ja - ed. dezembro 2010

24
jornal abrantes de Director ALVES JANA - MENSAL - Nº 5479 - ANO 111 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA DEZEMBRO2010 · Tel. 241 360 170 · Fax 241 360 179 · Av. General Humberto Delgado - Ed. Mira Rio · Apartado 65 · 2204-909 Abrantes · [email protected] nacomunicacao.pt t GRATUITO boas festas páginas 4 a 7 A MARCA QUE SABE BEM José Eduardo Carvalho, presidente da Nersant Prestes a abandonar o lugar, faz o balanço e avança com uma proposta polémica. página 3 ENTREVISTA Tagus Valley já tem Plano Estratégico Elaborado pela equipa de Augusto Mateus, define as opções até 2020. página 14 PARQUE TECNOLÓGICO Centro Novas Oportunidades entrega diplomas CNO da Escola Solano de Abreu reabre portas na vida de centenas de pessoas. página 16 ENSINO PARA ADULTOS A marca Mação é uma aposta estratégica de desenvolvimento local de um concelho do interior, mas é também uma boa sugestão para este Natal. páginas 8 a 11

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Jornal de Abrantes - edição de Dezembro 2010

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Page 1: JA - ed. Dezembro 2010

jornal abrantesde

Director ALVES JANA - MENSAL - Nº 5479 - ANO 111 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

DEZEMBRO2010 · Tel. 241 360 170 · Fax 241 360 179 · Av. General Humberto Delgado - Ed. Mira Rio · Apartado 65 · 2204-909 Abrantes · [email protected]

boas festas páginas 4 a 7

A MARCA QUE SABE BEM

José Eduardo Carvalho, presidente da Nersant Prestes a abandonar o lugar, faz o balanço e avança com uma proposta polémica. página 3

ENTREVISTA

Tagus Valley já tem Plano Estratégico Elaborado pela equipa de Augusto Mateus, define as opções até 2020. página 14

PARQUE TECNOLÓGICO

Centro Novas Oportunidades entrega diplomasCNO da Escola Solano de Abreu reabre portas na vida de centenas de pessoas. página 16

ENSINO PARA ADULTOS

A marca Mação é uma aposta estratégica de desenvolvimento local de um concelho do interior, mas é também uma boa sugestão para este Natal. páginas 8 a 11

Page 2: JA - ed. Dezembro 2010

DEZEMBRO2010

jornaldeabrantes

2 abertura

FOTO DO MÊS

José SantanaAbrantes

Oferecia ao primeiro-mi-

nistro, José Sócrates, um

bilhete de avião para Chi-

na; ao ministro das fi nan-

ças, Teixeira dos Santos,

uma máquina de calcular

e à presidente da Câmara

de Abrantes, Maria do Céu

Albuquerque, um livro.

A quem ofereceria uma prenda de Natal?

SUGESTÕES

INQUÉRITO

Isilda RodriguesAbrantes

Ao vereador da oposi-

ção (PSD) da Câmara de

Abrantes, Leonardo Santana

Maia, um livro sobre política;

ao Presidente da República,

Aníbal Cavaco Silva, um es-

pelho para oferecer à sua

esposa e à pivô da SIC, Clara

de Sousa, um perfume com

um aroma quente.

Clara RealAbrantes

Uma vez que tenha uma

loja de lingerie, oferecia à

professora Isilda Jana uma

lingerie da Chantelle, ao

vereador da Câmara de

Abrantes, Manuel Valama-

tos, uns boxers da Armani e

a Joaquim Ribeiro, proprie-

tário da Farmácia Silva, o li-

vro “o Segredo”.

Isabel ColaçoAbrantes

Ao ex-presidente da Câma-

ra de Abrantes, Nelson Car-

valho, uma gravata do AFC,

ao José Alves Jana, director

do Jornal de Abrantes, um

barrete do Pai Natal e ao P.

José da Graça um cheque,

para ajudar o Centro de

Acolhimento de Crianças

em Risco no Rossio ao Sul

do Tejo.

EDITORIAL

Oxalá

SARA CATARINOIDADE 37 anos

RESIDÊNCIA Lisboa

PROFISSÃO Gestora

UMA POVOAÇÃO Baleal, peni-

che

UM CAFÉ Adamastor, Lisboa

UM BAR Lounge, Lisboa

UM PETISCO Conquilhas

UM RESTAURANTE Mezzaluna,

Lisboa

PRATO PREFERIDO Massas, de

todas as maneiras e feitios

UM LUGAR PARA PASSEAR À

beira mar

UM RECANTO PARA DESCO-BRIR Óbidos

UM DISCO Mellon Collie and

the Infi nite Sadness – Smashing

Pumpkins

UM FILME Cidade de Deus

UMA VIAGEM Maldivas

UM LEMA DE VIDA “Não dei-

xem nada por fazer, nem nada

por dizer” do António Feio

FICHA TÉCNICA

Director GeralJoaquim Duarte

DirectorAlves Jana (TE.756)

[email protected]

Sede: Av. General Humberto Delgado – Edf. Mira Rio,

Apartado 652204-909 Abrantes

Tel: 241 360 170 Fax: 241 360 179

E-mail: [email protected]

RedacçãoJerónimo Belo Jorge ([email protected]

Joana Margarida [email protected]

André Lopes

PublicidadeRita Duarte

(directora comercial)[email protected]

Miguel Ângelo [email protected]

Andreia [email protected]

Design gráfico e paginaçãoAntónio Vieira

ImpressãoImprejornal, S.A.

Rua Rodrigues Faria 103, 1300-501 Lisboa

Editora e proprietáriaJortejo, Lda.Apartado 355

2002 SANTARÉM Codex

GERÊNCIAFrancisco Santos,

Ângela Gil, Albertino Antunes

Departamento FinanceiroÂngela Gil (Direcção) Catarina Branquinho, Celeste Pereira,

Gabriela Alves e João [email protected]

MarketingPatricia Duarte (Direcção), Cata-

rina Fonseca e Catarina Silva. [email protected]

Recursos HumanosNuno Silva (Direcção)

Sónia [email protected]

Sistemas InformaçãoTiago Fidalgo (Direcção)

Hugo [email protected]

Tiragem 15.000 exemplaresDistribuição gratuitaDep. Legal 219397/04

Nº Registo no ICS: 124617Nº Contribuinte: 501636110

Sócios com mais de 10% de capital

Sojormedia 83%

jornal abrantesde

Abrantes, R. Actor Taborda. Se não era para “verter águas”, para que fi zeram as bicas?

ALVES JANA

Programas como “Ídolos” e “Ope-

ração Triunfo” têm um papel mui-

to mais importante do que parece

à primeira vista. Decorrem em horas

de grande audiência e “ensinam” coi-

sas importantes. Coisas que a escola

ainda não aprendeu a ensinar.

Que há uma diferença entre o que

tem qualidade e o que não tem. Que

a qualidade não se mede pela “mi-

nha opinião muito pessoal”, mas por

padrões que permitem um julga-

mento interpessoal. Que a qualidade

compensa, enquanto a falta de qua-

lidade condena. Que a qualidade re-

sulta do esforço, do trabalho metó-

dico, da aprendizagem apoiada por

professores de qualidade. Que o êxi-

to não depende só do que “eu” faço,

mas também do julgamento dos ou-

tros. Que é possível estar em com-

petição e ao mesmo tempo sermos

amigos e solidários. Que a qualidade

e êxito abrem portas e dão maior sa-

tisfação pessoal que a preguiça e o

“deixa andar”.

São lições da maior importân-

cia. Porque apontam num sen-

tido bem diferente daquele por

que temos caminhado - que não

nos trouxe a bom porto. Contudo,

os que se regem por outros valo-

res - sim, valores – estão a obter su-

cessos que gostaríamos que fossem

multiplicados e também fossem

nossos. Talvez nós, os mais velhos,

já não possamos aprender grandes

lições, porque pensamos que sabe-

mos tudo e não estamos disponíveis

para aprender. Nem sequer à custa

do nosso corpinho. Mas os mais no-

vos sabem que ninguém lhes vai dar

o que lhes prometeram de graça. E

vêem ali como é que se consegue

aquilo que mais se quer. Oxalá. E en-

tão será mais Natal.

Page 3: JA - ed. Dezembro 2010

jornaldeabrantes

à conversa 3

JOSÉ EDUARDO CARVALHO, PRESIDENTE DA NERSANT

“Somos parceiros para o desenvolvimento”JOANA MARGARIDA CARVALHO

Ao longo destes 15 anos de lide-rança quais foram os seus grandes desafi os?

O grande desafi o foi mudar, do

ponto de vista estratégico, a voca-

ção de uma associação empresarial.

A ideia foi fazer com que a associa-

ção se assumisse como agente de

desenvolvimento regional. Em se-

gundo lugar, tentar fazer perceber

na envolvente que não pode haver

desenvolvimento sem empresas e

que a função de um empresário é

essencial para o aumento da qua-

lidade de vida e desenvolvimen-

to de uma região. Há quinze anos

atrás, a função do empresário tinha

menos prestígio do que tem agora.

Uma das nossas missões foi dignifi -

car socialmente o seu papel. Em re-

sumo, estes foram os grandes de-

safi os, que foram superados.

Qual o balanço destes 15 anos de mandato?

Toda a gente costuma fazer ba-

lanços positivos do seu trabalho

(risos) Eu também penso que foi

positivo. As associações empresa-

riais trabalham no mercado asso-

ciativo e têm dois produtos para

vender: um é a prestação de ser-

viços e dinamização de projectos

para aumentar a competitividade

das empresas e da região; o segun-

do é formatar decisões públicas e

políticas. Actualmente ambas as si-

tuações se vendem mal.

Quanto ao primeiro produto, a

Nersant tem feito algumas coisas

interessantes, quanto ao segundo,

como trabalhamos em âmbito re-

gional e localizado, não consegui-

mos fazer coisas com grande sig-

nifi cado. É obvio que interagimos

com governos e entidades públi-

cas e damos o nosso contributo. Al-

gumas coisas se fi zeram no distrito

devido ao papel e ao peso econó-

mico e social que a Nersant adqui-

riu. Para ser mais preciso, neste mo-

mento a Nersant representa mais

de 95% do VAB (Valor Acrescenta-

do Bruto) criado do distrito.

Como é que as empresas associa-das à Nersant estão a viver a crise actual?

Com difi culdades… Desde 2008,

o ajustamento estrutural é tão for-

te que as empresas com maior de-

bilidade, que estavam com alguma

fragilidade do ponto de vista fi nan-

ceiro, foram as primeiras a cair. So-

breviveram as mais robustas.

Algumas empresas ainda estão

a cair porque no seu portfólio de

clientes encontram-se empresas

que estão falidas... Às vezes é uma

questão de sorte ter ou não ter esse

tipo de clientes. Neste momento,

com as restrições ao crédito e com

a grande contracção no mercado,

mesmo algumas empresas que es-

tão a sobreviver estão a passar por

difi culdades. Aliás, estamos todos

a passar por difi culdades.

O que se pode fazer para se sair da crise?

O diagnóstico está feito. O

país enfrenta um problema de

endividamento, de défi ce público

e de falta de competitividade entre

as empresas portuguesas. Só se sai

desta situação pagando as dividas,

reduzindo despesa e não aumen-

tando os impostos. Face esta situ-

ação as empresas têm de exportar,

ao fazerem-no vão acabar com al-

guns destes problemas que o país

enfrenta.

Para proceder à exportação é ne-

cessário alterar a estratégia da pró-

pria empresa que está vocacionada

para o mercado interno. O grande

problema é falta de liquidez nestas

empresas. Para resolver este pro-

blema, é necessário consolidar o

passivo bancário e o passivo fi scal

feito durante a crise, ou seja, trans-

formar as dívidas em longo prazo.

E em terceiro lugar a redução dos

salários.

A redução de salários é solução?Não há outra solução. Há anos,

houve uma desvalorização de 15%

dos salários reais através da desva-

lorização da moeda. Hoje já não há

esse recurso. Não há alternativa.

Na gala do jornal O Ribatejo referiu que a sua geração é a culpada pela situação actual do país! Porquê?

Foi a geração que atingiu o po-

der, a geração que é responsável

pelas políticas públicas e de edu-

cação, que gere as empresas, que

faz parte da classe dominante, que

não conseguiu, fracassou.

E há pouca gente que entende

isto, uns por responsabilidade di-

recta, outros por incompetência,

outros por cobardia, outros por-

que fi caram incomodados por o in-

teresse público não ir de encontro

aos seus interesses privados. Tudo

isto contribuiu para esta situação

de insolvência que vivemos.

Objectivos futuros da Nersant?Nós temos um plano estratégico

até 2013. Os nossos objectivos pas-

sam pelo empreendorismo, pela

inovação, investigação, desenvol-

vimento, cooperação empresarial

com vista ao reforço da interna-

cionalização dos negócios e da ex-

portação. Estas são grandes traves-

mestras para o futuro.

Vai mesmo deixar a Direcção da Nersant?

Sim. É uma decisão que já foi

comunicada aos meus colegas de

direcção, colaboradores e aos me-

dia. É uma decisão irreversível.

Como está, visto de cima, o Núcleo de Abrantes da Nersant?

Nos últimos anos, apesar da liti-

gância entre entidades, as coisas

têm-se feito. A situação está bem

melhor do que há quinze anos

atrás. Há uma colaboração institu-

cional forte entre a Nersant e a au-

tarquia. Houve, por exemplo, um

empenhamento muito forte da

nossa parte na estratégia e na de-

fi nição das bases para o Tecnopó-

lo, que não é um projecto fácil. (Ver

trabalho sobre o Tecnopólo no in-

terior.)

