jornal da oab americana - março de 2012

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Março de 2012 ano 07 Edição 78 48ª Subseção da OAB - Americana www.oabamericana.org.br Jornal da OAB Americana Distribuição Gratuita SCPC – Como é ConStituíDo o banCo DE DaDoS Marcelo Fiorani, advogado e diretor da ACIA, discorre sobre o tema. pág. 06 Gestão 2010/2012 Presidente Ricardo Galante Andreetta Vice-Presidente Luiz Antonio Miante Secretária-Geral Kelly Cristina Fávero Mirandola Secretário-adjunto Rafael de Castro Garcia tesoureira Ana Cristina Zulian Delegado Adjunto Seccional de Americana, José Luiz Joveli, fala sobre a violência contra a mulher. pág.10 Comissão de Comunicação Thais Cristina Rossi Baldin - presidente Bruno Gayola Contato Milena Sylvia Arbix Helena Amorin Saraiva FECHAMENTO AUTORIZADO. Pode ser aberto pela ECT. pág. 04 Lei da Ficha Limpa Marcelo da Cunha Bergo, Juiz de Direito da 2ª Vara Cível desta Comarca e da 158ª Zona Eleitoral, relata em artigo escrito ao Jornal da Subseção, a Lei da Ficha Limpa. LEi maria Da PEnha

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Jornal da OAB Americana - Março de 2012

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Page 1: Jornal da OAB  Americana - Março de 2012

Março de 2012 ano 07 Edição 78 48ª Subseção da OAB - Americana www.oabamericana.org.br

Jornal da OAB AmericanaDistribuição Gratuita

SCPC – Como é ConStituíDo o banCo DE DaDoS

Marcelo Fiorani, advogado e diretor da ACIA, discorre sobre o tema. pág. 06

Gestão 2010/2012PresidenteRicardo Galante Andreetta

Vice-PresidenteLuiz Antonio Miante

Secretária-GeralKelly Cristina Fávero Mirandola

Secretário-adjuntoRafael de Castro Garcia

tesoureiraAna Cristina Zulian

Delegado Adjunto Seccional de Americana, José Luiz Joveli, fala sobre a violência contra a mulher. pág.10

Comissão de ComunicaçãoThais Cristina Rossi Baldin - presidente Bruno Gayola ContatoMilena Sylvia ArbixHelena Amorin Saraiva

FECHAMENTO AUTORIZADO. Pode ser aberto pela ECT.

pág. 04

Lei da Ficha LimpaMarcelo da Cunha Bergo, Juiz de Direito da 2ª Vara Cível desta Comarca e da 158ª Zona Eleitoral, relata em artigo escrito ao Jornal da Subseção, a Lei da Ficha Limpa.

LEi maria Da PEnha

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ExpEdiEntEEste informativo é publicação oficial da 48º Subseção de Americana, cujo orgão não se responsabiliza por matérias, opiniões e conceitos em artigos assinados. oab americana - Rua Cristovão Colombo, 155 - Parque Residencial Nardini - Fone: (19) 3461.5181 - www.oabamericana.org.br

Presidente: Ricardo Galante Andreetta ([email protected]); Presidente da Comissão de Comunicação: Thais Cristina Rossi Baldin ([email protected]) ; Realização: moretti Fonseca - texto e Edição de arte: Marcelo Moretti ([email protected]) - Jornalista responsável: Isabela Fonseca - MTb: 48545 ([email protected]),www.morEttiFonSECa.Com.br - PARA ANUNCIAR: (19) 3407-7342 - DiStribuiÇÃo Gratuita - Distribuição a todos os advogados inscritos, alunos de Direito das universidades locais, Fórum, Delegacias, Prefeituras, Câmara Municipal, Cartórios, Justiça do Trabalho, Ministério Público, Juizado Especial Cível, Juizado Especial Criminal, Juizado Especial Federal, repartições Públicas, Empresas e Locais de Grande Circulação. abrangência: Americana, Nova Odessa e Santa Bárbara. impressão: Gráfica Mundo - www.graficamundo.com.br - (19) 3026.8000.

02 OAB Americana - Março de 2012

No dia 08 de março, comemorou-se o Dia Internacional da Mulher. No transcurso dos anos, muitas foram as conquistas que ocorreram, as quais são relembradas e comemoradas pelo sexo fe-minino. No âmbito desta Subseção também estará sendo realizado um evento festivo em face da importância desta celebração. Permitam-me, as mulheres, cumprimentá-las na pessoa de uma, que poderia perfeitamente ser a Ministra Carmen Lucia Antunes Rocha, eleita recentemente presidente do Tribunal Superior Eleitoral, por ser a primeira mulher a presidir aquela Corte. Como também, e não menos importante, seria fazer tal referência a nova presidente da Petrobrás, Maria das Graças Foster. Porém, em meu modesto entendimento, não há como dissociar da imagem da mulher atual e de todas as suas vitórias, a combativa Ministra Corregedora Nacional de Justiça, Eliana Calmon. É através da pes-soa da Ministra Calmon que eu rendo, a todas as mulheres, as mais sinceras homenagens. Com coragem, tem enfrentado intimidações por conta de sua marcante atuação no CNJ e não é a toa que tem sido alvo dos holofotes da imprensa nos últimos tempos. Vem en-frentado com altivez e vigor, o penoso encargo de Corregedora, tarefa, aliás, das mais árduas, diante das mazelas que ocorrem no âmbito do Poder Judiciário pátrio. Seus poderes, enquanto Corregedora do CNJ, foram corrobora-dos em recente e importantíssimo julgamento no Supremo Tribunal Federal. A mulher conquistou o seu direito de voto há 80 anos atrás. Naquela época, jamais poderia ser imaginado que uma mulher gal-garia a condição de Corregedora da Justiça, em âmbito Nacional. Por isso, a Ministra Calmon, que esteve na sede da OAB/SP no último dia 02 de março explicando como será o trabalho de diag-nóstico do setor de precatórios que será realizado no Tribunal de Justiça deste Estado, traduz o status que a mulher alcançou na sociedade. As mulheres, assim como os homens, estão à mercê

