monografia própria

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 1 INTRODUÇÃO  A relevância deste trabalho se dá principalmente ao fato de que se vive uma época onde o pensamento está sendo cada vez mais compartimentado e subdividido, contrapondo a visão total da realidade em prol de uma visão polarizada. Essa visão de totalidade, diga-se, holstica, surgiu, segundo !erreira "#$$%&, quando estas civiliza'(es desabrocharam entre os gregos do século )* a.+. ara esta civiliza'ão o mundo e seus elementos eram vistos como uma unidade, havia apenas o conhecimento. E Além disso, rindade "//%&, atenta para a importância de se vo lt ar 0s or igens da si gn ifica o humana do conh ec imento, reencontrar as e1peri2ncias relegadas ao esquecimento, dei1adas de lado. 3e fato 4arros " // 5& , relata qu e em Aris t6tele s enco nt ra-s e pr eocu pa '( es 7interdisciplinares8 , quando este, sendo o pai da idéia de dividir as ci2ncias de acordo com os tipos de ob9etos : para ob9etos distintos, ci2ncias distintas, que teriam metodologia e linguagem diferentes : Arist6teles percebeu o perigo que isso representava, criando vis(es parciais da totalidade do mundo. Assim, para superar esses conhecimentos fragmentários, prop(e unificá-los numa totalidade e1plicativa que seria realizada pela filosofia.  A idéia de reparti'ão do saber da Antig;idade clássica separava a humanidade das ci2nci as, sep ara 'ão esta que corre spo ndia 0 divisão entre o tr ivi um "gramática, ret6ri ca e l6gica& e o qua dri viu m "geometria, aritmética, m<sica e astronomia&, formando assim as sete artes liberais. A diferencia'ão dos saberes nos tempos an ti gos não significava um rompime nt o= as ci2nci as não er am vi stas como fragmentos do saber. Antes, compunham liga'(es, como no caso da matemática e da m<sica 9untas, da filosofia e da fsica que formavam a 7filosofia natural8 . >ma grande luta foi travada por alguns pensadores do séc. ?)*, como @ontaigne, pa ra a se co nquist ar a desfragmentao do conhecimen to. ara ele seria ne ce ssário sintetizar o conhecimento, cr iar as es pecialidad es e, ap6s es ta desfragmenta'ão, reunificá-las numa interdisciplinar onde seria possvel reaplicar todos estes conhecimentos de uma forma holstica. %

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Gestão de projetos interdisciplinares

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PLANEJAMENTO E GESTO DE PROJETOS INTERDISCIPLINARES EM EDUC-AO AMBIMENTAL

PAGE 30

1 INTRODUO

A relevncia deste trabalho se d principalmente ao fato de que se vive uma poca onde o pensamento est sendo cada vez mais compartimentado e subdividido, contrapondo a viso total da realidade em prol de uma viso polarizada. Essa viso de totalidade, diga-se, holstica, surgiu, segundo Ferreira (1993), quando estas civilizaes desabrocharam entre os gregos do sculo VI a.C. Para esta civilizao o mundo e seus elementos eram vistos como uma unidade, havia apenas o conhecimento. E Alm disso, Trindade (2003), atenta para a importncia de se voltar s origens da significao humana do conhecimento, reencontrar as experincias relegadas ao esquecimento, deixadas de lado.

De fato Barros (2004), relata que em Aristteles encontra-se preocupaes interdisciplinares , quando este, sendo o pai da idia de dividir as cincias de acordo com os tipos de objetos para objetos distintos, cincias distintas, que teriam metodologia e linguagem diferentes Aristteles percebeu o perigo que isso representava, criando vises parciais da totalidade do mundo. Assim, para superar esses conhecimentos fragmentrios, prope unific-los numa totalidade explicativa que seria realizada pela filosofia.

A idia de repartio do saber da Antigidade clssica separava a humanidade das cincias, separao esta que correspondia diviso entre o trivium (gramtica, retrica e lgica) e o quadrivium (geometria, aritmtica, msica e astronomia), formando assim as sete artes liberais. A diferenciao dos saberes nos tempos antigos no significava um rompimento; as cincias no eram vistas como fragmentos do saber. Antes, compunham ligaes, como no caso da matemtica e da msica juntas, da filosofia e da fsica que formavam a filosofia natural .

Uma grande luta foi travada por alguns pensadores do sc. XVI, como Montaigne, para a se conquistar a desfragmentao do conhecimento. Para ele seria necessrio sintetizar o conhecimento, criar as especialidades e, aps esta desfragmentao, reunific-las numa interdisciplinar onde seria possvel reaplicar todos estes conhecimentos de uma forma holstica.Barros (2004), diz que a discusso aberta por Aristteles perpassou geraes de pensadores e j no sculo XVIII assistimos ao surgimento do enciclopedismo, que foi uma tentativa interdisciplinar de reter todas as informaes sobre o mundo e sobre o homem num nico livro, mesmo que com vrios volumes. O objetivo era que qualquer indivduo pudesse ter acesso ao conhecimento at ento acumulado.

Consta em Maheu (2004), que a idia interdisciplinar ganha fora na Europa somente na dcada de 60, com o surgimento de uma revoluo estudantil iniciada por alunos e professores, franceses, do ensino superior, contra a fragmentao do conhecimento. A idia e a proposta pedaggica nela contida so trazidas tona por Georges Gusdorf no final da dcada de 60, e este autor que influencia os primeiros tericos brasileiros a estudar este fenmeno: Hilton Japiass e Ivani Fazenda.

A partir de 1970 comea o surgimento das definies de interdisciplinaridade, estas por sua vez foram introduzidas nos campos epistemolgico e pedaggico por Japiass e Fazenda, respectivamente.

H um consenso entre estes tericos de que o conhecimento est sendo construdo de forma fragmentada e, cada vez mais, mergulhamos em uma maior especializao, as matrias dos ensinos mdio e fundamental tambm se repartem, como se a simples existncia destas disciplinas j no significasse um conhecimento compartimentado, e distante da maior necessidade do aluno que adquirir uma viso holstica (interdisciplinar) do conhecimento.