Em síntese, o que faz a Nersant?A Nersant tem dois produtos

para vender aos seus associados.

Um é o conjunto de projectos e

iniciativas com vista a aumentar a

competitividade das empresas da

região e o outro é a possibilidade

de liderar projectos empresariais

estruturantes, por exemplo as es-

colas profi ssionais, os parques de

negócios entre outros.

O nosso objectivo é sermos par-

ceiros de desenvolvimento com as

Câmaras Municipais, independen-

temente da cor política. Assumir-

mo-nos como agentes de desen-

volvimento, defi nindo projectos

estruturantes para a região.

Posso destacar algumas inicia-

tivas, a distribuição de gás natu-

ral pela região, a criação de esco-

las profi ssionais em Torres Novas e

Santarém, a criação de Parques de

Negócios entre outras. Estes foram,

sem dúvida, grandes projectos já

concretizados. (Ver trabalho sobre o Nersant no interior desta edição.)

José Eduardo CarvalhoIdade: 53anosFormação: Sociologia, pós-graduação e mestrado em Gestão.Actividade: Empresário

Page 4: JA - ed. Dezembro 2010

DEZEMBRO2010

jornaldeabrantes

especial natal4

Natal é tempo de solidarieda-de. Não é que o outro tempo não o seja. Mas a quadra na-talícia lança-nos um desafi o mais forte. A proposta que aqui lhe fazemos é simples, mas é preciosa. Dar Vida. Sal-var uma Vida.

Todos os dias, no Hospital,

há pessoas a precisar de san-

gue. Se não houver sangue

disponível, essa pessoa mor-

re. Dar sangue é, portanto, sal-

var uma vida.

De vez em quando, recebe-

mos uma mensagem electró-

nica a pedir um dador de me-

dula óssea para alguém que

está afl ito. Mas não se dá me-

dula óssea assim para uma

pessoa que ali ao lado está a

precisar.

Para dar sangue ou medula

óssea é necessário ser compa-

tível. Isto é, tem de haver aná-

lise que mostrem que a doa-

ção salva em vez de matar.

Contudo, é mais fácil ser

compatível na doação de san-

gue que na de medula óssea.

Neste caso, por ser muito, mas

mesmo muito difícil a compa-

tibilidade, há um registo mun-

dial de dadores e há um traba-

lho internacional de procura

de dadores para quem preci-

sa. No caso do sangue, o pro-

cesso é bem mais simples e,

no essencial, fi ca resolvido ao

nível do Centro Hospitalar.

De qualquer modo, se um

de nós precisar de sangue ou

de medula óssea, que espera-

mos que aconteça?

Dar sangue é fácilQuem é que ainda não fez

uma colheita de sangue para

fazer análises? Dar sangue no

hospital é, no fundo, o mes-

mo. Apenas se tira um pou-

co mais de sangue. E, no fi nal,

tem direito a um café ou um

bolo ou algo parecido.

Para ser dador de sangue,

deve ter entre os 18 e os 65

anos (até aos 60 anos se for

uma primeira dádiva) e ter

pelo menos 50 quilos de

peso. E ter hábitos de vida

saudáveis para não ter o san-

gue contaminado, é claro. E é

aqui que está uma vantagem

pessoal de ser dador de san-

gue. Porque se trata de salvar

vidas e não de condená-las, o

sangue recolhido é vigiado e,

desse modo, está também a

ser vigiado o dador. Ou seja,

dar sangue é salvar a vida de

quem vai receber o sangue

doado, mas é também man-

ter-se sob vigilância do servi-

ço de sangue.

O processo é simples. Diri-

ge-se ao Serviço de Sangue

do Hospital de Abrantes, em

qualquer dia útil, de manhã.

Há ainda recolha um sábado

por mês, mas é necessário sa-

ber a data. E o resto é fácil.

É fácil, mas salva vidas. E a

verdade é que, por vezes não

há sangue disponível para

quem precisa. Porquê? Por-

que nós não fomos dar o san-

gue que nenhuma falta nos

faz.

“Ser dador de medula óssea é uma opção para doar vida”

Este é o lema do Centro de

Histocompatibilidade do Sul

que apela à doação de medu-

la óssea.

Se tem entre 18 e 45 anos,

50 kg de peso (no mínimo),

não é portador de doenças

crónicas e não recebeu ne-

nhuma transfusão de sangue,

pode ser dador voluntário de

medula óssea.

A doação é um processo

considerado simples. A ope-

ração inicial é ainda mais sim-

ples que dar sangue. No caso

da medula, a recolha é apenas

para análise. O sangue recolhi-

do é depois analisado em Lis-

boa e os dados do dador são

inscritos no registo internacio-

nal para esse efeito. O segredo

está em ter uma base de infor-

mação bastante rica para en-

contrar um dador compatível,

o que é sempre raro. Por isso,

o dador pode ser chamado a

dar medula óssea até para o

estrangeiro. Mas também por

isso, um dador de medula é

um bem raro e precioso.

Para ser dador de medula, o

processo é semelhante ao do

dador de sangue. Com uma

limitação: a recolha é feita às

terças e quartas de manhã, e

não em todos os dias úteis da

semana.

ESCRITÓRIO//CONSULTÓRIO

ARRENDA-SE/VENDE-SE

No centro da cidade, em prédio novo

Rua Luís de Camões – 11- 1.º

Abrantes

CONTACTAR:

241 372 831

Um caso de doação de medula ósea

Em 2006, Paula Navar-

ro, abrantina e professora

de físico-química na Escola

Secundária Dr. Manuel Fer-

nandes, fez uma doação de

medula óssea para um ita-

liano de 43 anos que se en-

contrava num estado muito

débil. Paula Navarro contou

ao JA a sua história

Foi no ano de 2002, que

decidi inscrever-me como

dadora de medula óssea na

Associação Humanitária de

Dadores de Sangue da Fre-

guesia de Tramagal. Eu ins-

crevi-me porque tinha vis-

to na televisão um pedido

de medula óssea para uma

menina que estava muito

doente.

Passados dois anos, tele-

fonaram-me de Lisboa, do

Instituto Português do San-

gue, a perguntar se esta-

va disponível para fazer al-

guns exames complemen-

tares, pois, em princípio, o

meu sangue era compatí-

vel com um senhor italiano

que estava muito doente e

a precisar de uma doação.

Fui a Lisboa, e fi z alguns

exames e análises. O tem-

po foi passando e de facto

havia um grau de compati-

bilidade muito grande com

esse senhor.

Continuei a fazer os exa-

mes, fui a algumas consul-

tas e procedi a um trata-

mento, durante oito dias,

que consistia numas injec-

ções que tinha de adminis-

trar em mim própria para

estimular o organismo a

produzir as células que se-

riam transferidas. Senti al-

guns efeitos secundários

desde cansaço, dores nos

ossos... mas valeu a pena.

No dia da colheita, aca-

bei por estar internada no

IPO de Lisboa ligada a uma

máquina onde o sangue

ia passando. Essa máqui-

na dividia as células neces-

sárias para o transplante.

Mais tarde, vim a saber que

o senhor recuperou graças

à minha doação, o que foi

muito gratifi cante.

Voltaria a repetir tudo ou-

tra vez, a ajudar um próxi-

mo, porque nunca se sabe

quando vai chegar a nossa

vez.

JMC

Dar Vida no Natal é a melhor solidariedade

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Page 5: JA - ed. Dezembro 2010

DEZEMBRO2010

jornaldeabrantes

especial natal 5

E conta-se que Herodes chegou à

Nazaré, vindo de longe, dum país de

areia e sol brilhante para ver o mais

azul do mar que contrastava com a

mancha seca e sedosa dos grãos se-

dentos da sua terra.

Chegou a cavalo e ergueu as réde-

as. O abismo, lá em baixo, pareceu-

lhe medonho. E um irmão, irmão de

nome, que tinha fugido à sua ira,

ajoelhou-se, infeliz, pedindo per-

dão e nessa súplica disse a Herodes

que um português de nome D. Fuas

Roupinho, muitos séculos depois,

viria, também, pôr os ferros da bes-

ta sobre as pedras e gravaria nelas

as patas dianteiras do galopante.

Quem era este vidente nunca se

soube, nunca se saberá.

Herodes frisou os bigodes e orde-

nou que o beduíno se levantasse.

Agarrou-o por um braço e elevou-

o até si.

Deu-lhe um beijo na fronte e ati-

rou-o ao chão. Esporeou o cavalo e

lançou-se à desfi lada.

Ia montado no Pégaso que tinha

patas e asas e as pessoas alonga-

vam-se no chão, deitadas ao com-

prido, ao ver um astro de fogo, ru-

gindo pelo céu.

Nesse dia ninguém foi à praia, me-

teram-se em casa, e deram duas

voltas à fechadura.

Foi quando José e Maria viram so-

brevoar sobre as suas cabeças uma

estranha fi gura.

Pararam o burro e abraçaram-se.

José tocou-lhe na barriga e sen-

tiu o seu Jesus naquele ventre far-

to, oblongo e redondo. E disse para

consigo: «foi bom pôr as ferraduras

ao contrário». Além de carpinteiro

era prestidigitador. E isso sabia-se

na terra.

Naquele momento o cavalo que

voava no espaço desceu repentina-

mente e foi andando vagaroso em

direcção a Belém.

Os pensamentos de Herodes eram

cada vez mais ferozes e levava uma

das mãos junto da testa, a pensar,

a pensar, quando descortinou no

chão as ferraduras dum burro, em

sentido contrário, naquele caminho

estreito, entre longas campinas de

tremoceiros.

Picou o cavalo e virou a direcção,

dizendo no seu íntimo que agora

não escapariam.

Diz a estória,- a História é mais

complexa,- que José trocara as fer-

raduras do burro… e assim lá fo-

ram seguindo o seu caminho em

direcção ao local onde iriam votar,

tranquilamente, não se sabe o quê.

Nunca se soube em quem.

Mas as dores apertaram. Maria,

agarrando-se, às rédeas do burro,

contorcia-se com náuseas e gemi-

dos e depois dum sofrimento de

dor e amor disse a José que Jesus

nascera nos seus braços abertos,

«albertos» por ser para todo o mun-

do, a humanidade, que ela sentia

cheia de festas felizes. Então o seu

velho companheiro benzeu-lhe a

testa.

Dando graças pelo seu fi lho, dirigi-

ram-se a um curral para descansar,

dar salvas, salvar o Menino-Deus. E

sentiram que a sorte não colhe to-

dos. Uma vaca foi posta, de propósi-

to, naquele sítio e o seu bafo, conta-

do com o burro cansado, chegaram

aos nossos dias como arautos dos

calorífi cos.

Haja o que houver, seja como for.

sou a única pessoa que ama e ama-

rá verdadeiramente, Jesus no séc.

xxx e num depois sem fi m.

Que de tormentos pesados e in-

venções inusitadas tenho prática

sufi ciente.

Não tenho um rei, dois joelhos

apócrifos, em ferida e unguento, es-

crevem ou assinalam, no chão, po-

emas em chaga, mas creio na força

do destino que há-de ludibriar a fal-

sa astúcia e os seus conselheiros.

José-Alberto Marques * (j.alberto [email protected]

* O escritor José-Alberto

Marques nasceu em Torres

Novas e reside em Abrantes

desde 1969. Iniciador da po-

esia concreta em Portugal,

tem vasta obra de poesia,

fi cção e teatro, tendo tam-

bém um percurso respei-

tável na performance. Pu-

blicámos no JA de Setem-

bro passado uma entrevista

com este nosso escritor, e

hoje este conto inédito. En-

tretanto, aguarda-se a publi-

cação de novos livros seus

ali já anunciados.

Ingredientes: 1,250 Kg de farinha de trigo

50 g de fermento de padeiro

3 dl de leite

250 g açúcar

12 ovos

300 g de manteiga

1 g de sal

150 g de passas

150 g de nozes

150 g de pinhões

Frutas cristalizadas

E como é que se faz?Carla da Isabel, pasteleira da Pas-

telaria Pereira explica: Deve co-

meçar por fazer a massa do bolo

com, farinha, fermento de padei-

ro, manteiga, leite, água, ovos e

sal. É tudo amassado e depois dei-

xa-se a massa descansar uns quin-

ze minutos antes da colocação das

frutas cristalizadas. De seguida, co-

locam-se por cima da massa, as

frutas cristalizadas e os frutos se-

cos como as nozes, os pinhões e

as passas, e volta-se a deixar des-

cansar meia hora. Com o cotove-

lo faz-se um buraco no centro e

daí surge a forma do bolo. Deixa-

se descansar novamente mais dez

minutos.Pincela-se com um ovo e

coloca-se por cima as frutas: fi go,

abóbora vermelha, branca e ver-

de, pêra cristalizada e cereja. Vai ao

forno 45 minutos, a uma tempera-

tura de 180 graus, até fi car doura-

do. Quando estiver pronto, retira-

se e pinta-se com geleia, para dar

o tal brilho especial ao bolo-rei.

Chama-se Delícias da Deolinda e faz sucesso na região. Muitas são as pessoas que procuram esta casa que é conhecida pelos seus doces, salgados e pratos diversifi cados de grande qualidade.

Luís Patrício e Maria Patrício são os

gerentes da casa. Sediada na Rua Di-

reita, em Rio de Moinhos, as Delicias

da Deolinda abriu ao público no mês

de Julho de 2007 e actualmente tem

ao seu serviço doze funcionários.

