hoje macau 25 fev 2015 #3278

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HABITAÇÃO PÚBLICA MORADORES DE SEAC PAI VAN ENTREGAM CARTA AO GOVERNO DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 QUARTA-FEIRA 25 DE FEVEREIRO DE 2015 ANO XIV Nº3278 PUB GRANDE PLANO PÁGINA 3 UMA CASA POUCO ENGRACADA AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB CHINA Pequim e Tóquio à beira do diálogo MEDIA Plataforma e JN juntos em suplemento NOVO MACAU Activos para doar pela independência PÁGINA 13 SOCIEDADE PÁGINA 9 PUB hojemacau Paredes rachadas, infiltrações de água ou elevadores ava- riados são apenas algumas das queixas dos habitantes de Seac Pai Van que se juntam à denúncia de sacos de papel a substituir o cimento das pare- des. Especialistas afirmam que esta prática muito comum nos anos 80 “já acontece menos”, o que em nada sossega os moradores que dizem recear pelas suas vidas e pedem uma investigação “transparente” a estas situações. PÁGINA 7 ´

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Hoje Macau N.º3278 de 25 de Fevereiro de 2015

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Page 1: Hoje Macau 25 FEV 2015 #3278

Habitação pública moradores de seac pai van entregam carta ao governo

Director carlos morais josé www.hojemacau.com.mo Mop$10 q ua r ta - f e i r a 2 5 D e f e v e r e i r o D e 2 0 1 5 • a N o X i v • N º 3 2 7 8pu

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Paredes rachadas, infiltrações de água ou elevadores ava-riados são apenas algumas das queixas dos habitantes de Seac Pai Van que se juntam à

denúncia de sacos de papel a substituir o cimento das pare-des. Especialistas afirmam que esta prática muito comum nos anos 80 “já acontece menos”,

o que em nada sossega os moradores que dizem recear pelas suas vidas e pedem uma investigação “transparente” a estas situações. PágiNa 7

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2 hoje macau quarta-feira 25.2.2015

‘‘édi toon t em

macau

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por Carlos Morais José

www.hojemacau.

com.mo

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l i g u e - s e • pa r t i l h e • v i c i e - s ePropriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas Agnes Lam; António Conceição Júnior; Arnaldo Gonçalves; David Chan; Fernando Eloy; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

diárioDE

boRDo

“Os problemas de qualidade das obras públicas parece serem já uma doença comum no território”

Ho Ion Sang, deputado, sobre os problemas detectados na construção de edifícios de habitação pública | P. 7

TRAbAlhADoRES filipinos destroem sapatos contrafeitos e falsos num armazém em Manila, nas Filipinas. Os Serviços de Alfândega do país destruíram mais de 150 mil pares de sapatos no valor de mais de um milhão de dólares americanos

EPA/

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CIS

R. M

ALAS

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Xi Jinping correu risco de vida

O eScândalO das paredes recheadas a papelão nas habitações públicas de Seac Pai Van provavel-mente não terá consequências para ninguém. Nem para o empreiteiro, nem para a fiscalização. No entanto, estamos perante um crime de negligência, no mínimo, e de dolo, pois ninguém me convence que os responsáveis pela construção e os fiscais não sabiam o que estavam a fazer e, sobretudo, quanto dinheiro estava a ser poupado com a substituição do cimento pelo papelão.Os residentes de Macau que compraram as casas foram enganados, na medida em que estavam con-vencidos terem adquirido paredes de cimento quando afinal a coisa não era bem assim. Mas, como sempre, não acredito que alguém seja responsabilizado.

Enganado foi também o presidente Xi Jinping, aquando da sua passagem por Macau. Afinal, fez um belo papel, ao visitar residentes enga-nados pelo Governo que o representa nesta cidade. A imprensa internacional, sempre de faca afiada contra a China, bem que poderia gozar com isto e mostrar Xi a felicitar os ci-dadãos de Macau... por terem sido enganados pelo seu Governo.Mais: o próprio Presidente terá corrido risco de vida, ao sentar-se na sala daquela família modelo, porque as paredes podiam ter caído ou mesmo incendiar-se por dentro, na eventualidade de uma fagulha eléctrica ter desencadeado fogo no papelão.

Enfim, uma vergonha! Mas alguém ganhou muito dinheiro com isto. Nada aqui é inocente. Isto mostra quanta consideração o empreiteiro teve pelo seu cliente (o Governo de Macau) e quanto este tem pelos residentes mais pobres da região. Este é mais um episódio que vem demonstrar a falta de princípios e de honestidade que norteia as atitudes dos poderosos desta terra. Nada lhes custa enganar e mesmo colocar em risco a vida do seu povo.Afinal, eles bem gostam de mostrar do alto das suas poltronas, algumas delas na Assembleia Legislativa, que a populaça não lhes merece o menor respeito. E gozam... e enchem-se... com total impunidade. Até quando?

“Muitos donos preocupam-se com a estrutura de suas casas, bem como se a supervisão e inspecção de obras do Governo foi realmente séria. Como é que possível acontecer um tão grande problema de qualidadena habitação pública?”• Residente sobre a habitação pública

“Se o objectivo geralvai no sentido de controlar o desenvolvimento da indústria do Jogo,a ideia de dar mais licenças não vai serum contributo positivopara esse objectivo”ambrOSe SO• Director-executivo da SJM

“Depois da Semana Dourada vamos combinar reuniões com os ministérios do Governo Central ligados à política de turistas da China. Vamos apresentar as nossas ideias e dificuldades. Vamos dizer--lhes: ‘Obrigado, estamos agradecidos de coração mas não podemosreceber mais [turistas]’”alexIS Tam• Secretário para os AssuntosSociais e Cultura

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hoje macau quarta-feira 25.2.2015 3grande plano

AndreiA SofiA [email protected]

J ason Chao foi novamente eleito para a direcção da associação novo Macau (anM), mas a consulta

pública sobre uma eventual lei do assédio sexual não é o único pro-jecto que este pretende levar a cabo. Por forma a garantir a autonomia financeira face aos deputados Ng Kuok Cheong e au Kam san, a anM pretende arrancar com um sistema de donativos, estando in-cluída a organização de um jantar de recolha de fundos.

“a anM está dependente das doações dos dois deputados, que doam um quinto dos seus salários, segundo os estatutos. Esta é a parte mais significativa dos nossos ganhos. sou Ka Hou [presidente] pretende promover uma espécie de programa de donativos, que que-remos que se tornem regulares”, explicou ontem Jason Chao em conferência de imprensa.

actualmente, os dois deputados da ala pró-democrata financiam mensalmente a anM com dez mil patacas cada um. Mas os dirigentes da associação pretendem garantir o futuro da entidade.

“É uma precaução no caso dos deputados perderem os seus lugares em 2017 [nas eleições

empreSA exige um milhãode pAtAcAS à Anma Companhia de Fomento Imobiliário e Investimento Ho Chun Kei, ligada ao projecto da Taipa pequena, está a exigir à anM um milhão de patacas de indemnização por difamação. Há um ano, a anM denunciou um alegado caso de favorecimento no desenvolvimento de terrenos, onde estariam envolvidos os nomes dos deputados Chan Meng Kam, Chui sai Cheong e a empresária amber Li, sobrinha de susana Chou.

a direcção da associação novo Macau quer ter autonomia financeira em relação aos deputados au Kam san e ng Kuok Cheong e deseja criar um sistema regular de donativos. Háainda planos parao aumento das quotas e a suspensãodos membros inactivos

Novo Macau AssociAção quer deixAr de ser finAnciAdA por deputAdos

activistas e independentes

legislativas] ou se algo mais vier a acontecer. a anM quer garantir que se financia sozinha”, adiantou Jason Chao.

Aumentos que não AgrAdAm ainda na parte financeira, a direcção da anM pretende aumentar as quotas anuais, que actualmente são de 200 patacas. “Esse valor foi fixado há dez anos. sou Ka Hou propôs um aumento para 400 patacas, mas aquando da votação da moção, na assembleia-geral, au Kam

membroS inActivoS podem Ser AfAStAdoSoutra das medidas incluídas no plano de reformulação da anM passa pela eliminação dos membros que estão inactivos há muito tempo. segundo contas feitas por Jason Chao e sou Ka Hou, presidente, a anM possui neste momento 90 membros, mas um terço deles “tem estado invisível”. Contudo, nas últimas eleições para a direcção, voltaram a pagar as quotas em atraso, o que lhes deu carta branca para votar. Isso “teve um impacto nas eleições”, conforme explicou Jason Chao. “sou Ka Hou propôs alterações aos estatutos, que foram aprovadas e que eliminam a possibilidade dos membros inactivos poderem reactivar a sua participação depois de um longo período de inactividade. só queremos prevenir que, no futuro, aconteça a reactivação dos membros inactivos. Lutamos por justiça lá fora, também queremos lutar pela justiça cá dentro”, disse Jason Chao.

umA ASSociAção “ inStitucionAlizAdA”no encontro de ontem com os jornalistas, Jason Chao garantiu que a anM vai ter nos próximos anos um papel cada vez mais político e institucional, juntando “a experiência [dos mais velhos] com novas ideias”, como apontou o novo membro da direcção. Para este ano, a ANM afirma “antecipar um panorama caótico em termos políticos sociais, numa altura em que a indústria do Jogo está a passar de um rápido crescimento para a estabilização”.

san deixou a sala e por isso não conseguimos o número de votos suficiente. os deputados mostraram-se contra o aumento das quotas, porque dizem que vai tornar-se uma associação de eli-tes ou que defende determinadas classes, mas achamos que isso não faz sentido. Vamos tentar aprovar o aumento nas próximas eleições”, explicou Jason Chao.

o recém-eleito membro da direcção garantiu que a busca por fundos financeiros poderá partir de entidades privadas, quer sejam

de Macau, quer do exterior, e que o financiamento por parte do Go-verno estará fora de questão.

“não vamos discriminar se são entidades locais ou externas”, disse Jason Chao, quando questionado sobre o tipo de grupos que poderão a vir a injectar dinheiro na anM.

Para já, au Kam san e ng Kuok Cheong não fazem comentários sobre esta separação por questões financeiras. Recorde-se que as divergências entre a anM e os deputados que se sentam na assem-bleia Legislativa (AL) fizeram-se notar há cerca de um ano, quando foi anunciada a separação dos es-critórios em relação à associação.

“a separação foi motivada por eles e ninguém da anM pen-sou em afastá-los”, frisou ontem Jason Chao. “no passado, ng Kuok Cheong determinou que a associação era um espaço de en-contros casuais para a expressão de ideias ou pontos de vista. Mas não gostamos desta ideia e queremos que a anM se mantenha de forma sustentável”, concluiu.

“Sou Ka Hou [presidente] pretende promover uma espécie de programa de donativos, que queremos que se tornem regulares”JasoN chao Membroda direcção da aNM

“A ANM quer garantir que se financia sozinha”JasoN chao Membroda direcção da aNM

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4 hoje macau quarta-feira 25.2.2015política

Joana [email protected]

o Regulamento da Con-venção sobre o Comér-cio Internacional das Espécies da Fauna e

da Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES) está a ser revisto e deverá ser incluído nas políticas deste ano. As multas para quem não cumprir a lei vão ser mais pesadas.

