livro digital - didática do ensino superior

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Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior Marília Godinho Hokama

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Page 1: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

Linguística e Língua Portuguesa

Didática do Ensino Superior

Marília Godinho Hokama

Page 2: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

UNIDADE 1 - A EDUCAÇÃO ESCOLAR NUM NOVO CENÁRIO ................... 6

1.1 A relação escola e sociedade ........................................................................ 7

1.2 Atividade .................................................................................................... 11

1.3 Reflexão ...................................................................................................... 12

1.4 Leituras Recomendadas: ............................................................................. 12

1.5 Referências Bibliográficas .......................................................................... 13

1.6 Na próxima unidade .................................................................................... 13

UNIDADE 2 - DIDÁTICA: DEFINIÇÕES E CONCEITOS ................................ 14

2.1 A evolução da Didática ............................................................................... 15

2.2 Atividade .................................................................................................... 23

2.3 Reflexão ...................................................................................................... 23

2.4 Leitura Recomendada: ................................................................................ 24

2.5 Referências Bibliográficas .......................................................................... 24

2.6 Na próxima unidade .................................................................................... 25

UNIDADE 3 - UMA NOVA DIDÁTICA PARA UMA NOVA EDUCAÇÃO .... 26

3.1 Da didática instrumental à didática fundamental ........................................ 27

3.2 Atividades ................................................................................................... 32

3.3 Reflexão ...................................................................................................... 33

3.4 Leitura Recomendada: ................................................................................ 33

3.5 Referências Bibliográficas .......................................................................... 33

3.6 Na próxima unidade .................................................................................... 34

UNIDADE 4 - A DIDÁTICA E AS ABORDAGENS DO ENSINO NA

EDUCAÇÃO ESCOLAR ................................................................................. 35

4.1 As tendências pedagógicas na prática escolar ............................................ 36

4.2 Atividades ................................................................................................... 40

Page 3: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

4.3 Reflexão ...................................................................................................... 40

4.4 Leitura Recomendada ................................................................................. 40

4.5 Referências Bibliográficas .......................................................................... 41

4.6 Na próxima unidade .................................................................................... 41

UNIDADE 5 - O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM ..................... 42

5.1 Aprendizagem e Ensino .............................................................................. 43

5.2 Atividades ................................................................................................... 48

5.3 Reflexão ...................................................................................................... 49

5.4 Leitura Recomendada ................................................................................. 49

5.5 Referência Bibliográfica ............................................................................. 50

5.6 Na próxima unidade ................................................................................... 51

UNIDADE 6 - FORMAÇÃO DOCENTE ............................................................. 52

6.1 A formação profissional do professor ......................................................... 53

6.2 A Formação do docente para o nível Superior ......................................... 56

6.3 Atividade .................................................................................................... 60

6.4 Reflexão ...................................................................................................... 60

6.5 Leitura recomendada .................................................................................. 61

6.6 Referências Bibliográficas ......................................................................... 62

6.7 Na próxima unidade .................................................................................... 62

UNIDADE 7 - PLANEJAMENTO DO ENSINO.................................................. 63

7.1 Planejamento do trabalho pedagógico ........................................................ 64

7.1.1 Planejando em vários níveis ...................................................................... 66

7.1.2 O registro do planejamento ....................................................................... 67

7.2 Elaboração de um plano de ensino ............................................................ 69

7.3 Atividades ................................................................................................... 71

7.4 Reflexão ...................................................................................................... 72

7.5 Leituras recomendadas ............................................................................... 73

7.6 Referências Bibliográficas .......................................................................... 73

Page 4: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

7.7 Na próxima unidade .................................................................................... 74

UNIDADE 8 - AVALIAÇÃO ................................................................................ 75

8.1 O sentido da avaliação escolar .................................................................... 76

8.2 Atividades ................................................................................................... 79

8.3 Reflexão ...................................................................................................... 80

8.4 Leitura Recomendada ................................................................................. 80

8.5 Referências Bibliográficas .......................................................................... 80

Page 5: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

A educação é um processo

múltiplo e variado, do qual emergem

desafios e compromissos cada vez mais

complexos e urgentes, que precisam ser

defrontados com conhecimentos, competência

profissional, decisão, vontade e criatividade. A busca de

respostas alternativas inovadoras, que contribuam para o

desenvolvimento da pessoa de um modo integral, com a

formação de competências de diferentes tipos, adequadas às

necessidades e expectativas educativas existentes na comunidade,

é um dos grandes desafios dos educadores, no contexto de uma

sociedade globalizada. Parte desses desafios diz respeito ao

crescimento do ensino superior no Brasil. Uma vez que o corpo

discente, nesse nível de ensino, é composto por jovens e adultos,

prevaleceu por muito tempo à crença de que não é necessário uma

atuação docente especializada, muito menos um preparo adequado para

este professor. Hoje, porém, a demanda por estes cursos vem exigindo

um outro posicionamento dos professores, diante das dificuldades

percebidas no cotidiano destas salas de aula. A Didática, como

disciplina que se propõe a realizar uma reflexão sistemática sobre a

atividade de ensinar e aprender, buscando alternativas para

melhorar a prática educacional, pode trazer uma grande

contribuição aos docentes do ensino superior.

Page 6: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

A EDUCAÇÃO ESCOLAR NUM NOVO

CENÁRIO

Por que uma didática do ensino superior?

Nosso estudo deveria começar com este

questionamento, afinal, este é o tema que vocês estão

aguardando para conhecer melhor. Mas, antes, é importante

que possamos refletir sobre a necessidade de repensar a

educação, suas finalidades, objetivos e metodologias, em vista de

um novo cenário social. Uma sociedade em mudança exige uma

educação assentada em novas bases, adequada para as exigências e

demandas do contexto atual. Mas, que contexto é esse? Vamos

conversar um pouco sobre isso?

Objetivos da sua aprendizagem

Reconhecer que a escola está inserida num amplo contexto social,

em constante interação com os elementos que compõem este contexto.

Identificar os elementos de transformação da sociedade atual e

analisar sua influência sobre as concepções e práticas educativas.

Você se lembra?

Como era a escola onde você iniciou sua educação

básica? Com certeza, muitas mudanças aconteceram,

mas você acha que as mudanças foram maiores na

escola ou na sociedade? Vamos pensar sobre isto?

Page 7: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

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Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 1

1.1 A relação escola e sociedade

A escola é a instituição por meio da qual é transmitida, de forma

intencional, a herança social. É, ao mesmo tempo, instituição responsável

pelo desenvolvimento de novos conhecimentos. É ainda local de

encontro e de convivência entre educadores e educandos: grupo que se

reúne e trabalha para que ocorram as condições favoráveis ao

desenvolvimento humano em diferentes áreas: cognitiva, afetivo-

emocional, motora, social e profissional (portanto, intencional).

A instituição escolar é o espaço socialmente aceito e designado

para o desenvolvimento global do educando, motivando-o e capacitando-

o para um bom desempenho social.

A escola surge

historicamente como fruto da

necessidade de se preservar e

reproduzir a cultura e os

conhecimentos da humanidade,

crenças, valores e conquistas

sociais, concepções de vida e de

mundo, de grupos ou de classes.

Ela permaneceu e se modernizou à

medida que foi capaz de se tornar

instrumento poderoso na produção

de novos valores e crenças, na difusão e socialização de conquistas

sociais, econômicas e culturais desses grupos ou classes.

Mas a escola não é uma instituição neutra, abstrata. Ao contrário,

está inserida num contexto social determinado (num universo

existencial), onde interagem aspectos políticos, econômicos e culturais.

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Page 8: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

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Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 1

Ela é, na realidade, um fenômeno social. Isto significa que a prática

educativa e o trabalho docente estão determinados por fins e exigências

sociais, políticas e ideológicas.

Tradicionalmente a escola tenta responder às questões da

demanda social. Os educadores tem se dedicado, ao longo os tempos, a

buscar formas eficientes de cumprir os objetivos que são atribuídos à

escola. As questões que tem permeado esta busca são: quais são as

demandas sociais? Que finalidades, objetivos e metas a sociedade espera

que a escola cumpra?

Estas são as questões que ainda permanecem como diretrizes do

questionamento dos educadores na atualidade. O diferencial, segundo os

estudiosos contemporâneos, é que a crise atual da educação não vem

especificamente da forma “deficiente” como ela cumpre estes objetivos

sociais, mas do fato de não sabermos mais que finalidades, que objetivos

a escola deve cumprir e para onde deve orientar suas ações.

O ponto de partida para enfrentarmos esta crise, segundo Tedesco

(1998), é aceitar que vivemos num processo de profunda transformação

social. Não se trata mais de uma das crises do modelo capitalista de

desenvolvimento, mas do surgimento de novas formas de organização

social, econômica e política, de uma nova estrutura social. Nas palavras

de Tedesco, trata-se de uma revolução global.

De acordo com este autor, processos importantes e radicais de

mudança podem ser observados em três áreas:

Modo de produção

Tecnologias da comunicação

Democracia política

Vamos entender um pouco melhor:

Page 9: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

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Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 1

Conexão: O filme FormiguinhaZ discute esta

transformação, através de um divertido desenho animado. A formiguinha “Z” não se

adapta ao modelo rígido, mecânico e hierarquizado de administração do

formigueiro, propondo, ao final de uma série de aventuras, um modelo colaborativo, envolvente e coletivo. A produção é do

estúdio:DreamWorks SKG / Pacific Data Images, distribuidora:DreamWorks

Distribution L.L.C. / UIP. Confira no site

oficial:http://www.pepsi.com/antz

Modo de produção => A partir da segunda metade do século XX

presenciamos a passagem do modo de produção para o consumo de

massas a um sistema de produção para um consumo diversificado, ou

seja, para a produção de pequenas quantidades de artigos adaptados às

diferentes clientelas. Ou que se tem chamado de fabrica flexível. Este

modelo valoriza-se a capacidade da pessoa para trabalhar em equipe e

adaptar-se à mudança. Ocorre aí, uma distribuição diferente da

inteligência. Não mais a organização hierarquizada do trabalho, em

forma de pirâmide, onde a criatividade e a inteligência concentram-se na

cúpula, enquanto o restante das pessoas executa mecanicamente as

instruções recebidas, mas uma organização mais

plana, com poderes de decisão distribuídos

de forma mais homogênea. Inovação e

melhoria contínua passam a ser uma

necessidade das organizações

modernas e o conhecimento e a

informação tem um papel de destaque

na produção e no consumo de bens e

serviços.

Novas tecnologias da comunicação => A introdução das novas

tecnologias da comunicação em todos os setores da sociedade vem

Page 10: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

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Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 1

causando um forte impacto na produção de bens e serviços e também nas

relações sociais. Nesta área, há um grande potencial de transformação

social, devido não só ao acumulo de informações acessível às pessoas de

um modo geral, bem como à velocidade acelerada com que são

veiculadas as informações. Estes fatores vêm exigindo de todos nós a

superação das limitações espaciais até então conhecidas, modificando

conceitos básicos como tempo, espaço e realidade. Com a utilização

simultânea de multimeios na produção e disseminação das informações,

o que se percebe é uma modificação nas bases de uma cultura baseada,

até então, na leitura, na palavra escrita.

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Democracia política => Presenciamos atualmente novas

discussões sobre as formas de participação cidadã. Com a globalização,

as fronteiras nacionais se diluem e os espaços nos quais se exerce a

cidadania tendem a ampliar-se para uma cidadania sem fronteiras ou a

reduzir-se ao âmbito local.

Com estas profundas transformações em desenvolvimento na

sociedade, a educação ganha maior ênfase e a importância do

conhecimento é indiscutível. O que está em evidência nas discussões

atuais é uma disputa pela apropriação dos lugares onde se produz e se

distribui o conhecimento socialmente significativo, ou seja, onde se

educa o cidadão?

Page 11: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

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Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 1

As novas questões que permeiam os debates na área educacional

são, dentre muitos outros:

Que conhecimentos são socialmente significativos?

Que conteúdos devem ser selecionados?

Como utilizar os conhecimentos científicos?

As reflexões sobre o papel educação na sociedade e em seu

desenvolvimento implicam abordar dois pontos fundamentais. O de

definir os conhecimentos e capacidades que a formação do cidadão exige

e a forma institucional pela qual este processo de formação deve ocorrer.

Hoje é preciso nos perguntarmos se a escola será a instituição

socializadora do futuro e se a formação das gerações futuras exigirá esse

mesmo desenho institucional.

Algumas propostas para superar esta crise vêm dos defensores da

escola cidadã, que, segundo Tedesco (1998.), é a escola pública (para

todos), estatal (na forma do seu financiamento) e democrática e

comunitária (na sua gestão). A escola cidadã é voltada, em suas

finalidades e métodos, para a transformação social mais do que para a

transmissão cultural.

