introdução ao diabetes mellitus
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I JORNADA MARANHENSE DE DIABETES
CURSO 02: DIABETES MELLITUS E SUA R ELAÇÃO COM A DOENÇA PERIODONTAL
PALESTRA DE ABERTURAT EMA: I NTRODUÇÃO AO DIABETES MELLITUS
P ALESTRANTE : WELLINGTON SANTANA DA SILVA JÚNIOR
DM: INFORMAÇÕES GERAIS
O processo global de urbanização tem levado a profundastransformações sócio-culturais nos mais diversos países. Essas alteraçõesdevem-se, em grande parte, à adoção do estilo de vida norte-americano, o qualtem conduzido ao aumento do sedentarismo e da ingestão calórica. Esses
fatores, aliados a uma predisposição genética, têm contribuído para tornar oDiabetes Mellitus um dos maiores problemas de saúde pública do Século XXI.A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que, em 2025, haverá
300 milhões de diabéticos no mundo. Segundo as mesmas estimativas, oBrasil será o 5º país com a maior população de diabéticos, o que irá perfazer um total de 11,6 milhões de brasileiros acometidos pela disfunção.
Como se não bastasse, o Diabetes ainda projeta um futuro preocupante:a sobrecarga do sistema público de saúde. Os custos com um indivíduodiabético são 2,4 vezes maiores do que os custos com um indivíduo nãodiabético. Em geral, 2%-3% do orçamento direcionado para a saúde emqualquer país são investidos no tratamento do DM. Nos EUA, estes gastossituam-se em U$ 44 bilhões e, no Brasil, em U$ 3,9 bilhões (no entanto, amaior parte dos gastos são decorrentes do tratamento das complicaçõescrônicas do Diabetes, as quais são passíveis de serem evitadas).
PERGUNTAS FUNDAMENTAIS:
Apesar do DM ser um dos maiores problemas de saúde públicado Século XXI, a desinformação acerca desta disfunção é muito grande,
inclusive entre os profissionais de saúde. Por isso, algumas perguntasfundamentais não podem ficar sem respostas:
O que é DM?Quais os tipos de DM?Quais as causas do DM?Por que tratar o DM?
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CONSIDERAÇÕES GERAIS:
HOMEOSTASE GLICÊMICA
Para que o ser humano possa realizar todas as suas atividadesvitais, ele necessita de uma fonte de energia. Esta fonte de energia é
proveniente dos alimentos, em especial dos carboidratos. Todos oscarboidratos ingeridos, após sofrerem o processo de digestão, serãoconvertidos em suas formas mais simples, dais quais se destaca aglicose. A glicose passa, então, para a corrente sangüínea, onde seencontrará em uma determinada concentração. Denomina-se “Glicemia”a concentração de glicose no sangue (plasma), geralmente expressa emmg/dl. Os valores normais de glicemia encontram-se entre 70-110
mg/dl, e a manutenção destes níveis é de fundamental importância parao correto aproveitamento da glicose como fonte energética. Valores deglicemia abaixo de 70 mg/dl são caracterizados como Hipoglicemia,enquanto valores acima de 110 mg/dl são caracterizados comoHiperglicemia. A Homeostase glicêmica (manutenção dos níveisglicêmicos) é feita por hormônios secretados no pâncreas.
O PÂNCREAS
O Pâncreas é um órgão situado transversalmente na parede posterior do abdômen. Tem aspecto alongado e se subdivide em cabeça(conectada ao duodeno), colo, corpo e cauda. É formado por 2 órgãosanatomicamente relacionados, mas com funções distintas: o PâncreasExócrino, uma glândula digestiva formada pelos Ácinos Pancreáticos, eo Pâncreas Endócrino, representado pelas Ilhotas de Langerhans.
AS ILHOTAS DE LANGERHANS
Existe, aproximadamente, 1 milhão de Ilhotas de Langerhans no
Pâncreas, cada uma contendo cerca de 2 mil células. Há 4 tipos principais de células endócrinas nas Ilhotas: a Célula Alfa, a CélulaBeta, a Célula Delta e a Célula F ou PP, sendo que:
Célula Alfa: secreta Glucagon;Célula Beta: Secreta Insulina;Célula Delta: Secreta Somatostatina;Célula F ou PP: Secreta Polipeptídio Pancreático.
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A principal função das Ilhotas de Langerhans é a manutenção dahomeostase glicêmica.
