monografia joatan

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FACULDADE SÃO GABRIEL RESPOSABILIDADE CIVIL DO ADVOGADO ORIENTANDO: JOATAN NERYS ANTONIO DE ARAÚJO ORIENTADORA: PROF.ª. VANESSA DE PÁDUA RIOS MAGALHÃES TERESINA-PI 3 cm

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Page 1: Monografia joatan

FACULDADE SÃO GABRIEL

RESPOSABILIDADE CIVIL DO ADVOGADO

ORIENTANDO: JOATAN NERYS ANTONIO DE ARAÚJO

ORIENTADORA: PROF.ª. VANESSA DE PÁDUA RIOS MAGALHÃES

TERESINA-PI

3 cm

Page 2: Monografia joatan

2014

JOATAN NERYS ANTONIO DE ARAUJO

RESPOSABILIDADE CIVIL DO ADVOGADO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à banca examinadora da Faculdade São Gabriel como requisito à obtenção do grau de Bacharel em Direito.

Orientadora: Profª. Vanessa de Pádua Rios Magalhães

TERESINA-PI

Page 3: Monografia joatan

2014TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito e que se fizerem necessários, que assumo total

responsabilidade pelo aporte ideológico e referencial conferido ao presente trabalho,

isentando a Faculdade São Gabriel, a Banca Examinadora e o Orientador de todo e

qualquer reflexo acerca da monografia.

Estou ciente de que poderei responder administrativa, civil e criminalmente em caso

de plágio comprovado do trabalho monográfico.

Teresina-Pi, 25 de maio de 20114

JOATAN NERYS ANTONIO DE ARAÚJO

Page 4: Monografia joatan

Faculdade São Gabriel

RESPOSABILIDADE CIVIL DO ADVOGADO

Autor: Joatan Nerys Antonio de Araújo

Defesa em: / / Conceito obtido:--------------

BANCA EXAMINADORA

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Profª Vanessa de Pádua Rios Magalhães

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Prof.

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Prof.

Page 5: Monografia joatan

DEDICATÓRIA

A Deus, fonte de luz e inspiração, que sempre esteve, está e estará, presente em minha vida.

A minha família, pelo apoio incondicional em todas minhas escolhas de vida, sempre ao meu lado, dando-me força e alegria nos momentos que precisei.

Page 6: Monografia joatan

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, que me deu forças para a conclusão deste

trabalho.

Aos meus pais que sempre estiveram ao meu lado dando apoio para que

eu não desistisse no meio do caminho, sem eles eu nada seria na vida.

A professora Vanessa pela dedicação e empenho em me mostrar os

caminhos a seguir neste trabalho.

Aos meus irmãos que, cada qual do seu modo, sempre me incentivaram

e são meus exemplos.

A minha família que sempre demonstrou apoio em todos os momentos

da minha caminhada.

Aos amigos que sempre me acompanharam e me incentivaram.

Obrigado a todos.

Page 7: Monografia joatan

Epígrafe

O direito -para nós- é instrumento de trabalho, e não tertúlia acadêmica. É, simultaneamente, teoria, realidade e vivência.

Hely Lopes Meirelles

Page 8: Monografia joatan

RESUMO

A presente monografia versa sobre a responsabilidade civil do advogado,

objetivando, fundamentalmente, demonstrar os principais atos em que ele deverá

responder por danos causados a seus clientes. O instituto da responsabilidade é tão

especial, que hoje em dia, é utilizado para a consecução da pacificação social, pois

é essa matéria que garante ao indivíduo o direito de ressarcimento do prejuízo

causado por outrem, tentando assim extinguir os conflitos internos da sociedade.

Durante o curso jurídico, observamos com nitidez os detalhes referentes à culpa, ao

risco, ao dolo, e a outros fatos que podem ensejar a responsabilidade jurídica. E

neste trabalho analisaremos, detalhadamente, a importância da função

desempenhada pelo causídico. No cotidiano, escutamos muitas pessoas

reclamarem sobre os serviços prestados por esse profissional, sendo que tais

queixas são vindas com dúvidas, pois os clientes não sabem ao certo verificar

quando este realmente teve culpa pela perda da causa. Destarte, passaremos a

formular nossos pensamentos a respeito do assunto.

Page 9: Monografia joatan

ABSTRACT

This monograph deals with the liability of the lawyer, aiming primarily to demonstrate the main acts he must answer for damages caused to their customers. The institute's responsibility is so special, that nowadays is used to achieve social peace, because this is the matter that guarantees the individual the right to compensation for damage caused by others, trying to quench the internal conflicts of society. During the legal course, we observe clearly the details of guilt, risk, fraud, and other facts that could lead to legal liability. And in this work we analyze in detail the important function performed by the barrister. In everyday life, we hear many people complain about the services provided by these professionals, and such complaints are welcome with questions, because customers are not sure check when this actually took blame for the loss of causes. Thus, we will formulate our thoughts on the matter

Key words:

Page 10: Monografia joatan

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO......................................................................................................11

CAPÍTULO 1

A Responsabilidade e suas Modalidades.........................................................121.1. Resumo Histórico...........................................................................................12

