jornal sta. edwiges - ed. de abril

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Abril de 2010 santuariosantaedwiges.com.br Jornal Santa Edwiges 1 SANTA EDWIGES JORNAL www.santuariosantaedwiges.com.br - Padres e Irmãos Oblatos de São José - Arquidiocese de São Paulo - Publicação Mensal * Ano XX * Nº 234 * Abril de 2010 “Eis a luz do mundo” Comunidade celebra a se- mana santa Leia mais pág. 09 Páscoa: origem, mistério e celebrações Leia mais pág. 02 No dia 03 de abril o Santuário recebeu mais de 600 pessoas. Paroquianos, fiéis e devotos renovaram suas promessas batismais na noite da Vigília Pascal. O momento mais importante para os cristãos católicos foi celebrado por toda a comunidade com grande alegria. Pedofilia e outros peca- dos humanos Leia mais pág. 13 Pe. Paulo Siebeneichler fala sobre o Jubileu do Santuário Leia mais pág. 11 50 anos de Santuário: conheça os nossos colaboradores Leia mais pág. 15 Leia mais pág. 06 Testemunho de uma graça alcançada

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Jornal Sta. Edwiges - Ed. de Abril

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Page 1: Jornal Sta. Edwiges - Ed. de Abril

Abril de 2010 santuariosantaedwiges.com.br Jornal Santa Edwiges 1

santa EdwigEsJornal

www.santuariosantaedwiges.com.br - Padres e Irmãos Oblatos de São José - Arquidiocese de São Paulo - Publicação Mensal * Ano XX * Nº 234 * Abril de 2010

“Eis a luz do mundo”

Comunidade celebra a se-mana santa

Leia mais pág. 09

Páscoa: origem, mistério e celebrações

Leia mais pág. 02

No dia 03 de abril o Santuário recebeu mais de 600 pessoas. Paroquianos, fiéis e devotos renovaram suas promessas batismais na noite da Vigília Pascal. O momento mais importante para os cristãos católicos foi celebrado por toda a comunidade com grande alegria.

Pedofilia e outros peca-dos humanos

Leia mais pág. 13

Pe. Paulo Siebeneichler fala sobre o Jubileu do Santuário

Leia mais pág. 11

50 anos de Santuário: conheça os nossos colaboradores

Leia mais pág. 15

Leia mais pág. 06

Testemunhode uma graça alcançada

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2 Jornal Santa Edwiges santuariosantaedwiges.com.br Abril de 2010

Editorial nossa santa

“Se és Simão Cirineu, toma a cruz e segue a Cristo; se, como o ladrão, estás crucificado com Cristo, como homem íntegro, reconhece a Deus Adora aquele que foi crucificado por tua cau-sa (...) Se és José de Arimatéia, pede o corpo a quem o mandou crucificar, e assim será tua a vítima que expiou o pecado do mundo. Se és Nicodemos, aque-le adorador noturno de Deus, unge-o com perfumes para a sua sepultura. Se és Maria, ou a ou-tra Maria, ou Salomé, ou Joana, derrama tuas lágrimas por ele. Levanta-te de manhã, bem cedo, procura ser o primeiro a ver a pedra do túmulo removida e a encontrar, talvez, os anjos, ou, melhor ainda, o próprio Jesus” (cf Ofício das Leituras da Li-turgia das Horas, sábado da 5ª. semana da Quaresma).

Este é um trecho citado pelo Cardeal Dom Odilo Scherer, Ar-cebispo de São Paulo, em sua carta Pascal.

Ele utiliza o exemplo de São Gregório Nazianzeno, Bis-po e Doutor da Igreja, que nos convida a assumir este mistério Pascal de forma perfeita e eter-

na. O mistério da morte nos é revelado com a Ressurreição de Cristo. A Páscoa não é simples-mente um fato histórico, mas uma nova condição: “Se alguém está em Cristo, é uma nova cria-tura. O que era antigo passou: tudo foi renovado!” (2 Cor 5, 17). A morte já não tem domínio sobre a humanidade, mas ainda há vestígios. Em um período de problemas ambientais, governa-mentais, violências e misérias no mundo, a Ressurreição é a nossa Esperança! A vida vence o pecado e a morte!

Não é utopia ou sonho. É a confirmação da nossa fé, fir-mada em nosso batismo. Foi a maior prova de amor de todos os tempos, Ele nos amou até o fim, entregando sua vida.

Façamos a propagação des-ta esperança.

Busquemos a paz, a frater-nidade, o perdão e o amor em nossos lares.

Que estejamos renovados nesta Páscoa e possamos cele-brar e dizer em alta voz: Cristo Ressuscitou, Aleluia!

Cristo Ressuscitou, Aleluia!

Sempre tive uma vida fi-nanceiramente estável. Há pou-co mais de um ano a situação mudou.

A empresa que eu trabalha-va começou a falir, tiver que sair do apartamento onde eu morava de aluguel. Perdi meus móveis e

tEstEMunHo

meu carro. Fiquei com dividas no banco e com o nome protes-tado. E também para agravar a situação, no mesmo período en-gravidei. Não podia trabalhar e não recebi rescisão trabalhista do antigo emprego. Meu filho tornou-se meu bem maior, mas

ao mesmo tempo fiquei depri-mida devido os problemas.

Durante todo esse período eu fiz minhas orações para Santa Edwiges. Depois de um tempo meu coração não estava mais re-voltado e comecei a buscar mais a Deus e perdoar aqueles que ti-nham me prejudicado.

Certo dia, a minha antiga empresa ligou e me informou que a situação melhorara e me pagariam a rescisão, os salários atrasados e se eu quisesse pode-ria voltar a trabalhar com eles. Paguei todas as minhas dívidas. Estou muito feliz e agradeço in-finitamente a Santa Edwiges por sua intercessão. Louvado seja Deus!

Fátima , SP

Paróquia Santuário Santa EdwigesArquidiocese de São PauloRegião Episcopal Ipiranga

Congregação dos Oblatos de São JoséProvíncia Nossa Senhora do Rocio

Estrada das Lágrimas, 910 cep. 04232-000 São Paulo SP Tel. (11) 2274.2853 e 2274.8646 Fax. (11) 2215.6111

Pároco: Pe. Paulo Siebeneichler, OSJ

Responsável e Editora: Juliana Sales Colaboração:Pe. Mauro Negro, OSJ

Digramador: Victor Hugo de Souza

Equipe: Aparecida Yabrude Bonater; Eliana Tamara Carneiro; Guiomar Correia do Nascimento; João Andrade Dias;José Alves de Melo Neto; Martinho Vagner de Souza;

Marcelo Rodrigues Ocanha e Pe. Alexandre Alves dos Anjos Filho. Site: www.santuariosantaedwiges.com.br

E-mail: [email protected] Conclusão desta edição: 20/03/2010 Impressão: Folha de Londrina.

Tiragem: 6000 exemplares. Distribuição gratuita

EXPEdiEntE

Não devemos nunca perder as ocasiões que Deus nos ofere-ce para fazermos alguma coisa por nosso irmão.

Deus espera de nós que mantenhamos sempre vivo no interior do coração um desejo ardente de nada recusar. Se as-sim procedermos, Deus estará sempre disposto a nos abençoar. Mas precisamos dar sem egoís-mo, sem esperar nada em troca. Dar com alegria, sem constran-gimento.

Todas as vezes que formos solicitados a agir, elevemos o nosso espírito ao Pai Celeste e verifi quemos se aquela ação é

do seu agrado, porque assim não nos faltarão forças nem meios para realizar o bem que de nós está dependendo.

Nesse sentido procuremos sempre utilizar as ocasiões com generosidade e serenidade, por-que é São Paulo que nos ensina: “Tudo posso naquele que me conforta” (Filipenses 4,13).

ExemploA vida de Santa Edwiges foi

orientada pelos conselhosevangélicos e pode-se dizer

dela o que a Sagrada Escritura diz de Jesus Cristo: “Passou a vida fazendo o bem”. Desde quando, pelo casamento, ela pode dispor dos seus bens, não cessou de aplicar a sua fortuna em obras de caridade.

Começou empregando o seu valioso dote de noivado na cons-trução do mosteiro de Trébnitz. Depois disso, estendeu o seu amparo não só a este convento como a muitos outros existentes no seu reino. Visitava pessoal-mente os eremitas e não esque-cia as religiosas de clausura.

Fornecia-lhes tudo o que preci-sassem, desde o alimento diário às roupas de inverno e outros objetos que de outra forma não seriam conseguidos. Quando o duque se enchia de preconceitos contra uma Ordem religiosa ou se desgostava com alguns mon-ges, ela surgia logo, prestativa e conciliante, para desanuviar o ambiente. E com bons modos ainda arrancava dele generosas doações eclesiásticas, que per-mitiam um trabalho mais efi caz em benefício do povo de Deus. O seu castelo não fechava as portas aos peregrinos e peni-tentes que se dirigiam a Roma. Acolhiaos, hospedava-os e dava-lhes os meios necessários para as viagens penosas e fati-gantes.

A sua compaixão pelos afli-tos era proverbial. Daí, ser con-siderada protetora dos desvali-dos e desamparados, dos pobres e endividados. Não podia ver ninguém sofrer sem que sofres-se igualmente; e as lágrimas lhe afl oravam aos olhos diante do padecimento alheio.

quarto diaa gEnErosidadE cristã

MEditação

Juliana [email protected]

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Abril de 2010 santuariosantaedwiges.com.br Jornal Santa Edwiges 3

EsPaço do dEvoto

PALAVRAS DOS ANCIÃOS PARA A CELEBRAÇÃO DO JUBILEU DE OURO DO SANTUÁRIO

Eles já nos enriqueceram com seus testemunhos e palavras de estímulos às novas gerações em outros números de nosso jornal. Recordamos neste número especial as palavras mais marcantes e as mensagens dos membros de nosso Conselho de Anciãos

Eles já nos enriqueceram com seus testemunhos e palavras de estímulos às novas gerações em outros números de nosso jornal. Recordamos neste número espe-cial as palavras mais marcantes e as mensagens dos membros de nosso Conselho de Anciãos:

NORMA APUDE “Logo que me casei comecei a participar da comunidade quan-do nosso Santuário era ainda uma simples capela. Comprar um apartamento perto do San-tuário Santa Edwiges foi para mim uma graça de Deus, pois tive de morar por um tempo em São Bernardo e a experiência não foi muito boa. Hoje já são 48 anos ao lado de Santa Edwi-ges sempre morando perto. Meu maior desejo agora é que Santa Edwiges abençoe a todos, que ela interceda por seus devotos concedendo-lhes saúde, felici-dades e muitas bênçãos! Aos romeiros que vem de longe, seja de São Paulo ou do interior, sintam-se em casa e recebem as benções de Deus por meio de nossa Santa Padroeira. Quando uma pessoa é humilde ela se dá bem com todo o mundo, procu-ra o bem da comunidade! Creio que sou assim e não me canso de convidar e motivar a todos.”

RINO GIANEZI “No tempo em que era funcio-nário, eu não sei contar as mui-tas vezes em que via a despensa vazia, o dia da distribuição de cestas se aproximar e, Deus, por intercessão de Santa Edwiges, em sua imensa bondade, nos providenciava com muitas doa-ções e assim nossos pobres nun-ca ficaram sem assistência. Po-dem ser poucos os alimentos, as cestas podem estar incompletas, mas nunca falta o que doar. Hoje estou muito contente por estar aqui nestes 50 anos de paróquia. Vejo com carinho a devoção do povo que ano após ano estão presentes nas novenas e festas de santa Edwiges. Presenciei e continuo a presenciar milagres todo este tempo, inclusive em minha vida, vejo-os acontecer sempre. Já são dez anos de luta contra o câncer, duas cirurgias. Só para se ter uma idéia, na se-gunda cirurgia perdi quarenta por cento de meu fígado, fiquei por sete dias desacordado e, no entanto estou aqui. Para mim a comunidade Santa Edwiges é minha segunda casa. Sou mui-to feliz aqui e comemorar os 50 anos é uma grande satisfação.”

LEILA FERREIRA LEITE “A todos os nossos agentes de pastoral, sejam aqueles que es-tão iniciando sua caminhada até os mais experientes, aos nossos queridos jovens, aos nossos fiéis e romeiros, eu digo que nunca desanimem, pois eu digo sem-pre: foram muitos os padres que aqui passaram, nos deram apoio, nos incentivaram, a comunidade permanece e deve prosseguir avante em sua missão.

BENEDITA APARECIDA DE FREITAS “Quero dizer a todos que vale à pena trilhar por este caminho de Cristo até o fim da jornada. É o único e não há outro! Nós sem-pre teremos as nossas dificul-dades e problemas da vida, mas com Cristo e com a intercessão de nossa padroeira Santa Edwi-ges, teremos sempre segurança e muita alegria em viver e ser-vir. Falo isso por mim e por meu marido Fausto, que deu sua vida por essa comunidade enquanto estava conosco.”

ELZA GENARO “Fazem mais de 50 anos que moro em São Paulo. Vim parar aqui em busca de tratamento para minha filha e por obra da Providencia acabei conhecendo a capelinha de Santa Edwiges antes mesmo de entrar em mi-nha morada. Jamais imaginava que a partir daquele momento minha vida seria uma sequencia de graças. Eu nunca fui rica, mas também nunca fui pobre. Sempre tive amigos! A comu-nidade de Santa Edwiges é fora de sério! Você não acredita, mas se você precisar de alguma coi-sa, de alguma pessoa, desde o mais humilde até os maiores co-ordenadores enfim. Você sem-pre encontra alguém disposto a lhe ajudar. Foi o que aconteceu comigo, eu sempre recebi aqui muita atenção e carinho! Estou muito feliz mesmo por poder participar desta festa, afinal ela é de todos nós!”

ANA N. JONAS (MADEMA) “ É uma alegria imensa estar viven-ciando esta celebração. Eu olho para trás e ainda posso recordar da capelinha Santa Edwiges que na época era mais conhecida como a igrejinha da Bica, de-vido à fonte que tinha do lado da igreja. Eu fazia questão de convidar as pessoas para parti-ciparem na Igrejinha da Bica. A Igrejinha, no entanto, começou a crescer. No tempo de D. Lafa-et falava-se em aumentar a Igre-ja e as quermesses eram nossos instrumentos de arrecadação. Trabalhamos muito e hoje olha só o que estamos vendo! É uma graça imensa!”

LUZIA B. V. DE ANDRADE

MANOEL GRANADEIRO “Acho o seguinte: Cin-quenta anos é uma data para comemoração! Afinal são cin-quenta anos de vida! Cinquenta anos de confraternização! Cinquenta anos de evangelização, Cinquenta anos de convi-vência! Como Vicentino de longa data, eu digo que tanto a Conferência como eu sempre fazemos tudo, nos doamos com tanto carinho que não dá para explicar todo o sentimento ao ver esta grande festa acontecendo na comunidade. Só tenho a agradecer a Deus por essa Maravilha em nossas vidas!”

