1, é possível ter uma visão geral da sala de aula virtual

disponibilizada para o UAB/IFCE:

FIGURA 1- Tela inicial da webconferência – RNP

Fonte: http://webconf.rnp.br/uab_ifce

A ferramenta possibilita que os usuários localizados em diferentes lugares possam

enviar e receber, durante a sessão web, dados considerados mais complexos, como vídeos,

áudio, apresentação em slides, textos, entre outros. Além disso, permite que os participantes

possam compartilhar certos tipos de aplicações, por exemplo, o quadro branco11

(whiteboard),

o compartilhamento de aplicativos da área de trabalho e a possibilidade de se gravar a

conferência web para que os usuários possam assistir ao evento em um momento posterior.

A seguir, explicaremos com mais detalhes os tópicos que compõem a barra de

ferramentas responsável pelo gerenciamento do ambiente.

11

Quadro branco que permite aos participantes e moderador da conferência desenhar/escrever livremente no

quadro (SOUSA, 2009, p. 56).

Page 26: Monografia

25

1.4.1 Ferramentas de gerenciamento da webconferência

De acordo com as necessidades específicas de cada usuário, é possível adequar a

reunião, aula e encontro à sua necessidade. Para isso, basta configurar a barra de ferramentas

localizada na parte superior da janela da webconferência. Nessa barra, é possível encontrar

opções mais detalhadas da sala virtual.

Menu reunião

O menu reunião, como apresentado na figura 2, é composto por submenus de

gerenciamento da ferramenta. Estes oferecem suportes ao áudio, voz, vídeo, gravação do

momento virtual etc.

FIGURA 2 - Menu reunião

Fonte: http://webconf.rnp.br/uab_ifce

Menu Apresentar

Este menu permite ao usuário atribuir funções aos participantes, tais como

administrador (possui todos os poderes de edição, inserção, exclusão, entre outros),

Page 27: Monografia

26

apresentador (tem permissões mais restritas do que o administrador) e participante (tem

permissões apenas de ouvinte).

FIGURA 3 - Menu apresentar

Fonte: Fonte: http://webconf.rnp.br/uab_ifce

Menu Layouts

Esse menu permite criar um novo layout, escolher os já existentes

(compartilhando, discussão e colaboração) e organizar os layouts na ordem que o usuário

desejar, visando atender suas necessidades.

FIGURA 4 - Menu Layout

Fonte: Fonte: http://webconf.rnp.br/uab_ifce

Page 28: Monografia

27

Menu Pods

Dentro deste menu, o usuário pode encontrar opções para otimizar a tela da

webconferência. Ele pode escolher que janelas irão compor a estrutura da sala de aula virtual.

Na figura da página a seguir, é possível observar as seguintes opções:

Compartilhamento: visualizar arquivos utilizados em sessões anteriores,

compartilhar disponíveis na biblioteca da ferramenta, escolher arquivos que estejam

armazenados dentro do computador, compartilhar a tela do computador e inserir quadro

branco;

Lista de participantes: ao clicar, pode exibir ou ocultar a janela lista de participantes;

Câmera e voz: ao clicar, pode exibir ou ocultar a janela câmera e voz;

Bate-papo: visualiza bate-papos anteriores ou insere nova janela de bate-papo;

Nota: visualiza janela de notas anteriores ou insere nova janela de notas;

Pesquisa: permite criar uma enquete, inserindo o titulo e o tipo de pesquisa, que pode

ser múltipla escolha ou múltiplas respostas. Permite também inserir nova janela de pesquisa;

Compartilhamento de arquivos: é através dessa ferramenta que se realiza o upload

de um arquivo existente no computador para dentro da webconferência. Além disso, o usuário

– na função de administrador – pode compartilhar esse arquivo com os demais participantes;

Links na web: pode compartilhar com os demais participantes dos sites; para isso,

basta digitar o link desejado na caixinha Links da web;

Mover e redimensionar pods12

: permite movimentar ou tornar estáticos os pods

disponíveis naquele momento na sala de aula virtual;

Organizar pods: permite excluir, renomear e selecionar sem uso os pods que foram

criados pelo usuário.

Com esses instrumentos, o usuário pode tornar o ambiente virtual um espaço

dinâmico por ser mais interativo, com comunicação em tempo real entre os demais

participantes.

12

São caixas disponíveis na sala virtual responsável pela comunicação entre os participantes. Ex: câmera e voz,

bate papo, lista de participantes etc.

Page 29: Monografia

28

FIGURA 5 - Menu Pods

Fonte: http://webconf.rnp.br/uab_ifce

Menu Ajuda

Neste espaço, encontram-se opções que orientam o usuário no uso da ferramenta,

entre as quais temos:

Ajuda do Connect Pró: ao clicar nessa opção, abrirá uma nova janela com todos os

tópicos anteriores. Para saber mais detalhes sobre eles, basta clicar sobre o título;

Introdução: nesse item você encontra uma animação em flash, explicando o modo

como você deve inserir documentos, configurar vídeo e áudio, gravar reuniões, enfim,

apresenta ferramentas úteis para a administração da plataforma;

Centro de recursos: ao clicar nessa opção, abrirá uma nova janela referente ao site da

Adobe Conect Resource Center13

– Centro de Pesquisas da Adobe Conect;

Solução de problemas: nesse item você encontrará dicas de conexão, conteúdo,

gerenciamento da webconferência etc;

Atalhos de Teclado: é possível criar, associar recursos e comandos da plataforma com

o teclado do computador;

Verificar se há atualizações: o usuário conseguirá fazer algumas atualizações de

softwares utilizadas para execução da webconferência;

13

http://www.adobe.com/support/connect/gettingstarted/index.html.

Page 30: Monografia

29

Sobre o Connect Pró: ao clicar nesse item, o usuário obterá mais informações a

respeito da ferramenta.

FIGURA 6 - Menu Ajuda

Fonte: http://webconf.rnp.br/uab_ifce

No layout compartilhado, é possível exibir documentos, vídeos e slides de forma

direta para todos os participantes. Além disso, podemos utilizar as ferramentas do quadro

branco para destacar trechos importantes na apresentação, conforme mostra a figura 7.

FIGURA 7 – Ferramentas quadro branco

Fonte: http://webconf.rnp.br/uab_ifce

Page 31: Monografia

30

Nos botões da barra lateral direita da figura acima é possível encontrar as

seguintes funções:

seleção – ao clicar nele é possível selecionar o texto;

Ferramenta lápis: ao clicá-la, você poderá escrever sobre o texto apresentado;

Ferramenta marcador: serve para destacar uma palavra ou frase. Mas antes de selecioná-

lo, é possível escolher a cor e tamanho da marcação;

Ferramenta linha: sublinha uma palavra ou frase;

Ferramenta retângulo: seleciona uma palavra ou trechos do documento apresentado.

Você pode, também, escolher a cor e textura do retângulo;

Ferramenta elipse: mesma função da ferramenta retângulo: só altera o formato da figura;

Ferramenta texto: cria uma caixa de texto em qualquer parte do documento, para isso,

basta escolher o local;

Ferramenta carimbo: ao escolher essa opção e clicar ao lado de um trecho qualquer do

documento em exibição, aparecerá uma seta.

Desfazer: para desfazer algo incorreto realizado com alguma ferramenta do quadro;

Refazer: para refazer algo que foi apagado indevidamente;

Limpar: nessa opção você pode apagar algo que não interessa no documento, mas só

funciona para objetos feitos com a ferramenta do quadro branco;

Imprimir: nesse item você pode imprimir, direto da webconferência, o documento que

está sendo exibido;

Ferramentas quadro branco: nessa opção, você pode exibir e ocultar as ferramentas do

whiteboard.

