ipaee capitulo3 2

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS C ENTRO DE C IÊNCIAS E XATAS E DE T ECNOLOGIA D EPARTAMENTO DE E STATÍSTICA I NTRODUÇÃO AO P LANEJAMENTO E A NÁLISE E STATÍSTICA DE E XPERIMENTOS C APÍTULO # 3 I NTRODUÇÃO A P ROBABILIDADE E A I NFERÊNCIA E STATÍSTICA PARTE # 2 P ROF . P EDRO F ERREIRA F ILHO P ROF a . E STELA M ARIS P. B ERETA 2 º S EMESTRE DE 2010

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Material integrante do curso "Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos" - Prof. Pedro Ferreira Filho e Profa. Estela Maris P. Bereta - UFSCar

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Page 1: Ipaee capitulo3 2

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CC EE NN TT RR OO DD EE CC II ÊÊ NN CC II AA SS EE XX AA TT AA SS EE DD EE TT EE CC NN OO LL OO GG II AA

DD EE PP AA RR TT AA MM EE NN TT OO DD EE EE SS TT AA TT ÍÍ SS TT II CC AA

IINN TT RR OO DD UU ÇÇ ÃÃ OO AA OO PPLL AA NN EE JJ AA MM EE NN TT OO EE AANN ÁÁ LL II SS EE

EESS TT AA TT ÍÍ SS TT II CC AA DD EE EEXX PP EE RR II MM EE NN TT OO SS

CC AA PP ÍÍ TT UU LL OO ## 33

IINN TT RR OO DD UU ÇÇ ÃÃ OO AA PPRR OO BB AA BB II LL II DD AA DD EE EE AA

IINN FF EE RR ÊÊ NN CC II AA EESS TT AA TT ÍÍ SS TT II CC AA

PPAARRTTEE ## 22

PP RR OO FF .. PP EE DD RR OO FF EE RR RR EE II RR AA FF II LL HH OO

PP RR OO FF aa .. EE SS TT EE LL AA MM AA RR II SS PP .. BB EE RR EE TT AA

22 ºº SS EE MM EE SS TT RR EE DD EE 22 00 11 00

Page 2: Ipaee capitulo3 2

Capítulo 3 – Introdução a Probabilidade e a Inferência Estatística

Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos – 2o Semestre de 2010 – Prof. Pedro Ferreira Filho e Profa. Estela Maris Bereta

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33 .. 44 .. II NN FF EE RR ÊÊ NN CC II AA EE SS TT AA TT ÍÍ SS TT II CC AA ::

33 .. 44 .. 11 .. II NN TT RR OO DD UU ÇÇ ÃÃ OO ::

O campo da inferência estatística consiste naqueles métodos usados para tomar decisões ou

tirar conclusões acerca de uma população. Esses métodos utilizam a informação contida em uma

amostra da população para tirar conclusões. Mostramos na Fig. 3.10 a relação entre uma população

e uma amostra. Este ponto inicia nosso estudo dos métodos estatísticos usados para a inferência e a

tomada de decisões.

Figura 3.10. Relação entre uma população e uma amostra

Inferência estatística pode ser dividida em duas grandes áreas: estimação de parâmetros e teste

de hipóteses. Como um exemplo de um problema de estimação de parâmetros, suponha que um

engenheiro de estruturas esteja analisando a resistência a tensão de um componente usado em um

chassi de automóvel. Uma vez que a variabilidade da resistência à tração esta naturalmente presente

entre componentes individuais, devido às diferenças nas bateladas da matéria-prima nos processos

de fabricação e nos procedimentos de medidas (por exemplo), o engenheiro está interessado na

estimação da resistência média a tração dos componentes. Na pratica, o engenheiro usara dados da

amostra para calcular um número que e, de algum modo, um valor razoável (ou tentativa) da média

verdadeira. Esse número é chamado de estimativa. Veremos que e possível estabelecer a precisão da

estimativa.

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Capítulo 3 – Introdução a Probabilidade e a Inferência Estatística

Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos – 2o Semestre de 2010 – Prof. Pedro Ferreira Filho e Profa. Estela Maris Bereta

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Considere agora uma situação em que duas temperaturas diferentes de reação, como t1 e t2

possam ser usadas em um processo químico. O engenheiro conjectura que t1 resulta em rendimentos

maiores que t2 o teste estatístico de hipóteses e a estrutura para resolver problemas desse tipo.

Nesse caso, a hipótese seria que o rendimento médio usando a temperatura t1 é maior que o

rendimento médio usando a temperatura t2. Note que não há ênfase na estimação de rendimentos;

em vez disso, o foco esta na tirada de conclusões acerca de uma hipótese estabelecida.

33 .. 44 .. 22 .. DD EE FF II NN II ÇÇ ÕÕ EE SS EE PP RR OO PP RR II EE DD AA DD EE SS BB ÁÁ SS II CC AA SS :: Na maioria dos problemas de inferência estatística, é impossível ou impraticável observar a

população inteira. Por exemplo, não poderíamos testar à resistência a tração de todos os elementos

estruturais dos chassis, pois consumiria muito tempo e seria muito caro. Além disso, alguns (talvez

muitos) desses elementos estruturais não existam mais no tempo em que a decisão deve ser feita;

assim, para uma larga extensão, temos de visualizar a população como conceitual. Logo,

dependemos de um conjunto de observações da população para ajudar a tomar decisões à cerca da

população.

Para que nossas inferências sejam validas, a amostra tem que ser representativa da

população. É freqüentemente tentador selecionar uma amostra com as observações que sejam mais

convenientes ou exercer julgamento na seleção da amostra. Esses procedimentos podem

freqüentemente introduzir alguma tendência na amostra e, como resultado, o parâmetro de interesse

será consistentemente subestimado (ou superestimado) por tal amostra. Alem disso, o

comportamento de uma amostra de julgamento não pode ser estatisticamente descrito. Para evitar

essas dificuldades, é desejável selecionar uma amostra aleatória como o resultado de algum

mecanismo de chance. Conseqüentemente, a seleção de uma amostra e um experimento aleatório e

cada observação na amostra e o valor observado de uma variável aleatória. As observações na

população determinam a distribuição de probabilidades da variável aleatória.

Para definir uma amostra aleatória, faça X ser uma variável aleatória que represente o resultado

de uma seleção de uma observação proveniente da população. Faça f(x) denotar a função densidade

de probabilidade de X Suponha que cada observação na amostra seja obtida independentemente,

sob condições inalteradas. Ou seja, as observações para a amostra são obtidas, observando-se X

independentemente, sob condições inalteradas, isto é, n vezes. Faça X denotar a variável aleatória

que representa a i-ésima replica. Então, X1, X2, ..., Xn é uma amostra aleatória e os valores numéricos

obtidos são denotados por x1, x2,...,xn. As variáveis aleatórias em uma amostra aleatória são

independentes, com a mesma distribuição de probabilidades f(x), por causa das condições idênticas

sob as quais cada observação é obtida. Isto é, a função densidade de probabilidade marginal de X1,

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Capítulo 3 – Introdução a Probabilidade e a Inferência Estatística

Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos – 2o Semestre de 2010 – Prof. Pedro Ferreira Filho e Profa. Estela Maris Bereta

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X2, ...,Xn e fx1,x2,...,xn(x1, x2,...,xn), respectivamente, e pela independência, a função densidade de

probabilidade conjunta da amostra aleatória é f(x1)f(x2)...f(xn).

Definição 1: As variáveis aleatórias (X1,X2,...,Xn) são uma amostra aleatória de tamanho n, se: (a)

os X’s são variáveis aleatórias independentes (b) todos os Xi’s tiverem a mesma distribuição de

probabilidade.

Para ilustrar essa definição, suponha que estejamos investigando a vida efetiva de serviço de um

componente eletrônico usado em um marca-passo cardíaco e que a vida do componente seja

normalmente distribuída. Então, esperaríamos que cada uma das observações da vida do

componente Xl, X2, ..., Xn em uma amostra aleatória de n componentes fosse uma variável aleatória

independente com, exatamente, a mesma distribuição normal. Depois dos dados serem coletados, os

valores numéricos dos tempos de vida observados são denotados por x1,x2,...,xn.

A finalidade principal de tomar uma amostra aleatória e obter informação sobre os

parâmetros desconhecidos da população.

Definição 2: Uma estatística é qualquer função das observações de uma amostra aleatória.

Encontramos estatísticas anteriormente. Por exemplo, se X1, X2, ...,Xn. for uma amostra aleatória

de tamanho n, então a média da amostra X , a variância da amostra S2 e o desvio-padrão S da

amostra são estatísticas. O processo de tirar conclusões sobre a população, baseando-se nos dados

da amostra, faz uso considerável dessas estatísticas.

Desde que uma estatística seja uma variável aleatória, ela terá uma distribuição de probabilidades.

Chamamos a distribuição de probabilidades de uma estatística de distribuição amostral. A noção de

uma distribuição amostral é muito importante e será discutida e ilustrada mais adiante neste capitulo.

Uma aplicação muito importante de estatísticas e a obtenção das estimativas dos parâmetros, tais

como a media da população e a variância da população. Em problemas de inferência, é conveniente

ter um símbolo geral para representar o parâmetro de interesse. Usaremos o símbolo grego θ (teta)

para representar o parâmetro. O objetivo da estimação e selecionar um único número baseado nos

dados da amostra, sendo esse o valor mais plausível para θ. Um valor numérico de uma estatística

amostra será usado como a estimativa.

Definição 3: Uma estimativa pontual de algum parâmetro θ da população é um único valor

numérico de uma estatística θ .

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Capítulo 3 – Introdução a Probabilidade e a Inferência Estatística

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Como um exemplo, suponha que a variável aleatória X seja normalmente distribuída com uma

média desconhecida µµµµ. A média da amostra é um estimador da média desconhecida µµµµ da população.

Isto é X=µ . Depois de a amostra ter sido selecionada, o valor numérico x e a estimativa de µµµµ.

Assim, se x1 = 25, x2 = 30, x3 = 29 e x4 = 31, então a estimativa de µµµµ é

75.284

31293025 =+++=X

Similarmente, se a variância da população σσσσ2 for também desconhecida, um estimador para σσσσ2

será a variância da amostra S2 e o valor numérico s2 = 6.9, calculado a partir dos dados amostrais,

é chamado de estimativa de σσσσ2.

Problemas de estimação ocorrem freqüentemente em engenharia. Geralmente, necessitamos

estimar:

•••• A média µµµµ de uma única população;

•••• A variância σσσσ2 (ou desvio-padrão σσσσ) de uma única população;

•••• A proporção p de itens em uma população que pertence a uma classe de interesse;.

•••• A diferença nas médias de duas populações, µµµµ1 - µµµµ2;.

•••• A diferença nas proporções de duas populações, p1 – p2;

Estimativas razoáveis desses parâmetros são dadas a seguir:

•••• Para µµµµ, a estimativa é x=µ , a média da amostra.

•••• Para σσσσ2 a estimativa é 22ˆ s=σ a variância da amostra.

•••• Para p, a estimativa é nxp =2ˆ a proporção da amostra, sendo x o numero de itens em uma

amostra aleatória de tamanho n que pertence a classe de interesse.

•••• Para µµµµ1 - µµµµ2, a estimativa é 2121 ˆˆ xx −=− µµ a diferença entre as médias de duas amostras

aleatórias independentes.

•••• Para p1 – p2 a estimativa é 21 ˆˆ pp − , a diferença entre duas proporções amostrais, calculadas

a partir de duas amostras aleatórias independentes.

Podemos ter varias escolhas diferentes para o estimador pontual de um parâmetro. Por

exemplo, se desejarmos estimar a média de uma população, podemos considerar como

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estimadores a média ou a mediana da amostra ou talvez a média das observações menores e

maiores da amostra. De modo a decidir qual estimador de um parâmetro particular é o melhor

para se usar, necessitamos examinar suas propriedades estatísticas e desenvolver algum critério

para comparar os estimadores.

