didática do ensino superior - aula 05

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1 AULA 05 - SEMINÁRIO, ESTUDO DE TEXTO, TEMPESTADE CEREBRAL E MAPA CONCEITUAL. AULA 05 SEMINÁRIO, ESTUDO DE TEXTO, TEMPESTADE CEREBRAL E MAPA CONCEITUAL. DIDÁTICA DO ENSINO SUPERIOR

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Didática do Ensino Superior - aula 05

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Page 1: Didática do Ensino Superior - aula 05

1AULA 05 - SEMINÁRIO, ESTUDO DE TEXTO, TEMPESTADE CEREBRAL E MAPA CONCEITUAL.

AULA 05SEMINÁRIO, ESTUDO DE TEXTO, TEMPESTADE

CEREBRAL E MAPA CONCEITUAL.

DIDÁTICA DO ENSINO SUPERIOR

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2 DIDÁTICA DO ENSINO SUPERIOR

SEMINÁRIO

A palavra seminário tem origem no latim seminarium, derivado de semen, seminis, isso é, semente. É possível atribuir à “semente” o sentido de metáfora:

O nome desta técnica vem da palavra “semente”, o que parece indicar que o seminário deve ser uma ocasião de semear ideias ou de favorecer a sua germinação. Talvez seja por essa razão que nas Universidades o seminário constitui, em geral, não uma ocasião de mera informação, mas uma fonte de pesquisas e de procura de novas soluções para os problemas. (BORDENAVE e PEREIRA, 2011, p. 189).

Certamente você já participoude um seminário, não émesmo?Reflita e tenteapontar trêsfinalidadesdoseminário.Depois,comparesuarespostacomoexpostoaseguir.

Seminário é uma técnica de ensino na qual um grupo de pessoas se reúne com o propósito de investigar/estudar um ou mais temas sob a direção de um professor (ou outra autoridade no assunto). No seminário, os alunos são os agentes ativos de sua própria aprendizagem. Entre os objetivos desta técnica, destacamos:

• Identificarproblemas;

• Reformularproblemasapartirdeseuenfoquesobângulosdiferentes;

• Proporpesquisasparasolucionarproblemas;

• Formularhipótesesdepesquisa;

• Acompanharodesenvolvimentodepesquisas;

• Comunicarosresultadosobtidosempesquisas;

• Apreciareavaliarosresultadosdeestudosepesquisas.

Taisobjetivoscondizemcomaafirmaçãodequeosemináriopriorizaasoperações

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de “análise, interpretação, crítica, levantamento de hipóteses, busca de suposições,obtenção de organização de dados, comparação, aplicação de fatos a novas situações”. (ANASTASIOU e ALVES, 2009, p. 90)

Dissemos que o aluno é o agente ativo no processo de ensino-aprendizagem dessa técnica. Então, qual é o papel do professor em um seminário? E qual é o papel do aluno? Vamos estudar estas questões?

Na organização de um seminário, conforme Bordenave e Pereira, o professor indicaotema–cujaimportânciatambémdeveserdemonstrada–contandocomumadisposição física que permita o diálogo coletivo. Da mesma forma, apresenta os problemas que envolvem o assunto; ajuda os participantes do grupo na seleção dos subtemasespecíficosaserempesquisados.Oestudopodeenvolverapenaspesquisabibliográficaou pode incluir também pesquisas de campo ou de laboratório. A procura pelas fontes para as pesquisas, tais como livros, relatórios, pessoas ou instituições, é orientada pelo professor.Oprofessorfazaprogramaçãodedatasparaasapresentaçõesdostrabalhosefazcomentáriossobreaexposição.(BORDENAVEePEREIRA,2011,p.190).

Quando se tem muitos participantes no seminário, uma opção é o professor selecionar,dentreostrabalhosentregues,apenasalgunsparaseremapresentados:aquelesque contemplam uma pesquisa bem elaborada, que apresentam o tema de maneira mais completaequalificada.Também,havendomuitosparticipantes,ossubtemaspodemserdivididos por equipes ao invés de individualmente.

Quanto aos alunos, por sua vez, escolhem seus temas, estudam e fazem suaspesquisas. Devem participar ativamente nas apresentações formulando perguntas, manifestando opiniões e agregando informações.

Éimportantequeosalunosapresentemseustrabalhostambémporescrito,comcópias para todos os participantes do seminário.

