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0 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PROJETO A VEZ DO MESTRE MARKETING DE RELACIONAMENTO UMA REVOLUÇÃO NO AMBIENTE DE NEGÓCIOS DIEGO QUADROS DE OLIVEIRA ORIENTADOR: ANA CRISTINA GUIMARÃES RIO DE JANEIRO MAIO DE 2005

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PROJETO A VEZ DO MESTRE

MARKETING DE RELACIONAMENTO – UMA

REVOLUÇÃO NO AMBIENTE DE NEGÓCIOS

DIEGO QUADROS DE OLIVEIRA

ORIENTADOR: ANA CRISTINA GUIMARÃES

RIO DE JANEIRO

MAIO DE 2005

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PROJETO A VEZ DO MESTRE

MARKETING DE RELACIONAMENTO – UMA REVOLUÇÃO NO

AMBIENTE DE NEGÓCIOS

Apresentação de monografia à

Universidade Cândido Mendes como

condição prévia para a conclusão do Curso

de Pós-Graduação “Lato Sensu” em

Marketing.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus colegas de

classe, professores, minha mãe e

esposa pela força.

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DEDICATÓRIA

Dedico à minha mãe e minha esposa,

que são mulheres maravilhosas, pelo

amor e companheirismo.

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RESUMO

O processo de globalização, desenvolvimento tecnológico, a segmentação de

mercado e diversidade de produtos vêm impactando fortemente o ambiente de

negócios, exigindo das organizações adaptações constantes para

permanecerem no mercado. Para que elas mantenham sua rentabilidade, foi

necessário buscar novas formas para obter vantagem competitiva. Com isso, o

conceito de que relacionamento com o cliente é fundamental para a

competitividade, e que o mesmo deve ser uma atividade de todos na

organização, ganhou importância e trouxe o Marketing de Relacionamento

como nova filosofia empresarial para o sucesso das organizações. Essa

filosofia tem o objetivo de integrar o cliente a elaboração do produto,

desenvolvendo um processo sistemático de integração que sustentará essa

relação no longo prazo. Pressupõe a interatividade, a conectividade e a

criatividade, para que o cliente realmente possa ser parte estratégica da

organização, planejando produtos e serviços de valor em um processo dinâmico

e contínuo. O feedback dos clientes desenvolve a capacidade dos

administradores de terem intimidade com o mercado, a ponto de poderem

prever as reações destes, diante das mudanças ambientais.

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METODOLOGIA

Para a elaboração deste estudo foi realizada pesquisa bibliográfica referente ao assunto em questão.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 07 CAPÍTULO I – Definindo Marketing de Relacionamento 10 CAPÍTULO II – Database Marketing 23 CAPÍTULO III – Telemarketing 32 CAPÍTULO IV – Call Center 37 CAPÍTULO V – Programas de Afinidade 43 CAPÍTULO VI – Comércio Eletrônico 45 CAPÍTULO VII – Marketing de Relacionamento é mais do que 49 Tecnologia, é uma filosofia empresarial CAPÍTULO VIII – Casos de Sucesso 53 CONCLUSÃO 58 BIBLIOGRAFIA 60 ÍNDICE 62 FOLHA DE AVALIAÇÃO 64

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INTRODUÇÃO

O Marketing de Relacionamento era a maneira de fazer negócios antes

da Revolução Industrial, antes dos produtos de massa e antes da grande mídia.

O proprietário de um armazém, banco ou barbearia, pensava em seu negócio

basicamente em termos de “participação do cliente”.

O lojista era, antes do século XX, um executivo de Marketing de

Relacionamento que cuidava dos clientes como indivíduos e que carregava seu

banco de dados na cabeça ou, no máximo em um caderno de anotações.

Na década de 80, a concorrência se baseava freqüentemente na

qualidade e preço do produto e do serviço, mas atualmente, para ter um

requisito de competição, a qualidade do relacionamento com o cliente é a

medida mais apropriada para o sucesso.

No século XXI, a tecnologia de informação possibilita que as grandes

empresas sejam tão eficazes nos relacionamentos com os clientes quanto os

pequenos lojistas.

O cenário apresenta-se como uma nova era de concorrência e

competitividade dentro de um ambiente globalizado. A concorrência cresce, não

só entre adversários tradicionais, em mercados tradicionais, mas também com

novos personagens em nichos ou setores específicos de negócio. Além disso,

com o advento da Internet, e da globalização desintegrando as fronteiras, as

empresas já não podem ficar confiantes em suas participações de mercado e

em suas posições competitivas. A concorrência pode mudar inesperadamente e

as fusões e aquisições podem alterar a relação de força existente no mercado.

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É dentro desse contexto ambiental que surge a oportunidade para a

prática da estratégia de Marketing de Relacionamento, que consiste na

introdução de um novo paradigma para as relações de troca no mercado. O

Marketing de Relacionamento enfatiza principalmente, a necessidade de um

relacionamento a longo prazo com o mercado, buscando a fidelização dos

clientes, em detrimento das práticas de transações com objetivos de curto

prazo.

Em conformidade com esta nova economia, a globalização e os avanços

tecnológicos, Rapp e Collins (1996, p.27) colocam que: “valor futuro é o

conceito-chave para a primeira década do século XXI” e acrescenta que “a

vantagem competitiva dependerá, cada vez mais, da inteligência no processo

criativo de comunicação e da capacidade de manter a fidelidade do

consumidor”.

Também Rapp e Collins (1996, p.29) chamaram atenção do mundo dos

negócios para as novas tendências do Marketing moderno, validando as

técnicas tradicionais, mas mostrando que a elas devem ser somadas as novas

ferramentas com essas palavras:

“Há um novo tipo de pensamento estratégico de Marketing

que está oferecendo uma vantagem importante a aqueles

que o utilizarem. É o auge de uma mudança gradual que

vem ocorrendo durante décadas. Ele não se adapta

igualmente a todas as situações e a todos os produtos, mas

onde se adapta, a compreensão desta mudança de direção

pode ser essencial para se ter vantagem sobre a

concorrência e, em alguns casos, para sobreviver”.

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Muitos setores no Brasil têm sofrido grandes desafios, e as

oportunidades para a sobrevivência e crescimento estão justamente na

implementação de ações que permitam maior proximidade com o cliente, a

compreensão de suas necessidades, a flexibilidade para ofertar mais valor de

forma individualizada e a custos mais baixos.

É preciso, portanto, competir em tempo real alterando o próprio sistema

de Marketing, criando novos produtos, usando novas mídias, oferecendo novos

serviços, obtendo melhor mais rápido feedback das informações sobre o

comportamento dos clientes, com isso, melhorando a qualidade dos processos

operacionais, das vendas e pós-vendas e do atendimento.

Serão apresentadas algumas definições, ações, e benefícios acerca do

conceito Marketing de Relacionamento. Para investigar melhor o assunto serão

analisadas ferramentas que estão sendo aplicadas com sucesso, como

Database Marketing, Telemarketing, Call Center, Programas de Afinidade e

Comércio Eletrônico. No capítulo VII será mostrado que o Marketing de

Relacionamento é mais do que uma tecnologia, é uma filosofia empresarial. No

último capítulo, será apresentado casos de sucesso de empresas que utilizam

as ferramentas do Marketing de Relacionamento e estão obtendo uma

importante vantagem competitiva.

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CAPÍTULO I

Definindo Marketing de Relacionamento

Embora conceitos de parceria contratos de longo prazo já estejam

sendo praticados há bastante tempo, principalmente no mercado industrial, a

terminologia “Marketing de Relacionamento” surgiu, segundo Bretzke (2000)

com Berry, na literatura de Marketing de Serviços em 1983. O autor reconhece

a fidelização de clientes como sendo a forma de alcançar maior competitividade

das empresas e maior satisfação dos clientes. Definiu Marketing de

Relacionamento como a atração, a manutenção e, em organizações

multiserviços, o aumento de relacionamento com os clientes. Enfatizou que a

atração de novos clientes deveria ser vista apenas como um passo

intermediário no processo de marketing. Solidificar relacionamentos,

transformar clientes indiferentes em leais e servi-los é o que deveria ser

considerado marketing. Reconhecendo o relacionamento com o cliente como a

base para a oferta contínua de valor superior, sugeriu a modificação dos 4

“P´s”, afirmando que novos elementos sejam adicionados ao composto de

marketing para auxiliar a empresa a tornar-se competitiva. O acréscimo de

serviços para a satisfação e retenção do cliente reconhece o verdadeiro

Marketing de Relacionamento.

Muitos autores têm buscado definir Marketing de Relacionamento. Por

algum tempo, o mesmo foi considerado uma abordagem que se referia somente

às relações entre comprador e vendedor, por meio das quais, uma organização

buscaria estabelecer, fortalecer e desenvolver relações de longo prazo com

clientes potenciais e atuais (Vavra:1993, Berry:1995, dentre outros). Vavra

(1993, p.17), por exemplo, definiu o Marketing de Relacionamento como:

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“um processo de proporcionar satisfação contínua e reforço

aos indivíduos que são clientes atuais ou que já foram

clientes. Os clientes devem ser identificados, reconhecidos,

comunicados, auditados em relação à satisfação e

respondidos, com o objetivo de construir relacionamentos

duradouros com todos os clientes”.

Segundo o autor, para que estes objetivos sejam alcançados, deve-se:

- Compreender as necessidades dos clientes;

- Tratar os clientes como parceiros;

- Assegurar que os empregados satisfaçam as necessidades dos

consumidores;

- Prover os consumidores com a melhor qualidade possível às

necessidades individuais.