Os critérios para escolha do “melhor” estimador para um determinado parâmetro populacional

são definidos a partir de “propriedades” desejáveis destes estimadores. As propriedades mais

consideradas são:

Propriedade 1: Um estimador θ é não viciado (ou não tendencioso) para um parâmetro

populacional θ se:

( ) θθ =ˆE

Essa propriedade diz que um estimador deve estar "perto", de algum modo, do valor ver-

dadeiro do parâmetro desconhecido. Formalmente, dizemos que θ é um estimador não tendencioso

de θ, se o valor esperado de θ for igual a θ. Isso é equivalente a dizer que a média da distribuição

de probabilidades de θ (ou a media da distribuição amostral de θ) é igual a θ.

Propriedade 2: Sejam 1θ e 2θ dois estimadores não viciados de um parâmetro θ. 1θ é mais eficiente do

que 2θ se:

Var( 1θ ) < Var( 2θ )

ou seja, um estimador é mais eficiente quanto menor for a sua variância, ou ainda, quanto mais

preciso (menor dispersão) ele for.

Definição 4: Se considerarmos todos os estimadores não viciados de um parâmetro θ, aquele com

menor variância será denominado de estimador não viciado de menor variância.

A interpretação das propriedades acima pode ser observada a partir da seguinte situação:

Deseja-se comprar um rifle, e após algumas seleções, restaram quatro alternativas que

denominamos de rifles A, B, C e D. Realiza-se um teste para cada um dos rifles que consistiu em

fixá-lo num cavalete, mirar o centro de um alvo e disparar 15 tiros. Os resultados estão na figura

3.11.

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Figura 3.11 Resultados de 15 tiros dados por 4 rifles

Questão: Qual o melhor rifle?

Características:

Rifle A: Não viciado com baixa precisão (grande dispersão ou variância);

Rifle B: Viciado com baixa precisão;

Rifle C: Não viciado com boa precisão;

Rifle D: Viciado com alta precisão;

33 .. 44 .. 33 .. MM ÉÉ TT OO DD OO SS DD EE EE SS TT II MM AA ÇÇ ÃÃ OO ::

A forma de obtenção de um estimador para um dado parâmetro populacional, de preferência

com as propriedades desejáveis, pode ser feita utilizando-se diferentes procedimentos chamados de

métodos de estimação. Esses métodos não serão aqui apresentados e podem ser vistos, por

exemplo, em Montgomery e Runger (ver bibliografia do curso). Destacamos que os principais

métodos de estimação são:

•••• Métodos dos Momentos;

•••• Método da Máxima Verossimilhança;

•••• Método dos Mínimos Quadrados;

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Capítulo 3 – Introdução a Probabilidade e a Inferência Estatística

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33 .. 55 .. DD II SS TT RR II BB UU II ÇÇ ÕÕ EE SS AA MM OO SS TT RR AA II SS ::

A inferência estatística como vimos anteriormente, tem por objetivo tomar decisões acerca de

uma população, baseando-se na informação contida em uma amostra aleatória proveniente daquela

população. Por exemplo, podemos estar interessados no volume médio de enchimento de uma lata

de refrigerante. O volume médio de enchimento na população e 300 ml. Um engenheiro considera

uma amostra aleatória de 25 latas e calcula o volume médio amostral de enchimento como 298=x

ml. 0 engenheiro decidirá, provavelmente, que a média da população é µµµµ = 300 ml, muito embora a

média amostral tenha sido 298 ml, porque ele sabe que a média amostral é uma estimativa razoável

de µµµµ e que com a média amostral de 298 ml é muito provável de ocorrer, mesmo se a média

verdadeira da população for µµµµ = 300 ml. De fato, se a média verdadeira for 300 ml, então os testes

de 25 latas feitos repetidamente, talvez a cada 5 minutos, produzirão valores de x que variarão

acima e abaixo de µµµµ = 300 ml.

A média amostral e uma estatística; isto e, ela e uma variável aleatória que depende dos

resultados obtidos em cada amostra particular. Uma vez que uma estatística e uma variável aleatória,

ela tem uma distribuição de probabilidades.

Definição: A distribuição de probabilidades de uma estatística e chamada de uma distribuição

amostral.

Por exemplo, a distribuição de probabilidades de X é chamada de distribuição

amostral da média.

A distribuição amostral de uma estatística depende da distribuição da população, do tamanho

da amostra e do método de seleção da amostra. A próxima seção deste capítulo apresenta talvez a

mais importante distribuição amostral. Outras distribuições amostrais e suas aplicações serão

ilustradas quando necessárias (por exemplo, a distribuição amostral da variância amostral).

33 .. 55 .. 11 .. DD II SS TT RR II BB UU II ÇÇ ÃÃ OO AA MM OO SS TT RR AA LL DD AA MM ÉÉ DD II AA ::

33 .. 55 .. 11 .. 11 .. DD II SS TT RR II BB UU II ÇÇ ÃÃ OO AA MM OO SS TT RR AA LL PP AA RR AA UU MM AA MM ÉÉ DD II AA ::

Considere a determinação da distribuição amostral da média X da amostra. Suponha que

uma amostra aleatória de tamanho n seja retirada de uma população normal com média µµµµ e

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variância σσσσ2. Então, pela propriedade reprodutiva da distribuição normal, concluímos que a média da

amostra tem uma distribuição normal com média µµ =X

e variância nX

22 σσ = , ou seja, a

distribuição da média da amostra tem como média o mesmo valor da média da populacional da

característica em estudo (estimador não viciado) e variância igual à variância populacional dividida

pelo tamanho da amostra.

Notação:

Se ),(~ 2σµNX i então ),(~2

nNX σµ

Observação: Propriedade reprodutiva ⇒ Uma combinação linear de variáveis aleatórias normais é

também normal.

Se estivermos amostrando de uma população que tenha uma distribuição desconhecida de

probabilidades, a distribuição amostral da média da amostra será aproximadamente normal, com

média µµµµ e variância σσσσ2/n, se o tamanho n da amostra for grande. Esse é um dos mais úteis

teoremas em estatística, o chamado teorema central do limite.

33 .. 55 .. 11 .. 22 .. TT EE OO RR EE MM AA DD OO LL II MM II TT EE CC EE NN TT RR AA LL ::

Se X1, X2 ,..., Xn representa uma amostra aleatória de tamanho n de uma variável X

com média µ e variância finita σ2, obtida em uma população (finita ou infinita) e se X for a

média da amostra, então a forma limite da distribuição para n grande é dada por

n

XZ σ

µ)−=

Interpretação: O Teorema Central do Limite nos diz que, independente da distribuição que

a característica em estudo pode ser representada, a medida que o tamanho da amostra

aumenta, a distribuição amostral da média X pode ser representada pelo modelo normal.

A qualidade da aproximação normal para X depende do tamanho n da amostra. A

Fig. 3.12(a) mostra a distribuição obtida para o arremesso de um único dado verdadeiro com

seis faces. As probabilidades são iguais a (1/6) para todos os valores obtidos, 1,2,3,4,5 ou 6.

A Fig. 3.12(b) mostra a distribuição das pontuações médias obtidas quando arremessando

três, cinco e dez vezes o dado, respectivamente. Note que, embora a população (um dado)

esteja relativamente longe da normal, a distribuição das medias será aproximada

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razoavelmente bem pela distribuição normal, para amostras de tamanho tão pequeno

quanto cinco. (As distribuições dos arremessos dos dados são discretas, enquanto a normal

e continua.) Embora o teorema central do limite trabalhe bem para pequenas amostras (n =

4, 5) na maioria dos casos, particularmente onde a população seja continua, unimodal e

simétrica, amostras maiores serão necessária em outras situações, dependendo da forma da

população. Em muitos casos de interesse prático, se n ~ 30, a aproximação normal será

satisfatória, independente da formal da população. Se n < 30, o teorema central do limite

funcionara, se a distribuição da população não for muito diferente da normal.

Exemplo: Uma companhia eletrônica fabrica resistores que têm uma resistência média de 100Ω e

um desvio padrão de 10Ω. A distribuição das resistências pode ser representada pelo modelo normal.

Encontre a probabilidade de uma amostra aleatória de tamanho n = 25 resistores ter uma resistência

média menor que 95Ω?

Solução:

X = resistência dos resistores ⇒ )10,100(~ 2NX

X = Média da amostra de n = 25 resistores

⇒ )22510,100(~),(~

22=⇒ NXnNX σµ

Conseqüentemente a probabilidade desejada é dada por:

[ ] [ ] 0062.05.22

)10095)95 =−<=

−<−=< ZP

n

XPXP σ

µ

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Figura 3.12 Distribuição das pontuações médias obtidas quando arremessamos dados

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33 .. 55 .. 11 .. 33 .. DD II SS TT RR II BB UU II ÇÇ ÃÃ OO AA MM OO SS TT RR AA LL PP AA RR AA DD II FF EE RR EE NN ÇÇ AA DD EE DD UU AA SS MM ÉÉ DD II AA SS ::

Agora consideremos o caso em que temos duas populações independentes. Faça a primeira

população ter uma média µ1 e variância 21σ e a segunda população ter uma média µ2 e variância

22σ . Suponha que ambas as populações possam ser representadas pelo modelo normal. Então,

usando o fato de que combinações lineares de variáveis aleatórias normais têm distribuição normal,

podemos dizer que a distribuição amostral de 21 XX − é normal, com média

212121µµµµµ −=−=− XXXX

e variância

2

2

1

2

222 21

12121 nnXX

XXXX

σσσσσ +=+=−

Portanto:

),(~2

22

1

21

2121 nnNXX

σσµµ +−−

Se as duas populações não forem normalmente distribuídas, porem se ambos os tamanhos da

amostra n1 e n2 forem maiores que 30, podemos usar o teorema central do limite e considerar que

21 XeX sigam aproximadamente distribuições normais independentes. Por conseguinte, a distribuição

amostral de 21 XX − é aproximadamente normal, com média e variância dadas acima. Se n1 ou n2

forem menores que 30, então a distribuição amostral de 21 XX − será aproximadamente normal,

com média e variância dadas acima, desde que a população da qual a amostra e retirada não seja

drasticamente deferente da normal.

Exemplo: A vida efetiva de um componente usado em um motor de uma turbina de um avião a jato

é uma variável aleatória, com media de 5.000 h e desvio-padrão de 40 h. A distribuição da vida efe-

tiva é razoavelmente próxima da distribuição normal. 0 fabricante do motor introduz uma melhoria

no processo de fabricação para esse componente, que aumenta a vida media para 5.050 h e diminui

o desvio-padrão para 30 h. Suponha que uma amostra aleatória de n1= 16 componentes seja

selecionada do processo "antigo" e uma amostra aleatória de n2 = 25 componentes seja selecionada

do processo "melhorado". Qual é a probabilidade de que a diferença nas duas médias amostrais

12 XX − I seja no mínimo de 25 h? Considere que o processo antigo e o melhorado possam ser

considerados como populações independentes.

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Capítulo 3 – Introdução a Probabilidade e a Inferência Estatística

Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos – 2o Semestre de 2010 – Prof. Pedro Ferreira Filho e Profa. Estela Maris Bereta

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Solução:

X1 = tempo de vida do processo antigo ⇒ )40,5000(~ 21 NX

X2 = tempo de vida do processo melhorado ⇒ )30,5050(~ 22 NX

Logo:

)101640,5000(~

2

1 =NX )62530,5050(~

2

21 =NX

e

)136,50()106,50005050(~ 2212 NNXX =+−−

Desta forma:

[ ] [ ] [ ] 9838.0001617.0114.2114.2136

)50252512 =−=−<−=−>=

−>=>− ZPZPZPXXP

33 .. 66 .. II NN TT EE RR VV AA LL OO SS DD EE CC OO NN FF II AA NN ÇÇ AA ::

33 .. 66 .. 11 .. II NN TT RR OO DD UU ÇÇ ÃÃ OO ::

Em muitas situações, uma estimativa pontual de um parâmetro, como foi vista até o

momento, não fornece informação completa para um engenheiro. Por exemplo, considere o

problema da condutividade térmica de ferro Armco. Usando uma temperatura de 100ºF e uma

potência de 550w, 10 medidas foram observadas obtendo-se uma média amostral de

924.41=x BTU/h.ft.oF. É improvável que a média verdadeira da condutividade térmica µ seja

exatamente igual a esse valor; assim, uma questão relevante aparece: quão próximo esta x da

média verdadeira? Calcular o erro-padrão da estimativa (desvio do estimador) é um guia aproximado

para a precisão da estimação. Outra abordagem é usar um intervalo de confiança para expressar o

grau de incerteza associado com uma estimativa.