das diversas dificuldades corriqueiras, porém as enfrentam de forma corajosa e destemida, independentemente de raça, credo ou classe econômica. A mulher é única e vitoriosa. A celebração é justa e deve ser brindada, pois há muito que comemorar. Parabéns às mulheres! Na pessoa da baiana e Ministra Corregedora da Justiça Eliana Calmon, saúdo, indistintamente, todas as mulheres.

pAlAvrA dO prEsidEntE AssistênciA judiciáriA

SEG.02Jenifer Santalla MartinezJulio Marty JuniorLucas de Araújo Feltrin TER.03Mariana Gasparini RodriguesAilton SabinoLyriam Simioni QUA.04Namilton de Oliveira RiosAntonio José Lisboa RodriguesAntonio Marcos Chacur SEG.09Aparecido BerlangaArilson SartoratoAriovaldo Esbaile Junior TER.10Aron ScalicheArthur Henrique Silva AlmeidaArthur Vaz de Lima Neto QUA.11Aurélia Chineltato PradoAurélio Claret FredianiAwdrey Frederico Kokol

QUI.12Bruna Antunes PonceBruno César Magalhães T. PereiraBruno Pinto Peres SEX.13Camila Gobbo VassalloCamila Pilotto GalhoCarla Alvarenga Facioli SEG.16Carla de Camargo AlvesCarlos Jose Andrade AmorimCarlos Roberto de Campos

TER.17Carmen Silva Ardito PaixãoCarolina Mobilon F. PessoaCaroline Simone

QUA.18Caubi Luiz PereiraCelio Benedicto RodriguesCelio Jose Rodrigues QUI.19Celma Aparecida R. da SilvaCelso ScanholaClaudia Akiko Ferreira SEX.20Claudia Raquel Biagio AssisClaudinei CabralCláudio Tortamano

SEG.23Cleide Coletti MilanezCloris R. Marcello VitalConceição Ap. Fagionato TER.24Cristiane Caetano de OliveiraCristiane L. CamaniniCristiano de Oliveira Domingo

QUA.25Cristina Caetano Sarmento EidCybele Hartman D. da SilvaDaiane Santos de Falco Favaro

QUI.26Daniel Gonçalves do PradoDaniel Sanflorian SalvadorDaniela Ap. Baraldi SEX.27Daniela Magon NeroniDaniela PinheiroDaniella Brambilla Frizo

ricArdO GAlAntE AndrEEttA.

Escala de Plantão abril

a CoraGEm FEminina

diA intErnAciOnAl dA MulhEr - MEnsAGEM dA dirEtOriA

Ao ensejo do transcurso do Dia Internacional da Mulher, que é comemorado em 08 de março, a diretoria desta 48ª. Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil dirige a elas, em especial às advogadas, uma especial homena-gem, reconhecendo a conquista irreversível de espaços no contexto social atual, a custa de muita luta, enfrentan-do, especialmente, a ignóbil intolerância que ainda as per-segue. A decantada fragilidade que por muito tempo tentaram lhes atribuir, não passava de um reles temor de todos

quantos imaginaram que se poderia detê-las na caminhada empreendida na busca de ocupar, em condições de igualdade, lugar de destaque onde quer que atuem. Desde há muito passaram a figurar com relevo em todos os setores da atividade humana e se tornaram protagonistas em fatos e espaços que marcaram a história. Nesta grata oportunidade dedicamos a elas nossos sinceros encômios.