Page 32: Monografia

31

As ferramentas dentro da webconferência Adobe conect podem ser organizadas e

agrupadas de acordo com a necessidade e especificidade de cada encontro. Cada pod funciona

de forma dinâmica e independente, ou seja, é possível modificar a sua localização dentro da

janela inicial.

É preciso deixar claro que a utilização da ferramenta deve ser previamente

planejada, bem como devem ser realizados testes iniciais para evitar qualquer contratempo

durante sua utilização. Apesar de se mostrar uma ferramenta bastante interessante no processo

de ensino e aprendizagem a distância, ela apresenta alguns aspectos que a tornam

subutilizada, principalmente no que diz respeito à largura de banda larga, que varia muito de

acordo com a localização geográfica da cidade.

Uma vez enunciados o histórico, desenvolvimento e ferramentas da

webconferência, enunciaremos, no próximo capítulo, a caracterização do processo de

interação entre aluno e professor no âmbito comunicacional dos cursos realizados a distância.

Page 33: Monografia

32

2. CARACTERIZAÇÃO DA INTERAÇÃO TUTOR X ALUNO, USANDO

WEBCONFERÊNCIA

A primeira manifestação e materialização do

ecossistema comunicativo é a relação com as novas

tecnologias – desde o cartão que substitui ou dá acesso

ao dinheiro, até as grandes avenidas da internet.

Martins-Barbero (2007, p. 54)

Este capítulo caracteriza o processo de interação entre tutor a distância e aluno

através do uso das ferramentas de comunicação, em especial, o ambiente de webconferência,

no que se refere ao seu uso como suporte pedagógico no processo comunicacional síncrono.

Para isso, apresenta a relação de interação e interatividade, o processo de mediação

pedagógica e o papel do tutor nesse contexto de ensino e aprendizagem.

2.1 INTERAÇÃO E INTERATIVIDADE NAS MÍDIAS CONTEMPORÂNEAS

Existem diferenças epistemológicas entre os termos interação e interatividade.

Segundo o dicionário Houssais (HOUSSAIS; VILLAR, 2009, p. 429), interação é definida

como a:

[...] influência ou ação mútua entre coisas e/ou seres, é a comunicação entre pessoas

que convivem; já interatividade é definida como a capacidade de um sistema de

comunicação ou equipamento de possibilitar interação.

Já para alguns autores, como Silva (2003), existe uma aproximação entre esses

conceitos. Para ele, interatividade possibilita ao sujeito transpor sua condição de expectador

passivo para a condição de sujeito operativo. Além disso, conforme expressa Almeida (2003b,

p. 203), ocorre “interatividade com o diálogo entre emissão e recepção, a criação conjunta da

comunicação e a intervenção do usuário”.

A transposição de informação através das ferramentas de comunicação, como, por

exemplo, o rádio e a televisão, configuram-se como mídias comunicacionais que permitem

que a interatividade seja emitida apenas de forma unidirecional, ou seja, de um emissor para

vários receptores, sendo que estes últimos adquirem a informação de maneira passiva, e nesse

Page 34: Monografia

33

caso, a interação será assinalada apenas por ações de ver, ler e ouvir as informações

transmitidas.

Já quando nos referimos à comunicação por meio das tecnologias digitais, o

receptor passa a exercer outro papel, o de emissor. Assim, além de poder intervir, pode

também repassar a informação que lhe é transmitida. Nesse caso, o receptor pode exigir do

emissor a informação, a mensagem e o conhecimento que deseja e que atenda a seus

interesses (SILVA, 2010).

Os recursos comunicacionais, como o correio eletrônico, as listas de discussões

online, as salas de bate-papos, os Ambientes Virtuais de Aprendizagem14

, as salas de

videoconferência e de webconferência foram criadas para potencializar “a comunicação

multidirecional [...], a rápida emissão e distribuição de conteúdos, interação com informações

e recursos oriundos de distintas fontes e mídias” (ALMEIDA, 2003a, p. 204).

Os recursos comunicacionais inerentes a cada uma dessas ferramentas viabilizam

o processo de troca, de armazenamento e recebimento de informação através dos usuários. Na

ferramenta de webconferência, por exemplo, o recurso de áudio, vídeo, bate papo e de

carregamento de arquivos permitem aos usuários a comunicação de forma bidirecional ou

multidirecional com outros participantes, tornando o processo de troca de informações, de

ensino e aprendizagem, em especial, o ensino a distância, mais dinâmico.

No ensino a distância por meios das tecnologias digitais a interação é dividida por

Moore e Kearsley (2007, p. 152) em três tipos distintos:

Interação aluno-conteúdo: representa uma característica definidora da educação,

que é um processo de aprendizado planejado de determinado conteúdo, auxiliado

por um professor ou por professores. Interação aluno-instrutor: após o conteúdo

ter sido apresentado – seja informação, demonstração de aptidão ou o aparecimento

de certas atitudes e valores - os instrutores auxiliam os alunos a interagir com o

conteúdo. Interação aluno-aluno: dois tipos de interação estão incluídos neste

caso: internamente nos grupos e entre os grupos [...] O outro é a interação de aluno

para aluno em ambientes online [...].

Nos Ambientes virtuais de aprendizagem (AVA), nos quais é possível agregar as

mídias de áudio, vídeo, ferramentas síncronas e assíncronas, as interações acima citadas

ocorrem de forma mais intensa e frequente devido à flexibilidade de tempo e espaço

14

São sistemas computacionais disponíveis na internet, destinados ao suporte de atividades mediadas pelas

tecnologias de informação e comunicação (ALMEIDA, 2003a, p. 331).

Page 35: Monografia

34

proporcionada pelas mídias digitais. Já o processo de interatividade ocorre através da

mediação pedagógica professor-aluno.

Mais adiante, veremos que o papel do professor no processo de ensino e

aprendizagem, através das tecnologias de informação e comunicação, é fundamental,

principalmente quando se trata de cursos online em que o uso dessas ferramentas é

indispensável para a troca de informações entre os sujeitos.

2.1.1 O processo de Interação e interatividade na Webconferência

Com o desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação, é

impossível limitar o processo de ensino e aprendizagem somente a momentos presenciais de

sala de aula (ambiente físico), visto que o uso de tecnologias digitais é cada vez mais

necessário e presente, em especial no ensino a distância, como afirma Kensky (2007).

Os recursos tecnológicos digitais, como a videoconferência e a webconferência,

possibilitam que professores e alunos tenham uma aproximação mais realista do que seria

uma aula presencial, na qual todos ocupam o mesmo espaço físico. O uso desses ambientes

para o desenvolvimento de atividades, principalmente em cursos a distância, dinamiza o

processo comunicacional, permite uma economia de tempo por diminuir o deslocamento

físico para um local especial, além disso, as reuniões podem ser gravadas e disponibilizadas

posteriormente (BARROS, 2010).

A webconferência, por necessitar apenas de computador conectado à internet e

equipamentos de áudio e vídeo, permite que os usuários interajam entre si, tendo o conteúdo e

as ferramentas de comunicação disponíveis no ambiente, independente da localização

geográfica dos participantes.