É para esta nova sociedade que se exige uma nova educação, com

novos objetivos, novos métodos, novas concepções e reflexões e críticas,

enfim, com uma nova didática.

1.2 Atividade

1) Releia o material desta aula e atente para a relação entre a

escola e o contexto social. Leia mais sobre o assunto, busque

novas informações e elabore um texto acerca do papel da

escola na sociedade atual.

Page 12: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

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Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 1

2) Nesta unidade estudamos um pouco das mudanças radicais

que ocorreram em três aspectos da sociedade. Que mudanças

são estas? De que forma elas afetam a educação?

1.3 Reflexão

As transformações que têm ocorrido nas sociedades em geral, nas

últimas décadas, vêm redesenhando o papel da escola, impulsionando

para que as modificações sejam realizadas de forma eficaz no que diz

respeito aos seus processos de ensino e aprendizagem. Em uma sociedade

dominada por um grande volume de informações e pela superficialidade

do conhecimento, a educação tem um papel importantíssimo de formar

cidadãos e pessoas comprometidas com a construção de uma sociedade

mais justa e democrática.

1.4 Leituras recomendadas

TEDESCO, J. C. O novo pacto educativo: educação,

competitividade e cidadania na sociedade moderna. São Paulo: Ática,

1998.

Trata-se de um livro, proveniente de pesquisas bibliográficas e

opiniões do autor quanto à própria visão sobre a "revolução" pela qual

passamos hoje. O livro retrata os dias de hoje na educação, afirmando

que, uma vez que após grandes evoluções, temos também, ainda,

grandes desafios, revelando, com intensidade, a crise gerada através da

popularização de aparelhos de TV, por exemplo, e frisando valores do

tipo família, socialização e democracia.

Page 13: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

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Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 1

TAVARES, W. R. Gestão Pedagógica: gerindo escolas para a

cidadania crítica. Rio de Janeiro:Wak editora,2009.

O livro mostra que a educação não deve ser padronizada nem

limitada a compêndios traduzidos em planos de ação. Os vários artigos

trazem conceitos importantes que contribuem para alavancar uma

educação para o protagonismo de seus agentes.

1.5 Referências bibliográficas

CANDAU, V. M. (org). Rumo a uma nova didática. Petrópolis: Vozes,

2002.

COMENIUS. A Didática magna. São Paulo: Martins, 1997.

LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 28ª ed. 1990.

MASETO, M. Didática: a aula como centro. São Paulo: FTD, 1997.

TEDESCO, J. C. O novo pacto educativo: educação, competitividade e

cidadania na sociedade moderna. São Paulo: Ática, 1998.

1.6 Na próxima unidade

Na próxima unidade, você vai conhecer um pouco mais sobre o

conceito de didática através de uma retrospectiva histórica da disciplina,

evidenciando seu surgimento e seus principais teóricos.

Page 14: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

DIDÁTICA: DEFINIÇÕES E

CONCEITOS

Nesta unidade, vamos estudar o conceito de

didática e suas características principais. Vamos refletir

sobre o que é didática, de que assuntos ela trata e que

contribuições vocês esperam dela para a sua formação. Para

isto, vamos analisar o desenvolvimento histórico da Didática,

contextualizando as ideias pedagógicas que marcaram esse

desenvolvimento e influenciam, ainda hoje, as práticas escolares.

Objetivos da sua aprendizagem

Você conhecerá o desenvolvimento do conceito e das definições

de didática ao longo do tempo. Poderá refletir sobre a contribuição que a

didática pode dar à sua formação docente.

Você se Lembra?

Certamente a expressão: “aquele professor não tem didática!”, é

familiar para todos nós, não é? Você já parou para pensar em seu real

significado? Já refletiu sobre a importância da didática para a

prática docente? Vamos estudar sobre isto nesta unidade.

Page 15: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

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Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 2

Conexão: Esta é a perspectiva que vamos adotar aqui também, ou seja, a Didática como reflexão sobre a

prática educativa. A Didática como reflexão sistemática é o estudo

das teorias de ensino e de aprendizagem aplicadas ao

processo educativo que se realiza na escola, bem como dos

resultados obtidos.

2.1 A evolução da didática

De alguma forma, com maior ou menor

aprofundamento, é sabido que a didática vai

tratar do ensino. Mas, na realidade, sua

compreensão é muito mais complexa e há

diferentes concepções de didática.

Resumidamente:

a) O termo “didática” é conhecido desde a Grécia

antiga e lá significava “ensinar, instruir, fazer aprender”.

b) Em 1633, Comênio, um educador tcheco, escreveu um livro chamado

Didática Magna, no qual definia Didática como sendo a arte de

ensinar tudo a todos.

c) O minidicionário Aurélio apresenta o verbete “didática” como sendo

a técnica de dirigir e orientar a aprendizagem.

d) Muitos compreendem a Didática como um compêndio de técnicas ou

um receituário para um bom ensino.

e) No decorrer do tempo, a Didática passou a reunir os conhecimentos

que cada época valoriza sobre o processo de ensinar.

f) Para Vera Maria Ferrão Candau, educadora da PUC do Rio de

Janeiro, a Didática pode ser entendida como uma reflexão sistemática

e busca de alternativas para os problemas da prática pedagógica.

Portanto, o objeto de estudo da

didática é o processo de ensino, mas é

imprescindível fazermos uma ressalva

neste momento para considerar que o

ensino não pode ser tratado como

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Page 16: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

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Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 2

atividade restrita à sala de aula, como nos lembra Libâneo (1990). Para

ele:

o trabalho docente é uma das modalidades específicas da prática

educativa mais ampla que ocorre na sociedade. Para

compreendermos a importância do ensino na formação humana, é

preciso considerá-lo no conjunto das tarefas educativas exigidas

pela vida em sociedade. (LIBÂNEO, 1990, p.16).

A pedagogia é a ciência que estuda a teoria e a prática da educação

nos seus vínculos com a sociedade. Para estudar a educação nos seus

aspectos mais amplos, sociais, políticos, econômicos, psicológicos, a

Pedagogia conta com a contribuição de outras áreas do conhecimento que

pesquisam o desenvolvimento humano, como a Filosofia, a Sociologia, a

Psicologia, a Antropologia, a História, as Teorias da Comunicação, entre

outras.

A Didática é a disciplina que estuda os objetivos, os conteúdos, os

meios e as condições do processo de ensino tendo em vista as finalidades

educacionais, que são sempre sociais. Com a contribuição daqueles

conhecimentos é que se vai refletir

sobre questões relacionadas à

educação e à sala de aula, como

por exemplo:

Como os alunos aprendem?

Como é a atividade do

professor em sala de aula?

Como os alunos se

relacionam entre si e com o professor?

Qual a influência dos governos e da sociedade sobre a escola?

Como motivar os alunos? Etc.

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Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 2

Conexão: A Didática é uma

reflexão sistemática sobre a atividade de ensinar e aprender,

buscando alternativas para melhorar a prática

educacional.

Portanto, como já vimos, há muito tempo a Didática

vem pesquisando questões relacionadas a esta prática,

organizando e sistematizando conhecimentos e usando-

os para desenvolver a atividade pedagógica nas

escolas. No entanto, a Didática não pretende ficar

apenas nas teorias. Ela aplica os conhecimentos que

produz para resolver problemas e questões que surgem no dia a dia das

escolas e do espaço de aula.

Em nossa atividade docente diária costumamos ter uma série de

dúvidas:

Como fazer com que os alunos se interessem pela matéria?

Como motivar os alunos para que eles estudem?

Como resolver os casos de indisciplina ou descontentamento?

Como avaliar os alunos?

Como preparar bem uma aula?

Como utilizar as novas fontes de informação?

Essas são apenas algumas das muitas e diferentes perguntas que

nos fazemos cotidianamente. Como já dissemos anteriormente, elas não

são novas e, ao mesmo tempo, continuam bastante atuais. Sobre elas,

muitos estudos e pesquisas já foram e continuam sendo realizados. Os

professores devem se colocar numa atitude reflexiva e questionadora,

verificando se os resultados e sugestões que vem sendo apresentados

respondem às suas indagações.

De acordo com Maseto (1997):

a Didática nos oferece sugestões de como realizar o planejamento

de um curso com a participação dos alunos; como envolver co-

responsavelmente os alunos nessa atividade levando em conta os

Page 18: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

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Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 2

interesse deles e o programa da matéria a ser ensinada; como

selecionar assuntos interessantes; como variar as técnicas das aulas

a fim de que facilitem a participação dos alunos, a aprendizagem e

a integração do grupo; como fazer a ligação entre a teoria e a

prática, entre os conhecimentos científicos e a realidade do dia-adia

do aluno; como fazer para que o processo de avaliação deixe de ser

apenas amedrontador para o aluno, transformando-se em incentivo

ao seu desenvolvimento, e assim por diante .(MASETO, 1997,p...).

Além destas, novas temáticas, relacionadas ao contexto atual da

sociedade, tem motivado estudiosos da educação a pesquisar e

desenvolver novas experiências, como por exemplo, a

interdisciplinaridade, as descobertas acerca do modo como os alunos

aprendem, métodos alternativos de alfabetização, arte-educação, a

diversidade e o multiculturalismo, questões de gênero, entre outros.

Ainda de acordo com o autor, deve-se considerar que um outro

aspecto importante na atividade docente é que ela deve ser seja

gratificante para os educadores, ajudando-os a alcançar resultados

positivos no trabalho educativo e nisso a contribuição da didática é

fundamental, pois ela pode:

Colocar ao alcance do professor as pesquisas e os conhecimentos

produzidos.

Incentivar os professores a pesquisarem a novidade dos problemas

que afetam sua atividade.

Criar oportunidades para os professores trocarem entre si e com

especialistas suas experiências, sucessos ou fracassos.

Page 19: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

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Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 2

O termo didática tem origem na palavra grega didaktiké, que significa

a arte de ensinar. Porém, sua utilização como teoria de

sistematização das formas de ensinar só vai se dar a partir do século XVII,

mais especificamente, a partir da publicação, em 1657, da obra Didática Magna ou Tratado da Arte Universal de Ensinar Tudo A Todos, do pastor protestante e educador Tcheco, João

Amós Comênio (1592-1670).

Este é chamado método intuitivo, que consiste,

primeiramente, na observação direta das

coisas pelo uso dos órgãos dos sentidos, para que ocorra o registro das

impressões na mente do

aluno.

Orientar os professores a despertar o interesse dos alunos,

contribuindo para uma aprendizagem eficaz.

Para alcançar este estágio, a Didática

passou por longo processo de debates,

aprofundamentos, polêmicas e

construção de uma nova compreensão de

seu papel.

Comênio afirmava que a finalidade

da educação é conduzir á felicidade eterna com

Deus. Para ele, o homem conserva a imagem do

criador, ainda que corrompida. “sementes de saber, virtude e piedade”

encontram-se em todos os indivíduos normais e podem ser cultivados.

Ela acreditava, portanto, no poder da educação de salvar a humanidade

e fazê-la retomar a sua divindade original.

Afirmava ainda que:

O homem deve ser educado de acordo com o seu

desenvolvimento natural, considerando a idade e as capacidades

individuais para o conhecimento. Assim, a tarefa da Didática seria

a de estudar as características individuais e os métodos de ensino

correspondentes, de acordo com a ordem natural das coisas.

A assimilação dos conhecimentos não se dá

instantaneamente. Pelo contrário, os

conhecimentos devem ser adquiridos pela

observação direta das coisas e dos

fenômenos, através da utilização dos

órgãos dos sentidos.

Page 20: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

20

Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 2

Conexão: no site a seguir você encontrará

uma resenha sobre o obra “Primeiras Lições de coisas” do

professor norte-americano Norman Allison Calkins”,

publicada pela primeira vez em 1861, que apresenta o método

intuitivohttp://www.educaremrevista.ufpr.br/arquivos_21/resenha_gl

adys.pdf

Decorre daí, que o

planejamento do ensino deve

obedecer o processo natural da

criança, com o ensino de uma

coisa por vez, partindo do

conhecido para o

desconhecido.

Apesar das novidades

de suas ideias,

principalmente para uma época em que predominava

uma educação intelectualista, verbalística e

dogmática, baseada na memorização e na

repetição mecânica dos ensinamentos, as

propostas do grande educador não fugiram às

crenças comuns à época. De acordo com Libâneo:

Embora partindo da observação e da experiência

sensorial, mantinha-se o caráter transmissor do ensino; embora

procurando adaptar o ensino às fases do desenvolvimento infantil,

mantinha-se o método único e o ensino simultâneo a todos.

(LIBÂNEO, 1990, p.59).

