jornal da fmb edição especial

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c my k Criada em 1963, a FMB, vinculada à Unesp, consolida-se como referência em educação superior no Estado Uma instituição sólida, re- ferência em ensino, pesquisa e extensão no interior paulis- ta. Com estas características, a Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB) completa 46 anos de criação no dia 24 de abril. Integrada à Unesp, a ins- tituição oferece graduação em Medicina Humana e Enferma- gem, e tem conquistado cada vez maior espaço no cenário nacional em ensino superior. Fundada em 1963 como Faculdade de Ciências Médi- cas e Biológicas de Botuca- tu, a instituição prima pela qua- lidade na educação. A FMB possui atualmente 36 progra- mas de residência médica, 53 de aprimoramento profissio- nal, 8 de pós-graduação e 2 de mestrado. Na graduação são oferecidas 120 vagas em seus dois cursos (90 em medicina e 30 para enfermagem). Tem o cur- so mais concorrido de toda a universidade: medicina, com re- lação de 119 candidatos por vaga em seu último processo seletivo. Este ano, o Departamento de Enfermagem completa duas décadas de existência acumu- lando êxitos. Um deles foi a in- dicação do curso de Enferma- gem, em 2008, como excelen- te pelo Guia do Estudante, da Editora Abril. O curso conta atualmente com 120 alunos nos quatro anos da graduação e 28 docentes responsáveis pela formação destes estudantes. A extensão universitária é um dos pontos fortes da insti- tuição e um dos contatos di- retos com a comunidade onde está sediada. Com 62 proje- tos aprovados pela Pró-Reito- ria de Extensão Universitária da Unesp, a FMB atua de forma di- reta na educação e assistência em saúde para a população. A Faculdade de Medicina também administra em seu campus o Hospital das Clíni- cas de Botucatu, maior centro de atendimento SUS (Sistema Único de Saúde) da região, atendendo a 68 municípios do DRS 6 (Departamento Regio- nal de Saúde, com sede em Bauru) com população esti- mada em 1,5 milhão de pes- soas. A unidade conta com 415 leitos e 52 de UTI (30 adultos, 15 neonatal e 7 pe- diátricos), 194 consultórios médicos e 31 salas especi- alizadas. Realiza, em média, 2 milhões de exames, 600 mil consultas, 20 mil internações e 11 mil cirurgias por ano. Em números absolutos, o hospital realizou, até feverei- ro de 2009, 28.975 consul- tas em ambulatórios, 1.103 cirurgias e 2852 internações. Foram, no mesmo período, 17069 consultas em seu Prontossocorro. Há 1.900 servidores técnico-adminis- trativos, 340 residentes, 180 médicos, 260 docentes e 82 aprimorandos atuando nas dependências do HC. A parceria com a Secre- taria de Estado da Saúde proporcionou também a ad- ministração dos Hospitais Estaduais de Bauru, Améri- co Braziliense, além do fu- turo Hospital Secundário, ainda a ser instalado em Bo- tucatu. Tais fatos reforçam a pre- sença marcante da FMB como uma das unidades de ensino, pesquisa e extensão mais pujantes de toda a Unesp. Uma gama de atividades foi programada para a celebração do 46º aniversário da FMB, dia 24 de abril, e que homenagea- rá os alunos formados pela 2ª turma de Medicina. Na opor- tunidade, a instituição também concederá o título de profes- Exposição e homenagens à 2ª turma Exposição e homenagens à 2ª turma Exposição e homenagens à 2ª turma Exposição e homenagens à 2ª turma Exposição e homenagens à 2ª turma na solenidade do 46º aniversário na solenidade do 46º aniversário na solenidade do 46º aniversário na solenidade do 46º aniversário na solenidade do 46º aniversário sor emérito aos docentes Arthur Roquete de Macedo e Augusto Cezar Montelli. Está prevista a presença do reitor da Unesp, Her- man Jacobus Cornellis Voorwald, além de autoridades políticas e religiosas da região. Toda a solenidade acontece- rá no salão nobre da FMB. A partir das 15 horas, uma exposi- ção de fotos abordará caracte- rísticas e fatos históricos da en- tão FCMBB e também da traje- tória da FMB nestes 46 anos. O médico Domingos Gabriel de Paula Belusci discursará em nome dos ex-alunos da 2ª turma de médicos da FCMBB. O pro- fessor emérito Álvaro Oscar Cam- pana, paraninfo daquela turma, também fará o uso da palavra na solenidade. Também haverá o descerramento de uma placa em homenagem aos formandos daquela turma. Apresentações musicais deverão marcar a par- te cultural do evento. Já o professor Paulo José Fortes Vilas Boas representará o Departamento de Clínica Mé- dica e apresentará a trajetó- ria acadêmica do professor Augusto Cezar Montelli, que será titulado como profes- sor emérito da instituição. Prof. Carlos Tadeu Spadella, representando o Departa- mento de Cirurgia e Ortope- dia, relatará a trajetória do professor Arthur Roquete de Macedo, que também rece- berá o título. Arthur Macedo: de aluno Arthur Macedo: de aluno Arthur Macedo: de aluno Arthur Macedo: de aluno Arthur Macedo: de aluno a reitor da Unesp a reitor da Unesp a reitor da Unesp a reitor da Unesp a reitor da Unesp Página Página Página Página Página 2 2 2 2 2 E NTREVISTAS NTREVISTAS NTREVISTAS NTREVISTAS NTREVISTAS Página Página Página Página Página 3 3 3 3 3 Augusto Montelli: Augusto Montelli: Augusto Montelli: Augusto Montelli: Augusto Montelli: pioneirismo reconhecido pioneirismo reconhecido pioneirismo reconhecido pioneirismo reconhecido pioneirismo reconhecido

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abril de 2009

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Page 1: Jornal da FMB Edição Especial

cmyk

Criada em 1963, a FMB,vinculada à Unesp,consolida-se como

referência em educaçãosuperior no Estado

Uma instituição sólida, re-ferência em ensino, pesquisae extensão no interior paulis-ta. Com estas características,a Faculdade de Medicina deBotucatu (FMB) completa 46anos de criação no dia 24 deabril. Integrada à Unesp, a ins-tituição oferece graduação emMedicina Humana e Enferma-gem, e tem conquistado cadavez maior espaço no cenárionacional em ensino superior.

Fundada em 1963 comoFaculdade de Ciências Médi-cas e Biológicas de Botuca-tu, a instituição prima pela qua-lidade na educação. A FMBpossui atualmente 36 progra-mas de residência médica, 53

de aprimoramento profissio-nal, 8 de pós-graduação e 2 demestrado. Na graduação sãooferecidas 120 vagas em seusdois cursos (90 em medicina e30 para enfermagem). Tem o cur-so mais concorrido de toda auniversidade: medicina, com re-lação de 119 candidatos por vagaem seu último processo seletivo.

Este ano, o Departamentode Enfermagem completa duasdécadas de existência acumu-lando êxitos. Um deles foi a in-dicação do curso de Enferma-gem, em 2008, como excelen-te pelo Guia do Estudante, daEditora Abril. O curso contaatualmente com 120 alunos nosquatro anos da graduação e 28

docentes responsáveis pelaformação destes estudantes.

A extensão universitária éum dos pontos fortes da insti-tuição e um dos contatos di-retos com a comunidade ondeestá sediada. Com 62 proje-tos aprovados pela Pró-Reito-ria de Extensão Universitária daUnesp, a FMB atua de forma di-reta na educação e assistênciaem saúde para a população.

A Faculdade de Medicinatambém administra em seucampus o Hospital das Clíni-cas de Botucatu, maior centrode atendimento SUS (SistemaÚnico de Saúde) da região,atendendo a 68 municípios doDRS 6 (Departamento Regio-

nal de Saúde, com sede emBauru) com população esti-mada em 1,5 milhão de pes-soas. A unidade conta com415 leitos e 52 de UTI (30adultos, 15 neonatal e 7 pe-diátricos), 194 consultóriosmédicos e 31 salas especi-alizadas. Realiza, em média,2 milhões de exames, 600 milconsultas, 20 mil internaçõese 11 mil cirurgias por ano.

Em números absolutos, ohospital realizou, até feverei-ro de 2009, 28.975 consul-tas em ambulatórios, 1.103cirurgias e 2852 internações.Foram, no mesmo período,17069 consu l tas em seuProntossocorro. Há 1.900

servidores técnico-adminis-trativos, 340 residentes, 180médicos, 260 docentes e 82aprimorandos atuando nasdependências do HC.

A parceria com a Secre-taria de Estado da Saúdeproporcionou também a ad-ministração dos HospitaisEstaduais de Bauru, Améri-co Braziliense, além do fu-turo Hospital Secundário,ainda a ser instalado em Bo-tucatu.

