jornal da fmb- março 2011- edição 32

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Análise de distúrbios vocais em crianças é referência mundial Estudo epidemiológico inédito realizado pela Medi- cina/Unesp analisou distúrbios vocais em crianças. Resultados se tornam referência mundial. P ÁGINA 12 Unesp titula novas eméritas da FMB A Universidade Estadual Pau- lista, através de sua Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB) titulou Ercília Trezza e Helga Maffei como as novas professoras eméri- tas da instituição. Elas receberam o título em cerimônia realizada dia 25 de março, no salão nobre e que foi marcada por homena- gens e discursos que recordaram a carreira acadêmica de cada uma das docentes. Tanto Ercília quanto Helga são personagens impor- tantes da FMB já que ambas foram uma das pioneiras do ensino da faculdade e também responsáveis pela criação do Departamento de Pediatria. PÁGINA 3 HCFMB investe em prevenção e assistência a problemas renais Duas frentes de ações mostram a preocupação do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB) quanto aos problemas renais. Uma mobili- zação de conscientização entre servidores e usuários do hospital informou quanto aos riscos e possibilidades de tratamento de Doenças Renais Crônicas. Já o Pioneiros relatam vivências aos calouros da FMB Professores da Faculdade de Me- dicina de Botucatu (FMB) e médicos in- tegrantes das turmas pioneiras da antiga FCMBB (Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu) recepcionaram, na manhã de 17 de março, os calouros de 2011 do curso de graduação em Me- dicina da instituição. A recepção ocorreu durante aula da disciplina de Introdução à Medicina, coordenada pelo professor do Departamento de Cirurgia e Ortope- dia, Aristides Palhares. Durante a manhã, os pioneiros relataram vivências, casos e contaram detalhes da fundação e consol- idação universitária em Botucatu, como a Operação Andarilho. PÁGINA 10 FOTO SEÇÃO DE FOTOGRAFIA AG Botucatu: Unesp fará gestão da farmácia municipal Uma parceria entre a Funda- ção UNI – vinculada à Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) – e a Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unesp (FCFAR) deverá, em breve, resultar no gerenciamento do almoxarifado central da Secretaria Municipal de Saúde de Botucatu. No local ficam armazenados os medicamentos distribuídos às unidades básicas de saúde e posteriormente aos usuários da rede. O processo de reestruturação desse serviço teve início recentemente e ganhará força com a participação da Fac- uldade de Ciências Farmacêuticas da Unesp. PÁGINA 4 investimento estrutural fica com a ampliação que o setor de he- modiálise da Unidade de Diálise realiza. As obras, que devem estar concluídas ainda no primeiro semestre, terão investimento de R$ 1 milhão da Secretaria de Es- tado da Saúde e proporcionarão o aumento da capacidade nos serviços. PÁGINAS 6 E 7 Upeclin integra pesquisa nacional sobre hipertensão A Unidade de Pesquisa Clínica (Upeclin) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu/ Unesp (HCFMB) recebeu, dia 22, a visita do professor Flávio Fuchs, idealizador do Projeto PREVER (Prevenção de even- tos cardiovasculares em pacientes com pré-hipertensão e hipertensão arterial). A iniciativa conta com a participação de 23 centros da Rede Nacional de Pesquisa Clínica, inclusive a Upeclin. Professor Fuchs veio a Botucatu con- hecer as infra-estrutura da unidade de pesquisa clínica do HCFMB e diz ter ficado impressionado com a estrutura da unidade. PÁGINA 5 Prof. emérito da FMB, Joel Spadaro relatou detalhes da Operação Andarilho Ação realizada no Hospital das Clínicas verificou fatores de risco para doenças renais FOTOS FLÁVIO FOGUERAL Ércília Trezza assina documento da titulação de professora emérita observada por Helga Maffei

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Page 1: Jornal da FMB- Março 2011- Edição 32

Análise de distúrbios vocais em crianças é referência mundialEstudo epidemiológico inédito realizado pela Medi-cina/Unesp analisou distúrbios vocais em crianças. Resultados se tornam referência mundial. Página 12

Unesp titulanovas eméritasda FMB

A Universidade Estadual Pau-lista, através de sua Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB) titulou Ercília Trezza e Helga Maffei como as novas professoras eméri-tas da instituição. Elas receberam o título em cerimônia realizada dia 25 de março, no salão nobre e que foi marcada por homena-gens e discursos que recordaram a carreira acadêmica de cada uma das docentes. Tanto Ercília quanto Helga são personagens impor-tantes da FMB já que ambas foram uma das pioneiras do ensino da faculdade e também responsáveis pela criação do Departamento de Pediatria. Página 3

HCFMB investe em prevenção e assistência a problemas renais

Duas frentes de ações mostram a preocupação do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB) quanto aos problemas renais. Uma mobili-zação de conscientização entre servidores e usuários do hospital informou quanto aos riscos e possibilidades de tratamento de Doenças Renais Crônicas. Já o

Pioneiros relatam vivências aoscalouros da FMB

Professores da Faculdade de Me-dicina de Botucatu (FMB) e médicos in-tegrantes das turmas pioneiras da antiga FCMBB (Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu) recepcionaram, na manhã de 17 de março, os calouros de 2011 do curso de graduação em Me-dicina da instituição. A recepção ocorreu durante aula da disciplina de Introdução à Medicina, coordenada pelo professor do Departamento de Cirurgia e Ortope-dia, Aristides Palhares. Durante a manhã, os pioneiros relataram vivências, casos e contaram detalhes da fundação e consol-idação universitária em Botucatu, como a Operação Andarilho. Página 10

FOTO SEÇÃO DE FOTOGRAFIA AG

Botucatu: Unespfará gestão da farmácia municipal

Uma parceria entre a Funda-ção UNI – vinculada à Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) – e a Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unesp (FCFAR) deverá, em breve, resultar no gerenciamento do almoxarifado central da Secretaria Municipal de Saúde de Botucatu. No local ficam armazenados os medicamentos distribuídos às unidades básicas de saúde e posteriormente aos usuários da rede. O processo de reestruturação desse serviço teve início recentemente e ganhará força com a participação da Fac-uldade de Ciências Farmacêuticas da Unesp. Página 4

investimento estrutural fica com a ampliação que o setor de he-modiálise da Unidade de Diálise realiza. As obras, que devem estar concluídas ainda no primeiro semestre, terão investimento de R$ 1 milhão da Secretaria de Es-tado da Saúde e proporcionarão o aumento da capacidade nos serviços. Páginas 6 e 7

Upeclin integrapesquisa nacionalsobre hipertensão

A Unidade de Pesquisa Clínica (Upeclin) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (HCFMB) recebeu, dia 22, a visita do professor Flávio Fuchs, idealizador do Projeto PREVER (Prevenção de even-tos cardiovasculares em pacientes com pré-hipertensão e hipertensão arterial). A iniciativa conta com a participação de 23 centros da Rede Nacional de Pesquisa Clínica, inclusive a Upeclin. Professor Fuchs veio a Botucatu con-hecer as infra-estrutura da unidade de pesquisa clínica do HCFMB e diz ter ficado impressionado com a estrutura da unidade. Página 5

Prof. emérito da FMB, Joel Spadaro relatou detalhes da

Operação Andarilho

Ação realizada no Hospital das Clínicas verificou fatores de risco para doenças renais

FOTOS FLÁVIO FOGUERAL

Ércília Trezza assina documento da titulação de professora emérita observada por Helga Maffei

Page 2: Jornal da FMB- Março 2011- Edição 32

março 2011

2 Faculdade de medicina

Vice-Reitor no exercício da reitoria: Julio Cezar DuriganFaculdade de medicina de Botucatu

Diretor: Sérgio Swain MüllerVice-diretora: Silvana Artioli Schellini

Superintendente do HCFMB: Emílio Carlos CurcelliVice-superintendente: Irma de Godoy

Presidente da Famesp: Pasqual BarrettiVice-presidente: Shoiti Kobayasi

O Jornal da FMB é uma publicação mensal da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp e das fundações, unidades médico-hospitalares e de pesquisas a ela vinculadas. Sugestões, comentários e colaborações devem ser encaminhadas à Assessoria de Comunicação e Imprensa da FMB/Unesp pelo endereço [email protected]. ou telefone (14) 3811-6140 ramais 120 e 123.

Assessoria de Comunicação e Imprensa- Leandro Rocha (MTB-50357)Produção, editoração e impressão: G3 Gráfica & Editora- Rua Jorge Barbosa de Barros, 163- Jardim Paraíso-Botucatu-SPReportagens: Flávio Fogueral (MTB- 34927)Fotografia: Flávio Fogueral, Fotografia AG Unesp Botucatu e Arquivo ACI/FMB

universidade estadual Paulista “Júlio de mesquita Filho”

Jorn

al d

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mB

Todos os meses, os resultados das

enquetes acessíveis no site da Faculdade

de Medicinaserão publicados no

Jornal da FMB

sua oPinião

Participe também das enquetes acessando www.fmb.unesp.br

29/03/2011 A 31/03/2011 - CURSOVI CURSO DE ATUALIZAÇÃO EM EMERGÊNCIAS CLÍNICASLocal: Salão Nobre da FMBHorário: 18:00Contato: [email protected]

29/03/2011 A 30/03/2011 - CURSOX MARATONA DE SALVAMENTOLocal: Anfiteatro da Patologia - FMBHorário: 18:00Contato: [email protected]

30/03/2011 - DISSERTAÇÃO DE MESTRADONILSON DE CASTRO CORREIAALTERAÇÕES DE FLUXOS SANGUÍNEOS CEREBRAIS REGIONAIS (FSCR) AVALIADOS ATRAVÉS DE SPECT (SINGLE PHOTON EMISSION COMPUTED TOMOGRAPHY) EM PACIENTES COM CÂNCER DE MAMA SUBMETIDAS À QUIMIOTERAPIA ADJUVANTEPrograma: Pesquisa e Desenvolvimento (Biotecnologia Médica)Orientador: Prof(a). Dr(a). SERGIO VICENTE SERRANOLocal: Mini-auditório Prof. Dr. Paulo Eduardo de Abreu MachadoHorário: 9 horas

01/04/2011 - DEFESA DE TESEMARIANA SODÁRIO CRUZDEFICIÊNCIA AUDITIVA REFERIDA POR IDOSOS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO (ESTUDO SABE): PREVALÊNCIA, INCIDÊNCIA E FATORES ASSOCIADOSPrograma: Saúde ColetivaOrientador: Prof(a). Ass. Dr(a). Ana Teresa de Abreu Ramos CerqueiraLocal: Anfiteatro do Departamento de Saúde Púlica - FMBHorário: 14 horas

01/04/2011 - DEFESA DE TESELUÍS GUSTAVO MODELLI DE ANDRADEEFEITO SOBRE FUNÇÃO RENAL DE ESTIMULANTES DE PROGENITORES HEMATOPOIÉTICOS NA NEFROPATIA POR ADRIAMICINAPrograma: Fisiopatologia em Clínica MédicaOrientador: Prof(a). Dr(a). Maria Fernanda C de CarvalhoLocal: Salão Nobre da FMB - UNESPHorário: 9 horas

05, 12, 19 E 26/04/2011 - CURSOXI CURSO DE PATOLOGIA OBSTÉTRICALocal: Salão Nobre da FMB - UNESPHorário: 13:30contato: http://www.fmb.unesp.br/eventos/patologiaobstetrica/index.html

11/04/2011 - CURSOCURSO DE ESPECIALIZAÇÃO GESTÃO EM SAÚDE Local: não divulgadoHorário: 8 horascontato: [email protected]

16/04/2011 - CURSOTREINAMENTO DE SENSIBILIZAÇÃO SOBRE A IMPORTANCIA DO ALEITAMENTO MATERNOLocal: SALA 9 - CASA DO SERVIDORHorário: 13:30contato: [email protected]

16/04/2011 - EVENTOCAMPANHA NACIONAL DA VOZ Local: Centro Saúde Escola (CSE) Horário: não informadocontato: [email protected]

19/04/2011 - DEFESA DE TESEGEOVANA MARIA XAVIER EBAIDCOMPONENTES ANTIOXIDANTES DO AZEITE DE OLIVA: CINÉTICA ENZIMATICA E ESTUDO DA RELAÇÃO ENTRE ESTRESSE OXIDATIVO E METABOLISMO ENERGÉTICO NO MÚSCULO CARDÍACO DE RATOS NORMAIS E OBESOSPrograma: Fisiopatologia em Clínica MédicaOrientador: Prof(a). Dr(a). Ethel Lourenzi Barbosa NovelliLocal: Auditório Marco Aurélio - Deptº de Clínica Médica - FMB - UNESPHorário: 09:00

