hoje macau 14 fev 2012 #2549

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TEMPO MUITO NUBLADO MIN 16 MAX 22 HUMIDADE 65-95% • CÂMBIOS EURO 10.5 BAHT 0.2 YUAN 1.2 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ TERÇA-FEIRA 14 DE FEVEREIRO DE 2012 ANO XI Nº 2549 PUB Ter para ler FEIRA INTERNACIONAL Pequim lança convite a empresas de Macau PÁGINA 3 DAVID BROOKSHAW O homem que pôs Senna Fernandes a falar inglês CENTRAIS CHINA FAZ FINCA-PÉ Sector da aviação à beira da guerra comercial PÁGINA 7 Instituto Politécnico de Macau acusado de fragilizar a lusofonia Intenção não basta O bem sucedido 15º Colóquio da Lusofonia, realizado o ano passado em Macau, não está de volta ao território em 2012 por causa da inércia do IPM, acusa o impulsionador do evento, Chrys Chrystello. O instituto diz estar ainda interessado, mas que “não se falou de datas concretas”. PÁGINA 5

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Edição do Hoje Macau de 14 de Fevereiro de 2012 • Ano X • N.º 2549

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Page 1: Hoje Macau 14 FEV 2012 #2549

TEMPO MUITO NUBLADO MIN 16 MAX 22 HUMIDADE 65-95% • CÂMBIOS EURO 10.5 BAHT 0.2 YUAN 1.2

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • TERÇA-FEIRA 14 DE FEVEREIRO DE 2012 • ANO XI • Nº 2549

PUB

Ter para ler

FEIRA INTERNACIONAL

Pequim lança convite a empresas de Macau

PÁGINA 3

DAVID BROOKSHAW

O homem que pôs Senna Fernandes a falar inglês

CENTRAIS

CHINA FAZ FINCA-PÉ

Sector da aviação à beira da guerra comercial

PÁGINA 7

Instituto Politécnico de Macauacusado de fragilizar a lusofonia

Intenção não basta

O bem sucedido15º Colóquio da Lusofonia, realizado o ano passado em Macau, não está de volta ao território em 2012 por causa da inércia do IPM, acusa o impulsionador do evento, Chrys Chrystello. O instituto diz estar ainda interessado, mas que “não se falou de datas concretas”. PÁGINA 5

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2 publicidade terça-feira 14.2.2012www.hojemacau.com.mo

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3políticaterça-feira 14.2.2012 www.hojemacau.com.mo

Encontro entre Chui Sai On e presidente do município da capital chinesa

Pequim apela às empresas de MacauO Chefe do Execu-

tivo, Fernando Chui Sai On, reu-niu-se ontem com

Guo Jinlong, presidente do município de Pequim, tendo aceite participar na primeira edição da feira internacional do comércio de serviço da China, a realizarna capital chinesa. “Apelamos às em-presas de Macau para a sua participação”, referiu Guo.

A convite do Chefe do Executivo, o presidente do Município de Pequim, Guo Jinlong, visitou Macau e “reforçou a amizade e o inter-câmbio entre as duas cidades.

Do lado de Macau, Chui Sai On revelou que o Gover-no da RAEM irá participar e prestar todo o apoio. Disse acreditar que a presença na feira vai certamente reforçar a amizade entre os dois ter-

ritórios e o intercâmbio em diversas áreas.

O líder do Governo de Macau acrescentou que a visita a Macau da comitiva liderada por Guo Jinlong é sinal de reforço da coope-ração bilateral, na base já consolidada no passado.

O presidente do mu-nicípio de Pequim, pela primeira vez no território, mostrou-se satisfeito com o

desenvolvimento e a prospe-ridade económica da RAEM, acrescentando que o objec-tivo principal da sua visita é promover a participação de Macau na referida feira.

PLATAFORMA INTERNACIONALA feira internacional do co-mércio de serviço da China, organizada pelo Ministério do Comércio da China, com

a colaboração do Governo Municipal de Pequim, ser-virá de plataforma interna-cional para o comércio de serviços, promovendo si-multaneamente a cooperação entre a China e o exterior.

Guo Jinlong indicou que, sob o grande impul-sionamento do Governo da RAEM, o intercâmbio entre os dois territórios na área das indústrias culturais e criati-

vas tem sido desenvolvido nos últimos anos, acredi-tando que a feira poderá reforçar mais a cooperação entre ambos.

Nos próximos dias a dele-gação de Pequim irá realizar uma conferência, para apelar à participação de empresas de Macau na primeira edição da feira internacional do comércio a realizar no final de Maio, em Pequim.

A Associação de Mútuo Au-xílio de Condutores de Táxi

de Macau exige que o Executivo implemente o aumento da ban-deirada dos táxis o mais depressa possível. Em declarações ao jornal Macau Post Daily, Tonny Kuok, presidente da entidade, de-fendeu a aplicação das novas me-didas antes de Abril. “O Governo prometeu que as novas tarifas de

táxi seriam implementadas antes das férias da Páscoa. Esperamos que o Governo permita que po-nhamos em prática os aumentos antes de Abril. Quanto mais cedo melhor.”

O também membro do con-selho consultivo que, juntamente com o Governo, estudou a apli-cação das novas medidas, prevê maiores custos se os clientes não

pagarem mais por um táxi nos próximos meses. “Significa que as tarifas vão ser implementadas tarde de mais e os custos com o combustível vão aumentar, a jun-tar à inflação... a minha associação pediu diversas vezes ao Governo para aumentar as tarifas desde que submetemos a nossa proposta.” Algo que aconteceu, recorde-se, em Junho do ano passado.

Candidatos a liderar Hong Kong em debateOs três principais candidatos a chefe do executivo de Hong Kong, Henry Tang, C.Y. Leung e Albert Ho, aceitaram participar juntos, pela primeira vez, num fórum com o ambiente como pano de fundo. No âmbito do fórum, da organização de quatro grupos ambientalistas, os principais aspirantes a líder do Governo da antiga colónia britânica têm oportunidade de expor as suas políticas para a área do ambiente, estando previsto que respondam a perguntas da audiência. A iniciativa terá lugar a 3 de Março.

Governo pressionado a alterar preços dos táxis

“Quanto mais cedo, melhor”

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4 sociedade terça-feira 14.2.2012www.hojemacau.com.mo

Andreia Sofia [email protected]

DEPOIS do início da construção do parque e das oficinas que darão suporte ao Metro Ligei-

ro, em 2011, o primeiro troço do novo sistema de transporte público deverá começar a ser construído

ESPECIALISTAS de cardiologia de Macau

e Portugal reúnem-se a partir de hoje em Macau para discutir e trocar ex-periências no tratamento de doenças cardiovascu-lares, revelou à agência Lusa Mário Évora, pre-sidente da Associação de Cardiologia do território. “Este congresso integra as actividades que nós, Associação de Cardiolo-gia de Macau, mantemos com sociedades médicas portuguesas. Neste caso, está envolvida uma so-ciedade europeia que é a

Sociedade Europeia dos Médicos Hospitalares porque é, neste momento, presidida por um médico português - João de Deus, professor universitário - e encontrou-se, assim, a oportunidade de incluir a sociedade europeia nessa reunião.”

Salientando que a As-sociação de Cardiologia de Macau é uma associa-ção de cariz lusófono. “A associação faz questão de manter esse vínculo com a medicina da qual nós viemos, que é a ocidental de matriz portuguesa.” - Lusa

Adolescente suspeito de abuso sexualO Ministério Público (MP) aplicou medidas de coacção a um adolescente de 16 anos por suspeita de abuso sexual de uma criança de 6 anos. O caso terá ocorrido em Janeiro e o MP “considerou haver fortes indícios do crime”. O jovem, de apelido Chan, tem de se apresentar periodicamente às autoridades e não pode ausentar-se de Macau. No dia 16 de Janeiro, o suspeito e o irmão da vítima estavam a ver filmes pornográficos, o que originou a tentativa de abuso sexual. O caso foi agora entregue à polícia para mais investigações.

Correcção sobre recandidaturade Senna FernandesUma falha de comunicação originou um erro na notícia de ontem sobre a recandidatura de Miguel Senna Fernandes à presidência da Associação dos Macaenses. Foi publicado que iria ocorrer em 2013, quando deverá acontecer em Julho deste ano, por ser em 2012 que termina o mandato de Senna Fernandes à frente da entidade. Aos leitores e ao visado, as nossas desculpas.

Pai do euro dá palestra na UMACRobert A. Mundell, “o pai do euro”, como também é conhecido, vai estar na Universidade de Macau (UMAC) no dia 23. Mundell dará uma palestra sobre “O dilema da dívida europeia e o seu impacto na Ásia e na economia mundial”. Com a proposta de unir economias numa única moeda, Robert Mundell recebeu o Nobel de Economia, em 1999. É dele a autoria de um dos primeiros planos de moeda comum, um trabalho realizado no começo da década de 70 que resultou na criação do Euro, anos mais tarde. Nascido em Ontario, no Canadá, Mundell é professor na Universidade Chinesa de Hong Kong.

Especialistas de Portugal e Macau discutem doenças cardiovasculares

Exame ao coração

Primeiro troço começa a ser construído já em Março

Metro promete poupançade 16 mil milhões

no próximo mês. A indicação foi dada por Lam Soi Hoi, do Gabinete para as Infra-estruturas de Trans-portes (GIT). “Espero que as obras possam iniciar no próximo mês na zona da Taipa. Estamos a tratar dos preparativos e da organização do trânsito.”

No traçado actual, o metro abrange toda a península, desde

as Portas do Cerco até à zona da Barra, passando também pela Taipa, até ao Posto Fronteiriço da Ponte Flor de Lótus. Durante a conferência organizada ontem pelo GIT foi colocada a possibilidade do Metro Ligeiro chegar à zona de Coloane, em Seac Pai Van. Contudo, Lam Soi Hoi garantiu que ainda estão a estudar o caso.

“Vamos pensar nesse assunto. Está em fase de estudo, porque para além dos pandas também temos uma zona habitacional. Temos de ver as necessidades e a evolução da zona.”

De acordo com estudos efec-tuados pelo GIT, a construção do Metro Ligeiro deverá proporcionar uma poupança à sociedade na ordem das MOP 16 mil milhões, devido à diminuição da poluição e do menor uso de transporte próprio. “É uma rentabilidade para a socie-dade. Fizemos uma quantificação do que poderia ser poupado na área da saúde. Se tivermos melhor ar para respirar, podemos poupar nestes custos.”

MENOS TEMPO DE DESLOCAÇÃOO projecto do Metro Ligeiro em Macau remonta a 2002, depois de muita análise governativa e consultas públicas. Em 2007, acon-teceu “a fase madura do projecto”, tendo sido criado o GIT. 2015 é a data apontada para a conclusão do novo transporte público, que promete seguir os princípios da rapidez e comodidade, para além de ser “amigo do ambiente e sem barreiras arquitectónicas”.

Projecções do GIT para 10 anos prevêem que o Metro Ligeiro deverá ter uma capacidade máxima de transportar 7800 pessoas por hora, podendo atingir as 14 mil no futuro. As viagens deverão demo-rar entre três a cinco minutos. No total, o tempo de deslocação deverá diminuir cerca de 63%.

O Metro irá passar junto a algumas zonas residenciais, mas Lam Soi Hoi jura que não causará distúrbio aos moradores. “Há mui-tos receios sobre o funcionamento, porque a população ainda não tem conhecimento do projecto. Mas na realidade o funcionamento do metro não traz qualquer poluição, e o ruído também será baixo.”

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5sociedadeterça-feira 14.2.2012 www.hojemacau.com.mo

O 15º Colóquio da Lusofonia realizou--se em Macau no ano passado, mas tal não deve repetir-se até 2014. O impulsionador do evento, Chrys Chrystello, diz que assinou acordos e estabeleceu princípios de colaboração, mas nenhum deu frutos

Joana [email protected]

REALIZARAM-SE o ano passado e encheram as pági-nas dos jornais de

Macau, mas os Colóquios da Lusofonia não devem voltar ao território antes de 2014. Chrys Chrystello, presidente da Associação Internacional dos Colóquios da Lusofonia (AICL), justifica que o regres-so não vai ser feito por falta de disponibilidade do Instituto Politécnico de Macau (IPM), que foi quem recebeu o 15º Colóquio da Lusofonia em Macau no ano passado. “Não iremos a Macau este ano, pois ainda não obtivemos resposta do IPM para tal desiderato”, afirmou Chrys Chrystello ao Hoje Macau. “Desconhece-se se o IPM está interessado em continuar a apoiar a AICL. Após a jubilação do professor James Li perdemos o nosso interlocutor privilegiado.” Adianta ainda que o próximo ano está já preenchido e que o regresso ao território po-derá ser feito em 2014/2015, dependendo contudo do pa-trocínio do IPM.

Da parte da instituição, a garantia é de que as portas continuam abertas. Maria de Lurdes Escaleira, professora do IPM e coordenadora do último colóquio, assegura que o IPM se mantém interessado. “Os colóquios da lusofonia já têm calendário para este ano, que não inclui Macau. O po-litécnico manifestou interesse por futuros colóquios, mas não se falou em datas concretas.”

Ainda assim, na acta que

Defensor da lusofonia acusa IPM de indisponibilidade para receber colóquios

Falam, mas não fazem nadadescreve as conclusões saídas do colóquio do ano passado, a AICL ca-racteriza o evento como o melhor e maior realizado até à data e até assume o regresso a Macau este ano. “Admitiram a eventualida-de deste mesmo evento se repetir em Macau em 2012, face ao sucesso do 15º Colóquio.” Além disso, diz ainda Chrystello, “quando fazemos uma proposta de colóquio é sempre com vista a um prazo de três anos, seguidos ou não, a fim de haver tempo de levar a cabo os projectos que eventualmente saiam de cada colóquio”.

