informativo o lojista n° 74 - fev/2015

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Nº 74 - Fevereiro/2015 www.cdlbarreiras.com.br vejamais Sabia que é possível economizar no combustível? Confira as dicas. [pág. 9] CDL em pauta: Comércio informal preocupa lojistas do segmento de confecções. [pág. 15] EIB: Jovens contam suas experiências ao ingressar no mercado de trabalho. [pág. 3] Entrevista: Você sabe o quanto paga para o país? Dr. Wagner Pamplona explica. [pág. 6] Especial 08 de Março Dia Internacional da Mulher

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Informativo produzido pela CDL de Barreiras (BA), com circulação regional. Seu conteúdo pode ser reproduzido, desde que seja citada a fonte.

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Nº 74 - Fevereiro/2015 www.cdlbarreiras.com.br

vejamais

Sabia que é possível economizar no combustível? Confira as dicas. [pág. 9]

CDL em pauta: Comércio informal preocupa lojistas do segmento de confecções. [pág. 15]

EIB: Jovens contam suas experiências ao ingressar no mercado de trabalho. [pág. 3]

Entrevista: Você sabe o quanto paga para o país? Dr. Wagner Pamplona explica. [pág. 6]

Especial 08 de MarçoDia Internacional da

Mulher

2 - FEV/2015

Este informativo é produzido pela CDL de Barreiras (BA). Sua circulação é regional e seu conteúdo pode ser reproduzido, desde que seja citada a fonte.

A publicação O Lojista abre espaço para você, leitor. Dê a sua opinião, crítica e sugestão sobre as nossas matérias. O que te agradou? O que poderíamos melhorar? Qual a sua dúvida? Queremos saber o que você tem a dizer para que o conteúdo do Informativo O Lojista esteja sempre alinhado com o que você quer ler. Existem diversos canais pelos quais podemos manter esse contato:

O velho ditado brasileiro que diz que o ano só ini-cia depois do carnaval começa a fazer sentido para muitos que tiraram suas merecidas férias,

entre os meses de janeiro e fevereiro, e voltaram a vida corriqueira. Em contrapartida, os que não puderam go-zar desse privilégio renderam muito para o país. Essa é uma verdade incontestável, principalmente para os pro-fissionais do turismo, hotelaria, lazer e entretenimento.

Embora essa expressão seja válida para muita gente, a Câmara de Dirigentes Lojistas de Barreiras vem, desde o começo do ano, preparando ações para deixar o lojista em clima de festa o ano inteiro.

Logo após o Carnaval os barreirenses ficaram felizes com o anuncio da Policia Militar de que o índice de vio-lência desse ano foi um dos menores desde 2003. Esse re-sultado foi apresentado à CDL e ao Sindilojas em reunião com o Comando do 10° Batalhão da Polícia Militar, pelo-Major Camilo Uzeda, que declarou estar satisfeito com a queda no número de atentados violentos durante a festa.

Acompanhando os últimos acontecimentos que pegaram o consumidor e o empresário de surpresa, como o aumento dos impostos anunciado no início desse ano, O Lojista traz uma entrevista exclusiva com o Assessor Jurídico da CDL, Dr. Wagner Pamplona, que é advogado tributarista empre-sarial. Ele esclarece para o leitor dúvidas sobre a carga tri-butária e alerta para a importância de ter conhecimento do quanto pagamos para o país, e qual o retorno desses impos-tos. O aumento no preço dos combustíveis, etanol e gasoli-na, também entrou em destaque e O Lojista buscou espe-cialistas para dar dicas ao consumidor sobre o que ele pode fazer para diminuir o consumo de combustível.

Em celebração ao Dia Internacional da Mulher, come-morado em 08 de março, O Lojista relata a trajetória de vida da empresaria Marizete Queiroz, proprietária de duas lojas de embalagens em Barreiras, que enfrentou muitos desafios para conseguir garantir sucesso na vida.

Boa Leitura!

O ANO SÓ COMEÇA

DEPOIS DO CARNAVAL?

CÂMARA DE DIRIGENTES LOJISTAS DE BARREIRAS - Diretoria Biênio 2014-2015 Presidente Rider Mendonça e Castro 1º Vice Presidente Carlos Henrique Souza Filho 2º Vice Presidente Humberto Carlos Fagundes R. Júnior 1º Secretário Fabio Petronilio Nogueira 2º Secretário Frederico Maximiniano Nobrega 1º Tesoureiro Ricardo Barbosa Campos 2º Tesoureiro Anny Souza Gomes Diretora Executiva Irineide Ribeiro Silva Figueiredo Diretor de Eventos Caroline Quele de Souza Santos Diretor de Produtos e Serviços Leandro Roberto Eckert Conselheiros Fiscais Célia Kumagai, Gil Arêas e Pedro Dourado M Junior Diretor Distrital FCDL Gill Arêas Machado

O LOJISTA - Coordenação Geral Irineide Ribeiro Edição de Arte Évelyn Knebel Jornalista Rosane Ferreira Revisão Ricardo Campos Publicidade [email protected] Impressão Gráfica Irmãos Ribeiro Tiragem 800 exemplares / DÚVIDAS, OPINIÕES E SUGESTÕES: Avenida Antônio Carlos Magalhães, 898 - Centro - Barreiras - BA CEP 47.800-000 --- www.cdlbarreiras.com.br --- DISTRIBUIÇÃO DIRIGIDA | VENDA PROIBIDA

JUCEB

SOS Cidadão

Assessoria Jurídica

Consulta ao SPC

Núcleo de Pesquisas do Comércio

Certificação Digital

Estágios Integrados do Brasil

(77) 3611-5395

[email protected]

twitter.com/cdlbarreiras facebook.com/cdlbarreiras

FEV/2015 - 3

Há pouco mais de um ano de atuação em Barreiras, o pro-grama de Estágios Integra-

dos do Brasil (EIB), foi implantando na cidade por meio da parceria en-tre a ACEB e CDL, com o objetivo de desenvolver capacidades e compe-tências dos jovens ingressos no pro-grama, além de aumentar as possibi-lidades de mão de obra de qualidade para o empresário barreirense.

O estágio é uma fase peculiar do processo de aprendizagem. Nesse pe-ríodo o aluno tem a oportunidade de conhecer e se especializar em sua área de interesse. Foi com essa pers-pectiva que os primeiros estagiários do EIB procuraram o programa.

O estudante Walker de Sousa, 16 anos, teve sua primeira experiência no mercado de trabalho através do EIB. Ele conta que sua mãe quem o levou até a CDL para fazer a inscrição e após uma semana foi chamado para participar de sua primeira seleção, logo foi contratado para trabalhar em um supermercado. Com pouca idade e cursando o início do Ensino Médio, sem nenhuma ex-periência, teve que se envolver com os trabalhos de vários setores para ter uma identificação. Ele se identificou com o departamento de panificação.