Neste período, ocorreram mudanças nas formas de produção, com

o desenvolvimento da ciência e da cultura. Isto contribuiu para diminuir

o enorme poder que o clero exercia na sociedade, ao mesmo tempo em

que reforçou o poder da burguesia, que passou a disputar o poder

econômico e político com a nobreza. A burguesia introduz nesse contexto

novas exigências educacionais, reivindicando um ensino mais ligado às

questões do mundo dos negócios e da produção e que privilegiasse o

desenvolvimento das capacidades e interesses individuais dos alunos.

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Page 21: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

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Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 2

Jean Jacques Rousseau vai ser o educador que melhor sintetiza,

naquele momento, as novas aspirações, por meio da formulação de uma

concepção de ensino baseada nas necessidades e interesses imediatos dos

alunos.

Para Rousseau:

o A educação é um processo natural que se fundamenta no

desenvolvimento interno do aluno. Os verdadeiros

professores das crianças são a natureza, a experiência e os

sentimentos.

o A criança deve ser preparada não para a vida futura, mas

devem ser atendidas suas necessidades e seus interesses

no estágio atual em que ela se encontra.

As ideias pedagógicas de Rousseau foram colocadas em prática

pelo pedagogo suíço Henrique Pestalozzi (1746-1827). O educador, que

se dedicava ás crianças pobres, valorizava o método intuitivo e a

utilização dos fundamentos da psicologia na educação da criança, como

fonte de desenvolvimento do ensino. Pestalozzi acreditava que a relação

entre professor e aluno é baseada no amor e no respeito mútuo e que a

finalidade da educação é favorecer o desenvolvimento físico, intelectual

e moral no educando.

As concepções e propostas destes educadores influenciaram o

pedagogo alemão, John Friedrich Herbart (1766-1842), que exerceu

grande influência na Didática e na prática docente e suas ideias são ainda

muito presentes nas salas de aulas brasileiras, como aponta Libâneo

(1990). Herbart formulou um método de ensino, em conformidade com

as leis psicológicas do conhecimento, que pode ser expresso em quatro

passos didáticos, a serem seguidos rigorosamente pelos professores:

Preparação e apresentação da matéria com clareza;

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22

Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 2

Pedagogia Tradicional: em suas várias correntes,

predomina a visão de uma educação com ênfase no papel do professor como transmissor de um saber

constituído na tradição e nas grandes verdades acumuladas pela

humanidade.

Associação entre as ideias antigas e as novas;

Sistematização dos conhecimentos, tendo em vista a

generalização;

Aplicação dos conhecimentos adquiridos através de exercícios.

Segundo Libâneo, os Herbatianos, discípulos ou

seguidores de Herbart, ampliaram sua proposta

para cinco passos: preparação, apresentação,

assimilação, generalização e aplicação, “fórmula

esta que ainda é utilizada pela maioria dos nossos

professores.” (LIBÂNEO, 1990, p.61).

As concepções e propostas destes teóricos foram

o principal suporte pedagógico para a atividade docente na Europa,

durante o século XIX e se difundiram pelo mundo, definindo as

concepções pedagógicas conhecidas como Tradicional e Renovada.

Pedagogia Renovada: correntes que se opõem à

Pedagogia tradicional, preconizando a renovação da escola

através de novas metodologias que colocam o aluno como sujeito da sua

aprendizagem e agente do seu desenvolvimento, entre outras

características.

Os movimentos em torno da renovação da escola se espalham pela

Europa e na América no início do século XX. Um de seus maiores

representantes é o filósofo norte-americano John Dewey (1859-1952),

que se opôs à concepção Herbatiana, de educação pela instrução,

defendendo a educação pela ação. Um de seus conceitos centrais é a

experiência, que impulsiona e dirige o conhecimento.

A pedagogia de Dewey pode ser considerada inovadora, pois

ressaltou a necessidade de se criar, nas escolas, as condições e os meios

Page 23: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

23

Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 2

para estimular o pensamento e a reflexão crítica nos alunos. Dewey

enfatiza ainda a importância de se fazer da escola um lugar de vivência

das tarefas exigidas para a vida em sociedade. Desta forma, o aluno e o

grupo passam a ser o centro do trabalho escolar.

A partir daí, mais especificamente entre as décadas de 1950 a 1970,

predominou na Didática um enfoque instrumental, com ênfase nos

métodos e técnicas de ensino, para garantir a eficiência da aprendizagem

dos alunos. Nos anos de 1980, Candau (2002) afirma a necessidade de

superação desse modelo para uma Didática fundamental, aquela que deve

assumir a multidimensionalidade do processo ensino-aprendizagem,

como veremos mais detalhadamente a seguir.

2.2 Atividade

1) Por que a Didática é importante para o professor?

2) Para reforçar seu estudo, sintetize as ideias dos teóricos da

educação apresentadas nesta unidade.

2.3 Reflexão

Dos primórdios da Didática ao presente contexto, podemos

perceber a evolução do desenvolvimento do conceito, embora isto não

signifique necessariamente, uma mudança qualitativa nas práticas

educativas que se realizam no cotidiano das escolas. O debate sobre a

necessidade de ressignificação da Didática vem se intensificando,

especialmente em decorrência dos novos desafios impostos pela

Page 24: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

24

Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 2

sociedade contemporânea para a escola. Você está convidado para

participar mais efetivamente deste debate.

2.4 Leitura recomendada

LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 28ª ed.1990.

O livro apresenta a Didática como ramo de estudo da Pedagogia,

partindo dos vínculos entre finalidades sócio-politicas e pedagógicas e as

bases técnicas da direção do processo de ensino e aprendizagem.

VALDEMARIN, V. T. Estudando as lições de coisas: análise dos

fundamentos filosóficos do Método de Ensino Intuitivo. São Paulo:

Autores Associados, 2004.

O livro dedica-se à análise dos fundamentos filosóficos do Método

de Ensino Intuitivo, creditando ao Empirismo a influência determinante

sobre os procedimentos didáticos e atividades de ensino produzidos e

vulgarizados no século XIX sob a denominação de lições de coisas.

Apoio Fapesp.

2.5 Referências bibliográficas

CANDAU, V. M. (org). Rumo a uma nova didática. Petrópolis: Vozes,

2002.

COMENIUS. A Didática magna. São Paulo: Martins, 1997.

LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 28ª ed.1990.

Page 25: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

25

Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 2

VEIGA, I. P. A. (coord.) Repensando a Didática. Campinas, SP:

Papirus, 2004.

2.6 Na próxima unidade

Na próxima unidade você vai conhecer um pouco mais sobre a

proposta de uma nova didática, a Didática fundamental, que emerge

como tentativa de superação da Didática instrumental.

Page 26: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

UMA NOVA DIDÁTICA PARA UMA

NOVA EDUCAÇÃO

Até o final do século XX, a Didática era

fundamentada nos conhecimentos filosóficos. A partir

desta época, com as transformações decorridas da

Revolução Industrial, e mais recentemente, no contexto da

pós-moderndade, o quadro sócio-político-cultural das

sociedades foi significativamente alterado, exigindo da escola

novas abordagens, num novo contexto de atuação. Da didática

espera-se, agora, uma abordagem mais crítica e reflexiva e menos

tecnicista. É o que vamos estudar nesta unidade.

Objetivos da sua aprendizagem

Você saberá diferenciar a concepção instrumental da Didática e a

Didática fundamental e perceberá os indícios de persistência e de

mudança de algumas questões relacionadas à Didática.

Page 27: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

27

Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 3

Por aprendizagem aqui estamos entendendo o desenvolvimento da

pessoa como um todo: inteligência; afetividade; padrões de comportamento moral;

relacionamento com a família, com o bairro, com a cidade e com o país; desenvolvimento da coordenação

motora; capacidades artísticas; comunicação, etc. O aluno está em

contínua evolução e fazendo parte da

historia de seu povo, de sua nação.

3.1 Da didática instrumental à didática fundamental

Interessa à Didática tudo o que o aluno aprende na relação com o

professor e com o grupo-classe, bem como o processo de aprendizagem

através do qual isto ocorre.

O processo de aprendizagem se

desenvolve em três dimensões:

Humana, político-social e técnica.

Dimensão humana

O processo de aprendizagem se

realiza através do relacionamento

interpessoal muito forte entre alunos e

professores, alunos e alunos, professores e

professores, enfim, entre alunos, professores e direção. Cria-se, assim,

um clima afetivo, responsável, em muitos aspectos, pelo sucesso (ou

fracasso) do processo da aprendizagem. Esta dimensão humana do

processo da aprendizagem interessa muito de perto à Didática,

mesmo que em alguns momentos de sua história esta

dimensão tenha sido completamente esquecida.

Dimensão político-social

O ensino-aprendizagem

de que estamos falando

acontece numa escola que está

situada em um local

determinado, numa certa época

histórica, que segue

HTTP://WWW.MARAVILHA.SC.GOV.BR/IMG/NOTICIAS/DIVERSAS%20FOTOS%20035.JPG

Page 28: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

28

Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 3

orientações e diretrizes de profissionais da Educação e das políticas

governamentais. Estas últimas têm uma influência muito grande através

da legislação e normas que afetam a escola. Além disso, grande parte dos

estabelecimentos de ensino básico está diretamente subordinada ao

Estado.

Sabemos que professores, diretores, alunos, pais, técnicos,

funcionários, autores de livros didáticos, editores que produzem material

pedagógico são pessoas reais, que vivem num tempo e numa cultura

específica. Têm posições políticas e sociais que são transmitidas em seus

trabalhos e nas suas relações com a escola.

Esta pretende que as crianças, os jovens e os adultos se eduquem

para serem membros participantes da sociedade, contribuindo para seu

progresso e desenvolvimento. Daí o caráter político-social que a Didática

assume quando considera os elementos que influenciam a aprendizagem

do aluno.

Dimensão técnica

Por último, a aprendizagem é um processo intencional, isto é,

orientado por objetivos a serem alcançados por seus participantes.

Interessa a esse processo que os alunos consigam aprender bem o que se

propõe, através da organização de condições apropriadas.

Aspectos como definição de objetivos, seleção de conteúdos,

técnicas e recursos de ensino, organização do processo de avaliação e

escolha de técnicas avaliativas, planejamento de curso e de aulas

constituem o núcleo da dimensão técnica do processo de aprendizagem.

Esta é a terceira dimensão sobre a qual a Didática se debruça ao tratar do

processo de ensino-aprendizagem que acontece na escola e na aula em

particular.

Page 29: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

29

Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 3

Estas dimensões, articuladas e integradas entre si, compõem a

Didática fundamental, que na visão de Candau (2002), é a concepção que

expressa às mudanças que estão ocorrendo na compreensão e nas práticas

escolares, desde o final dos anos de 1970, com as críticas à Didática

instrumental.

Até este período, ou seja, entre os anos de 1950 e 1970, como

vimos na unidade anterior, setores conservadores da educação faziam a

defesa da neutralidade científica da didática, apoiados no tecnicismo

pedagógico fortemente presente na legislação educacional vigente e no

cotidiano das salas de aula. Os planos de ensino, a formulação de

objetivos, a seleção de conteúdos, as técnicas de exposição e de condução

de trabalhos em grupo e a utilização das tecnologias nas atividades

educativas ganham relevância nesse cenário.

Neste enfoque instrumental, o processo de ensino e aprendizagem é

desenvolvido a partir de uma visão reducionista e neutra. Esta Didática

Instrumental é definida por Candau como:

um conjunto de conhecimentos técnicos sobre o “como fazer”

pedagógico, conhecimentos estes apresentados de forma universal

e, consequentemente, desvinculados dos problemas relativos ao

sentido e aos fins da educação, dos

conteúdos específicos, assim como

do contexto sociocultural concreto

em que foram gerados.

(Candau,2002, p.13-14).

A Didática instrumental sofre

inúmeras criticas a partir da década de

1970. Nesta ótica, a Didática é vista de uma

HTTP://CENFOPMATEMATICASIGNIFICATIVA.FILES.WORDPRESS

.COM/2010/06/IMAGEM.JPG

Page 30: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

30

Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 3

forma global, sem vínculos com as questões que fazem parte dos sentidos

e dos fins educacionais. Seus críticos defendem a necessidade de se

definir um projeto de sociedade que contemple uma concepção de escola

transformadora da realidade onde ela se insere.

Em seus estudos, no início dos anos de 1980, Candau (2002) afirma

a necessidade da superação desse modelo instrumental e coloca a

urgência da adoção de um modelo mais crítico, que ela denomina de

Didática fundamental. Em sua proposta, a Didática fundamental deve

assumir a multidimensionalidade do processo ensino-aprendizagem e

promover uma articulação entre as dimensões humana, técnica e político-

social, vistas no início desta unidade.