De 11 a 15 de Abril do ano passado, a RAEM recebeu cerca de 40 orado-res de 16 nacionalidades diferentes. O Colóquio da Lusofonia incluiu uma sessão na Gruta de Camões com poesia lusófona de todos os continentes e foram ainda recordados es-critores como Henrique de Senna Fernandes e Adé dos Santos Ferreira. Mas dos colóquios deveria ter saído também a concretização de outros protocolos, o que, segundo Chrys Chrystello, não aconteceu.

ACORDOS SEM EFEITOPor exemplo, o Instituto Internacional de Macau (IIM), entre outras entida-des, terá ficado de apoiar projectos como a criação de uma cadeira de Estudos do Patuá e uma base de dados sobre o Papiaçam di Macau. “Foi pedido por e-mail várias vezes à Escola Portuguesa, a Mi-guel de Senna Fernandes e a Jorge Rangel o envio de textos e outro material para colocar na página que criámos na internet”, explicou Chrystello. Mas, assegura, todos os textos e ligações sobre o crioulo de Macau não foram enviados por estas entidades. “Foi tudo pesquisado por nós, do que existe livremente na internet. Não vieram daí [Macau].”

Chrys Chrystello dá o exemplo dos Cadernos de Estudo Açorianos, outro projecto da AICL, que conta com a ajuda de auto-res vivos ou descendentes

de falecidos que ajudam na recolha dos textos. “No caso do patuá, a única pessoa que colaborou foi o nosso associado Raul Gaião.” O presidente da AICL explica que para fazer o levantamen-to de tudo o que tenha a ver com o crioulo de Macau é necessária a disponibilidade de quem esteja no território.

Chrystello frisa que, com

o IIM, foi mesmo assinado um protocolo completo que visava a criação dos estudos de patuá. “Queríamos criar um curso de patuá online como única e última hipótese de revitalizar algo que pode não durar muito mais, pois para o que está a ser feito dentro de poucos anos não haverá gente suficiente para o manter vivo.”

Segundo a acta do co-lóquio do ano passado, no protocolo que a AICL assinou com o IIM e num outro memorando de en-tendimento com o IPM e em conjunto com a Escola Portuguesa de Macau, esta-va inscrita a criação de uma cadeira de estudos de patuá e a preparação de uma versão desses estudos em platafor-ma e-learning. “Mas nada se conseguiu em Macau para cursos de patuá, quer em plataforma e-learning, quer presencialmente.”

O Hoje Macau tentou contactar a Escola Portu-guesa de Macau, mas não obteve resposta. Também não foi possível falar com Jorge Rangel, presidente do IIM, por este se encontrar fora de Macau.

CONVERSA INFORMAL Miguel de Senna Fernandes, presidente da Associação dos Macaenses, nega qual-quer protocolo, dizendo que a conversa sobre o apoio a Chrys Chrystello foi infor-mal. “Nem fui ao colóquio, encontrei-o por acaso e

falamos por alto dos Doce Papiaçam. Não me recordo de me ter solicitado textos e não tenho recebido nada deles [AICL].”

Confrontado com a si-tuação, Chrystello admite a conversa informal com o presidente da ADM, mas diz ter tentado torná-la formal, assim que chegou a Portugal. “Fiz o pedido formal via e--mail e tornei a fazê-lo em outras mensagens, até por Facebook, mas sem ter res-posta. Lamento porque era do interesse dos macaenses ter mais esta avenida de divulgação.”

REGRESSO PENDENTENum momento em que Macau permanece caracteri-zado como plataforma para a lusofonia, a realização de actividades ligadas à língua portuguesa no território tem uma certa constância. Depois de no ano passado ter estado na RAEM, a AICL tinha pla-nos para regressar este ano.

Isso mesmo foi descrito na imprensa local, no final do 15º Colóquio em 2011. Chrystello afirmou, na altu-ra, que as negociações com o IPM nesse sentido estavam bem encaminhadas.

Ontem, o presidente da AICL reafirmou ter pediu à organizadora do evento anterior – Maria de Lurdes Escaleira – que tratasse de abordar a direcção do IPM sobre o interesse no regresso da AICL. “Insistimos logo, após o 15º colóquio, no nos-so regresso, o que coincidiu com a jubilação de James Li, e desde então não obtivemos resposta concreta.”

Maria de Lurdes Esca-leira explica que a vinda a Macau da AICL implicava um grande investimento “devido à intenção de en-volver também pessoas de Macau”, pelo que teria de ser algo estudado. “Temos de colher da experiência, mas não podemos confirmar data. Agora essa afirmação de que não estamos dispo-níveis é prematura.”

Chrystello concede que o IPM nunca fechou as portas ao regresso da AICL, mas acusa a instituição de tam-bém nunca ter respondido aos pedidos da associação. Face à justificação de que a AICL não tinha calendário para o regresso, afirma que “em todas as declarações feitas pela direcção ficou explícita que a AICL estaria disposta a voltar passados 12 meses”. O IPM, diz o presidente da associação, nunca respondeu a qualquer solicitação.

Chrystello diz-se também ignorado pela TDMO ano passado, o presidente da AICL dissera ao Hoje Macau já ter estabelecido um acordo com a TDM. Na altura do 15º Colóquio da Lusofonia, referiu ter um projecto para lembrar e traçar o percurso de personagens açorianas. A ideia era criar um documentário sobre os bispos que saíram dos Açores e passaram em Macau, como por exemplo D. Arquimínio da Costa. “Este projecto era o mais realista, mas a TDM nunca se dignou a responder.” O projecto envolvia o patrocínio da TDM com a viagem de um jornalista aos Açores e a edição de um DVD. Mas fonte da TDM garantiu ao Hoje Macau que a emissora nunca terá recebido qualquer projecto concreto ou definido. Crystello pensa de outra forma. “Tentei sempre por escrito, que é a minha abordagem formal, mas a direcção da TDM nunca respondeu às mensagens. E foram inúmeras.” Seja como for, em contacto com o Hoje Macau, João Francisco Pinto, director de informação e de programas da TDM, explicou que a “TDM não vê interesse em realizar os documentários propostos” por Chrys Chrystello.

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6 nacional terça-feira 14.2.2012www.hojemacau.com.mo

O presidente da Co-missão Europeia, Durão Barroso, pediu ontem uma

maior cooperação entre a União Europeia e a China para enfrentarem os “desa-fios comuns”, na véspera da cimeira entre os dois blocos, em Pequim e numa altura em que o editorial do Diário do Povo, órgão oficial do Partido Comunista Chinês reafirmou a ideia de que a China não tenciona controlar a Europa.

“Enfrentamos desafios comuns e o mundo precisa de parcerias responsáveis e cooperantes para os ultra-passar”, disse José Manuel Durão Barroso, que se reúne esta terça-feira com o presi-dente chinês, Hu Jintao.

“É agora, mais do que nunca, que temos que ac-tuar juntos”, acrescentou, salientando que o reforço da parceria UE-China “pode representar um pilar impor-tante para a estabilidade e prosperidade globais”.

Também o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Roumpuy, defendeu o

O ministério dos Ne-gócios Estrangeiros

chinês manifestou o seu aval à mediação da Liga Árabe na Síria, mas sem dar sinais de que apoiaria a proposta daquela en-tidade de enviar forças internacionais de paz ao país, para conter a vio-lência do governo contra grupos de oposição.

A Liga Árabe apro-

Ministro chinês em TeerãoO ministro-adjunto das Relações Exteriores da China, Ma Zhaoxu, encontrou-se este domingo na capital iraniana com Ali Bageri, vice-secretário-geral do Conselho Supremo de Segurança Nacional do país, e com o vice-chanceler, Mohammed Mehdi Akhondzadeh. Ma afirmou que o objectivo da sua visita é a discussão da questão nuclear do Irão com honestidade. A China está disposta a promover a retoma das negociações entre o Irão e o grupo composto pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e pela Alemanha. Para a China, as negociações e cooperação com a Agência Internacional de Energia Atómica são o caminho adequado à resolução da questão nuclear iraniana.

Xi Jinping inicia viagem aos EUAO vice-presidente chinês Xi Jinping partiu para os Estados Unidos numa visita que precede, como tudo leva a crer, a sua ascensão a líder da nação mais populosa do mundo. Xi Jinping partiu ontem de Pequim e irá encontrar-se com o Presidente Barack Obama e outros altos responsáveis em Washington. O vice-presidente chinês fará uma paragem no Iowa na quarta-feira, antes de viajar para a Califórnia onde se encontrará com empresários. Xi Jinping deverá assumir a liderança do gigante asiático no final do ano.

Durão Barroso pede mais cooperação

Cimeira China/UE arranca hoje

Liga Árabe com missão de paz na Síria

China diz nimvou no domingo uma resolução que pede ao Conselho de Segurança da ONU que autorize uma missão de paz na Síria.

A proposta intensifi-

ca a pressão diplomática sobre Rússia e China, que sofreram duras crí-ticas do Ocidente por vetarem o texto da re-solução da ONU que previa, entre outros

itens, que o presidente sírio, Bashar al Assad, se afastasse do poder.

O porta-voz do mi-nistério, Lui Weimin, evitou dizer se Pequim apoia o envio de forças

de paz. “A China pro-põe e apoia continuados esforços da Liga Árabe para a mediação políti-ca, a qual tem um papel proactivo e construtivo para a resolução pacífica da questão síria”, disse Liu ao ser questionado sobre a resolução da Liga Árabe. “Acreditamos que as Nações Unidas deveriam oferecer um apoio construtivo com base na Carta da ONU e nas normas das relações internacionais.”

SÓ COM CONSENSOO envio de forças de paz à Síria exigiria um con-senso das principais po-tências mundiais, que por enquanto estão divididas sobre como resolver uma crise que cada vez mais ganha contornos de guer-ra civil.

A resolução da Liga Árabe não especificava se a missão conjunta da ONU e da Liga envol-veria forças armadas ou se a ajuda oferecida à oposição incluiria armas.

reforço da parceria UE-Chi-na. “Pode fazer a diferença e trazer benefícios para as nossas economias.”

SEM DESEJO DE CONTROLOEntretanto, a China voltou a indicar que não tenciona “comprar” ou “controlar a Europa”, reafirmando um comentário do primeiro-mi-nistro chinês, Wen Jiabao, poucos dias antes da cimeira com a União Europeia.

“A China não só não tem o apetite ou a capacidade para ‘comprar a Europa’ ou ‘controlar a Europa’, conforme alguns têm dito, mas também apoia o euro e a União Europeia do princí-pio ao fim”, disse o Diário do Povo, órgão oficial do Partido Comunista Chinês.

Num editorial publicado na sua edição internacional, o Diário do Povo refere que, “durante muitos anos, a UE tem sido o maior mercado das exportações chinesas, a maior fonte de tecnologia da China e um grande investidor”.

“É esta a principal ideia subjacente ao que o pri-

meiro-ministro Wen disse – ‘ajudar a Europa é, de facto, ajudar a própria China’”, afirma o editorial.

A “ideia” foi manifestada no dia 4, depois de Wen Jibao ter garantido que a China estava a ponderar envolver--se mais profundamente nos esforços de resolução da questão da dívida soberana europeia, através dos fundos europeus de resgate.

RELATIVIZAR IMPORTÂNCIASNo mesmo dia, porém, outro jornal do grupo Diário do Povo proclamou que a China “tem hoje muito mais influ-ência económica” no mundo e “não precisa de dançar ao ritmo europeu”.

“A Europa é importante para a China, mas essa impor-tância não deve ser sobresti-mada e o valor estratégico da Europa para a China precisa de ser reavaliado”, disse o Global Times.

Num estudo divulgado há quatro meses, três inves-tigadores do European Cou-ncil on Foreign Relations alertaram que “a China está a comprar a Europa”, repli-cando a estratégica seguida em África. “Outrora um grande mas distante parceiro comercial, a China é agora um poderoso actor dentro da própria Europa.”

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7nacionalterça-feira 14.2.2012 www.hojemacau.com.mo

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimen-to Económico

(OCDE) informou ontem, em comunicado, que as economias dos países de-senvolvidos podem estar prontas para ganhar força, após meses de desacelera-ção. Esta recuperação deve ser liderada pelos Estados Unidos e pelo Japão. Mas entre os países emergentes, a China e Brasil continu-am a registar quebras no desempenho. O índice de indicadores antecedentes da actividade económica, que inclui os 34 membros da OCDE, subiu de 100,21 em Novembro para 100,43 em Dezembro, a primeira subida registada desde Fevereiro de 2011.

Esta recuperação in-cipiente deve ser liderada pelos EUA e pelo Japão. O índice dos norte-americanos subiu pela segunda vez consecutiva, enquanto que o dos japoneses subiu pela primeira vez desde Fevereiro de 2011. Também há sinais de recuperação na Índia (de 95,05 para 95,62,) e na Rús-sia (de 102,23 para 102,43,).

“O índice composto de indicadores antecedentes aponta para uma mudança positiva na aceleração para a OCDE como um todo,

AS bolsas de valores na região asiática

estavam em alta depois dos deputados gregos terem aprovado nesta segunda-feira um pacote de medidas de austeri-dade, enquanto nas ruas de Atenas a população protestava e entrava em confronto com a polícia.

A votação parlamen-tar decorreu sob protes-to popular contra mais medidas de austeridade, mas foi fundamental para garantir o segundo pacote de ajuda ao país e evitar a entrada em bancarrota.