Para explicar o sucesso adquiri-

do ao longo destes três anos, Luís

Patrício referiu ao JA que � são mui-

tas horas de dedicação e o cliente

está em primeiro lugar. Não trabalho

para conseguir o cliente uma única

vez, não! Faço sempre para que ele

volte à nossa casa e isso tem-se con-

seguido”, acrescentado: “Vendo para

os concelhos limítrofes mas não só.

Tenho clientes de Lisboa que vêm cá

de propósito buscar algumas espe-

cialidades”.

A forma tradicional de fazer os do-

ces é uma técnica imprescindível da

casa, que não utiliza produtos ali-

mentares pré-fabricados, ou seja, “o

trabalho é feito de raiz e só com pro-

dutos de qualidade”, explicou Luís

Patrício.

“Faça-nos a sua encomenda e pas-

se um Natal feliz na companhia das

nossas delícias” Este é o actual slogan

da casa, que para além do serviço de

comida para fora, também garante

ao cliente um serviço de catering.

Nesta época de festividades as Deli-

cias da Deolinda é uma opção. O ge-

rente deixa algumas especialidades

que tem ao dispor: vários pratos de

bacalhau, nomeadamente bacalhau

com broa, com natas, à casa. Nas car-

nes, destacam-se, entre outros, os

pratos de peru do campo assado,

pato do campo assado recheado, lei-

tão assado. Nos doces, Luís Patrício

destaca a já conhecida cassata de

chocolate, tronco de Natal, azevias,

bolo-rei e rainha, belhoses de abó-

bora entre outras especialidades.

Joana Margarida Carvalho

UM CONTO DE NATAL

Natal, séc. XXI

DELÍCIAS DA DEOLINDA

Uma hipótese para o Natal

O bolo-rei

Page 6: JA - ed. Dezembro 2010

DEZEMBRO2010

jornaldeabrantes

Natalice Marques é brasileira, da Baía. E a primeira nota que nos deixa é sobre o tempo.

“Na Baía nunca tem Inverno, é sempre

quente. É um Natal mais de vizinhança.

Mata-se um porco, faz-se um churrasco,

um leitão… O bacalhau já é mais difí-

cil, mas mesmo assim também tem ba-

calhau. Faz-se, como se diz lá, uma ba-

calhoada, o bacalhau assado no forno

com batata e cebola. E temos o prato

que não pode faltar, que é o peru assa-

do com farofa, ameixa e bacon. E temos

que ter o leitão assado à pururuca, que

é com a pele estaladiça, muito boa. Isso

não pode faltar.

“E em São Paulo, onde vivi muito tem-

po, também é a mesma coisa. Também

tem o bacalhau, sempre ao forno. Não é

como aqui, bacalhau cozido com couve.

E o leitão à pururuca. É um Natal de Ve-

rão. Muitas famílias, as que podem, alu-

gam casa na praia, passam o dia na praia

e à noite têm a ceia de Natal. Com calor,

é diferente daqui.”

E também há missa do galo e troca de

prendas?

“Também há a missa do galo, à meia

noite. E também temos troca de prendas

no trabalho e em casa. Quando eu tra-

balhava em São Paulo, fazíamos aquela

brincadeira do amigo secreto: dois me-

ses antes, bilhetinho onde se escrevem

coisas para o amigo e o amigo procu-

ra descobrir… E naquela data, num dia

marcado, fazíamos a troca de prendas.

E na família, a mesma coisa, mas na noi-

te de Natal. Tínhamos a árvore de Na-

tal, onde se colocavam os presentes, o

que vocês aqui chamam de prendas,

e na hora fazíamos aquela brincadeira

do amigo secreto: fala alguma coisa so-

bre aquela pessoa, para tentar descobrir

quem é o amigo secreto da pessoa. – É

fulano! E então entrega-se o presente.

Mas também havia famílias, com mais

posses em que cada um dava presentes

a todos.”

6 especial natal

Verónica Costiuc fala-nos do Natal na Moldávia, o país donde emigrou para Portugal.

“Lá o Natal não é quando cá, é a 7 de Janeiro.

Uma semana antes começam os preparativos,

com as limpezas grandes. Sacrifi ca-se o porco,

para fazer as comidas. Depois, no dia de Natal,

na minha casa, por exemplo, levantávamo-nos e

sentávamo-nos logo à mesa, a comer o que não

se come no dia-a-dia: um estufado de carne de

porco com queijo de cabra ou queijo fresco de

vaca e uma comida chamada mamaliga que é

feita com farinha de milho, água e sal. Isto, logo

de manhã. Agora já não é tanto assim, mas na

minha casa era assim. Essa era a comida obriga-

tória, mas não era só essa. Depois há vários ou-

tros tipos de comida, as nossas mesas são muito,

muito recheadas mesmo, mas eu não sei dizer,

porque não tem tradução. E a mesa fi ca posta

durante todo o dia. Por exemplo, como aqui há

o colo rei, lá temos o colac, que tanto pode ser

doce ou não, mas sem frutas secas, porque nós

lá não temos isso. É igual no feitio, mas no resto

é diferente. Depois, os miúdos vão cantar, como

aqui no dia dos Santos. As pessoas deixam as

portas da rua abertas mesmo para isso, para as

crianças poderem entrar. Depois, as crianças can-

tam e as pessoas dão-lhes bolos ou dinheiro. Isto

de manhã até à tarde. Depois começam os cres-

cidos. É muito bonito. Eu cresci numa aldeia e era

muito bonito, em casa ouvia-se a cantar em vá-

rios sítios da aldeia canções sobre o sofrimento

da mãe de Jesus, antes de ter o fi lho, depois de

ter o fi lho, como teve de se esconder…E de al-

deia para aldeia as canções não são iguais, por-

que são canções populares. Os crescidos cantam

e depois comem sentam-se e comem, porque a

mesa fi ca posta todo o dia, não se tira a comida

da mesa, e tem de se fazer comida sempre a con-

tar com que poderá vir. E não podemos rejeitar

ninguém. Até às tantas da manhã.

“Não havia troca de prendas quando era pe-

quena. Recebia bombons. Mesmo para o meu

fi lho não comprava brinquedos. Isso compra-se

em qualquer dia. Comprava uns bombons mais

caros, que não podia comprar todos os dias.

Também temos a árvore de Natal, não falta,

mas o presépio já não. Porque a nossa tradição

não é como cá, imagens feitas de madeira, é mais

imagens pintadas, ícones.”

CARTÓRIO NOTARIALJoana de Faria Maia, Notária

EXTRACTO- Joana de Faria Maia, Notária deste concelho, com Cartório sito à Avenida 25 de Abril, número 248, na cidade de Abrantes, CERTIFICA, narrativamente para efeitos de publicação, que, por Escritura de Justifi cação, lavrada em vinte e nove de Novembro de dois mil e dez, iniciada a folhas quarenta e quatro, e, por Escritura de Rectifi cação, lavrada dia 6 de Dezembro de dois mil e dez, iniciada a folhas cinquenta, ambas do Livro de escrituras diversas número Dezasseis – G, deste Cartório, Vicente Rosa Soares e mulher Maria da Conceição Rodrigues André Soares, casados sob o regime da comunhão geral de bens, ambos naturais da freguesia do Souto, concelho de Abrantes, onde são residentes na Rua da Milheiriça, número 55, contribuintes fi scais números 109 518 950 e 109 518 942, declararam:- Que, com exclusão de outrem são donos e legítimos possuidores, do seguinte prédio:- Urbano, composto de casa de rés-do-chão para habitação, com a superfície coberta de cinquenta e um metros quadrados, barracão agrícola, com trinta e cinco metros quadrados, dependências agrícolas, com vinte e dois metros quadrados, quatro dependências de arrumos, com cinquenta e um metros quadrados, e, logradouro, com cento e dezasseis metros quadrados, sito na Rua da Milheiriça, freguesia do Souto, concelho de Abrantes, inscrito na matriz, a favor do justifi cante marido, sob o artigo 3.213, com o valor patrimonial de 15.230,00 €, a que atribuem valor igual ao patrimonial, a confrontar, do Norte, com Josefi na Valentim, do Sul, com Emília Rosa da Cruz, do Nascente, com Rua da Milheiriça, e, do Poente, com Maria do Rosário Santos, não descrito no Registo Predial;- O certo porém é que os justifi cantes não possuem título formal que legitime o seu domínio sobre o referido prédio, o qual veio à sua posse por doação verbal dos pais da justifi cante mulher, Vítor André e mulher Adelina Maria Rodrigues, casados sob o regime da comunhão geral de bens, e residentes na dita freguesia do Souto, já falecidos, em data que não podem precisar, sensivelmente cerca do ano mil novecentos e setenta e três;- Não obstante isso, vem o referido prédio, a ser possuído pelos ora justifi cantes, há mais de vinte anos, dele retirando todas as suas utilidades e pagando todos os impostos com ânimo de quem exerce direito próprio, fazendo-o de boa fé, por ignorarem lesar direito alheio sem a menor oposição de quem quer que seja desde o seu início, posse essa que sempre exerceram sem interrupção e ostensivamente, com conhecimento de toda a gente, sendo por isso uma posse pacífi ca, contínua e pública; e- Que, dadas as enunciadas características de tal posse, os justifi cantes adquiriram o citado prédio por usucapião, titulo este que, por natureza, não é susceptível de ser comprovado pelos meios normais.Está conforme o original.

Abrantes, vinte e nove de Novembro de dois mil e dez

A NotáriaJoana de Faria Maia

(em Jornal de Abrantes, edição 5479 - Dezembro de 2010)

ASSEMBLEIA MUNICIPALDE SARDOAL

EDITAL N.º 10/2010MIGUEL JORGE ANDRADE PITA MORA ALVES

PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE SARDOAL

FAZ PÚBLICO que, para efeitos do art.º 91º da Lei n.º 169/99, de 18 de Setembro, na redacção dada pela Lei n.º 5-A/2002, de 11 de Janeiro, se publica as deliberações da Assembleia Municipal, tomadas em sessão extraordinária, realizada no dia 30 de Novembro de 2010:

- Restruturação dos Serviços;(Deliberado por maioria, com doze votos a favor e cinco abstenções, aprovar a Restruturação de Serviços da Câmara).

E para constar se lavrou o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afi xados nos lugares públicos de estilo..

Paços do Município de Sardoal, 06 de Dezembro de 2010

O Presidente da Assembleia MunicipalMiguel Jorge Andrade Pita Mora Alves

O Natal moldavo

• Verónica Costiuc

O Natal brasileiro

• Natalice Marques

Page 7: JA - ed. Dezembro 2010

DEZEMBRO2010

jornaldeabrantes

especial natal 7

Natal é festa. E festa pede alguma abun-

dância, algum excesso. A festa tem de ser di-

ferente para se afastar dos dias comuns.

Mas em tempo de crise, é necessário al-

guma contenção, se não mesmo muita dis-

ciplina. Porque o país está em crise e, com

ele, todos nós precisamos de nos conter.

Uma das soluções passa por dar uma prefe-

rência aos produtos da região. Deste modo,

não só contribuímos para a economia local

como podemos fazer algumas boas surpre-

sas nas ofertas que fazemos. Cada um é que

sabe quanto quer ou deve gastar num pre-

sente. Mas, seja quanto for, é possível encon-

trar nos produtos regionais sugestões mui-

to animadoras. Seja nos produtos comestí-

veis (e a Marca Mação faz-nos essa sugestão

neste número), seja no artesanato regional,

seja na produção artística, que também a te-

mos boa, há muitas opção para todas as bol-

sas. Não há nenhuma boa razão para termos

de oferecer e consumir apenas produtos es-

trangeiros. Desse modo estamos a ajudar a

economia de outros países ao mesmo tem-

po que colocamos mais problemas à nossa.

Ao contrário, comprar o que é da nossa re-

gião é, mais uma vez, “fazer aquilo que ainda

não foi feito”, isto é, preferir o que é nosso.

Natal na crise é melhor com produtos regionais

Neste tempo digital, também o natal passa pela

Rede. Veja como as redes sociais, a web e o mobile

contam a História da Natividade. O Natal através do

Facebook, Twitter, YouTube, Google, Wikipedia, Goo-

gle Maps, GMail, Foursquare, Amazon... Os tempos

mudam, os meios são outros, mas a história continua

a mesma. http://sorisomail.com/email/106109/a-historia-de-um-natal-digital.html

Natal digital

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DEZEMBRO2010

jornaldeabrantes

marca mação8

Se o Natal é tempo de festa e se esta fes-ta é tempo de dar presentes àqueles de quem se gosta, a Marca Mação anun-cia-se como garantia de qualidade. Tan-to mais que o tempo está difícil para to-dos. Comprar Marca Mação é ajuda ao desenvolvimento local, é colaborar acti-vamente com o desenvolvimento do in-terior, é resistir à desertifi cação do mun-do rural, e é sinal de bom gosto.

A Marca Mação é um projecto liderado

pela Câmara de Mação em parceria com

os industriais das várias fi leiras dos pro-

dutos tradicionais do concelho.

O presunto é o produto que vai mais

avançado, logo seguido do mel. Em am-

bos os casos há já um “caderno de encar-

gos” que os produtores acordaram entre

si para garantirem qualidade de excelên-

cia e há um certifi cação externa indepen-

dente para garantir ao cliente fi nal que a

Marca Mação não é apenas o selo de ope-

ração de marketing, mas corresponde a

uma qualidade efectiva no produto.