12/05/2011 - CURSOX WORKSHOP DA POS-GRADUACAO / V REPROTOX / I CURSO DE ATUALIZAÇÃO DO LABORATÓRIO DE BIOLOGIA E ECOLOGIA DE SECREÇÃO EM PLANTAS Local: Instituto de Biociencias da UNESP - Campus de BotucatuHorário: 16 horascontato: [email protected]

20/05/2011 - EVENTOIV ENCONTRO DE ALUNOS, EX-ALUNOS E AMIGOS DA FMBLocal: A definirHorário: 21h30contato: [email protected] ou [email protected]

21/09/2011 - EVENTO20° CONGRESSO MÉDICO ACADÊMICO DE BOTUCATULocal: Salão Nobre da FMBHorário: 18:00contato: [email protected]

Informações detalhadas no site www.eventos.fmb.unesp

agendacurtas

Novos ramais da FMBCom a mudança para o novo

prédio administrativo, muitos setores da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp passam a con-tar com novos ramais telefônicos. Os números (14) 3811-6140 e 3811-6363 continuam sendo os principais para contato externo com a administração. Já os se-guintes setores possuem novos ramais: Pós-Graduação (187-188), Aprimoramento-Residências (191-192), Comunicação (194), Material-Compras (117,118, 119, 120, 122, 139), Almoxarifado-Patrimônio (183-184-185-186), Pregão (102-181), Recursos Huma-nos (206-208), GTDRH (203-204), Diretoria (109-110-111-112-114), Graduação (193), NAP (199-200), Seção Técnica Acadêmica (197-198), DTA (197-198), Finanças (210), Relações Internacionais (105), Assessoria de Comunicação e Imprensa (116), Jurídico (115), Administração (103-104-113) e Portaria (101).

Publicação analisa problemas na voz e deglutição

Painel histórico da PatologiaUm registro importante da história da antiga Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu (FCMBB) apresenta novidade. Instalado originalmente em 2003, durante a gestão da professora Marilza Vieira Cunha Rudge, em frente ao Anfiteatro Marcello Fabiano de Franco, nas dependências do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina, o painel com imagens do campus e da época em que o auditório era usado como laboratório passou por nova concepção de layout. Com as dimensões de 3 metros de altura por 4,50 de largura, o quadro teve como curadora a historiadora Isaura Bretan. “É um visual diferente a ser instalado para um ambiente que é pesado ao visitante. A iniciativa visa princi-palmente preservar a história da instituição”, ressalta, ao explicar que o local era palco de debates e assembleias políticas durante o Regime Militar (1964-1985).

Guia de Profissões

No final de março, alunos e profes-sores da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp tornaram-se mod-elos para a divulgação dos cursos oferecidos pela instituição (Medicina e Enfermagem) na próxima edição do Guia de Profissões, publicação da Unesp voltada aos vestibulandos. A sessão de fotos ocorreu no dia 28 e foi

realizada em setores como o Centro Cirúrgico, Laboratório de Ensino da Medicina e En-fermagem e Pronto-Socorro.

lançamento

Principal forma de comunicação do homem, a voz envolve cuidados e ao mesmo tempo está propensa a sofrer com doenças que apresentam sintomas em quadros clínicos complexos. Sendo o principal instru-mento de trabalho para 25% da população brasileira, envolve cuidados e está ligada diretamente a diversas áreas da medicina como a neurologia, otorrinolarin-gologia, fonoaudiologia e pediatria.

Uma simples rouquidão pode ser um sério sintoma de que algo está errado. E são muitas as doenças que podem comprometer a voz e a deglutição (ato de engolir) em uma pessoa. Desde câncer de cabeça e pescoço a doenças neurológicas (Parkinson e Esclero-ses), todas essas patologias provocam imenso prejuízo às cordas vocais e o processo de ingestão de alimentos.

Para analisar e fornecer informações teóricas e práti-cas sobre doenças relacionadas à voz e à deglutição, a fonoaudióloga vinculada à Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp, Anete Branco, tendo a co-autoria de Maria Inês Rehder, publicou no início do ano o livro “Disfonia e Disfagia- Interface, atualização e Prática Clínica” (Editora Reinter, 256 páginas, R$ 139 em média).

Com a participação de especialistas da própria FMB como as fonoaudiólogas Ana Rita Gatto e Paula Cola, da neonatologista Saskia Fekete e dos otorrino-laringologistas Silke Weber e José Vicente Tagliarini e também da USP (Universidade de São Paulo) e Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). A publicação, dividida em dez capítulos, estabelece parâmetros de análise entre as doenças relacionadas à voz, deglutição e laringe, além de apresentar métodos para a assistência e tratamento. Conta também com um DVD com exemplos de voz, exames laríngeos, exames instrumentais da deglutição e demonstração de técnicas fonoaudiológicas.

Entre os assuntos abordados pelo livro estão diagnóstico vocal fonoaudiológico, avaliação clínica e instrumental da deglutição, doenças neurológicas, diagnóstico e tratamento fonoaudiológico da voz e deglutição em imobilidade laríngea e câncer de cabeça e pescoço. Completam ainda a obra a pre-maturidade, encefalopatias e síndromes, doença do

refluxo gastroesofágico, traqueostomia e válvula da fala, disfonia e disfagias nas doenças laríngeas inflamatórias e interface entre disfonia e disfagia: atuação fonoaudiológica e rotina clínica.

Segundo a autora, a obra se torna uma eficaz ferramenta de aprendizado a fonoaudiólogos, enfermeiros e médicos especializados em otorrino-laringologia, pediatria e neurologia. Abrangendo a essa gama de profissionais, o livro tende a preench-er uma lacuna existente na literatura nacional sobre o assunto. “A lacuna existente se refere à falta de livros que associem bases teóricas, atualizações e prática clínica, portanto, todos os capítulos fornecem essa tríade”, ressalta Anete Branco.

“Há anos que é divulgada a importância da in-terface entre esses temas com o objetivo de ampliar a visão do clínico e com isso, estabelecer um trata-mento mais objetivo e confiável”, complementa a autora, que é especialista em voz e motricidade oral oncológica.

Editora: RevinterISBN-10:

8537203556ISBN-13:

Acabamento: Brochura

Idioma: PortuguêsOrigem: Nacional

Edição: 1Páginas: 256

Ficha técnica

em que área a FmB será mais BeneFiciada com o atual Processo de internacionalização vivido Pela unesP?

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março 2011

Faculdade de medicina

Ercília Trezza e Helga Verena se tornam professoras eméritas

administração

Diretoria da FMB/Unesp passa a contar com Chefia de Gabinete

As professoras Ercília Maria Carone Trezza e Helga Verena Leoni Maffei são as mais novas professoras eméritas da Facul-dade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB). Elas receberam o título em cerimônia realizada dia 25 de março, no salão nobre da instituição.

Os professores Francisca Te-resa Veneziano Faleiros e Ros-sano César Bonatto discursaram sobre a trajetória acadêmica das professoras Ercília e Helga, respec-tivamente, em nome do Departa-mento de Pediatria da FMB. Já o professor Álvaro Oscar Campana se pronunciou representando os eméritos da escola.

Durante a solenidade, a pia-nista Ilda Campos apresentou canções de Beethoven, Villa Lobos, entre outros renomados compositores. Médicos, alunos, docentes e funcionários técnico administrativos também compa-receram para prestigiar as hom-enageadas.

Visivelmente emocionada, professora Ercília Trezza enfa-tizou sua vocação pela área da medicina que escolheu para trabalhar. “Além de ter nascido para amar meus filhos e amigos, nasci para ser pediatra”, frisou, acrescentando que ao longo de sua carreira sempre procurou ver as crianças como seres integrais, pensando em seu presente e fu-turo. “Acho que tenho o gene da

cerimônia rePresentou reconhecimento

às ProFessoras que dedicaram carreira ao

crescimento da FmB

pediatria”, emendou.Para ela, o título de pro-

fessor emérito significa que a comunidade universitária re-conheceu sua parcela de contri-buição para a FMB. “Espero ter conseguido transmitir o espírito da Pediatria para meus alunos e residentes”, disse.

Professora Helga Verena, ao usar a palavra, viajou no tempo

até 1966, quando foi a primeira docente contratada para atuar no que viria a ser o Departamento de Pediatria, quando os caminhos de acesso à faculdade ainda eram de terra. Ela também comentou sobre quando começou a dis-seminar sua teoria de usar a alimentação e não o jejum para tratar a diarreia em crianças.

Além disso, comentou sobre

sua luta para conseguir mais recursos humanos durante os primórdios do Departamento de Pediatria – problema que na visão dela perdura até hoje.

Professor Sérgio Mül ler, diretor da FMB, observou que algumas pessoas fazem pela instituição um pouco mais que ensino, pesquisa e extensão. “As professoras que recebem o título de eméritas hoje con-tribuíram para que essa facul-dade fosse implantada, se de-senvolvesse e se consolidasse. Foram contribuições com efei-tos duradouros para a história da FMB”, salientou.

A professora Ercilia Maria Carone Trezza (foto 1) possui doutorado em Pediatria pela Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu (1973) e residência médica pela Universidade de São Paulo (1966). Foi uma das responsáveis pela implantação do Departamento de Pediatria.

Já professora Helga (foto 2) possui graduação em Medicina pela Universidade de São Paulo (1962) e doutorado em Medicina pela Faculdade de Cien-cias Medicas E Biológicas de Botucatu (1974). É pro-fessora titular (aposentada) do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp, com atuação principalmente nos seguintes temas: creches, síndrome do cólon irritável, crianças, constipação intestinal crônica e hábito intestinal.

Desde o dia 15 de março, a Diretoria da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) conta com uma Chefia de Gabinete. A função, criada pela portaria nº 112/2011, assinada pelo diretor da instituição, professor Sérgio Swain Müller, passou a ser exercida pela ex-diretora técnica acadêmica da FMB, Eliane Sako.

Com a mudança, a Diretoria Técnica Acadêmica (DTA) passou a ser chefiada por Rivaldo Antônio Piacitelli - ante-riormente responsável pela Seção Técnica Acadêmica. Para seu lugar foi designado Orlando José Sauer, que até então coordenava a Seção de Residência Médica e Aprimoramento.

Segundo a portaria que criou a Chefia de Gabinete da Diretoria, entre suas atribuições está assessorar o diretor e o vice-diretor no planejamento, organização, coordenação, controle e orientação das atividades desenvolvidas pela FMB, intermediando e facilitando o fluxo de relações internas e externas. É sua competência também realizar consultorias internas com objetivo de identificar e solucionar problemas institucionais, se responsabilizar pelos cerimoniais e coor-denar eventos de interesse da faculdade, além de demais atribuições delegadas pelo diretor e vice-diretor.

esPorte

Medicina confirma participação no JUBSA Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) confirmou a participa-

ção de seus alunos nos Jogos Universitários de Botucatu, que serão realizados entre os dias 13 e 17 de abril. Sob coordenação de sua Associação Atlética Acadêmica Carlos Henrique Sampaio Almeida (AAACHSA), a FMB competirá em sete modalidades esportivas com 130 universitários.

Organização- Os Jogos Universitários de Botucatu são um iniciativa pioneira ao reunir em uma competição esportiva os estudantes de todas as instituições de Ensino Superior cidade. O evento foi criado para estimular, promover e ser instrumento de organização do esporte universitário no município, que tem 8 mil graduandos.

Além da competição os JUBs promovem e estimulam os participantes a se integrarem com a comunidade - através da arrecadação de alimentos - e com consciência ecológica, com separação e destinação do lixo. A partir de 2011 ocor-rerá o plantio de uma árvore a cada atleta inscrito na com-petição, que acontecerá, em princípio, sempre na semana de aniversário da cidade. Este ano, será entre 13 e 17 de abril.