Segundo Celidnio (2005), o problema no abrir as fronteiras entre as disciplinas, mas, transformar o que gera essas fronteiras e esse o grande desafio imposto a interdisciplinaridade: a busca de um novo esprito cientifico e a transformao dos princpios geradores do conhecimento. Pois se as disciplinas se fecham dentro de si, no se interam da circularidade que as envolve.

Para alcanar esse novo esprito cientfico, ou, como cita Fazenda (1993), ao paradigma emergente, preciso dispor do principio de organizao e seleo do saber dando-lhe sentido e ao mesmo tempo, aptido geral para tratar os problemas e ligar os saberes, a fim de evitar uma acumulao estril. Montaigne (apud, Morin 2000), pensador francs e filsofo renascentista, sintetiza esse pensamento com a mxima: mais vale uma cabea bem feita que uma cabea bem cheia.

Tendo ento como objetivo geral socializar o conhecimento acerca das premissas interdisciplinares aplicadas a educao ambiental formal e no formal, no mbito da gesto e planejamento de projetos resguardados pela lei 9795/99 que trata da poltica nacional de educao ambiental e pelo decreto 4281/02 que regulamenta o sistema nacional de meio ambiente, pelo tratado de educao ambiental para sociedades sustentveis e responsabilidade global e por pesquisas especificas. Alem de analisar os conceitos encontrados no que tange a interdisciplinaridade; e revelar prticas interdisciplinares implantadas na administrao de projetos por pesquisadores do Brasil e do exterior.

Uma pequena observao em termos conceituais de interdisciplinaridade faz-se necessria. Interdisciplinaridade um conceito plural, tanto que, para Klein (1998), evoluiu ao longo do sculo passado e que continuar evoluindo. nessa condio que este texto prope seu trabalho, pois se explorar tal pluralidade, tal qual foi explorada em outros textos da literatura brasileira que abordaram diversas perspectivas histrico-conceituais deste conceito, mas, que colocam ideologias de pensamentos referentes somente quelas linhas de pesquisa. A reunio de temas como gesto, planejamento e avaliao permitiro ao profissional enquadrar-se dentro dos moldes de mercado globalizado, extirpando as excluses provocadas por conceitos delimitadores e fragmentrios que englobam apenas um grupo de indivduos.

Como fundamento, deve-se a possibilidade de efetivao da interdisciplinaridade como uma via concreta de construo coletiva capaz de integrar diferentes preocupaes, potencialidades e competncias, somente pode acorrer atravs da pesquisa.

1.1 EDUCAO AMBIENTAL FORMAL E NO-FORMALH dois tipos de educao ambiental: a formal e a no-formal, ambas foram contempladas em 1999 por lei especifica, a Lei 9795/95, regulamentada pelo Decreto 4281/02.

Ainda citando a Lei 9795/99 no seu artigo Art. 2o h dois nveis de educao ambiental:

A educao ambiental um componente essencial e permanente da educao nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os nveis e modalidades do processo educativo, em carter formal e no-formal.

Que so definidos nas sees II e III, respectivamente:

Seo II: da educao ambiental formal:

Art. 9o Entende-se por educao ambiental na educao escolar a desenvolvida no mbito dos currculos das instituies de ensino pblicas e privadas, englobando:

I - educao bsica:

a) educao infantil;

b) ensino fundamental e

c) ensino mdio;

II - educao superior;

III - educao especial;

IV - educao profissional;

V - educao de jovens e adultos.

Art. 10. A educao ambiental ser desenvolvida como uma prtica educativa integrada, contnua e permanente em todos os nveis e modalidades do ensino formal.

1o A educao ambiental no deve ser implantada como disciplina especfica no currculo de ensino.

2o Nos cursos de ps-graduao, extenso e nas reas voltadas ao aspecto metodolgico da educao ambiental, quando se fizer necessrio, facultada a criao de disciplina especfica.

3o Nos cursos de formao e especializao tcnico-profissional, em todos os nveis, deve ser incorporado contedo que trate da tica ambiental das atividades profissionais a serem desenvolvidas.

Art. 11. A dimenso ambiental deve constar dos currculos de formao de professores, em todos os nveis e em todas as disciplinas.

Seo III: Da Educao Ambiental No-Formal

Art. 13. Entendem-se por educao ambiental no-formal as aes e prticas educativas voltadas sensibilizao da coletividade sobre as questes ambientais e sua organizao e participao na defesa da qualidade do meio ambiente.

Pargrafo nico. O Poder Pblico, em nveis federal, estadual e municipal, incentivar:

I - a difuso, por intermdio dos meios de comunicao de massa, em espaos nobres, de programas e campanhas educativas, e de informaes acerca de temas relacionados ao meio ambiente;

II - a ampla participao da escola, da universidade e de organizaes no-governamentais na formulao e execuo de programas e atividades vinculadas educao ambiental no-formal;

III - a participao de empresas pblicas e privadas no desenvolvimento de programas de educao ambiental em parceria com a escola, a universidade e as organizaes no-governamentais;

IV - a sensibilizao da sociedade para a importncia das unidades de conservao;

V - a sensibilizao ambiental das populaes tradicionais ligadas s unidades de conservao;

VI - a sensibilizao ambiental dos agricultores;

VII - o ecoturismo.

Essas definies norteiam as praticas educativas para que a EA seja efetiva e fonte de emancipao.