Uma estimativa do intervalo de confiança de um parâmetro desconhecido θ é um intervalo da

forma l ≤≤≤≤ θθθθ ≤≤≤≤ s em que os pontos finais l e s dependem do valor numérico da estatística θ da

amostra para uma amostra particular. Uma vez que amostras diferentes produzirão valores

diferentes de θ e , conseqüentemente, valores diferentes dos pontos finais l e s, esses pontos finais

são valores de variáveis aleatórias, como L e S, respectivamente. Da distribuição amostral da media

estatística e, seremos capazes de determinar valores de L e S, tal que a seguinte afirmação sobre

probabilidade seja verdadeira:

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Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos – 2o Semestre de 2010 – Prof. Pedro Ferreira Filho e Profa. Estela Maris Bereta

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P [ L ≤≤≤≤ θθθθ ≤≤≤≤ S ] = 1 - αααα

sendo 0 < αααα < 1. Assim, temos uma probabilidade de 1 - αααα de selecionar uma amostra que

produzira um intervalo contendo o valor verdadeiro de θ.

O intervalo resultante:

l ≤≤≤≤ θθθθ ≤≤≤≤ s

é chamado de intervalo com 100(1 - αααα)% de confiança para o parâmetro θ . As grandezas l e s são

chamadas de limites inferior e superior de confiança, respectivamente, e (1 - αααα) é chamado de

coeficiente de confiança. A interpretação de um intervalo de confiança é que se um número infinito

de amostras aleatórias for calculado e um intervalo com 100(1 - αααα)% de confiança para θ for

calculado a partir de cada amostra, então 100(1 - αααα)% desses intervalos conterão o valor verdadeiro

de θ.

A situação e ilustrada na Figura 3.13, que mostra vários intervalos com 100(1 - αααα)% de

confiança para o parâmetro θ de uma distribuição. Os pontos nos centros dos intervalos indicam a

estimativa pontual de θ (ou seja, θ ). Note que um dos 25 intervalos não contém θ. Se esse fosse um

intervalo com 95%, no final das contas, somente 5% dos intervalos não conteriam θ.

Figura 3.13. Construção repetida de um intervalo de confiança para θ

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Capítulo 3 – Introdução a Probabilidade e a Inferência Estatística

Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos – 2o Semestre de 2010 – Prof. Pedro Ferreira Filho e Profa. Estela Maris Bereta

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Agora, na prática, obtemos somente uma amostra aleatória e calculamos um intervalo de

confiança. Uma vez que esse intervalo conterá ou não o valor verdadeiro de θ, não é razoável fixar

um nível de probabilidade a esse evento específico. A afirmação apropriada é: O intervalo observado

[l, s] contém o valor verdadeiro de θ, com 100(1 - αααα) de confiança. Essa afirmação tem uma

interpretação de freqüência; ou seja, não sabemos se a afirmação é verdadeira para essa amostra

especifica, mas o método usado para obter o intervalo [l, s] resulta em afirmações corretas em 100(

1 - αααα)% do tempo.

O comprimento θθθθ - l do intervalo observado de confiança é uma importante medida da qualidade

da informação obtida a partir da amostra. A metade do comprimento do intervalo θθθθ - l ou s - θθθθ e

chamada de precisão do estimador. Quanto maior for o intervalo de confiança, mais confiantes

estaremos de que o intervalo realmente contém o valor verdadeiro de θ. Por outro lado, quanto

maior for o intervalo, menos informação teremos a respeito do valor verdadeiro de θ. Em uma

situação ideal, gostaríamos de obter um intervalo relativamente pequeno com alta confiança.

Em muitas situações práticas, é fácil encontrar os pontos finais que definem o intervalo de

confiança para um parâmetro. Por exemplo, os pontos finais para o intervalo de confiança para a

média µµµµ de uma distribuição normal envolvem o erro-padrão da média amostral X . Na verdade, o

intervalo de confiança para µµµµ é encontrado adicionando e subtraindo um múltiplo do erro-padrão

nσ ou do erro-padrao estimado

nS , para a média amostral.

Intervalos de confiança estão intimamente relacionados à outra técnica estatística de tomada de

decisão, chamada de teste de hipóteses. As hipóteses são apenas afirmações sobre os parâmetros

das distribuições de probabilidades. O objetivo é tomar decisões a respeito dessas afirmações.

Freqüentemente, essas decisões podem ser tomadas examinando a faixa de valores razoáveis para

um parâmetro a partir de um intervalo de confiança. A seguir, discutiremos e ilustraremos teste de

hipóteses relacionado à média populacional.

33 .. 66 .. 22 .. II NN TT EE RR VV AA LL OO DD EE CC OO NN FF II AA NN ÇÇ AA PP AA RR AA MM ÉÉ DD II AA µµµµµµµµ ::

A estimação pontual fixa um valor numérico que esteja satisfatoriamente próximo do

verdadeiro valor do parâmetro. A estimação intervalar, como apresentado no tópico anterior,

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Capítulo 3 – Introdução a Probabilidade e a Inferência Estatística

Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos – 2o Semestre de 2010 – Prof. Pedro Ferreira Filho e Profa. Estela Maris Bereta

16

determina intervalos com limites aleatórios, que contenham o valor do parâmetro, com uma margem

de segurança prefixada.

Vimos ainda que para uma amostra suficientemente grande, independente da distribuição da

característica em estudo, a distribuição das médias amostrais em torno da média populacional µ é

normal com desvio padrão nσ (erro padrão (EP) da média). Quanto menor o valor de EP mais

próximas estarão às médias amostrais da média populacional µ.

Um estimador pontual com base em uma amostra especifica um único valor como estimativa

do parâmetro de interesse. Esse procedimento não permite julgar qual a possível magnitude do erro

que estamos cometendo. A forma usual de se considerar conjuntamente o estimador e a precisão

com que se estima o parâmetro é através dos intervalos de confiança que são baseados na

distribuição amostral do estimador pontual.

Qualquer intervalo de confiança tem duas partes: um intervalo calculado a partir dos dados e

um de nível confiança de 100(1 - αααα)%. Um intervalo usualmente assume a seguinte forma:

Estimativa Pontual ±±±± margem de erro

O nível (ou coeficiente) de confiança (100(1 - αααα)%) é a taxa de sucesso do método que

produz o intervalo, ou ainda a cada n amostras (100(1 - αααα)%) irão conter o verdadeiro valor do

parâmetro.

Para toda estatística de interesse, é possível encontrar um intervalo de confiança da forma

acima apresentada. Nesse curso, nos limitaremos a estudar o caso onde o interesse é o estudo da

média µ da população.

33 .. 66 .. 22 .. 11 .. II NN TT EE RR VV AA LL OO DD EE CC OO NN FF II AA NN ÇÇ AA PP AA RR AA MM ÉÉ DD II AA µµµµµµµµ CC OO MM VV AA RR II ÂÂ NN CC II AA

CC OO NN HH EE CC II DD AA ::

Nossa primeira situação é aquela onde temos interesse em construir um intervalo de

confiança para a média µµµµ, de uma característica que pode ser representada pelo modelo normal e

que a variância deste modelo é conhecida (situação pouco usual em termos práticos!).

Para estimar a média µ de uma população usamos a média X da amostra observada.

Qualquer que seja a amostra coletada, no intervalo de confiança definiremos um “erro” observado

em torno do valor médio, este “erro” é dado por )( µ−= xe , ou seja, o desvio da média amostral

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Capítulo 3 – Introdução a Probabilidade e a Inferência Estatística

Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos – 2o Semestre de 2010 – Prof. Pedro Ferreira Filho e Profa. Estela Maris Bereta

17

em relação a verdadeira média populacional. Consideremos a variável aleatória “erro” dada

por )( µε −= X . Dividindo esta última expressão por n

σ temos pelo Teorema Central do Limite que,

)1;0(~)(

NX

nnσσ

µε −=

Assim, fixado um valor (100(1 - αααα)%) tal que 0 < α < 1, podemos encontrar um valor de Zα/2 tal

que

αε σα −=< 1)( 2/ n

zP

O índice de Zα/2 apresenta o valor αααα dividido por 2 uma vez que a “massa” αααα deve ser distribuída

igualmente em torno de 0. O valor de Zα/2 pode ser obtido da tabela da normal padrão.

Podemos determinar a probabilidade de a estimativa pontual estar a uma determinada

distância da média verdadeira, ou seja, determinar a probabilidade de cometermos erros de

determinada magnitude. Por exemplo, αααα = 5% ⇒ (1-αααα)=0.95

αε σα −=< 1)( 2/ n

zP

95,0)96,1( =<n

P σε

95,0)96,1( =<−n

XP σµ

95,0)96,196,1( =<−<−nn

XP σσ µ

(100(1 - αααα)%)

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Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos – 2o Semestre de 2010 – Prof. Pedro Ferreira Filho e Profa. Estela Maris Bereta

18

95,0)96,196,1( =+<<−nn

XXP σσ µ

Portanto, o intervalo de confiança para µ, com coeficiente de confiança (100(1 - αααα)%) é dado

por

Valores para 2/αz mais usuais:

Nível de Confiança 90% 95% 99% Valor crítico: 2/αz 1.645 1.960 2.576

Amplitude do intervalo:

A amplitude do intervalo de confiança é dada pela diferença entre o extremo inferior e

superior, isto é,

nzX

σα 2/+ - (

nzX

σα 2/− ) = 2

nz

σα 2/

É usual se referir à semi-amplitude, como o erro envolvido na estimação.

Exemplo 1: Um cientista descobriu que uma doença que afeta indivíduos de certa região está

relacionada com a concentração da substância A no sangue, sendo considerado doente todo

indivíduo para o qual a concentração de A é menor que 1,488 mg/cm3. Com o intuito de conhecer a

concentração da substância A no sangue em indivíduos desta região afetados pela moléstia em

estudo, o cientista avaliou um grupo 867 pessoas. Supondo que a concentração da substância A no

sangue, em indivíduos com a doença em estudo, tem distribuição normal com média µ desconhecida

e desvio padrão 0,4 mg/cm3 determine uma estimativa intervalar com 95% de confiança para o nível

médio da concentração de substância, sabendo que para esta amostra de 867 pessoas obteve-se

x =1,23.

Determinação do tamanho da amostra:

Este assunto pertence ao que na Estatística se denomina Teoria de Amostragem que não é

objeto deste curso, no entanto podemos calcular para algumas situações especiais, o tamanho da

amostra necessário, como uma aplicação de intervalos de confiança. Se o objetivo é estimar a média

podemos usar os intervalos anteriormente estabelecidos, para obter o tamanho da amostra. Para isto

precisamos fixar o maior erro da estimativa aceitável e o nível de confiança com o qual desejamos

[ ]n

zXn

zXICσσαµ αα 2/2/ ,)% - (1;( +−=

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Capítulo 3 – Introdução a Probabilidade e a Inferência Estatística

Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos – 2o Semestre de 2010 – Prof. Pedro Ferreira Filho e Profa. Estela Maris Bereta

19

trabalhar. À medida que n cresce o erro padrão da média n

σ, decresce. Conseqüentemente o

intervalo de confiança torna-se mais estreito. Com isto, a média µ é estimada com maior precisão.