ELZA GENARO

MANOEL GRANADEIRO “Acho o seguinte: Cin-quenta anos é uma data para comemoração! Afinal são cin-quenta anos de vida! Cinquenta anos de confraternização! Cinquenta anos de evangelização, Cinquenta anos de convi-vência! Como Vicentino de longa data, eu digo que tanto a Conferência como eu sempre fazemos tudo, nos doamos com tanto carinho que não dá para explicar todo o sentimento ao ver esta grande festa acontecendo na comunidade. Só tenho a agradecer a Deus por essa Maravilha em nossas vidas!”

LEILA FERREIRA LEITELEILA FERREIRA LEITE“A todos os nossos agentes de

BENEDITA APARECIDA DE

“A minha participação nos tra-balhos da comunidade, teve início com o convite do Pe. Se-gundo Piotti na festa de outubro daquele ano, a proposta era a de montar uma barraca: a bar-raca da sacola surpresa! Com o contato e a amizade com as várias famílias do bairro, que perduram até hoje, foi possível conseguir, não só a participação das mesmas, como também ad-quirir as prendas para a festa. Na escola eu também era coordena-dora do Ensino Religioso e tinha orientações através da arquidio-cese que nos fornecia material para as aulas. Para mim, esta comemoração, é como se tivesse ganhado na loteria! Presenciar o Jubileu de Ouro de algo que vi nascer, crescer, desenvolver e que ajudei acompanhando tudo é motivo de muita felicidade. Chego a ver cada tijolo sendo carregado e todo o empenho do povo.”

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4 Jornal Santa Edwiges santuariosantaedwiges.com.br Abril de 2010

Encíclica do PaPa BEnto 16caritas in veritate: a verdade na caridade

Todavia, hoje, há também muitos gerentes que, através de análises clarividentes, se dão conta cada vez mais dos profun-dos laços que a sua empresa tem com o território ou territórios, onde opera. Paulo 6º convidava a avaliar seriamente o dano que a transferência de capitais para o estrangeiro, com exclusivas vantagens pessoais, pode causar à própria nação. E João Paulo 2º advertia que investir tem sempre um significado moral, para além de econômico. Tudo isto — há que reafirmá-lo — é válido tam-bém hoje, não obstante o merca-do dos capitais tenha sido muito liberalizado e as mentalidades tecnológicas modernas possam induzir a pensar que investir seja apenas um fato técnico, e não humano e ético. Não há motivo para negar que um certo capital possa ser ocasião de bem, se in-vestido no estrangeiro antes que na pátria; mas devem-se ressal-var os vínculos de justiça, tendo em conta também o modo como aquele capital se formou e os danos que causará às pessoas o seu não investimento nos luga-res onde o mesmo foi gerado. É preciso evitar que o motivo para o emprego dos recursos financei-ros seja especulativo, cedendo à tentação de procurar apenas o lucro a breve prazo sem cuidar igualmente da sustentabilidade da empresa a longo prazo, do seu serviço concreto à economia real e duma adequada e oportuna pro-moção de iniciativas econômicas também nos países necessitados de desenvolvimento. Também não há motivo para negar que a deslocalização, quando compre-ende investimentos e formação, possa fazer bem às populações do país que a acolhe — o trabalho e o conhecimento técnico são uma necessidade universal –; mas não é lícito deslocalizar somente para gozar de especiais condições de favor ou, pior ainda, para explo-ração, sem prestar uma verdadei-ra contribuição à sociedade local para o nascimento de um robusto sistema produtivo e social, fator imprescindível para um desen-volvimento estável.

41. Dentro do mesmo tema, é útil observar que o espírito empresarial tem, e deve assumir cada vez mais, um significado polivalente. A longa prevalên-

Nesta edição do Jornal Santa Edwiges continuamos a transcrever o terceiro capítulo da Carta Encíclica do Santo Padre.Fraternidade, desenvolvimento econômico e a sociedade civil são as temáticas.

cia do binômio mercado-Estado habituou-nos a pensar exclusiva-mente, por um lado, no empresá-rio privado de tipo capitalista e, por outro, no diretor estatal. Na realidade, o espírito empresarial há de ser entendido de modo ar-ticulado, como se depreendem duma série de motivações metas econômicas. O espírito empresa-rial, antes de ter significado pro-fissional, possui um significado humano; está inscrito em cada trabalho, visto como “actus per-sonæ”, pelo que é bom oferecer a cada trabalhador a possibilidade de prestar a própria contribuição, de tal modo que ele mesmo saiba trabalhar ‘‘por conta própria’’ ». Ensinava Paulo 6º, não sem mo-tivo, que “todo o trabalhador é um criador”. Precisamente para dar resposta às exigências e à dignidade de quem trabalha e às necessidades da sociedade é que existem vários tipos de empresa, muito para além da simples dis-tinção entre privado e público. Cada uma requer e exprime um espírito empresarial específico. A fim de realizar uma econo-mia que, num futuro próximo, saiba colocar-se ao serviço do bem comum nacional e mundial, convém ter em conta este signi-ficado amplo de espírito empre-sarial. Tal concepção mais ampla favorece o intercâmbio e a for-mação recíproca entre as diver-sas tipologias de empresariado, com transferência de competên-cias do mundo sem lucro para aquele com lucro e vice-versa, do setor público para o âmbito próprio da sociedade civil, do mundo das economias avançadas para aquele dos países em vias de desenvolvimento.

Também a “autoridade polí-tica” tem um significado poliva-lente, que não se pode esquecer quando se procede à realização duma nova ordem econômico-produtiva, responsável social-mente e à medida do homem. As-sim como se pretende fomentar um espírito empresarial diferen-ciado no plano mundial, assim também se deve promover uma autoridade política repartida e ativa a vários níveis. A economia integrada de nossos dias não eli-mina a função dos Estados, antes obriga os governos a uma cola-boração recíproca mais intensa. Razões de sabedoria e prudência

sugerem que não se proclame de-pressa demais o fim do Estado; relativamente à solução da crise atual, a sua função parece desti-nada a crescer, readquirindo mui-tas das suas competências. Além disso, existem nações, cuja edi-ficação ou reconstrução do Esta-do continua a ser um elemento-chave do seu desenvolvimento. A ajuda internacional, precisa-mente no âmbito de um projeto de solidariedade que tivesse em vista a solução dos problemas econômicos atuais, deveria so-bretudo apoiar a consolidação de sistemas constitucionais, jurídicos, administrativos nos países que ainda não gozam de tais bens. A par das ajudas eco-nômicas, devem existir outros apoios tendentes a reforçar as garantias próprias do Estado de direito, um sistema de ordem pública e carcerária eficiente no respeito dos direitos humanos, instituições verdadeiramente de-mocráticas. Não é preciso que o Estado tenha, em todo o lado, as mesmas características: o apoio para reforço dos sistemas cons-titucionais débeis pode muito bem ser acompanhado pelo de-senvolvimento de outros sujeitos políticos de natureza cultural, social, territorial ou religiosa, ao lado do Estado. A articulação da autoridade política a nível local, nacional e internacional é, para além do mais, uma das vias mes-tras para se chegar a poder orien-tar a globalização econômica; e é também o modo de evitar que esta mine realmente os alicerces da democracia.

42. Notam-se às vezes atitu-des fatalistas a respeito da globa-lização, como se as dinâmicas em ato fossem produzidas por forças impessoais anônimas e por estru-turas independentes da vontade humana. A tal propósito, é bom recordar que a globalização há de ser entendida, sem dúvida, como um processo sócio-econô-mico, mas esta sua dimensão não é a única. Sob o processo mais visível, há a realidade duma hu-manidade que se torna cada vez mais interligada; tal realidade é constituída por pessoas e povos, para quem o referido processo deve ser de utilidade e desenvol-vimento, graças à assunção das respectivas responsabilidades por parte tanto dos indivíduos

como da coletividade. A supe-ração das fronteiras é um dado não apenas material mas também cultural nas suas causas e efeitos. Se a globalização for lida de ma-neira determinista, perdem-se os critérios para a avaliar e orientar.

Trata-se de uma realidade humana que pode ter, na sua fon-te, várias orientações culturais, sobre as quais é preciso fazer discernimento. A verdade da glo-balização enquanto processo e o seu critério ético fundamental provêm da unidade da família humana e do seu desenvolvi-mento no bem. Por isso é preciso empenhar-se sem cessar por fa-vorecer uma orientação cultural personalista e comunitária, aber-ta à transcendência, do processo de integração mundial.

Não obstante algumas li-mitações estruturais, que não se hão de negar nem absolutizar, “a globalização a priori não é boa nem má. Será aquilo que as pes-soas fizerem dela” Não devemos ser vítimas dela, mas protago-nistas, atuando com razoabili-dade, guiados pela caridade e a verdade. Opor-se-lhe cegamente seria uma atitude errada, fruto de preconceito, que acabaria por ignorar um processo marcado também por aspectos positivos, com o risco de perder uma gran-de ocasião de se inserir nas múl-tiplas oportunidades de desen-volvimento por ele oferecidas. Adequadamente concebidos e geridos, os processos de globa-lização oferecem a possibilidade duma grande redistribuição da riqueza a nível mundial, como antes nunca tinha acontecido; se mal geridos, podem, pelo con-trário, fazer crescer pobreza e desigualdade, bem como conta-giar com uma crise o mundo in-teiro. É preciso corrigir as suas disfunções, tantas vezes graves, que introduzem novas divisões entre os povos e no interior dos mesmos, e fazer com que a re-distribuição da riqueza não se

verifique à custa de uma redistri-buição da pobreza ou até com o seu agravamento, como uma má gestão da situação atual poderia fazer-nos temer. Durante muito tempo, pensou-se que os povos pobres deveriam permanecer ancorados a um estádio prede-terminado de desenvolvimento, contentando-se com a filantropia dos povos desenvolvidos. Contra esta mentalidade, tomou posição Paulo 6º na Populorum progres-sio. Hoje, as forças materiais de que se pode dispor para fazer aqueles povos sair da miséria são potencialmente maiores do que outrora, mas acabaram por se aproveitar delas prevalente-mente os povos dos países de-senvolvidos, que conseguiram desfrutar melhor o processo de liberalização dos movimentos de capitais e do trabalho. Por isso a difusão dos ambientes de bem-estar a nível mundial não deve ser refreada por projetos egoís-tas, protecionistas ou ditados por interesses particulares. De fato, hoje, o envolvimento dos países emergentes ou em vias de desen-volvimento permite gerir melhor a crise.

A transição inerente ao pro-cesso de globalização apresenta grandes dificuldades e perigos, que poderão ser superados ape-nas se souber tomar consciência daquela alma antropológica e ética que, do mais fundo, impe-le a própria globalização para metas de humanização solidária. Infelizmente esta alma é muitas vezes abafada e condicionada por perspectivas ético-culturais de impostação individualista e utilitarista. A globalização é um fenômeno pluridimensional e polivalente, que exige ser com-preendido na diversidade e uni-dade de todas as suas dimensões, incluindo a teológica. Isto per-mitirá viver e orientar a globali-zação da humanidade em termos de relacionamento, comunhão e partilha.

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Abril de 2010 santuariosantaedwiges.com.br Jornal Santa Edwiges 5

JuBilEu do santuário

No artigo passado pudemos nos inserir no contexto do jubi-leu no âmbito da Igreja univer-sal e também no que nos é parti-cular: 50 anos da Paróquia Santa Edwiges.

Pensando na melhor forma de nos assentar na realidade ju-bilar, é que chegamos à suges-tão de tentar passar um pouco por cada aspecto das pastorais e movimentos, que inspirados em Santa Edwiges e em nosso Senhor Jesus Cristo, nestes 50 anos de evangelização no dis-cipulado missionário da cidade de São Paulo fizeram e ainda fazem o melhor para caminhar-mos para Cristo.

Quantas crianças e adoles-centes por meio do incansável trabalho e testemunho de seus catequistas puderam realizar as suas primeiras comunhões? Nos tempos antigos da Igreja a parti-cipação efetiva do povo nas mis-sas, era tida por meio das tantas comunhões que os participantes tomavam. Sim, a participação do povo era tida pelo número de comunhões que o padre distri-buía nas missas.

A catequese na Paróquia Santa Edwiges, como em qual-quer outra, era um dos carros chefes da atividade pastoral. Muitas, mas muitas mesmo fo-ram as crianças que aqui encon-traram Jesus Cristo por força do anúncio dos catequistas e da vida sacerdotal de nossos pasto-res, fato decisivo na aceitação do processo catequético em suas vidas.

Para quem aplica ou parti-cipa da atividade apaixonante da Igreja denominada Cateque-se, sempre fica a certeza de que Cristo age na história daquele a quem Ele é anunciado. Como referência da Sagrada Escritura a isso – a atividade apaixonante da Catequese – citamos o texto de Atos dos Apóstolos 8,26-40 que trata do batismo do servo de uma rainha, que foi ‘alvo’ da Catequese de Filipe. Até mesmo a grande Catequese que Jesus tem que (re)fazer aos Discípulos de Emaús em Lucas 24,13-35.

É de saudosa recordação o tempo valioso de nossa história, que a transmissão dos valores

Jubileu das Crianças e dos CatequistasMuito notória foi sempre a caminhada do anúncio e da profissão de fé em Jesus Cristo. Crianças, adolescentes e jovens,

por meio da catequese primordial de nossa paróquia puderem crescer em idade, estatura e graça, pelo incansável testemunho dos catequistas.

do Evangelho – valores estes transmitidos de forma verdadei-ra pela Igreja Católica – eram feitas pelas chamadas ‘aulas de religião’, com os seus ‘pro-fessores’. Tudo isso era num tempo em que todo o processo educacional de uma pessoa co-meçava pela família e também tinha a referência da esfera es-tatal. Pena que hoje não é mais assim. O individualismo tam-bém atinge a esfera espiritual-

confessional, onde cada um ‘prefere uma forma de espiritualidade’ e não uma adesão de uma confissão religiosa.

Ora, um grande amigo-mestre meu insere o processo da Catequese como “algo que leva-se a conhecer sinais, histó-rias e doutrinas que formam a consciência do fiel. Ele conhe-ce Jesus Cristo como seu Se-nhor e Salvador. E adere a tudo o que a este Mistério se refere”. Sim, aderir a tudo o que se re-fere ao Mistério de Cristo é o caminho natural da Catequese. O texto de Atos dos Apóstolos 2,36-41 que trata das primei-ras conversões ao Mistério de Cristo Morto e Ressuscitado é brilhante e notório no caminho da Catequese.

A obra da Catequese de nossa comunidade paroquial confunde-se com a difusão da antiga capelinha até o grande Santuário que somos hoje. Ora, se a educação natural de nós

homens, deve passar primeiro pela via familiar, com o com-plemento da estrutura do estado que nos dá a educação forma-tiva de cidadãos, o que não di-zer da educação religiosa, que por meio da difusão da Sagrada Escritura, da celebração dos Sacramentos (na excelência da Eucaristia), na exclamação de entusiasmo da beleza da arte sacra que faz ecoar Jesus Cris-

to, morto e ressuscitado?Com certeza, nunca

foi intenção nossa fazer crescer somente em nú-mero aqueles e aquelas destinatários da Reve-lação dos mistérios de Deus em Jesus Cristo, ou seja, nossas crianças. Somos conscientes que este número até tenha diminuído, frente às constantes crises de fé e de valores que fize-ram com que nossas crianças, ao atingir a maturidade de vida, mudassem de deno-minação religiosa por “não conhecerem Je-sus até então”. Fica sempre o nosso ense-

jo que se tal mudança aconte-ceu, possa um dia ser restaura-da a Unidade da Fé tão querida por nosso Senhor Jesus Cristo.