Entretanto, mais recentemente, autores como McKenna (2000),

alertaram para outros relacionamentos relevantes para a oferta de valor aos

clientes. Segundo esta visão mais ampla, O Marketing de Relacionamento deve

considerar todos os relacionamentos que possam influenciar na satisfação dos

clientes, tais como: relacionamento com fornecedores (fornecedores de bens e

serviços), relacionamentos laterais (concorrência, organizações não-lucrativas,

Governo), relacionamentos internos (unidades de negócios, áreas funcionais,

empregados) e relacionamentos com compradores (intermediários e

consumidores finais). Sendo assim, Swift (2001, p.13) define:

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“Marketing de Relacionamento é uma abordagem

empresarial - integrada em tudo o que a empresa faz, todos

com os quais ela trabalha e todos com os quais ela

transaciona – destinada a entender e influenciar o

comportamento dos clientes para melhorar as compras, a

retenção, a lealdade e a lucratividade deles”.

Essa abordagem é obrigatória e é uma indicação importante, conforme

trabalho de Peppers e Rogers (1997). Você deve pensar e montar uma

estratégia acerca de como atualizar a empresa de acordo com a moderna

definição e processo de Marketing de Relacionamento.

A lógica da adequação da estratégia de Marketing de Relacionamento

em ambientes de grande turbulência, como meio de buscar a fidelidade dos

clientes, está na disposição das empresas em aprender, de forma contínua,

sobre seus clientes e realçar o relacionamento com a oferta crescente de valor

com base neste conhecimento.

O Marketing de Relacionamento pressupõe, conforme sugerido por

McKenna (2000), a interatividade com o cliente, para que ele realmente possa

ser parte da estratégia da organização no planejamento de produtos e serviços

de valor em um processo dinâmico e contínuo. Ações de Marketing não-

comprometidas com o feedback de mercado estão fora da estratégia de

Marketing de Relacionamento. O feedback dos clientes desenvolve a

capacidade dos administradores de terem intimidade com o mercado, a ponto

de poderem prever as reações destes diante das mudanças ambientais.

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1.1- Ações do Marketing de Relacionamento

O Marketing de Relacionamento toma forma por meio das parcerias que

são estabelecidas com clientes e com todos os agentes que influenciam em sua

satisfação, bem como por meio dos programas de relacionamento sustentados

por bancos de dados (Database Marketing), utilizando-se da comunicação e

interativa (mala-direta, telemarketing, computadores, etc) para acessar os

clientes.

Segundo Swift (2001), as ações da prática do Marketing de

Relacionamento sustentadas em bancos de dados, permitem:

a) Diálogo com o cliente através de meios utilizados para o feedback,

tais como:

- a análise dos padrões de feedback e dos históricos de compras;

- implantação de hot lines (os sistemas de atendimento ao

consumidor); análise das cartas dos clientes, pesquisas formais e

informais.

b) O aprofundamento na base de clientes. Programas de continuidade,

de afinidade, de aumento de volume de vendas, tais como: cross

selling (venda cruzada) ou up grade (intensificação do volume, valor

ou freqüência da compra).

c) Trabalhar nichos de mercado com eficiência e lucro. Através das

informações no banco de dados, é possível encontrar nichos de

mercado e viabilizar a atuação nestes nichos, vencendo a barreira do

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tamanho do mercado e a perda de economia de escala. Kotler (2004,

p.314) afirma que:

“Os compradores de um nicho específico de mercado são

bastante homogêneos em suas percepções e preferências,

e estão dispostos a pagar um bom preço por ofertas que

realmente se adequem as sus necessidades específicas. É

preciso ressaltar que vender para um nicho de mercado

garante uma boa margem de lucro”.

d) Maior controle sobre o Canal de Distribuição. Oferecendo melhores

informações sobre o público-alvo e permitindo melhorar a adequação

da oferta.

e) O Marketing mais contabilizado. Trata-se da capacidade de

mensurabilidade do sistema e da capacidade de controle das

variáveis que influenciam as respostas.

A experiência mostra que o Marketing de Relacionamento é aplicado

com sucesso nas seguintes linhas estratégicas (Gordon, 1991):

1.1.1 – Suporte à Força de Vendas

O Marketing de Relacionamento, como suporte à força de vendas,

permite aumentar a produtividade do vendedor, realizando para ele todas as

atividades de prospecção e apoio (Ex: envio de informações para o cliente),

liberando o tempo para que o vendedor se dedique ao trabalho de negociação e

fechamento de venda.

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As funções específicas do Marketing de Relacionamento como suporte à

força de vendas são as seguintes:

- Fazer a prospecção de clientes potenciais separando aqueles

efetivamente interessantes da enorme massa de compradores aparentes. Em

outras palavras, identificar os prospects (clientes potenciais) entre os suspects

(clientes prováveis).

- Identificar todas as pessoas-chave na cadeia decisória de compra do

produto ou serviço para atingi-lo com informações que dêem seqüência ao

processo de vendas.

- Através da informatização e estruturação de um Database, acionar

campanhas de comunicação segmentada, através de comunicação dirigida

(mala-direta) ou telemarketing, visando romper barreiras iniciais, fornecer

argumentos básicos, fazer uma pré-venda do conceito do produto/serviço e,

acima de tudo, colocar o vendedor em uma posição favorável perante a

prospect já predisposto a iniciar a negociação

- Gerenciar o trabalho de vendas, pois ao qualificar o prospect através do

Marketing de Relacionamento, a empresa entrega para seus vendedores

apenas as oportunidades realmente interessantes, tornando o esforço de

vendas mais eficiente e controlável, impedindo que boa parte dessa função de

Marketing fique na dependência do estilo pessoal e da sorte de cada vendedor.

Isto é possível através da construção de algoritmos que percorrem o Database.

- Apoiar todo o processo de venda. Pois, com as informações contidas na

Database sobre cada prospect – tais como decisores efetivos, comportamento

de compra e perfil da empresa, entre outras – o vendedor pode ser mais

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eficiente em todo o seu trabalho, contando com excelente apoio do sistema de

Marketing de Relacionamento para agilizar o fechamento da venda.

- Possibilitar uma perfeita mensuração de resultados. Pela capacidade de

acompanhamento do sistema e o controle objetivo da ação do vendedor, a

empresa pode avaliar com precisão os resultados do trabalho de cada um e,

aferir a eficácia de sua força de vendas como um todo.

1.1.2 – Geração de Leads

É uma das aplicações com maior potencial de crescimento, inclusive no

Brasil. Consiste numa série de ações que buscam gerar nomes qualificados

para revendedores e força de venda.

“Nome qualificado” significa que o prospect respondeu a comunicação e

que está interessado no produto ou na informação que foi disponibilizada na

campanha.

O fator-chave de sucesso é a estratégia de comunicação, que irá veicular

a mensagem certa, pela mídia mais pertinente, disponibilizando o meio de

resposta mais adequado para atingir o target objetivado, e assim obter a maior

taxa de resposta possível.

O fator decisivo é a capacidade do banco de dados de, primeiramente,

segmentar com precisão o mercado, e depois mensurar os resultados,

proporcionando uma forma de comparar e acompanhar o custo por nome

gerado, a taxa de conversão, e o custo total por unidade vendida, bem como o

número gerado de nomes por mídia, por tipos de oferta, por tipo de mensagem

publicitária, etc.

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1.1.3 – Cross Selling

É a venda de outro produto (complementar ou não) à clientes ou

consumidores atuais de um determinado produto.

São detectadas as necessidades e as oportunidades de venda através

das seguintes ferramentas, que dão suporte ao Marketing de Relacionamento:

- O banco de dados e sistemas de suporte à decisão permitem

identificar público-alvo, produto/necessidade;

- O telemarketing, e a comunicação dirigida possibilitam ativação e

estímulo à compra, além de meio de resposta.

Além disso, é possível mensurar o esforço realizado e aprofundar o

conhecimento sobre o comportamento de compra de determinado público-alvo.

O Cross Selling aumenta a lucratividade do cliente durante o seu lifetime

value, que é o prazo médio em que o cliente trará lucro para a empresa através

da compra repetida ou pela compra de reposição.

1.1.4 – Vendas Diretas

O canal de Marketing tradicional normalmente pode ter vários

intermediários entre o fabricante e o consumidor final, diferente da venda direta.

Nesta última, as duas principais funções do canal de distribuição são:

- função de intermediário;

- função de agente facilitador.

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Como intermediário, desenvolve as atividades de venda dos produtos,

assume os riscos da transferência de posse e concede o crédito. Nem todos os

intermediários assumem todas as funções.

Como agentes facilitadores, engloba a propaganda e promoção dos

produtos ou serviços, transporte e armazenagem, mas não necessariamente

envolve diretamente as transações entre compradores e vendedores. Os

facilitadores são essencialmente prestadores de serviços, mais que agentes do

canal.

Portanto, a estrutura voltada para vendas diretas cumpre as duas

funções, tanto como intermediária como facilitadora, pois transfere a posse do

produto ou executa o serviço, utilizando a propaganda para gerar uma resposta

direta e imediata pelo tipo de comunicação que estabelece com os clientes e

consumidores.

As principais características do canal de venda direta, segundo Dantas

(2000) são:

Imediatismo

Significa que a comunicação de venda direta incita para uma ação

imediata, seja qual for a mídia, ou em último caso, numa resposta que capacita

a perguntar por um pedido de compra na próxima comunicação.