Em cursos a distância, essa ferramenta promove a alunos e professores a

comunicação de forma síncrona. Além disso, os recursos comunicacionais de chat, vídeo,

áudio, compartilhamento de arquivos, disponíveis no ambiente virtual da webconferência

permitem

[...] ao usuário ser ator e autor, fazendo da comunicação não apenas o trabalho da emissão,

mas co-criação da própria mensagem e da comunicação [...] O usuário pode ouvir, ver, ler,

gravar, voltar, ir adiante, selecionar, tratar e enviar qualquer tipo de mensagem para

Page 36: Monografia

35

qualquer lugar. Em suma, a interatividade permite ultrapassar a condição de espectador

passivo para a condição de sujeito operativo. (SILVA, 2003, p. 2).

O processo de interação do aluno com a ferramenta de webconferência mediado

pelo professor resultará no que Vygotsky apud Barros e Crescitelli (2008, p. 75) considera

como “motor da aprendizagem e do desenvolvimento humano”. Mas é necessário, antes de

tudo, que o professor tenha domínio de uso da ferramenta para usufruí-la com todo o seu

potencial.

2.2 MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA EM PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM A

DISTÂNCIA

As mudanças na sociedade atual, decorrentes do advento das tecnologias da

informação e comunicação (TICs), têm provocado mudanças, também, na forma de ensinar e

aprender. Essas transformações estabelecem novos papéis ao professor e criam novas formas

para promoção do ensino, em especial, o ensinar online.

Nesse contexto de transformações, o professor, sujeito ímpar no processo de

ensino e aprendizagem, ganha ainda mais papel de destaque na educação a distância, pois

nessa modalidade de ensino mediada por ferramentas disponíveis na web, em que atividades e

conteúdos estão disponíveis em um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), o professor

será orientador e, acima de tudo, mediador entre aluno e as novas estruturas educacionais.

Dessa forma, esse agente intervém no processo de aprendizagem, no sentido de promover a

mediação pedagógica entre aprendizes e TICs.

Portanto, precisamos compreender o que é o processo de mediatização para,

enfim, entender a relação professor-aluno via tecnologia. Mediação pedagógica é vista por

Masetto (2000, p. 144) como “a atitude, o comportamento do professor que se coloca como

um facilitador, incentivador ou motivador da aprendizagem, que se apresenta com a

disposição de ser uma ponte entre o aprendiz e sua aprendizagem [...]”. É através desses

processos de trocas de informações e das relações estabelecidas pelo aprendiz, do conteúdo

apresentado pelo professor com sua realidade, que o aluno cria, ou seja, desenvolve

significados para a compreensão do que está sendo exposto.

Page 37: Monografia

36

Nesse sentido, as tecnologias digitais devem ser utilizadas, conforme Masetto

(2000, p. 154), para “desenvolver a interaprendizagem: a aprendizagem como produto das

inter-relações entre as pessoas”. Não se pode pensar no uso dessas tecnologias como algo

isolado, mas é preciso estabelecer formas que integrem as várias atividades, buscando sempre

o objetivo central que é a aprendizagem. Nesse processo “é tarefa do professor tomar cuidado

para que as várias influências que rodeiam o estudante sejam selecionadas e organizadas para

promover a aprendizagem” (GAGNÉ, 1980, p. 2).

Corroborando com Gagné está Silva (2003, p. 211), que afirma:

Na educação com suporte em ambientes virtuais, o papel do professor é o de gerir as

situações facilitadoras da aprendizagem, articular diferentes pontos de vista, instigar

o diálogo entre os alunos e a produção conjunta, a busca de informações e a

expressão do pensamento do aluno, orientando-o em suas produções e na

recuperação e na análise dos registros e suas respectivas reformulações.

Sendo assim, é possível observar o papel do professor como ator coadjuvante na

condução da aprendizagem, mas esse processo só ocorrerá se o aluno estiver apto e quiser

aprender em determinado nível (MORAN, 2000). A aprendizagem centrada no aluno surge a

partir de algumas abordagens educacionais, entre elas a Andragogia15

, que teve seus

fundamentos recuperados na década de 1970 por Malcolm Knowles, que se dedicou aos

estudos dessa teoria.

No ensino a distância, em que todo o processo de ensino e aprendizagem é

mediado por tecnologias digitais e encontramos um corpo discente bem diversificado quanto a

aspectos sociais, culturais e de experiências, podemos observar bem presentes as ideias

defendidas por Knowles acerca da educação para adultos. Ele afirma que o aprendiz adulto é

capaz de tomar “a decisão de aprender algo que seja importante para sua vida e trabalho,

passando a ter papel ativo em seu processo de aprendizagem [...]” (ALMEIDA, 2009, p. 105).

Dessa forma, torna-se necessário estabelecer elos significativos entre o que está

sendo ensinado e a realidade do aprendiz, para que este se sinta motivado e impulsionado a

buscar novos caminhos e fontes de aprendizagem. E cabe ao professor desempenhar esse

papel, descentralizando o conhecimento de si e atuando na criação de métodos que permitam

aos alunos desenvolverem suas criatividades, autonomias e liberdades com a finalidade de

15

Esse termo foi utilizado pela primeira na década de 1830, pelo professor alemão Alexander Kapp (Almeida,

2009).

Page 38: Monografia

37

selecionar os contextos em que desejam interagir, compartilhar experiências e cogestar a

formação (ALMEIDA, 2009).

2.3. O PAPEL DO TUTOR NA INTERAÇÃO, USANDO AS FERRAMENTAS DE

COMUNICAÇÃO

O desenvolvimento das Tecnologias de Informação e Comunicação permitiu a

criação e ampliação de inúmeros programas educacionais que passaram a utilizar esses meios

como recursos didáticos no processo de ensino e aprendizagem. Entre esses programas,

podemos citar a Universidade Aberta do Brasil16

(UAB), criada em 2005 com o objetivo de

desenvolver programas de formação inicial e continuada de professores, fazendo uso da

modalidade de ensino a distância.

Dentro da estrutura desse programa de formação, diversos atores surgem nesse

processo. Nessa etapa de estudo, procuraremos analisar o papel do tutor dentro do processo de

ensino e aprendizagem a distância. Dentro do contexto da EaD, cabe ao tutor responder a:

[...] todas as dúvidas apresentadas pelos estudantes, no que diz respeito ao conteúdo

da disciplina oferecido. A ele cabe também mediar a participação dos estudantes nos

chats, estimulá-los a participar e a cumprir suas tarefas, e avaliar a participação de

cada um (GONZALEZ, 2005, p. 40).

Apesar de passarem por um curso de Formação específico voltado para atender às

necessidades do modelo de ensino do UAB/IFCE, muitas das habilidades adquiridas pelo

tutor são desenvolvidas ou nascem de seu momento de prática, quando este desempenha sua

atividade de tutoria. Professores que se destaquem nessas atividades, segundo Moore e

Kearsley (2007, p. 148), procuram desenvolver “empatia e capacidade para entender as

personalidades de seus alunos, mesmo quando filtradas pelas comunicações transmitidas

tecnologicamente”.

De fato, é necessário que o tutor respeite a autonomia da aprendizagem de cada

aluno (PRETI, 1996). Assim, ele tornar-se-á um dos grandes responsáveis pela efetivação do

16

Mais informações no site: http://www.uab.capes.gov.br/index.php.

Page 39: Monografia

38

curso em todos os níveis e estará constantemente orientando, dirigindo e supervisionando o

processo de ensino-aprendizagem de seus alunos.

O perfil necessário ao tutor para os cursos de EAD é ter uma atitude de compreensão

do outro e que seja capaz de interagir com o grupo, de coordenar para que tudo e

todos cheguem ao final. Para isso é necessário em todo o trabalho, organização,

dinamismo, co-responsabilidade, habilidade de trabalhar em equipe, capacidade de

procurar soluções e lidar com as novas situações do curso e dos cursistas

(VASCONCELOS; MERCADO, 2007, p. 3).