O anúncio é feito numa resposta ao deputado José Pereira Coutinho pelo Gabinete do Secretário para a Segurança. Em Macau, este regu-lamento está em vigor desde 1986, algo que não satisfaz nem o deputado que interpelou o Executivo sobre o assunto, nem o próprio Governo.

“[A lei] já se encontra em vi-gor há muitos anos e, para melhor aproximarmo-nos dos padrões in-ternacionais e estar de acordo com o espírito da Convenção, a Direcção dos Serviços de Economia (DSE) está, neste momento, a efectuar de forma ordenada o trabalho de estudo e revisão do [regulamento]”, come-ça por explicar Cheong Ioc Ieng, chefe do Gabinete do Secretário Wong Sio Chak.

o deputado Ng Kuok Cheong suspeita que o fim do se-cretariado do Conselho

do Planeamento Urbanístico (CPU) possa diminuir a independência e ca-pacidade de supervisão do Conselho em relação ao Governo. A medida foi anunciada há semanas, tendo o Conselho Executivo já concluído a discussão sobre as alterações ao regulamento administrativo.

Numa interpelação escrita entregue ao Governo, Ng Kuok Cheong considera que a medida

foi implementada sem nenhuma consulta feita aos membros do CPU, nem ao público. O deputado pede, por isso, explicações.

“O Governo tem mais de dez conselhos consultivos, todos têm secretariados, tal como o Conselho para as Indústrias Culturais, que ganhou o secretariado ao mesmo tempo que o CPU. Porque é que o Governo pretende ‘reduzir o pessoal e os procedimentos admi-nistrativos’ só com este Conselho?”, questionou.

A mesma interpelação fala ainda de vários residentes se queixaram a Ng Kuok Cheong do facto do Governo não que-rer, de facto, implementar a reforma administrativa, mas sim eliminar o secretariado, que poderia dar informações úteis aos membros do CPU. Tal pode-ria representar o surgimento de perguntas ou suspeitas a envol-verem membros do Governo ou o Chefe do Executivo, na área do imobiliário. - F.F.

“Com o intuito de reprimir de forma eficazas actividades de comércio que não cumpram as disposições estipuladas [na lei] vai proceder- -se ao aumento da multa a aplicar”Gabinete do Secretário para a SeGurança

O IACM vai passar a ser a entidade responsável pelo comércio e posse de fauna e flora ameaçadas de extinção. A mudança surge na revisão do Regulamento da CITES, que vai trazer multas mais duras

Fauna e Flora Regulamento em Revisão seRá entRegue este ano

Mão vai ficar mais pesada

Apesar da resposta ter sido dada por este organismo, é a DSE quem está encarregue do processo de re-visão da lei que, conforme avança o Governo, deverá ser incluído nas políticas a ser apresentadas este ano.

“Foi solicitado junto da Di-recção dos Serviços da Reforma Jurídica e do Direito Internacional (DSRJDI) o pedido da inclusão do trabalho nas ‘propostas de lei para o ano 2015”, revela ainda Cheong

Ioc Ieong na resposta a Pereira Coutinho.

Recorde-se que o deputado ques-tionou o Governo sobre a finalidade de material ligado à fauna e flora em extinção que é apreendido em Ma-cau e pediu a revisão da lei. Numa resposta ao HM, o ano passado, os Serviços de Alfândega explicaram que não há uma aplicação específica para o marfim – o mais comercializa-do - apreendido em Macau. Este, ou segue para organizações com fins de estudo, ou é destruído, já que nada pode ser vendido.

O organismo disse ainda que, actualmente, a Direcção dos Servi-ços de Finanças tem, pelo menos, 1300 quilogramas de marfim em sua posse.

IACM nA lIderAnçA Actualmente, a DSE já conclui o texto da revisão, após ter estudado pareceres emitidos pela Direcção dos Serviços para os Assuntos de Justiça e DSRJDI e sabe-se, pelo menos, algumas das mudanças que o actual regime vai sofrer: multas mais altas e a alteração da entidade responsável.

“Com o intuito de reprimir de forma eficaz as actividades de comér-cio que não cumpram as disposições estipuladas [na lei] vai proceder-se ao aumento da multa a aplicar”, refere a resposta, que acrescenta que “para estar em consonância com as dispo-sições estipuladas na Convenção, foi definido no projecto de revisão o IACM como autoridade científica da RAEM, tendo-se definido as competências da mesma”.

Assim, o IACM substitui a DSE e a DSF.

De acordo com Cheong Ioc Ieong, haverá licenças para acti-vidades de comércio – que serão regulamentadas por “legislação complementar” -, mas foram tam-bém introduzidas disposições sobre a posse dos espécimes em causa.

Até ao final de Janeiro, a DSF ainda não tinha destruído o marfim apreendido, já que “os objectos de grande dimensão terão de ser cortados em pedaços de 25cm antes de serem destruídos e a DSF não dispõe de equipamento” para o fazer. Assim, o organismo pediu ajuda a outros serviços públicos, sendo que irá destruir o marfim “em tempo oportuno”.

nG KuoK cheonG critica FiM do Secretariado do cpu

Uma questão de dependência

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5 políticahoje macau quarta-feira 25.2.2015

Flora Fong [email protected]

o prazo de actividade do Conselho Con-sultivo de Reorde-

nação dos Bairros Antigos já terminou há cerca de três meses, não tendo sido, até agora, renovado. Recorde-se que a última prorrogação do Conselho foi feita em

Novembro de 2011 por mais três anos, sendo os encargos com o funcionamento do Conselho suportados pelo orçamento da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes.

Contudo, o Regime de Reordenamento dos Bair-ros Antigos foi retirado da Assembleia Legislativa pelo Governo, não havendo

de Macau (Kaifong), Ho Chong Chun, apelou ontem ao Governo que explique a situação da reordenação dos bairros antigos, bem como a decisão a determinar para o Conselho.

IncógnItas várIasEm declarações ao Jornal Ou Mun, Ho apontou que os residentes dos bairros

novidades sobre o diploma. O grupo tinha como objec-tivo implementar as medi-das para o reordenamento destes bairros, bem como emitir pareceres, mas o Governo não deu ainda uma explicação para a extinção do Conselho.

O vice-presidente da União Geral das Asso-ciações dos Moradores

antigos estão insatisfeitos com a retirada da proposta de lei, mas também com a suspensão do respectivo Conselho Consultivo. O vice-presidente criticou o facto de, até ao momento, os vogais do Conselho não saberem qual a decisão – se o grupo continua ou se é can-celado. Ho diz mesmo que esta é uma medida invulgar e suspeita na determinação do Governo em impulsionar a reordenação dos bairros antigos.

“A suspensão do Con-selho há vários meses já

influencia o processo de reordenação dos bairros antigos. Os vogais querem saber se o seu lugar vai ser renovado e acham que não é importante renovar o Conselho, mas s im continuar os trabalhos de reordenação dos bairros antigos.”

O vice-presidente acres-centou ainda que o Conselho envolve assuntos importan-tes da vida da população, como da área da economia, pelo que a autoridade deve valorizar e explica ao públi-co a sua decisão.

Bairros antigos Conselho Consultivo expira e não há renovações

E uma explicação, vai?

Flora Fong [email protected]

A Direcção dos Serviços para os Assuntos La-borais (DSAL) admi-tiu que o surgimento

de mais acidentes em locais de construção nos últimos anos está ligado à complexidade e “à pressa na conclusão das obras”. Mas, segundo o organismo, as multas sobre as infracções na segurança não são também suficientemente altas para os construtores. A DSAL anuncia, por isso, que vai elaborar um novo regulamento para ajustar os montantes das multas.

De acordo com informações do organismo dadas ao canal chinês da TDM, de Janeiro a Setembro de 2014, 890 pessoas ficaram feridas devido a acidentes de construção,

A chefe do Departamento de Segurança e Saúde Ocupacional da DSAL, Lam Iok Cheong, re-feriu ontem que o surgimento de acidentes tem a ver com o grande

quase o dobro do número total do ano 2012. Também as infracções ao Regulamento de Higiene e Segurança na Construção Civil aumentaram.

número de obras de construção que surgiram no território, bem como com a sua complexidade. Mas em causa está também o limite no prazo de conclusão das obras pelo qual, diz, muitos tra-balhadores ignoram a segurança da própria vida e que leva as construtoras também a negligen-ciar a segurança nos estaleiros de construção.

ajustes precIsam-seLam Iok Cheong acrescentou que as regulamentações que envol-vem acidentes de construção não multam de forma suficiente os construtores, pelo que o organismo está a elaborar documentos novos para aumentar estas sanções.

“O montante de multa é ainda muito baixo e o Regulamento de Higiene e Segurança na Cons-trução Civil já foi elaborado em 1991, pelo que estamos a elabo-rar um documento [agregado] ao Regulamento de Segurança e Saúde Ocupacional, sugerindo o ajustamento das multas aos pro-prietários. Esperamos fazer uma consulta pública o mais rápido possível”, adiantou.

Comentando as infracções, Lam adiantou que existe falta de medidas de protecção colectiva, tal como cercas e cintos de segu-rança, e apela às construtoras que as implementem.

Regime de SeguRança na ConStRução Civil a SeR ReviSto

Quanto custa uma vida?As multas para quem não cumprir os procedimentos de segurança no trabalho podem vir a aumentar, numa altura em que a DSAL admite estar a rever o regime que rege este assunto. Mais acidentes em estaleiros de obras devem-se à pressa na conclusãodas obras e às baixas sanções

890pessoas ficaram feridas devido a

acidentes de construção, em 2014

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6 publicidade hoje macau quarta-feira 25.2.2015

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7sociedadehoje macau quarta-feira 25.2.2015

H á mais casas de papelão em Seac Pai Van. São os moradores que o dizem e que pedem uma investi-

gação “transparente” ao Governo sobre as situações de má qualida-de na construção das habitações. Ontem, um grupo de moradores entregou uma carta ao Governo, depois de – como avançou o HM na edição de ontem – ter sido des-coberta uma parede cheia de sacos de papel, ao invés de cimento.

A situação está a deixar os moradores preocupados, bem como deputados da Assembleia Legislativa. Até porque, segundo os residentes de Seac Pai Van, há mais paredes na mesma situação e outros tipos de problemas de construção: os elevadores avariam e as tomadas não funcionam, além de que a água ainda sai suja dos canos. Mas há mais.