Outro item importante a ser considerado é a avaliação do seminário. Para AnastasioueAlves(2009),alémdeseremavaliados,osgrupostambémexercemopapeldeavaliadores.Osparâmetrosdeavaliaçãodevemserajustadosconformeosobjetivosdaatividadeemtermosdeconhecimento,habilidadesecompetências.Asautorassugerem,como critérios de avaliação (ANASTASIOU e ALVES, 2009, p.90):

• Clarezaecoerêncianaapresentação;

• Domíniodoconteúdoapresentado;

• Participaçãodogrupoduranteaexposição;

• Utilização de dinâmicas e/ou recursos audiovisuais naapresentação.

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4 DIDÁTICA DO ENSINO SUPERIOR

Para complementar o que estudamos até aqui, indicamos a leitura da obra a seguir:

RONCA, Antônio Carlos Caruso; ESCOBAR, Virgínia Ferreira. Técnicas pedagógicas:domesticaçãooudesafioàparticipação.Petrópolis:Vozes,1984.

Seminário é um espaço em que as ideias devem ser semeadas ou “germinar”. Portanto, espaço para um grupo debater os temas ou problemas que são colocados em discussão. Nessa técnica, o aluno é agente ativo no processo de ensino-aprendizagem.

Na preparação do seminário, o papel do professor é fundamental. Ele deverá apresentar o tema e/ou selecioná-lo em conjunto com os estudantes e justificar suaimportância;desafiarosestudantes,apresentaroscaminhospararealizaremaspesquisase suas diversasmodalidades (bibliográfica, de campo ou de laboratório); organizar ocalendárioparaasapresentaçõesdostrabalhosdosestudantes;orientarosestudantesnapesquisa(apontarfontesdeconsultabibliográficae/oupessoasouinstituições)enaelaboraçãode seus registrospara a apresentaçãoaogrupo;organizaro espaço físicopara favorecer o diálogo entre os participantes. Na discussão do tema, cabe ao professor dirigirasessãodecríticasaofinaldecadaapresentação,fazendocomentáriossobrecadatrabalhoesuaexposição,organizandoumasínteseintegradoradoquefoiapresentado.

ESTUDO DE TEXTO

OEstudodeTextoéumaestratégiadeensino-aprendizagembastanteutilizadapelos professores, especialmente no ensino superior. De acordo com Anastasiou e Alves (2009,p.80),oestudodetextoé“aexploraçãodeidéiasdeumautorapartirdoestudocrítico de um texto e/ou a busca de informações e exploração de idéias dos autoresestudados”.Segundoasautoras,essaestratégiapriorizaasatividadesde identificação,obtenção e organização de dados, interpretação, crítica, análise, reelaboração e resumo.

A orientação do professor é muito importante. Algumas etapas que, para as autoras,

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devemfazerpartedadinâmicadessaestratégiasão:

1. Contextodo texto:data, tipode texto,autoredadossobreeste.

2. Análisetextualepreparaçãodotexto:visãodeconjunto,buscade esclarecimentos, verificação de vocabulário, fatos, autorescitados, esquematização.

3. Análise temática: compreensão da mensagem do autor: tema, problema, tese, linha de raciocínio, idéia central e as idéiassecundárias.

4. Análise interpretativa/extrapolação ao texto: levantamentoe discussão de problemas relacionados com a mensagem do autor.

5. Problematização: interpretação da mensagem do autor: corrente filosófica e Influências, pressupostos, associação deidéias, crítica.

6. Síntese e reelaboração da mensagem: com base na contribuição pessoal. (ANASTASIOU e ALVES, 2009, p. 80)

A avaliação poderá ser por meio de produções escritas ou orais e deve levar em conta a capacidade do estudante de compreender e analisar as informações, assim como de sintetizar os conteúdos mais relevantes e avaliá-los, interpretando-os e fazendo inferênciasparachegaraumaconclusão.Éimportantequeoprofessoravalietambémaconclusãoaqueoalunochegouapartirdotexto.

TEMPESTADE CEREBRAL

Você conhece uma técnica de ensino-aprendizagem capaz de produzir grandequantidade de ideias em curto prazo, com alto grau de originalidade e desinibição?

Pensou em alguma? Se você pensou na técnica “tempestade cerebral”, acertou!

Que tal saber mais sobre ela?

Trata-sedeummododeestimularageraçãodenovasideias,deformaespontâneaenatural,deixandofuncionaraimaginaçãoeevitandoocontroledospensamentoslógicos,buscandocaptara ideiaemseuestadonascente.Nãohácertoouerrado,tudooqueforlevantadoseráconsiderado.Sehouvernecessidade,pode-sesolicitaraoestudante,posteriormente,umaexplicaçãosobreaideia.