1.2. Definições de Responsabilidade Civil...........................................................13

1.3. Responsabilidades Moral e Jurídica.............................................................14

1.4. Diferenças entre a Responsabilidade Civil e Penal......................................15

1.5. Teorias: Objetiva e Subjetiva........................................................................16

1.6. Responsabilidade Civil: Contratual e Extracontratual...................................20

CAPÍTULO 2

Tipo de Obrigação e de Contrato na Profissão do Advogado......................23

2.1. Tipo de obrigação no trabalho realizado pelo advogado..............................23

2.2. Contrato de Mandato....................................................................................23

CAPÍTULO 3

As leis e os danos causados pelo advogado..................................................26

3.1. A Constituição Federal de 1988 e o papel do advogado..............................26

3.2. O Código de Ética e Disciplina da OAB........................................................26

3.3. Lei nº 8.078 (Código de Defesa do Consumidor).........................................28

3.4. Lei nº 8.906 (Estatuto da OAB)....................................................................30

CONCLUSÃO......................................................................................................31

REFERÊNCIAS...................................................................................................34

ANEXOS..............................................................................................................36

INTRODUÇÃO

Page 11: Monografia joatan

O presente estudo monográfico tem como principal objeto demonstrar os

principais atos em que o advogado deverá responder por danos causados a seus

clientes, sendo responsabilizado civilmente;

Nesse contexto, este trabalho de conclusão de curso, foi dividido

basicamente em três partes, sendo que o mesmo abordará, de forma objetiva, clara

e persuasiva os seguintes aspectos:

1. Estudo da evolução histórica da responsabilidade civil, bem como as

definições de responsabilidade civil, moral e jurídica e as diferenças entre

responsabilidade civil e penal, teoria objetiva e subjetiva.

2. Em seguida, analisar-se-ão os vários tipos de obrigação e de contrato:

tipo de obrigação pelo serviço prestado e o contrato do advogado.

3. E, por fim, abordar-se-ão, de forma acurada e criteriosa, as leis e os

danos causados pelo advogado: na Constituição Federal de 1988, o papel social do

advogado, Código de Ética e Disciplina da OAB, Código de Defesa do Consumidor,

Estatuto da OAB e, em seguida, a conclusão.

Capitulo1- A Responsabilidade e suas Modalidades

Page 12: Monografia joatan

1.1- Resumo Histórico

No passado quando a sociedade não era suficientemente estruturada,

todo acontecimento que gerava uma lesão a um cidadão, dava o surgimento da

vingança contra aquele que praticou tal prejuízo, essa satisfação de direito com as

próprias mãos ficou conhecida como autotutela.

Com o passar dos anos e um Estado mais fortalecido, as manifestações

individuais foram sendo superadas, prevalecendo o direito do Estado acima da

vontade dos particulares, conseguindo dessa forma que se extinguisse o uso da

autotutela (salvo alguns casos em lei), ou seja, o Estado retirou da vítima a

possibilidade de fazer justiça com as próprias mãos, tomando para si este direito,

assumindo uma função pacificadora.

Durante a evolução da sociedade, o Estado consagrou um meio legal

para o controle social, a sua função era punir aquele que causou dano a outrem,

cuja eficácia não satisfazia a reparação do evento danoso. Esse regime foi

conhecido como Talião, sendo usado em quase todas as civilizações antigas.

Essa norma preconizava que quem causasse dano a outrem deveria

sofrer idêntico mal em forma de castigo, traduzida na conhecida expressão: “olho

por olho, dente por dente, vida por vida, etc.”.

A utilização desse regime constituía em uma finalidade extremamente

maléfica, visto que ensejava um novo dano ou lesão ao agente causador do

prejuízo, isso porque a sua condenação ficava a critério do prejudicado.

Como a utilização do regime de Talião não eliminava o mal, e sim

formava um novo dano, tornou-se imperioso o surgimento de uma sanção menos

gravosa para restituição do prejuízo causado. Essa nova pena é considerada como

uma transação entre a vítima e o agressor, sendo conhecida como “indenização

pecuniária”.

Essa modalidade tem como principal objetivo a reparação do prejuízo

causado através de uma pecúnia ou pela entrega de bens à vítima, com o intuito de

satisfazê-la totalmente, ou pelo menos amenizar o sofrimento ocasionado por causa

Page 13: Monografia joatan

do dano, conseguindo a pacificação social através de uma maneira mais justa e

mais humana para o agressor, sem a ocorrência de nenhum exagero.

1.2- Definições de Responsabilidade Civil

A responsabilidade civil tem como finalidade: a plena e integral reparação

do direito do lesado ou de seus dependentes; a situação material correspondente ou

a indenização equivalente. A compensação serve para retornar a situação ao status

quo ante. Em não sendo possível, paga-se um valor equivalente ao dano causado.

Quando a reparação do evento maléfico é de caráter extra patrimonial,

faz-se uma compensação de sentimentos, o agressor causa um mal à vítima e esta,

recebe um valor pecuniário para que possa desfrutar de tal valor. Não é que a honra,

a dignidade ou qualquer atributo pessoal possam ser reparados monetariamente,

mas proporciona-se um prazer compensatório.

Segundo a professora Maria Helena Diniz, conceito de responsabilidade

civil, é:

“A responsabilidade civil é a aplicação de medidas que obriguem uma

pessoa a reparar o dano moral ou patrimonial causado a terceiros, em razão de ato

por ela mesmo praticado, por quem ela responde, por alguma coisa a ela

pertencente ou de simples imposição legal”.1

1. Enquanto para o autor Pablo Stolze Gagliano, responsabilidade é:

“aquela que deriva da agressão a um interesse eminentemente particular,

sujeitando-se, assim, o infrator, ao pagamento de uma compensação pecuniária a

vitima, caso não se possa repor in natura o estado anterior das coisas”.2

1¹DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro/Responsabilidade Civil, vol. VII, 9ª edição, editora Saraiva, São Paulo, 1993, pág. 20.