Das principais bolsas asiáticas, a de Tóquio, no Japão, estava a subir

0,18%, Sidney, na Aus-trália, subia 0,34%, e Seul 0,49%.

A bolsa de Hong Kong estava também a negociar em terreno po-sitivo com uma subida de 90,27% enquanto Xan-gai, a capital económica da China estava em baixa de 0,32%.

COMPANHIAS aéreas de todo o mundo pediram

este domingo um acordo pa-trocinado pela Organização das Nações Unidas a fim de evitar que as divergências entre a China e a União Europeia sobre as emissões do sector da aviação resultem numa guerra comercial.

Após meses de desaceleração económica

OCDE assinala recuperação de países desenvolvidos

Medo de guerra comercial no sector da aviação

Companhias aéreas pedem ajuda à ONU

Austeridade na Grécia traz benefícios

Bolsa asiática em alta

guiado principalmente pelos Estados Unidos e pelo Japão. Mas sinais semelhantes estão a come-çar a surgir noutros países desenvolvidos.”

CHINA GANHA MENOSEm relação aos países emergentes, apesar das me-lhorias na Índia e na Rússia, os índices da OCDE mos-tram uma desaceleração na China e a persistência de um crescimento abaixo da média no Brasil. “O ín-dice da China aponta mais fortemente para uma desa-celeração este mês do que na avaliação do mês passa-do”, diz a organização. Os indicadores antecedentes da OCDE são destinados a dar sinais antecipados de pontos de mudança entre a expansão e a desaceleração da economia e são basea-dos numa série de dados que têm um histórico de assinalar as mudanças das actividades.

Apesar de algumas me-lhoras registadas, o índice de indicadores anteceden-tes da OCDE continua a apontar para uma desace-leração do crescimento na zona euro, que luta para combater a crise da dívida, com muitos países a serem forçados a implementar du-ras medidas de austeridade.

O pedido feito pelo chefe da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA, na sigla em inglês) surge como uma resposta a sinais de que a UE pode estar disposta a atenuar a sua posição unilate-ral, que colocava em risco os esforços para resolver a crise da dívida soberana da Europa com apoio chinês.

O director-geral da IATA, Tony Tyler, afirmou que as companhias aéreas ficaram num fogo cruzado entre leis domésticas conflituantes, após a China proibir as suas companhias aéreas de alinha-rem no sistema compulsivo da UE para regular as emissões do sector aéreo. “A acção dos chineses para prevenir que as suas companhias aéreas escolham um lado no Esque-ma Comercial de Emissões é

muito arrojada e atira as trans-portadoras chinesas para a linha de frente desta disputa.”

SITUAÇÃO PERTO DO LIMITETony Tyler afirmou que a situ-ação é intolerável, precisando “claramente” de ser resolvida. “Isto não pode continuar as-sim. É claro que espero muito que não estejamos a assistir ao início de uma guerra co-mercial sobre esta questão e que os conselhos mais sábios acabem por prevalecer.”

A China opôs-se ao es-quema da UE, que também foi contestado pelos Estados Unidos e pela Índia. As cres-centes disputas dentro deste sector são uma ameaça aos esforços para desenvolver uma solução internacional para a crise da dívida soberana da Europa.

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8 nacional terça-feira 14.2.2012www.hojemacau.com.mo

DEVIDO à possibilidade de ocorrência de pro-blemas que afectem a saúde pública, o Minis-

tério da Saúde da China decidiu no passado fim de semana dar início a uma avaliação dos factores de riscos nesta área, para poder pre-venir e responder adequadamente a situações ligadas a doenças con-tagiosas, calamidades naturais e acidentes de várias origens. A ava-liação de riscos é um processo que passa pela identificação, análise e avaliação da situação actual, assim como pela organização dos dados necessários e relevantes à tomada de decisões. Nos últimos anos, a Organização Mundial de Saúde e muitos países têm considerado a avaliação de riscos nesta área como uma medida muito importante para a prevenção e tratamento de acidentes.

Liang Wannian, director do Gabinete de Incidentes do Minis-tério da Saúde da China, assinalou que o trabalho de prevenção de acidentes na China é uma tarefa árdua, especialmente nos sectores da higiene pública, calamidades naturais, acidentes e segurança social. “Por um lado, os proble-mas de higiene pública acontecem frequentemente, a gripe suína e a gripe das aves são bons exemplos

EXIBIDO este domingo na mostra Berlinale Special, o

documentário “Ai Weiwei: Never Sorry” foi um dos destaques do dia, fora da corrida pelos Ursos de Ouro e Prata no Festival de Ber-lim 2012. A pré-estreia mundial foi no Festival de Sundance, em Janeiro deste ano, onde já tinha sido muito bem recebido.

O filme acompanha a trajec-tória do artista que se tornou um símbolo da luta pela liberdade de expressão e pela transparência na China.

Dirigido pela americana Ali-son Klayma, o documentário não tenta fazer uma análise da obra artista, mas apenas acompanhar a sua trajectória, o que por si só já explica muito da sua arte.

Klayma começou a filmar Weiwei em 2008, logo após este ter concebido o estádio olímpico Ninho de Pássaro, em Pequim, e ter denunciado os Jogos Olímpi-cos como propaganda do Partido

Tibete recebe mais de oito milhões de turistasSegundo os dados divulgados pela Administração de Estatísticas da Região Autónoma do Tibete, a região recebeu, em 2011, cerca de 8,7 milhões de turistas, um aumento de 27% em relação ao ano anterior, mantendo a tendência de crescimento do sector nos últimos anos. Entre os turistas, 8,43 milhões são provenientes do mercado interno, o que corresponde a um crescimento de 27%, e 270 mil são estrangeiros, um aumento de 19%. O Tibete arrecadou receitas de cerca de MOPp 11 mil milhões, o que representa um aumento de 36%. A receita em moeda estrangeira foi de cerca de mil milhões de patacas, uma subida de 25% face a 2010.

China inicia avaliação de riscos para a saúde pública

Mais vale tarde do que nunca

Documentário sobre artista chinês apresentado no festival de Berlim

Ai Weiwei em destaqueComunista, facto que o transfor-mou numa figura internacional-mente conhecida pela primeira vez. Os anos que se seguiram foram ainda mais reveladores. Sem nunca ter usado um compu-tador até 2005, Weiwei abriu um blogue onde expunha com toda a

franqueza opiniões politicamente incendiárias.

PURO E DUROO governo chinês fechou o blog em 2009, mas o artista já se tinha afirmado como um símbolo - pa-pel que continua a desempenhar

através do Twitter. No mesmo ano, Weiwei inaugurou a sua maior exposição individual no museu de Munique, na Alemanha. E, depois de jurar a vida inteira que não queria filhos, também foi pai. Em 2011, foi preso sem acusação formal e esteve desa-parecido por mais de 80 dias. Quando finalmente voltou para casa, avisou a imprensa que es-tava em liberdade condicional e proibido de dar entrevistas ou de comunicar através de redes sociais.

“Never Sorry” mostra este arco temporal de forma franca e aberta, questionando inclusi-ve Weiwei sobre a sua relação extraconjugal e o súbito apare-cimento de um filho. As obras do artista, os seus conceitos e significados vêm na sequência da sua condição de ser humano comprometido. Não foi preciso perder muito tempo com críticos de arte e explicações abstractas. A sua história explica a obra.

de ameaças à saúde da população. Por outro, novos tipos de doenças contagiosas e doenças desconhe-cidas até agora continuam a surgir. Com o desenvolvimento dos meios de transporte modernos, as doenças contagiosas têm um potencial de expansão muito maior e cada in-cidente tem as suas características próprias. Além do mais, tem-se

verificado com frequência cala-midades naturais e acidentes em minas de carvão ou no transporte de mercadorias.”

SISTEMAS DE ALERTAA China estabeleceu o seu sistema de emergências de saúde em 2004. Várias avaliações de risco foram efectuadas durante as Olimpíadas

de Pequim e a Exposição Mun-dial em Xangai, assim como na sequência dos fortes terramotos em Wenchuan e Yushu. No caso da bactéria e.coli, que afectou for-temente a Alemanha, a avaliação de riscos desempenhou um papel fundamental para compreender a epidemia e reajustar as políticas de combate à doença.

Liang Wannian afirmou que o actual sistema de alerta, no qual se inclui a avaliação de riscos, está ainda num estado inicial. O director do Gabinete de Incidentes acrescentou que a partir de Março, por todo o país, a avaliação de riscos vai iniciar-se a um ritmo de, pelo menos, uma vez por mês. No caso de se detectarem grandes riscos para a saúde pública, os departamentos de saúde devem imediatamente avaliar e identificar que riscos são esses.

“Se forem detectados grandes riscos para a saúde da pública, durante a avaliação de rotina, os departamentos de saúde locais devem aprofundar a investigação. Antes de publicarem alertas de epidemia ou incidentes de higiene pública, as autoridades de saúde locais devem avaliar o real risco dessa epidemia e identificar o tratamento mais eficaz para lidar com a situação. Quando o inciden-te é classificado nos níveis mais graves, as autoridades locais têm que reportar e tratar da situação quanto antes, além de publicar as informações até então recolhidas.”

Actualmente, o Gabinete de Riscos do Ministério de Saúde já iniciou este tipo de prevenção de riscos para a saúde pública nas províncias de Zhejiang, Shandong, Hebei e Gansu, assim como na cidade de Xangai.

Liang Wannian reiterou que todo o país deve aperfeiçoar o seu sistema de controlo de higie-ne pública, de forma a lidar com potenciais riscos com a maior brevidade possível.

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9regiãoterça-feira 14.2.2012 www.hojemacau.com.mo

O vice-primeiro--ministro de Ti-mor-Leste, José Luís Guterres,

disse ontem à agência Lusa que os barcos e pescadores indonésios detidos pelas autoridades timorenses violaram o espaço maríti-mo e que a questão está a ser investigada. “As nossas forças navais capturaram alguns barcos indonésios dentro das nossas águas territoriais. Os barcos foram apreendidos e neste momento os barcos e pes-cadores indonésios estão em Timor e está a decorrer uma investigação para se saber o que aconteceu.”

O governo da Indo-nésia disse no dia 5 es-tar a tentar libertar seis pescadores da província indonésia de Sulawesi do Sul detidos pela polícia de Timor-Leste. “Não vamos ficar inactivos no que diz respeito à prisão dos nossos pescadores pela polícia do país vizinho”, afirmou o ministro da Pesca e Recursos Naturais indonésio, Sharif Sutard-jo, citado pela agência no-ticiosa indonésia Antara.

QUESTÃO DE TEMPOJosé Luís Guterres disse também que no sábado recebeu o administrador de Sulawesi e o advogado dos armadores, que infor-maram que se registou uma “avaria nos motores e os barcos foram arrastados pelo vento e pelas águas”. “Disseram que não havia nenhuma intenção de vio-lar o espaço marítimo”, acrescentou.

José Luís Guterres salientou o processo de investigação está a decor-rer que é “uma questão de tempo até o assunto ser resolvido”.

Governo japonês aprova nova ajuda à TEPCO O Governo nipónico aprovou ontem o financiamento adicional de cerca de MOP 69 mil milhões para ajudar a TEPCO, operadora da central de Fukushima, a pagar as indemnizações às vítimas da crise nuclear. A operadora tinha solicitado em Dezembro esta segunda ajuda estatal.Com a nova ajuda financeira, o Governo nipónico eleva para cerca de 155 mil milhões de patacas os fundos públicos canalizados em ajudas à operadora TEPCO (Tokyo Electric Power). À margem da ajuda estatal, a operadora espera receber cerca de MOP 12 mil milhões de seguro nacional previsto em caso de acidentes nucleares.

Intermediário condenadoa 10 meses de prisãoUm intermediário que ajudou mulheres do interior da China a darem à luz em Hong Kong foi condenado a uma pena de dez meses de prisão por ter prestado falsas declarações junto dos serviços de imigração da antiga colónia britânica. Segundo a rádio e televisão pública de Hong Kong (RTHK), trata-se do primeiro caso a ser julgado na antiga colónia britânica envolvendo um agente intermediário oriundo do interior da China. A condenação surge numa altura em que a Região Administrativa Especial tem vindo a apertar o cerco ao fluxo de mulheres do interior da China que se deslocam a Hong Kong no fim do tempo de gravidez para dar à luz no território.

Casal sul-coreano deixa filhos morrer à fomeUm pastor sul-coreano e a sua mulher foram presos por espancarem e deixarem morrer à fome três filhos numa alegada tentativa de lhes retirar os demónios do corpo, informou ontem a polícia. O casal foi preso no domingo pelo homicídio dos filhos, depois de um familiar ter descoberto os corpos em decomposição em casa, perto da igreja onde o homem era pastor, no distrito de Boseong, no sudoeste do país. Uma investigação forense demonstrou que a menina de 10 anos e os dois rapazes de oito e cinco anos não tinham comida nos estômagos e apresentavam hematomas em todo o corpo.

Alegado autor de atentado em Bali julgado Um tribunal da Indonésia começou ontem a julgar um dos alegados autores dos atentados de 2002 na ilha de Bali, o indonésio Umar Patek, acusado de assassinato premeditado, fabrico de explosivos e posse de armas. Patek, de 41 anos e alegado cabecilha da organização terrorista Yemaa Islamiya, considerada o braço da Al Qaeda no Sudeste Asiático, enfrenta a pena de morte caso seja declarado culpado. Segundo a procuradoria, Patek preparou as bombas utilizadas nos ataques em Bali, que causaram a morte de 202 pessoas, e esteve envolvido nos 13 atentados com bombas perpetrados contra igrejas em Jacarta na noite de Natal do ano 2000.