Particularmente, quando nos referimos ao tutor que atua nas disciplinas de

Matemática do curso de Licenciatura em Matemática a distância, ele precisa conhecer, além

do ambiente virtual, outras ferramentas extras, como cálculo, desenvolvimento de expressões,

equações e fórmulas matemáticas que o auxilie na transposição, comunicação e troca de

informações sobre o conteúdo com os alunos. Diante do novo contexto educacional no qual

estamos inseridos, os tutores em matemática devem buscar um ensino significativo e “livre

dos ditames encontrados nos livros didáticos, incentivando a busca dos alunos por outras

fontes de informações e de discussões” (VASCONCELOS; MERCADO, 2007, p. 3).

Portanto, o tutor assume papel de destaque no processo de aprendizagem, pois

recai sobre ele o “ônus de criar um ambiente no qual os alunos aprendem a controlar e a

gerenciar, e a aplicar e desenvolver com esses materiais na tentativa de relacioná-los às suas

próprias vidas” (MOORE; KEARSLEY, 2007, p. 148).

2.3.1. O tutor e a mediação na webconferência

O professor, tanto no ensino presencial quanto a distância, assume papel

importante no processo de ensino e aprendizagem. Na EaD, por se tratar de uma modalidade

de ensino mediada por tecnologias, é indispensável a figura do professor na mediação do

conteúdo, via tecnologia, para o aluno. Corroborando com essa ideia está Barbero (2007), ao

afirmar que a comunicação não está nos meios, mas nas mediações.

No que concerne ao uso de Ambientes Virtuais de Aprendizagem para a

promoção da educação a distância, a webconferência vem aos poucos se inserindo nesse

contexto como ferramenta síncrona de comunicação e compartilhamento de informações. No

entanto, seu uso ainda é restrito e esporádico, pois, na maioria dos casos, quem detêm

domínio de uso é a equipe técnica e não a equipe pedagógica.

Page 40: Monografia

39

Por isso, torna-se necessário capacitar os professores para a utilização da

ferramenta em seus processos de ensino. No ensino de Matemática, em especial, essa

formação ganha outras especificidades, por exemplo, a manipulação da ferramenta de

conferência para a exibição de fórmulas matemáticas, a adequação, de forma coerente, da

ferramenta e do conteúdo em questão, bem como a utilização dos recursos áudios-visuais

necessários para o desenvolvimento das atividades de Matemática de forma síncrona.

Durante uma sessão de conferência via web, o tutor precisa “saber promover

novas formas de interação” (BARROS; CRESCITELLI, 2008, p. 76). Além disso, “aprender

que comunicar não é simplesmente transmitir, mas disponibilizar múltiplas disposições à

intervenção do interlocutor. A comunicação só se realiza mediante a sua participação”

(SILVA, 2010, p. 83-84).

Além da familiaridade com o conteúdo disciplinar o qual esteja ministrando, é de

suma importância que o tutor conheça as ferramentas básicas de comunicação e interação

disponível dentro do ambiente da webconferência, bem como as estratégias de mediação

pedagógica em Ambiente Virtual de Aprendizagem. Para Vasconcelos e Mercado (2007, p.

4), “a ação do tutor deve buscar a superação dos obstáculos da aprendizagem à distância. Em

um sistema utilizando TIC, o trabalho do tutor está baseado em manter um contato próximo e

personalizado com o aluno, apoiando-o durante todo o curso”.

Dessa forma, é de fundamental importância que o tutor esteja preparado para lidar

com imprevistos, visto que a webconferência depende exclusivamente da internet, além de

estar preparado para trabalhar com o máximo de ferramentas disponíveis, a fim de promover a

comunicação.

2.4 MODELO DE TUTORIA IFCE

As instituições de Ensino Superior que ofertam cursos na modalidade a distância

geralmente oferecem cursos de formação para professores com o intuito de capacitá-los para

atuarem nas funções de tutores a distância, professores conteudistas, professores formadores,

tutores presenciais ou coordenadores de polos em seus cursos, de nível técnico e/ou superior.

Page 41: Monografia

40

Dentro do contexto educacional da UAB/IFCE17

, o tutor a distância desempenha

seu papel de tutoria com o apoio, além da equipe pedagógica, do professor formador18

. O

tutor passa por um curso de formação, em que as aulas ocorrem de forma semipresencial. A

duração do curso é de seis semanas aproximadamente. Nesse período, o tutor se depara com

atividades teóricas e práticas.

Os momentos práticos são criados e desenvolvidos pela equipe de Formação,

dentro do próprio Moodle, a partir de situações-problema reais vivenciadas no cotidiano da

própria UAB/IFCE. As discussões das atividades são realizadas via fóruns, chats, tarefas e

mensagens durante todo o curso, o que permite aos participantes a troca de experiências e o

amadurecimento das ideias acerca das situações-problema oriundas do ensino a distância.

O momento prático é considerado importante durante a formação dos sujeitos que

iram atuar no ensino a distância. Aliado às suas competências individuais, permitirá a esses

atores uma base tecnopedagógica para intervir na realidade dos alunos de forma concreta e

eficaz. Para Vasconcelos e Mercado (2007), a formação de tutores é processo contínuo e

coletivo de troca de experiências e práticas.

Nesse contexto, para que este sujeito desempenhe de forma satisfatória seu papel,

é necessário que, além de desenvolver o conhecimento tecnológico, também desenvolva

quatro funções principais, descritas por Moore e Kearsley (2007, p. 148) da seguinte forma:

Funções de ensino; isso significa que o instrutor ressalta certas partes do conteúdo

do curso em uma determinada unidade de instrução, intervém para orientar a

discussão, [...] e também interage com indivíduos e grupos [...] O segundo conjunto

de atividades diz respeito ao progresso do aluno, em que o instrutor analisa a tarefa

normal de um aluno [...], avalia e então comunica a cada aluno o quanto atendeu aos

critérios de desempenho naquele estágio do curso. O terceiro grupo de atividades é

formado pelas funções de apoio ao aluno. O instrutor precisa ser capaz de

reconhecer os tipos de problemas com que lidam os serviços de apoio ao aluno, de

modo que os enfrente antes que o aluno os reconheça ou esteja pronto para articulá-

los. Portanto, o instrutor é a fonte de informação mais confiável, quando os

administradores interpretam os dados procedentes dos processos de

acompanhamento dos alunos.

Ao desempenhar o papel de tutor, o sujeito ultrapassa a visão puramente técnica.

É necessário adquirir competências que o permita usufruir da tecnologia, colocando-a a

serviço do processo de ensino e aprendizado. Na visão de Leal (2005, p. 3), “o tutor é um

17

Universidade Aberta do Brasil/Instituto Federal do Ceará. 18

Profissional responsável pelo acompanhamento, orientação, e apoio pedagógico e tecnológico aos tutores a

distância.

Page 42: Monografia

41

educador à distância”. Além disso, é responsabilidade dele discutir as estratégias de

aprendizagem cabíveis, criar percursos acadêmicos que orientem os alunos, problematizar o

conhecimento, estabelecer diálogo com o aluno e medir problemas de aprendizagem.