2Gagliano, Pablo Stolze; Pamplona Filho, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil, vol. III 6ª edição, editora Saraiva, São Paulo, 2006, pág. 09.³GONÇALVES, Carlos Roberto, Responsabilidade civil. São Paulo: Saraiva, 2009. 11.ed. p. 2AZEVEDO, Álvaro Villaça, Teoria Geral das Obrigações: responsabilidade civil, São Paulo: Atlas, 2004, 10. ed. p. 276

Page 14: Monografia joatan

2. Carlos Roberto Gonçalves conceitua o instituto da responsabilidade

civil como: “o instituo da responsabilidade civil é parte integrante do direito

obrigacional, pois a principal conseqüência da prática de um ato ilícito é a obrigação

que acarreta, para seu autor, de reparar o dano, obrigação esta de natureza

pessoal, que se resolve em perdas e danos”. ³

3. Segundo Sergio Cavalieri Filho (2005, p. 24): “responsabilidade civil

é um dever jurídico sucessivo que surge para recompor o dano decorrente da

violação de um dever jurídico originário.” Explica ainda, que o dever jurídico

sucessivo é o de reparar o dano.

4. Álvaro Villaça Azevedo conceitua responsabilidade civil: “é a

situação de indenizar o dano moral ou patrimonial, decorrente de inadimplemento

culposo, de obrigação legal ou contratual, ou imposta por lei, ou, ainda decorrente

do risco para os direitos de outrem." ͩ

Dos variados conceitos da responsabilidade civil, é possível expor que

sua causa geradora e principal é o interesse em restabelecer o equilíbrio moral ou

econômico decorrente do dano sofrido pela vítima, ou seja, colocando a vítima na

situação em que estaria sem a ocorrência do fato danoso.

1.3- Responsabilidades Moral e Jurídica

O conceito de responsabilidade varia de acordo com os diferentes planos

em que atua a atividade humana. Devido a esse motivo a responsabilidade pode ser

vista sob dois aspectos distintos: pelo jurídico, e pelo moral.

Embora exista distinção entre essas duas espécies, tais fundamentos

apenas servem para fins de estudo. Vale lembrar que essa definição de identidade

dos aspectos, não significa dizer necessariamente que ocorrerá a exclusão do

âmbito do outro, pois existem casos em que a responsabilidade pode resultar da

violação, ao mesmo tempo de normas jurídicas e de normas morais, ficando, neste

exemplo específico, impossível de se fazer a distinção entre os dois aspectos.

Page 15: Monografia joatan

O aspecto jurídico da responsabilidade é a manutenção da harmonia em

sociedade, e que esta só é atingida quando a violação se traduz em um prejuízo a

alguém.

Já não podemos dizer o mesmo sobre o aspecto moral, isso porque esse

campo alcança uma dimensão bem mais ampla do que o outro aspecto, devido à

noção de que um simples pensamento pode dar ensejo a um mal,

independentemente da existência de um prejuízo. Ou seja, a moral diz respeito à

forma que cada indivíduo pensa em relação a determinado acontecimento, dessa

maneira, o que pode ser mal para alguns indivíduos talvez para outros não seja tão

maléfico, isso acontece devido à inexistência de uniformidade de pensamento entre

as pessoas.

1.4- Diferenças entre a Responsabilidade Civil e Penal

Todo ato que fere o ordenamento, violando direitos, causando dano a

uma norma jurídica, é chamado de ilícito.

A prática de um ato em desacordo com a norma jurídica pode ensejar

tanto o ilícito civil, quanto o ilícito penal.

Toda violação de um preceito indispensável para a existência de uma

sociedade dá oportunidade ao surgimento de um delito penal, pois tal

comportamento fere dispositivo de alguma lei penal. Assim fica esse ato conhecido

como ilícito penal. Graças a tal acontecimento surge a responsabilidade penal, que

tem o dever de punir o agente, com a intenção de restaurá-lo para que este possa

viver em harmonia na sociedade.

Entretanto todo dano que fere apenas a esfera individual, sem alcançar as

normas que protegem uma sociedade, atingindo apenas um direito subjetivo privado,

é denominado de ilícito civil, tendo a sua inclusão na responsabilidade civil, cujo

intuito é a restauração patrimonial à vítima da ofensa.

Page 16: Monografia joatan

Existem atos ilícitos que têm a oportunidade de ofender,

concomitantemente, a sociedade e o particular, surgindo assim a dupla

responsabilidade. Podemos citar, por exemplo, um motorista bêbado que atropela e

mata uma pessoa na estrada. Nesse caso, além de sofrer a sanção penal pelo crime

de homicídio, o motorista deverá arcar com os prejuízos causados aos parentes da

vítima, ou seja, reparar a ofensa por ele cometida.

1.5- Teorias: Objetiva e Subjetiva

A responsabilidade civil pode ser classificada em duas teorias: teoria

subjetiva (também conhecida como teoria da culpa), e teoria objetiva (teoria do

risco).