AS autoridades da Tailândia instala-

ram inibidores de fre-quências nas prisões do país para evitar que os presos utilizem telemó-veis para traficar drogas ou realizar chamadas eróticas, informou a im-prensa local.

Os telemóveis estão proibidos nas prisões tai-landesas, mas os presos

conseguem aceder aos mesmos através do con-trabando e utilizam-nos para o tráfico de droga no interior e exterior da prisão, relatou o diário “Bangkok Post”, este fim de semana.

O responsável pelo Departamento de Prisões da Tailândia, Suchar Wong-anantchai, afir-mou que os prisioneiros

realizam vídeochamadas para mulheres para se masturbarem.

Khao Bin, como as outras prisões da Tailân-dia, conta agora com um inibidor de frequências, mas alguns presos têm recorrido a telefones por satélite para contornar as novas restrições, de acordo com fontes do De-partamento de Prisões.

Pescadores indonésios detidos em Timor-Leste

Águas agitadas

Prisões da Tailândia inibem chamadas eróticas

Fim ao prazer na cadeia

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10 terça-feira 14.2.2012www.hojemacau.com.moentrevista

Andreia Sofia [email protected]

Quando teve o primeiro contacto com a obra de Senna Fernandes?De passagem por Macau, em 1996, comprei o romance “A Trança Feiticeira”. Depois, entre 1996 e 1999, li pela primeira vez os contos “Nam Van” e “Mong Há”, assim como “Amor e Dedinhos de Pé”. Isto aconteceu quando preparava um estudo sobre a literatura em Macau, publicado por uma editora anglo-americana em 2002, intitulado “Perceptions of China in Modern Portuguese Literature”.

A escrita do escritor macaense foi comparada à de Eça de Queirós e Camilo Castelo Branco. Encon-trou estas semelhanças?Se isso quer dizer que a escrita de Senna Fernandes tem fortes ecos do romantismo e realismo do século XIX, estou inteiramente de acordo. É um ponto que levantei várias vezes em estudos que fiz sobre o autor.

Senna Fernandes escreveu muitos livros no início da idade adulta que acabaram por ficar pelo caminho. Seria aí um escritor diferente da-quele que traduziu?Sim. Mas mesmo quando lemos um conto como “A-Chan a Tancareira”, escrito em 1950 e, que se saiba, o primeiro exemplo da sua escrita a ser publicado, o tom e o tratamento da temática do amor é diferente em relação aos seus dois romances muito posteriores. Já para não mencionar a sua última obra, “A Noite Desceu em Dezembro”.

O autor afirmou que, numa con-versa, alguém lhe admitiu que dificilmente poderia publicar um livro em Portugal, por não ser considerado um autor de língua portuguesa. Estamos perante um escritor dependente do contexto de Macau?Todos os autores são, de certa forma, dependentes do contexto cultural e social em que escrevem. O que Senna Fernandes talvez quis dizer é que Portugal é mais aberto às literaturas africanas em português do que a uma literatura que tenta evocar a realidade de um espaço completamente desconhecido.

Ao ser traduzido para inglês, Senna Fernandes pode ganhar um espaço internacional, indo além da

Um passeio por Macau colocou-lhe nas mãos “A Trança Feiticeira”, em 1996. A paixão foi imediata e a internacionalização da literatura de Macau ganhou novo fôlego

David Brookshaw, o homem que leva Senna Fernandes aos britânicos

“Amor e Dedinhos de Pé merecia ser traduzido”

ideia de ser apenas um “escritor macaense”?Sim. Sobretudo poderá ser lido pela diáspora macaense nos Estados Uni-dos, no Canadá ou na Austrália, que já não tem conhecimentos do português, assim como em cursos de literatura asiática em países anglófonos.

Ele escreveu sobre o amor e as mulheres. É sobretudo um autor romântico?Sim, mas é preciso ver esse roman-tismo como fazendo parte de um projecto de expressar a identidade macaense.

Também traduziu os contos “Nam Van” e “Mong Ha”. Que dife-

renças encontrou em relação aos romances?Em muitos dos contos, a temática é a mesma que nos romances. Em termos de tradução, não posso dizer que encontrei desafios específicos em relação aos contos.

Há projectos para continuar a tra-balhar sobre a obra deste autor?Acabei, há pouco tempo, um artigo sobre o autor para uma revista em Macau. Quanto a mais traduções, estou sempre interessado. “Amor e Dedinhos de Pé” merecia ser traduzi-do. A editora que publicou a tradução de “A Trança Feiticeira”, em 2004, ponderou a tradução do primeiro romance do autor, mas o projecto

não foi adiante por razões que des-conheço. É preciso não esquecer que é muito difícil colocar traduções de autores não anglófonos em editoras inglesas e norte-americanas.

Traduziu outros autores em Ma-cau. Porquê a opção de trabalhar sobre a escrita deste território?Traduzi uma selecção de contos de Deolinda da Conceição, Maria Ondina Braga e Fernanda Dias. Esses estão na antologia “Visions of China: Stories from Macau”, que publiquei quando andava a pesquisar a literatura de Macau. Essa antologia foi publicada nos Estados Unidos e pela Hong Kong University Press. O meu interesse pela literatura em

Não se pode comparar a literatura ‘pós-colonial’ em Macau com as literaturas africanas em português (ou em outras línguas). Talvez seja mais produtivo pensar em literaturas surgidas em espaços semelhantes, como, por exemplo, Singapura ou Hong Kong, lugares essencialmente poliglotas e ligados ao mundo do comércio internacional

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11terça-feira 14.2.2012 www.hojemacau.com.mo entrevista

David Brookshaw, o homem que leva Senna Fernandes aos britânicos

“Amor e Dedinhos de Pé merecia ser traduzido”

Um inglês fascinado pela língua portuguesa

Na língua, há uma maior consciência da especificidade do português, simplesmente porque há uma maior presença de lusófonos nas grandes cidades inglesas, que trouxeram inevitavelmente elementos da sua cultura. Londres é o grande pólo de atracção, tanto para a diáspora brasileira como para a portuguesa

Macau originou a realização de que o orientalismo português tinha sido muito pouco estudado até então.

Isso alterou-se?A situação mudou no inicio dos anos 2000, com a emergência de críticos universitários em Portugal, Brasil, Reino Unido, Estados Unidos e França, que começaram a interessar-

-se pela expressão literária como resultado do encontro luso-chinês e luso-indiano.

Em 2010 deu uma palestra sobre a escrita de Macau. Considera-a uma literatura peculiar?Sim, principalmente pelo carác-ter que o território assume como espaço multi-cultural, e pela sua

história como empório comercial. Não se pode comparar a literatura ‘pós-colonial’ em Macau com as literaturas africanas em português (ou em outras línguas). Talvez seja mais produtivo pensar em literaturas surgidas em espaços semelhantes, como, por exemplo, Singapura ou Hong Kong, lugares essencialmente poliglotas e ligados ao mundo do comércio internacional.

Uma das suas áreas de estudo relaciona-se com a cultura desta região. A Macau de hoje, com os casinos, vai conseguir manter os seus traços originais?Lembro-me de uma conversa entre o Mia Couto e a minha mulher, que como ele, nasceu e passou a primeira parte da sua vida na Beira, em Moçambique. Ele disse que se ela regressasse à Beira iria chorar por duas razões: primeiro porque tudo mudou, segundo porque nada mudou.

É o caso de Macau, portanto?Isso acontece em todos os lu-gares, mesmo quando passaram por mudanças sociais e políticas cataclísmicas (que não é tanto o caso de Macau). Mesmo assim, em Macau, algo do património anterior vai manter-se, apesar dos casinos e do neo-liberalismo internacional. Mas é preciso que os interessados pelo património cultural lutem para a sua preser-vação e relevância para as novas gerações de macaenses e chineses do território.

Denota um interesse dos britânicos pela cultura e língua portuguesa?

Em Macau, algo do património anterior vai manter-se, apesar dos casinos e do neo-liberalismo internacional. Mas é preciso que os interessados pelo património cultural lutem para a sua preservação e relevância para as novas gerações de macaenses e chineses do território

Em termos dos estudos lusófonos nas universidades, o número de alunos a seguir a licenciatura em português tende a manter-se estável, apesar da crise nas universidades. Na minha, por exemplo, há actualmente mais de cem alunos de português. Junto ao público maior, diria que há mais conhecimento da cultura portuguesa do que há 20 ou 30 anos.

Porquê?Há uma nova geração de fadistas que conseguiram dar uma divulgação in-ternacional ao fado – estou a pensar principalmente numa cantora como Mariza. Em termos de literatura,

quase toda a obra do Saramago está traduzida e à venda nas principais livrarias. Na língua, há uma maior consciência da especificidade do português, simplesmente porque há uma maior presença de lusófo-nos nas grandes cidades inglesas, que trouxeram inevitavelmente elementos da sua cultura. Londres é o grande pólo de atracção, tanto para a diáspora brasileira como para a portuguesa. Essa presença de lusófonos hoje em dia deu aos ingleses uma maior consciência da língua e das culturas (no sentido mais amplo do termo) veiculadas por essa língua.

JOSÉ

MAN

UEL

SIM

ÕES

Muito antes do contacto com a obra de Senna Fernandes já David Brookshaw tinha um contacto forte com a literatura lusófona. Investigador e professor na área dos Estudos Luso-Brasileiros na Universidade de Bristol, diz que começou a sua carreira como “brasilianista”, mas a ligação ao idioma de Camões iniciou-se antes. “Morei três anos em Portugal nos anos 60 e o meu fascínio pela língua portuguesa data desses tempos.”

Começou a ensinar em 1974, na Universidade de Queens, em Belfast, e chegou a Bristol em 1978. Além da obra de Senna Fernandes, David Brookshaw traduziu Mia Couto, Rodrigues Miguéis e Onésimo Almeida. O académico também traduziu poemas em português, não só em duas antologias de poesia de Macau, organizadas por Kit Kelen, como na obra “Portuguese Poets of Macau”.

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terça-feira 14.2.2012www.hojemacau.com.mo12 vida

Sabia que...

Maria João [email protected]

A Federação chinesa para o Ambiente lançou uma campanha de informa-ção dirigida à população

sobre que direitos a um ambiente mais limpo existem. Parte de um projecto desenvolvido em parceria com o Programa de Desenvolvi-mento da ONU, o lançamento de um livro de bolso com informações surge como resultado de um traba-lho de dois anos.

O objectivo é aumentar o apoio legal às populações mais atingidas pela poluição, sobretudo a nível rural onde muitas vezes as fábricas e os próprios governos ignoram a

UM grupo de cidadãos chineses gastou 40 mil

patacas num aparelho para medir a poluição do ar em Pe-quim, colocando as medições na internet diariamente. Já é do conhecimento público que a China não tem um aparelho medidor suficientemente po-tente para medir as pequenas partículas de poluição que pairam no ar de Pequim. Ago-ra, cansados de esperar que as autoridades do continente alertassem os moradores para os perigos da poluição atmos-férica, o grupo de cidadãos desencadeou uma reacção em cadeia na internet.

Voluntários em Xangai e Guangzhou compraram

aparelhos semelhantes em Dezembro. Os moradores de Wenzhou estão a vender laran-jas para conseguir o dinheiro necessário para também com-prar o equipamento.

Funcionários do governo afirmam há anos que a qua-lidade do ar melhora cons-tantemente na China. Dizem que a cidade de Pequim, por exemplo, teve 274 dias de “céu azul” em 2011. Contudo, essa estatística é facilmente desmentida pela grossa ca-mada de poluição que cobre os céus da cidade durante boa parte do ano.

DISCURSOS EM CAUSAConfrontados com uma nova

onda de críticas na internet, os discursos sobre o meio ambiente começam a desabar. Recentemente, o governo mudou de atitude e passou a monitorizar os níveis dos poluentes mais perigosos: as partículas com 2,5 micróme-tros de diâmetro ou menos, também conhecidas como PM 2,5. O projecto começa este ano nas 30 maiores cidades do continente e, no ano que vem, serão mais 80.

Após anos a esconder a verdade sobre os poluentes, no mês passado a cidade de Pequim começou a publicar de hora em hora os dados registados, muito por causa das críticas on line.

... o louva-a-deus macho não pode

copular enquanto a sua

cabeça estiver conectada

ao corpo? A fêmea

inicia o acto sexual arrancando-lhe a cabeça.

Mais direitos ambientais

Um livro pela população

Críticas na internet levam China a combater poluição

Ar a limpo on line

responsabilidade de preservar o meio ambiente. A maior organiza-ção a nível nacional, a Federação Chinesa, existe desde 2005 como principal agregador de outras or-ganizações locais.

O direito legal a um ambiente limpo tem vindo a ser desenvol-vido em conjunto com o governo central. Ao juntar uma equipa mul-tidisciplinar de advogados, acadé-micos e legisladores, a Federação

pretende alargar a informação a nível nacional de forma a encorajar a população a apresentar queixa de cada vez que o ambiente for vítima de abusos por parte das empresas. “Uma das funções deste projecto é criar apoio legal para as vítimas”, foi dito na apresentação.

PELO ACTIVISMORios contaminados e solos enve-nenados aparecem cada vez mais

nas notícias chinesas. Lançar o livro de bolso vem alertar para a necessidade de fazer queixa e o direito de cada um de dar segui-mento ao processo jurídico.

Lu Keqin, consultor na di-recção da Federação, disse na apresentação em Pequim que em primeiro lugar é “urgente aumentar a responsabilidade do governo e o papel dos meios de comunicação a desmascarar os

casos de abuso de poder com con-sequências para o meio ambiente”. Frisando a necessidade de haver mais justiça, Lu Keqin coloca o dedo na ferida num país onde o activismo, inclusive ambiental, pode causar riscos de detenção.

