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FECHAMENTO AUTORIZADO PODE SER ABERTO PELA ECT A Serviço das Comunidades Impresso Especial 9912259129/2005-DR/MG CORREIOS MITRA JORNAL DA DIOCESE DE GUAXUPÉ | ANO XXXII - 323 | OUTUBRO DE 2016 APELO A FAVOR DA PAZ H omens e mulheres de diferentes religiões, congregamo-nos, como peregrinos, na cidade de São Francisco. Aqui em 1986, há trinta anos, a convite do Papa João Paulo II, reuniram-se Representantes religiosos de todo o mundo, pela primeira vez de modo tão participado e solene, para afirmar o vínculo indivisível entre o grande bem da paz e uma autêntica atitude religiosa. Daquele evento histórico, teve início uma longa peregrinação que, tocando muitas cidades do mundo, envolveu inúmeros crentes no diálogo e na oração pela paz; uniu sem confundir, gerando amizades inter- religiosas sólidas e contribuindo para extinguir não poucos conflitos. Este é o espírito que nos anima: realizar o encontro no diálogo, opor-se a todas as formas de violência e abuso da religião para justificar a guerra e o terrorismo. E todavia, nos anos intercorridos, ainda muitos povos foram dolorosamente feridos pela guerra. Nem sempre se compreendeu que a guerra piora o mundo, deixando um legado de sofrimentos e ódios. Com a guerra, todos ficam a perder, incluindo os vencedores. Dirigimos a nossa oração a Deus, para que dê a paz ao mundo. Reconhecemos a necessidade de rezar constantemente pela paz, porque a oração protege o mundo e ilumina-o. A paz é o nome de Deus. Quem invoca o nome de Deus para justificar o terrorismo, a violência e a guerra, não caminha pela estrada d’Ele: a guerra em nome da religião torna-se uma guerra contra a própria religião. Por isso, com firme convicção, reiteramos que a violência e o terrorismo se opõem ao verdadeiro espírito religioso. Colocamo-nos à escuta da voz dos pobres, das crianças, das gerações jovens, das mulheres e de tantos irmãos e irmãs que sofrem por causa da guerra; com eles, bradamos: Não à guerra! Não caia no vazio o grito de dor de tantos inocentes. Imploramos aos Responsáveis das nações que sejam desativados os moventes das guerras: a ambição de poder e dinheiro, a ganância de quem trafica armas, os interesses de parte, as vinganças pelo passado. Cresça o esforço concreto por remover as causas subjacentes aos conflitos: as situações de pobreza, injustiça e desigualdade, a exploração e o desprezo da vida humana. Abra-se, finalmente, um tempo novo, em que o mundo globalizado se torne uma família de povos. Implemente-se a responsabilidade de construir uma paz verdadeira, que esteja atenta às necessidades autênticas das pessoas e dos povos, que impeça os conflitos através da colaboração, que vença os ódios e supere as barreiras por meio do encontro e do diálogo. Nada se perde, ao praticar efetivamente o diálogo. Nada é impossível, se nos dirigimos a Deus na oração. Todos podem ser artesãos de paz; a partir de Assis, renovamos com convicção o nosso compromisso de o sermos, com a ajuda de Deus, juntamente com todos os homens e mulheres de boa vontade. Papa Francisco 20/09/2016

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A Serviço das Comunidades

ImpressoEspecial

9912259129/2005-DR/MG

CORREIOSMITRA

JORNAL DA DIOCESE DE GUAXUPÉ | ANO XXXII - 323 | OUTUBRO DE 2016

APELO A FAVOR DA PAZ

Homens e mulheres de diferentes religiões, congregamo-nos, como peregrinos, na cidade de São Francisco. Aqui em 1986, há trinta anos, a convite do Papa João Paulo

II, reuniram-se Representantes religiosos de todo o mundo, pela primeira vez de modo tão participado e solene, para afirmar o vínculo indivisível entre o grande bem da paz e uma autêntica atitude religiosa. Daquele evento histórico, teve início uma longa peregrinação que, tocando muitas cidades do mundo, envolveu inúmeros crentes no diálogo e na oração pela paz; uniu sem confundir, gerando amizades inter-religiosas sólidas e contribuindo para extinguir não poucos conflitos. Este é o espírito que nos anima: realizar o encontro no diálogo, opor-se a todas as formas de violência e abuso da religião para justificar a guerra e o terrorismo. E todavia, nos anos intercorridos, ainda muitos povos foram dolorosamente feridos pela guerra. Nem sempre se compreendeu que a guerra piora o mundo, deixando um legado de sofrimentos e ódios. Com a guerra, todos ficam a perder, incluindo os vencedores.

Dirigimos a nossa oração a Deus, para que dê a paz ao mundo. Reconhecemos a necessidade de rezar constantemente pela paz, porque a oração protege o mundo e ilumina-o. A paz é o nome de Deus. Quem invoca o nome de Deus para justificar o terrorismo, a violência e a guerra, não caminha pela estrada d’Ele: a guerra em nome da religião torna-se uma guerra contra a própria religião.

Por isso, com firme convicção, reiteramos que a violência e o terrorismo se opõem ao verdadeiro espírito religioso.

Colocamo-nos à escuta da voz dos pobres, das crianças, das gerações jovens, das mulheres e de tantos irmãos e irmãs que

sofrem por causa da guerra; com eles, bradamos: Não à guerra! Não caia no vazio o grito de dor de

tantos inocentes. Imploramos aos Responsáveis das nações que sejam desativados os moventes das guerras: a ambição de poder e dinheiro, a ganância de quem trafica armas, os interesses de parte, as vinganças pelo passado. Cresça o esforço concreto por remover as causas subjacentes aos conflitos: as situações de pobreza, injustiça e desigualdade, a exploração e o desprezo da vida humana.

Abra-se, finalmente, um tempo novo, em que o mundo globalizado se torne uma família

de povos. Implemente-se a responsabilidade de construir uma paz verdadeira, que esteja

atenta às necessidades autênticas das pessoas e dos povos, que impeça os conflitos através da colaboração, que vença os ódios e supere as barreiras por meio do encontro e do diálogo. Nada se perde, ao praticar efetivamente o diálogo. Nada é impossível, se nos dirigimos a Deus na oração. Todos podem ser artesãos de paz; a partir de Assis, renovamos com convicção o nosso compromisso de o sermos, com a ajuda de Deus, juntamente com todos os homens e mulheres de boa vontade.

Papa Francisco20/09/2016

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Dom José Lanza Neto

2 Jornal Comunhão - A Serviço das Comunidades

Editorial

A Voz do Pastor

Jornalista responsável ALEXANDRE ANTONIO DE OLIVEIRA - MTB: MG 14.265 JPProjeto grá�co e editoração BANANA, CANELA E DESIGN - bananacanelaedesign.com.br (35) 3713-6160ImpressãoGRÁFICA SÃO SEBASTIÃOTiragem3.950 EXEMPLARES

ExpedienteDiretor geralDOM JOSÉ LANZA NETO EditorSÉRGIO BERNARDES - MTB - MG14.808Equipe responsávelJANE MARTINS e JULIANNE BATISTARevisãoJANE MARTINS

RedaçãoRua Francisco Ribeiro do Vale, 242 – Centro CEP: 37.800-000 – Guaxupé (MG)Telefone(35) 3551.1013E-mail [email protected] Artigos assinados não representam necessariamente a opinião do Jornal.Uma Publicação da Diocese de Guaxupéwww.guaxupe.org.br

Pensar a paróquia missionária é um desafio que exige, acima de tudo, conversão e coragem de come-çar tudo de novo. Esse começar sig-nifica colocar em chave missionária toda ação evangelizadora, desde os pequenos gestos, como atender uma pessoa, até as grandes atividades e todo o planejamento paroquial.

Conversão significa estudo, co-nhecimento, debruçar-se sobretudo nos documentos magisteriais refe-rentes à missão. A Igreja sempre in-sistiu neste jeito de ser, mas nesses últimos anos reforçou expressões profundas e, ao mesmo tempo, prá-ticas favoráveis na forma de evan-gelizar e de dizer de si mesma e do Reino.

Dessa forma, surge uma espiri-tualidade e uma mística diferencia-da, isto é, encarnada na realidade.

Quando fizemos a oração e os ob-jetivos das Santas Missões Popula-res, de acordo com as necessidades de nossa diocese, nosso desejo foi o de atingir as pessoas, passando pela comunidade e chegando à socieda-de, com grande enfoque na questão ecológica. Rezar e agir em vista das grandes transformações das pesso-as, das famílias, das comunidades e da própria natureza.