1º- Teoria Subjetiva: É aquela que se funda na culpa em sentido amplo,

pois abrange também o dolo.

O agente causador do dano deverá ter agido com dolo ou culpa para a

caracterização dessa modalidade de responsabilidade, visto que sem este requisito

inexistirá a obrigação do ressarcimento do prejuízo ocorrido.

A culpa sempre foi perda de toque da responsabilidade civil, tendo o seu

conceito ligado à violação de norma jurídica. Em sentido amplo, a culpa deriva da

inobservância de um dever de conduta, previamente imposto pela ordem jurídica. Se

a violação é proposital, o agente atua com dolo (culpa em sentido amplo); se

decorreu de negligência, imperícia ou imprudência, ocorre à culpa em sentido estrito.

A legislação codificada de 1916 assentava a responsabilidade civil na

noção de culpa, exclusivamente, nos termos do artigo 159.

Com a entrada em vigor do novo Código Civil, temos atualmente o

sistema duplo, que se baseia tanto na responsabilidade com culpa, insculpida no

artigo 186 e caput do artigo 927, como na responsabilidade civil sedimentada na

ocorrência do risco, esta prevista no parágrafo único do artigo 927.

Page 17: Monografia joatan

“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência

ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que

exclusivamente moral, comete ato ilícito”.

“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a

outrem, fica obrigado a repará-lo”.

“Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,

independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade

normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para

os direitos de outrem”.

Deve-se observa quatro requisitos necessários para a devida apuração da

responsabilidade civil subjetiva:

a) A ação ou omissão;

b) Culpa ou dolo do agente;

c) O nexo causal;

d) O dano sofrido pela vítima.

Verificaremos com mais detalhes cada um dos requisitos essenciais

citados acima.

Quando se fala em ação ou omissão, refere-se à conduta comissiva ou

omissiva de qualquer pessoa (que por ato próprio ou de terceiro, que esteja em sua

guarda), bem como aos danos causados por animal ou coisa que lhe pertença.

A culpa é a ocorrência de uma ação ou omissão que concretizou um ato

prejudicial a alguém sem a intenção do agente causador. É a violação ou

inobservância de uma regra de conduta que produz lesão do direito alheio, sendo

que esta pode se manifestar de três maneiras:

Imprudência – Ocorre quando há atuação contrária às regras básicas de

cautela, sob o prisma do homem médio. Vai-se de encontro, desnecessariamente, à

situação de perigo.

Page 18: Monografia joatan

Negligência – Acontece devido à falta de observação, de quem tem a

obrigação de cuidar, ou também por omissão.

Imperícia – Dá-se por falta de aptidão ou habilidade específica para a

realização de atividade técnica ou cientifica.

O dolo é um vício de consentimento caracterizado na intenção de

prejudicar ou fraudar outrem, ou seja, é toda ação ou omissão voluntária do agente

que causou o dano.

O nexo de causalidade é a relação de causa e efeito entre a ação ou a

omissão do agente e o dano sofrido pela vítima, pois sem ela não há que se falar em

obrigação de indenizar.

Conforme Gonçalves (2009, p.22): “Diz-se, pois ser 'subjetiva' a

responsabilidade quando se esteia na idéia de culpa. A prova da culpa do agente

passa a ser pressuposto necessário do dano indenizável”

E, por fim, o dano, este deve ser demonstrado, seja ele materialmente ou

moralmente, pois sem sua prova o agente não pode ser responsabilizado civilmente.

2º- Teoria Objetiva: É a que se efetiva pelo risco causado, pelo agente

que ensejou o dano a outrem. Essa modalidade é decorrente do exercício de

atividades perigosas.

A responsabilidade objetiva surgiu no Brasil a partir de leis especiais, que

consagraram a responsabilidade do agente sem a necessidade de culpa.

Em certos acontecimentos, a responsabilidade civil subjetiva não oferece

solução satisfatória, devido à falta de sintonia com o desenvolvimento da sociedade,

ficando dessa forma inadequada à utilização da teoria da culpa para todas as

situações de reparação. Portanto, com a exigência da prova do erro de conduta do

agente, imposta à vítima, deixava-a sem a devida reparação em inúmeros casos.

A impossibilidade de utilização da teoria da culpa ocorre com mais

freqüência em atividades de risco onde fica difícil a comprovação de que o dano

tenha nascido através de dolo ou culpa. Essa situação deu ensejo ao nascimento da

Page 19: Monografia joatan

teoria objetiva ou teoria do risco, em que não se exige a prova de culpa para que o

agente seja obrigado a reparar o dano, pois a responsabilidade é presumida por lei,

ficando neste caso prescindida a culpa.

Nessa modalidade é necessária apenas a prova do dano ocorrido e do

nexo de causalidade que liga o agente ao respectivo evento maléfico.

A definição de risco para Caio Mário da Silva Pereira é transcrita da

seguinte forma:

“É o que se fixa no fato de que, se alguém põe em funcionamento

qualquer atividade, responde pelos eventos danosos que essa atividade gera para

os indivíduos, independente de determinar se em cada caso, isoladamente, o dano é

devido à imprudência, à negligência, a um erro de conduta, e assim se configura a

teoria do risco criado”.3.