Ao nível do governo central existe uma cada vez maior recep-tividade a tratar estes casos com justiça e a Federação apresentou resultados de 44 casos abertos em processo, dos quais 16 foram resolvidos e 33 receberam super-visão. “O apoio legal às vítimas está a ser dado também através de advogados a trabalhar em regime de voluntariado”, foi dito em Pequim.

ÊXITOSNo novo livro de bolso, os casos de sucesso em que a justiça ga-nhou, são exemplos para motivar quem ache que deve dirigir-se à Federação. “O modelo de de-senvolvimento em que o meio ambiente é que paga não faz sentido nos dias de hoje”, disse Zeng Xiaodong, secretário-geral da Federação.

“Quando uma empresa polui, o governo e a população acabam por pagar o último preço”, acres-centou Lu Keqin, dizendo que este ciclo tem de ser quebrado.

Desde 1985 que a China tem uma Lei de Protecção Ambiental que tem vindo a ser alterada nos últimos anos, criando o conceito de crime ambiental, algo que até há poucos anos não existia. No próximo dia 17, a Federação chinesa para o Ambiente vai apre-sentar a discussão em Pequim uma nova adenda à Lei de Protecção Ambiental, projecto que deverá depois ser apresentado durante a Comissão Consultiva Política em Março.

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terça-feira 14.2.2012 www.hojemacau.com.mo 13vida

UM relatório do Ban-co Mundial produzido em Dezembro utilizou estatísticas do governo

chinês para determinar as concen-trações de pequenas partículas em cidades do norte da China. Segundo a instituição, os níveis são de cinco a seis vezes maiores do que os li-mites recomendados pelo governo dos EUA e quatro vezes maiores do que os níveis identificados nas cidades do sul da China. Nove das 13 maiores cidades do país não fo-ram capazes de cumprir com metas anuais estipuladas pela Organização Mundial da Saúde para países em desenvolvimento.

Geradas pela poeira, emissões veiculares, combustão do carvão, fábricas e construções, as par-tículas finas estão entre as mais perigosas, já que chegam com fa-

O tribunal de San Diego não reco-nheceu que as orcas do SeaWorld

estejam escravizadas porque não são pessoas, uma decisão revelada ontem e que deita por terra as pretensões da PETA (People for the Ethical Treatment of Animals) de conseguir a libertação daqueles animais.

Recorde-se que a PETA acusou os parques aquáticos SeaWorld de Orlando e de San Diego de tratar cinco orcas (Tilikum, Katina, Kasatka, Ulises e Corky) como escravas, sendo obrigadas a viver em tanques e a entrar em espec-táculos diários, uma violação do artigo da Constituição que aboliu a escravatura nos Estados Unidos. Assim, os cinco animais foram da-dos como queixosos num processo que deu entrada em Outubro no tribunal de San Diego.

O objectivo da PETA era conse-guir a libertação das orcas num “habi-tat adequado”. “A única interpretação razoável do artigo 13 da Constituição é que só se aplica a pessoas” e não a orcas, disse o juiz Jeffrey Miller na sua decisão. “Tanto as fontes históricas como contemporâneas revelam que os termos ‘escravatura’ e ‘servidão involuntária’ se referem unicamente a pessoas.”

LOUVÁVEL MAS…“A decisão de hoje não altera o facto de as orcas, que antes vive-

O Canadá e a China selaram uma melhoria nas relações

políticas e económicas depois de terem acordado o emprésti-mo de dois ursos para os jardins zoológicos canadianos. Esta é já uma forma tradicional para Pequim expressar o seu desejo de estabelecer amizade.

O primeiro-ministro cana-diano, Stephen Harper, deslo-cou-se à China para assistir à cerimónia final de assinatura

de vários contratos, entre os quais sera aumentado o envio de petróleo do Canadá para o continente, assim como de outros recursos.

Num discurso no Jardim Zo-ológico de Chongqing, Stephen Harper sublinhou que o acordo de empréstimo dos dois ursos panda por um período de 10 anos é “um passo importante para o fortalecimento das rela-ções entre os dois países”.

Poluição é das principais responsáveis por morte na China

Partículas que entram no sanguecilidade até aos pulmões e acabam por penetrar na corrente sanguínea.

A exposição crónica pode au-mentar o risco de problemas car-diovasculares, doenças respira-tórias e cancro no pulmão. Ainda que a China tenha feito progressos no sentido de limitar a presença de toxinas no ar, os dados sobre essas pequenas patículas estão longe de serem positivos. Todos os anos, centenas de pessoas morrem prematuramente em consequência da poluição na China.

MORTES CALCULADASA Organização Mundial da Saúde estimou que, em 2007, 656 mil chineses morreram prematura-mente todos os anos devido a problemas causados pela poluição atmosférica, tanto em ambientes fechados como em locais abertos.

O Banco Mundial determinou que o número de mortes causa-das pela poluição ambiental em locais abertos é de cerca de 350 mil a 400 mil, mas esses números foram extrapolados dos dados de um relatório de 2007, feito sob pressão do governo chinês.

PETA perde acção em tribunal

Orcas não são escravas

China empresta ursos ao Canadá

Pandas diplomatas

ram livres e num ambiente natural, continuarem a ser mantidas como escravas pelo SeaWorld”, disse Colleen O’Brien, porta-voz da PETA.

O juiz Jeffrey Miller, contu-do, salientou que os animais têm direitos legais no âmbito da legis-lação estatal e federal, incluindo a legislação criminal. Além disso, considerou que o “objectivo” dos advogados da PETA de “proteger o bem-estar dos animais é louvável”, ainda que invocar o artigo 13º da Constituição não seja a abordagem mais correcta neste caso.

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14 cultura terça-feira 14.2.2012www.hojemacau.com.mo

ANÚNCIO

Rita Marques [email protected]

A 54ª cerimónia dos Grammy Awards foi uma noite de glória para Adele,

e o seu mais recente álbum “21”. A cantora britânica de 23 anos levou consigo as seis estatuetas douradas - todas as categorias para que estava nomeada - empatando com Beyoncé, como artista femini-na com mais prémios ganhos numa noite.

“Melhor canção”, “Me-lhor letra” e “Melhor videoclip de curta duração” para o tema “Rolling in the Deep”, que se incluí no “Melhor álbum do ano” e “Melhor álbum pop”. A canção autobiográfica “So-meone Like You” também não ficou esquecida e arrecadou a “Melhor Performance Pop a Solo”.

Durante o discurso de agradecimento, a artista dis-

Morte de WhitneyPermanece desconhecida a causa da morte de Whitney Houston. A polícia de Los Angeles já fez saber que será necessário esperar cerca de oito semanas para conhecer os resultados da toxicologia e outros testes idênticos. A família de Houston diz que a cantora não morreu de afogamento, como já tinha sido avançado, mas antes do que parece ter sido uma combinação de Xanax com outros medicamentos prescritos, depois misturados com álcool. A cantora foi encontrada na banheira do seu quarto no hotel Beverly Hilton mas fontes oficias da polícia local informaram a família que não havia água suficiente nos seus pulmões que possa antever como causa de morte o afogamento. Por outro lado, o ex-marido Bobby Brown já deixou a sua tournée com os New Edition para voar até Los Angeles onde a filha do casal, Bobbi Kristina, de 18 anos, foi hospitalizada devido a um ataque de ansiedade depois da notícia da morte da sua mãe.

Grammy Noite de prémios e de pesar na indústria musical

Adele vencedora, Houston homenageada

se que o disco foi inspirado numa relação miserável mas que o trabalho discográfico mudou a sua vida. A cantora reaparece assim em pleno, mostrando-se em forma com a actuação de “Rolling in the Deep”, depois de cinco me-ses de afastamento devido a uma operação às cordas vocais.

Os roqueiros veteranos Foo Fighters também não ficaram de fora desta cor-rida aos galardões. Dave Grohl subiu ao palco para receber cinco Grammy’s nas categorias de “Melhor tema de Rock” (Walk), “Melhor álbum de rock” (Wasting Li-ght), “Melhor performance de rock” (Walk) e “Melhor

performance de hard rock/ metal” (White Limo).

Kanye West, apesar de não ter marcado presença no evento, garantiu quatro prémios. E Bon Iver também viu distinguido o seu projecto musical. Justin Vernon, o norte-americano que dá voz ao grupo, subiu ao palco para agradecer a estatueta

de “Artista Revelação” e de “Melhor Álbum Alternativo” pelo segundo album, “Bon Iver, Bon Iver” de 2011.

Os Beach Boys fizeram uma aparição histórica (em-bora já sem os irmãos Carl e Dennis Wilson), depois de mais de 20 anos de ausência, cantando com os Foster the People e os Maroon 5.

A encerramento da pres-tigiada noite de prémios musicais norte americana ficou a cargo do legendário Paul Mccartney. O medley “Golden Slumbers”/”Carry That Weight”/ “The End” puxou fortes solos das gui-tarras de McCartney, Grohl, Walsh, Rusty Anderson e Bruce Springsteen.

Além de Whi tney Houston, a academia dos Grammy’s homenageou com um prémio honorário pela sua carreira o brasilei-ro Tom Jobim, o músico e poeta precursor do hip-hop Gil Scott-heron e o cantor country Glen Campbell.

O dueto entre Amy Wi-nehouse e Tony Bennett, “Body and Soul”, que che-gou às lojas em Setembro, já depois da morte da cantora, conquistou o Grammy de Melhor Dueto/Grupo Per-formance. A canção, gravada em Londres, em Março do ano passado, terá sido uma das últimas interpretadas em estúdio por Amy Wi-nehouse.

NOITE DE TRIBUTOJennifer Hudson ficou a cargo da actuação de home-nagem à recém desaparecida Whitney Houston. Hudson interpretou o tema “I will Always Love You” à capela, a canção de Dolly Parton, que valeu a Houston dois prémios na 36ª cerimónia dos Grammy Awards de 1993, incluindo “Melhor canção do ano”.

Mas o pesar pelo fale-cimento da artista de 48 anos foi unanimemente sentido por toda a audi-ência, como destaca o site oficial dos Grammy’s. O rapper e actor LL Cool J pediu uma oração colectiva em memória de Houston, prestando-lhe algumas palavras. “Tivemos uma morte na família”, frisou, enquanto eram mostrados alguns dos melhores mo-mentos da “diva da pop”.

Outros artistas também quiseram homenageá-la du-rante as suas performances. Alicia Keys fez saber que “quando um verdadeiro ar-tista nos deixa, o seu legado permanece connosco”. Já Stevie Wonder dirigiu-lhe palavras directas: “Sempre te amaremos”.

HM-1ª vez 14-02-12Acção Ordinária n.º CV2-11-0070-CAO 2º Juízo Cível

AUTOR: LEI KUAN WUT, do sexo masculino, residente na Avenida de Artur Tamagnini Barbosa, edf. Jardim Cidade, bloco 9, Man Seng Kok, 15º andar E, Macau.RÉUS: PANG HONG PONG OU PANG HUNG PONG, do sexo masculino, residente no Pátio da Harmonia, nº 6, edf. Fok On, bloco IV, r/c, Macau. PANG KAM PENG OU PANG KAM PING, do sexo masculino, residente no Pátio da Harmonia, nº 6, edf. Fok On, bloco IV, r/c, Macau.

*** Correm éditos de trinta (30) dias, a contar da segunda e última publicação do anúncio, citando os réus acima identificados, para no prazo de trinta (30) dias, decorrido que seja o dos éditos, contestarem, querendo, o pedido formulado na petição inicial nos mencionados autos, que resumidamente consiste em que: Seja declarado que o autor ser proprietário do imóvel da fracção autónoma GR/C, que consta no nº 20713 da descrição na Conservatória do Registo Predial de Macau

Conforme tudo melhor consta do duplicado da petição inicial que neste 2º Juízo Cível se encontra à sua disposição e que poderá ser levantado nesta secretaria nas horas normais de expediente, de que a falta da contestação, não implica o reconhecimento dos factos articulados pelo autor e ainda que é obrigatória a constituição de advogado (nos termos do artº 74º do C.P.C.M.).

Para constar se passou este edital e mais dois de igual teor que vão ser devidamente afixados nos lugares designados por Lei. Macau, aos 01 de Fevereiro de 2012.

***

Page 15: Hoje Macau 14 FEV 2012 #2549

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15culturaterça-feira 14.2.2012 www.hojemacau.com.mo

Canções de autor italianas num café-concerto no C&C

“Cantautori” eruditoAs palavras cantadas devem ser mais sonantes que a própria música, defende Fabrizio Croce. O desafio é lançado no próximo dia 22.

Rita Marques [email protected]

FABRIZIO Croce lançou a ideia: um café-concerto com canções de autor italianas, e o C&C - Clube Recreativo, Desportivo,

Cultural e de Apoio Social acedeu. Por isso, no próximo dia 22 de Fevereiro, pelas 18h30, o músico italiano convida Macau a assistir ao “CANTAUTORI”. “Compilei algumas canções de grandes letristas italianos, músicos reconhecidos na Europa, e pensei que seria giro fazer uma apresentação ao vivo.”

Quando começou a gravar algumas músicas de nomes como Fabrizio de An-dré, Francesco Guccini ou Ivan Graziani não imaginava que editaria três discos,

com 45 canções no conjunto. Ao vivo, no concerto “Cantautori” irá seleccionar apenas 10 canções, que traduzirá na íntegra para português, mas vai expor a sua colectânea para quem ficar com água na boca. “A minha ideia é fazer esta apresentação ao vivo, para chamar a atenção destas canções de autor, can-ções mais eruditas, cujo conteúdo ganha um papel central, sobretudo quando comparado com a actual música pop”, justifica o músico.