Em muitas situações, aumentar o tamanho da amostra implica em aumento de custo, por

exemplo, tempo, recursos financeiros, etc. Tem-se desta forma um impasse entre precisão na

estimativa de µ e o custo desta estimação. Idealmente, seria interessante analisarmos o problema

sob o ponto de vista de estimar µ, com precisão desejada e de acordo com os recursos disponíveis.

Entretanto, ignoraremos o fator custo e apenas consideraremos o problema de determinação do

tamanho da amostra para uma precisão pré-estabelecida.

Durante a fase do planejamento do experimento, o pesquisador pode estabelecer o erro

tolerável, e na estimação de µ. Esta margem de erro pode ser expressa como:

)( µ−= xe

Como já visto anteriormente o intervalo de confiança aleatório para µ é dado por:

nzX

nzX

σµσαα 2/2/ +≤≤−

que pode ser reescrito como

nzX σ

αµ 2/≤− (1)

O fator nz σ

α 2/ é na verdade a precisão usada na estimação de µ através de x . Observe

que )( µ−= xE é a variável aleatória erro. Reescrevendo (1) como

nzE /2/ σα≤

Igualando nz /2/ σα ao erro e, pré-estabelecido pelo pesquisador, na pior das hipóteses

temos:

e = nz /2/ σα

Portanto, o tamanho mínimo necessário da amostra para estimar µ com precisão e, é dado

por:

2

∗=e

zn

σ

Sendo z* o valor crítico para o nível de confiança desejado.

33 .. 66 .. 22 .. 22 .. II NN TT EE RR VV AA LL OO DD EE CC OO NN FF II AA NN ÇÇ AA PP AA RR AA MM ÉÉ DD II AA µµµµµµµµ CC OO MM VV AA RR II ÂÂ NN CC II AA

DD EE SS CC OO NN HH EE CC II DD AA ::

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20

Nas situações praticas é usual conhecermos o modelo probabilístico (usualmente o normal,

nos problemas de Engenharia) associado à variável aleatória em estudo. Porém os parâmetros desse

modelo são desconhecidos na situação em estudo, portanto devem ser estimados a partir dos dados

da própria amostra. No caso do modelo normal, nessa situação tanto a média µµµµ e a variância σσσσ2 não

são conhecidos e seus valores serão estimados pela média e variância amostral.

Agora se a distribuição de X, variável em estudo é normal, então a média amostral X tem

distribuição N(µ, σ2/n). Se σσσσ2 é conhecido, como vimos no tópico anterior, um intervalo de confiança

para µµµµ, é dado por ]*[n

zX σ± . Embora a situação de normalidade seja razoável em muitos

casos práticos, dificilmente se conhece a variância de uma população quando sua média é

desconhecida.

Quando σσσσ2 é desconhecido, e a nossa amostra aleatória (X1,..., Xn) é constituída de

variáveis aleatórias independentes com densidade normal de média µ e variância σ2, utilizamos o

“melhor” estimador para σσσσ2 que é por s2. Nesse caso, o intervalo de confiança é obtido utilizando-se

uma nova estatística:

n

Sx

XT

µ−=

sendo s o estimador do desvio padrão σσσσ . Temos que T também é uma variável aleatória, mas

apesar de X ter distribuição normal, o denominador de T envolve a variável aleatória S2, que fará

com que a função de densidade de T seja diferente da normal. Essa estatística tem distribuição

conhecida como t-Student com n-1 graus de liberdade, sendo n o tamanho da amostra. A forma da

distribuição t-Student é parecida com a da normal. É simétrica em relação a zero, mas apresenta

caudas “grossas”, ou seja, maior variância do que a normal. Aumentando-se o tamanho de amostra

n, a distribuição t de Student aproxima-se do modelo normal.

Pode-se observar, pela figura abaixo, que a distribuição t –Student é muito semelhante à

curva normal. À medida que aumentam os graus de liberdade, a distribuição t-Student aproxima-se

da distribuição normal padronizada (média = 0, desvio-padrão = 1). A curva normal padronizada é

um caso particular da distribuição t quando graus de liberdade tende ao infinito. Para os propósitos

práticos, os valores da distribuição t-Student aproximam-se dos valores da distribuição normal

padronizada relativamente depressa, tal que quando graus de liberdade= 30 esses valores são quase

idênticos.

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21

Para cada valor de graus de liberdade temos uma distribuição diferente.

O procedimento para a obtenção do intervalo é semelhante ao desenvolvido anteriormente.

Utilizando a estatística,

1~ −−= n

n

S tX

Tx

µ

que nos permite construir o intervalo de confiança para µ. Para isto através da tabela da distribuição

tn-1, obtemos um valor de t* tal que

)1(*)*( αµ −=≤−≤− tX

tPn

Sx

Ou seja,

P( - t*≤ tn-1 ≤ t*)= 11--αα

αµ −=+≤≤− 1)**(n

S

n

S xx tXtXP

Assim, um intervalo de confiança para µ com nível de confiança de 100(11--αα)) % é dado por:

] ; [:))1(;()2/(,1)2/(,1 n

Snn

Sn

xx tXtXIC αααµ −− +−−

( )2/,1 α−nt denota o percentil αααα/2 (que é equivalente ao percentil ((11--((αα//22)) )da distribuição t-

Student com n-1 graus de liberdade. Assim, o intervalo de confiança para µ é centrado na estimativa

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Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos – 2o Semestre de 2010 – Prof. Pedro Ferreira Filho e Profa. Estela Maris Bereta

22

do efeito, e varia de uma quantidade *t desvios padrão para baixo até o mesmo número de desvios

padrão para cima.

EExxeemmpplloo 33:: Em uma pesquisa para toxinas produzidas por um parasita que infecta as safras de

milho, um bioquímico preparou extratos da cultura do parasita com solventes orgânicos e mediu a

quantidade de substância tóxica por grama de solução. Para uma amostra de 9 culturas encontrou

uma quantidade média de substância tóxica igual a 1,02 miligramas e um desvio padrão de 0,26

miligramas. Seja µ a verdadeira quantidade média de substância tóxica. Construir um Intervalo de

95% de confiança para µ.

Observação:

• Se variância σ2 for desconhecida e a variável não tem densidade normal, é necessário considerar

um tamanho de amostra suficientemente grande. Pois, nesse caso, é sabido que S2 se aproxima

de σ2 de tal forma que seu uso, juntamente com aplicação do Teorema Central do Limite,

permite considerar X como tendo distribuição Normal. Conseqüentemente )1,0(~ NX

n

Sx

µ−, e

um intervalo de confiança γ para µ é dado por:

] ; [:))1(;( )2/()2/( n

S

n

S xx zXzXIC αααµ +−−

Exemplo 4: Para estimar o rendimento semanal de operários de construção de uma grande cidade,

um sociólogo seleciona uma amostra aleatória de 75 operários. A média amostral é dada por x =

427,00 reais e s= 15,00 reais. Determine um intervalo de confiança para µ considerando coeficientes

de confiança 0,90 e 0,95.

33 .. 66 .. 33 .. II NN TT EE RR VV AA LL OO DD EE CC OO NN FF II AA NN ÇÇ AA PP AA RR AA DD II FF EE RR EE NN ÇÇ AA SS DD EE

MM ÉÉ DD II AA SS ::

Engenheiros e cientistas estão freqüentemente interessados em comparar duas condições diferentes,

com o objetivo de determinar se as mesmas produzem diferentes resultados na resposta que esta

sendo observada. Essas condições são chamadas na maioria das vezes de tratamentos.

Consideremos a seguinte situação: Dois tratamentos são definidos por duas diferentes formulações

de tinta (formulação padrão e uma nova formulação) e a resposta é o tempo de secagem. O objetivo

do estudo é determinar se a nova formulação resulta redução do tempo de secagem.

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23

Nesse caso, o objetivo do estudo passa pelo estudo das médias observadas em amostras de

unidades de observação submetidas aos dois tratamentos em estudos (diferentes formulações, no

exemplo).

Uma das formas possíveis de analisar o comportamento de dois tratamentos é o estudo da

diferença de suas médias. A partir do valor estimado, a partir da amostra, podermos identificar que

tratamento apresenta melhor desempenho na resposta de interesse.

Portanto, para análise do problema utilizaremos a distribuição da estatística “diferença de

duas médias” apresentada em

Lembrando:

Se o primeiro tratamento tem uma media µ1 e variância 21σ e o segundo tratamento tem uma

media µ2 e variância 22σ . Supondo que ambas as populações possam ser representadas pelo

modelo normal ou que as condições do Teorema Central do Limite são satisfeitas, podemos dizer que

a distribuição amostral de 21 XX − é normal, com media

212121µµµµµ −=−=− XXXX

e variância

2

2

1

2

222 21

12121 nnXX

XXXX

σσσσσ +=+=−

Portanto:

),(~2

22

1

21

2121 nnNXX

σσµµ +−−

A distribuição amostral da diferença entre duas médias nos leva a considerar, para fins de

obtenção de um intervalo de confiança, as seguintes situações:

•••• Variâncias dos diferentes grupos (tratamentos) são conhecidas;

•••• Variâncias dos diferentes grupos (tratamentos) são desconhecidas e portanto também

precisam ser estimadas na amostra;

Mas temos ainda que, para ambos os casos precisamos considerar se as variâncias são iguais ou

diferentes nos diferentes tratamentos, surge ai também duas alternativas:

•••• Variâncias Iguais;

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Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos – 2o Semestre de 2010 – Prof. Pedro Ferreira Filho e Profa. Estela Maris Bereta

24

•••• Variâncias Diferentes;

33 .. 66 .. 33 .. 11 .. II NN TT EE RR VV AA LL OO DD EE CC OO NN FF II AA NN ÇÇ AA PP AA RR AA DD II FF EE RR EE NN ÇÇ AA DD EE MM ÉÉ DD II AA SS CC OO MM

VV AA RR II ÂÂ NN CC II AA SS CC OO NN HH EE CC II DD AA SS ::

Considerando o resultado acima apresentado:

),(~2

22

1

21

2121 nnNXX

σσµµ +−−

e utilizando os mesmos procedimentos utilizados no caso de uma amostra, podemos facilmente

mostrar que um intervalo de confiança (100(1 - αααα)%) para a diferença de médias, µ1 - µ2 é dado

por:

+−−≤−≤+−−

2

22

1

21

2/21212

22

1

21

2/21 nnzXX

nnzXX

σσµµσσαα

ou seja:

ασσµµσσαα −=

+−−≤−≤+−− 1

2

22

1

21

2/21212

22

1

21

2/21 nnzXX

nnzXXP

Exemplo:

Testes de resistência à tensão foram realizados em duas estruturas contendo dois teores de

alumínio. Essas estruturas foram usadas na fabricação das asas de um avião comercial. De

experiências passadas com o passado de fabricação dessas estruturas e com o procedimento de

testes, os desvios-padrão das resistências a tensão são considerados conhecidos e dados por 1.0 no

caso da estrutura 1 e de 1.5 na estrutura 2. Uma amostra de 10 unidades da estrutura 1 resultaram

em uma resistência a tensão média de 87.6 enquanto que uma amostra de 12 unidades da estrutura

2 resultou em uma média de 74.5. Encontre um intervalo de confiança de 90% para a diferença das

médias de resistência a tensão das duas estruturas.

Solução: Seja:

X1 = resistência a tensão na estrutura 1

X2 = resistência a tensão na estrutura 2

Considerando ainda que em ambos os casos a resistência a tensão pode ser representada por um

modelo normal, temos que:

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25

)12

5.1

10

1,(~),(~

2

21212

22

1

21

2121 +−−⇒+−− µµσσµµ NXXnn

NXX

e o intervalo de confiança é dado por:

[ ][ ]98.1322.12

88.01.1388.01.13

12

5.1

10

1645.11.13

12

5.1

10

1645.11.13

12

5.1

10

15.746.87

12

5.1

10

15.746.87

21

21

2

21

2

2

2/21

2

2/

2

22

1

21

2/21212

22

1

21

2/21

≤−≤=+≤−≤−

=

++≤−≤+−

=

++−≤−≤+−−

=

++−≤−≤+−−

µµµµ

µµ

µµ

σσµµσσ

αα

αα

zz

nnzXX

nnzXX

Questão:

Qual o significado destes intervalos ser todo positivo?