O autor Josserand em uma de suas obras faz um grande ataque à

clássica teoria subjetiva. Procurando fundamentar a responsabilidade objetiva com a

teoria do risco, mencionou: “a responsabilidade moderna comporta dois pólos: o pólo

objetivo, onde reina o risco criado, e o pólo subjetivo, onde triunfa a culpa, e é em

torno desses dois pólos que gira a vasta teoria da responsabilidade”.

A Teoria do Risco, conhecida como a Teoria do Commodum, diz que: “o

princípio firmado na responsabilidade por dano à terceiro resulta diretamente da

relação do obrigado com a causa imediata do fato danoso, em razão do conceito

social que exige de cada um ressarcir o prejuízo causado pelos instrumentos dos

quais se beneficia” (Chironi).

Embora essa teoria seja usada com freqüência, existem várias

divergências em relação a ela, mas podemos afirmar com livre convicção de que a

teoria objetiva não revogou a teoria subjetiva.

Para os defensores da teoria objetivista, prescinde em qualquer caso

saber se tal ocorrência é fruto de uma responsabilidade contratual, dado que para

essas pessoas é dispensável a existência ou não de um contrato.

3 PEREIRA Caio Mario. Responsabilidade Civil, vol. II, 8ª edição, editora Forense, 1988, pág. 268.

Page 20: Monografia joatan

1.6- Responsabilidade Civil: Contratual e Extracontratual

A responsabilidade civil é consagrada sobre dois aspectos, podendo ser:

contratual ou extracontratual.

1º - Responsabilidade civil contratual: Ocorre quando há ligação,

através de um instrumento contratual e que seja realizado antes da ocorrência do

dano. É o que estabelecem os artigos 389 e seguintes, e 395 e seguintes. O não

cumprimento do que fora estabelecido em contrato, que em regra é lei entre as

partes, gera a responsabilidade do inadimplente e a obrigação de reparar o dano.

A inexecução contratual deriva de uma infração a um dever especial

estabelecida pela vontade dos contratantes, por isso decorre de relação obrigacional

preexistente e pressupõe capacidade para contratar. A responsabilidade contratual é

o resultado da violação de uma obrigação anterior, logo, para que esta exista é

imprescindível a preexistência de uma obrigação.

Outro aspecto importante refere-se ao ônus da prova que na

responsabilidade contratual competirá ao devedor, este deverá provar, ante o

inadimplemento, a inexistência de sua culpa ou a presença de qualquer excludente

do dever de indenizar, sendo que o mesmo precisará provar que o fato ocorreu

devido a caso fortuito ou à força maior.

De acordo com o tipo de contrato assumido, a responsabilidade civil

contratual vai ser diversificada, pois nos contratos benéficos, responde por simples

culpa o contratante, a quem o contrato aproveite, e por dolo aquele a quem não

favoreça. Nos contratos onerosos, responde cada uma das partes por culpa, salvo

as exceções previstas em lei (Código Civil, art.392).

Outro fator importante para determinar a responsabilidade civil contratual,

além do contrato válido, é a inexecução do contrato no todo ou em parte, surgindo à

ocorrência do ilícito contratual através da inadimplência ou da mora.

Para o autor Sílvio Rodrigues, a diferença entre inadimplemento e mora é:

Page 21: Monografia joatan

“Embora ambas as espécies venham do gênero de inexecução, na

mora a prestação não foi cumprida, mas poderá sê-lo, proveitosamente, para o

credor; já no inadimplemento absoluto a obrigação não foi cumprida, nem poderá sê-

lo, proveitosamente, para o credor”.4

2º - Responsabilidade civil extracontratual (também conhecida como

aquiliana, ou responsabilidade delitual). Na responsabilidade civil extracontratual o

agente que ensejou o dano não está ligado à vítima através de um contrato, mas sim

através da violação de um dever oriundo do preceito geral de direito, que resguarda

a pessoa e os bens alheios.

São as obrigações impostas por um dever geral do Direito. Assim, a

nossa legislação estabelece que ninguém deve causar dano a outrem. Quem quer

que o faça, responderá.

O causador do dano está obrigado a se responsabilizar, graças a uma

previsão em norma legal. É importante analisar que inexiste qualquer tipo de vínculo

jurídico entre as partes antes do fato gerador da responsabilidade civil, ou seja, na

responsabilidade civil extracontratual o que se infringe é o dever geral de não lesar a

outrem (neminem laedere), conforme escrito no texto legal do artigo 927 do Código

Civil, que diz em seu caput:

“Aquele que, por ato ilícito (artigos 186 e 187), causar dano a outrem, fica

obrigado a repará-lo”.

Na responsabilidade extracontratual, a função do agente que praticou o

dano pode ser direta ou indireta. Quando a responsabilidade decorre de ato próprio,

há a chamada responsabilidade direta. A indireta é aquela que decorre de ato ou

fato alheio à sua vontade, mas de algum modo sob sua proteção e vigilância. Pode-

se então dizer que responsabilidade civil é a obrigação de compor o prejuízo ou

dano, originado por ato do próprio agente (direta) ou ato ou fato sob o qual tutelava

(indireta), e ainda que sua obrigação deve ser assumida diante do Poder Judiciário.

4Rodrigues, Silvio. Direito Civil: Parte Geral das Obrigações, vol. II, 26ª edição, editora Saraiva,1998, pág 263.