Além destes dois produtos, outros es-

tão a preparar-se para se colocarem sob

este chapéu de abrigo num mercado de

forte competitividade. O azeite, feito de

azeitona galega, os enchidos, sobretudo

o maranho, o pimentão, e mesmo o quei-

jo de cabra. Estas são as apostas iniciais.

O que não signifi ca que outros produtos

não possam vir a benefi ciar deste projec-

to. Mação fi ca, como todos sabemos, no

cruzamento entre o Ribatejo, a Beira-bai-

xa e o Alentejo. Não é uma zona marcada

pela abundância de produtos. Como os

solos não eram ricos, “ao longo dos sé-

culos as populações foram melhorando

e apurando aquilo que tinham” explica-

nos Fernando Monteiro, veterinário mu-

nicipal. Além disso, “temos aqui um mi-

croclima que permitiu, e ainda permite,

fazer do melhor presunto que há.” A ma-

téria prima seleccionada, o “saber fazer”

de muitas gerações e a nova dinâmica da

geração actual são os trunfos que o con-

celho de Mação joga no mercado aberto

em que está a competir.

A Marca Mação é recente. Apesar de o

trabalho decorrer há vários anos, está a

dar os primeiros passos no mercado. A

falar verdade, é ainda cedo para tirar con-

clusões sólidas. Mas há duas que se po-

dem colher com segurança: os primeiros

sinais no mercado são positivos e no ter-

reno os parceiros do projecto não escon-

dem o entusiasmo da sua aposta. Agora,

é a hora dos consumidores acompanha-

rem, na mesa, o trabalho que os empre-

sários vão continuar a fazer nas suas in-

dústrias.

O Jornal de Abrantes associa-se a este

esforço com este especial Marca Mação.

Presuntos de Mação vão invadir A23

É uma campanha promocional dos presuntos Marca Mação. Grandes painéis vão entrar pelos olhos das muitas pessoas que passam na auto-estrada da Beira Interior. “Não acha que a A23 fi cará muito benefi ciada com este vero ícone de Ma-ção?” O pormenor da perna a sair do rectângulo obriga o olhar a fi xar-se no painel. E a mensagem está a li a desafi ar os olhos e o paladar de quem passa. Ou seja, a sugerir que o presunto passe para a mesa de quem tem bom gosto. É mais um esforço para promover o presunto de Mação e, através dele, a Marca Mação.

MARCA MAÇÃO

Uma garantia de qualidade para o seu Natal

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especial marca mação 9

ALVES JANA

A Marca Mação é um projecto as-sumido pela Câmara Municipal de Mação como estratégia para acres-centar valor à produção económica concelhia. Fomos ouvir presidente da Câmara que é reconhecido como o homem da “boa ideia”.

O que é isso de a Marca Mação?A Marca Mação é um projecto de

abrangência económica, social e

ambiental, com 6 anos de matura-

ção (desde a ideia) que visa distin-

guir, evidenciar e potenciar o nosso

“saber-fazer”, a nossa criatividade, a

nossa ruralidade.

Quais os objectivos do projecto?O objectivo prioritário e primor-

dial é o de estruturar o futuro do

nosso desenvolvimento local e de

relevar (para uns…) e revelar (para

outros…) um sector primário com-

pletamente abandonado e esque-

cido.

Como é que nasceu?Nasce de duas evidências, do meu

ponto de vista. Da evidência de

quem vive e trabalha numa zona

deprimida, despovoada, desacre-

ditada, pouco geradora de recei-

tas - que possibilitem criar riqueza

- e ainda acredita neste Portugal da

interioridade e da ruralidade.

Da evidência de que o “saber” acu-

mulado que os nossos antepassa-

dos nos confi aram, adicionando à

inigualável qualidade e diversidade

dos produtos que esta terra ou re-

gião tem como potencial para pro-

duzi. De acreditar que é possível um

“futuro” qualifi cado, certifi cado, dife-

renciado e, com isso, conseguir uma

economia local forte, um desenvol-

vimento social, cultural e ambiental

equilibrado e uma qualidade de

vida dos nossos concidadãos idên-

tica às regiões do país e da Europa

mais prósperas.

Isto é, termos a noção perfei-

ta e incómoda da nossa realidade,

hoje, mas termos a consciência da

“teimosia” das nossas capacidades,

da nossa criatividade e do idealis-

mo para o futuro que queremos.

Como é que funciona? A Marca Mação exige que o ca-

derno de especifi cações defi nido

para os diferentes produtos seja ri-

gorosamente cumprido por forma

a obtermos um produto fi nal devi-

damente validado, certifi cado, com

uma qualidade ímpar, em suma, de

excelência.

O caminho a percorrer está defi -

nido. É este o enquadramento em

que as pessoas acreditam. E é neste

rigor que todos confi am.

Quais os produtos que a Marca pretende abranger?

Toda a nossa diversidade de pro-

dução é passível de obter este pata-

mar de excelência.

Desde o presunto, aos enchidos,

passando pelo azeite, azeitonas e

polpa, aos diferentes tipos de mel,

ao incomparável sabor do nosso

pimentão e queijo de cabra, todos

são passíveis de acreditação, valida-

ção e certifi cação.

Assim os nossos agentes o enten-

dam e acreditem.

Quais os produtos que já vão mais adiantados e atrasados no proces-so de certifi cação pela Marca Ma-ção?

Demos o primeiro passo com o

presunto, por razões óbvias: não es-

queçamos que o Concelho de Ma-

ção é responsável por 70% da Pro-

dução Nacional do Presunto.

Qual o papel da Câmara? E o dos produtores?

O espírito é percorrermos este ca-

minho em conjunto, em rede, par-

tilhando ideias, conhecimentos, sa-

beres e uma vontade férrea de que-

rer ganhar.

Obtermos os melhores resulta-

dos em termos da economia local

e regional implica claramente con-

tribuirmos para o nosso Produto

Interno Bruto e para uma Balança

Comercial com o exterior cada vez

mais forte.

Quais os ecos que já se fazem sen-tir do projecto?

Estamos no terreno com esta

nova realidade há cerca de um mês.

Esta época do Natal também é pro-

pícia e os resultados são muitos po-

sitivos e animadores.

Felizmente que os três primei-

ros produtores que aderiram a este

projecto, já lamentam não terem in-

vestido numa maior produção de

presuntos certifi cados com a Marca

Mação. É que não vai chegar para as

encomendas…

A Marca Mação visa o território re-gional, nacional ou internacional? Até onde se fará ouvir?

Até onde acreditarmos, quiser-

mos e soubermos promover uma

estratégia ofensiva de informa-

ção, de promoção e de incentivos

na busca de novos mercados. Mas

aqui o Estado tem que ser cúm-

plice com uma política nacional

para este sector por forma a con-

tribuir para o fortalecimento destas

potencialidades.

Este modelo poderia e deveria ser

replicado fora dos limites do nosso

Concelho, quiçá numa visão mais

Regional.

Veja-se que na nossa “pequenina”

região existem vinhos de grande

qualidade, vinagres, marmeladas e

doçarias únicos, frutos secos, o ex-

celente medronho de Oleiros e da

nossa região e, até o artesanato lo-

cal, porque não?, e tudo isto marca-

rá seguramente a diferença pela ge-

nuidade dos produtos e pela qua-

lidade dos nossos sabores e dos

saberes de toda esta região.

E, aqui, creio que as duas Comuni-

dades Intermunicipais, a do Pinhal

Interior Sul e a do Médio Tejo, po-

deriam conjuntamente refl ectir e

trabalhar este modelo diferenciado

numa dimensão mais abrangente.

Todos teremos a ganhar se sou-

bermos promover a diferença do

nosso conhecimento, a capacidade

da nossa excelência.

E vai ter força sufi ciente para isso? Que é preciso fazer para que te-nha?

Porque não? Devemos acreditar

nas nossas capacidades de inova-

ção, de criatividade, sempre na lógi-

ca da excelência.

Protegermos o nosso território, a

nossa paisagem, a nossa cultura, a

nossa identidade, o nosso “saber-fa-

zer” é promovermos o nosso futuro.

Que queremos possível e simples. E

temos tudo para isto seja um êxito.

Já há efeitos na exportação? Ainda não tenho dados que per-

mitam responder com rigor a esta

pergunta.

Se as coisas correrem bem… o que vai acontecer ao projecto no futuro a médio prazo?

O futuro a Deus pertence. O que

nós todos gostaríamos, e é para isso

que trabalhamos afi ncadamente,

será o de consolidar este projecto,

estruturá-lo com alicerces sérios, di-

namizá-lo junto de todos os produ-

tores e na diversidade dos seus pro-

dutos e elevá-lo a patamares inter-

nacionais.

SALDANHA ROCHA, PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE MAÇÃO

“A marca Mação é um projecto económico, social e ambiental”

• A Marca Mação é um projecto de abran-gência económica, so-cial e ambiental, com 6 anos de maturação.

Page 10: JA - ed. Dezembro 2010

DEZEMBRO2010

jornaldeabrantes

Nem todo o presunto que se pro-duz em Mação pode receber a Mar-ca Mação. Actualmente, apenas as empresas que comercializam os presuntos Damatta, Eusébio e Pepe estão a produzir presunto, e apenas presunto, certifi cado, embora as outras estejam em fases diferentes de adesão ao processo. Mas nem todo o presunto que sai das empre-sas que vendem presunto certifi ca-do pode levar a Marca Mação.

O Presunto Merca Mação é um

produto de gama alta, produzido

com sujeição a regras muito exigen-

tes. Essas regras foram defi nidas pe-

los Produtores de Carnes de Mação

e o cumprimento das regras é fi sca-

lizado por uma empresa externa, a

Sativa. A marca não é, portanto, atri-

buída pelos produtores àquilo que

eles próprios fazem, pois se assim

fosse o cliente não ia acreditar.

Essas regras algumas exigências

fundamentais para o que aqui nos

interessa: menos sal, o que está de

acordo com as novas exigências ali-

mentares, uma gordura específi -

ca, um peso entre dez e doze qui-

los por perna, um tempo específi co

em cada câmara e maior tempo de

cura, e cura natural, portanto sem

ventilação e apenas sujeito ao ar de

Mação. É tudo isto que lhe garante a

qualidade superior.

Além disso, para garantir a quali-

dade e a certifi cação, cada presun-

to Marca Mação tem de ser de uma

animal fêmea ou macho castrado

e quando entra como perna fresca

é marcado a fogo, à entrada, com

uma marca a ferro quente, para que

todo o processo pode ser fi scaliza-

do e garantido.

Por isso, o consumidor fi nal tem

a garantia de que está perante um

produto da mais alta qualidade, de

excelência, um produto gourmet.O Presunto Marca Mação é

comercializado com a marca de

cada empresa, a que se junta o lo-

gótipo da Marca Mação na “gravata”

com que o presunto é apresentado.

Como se faz um presunto?O processo é relativamente sim-

ples e não tem sofrido grandes alte-

rações ao lobgo dos anos.

Entra como perna fresca, portan-

to após o abate do animal, e é sujei-

to durante uns minutos a uma cal-

da à base de nutrifi cantes para ga-

rantir uma melhor conservação e

segurança alimentar na comerciali-

zação do produto. Depois, entra na

câmara de salga, onde fi ca coberto

de sal durante um certo número de

dias, conforme o peso da perna. Por

exemplo, se for uma perna de dez a

doze quilos, fi ca entre oito a cator-

ze dias de salga, conforme o tipo

de presunto que se está a fazer. De-

pois, é lavado para lhe retirar o sal

e vai para uma câmara de pós-sal-

ga. Fica aí cerca de três meses, tem-

po durante o qual vai perder parte

da água natural para fi car mais su-

culento. Depois, vai para a câmara

de cura, a uma temperatura supe-

rior e com menos humidade, a fi m

de apurar até chegar à consistência

desejada.

A empresa Eusébio Catarino & Filho foi

fundada em 1951, em Vale Vacas, fregue-

sia de Amêndoa, por Eusébio Catarino,

que iniciou a actividade de salsicharia

com o famoso porto preto. Na altura ha-

via ainda muito de troca directa entre

produtores. Depois, pela maior procu-

ra dos seus produtos e pelas exigências

das novas normas, em 1989 construiu as

novas instalações. Mais recentemente,

aderiu à Marca Mação na produção dos

seus presuntos, sendo uma das três em-

presas que já está a produzir com essa

certifi cação. A Eusébio Catarino suce-

deu o seu fi lho Jorge, há 40 anos, que,

entretanto, passou o barco aos seus fi -

lhos Duarte e Sara. Sara Catarino foi re-

centemente eleita como presidente da

Associação de Industriais de Carnes do

Concelho de Mação, associação que é

parceira da Câmara na gestão da Marca

Mação. Hoje, com 16 trabalhadores, a

empresa vende para todo o país, de Nor-

te a Sul, para armazenistas e revendedo-

res e retalhistas e também para algumas

médias superfícies. As grandes superfí-

cies ainda não serão para já. Além disso,

estão presentes em França, Suíça e parte

da Alemanha.

Do global da sua produção, 85% é

presunto nas suas várias modalidades

e 15% salsicharia, isto é, paio de febra,

chouriço e chourição. De toda a sua pro-

dução, a gama

10 especial marca mação

PRESUNTOS PEPE

A qualidade do presunto numa empresa familiar

Foi em 1977 que a Pepe - Industrial de Carnes foi fun-

dada por dois irmãos, Isidro e Domingos Perdiz. Está

sedeada em Chão de Codes, concelho de Mação, e pro-

duz presunto e salsicharia como paio, bacon, fi ambre e

chourição.