Vejo, a partir desta busca intensa de uma Igreja Missionária, com cora-ção missionário, uma renovação das estruturas tão desejadas em nossas paróquias. Testemunhos valiosos de padres, leigos e de nossos paroquia-nos relatam uma mudança signifi-cativa. O sair de si, de seu grupo, de sua pastoral ou seu movimento, de sua paróquia, se abrindo e servindo os irmãos irmãs e não se importan-

do com limites geográficos e outras barreiras já é o novo, a conversão, o sonho desejado.

Creio que cada um será capaz, sob luz e inspiração do Espírito Santo, de perceber e se dar conta de que é ur-gente uma nova evangelização, um novo modo de ser Igreja.

Estamos vivendo as Semanas Mis-sionárias em toda a Diocese, tempo forte e da graça de Deus. Vamos para os mais diversos recantos de nossas paróquias, comunidades, famílias, periferias existenciais, levando na mente e no coração as sementes do Evangelho, apresentando aos irmãos a beleza do Reino.

Nossa atitude deve ser alegre, descontraída, esperançosa de quem já fez a experiência, por isso está contagiado. Nada de tristeza e arma-dura, vontade de voltar às supostas

seguranças anteriores.Quantas de nossas comunidades

paroquiais já fizeram a experiência da Semana Missionária e se entusias-maram ainda mais! É bom caminhar sempre.

A paróquia missionária estuda, reza e se organiza, cria e recria, de-sinstala-se e sempre se propõe a avançar. A descoberta da força mis-sionária é impressionante e percep-tível junto dos leigos e leigas que vestem a camisa, tomam as bandei-ras, saem para visitas e estão prontos para tudo.

Louvemos ao bom Deus e agrade-çamos pela generosidade e bondade de nossos irmãos e irmãs. Às vezes, eles são os primeiros a se apresentar e a acreditar que o Pai é missionário, a Igreja é missionária e nós somos to-dos missionários.

Em Assis, Francisco, de ontem e de hoje, indica o caminho da paz como via única e urgente para o destino de toda a humanidade. Quantas vidas, quantas histórias, quantas cidades, quantas cul-turas, quantas perdas serão necessárias para que o homem compreenda o seu verdadeiro enraizamento no Bem?

A Escritura Sagrada revela-nos a in-compreensão do homem diante do es-plêndido dom da Criação, o frágil homo sapiens não repousa no aconchego plácido da natureza, inquieta-se ao não conseguir acompanhar o movimento misterioso de seu Criador.

Diante da ansiosa incompletude, lança-se numa empreitada orgulhosa em busca de algo que lhe preencha: o prazer, a riqueza, o poder. Porém, o homem só conseguirá preencher seu vazio infinito ao deparar-se com a vas-

tidão da experiência divina. Essa, sim, capaz de orientar sua existência e ofe-recer um sentido autêntico para a vida humana, amparando-se em valores re-ais e caminhos seguros.

“A minh’alma engrandece o Senhor e se alegre o meu espírito em Deus, meu Salvador”. A resposta de Maria de Nazaré ao mistério vivido em seu ven-tre deve ser, para nós, uma indicação concreta daquela que permitiu-se en-volver pela força divina e nutrir-se para desempenhar sua missão.

No Ano da Misericórdia, que já se en-caminha para a conclusão, deveríamos refletir quais são as nossas atitudes que demonstram a integração do humano e do divino em nossos gestos, nossas palavras e nossos sentimentos. Somos missionários da autêntica experiência cristã ou nos tornamos estritamente

gestores de grupos, movimentos ou pastorais que se preocupam somente com uma manutenção de status infru-tífera?

É preciso reavaliar nossa postura diante do outro, nos tornando cons-cientes de que diante de mim se situa um ser humano com potencialidades e limites. Deveríamos ter uma meta em nossa caminhada vital, abrir-nos cons-tante e infinitamente à proposta de Vida e Amor, assim, olharíamos para a humanidade não com a visão da com-petitividade e da rivalidade, mas sería-mos capazes de lançar um olhar seme-lhante ao de Cristo no alto da Cruz. Ao experienciar o ódio total gratuito da humanidade, o Homem-Deus prosse-gue em seu gesto total de amorosida-de e misericórdia, atitude rara por esses tempos e por essas paragens.

Paróquia Missionária

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3OUTUBRO/2016

Opinião

Paróquia Missionária: Uma caminhada latino-americana

Assim o papa Francisco inicia o ca-pítulo primeiro da Exortação Evangelii Gaudium. Com isso, percebemos que o mandato de Jesus é que saiamos em missão e anunciemos seu reino a todos. Para isso, precisamos de uma “Igreja em saída”, que vá ao encontro daqueles que estão longe, e não fique estagnada nas comodidades da vida. Somos chamados a ir às periferias, le-var a luz do Evangelho onde predomi-na a escuridão (cf. EG 20).

Nas Conferências do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM) do Rio de Janeiro (1955) e Medellín (1968), a paróquia foi vista como lugar de promoção das vocações, devido à escassez de sacerdotes que havia no momento. Assim, como célula viva do corpo místico de Cristo, era chamada a colaborar com a evangelização dos in-fiéis e suprimir, com isso, a ignorância religiosa do povo. Outra preocupação foi a situação sub-humana do mundo, alertando para que a Igreja se manifes-te frente aos milhões de homens e mu-lheres que vivem excluídos à margem de nossas comunidades.

As conferências seguintes, Puebla (1979) e Santo Domingo (1992), bus-cam salientar a necessidade de aten-der às demandas da pastoral devido ao crescimento demográfico que ge-rou ainda mais crise na sociedade. A paróquia deve buscar novas formas

de evangelização que atendam a estes desafios e promovam a dignidade a todos aqueles que estão em suas pas-torais como aqueles que vivem fora do convívio eclesial. Contudo, a paróquia deve buscar uma renovação de suas estruturas para assim fomentar leigos que assumam um compromisso de serviço às comunidades, que estão, a cada dia, mais necessitadas. A pro-moção humana é ponto fundamental neste contexto e, neste sentido, a pa-róquia deve “refletir o rosto de uma Igreja viva e dinâmica que cresce na fé” e que vive com o povo suas dores e angústias. Para isso, há a necessidade de renovar as estruturas da paróquia, o que nos é proposto pelo documen-to da mais recente conferência do CE-LAM, Aparecida (2007).

A Conferência de Aparecida foi um momento em que a Igreja da América Latina e do Caribe se viu rodeada de desafios e estes a ajudaram no proces-so de elaboração e busca por encon-trar caminhos viáveis à evangelização. A “missão”, tema da Conferência, é fundamental para que a Igreja aten-da a estes desafios.No que se refere à paróquia, sabemos que ela é a célula viva da comunidade e que nela devem estar presentes todos os instrumentos de evangelização, mas, para isso, é ne-cessária uma abertura de suas estrutu-ras, abraçando firmemente a formação

como passo fundamental para que a evangelização alcance seu cume. Para que essa formação aconteça de forma eficaz, faz-se necessária uma mudança de paradigma, partindo da renovação das estruturas, conversão pastoral e, sobretudo, uma abertura ao modelo eclesiológico de Igreja que Aparecida indica: Igreja de Comunhão.

Neste caminhar em comunhão e vínculo, a paróquia missionária é aque-la que está atenta aos anseios da pas-toral diocesana, numa busca contínua em caminhar rumo ao Reino de Deus. Assim, abrir-se-á as portas aos jovens, às crianças, aos idosos, às famílias, aos doentes, aos migrantes, aos homo-afetivos e a tantos outros grupos de pessoas que estão excluídos de nos-sas comunidades. A esses, a paróquia deve caminhar junto, sentir suas dores e lamentações, lutar para que possam ser acolhidos pela justiça e pela carida-de e promover, assim, uma vida digna para todos.

Entretanto, para poder acolher e, sobretudo, mostrar a tantas pessoas que estão fora do convívio eclesial a alegria de ser discípulo de Jesus, pre-cisamos ser autênticos em nosso tes-temunho. O discípulo é atraído pelo testemunho de alguém, mas precisa fazer uma profunda experiência com Jesus Cristo. A paróquia é chamada a dar esse testemunho, vivendo aquilo

que Jesus viveu, amando como Jesus amou, acolhendo como Jesus aco-lheu. É missionária a paróquia que se abre ao necessitado e se doa ao que precisa,que vai ao encontro daque-le que se perdeu pelo caminho e que caminha junto, sentindo suas dores, se alegrando com suas alegrias e cui-dando daquele que vive no regaço de sua sombra, sendo fiel colaborador na evangelização.