Enquanto a Didática instrumental concebe a Didática como

conjunto de instrumentos e técnicas para um ensino eficiente, a Didática

fundamental preocupa-se com a compreensão do processo ensino-

aprendizagem e as formas de intervenção pedagógica, articulando o

“fazer” com o sentido ético e político do projeto educativo como um

todo. (CANDAU, 2002, p. 74).

Atualmente há um consenso de que a Didática, como área de

estudo, focaliza quatro pressupostos, de acordo com Veiga (2004, p.49):

A educação como prática social é um processo construtivo e

permanente de emancipação humana;

Compromisso com a democratização da escola pública e,

consequentemente, com o ensino de melhor qualidade voltado

para os interesses das classes populares;

O professor, como agente social, que procura colocar em questão

a lógica modernizadora;

Page 31: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

31

Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 3

A metodologia de pesquisa como modo de apropriação ativa de

conhecimento, bem como o desenvolvimento de habilidades

básicas de investigação.

Muito embora estes estudos recentes demonstrem os avanços na

compreensão da Didática, Veiga diz que algumas questões ainda

permanecem, como a variedade de conceitos de didática, evidenciando

que não há um conceito que satisfaça a todos, assim como não há um

consenso sobre seu objeto de estudo, que pode ser apontado tanto como o

processo ensino-aprendizagem ou o ensino, como a aula, a prática

pedagógica ou o trabalho docente. (idem, p.52).

Apesar disto, são muitos os indícios de mudança, ainda de acordo

com a pesquisadora (2004, p.52):

Ampliação dos debates em torno da questão da didática, buscando

alternativas mais condizentes com a realidade educacional

brasileira;

Envolvimento crescente de interessados no debate sobre a

formação de professores e o papel nela desempenhado pela

Didática;

Perspectiva metodológica para o desenvolvimento da pesquisa em

Didática, apresentando novos rumos no sentido de empregar uma

abordagem mais qualitativa, utilizando-se a etnografia, o estudo

de caso, a pesquisa-ação;

Preocupação maior com a formação dos professores de didática;

Tentativas de construção da didática baseada no cotidiano

escolar;

Page 32: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

32

Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 3

Preocupação com novos temas mobilizadores, emergentes e

abertos à reflexão didática;

Compreensão do ensino como processo complexo e

multirreferencial.

3.2 Atividades

1) Leia com atenção o trecho abaixo e depois esboce uma

reflexão sobre a necessidade de uma nova didática para uma

nova sociedade.

“Vê-se que a responsabilidade social da escola e dos professores é

muito grande, pois cabe-lhe escolher qual concepção de vida e de

sociedade deve ser trazida à consideração dos alunos e quais

conteúdos e métodos lhes propiciam o domínio dos conhecimentos

e a capacidade de raciocínio necessários à compreensão da

realidade social e á atividade prática na profissão, na política, nos

movimentos sociais. Tal como a educação, também o ensino é

determinado socialmente..Ao mesmo tempo que cumpre objetivos

e exigências da sociedade conforme interesses de grupos e classes

sociais que a constituem, o ensino cria condições metodológicas e

organizativas para o processo de transmissão e assimilação de

conhecimentos e desenvolvimento das capacidades intelectuais e

processos mentais dos alunos tendo em vista o entendimento

crítico dos problemas sociais”. (LIBÂNEO, 1990, p. 22).

2) Defina a Didática instrumental e a Didática fundamental.

Page 33: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

33

Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 3

3.3 Reflexão

Podemos concluir que o momento de crítica ao tecnicismo didático

foi importante como marco inicial da elaboração de novas reflexões e

propostas para uma Didática mais crítica, condizente com as perspectivas

atuais de formação de educadores mais engajados e preocupados com

uma prática docente consciente, politizada e responsável.

3.4 Leitura recomendada

VEIGA, I. P. A. (coord.). Repensando a Didática. Campinas, SP:

Papirus, 2004.

O livro, com uma série de artigos de renomados educadores da

contemporaneidade que tem se dedicado aos estudos na área, propõe-se a

repensar o papel da Didática na formação de professores do ensino

fundamental e do ensino médio, contribuindo para ampliar e aprofundar

as reflexões acerca da proposta de uma Didática voltada para a efetivação

da prática pedagógica crítica.

3.5 Referências bibliográficas

CANDAU, V. M. A. revisão da didática. In: CANDAU, V. M. (org.).

Rumo a uma nova Didática. 13. Ed. Petrópolis: Ed Vozes, 2002.

_____________ Da didática fundamental ao fundamental da didática. In:

ANDRÉ, M. E. D. A; OLIVEIRA, M. R. N. S. (orgs.). Alternativas no

ensino de Didátca. 5. Ed. São Paulo: Papirus, 2003.

Page 34: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

34

Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 3

VEIGA, I. P. A. Didática: uma retrospectiva histórica. In: VEIGA, I. P.

A. (coord.). Repensando a Didática. Campinas, SP: Papirus, 2004.

NETO, J.M. S. A eficácia da Didática no ensino superior. Disponível

em <HTTP://www.meuartigo.brasilescola.com/educacao/a-eficacia-

didatica-ensino-superior>>

3.6 Na próxima unidade

Nossas ações são sempre embasadas em concepções, ideias ou

teorias, embora nem sempre isto esteja claro para nós. Na educação

também é assim. Na próxima unidade vamos explicitar as tendências

pedagógicas que fundamentam as práticas dos professores no dia a dia

das escolas.

Page 35: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

A DIDÁTICA E AS ABORDAGENS DO

ENSINO NA EDUCAÇÃO ESCOLAR

Nesta unidade você vai estudar as diferentes

abordagens pedagógicas que norteiam a ação docente nas

escolas. Conhecer estas perspectivas de ensino e

aprendizagem que fundamentam a prática educativa é muito

importante para a elaboração ou reelaboração da sua concepção de

educação e construção de uma prática coerente e coesa.

Objetivo da sua aprendizagem

Você vai conhecer as principais abordagens pedagógicas e suas

implicações para as ações desenvolvidas pelos professores nas escolas.

Você se lembra?

Você se lembra dos professores que marcaram sua formação

escolar? Alguns podem ter deixado uma boa lembrança, outros, nem

tanto. As atitudes dos professores estão relacionadas às abordagens

de ensino que fundamentam suas práticas.

Page 36: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

36

Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 4

4.1 As tendências pedagógicas na prática escolar

As concepções das práticas dos educadores estão intimamente

relacionadas com o conhecimento e a reflexão sobre as abordagens

pedagógicas que norteiam essas práticas no cotidiano das nossas escolas.

Diversos estudos têm sido realizados acerca da Didática e suas relações

com estas abordagens pedagógicas, que representam as concepções que

os educadores têm a respeito do ensino. Em geral, os autores concordam

em classificá-las em dois grandes grupos, como pode ser encontrado em

Libâneo (1990):

Corrente Liberal Corrente Progressista

Pedagogia tradicional Pedagogia Libertadora

Pedagogia renovada Pedagogia crítico-social dos

conteúdos

Tecnicismo pedagógico

Mizukami (1986) apresenta uma classificação diferente, dividindo

as concepções em cinco abordagens: tradicional, comportamentalista,

humanista, cognitivista, sociocultural. Consideramos que esta divisão

ganhando destaque, em função das modificações no contexto sócio-

político pedagógico.

Este é um tema bastante complexo que necessita de

aprofundamento e crítica, mas, vamos analisar, ainda que, brevemente, a

classificação de Mizukami:

Page 37: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

37

Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 4

Abordagem Tradicional

A ênfase é a sala de aula. Os alunos são instruídos pelo professor,

os conteúdos e as informações devem ser adquiridos e os

modelos, imitados;

A preocupação maior é com a quantidade de noções, conceitos e

informações, do que com o desenvolvimento da capacidade

reflexiva do aluno;

O ensino é predominantemente verbal e ao aluno cabe a

memorização do conteúdo verbalizado;

Os conteúdos são apresentados de forma acabada e as tarefas são

padronizadas;

Enfim, a abordagem tradicional enfatiza a transmissão de

conceitos e a imitação de modelos aprendidos.

Abordagem Comportamentalista

Ênfase no arranjo de condições

externas que podem levar a aluno

a aprender. O professor é o

responsável pela aquisição de

conhecimentos do aluno;

Os comportamentos esperados dos alunos são instalados e

mantidos por condicionantes e reforços arbitrários, como elogios,

notas, prêmios, ou mesmo, o diploma, as vantagens da futura

profissão, possibilidade de ascensão social, etc.;

A aprendizagem é garantida pelo programa estabelecido. Os

elementos do processo ensino e aprendizagem são o aluno, um

objeto de aprendizagem e um plano para alcançar o objetivo

proposto;

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Page 38: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

38

Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 4

A abordagem comportamentalista visa, então, a obtenção de um

comportamento que deve ser mantido.

Abordagem Humanista

O ensino é centrado na pessoa, o que implica orientá-la na sua

experiência para que ela possa estruturar-se e agir;

A atitude básica a ser desenvolvida é a de confiança e de respeito

ao aluno;

A aprendizagem tem a qualidade de um envolvimento pessoal. A

pessoa é considerada em sua sensibilidade e sob o aspecto

cognitivo é incluída de fato na aprendizagem. O sentido da

descoberta vem de dentro, mesmo que o estímulo venha de fora;

A aprendizagem é significativa, suscita mudanças no

comportamento e nas atitudes e é avaliada pelo aluno, que

aprende a buscar suas necessidades;

Portanto, nesta abordagem, a pessoa está incluída no processo de

ensino-aprendizagem.

Abordagem Cognitivista

Enfatiza a forma de organização do conhecimento, do

processamento das informações e dos comportamentos relativos à

tomada de decisões;

A ênfase está, assim, na capacidade do aluno de integrar

informações e processá-las. O que é priorizado são as atividades

do sujeito, considerando-o inserido numa situação social;

O ensino é baseado na tentativa e erro, na pesquisa e investigação,

na busca da solução de problemas pelo aluno, para desenvolver o

Page 39: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

39

Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 4

raciocínio, e não no ensino de fatos. A ênfase é nos processos e

não no produto;

A aprendizagem se realiza quando o aluno elabora seu

conhecimento, porque para conhecer um objeto é preciso agir

sobe ele;

Não existem currículos fixos, pelo contrário, os alunos devem ser

colocados frente situações desafiadoras e novas, como os jogos,

visitas, excursões, trabalhos em grupo, teatros, etc.

Abordagem sociocultural

A relação de ensino-

aprendizagem deve procurar

a superação da relação

opressor-oprimido através

de atitudes como a de se

colocar no lugar do outro,

bem como a de transformar

a situação geradora de opressão;

A educação deve ser problematizadora, buscando o

desenvolvimento da consciência crítica e da liberdade como

meios de superar as contradições da educação tradicional;

Educador e educando são sujeitos do mesmo processo;

A educação representa um esforço permanente de perceber

criticamente o mundo, levando o indivíduo a assumir seu papel de

sujeito criador.

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Page 40: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

40

Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 4

4.2 Atividades

1) Faça uma pesquisa bibliográfica para compreender melhor as

características das abordagens pedagógicas, principalmente em

relação aos seguintes aspectos: o que é aprender? O que é ensinar?

Como conceber os métodos e técnicas de ensino?

4.3 Reflexão

O fenômeno educativo pode ser concebido de diferentes formas,

uma vez que ele é multidimensional. Assim, não há uma única teoria que

possa explicá-lo de forma absoluta. Por isto, é importante considerar as

diversas perspectivas, abordagens ou tendências apresentadas como

tentativas de compreensão deste complexo fenômeno que é a educação.

Elas permitem um aprofundamento de aspectos relevantes, relacionados

diretamente a pratica educativa, contribuindo para a construção de uma

ação docente mais crítica e coerente com os fundamentos teóricos que a

sustentam.

4.4 Leitura recomendada

MIZUKAMI, M. G. N. Ensino: As abordagens do processo. São

Paulo: EPU, 1986.

O livro analisa conceitos básicos de cinco abordagens do processo

de ensino-aprendizagem a partir de categorias como: homem, mundo,

sociedade/cultura, conhecimento, educação, escola, ensino-

aprendizagem, professor-aluno, metodologia e avaliação.

Page 41: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

41

Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 4

FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1885.

A obra é vista por muitos intelectuais como sendo a obra-prima

freireana. O tema central da referida obra diz respeito à ideia de que deve

existir um intercâmbio contínuo de saber entre educadores e educandos,

com o escopo de que os últimos não se limitem a repetir mecanicamente

o conhecimento transmitido pelos primeiros. Por meio do diálogo entre

professores e alunos, estabelecem-se possibilidades comunicativas em

cujo cerne está a transformação do educando em sujeito de sua própria

história, traduzida em diferentes idiomas, a Pedagogia do Oprimido

revela que a educação conscientiza os indivíduos sobre as diversas

contradições e disparidades do mundo, de modo a incutir-lhes a demanda

por mudanças na realidade social.