Page 22: Monografia joatan

Capítulo 2: Tipo de Obrigação e de Contrato na Profissão do

Advogado

2.1- Tipos de obrigação no trabalho realizado pelo advogado

Page 23: Monografia joatan

Antes de entrar na definição de contrato de mandato, deve-se observar a

distinção entre as obrigações de meio e as obrigações de resultado.

Existem negócios em que o devedor apenas promete realizar todos os

esforços necessários para a obtenção de um resultado, sem se vincular a obtê-lo.

Essa modalidade de obrigação é conhecida como “obrigação de meio”. Temos como

um bom exemplo o caso do médico que se propõe a tratar de um doente, sem poder

garantir que vai curá-lo.

Por outro lado, existe um tipo de ajuste em que o devedor promete um

resultado, e se não o apresentar é considerado inadimplente. Nesse tipo de caso

podemos citar o serviço prestado por uma autorizada de eletrodoméstico de uma

determinada marca, que se obrigou a entregar tal aparelho defeituoso em uma data,

já reparado. Em tal situação apenas tentativa de conserto não o libera da obrigação

convencionada. Esse tipo é denominado como “obrigação de resultado”.

Dessa forma, pode-se classificar o serviço prestado pelo advogado

como uma obrigação de meio, visto que muito embora realize todos os esforços

possíveis, ele não pode garantir, nem o cliente exigir, que seja o vencedor na

demanda; o que se espera do profissional é representar condignamente seus

constituintes, conforme ordena o Código de Ética Profissional.

2.2- Contrato de Mandato:

O mandato é um contrato pelo qual alguém se obriga a praticar atos

jurídicos ou administrar interesses, por conta de outra pessoa. Através dele o

individuo recebe poderes para agir em nome de outrem, dando assim a idéia de

representação mais do que qualquer outra coisa, devido a esse motivo ele se

distingue das outras modalidades de contrato.

O mandato é de origem romana e encontra-se regulado em nosso Código

Civil, no Livro I, Título VI, Capítulo X, do artigo 653 ao artigo 692.

Page 24: Monografia joatan

A pessoa que recebe poderes estabelecidos no mandato é o “mandatário”

ou “procurador”, já o individuo que delega tais poderes é denominado “mandante”.

Diz o artigo 653 Do Código Civil: “opera-se o mandato quando alguém

recebe de outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar

interesses”.

O contrato de mandato tem como escopo a realização de um ato jurídico,

aqui o mandatário tem como função agir em nome e no lugar do mandante. Para

Silvio Rodrigues, o mandato é o contrato pelo qual alguém se obriga a praticar atos

jurídicos ou administrar interesses por conta de outra pessoa.

Quanto a sua natureza jurídica, o mandato é um contrato consensual, não

solene, intuitu personae, em regra gratuito e unilateral.

É contrato, porque implica a conjunção de duas vontades: a do mandante

que outorga a procuração e a do mandatário que a aceita.

O mandato é contrato consensual, porque se aperfeiçoa pelo mero

consenso das partes em oposição aos contratos reais que reclamam a tradição do

objeto para sua ultimação.

É contrato não-solene, porque, muito embora o artigo 653 do Código

Civil Brasileiro aponte que a procuração é o instrumento do mandato e que o

mandato somente seria formalizado em documento público ou particular,

autorizador dos poderes desta representação, o artigo 656 do mesmo código,

estabelece que o mandato, em verdade, pode ser expresso ou tácito, verbal ou

escrito.

Ademais, é importante frisar que o contrato de mandato é em princípio

unilateral, pois implica obrigações para uma só das partes, ou seja, para o

mandatário, a quem cumpre se desincumbir da tarefa que lhe foi confiada. A lei,

porém, admite a hipótese de surgirem obrigações por parte do mandante, tais como

as de reparar as perdas sofridas pelo mandatário na execução do mandato, ou de

lhe reembolsar as despesas feitas, ou mesmo os juros, em caso de atraso no

pagamento daqueles. Neste caso se diz que o contrato assume uma forma bilateral

Page 25: Monografia joatan

imperfeita, a qual estaria presente nas relações decorrentes de convenção entre as

partes ou de atos profissionais remunerados, casos em que a obrigação recairia a

ambas as partes do contrato.

O mandato é intuitu personae, baseia-se na confiança que decerto o

mandatário inspira ao mandante. Por isso é revogável, desde que a confiança se

extinga.

Da idéia de representação decorrem algumas conseqüências

fundamentais:

a) os atos do mandatário vinculam o mandante, desde que dentro dos poderes constantes da procuração, ainda que contravenham suas instruções;

b) se o mandatário obrar em seu próprio nome, não vincula o mandante, exceto se por ele (mandante) os atos forem ratificados;

c) os atos do mandatário, praticados após a extinção do mandato, são incapazes de vincular o mandante.

Depois de apresentar as distinções sobre a responsabilidade civil

subjetiva e a responsabilidade civil objetiva, afirma-se, com veemência, que a

responsabilidade do mandatário judicial (Advogado) é subjetiva, uma vez verificada

a atuação da culpa, conforme diz o Código Civil pátrio:

Art. 667. O mandatário é obrigado a aplicar toda a sua diligência habitual

na execução do mandato, e a indenizar qualquer prejuízo causado por culpa sua ou

daquele a quem substabelecer, sem autorização, poderes que devia exercer

pessoalmente.