Observação:

Se as variâncias dos diferentes tratamentos (grupos) além de conhecidas forem iguais, temos que:

222

21 σσσ == então a expressão do intervalo de confiança fica simplificada da seguinte forma:

+−−≤−≤+−−

212/2121

212/21

1111

nnzXX

nnzXX σµµσ αα

33 .. 66 .. 33 .. 22 .. II NN TT EE RR VV AA LL OO DD EE CC OO NN FF II AA NN ÇÇ AA PP AA RR AA DD II FF EE RR EE NN ÇÇ AA DD EE MM ÉÉ DD II AA SS CC OO MM

VV AA RR II ÂÂ NN CC II AA SS DD EE SS CC OO NN HH EE CC II DD AA SS EE II GG UU AA II SS ::

Nessa situação consideramos que a variância dos dois tratamentos em estudo são

desconhecidos, logo devem também ser estimados pela amostra. Porém, embora desconhecidas,

têm-se a informação que as variâncias dos dois tratamentos são iguais. Nesse caso temos:

+−−⇒

+−−

21

22121

2

22

1

21

2121

11,(~,~

nnNXX

nnNXX σµµσσµµ

Problema:

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Capítulo 3 – Introdução a Probabilidade e a Inferência Estatística

Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos – 2o Semestre de 2010 – Prof. Pedro Ferreira Filho e Profa. Estela Maris Bereta

26

Considerando que as variância são desconhecidas, porém iguais e que é possível obter uma

estimativa para variância amostral em cada um dos tratamentos, como estimamos, a partir desses

valores, a variância que é igual para ambos os tratamentos?

Consideremos:

•••• uma amostra de tamanho n1 do tratamento 1 com variância estimada denotada por 21S ;

•••• uma amostra de tamanho n2 do tratamento 2 com variância estimada denotada por 22S ;

Parece ser razoável combinar as duas variâncias da amostras 21S e 2

2S para se obter um estimador

único para variância. Este estimador, denominado estimador combinado (pooled estimator) de

σσσσ2 é definido por:

2

)1()1(

21

222

2112

−+−+−

=nn

SnSnSp

conseqüentemente, pelos mesmos motivos expostos quando do estudo para a situação de uma única

média com variância desconhecida temos que

( ) ( )

+

−−−−+ 2

21

212121

~11

nn

p

t

nnS

XX µµ

e assim o intervalo de confiança (100(1 - αααα)%) para a diferença de médias, µ1 - µ2 é dado por:

+−−≤−≤+−− −+−+

21)2/(,22121

21)2/(,221

11112121 nn

StXXnn

StXX pnnpnn αα µµ

Exemplo:

As análises de dois lotes de carbono de cálcio mostraram as cinzas (%) indicadas na tabela a

seguir. Construir um intervalo de confiança de 95% para à diferença de médias destes dois lotes.

Amostras Lote 1 Lote 2

1 1.7 5.9

2 5.9 6.9

3 1.5 3.6

4 4.1 4.3

5 5.9 8.0

6 1.7 2.0

7 3.7 4.8

Page 27: Ipaee capitulo3 2

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Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos – 2o Semestre de 2010 – Prof. Pedro Ferreira Filho e Profa. Estela Maris Bereta

27

8 3.1 6.8

9 1.7 9.1

10 3.2 1.5

Média Amostral ix 3.25 5.29

Variância Amostral 2iS 2.805 6.263

Assim:

53.421010

263.6*9805.2*9

2

)1()1(

21

222

2112 =

−++=

−+−+−

=nn

SnSnSp

e o intervalo de confiança é dado por:

[ ]85.293.6

10

1

10

153.4101.204.2

10

1

10

153.4101.204.2

10

1

10

153.4%)5(29.525.3

10

1

10

153.4%)5(29.525.3

21

21

182118

−≤−≤−=

++−≤−≤+−−=

++−≤−≤+−−

µµ

µµ

µµ tt

Observação: Qual o significado do intervalo conter apenas valores negativos?

33 .. 66 .. 33 .. 33 .. II NN TT EE RR VV AA LL OO DD EE CC OO NN FF II AA NN ÇÇ AA PP AA RR AA DD II FF EE RR EE NN ÇÇ AA DD EE MM ÉÉ DD II AA SS CC OO MM

VV AA RR II ÂÂ NN CC II AA SS DD EE SS CC OO NN HH EE CC II DD AA SS EE DD II FF EE RR EE NN TT EE SS ::

Nessa situação temos que variância dos dois tratamentos em estudo são desconhecidas e

diferentes e a estimativa da variância amostral de cada grupo será utilizada como estimador das

mesmas.

•••• na amostra de tamanho n1 do tratamento 1, a variância estimada denotada por 21S será o

estimador de 21σ ;

•••• na amostra de tamanho n2 do tratamento 2, a variância estimada denotada por 22S será o

estimador de 22σ ;

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Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos – 2o Semestre de 2010 – Prof. Pedro Ferreira Filho e Profa. Estela Maris Bereta

28

Dessa forma, pelos mesmos motivos expostos quando do estudo para a situação de uma

única média com variância desconhecida temos que

( ) ( )

+

−−−v

p

t

nnS

XX~

11

21

2121 µµ

com v dado por:

2

11 2

2

2

22

1

2

1

21

2

2

22

1

21

+

++

+

=

n

n

S

n

n

S

n

S

n

S

v

e assim o intervalo de confiança (100(1 - αααα)%) para a diferença de médias, µ1 - µ2 é dado por:

+−−≤−≤+−−

2

22

1

21

)2/(,21212

22

1

21

)2/(,21 n

S

n

StXX

n

S

n

StXX vv αα µµ

Exemplo: Refazer o exemplo anterior considerando variâncias diferentes.

Variâncias Amostrais 805.221 =S 263.62

2 =S

( )( ) ( )

4.14204.01.

82.

2

11

6263.0

11

2805.0

6263.02805.02

1110

263.6

1110

805.2

10

263.6

10

805.2

2

11

22

2

22

2

2

2

2

22

1

2

1

21

2

2

22

1

21

=−+

=

−+

+=−

+

+=−

+

++

+

=

n

n

S

n

n

S

n

S

n

S

v

e

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29

[ ][ ][ ]60.48.3

44.104.244.104.2

6263.2805.145.204.26263.2805.145.204.2

10

263.6

10

805.2%)5(29.525.3

10

263.6

10

805.2%)5(29.525.3

21

21

21

142114

−≤−≤−=+−≤−≤−−=

++−≤−≤+−−=

++−≤−≤+−−

µµµµ

µµ

µµ tt

Interpretação:

Observações:

•••• Em todas as situações, temos que as expressões apresentadas são simplificadas

quando n1=n2.

•••• Como identificar do ponto de vista estatístico se as variâncias dos dois grupos são

iguais ou não? Veremos no próximo ponto.

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Anexo 1

t table with right tail probabilities

df\p 0.40 0.25 0.10 0.05 0.025 0.01 0.005 0.0005

1 0.324920 1.000000 3.077684 6.313752 12.70620 31.82052 63.65674 636.6192

2 0.288675 0.816497 1.885618 2.919986 4.30265 6.96456 9.92484 31.5991

3 0.276671 0.764892 1.637744 2.353363 3.18245 4.54070 5.84091 12.9240

4 0.270722 0.740697 1.533206 2.131847 2.77645 3.74695 4.60409 8.6103

5 0.267181 0.726687 1.475884 2.015048 2.57058 3.36493 4.03214 6.8688

6 0.264835 0.717558 1.439756 1.943180 2.44691 3.14267 3.70743 5.9588

7 0.263167 0.711142 1.414924 1.894579 2.36462 2.99795 3.49948 5.4079

8 0.261921 0.706387 1.396815 1.859548 2.30600 2.89646 3.35539 5.0413

9 0.260955 0.702722 1.383029 1.833113 2.26216 2.82144 3.24984 4.7809

10 0.260185 0.699812 1.372184 1.812461 2.22814 2.76377 3.16927 4.5869

11 0.259556 0.697445 1.363430 1.795885 2.20099 2.71808 3.10581 4.4370

12 0.259033 0.695483 1.356217 1.782288 2.17881 2.68100 3.05454 4.3178

13 0.258591 0.693829 1.350171 1.770933 2.16037 2.65031 3.01228 4.2208

14 0.258213 0.692417 1.345030 1.761310 2.14479 2.62449 2.97684 4.1405

15 0.257885 0.691197 1.340606 1.753050 2.13145 2.60248 2.94671 4.0728

16 0.257599 0.690132 1.336757 1.745884 2.11991 2.58349 2.92078 4.0150

17 0.257347 0.689195 1.333379 1.739607 2.10982 2.56693 2.89823 3.9651

18 0.257123 0.688364 1.330391 1.734064 2.10092 2.55238 2.87844 3.9216

19 0.256923 0.687621 1.327728 1.729133 2.09302 2.53948 2.86093 3.8834

20 0.256743 0.686954 1.325341 1.724718 2.08596 2.52798 2.84534 3.8495

21 0.256580 0.686352 1.323188 1.720743 2.07961 2.51765 2.83136 3.8193

22 0.256432 0.685805 1.321237 1.717144 2.07387 2.50832 2.81876 3.7921

23 0.256297 0.685306 1.319460 1.713872 2.06866 2.49987 2.80734 3.7676

24 0.256173 0.684850 1.317836 1.710882 2.06390 2.49216 2.79694 3.7454

25 0.256060 0.684430 1.316345 1.708141 2.05954 2.48511 2.78744 3.7251

26 0.255955 0.684043 1.314972 1.705618 2.05553 2.47863 2.77871 3.7066

27 0.255858 0.683685 1.313703 1.703288 2.05183 2.47266 2.77068 3.6896

28 0.255768 0.683353 1.312527 1.701131 2.04841 2.46714 2.76326 3.6739

29 0.255684 0.683044 1.311434 1.699127 2.04523 2.46202 2.75639 3.6594

30 0.255605 0.682756 1.310415 1.697261 2.04227 2.45726 2.75000 3.6460

inf 0.253347 0.674490 1.281552 1.644854 1.95996 2.32635 2.57583 3.2905

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Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos – 2o Semestre de 2010 – Prof. Pedro Ferreira Filho & Profa. Estela Maris P. Bereta

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33 .. 77 .. TT EE SS TT EE DD EE HH II PP ÓÓ TT EE SS EE SS ::

33 .. 77 .. 11 .. II NN TT RR OO DD UU ÇÇ ÃÃ OO :: Inferir significa tirar uma conclusão. A inferência estatística oferece-nos métodos para

tirarmos conclusões para a população a partir dos dados amostrais disponíveis, conclusões estas que

devem levar em conta a variabilidade natural dos dados. Na verdade, nos tópicos anteriores já

estabelecemos algumas formas de se obter conclusões a partir dos dados amostrais. O que será novo

a partir de agora é que recorremos à probabilidade para descrever a variação que se produz pelo

acaso.

Definimos anteriormente que a inferência estatística pode ser realizada a partir da estimação

(pontual e por intervalos) e através de testes de hipóteses. Na parte de estimação, vimos que os

intervalos de confiança são um dos tipos mais comuns de inferência estatística. Eles são apropriados

quando nosso objetivo é estimar um parâmetro populacional. Por outro lado, os testes de hipóteses,

também chamados de testes de significância, são direcionados a um objetivo diferente: avaliar a

evidência fornecida pelos dados sobre alguma afirmação feita sobre a população.