Susana Silva, directora de serviços da empresa e fi lha

de Isidro Perdiz, explicou ao JA que a empresa tem 22

funcionários, trabalha com matéria-prima oriunda de

Espanha e do mercado nacional e vende para armaze-

nistas, revendedores, retalhistas e para algumas médias

e grandes superfícies. Ao nível internacional, já tem pre-

sente o seu produto em Angola, Cabo Verde e Moçam-

bique e está em negociação para ingressar no mercado

brasileiro.

A Pepe é uma das empresas que já aderiu à produção

segundo as normas da Marca Mação e Susana Silva mos-

tra a sua satisfação quando nos diz: “A autarquia e a As-

sociação de Produtores de Carne de Mação estão de pa-

rabéns pela forma como têm tratado a minha e todas as

empresas familiares do concelho. Têm feito um excelente

trabalho!” A empresa tem a característica de para respon-

der às exigências do processo e à procura do mercado

ter precisado de crescer em altura, pois não dispunha de

mais terreno. Isso causou-lhe naturais difi culdades, mas,

explica Susana Silva, “vamos fazendo o nosso melhor, ga-

rantido a máxima qualidade do nosso presunto e dos ou-

tros produtos”.

O presunto Marca Mação

Em Julho passado, no caderno so-

bre Mação, já anunciávamos que a

empresa Damatta é “o líder do pre-

sunto em Portugal”. E dizíamos que

“a produção do presunto ‘indus-

trial’ começou nos Envendos já em

1907, portanto há mais de um sécu-

lo”. Hoje, a produção dos presuntos

Damatta atinge um total de 800.000

unidades por ano, 50% inteiro e ou-

tro tanto fatiado, dizíamos então. E

já em Julho passado a Sapropor, a

empresa que detém a marca, tinha

pronto para entrar no mercado o

primeiro lote de presuntos da Mar-

ca Mação por si produzidos. Agora,

a marca Damatta tem estado a fazer

uma intensa campanha de promo-

ção dos seus produtos nos maiores

hipermercados do país, como, por

exemplo, o Continente de Telheiras

e Colombo. Embora seja, como é na-

tural, a promoção dos seus produ-

tos, é ao mesmo tempo a maior pro-

moção em Portugal da Marca Ma-

ção.

PRESUNTOS DAMATTA

Uma aposta forte na promoção

PRESUNTOS EUSÉBIO

“Se quisemos sobreviver, tivemos de nos adaptar”

Page 11: JA - ed. Dezembro 2010

DEZEMBRO2010

jornaldeabrantes

especial marca mação 11

Jorge Catarino é a memória viva da história recente dos presuntos do concelho de Mação. Não como es-pectador, mas como quem fez por dentro essa história. Nada melhor que ouvi-lo contar.

“Eu tirei o Curso Comercial em

Abrantes, e terminei em 63. Depois

veio a tropa e fui para a Guiné. Ter-

minado o serviço militar, em 1970 li-

guei-me aqui à actividade do meu

pai, Eusébio Catarino. Tínhamos

um pequeno matadouro onde fa-

zíamos os abates e a cura dos pre-

suntos. Naquele tempo ainda não

tínhamos electricidade, pois a fre-

guesia só passou a ter energia eléc-

tica, se não erro, em 72. Era uma ac-

tividade que tinha de ser feita só no

tempo do frio. Isso é que era mes-

mo a cura natural. E aqui estou até

hoje”

Dito assim, as coisas parecem sim-

ples. Mas este é o momento de lem-

brar que estamos numa aldeia, Vale

de Vacas, freguesia da Amêndoa, do

interior do concelho de Mação, que

é já um concelho do interior pro-

fundo do país. No início era uma

pequena indústria artesanal e sazo-

nal, hoje é uma moderna indústria

que produz no seu sector do me-

lhor que se faz na Europa e com os

melhores equipamentos e proces-

sos. E mesmo o mercado de então

não tinha praticamente nada a ver

com o de hoje. Foi uma revolução,

um “trambolhão” histórico de que

hoje vemos o resultado, ainda em

movimento.

Jorge Catarino ainda é do tempo

em que se trocavam presuntos por

mantas de toucinho?

“Sou desse tempo, perfeitamen-

te. Antigamente, as pessoas davam

mais valor a um bocado de touci-

nho do chamado ‘porco de bolo-

ta’, hoje ‘porco preto’ de que se faz

o ‘presunto pata negra’.” O toucinho

servia para temperar a panela, ao

contrário do presunto que era um

luxo. “Nós íamos ao Alentejo buscar

esses suínos, eram abatidos aqui e

fazíamos esse intercâmbio com as

populações. O nosso abastecimen-

to de perna de porco para o fabri-

co do presunto era aqui na região,

nos concelhos de Mação, Vila de Rei,

Sertã, Proença-a-Nova. E então, nós

trocávamos a perna de porco por

xis quilos de toucinho do porco de

bolota e pagávamos alguma coisa

em dinheiro para compensar o dife-

rencial. Isto porque naquele tempo

o toucinho era mais útil para as pes-

soas, era o ‘sustento da casa’, como

se costumava dizer. Hoje, tudo isso

acabou.”

Percebe-se a volta que o mundo

deu, e a empresa com ele. Como é

que foi viver por dentro esta mu-

dança?

“Então, quando veio a electrici-

dade, começámos a usar as câma-

ras frigorífi cas, portanto o frio arti-

fi cial. Depois, com a entrada na Co-

munidade Europeia, vieram novas

exigências. Como as antigas ins-

talações não tinham as condições

necessárias, em 1989 tivemos que

construir aqui em baixo. E daí a nos-

sa actividade tem-se vindo a desen-

rolar.”

Como se tudo fosse simples. Mas

não foi, de certeza. Por isso é ne-

cessário insistir: no interior profun-

do do país, nada desta mudança é

natural, embora hoje possa parecer.

Podemos dizer que tudo mudou,

tudo teve de mudar, excepto a es-

sência do processo de cura do pre-

sunto. E mudar nunca é fácil. Não o

é para uma pessoa, muito menos

quando se trata de um conjunto

organizado, como é uma empresa.

Não foi fácil, de certeza, mudar toda

a “máquina” do negócio. Mas Jorge

Catarino parece dizer que o essen-

cial é a atitude com que se está nas

coisas.

“Bem… Nós temos de nos adap-

tar. Por exemplo, ao entrarmos na

Comunidade, tivemos de nos adap-

tar às novas normas. Aí, sim, hou-

ve uma difi culdade grande. Porque

nós, pequenas empresas familia-

res, tínhamos uma certa difi culda-

de de acesso aos apoios comunitá-

rios. Só as grandes empresas é que

benefi ciavam disso. Por isso, a nos-

sa empresa nunca teve apoio co-

munitários, foi tudo fruto do nosso

trabalho. Mas as coisas têm-se de-

senrolado.

Foi com algumas difi culdades,

mas conseguimos chegar até aqui.”

Não são ditas, mas adivinham-se

horas muito difíceis num tempo de

revolução profunda no sector pro-

dutivo e no mercado em que Jor-

ge Catarino conduzia a empresa a

partir da sua aldeia de modo a inte-

grá-la no “espírito” e na “norma” da

União Europeia. E naquele tempo

nada era como é hoje. Foi uma mu-

dança muito profunda em, feitas as

contas, poucos anos.

“Esta é uma zona com vocação na-

tural para a produção de presunto.

Nós estamos implantados aqui e os

nossos produtos vão até ao Minho

e até ao Algarve. É claro que, ago-

ra, as acessibilidades são melhores.

Naquele tempo, quando eu come-

cei, não havia a auto-estrada. Para

se chegar a Lisboa demorávamos

quatro ou cinco horas. Quando eu

iniciei a actividade, os nossos pro-

dutos ainda iam para Lisboa pelo

caminho-de-ferro. Depois começá-

mos a ter a nossa própria distribui-

ção pelo país a armazenistas e re-

talhistas e agora a algumas médias

superfícies. E houve um salto nos

meios tecnológicos, que hoje são

completamente diferentes do que

era antigamente. E pronto. Temos

acompanhado. A nossa empresa,

em termos de equipamentos, tem,

no nosso sector, o que de mais mo-

derno há.”

E como é que, de Vale de Vacas, na

Amêndoa, no Mação, se chega aí?

Podia ter fi cado pelo caminho, que

foi o que aconteceu a muitos ou-

tros. E esse é um “pequeno-grande

pormenor” que não deve ser esque-

cido.

“Nós procurámos, desde que eu

vim para aqui, estar informados. Va-

mos ao estrangeiro, vamos às feiras

internacionais, vamos ver os pro-

dutos dos nossos concorrentes, em

princípio mais avançados do que

nós, vamos tirar ideias, vamos ver

os equipamentos… Porque grande

parte dos equipamentos que nós

utilizamos aqui, e os nossos colegas

nas indústrias deles, são importa-

dos. Ao longo dos anos, com a ex-

periência e a vontade que temos de

progredir e apresentar os melhores

produtos no mercado… cá estamos

hoje e a marca Eusébio está há cin-

quenta anos na região e temos vin-

do a melhorar sempre. E por isso

também nos associámos à Marca

Mação.”

Há nesta postura serena muita sa-

bedoria de um herói simples e qua-

se anónimo. A mesma sabedoria

que lhe fez, há alguns anos, deixar

as rédeas da empresa aos fi lhos. Os

homens passam, a vida continua, e

o “saber fazer” da tradição na cura

da perna de porco para a produção

do saboroso presunto de Mação

mantém-se. Graças a heróis como

Jorge Catarino.

E ASSIM SE FAZEM AS COISAS

Jorge Catarino é um herói anónimo da revolução da indústria dos presuntos

Page 12: JA - ed. Dezembro 2010

DEZEMBRO2010

jornaldeabrantes

12 actualidade

Duarte Marques, jovem de 29

anos, natural de Mação, é o novo lí-

der da Juventude Social Democrata

(JSD). O jovem maçaense disputou

a liderança da jota social democrata

com Carlos Reis, presidente da JSD

de Braga, conseguindo 62% dos vo-

tos, no congresso realizado no fi nal

de Novembro em Coimbra.

Duarte Marques sucede ao depu-

tado Pedro Rodrigues, que esteve

à frente da JSD durante os últimos

quatro anos (dois mandatos) e de

quem o novo líder era vice-presi-

dente. No discurso de vitória do con-

gresso, o novo líder dos jotas laran-

ja revelou que uma das prioridades

é propor à Assembleia da República,

através dos seus deputados, a apro-

vação de legislação no sentido dos

partidos serem obrigados a investir

em «formação política, pelo menos

dois por cento do fi nanciamento»

que lhes é atribuído pelo Estado.

Duarte Marques revelou que como

vice-director da Universidade de Ve-

rão do PSD é necessária uma aposta

na formação dos jovens como polí-

ticos, até como forma de credibilizar

os políticos de amanhã. No congres-

so esta proposta ou ideia mereceu a

concordância do líder do PSD, Pedro

Passos Coelho.

Duarte Marques defendeu ainda o

direito ao voto para os maiores de 16

anos de idade.

Duarte Marques é licenciado em

relações internacionais, desempe-

nhava até aqui funções no gabine-

te social-democrata no Parlamento

Europeu.

Luís Ferreira, doutorado em engenharia mecânica, tomou posse como director da Esco-la Superior de Tecnologia de Abrantes no passado dia 2 de Dezembro.

“Eu acredito nesta Escola”, dis-

se em síntese na sua mensa-

gem de apresentação. “Uma

escola, para ter qualidade não

precisa necessariamente de es-

tar situada numa das três maio-

res cidades do país. O que con-

ta verdadeiramente é o produ-

to fi nal, são os profi ssionais que

se formam e vão construindo a

opinião pública, são o rosto da

Escola lá fora. É com esta qua-

lidade que nos devemos preo-

cupar verdadeiramente e não

com a nossa interioridade. Não

podemos alterá-la, mas pode-

mos vencê-la.” Assim partilhou

Luís Ferreira o desafi o com to-

dos os que o têm nas mãos. Luís

Ferreira conhece bem os cantos

à casa, pois foi o primeiro Direc-

tor do Departamento de En-

genharia Mecânica da ESTA. E

foi daqui que preparou o seu

doutoramento que versou os

novos materiais compósitos.

Mais tarde viria a trabalhar em

Angola no lançamento de mais

um projecto de ensino supe-

rior. Agora regressa a casa para

continuar o trabalho que vem

de trás. Por isso, no seu discurso

de apresentação, Luís Ferreira

defendeu que, na continuida-

de dos Descobrimentos, a ESTA

deve colocar “de novo em ac-

ção a nossa vocação atlântica”.

Agora, as novas naus devem

levar “experiência, tecnologia e

conhecimento” para vários pa-

íses onde se fala Português e

onde “a nossa presença é muito

desejada”.

O novo director vem substi-

tuir Pinto dos Santos que passa

para a vice-presidência do IPT,

nomeado pelo novo Presidente

do IPT, Eugénio de Almeida que

foi o primeiro director da ESTA.

Luís Ferreira é o novo director da ESTA

Jovem de Mação lidera JSD nacional

Page 13: JA - ed. Dezembro 2010

DEZEMBRO2010

jornaldeabrantes

A ponte rodoviária sobre o rio Tejo, em Constância, po-derá reabrir ao tráfego de veículos ligeiros em fi nais de Fevereiro do próximo ano, depois das obras de re-qualifi cação que vai sofrer.