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PrECatÓrioS – um DiLEma

OAB Americana - Março de 2012 03

ArtiGO

Primeiramente deve ser esclarecido aos que não militam no Judiciário, o que é um precatório. Em apertado resumo, trata-se de uma ordem judicial para que alguém receba valores que lhe são devidos, envolvendo os órgãos públicos e suas autarquias, quanto aos quais o Poder Judiciário já se pronunciou em definitivo. Em todo o país, e em especial no Estado de São Paulo, ocorre um grande atraso quanto ao cumprimento destas requisições judiciais, situa-ção que vem se agravando, a ponto de autorizar expressões como “calote oficial”. No entanto, a problemática está na ordem do dia, pois a própria Corregedora Nacional de Justiça – Ministra Eliana Calmon -, se envolveu no debate que vem sendo travado sobre o as-sunto. Disse, com todas as letras, que estava verificando se o pagamento não ocorre porque o Tribunal simplesmente não quer pagar, se pen-sa em se locupletar, ou se não o faz por falta de condições operacionais. Acentuou: “Até agora vi-mos dificuldade operacional em razão do volume de processos. A informática chegou atrasada ao TJ”. Para exemplificar, a Prefeitura de São Paulo,

entre dezembro de 2009 e fevereiro de 2012, depositou R$1,17 bilhão na conta do Tribunal, exclusivamente para pagamento de precatórios. Deste total, apenas 20% foram pagos, ainda que os reclamos pela demora sejam constantes. O TJ alega existir dificuldades em sua estru-tura para dar conta da verificação de valores e, assim também, da montanha de pagamentos. No entanto, nós advogados sabemos que esta situ-ação não ocorreu por acaso e somente agora, pois o descuido vem acontecendo de há muito. Para melhor esclarecer, o dinheiro dos preca-tórios é repassado dos órgãos públicos para os tribunais. Porém, os credores, que se eternizam nas filas, protestam contra a lentidão dos desem-bolsos e ressaltam existir uma norma que auto-riza os tribunais a firmar convênios com bancos oficiais para operar as contas. Para os credores, que esperam na fila faz anos, os tribunais teriam interesse em retardar os pagamentos para com isto obter rendimentos (spread), os quais são aplicados em obras, en-quanto deveriam reverter em modernização do sistema, de modo a atender os interesses dos credores, muitos dos quais morrem sem receber

a sonhada indenização. O presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante, questionado sobre o tema, asseve-rou: ”Precatório em São Paulo não é mais um caso de Justiça, é caso de polícia. O que está se cometendo em São Paulo é um atentado aos direitos humanos, é um atentado à dignidade do ser humano”. De outra parte, a OAB/SP afirma que há no Estado cerca de 400 mil credores de títulos ali-mentares e indenizatórios, dos quais 40 mil têm como donos credores preferenciais – idosos e pessoas com doenças graves. Segundo os cál-culos, ao todo, São Paulo deve cerca de R$22 bi-lhões em precatórios, e os municípios paulistas, outros R$15 bilhões. Como pode ser visto, a problemática é das mais difíceis, pois há interesses conflitantes nas altas esferas do Poder Judiciário, fato que impõe a imprescindível intervenção do CNJ para que as coisas entrem no trilho. Em apertada síntese, a questão aqui versada acaba por envolver, em última análise, a próprio conceito de cidadania, pois o legítimo direito de muitos está sendo postergado.

luiz AntOniO MiAntE, vicE-prEsidEntE.

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cApA

A capacidade eleitoral passiva diz respeito ao direito de ser eleito para exercer funções que de-pendem do sufrágio e dizem respeito ao ato de legislar ou executar as leis. Além das inelegibilidades previstas no art. 14, §§ 4º a 8º da CF,que são normas de eficácia plena e aplicação imediata, a Constituição Federal per-mitiu no § 9º do art. 14 a criação de outros casos de inelegibilidade: “Lei complementar estabelece-rá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade ad-ministrativa, a moralidade para exercício de man-dato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na admi-nistração direta ou indireta.” A inércia do legislador e os inúmeros casos de corrupção eimprobidade administrativa ge-raram clamor público e indignação suficientes para que fosse criado o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), com ampla divul-gação e participação popular, tanto que foram colhidas mais de um milhão e seiscentas mil as-sinaturas para viabilizar o PLC nº 58/2010, que se transformou na Lei Complementar nº 135/2010, publicada em 07/06/2010, também conhecida como “Lei da Ficha Limpa”. A Lei da Ficha Limpa alterou a Lei Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990, que estabelece casos de inelegibilidade, prazos de cessação e determina outras providências, para incluir hipó-teses de inelegibilidade que visam proteger a pro-bidade administrativa e a moralidade no exercício do mandato. A Lei da Ficha Limpa tornou inelegíveis, por exemplo, aqueles que tiveram o mandato cassa-do, que renunciaram para evitar a cassação ou foram condenados pela prática de certos crimes por decisão de órgão colegiado, ainda que não transitada em julgado. Como o art. 5º da Lei Complementar nº 135/2010 estabeleceu que ela entraria em vigor na data de sua publicação (07/06/2010), surgiu dúvida a respeito de sua aplicação nas eleições de 2010, em razão do disposto no art. 16 da CF: “A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência.” Em resposta à consulta formulada pelo Senador Artur Virgílio (PSDB-AM),o TSE entendeu, por maioria de votos, em decisão proferida em 17/06/2010, que as regras da Lei da Ficha Limpa deveriam ser aplicadas nas eleições de 2010, in-clusive para o caso de condenação anterior à sua vigência, não obstante a alteração ocorrida na redação original,que se referia aos políticos que “tenham sido condenados” por órgão colegiado, modificadano Senado Federal para os políticos que “forem condenados”.