A I NSULINA
A Insulina foi descoberta pelos pesquisadores Banting e Best em1921. Secretada pelas Células Beta das Ilhotas de Langerhans doPâncreas, consiste em um polipeptídio contendo 2 cadeias (A e B)conectadas por 2 pontes dissulfeto. A principal função da Insulina é
permitir a entrada de glicose nas células, garantindo o corretoaproveitamento desta para a obtenção de energia. De modo grosseiro,
poderíamos afirmar que a Insulina atua como uma “chave” que abreuma “porta” na célula para a entrada da glicose. É importante ressaltar que nem todos os tecidos necessitam de Insulina para aproveitar a
glicose; os principais tecidos-alvo da ação insulínica são o Muscular, oHepático e o Adiposo. Nos últimos anos, muito se acrescentou ao conhecimento sobre o
mecanismo de ação da Insulina. Este mecanismo se inicia com a ligaçãoda Insulina ao seu Receptor, situado na membrana da célula-alvo. OReceptor da Insulina é um heterodímero constituído por duassubunidades Alfa e duas subunidades Beta. As subunidades Alfa sãoextracelulares e se ligam à Insulina; as subunidades Beta são proteínastransmembrana responsáveis por iniciar a transdução do sinal daInsulina.
Após o acoplamento da Insulina com a subunidade Alfa doReceptor, inicia-se a ativação de uma cascata enzimática de sinalizaçãono citoplasma da célula-alvo, que irá culminar com a ativação de umaenzima que migrará para o núcleo desta célula, induzindo a transcriçãodo DNA e a síntese de uma proteína de membrana denominada“Proteína Carreadora de Glicose do Tipo 4” ou GLUT4. O GLUT4 é a“porta” aberta na membrana da célula para a entrada da glicose. Aexpressão do GLUT4 na membrana da célula-alvo permite a diminuiçãodos níveis glicêmicos e a metabolização da glicose visando a obtenção
de energia para as nossas atividades vitais.É importante conhecer o mecanismo de ação da Insulina paracompreender as diferenças básicas entre os 2 tipos principais de DM, oDM1 e o DM2.
O QUE É DM?
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O Diabetes Mellitus é uma síndrome de etiologia múltipla, caracterizada por Hiperglicemia crônica decorrente da falta de insulina e/ou da incapacidadeda insulina de exercer adequadamente seus efeitos.
QUAIS OS TIPOS DE DM?
Existem 2 tipos básicos de DM: o DM Tipo 1 e o DM Tipo 2.
DM TIPO 1
O DM Tipo 1 resulta primariamente da destruição total ou parcialdas células Beta pancreáticas. Este processo de destruição é decorrentede um ataque autoimune, no qual fatores celulares e humorais interagemcom fatores ambientais (ou “fatores de gatilho”) tais como agentes
infecciosos (viroses), agentes químicos (determinados medicamentos) eo contato precoce com a proteína do leite de vaca. Os mecanismosimunológicos de ataque à célula Beta são determinados geneticamente.Porém, esta predisposição genética não é tão acentuada. O DM Tipo 1acomete principalmente crianças, adolescentes e adultos jovens (embora
possa ocorrer em indivíduos de qualquer idade) e representaaproximadamente 5%-8% do total de diabéticos.
O tratamento do DM Tipo 1 consiste em insulinoterapia (injeçõesdiárias de insulina), dieta com restrição de açúcar, atividade físicaregular e informações sobre o DM.
DM TIPO 2
Os mecanismos fisiopatológicos do DM Tipo 2 resultam de 2defeitos principais: Resistência Periférica à Insulina e Disfunção dacélula Beta pancreática (hiperinsulinemia, defeitos no processamento daPró-Insulina, etc.). Logo, o DM Tipo 2 surge quando as ilhotas deLangerhans não são mais capazes de manter a hiperinsulinemia para“vencer” a Resistência à Insulina. Além disso, um fator genético sujeito
a influências do meio (dieta, atividade física, etc.) é marcante neste tipode Diabetes. A obesidade está intimamente relacionada com o DM Tipo2. Sabe-se, por exemplo, que ela está presente em 64% dos homensdiabéticos e em 77% das mulheres. Isto se deve ao fato de a obesidadeser o principal fator que induz a resistência à insulina. O aumento damassa corporal decorrente da obesidade é acompanhado de aumento nasecreção de Insulina; nestas condições, no intuito de evitar uma
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utilização das gorduras de reserva como fonte energética por um período prolongado leva o indivíduo a um quadro conhecido como cetoacidose);
Desânimo e Fraqueza (por não apresentar energia disponível);Visão embaçada, freqüente aparecimento de micoses e dificuldade de
cicatrização (devido ao acúmulo de glicose no sangue).
COMPLICAÇÕES DO DM
COMPLICAÇÕES AGUDAS
As complicações agudas do DM estão relacionadas com estadosmomentâneos da glicemia do diabético. Existem 2 complicações agudasdo DM: a Hipoglicemia e a Hiperglicemia.