Assim, o tutor a distância, no processo de mediação de saberes dentro do

ambiente virtual, necessita conhecer o conteúdo específico, possuir competências de gestão,

conhecimentos técnicos e saber escolher os recursos que mais se adequem a cada atividade de

ensino (SARMET; ABRAHÃO, 2007), de forma que o aluno se sinta curioso, instigado e

desafiado a buscar novas formas de saberes. Por tudo isso, é de grande importância uma

adequada formação, a fim de esclarecer para o futuro tutor a distância as expectativas,

fundamentos e aspectos inerentes à execução de suas atividades a distância.

Page 43: Monografia

42

3. MAPEAMENTO DE SESSÃO DE WEBCONFERÊNCIA NO ENSINO

DE MATEMÁTICA EM EAD

[...] integração individual e social. Para que ocorra essa integração, é

preciso que ... se utilize a educação para ensinar sobre as tecnologias

que estão na base da identidade e da ação do grupo e que se faça uso

delas para ensinar as bases dessa educação”.

Vani Kensky (2007, p. 43).

Este capitulo analisa e discute a experimentação, evidenciando os contextos, as

necessidades e as percepções dos sujeitos tutor e alunos no processo de realização de uma

webconferência. Para isso, apresenta as atividades realizadas, seus principias obstáculos e

elementos fundamentais para o desenvolvimento das sessões via web.

3.1 ASPECTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS

A investigação da pesquisa toma como base o estudo de caso, denominação essa

que trata do estudo “de um caso, talvez de uma pessoa, mas também o de um grupo, de uma

comunidade, de um meio, ou então fará referência a um acontecimento especial, uma

mudança política, um conflito” (LAVILLE; DIONNE, 1999, p. 155).

Para o desenvolvimento da pesquisa, utilizamos a pesquisa-ação como

metodologia. Para isso, usamos os preceitos definidos por Miranda e Resende (2006, p. 511),

considerando o aspecto “de uma pesquisa que articula a relação entre teoria e prática no

processo mútuo de construção do conhecimento, ou seja, a dimensão da prática no eixo

educacional, como fonte e lugar privilegiado da pesquisa”.

Com isso, pretendemos, como objetivo da pesquisa, mapear as sessões de

webconferência, identificando seus limites e potencialidades no processo comunicacional,

com fins pedagógicos, dos sujeitos tutor-aluno e no estudo do conteúdo de Matemática.

Page 44: Monografia

43

3.2 CENÁRIO DA PESQUISA

Esta pesquisa teve como locus o Centro de Ensino Tecnológico (Centec) de São

Gonçalo do Amarante, onde se localiza o polo de apoio presencial do Instituto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE).

No segundo semestre de 2007, o IFCE, no âmbito da sua Diretoria de Educação a

Distância, em convênio com a Universidade Aberta do Brasil, lançou seus primeiros cursos na

modalidade a distância. Inicialmente, dois cursos de graduação foram ofertados: Licenciatura

em Matemática e Tecnologia em Hotelaria.

O Curso Superior de Licenciatura em Matemática, na modalidade a distância, tem

como objetivo central a formação e qualificação de professores que residem no interior do

estado do Ceará.

No projeto inicial, o edital ofertou vagas para quatro municípios do interior do

estado do Ceará - Limoeiro do Norte, Meruoca, Quixeramobim e Ubajara. Atualmente, o

curso de Licenciatura em Matemática se expandiu para os seguintes municípios: Acaraú,

Camocim, Campos Sales, Itapipoca, Jaguaribe, São Gonçalo do Amarante, Orós e Tauá.

Na pesquisa em questão, o foco será a disciplina Matemática Básica II do curso

superior de Licenciatura de Matemática, no que diz respeito ao uso da ferramenta de

webconferência, analisando suas limitações e possibilidades pedagógicas.

A webconferência vem sendo utilizada no Instituto Federal de Educação, Ciência

e Tecnologia do Ceará (IFCE), na modalidade a distância do sistema Universidade Aberta do

Brasil (UAB), desde 2008.2, resultante de uma parceria da CAPES19

/UAB com a Rede

Nacional de Pesquisa e Ensino (RNP), em algumas disciplinas do curso de Licenciatura em

Matemática e Tecnologia da Hotelaria, como ferramenta síncrona, visando maior interação

em tempo real entre alunos e professores.

A primeira experiência com uso da ferramenta foi na disciplina de fundamentos

da economia, ofertada em 2008.2, do curso de Tecnologia em Hotelaria. Posteriormente, teve

outros momentos virtuais, mas de forma pontual, na disciplina de Estatística Aplicada do

referido curso, no semestre 2009.1.

19

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

Page 45: Monografia

44

Em 2009.2, foram realizadas webconferências no primeiro encontro de tutores a

distância e alunos das disciplinas de Matemática Básica I e de Lógica e Conjuntos, do

primeiro semestre do curso de Licenciatura em Matemática.

Durante a realização dos encontros via webconferência das disciplinas citadas

acima, alguns problemas técnicos ocorreram, como o tempo de retorno de áudio e vídeo -

delay - e pouca infraestrutura do polo, o que prejudicou a comunicação síncrona de alunos e

professores.

3.3 SUJEITOS PESQUISADOS

A pesquisa trabalhou com a turma do 2º semestre do curso de Licenciatura em

Matemática a distância do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará

(IFCE), polo São Gonçalo do Amarante, que fica a 59 km (cinquenta e nove quilômetros) da

cidade de Fortaleza.

A turma era composta de 25 alunos. A escolha da turma se deu por dois motivos:

primeiro, o polo se localiza a uma distância próxima da capital Fortaleza, o que permitiu,

sempre que necessário, o meu deslocamento até lá para as devidos testes e orientações

técnicas junto à tutora presencial; o segundo refere-se à familiaridade da tutora a distância

com a referida turma, o que viabilizou a realização das sessões de webconferências.

Na etapa prévia de testes e durante os momentos virtuais, a participação da tutora

presencial foi imprescindível para o desenvolvimento das sessões de webconferências e apoio

aos alunos que estavam no polo. Outro fator importante para a realização dessa pesquisa

foram as orientações dadas aos alunos durante o encontro presencial e no Ambiente Virtual de

Aprendizagem (Moodle), contribuindo para que os mesmos pudessem acessar a sala virtual da

webconferência de outros pontos distantes do polo, como lan house, por exemplo.

3.4 CAMINHOS DA PESQUISA

Nessa etapa, descreveremos alguns procedimentos importantes que foram

necessários para a execução das webconferências. A pesquisa foi dividida em três momentos,

que descreveremos a seguir.

Page 46: Monografia

45

3.4.1 Ensaios prévios

No primeiro momento, foi necessário ganhar a confiança dos alunos para a

realização do experimento. Minha experiência como tutora a distância dessa turma, no

semestre anterior (2009.2), ajudou nesse processo. Ao propor o uso da ferramenta na

disciplina de Matemática Básica II, semestre 2010.1, alguns alunos refutaram a ideia,

enquanto outros estavam dispostos a participar da experiência, com a condição de que a

própria tutora a distância ministrasse as sessões via web.

No segundo momento, para que ocorressem as webconferências, foram feitos

alguns testes preliminares, que são descritos a seguir.

Esses testes consistiram na verificação dos equipamentos de áudio e vídeo

disponíveis no polo e necessários para execução das sessões via web, bem como do

treinamento da tutora presencial para manuseio dos mesmos.

Teste 01

No dia 18/02/2010, havia combinado com a tutora presencial de realizarmos testes

para que ocorresse a webconferência do dia 23/02/2010 com os alunos. Mas tive que adiar por

conta de problemas pessoais da tutora presencial.