Tais fatos reforçam a pre-sença marcante da FMBcomo uma das unidades deensino, pesquisa e extensãomais pujantes de toda aUnesp.

Uma gama de atividades foiprogramada para a celebraçãodo 46º aniversário da FMB, dia24 de abril, e que homenagea-rá os alunos formados pela 2ªturma de Medicina. Na opor-tunidade, a instituição tambémconcederá o título de profes-

Exposição e homenagens à 2ª turmaExposição e homenagens à 2ª turmaExposição e homenagens à 2ª turmaExposição e homenagens à 2ª turmaExposição e homenagens à 2ª turmana solenidade do 46º aniversáriona solenidade do 46º aniversáriona solenidade do 46º aniversáriona solenidade do 46º aniversáriona solenidade do 46º aniversário

sor emérito aos docentes ArthurRoquete de Macedo e AugustoCezar Montelli. Está prevista apresença do reitor da Unesp, Her-man Jacobus Cornellis Voorwald,além de autoridades políticas ereligiosas da região.

Toda a solenidade acontece-

rá no salão nobre da FMB. Apartir das 15 horas, uma exposi-ção de fotos abordará caracte-rísticas e fatos históricos da en-tão FCMBB e também da traje-tória da FMB nestes 46 anos.

O médico Domingos Gabrielde Paula Belusci discursará em

nome dos ex-alunos da 2ª turmade médicos da FCMBB. O pro-fessor emérito Álvaro Oscar Cam-pana, paraninfo daquela turma,também fará o uso da palavrana solenidade. Também haveráo descerramento de uma placaem homenagem aos formandosdaquela turma. Apresentaçõesmusicais deverão marcar a par-te cultural do evento.

Já o professor Paulo JoséFortes Vilas Boas representará o

Departamento de Clínica Mé-dica e apresentará a trajetó-ria acadêmica do professorAugusto Cezar Montelli, queserá titulado como profes-sor emérito da instituição.Prof. Carlos Tadeu Spadella,representando o Departa-mento de Cirurgia e Ortope-dia, relatará a trajetória doprofessor Arthur Roquete deMacedo, que também rece-berá o título.

Arthur Macedo: de alunoArthur Macedo: de alunoArthur Macedo: de alunoArthur Macedo: de alunoArthur Macedo: de alunoa reitor da Unespa reitor da Unespa reitor da Unespa reitor da Unespa reitor da Unesp

PáginaPáginaPáginaPáginaPágina 2 2 2 2 2

EEEEENTREVISTASNTREVISTASNTREVISTASNTREVISTASNTREVISTAS ○

○ PáginaPáginaPáginaPáginaPágina 3 3 3 3 3

Augusto Montelli:Augusto Montelli:Augusto Montelli:Augusto Montelli:Augusto Montelli:pioneirismo reconhecidopioneirismo reconhecidopioneirismo reconhecidopioneirismo reconhecidopioneirismo reconhecido

Page 2: Jornal da FMB Edição Especial

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ABRIL 2009ABRIL 2009ABRIL 2009ABRIL 2009ABRIL 2009

EEEEENTREVISTANTREVISTANTREVISTANTREVISTANTREVISTA

Jornal da FMB- Após anosJornal da FMB- Após anosJornal da FMB- Após anosJornal da FMB- Após anosJornal da FMB- Após anosde dedicação ao ensino da Me-de dedicação ao ensino da Me-de dedicação ao ensino da Me-de dedicação ao ensino da Me-de dedicação ao ensino da Me-dicina, o senhor é agraciadodicina, o senhor é agraciadodicina, o senhor é agraciadodicina, o senhor é agraciadodicina, o senhor é agraciadocom o título de professor emé-com o título de professor emé-com o título de professor emé-com o título de professor emé-com o título de professor emé-rito. Pode-se dizer que para orito. Pode-se dizer que para orito. Pode-se dizer que para orito. Pode-se dizer que para orito. Pode-se dizer que para oprofissional que segue carrei-profissional que segue carrei-profissional que segue carrei-profissional que segue carrei-profissional que segue carrei-ra acadêmica este é umra acadêmica este é umra acadêmica este é umra acadêmica este é umra acadêmica este é umdos principais objetivos? Qualdos principais objetivos? Qualdos principais objetivos? Qualdos principais objetivos? Qualdos principais objetivos? Qualé o sentimento por ter este re-é o sentimento por ter este re-é o sentimento por ter este re-é o sentimento por ter este re-é o sentimento por ter este re-conhecimento?conhecimento?conhecimento?conhecimento?conhecimento?

Arthur Roquete de Macedo-Arthur Roquete de Macedo-Arthur Roquete de Macedo-Arthur Roquete de Macedo-Arthur Roquete de Macedo-Sem dúvida, o título de professoremérito é a maior láurea acadêmicapara aqueles que se dedicaram comentusiasmo à tarefa de produzir, apli-car e transmitir aos seus alunos osconhecimentos adquiridos ao longoda carreira universitária. Entendo-ocomo conseqüência e resultado deum trabalho realizado, embora jamaiso tenha considerado como o objetivoprimeiro da minha atividade na Unesp.Sempre quis ser professor universi-tário e me realizava ensinando na gra-duação, na residência médica ou napós-graduação. Encaro esta outor-ga como um generoso reconhecimen-to da comunidade da Faculdade deMedicina de Botucatu a minha traje-tória acadêmica.

Jornal da FMB- Qual foi oJornal da FMB- Qual foi oJornal da FMB- Qual foi oJornal da FMB- Qual foi oJornal da FMB- Qual foi omomento que mais lhe marcoumomento que mais lhe marcoumomento que mais lhe marcoumomento que mais lhe marcoumomento que mais lhe marcouao longo de sua trajetór ia naao longo de sua trajetór ia naao longo de sua trajetór ia naao longo de sua trajetór ia naao longo de sua trajetór ia naFMB? É possível relatar algu-FMB? É possível relatar algu-FMB? É possível relatar algu-FMB? É possível relatar algu-FMB? É possível relatar algu-ma passagem interessante, quema passagem interessante, quema passagem interessante, quema passagem interessante, quema passagem interessante, queficará registrada para sempref icará registrada para sempref icará registrada para sempref icará registrada para sempref icará registrada para sempreem sua memória?em sua memória?em sua memória?em sua memória?em sua memória?

ARM- ARM- ARM- ARM- ARM- Tive vários momentos quemarcaram a minha trajetória na Fa-culdade de Medicina de Botucatu ena Unesp. Quero citar três. O primei-ro foi a liderança que assumi comopresidente da ADUNESP-Botucatuna greve de 1979. Nesta ocasiãoocorreu um fato pitoresco que nuncaesqueci. Estava presidindo uma as-sembleia geral da comunidade emgreve, quando foi proposta, por doisdocentes, a realização do enterro doentão governador (Paulo) Maluf. Aproposta teve adesão generalizada,mas conseguimos impedir a sua vo-tação, juntamente com dois outrosmembros do comando de greve Rei-naldo Ayer de Oliveira e Fábio Anco-na Lopes, argumentando que o atopoderia trazer mais problemas doque benefícios ao movimento. Apóslongos debates, a assembleia foi sus-pensa para o almoço, e ao retornar-mos, às 14 horas, encontramos o an-fiteatro lotado e no seu centro umaurna fúnebre de luxo com defunto noseu interior e todos os componentesde um velório. Não houve votação.Por aclamação os presentes deixa-ram a Faculdade formando um cor-tejo fúnebre com caixão e tudo, quesaiu em direção à cidade. Fomosdetidos pela polícia na Rua João Pas-sos. Tumulto, prisões, depoimentos,etc. Mas tudo acabou bem. Em Botu-catu a comunidade da Unesp tinha oapoio generalizado, inclusive da polí-cia e das forças de repreensão, asquais cumpriam suas tarefas, cons-trangidos e pressionados pela popu-lação. Outro fato marcante foi o con-curso de livre docência em 1979: oprimeiro realizado por um ex-aluno

Macedo: de aluno a reitor da UnespMacedo: de aluno a reitor da UnespMacedo: de aluno a reitor da UnespMacedo: de aluno a reitor da UnespMacedo: de aluno a reitor da UnespPrestes a receber o título de professor emérito da Facul-

dade de Medicina de Botucatu, Arthur Roquete de Macedoé um dos personagens que vivenciaram o crescimento deum sonho: instalar uma faculdade que ensinasse medicinano interior paulista.

Aluno e orador da 1ª turma formada pela então FCMBB,Macedo foi vice-diretor da instituição de 1984 a 1988 e co-mandou a faculdade de 1988 a 1989, quando decidiu con-correr ao cargo de vice-reitor da Unesp, onde ficou de 1989a 1993. Assumiu a reitoria ficando no cargo até 1997.