4.5 Referências bibliográficas

MAZETO, M. Didática: a aula como centro. São Paulo: FTD, 1997.

MIZUKAMI, M. G. N. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo:

EPU, 1986.

LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1990.

4.6 Na próxima unidade

A partir deste resumo sobre as abordagens de ensino apresentadas

por Mizukami, poderemos refletir, na próxima unidade sobre algumas

ideias importantes acerca do processo de ensino e aprendizagem.

Page 42: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

O PROCESSO DE ENSINO E

APRENDIZAGEM

Necessitar de aprendizado para desenvolver

capacidades que lhes são próprias é uma característica

especificamente humana. Este aprendizado pode se dar de

várias formas, mas nos interessa aqui o aprendizado escolar,

dada a sua intencionalidade

Você se lembra?

Na sua infância, quais eram os seus modelos de imitação? Você,

com certeza, já observou como as crianças imitam o adulto, não é? Elas

imitam para aprender, pois necessitamos de aprendizado para nos

tornarmos pessoa humana.

Page 43: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

43

Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 5

5.1 Aprendizagem e ensino

O ser humano, como uma entre as várias espécies animais sobe a

Terra, também desenvolveu formas de convivência, reprodução,

acasalamento e defesa. Mas, além desses processos, desenvolveu

capacidades que dependem do aprendizado, e que, ao contrário das outras

espécies, não são transmitidas aos seus descendentes por carga genética,

mas por processos educativos.

Essa característica especificamente humana de necessitar de

aprendizado para atividades que lhes são próprias, só se tornou possível

porque o ser humano é capaz de criar símbolos, como a linguagem,

através dos quais dá significado às suas experiências e as transmite a seus

semelhantes.

Sem desconsiderar as diversas formas ou modalidades através dos

quais esses processos educativos podem se dar, como a família, os meios

de comunicação de massa, os grupos religiosos e políticos, etc., vamos

enfatizar aqui a instituição escolar, pela sua expressa intencionalidade na

concretização deste fim.

Ou seja, “é através da sua capacidade de aprender que o aluno se

desenvolve como ser humano e como cidadão”, como afirma Mazeto

(1987, p.45). De acordo com ele, a escola e o professor trabalham com a

perspectiva de uma aprendizagem permanente do aluno, um processo que

não termina. “Aprende-se e sempre” (idem, p.45).

Aprender envolve ações como: buscar informações, rever a

própria experiência, adquirir conhecimentos, desenvolver habilidades,

adaptar-se a mudanças, mudar comportamentos, descobrir o sentido das

coisas, dos fatos, dos acontecimentos, ações enfim, relacionadas para o

Page 44: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

44

Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 5

aluno enquanto agente responsável pela sua aprendizagem, ainda

segundo Mazeto.

Ensinar, por sua vez, está relacionado a ações como: instruir,

fazer saber, comunicar conhecimentos, mostrar, guiar, orientar, dirigir,

desenvolver habilidades, apontado para o professor como agente

responsável pelo ensino. Estas ações, no entanto, são indissociáveis,

porque o ensinar se define em função do aprender.

Para Veiga, porém, este processo é mais amplo e envolve outras

dimensões. Para ela:

O processo didático tem por

objetivo dar respostas a uma

necessidade: ensinar. O resultado

do ensinar é dar resposta a uma

outra necessidade: a do aluno que

procura aprender. Ensinar e

aprender envolvem o pesquisar. E

essas três dimensões necessitam do

avaliar. Esse processo não se faz de forma isolada. Implica

interação entre sujeito ou entre sujeitos e objetos. (VEIGA,

2008,p.13).

Ainda de acordo com a autora, uma das tarefas mais

representativas do processo didático é o ensino e para compreender um

pouco melhor esta tarefa, vamos nos basear num trabalho desta autora,

que diz respeito a uma pesquisa realizada por ela, em diferentes

momentos de participação sua em eventos educacionais promovidos por

secretarias estaduais e municipais de educação e instituições de educação

superior, sobre as concepções de professores sobre o ensino.

HTTP://PEREGRINACULTURAL.FILES.WORDPRESS.COM/2009/

10/PROFESSORA-ENSINANDO-FRACOES.JPG

Page 45: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

45

Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 5

Veiga registrou e agrupou os diferentes significados de ensinar

apresentados pelos docentes nos seguintes enunciados, conforme está em

seu texto “Ensinar: uma atividade complexa e laboriosa” (VEIGA, 2008

p.13-33):

Ensinar é um ato intencional;

Ensinar significa interagir e compartilhar;

Ensinar exprime afetividade;

Ensinar pressupõe construção de conhecimento e rigor

metodológico;

Ensinar exige planejamento didático.

Ensinar é um ato intencional

O ato de ensinar é carregado de intencionalidade. O ensino exige

uma direção, um norte que remeta a uma diversidade de objetivos mais

detalhados e complexos, que se refletem na tríplice dimensionalidade das

finalidades da educação brasileira: pleno desenvolvimento do educando,

seu preparo para a cidadania e sua qualificação para o trabalho (LDBEN

9394/96, art. 2º). Esta intencionalidade ocorre no âmbito de uma

organização escolar que é, muitas vezes, burocrática e fragmentada, e por

outro lado, não é também, independente do contexto social, exigindo uma

reflexão constante sobre o lugar do educando na instituição e na

sociedade, nas relações entre os seres humanos.

Para buscar a qualidade do ensino, é preciso ter em mente os

objetivos socioculturais da educação e questionar-se: Que tipo de

sociedade queremos? Que tipo de homem pretendemos formar? Que

concepções de cidadania e de trabalho permeia nossa ação docente? Os

professores devem, assim, ter clareza dos fins e objetivos que pretendem

atingir com seu trabalho.

Page 46: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

46

Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 5

Ensinar significa interagir, compartilhar

A ideia que permeou muitas respostas é a de que ensinar significa

trabalhar com seres humanos, sobre seres humanos, para seres humanos.

É um ato que implica interações variadas com os alunos, com professores

e outros profissionais, interações concretas entre pessoas. As respostas

dos professores apontam que o ensino é uma das dimensões

representativas do processo didático.

Ensinar exprime afetividade

O ensino se expressa por meio da afetividade, que favorece as

trocas entre professor e os alunos. Permear o ensino com afetividade é

fortalecer o processo de conquista para despertar o interesse do aluno. O

professor precisa contar com a colaboração e a confiança dos alunos para

consolidar o sucesso de educar. A afetividade não é isolada da dimensão

cognitiva, propiciando uma disposição do aluno para problematizar,

conhecer, buscar, investigar, encontrar solução, dedicar-se com atenção,

afeto, prazer e alegria. Para aprender, a aluno precisa ter desenvolvido

não somente sua capacidade de pensar, mas também sua capacidade de

perceber e sentir suas emoções, seus conflitos, suas alegrias, seus

bloqueios afetivos. Ensinar envolve, portanto, disponibilidade para lidar

com o outro. Envolve gosto e identificação com a docência.

Ensinar pressupõe construção de conhecimento e rigor

metodológico

A construção do conhecimento não é apenas do aluno, pois o

conhecimento se constrói por meio da mediação social que pode estar

mais ou menos presente. Por isso, na situação de ensino há necessidade

da ação mediada pelo professor para articular as relações que compõem o

Page 47: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

47

Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 5

objeto de estudo e o caminho para sua descoberta ou redescoberta,

articulando também o conhecimento a ser trabalhado com a realidade

social em que ele se originou. Além disso, é preciso que o professor

proponha atividades estratégicas didáticas necessárias a esta construção e

que o processo possa ser adequadamente acompanhado e avaliado. Os

relatos permitem à autora afirmar que o papel do conhecimento é

colaborar na formação do aluno na sua globalidade: como pessoa, como

cidadão crítico e criativo e como futuro trabalhador. E o papel do

professor é provocar a mediação entre aluno, conhecimento e realidade.

Ensinar exige, assim, a determinação do como, do método a ser utilizado

para o desenvolvimento do aluno.

Ensinar exige planejamento didático

Ensinar é um trabalho planejado no contexto de uma organização

escolar, significando pensar sobre algumas questões: Por que, para que e

como ensinar? Quem ensina? Quem aprende? Quais os resultados do

ensino? Mas não se pode conceber o planejamento como uma ação

técnica e linear. Cabe ao professor a responsabilidade de planejar o

ensino de forma participativa, considerando as outras dimensões do

processo didático e as orientações do projeto pedagógico da escola.

A autora apresentou os

eixos estruturais do ato de

ensinar na ótica dos

professores, mas ela nos

lembra que há muitas outras

maneiras de compreender o

ensino, ressaltando que é uma

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48

Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 5

prática social que se realiza não só através do professor, mas também

pela compreensão de contextos sociais mais amplos, situando o ensino

para além da sala de aula. Ao professor cabe, então, sensibilizar-se com

as demandas sociais, dialogar coma realidade, buscando formas

alternativas para o desenvolvimento de temas e estimulando o aluno com

questionamentos, para ajudá-lo a chegar ás suas próprias elaborações.

Mais do que isso, é desenvolver as potencialidades de uma pessoa.

É uma atividade profissional laboriosa, que exige preparo,

compromisso e responsabilidade do professor para instrumentalizar

política e tecnicamente o aluno, ajudando-o a constituir-se como

sujeito social. (VEIGA, 2008, p.29).

5.2 Atividades

1) Leia o livro “Pedagogia da autonomia!”, do educador Paulo

Freire, recomendado como leitura complementar nesta unidade, e

sintetize suas ideias, destacando as exigências do ensino que você

considera mais relevantes, de acordo com as proposições do autor

na obra.

2) Leia o texto de Ilma Passos Veiga, “Ensinar: uma atividade

complexa e laboriosa”, utilizado como referência para esta

unidade e explique porque, segundo ela, o ensino é uma atividade

formativa?

Page 49: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

49

Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 5

5.3 Reflexão

A complexidade da tarefa de ensinar exige um esforço na

constituição de um marco teórico que se apresente indagador e rigoroso,

que investigue os fundamentos e as práticas formativas. Desta maneira, o

ensino deve estabelecer relações com o contexto social mais amplo,

refletindo sobre os valores da sociedade em geral, bem como sobre os

valores, interesses e necessidades da comunidade local onde as unidas

escolares estão inseridas. Se o ensino passar a ser concebido desta

maneira, de acordo com Veiga, estará respondendo a três desafios:

1- É uma tarefa humana;

2- Tem o desafio da dimensão afetiva, do compartilhamento, da

interação;

3- Tem o desafio de seu papel cognitivo, pelo fato de permitir que

cada aluno construa seu conhecimento graças ao emprego de uma

diversidade metodológica e tecnológica.

E, finalizando com a autora:

“O ensino é carregado de razão e emoção, é o espaço para a vida,

para a vivência das relações entre professores e alunos, para ampliação

da convivência socioafetiva e cultural dos alunos.” (idem, p.32).

5.4 Leitura recomendada

FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários à

prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 24ª edição, 2002.

Nesse livro, Paulo Freire reflete sobre saberes necessários a uma

prática educativa crítica, fundamentados nua ética pedagógica e numa

Page 50: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

50

Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 5

visão de mundo alicerçadas em rigorosidade, pesquisa, criticidade, risco,

humildade, bom senso, tolerância, alegria, etc.

VEIGA, I. P. A. Ensinar: uma atividade complexa e laboriosa. In:

VEIGA, I. P. A. (org.). Lições de Didática. Campinas: São Paulo. 3ª

Edição, 2008, p.13 -33.

No artigo a autora apresenta uma síntese de algumas concepções

sobre o ensino, apresentando uma revisão das teorias de ensino, seus

fundamentos e suas características básicas. Em seguida, a autora discute

os dados de sua pesquisa com professores a respeito do significado do

ensino para eles.

5.5 Referência bibliográfica

MAZETO, M. Didática: a aula como centro. São Paulo: FTD, 1997.

VEIGA, I. P. A. (org.). Lições de Didática. Campinas: São Paulo. 3ª

Edição, 2008.

HOKAMA, M. G. Pensando (bem) na escola: o lugar das habilidades de

pensamento no planejamento das atividades de ensino e aprendizagem.

Dissertação de mestrado. Universidade Estadual Paulista Julio de

Mesquita Filho. UNESP/Araraquara, 2000.

Page 51: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

51

Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 5

5.6 Na próxima unidade

As ideias de Veiga e dos autores estudados nesta unidade nos

remetem à necessidade do aprofundamento a respeito da formação

docente, tema que será analisado na próxima unidade.