Neste café-concerto, Croce pretende por isso criar também um espaço de discussão sobre o que distingue estes dois géneros de música. Mas desde logo evoca a sua parcialidade relativamente à música cantada, que caracteriza “com mais intensidade, força, poesia e que vai muito além do imaginário”. Para o concerto intimista, junta-se a ao velho amigo Zico Monteiro, residente em Ma-cau “há um par de anos” e que descreve como “grande cantor e profissional, acima de tudo, um ‘one man band’”.

PERCURSO NA MÚSICA Músico em part-time, Fabrizio Cro-ce, natural de Itália e residente em

Macau há largos anos, já lançou dois álbuns de originais. “Do Ocidente ao Oriente” nasceu em 1999, um primeiro CD com 12 faixas, seis cantadas em português e outras seis em italiano. Mais de 10 anos depois, em Janeiro de 2011, lançou o segundo disco com 15 canções, no qual decidiu fazer uma fusão da morna cabo-verdiana, do crioulo, do português e do italiano. “Um disco mais refinado, com técnicas mais aprofundadas e outra tecnologia”, assume.

Nestas canções da sua autoria, apesar de transmitir sentimentos, tenta não torná-las demasiado pessoais, já que quer, acima de tudo, que as pessoas se sintam incluídas nas suas histórias. Acre-dita nas músicas de intervenção e reconhece que se perdeu essa força nas músicas actuais, que tão bem se faziam representar por pessoas como o Zeca Afonso.”Ainda há muita coisa que se pode contar através das músicas de intervenção, de carácter mais erudita, sem as rimas de meia-tigela.”

ESTREOU no festival de cinema de Berlim o

documentário sobre a vida, música e legado de Bob Marley. O projecto do re-alizador Kevin Macdonald retrata a história do artista desde os primeiros anos de vida até à ascensão mun-dial e a sua transformação do reggae num fenómeno global.

“Marley” só chega aos cinemas em Abril, mas os espectadores do Berlinale já puderam assistir a este muito aguardado docu-mentário. Para além de imagens, vídeos e entre-vistas, o filme conta tam-

bém com temas do músico, entre os quais gravações inéditas e passagens de alguns concertos. ”Para mim, Bob é realmente uma das grandes figuras culturais do século 20. Não creio que alguém na mú-sica popular tenha criado tanto impacto como ele”, revelou Macdonald, citado pelo «Yahoo News».

O galardoado realiza-dor escocês, Kevin Ma-cdonald conta a história de Bob Marley de uma forma cronológica, desde a sua infância nas montanhas da Jamaica aos tempos da escola e até à fase adulta,

sempre com incidência na música.

O realizador acrescen-tou ainda sobre o impacto de Bob Marley nas pesso-as: «Em qualquer sítio do mundo, é possível encon-trar a sua imagem, música e sabedoria. É bom fazer parte disso e mostrar às pessoas quem ele era, não apenas do ponto de vista de lenda ou ícone mas sim como um ser humano».

“Marley” estreou no festival de cinema de Ber-lim que arrancou no passa-do dia 9 de Fevereiro e que se prolonga até domingo, 19 de Fevereiro.

“Rebecca”,de Alfred Hitchcock, ganha nova versãoOs estúdios DreamWorks e Working Title Films devem rodar uma nova versão de “Rebecca” (1940), o clássico de Alfred Hitchcock que marcou a sua estreia na indústria americana, informou esta quinta-feira a edição online da revista Variety. Esse mítico filme de suspense, vencedor do Óscar de melhor filme e protagonizado por Laurence Olivier e Joan Fontaine, contará na sua nova versão com argumento do britânico Steven Knight (“O Símbolo Perdido”). Knight tomará como base o livro homónimo no qual o filme de Hitchcock se baseou, num argumento adaptado da obra de Daphne du Maurier. “Rebecca” também venceu o Óscar de melhor fotografia em preto e branco e recebeu outras nove nomeações, entre elas as de melhor actor (Laurence Olivier) e melhor actriz (Joan Fontaine). A história versa sobre uma jovem ingénua que casa com um viúvo milionário, com quem começa a viver na sua gigantesca mansão. No local, ela descobre que a lembrança da primeira mulher exerce uma poderosa influência sobre o seu marido e os empregados da residência.

Filme sobre Bob Marley passa no festival de Berlim

A vida do Leão “J.I.C. (Comercial Offshorede Macau) Limitada”

Avenida Comercial de Macau,nºs 251 A a 301,

Edifício AIA Tower, 2º andar, Macau Registada na CRCBM sob o Nº 19842,

capital social: MOP$100.000,00

Para os efeitos tidos por convenientes, anuncia-se que, por deliberações por escrito tomadas 5 de Janeiro de 2012, foi decidido, pelo sócio único, dissolver e encerrar a liquidação, a partir da referida data, da sociedade comercial por quotas denominada “J.I.C. (COMERCIAL OFFSHORE DE MACAU) LIMITADA”, com sede em Macau, na Avenida Comercial de Ma-cau, nºs 251 A a 301, Edifício AIA Tower, 20º andar, registada nessa Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis de Macau sob o nº 19842, com o capital social de MOP$100.000,00, tendo o respectivo registo sido requerido em 3 de Fevereiro de 2012.

Macau, aos 14 de Fevereiro de 2012.

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16 desporto terça-feira 14.2.2012www.hojemacau.com.mo

Andreia Sofia [email protected]

COM ele, aprendemos que qualquer ataque físico pode ser evitado com uma boa técnica.

Avi Moyal dedicou os últimos 30 anos ao Krav Maga, e este fim-de-semana veio a Macau dar seminários práticos sobre este sistema de auto-defesa. Ao Hoje Macau, o instrutor contou histórias de quem passou a vida a proteger os outros.

Como surgiu a oportunidade de conhecer Hugo Monteiro e trazer o Krav Maga para Macau?Não é importante ver onde en-sinamos o Krav Maga, mas sim que todos o saibam. Estamos em Macau, já estivemos em Hong Kong, tal como em Singapura ou na Índia. Este é um local onde as pessoas têm de saber proteger-se a si próprias. Com tantos casinos, pode surgir algum jogador que se chateia ou uma mulher que sai à noite e que pode ser atacada por alguém bêbedo. Acredito que à medida que Macau vai evoluin-

Avi Moyal quer expandir o Krav Maga na China

O homem que protegeu Michael JacksonO seu percurso foi feito de conflitos, mas, sobretudo, de vidas salvas. O criador da Federação Internacional de Krav Maga aprendeu a proteger-se com Imi Lichtenfeld, e desde então tem vindo a espalhar esta prática pelo mundo. Já treinou homens, mulheres e crianças. Mas no seu currículo consta a protecção de uma estrela maior: Michael Jackson

do, vai defrontar-se com muitos problemas.

Num país como a China, que tem muitas artes marciais, o Krav Maga pode tornar-se mais conhecido pelas pessoas?O Krav Maga é um sistema de auto--defesa. Não tem nada a ver com as artes marciais. A grande razão pela qual as pessoas vêem para o Krav Maga é para se protegerem a si próprias, e porque podem en-contrar algo em comum.

Desde a sua infância que treina este sistema de auto-defesa. Como é que tudo começou?Não é algo que possamos escolher. É o nosso karma. É o mesmo que perguntar porque é que se tornou jornalista, ou porque é que se trei-nam artes marciais. É algo que nos é apresentado e que se torna uma paixão, e, de repente, transforma-se na nossa vida. Estou muito feliz, porque sinto que posso ajudar as pessoas.

Em 1985 entrou para as Forças de Defesa de Israel. Como foi pertencer ao sistema militar do país?

Para nós é algo muito natural, e o Krav Maga é-nos transmitido como mais uma ferramenta para salvar vidas. Temos de estar preparados para qualquer situação. Sabíamos que perante qualquer problema que enfrentássemos tínhamos de disparar. Aprendemos que há mais opções antes de atirar, e é assim que salvamos vidas.

Como era o seu dia-a-dia? Quais os episódios mais marcantes?Como soldado comecei nos navios para conseguir a qualificação nos treinos. Tínhamos de olhar para as nossas capacidades, para enfrentar as situações e protegermo-nos ao mesmo tempo. Uma missão especial é algo que tu guardas para a vida e que te dá diferentes proporções.

Durante esse período esteve no Líbano. O que significou para si?Foi algo de grande sensibilida-de. Deixámos o país para lutar na guerra e para mantermos as nossas famílias salvas. Cada vez que atravessávamos a fronteira, prometíamos mantê-los salvos. É algo muito stressante, um trabalho com muita responsabilidade.

Nos anos 90 esteve no Governo de Israel a dar formação. Ainda é importante que os funcionários do Estado saibam este sistema de defesa?É extremamente importante. Por exemplo, os taxistas. Houve uma fase em que eram constantemente assaltados. A pressão que faziam junto do Governo para ter um siste-ma de protecção era enorme. Para além dos funcionários do Estado,

A aprendizagem com o mestreNascido em 1966, Avi Moyal mantém ligações ao Krav Maga desde criança, tendo aprendido directamente com o fundador deste sistema de auto-defesa, Imi Lichtenfeld. Em 1985 entrou para as Forças de Defesa de Israel, até que outros projectos se sucederam. Treinou funcionários do Governo israelita e ajudou mulheres a proteger-se de Beni Stella, um famoso violador. Em 1993, foi responsável pela equipa de seguranças que acompanharam Michael Jackson, aquando da sua visita a Israel. Mas o seu maior projecto aconteceu em 1996, quando criou a Federação Internacional de Krav Maga (IKMF), juntamente com outros instrutores. Desde então, não mais deixou de transmitir a sua paixão.

como polícias ou os soldados, os restantes civis cometem sempre er-ros. Se não tiveres confiança e não sentires segurança, trabalhar para o Governo pode causar problemas.

Em 1993 fez parte da equipa de protecção a Michael Jackson, em Israel. Conheceu-o pesso-almente?Foi engraçado. Tínhamos uma ideia daquela pessoa que víamos sempre nos jornais. Mas na verdade o Michael Jackson era muito tími-do, usava sempre óculos. Era uma pessoa que nunca teve de lutar pelo dinheiro, nunca teve problemas como as pessoas normais. Era como uma criança. Nós crescemos porque temos problemas. Então

tínhamos ali uma pessoa crescida que nunca tinha tido problemas, como pagar as contas. Na altura ele estava a fazer um anúncio para a Pepsi em que recebia cinco milhões de dólares, mas preferia Coca-Cola. Então tínhamos de o proteger dos paparazzi, porque po-deria perder imenso dinheiro. Num grupo de segurança VIP temos de estar sempre alerta e encontrar as melhores formas de prevenção.

Também foi responsável pelo treino de mulheres em Tel-Aviv contra o violador Beni Stella. Ninguém conseguia encontrar esse violador. Durante esse período, foi o pânico, ninguém saía. Foram feitos seminários em que começou a ser ensinado a forma como um violador pensa. Todos dizem que as mulheres são menos agressivas que os homens, mas não é verdade. Eu uso sempre o mesmo exemplo. Quando uma mulher me diz “eu não consigo atacar um homem, ele é mais forte”, eu digo “não, tem de lutar, porque os danos a si própria serão muito maiores e não podem ser reparados”. Mostro também este exemplo: “imagine que vai com o seu filho e o homem atira o seu filho para o chão. O que faria?”. Aí elas dizem-me “matava-o”.

Com 30 anos de experiência em Krav Maga, o que é que ainda quer fazer mais nesta área?O meu objectivo é que cada país tenha o Krav Maga. E o objectivo final é que possam continuar com isto quando eu morrer. Por isso tento passar o meu conhecimento em lugares diferentes. Para já, queremos chegar à China.