Porém, no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 633703, o Plenário do Supremo Tribunal Federal decidiu, por maioria de votos, que a Lei da Ficha Limpa não deveria ser aplicada às elei-ções realizadas em 2010, por desrespeito ao art. 16 da Constituição Federal, que trata da anteriori-dade da lei eleitoral. A decisão provocou clamor público, pois frus-trou a expectativa da população, que pretendia desde logo afastar da vida pública os “maus po-líticos”, que seriam declarados inelegíveis pela aplicação imediata dos dispositivos da Lei da Ficha Limpa. Contudo, como ponderou com pro-priedade o eminente Ministro Luiz Fux: “por me-lhor que seja o direito, ele não pode se sobrepor à Constituição”. Resolvida esta questão, surgiram ainda dis-cussões relativas aos princípios da irretroativida-de das leis (CF, art. 5ª, XL) e da presunção de inocência (CF, art. 5º, LVII), pois sendo a inele-gibilidade uma sanção político-civil em tese não poderia haver aplicação retroativa da Lei da Ficha Limpa, do mesmo modo que seria inconstitucio-nal a inelegibilidade decorrente de condenação por órgão colegiado não transitada em julgado. Tais teses, dentre outras, deram ense-jo à propositura das Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADCs 29 e 30) e da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 4578), jul-gadas em 16 de fevereiro p.p., decidindo os Ministros do STF, por maioria de votos, pela cons-titucionalidade da Lei da Ficha Limpa, que poderá ser aplicada nas eleições deste ano, alcançando atos e fatos ocorridos antes de sua vigência e ba-seando-se em condenação por órgão colegiado não transitada em julgado, sem configurar ofensa aos princípios mencionados. Sem adentrar no mérito dos votos dos eminen-tes Ministros do STF, o fato é que a constitucio-nalidade da Lei da Ficha Limpa foi reconhecida e declarada, e seus reflexos e efeitos concretos serão examinados e sentidos a partir das eleições deste ano. No mínimo haverá maior cuidado e melhor cri-tério dos partidos políticos na escolha dos can-didatos, em prol da proteção da probidade ad-ministrativa e da moralidade para o exercício do mandato, com consequente elevação do nível das discussões e propostas. Por fim, deve-se informar que já existe proposta de resolução apresentada ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) visando estender a aplicação da chamada Lei da Ficha Limpa às funções de confiança e cargos em comissão no Judiciário, e que projeto semelhante está em estudo na Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (Consultor Jurídico, 08/03/2012, por Rafael Baliardo), o que denota a crescente preocupação com a moralida-de e probidade no exercício de funções públicas, dependentes ou não do sufrágio, e não deixa de ser um alento aos cidadãos de bem.

LEi Da FiCha LimPa

MArcElO dA cunhA BErGO, juiz dE dirEitO dA 2ª vArA cívEl dE AMEricAnA E dA 158ª zOnA ElEitOrAl.

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ArtiGO

A experiência forense nos revela que cada vez mais as execuções e cobranças judiciais têm encontrado obstáculos na localização de bens de pessoas e empresas, estas muitas vezes utilizadas com o nítido propósito de frustrar as obrigações contraídas, obrigando o processo de execução a buscar meios eficazes para coibir tal prática. A desconsideração da personalidade ju-rídica é um deles. A quebra do princípio da autonomia despon-tou como um grande avanço no cumprimento de obrigações que se mostravam perdidas. Sua aplicação começou a se repercutir em largas ju-risprudências americanas, expandindo-se mais recentemente para a Alemanha e outros países europeus. No Brasil, não obstante doutrina e ju-risprudência já tecerem seus primeiros comen-tários a respeito, a teoria da desconsideração somente sofreu sua primeira positivação com a entrada em vigor do Código de Defesa do Consumidor, em seu artigo 28. Após esse pon-tapé inicial, o legislador passou a utilizar larga-mente o instituto, apresentando-o no artigo 18 da Lei n.° 8.884/94 (Lei Antitruste), no artigo 4º da Lei n.° 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais),

e espalhando-se também para diversos outros ramos do Direito, como o Tributário, Trabalho, e Família e Sucessões. No Código Civil de 2002, a disregard foi implicitamente positivada no artigo 50 de forma mais clara e ampla. É imperioso destacar que a decisão judicial que determina a desconsideração da sociedade em-presária jamais desconstitui o seu ato, e sequer invalida ou impõe a sua dissolução, tratando-se apenas de uma situação episódica, cujos efeitos se refletem apenas entre as partes envolvidas na questão processual pertinente ao caso. A apli-cação do instituto de modo inverso, que tem por objetivo coibir a transferência fraudulenta dos bens particulares dos sócios para a sociedade empresária, situação facilmente vislumbrada na hipótese de insolvência ocultada entre o sócio e a empresa, também vem compondo, embora ain-da de forma tímida, o entendimento jurispruden-cial sobre o instituto, buscando atingir o princípio da autonomia patrimonial sem ferir a validade do ato constitutivo da sociedade ou buscar a ineficá-cia absoluta de sua personalidade. A aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica tem buscado seu espaço