“Sempre tive interesse com a área de gastronomia, e agora estou certo do curso que irei fazer. Estou fazendo minha poupança para tornar possí-vel essa conquista. O EIB trouxe gran-des esperanças para minha vida, não só profissional, mas também pessoal. Hoje consigo enxergar horizontes que antes eram inalcançáveis e tudo isso aconteceu por ter essa oportunidade e pela decisão que tomei de ser alguém na vida”, confessa Walker.

Para o coordenador do departamen-to onde Walker atua, Josenildo de San-tana Sacramento, para trabalhar nes-

sa área é preciso se dedicar, ter amor pelo o que faz e curiosidade em co-nhecer cada detalhe do processo (pa-nificação), pois se trata de uma área muito complexa e ao mesmo tempo prazerosa. Na avaliação do coordena-dor o jovem se destacou em todos es-ses quesitos, além de ser uma pessoa de fácil acesso e pela pouca idade já se apresenta como um profissional.

Walker continua como estagiário do supermercado, ainda não foi efetivado por ter apenas 16 anos e não ter con-cluído o ensino médio. Já João Marcos Xavier, que também foi um dos primei-ros ingressos do EIB, foi contratado re-centemente como funcionário da mes-ma empresa onde Walker trabalha.

Assim como Walker, João pensa em fazer gastronomia, ambos trabalham no mesmo setor, mas o que ele gosta mes-mo é de meter a mão na massa. “Já sou um padeiro”, diz ele. Conta com orgu-lho, que começou como auxiliar e com a contratação, passou a ser padeiro.

“Estou satisfeito por ver meu traba-lho sendo reconhecido e principalmen-te por ter encontrado uma área em que eu me identifiquei, conheço muitos jo-vens que ainda não sabem o que que-rem da vida, hoje eu sei, e pretendo me especializar para ter um bom destaque

como profissional”, declara o jovem.“Já passaram vários estagiários por

esse setor, e eu vejo que esses dois es-tão tendo um grande destaque por se-rem interessados em aprender. Além disso, sempre estão dispostos a dar o seu melhor e isso é importante em to-das as áreas do mercado de trabalho”, relata Josenildo.

O gerente do setor de alimentação do supermercado, Thierry Vermei-ren, também comenta sobre os meni-nos. “Sempre acreditei que para você desenvolver sua função com qualida-de é necessário que a faça com amor, ou pelo menos com interesse, e foi isso que notei em Walker e João, que ao lon-go desse tempo em que estão conos-co, sempre se mostraram prestativos e dispostos a aprender. Há poucos dias, o João foi contratado como funcioná-rio e isso me deixou muito feliz”, conta Thierry.

De acordo com Socorro Portela, co-ordenadora do EIB, em apenas um ano de funcionamento o programa já inseriu mais de 200 estudantes no mercado de trabalho. “A expectativa é de dobrar esse número em 2015, e temos grande interesse que os nossos estagiários após o período de estagio, sejam contratados”, declara.

Jovens contam suas experiências ao ingressar no mercado de trabalho

através do programa EIB.Os estudantes Walker de Sousa e João Marcos Xavier encontraram no EIB

uma porta de entrada para o mercado de trabalho.

EIB

João Marcos, Josenildo, Walker e Thierry.

4 - FEV/2015

“As necessidades me fizeram sair de onde estava para conseguir algo melhor”, diz empresária

História de Sucesso: a trajetória da empresária Marizete Queiroz

No olhar uma impressão de de-ver cumprido. As condições iniciais de vida não foram ca-

pazes de destruir os sonhos e planos que havia traçado. Natural de Santa Maria da Vitória, Marizete Queiroz da Soledad não tinha opção de sonhar muito alto, mas o pai, que era lavra-dor, embora oferecesse uma condição simples de vida, a incentivava a estu-dar para ser alguém no futuro.

“Tive uma infância de valores na qual você tem que honrar pai e mãe, honrar o seu próximo e va-lorizar aquilo que você tem, desde um chinelo velho, arrancando as correias, a uma roupa batida. Tí-nhamos o privilégio de ganhar uma roupa nova só no período junino, mas agradeço pela minha infância. Não foi sofrida porque tive muito amor, mas as necessidades me fize-ram sair de onde estava para conse-guir algo melhor”, relata Marizete.

Há muito tempo o mundo vem percebendo que a mulher não é mais o “sexo frágil”, como era considerada antigamente. A classe feminina vem provando sua competência, profis-sionalismo, habilidade de trabalhar em equipe, criatividade e liderança, conquistando mais espaço e rompen-do as barreiras do preconceito. Mari-zete foi uma dessas mulheres. Hoje, proprietária de duas lojas de embala-gens, enfrentou muitos desafios para conseguir garantir sucesso na vida, tornando-se um modelo a ser segui-do por mulheres que ainda não acre-ditam em sua força.

Marizete conta que sempre foi destaque na sala de aula e isso a le-vou a ser professora. Em uma de suas lembranças ela diz que seu pri-meiro salário como professora subs-tituta foi um jogo de cama. Uma das professoras da escola em que havia terminado seus estudos precisava ti-rar a licença maternidade e achou conveniente chamar Marizete para

substituí-la. Essa foi sua primeira experiência. Em seguida conseguiu emprego nessa mesma escola, agora como profissional.

Casou-se aos 21 e depois de alguns anos decidiu que queria algo mais, queria fazer um curso superior, embo-ra não soubesse qual, queria ter uma formação mais elevada, foi quando fez o concurso da Prefeitura Munici-pal de Barreiras para professor e con-seguiu ser uma das sete classificadas em Santa Maria da Vitória. A partir daí, ela sabia que sua vida mudaria.

“Várias pessoas se inscreveram nesse concurso. Sete pessoas passa-ram em Santa Maria e uma delas fui eu. Para a surpresa de muita gente, passei. Meu pai, claro, já sabia que eu iria passar pois ele confiava em mim. A surpresa foi porque muitas pessoas com melhres con-dições também fi-zeram o con-curso e não p a s s a -r a m .

Meu pai falou que Deus estava reser-vando algo bem melhor para mim!”, declarou a empresária.