“Descobrimos ainda a queda de azulejos, paredes rachadas, infiltração de água, que fez com que as caixas eléctricas ficassem queimadas e má conexão das paredes com o telhado. Todos os

Há mais paredes com sacos de papel e a lista de problemas nas habitações públicas não se fica por aqui. É o que dizem moradores, que ontem entregaram uma carta ao Governo a pedir uma investigação independente. Especialistas admitem que a pressa pode ter sido inimiga da qualidade

Habitação Pública Problemas levam moradores a entregar carta ao governo

“Não queremos outro Sin Fong”

Flora Fong [email protected]

Joana Freitas [email protected]

“Descobrimos ainda a queda de azulejos, paredes rachadas, infiltração de água, que fez com que as caixas eléctricas ficassem queimadas e má conexão das paredes com o telhado. Todos os elevadores do mesmo edifício ficaram estragados ao mesmo tempo. Preocupamo-nos que a qualidade dos edifícios possa pôr em causa a segurança das nossas vidas”cHeaNg Representante da associação do Mútuo auxílio do edifício Koi Nga

elevadores do mesmo edifício ficaram estragados ao mesmo tempo. Preocupamo-nos que a qualidade dos edifícios possa pôr em causa a segurança das nossas vidas”, defendeu o representante da Associação do Mútuo Auxílio do Edifício Koi Nga, Cheang.

Pressa inimiga Ontem, em frente à sede do Gover-no, onde pediram a Chui Sai On, Chefe do Executivo, que prestasse atenção e resolvesse os problemas de qualidade da construção, os moradores nomearam ainda outros edifícios na mesma situação. De acordo com o representante da Associação, a situação das paredes “não é caso único” e a “maioria dos proprietários do Edifício Koi Nga, assim como do Edifício do Lago localizado na Taipa descobriram a mesma situação” e ainda outros problemas.

Ainda que a preocupação dos moradores se transfira para depu-tados, como é o caso de Ho Ion Sang, que defendeu ontem que o Governo deveria vir a público explicar a situação, especialistas em construção contactados pelo HM negam que problemas como este – onde o cimento é substituído por sacos e lixo – sejam vulgares em Macau.

Enquanto uma testemunha operário civil assegurou ao HM, ontem, que os empreendimentos de grande dimensão sofrem do mesmo mal – são depositados restos de comida, garrafas e lixo nas paredes ao invés de cimento -, engenheiros admitem que esta era uma prática comum nos anos 80, mas dizem não o ser mais em Macau. Ainda assim, admitem que possa ter acontecido neste caso “por causa da pressa”.

Wu Chou Kit, presidente da As-sociação de Estudo de Engenharia Civil e Estrutural, defende que a situação da parede “não é comum em Macau”. O especialista apontou que o enchimento das paredes com sacos era uma medida “muito en-contrada nos anos 80” e que “foram até descobertas garrafas de água e de cerveja na altura”. Ainda assim, diz, “nos últimos anos, a qualidade de construção já melhorou muito”.

Addy Chan, vice-presidente da Associação dos Engenheiros de Macau, concorda com Wu Chou Kit, de que esta era uma medida antiga comum na construção, mas que “já acontece muito menos”. O especialista considera que “a situação da parede em causa tem a ver com a pressa na construção da habitação pública tanto do Go-verno, como da sociedade” e que a “qualidade não foi aperfeiçoada devido ao prazo limitado”.

“Obviamente que reparamos que os empreiteiros tiveram pressa a fazer isso”, defende.

Por amostraNo que toca à falha na fiscalização das obras, Wu Chou Kit explica ao HM que esta é apenas feita por amostragem e que a equipa de su-pervisão “é normalmente pequena para todas as obras”, o que faz com que na fiscalização não se descubram os problemas existentes.

“É importante a qualidade dos empreiteiros. É possível que se descubram problemas de cons-trução depois das obras já esta-rem concluídas e as companhias devem implementar requisitos para garantir a qualidade”, disse, acrescentando que se deve im-plementar um regime de “níveis dos empreiteiros”, classificando estes em diferentes níveis de especialidade.

Para Ho Ion Sang, deputado, não há dúvidas: o Instituto de Habitação (IH) e o Gabinete para o Desenvolvimento das Infra--Estruturas (GDI) devem fazer uma investigação profunda da situação e apurar responsabilidades, tanto da construção, como da supervisão.

Para o deputado, que se senta na AL precisamente pelos moradores, “os problemas de qualidade das obras públicas parece serem já uma doença comum no território”, pelo que o deputado solicita que o Governo reveja todas as obras, bem como os regimes de conces-são, de fiscalização e contratos de construção.

sem confiança Da parte dos moradores, há a temer riscos na segurança, pelo que estes apelam ao Governo que recrute uma terceira parte que não esteja envolvida na construção.

A Associação apelou ontem ao Executivo que faça uma investi-gação de forma pública, evitando “esconder os problemas pela mes-ma companhia quando esta fizer a investigação por si mesmo”.

“O Governo salientou que a pa-rede da fracção em causa não é uma parede principal. No entanto, quem sabe se a estrutura da parede prin-cipal também tem sacos de papel em vez de cimento? A explicação da ‘falta de conhecimentos técni-cos dos operários’ é inaceitável”, referiu ainda Cheang, referindo-se à justificação dada pelo IH e pelo GDI esta semana.

As habitações de Seac Pai Van foram concluídas há cerca de dois anos, mas os problemas de construção são constantes. Para os moradores, o facto de poderem vir a acontecer problemas mais graves, tal como a inclinação do edifício, é preocupante. “Não que-remos outro Sin Fong Garden”, frisou Cheang, referindo-se ao edifício da Ribeira do Patane que teve de ser evacuado devido ao estado de ruína por má qualidade do cimento.

Roberto Sou, outro membro da Associação, assegura que já perdeu confiança no Governo em relação à qualidade da habitação pública.

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8 sociedade hoje macau quarta-feira 25.2.2015

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Receitas do Jogo estão a cair 56% este mêsO número de visitantes que nos últimos dias encheram as ruas de Macau não se fez sentir nos casinos de Macau. Fontes do sector, contactadas pela Rádio Macau, garantem que o movimento nas salas de Jogo foi mau e que, até ontem, 23 de Fevereiro, a queda atingiu os 56%. No último dia do ano, 18 de Fevereiro, o dinheiro movimentado nos casinos de Macau não chegou aos 200 milhões de patacas, um valor considerado muito baixo. Nos feriados, diz a rádio, a situação não se alterou, embora os analistas recordem que os primeiros dias do ano nunca são de grande movimento. Este ano, o movimento foi ainda mais fraco. Como Fevereiro do ano passado foi ano de recorde – cerca de 38 mil milhões de patacas –, as previsões dos especialistas do sector apontam agora para uma quebra superior a 50%, embora segunda-feira tenha sido o melhor dia do mês com os casinos a movimentarem 500 milhões de patacas.

Fil ipa araú[email protected]

A conteceu ontem a reunião entre a Associa-ção Arco-íris e a Direcção dos Serviços de Identifi-

cação (DSI) sobre o caso de Avery, a jovem que se submeteu a uma cirurgia de alteração de sexo e viu negado o pedido de actualização do seu bilhete de identidade de Macau.

não podendo estar presente, por ter que se deslocar ao local onde agora reside, no Reino unido, a jovem transexual incumbiu a Associação que defende os direitos da comunidade LBGt em Macau para a representar na reunião agendada com o representante da DSI. tal como tinha anteriormente justificado este organismo, o caso “foi reencaminhado para a Direc-ção dos Serviços dos Assuntos de Justiça (DSAJ) por ser este o órgão competente na alteração dos cartões de identidade”, conforme esclareceu Jason chao, membro da Associação, aos jornalistas, ontem.

“o cartão de identidade tem que responder à certidão de nas-cimento”, começa por explicar o representante da DSI, que adianta ainda que a DSAJ “está analisar detalhadamente o caso”. Jason chao indica ainda que este é o primeiro

caso recebido pelas autoridades, informação contrária que a DSI deu à tDM, que aponta este como o terceiro caso de mudança de género no BIR de Macau.

EspErança lusitanaJason chao esclareceu ainda que a jovem Avery vai tentar junto da embaixada de Portugal no Reino unido a actualização da identidade, tendo em conta que a cidadã é possuidora de passa-porte português. Seguindo a lei portuguesa sobre o procedimento de mudança de sexo e de nome próprio no registo civil, a jovem

poderá alterar a sua identidade no cartão de cidadão português. Para já, ainda “falta algum tempo para que [Avery] consiga avançar com o processo”, explica Jason chao, devido à angariação e tradução dos documento necessários.

Macau, recorde-se, não mais está nos planos da jovem transexual que caracteriza o território como um espaço de discriminação. Avery, tal como noticiado ontem, tornou públicas várias situações em que foi alvo de preconceito e chacota, tais como os momentos enquanto estudante e até quando procurava emprego.

Flora [email protected]

o director da Associa-ção de Saúde Pública de Macau, tong Ka

Io, criticou ontem a falta de uma consulta pública para a implementação da medida de atribuição de subsídios para o atendimento de consultas urgentes e externas no hospital privado Kiang Wu e nas clínicas de quatro associações sociais que prestem estes serviços. o di-rector defende que, como estes subsídios são de valor ilimitado, o cofre do Governo poderá ser prejudicado e diz mesmo que, a continuar assim, ainda poderá haver uma possível falência.

os apoios, atribuídos pelos Serviços de Saúde (SS), chegam aos mais de cem milhões por trimestre. em declarações ao Jornal do cidadão, tong Ka Io considera que a medida foi implementada de forma negli-gente, defendendo ainda que está em falta um mecanismo rigoroso de controlo de atribui-ção destes subsídios.

CEnário nEgroPara o director, o Governo “abriu as portas do seu cofre público” às instituições. tong considera ainda que a medida pode não diminuir o número de consultas no centro Hospitalar conde de S. Januário, que é o objectivo da atribuição dos subsídios, e diz que a medida não irá melhorar em nada a situação de lotação sentida actualmente.

tong Ka Io aponta ain-da que quando o executivo “compra estes serviços”, deve elaborar regras para guiar as instituições. o director prevê que cerca de 60% dos residentes de Macau possam usufruir da medida, exemplificando que caso todos os utentes consultem pelo menos uma vez, em cada 48 horas, as clínicas, os sub-sídios podem atingir um total de 800 milhões de patacas por ano, tendo em conta a base de 230 patacas estipulados pelo Governo.

“nenhum Governo do mun-do compra serviços sem nenhu-ma disposição, nem limites de subsídio, assim é possível que o Governo entre em falência”, defendeu.

o director acrescentou ainda que a nova medida pode fomentar o movimento de doen-tes, mas pode não diminuir os pedidos de consultas no hospital público. Recorde-se que, con-forme o HM avançou ontem, o ano passado o Kiang Wu recebeu mais de 550 milhões de patacas dos SS.