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6 DIDÁTICA DO ENSINO SUPERIOR

Anastasiou e Alves (2009, p. 82) apresentam os processos mentais predominantes nessaestratégia:“Imaginaçãoecriatividade,buscadesuposiçõeseclassificação”.

Na dinâmica da atividade, ao serem perguntados sobre uma problemática, osalunos devem:

1. Expressarempalavrasoufrasescurtasasideiassugeridaspelaquestão proposta.

2. Evitar atitude crítica que levaria a emitir juízo e/ou excluirideias.

3. Registrareorganizararelaçãodeideiasespontâneas.

4. Fazer a seleção delas conforme critério seguinte ou a sercombinado:

• Terpossibilidadedeserpostaempráticalogo;

• Ser compatíveis com outras ideias relacionadas ou enquadradas numalistadeideias;

• Ser apreciadas operacionalmente quanto à eficácia a curto,médio e longo prazo. (ANASTASIOU e ALVES, 2009, p. 82)

De acordo com Bordenave e Pereira (2011, p. 175), a regra geral da tempestade cerebraléque“osparticipantesnãodevemrodear-sedegarantias,verificandohipóteses,antes de emitir suas ideias [...]”.

Paraaavaliação,AnastasioueAlvespropõemquesejamconsideradasashabilidadesdos estudantes quanto à “capacidade criativa, concisão, logicidade, aplicabilidade e pertinência, bem como seu desempenho na descoberta de soluções apropriadas aoproblema apresentado”. (ANASTASIOU e ALVES, 2009, p. 82)

É importante destacar que na técnica da tempestade cerebral há três partesprincipais:Encontrarosfatos;Gerarasideias;eEncontrarasolução.

MAPA CONCEITUAL

A técnica de aprendizagem Mapa Conceitual foi originalmente baseada na teoria daaprendizagemsignificativa,deDavidAusubel.Segundoestateoria,háumainteraçãoentreonovoconhecimentoeo jáexistente,naqualambossemodificam.Oprocessoédinâmicoeo conhecimento vai sendo construído.Vamos conhecermais sobre estatécnica?

Anastasiou e Alves (2009, p. 83) conceituam o mapa conceitual como “a construção

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de um diagrama que indica a relação de conceitos em uma perspectiva bidimensional, procurandomostrarasrelaçõeshierárquicasentreosconceitospertinentesàestruturadoconteúdo”.

As atividades mentais que predominam ao usar essa técnica, segundo as autoras, são:Interpretaçãoeclassificação,crítica,organizaçãodedadoseresumo.

Ao aplicar essa estratégia, o professor poderá eleger o tema a ser estudado, propondotextosououtrosobjetosdeestudoreferentesaoassunto,eorientarosalunossobreaconstruçãodomapaconceitual.Asaçõeselencadasabaixosãoindicaçõesdasautoras Anastasiou e Alves.

• Identificarosconceitos-chavedoobjetooutextoestudado;

• Selecionarosconceitosporordemdeimportância;

• Incluirconceitoseideiasmaisespecíficas;

• Estabelecer relaçãoentreosconceitospormeiode linhaseidentificá-lascomumaoumaispalavrasqueexplicitemessarelação;

• Identificarconceitosepalavrasquedevemterumsignificadoouexpressamumaproposição;

• Buscarestabelecerrelaçõeshorizontaisecruzadas,traçá-las;

• Perceberqueháváriasformasdetraçaromapaconceitual;

• Compartilhar os mapas coletivamente, comparando-os ecomplementando-os;

• Justificaralocalizaçãodecertosconceitos,verbalizandoseuentendimento. (ANASTASIOU e ALVES, 2009, p. 83)

Com relação ao modo de avaliação dos resultados obtidos com o uso dessa estratégia, as autoras indicamque o professor defina previamente, em conjunto comos estudantes, os critérios que serão levados em conta. Os critérios sugeridos por elas são:clarezanaelaboraçãodosconceitos;relaçãojustificadaentreeles;riquezadeideias;organizaçãocriativadomapa;representatividadedoconteúdotrabalhado.(ANASTASIOUe ALVES, 2009, p. 83)

Para que você possa treinar essa técnica, sugerimos que escolha um tema ouobjeto de estudo e construa um mapa conceitual.

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8 DIDÁTICA DO ENSINO SUPERIOR

Orientamos a leitura do artigo “Mapas Conceituais e Aprendizagem Significativa”, deMarcoAntônioMoreira,disponívelem:http://www.if.ufrgs.br/~moreira/mapasport.pdf

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9AULA 05 - SEMINÁRIO, ESTUDO DE TEXTO, TEMPESTADE CEREBRAL E MAPA CONCEITUAL.

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