Ao chegar em Barreiras, em 1999, logo conseguiu se instalar. A vida de professora estava razoável, mas ela queria aumentar sua renda, até por-que seu marido, Lauro Queiroz, ain-da não estava trabalhando. Até então ainda não havia feito o vestibular, que era seu principal objetivo na cidade, mas isso seria adiado por um tempo. Um dia ela e o marido foram até a fei-ra do Centro fazer compras, quando chegaram, perceberam que haviam esquecido o dinheiro e Lauro voltou para buscar. A distância entre a feira e sua casa era longa, então ela resolveu esperá-lo. Em um momento começou a observar aquele lugar, uma gente simples e batalhadora, uns debulha-

vam feijão, outros cortavam milho. Foi quando

viu dois garotos levando sa-

colas nas m ã o s

ven-

ESPECIAL 8 DE MARÇO

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dendo-as para os feirantes. “Ao ver aqueles garotos vendendo

sacolas pensei comigo, ‘estou que-rendo aumentar minha renda, não sou boa cozinheira, também não sei fazer bolo, quem sabe se eu começas-se a vender sacolas conseguiria um bom dinheiro?’ Foram muitos ques-tionamentos em pouco tempo, o su-ficiente para eu encontrar a minha saída”, lembra.

Quando recebeu seu salário reser-vou R$ 50,00 para investir e foi até a papelaria Irmãos Ribeiro comprar sacolas, “foram muitas sacolas”, dis-se ela. Marizete conta que conse-guiu vender todas as sacolas, mas que não ficou com um centavo no bolso, porque os feirantes só iriam pagá-la na semana seguinte.

Na semana seguinte o seu investi-mento havia triplicado, decidiu com-prar mais sacolas. Ela percebeu que aquele negócio era lucrativo e in-vestiu. Quando percebeu já estava comprando seu primeiro carro para distribuir nos bairros, ela foi aumen-tando seus produtos e passou a ven-der redinhas para colocar verduras, copos descartáveis, guardanapos, etc.

Não deixou o emprego de profes-sora, fez o vestibular para Letras e passou. Intercalava seus horários en-tre as aulas, a faculdade e o seu ne-gócio. As pessoas começaram a cha-ma-la de professora. Sua simpatia e

comprometimento foram sua chave para conquistar muitos clientes que a procuram até hoje. Marizete lembra como era sua rotina e a preocupação que tinha em oferecer o melhor, não só em qualidade nos produtos, como também em atendimento.

“Eu passava meu endereço para muitas freguesas que eu tinha nafei-ra, algumas não sabiam ler nem es-crever, então quando chegava algu-ma correspondência eu entregava. Fui conquistando, aos poucos, ami-zades, clientela, meu espaço. Isso não foi forçado, eu me sentia bem em ajudar, me sentia útil, e sabia que

“Fui conquistando aos poucos, amizades, clientela, meu es-paço. Isso não foi forçado, eu me sentia bem em ajudar, me sentia útil, e sabia que eles me queriam bem, essa sensação era um estimulo para buscar cada vez mais o melhor.”

eles me queriam bem, essa sensação era um estimulo para buscar, cada vez mais, o melhor. Eu sabia das ne-cessidades de cada um e quis ofere-cer exatamente o que eles procura-vam em produtos e serviços”, relata.

Hoje, aos 52 anos, Marizete vê sua trajetória com muito orgulho. Proprietária de duas lojas de emba-lagens na cidade, tem funcionários fiéis, o mais antigo trabalha com ela há 12 anos. Sem filhos, um de seus funcionários a considera como mãe, ajuda muita gente e é exemplo para cada um deles e motivo de or-gulho para toda a família.

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VOCÊ SABE O QUANTO PAGA PARA O PAÍS?

O Lojista: O ano começou com o go-verno anunciando várias medidas pro-visórias que reajusta a tabela de im-postos do país. O sistema tributário brasileiro é composto por vários tribu-tos. Quantos impostos, taxas e contri-buições compõem a Carga Tributária e quais mais incidem sobre o empresário?

Wagner Pamplona - Numa análise cirúrgica da situação existem no país entre taxas, impostos e contribuições uma lista que chega a 92 itens. Em regra incidem sobre os empresários o ICMS, o IPI, a COFINS, a CSLL, o IRPJ, além das contribuições do PIS e INSS, e quando prestadores de serviços o ISS (único imposto muni-cipal entre os citados).

O Lojista: A respeito do percentual da carga tributária em relação ao PIB brasileiro, como ela é calculada?

W.P. - A carga tributária é calculada a partir de um cômputo de todo o fluxo regular de recursos direcionado da po-

pulação para o Ente Federado (União, Estados e Municípios) e que tenha na-tureza econômica de tributo, esta car-ga normalmente é calculada através de uma comparação entre a quantidade de tributos arrecadados pelo Estado e o valor do PIB (Produto Interno Bruto) do mesmo ano. No Brasil a média per-centual de tributos em relação ao PIB fica em torno de 36%.

O Lojista: Qual a situação do Brasil em relação a outros países no que diz respeito a esse tema?

W.P. - Atualmente o Brasil é um dos quinze países com maior car-ga tributária no mundo, no entan-to cabe informar que a quantidade de tributos cobrados no país está in-ferior a de países como Dinamar-ca, Bélgica, França, Finlândia, Ale-manha, Holanda e países em crise econômico-política como Grécia, Ar-gentina, Eslovênia, Hungria e Itália.

Observamos que nos países cita-

dos, em sua grande maioria, para essa carga tributária há uma respos-ta efetiva em serviços públicos que beneficiam a comunidade, como educação, saúde, infraestrutura e outros serviços. No Brasil, temos uma das mais altas cargas do mun-do, mas, é fato público e notório que não há correspondente contra-partida em serviços públicos como deveria, ou seja, há clara má gestão de recursos.

O Lojista: Existe um modelo ideal

de um sistema tributário para o pais? Qual seria?

W.P. - Falar em modelos é uma te-meridade, pois a complexidade do nosso sistema tributário nos jogou em uma armadilha. Digo isso porque qualquer alteração no nosso sistema tributário exige prévio e aprofundado estudo dos seus efeitos. Não temos uma economia simples. A estrutura de produção em nosso país é com-

O Lojista entrevistou o Assessor Jurídico da CDL, Dr. Wagner Pamplona, advogado tributarista empresarial, que explicou sobre as contribuições que

compõem a carga tributária e no que isso reflete para o bolso do cidadão.

A quantidade de tributos, impostos, taxas e contribuições das esferas do Governo (Federal, Estadual e Municipal), que incidem sobre a economia, volta a

ser tema de debate em todo o país. É co-mum o ano iniciar com várias mudanças impostas pelo Governo, tais alterações mexem diretamente no bolso de consu-midores e empresários, e em consequ-ência disso, surgem anúncios de uma possível reforma tributária e política.

Esse ano a presidente Dilma Rousseff já falou sobre a reforma política e tributária, mas na prática ela é protelada ano após ano. Pensando em esclarecer dúvidas sobre esse tema, O Lojista procurou o Advogado tribu-tarista empresarial, Dr. Wagner Pamplona, As-sessor Jurídico da Entidade, para falar sobre as contribuições que compõem a Carga Tributária e os rumos da economia do país para os próximos anos.