Page 52: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

FORMAÇÃO DOCENTE

A formação de professores está passando

por um momento de profunda revisão no Brasil.

Entre outras questões, os pontos impulsionadores desta

revisão se relacionam ao questionamento do papel exercido

pela educação na sociedade, a falta de clareza sobre a função

do educador e a redefinição dos cursos de licenciaturas em geral.

A formação para a docência no nível superior é mais um dos

grandes desafios que se fazem urgentes nesse momento e que

analisaremos nesta unidade.

Objetivos da sua aprendizagem

Você irá refletir sobre a formação do professor, seus pressupostos

e os novos desafios para uma atuação docente competente,

especialmente no nível da docência para o ensino superior.

Você se lembra?

Durante a sua graduação, algum professor marcou a sua

trajetória? Você diria que aquele professor tinha uma boa

didática? Reflita sobre isto.

Page 53: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

53

Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 6

6.1 A formação profissional do professor

A formação profissional do professor é composta por um conjunto

de disciplinas coordenadas e articuladas entre si e seus objetivos e

conteúdos devem estar voltados para possibilitar uma unidade teórico-

metodológica do curso, qualquer que seja o nível de ensino para o qual

este professor está se preparando para atuar. Ela é um processo

pedagógico, intencional e organizado, de preparação teórico-científica e

técnica do professor para dirigir competentemente o processo de ensino,

como afirma Libâneo ( 1990, p. 27).

Sendo assim, de acordo com o autor, a formação do professor

abrange as dimensões teórico-científica, incluindo aí a formação

acadêmica específica nas disciplinas em que o docente irá se

especializar-se e a formação pedagógica – conhecimentos da Filosofia,

Sociologia, História da Educação e da Pedagogia, que contribuem par o

esclarecimento do fenômeno educativo no contexto histórico-social: e a

formação técnico-prática, que visa à preparação profissional específica

para a docência – Didática, as metodologias das matérias, Psicologia da

Educação, Pesquisa educacional, etc.

Esta maneira de organizar os conteúdos da formação de

professores, em aspectos teóricos e práticos, não significa sua separação

ou isolamento. Ao contrário, eles devem estar integrados e articulados.

As disciplinas teórico-científicas referem-se à prática escolar e seus

estudos, realizados no âmbito da formação acadêmica, devem estar em

consonância com aqueles de formação pedagógica que tratam das

finalidades da educação e dos condicionantes históricos, sociais e

políticos da escola. Os conteúdos das disciplinas específicas também

Page 54: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

54

Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 6

precisam estar relacionados com as exigências metodológicas dessas

áreas.

Com relação à formação técnico-prática, é importante enfatizar que

seus conteúdos não podem ser reduzidos ao domínio de técnicas e regras,

os aspectos teóricos devem ser considerados, ao mesmo tempo em que

fornecem à teoria os problemas e desafios da prática. Como afirma

Libâneo:

A formação profissional do professor implica, pois, uma contínua

interpenetração entre teoria e prática, a teoria vinculada aos

problemas reais postos pela experiência prática e a ação prática

orientada teoricamente. (LIBÂNEO, 1990, p.28).

Para Candau (2005), esta interpenetração não ocorre e, aliada à

saturação do mercado de trabalho e à falta de uma formação cultural

geral consistente, entre outras questões, tem nos colocado diante de uma

crise e da necessidade urgente de redefinição dos sistemas de formação

docente, em todos os níveis. Para chegar a esta afirmação, a autora

analisou a bibliografia sobre a formação docente e agrupou os estudos em

quatro perspectivas: centrados na norma; centrados na dimensão técnica;

centrados na dimensão humana; centrados no contexto.

Centrados na norma: Partem da legislação vigente e analisam a

adequação da realidade aos instrumentos legais, sem uma reflexão crítica

e questionadora desses instrumentos. A ênfase recai sobre a verificação

das dificuldades ou entraves para o cumprimento do estipulado e a

proposição de medidas que superem os problemas encontrados. O

educador é visto como o responsável pela observância da norma, muitas

vezes de caráter formal.

Centrados na dimensão técnica: A atenção é para a organização e

operacionalização dos componentes do processo de ensino-

Page 55: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

55

Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 6

aprendizagem: objetivos, seleção de conteúdos, estratégias e ensino,

avaliação, etc. Estes estudam analisam a prática educativa, propondo

experimentos comparando metodologias e verificando seus resultados na

aprendizagem. São privilegiadas as variáveis processuais de natureza

técnica. O educador é visto como um organizador de condições de

ensino-aprendizagem que devem ser rigorosamente planejadas para

garantir resultados “ótimos”. É um enfoque tecnicista de formação

docente.

Centrados na dimensão humana: Estes são os estudos que

enfatizam a relação interpessoal dos processos formativos. O foco é nas

condições que devem estar presentes para possibilitar a comunicação,

direta ou indireta para que ela seja facilitadora da aprendizagem. São

privilegiadas também as variáveis processuais, porém, mais

especificamente os componentes relativos á interação humana. O

processo de formação prioriza a aquisição das atitudes necessárias para

mobilizar a capacidade humana de autoaprendizagem, que possibilite o

desenvolvimento pleno, intelectual e emocional.

Centrados no contexto: Nestes estudos centralizam a preocupação

com o contexto socioeconômico e político em que se situa a formação de

educadores. É uma perspectiva crítica em relação às anteriores, que

minimizam esta análise. Nesta perspectiva, a educação é vista como uma

prática social diretamente relacionada com as questões do sistema social

na qual ela se insere. Neste enfoque, a prática educativa nunca é neutra,

está a serviço da manutenção do “status quo” ou da sua transformação,

sendo esta uma questão central, ou seja, construir uma prática educativa

transformadora.

Candau afirma que a formação de professores a partir das

perspectivas apresentadas nestes estudos, parece privilegiar determinados

Page 56: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

56

Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 6

aspectos, ou processuais ou contextuais, ou ainda alguma das dimensões

técnica, humana ou contextual, e acaba tendendo a um reducionismo.

Para ela, a educação é um processo muldimensional, que apresenta as

dimensões técnica, humana e político-social de forma articulada e

coerente. O desafio é justamente construir esta visão, que parta da

perspectiva da educação como prática social inserida num contexto

determinado, sem deixar de lado os aspectos processuais.

A formação de educadores adquire assim uma perspectiva

multidimensional. Trabalhar nesta perspectiva e traduzi-la em

termos de currículos e dinâmica de formação, eis, para nós, o

grande desafio do momento. (CANDAU, 2005, p.55).

6.2 A formação do docente para o nível superior

Reestruturar a formação de professores numa perspectiva

multidimensional é também um dos grandes desafios do ensino no nível

superior, como não poderia deixar de ser. A preocupação com a formação

deste profissional do ensino pode ser constatada, de forma mais

contundente nos últimos anos, não só no Brasil, como em diversos

países, especialmente aqueles com notável desenvolvimento econômico.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional admite uma variedade

de instituições de ensino superior.

Universidade: Instituições de ensino superior que se caracterizam

pela autonomia didática, administrativa e financeira e pelo objetivo

tríplice de oferecer ensino, pesquisa e extensão à comunidade,

necessitando para isto de um número considerável de mestres e doutores

no seu quadro de docentes.

Page 57: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

57

Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 6

Centro Universitário: Estas instituições atuam em uma ou mais

áreas de formação superior, com autônoma para abrir ou fechar cursos e

vagas de graduação e ensino de excelência.

Faculdades Integradas: É a reunião de instituições de diferentes

áreas do conhecimento que oferecem ensino superior, podendo oferecer

também, extensão e pesquisa.

Institutos ou Escolas Superiores: Oferecem ensino superior em

áreas específicas do conhecimento, podendo fazer pesquisas. Dependem

do Conselho Nacional de Educação para a criação de novos cursos.

A expansão da educação superior

traz em seu bojo, a necessidade de maior

qualificação do seu pessoal docente. A

preocupação com a qualidade dos

resultados do ensino superior, sobretudo

na graduação, demonstra a importância

da preparação desses docentes no campo

específico e no campo pedagógico.

Durante muito tempo permaneceu a crença de que um professor

universitário necessitava apenas dos conhecimentos práticos e teóricos

referentes à sua área de atuação e uma boa comunicação. Até

recentemente não se verificava uma preocupação dos órgãos

governamentais com a formação docente em nível superior, a não ser

com relação á formação do pesquisador.

As novas demandas sociais, no entanto, vêm mudando estas

percepções. O aprendizado está tomando novas dimensões no que diz

respeito à pedagogia, enquanto ciência da educação e à Didática,

enquanto arte de ensinar. Exige-se do professor universitário, hoje, além

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GEM.PHP?W=280&FOTO=../IMG/BLOG/COTA.JPG

Page 58: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

58

Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 6

A palavra Pedagogia tem origem na Grécia, paidós

(criança) e agogé (condução). O termo pedagogo, surgiu na

Grécia Clássica, com o significado de preceptor, mestre, guia, aquele que

conduz; era o escravo que conduzia os meninos até o

paedagogium .,

Em 1970 , Malcom Knowles publicou a obra “The Adult Learner - A Neglected

Species" (1973), introduzindo e definindo o termo Andragogia - A Arte e Ciência de Orientar Adultos a Aprender.

Daí em diante, muitos educadores passaram a se dedicar ao tema,

surgindo ampla literatura sobre o assunto. (http://www.rau-

tu.unicamp.br/nou-

rau/ead/document/?view=2

dos conhecimentos específicos, o domínio dos saberes pedagógicos

necessários para tornar o ensino eficaz, além de uma

formação geral ampla, que lhe possibilite um

maior conhecimento de mundo, do ser

humano, de ciência e de educação.

Para alguns estudiosos, a preparação

deste profissional está mais relacionada à

andragogia do que à pedagogia. A pedagogia,

na sua origem, refere-se à condução de crianças.

Os alunos dos cursos universitários estão

numa faixa etária mais próxima dos adultos do

que das crianças, por isto, para estes

estudiosos, os cursos desta natureza

não atendem às necessidades desta formação e sim

os cursos que se fundamentam nos princípios da

andragogia, que se refere à arte e a ciência de

conduzir adultos ao aprendizado.

Princípios da Andragogia:

Conceito de aprendente:

alternativa ao conceito de aluno ou

formando. O aprendente é responsável

pela sua aprendizagem e estabelece e

delimita o seu percurso educacional.

Necessidade de conhecimento:

O adulto, ao contrário da criança, sabe

HTTP://PT.WIKIPEDIA.ORG/WIKI/PEDAGOGIA

Page 59: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

59

Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 6

Conexão: No texto “Andragogia: A

Aprendizagem nos Adultos” do prof Roberto de Albuquerqe

Cavalcanti você encontra mais informações sobre este conceito e sua utilização no ensino superior.

Ela está disponível em http://www.rau-tu.unicamp.br/nou-

rau/ead/document/?view=2

da importância e da necessidade de conhecer, por isto ele se

responsabiliza pela sua aprendizagem.

Motivação para aprender: Além das motivações externas, são

consideradas as motivações internas, relacionadas com sua própria

vontade de crescimento, reconhecimento, autoconfiança e atualização das

potencialidades pessoais.

Papel da experiência: Os adultos trazem para os cursos uma gama

de experiências diversificadas que devem ser aproveitadas, valorizadas e

partilhadas, servindo de base para a formação acadêmica.

Prontidão para o aprendizado: O adulto

estará pronto para aprender aquilo que ele decidir

aprender. Ele se torna disponível para o

aprendizado quando pretende melhorar seu

desempenho em relação a determinado aspecto

de sua vida. A retenção deste aprendizado

decresce quando ele percebe que sua aplicação

não é imediata.

Uma educação baseada nos princípios da andragogia requer:

Elaboração de diagnósticos de necessidades e interesses dos

estudantes;

Definição de objetivos e planejamento das tarefas com

participação dos estudantes;

Estabelecimento de um clima cooperativo, informal e de suporte a

aprendizagem;

Seleção de conteúdos significativos para os estudantes;

Definição de contratos e projetos de aprendizagem;

Page 60: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

60

Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 6

Aprendizagem orientada para tarefas ou centrada na resolução de

problemas;

Uso de projetos de investigação, estudos independentes e técnicas

vivenciais;

Valorização da discussão e da solução de problemas em grupo;

Utilização de procedimentos de avaliação diretamente

relacionados à aprendizagem.

A adoção destes princípios, independentemente da origem do

conceito, pode ser de grande valia para o professor universitário.

6.3 Atividade

1) Comente sobre cada um das perspectivas de formação docente

no Brasil, bem como a proposta de Candau e reflita: Estas perspectivas

tem contribuído para que tipo de prática docente nas nossas escolas? No

nível superior, você percebe o predomínio de algumas delas? Comente.