Mas, a figura dos catequis-tas ao longo destes 50 anos de nossa paróquia é emblemática. Sim, homens e mulheres no ato da aplicação da Catequese, muitas vezes deram com gene-rosidade seu tempo (de descan-so inclusive) ao complemen-to do serviço ministerial dos sacerdotes de nossa paróquia: fazer conhecer, fazer amar e fa-zer cumprir a doutrina de Jesus Cristo (cf. São José Marello, Carta 25).

Seja de modo orgânico e sistemático ou mesmo a partir da experiência religiosa ori-ginal e humilde, a Catequese sempre deve ser um processo de escuta e repercussão da Pa-lavra de Deus (cf. Catequese Renovada nº. 31).

Nossas crianças de hoje e de ontem, podem contar com o incansável zelo apostólico

dos Catequistas, que num mun-do dilacerado por discórdias e cheio de ‘novas opções de pseu-do-espiritualidades’ anunciam Jesus Cristo de modo explícito. Na atualidade do 1º Congresso de Leigos da Arquidiocese de São Paulo, devemos sim consi-derar a importante presença os Catequistas nesta circunstância.

O saudoso Papa João Paulo 2º no Jubileu dos Catequistas

ce lebrado em 10 de dezembro de 2000, no Vaticano, dizia que os Ca-tequistas se assemelham em João Batista, o precursor de nosso Salvador, o Filho úni-co de Deus. De fato, como ‘o Batista’, as características fun-damentais dos Catequistas têm sua semelhança no último dos Profetas: preparar o caminho do Senhor naqueles e naquelas aos quais Ele se dirige. As palavras do Papa da Paz são muito inte-ressantes a respeito da missão dos catequistas: “O catequista deve ser a voz que transmite a Palavra, amigo que conduz ao Esposo. E contudo, como João, também ele é, num certo senti-do, indispensável, porque a ex-periência da fé tem sempre ne-cessidade de um mediador, que seja simultaneamente testemu-nha. Quem de nós não agradece ao Senhor o dom de um válido catequista sacerdote, religioso, religiosa, leigo ao qual se sente devedor da primeira exposição orgânica e envolvente do misté-rio cristão?”

Para finalizar, é uma ex-periência marcante vermos e

confessional,

Com certeza, nunca foi intenção nossa fazer crescer somente em nú-mero aqueles e aquelas destinatários da Reve-lação dos mistérios de Deus em Jesus Cristo, ou seja, nossas crianças. Somos conscientes que este número até tenha diminuído, frente às constantes crises de fé e de valores que fize-ram com que nossas crianças, ao atingir a maturidade de vida, mudassem de deno-minação religiosa por “não conhecerem Je-sus até então”. Fica sempre o nosso ense-

jo que se tal mudança aconte-

constatarmos, que muitas crian-ças catequizadas pelos nossos irmãos e irmãs transmissores da Palavra de Deus, os Catequistas, ainda hoje atuam na comunida-de paroquial. Claro que tam-bém ‘tivemos perdas’ de nosso rebanho para ‘outras manifes-tações de espiritualidade’ e isso nos faz questionar como está a nossa apresentação e vivência do acontecimento na vida do

h o m e m

chamado Jesus Cristo.Novamente citando meu

amigo-mestre, penso e concor-do com ele que o comportamen-to e atitudes do agir humano, a moralidade, só pode ser uma consequência da Graça (presen-ça) de Deus, se nos abrimos à Revelação do Pai, no Filho pelo Espírito Santo que pela Igreja (querer do Senhor) faz com que concorramos à todas as coisas existentes no mundo no amor do Senhor.

Crianças e Catequistas, o Jubileu da Paróquia San-ta Edwiges é o vosso Jubileu. Hoje, novamente, Jesus chama a todos vós e juntos devem es-cutá-lo.

Que possamos nos motivar novamente ao chamado do Se-nhor, que nos convida a segui-lo de modo livre e responsável, fieis à Sagrada Escritura, à Tra-dição e ao Magistério da Igreja Católica.

Deo gratias!

ce lebrado em 10 de dezembro de 2000,

h o m e m

Martinho [email protected]

Page 6: Jornal Sta. Edwiges - Ed. de Abril

6 Jornal Santa Edwiges santuariosantaedwiges.com.br Abril de 2010

Palavra do Pároco o sErvo dE dEusParanaguá, onde trabalhará com afinco, passando horas a fio den-tro do confessionário, tornando-se para todos um apóstolo do confes-sionário e depois outros 3 anos na Igreja Sagrado Coração da Água Verde, em Curitiba, também como vigário paroquial. Neste campo de apostolado, deixará uma inesque-cível lembrança de sua pessoa e de seus trabalhos pastorais. Sua pessoa e sua dedicação marcaram tanto as pessoas que inclusive não passará despercebido ao arcebis-po Dom João Braga e também a Dom Henrique Golland Trinda-de que sobre ele assim declarou: “Conservo ainda algumas de suas cartas. Que santinho aquele pa-dre”. A partir de janeiro de 1936 voltará novamente ao Sanatório da Lapa e este local se constituirá o campo mais fértil de seu aposto-lado, pois ali com a sua presença as práticas religiosas refloresce-rão. Seu apostolado neste Sanató-rio, mais do que no exercício de capelão, será um apostolado do exemplo, onde deixará transpa-recer, sobretudo o amor a Deus, o zelo pela salvação das almas, a humildade, a simplicidade e a sua inalterável paciência. Será ele que com seu apostolado quem dará para os doentes a mais viva fé e ardente piedade à eucaristia. Todos os doentes nutrirão por ele uma grande admiração e o terão como um santo. Durante o tem-po em que viveu no Sanatório suscitou inúmeras conversões de espíritas, descrentes, protestantes e até ateus. Muito embora a pre-sença de Pe. Calvi no Sanatório fosse para debelar a tuberculose, a preocupação mais latente em seu coração era aquela de servir ao Senhor na pessoa dos que com ele ali viviam a mesma situação e o mesmo desafio da doença. Neste Sanatório paranaense o Pe. Cal-vi viverá complexivamente qua-se 9 anos, sendo doente entre os doentes, sendo um apóstolo, um pai, um irmão, um amigo de cada doente. Exerceu o seu ministério sacerdotal sendo um exemplar e zeloso missionário por todos os lugares em que passou. A res-peito de seu trabalho apostólico, ele mesmo dizia que o sacerdote é um pai para todos e, por isso, deve receber como o mesmo amor seja os grandes que os pequenos, sejam os ricos que os pobres, os idosos que os jovens e as crianças. Afirmava que um sacerdote deve reunir em si virtudes incompatí-veis, ou seja, o sentimento de sua dignidade e uma profunda humil-dade, um zelo ardente com grande prudência, uma doçura paciente e longânime a uma firmeza que não recua.

Aleluia é a expressão pascal de alegria pelo fato da Ressurrei-ção do Senhor na manhã do do-mingo. Aleluia deve ser a nossa expressão nesta memorável data, neste dia 21 de abril de 2010, onde a Paróquia celebra o seu cin-qüentenário.

Celebrando a Páscoa tempo de alegria e jubilo, o Jubileu do Santuário passa a ser uma graça a todos os seus paroquianos, aos devotos de Santa Edwiges e en-fim, aos pobres que no entorno paroquial se beneficiaram com as caminhada da comunidade. Desde muito cedo surge às associações beneficentes em prol das necessi-dades dos pobres, famintos e des-camisados.

Hoje a Paróquia conta com uma grande estrutura, com uma ampla rede de pastorais, com uma organicidade dentro das proposi-ções da Igreja do Brasil que por muito sempre foi astuta na meto-dologia e na proposição de medi-das pastorais fazendo o evangelho se tornar vida na vida das pessoas.

Desde a inesquecível Igre-jinha do Bairro do Sacomã dos anos de 1960, o Santuário percor-re uma história de conquistas, de sustos, realizações e transforma-ções. Onde as ruas eram sem pavi-mentação ou ainda sem paralele-pípedos. Até a atual circunstância, de não encontrar mais espaços livres para a confecção de um jar-dim, uma praça ou de uma área de lazer, em uma região que foi nes-tes termos muito privilegiada.

Podemos destacar algumas conquistas, como sempre assistida por padres, depois por uma gama de pessoas que até hoje perseve-ram na comunidade, e não com menos energia apesar do crivo dos anos: A construção da igreja, hoje com dimensões enormes em comparação com as descrições da antiga Capela do Bairro, a eleva-ção da Igreja a Santuário, a Con-sagração da mesma, as inúmeras visitas dos Senhores Bispos, dada a dinâmica comunidade e a ami-zade e boa convivência dos pa-dres com os mesmos, bem como a comunhão ao projeto diocesano, o serviço aos pobres, partindo desde a partilha dos alimentos até a diversidade dos serviços que a OSSE, Obra Social Santa Edwi-ges, produz pela amplidão que se tornou a organização desta. Outra conquista importante foi a dos Oblatos terem assumido e depois ao longo dos anos terem transferi-do a casa de formação da Teologia para casa paroquial, depois com a construção da sede do seminário teológico, onde os estudantes se empenham na ajuda pastoral do santuário enquanto se preparam para o ministério.

A favela se tornou-se um

bairro ao longo dos tempos, tendo as suas amplas melhorias em to-dos os sentido: transportes, habi-tação, saúde, emprego, melhoria no nível de conhecimento e nos serviços a comunidade, mesmo em meio aos desafios da super-população. Há ainda muito a ser melhorado, e o nome favela já não traduz o que é o bairro. Se favela é espaço periférico, hoje Heliópo-lis é uma cidade, que começou a ser melhorada até por investido-res, e podemos citar bancos, redes de farmácia, posto de serviço de energia e outros afins. A Comu-nidade sempre muito sensível se destacou na ajuda a tantos que chegaram a grande cidade, aco-lhendo, orientando, ajudando a adequação. Tomamos um susto grandioso, com a tomada ampla da área Heliópolis. Depois o aci-dente terrível com o incêndio do prédio ao lado do hospital, antes disso o incêndio da antiga Capela. Realidades duras também do San-tuário, mas superamos tudo com muita garra e fé.

Na ótica humana, 50 anos parece rápido, mas é preciso ava-liar. Um homem que pára e olha, percebe o tempo de ter tido cinco décadas, ou seja, cinco decênios de anos. Os filhos já estão gran-des e já possui netos. As gerações passaram. Passaram também pen-sadores e pensamentos diversos, planos econômicos, governos e governadores de pelos menos 6 gestões diversas. 50 anos é tempo de celebrar, de agradecer a vida. A Aleluia Pascal deve ser for-te, afinal, no século passado, foi construída uma Igreja que conti-nua com muita vitalidade. Aleluia por tão pouco descrito, do muito acontecido na vida desta, de ela ter sido um Santuário no Jubileu de Jesus Cristo, no Ano 2000 da redenção.

Digamos: Aleluia por Deus ter nos dado em Santa Edwiges nossa Padroeira o Amor por in-termédio dele. Levando esse amor aos pobres no cumprimento de um carisma Pascal, do Ide e Levai a todos o Evangelho, a Boa nova.

Aleluia, alegria, felicidades povo da comunidade de Santa Edwiges, nesta querida Arquidio-cese de São Paulo, da grande cida-de. Que o Cristo neste Jubileu nos anime a viver com mais ousadia ainda pelo Reino, e realizar a par-tir da alavanca destes cinqüenta anos, coisas ainda maiores.

Quando forem celebrar 100 anos, possam dizer um novo Ale-luia, por projetos ainda maiores que os nossos. Salve o Deus da Esperança e da Ressurreição. Sal-ve o Cristo mediador de tudo fon-te deste Jubileu.

cinquEnta anos dE História Paróquia - santuário santa EdwigEs

Pe. José Calvi nasceu em Cortemilia, Itália, no dia 01 de maio de 1901, filho de João Calvi e Madalena Lustrini, viveu a sua infância numa família bastante pobre, de bons princípios católi-cos. Por isso mesmo foi batizado quando tinha apenas uma semana de vida, aos 7 de maio do mesmo ano, na Paróquia de San Pantaleo, em Cortemilia, onde foi educado e, desde pequeno, conduzido para o catecismo e aos sacramentos, o que lhe possibilitou receber o sa-cramento do Crisma aos 9 anos no dia 21 de setembro de 1910 na mesma Paróquia. Testemunhará sobre o ainda adolescente José, o padre Vacchetto que muito bem o conhecia, pois era freqüentador da casa de sua família, ao dizer:

“Conheci-o na idade de 11 anos e dele não recordo nenhum defeito. Era sempre dócil, calmo e sorridente. No catecismo era mui-to assíduo, atento e estudioso...”.

Não apenas o Padre que o conheceu em sua infância deu ótimas referências sobre ele, mas também muitas pessoas que o co-nheceram durante a sua infância foram unânimes em afirmar e em ressaltar as suas brilhantes quali-dades. Ele, muito embora de saú-de frágil, se distinguia pela bon-dade, pela aplicação nos estudos e pelo gosto das coisas de Deus. O exemplo de amor e de carida-de que a mãe do jovem José lhe deu, marcou-o por toda a vida, a ponto de ainda criança exclamar: “Ó bom Deus, fazei-me filho dig-no de minha mãe”. Nem mesmo a sua saúde frágil o fazia ficar para traz nos estudos, aliás, era um dos melhores alunos e muito querido pelos colegas e professores na es-cola pública onde estudava. Por isso, ao terminar o quinto ano pri-mário, em 1914, tinha em mãos a declaração de boa conduta de Pe. Miguel Coroglia na qual em pou-cas palavras se lia:

“Declaro que é um jovem de louvável conduta, que assiste com piedade às funções litúrgicas, que participa com freqüência dos san-tos sacramentos e que, portanto, parece ser chamado para o estado religioso”.

Neste mesmo ano, iniciou a sua caminhada de preparação à vida religiosa no seminário de Asti, da Congregação dos Obla-tos de São José. Juntamente com sua simplicidade e bondade, trazia também um grande desejo de ser bom e de se preparar seriamente para o sacerdócio. Este seu inten-so desejo fez com que no semi-nário se empenhasse no cumpri-mento dos seus deveres. Tanto é verdade, que foram vários os seus colegas de seminário a não titube-arem em testemunhar suas belas qualidades e exemplos “Não notei nenhum defeito nele que pudesse

ser voluntário. Não tinha nada de extraordinário exteriormente, mas fazia tudo com toda precisão e exatidão e esse seu comportamen-to era tão habitual que lhe parecia natural... Foi extraordinário nas coisas ordinárias”, dizia um dos seus colegas. Também o seu mes-tre de noviciado testemunha que o apontara como modelo de obe-diência, de piedade e de exemplo na vida de comunidade para os demais colegas e que se destacava no seu espírito de oração e na sua modéstia.