Procura persuadir para uma ação imediata, exibindo um meio de

resposta, que pode ser cartão-resposta comercial, telefone (telemarketing

receptivo),etc.

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Concentração

O uso das técnicas de database e segmentação de mercado permitem

concentrar os esforços de mídia em targets bem definidos obtendo melhores

resultados do que os que seriam alcançados com a propaganda tradicional, a

qual vende indiretamente pala alteração que promove na percepção, imagem e

atitudes dos consumidores.

Personalização

A personalização é um dos primeiros indícios da prática do Marketing de

Relacionamento, através do uso das técnicas de database marketing.

Isto significa, não só personalizar e segmentar a carta colocando o nome

do cliente, mas também segmentando o mercado-alvo e personalizando o

produto e oferta (artifício para levar à ação imediata) para determinados

segmentos identificados como homogêneos em relação a características sócio-

demográficas, estilos de vida, comportamento de compra,etc.

Mensurabilidade

A mensurabilidade é particularmente importante na verificação dos

resultados do canal de vendas, pois permite o teste.

O teste pode ser realizado em relação:

- ao mix de mídia utilizado;

- à estratégia de comunicação;

- ao tipo de oferta;

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- ao produto ou mix de produtos (principalmente no caso de

catálagos).

E, neste caso, o uso de técnicas estatísticas, em conjunto com o banco

de dados, desempenha um papel decisivo para o sucesso da operação.

O feedback resultante da mensuração permite aperfeiçoar todos os

componentes da campanha ou do canal, obtendo taxas de retorno cada vez

maiores, bem como detectar onde há necessidade de promover mudanças ou

não.

Conveniência

A venda direta pelo correio ou telemarketing é altamente conveniente,

principalmente nesta década em que os estilos de vida estão mudando e os

consumidores estão buscando mais tempo livre – para lazer, esportes, etc.

1.1.5 – Promoção de Vendas

Através do banco de dados é possível segmentar a base de clientes. E

assim, realizar promoções dirigidas, de acordo com a necessidade da empresa

(“desova” de estoques, etc) e o potencial de conversão do cliente.

Além disso, pode-se “premiar” os melhores clientes com ofertas

especiais, descontos diferenciados, gerando satisfação, oportunidade e

conveniência.

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1.2 – Os benefícios do Marketing de Relacionamento

É comum o questionamento quanto aos benefícios do Marketing de

Relacionamento para a empresa. Autores como Berry; Swift; McKenna; Gordon;

Peppers e Rogers, dentre outros, afirmam os seguintes resultados positivos:

- maior qualidade de produtos e serviços;

- maior satisfação do cliente;

- lealdade do cliente;

- maior lucratividade.

A maior qualidade de produtos e serviços é alcançada através do

conhecimento do valor demandado pelo cliente. A oferta de valor adequada

leva a maior satisfação e maior probabilidade para a manutenção de um

relacionamento de longo prazo. A lealdade, por sua vez, leva a maior

lucratividade.

Vavra (1993) destaca que o impacta da lealdade sobre a lucratividade

deve-se não somente à geração de maior receita, por mais tempo, como

também ao custo menor de uma retenção de clientes, se comparado à

conquista de novos. O autor relata uma pesquisa realizada por Reichheld e

Sasser, na qual os resultados mostram que a redução da perda de clientes em

10% dobrou a média de duração do relacionamento do cliente com a empresas

de 5 anos para 10 anos; e aumentou mais que o dobro o valor presente de

lucros cumulativos de $135 para $300. Se a taxa de perda de clientes

declinasse para 15%, a duração do relacionamento dobraria novamente e os

lucros aumentaram em 75% (de 300 para 525).

Kotler (2004) destaca que a lealdade dos clientes, resultante de um

relacionamento, permite uma base maior de conhecimento do cliente. E,

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explorando esta base de conhecimento, é possível alcançar maior lucratividade

devido a possibilidade de maiores receitas com transações futuras, custos

menores das transações e , até mesmo, da venda de informação. O autor

também cita os benefícios do Marketing de Relacionamento para o cliente:

- obtenção contínua ou periódica de serviços que são

pessoalmente importantes e customizados às suas necessidades;

- redução do risco da compra, por já conhecer o fornecedor;

-oferta de benefício social (status) por estarem recebendo um

serviço personalizado;

- maior bem-estar e qualidade de vida, por facilitar o processo

decisório de compra, principalmente quando se trata de situações

como, adquirir um produto ou serviço mais complexo, que envolva

o ego dos clientes ou riscos financeiros.

O relacionamento é o fator-chave de sucesso para a diferenciação da

oferta no mercado, uma vez que a oferta de valor só é possível por meio do

conhecimento adquirido.

O Marketing de Relacionamento possibilita portanto, a oferta contínua

de valor superior, trazendo um grande potencial de benefícios tanto para a

empresa quanto para o cliente.

.

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CAPÍTULO II

DATABASE MARKETING

2.1 – A importância e as aplicações do Database Marketing

integrado nas empresas

Database Marketing é o termo amplamente usado no Marketing, mas

parece que tem deferentes conceituações dependendo de quem o está

definindo. Swift (2001, p.104) destaca a definição empregada pelo National

Center for Database Marketing, que tem sido aceita como padrão pelos

profissionais da área:

“Database Marketing é o gerenciamento de um sistema

dinâmico de base de dados inteligíveis, atualizados com

informações relevantes sobre os clientes atuais e

potenciais:

- para identificar os clientes atuais e potenciais mais

propensos a responder ações de marketing;

- com o propósito de desenvolver um relacionamento de

alta qualidade e de longo prazo com compras repetidas;

- através do desenvolvimento de modelos preditivos que

capacitarão o envio das mensagens desejadas no tempo,

formato e para as pessoas certas;

- com mensagens que encantarão o cliente;

- construindo lealdade;

- fazendo com que as despesas de marketing tenham a

melhor relação custo-resultado;

- e aumentando o lucro”.

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No mercado atual de informações intensivas, o sucesso das empresas

não dependerá apenas da extensão pela qual, elas coletam informações sobre

seus clientes atuais, mas também da forma que usarão as informações

coletadas. As empresas que se relacionam de forma continuada vendendo seus

serviços, e tendo a facilidade de coletar rotineiramente informações de seus

clientes, se adaptarão ao novo marketing de informações intensiva com relativa

facilidade. Os esforços de implantar o banco de dados de clientes serão

recompensados pelo aumento da lealdade dos mesmos.

O valor estratégico de uma informação está em considerá-la como

componente da vantagem competitiva. Esta importância estratégia da

informação reside no fato que:

- Habilita a empresa a criar valor extra pra os clientes;

- Possibilita a diferenciação do produto ou serviço no mercado.

A promessa de um banco de dados de clientes é muito grande. Os

concorrentes podem aumentar os gastos em propaganda, melhorar as taxas e

aumentar o número de agências, mas se uma empresa implantou forte

relacionamento com seus clientes atuais baseada em banco de dados, é

improvável que ela seja imediatamente vulnerável. Reputação é um ativo que o

concorrente não pode minar ou destruir.

As empresas têm numerosas formas para coletar informações de seus

clientes sem ocorrer custos elevados. O crescimento e desenvolvimento de

lealdade dos clientes pode ser obtido pela utilização da escada de lealdade. O

modelo ensina que os clientes atuais e potenciais devem subir uma escada ou

dar passos em termos de intensidade de lealdade em relação à empresa,

passando de clientes prováveis, clientes potenciais, experimentadores,

repetidores de compra, à clientes fiéis e defensores.

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Muito freqüentemente empresas como bancos e seguradoras param no

caminho ficando satisfeitas ao converter um cliente potencial em cliente da

instituição. O valor real em implantar um banco de dados de clientes é a

vantagem de o mesmo proporcionar à empresa condições de conduzir o cliente

em sua escala de lealdade. Como o banco de dados facilita a transformação em

clientes potenciais em clientes rentáveis e leais, ele é a única ferramenta para

implementar a escala de lealdade.

2.2 O Database está mudando o Marketing

Rapp e Collins (1996, p.79), profissionais de Marketing Direto e autores,

afirmam que:

“Diálogo e informação será a nova ordem. Isso representa o

início de uma reviravolta maior em Marketing. A tecnologia

modificou a produção,. Mudando a forma de trabalho no

escritório. Agora, a tecnologia está mudando o

Marketing.Estamos vivenciando a aplicação do novo

Marketing, o Marketing de relacionamento, e para isso

deve-se ir além do Marketing Direto. É preciso rapidamente

obter habilidades técnicas e capacidade para criar

programas de Marketing de Relacionamento orientados

para o cliente individual. Fracassar em fazer isso resultará

na perda de confiança das diversas áreas, principalmente

de vendas, na função de Marketing e na nova atribuição do

controle final. Mas os participantes da comunidade de

Marketing estão reconhecendo o valor de acessar os seus

clientes individualmente e estão dando passos largos nesta

direção. Isso não quer dizer que as práticas atuais de

Marketing devem ser abandonadas, mas em vez disso, que

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as técnicas devem ser generalizadas e incorporadas na

prática e no pensamento de Marketing”.

As transformações citadas pelo autor são oriundas do surgimento de

novas tecnologias e, conseqüentemente, novo métodos e aplicações.