Em termos prticos a educao ambiental no-formal por as aes e prticas educativas voltadas sensibilizao da coletividade sobre as questes ambientais e sua organizao na defesa da qualidade do meio ambiente, a chamada conscientizao. A EA Formal aquela onde se trabalham os conceitos ambientais aplicados em sala de aula, atravs do currculo em todos os nveis de ensino, esta normalmente multidisciplinar, ou transdisciplinar, fundamentada em premissas interdisciplinares para EA, pr orientao de conferncias e organismos internacionais e nacionais, ocorre de forma transversal, sem estar diretamente vinculada a uma nica disciplina, relaciona o meio ambiente natural com o scio-cultural considerando os aspectos, ticos, ecolgicos, legal, poltico, cultural e esttico, conforme orientaes do MEC & IBAMA (1991):No artigo quarto, inciso III da Lei 9795/99 que trata da Poltica Nacional de Educao Ambiental, consta as orientaes quanto ao modo como a EA deve ser trabalhada na escola e aplicvel a todas as situaes formais, apresentamos aqui os Princpios da Educao Ambiental no Brasil:

I Enfoque humanista, holstico, democrtico e participativo;

II A concepo de meio ambiente em sua totalidade, considerando a sua interdependncia entre o meio natural, o meio scio-econmico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade;

III O pluralismo de idias e concepes pedaggicas, na perspectiva da multidisciplinaridade; transdisciplinaridade e sobre tudo da interdisciplinaridade.IV A vinculao entre a tica, a educao, o trabalho e as prticas sociais;

V A garantia da continuidade e permanncia do processo educativo;

VI A permanente avaliao crtica do processo educativo;

VII A abordagem articulada das questes ambientais locais, regionais, nacionais e globais;

VIII O reconhecimento e respeito pluralidade e diversidade individual e

cultural (BRASIL, 1999, art. 4, inciso I-VIII).

1.2 INTERDISCIPLINARIDADE NA EA

O Art. 4o, da Lei 9795/99 que trata da Poltica Nacional de Educao Ambiental, determina quais so os princpios bsicos da educao ambiental e diz no seu inciso III que:O pluralismo de idias e concepes pedaggicas, na perspectiva da multidisciplinaridade; transdisciplinaridade e sobre tudo da interdisciplinaridade.

Mas, a Lei no determina de que modo essas dimenses devem ser abordadas, para isso, h inmeros documentos nacionais e internacionais que tratam a interdisciplinaridade como uma ao inerente a EA, isto quer dizer que quando fala-se de educao ambiental est subentendido que h a presena efetiva de aspectos holsticos, humansticos e interdisciplinares. Mas, na prtica isso ocorre pouco e raramente. Fazenda (2000), Silva (2006), e Gallo (2004), relatam a banalizao e a cancerizao do fenmeno, e Gallo (2004), complementa dizendo que a interdisciplinaridade corre o risco de esvaziar-se de sentido pelas prticas que se dizem interdisciplinares, mas no so. Silva (2006), constatou que em algumas escolas, projetos especficos para EA so cunhados fora das premissas interdisciplinares para esta modalidade educativa. O rigor com que se deve trabalhar o mesmo que deve-se exigir daqueles que nos educaram e que exigimos dos que ainda nos educam e que educaro nossos entes.

Mas como isso pode ser aplicado na pratica diria do educador ambiental?

Para Leff (2002), a interdisciplinaridade surge como uma necessidade prtica de articulao dos conhecimentos, mas constitui um dos efeitos ideolgicos mais importantes sobre o atual desenvolvimento das cincias, justamente por apresentar-se como o fundamento de uma articulao terica. A produo conceitual dissolve-se na formalizao das interaes e relaes entre objetos empricos. Nela, os fenmenos no so captados a partir da teoria de uma disciplina cientfica, mas surgem da integrao das partes quem constituem o todo visvel.Trabalhar com a interdisciplinaridade no significa, realizar atividades com matrias afins; significa trabalhar em todos os momentos construindo a cidadania.

Segundo Assunpo (1993), Japiass (1976), a interdisciplinaridade uma atitude do individuo e razo do coletivo. Ela parte somente de dentro, no ser este trabalho que tornaro ser interdisciplinar, mas a sua vontade de formar educadores e educadoras capazes de transformar a educao desejada em uma educao alcanada. atravs do coletivo que a interdisciplinaridade permear o ensino e, por conseguinte formar cidados desfragmentados e educados ambientalmente conhecedores da sua importncia diante dos problemas ambientais vigentes, e ser quando voc, somente voc, quiser.

Mesmo sendo uma atitude coletiva preciso aps este entendimento, aplicar esse conhecimento em favor daqueles que no tiveram a oportunidade de assimil-lo.

Vale ressaltar que a ao interdisciplinar estabelece, junto s prticas docentes e ao desenvolvimento do trabalho didtico-pedaggico, a reorientao e a reconstruo dos contedos disciplinares fora dos moldes vigentes, tornando assim a educao nus de todas elas. Assim, no se trata de simples cruzamento de coisas parecidas; trata-se, bem ao contrrio, de construir dilogos fundados na diferena, abraando concretamente a riqueza derivada da diversidade.

O tratado de Educao Ambiental para Sociedades Sustentveis e Responsabilidade Global, fruto da discusso entre signatrios de vrios pases, reunidos com o objetivo de estimular a formao de sociedades scio-ambientalmente justas e ecologicamente equilibradas, que conservam entre si a relao de interdependncia e diversidade, estabelece no item cinco dos Princpios da Educao para Sociedades Sustentveis e Responsabilidade Global, que: A educao ambiental deve envolver uma perspectiva holstica, enfocando a relao entre o ser humano, a natureza e o universo de forma interdisciplinar.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renovveis (IBAMA) exerce a educao ambiental Atravs do SISNAMA Sistema Nacional de Meio Ambiente regulamentado pelo decreto 4281/02 e pela Lei 9795/99 que estabelece que para a EA cumprir o seu papel deve ser praticada em articulao com atividades como:

Conservao da biodiversidade;

Licenciamento;

Gerenciamento costeiro;

Manejo sustentvel dos recursos ambientais;

Gesto de recursos hdricos;

Agroturismo;

Zoneamento ambiental;

Gerenciamento de resduos, dentre outras.