Em sua 1ª edição, em 2010, os Jogos Universitários de Botucatu reuniram 200 atletas, em duas modalidades, e arrecadou e doou 270 quilos de alimentos. Em 2011 a previsão é 600 atletas em sete modalidades, sendo três individuais, a arrecadação alimentos será modalidade coletiva, contando no quadro de medalhas e pontos.

soBre as eméritas

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março 2011

4

docentes seria responsável pelo contato mais estreito com o graduando. Através dessa relação direta é pos-sível que o aluno tenha mais facilidade, por exemplo, na identificação com o curso e nas possíveis áreas futuras de especialização, através do compartilhamento de experiências. “A experiência com o professor-tutor tem sido bem sucedida na formação do aluno. Verificamos que há resultados expressivos em faculdades que ado-tam essa iniciativa”, complementou a coordenadora.

Para o incentivo à retomada do projeto, profª Adriana ressalta que as reuniões da comissão devem ser realizadas com maior freqüência e também haverá trabalho de conscientização entre o corpo docente sobre a importância do relacionamento mais estreito com os alunos.

Faculdade de medicina

Parceria para gerenciar remédios em Botucatu

a contriBuição da universidade na gestão

da Farmácia se dará em várias Frentes

Uma parceria entre a Funda-ção UNI – vinculada à Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) – e a Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unesp (FCFAR) deverá, em breve, resultar no gerenciamento do almoxarifado central da Secretaria Municipal de Saúde de Botucatu. No local ficam armazenados os medicamentos distribuídos às unidades básicas de saúde e posteriormente aos usuários da rede.

O processo de reestruturação desse serviço teve início recente-mente e ganhará força com a participação da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unesp. A contribuição da universidade se dará em algumas frentes: assessoria técnica durante os pregões para compra de medicamentos realizados pela Fundação UNI; análise qualitativa por bioequivalência das aquisições feitas pela fundação; estruturação logística do recebimento, estocagem e distribuição dos medicamentos no almoxarifado municipal – que tem cerca de 1 mil itens – e ainda oferecer estrutura de treinamento através de estágios para os alunos do curso de farmácia da Unesp.

De acordo com o diretor-presidente da Fundação UNI, Dr. José Carlos Christovan, o Bazuka, já foi solicitado um estudo à FCFAR envolvendo 10 tipos de medicamentos disponíveis no almoxarifado da Prefeitura de Botucatu. A intenção é que a faculdade produza os remédios, de maneira manipulada, mas em comprimidos ao invés das tradicionais cápsulas.

Fundação uni em ação

Após a centralização dos medicamentos em apenas um galpão – uti-lizando uma área com cerca de 1.500 metros quadrados localizada na Avenida Dante Delmanto – foi implantado, já sob gestão da Fundação UNI, um moderno sistema informatizado para o gerenciamento do estoque. Dentro de dois meses aproximadamente, será possível tabular, também, o consumo de remédios em todo o município e a meta é que esse programa de computador consiga, inclusive, indicar quanto cada um dos 40 mil usuários do sistema municipal de saúde consome mensalmente.

“Nosso objetivo é, agora, em parceria com a Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unesp, implantar rotinas e procedimentos padroni-zados para melhorar a administração dos medicamentos do almox-arifado municipal. Haverá um controle rígido desde o momento que o medicamento chega do fabricante, passando pelo armazenamento e depois passando pelo envio aos postos de saúde e distribuição à população”, pontua Dr. Bazuka.

Segundo ele, através de uma boa logística e o apoio técnico da FCFAR, será possível otimizar a compra dos remédios para que ela aconteça somente quando houver necessidade, sem que seja pre-ciso estocar um volume que pode não ser consumido. “Em breve, o almoxarifado da Prefeitura será transferido para um novo prédio (onde antigamente funcionava o setor de limpeza da Prefeitura, em frente à Secretaria Municipal de Saúde) com aproximadamente 5 mil metros quadrados. Será possível um melhor acondicionamento dos remédios e com as condições estruturais mais adequadas”, prevê o diretor-presidente da Fundação UNI.

No dia 16 de fevereiro, uma comissão da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unesp esteve em Botucatu para acertar detalhes da parceria. Foi realizada uma reunião na FMB, com a participação do Dr. Bazuka e do diretor da instituição, professor Sérgio Swain Müller e o diretor da FCFAR, professor Sandro Roberto Valentini. Também compareceram as farmacêuticas Cristiane Feriato da Silva, responsável pela Farmácia-Escola da FCFAR e Josiane Márcia Maria Canaan.

Médicos, professores e estudantes de medicina participaram, dia 23 de março, no Salão Nobre da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB), do 9º Fórum Regional de Defesa da Saúde e Valorização do Médico. O evento foi promovido pela APM (Asso-ciação Paulista de Medicina) - Regional de Botucatu e AMB (Associação Médica Brasileira) com apoio da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) e sua Associação Atlética Acadêmica.

Palestraram durante o evento o assessor jurídico da APM, Dr. Roberto Augusto de Carvalho Campos, que falou sobre “Assessoria Jurídica da APM para os associados”; o diretor de Defesa Pro-fissional da APM – São Paulo, Dr. Tomás Patrício Simth-Howard, que ministrou palestra sobre “Defesa do Profissional para o Médico”. Já o presidente da As-

Fórum Regional discute valorização dos médicos e da Saúdesociação Paulista de Medicina, Dr. Jorge Carlos Machado Curi, fez uma apresentação sobre os serviços da APM.

O professor Paulo Villas Boas, vice-coor-denador do curso de Graduação em Medicina da FMB, representou o diretor da instituição, professor Sérgio Swain Müller durante o fórum. A presidente da APM – Regional de Botucatu, professora Irene Pinto Silva Masci também esteve

presente e compôs a mesa de autoridades.

“Esse fórum é uma forma de mostrar que valorizando o médico significa lutar contra a morte e preservar a Saúde”, destacou. “Amar a vida é a base da nossa prática clínica e profissional.

evento Provocou deBates Para melhoria

da qualidade das condições de traBalho

da classe médica

Um dos braços que a Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) dispõe para auxiliar seus mais de 660 alunos de graduação em Medicina e Enfermagem, a Comissão de Assuntos Estudantis (CAE) da instituição passou a contar, desde março, com nova composição.

Compõem a comissão os professores Adriana Polachini do Valle, José Villas-Boas, Sérgio Swain Müller (diretor da instituição), Aristides Palhares, Sumaia Inaty Smaira, Márcia Guimarães da Silva, Maria Rodrigues, Magda Dell’Acqua, Regina Popim, Vera Lúcia Tonette. Também compõem a CAE, como convidados, a professora Silvana Artiolli Schellini (vice-diretora da FMB) e os servidores Rivaldo Pia-citelli e Sílvia Vieira.

A comissão foi criada em 1998 e é responsável por auxiliar os acadêmicos da FMB, em qualquer ano da graduação (Medicina tem seis e Enfermagem, quatro anos de duração) em sua carreira acadêmica com atividades de aconselhamento e inserção a projetos sociais desenvolvidos pela universidade.

“A ideia é propor atividades que pos-sam complementar a formação do aluno e que valorize ainda mais suas características sociais, incentivando-os a participarem mais ativamente das atividades extra-curriculares que a faculdade desenvolve”, explica a coordenadora do CAE, professora Adriana Polachini do Valle.

Uma das iniciativas que devem ser prior-izadas pela nova gestão será a retomada do projeto Professor-Tutor, no qual um grupo de

nova comPosição

Comissão de Assuntos Estudantis retoma atividades e quer incentivar projeto Professor- Tutor

Professor Paulo Villas-Boas representou a direção da FMB durante o fórum (foto à esquerda) realizado em Botucatu. Presidente da APM, Jorge Carlos Machado, fez breve apresentação sobre a entidade.

Farmacêuticas da FCFAR/Unesp e o diretor da Unidade, prof. Sandro Valentini (de terno), se reuniram com o professor Sérgio Müller e Dr. Bazuka (ao centro), na FMB

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março 2011

Faculdade de medicina

Fórum Regional discute valorização dos médicos e da SaúdeOs futuros médicos precisam ter esse valor presente em sua formação”, avaliou professor Villas Boas.

Dr. Curi, presidente da APM, afirmou no início dos trabalhos que poucas profissões têm a opor-tunidade de conviver com o semelhante como a medicina. “Nós, médicos, temos esse privilégio. Por isso, proponho uma reflexão: o tema desse fórum é corporativista? É ruim ser corporativista nesse caso? Nós achamos que não”, salientou.

Erros MédicosDr. Roberto Augusto de Carvalho, assessor

jurídico da APM, explicou aos presentes sobre ma-neiras de prevenir processos decorrentes de erros médicos e também como se defender caso sejam acusados. O advogado, que também tem formação em Medicina, apresentou números da Associação Paulista de Medicina registrados entre outubro de 2001 e março de 2011.

Nesse período, foram atendidos 2.543 médicos por terem sido questionados por pacientes. Entre em que a denúncia foi feita, 57,4% resultaram em processos disciplinares; sindicâncias e discussões em comissões de ética médica.

O advogado elencou algumas atitudes que po-dem colocar em risco a defesa do médico, como: envolvimento emocional; adotar medidas extremas (culpar o paciente ou elaborar tardiamente o pron-tuário); subestimar ou superestimar o problema.

Segundo Dr. Carvalho, entre as especialidades mais questionadas na APM, a Ginecologia e Ob-stetrícia é a principal, principalmente por reclama-ções envolvendo assistência ao parto e hemorragia gestacional. Logo em seguida estão Pediatria - na maioria das vezes em atendimentos de urgência, onde pode haver erro de diagnóstico em relação a meningite, gastroenterite e pneumonia - e Orto-pedia. Dessa última as denúncias abrangem maus resultados cirúrgicos; fraturas; lesões neurovasculares e tromboembolismo.

Ainda sobre os erros médicos registrados pela APM, 70% são considerados danos aceitáveis e 19% danos causados pela doença. Foi constatado que 95% dos médicos elaboram prontuário, sendo que 30% desses documentos têm anotações consistentes e em 5% dos casos há consentimento informado for-mal do paciente.

Ações Cíveis - Ainda de acor-do com dados da APM, 90% dos médicos associa-dos que enfrenta-ram ações cíveis, os pedidos de in-denização foram acima de R$ 100 mil e 99% dos proces-sos reivindicavam danos morais.

Em seguida, Dr. Tomás Patrício Simth-Howard falou sobre “Defesa do Profissional para o Médico” e expli-cou como funciona a Diretoria de Defesa Profissional da APM – que possui mais de 30 mil associados. Dr. Tomás aproveitou para divulgar os serviços disponíveis no portal da Associação http://www.apm.org.br/ que podem ser usados em benefício do associado. Sua apresentação foi focada em mostrar em que aspectos o médico é desvalorizado, tanto financeiramente como em relação à sua qualidade de vida, principalmente quando considerada a relevância de sua atividade.

Para finalizar, Dr. Jorge Carlos Machado Curi falou sobre todos os serviços oferecidos pela APM e frisou a necessidade de os médicos investirem, permanente-mente, em sua atualização. Ele sugeriu aos presentes que conheçam o Programa de Educação Médica Continuada da entidade, que oferece treinamentos presenciais, à distância e por simulação.

Antes do início das ativi-dades, os visitantes con-heceram as instalações do Serviço de Ambulatórios

Especializados e Hospital Dia “Domingos Alves Meira”. Professor Meira, diretor da unidade, foi homenageado com uma medalha entregue pelos representantes da APM. Professor Meira é neto de Rubião Meira, primeiro presidente da Associação Paulista de Medicina, com mandatos de 1930 a 1932 e 1937 a 1942.

Visita ao Hospital Dia

Amar a vida é a base da nossa prática clínica e pro-fissional. Os futuros médi-cos precisam ter esse valor presente em sua formação

Prof. Paulo Villas-Boas sobre os princípios para a formação médica

A Unidade de Pesquisa Clínica (Upeclin) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (HCFMB) recebeu, dia 22, a visita do professor Flávio Fuchs, idealizador do Projeto PREVER (Prevenção de eventos cardiovasculares em pacientes com pré-hipertensão e hipertensão arterial). A iniciativa conta com a participação de 23 centros da Rede Nacional de Pesquisa Clínica, inclusive a Upeclin.

Professor Fuchs veio a Botucatu conhecer as infra-estrutura da unidade de pesquisa clínica do HCFMB e diz ter ficado impressionado com o que viu. “Professor Fuchs classificou a Upeclin como centro nacional de referência em pesquisa clínica, podendo servir de modelo de infra-estrutura e qualidade a outras instituições de pesquisa do Brasil”, comentou Caramori. Na Upeclin, o Projeto PREVER é coordenado pelo professor Roberto Jorge da Silva Franco.