2.3- Como Database viabiliza o Marketing de Relacionamento

O banco de dados de clientes ajuda a implementar o Marketing de

Relacionamento de diversas maneiras segundo Swift (2001):

- O desenvolvimento de novos produtos é facilitado ao se

conhecer o perfil da base de clientes atuais e futuros, como ele

satisfaz o cliente e quais mudanças poderiam resultar em maior

aceitação do produto ou serviço;

- O diálogo verdadeiro pode ser mantido com clientes ao descobrir

interações contínuas, identificando mudanças no comportamento

de compra, perfil de investimentos e propensão a inadimplência, e

permitindo a instituição antecipar risco e oportunidades futuras.

- Os esforços de Marketing tornam-se tanto mais eficientes como

eficazes, porque a empresa estará hábil para identificar seus

clientes mais importantes e daí, apresentar a eles a oferta, produto

ou serviço adequado no tempo certo.

- A tecnologia está equipada para administrar a vasta quantidade

de dados que a instituição necessita para interagir com os seus

clientes de maneira verdadeiramente personalizada e rentável.

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Entretanto, esses benefícios levam a uma decorrente responsabilidade

do Marketing apoiado em banco de dados, repassando a maneira de condução

do negócio. O plano de Marketing e os programas táticos devem ser totalmente

reprojetados para explorar apropriadamente o banco de dados.

2.4- Benefícios Específicos

O banco de dados de clientes permite à Instituição avaliar o valor de

clientes individuais com uma Marketing convencional. Três das mais

importantes mensurações são as seguintes segundo Swift (2001):

-Determinação do Lifetime Value (tempo de vida útil de um

cliente);

- Identificação dos custos de conquistar um novo cliente;

- Possibilidade do cliente em avaliar a instituição e construir um

modelo de relacionamento.

2.5- Valor de duração de um cliente

A estratégica de Marketing de Relacionamento está baseada no conceito

de que o cliente tem long-term value. Portanto, a quantidade de esforço de

Marketing e a verba alocada para a conquista e manutenção de um cliente está

diretamente relacionada com a estimativa do prazo médio em que o cliente trará

lucro para a instituição, através do aumento do valor investido, tipo de produto

comprado, concentração dos negócios na instituição, ou pelo uso intensivo dos

serviços.

Um dos resultados mais úteis de um banco de dados de clientes

segundo Swift (2001) é a habilidade de calcular o valor de duração de um

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cliente, que indicará o valor de cada um. Os procedimentos para calcular esse

valor podem ser pragmáticos ou envolver modelos estatísticos preditivos, que

identificam os clientes mais rentáveis e mais fiéis para então, determinar quais

os segmentos que deverão prospectar ou fidelizar no Database Marketing de

forma lucrativa.

Para verificar qual o nível de investimento que trará o melhor retorno,

deve-se realizar refinados testes para determinar no que, em quem e quanto

gastar, com qual produto, com qual oferta, a que nível de taxas e o quanto

devemos gastar na busca de obtenção da primeira aplicação ou utilização, da

sua repetição, e para construir um relacionamento de longo prazo com a

lealdade à marca.

O primeiro passo é definir quais clientes devem ser considerados ativos.

Os clientes têm uma vida distinta, dependendo da empresa, desde sua primeira

até a última. O problema é que, embora uma primeira compra seja facilmente

identificada, a última de um cliente não é tão evidente. Mas o fato é que o

cliente, em algum momento, vai parar de comprar os produtos ou serviços da

empresa, qualquer que seja a razão.

A definição de “quem é um cliente ativo” deve depender do tipo de

cliente, do tipo de produto e do ciclo de compra deste produto. Por exemplo, um

cliente de banco que não movimenta a conta, que não utiliza cartão de crédito e

está diminuindo suas aplicações, sem motivo racional, já pode ser considerado

incorporado numa campanha de retenção de clientes. Quanto mais tempo um

cliente permanecer fiel a uma instituição, maior será o seu valor, Porém,

fidelidade precisa ser traduzida em níveis crescentes de rentabilidade. O cálculo

de valor de duração estimula o cálculo de custo para conquistar o cliente.

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2.6 – Análise de Rentabilidade do Cliente

O conceito está relacionado com a estratégia de venda para cada

segmento de clientes. Depois de determinar o lifetime value do cliente, Swift

(2001) argumenta que irá se analisar qual o portfolio de ações de venda, ao

longo do período de tempo em questão, o qual será capaz de garantir uma

dada rentabilidade por cliente. Essa rentabilidade está diretamente relacionada

à oportunidade de vendas que é buscada, do mesmo produto ou produtos

complementares, durante o período de tempo em que a empresa consegue

manter o cliente fiel à marca (lifetime). No caso de uma abertura de conta

corrente, por exemplo, pode-se aumentar a lucratividade do cliente pela venda

de outros produtos como cartão de crédito, seguros, empréstimos, etc. O

ferramental de Database Marketing irá permitir a mensuração de resultados

efetivos de cada programa de marketing por segmento e o teste de novas

combinações de ações (programas).

2.7 – Database libera 60% do tempo do vendedor

Além da mensuração do retorno do investimento e do número de

conversões, Swift (2001) argumenta que deve-se considerar nesta análise o

ganho em produtividade, pois o uso do Database Marketing proporciona a

liberação de 60% do tempo do executivo da conta, primeiramente para o

fechamento da venda e depois para o planejamento do desenvolvimento do

cliente e o atendimento pessoal diferenciado. Isto é, todo o trabalho, é

transferido para um sistema centralizado, que se responsabiliza por identificar,

qualificar (obter informações relevantes sobre ele) e criar, através de ações de

comunicação, a predisposição no prospect para atender o executivo de contas

ou o vendedor. As ações táticas e operacionais de suporte, apesar de invisíveis

para os clientes, permitem que a construção do relacionamento seja mais eficaz

e efetivo, podendo, muitas vezes, se constituir na diferenciação da empresa em

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relação aos concorrentes. Esse aspecto é corroborado por Gordon (1999, p.49),

quando comenta que:

“Os consumidores de hoje estão dispostos a pagar um extra

para terem suas necessidades básicas satisfeitas de forma

rápida e eficiente, e ficarão agradavelmente surpresos se

forem tratados com um pouco de dignidade e respeito.

Quando o cliente está satisfeito, realmente contente por

estar fazendo negócio conosco, seremos bem-sucedidos e

prosperaremos”.

É nesse aperfeiçoamento da infra-estrutura de Marketing que podem

surgir oportunidades para redução de gastos, racionalização, melhoria na

organização em geral e aumento de produtividade.

2.8 – Como criar valor para os clientes

As técnicas de segmentação de mercado do Database Marketing

permitem detectar e selecionar nichos de mercado, que são, inclusive, mais

rentáveis que a participação em grandes mercados. A vantagem de atuar em

nichos de mercado, primeiramente é a redução do poder de barganha dos

clientes, pois normalmente a concorrência é menor. Portanto a chance de se

constituir líder daquele nicho é maior. Em segundo lugar, quando uma

instituição foca os seus esforços mercadológicos em determinados segmentos,

pode atuar, mais efetivamente, em entender e atender às necessidades

daqueles clientes. Em essência, o poder de barganha do cliente em termos de

taxa se reduz quando se cria um valor extra no produto ou serviço. Outra forma

de aumentar o poder de barganha da instituição, em relação à estrutura de

agência e pontos de venda/atendimento, é a utilização das técnicas de

telemarketing, mala direta e a Internet, para atender, vender e promover os

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seus produtos ou serviços. Assim, atende-se às necessidades diversificadas e

em constante mudança dos seus clientes, sem incorrer em custos não

competitivos. Portanto, pode-se melhorar a posição competitiva segundo Swift

(2001) através da:

- Redução de custos e taxas: com novas tecnologias da informação é

possível reduzir o custo de certas operações ao longo da cadeia de

valores, e repassá-lo para o cliente;

- Melhoria da conveniência: através de um sistema de pesquisa ou

análise estatística, determina-se para quem é o tipo de conveniência

pode ser disponibilizado. Por exemplo: o banco virtual, o sistema de

agência de andar, o caixa eletrônico dos bancos, a consulta a saldos,

envio de talão de cheques a domicílio, o pagamento de contas facilitado,

etc.

- Oferta de serviços personalizados: conhecendo-se os hábitos de

consumo e comportamento de compra dos clientes, podem-se oferecer

serviços especialmente desenvolvidos para atender a um tipo de cliente,

e às suas necessidades. Exemplo típico encontra-se no Private Bank,

que providencia um atendimento diferenciado, disponibilizando um carro

com motorista para levar o cliente ao banco, bem como a administração

do patrimônio desenvolvido em bases absolutamente pessoais. Além de

construir relacionamento para reduzir o poder de barganha e a

negociação por taxas, consegue-se fidelizar o cliente e aumentar a

rentabilidade pela concentração da operação do cliente na instituição.

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CAPÍTULO III

TELEMARKETING

3.1 – Telemarketing: ferramenta de produtividade

O telemarketing, uma das principais ferramentas do Marketing de

Relacionamento, é particularmente poderosa quando usada com outras mídias,

principalmente como meio de resposta.

Devido às suas características e aplicações, o telemarketing é uma

ferramenta geradora de tempo para a força de vendas e outras áreas da

empresa pois executa com maior eficiência tarefas que permitem, por exemplo,

maximizar o resultado da visita/ação do vendedor pela localização e

conhecimento:

- das pessoas-chave;

- da propensão à compra;

- do perfil do respondente;

- da roteirização dos leads.