ao longo dos anos, fortalecendo seus conceitos legais e regras de hermenêutica dentro de suas peculiaridades para resguardar o direito de cre-dores de boa-fé que se virem encurralados pela malícia dos sócios de pessoas jurídicas. Constatamos, no entanto, que sua aplicação requer extremo cuidado, sendo uma ferramenta excepcionalíssima para a persecução de seus objetivos inerentes, notadamente no sentido de não ser banalizada e prejudicar severamen-te aqueles que investiram seu suor no capital e circulação de riquezas. É trivial que o magistra-do analise as provas proporcionalmente caso a caso, respeitando os princípios do devido pro-cesso legal, da ampla defesa e do contraditório.É possível considerar que a teoria visa muito mais a proteção do instituto da pessoa jurídica e o princípio da autonomia patrimonial, afastando o entendimento de que seria uma arma para des-prestigiá-los, impedindo, assim, que a empresa seguisse por outro caminho para o qual não foi idealizada. Ela valoriza a importância das socie-dades para o sistema econômico, atacando ape-nas aqueles que fazem mau uso delas por atos abusivos ou fraudulentos.

o inStituto Da DESConSiDEraÇÃo Da PErSonaLiDaDE JuríDiCa

EdsOn BElO dE OlivEirA júniOr, AdvOGAdO.

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ArtiGO

Em 15 de março, celebramos o Dia Internacional dos Direitos do Consumidor. Entre nós, o Código de Defesa do Consumido, em vigor desde 11 de março de 1991, trouxe exemplar equi-líbrio nas relações de consu-mo. As garantias conquista-das, como maior fiscalização sobre produtos não originais, regulamentação de medica-mentos genéricos e dos simi-lares, ações contra aumentos abusivos nos planos de saúde, entre outros, são alguns dos benefícios que o Código trouxe ao consumidor. Além do respaldo legal, o Código permitiu uma nova cultura de relacionamento entre fornecedores e consumidores, pois a Lei es-tabelece não apenas direitos, mas também os deveres de ambas as partes. Outra visão cultuada pós CDC é a de que embora nem todos sejam fornecedores, todos são consumidores. Assim, quando a prestação de serviço e fornecimento de produto respeita os limites da lei e atende a

Dia intErnaCionaL DoS DirEitoS Do ConSumiDor

jOsÉ AlMir curciOl, prEsidEntE dA cOMissãO dE dirEitO dO

cOnsuMidOr.

ArtiGO

A criação e manutenção dos bancos de dados de registros de inadimplência está prevista no art.43, do CDC. Os credores têm a faculdade de incluir o registro da dívida, já a partir da mora do devedor (art. 397, do CC), independentemente de protesto, bastando o envio da comunicação prévia da inclusão. Assim, os bancos de dados são alimentados com informações públicas e pri-vadas. As públicas são informações obtidas median-te certidões dos cartórios distribuidores dos fó-runs cíveis, dos cartórios de títulos protestados e dos cheques devolvidos registrados pelo siste-ma CCF (cadastros de cheques sem fundos) do Banco Central. As privadas são as informações prestadas pelos próprios credores cujos clientes deixaram de pagar no vencimento suas obriga-ções. Os maiores bancos de dados concorrentes do país são os que se utilizam das marcas Serasa e SCPC. O Serasa trata-se de uma empresa pri-vada criada e mantida por instituições financei-ras, possuindo o CNPJ próprio. O SCPC é uma marca cedida para as entidades de classe sem fins lucrativos (sindicatos do comércio varejista, clube de dirigentes lojistas e associações comer-ciais) designarem o seu próprio banco de dados.

Diferentemente do Serasa que trata-se de um banco de dados administrado apenas por uma empresa, o seu maior concorrente, o SCPC é mais complexo, pois há inúmeras pessoas ju-rídicas distintas que se utilizam da referida marca. A Associação Comercial e Industrial de Americana(ACIA) é uma delas, pois possui seu próprio banco de dados, onde apenas os comerciantes associados de Americana podem incluir ou excluir inadimplentes. Mediante um convênio firmado entre essas entidades de classe, houve o compar-tilhamento dos bancos de dados de todas as cidades de nosso es-tado e também das principais cidades do país. Com isso o as-sociado da ACIA pode em uma única consul-ta obter infor-mações de centenas de bancos de da-

dos existentes no país, o mesmo acontecendo com as outras entidades similares, mas a ACIA

não tem autonomia para entrar nos regis-tros feitos pela Associação Comercial

de Nova Odessa, por exemplo, e alterá-los, pois o convênio é limitado apenas para consulta de informa-ções. Para que esse compartilha-mento fosse possível, a Associação Comercial de São Paulo assumiu o gerenciamento desse sistema, sen-

do a única que possui condi-ções técnicas de excluir

ou suspender algum registro feito, além da cidade de origem de inclusão do débito. Atualmente esse serviço de geren-ciamento foi ter-

ceirizado para uma empresa privada denomi-nada Boa Vista Serviços(BVS). Assim qual-quer divergên-