Saúde CrítiCaS a SubSídioS ilimitadoS para Kiang Wu e ClíniCaS

“Governo abriu a porta dos cofres”

tranSexual DSI ENtREga CaSO a DSaJ

bola passa de mãosA Direcção dos Serviços de Identificação passa a batata quenteà DSAJ sobre o caso da mudança de género no BIR de um transexual de Macau. A DSAJ diz que tem que estudar detalhadamente todo o processo e, enquanto isso, Avery começaa preparar-se para avançar com um pedido de actualizaçãode identidade na embaixada de Portugal no Reino unido

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9 sociedadehoje macau quarta-feira 25.2.2015

Média Plataforma macau e JN assiNam suPlemeNto biliNgue

Chinês no mundo português O jornal semanal Plataforma Macau confirmou ontem que assinou um protocolo com o Jornal de Notícias para a criação de um suplemento bilingue Anúncio

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Turistas a gastar menos em Macau a despesa total dos visitantes chegados a macau em 2014, excluindo o jogo em casino, aumentou 3,7% para 61,7 milhões de patacas, apesar de uma forte quebra no último trimestre do ano, foi ontem anunciado. De acordo com dados oficiais, ao longo do ano passado, os turistas gastaram 50.883 milhões de patacas, mais 2,6%, enquanto os excursionistas despenderam 10,9 milhões de patacas, mais 9,1%. No entanto, atendendo aos números do quarto trimestre, as despesas totais dos visitantes atingiram 14,05 milhões de patacas, menos 13,9% do que no trimestre homólogo de 2013. Já as despesas dos turistas caíram, entre outubro e Dezembro do ano passado, 17,7% para 11,05 milhões de patacas, enquanto os gastos dos excursionistas subiram 4,2% para três milhões de patacas. Já a despesa per capita caiu nos 12 meses do ano 3,5% para 1,9 patacas e no último trimestre de 2014 a queda atingiu os 20,2% para 1800 patacas. em 2014, macau recebeu cerca de 31,5 milhões de visitantes.

Ho Ion Sang sugere zonas pedonais nas ruas adjacentes às Ruínaso deputado Ho ion sang considera que a medida de distribuição de movimento na zona das ruínas de s.Paulo não serve como um plano de longa duração para dinamizar os bairros antigos. o deputado considera que o governo deve elaborar um melhor planeamento e sugere, por isso, tornar a rua de Nossa senhora do amparo e a rua das estalagens em zonas só para peões. em declarações ao Jornal ou mun, Ho ion sang apontou que durante os feriados a rua de s.Paulo teve muito movimento, mas que, nas ruas estreitas adjacentes aconteceram, por diversas vezes, “lutas” pelo espaço entre veículos e turistas. o deputado diz, então, que para atrair turistas a entrar nos bairros antigos, se deve limitar os automóveis e tornar as ruas adjacentes às ruínas de s.Paulo em zonas só para peões, relembrando ainda que a rua de Nossa senhora do amparo é um novo distrito cultural, já que acabou de ser renovado.

Fil ipa araú[email protected]

F oi no passado dia 19 de Feve-reiro, durante a cerimónia de comemoração do Ano Novo Chinês no casino da Póvoa do

Varzim, em Portugal, que Afonso Ca-mões, ex-presidente da Agência Lusa e actual director do diário Jornal de Notícias (JN), avançou “que em finais de Março o JN vai ser o primeiro diário português a ter um suplemento regular bilingue”. Sem avançar mais detalhes, Afonso Camões apenas acrescentou que o protocolo foi assinado com uma empresa chinesa de Macau. O HM sabe que o Plataforma Macau será o responsável pela elaboração das notícias.

Ao HM, Paulo Rego, director do semanário, confirma que é a publica-ção que dirige a empresa mencionada pelo presidente do JN. “Sim, somos nós [Plataforma Macau]. Assinámos o protocolo, estamos a ultimar uma série de processos para isso e anunciaremos em breve o modelo e a data, já que apesar de ser algo que está para muito em breve, ainda estamos em fase de

preparativos e detalhes”, confirmou o director ao HM.

O suplemento, esclarece Paulo Rego, respeitará as formatações até agora apresentadas pela publicação que dirige e, apesar de ainda estar em fase de decisão, pretende-se que inicialmente a edição seja mensal, ainda que “o ob-jectivo pretende-se que seja semanal”.

Medir o pulso ao MercadoEsta particularidade está directamente re-lacionada, explica o director, a questões de experiência, apuramento dos processos e por questões da própria reformatação interna, permitindo assim ter margem para medir a reacção do mercado.

A acção “faz parte de uma estratégia de internacionalização que tem várias

áreas e vários modelos”, sendo este suplemento uma dessas acções. A sua produção é 100% local e seguirá os objectivos editoriais.

“O modelo editorial [do suplemen-to] respeitará o modelo que é praticado cá” aponta Rego. “Isto faz parte de uma estratégia de ligar os dois mundos”, esclarece, sublinhando que o mais importante é “ter mundo na China e mundo na lusofonia”.

Na visão do director do Plataforma, o JN é uma “peça importante” nesta acção de reformatação do semanário, que avan-ça agora, paralelamente ao Ano Novo Lunar. Paulo Rego acrescenta ainda que será feita uma adaptação e selecção dos conteúdos, mas que o suplemento será resultado da produção de Macau.

“Assinámos o protocolo, estamos a ultimar uma série de processos para isso e anunciaremos em breve o modelo e a data, já que apesar de ser algo que está para muito em breve, ainda estamos em fase de preparativos e detalhes”Paulo Rego director do semanário Plataforma Macau

HM - 1ª VEZ - 25.2.2015

Acção de Interdição nº CV2-15-0006-CPE 2º Juízo Cível

Requerente : O MINISTÉRIO PÚBLICO.Requerida : CHEONG NAM IENG.

***

FAZ SABER que foi distribuída ao 2º Juízo Cível do Tribunal Judicial de Base de R.A.E.M., a acção acima mencionada, contra CHEONG NAM IENG, solteira, maior, nascida em 26/12/1963 na China interior, filha do CHEONG IO CHEONG aliás TRUONG DIEU CHUON e da CHAN LAI aliás TRAN LUU, com residência na Clínica Psiquiátrica da Taipa, na Rua Tin Chon, Taipa, para o efeito de ser declarada a sua interdição por anomalia psíquica.

Macau, aos 13 de Fevereiro de 2015.

***

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10 hoje macau quarta-feira 25.2.2015eventos

Meia-Noite eM PequiM • Paul FrenchComo o assassinato de uma jovem inglesa assombrou os últimos dias da antiga China. Meia-Noite em Pequim é a história verídica e frenética de um homicídio que o fará agarrar-se aos que ama, e é também uma narrativa plena de um tempo passado que marcou o fim de uma era.

À venda na Livraria Portuguesa Rua de S. doMiNgoS 16-18 • tel: +853 28566442 | 28515915 • Fax: +853 28378014 • [email protected]

CoMboio NoCtuRNo PaRa liSboa • Pascal MercierNuma manhã chuvosa, uma mulher prepara-se para saltar de uma ponte, em Berna. Raimund convence-a a não fazê-lo, e consegue, mas depois a mulher desaparece. Tudo o que sabe é que é portuguesa. De tarde, entra numa livraria e, por acaso, descobre um livro de um autor português, Amadeu de Prado, que foi médico, poeta e resistente durante o salazarismo. Raimund é, desde há muito tempo, professor de latim e grego, o que já o entusiasma tão pouco como o seu casamento, já em estado de desagregação. Aprende português e, uma noite, mete-se num comboio para Lisboa, uma cidade que irá ser o local de todas as revelações: dos mistérios da vida humana, da coragem, do amor e da morte.

AndreiA SofiA [email protected]

n os corredores da As-sociação Académica de Coimbra (AAC) mora uma rádio que há 29 anos

ensina os jovens estudantes do curso de Jornalismo da Universidade de Coimbra (UC), e não só, a fazer rádio e programação musical atrás dos microfones. De forma a lembrar o aniversário da Rádio Universidade de Coimbra (RUC), um dos mais importantes espaços para aprender rádio em Portugal, um grupo de antigos colaboradores, residentes em Macau, decidiu juntar-se e organizar uma festa de aniversário.

o evento RUCstock decorre no próximo sábado às 20h00 no espa-ço Live Music Association (LMA)

H á talento português nos ce-nários do filme “The Grand Budapest Hotel” que conquis-

tou, este domingo, quatro Óscares da Academia, um deles para “Melhor Cenografia”. Gonçalo Jordão, mura-lista alentejano de 41 anos, fez parte da equipa técnica que decorou as paredes da entrada do hotel.

“Junto com centenas de ta-lentosos profissionais, estou feliz por estarmos todos a concorrer ao grande prémio da Academia com uma comédia fantástica de Wes Anderson. De Mourão para o Grand Budapest Hotel”, escreveu, ainda antes da cerimónia, Gonçalo Jordão, natural de Mourão, no Alentejo, na sua página no Facebook.

Numa entrevista recente à revista sábado, o português contou que foi responsável pela reprodução de uma paisagem de um quadro do pintor alemão Caspar David Friedrich, que foi fazendo à medida que era filmada uma das duas partes da película nos estúdios Babelsberg, na Alemanha.

“Foi engraçado, porque o filme é passado em duas épocas distintas. Eles filmaram primeiro a parte da época dos anos 60 e 70, penso eu, e,

TalenTo porTuguês num filme vencedor dos Óscares

De Mourão para o “Grand Budapest Hotel”

É já este sábado que um grupo de antigos colaboradores da Rádio Universidade de Coimbra se vai juntar numa festa que celebra os 29 anos de um espaço que é também uma escola do jornalismo radiofónico. RUCstock acontece na Live Music Association

ruc Aniversário dA rádio dA UniversidAde de CoimbrA CelebrAdo nA lmA

um espaço que ensinou gerações

por trás do cenário, estava eu a fazer os painéis nas paredes que iam ser da época original do princípio do filme, dos anos 20 e 30”, recordou Gonçalo Jordão em declarações à sábado.

o muralista português confes-sou, ainda, que Adam stockhausen, director artístico do filme, mostrou, desde o início, grande confiança no seu trabalho, pedindo-lhe que trabalhasse com dedicação nos mais ínfimos detalhes e encomendando, até, uma cópia muito pormenori-zada do quadro quando Gonçalo

Jordão lhe disse que a imagem em que estava a basear-se não era clara o suficiente.

o Peso da conFiança“Eles confiam muito. Eu ali senti esse peso, [a noção de] está nas minhas mãos isto sair bem feito. Porque, se isto não sair bem feito, eles não vão pôr aqui nenhuma impressão, nenhuma impressão, nenhuma fo-tografia colada na parede. Há esse peso”, confidenciou, admitindo que o trabalho foi muito gratificante.

Gonçalo Jordão, de 41 anos, formou-se em Arte Decorativa na Fundação Espírito santo e, desde então, tem trabalhado em pintura decorativa, sempre com o desejo de chegar ao cinema.

Trata-se, aliás, de um desejo que já realizou anteriormente noutras duas outras ocasiões ao colaborar na cenografia dos filmes “A Bela e o Monstro”, de Vincent Cassel, e “O Quinto Poder”, filme sobre o fundador da Wikileaks.

“The Grand Budapest Hotel” é uma comédia baseada em dois livros do escritor austríaco stefan Zweig, que narra as aventuras do famoso gerente de um hotel europeu e do seu melhor amigo, um jovem empregado, aventuras que vão desde o roubo de um quadro do Renascimento às transformações históricas da primeira metade do século XX.