As principais características do Telemarketing, conforme Dantas (2000),

são:

a) Mídia especificamente dirigida

O número do telefone de uma pessoa ou empresa é único e permite

acessar diretamente aquela pessoa ou empresa, constituindo-se num

meio de comunicação pessoal.

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A efetividade do telemarketing deve-se ao fato de que as pessoas têm

uma tendência natural a responder uma chamada telefônica, portanto, tem-se

uma mídia mais efetiva que a mala-direta.

b) Fonte de mensagem bidirecional

A mensagem telefônica pode ser originada pelo vendedor ou pelo cliente,

e permite a interação para comprar, obter maiores informações e/ou

reclamar.

c) Custo relativamente alto

Os custos do telemarketing são relativamente altos, se comparados a

outras mídias, pois implicam custos fixos em equipamento, manutenção de uma

equipe de operadores, além de treinamento, e os impulsos telefônicos

cobrados.

Mas a relação custo/benefício é positiva porque as taxas de resposta são

comparativamente bem mais altas. Enquanto a mala-direta apresenta uma taxa

de resposta em média de 2%, o telemarketing pode elevá-la a 30 %.

O Telemarketing desempenha um papel fundamental e é enriquecedor:

- quanto à construção de banco de dados;

- como principal meio de resposta;

- como principal mídia do Marketing de Relacionamento.

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3.2 - Aplicações do Telemarketing

Segundo Dantas (2000), o telemarketing pode ser aplicado para:

3.2.1 – Telequalificação

Na construção do database de prospects (clientes potenciais), a

qualificação do nome obtido pode ser feita pelo telefone, por meio de técnicas

específicas.

A qualificação do nome também reduz o desperdício de tempo da força

de vendas, que pode detectar as melhores oportunidades pela análise da

Telequalificação, promover visitas somente a prospects de maior potencial e

direcionar ações de mala direta aos de menor potencial.

A Telequalificação pode ainda ser pró-ativa, no receptivo resultado de

uma campanha quando o prospect telefona para fazer o pedido ou solicitar mais

informações.

3.2.2 – Atualização e enriquecimento de database

Periodicamente, há necessidade da depuração e atualização do

database. Como as taxas de retorno de mala-direta, neste tipo de aplicação,

são de cerca de 2% a 4%, o mais indicado é o uso do Telemarketing.

3.2.3 – Recepção de pedidos de compra

Normalmente a venda por catálogo utiliza como um dos meios de

resposta o telefone, por ser uma mídia interativa. Ela é mais eficaz para o

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fechamento do pedido, pois permite ao prospect esclarecer suas dúvidas,

gerando, conseqüentemente, um aumento na taxa de respostas.

O telemarketing também pode desempenhar essa função nos anúncios

de resposta direta, tanto pela televisão e rádio, como por revistas.

3.2.4 – Cross Selling

O telemarketing pode ser usado no Marketing de Relacionamento para

aumentar a lucratividade do cliente e promover vendas de itens

complementares ou não. Um exemplo está na indústria de informática que

vende o hardware e depois pratica o cross selling de suprimentos, impressoras,

fax, etc., de acordo com as necessidades detectadas no banco de dados, pela

análise realizada com auxílio de Sistemas de Suporte à Decisão.

3.2.5 – Gerenciamento de contas pequenas

Devido ao custo da força de vendas, muitas empresas promovem o

atendimento de contas pequenas com uma equipe de vendas internas, que se

caracteriza no “Telemarketing Sales Office”, sem tradução adequada para o

português. Esse sistema é muito utilizado nas empresas business-to-business

para venda aos clientes já existentes.

3.2.6 – Suporte à Força de Vendas

Esta é uma aplicação mais abrangente do telemarketing, e constitui-se

numa aplicação diretamente ligada ao Marketing de Relacionamento, pois tem a

função de sistematizar certas ações decorrentes de uma estratégia de

gerenciamento do cliente, complementando as ações da força de vendas. As

atividades que podem ser abrangidas nesta aplicação são:

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- agendamento a eventos;

- agendamento de visitas do vendedor;

- agendamento de demonstrações;

- atendimento ao cliente, fornecendo todo tipo de

informações sobre o andamento do pedido, situação de

crédito, prazo de entrega, devoluções, etc., sendo então

mais amplo que o “Customer Service”.

3.2.7 – Vendas Técnicas

Quando o prospect necessita de um volume de informações muito

grande, e a sua necessidade é preenchida por soluções personalizadas, o

telemarketing realizado por uma equipe técnica altamente qualificada pode ser

extremamente eficiente. Exemplo deste uso pode ser encontrado nas empresas

de venda sob encomenda, onde o telemarketing faz a pré-venda e, muitas

vezes, faz a pré-proposta.

3.2.8 – Vendas Diretas

A aplicação do ferramental do Marketing de Relacionamento como canal

de vendas (ativo ou receptivo) fazendo parte dos canais de marketing para

venda e distribuição de produtos e serviços, tem sido bem-sucedida no Brasil,

principalmente no setor de revistas por assinatura, telefonia e operadoras de

cartão de crédito.

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CAPÍTULO IV

CALL CENTER

Call Center é todo o atendimento virtual que integre telefonia, Internet,

fax, correios de voz, telemarketing e SAC, ou seja, todo o contato com o cliente

que não é feito cara a cara. A diferença entre um Call Center e um sistema de

Telemarketing é a integração de todas estas formas de atendimento.

O Call Center está em contínuo processo de expansão principalmente no

Brasil.

4.1 – Benefícios do diálogo “empresa/cliente”

Segundo Madruga (2001), o diálogo com clientes pode proporcionar o

seguinte:

- O cliente pode alertá-lo sobre o que você está fazendo de errado

e corrigir o erro;

- O cliente pode dar idéias para novos produtos ou maneiras de

apresentar os produtos atuais;

- Faz com que o cliente potencial (prospect) torne-se mais

interessado e menos aborrecido ou frustrado;

- Faz o cliente sentir-se mais leal e compromissado em fazer

negócios com você;

- Fornece um importante apoio para sua propaganda;

- Acrescenta valor ao seu produto ou serviço.

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O contato direto com clientes é uma das melhores maneiras de construir

relacionamentos duradouros com eles.

O Customer Service evita uma atitude bastante comum nas empresas de

hoje que é a de “empurrar” os clientes atuais de uma área para outra, sem

qualquer tratamento uniforme, nenhum compromisso de tratamento

individualizado e sem qualquer registro no banco de dados que documente uma

insastifação. As pessoas são repassadas a “especialistas”, o que nem sempre

significa melhor tratamento, pois devemos considerar o possível resultado de

muitas solicitações de diferentes clientes sendo atendidas por diferentes áreas

da organização. E é improvável que quaisquer desses departamentos reflita

sobre o valor potencial de Marketing de suas interações com clientes.

Em muitos casos, aqueles clientes que dedicam seu tempo para escrever

ou fazer uma ligação telefônica para uma empresa são tratados como “amostra

intencional”, cujas opiniões, satisfações e insastifações não podem ser

generalizadas para um conjunto mais amplo de clientes. Mesmo os

departamentos de pesquisa de Marketing (que deveriam conhecer melhor)

rejeitam a oportunidade de utilizar dados colhidos a partir de contatos

espontâneos com clientes e, provavelmente, menosprezarão a importância das

informações contidas nesses contatos.

Existe um crescente conjunto de dados e informações que demonstram a

importância real desses clientes que dedicam bastante atenção ao contatar

uma empresa. A ênfase aqui deve ser colocada nos termos “bastante atenção”,

visto que certamente é muito fácil para a maioria dos clientes encontrar uma

marca alternativa ou fonte de suprimento para um produto ou serviço

insatisfatório. O fato de um cliente gastar seu tempo para contatar uma

empresa parece sugerir um desejo dele se relacionar com ela para corrigir o

problema encontrado.

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O telefone é o principal meio para a empresa comunicar-se com seus

clientes. Em primeiro lugar, porque a comunicação é melhor e mais completa, a

emoção pode ser controlada ou enfatizada. A percepção do sentimento do

cliente – ansiedade, insatisfação, etc. – é mais facilmente sentida e pode-se dar

uma resposta adequada para ajudar a criar satisfação por parte do cliente. O

feedback é instantâneo. Portanto, a taxa de sucesso para acalmar ânimos

exaltados e reforçar lealdade de marca é alta.

Em segundo lugar, porque a empresa pode fornecer resposta e/ou

solução imediata do problema – atitudes extremamente valorizadas pela

sociedade acostumada a “respostas rápidas”.

A outra vantagem é o custo de responder às ligações é mais barato do

que responder às cartas de clientes.

Além do custo, devemos considerar o ganho de produtividade com

comunicação telefônica e o tempo de resposta para o cliente.

4.2 – O Número 0800

Par um crescente número de empresas bem-sucedidas, as linhas 0800

têm se tornado o meio de escolha para contato com clientes. A filosofia que

orienta o uso dessas linhas é tornar a empresa o mais acessível possível aos

clientes e nunca fazê-los pagar pelo serviço pós-venda.

Madruga (2001) aborda que o número 0800 pode ser utilizado para

inúmeras aplicações, tais como:

- Informações – 0800 mostrado no produto ou no anúncio;

- Solicitação de amostra-grátis;

- Enquetes ou opiniões;

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- Indicação de revendedores;

- Levantamento de informações de clientes .