Capitulo 3: As leis e os danos causados pelo advogado

3.1- A Constituição Federal de 1988 e o papel do advogado

Page 26: Monografia joatan

O advogado tem um papel essencial na sociedade, dado a sua

indispensabilidade à administração da justiça.

Com base nesse espectro, afirma-se convictamente que o advogado é

importante para a sociedade, porque sem os seus serviços seria impossível a

pacificação social, pois o juiz é inerte para oferecer a prestação jurisdicional, sendo

subordinado pela provocação da parte. Destarte, o advogado é um profissional que

tem um papel fundamental na administração da justiça, sendo ele habilitado para

representar a parte que acionou o Estado-Juiz, a fim de que este tome

conhecimento do litígio e, posteriormente, solucione a controvérsia.

O causídico tem um papel tão importante, que o art. 133 da Constituição

Federal de 1988, preconiza expressamente a sua função na administração da

justiça:

Art. 133 - O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo

inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.

Assim, a responsabilidade do advogado diante da sociedade revela que o

mesmo deve ter uma boa preparação acadêmica e uma exemplar competência

profissional, para que a sociedade não fique desamparada, garantindo ao seu cliente

o suporte técnico-jurídico necessário.

3.2- O Código de Ética e Disciplina da OAB

No dia 13 de fevereiro de 1995, foi aprovado e editado o Código de Ética e

Disciplina da OAB, pelo Presidente da Ordem Dr. Roberto Batochio.

O Código de Ética regulamenta os deveres do advogado, no que tange ao

sigilo profissional, honorários, honestidade, publicidade, entre outros.

Em seu artigo 1º, transcrito logo abaixo, estão contidos os princípios

orientadores para o exercício da advocacia.

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Art. 1º O exercício da advocacia exige conduta compatível com os

preceitos deste Código, do Estatuto, do Regulamento Geral, dos

Provimentos e com os demais princípios da moral individual, social e

profissional.

Os deveres do advogado estão capitulados no Código de Ética e

Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil, em seu Art. 2. º, parágrafo

único, estabelecendo o seguinte:

Art. 2º - O advogado é indispensável à administração da Justiça, é

defensor do estado democrático de direito, da cidadania, da moralidade

pública, da Justiça e da paz social, subordinando a atividade do seu

Ministério Privado à elevada função pública que exerce.

Parágrafo único: São deveres do advogado:

I – preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e a dignidade

da profissão, zelando pelo seu caráter de essencialidade e

indispensabilidade;

II – atuar com destemor, independência honestidade, decoro,

veracidade, lealdade, dignidade e boa-fé;

III – velar por sua reputação pessoal e profissional;

IV – empenhar-se, permanentemente, em seu aperfeiçoamento

pessoal e profissional;

V – contribuir para o aprimoramento das instituições, do Direito e

das leis;

VI – estimular a conciliação entre os litigantes, prevenindo,

sempre que possível, a instauração de litígios;

VII – aconselhar o cliente a não ingressar em aventura judicial;

VIII – abster-se de:

Page 28: Monografia joatan

a) utilizar de influência indevida, em seu benefício ou do cliente;

b) patrocinar interesses ligados a outras atividades estranhas à

advocacia, em que também atue;

c) vincular seu nome a empreendimentos de cunho

manifestamente duvidoso;

d) emprestar concurso aos que atentem contra a ética, a moral, a

honestidade e a dignidade da pessoa humana;

e) entender-se diretamente com a parte adversa que tenha

patrono constituído, sem o assentimento deste.

IX – pugnar pela solução dos problemas da cidadania e pela

efetivação dos seus direitos individuais, coletivos e difusos, no âmbito da

comunidade.

3.3- Lei nº 8.078 (Código de Defesa do Consumidor)

O art.3º da Lei nº 8.078 de 11 de setembro de 1990, também conhecido

como o Código de Defesa do Consumidor, se refere ao prestador de serviço,

conforme escrito abaixo:

Art. 3º - Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou

privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados,

que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção,

transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de

produtos ou prestação de serviços.

§ 1º - Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou

imaterial.

§ 2º - Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de

consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária,

Page 29: Monografia joatan

financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de

caráter trabalhista.

O artigo acima citado refere-se a todo trabalho autônomo, como é

o dos profissionais liberais, em que estão inclusos os advogados.

O Código de Defesa do Consumidor estabelece a espécie de

responsabilidade dos profissionais liberais.

Art. 14 – O fornecedor de serviços responde independentemente

da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos

consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por

informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

§ 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será

apurada mediante a verificação de culpa.

Prevalecendo o entendimento de que a responsabilidade é a

subjetiva, na forma estabelecida pelo CDC, em razão do Princípio da

especificidade, os profissionais liberais respondem mediante a verificação de

culpa, não respondendo pelo risco.

Assim sendo, não observando os deveres elencados pelo Código

de Ética e pelo Estatuto da OAB, bem como a feitura de erros grosseiros, o

advogado será responsabilizado pelo dano praticado ao seu cliente.

3.4- Lei nº 8.906 (Estatuto da OAB)

A lei nº 8.906, de junho de 1994, também conhecida como Estatuto da

Advocacia, dispõe sobre os regulamentos inerentes à atividade advocatícia, Nesse

diploma estão inclusos os direitos e os deveres de tal profissão.