cia existente no registro de algum inadimplente, o consumidor deve requerer a correção direta-mente ao banco de dados da cidade em que foi incluído o registro ou para a gerenciadora do sis-tema (BVS) , pois somente essas duas entidades poderão administrativamente corrigir o equívoco. Ademais o banco de dados não registram so-mente os devedores, mas também alertas de documentos furtados ou extraviados, desde que informados pela vítima, evitando-se assim a utili-zação indevida por estelionatários. Os bancos de dados visam facilitar a conces-são de crédito, evitando prejuízos aos comercian-tes e aos consumidores, pois uma vez diminuí-da a inadimplência, o custo dos juros cobrados também diminuem. Para isso o sistema deve conter as informações verdadeiras e precisas sobre cada consumidor. Esses esclarecimentos são importantes, pois constantemente observa-mos equívocos pela falta de conhecimento de como funciona o sistema, erros que vão desde a confusão entre as marcas concorrentes Serasa e SCPC, até a interposição de ações judiciais con-tra a associação de Americana, por eventuais atos ilícitos praticados por credores domiciliados em outros estados que não possuem qualquer vínculo jurídico com o problema.

SCPC – Como é ConStituíDo o banCo DE DaDoS

satisfação do consumidor cria fato socioeco-nômico. Vez que o consumo é a base do cres-cimento econômico. Não existe povo econo-

micamente forte sem força de consumo. A criação e o fomento dos organismos de proteção do consumidor e orientação do fornecedor, tal

como a FUNDAÇÃO PROCON, também trou-xe inexorável melhoria na relação de consu-mo. Ora estabelecendo normas, ora educan-do, orientando, intermediando, fiscalizando e punindo, muito tem colaborado para fazer a sociedade assimilar o CDC, tornando-o uma das leis mais conhecidas do nosso ordena-mento. Sem prejuízo dos avanços, novos desafios afloram. O crescimento dos negócios pela in-ternet tem merecido maior atenção dos legis-ladores, operadores do direito e dos órgãos

de proteção do consumidor. As reclamações com as compras virtuais crescem exponen-cialmente, porém, a natureza deste tipo de negócio dificulta tanto a fiscalização quanto a ação para reparação do dano. Se de um lado, temos hoje, consumidores mais conscientes e fornecedores atentos, que visam ganhar maior número de clientes através de atendimento sem vício; de outro, é preciso mais empenho para dizimar os que se escondem atrás da tecnologia ou da ex-trema necessidade de certos produtos e ser-viços, como os planos de saúde e serviços bancários e de telefonia. Não é difícil perceber que enquanto o mé-dio e pequeno fornecedor enquadra-se mais facilmente nos termos do CDC, os grandes grupos econômicos impõem maior resistên-cia, criam mecanismos, como os 0800, ou-vidoria, SAC e etc., que muitas vezes camu-flam ou dificultam a aplicação da proteção ao consumidor. De certo é que podemos comemorar os avanços, desde que não esqueçamos o mui-to que ainda resta por fazer.

MArcElO fiOrAni, AdvOGAdO.

“O crEsciMEntO dOs nEGó-ciOs pElA intErnEt tEM MErE-

cidO MAiOr AtEnçãO dOs lEGislAdOrEs, OpErAdOrEs dO dirEitO E dOs órGãOs dE prOtEçãO dO cOnsuMidOr”

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08 OAB Americana - Março de 2012

prErrOGAtivAs

No dia 08 de março foi realizada a primeira ses-são do I Conselho Regional de Prerrogativas da OAB/SP, com sede em Piracicaba. Os trabalhos foram coordenados pelo Conselheiro Estadual da OAB/SP Claudio Bini. Na oportunidade, foram apreciados 04 (quatro) pedidos de desagravos públicos, dos quais, após a leitura do relatório,

sustentação oral, debates e pronunciamentos entre os integrantes deste Conselho, 03 (três) fo-ram acolhidos. Os advogados Antonio Marques dos Santos Filho e Jesus Aparecido Ferreira Pessoa, inscritos na OAB de Americana, inte-gram o referido Conselho e participaram desta sessão.

prEcAtóriOs

Na reunião que a Comissão da Dívida Pública da OAB SP teve em Brasília nesta quinta-feira (23/2), às 14h, com a corregedora nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, para debater a situação dos pagamentos de precatórios, fica-ram definidos alguns pontos importantes, como a criação de um Comitê Gestor de Precatórios – proposta da Ordem paulista - incluindo represen-tantes do CNJ, TJ-SP, TRT-2, TRT-15, OAB SP e Ministério Público (relativizando a Resolução 115 do Conselho) e o envio de um Grupo de trabalho do CNJ ao Tribunal de Justiça de São Paulo, de 5 a 9 de março, para elaborar um amplo diagnós-tico da situação. “Para a ministra Eliana Calmon, o problema dos precatórios em São Paulo é prioritário por-que concentra o maior volume de credores e de recursos envolvidos. A par-tir dos resultados do diag-nóstico realizado durante uma semana do mês de março será possível definir se é preciso contratar uma empresa externa para gerir o imenso volume de infor-mações ou se o software da Justiça resolverá”, explica Flávio Brando, presidente da Comissão da Dívida Pública da OAB SP. Durante a reunião, também ficou acertado que o CNJ solicitará ao Tribunal de Justiça mais es-paço físico, mais funcionários e 3 juízes em perío-do integral para atuar nas execuções envolvendo precatórios. Representantes do CNJ também ex-puseram o trabalho realizado em alguns Estados, onde foi possível resolver o impasse em torno do pagamento de precatórios, caso de Tocantins, Mato Grosso e Alagoas, entre outros.