Teste 02

No dia 20/02/2010, fui ao polo levando caixa de som e microfone. Instalamos os

drives de áudio e vídeo em uma máquina do Laboratório de Informática do próprio polo, mas,

no momento do teste com a webconferência, junto a um técnico que dava suporte na

UAB/IFCE, o microfone não funcionou. Fizemos outras tentativas, mas continuou sem áudio.

Acredito que o equipamento do polo é inadequado, além do que a velocidade da

internet é muita baixa. Por conta disso, adiei a webconferência do dia 23/02/2010 com os

alunos para os dias 02/03 e 03/03. São dois dias, por conta da disponibilidade de tempo dos

estudantes.

Page 47: Monografia

46

Observação: O polo não possui microfone, caixa de som e webcam.

Teste 03

Dia 24/02 retornei ao polo e, junto com a tutora presencial, realizamos novos

testes. Nesse dia, levei um headfone e uma webcam.

Primeiramente, usamos um computador do laboratório do polo, que tinha sistema

operacional Linux e, por sua vez, não reconheceu a webcam. Então, a tutora presencial buscou

seu notebook para tentarmos instalar a câmera nele, mas também não foi possível porque o

computador não reconheceu a webcam e, por não termos conhecimentos técnicos suficientes,

não soubemos instalar os drives necessários para o seu devido funcionamento.

Nesse mesmo dia, realizamos os testes de áudio e microfone. Ambos funcionaram

bem, Conseguimos nos comunicar com o técnico na UAB/IFCE, sem delay na voz e no áudio.

Algumas observações relevantes para execução dos testes:

1. Nesse dia não havia aula e nem alunos utilizando o laboratório. Acredito que isso

tenha contribuído para o bom funcionamento da internet;

2. A tutora presencial comprou uma webcam e cedeu para as webconferências dessa

disciplina, visto que o polo não dispõe de recursos financeiros para aquisição de

equipamentos de hardware;

3. Conversando com a coordenadora do polo sobre os procedimentos para aquisição de

materiais tecnológicos, ela me disse que os computadores, Datashow, bem como

outros aparelhos que estavam no polo, haviam sido dados pelo Ministério da Educação

e Cultura, e não pela prefeitura do município, que não contribui com nenhum desses

materiais, apenas com materiais escolares, como papel, caneta, borracha, entre outros.

3.5 A EXPERIÊNCIA

As sessões de webconferências ocorreram em três etapas. A primeira etapa

ocorreu nos dias 02 e 03/03; a segunda etapa, nos dias 23 e 24/03; e a terceira, no dia 11/05.

Page 48: Monografia

47

Essa flexibilidade de dois dias proporcionou aos alunos a opção de escolher qual o dia que

melhor se adequava a seus horários, com exceção do último dia, que foi aceito por todos e,

por isso, realizada em um único momento.

No encontro presencial, a tutora a distância realizou todas as orientações e

esclarecimentos necessários para o desenvolvimento dessa atividade. O objetivo desses

encontros era fazer uma revisão dos conteúdos estudados na disciplina em questão e

esclarecer dúvidas sobre as tarefas em geral.

Dentre os layouts disponibilizados na ferramenta de webconferência para

realização das conferências, utilizamos, em todos os encontros, o layout compartilhado, pois

nesse layout era possível disponibilizar arquivos, imagens, recursos do quadro branco e

visualizar documentos da tela do computador do administrador.

3.5.1 Sessões de webconferência

A primeira sessão ocorreu dia 02/03/2010 e teve duração de 1h43min. Como

combinado previamente com a tutora presencial, o encontro virtual iniciou às 18h, com intuito

de instalar todos os equipamentos e evitarmos possíveis contratempos. Acessei no horário

combinado e liguei para tutora presencial, que disse estar ligando os equipamentos. Aguardei

mais um pouco e retornei a ligação, então ela me comunicou que a sala em que eles estavam

não tinha acesso à internet e que iriam procurar outra sala. Até esse momento, estavam

presentes no polo quatro alunos.

Com isso, a tutora presencial solicitou que eu aguardasse mais um tempo

enquanto a mesma verificava outra sala disponível. Enquanto isso, na UAB/IFCE estavam

presentes a tutora a distância e o coordenador da equipe web, que auxiliou no suporte técnico

de forma virtual. Com a demora do polo em entrar na sala virtual, retornei novamente a

ligação para a tutora presencial, a qual comunicou que estava montando o equipamento na

sala da coordenação. A figura a seguir mostra o exato momento em que me comunico via

telefone com a tutora presencial.

Page 49: Monografia

48

FIGURA 8 - Comunicação via telefone com pólo.

Fonte: http://webconf.rnp.br/uab_ifce

Durante os momentos prévios de cada aula virtual, realizarmos testes de áudio e

vídeo, através da função Gerenciar minhas configurações presente no menu reunião. Veja a

figura 2 desse trabalho.

Às 18h50min, a tutora presencial conseguiu comunicação por áudio e vídeo

comigo e com o profissional do suporte técnico, para isso utilizamos o pod câmera e voz. A

comunicação da tutora à distância e da tutora presencial ocorreu de forma síncrona, embora

com algumas falhas no sentido UAB – polo. Para evitá-las, o suporte técnico da UAB/IFCE

orientou que a tutora presencial desligasse a câmera e o microfone e só abrisse quando fosse

falar. Depois desses procedimentos, iniciei a aula normalmente, sempre procurando estimular

os alunos a falarem.

Os slides poderiam ser disponibilizados de duas formas através do pod

compartilhamento. Ou através da opção documentos/selecionar do meu computador ou

documentos/selecionar da biblioteca de conteúdo. Em nossas sessões, sempre utilizamos a

primeira opção, pois não desejamos arquivar os slides na pasta biblioteca.

Procurei falar pausadamente para evitar possíveis falhas na transmissão. A cada

término do assunto, dava uma pausa e retornava aos alunos, perguntando se tinham alguma

dúvida.

Page 50: Monografia

49

FIGURA 9 - Imagem dos alunos no pólo.

Fonte: http://webconf.rnp.br/uab_ifce

Não houve queda de internet, falha ou algo parecido. Tudo transcorreu bem,

apesar de não haver transmissão da imagem dos alunos devido à conexão de internet ser baixa

no polo. Além disso, não foi possível exibir as fórmulas matemáticas presentes nos slides

através da webconferência. Como as fórmulas foram digitadas em um editor específico da

matemática, ao tentarmos exibí-las na webconferência, a ferramenta não fornecia suporte para

isso, apenas para visualização de textos e imagens.

FIGURA 10 - Falha na exibição das fórmulas matemática

Fonte: http://webconf.rnp.br/uab_ifce

Page 51: Monografia

50

A segunda sessão ocorreu dia 03/03/2010 e teve duração 1h23min. A tutora

presencial se conectou no horário combinado, às 18h30min. Durante essa sessão, estiveram

presentes sete alunos, sendo que quatro estavam no polo e os outros três alunos estavam

logados de outros locais, mas não possuíam equipamentos de áudio.

No primeiro instante de conexão, foi possível ver e ouvir a tutora presencial e um

aluno que havia chegado ao polo, contudo, devido à lentidão da internet no polo, ficou

inviável continuar a transmissão de vídeo e áudio sincronicamente. Com isso, optamos apenas

pela transmissão de áudio do polo. Outro fator observado foi a limitação da webcam, a qual

não permitiu visualizar toda a turma.

FIGURA 11 - Comunicação com o pólo.