A pratica da educao ambiental, nessa perspectiva, exige do educador um forte esprito interdisciplinar, pois como relata Gallo (2004) quando a soluo no vem de dentro ela vem de fora de outra disciplina. Os problemas ambientais no podem ser solucionados apenas pela biologia preciso uma interlocuo efetiva entre todas as cincias, ou seja, est implcita neste documento a importncia da atitude interdisciplinar.

Tambm h que se compreender a necessidade de se ter um amplo conhecimento sobre a problemtica ambiental e a capacidade tanto para desenvolver aes educativas com grupos culturalmente diferenciados quanto para medir situaes conflituosas que envolvam interesses de vrios atores sociais.

Isto complementado pelo item 12 do tratado, que diz: a educao ambiental deve ser planejada para capacitar as pessoas a trabalharem conflitos de maneira justa e humana.

Segundo Gutirrez (1999), a educao ambiental vive a interdisciplinaridade na sua prtica mais profunda. Pois ela provoca no individuo a capacidade de querer ser capaz, na vontade de servir que expressa a capacidade do ser de amar seu semelhante e de tratar com amor o que lhe estranho e diferente, inclua-se nesse diferente e estranho, a planta que contribui para que se recarregue a nascente que nos fornece gua, as aranhas e os sapos que auxiliam na reduo da populao de insetos, o inseto que poliniza as plantaes, as cobras que no permitem o desenvolvimento desenfreado de pequenos roedores, os seres humanos. Nenhum deles igual (exatamente). E os semelhantes? so os mesmo anteriormente ditos: so semelhantes. Nascem, Respiram, se movimentam, se alimentam, se reproduzem e morrem.

Todas essas intervenes em prol da interdisciplinaridade vm somar para que o sucesso desse trabalho seja alcanado de forma interdisciplinar com vistas a transdisciplinaridade.

Compreendendo essa relao entre o diferente e o igual, percebe-se que a vida algo igual para todos, mas diferentes para muitos.

Deve-se assimilar essa realidade lanando mo de recursos educacionais, gerando assim, uma comunidade scio-ambientalmente responsvel e sustentvel.

1.3 A PRXIS DOS PROJETOS FRENTE AO EQUILBRIO AMBIENTAL

Em Grn (2000), h uma questo bastante pertinente ao debate. A valorizao do conceito e da tradio no interior da teoria educacional pode contribuir com a insero da Educao Ambiental na cultura e na linguagem, tornando-a algo orgnico e comum a um dado meio biorregional. No atual contexto o que ocorre , em alguns casos o inverso. A educao ambiental torna-se pontual e eventual, surgindo como um fenmeno que acontece devido a interferncias biticas ou abiticas ou por grandes comoes diante de uma catstrofe eminente. Essa casualidade aliada a falta de planejamentos metdicos e projees contribuem para que a educao ambiental seja encarada como superficial e fugaz. Segundo Kleiman e Moraes (2002), os docentes muitas vezes encontram dificuldades no desenvolvimento de projetos interdisciplinares devido ao fato de terem sido formados dentro de uma viso positivista e fragmentada do conhecimento. Essa constatao confirmada por Silva (2006), que detectou em, 57,5% dos projetos das escolas estaduais do municpio de Alegre, Esprito Santo, destinados a Educao Ambiental, a ausncia de caractersticas interdisciplinares e que 46,43% dos projetos no apresentaram metas que garantam a busca pela viso holstica do conhecimento. Esses projetos antagonizam, de alguma forma, as premissas interdisciplinares da Educao Ambiental, multiplicando vises fragmentadas da realidade e proporcionando o desprazer de uma ao mal planejada aos alunos. O apego a disciplinarizao e o desapego teoria e prtica interdisciplinar, na maioria dos casos, imprimem a Educao Ambiental uma caracterstica de impotncia, ineficcia e incredulidade no que se refere ao alcance do desenvolvimento sustentvel, com exceo de poucos casos, como ocorre no programa de Ps-Graduao em Educao Ambiental da FURG (Fundao Universidade Federal do Rio Grande do Sul), nas Capacitaes e Cursos de Especializao da Faculdade de Filosofia, Cincias e Letras de Alegre, Autarquia municipal, (regio do Capara, do Esprito Santo) que tem transformado a teoria em prtica e a prtica em teoria, com suas pesquisas e aes extensionistas. preciso valorizar pesquisas e estudos acerca da Educao Ambiental e, sobretudo da interdisciplinaridade to pouco compreendida e aplicada em projetos de Educao Ambiental espalhados pelo mundo globalizado. Quando temas de suma relevncia ao bem estar do indivduo no planeta como a tica, o desenvolvimento sustentvel e a Educao Ambiental, forem assimilados, entendidos e aplicados teremos a prxis que fomentar a compatibilizao do desenvolvimento tecnolgico ao equilbrio ambiental.

2 AES EM EA.

2.1 Aes Diretas para e Prtica da Educao Ambiental

a) Visitas: a Museus, criadouro cientfico de animais silvestres.b) Passeios em trilhas ecolgicas/desenhos (Trilhas so Interpretativas)

Apresentam percursos nos quais existem pontos determinados para interpretao com auxlio de placas, setas e outros indicadores, ou ento pode-se utilizar a interpretao espontnea, na qual monitores estimulam as crianas curiosidade a medida que eventos, locais e fatos se sucedem. Feitos atravs da observao direta em relao ao ambiente, os desenhos tornam-se instrumentos eficazes para indicar os temas que mais estimulam a percepo ambiental do observador.

c) Parcerias com Secretarias de Educao de Municpios: formando Clubes de Cincias do Ambiente, com o objetivo de executar projetos interdisciplinares que visem solucionar problemas ambientais. Os temas mais trabalhados so: reciclagem do lixo, agricultura orgnica, arborizao urbana e preservao do ambiente.

d) Ecoturismo: quando da existncia de parques ecolgicos ou mesmo nos locais onde esto localizadas as trilhas, h a extenso para a comunidade em geral. Os visitantes so orientados na chegada por um funcionrio e a visitao livre, com acesso ao Museu, ao Criadouro de Animais e as trilhas.

e) Publicaes peridicas: abordagem de assuntos relativos aos recursos naturais da regio e s atividades da rea de ambincia da empresa.

f) Atividades com a comunidade e campanhas de conscientizao ambiental: com o intuito de incrementar a participao da comunidade nos aspectos relativos ao conhecimento e melhoria de seu prprio ambiente, so organizadas e incentivadas diversas atividades que envolvem a comunidade da regio, como caminhadas rsticas pela regio.g) Programas de orientao ambiental: a empresa desenvolve ainda outros programas para orientao ambiental como, por exemplo, fichas de visualizao dos animais silvestres, orientao comunidade para atendimento aos aspectos legais de caa e pesca, produo e distribuio de cadernos, calendrios e cartes com motivos ambientalistas.