Toda a sua vida de formação foi plasmada na obediência, no espírito de oração e de sacrifícios (muito mais porque era bastante doente) e sempre dócil à vontade de Deus. Devotíssimo de Nossa Senhora, a terá como sua prote-tora; amante da eucaristia, não deixará jamais a ocasião de se alimentar de Cristo e tudo isso ele demonstrará e viverá durante toda a sua vida. Entusiasta pela vida de consagração a Deus, se esmerará por cumprir com total dedicação todas as etapas de preparação no seminário, consagrando-se defi-nitivamente a Deus com a profis-são perpétua aos 5 de outubro de 1925.

Ordenado sacerdote no dia 26 de julho em Asti - Itália, imedia-tamente pediu aos superiores para ser missionário na Brasil. Contu-do, o seu desejo esbarrava-se em dois obstáculos: a sua saúde bas-tante precária e a dificuldade da dispensa militar, obstáculos estes que venceu primeiro recebendo a dispensa do serviço militar em virtude do trabalho missionário e, depois, vencendo a resistên-cia de quem não desejasse que fosse missionário alegando que se o exército o tinha como apto, por que também não seria ele apto para o trabalho missionário. Assim, no dia 16 de setembro de 1926, poucos meses depois de ordenado, partiu para o Brasil e, logo ao chegar a terras brasileiras, teve como seu primeiro campo de apostolado o “Abrigo de Me-nores” de Curitiba, junto aos me-nores abandonados, que eram in-ternos deste instituto educativo do governo do Paraná. Ali dedicará, enquanto a sua saúde lhe permitir, na educação destes adolescentes e jovens dando-lhes afeto, calor hu-mano, princípios cristãos e, sobre-tudo, exemplos edificantes.

Seu trabalho como educa-dor no “Abrigo dos Menores” não durou muito tempo, pois sua saúde precária, agravada pela tu-berculose, fez com que no início do ano de 1928 fosse internado no Sanatório São Roque da Lapa, onde permanecerá pela primeira vez por 1 ano e 4 meses, depois do qual passará aproximadamente 3 anos como vigário paroquial em Continua na próxima edição

Pe. José Calvi

Pe. Paulo Siebeneichler - [email protected]

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Abril de 2010 santuariosantaedwiges.com.br Jornal Santa Edwiges 7

BatisMoartigo

Batismos em 21 de março de 2010

Alexandre Cunha Daniel Fontenele Gabriel

Sabrina souza Sabrina VieiraSteffany Pereira

Viviana Leite

O santo Batismo é o fun-damento de toda a vida cristã, a porta da vida no Espírito e a porta que abre o acesso aos demais sacramentos. Pelo Batismo somos libertados do pecado e regenerados como filhos de Deus, tornamo-nos membros de Cristo, somos incorporados à Igreja e feitos participantes de sua missão: “Baptismus est sacramentum regenerationis per aquam in verbo - O Batismo é o sacra-mento da regeneração pela água na Palavra”.

Quando recebemos o Sa-cramento do Batismo, trans-formamo-nos de criaturas para Filhos Amados de Deus. Muitos pensam que os sacra-mentos em geral são obras eclesiásticas, ou seja, os sa-cramentos são “invenções” da Igreja. Isso não é verdade, os sacramentos são sem som-bra de dúvidas criadas por Jesus Cristo, o próprio Deus Encarnado.

O profeta João Batista, primo de Jesus, que veio ao mundo para preparar os ca-minhos para a vinda do Mes-sias, foi quem batizava as pessoas para a vinda de Cris-to (Mc 1, 2s). Ele sabia que o seu Batismo era temporário, pois logo depois dele viria o seu primo Jesus que batizaria no Espírito Santo, ou seja, o profeta batizava com água e Jesus batizava com o Espírito Santo. A Bíblia sugere o ba-tismo de todos, o que inclui as crianças.

Atos 2, 38-39: “Disse-lhes Pedro: ‘Arrependei-vos, e cada um de vós seja batiza-do em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados. E recebereis o dom do Espírito Santo. A promessa diz res-peito a vós, a vossos filhos, e a todos que estão longe - a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar’.” E também outras passagens. (ver Atos 16, 15; Atos 16, 33; Atos 18, 8; 1Coríntios 1, 16)

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8 Jornal Santa Edwiges santuariosantaedwiges.com.br Abril de 2010

Pastorais

A palavra ministério deriva do latim – ministerium – e sig-nifica ofício próprio dos servos, função servil ou simplesmente serviço. Uma espécie de pres-tação de serviço a indivíduos e grupos, por parte de alguém que o faz de modo espontâneo e or-ganizado.

Um ministério na igreja constitui um serviço com carac-terísticas comunitárias e a cada pessoa, Deus confere dons para que possa colocá-los a serviço da comunidade (cf. Rm 12, 4-5)

Todo ministério eclesial tem o seu fundamento e o seu sentido no ministério de Cristo, Verbo de Deus feito carne (cf. Jo 1,14) cabeça do Corpo que é a Igreja (cf. Ef 4,15) que assumiu a condição de servo (cf. Fl 2,6-7) e lavou os pés dos discípulos (cf. Jo 13,3). Ele veio não para ser servido, mas para servir e dar a sua vida (cf. MT 20, 28).

O Concílio Vaticano II re-toma a dimensão de serviço como vocação de todo o povo de Deus. Somente a partir desta vi-são é possível, novamente, criar espaço para outros ministérios permanentes na Igreja.

São muitos os tipos de Mi-nistérios. Os Ministros Extra-ordinários da Eucaristia fazem parte dos MINISTÉRIOS DOS SACRAMENTOS, por cuida-rem justamente e diretamente do Sacramento da Eucaristia.

É dever de cada Ministro buscar instrução, bem como de seu Pároco e Assessores ofere-cer o aprimoramento espiritual dentro das seguintes normas:

- Estudo e pesquisa dos do-cumentos da Igreja;

- Retiros em grupo;- Reciclagem por meio de

cursos, conferências, seminá-rios e congressos promovidos em âmbito regional ou paróquia;

- Permanente atualização a nível teológico e pastoral à luz da Eucaristia, buscando a pró-pria santificação e dos outros;

Cada Ministro, por ser pe-rante o mundo, testemunho da ressurreição e da vida do Senhor Jesus, e sinal do Deus vivo. É seu dever aprimorar-se na ora-ção, praticar a penitência, co-nhecer os documentos da Igreja e viver a doutrina cristã.

Sua missão junto á comu-

nidade se dá principalmente no exercício das seguintes ativida-des:

- Cooperar diretamente com o pároco na Pastoral Eucarística;

- Levar a Sagrada Comu-nhão aos enfermos e idosos e aos impossibilitados de irem à Igreja;

- Auxiliar o pároco na Cele-bração Eucarística e na Liturgia da Palavra;

- Agir sempre em comunhão com o pároco e sob a orientação da hierarquia da Igreja Particu-lar da diocese a que pertence;

- Ministrar a Sagrada Co-munhão a si e aos outros fiéis, quando necessário, durante a Santa Missa;

- Presidir o culto eucarístico na ausência do sacerdote.

Para ser um Ministro é pre-ciso antes de tudo, ser católico, ter vocação e possuir aptidão par os serviços da Igreja, possuir comprovada idoneidade moral, saúde mental e equilíbrio emo-cional.

É necessário que cada can-didato tenha vida cristã auten-tica e disponibilidade para a Igreja; seja indicado pela comu-nidade com encaminhamento do pároco; comprometa-se com a linha de pastoral da arquidioce-se, assumindo os desafios de sua região pastoral.

Quando casado, viver em harmonia com o sacramento do matrimonio e contar com a acei-tação do cônjuge e dos filhos. Exercer atividades profissionais compatíveis com os compromis-sos do Batismo e da Crisma.

Não praticar maus hábitos.Dados disponíveis no livro

“Orientações para Ministros Extraordinários da Comunhão de Valter M. Goedert e no site http://www.senhorbomjesus.org.br/ministros_da_eucaristia.htm

No Santuário Santa Edwi-ges os Ministros Extraordinários da Eucaristia atuam em todas as celebrações eucarísticas da paróquia seja nas missas sema-nais ou dominicais, bem como, nos grandes eventos. Procuram atender ao Lar Sagrada Família (Asilo da Comunidade que abri-ga hoje doze Senhoras), aos do-mingos.

Nestas ocasiões, se prega a

palavra de Deus e ministra-se a eucaristia às pessoas que lá resi-dem ou trabalham.

Alguns dos Ministros levam a eucaristia a pessoas enfermas onde também prega-se a pa-lavra, outros estão preparados para fazer exéquias quando ne-cessário. Todas as quintas-feiras é realizada a adoração ao San-tíssimo Sacramento muito bem conduzida pela Ministra Arlete.

O número de Ministros e Ministras hoje é de 37, isso in-clui adultos, anciãos e alguns jovens.

Sempre pela época da qua-resma participam de um retiro espiritual para o abastecimen-to e para começar bem o ano e muitos também atuam em outras pastorais como canto, palavra, fraternidade, batismo, RCC e outras mais.

As reuniões acontecem sempre no 3º sábado do mês a partir das 17:30h, e o Assessor Religioso é o Padre Mauro.

A história deste Ministério na paróquia Santa Edwiges re-monta a atuação do Padre Se-gundo. Em 1980 ele contava com apenas um Ministro para cuidar dos enfermos, este mi-nistro era o Sr. Manoel Grana-deiro. Mais tarde o Pe. Dedino ampliou para três ministros para auxiliá-lo no altar (Sras. Norma, Oracília e o Sr. Sotero).

Com o Pe. Miguel em 1999 muitos ministros foram consa-grados, entre eles estavam al-guns que atuam até hoje como: Augusta, Francisco (Françoá), Silvete, Célia, Cleuza, Jaime, Angélica, Nicoli, Jorge, Alzira, Mariza, Fausto e Leila.

Rezemos constantemen-te pelo aumento constante das vocações e ministérios para o bem da comunidade e de todo o povo de Deus, principalmente pela perseverança de cada um de nossos ministros. Que Deus por intercessão de Santa Edwi-ges e São José abençoe a todos e todas.

Nosso muito obrigado pelo SIM de cada um e pela dedica-ção pela obra do Senhor nesta Paróquia-Santuário.

Ministros EXtraordinários da Eucaristia

santo do Mês

Antes Aniceto houve nove Papas na Igreja de Roma. Foram eles: Lino (anos 64–79), Anacleto I (79–90 ou 92), Cle-mente I (90 ou 92–99 ou 101), Evaristo (99 ou 101–107), Alexandre I (107–116), Sisto I (116–125), Telésforo (125–138), Higino (138–142), e Pio I (143–154 ou 155). Os tem-pos eram muito difíceis devido às perseguições e oposições ao Cristianismo. Eram as primeiras décadas da Igreja e suas próprias estruturas ainda não estavam es-tabelecidas. Aniceto sucede ao Papa Pio I que havia sido marti-rizado pelo Imperador Adriano, o mesmo que destruiu comple-tamente Jerusalém, expulsou os judeus da região e crucificou os que ficaram por lá.

Portanto a situação da co-munidade judaica também era muito difícil.

Aniceto foi provavelmente um oriental, originário da Síria e governou a Igreja de Roma entre 155 e 166. Na maior cidade do mundo daquela época a presen-ça de pessoas das mais diversas localidades era muito acentu-ada, sendo freqüentada por ha-bitantes, visitantes e naturais de todas as nações conhecidas. A língua que se falava nas ruas era sobretudo a grega e a própria Igreja celebrava os Sacramentos em grego que todos conheciam.

O ministério do Papa na-quela época era a confirmação da Igreja, das comunidades que a ele recorriam, o incentivo ao clero de Roma e os contatos e ajudas mútuas para com outros Bispos. Já se notava a gran-de importância que o Bispo de Roma tinha em relação aos ou-tros Bispos pois ele era o suces-sor do Apóstolo Pedro e tinha também a autoridade espiritual de Paulo. Afinal, os dois gran-des Apóstolos haviam sido mar-tirizados naquela terra.

Aniceto enfrentou os inícios de uma oposição muito grande dentro da Igreja, a chamada he-resia gnóstica que, disfarçada de filosofia ou sabedoria esvaziava

os conteúdos da Fé e abandona-va a Esperança atribuindo tudo ao destino ou algo parecido. O Papa, além de animar os perse-guidos e encorajar os prisionei-ros pela causa de Cristo também devia combater aqueles erros que surgiam, bem como instruir os fiéis para que não caíssem nos mesmos.

Um fato importante e curio-so marcou o curto pontificado de Santo Aniceto. A data da Páscoa não era comum entre as Igrejas. A de Roma celebrava a Páscoa no Domingo, dia da semana em que os Evangelhos anunciam a Ressurreição. Era celebrada mais propriamente no primeiro Domingo depois do dia 14 de Nisan, data em que os judeus celebravam a Páscoa. E a Igreja oriental celebrava jus-tamente nesta dia 14 do mês de Nisan, que nem sempre era um Domingo. Assim a Páscoa no Oriente era ligada à data da Páscoa judaica nem sempre sen-do no Domingo; e a Páscoa no Ocidente, que em grande parte seguia os costumes da Igreja de Roma, era em um Domingo, tendo apenas uma referencia à Páscoa dos judeus. O famoso Bispo de Esmirna, Policarpo, no pontificado de Aniceto, veio até Roma para debater este assunto. A visita tem grande importância histórica pois Policarpo fora, na juventude, discípulo do Apósto-lo João e agora, já muito idoso, mantinha viva a tradição e as re-ferências que havia recebido dos Apóstolos. Por sua vez Aniceto era sucessor de Pedro e do pres-tígio de Paulo em Roma, o que lhe dava grande importância e destaque perante as demais Igre-jas. Era um debate de “gigantes” que irão morrer ambos mártires.

A discussão não teve con-senso e as Igrejas continuaram a celebrar em data diferente a maior festa cristã. Mas não hou-ve inimizade entre os grandes Bispos. Pelo contrário afirma-se que ambos celebraram juntos a Eucaristia e confirmaram a Igre-ja de Roma com a comunhão de intenções e de fé, divergindo apenas nesta questão de disci-plina eclesiástica. Embora o assunto tenha sido debatido no Concílio de Nicéia em 325 e a data tenha sido decidida ainda há uma diferença entre a come-moração pascal entre as Igrejas.

Aniceto deve ter sido mar-tirizado sob o governo do Impe-rador Marco Aurélio (161–180). Sua memória litúrgica é celebra-da em 17 de Abril.

Santo Aniceto, Papa

Frei Marcelo Ocanha - [email protected]

Page 9: Jornal Sta. Edwiges - Ed. de Abril

Abril de 2010 santuariosantaedwiges.com.br Jornal Santa Edwiges 9

notícias

PEnsaMEntos dE MarElllo

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2274 - 2853

A 25º Jornada Mundial da Juventude, tão desejada pelo saudoso Papa João Paulo 2º, tem como objetivo levar novas gerações cristãs a encontrarem-se, entrarem em atitude de escu-ta da Palavra de Deus, de des-cobrir a beleza da Igreja e de viver experiências fortes de fé que levaram muitos à decisão de entregar-se totalmente a Cristo. Temos como motivação para a Jornada deste ano o tema “Bom Mestre, que devo fazer para al-cançar a vida eterna? (Mc 10, 17), celebrado na Arquidiocese no Domingo de Ramos.