Um estudo realizado verificou que 50% das ligações 0800 são para

solicitação de informações sobre produtos, o que, certamente representa novas

oportunidades de venda. De modo geral, apenas 25% das ligações recebidas

são referentes à reclamação (de produtos, serviços, atendimento, etc), ficando

os 25% restantes relacionados à Marketing (perguntas sobre uso, orientação,

dúvidas, etc.).

4.3 – Benefícios

Apesar dos usos mais comuns para o 0800 serem atendimento a

reclamações e fornecimento de informações, existe uma variedade de

benefícios para o cliente e a empresa. Madruga (2001) cita os seguintes

exemplos:

a) Benefícios para o cliente

- Disponibilidade de um serviço de atendimento gratuito;

- Representa um contato direto e estruturado;

- Acesso facilitado a informações através de uma estrutura

dedicada e profissionalmente implantada com esta finalidade.

b) Benefícios para a empresa

b.1) Número de acesso livre:

- Permite identificá-lo definitivamente;

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- Número permanece inalterado mesmo em caso de

mudança de endereço, cidade ou telefone;

- De qualquer ponto do país, o cliente disca 0800 mais 6

dígitos e a chamada telefônica será completada de

imediato, sem necessidade de lembrar o DDD;

- Otimização do Atendimento.

b.2) Redirecionamento das chamadas para diferentes Centros de

Atendimento:

- O serviço 0800 permite programar o atendimento

encaminhando as chamadas para diferentes números de

telefone em função do horário e data;

- É possível, por exemplo, receber chamadas no horário

comercial na Central de Telemarketing e, fora desse

horário, em outro número. O serviço 0800 transfere as

ligações automaticamente;

- O mesmo procedimento permite, por exemplo, que nos

dias úteis as chamadas recebidas na Central, e no fim de

semana, o sistema pode ser programado para eu as

ligações sejam recebidas numa Central de Recados,

podendo assim, gerar um constante atendimento aos

clientes e prospects da empresa;

b.3) Distribuição da carga de chamadas:

O serviço 0800 permitirá à empresa distribuir as chamadas percentual ou

uniformemente, de acordo com a capacidade de cada Central de Atendimento.

E se todas as linhas de uma Central estiverem ocupadas, é possível

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encaminhar as chamadas para outro Centro, (Centro de Atendimento ao

Consumidor), ou para uma mensagem-padrão ou personalizada.

Para a correta operação do número 0800 é fundamental que se esteja

preparado para essa tarefa, pois a operação só compensará se for bem feita. É

preciso conhecer a dimensão dos compromissos que esta operação envolve.

Ao considerar a instalação do número 0800 e a implantação do Customer

Service, existem algumas questões básicas sobre as quais uma empresa deve

refletir:

- Os recursos são adequados e a capacidade instalada é

suficiente para lidar com o número de chamadas

esperadas?

- O sistema disponível é adequado para manter a pessoa

esperando na linha sem ficar aborrecida?

- Existe um procedimento para cuidar das chamadas de

modo que o contato produza satisfação aos clientes?

Portanto, ao considerar o uso do Customer Service e do número 0800 a

empresa deve adequar seus recurso técnicos, humanos e operacionais no

sentido de realmente poder atender bem o cliente e prestar respostas e

soluções em tempo, gerando satisfação e retorno (conquistando, fidelizando e

transformando os consumidores em “advogados da marca”).

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CAPÍTULO V

PROGRAMAS DE AFINIDADE

Segundo Kotler (2001) esses programas buscam através de campanhas

de persuasão customizada, construir e manter a fidelidade dos clientes. A

fidelização é basicamente construída pelo relacionamento constante,

diferenciado e personalizado com os mesmos.

O pressuposto de um programa de fidelização é que 80% de vendas

repetidas vem de 20% da base de clientes (lei de Paretto). Mas para você

conseguir identificar estes 20% de clientes mais valiosos, é necessário de um

enriquecido banco de dados, como já foi comentado neste trabalho.

Exemplos de programas de fidelização podem ser encontrados nas

companhias aéreas com o “frequent flyer program”, onde um plano de

milhagem concede vantagens progressivas recompensando o uso constante.

Outros exemplos são os programas do “comprador freqüente”

desenvolvido por algumas lojas de departamento, hotéis, locadora de

automóveis, etc. estes concedem descontos diferenciados aos portadores de

cartão, bem como promoções e descontos especiais por volume e freqüência

de compra ou utilização dos serviços.

Todo esforço de segmentação, portanto, concentra-se em identificar uma

série de atividades de relacionamento que mantém o consumidor

constantemente motivado a repetir a compra.

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Dentro do contexto do Marketing de Relacionamento, os programas de

fidelização, sejam quais forem sua amplitudes, são considerados de extrema

importância na construção de relacionamentos estáveis e duradouros.

A decisão de repetir a compra pode estar baseada em fatores objetivos e

subjetivos. A fidelização pode resultar de características intrínsecas e

extrínsecas de produtos ou de valores. Nos dois casos, a fidelidade se relaciona

à satisfação com o produto ou seus atributos – essa satisfação pode ser real ou

apenas uma percepção.

Estimular a repetição de compra através de um círculo vicioso de

desconto e promoções, faz com que os consumidores comprem o produto ou

serviço por razões periféricas às qualidades dos mesmos. Para construir a

fidelização é essencial entender as necessidades, desejos e valores, pois

constantemente a comunicação, nesse contexto, deve reforçar a percepção

sobre o produto ou serviço, com a mensagem correta, na hora certa.

Para Swift (2001), o diálogo sistemático com os clientes facilita à

empresa obter dados relevantes para a formação do database de clientes que,

agregados aos dados da compra, permitem desenvolver estratégias de

marketing customizadas e programas para indivíduos ou pequenos grupos de

clientes, criando uma forte afinidade com a empresa.

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CAPÍTULO VI

COMÉRCIO ELETRÔNICO

Segundo Drucker (1999), o comércio eletrônico representa para a

Revolução da Informação o que a ferrovia foi para a Revolução Industrial: um

avanço totalmente inusitado, inesperado, o que está gerando um boom novo e

distinto e provocando transformações aceleradas na economia.

O comércio eletrônico (ou e-commerce ou e-business) tem como

definição mais simples o ato de fazer negócios utilizando como meio a Internet.

Nele, a distância foi eliminada e não existem empresas locais, nem geografias

distintas.

Atualmente, todos concordam que é muito difícil fazer negócio ficando

fora da rede, que está causando a nova revolução da informação.

Até pouco tempo, muitos pensavam que a Internet era, no máximo uma

boa ferramenta para fazer amigos ou buscar informações técnicas em algum

banco de dados do planeta. No século XXI, essa imagem mudou: a Internet é

também, ou sobretudo, um lugar para se fazer negócios e ganhar dinheiro. As

empresas que não estiverem conectadas, em breve serão esmagadas pela

concorrência eletrônica.

Esse crescimento do mercado eletrônica já era considerado inevitável a

muitos anos atrás por especialistas em tendência como Faith Popcorn e John

Naisbitt.

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Naisbitt e sua equipe identificam tendência de acordo com o número de

vezes que notícias sobre diferentes tópicos aparecem nos principais jornais. Em

seu livro Paradoxo Global e Megatendências, Naisbitt apontava como uma

grande tendência a explosão da economia global, sendo impulsionada pela

tecnologia.

Popcorn (1999) e seus associados detectaram 16 tendências que

afetarão a economia mundial. A mais famosa é o “encasulamento”. O impulso

de proteção quando o que acontece lá fora é muito difícil e assustador. As

pessoas estão transformando suas casas em ninhos para filtrar o mundo

exterior. Com o crescimento da violência, o número desses “casulos” será cada

vez maior, acarretando uma explosão no comércio eletrônico.

Essa mudança nos negócios, ocasionou a revisão de uma das

ferramentas mais utilizadas para análise de um setor, o modelo de análise da

indústria de Porter (1980) conhecido como o modelo das cinco forças

competitivas. O objetivo central dessa análise, é prever o nível médio de

lucratividade a longo prazo dos competidores numa determinada indústria

(setor), para auxiliar na elaboração de estratégias empresariais. As cinco

forças são:

- Rivalidade entre empresas;

- Ameaça de novos entrantes;

- Ameaça de produtos substitutos;

- Poder de barganha dos consumidores;

- poder de barganha dos fornecedores.

Com o crescimento do comércio eletrônico, houve discussões acerca da

eficácia do modelo em relação a ameaça de novos entrantes, pois seu conceito-

chave é a construção de barreiras de entrada à novos concorrentes. Com o fim

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da distância, empresas de todo o mundo tornaram-se concorrentes. Drucker

cita o exemplo de uma empresa americana de porte médio, que dominava

cerca de 60% do mercado de louças de baixo preço utilizadas por redes de fast

food, hospitais e refeitórios de escola, num raio de 160 quilômetros em torno da

fábrica. Essa empresa perdeu, da noite para o dia, mais da metade de seu

mercado, simplesmente porque um de seus clientes, uma cafeteria de hospital,

descobriu, após um de seus funcionários navegar pela Internet, que havia um

fabricante europeu que oferecia louça de qualidade aparentemente superior,

mais barata e que era remetida de avião a um baixo custo. Em questão de

meses, os principais clientes da região passaram a comprar do fornecedor

europeu.