A pesquisa na UpeclinO estudo, na unidade do HCFMB, está previsto para ter

início em agosto deste ano. O pré-recrutamento dos sujeitos da pesquisa deve começar nos próximos dias e serão aceitos 56 voluntários. Na primeira fase serão convocadas pessoas pré-hipertensas e posteriormente pacientes que já tenham confirmada a doença. O medicamento que será usado no pro-jeto também chegará em algumas semanas. Ainda durante sua passagem por Botucatu, Fuchs visitou o Hospital das Clínicas da FMB e se surpreendeu com a capacidade de auxílio que o hospital oferece aos sujeitos de pesquisa em caso de eventos adversos que possam ocorrer durante a execução de projetos.

Upeclin escolhida para estudo nacional sobre hipertensão

Pesquisa clínica

O projeto incluirá um to-tal de 2000 sujeitos de pesquisa em todo Brasil e conta com investimentos da ordem de R$ 8 milhões destinados pelos Ministé-rios da Saúde e Ciência e Tecnologia. O prazo para sua realização é até 2013.

soBre o ProJeto Prever

intercamBio

Duas estudantes estrangeiras chegaram à Faculdade de Me-dicina de Botucatu/Unesp (FMB), dia 21 de março, para participa-rem de atividades na graduação em Medicina. No início eram seis, sendo que quatro garotas vieram da Noruega para passarem uma semana na FMB e outras duas estu-dantes, de Portugal, permanecerão por três meses na instituição.

May Helen Haapnes, Andrea Sandoer Alstad, Kristina Johansen e Stine Amalie Harberg Moekleby, cursam segundo ano de Medicina na Universidade de Tromso, na Noruega e escolheram a FMB/Unesp para aperfeiçoarem seus conhecimentos em Moléstias Infecciosas e Parasitárias (MIP). No cronograma de atividades das universitárias consta visitas a am-bulatórios, laboratórios, enfermaria e também ao setor de triagem do Serviço de MIP da faculdade.

Ao serem recepcionadas pelo diretor da FMB, professor Sérgio Swain Müller, as estudantes norueg-uesas salientaram que têm grande expectativa de poderem conhecer

Medicina/Unesp intensifica processo de internacionalização

melhor o sistema de saúde brasileiro e comparar com o de seu país. Elas também têm interesse em obter informações sobre a pandemia de Influenza A H1N1- gripe suína- que atingiu, inclusive a região de Botu-catu, em 2009.

Embora com mais tempo para desfrutar da sabedoria transmitida pelos professores da FMB, as portu-guesas Bruna Patrícia Martins Abreu – 5º ano de Medicina - e Patrícia Sofia Ferreira Lopes Couto da Rocha – 4º ano de Medicina – também vieram a Botucatu em busca das oportunidades de aprendizado oferecidas pelo sistema de saúde brasileiro. Ambas estudam na Universidade Nova Lisboa. “O Brasil tem uma cultura muito próxima da nossa e a relação entre nossa facul-dade e a FMB é muito boa. Além disso, recebemos várias recomendações pra vir conhecer a Faculdade de Medicina de Botucatu”, destaca Bruna.

As estudantes, que participam de acordos de cooperação foram recepcionadas pelo diretor Sérgio Müller

Palestrantes e convidados do 9º Fórum da APM foram homenageados ao final do evento

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março 2011

6 hosPital das clínicas

Serviço de Diálise investe em estrutura para ampliar capacidade

ConsCientização

Médicos e Enfermeiros da Uni-dade de Diálise do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB) promoveram, dia 10 de março, ações internas de conscientização e informações so-bre Doenças Renais Crônicas (DRC), em comemoração ao Dia Mundial do Rim, que em 2011 apresenta o tema “Proteja os seus rins, salve o seu coração”.

Com a distribuição de panfle-tos informativos a servidores, es-tudantes e usuários do hospital, a campanha desenvolvida nas dependências do hospital alertou quanto aos perigos e crescimento de casos de DRC- lesões que com-prometem as funções do rim e que impedem a plena atividade desse órgão, responsável pela eliminação de toxinas e substâncias que não são mais importantes ao corpo.

Outra atividade desenvolvida foi um treinamento realizado às equi-pes médica e de enfermagem da Unidade Básica de Saúde do Distrito de César Neto, em Botucatu. Com a capacitação, poderão ser realizados exames de rastreamento de DRC em comunidades mais afastadas do centro urbano do município.

Além da distribuição de panfle-tos, a equipe responsável pela cam-panha também concede durante a semana, entrevistas em veículos de comunicação local e promove ações de rastreamento dentro do próprio hospital. Uma das ações ocorreu também no dia 10, quando mais de 50 funcionários de uma empresa prestadora de serviços passaram por exames e responderam a um ques-

O Hospital das Clínicas da Facul-dade de Medicina de Botucatu/Un-esp (HCFMB) prepara a ampliação estrutural de sua Unidade de Diálise. As obras terão investimento de R$ 1 milhão da Secretaria de Estado da Saúde e proporcionarão o aumento da capacidade nos serviços de he-modiálise.

Com a ampliação estrutural, que deve estar concluída no final deste semestre , a unidade passará a con-tar com 35 pontos para hemodiálise, fazendo com que aumente a capa-cidade para 200 pacientes e 100 procedimentos desse tipo por dia. Atualmente a Unidade de Diálise do HCFMB possui 24 pontos de atendi-mento para hemodiálise, o que pro-porciona média de 72 hemodiálises ao dia. Ao todo, 130 pacientes de 32 municípios da região de Botucatu realizam tratamento na unidade.

O investimento contempla ai-nda a aquisição de onze máquinas para hemodiálise, doze poltronas especiais e a expansão do sistema de filtragem e esterilização de água, essencial para os procedimentos. A atual estrutura também será benefi-ciada, com medidas de manutenção geral como renovação da pintura , troca de portas e outros adequando o espaço às mais rígidas normas da Vigilância Sanitária.

Segundo professora Jacqueline Caramori, responsável técnica e administrativa da Unidade de Diálise do HCFMB, a ampliação supre temporariamente uma necessidade que o hospital de Botucatu passou

a ter com a crescente demanda de pacientes com Doenças Renais Crônicas na região. “Foi preciso negociar emergencialmente com a Superintendência e a seguir com a Secretaria de Saúde para alcançar esse financiamento. Há sobrecarga dos serviços de diálise existentes na região, principalmente após o fe-chamento da unidade de Lins, cujos

pacientes passaram a ser atendidos em Bauru”, ressaltou.

Com as novas vagas, espera-se reduzir em sua totalidade a quan-tidade de pessoas que aguardam pela inclusão no programa de diálise. Esse número, até março, era de 22 pessoas, sendo que mais 15 ainda aguardam transferência de outras unidades de hemodiálise

Conscientização sobre Doenças Renais Crônicas

tionário para verificação do risco de desenvolvimento de Doença Renal Crônica.

Em longo prazo, a ação de rastreamento deverá se estender para outras seções do HCFMB e também da Faculdade de Me-dicina de Botucatu. “Esse é apenas o começo de uma ação que deve ser desenvolvida durante todo o ano. Queremos verificar a situação

de vida e se esses servidores estão propensos ao desenvolvimento das Doenças Renais Crônicas”, explica a coordenadora da Unidade de Diálise do HCFMB, profª Jacqueline Caramori.

No dia 17, as equipes realizaram mais uma vez, rastreamento de situações de risco para as Doen-ças Renais Crônicas no saguão principal do Hospital das Clínicas e dependências do Instituto de

Em apenas um mês e meio, a angústia da espera por um rim ter-minou para 19 pessoas que passa-vam por tratamento no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (HCFMB). Entre o dia 1º de janeiro e 15 de fevereiro de 2011 foram 17 transplantes com doadores falecidos e dois com doador vivo.

A expectativa da equipe respon-sável pelo Serviço de Transplante Renal é realizar 20 transplantes até o final de fevereiro e chegar a 100 ainda neste ano. O máximo que havia sido possível até então eram oito transplantes em um mês. Todos os transplantados passam bem.

Com esse desempenho, o HCFMB se firma na terceira posição do rank-ing dos centros transplantadores do Estado de São Paulo, que considera somente os procedimentos com doadores falecidos. O hospital da

HCFMB supera marca em transplantes de rim

FMB ficou na frente, por exemplo, do Hospital das Clínicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

O Serviço de Transplante Renal do HCFMB já realizou, desde o iní-cio de seu funcionamento, há duas décadas, 537 transplantes. Desses, apenas 79 morreram com o rim funcionando e 26 faleceram com o órgão transplantado inoperante. A taxa de óbito foi de apenas 18%.

Ainda segundo as estatísticas da equipe, em média após 10 anos do transplante 60% dos pacientes continuam com o rim funcionando. “Esses números nos deixam bas-tante satisfeitos, pois conseguimos oferecer melhor qualidade de vida para os pacientes, embora eles tenham que continuar permanente-mente sendo acompanhados por nós”, comenta Dra. Maria Fernanda Carvalho, coordenadora do Serviço de Transplante Renal do HCFMB.

É necessário ter 30 anos, ou mais, e ser avaliado em consulta médica em relação a seus antecedentes familiares, e realizar uma série de exames de sangue, urina, radiológicos e eletrocardiograma para com-provar que os rins e demais órgãos estão perfeitos. O transplante renal é recomendado numa faixa etária com expectativa de vida de mais de 10 anos, em função da complexidade e gravidade do tratamento. Um organismo perto dos 70 anos às vezes tem dificuldade de suportar bem uma grande intervenção cirúrgica.

A chance de sucesso no transplante é alta, superior a 80% no final do primeiro ano. Transplante não é cura, mas um tratamento que pode prolongar a vida com muito melhor qualidade. No entanto, nem todos os pacientes em diálise se beneficiam de um transplante.

como ser doador de rins

A unidade é um serviço de assistência com atendimento voltado para pacientes renais crônicos submetidos a terapia renal substitutiva, Hemodiálise ou Diálise Peritoneal Domiciliar. O atendimento oferecido é multi-profissional com seguimento nutricional e psi-coterápico, visitas domiciliares e apoio social.

O serviço dispõe de recursos e competên-cia para implante de acessos vasculares para hemodiálise e para diálise peritoneal – ca-teteres venosos centrais definitivos e tem-porários e cateteres abdominais.

Unidade multiprofissional e atendimento regional

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março 2011

hosPital das clínicas

Serviço de Diálise investe em estrutura para ampliar capacidade

ao todo, 130 Pacientes de 32

municíPios da região de Botucatu realizam

tratamento na unidade

a unidade de saúde mais próxima. Todo o tratamento, que consiste na instalação de um cateter no abdô-men do paciente e pela infusão de soluções específicas, possibilitando a purificação do sangue (função que deveria ser realizada pelos rins), pode ser realizado na própria residência, dentro de pré-requisitos ambientais e familiares.

para o HCFMB. “Um serviço com disponibilidade de vagas pode fazer com que a fila de espera pelo serviço seja reduzida a zero”, complementou profª Jacqueline.

Além da hemodiálise, o hospital também faz o seguimento completo de 37 pessoas em diálise peritoneal domiciliar, para a qual não há a ne-cessidade de deslocar o paciente até

Conscientização sobre Doenças Renais Crônicas

Servidores e alunos da FMB rece-beram panfletos educativos sobre boa qualidade de alimentação e como evitar as doenças renais crônicas durante ação no HCFMB

Biociências, ambos no campus da Unesp, em Rubião Júnior. Ocorreram também coletas de sangue e glicemia, proteína na urina e também aferição de Pressão Arterial.

Estima-se que mais de 500 mil-hões de pessoas em todo o mundo sofram com as DRCs. Entre as que têm maior propensão ao seu desen-volvimento estão as que apresentam pressão alta, diabetes, doenças car-

diovasculares, casos de doenças renais crônicas na família e idosos.

As ações realizadas no HCFMB contaram com o apoio da Liga Estudantil do Rim e da Hipertensão Arterial da Faculdade de Medicina de Botucatu, Servidores da Seção Técnica de Hemodiálise e da Nefrologia, apri-morandos de Enfermagem, Nutrição, Psicologia e Serviço Social.

Na Câmara

O superintendente do Hos-pital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (HCFMB) – agora uma autarquia do Governo do Estado de São Paulo - professor Emílio Carlos Curcelli, participou no final de fevereiro, de audiência pública na qual foi discutida a atuação da faculdade e do hospital na gestão do novo Pronto-Socorro de Botucatu, além de em outros equipamentos de Saúde locais.