Depois de muitas reuniões

entre as autarquias de Cons-

tância e Vila Nova da Barqui-

nha, a REFER e a Estradas de

Portugal, com a supervisão

do Ministério das Obras Pú-

blicas, estas entidades che-

garam a um acordo que re-

sultou num protocolo as-

sinado a 3 de Dezembro e

homologado pelo próprio

ministro António Mendonça.

Com este protocolo será lan-

çado de imediato um con-

curso público urgente de

consignação da obra, pela

Câmara de Constância, para

que os trabalhos mais ur-

gentes decorram durante

o mês de Janeiro e a pon-

te reabra ao tráfego de li-

geiros no mês seguinte.

O protocolo assinado im-

plica um investimento de

dois milhões de euros. Des-

te valor global 80 por cento

dos quais será obtido atra-

vés de candidatura a fundos

comunitários a apresentar

pela autarquia de Constân-

cia, assumindo-se esta au-

tarquia como dona da obra.

Dos 20 por cento de

comparticipação nacional

do investimento a realizar, o

município de Constância as-

sume seis por cento das ver-

bas, Vila Nova da Barquinha

quatro por cento, e REFER

e EP cinco por cento cada.

A consignação deste pro-

tocolo visa a reabilitação e

reforço estrutural daquela

ponte sobre o rio Tejo para

reabertura ao trânsito rodo-

viário a veículos até 3,5 tone-

ladas e a veículos de emer-

gência, assegurando um

prazo de vida útil de 50 anos.

Ficou ainda estabelecido que

a estrutura da ponte será ce-

dida pela REFER ao tráfego

rodoviário durante um perí-

odo de 25 anos, nos termos

do aditamento ao protoco-

lo de cedência daquela in-

fraestrutura datado de 1984.

Máximo Ferreira e Miguel

Pombeiro, presidentes das

Câmaras de Constância e Bar-

quinha, salientaram que este

não é o melhor acordo mas é

o possível, dentro das restri-

ções actuais, para que a pon-

te possa, o mais rapidamen-

te possível, reabrir ao trân-

sito. Os autarcas defendem

também que de equacione a

construção de outras traves-

sias no distrito, como as pon-

tes do IC 3, em Chamusca, e

do IC9, em Abrantes.

Jerónimo Belo Jorge

actualidade 13

Cerca de um ano depois da

intempérie que provocou o

desabamento de uma en-

costa na avenida do Paiol,

em Abrantes, as obras, no va-

lor de 80 mil euros, podem

avançar. Segundo a presiden-

te da Câmara, o Tribunal de

Abrantes autorizou, no início

de Dezembro, a entrada das

máquinas no terreno privado,

onde há um ano aconteceu o

desabamento.

Segundo a autarca, os pri-

meiros estudos geotécnicos

já foram efectuados e a inter-

venção, de cerca de 30 dias,

pode iniciar-se ainda este

ano. “Será uma intervenção

simples, com a construção

de sapatas que possam sus-

tentar o muro de suporte da

encosta em causa”, afi rmou,

sublinhando de seguida que

para que a obra possa ser fei-

ta, a avenida vai ser interdi-

tada à circulação automóvel

durante cerca de um mês.

Perante uma obra simples,

de construção de um muro de

suporte na encosta, o proces-

so foi demorado devido a um

diferendo entre a autarquia e

o proprietário do terreno. As

negociações iniciaram-se de

forma directa, mas, faltando o

acordo, passaram para os ad-

vogados e, à falta de entendi-

mento entre as partes, passou

para contencioso judicial.

Um ano depois a avenida do Paiol vai para obras

Acordo assinado para a requalifi cação da ponte de Constância

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DEZEMBRO2010

jornaldeabrantes

14 economia

No dia 17 de Novembro foi apresentado a público, em Abrantes, o Plano Estratégi-co para a Tagus Valley - Tec-nopolo do Vale do Tejo.

O documento desenvolvi-

do pela equipa de Augusto

Mateus assenta em qua-

tro sectores. Por um lado, “as

duas áreas mais relevantes

na região, o agro-alimentar

e o casamento da mecâni-

ca com a electrónica”, como

campos de especialização.

Por outro, dois sectores trans-

versais, que não podem dei-

xar de estar presentes, e por

serem sectores em expansão:

as tecnologias da comunica-

ção e a energia. Além destas

apostas estratégicas, o Plano

apresenta ainda algumas li-

nhas da organização interna

e de metodologias de traba-

lho. Uma das apostas consis-

te em o Tecnopolo se tornar

auto-sufi ciente, passando a

não estar dependente do ex-

clusivo fi nanciamento da Câ-

mara, posição que lhe torna

o futuro insustentável se não

for corrigida.

Para a sua função, o tecno-

polo deve assumir-se como

mediador entre as necessi-

dades das empresas da re-

gião em matéria de inovação

e os centros produtores de

inovação, em especial as uni-

versidades com bom poder

de investigação. Em síntese,

tem de ser um serviço de va-

lorização das empresas nele

instaladas e das outras da re-

gião com as quais tem de es-

tabelecer uma rede fi rme de

relações em matéria de ino-

vação. Além disso, deve assu-

mir-se como um catalizador

do empreendedorismo para

empresas de base tenológi-

ca. Quer isso dizer que o Tec-

nopolo não deve ser apenas

nem sobretudo mais um lo-

teamento industrial.

Percebe-se, deste modo,

que o nó do processo consis-

te em criar uma boa rede de

relações entre as empresas a

servir e universidades de van-

guarda nas áreas em que vai

especializar-se. Deste modo,

pode tornar-se uma referên-

cia e ser procurado pelo que

oferece de valor para as em-

presas. Augusto Mateus assi-

nalou o importante trabalho

já realizado no Tagus Valley

e o facto de este já ter uma

equipa profi ssional ao seu

serviço, mas aponta para que

verdadeiros resultados na

sua vocação essencial demo-

rem ainda 10 a 15 anos a con-

solidar-se.

José Eduardo carvalho, pre-sidente do NERSANT, na en-trevista que publicamos na página 3, diz-nos que o tec-nopolo “não é um projecto fácil”. Pedimos-lhe que preci-sasse o seu pensamento.

Não é fácil porquê?Porque isto é muito difícil

trabalhar na área da inova-

ção. Há um amigo meu que

diz que para estes parques

funcionarem é necessário ter

na sua gestão um americano,

nascido na Califórnia, judeu

e que tivesse ligações fortes

com a China e a Índia (risos).

Uma pessoa com este perfi l

é muito difícil de arranjar.

Em todo país, algumas des-

tas incubadoras estão às

moscas, pois tenta-se ofere-

cer uma coisa que no merca-

do não tem procura.

É muito mais fácil apare-

cerem empresas de base

tecnológica num ambien-

te de inovação, sobretudo

quando se tem boas univer-

sidades ao pé. Neste aspec-

to, há cidades que têm esta

possibilidade, outras não.

Terá de haver portanto

um voluntarismo, um esfor-

ço público muito grande de

quem não tem esta possibi-

lidade e nem sempre as pes-

soas estão dispostas. Contu-

do, não podemos estar de

braços cruzados e se há um

projecto devemos seguir em

frente. Uma das estratégias

terá de ser o benchmarking,

isto é, aprender com os bons

exemplos de tecnopólos de

sucesso mas que se situam

longe de universidades.

O Nersant é um dos par-ceiros da Tagus Valley. Mas está de facto comprometi-do com o projecto? Em que medida?

Nós estamos a participar na

gestão. Contudo, não pode

haver concorrência entre

entidades. E o Nersant não

pode servir só para mobilizar

clientes ou empresas para o

tecnopolo. Devemos encon-

trar uma forma mais pensa-

da para que o Nersant possa

estar não só do lado da pro-

cura mas também do lado da

oferta. Esta situação está em

motivo de refl exão, porque

não está bem equacionada.

O grande problema do tec-

nopolo é a complexidade do

projecto e o peso esmaga-

dor que a Câmara Munici-

pal tem, porque tem de ter,

porque mais ninguém fi nan-

cia. E com esta dependência

face à Câmara, algumas situ-

ações se inibem. Por exem-

plo, face aos enquadramen-

tos salariais dos técnicos e

às políticas de recrutamento

e de admissão, nós não con-

cordarmos com algumas si-

tuações, contudo não vamos

votar contra, pois não temos

peso sufi ciente para isso.

Quem tem dinheiro é que

manda, a nós cabe-nos per-

ceber isso.

• Augusto Mateus apresenta o Plano Estratégico.

O olhar da Nersant sobre o Tagus Valley

Tagus Valley já tem plano estratégico para 2020

TECNOPOLO DO VALE DO TEJO

Page 15: JA - ed. Dezembro 2010

DEZEMBRO2010

jornaldeabrantes

actualidade 15

Este contentor do lixo está,

desde meados de Agosto,

sem tampa. Situa-se na Rua

da Estação, ao lado de um

restaurante e na frente da

Casa de S. Miguel (das crian-

ças em risco).Em risco esta-

mos todos nós quando ao

telefonarmos mais do que

uma vez para o AmbientA-

brantes (241360120) e nos

respondem que estão com

falta de pessoal…!

M.L.V.

Uma senhora de 99 anos

foi assaltada em casa em ple-

no dia. Dois indivíduos en-

traram, empurraram-na para

cima de uma cama, coloca-

ram-lhe uma almofada em

cima da boca e revistaram

toda a casa, a sua pequena

e pobre casa. Apenas encon-

traram uma carteira com al-

guns euros e os documen-

tos da senhora. Foi isso que

levaram. Na rua da Câmara,

em pleno dia, repita-se. Um

carro foi assaltado três vezes

em duas semanas no adro da

igreja de S. Vicente.

Uma casa foi assaltada e

toda revirada. Não encontra-

ram valores e nada levaram.

Passaram à do lado, onde le-

varam o ouro que apanha-

ram. Foi na Rua de Angola,

no centro da cidade.

Um carro foi roubado à

hora de jantar na Rua Actor

Taborda, também no cen-

tro da cidade. Apareceu na

Abrançalha. Vários equipa-

mentos públicos e algum

mobiliário urbano continua

a sofrer maus tratos e a ter

que ser reparado, à custa do

nosso dinheiro, isto é, com o

dinheiro que não vai servir

para outras coisas. Se é pos-

sível saber quais os estran-

geiros que vão incomodar a

cimeira da Nato e não os dei-

xar entrar no país, também é

possível saber quem nos in-

comoda todos os dias. E “fa-

zer o que ainda não foi feito”,

mas deve ser.

O Natal está aí. Para associar a vila à época em

questão, o município está a promover um con-

curso de montras de Natal. Segundo o vereador

da Câmara Municipal de Mação, Vasco Estrela,

“o concurso pertence envolver todos os comer-

ciantes da vila, de forma a promover a originali-

dade e a criatividade de cada um, para dar um

brilho superior a este Natal em Mação”.

O vencedor será anunciado até ao dia 10 de Ja-

neiro de 2011 e ganhará um certifi cado de parti-

cipação na iniciativa.

Como é?

A onda continua

Concurso de montras em Mação

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16 formação

Há casos em que o adulto já apresenta aprendizagens fei-tas em contexto não formal. “Ou porque fez formação na empresa onde trabalha, ou porque foi por exemplo diri-gente sindical e aí aprendeu muito, ou porque foi dirigen-te associativo e isso deu-lhe uma boa bagagem”, explica a professora Isabel Pinheiro.

“Se nessa entrevista de diag-

nóstico se percebe que há um

capital de competências que

a pessoa tem mas que ainda

não estão certifi cadas, então

a pessoa entra no processo

de validação e certifi cação de

competências. Trata-se de vali-

dar e depois certifi car as com-

petências que já possui”, refor-

ça Isabel Pinheiro, “e ajudá-la a

adquirir algumas competên-

cias que ainda lhe faltem. Se o

processo correr bem e forem

verifi cadas as competências

necessárias, o adulto pode as-

sim receber o certifi cado do

primeiro, do segundo ou do

terceiro ciclos ou mesmo do

secundário”. Para isso, o adul-

to começa por reunir-se com

os professores do CNO que

lhe mostram qual o conjun-

to de competências que deve

apresentar para poder obter

um daqueles diplomas, isto

de acordo com o “referencial

de competências-chave”, o

documento que enquadra o

processo a nível nacional.

O CNO nomeia um tutor

que vai acompanhar e ajudar

o adulto no seu percurso. E o

adulto inscrito inicia a elabo-

ração do seu portfólio, ou seja,

um “livro” que vai escrever em

que mostra que sabe e como

aprendeu aquilo que preten-

de ver certifi cado. Além disso,

vai fazer a formação necessá-

ria para adquirir as competên-

cias que ainda não tem.

Por exemplo, para obter o

diploma do ensino básico, o

adulto tem de apresentar um

conjunto de competências

em Matemática para a Vida,

Cidadania e Empregabilidade,

Tecnologias de Informação

e Comunicação, Linguagem

e Comunicação. Para obter o

diploma do ensino secundá-

rio, tem de apresentar outro

conjunto de competências

distribuídas pró várias áreas:

Cultura, Língua e Comunica-

ção e Sociedade, Tecnologia e

Ciência, Cidadania e Profi ssio-

nalidade.

Para adquirir as competên-

cias que não tem, o adulto

pode frequentar alguma for-

mação que o próprio CNO

oferece, mas diminuta, ou fre-

quentar fora formação por

módulos ou outra. Há, por

exemplo, quem se inscreva

num instituto de línguas para

aprendizagem de uma língua

estrangeira, ou quem recorra

a explicações privadas. Mas

o mais comum é as pessoas

frequentarem formação por

módulos, que existem em vá-

rias escolas, entre elas a Esco-

la Solano de Abreu. Mas isso

já é fora do CNO. Este tem por

função nuclear o processo de

“reconhecimento, validação e

certifi cação” de competências

e não o de formar as pessoas.