6.1 Por que se vende pela Internet?

Segundo Albertin (2000) a Internet estimula as vendas pelos seguintes

motivos:

a) Fim da intermediação: como uma das principais características da

Internet é a interatividade, o cliente pode acessar o site de sua

preferência e realizar contato direto com os fornecedores de produtos e

serviços. Não há intermediação de ninguém. O cliente escolhe o produto

confortavelmente, sem o assédio insistente que costuma caracterizar

muitos vendedores, e pode efetuar o pagamento pelo cartão de crédito.

b) Vendedor 24 horas por dia: os sites estão disponíveis 24 horas por

dia. Não fecham para o almoço nem nos fins-de-semana e feriados.

c) Fim da distância: qualquer pessoa pode adquirir produtos e serviços

em qualquer lugar do mundo sem a necessidade de deslocamento.

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6.2 Benefícios para a empresa

Albertin (2000) aborda que além da possibilidade de alcançar lucros

maiores, o comércio eletrônico é uma poderosa ferramenta para manter

atualizada a base de dados de clientes das empresas. Histórico de compras

realizadas por clientes, suas preferências e informações comportamentais

podem ser obtidos facilmente por meio das próprias fichas de pedido, cujas

informações podem ser automaticamente incorporados à base de dados.

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CAPÍTULO VII

Marketing de Relacionamento é mais do que tecnologia,

é uma filosofia empresarial.

As empresas cada vez mais reconhecem a importância da estratégia de

Marketing de Relacionamento para conquistar um diferencial competitivo a

longo prazo. O relacionamento baseado na informação colhida antes, durante e

após qualquer contato, não somente os dados da venda e cadastro do cliente,

gera níveis de lealdade à marca muito maiores; reduzindo o investimento na

busca de novos clientes que é tido como 5 vezes maior do que o esforço de

fidelizar e gerar a repetição da compra.

Kotler (2001) nos traz, a título de curiosidade, números também bem

interessantes:

- Custa $10 do novo negócio para substituir $1 de negócio

antigo perdido;

- O attrition típico de um cliente está em torno de 20% - se

cortamos esse número pela metade podemos mais do que

dobrar o índice de crescimento da companhia;

- As companhias podem crescer seus lucros em 100%

retendo apenas 5% dos que iriam perder como rotina.

Porém, para que não seja mais um modismo, é importante compreender

que o Marketing de Relacionamento impacta a gestão da empresa,

principalmente no que se refere ao relacionamento com os clientes e a infra-

estrutura da indústria, que passa a ser em tempo real.

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Sua implantação está assentada sobre dois pilares conforme Kotler

(2001):

- Um processo de trabalho orientado para o cliente que permeia e

é compartilhado por toda a empresa;

- O uso intensivo da informação do cliente, suportado pela

informatização de vendas, marketing e serviços.

Como o Marketing de Relacionamento está sendo divulgado no mercado

pelos fornecedores de tecnologia, nota-se uma ênfase muito grande na solução

da informatização de Call Center. Como a maioria das empresas no Brasil ainda

não tem uma cultura do uso da informação com database integrado, existe a

tendência de implantar a solução parcialmente, desperdiçando a grande

oportunidade de voltar a empresa para o cliente e iniciar a prática efetiva do

marketing de relacionamento.

Como foi mostrado, o Marketing de Relacionamento é um dos métodos

mais sofisticados e eficientes, que transformam a maneira como as empresas

podem aumentar a rentabilidade dos seus clientes atuais.

As empresas, integrando o Marketing e a Tecnologia da

Informação, estão concentrando-se em oferecer cada vez mais serviços aos

seus clientes. Porém, mais serviços num contexto competitivo onde a cópia dos

mesmos pela concorrência é em tempo real o que significa que a inovação

precisa ser constante. E isso só se torna possível quando seus funcionários têm

autonomia suficiente para oferecer atendimento diferenciado, e no momento

solicitado. Desta forma que a empresa precisa melhorar o perfil dos seus

funcionários, treiná-los continuamente, incentivar a iniciativa bem-sucedida e

assumir um maior risco até que o modelo de relacionamento esteja estabilizado,

ou seja, com procedimentos e limites de competência bem definidos. Assim, o

medo da punição deixa de ser a trava para a criatividade. Os funcionários

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assumem o seu papel como construtores do relacionamento com o cliente e

artífice do aumento do lucro para a empresa, perpetuando a organização no

mercado.

Adotar o quanto antes o Marketing de Relacionamento é uma questão de

manter a competitividade, pois os clientes que são o foco de atenção da

empresas, aumentam dia após dia suas expectativas, e não se contentam

simplesmente com um acesso rápido, fácil e a qualquer às centrais de

atendimento. Também não aceitam mais o atendimento cordial e gentil sem

nenhum poder de decisão. Os clientes desejam lidar com quem possa resolver

e oferecer soluções melhores e mais criativas.

Por isso, é preciso ir além da implantação da tecnologia. É preciso adotar

a filosofia empresarial do Marketing de Relacionamento, para que ela esteja

preparada a prestar o atendimento e o reconhecimento que o cliente deseja e

espera, com a finalidade de auxiliar o crescimento e a manutenção deste forte

relacionamento que se transformará em receitas e lucros crescentes. A adoção

desta filosofia deve partir do presidente da empresa até o mais baixo cargo.

7.1 – Marketing one-to-one: uma idéia que explodiu na Internet

Diante de uma platéia de estudantes e empresários americanos na Duke

University, o engenheiro Don Peppers falou, pela primeira vez sobre um

conceito revolucionário de marketing: criar uma única campanha publicitária

para um único consumidor. Era 1989, pouca gente entendeu. A maioria não

concordou. Uma década depois, o mesmo Don Peppers não passa um dia sem

falar da mesma idéia. E cobra milhares de dólares para dar dicas que os

estudantes não queriam ouvir de graça. Montou uma empresa, Peppers and

Rogers Group, com escritórios em sete países,escreveu três livros e é muito

bem pago para prestar consultoria a clientes como AT&T, HP e Oracle. O

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motivo da virada? É dele o conceito de marketing individualizado, que também

atende pelos nomes de one-to-one, CRM e marketing de relacionamento. A

idéia que já foi patenteada por Peppers, é que o consumidor é a maior riqueza

da nova mídia, e tem de ser cultivado como tal.

Segundo Peppers (1997) quando foi criado, o one-to-one era apontado

como ficção científica. Hoje é fato científico. O one-to-one ensina como o

consumidor quer ser tratado,

A idéia não é assim tão revolucionária. Ela simplesmente explodiu na

Internet. Os recursos tecnológicos permitem, hoje, a tal abordagem

individualizada. Programas de computador traçam as páginas em que você

navegou. Descobrem quais os produtos que você já comprou. É por isso que,

ao entrar no site de uma empresa aérea, por exemplo, o consumidor não

depara somente com seu nome, mas vê os pontos acumulados de milhagens e

notícias que irão interessá-lo, porque são definidas de acordo com seu perfil.

Ninguém discorda da idéia de que, na Web, o cliente é fundamental. Não é a

toa que grande parte dos investimentos de empresas de Internet seja em

marketing. Em média, as empresas investem até 70% de seus recursos para

fixar a marca e serem conhecidas pelo público.

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CAPÍTULO VIII

CASOS DE SUCESSO

8.1 - HARLEY-DAVIDSON

Se Marketing de Relacionamento significa a criação de uma comunidade

em torno de uma marca, poucas demonstrações de marketing foram melhores

do que essa. Em 13 de junho de 1998, fazendo um barulho ensurdecedor e

formando um rio de couro preto e de cromados ofuscantes, mais de 50 mil

motocicletas Harley-Davidson seguiram rumo ao leste dos Estados Unidos para

o centro de Milwaukee, como parte das comemorações do 95° aniversário da

empresa. Era uma imagem atordoante, respeitável por seu escopo e

emocionalmente poderosa como mensagem: ter uma Harley torna você

membro de uma comunidade muito especial.

Os executivos e gerentes da empresa e uma grande parte dos 5.500

empregados, têm uma conexão visceral com a marca, não só porque fazem e

vendem as motocicletas, mas porque são clientes. Para eles a Harley é mais do

que uma simples motocicleta, é um estilo de vida, uma obra de arte, um vínculo

emocional com uma vasta e única comunidade.

Os executivos estudaram cuidadosamente o vínculo emocional entre os

motoqueiros das Harleys e o produto, e respeitaram parâmetros rígidos em

todos os aspectos do design, da fabricação, e do marketing das motocicletas

para acentuar a mística e fortalecer ainda mais o vínculo.

Assim como outras empresas que fazem o Marketing de

Relacionamento, A Harley-Davidson apenas se reinventou, transformando

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imagens negativas em positivas. Para cabar com a imagem estereotipada e

ameaçadora das gangues de motoqueiros, por exemplo, ela criou um clube

internacional, se associou a uma instituição de caridade de renome e promoveu

a união dos seus clientes organizando ralis e reuniões anuais.

Para se defender de uma taque agressivo desferido pelos concorrentes

estrangeiros, a empresa decidiu apoiar-se rigorosamente nos padrões de

qualidade, mesmo diante de uma grande demanda não atendida,

estabelecendo um amplo sentido de comunidade em torno do produto, e

fortalecendo seus elementos mais importantes: empregados, revendedores e

clientes.

Dessa maneira, a empresa emergiu como uma marca capaz de

ultrapassar uma série de fronteiras formidáveis: idade, sexo, renda, educação,

grupo étnico e opinião pública.