A reunião, convocada pelo vereador Lelo Pagani (PT), contou com a presença da maioria dos parlamentares, diversos gestores da Saúde na cidade e representantes da sociedade civil.

Os trabalhos foram conduzidos por Pagani e também compuseram a mesa, além do professor Curcelli, o secretário de Saúde de Botucatu, professor Antônio Luiz Caldas Jr; o vereador Abelardo; o ex-secretário Municipal de Saúde, Dr. Valdemar Pereira de Pinho e o diretor do Pronto-Socorro do HCFMB, Dr. Walmar Kerche de Oliveira. As dis-cussões foram transmitidas, ao vivo, pela Rádio Emissora de Botucatu (PRF-8/AM).

Professor Caldas abriu as discussões fazendo um breve relato sobre os eixos em que a atual gestão municipal atua. Ele lembrou que um dos focos de sua administração é o fortalecimento do SUS (Sistema Único de Saúde) através de uma reestruturação da rede básica de saúde e também uma atualização do quadro de recursos humanos em parceria com a Fundação UNI, vinculada à Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB).

Hospital Sorocabana - Ainda em relação aos funcionários da Saúde, ele comentou sobre as dificuldades enfrentadas pelo Pronto-Socorro do Hospital Regional Sorocabana com a ausência frequente de profissionais – problema que deve ser minimizado com a participação da FMB. O serviço de nível secundário – atendimentos de média com-plexidade – deverá se consolidar como mais uma estrutura de ensino para os alunos de Medicina e Enfermagem da Unesp.

O ex-secretário Dr. Pinho comentou que enquanto esteve à frente da pasta Botucatu não possuía gestão plena da Saúde, por isso não podia ajudar o Hospital Sorocabana já que o hospital era gerido pelo Estado. Pinho também aproveitou para contestar as críticas feitas à estrutura do prédio onde funcionará o PS Municipal e ainda afirmar que a FMB vai gerir o serviço com dinheiro do Governo Paulista, o que na sua opinião “não é parceria”. “A Prefeitura decidiu não fazer a gestão da Saúde e deixar isso com a Unesp”, frisou

PS Municipal - Tanto Caldas quanto Curcelli, quando questionados sobre o modelo de gestão que será implantado no novo Pronto-Socorro Municipal, cujo atendimento abrangerá a região de Botucatu, foram enfáticos em afirmar que com bons planejamento e organização não haverá grandes problemas em receber pacientes das cidades do en-torno. “Não podemos restringir os atendimentos somente a Botucatu. Saúde não tem cor, credo ou raça. Se estivermos na praia de férias, por exemplo, e precisarmos de atendimento de urgência e emergência seremos atendidos independente da cidade onde morarmos”, comple-mentou o superintendente do HCFMB.

O custeio do serviço será de R$ 480 mil mensais, sendo que 1/3 será repassado pela Prefeitura de Botucatu e 2/3 pelo Governo do Estado de São Paulo. Com esse modelo, o Pronto-Socorro do HCFMB pas-saria a somente receber pacientes referenciados, para uma assistência médica especializada e de alta complexidade. O novo PS será usado para formação dos futuros médicos matriculados na FMB.

AME Botucatu - Pinho também discordou da escolha do local para construção do AME (Ambulatório Médico de Especialidades) de Botucatu, em área paralela à Rodovia Marechal Rondon, onde antes funcionava a indústria Brashidro. “O AME deveria ficar mais próximo da FMB e HC. O local escolhido não é o mais adequado”, disse.

Em outro momento, professor Curcelli esclareceu que a área des-tinada ao ambulatório recebeu o aval do funcionário da Secretaria de Estado da Saúde e estruturou todos os outros 40 AMEs do Estado. “Por ser um centro que receberá uma demanda regional, o local escolhido facilitará o acesso dos pacientes, além de ter facilidade de estacionamento. Por ser regional, o AME terá, inclusive, uma estrutura diferenciada”, citou prof. Curcelli.

Para o vereador Lelo Pagani (PT), o evento atingiu seu objetivo ini-cial. “Queríamos que a população tivesse a oportunidade de escutar os mais variados posicionamentos, de modo que fosse possível a formação de uma opinião própria sobre a questão. Isso eu acredito que tenha ocorrido”, afirma. “Tenho certeza de que as pessoas que participaram presencialmente ou aquelas que escutaram pelo rádio podem melhor avaliar a prestação do serviço na Cidade”, finaliza.

Superintendente do HCFMB esclarece dúvidas sobre gestão da Saúde

Não podemos restringir os atendimentos somente a Botucatu. Saúde não tem cor, credo ou raça

Emílio Carlos Curcelli, sobre o perfil regional do novo PS de Botucatu

A Doença Renal Crônica (DRC) consiste em lesão renal e ger-almente perda progressiva e irreversível da função dos rins. Atualmente ela é definida pela presença de algum tipo de lesão renal mantida há pelo menos 3 meses com ou sem redução da função de filtração. Ela é classi-ficada em estágios

É conhecido atualmente que cerca de um em cada 10 adultos é portador de doença renal crônica. A maioria destas pessoas não sabe que tem esta doença porque ela não costuma ocasionar sintomas, a não ser em fases muito avançadas. Em muitos casos o diagnóstico precoce e o tratamento da doença nas suas fases iniciais podem ajudar a prevenir que a doença progrida para fases mais avança-das (inclusive com a necessidade de tratamento com hemodiálise ou transplante de rim). Como a doença renal muitas vezes está associada com diabetes, pressão alta e doenças do coração, o seu tratamento também ajuda a evitar outras complicações como infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca e derrames. Por isso, é importante saber algumas coisas a respeito da doença renal e saber como preveni-la e detectá-la.

(Fonte: Site ABC da Saúde)

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março 2011

8 acadêmico

artigo

Carlos Antonio Caramori e Benedito Barraviera*

Os países localizados na região tropical do planeta possuem prob-lemas comuns de Saúde Pública que podem ser resumidos em nu-tricionais, parasitários, bacterianos, virais e de acidentes com animais peçonhentos http://globalnetwork.org/files/gn-ntds-pt.pdf.

Em 2006 a Organização Mun-dial da Saúde (OMS) denominou 14 enfermidades como Doenças Tropicais Negligenciadas (DTNs). Estas acometem cerca de um bilhão de pessoas, principalmente popu-lações pobres em áreas tropicais e subtropicais.

O Brasil e a maioria dos países Africanos são os mais acometi-dos pelas DTNs e três situações são consideradas problemas de Saúde pública para o nosso país, entre elas, a doença de Chagas, as Leishmanioses, e os acidentes com animais peçonhentos. Os acidentes ofídicos (snake bites) foram incluí-dos nas DTNs como décima quinta enfermidade em abril de 2009 (1).

Por outro lado, a produção de novos medicamentos para as DTNs é considerada insuficiente em todos países. As indústrias farmacêuticas constituem um monopólio muito

O papel das Universidades frente às doenças negligenciadas - não basta saber é preciso fazer...lucrativo com grande necessidade de investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Esses im-plicam na produção de fármacos que ofereçam maior segurança de retorno financeiro. Como os indivíduos atingidos pelas doenças tropicais vivem justamente nos países em desenvolvimento, não é difícil entender porque estas sejam consideradas também doenças negligenciadas (DTNs) pela indús-tria farmacêutica.

A fatia de mercado da indús-tria farmacêutica nos países em desenvolvimento é extremamente pequena, apenas 7,7% para a África, Ásia e Austrália e 3,8% para a América Latina ao contrário de 47,8% dos EUA e 27,8% da União Européia. Diante disso, nem 2% de todo investimento em P&D é destinado para descobertas de novas drogas para as DTNs http://www.who.int/intellectualproperty/events/OpenForumBernardPecoul.pdf.

Como exemplo, os medica-mentos eficazes contra a doença de Chagas foram descobertos há cerca de 30 anos e continuam os

mesmos até o presente momento, apesar da elevada toxicidade das drogas disponíveis.

Os antimoniais pentavalentes para tratamento das Leishmanioses foram introduzidos na década 40 e são considerados drogas de pri-meira escolha em todo mundo. No âmbito dos acidentes com animais peçonhentos a padronização da produção de soro tem cerca de 100 anos e continua sendo produzida da mesma maneira, apesar de ainda não dispormos de padronização e produção de soro contra picada de abelhas Apis (2).

As toxinas animais são fonte rica de componentes com um amplo espectro de atividades biológicas e farmacológicas. De acordo com Warrel (1) “Snake venoms are rich in protein and peptide toxins that have specificity for a wide range of tissue receptors, making them clinically challenging and scientifi-cally fascinating, especially for drug design”. Em 2009 Lima et al. (3) dedicaram um livro inteiramente a este assunto. Denominado “Animal toxins: state of the art – perspec-tives in health and biotechnology”

os autores discutem em diversos capítulos os possíveis mecanismos e os prováveis empregos destas moléculas no diagnóstico e no tratamento de diferentes enfer-midades. Em 2010 estes mesmos autores (4) publicaram um artigo no periódico Toxicon denominado Toxinology in Brazil: A big challenge for a rich biodiversity, mostrando o potencial da biodiversidade brasileira, bem como a necessidade imperativa de sua bioprospecção.

Vital Brazil, em 14 de agosto de 1901 disponibilizou os primeiros frascos de soros antipeçonhentos para consumo humano, iniciando no Brasil as pesquisas para o em-prego das toxinas “a favor dos seres humanos e animais”.

Neste contexto, pesquisadores da UNESP (5, 6), idealizaram em 1989 o Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos – CEVAP. Naquela época iniciou-se a prospecção do selante de fibrina derivado de veneno de serpente. O produto similar disponível no mercado brasileiro era produ-zido a partir de trombina bovina e fibrinogênio humano e poderia

transmitir doenças infecciosas. Após vários experimentos, foi proposto um produto extraído a partir do sangue de grandes ani-mais associado a uma fração de veneno de serpente. Vinte anos de pesquisas, dissertações e teses defendidas, publicações interna-cionais e patentes produzidas e incrivelmente, nenhuma indústria farmacêutica se interessou em produzir o selante de fibrina.

Paralelamente, as universi-dades brasileiras e seus centros de pesquisa desenvolvem projetos, publicam, promovem intercâmbio de conhecimento e capacitam profissionais dentro da premissa da solução de problemas nacionais de saúde pública, o que as mantém dentro de um ranking mundial de competência.

Fortuitamente, em 2005, numa ação estratégica conjunta dos Ministérios da Saúde e da Ciência e Tecnologia do Brasil, foi criada a Rede Nacional de Pesquisa Clínica (RNPC) cujo objetivo principal é promover as melhores práticas de Pesquisa Clínica com os inter-esses voltados às necessidades da

Após concurso realizado no dia 16 de março, o docente do Departamento de Cirurgia e Ortopedia da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB), César Tadeu Spadella, obteve a qualifi-cação de professor titular da instituição.

O concurso foi realizado para a disci-plina de “Clínica Cirúrgica I, II e III” e teve duas etapas: prova didática e argüição do memorial (argumentação da carreira e produção científica. No Salão Nobre da FMB, o professor ministrou aula com o tema “Estado atual do tratamento do diabetes mellitus pelo transplante de pâncreas”.

Formaram a banca examinadora do concurso o professor emérito Arthur Roquete de Macedo, e a professora Maria

Aparecida Coelho de Arruda Henry, ambos da FMB. Também integraram a mesa os professores Alcino Lázaro da Silva, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais, Marcel Cerqueira César Machado, da USP (Universidade de São Paulo) e Nelson Adami Andreollo, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

César Tadeu Spadella possui graduação e doutorado em Medicina pela Universidade Estadual Paulista (Un-esp) e é professor do Departamento de Cirurgia e Ortopedia da FMB. Atua nas linhas de pesquisa de diabetes experimental e gerenciamento do risco sanitário hospitalar. Também monitora produtos de saúde nas áreas de Tecnovigilância, Hemovigilância, Saneantes e Farmacovigilância Hospitalar, com vistas à prevenção de riscos e sequelas à saúde dos pacientes e dos profissionais.

Medicina/Unesp qualifica César Spadella como professor titular

A Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) qualificou, dia 18 de março, Winston Bonetti Yoshida, como professor titular da instituição. O acadêmico, grad-uado em 1972 pela própria FMB, atualmente é vinculado ao Departamento de Cirurgia e Ortopedia.