Page 17: Hoje Macau 14 FEV 2012 #2549

17futilidadesterça-feira 14.2.2012 www.hojemacau.com.mo

[ ] Cinema Cineteatro | PUB

SALA 1CONTRABAND [C]Um filme de: Baltasar KormákurCom: Mark Wahlberg, Kate Beckinsale, Ben Foster, Giovanni Ribisi1430, 16.30, 19.30, 21.30

SALA 2CHRONICLE [C]Um filme de: Josh TrankCom: Dane Dehaan, Michael kelly14.130 16.00, 17.45, 21.30

I LOVE HONG KONG 2012 [B]FALADO EM CANTONÊSUm filme de: Gai ChungCom: Eric Tsang, Teresa Mo19.30

SALA 3WAR HORSE [B]Um filme de: Steven SpielbergCom: Jeremy Irvine, Emily Watson, David Thewlis14.15, 16.45, 21.00

JOURNEY 2: THE MYSTERIOUS ISLAND [3D] [B]Um filme de: Brad PeytonCom: Vanessa Hudgens, Dwayne Johnson19.15

TDM 13:00 TDM News - Repetição13:30 Jornal das 24h14:30 RTPi DIRECTO16:31 Liga Zon Sagres 2011/ 2012: Marítimo - Sporting ( Rep. )18:00 That 70\’s Show (Que Loucura de Família)18:30 TDM Desporto (Repetição)19:30 Amanhecer20:30 Telejornal21:00 TDM Entrevista21:30 Grande Entrevista22:00 Passione23:00 TDM News23:30 Magazine Liga dos Campeões00:00 A Verde e as Cores00:30 Telejornal (Repetição)01:00 RTPi DIRECTO

INFORMAÇÃO TDM

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:30 A Hora de Baco15:00 Consigo15:30 Grande Reportagem-SIC16:00 Bom Dia Portugal 17:00 O Elo Mais Fraco17:45 Resistirei18:30 Correspondentes19:00 Saudade Burra de Fernando Assis Pacheco20:00 Jornal da Tarde 21:15 O Preço Certo22:15 Ingrediente Secreto – Couve Flor22:45 Portugal no Coração

ESPN 3013:00 Beach Soccer Worldwide Mundialito Portugal vs. Brazil14:00 Power Snooker 2011 Quarter Finals17:00 Los Angeles 198419:30 (LIVE) Sportscenter Asia 2012

20:00 The Football Review20:30 Special Moments Of Sydney 200021:00 Beach Soccer Worldwide Mundialito Portugal vs. Brazil22:00 Sportscenter Asia 2012 22:30 The Football Review23:00 Special Moments Of Sydney 2000 23:30 Beach Soccer Worldwide Mundialito Portugal vs. Brazil

STAR SPORTS 3113:00 Great Eastern Yeo’s S-League – Highlights13:30 Motorsports@Petronas 2011 14:00 Swiss Cup Grand Prix 17:00 Velux 5 Oceans Race 2010/11 18:00 2012 FIM X-Trial World Championship 19:00 Motorsports@Petronas 2011 19:30 WTA Pattaya Open 21:00 Great Eastern Yeo’s S-League – Highlights21:30 (LIVE) Score Tonight 2012 22:00 HSBC Sevens World Series 2011/12-Highlights 22:30 Golf Focus 2012 23:00 WTA Pattaya Open

HBO 4112:00 Valentine’S Day14:00 Tyler Perry’S Why Did I Get Married Too?16:00 High Fidelity17:50 The Bridges Of Madison County20:00 How Do You Know?22:00 Valentine’S Day00:00 Before Sunset

CINEMAX 4211:45 Escape From Alcatraz13:45 Star Trek16:00 The Revenge Of Frankenstein17:30 Coogan’S Bluff19:00 Assassination20:30 Blind Fury22:00 From Dusk Till Dawn23:45 Xiii

[Tele]visão

Aqui há gato

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

Su d

oku

[ ] C

ruza

das

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS: 1-Pôr em calma. 2-Consoantes. Boa Viagem!. Nota musical. 3-Escritor e político português (1799-1854). Situar. 4-Agregava. Precisão, rigidez. 5-Tabela, relação. Tinha certo valor. 6-Estás. Autores (abrev.). Autores (abrev.). Alumínio (s.q.). Parecença. 7-Colocar arcos em vasilhas de duelas. Pronome pessoal. 8-Extensão de terreno em que há muita areia. Dão pios (aves.). 9-Praia o m. q. nílico. 10-Imposto de Ciruclação (abrev.). Apertais com nó. Interjeição brasileira que exprime espanto. 11-Tostam.

VERTICAIS: 1-Em algum lugar. Camareira. 2-Fazendas, tecidos. Abecedário. 3-Espécie de dança. Pedra de altar. 4-Face. Cem metros quadrados. Ouro (s.q.). 5-Agrega como auxiliar. Vago. Não ocupado. 6-Caligrafia, escrita. Coligai. 7-Cortar um mebro ou parte dele. Limite. (abrev.). 8-Pessoa notável. Nome de homem. Famosa torre inclinada de Itália. 9-Cabo fixo (Mar. ). Incitamento (Interj.). 10-Frequentar. Alago. 11-Rio da Suiça que banha Berna. Artimanha, embuste.

HORIZONTAIS: 1.A. CALMAR. A. 2-LP. ADEUS. FA. 3-GARRETT. POR. 4-UNIA. RIGOR. 5-ROL. VALIA. T. 6-ES. AA. AL. AR. 7-S. ARCAR. ELA. 8-AREL. PIAM. 9-ABA. NILIACO. 10-IC. ATAIS. OI. 11-A. QUEIMAM. A.VERTICAIS: 1-ALGURES. AIA. 2-PANOS. ABC. 3-A. RIL ARA. Q. 4-CARA. ARE. AU. 5-ADE. VACANTE. 6-LETRA. ALIAI. 7-MUTILAR. LIM. 8-AS. GIL. PISA. 9-R. POA. EIA. M. 10-FOR. ALACO. 11-AAR. TRAMOIA.

O MUSEU DA RENDIÇÃO INCONDICIONAL • Dubravka UgrešicNo jardim Zoológico de Berlim, dentro de um expositor de vidro, estão exibidos todos os objectos encontrados no interior do estômago de Roland, a Morsa (que morreu em 1961). É com este catálogo insólito que Dubravka Ugrešic inicia o seu livro: também ele um mosaico de fragmentos narrativos, recordações e reflexões, descritos pela protagonista, uma quinquagenária croata exilada em Berlim. “O Museu da Rendição Incondicional” foi recebido pela crítica internacional como uma obra universal e um dos mais importantes romances contemporâneos europeus das últimas décadas.

LIFE • Keith RichardsJá apelidada de Santo Graal das biografias de estrelas de rock, Life foi celebrado como um fenómeno incrível: mais de um milhão de cópias vendidas em menos de um ano. Em Life, Keith revela-nos os seus excessos e fragilidades, mas também todo o seu sentido de humor e coragem. Desde música, sexo, drogas, a lutas de facas, pouco fica por contar neste seu relato entusiástico e vibrante que nos revela os bastidores da maior banda de rock do mundo, os Rolling Stones: o seu nascimento, a passagem de Brian Jones pela banda, as rusgas policiais, os problemas com a lei, a conturbada relação de Keith com Mick Jagger, e a verdade acerca de todos os boatos e mitos que rodeiam uma das mais carismáticas figuras musicais de todos os tempos.

ASSIM NÃO DÁO futebol de Macau está a evoluir. Não tanto pela Associação de Futebol de Macau (AFM), que aparentemente pouco ou nada tem feito, mas sim por aquilo que os clubes têm feito pela modalidade.A AFM está ainda no tempo da pedra lascada. São amadores e pronto. São do tempo em que um voto para o melhor jogador do mundo ainda é como agrafar uns papéis para colocar num arquivo morto qualquer. Geofredo Cheung, que agora se debate contra uma grave lesão no joelho, foi notícia mundial por uma incompetência dos responsáveis que nem ao seleccionador do território conseguiram explicar que o documento que recebeu seria para ser votado a duas mãos.Mas o problema do futebol de Macau vem de génese. Vem do facto de os clubes não disporem de espaços para treinar. Vem do facto de a formação de novos talentos ser quase inexistente. Vem do facto de a arbitragem ser péssima de mais para ser verdade – mesmo quando os homens dão o que podem e não sabem. E colocar os clubes da Liga de Elite a jogarem no “batatal” do MUST. Que dizer?Há um dado adquirido: os clubes querem elevar o futebol de Macau. O Ka I e o Benfica, principalmente estes, trouxeram para Macau jogadores que seria impensável trazer. Muitos deles nas suas plenas capacidades e não aqueles que chegavam antigamente já com 40 anos para dar o ar da sua graça.Ter em Macau Filipe Duarte, com 26 anos, – internacional português das escolas do Benfica e campeão no Chipre -, ou Cesinha, com 30 anos, – jogador das escolas da Portuguesa dos Desportos, campeão pelo São Paulo e com passagens pelo Gil Vicente e Estoril, em Portugal -, ou ainda Jé, com 26 anos, – antigo jogador do São Paulo, Corinthians ou Ituano –, é bom demais. Mas não são só estes. Há o Fábio Silva, o Juan Castro, o Edgar, o Fabrício, o Gustavo, o Gil, o Joãozinho, entre muitos outros.Os clubes bem querem elevar a qualidade e mostrar que Macau pode ter um interessante campeonato de futebol mas a AFM parece que não quer. E agora, numa terra de abundância, que futuro se poderá reservar ao futebol do território? Será o esforço dos clubes em vão? Continuará a Selecção de Macau a coleccionar derrotas e goleadas? Responda, por favor, sr. Cheung.E ainda existe outra coisa que eu gostava que me respondesse, sr. Cheung, porque treinam os sub-18 e os sub-23 com as maiores regalias, contrariamente ao que sucede com os outros clubes? Porque são os clubes da AFM? Mau de mais para ser verdade...Espero que com o surgimento da Ilha da Montanha, alguma cabeça pensante do território se tenha lembrado de construir uns quantos campos de futebol para tentar, ao menos, que os atletas treinem com dignidade.

Pu Yi

Page 18: Hoje Macau 14 FEV 2012 #2549

à f lor da peleHelder Fernando

18 opinião terça-feira 14.2.2012www.hojemacau.com.mo

IA cantora Whitney Houston, após a notícia da sua morte aos 48 anos, aparentemente num hotel em Hollywood, passou, repen-tinamente, a ser televisiva e cinematografi-camente chorada por todas aquelas super e mini-estrelas que o mais certo é nunca lhe terem dado uma palavra de alento, ou um abraço de amparo, quando ela disso necessi-tou. Gente que passa a vida em passerelles, a rir-se por tudo e por nada, a pavonear-se a cada flash, ou com uma lagriminha oportuna e cinéfila ao canto do olho.

O trágico problema vivido até ao fim por Whitney Houston, entre excesso de medicamentos e uma série de dependências, é semelhante a muitos outros ao longo de gerações. Para não ir mais atrás, de Elvis Presley a Amy Winehouse, de Michael Jack-son a Janis Joplin, de Jimmy Hendrix a Kurt Cobain, de Elis Regina a Marilyn Monroe. Todos eles anteciparam as datas de validade dos passaportes, optando, consciente ou inconscientemente, por destruirem as vidas. Todos eles envolvidos em fama, dinheiro, luzes, amores desbragados, tristeza, solidão, sofrimentos, até ao minuto derradeiro.

A super-estrela Whitney Houston, bela e rica, foi possuidora, até há alguns anos, de uma das vozes mais perfeitas da cena musical ligada não apenas à pop, mas também à ba-lada, ao R&B, ao soul ou ao gospel - estilos que ela e os compositores conseguiam ligar

“Houston, we have a problem” *

O trágico problema vivido até ao fim por Whitney Houston, entre excesso de medicamentos e uma série de dependências, é semelhante a muitos outros ao longo de gerações. Para não ir mais atrás, de Elvis Presley a Amy Winehouse, de Michael Jackson a Janis Joplin, de Jimmy Hendrix a Kurt Cobain, de Elis Regina a Marilyn Monroe. Todos eles anteciparam as datas de validade dos passaportes, optando, consciente ou inconscientemente, por destruirem as vidas. Todos eles envolvidos em fama, dinheiro, luzes, amores desbragados, tristeza, solidão, sofrimentos, até ao minuto derradeiro

como ninguém, construindo pontes que só a voz de Whitney dava forma e substância. Ela Inspirou-se em divas de gerações anteriores, como Dionne Warwick ou Aretha Franklin, tendo inspirado muitas cantoras a seguir como Mariah Carey, Shakira, Beyoncé ou Christina Aguilera. Funcionou assim como um dos mais importantes exemplos do triunfo da mulher afro-americana vinda da classe média. Até perder o tino, o tom e cair para sempre. Uma série de abutres estão já a acumular fortuna com a sua morte.

IIMacau e o Oriente, mais uma vez sob observação e debate fora de portas. O Prof. Doutor Rogério Miguel Puga, co-nhecido e respeitado em vários sectores de Macau, com vasta experiência em trabalhos académicos sobre vários as-pectos a Oriente, será figura central, a 21 deste mês, numa Oficina de Trabalho em Lisboa, de âmbito académico, abordando o “Orientalismo Português: Dos seus Significados e Significantes”. Por certo, mais um acontecimento que dignificará esta região. Gostaria, estou certo que o prezado leitor também, que as entidades e os cidadãos de Macau a Pequim, tivessem conhecimento e acarinhassem estas ini-ciativas. Melhor e mais consistente seria a imagem de Portugal e dos portugueses - tantas vezes ignorantemente confundida

com meia-dúzia de básicos que o destino e outras coisas empurra para a frente.

IIIUm cidadão português, 49 anos, pai de um filho menor, com residência oficial perma-nente em Macau, continua condenado à morte no continente chinês, por um tribunal de Cantão, se é que não foi já executado, apesar do recurso apresentado por um advo-gado chinês. Do exterior, nomeadamente de Portugal, chegam a Pequim e não só, pedidos de clemência. E as gentes influentes de Ma-cau, o que têm feito? Bastante, certamente.

Os senhores ministros portugueses dos tais “Negócios Estrangeiros” costumam discursar, cheios de firmeza patriótica: “Portugal não abandona os seus cidadãos!” Tem-se visto. A Oriente, por exemplo, exis-tem algumas histórias para contar.

IVA China cresce e impõe-se em todos os espaços internacionais. Há poucos dias, o embaixador da União Europeia em Pequim recordou que “segundo os indicadores, este ano a China pode tornar-se o maior mercado para os produtos europeus”, portanto o primeiro mercado da UE já este ano. A China exporta em grande para a Europa; como contrapartida, é da União Euro-peia o maior fornecedor de tecnologia avançada que a China tanto necessita. Os desgovernos das ditas “crises soberanas” da “zona euro” ainda têm muito que aprender com Pequim.

O que está a ser vivido na Grécia, com as medidas impostas sobre o povo, que irão transformar a civilização grega numa barbárie, é indigno por ser um ataque criminoso contra a civilização. Impune?