Entrevistado pelo Jornal da FMBJornal da FMBJornal da FMBJornal da FMBJornal da FMB, Macedo ressalta queser titulado como professor emérito é a ‘maior láurea acadê-mica’ recebida. Além disso, relembra momentos que foram

da Faculdade de Medicina de Botu-catu; e por fim minha renúncia à dire-ção da Faculdade de Medicina paraconcorrer nas eleições para vice-rei-tor. Tinha, na ocasião, a absoluta con-vicção que se tivesse sucesso e exer-cesse a vice-reitoria, teria a oportuni-dade de disputar a reitoria após qua-tro anos. Confiando que o meu traba-lho de 8 anos na gestão da universi-dade (4 anos como vice-reitor e 4 anoscomo reitor) seria fundamental paraa consolidação da universidade, aruptura do estrangulamento financei-ro ela sofria e pela revisão do índicedo ICMS que lhe era atribuído e agarantia de um tratamento adequa-do ao campus de Botucatu. Sem fal-sa modéstia, julgo que a minha ges-tão na Unesp foi um divisor de águaspara que a universidade deixasse deser considerada pela sociedadecomo a 3ª universidade pública deSão Paulo “o patinho feio do sistemaUniversitário Paulista”. Ao terminar omandato, a Unesp disputaria em péde igualdade com a USP e a Uni-camp a atenção da mídia, o prestígiojunto aos poderes Executivo e Legis-lativo de São Paulo e junto à socieda-de, no reconhecimento das suas ati-vidades de ensino e extensão à co-munidade. A revisão do percentu-al do ICMS para a Unesp viabilizoua universidade financeiramente emotivou politicamente a sua comu-nidade, tornando-a não mais a ter-ceira universidade do sistema, massim uma das três Universidades Es-taduais Paulistas.

Jornal da FMB- Volte noJornal da FMB- Volte noJornal da FMB- Volte noJornal da FMB- Volte noJornal da FMB- Volte notempo até o dia de sua forma-tempo até o dia de sua forma-tempo até o dia de sua forma-tempo até o dia de sua forma-tempo até o dia de sua forma-tura, quando o senhor foi o ora-tura, quando o senhor foi o ora-tura, quando o senhor foi o ora-tura, quando o senhor foi o ora-tura, quando o senhor foi o ora-dordordordordor. Como foi a preparação do. Como foi a preparação do. Como foi a preparação do. Como foi a preparação do. Como foi a preparação dodiscurso, já que era a primeiradiscurso, já que era a primeiradiscurso, já que era a primeiradiscurso, já que era a primeiradiscurso, já que era a primeiraturma a se formar? O que issoturma a se formar? O que issoturma a se formar? O que issoturma a se formar? O que issoturma a se formar? O que issorepresentou para o senhor?representou para o senhor?representou para o senhor?representou para o senhor?representou para o senhor?

ARM-ARM-ARM-ARM-ARM- Foi preparado em pou-co espaço de tempo e recebi umapoio muito importante do professorAugusto César Monteli. Discutimosbastante alguns pontos a serem abor-dados. Foi um discurso politicamenteadequado para a época e que enal-tecia bastante a antiga FCMBB, a for-mação que seus alunos tinham rece-bido e o perfil do mesmo junto à soci-edade. Nesse discurso já estava em-butida a postura que adotaríamos aolongo da nossa trajetória na FCMBB,na FMB e na Unesp: ressaltar sem-pre a competência da nossa comuni-dade, seu engajamento político e ascondições institucionais para desem-penhar um papel de relevo no cená-rio universitário brasileiro. Este fatodeu início a um comportamento quefoi paulatinamente incorporado, queera o de assumir a Instituição e con-

tribuir decisivamente para que a nos-sa escola se consolidasse como umaInstituição de qualidade e com com-promisso social.

Jornal da FMB- Como o se-Jornal da FMB- Como o se-Jornal da FMB- Como o se-Jornal da FMB- Como o se-Jornal da FMB- Como o se-nhor interpreta aquele momen-nhor interpreta aquele momen-nhor interpreta aquele momen-nhor interpreta aquele momen-nhor interpreta aquele momen-to da faculdade? Que contr i -to da faculdade? Que contr i -to da faculdade? Que contr i -to da faculdade? Que contr i -to da faculdade? Que contr i -buição sua turma deixou parabuição sua turma deixou parabuição sua turma deixou parabuição sua turma deixou parabuição sua turma deixou paraa história da FMB?a história da FMB?a história da FMB?a história da FMB?a história da FMB?

ARM-ARM-ARM-ARM-ARM- Foi um momento de afir-mação e a 1ª turma de formandosdeixou uma lição fundamental: lutarna adversidade, crescer transpondodificuldades materiais e de recursoshumanos, acreditar na formação quetínhamos recebido e assumir postu-ras como legítimos representantes deuma nova filosofia de ensino, que pro-curava ouvir mais os que tem dúvidado que os donos da verdade (comoreferi em meu discurso).

Jornal da FMB- Quais quali-Jornal da FMB- Quais quali-Jornal da FMB- Quais quali-Jornal da FMB- Quais quali-Jornal da FMB- Quais quali-dades que deve ter um bomdades que deve ter um bomdades que deve ter um bomdades que deve ter um bomdades que deve ter um bomprofessor de Medicina. Houveprofessor de Medicina. Houveprofessor de Medicina. Houveprofessor de Medicina. Houveprofessor de Medicina. Houvealgum um docente que tenhaalgum um docente que tenhaalgum um docente que tenhaalgum um docente que tenhaalgum um docente que tenhamarcado sua trajetór ia e pormarcado sua trajetór ia e pormarcado sua trajetór ia e pormarcado sua trajetór ia e pormarcado sua trajetór ia e porq u ê ?q u ê ?q u ê ?q u ê ?q u ê ?

ARM-ARM-ARM-ARM-ARM-Espírito aberto para rece-ber críticas e novos ensinamentos,dedicação aos seus pacientes, curi-osidade cientifica e ser acessível aosseus alunos. Gostaria de citar dois:os professores Mario Rubens Guima-rães Montenegro e Willian Saad Hos-sne que marcaram a minha trajetóriapelo exemplo, pela dedicação à Ins-tituição, pelo espírito público inúme-ras vezes demonstrado e pela inegá-vel competência de ambos como mé-dicos, docentes e pesquisadores.

Jornal da FMB-Como foi suaJornal da FMB-Como foi suaJornal da FMB-Como foi suaJornal da FMB-Como foi suaJornal da FMB-Como foi suarelação com os alunos ao lon-relação com os alunos ao lon-relação com os alunos ao lon-relação com os alunos ao lon-relação com os alunos ao lon-go de sua vida comogo de sua vida comogo de sua vida comogo de sua vida comogo de sua vida comodocente, levando em conside-docente, levando em conside-docente, levando em conside-docente, levando em conside-docente, levando em conside-ração que o senhor foi sócio-ração que o senhor foi sócio-ração que o senhor foi sócio-ração que o senhor foi sócio-ração que o senhor foi sócio-fundador do CAPS e, portan-fundador do CAPS e, portan-fundador do CAPS e, portan-fundador do CAPS e, portan-fundador do CAPS e, portan-to, um dia, foi um aluno enga-to, um dia, foi um aluno enga-to, um dia, foi um aluno enga-to, um dia, foi um aluno enga-to, um dia, foi um aluno enga-jado? Qual é a di ferença dejado? Qual é a di ferença dejado? Qual é a di ferença dejado? Qual é a di ferença dejado? Qual é a di ferença deestar em ambos os ladosestar em ambos os ladosestar em ambos os ladosestar em ambos os ladosestar em ambos os lados

(aluno e professor), sob o as-(aluno e professor), sob o as-(aluno e professor), sob o as-(aluno e professor), sob o as-(aluno e professor), sob o as-pecto de ter tido a oportunida-pecto de ter tido a oportunida-pecto de ter tido a oportunida-pecto de ter tido a oportunida-pecto de ter tido a oportunida-de de enxergar a ins t i tu içãode de enxergar a ins t i tu içãode de enxergar a ins t i tu içãode de enxergar a ins t i tu içãode de enxergar a ins t i tu içãode dois pontos de vista? de dois pontos de vista? de dois pontos de vista? de dois pontos de vista? de dois pontos de vista?