Esta Jornada representa um passo rumo ao próximo: Encon-tro Mundial dos jovens que será realizado em agosto de 2011 em Madrid, capital espanhola. Com este intuito a juventude do setor Ipiranga reuniu-se em nos-so Santuário, para celebrar este grande momento.

Com a presença marcante de nossos adolescentes e jovens buscamos vivenciar este rico tema proposto pelo Santo Padre, o Papa Bento 16.

Os adolescentes e jovens fo-ram recepcionados no Salão São José Marello com um momento de animação, logo em seguida aconteceu à celebração da Santa Missa presidida pelo bispo auxi-liar da Região episcopal Ipiran-ga Dom Tomé Ferreira da silva. O Encontro foi marcado com as participações da Banda Busco, SAV, Pastoral do Crisma, Grupo de Adolescentes Ajunai, Cojose e alguns adolescentes e jovens de paróquias de nossa Região

Episcopal Ipiranga.Todavia, o Pontífice recorda

que os desafios são necessários para assim haver a possibilida-de de construir um mundo mais justo e fraterno. E para isso é preciso, elaborar um Projeto de Vida coeso e eficaz, visando sempre o plano que Deus tem para cada um de nós.

“Para descobrir o projeto de vida que pode fazer-vos ple-namente feliz, colocai-vos em escuta a Deus, que tem o seu plano de amor por cada um de vós. Com confiança, perguntei-lhe: “Senhor, qual é o teu plano Criador e Pai sobre minha vida? Qual é a tua vontade? Eu dese-jo realizá-la”. Tenhais certeza de que Ele vos responderá. Não tenhais medo de sua resposta! “Deus é maior que nosso cora-ção e conhece todas as coisas” (1Jo 3, 20)! Afirma o Pontífice.

Portanto, conclui o Santo Padre, para que neste Ano Sa-cerdotal os jovens conheçam a vida dos santos, em particular a dos sacerdotes santos.

E um destes sacerdotes san-tos é São José Marello, que em um de seus pensamentos nos enfatiza: “Sede extraordinários nas coisas habituais”, não se tra-ta, pois de fazer gestos heróicos, mas agir explorando os próprios talentos e as próprias possibili-dades, empenhando-se em pro-gredir constantemente na fé e no amor.

JuvEntudE rEunida no doMingo dE raMos

No dia 21 de Março acon-teceu o retiro espiritual anual dos Ministros (as) Extraordiná-rios (as) da Eucaristia. A grande novidade neste ano foi a parti-cipação dos Ministros (as) da Acolhida e da Palavra. Isso to-talizou em quase 50 ministros participantes.

Foi um dia muito especial conduzido pelo Pe. Mauro Ne-gro num ambiente muito acon-chegante e que proporcionava muito silêncio.

Os participantes foram mo-tivados à luz do Evangelho de João e reverem os seus próprios “caminhos” e a “bagagem” que cada um carrega conforme as

experiências de vida em con-fronto com a palavra de Deus. Momentos marcantes de parti-lha e muita atenção abrilhanta-ram o dia! O clima era de muita unidade com a presença dos três ministérios e muita motivação pela vocação assumida em prol de um mesmo objetivo: “Servir a Cristo na comunidade sendo com Ele “Luz” e “Vida” e mer-gulhando em sua “Água” que faz renascer conforme sugere o Evangelista João.

Muitas bênçãos por inter-cessão de Santa Edwiges a todos (as).

rEtiro dos Ministros

Nossa boca esteja sempre re-pleta de louvores, começando na terra o hino de louvor e de ação de graças que esperamos continuar eternamente no céu (S 225).

A comunhão da oração, depois da Eucaristia, é o ponto de fé mais consolador da oração do Creio. Todos os demais nos fazem temer: aquela, ao con-trário, é um meio poderoso para fazer violência, por assim dizer, à misericórdia de Deus (L 7).

Sirvamos-nos deste grande meio da oração recíproca! En-trelacemos nossas orações e que o Anjo do perdão as leve em conta no tremendo dia da purificação. (L 7).

Não temos por acaso um meio magnífico para nos unir em co-lóquio mediante a oração mú-tua que fazemos, como bons colegas de ministério, quando vamos em audiência com o Rei da Glória Imortal? (L 34).

A solidariedade das boas obras em nós, sacerdotes, é o único recurso que ainda nos resta, em tempos em que o nosso campo de ação é tão limitado. (L 22).Frei Marcelo Ocanha - OSJ

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Frei Leonardo de M. R. Montel - [email protected]

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10 Jornal Santa Edwiges santuariosantaedwiges.com.br Abril de 2010

JEsus cristo é o sEnHor! A Páscoa é uma experiência de

passagem. Com isso quero afirmar que algo acontece e alguém experi-menta ou faz a experiência; e este algo que acontece é uma mudança de posição, uma progressão no ca-minho — portanto é uma passagem. A própria palavra páscoa vem do hebraico pêsah, que significa pas-sar, ir para outro lugar ou situação. A Páscoa tem, para quem crê, um duplo sentido de passagem: 1) A passagem do Senhor na vida huma-na, na história da pessoa, no seu sis-tema de valores e expectativas, pro-jetos e sentimentos. 2) A passagem da pessoa para outra situação, uma mudança qualificativa (e também quantitativa em muitos casos). Isto faz da pessoa sujeito e objeto do ato da passagem, da transformação, da mudança de atitude, de perspectiva e mentalidade.

Este momento, a Páscoa, que chamaremos kairós* ou “tempo especial”, ocorre em um tempo es-pecífico, um kronos*, em uma hora da noite, varando a madrugada, atravessando a escuridão do sábado para o Domingo. Este tempo crono-lógico (de Kronos), passa a ser um tempo especial, um kairós. É como uma notícia que desejamos rece-ber e esperamos ansiosamente, em vigília. A notícia pode ser boa ou ruim; mas certamente mudará nosso momento de vida ou nossa própria vida. Pode ser semelhante a uma vi-sita que deve chegar nos próximos minutos… E cada um dos minutos passa de modo diferente: ou lenta-mente se desejamos o encontro com o visitante, ou rapidamente se ele nos impõe medo.

A Páscoa, sendo celebrada na noite, revestindo-se de um senti-do de grande expectativa é, além de uma passagem (de alguém que passa em nós e de nossa passagem por algo) é um encontro que gera, pela sua própria definição de passa-gem, uma transformação. Fazendo uma relação de palavras e conceitos podemos afirmar que quem passa a noite da Páscoa permitindo a pas-sagem do Senhor e aceita passar de uma vida para outra, transfigura-se (passa de uma realidade para outra) pela presença sacramental do Se-nhor. A transfiguração é a mudança de feição interior. A pessoa se trans-figura tornando-se mais semelhante ao Modelo perfeito, ao protótipo* do homem perfeito que é também o Deus revelado totalmente — Jesus Cristo, o Cordeiro, o Senhor.

A força eloqüente da noite pas-cal é uma riqueza que, lamentavel-mente, a modernidade faz com que os fieis se privem e não cresçam na adesão ao Mistério celebrado.

A luz e as trevas A Sexta-feira é o segundo dia

do Tríduo da Páscoa. É o dia da memória da Paixão e Morte do Se-nhor. Com Jesus pode morrer todo ser humano que deseja a paz, a fe-

licidade, a realização do Bem e da Verdade. Tantos homens morrem de fome, pela violência e doenças despertadas pelo suposto progresso. Nunca se morreu tanto de violência e de libertinagem como no século XX e, ao que parece, o século XXI não será muito diferente, senão no maior número de mortes e tristezas. O que falta?

Falta aceitar a Luz. Ela deixa às claras a pessoa. Quem está na luz pode ser visível e pode também ver. Mas nem sempre desejamos ser vis-tos pois nossa aparência pode não ser bela e nossa vida pode não ser moral. Então buscamos a escuridão. Luz e trevas de contrapõem. João declara, em seu prólogo, que “…a luz brilha nas trevas, e as trevas não a apreenderam” (João 1,5).

A Paixão de Jesus não é um ato isolado, sem raízes antes e con-sequencias posteriores. Por isso acho que os filmes da paixão e as encenações são válidos até certo ponto. Eles isolam o fato do Misté-rio que o comporta. O Mistério é a rejeição: as trevas rejeitam a Luz. O pecado, travestido de liberdade, de modernidade, de interesse legítimo e direitos iguais se impõe como caminho, até como único caminho. E, ao invés de uma sociedade livre de males e plena de progressos, te-mos um pós-modernismo imerso na depressão, na violência, no culto à droga, ao sexo, à violência… Deus não pode entrar nesta história e a Igreja, os discípulos de Jesus, não podem opinar e muito menos (nem pensar!) propor um caminho, um modo de passar por isto e viver me-lhor, mais feliz e realizado. Não! É necessário mais e mais: mais drogas disfarçadas de alimentos e prazeres, mais sexo e uso do sexo como único caminho de felicidade, mais adrena-lina em esportes, músicas, ações. E cada vez mais o Ser Humano parece vazio.

Estava vazio quem entregou Jesus à morte. Vazios estavam os soldados romanos que deviam ser-vir a César, o imperador que se fez deus. A morte do Senhor, humilde e sofredor como é descrito no magní-fico quarto canto do Servo (Isaías 52,13—53,12), primeira leitura da Sexta-feira Santa, não está isolada, como dissemos. Ela é consequencia da vida de Jesus e de seu Evange-lho. O Cordeiro foi imolado para o resgate da Humanidade. Aliás, foi esta Humanidade que matou o Cordeiro e agora Ele é a Salvação. Por isso João, citando o Profeta Za-carias, declara em seu Evangelho: “Olharão para aquele que transpas-saram” (19,37).

O Cordeiro morto na Cruz se transforma em Sacerdote eterno, como declara a Carta aos Hebreus, um Sumo Sacerdote eminente, que pode levar-nos até Deus e trazê-lo até nós. Ele realizou a ponte, a uni-dade entre os separados pela deso-

bediência. Ele é a árvore da vida que está no centro da História e dá frutos abundantes e sem limites (Apocalipse 22,2).

A MÃE de todas as vigíliasA vigília pascal já teve uma

organização muito diferente da que hoje se celebra. Há algumas déca-das atrás ela era celebrada na ma-nhã do sábado depois da sexta-feira santa. Como a palavra “aleluia” é a expressão da alegria pelo Ressusci-tado aquele dia, o sábado, passou a ser o “Sábado de Aleluia”.

Esta situação curiosa de cele-brar a vigília pascal na manhã do sábado antes da Páscoa não expres-sava, no tempo (kronos) da Igreja, o tempo especial (kairós) da presença do Ressuscitado. Felizmente o Papa Pio 12, influenciado por diversos e importantes liturgistas e estudiosos do assunto, propôs a mudança do momento da vigília, retornando-a ao período noturno como era na antiguidade. O Concílio Vaticano 2º manteve esta mudança. Na rea-lidade é uma “reforma”, isto é, um voltar ao que era no passado, tornar mais autêntico e fiel ao que a anti-guidade celebrava.

A Vigília Pascal, que Santo Agostinho chama de “A mãe de to-das as vigílias”, ocorre na noite de sábado para Domingo de Páscoa. Deveria ser na madrugada do Do-mingo. Ela é composta de quatro partes.

Primeira parte — Esta parte é marcada por simbolismos. A reu-nião das pessoas na escuridão; a fogueira; a bênção do fogo como sinal da vida, do reinício; o acender do círio pascal* que rompe a escuri-dão; a procissão atrás do círio como uma caminhada pelo deserto (o es-curo) orientados pela luz do Senhor que ressuscita; o ascender das ve-las dos fiéis na luz do círio pascal, declarando a dependência de nossa vida na vida do Ressuscitado; o magnífico hino pascal (pregão* ou “Exultet”*). Por fim, o presidente da Vigília Pascal convida ao reco-lhimento para o aprendizado com as leituras.

Segunda parte — Esta parte é marcada pelo anúncio da Palavra: devem ser nove leituras, interca-ladas com Salmos e orações. Com estas nove leituras a Igreja reunida ouve a história da salvação que é a epifania* de Deus no mundo, em Is-rael e na vida de todo Homem. Aqui chega o cansaço em quem está ce-lebrando, presidente e fiéis. E isto é altamente pedagógico. Talvez quem montou a vigília não pensasse nis-to, mas acabou sendo significativo que as leituras, madrugada adentro, causassem cansaço e até desejo de retornar para casa, de não ter ini-ciado aquela celebração. É como os hebreus no deserto que, estimulados na saída do Egito, ficam desanima-dos no meio da passagem pelo de-serto. É neste sentido que identifico

a Vigília Pascal como uma parábola da vida humana: o meio do caminho é sempre penoso e desanimador. Mas é preciso perseverar! Depois de ouvir o Antigo Testamento em sete leituras chega o tempo, o kairós do Novo Testamento e todos can-tam o hino do Glória. Proclama-se o trecho da carta aos Romanos onde Paulo proclama o Ressuscitado e em seguida, depois de mais de qua-renta dias, canta-se o Aleluia*. A pregação desta noite/madrugada é a declaração da vida, da vitória sobre o pecado e da esperança que vem de Deus.

Terceira parte — É o rito do Batismo, a vida nova em Cristo. Esta é a parte em que todos que es-tavam cansados e até desanimados de estar presente subitamente se animam. Aqui deveriam acontecer os batismos de adultos. Pode-se também fazer o batismo de crian-ças, e todos devem renovar o seu batismo. A água, símbolo de vida, é abençoada com o Círio Pascal, sím-bolo do Ressuscitado. Vem então os batismos dos catecúmenos* e, se for o caso, das crianças. Depois de batizado deles a Assembléia re-nova o seu batismo com o diálogo das renúncias e promessas batis-mais. E por fim todos podem tocar na água pascal e traçar sobre si o sinal da cruz. Este gesto de tocar a água, molhando os dedos, as mãos e lavando-se com ela me parece mais expressivo do que a aspersão.

Quarta parte — Depois da in-terrupção do vida litúrgica normal com as celebrações do Tríduo Pas-cal, agora tudo volta ao normal. Retoma-se a Eucaristia, celebrando a presença do Senhor no Mistério Eucarístico. É a sinergia* de Deus com o Ser Humano. É uma epifania que ainda não entendemos direito mas que aponta para o definitivo, o eterno. A Vigília Pascal é uma jane-la que se abre no horizonte da eter-nidade e na qual podemos enxergar o nosso destino final: a felicidade completa em Cristo Jesus, o Res-suscitado.

O século XX fez tudo que a Humanidade jamais pôde fazer e o fez sem limites. Alias, expulsou os limites, não respeitou a vida. O ser humano abusou, ultrapassou, deter-minou o que é bom e o que é mau e passou a escolher conforme seu gosto ou seus afetos do momento. O Homem, neste século mais do que nunca, comeu o fruto proibido, da árvore da ciência do bem e do mal e assim se fez deus. Por isso deve colher as consequencias: escassez de comida, doenças poderosas, re-voltas da natureza, insegurança nas cidades, ideologias messiânicas que logo se mostram diabólicas.