ENTREVISTA

FEV/2015 - 7

plexa, repleta de situações benefícios e privilégios específicos que requer cuidados para não provocar efeitos de desmonte e desajustes do nosso sistema econômico produtivo. Mas, posso ressaltar que o modelo já ado-tado pelo Simples Nacional, no qual os tributos são pagos de forma con-junta através de apenas uma guia de arrecadação e em apenas uma data, o que torna mais fácil o pagamen-to destes impostos por Microempre-sas e Empresas de Pequeno Porte já nos apresenta pelo menos como uma desburocratização e que, com as de-vidas adequações, acredito que pode-ria ser aplicado também a Empresas de Médio Porte. O modelo ideal passa por um diminuição da carga tributá-ria e desburocratização fiscal.

O Lojista: É possível diminuir o va-lor dos impostos sem haver uma amea-ça de crise financeira?

W.P. - Se tal acontecesse, de for-ma apressada e linear, alguns po-deriam entender que o brasileiro pagaria menos impostos e o Estado teria menos verbas em caixa para manter a máquina estatal. Em ver-dade, tal visão não procederá se o Estado Brasileiro e seus entes fede-rados fizerem a boa, racional e efi-ciente gestão dos recursos públicos.

O Lojista: Quantas versões de Refor-ma Tributária tramitam no congresso?

W.P. - Na última atualização que tive acesso, cerca de 9 propostas de emen-da à Constituição tratam da matéria.

O Lojista: Existem leis que regula-mentam esse repasse de valores, ou seja, o empresário pode colocar um pre-ço para o consumidor que paga os im-postos e ele não saia no prejuízo?

W.P. - No Brasil vigora o livre mer-cado, desde que não configure abu-sividade. Em verdade, o preço abu-sivo acaba por ser limitado pelo livre mercado e, desde que não haja lucro abusivo por parte do empre-sário, este não somente pode, mas deve embutir nos preços dos produ-tos os tributos pagos por ele. O mer-cado determinará os limites e, no fundo, o repasse dos tributos para o preço final refletirá diretamente no tamanho do lucro a depender do que o mercado aceita e absorve.

O Lojista: Quais as punições que um empresário está sujeito por não pagar os impostos e optar por produtos contra-bandeados ou piratas?

W.P. - O empresário, além de per-der os produtos piratas ou contraban-deados, pode ter seu estabelecimento fechado e responder por crimes de descaminho, previsto no art. 334 do CP (quando o produto é permitido no país, mas entrou neste sem pagar os impostos), de contrabando, previsto no art. 334-A do CP (quando o produ-to é de venda proibida no pais e en-trou neste de modo ilegal), de pirata-ria, previsto no art. 184 do CP (quando o produto é uma cópia não autorizada pelos seus autores), além de crimes contra o Consumidor e contra a Admi-nistração Tributária. Pagar tributos é uma obrigação legal. Somos obrigados a pagar tributos porque a lei determi-na e se não cumprimos a lei estamos sujeitos a punições, como autos de in-fração e multas, CADIM, ação penal, execuções fiscais, restrição cadastral e outras sanções também previstas em lei. Exercer a atividade produtiva exi-ge planejamento e organização, pois não mais existe espaço para a impro-visação.

O Lojista: A respeito do percentual da carga tributária em relação ao PIB brasileiro, é considerável, é um contras-senso ou precisa haver um aumento?

W.P. - É considerável e poderia di-minuir, tendo em vista que segue a média de importantes países da Euro-pa e é cerca de apenas 8% em média, superior à carga tributária de países como Japão, Estados Unidos e Coréia do Sul. Agora é preciso considerar que o Brasil é um país de dimensões continentais com graves problemas estruturais básicos em que, primor-dialmente, predomina a prestação de serviços pelo Estado, diferente de pa-íses em que não existem investimen-tos em faculdades públicas e um siste-ma único de saúde como o brasileiro, e o maior exemplo destes países são os Estados Unidos, que não investem praticamente nada nas faculdades públicas e não possui um sistema de saúde gratuito. Em verdade, o custo do Estado brasileiro é gigantesco e al-guns custos são irreversíveis e neces-sários, como o da saúde pública, edu-cação e infraestrutura, pois tudo por fazer e evoluir em nosso país. Repito,

mesmo diminuindo a carga tributária não tenho dúvida que a boa gestão dos recursos públicos será a solução dos nossos problemas.

O Lojista: Quais tributos incidem so-bre o preço do produto e qual a porcen-tagem que representa isso?

W.P. - Os tributos que incidem dire-tamente sobre o preço do produto são o ICMS, o IPI, a COFINS, a CSLL e o IRPJ, cerca de 33% do valor do pro-duto em relação ao seu valor de fábri-ca, variável a depender do produto.

O Lojista: Quando há o aumento da carga tributária, indica que o país está crescendo, ou apenas os impostos estão elevados?

W.P. - O aumento da carga tributá-ria pode indicar tanto o crescimen-to do país, quanto simplesmente a elevação dos tributos, e, em alguns momentos pode indicar que as duas coisas estão acontecendo ao mesmo tempo. Tudo depende do contexto naquele momento. Veja, por exem-plo, que no período de 2001 a 2010 tivemos grande aumento da carga tributária nacional, com elevação de vários impostos e crescimento do país ao mesmo tempo. Atualmente assistimos uma elevação de carga tributária e um forte sentimento de apreensão quanto ao nível de cresci-mento no país, gerando muita inse-gurança, o que por si só, já gera de-saceleração da economia.

O Lojista: O cenário brasileiro hoje está interferindo nesses impostos? Terá aumento?

W.P. - Não só o cenário brasileiro, mas o mundial. Uma crise em um pequeno país no continente asiáti-co desencadeia quedas, e até que-bra, nas bolsas de valores em todo o mundo, o que acarreta menos in-vestimento nos setores de produção e, com menos produtos disponíveis, o preço dos produtos e, consequen-temente, dos serviços aumentam, o que causa diminuição do poder de compra das pessoas que deixam de comprar o que gostariam porque o preço aumentou o que gera redução da arrecadação e obriga os governos a aumentarem os impostos, princi-palmente em países como o Brasil, em que a maioria dos serviços es-senciais são prestados pelo Estado. É um efeito cascata cruel.

8 - FEV/2015

Inicie o ano com planejamento

A melhor maneira de iniciar o ano é traçando planos para desenvolver cada área de nossas vidas. Para uma empresa, o planejamento é essencial para que a administração seja eficaz e que os negócios tenham resultados positivos. É im-

portante que o empresário faça um panorama de suas principais conquistas já alcan-çadas e trabalhe em cima disso, a fim de conseguir um equilíbrio em seu negócio e, consequentemente, melhore os resultados nas vendas. Nessa edição, O Lojista convi-dou o empresário, Ricardo Campos, graduado em Relações Públicas, especialista em Administração de Marketing e Recursos Humanos, para falar mais sobre esse assunto e dar dicas de como fazer um planejamento anual de ações que irão conduzir os negó-cios de forma equilibrada, fugindo do marasmo da queda na economia.