Especificamente, em problemas de Engenharia, muitos problemas exigem uma tomada de

decisão entre aceitar ou rejeitar uma afirmação a cerca de uma característica populacional. A

afirmação a ser investigada é denominada de hipótese e o procedimento de tomada de decisão

sobre a hipótese é o que denominamos de teste de hipótese. Por exemplo, suponha que estamos

interessados na taxa de queima de um propelente sólido, usado para fornecer energia aos sistemas

de escapamento de aeronaves. A taxa de queima é uma variável aleatória que pode ser descrita por

um modelo de probabilidade. O interesse no problema consiste em verificar se a taxa média de

queima (parâmetro do modelo de probabilidade) é ou não equivalente a 50 cm/s.

Os testes de hipóteses é um dos aspectos mais úteis da inferência estatística, uma vez que

muitos tipos de problemas de tomada de decisão, teste ou experimentos, no mundo da engenharia,

podem ser formulados como um problema desse tipo. Podemos considerar o teste estatístico de

hipóteses como o estágio da análise de dados de um experimento comparativo, em que o

engenheiro, como no exemplo acima, deseja comparar a média de uma população a dado valor

especifico de interesse no problema. Esses experimentos comparativos simples são freqüentemente

encontrados na prática e fornecem uma boa base para problemas mais complexos de

planejamento de experimentos que serão discutidos as seguir.

Considerando que os métodos de inferência baseiam-se nas distribuições amostrais, eles

requerem um modelo probabilístico para os dados. Modelos probabilísticos confiáveis podem

aparecer de muitas maneiras, e a segurança do modelo e a confiabilidade da inferência são máximas

quando os dados são provenientes de um modelo apropriadamente aleatorizado. Quando utilizamos

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Capítulo 3 – Introdução a Probabilidade e a Inferência Estatística

Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos – 2o Semestre de 2010 – Prof. Pedro Ferreira Filho & Profa. Estela Maris P. Bereta

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a inferência estatística estamos considerando os dados como se eles fossem provenientes de uma

amostra aleatória ou de um experimento onde em alguma etapa de sua execução, houve uma forma

de atribuição ou sorteio aleatório. Caso isto não se verifique as nossas conclusões poderão ser objeto

de contestação.

Um teste de significância é um procedimento formal para comparar dados observados com

uma hipótese, cuja veracidade procura-se avaliar. A hipótese constitui-se em uma afirmação que se

faz sobre os parâmetros de uma população ou de um modelo. Os resultados de um teste são

expressos em termos de uma probabilidade que mede quão bem os dados e a hipótese concordam

entre si.

33 .. 77 .. 22 .. DD EE FF II NN II ÇÇ ÕÕ EE SS EE CC OO NN CC EE II TT OO SS BB ÁÁ SS II CC OO SS ::

Definição 1: Em estatística, uma hipótese, é uma afirmativa sobre uma propriedade da população,

ou ainda, uma afirmação sobre os parâmetros de uma ou mais populações.

Definição 2: Um teste de hipótese (ou teste de significâncias), é um procedimento para se

verificar a veracidade ou não de uma hipótese estatística.

Consideremos o exemplo da taxa de queima de um propeleno sólido, acima apresentado.

Nesse problema a tomada de decisão significa concluir por uma das duas seguintes alternativas.

H1 : A taxa média de queima do propeleno sólido é 50 cm/s.

H2 : A taxa média de queima do propeleno sólido não é 50 cm/s.

Sob ponto de vista estatístico, considerando que µ representa a taxa média de queima

populacional, as hipóteses acima são definidas como.

H0 : µ = 50 cm/s

H1 : µ ≠ 50 cm/s

A alternativa H1 ou Hipótese H0 é chamada de hipótese nula enquanto que a alternativa H2

ou hipótese H1 é chamada de hipótese alternativa.

Definição 3: A Hipótese Nula é a afirmativa de que o parâmetro populacional é igual a uma valor

específico.

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Definição 4: A Hipótese Alternativa é a afirmativa de que o parâmetro populacional tem um valor

que, de alguma forma, difere da hipótese nula.

No exemplo, temos que a hipótese alternativa especifica valores de µ que podem ser maiores

ou menores que 50 cm/s, nessa situação dizemos que a hipótese alternativa é bilateral. Em

determinadas situações, podemos desejar formular uma hipótese unilateral, ou seja, verificar se o

valor de µ é especificamente maior ou menor que o valor definido pela hipótese nula. No exemplo:

H0 : µ = 50 cm/s ou H0 : µ = 50 cm/s

H1 : µ > 50 cm/s H1 : µ < 50 cm/s

O valor do parâmetro especificado da população na hipótese nula (50 cm/s, no exemplo), é

geralmente definido a partir de uma das três maneiras:

1. Pode ser resultado de experiências passadas ou de conhecimento do processo ou mesmo de

testes ou experimentos prévios;

2. O valor pode ser determinado, a partir de alguma teoria ou modelo relativo ao processo em

estudo;

3. O valor de parâmetro da população resulta de considerações externas, tais como valor de

projeto ou especificações de engenharia ou a partir de obrigações contratuais.

A partir de um teste de hipóteses verificamos se os dados provenientes da amostra são

consistentes com a hipótese em estudo. A medida que os dados forem consistentes com a hipótese,

concluiremos que a hipótese é verdadeira; no entanto se essa informação for inconsistente com a

hipótese, concluiremos que a hipótese é falsa. Destacamos que a veracidade ou falsidade de uma

hipótese especifica nunca pode ser conhecida com certeza, exceto se toda população fosse

observada, o que é usualmente impossível na prática.

A estrutura de problemas de testes de hipóteses será idêntica em todas as aplicações que

iremos considerar. A hipótese nula é aquela que se deseja testar. A rejeição dessa hipótese leva a

aceitação da hipótese alternativa. Testar a hipótese envolve considerar uma amostra aleatória,

calcular uma estatística de teste a partir dos dados amostrais e, então a partir da estatística de teste

tomar uma decisão com respeito à hipótese nula.

Definição 5: Uma estatística de teste é um valor calculado a partir dos dados amostrais e é

usada para tomar a decisão sobre a rejeição ou não da hipótese nula. Para isso faz-se necessário a

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comparação da estatística com um valor de referência a fim de ser possível a tomada de decisão de

rejeição ou não da hipótese.

Com o objetivo de ilustrar as definições e conceitos acima, considere o problema da taxa de

queima do propelente, introduzido anteriormente. A hipótese nula e a taxa média de queima ser 50

cm/s; a alternativa é: essa taxa não é igual a 50 cm/s. Ou seja, desejamos testar

H0 : µ = 50 cm/s

H1 : µ ≠ 50 cm/s

Suponha que uma amostra de n = 10 espécimes seja testada e que a taxa media de queima

da amostra x seja observada. A média amostral é uma estimativa da media verdadeira µ da

população. Um valor da media amostral x que caia próximo ao valor da hipótese de µ = 50 cm/s é

uma evidência de que a media verdadeira µ é realmente 50 cm/s; isto é, tal evidencia suporta a

hipótese nula Ho. Por outro lado, uma média amostral que seja consideravelmente diferente de 50

cm/s evidencia de que a hipótese alternativa H1 é valida. Assim, a média amostral é a estatística de

teste nesse caso.

A média amostral pode assumir muitos valores. Suponha que se 48,5 < x < 51,5, não

rejeitaremos a hipótese nula Ho: µ = 50. Se x < 48,5 ou x > 51,5, rejeitaremos a hipótese nula em

favor da hipótese alternativa H1: µ ≠ 50. Isso é ilustrado na Fig. 3.14. Os valores de x que forem

menores do que 48,5 e maiores do que 51,5 constituem a região critica para o teste, enquanto todos

os valores que estejam no intervalo 48,5 < x < 51,5 formam uma região para a qual falharemos em

rejeitar a hipótese nula. Por convenção, ela geralmente e chamada de região de aceitação. O limite

entre as regiões critica e a região de aceitação é chamada de valores críticos. Em nosso exemplo, os

valores críticos são 48,5 e 51,5. E comum estabelecer conclusões relativas a hipótese nula Ho. Logo,

rejeitaremos Ho em favor de H1 se a estatística de teste cair na região crítica e deixamos de

rejeitar H0 caso contrário.

Figura 3.13 Critério de decisão no teste de H0 contra H1

Definição 6: Região crítica é definida pelo conjunto de valores para os quais a hipótese H0 é

rejeitada.

Região de não Rejeição de Ho Região Crítica 1 Região Crítica 2

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Definição 7: Valor (ES) crítico (s) valor a partir do(s) qual(is) a hipótese H0 é rejeitada, ou seja,

valores limites da região crítica.

O procedimento de decisão acima estabelecido pode conduzir a uma de duas conclusões

erradas. Por exemplo, a verdadeira taxa media de queima do propelente poderia ser igual a 50

cm/s. Entretanto, para os espécimes de propelente selecionados aleatoriamente que são testados,

poderíamos observar um valor de estatística de teste x que caísse na região crítica.

Rejeitaríamos então a hipótese nula Ho em favor da alternativa H1 quando, de fato, Ho seria

realmente verdadeira. Esse tipo de conclusão errada é chamado de erro tipo I.

Definição 8: O erro tipo I é definido quando rejeitamos a hipótese Ho, quando ela é de fato

verdadeira.

Agora, suponha que a taxa media de queima seja diferente de 50 cm/s, mesmo que a media

amostral x caísse na região de aceitação. Nesse caso, não rejeitaríamos H0, isto é, falharíamos em

rejeitar H0 quando ela de fato não é verdadeira. Esse tipo de conclusão errada é chamado de erro

tipo II.

Definição 9: O erro tipo II é definido quando não rejeitamos a hipótese Ho, quando ela é de fato

falsa.

Assim, testando qualquer hipótese estatística, quatro situações diferentes determinam se a decisão

final esta correta ou errada. Essas situações técnicas estão apresentadas na Tabela 3.1.

Tabela 3.1. Decisões em um teste de Hipóteses

DD EE CC II SS ÃÃ OO

BB AA SS EE AA DD AA NN AA

AA MM OO SS TT RR AA

SS II TT UU AA ÇÇ ÃÃ OO NN AA PP OO PP UU LL AA ÇÇ ÃÃ OO

H0 Verdadeira H0 Falsa

Não rejeitar H0 Decisão correta Erro Tipo II

Rejeitar H0 Erro Tipo I Decisão correta

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Pelo fato de a nossa decisão estar baseada em variáveis aleatórias, probabilidades podem ser

associadas aos erros tipo I e tipo II da Tabela 3.1. A probabilidade de cometer o erro tipo I é,

usualmente denotada pela letra grega α. Ou seja,

αααα = P(erro tipo I) = P(rejeitar H0 quando H0 é verdadeira)

Em algumas referências, a probabilidade do erro tipo I é chamada de nível de significância ou

tamanho do teste. No exemplo da taxa de queima do propelente, um erro tipo I ocorrerá quando

51>x ou 5.48<x para a taxa media de queima do propelente µ = 50 cm/s. Suponha que o

desvio-padrao da taxa de queima seja σ = 2,5 cm/s e que a taxa de queima tenha uma distribuição

para a qual as condições do teorema central do limite se apliquem, de modo que a distribuição da

media amostral seja aproximadamente normal, com media µ = 50 e desvio-padrão

79.010

5.2 ==n

σ. A probabilidade de cometer o erro tipo I (ou o nível de significância

de nosso teste) é igual à soma das áreas que foram sombreadas nas extremidades da distribuição

normal na figura 3.14.

Figura 3.14. Região Crítica para o teste

Lembremos que o cálculo da área sombreada é dada por:

( ) ( ) ( ) ( )( ) 057434.0028717.0*290.12

90.190.15.515.48

==−<=>+−<=>+<=

ZP

ZPZPXPXPα

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37

Isso significa que 5,76% de todas as amostras aleatórias conduziriam a rejeição da hipótese H0: µ

= 50 cm/s, quando a verdadeira taxa media de queima fosse realmente 50 cm/s.