Se o processo for bem con-

cluído, a pessoa propõe-se a

júri de certifi cação. É uma es-

pécie de exame fi nal, perante

professores do CNO e um ava-

liador externo. Se tudo correr

bem, a pessoa tem direito a

um certifi cado que lhe con-

fere a habilitação do ciclo res-

pectivo.

Mas o processo pode cor-

rer menos bem. Nesse caso,

o adulto pode ter uma certifi -

cação parcial ou pode desistir

do processo.

As críticasIsabel Pinheiro não desco-

nhece e não esconde que este

processo é alvo de algumas,

por vezes grandes, suspeitas

em sociedade.

“Em primeiro lugar, é neces-

sário perceber duas coisas.

Que aqui não se dão diplo-

mas. Nós reconhecemos, vali-

damos e certifi camos compe-

tências que as pessoas já têm.

E já têm porque tiveram opor-

tunidade de aprender, embo-

ra sem ser na escola. E porque

não as aprenderam na esco-

la, essas aprendizagens não

estão certifi cadas. Depois, é

também necessário perceber

que o diploma que é passado

á pessoa não certifi ca que ela

tenha aprendido o mesmo e

tudo o que se ensina na esco-

CENTRO DE NOVAS OPORTUNIDADES PARA QUEM NÃO PÔDE NA HORA CERTA

A validação de competências• Isabel Pinheiro.

Page 17: JA - ed. Dezembro 2010

DEZEMBRO2010

jornaldeabrantes

formação 17

la normal. Certifi ca-se que ela

tem as competências que fo-

ram defi nidas como as neces-

sárias para um adulto ser cer-

tifi cado com certo ciclo. Nós

levamos o processo a sério e

procuramos que as coisas se-

jam bem feitas.” E por detrás

das suas palavras parece-nos

ouvir dizer: se as competên-

cias necessárias são estas ou

outras, isso já não é connosco.

Mas Isabel Pinheiro sabe as

críticas que se fazem a este

processo. Que podem ser re-

sumidas na afi rmação de que

o CNO serve para dar diplo-

mas a quem quiser e assim

aumentar as estatísticas.

“Algumas pessoas vêm com

essa ideia lá de fora, e quando

chegam aqui até reclamam,

que afi nal isto é mais difícil

do que pensavam”, diz Isabel

Pinheiro. E insiste. “Este não é

um lugar onde se ensina, em-

bora funcione numa escola.

Aqui reconhece-se e valida-se

competências”, explica. “Mas

a verdade é que as pessoas

que passam por este proces-

so aprendem muito, até pelo

simples facto de terem de es-

crever o livro da sua vida. E ga-

nham muito em auto-estima”,

acrescenta a coordenadora

do CNO da escola Solano de

Abreu.

Mas que diria a uma pessoa

que lhe fi zesse a insinuação

das críticas que acima resu-

mimos? “Que não fale do que

não sabe. Que se informe e

fale depois.”

Mais de cem pessoas vesti-

ram um fato melhor porque

o dia era de vitória. Tinham

chegado ao fi m do processo

de “validação e certifi cação

de competências”. E naquele

dia, 26 de Novembro, iam re-

ceber o certifi cado que con-

fi rmava o percurso feito. Por

isso era dia de festa no Cen-

tro de Novas Oportunidades

(CNO) da Escola Solano de

Abreu.

Quando uma pessoa não

teve oportunidade de con-

cluir a escolaridade “normal”

no tempo também “normal”

e decide, mais tarde, ofere-

cer-se uma “nova oportuni-

dade”, a solução é dirigir-se a

um Centro de Novas Oportu-

nidades. O da Escola Solano

de Abreu é um deles. Nasceu

em 2008 e está portanto com

dois anos de idade, e cheio de

força. Isabel Pinheiro é a coor-

denadora e diz-nos como as

coisas se passam.

A pessoa interessada chega

e inscreve-se. Então é-lhe fei-

to um diagnóstico de entra-

da, através de uma entrevis-

ta, para ver qual o caminho

a seguir.

De acordo com a situação,

vários caminhos são pos-

síveis. Um deles é o de fre-

quência de cursos de forma-

ção, onde as pessoas podem

ir aprender aquilo que não

tiveram ainda oportunida-

de de aprender. Para isso há

os cursos EFA, leia-se Edu-

cação e Formação de Adul-

tos, ou então a formação por

módulos. O técnico do CNO e

o adulto inscrito vêem qual é

a melhor solução.

Alves Jana

O CNO da ESSA em númerosNascimento: 2008

2008-2009: 31 adultos

certifi cados

2009-2010: 107 adultos

certifi cados

Total de inscritos: 739

adultos

Continuam em proces-so: 156 adultos

Processos suspensos: 80

Transferidos: 34

Desistências: 62

“Aprender até morrer”

Page 18: JA - ed. Dezembro 2010

DEZEMBRO2010

jornaldeabrantes

18 opinião

(No sábado 27 de Novembro) par-ticipei no 10º Congresso Nacio-nal de Defi cientes, realizado na INATEL da Costa da Caparica, orga-nizado pela Confederação Nacio-nal dos Organismos de Defi cientes (CNOD). O tema principal era “Lu-tar por um século XXI inclusivo / unir o movimento associativo”.

Uma decepção. O mesmo de sem-

pre: discursos politicamente correc-

tos, feitos pelos mesmos de sempre,

formalidades do costume, promes-

sas... Porque tem que se continuar

a bater nas mesmas teclas, a fazer

o mesmo de sempre? A mim tudo

aquilo não me diz nada. Porque não

nos juntarmos informalmente e de-

batermos nossos problemas, trocar-

mos ideias, dúvidas, unirmos esfor-

ços, no lugar daqueles enfadonhos

e ultrapassados modelos?

Bem, couberam-me uns minuti-

nhos para discursar e neles tentei

apresentar factos. Sim, factos. Falar

bonito não sei, falar só para agradar

não condiz com minha personali-

dade. Deixo aqui aos meus leitores

o que foquei.

1 - O representante da INATEL so-

cial, presente no congresso, tentou

vender e vangloriar-se do seu pro-

grama “Abrir portas à diferença”. Ex-

pliquei-lhe que não é como diz. Eu

fui impedido de participar nesse

programa, porque as suas unidades

hoteleiras não têm casas de banho

acessíveis para dependentes e que

inclusive naquele momento nem o

rosto podia lavar, porque a casa de

banho do hotel não permite que

entre nela.

2 - Perguntei à mesa onde está

a inclusão. Eles (organizadores

do congresso) foram os primei-

ros a discriminar-nos. Somente

disponibilizaram transportes a par-

tir do Largo do Rato em Lisboa. Eu e

outros que vivemos fora de Lisboa

somos diferentes, não temos direi-

to a transporte. Não há verbas para

transportes? Recebam-nos atra-

vés de videoconferência. Não cus-

ta nada. Aí se vê que é falta de von-

tade.

Sites da CNOD, APD e maioria é

desnecessário procurá-los. Sem-

pre desactualizados e nada apela-

tivos. Será que não sabem que nós

dependentes temos como única

ferramenta para chegar até eles a

Internet? Hoje em dia qualquer lei-

go sabe e tem uma página na net,

mais actualizada que as deles.

3 - Contei-lhes a humilhação que

passei ao ser examinado no meio

da via pública, no Serviço de Saú-

de Pública de Tomar, por uma junta

médica, por o edifício não tem aces-

sos a cadeira de rodas.

4 - Expliquei-lhes que o Centro

de Medicina de Reabilitação de

Alcoitão não faculta transporte a

dependentes após alta hospitalar.

Que nos despeja e abandona na

nossa cadeira de rodas, na estação

de Santa Apolónia, Oriente ou ou-

tra.

5 - Que estamos impedidos de fa-

zer formação e ou continuar estu-

dos, porque não nos facultam trans-

porte. Que os Centros de Reabilita-

ção Profi ssional de Alcoitão e ou

Gaia, não nos aceitam, porque não

têm dinheiro para contratar quem

nos auxilie. Novas Oportunidades

e afi ns de que tanto se orgulham e

publicitam é só para os outros.

6 - Que no dia 09 de Novembro de

2009 relatei estas e outras injustiças

a toda a entidade possível, e inclusi-

ve a algumas daquelas Associações

e nem uma resposta obtive. Somen-

te o Gabinete da Senhora Secretária

de Estado, através do chefe de seu

gabinete, Dr. Rui Daniel e seu adjun-

to Dr. Luís Vale se interessaram por

mim e me receberam. Inclusive até

hoje sempre que sou contactado

através do [blogue] tetraplégicos

.blogspot.com, por alguém que so-

fre injustiças, o Dr. Luís Vale me auxi-

lia, tendo já desbloqueado imensas

situações. Do associativismo nada.

O que não pude dizer, visto a mesa

ter-me interpelado que meu tempo

tinha esgotado:

a) Centro de Reabilitação de Alcoitão

deixa muito a desejar.

b) Conseguir uma assinatura dos

centros de saúde numa creden-

cial, que autorize nossa ida a uma

consulta com um especialista, é na

maioria das vezes recusado.

c) Conseguir Ajudas Técnicas/Pro-

dutos de Apoio neste momento é

quase impossível.

d) Apoio domiciliário é inexistente.

e) Ir a umas urgências hospitalares,

só pagando transporte, etc, etc e

etc.

Houve uma Mãe que no seu discur-

so emocionante, de procura de res-

postas, muito incentivou o mostrar-

mo-nos, irmos para a rua. Sempre

achei uma excelente ideia, como

em tempos o mostrei publicamen-

te. Pensem nisso.

É com profunda tristeza que a “CONTANOVA – Contabilida-de e Serviços, Lda.” comunica o falecimento do Vasco Nuno Batista Pereira, no dia 16 de Novembro.

Neste tempo de choque e tra-gédia devemos reconhecer o seu papel fundamental no de-senvolvimento e crescimento da “CONTANOVA, Lda.”.

Integrado que estava, numa equipa que se mantém e que será reforçada, de forma a minimizar os efeitos decorrentes da sua ausência.

Queremos agradecer a todas as pessoas que nos acompa-nharam neste infortúnio, reafi rmando o nosso empenho na continuação e manutenção dos objectivos que motivaram a constituição da “CONTANOVA – Contabilidade e Serviços, Lda.” em 1989.

A Gerência

O congresso nacional de Defi cientes foi “uma decepção”

Eduardo Jorge

Page 19: JA - ed. Dezembro 2010

DEZEMBRO2010

jornaldeabrantes

cultura 19

LUGARES COM HISTÓRIA

O Convento da EsperançaTERESA APARÍCIO

Situava-se este convento na que é hoje a rua Actor Tabor-da, junto ao edifício do Colé-gio de Nossa Senhora de Fáti-ma, e o que resta dele é ocu-pado pela chamada Casa da Esperança, propriedade das irmãs Doroteias, residentes no edifício do colégio. Este espaço que foi ocupado, de-pois, por várias instituições, está agora novamente nas mãos de religiosas e a ser co-nhecido pela sua evocação inicial.

Do convento resta pouca

coisa: algumas marcas na ar-

quitectura do edifício, a boni-

ta porta renascentista em pe-

dra trabalhada que dá para a

rua e o amplo espaço da igre-

ja, que ainda conserva alguns

vestígios desta – inscrições,

sepulturas, uma pedra braso-

nada, etc. Este convento foi

fundado em 1548, no reina-

do de D. João III e teve o seu

primeiro assento junto da Er-

mida de Nossa Senhora da

Ribeira, templo muito antigo

(há uma referência a ele num

documento de 1227), que se

situava em Alferrarede, perto

da Rotunda do Olival e o seu

nome ainda sobrevive na to-

ponímia local.

A iniciativa da construção

do mosteiro deve-se a D.

Brites de Jesus, que passan-

do por Abrantes em peregri-

nação para Jerusalém, não se

sabe por que razão, mudou

de ideias e resolveu fi car por

aqui, dando depois início à

fundação do convento. Ela e

as suas companheiras abra-

çaram a Regra Terceira de S.

Francisco e fi caram a obede-

cer ao bispo da Guarda. Mas

o sítio era húmido e doentio

e as instalações muito aca-

nhadas pelo que D. Brites re-

solveu pedir licença ao pro-

vincial para se mudar para ou-

tro local mais saudável, agora

já dentro da vila. O seu pedi-

do foi atendido e em 1576 já

ocupavam provisoriamente

uns anexos da Capela de San-

ta Ana, na rua de Santa Iria,

passando então a ter como

padroeira Nossa Senhora da

Esperança. O novo edifício do

convento lá se foi construin-

do lentamente, passando por

várias vicissitudes e difi cul-

dades, sobretudo de ordem

económica, tendo sido no

período fi lipino que as obras

tiveram um maior incremen-

to. Foi também no mesmo

período (1583) que os estatu-

tos foram reformulados, pas-

sando as freiras, desde então,

a pertencer à regra de Santa

Clara. Ali viveram até Janei-

ro de 1809, altura em que fo-

ram mandadas desalojar por

alguns terrenos do convento

estarem compreendidos den-

tro do traçado das obras de

fortifi cação que se iam fazer

na vila, tendo sido as monjas

transferidas para o mosteiro

de Via Longa, próximo de Vila

Franca de Xira.