Hipoglicemia
Caracteriza-se como Hipoglicemia concentrações de glicose no plasma inferiores a 70 mg/dl. A Hipoglicemia constitui a principal e potencialmente mais grave complicação da terapia insulínica, estandoevolvida, direta ou indiretamente, em 4% dos óbitos de indivíduos comDM Tipo 1. Causas freqüentes de Hipoglicemia são: atraso, diminuiçãoou omissão da ingestão alimentar, aumento da atividade física, erros nadose ou na forma de aplicação (intramuscular) da insulina, etc.
Os principais sintomas da Hipoglicemia são: cefaléia, tontura,desorientação, irritabilidade, fome, taquicardias e palpitações,dificuldade de raciocínio, sudorese e palidez, podendo prosseguir paraconfusões mentais, convulsões e coma caso não haja intervenção(ingestão de glicose ou administração de glicose ou glucagon). É
preciso que o diabético fique atento aos sinais da Hipoglicemia, paraque possa remediá-la precocemente, devendo, para isso, carregar sempre consigo pacotinhos ou alimentos (bombons, doces) contendoaçúcar.
Hiperglicemia
Caracteriza-se como Hiperglicemia valores de glicose no plasmaacima de 110 mg/dl. Os sintomas da Hiperglicemia são os mesmosencontrados em pacientes diabéticos recém diagnosticados, e eventuaisHiperglicemias podem ocorrer no diabético sob controle glicêmico. Noentanto, Hiperglicemias freqüentes ou prolongadas sinalizam falhas no
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tratamento e descontrole do DM, acarretando em diminuição dasdefesas imunológicas, o que facilita o surgimento de diversos tipos deinfecções. Se persistirem por um longo tempo, as Hiperglicemias irãodesencadear as complicações crônicas do DM.
COMPLICAÇÕES CRÔNICAS
As complicações crônicas surgem após algum tempo de DMdescompensado. É difícil determinar o tempo exato de aparecimento dascomplicações em diabéticos sem controle glicêmico ou com umcontrole insatisfatório; este tempo pode variar de meses até anos. Ascomplicações crônicas do DM surgem devido à formação dos “ProdutosFinais da Glicosilação Avançada” ou AGE. De fato, após exposição por longos períodos à glicose, as proteínas que constituem os nossos tecidos
sofrem algumas modificações (glicosilações), alterando a sua estrutura efunção. As complicações Crônicas do Diabetes podem ser divididas em2 grupos:
Comprometimento da Grande Circulação:
Infarto do miocárdio precoce; Acidente vascular cerebral ;Gangrenas diabéticas (pé diabético)
Comprometimento da Pequena Circulação:
Retinopatia diabética (2ª causa de cegueira no mundo); Nefropatia diabética; Neuropatia diabética (impotência, frigidez, dificuldades nocontrole da defecação e da micção, etc.).
IMPORTÂNCIA DA ADESÃO AO TRATAMENTO: PREVENÇÃO DAS COMPLICAÇÕES,CONQUISTA DA QUALIDADE DE VIDA
A adesão ao tratamento é fundamental para a conquista da qualidade devida do paciente diabético. Embora o diabético sob controle glicêmico não
possa se ver livre das complicações agudas, estas são fáceis de seremremediadas antes de trazerem alguma conseqüência mais grave. Quanto àscomplicações crônicas, estas sim devem ser evitadas. No entanto, dependendodo estágio da complicação, um tratamento intensivo ainda é capaz de revertê-
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las. Prova disso é que, quando são transplantados rins de diabéticosacometidos pela nefropatia diabética para pessoas normais, as complicaçõesnestes rins são regeneradas. Além disso, a ciência teve uma grande evoluçãono que concerne às técnicas de combater o avanço das complicações. Mas nãoé por isso que o diabético vai deixar de se tratar. Ele precisa estar conscientede que um diabético compensado é capaz de realizar todas as atividades quedeseja, além de levar uma vida saudável e produtiva, evitando ou adiando ascomplicações para 40, 50, 100, 200 ou 300 anos!
Uma prova disso é o Dr. Rogério Oliveira, endocrinologista e diabéticoTipo – 1 desde os 3 anos de idade. O Dr. Rogério já recebeu o título de “50Anos de Diabetes Sem Complicações” da Sociedade Brasileira de Diabetes – SBD e nos deixou esta linda mensagem: “Quem tem Diabetes precisa
entender que esta disfunção é apenas um detalhe em suas vidas, pois o grande
diferencial entre o sucesso e o insucesso está em ter determinação, força de
vontade e motivação, e isto é válido para todas as pessoas”.