O texto da Paixão de Jesus Cristo segundo Marcos, proclama-do no Domingo de Ramos, e o da Paixão segundo João, proclamado na Sexta-feira Santa, nos mostram,

em uma roupagem literária magní-fica, o confronto do reino do mundo com o Reino de Deus. O domínio dos deuses, ídolos, contra o Deus da vida. Quem vence é, ao que tudo indica, o reino do mundo — ele mata o Servo, aniquila o Messias, presença e decisão do Reino de Deus. Mas é uma vitória aparente. Ela permanece enquanto este mun-do ainda existe. Mas a figura deste mundo passa, (1 João 4,17), e no-vos céus e nova terra devem surgir a partir de um pequeno rebanho ao qual o Senhor dissera um dia: “Não tenhais medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do vosso Pai dar-vos o Reino! (Lucas 12,32).

Vocabulário mínimoAleluia: Palavra de origem he-

braica que significa “louvai ao Se-nhor”. É uma fórmula de louvor do Antigo Testamento, dirigida a Deus com a menção de seu Nome. É usa-da abundantemente na Liturgia.

Catecúmenos: Pessoas, ge-ralmente adultos, que se preparam para o Batismo. Até o momento do Batismo são chamados assim, de-pois são neófitos.

Círio Pascal: Grande vela que é acesa na Vigília Pascal e permanece acesa em todas as celebrações pas-cais, bem como em outras durante o ano. É o sinal de Cristo Ressuscita-do e vivo por nós.

Encarnação: É o Mistério da entrada de Deus na História. O Na-tal é o grande momento da Epifania.

Epifania: É um acontecimento que deixa marcas e vem de Deus, é sua manifestação.

Exultet: É o hino da Páscoa. Em latim inicia com a palavra “exultet”, isto é, “Exultem”.

Hosana: Palavra de origem he-braica que significa, basicamente: “Salve-nos, pedimos!”.

Kairós: Palavra de origem gre-ga que significa “tempo”, mas não cronológico e sim psicológico. Cha-ma-se assim o tempo especial, que é localizado na história e apresenta-se de modo único.

Kronos: Palavra de origem grega que significa “tempo”: tem-po mensurável. Vem desta palavra a idéia de cronologia, cronometria, etc. Paradigma: Modelo funda-mental de comportamento, ação ou identidade. Pregão pascal: Hino da Páscoa em louvor ao Ressuscitado. Também chamado de “Exultet”.

Protótipo: Modelo fundamen-tal de existência. Cristo é o protóti-po de todo Homem redimido.

Sinergia: Palavra de origem grega que significa ação conjunta.

Tríduo Pascal: São os três dias em que se celebra os Mistérios da Páscoa. A noite de Quinta-feira San-ta, a Sexta-feira Santa e o Sábado Santo com a Vigília Pascal.

Pe. Mauro Negropmnegro.blogspot.com

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Abril de 2010 santuariosantaedwiges.com.br Jornal Santa Edwiges 11

congrEsso dos lEigos

JOSÉ E.GALBINO ( 5 anos) É um privilégio fazer parte da his-tória mesmo com pouco tempo como é o meu caso, de qualquer forma, eu faço acontecer: como devoto, como católico ou como funcionário da paróquia! Procuro estar sempre à disposição colabo-rando com algumas coisas não só do trabalho, mas, por exemplo, na música. Deus me deu o dom da música e vendo a necessidade de formar um grupo de canto para abrilhantar as celebrações pensei logo nas crianças e acertei em cheio. Sempre trabalhei em igre-jas, mas aqui tem algo especial!

Nesta edição especial de nosso Jornal queremos evidenciar o trabalho daqueles que fazem o dia-a-dia da Paróquia-Santuário acontecer. Eles e elas são os primeiros a presenciar e experimentar as graças recebidas por esta grande família de Deus aos cuidados de Santa Edwiges.

Palavras dos Funcionários

Quem é leigo?Leigo é todo católico que é batizado. Trata-se, portanto, de pensar a palavra no cristianismo e de entendê-la a partir dali, e não de outros horizontes. Leigo é o católico comum, que professa sua fé em Jesus Cristo como o Filho de Deus, salvador da humanidade, pois é o instaurador do Reino de Deus. Leigo não é católico de segunda categoria, a quem falta alguma coisa. Ele é constituído como leigo pelo sacramento do Batismo. Existem três estados de vivência da fé na igreja: o de leigo, que é o cristão batizado; o de ministros ordenados, que receberam o sacramento da Ordem (diáconos, padres, bispos); e o da vida consagrada, que é o daqueles que se consagraram por um voto solene, normalmente em uma comunidade religiosa. Leigo, portanto, não é o inferior, aquele que não sabe, não participa ou não entende de nada, como parece ser o sentido da palavra. Leigo, na verdade, é aquele que vive sua fé na vida simples e cotidiana do mundo e da sociedade. Há diversos locais para a participação efetiva de leigos: as CEBs, as comuni-dades, os movimentos, as associações, os grupos pastorais, as paróquias, os grupos de articulação de leigos, os ambientes profissionais, as comunidades de atuação e estados de vida, etc. Por isso, existem níveis de compromisso na vida eclesial do leigo. Há aquele que se dedica decididamente aos trabalhos da comunidade; há aqueles que participam efetivamente de diversos grupos ou movimentos; há os que assumem a vivência cristã nos ambientes de sua vida, com pouca ou nenhuma presença comunitária; há aqueles que estão presentes em grupos diversos; há os que freqüentam as comunidades; há os que espora-dicamente se referem à Igreja ou à religião; há os que são católicos de nome; há os que se afastaram, há os que esqueceram suas raízes religiosas. Todos os leigos, porque batizados, estão convidados a repensar seu papel, função e atuação na Igreja de hoje. O Congresso de Leigos quer ajudar todos os cristãos a melhor se situarem no mundo e na Igreja a partir de sua fé, a fim de que realizem sua missão de ser sal da terra e luz do mundo na cidade de São Paulo.

MARIA AUGUSTA CRISTOVAM (19 ANOS) Gosto muito de me comunicar com as pessoas e aqui eu me encontrei! Durante estes anos ouvi muito as pessoas com suas histórias e situa-ções diversas que me edificaram. Sinto que devo acolher a cada pessoa em sua integridade. Ajudar aos outros é algo que sempre esteve dentro de mim e de repente me vejo trabalhando justamente com o meu ser e minha ação. Minha alegria é grande nesta comemoração dos 50 anos! Estou partilhando com os padres e com toda a comunidade esta história e isso é muito gratificante para mim. Eu já era fã de São José e acabei vindo trabalhar numa paróquia dirigida por padres dedicados a São José. Agradeço a Deus por ter colocado este emprego em meu caminho!

LUÍS L. DA CRUZ (18 anos)FRANCISCO A.SOBRINHO (15 anos)

JULIANA SALES (1 ANO) Trabalhar no Santuário tem sido muito enriquecedor. Além de aprender muitas coisas, fico feliz por estar na comunidade em qual cresci. Agora compartilho o espa-ço de trabalho com amigos e cole-gas que conheço há muitos anos, e isso é muito bom! Sinto-me feliz! Agradeço aos padres do Santuário que me deram esta oportunidade

ANTONIO S. SOBRINHO (2 ANOS)

AMARILDO LOURENÇO DA SILVA (3 anos) Nunca imaginava em poder trabalhar em Igreja. Certo dia, recebi con-vite do Pe. Devanil e aqui estou. Gosto muito daqui e do que faço! Acredito estar servindo a Deus com meu trabalho. Além do trabalho, também estou atuando junto aos Vicentinos como confrade e na Infância Missionária e no Ministério da Palavra! Ajudo no máximo que posso e procuro servir da melhor maneira.

FRANCISCA P. DANTAS (8 anos)

ELIANA T. CARNEIRO (4 anos) Trabalhar no santuário para mim é um crescimento muito grande tanto na vida pessoal como profis-sional. O santuário é lugar de aco-lhida e de amor fraterno principal-mente por parte dos padres e freis! O Pe. Alfeu e o Pe. Mauro me acolheram com muita paciência, pois sabia pouquíssimo do ofício e estou aprendendo até hoje. Na verdade já era um sonho que culti-vava desde os oito anos: eu ficava imaginando como seria legal tra-balhar em Igreja. De repente veio o convite! Foi uma emoção única! É uma experiência de fé e de amor que experimento aqui.

O trabalho na casa paroquial é uma experiência nova, pois só tinha trabalhado em fábrica. Eu nunca havia trabalhado em casa de família, muito menos em casa de padres. Foi um privilégio quan-do o Pe. Dedino me escolheu. Nestes quase nove anos as coisas melhoraram muito para mim em todos os sentidos, aprendi a ficar mais paciente! Tenho liberdade no serviço e me sinto em casa. Posso dizer que estou em minha segunda casa com certeza!

A emoção é muito grande nestes dias. Eu fico pensando em quan-tas pessoas que conheci aqui. Nunca tive problemas graves em meu trabalho de Segurança do Santuário. A igreja é minha casa e a comunidade é minha família! Os Padres e Freis sempre me aco-lheram muito bem e nos tornamos amigos. É uma convivência que vale a pena! Só tenho alegrias para contar graças a Deus

Tenho orgulho em trabalhar aqui! É de coração o que faço! Depois que comecei a trabalhar comecei também a participar de pastorais como o ECC e o Batismo. E pen-sar que antes vinha na missa de vez em quando! O contato com o povo me fez crescer pessoalmente e a aumentar a fé; a convivência em minha família melhorou mui-to. Aprendi muito aqui e fiz mui-tas amizades graças ao trabalho!

Eu praticamente criei os meus filhos com o trabalho aqui no santuário. É curioso, pois quan-do comecei haviam muitos freis que hoje são padres e até patrões como é o caso do Pe. Paulo e Pe. Alexandre. Só tenho motivos para agradecer a Deus e a Santa Edwi-ges por tudo o que me aconteceu de bom nestes anos. Afinal quinze anos é tempo suficiente para me sentir da família e experimentar alegrias com toda a comunidade.

Cônego Antonio Manzatto Responsável pela Sub-Comissão Teológica

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12 Jornal Santa Edwiges santuariosantaedwiges.com.br Abril de 2010

são José Patrono da igrEJa Maria

Estamos em festa neste mês de abril, pois a comunidade paroquial Santa Edwiges se or-gulha em completar os seus 50 anos.

Nós os Padres, Irmãos e Freis Oblatos de São José mar-camos nesta data os 37 anos de presença Josefina nesta comuni-dade.

Diante de tudo isso me vem uma pergunta: Qual o lugar de São José aqui e o que podemos evidenciar sobre esta figura na vida dos paroquianos dos bair-ros Heliópolis e Sacomã, além dos inúmeros participantes dos bairros vizinhos e os romeiros de longe que chegam até nós?

São José é nosso segundo padroeiro e além do mais, é Pa-trono de toda a Igreja e sendo assim é modelo de fé e vida para todo cristão e cristã.

Os santos são nossos inter-cessores e esta força diante de Deus é um mérito perante a vida exemplar que tiveram em vida.

Assim a dignidade, a gra-ça, a santidade e a glória de São José são fortes, porque somente Maria, a Mãe de Deus, ultra-passa São José em dignidade e graça.

São José dedicou todo amor e carinho a Jesus quando meni-no. Agora Jesus lhe retribui o carinho dedicado na infância, pois cremos que São José seja elevado acima dos outros santos em graça e glória.

Jesus na terra respeitou e foi submisso a São José, obedecen-do a seus pedidos e ouvindo os seus conselhos. Hoje a Sagrada Família está no céu; será que Jesus negaria um pedido apre-sentado por São José? Acredi-to que não! Pois na carpintaria quando José lhe pedia o marte-lo ele o trazia, pedia a madeira ele lhe trazia, pedia um pouco de água Jesus trazia, pedia para dar uma moeda ao peregrino ele lhe dava, pedia para levar uma cadeira consertada na casa da esquina ele a levava... Estes e tantos outros pedidos de José a Jesus, ele realizou com carinho e não faltou em nenhuma cir-cunstância. Por isso peçamos a José, eu ele pedirá a Jesus e com certeza seremos atendidos em todas as nossas necessidades.

E São José, tão bom e pode-roso, não poderia ficar sem um lugar especial na Igreja, devido a tantas graças alcançadas e pela

intimidade que tinha com Jesus. No dia 08 de dezembro de 1870 o papa Pio 9º declarou São José como Patrono da Igreja Univer-sal, pois os tempos eram difíceis para a Igreja de Deus, persegui-da em todas as partes pelos seus inimigos, iludidos com a imagi-nação de que as forças do infer-no prevaleceriam sobre ela.

Pio 9º recorreu a São José para que a Igreja, na triste si-tuação desses tempos agitados e oprimidos por múltiplas cala-midades, pudesse meditar o seu patrocínio, servir segura a Deus, com toda a liberdade, vendo destruído o erro e afastado a ad-versidade.

Cinqüenta anos mais tarde o Papa Bento 15 em uma de suas encíclicas disse: “Foi uma boa coisa para o povo cristão que o Nosso antecessor de imortal memória Pio IX decretasse so-lenemente ao castíssimo esposo de Maria Virgem e custode do Verbo Encarnado, S. José, o tí-tulo de Padroeiro Universal da Igreja; e porque no próximo de-zembro o evento fará cinquenta anos, achamos que seria útil e oportuno que a manifestação fosse dignamente celebrada da todo o mundo católico”. (Bento 15 25 de Julho de 1920).

Na qualidade de esposo de Maria, nossa Mãe espiritual, o pai legal de Jesus, cabeça e ir-mão nosso, São José exerceu certa paternidade adotiva sobre todos os fiéis que formam o cor-po místico da Igreja de Cristo.

Na própria morada de Na-zaré começou o seu patrocínio, defendendo, protegendo, ali-mentando e cuidando do Divino Filho com sua Mãe Santíssima.

Confiemos no nosso Patro-no São José e peçamos a ele que interceda pelo povo de Deus, para sermos santos como pediu Jesus, tendo como exemplo São José, nosso patrono.

Na paróquia-Santuário San-ta Edwiges desde o ano de 1983 existe a Fraternidade Josefina, associação leiga unida no amor e devoção a São José.

Boa parte dos escritos que aqui editamos são transcri-ções das reflexões e trabalhos dos padres Oblatos de São José que inspirados no jovem José de Nazaré trazem meditações sobre o seu valor.

São José, patrono da Igreja, rogai por nós!

Incontáveis são as virtudes de Maria mãe de Jesus e nossa Mãe também!

Para nós, cristãos, as ima-gens são reconhecidas e venera-das, ou seja, um patrimônio cul-tural e religioso que nos ajuda, sendo a mola propulsora para a nossa espiritualidade.

É preciso ficar bem claro que não a temos como idolatria, hoje os padres procuram ressal-tar aos fiéis a terem essa cons-ciência de que simplesmente a veneramos, e a Deus é devido todo louvor e adoração. Durante o ministério público de Jesus, a realização de sua missão, Ma-ria sempre esteve ao seu lado, como mostra as Bodas de Caná (Jo 2,1-12).

Portanto, ela fez todo per-curso junto a Jesus sofrendo no coração as dores de Cristo, da qual nós somos testemunha, não ocular como foi Maria, mas sem dúvida nenhuma, somos convic-tos de sua perseverança, para que se entregando na cruz nos remisse das faltas.