2) Qual a contribuição dos princípios da andragogia para o

professor universitário?

6.4 Reflexão

Uma grande parte dos questionamentos feitos aos docentes

universitários diz respeito à relação entre ensino e aprendizagem. Muitos

destes professores se colocam a frente das salas de aula como

especialistas na disciplina que ministram, cuidando para que os alunos

tenham conhecimento do conteúdo, reproduzindo os processos pelos

quais eles mesmos passaram em sua formação. Ou seja, o aluno recebe as

Page 61: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

61

Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 6

informações, passadas coletivamente, e demonstra a assimilação através

das tarefas ou avaliações individuais, que na grande maioria das vezes,

ainda em um caráter quantitativo e classificatório. Há, entretanto,

educadores que enxergam os alunos como agentes do processo educativo,

considerando suas aptidões, suas necessidades e interesses, incentivando-

os para que possam buscar as informações que lhes sejam de maior

utilidade e que contribuam para o desenvolvimento de suas habilidades,

bem como na modificação de atitudes e comportamentos e na construção

de novos significados. Estes educadores estão centrados no aluno, em

suas capacidades e possibilidades para aprender, atuando como agentes

responsáveis pela condução do processo de ensino e aprendizagem, e

comprometidos com uma educação para a mudança, como indica a nova

perspectiva da Didática.

6.5 Leitura recomendada

BRANDÃO, J. E. A. A evolução do ensino superior brasileiro: uma

abordagem histórica abreviada. In: MOREIRA, D. A. (org.). Didática do

ensino superior: técnicas e tendências. São Paulo: Pioneira, 1997, p. 3-

58.

O artigo apresenta um panorama histórico da evolução do ensino

superior no Brasil, lançando as bases para um entendimento das

características, das disfunções e fragilidades do ensino superior

brasileiro.

Page 62: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

62

Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 6

6.6 Referências bibliográficas

CANDAU, V. M. A. formação de educadores: uma perspectiva

muldimensional. In: CANDAU, V. M. Rumo a uma nova didática. São

Paulo, Vozes, 2005, p 49-56.

LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo:Cortez, 1990

MOREIRA, D. A. (org.). Didática do ensino superior: técnicas e

tendências. São Paulo: Pioneira, 1997.

NETO, J. M. S. A eficácia da Didática no ensino superior. Disponível em

<HTTP://www.meuartigo.brasilescola.com/educacao/a-eficacia-didatica-

ensino-superior>>

VEIGA, I. P A. (coord.). Repensando a didática. Campinas, SP:

Papirus, 2004.

6.7 Na próxima unidade

Depois de refletir sobre a formação docente, vamos analisar alguns

aspectos do trabalho do professor nas unidades seguintes, como o

planejamento, tema da nossa próxima conversa.

Page 63: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

PLANEJAMENTO DO ENSINO

O trabalho docente é uma atividade

consciente e sistemática, voltada para a

aprendizagem dos alunos. Já estudamos que esta é uma

atividade complexa que não se restringe à sala de aula, ao

contrário, relaciona-se com as demandas e realidades sociais,

bem como às experiências vividas pelos alunos. É um processo

que necessita, então, de organização, de coordenação de ações,

enfim, de planejamento, para que haja efetivamente a articulação da

atividade escolar com o contexto social.

Objetivos da sua aprendizagem

Você irá refletir sobre o planejamento escolar, em seus vários

níveis e aspectos, reconhecer sua importância para o trabalho

pedagógico e conhecer suas especificidades.

Você se lembra?

Você gosta de provérbios e frases poéticas? Lembra-se desta:

se você não sabe aonde quer chegar, não importa o caminho a

seguir. Ele nos faz pensar sobre a importância do

planejamento.

Page 64: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

64

Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 7

7.1 Planejamento do trabalho pedagógico

Na escola, planejar é prever e organizar ações tendo como

referência as metas e objetivos da escola onde atuamos, o aluno real com

quem trabalhamos, suas necessidades e expectativas, o contexto geral do

mundo em que vivemos. Mas, para conversarmos sobre este assunto, é

importantíssimo partirmos deste ponto: planejamento não é

improvisação, nem “obrigação a ser cumprida”.

Planejar poderia ser um momento de reencontro de pessoas que se

dedicam a educar e instruir. Um momento agradável, de partilha de

sonhos, opiniões. Transformar a realidade que se tem, criar algo de novo

através do trabalho que se pode fazer na escola supõe conhecer bem as

condições reais e enxergar um pouco à frente, estabelecendo o que se

pretende atingir com os alunos.

É preciso juntar objetividade e

sonho, para ver o aluno com um

olhar novo, como alguém que tem o

direito de adquirir, na escola, as

ferramentas que o ajudem no

processo de compreensão do mundo.

Dentro dos limites da escola, cada

educador tem alguma contribuição

para esse processo. Assim, todos devem participar da decisão sobre os

rumos do trabalho. Na reflexão coletiva, será possível prever e organizar

o principal da ação, ou seja, realizar o planejamento do trabalho escolar,

de uma forma viva.

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Page 65: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

65

Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 7

NÃO HÁ RECEITAS de planejamento, mas há aspectos

importantes que não podem ser esquecidos:

ter clareza de onde se quer chegar: as grandes metas da escola ;

conhecer a situação da escola: alunos, comunidade, recursos internos

e externos existentes etc.;

priorizar necessidades ou problemas que sejam assumidos como

desafios por um determinado tempo;

decidir e preparar ações que serão executadas com acompanhamento

e avaliação constante.

AS AÇÕES ASSUMIDAS COLETIVAMENTE são escolhidas

para concretizar o melhor atendimento escolar aos alunos.

O planejamento participativo deve ser um dos princípios

fundamentais da escola. De acordo com Lopes (2004):

No contexto escolar o planejamento participativo caracteriza-se

pela busca da integração efetiva entre a escola e a realidade

histórico-social, primando pelo inter-relacionamento entre a teoria

e a prática. A participação de professores, alunos, pessoal técnico-

pedagógico e administrativo, bem como dos pais dos alunos, seria

o ponto de convergência das ações voltadas para a produção de

novos conhecimentos a serem propiciados na escola, tendo como

referencial a realidade histórico-social. (LOPES, 2004, p. 59).

Page 66: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

66

Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 7

7.1.1 Planejando em vários níveis

Quando a equipe escolar se reúne para organizar a ação geral da

escola, o planejamento está voltado para o funcionamento das atividades

de formação do pessoal, das relações intra e extraescolares, das

atividades gerais com os alunos. Ou seja, todos estarão refletindo sobre a

maneira de concretizar as grandes metas da escola, tendo a aprendizagem

dos alunos como pano de fundo.

Nesse processo de reflexão e tomada de decisões gerais, cada

participante do trabalho escolar colhe informações para organizar

detalhadamente seus próprios serviços (atividade administrativa, apoio

pedagógico, processo de ensino-aprendizagem).

Ao assumir sua classe, cada professor deve se apoiar nessa reflexão

coletiva para se organizar, fazendo do planejamento um instrumento

efetivo de trabalho. Nesse nível individual, o professor também precisa

coletar dados, definir metas e organizar-se:

1 – Conhecer bem seus alunos, quanto à história escolar, nível de

aprendizagem, interesse, aptidões e dificuldades.

As informações sobre os alunos servem de base para definir pontos

de partida na aprendizagem dos conteúdos; planejar materiais a serem

oferecidos; agrupar crianças nas diferentes atividades; propor normas

para organizar os trabalhos em classe; estabelecer expectativas e

orientação necessárias.

2 – Definir suas metas e os conteúdos de ensino.

Page 67: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

67

Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 7

A partir dos objetivos definidos coletivamente para o curso,

apoiado nas características de seus alunos, o professor formula metas e

conteúdos coerentes com a evolução do processo de aprendizagem dos

alunos.

3 – Conhecer os recursos disponíveis na escola e na comunidade.

Conhecendo-os, poderá utilizar materiais e locais para apoiar e

enriquecer o trabalho e, também, criar vínculos e enraizar o programa na

realidade dos alunos.

4 – Preparar as atividades e o aproveitamento do tempo dos

alunos na escola.

É importante levar em conta os vários aspectos da aprendizagem

escolar e as diferentes dimensões pessoais envolvidas. Quem vai

aprender – conceitos, habilidades, atitudes – é um aluno que não fica só

sentado, quieto, pensando e escrevendo. É importante, pois, dosar,

alternar tarefas – simples e complexas, de expressão e de reflexão,

dirigidas e livres etc. – dosando também a atuação do aluno, prevendo

trabalhos individuais, em grupos, ou para a classe como um todo.

Esse preparo das ações pode ser pensado com frequências

diferentes. Há professores que planejam suas aulas diariamente, outros

preferem o planejamento semanal. De qualquer forma, o que foi

planejado deve ser registrado no PLANO DE ENSINO.

7.1.2 O registro do planejamento

Quando se pensa em registrar o planejamento, vem logo à cabeça o

antigo modelo: objetivos gerais, específicos, conteúdos, métodos,

processos, estratégias, recursos materiais, avaliação...

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Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 7

Os registros são também chamados de PLANOS. Sua composição vai

variar de acordo com a abrangência do que se planejou, o número de

pessoas envolvidas na execução e acompanhamento das ações e a necessidade de maior ou menor

detalhamento de cada ação. Qualquer que seja o tipo de plano, o importante

é que seja completo, preciso e, ao mesmo tempo, fácil de consultar.

3) Bem, o importante no registro é que

ele comunique e permita

acompanhar o que se

planejou. Ou seja, que

expresse os pontos de

chegada, as ações e seus

responsáveis, a duração

prevista para cada uma e os

resultados esperados; e que permita

verificar se as ações estão indo na direção

planejada, ou se será preciso replanejá-las.

O PLANO DA ESCOLA – É o planejamento geral da escola e

dessa forma, deve conter as atividades que serão desenvolvidas tanto

pelos que exercerão atividades pedagógicas quanto

administrativas. Indica as grandes metas da escola, os

pontos principais em torno dos quais a equipe decidiu atuar, a linha

metodológica, o processo de avaliação, as atividades gerais para todas as

séries. Ele é fruto da reflexão geral e orienta o planejamento de cada

professor, por isto é importante que ele tenha sido elaborado com a

participação de toda a comunidade escolar.

O PLANO DE ENSINO – é parte constituinte do Plano da escola,

por isto deve estar integrado a ele. É um roteiro organizado das unidades

didáticas para um ano ou semestre. É o instrumento pessoal de

organização de cada professor, a partir das metas gerais. Deve conter os

aspectos essenciais do trabalho a ser desenvolvido com os alunos: o que,

para que e como ensinar, além de indicar como o processo será

acompanhado. Pode apresentar de forma detalhada o que será trabalhado

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Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 7

ou ser mais resumido, como um conjunto de lembretes ou ideias-chaves.

O modelo, o tamanho e o detalhamento não são as questões mais

importantes do Plano de Ensino. O fundamental é que, ao elaborá-lo, o

professor tenha clareza da situação em que vai agir, em relação às

características dos alunos e aos recursos de que dispõe; e que faça do

plano seu roteiro flexível e articulado ao planejamento mais geral da

escola.

PLANO DE AULA – É o detalhamento do plano de ensino. As

unidades e subunidades que foram previstas no plano de ensino,

em linhas gerais, são detalhadas e sistematizadas para uma

situação real. É a organização sequencial do que será

desenvolvido pelo professor no

período escolar diário. Este

planejamento é indispensável e

deve ser considerado, como uma

tarefa que servirá para orientar

as ações docentes, como para a

revisão e o aprimoramento a

cada ano.

7.2 Elaboração de um plano de ensino

FASES DO PLANEJAMENTO

1ª FASE:

Fazer um planejamento inicial, partindo das informações prévias que o

professor dispõe (classe, alunos), antes de entrar na sala de aula.

2ª FASE:

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ESCOLA/ESCOLAS/27/1810/180/ARQUIVOS/IMAGE/CALE.JPG

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Adequação do plano aos alunos que cursarão aquela série, ou semestre,

ou período, conforme estipulado. Isto acontecerá nos primeiros encontros

entre o professor e os alunos. Nessa fase é preciso tentar identificar as

expectativas e necessidades dos alunos, o que conhecem das disciplinas

que serão lecionadas...

3ª FASE:

Avaliação da execução do plano de ensino. Essa avaliação deve ser feita

periodicamente, a fim de verificar se o planejamento está sendo eficiente

e tendo seus objetivos alcançados.