Em 1997, a Herley-Davidson Inc., uma empresa que quase faliu em

1985, registrou seu 12° ano consecutivo de vendas e lucros recordes,

vendendo um total de 132 mil motocicletas, mas os revendedores disseram que

poderiam ter vendido o dobro se a empresa tivesse conseguido fabricá-las.

Sendo que em 1997, a empresa gastou apenas um milhão de dólares em

publicidade, contra nenhum gasto no ano anterior. Em comparação, a Toyota

gastou quase 100 milhões de dólares com a publicidade de um único modelo de

automóvel, o Carmy.

A Harley não tem grandes gastos em publicidade para atrair o público

porque ela simplesmente não precisa. A demanda por suas motocicletas hoje é

tão grande que os revendedores dizem ter listas de espera de um ano ou mais.

Os empregados assumem a responsabilidade pessoal de manter o brilho

da marca. Eles não só desfilam as roupas de motoqueiro vendidas no catálogo,

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como também são guias de passeios pela fábrica, participam de ralis e vestem

camisetas da marca na linha de montagem.

Os executivos descartam o uso de grupos de discussão e de pesquisas e

dados de mercado para conseguir uma maior aproximação com os clientes.

Eles preferem andar de moto, conversando e colhendo opiniões diretamente

com eles.

8.2 - Wal-Mart

O Wal-Mart, com receitas anuais de mais de U$$ 150 bilhões, imaginou

que tinha de tomar decisões por loja individual para atender às necessidades de

seus clientes, o que orientou a necessidade de informações de dados

detalhados em nível de loja. O Wal-Mart projetou e montou um database

marketing (Data Mining) a fim de obter informações detalhadas para ajudar na

aproximação do objetivo de conseguir os produtos certos para cada loja, no

momento certo.

Data Mining traduzido ao pé-da-letra quer dizer Mineração de Dados e é

exatamente a este objetivo que esta técnica se propõe.Um garimpeiro tem

como objetivo descobrir ouro ou pedras preciosas no cascalho, analogamente a

Data Mining garimpa o conhecimento escondido nos dados.

Data Mining, através da integração de ferramentas de Tecnologia de

Informática, Conhecimento de Gestão de Dados e Análise de Dados, possibilita

buscar numa grande base de dados, informações úteis e, aparentemente,

invisíveis. As informações são equacionadas, testadas e cruzadas, de forma a

oferecer resultados otimizadores.

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Através do reconhecimento, extração e acompanhamento de padrões

consistentes e/ou relacionamentos sistemáticos entre variáveis, é possível criar

modelos para tomada de decisões prevendo o comportamento futuro do cliente

baseado no que aconteceu no passado. As ferramentas de Data Mining visam o

aprendizado com os sucessos e fracassos do passado. Ajuda a empresa a

antecipar-se às mudanças e tendências e proporciona as mesmas posições

privilegiadas no mercado.

Com um eficiente banco de dados, o Wal-Mart é capaz de transformar

dados em informações acionáveis sobre seus negócios e entregar o que seus

clientes desejam: o item certo, na loja certa, no momento certo e pelo preço

certo. Descobriu por exemplo, que o perfil do consumidor de cervejas era

semelhante ao consumidor de fraldas: homens casados, entre 25 e 30 anos,

que compravam fraldas e/ou cervejas às sextas-feiras à tarde, no caminho do

trabalho para casa. Com base na verificação destas hipóteses, a Wal-Mart

optou por uma otimização das atividades junto às gôndolas nos pontos de

vendas, colocando as fraldas ao lado das cervejas. Resultado: o consumo

cresceu 30% às sextas-feiras com a redefinição de lay-out baseada na conexão

de hipóteses desenvolvidas pelo Data Mining.

8.3 – VARIG: Programa Smiles

O Programa Smiles é a maneira que as empresas do Grupo VARIG

encontraram para premiar seus melhores clientes. É o maior Programa de

Milhagem da América Latina, com mais de 5 milhões de participantes e mais de

80 parceiros.

Os participantes Smiles ganham milhas ao voar VARIG e outras

companhias aéreas parceiras, e também ao utilizar os produtos e serviços dos

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parceiros do Programa, entre eles cartões de crédito, hotéis, locadoras de

automóveis, e outros. Os participantes trocam as milhas acumuladas por

viagens grátis para mais de 795 aeroportos em mais de 139 destinos.

Depois de 10 anos de sucesso, o Pragrama Smiles se consolidou com o

melhor programa de milhagem do Brasil, e ajudou a VARIG a conquistar

diversos prêmios de qualidade, popularidade e fidelização.

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CONCLUSÃO

As empresas neste novo século estão se conscientizando da

necessidade de intensificar o foco no Marketing de Relacionamento se

quiserem se manter competitivos e crescer no seu mercado. Apesar de

algumas ainda terem seus budgets direcionados ao marketing de massa e

programas de conquista de novos clientes, a maioria já está aprendendo que

pode melhorar sua rentabilidade vendendo mais produtos e serviços para os

clientes atuais.

Além disso, estudos demonstram que os custos chegam a ser 5 vezes

maiores na conquista de um novo cliente do que na venda cruzada para um

cliente existente. Sendo assim, “estreitar” o relacionamento, melhorar o

“customer service” e a qualidade tendem a ser fatores-chave para sobreviver no

século XXI.

A habilidade de desenvolver e utilizar estratégias sofisticadas com

Database Marketing desempenha um papel importante na hora de ajudar

empresas a atingirem seus objetivos. O DatabaseMarketing pode ser usado

eficientemente em pesquisas de comportamento, planejamento estratégico,

desenvolvimento de produtos, análise de preços, identificação dos melhores

clientes e programas de marketing direto. Utilizado de forma adequada, o

Database Marketing ajuda as empresas a focarem sua atenção para onde

estará direcionado o Marketing moderno, cultivando e retendo os clientes

atuais, seu maior patrimônio.

O Telemarketing desempenha funções de apoio e coordenação, entre o

esforço direto de vendas e as informações do cliente. As informações

acompanham desde a base histórica de compras do cliente até os resultados

dos diálogos.

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O Call Center é um customer service, obrigando as empresas a

adequarem seus recursos na tentativa de atender melhor o cliente, prestando

soluções on-time, conquistando satisfação e retorno.

A Internet passou a ser um marco na vida das pessoas e das empresas,

onde a distância física perde relevância e o tempo para compras e

relacionamento adquire o padrão à disposição 24 horas por dia, 7 dias por

semana. Como elemento alavancador do negócio, a Web é irreversível. Hoje

em dia, se uma empresa não está na Internet, é como se ela não existisse para

os melhores consumidores.

Portanto, o Marketing de Relacionamento, de modo geral, se constitui em

uma filosofia empresarial que revolucionou o mundo dos negócios, e que

permite a uma organização obter vantagens competitivas sustentáveis através

de suas várias ferramentas, construindo valor para os clientes em base

contínua.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO 07 CAPÍTULO I – Definindo Marketing de Relacionamento 10 1.1 – Ações do Marketing de Relacionamento 13

1.1.1 – Suporte à Força de Vendas 14 1.1.2 – Geração de Leads 16 1.1.3 – Cross Selling 17 1.1.4 – Vendas Diretas 17 1.1.5 – Promoção de Vendas 20

1.2 – Os benefícios do Marketing de Relacionamento 21 CAPÍTULO II – Database Marketing 23 2.1 – A importância e as aplicações do Database Marketing integrado 23 integrado nas empresas 2.2 - O Database está mudando o Marketing 25 2.3 – Como o Database viabiliza o Marketing de Relacionamento 26 2.4 - Benefícios Específicos 27 2.5 – Valor de Duração de um Cliente 27 2.6 – Análise de Rentabilidade do Cliente 29 2.7 – Database libera 60% do tempo do vendedor 29 2.8 – Como criar valor para os clientes 30 CAPÍTULO III – Telemarketing 32 3.1 – Telemarketing: ferramenta de produtividade 32 3.2 – Aplicações do telemarketing 34

3.2.1 – Telequalificação 34 3.2.2 – Atualização e enriquecimento do Database 34 3.2.3 – Recepção de pedidos de compra 34 3.2.4 – Cross Selling 35 3.2.5 - Gerenciamento de contas pequenas 35 3.2.6 – Suporte à Força de Vendas 35 3.2.7 – Vendas Técnicas 36 3.2.8 – Vendas Diretas 36

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CAPÍTULO IV – Call Center 37 4.1 – Benefícios do diálogo “empresa/cliente” 37 4.3 – O número 0800 39 4.4 – Benefícios 40 CAPÍTULO V – Programas de Afinidade 43 CAPÍTULO VI – Comércio Eletrônico 45 6.1 – Por que se vende pela Internet? 47 6.2 – Benefícios para a empresa 48 CAPÍTULO VII – Marketing de Relacionamento é mais do que 49 Tecnologia, é uma filosofia empresarial 7.1 – Marketing one-to-one: uma idéia que explodiu na Internet 51 CAPÍTULO XIII – Casos de Sucesso 53 8.1 – Harley-Davidson 53 8.2 – Wal- Mart 55 8.3 – VARIG: Programa Smiles 56 CONCLUSÃO 58 BIBLIOGRAFIA 60

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSU EM MARKETING

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Título da Monografia: MARKETING DE RELACIONAMENTO – UMA

REVOLUÇÃO NO AMBIENTE DE NEGÓCIOS

Aluno: Diego Quadros de Oliveira

Orientador: Ana Cristina Guimarães

Avaliador:_______________________________ Conceito:______________

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