Fonte: http://webconf.rnp.br/uab_ifce

Aguardei cerca de quinze minutos para que mais alunos chegassem ao polo e

pudéssemos iniciar a aula. Aproximadamente às 19h, iniciamos oficialmente. As intervenções

quanto à solicitação de esclarecimento de dúvidas eram realizadas através do microfone pelos

alunos que estavam no polo e pela janela de bate-papo (figura 12) pelos alunos que estavam

em outros locais.

Page 52: Monografia

51

FIGURA 12 - Comunicação via bate-papo

Fonte: http://webconf.rnp.br/uab_ifce

Um aluno que estava no polo solicitou, através do áudio, que eu retornasse a

determinado trecho do conteúdo e explicasse novamente (figura 13).

FIGURA 13 - Momento de intervenção do aluno

Fonte: http://webconf.rnp.br/uab_ifce

Para facilitar o acompanhamento e raciocínio dos alunos, utilizei algumas

ferramentas do whiteboard (quadro branco) da própria webconferência para destacar os

trechos dentro do slide a respeito do qual eu estava falando naquele momento. As setinhas em

Fala do aluno "professora pode repetir o binômio de Newton, pois o áudio falhou e não escutamos nada".

Page 53: Monografia

52

destaque pelo círculo vermelho destacam o momento em que utilizei a ferramenta carimbo

para realizar a explicação do conteúdo (figura 14).

FIGURA 14 - Recursos do quadro branco

Fonte: http://webconf.rnp.br/uab_ifce

Ao final da aula, alguns alunos reivindicaram mais aulas virtuais, pois gostaram

muito da experiência. É possível observar isso na fala de uma aluna, figura 15.

FIGURA 15 - Recursos do bate papo

Fonte: http://webconf.rnp.br/uab_ifce

Fala da aluna

“Seria bom ter

mais aulas pela

web”

Page 54: Monografia

53

As duas experiências anteriores nos permitiram tomar alguns cuidados quanto à

realização da terceira sessão, que ocorreu dia 23/03/2010 e teve duração de 1h15min. Como

exemplo, verificamos a conexão prévia na plataforma de webconferência para checarmos

todos os equipamentos de áudio e vídeo. Mesmo com esses cuidados, não conseguimos evitar

alguns problemas de ordem técnica, ou seja, a falta de imagem do polo por conta da internet.

A ausência da imagem dos alunos causa certo desconforto e ansiedade no

professor. Na figura abaixo, percebemos isso quando a tutora aguarda a resposta de uma

pergunta realizada. Outra dificuldade com a ausência da imagem dos alunos é não poder

visualizar seu comportamento quanto ao desenvolvimento das atividades.

FIGURA 16 - Aguardando resposta dos alunos

Fonte: http://webconf.rnp.br/uab_ifce

FIGURA 17 - Bate-papo como recurso de escrita de fórmulas matemáticas

Fonte: http://webconf.rnp.br/uab_ifce

Pergunto:

“Qual valor deve ser

atribuído a e para que

obtenhamos p?”

Resposta

escrita da

aluna

Page 55: Monografia

54

Na figura 17 (acima), é possível observar a importância da ferramenta de bate-

papo na comunicação tutora – alunos. Durante essa sessão, as alunas que estavam em outras

localidades puderam expor suas dúvidas e comentários através dessa ferramenta.

A quarta sessão de webconferência ocorreu dia 24/03/2010 e teve duração de

1h09min. Tivemos alguns problemas de áudio no inicio da sessão, mas conseguimos resolver.

É importante destacar a importância que a presença da tutora presencial em todas as

atividades foi fundamental para auxiliar aos alunos e à tutora à distância durante a realização

das aulas virtuais. Isso fica claro no momento de sua fala, como indica a figura abaixo.

FIGURA 18 - Fala da tutora presencial

Fonte: http://webconf.rnp.br/uab_ifce

A quinta e última sessão via web ocorreu dia 14/04/2010 e teve duração de

2h16min. Nesse dia, tivemos alguns problemas técnicos e levamos em torno de 40 minutos

para resolvê-los.

Mesmo assim, não foi possível exibir os slides através da ferramenta e, por isso,

foi necessário encaminhá-los via e-mail para a tutora presencial para que os alunos pudessem

acompanhar a discussão da aula. Iniciamos a aula às 19h15min, momento em que foi possível

manter uma conexão síncrona de imagem e som com o polo. Veja figura abaixo:

Fala da tutora presencial

“Chegaram mais alunos. Ah!

A webcam não conseguiu de

novo, acho que aconteceu tudo

aquilo de novo, desinstalar e

instalar de novo. Já tentei, mas

não deu certo. Mas já podemos

começar, pois já é 19h né

(sic)?”

Page 56: Monografia

55

FIGURA 19 - Imagem dos alunos no polo

Fonte: http://webconf.rnp.br/uab_ifce

Todavia, após uns quinze minutos, foi necessário desligar a câmera dos alunos,

pois a comunicação apresentou delay, momento em que há um retardo na transmissão de

sinais. Para esclarecer dúvidas que surgiam, a tutora fez uso do livro didático da disciplina,

mas ainda não foi suficiente para elucidá-las, visto que a Matemática exige muita visualização

e somente a fala não supre as necessidades de compreensão do conteúdo. Apesar de utilizar o

bate-papo para escrever os tópicos principais de minha fala, esse não fornece subsídios

necessários para a explanação do conteúdo matemático (figura 20).

FIGURA 20 - Expressão matemática

Fonte: http://webconf.rnp.br/uab_ifce

Exemplo:

b = a – (z1 + z2), quando na

realidade deveria estar escrita

assim: 1 2( )b a z z

Page 57: Monografia

56

Durante as sessões via web, pudemos observar o quanto foi importante a

realização desses momentos síncronos com os alunos. Essas aulas virtuais tanto contribuíram

para a promoção do ensino quanto para estabelecer elos de confiança entre tutor e aluno. A

partir da segunda sessão, foi possível observar que os alunos estavam mais familiarizados

com o processo e que estavam à vontade para intervir junto à tutora a distância, solicitando

esclarecimentos das dúvidas, sem necessariamente a tutora lhes chamar a atenção para isso.

Entretanto, vale ressaltar que em todas as webconferências, sem exceção, os alunos

participaram, seja através do áudio ou da ferramenta de bate-papo.

Page 58: Monografia

57

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Não sei se a vida é curta ou longa demais para nós. Mas sei que

nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração

das pessoas.

Cora Coralina

Desde o início de nossa pesquisa, a ideia central sempre foi estudar processos,

ferramentas, enfim, instrumentos que possibilitassem diminuir a distância geográfica entre

alunos e professores no curso a distância. Além do Ambiente Virtual de Aprendizagem,

buscávamos analisar que outra plataforma poderia ser utilizada para propiciar comunicação

síncrona e que, ao mesmo tempo, não fosse dispendiosa para a instituição de ensino.

Assim, com o surgimento da ferramenta de webconferência através do consórcio

Ministério da Educação e Cultura e Rede Nacional de Pesquisa, em que se disponibilizou para

cada Instituição de Ensino Superior que ofertava cursos a distância pela Universidade Aberta

do Brasil uma sala virtual, nasce a oportunidade de analisar as potencialidades e limitações

dessa ferramenta.

Ao fazemos uma abordagem histórica sobre os diferentes tipos de mídias escritas,

de áudio e vídeo e suas influências no desenvolvimento da Educação a Distância no Brasil

podemos observar que a criação e disseminação das tecnologias de informação e comunicação

contribuíram de forma substancial para o crescimento da EaD, possibilitando ultrapassar os

limites geográficos e temporais entre os sujeitos envolvidos.