O Lojista: Após toda a euforia de vendas de final de ano e em seguida as liquidações do estoque que sobrou, como o lojista deve se preparar para encarar o ano de 2015 com mais confiança?

Ricardo Campos - Início de ano é tempo de recomeço. Com energias renovadas é o momento de iniciar novas práticas, reforçar os acertos do ano anterior e riscar da agenda as estratégias que não trouxeram os resultados esperados. Ter, desde já, um planejamento anual defini-do, que permita vislumbrar resulta-dos e antever datas que exijam mais atenção e empenho durante o ano, certamente otimizam o trabalho.

O Lojista: Começo de ano é um bom momento para se pensar sobre o planejamento de uma empresa?

R.C. - Entendo que o planejamen-to pode ser iniciado ainda no final do ano, já com previsão de ações a serem executadas no mês de janeiro. Contu-do, é comum que se utilize os primei-ros dias do ano, quando já se tem fe-chados todos os números do exercício anterior, para definição de metas e es-tratégias para o ano que se inicia.

O Lojista: O planejamento ideal deve ser de curto, médio ou longo prazo?

R.C. - Penso o planejamento como um documento de ações abrangen-tes. Essa abrangência se apresenta justamente porque contempla um plano de ações de curto, médio e longo prazo.

O Lojista: Fazer uma análise de

como foi o desempenho dos anos ante-riores pode ajudar no desenvolvimen-to do planejamento?

R.C. - A análise dos resultados de

anos anteriores tem importância fundamental na elaboração do pla-nejamento. Quanto maior o históri-co, mais fácil será a identificação de padrões de sazonalidade e definição de ações para tratar as particulari-dades de cada período do ano.

O Lojista: É importante que a equi-pe tenha conhecimento do planeja-mento anual da empresa, das metas a serem alcançadas e das mudanças que irão ocorrer durante esse proces-so, ou apenas quem estará à frente da empresa que deverá ter esse acesso?

R.C. - O planejamento tem foco es-tratégico e deve balizar as atividades das empresas conforme a análise e deliberações dos gestores da empre-sa. Contudo, para sua execução é fundamental que todos estejam en-volvidos e comprometidos com as metas definidas. São as equipes tá-ticas e operacionais que dão vida às ações previstas no planejamento.

O Lojista: Se manter informado sobre o mercado é importante para avaliar as tendências para o seu segmento, ou seguir o planejamento anual já é o bastante?

R.C. - Como disse, o planejamento é um documento abrangente. Para que tenha resultados práticos posi-tivos de curto, médio e logo prazo, é preciso fazer um cruzamento de uma série de variáveis que influen-ciarão nos resultados. Assim, tão im-portante quanto analisar os resulta-dos históricos da empresa, é fazer um estudo de cenário, levando em conta as previsões regionais e nacio-nais para cada segmento e também para a economia de forma geral.

O Lojista: Como o lojista pode fazer

para promover ofertas em um cenário econômico de elevação da taxa de ju-ros e inflação persistente?

R.C. - É preciso analisar de que forma a conjuntura econômica afe-ta em cada segmento e quais efeitos causam na experiência de compra dos seus consumidores. De forma geral, as facilidades de parcelamen-to e financiamento vêm diminuin-do cada vez mais. Dessa forma, buscar atrativos que ofereçam be-nefícios mais imediatos podem ser percebidos de forma positiva pelos clientes sem comprometer o fluxo de caixa das empresas.

O Lojista: Os lojistas devem estar preparados para esse número alto de feriados neste ano?

R.C. - Os feriados devem ser en-tendidos como um sinal de aler-ta na elaboração do planejamento anual. Definir estratégias para lidar com esses momentos durante o ano fará toda a diferença para atingir as metas predefinidas.

O Lojista: Os feriados ajudam ou atrapalham os negócios?

R.C. - Analisado isoladamente, o feriado parece ser sinônimo de pre-juízo ou, pelo menos, de diminuição de faturamento no exercício. Porém, se voltarmos à questão do planeja-mento, podemos pensar os feriados estrategicamente a favor de nossos negócios. Alguns feriados são tradi-cionalmente utilizados como motes para campanhas que impulsionam significativamente os resultados de vendas de vários dias, superando o faturamento daquele dia em que o comercio é forçado a fechar as por-tas em decorrência do feriado.

ENTREVISTA BÔNUS

FEV/2015 - 9

Otimizar o uso de combustível e economizar é possível?

Desde o início de fevereiro os motoristas vem sentindo a alta no preço dos combustíveis, tan-

to da gasolina quanto do etanol, que de acordo com dados coletados pelo Nú-cleo de Pesquisas Econômicas da CDL (NUPEC), em Barreiras subiram de R$ 3,15 para R$ 3,46. Essa alta levou o con-sumidor a buscar alternativas para eco-nomizar o uso do combustível.

Para Bito Borges, dono de um pos-to de Combustível em Barreiras, o aumento do combustível já era espe-rado, mas até o momento não houve diminuição na procura pelo produ-to. Segundo ele, isso pode ter acon-tecido por causa do Carnaval, pois a cidade recebeu muitos turistas atra-ídos pela festa. Ele acredita que nos próximos dias a tendência é dimi-nuir a procura, mas segue confiante.

“Todos nós fomos pegos de surpre-sa com o aumento dos combustíveis, e não pudemos fazer nada a respei-to, mas iremos seguir a tabela de preços fornecendo produtos de qua-lidade” afirma o empresário.

O consumidor Carlos Henrique, fala que ainda não se acostumou com o preço da gasolina e que a úni-ca alternativa que encontrou para amenizar os custos foi realizar todas as transações de uma só vez, sem ter que ir e vir sem necessidade.

Especialistas garantem que é possí-vel diminuir o consumo do combustí-vel com medidas simples. De acordo com o gerente de serviços de uma con-cessionária da cidade, Rafael Lucas Bor-ges, é importante que condutor faça a manutenção periódica, como limpeza dos vidros injetores, limpeza no siste-

Nupec divulga novo valor do combustível nos postos de Barreiras e especialistas alertam para a importância da manutenção do veículo para

diminuir o consumo de combustível

ma geral do veículo, alinhamento e ba-lanceamento. Tomando essas medidas o veículo ficará sem entupimento no bico e nem nas velas.