ARM- ARM- ARM- ARM- ARM- Sempre tive uma relaçãomuito boa com alunos e residentes.Foi uma experiência fantástica e mui-to proveitosa ter sido aluno, profes-sor e dirigente na mesma instituição.O fato de ter sido aluno da 1ª turmada antiga FCMBB e com forte enga-jamento político-acadêmico determi-nou um comportamento que norteoutodas as minhas iniciativas como pro-fessor, pesquisador, gestor e na atu-ação em políticas acadêmicas. Naverdade, eu era um produto da Fa-culdade de Medicina de Botucatu eposteriormente da Unesp. Como as-sumi muito cedo funções de liderançae de gestão na instituição eu era oúnico ex-aluno da Universidade (e essacondição fez a diferença) a ter a opor-tunidade de defender os nossos inte-resses na qualidade de docente e di-rigente universitário junto ao governo,a sociedade e ao Conselho de Reito-res das Universidades Estaduais Pau-listas. Nunca transigi na defesa de nos-sos interesses, nunca tive uma postu-ra de inferioridade em relação às de-mais Universidades. Sempre divulguei,de forma adequada, o trabalho e aprodução da nossa comunidade aca-dêmica, a qual muitas vezes trabalhan-do em condições inadequadas exibiaum desempenho excepcional, superi-or mesmo ao observado em outroscentros universitários de prestígio noBrasil e no exterior.

Jornal da FMB- O que moveJornal da FMB- O que moveJornal da FMB- O que moveJornal da FMB- O que moveJornal da FMB- O que moveum médico a ensinar Medicina?um médico a ensinar Medicina?um médico a ensinar Medicina?um médico a ensinar Medicina?um médico a ensinar Medicina?Como foi no seu caso? E comoComo foi no seu caso? E comoComo foi no seu caso? E comoComo foi no seu caso? E comoComo foi no seu caso? E comoé fazer isso em uma escola queé fazer isso em uma escola queé fazer isso em uma escola queé fazer isso em uma escola queé fazer isso em uma escola que

tem à disposição um hospital-tem à disposição um hospital-tem à disposição um hospital-tem à disposição um hospital-tem à disposição um hospital-escola, no caso o Hospital dasescola, no caso o Hospital dasescola, no caso o Hospital dasescola, no caso o Hospital dasescola, no caso o Hospital dasClínicas?Clínicas?Clínicas?Clínicas?Clínicas?

ARM-ARM-ARM-ARM-ARM-Tenho certeza que o princi-pal motivo que move alguém a serprofessor, e não apenas de Medici-na, é o prazer em transmitir o seuconhecimento, em colaborar para aformação profissional e ética do jo-vem aluno e em experimentar a sen-sação fantástica de observar o pro-gresso, o crescimento profissional eintelectual do estudante. A Medici-na, principalmente no internato e re-sidência, na minha época de alunoe professor, assemelhava-se muitoa uma verdadeira tutoria na qual alu-no e preceptor desenvolviam laçosmuito fortes de natureza profissio-nal, intelectual e mesmo afetiva.Quando alguém dispõe de um Hos-pital-Escola Universitário e do aten-dimento em plantões realizados pordocentes da instituição o processoé ainda mais intenso e prazeroso. Émuito gratificante ensinar.

Jornal da FMB- AlgumasJornal da FMB- AlgumasJornal da FMB- AlgumasJornal da FMB- AlgumasJornal da FMB- Algumasfrustrações?frustrações?frustrações?frustrações?frustrações?

ARM-ARM-ARM-ARM-ARM- Poucas, muito poucas. Amaior foi não ter cumprido o meumandato integral como diretor daFMB. Ao longo dos anos cultivei osonho de poder dirigir a minha Fa-culdade e colocar em prática váriasideias e planos que concebi comoaluno, residente e professor, consoli-dados nas minhas atividades docen-tes, de pesquisador e político-acadê-micas. Nunca imaginei ser reitor, atéporque a nossa escola não era umauniversidade, mas tive sim, confesso,a vontade de atingir a direção daFCMBB, depois Faculdade de Medi-cina de Botucatu.

marcantes em sua trajetória na faculdade, comoa liderança que exerceu à frente da Adunesp,em uma greve no ano de 1979. Também foi oprimeiro ex-aluno da FMB a prestar o concursode livre-docência e a renúncia à direção da ins-tituição para se candidatar a vice-reitor. “Ao ter-minar o mandato, a Unesp disputaria em pé deigualdade com a USP e a Unicamp a atençãoda mídia, o prestígio junto aos poderes Executi-vo e Legislativo de São Paulo e junto à socieda-de, no reconhecimento das suas ativida-des de ensino e extensão à comunidade”,declara o entrevistado.

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A 1ª turmaA 1ª turmaA 1ª turmaA 1ª turmaA 1ª turmade formandosde formandosde formandosde formandosde formandos

deixou uma liçãodeixou uma liçãodeixou uma liçãodeixou uma liçãodeixou uma liçãofundamentalfundamentalfundamentalfundamentalfundamental: lutar: lutar: lutar: lutar: lutar

na adversidadena adversidadena adversidadena adversidadena adversidade

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O principal motivoO principal motivoO principal motivoO principal motivoO principal motivoque move alguémque move alguémque move alguémque move alguémque move alguéma ser professora ser professora ser professora ser professora ser professor, e, e, e, e, e

não apenas denão apenas denão apenas denão apenas denão apenas deMedicina, é oMedicina, é oMedicina, é oMedicina, é oMedicina, é o

prazer emprazer emprazer emprazer emprazer emtransmitir o seutransmitir o seutransmitir o seutransmitir o seutransmitir o seu

conhecimentoconhecimentoconhecimentoconhecimentoconhecimento

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Reitor:Reitor:Reitor:Reitor:Reitor: Herman Jacobus Cornelis VoorwaldVice-reitor:Vice-reitor:Vice-reitor:Vice-reitor:Vice-reitor: Julio Cezar Durigan

Faculdade de Medicina de BotucatuFaculdade de Medicina de BotucatuFaculdade de Medicina de BotucatuFaculdade de Medicina de BotucatuFaculdade de Medicina de Botucatu(www.fmb.unesp.br)

Diretor:Diretor:Diretor:Diretor:Diretor: Sérgio Swain MüllerVice-diretora:Vice-diretora:Vice-diretora:Vice-diretora:Vice-diretora: Silvana Artioli Schellini

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O Jornal FMBJornal FMBJornal FMBJornal FMBJornal FMB é uma publicação mensal dirigida ao público interno da Faculdadede Medicina de Botucatu/Unesp e das fundações, unidades médico-hospitalares e de

pesquisas a ela vinculadas. Sugestões, comentários e colaborações devem serencaminhadas à Assessoria de Comunicação e Imprensa da FMB/Unesp

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Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

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ABRIL 2009ABRIL 2009ABRIL 2009ABRIL 2009ABRIL 2009

EEEEENTREVISTANTREVISTANTREVISTANTREVISTANTREVISTA

“Quando aceitamos o convite para integrarmos o cor-po docente da FCMBB (Faculdade de Ciências Médicas eBiológicas de Botucatu), a esperança que tinhamos era detrabalhar em uma instituição de estrutura renovada. “Noinício sempre falamos em “integração e formação’. Darformação aos estudantes e não informação. Hoje ministra-se conhecimentos que vão perecer rapidamente, em pou-cos anos. Assim, devemos formar indivíduos com capaci-dade de continuar, depois de terminado o curso, a seatualizar, ou então vão se tornar defasados em relação aosconhecimentos atuais”.

Jornal da FMB - Após anos deJornal da FMB - Após anos deJornal da FMB - Após anos deJornal da FMB - Após anos deJornal da FMB - Após anos dededicação ao ensino da Medici-dedicação ao ensino da Medici-dedicação ao ensino da Medici-dedicação ao ensino da Medici-dedicação ao ensino da Medici-na, o senhor é agraciado com ona, o senhor é agraciado com ona, o senhor é agraciado com ona, o senhor é agraciado com ona, o senhor é agraciado com otítulo de professor emérito. Pode-título de professor emérito. Pode-título de professor emérito. Pode-título de professor emérito. Pode-título de professor emérito. Pode-se dizer que para o profissionalse dizer que para o profissionalse dizer que para o profissionalse dizer que para o profissionalse dizer que para o profissionalque segue carreira acadêmica esteque segue carreira acadêmica esteque segue carreira acadêmica esteque segue carreira acadêmica esteque segue carreira acadêmica esteé um dos principais objetivos?é um dos principais objetivos?é um dos principais objetivos?é um dos principais objetivos?é um dos principais objetivos?Qual é o sentimento por ter esteQual é o sentimento por ter esteQual é o sentimento por ter esteQual é o sentimento por ter esteQual é o sentimento por ter estereconhecimento?reconhecimento?reconhecimento?reconhecimento?reconhecimento?