Flávio Brando lembra que a Corregedoria Nacional de Justiça, órgão do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), definiu como prioridade para 2012 atuar em parceria com os tribunais de Justiça para organizar a quitação dessas dívidas, valores a serem pagos pelo Poder Público a cre-dores após decisões judiciais. “Essa parceria é fundamental para concretizarmos um direito dos credores, que mesmo diante de sentenças tran-sitadas em julgado não conseguem receber dos entes públicos”, diz o presidente da OAB SP, Luiz Flávio Borges D´Urso. A OAB SP afirma que há no Estado cerca de 400 mil credores de títulos alimentares e indeni-zatórios, dos quais ao menos 40 mil têm como donos credores preferenciais – idosos e pessoas com doenças graves. Ao todo, São Paulo deve cerca de R$ 22 bilhões em precatórios, e os mu-nicípios, outros R$ 15 bilhões. De acordo com uma pesquisa realizada em 2010 pelo CNJ, a dívida total de precatórios no país gira em torno de R$ 84 bilhões, incluindo credo-res que esperam há até 40 ou 50 anos por tais pagamentos. Além de Flávio Brando, estiveram presentes à audiência com a corregedora nacional de Justiça; a diretora-adjunta da Ordem, Tallulah Kobayashi de Andrade Carvalho, o conselheiro e membro da Comissão da Dívida Pública, Marcelo Lobo, e representantes da OAB-RJ, Eduardo Gouvêa e da OAB-ES, Alessandra Bergi Sarlo.A Emenda Constitucional 62/09, que definiu no-vas formas de pagamento de precatórios, previu duas formas de pagamento de precatórios: 50% dos recursos para aqueles credores preferenciais e outros 50% a serem pagos em ordem crescen-te de valor, por meio de acordo com os donos dos títulos ou por leilão.

Em janeiro, a Comissão da Dívida Pública da OAB SP en-tregou ao TJ-SP um documento com uma série de pedidos, como a liberação imediata de créditos alimentares de idosos e doentes graves; liberação dos créditos al-cançados pela ordem crescente de valor, considerando cada cre-dor individualmente; o pagamen-to de honorários sucumbenciais

aos advogados de credores preferenciais cujos créditos foram liberados; e a instalação de um Comitê Gestor de Precatórios, para acompanhar os pagamentos. No último dia 13, a OAB SP defendeu, em reunião com o TJ-SP e a Procuradoria Geral do Estado (PGE), a criação de um cadastro de credores e valores devidos e criticou a proposta de realiza-ção de leilão para o pagamento de precatórios.Fonte: OAB/SP

CnJ aCata ProPoSta Da oab SP DE Criar ComitÊ GEStor Para PrECatÓrioS

i ConSELho rEGionaL DE PrErroGatiVaS Da oab/SP Faz Sua 1ª SESSÃo

AssistênciA judiciáriA

A comissão de Assistência Judiciária da OAB Local, representada pelos membros Juliana Buosi Carlini, João Marcelo Cia de Faria e Juliana Maria Bridi de Faria estiveram presentes no dia

03 de março em evento social realizado na Vila Mathiensen pela UNEGRO (União de Negros pela Igualdade) oportuniadde em que deram orientação jurídica à população.

SubSEÇÃo PartiCiPa DE EVEnto SoCiaL

“A partir dos resultados do diagnóstico realizado durante uma semana do mês de março será possível definir se é pre-ciso contratar uma empresa externa para gerir o imenso

volume de informações ou se o software da justiça resolverá”

MEsA dirEtOrA dOs trABAlhOs.

cOnsElhEirOs: WillEy sucAsAs, AntOniO MArquEs dOs sAntOs E jEsus pEssOA.

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cEriMôniA

Dia 2 de março, na sala da presidência da Casa do Advogado, re-alizou-se nova entrega de carteiras de identifi-cação profissional. A nova inscrito nes-ta Subseção - Daniela Macedo Fagundes de Arruda Prellwitz, foi re-cepcionada pelo presi-dente, Ricardo Galante Andreetta, presentes também a tesoureira, Ana Cristina Zulian e o secretário-adjunto, Rafael de Castro Garcia. Parabéns e sucesso a nova colega.