ELEMENTOS ou COMPONENTES DE UM PLANO DE ENSINO

1– IDENTIFICAÇÃO DO PROFESSOR E DA ESCOLA

2 – CURSO

3 – DISCIPLINA

4 – SEMESTRE/ANO

5 – CARGA HORÁRIA

6 – EMENTA

7 – OBJETIVOS – concretos e bem delimitados

8 – CONTEÙDOS - o tema ou temas da aula. Gerais: Fio condutor da

disciplina. Específicos: Desdobramento do objetivo geral

9 – ESTRATÉGIAS – as atividades que serão desenvolvidas

10 – AVALIAÇÃO – instrumentos ou meios para verificar se os

objetivos pretendidos serão alcançados

11 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

EMENTA: É uma descrição que resume o conteúdo de uma disciplina.

Características:

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Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 7

Os tópicos essenciais da matéria são apresentados sob a forma de frases

nominais (sem verbos);

A redação dos tópicos deve ser contínua.

Exemplos de expressões: “estude de...”, “pesquisas de...”, “demonstração

de...”, “orientação sobre...”, “explicitação de...”, “busca de compreensão

de...”, “definição de...”, “exame de questões sobre...”, “reflexão sobre...”

EXEMPLO:

Didática: Análise dos efeitos das mudanças culturais, científicos e

tecnológicas na educação e na Didática. Estudo da interdependência dos

elementos constitutivos das situações de ensino e de aprendizagem.

Estudo dos objetivos educacionais como norteadores da ação educativa.

Pensar: O QUE vai propor

COMO vai propor

DO QUE VAI PRECISAR para propor

7.3 Atividades

1) Visite uma escola da sua cidade e conheça o plano escolar.

Observe sua estrutura, sua apresentação, as concepções

presentes, as propostas. Converse com alguns professores e peça

para ver o seu planejamento pessoal. Observe as diferenças, as

especificidades da disciplina, da turma e a individualidade

presente na forma de expressar as propostas de trabalho. Reflita e

elabore sobre a importância do planejamento para o trabalho

docente.

2) Elabore um plano de ensino.

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Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 7

7.4 Reflexão

O planejamento de ensino tem sido bastante questionado hoje,

principalmente quanto ao seu papel de orientador de práticas que

contribuam para a melhoria da qualidade do trabalho realizado

nas escolas. Há muitas queixas com relação ao distanciamento

dos objetivos propostos nos currículos dos cursos com a realidade

social, os conteúdos são trabalhos de forma autoritária, sem a

contribuição dos professores para a sua elaboração, deixando de

ser um elo com as experiências de vida dos alunos, predominam

ainda atividades com ênfase na transmissão de conhecimentos,

com pouco espaço para a discussão e o diálogo, entre muitos

outros desacertos percebidos. Dessa forma, o planejamento tem

sido realizado de uma forma desvinculada do todo, do social, ao

qual ele deveria estar integrado, dissociando-se do que se espera

de uma perspectiva crítica da educação. Percebe-se, claramente,

que o planejamento precisa ser repensado nas escolas. Se

queremos uma educação transformadora, devemos utilizá-lo como

arma fundamental para alcançar esta meta, adotando-o segundo os

princípios da participação, da análise crítica e global do processo

de ensino-aprendizagem, integrado dialeticamente ao concreto do

educando, buscando sua transformação.

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Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 7

7.5 Leituras recomendadas

LOPES, A. O. Planejamento do ensino numa perspectiva crítica de

educação. In: VEIGA, I. P. A Repensando a didática. Campinas, SP:

Papirus, 2004, p.55-64.

O artigo discute questões fundamentais sobre o planejamento nas

escolas, não numa perspectiva instrumental, mas numa perspectiva

crítica, como aponta no título, evidenciando a necessidade de se repensar

sua prática e de se ampliar e aprofundar a discussão sobre o tema.

LUCK, H. A. aplicação do Planejamento Estratégico na escola

Revista Gestão em Rede, n 19, abril 2000, p. 8-13.

No artigo a autora discute a importância do planejamento na escola,

ressaltando o seu significado e seu papel como elemento fundamental

para subsidiar as ações docentes em vista dos objetivos almejados.

7.6 Referências bibliográficas

BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Raízes e Asas: projeto

de escola, vol. 4. CENPEC- Centro de Estudos e Pesquisas em Educação,

Cultura e ação Comunitária.

LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1990

LOPES, A. O Planejamento do ensino numa perspectiva crítica de

educação. In: VEIGA, I. P. A Repensando a didática. Campinas, SP:

Papirus, 2004, p.55-64.

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Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 7

MAZETTO, M. DIDÁTICA: a aula como centro; São Paulo, FTD.

7.7 Na próxima unidade

Na próxima unidade vamos estudar a avaliação escolar, buscando

seus pressupostos e analisando as diferentes concepções e tipos. A

avaliação é um item fundamental no processo de ensino-aprendizagem.

Page 75: LIVRO DIGITAL - Didática do ensino superior

AVALIAÇÃO

Avaliar é uma tarefa complexa, que

não se restringe à quantificação e valoração dos

resultados obtidos pelos alunos. É uma tarefa didática

necessária e permanente, e não pontual, como muitas

vezes se apresenta. Ao contrário, ela deve acompanhar todo

o processo de ensino e aprendizagem, para que, por meio dela,

se possa constatar os progressos, as dificuldades e as

reorientações que se mostrarem necessárias. Neste sentido é que

afirmamos que ela é uma atividade essencialmente reflexiva, pois

pode possibilitar um salto na qualidade da educação que se pretende

oferecer.

Objetivos de sua aprendizagem

Você se lembra?

Você se lembra das avaliações escolares que fazia durante os anos

da educação básica? Você acha que elas estavam relacionadas com o

currículo apresentado para vocês, alunos? Se a avaliação não estiver

integrada ao currículo escolar, ela perde seu significado.

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Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 8

8.1 O sentido da avaliação escolar

Quando se pensa em avaliação, em geral, ela aparece relacionada

ao ato de “medir”, ou quantificar os resultados obtidos pelos alunos, com

a finalidade de selecionar e classificar. O sistema educacional apoia-se

na avaliação classificatória com a pretensão de verificar aprendizagem ou

competências através de medidas, de quantificações. Este tipo de

avaliação pressupõe que as pessoas aprendem do mesmo modo, nos

mesmos momentos e tenta evidenciar competências isoladas.

Infelizmente esta ainda costuma ser a referência para os gestores da

educação, professores, pais e os próprios alunos. Como afirma Zabala

(1998):

Basicamente, a avaliação é considerada como um instrumento

sancionador e qualificador, em que o sujeito da avaliação é o aluno

e somente o aluno, e o objeto da avaliação são as aprendizagens

realizadas segundo certos objetivos mínimos para todos.

(ZABALA, 1998, p.195).

Esta visão se apoia numa trajetória histórica da educação, em que

os processos avaliativos vêm servindo muito mais como instrumento de

exclusão do que de inclusão do aluno na escola. Novos estudos na área e

as declarações de princípios das reformas educacionais empreendidas em

diferentes países e por educadores preocupados e envolvidos com as

transformações que se mostram necessárias na educação, propõem

formas de entender a avaliação sob outra perspectiva. A legislação

vigente, expressa nas propostas curriculares diversas, tem se referido à

importância da avaliação da aprendizagem escolar, reiterando que ela

deve ser contínua, formativa e personalizada, devendo ser compreendida

como mais um elemento do processo de ensino aprendizagem, o qual nos

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Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 8

Conexão: Conheça as diretrizes da LDBEN 9394/96 sobre a

avaliação na educação básica . BRASIL. Senado Federal. Lei n° 9.394 de 20 de dezembro

de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

Brasília/DF, 1997.

permite conhecer o resultado de nossas ações didáticas

para promover a melhoria da qualidade destas ações.

Nesta ótima mais recente, o processo

seguido pelos alunos, o progresso pessoal, o

processo coletivo de ensino-aprendizagem, etc.,

aparecem como elementos ou dimensões da

avaliação, ainda de acordo com Zabala.

A avaliação é um instrumento que ajuda o

professor a tomar decisões sobre o seu trabalho, o que implica mudanças

fundamentais, especialmente nos conteúdos e nos processos avaliativos.

Os conhecimentos que já adquirimos sobre como se produzem as

aprendizagens revela a singularidade destes processos, impossibilitando o

estabelecimento de propostas universais, principalmente se levarmos em

conta o fato de que as experiências individuais são o valor básico de

qualquer aprendizagem. Estas experiências devem ser o eixo dos

processos avaliativos.

Desta forma, o que se propõe é uma reestruturação interna na

escola quanto à sua forma de avaliação. É preciso considerar a urgência,

no cotidiano das escolas, de uma avaliação contínua, formativa, na

perspectiva do desenvolvimento integral do aluno. É primordial que se

estabeleça um diagnóstico correto para cada aluno para que se identifique

as possíveis causas de seus fracassos e/ou dificuldades visando uma

maior qualificação e não somente uma quantificação da aprendizagem.

Portanto, é necessário que o educador se questione:

O que os meus alunos sabem em relação ao que quero ensinar?

Que experiências tiveram?

O que são capazes de aprender?

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Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 8

Quais são seus interesses?

Quais são seus estilos de aprendizagem?

De acordo com Zabala

(idem, p.199), a avaliação,

nesta perspectiva formativa,

compreende algumas fases:

Avaliação inicial:

consiste em conhecer o que

o aluno sabe, sabe fazer e, o

que pode chegar a saber,

saber fazer ou ser, e como

aprendê-lo. Este é o ponto de partida que deve servir de referencia para a

elaboração de atividades e tarefas que poderão favorecer a aprendizagem.

No processo de aplicação das atividades pensadas anteriormente, será

necessário adequar à realidade do aluno e da classe, ao conteúdo, ao

tempo, ás formas de agrupamento, etc. Esta é a avaliação reguladora.

Avaliação Reguladora: enquanto se desenvolve o plano previsto e

de acordo com as respostas dos alunos, existe a necessidade de se

introduzir novas atividades, gradativamente mais desafiadoras, assim

como ir promovendo uma intervenção mais contingencial. Para a

Avaliação Reguladora ou Formativa, é fundamental o conhecimento de

como cada aluno aprende ao longo do processo de ensino-aprendizagem,

para se adaptar ás novas necessidades que se colocam (idem, p.200).

Avaliação Final ou Somativa: Para conhecer a situação de cada

aluno e tomar as medidas educativas pertinentes, é preciso sistematizar o

conhecimento do progresso seguido, o que requer apurar os resultados e

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Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 8

analisar o processo e a progressão que cada aluno seguiu, para continuar

sua formação.

É preciso cuidado na utilização conjunta dos dois termos. O

conhecimento dos resultados está mais diretamente associado a avaliação

final e a análise dos resultados à avaliação somativa, que desta forma, é

entendida como integradora, pois:

A partir do conhecimento inicial (avaliação inicial), manifesta a

trajetória seguida pelo aluno,as medidas específicas que foram

tomadas, o resultado final de todo o processo e, especialmente, a

partir deste conhecimento,as previsões sobre o que é necessário

continuar fazer de novo. (ZABALA, 1998, p.201).

O aperfeiçoamento deste processo é urgente, uma vez que ele visa

o aperfeiçoamento do próprio trabalho educativo, que é o objetivo de

cada educador. Conhecer e avaliar a intervenção pedagógica é uma das

tarefas de todos que se preocupam com o oferecimento de uma educação

de qualidade pra toda a população.

8.2 Atividades

1) Releia com atenção o material desta aula, pesquise em outras

fontes e elabore uma redação com o tema: A importância da

avaliação no processo de formação do aluno.

2) Para reforçar seu estude, explique os conceitos estudados aqui

sobre as fases da avaliação.

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8.3 Reflexão

Você já pensou nas reais finalidades da avaliação? Para que

avaliamos? De que forma podemos construir um instrumento que

possibilite acompanhar o desenvolvimento do aluno e permitir a ele o seu

progresso, intelectual, moral, afetivo e cognitivo? São muitos os

questionamentos que surgem quando nos propomos a analisar a avaliação

numa perspectiva formativa. Cabe ao professor realizar cotidianamente

as reflexões sobre sua prática educativa e analisar os diferentes fatores

que estão relacionados com esta problemática, na tentativa de melhorar

os conhecimentos sobre a avaliação e sua utilização como elemento que

pode auxiliá-lo o desenvolvimento de sua função pedagógica e social.

8.4 Leitura recomendada

LUCKESI, C. C. Avaliação da Aprendizagem Escolar São Paulo:

Cortez, 14ª edição, 2002.

No livro são apresentados estudos críticos sobre a avaliação da

aprendizagem escolar e proposições para torná-la mais viável construtiva,

numa abordagem sociológica, política e pedagógica.

8.5 Referências bibliográficas

LIBANEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez.

ZABALA, A. A. prática educativa: como ensinar. São Paulo: artmed,

1998.