Prof. Montelli -Prof. Montelli -Prof. Montelli -Prof. Montelli -Prof. Montelli - Pesquisei e des-cobri que Professor Emérito, segundo aenciclopédia, é quem tem prestado lon-go e bom serviço. Bem, que eu estouaqui há longo tempo nem preciso dizer,pois, há quase 44 anos estou ligado àinstituição, sendo um dos pioneiros des-ta faculdade. Agora, se os colegasacham também que os serviços presta-dos foram bons, fico muito contente. Vimpara contribuir na estruturação e no de-senvolvimento de uma escola renovadae não procurar um emprego.

Estava em Ribeirão Preto, em umaescola de prestígio e tinha chances denela permanecer. Vim para ter oportuni-dade de participação nas decisões e re-alizar um trabalho em grupo. Nós, os pio-neiros, embora pessoas bem diferentes,temos muito em comum: somos idealis-tas! Tínhamos tudo para não continuaraqui e alguma coisa nos uniu. Viemos jun-tos, e todos ficaram até a aposentadoria!

Mas em relação ao título de Profes-sor Emérito ser um objetivo meu, tenhoa dizer, que em verdade é uma conse-quência. Quando viemos para cá nemse pensava nisso! Não poderia ser umameta, mas já que existe, ser distinguidoé uma satisfação enorme, por estar jun-to com os outros que já o receberam ever marcado meu nome junto à históriada instituição. Para quem ficou 43 anosaqui lutando, pela implantação e de-senvolvimento da Faculdade e do Cam-pus, ,o sentimento de satisfação e derealização é muito grande.

Jornal da FMB - Como era oJornal da FMB - Como era oJornal da FMB - Como era oJornal da FMB - Como era oJornal da FMB - Como era olocal onde foi instalada a FCMBBlocal onde foi instalada a FCMBBlocal onde foi instalada a FCMBBlocal onde foi instalada a FCMBBlocal onde foi instalada a FCMBBquando o senhor chegou?quando o senhor chegou?quando o senhor chegou?quando o senhor chegou?quando o senhor chegou?

Prof. Montelli -Prof. Montelli -Prof. Montelli -Prof. Montelli -Prof. Montelli - As condições doprédio e arredores eram precárias. Emvolta era um atoleiro em dias de chuva.Para se ir à cidade, tornava-se uma aven-tura. Tivemos que instalar um “restauran-te” dentro de uma das futuras enfermari-as, para não precisar ir a Botucatu. Cria-mos uma unidade de alimentação quechamamos de INA (Instituto de NutriçãoAplicada). Começamos a servir tambémaos colegas que vinham para dar aulas-nos finais de semana.. Se transformou,assim, em um ponto de congraçamento.Durante um ano funcionou às mil maravi-lhas. Foi quando o grupo de professorespioneiros da Faculdade de Medicna maisse aproximou.

Várias dificuldades form se apresen-tando com o passar do tempo. A institui-ção começou a declinar, até ser realiza-da a Operação Andarilho, por meio daqual os estudantes e resolveram por parafora os problemas que estavam ocorren-do em Botucatu. Como nossa realidadenão era conhecida em São Paulo, pornão ser politicamente desejável, resolve-ram fazer uma operação que fosse divul-gadora da realidade e questionadora. Foimuito bem organizada, porque foram apé pelas estradas e ficaram em acampa-mento no Ibirapuera (cedido pelo Prefei-to Faria Lima), a imprensa se interessou edeu grande cobertura. No final , vencen-do resistências conseguiram exigir solu-

Montelli: pioneirismo reconhecidoMontelli: pioneirismo reconhecidoMontelli: pioneirismo reconhecidoMontelli: pioneirismo reconhecidoMontelli: pioneirismo reconhecidoFoi com este espírito que o professor Augusto Cezar

Montelli (70 anos)), do Departamento de Clínica Médica ,concedeu entrevista ao Jornal da FMB. Ele, que está entreos pioneiros da instituição, recebe, no próximo dia 24 deabril, o título de Professor Emérito.

Nas linhas abaixo, professor Montelli fala um poucosobre sua trajetória, a realidade que encontrou quandochegou na antiga FCMBB; relembra a emoção de aten-der ao primeiro paciente do Hospital das Clínicas e tam-bém avalia a experiência de ser médico, docente e pes-quisador. Confira os principais trechos:

ções do governador que os recebeupara tratar dos problemas da institui-ção. Foi uma grande vitória do movi-mento do alunos que ao voltarem paraBotucatu foram recebidos como ver-dadeiros heróis!

O Diretor que estava no comandofoi destituído pelo governador, sendosubstituido pelo Prof. José Leal Prado,docente da Escola Paulista de Medici-na, que entre outras ações nos deu con-dições de fazer o primeiro regimento daFCMBB, com a participação de alunos,funcionários e docentes. Foram forma-dos grupos e cada um escolheu seu re-presentante para que fosse então for-mada uma comissão para redação finaldo documento, sendo eleito para seucoordenador o Dr. Fernando de Azeve-do Correia. Após receber a proposta deRegimento da instituição formulado pelacomunidade, o Prof. Leal considerou ter-minada sua missão por aqui. Entregouseu cargo ao governador e indicou o Dr.Fernando para diretor. Pela primeira veztivemos um dos nossos no comando dainstituição, porque os anteriores foramtodos alheios à faculdade.

Jornal da FMB - Que realida-Jornal da FMB - Que realida-Jornal da FMB - Que realida-Jornal da FMB - Que realida-Jornal da FMB - Que realida-de encontrou nos primórdios dade encontrou nos primórdios dade encontrou nos primórdios dade encontrou nos primórdios dade encontrou nos primórdios daFCMBB, quando iniciou o 1º Cur-FCMBB, quando iniciou o 1º Cur-FCMBB, quando iniciou o 1º Cur-FCMBB, quando iniciou o 1º Cur-FCMBB, quando iniciou o 1º Cur-so de Aplicação e Medicina? Foiso de Aplicação e Medicina? Foiso de Aplicação e Medicina? Foiso de Aplicação e Medicina? Foiso de Aplicação e Medicina? Foidifícil ensinar Medicina em plenodifícil ensinar Medicina em plenodifícil ensinar Medicina em plenodifícil ensinar Medicina em plenodifícil ensinar Medicina em plenoRegime Militar (1964/1985)?Regime Militar (1964/1985)?Regime Militar (1964/1985)?Regime Militar (1964/1985)?Regime Militar (1964/1985)?

Prof. Montelli -Prof. Montelli -Prof. Montelli -Prof. Montelli -Prof. Montelli - O prédio exis-tente estava ocupado, apenas em par-te, pelas disciplinas dos Setores Bási-coe Biológico Metade do mesmo seencontrava fechada, com muitas teiasde aranha e poeira! Os recursos finan-ceiros e materiais eram escasos.

Viemos para Botucatu conscientes deque teríamos que ministrar o Curso dePropêutica (primeiro curso do setor Mé-dico) na Misericórdia Botucatuense. Fo-mos muito bem recebidos naquele hospi-tal por parte do corpo clínico, das irmãs epelo seu Diretor Clínico, Dr. João Mariade Araújo – uma pessoa experiente, mui-to compreensiva e que tinha plena cons-ciência da situação que a Faculdade en-frentava. A Misericórdia tinha no térreo,duas enfermarias masculinas e duas fe-mininas. Elas eram de pacientes indigen-tes, portadoras de doenças que se pres-tavam para o ensino da Propedêutica. Ocurso obedeceu às linhas gerais da inte-gração e formação, e foi consideradopelos alunos da primeira turma um suces-so! Éramos quatro docentes, tanto na ci-rurgia como na clínica médica e cada umficava com uma das enfermarias.

O diretor da Faculdade exigia que ocurso começasse logo no dia seguinte ànossa contratação. Mas, o prof. JoséEduardo Dutra de Oliveira, coordendordeste curso considerou que não haviacondições para tanto! . Fez uma lista denecessidades e considerou que, enquan-to as condições mínimas não fossem sa-tisfeitas o curso não começaria. O Diretorda FCMBB preocupado, frisava que osestudantes já cogitavam uma greve por-que era setembro e o curso deveria tercomeçadono primeiro semestre. Dr. Du-tra então sugeriu que reunissem os estu-dantes para uma conversa. Fomos todosjuntos e ele colocou a realidade para osalunos, pedindo compreensão e mesmoajuda na marcenaria da Faculdade parafazer banquinhos, mesas, quadros negros,etc. Tudo para que a enfermaria da Mise-ricórdia se transformasse em um ambien-

te com condições adequadas para o en-sino. No dia 27 de setembro de 1965,aconteceu a aula inaugural.