Da inspeção da Fig. 3.14, notamos que podemos reduzir α alargando a região de aceitação. Por

exemplo, se considerarmos os valores críticos 48 e 52, o valor de α será:

( ) ( ) ( ) ( )( ) 0114.00057.0*253.22

53.253.25248

==−<=>+−<=>+<=

ZP

ZPZPXPXPα

Poderíamos também reduzir α, aumentando o tamanho da amostra. Se n=16, então

625.016

5.2 ==n

σ e usando a região critica original da Fig. 3.14, encontramos

( ) ( ) ( ) ( )( ) 0164.00082.0*240.22

40.240.25.515.48

==−<=>+−<=>+<=

ZP

ZPZPXPXPα

Na avaliação de um procedimento de teste de hipóteses também é importante examinar a

probabilidade de um erro tipo II, que denotaremos por β, isto é:

β= P(erro tipo II)

= P(não rejeitar Ho quando Ho é de fato falsa)

O procedimento para calculo de β é análogo ao calculo de α, exceto que nesse caso faz-se

necessário fixar diferentes valores de µ fora da região critica pré-estabelecida, considerando que a

média amostral ocorre dentro da região de não rejeição, por exemplo, podemos calcular β

considerando µ=52. Nesse caso teríamos:

( )( )( )2643.0

63.043.4

)52/5.515.48

52 que Hrejeitar 0

=−<<−=

=<<====

ZP

XP

dadonãoP

µµβ

Valores de α e β, calculados para diferentes regiões de aceitação, com diferentes tamanhos

de amostra são apresentados na tabela 3.2.

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38

Tabela 3.2. Valores para α e β em diferentes situações

Região não Rejeição Tamanho da

Amostra

α = Erro tipo

I

β=Erro tipo II

µ=52

β=Erro tipo II

µ=50.5

5.515.48 << x 10 0.0576 0.2643 0.8923

5248 << x 10 0.0114 0.5000 0.9705

5.515.48 << x 16 0.0164 0.2119 0.9445

5248 << x 16 0.0014 0.5000 0.9918

Os valores acima, bem como a discussão anterior nos apontam quatro importantes pontos a

serem observados.

•••• O tamanho da região critica, e conseqüentemente a probabilidade do erro tipo I, α, pode

sempre ser reduzido através da seleção apropriada dos valores críticos;

•••• Os erros tipo I e tipo II estão relacionados. Uma diminuição na probabilidade de um tipo de

erro sempre resulta em um aumento da probabilidade do outro, desde que o tamanho da

amostra n não varie;

•••• Um aumento no tamanho da amostra reduzira, geralmente, α e β, desde que os valores

críticos sejam mantidos constantes;

•••• Quando a hipótese nula é falsa, β aumenta à medida que o valor do parâmetro se aproxima

do valor usado na hipótese nula. O valor de β diminui à medida que aumenta a diferença

entre a média verdadeira e o valor utilizado na hipótese.

Usualmente o pesquisador controla a probabilidade a do erro tipo I quando ele ou ela seleciona os

valores críticos. Assim, geralmente é fácil para o analista estabelecer a probabilidade de erro tipo I

em (ou perto de) qualquer valor desejado. Uma vez que o analista pode controlar diretamente a

probabilidade de rejeitar erroneamente Ho, sempre pensamos na rejeição da hipótese nula Ho como

uma conclusão forte.

Por outro lado, a probabilidade β do erro tipo II não e constante, mas depende do valor

verdadeiro do parâmetro. Ela depende também do tamanho da amostra que tenhamos selecionado.

Pelo fato de a probabilidade β do erro tipo II ser uma função do tamanho da amostra e da extensão

com que a hipótese nula Ho e falsa, costumam-se pensar na aceitação de Ho como uma conclusão

fraca, a menos que saibamos que β seja aceitavelmente pequena. Conseqüentemente, em vez de

dizer "aceitamos Ho", preferimos a terminologia "falhamos em rejeitar Ho". Falhar em rejeitar H0,

implica que não encontramos evidencia suficiente para rejeitar Ho, ou seja, para fazer uma afirmação

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Capítulo 3 – Introdução a Probabilidade e a Inferência Estatística

Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos – 2o Semestre de 2010 – Prof. Pedro Ferreira Filho & Profa. Estela Maris P. Bereta

39

forte. Falhar em rejeitar H0, não significa necessariamente que haja uma alta probabilidade dc que

Ho seja verdadeira (isso pode significar simplesmente que mais dados são requeridos para atingir

uma conclusão forte (isso pode ter implicações importantes para a formulação das hipóteses.

Um importante conceito de que faremos uso e o do poder de um teste estatístico.

Definição 10: O Poder de um teste estatístico é a probabilidade de rejeitar a hipótese nula H0,

quando a hipótese alternativa é verdadeira.

O poder do teste é calculado como 1 - β e pode ser interpretada como a probabilidade de

rejeitar corretamente uma hipótese nula falsa. Freqüentemente, comparamos testes

estatísticos através da comparação de suas propriedades de poder Por exemplo, considere o

problema da taxa de queima de propelente, quando estamos testando Ho: µ = 50 cm/s contra H1: µ

≠ 50 cm/s. Suponha que o valor verdadeiro da media seja µ = 52. Quando n = 10, encontramos que

β = 0,2643; assim, o poder deste teste é 1 - β ~ 1 - 0,2643 = 0.7357 quando µ ~ 52.

O poder do teste é uma medida muito descritiva e concisa da sensibilidade de um teste

estatístico em que por sensibilidade tendemos a habilidade do teste de detectar diferenças. Nesse

caso. a sensibilidade do teste para detectar a diferença entre a taxa media de queima de 50 cm/s e

52 cmls é 0.7357. Isto é, se a média verdadeira for realmente 52 cm/s esse teste rejeitará

corretamente Ho: µ = 50 e "detectara" essa diferença em 73.57% das vezes. Se esse valor de poder

for julgado como sendo muito baixo, o analista poderá aumentar tanto αααα como o tamanho da

amostra n.

33 .. 77 .. 33 .. PP RR OO CC EE DD II MM EE NN TT OO GG EE RR AA LL PP AA RR AA UU MM TT EE SS TT EE DD EE HH II PP ÓÓ TT EE SS EE SS ::

A seqüência de etapas necessárias para aplicação de um teste de hipóteses pode ser definida

da seguinte forma:

Procedimento Padrão:

• Estabelecer as hipóteses nula (H0) e alternativa (H1) de interesse no problema;

• Escolha um nível de significância α (Probabilidade de erro tipo I) para o

problema;

• Identifique a estatística apropriada às hipóteses estabelecidas inicialmente;

• Definir a forma da região crítica, ou seja, valores para os quais a hipótese nula é

rejeitada;

• Calcule, a partir dos dados amostrais, o valor da estatística de teste;

Page 40: Ipaee capitulo3 2

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40

• Decidir se H0 deve ser rejeitada ou não, ou seja, verificar se a estatística de teste

acima calculada pertence ou não a região critica.

Procedimento Alternativo: Uso do valor “p” (p-value)

• Estabelecer as hipóteses nula (H0) e alternativa (H1) de interesse no problema;

• Escolha um nível de significância α (Probabilidade de erro tipo I) para o

problema;

• Identifique a estatística apropriada às hipóteses estabelecidas inicialmente;

• Definir a forma da região crítica, ou seja, valores para os quais a hipótese nula é

rejeitada;

• Calcule, a partir dos dados amostrais, o valor da estatística de teste e o seu

respectivo valor p;

• Decidir se H0 deve ser rejeitada ou não, ou seja, verificar se o valor p é menor ou

maior que o nível de significância α. Se:

Valor p < α ⇒ rejeitar H0

Valor p > α ⇒ não rejeitar H0

33 .. 77 .. 44 .. TT EE SS TT EE DD EE HH II PP ÓÓ TT EE SS EE SS PP AA RR AA MM ÉÉ DD II AA CC OO MM VV AA RR II ÂÂ NN CC II AA

DD EE SS CC OO NN HH EE CC II DD AA ::

O problema está restrito ao estudo de um único tratamento sobre o qual existe interesse em

se verificar o grau de eficiência com respeito a uma dada medida de interesse. Em geral, problemas

nesta situação têm por objetivo fazer inferência sobre uma característica especifica da população em

estudo.

EXEMPLO:

Uma máquina produz peças cujo controle de qualidade é realizado com base no diâmetro da

peça. Para a peça ser considerada sob controle o diâmetro da mesma deve ser igual a µ0.

Problema:

Como verificar se a produção diária da peça pode ser considerada sob controle ou não?

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41

Solução Usual:

Observa-se uma amostra aleatória de n peças da produção diária registrando-se o valor do

diâmetro de cada uma. Com os dados observados é verificado se o diâmetro médio das peças pode

ser ou não considerado igual a µ0.

ANÁLISE ESTATÍSTICA:

Seja:

X : medida de interesse – diâmetro da peça no exemplo;

(X1, X2, ... , Xn) é uma amostra aleatória simples desta característica; ondição muito

importante)

Suposição Usual:

X1, X2, ... , Xn ~ N (µµµµ, σσσσ2)

A medida de interesse pode ser representada por um modelo normal com parâmetros µµµµ e

σσσσ2.e a \distribuição seja pequena.

Consideremos:

∑= iXn1

X ( )∑ −−

= 2i

2 XX1n

1S α = erro tipo I

No exemplo:

Hipótese Nula: A produção diária de peças esta sob controle.

Sob ponto de vista estatístico: O diâmetro médio das peças é igual a µ0.

Ho : µµµµ = µµµµo

Possíveis Alternativas:

i) H1 : µ ≠ µo ( o diâmetro médio é diferente de µo – teste bilateral)

ii) H1 : µ > µo (o diâmetro médio é maior que µo – teste unilateral)

iii) Ho : µ < µo (o diâmetro médio é menor que µo – teste unilateral)

Considerando σ2 desconhecido, a estatística de teste para H0 é dada por:

nS/

µXt oc

−= ~ tn-1

logo, rejeita-se Ho se:

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i) | tc | > tn-1; αααα/2

ii) tc > tn-1; αααα

iii) tc < - tn-1; αααα

ALTERNATIVA:

Associado a tc é possível determinar o “valor p” (nível mínimo de significância) dado por P

[|t| > tc].

O valor p é a probabilidade, calculada sob a suposição de que H0 é verdadeira, de que a

estatística de teste assumirá um valor que seja ao menos tão ou mais extremo do que o valor

realmente observado. Valores pequenos de P indicam uma forte evidência contra H0. Extremo

aqui significa “distante do que seria de se esperar caso H0 fosse verdadeira”. As direções em que se

mede essa “distância do valor esperado” são determinadas pela hipótese alternativa H1. O cálculo

dos valores de P requer que se conheça a distribuição amostral da estatística de teste quando H0 é

verdadeira.

Uma maneira de avaliar se o valor P é pequeno o suficiente ao ponto de rejeitarmos H0 é fixar

antecipadamente quanta evidência é necessária para se rejeitar H0. Esse nível decisivo é α. Se o

valor P for tão pequeno ou menor do que um valor especificado α, os dados são estatisticamente

significantes ao nível de significância α.

Assim rejeita-se H0 se:

i) p-valor < αααα

ii) (p-valor)/2 < αααα

iii) (p-valor)/2 < αααα

Cuidado: Verificar a forma que o software utilizado calcula o p-valor.

Page 43: Ipaee capitulo3 2

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43

Vantagem: Não é necessário o conhecimento do valor de referência tn-1;αααα/2, tn-1;αααα ou - tn-1;αααα.

OBSERVAÇÃO:

Os valores de P são exatos se a distribuição populacional for normal, e nos demais casos, são

aproximadamente corretos para grandes amostras (uso do TLC).