2.2 PERFIL DO EDUCADOR AMBIENTAL

Considerando a premissa interdisciplinar da EA, os educadores que participam da pesquisa devero possuir formao em diferentes reas, entre elas Pedagogia, Letras, Histria, Educao Artstica e Matemtica, Agronomia, Engenharia Florestal, Zootecnia, entre outras, bem como, um considervel nmero de acadmicos que ainda se encontra em formao universitria.

De acordo com Gadotti e Romo (1997), um educador ambiental um profissional motivado, com conhecimentos ambientais, capacidade integradora, capacidade pedaggica e de educao baseada em valores, que intervm em muitos mbitos de funcionamento da sociedade.

Para Tristo (2005), a sua profissionalizao necessria para assegurar a transmisso de mensagens coerentes em nome da EA e da sustentabilidade capaz de fazer fronte s situaes complexas, e de responder a uma evidente demanda social.

Conforme consta em Leff (1997), a situao atual da profissionalizao dos educadores ambientais alvo de algumas iniciativas tericas e inadequadas de certas entidades bastante desconhecidas, quando: so intrusivas, carentes de formao, recursos e de reconhecimento social, etc.

Hutchison (2000), Fronte a esta situao, percebe algumas demandas de futuro quanto ao perfil do educador ambiental, estes, tero que apresentar traos de coordenador, informador, assessor, auditor, e outros, que afetaro a muitos campos profissionais.

Para Reigota (2000) o seu perfil deve ser garantido desde instituies ou centros de formao estruturados e oficialmente reconhecidos, com acesso garantido a qualquer profissional sem excluso, com condies de percorrer um itinerrio de formao continua pr-estabelecido.

Para definir o seu perfil e estabelecer previses de formao futura e sua necessria legitimao, Fazenda (2001), diz que, interessante contar com jornadas de debate, encontros, publicaes e outros instrumentos que sigam as margens do caminho, at alcanar a ctedra.

3 GESTO E PLANEJAMENTO DE PROJETOS INTERDISCIPLINARES

3.1 PROJETO

Segundo Coimbra (2005), a Educao Ambiental est empenhada em realizar seu projeto Terico/Prtico e estabelecer uma sociedade mais justa e igualitria para todos. Torna-se necessrio pensar a Educao Ambiental/Interdisciplinaridade, em termos de processo de formao total do homem como agente ambiental, onde preciso sempre partir de um referencial seguro, galgado no suporte Terico/Prtico, um projeto global.

Para Reigota (2001), a Educao Ambiental est tambm interligada ao mtodo interdisciplinar, como fra argumentado em itens anteriores, entretanto esse mtodo est compreendido e aplicado numa perspectiva educativa: A Educao Ambiental, como perspectiva educativa, pode estar presente em todas as disciplinas, quando analisa temas que permitem enfocar as relaes entre a humanidade e o meio natural, e as relaes sociais, sem deixar de lado as suas especificidades.

A este respeito a Educao Ambiental e a Interdisciplinaridade, pode e deve realmente Constituir/Construir um motor de Transformao/Libertao pedaggica, onde, neste sentido, venham a agir como um integrador de criatividade, girando em torno desses vetores que questionam, sobretudo e criticam uma realidade existente no processo educacional, no qual a projeo de erros e acertos devem estar inseridos

Somando a estas consideraes, para Gigante (2005), um projeto uma iniciativa que nica de alguma forma, seja no produto que gera, seja no pblico a quem se destina o projeto, na localizao, nas pessoas envolvidas, ou em outro fator. Isto diferencia projetos de operaes regulares de escola-comunidade a produo em srie de margarinas uma operao da empresa, mas por outro lado, a criao de um mvel sob encomenda um projeto, um projeto tem um fim bem definido, ou seja, tem um objetivo claro, que quando atingido, caracteriza o final do projeto e o incio de um programa, desde que os resultados obtidos tenham sido positivos e que haja recursos disponveis.

3.2 GESTO

H em Martins (2003), as seguintes consideraes: Gerncia de Projetos (ou Gesto de Projetos) a aplicao de conhecimentos, habilidades e tcnicas na elaborao de atividades relacionadas para atingir um conjunto de objetivos pr-definidos. O conhecimento e as prticas da gerncia de projetos so melhores descritos em termos de seus processos componentes.

Para Leff (2006), Esses processos podem ser classificados em cinco grupos (iniciao, planejamento, execuo, controle e encerramento) e nove reas de conhecimento (gerncia de integrao de projetos, gerncia de escopo de projetos, gerncia de tempo de projetos, gerncia de custo de projetos, gerncia de qualidade de projetos, gerncia de recursos humanos de projetos, gerncia de comunicaes de projetos, gerncia de riscos de projetos e gerncia de aquisies de projetos). Reduzida sua forma mais simples, a gerncia de projetos a disciplina de manter os riscos de fracasso em um nvel to baixo quanto necessrio durante o ciclo de vida do projeto. O risco de fracasso aumenta de acordo com a presena de incerteza durante todos os estgios do projeto. Um ponto-de-vista alternativo diz que gerenciamento de projetos a disciplina de definir e alcanar objetivos ao mesmo tempo em que se otimiza o uso de recursos (tempo, dinheiro, pessoas, espao, etc).