O concurso para a obtenção do título foi realizado para a disciplina de “Clínica Cirúrgica I, II e III” e foi constituído de prova didática e argüição do memorial (ar-gumentação da carreira e produção científica). Em aula pratica, Yoshida discorreu sobre o tema “Doença Arterial Obstrutiva Periférica (DAOP), principal causa de morte no mundo ocidental. É caracterizada pelo depósito de gordura, cálcio e outros elementos na parede das artérias, trazendo um déficit sanguíneo aos tecidos irrigados pelas mesmas.

Foram integrantes da banca examinadora o professor emérito da FMB, Francisco Humberto de Abreu Maffei e Maria Aparecida Coelho de Arruda Henry, também docente da instituição. Também compuseram a mesa o professor titular da Universi-dade Federal de São Paulo (Unifesp), Emil Burihan, Carlos Eli Piccinato (da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto vinculado à USP- Universidade de São Paulo) e Sílvio Romero de Barros Marques, da Universidade Federal de Recife, em Pernambuco.

Winston Bonetti Yoshida possui graduação em Medicina, mestrado e dou-torado em bases gerais da cirurgia, todas pela Unesp- Universidade Estadual Paulista. É especialista em cirurgia vascular e endovascular, ateroscleose , isquemia/reperfusão e trombose venosa.

Winston Yoshida passa a ter nova titulação pela FMB

Integrante do corpo docente do Departamento de Anes-tesiologia Norma Sueli Pinheiro Módolo obteve, dia 18 de fevereiro, a qualificação de professora titular da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB). Profª Norma- que também é coordenadora do curso de graduação em Medicina da FMB- prestou o concurso na disciplina de Urgência e Emergências Cirúrgicas: Anestesiologia (Anestesiologia Clínica, Reanimação e Assistência Ventilatória, Terapia Antálgica e Cuidados Paliativos).

O processo para a obtenção do título consistiu na realização de prova didática e arguição do memorial (argumentação da carreira e produção científica). Em sua aula, a concorrente dis-correu sobre o tema “Proteção de Órgãos e Sistemas durante a anestesia: proteção renal”.

Compuseram a banca examinadora os professores titula-res José Reinaldo Cerqueira Braz e Yara Marcondes Machado, ambos da FMB; além de José Luiz Gomes do Amaral (da Uni-versidade Federal de São Paulo- Unifesp); José Otávio Costa Auler Júnior (Universidade de São Paulo-USP) e Luiz Fernando de Oliveira, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

Norma Sueli Pinheiro Módolo recebeu o título de Doutora em Bases Gerais da Cirurgia, em 1995. Exerce extensa atividade de ensino na graduação e pós-graduação; pesquisa e extensão. Orienta alunos de iniciação científica e de pós-graduação. Participa de Conselhos e Comissões no âmbito da Faculdade de Medicina e da Unesp. Exerceu a chefia do Departamento de Anestesiologia da FMB por três mandatos.

Em fevereiro, profª Norma Módolo também se tornou titular

qualiFicação

carreira

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março 2011

Emagrecer. Eis a questãoentrevista

Ao invés de suspensão haja mais supervisão da ANVISA para analisar quem preescreveesse medicamento

Vânia Nunes ao opinar sobre os medicamentos para emagrecer

O papel das Universidades frente às doenças negligenciadas - não basta saber é preciso fazer...população brasileira e do Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, é missão da RNPC, ser um per-sonagem no ciclo produtivo de insumos biotecnológicos voltados às necessidades do país, mais do que os orientados pelas indústrias farmacêuticas. A RNPC permite a realização de todas as fases de ensaios clínicos necessárias para a produção de novos fármacos nacionais, principalmente aqueles relacionados às doenças negli-genciadas.

É muito importante para a RNPC que a base científica nacio-nal promova o desenvolvimento da pesquisa baseado em elemen-tos que atendam a demanda dos problemas públicos, sem o quê, a pesquisa clínica perde sua capa-cidade de transferir os conheci-mentos da bancada do laboratório para o paciente (7).

A saúde pública, as doenças negligenciadas, as características das nossas populações, a bio-prospecção e o uso de insumos nacionais, o desenvolvimento de empresas locais, a formação e o fortalecimento de parcerias nacio-

nais público-públicas e público-privadas, o bom direcionamento dos fomentos públicos, dentre outros, devem ser os elementos norteadores dos interesses e da abordagem da Universidade na Pesquisa em Saúde.

Infelizmente, cabe dizer para as nossas Universidades: NÃO BASTA SABER, É PRECISO FAZER. Existem inúmeras pesquisas most-rando drogas alternativas para as doenças negligenciadas, mas elas continuam nos laboratórios de pesquisa e os pacientes con-tinuam morrendo sem uma per-spectiva de tratamento.

Também muita pesquisa é feita sem encontrar sua aplicabi-lidade no mundo real. A medicina acadêmica desenvolveu-se até agora, fundamentalmente, apoia-da na pesquisa básica e na pes-quisa clínica aplicada pela força da indústria. Até agora, vivemos o chamado “século da biologia”. A medicina do futuro impõe que possamos fazer a transferência dos conhecimentos atingidos até agora, para o benefício da população mundial, principal-

mente nas DTNs https://services.aamc.org/publications/showfile.cfm?f i le=vers ion58.pdf&prd_id=150&prv_id=176&pdf_id=58. É preciso mudar urgentemente este paradigma. Os cientistas e as universidades precisam FAZER, ou seja, produzir estas drogas disponibilizá-las dentro do sistema nacional de redes em doenças negligenciadas e contribuir com o governo na montagem de labo-ratórios pilotos de produção. O papel da universidade é romper com barreiras críticas levantadas há décadas dentro da ciência, enxergar a realidade nacional e mundial e sonhar com novas possibilidades. Se não FIZERMOS, mais trinta anos passarão e con-tinuaremos clamando por alter-nativas para as DTNs brasileiras, que matam anualmente milhões de pessoas, e a indústria farmacêu-tica internacional continuará im-portando insumos e vendendo a preços exorbitantes para os nossos hospitais sem atender às nossas necessidades básicas.

REFERÊNCIAS

1 - W A R R E L L A D. S n a k e b i te . Lance t , 2010 ;375 :77-8 8 . D O I : 1 0 . 1 0 1 6 / S 0 1 4 0 -6736(09)61754-2.

2-FERREIRA JUNIOR RS, NAS-CIMENTO N, COUTO R, ALVES JB, MEIRA DA, BARRAVIERA B. Laboratory evaluation of young ovines inoculated with natu-ral or 60Co-irradiated Crotalus durissus terrificus venom during hyperimmunization process. J Venom Anim Toxins incl Trop Dis. 2006;12(4):620-31.

3-LIMA ME, PIMENTA AMC, MARTIN-EAUCLAIRE MF, ZINGALI MB, ROCHAT H. Animal toxins: state o the art – perspectives in health and biotechnology. Edi-tora UFMG, Belo Horizonte, 2009, 750p. ISBN 978-85-7041-735-0.

4-LIMA ME, FORTES-DIAS CL, CARLINI CR, GUIMARÃES JA. Toxinology in Brazil: A big challenge for a rich biodiversity. Toxicon, 2010 doi:10.1016/j.toxi-con.2010.05.005

5-BARROS LC , FERRE IRA RS, BARRAVIERA SRCS, STOLF HO, THOMAZINI-SANTOS IA ,

MENDES-GIANNINI MJS, TOSCA-NO E, BARRAVIERA B. A new fibrin sealant from Crotalus durissus terrificus venom: Applications in medicine. J Toxicol Environmental Health, Part B, 2009;12(8):553-71.

6-THOMAZINI-SANTOS IA , BARRAVIERA SRCS, MENDES-GI-ANNINI MJS, BARRAVIERA B. Surgi-cal adhesives. J Venom Anim Toxins incl Trop Dis. 2001;7(2):159-71.

7-MINISTÉRIO DA SAÚDE. Rede Nacional de Pesquisa Clínica do Brasil: respostas e redução da dependência estrangeira. Rev Saude Pública. 2010; 44(3):575-8.

Carlos Antonio Caramori – Pro-fessor Doutor de Gastroenterolo-gia da UNESP e Coordenador da UPECLIN – Unidade de Pesquisa Clínica do HCFMB pertencente à RNPC do Ministério da Saúde – Brasil.

Benedito Barraviera – Professor Titular de Infectologia da UNESP, Diretor do CEVAP e Presidente da Associação Brasileira de Editores Científicos – ABEC.

soBre os autores

Quando a briga com a balança parece interminável, não é difícil procurar soluções diversas para se combater a obesidade. Entre academia e quase uma centena de dietas ‘milagrosas’ que surgem a cada semana nas capas de revistas ou em programas de televisão, a guerra contra os quilos extras se torna cada vez mais uma obsessão.

No Brasil, 40% da população está acima do peso. Estudo recente realizado pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia revelou que 15% das crianças brasileiras são obesas. Má alimentação, sedentarismo e fatores genéticos fazem com que esse percentual cresça anualmente.

No entanto, quando a obesidade se torna problema grave e de difícil solução, o acompanhamento médico e de profissionais da área se torna ne-cessário. Além de todo esse esforço, a ciência ainda estuda e propicia medica-mentos que regulam a fome e a saciedade. Esses remédios são usados apenas em casos selecionados, quando as soluções anteriores surtem pouco efeito.

Os remédios para emagrecer, como são conhecidos, mais vendidos em todo o mundo são a sibutramina- que promove saciedade, fazendo com que a pessoa coma menos, apesar de não tirar o apetite; e o orlistat, que age no intestino, diminuindo a absorção de gordura. Segundo recentes pesquisas da SCOUT (Sibutramine Cardiovascular Outcomes), provou que a sibutramina aumenta em 16% o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares em pacientes que a tomam. A constatação fez com que a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), adotasse medidas para controlar e até proibir a venda de medicamentos para emagrecer, o que tem gerado polêmica dentro da classe médica.

Diante desse cenário, a venda de sibutramina apresenta novas regras e desde março ocorre com apresentação de receita azul B2. Também mudou de classificação, passando de tarja vermelha para preta (que pode ocasionar dependência do produto).

Para a professora do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB), Vânia dos Santos Nunes, o assunto tem sido amplamente debatido e pode proporcionar controle maior para impedir a venda indiscriminada desses produtos. Em entrevista ao Jornal da FMB, a médica, especializada em endocrinologia, ressalta que é fundamental maior supervisão da ANVISA para analisar ‘quem está prescrevendo o medicamento e para quais pacientes’.

Conceitualmente, no que consistem esses medica-mentos para emagrecer e por que eles são importantes no combate à obesidade?Os medicamentos anti-obesidade resumidamente se dividem em dois grandes grupos; o primeiro são os moduladores do apetite que agem aumentando a saciedade e/ou inibindo o apetite, o segundo compreendem os redutores da absorção de gordura no intestino. Para os pacientes obesos que não emagreceram com a mudança no estilo de vida e que não apresentam contra indicação para o uso dos mesmos, esses medica-mentos auxiliam na perda de peso e com isto contribuem em reduzir as complicações crônicas relacionadas à obesidade destacando-se as doenças cardiovasculares, Diabetes Mellitus tipo 2, apnéia do sono, doenças articulares e a alta mortalidade são exemplos. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) deve apresentar proposta que visa à proibição da venda desses produtos. Por que esse assunto tem sido amplamente debatido? Qual sua opinião, como médica, quanto a essa situação?Esse assunto tem sido muito debatido entre médicos e ANVISA porque principalmente em relação à sibutramina não há prova cientifica concreta de que o uso desse medica-

mento para pacientes obesos e sem as contra - indicações do mesmo têm mais malefícios do que benefícios; argumento pronunciado pela equipe da ANVISA. O estudo que deu origem a sua proibição nos EUA e Europa (SCOUT) tinha como sujeitos indivíduos que já apresentavam doenças cardiovasculares, o que já era uma contra indicação prévia desse fármaco. Não sou a favor da sua proibição no Brasil, mas também não concordo com o seu uso indiscriminado. Por isso, a minha sugestão é que ao invés de suspensão haja mais supervisão da ANVISA para analisar quem está prescrevendo esse medicamento e para quais pacientes.