Além do Óscar de “Melhor Ce-nografia”, o filme de Wes Anderson arrecadou ainda, durante a 87.ª cerimónia de entrega dos Óscares, os troféus de “Melhor Banda Sonora Original”, “Melhor Caracterização” e “Melhor Guarda-Roupa”.

Page 11: Hoje Macau 25 FEV 2015 #3278

11 eventoshoje macau quarta-feira 25.2.2015

Rua de S. domingoS 16-18 • Tel: +853 28566442 | 28515915 • Fax: +853 28378014 • [email protected]

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Hebe Tien, vocalistados S.H.E, actuano VenetianÉ considerada a “Supernova Diva” de Taiwan e actua no Venetian no próximo dia 28 de Março. Hebe Tien, vocalista da banda feminina S.H.E, promete dar um espectáculo recheado de sons “high-tech” num concerto a solo. Os bilhetes já estão à venda e rondam as 280 patacas e as 1280 patacas para a zona VIP.

RUC AnIVErSárIO DA ráDIO DA UnIVErSIDADE DE COIMbrA CElEbrADO nA lMA

Um espaço qUe ensinoU geRaçõese pretende, sobretudo, mostrar ao público algumas das músicas que já tocaram na rádio. José Carlos Matias, actual editor do canal inglês da TDM, também passou pelos corredores da RUC e vai recordar os tempos em que era um dos programadores da rádio universitária.

“Existe em Macau um grupo de pessoas que passaram pela RUC, serão seguramente mais de 20. Deu--se a coincidência de estarmos todos em Macau e o Rui Farinha (outro dos organizadores) lembrou-se, em conversa comigo, de assinalar o aniversário com uma festa onde pas-saríamos música que tem a ver com o historial da RUC”, disse ao HM.

Apesar de alguns membros do público poderem não conhecer o estilo inconfundível da RUC, nem por isso deixarão de se divertir, as-segura José Carlos Matias. “Vamos andar entre o final dos anos 70, anos 80, 90, vamos tentar ter uma escolha eclética de músicas.”

A escolha da LMA acabou por surgir naturalmente. “A LMA tem um público próprio e é um espaço único em Macau, com um público com um

gosto e sensibilidade próprios. Com música não muito comercial. No fundo a nossa ideia é contagiar com música. Juntarmo-nos para ouvir música que nos toca mas o objectivo é que as pessoas se divirtam”, disse José Carlos Matias ao HM.

Apesar de estar a fazer televisão actualmente, o editor do canal inglês da TDM reconhece que a sua passagem pela RUC o marcou “de forma inde-lével”. Não só a ele, como a todos os outros: recordam o tempo gasto em cor-redores e a aprender a mexer em sons ou a colocar a voz pela primeira vez.

“No meu caso pessoal acabou por ter uma importância que eu, na altura, não poderia avaliar quando me juntei à RUC. O que faço hoje tem a ver com esse percurso que ini-ciei quando era adolescente. Depois acabei por me tornar jornalista fruto dessa vivência. A RUC tem uma dimensão associativa muito grande, é uma escola com um espírito livre, irreverente e criativo e uma escola para o relacionamento interpessoal. Um laboratório para experimentar várias formas de comunicação em rádio”, concluiu.

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12 publicidade hoje macau quarta-feira 25.2.2015

ANÚNCIOCONCURSO PÚBLICO

PARA “EMPREITADA DE REMODELAÇÃODO RESERVATÓRIA G70 DO GUIA”

1. Entidade que põe a obra a concurso: Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes.

2. Modalidade de concurso: Concurso Público.3. Local de execução da obra: Reservatória G70 da Guia.4. Objecto da Empreitada: Remodelação do Reservatório.5. Prazo máximo de execução: 390 dias (trezentos e noventa dias).6. Prazo de validade das propostas: o prazo de validade das propostas é de noventa

dias, a contar da data do encerramento do acto público do concurso, prorrogável, nos termos previstos no Programa de Concurso.

7. Tipo de empreitada: a empreitada é por Série de Preços. 8. Caução provisória: $520 000,00 (quinhentas e vinte mil patacas), a prestar

mediante depósito em dinheiro, garantia bancária ou seguro-caução aprovado nos termos legais.

9. Caução definitiva: 5% do preço total da adjudicação (das importâncias que o empreiteiro tiver a receber, em cada um dos pagamentos parciais são deduzidos 5% para garantia do contrato, para reforço da caução definitiva a prestar).

10. Preço Base: não há.11. Condições de Admissão: Serão admitidos como concorrentes as entidades

inscritas na DSSOPT para execução de obras, bem como as que à data do concurso, tenham requerido a sua inscrição, neste último caso a admissão é condicionada ao deferimento do pedido de inscrição.

12. Local, dia e hora limite para entrega das propostas:Local: Secção de Atendimento e Expediente Geral da DSSOPT, sita na Estrada

de D. Maria II, nº 33, R/C, Macau;Dia e hora limite: dia 18 de Março de 2015 (quarta-feira), até às 12:00 horas.Em caso de encerramento desta Direcção de Serviços na hora limite para a entrega de propostas acima mencionada por motivos de tufão ou de força maior, a data e a hora limites estabelecidas para a entrega de propostas serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte.

13. Local, dia e hora do acto público do concurso :Local: Sala de reunião da DSSOPT, sita na Estrada de D. Maria II, nº 33, 5º

andar, Macau;Dia e hora: dia 19 de Março de 2015 (quinta-feira), pelas 9:30 horas.Em caso de adiamento da data limite para a entrega de propostas mencionada de acordo com o número 12 ou em caso de encerramento desta Direcção de Serviços na hora estabelecida para o acto público do concurso acima mencionada por motivos de tufão ou de força maior, a data e a hora estabelecidas para o acto público do concurso serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte.Os concorrentes ou seus representantes deverão estar presentes ao acto público do concurso para os efeitos previstos no artigo 80º do Decreto-Lei n.º74/99/M, e para esclarecer as eventuais dúvidas relativas aos documentos apresentados no concurso.

14. Línguas a utilizar na redacção da proposta:Os documentos que instruem a proposta (com excepção dos catálogos de produtos) são obrigatoriamente redigidos numa das línguas oficiais da RAEM, caso os documentos acima referidos estiverem elaborados noutras línguas, deverão os mesmos ser acompanhados de tradução legalizada para língua oficial, e aquela tradução deverá ser válida para todos os efeitos.

15. Local, hora e preço para obtenção da cópia e exame do processo:Local: Departamento de Infraestruturas da DSSOPT, sita na Estrada de D.

Maria II, nº 33, 16º andar, Macau;Hora: horário de expediente (Das 9:00 às 12:45 horas e das 14:30 às 17:00 horas)Na Secção de Contabilidade da DSSOPT, poderão ser solicitadas cópias do processo de concurso ao preço de $1 100,00 (mil e cem patacas).

16. Critérios de apreciação de propostas e respectivos factores de ponderação:- Preço razoável 60%;- Plano de trabalhos 10%;- Experiência e qualidade em obras 18%;- Integridade e honestidade 12%.

17. Junção de esclarecimentos:Os concorrentes poderão comparecer no Departamento de Infraestruturas da DSSOPT, sita na Estrada de D. Maria II, nº 33, 16º andar, Macau, a partir de 5 de Março de 2015 (inclusivé) e até à data limite para a entrega das propostas, para tomar conhecimento de eventuais esclarecimentos adicionais.

Macau, aos 16 de Fevereiro de 2015.O Director dos Serviços

Li Canfeng

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13chinahoje macau quarta-feira 25.2.2015

Terrenos para habitação em quedaDados oficiais emitidos terça-feira mostram que a área total de terrenos da China usada para projectos imobiliários caiu notavelmente no ano passado, quando o mercado de imóveis se encontrava num momento difícil. Em 2014 as novas residências ocuparam 151 mil hectares de terrenos, uma queda de 25,5% em relação a 2013, revelou um relatório do Ministério da Terra e dos Recursos Naturais. Um dos grandes motores para a expansão económica da China, o mercado imobiliário foi afectado pelo arrefecimento da procura e pela grande quantidade de residências não vendidas. O ritmo de crescimento da economia chinesa ficou em 7,4% em 2014, mais reduzido em 24 anos. O mercado de imóveis deu, no primeiro mês de 2015, continuidade a esta tendência em baixa, quando na maioria das cidades pesquisadas os preços de residências novas tiveram declínios mensais.

Neve, chuva e nevoeiro no regresso a casaNeve, chuva de gelo e nevoeiro causaram atrasos de voos e levaram ao encerramento de linhas de caminho-de-ferro em muitas partes da China esta terça-feira, o último dia do longo feriado do Ano Novo Lunar chinês, quando milhões de viajantes retornam às cidades onde vivem. Ocorrendo anualmente catorze dias antes do Ano Novo Lunar, ou Festa da Primavera, a temporada de viagens tem milhões de pessoas a viajar para casa para se reunir à família, numa tradição chinesa que é considerada a maior migração humana do mundo, com 2,8 mil milhões de viagens durante os 40 dias da temporada de viagens, que acabará a 16 de Março.

Importação de fruta sobe 23% em 2014

J apão e China querem retomar no final de Março o diálogo bilateral em matéria de segurança, suspenso há

mais de quatro anos pelo recrudes-cimento da sua disputa territorial, informou ontem a cadeia pública NHK, citando fontes diplomáticas japonesas.

O diálogo de segurança bila-teral, que implica funcionários dos ministérios dos Negócios Estrangeiros e Defesa de ambos os países, foi realizado pela última vez em Janeiro de 2011.

As relações com o Japão tornaram-se mais tensas sobretu-do desde a decisão de Tóquio de ‘nacionalizar’, no Outono de 2012, três dos ilhotes das ilhas Diaoyu, administradas, de facto, pelo Japão, mas cuja soberania é reivindicada por pequim.

Em causa, um pequeno e de-sabitado arquipélago do Mar da China Oriental, estrategicamente localizado e potencialmente rico em recursos naturais.

Em Novembro passado, o chefe da diplomacia nipónica, Fumio Kishida, e o seu homólogo chinês, Wang Yi, mostraram-se de acordo

As conversações sobre segurança suspensas há maisde quatro anos devido a disputas territoriais podem vir a ser reatadas já no próximo mês de Março

PEqUiM E TóqUiO RETOMAM DiáLOgO sObRE sEgURANçA

Tempo de tréguas

O diálogo de segurança bilateral, que implica funcionários dos ministérios dos Negócios Estrangeiros e Defesa de ambos os países, foi realizado pela última vez em Janeiro de 2011

em reiniciar o diálogo de segurança em Tóquio.

Constituição em CausaEspera-se que nesta nova ronda o Ja-pão procure esclarecer um tema que a China identificou como preocupante: a reinterpretação da Constituição pacifista japonesa que visa um papel

mais activo para as tropas nipónicas. A China, que foi alvo da agressão do Japão Imperial no século XX, considera que a decisão adoptada pelo Governo do conservador Shinzo abe pode abrir a porta a uma nova militarização do país.