De fato, para Marino (2003), a gerncia de projetos frequentemente a responsabilidade de um indivduo intitulado gerente de projeto. Idealmente, esse indivduo raramente participa diretamente nas atividades que produzem o resultado final. Ao invs disso, o gerente de projeto trabalha para manter o progresso e a interao mtua progressiva dos diversos participantes do empreendimento, de modo a reduzir o risco de fracasso do projeto.

Neste caso especfico a escola reponsavel pela viabilizao dos projetos e pela definio dos seus gerentes.

3.3 PLANEJAMENTOSegundo Chaves e Farias (2005), o planejamento compreende a definio das metas de uma organizao, o estabelecimento de uma estratgia global para alcanar essas metas e o desenvolvimento de uma hierarquia de planos abrangentes para integrar e coordenar atividades. Refere-se, portanto, aos fins(o que ser feito) e tambm aos meios (como ser feito).

Para MARINO (2003), O planejamento de um projeto interdisciplinar seja voltado para EA formal ou informal deve contemplar a necessidade do pblico alvo ( mais detalhado no item levantamento dos interesses da comunidade), os recursos disponveis, o contexto social e politico o qual ser inserido e a garantia de participao de todos os atores envolvidos. Para que estas aes tenham efetividade necessrio realizar a analise dividindo o processo de gesto do projeto em fases cronolgicas distintas definidas por um plano.

Segundo Daly (1993), plano o documento orientador do comportamento da organizao em determinado perodo de tempo, onde suas finalidades e polticas, orientaes estratgicas e tticas, objetivos e metas, esto claramente definidos. Embora o plano represente a materializao do processo de planejamento, este altamente dinmico, ele no deve ser visto como algo esttico, mas flexvel o suficiente pra ser alterado em funo das modificaes ocorridas a nvel organizacional e principalmente ambiental.O mundo no se constitui de fenmenos isolados, mas complementares entre si. O reconhecimento dessa teia de relaes, muitas vezes contraditrias e ambguas, significa, ento, um avano na compreenso dessa realidade complexa. Assim, a transcendncia dos limites disciplinares do conhecimento condio fundamental ao olhar abrangente da interdisciplinaridade. A gnese do saber interdisciplinar repousa na idia de relao entre as partes de um dado conhecimento. Portanto, se cada matriz curricular, representa um tecido coeso, as disciplinas so as linhas que o tecem. Da a importncia da participao efetiva de toda a escola3.4 LEVANTAMENTO DAS NECESSIDADES DA ESCOLASegundo EMBRAPA (2006), o Diagnstico Rpido Participativo (DRP) como um termo empregado para designar "um conjunto de mtodos e abordagens que possibilitam a um grupo compartilhar e analisar sua percepo acerca de suas condies de vida, planejar e agir". Tem origem no movimento de pesquisa-ao, inspirado por Paulo Freire, e incorporou a filosofia e tcnicas da Anlise de Agroecossistemas, da Antropologia Aplicada, da Pesquisa em Sistemas de Produo.

3.4.1 Caractersticas do DRP o reconhecimento de que todos os profissionais so criativos e capazes, devendo os tcnicos agir somente como facilitadores;

uso de tcnicas que permitem maior visualizao e um maior compartilhamento das informaes, citando-se como exemplo a confeco de mapas, diagramas e "ranking";

a importncia do comportamento dos tcnicos;

participao dos agricultores na pesquisa agropecuria;

obteno de informaes sobre o meio rural a partir do conhecimento das comunidades, de uma maneira rpida e efetiva.

O Diagnstico Rpido Participativo destaca: o aprendizado rpido e progressivo, a eliminao de vieses, a triangulao (em que uma informao levantada utilizando-se diferentes grupos de informantes e diferentes tcnicas) e a procura pela diversidade (explorao da variabilidade, ao invs das mdias), isto , o objetivo central a obteno de informaes, ao passo que a maior preocupao em dar poder aos alunos para analisar, planejar e agir. Isso implica em uma mudana de atitude do pblico alvo em relao ao seu papel.

Tem sido cada vez mais reconhecido, inclusive por parte dos agentes financiadores, a necessidade de conhecer a perspectiva da escola quanto aos seus principais problemas bem como sua avaliao quanto ao impacto de programas e projetos de desenvolvimento. Assim o DRP tem sido utilizado em vrias reas, dentre as quais Mikkelsen (1995) cita: projetos de preservao ambiental, pesquisa em sistemas de produo, manejo de recursos naturais, gua e saneamento, destinao de lixo, sade, educao, habitao urbana e atividades de gerao de renda. Estas caractersticas conferem ao DRP uma flexibilidade e fcil adaptabilidade ao contexto escolar.3.4.2 Tcnicas Utilizadas em Entrevistas em Informantes-Chave

Conforme recomendaes da EMBRAPA (2006), as abordagens devem ser efetuadas considerando-se um roteiro previamente elaborado, no qual constam os seguintes aspectos:

Processo de seleo;

Conflitos existentes;

Presena de organizaes e lideranas;

Gerao de renda; empreendimentos comunitrios;

Infra-estrutura;

Principais problemas;

3.4.3 Dinmicas dos DRP

3.4.3.1 Croquis da vila

As tcnicas relatadas a seguir foram adaptadas de Pretty et alii (1995) e Ribeiro et alii (1998).

Como estratgia de quebra-gelo e para incio de discusso sobre a vida na escola por parte de seus alunos, a primeira atividade nos trabalhos de grupo foi o desenho do croqui da escola.

Durante sua execuo, busca-se a identificao dos elementos relevantes e estimular discusso sobre os mesmos.