A comunidade que se abre ao co-munitário é missionária. Neste senti-do, que nossas paróquias sejam lugar de comunhão entre todos e que a par-tilha seja ponto de encontro. Que sai-bamos misturar-nos, apoiar-nos e ser-mos solidários uns com os outros. Essa é a dinâmica apresentada na Evangelii Gaudium (87), atitude de uma paró-quia missionária.

É possível uma paróquia missio-nária. Essa possibilidade aumenta na medida em que todos se abrem à mis-são. Assim se propaga a fé e a missão acontece. Nossas paróquias são fontes inesgotáveis de missionários. Basta abrir suas portas às mudanças neces-sárias e acolher a todos com amor e caridade. Eis a chave para o início de toda e qualquer mudança. Sem amor e sem caridade, nenhuma missão pode acontecer verdadeiramente.

Por Paulo Rogério Sobral, estagiário pastoral

A evangelização obedece ao mandato missionário de Jesus: “Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado” (Mt 28, 19-20) (Evangelli Gaudium 19).

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4 Jornal Comunhão - A Serviço das Comunidades

Os seminaristas das etapas da Filo-sofia e Teologia da Diocese de Guaxu-pé fizeram seu retiro espiritual entre os dias 19 e 21 de agosto, no Instituto dos Irmãos do Sagrado Coração em Paraguaçu. O pregador foi o padre Jean Poul Hansen, do clero da Dio-cese da Campanha, que destacou a importância de se retirar, em meio às exigências das demais dimensões da formação presbiteral, e fazer um sin-cero aprofundamento espiritual.

Nesses dias, exortados pelo prega-dor, os seminaristas estiveram aten-tos aos quatro pilares de um retiro espiritual: a abertura à ação do Espíri-to Santo; a prática do silêncio interior para o autoconhecimento e conheci-

Uma entidade que atua há mais de 50 anos em Guaxupé. Atende cerca de 140 crianças por dia em oficinas artís-ticas e esportivas. Única entidade da região que acolhe crianças em situação de risco e que não podem permanecer junto às suas famílias. Essas são algu-mas das credenciais que motivaram a Diocese de Guaxupé a realizar uma ini-ciativa-piloto na Casa da Criança.

O projeto intitulado ‘Gente de Fé’ visa a aproximação entre a diocese e as entidades caritativas de toda a região. A ideia, buscada já há algum tempo pelo bispo diocesano, dom José Lanza, pa-dres e colaboradores da Igreja católica, foi realizada neste 25 de agosto. Além da doação de colchões e travesseiros, necessidades apontadas pela Casa da Criança, os colaboradores dos setores administrativo e pastoral estiveram na instituição para conviver com as crian-ças atendidas.

“Eu me senti comovida em vários momentos, ao ver a quantidade de

Trinta e oito jovens estiveram, entre os dias 19 e 21, no Seminário Diocesano São José, em Guaxupé, para participar do 2º Encontro Voca-cional de 2016, promovido pela Pas-toral Vocacional e pelo Serviço de Animação Vocacional. As atividades do encontro conduziram à reflexão e à oração, inspiradas no Ano da Mi-sericórdia, com o lema “Sede miseri-cordiosos como o vosso Pai do céu é misericordioso”.

A imagem peregrina de Nossa Se-nhora Aparecida, trazida pelo bispo diocesano do Santuário Nacional, permaneceu no seminário durante o encontro vocacional. O bispo dio-

mento de Deus e sua vontade; a leitu-ra atenta da Sagrada Escritura; e o au-xílio da comunidade orante que cria o clima propício para o crescimento espiritual.

A proposta do retiro foi fazer uma aproximação ao homem Jesus, co-nhecer ainda mais suas característi-cas, seu modo de agir, seus sentimen-tos, seus gestos, enfim, o jeito que ele tinha de se entregar à missão que o Pai lhe confiou. Para que, a partir dis-so, podendo contemplar quase um retrato do rosto humano de Jesus, fosse possível imitar sua vida, ou me-lhor, ser cristão, ser um ‘outro’ Cristo.

Por Filipe Zanetti, seminarista

crianças, a disponibilidade daqueles que ajudam, as apresentações artísti-cas e de ginástica. Foi contagiante, eu cresci um pouco mais hoje”. Esse foi o relato emocionado de Lázara Assunção, secretária de pastoral da diocese, que revelou gratidão pela oportunidade de conhecer a Casa.

Na Casa, as crianças se dedicam às oficinas de dança, ginástica, canto co-ral, atividades que complementam o conteúdo escolar. Por dia, são ofereci-das em média mais de 300 refeições e ainda há doações de material escolar, roupas e calçados às crianças mais ca-rentes. Além da subvenção da Prefei-tura Municipal, a entidade conta com a ajuda da população e iniciativas com-plementares, como bazar e eventos.

Incentivador da proposta, dom José Lanza participou das atividades e afir-mou ser missão da Igreja tornar-se mo-delo para toda a sociedade, “respon-dendo ao que pede o Evangelho”. “Não é só levar algo material, mas a nossa

cesano, dom José Lanza, esteve pre-sente no encontro durante a manhã de sábado. Ao se dirigir aos vocacio-nados, expôs a realidade pastoral da Diocese de Guaxupé, que se dispõe a anunciar o Evangelho em meio aos desafios atuais.

Waldir Junior, jovem de Poços de Caldas, destacou a dimensão misericordiosa em seu processo de discernimento vocacional. “Nosso chamado é fruto do infinito amor e deve se vivenciado com misericór-dia d’Aquele que tem como nome Misericórdia”.

Por Gabriel Oliveira, seminarista

Notícias

Seminaristas de Filosofia e Teologiarealizam retiro espiritual

Projeto Social busca entrosamento com instituições caritativas

Encontro valoriza Misericórdia como fun-damento vocacional

Retiro destaca a relação indissociável do seminarista com a figura humana e divina de Jesus de Nazaré

Celebração da misericórdia na Catedral Diocesana inspirou vocacionados

Instituição já possui relação com a diocese desde sua fundação

Foto: Filipe Zanetti

Foto: Gabriel Oliveira

Foto: Assessoria de Comunicação

presença, partilhar a vida junto dessas crianças. É um jeito de viver o Ano da Misericórdia. Fez um bem muito gran-de para os colaboradores da Diocese,

despertou para a dimensão humana, sensível à área social”.

Por Assessoria de Comunicação

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5OUTUBRO/2016

Em Jacuí, a Paróquia São Carlos Bor-romeu e Imaculada Conceição recebeu a primeira visita pastoral de dom José Lanza Neto entre os dias 26 e 28 de agosto. A paróquia é a mais antiga da Diocese de Guaxupé com mais de 250 anos de fundação

Segundo o bispo, o coração da visita pastoral aconteceu nessa noite, após a celebração de chegada, o epíscopo se reuniu com as lideranças do Conselho Pastoral Paroquial, momento importan-te para conhecer a realidade e as lide-ranças paroquiais. Para o pároco, padre Adirson Costa Morais, “a visita pastoral foi um momento de muita importância, não somente para a comunidade mas, também, para minha vida pessoal, pois eu nunca havia tido uma oportunidade de estar tanto tempo com meu bispo para conversar e partilhar, além de con-duzi-lo aos lugares propostos pela visi-ta”, afirma.

A Visita Pastoral de dom Lanza à Pa-róquia São Benedito em Passos ocorreu entre os dias 2 e 4 de setembro. Duran-te a visita, o bispo lembrou a importân-

“Avivados para amar”. Iluminados por esse tema, o evento Aviva Jovem reuniu mais de cinco mil jovens em sete dias de programação, segundo os or-ganizadores, em Poços de Caldas para promover um encontro pessoal com Jesus Cristo.

Durante uma semana, aconteceram encontros entre os jovens, com ora-ções, músicas e gincanas. Numa das noites, eles saíram pelas ruas da cidade levando a Palavra de Deus e entregan-do rosas às pessoas que encontravam.

No último dia do evento, a progra-mação iniciou às 10h da manhã ao lado do Palace Hotel, centro de Poços de

Nos dias 13 e 14 de setembro, duas paróquias da Diocese de Gua-xupé passaram por alterações devido à transferência dos padres responsá-veis pelo cuidado pastoral e adminis-tração das comunidades.