Essa possível proibição pode causar impac-tos de que tipo aos pacientes no tratamento da obesidade?Os pacientes cuja perda de peso não tenha sido suficiente com as mudanças no estilo de vida vão perder a oportunidade de serem beneficia-dos com um medicamento que quando bem usado e supervisionado pelo médico que o prescreveu auxiliará no emagrecimento e com isto diminuirá a chance das complicações associadas à obesidade. Efetivamente quais os efeitos comprovados, sendo prós e contras ao paciente, desse tipo de medicamento? Os moduladores do apetite podem aumentar os níveis da pressão arterial, bem como causar palpitações, insônia, boca seca, constipação intestinal, cefaléia e principalmente em relação aos catecolaminérgicos (anfepramona, femproporex e mazindol) podem causar dependência. Já o inibidor da absorção de gordura no intestino (orlistate) o efeito colateral mais esperado é a diarreia. Quais pacientes podem se utilizar desses emagrecedores e como evitar que esses medicamentos tenham a venda e uso indiscriminado?Pacientes cuja perda de peso tenha sido insatisfatória com o tratamento não farmacológico e apresentem um índice de massa corpórea maior ou igual a 30 kg/m2, ou sobrepeso, índice de massa cor-pórea superior a 25 kg/m2, associado a alguma complicação devido à obesidade, obviamente respeitando-se as contra indicações desses medicamentos nestas duas situações. A medida da circunferência abdominal também tem sido utilizada (maior ou igual a 102 para homens e 88 nas mulheres). Algumas medidas já foram realizadas para evitar o uso indiscriminado desses medica-mentos como, por exemplo, a criação do receituário azul B2 destinado apenas para medicamentos anti-obesidade. No entanto, acredito que precisa de mais fiscalização de quem prescreve e de quem a vende, principalmente nas farmácias de manipulação.

Remédios tidos como fitoterápicos teriam eficácia na substituição desses emagrecedores? Os remédios fitoterápicos não possuem comprovação cientifica de benefícios ou ate malefícios no emagre-cimento. Por isso não devem ser usados no tratamento da obesidade.

Há alternativas saudáveis para o combate à obesidade?Sim, por meio de uma alimentação equilibrada, fracionada, rica em fibras, dando prioridades aos carboidratos integrais, evitando frituras e carnes com alto teor de gordura. Isso associado à realização de exercícios físicos regularmente e mudança comportamental, por exemplo, não comprar no supermercado produtos “proibi-dos” e que sabidamente a pessoa irá comer se ele estiver em casa. O tratamento para a obesidade que não incluir estes itens será ineficaz.

Vânia dos Santos Nunes é professora do Departamento

de Clínica Médica da FMB/Unesp

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março 2011

10 geral

antimicroBianos são Fármacos que

têm a caPacidade de iniBir o crescimento

de microorganismos

InternacIonal

Professores da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB) e médicos integrantes das turmas pioneiras da antiga FCMBB (Faculdade de Ciências Médicas e Biológi-cas de Botucatu) recepcionaram, dia 17 de março, os calouros de 2011 do curso de graduação em Medicina da instituição.

A recepção ocorreu durante aula da disciplina de Introdução à Medicina, coordenada pelo professor do Departamento de Cirurgia e Ortopedia, Aristides Palhares. O evento contou com apoio do Núcleo Pedagógico (NAP) da FMB, através da pedagoga Elisabet Bemfato Dezan. Durante a manhã, os pioneiros relataram vivências, casos e contaram detalhes da fundação e consolidação univer-sitária em Botucatu, como a Operação Andarilho- mobi-lização ocorrida em meados da década de 1960 e que pedia melhorias na qualidade de estrutura da faculdade.

Também acompanharam a exibição de um filme com a história da construção da antiga FCMBB. Estiveram pre-sentes os professores eméritos Dinah Borges de Almeida, Joel Spadaro, além de docentes e médicos formados pela FCMBB como Waldemar Pereira de Pinho, Luana Caran-dina, Terezinha Vannucchi, Pedro Dimitrov, Sérgio Marum e Sebastião Camargo Schmidt Filho, que inclusive deram depoimentos ao vídeo.

Professora emérita da FMB, Dinah Borges de Almeida ressaltou a importância do ingresso dos estudantes à nova vida acadêmica. Para ela, esse é o momento oportuno para que os novos jovens tenham o comprometimento junto à sociedade. “Vocês, alunos, precisam novamente ter a motivação de transformar a medicina”, aconselhou a docente aos calouros.

Segundo prof. Palhares, a iniciativa tem a intenção de discutir aspectos sobre o que representa a medicina no

contexto acadêmico e assistencial, além de discutir o que é ser médico dentro da sociedade atual. “Esse é o momento em que damos uma visão mais abrangente do que a nova escola deles representa. Foi a primeira vez que reunimos pessoas que fizeram parte de mobilizações da criação e consolidação da então FCMBB”, ressaltou.

Durante o mês de março, a Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) recebeu a visita da professora Dra Ethel Cesarman, da Universidade Cornell – Nova Iorque. Ela ministrou uma disciplina no Programa de Pós-Graduação em Patologia e realizou atividades de interação com o Grupo de Estudos em Carcinogênese Viral e Biologia dos Cânceres da FMB, com objetivo de trocar experiências e colaborar com projetos locais.

Dra. Cesarman é médica patologista e referência internacional na pesquisa de vírus associados a cânceres, principalmente her-pesvírus humanos. É uma das descobridoras do vírus associado ao sarcoma de Kaposi (KSHV ou HHV-8), que é estudado na Facul-dade de Medicina de Botucatu. Semelhante ao vírus da catapora, ele se configura como uma ameaça para os portadores de HIV, pois

Professora da Universidade Cornell ministra palestras e disciplina de Pós

Entre os dias 21 e 23 de março, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (HCFMB), através de sua Comissão de Controle de Infecção Relacionada a Assistência à Saúde (CCIRAS), promoveu seu 1º Simpósio de Terapia Antimicrobiana, voltado ao corpo clínico, médicos resi-dentes e estudantes de graduação em medicina.

Através de palestras, especialistas na área médica tiveram a oportunidade de atualizarem conhecimentos sobre a correta indicação e utilização de medi-camentos em ambientes hospitalares.

Entre os assuntos abordados no primeiro dia de evento, especialistas da FMB centraram as discussões na combinação de antibióticos: mitos e evidências, escolha de antibióticos para minimizar a resistência; otim-izando a potência dos antibióticos para melhores resultados.

No dia 22 foram temas das palestras: o ajuste de dose dos antibióticos: obe-sidade e insuficiência renal; antibióticos para o paciente crítico e para o paciente cirúrgico. Já na última noite do evento todos os tópicos abran-gem a utilização desse tipo de remédio em pes-soas imunossuprimidas e em situações graves e neutropênicos (as que apresentam queda das células da defesa do organismo). Ao final, a abordagem foi quanto o manejo de eventos adversos relacionados a antimicrobianos.

Os palestrantes do simpósio foram os es-pecialistas Carlos Mag-no Fortaleza, Daniela Ponce, Ricardo Augusto Monteiro de Barros Al-meida, Ricardo de Sou-za Cavalcanti e Sandra Mara Queiroz Ricchetti.

“O objetivo é asse-gurar a melhoria no uso de antimicrobianos dentro das enfermarias

Capacitação quanto à prescrição de antibióticos

Médicos e Residentes

e também de forma geral pelo profis-sional que o irá indicar. Com essa correta aplicação dos medicamentos reduz a mortalidade e a incidência de bacté-rias resistentes”, explica professor Carlos Magno Fortaleza, presidente da CCIRAS.

Antimicrobianos são fármacos que têm a capacidade de inibir o crescimento de microorganismos como bactérias, fungos, vírus ou protozoários. Esse tipo de droga é indicado, portanto, apenas para o tratamento de infecções micro-bianas sensíveis.

pode causar câncer e geralmente atinge peles e mucosas.

A professora visitante também minis-trou duas palestras públicas (ambas no Anfiteatro da Patologia, na FMB), são elas:

No dia 23 de fevereiro, a especialista discorreu, durante duas horas a palestra - “Human gammaherpesvirus in the patho-genesis of lymphoproliferative diseases” (Herpesvírus humanos na patogênese de doenças linfoproliferativas);

No último dia da visita da professora norte-americana, no dia 4 de março, das 8h30 às 10 horas, a produtividade, recursos e financiamento para pesquisa nos Estados Unidos foi a temática da palestra “Productivity, resources and fi-nancial support for biomedical sciences research in USA”.

Professora Ethel Cesarman realizou disciplina de pós-graduação na área de patologia. A acadêmica norte-americana também aproveitou para conhecer pesquisas realizadas pela FMB

Pioneiros recepcionam calouros e relatam vivências

Professora emérita da FMB, Dinah Borges de Almeida, relatou um pouco da histórica criação da então FCMBB

Prof. Carlos Magno Fortaleza fez considerações sobre uso correto de antimicrobianos

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março 2011

alunos e extensão

aulas contam com material didático

aPostilado e tamBém de todo aPoio em

multimídia e reForço

Com mais de 50 aprovações, curso pré-vestibular da Medicina inicia aulas

FOTO ARQUIVO PESSOAL

A Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) reforçará o time de instituições que, em parceria, desenvolvem atividades de prevenção à violência e uso de álcool e drogas em escolas públicas da cidade. Juntamente com a Polícia Militar (PM), as ligas acadêmicas de Saúde Sexual e Reprodutiva, Pediatria e Saúde Mental coordenarão aulas extra-curriculares aos alunos do ensino fundamental.

A PM já desenvolve iniciativas desse tipo através do Proerd (Programa Educacional de Re-sistência às Drogas e à Violên-cia) e JCC (Jovens Construindo a Cidadania) e a FMB passará a integrar o projeto ao dissemi-nar informações sobre: distúr-bios alimentares, uso de drogas, saúde sexual, prevenção de doenças sexualmente transmis-síveis, gravidez na adolescência, homossexualidade, entre outros temas. Os trabalhos, com par-ticipação das ligas da FMB, terão início, por enquanto, nas escolas municipais Prof. Jonas Alves de Araújo e Américo Virgínio dos Santos.

Dia 1º de março, foi real-izada uma cerimônia para que as diretoras das escolas par-ticipantes dos projetos com a PM e agora a FMB assinassem um protocolo de intenções. O secretário de Educação de Botucatu, professor Narcizo Minetto Júnior ; a dirigente regional de Ensino, Maria Re-gina Bergamasco e o major PM Jorge Duarte Miguel, sub-co-mandante do 12º Batalhão da PM, participaram do evento.

Lívia Amorim e Lívia Men-donça Ferreira, presidente e vice, respectivamente, da Liga de Saúde Sexual e Reprodu-tiva (SASERE) da FMB, garantem esperar que a parceria com as escolas de Botucatu cresça fu-turamente. “É nossa intenção, também, conversar com os pais dos alunos para que possamos orientá-los também. Mas, pri-meiro, queremos conhecer os alunos, identificar seus anseios e saber o que esperam das aulas”, explica Lívia Mendonça.

Segundo Lívia Amorim, existe também a proposta de levar os alunos até a FMB como uma parte prática das aulas, previstas para começarem em abril. “Por enquanto estamos nos prepa-rando para ministrar essas aulas”, diz a presidente da Liga SASERE – cujos alunos já desenvolvem aulas de educação sexual na Es-cola Estadual Dom Lúcio Antunes de Souza.

Criado no ano 2000, o Cursinho Desafio, projeto man-tido por alunos da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB),projeto tem obtido êxito em sua proposta de inclusão social e aprovação nos vestibulares em diversas faculdades e universidades públicas como Fatec, Unicamp, USP e a própria Unesp. No vestibular para o primeiro semestre de 2011, cerca de 50 alunos obtiveram aprovação nessas instituições.

Para manter o bom desempenho, o projeto iniciou na noite de 28 de fevereiro, as atividades do ano letivo de 2011 em seu sistema de ensino extensivo. Ao todo 140 novos alunos participaram da recepção que incluiu apresentação de vídeo, informações sobre o curso e atividades de integração.

As aulas, que ocorrem na Escola Angelino de Oliveira, em Botucatu, vão até o final do ano no sistema extensivo e contam com auxílio de material didático apostilado, projetores multi-mídias, biblioteca e computadores com acesso à internet para pesquisas. Visitas temáticas culturais e simulados periódicos tam-bém fazem parte da programação didática. Um dos diferenciais

é que não há cobrança de mensalidade.