Quando nós católicos pen-samos em Maria, não fica muito difícil pensar como nasceu a de-voção a ela. Por isso, no decor-rer da história, o forte amor que os primeiros discípulos dedica-vam passou à ela.

Maria é modelo de santida-de, “bendita entre todas as mu-lheres, (Lc 1,42). Exemplo de como um ser humano, em suas fraquezas limitações e imperfei-

ções pode se aproximar de Deus e viver os seus mandamentos. Assim, muitos títulos surgiram ao decorrer dos dois milênios de Cristianismo, evidenciando-nos a Mãe esperançosa, cheia de ter-nura, compassiva, a intercessora junta ao seu filho.

Tratando-se de imagens, o Concilio Vaticano II no do-cumento sobre a liturgia, com muita sabedoria, definiu que as imagens são parte de nossa re-ligiosidade. Assim sendo, é fa-vorável contribuir para o cresci-mento de nossa espiritualidade.

Maria, sendo filha de Joa-quim e Ana, prometida em ca-samento a José, a primeira vis-ta uma mulher, simples, como qualquer outra de seu tempo, tinha muitos sonhos a serem realizados, era seguidora dos mandamentos bíblicos e dotada de grandes virtudes, das quais causava uma grande admiração nos demais jovens.

Era fiel às tradições judai-cas, fiel ao seu tempo e a sua cul-tura. Certo dia esta jovem “bela” morando em Nazaré recebe uma visita peculiar de um anjo e tudo muda em sua vida e, também, em sua própria história, e prin-cipalmente da humanidade. O anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem prometida em casamento a um homem chamado José, que era descendente de Davi. O anjo disse “não tenha medo, Maria, porque você encontrou graça diante de Deus. Eis que você vai ficar grávida, terá um filho, e dará a ele o nome de Jesus.

Ele será grande, e será cha-mado filho do Altíssimo. E o Se-nhor dará a ele o trono de seu pai Davi, e ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó. E o seu reino não terá fim. (Lc 1,26-38). Assim começa a parti-cipação de Maria no plano salví-fico de Deus. Foi a partir do seu sim, sim este que deu um rumo diferente na história da humani-dade que repercute até hoje em nosso comprometimento com a “Igreja” e a comunidade.

Agora é preciso que seja-mos muito bem catequizados para compreendermos que as imagens fazem parte de nossa religiosidade, podendo assim as nossas devoções sem exageros para compreender que a adora-

ção é somente a Deus. De fato para uma melhor compreensão ao culto que os católicos tribu-tam aos santos, com o culto que se deve a Deus, é necessário esclarecer a diferença que exis-te entre os cultos que em mui-tas das vezes é interpretado de maneira errôneo, não somente pelos católicos, mas também por outras pessoas de diferentes crenças.

Através dos estudos apro-fundados sobre a Igreja é pos-sível ter uma fé mais convicta e harmoniosa seguindo a dou-trina e permanecendo firmes, assim tendo a moderação e não causando estranheza ao povo cristão e jamais favorecendo as devoções das mesmas. É impor-tante estudar, conhecer para ter-mos um melhor esclarecimento a aprimoramento sobre a com-preensão, facilitando a leitura aprofundada dos documentos da Igreja quanto à devoção a Maria, contribui ainda para a devoção e não representa nenhum indício de idolatria.

Maria possui vários títulos Marianos, que são associados a diferentes características da mãe de Jesus e os fatos de sua vida, surgindo os dogmas ma-ternidade Divina, Imaculada Conceição, Virgindade perpétua e Assunção, e temos também as devoções que são relaciona-das a momentos peculiares da sua vida, Assunção, Nativida-de, Apresentação, Visitação, e temos títulos ligados a santuá-rios e imagens especiais como Aparecida, Candelária, Loreto, e também títulos de suas apari-ções, que são somente de gran-des manifestações em sinal de seu amor para com seus filhos, Guadalupe, Salete, Lourdes, Medjugorje. E todos estes carac-terizam uma única mulher sendo modelo de fé, vida e seguimento pautado no amor de Deus.

A santa pureza é guardada pela virtude da humildade, sua irmã.

Ah! Ninguém pode ser puro sem ser humilde! E a virgem Santíssima foi enriquecida por uma pureza tão singular e res-plandecente porque foi humilde. (E358 - São José Marello).

as dEvoçõEs à Maria

Frei João [email protected]

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Abril de 2010 santuariosantaedwiges.com.br Jornal Santa Edwiges 13

cultura E lazEr

EXPOSIÇÃOCumplicidade - 20 Anos

De Reportagem, 20 Fotógra-fos - Olhares Para o Brasil e Brasileiros Conjunto Nacional expõe imagens de comunida-des pertencentes ao interior do Brasil. O Centro Cultural do Conjunto Nacional apresenta a exposição Cumplicidade - 20 Anos De Reportagem, 20 Fo-tógrafos - Olhares Para o Brasil e Brasileiros. Organizada pelo jornalista Bernardino Furtado, a mostra traz imagens realiza-das por 20 fotógrafos, ilustrando viagens pelo interior do Brasil. Há registros de Adriana Zeh-brauskas, Breno Fortes, Cris-tina Horta, Dado Junqueira, Emmanuel Pinheiro, Euler Jú-nior, Evelson de Freitas, Fabia-no Accorsi, Gláucio Dettmar, José Luis da Conceição, La Costa, Luludi, Luiz Carlos Mu-rauskas, Marcelo Sant´Anna, Marcos Michelin, Paulo de Araujo, Paulo Vitale, Sergio Andrade, Sergio Dutti e Sergio Tomisaki. A coletiva traz 40 am-pliações em papel fotográfico, além de dois painéis com oito imagens, montando uma espé-cie de álbum de recordações. Local: Conjunto Nacional Preço(s):Grátis. Data(s): 05 a 21 de abril Diariamente das 7h às 22h.

PASSEIOSEm 2010, a obra O Proces-

so, do famoso ator tcheco Franz Kafka, completa 85 anos de sua primeira edição. Para homenagear essa marca, a Casa das Rosas se transforma no Território Kafka, com diversas citações ao autor. Em cada cômodo, os visitantes encontram diversas faces e fa-ses do autor. Entre os destaques da programação, a exposição Da Bibliocasa - Franz Kafka, que apresenta edições especiais de obras do autor tcheco; a atividade cênica Karta ao pai - Uma Expe-riência Cênica, neste domingo, às 16h, com participação de Wolff Rothstein e Otávio Costa Filho, que lerão trechos da obra Car-ta ao pai; Especial Franz Kafka,

TEATROO espetáculo teatral "MAUÁ-PIRITUBA, O EXPRESSO DAS CONTRADIÇÕES" ganhou o PRÊ-MIO FUNARTE ARTES CÊNICAS NA RUA - 2009 com o projeto teatral "MAUÁ-PIRITUBA, DE

VOLTA PARA OS HOMENS E PARA AS RUAS.CONFIRA!A temporada é curtíssima: de 17 de abril a 16 de maio, aos sábados às 20h e aos domingos às 19h.

TEATRO DA USCS - CAMPUS I - Av. Goiás, 3.400 - B. Barcelona, São Caetano do Sul.ESTACIONAMENTO GRATUITO PELA RUA MACEIÓ.

Ingressos: R$ 14,00 (R$7,00 meia) - Lotação: 71 lugares

com exibição de registros audio-visuais de espetáculos teatrais da Companhia Borelli de Dança, inspirados nas obras de Kafka, sempre às quintas, às 12h30. Há também as oficinas Esperan-do por Kafka - Provocações e Desdobramentos, realizadas aos sábados, das 10h às 12h, onde os participantes discutem as formu-lações iniciais do texto Esperando por Kafka, de Vilém Flusser. Por fim, a mesa-redonda Visões de Kafka, que será realizada em 22 de abril, quinta, às 19h30, com Jeanette Rozsas, Juliano Garcia Pessanha, Enrique Mandelbaum e Guilherme Kwasinski. Local: Casa das Rosas Preço(s): Grátis. Data(s): Até 30 de abril

Na Quinta-feira Santa, dia 1º, a celebração do Lava-pés foi presidida pelo pároco do Santu-ário Pe. Paulo Siebeneichler. Ele lavou os pés de 12 jovens como Jesus na última ceia, onde tam-bém foi instituída a Eucaristia.

Na Sexta-feira Santa, dia 2, o vigário paroquial Pe. Roberto Palotto presidiu a Celebração da Cruz. No mesmo dia a noite, os jovens da comunidade (Cojose, Ajunai e a Pastoral da Crisma) realizaram a encenação da Pai-xão de Cristo assistida por mais de 2 mil pessoas.

O Sábado Santo foi pre-sidido pelo vigário paroquial, Pe. Alexandre Alves do Anjos Filho. “É uma noite diferente de todas as outras noites”. A li-turgia recorda toda a história da salvação. O fogo novo foi aben-çoado e o Círio Pascal foi pre-parado, que é símbolo do Cristo Ressuscitado.

Votos Perpétuos do Frei João Andra-

de DiasNo dia 14 de março, o Su-

perior Provincial da Congrega-ção dos Oblatos de São José, Pe. Neto, presidiu os Votos Perpé-tuos do Frei João junto aos seus confrades.

Ele assumiu um compro-misso definitivo com sua con-gregação e a comunidade. Os próximos passos serão o diaco-nato e a ordenação sacerdotal. Rezemos pelas vocações.

Missa dos EnfermosA unção dos enfermos foi

dada a muitos fiéis e devotos no dia 31 de março. A missa dos en-fermos aconteceu no período da tarde e foi presidida pelo padre da diocese José Lino.

sEMana santa no santuário

notícias

Page 14: Jornal Sta. Edwiges - Ed. de Abril

14 Jornal Santa Edwiges santuariosantaedwiges.com.br Abril de 2010

Psicologia E saúdE

E os desencontros... Fo-ram tantos... Mas não que-ro mais guardar comigo a lembrança deles. Li cartas, bilhetes, cartões e chorei... Chorei muito. Reli até qua-se gastá-los. Imprimí-os em minha memória e depois me despedi deles e os rasguei em pedaços bem pequenos e assoprei para bem longe, o que deles sobrou. Fotogra-fias... Quantas eu tirei. De meus filhos, de minhas netas, eu com eles, elas comigo, da família, de minhas viagens, dos amigos... Tantas... Olhei-as uma por uma. Relembrei cada momento e uma a uma, tatuei-as em mim. Depois bem devagarzinho as ras-guei, me despedindo delas. Afinal, eram importantes só para mim... E eu não preciso mais delas. Nunca mais. Ao sentir saudade, as pensarei e elas virão. Depois olhei meus livros, que amo tanto, que me deram muitas alegrias, que me fizeram conhecer o mundo, partilhar vidas, rir, chorar com pessoas que eu não conhecia, mas que me tornei mais que amiga, uma companheira inseparável. Fizeram com que eu conhe-cesse tanta coisa... Que é tão importante para mim. Mas só para mim... O que fazer de-les? Dar a quem os queira e deles goste tanto quanto eu. Quero e preciso esvaziar-me, livrar-me objetivamente do que não me é necessário para continuar vivendo. Varri

para bem longe os “talvez”, os “nunca mais”. De hoje em diante, livre das amarras que me prendiam, só terei o que preciso no momento preciso. Fiz uma “faxina ge-ral” interna e externamente, consciente de cada gesto, de cada despedida. Limpei cada cantinho. De inicio a poeira subiu, revelando muita coi-sa guardada... Mas quando tudo assentou, foi mais fácil para ver onde estava o lugar a ser limpo. Assim, deixo para trás meu passado para viver o hoje, sem esperar que o future chegue, pois é certo que ele nunca chegará, pois quando chegar será presente. E nessa mudança de contex-to, vou viver cada dia como se fosse o último, abrir a ja-nela para a vida e for feliz até que a noite chegue e as luzes se apaguem. Ad Eternum. Interessante... Parece que ouço a voz de Marina a me contar o que fez, enquanto leio o que escreveu. Tão cla-ro, tão ela, tão pés no chão e ao mesmo tempo tão emotiva... Marina, minha amiga de to-das as horas.

“A vida só pode ser com-preendida olhando-se para trás, mas só pode ser vivida, olhando-se adiante”

( Kierkegaard, filósofo e teólogo dinamarquês, criador do existencialismo).

FaXina(Continuação)

Não é pouco comum es-cutar a seguinte expressão em nossos ambientes pasto-rais: “Olha... está muito di-fícil, ninguém se COMPRO-METE!”.

E de fato, percebe-se claramente a necessidade de comprometer-se com a causa, visando um bem co-mum, muitos são os motivos: trabalhos, estudos, família, etc.

A grande questão é que es-tamos em um mundo globali-zado, e embora seja “comum demais” dizer isto, o fato é que isso reflete em nossos trabalhos pastorais e nos atin-ge em cheio em nossos proje-tos e sonhos.

Porém aquele que de fato faz uma opção por des-pojar de uma determinada causa, deve-se perguntar. “O que move essa minha esco-lha, o que move essa minha opção?”. Tendo em vista a mundo “enlouquecido” que vivemos, a todo momento temos que buscar respostas novas para novos desafios e de certa forma isso nos faz, em determinados momento, titubear em nossas escolhas e opções, e o pior: nos es-quecemos que nos compro-metemos com alguma coi-sa!!!

Por isso as nossas esco-lhas anteriores devem ser pautadas sempre na busca

da nossa felicidade, ou seja, devemos estar felizes da nos-sa opção e cientes do que o nosso comprometimento im-plica. Por isso, todo e qual-quer ato de comprometimen-to deve ser voluntário e feito com amor, lembrando que isso deve nos ajudar a sermos pessoas mais felizes e reali-zadas.

E se formos olhar na história, qual seria o nosso exemplo de comprometimen-to e despojamento da causa? Na cabeça de cada um po-dem surgir diversos nomes, de líderes mundial, mártires, etc, etc, nas na minha cabeça logo vem uma pessoa: JE-SUS CRISTO!!! Ele é nosso exemplo.

A partir disso vem a se-guinte questão: seguir Je-sus exige comprometimen-to?

No tempo de Jesus, se-gui-lo era uma tarefa relati-vamente tranqüila e até mes-mo consoladora, uma vez que ele fazia milagres, saciava a fome do povo, consolava o povo com suas palavras (afi-nal escutar Jesus falar deve-ria ser algo no mínimo fasci-nante!).

Porém o ato de seguir Je-sus não ficava somente nisso, Ele exigia algo mais, exi-gia comprometimento com a causa. No tempo de Jesus se comprometer com a causa

a nEcEssidadE dE coMProMEtEr-sE

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implicava:Romper com a cegueira

(Mc 8,22)Vender seus bens e dar

aos pobres (Mt 19,19)Tomar sua cruz(Mc 8,34)Isso para citar alguns

exemplos, com certeza temos muitos ainda presentes no evangelho.

Olhando nesse prisma Cristológico e trazendo para o dia de hoje, lanço os se-guintes questionamentos: Estamos verdadeiramente comprometidos com a causa do reino?

O que falta para nos comprometermos de fato? O que impede o nosso ver-dadeiro comprometimen-to?

Diante de tudo isso ape-nas uma certeza me resta: precisamos nos comprometer de verdade!!!