“Muitos condutores reclamam que um litro de gasolina não faz a quantida-de de quilômetros indicada, mas eles não se atém a alguns detalhes impor-tantes que podem fazer toda diferença. Com essas medidas ele pode diminuir os gastos com peças, pois o veículo fi-cará mais conservado e terá mais ade-rência nas partilhas”, explica Rafael.

Para o gerente de pós vendas des-sa mesma concessionária, José Le-onardo, é importante que o condu-tor procure postos de combustíveis

com bandeiras de qualidade, pois fu-gir dos preços altos abastecendo em um posto na qual o combustível tem qualidade inferior à que seu veículo comporta, pode leva-lo a gastar mais.

“Não adianta o condutor realizar to-dos os procedimentos de manutenção do seu veículo e falhar na hora de abas-tecer. Pode acontecer de ele rodar com um combustível adulterado e acabar gastando mais e tendo problemas com o seu veículo, então é importante que procure um posto de confiança, pois o custo benefício que ele procura com o preço, pode ser revertido em um trans-torno em gastos inesperados.” sugere Lenardo.

NUPEC

Bito Borges Rafael Lucas

10 - FEV/2015

Por Ricardo Menna Barreto

CONTRATO: (AINDA) FAZ LEI ENTRE AS PARTES?

O contrato é um instituto jurídico histórico. Sua origem perde-se nas teias do tempo. Comumente, no

Direito, invoca-se, para remontar os aspec-tos que envolvem a origem do contrato, a célebre e imemorial máxima latina: “Pacta sunt Servanda” (os pactos devem ser obser-vados). Sugere-se, de acordo com ela, que os pactos devem ser mantidos, pois ampa-rados que estão pela “vontade da partes”.

Porém, no longínquo Direito Roma-no, uma coisa era o “pactum” (pacto) ou “conventio”(convenção); outra, diferente, era o “contractus” (contrato). De acordo com Chamoun (Instituições de Direito Ro-mano, Ed. Rio, 1977, p. 338) o pacto ou convenção era um acordo de vontades in-suficiente para gerar obrigações. Apenas posteriormente – no período que pode-mos denominar, com Chamoun, de “Di-reito Pós-Clássico” – é que todo negócio lí-cito que vinha a produzir um débito de uma pessoa perante outra denominou-se contrato. Contrato passou a ser, desde en-tão, sinônimo de negócio.

Permitam-me, nesse momento, um “salto histórico”. Não percamos aqui tem-po com uma concepção histórica de con-trato tão distante. Passemos a ver, rapida-mente, alguns aspectos do contrato no contexto do Estado moderno. Nas lições de Paulo Lôbo, sabemos que o contrato, como expressão da liberdade contratual ou da autonomia privada, desenvolveu-se no contexto histórico do Estado moderno, especialmente na fase do Estado liberal. Nesse sentido, o contrato encontrou seu ápice “com o predomínio do capitalismo industrial da segunda metade do século XX, quando se elaborou a teoria do ne-gócio jurídico e se consagrou a ideia de autonomia privada como princípio fun-damental do direito privado”. (Contratos, Editora Saraiva, 2011, p. 19).

Mas a sociedade mudou. Vivemos num contexto sócio-histórico onde torna-se di-fícil invocar tanto a figura romana de pac-tum ou contractus, como a concepção con-tratual tradicional, cujo modelo não mais corresponde aos anseios e expectativas que forjam nossa sociedade contemporâ-nea. Ocorreu, pois, o que Paulo Lôbo de-nominou de “golpe ao modelo clássico de contrato”: “entraram em cena os direitos de terceira geração, de natureza transin-dividuais, protengendo-se interesses que ultrapassam os dos figurantes concretos da relação negocial” (Ob. cit., p. 23).

É nesse contexto que surgem os direi-

tos do consumidor. O contrato de consu-mo, celebrado cotidianamente entre con-sumidores e fornecedores (art. 2º e 3º, Lei 8.078/90 – Código de Defesa do Con-sumidor) é um bom exemplo de avanço na teoria do contrato, onde nos livramos das roupagens do modelo clássico de con-trato (e nem poderíamos conviver com ele, sob pena de grave retrocesso).

Ou seja, atravessamos (ainda) um mo-mento celebremente descrito por Richard Barnet e Ronald Müller em obra redigida há mais de quatro décadas (Poder Global, Ed. Record, 1974). Trata-se de um contex-to social no qual os empresários usaram o crescimento do estágio anterior para do-minar não apenas a concorrência ofereci-da por homens de negócio menos adaptá-veis, mas também a resistência psicológica do público. Traduzindo, trata-se da velha história do açougueiro e do vendedor da esquina que são substituídos por “cadeias de lojas”, de modo que os fregueses aca-bam convencidos que, com isso, estamos diante não apenas de uma conveniência, mas de um progresso da civilização.

De repente é por isso que Zigmunt Bauman (sociólogo polonês) faz tanto su-cesso descrevendo a sociedade atual em suas obras “Modernidade Líquida”, “Vida a Crédito”, “Vida para Consumo”... (entre tantas outras, que popularizaram, hoje, a Sociologia). Os livros de Bauman retra-tam a preocupação com o consumismo desenfreado, não mais voltado à satisfa-ção das necessidades, nem caracterizado pelo desejo, mas, indo além, forjado pelo próprio querer, pelo imediatismo (se bem que, ironicamente, nem mesmo de ime-

diatismo podería-mos chamar, pois queremos tudo sem-pre “para ontem”).

Diante do contexto social descrito por Bau-man, o contrato não po-deria manter certos carac-teres históricos, sobretudo o contrato de consumo. Por exemplo, não mais podemos sustentar a ideia de “vontade”. Gunther Teubner, jurista ale-mão de renome, é que está certo ao afirmar que o contrato não vin-cula a “vontade autêntica” dos ho-mens, mas sim seus interesses, que são construídos socialmente. Por isso, ao invés de falarmos em “vontades”, po-demos definir o contrato, com Teubner, como um “projeto discursivo”, que obriga pelo menos três discursos (produtivo, eco-nômico e jurídico) para realização de seu respectivo projeto. Em outras palavras, é melhor nos distanciarmos do subjetivis-mo da “vontade” das partes, pois tal von-tade é difícil de ser definida, retratada... E mesmo que pudéssemos defini-la, esta vontade poderia ser relativizada se afasta-da dos interesses sociais.

Nesse ponto encontramos a pergunta-tí-tulo dessa coluna: o contrato ainda faz lei entre as partes? A resposta é... Depende. Ora, não tentemos ser “exatos”, até porque o Direito não é uma “Ciência Exata”. O Di-reito é uma Ciência Social Aplicada, por-tanto mutável, tal qual a sociedade.

Decerto, uma das principais caracterís-ticas dos contratos de consumo celebra-

“Nas lições de Paulo Lôbo, sabemos que o

contrato, como expres-são da liberdade con-

tratual ou da autonomia privada, desenvolveu-se no contexto histórico do

Estado moderno.”