Na terça-feira (13), padre San-dro Henrique Almeida dos Santos foi recebido como novo pároco na Paróquia Bom Jesus dos Passos, em Passos. Numa celebração festiva na Igreja Matriz, presidida pelo bispo dom José Lanza, o padre foi acolhido pela comunidade paroquial. Em sua fala, dom Lanza indicou a capacidade de coordenação do padre. “O padre reúne as condições para estar à frente desta comunidade para fazê-la vibrar,

cia de compreender toda ação pastoral pela dimensão missionária. “O bispo também deve sair de sua comodidade, sair ao encontro das comunidades e das pessoas que sofrem nas periferias existenciais”.

Destaque das visitas pastorais são as visitas a algumas famílias. Em Passos, a história de uma senhora de 95 anos, dona Janira, encantou pelo seu relato comovente de vivenciar cada etapa de formação da comunidade e da paróquia.

Dom Lanza se dedica a visitas pastorais-missionárias em Jacuí e Passos

Encontro para a juventude é realizado em Poços de Caldas

Paróquias recebem novos padres em Passos e Cássia

Grupo de jovens de Jacuí iniciou suas atividades com as Santas Missões Populares Após as celebrações, o bispo se despediu dos fiéis nas portas das capelas

Segunda edição do evento mobiliza jovens de toda a região

Padre Sandro (à esquerda) assume a ‘Bom Jesus’ de Passos, sendo sucedido pelo padre Júlio César (à direita) em Cássia

Fotos: Assessoria de Comunicação

Foto: Divulgação

Foto: Assessoria de Comunicação

Duas iniciativas sociais fizeram parte do roteiro da visita. A primeira delas é o cursinho pré-vestibular, idealizado e organizado por leigos da comunidade interessados no acesso de jovens ao Ensino Superior. A outra proposta ofe-rece o aprendizado de instrumentos e de canto e ocorre em parceria com as atividades comunitárias na comunida-de Nossa Senhora do Rosário.

Por Gabriel Oliveira, seminarista

Caldas, onde aconteceram pregações, momento mariano, danças, adoração ao Santíssimo Sacramento e, no fim da tarde, a missa presidida pelo bispo dio-cesano, dom José Lanza. Em sua fala, o bispo destacou o surgimento de muitos grupos e iniciativas que demonstram a força dos jovens na evangelização em toda a Diocese.

O encerramento foi com o show do cantor católico Tony Allysson que, atra-vés da música e da pregação da Palavra de Deus, leva muitos jovens a buscar o caminho cristão.

Por Douglas Ribeiro

crescer e permanecer no crescimento de Jesus Cristo”.

Quem sucederá o padre em sua comunidade anterior, a Paróquia Santa Rita de Cássia, em Cássia, será o padre Júlio César Agripino, ordena-do em abril deste ano e instalado na paróquia desde dezembro de 2015. Para oficializar o encargo como admi-nistrador paroquial, o bispo celebrou a Eucaristia no Santuário dedicado a Santa Rita, na quarta-feira (14), ressal-tando as novas atribuições do padre. “Seja o primeiro em tudo, na caridade, na oração e no amor à Igreja”, aconse-lhou dom Lanza.

Por Assessoria de Comunicação

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6 Jornal Comunhão - A Serviço das Comunidades

Missão

Papa Francisco ressaltou em mais de uma ocasião o sentido de toda ação pastoral como o “exer-cício da maternidade da Igreja”. A missão, antes de anúncio explíci-to de uma verdade de fé, significa proporcionar a experiência desse encontro com o Deus que se reve-la para nós misericórdia e compai-xão, como mãe e pai que acolhem seus filhos. Com efeito, a missão brota do coração misericordioso de Deus. Esse é o sentido profundo da Missão de Deus, de onde decorre a missão da Igreja: somos enviados pelo próprio Jesus, a anunciar a mi-sericórdia de Deus, como ele mes-mo o fez. Por isso, a Igreja Missioná-ria não pode deixar de ser “mãe de coração aberto”. (EG 46ss)

A misericórdia é o próprio coração (da missão) de Deus

Na Mensagem para o Dia Mun-dial das Missões de 2016, “Igreja Missionária, testemunha da Mise-ricórdia”, Papa Francisco faz uma reflexão sobre a missão ad gentes como “imensa obra de misericór-dia”. Dando traços ainda mais pal-páveis ao que já havia sido propos-to na Bula Misericordiae Vultus, ele fala sobre o que significa a experi-ência da misericórdia divina a par-tir da Sagrada Escritura: “É o Deus benigno, solícito, fiel; aproxima-se de quem passa necessidade para estar perto de todos, sobretudo dos pobres; envolve-se com ternura na realidade humana, tal como fariam um pai e uma mãe na vida dos seus filhos (cf. Jr 31,20). É ao ventre ma-terno que alude o termo utilizado na Bíblia hebraica para dizer mi-sericórdia: trata-se, pois, do amor duma mãe pelos filhos; filhos que ela amará sempre, em todas as cir-cunstâncias suceda o que suceder, porque são filhos do seu ventre. (...) perante as suas fragilidades e infi-delidades, o seu íntimo comove-se e estremece de compaixão (cf. Os 11, 8).” Vemos como aqui transpa-rece a imagem de Deus como Mãe extremosa de amor, como Pai que não deixa de se preocupar com seus filhos, pois são o fruto de sua própria carne. Assim, a misericórdia em Deus é mais do que uma con-descendência para com os erros de seus filhos. As imagens emprega-das pelo Papa recordam a dor que comove as entranhas e as vísceras do Pai e da Mãe que sofrem pela sorte de seus filhos. Antes de ser uma ideia, é uma comoção que se agita no mais íntimo de Deus e que o move para sair em socorro dos

Missão: fruto da Misericórdia “Como o Pai me enviou eu também vos envio” (Jo 20, 21)

filhos que por Ele clamam. Assim, no coração da Trindade, encontra-mos o Mistério da Misericórdia Di-vina, da insondável maternidade de Deus, tão longe da nossa capa-cidade de entendimento. E, no en-tanto, como afirma Papa Francisco, a misericórdia “é a lei fundamental que mora no coração de cada pes-soa” e que a assemelha profunda-mente ao próprio Deus, e por isso é, também, “caminho que une Deus e o homem”. (MV2) Dessa forma, podemos também dizer que a Mis-sio Dei, a Missão de Deus, origem e fundamento de toda missão da Igreja, nasce desse mesmo impul-so da misericórdia divina: “coração pulsante do Evangelho”. (MV 12)

Contemplar o Mistério da Miseri-córdia: o cotidiano da missão de Jesus

No Ano Santo da Misericórdia somos convidados a contemplar esse Mistério que reside no coração da Trindade, na forma como ele se revelou para nós, na prática e nas palavras de Jesus de Nazaré. Ele é, de fato, o “rosto da misericórdia de Deus”. Acompanhando como Jesus realiza a missão que recebeu do Pai, podemos aprender como viver nossa missão, como anúncio dessa misericórdia divina. Para tanto, po-demos observar com atenção um dia na vida de Jesus, durante seu ministério na Galileia, ao anunciar o Reino de Deus, e ver o modo como Ele realiza sua missão. Em Mc 1, 21-39, temos a descrição de um dia na missão de Jesus, desde a manhã até a noite. Vemos como participa de um encontro da comunidade, na sinagoga do povoado, e ali expulsa um espírito maligno que perturba a vida das pessoas. Depois, segue para uma visita à casa de Pedro em que se aproxima, dá atenção à sua sogra,a cura, e também é servido por ela. À tarde, dispensa longo tempo na acolhida de tantos doen-tes que o procuram à frente da casa de Pedro. Ao anoitecer, procura um local e o momento adequado para seu encontro de oração na intimi-dade do Pai. Na madrugada, o povo continua a buscá-lo, mas Jesus não se deixa prender, pois sua dispo-nibilidade missionária continua a enviá-lo para o anúncio do Reino em todos os lugares. Como tan-tas outras passagens bíblicas, que demonstram pelos atos e palavras de Jesus a ação da misericórdia de Deus, esse trecho ajuda a descobrir detalhes sobre como Jesus vivia sua missão no dia a dia. Podemos

destacar sua comple-ta disponibilidade para a missão que recebeu do Pai, não reservando tempo para si, mas sempre procurando o encon-tro com as pessoas, se aproximando prin-cipalmente dos que mais sofrem. É, de verdade, um ser para os outros. Essa dispo-nibilidade significa também uma gran-de liberdade interior, um desprendimento e uma generosidade que encontram raízes em sua união com o Pai. Foi essa atitude de vida que conferiu “autoridade” às suas palavras, que não era como a “dos escri-bas”, dando credibi-lidade ao anúncio do Reino de Deus junto aos pobres e peca-dores. Assim, olhan-do como Jesus vivia sua missão, podemos contemplar a pró-pria misericórdia em ação. É observando Jesus que podemos compreender que “cada ensinamen-to da doutrina deve situar-se na atitude evangelizadora que desperte a adesão do coração com a proxi-midade, o amor e o testemunho”. (EG 42) Acompanhar Jesus significa aprender com ele a ser “manso e humilde” de cora-ção e, como discípu-los missionários, par-ticipar dessa Missão de Deus: anunciar essa mesma mensa-gem de misericórdia assim como o Mestre a vivenciou.