Page 30: Monografia joatan

A Ordem dos Advogados do Brasil tem como essencial função a apuração

de atos ilícitos disciplinares causados por advogados. Tais ilícitos geram danos às

pessoas, ensejando assim a responsabilidade civil. Nesse momento inicia-se o papel

da OAB, pois ela restringe-se à verificação das infrações e a aplicação de sanções

disciplinares correspondentes.

No art. 34 da lei nº 8.906/94 e incisos, encontra-se a constituição das

infrações disciplinares realizada por advogados no exercício de sua função,

enquanto que no art. 35 da mesma lei são estabelecidas sanções para tais atos.

São quatro tipos de sanções disciplinares: censura, suspensão, exclusão,

e por fim a multa. Cada uma delas contém a hipótese da sua aplicação entre os

artigos 36 a 39 do Estatuto da Advocacia.

Conclusão

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A responsabilidade civil tem como objetivo o restabelecimento da

harmonia social, através da reparação do dano. Por essa razão é que diz que ela é o

núcleo de todo exercício jurídico.

Fundamentado nessa pesquisa, percebe-se, de forma inegável, que a

responsabilização do advogado está inseparavelmente ligada à liberdade que o

ofício lhe fornece. Essa livre conduta na função abre uma grande porta para que

diversos profissionais produzam danos a seus clientes. Tais ofensas podem ser

realizadas com desígnio, ou serem efetivadas sem a intenção de ocasionar o mal,

pois muitos não possuem o conteúdo mínimo para exercer o seu ofício, isso por

causa da grande carência doutrinária durante a freqüência de todo o curso jurídico.

Através do presente trabalho ficou claramente demonstrado que o tipo de

obrigação existente na profissão do advogado é “obrigação de meio”, e não de fim,

porque o indivíduo fica comprometido a realizar o serviço da melhor maneira para a

satisfação do cliente, sem se vincular a obtê-lo, pois ele não pode garantir um

resultado esperado para a parte que a contrata, não podendo, com isso imputar-lhe

nenhuma responsabilidade pelo insucesso. Em outras palavras, suas obrigações

devem ser desempenhadas de forma eficaz, salvaguardando os interesses que lhe

foram confiados.

A responsabilidade civil do advogado é determinada mediante a

verificação de culpa, sendo essa informação comprovada através de previsões

legais no artigo 14, § 4 da Lei nº 8.078 de 11 de setembro de 1990 (Código de

Defesa do Consumidor), bem como no artigo 32 da Lei nº 8.906 de 4 de julho de

1994 (Estatuto da Advocacia), tornando-se uma “conditio sine qua non” da

responsabilidade, pois o cliente é obrigado a comprová-la.

O advogado só pode ser responsável pelos seus atos, quando no

exercício profissional ele vier a praticar o dano através de dolo ou culpa.

Anteriormente estudado, o dolo é a plena intenção de praticar o mal, enquanto a

culpa em sentido amplo, diz respeito à responsabilidade civil do advogado em

relação ao erro de fato e ao erro de direito grave. Só caberá indenização para erros

presumíveis, frutos da ignorância do advogado, devido a sua atuação contrária ao

que é exigido pela deontologia.

Page 32: Monografia joatan

Assim, concernente aos erros de direito, apenas existirá a hipótese de

ressarcimento em relação aos gravíssimos, por exemplo: perder prazos que

conduzam ao insucesso da causa; desconhecimento de lei que tenha a sua atuação

freqüente; ir ao contrário de jurisprudência corrente; etc. Quanto aos erros de fato, o

advogado será responsável por todos os que estejam em seu mandato, como o de

não levar testemunhas intimadas para depor e também o de prejudicar a audiência

por se encontrar ausente à realização da mesma.

Outra forma de responsabilidade do advogado é quando este

desobedecer às instruções do constituinte, seja excedendo os poderes, ou seja,

utilizando-o para fins prejudiciais.

Um obstáculo fundamental para a falta de processo disciplinar vem da

própria responsabilidade civil do advogado que é subjetiva contratual, ficando o

cliente que se sentir prejudicado, obrigado a provar a existência do dano, da culpa

do advogado e da existência de nexo de causalidade entre o dano e o prejuízo

sofrido.

Em virtude das exigências supramencionadas, grande parte das pessoas

prejudicadas não promove a ação, pois encontram óbices devido ao não

preenchimento dos requisitos fundamentais para o ajuizamento da mesma.

Analisando sob esse prisma, não é habitual responsabilizar os advogados

por prejuízos causados aos seus clientes, pois são raras as decisões a respeito

sobre processo de apuração de infração disciplinar, isso devido ao desinteresse em

produzir as exigências obrigatórias para apuração de dolo ou culpa do causídico,

esta contida na falta de informação da população na grande dificuldade de acesso à

justiça, dentre outros percalços que costumeiramente se apresentam.

Não se pode olvidar que mesmo existindo o exame da OAB, que é um

teste de avaliação aos bacharéis graduados nas universidades para saber se eles

têm o conhecimento necessário para o exercício da profissão, tais atos que

produzem esses prejuízos aos clientes sempre existirão, enquanto a população

permanecer omissa.

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É mister que toda pessoa insatisfeita com os serviços prestados por esse

profissional denuncie os mais diversos abusos cometidos, a fim de coibir a

reincidência desses atos, evitando com isso que péssimos profissionais maculem o

nome dessa profissão tão nobre e de grande relevo à sociedade.

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Page 34: Monografia joatan

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ANEXOS

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