Espera-se também que Tóquio inste pequim a ser mais transparen-

te na informação sobre os orçamen-tos militares – que cresceram nos últimos anos – e a precisar qual o volume investido em porta-aviões ou caças e em operações aeroespa-ciais ou no ciberespaço.

Está ainda previsto um protesto por parte dos diplomatas japoneses perante o que Tóquio considera invasão das suas águas territoriais à volta das Diaoyu por barcos chineses.

Neste sentido, as forças de auto-defesa japonesas (exército) preten-dem aumentar a sua presença em torno destas ilhas, um plano sobre o qual a China deverá pedir informação durante estes encontros.

a crescente procura por fruta no mer-cado chinês, em 2014, resultou num

aumento de 23% nas importações deste produto, em relação ao ano anterior. O site chinês Guojiguoshu, especialista em agricultura, que apresenta as estatísticas, revela que a quantidade de dinheiro gasto em fruta importada representa mais 26.2% do que em 2013. A quantidade de toneladas importadas também cresceu, atingindo os 3.3 milhões.

Os principais fornecedores de fruta para o mercado chinês foram, em termos de quantidade, o Vietname, responsável por 30% do total de fruta comercializada, se-guido pelas Filipinas, Tailândia e Equador.

A procura dos consumidores chineses estende-se a mercados mais pequenos que,

em 2014, aumentaram exponencialmente a sua exportação para o país. Os consumidores chineses procuram, cada vez mais, kiwis, pêras e citrinos, provenientes de Itália, Bélgica, Espanha e Israel, respectivamente.

Os dois maiores fornecedores de produ-tos frutícolas para o país em anos anteriores, os Estados Unidos da América e o Chile, registaram uma quebra significativa nas exportações devido aos efeitos do mau tempo nas suas produções.

Os dados mais recentes, de 2011, do Fundo das Nações Unidas para a Alimen-tação e Agricultura (FAO, na sigla inglesa), revelam que a China está entre os dez prin-cipais importadores mundiais de produtos agrícolas. Apenas atrás da União Europeia, EUA e Alemanha.

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14 hoje macau quarta-feira 25.2.2015

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ShitaoCapítulo 1o traço Único do pincel (Continuação)

Por mais longe que vás, por mais alto que subas, precisas de começar por um simples passo1. Também o Traço Único do Pincel abraça tudo até ao longe mais inacessível2 e entre dez mil milhões de acções do pincel, não existe uma em que o começo e o acabamento não residam finalmente neste Traço Único do Pincel3 cujo controle não pertence senão ao homem.Por meio do Traço Único do Pincel o homem pode restituir em miniatura uma entidade maior sem que nada se perca4; a partir do momento em que o espírito se forma uma visão clara5, o pincel irá até à raiz das coisas.Se se pinta com um pulso livre6, as falhas de pintura seguir-se-ão; e estas falhas, por sua vez, farão com que o pulso perca todo o seu à

vontade. As voltas do pincel devem ser arrebatadas por um movimento, e a untuosidade deve nascer dos movimentos circulares ao mesmo tempo reservando uma margem para o espaço. Os finais do pincel devem ser trincheiras e os ataques incisivos. É preciso ser igualmente hábil nas formas circulares ou angulares, direitas ou curvas, ascendentes e descendentes; o pincel vai à esquerda, à direita, em relevo, em vazio, brusco e decidido, interrompe-se abruptamente, alonga-se, oblíquo, tal como a água, ele desce até às profundezas tão depressa como se levanta em altura tal uma chama e tudo isso com naturalidade e sem forçar o mínimo do mundo.Que o espírito esteja presente em todo o lado e a regra enformará tudo; que a razão penetre em todo o lado e os aspectos mais variados poderão ser expressos. Abandonando-se à vontade da mão,

com um gesto, agarra-se a aparência formal tão bem como o ímpeto interior dos montes e dos rios, de personagens e objectos inanimados, de pássaros e de bichos, das ervas e das árvores, de viveiros e de pavilhões de construções e de esplanadas, pintar-se á a partir da natureza onde se sondará a significação, exprimir-se-á o carácter e reproduzir-se-á a atmosfera, revelar-se-á na sua totalidade ou sugerir-se-á elipticamente7.Mesmo quando o homem não compreender a execução, tal pintura responderá às exigências do espírito.Porque a Suprema Simplicidade se dissolveu também a Regra do Traço Único do Pincel se estabeleceu. Descobre-se a infinidade das criaturas uma vez estabelecida esta Regra do Traço Único do Pincel. É por isso que já foi dito: “ A minha via é a da Unidade que abraça o Universal”8.

Propósitos Sobre a Pintura do Monge Abóbora Amarga

1 - Comparar com laozi:”O sábio nunca empreende grandes coisas, o que lhe permite realizá-las; ele desembrulha a dificuldade agarrando-a pelo seu lado fácil, ele comete os grandes empreendimentos a partir dos seus elementos mais ínfimos”.

2 - expressão empregue também no Huainanzi, onde o comentário de Gao You esclarece:”as extensões selvagens do Oriente de onde emerge o sol nascente”. também pode ser o “sopro primordial” (dicionário Kangxi)

3 - autores do século XVii como Yun Xiang salientam a sua importância.”aquilo em que Wu Zhen se mostra inigualável é na sua capacidade de conter dez mil traços de pincel num único”. (ryckmans, pág.31)

4 - expressão usada por Mengzi a propósito dos discípulos de Confúcio (Kongfuzi), alguns não teriam apreendido do Mestre senão uma ou outra virtude enquanto outros “ possuíam o conjunto das virtudes mas em pequeno”. a pintura aqui entendida em relação ao Universo como um microcosmo em relação ao macrocosmo.

5 - a actividade de xin, o coração, quer dizer o espírito, é o pensamento que existe ainda antes do encontro com a realidade objectiva do mundo

exterior. desse encontro entre a “realidade objectiva” e o “pensamento” nasce a “ideia” No tratado de Wang Wei (701-761) vem o adágio clássico. “ a ideia deve preceder o pincel”.

6 - literalmente “pulso vazio”, regra essencial da técnica caligráfica e pictural, a pintura da “mão erguida”: o pincel sobrevoa o papel sem qualquer apoio, os seus movimentos são controlados pelo pulso a partir da força que tem origem no ombro o que transmite ao traço uma total concentração de energia. Mas é também uma alusão à virtude do vazio tão elogiada pelo pensamento daoísta que lhe atribui a plenitude da receptividade que é sede da eficácia.

7 - shitao enumera as várias formas da actividade pictural incluindo o paradoxo da semelhança formal, que sendo um dos objectivos do pintor, é por outro lado desvalorizada como quando, por exemplo su dongpo (1036-1101) escreve que “discutir a pintura do ponto de vista da semelhança formal é uma infantilidade.” Pintores preferiam falar de “linhas de força” ou de “substancia”, Guo Xi (activo em 1070-1123)-:”Olhando o objecto ao longe percebem-se as suas linhas de força; olhando-o de perto entende-se a sua substância.”

8 - Citação de lunyu, Conversações de Kongfuzi, iV, 15.

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15 artes, letras e ideiashoje macau quarta-feira 25.2.2015

Paulo Maia e CarMotradução e ilustração

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• SábadoFeSta de 29º aniverSário da rUCLive Music association, 20h00Entrada livre

• diariamenteexpoSição “voz na eSCUridão” de ÓSCar BaLajadia/papa oSMUBaL (até 14/03)Creative MacauEntrada livre

expoSição de pintUra de zhen GUo (até 3/03)Fundação rui CunhaEntrada livre

expoSição de eSCULtUraS do ano da CaBra (até 01/03)venetian, todo o dia Entrada livre

expoSição de SândaLo verMeLho (até 22/03)Grande praça, MGMEntrada livre

expoSição de deSiGn de CartazeS “v•x•xv:” (oBraS de 1999, 2004 e 2009) [até 15/03]Museu da transferência da Soberania de Macau, 10h00 às 19h00Entrada livre

“SeLF/UnSeLF” – expoSição de traBaLhoS de artiStaS hoLandeSeS (até 15/03)Centro de design de MacauEntrada livre

retratoS a ÓLeo doS SéCULoS xix e xx: CoLeCçãodo MUSeU de arte de MaCaUMuseu de arte de Macau, das 10h às 19h (até 31/12)Entrada livre

iLUStraçõeS para CaLendário de GUan hUinonG (até 10/05)Museu de arte de Macau, das 10h às 19hEntrada livre

“Beyond the SUrFaCe” de Mio panG Fei (até 01/03)albergue SCM, das 12h às 20hEntrada livre

tempo pouco nublado min 18 max 20 hum 85-99% • euro 9.04 baht 0.24 yuan 1.27

O que fazer esta semana?

João Corvo

AcontEcEu HojE

H o j e H á F i l m e

A sensação mais irritante dos sonhos é querer agarrar e tudo se esvair.

C i n e m aCineteatro

Sala 1Stand by me doraemon [a](FaLado eM CantonêS)Filme de: takashi yamazaki, ryuichi yagi14.00, 17.40

Sala 1triumph in the SkieS [b](FaLado eM CantonêS)Filme de: Matt Chow, Wilson yip15.45, 19.30, 21.30, 23.30

Sala 2kingSman: the Secret Service [c]Filme de: Matthew vaughn14.30, 19.15, 23.30

Sala 2Stand by me doraemon [3d] [a](FaLado eM CantonêS)Filme de: takashi yamazaki, ryuichi yagi19.15

Sala 3penguinS of madagaScar [a](FaLado eM CantonêS)Filme de: eric darnell, Simon j. Smith14.00, 17.45

Sala 3from vegaS to macau 2 [c](FaLado eM CantonêS)Filme de: Wong jing15.45, 19.30, 21.30, 23.30

fonte da inveja

É abolida a escravatura em todo o Império Português• a 25 de Fevereiro, assinala-se o fim da escravatura em todo o império português, no ano de 1869. também neste dia, em 1961, é assinado o contrato para a construção da ponte sobre o tejo. e nasce pierre-auguste renoir, pintor impressionista francês.no dia em que o papa pio v excomunga a rainha isabel i de inglaterra, em 1570, é patenteado, em 1836, o primeiro revólver, pelo norte-americano Samuel Colt. também nos eUa, mas em 1870, hiram revels torna-se no primeiro negro a ser eleito para o Senado, pelo partido republicano, em representação do estado do Mississipi.igualmente a 25 de Fevereiro, em 1942, Los angeles vive um dia de guerra... virtual. Mais de cem mil pessoas avistam aparentes mísseis em direcção à cidade, mas sem qualquer efeito. as imagens não passam de uma ilusão de óptica, mas ganham um nome pomposo: a Batalha de Los angeles.o austríaco adolf hitler torna-se cidadão alemão em 1932. e em 1947, Governo português decide pôr termo às restrições ao consumo de energia eléctrica, que vigoravam desde a ii Guerra Mundial.exactamente um ano mais tarde, na então denominada Che-coslováquia, o partido Comunista assume o poder, nos mesmos dia e ano em que Martin Luther King é ordenado e indicado pastor auxiliar na igreja Batista de atlanta.os primeiros jogos pan-americanos ocorrem em Buenos aires, argentina, no dia 25 de Fevereiro de 1951, dez anos antes da assinatura do contrato para a construção da ponte sobre o tejo, em Lisboa, com a empresa United States Steel export Company.no ano de 1991, em plena Guerra do Golfo, um míssil scud iraquiano destrói uma base militar norte-americana, montada em dharan, na arábia Saudita. o incidente mata 28 marines norte-americanos.nasceram a 25 de Fevereiro pierre-auguste renoir, pintor impressionista francês (1841), Cesário verde, poeta português (1855), enrico Caruso, cantor lírico italiano (1873), alfredo Marceneiro, fadista português (1891), antónio damásio, neurologista e neurocientista português (1944), e josé María aznar, político espanhol (1953).