Os estudos continuam com a pesquisa acerca dos Ambientes Virtuais de Ensino,

suas ferramentas, possibilidades de uso e suas contribuições para a ampliação e sistematização

do ensino a distância. As plataformas de ensino a distância, em nosso caso, o Moodle,

agregam de forma estruturada as mídias comunicacionais, o que permite uma troca de

conhecimentos entre professores e alunos. Nesse momento da pesquisa, apresentamos a

videoconferência, seus modos de transmissão e apontamos algumas limitações pedagógicas,

tecnológicas e de custo quanto ao uso dessa ferramenta. Após isso, adentramos a pesquisa

com a apresentação da webconferência, suas ferramentas e suas potencialidades

comunicacionais.

No capitulo seguinte, pesquisamos sobre o processo de interação tutor-aluno

através do uso de ferramentas comunicacionais síncronas e assíncronas, tomando como foco

Page 59: Monografia

58

central a ferramenta de webconferência. Nesse capitulo, elucidamos as relações entre os

conceitos de interação e interatividade e suas devidas fundamentações teóricas. Analisamos a

importância da mediação pedagógica e do papel do tutor no processo de ensino e

aprendizagem via web.

Nesse momento, ressaltamos a importância de uma formação prévia com o tutor

para o uso da ferramenta de webconferência. É necessário a realização de oficinas práticas,

em que sejam apresentadas as funções e especificações de cada menu existente dentro da

ferramenta, buscando estabelecer elos com o conhecimento pedagógico desse sujeito. O

conhecimento de forma ampla de todos os comandos possibilita ao tutor criar situações que

favoreçam o processo de ensino e aprendizagem através da ferramenta.

Vale ressaltar a importância de um planejamento prévio, o conhecimento do

público-alvo, as condições tecnológicas existentes no polo em que deseja realizar a sessão de

conferência.

Realizamos, ainda, uma pesquisa de embasamento teórico a partir da qual

pudéssemos nos orientar acerca do assunto em questão. Finalizamos com a experiência, em

diferentes etapas, do uso da webconferência na disciplina de Matemática Básica II, do curso

de Licenciatura em Matemática do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do

Ceará. A primeira etapa consistiu na abordagem dos alunos, no convite para participarem da

experiência. Houve certa refutação, de início, mas aceitaram o convite desde que a ministrante

fosse a própria tutora à distância. Na segunda etapa, foram realizados os estudos e testes da

tutora a distância com a presencial nos equipamentos de áudio, vídeo e na plataforma da

webconferência. E, por fim, a experimentação propriamente dita. As webconferências

ocorreram em três momentos distintos durante a disciplina.

As primeiras sessões de webconferências ocorreram na terceira semana de

execução da disciplina, o que permitiu adaptar os equipamentos necessários para realizamos

as conferências e estreitar os laços com os alunos.

Já na primeira sessão, observamos a importância do trabalho integrado da tutora

presencial e a distância. Os encontros eram marcados com, pelo menos, meia hora de

antecedência do horário definitivo com os alunos. Nesse intervalo de tempo, fazíamos os

ajustes técnicos necessários para a realização da aula virtual. Tivemos problemas de ordem

técnica, no que diz respeito ao áudio que, devido à baixa velocidade da internet apresentou

delay, e o vídeo, já que não foi possível realizar a transmissão da imagem dos alunos, pois o

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computador não reconheceu a webcam. De ordem pedagógica, ocorreu que a webconferência

não reconheceu as fórmulas matemáticas presentes nos slides, e esse imprevisto não era

esperado por nós, visto que em testes anteriores não nos detemos a essa particularidade. Isso

apontou a necessidade de lançarmos mãos de outras estratégias pedagógicas e tecnológicas

que viabilizassem o processo de comunicação.

No inicio da pesquisa, acreditávamos que a baixa conexão de internet no polo

seria o principal fator de interferência na realização das sessões web, porém, durante a

execução das aulas virtuais, percebemos que outros fatores, como ausência de imagem dos

alunos, a não exibição dos slides, limitação do bate-papo quanto ao uso de ferramentas

matemáticas também influem consideravelmente na realização de webconferências,

principalmente as sessões direcionadas às disciplinas da Matemática.

Na segunda sessão de webconferência, que ocorreu aproximadamente na quinta

semana de aula, alguns problemas técnicos persistiram, apesar dos ajustes realizados. Por

dependermos exclusivamente de internet, e a conexão de banda oferecida pelo polo de apoio

presencial ser insuficiente, não conseguimos manter uma comunicação síncrona com o

mesmo. No entanto, somente a partir dessa sessão foi que os slides com o conteúdo

matemático puderam ser exibidos, porém tiveram que ser adaptado para um formato de

imagem. Nessa sessão, tivemos a participação de muitos alunos, tanto os que estavam no polo

quanto os que estavam em outros locais, o que reafirma a questão da flexibilidade da

ferramenta apresentada no início desse trabalho.

Ainda nessa sessão, é possível observar mais desenvoltura por parte dos alunos e

da própria tutora à distância. Os alunos ficaram à vontade para intervir na aula, fazendo

perguntas e comentários acerca do conteúdo, seja através do bate-papo ou do áudio, quando

possível. Esses espaços de discussão intercalados com o conteúdo permitiram ao professor

acompanhar o aprendizado dos alunos. E disso pudemos concluir a respeito da importância de

um processo dinâmico de comunicação em que os alunos também se sintam construtores de

seus conhecimentos.

Um aspecto a ser considerado na execução de todas as sessões foi a atenção

redobrada que a professora deveria ter quanto às manifestações dos alunos através da

ferramenta de bate-papo, visto que somente os alunos que estavam no polo possuíam

microfone para comunicação com áudio. Outro recurso importante e utilizado durante as aulas

virtuais era o Whiteboard. Este funcionava como uma espécie de quadro, permitindo à

professora destacar no texto o ponto a que fazia referência no momento da fala.

Page 61: Monografia

60

Na quinta sessão, tivemos problemas para exibir os slides através da ferramenta

de webconferência. Devido à complexidade do conteúdo matemático, fez-se necessário o uso

escrito de algumas expressões matemáticas em determinados momentos da aula, o que fez da

ferramenta bate-papo um recurso essencial para a exposição desses conteúdos.

A ferramenta potencializa o processo comunicacional, visto que dispõe de menos

recursos de hardware para seu funcionamento quando comparada à sessão de

videoconferência. Vale ressaltar que o tutor a distância deva possuir conhecimentos

computacionais e da ferramenta para conduzir os alunos durante as sessões, por isso a

importância de uma formação prévia para o uso da ferramenta.

Por outro lado, é limitada, quando se trata do ensino da Matemática, pois a

ferramenta, isoladamente, não é suficiente para esclarecer todas as dúvidas a respeito de

determinado conteúdo. Além do que, a Matemática tem suas especificidades, pois necessita de

ações visuais para complementar sua compreensão. Com isso, acredito que a própria

ferramenta precisa passar por ajustes para se adequar às especificidades do ensino da

Matemática.

É preciso deixar claro que nossa pesquisa não pretende propor uma substituição

dos encontros presenciais, que ao nosso ver é de extrema relevância em qualquer processo de

formação, mas apresentar novas estratégias de ensino com uso de ferramentas de conferência

web que minimize a distância espaço-temporal entre professor-aluno. Dessa forma, esperamos

ter contribuído para otimizar a comunicação síncrona e o processo de ensino e aprendizagem

em cursos a distância.

Page 62: Monografia

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