A missão da Igreja: “o serviço materno da misericórdia”

Participando da Missão de Deus, a Igreja é chamada a ser “mãe”. Pois, se a ação missionária é o paradigma de toda obra da Igreja, a mis-

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são mesma provém desse impulso da mi-sericórdia, que brota do coração de Deus: por isso, a “missão é o coração da Igreja”. O “exercício da ma-ternidade da igreja”, como o Papa espe-ra que seja toda a sua atividade pasto-ral, dessa forma se concretiza por uma pedagogia que vai desde uma primeira aproximação, pas-sando por uma con-tínua e progressiva atitude de acolhida, até o reconhecimen-to e celebração de sua pertença ao Povo de Deus. É assim que entendemos os pas-sos descritos pelo Papa na EG 24:

• “Primeirear”: apro-ximar-se, tomar a iniciativa;

• Envolver-se: escu-tar, acolher, com-preender, entrar na vida diária;

• Acompanhar: a pa-ciência de cami-nhar juntos, de per-severar no mesmo caminho;

• Frutificar: discernir os valores e valo-rizar os avanços e conquistas;

• Festejar: celebrar e trazer para a litur-gia a vida de cada pessoa.

Como se vê, a mi-sericórdia envolve cada um dos pas-sos da missão, como aproximação e aco-lhida: “a evangeliza-ção parte da ativida-de educativa, à qual o trabalho missio-nário dedica esforço e tempo, como o vi-nhateiro misericor-dioso do Evangelho, com paciência para esperar os frutos de-pois de anos de lenta formação”. (DMM) A Igreja, como “mãe”, deve educar seus fi-lhos por meio da mi-

sericórdia, por seus atos e palavras, nos encontros e atividades admi-nistrativas, pessoal e coletivamen-te. Por isso é dito que a misericór-dia é a “arquitrave” da vida da Igreja (MV 9) a lhe dar sustentação e con-sistência e, assim, envolver tudo o que ela faz. Que pistas concretas o Papa aponta para que realmente a missão seja expressão da misericór-dia divina?

Caminhos para envolver de mise-ricórdia a nossa missão

Discernindo caminhos concretos para viver a missão como expressão da misericórdia, não podemos dei-xar de trazer à memória as realida-des das Igrejas. Ao recordar seus di-lemas e dificuldades, mas também a fecundidade da fé de nosso povo, com suas alegrias e esperanças na missão, temos o quadro para aco-lher as sugestões que o Papa Fran-cisco nos faz. Antes de tudo, se a Igreja é “mãe” e mediadora da mi-sericórdia, ela exerce sua missão a partir de lugares muito concretos: paróquias, comunidades, pastorais, movimentos, associações e grupos organizados. (MV 10; 12) Ecoa em nós o apelo de Aparecida por uma “conversão pastoral” de todas as es-truturas de Igreja em vista da mis-são. Movida pela misericórdia de Deus, ela se torna “Igreja em saída”, para o encontro e a acolhida, como a mãe e o pai que anseiam pelo en-contro com os seus filhos. Assim, entendemos que a revisão das es-truturas “caducas” de nossa Igreja passa pela missionariedade, e tem por critério mesmo o exercício da misericórdia. Ademais, na Mensa-gem para o Dia Mundial para a Mis-são de 2016, o Papa observa que um “sinal eloquente do amor ma-terno de Deus” se encontra na pre-sença feminina na missão da Igreja, e tantas vezes nos gestos cotidia-nos dos leigos, sobretudo as mu-lheres e suas famílias. Elas “enten-dem, de forma muitas vezes mais adequada, os problemas das pes-soas e sabem enfrentá-los de modo oportuno e muitas vezes inédito”. De fato, o exercício da misericórdia na missão depende dessa proximi-dade das pessoas no dia a dia, em que leigos, homens e mulheres, se encontram mais qualificados. [...]Um destaque é dado pelo Papa às missões populares nesse Ano Santo da Misericórdia (MV 18). Não sabe-mos se o Papa conhece o estilo de missões populares que realizamos no Brasil. Porém, em suas várias modalidades, as missões populares

são uma ótima oportunidade e me-todologia para essa aproximação, acolhida e vivência da misericórdia nos recantos mais isolados de nos-sas Dioceses, principalmente por meio dos leigos. Nas missões popu-lares, podemos fazer chegar até às periferias existenciais de nossas co-munidades a misericórdia que bro-ta do coração de Deus, assim como encontrar caminhos concretos para uma pastoral missionária que efeti-ve nossa aspiração por uma verda-deira missão permanente.

Por um itinerário missionário de conversão

O Papa Francisco aponta para uma atividade comum e frequente durante a celebração do Ano San-to: a peregrinação. O deslocamento feito pelos peregrinos, em busca de passar pela porta santa, deve ser o sinal de um deslocamento interior, do “velho” para o “novo homem”. A peregrinação é um exercício que recorda e anima a percorrer um itinerário de conversão interior. “A peregrinação há de servir de estí-mulo à conversão: ao atravessar a Porta Santa, deixar-nos-emos abra-çar pela misericórdia de Deus e comprometer-nos-emos a ser mise-ricordiosos com os outros como o Pai o é conosco.” (MV 14) Se quiser-mos, toda experiência missionária embebida na misericórdia poderá ser para nós uma peregrinação, um caminho de conversão, para sermos sinais vivos, cada um de nós, de uma Igreja missionária e misericordiosa. Nesse sentido, o Papa aponta para um itinerário bem concreto, apoia-do no Evangelho: “não julgueis e não sereis julgados, não condeneis e não sereis condenados, perdoai e sereis perdoados. Daí e vos será dado. Uma boa medida, calcada, sacudida, transbordante será colo-cada no vosso regaço...” (Lc 6, 37-38) O caminho para uma mística missionária, aberta para a missão universal, passa pela conversão do coração: ser generoso como o pró-prio Pai foi generoso para conosco, “misericordiosos como o Pai”! E o caminho tem esses passos: não jul-gar, não condenar, perdoar e dar com generosidade. A generosidade da doação de si, isso é, efetivamen-te, a missão. (DAp 360)

Por padre Sidnei Marco Dornelas, CS, Comissão Episcopal para a Ação Missionária e Cooperação Interecle-

sial – CNBB

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8 Jornal Comunhão - A Serviço das Comunidades

Ano da Misericórdia

Discrição e generosidade: vicentinos levam alegria e esperança a quem precisa

A caridade cristã desenvolvida pela Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP) ao longo de mais de um sécu-lo no Brasil teve como consequências uma expansão de atividades e a ob-tenção de uma grande credibilidade por parte da população. Aos poucos foi sendo formada uma grande rede de ca-ridade com a ajuda de voluntários que se reúnem em Conferências.

A SSVP é uma organização civil de leigos, homens e mulheres, dedicada ao trabalho cristão de caridade. No Bra-sil, a instituição foi fundada em 1872. São aproximadamente 153 mil mem-bros, também conhecidos como con-frades (homens) e consócias (mulhe-res), segundo a organização nacional. A instituição mantém creches, escolas, projetos sociais, lares de idosos, e con-tato semanal com cerca de 74 mil famí-lias em necessidade.

Essa atuação foi reconhecida com o prêmio “Direitos Humanos – categoria idosos”, oferecido pelo Governo Fede-ral e também com o recebimento, em

2013, da Medalha do Mérito Legislativo, oferecida pela Câmara dos Deputados.

A vida de são Vicente de Paulo mo-tivou sua escolha como patrono: uma verdadeira opção preferencial pelos mais necessitados. Percebeu que os pobres tinham necessidades urgentes e que, para ser fiel a Cristo, era preciso servi-los. Fundou a Congregação da Missão e a Companhia das Filhas da Ca-ridade que, com criatividade, desenvol-veu uma intensa ação caritativa e mis-sionária, com a ajuda de leigos e leigas generosos, com padres e irmãs de sua congregação.