ARTIGO

FEV/2015 - 11

Ricardo Menna Barreto é professor universitário, doutorando, Mestre e

Graduado em Direito.

dos entre lojistas e consumidores é que esses são unilateralmente impostos. Ou seja, muitos são contratos de adesão (art. 54, Lei 8.078/90, Código de Defesa do Consumidor), postos pela parte forte da relação consumerista: o lojista, o empre-sário. O que ocorre de lamentável nes-te tipo de contrato é que, muitas ve-zes, não é dado o tempo necessário, ao consumidor, para conhecer sua cláusulas. Mais lamentável ainda é quando tais contratos contrariam frontalmente disposições do Có-digo de Defesa do Consumidor, como por exemplo, o previs-to no art. 54, § 3º: “os contra-tos de adesão escritos serão redigidos em termos cla-ros e com caracteres os-tensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo doze, de modo a fa-cilitar sua compre-ensão pelo con-sumidor”. Muitos

consumidores já depararam-se com le-tras minúsculas, com contratos prolixos, isto é, demasiado extensos, com letras e cláusulas obscuras, que bloqueiam sua compreensão.

Diante de tais fatores, sabemos, hoje, so-bretudo pela jurisprudência dos tribunais brasileiros, que o velho dogma jurídico de que “os pactos devem ser mantidos” está re-lativizado. Isso é facilmente percebido em pesquisas de jurisprudência no STJ, pa-cificada que está no sentido de que, uma vez aplicável o Código de Defesa do Con-sumidor, é permitida a revisão das cláusu-las contratuais pactuadas, uma vez que o “princípio” do pacta sunt servanda vem so-frendo mitigações, sobretudo em face da existência dos princípios da boa-fé objeti-va e da função social dos contratos.

Reforçando: o contrato faz lei, sim, en-tre as partes, mas tudo depende do pac-tuado, isto é, daquilo que está disposto pela(s) parte(s) no contrato. O Capítulo VI do Código de Defesa do Consumidor, sobretudo o art. 46 e seguintes e 51 e se-guintes, deveriam, por isso mesmo, ser melhor observados por empresários na celebração de seus negócios com con-sumidores. E isso depende, no mais das vezes, de uma boa orientação jurídica. Contudo, para ser um “bom jurista”, não basta pensar o direito; precisa-se, como afirma Ferraz Jr., refletir sobre suas for-mas contemporâneas de atuação, encon-trando-lhe um sentido, para vivê-lo com prudência, sendo esta “a marca virtuosa

do jurista, que os romanos nos lega-ram e que não desapareceu de todo

na face da Terra (Ferraz Jr., Intro-dução ao Estudo do Direito, Ed. Atlas, 2003, p. 29).

12 - FEV/2015

CURSO EM DESTAQUE

FEV/2015 - 13

14 - FEV/2015

Acompanhada pelo Programa Agentes Locais de Inovação (ALI), de 2013 a 2014, a Nacio-

nal Auto Peças, empresa que atua no segmento comercial de peças e servi-ços automotivos em Barreiras, no Oes-te baiano, se tornou referência depois de aprimorar a prática da gestão com foco em inovação.

No início, a empresa passou a inves-tir em melhorias na atual estrutura da loja. O aumento no mix de produtos nacionais e importados e de serviços foram alguns dos avanços, levando ao acréscimo de 70% nas atividades da empresa e cerca de 20% no faturamen-to. Com a expansão, houve a necessi-dade de contratar mais funcionários, passando de 20 para 49 colaboradores.

De acordo com Pollyceia Oliveira, uma das administradoras da Nacio-nal Auto Peças, o Sebrae foi uma peça fundamental para esse crescimento, no sentido de incentivar a inovar e implantar o formato diferente que a empresa tem hoje. “Foi muito bom o atendimento do Agente Local de Ino-vação. Estivemos abertor para ouvir e fazer o que ele sugeria”, conta ela so-bre o resultado da primeira experiên-cia de qualificação junto à entidade.

O Agente Local de Inovação, Carlos

Faturamento de empresa em Barreiras cresce 20% após aderir às soluções Sebrae.

Empresa associada a CDL de Barreiras comemora os resultados com a implanta;’ao do programa ALI (Agentes Locais de Inovação).

Cayres, acompanhou gratuitamente a empresa, ajudando a identificar os pon-tos de melhoria na Nacional Auto Peças e sugerir soluções inovadoras para que a empresa aumentasse sua competitivi-dade no mercado. “Entre as propostas no plano de ação estava a moderniza-ção da marca, com uma nova identi-dade visual, e a criação do web site”, lembra Carlos. As melhorias incluíram capacitação de colaboradores e geren-ciamento do trabalho interno e adesão às redes sociais Facebook e Whatsapp.

Outra novidade está ainda o plano metas de vendas, em que os colabora-dores são premiados e condecorados mensalmente se atingirem a meta esta-belecida. A empresa pretende premiar todos os meses e, no final do ano, ofere-cer um prêmio mais expressivo para in-centivar ainda mais àqueles que traba-lham com vendas e com atendimento.

Para os próximos anos, a empresa espera aumentar ainda mais os servi-ços e produtos e dar maior visibilidade no comércio digital. “O projeto inova-dor da empresa não é estático, ele é dinâmico e as nossas metas para ino-vação são amplas, audaciosas. Nosso objetivo é crescer ainda mais e, para isso, desenvolvemos estratégias de negócios que vêm dando resultados

positivos”, comemora Pollyceia.Segundo a gerente adjunta do Se-

brae Barreiras, Adriana Morais, as so-luções de tecnologia e inovação dispo-nibilizadas pela instituição objetivam possibilitar melhorias dos produtos e processos, redução de custos, desen-volvimento de uma nova plataforma mercadológica e atendimento às nor-mas ambientais, de forma a proporcio-nar mais competitividade às empresas.

O Programa ALI oferece acompa-nhamento de dois anos, feito por um Agente bolsista do Conselho Nacio-nal de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com perfil mul-tidisciplinar. De forma gratuita, o pro-fissional faz o diagnóstico de inovação no empreendimento e propõe solu-ções para alavancar o nível de cresci-mento e de faturamento.

As inscrições estão abertas para empresas dos setores de comércio, indústria e serviço, nos segmentos educação, construção civil, saúde, metal-mecânica, turismo e entreteni-mento e movelaria e decoração. Mais informações podem ser obtidas no Se-brae Barreiras, localizado na Avenida Benedita Silveira, nº 132, Edifício Por-tinari, Centro, ou pelos telefones (77) 3611-3013 ou (77) 3611-4574.

SEBRAE

Text

o e F

oto:

SEB

RAE.