Peçamos portanto a Santa Edwiges, modelo de compro-metimento com os pobres, São José Marello, modelo de comprometimento com os jo-vens e também a Maria San-tíssima e São José, modelos de comprometimento com o próprio Cristo, que nos aju-dem a sermos cristão com-prometidos de verdade.

Heloisa P. de Paula dos [email protected]

Frei José A. M. [email protected]

Page 15: Jornal Sta. Edwiges - Ed. de Abril

Abril de 2010 santuariosantaedwiges.com.br Jornal Santa Edwiges 15

realmente, comum. Já vi muitos casos de crianças agredidas sexu-almente por seus pais ou padras-tos. Recordo-me, com tristeza, de uma menina de doze anos que, grávida, era ainda violada pelo pai da criança que estava por nas-cer. Este era o seu padrasto! E o que mais chocava era que a mãe desta menina apoiava o autor da agressão, dizendo ser a menina a culpada! Uma menina, prestes a fazer sua primeira comunhão, chorava incontidamente quando encontrou-se comigo que deveria atende-la. Ela sentia-se culpada pois, “quando criança” (o que ela ainda era!) fora “mexida” por um primo… Já ouvi meninos que foram abusados e que ou tinham medo da vida sexual ou estavam reproduzindo sobre outros o que sofreram.

Não sei, realmente, se este tipo de comportamento pode ser herdado. Sei que, lamentavelmen-te, um filho de alcoólatra corre grandes riscos de ser alcoólatra. E isto é muito negativo, pois o sofrimento imposto na família pelo vício, em vez de ser barrado, pode ser levado a diante e progre-dir, machucando outras famílias e causando mais destruição. Serão os problemas nascidos dos des-vios de sexualidade também di-fundidos com os anos? Terão con-sequências sociais? Poderão ser, de alguma forma, barrados? Não sei e isto me intranquiliza pois tal-vez o futuro seja mais dramático, caso tudo isto progredir.

Foi curioso ler, outro dia, em uma revista de circulação nacio-nal, a opinião de um leitor que afirma serem os problemas de pedofilia na Igreja fruto da opção “anti-natural” do celibato. Espe-rava que ele indicasse onde estão os motivos e raízes dos problemas de pedofilia nas famílias, nas si-tuações em que pais e padrastos criam para crianças e jovens. Ele não falou. Curioso isto!

Discordo que seja o celibato a causa da pedofilia, como dis-cordo também que seja o uso do sexo o motivo da mesma. A causa é o mal uso de uma possibilidade humana muito marcante. A causa é também o pecado, tolerado e até desejado pela sociedade. Não apenas hoje, mas sempre. So-mente que hoje tudo é divulgado como um raio, com a rapidez da luz e com a superficialidade de um cisco sobre uma mesa. Outro dia ouvi um comentário em uma reportagem sobre o desenvolvi-mento da informática entre os jovens. Um executivo da maior multinacional do ramo afirmou que, em um futuro muito breve, as condições, os recursos da com-putação serão impensáveis. Tudo será facilitado, haverá mais tempo para a diversão, para a educação,

Nos últimos tempos estamos vendo a mídia divulgando, em alto e bom som, os abusos contra jovens e crianças perpetrados por personagens da Igreja Católica de Rito Latino. Quase todos os dias, em jornais impressos ou em repor-tagens especiais, são apresentados casos decididamente chocantes, revoltantes e vergonhosos. A sen-sibilidade em nossos dias de pós-modernismo é algo notavelmente marcante. Corremos até o risco de chegar a certos paroxismos, viven-ciados por professores e educado-res de diversos âmbitos. Aliás, nem sempre estes fatos são abordados pela mídia com tanta intensidade — e acho que deveriam sê-lo.

Os paroxismos que podemos encontrar são do tipo de alunos, que talvez nunca foram corrigi-dos por seus pais, ameaçando seus professores. Jovens e até crianças portam armas, agridem física e verbalmente seus pais e formado-res. Interessante isto. Eles são os donos da situação. Em si, não vejo grande problemas em fazer o dia-a-dia girar em torno de crianças e adolescentes. Contudo, o que gira em torno de alguns deles é a inse-gurança que eles propõem, o medo que investem em segmentos da so-ciedade e a violência que insistem em viver e difundir.

Vemos também o outro lado da moeda, seguramente mais anti-go e também revoltante: a agressão a quem está indefeso. Os recentes acontecimentos envolvendo o casal que, ao que parece, assassinou uma criança, uma menina, fato acompa-nhado pelo público em rede nacio-nal de tv e rádio, são assustadores. E foram feitos por quem deveria defender a menina.

Assim, a situação está real-mente grave e inspira reações. Sendo Padre da Igreja Católica e direta ou indiretamente educador de crianças, adolescentes e jovens, sinto-me no dever de expressar mi-nha humilde opinião, compondo o quadro de debates oportunos a res-peito.

Em primeiro lugar creio sin-ceramente que o momento atual é de grande crescimento para a Igre-ja enquanto Instituição. De fato, as crises, quando bem conduzidas, são momentos de crescimento ou purificação de fatos, ações, pesso-as, opções, realidades. Se metade do que está sendo dito é real, então a Igreja deverá purificar-se muito e sair desta tempestade melhor, mais madura, pronta para outros emba-tes.

Enfoco meu pequeno comen-tário nos fatos da pedofilia, viola-ção sexual de crianças e efebofilia (ou hebefilia), violação sexual de adolescentes ou jovens. Crimes assustadores e revoltantes, con-tudo, muito comuns. Somos nós Padres que sabemos como isto é,

para preparar o futuro… E os jo-vens estarão muito mais bem infor-mados… É raro ver tanta mentira junta, tanta ilusão reunida em tão pouco espaço verbal.

Quem já não sentiu que, ao invés de realmente auxiliar e fazer crescer a informática pode criar de-sespero, dependência e mais despe-sas? Existe até uma nova enfermi-dade: monofobia, que é o medo de se “desconectar”.

Partindo da experiência nossa, do que vemos e ouvimos, não creio realmente que haverá mais infor-mação no futuro. Sim, talvez mais no sentido de quantidade, grande parte imbecilizante — como já é, basta olhar a TV aberta e a cabo, os sites de “futilidades fundamental-mente indispensáveis que não têm qualquer serventia”… Muita “in-formação” e pouquíssima, quase nada de formação, de transmissão de experiências de vida, de ensi-namentos para poder olhar para o futuro, para saber sentir, sonhar, administrar os afetos, os desejos, as energias. Então os cri-mes contra as crianças e os jovens são parte de um problema maior, um problema de fundo. — Perdeu-se o sentido do humano. Deixou-se de pensar a humanidade, de valo-rizar a dignidade, especialmente a que toca a sexualidade e os afetos. Observem os modismos musicais e os paradigmas impostos: danças eróticas, vulgarização da mulher e ofensas erigidas como modelos “poéticos” (“égua pocotó”, “cacho-ras”…).

A Igreja deve ser educadora e propedêutica à vida, às relações humanas, à sexualidade, à cultu-ra. Quando ela falha nesta missão, então pouco pode-se encontrar na cultura pós-moderna comercial, banalizadora. Quando alguém que deveria formar, conduzir e santifi-car faz tudo o contrário, é necessá-rio purgar a situação, o ambiente. Corrigir, reeducar, resgatar. Não apenas na Igreja isto deve acon-tecer: também nas famílias, nas escolas, nos grupos sociais. Claro que, na Igreja, isto deve ser mais fácil e imediato, pois não é algo tão generalizado como nas famílias desestruturadas que existem e nos grupos diversos que não valorizam a pessoa, mas o que ela oferece fi-sicamente.

Sim, o que eu disse no pará-grafo anterior é que o problema não é tão marcante na Igreja como o é em outros ambientes sociais. Mas na Igreja aparece mais, o que é justo, pois ela deve ser a defesa de quem é fraco, o lugar de cres-cimento dos pequenos, a segurança da vida. Se ela falhar nisto estará rompendo um fundamento de sua identidade.

Quando ouço os lamentáveis fatos de abusos envolvendo gente da Igreja recordo-me de uma das

tentações de Jesus. Trata-se daque-la feita em Jerusalém, a cidade san-ta; no Templo, o lugar mais santo da época; sobre Jesus, que é o Santo. E o tentador usa a própria Palavra de Deus, que é Santa, contra Ele, o Santo, para que Ele agrida sua própria identidade! O pior pecado é, ao que parece, o que ocorre no lugar e em quem deveria oferecer e gerar a santidade. Então, os fatos na Igreja devem ser corretamente apurados, julgados e punidos.

Como será a punição? Eu re-almente não sei! Não cabe a mim, pois não sou juiz. E é neste ponto que encontro erros e vícios peca-minosos na mídia. O abuso das re-portagens sobre os tais crimes co-metidos por gente da Igreja tende a generalizar os fatos e as pessoas. Além disso, pergunto-me: esta-rão os repórteres interessados nas pessoas agredidas ou em acusar os agressores? As matérias difundidas são no sentido de esclarecer, ins-truir e informar ou denegrir, negar, destruir? Acabo de afirmar que não posso julgar, mas se pudesse, esta-ria pensando que o desejo maior de alguns apresentadores, comentaris-tas e comunicadores é o de negar a Igreja, não resgatar os envolvidos.

Exemplo deste meu simples argumento é a acusação de que o Papa Bento 16 não reage contra os fatos. Alguns afirmaram que sua carta, dirigida aos Bispos da Irlan-da, é condescendente. Ora, isto não é real. Li e reli a carta e vejo firme-za de opiniões, tristeza de consta-tações, segurança na apresentação de argumentos e de perspectivas. O que alguns querem, talvez, é que o Papa diga que “todos são crimi-nosos”; talvez que ele “baixe de-cretos contra os abusos” (decretos que já existem!). Será que alguns esperam que o Papa condene e execute os culpados? Talvez seja isto. E quem fará o mesmo com os que não são da Igreja e cometem crimes iguais ou piores? E quem julgará os alunos violentos que agridem professores? E quem con-denará os criadores de programas infantis erotizantes? Criadores da moda vulgar, da música que nega a humanidade e a dignidade da sexu-alidade? Bem, certamente alguém deverá fazer isto. Só não sei quem! Infelizmente.

Sim, o pecado existe! Nega-lo é supor que tudo isto não existe. Existe pecado porque eu sou peca-dor. Mas existe também a Graça. O debate sobre estas questões deve continuar, penso humildemente. E deve entrar sobretudo nas casas de formação de novos religiosos e presbíteros (Padres).

Não é possível que nestes lugares o abuso da pessoa exis-ta: nem sobre a forma de abuso da sexualidade nem sobre outras quaisquer formas. Chega de to-lerar os desvios de sexualidade,

seja pedofilia ou dependência se-xual. Neste ambiente e a partir da realidade proposta, não há lugar para a homossexualidade: ela não é modelo, está errada. Quem tem a identidade de homossexual deve ser respeitado, honrado e amado, mas deve estar ciente que o cami-nho do ministério ordenado não lhe será possível. É preciso olhar isto de frente e ser honesto com as si-tuações que existem, que se fazem notar claramente. Como professor de Teologia às vezes fico enorme-mente incomodado com algumas atitudes de alunos. Pergunto-me: eles não têm formadores? Não têm responsáveis? Não percebem que, agindo desta maneira, afetada, efe-minada, estão fazendo progredir os problemas da própria Igreja? Acho que o momento que vivemos é de crise, mas é também de crescimen-to, de purificação. Não vivemos mais em uma suposta cristanda-de: vivemos é em um secularismo avesso à formas estáveis de ex-pressões religiosas. O que vale é o voluntarismo, o imediato, o fácil e descartável: a “religião comercial”, se é que podemos dizer assim. E in-felizmente existe também na Igreja Católica. Mais catequese, renova-da conforme o Diretório Nacional de Catequese: isto é necessário. Quando vejo que, em lugares que conheço e até frequento, propos-tas de renovação da catequese dão lugar a um retorno à massificação, às “roupinhas” de primeira co-munhão, à foto bonita no final de tudo — e é, realmente, o final de tudo, de toda experiência religio-sa… Quando vejo que a formação não é, decididamente, a prioridade de muitos Párocos… Quando vejo que os jovens têm mais espaço para encontrar-se nos bares, ao invés de ser nas Paróquias, muitas das quais não têm tempo para os jovens… Então me preocupo.

Mais clareza nas pregações, com menos opiniões e mais Pala-vra sendo explicada, mais Tradição da Igreja sendo exposta. Comentar os fatos, orar pelas pessoas, soli-darizar-se e envolver-se: acho que isto é parte do caminho a ser feito. Espero estar, de alguma forma, fa-zendo.

A propósito: sei que não sou perfeito. Conheço meus vícios e sei que já ofendi pessoas.

Sei que deveria ser diferente. Espero mudar, desejo mudar, as-piro ser melhor, pois isto vai tes-temunhar o que sinto: a alegria de estar no caminho do Senhor e fazer parte desta Igreja que me ama e que eu amo. Ela não é perfeita (afinal, eu não o sou e estou nela!). Mas é a minha segurança, a minha certeza de não estar sozinho.

A todos, Graça e Paz.

soBrE a PEdoFilia E outros PEcados HuManos

Pe. Mauro Negro, [email protected]

Page 16: Jornal Sta. Edwiges - Ed. de Abril

16 Jornal Santa Edwiges santuariosantaedwiges.com.br Abril de 2010

17H – Show com o Can-tor Léo Lopes

19h – Missa presidida por Dom Tomé Após a missa atividades com os jovens

COMEMORAÇÃO DO CINQUENTENÁRIOPARÓQUIA SANTUÁRIO SANTA EDWIGES

21/04/2010VENHA CELEBRAR CONOSCO!

Retire seu convite para a feijoada e o bingo na secretaria paroquial

9H – Missa FestivaApós a missa atividades com as crianças

12H e 13H – Feijoada 14H – Bingo

Embora tenha sido fundada há 40 anos, muitos moradores da comuni-dade não a conhecem.

Durante todo esse tempo, muitas mudanças aconteceram na forma de atender a comunidade.

Atualmente, a OSSE – Obra Social Santa Edwiges atende mensalmente cerca de 1500 pessoas aproximadamente, através de vários serviços: far-mácia, dentista, atendimento jurídico, atendimento psicológico, cursos de informática, auxiliar administrativo, centro de atendimento à crianças e adolescentes , Lar Sagrada Família e a Casa da Criança Santa Ângela.

Para poder oferecer todo esse atendimento, a Osse conta com o trabalho de seus funcionários e voluntários. E para manter seu funcionamento, preci-sa muito de doações e parcerias.

você conHEcE a ossE?

Mais inForMaçõEs: 2591-2281

Eucaristia (Missa)Domingo: 7h 9h 11h e 18h30Segunda até sexta-feira:15h e 19hSábados: 16h

Secretaria da ParóquiaSegunda até sexta-feira:8h até 19hSábados: 8h às 12h; 14h às18h

Bazar de objetos religiososTodos os dias, de 8h até 19h30Dia 16 de cada mês

Eucaristia (Missa)7h 9h 11h 13h 15h 18h 19h30Confissões: Todo o dia

EXPEDIENTE PAROQUIAL