Na Diocese de Guaxupé, o trabalho dos Vicentinos está voltado em sua maioria para o cuidado com os idosos e com os pobres. Reunidos em asilos denominados “Lar dos Idosos”, prestam serviço de ajuda a pessoas em idade avançada que necessitam de atenção e cuidado.

A vicentina Maria Gleice Rodrigues Sousa, de Monte Belo, relata que “é uma alegria muito grande estar envolvida

com este trabalho, sinto que é a minha vocação, pois foi um chamado de Deus para servir meus irmãos e irmãs mais necessitados”. À frente deste trabalho há onze anos, Maria Gleice ainda des-creve que as alegrias são muitas, “poder encontrar o rosto de Deus no olhar das pessoas e nos encontros para reflexão reforça a espiritualidade, principalmen-te quando conseguimos executar bem um projeto”.

Um grande trabalho que faz toda a diferença são as arrecadações de alimentos que são suporte das con-ferências. Na Paróquia São Sebastião, em Poços de Caldas, os alimentos são recolhidos todo segundo domingo de cada mês durante as celebrações e destinados à SSVP que faz a distribui-ção para as famílias cadastradas. Esse trabalho de arrecadação é feito em muitas paróquias da diocese e garante o sustento de muitas pessoas sem con-dições financeiras. “Ajudo sem saber quem estou ajudando. O importante é que sempre trago o meu ‘saquinho’ de

arroz para que uma família possa ser alimentada e a felicidade possa reinar novamente naquela casa”, comentou Dirce de Souza, de Poços de Caldas.

As conferências não são formadas apenas por adultos, mas também por jovens que decidiram abraçar a causa e o número de voluntários vem cres-cendo cada vez mais. Suelen Silva é da Conferência Dom Bosco em Passos e expressa sua alegria por participar des-ta obra e a importância da SSVP: “É im-portante porque assistimos os neces-sitados onde instituições e prefeituras não conseguem atender. Nosso intuito é aliviar a miséria material, moral, espi-ritual, mas também descobrir e solu-cionar as suas causas. Nosso serviço é muito mais amplo e requer muito amor. Necessitamos cada vez mais de jovens que se disponham a abraçar a ideia, se-guindo os passos de Jesus, que é a prá-tica da caridade. A oração sem ação é uma fé morta”.

Por Douglas Ribeiro, seminarista

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Bíblia

A missão em Lucas

Não nos cansamos de ouvir falar em missão. As Santas Missões Popu-lares vêm mobilizando a diocese há alguns anos. O Papa Francisco não se cansa de falar em sair, sair, em preferir uma Igreja acidentada, ferida, machu-cada, a vê-la voltada para o próprio umbigo, cansada, doente, cabeça bai-xa e deprimida. Isso é bem pior do que o risco de ser atropelada tentando “ir às periferias do mundo”. Não é preciso ter medo de abrir a porta e sair, nem mesmo a fuga diante dos desafios atu-ais pode levar à volta para um passado que já se foi e não tem mais retorno. É preciso olhar para o presente e para o futuro. E sair.

Lucas, de missionário a missionário O autor do terceiro Evangelho

e dos Atos dos Apóstolos vem de co-munidades iniciadas pelo maior mis-sionário de todos os tempos. Dele, ele foi companheiro em muitas viagens pelo mundo idólatra e corrupto. Com ele aprendeu a ser missionário e a fa-lar a cada um na linguagem própria de cada um.

Quando o fiel e rigorosamente observante Saulo entendeu que Je-sus, o crucificado, até então conside-

rado por ele como um amaldiçoado por Deus (Dt 21,22-23), era mesmo o messias, a salvação de Deus para a hu-manidade toda, de fariseu, totalmente fechado no seu fanatismo, tornou-se missionário entre os não-judeus. Saiu, foi em busca do mundo pecador e ini-migo. Tudo o que era lucro para ele (o conhecimento das Escrituras e das tradições judaicas) tornou-se prejuízo, lixo a ser descartado. Saiu.

Missão dos Doze e dos Setenta e dois É exclusiva do Evangelho se-

gundo Lucas a missão dos Setenta e dois. Antes de enviar os Doze, o Evan-gelho segundo Mateuse o Evangelho de Lucas, registram uma conhecida frase de Jesus: “A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos”.

O Papa Gregório Magno antes do ano 600 comentava: Para a grande messe, poucos operários, coisa que, não sem imensa tristeza, podemos re-petir, pois, embora haja quem escute palavras boas, falta quem as diga. Eis que o mundo está cheio de sacerdo-tes, todavia raramente se vê um ope-rário na messe de Deus; porque aceita-mos, sim, o ofício sacerdotal, mas não cumprimos o dever do ofício. (Liturgia

das horas, Ofício das Leituras, 18 de outubro).

Em ambas as versões encon-tra-se, também, uma palavra de Je-sus que deve fazer parte essencial da missão e jamais ser esquecida: “Eu os envio como cordeiros para o meio de lobos”.

Ao enviar, Jesus dá aos Doze a força para realizar a missão de primeiro curar os doentes e sofredores e, em se-guida, anunciar a chegada do reinado de Deus. Primeiro fazer, depois dizer. As primeiras recomendações que dá aos Doze no Evangelho dos judeus, o de Mateus, não se encontram eviden-temente no de Lucas, Evangelho dos gentios. A recomendação em Mateus era de não pregar fora de Israel, aos sa-maritanos e aos gentios em geral.

As outras, porém, com pe-quenas diferenças de detalhes, são as mesmas. Ir dois a dois, nunca sozinhos. Ir pobremente, desprevenidamente, sem levar muita roupa, nem dinheiro, nem sacola para guardar donativos, fi-car na dependência imediata do povo a quem vai servir.

A ação é a mesma: curar todos os sofredores, as vítimas dos demô-nios deste mundo, servidores de Sata-

nás. E a mensagem, coerentemente, é também a mesma: o reinado de Deus está chegando, acabou o domínio do Inimigo, Satanás, o Império mundial, Mamon, o Dinheiro.

Os Doze e os setenta e dois Lucas era leigo. Foi compa-

nheiro do Apóstolo Paulo em muitas viagens que ele mesmo narra com grande sabedoria nos Atos dos Após-tolos. Os Doze são os Apóstolos, que Lucas faz questão de destacar, pois os ricos, cultos e importantes de Corinto não queriam respeitar os dirigentes das comunidades. Os Setenta e dois são os leigos.

Por que o católico não é mis-sionário? Não é por falta de documen-tos dos bispos. Está aí o Documento de Aparecida que nunca fala em dis-cípulo somente, mas sempre em ‘dis-cípulo missionário’. Por que quando o católico passa a crente ele se torna missionário, às vezes até importuno e maçante, mas batalhador?

Por padre José Luiz Gonzaga do Prado, mestre em Teologia Bíblica, professor de

Bíblia na Faculdade Católica de Pouso Alegre

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10 Jornal Comunhão - A Serviço das Comunidades

Aparições e devoções de Nossa Senhora ao redor do mundo

A devoção à Santíssima Virgem tem profundas raízes na vida da Igreja, está e es-teve presente ao longo dos séculos na vida dos seus filhos e de muitas instituições ecle-siais. Algumas de-voções à Virgem Maria nasceram de aparições em que ela se mani-festou. O povo, atraído por tais devoções, acor-re a estes lugares de aparições, pe-regrinando, com fervor e carinho se dirigindo a Ela, a Virgem Maria, na alegria de visitá-la nos lugares onde se quis fazer espe-cialmente presen-te.

Uma antiga oração dedicada à Virgem Maria, atribuída a São Bernar-do e que ainda rezamos, diz: “Nunca se ouviu dizer que algum daqueles que tivesse recorrido à vossa proteção, im-plorado a vossa assistência, reclamado o vosso socorro, fosse por Vós desam-parado”. Muitos católicos cresceram ou-vindo e rezando aquela oração singela, simples, carregada de sentimento e de ternura dirigidos a Maria, Mãe de Jesus. E foram tais devoções que sustentaram e sustentam a muitos na caminhada de fé, de maneira especial nosso povo mais simples. Muitas destas orações são reflexos de devoções advindas das aparições de Maria em muitos lugares.