Exemplo:

A resistência do concreto a compressão esta sendo testada por um engenheiro civil. Foram

testados 12 corpos de prova com o objetivo de verificar se a resistência do concreto pode ser

considerada igual a 2250 psi. Os resultados obtidos nos 12 corpos foram:

2216; 2237; 2249; 2204; 2225; 2301;2281;2263; 2318; 2255; 2275; 2295;

a) Enuncie e teste a hipótese de interesse;

a.1) Considere nível de significância α=5%

a.2) Calcule o p valor para a estatística

a.3) Qual a conclusão para a hipótese definida?

b) Como ficaria a análise do item a) se o interesse for em verificar se a resistência do concreto

pode ser superior a 2250?

33 .. 77 .. 55 .. TT EE SS TT EE DD EE HH II PP ÓÓ TT EE SS EE SS PP AA RR AA MM ÉÉ DD II AA CC OO MM VV AA RR II ÂÂ NN CC II AA

CC OO NN HH EE CC II DD AA ::

Neste caso, são validos todos os pressupostos apresentados no tópico anterior exceto que:

Considerando σ2 conhecido, a estatística de teste para H0 é dada por:

ZZ ~nS/

µX oc

−= onde Z ~N (0,1)

logo, rejeita-se Ho se:

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44

i) | Zc | > Z αααα/2

ii) Zc > Z αααα

iii) Zc < - Zαααα

33 .. 77 .. 66 .. TT EE SS TT EE DD EE HH II PP ÓÓ TT EE SS EE SS PP AA RR AA VV AA RR II ÂÂ NN CC II AA ::

No problema de um tratamento usualmente estamos interessados em medir a eficiência do

mesmo segundo uma medida de interesse. Porém em várias situações, particularmente em

problemas de controle de qualidade, além de uma medida de eficiência do tratamento, existe

interesse no comportamento da variabilidade da medida de interesse. Nestes casos surge a

necessidade de teste de hipóteses a cerca da variância da medida de interesse, ou seja:

Ho : σ = σ2o

H1 :

<>≠

2

2

2

o

o

o

σσσσσσσσσσσσσσσσσσσσσσσσ

A estatística de teste, neste caso é dada por:

( ) 21n2

o

22 ~

σ

/S1n−

−= χχ c

sendo:

( )∑ −

−=

n 2i

2 XX1n

1S

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45

21n−χ = modelo quiquadrado com n-1 graus de liberdade

Fixando α Rejeita-se Ho se

i) 2

21 1;-n

2c

22/ 1;n

2 ou αα χχχχ−− <>c

ii) 2 1;n

2 αχχ −>c

iii) 2 -1 ;1n

2 αχχ −<c

De forma análoga ao caso do teste de hipótese da média, podemos obter o p-valor

associado a c2χχχχ dado por [ ]2

cn P χχχχχχχχ >−2

1 .

Exemplo: No exemplo anterior verifique se a variância da resistência do concreto é ou não superior

a 34?

33 .. 77 .. 77 .. TT EE SS TT EE DD EE HH II PP ÓÓ TT EE SS EE SS PP AA RR AA DD II FF EE RR EE NN ÇÇ AA DD EE MM ÉÉ DD II AA SS :: Comparar duas populações ou dois tratamentos é uma das situações mais comuns na prática

estatística. Uma pergunta que aparece freqüentemente em qualquer problema de experimentação é

a seguinte: O tratamento (método) A é melhor (mais eficiente) que o tratamento (método) B?

Sob ponto de vista estatístico, isto significa comparar dois tratamentos a partir de dois

conjuntos de números resultantes das medidas obtidas da aplicação dos mesmos às unidades

experimentais (objetos, indivíduos,...). Para comparar as respostas de dois tratamentos ou

populações pode-se usar planos de pares equiparados ou comparar amostras aleatórias selecionadas

separadamente de cada população ou tratamento, não tendo nenhuma equiparação das unidades

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das duas amostras. Os procedimentos de inferência para dados de duas amostras e pares

equiparados são diferentes.

OBJETIVO:

A investigação de interesse tem por objetivo a comparação do efeito produzido por dois

tratamentos (grupos, tratamentos, populações, ...).

Consideremos o seguinte Exemplo: Dois diferentes métodos (tratamentos) são submetidos

aleatoriamente a um grupo de unidade experimentais.

Hipótese: Qual dos métodos é mais eficiente: B é mais eficiente que A?

y1 = nota do método A

y2 = nota do método B

Ho : µµµµA = µµµµB

H1 : µµµµB > µµµµA

Consideremos os seguintes resultados:

Estatísticas Tratamentos

A B

amostra ni 8 8

Média y 5.0 7.0

variância S2 4.0 1.71

Diferença da média = 2YY AB =−=− 57 , ou seja, a média de B é 40% superior à de A.

Uma primeira conclusão: B é mesmo superior a A !

Seja:

yij = observação i-ésimo tratamento para o j-ésimo indivíduo. i = 1,2; j = 1, ... , 8

Suposição yi ~ N (µµµµi, σσσσ2i) (*).

Problema: Sob a suposição acima, nosso problema consiste na comparação de médias de duas

populações normais, ou seja, para o problema acima temos:

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47

Variâncias são iguais ?

33 .. 77 .. 77 .. 11 .. TT EE SS TT EE DD EE HH II PP ÓÓ TT EE SS EE SS PP AA RR AA DD UU AA SS VV AA RR II ÂÂ NN CC II AA SS ::

Situações:

≠=

22

222

σσσσσσσσσσσσσσσσσσσσ 2

1

21

i conhecidos

≠=

22

222

σσσσσσσσσσσσσσσσσσσσ 2

1

21

i dosdesconheci

Suponha que temos duas amostras aleatórias independentes, de tamanhos n e m,

selecionadas de duas populações normais com a mesma variância σ2. Indiquemos os estimadores

de σ2 obtidos das amostras por 2AS e 2

BS , respectivamente Sejam U e V duas variáveis

aleatórias independentes, cada uma com distribuição qui-quadrado, com n-1 e m-1 graus de

liberdade, respectivamente, isto é, a v.a. ( ) 2

1n2

2

/S1n−

−= χAU e a v.a. ( ) 2

1m2

2

/S1m−

−= χBV

Então, a v.a. ( )

1;12B

2

2A

2

~σ/S

σ/S

)1/(

1n/−−=

−−

mnB

A FmV

U

Suposições:

• As duas populações são independentes.

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48

• Cada uma das populações é normalmente distribuída. Esta suposição é importante porque os

procedimentos para variância são muito sensíveis a distribuições não normais.

A forma da distribuição é exatamente:

Forma Geral da Distribuição F

• É assimétrica;

• Valores da distribuição F são positivos;

• As distribuições F são umas famílias de distribuições com dois parâmetros. Os parâmetros são

os números de graus de liberdade das variâncias amostrais no numerador e denominador da

estatística F.

Essa variável é usada no teste para variância apresentado a seguir.

• Teste para igualdade de duas variâncias:

H0 : 222 σσσ == BA

H1 :

<>≠

22

22

22

BA

BA

BA

σσσσσσ

Sob a suposição de H0 é verdadeira, isto é, 222 σσσ == BA temos que a estatística de teste neste caso

é dada por:

1;12

2

~ −−= mnB

Ac F

S

SF

Fixando α, encontramos os pontos críticos (tabelado) para a distribuição F, assim rejeita-se Ho se:

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49

( )21;1;1c2/;1;1 Fou αα −−−−− <>mnmnc FFF

;1;12

2

α−−>= mnB

Ac F

S

SF

( ) 1;1;12

2

α−−−<= mnB

Ac F

S

SF

O intervalo de confiança é obtido a partir da expressão:

α−=≤≤ −− 1)( 21;11 fFfP mn

α−=≤≤ 1)~σS

σS( 22

A2

2B

2

1 ffPB

A

Assim, IC(2

2

A

B

σσ

; 1-α ):

]S

S;

S

S[ 22

2

2

2

1 ffA

B

A

B

Tabelas de pontos críticos da F são mais difíceis de manejar, pois precisamos de uma tabela

separada para diferentes valores de α. A tabela fornecida apresenta os pontos críticos p superiores

das distribuições F para p=0,10; 0,05; 0,025; 0,01 e 0,001

Em geral, só temos tabelas da distribuição F correspondente à cauda à direita. Ou seja, não temos

disponível tabela que forneça F(12,6;0,90).

Pode-se mostrar que F(n-1, m-1; α)= 1/ F( m-1,n-1; (1-α)).

Assim, 1f =F(12,6;0,90)=1/F(6,12;0.10)

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33 .. 77 .. 77 .. 22 .. TT EE SS TT EE DD EE HH II PP ÓÓ TT EE SS EE SS PP AA RR AA DD II FF EE RR EE NN ÇÇ AA DD EE MM ÉÉ DD II AA SS ::

Consideremos a situação em que os são dosdesconheci i2σσσσ :

a) σσσσ2i = σσσσ2

2 = σσσσ2

Fixado α = erro tipo I = Prob [ rej. H0/H0 é V], temos que a estatística de teste para:

Ho : µµµµA = µµµµB

H1 : µµµµB ≠ µµµµA

é dada por:

( ) ( )

21

ABc

n

1

n

1Sp

YYt

+

−−−= AB µµ

( ) ( )2nn

S1nS1nS

21

222

2112

p −+−+−

=

( )∑ −−

= 2ii

i

2i yy

1n

1S i= 1,2

Hipótese alternativa no caso geral,

H1 : µµµµB ≠≠≠≠ µµµµA

H1 : µµµµB > µµµµA

H1 : µµµµB < µµµµA

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51

temos que a estatística de teste tc ~ tn1+n2-2, portanto, rejeita-se Ho se

• i)| tc | > tn1+n2-2; αααα/2

• tc > tn1+n2-2; αααα

• tc < - tn1+n2-2; αααα

Alternativa: Cálculo do p-valor conforme apresentado anteriormente.

Intervalo de confiança para a diferença AB µµ −

Assim, IC( AB µµ − ; 1-α ): ])(;)[(2121

11*11*nnpABnnpAB stxxstxx ++−+−−

b) σσσσ2i ≠≠≠≠ σσσσ2

2

Nas situações onde a hipótese de igualdade das variâncias dos diferentes tratamentos é

rejeitada, temos que a estatística para se testar:

Ho : µµµµA = µµµµB

H1 : µµµµA > µµµµB

é dada por:

( ) ( )

2

2B

1

2A

ABABc

n

S

n

S

YYt

+

−−−=

µµµµµµµµ

( )∑ −−

= 2ii

i

2i yy

1n

1S

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52

a diferença é que neste caso podemos mostrar que: tc ~ tv sendo:

11 2

2

2

2

1

2

1

2

2

2

2

+−

+

=

n

nS

n

nS

n

S

n

S

v

BA

B

1

2A

Hipótese alternativa no caso geral,

H1 : µµµµB ≠≠≠≠ µµµµA

H1 : µµµµB > µµµµA

H1 : µµµµB < µµµµA

e rejeita-se Ho se

• | tc | > tv; αααα/2

• tc > tv; αααα

• tc < - tv; αααα

Retornando ao exemplo 1:

a) Teste de igualdade de variâncias:

3392711

42

2.

.S

SF

B

Ac ===

[ ]( ) 28401420233922 77 ..*.FP*valorp , ==>=−

logo:

b) Teste de Igualdade de Médias:

( ) ( ) ( )68918552

288

71147.S .

.*2nn

S1nS1nS p

21

222

2112

p =⇒=−+

+=−+

−−=

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53

( ) ( )3682

8

1

8

16891

57.

.n1

n1

Sp

YYt

21

ABABc =

+

−=+

−−−=

µµµµµµµµ

[ ]( ) 01640368214 ..tPvalorp =>=−

Observação:

Nos casos de variâncias conhecidas as estatísticas de teste são as mesmas substituindo-se S

(estima da amostra) por σ (valor conhecido) e a distribuição de referência passa da t para a normal.