EntrEGaDECartEira

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ArtiGO

Como é cediço, até o ano de 1995 os delitos tipificados nos artigos 129, “caput”, e 129, § 6º, ambos do CP, eram de ação pública incondicio-nada. O artigo 88 da Lei 9099, de 1995, todavia, passou a dispor que dependeria de representa-ção a ação penal relativa aos crimes citados. De outra banda, a jurisprudência se consolidou no sentido de que somente após o oferecimento da denúncia é que a representação se tornava ir-retratável, consoante os artigos 25 do CPP e 104 do CP. A Lei 11.340, publicada no Diário Oficial de 08.08.2006, denominada Lei Maria da Penha, que criou mecanismos para coibir a violência do-méstica e familiar contra a mulher, dispõe em seu artigo 12, inciso I, que a autoridade policial deve-rá, dentre outras providências, ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a repre-sentação a termo, se apresentada. Contudo, a citada Lei em seu artigo 16 determi-na que nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida (ou seja, somente para as vítimas do sexo feminino, naquelas con-dições disciplinadas no § 9º do artigo 129 do CP, cuja pena passou a ser de três meses a três anos de detenção) de que trata a citada Lei 11.340/06, só será admitida a renúncia à representação pe-rante o juiz, em audiência especialmente desig-

nada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público. Em outras palavras, após a entrada em vigor daquele diploma legal, passou a ser vedada no âmbito de Polícia Judiciária eventual renúncia à representação da ofendida na hipótese do § 9º do artigo 129, CP. O artigo 41 dessa Lei, por outro lado, estabe-lece que aos crimes praticados com violência do-méstica e familiar contra a mulher (ou seja, ape-nas para as vítimas do sexo feminino, naquelas condições previstas no § 9º do artigo 129, CP), independentemente da pena prevista, NÃO SE APLICA A LEI Nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. Em face da discrepância existente entre os ar-tigos 12, I, 16 e 41 da Lei Maria da Penha, ocor-reram questionamentos acerca da natureza da ação penal do delito previsto no artigo 129, § 9º, CP (lesão corporal leve qualificada pela violên-cia doméstica ou familiar), ou seja, se tal infra-ção deveria ser apurada mediante ação pública incondicionada ou condicionada à representação da ofendida. Acerca da matéria os tribunais ficaram abso-lutamente divididos, inclusive o Superior Tribunal de Justiça. No dia 9 de fevereiro de 2012, por maioria

de votos, vencido o presidente, Ministro Cezar Peluso, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) julgou procedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 4424) ajuizada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) quanto aos artigos 12, inciso I; 16; e 41 da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006). A corrente majoritária da Corte acompanhou o voto do relator, ministro Marco Aurélio, no sentido da possibilidade de o Ministério Público dar início a ação penal sem necessidade de repre-sentação da vítima. O artigo 16 da lei dispõe que as ações penais públicas “são condicio-nadas à representação da ofendida”, mas, para a maioria dos ministros do STF, essa circunstância acaba por esvaziar a proteção constitucional as-segurada às mulheres. Também foi esclarecido que não com-pete aos Juizados Especiais julgar os crimes cometidos no âmbito da Lei Maria da Penha. Ao acompanhar o voto do relator quanto à possi-bilidade de a ação penal com base na Lei Maria

da Penha ter início mesmo sem representação da vítima, o Ministro Luiz Fux afirmou que não é razoável exigir-se da mulher que apresente quei-xa contra o companheiro num momento de total fragilidade emocional em razão da violência que sofreu. Com tal decisão o STF validou a Lei 11.340/06, conferindo interpretação conforme a Constituição aos artigos 12, I, 16 e 41 da Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), no sentido de que: 1) a Lei 9.099/95 não se aplica, em nenhuma hipótese, aos crimes cometidos no âmbito da Lei Maria da Penha; 2) o crime de lesões corporais conside-radas de natureza leve, praticadas contra a mu-lher em ambiente doméstico, processa-se me-diante ação penal pública incondicionada; 3) os dispositivos referidos têm aplicação a crimes

que se processam mediante representa-ção, por previsão legal distinta da Lei 9.099/95, como, por exemplo, o crime de ameaça (artigo 147, parágrafo único, CP). Permite-se, com isso, que referida norma legal alcance, agora, a verdadeira eficácia social que dela se esperava ao longo de quase seis anos de vigência.

a rEPrESEntaÇÃo Da oFEnDiDa Em FaCE Da LEi 11.340/06 (LEi maria Da PEnha)

dr. jOsÉ luiz jOvEli, dElEGAdO AdjuntO sEcciOnAl.

  Seguem até o dia 30 de março as  inscrições para os  cursos  de  Pós-Gradu-ação da FAM – Faculdade de Americana.  São cursos de MBA Exe-cutivo  em  Marketing  e Comunicação  Empresa-rial,  em  Contabilidade  e Controladoria, em Direito Empresarial e em Gestão Estratégica,  e  Especiali-zações  nas  áreas  de  Psi-copedagogia,  Fisioterapia Geriátrica  e  Gerontológi-ca e Sistemas de Informa-ção: Governança.  Com  mensalidades  no valor  de  R$290,00,  todos os  cursos  serão  aos  sá-bados,  das  9h  às  12h10 e  das  13h30  às  16h40  e terão  início  no  dia  14  de abril.  Entre  os  meses  de abril  e  agosto de 2012 as aulas  serão  semanais,  e entre setembro de 2012 e 

setembro  de  2013,  quin-zenais.  As inscrições estão dis-poníveis no site da FAM – www.fam.br.   Não perca esta oportu-nidade de aprimorar seus conhecimentos!

Pós-Graduação – FAM está com inscrições abertas

Ms. Célia Ap.  Jussani, professora  e  diretora acadêmica da FAM.

Informe FAM

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