3.4.3.2 Diagrama de venn

Para identificao das instituies atuantes nas reas de estudo e verificao de sua importncia e efetiva participao junto comunidade, utiliza-se a tcnica de elaborao do diagrama de Venn, seguindo-se as seguintes etapas:

a) tempestade de idias, por meio da qual os alunos e tcnicos relacionam todas as instituies (rgos pblicos de carter tcnico e social, empresas privadas, etc.) que lhes venham mente;

b) atribuio do grau de importncia dos mesmos e inscrio dos nomes das instituies em crculos de carto com trs tamanhos diferentes (pequeno, mdio e grande), de acordo com a relevncia definida pelos participantes;

c) checagem e discusso da importncia das instituies; d) disposio dos crculos ao redor de um carto com a inscrio escola, de acordo com o julgamento dos participates quanto efetiva participao das instituies junto comunidade (mais atuante);

e)checagem e discusso sobre a percepo dos alunos com relao atuao das instituies. Ranking de priorizao dos problemas e identificao dos benefcios Para levantamento dos principais problemas vividos na escola e os benefcios mais importantes que ela proporcionou.

3.4.3.3 O Desenvolvimento Metodolgicoa) tempestade de idias para apresentao de problemas;

b) anotao dos temas levantados em cartelas (quando as pessoas tinham dificuldade de leitura, desenhavam-se smbolos que representavam os problemas);

c) formao de grupos espontneos para discusso e indicao da importncia relativa de cada problema (ranking). Os participantes colocavam mais ou menos gros de milho de acordo com a importncia de cada problema;

d) checagem e discusso. Visitas a rea onde ser implementado o projeto e entrevistas individuais com os alunos As visitas e entrevistas semi-estruturadas eram realizadas com o objetivo de conhecer a utilizao da rea, checar eventuais questes que no ficaram bem esclarecidas durante as discusses em grupo, bem como aprofundar temas considerados relevantes para os professores e alunos.

3.5 AVALIAO DE PROJETOS INTERDISCIPLIANRES: Este tpico foi adaptado a partir de orientaes bibliogrficas de Fazenda (1991), Fazenda (2001), Gadotti (2000), Garcia (2004), Gigante (2005), e Silva (2007). A definio de avaliao deve ser abordada dentro de um contexto mais amplo de gesto e pode transcender seu foco para dimenses mais orgnicas que apenas nmeros e ndices. As aes de planejamento so desencadeadas atravs dos planos, programas e/ou projetos, definidos em trs nveis:

Nas polticas pblicas e grandes planos;

Nos programas, para onde as metas das polticas pblicas so transferidas e so centradas em linhas mestras de aes temticas ou setorias.

E por fim, as aes concretas, delimitadas no tempo, no espao e pelos recursos existentes, que possam realizar as polticas publicas, ou seja, os projetos.

a) Avaliao do processo: Fase que ocorre em concomitncia ao planejamento, na medida em que as aes vo sendo elaboradas deve-se tambm avali-las de modo a identificar a presena de alguns indicadores. Esta modalidade de avaliao tambm vai identificar de que forma o projeto vai ser conduzido. Conforme recomendaes de Martinez e Roca (2000), com os indicadores e os parmetros de qualidade definidos, para uma avaliao quantitativa do progresso da atividade, est estabelecida uma avaliao que determinar a viabilidade do projeto.

Esta viabilidade est vinculada a alguns parmetros. A saber:

A importncia Histrico / social / cultural: o projeto deve ser situado historicamente em antecedentes que o dem fundamentao e ainda que estabelea uma relao entre o ocorrido e o que ocorrer.

A importncia terica: no planejamento este parmetro auxiliar a definio das aes elaboradas aps o levantamento das necessidades locais definindo dentro de um contexto as principais linhas metodolgicas a serem seguidas e qual ser a literatura da fundamentao do projeto. importante que haja cumplicidade entre os integrantes da equipe.

O Planejamento dos seus detalhes tcnico-pedaggicos: deve ser verificado se contm a definio das responsabilidades perante ao publico alvo e a coordenao do projeto e o seu mtodo de auto-avaliao.

Diz respeito tambm a composio e atribuies de cada membro: coordenao, dinamizao, assessoramento, comunicao, etc. esta deve estar clara tanto para a equipe quanto para o publico alvo.

O estabelecimento das parcerias: nesta modalidade de avaliao que se define o grau de comprometimento da sociedade perante a sua proposta. No entanto o grande nmero de parceiros no indica grande importncia do projeto mas sim, as suas participaes efetivas do planejamento a disseminao. A comunidade deve estar includa como parceria.

O respeito ordenao disciplinar: em projetos interdisciplinares voltados educao ambiental formal a importncia de cada rea deve ser reconhecida sem que haja status de supremacia entre qualquer uma delas, tambm devem ser respeitadas as suas limitaes terico-metodolgicas. Para educao ambiental no-formal, esse parmetro ocorre na ao da equipe, isto , cada membro deve assimilar o pensamento de Morin (2004), que diz: quando a soluo no vem de uma disciplina ela vem de fora de outra disciplina, ou como diz Gallo (2004), os problemas ambientais no podem ser solucionados somente pela Biologia ou pela Engenharia. nesta linha de Silva (2006) trata a interdisciplinaridade: algo orgnico que deve se ater as condies humanas de vivncia inerentes a uma comunidade responsvel e sustentvel . Construdo em liberdade: a todos da equipe deve ser dado o mximo de liberdade em suas aes, para que este sinta-se capaz de aprender com os prprios erros e sinta a confiana da coordenao do projeto em sua capacidade cognitiva. Mas, as aes devem ser desenvolvidas dentro da liberdade que a metodologia permite.

A busca pela desfragmentao do conhecimento: todas as metas devem ter como principal objetivo a viso holstica do conhecimento, aquela que contempla o estudo de toda a cadeia. uma viso de totalidade que antagonisa o atual sistema de ensino, compartimentado e fragmentado.

O rompimento das fronteiras entre as disciplinas: com a desfragmentao vem o rompimento das fronteiras entre as reas, mas, esse rompimento deve ser harmnico. Os conhecimentos permeiam todas as disciplinas sem que haja perda de identidade das mesmas vendo no todo a parte e a parte no todo;

A presena de equipes multidisciplinares: este um forte indicador de um bom planejamento. Os projetos interdisciplinares, direcionados a qualquer rea ou publico, tm maior xito quando valoriza vrias reas do nosso conhecimento, simultaneamente.