FEV/2015 - 15

Comércio informal preocupa lojistas do segmento de Confecção em Barreiras

Empresários do segmento de Moda

e Confecção de Barreiras convocaram

a CDL, para uma reunião, ocorrida

no dia 20 de fevereiro. O objetivo foi

tratar sobre a prática do comércio

informal que acontece na Feira da Vila

Rica, aonde é comercializado os mes-

mos produtos que os lojistas dispõem.

A reclamação dos lojistas é que

se sentem prejudicados com essa

concorrência desleal. Segundo os em-

preendedores presentes na reunião,

devido ao baixo preço dos produtos

comercializados na feira da Vila Rica, o

faturamento mensal vem diminuindo.

Eles acreditam que isso está aconte-

cendo pela falta de fiscalização por

parte dos órgão públicos, que não

coíbem esse ato. Eles fazem essa

reclamação voltada para os comer-

PM apresenta queda na violência durante Carnaval 2015 em Barreiras

Os presidentes da CDL, Rider Castro e do

Sindilojas Oeste, Carlos Costa se reuniram

com o Major da PM, o comandante Camilo

Uzêda, para tratar sobre os índices de violên-

cia ocorrido no Carnaoeste 2015. Durante

a reunião o Comandante da PM destacou

que em comparação com os anos anteriores

o Carnaval de 2015 foi mais tranquilo com me-

nos registros de violência.

“Esse ano, a violência durante o carnaval

teve uma queda alta. Não houve nenhum

homicídio no circuito, as duas mortes registra-

das, uma na sexta-feira (13) e outra no sábado

(14), aconteceram fora do circuito. Durante

os dias de festa apreendemos algumas facas

que estavam sendo usadas por meliantes no

interior da festa, mas não houve nenhum caso

muito grave”, relata o Major.

O presidente do Sindilojas Oeste, Carlos

Costa, conta que fez uma ronda pelas lojas

próximas ao circuito e notou que não haviam

muitas irregularidades. “Durante o Carnaval

fico preocupado com a preservação das lojas

localizadas próximas ao circuito do Carnaval,

geralmente os foliões não respeitam o local e

fazem suas necessidades fisiológicas lá mes-

mo, embora tenha banheiros químicos eles

optam por fazer isso. Além disso, há riscos de

arrombamentos, mas não percebi grandes

irregularidades.”, afirma.

Nos últimos meses do ano passado, a CDL,

ACEB e o SINDILOJAS, realizaram várias reuni-

ões com as Policias Civil e Militar com o intuito

de chamar a atenção para a segurança no

comércio. Em uma dessas reuniões foi criada

uma Comissão de Segurança, formada por

empresários, estes que estiveram à frente da

busca por medidas de segurança no comércio

de Barreiras.

O resultado foi imediato, a Policia Militar

reforçou o policiamento e as rondas em horá-

rios de menor fluxo de pessoas, levando a um

número menor de ocorrências. No começo

deste ano novas reuniões foram realizadas

com o objetivo foi tratar a segurança no

comércio durante o Carnaval. De acordo com

o presidente da CDL Barreiras, Rider Castro,

as mobilizações junto as policias deram certo

e esse resultado positivo do Carnaval vem a

agregar. “Precisamos continuar contanto com

essa parceria, pois ter um carnaval em clima

de paz é muito importante para a cidade e nos

próximos anos os foliões irão se sentir mais

seguros para curtir a festa.”, declara Rider.

ciantes que vem de outras cidades para se

instalar na cidade.

“Muitos comerciantes que vendem

confecção nessa feira, tem suas

lojas instaladas em outras

cidades e vem para Barrei-

ras vender por um preço

mais acessível por que não

gastam com os impostos”,

declara.

De acordo com o presi-

dente da CDL, Rider Castro,

a Entidade irá buscar solu-

ções para controlar a venda

de confecções abaixo do

preço comercializado. “Iremos

cobrar dos órgão públicos, medi-

das fiscalizatórias para que o nosso

lojista não passe por essa concorrên-

cia desleal”, disse o Presidente da CDL.

CDL EM PAUTA

16 - FEV/2015

09 A 13 23 A 2729 30 31

01 02 03 04 05 06 07DOMINGO SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA SÁBADO

15 16 17 18 19 20 21

08 09 10 11 12 13 14

22 23 24 25 26 27 28

Agenda de Março

19h (SEBRAE) // ENCONTRO PARA EMPRESÁRIOS DO SETOR AUTOMOTIVO (Gratuito)

19h (SEBRAE) // ENCONTRO PARA EMPRESÁRIOS DO SETOR DE MODA E CONFECÇÕES (Gratuito)

19h (SEBRAE) // ENCONTRO PARA EMPRESÁRIOS DO SETOR DE ALIMEN-TOS (Gratuito)

14h ás 17h (SEBRAE) // OFICINA SEI PLA-NEJAR (Gratuito)

14h ás 17h (SEBRAE) // OFICINA SEI EM-PREENDER (Gratuito)

14h ás 17h (SEBRAE) // OFICINA SEI CONTROLAR MEU DINHEIRO (Gratuito)

07h30 (CDL) // PAPELSTRA CAIXA HORA DE INVESTIR - CONHEÇA AS VANTA-GENS QUE A CAIXA OFERECE PARA O SEU NEGÓCIO (Gratuito)

14h ás 17h (SEBRAE) // OFICINA SEI EM-PREENDER (Gratuito)

07h30 (CDL) // *LAN-ÇAMENTO DA CAM-PANHA DE DIA DAS MÃES CDL (Exclusivo para Associados)

14h ás 17h (SEBRAE) // OFICINA DE CRÉDI-TO (Gratuito)

07h30 (CDL) // CDL CONVIDA: CAFÉ DA MANHÃ COM EMPRESÁRIOS (Exclusivo para associados)

14h ás 16h (SEBRAE) // PALESTRA PEP - PROGRAMA DE EDUCAÇÃO PREVI-DENCIARIA – MEI (Gratuito)

Dia Mundial do Consumidor

Dia Internacional da Mulher

19h ÁS 22h45 (SEBRAE) // CURSO E CON-SULTORIA GESTÃO FINANCEIRA NA MEDIDA (Investimento R$ 120.00 - Associados CDL R$ 100.00)

19h ÁS 22h45 (SEBRAE) // CURSO E CONSULTORIA ATENDIMENTO AO CLIENTE (Investimento R$ 120.00 - Associados CDL R$ 100.00)

(SEBRAE) // PALESTRA PARA MICROEMPRE-ENDEDORES INDIVIDUAIS – ORIENTAÇÕES SOBRE FORMALIZAÇÃO (Gratuito)

TODA QUINTA-

FEIRA, 14H

*Previsão. Evento sujeito a mudança de horário.