No primeiro dia de aula, além de conhe-cerem as regras do curso e conteúdo pro-gramático, os novos estudantes participa-ram de atividades de integração realizadas pelo projeto “Médicos

da Alegria”, também mantido por alunos da Medicina/Unesp.Recém-saída do Ensino Médio, Fernanda Pires, 18, realiza

a preparação para o vestibular pela primeira vez e já conhecia o Cursinho Desafio. Citou como motivos para a escolha a gra-tuidade das aulas, o material didático e os recentes números de aprovação em faculdades e universidades públicas. Para ela, alguns fatores são essenciais para que a concorrência de ingresso no projeto também cresça a cada ano. “São pessoas com nossa idade, em média, e que têm experiência com ves-tibulares e isso proporciona melhor dinâmica nas matérias”, explicou a estudante que pretende cursar música pela Unesp.

Com objetivo de prestar zootecnia no final do ano, Paloma Oliveira, 18, já realizou a preparação pré-vestibular em cursos oferecidos pela Unesp. É a primeira vez, no entanto, que par-ticipa do Cursinho Desafio. A expectativa é que a estrutura oferecida e o acompanhamento em plantões de dúvidas e oficinas de redação possam favorecer o aprendizado. “Ter es-sas opções durante o curso favorece a preparação e melhora o desempenho de quem vai prestar um vestibular”, ressaltou.

Ligas acadêmicas vão dar aulas em escolas públicas

Paloma Oliveira e Fernanda

Pires farão pela primeira vez a

preparação ao vestibular

através do cursinho

Comunidade

Na busca por maior contato com estudantes, o Centro Acadêmico Pirajá da Silva (CAPS), entidade representativa do corpo discente do curso de Medicina da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) disponibiliza, desde o início de fevereiro, seu novo website.Através do espaço, o órgão pretende estimular a interação entre todos os alunos da FMB, por meio de notícias sobre as atividades desenvolvidas pelo CAPS. Também há a conexão do site com diversas redes sociais como o Twitter, Orkut e serviços de notícias instantâneas pela internet, as chamadas RSS. Outra utilidade é a disponibilidade da agenda de eventos e cursos realizados pelo CAPS, Faculdade de Medicina e também as ligas acadêmicas de ensino. Está disponível todo o histórico e informações sobre reuniões. Além de produtos temáticos da faculdade que são comercializados pela entidade.O site do CAPS pode ser acessado através do endereço: www.capsunesp.com

Novo site para informar e aproximar

alunos

Primeiro, queremos conhecer os alunos, identificar seus anseios e saber o que esperam das aulas

Lívia Mendonça sobre como o projeto deve ter início

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março 2011

12 Pesquisas e inovações

FeliPe modeneseEspEcial para o Jornal da FMB

FOTOS FLÁVIO FOGUERAL

Pesquisadores em otorrino e Fonoaudiologia da FmB comPletam estudo ePidemiológico inédito soBre distúrBios vocais em crianças

Compreendendo a voz infantil

Pelas frestas das conversas emerge um murmúrio vivo, um quase lamento de vento que assovia pelas brechas da espera. Está em andamento o Ambulatório de Distúrbios da Voz da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp. Nos rostos, as impressões da vida humana: seriedade, apreensão, alegria, tolerância, resistência, cansaço, confiança.

Foi dessa miríade de histórias de vida e atendimentos que ganhou forma a pesquisa de doutorado da fonoaudióloga Eliane Lara Mendes Tavares, orientada pela professora Regina Helena Garcia Martins, do Depar-tamento de Oftalmologia, Otorrinolarin-gologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da FMB. Dentre os pacientes atendidos, alguns professores (veja quadro “Saúde vocal dos professores”) apontavam problemas de voz em seus alunos. A tese foi defendida no final de fevereiro de 2011 e os resultados do trabalho sobre distúrbios da voz infantil já estão se tornando uma referência mundial sobre o tema. Isso porque não é nada fácil especificar os problemas vocais (chamados disfonias) em cerca de 2000 crianças.

Praticamente, um em cada dez garotos e garotas na faixa entre quatro e 12 anos apresenta alguma alteração na qualidade da voz, grosso modo denominada rouquidão (percentual exato encontrado de 11,4%).

Estudos anteriores apontam ampla vari-ação da incidência do problema (4% a 33%). Além disso, Elaine Tavares explica que os estudos mais significativos são discrepantes e incompletos quanto às metodologias de avaliação vocal. A busca foi, então, por re-sultados válidos para a população brasileira, obtidos com instrumentos consagrados, e com caráter epidemiológico confiável. Atualmente, na literatura, não há trabalho tão completo, segundo as pesquisadoras.

O passo inicial para “indicar o índice de prevalência da disfonia na população infantil” (o objetivo acadêmico da pesquisa) foi consultar o estatístico para definir o ta-manho respresentativo e a distribuição da amostra das crianças escolares da cidade de Botucatu. Cerca de 2700 questionários sobre os hábitos vocais foram enviados aos pais das crianças de escolas publicas e privadas.

Em torno de 2000 crianças, cujos pais responderam o levantamento inicial, pas-saram pelos exames específicos da saúde da voz. O primeiro deles corresponde à análise acústica da voz. Através de um programa computacional, são obtidas as peculiaridades da informação sonora emi-tida ao vocalizar as vogais A, E e I de forma

prolongada. Tempo de emissão, frequências, intensidade e variações são parâmetros que definem a qualidade da voz, em comparação com valores normais.

A fonoaudióloga gravou as vocalizações nas escolas e realizou também a avaliação perceptivo-auditiva. Nessa etapa, as vozes infantis são ouvidas por três profissionais treinadas para identificar níveis de: rouquidão, rugosidade, soprosidade, fraqueza, tensão e instabilidade. Com base nos valores atribuí-dos a estes componentes, chega-se ao nível percebido de alteração da voz.

Desta incessante rotina de avaliação, as pesquisadoras puderam identificar as crian-ças com problemas na voz (cerca de 230). Essas foram convocadas para se descobrir exatamente os motivos médicos das disfonias através de exame completo de otorrinolar-ingologia, incluindo a avaliação em tempo real, via imagens coletadas por fibras ópticas (exame chamado teloscopia), da integridade das pregas vocais e do funcionamento do aparelho fonador.

Segundo Dra. Regina Martins, os prob-lemas vocais se instalam progressivamente, pelo uso inadequado e abuso da voz. “Assim, toda criança rouca precisa ser avaliada”, con-sidera. Tal ocorrência gradativa e silenciosa pode ajudar a justificar a discrepância entre a percepção dos pais sobre a voz dos filhos (via questionário, 6% deles indicaram alterações)

e os resultados dos exames realizados por profissionais (que apontaram alterações vocais em 11% das crianças). Dado o caráter crônico dos problemas, os pais não per-cebem a progressão das disfonias em casa. Surge, assim, a necessidade de educação e conscientização para o uso, percepção da voz e suas alterações. Diversos tipos de lesões da laringe foram encontrados nas crianças com disfonias, destacando-se espessamentos, nódulos (mais frequentes) e cistos, todos nas pregas vocais. Para esses meninos e meninas foi garantido o tratamento fonoaudiológico e cirúrgico.

As pesquisadoras lembram que as alterações foram descobertas de maneira aleatória, e, possivelmente, não seriam iden-tificadas e tratadas de outra forma. “A in-cidência de rouquidão é relativamente alta e pretendemos que a pesquisa sensibilize as autoridades para acionar estratégias de promoção da saúde vocal das crianças”, avalia a médica.

A pesquisa de Elaine, orientada pela Dra. Regina, foi premiada, em 2010, pela ABORL-CCF (Associação Brasileira de Otor-rinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial) através de uma bolsa e garantia de pub-licação dos resultados. A banca da defesa de tese salientou a relevância do estudo e a confiança na definição de novos marcos para a disfonia infantil.

Apesar de estarmos sempre vocalizando, poucos de nós conhecem os detalhes e a maravilha de como emitimos sons que significam algo e permitem a comunicação. A voz carrega sutilezas culturais, emocionais e anatômicas, com-pondo um fenômeno altamente complexo e um elemento importante da identidade humana.

O ar deixa os pulmões, sobe pela traquéia e, na laringe, encontra um arcabouço cartilaginoso preciso e sensível. As pregas vocais são dois feixes de fibras musculares que, inconscientemente, se movimentam orquestradas pelo sistema nervoso e se aproximam quando emitimos sons. A passagem do ar por tais pregas (popularmente conhecida como “cordas”) vocais provoca suas vibrações com diferentes frequências em função da tensão: quanto mais estiradas as pregas, mais agudo o som; e quanto mais relaxadas, como ao acordarmos, mais grave a voz.

Depois de movimentar as pregas, as ondas sonoras se amplificam e ganham outras quali-dades na cavidade ressonante formada por laringe, boca e fossas nasais. Tal dinâmica se dá de maneira única em função dos tamanhos e formatos desse instrumento fonador. O resultado é uma voz única, algo tão exclusivo de um ser humano como sua impressão digital.

Dra. Regina Martins, da Faculdade de Medicina de Botucatu, explica que quando os sons são intensos e usados prolongadamente, as pregas vocais se atritam e colidem excessivamente. A sobrecarga leva a reações no tecido e ao desenvolvimento de lesões como calos, espessa-mentos, nódulos e cistos, que dificultam o fechamento das pregas, resultando na alteração da voz ou rouquidão.

As pesquisadoras salientam a importância da educação vocal continuada e uma das ini-ciativas é a promoção do Dia Nacional da Voz. O evento é realizado há 13 anos e promovido pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia, Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia e de Laringologia e Voz. Neste ano, na cidade de Botucatu, o evento acontecerá no dia 12 de abril, a partir das 8h, no Centro Saúde Escola, e tem por finalidade conscientizar a população sobre a importância de cuidar da voz e da realização dos exames médicos em caso de qualquer alteração. Um chamado especial é para as pessoas fumantes e aqueles com rouquidão persistente por mais de 15 dias (o que pode ser sinal de câncer de laringe).

a voz e seu dia nacional

“Estou perdendo a voz”. Esta é uma queixa freqüente de professores que procuram o Ambulatório de Distúrbios da Voz da FMB. E tal realidade motivou Elaine Tavares e a Dra. Regina Martins a estudarem os problemas vocais nesses profissionais, como projeto de mestrado da fonoaudióloga.

A pesquisa, realizada em 2007, revelou que a metade (cerca de 50%) dos professores avaliados (cerca de 150) tem distúrbios da voz. Além disso, mesmo no grupo daqueles que não se queixaram, existem algumas alterações mínimas, mas que podem progredir... Tal quadro indica, mais uma vez, a falta de percepção e preocupação com o assunto. As pesquisadoras explicam que, no caso dos professores (e de outros “profissionais da voz”), as pregas vocais entram em colisão com grande esforço e por longos períodos. Isso porque, de modo geral, a carga horária é elevada, as turmas são grandes e as condições acústicas não são adequadas. A sobrecarga fonatória leva à chamada disfonia funcional e, caso persista o esforço, dá origem às lesões típicas na laringe. Essas exigem maior esforço para falar, compondo um ciclo vicioso perverso.

A voz e seu uso adequado são instrumentos de trabalho fundamentais da prática educacional (de forma ainda mais dominante na educação infantil). O tema não deveria, portanto, estar fora da pauta das secretarias e delegacias de ensino e do currículo de formação dos professores, considera Elaine.

Dada a complexidade do assunto, os estudos sobre os distúrbios da voz continuam. Atualmente, está em andamento a pesquisa de Eny Neves, aluna de pós-gradução, cujo objetivo é identificar os fatores de risco dos professores com sintomas vocais, assim como a acuidade auditiva e as alterações laríngeas. Os docentes brasileiros ainda não contam com a aprovação do projeto de lei para a inclusão dos distúrbios da voz como doença ocupacional (de acordo com as proposições do Consenso Nacional de Voz Profissional) nem com a validação do Programa Nacional da Voz do Professor. Esse prevê a realização do exame da laringe na admissão e o tratamento garantido em caso de alteração pela sobrecarga. Ao lado de medidas para identificar e tratar os danos vocais, as pesquisadoras consideram importantes as iniciativas para a prevenção. Como, por exemplo, a distribuição das cartilhas com orientações sobre o uso da voz (hábitos para manter a saúde vocal, como evitar o início brusco das palavras ao falar, a manutenção da umidade e alimentos que devem ser evitados), exercícios de aquecimento da voz, as propostas de uso de microfone de lapela e planejamento adequado da acústica das salas.

saúde vocal dos ProFessores