A culturalidade das aes: avalia-se qual a dimenso cultural que o projeto vai abrangir, se as aes esto enquadradas dentro do contexto cultural local. Se as metas prevem mudana de comportamento e se este, vinculado a culturalidade local necessrio descrever quais os mtodos sero utilizados nessa ao lembrando de que esta ao no deve ser invasiva ou reformista.

A incluso digital, o acesso justia, o incentivo leitura e escrita: no caso de objetivos educacionais a viabilidade do projeto vai estar diretamente ligada a esse item. O projeto deve prever mtodos de trabalho desse temas inclusivos, por motivos bvios. Justia, incluso digital e incentivo a leitura so pr-requisitos para criao da conscincia planetria e responsabilidade global.

Agora deve-se focar o monitoramento continuo das atividades desenvolvidas e lanar mo de anotaes de provveis falhas de execuo e de parmetros que no foram mencionados neste tpico a fim de aprimorar e dar credibilidade aos projetos que sero implantados por vocs e por ns.

b) Avaliao dos resultados: esta modalidade tem como indicador a mudana de comportamento do pblico-alvo frente aos objetivos do projeto, ou seja, a efetiva mudana de comportamento da comunidade.

Para cada objetivo especfico devemos ter indicadores especficos quantitativos e qualitativos dos resultados esperados.

Segundo Silva (2006) e Fazenda (2000), estes tambm so algumas dimenses que devem estar presentes em projetos Interdisciplinares:

A criao de invenes, surgimento de novas descobertas e a produo de conhecimento: deve-se, aps a execuo do projeto, identificar a sua presena, pois ser possvel determinar se houve melhora na dinmica de trabalho, no campo cognitivo do publico alvo, em fim com elevao do nvel de conhecimento a qualidade de vida de todos ns tende a melhorar.

No altera o curso dos fatos: caso o projeto esteja provocando mudanas que levem ao xodo, por exemplo, caracteriza-se, pois, uma mudana de curso dos fatos a que se props inicialmente. Um projeto interdisciplinar provoca um pertencimento por tudo aquilo que nos est prximo no o inverso. Ocorrendo esse fato o projeto deve ser totalmente revisto ou caso essa avaliao seja feita por rea de dinamizao (mais recomendado) rever a metodologia do dinamizador.

A capacidade de dividir/multiplicar, separar/juntar: Esse raciocnio, paradoxal, avalia se o que se props est sendo cumprido dentro dos moldes interdisciplinares de ensino. Dividir/multiplicar, separar/juntar refere-se a dimenso da experimentao e interdependncia das reas, onde todas as aes ocorrem simultaneamente sem que haja uma reunificao do todo. Essa complexidade Morin (2004) atribui ao estudo das aes conexas e comprometidas com uma educao ambiental emancipatria.

Transformao da insegurana em exerccio de pensar: Esse indicador capaz de determinar se as atividades esto provocando a reflexo e a resoluo de problemas pela prpria comunidade, ou que esta seja capaz de elaborar suas propostas e de encaminh-las ao setor pblico competente.

A vivncia da interdisciplinaridade na cotidianidade das aes: mesmo com a presena de todos esses indicadores a interdisciplinaridade no fizer parte do dia-a-dia das aes desenvolvidas temos um indicativo da insustentabilidade da proposta. Para que isso no ocorra preciso que todos tenham em mente quais so as premissas da interdisciplinaridade, ora indicada por esses mesmos indicadores.

O desejo de toda a comunidade a qual ele se prope a trabalhar: entenda-se como comprometimento de toda a populao atendida pela proposta de trabalho. aqui que acontece o reconhecimento do trabalho, afinal o projeto deve ser assimilado pelo pblico alvo de modo que se sintam donos da proposta.

Os objetivos e as diretrizes: por fim, deve-se avaliar se o cumprimento todas as metas aliceraram o cumprimento do objetivo geral do projeto e se este foi efetivamente atingido dentro daquilo que se esperava. Este indicador tambm auxiliar em modificaes futuras alm de registrar o sucesso do projeto.

c)Avaliao de impacto: esta modalidade representa a efetividade das aes, sua sustentabilidade. O impacto dever ser medido pela melhoria da qualidade de vida e bem-estar do publico alvo direto e indireto a mdio e longo prazo, como melhoria das condies cognitivas, neste caso:

O dilogo estabelecido entre toda a clientela: Segundo Alves (2004), a presena deste indicador demonstra a presena de profissionais de vrias reas, sendo esta necessidade intrnseca ao projeto interdisciplinar. Trata-se da presena de equipes multidisciplinares para o desenvolvimento. Esse impacto tambm indicador de sustentabilidade, pois, se h cumplicidade disciplinar, h continuidade das aes.

H ainda que se levar em conta;

O Desenvolvimento, nos alunos da capacidade de interpretar a realidade;

O interesse dos alunos pelas diferentes verses dos fenmenos e pelas suas origens;

A observao do dilogo entre todos os integrantes da equipe;

A Explorao de diferentes fontes de informao e recursos;CONSIDERAES FINAISIsto posto percebeu-se que com esses estudos, haver uma maximizao da aplicabilidade da interdisciplinaridade, ou seja, interpretando-a como uma integrao, interao, ou inter-relao. necessrio entender a interdisciplinaridade como uma atitude e somente aps esse entendimento ela servir de instrumento para as reais transformaes emancipatrias.

Espera-se, contudo que esta pesquisa contribua para que os diversos profissionais das mais variadas reas possam contemplar, em um nico estudo, os pensamentos de diversos tericos das algumas reas do nosso conhecimento e se inteirar do que realmente prope um projeto interdisciplinar voltado educao socioambiental holstica, aquela educao que contempla a parte no todo e o todo na parte. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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