“WHEn You WErE StrAngE”(tom DIcIllo, 2009)

Um documentário sobre uma das mais conhecidas bandas de todos os tempos. os The Doors, liderados pelo emblemático vocalista jim morri-son, marcaram uma geração inteira com as suas letras, a postura rebelde de Jim e os escândalos. Como não poderia deixar de ser, o filme retrata a personalidade de jim morrison e a sua adição às drogas e ao álcool e de como isso começou a destruir os projectos da banda. morrison morreu com 27 anos em Paris. - Andreia Sofia Silva

16 hoje macau quarta-feira 25.2.2015(F)utilidades

25 de Fevereiro

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17hoje macau quarta-feira 25.2.2015 ócios / negóciosShow di Bola aSSociação cuco, preSidente

“Queremos unir nacionalidades”A ideia não é recente, tem 17 anos,mas com algumas alterações está a ganhar forçano território. Show di Bola nasceu para trazeruma mudança de mentalidades e pretende uniras nacionalidades existentes em Macau.Como? Usando o desporto como ponte

“Através do desporto, aquelas crianças e jovens conseguiam perceber que existem outros caminhos que se podem seguir para se vencer na vida”

uma faixa etária mais nova, mais com crianças, mas também temos outros esca-lões, inclusive uma equipa sénior”, conta.

Assim, esclarece Cuco, a Associação está dividia em quatro equipas principais: o escalão sub-16, o sub-18, a equipa femi-nina de futebol, que conta com cerca de 15 jovens, e a equipa sénior, que ultrapassa os 20 inscritos na Associação.

Nova modalidadeApostando na diversidade, Cuco esclarece que em meados de Abril a Associação pretende entrar em força no mundo do basquetebol.

“Vamos receber um treinador dos Estados Unidos da América que nos vem dar uma aju-da [nos treinos] daquela que será a primeira equipa oficial de basquetebol”, esclarece.

Mas existem outros projectos em cima da mesa. O presidente conta que apesar de “neste momento a grande modalidade ser o futebol”, a Associação pretende apostar noutro tipo de actividades.

“Estamos a tentar trazer outras activi-dades para Macau”, conta, podendo assim dinamizar e aumentar o leque de opções relativas às modalidades. Aposta esta que pretende também trazer mais participantes à Associação, dependendo do gosto de cada um, sem nunca esquecer o seu lema principal: unir as crianças. Apesar de ainda nada estar decidido, Cuco reconhece o longo caminho a percorrer, convicto de que o desporto poderá sempre ser usado em prol da comunidade.

mulheres campeãsRecorde-se que no mês passado a equipa feminina do projecto Show di Bola - trei-nada pelo presidente que também é jogador do Benfica de Macau - sagrou-se campeã do primeiro torneio indoor de futebol feminino de Macau. A equipa Show di Bola, com três vitórias e um empate, levou a melhor perante as restantes adversárias.

“Ganhámos por três vezes por 9-1, 8-4 e 9-4. Empatámos o último jogo por 5-5”, revelou ao HM, na altura, uma das capitãs, Sandra Lobo Pimentel. O torneio, que termi-nou no dia 11 de Janeiro, foi organizado pela Sun Soccer Sports Stadium que tem campos sintéticos num décimo andar de um prédio na zona da Areia Preta e foi disputado num campo de dimensões reduzidas.

A equipa feminina da Show di Bola é composta por oito elementos – Tchusca Songo, Alessandra Araújo, Ana Rita Amorim, Vanessa dos Santos, Edite Ri-beiro, Adriana Filipe Afonso, Sara Diniz (capitã) e Sandra Lobo Pimentel (capitã) – e competiu contra outras três equipas.

Fil ipa araú[email protected]

o projecto não é novo, mas em Ma-cau só existe há dois anos, começa por explicar Cuco, presidente da

Associação Show di Bola de Macau. “Foi em 1998 que este projecto surgiu

em Portugal e tinha como objectivo prin-cipal, no seu início, retirar as crianças em risco da rua”, esclarece. E foi através do desporto que um grupo de amigos percebeu que conseguia transmitir àquelas crianças valores de esperança, esforço e trabalho.

“Através do desporto, aquelas crianças e jovens conseguiam perceber que existem outros caminhos que se podem seguir para se vencer na vida”, conta Cuco ao HM. Assim, explica, foi possível retirar estes adolescentes do mundo da droga, de assaltos e outros caminhos de risco.

Com um objectivo diferente, mas tam-bém ele nobre, Cuco avançou com a criação da Associação em Macau. Sendo uma rea-lidade social bem diferente à de Portugal, o presidente aplicou o conceito com um objectivo diferente: unir nacionalidades.

“Quis, através do desporto, juntar todas as comunidades”, explica, sublinhando que sempre sentiu a existência de uma se-paração, voluntária ou não, dos diferentes membros das culturas existentes.

“Há sempre os grupos dos chineses, dos portugueses, ingleses ou de outras nacionalidades”, argumenta. “Quis acabar com isso, ou pelo menos diminuir.”

desporto que Nos uNe“Por isso mesmo, a Show di Bola recebe qualquer tipo de nacionalidade”, garante Cuco ao HM.

A comprovar isso está o leque de desportistas inscritos na Associação. “A Associação conta com inscrições de vários países. Temos alunos portugueses, ingle-ses, indianos, australianos, macaenses e chineses”, enumera, esclarecendo que é a língua inglesa a ponte para a comunicação, algo que não impede interessados que não saibam falar inglês de participar. “Afinal, é isso que importa”, brinca Cuco.

As actividades focam-se no mundo do futebol e basquetebol e o grupo, dividido em vários escalões, já conta com mais de 70 participantes. “Neste momento estamos mais focados, a trabalhar em concreto com

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18 opinião hoje macau quarta-feira 25.2.2015

N a noite em que foi anuncia-do o acordo no Eurogrupo, Paul Krugman apresentou--nos uma adivinha, lem-brando Marlon Brando: o que resulta do cruzamento entre um padrinho da Mafia e um bando de ministros das finanças? A resposta dele é esta: alguém que

nos faz uma proposta que não conseguimos compreender. Contra a nebulosa das amea-ças, tentemos então compreender.

Do acordo, o governo grego conseguiu seis vantagens. a primeira, sobretudo dos dias anteriores, é um enorme impacto de simpatia entre a opinião pública europeia. A Alemanha nunca tinha sido desafiada e note, caro leitor ou leitora, o significado da conferência de imprensa de Varoufakis frente a Schauble para um trabalhador português (ou alemão): foi uma alegria numa época de tristezas. a segunda foi evitar a armadilha de Samaras, que tinha acordado com a troika novas medidas de austeridade para o fim de Fevereiro (redução de pensões e aumento do IVa). a terceira foi voltar a poder usar a dívida pública como colateral para os em-préstimos aos bancos nacionais. a quarta foi a pequena margem de manobra para o uso do saldo primário de 2015, permitindo readmitir funcionários públicos que tinham sido des-

pedidos. a quinta é o reconhecimento de um processo de negociação da dívida, embora ainda indefinido. Finalmente, o ganho que é o reconhecimento do fim da troika, embora seja sobretudo simbólico – mas a política também se faz de símbolos.

ao mesmo tempo, o acordo representa quatro grandes concessões. A Grécia aceitou a supervisão decisória sobre todas as suas medidas, num modelo pior do que o que fora proposto na segunda feira passada (e retirado por imposição de Merkel). Não há financiamento ponte, que seria incon-dicional, porque o financiamento virá em abril consoante a revisão dos resultados do acordo. E, hoje, será apresentada uma lista de medidas à aprovação europeia, pressão total desde a primeira semana. Em segundo lugar, o acordo vale por quatro e não por seis meses. O que é muito importante: mal o programa termine, a Grécia terá mais de 6 mil milhões a pagar ao BCE, logo ao BCE.

Terceiro, Tsipras não pode mobilizar para a economia os fundos disponíveis para os bancos, como precisava. Quarto, o governo aceitou repor o saldo primário de 2016 em 4,5%, o que significaria novas medidas de austeridade.

Numa palavra, tudo se resolve nos próxi-mos meses. Ganhar tempo, que tantas vezes é fundamental, é sempre não decidir tudo: pode servir para preparar uma resolução e vencer, como pode ser uma forma de adiar ou até de esperar.

Ora, o tempo é importante para a Eu-ropa. a União também ganhou margem de manobra, aliás: a pressão diminuiu e isso é negativo para Tsipras. Para mais, o governo grego não tem nem terá qualquer aliado entre os outros governos: o centro está alinhado com Merkel, porque esse é o efeito de uniformização política produzido pelas regras europeias, que só reconhecem os mercados financeiros. Dos partidos

socialistas não “vêm reforços”, só vem austeridade. Mas, entretanto, o quadro institucional está a mudar radicalmente, porque o governo alemão, o tirano silencio-so, passou a conduzir as negociações e as decisões. Numa palavra, sentou-se no trono. Dijsselbloem, em nome de Merkel e sem vergonha nem hesitação, retirou na segunda feira uma proposta de acordo negociada por Juncker e o presidente da Comissão Europeia desvaneceu-se. O fechamento institucional da Europa acelerou-se com esta crise e não tem remédio.

Para a Grécia, ganhar tempo pode ser útil. Mas o tempo tem um preço: em Junho, no fim do acordo, ou a Grécia estabelece um novo programa de austeridade ou pedirá financiamento nos mercados, se não tiver uma alternativa de redução substancial e imediata do serviço da dívida. Ou seja, a sua restrição externa é imperativa. Até então, terá pouca capacidade de criar investimento e emprego e, portanto, a sua restrição interna mantém-se.

Dir-se-á que David pode enfrentar Go-lias, mas tem de ter uma pedra na funda. O governo grego negociou sem Plano B e o adversário percebeu que Varoufakis não admitia nem preparava a alternativa, que é a saída do euro. Merkel teve por isso a possi-bilidade de ser ela a escolher entre impor as condições do acordo, com algumas cedên-cias, ou forçar a saída da Grécia: durante a semana, pareceu preferir a segunda opção, inclinou-se depois para o acordo que será trabalhado durante esta semana com novas imposições e humilhações.