Sob Regime Militar, o ambiente emque a gente vivia era constrangedor, re-pressivo, tolhendo a expressão das idéi-as. Muita gente vivia com medo de atuare expressar sua posição contrária! Tudoisso foi muito pior em 1968, quando bai-xaram o Ato Institucional número 5, quefechou o Congresso Nacional e tirou todaa liberdade da população. Era uma situ-ação que perturbava a todos!

Jornal da FMB - Qual foi o mo-Jornal da FMB - Qual foi o mo-Jornal da FMB - Qual foi o mo-Jornal da FMB - Qual foi o mo-Jornal da FMB - Qual foi o mo-mento que mais lhe marcou ao lon-mento que mais lhe marcou ao lon-mento que mais lhe marcou ao lon-mento que mais lhe marcou ao lon-mento que mais lhe marcou ao lon-go de sua trajetória na FMB? Égo de sua trajetória na FMB? Égo de sua trajetória na FMB? Égo de sua trajetória na FMB? Égo de sua trajetória na FMB? Épossível relatar alguma passagempossível relatar alguma passagempossível relatar alguma passagempossível relatar alguma passagempossível relatar alguma passageminteressante, que ficará registra-interessante, que ficará registra-interessante, que ficará registra-interessante, que ficará registra-interessante, que ficará registra-da para sempre em sua memória?da para sempre em sua memória?da para sempre em sua memória?da para sempre em sua memória?da para sempre em sua memória?Cite um professor inesquecível.Cite um professor inesquecível.Cite um professor inesquecível.Cite um professor inesquecível.Cite um professor inesquecível.

Prof. Montelli -Prof. Montelli -Prof. Montelli -Prof. Montelli -Prof. Montelli - Quando iniciamosa carreira universitária não havia pós-gra-duação e a formação pretendida era ob-tida na base do amor e da garra. Paratanto, realizei estágio em São Paulo como objetivo de ampliar minha formação ci-entífica e adquirir condições de desen-volver trabalhos e teses. Hoje a situação édiferente, com os cursos de pós-gradua-ção bem estruturados, que oferecem dis-ciplinas como pedagogia, didática ematérias básicas, essenciais para o de-senvolvimento de mestrado e doutorado,que antes não havia.

Passei pelos concursos de doutora-mento, livre-docência (que me conferiuo título de Professor adjunto) e depoistitular. Quase todos os pioneiros chega-ram a Professor Titular. Isso demonstramuita aplicação, pois, apesar das difi-culdades na implantação e desenvolvi-mento da Faculdade e de cursos, nãoabandonaram sua carreira. O desenvol-vimento científico e didático do grupo ea luta pela melhoria da instituição acon-teceram simultaneamente, o que nosparece meritório. Sobre o professor ines-quecível, seria impossível indicar apenasum. Assim, considero como verdadeirosexemplos de professores universitários:Helio Lourenço de Oliveira, José Eduar-do Dutra de Oliveira, Cecília Magaldi,Maurício da Rocha e Silva, Mario RubensMontenegro (o verdadeiro pioneiro daFCMBB) e Luis Rachid Trabulsi.

Jornal da FMB - Consta em seuJornal da FMB - Consta em seuJornal da FMB - Consta em seuJornal da FMB - Consta em seuJornal da FMB - Consta em seumemorial que o senhor decidiu sermemorial que o senhor decidiu sermemorial que o senhor decidiu sermemorial que o senhor decidiu sermemorial que o senhor decidiu serdocente por não se satisfazer ape-docente por não se satisfazer ape-docente por não se satisfazer ape-docente por não se satisfazer ape-docente por não se satisfazer ape-nas com suas atividades assisten-nas com suas atividades assisten-nas com suas atividades assisten-nas com suas atividades assisten-nas com suas atividades assisten-ciais de médico. Ao longo de suaciais de médico. Ao longo de suaciais de médico. Ao longo de suaciais de médico. Ao longo de suaciais de médico. Ao longo de suacarreira foi possível alcançar a re-carreira foi possível alcançar a re-carreira foi possível alcançar a re-carreira foi possível alcançar a re-carreira foi possível alcançar a re-alização plena com a docência?alização plena com a docência?alização plena com a docência?alização plena com a docência?alização plena com a docência?Por quê? No começo já era difícilPor quê? No começo já era difícilPor quê? No começo já era difícilPor quê? No começo já era difícilPor quê? No começo já era difícilconciliar as duas profissões, comoconciliar as duas profissões, comoconciliar as duas profissões, comoconciliar as duas profissões, comoconciliar as duas profissões, comoé hoje?é hoje?é hoje?é hoje?é hoje?

Prof. Montelli -Prof. Montelli -Prof. Montelli -Prof. Montelli -Prof. Montelli - Sou filho de médi-co e nasci quando meu pai foi trabalharem Jaboticabal, onde vivi até sair parafazer faculdade. Meu pai era um médicogeneralista, um abnegado que jamaispensava prioritariamente em ganhar di-nheiro com isso, pois tinha muitos clientespobres e de classe média. Ele teve umavida dura, com trabalho árduo por maisde 50 anos no hospital e no consultório.Muitas vezes interrompia o sono à noitepara atender pacientes na cidade ou nos

sítios vizinhos. Era um tipo de atividadeprofissional que eu não desejaria ter, sa-crificada e sem grandes reconhecimen-tos. Eu sempre o admirei pelo desprendi-mento e dedicação ao semelhante! Quan-do fui fazer medicina pretendia algo dife-rente. Ao entrar na Faculdade, em Ribei-rão Preto , encontrei outros exemplos queprecisava. Os professores que citei erammédicos e pesquisadores, que me im-pressionavam e estimulavam nesta dire-ção. Só atender doente, pura e simples-mente, era pouco. Eu precisava desen-volver atividades que só a vida universitá-ria oferecia, como o ensino, a assistênciae a pesquisa que fazem parte obrigatóriado contrato em RDIDP.

O difícil era imaginar ser convidadopara permancer na vida universitária,pois, na época havia poucas escolas demedicina no país. . A possibilidade de virpara Botucatu participar da implantaçãode uma nova escola de medicina foi umaoportunidade impar. Eu não pensava emficar em Ribeirão Preto , pois, me identi-ficava muito com os novos ideias delinea-dos para a Universidade de Brasília. En-tretanto, o regime militar instaurado em1964 teve reflexos deletérios sobre o de-senvolvimento daquela Universidade, in-terrompendo o sonho de muitos idealis-tas como eu.

Quando fazia residência em ClínicaMédica no Hospital das Clínicas daFMRP, fui convidado pelo Prof. Dutrapara fazer parte de um grupo que viriapara Botucatu instalar o Departamentode Clínica Médica da FCMBB. Ele sabiaque eu me interessava por ensino e pes-quisa e me convidou, juntamente comos Drs. Nelson de Souza, Tibirê Alvesde Rezende, José Luis de Assis Mourae a enfermeira Maria de Lourdes Ma-rasco. E nós topamos.a parada!

Não posso ensinar medicina sem as-sistência e sem pesquisa. . É na práticaque se ensina. As atividades teóricas sãoválidas, mas são necessários ambulatóri-os, laboratórios, enfermarias e centros desaúde para o devido treinamento. Poroutro lado o desenvolvimento de pesqui-sa é fundamental! Não é preciso fazê-lapara tentar ganhar o prêmio Nobel, massim para ampliar progressivamente suaformação, desenvolver raciocínio científi-co e ter dados próprios, resutantes dotrabalho de pesquisa. Eu prezo muito isso.Tenho que dar aulas e mostrar minha ex-periência. Claro que uso também a litera-tura como referência, mas devo usar da-dos próprios , pois não me admito comoum mero repetidor de livros ou de dadosalheios.

Jornal da FMB - Quando o se-Jornal da FMB - Quando o se-Jornal da FMB - Quando o se-Jornal da FMB - Quando o se-Jornal da FMB - Quando o se-nhor iniciou sua carreira como pro-nhor iniciou sua carreira como pro-nhor iniciou sua carreira como pro-nhor iniciou sua carreira como pro-nhor iniciou sua carreira como pro-fessorfessorfessorfessorfessor, ainda era um residente., ainda era um residente., ainda era um residente., ainda era um residente., ainda era um residente.Existe diferença no preparo dosExiste diferença no preparo dosExiste diferença no preparo dosExiste diferença no preparo dosExiste diferença no preparo dosmédicos recém-formados do pas-médicos recém-formados do pas-médicos recém-formados do pas-médicos recém-formados do pas-médicos recém-formados do pas-sado e de hoje?sado e de hoje?sado e de hoje?sado e de hoje?sado e de hoje?