As aparições de Nossa Senhora es-tão presentes de forma significativa no catolicismo há séculos, tendo surgido no século IV e nunca deixado de exis-tir, contabilizando mais de cinco mil relatos entre os séculos IV e XX. No Oci-dente, as visões se intensificaram por volta do século X. Nesse período são construídas catedrais dedicadas à Nos-sa Senhora. É momento de grande di-fusão da devoção no Ocidente. A devo-ção à Virgem Maria sempre despertou em nosso povo um grande sentimento filial, de proteção, ternura maternal. Se-gundo alguns teólogos e autores, a de-voção mariana representa a fé contra o racionalismo e o positivismo, surgido com advento da ciência e acento na ra-zão. Porém, sabemos, por experiência, que a devoção a Maria, quando bem orientada, traz vigor, esperança e vi-vência da fé, de maneira mais humana

e sensível. Diante de tantas supostas “apari-

ções”, a Igreja estabeleceu critérios para a avaliação da autenticidade das manifestações, reconhecendo sua legi-timidade apenas após uma longa e ri-gorosa avaliação canônica. Vale a pena mencionar que muitas aparições são de cunho privado e que se tornaram públicas pelo próprio clero, e pelo de-vocionismo e divulgação das aparições. Claro está que as aparições exercem um grande poder e influência no cam-po: eclesial, político, econômico e so-cial. As aparições despertam a devoção, isto cria um movimento de peregrina-ção a tais lugares, que fomenta a fé e auxilia a vida de muitos cristãos em sua caminhada de fé. E, com isto, os locais de peregrinação, além da devoção que se propaga nestes lugares, contribuem para uma ascensão econômica da re-gião.

Com a devoção crescem também o amor e a confiança. Tratam-se de sen-timentos com fortes raízes no coração. Ora, é bem sabido que os afetos do coração possuem muitas vezes uma sutil ambivalência. Quando a devoção permanece no puro sentimentalismo, se converte num verdadeiro atentado contra a fé e a razão. Pois, daí nascemos radicalismos e os fundamentalismos re-ligiosos. Por isso, se a devoção a Maria não estiver fundamentada nos alicer-ces da fé, da doutrina e da caridade, pode deslizar imperceptivelmente em declives do egoísmo. Tal coisa aconte-

ceria no caso de uma devoção mera-mente sentimental não animada por desejos de entrega a Deus e aos outros, que, embora cheia de efusões de ter-nura, não incidisse fortemente na vida para modificá-la. Mais facilmente ainda se daria essa deturpação se a devoção mariana se reduzisse a um simples re-curso para alcançar “proteção” ou “favo-res” meramente interesseiros.

Quem se aproximar da Virgem Ma-ria com um coração reto e sincero se sentirá necessariamente impelido para o amor a Deus e ao próximo. Este é o segredo divino da devoção a Maria. Foi para nos “facilitar” a entrega a esse du-plo amor, o primeiro dos mandamen-tos, que Deus, em sua misericórdia, quis dar-nos Maria como Mãe. É por isso que a devoção mariana, bem vivida, é sem-pre como um sopro fecundo, cálido e suave que inflama a generosidade e move a abraçar sem reservas a vontade de Deus.

O grande devoto de Maria, São Jo-semaría Escrivá, dizia: Se procurarmos Maria, encontraremos Jesus, e ouvire-mos Ela nos repetir: “Fazei tudo o que ele vos disser” (Jo 2, 5). Maria tem ver-dadeiramente uma função de media-ção materna entre Cristo e os homens. Não é certamente uma função autôno-ma, nem obscurece o fato incontestá-vel de que Jesus Cristo é o único Me-diador propriamente dito entre Deus e os homens (1 Tm 2, 5). A mediação de Maria está nos desígnios de Deus. Não foi imaginada pela devoção dos cris-

tãos, em épocas mais ou menos tardias. Pelo con-trário, foi sendo descoberta pela fé, cada vez com maior profundi-dade, como um tesouro escondi-do, o que é muito diferente. A au-têntica devoção a Maria sempre conduz a Cristo. É função do amor maternal de Maria “gerar” constante-mente “irmãos” de seu Filho, que se disponham a vi-ver, até as últimas consequências, a Verdade e a Vida que Jesus lhes oferece. A devo-ção a Maria San-tíssima não afasta as almas da união com Cristo, mas facilita, tornando--a mais acessível,

mais suave e também mais eficaz. “A Jesus, sempre se vai e se volta por Ma-ria”(São Bernardo).

Como bem resume o Catecismo, o papel das aparições de Maria e suas mensagens “não é aperfeiçoar ou com-pletar a Revelação definitiva de Cristo, mas ajudar a vivê-la mais plenamente, numa determinada época da história”. Não se trata de uma nova revelação ou dogma, mas de um incentivo a uma vida mais coerente com o Evangelho revelado. A Igreja orienta e sempre analisa com cuidado e discernimento as aparições. É preciso que todos os fi-éis tenham muito claras essas noções, a fim de que não caiam ingenuamente em radicalismos e falsos messianismos, como acontece em muitas ocasiões. O objeto material da fé católica cor-responde àquilo que está exposto nas Sagradas Escrituras, nos símbolos apos-tólicos, os doze artigos do Credo, e no ensinamento perene da Igreja. Duas são as fontes da divina Revelação: a Tra-dição e as Sagradas Escrituras. Ambas constituem o depósito da fé, cuja tutela e interpretação são de responsabilida-de do Magistério da Igreja. Contudo, a verdadeira devoção, quando bem orientada, conduz à fé e alimenta a pró-pria fé. A devoção verdadeira a Virgem Maria produz fruto, autêntica renova-ção dos costumes e um vigoroso cres-cimento na fé.

Por padre Reginaldo da Silva, cura da Catedral Diocesana Nossa Senhora das

Dores

Devoção Mariana

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11OUTUBRO/2016

Congresso Eucarístico: “momento especial da Igreja no Brasil , único na minha vida como padre”

Entre os dias 15 e 21 de agosto, bis-pos, padres, religiosos e leigos de todo o País estiveram reunidos em Belém (PA) para participar da 17ª edição do Congresso Eucarístico Nacional (CEN). O evento buscou a convergência de todos os católicos a partir da Eucaris-tia e testemunhar publicamente sua fé na presença real de Jesus. À frente dos ministros extraordinários da comunhão eucarística na diocese, padre Gentil Lo-pes de Campos Júnior, acompanhou a delegação enviada pela diocese ao CEN e partilha, em entrevista, sua experiên-cia.

Congressos eucarísticos marcam a história por sua influência na vida e nas comunidades. Como o senhor po-deria relatar esta experiência?

Da chegada à partida podemos, to-dos nós, da diocese de Guaxupé, pa-dres, diácono e leigos, sentir a grande fé daquele povo que nos acolhia para aquele momento tão especial da Igre-ja Nacional. Essa será, com certeza, a marca histórica deste congresso e que nos influenciará. O Acolhimento! O Povo paraense e, de modo muito par-ticular, Belenense, que tão bem nos recebeu e demonstrou enorme amor à Igreja e à Eucaristia, acolhendo aqueles que vinham de várias regiões do Brasil para ouvir e partilhar suas experiências eclesiais no entorno da sagrada comu-nhão. E quero acreditar que o lema do congresso tenha sido, de fato, o carro chefe dessa semana tão especial, ou seja, “Eles O reconheceram no partir do Pão” (Lc 24, 35). As celebrações foram momentos de grande encontro com o Cristo ressuscitado. Todas as celebra-ções foram bem vividas, sejam as dos dias de semana, bem como as outras diversas Eucaristias que foram se de-senvolvendo em ritos particulares e nas suas diversas paróquias. Quase sempre

presididas por bispos do Brasil, que dividiam suas práticas comunitárias, e concelebradas por diversos padres de várias regiões de nosso país. Mas, de modo muito especial, eu destacaria as Eucaristias de abertura do congresso: a 1ª eucaristia com 1.200 crianças, como há cinquenta anos, momento muito esperado por muitos Belenenses que haviam feito sua primeira Eucaristia por ocasião do primeiro congresso ali ocorrido; o encontro com a juventude que é uma constante preocupação na caminhada evangelizadora, e a grande vigília com vistas ao encerramento no domingo com a celebração em ação de graças e procissão do triunfo eucarísti-co pelas ruas do trajeto do círio de Na-zaré. Tendo sido esse, talvez para mim e muitos outros, grande momento de fé do povo que ali estava em honra ao Santíssimo Sacramento.

“Eucaristia e partilha na Amazônia Missionária”. Diante dessa temática forte, quais seriam os destaques do evento?