Haverá assim quatro meses de chanta-gens. E de negociações políticas: como a dívida pública grega é detida predominan-temente por instituições e não por fundos privados, ao contrário do que se passou com as anteriores grandes reestruturações de dí-vida pública, toda a questão é política e entre Estados. Mas são negociações em que não há saída sem a resolução dos problemas de fundo. Em Junho, quando se fechar a janela de oportunidade, ou fica um mau acordo e a continuação da austeridade, ou se abre a porta de saída.

Muito pode ser feito entretanto. Uma resolução bancária sistémica, como aqui sugeri, permitiria proteger o balanço dos bancos e a sua liquidez, abater a sua dívida, prepará-los para se protegerem de ataques pelo BCE e orientar o crédito para políticas de curto prazo de criação de emprego e de aumento da procura.

Em todo o caso, um prazo é um tempo que terminará. Em Junho, haverá novas rondas de negociações depois deste qua-tro meses de dificuldades e, porventura, o povo grego será chamado a pronunciar-se sobre o que vem. Porque em última aná-lise, é sempre a democracia que está a ser julgada: podemos decidir? Somos donos de nós próprios?

Dizia Varoufakis, lembrando o Livro XII da Odisseia, que, como Ulisses, prefere amarrar-se ao mastro quando passar pela ilha das sereias, para manter compromissos sólidos sem se desviar. A Grécia – e nós com ela – bem precisamos de um mastro forte e de velas abertas. Mas não são sedutoras sereias que temos que passar, são monstros bem mais ferozes. São hoje os nossos donos.

o mastro de Ulisses e as sereias dos nossos tempos

Para a Grécia, ganhar tempo pode ser útil. Mas o tempo tem um preço: em Junho, no fim do acordo, ou a Grécia estabelece um novo programa de austeridade ou pedirá financiamento nos mercados, se não tiver uma alternativa de redução substancial e imediata do serviço da dívida

Francisco Louçãin esquerda.net

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19 opiniãohoje macau quarta-feira 25.2.2015

Popularidade é o primo distante do prestígio.Alejandro Iñarruti

E a sétima arte encerrou a sua 87a. edição, nos princípios do Ano da Cabra, premiando Birdman. Como tudo na vida, é uma escolha, mas uma escolha baseada numa opção que é a de que, em cinema, a principal regra é não ter regra. Isto é, a que melhor se adequa ao que se deseja registar.

Recordo-me como, nos meus tempos de estudante, seria impossível congeminar o tempo futuro e as tecnologias que a ele hoje presidem. Todos os vaticínios falha-ram. Nesse tempo, ainda não se tinham inven-tado os pixels e a cassete áudio começava a sua incursão no mundo da música, com-petindo com os long plays e EPs de vinil.Curiosamente, de volta ao filme premiado, este é da autoria de um latino, o mexicano

Alejandro González Iñarritu, autor de outros títulos, entre os quais 21 gramas e Babel. O interesse desta história (Birdman) não está meramente na decadência que o tempo traz aos heróis, verdadeiros ou fictícios. O filme transpira um olhar sobre si próprio e algu-mas das contradições ou perversidades que ele contém no que respeita não ao tempo do fotograma, mas àquele outro que atravessa os homens, transformando-os em outros, sombras ou amplificações do que foram.É admissível aqui que o narcisismo persista, decrépito, no lodo do tempo e dos ritos que conduzem aos mais diversos conflitos inspira-dos pela solitária nostalgia de Michael Keaton, outrora super-herói, cuja memória lhe obscu-rece o tempo real e dá o mote à narrativa.Do mesmo modo, e tomando o filme por paralelo, as cidades e os seres que as habi-tam tornam-se pólos de conflito quando o tempo atravessa o seu inusitado e desmedi-do crescimento.Essa desmesura, quando ocorre, faz emer-gir não a virtude da ignorância, mas antes a sua condição e essência, isto é, não se saber que não se sabe.

É uma circunstância em tudo idêntica à edificação de uma metáfora do inferno, quando este significa a ausência da divindade que confere o conhecimento. Aí, então, tudo decai e se mumifica, imutá-vel numa desmedida busca inconsequente do sentido das coisas, que apenas existem na imaginação que lhes procura dar forma, imaginação alimentada pela ausência de saber e conhecimento, porém nutrida por uma ilusão de felicidade.Assim nasce a fantasia, entre o absurdo, o patético e o horrendo, fachadas e cenários de vidas despidas de outro sentido que não seja o da mais pura vocação materialista. Esta a origem de toda a indiferença face a quaisquer outros cenários, que não os do lucro, num guião por demais conhecido.Sucede porém que, nesta desesperança para a maioria dos figurantes desta longuíssima metragem chamada Macau, emerge um personagem de nome Alexis, homónimo de um outro, mediterrânico, que rasgan-do a tela transmuta o filme em realidade, luzes da sala acesas, e no dia primeiro do Ano Novo da Cabra veio dizer ao público

que havia figurantes excessivos, afogando o guião desta nossa realidade, e que, assim sendo, era necessário resgatar a cidade e devolvê-la aos cidadãos.Os trabalhos que esperam o nosso Alexis são tão hercúleos quanto os do grego, dife-rindo apenas nos orçamentos.Perante os desideratos de Alexis Tam, do seu pelouro e do cruzamento com outros, espera a população que se tomem por pa-drões os internacionais, em tudo. Melhor dizendo, na Educação, na Cultura, na Saú-de, nos Transportes, na Segurança, na Ha-bitação, numa Economia saudável, elimi-nando os filmes de terror.A ajuizar pelas acções já desenvolvidas, como a velocidade com que já se encon-tram em fase de contratação de meio mi-lhar de médicos para a saúde e outros tra-balhos, acabo por admitir seriamente que, a este saudável ritmo, Macau poderá em 2020 ganhar o Óscar da melhor realização por ser, finalmente, um qualificado Centro Mundial de Turismo e Lazer, e para o Se-cretário para os Assuntos Sociais e Cultura a distinção de melhor realizador.

a expectável virtude da ignorânciaurbanidadesAntónio ConCeição Júnior

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hoje macau quarta-feira 25.2.2015

O primeiro-mi-nistro timoren-se considerou o n t e m q u e

metade dos actuais 32 mil funcionários públicos per-manentes e casuais pode ser desnecessária, defendendo um processo de reforma do sector público que o torne mais eficaz e eficiente.

“Fico com a impressão de que só metade destes 32 mil funcionários é que estão a cumprir serviço efectivo”, afirmou Rui Maria Araújo, num programa de debate da televisão timorense.

“Temos de nos pergun-tar: precisamos de tantos funcionários públicos? Ou com contratos para toda a vida? Podemos introduzir contratos de cinco anos, com mecanismos de avaliação”, questionou.

Rui Maria Araújo foi o convidado da terceira edição do programa de debate “Talk Show Ita Nia Governo”, da Rádio e Televisão de Timor--Leste (RTTL), gravado no auditório do Arquivo e Museu da Resistência Ti-morense em Díli e moderado por Rui Viana, da Secretaria de Estado da Comunicação Social.

CinemaSequelade “Mestresda Ilusão” filmadaem Macau

A produção norte-ame-ricana “Mestres da

Ilusão 2” vai ser filmada em Macau entre 12 e 18 de Março, tanto no centro histórico da cidade como em casinos, estando já a recrutar figurantes locais.

Já começaram os ‘castings’ para esco-lher quem vai entrar na produção com cenas na baixa e em casinos na península de Macau e na Taipa, referiram os produtores.

O filme, que segun-do a página IMBD será realizado por Jon M. Chu, quer captar idosos no centro da cidade, ho-mens a jogar ‘mahjong’ e pessoas a guiar scoo-ters. São requisitados também figurantes que façam de clientes e fun-cionários dos casinos.

“Mestres da Ilusão 2” começou a ser filmado no final do ano passa-do em Londres e está agendado para estrear em Junho de 2016. O elenco conta com actores como Daniel Radcliffe, Jesse Eisenberg, Mark Ruffalo, Dave Franco, Morgan Freeman e Mi-chael Caine.

“Mestres da Ilusão” (“Now You See Me”, no título original) conta a história de um agente do FBI e um detective da Interpol em perse-guição de um grupo de ilusionistas que assalta bancos durante os seus espectáculos.

Timor Metade dos funcionários públicos pode ser desnecessária

Pelos caminhos da reformaDesde que tomou posse, o novo primeiro-ministro timorense, Rui Maria Araújo, tem-se mantido activo em vários campos anunciando medidas de um tempo de transição. Agora parece ter chegado a vez do sector público

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“Fico com a impressão de que só metade destes 32 mil funcionários é que estão a cumprir serviço efectivo”rui ArAújoPrimeiro-ministro timorense

Em resposta a perguntas do moderador e de alguns membros da audiência sobre a sua estratégia de governação, Rui Araújo disse que o Gover-no quer trabalhar “em equipa”

mas que, muitas vezes, “há um buraco” entre a ordem política e a “ordem burocrática”.

“Às vezes falha a comu-nicação ou a monitorização e a supervisão não funciona

como deve ser. E isso im-plica que, em alguns casos, não se vejam os resultados concretos”, disse.

“A nível político, os membros do Governo estão conscientes de que têm que fazer mais esforços para orientar funcionários. Mas depois temos alguns pro-blemas ao nível do funcio-nalismo público e, por isso, precisamos de uma reforma da administração, da função pública”, afirmou.

HiperactivoDesde que tomou posse, há uma semana, Rui Maria Araújo tem levado a cabo várias iniciativas, incluin-do visitas surpresa a Mi-nistérios e departamentos governamentais, mensagens para a população pela sua página no facebook e até a apresentação da sua declara-ção de bens: foi o primeiro governante a fazê-lo.

Ao mesmo tempo, e a nível governativo, arrancou um período intenso de análises que abrangem desde “gastos supérfluos” a reformas educa-tivas para introduzir o ensino vocacional e profissional, passando por uma análise da diversificação económica do país, entre outras.

“Queremos marcar dife-rença na implementação dos programas”, disse.

Para defender um corte em “despesas supérfluas”, o primeiro-ministro - médico de profissão - chegou a usar argumentos de saúde públi-ca, considerando que se deve

cortar nos “snacks, almoços e lanches” que ocorrem em qualquer evento em Timor--Leste.

O país, disse, está a viver uma “transição epidemiológi-ca” passando de um cenário em que as doenças infecciosas eram prevalentes para outro em que aumentam “as doenças de coração, colesterol e ácido úrico”.

Ao mesmo tempo, o elevado número de carros nas mãos de funcionários públicos, está a levar muitos a ter uma “vida sedentária”, com o custo que as viaturas representam.

“Não vamos cortar nos carros que são precisos. Mas no supérfluo”, disse, expli-cando que o Ministério das Finanças está a rever itens como viagens nacionais e para o estrangeiro, viaturas e até o elevado número de seminários “sem grandes resultados” que se realizam no país.