Prof. Montelli -Prof. Montelli -Prof. Montelli -Prof. Montelli -Prof. Montelli - Naquele tempo nãohavia pessoal preparado para a área mé-dica da universidade. Quando acabáva-mos a residência, éramos a mão-de-obraque a universidade tinha para contratar.Hoje, ao final da residência o profissionaljamais será contratado como professor,pois precisa ter, no mínimo, mestrado e,para algumas disciplinas há exigência dodoutorado. O residente precisa hoje pen-sar em entrar em uma pós-graduação,se quiser seguir a carreira acadêmica.

Jorna l da FMB - Como mé-Jorna l da FMB - Como mé-Jorna l da FMB - Como mé-Jorna l da FMB - Como mé-Jorna l da FMB - Como mé-d ico, o senhor a tendeu o pa-d ico, o senhor a tendeu o pa-d ico, o senhor a tendeu o pa-d ico, o senhor a tendeu o pa-d ico, o senhor a tendeu o pa-c iente número 1 do HC. Comociente número 1 do HC. Comociente número 1 do HC. Comociente número 1 do HC. Comociente número 1 do HC. Comofo i essa exper iênc ia? Marcoufo i essa exper iênc ia? Marcoufo i essa exper iênc ia? Marcoufo i essa exper iênc ia? Marcoufo i essa exper iênc ia? Marcousua car re i ra?sua car re i ra?sua car re i ra?sua car re i ra?sua car re i ra?

Prof. Montelli -Prof. Montelli -Prof. Montelli -Prof. Montelli -Prof. Montelli - Aqui havia uma nor-ma implantada pelo Prof. Nagib Haddad:a de que todos os doentes tinham que

passar primeiramente por um ambulató-rio geral, ao qual denominou de Ambula-tório de Medicina Preventiva. Neste am-bulatório o paciente era examinado porum médico e triado para as respectivasclínicas. Na época não havia clínica ne-nhuma, só funcionava este ambulatório.Quando de sua inauguração, os três pri-meiros prontuários de pacientes a serematendidos foram entregues ao Dr. Na-gib, que contava também com nossaparticipação voluntária e a do Dr.Nelsonde Souza. Só que, devido ao seu espíri-to democrático, ao invés de pegar apasta 001 para atender, conforme su-gerimos, ele disse que não seria justo eresolveu sorteá-las. Cada um de nóspuxou uma e eu fiquei com a 001. Foiuma deferência do Dr. Nagib e, paramim, uma grande satisfação! Encami-nhei também o primeiro paciente parainternação, que havia atendido no am-bulatório. Este paciente permaneceu emleito da enfermaria sob a responsabili-dade do Dr. Tibirê Rezende, um dos pi-oneiros da Clínica Médica da FCMBB.

Jornal da FMB- As atividadesJornal da FMB- As atividadesJornal da FMB- As atividadesJornal da FMB- As atividadesJornal da FMB- As atividadesligadas à infecção hospitalar per-ligadas à infecção hospitalar per-ligadas à infecção hospitalar per-ligadas à infecção hospitalar per-ligadas à infecção hospitalar per-mearam sua carreira, por que amearam sua carreira, por que amearam sua carreira, por que amearam sua carreira, por que amearam sua carreira, por que aescolha desta área? Qual seu prin-escolha desta área? Qual seu prin-escolha desta área? Qual seu prin-escolha desta área? Qual seu prin-escolha desta área? Qual seu prin-cipal trabalho?cipal trabalho?cipal trabalho?cipal trabalho?cipal trabalho?

Prof. Montelli -Prof. Montelli -Prof. Montelli -Prof. Montelli -Prof. Montelli - Quando estava emRibeirão Preto já me interessava bastan-te pelas infecções. Por isso, fiz residênciaem Clínica Médica, onde uma das Disci-plinas é a de Moléstias Infecciosas. Quan-do abrimos as enfermarias do HC naFCMBB, as pessoas com propensão aoestudo e controle da infecção hospitalarcomeçaram a se reunir. Chegamos a es-tabelcer uma Comissão de Controle deIH, não oficial, com participantes voluntá-rios. Estudávamos os problemas e pro-curávamos registar dados com o objeti-vo de diminuir a infecção hospitalar noHC. . Isso durou até 1983, quando a mortedo presidente Tancredo Neves, classifi-cada como decorrente de uma infecçãohospitalar, estimulou o Ministro da Saúdea baixar uma portaria que exigia a pre-sença de uma Comissão de IH em todosos hospitais brasileiros.Assim, fui nomea-do Presidente da Comissão Permanentede Controle de IH do HC, pelo então Di-retor da Faculdade, o Prof.Domingos Al-ves Meira. Os demais Supervisores doHC me mantiveram na função pelos últi-mos 26 anos. Foi muito gratificante, é umagrande oportunidade de trabalhar ematividade multidisciplinar, sem solução decontinuidade.

No início, éramos eu e a enfermeiraHeloisa Berti. Com o passar do tempofomos ampliando gradualmente e hojetemos um Núcleo de Contrôle de IH, compartricipação de 2 médicos em tempoparcial, enfermeiras, uma Bióloga (con-sultora para controle de pragas), umadigitadora de dados hospitalares e umasecretária. A atuação desse Núcleo vemse refletindo intensamente em muitos se-tores do HC e tem contribuido para ocontrole das IH e para aplicação continu-ada da política de uso de antimicrobia-nos no HC, que restringiu o uso e o custodestes medicamenteos de forma signifi-cativa nos últimos anos.

Sobre o meu principal trabalho cien-tífico, tenho dificuldades em escolher, poisforam vários e desenvolvidos em diferen-tes áreas: Educação, Microbiologia Clíni-ca, Peritonites, Infecção Hospitalar. Mas,vou citar o trabalho que apresentei parao meu concurso de livre-docência - “Sta-phylococcus aureus – Aspectos epide-miológicos, da fagotipagem e da sensibi-lidade à drogas, relacionados a amos-tras isoladas no município de Botucatu-SP (1970-1978),” que recebeu o – “Prê-mio Arthur Mendonça”, da AssociaçãoPaulista de Medicina, em 1985; prêmioeste disputado na área de Patologia Clíni-ca pelos especialistas das Faculdades deMedicina do Estado e do Brasil.

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Vim contribuirVim contribuirVim contribuirVim contribuirVim contribuirpara para para para para a a a a a estruturaçãoestruturaçãoestruturaçãoestruturaçãoestruturação

e e e e e desenvolvimentodesenvolvimentodesenvolvimentodesenvolvimentodesenvolvimentode uma escolade uma escolade uma escolade uma escolade uma escola

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Colaborou com a entrevista: Colaborou com a entrevista: Colaborou com a entrevista: Colaborou com a entrevista: Colaborou com a entrevista: Isaura Bretan

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ABRIL 2009ABRIL 2009ABRIL 2009ABRIL 2009ABRIL 2009

Uma instituição na vanguarda do ensinoUma instituição na vanguarda do ensinoUma instituição na vanguarda do ensinoUma instituição na vanguarda do ensinoUma instituição na vanguarda do ensinoA criação da Faculdade de Ci-

ências Médicas e Biológicas deBotucatu, instituto isolado de ensi-no superior público, do qual se ori-ginou a atual Faculdade de Medi-cina de Botucatu, deveu-se a inú-meros fatores não constituindo umacontecimento isolado.

Em 1939, o então prefeito de Bo-tucatu, Joaquim do Amaral Gurgelreúne prefeitos da região e solicitaao interventor federal no Estado aconstrução de um hospital para tu-berculosos pobres em Rubião Jr, “...lu-gar de excelente clima, muito procu-rado pelas pessoas fracas e neces-sitadas de repouso ou em luta contraa tuberculose.”.

Em 1944, a professora de geo-grafia e história do antigo Instituto deEducação Cardoso de Almeida, Eu-nice Almeida Pinto Chaves, descre-ve o distrito de Rubião Jr:

"Fazendo parte do conjunto dacidade, porém distante seis quilôme-tros, está a estação de Rubião Jr, con-siderada como um prolongamento ou

subúrbio de Botucatu, sendo ligadaà célula mater por vias férreas e derodagem. Este subúrbio tem duas fi-sionomias próprias, uma residencial(por ser estação climática) e outraoperária... Nessa estação encontra-se o morro de Rubião Jr (antigamen-te conhecido por morro de Capão Bo-nito) com 900 m de altitude aproxi-madamente, e considerado ponto cul-minante do municí-pio". "... com suavida pacata, pro-porciona aos enfer-mos as necessári-as condições derepouso"

Finalmente, em1950, firmou-se ocontrato de construção do Sanatóriopara Tuberculosos, sendo responsá-vel pela construção a firma botucatu-ense Adolpho Dinucci & Filho, do imi-grante italiano Adolpho Dinucci.