O edifício foi depois utili-

zado por outras instituições:

departamentos militares e a

igreja foi concedida à Câma-

ra Municipal que a conver-

teu em teatro. Ali funcionou,

durante cerca de um século,

o Teatro Taborda, onde se re-

alizaram inúmeras represen-

tações teatrais, saraus, bailes,

etc. Foi um local de referência

para os abrantinos, uma casa

de cultura, de divertimento e

de convívio para muitos que

ali passaram horas inesquecí-

veis, até que acabou por ser

encerrado, pois já não ofere-

cia as necessárias condições

de segurança, dado o adian-

tado estado de degradação

em que se encontrava. Final-

mente, ainda não há muitos

anos, o edifi co voltou para as

mãos de uma congregação

de religiosas, as irmãs Doro-

teias, que o adquiriram e o

têm posto ao serviço da co-

munidade.

Bibliografi a: Morato, Manuel

António, “Memória Histórica da Notável Vila de Abrantes”,

edição da Câmara Municipal

de Abrantes, 1982

Page 20: JA - ed. Dezembro 2010

jornaldeabrantes

cultura&espectáculos20

Nada melhor do que dar a palavra à artis-

ta, Andrea Inocêncio: “Tendo em conta que

as Mulheres são protagonistas dos proces-

sos de socialização e de integração cultu-

ral através da educação das crianças, penso,

não só, na fi gura da mulher como mãe-edu-

cadora e de suporte familiar, mas também

como a sua imagem se tornou poderosa no

âmbito religioso, erótico e publicitário. Des-

ta forma, aborda-se a temática da violência

praticada contra a mulher e da igualdade

de género sem adoptar uma posição fata-

lista nem de denúncia sensacionalista. Op-

ta-se antes por focalizar a fi gura da mulher

como construção sócio-cultural complexa

que permite pensar o lugar que ocupam as

imagens da mulher na construção de iden-

tidades, no intercâmbio e produção cultu-

ral. “Procura-se assim construir imagens ba-

seadas nas personagens de banda dese-

nhada – as super-heroínas – recriando-as a

partir de uma visão e vivência feminina.

““À prova de fogo e de bala” é um pro-

jecto transdisciplinar e multidisciplinar no

qual se insere uma série de foto-pinturas.

Para a realização destas obras contou-se

com a colaboração de 15 mulheres e crian-

ças, desde os 10 aos 60 anos, como mo-

delos fotográfi cos dos fi gurinos que elas

próprias criaram e elaboraram - através

da participação voluntária em workshops

de criação artística realizados em parceira

com a Associação de Mulheres de Pesca-

dores e Armadores de Ilha Terceira e com

a UMAR–Açores, delegação da Terceira e

de S. Miguel. Na galeria Municipal de Arte,

em Abrantes, de terça-feira a sábado, das

10h00 às 12h30 e das 14h00 às 18h30.

Abrantes Até 31 de dezembro - Ex-

posição de Natal - Artesa-

nato - Posto de Turismo, de

Segunda a Sexta-feira, das

9h30 às 17h30

Até 31 de dezembro - Ex-

posição -Marcas de Fé - Re-

gistos, Presépios e Memó-

rias - Autoria de Teresa Sáez

Salgado e Rita Elias Sáez -

Biblioteca António Botto,

das 9h00 às 19h30

Até 31 de dezembro - Ex-

posição - Quando a arte é

um hobby, trabalhos de alu-

nos do curso de artes deco-

rativas - Biblioteca António

Botto, das 9h00 às 19h30

De 15 de dezembro a 31 de maio de 2011 - Expo-

sição - Memória dos sítios

- Colecções do Museu D.

Lopo de Almeida – Museu

D. Lopo de Almeida, Caste-

lo de Abrantes

17 de dezembro - Teatro

de marionetas - As cozi-

nheiras de livro, de Margari-

da Botelho - Biblioteca An-

tónio Botto, às 14h30

18 de dezembro a 28 de janeiro de 2011- Exposi-

ção - À prova de fogo e de

bala, de Andrea Inocên-

cio - Galeria Municipal de

Arte - Terça-feira a Sábado,

das 10h00 às 12h30 e das

14h00 às 18h30

CINEMA ESPALHAFITAS -

Cine-teatro São Pedro, às

21h30: 15 de dezembro -

Desassossego - com a pre-

sença do realizador João

Botelho 22 de dezembro -

Mistérios de Lisboa, de Raul

Ruiz 29 de dezembro - Em-

bargo, de António Ferreira

Barquinha Até 31 de dezembro -

Mostra Bibliográfi ca sobre

Augusto Abelaira – Biblio-

teca Municipal

19 de dezembro - Mega

concentração de Pais Natal

- Campanha de solidarieda-

de para a Creche da Atalaia

- Largo 1º de Dezembro, às

14h00

Constância Até 31 de dezembro -

Mostra bio-bibliográfi ca

sobre José Fanha - Biblio-

teca Municipal Alexandre

O’Neill, das 10h00 às 12h30

e das 14h00 às 18h30

Até 2 de janeiro - Exposição

de Presépios, de Madalena

Graça Vieira - Posto de Tu-

rismo, das 9h30 às 13h00 e

das 14h30 às 17h30

18 de dezembro - Ateliê -

Presépio tradicional -O Na-

tal no Museu - Museu dos

Rios e das Artes Marítimas,

das 14h00 às 17h30

Mação 18 de dezembro - Con-

certo de Natal - Percussão

e Coro do Conservatório

de Música FirMação, Gru-

po Coral - Os Rurais, Grupo

Cultural Os Maçaenses e Fi-

larmónica União Maçaense

- Igreja Matriz de Mação, às

18h00

Sardoal Até 28 de janeiro de 2011 - Exposição - Colecção de

Arte Contemporânea, de

vários autores - Centro Cul-

tural Gil Vicente, de Terça

a Sexta-feira das 16h00 às

18h00 e aos sábados das

15h00 às 18h00

19 de dezembro - Concer-

to de Natal - Coro misto -

Canto Firme - Centro Cultu-

ral Gil Vicente, às 16h00

7 de janeiro de 2011 - Café-

teatro pelo GETAS – Bar do

Centro Cultural Gil Vicente,

a partir das 22h30

II Mostra de Teatro de Sar-

doal – Centro Cultural Gil

Vicente, às 16h00:

18 de dezembro – “Dom

Quixote”, pelo GETAS.

AGENDA DO MÊS“À prova de fogo e de bala”

O Espalhafi tas, secção de cinema Palha de Abrantes, dedica o mês

de Dezembro ao cinema português, com a particularidade de ter du-

rante as sessões alguns dos realizadores. A 15 de dezembro terá lu-

gar “Desassossego”, um fi lme de João Botelho, que adapta uma obra

de Fernando Pessoa para o grande ecrã. O realizador vai estar pre-

sente neste dia para falar sobre o fi lme e interagir com os cinéfi los.

Na quarta-feira seguinte, 22 de Dezembro, é a vez de “Mistérios de

Lisboa” estrear em Abrantes. O fi lme foi realizado pelo Chileno Raul

Ruiz mas a história pertence a Camilo Castelo Branco. No fi m do mês,

a 29 de Dezembro, o realizador António Ferreira mostra “Embargo”,

também este adaptado de um livro, desta vez de José Saramago. As

sessões são no Cine-teatro São Pedro, às quartas, às 21h30.

Espalhafi tas dedica Dezembro ao cinema português

A Biblioteca Municipal de Sardoal celebrou o seu 13º ani-

versário a 6 de Dezembro e para comemorar a efeméride,

lançou dois concursos a que responderam dezenas de

pessoas. A concorrer estiveram 23 presépios feitos de plas-

ticina, barro, tecidos, materiais reciclados e musgo, elabo-

rados por alunos do 1º Ciclo de Sardoal ajudados por pais

e professores. Ricardo Silva viu o seu presépio vencer este

concurso, seguido de Henrique Chambel, ambos alunos

de Sardoal. O concurso literário recebeu 19 contos e foi ga-

nho por Carlos Jesus Gil, de Coimbra. Também em desta-

que está um conto feito por Nilton Silveira, de Porto Ale-

gre, Brasil e em terceiro lugar, André Fernandes, do 1º Ci-

clo de Sardoal, que escreveu “Um Guizo Especial”. Tanto os

presépios como os contos podem ser vistos na Biblioteca

de Segunda a Sexta-feira entre as 9h00 e as 12h30 e 14h00

e 17h30.

Biblioteca do Sardoal festeja anos com concurso de presépios

Zahara nº 16 já nas bancas

A vida de Jacinto Abreu contada na primei-

ra pessoa com uma força pouco vulgar, ou a

profi ssão já desaparecida das lavadeiras ou

ainda a produção de azeite nas Mouriscas são

alguns dos temas que se podem encontrar

no nº 16 da revista Zahara que já se encon-

tra à venda. Mas quem preferir temas de arte

tem um trabalho sobre os azulejos da igreja

da Atalaia. A curiosidade jornalística dos números únicos é outro traba-

lho. E a apresentação do museu de Vila de Rei. Mas o tema forte é a Repú-

blica centenária nos concelhos de Abrantes, Constância e Sardoal. São 96

páginas de história local numa revista que já se publica há 8 anos.

Page 21: JA - ed. Dezembro 2010
Page 22: JA - ed. Dezembro 2010

DEZEMBRO2010

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Porque a dor é grandeE a perda irreversívelResta-nos a memória

Dos momentos que vivemos contigo

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(28-03-1974 /16-11-2010)

ALFERRAREDE

Seus pais Maria Rosa e Fernando, irmão, cunhada, sobrinhos, Telma e restantes familiares, na impossibilidade de o fazerem pessoalmente, agradecem, por este meio, a todas as pessoas que participaram nas cerimónias fúnebres do Vasco ou que, por qualquer forma, manifestaram o seu pesar. A todos o seu bem-haja.

Page 23: JA - ed. Dezembro 2010

DEZEMBRO2010

jornaldeabrantes

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OBSTETRÍCIA E GINECOLOGIADr.ª Lígia Ribeiro, Dr. João PinhelOFTALMOLOGIADr. Luís CardigaORTOPEDIADr. Matos MeloOTORRINOLARINGOLOGIADr. João EloiPNEUMOLOGIADr. Carlos Luís LousadaPROV. FUNÇÃO RESPIRATÓRIAPatricia GerraPSICOLOGIADr.ª Odete Vieira; Dr. Michael Knoch;Dr.ª Maria Conceição CaladoPSIQUIATRIADr. Carlos Roldão Vieira; Dr.ª Fátima PalmaUROLOGIADr. Rafael PassarinhoNUTRICIONISTADr.ª Carla LouroSERVIÇO DE ENFERMAGEMMaria JoãoTERAPEUTA DA FALADr.ª Susana Martins

O que fazer ao lixo?SAÚDE É ... Secção da responsabilidade da Unidade de Saúde Publica do ACES do Zêzere

O tratamento dos resíduos obriga a um

conjunto de normas e procedimentos

desde a produção, recolha, transporte,

armazenamento, tratamento, valoriza-

ção e eliminação, que caso sejam viola-

dos poderão representar um grave pro-

blema de Saúde Pública, com riscos para

a saúde humana ou ambiental.

Resíduo Hospitalar (RH) é “ ...o resultan-

te de actividades médicas desenvolvidas

em unidades de prestação de cuidados

de saúde, em actividades de prevenção,

diagnóstico, tratamento, reabilitação e

investigação, relacionado com seres hu-

manos ou animais, em farmácias, em ac-

tividades médico-legais, de ensino e em

quaisquer outras que envolvam procedi-

mentos invasivos, tais como acupunctura,

piercings e tatuagens” – DL n.º 178/2006,

de 5 de Setembro. No Despacho n.º

242/96, de 13 de Agosto, está contem-

plada a classifi cação dos RH, que tem

subjacente a triagem dos mesmos, de

modo a garantirmos a minimização dos

riscos de forma economicamente susten-

tável. A gestão efi caz de RH implica a par-

ticipação activa de todo o pessoal envol-

vido na produção e tem subjacente a re-

gra dos 5 R – Reduzir, Reciclar, Reutilizar,

Recuperar e Responsabilizar. Os resídu-

os hospitalares classifi cam-se em: RESÍ-

DUOS NÃO PERIGOSOS: GRUPO I – RESÍ-

DUOS EQUIPARADOS A URBANOS: re-

síduos provenientes de serviços gerais;

GRUPO II – RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS:

Não estão sujeitos a tratamentos espe-

cífi cos, podendo ser equiparados os ur-

banos, como é exemplo o material or-

topédico, não contaminados e sem ves-

tígios de sangue. Este grupo de resíduos

são valorizáveis, pelo que se deve provi-

denciar a existência de ecopontos, para

a sua reciclagem. RESÍDUOS PERIGOSOS:

GRUPO III: Resíduos hospitalares de ris-

co biológico, resíduos contaminados ou

suspeitos de contaminação, susceptí-

veis de incineração ou de outro pré-tra-

tamento efi caz, permitindo posterior eli-

minação como resíduo urbano; GRUPO

IV: RESÍDUOS HOSPITALARES ESPECÍFI-

COS, resíduos de vários tipos, de incine-

ração obrigatória como por exemplo os

materiais cortantes e perfurantes.

Os resíduos do grupo III e IV são coloca-

dos em contentores próprios, fornecidos

pela empresa responsável pelo seu trans-

porte e tratamento.

Todos temos um papel importante na

promoção da saúde pública e na preser-

vação do nosso planeta, é importante

que cada um faça o seu !

Margarida ArnautEnfermeira

Page 24: JA - ed. Dezembro 2010