VDepois das portas abertas por Portugal aos negócios com a China, através da entrada na EDP e na REN, para já, surge a notícia, já es-perada há algum tempo, de que a Universidade Católica do Porto criou um curso de História da China, a pensar, naturalmente, nas especifi-cidades culturais e não só do mercado chinês. Estas iniciativas, que há gerações deveriam ter sido implementadas, darão a conhecer, do ponto de vista universitário, não apenas expressões linguísticas, como da cultura, do direito fiscal, da história clássica e moderna de um grande e incontornável país como é a China. O responsável pela formação deste curso de curta duração (por enquanto), é o Professor João Canuto, especialista português em estudos asiáticos, para além de professor de Língua, Cultura e História da China. Tec-nicamente, a mencionada iniciativa agora aberta pela Católica do Porto chama-se Curso de História da China e Pensamento Chinês.

*Frase dita em Abril de 1970, para o centro de controlo da missão, pelo astronauta Jack Swigert, a bordo

da Apolo 13, com destino à Lua, ao detectar graves problemas a bordo.

cartoonpor Steff

O CINTO GREGO

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caderno diár ioPedro Correia

19opiniãoterça-feira 14.2.2012 www.hojemacau.com.mo

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É lindo ouvir falar de democracia e ouvir os democratas falarem de minorias,quando só são eleitos pelas maiorias. POR FERNANDO

Ciclone

TERÇA, 7 Se há um escritor estreitamen-te associado a uma cidade e a uma época concreta, esse escritor é Charles Dickens. A cidade é Londres, a época é a da Revolução Industrial: nada do que sucedia naquele tem-po e naquele espaço lhe era alheio. Dickens foi uma notável testemunha daqueles dias de profunda transformação da paisagem urbana inglesa que por sua vez marcava a irreversível transição da era agrícola para a era da locomotiva a vapor. E deixou isso bem documentado na sua obra, lida avidamente por legiões de contemporâneos sedentos de justiça.

Se alvo moveu este escritor que desfrutou de imensa popularidade ao longo de quase toda a sua vida adulta, foi precisamente o ide-al de justiça. “Nenhum autor daquele tempo teve um impacto comparável ao de Dickens. Ele fala da corrupção política e financeira, das desigualdades sociais, da exploração infantil... Temas que estavam aos olhos de todos mas que ninguém chegava a denunciar ou a expor com tanta crueza”, sublinha Alex Werner, comissário da exposição Dickens e Londres, organizada no Museu de Londres para assinalar o bicentenário do nascimento deste homem que tem como epitáfio na Aba-dia de Westminster, escrito por mão anónima: “Amou o pobre, o miserável e o oprimido.” Em personagens como David Copperfield ou Pip (de Grandes Esperanças), de cunho claramente autobiográfico, soube narrar a perplexidade infantil perante a inapelável miséria humana.

Foi um viajante incansável - atravessou duas vezes o Atlântico e em ambas as visi-tas aos EUA foi recebido por inquilinos da Casa Branca. Percorreu o Reino Unido de lés a lés e documentou nos seus escritos, primeiro na imprensa e depois em volumes que foram tendo sucessivas reimpressões, as miseráveis condições de vida das clas-ses trabalhadoras do país que Karl Marx anteviu como o primeiro onde ocorreria a grande revolução proletária. Se essa revo-lução não eclodiu, como hoje salientava o professor universitário Ignacio García de Leániz Caprile no El Mundo, isso deveu-se à introdução de “mecanismos correctores” naquela sociedade marcada pela injustiça. “Poucas vezes uma literatura tão cheia de bons sentimentos como conhecedora do mal em todas as suas formas, e sempre ligada à realidade, teve tanta dimensão política e transformadora (...). Para Dickens, a boa literatura era a política por outros meios.»

Graças ao autor de Oliver Twist, um cristão convicto e consequente, a reforma travou o passo à revolução. Este é um motivo

É curioso: alguns ‘papas’ da deontologia jornalística, que tão escandalizados ficaram noutras situações, ficaram desta vez em silêncio ou até aplaudiram o registo aparentemente não consentido de uma troca de palavras no Ecofin em Bruxelas entre o ministro português das Finanças, Vítor Gaspar, e o homólogo alemão, Wolfgang Schauble

acrescido para celebrar, nesta passagem do bicentenário do seu nascimento, um escritor que, ao contrário de Zola, não necessitou de descer às minas de papel e caneta na mão para indagar das miseráveis condições de vida do mundo do trabalho: ele conhecia--as desde muito novo. Com apenas 12 anos, tendo o pai preso por dívidas, começou a trabalhar - dez horas por dia - numa fábrica quase em ruínas, pejada de ratazanas, numa decrépita margem do Tamisa. “Não há pa-lavras para descrever a secreta agonia da minha alma, a sensação de ter sido rejeitado e de ter perdido a esperança”, escreveu em David Copperfield, a mais autobiográfica das suas obras.

Se a Londres daquele tempo - com todas as características do que hoje chamaríamos uma metrópole do Terceiro Mundo - deu lugar à cidade moderna e civilizada dos nossos dias, isso deve-se também a Dickens, um escritor indissociável da capital britâ-nica. Por isso Londres justamente evoca agora - nomeadamente em largas romarias turísticas à sua casa-museu na Rua Dou-ghty - este intelectual que nunca deixou de estar profundamente ligado à vida e acabou por transcender todas as línguas e todas as fronteiras. Autor intemporal, embora profun-damente ancorado na sua época. Verdadeiro autor universal sem nunca deixar de ser o maior cronista da sua cidade adoptiva, onde residiu grande parte da vida e viria a morrer em 1870, aos 58 anos.

Uma e outra vez o lemos, sem deixar-mos de nos indignar e espantar e comover com o que escreve. Como nestas linhas de

David Copperfield: «Que sítio assombroso me parecia Londres quando a vi à distância. Acreditei que todas as aventuras dos meus heróis favoritos podiam acontecer ali, e vagamente me habituei à ideia de que ali havia mais maravilhas e raridades do que em qualquer outra cidade da Terra.»

Os grandes escritores são como os sol-dados de que nos falava o general Douglas MacArthur. Nunca morrem, apenas se vão dissolvendo no horizonte.

QUINTA, 9 Já não é só o Centro Cultural de Belém - organismo sem tutela pública. Ou Serralves. Ou a Casa da Música. Já não são só a generalidade dos jornais que o ignoram - Correio da Manhã, Jornal de Notícias, Público, i, Diário Económico e Jornal de Negócios, além da revista Sábado.

Já não só os angolanos que se demarcam, ou os moçambicanos. Ou até os macaenses. Sem excluir os próprios brasileiros.

Por cá também já se perdeu de vez o respeitinho pelo Acordo Ortográfico. Todos os dias surge a confirmação de que não existe o consenso social mínimo em torno deste assunto.

É o ex-líder socialista, Francisco Assis, que se pronuncia sem complexos contra este «notório empobrecimento da língua portuguesa».

É o encenador Ricardo Pais sem papas na língua: «Os governantes são completamente idiotas em ter admitido que tivéssemos que nos adaptar ao analfabetismo do Governo de Lula.»

É a Faculdade de Letras de Lisboa que

recusa igualmente impor o acordo. Que só gera desacordo.

Um acordo que pretende fixar norma contra a etimologia, ao contrário do que su-cede com a esmagadora maioria das línguas cultas. Um acordo que pretende unificar a ortografia, tornando-a afinal ainda mais díspar e confusa. Um acordo que pretende congregar mas que só divide. Um acordo que está condenado a tornar-se letra morta -- no todo ou em parte. Depende apenas de cada um de nós.

SEXTA, 10 É curioso: alguns ‘papas’ da deontologia jornalística, que tão escandaliza-dos ficaram noutras situações, ficaram desta vez em silêncio ou até aplaudiram o registo aparentemente não consentido de uma troca de palavras no Ecofin em Bruxelas entre o ministro português das Finanças, Vítor Gaspar, e o homólogo alemão, Wolfgang Schauble.

Feito este preâmbulo, estou inteiramente de acordo quanto à validade jornalística da peça transmitida pela TVI com as decla-rações dos dois ministros sobre a possível suavização das medidas de disciplina finan-ceira em Portugal impostas pelas instituições internacionais. É do interesse público - pelo menos das opiniões públicas alemã e por-tuguesa, tantas vezes perplexas perante as opacas paredes das instituições europeias - divulgar o que foi dito. Não adianta dizer que se tratava de uma conversa privada: os ministros encontravam-se num local público, rodeados de jornalistas, rodeados de microfones.

Lembro, a propósito, que outros res-ponsáveis políticos foram apanhados num passado recente por indiscretos microfones direccionais. Basta evocar o célebre “porrei-ro, pá” dito por Sócrates a Durão Barroso no final da cimeira de Lisboa. Ou a expressão “murro no estômago”, proferida na residên-cia oficial de São Bento por Passos Coelho. Ou os comentários quase libidinosos do ex-ministro Rui Pereira sobre Carla Bruni. Ou até (aqui não num registo sonoro mas da simples captação de imagens) aquele braço estendido de Luís Amado à espera do aperto de mão de Sócrates que nunca chegou, difun-dido para todo o mundo via Euronews e que ainda hoje pode ser apreciado no You Tube.

É a vida, como diria outro conhecido político português.

SÁBADO, 11 A frase da semana: «Cada fracasso ensina ao homem algo que neces-sitava de aprender.» (Charls Dickens, A Pequena Dorrit)

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terça-feira 14.2.2012www.hojemacau.com.mo

Futebol Ramsey é “jogador vidente”A estufa de talentos do Arsenal revelou uma nova faculdade: o oculto. Ali até se descobrem mortes. Aaron Ramsey, internacional galês de 21 anos, é o detentor da faceta. Desde a morte de Osama Bin Laden, a 2 de maio de 2011, que factura antes de morrer uma personalidade – o médio tinha resolvido o jogo com o United (1-0) um dia antes. Depois voltou a “anunciar” que alguém ia partir em Outubro. Após marcar na derrota dos ‘gunners’ ante o Tottenham (2-1), no dia 2, Steve Jobs, criador da Apple, morreu logo a seguir. Esse mês foi particularmente mortífero para o “jogador-vidente”, já que previu igualmente a morte do ditador líbio Muammar Gaddafi (dia 20), apontando um golo no triunfo frente ao Marselha, 24 horas antes (2-1). A primeira (e única) mulher a entrar no lote de adivinhações de Ramsey é um ícone da música. A cantora Whitney Houston despediu-se no mesmo dia em que o galês celebrou um golo ao Sunderland (2-1)...

Chefe de Hong Kong é fã da nova cozinha portuguesa

A recriação de WongMACAU despertou

o interesse de Da-vid Wong para o melhor da gastro-

nomia que Portugal oferece e levou este chefe de Hong Kong, educado no Reino Unido, a re-criar “A Arte da Cozinha Portu-guesa Moderna”, que nasceu sob a forma de livro em 2007, mas apenas na língua inglesa. No fim de 2010, uma outra publicação foi dada à estampa, com idêntico título, mas com mais conteúdos numa versão renovada e bilingue para chegar ao público chinês

Chefe de cozinha desde os 18 anos, nascido em Hong Kong e criado no Reino Unido, David Wong já correu mundo. Hoje encontra-se em Macau, onde lec-ciona no Instituto de Formação Turística (IFT) e ainda coordena os “pratos” no restaurante edu-cacional do estabelecimento de ensino.

As receitas do livro não são originalmente portuguesas, mas contêm forte influência, quer nos ingredientes, escolhidos a dedo,

UM jardim zoológico do sudoeste da China

marcou o “casamento” entre um carneiro e um veado para o dia de São Valentim, que se comemora hoje como dia dos namorados em diversos países, segundo informou a imprensa estatal chinesa. O “relacionamento não con-vencional” entre o carneiro Changmao e o veado-fêmea Chunzi fez dos animais as estrelas do zoo.

De acordo com a agên-cia de notícias China News Service, o Parque Natural de Vida Selvagem de Yunnan, na cidade de Kun-ming, irá vender bilhetes para a “cerimónia” a cerca de MOP 80.

Apesar da união , Changmao não tem sido fiel a Chunzi. Em Novembro do ano passado, as autori-dades do zoo separaram o casal e levaram o carneiro

para se cruzar com a única ovelha do parque, o que deu origem a um filhote. No entanto, quando os funcionários do zoo colo-caram Changmao com seu filho e a ovelha, o animal ficou violento. Chunzi, por sua vez, esforçou-se para atravessar a cerca e ficar perto do carneiro.

O casal foi criado jun-tamente com um grupo de animais do parque.

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Boda de carneiro e veado em dia de S. Valentim

Casamento pouco convencional

no estilo e forma de confecção e sobretudo no acompanhamento. Sejam produtos provenientes das quintas do Douro, Alentejo ou de Lisboa, os vinhos lusitanos estão sempre lá.

“Não são realmente receitas portuguesas, mas uso ingredien-tes e o estilo”, explicou David Wong à agência Lusa, dando um exemplo de uma das suas com-binações. “O risotto é italiano e com bacalhau - produto típico na mesa portuguesa - e cogumelos selvagens fica excelente”, real-çou, apontando que se trata de um dos pratos mais populares do livro.

Dos queijos ao presunto Pata Negra há vários elementos nos pratos de David Wong perten-centes ao universo gastronómi-co português no qual “entrou” depois de ter agarrado uma oportunidade de emprego em 1995, no Mandarim Oriental, em Macau, e onde viria a aprender com chefes portugueses os sabe-res e sabores lusos. “Foi aí que comecei a ganhar interesse pela cultura portuguesa, pela própria cultura local, pela sua comida e pelos vinhos, fiquei dois anos e aprendi imenso sobre a história portuguesa”, recordou o também subdirector executivo para a área de restauração e bebidas do Instituto. - Lusa