A descoberta da quimioterapia jáfavorecia, desde 1946, o atendimen-to da tuberculose em ambulatórios, e

Pesquisa e texto:Pesquisa e texto:Pesquisa e texto:Pesquisa e texto:Pesquisa e texto:Isaura M. A. Nobre Bretan -

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HHHHHISTÓRIAISTÓRIAISTÓRIAISTÓRIAISTÓRIA

Instalações da antiga FCMBB, que seria o embrião da FMBInstalações da antiga FCMBB, que seria o embrião da FMBInstalações da antiga FCMBB, que seria o embrião da FMBInstalações da antiga FCMBB, que seria o embrião da FMBInstalações da antiga FCMBB, que seria o embrião da FMB

Operação Andarilho mostrou as dificuldades no inícioOperação Andarilho mostrou as dificuldades no inícioOperação Andarilho mostrou as dificuldades no inícioOperação Andarilho mostrou as dificuldades no inícioOperação Andarilho mostrou as dificuldades no início

a construção desenvolveu ritmo len-to, deixando aos políticos botucatu-enses a necessidade de encontraruma solução para o “elefante bran-co”, como passou a ser chamado oedifício inacabado.

Neste momento da história destelugar, surgem 3 figuras que irão con-jugar o mundo da política com o uni-verso acadêmico e desta mistura, ten-tar fazer brotar a solução: um jovem

botucatuense, ojornalista e estu-dante de direitoJosé Amaro Faral-do, um professorda USP, o prof.,Dr.Zeferino Vaz e opolítico Jânio da

Silva Quadros.José Faraldo acreditou na viabili-

dade da ideia de utilização do hospi-tal em construção para abrigar umafaculdade de medicina, o prof. Zeferi-no Vaz realizou em 2 de maio de 1958o pioneiro estudo para implantaçãode uma faculdade de medicina emBotucatu e Jânio Quadros tinha a ca-neta para pincelá-la de cores.

Com a intensa participação da so-ciedade botucatuense e dos seus qua-dros políticos, com a liderança políticada Câmara Municipal de Botucatu edo prefeito Emilio Peduti, desenvolveu-se uma forte campanha, que culmina-ria com a assinatura da Lei 4991, de 25de novembro de 1958, que criou a Fa-culdade de Medicina de Botucatu. Con-tudo a forte pressão contrária da Uni-versidade de São Paulo e questõesde política partidária impediram queesta faculdade fosse instalada.

No entanto, o desenvolvimento ea transformação dos cursos médicos,especialmente em São Paulo e estu-dos de professores da USP resultari-

am no projeto de lei n.299, de 26 deabril de 1962. Este projeto propunhaa criação da Faculdade de CiênciasMédicas e Biológicas de Botucatu .

Participaram da elaboração des-te projeto de lei, como assessores doreitor da USP, prof. Ulhôa Cintra, osprofessores Jairo Ramos, João AlvesMeira, Adamastor Corrêa, EuclidesOnofre Martins e Guimarães Ferri.

Com a apresentação do projetoda FCMBB, governador CarvalhoPinto diria ao reitor da USP:

“O espírito público de VossaMagnificência...encontrou, realmente,o caminho que permite o deslinde deuma das mais tormentosas questõesda atual administração”Mesa cirúrgica do Hospital das Clínicas na década de 1960Mesa cirúrgica do Hospital das Clínicas na década de 1960Mesa cirúrgica do Hospital das Clínicas na década de 1960Mesa cirúrgica do Hospital das Clínicas na década de 1960Mesa cirúrgica do Hospital das Clínicas na década de 1960

A FCMBB – Faculdade de Ci-ências Médicas e Biológicas de Bo-tucatu será criada em 22 de julho de1962, no governo Carvalho Pinto.

A faculdade foi instalada em 26de abril de 1963, sob a direção doprof. Dr. João Alves Meira, com aassessoria e coordenação local doprof. Dr. Mário Rubens GuimarãesMontenegro.

A aula inaugural foi proferidapelo prof. Nicanor Letti, na sala daCadeira de Anatomia, com o se-guinte título: “Tendências Atuais doEnsino de Anatomia”

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No câmpus deNo câmpus deNo câmpus deNo câmpus deNo câmpus deBotucatu foramBotucatu foramBotucatu foramBotucatu foramBotucatu forammovimentados,movimentados,movimentados,movimentados,movimentados,

somente em 2007,somente em 2007,somente em 2007,somente em 2007,somente em 2007,R$ 472,3 milhõesR$ 472,3 milhõesR$ 472,3 milhõesR$ 472,3 milhõesR$ 472,3 milhões

Foi divulgado, no final de2008, um relatório de pesqui-sa sobre os impactos econô-micos e financeiros da Uni-versidade Estadual Paulista“Jul io de Mesquita Fi lho”(Unesp) para os 22 municí-pios do Estado de São Pau-lo onde ela está presente. Otrabalho foi coordenado peloprofessor José Murari Bovo,do Departamento de Econo-mia da Faculdade de Ciên-cias e Letras de Araraquara.

Desde o primeiro levanta-mento realizado, em 1996, atéo mais recente,de 2007, os in-dicadores mos-tram que houveuma elevaçãode 59,5% donúmero de va-gas nos cursosde graduação, aumentou em70% o número de alunos e em49% a quantidade de candi-datos inscritos no vestibular.Segundo a pesquisa de Bovo,cresceram em 39,4% os cur-sos de pós-graduação, sendoque seus alunos aumentaram69,8%. As dissertações e te-ses subiram 174,7% e 303,5%,respectivamente.

Em relação ao quadro de

Referência em arrecadação de recursos na UnespReferência em arrecadação de recursos na UnespReferência em arrecadação de recursos na UnespReferência em arrecadação de recursos na UnespReferência em arrecadação de recursos na Unesppessoal, foi constatado um au-mento dos docentes e servido-res técnico-administrativos ina-tivos no período de 1996/2007.Os índices chegaram a 110,3%e 101,2%, respectivamente.Isso, segundo a pesquisa, fezcom que fatias maiores do or-çamento fossem destinadas aopagamento dos inativos, emdetrimento de outras despesas“necessárias à melhoria da qua-lidade de ensino”.

Somente em 2007, forammantidos 10.538 empregos di-retos e injetados, nos municí-

pios em que aUnesp está ins-talada, aproxi-madamente R$1,3 bilhão.

Os númerosapurados peloprofessor Bovo

apontam que no câmpus deBotucatu, onde está a Facul-dade de Medicina e o Hospitaldas Clínicas, foram movimen-tados, em 2007, R$ 472,3 mi-lhões, entre recursos proveni-entes do ICMS (Imposto sobrea Circulação de Mercadorias eServiços) ou não, colocando oscampi da cidade como os quemais recebem verbas na univer-sidade. Fazendo uma com-

paração com a arrecadaçãodo munic íp io, no mesmoperíodo, a pesquisa assina-la uma receita total de R$143,6 milhões.

Analisando o ICMS de Bo-tucatu e do campus da Unesp,em 2007, a pesquisa aponta R$47,2 milhões contra R$ 256,5milhões, respectivamente. “Agrande concentração de recur-sos não provenientes de ICMSestá localizada na Faculdade

Levantamento realizado aponta a FM e HC como referência na captação de recursosLevantamento realizado aponta a FM e HC como referência na captação de recursosLevantamento realizado aponta a FM e HC como referência na captação de recursosLevantamento realizado aponta a FM e HC como referência na captação de recursosLevantamento realizado aponta a FM e HC como referência na captação de recursos

de Medicina de Botucatu, emrazão dos convênios na áreada saúde realizados com ór-gãos públicos e dos recursosobtidos por meio de sua Fun-dação (Fundação para o De-senvolvimento Médico e Hos-pitalar – Famesp)”, avaliadescrição feita pelo coorde-nador do trabalho, nas pági-nas 43 e 44.

Também ganha destaque nolevantamento a distribuição,

nos municípios onde há unida-des da Unesp, dos gastos dosalunos. Em Botucatu, naqueleano, foram injetados, pelos 5,1mil estudantes, na economialocal, R$ 3,8 milhões por mês,o que totalizou R$ 42,2 milhões– montante superior a arreca-dação do Fundo de Participa-ção dos Municípios (FPM), quefoi R$ 20,8 milhões. A maiorfatia ficou com o aluguel: R$7,9 milhões – 24%.

A faculdade foiA faculdade foiA faculdade foiA faculdade foiA faculdade foiinstalada em 26 deinstalada em 26 deinstalada em 26 deinstalada em 26 deinstalada em 26 deabril de 1963, sobabril de 1963, sobabril de 1963, sobabril de 1963, sobabril de 1963, soba direção do prof.a direção do prof.a direção do prof.a direção do prof.a direção do prof.

DrDrDrDrDr. João Alves Meira. João Alves Meira. João Alves Meira. João Alves Meira. João Alves Meira