O Congresso Eucarístico como pro-posta em refletir a tão difícil e desa-fiante realidade mistérica que gira em torno da “hóstia Consagrada”. Centro da vivência da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo. Teve êxito em muitos mo-mentos. Destacaria as jornadas pasto-rais ministradas por diversos expoentes da Igreja no Brasil, que falaram sobre assuntos pertinentes à Eucaristia e sua abrangência quanto à família, cate-quese, evangelização, seu aspecto ca-ritativo, recepção do sacramento dos enfermos, juventude e, finalmente, a apresentação de Maria como a Mulher Eucarística. Outro destaque foi a procis-são fluvial, um momento tão significa-tivo. O legado pontifício dom Cláudio Hummes fez justamente a abordagem do porquê de se celebrar a Eucaristia

em terras, ou melhor, nos rios da Ama-zônia. Lembrou-nos o tempo todo o santo padre, o Papa Francisco, em sua Carta Encíclica Laudato Si e a impor-tância de cuidarmos do bem comum e da Eucaristia que é sinal permanente do Cristo a nos guiar, tendo “Ele”, Jesus eucarístico, saído de Manaus e chegar à orla de Belém. Símbolo dessa união em congregar todas as regiões mais afasta-das, fazendo de fato uma comunhão a fim de podermos repartir o Pão. Logo, a missão se faz urgente em todas as regi-ões, mas, com certeza, a Amazônia tor-na-se um constante desafio não só para nós, brasileiros, como para todo o mun-do. Assim, mais que nunca, justificando este congresso em lugar tão maravilho-so e tão desafiador.

E, finalmente, não poderia deixar de mencionar o Simpósio Teológico prepa-rado para todos nós que ali estávamos. Os temas abordados foram: Espirituali-dade, Liturgia, Direito Canônico, Bíbli-co-Sistemática e Teologia Moral. Todo esse material será oferecido a tempo em forma de publicação acadêmica. Dias intensos de estudos, reflexões e in-dagações por muitos leigos e clérigos. Tudo foi muito bom! E, claro, levando em conta a presença, sempre forte, de dom Alberto Taveira e seu simpático bispo auxiliar dom Irineu Roman.

Como o senhor compreende a impor-tância de uma autêntica celebração eucarística para a vida da comunida-de?

Ver no gesto do partilhar o “Pão” a alegria do encontro com o Senhor, o Vivente, que por sua vez depende da experiência pessoal na comunidade, chamada Igreja. Logo, é importante conhecer a Jesus. E todos que, de fato, se abrirem a sua palavra irão ouvir sua voz e perceber sua presença. Aquilo que, ocasionalmente, fica obscuro ao longo da caminhada, no dia a dia, ao partir o pão, após se ter ouvido e parti-lhado da palavra se pode “experienciar” a Jesus, dando força e sentido à vida. Caso contrário, é o que, por vezes, tem ocorrido: nossas liturgias têm sido, para muitos, apenas ritos e não momentos de profunda vivência com o Senhor Ressuscitado. O que também não gera consequentemente gestos práticos de vivência cristã em meio à sociedade. Resumindo: que a prática ritual gere gestos concretos de partilha: Fé e vida!

Estar em comunhão com fiéis, clérigos e leigos, de todas as regiões do País lhe proporcionou qual visão da fé ca-tólica no Brasil?

Pude perceber, pelas indagações de grupos de diversas regiões, que os pro-blemas são quase sempre os mesmos.

Entrevista

Muitas formas de trabalhos pastorais estão sendo desenvolvidas conforme suas realidades locais. No entanto, os seres humanos são os mesmos, as dú-vidas são quase sempre as mesmas. Mas vejo que, com toda certeza, o povo brasileiro é muito fervoroso. Seja ele de qualquer região. Mas destacaria o fato de que estar em meio àquela grande massa que se formou para momento tão especial da Igreja no Brasil, único na minha vida como padre e, com toda certeza, creio que de todos os outros padres e leigos que ali estiveram comi-go. Ali, sentimos a fé em todos os espa-ços por onde andamos. Então, o grande viés ainda é o devocional. A Eucaristia, não obstante, o grande amor do povo por “Ele”. Vale dizer que sempre é neces-sária uma maior formação. Pois, tendo estado mais próximo do povo de Be-lém, na celebração de encerramento, pude perceber o carinho e a fé das pes-soas no “sacerdote” como representan-te de Nosso Senhor Jesus Cristo entre eles. Pediam as bênçãos divinas sobre si e os objetos e nos convidavam a vol-tar para o Círio de Nazaré.

Entrevistado: padre Gentil Lopes de Campos Júnior, coordenador diocesano dos ministros extraordinários da comu-nhão eucarística e pároco da Paróquia

Santa Bárbara, em Guaranésia

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12 Jornal Comunhão - A Serviço das Comunidades

Comunicações

Agenda Pastoral de Outubro

Comemorações de Outubro

Atos da Cúria

2 Reunião do Conselho Diocesano de Pastoral - Guaxupé 7 – 9 Visita Pastoral de dom José Lanza a Monte Belo8 Reunião do GED do Cursilho - Guaxupé Reunião da Coordenação Diocesana dos MECEs - Guaxupé Reunião da Coordenação Diocesana da RCC - Guaxupé Reunião da Coordenação Diocesana de CEBs - Guaxupé Reunião do Setor Juventude - Guaxupé 12 Solenidade de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Padroeira do Brasil 15 Reunião dos Conselhos de Pastoral dos Setores (CPS) 15 – 16 Encontro Diocesano de Secretários Paroquiais – Seminário São José – Guaxupé16 Ultréia do Cursilho – Setor Passos18 – 19 2° Encontro Provincial de Articulação Pastoral - Guaxupé 20 Reunião da Pastoral Presbiteral - Guaxupé

Natalício09 Padre Aloísio Miguel Alves11 Padre Gilmar Antônio Pimenta15 Padre Ademir da Silva Ribeiro10 Monsenhor Mário Pio de Faria16 Padre Edno Tadeu de Oliveira

22 Padre César Acorinte 22 Padre José Neres Lara 22 Padre Glauco Siqueira dos Santos26 Padre Arnoldo Lourenço Barbosa30 Padre Ronaldo Aparecido Passos

Ordenação14 Padre João Batista de Melo17 Padre Márcio Alves Pereira (Machado)18 Padre Gilvair Messias da Silva25 Padre José Luiz Gonzaga do Prado 29 Padre Donizete Antônio Garcia

31 Padre Robervam Martins de Oliveira31 Dom José Lanza Neto (presbiteral)

22 Encontro Diocesano das Equipes de Animação Vocacional Paroquiais - Guaxupé Reunião do Conselho Diocesano do ECC - São José da Barra Reunião com os formadores das SMP – Setores Missionários22 – 23 Cursilho Masculino - Poços de Caldas 24 - 28 Assembleia da OSIB do Regional Leste II - Seminário São José - Guaxupé 26 Encontro com os Presbíteros com até 5 anos de ministério 28 - 30 Cursilho Feminino - Poços de Caldas 29 Encontro Setorial de Coordenadores Paroquiais de Catequese – Guaxupé, Passos e São Sebastião do Paraíso30 Encontro Setorial de Coordenadores Paroquiais de Catequese –Poços de Caldas, Alfenas, Areado e Cássia31 Aniversário de Ordenação Presbiteral de Dom José Lanza (1980)

• Provisão nº 02/34- Livro nº 12 –Folha 26- Concedendo a Provisão de Administrador Paroquial ao Revmo. Pe. Antônio Lima Brito, no dia 01º de setembro de 2016, da paró-quia N. Sra. Sion de São sebastião do Paraíso - MG.

• Provisão nº 03/35- Livro nº 12 –Folha 26- Concedendo a Provisão de Administrador Paroquial ao Revmo. Pe. Antônio Lima Brito, no dia 01º de setembro de 2016, da paróquia Sr. Bom Jesus de Guardinha – MG.

• Provisão nº 06/38- Livro nº 12 –Folha 26- Concedendo a Provisão de Pároco ao Revmo. Pe. Sandro Henrique Almeida do Santos, no dia 13 de setembro de 2016, da paróquia Sr. Bom Jesus dos Passos de Passos – MG.

• Provisão nº 04/39- Livro nº 12 –Folha 26v.- Concedendo a Provisão de Admi-nistrador Paroquial ao Revmo. Pe. Júlio César Agripino, no dia 14 de setem-bro de 2016, da paróquia Santa Rita de Cássia de Cássia – MG.

• Doc nº 01/40- Livro 12- Folha 26v. Incardinado nesta Igreja Particular de Gua-xupé- Pe. Célio Laurindo da Silva- 09 de setembro de 2016.

“Da Cruz à Luz”Dom José Mauro Pereira Bastos

31/8/1955 - 14/9/2006